EDITORIAL QUAN KI DO · SENSEI VAGNER DÁ SHOU EM MARÍLIA Que Vagner Sensei (Shidoin Febrai) é um...
Transcript of EDITORIAL QUAN KI DO · SENSEI VAGNER DÁ SHOU EM MARÍLIA Que Vagner Sensei (Shidoin Febrai) é um...
Ano 1 N° 13 - Junho de 2015 - www.shobudojo.com.br - (11) 99743-4586 / (11) 4991-6378
EDITORIAL
Um ano. Caramba!
Passou rápido. Começamos
sem muita pretensão, como
um tributo ao boletim Elo
que Karen mantinha, e uma
forma de materializarmos
em um documento as vivên-
cias desse grupo maravilho-
so que Vagner Sensei for-
mou e vem mantendo com
habilidade e competência
pessoal.
A ideia era fazê-lo
coletivamente, a princípio
nos limites do grupo de San-
to André, mas ele, como
uma folha levada pelo ven-
to, e pelo tempo, tem alçado
voos que não esperávamos.
Colegas do Tatuapé se
queixaram que ele fica mui-
to restrito ao ABC, em São
Bernardo há colegas que o
guardam, divulgam a outros,
e discutem o que escreve-
mos.
Há críticas, é verda-
de, mas procuramos apro-
veitar o que há de positivo,
pois não é possível agradar
a todos. Para responder a
elas, mais uma vez o convi-
te é reiterado, e estendido
aos colegas do Tatuapé e
São Bernardo: Escrevam.
O objetivo deste
folheto é se renovar a cada
mês, para isso todos são
bem vindos a colaborar. En-
viem fotos, histórias e textos
do que está acontecendo no
seu dojo. Esse espaço é
para uso coletivo, e sua fi-
nalidade é o registro de tudo
que for pertinente. Os próxi-
mos doze meses começam
agora. Escrevam!
QUAN KI DO Há doze meses,
quando esse boletim nas-
ceu para ser mais um agre-
gador do nosso grupo, está-
vamos de mudança. A pro-
posta era falarmos de Aiki-
do, mas hoje vamos abrir
um intervalo, e falar da arte
marcial com a qual apren-
demos a conviver: o Quan
Ki Do.
Curiosos do que
aconteceria no novo dojo,
sabíamos apenas que iría-
mos frequentar um tatame
que já era rico pela energia
de outras artes marciais,
não sabíamos quais, entre-
tanto havia, no grupo, inse-
gurança quanto à convivên-
cia que estabeleceríamos
com alunos de outro Budo.
Tivemos o primeiro
contato, ao menos para a
maioria, com o Quan Ki Do
e o Karatê e, após um ano
de convivência calorosa
com esses colegas, o Quan
Ki Do ainda nos impressio-
na. Apesar de ser muito
diferente daquilo que treina-
mos ela compartilha alguns
de seus princípios básicos
com o nosso aikido.
O Quan Ki Do tam-
bém tem como objetivo o
caminho do “ki”, ou seja, da
energia universal. Obser-
vem que, no nome, já com-
partilhamos esse Kanji.
Além disso, são
princípios desse nobre Bu-
do: harmonia, evolução per-
manente, equilíbrio interno,
equilíbrio com a natureza e
com a humanidade, cora-
gem, responsabilidade, sin-
ceridade, lealdade, bonda-
de, cortesia e generosida-
de. Vejam, parece que es-
tamos mais uma vez falan-
do das pregas do hakamá.
A exemplo do aiki-
do, que é herança secular
das artes marciais pratica-
das no Japão imperial, o
Quan Ki Do é fruto do tra-
balho diligente do Mestre
Pham Xuan Tong que estu-
dou as artes vietnamitas e
chinesas para integrar o
universo dessa arte marcial.
No dojo temos a
honra de ver em atividade o
Tal Su Evandro Crestani, 5º
Dang, discípulo direto do
Mestre Tong. Representan-
te e Diretor Técnico do
Qwan Ki Do no Brasil, Tal
Su Evandro e Vice-
Presidente da Panamerican
Qwan Ki Do Federation, e
todos os anos viaja à Fran-
ça, onde treina na cidade
de Toulon com o fundador
do Quan Ki Do para se
atualizar e manter em evo-
lução os praticantes brasi-
leiros. Aos colegas do Quan
Ki Do e, em especial, ao
Tal Su Evandro Crestani,
Arigatô Gozaimashita.
Grão Mestre Phan Xuan Tong.
Tal Su Evandro Crestani.
Tal Su Evandro Crestani com seus alunos no dojo, em Santo
André, de onde coordena o Quan Ki Do no Brasil.
SAEM AS PEDRAS PRETAS... Voltam as pedras
brancas...
Rony Medrado está
todo coruja, pois sua filha
Julia agora segue seus pas-
sos e começou a estudar o
aikido.
O dia era esperado
desde o nascimento da me-
nina. Assim que ela nasceu
Rony a levou ao dojo em
que treinava e a apresentou
ao sensei que o instruía
àquela época.
Seja bem vinda Ju-
lia, no caminho do ki terá
muitas alegrias, uma delas
é treinar com o “papi” coru-
ja. Só não pode pegar no
pé da menina, hein Rony?
DOJO NÃO É ACADEMIA.
SABE POR QUÊ? Se você apostou
que a diferença de nome é
meramente uma formalida-
de, para distinguir os dois
espaços, errou. A diferença
entre os dois locais se deve
aos motivos diferentes de
suas existências.
O dojo, como já
discutimos em edição ante-
rior, é o nome dado ao tem-
plo de formação marcial,
espaço criado séculos atrás
e que passou a ter, ao lon-
go da história, influências
da religiosidade e da filoso-
fia milenares do Oriente.
Com algumas dife-
renças sutis, devido às pe-
culiaridades de cada país, o
mesmo pode ser dito das
artes marciais chinesas,
vietnamitas, e de diversos
outros países orientais.
As modernas aca-
demias são advento da cul-
tura do esporte, hábito ca-
racterístico da sociedade
ocidental moderna.
O dojo você fre-
quenta para formar seu ca-
ráter e fortalecer o espírito,
enquanto na academia o
objetivo é treinar o corpo.
Outra diferença, aliás pecu-
liar entre os dois polos do
planeta, o ocidente e o ori-
ente, é que no dojo o que
se busca é superar a vaida-
de, enquanto na academia
se busca a competência e o
espírito é de competição
com os demais.
Enquanto na acade-
mia podemos até encontrar
lutadores que desejam ven-
cer, nos dojos encontramos
guerreiros que almejam
disciplinar o corpo e o espí-
rito em busca de ideais éti-
cos e nobres.
Embora não seja
objetivo desse texto defen-
der a ideia de que todas as
pessoas vão para o dojo,
até porque, diferente de
uma academia onde qual-
quer um pode treinar bas-
tando que para isso pague
as mensalidades, o sensei,
no dojo, pode rejeitar um
aluno quando ele não tem o
compromisso e o respeito
necessário para aprender a
arte marcial. O que deseja-
mos mostrar é que o dojo é
um lugar especial, e a rela-
ção estabelecida com o
mestre e com os colegas,
diferente da academia, é
uma experiência muito rica
na vida. A arte marcial é
uma vida de experiências e
aprendizado constante.
Se você quiser cui-
dar do seu corpo, vá à aca-
demia, mas, se pretende
conhecer um mundo que
nunca deixa de ter novida-
des, e evoluir também no
espírito, venha ao dojo.
Onegaishimassu!
EXAME DE FAIXAS Anote aí, e não se
esqueça, dia 28 de Junho
acontecerá nosso exame
de faixas.
Será no Tatuapé,
com início previsto para as
dez da manhã e a galera
está ansiosa. Não deixe de
prestigiar.
Arte marcial é um
estudo em que a observa-
ção tem grande valor. Mes-
mo que seja para ver o que
o futuro reserva. OSS!
“NÃO DEIXE NADA PRENDÊ-LO,
VIVA DO JEITO QUE QUISER”.
Quando soube da
saúde debilitada de seu pai,
no período em que ajudou a
organizar a colonização de
Hokkaido, O’Sensei deu
todos os seus bens e partiu
em direção a Tókio. Preten-
dia se despedir, mas, infe-
lizmente, a única coisa que
lhe restou foi a frase que
encima esse texto.
Seu pai, no momento
final, teria dito aos seus cui-
dadores que, para seu filho
Morihei, era necessário di-
zer apenas isso. Para que
ele nunca desistisse de sua
liberdade e confiasse nos
seus instintos.
Esse foi o espírito do
fundador em toda a sua
vida, esse é o espírito do
aikido, e se renova em cada
aluno que, ao começar sua
jornada sai do tatame com
dor nas costas, se sentindo
incompetente em dominar
técnicas tão incomuns
quanto sofisticadas, mas,
na aula seguinte, está pre-
sente para experimentar
tudo de novo até aprender.
Superação, pessoal e
íntima, eis o legado que o
aikido aufere aos seus prati-
cantes. Exemplo melhor
não teríamos: O’Sensei,
que superou a natureza em
Hokkaido, a guerra Russo-
Japonesa e, sob o julgo dos
americanos, fez o aikido ser
a primeira arte marcial libe-
rada no pós guerra. Auto
confiança, eis o caminho.
“A força não consiste em atacar,
mas em resistir aos ataques”.
SENSEI VAGNER DÁ SHOU EM MARÍLIA
Que Vagner Sensei
(Shidoin Febrai) é um cara
fantástico todos nós sabía-
mos, mas quem foi a Marília
nos dias 22 e 23 de Maio
viu um Sensei mais descon-
traído que de costume, brin-
cando e rindo no tatame.
De acordo com
Rony Medrado, foi uma
imersão de aikido e as cri-
anças, alunos da Sensei
Renata (3º Dan Febrai) e do
Sensei Silvio Gulu (2º Dan
Febrai), foram um show à
parte. Regidos por Vagner
Sensei no início da noite de
sexta-feira a garotada pare-
cia uma orquestra, execu-
tando movimentos por co-
mando e rindo o tempo to-
do, com o bom humor que
lhes é característico.
Após o treino infan-
til, ainda na sexta-feira, foi
realizada uma aula para
adultos e, no final, a come-
moração hospitaleira ao
sabor de pizzas e muitos
risos.
Os alunos do Shobu
Dojo de Santo André se
divertiram, contaram e en-
cenaram as histórias de
Mário Pastore. Desde a luta
contra o coreano no estaci-
onamento da academia on-
de ele treinava até suas
peripécias nos trens da
CPTM, onde ele viaja em
posição de Kamae.
Mario ainda de-
monstrou sua técnica de
canto, com a competência
de sempre, à capela, inter-
pretou sucessos de Elvis
Presley e Pavarotti.
Quanto aos treinos,
maravilhosos. Não é de gra-
ça que Sensei é 5º Dan, e,
mesmo treinando com ele
durante os últimos anos, é
fascinante como ele apre-
senta novidades. Uma ver-
dadeira caixinha de surpre-
sas.
Ficou o sabor de
quero mais, e a vontade de
voltar em breve a Marília,
onde os colegas acolheram
a comitiva Shobu com muito
carinho.
Domo Arigato!
Crianças, um show à parte no seminário de Marília.
Além dos sorrisos, muita satisfação com o treino em Marília.
NEM SÓ DE TATAME
VIVE O AIKIDO
Nem só de ta-
tame se mantém um grupo
de artes marciais. Prova
disso foi o passeio feito no
último domingo de Maio,
quando os alunos de Santo
André foram aItapecerica
da Serra para se divertir em
uma sessão de Paintball.
O dia chuvoso ga-
rantiu a e emoção, e as gar-
galhadas ficaram por conta
das trapalhadas dos apren-
dizes de Rambo.
A coisa parece ter
sido boa, no outro dia queri-
am marcar outro jogo.
Quem sabe, uma partida
contra os colegas do Tatua-
pé seria interessante.
E, POR FALAR DE DIVERSÃO... O feriado de Corpus
Christi foi animado para a
turma do Dojo do Tatuapé.
Na noite anterior,
véspera do feriado, o treino
ministrado por Vagner Sen-
sei terminou com o churras-
co mensal. Deveria ter sido
na última sexta-feira de
Maio, mas foi mudado para
prestigiar o mestre.
O feriado serviu
para fazer pequenos repa-
ros no Shobu da Rua Caça-
quera e o resultado foi mui-
to bom.
Com a pintura nos
livramos das pichações e,
na área interna, das man-
chas que vão se acumulan-
do ao longo dos anos, nos
contou Nelson que, além da
manutenção, já chegou pre-
ocupado em saber o que
iria comer. Na próxima vez
marquem o churrasco para
o dia da reforma, ou façam
mais um. Afinal, quanto
mais festa melhor. Fica a
dica.
AIKIDO: HERANÇA DO CÓDIGO DOS SAMURAIS Que os Samurais
são fonte de inspiração para
muita coisa todo mundo
sabe, especialmente no
mundo moderno, pois o Ja-
pão, após a II Guerra mun-
dial, se reinventou e, literal-
mente, ressurgiu das cinzas
com a força do espirito japo-
nês e apresentou ao mundo
a cultura milenar que seu
povo desenvolveu.
Os samurais são
uma parte dessa cultura e
de seu legado destacamos
o Bushido. Ou seja, seu
código de ética, ou de hon-
ra, caso prefira.
Embora amplamen-
te divulgado, ainda é pouco
explicitado à maioria dos
praticantes do aikido que é
desse código, o Bushido,
que O’Sensei, Morihei Ues-
hiba, se inspirou para fun-
dar o aikido.
Ele se valeu de to-
das as artes marciais an-
cestrais do Japão antigo,
mas, como o mundo moder-
no não aceita mais aquela
prática de guerra e morte,
foi preciso inovar.
As outras artes mar-
ciais, particularmente o Ka-
ratê e o Judô, para se firma-
rem após o domínio norte-
americano no pós guerra,
se encaminharam para a via
esportiva, tornaram comuns
os campeonatos e se ade-
quaram a esse valor da cul-
tura contemporânea.
Não que isso seja
uma crítica, mas é exata-
mente aí que o aikido difere,
ele preservou o principal
ensinamento do bushido, a
preparação. Porém, sem o
intuíto da demonstração.
Os samurais se
exercitavam incansavel-
mente, contudo, o objetivo
era nunca precisar usar sua
arte, pois, uma vez sacada
a espada o destino era mor-
rer ou matar. Aliás, a morte,
era um dos deveres de um
samurai.
O aikido não visa a
morte, ou a guerra, mas, se
for preciso, não se furta ao
combate. Desde que haja
um motivo realmente funda-
mental, como a garantia da
própria segurança ou de um
terceiro.
Nesse sentido, o
objetivo do aikido é atingido,
pois, como o mestre Ueshi-
ba determinou o objetivo do
aikido é buscar a harmonia
com a natureza e as pesso-
as. E, para alcança-la, o
fundamento do bushido se
expressa no aikido como
em nenhuma outra arte, ou
seja, manter a mente calma
e buscar o controle.
Musashi, o famoso
samurai cujo nome titula o
dojo de São Bernardo do
Campo dizia: “tanto ao lu-
tar quanto na vida cotidia-
na, você deve ser determi-
nado, ainda que calmo. Vá
de encontro à situação
sem tensão, mas também
sem desleixo, com espi-
rito estável, mas sem pré-
julgamentos”.
O bushido não é
esporte, ensina que o bem
maior é a vida e deve ser
protegida. Esse é o legado
de O’Sensei.
Antes de responder
a essa questão, vamos ten-
tar mostrar, teoricamente é
claro, uma diferença funda-
mental entre o aikido e as
demais artes marciais.
Enquanto nas artes
de confronto o movimento é
reto, ou seja, você invade o
campo psicológico do opo-
nente com um golpe, um
ataque ou um contra-
ataque. No aikido os movi-
mentos não são angulosos,
as técnicas são circulares,
e o objetivo, como o primei-
ro Dosho, Kishomaro Ues-
hiba, definia, é a busca por
centralizar e circular com
estabilidade e firmeza em
volta do oponente, ao mes-
mo tempo desloca-lo de
sua posição estável para
nossa base e nosso centro
de gravidade.
Como os movimen-
tos do aikido são circulares,
e não visam o confronto
com a intenção de destruir
ou ferir o oponente, chama-
do nos treinos pela denomi-
nação de “ukê”, as pessoas
têm a falsa impressão de
que essa arte marcial é en-
saiada. Há quem afirme
que não funciona em uma
situação real, e que os mo-
vimentos “coreografados”
são apenas bonitos e simi-
lares a uma dança.
Entretanto, como
dissemos acima, o aikido
não busca confrontos, em-
bora não se furte, caso ne-
cessário, pois apesar da
impressão que passa é
uma arte vigorosa, rica em
chaves e torços poderosís-
simas e pode causar lesões
muito graves.
Entretanto, para
responder com proprieda-
de, o aluno precisa exerci-
tar duas características em
sua personalidade, paciên-
cia e disciplina. Só o treino
com disciplina, e paciência ,
poderá fazer o praticante
entender o poder e a eficá-
cia do aikido.
O movimento circu-
lar, a centralização no pró-
prio eixo , e a manutenção
da mente tranquila, são os
segredos do aikido, contu-
do, só a prática diligente
capacita o aluno a enten-
der. Como dizia O’Sensei, é
preciso praticar, e a confi-
ança virá com o treino.
AIKIDO FUNCIONA?