Educa Infantil 01

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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE EDUCAÇÃO INFANTIL (TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS) Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação

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Curso de educação Infantil Volume !

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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAO CONTINUADA A DISTNCIA Portal Educao CURSO DE EDUCAO INFANTIL (TEORIAS E PRTICAS PEDAGGICAS) Al uno: EaD - Educao a Distncia Portal Educao AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE EDUCAO INFANTIL (TEORIAS E PRTICAS PEDAGGICAS) MDULO I Ateno:Omaterialdestemduloestdisponvelapenascomoparmetrodeestudosparaeste ProgramadeEducaoContinuada.proibidaqualquerformadecomercializaooudistribuio do mesmosemaautorizaoexpressadoPortalEducao.Oscrditosdocontedoaquicontido so dados aos seus respectivos autores descritos nas Referncias Bibliogrficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMRIO MDULO I 1EDUCAO INFANTIL: ALGUMAS CONSIDERAES 1.1A CRIANA 1.2OBJ ETIVOS GERAIS DA EDUCAO INFANTIL 1.3CONCEPES TERICAS E HISTRIAS DA EDUCAO INFANTIL 1.4HISTRIA 1.5CONCEPES TERICAS 1.6OS PENSADORES E AS PROPOSTAS EDUCACIONAIS MDULO II 2A TRAJETRIA DA EDUCAO INFANTIL NO BRASIL 2.1PRIMEIRAS INICIATIVAS (1875-1964) 2.2A EUCAO INFANTIL DE 1970 AO DIAS ATUAIS 2.3EDUCAO INFANTIL E AS NOVAS DEFINIES DA LEGISLAO 2.4FRAGMENTOS DA NOVA LDB LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL, LEI N 9.394/1996 2.5PLANO NACIONAL DA EDUCAO - LEI N 10.172/2001 MDULO III 3O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DA CRIANA 3.1A CONSTRUO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 3.2A INTERAO CRIANA-CRIANA COMO RECURSO DE DESENVOLVIMENTO 4O DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE, DA LINGUAGEM E DA COGNIO AN02FREV001/REV 4.0 4 4.1O DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE 4.2O DESENVOLVIMENTO LINGUSTICO 4.3A CONSTRUO DO PENSAMENTO INFANTIL 5UMA PEDAGOGIA INTERACIONAL NA EDUCAO INFANTIL 5.1INTERAES CRIANA-CRIANA 6PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA: SEUS PESQUISADORES 6.1PIAGET, VYGOTSKY E WALLON 6.1.1Vygotsky 6.1.2Wallon 6.1.3Piaget 7O PAPEL DO PROFESSOR DE INFNCIA NUMA PERSPECTIVA SOCIOINTERACIONISTA MDULO IV 8O CURRCULO E O PROCESSO EDUCACIONAL 8.1ORGANIZAO CURRICULAR DA EDUCAO INFANTIL 8.2A BUSCA DE UMA PROPOSTA PEDAGGICA 8.3CONSTRUINDO PARMETROS DE UMA ADEQUADA EDUCAO INFANTIL 8.4A PARTICIPAO DA FAMLIA NA PRTICA CURRICULAR 8.5O CURRCULO E SEUS OBJ ETIVOS 8.5.1Componentes Curriculares 8.5.2Contedos 8.5.3reas do Conhecimento 8.5.4Seleo de Contedos 8.5.5Integrao dos Contedos 8.5.6Orientaes Didticas 8.5.7Organizao do Tempo 8.6O TRABALHO PEDAGGICO 8.6.1A Organizao de Atividades Culturalmente Significativas 8.6.1.1O Trabalho Pedaggico com Mltiplas Linguagens 8.6.1.2O Jogo como Recurso Privilegiado de Desenvolvimento da Criana Pequena AN02FREV001/REV 4.0 5 8.6.1.3Os Ambientes de Aprendizagem como Recursos Pedaggicos 8.7O PROCESSO DE AVALIAO 8.7.1Modalidades da Avaliao: 8.7.1.1Avaliao Formativa 8.7.1.2Avaliao Somativa 8.7.1.3Progresso REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS AN02FREV001/REV 4.0 6 MDULO I 1EDUCAO INFANTIL: ALGUMAS CONSIDERAES Oatendimentoinstitucionalcrianapequena,noBrasilenomundo, apresentaaolongodesuahistriaconcepesbastantedivergentessobresua finalidade social. Grande parte dessas instituies nasceu com o objetivo de atender exclusivamente s crianas de baixa renda. O uso de creches e de programas pr-escolares como estratgia para combater a pobreza e resolver problemas ligados sobrevivncia das crianas foi, durante muitos anos, justificativa para a existncia de atendimentos de baixo custo, com aplicaes oramentrias insuficientes, escassez derecursosmateriais;precariedadedeinstalaes;formaoinsuficientedeseus profissionais e alta proporo de crianas por adulto. Constituir-seemumequipamentosparapobres,principalmentenocaso dasinstituiesdeEducaoInfantil,financiadasoumantidaspelopoderpblico, significouemmuitassituaesatuardeformacompensatriaparasanaras supostasfaltasecarnciasdascrianasedesuasfamlias.Atnicadotrabalho institucionalfoipautadaporumavisoqueestigmatizavaapopulaodebaixa renda.Nessaperspectiva,oatendimentoeraentendidocomoumfavoroferecido para poucos, selecionados por critrios excludentes. A concepo educacional era marcadaporcaractersticasassistencialistas,semconsiderarasquestesde cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. Modificar essa concepo de educao assistencialista significa atentar para vrias questes que iro muito alm dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumirasespecificidadesdaEducaoInfantilereverconcepessobrea infncia, as relaes entre classes sociais, s responsabilidades da sociedade e o papel do estado diante das crianas pequenas. Embora haja um consenso sobre a necessidade de que a educao para as crianaspequenasdevapromoveraintegraoentreosaspectosfsicos, AN02FREV001/REV 4.0 7 emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criana, considerando que essa um sercompletoeindivisvel,asdivergnciasestoexatamentenoqueseentende sobre o que seja trabalhar com cada um desses aspectos. H prticas que privilegiam os cuidados fsicos, partindo de concepes que compreendem a criana pequena como carente, frgil, dependente e passiva, e que levam construo de procedimentos e rotinas rgidas, dependentes todo o tempo daaodiretadoadulto.Issoresultaemperodoslongosdeesperaentreum cuidado e outro, sem que a singularidade e individualidade de cada criana sejam respeitadas. Essas prticas tolhem a possibilidade de independncia e as oportunidades dascrianasdeaprenderemsobreocuidadodesi,dooutroedoambiente.Em concepesmaisabrangentesoscuidadossocompreendidoscomoaqueles referentesproteo,sadeealimentao,incluindoasnecessidadesdeafeto, interao, estimulao, segurana e brincadeiras que possibilitem a explorao e a descoberta. Outras prticas tm privilegiado as necessidades emocionais, apresentando osmaisdiversosenfoquesaolongodahistriadoatendimentoinfantil.A preocupaocomodesenvolvimentoemocionaldacrianapequenaresultouem propostas,nasquais,principalmentenascreches,osprofissionaisdeveriamatuar como substitutos maternos. Outra tendncia foi usar o espao de Educao Infantil para o desenvolvimento de uma pedagogia relacional, baseada exclusivamente no estabelecimento de relaes pessoais intensas entre adultos e crianas. Desenvolvimento cognitivo outro assunto polmico presente em algumas prticas.Otermocognitivoapareceoraespecificamenteligadoao desenvolvimentodasestruturasdopensamento,ouseja,dacapacidadede generalizar, recordar, formar conceitos e raciocinar logicamente, ora se referindo aprendizagem de contedos especficos. Apolmicaentreaconcepoqueentendequeaeducaodeve principalmentepromoveraconstruodasestruturascognitivaseaquelaque enfatiza a construo de conhecimentos como meta da educao, pouco contribui porqueodesenvolvimentodascapacidadescognitivasdopensamentohumano mantm uma relao estreita com o processo das aprendizagens especficas que as experincias educacionais podem proporcionar. AN02FREV001/REV 4.0 8 Polmicassobrecuidareeducar,sobreopapeldoafetonarelao pedaggicaesobreeducarparaodesenvolvimentoouparaoconhecimentotem constitudo, portanto, o panorama de fundo sobre o qual se constroem as propostas em Educao Infantil. Aelaboraodepropostaseducacionaisveiculanecessariamente concepessobrecriana,educar,cuidareaprendizagem,cujosfundamentos devem ser considerados de maneira explcita. 1.1A CRIANA Aconcepodecrianaumanoohistoricamenteconstrudae, consequentementevemmudandoaolongodostempos,noseapresentandode forma homognea nem mesmo no interior de uma mesma sociedade e poca. Assim possvel que, por exemplo, em uma mesma cidade existam diferentes maneiras de se considerar as crianas pequenas, dependendo da classe social a que pertencem e do grupo tnico do qual fazem parte. Boa parte das crianas pequenas brasileiras enfrenta um cotidiano bastante adversoqueasconduzdesdemuitocedoaprecriascondiesdevidaeao trabalhoinfantil,ao abusoe exploraoporpartede adultos.Outrascrianasso protegidasdetodasasmaneiras,recebendodesuasfamliasedasociedadeem geral todos os cuidados necessrios ao seu desenvolvimento. Essa dualidade revela acontradioeconflitodeumasociedadequenoresolveuaindaasgrandes desigualdades sociais presentes no cotidiano. A criana como todo ser humano um sujeito social e histrico e faz parte deumaorganizaofamiliarqueestinseridaemumasociedade,comuma determinadacultura,emumdeterminadomomentohistrico.profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas tambm o marca. A criana temnafamlia,biolgicaouno,umpontoderefernciafundamental,apesarda multiplicidade de interaes sociais que estabelece com outras instituies sociais. As crianas possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres quesentemepensamomundodeumjeitomuitoprprio.Nasinteraesque AN02FREV001/REV 4.0 9 estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe so prximas e com o meio que as circunda, as crianas revelam seu esforo para compreender o mundo em que vivem,asrelaescontraditriasquepresenciame,pormeiodasbrincadeiras, explicitam as condies de vida a que esto submetidas e seus anseios e desejos.No processo de construo do conhecimento, as crianas utilizam as mais diferenteslinguagenseexercemacapacidadequepossuemdeteremideiase hiptesesoriginaissobreaquiloquebuscamdesvendar.Nessaperspectiva,as crianas constroem o conhecimento a partir das interaes que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento no se constitui em cpia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criao, significao e ressignificao. Compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianas serem e estarem no mundo o grande desafio da Educao Infantil e de seus profissionais. Emboraosconhecimentosderivadosdapsicologia,antropologia,sociologia, medicina, etc. Possa ser de grande valia para desvelar o universo infantil, apontando algumas caractersticas comuns de ser das crianas, elas permanecem nicas em suas individualidades e diferenas. AN02FREV001/REV 4.0 10 1.2OBJ ETIVOS GERAIS DA EDUCAO INFANTIL A prtica da Educao Infantil deve se organizar de modo que as crianas desenvolvam as seguintes capacidades: Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiana em suas capacidades e percepo de suas limitaes; Descobrireconhecerprogressivamenteseuprpriocorpo,suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hbitos de cuidado com a prpria sade e bem-estar; Estabelecervnculosafetivosedetrocacomadultosecrianas, fortalecendosuaautoestimaeampliandogradativamentesuaspossibilidadesde comunicao e interao social; Estabelecer e ampliar cada vez mais as relaes sociais aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaborao; Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-secadavezmaiscomointegrante,dependenteeagentetransformadordomeio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservao; Brincar,expressandoemoes,sentimentos,pensamentos,desejose necessidades; Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plstica, oral e escrita) ajustadassdiferentesintenesesituaesdecomunicao,deformaa compreender e ser compreendido; Expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avanar no seuprocessodeconstruodesignificados,enriquecendocadavezmaissua capacidade expressiva; Conheceralgumasmanifestaesculturais,demonstrandoatitudesde interesse, respeito e participao frente a elas e valorizando a diversidade. AN02FREV001/REV 4.0 11 1.3CONCEPES TERICAS E HISTRIAS DA EDUCAO INFANTIL A educao de crianas at seis anos em creches e pr-escolas tem sido vista, cada vez mais, como um investimento necessrio para seu desenvolvimento desde os primeiros meses at a idade de ingresso na escolarizao obrigatria. AEducaoInfantilevoluiudoquefoichamadaeducaopr-escolar, entendida como todo atendimento fora da famlia a crianas e adolescentes que no frequentavamoqueseconsideravaaescola.Comauniversalizaoda escolaridadedecrianasacimadeseteanosoumaisrecentementedeseise mesmo de cinco anos dentro do nvel de ensino considerado obrigatrio, a ideia de pr-escola restringiu-se quilo que nossa legislao chama de Educao Infantil. Osmodeloseducacionaisdefendidosnareatmmuitoselementos comuns, em virtude da intensa circulao de ideias e de proposies em relao Educao Infantil em curso desde o sculo XIX, com a universalizao do discurso da psicologia e a difuso internacional da ideia de jardim de infncia. Noentanto,hojeaEducaoInfantildesafiadaaresponderao entendimentodequeadiversidadehumana,topreciosa,correoriscode desapareceremdecorrnciadaglobalizaodaeconomia,comreflexosparaas instituiessociais.Nomundo,todasascrianasdediferentespasessopostas diante das mesmas imagens na TV por satlite. A boneca Barbie, por exemplo, tem traos anglo-saxnicos, mas apresentada a culturas latinas, asiticas e africanas como objeto bsico do desejo para todas as crianas de todos os pases, apesar das marcantes diferenas entre seus traos fsicos e os das mulheres dessas culturas. Outro desafio importante da Educao Infantil superar a maneira atual com que a criana est sendo tratada. A creche em geral, gerida pelos organismos que cuidam da assistncia social, e a pr-escola sob os cuidados, ainda que perifricos, dosrgoseducacionais.Naverdade,aindanofoidefinido,oquefazercoma criana: cuidar ou educar? AN02FREV001/REV 4.0 12 Nesse sentido, a construo de propostas pedaggicas para creches e pr-escolalevanta aquestodaespecificidade desua ao educativanesse nvelde ensinoparapromoverodesenvolvimentodascrianasdasdiferentesclasses sociais. Nadefesadeummodelodemocrticodeeducaoquenoviabilize, aindaquedeformaindireta,formasdemarginalizaoeexclusodecrianasde segmentos sociais desprovidos do acesso a uma educao de qualidade, a creche e a pr-escola devem se encarregar de educar meninos e meninas provenientes de diferentes culturas, levando-as em conta para poder articular convenientemente os diversos contextos de vivncia e desenvolvimento. As instituies de Educao Infantil podem oferecer alternativas a essa fora padronizadora.Apesardaspressescomuns,essasinstituiesassumem caractersticasprpriasnosdiferentespasesetm-semodificadoemcadaum deles,emrespostaatransformaesempadres,familiaresedetrabalho,assim como no pensamento educacional vigente. Os sistemas de Educao Infantil de diferentes pases divergem quanto ao percentual de crianas atendidas nas diversas faixas etrias que a compem, aos nveis de investimentos feitos, aos princpios pedaggicos defendidos, aos objetivos educacionaispropostos,sformasdeorganizaodasturmas,dosespaos,dos horriosedasatividadescotidianasdosadultosecrianasdecadainstituio. Essasdiferenassoocasionadaspelaheterogeneidadedetradieshistricas, culturais e polticas que permeiam a vida do pas, da regio e de cada cidade, pela diversidadedosrecursoshumanosquetrabalhamnaquelasinstituiesetambm pela existncia de concepes variadas a respeito das funes da Educao Infantil. Suascaractersticascondicionamaatividadedacrianasrotinas, dimensorelacional,aodomniodedeterminadalnguafalada,aomundode significados j construdos em uma sociedade e a cotidianos culturalmente criados. Assim, embora o destaque dado ao contato com histrias ou produes musicais e oportunidade de representar usando diferentes linguagens seja universal, a forma de faz-Io singular em cada cultura. AsconcepesexistentessobreEducaoInfantiltmpesospolticos prprios,vistoqueosfamiliares,oseducadores,osresponsveispelaspolticas pblicaseoutrosadultosalimentamexpectativasdiversasacercadashabilidades AN02FREV001/REV 4.0 13 especficas de cada criana e estabelecem metas antagnicas em relao ao que eladevealcanar-expectativasemetasfortementecondicionadaspelaclasse social da populao atendida. Emnossopas,asinstituiesmantidaspelopoderpblicotmdado prioridadedematrculaaosfilhosdetrabalhadoresdebaixarenda,invocandoa noo de "risco social". Por vezes, o argumento que a educao das crianas em idadeanteriordoingressonoensinofundamentaldeveserumserviode assistnciasfamlias,paraquepaisemespossamtrabalhardespreocupados com os cuidados bsicos a serem ministrados aos seus filhos pequenos. Emoutrasocasies,sustentam-se,particularmenteporpartedosgrupos sociaisprivilegiados,queacrecheeapr-escoladevemserorganizaes preocupadas em garantir a aprendizagem e o desenvolvimento global das crianas desde o nascimento. A ideia de que h prioridade de guarda para as crianas de famlias de baixa renda e de educao para as de classe mdia estabelece uma oposio enganosa: nopossvelteraguardadascrianassemaseducar,eeduc-Ias,envolve tambm tomar conta delas. A existncia desse tipo de argumentao s se explica por razes histricas, como uma das formas que a sociedade brasileira, com suas marcantesdesigualdadessociais,encontroupararegularasoportunidadesde acesso aos bens culturais de que dispem as diferentes camadas da populao. O grande desafio, hoje, da Educao Infantil superar a maneira atual com queasduasinstituiestmsidotratadas:acreche,emgeral,geridapelos organismos que cuidam da assistncia social, e a pr-escola sob os cuidados, ainda que perifricos, dos rgos educacionais. Nesse sentido, a construo de propostas pedaggicas para creches e pr-escolas levanta a questo da especificidade de sua aoeducativanessenveldeensinoparapromoverodesenvolvimentodas crianas das diferentes classes sociais. A problemtica social que tem sido evocada para justificar o atendimento a crianas pequenas fora da famlia deve hoje merecer outro tratamento. Creches e pr-escolas no devem nem substituir a famlia nem antecipar prticas tradicionais de escolarizao. AN02FREV001/REV 4.0 14 Apesardereconhecermosque,quandomantidaspelopoderpblico,elas so responsveis por fornecer alimentao e estimulao especial para populaes infantis em situao de desigualdade de recursos. Almdisso,constituemimportantesmecanismosparagarantiraigualdade deacessoaomercadodetrabalhoporhomensemulheres,hmuitosoutros programas fundamentais para as famlias pertencentes s camadas populares que devem ser desenvolvidos pelas polticas pblicas. possvelcriarmltiplasalternativasdeprogramasdeEducaoInfantil obedecendoacritriosmnimosdequalidade,alternativasautorizadase supervisionadas pelas autoridades educacionais comprometidas com a promoo da autonomia das instituies para desenvolver programas de qualidade. Defendendo um modelo democrtico de educao que no viabilize, ainda quedeformaindireta,formasdemarginalizaoeexclusodecrianasde segmentos sociais desprovidos do acesso a uma educao de qualidade , a creche e a pr-escola devem se encarregar de educar crianas provenientes de diferentes culturas,considerando-asparapoderarticularconvenientementeosdiversos contextos de vivncia e desenvolvimento. Paraisso, necessriono maistomarcomoreferncia apenasacultura das classes mdia superiores urbanas (o que provoca grande abalo no modo pelo qualaescolaevoluiuentrens)comoformadeasseguraraunidadesocialea criao de um cidado ideal - metas, sem dvida, valiosas, embora pouco viveis em sociedades em que h marcantes desigualdades entre os grupos de cidados. AN02FREV001/REV 4.0 15 1.4HISTRIA Dopontodevistado sistema educacionallutarcontraaexclusosocial ajudaracrianaaampliar,desdecedo,suarelaocomosaber,adominar diferenteslinguagens,valoresculturais,padresestticoseticoseformasde trabalho baseadas em preceitos cientficos, alm de propiciar-lhe o conhecimento de algumas das tecnologias presentes em sua cultura. Nesse processo, cada criana seconstituicomosujeitonico.Talmetaesbarra,entretanto,emumasriede obstculos. Historicamente, a creche vista como refgio assistencial para a populao infantil desprovida de cuidados domsticos. Ao longo de muitos sculos, o cuidado e aeducaodascrianaspequenasforamentendidoscomotarefasde responsabilidade familiar, particularmente da me e de outras mulheres. Logo aps o desmame, a criana pequena era vista como pequeno adulto e, quandoatravessavaoperododedependnciadeoutrosparateratendidosuas necessidades fsicas, passava a ajudar os adultos nas atividades cotidianas, em que aprendia o bsico para sua integrao no meio social. Nas classes sociais mais privilegiadas, as crianas eram geralmente vistas como objeto divino, misterioso, cuja transformao em adulto tambm se fazia pela diretaimersonoambientedomstico.Nessescasos,paparicossuperficiaiseram reservados criana, mas sem considerar a existncia de uma identidade pessoal. O recorte em favor da famlia como a matriz educativa preferencial aparece tambmnasdenominaesdasinstituiesdeguardaeeducaodaprimeira infncia. O termo francs creche equivale manjedoura, prespio. O termo italiano asilo nido indica um ninho que abriga. "Escola materna" foi outra designao usada parareferir-seaoatendimentodeguardaeeducaoforadafamliaacrianas pequenas. Noobstante opredomnioquase exclusivodocontextodomsticopara a educaodacrianapequena,arranjosalternativosparaprestaressecuidado quelas em situao desfavorvel foram sendo culturalmente construdos ao longo dahistria.Taisarranjosenvolveramdesdeousoderedesdeparentesco,nas sociedades primitivas ou de mes mercenrias, j na Idade Antiga, at a criao AN02FREV001/REV 4.0 16 das rodas cilindros ocos de madeira, giratrios, construdos em muros de igrejas ou hospitais de caridade que permitiam que bebs fossem neles deixados sem que a identidade de quem os trouxesse precisasse ser identificada para recolhimento dos expostos ou a deposio de crianas abandonadas em Lares substitutos, j na Idade Mdia e Moderna. A responsabilidade por esse recolhimento ficava a cargo deentidadesreligiosasqueprocuravamfazercomqueosenjeitadosfossem conduzidos a um ofcio, quando crescessem. s ideias de abandono, pobreza, culpa, favor e caridade impregnam, assim, as formas precrias de atendimento aos menores nesse perodo e por muito tempo vo permear determinadas concepes acerca do que uma instituio que cuida da Educao Infantil, acentuando o lado negativo do atendimento fora da famlia. NossculosXVeXVI,novosmodeloseducacionaisforamcriadospara responderaosdesafiosestabelecidospelamaneiracomoasociedadeeuropeia entosedesenvolvia.Odesenvolvimentocientfico,aexpansocomercialeas atividadesartsticasocorridasnoperododoRenascimentoestimularamo surgimento de novas vises sobre a criana e sobre como ela deveria ser educada. AutorescomoErasmo(1465-1530)eMontaigne(1483-1553)sustentavamquea educaodeveriarespeitaranaturezainfantil,estimularaatividadedacrianae associar o jogo aprendizagem. Poroutrolado,atransformao,nospaseseuropeus,deumasociedade agrrio-mercantilemurbano-manufatureirageravaconflitoseguerrasfrequentes entrenaes,comaconsequenteproduodecondiessociaisadversas, particularmente para o segmento infantil da populao j que muitas crianas eram vtimas de pobreza, abandono e maus-tratos. Emrespostaaessasituao,foramseorganizandoserviosde atendimento,coordenadospormulheresdacomunidadescrianaspequenas abandonadas por suas famlias ou cujos pais trabalhavam em fbricas, fundies e minas originadas da Revoluo Industrial, que se implantava na Europa ocidental. Gradativamente,surgiramarranjosmaisformaisparaatendimentode crianasforadafamliaeminstituiesdecarterfilantrpico,especialmente delineadasparaesseobjetivoequeorganizavamascondiesparao desenvolvimento infantil segundo a forma como o destino social da criana atendida era pensado. AN02FREV001/REV 4.0 17 Crianas pobres de dois ou trs anos eram includas nas charity schools ou dame schools ou coles petites ento criadas na Inglaterra, Frana e outros pases europeus, segundo o iderio dos movimentos religiosos da poca. No tinham uma proposta instrucional formal, embora logo passassem a adotar atividades de canto, de memorizao de rezas ou passagens bblicas e alguns exerccios do que poderia serumapr-escritaoupr-Ieitura.Taisatividadesvoltava-separao desenvolvimentodebonshbitosdecomportamento,ainternalizaoderegras morais e de valores religiosos, alm da promoo de rudimentos de instruo. Aquelespioneirosacreditavamque,comoascrianasnasciamsobo pecado, cabia famlia e, na falta dela, sociedade corrigi-Ia desde pequena. Eles defendiamumrigorosoplanejamentodotemponasescolas,mesmonasque atendiamcrianaspequenas,gerandoumarotinadeatividadesaserobservada diariamente e fundada na ideia de autodisciplina. Em outras escolas, leitura e escrita eram ensinadas a partir dos seis anos, emboraaindadentrodeumobjetivodeensinoreligioso.Exemplodissoeramas escolas de tric (knitting schools) criadas pelo pastor protestante Oberlin, na regio da Alscia francesa, no final da segunda metade do sculo XVIII, onde mulheres da comunidade tomavam conta de grupos de crianas pobres pequenas e ensinavam a ler Bblia e a tricotar. Outrasiniciativaslevaramcriaodeinstituiesparaatendercrianas acima de trs anos, filhos de mulheres operrias. Eram os asilos e as infant schools, assimcomoasnurseryschools,surgidasemLondrescomapreocupaode combaterpssimascondiesdesadedascrianasdosgruposdesfavorecidos daquelacidade.Enquantoisso,emboraemescalamuitoreduzida,hregistrode crianas de trs anos frequentando classes iniciais da escola obrigatria. O bsico, todavia, para os filhos dos operrios era o ensino da obedincia, damoralidade,dadevooedovalordotrabalho,sendocomunspropostasde atividadesrealizadasemgrandesturmas,muitasdelascomcercadeduzentas crianas. Nas salas de asilo parisienses, que foram logo disseminadas pela Europa echegavamataRssia,erafrequentequegruposdeatcemcrianas obedecessem aos comandos dos adultos dados por apitos. Em que pese todo esse quadro, a favor dos pioneiros da Educao Infantil pode-se dizer que contriburam para diminuir os ndices de mortalidade entre as crianas. AN02FREV001/REV 4.0 18 1.5CONCEPES TERICAS UmanovaetapadeconstruodaideiadeEducaoInfantilnaEuropa iniciou-se na fase avanada da Idade Moderna, com o crescimento da urbanizao e a transformao da famlia patriarcal em nuclear. A Revoluo Industrial ento em cursopossibilitadapeloacmulodecapitaloriginadodaexploraodenovos continentes por europeus e dos grandes conhecimentos cientficos ento angariados iniciou um processo de expropriao de antigos saberes dos trabalhadores, o que modificou as condies e exigncias educacionais das novas geraes. Almdisso,opragmatismotecnicistaeodesenvolvimentocientfico decorrentedaexpansocomercialvividanaqueleperodonaEuropaocidental geraramcondiesparaaformulaodeumpensamentopedaggicoparaaera moderna.Adiscussosobreaescolaridadeobrigatria,queseintensificouem vriospaseseuropeusnossculosXVIIIeXIX,enfatizouaimportnciada educao para o desenvolvimento social. Nesse momento, a criana passou a ser o centrodointeresseeducativodosadultos:comeouaservistacomosujeitode necessidades e objeto de expectativas e cuidados, situando-se em um perodo de preparaoparaoingressonomundodosadultos,oquetornavaaescola(pelo menos para os que podiam frequent-la) um instrumento fundamental. O mesmo no acontecia em relao s crianas dos extratos sociais mais pobres.Osobjetivosdesuaeducaoeasformasdeefetiv-losnoeram consensuais. Alguns setores das elites polticas dos pases europeus sustentavam quenoseriacorretoparaasociedadecomoumtodoqueseeducassemas crianaspobres,paraasquaiserapropostoapenasoaprendizadodeuma ocupaoedapiedade.Opondo-seaeles,algunsreformadoresprotestantes defendiam a educao como um direito universal. Esseclimainfluiunotrabalhodospioneirosdaeducaopr-escolar,que buscavamdescobrircomoconciliarnovasformasdisciplinadorasdacrianaque eliminassemaspuniesfsicas,atentodeusocorrente.Aquestodocomo AN02FREV001/REV 4.0 19 ensinar"adquiriucomissoproporessignificativas.Asideiasdessesprecursores delinearam novas perspectivas para a ao de crianas pequenas. AutorescomoComnio,Rousseau,Pestalozzi,Decroly,Froebele Montessori, entre outros, estabeleceram as bases para um sistema de ensino mais centradonacriana.Muitosdelesachavam-secompromissadoscomquestes sociaisrelativasacrianasquevivenciavamsituaessociaiscrticas(rfosde guerra,pobreza)ecuidaramdeelaborarpropostasdeatividadeseminstituies escolaresquecompensassemeventuaisproblemasdedesenvolvimento.Embora comnfasesdiferentesentresi,aspropostasdeensinodessesautores reconheciamqueascrianastinhamnecessidadesprpriasecaractersticas diversas das dos adultos, como o interesse pela explorao de objetos e pelo jogo. AN02FREV001/REV 4.0 20 1.6OS PENSADORES E AS PROPOSTAS EDUCACIONAIS O exame de textos bsicos sobre educao escritos por filsofos nos revela que, desde a Antiguidade, havia quem defendesse a ideia da atividade do prprio alunocomopropulsoradeseucrescimentointelectual(comoScrates,Santo Agostinho, Montaigne) e o valor da brincadeira na aprendizagem (j destacado por PlatoemARepblica).Oqueaparecedenovo,apartirdosculoXVIII,o fortalecimento dessas ideias, que se contrapunham ao que ento era pensado ser o processo escolar bsico. Educar crianas menores de seis anos de diferentes condies sociais j era umaquestotratadaporComnio(1592-1670),educadorebispoprotestante checo. Em seu livro A Escola da Infncia, publicado em 1628, afirmava que o nvel inicial de ensino era o "colo da me" e deveria ocorrer dentro dos lares. Em 1637, elaborouumplanodeescolamaternalemquerecomendavaousodemateriais audiovisuais, como livros de imagens, para educar crianas pequenas. Afianavaelequeocultivodossentidosedaimaginaoprecediao desenvolvimentodoladoracionaldacriana.Impressessensoriaisadvindasda experinciacommanuseiodeobjetosseriaminternalizadasefuturamente interpretadas pela razo. Tambm a explorao do mundo no brincar era vista como uma forma de educao pelos sentidos. Da sua defesa de uma programao elaborada, com bons recursosmateriaiseboaracionalizaodotempoedoespaoescolar,como garantiadaboa"artedeensinar",edaideiadequefossedadacrianaa oportunidadedeaprendercoisasdentrodeumcampoabrangentede conhecimentos. Materiaispedaggicos(quadros,modelos,etc.)eatividadesdiferentes (passeios,etc.)realizadascomascrianasdeacordocomsuasidades,as auxiliariamadesenvolveraprendizagensabstratas,estimulandosuacomunicao oral. J em1657,Comniousouaimagemde"jardimdeinfncia"(emque "arvorezinhas plantadas" seriam regadas) como o lugar da educao das crianas AN02FREV001/REV 4.0 21 pequenas. EmoposioaoideriodaReformaedaContrarreformareligiosas,ento emcursonaEuropa,ofilsofogenebrinoJ eanJ acquesRousseau(1712-1778) criouumapropostaeducacionalemquecombatiapreconceitos,autoritarismose todas as instituies sociais que violentassem a liberdade caracterstica da natureza. Elesepropunhaprticafamiliarvigentededelegaraeducaodosfilhosa preceptores, para que estes os tratassem com severidade, e destacava o papel da me como educadora natural da criana. Rousseau revolucionou a educao de seu tempo ao afirmar que a infncia no era apenas uma via de acesso, um perodo de preparao para a vida adulta, mastinhavaloremsimesma.Caberiaaoprofessorafastartudooquepudesse impediracrianadeviverplenamentesuacondio.Emvezdodisciplinamento exterior,propunhaqueaeducaoseguissealiberdadeeoritmodanatureza, contrariandoosdogmasreligiososdapoca,quepreconizavamocontroledos infantes pelos adultos. Defendiaumaeducaonoorientadapelosadultos,masquefosse resultado do livre exerccio das capacidades infantis. Enfatizava no o que a criana tempermissoparasaber,masoquecapazdesaber.Emoposioaos enciclopedistas,queeramtomadoscomofontedeorientaoparaosque priorizavam o aprendizado de livros ressaltava que a criana deveria aprender por meio da experincia, de atividades prticas, da observao, da livre movimentao, deformasdiferentesdecontatocomarealidade.Aodestacaraemoosobrea razo e defender a curiosidade e a liberdade buscadas pelo homem, criou condies para posteriores discusses sobre a brincadeira infantil. As ideias de Rousseau abriram caminho para as concepes educacionais dosuoPestalozzi(1746-1827),quetambmreagiucontraointelectualismo excessivo da educao tradicional. Considerava ele que a fora vital da educao estaria na bondade e no amor, tal como na famlia, e sustentava que a educao deveria cuidar do desenvolvimento afetivo das crianas desde o nascimento. ParaPestalozzi,educardeveriaocorreremumambienteomaisnatural possvel, em um clima de disciplina estrita, mas amorosa, e pr em ao o que a crianajpossuidentrodesi,contribuindoparaodesenvolvimentodocarter AN02FREV001/REV 4.0 22 infantil.Pestalozzidestacouaindaovaloreducativodotrabalhomanualea importncia da criana desenvolver destreza prtica. Tambmsepreocupoucomaideiadequeaeducaodeveriaser metodicamente ordenada para os sentidos: a percepo da criana seria educada pela intuio e o ensino deveria priorizar coisas, no palavras. Adaptou mtodos de ensinoaonveldedesenvolvimentodosalunosporintermdiodeatividadesde msica, arte, soletrao, geografia e aritmtica, alm de muitas outras. A linguagem oral e de contato com a natureza levou adiante a ideia de prontido, j presente em Rousseau, e de organizao graduada do conhecimento, do mais simples ao mais complexo,quejapareciaemComnio.Suapedagogiaenfatizavaaindaa necessidadedaescolatreinaravontadeedesenvolverasatitudesmoraisdos alunos. Suas ideias de liberdade e de espiritualidade influenciaram, entre outros, o empresrio escocs Robert Owen, cuja crena era de que a educao prepararia os homensparaviverememumasociedadesocialista.Elecriou,em1816,emNew Lanack,Esccia,umacrecheparaosfilhosdosseusoperriosnaqualaboliu castigoseprmios,atividades,dememorizaoelivros.Suasideiastiveram impactonarealidadeeuropeiaenorte-americana,abrindocaminhoparavrias iniciativas de integrar cuidado e educao para crianas pequenas em instituies extrafamiliares. Em 1828, o padre Ferrante Aporti criou o primeiro asilo infantil italiano, em Cremona, inicialmente para crianas das famlias mais abastadas, em oposio s salas de custdias existentes em algumas instituies de atendimento as crianas mais pobres. Aportiasseveravaqueaprimeirainfnciadeveriaserinstruda,eno apenas protegida: assim, props atividades de ensino religioso, trabalhos manuais, rudimentos de leitura, escrita e contagem. Posteriormente,difundiuasescolasinfantisportodaaItlia,apoiadopor catlicosmaisprogressistas,todaviacombatidosporreligiososconservadores, preocupados em manter a concepo tradicional da famlia como a responsvel pela educao dos filhos. AsideiasdePestalozziforamlevadasadianteporFroebel(1782-1852), educadoralemo,noquadrodasnovasinflunciastericaseideolgicasdeseu AN02FREV001/REV 4.0 23 tempoliberalismoenacionalismo,marcadopelaslutasnapolenicas. Influenciadoporumaperspectivamstica,umafilosofiaespiritualistaeumideal polticodeliberdadecriou,em1837,umkindergarten("jardimdeinfncia")onde crianaseadolescentespequenassementesque,adubadaseexpostasa condies favorveis em seu meio ambiente, desabrochariam sua divindade interior emumclimadeamor,simpatiaeencorajamentoestariamlivresparaaprender sobre si mesmos e sobre o mundo. Este era concebido como um todo em que cada pessoa seria ao mesmo tempo uma unidade e uma parte dele. Os jardins de infncia divergiam tanto das casas assistenciais existentes na poca,porincluremumadimensopedaggica,quantodaescola,que demonstravater,segundooautor,constantepreocupaocomamoldagemdas crianas, praticada de uma perspectiva exterior. Omodobsicodefuncionamentodesuapropostaeducacionalinclua atividades de cooperao e o jogo, entendidos como a origem da atividade mental. Froebelpartiatambmdaintuioedaideiadeespontaneidadeinfantil, preconizandoumaautoeducaodacrianapelojogo,porsuasvantagens intelectuais e morais, alm de seu valor no desenvolvimento fsico. Elaboroucanesejogosparaeducarsensaeseemoes,enfatizou o valor educativo da atividade manual, confeccionou brinquedos para a aprendizagem daaritmticaedageometria,almdeproporqueasatividadeseducativas inclussem conversas e poesias e o cultivo da horta pelas crianas. Omanuseiodeobjetoseaparticipaoematividadesdiversasdelivre expresso por meio da msica, de gestos, de construes com papel, argila e blocos ou da linguagem possibilitariam que o mundo interno da criana se exteriorizasse, a fimdequeelapudesse,ento,ver-seobjetivamenteemodificar-se,observando, descobrindo e encontrando solues. Osrecursospedaggicos,bsicosnestemodelo,eramdivididosemdois grupos: as prendas ou dons e as ocupaes. As prendas eram materiais que no mudavamdeformacubos,cilindros,basteselpideseque,usadosem brincadeiras,possibilitariamcrianafazerconstruesvariadaseformarum sentido da realidade e um respeito natureza. J as ocupaes consistiam em materiais que se modificavam com o uso taiscomoargila,areiaepapel,usadosematividadesdemodelagem,recorte, AN02FREV001/REV 4.0 24 dobradura,alinhavoemcartescomdiferentesfigurasdesenhadaseoutrasque buscariamestimularainiciativadacriananodesenvolvimentodeatividades formativas pessoais. Canes completariam essa lista de materiais e atividades. As prendas e as ocupaes se articulariam pela mediao da educadora na formao dalivreexpressoinfantil,ouseja,daquiloqueFroebel,dentrodeseuquadro ideolgico, chamou de "atividades maternas". Anfasepostaporelenaliberdadedacriana,espelhandomovimentos liberais em curso na Europa, passou a ser vista como ameaadora ao poder poltico alemo, o que levou o autoritarismo governamental da poca a fechar os jardins de infncia do pas por volta de 1851. AssementesdarenovaoeducacionalpensadaporFroebel,proibidana Alemanha,encontraramsolofrtilemoutrospases.Em1848,umcasalalemo, discpulodeFroebel,refugiadonaInglaterrafundouoprimeirojardimdeinfncia ingls. Deformasemelhante,umcasalderefugiadosalemesquehaviam conhecido o seu trabalho na Alemanha criou, em 1858, o primeiro jardim de infncia em solo americano, embora nele fosse utilizado o idioma alemo. Dois anos depois, em 1860, a educadora norte-americana Elizabeth Peabody instituiu o primeiro jardim de infncia de lngua inglesa em Boston. Maistarde,em1894,asirmsAgazzi,influenciadasporFroebel, organizaram um mtodo de ensino para ser usado em escolas mais pobres na Itlia. Namesmapoca,algumasexperinciaseducacionaisparacrianaspequenas foram realizadas no Brasil e em outros pases da Amrica Latina, sob influncia das ideias do educador alemo. AapropriaodasteoriasdessesautorespelasinstituiesdeEducao Infantilenvolveuumlongoprocesso.Seusmodelospedaggicos,inicialmente voltadosparaatenderpopulaessocialmentedesfavorecidas,gradativamente foram sendo utilizados para orientar escolas e outras instituies que atendiam os filhos de alguns segmentos da classe mdia e alta de vrios pases. Muitocontribuiuparaissoamodificaodosprincpiosadvogadosparaa educao fundamental, que passaram a admitir a importncia da observao e da pesquisacientficadodesenvolvimentoinfantil,almdaelaboraodematerial educativo a ser usado livremente pelas crianas. AN02FREV001/REV 4.0 25 Ademais,nofinaldosculoXIX,umconjuntodeatoressociaispassoua disputar e a confrontar concepes sobre a educao anterior ao ensino obrigatrio: entidadesfilantrpicas,pessoasdascamadasdominantescominteresses benemritos, setores governamentais e empresrios. Regulamentaes sucessivas, embora por vezes conflitantes, foram criadas para orientar a educao pr-escolar empasesdaEuropa.Todavia,elasnoeramefetivas,observando-seuma impermeabilidadedarealidadeeducativa,particularmentenoquesereferes crianas das camadas populares. OsculoXXcomeoucomdiversospassosdadosemdireo consolidaodoestudocientficodacriana.Opsiclogofrancs,AlfredBinet, defendeu, em 1898, a ideia de pedagogia experimental e deu incio elaborao de escalas e testes de avaliao das funes psicolgicas, que iriam exercer grande influncia nas futuras geraes de educadores. Mdicoseoutrossanitaristas,porsuavez,fizeram-secadavezmais presentes na orientao do atendimento dispensado a crianas em instituies fora da famlia. No perodo que se seguiu Primeira Guerra Mundial, por exemplo, com o aumentodonmeroderfoseadeterioraoambiental,asfunesde hospitalidade e de higiene exercidas pelas instituies que cuidavam da Educao Infantilsedestacaram.Programasdeatendimentoacrianaspequenaspara diminuir a mortalidade infantil passaram a conviver com programas de estimulao precoce nos lares e em creches orientados por especialistas da rea de sade. Asistematizaodeatividadesparacrianaspequenascomousode materiais especialmente confeccionados foi realizada por dois mdicos interessados pela educao: Ovdio Decroly e Maria Montessori. Decrol y (1871-1932), mdico belga, trabalhando com crianas excepcionais, elaborou, em 1901, uma metodologia de ensino que propunha atividades didticas baseadasnaideiadetotalidadedofuncionamentopsicolgicoenointeresseda criana,adequadasaosincretismoqueelejulgavaserprpriodopensamento infantil.Aocontrriodossensualistasqueoprecederam,ouseja,dosque acentuavam a importncia de um trabalho com as sensaes, Decroly defendia um ensino voltado para o intelecto. Propunha que a criana fosse posta diante de um objeto concreto em toda a suacomplexidadeeapartirdaoanalisasseefizesseumasntese,quedeveria AN02FREV001/REV 4.0 26 expressarpormeiodeumaobrapessoal.Preocupava-secomodomniode contedos pela criana, mas via a possibilidade de encade-Ios em rede organizada aoredordecentrosdeinteresse,emvezdeseremvoltadosparaasdisciplinas tradicionais. Nos centros de interesse, o trabalho se estruturaria segundo trs eixos: observao,associaoeexpresso.Decrolyconhecidoaindapordefender rigorosaobservaodosalunosafimdepoderclassific-losedistribu-losem turmas homogneas. O nome da mdica psiquiatra italiana Maria Montessori (1879-1952) inclui-se tambm na lista dos principais construtores de propostas sistematizadas para a Educao Infantil no sculo XX. Tendo sido encarregada da seo de crianas com deficincia mental em uma clnica psiquitrica de Roma, produziu uma metodologia de ensino com base nos estudos dos mdicos, Itard e Sgun, que haviam proposto o uso de materiais apropriados como recursos educacionais. Em 1907, foi convidada a organizar uma sala para a educao de crianas sem deficincias dentro de uma habitao coletiva destinada a famlias dos setores populares, experincia que denominou Casa das Crianas. Montessori propunha unir pedagogia cientfica da criana, ao mesmo tempo emque, opondo-seaconcepesqueconsideravamaterialista, viacominteresse umaeducaoqueseocupassecomodesenvolvimentodaespiritualidade.Ao contrriodeRousseau,quedefendiaaautoeducao,Montessorinoaceitavaa natureza como o ambiente apropriado para o desenvolvimento infantil. Antes, era a favordacriaodeumcontextoquefosseadequadospossibilidadesdecada crianaeestimulasseseudesenvolvimento,particularmentenos"momentos sensveis" deste. Nesse contexto, a criana era disciplinada pelo trabalho, que a ocupava. Ao educador caberia uma atitude discreta de preparao do ambiente e de observao das iniciativas infantis. Ele atuaria como um cengrafo e uma figura de referncia e proporcionariacrianaumcontextonoqualseusimpulsosinterioresse transformariam em atividade prpria. Ressaltando o aspecto biolgico do crescimento e desenvolvimento infantil, Montessoritevecomomarcadistintivaaelaboraodemateriaisadequados exploraosensorialpelascrianaseespecficosaoalcancedecadaobjetivo educacional. Seu materialdidticobuscavafazerum detalhamentodocontedo a AN02FREV001/REV 4.0 27 ser trabalhado com as crianas e previa exerccios destinados a desenvolver, passo a passo, as diversas funes psicolgicas. Suapropostadesviavaaatenodocomportamentodebrincarparao material estruturador da atividade prpria da criana: o brinquedo. Montessori criou instrumentos especialmente elaborados para a educao motora (ligados, sobretudo tarefa de cuidado pessoal) e para a educao dos sentidos e da inteligncia por exemplo,letrasmveis,letrasrecortadasemcartes-lixaparaaprendizadode leitura, contadores, como o baco, para aprendizado de operaes com nmeros.Foi ainda quem valorizou a diminuio do tamanho do mobilirio usado pelas crianas nas pr-escolas e a exigncia de diminuir os objetos domsticos cotidianos a serem utilizados para brincar na casinha de boneca. NoinciodosculoXX,noseradominanteessapreocupaode encaminhar as concepes sobre a infncia a um estudo mais rigoroso, cientfico e integrado ao exame das condies de vida da criana em uma sociedade concreta, comotambmosvaloressociaisproduzidosnoembatedeproblemaspolticose econmicos eram defendidos como metas para a Educao Infantil. Destacaram-se,napedagogiaenapsicologia,noperodoseguinte Primeira Guerra Mundial (quando era proposta a salvao social pela educao), as ideias a respeito da infncia como fase de valor positivo e de respeito natureza. Taisideiasimpulsionaramumespritoderenovaoescolarqueculminoucomo Movimento das Escolas Novas. Esse movimento se posicionava contra a concepo de que a escola deveria prepararparaavidacomumavisocentradanoadulto,desconhecendoas caractersticasdopensamentoinfantileosinteressesenecessidadesprpriasda infncia. Para ele, a aprendizagem no se faria pela recepo passiva de contedos jformulados,maspelaatividadedacrianaemexperimentar,pensarejulgar, especialmente em pequenos grupos. Nocampodapsicologia,umasriedeautoresoferecianovasformasde compreender e promover o desenvolvimento das crianas pequenas. Vygotsky, na dcada de 1920 e 30, atestava que a criana introduzida na cultura por parceiros mais experientes. AindanaprimeirametadedosculoXX,Wallondestacavaovalorda afetividade na diferenciao que cada criana aprende a fazer entre si mesma e os AN02FREV001/REV 4.0 28 outros. Os psicanalistas reconheciam que o comportamento deveria ser interpretado, e no meramente aceito em seus aspectos observveis. Finalmente, h que mencionar as pesquisas de Piaget e colaboradores que revolucionaram a ideia dominante sobre a criana. Essas concepes foram sendo gradativamente apropriadas pelas teorias pedaggicas e tornaram-se alvo especial de ateno na Educao Infantil. Novos protagonistas destacaram-se ainda na primeira metade do sculo XX. CelestinFreinet(1896-1966)foiumdoseducadoresquerenovaramasprticas pedaggicasdeseutempo.Paraele,aeducaoqueaescoladavascrianas deveria extrapolar os limites da sala de aula e integrar-se s experincias por elas vividasemseumeiosocial.Deveriafavoreceraomximoaautoexpressoesua participao em atividades cooperativas, a qual lhes proporcionaria a oportunidade de envolver-se no trabalho partilhado e em atividades de deciso coletiva, bsicas para o desenvolvimento. A seu ver, as atividades manuais e intelectuais permitem a formaodeumadisciplinapessoalecriaodotrabalho-jogo,queassocia atividade e prazer e por ele encarado como eixo central de uma escola popular. A pedagogia de Freinet organiza-se ao redor de uma srie de tcnicas ou atividades, entre elas as aulas-passeio, desenho livre, o texto livre, o jornal escolar, a correspondncia interescolar, o livro da vida. Incluem ainda oficinas de trabalhos manuaiseintelectuais,oensinoporcontratosdetrabalho,aorganizaode cooperativasnaescola.Apesardelenotertrabalhadodiretamentecomcrianas pequenas,suaexperinciatevelento,masmarcanteimpactosobreasprticas didticas em creches e pr-escolas em vrios pases. Na dcada de 50, particularmente, observa-se no contexto internacional ps-Segunda Guerra Mundial, nova preocupao com a situao social da infncia e a ideiadacrianacomoportadoradedireitos.Taldestaqueapareceexpressona Declarao Universal dos Direitos da Criana, promulgada pela ONU, em 1959, em decorrncia da Declarao Universal dos Direitos Humanos, apresentada em 1948. AexpansodosserviosdeEducaoInfantilnaEuropaenosEstados Unidos foi sendo influenciada cada vez mais por teorias que apontavam o valor da estimulaoprecoce nodesenvolvimentodecrianasjapartirdonascimento.A defesadabrincadeiracomorecursoparaodesenvolvimentoinfantillevoupaisde classe mdia a buscar a organizao de playgroups, algumas horas por semana, AN02FREV001/REV 4.0 29 paraatendimentodeseusfilhospequenos,emboraaindadentrodaperspectiva tradicional no que se refere ao papel privilegiado da famlia na educao dos filhos. Taisplaygroups,porsuavez,eramvistospelospesquisadorescomocontextos importantesparaadetecoprecocedeproblemasdesadefsicae, principalmente, mental. Em pases como os Estados Unidos, a Educao Infantil combinou perodos de expanso e retraimento, em virtude de posies socialmente defendidas em face damulher,atrecentementeconfinadanoambientedomstico,eemfaceda brincadeira, opondo-se a mtodos mais formais e rgidos de ensino. Ograndenmerodepesquisassobreodesenvolvimentoinfantillevouao estabelecimentodeescolasmaternaisdentrodeuniversidadesnorte-americanas, sendoconsideradascomoumlaboratriofundamental.DentrodoMovimentodas Escolas Novas, ento atuantes nesse pas, vrias iniciativas para difundir as ideias froebelianas e outros projetos de renovao educacional culminaram com a proposta de currculos por atividades. AsposiesdeMontessori,apesardeimpressionarpositivamentemuitos educadoresnorte-americanos,passaramasercriticadasporcertosgrupos, acusadas de enfatizarem atividades individuais, se preocupando com a formao do ser social, e em razo da rigidez com que os exerccios e como os materiais eram utilizados.Tambmemcontraposio nfasepostaporFroebelnaliberdade de ao para a criana e da proposta de um mtodo desatualizado para o ensino da escrita, o alfabtico em detrimento, por exemplo, do mtodo global de Decroly. Algunsnovosconceitosforamusadoscomoargumentospararetardara evoluodaEducaoInfantil,particularmentenoqueserefereeducaode bebs fora da famlia. Um deles foi o conceito de "apego", cunhado psicanalista J ohn Bowlby,quefoiconvocadopelaOrganizaoMundialdeSadeparaanalisara situao, chamada de "privao materna", de muitas crianas na Inglaterra durante a SegundaGuerraMundialquandomilhesdemulheresforammobilizadaspelo esforo blico e separadas de seus filhos, que eram encaminhados para instituies.SegundoBowlby(1986),arupturadelaosafetivosentremeecriana, provocadapelasituaodeseparao,prejudicariaodesenvolvimentosadiodo indivduo.Assim,quandoosmovimentosfeministas,cadavezmaisatuantesno decorrer do sculo XX, passaram a reivindicar creches para possibilitar igualdade de AN02FREV001/REV 4.0 30 oportunidadesdetrabalhoparaasmes,receberampoucorespaldodos especialistasemdesenvolvimentoinfantileempsiquiatria,osquais,apoiadosem uma leitura dos trabalhos de Bowlby, posicionavam-se contra a precoce separao entre a me e a criana. J outras descobertas cientficas sobre o desenvolvimento infantil como o construtivismodeConstanceKamii,ostrabalhossobreapsicognesedalngua escrita de Emlia Ferreiro, alm da contribuio dos estudos com bebs realizados por Trevarthen e Bruner na psicologia e na psicolingustica vieram na defesa de umacrianaativaeabalaramasprticasfamiliareseotrabalhorealizadoem creches e pr-escolas at ento existentes, trabalhos e prticas ainda impregnados deconcepesideolgicascomocontrolesocial,preparaoparaoensino fundamental e ao substituta da famlia. Osdiscursosdefendidosapartirdessesautoressalientaramforte valorizao das relaes interpessoais, da individualidade, do equilbrio emocional, do aprender a pensar e resolver problemas com autonomia. Almdospensadoresjapresentados,apresenadePiaget,Vygotskye Wallon,forammuitoimportantesparaodesenvolvimentoeavanodaEducao Infantil,apartirdomomentoqueosestudosrealizadosporeles,comearama explicar o desenvolvimento humano. ApsaSegundaGuerraMundial,ideiasdapsicologiaepsicanlise ocuparamofococentraldaprescriodebonshbitoseducativos,como argumentos para capacitar cada vez mais cedo as novas geraes, com o objetivo dedesenvolverascompetnciascomplexasrequeridasporsociedadescom acelerado ritmo de transformao. Hquesereconhecer,noentanto,queapesardasteoriaspsicolgicas serem extremamente teis para descrever o desenvolvimento humano, elas no do contadeorientardiretamentequestespedaggicasemcrechesepr-escolas. Valoressociais,preocupaespragmticas,intuiesextradasdaexperincia cotidianasoelementosquecolaboramparadelinearosobjetivos,atividadese estratgiasdeensinoadequadasaosnveisdedesenvolvimentodascrianas atendidas e s exigncias sociais que se apresentam a elas. AN02FREV001/REV 4.0 31 Socilogoseantroplogostambmcontriburamparaatransformaoda maneira como a educao dos pequenos era pensada. Os primeiros apontaram a foradaestruturasocialnadeterminaodasoportunidadescotidianasdas crianas;ossegundosdestacaramcomoculturasdiferenteselaboravamsuas concepeseprticaseducativas,abrindocaminhoparamaiorflexibilizaoe inovao dos modelos de Educao Infantil. FIM MDULO I