EDUCAÇÃO ALIMENTAR E OBESIDADE · EDUCAÇÃO ALIMENTAR E OBESIDADE Iracema Sebben Falcade¹ ......
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E OBESIDADE
Iracema Sebben Falcade¹
Ana Carla Marques da Silva²
Resumo
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é tida como uma das principais doenças epidêmicas do século 21. A prevalência da obesidade entre crianças e adolescentes vem aumentando nos países desenvolvidos. Frente às dificuldades no controle dessa doença, nota-se que ações didáticas vindas dos educadores podem tornar-se ferramentas importantes para a conscientização e aprendizado entre os adolescentes. O objetivo do trabalho foi promover o conhecimento sobre alimentação no controle e combate a obesidade, também visa explanar a composição dos alimentos, para colaborar na conservação da saúde. Na metodologia utilizada foi feita a implementação de uma Unidade Didática que teve como público alvo, 38 alunos da sétima série, de ambos os sexos, com idade média de 13 a 15 anos do Colégio Estadual Humberto de Campos - Ensino Fundamental e Médio e Profissionalizante, de Santo Antonio do Sudoeste - PR, foram avaliados os hábitos alimentares de adolescentes, para a prevenção da obesidade e melhoria da qualidade de vida. Para obtenção de dados, foi entregue aos educandos um questionário no qual foram registrados os hábitos alimentares. A seguir, durante as aulas, realizou-se a apropriação dos conhecimentos sobre a importância dos alimentos, utilizando-se de recursos disponíveis, como: livro didático, sites disponibilizados na internet, vídeos, jornais com temas relacionados à educação alimentar, bem como palestra proferida pela nutricionista. De forma geral, podemos concluir que os indivíduos do sexo feminino estavam mais esclarecidas e preocupadas em relação ao assunto obesidade do que os indivíduos do sexo masculino, mais por questão estética e não propriamente pela saúde. Observou-se também, que foi significativo o hábito de consumir salgadinhos e refrigerantes, e foi encontrado esse hábito mais pronunciado nas meninas Para ter uma educação alimentar mais efetiva é necessário ampliar o debate em torno do assunto abordado.
Palavras-chave: Educação alimentar, Obesidade, Nutrição.
¹Professora Concluinte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE 2011). Estado do Paraná
²Orientadora PDE. Docente da UNIOESTE Campus Cascavel. CCBS
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INTRODUÇÃO
A nutrição é indispensável para sobrevivência e manutenção da saúde, a boa
alimentação depende de uma dieta regular e equilibrada, sendo que a mesma tem
nutrientes para as funções vitais dos seres vivos. A obesidade é um distúrbio
nutricional que vem aumentando assustadoramente em grande parte dos países,
inclusive no Brasil, e, apesar de se tratar de uma condição clínica individual, é vista
como um sério e crescente problema de saúde pública, principalmente por
desencadear problemas cardiovasculares entre outras comorbidades. O presente
trabalho busca orientar os educandos para a importância de uma alimentação
saudável, manutenção da saúde e combate a obesidade, informando os educandos
sobre o tema função dos alimentos, no contexto da fisiologia humana.
A obesidade vem aumentando de forma alarmante, sendo considerada uma
verdadeira epidemia mundial, atingindo todas as faixas etárias, especialmente as
crianças, de acordo com a World Health Organization (1997).
Por ser um fator ligado diretamente à saúde das pessoas, o Ministério da Saúde
tem o compromisso de zelar pela alimentação dos brasileiros e, por isso, é
responsável pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição.
Segundo o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
(INAN) aponta que a obesidade infantil no Brasil atinge 16% das crianças.
Os esforços e investimentos realizados para a melhoria do ensino público, com
políticas educacionais claras e sérias, exigem das escolas, principalmente da
educação básica, um projeto político pedagógico e um currículo cada vez mais
apropriado, amplo, moderno que venha atender as expectativas da sociedade, que é
de fundamental importância e relevância para a formação dos adolescentes
integrados nas escolas.
A escola é o espaço de transmissão da cultura produzida historicamente, do saber
sistematizado, que não pode ser desvinculado da formação política dos sujeitos – sendo
que o tema deste trabalho está inserido no conteúdo estruturante Corpo Humano e Saúde
das Diretrizes Curricular da Educação Básica do Paraná (DCEs), neste contexto este
estudo pretende desenvolver atitudes, hábitos saudáveis e obter subsídios para ações
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relacionadas à educação alimentação saudáveis, manutenção da saúde e prevenção da
obesidade.
Aulas expositivas, apoiadas basicamente no livro didático, ainda são estratégias e
recursos utilizados por professores na abordagem dos conteúdos de Ciências.
Com a apresentação da produção didática (jornal informativo) elaborada durante o
segundo período do PDE, observou-se que tanto alunos como os professores de Ciências
sentiram-se mais motivados a trabalhar o conteúdo.
Apesar de não ser uma metodologia nova, a mesma nunca foi utilizada pelos
professores do colégio. Assim sendo, verificou-se que o objetivo do trabalho foi
alcançado, pois, os alunos demonstraram maior motivação em estudar o tema proposto,
bem como os professores, utilizaram uma metodologia diferenciada que veio a enriquecer
sua prática pedagógica.
Recursos como: jornais informativos e vídeos são meios pelos quais despertam a
curiosidade e a participação dos alunos, deixando as aulas mais atrativas, pois a
motivação cria laços de interesse que envolve os mesmos em algo que tenha significado
para eles. Assim, contribuindo no processo de ensino e aprendizagem na disciplina de
Ciências para os alunos do Colégio Estadual Humberto de Campos.
OBJETIVO GERAL
Promover o conhecimento sobre a composição dos alimentos, bem como a
necessidade de uma alimentação equilibrada, para colaborar na conservação da
saúde.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Discutir quais são os principais nutrientes que existem nos alimentos, sua função e
importância.
- Investigar o nível de conhecimento dos alunos sobre alimentação e nutrição.
- Explanar sobre os componentes nutricionais encontrados nas embalagens de
produtos para consumo.
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- Observar a influência dos meios de comunicação sobre o consumo de
determinados produtos.
- Alertar sobre a importância de uma alimentação equilibrada e saudável para
manutenção e conservação da saúde.
JUSTIFICATIVA
O sobrepeso e a obesidade na infância e na adolescência são importantes
fatores de risco, relacionado às doenças cardiovasculares, estando associados
também, a maiores prevalências de outras doenças na fase adulta, de acordo com
Gomes et al. (2001).
O acúmulo de gordura no tecido adiposo era a garantia de sobrevivência para o
homem primitivo. A gordura armazenada representava um estoque de energia extra
que gerava uma maior capacidade para percorrer longos períodos à procura de
alimentos em uma época de escassez alimentar.
A evolução e a modernização, dentre outros fatores, foram responsáveis pela
modificação desses hábitos. O homem passou de nômade a uma condição de
agricultor e criador de animais, aumentando a disponibilidade de alimentos em
qualquer estação do ano e possibilitando assim, a fixação e desenvolvimento da
espécie humana e o estabelecimento das primeiras civilizações e posterior formação
de comunidades.
Posteriormente com a revolução industrial muitas outras mudanças ocorreram
na sociedade, como avanço tecnológico, aumento do poder aquisitivo, diminuição do
trabalho físico graças à substituição do mesmo por máquinas, e uma maior
produção de alimentos industrializados.
A vida moderna, cheia de urgências também atribuiu a alimentação o caráter
de rapidez através das redes de alimentação rápida ou fast-foods, que dão ênfase
ao consumo quantitativo em detrimento ao qualitativo, o que promoveu o surgimento
de doenças como a obesidade, relacionada principalmente ao consumo exagerado
de substâncias como sódio e gorduras, presentes nesse tipo de alimentação.
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Sendo assim, este trabalho tem a finalidade de orientar os educandos sobre a
importância de uma alimentação saudável, além disso, informar, alertar, e esclarecer
quanto à importância e função dos alimentos no crescimento e desenvolvimento do
organismo. O mesmo vem acrescentar informações sobre o consumo elevado de
alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes, bem como, demonstrar a
necessidade de uma alimentação equilibrada e as consequências desta na
manutenção da saúde. Segundo as DCEs:
(...) a sociedade capitalista e suas regras de mercado influenciam as
escolhas das pessoas e as subordinam aos apelos publicitários e idolatria do consumo. As regras do mercado também impedem, muitas vezes, que se tenham argumentos para posicionar-se e tomar decisões próprias, de forma consciente. Assim, a escola e, por efeito, o processo de ensino e de aprendizagem de Ciências exercem um papel social fundamental.
A propaganda expõe o produto, sem a devida preocupação com a saúde do
consumidor. É intenção, com este estudo fazer a releitura desta situação, para que o
indivíduo possa selecionar alimentos mais saudáveis e também, ter conhecimento
crítico sobre o assunto, com vistas a uma alimentação seletiva e equilibrada para
uma melhor qualidade de vida.
O tema abordado objetiva esclarecer e desmistificar algumas dúvidas e mitos
mais frequentes com relação à alimentação e a nutrição, sem ter a pretensão de
esgotar este assunto, que é muito amplo e complexo.
Portanto, para a educação, a escola é um espaço onde a transmissão da
cultura é produzida historicamente e a formação científica não pode se desvincular
da formação política - é o saber sistematizado.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A educação nutricional, em longo prazo, pode ampliar a conscientização dos
escolares sobre a tomada de decisões quanto ao consumo de alimentos, e a sua
relação com a saúde e o bem-estar (Caroba, 2002).
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Devido às inúmeras transformações que a sociedade moderna vem passando
ocorreram também mudanças na forma do homem entender e agir principalmente
com um ponto de vista crítico sobre determinadas situações. A ciência e o ensino
neste mundo em transformação são fundamentais ao desenvolvimento do ser
humano.
“A ciência sempre esteve sujeita às interferências, determinações, tendências
e transformações da sociedade, aos valores e ideologias e às necessidades
materiais do homem. Ao mesmo tempo em que sofre a sua interferência, nela
interfere’’. (ANDREY, 1988; ARAÚJO, 2002).
Conceituar ciência exige cuidado epistemológico, pois para conhecer a real
natureza da ciência faz-se necessário investigar a história da construção do
conhecimento científico (KNELLER, 1980).
Segundo as Diretrizes Curriculares (2008) a disciplina de Ciências tem como
objetivo de estudo o conhecimento científico e resulta da investigação natureza. Do
ponto de vista científico entende-se por natureza o conjunto de elementos
integradores que constitui o Universo em toda sua complexidade. Ao ser humano
cabe interpretar racionalmente os fenômenos observados na natureza, resultantes
das ações entre elementos fundamentais como o tempo, matéria, movimento, força,
campo, energia e vida. As relações entre seres humanos com os demais seres vivos
e com a natureza ocorrem pela busca de condições favoráveis de sobrevivência.
A interferência do ser humano sobre a natureza possibilita incorporar
experiências técnicas, conhecimentos e valores produzidos na coletividade e
transmitidos culturalmente. Sendo assim, a cultura, o trabalho e o processo
educacional asseguram a elaboração e a circulação do conhecimento, estabelecem
novas formas de pensar, de dominar a natureza, de compreendê-la e se apropriar
dos seus recursos.
Diante disso, a história e a filosofia da ciência mostram que a sistematização
do conhecimento científico evolui pela observação de regularidade percebida pela
natureza, o que permite sua apreciação por meio da compreensão dos fenômenos
que nela ocorrem. Tal conhecimento proporciona ao ser humano uma cultura
científica com repercussões sociais, econômicas, éticas e políticas. Para Hebermas:
O método científico que levou à dominação cada vez mais
eficaz da natureza passou assim a fornecer tanto os conceitos puros,
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como instrumentos para a dominação cada vez mais eficaz do
homem pelo próprio homem através da dominação da natureza (...).
Hoje a dominação se perpetua e se estende não apenas através da
tecnologia, e esta garante a formidável legitimação do poder político
em expansão que absorve todas as esferas da cultura.
(HEBERMAS,1980,p305)
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Biologia (2008), na década de
70, as discussões acerca do progresso da ciência, do trabalho científico nas
instituições de pesquisa e do pensamento científico de cada época, expuseram a
fragilidade da concepção de ciência ainda limitada a uma epistemologia empírica.
Nesse sentido, refletir sobre ciência implica em considerá-la como uma
construção coletiva produzida por grupo de pesquisadores e instituições num
determinado contexto histórico, num cenário sócio-econômico, tecnológico, cultural,
religioso, ético e político, evitando creditar seus resultados a supostos “cientistas
geniais”. ‘’ (...) para concretizar este discurso sobre ciência (...) é necessário e
imprescindível determiná-la no contexto das realizações humanas, que também são
historicamente determinadas’’(RAMOS, 2003, p16).Dessa forma a disciplina de
Ciências deve ser tratada como processo de formação de conceitos científicos,
possibilitando a superação das concepções alternativas dos estudantes e o
enriquecimento de sua cultura científica (LOPES, 1999).
Espera-se uma superação do que o estudante já possui de conhecimento
alternativo, rompendo com obstáculos conceituais e adquirindo maiores condições
de estabelecer relações conceituais, interdisciplinaridades e contextuais, de saber
utilizar uma linguagem que permita comunicar-se com outro e que possa fazer de
aprendizagem dos conceitos científicos algo significativo no seu cotidiano.
O professor é um mediador entre o conceito popular e o conceito científico,
servirá para que esse conhecimento chegue até o educando, o qual saberá da
importância de uma alimentação equilibrada, já que a mesma é responsável pelo
crescimento e desenvolvimento do organismo.
A alimentação humana é composta por muitos componentes como os
macronutrientes e micronutrientes. Os macronutrientes são as proteínas, os
carboidratos e as gorduras. Os micronutrientes são todos os demais componentes,
inclusive vitaminas, eletrólitos e oligoelementos. Todos eles são vitais, e, sendo
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assim, a ausência de qualquer um dos nutrientes será prejudicial e pode até mesmo
causar grandes danos a saúde.
Rotineiramente nota-se que qualquer tipo de excesso é prejudicial, no que diz
respeito à dieta isso não é diferente, uma dieta saudável, deve ser constituída de um
cardápio variado, pois ingerindo uma variedade de alimentos dificilmente ocorrerá
deficiência de algum componente essencial. Ao invés da ingestão de um único tipo
de alimento, o ideal é que a alimentação ocorra em pequenas porções de vários
tipos de alimentos.
A manutenção da vida se dá por meio de ações naturais dos órgãos do corpo.
Algumas dessas ações produzem a energia necessária para as atividades, outras
proporcionam o relacionamento do indivíduo com o meio em que ele vive e ainda há
também as ações que visam à própria preservação da vida.
Segundo o Ministério da Saúde a alimentação e a nutrição constituem
requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a
afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com
qualidade de vida e cidadania.
“[...] A ingestão de certos tipos de alimentos sofre, sem dúvida,
a influência de tradições culturais e de fatores econômicos, é
curioso observar que a alimentação habitual de vários povos
corresponde, entre indivíduos com certos recursos, a uma dieta
equilibrada ainda que os alimentos possam variar muito. Por
outro lado, podemos assinalar, entre populações muito pobres,
uma deficiência alimentar que pode ter duas origens: às vezes
é causada por pura ignorância, outras vezes por falta de
recursos para adquirir a alimentação adequada. [...]”
(ARATANGY, 1975, p.21).
O mundo vive uma epidemia de obesidade, que é considerada atualmente o
maior problema de saúde pública, e representa uma grande ameaça para a
qualidade de vida.
De acordo com dados do IBGE (2010), os adolescentes de 10 a 19 anos,
3,4% apresentam déficit de peso; 20,5% têm excesso de peso; e 4,9% apresentam
obesidade. Nesta mesma faixa etária, a maior porcentagem de adolescentes com
déficit de peso mora no Nordeste (4,9%). No Sul está a maioria dos que estão acima
do peso (26,9%) e das pessoas entre 10 e 19 anos obesas (7,6%).
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O excesso de peso deixa de ser simplesmente um problema estético e passa
a ser um clássico fator de risco para inúmeras doenças, muitas vezes, de gravidade
severa. Os erros alimentares e a falta da prática de atividades físicas contribuem
diretamente para o aumento de peso e consequentemente o desenvolvimento da
obesidade e de complicações vinculadas a ela como: hipertensão arterial,
dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus câncer, trombose
venosa, apneia do sono dentre outras.
Não existe fórmula mágica para a perda de peso. O emagrecimento saudável
deve ser consequência de mudanças de comportamento alimentar e físico.
O acompanhamento nutricional é muito importante no processo de
emagrecimento, onde um profissional da área de nutrição trabalha através da
orientação, prevenção e tratamento da obesidade e promoção da saúde, através de
uma reeducação alimentar com estímulo de práticas alimentares adequadas e mais
saudáveis.
A obesidade na população brasileira está se tornando bem mais frequente do
que a própria desnutrição infantil, sinalizando um processo de transição
epidemiológica que deve ser devidamente valorizado no plano da saúde coletiva.
Devido ao crescimento desenfreado da obesidade, surgem vários problemas de
saúde como doenças cardiovasculares, que representam a principal causa de
incapacidade na vida adulta e na velhice. Isso tem aumentado consideravelmente,
sendo responsável, por um aumento alarmante de óbitos relacionados diretamente
ao sobrepeso, práticas alimentares inadequadas e estilos de vida desregrados.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA 2008), a
propaganda, principalmente na mídia televisiva, incentiva o consumo de alimentos
que nem sempre são essenciais ou trazem benefícios à saúde.
Um grande problema observado é que muitos alimentos que são anunciados
na mídia, têm excesso de nutrientes que não devem ser consumidos em grande
quantidade, como a gordura saturada, gordura trans, açúcar e o sódio
principalmente. Além disso, tornou-se menos comum a presença de propagandas
que estimulem o consumo de verduras, legumes, feijão, frutas e outros alimentos
saborosos e ricos em nutrientes (ANVISA, 2008).
Dentro deste contexto, acredita-se que a escola desempenhou um papel
fundamental e apropriado para a implementação do projeto, ora descrito, o qual teve
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como principal objetivo orientar o público envolvido, alunos da sétima série, sobre a
importância de uma alimentação equilibrada e principalmente a prevenção da
obesidade.
DESCRIÇÃO DAS AÇÕES
A implementação da Unidade Didática teve como público alvo alunos da
sétima série do Colégio Estadual Humberto de Campos - Ensino Fundamental,
Médio e Profissional, de Santo Antonio do Sudoeste - PR, e ocorreu durante o
segundo semestre do ano 2011.
No primeiro momento houve a necessidade de apresentar a Unidade Didática
para a equipe pedagógica, direção e corpo docente da escola, que de pronto
aceitaram, já que o tema trata da melhoria da qualidade de vida da comunidade
escolar. Ao mesmo tempo, disponibilizou-se um exemplar do jornal informativo para
apreciação dos professores, os quais observaram a relevância do material didático
como apoio pedagógico.
Como primeira atividade com os alunos, houve uma conversa informal com a
finalidade de apresentar a proposta. A turma mostrou-se entusiasmada por tratar-se
de um assunto interessante, ou seja, a “obesidade”. Na sequência, foi exposto um
questionário para que se pudesse avaliar o conhecimento dos alunos sobre o
assunto, obtendo-se o seguinte resultado:
Resultado e Discussão
Tabela 1. Resultado do levantamento de dados dos hábitos alimentares dos 38 alunos da 7ª série do Colégio Estadual Humberto de Campos.
Hábitos alimentares
Hábitos alimentares todos os dias às vezes Nunca
Toma café da manhã 21% 26% 52%
Almoço 78,9% 21% -
Janta 76,9% 15% 9,3%
Lancham na escola 34% 52% 15%
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Segundo Garcia et al. (2008), hábitos alimentares inadequados,
principalmente na infância e adolescência, podem ser fatores de risco para a
presença de doenças crônicas, tanto na vida atual ou na idade adulta.
Os adolescentes que não tomam café da manhã, dizem fazer isso por estar
sempre “atrasados para a aula”, porém, observou-se grande incidência daqueles
que não tem esse hábito, pelo simples fato de ter que arrumar o seu café.
Observou-se que a maioria almoça, pois ao chegar do colégio o almoço está
pronto e os mesmos passaram um longo tempo sem se alimentar. Porém, algumas
adolescentes relataram que ‘’pula’’ refeição por estar ‘’gorda’’, tema também
abordado por Fonseca et al. (1998), em seus estudos.
De acordo com Canty (1991) e Gillman (2000), hábitos como: não tomar café
da manhã, jantar consumindo grande quantidade calórica, ingerir uma variedade
limitada de alimentos e preparação de grandes porções, consumir em excesso
líquidos leves, mas calóricos são prejudiciais e indutores de obesidade.
Tabela 2 Alimentos ricos em lipídios e glicídios
Lanches Todos os dias Às vezes Nunca
Ingerem guloseimas 52% 47% -
Tomam refrigerantes 36,8% 63,2% -
Ingerem frituras 52% 36,8% 10,5%
Analisando os resultados, observa-se um consumo exagerado de guloseimas,
refrigerantes e frituras. O consumo exagerado por esses tipos de alimentos muitas
vezes é estimulado pelos maus hábitos alimentares que foram aprendidos e
estimulados na infância, além disso, esses tipos de alimentos por serem ricos em
gorduras apresentam um sabor diferenciado, e, muitas vezes, também são
destacados visualmente pelos corantes, e realçados olfativamente por
aromatizantes, o que os torna ainda mais atrativos. Além disso, a mídia televisiva,
exerce grande influência sobre os adolescentes e jovens, principalmente no que diz
respeito a alimentação rápida e processada enfatizando o aspecto ‘’pronto’’ do
alimento sem enfatizar o valor nutritivo dos mesmos.
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Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2008) a
propaganda, principalmente na televisão, incentiva o consumo de alimentos que
nem sempre são essenciais ou trazem benefícios para saúde. Segundo Boog,
(2004):
(...) uma alimentação de má qualidade contribui para doenças como câncer, problemas cardiovasculares, Diabetes mellitus tipo 2, entre outras. Alimentar-se bem é um fator fundamental na promoção à saúde que por sua vez deve estar nos propósitos do ensino nas escolas, nos setores sociais, nas empresas, nos campi das universidades, nas praças de esportes, nas sociedades de amigos, em políticas públicas estabelecendo conexões com as várias áreas da administração pública.
Para Gambardella (1995), os adolescentes têm uma alimentação pouco
equilibrada, com carência de produtos lácteos, verduras, frutas e legumes e excesso
de açúcar e gordura.
É a família a peça fundamental nesse processo de educação alimentar, a qual
deve se responsabilizar pela compra e preparo dos alimentos em casa, transmitindo
seus hábitos alimentares às crianças. (Gambardella,1999).
Tabela 3. Porcentagem do consumo de frutas e verduras
Todos os dias Às vezes Nunca
Frutas 63,1% 36,9% -
Verduras 15% 78,9% 9,3%
As frutas e verduras são alimentos fundamentais para regular o
funcionamento e equilíbrio do organismo.
De acordo com relatos de alguns alunos, o consumo reduzido de verduras,
deve-se ao fato de as verduras serem, segundo eles: “alimento sem sabor”, “amargo
e sem graça” e, muitas vezes, não consome pela “falta de hábito”.
Observou-se também o consumo mais frequente de frutas, pois como a
maioria dos alunos mora no interior, em muitas casas há árvores frutíferas. Além
disso, os alunos relataram que as frutas são “saborosas”.
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Sabe-se também que esses alimentos devem estar presentes diariamente
nas refeições, sendo que os mesmos são ricos em sais minerais e vitaminas, pois
contribuem para a proteção e conservação da saúde e diminuem os riscos de
ocorrência de várias doenças.
Segundo Radix (2011), a presença de pequenas quantidades de vitaminas e
sais minerais já é suficiente para suprir nossas necessidades.
Tabela 4. Conhecimento que os alunos possuem sobre o tema:
Bastante Pouco Não lê
Alimentação equilibrada 20% 68% 12%
Cuidado com alimentação 26% 22% 52%
Leitura de rótulos 10% 22% 68%
Para obter uma alimentação saudável, é indispensável que se tenha
conhecimento sobre os alimentos. A reeducação alimentar e atividades físicas são
estratégias que permitem evitar a obesidade e doenças relacionadas a mesma.
Segundo Boog (2004):
(...) uma alimentação de má qualidade contribui para doenças como câncer, problemas cardiovasculares, Diabetes mellitus tipo 2, entre outras. Alimentar-se bem é um fator fundamental na promoção à saúde que por sua vez deve estar nos propósitos do ensino nas escolas, nos setores sociais, nas empresas, nos campi das universidades, nas praças de esportes, nas sociedades de amigos, em políticas públicas estabelecendo conexões com as várias áreas da administração pública.
É de fundamental importância na educação alimentar proporcionar aos
adolescentes orientação. Isto é feito pelos pais, bem como por professores, no
contexto escolar.
O aprendizado foi de grande relevância e as atividades realizadas contaram
com suportes fundamentais como: vídeos, leituras, pesquisas e palestras. Portanto,
o trabalho foi realizado através de várias etapas, inicialmente foi explorado um
vídeo que se intitula “A Dieta do Palhaço”, sua história foi muito interessante e houve
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boa interação entre os alunos. Na sequência, foram feitas leituras e pesquisas na
sala de informática, para maiores informações a respeito do assunto.
Outro ponto em destaque foi o projeto intitulado “Jornal Informativo”,
confeccionado juntamente com a Unidade Didática, o qual foi entregue aos
professores e alunos. Em sala de aula o mesmo foi lido e discutido, destacando os
pontos positivos.
Os alunos mostraram-se muito receptivos durante a apresentação do vídeo
“Super Size Me”, “A dieta de um palhaço’’ e motivados com o jornal informativo,
reagiram de forma positiva e interessados na leitura do mesmo”. Observou-se que o
vídeo chamou a atenção de forma que os alunos interagiram com comentários
interessantes sobre o tema.
Na sequência, os alunos divididos em grupos fizeram listas de alimentos que
mais gostam e consomem com maior frequência, tabelas organizadas de acordo
com os principais nutrientes, destacando os minerais, carboidratos, lipídios,
proteínas e vitaminas. Foi descrita a atuação de cada elemento e as conseqüências
da carência ou excesso do mesmo.
Prosseguindo as atividades, cada grupo fez a escolha de alguns alimentos
industrializados, e estabeleceram as comparações, a fim de observar se no rótulo
contém o carimbo SIF (Sistema de Inspeção Federal), data de validade, quais os
aditivos químicos usados e quais as principais consequências do consumo
inadequado desses alimentos para o organismo.
Dando continuidade as atividades foram realizadas pesquisas em diversos
suportes como: livros, internet e leitura dos rótulos das embalagens, a fim de
estabelecerem a diferenciação e definição dos termos diet e light e zero; alimentos
saudáveis e alimentação equilibrada. A pesquisa continha o nome dos alimentos,
seus nutrientes, quantidade de calorias e sua ação sobre o metabolismo. Os
trabalhos foram apresentados pelos alunos, de forma expositiva, oral e escrita.
Também foram realizadas palestras abordando o tema “educação alimentar” com a
nutricionista convidada, Dra Cristiane Moro ...
As atividades foram encerradas com a aplicação do questionário,
levantamento de dados, a fim de fazer uma análise geral do trabalho desenvolvido.
Verificou-se, por meio das respostas emitidas pelos alunos que o trabalho
provocou mudanças no comportamento alimentar, porém observou-se que houve
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uma melhora no conhecimento empírico, mas na prática os hábitos provavelmente
mudarão de maneira lenta, gradativa.
CONCLUSÃO
O PDE é um programa de Formação Continuada diferenciado, cujo objetivo
preponderante é a articulação entre teoria e prática no contexto específico da escola
de Educação Básica da Rede Pública Estadual do Paraná. Os professores da rede
estadual de ensino são capacitados pelo Programa de Desenvolvimento
Educacional para aprimorar a qualidade da educação básica, de acordo com as
necessidades educacionais e socioculturais da comunidade escolar. É um momento
para o profissional adquirir formação e retomar os estudos revendo sua prática
pedagógica, buscar novas alternativas de intervenção pedagógica e metodológicas
acima de tudo, enquanto educadores.
O programa tem como objetivo ofertar aos professores da rede pública
estadual subsídios teórico-metodológicos, tendo como resultado a produção de
conhecimentos que levam a mudanças qualitativas na prática pedagógica dos
professores da escola pública paranaense.
O PDE está organizado em quatro etapas, na primeira etapa, obtém-se uma
visão geral dos conhecimentos culturais, e ao mesmo tempo a elaboração de um
projeto, para ser trabalhado, em sala de aula com os alunos. Na segunda etapa,
detém-se na apresentação de conteúdos específicos por área e também na
construção da Unidade Didática. Na terceira etapa, com a volta dos professores para
a sala de aula, para a implementação do projeto com os alunos e ao mesmo tempo,
servir como professor Tutor do Grupo de Trabalho em Rede – GTR.
O presente trabalho “Educação alimentar e obesidade” é uma proposta que
foi trabalhada pensando na reeducação alimentar, para evitar a obesidade visando
uma melhor qualidade de vida e saúde dos adolescentes em geral.
Percebe-se que o assunto em questão, obesidade, vem preocupando o
Ministério da Saúde e a população em geral, sendo que o mesmo faz divulgação a
fim de orientar a população sobre o problema, por meio da mídia.
Retomando o tema abordado: Educação Alimentar e Obesidade, vale
ressaltar a importância de discutir e ampliar os conhecimentos sobre o assunto,
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visando a melhoria da saúde dos adolescentes, os quais vivem num ritmo
acelerado juntamente com seus pais, que precisam trabalhar e acabam obtendo os
alimentos mais práticos e nem sempre são os mais saudáveis. Dessa forma, não
se dão conta de que estão prejudicando a sua saúde e da sua família.
Portanto, a obesidade é um assunto que precisa ser abordado e trabalhado
de forma crítica e reflexiva, sendo a escola um espaço que contribui para a
aprendizagem e qualidade de vida.
É com orientações dos professores nas escolas que os adolescentes irão
perceber que existem diversas formas de evitar e prevenir a obesidade. Utilizando-
se de hábitos alimentares saudáveis, exercícios físicos, e como aprender a utilizar
um cardápio variado e saudável. A obesidade além de ser um fator de risco para a
saúde é também motivo de discriminação social e estética. Os educadores podem
contribuir muito com este assunto, pois realmente, não existe uma fórmula mágica
para a perda de peso adquirido, e sim, uma reeducação alimentar e aprender a
escolher os seus alimentos para ter uma ótima saúde.
Conclui-se que a obesidade é um problema significativo e que está em
evidência, o qual deve ser prevenido, começando na primeira infância, com
orientações em casa e na escola, além disso, deve-se pensar em políticas de saúde
pública que reforcem uma prática consistente de comportamentos saudáveis e
manutenção de peso.
Outra ação que mereceu destaque foi a tutoria com os professores cursistas
do GTR contribuíram muito e de forma bastante positiva, com idéias e comentários
de suas experiências de sala em sua prática pedagógica.
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REFERENCIAS
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BRASIL. Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição.
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