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EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO DA PRÁTICA DO BASQUETEBOL NAS VALÊNCIAS FÍSICAS DE ADOLESCENTES, NO PROJETO ESCOLA ABERTA EM UMA CIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS. São João del-Rei MG 2018

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EDUCAÇÃO FÍSICA

EFEITO DA PRÁTICA DO BASQUETEBOL NAS VALÊNCIAS

FÍSICAS DE ADOLESCENTES, NO PROJETO ESCOLA ABERTA EM

UMA CIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS.

São João del-Rei – MG

2018

Angélica Aparecida Alves de Melo

Florêncio Sebastião De Carvalho

EFEITO DA PRÁTICA DO BASQUETEBOL NAS VALÊNCIAS

FÍSICAS DE ADOLESCENTES, NO PROJETO ESCOLA ABERTA EM

UMA CIDADE DO INTERIOR DE MINAS GERAIS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito parcial para obtenção de título de Licenciados

em Educação Física da UFSJ.

Orientador: Dr. Alessandro Oliveira

São João del-Rei – MG,

2018

RESUMO

A complexidade do jogo de basquetebol encanta ao público em muitos lugares do mundo,

quer seja pelo próprio interesse ou pelo planejamento dos organizadores para um determinado

campeonato. Mas esta mesma complexidade trás para os professores e técnicos um fator

complicador. Como analisar a evolução dos atletas frente aos programas de treino? Como

aplicar testes com a mesma complexidade dos jogos de maneira a tomar dados mais próximos

do rendimento do atleta na quadra? Enfim, muitas perguntas são feitas para as avaliações nas

atividades intermitentes, tal qual o basquete. A partir disso, foram analisados quais os efeitos

da prática do basquetebol nas valências físicas de adolescentes do município de Santa Cruz de

Minas e se os componentes do sistema de preparação do desportista evoluíram, conforme o

passar dos meses. Para realizar o presente estudo utilizou-se a coleta de dados (estatura, altura

total, peso corporal, envergadura, perimetria, plicometria), e a realização de testes (impulsão

parado e com deslocamento, velocidade e habilidade especifica do basquetebol).

Ao final do estudo foi comprovado que, apesar de os dados apurados apresentarem resultados

relevantes na melhoria da potência e no salto vertical parado, os mesmos não foram

suficientes para apresentarem diferenças significativas nos parâmetros de antropometria,

composição corporal e velocidade.

Palavras-Chaves: Basquetebol; treinamento; valências e avaliação.

LISTA DE ABREVIATURAS

AAHPERD – American Alliance for Health, Plysical Education, Recreation and

Dance).

CBB- Confederação Brasileira de Basquetebol

CAAE- Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

FBA- Federação de Basquete

FBB- Fundação Brasileira de Basquete

IAC- Índice Antropométrico Corporal

IC- Índice Corporal

IMC- Índice de Massa Corporal

NBA- National Basketball Association

PAM- Potencia Anaeróbica Média

RCE- Relação Cintura/Estatura

RCQ- Relação Cintura Quadril

SVP- Salto Vertical Parado

SVD- Salto Vertical com Deslocamento

THD- Teste Habilidade Direito

THE- Teste De habilidade Esquerdo

THMD- Teste de Habilidade Membro Direito

THME- Teste de Habilidade Membro Esquerdo

WNBA- Woman National Basketball Association

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..... ....................................................................................................5

2. OBJETIVOS ............... ..........................................................................................................10

2.1 GERAL ......... ......................................................................................................10

2.2 ESPECÍFICO ............ ..............................................................................................10

3. METODOLOGIA DA PESQUISA ......... ...........................................................................11

3.1 CUIDADOS ÉTICOS .......... ...................................................................................11

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA .......... .......................................................................12

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ........ ..............................................................12

3.4 VARIÁVEIS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS ...... .........................................13

3.5 TREINOS APLICADOS.........................................................................................16

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA .......... ...........................................................................18

4- RESULTADOS....................................................................................................................19

5. DISCUSÃO...........................................................................................................................24

6. CONCLUSÃO......................................................................................................................27

7. REFERÊNCIAS...................................................................................................................28

5

1. INTRODUÇÃO

No inverno dos Estados Unidos ano de 1891 foi criado o basquetebol pelo professor

James Naismith, com o intuito de dar condições aos alunos da Universidade de Springfield de

praticar um jogo em um ginásio coberto devido ao intenso frio local (PAES, 1956). O mesmo

autor coloca que: “Era indispensável criar um jogo que correspondesse por um lado, às

condições especiais que lhe tinham sido impostas, e por outro às aspirações atléticas e

competitivas dos estudantes” (p. 1).

No Brasil, o basquetebol foi introduzido no ano de 1896 pelo professor Auguste Shaw

do colégio Mackenzie, sendo o primeiro país sul-americano a conhecer a modalidade. A partir

daí, a primeira partida de basquetebol em 1912 no Rio De Janeiro, o primeiro campeonato

brasileiro em 1925, a Fundação Brasileira de Basquetebol (FBB) em 1933 e sua filiação à

FBA em 1935 e, por final, denominação em Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB)

em 1941, constituíram fases importantes na construção deste esporte no Brasil (FERREIRA,

2003).

Segundo o autor supracitado, atualmente os Estados Unidos (EUA) se destaca no

basquetebol mundial, tendo a National Basketball Association (NBA) e Woman National

Basketball Association (WNBA) um dos melhores jogadores do mundo. Além do EUA,

outros países estão se consolidando no Basquetebol mundial, como é o caso dos Países da

Europa e na América do Sul, especificamente a Argentina. Ainda, o mesmo autor acrescenta

que, o Brasil, apesar de apresentar resultados significativos desde 1959 até 1994, não vem,

atualmente, ocupando posições de destaque no cenário mundial.

No Brasil, o basquetebol, como outras modalidades, são apresentados aos alunos nas

aulas de Educação Física. Devido à grade curricular e o número de aulas que fazem parte do

cronograma de cada instituição de ensino, essas atividades muitas vezes são somente

apresentadas, algumas vezes superficialmente deixando a cargo de clubes e escolinhas

particulares a prática do treinamento esportivo específico para cada modalidade (PAES,1956).

Na escola prioriza-se as capacidades coordenativas gerais do aluno: saltar,correr,

equilibrar, que resultam da instrução geral para movimentação em diversas modalidades

esportivas. Já a capacidade coordenativa específica, necessária para a formação técnica

esportiva não é observada nesse local com ênfase necessária (WEINECK, 1999).

Tubino & Moreira (2003, p.41) definem que treinamento desportivo” é o

conjunto de procedimentos utilizados na preparação de pessoas para as

diversas perspectivas de exercícios do direito as práticas esportivas, ‘’sendo

6

que no Esporte Educação ,voltado para a formação da cidadania dos jovens

praticantes. No Esporte Educacional deverá estar referenciado na

aprendizagem e desenvolvimento motor das habilidades técnicas desportivas

em geral, e na ênfase sobre as valências físicas de base e da

psicomotricidade. No Esporte Escolar deverá estar referenciado no

desenvolvimento das qualidades técnicas do esporte em treinamento, do

pensamento tático e do espírito esportivo. No Esporte Lazer deverá estar

referenciado no desenvolvimento da segurança pessoal pela melhoria das

regulações fisiológicas, principalmente cardiorrespiratórias, e no aumento

das possibilidades de práticas esportivas prazerosas. No Esporte Rendimento

deverá objetivar que os atletas ou equipes consigam chegar à forma nas

épocas certas das performances.

Os princípios do treinamento esportivo referem-se a todas as modalidades esportivas e

funções do treinamento. Eles determinam o programa e o método a serem utilizados, e

constituem parâmetros para treinador e atleta, uma vez que se relacionam a utilização

consciente e complexa de normas e regularidades em um processo de treinamento

(WEINECK apud HARRE 1979).

Até então, estes princípios foram diferenciados como princípios “gerais” ou

“específicos”. Os princípios gerais referem-se à maioria dos esportes, a todos os tipos de

treinamentos e as etapas do desenvolvimento em longo prazo. Já os princípios específicos

referem-se a aspectos isolados do treinamento, exemplos: (treinamento técnico-cooperativo)

ou a grupos com objetivos específicos (esportes e reabilitação ou de amplitude) (WEINECK

apud KRUGER 1988; SAB 1988).

Weineck,(2003) aborda que o treinamento esportivo tem se tornando ferramenta

importante na melhoria da performance de um atleta. No entanto, apesar disso, princípios

básicos como individualidade biológica, especificidade, sobrecarga, interpendência volume

permanecem como grandes pilares para o sucesso em algum desporto, sendo fundamental seu

monitoramento ao longo de todas as etapas do trabalho a ser executado, visando à

continuidade ou a mudança no treinamento em desenvolvimento.

A resposta ao treinamento é obtida por meio do estresse e adaptação do mesmo. Esse

resultado depende de uma série de fatores endógenos, exógenos e atividades motoras

(WEINECK, 2003).

O planejamento do treinamento em grupo é, no contexto do planejamento

condicionado pelo ambiente, uma excelente orientação para o estabelecimento de treinamento

composto de pessoas com mesmo objetivo e o mesmo nível inicial (WEINECK apud, THIEB,

SCHNABEL, BAUMANN 1980). O mesmo autor ressalta que o treinamento em grupo

compreende seis planejamentos (A): informação sobre o âmbito e período de treinamento;

(B): apresentação dos objetivos para determinado desafio de alto desempenho; (C): objetivos

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intermediários a serem controlados após um determinado número de sessões de treinamento

ou por período de tempo, (D): informações sobre a periodização do treinamento; (E):

dificuldade de formação esportiva procedimento do treinamento principal e (F) procedimento

do treinamento principal (programa, métodos e linhas de organização).

No desenvolvimento motor da criança, engloba a aquisição de refinamento de padrões

de movimentos básicos, que são, por vezes, rotulados como habilidades motoras básicas. Os

padrões básicos são, por fim, integrantes a habilidades mais complexas e especializadas. Por

exemplo, correr e estender-se para pegar uma bola jogada combina todas as três categorias de

padrões motores fundamentais em uma habilidade motora mais especializada característica de

muitos jogos e esportes (MALINA, 2009).

Segundo autor acima, “A criança ou adolescente deve ser visto de maneira biocultural,

pois o crescimento biológico e a maturação não procedem isolados de outros aspectos

pessoais e comportamentais”.

Além disso, o mesmo autor ainda afirma que a força e o desempenho motor,

geralmente, melhoram com a idade durante a fase intermediária da infância e a adolescência,

mas o padrão de melhora não é uniforme para todas as tarefas. Esta seção considera

tendências relativas á idade e diferenças entre os sexos em várias tarefas de desempenho.

A fisiologia do exercício na criança é bastante complexa sendo que sua característica

essencial é certamente a de reconhecer os processos de mudança. Da mesma forma, como os

aspectos cognitivos, psicossocial, somático e quase todos os outros aspectos biológicos que se

podem imaginar, os fatores fisiológicos são os que definem a locomoção durante a infância

estão em contínuo estado de evolução.

Comparando as características fisiológicas de um adolescente de 12 anos com as que

esse mesmo jovem possuía quando tinha apenas 5 anos, percebe-se que ele agora é mais alto e

pesado com certeza, e apresenta maior consumo máximo de oxigênio, capacidade anaeróbica,

força muscular, economia de corrida, potencial aeróbio, ventilação minuto, débito cardíaco,

volume sistólico, eficiência ventilatória. De fato, apenas algumas medidas das características

fisiológicas não mudaram. A fisiologia pediátrica é dinâmica, e as crianças não podem ser

simplesmente consideradas adultos em miniatura. Consequentemente, todas as informações

relacionadas às respostas fisiológicas ao exercício físico em crianças devem ser consideradas

nesse contexto de permanente mudança (ROWLAND, 2008).

Na infância e na adolescência, “fases sensitivas” (ou fases sensíveis), desempenham

um papel na resposta ao treinamento. O termo “fases sensitivas” entende-se como os períodos

de desenvolvimento que o significado da resposta é avaliado de diferentes formas e algumas

8

vezes até mesmo negado. Sobre o termo “fases sensitivas”, devem-se entender os períodos de

desenvolvimento que são favoráveis à manifestação de determinados fatores do

desenvolvimento motor-esportivo (WEINECK apud, WINTER 1988; STAROSTA/HIRTZ

1989; MARTIN 1991; HASSAN 1991). Weineck, (2003) ressalta que o desempenho pode

ser prejudicado se não houver um aproveitamento correto da fase sensitiva.

Para se trabalhar com qualquer modalidade torna-se necessário entender em suas mais

diversas formas e características, de modo a desenvolver o melhor planejamento possível para

alcançar os objetivos traçados para os atletas. No caso do basquetebol, deve-se entender a

multivariedade que este desporto exige tendo em vista os mais variados campos da educação

física, (ex: fisiologia, psicologia, biomecânica, pedagogia) e entender como as ações de jogo

se desenvolvem ao longo das partidas.

O Programa Escola Aberta: educação, cultura, esporte e trabalho para a Juventude se

propõe a promover a ressignificação da escola como espaço alternativo para o

desenvolvimento de atividades de formação, cultura, esporte, lazer para os alunos da educação

básica das escolas públicas e suas comunidades nos finais de semana. Sua proposta não se

restringe aos indicadores clássicos educacionais nem reduz a educação sendo um instrumento

que serve apenas para ampliar a maturidade intelectual, por meio da aprendizagem de

conhecimentos técnicos e acadêmicos. Tal estudo propõe a formação integral, capaz de

desconstruir o muro simbólico entre escola e comunidade e entre educação, cultura, esporte e

lazer (BRASIL, 2007). O programa aposta em uma abordagem metodológica e em estratégias

pedagógicas que privilegiem o conhecimento local, o informal, o saber popular e a cultura

regional para a superação do ciclo de exclusão em que está inserida a educação, colaborando

para a reversão do quadro de violência e a construção de espaços de cidadania (BRASIL,

2007).

Em uma pesquisa de opinião feita com os alunos da Escola Estadual Amélia Passos,

na cidade de Santa Cruz de Minas, Minas Gerais, a diretora da mesma e o Secretário de

Educação definiram que o basquetebol seria a modalidade esportiva realizada pela instituição

dentro do Projeto Escola Aberta.

O intuito da realização desse trabalho partiu da necessidade de verificar se a sequência

de treinos realizados com escolares entre 11 e 18 anos de idade acarretaria uma melhoria

satisfatória quanto às valências físicas como: velocidade, impulsão e habilidade esportiva, em

relação a alunos da mesma faixa etária, não submetidos a esses treinos.

Além de ser uma importante forma de investigação dos reais efeitos da prática do

basquetebol, esse tipo de pesquisa se torna importante para o professor, porque a partir dos

9

resultados, o mesmo saberá se os treinos aplicados aos alunos estão surtindo efeitos esperados

por ele, podendo assim modificá-los ou mantê-los.

10

2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

Verificar os efeitos da prática do basquetebol em valências físicas de adolescentes no

município de Santa Cruz de Minas/ MG.

2.2. ESPECÍFICOS

a) Analisar o perfil antropométrico dos adolescentes escolares praticantes do

basquetebol e do grupo controle.

11

3. METODOLOGIA

3.1. CUIDADOS ÉTICOS

Trata-se de um estudo longitudinal sendo que a coleta de dados ocorreu na Escola

Estadual Amélia Passos, Praça São Sebastião, bairro Centro de Santa Cruz de Minas,

município do Estado de Minas Gerais, no período entre junho e dezembro de 2017. A

população de referência para esse estudo foi constituída de indivíduos escolares púberes e

pós- púberes entre 11 e 18 anos de idade, do sexo masculino.

Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa em seres

humanos com o número do CAAE 54991316.6.0000.5151 da Universidade Federal de São

João Del-Rei, sendo atendidas as recomendações da resolução 466/2012.

Aos participantes, foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido para

leitura e posterior assinatura dos responsáveis. Coube ressaltar que todos os voluntários

estavam cientes que a qualquer momento poderiam, sem constrangimento, deixar de participar

do projeto.

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

Este trabalho foi embasado na perspectiva de pesquisa conclusiva que são

caracterizadas por possuírem objetivos bem definidos, procedimentos formais, serem bem

estruturadas e dirigidas para a solução de problemas ou avaliação de alternativas de cursos de

ação 1, com característica quantitativa que traduz em números as opiniões e informações para

então obter a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão2, envolvendo

alunos do Projeto Escola Aberta, na modalidade basquetebol, na Escola Estadual Amélia

Passos em Santa Cruz de Minas, MG.

Para a elaboração desse trabalho foi necessário o envolvimento de 25 alunos, sendo 12

participantes do projeto que participaram do treinamento proposto (grupo experimental) e 13

que não participaram do treinamento (grupo controle), que concordaram em participar do

estudo,os mesmos foram submetidos a coletas de dados e posteriormente a realização dos

testes.

1https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/pesquisas-conclusivas-

descritivas/34237. 2 http://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/pesquisa-quantitativa-qualitativa.htm.

12

Para o grupo experimental, os treinos eram realizados três vezes por semana. Segunda

feira de 15h00min as 17h00min, quarta feira de 09h00min as 11h00min e aos sábados de

17h00min as 19h00min com duração de 2 horas cada treino, contabilizando 6 horas semanais.

Além da efetiva participação dos alunos na execução da atividade, ocorreu o

acompanhamento periódico a fim de avaliar o andamento e o progresso dos envolvidos no

projeto.

3.3. DELINEAMENTO DA PESQUISA

Primeiramente, foi realizada uma reunião com a diretora da escola para detalhar todas

as etapas e objetivos do mesmo. Após a anuência do mesmo, a equipe de pesquisadores

realizou uma palestra visando explicar e detalhar os objetivos do projeto aos voluntários.

Os voluntários que desejaram participar do estudo submeteram-se junto aos seus

respectivos responsáveis, a responder um questionário para a seleção da amostra do Estudo,

realizado pela equipe de pesquisadores, contendo questões acerca dos critérios de inclusão e

não inclusão pré-estabelecidos.

Para participar do estudo o voluntário deveria: (A) possuir idade entre 11 e 18 anos

completo: (B) ter o aceite na participação do projeto mediante assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido pelo seu responsável legal.

Os critérios de não inclusão para participação do estudo foram: (A) estar menos de 4

meses ininterruptos matriculado no projeto; (B) faltar aos treinos ; (C) histórico clínico:

indivíduos portadores de doenças tireoidianas, insuficiências cardíacas ou doenças

cerebrovasculares, câncer ou doenças de transtorno alimentar (bulimia e anorexia)

comprovados por laudo médico, pois impossibilitaria o aluno a realizar as atividades

propostas para a realização da pesquisa; (D) voluntários que não queiram participar do estudo.

Cabe ressaltar que os critérios de não inclusão foram escolhidos para evitar a interferência nas

avaliações do perfil do estado metabólico e do comportamento dos parâmetros a serem

avaliados.

A primeira coleta de dados aconteceu em agosto de 2017 e em seguida foi iniciado o

treinamento das valências propostas nesse projeto que teve uma duração de 4 meses. As

coletas de dados consistiam em aferir o peso corporal, envergadura e perimetrias corporais

dos voluntários. Já as valências físicas analisadas foram: velocidade, habilidade motora

especifica do basquetebol e impulsão vertical parado e com deslocamento.

13

Os dados coletados após terem sido selecionados, foram tratados de forma a ocultar a

identidade dos participantes. A coleta dos dados inicial e final do processo foram comparadas

entre si com a finalidade de avaliar se houve algum progresso, e de que forma o treinamento

aplicado poderia ou não influenciar no melhoramento da prática esportiva, da técnica e do

condicionamento físico dos participantes do projeto.

3.4. VARIÁVEIS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Os voluntários passaram pelos seguintes testes antropométricos seguindo os

protocolos sugeridos por Lohman (1992): peso corporal (mensuração realizada por meio de

balança digital portátil da marca G-Tech® modelo Light com precisão de 100g); estatura

(mensuração realizada por meio de estadiômetro portátil da marca Sanny® com precisão de

1cm).

Com relação aos procedimentos de medida da estatura, o avaliado deveria estar

descalço e com o mínimo de roupa possível para que se tornasse visível à posição do seu

corpo. Ele também deveria posicionar-se em pé, de forma ereta, com os membros superiores

pendentes ao longo do corpo, os calcanhares unidos e as pontas dos pés afastadas

aproximadamente em 60º entre si (o ajustamento dos pés depende de os joelhos estarem ou

não em contato entre si), o peso corporal distribuído igualmente sobre ambos os pés e a

cabeça orientada no plano de Frankfurt paralelo ao solo (GUEDES, 2006).

Para determinação da medida do peso corporal, o avaliado, com o mínimo de roupas

possível e descalço, deveria posicionar-se em pé, de frente para a escala de medida da

balança, com o afastamento lateral das pernas, entre as quais estaria a plataforma (GUEDES,

2006).

O teste de altura total seguiu o protocolo De Rose (1984) França e Vívolo (1984),

Gordan (1991) nesse teste foi usado uma fita métrica metálica.

O propósito do teste de altura total é para verificação da impulsão vertical, e deve ser

medido do ponto anatômico dactiloidal e a região plantar. O avaliado deveria estar em posição

ortostática, com o braço direito elevado acima da cabeça completamente estendido, formando

um ângulo de 180º com o tronco (PETROSKI, 2011).

O teste de envergadura seguiu o protocolo UNESCO, 2013 o material usado foi uma

fita métrica com precisão de 2 mm.

14

O avaliador no teste de envergadura posicionou o avaliado de pé em frente a uma

parede lisa e com os braços abertos (abdução do ombro em 90°). As palmas das mãos

deveriam estar voltadas para frente, realizando a supinação do antebraço. A medida da

envergadura é a distância entre as pontas dos dedos médios com os braços abertos e

completamente estendidos no nível dos ombros. A fita métrica deve ser colocada, paralela ao

solo, a uma altura de 1,20m (para os indivíduos com até 1,50m de altura) e 1,50m (para

indivíduos com estatura superior a essa medida) (UNESCO, 2013).

O percentual de gordura foi medido por meio de plicometria (subscapular, triciptal,

abdominal e coxa) e perimetria (braço relaxado, braço contraído, coxa na porção medial,

cintura, umbilical e quadril) (PETROSKI, 2011).

Para obter as medidas de perímetros recorreu-se à fita métrica flexível não-elástica,

com definição das dimensões milimétricas, preferencialmente com largura entre 5 e 7 mm e

espessura não superior a 2 mm, e com dispositivo para controle da pressão exercida sobre a

pele.

No teste de velocidade de 30 metros (protocolo AAHPERD), o aluno deveria

posicionar-se no ponto de largada demarcado pelo professor, ao soar do apito ele correria o

máximo possível, lembrando ao aluno que ele só pode diminuir a velocidade depois que

ultrapassar os 30 metros, deixando assim um espaço suficiente após a marcação da chegada

para que o aluno não se chocasse com nenhum objeto ou parede à sua frente. Foi usando um

apito para dar o sinal da partida, um cronômetro para marcar o tempo e cones para demonstrar

partida e a chegada.

O teste de impulsão vertical parado foi realizado seguindo o protocolo jump-and-

reach, (Grutzner/ Weineck 1988), e foi acrescentado a este teste à impulsão vertical com

progressão para simular a bandeja, aproximando mais da modalidade esportiva do

basquetebol.

Ainda no teste de impulsão vertical parado, o aluno deveria posicionar de pé e

lateralmente a parede com o um braço alongado e a ponta do dedo médio marcada com pó de

giz, ao realizar o salto ele tocaria na fita métrica colocada verticalmente na parede, a fim de

verificar a maior altura que o dedo médio alcançou. O aluno deveria flexionar os joelhos e

realizar um salto vertical, como todos os alunos eram destros, se posicionaram lateralmente

com o braço alongado do lado direito do corpo e encostaram o dedo médio sujo de giz na

parede, possibilitando a marcação e medição do salto.

15

A distância da altura atingida pelo salto é permitida uma avaliação indireta da força

rápida. Tabelas comparativas permitem a avaliação do desempenho de acordo com faixa

etária (WEINECK, 1999).

Para o teste de impulsão vertical em deslocamento foi utilizado o mesmo protocolo do

teste de impulsão vertical parado, porém com algumas alterações para que se aproximasse

mais de um jogo de basquetebol. Como todos avaliados eram destros o salto iniciava com a

primeira passada com a perna direita, a segunda passada com a perna esquerda e em seguida o

salto vertical, simulando assim uma bandeja do lado direito no basquetebol. Os materiais

utilizados nesse salto foram os mesmos do salto vertical parado.

O teste de habilidade motora específica do basquetebol seguiu o protocolo Hopkins,

Shick e Plack, (1984). Os materiais utilizados foram: bolas, cones, apito e cronômetro.

Ainda no teste de habilidade motora, ao soar do apito era acionado o cronômetro e o

aluno deveria fazer o drible com a mão direita numa distância de 30 metros, percorrendo entre

cones posicionados na pista. Depois de terminado o percurso, o mesmo deveria realizar o

drible novamente utilizando somente a mão esquerda para conduzir a bola (Hopkins, Shick e

Plack, 1984).

A B

Figura 2: Organização do percurso para o Teste de Controle de Dribles de Basquetebol da AAHPERD.

A: controle de drible com a mão direita e B: controle de drible com a mão esquerda. (Reproduzido

com permissão de Hopkins, D.R., Shick, J. e Plack, J.J.: Basketball Skills Test Manual for Boys and

Girls. Reston, VA, AAHPERD, 1984).

16

Foram submetidos a uma bateria de teste motores sobre capacidades motoras

direcionadas à aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho atlético, seguindo

protocolo da AAHPERD (American Alliance for Health, Plysical Education, Recreation and

Dance).

3.5. TREINOS APLICADOS

Após a primeira coleta, foi iniciado o treinamento no grupo experimental. Os treinos

tinham início sempre pelo aquecimento específico, onde incorporava movimentos do

basquetebol, em seguida alguns exercícios físicos, táticos e técnicos aplicados durante o

período de treinamento:

. Exercício 1: saltos bilaterais no caixote, 30 segundos no primeiro mês, 40 segundos no

segundo mês, 50 segundos no terceiro mês e 60 segundos no quarto mês;

. Exercício 2: saltos unilaterais no caixote, 30 segundos no primeiro mês, 40 segundos no

segundo mês, 50 segundos no terceiro mês e 60 segundos no quarto mês;

. Exercício 3: saltos bilaterais sobre o caixote, 30 segundos no primeiro mês, 40 segundos no

segundo mês, 50 segundos no terceiro mês e 60 segundos;

. Exercício 4: cada aluno portando uma bola deveria driblar em direção à cesta e arremessar a

bola do lado direito (passada com a perna direita depois a esquerda e em seguida a cesta), na

sequência o mesmo exercício só que usando o lado esquerdo ( primeira passada com a perna

direita, depois com a esquerda e em sequência a cesta), com duração de 10 minutos cada lado,

totalizando 20 minutos em cada treino;

. Exercício 5: também aconteceu da mesma maneira do exercício 4, porém com uma pequena

alteração, que ao invés do aluno ir driblando a bola, ele passava a bola para o professor, corria

em direção a cesta executando a passada para a bandeja (direita ou esquerda ensinado no

exercício á cima) e em sequência recebia a bola e finaliza com o arremesso para a cesta, com

duração de 10 minutos para o lado direito e 10 minutos para o lado esquerdo;

. Exercício 6: com posse da bola cada aluno atravessava a quadra driblando a bola e

executava a bandeja do lado direito nas duas tabelas, em seguida o mesmo exercício do lado

esquerdo;

. Exercício 7: mata - mata onde o aluno deveria correr o mais rápido possível até cada linha do

voleibol colocando uma das mãos sobre a linha e voltando ao ponto inicial para retornar para

a próxima linha em sequência do voleibol e assim por diante;

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. Exercício 8: pega - pega com ajuda, dentro da área demarcada foi escolhido 2 pegadores que

iriam iniciar o jogo. Cada pessoa que esses dois pegadores encostassem a bola se tornavam

pegadores também e ajudavam a pegar os que ainda não foram pegos, assim sucessivamente

até que todo mundo fosse pego;

. Exercício 9: em duplas com um elástico na cintura o atleta deveria correr e outra pessoa

deveria segurar o elástico para dificultar a corrida;

. Exercício 10: foram distribuídos 4 cones em zig zap em meia quadra na vertical com

distância de 30 metros um do outro, em cada cone tinha uma pessoa, o primeiro saia driblando

e correndo até chegar no próximo cone, passava a bola para a próxima pessoa e assim

sucessivamente até chegar na última pessoa que finalizava a cesta, em seguida esse aluno que

finalizasse entrava na fila que estava do lado de fora da quadra e o primeiro dessa mesma fila

entrava em quadra para ocupar o espaço desse aluno que saiu, fazendo a atividade girar no

sentido horário, tornando a atividade mais dinâmica;

. Exercício 11: dribles com a mão direita atravessando a quadra em toda sua extensão e

retornando para o local de partida driblando com a mão esquerda;

. Exercício 12: dribles simultâneos e alternados com duas bolas, atravessando a quadra em

toda a sua extensão com o drible simultâneo e retornando ao local de partida com o drible

alternado;

. Exercício 13: dribles com mudanças de direção, simples, entre as pernas e por trás do corpo,

sendo realizado alternadamente nos treinos;

. Exercício 14: dribles em zig zag entre os cones e finalizando com a bandeja do lado direito e

em seguida o mesmo exercício do lado esquerdo;

. Exercício 15: treinos de memorização e possibilidades dentro das jogadas utilizadas pelo

time;

. Exercício 16: treinos de memorização e possibilidades dentro das defesas utilizadas pelo

time.

18

Organização dos treinos aplicados nestes quatro meses.

ORGANIZAÇÃO DOS TREINOS

Aquecimento Físico Técnico Tático Coletivo Roda de

Conversa

Especifico do

basquetebol

Exercícios

priorizando

musculaturas

mais requisitadas

no basquetebol

Aprimoramento

dos fundamentos

do basquetebol

Jogadas

e

defesas

Colocar em

prática tudo

que foi

proposto até

o momento

Sugestões,

correções e

observações,

dando

autonomia aos

alunos

10 minutos 20 minutos 30 minutos 30 min 20 minutos 10 minutos

Todos os exercícios foram realizados alternadamente durante os treinos para que não se

tornasse entediante e repetitivo a execução dos mesmos.

3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Primeiramente foi realizada uma análise dos resíduos dos dados obtidos para a

verificação da normalidade dos elementos por meio do teste de Shapiro-Wilk. Os dados foram

apresentados na forma de média e desvio-padrão.

Para composição das médias foi realizada a análise de variância two-way (grupo e

tempo) para medidas repetidas e teste t de Student. Para os dados que não foram verificados

distribuição simétrica, os mesmos foram transformados em logarítmicos, sendo assim

verificada a distribuição normal.

Todas as análises foram realizadas utilizando-se o software SPSS versão 17.0. O nível

de significância adotado foi de α ≤ 0,05.

19

4. RESULTADOS

A tabela 1 demonstra as variáveis antropométricas coletadas, bem como, os índices

antropométricos calculados nos grupos controle e experimental. Os dados demonstram

semelhança intra e intergrupos, independente do tempo (p>0,05).

Tabela 1: Variáveis antropométricas nos grupos controle e experimentais antes e após 90 dias

de intervenção

VARIÁVEL GRUPO CONTROLE (N=13) GRUPO TREINAMENTO (N=12)

Pré-Treino Pós-Treino Pré-Treino Pós-Treino

Peso Corporal (kg) 65,2 (16,6) 64,7 (16,2) 65,9 (9,2) 67,1 (9,4)

Envergadura (m) 1,76 (0,11) 1,78 (0,11) 1,80 (0,09) 1,81 (0,09)

Estatura (m) 1,67 (0,09) 1,68 (0,09) 1,72 (0.07) 1,75 (0,07)

Altura total (m) 2,12 (0,2) 2,21 (0,13) 2,27 (0.1) 2,28 (0.1)

Perimetrias (cm)

Braço Relaxado 24,8 (6,2) 25,8 (4,3) 25,2 (3,3) 27,1 (2,7)

Braço contraído 27,9 (6,6) 29,0 (4,5) 27,5 (4,0) 29,4 (2,5)

Cintura 74,0 (10,1) 74,2 (10,4) 73,7 (5,8) 75,1 (6,5)

Abdômen 77,9 (11,4) 78,5 (14,1) 78,7 (7,6) 77,9 (7,6)

Quadril 92,0 (12,6) 91,9 (11,3) 94,4 (8,9) 93,4 (5,8)

Índices Antropométricos

IAC 24,8 (5,5) 23,8 (4,8) 23,9 (5,3) 22,5 (3,7)

IC 1,11 (0.04) 1,11 (0.04) 1,08 (0.02) 1.08 (0.05)

IMC (kg/m²) 23.3 (2,1) 22.4 (5.0) 22.2 (3,4) 22.0 (3.4)

RCE 0.44 (0.06) 0.44 (0.06) 0.43 (0.04) 0.43 (0.05)

RCQ 0.,80 (0,05) 0,81 (0,03) 0,78 (0.04) 0,80 (0,05)

Soma das Dobras 41,0 (28,9) 41,5 (26,3) 38,7 (13,8) 44,3 (16,3)

Já a tabela 2 demonstra os valores médios e respectivos erros-padrões para os testes

físicos realizados de teste de 30 metros (30m), salto vertical parado (SVP) e em deslocamento

(SVD) e; teste de habilidades com braço direito (THD) e esquerdo (THE). Neste caso,

somente para THD e THE, o fator grupo mostrou influente (p<0,05) nos resultados

20

encontrados, sendo que para os demais não foi observada quaisquer diferenças estatísticas

(p>0,05).

Tabela 02: Média e erro padrão dos valores obtidos nos testes físicos nos respectivos grupos

em estudo:

Grupo Controle Grupo Experimental

Início Pós-90 Início Pós-90

Teste de 30m (s) 5,41 (0,14) 5,24 (0,12) 5,35 (0,10) 5,12 (0,12)

THMD (s) 24,97 (0,71) 24,70 (0,93) 23,43 (0,56) 21,57 (0,43)

THME (s) 26,94 (1,35) 26,20 (1,02) 23,91 (0,51) 22,17 (0,55)

SVP (m) 2,66 (0,05) 2,68 (0,05) 2,69 (0,04) 2,72 (0,04)

SVD (m) 2,66 (0,06) 2,68 (0,06) 2,78 (0,06) 2,79 (0,07)

THMD: teste de habilidade com membro direito; THME: teste de habilidade com membro

esquerdo; SVP: salta vertical parado; SVD: salto vertical em deslocamento; m: metro; s:

segundo.

Porém, tendo em vista a variabilidade encontrada na estatura dos voluntários (CV

>20%), foi estimado o Salto Vertical parado relativo e em deslocamento subtraindo-se o valor

obtido no salto pela altura máxima obtida por cada indivíduo. Apesar de não ser observada

diferença para o Salto Vertical em deslocamento, o fator tempo foi influente para o salto

vertical parado sendo os valores médios obtidos ao final dos 90 dias diferentes (p<0,05) em

ambos os grupos (figuras 2 e 3).

21

Figura 01: Média e erro padrão da Salto Vertical Parado Relativo (m) dos voluntários

estudados antes e até 90 dias (Pós-90) da intervenção. * diferença em relação à média do

início no mesmo grupo (p<0,05).

Devido à variabilidade elevada encontrada na estatura dos voluntários, os saltos foram

relativizados subtraindo o valor alcançado no teste pela estatura máxima obtido por cada

individuo. Apesar de ser observada diferença para o salto vertical em deslocamento, o

fator tempo foi influente para o salto vertical parado sendo os valores obtidos ao final dos 90

dias diferente dos alcançados na coleta inicial (p< 0,05) (figura 1 e 2).

22

Figura 02: Média e erro padrão do Salto Vertical em Deslocamento Relativo (m) dos

significativo (p<0,05) após 90 dias de intervenção no grupo experimental, além de obter

valores maior em relação ao grupo controle para o mesmo período.

Figura 03: Média e erro padrão da potência média anaeróbia (W) dos voluntários estudados

antes e até 90 dias (Pós-90) da intervenção. * diferença em relação à média do início no

mesmo grupo; diferença em relação ao pós-90 do grupo controle.

23

Por fim, as medidas observadas para PAM demonstraram influência da interação grupo

e tempo sendo a média obtida ao final dos 90 dias no grupo treinado maior que o inicio do

treino e maior que o valor obtido pós-90 do grupo controle (figura 3).

24

5. DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi de verificar os possíveis efeitos da prática do

basquetebol em valências físicas de adolescentes no município de Santa Cruz de Minas/ MG.

Ao final do estudo, os testes demonstraram semelhanças estatísticas intra e inter grupos tanto

nas variáveis de composição corporal quanto antropométricas, sendo verificada diferenças em

apenas alguns testes físicos avaliados.

Primeiramente, cabe ressaltar que tanto o grupo controle quanto o grupo experimental

se encontram na fase de desenvolvimento que constitui a adolescência.

O presente estudo avaliou crianças entre 11 e 18 anos, sendo que nessa faixa etária

observa-se a fase da puberdade e do ¨estirão¨ do crescimento ou “estirão” puberal. Tal fase

caracteriza-se como o período de aceleração da velocidade de crescimento, até atingir um

valor de pico de velocidade de crescimento e, subsequente desaceleração até o término do

mesmo. Tal pico supracitado no sexo masculino pode chegar a valores de 10-12 cm/ano

(LOURENÇO, QUEIROZ 2010), onde geralmente ocorrem mudanças significativas no corpo

do adolescente como, por exemplo, ganho de peso.

Apesar destas observações, no presente estudo, não a constatação de diferenças

estatística nos grupos estudados desta variável, pode estar relacionada à variabilidade

individual e maturacional em que os mesmos se encontram. Além disso, o tempo de

intervenção (3 meses) pode ter sido curto para possíveis alterações.

Alem disso, no presente estudo, não verificou-se modificação no peso corporal, tal

achado pode estar relacionado ao tempo de intervenção e a falta de acompanhamento

nutricional.

Quanto aos parâmetros de perimetrias corporais, as perimetrias avaliadas, braço

relaxado e braço contraído, cintura, abdômen e quadril no período pré-treinamento e pós-

treinamento não foi observado nenhuma alteração. Tal achado pode estar relacionado, além

do tempo de intervenção ao número e heterogeneidade amostral, pois os voluntários se

encontram em uma fase de desenvolvimento.

Tais justificativas podem ser também os fatores para as semelhanças encontradas nos

índices antropométricos, (IAC, IC, IMC (kg/m2), RCE, RCQ).

Quanto aos testes que foram submetidos, o salto vertical parado (m) apresentou uma

melhora significativa como treinamento. No entanto, no teste de salto vertical com

deslocamento (m), nos dois grupos apresentaram semelhanças intra e inter grupos na figura 2.

25

Segundo (Weineck 1999, p 309), devido ao fenômeno da aceleração, há um aumento não

somente do tamanho e da densidade física das crianças, mas também do seu desempenho em

saltos. Tais resultados podem não proporcionar avaliações corretas tendo em vista a

variabilidade da estatura dos avaliados. Desta forma a relativização desta variável segundo a

estatura foi necessária.

Porém no teste de salto vertical em deslocamento relativo não foram observadas

mudanças (p>0,05).

Curiosamente no teste da corrida de 30 m não ocorreu diferença significativa, fato

também supostamente explicado pela fase de desenvolvimento que os alunos pesquisados

estavam vivenciando, o período de treinamento pois segundo J.Weineck, apud Kunz/Unold

1990). “o treinamento de força máxima resulta em um aumento grande e imediato da

velocidade dos movimentos de coordenação simples, mas os movimentos mais elaborados-

por exemplo, movimentos em jogos- não apresentam o mesmo aumento de velocidade”

(p.384), também pelo processo de mienização responsável pela melhora do controle, uma vez

que: “A área pré-frontal é a última a ser totalmente mielinizada, sofrendo assim um grande impacto

das experiências pessoais na sua construção. A eficiência do movimento depende em grande parte

desta estrutura, por isso os movimentos especializados e complexos que exigem muito desta função

executiva, evoluem gradativamente conforme a maturação desta área e de acordo com a história do

sujeito3.

No teste de Potência Anaeróbica média (W), dos voluntários estudados, esta variável

mostrou-se melhor no grupo treinado. Tal resultado reforça a tese que segundo T.W Rowland

2008 “os valores absolutos da potência anaeróbica aumentam progressivamente ao longo da

infância nos meninos e nas meninas com uma aceleração durante a puberdade nos meninos.

Entre os 12 e 17 anos, a potência anaeróbia pico aumenta 121% nos meninos e 66% nas

meninas.” (p.168). Mesmo com essa tese observou se um resultado melhor no grupo treinado

em relação ao grupo controle supostamente ocasionado pelo treinamento que foram

submetidos no período da intervenção, período no intervalo de 90 dias com atividades de três

vezes por semana.

Os resultados apresentados ao final do treinamento demonstraram diferenças entre a

coleta inicial e a coleta final nos valores médios e respectivos erros-padrões para os testes

físicos realizados de teste de 30 metros (30m), salto vertical parado (SVP) e em deslocamento

(SVD) e; teste de habilidades com braço direito (THD) e esquerdo (THE). Neste caso,

3 http://www.efdeportes.com/efd78/motor.htm

26

somente para THD e THE, o fator grupo mostrou influente (p<0,05) nos resultados

encontrados, sendo que para os demais não foi observada quaisquer diferenças estatísticas

(p>0,05), quanto aos testes físicos realizados foi estimado o Salto Vertical parado relativo e

em deslocamento subtraindo-se o valor obtido no salto pela altura máxima obtida por cada

indivíduo. Apesar de não ser observada diferença para o Salto Vertical em deslocamento, o

fator tempo foi influente para o salto vertical parada sendo os valores médios obtidos ao final

dos 90 dias diferentes (p<0,05) em ambos os grupos.

Mesmo com variabilidade elevada na estatura dos voluntários, ao se relativizar os saltos

subtraindo o valor alcançado pela estatura, pode se perceber que o fator tempo foi influente

para o resultado final dessa variável, pois houve uma diferença da coleta inicial em relação à

coleta final.

Algumas limitações foram observadas nesse estudo: a fase de desenvolvimento, devido

à faixa etária e as mudanças ocorridas nos indivíduos nesse período, “puberdade sucessão de

mudanças anatômicas e fisiológicas caracterizada não somente pelo desenvolvimento das

funções reprodutiva, mas também por alterações no tamanho corporal,

composicional e funcional em respostas às ações do hormônio sexual estrogênio (nas

mulheres) e testosterona (nos homens) ” (T.W Rowland 2010 p. 44). O fato do grupo

estudado ser muito heterogêneo com um intervalo considerado de idade com alunos entre 11 e

18 anos e a diferença de peso, com alunos abaixo do peso e obesos, além da falta de

acompanhamento nutricional dos alunos envolvidos na pesquisa durante o período que foram

submetidos ao teste, pois, segundo R.B, Thomas / W.E, Roger 2010 “Uma hidratação

adequada, um acúmulo adequado de energia e ingestões adequadas de proteína, gorduras,

vitaminas e sais minerais permitem que os atletas obtenham os benefícios máximos do

treinamento e impeçam lesões e a falta de vontade” (p.212). O tempo de intervenção proposto,

período de três meses que não foi suficiente para observar consideradas modificações. Para

uma nova pesquisa sugeri-se uma observação mais cuidadosa em relação a essas limitações

afim de obter resultados mais embasados e com uma margem menor de erros estatísticos.

27

9. CONCLUSÃO

Com base nos resultados apresentados ao final do estudo, observa-se que o tempo de

intervenção proposto, apesar de apresentar resultados relevantes na melhoria da potência e no

salto vertical parado, não foi suficiente para apresentar diferenças nos parâmetros de

antropometria, composição corporal e velocidade.

Sugere-se a realização de novos estudos proporcionando um aumento no número

amostral e no tempo de intervenção bem como, uma maior homogeneidade da faixa etária.

28

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