Educacao de Jovens e Adultos Caderno de Atividades Impressao Ped6 Educacao de Jovens e Adultos
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
E SUA AUTOESTIMA UM DESAFIO À
PSICOPEDAGOGIA
Por: Martha Rodrigues Reis
Orientadora: Professora Maria Poppe
Rio de Janeiro 2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
E SUA AUTOESTIMA UM DESAFIO À
PSICOPEDAGOGIA
OBJETIVO:
A presente monografia tem por
objetivo investigar a importância
da autoestima e a aprendizagem
dos alunos da EJA e de como a
Psicopedagogia pode auxiliar
educandos e no processo de
ensino e aprendizagem.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus
por ter conseguido concluir com
saúde mais uma etapa da minha
vida. Em segundo lugar
agradeço a todos os professores
do Instituto “A Vez do Mestre”
pela dedicação e
comprometimento com a
qualidade do ensino,
abrilhantando todo o curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu
marido que me incentivou e
incentiva a cada momento da
minha vida. Dedico também
aos meus filhos que da mesma
forma me incentivaram e me
auxiliaram nas dificuldades
encontrados no percurso deste
trabalho.
5
RESUMO
O principal objeto desta monografia, é analisar a influência da
autoestima no processo formal de aprendizagem dos alunos da EJA, quais são
as principais dificuldades enfrentadas por eles para continuar a sua
escolaridade, identificar e avaliar a relevância desses fatores internos e
externos que possam vir a inviabilizar o sucesso escolar desses aprendizes.
Buscar na Psicopedagogia Institucional, ferramentas específicas
para auxiliar e fortalecer a autoestima desse sujeito para o exercício da
autonomia pessoal.
6
METODOLOGIA
A metodologia usada na presente monografia, foi uma pesquisa
de campo realizada,na ESCOLA ESTADUAL MARECHAL CANROBERT
PEREIRA DA COSTA, Situada no bairro do Pechincha, em Jacarepaguá ,onde
é ministrado o ensino Fundamental (1º segmento), para Jovens e Adultos.
A presente pesquisa composta de um questionário, com
perguntas divididas em duas etapas: A 1ª com perguntas relacionadas ao
que esses alunos esperam aprender na escola e a 2ª ao relacionamento
aluno – escola onde buscamos entender como acontece essa dinâmica, ou
seja,aprendizagem – afetividade – autoestima, além da observação deste
contexto escolar.
Buscamos também registrar, o depoimento dos professores,
através de um questionário com perguntas a respeito desses alunos, como
eles os vêem, e como atuam para a realização da inserção dos mesmos no
contexto ensino aprendizagem.
Descrevemos como é o espaço físico, onde acontece esse
processo e como esses aprendentes são vistos pelo Sistema Educacional.
Na Pesquisa bibliográfica buscamos autores como Freud,
Vygostsky e Wallon, subsídios para mostrar a relevância do tema da presente
monografia, a autoestima como fator fundamental para a aprendizagem dos
alunos da EJA.
7
Buscamos na obra de Freud, (Psicanálise), em que fase do
desenvolvimento infantil se constrói a autoestima e quais são os componentes
fundamentais para a estruturação da mesma.
Na teoria Interacionista de Vygostky vimos que as características
humanas resultam do biológico e da interação dialética do homem, com o seu
meio social.
Vimos em Wallon, que no início da vida, o estado de socialização
é máximo é tão grande que a criança é justamente confundida com o outro.
Portanto, o percurso de desenvolvimento é um percurso de progressiva
individualização.
De grande importância foi a experiência vivenciada pela autora
da presente monografia, que estando trabalhando na EjA desde 2003, pôde
constatar mais do que nunca a falta de reconhecimento desses aprendentes
como sujeitos que percebem o mundo mas não participa efetivamente dele.
Em suma o conhecimento adquirido sobre o tema, me fez refletir
sobre a grande responsabilidade que tenho como educadora, olhar para esse
aluno como um ser inacabado, aberto a várias possibilidades apesar dos
percalços da vida. E só uma Educação de qualidade com uma política
educacional séria que poderá transformar a vida desses indivíduos em sujeitos
participantes e autônomos onde poderão modificar as suas realidades.
8
SUMÁRIO CAPÍTULO I: DAS LEIS 1.1 LDB 11
1.2 Os Primórdios da EJA 13
1.3 Os Meandros da EJA 23
1.4 Dialogando com o autor Moacir Carneiro 25
ANEXO : Lei 9.394/96(Lei de Diretrizes e Bases) 30 CAPÍTULO II: APORTE TEÓRICO SOBRE AUTOESTIMA 2.1 Visão psicanalítica 59
2.2 Visão Sócio-Histórica 62
CAPÍTULO III: FRACASSO ESCOLAR: UMA VIA DE MÃO DUPLA
3.1 O aluno: um breve perfil 39
3.2 O relacionamento entre o aluno e a Escola 41
3.3 O sistema 47
CAPÍTULO IV: PSICOPEDAGOGIA: UMA INTERVENÇÃO POSSÍVEL EM UMA TURMA DE EJA 4.1 Definição de Psicopedagogia 53
4.2 Motivação e Aprendizagem 55
4.3 Atuação da Psicopedagogia no contexto escolar 58
CONSIDERAÇÕES FINAIS 6 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 65
9
INTRODUÇÃO
A iniciativa de termos esse olhar investigativo para a EJA deu-se
por conta, da relação íntima com esse público desde 2003, quando me tornei
professora da EJA (Primeiro Segmento do ensino fundamental).
Observamos que a cada semestre, principalmente no primeiro, há
sempre uma grande procura de matrícula e que no decorrer do mesmo a
freqüência diminui em até 50% devido a vários fatores, sejam eles de ordem
familiar, ou financeira – a falta do vale transporte (Rio Card) - a alimentação
que não satisfaz a necessidade desses alunos adultos e o próprio cansaço e
desestimulo diante de uma didática inadequada.
Além desses problemas já citados e constatados, pelo menos
nessa comunidade escolar despertou-nos o interesse em investigar o que há
além, o que faz esse sujeito abandonar a escola. Será que tem algo a ver com
sua autoestima? Para responder a esse questionamento utilizamos
questionário, entrevista presencial e observação desse contexto escolar.
Na realização desse estudo, utilizamos como fundamentação
teórica a Psicanálise e a Visão Sócio-histórica. Na primeira, buscamos na obra
de Freud, a elucidação para formação da auto-estima do sujeito, em que fase
do desenvolvimento acontece e que fatores contribuem para esse processo.
Na teoria Interacionista de Vygotsky e Wallon, encontramos uma
abordagem orientada para o desenvolvimento do ser humano com ênfase na
dimensão sócio-histórica e na interação do homem com o outro no espaço
social. Esses teóricos propõem que as características individuais e até mesmo
suas atitudes estão impregnadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo que
tomamos por mais individual o ser humano foi constituído a partir da
socialização com o mundo.
10
A partir dessa realidade escolar (espaço físico) e do perfil dos
alunos e professores pesquisados, buscamos no bojo da Psicopedagogia
Institucional, ferramentas para auxiliar ensinantes e aprendentes no processo
da aprendizagem e não-aprendizagem. Fazemos uma leitura e uma releitura
desses processos, verificando a aplicabilidade e os conceitos teóricos dessa
ciência que lhe permitirá novos contornos e significados, abordando práticas
mais conscientes.
Falamos também sobre a importância da autoestima na
motivação para a aprendizagem. Dialogamos com os autores: Murray, Garrido,
Pfromm e Marchesi, que afirmam que a escola tem condições de favorecer a
motivação ou a desmotivação de seus alunos, não só a escola mais também
os contextos não escolares. Em fim foi constatado que vários fatores
extrínsecos podem afetar a motivação do estudante, além das suas próprias
características individuais.
11
CAPÍTULO I
A LEI
Neste primeiro capítulo apresentaremos o comentário da
LEI 9034, que norteia o Sistema Educacional Brasileiro,no
que concerne a Educação de Jovens e Adultos, os
Primórdios e os Meandros da EJA e um diálogo com o
autor Moacir Alves Carneiro.
1.1 Lei de Diretrizes e Bases
L E I 9394 D E 20 D E D E Z E M B R O D E 1996,
E S T A B E L E C E A S L E I S A S D I R E T R I Z E S E B A S E S
DA E D U C A Ç Ã O N A C I O N A L.
12
A lei de Diretrizes e Bases em seu artigo 1º afirma que a
educação é permanente , pois acontece em todos os âmbitos da vida do
sujeito.
“Artigo 1º - A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituíções, no ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.”
Em seu parágrafo 1ª. faz a distinção entre a educação formal e a
educação informal. A formal que é a educação escolar que desenvolverse-a
predominantemente, ou seja em maior quantidade em instituíções próprias
(escolas).
A educação formal deverá também desenvolver as
potencialidades desse sujeito preparando-o para o trabalho e para a vida
social.
T Í T U L O ll - ( Príncipios e Fins da Educação Nacional)
No seu artigo 2º. A lei fala da responsabilidade da família e do
Estado propiciar ao sujeito o desenvolvimento global de suas potencialidades
tanto para o trabalho como para o pleno exercício da cidadania.
“Artigo 2º. A educação, é dever da família e do Estado inspirada
nos princípios de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e a
sua qualificação para o trabalho.”
13
Dentre os 11 princípios que norteam o ensino, destacaremos os
principais que falam direto ao objeto do nosso trabalho, que é a Educação de
Jovens e Adultos.
I. Igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola
II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber.
III. Plurarismo de idéias e de concepções pedagógicas
IV. Respeito a liberdade e apreço a tolerância
VII. Valorização do profissional escolar
IX. Garantia do padrão de qualidade
X. Valorização da experiência extra-escolar
XI. Vinculação entre a educação escolar , o trabalho e as práticas
sociais
“Artigo 4º - O dever do Estado com a Educação Escolar Publica
será efetivado mediante a garantia de:”
Neste artigo também observamos alguns itens que são
interessantes para a nossa pesquisa:
I. O ensino fundamental, é obrigatório e gratuito inclusive para os que a ele
não tiveram acesso na idade própria.
II. Progressiva a extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
V. Oferta de ensino noturno regular adequado as condições do educando.
VI. Oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com
características e modalidades adequadas as suas necessidades e
disponibilidades garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições
de acesso e permanência na escola.
14
VII. Atendimento ao educando,no ensino fundamental público, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistencia à saúde.
1.2 - OS PRIMÓRDIOS DA EJA NO BRASIL
A educação de jovens e adultos vem desde o Brasil colônia,
quando da chegada de Tomé de Souza como governador geral, já que as
capitanias hereditárias não tinham dado certo.Junto com ele vieram quatro
padres e dois jesuítas liderados pelo padre Manuel de Nóbrega( 1549).
A intenção dos jesuítas era primeiramente catequizar e depois
instruir os índios porém por só haver esses profissionais de educação esses
ensinamentos se estenderam para os negros,mestiços e brancos da então
colônia grupos esses separados por objetivos deversos ou seja, diferenciados
apenas o objetivo para cada grupo social(.Ribeiro, 2007 )
“E assim que planejava recolhimento, nos
quais se educassem os filhos dos principais
caciques,os negros, mamelucos,os orfãos e os filhos
dos colonos brancos dos povoados da terra(...) em
regime de externato.”
(Mattos apud Ribeiro,2007)
15
Com a expulsão dos jesuítas no sec. XVIII, pelo Marquês de
Pombal, por achar o ensino jesuístico retrogado e centralizador porque só
visava o ensino religioso, visto que não reconhecia o espírito científico reinante
na época, colocando não só a colônia mais também a metrópole com um
século de atraso em relação as outras potências. Devido a
expulsão,desorganizou-se o sistema de ensino, até então estabelecido e novas
propostas referentes a alfabetização de adultos, só foram examinadas na
época do império.
Segundo Ribeiro (2007, p. 46), só na constituíção de 1824, que
está presente a idéia de um sistema nacional de educação onde todos tinham
direito ao ensino primário gratuito porém a titularidade, de cidadania só era
entregue as pessoas livres, saídas da elite que poderiam ocupar funções de
destaque na burocracia imperial ou no exército e funções ligadas a políticas e o
trabalho imperial.
“A inviolabilidade dos direitos civis e
políticos dos cidadãos brasileiros,que tem por base a
liberdade, a segurança individual e a propriedade ,é
garantida pela constituíção do império, entre outras
maneiras. pela ïnstrução primária de todos os
cidadãos”. ( Mena e Barreto apud Ribeiro,2007,p.72)
A partir de 1930 com advento da industrialização, a educação de
adultos começou as marcar sua importância no cenário nacional de forma
tímida mas constante. Houveram grandes transformações além do processo de
industrialização o êxodo rural se fez presente, a chegada crescente da
população rural nos grandes centros, faz com que se aumente a oferta do
16
ensino gratuito, que se estenda respeitosamente, acolhendo vários setores
sociais dos mais diversos.
“A crença de que pela multiplicação das
instituíções escolares, pela disseminação da
educação escolar, será possível incorporar grandes
camadas da população na senda do progresso
nacional e colocar o Brasil no caminha das grandes
nações do mundo(...)”
(Nagle apud Ribeiro, 2007, p.99)
Houve um grande interesse por parte do governo federal por
acreditar que o progresso só viria em decorrencia da instrução elementar (ler e
escrever) com isso projetava diretrizes educacionais para todo o país naquele
momento buscando que todos os cidadãos usufruissem de uma educação de
qualidade, pois precisaria de mão de obra qualificada para trabalhar no setor
industrial.
Segundo Cunha(1999, p. 30) essa preocupação trazia pontos de
vista diferentes em relação a educação de adultos quais sejam: valorização da
lingua falada e escrita visando o domínio das técnicas de produção, a aquisição
da leitura e da escrita como instrumento de ascenção social , a alfabetização
de adultos vista como o progresso do país , a valorização da alfabetização de
adultos para a ampliação de votos.
Apesar de todo o esforço, foi verificado na década de 40 um alto
índice de analfabetos. A partir daí,inumeros projetos políticos pedagógicos
apareceram para atacar o problema.
17
Segundo Gadotti (2001, p.118), de 1946 a 1958, foram
realizados grandes campanhas nacionais de iniciativa oficial, chamada
¨cruzadas¨ sobretudo para erradicar o analfabetismo, entendido como a
¨malaria¨. Por isso se falava em zonas negras de analfabetismo.
Tais projetos eram; regulamentação do fundo nacional do ensino
primário, (FNEP), surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino
supletivo, lançamento da (CEAA) campanha de educação de adolescentes e
adultos através da qual houve uma preocupação com a elaboração de material
didático para adultos e a realização de dois eventos fundamentais para a
educação de jovens e adultos: o primeiro congresso nacional de educação de
adultos realizado em 1947 e o seminário interamericano de educação de
adultos em 1949.
Em 1945 segundo Cunha (1999, p. 59) com o fim da ditadura
Vargas deu-se inicio a redemocratização do país. Com a criação da UNESCO
(Organização das Nações Unidas pela Educação Ciências e Cultura). Ocorreu
então por parte desta, a solicitação aos países integrantes, entre eles o Brasil,
de se educar os adultos analfabetos. Devido a isso, em 1947... Abriu-se então
uma discussão sobre o analfabetismo e a educação de adultos. Nessa época
o analfabetismo era visto como causa e não efeito, do escasso
desenvolvimento basileiro. Além disso o adulto analfabeto era identificado
como elemento incapaz e marginal psocológica e socialmente submetido a
minoridade econômica política e juridica não podendo então votar ou ser
votado.
Segundo Soares (1996, p.32), essa 1ª. Campanha foi lançada por
dois motivos: 1ª. Momento era o pós guerra que vivia o mundo, fez com que a
ONU fizesse uma série de recomendações aos países,dentre estes a de um
olhar específico para a educação de adultos. O 2º. Motivo foi o fim do estado
novo, que trazia um processo de redemocratização que gerava a ampliação do
18
contingente de eleitores no país . Ainda no momento do lançamento dessa 1ª.
Companha, a associação de professores do ensino noturno e do departamento
de educação preparavam o 1º. Congresso nacional de educação de adultos . O
ministério então convocou dois representantes de cada estado para
participarem do congresso. O SEA ( Serviço de Educação de Adultos do Mec )
a partir daí, elaborou e enviou as SEAS estaduais um conjunto de publicações
sobre o tema.
As concepções presentes nessas publicações segundo
Soares(1996, p.38) eram: o investimento na educação para os problemas da
sociedade; o alfabetizador identificado como “missionário”; o analfabeto como
causa da pobreza; o ensino do adulto como tarefa fácil; a não necessidade de
formação específica; a não remuneração devido a valorização do voluntariado.
A partir daí então iniciou-se um processo de mobilização nacional no sentido de
discutir a educação de jovens e adultos no país. Foram ocorrendo sobre o
processo da educação de jovens e adultos, diversas pesquisas foram sendo
desenvolvidas algumas teorias da psicologia foram, gradativamente
desmentindo a idéia de incapacidade da aprendizagem desingnada ao
educando adulto.
Assim muitas críticas foram sendo feitas ao método de
alfabetização adotada para a população adulta, nessa campanha com as
precárias condições de funcionamento das aulas, a baixa freguência e
aproveitamento dos alunos, a má remuneração e desqualificação dos
professores, a inadequação do material didático à clientela e a superficialidade
do aprendizado, pelo curto período designado para tal. Deu-se então, o declínio
da 1ª. Campanha devido aos resultados insatisfatórios (Soares, 1996, p. 73).
Observa-se o descaso em relação a educação de jovens e
adultos, pois não houve um planejamento adequado para atender esta
clientela. A precariedade do funcionamento das aulas, o desinteresse dos
19
alunos representado pela baixa freguência isso tudo atrelado a má
remuneração dos professoras e a falta de investimento nos mesmos levando-
os a ter uma autoestima baixa e a total inadequação do conteúdo programático
e do material didático.
Porém dentre todas a delegações uma se destacou, por ter além
das críticas apontado soluções. Foi a de Pernambuco, da qual fazia parte
Paulo Freire que propunha uma maior comunicação entre o educador e o
educando e uma adequação de métodos às características das classes
populares.Com o resultado da 1ª. Campanha, portanto Soares (1996, p. 86),
aponta a criação de uma estrutura mínima de atendimento apesar da não
valorização do magistério.No final da década de 50 início da década de 60,
iniciou-se, então uma intensa mobilização da sociedade civil em torno das
reformas de base, que contribuiu para a mudança das iniciativas públicas de
educação de adultos, que tinha como principal referência Paulo Freire. Surgiu
um novo paradigma pedagógico - um novo entendimento entre a problemática
educacional e a problemática social. O analfabetismo que antes era apontado
como causa da pobreza e da marginalização, passou a ser interpretado como
efeito da pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária.
Pela 1ª. Vez começou se tem um olhar diferente a respeito da
educação de jovens e adultos pela lente do pedagogo Paulo Freire que
conseguiu fazer uma análise daquela problemática. A idéia que foi emergindo,
foi a de que o anlfabetismo só poderia ser atacado pela educação de base
para assim “abalar” a estrutua social vigente como seria isso: desenvolvendo
nesses sujeitos o senso crítico, um questionamento de sua realidade social, ou
seja um acordar dessa ïnércia ¨social em que estavam mergulhados. Na visão
“Freiriana”, a educação e a alfabetismo se confundem. A alfabetização é o
domínio de técnicas para ler e escrever que sirva de ferramenta para esse
sujeito interpretar a sua realidade e assim poder modificá-la. Essas idéias se
expandiram com tamanha rapidez pelo país, que Paulo Freire ficou conhecido
20
pelo seu trabalho com educação popular e mais especificamente com a
educação de jovens e adultos. Essa concepção deu tão certo que em 1963
encerrou a 1ª. Campanha e o governo encarregou Freire de organizar e
desenvolver o programa nacional de alfabetização de adultos. Com o golpe de
1964, essa proposta de Freire foi encarada como subversiva ou seja uma
ameaça a ordem instalada.
A partir daí Freire foi para o exílio e o início da realização de
programas de alfabetização de jovens e adultos, tornou-se assistencialista e
conservatoriais. Dentro desse contexto, em 1967, o governo militar assumiu o
controle da educação de jovens e adultos. (Soares 1996).
Segundo Gadotti (2001, p.120 ) a história da educação de jovens
e adultos propriamente dita no Brasil, pode ser dividida em três períodos:
1ª. De 1946 a 1958, onde foram realizados grande campanhas
nacionais de iniciativa oficial, chamadas de ¨cruzadas¨, sobretudo para
ërradicar o analfabetismo¨, entendido como uma ¨chaga¨, uma doença como a
malária . por isso se fala em ¨zonas negras de analfabetismo¨. Como foi
relatado anteriormente.
2ª. De 1958 a 1964. Em 1958 foi realizado o 2ª. Congresso
Nacional de Educação de Adultos, que contou com a participação de Paulo
Freire. A partir daí a idéia de um programa permanente de enfrentamento do
problema da alfabetização que desembocou no Plano Nacional de
Alfabetização de Adultos, dirigido por Paulo Freire e extinto pelo Golpe de
Estado de 1964, depois de um ano de funcionamento. A educação de adultos
era entendida a partir de uma visão das causas do analfabetismo, como
educação de base articulada com as ¨reformas de base, defendida pelo
governo popular/populista de João Gulart. Os CPCs( Centros Populares de
21
Cultura), extinto logo depois do golpe militar de 1964, eoMEB(Movimento de
educação deBase ),apoiado pela igreja e cuja duração foi até 1969, foram
profundamente influenciados por essas idéias.
3ª. O governo militar insistia em campanhas como a ¨Cruzada do
ABC¨( Ação Básica Cristã) e posteriormente , com o MOBRAL.
O MOBRAL foi concebido como um sistema que visava o
controle da população (sobre tudo a rural). Em seguida com a
¨redemocratização¨(1985), a ¨Nova República¨, sem consultar os seus 300mil
educadores extingue o MOBRAL e cria a Fundação Educar , com objetivos
mais democráticos , mas sem os recursos de que o MOBRAL dispunha . A
educação de jovens e adultos foi assim enterrada na pela ¨Nova República¨ e
o auto denominado ¨Brasil Novo¨ (1990) do primeiro presidente eleito depois
de 1961, criou com grande pompa publicitária em 1990 e extinto no ano
seguinte sem qualquer explicação para a sociedade civil que o havia apoiado.
Em 1989, com a finalidade de preparar o Ano Internacional de
Alfabetização (1990), foi criada no Brasil a Comissão Nacional de
Alfabetização, de início coordenada por Paulo Freire e depois por José
Eustáquio Romão. Ela ainda continua, até hoje, com o objetivo de elaborar
diretrizes para a formulação de políticas de alfabetização a longo prazo que
nem sempre são assumidas pelo governo federal. Explica-se assim o histórico
distanciamento entre a sociedade civil e Estado no Brasil no que se refere aos
problemas educacionais. Até hoje existe muita desconfiança em relação às
iniciativas do Estado, mesmo quando seus dirigentes têm compromisso com o
povo. (Gadotti 2001 p,36).
Segundo o autor, o governo está sem um suporte teórico e
prático para enfrentar o problema da educação para todos os brasileiros
22
.Assinou a ¨Declaração Mundial sobre a Educação para Todos¨ e o ¨Plano de
Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem¨, principais
documentos da Conferência Mundial sobre a educação para todos (Jomtien,
Tailândia. 1990), mas não demonstra vontade política para honrar os
compromissos assumidos .Além disso, enfrenta o problema da sua legitimidade
diante da população pelos escândalos nos quais está envolvido. (Gadotti,2008
p.38).
1.3 - OS MEANDROS DA EJA
Segundo Gadotti (2001, p.13), em seu livro EDUCAÇÃO DE
JOVENS E ADULTOS TEORIA,PRÁTICA E PROPOSTA, comenta que existem
algumas definições sobre a educação de jovens e adultos que devem ficar
mais claras, porque há muita confusão que envolve essa nomenclatura que por
conseguinte a desvaloriza.
Muitas vezes a educação de jovens e adultos é denominada de
assistemática, não- formal e extra-escolar e é definida como sub educação
pois não é valorizada.
(...) A educação não-formal, assim
entendida, seria menos do que a educação formal,
posto que a primeira é concebida como
complementar de, “supletiva de “ e que não tem
valor em si mesma. (Gadotti 2001, p. 20)
23
Por isso ele explica a definição desses termos: educação de
adultos, educação popular, educação não formal e educação comunitária, são
usadas muitas vezes como sinonimas não não são.
Assim Gadotti (2001, p.24) explica: os termos educação de
adultos e educação não formal referen-se a mesma área disciplinar, teórica e
prática da educação. No entanto o termo educação de adultos tem sido
popularizado especialmente por organizações internacionais como a UNESCO,
para referir-se a uma área especializada em educação. A educação não formal,
tem sido utilizada, especialmente nos Estado Unidos, para referir-se à
educação de adultos que se desnvolve nos países de terceiro mundo
geralmente vinculada a projeto de educação comunitária. Nos Estados Unidos
no entanto, reserva-se o termo educação de adultos para educação não formal
aplicada ou ministrada no nível local do país.
Ainda segundo Gadotti, existe combinação de teorias, lógica de
investigação e metodologias de ação - dentro da educação de adultos ou da
educação não formal .
Após a segunda guerra mundial a educação de adultos ficou sob
a competência oficial, ou seja do estado e a educação não formal, está
principalmente vinculada a organizações não governamentais partidos
políticos, igrejas etc.
Geralmente onde o estado é omisso, o terceiro setor assume esse
lugar com desenvoltura:
“A educação popular como concepção
geral da educação, via de regra se opõe a educação
de adultos, impulsionada pela educação estatal e
24
tem ocupado os espaços que a educação de adultos
oficial nãolevou muito a sério. Um dos príncipios
originários da educação popular tem sido a criação
de uma nova epistemologia baseada no profundo
respeito pelo senso comum que trazem os setores
populares em seu prática cotidiana,
problematizando, incorporando-lhe um racínio mais
rigoroso”. (Gadotti , 2001, p.24).
A educação popular é por assim dizer, o respeito pelas
experiências trazidas pelos aprendentes, a escola é um espaço de debates
desse senso comum. O orientador traça com esse alunos estratégias para
transformar esse conhecimento popular em um raciocínio mais rigoroso,
científico e único. Essas experiências primeiras não podem ser subjulgadas
pelo orientador, pois elas serão os primeiros degraus para o conhecimento
científico desses aprendentes.
1.4 - DIALOGANDO COM O AUTOR MOACIR ALVES
CARNEIRO
Ao comentar a Seção V da lei de Diretrizes e bases sobre a
educaçaõ de jovens e adultos o autor nos alerta que 97% das crianças estão
matriculadas no ensino fundamental ou seja estão freguentando a escola
regularmente , Porém existe uma grande parcela da população de jovens e
adultos fora dela .
Como já foi dito,nos comentário ao parágrafo 4º. , existe no
ensino fundamental, cobertura de 97% da demanda . O percentual
remanescente e o acumulado ao longo do tempo e, evidentemente , até o
25
passado recente, em percentuais avantajados, responde pela necessidade da
oferta educacional para jovens e adultos (Carneiro,2008, p. 124)
Nos mostra um quadro bem esclarecedor onde classifica os
tipos de analfabetos existentes no país: 1º. Aqueles reconhecidamente
analfabetos, 2º. Aqueles que foram à escola passaram por ali pouco tempo
e,portanto, não tiveram tempo de sedimentar o que haviam superficialmente
aprendido . São os analfabetos funcionais e 3º. Aqueles que estiveram na
escola em momentos internitentes. E enfatiza que todos carecem de uma
política própria de atendimento capaz de lhes conferir os meios adequados
para a superação ou da escolarização que não ocorreu ou que ocorreu de
forma inadequada (Carneiro,2008 p.125)
O autor faz um comentário dessa lei, que faculta e assegura a
oferta de oportunidade escolar que essa população jovem e adulta tem de
retornar `a escola, e que esta escola precisa fazer uma abordagem direcionada
para esta clientela em especial incluíndo, conteúdos, metodologia e tipologias
de organização e processos de avaliação diferenciados daqueles alunos que
estão inseridos no sistema educacional em idade apropriada. Respeitando as
peculiaridades de cada um, incentivando o aumento da sua autoestima
promovendo assima construção da trajetória de sua auto- aprendizagem o que
vai de encontro aos artigos 1º. e 3º.( neste último caso,incisos X ,XI) da LBD.
A lei não apenas assegura a oferta de oportunidade escolar à
população de jovens e adultos fora da idade regular... mais estabelece a
necessidade de toda uma abordagem pedagógica, incluindo conteúdos ,
metodologias , tipologias de organização e processos de avaliação
diferenciados daqueles dos alunos que se acham na escola em idade própria.
A idéia é que a escola trabalhe um processo psicopedagógico que respeite o
perfil cultural do aluno adulto,ensejando-lhe o aproveitamento da experiência
humana adquirida no trabalho e, portanto, manacial insubstituível de
26
construção da trajetória de auto- aprendizagem.Esta perspectiva legal tem tudo
a ver com a que dispõe os Arts.1º.e 3º.( neste último casa,incisosX e XI ) da
LDB.(Carneiro,2008 p 125).
O texto da lei fala da seguridade desse aluno na escola,
estimulada pelo poder público e que o fundamental dessa permanência é o
desenvolvimento biopsicossocial desse aluno ou seja estimulação das funções
intelectuais articuladas com outras dimensões como é o caso dos
componentes psíquicos , notadamente os que dizem respeito as atitudes, as
motivações e ao horizonte temporal, ou seja que tenha coerência em suas
idéias, desenvolva a sua sencibilidade na hora de estruturar seus
pensamentos.
¨O texto da lei fala outrossim, em ações integradas e
complementares a serem estimuladas pelos poder público para que o adulto
não apenas chegue a escola, mais também nela permaneça o que se busca de
fato, realçar é que as funções intelectuais do adulto devem ser trabalhadas de
forma articulada com outras dimensões como é o caso dos componentes
psíquicos notadamente os que dizem respeito às atitudes ,às motivações e ao
horizonte temporal.Neste último caso, basta lembrar o abismo de diferença que
existe entre o jovem e o adulto, quando se trata de estruturar, logicamente, o
passado e o futuro ou de estruturar formalmente o pensamento.(Carneiro,2008
p.126)
Segundo (Carneiro, 2008, p. 126) este artigo fala da
obrigatoriedade de os sistemas de ensino manterem cursos e exames
supletivos . Os cursos são programas regulares, desenvolvidos em um período
certo de tempo e ministrado através do processo escolar . Os exames são
realizados à parte dos cursos, portanto fora do processo. Os cursos são
estudos sistemáticos de aprendizagem, embora não necessáriamente
27
presenciais. Podem também alternar as duas modalidades , ou seja , funcionar
na modalidade presencial e semipresencial.
Ambos,cursos e exames,deverão cobrir,na parte de conteúdos,a
base nacional comum do currículo(Art.26), definidas no lineamentos
básicos,pelo Conselho Nacional de Educação (Art. 9º.,Inc.IV e Art.12,Inc. I) e
complementado pelos sistemas estaduais. Observada tal exigência, o
candidato aprovado poderá continuar seus estudos no chamado ensino regular.
A idade para que alguém se submeta aos exames supletivos
correspodentes ao ensino fundamental é de quinze anos ou mais e, para o
ensino médio, de dezoito anos ou mais.
Aqui, mais uma vez a Lei reconhece a importâncis da
aprendizagem não- formal(Art.3º.,Inc.X da LDB). O fundamental é que não só
atribui valor ao extra escolar , mas prevê a possibilidade de certificação. Esta
alternativa valoriza, igualmente , a utilização de metodologias diversificadas
como é o caso da educação à distância, através do uso de TV, rádio,vídeo,
material impresso. Cabe , aos sistemas de ensino, disciplinar esta matéria.
Segundo Carneiro(2008, p.127) em termos relativos esta
modalidade educativa é a que mais cresce no país . Dois do quatro milhões
de alunos que estão neste modalidade freguentam cursos que correspondem
ao ensino fundamental.
Apesar de toda a evolução que esta Lei trouxe há uma
necessidade urgente de se ter um olhar diferenciado para essa clientala é
preciso que haja uma conscientização que não fique só no discurso mais do
que isso , que se tome uma atitude coletiva e social respectivamente ,
profissionais educadores e aprendentes e toda a sociedade civil empenhada
para que essa lei se torne Lei no sentido que a própria palavra trás. Que não
28
seja encarada como favor mas como dever que todo cidadão tem de ser
cidadão.
Carneiro(2008, p. 124) aponta várias distorções que devem ser
corrigidas para que esse alunos consigam ver na educação a liberdade: 1º.
Diversificar a oferta de programas, 2º. Mobilizar toda a comunidade , com o
envolvimento das organizações da sociedade civil; 3º. Proporcionar meios e
recursos financeiros para a produção de materiais didáticos e técnico-
pedagógicos apropriados; 4º. Especializar o corpo docente; 5º. Integrar a
educação de jovens e adultos com a educação profissional; 6º.Envolver os
empregadores no sentido de organizar jornadas de trabalho compatíveis com o
horário escolar; 7º. Desenvolver mecanismo de apoio educativo a milhões de
trabalhdores inseridos no amplo trabalho informal; 8º. Viabilizar programas
especiais para mulheres envolvidas , além do trabalho profissional, com
tarefas domésticas.
Ainda segundo Carneiro(2008) O Plano Nacional de
Educação__PNE__ prevê um total de 26 metas para EJA ,sendo uma delas
¨Articular as políticas da EJA com as da proteção contra o desemprego e de
geração de emprego e renda ¨O cumprimento dessas metas supõe a
assistência técnica e financeira da União (ART.9º. Inc.III LDB) e aindas,uma
estreita articulação entre as três esferas de governo. A educação básica
constitui hoje , passaporte indispensável para o exercício de uma cidadania
produtiva. A EJA começa pelo processo de alfabetização, desafio ainda
enorme para o Brasil. Carneiro ainda destaca que dentro de um universo de
169.799.170 habitantes, a população analfabeta é = a 16 millhões (=13% da
população com mais de 10 anos de idade).1/3 dessas pessoas tem 60 anos ou
mais de idade. A meta do MEC era erradicar o analfabetismo até 2005 ;3)
População analfabeta funcional: 30 milhões ; 4) População analfabeta absoluta
na zona rural:29,9%; 5) população analfabeta absoluta na zona urbana10,2%;
6) População negra analfabeta:20%;7) População branca anlfabeta : 8,3%; 8)
29
População feminina analfabeta no universo da população brasileira analfabeta :
51%(IBGE, 2002).
Em 1958, a UNESCO definiu como alfabetizada a pessoa capaz
de ler e escrever um enunciado simples .O Censo do IBGE segue de certa
maneira,esta mesma concepção explicitada na autodeclaração do informante
no que tange à habilidade de ler e escrever uma mensagem
simples.(Carneiro,2008 p.128)
No início dos anos 80, a UNESCO sugeriu a adoção do conceito
de alfabetização funcional, para designar a pessoa capaz de utilizar a leitura e
a escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e usar essas
habilidades para continuar aprendendo a desenvolver-se ao longo sua vida . O
parâmetro para aferir esta última condição situa-se em torno de 8 a 9 anos de
estudos, ou seja, aproximadamente a duração média da educação obrigatória .
No caso do Brasil, o IBGE utiliza o critério de 4 anos de estudos.
(Carneiro,2008 p.128).
Esta foi a razão por que o legislador incluiu no Art.60 parag,6º. Da
EC no.14 (Emenda Constitucional) a obrigatóriedade de aplicação de pelo
menos 30% dos recursos vinculados à educação à manutenção e
desenvolvimento do ensino fundamental e à erradicação do analfabetismo.
(Carneiro, 2008p.128).
Por esse panorama feito pelo autor, podemos observar que
muita coisa já foi feita a rigor da Lei ou seja no âmbito Constitucional. Agora só
falta vontade política em aplicar, fiscalizar e cobrar dos orgãos competentes, a
efetivação da mesma, buscando o desenvolvimento dessa clientela que por
motivos quaisquer não puderam.ou não tiveram a oportunidade de
desenvolver as suas potencialidades ficando assim à margem da sociedade.
30
ANEXO
LEI DE DIRETRIZES E BASES
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I
Da Educação
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
TÍTULO II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
31
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009)
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;
VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
32
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade. (Incluído pela Lei nº 11.700, de 2008).(...)
Seção V
Da Educação de Jovens e Adultos
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.(...)
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer outras disposições em contrário.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza
33
CAPÍTULO II
APORTE TEÓRICO SOBRE AUTOESTIMA
Primeiro faremos uma distinção entre autoconceito e autoestima.
Segundo Moyses (2001 p.18), autoconceito procede de processos cognitivos
é a percepção que a pessoa tem de si mesma. Como todo processo de
percepção, está sujeito a vários fatores internos e externos à própria pessoa e
a autoestima, é o sentimento de valor que acompanha essa percepção que
temos de nós próprios, ou seja, é a resposta do plano afetivo de um
processo originário do plano cognitivo.
Para tentar compreender melhor esse tema tão complexo,
buscamos na obra de Freud subsídios para saber em que fase do
desenvolvimento a autoestima se constrói e na teoria Interacionista de Lev
Vygotsky e Henri Wallon.
2.1 - Visão Psicanalítica
Em seu texto Sobre o Narcisismo,( 1914,vol.XIV,p.100)Freud
assegura que a auto-estima é o ato de amar a si próprio, ou seja, uma forma
de catexia de amor em si mesmo, uma maneira narcisista de amar.
Para falar em auto-estima é indispensável, segundo Freud
(1914,vol.XIVp.104) retornar a estágios primitivos da vida, onde a libido
(energia psíquica sexual) estava totalmente direcionada para o sujeito. Era o
que chamou de “narcisismo primário”: o próprio sujeito escolhe a si mesmo
34
como objeto de amor. Este estágio que ocorre antes da estruturação do eu,
está ligado ao primeiro momento em que a criança reconhece a sua própria
imagem no espelho, reconhecimento oriundo do outro.
Nesta fase de desenvolvimento psicossexual, em que o sujeito é
o seu próprio ideal, e quando crê na perfeição de sua imagem e na
onipotência de seus pensamentos, Freud denominou esta formação particular
de Eu Ideal. Este, para Freud é o efeito do discurso apaixonado dos pais em
favor da criança. Mais tarde, na vida adulta, por meio de uma projeção
imaginaria, dará origem ao que Freud chamou “ideal do ego”: “o que ele
projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido da
sua infância; neste tempo o seu próprio ideal era ele mesmo”.
O ideal que se achava dentro do sujeito passa a estar fora dele,
se transformando em uma meta a ser atingida. Quando falamos em auto-
estima, falamos baseado neste “resíduo narcísico” que serve como referência
em nossos julgamentos.
Explicando melhor os investimentos pulsionais que acontecem
ao psiquismo humano desde o nascimento, deve-se ter em consideração que:
a pulsão existente no organismo nunca se modifica em quantidade, o que
muda são os investimentos que ela prioriza, ou seja, se desloca para o eu
(libido narcísica) ou para os objetos (libido objetal). Quanto mais uma é
investida, a outra está livre.
O ideal do eu é uma nova forma que toma a libido narcísica, é
algo externo ao sujeito, exigências que ele terá de satisfazer e que se situa
em lugar da lei. Freud afirma que o desenvolvimento do eu implica um
distanciamento em relação ao narcisismo primário e que este distanciamento
ocorre pelo deslocamento da libido pra um ideal do eu imposto desde fora. Aí
35
se inaugura o narcisismo secundário, ou seja, um retorno ao eu, dos
investimentos feitos sobre os objetos externos. A libido que anteriormente
investia o eu (narcisismo primário) passa a investir objeto externo e
posteriormente volta a tomar o eu como objeto. Entre o narcisismo primário e
narcisismo secundário, ambos se caracterizando por um investimento do eu,
há um investimento da libido em objetos externos ao eu. Estes modos de
investimentos libidinais não devem ser considerados como constituindo fases
ou etapas, umas substituindo as outras. Não há completo abandono do eu
beneficiando o investimento objetal, nem posteriormente abandono completo
do investimento objetal em favor do eu, pode haver concomitância das
maneiras de investimento com a prevalência de uma delas.
Outro componente do psiquismo humano, quando se fala em
autoestima, é o superego. O ser humano esta sempre desejando aquilo que
lhe causou satisfação por isso, o superego tem como meta garantir o
aprazamento do narcisismo primário, realizando o trabalho de observar e
controlar o ego do sujeito a fim de que ele não se distancie do modelo do ideal
do ego.
Freud, ainda no texto Sobre o Narcisismo,(1914,vol.XIV,p.106)
afirma que tudo aquilo que uma pessoa possui ou realiza, todo remanescente
do pensamento primitivo de onipotência que sua experiência tenha
confirmado, ajuda a aumentar sua autoestima.
Antes do nascimento, a criança já ocupa um lugar no discurso de
seus pais, ela já existe mesmo antes de nascer. Há uma revivescência do
narcisismo dos pais em relação a esse amor objetal, pressupondo, a partir daí,
a construção da autoestima desta criança.
36
2.2 – Visão Sócio- Histórica
A teoria histórico-cultural (ou sócio-historica) também conhecida
como abordagem sócio-interacionista tem como proposta “caracterizar os
aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de
como essas características se formaram ao longo da história humana e como
se desenvolvem durante a vida de um indivíduo” (Vygotsky, 1984, p.65)
Vygotsky se debruçou sobre o estudo da gênese, formação e
evolução dos aspectos psíquicos superiores do ser humano. O teórico cogitava
uma abordagem que investigasse a síntese do homem como ser biológico,
histórico e social.
Em relação ao aspecto biológico das funções psicológicas, o
cérebro é o principal órgão da atividade psíquica que cada ser humano traz
consigo ao nascer. De grande plasticidade, é um sistema aberto, cuja estrutura
de funcionamento foi se transformando ao longo da história da espécie e do
desenvolvimento individual: “as funções psicológicas superiores surgem da
interação dos fatores biológicos que são parte da constituição física do homo
sapiens, com os fatores culturais que evoluíram através de milhares de anos”
(Vygotsky, 1984, p.37).
Para melhor entendimento das especificidades humanas, é
primordial descobrir as relações entre a dimensão biológica e cultural. Vygotsky
(1984, p.39) chama atenção para a ação recíproca entre o organismo e o meio,
afirmando: “aquilo que é inato não é suficiente para produzir o indivíduo
humano, na ausência do ambiente social”. Para ele, as características
humanas resultam da interação dialética do Homem com seu meio sócio-
cultural.
37
Em Pensamento, Desenvolvimento e Aprendizagem, Vygotsky
et.al. (1988, p.19), Vygotsky afirma que o desenvolvimento, principalmente
psicológico/mental (que é promovido pela convivência social, pelo processo de
socialização, além das maturações orgânicas) depende da aprendizagem na
medida em que se dá por processos de internalizações de conceitos, que são
promovidos pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no
meio escolar.
Afirma Vygotsky (1984, p. 73), que as funções mentais superiores
começam a se processar quando a criança se relaciona com o mundo externo
isto é, com pessoas ou situações sociais. Com a continuação do contato e com
o passar do tempo, esse processo, que era interpessoal, passa a ser
internalizado, tornando-se intrapessoal. Mas adverte ainda:
“Elas somente adquirem o
caráter de processos internos com o resultado de
um desenvolvimento prolongado. Sua transferência
para dentro está ligada à mudanças nas leis que
governam sua atividade; elas são incorporadas em
novo sistema com suas próprias leis.”
Sobre o alerta de Vygotsky, essa passagem de processo
interpessoal para intrapessoal não ocorre automaticamente, pois conteúdos já
existentes na mente da criança irão interagir nesse processo. A rede de
influência dos conteúdos interpsicológicos é muito mais ampla do que se pode
supor a primeira vista, uma vez que a construção da identidade é uma
construção social e histórica, mediada pelos mais diferentes tipos de linguagem
e está sujeita a uma imensa gama de interpretações e reações (Moysés, 2001,
p.36).
38
As relações da criança com as pessoas a sua volta vão sendo
estabelecidas inicialmente por meio da linguagem não-verbal, e depois pela
linguagem propriamente dita. No primeiro caso situa-se um cem número de
sutilezas, como as reações de alegria ou de aborrecimento que seus atos
provocam nos outros, o grau de solicitude com que seus desejos e
necessidades são satisfeitos. E no segundo caso, tudo aquilo que é
verbalizado a seu respeito. Após certo período de tempo e com a repetição
desses padrões de comportamentos, aquilo que surgiu como um processo
interpessoal começa a ser incorporado à própria estrutura cognitiva da criança
tornando-se pessoal. Agora é ela mesma quem se aplaude diante do desafio
finalmente vencido ou se acabrunha ante o fracasso. (Moysés, 2001, p.20 ).
Buscamos na teoria de Wallon, elementos que promovessem uma
melhor compreensão sobre a influência do outro na constituição da
subjetividade, ou seja, como se constrói na criança a consciência de si ou por
assim dizer o seu autoconceito. Segundo Wallon (apud Oliveira, p.60), a idéia
que não é dada desde o nascimento, porque no início, a criança, é dado que
inserida neste contexto de fusão emocional, ela não se percebe como uma
unidade diferenciada do outro. Ela se percebe como fundida, diluída, colada ao
outro - quando dizemos outro, falamos tanto das pessoas significativas , como
das próprias condições mais concretas onde ela esta inserida e essa
consciência de si, vai se construir por meio de processos interessantes .
Na perspectiva de Wallon, não se dirá que a criança se socializa
conforme se desenvolve, dirá ao contrário, que no início da vida, o estado de
socialização é máximo, é tão grande que a criança é justamente confundida no
outro. Portanto, o percurso de desenvolvimento é um percurso de progressiva
individuação. É um percurso no qual, a criança vai tendo que se diferenciar do
outro para poder construir-se como uma unidade, como uma identidade
diferenciada e com uma certa estabilidade.
39
De posse dessa idéia, desse estado máximo de individuação
progressiva diremos que, na construção da pessoa, a relação com o outro é
aspecto fundamental.
Nessa relação com o outro, podemos identificar um duplo
movimento que é por um lado de incorporação do outro para a constituição de
si __ quando falamos de incorporação do outro, estamos nos referindo, por
exemplo,às condutas de imitação que é algo muito presente na criança em
várias fases da vida e que se vê que a imitação é dirigida às pessoas que lhe
são significativas nesta imitação vemos a criança incorporar o outro e por meio
desta incorporação, é como se ela estivesse alargando as fronteiras do eu.
Só que, ao lado deste movimento de imitação,segundo Wallon
(apud Oliveira p.61), encontraremos o movimento com direção oposta, que é o
movimento de expulsão do outro, que se concretiza nas condutas de oposição,
é quando a criança nega o outro, em suas propostas,em seus convites, em
suas opiniões e atitudes. Uma conduta sempre recorrente, no sentido de
favorecer a diferenciação, mas uma conduta que vai aparecer em algumas
fases do desenvolvimento psíquico social, de modo concentrado.
São duas fases, segundo Wallon (apud Oliveira p.61)nas quais a
oposição ao outro aparece de modo concentrado. Uma fase no início da
infância, situada por volta dos três anos , e que é a fase do personalismo,onde
ela recusa ajuda,briga pela posse do objetos e afirma muito fortemente a
independência do seu eu.
E uma outra fase, onde a oposição aparece de modo concentrado
e com um papel fundamental na construção da pessoa, é a adolescência onde
este procura a diferenciação, se opondo sistematicamente ao adulto.
40
Tal como ocorre no desenvolvimento da inteligência, podemos identificar no
desenvolvimento da pessoa em direção de uma progressiva diferenciação.
Esta também nunca é total, isto é, o outro é sempre dimensão presente para o
eu.
41
CAPÍTULO III
FRACASSO ESCOLAR: UMA VIA DE MÃO-DUPLA
Neste capítulo, iremos desenvolver uma pesquisa com os alunos
e professoras desta Instituição de ensino a fim de entender como acontece
efetivamente esta troca, fator imprescindível no processo ensino
aprendizagem.
Analisaremos também, o olhar que o Sistema lança em direção a
esse público jovem e adulto que se reflete na sua autoestima.
3.1. O aluno: um breve perfil
O primeiro passo para esta pesquisa que foi realizada no segundo
semestre, nos meses de agosto a dezembro de 2009, foi entrar em contato
com a direção da Escola Estadual do Ensino Supletivo Marechal Canrobert
Pereira da Costa, situada à Rua José Silva, nº 315, Pechincha, nesta cidade e
propor nosso acesso às dependências e às turmas onde seria desenvolvido
esse trabalho.
O segmento da EJA funciona no prédio da Escola Municipal
Virgílio Várzea, que cede o horário noturno 7 salas de aula, 1 espaço adaptado
para secretaria e sala de professores, 1 cozinha, 1 refeitório, banheiros
masculino e feminino e o pátio.
42
A equipe de profissionais é formada por 1 Diretora, 1 Orientadora
Pedagógica, 7 Professoras, 1 Secretária geral, 1 funcionário responsável pela
informatização da Escola, 1 Professor “readaptado” por doença psiquiátrica na
função de auxiliar de secretaria, 2 merendeiras e 3 funcionários de serviços
gerais.
Esta Escola atende a alunos do 1º Segmento do Ensino
Fundamental distribuído ( por semestre) em 1 classe de Alfabetização com 30
alunos, 1 classe de 1º Ano com 25 alunos, 1 classe de 2º Ano com 20 alunos, 2
classes de 3º Ano com 15 alunos em cada e 2 classes de 4º Ano com 25
alunos em cada. O período letivo da EJA corresponde a seis meses, ocorrendo
então ao final deste, a promoção automática (que só não acontecerá em caso
de mais de 75% de faltas).
A idade desta clientela varia de 15 a 70 anos, apresentando um
pico de presença entre 25-40 anos e outro após 50 anos. Podemos apurar
também que 80% são migrantes nordestinos e os outros 20% distribuídos entre
nascidos na Cidade do Rio de Janeiro e no interior do Estado. Quanto a
freqüência por gênero, encontramos o índice de 60% feminino. Em relação à
localização da Escola, 72% dos alunos informaram morar perto da Instituição,
24% trabalham no mesmo bairro e o restante dos pesquisados vem de outros
bairros por não encontrarem vagas.
Segundo os dados colhidos, 55% dos entrevistados não tiveram
experiência escolar antes de 15 anos e os outros 45% freqüentaram a Escola
de maneira irregular apresentando repetência e abandono no percurso letivo.
Os dois grupos justificaram as respostas informando que a ausência se dava
por conta da responsabilidade de cuidar da casa, dos irmãos e ainda ter que
trabalhar desde muito cedo.
43
Quanto a este resultado da pesquisa buscamos em, Ceccon,
(1985, p.28) a seguinte afirmação: ”O número de alunos que abandonam de
vez os estudos aumenta consideravelmente a partir dos 10-11 anos de idade. É
nessa idade que muitos têm que começar a trabalhar para sobreviver e ajudar
a família.
Mas como, na verdade, a escola é feita para aqueles que não
precisam trabalhar ela faz de conta de que ninguém trabalha e coloca
exigências que os que trabalham não têm tempo nem condições de cumprir.”
Sobre o retorno à Escola, encontramos respostas diversas
que reunimos em 2 grupos: aqueles que estão voltando por
necessidades profissionais como imposição do patrão, garantia do
emprego que já têm ou alguma ascensão profissional. O outro grupo de
respostas aponta para tipos de necessidades tais como: estimular a
memória, aumentar a rede social, melhorar a leitura para fins religiosos e
para dar apoio aos estudos dos netos. Sendo assim, encontramos em
100% das respostas o desejo de ler e escrever bem como motivo deles
estarem ali.
3.2 – O relacionamento entre o aluno e a Escola:
Quanto ao questionamento da relação entre o aluno e a
instituição, classificamos através de porcentagens os seguintes subitens:
- Atendimento às dificuldades de aprendizagem: 85% não
- Ouvido em suas reivindicações: 20% disse que sim, 10% disse que não,
45% disse que ainda não precisou e 15% não soube explicar.
44
- Se suas idéias são acolhidas pelo corpo docente e discente: 10%
responderam que sim, 10% responderam que não e 80% respondeu que ainda
não experimentou
Afirma então o mestre Paulo Freire, (1983,p.94)” Quanto mais
crítico um grupo humano, tanto mais democrático e permeável em regra. Tanto
mais democrático, quanto mais ligado às condições de suas circunstâncias.
Tanto menos experiências democráticas que exigem dele o conhecimento
crítico de sua realidade, pela participação nela, pela sua intimidade com ela,
quanto mais superposto a essa realidade e inclinado a formas ingênuas de
percebê-las. A formas verbosas de representá-las. Quanto menos criticidade
em nós tanto mais ingênuamente tratamos os problemas e discutimos
superficialmente os assuntos”.
O que a escola poderia dar a mais para o aluno: encontramos
predominância sobre dois aspectos: merenda diversificada, e cartilha para
alfabetização. Somente um aluno mencionou o computador como necessário
para o processo da aprendizagem. Este dado colhido, demonstra por parte dos
pesquisados, acentuada incapacidade de perceber e analisar criticamente a si
mesmo, suas carências ,possibilidades e tudo aquilo que o Sistema poderia
lhes proporcionar.
Ainda em Paulo Freire, (1985,p.30) “Quando um homem
compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa
realidade e procurar soluções. Assim transformá-las e com o seu trabalho pode
criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias.”
As atividades desempenhadas pelos alunos-trabalhadores dessa
escola prevalecem no emprego doméstico (65%), diaristas, jardineiros,
45
mensalistas e motoristas. As outras profissões encontradas foram pedreiro,
mecânico, vendedor autônomo, porteiro, zelador.
Cerca de 2/3 tinham mais de dez horas do dia ocupado por
períodos compreendidos entre a saída de casa (nos casos em que não era as
residências dos patrões) e o término do serviço. A jornada começava cedo e
incluía o sábado.
A conciliação trabalho/escola as vezes passa por negociações
com os patrões: “ Deixo a janta pronta e o mesa posta, quando chego lava a
louça”. E não são poucos os casos (30%) em que os empregadores foram as
pessoas que incentivaram o ingresso na escola. Ainda assim há alegação de
incompatibilidade entre os horários das aulas e o trabalho, o que consiste em
um dos principais fatores responsáveis pela evasão escolar.
A proximidade entre o serviço e a escola favorece o
comparecimento de grande parcela dos alunos, o que não ocorre com aqueles
que precisam percorrer distâncias mais longas, muitas vezes até regiões
periféricas da cidade.
Nos dias atuais, são bem conhecidas as exigências de
escolaridade para participação no mercado de trabalho. Entre os alunos do
curso noturno, a relação inversa também é verdadeira: o emprego é condição
para o estudo.
Até bem pouco tempo a condição de desempregado era
apontada, como fator de abandono da escola porque não tinham como custear
o transporte. Hoje, os alunos do ensino público recebem o “Rio Card”, que
46
possibilita a gratuidade da passagem, nos fazendo crer que este motivo não
poderá ser mais alegado.
Na entrevista complementar identificamos a instabilidade de seu
cotidiano, traço freqüentemente verificado entre educandos pertencentes a
grupos populares : mudança de emprego, mudança de casa, gestação etc.
Esses fatos não raro ocorrem de modo inesperado, sem que tivessem sido
planejados, alterando subitamente os esquemas de vida dos alunos que nesse
meio vão tentando equilibrar-se.
Na realização da pesquisa, optamos por abordar as turmas de
alfabetização através de entrevista e as outras, não raro tivemos também que
ler as perguntas, explicá-las ou ambas. Percebeu-se que a maioria não lia, ou
quando lia não conseguia interpretar aquilo que estava escrito.
Apesar da explicação e esclarecimento sobre o objetivo deste
trabalho junto ao EJA, identificamos grande dificuldade por parte dos alunos
em analisar e expor seu percurso no âmbito escolar. A entrevista foi permeada
por sentimentos de apatia e passividade em relação a essa oportunidade de
serem ouvidos, de reivindicarem acima de tudo a sua parte nesse espaço
educacional.
Nenhum dos alunos em nenhuma das perguntas revelou qualquer
percepção sobre sua atual situação de aprendizagem. Percebemos uma
ausência alarmante de auto conhecimento e avaliação crítica do círculo
escolar. Os depoimentos deixam claro a relação existente entre o auto-conceito
negativo, a palavra e o poder: diante de alguém que consideram superior, ou
num meio que não o deles, calam-se, envergonham-se, sentem-se tímidos e
inseguros.
47
Como foi observado através da pesquisa, esse educandos como
menciona Freire, (1985,p.62), “são sujeitos por vocação, objeto por distorção”
porque não houve uma intervenção educativa e democrática que
proporcionasse um despertamento, pois percebem suas possibilidades de
forma míope e destorcida.
Paulo Freire,escreve (1983,p.94) o seguinte:” Não seria, porém
com essa educação desvinculada da vida, centrada na palavra, em que é
altamente rica, mas na palavra “milagrosamente” esvaziada da realidade que
deveria representar, pobre de atividades com que o educando ganhe
experiência do fazer, que desenvolveríamos no brasileiro a criticidade de sua
consciência, indispensável à nossa democratização.
Freire acreditava, que só uma educação de qualidade, nos levaria
a uma democracia de qualidade, ou seja onde a igualdade de oportunidades
alcançaria a todos.
“Nada ou quase nada existe em nossa
educação, que desenvolva no nosso estudante o
gosto da pesquisa, na constatação, da revisão dos
“achados” – o que implicaria no desenvolvimento da
consciência transitivo- crítica. Pelo contrário, a sua
perigosa superposição à realidade intensifica no
nosso estudante a sua consciência
ingênua.”(Freire,p.94 )
É a analogia perfeita que Freire,(1985,p.38) faz entre a educação
e uma das principais funções dos bancos ,ou seja o depósito. A essa analogia
ele deu o nome de “consciência bancária”.
48
“O professor ainda é um ser superior
que ensina a ignorantes isto forma uma consciência
bancária. O educando recebe passivamente os
conhecimentos, tornando-se um depósito do
educador. Educa-se para arquivar o que se deposita.
Mas o curioso é que o arquivado é o próprio
homem, que perde assim seu poder de criar, se faz
menos homem, é uma peça. O destino do homem
deve ser criar e transformar o mundo, sendo o
sujeito de sua ação. A consciência bancária “pensa
que quanto mais se dá mais se sabe”. Mas a
experiência revela que com este mesmo sistema só
se formam indivíduos medíocres, porque não há
estímulo para a criação.”
Ainda segundo Freire(1985,p.32) “ Em todo homem existe um
ímpeto criador. O ímpeto de criar nasce da inconclusão do homem. A educação
é mais autêntica quanto mais se desenvolve este ímpeto ontológico de criar. A
educação deve ser desinibidora e não restritiva.É necessário darmos
oportunidade para que os educandos sejam eles mesmo.
Para que haja uma mudança efetiva e adequada,é necessário que
a Educação de Jovens e Adultos, seja olhada de forma diferenciada, na
elaboração do currículo com conteúdos relacionados com a prática cotidiana
desses aprendentes, contextualizando-as e amenizando a dicotomia existente
escola X vida.
.
3.3 O Sistema Escolar
Muitas vezes o emprego das expressões sistema escolar, sistema de
ensino e sistema de educação têm sido empregados indistintamente embora
49
cada um carregue em si o seu significado e a sua abrangência.Vamos
distinguir essas expressões tendo como critério o grau de abrangência de cada
uma delas:
- Sistema de educação – é a que tem maior abrangência, pois se confunde com
a própria sociedade que educa através de sua extensa rede: pessoas, família,
grupos informais, escolas, igrejas, clube, empresa etc.
- Sistema de ensino – de abrangência intermediária se refere à educação
oferecida de forma mais sistemática como, por exemplo, através de cursos
complementares, catequistas, conferências, professores particulares e etc.
- Sistema escolar – abrangência circunscrita a uma rede de escolas e sua
sustentação. A educação escolar caracteriza-se por ser intencional e sistemática
diferentemente daquela que o indivíduo tem fora da escola, que quase sempre é
informal e assistemática.
É sobre este último conceito que se desenvolveu nossa pesquisa.
O corpo docente da Escola visitada é composto por professoras
na faixa etária de 40 a 53 anos, com tempo de serviço em média de 20 anos de
magistério e de 7 a 15 anos na EJA. Das 7 professores entrevistadas, 4 tem
curso superior em Licenciatura e Psicologia e as outras 3, somente 2º Grau.
Verificamos durante a entrevista, grande dificuldade por parte
dessas professoras em definir o trabalho da EJA, emitindo conceitos pobres de
profundidade e mantendo-se presas ao significado da sigla.
50
Buscamos em Paulo Freire (1985, p. 30) uma frase para
podermos interpretar essa constatação observada na pesquisa a respeito desta
pergunta.”A primeira condição para que um ser possa assumir um ato
comprometido está em ser capaz de agir e refletir.”
Todas apontaram a EJA como a oportunidade de transformação
social para esses jovens e adultos, melhorando o desempenho profissional, os
laços familiares e aumentando sua rede social. Questionadas de que maneira o
professor participa desse processo, obtivemos respostas tais como:
_ “Gosto muito de trazer jogos para a sala, mas sempre (grifo do professor)
reagem mal dizendo que não são crianças.”
_ “Proponho debates e discussões sobre algum tema atual e só encontro uma
turma muda, passiva, sem nenhuma empolgação”.
CECCON,( 1985,p.16),faz uma crítica que vai de encontro ao
comentário acima, feito pela professora.
“A professora na maioria das vezes,
não é vista como uma pessoa amiga que está ali
para ajudar e sim como aquela pessoa que sabe o
que eles não sabem, que fala enquanto eles têm que
ficar quietos, que fala bonito e diz que eles falam
errado.”
_ “Quando o DVD está disponível passo um filme e metade da
turma dorme. Isso desestimula qualquer um”.
51
_ “Eu só dou mesmo é bastante exercício para fixar e treinar. Com
essa idade, tem que ser rápido”.
_ Em KLEIMAN (APUD FROCHTENGAR, 2009, p.42),
encontramos o seguinte comentário: “A escola demanda algum grau de
aculturação, pois os aproxima de práticas discursivas próprias das classes
dominantes. O letramento está ligado, portanto, a relação de poder”.
_ “O que prejudica nossa participação nesse processo é a baixa
freqüência dos alunos, e que quando vêm à Escola pedem para sair mais
cedo”.
_ “Os alunos adultos têm muitas questões pessoais que
atrapalham o seu desenvolvimento: trabalho, filhos, pouco tempo para estudar
e o cansaço dentre outros”.
_Assim comenta o autor, FROCHTENGARTEN,( 2009,P.33) a
respeito das dificuldades enfrentadas por esses aprendentes. “A maioria vem
de longas e exaustivas horas de trabalho, as quais se somam outras provas
para ir à escola: família com quem só poderão estar no fim de semana, o ônus
dos deslocamentos, as ameaças das ruas à circulação noturna e as parcas
horas de sono. Quando o sinal das 22h40 anuncia o encerramento das
aulas,não tardará para que tudo recomece.”
“Nós não podemos lutar contra o Sistema que impõe esse modelo
perverso de educação que já expulsou esse aluno da Escola uma vez e o fará
novamente”.
52
_ Não basta oferecer escola: é necessário criar condições de
freqüência, utilizando uma política de discriminação positiva, sob o risco de, mais
uma vez culpar os próprios alunos pelos seus fracasso.(HADDAD,apud,Santos,
2006, p.37)
_ “A questão é sempre dinheiro. Por um lado o Governo não
melhora a estrutura da Escola e por outro não paga salários dignos”.
Segundo Moysés, (2007, p.60) A situação, ao que parece, não
mudou nesses últimos anos. Tudo concorre para que a maioria dos professoras
continue tendo de si, como categoria profissional,representações sociais
assinaladas pela desvalorização. Mas não haveria uma íntima relação entre
essa representação social e a autoestima desse profissional É evidente que há
professoras e professores que a despeito de qualquer representação social
negativa da classe, mantêm a seu respeito uma elevada autoestima, As bases
dessa autoestima encontram-se,provavelmente calcadas muito mais na
autopercepção do seu próprio valor do que na representação social dos seus
pares. Não se pode, no entanto, negar que o peso dessa representação
coletiva, que é reforçada no dia-a-dia por inúmeros indícios externos, acabe por
se impor à própria autoestima.
Embora a autora reconheça, que há fatos ainda difíceis de mudar
se não houver um interesse não só da categoria, mas, também da sociedade
como um todo como: salários, condição de trabalho, e prestígio social,” há na
sala de aula,certas situações que podem ser mudadas pela ação da vontade. O
nível de autoestima da turma é uma delas. Um professor interessado,
conhecedor dessa temática, poderia desenvolver, com seus alunos, uma ação
voltada para o aumento desse nível, Sendo bem sucedido nessa empreitada, o
seu sucesso poderia funcionar, então, como um indício externo do seu próprio
valor como profissional”. (Moysés,2007,p.60).
53
- O grupo de professoras em sua totalidade descreve a Escola
como carente de espaços próprios para abrigar uma biblioteca, sala de vídeo, e
mobiliário adequado para essa clientela. Requisitam, também, recursos didáticos
como livros e cartilhas, dirigidos ao estudante adulto como auxiliar nas classes
de alfabetização.
- A improvisação de espaços e materiais é apontada como fator
desestimulante e motivo de estresse para a realização de um trabalho mais
eficaz por parte desses profissionais.
Buscamos em José Moura Filho, (apud,FROCHTENGARTEN,
2009,P.36) a constatação observada pelas professoras a respeito da carência de
espaços adequados como um obstáculo a ser vencido. Ele adverte”que a
carência material pode gerar impedimentos à comunicação: a espoliação não se
resume aos seus condicionantes financeiro, mas envolve o cancelamento das
palavras e das iniciativas mediante as quais segundo Hannah
Arendt(apud,FROCHTENGARTEN,2009,P.36),”os homens podem ser
reconhecidos uns pelos outros. O sofrimento político então gerado é
acompanhado pela humilhação. Ele relega o oprimido à invisibilidade pública,
como nos casos em que ele mais cumpre do que cria.”
- Quanto às condições intelectuais desses alunos que chegam à
EJA, os professores relataram que a maioria chega desprovida de qualquer
saber formal, não sabendo muitas vezes sequer assinar o nome mas em
contrapartida trazem múltiplas experiências de trabalho e de vida .
Bosi, (apud,FROCHTENGARTEN,2009,p.38)comenta o seguinte:
“O supletivo consiste em uma interface de relacionamento entre formas de
54
expressão distintas, mais imediatamente entre a cultura escolar e a cultura
popular.”
“Dissemos que a ampla maioria dos alunos chegou à cidade vinda
de áreas rurais, sobretudo nordestinas. Receberam a primeira formação em
quadros sócias de usos e costumes sertanejos. As manifestações materiais e
simbólicas de seus grupos originais eram desvinculados da escrita,apoiadas
sobre a oralidade e distante dos esquemas
oficiais.”(FROCHTENGARTEN,p.38)
Portanto o Sistema que a escola representa deve utilizar esse conhecimento,
formal, como auxiliar para abrir caminhos à novas aprendizagens, fazendo
com,que esses alunos descubram significantes mais abrangentes do seu estar
no mundo. A escola valorizando a “pré-escola” ,ou seja o conhecimento já
adquirido , proporciona a esses aprendentes, a possibilidade de não só
alfabetizar-se,mas a sua inserção no mundo letrado, como agentes
transformadores de suas realidades..
55
CAPÍTULO IV
PSICOPEDAGOGIA: UMA INTERVENÇÃO POSSÍVEL
EM TURMA DE EJA
Para entender o que é Psicopedagogia, é preciso ir além da
simples junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da Pedagogia, que
ocorre com bastante freqüência no senso comum, isto porque, em sua própria
denominação, aparece psicologia + pedagogia o que oferece uma definição
bastante reducionista a seu respeito.
4.1 – DEFINIÇÃO DE PSICOPEDAGOGIA
De acordo com Neves, 1991(apud BOSSA 2007, p.19)”a
psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar,levando sempre em conta
as realidades interna e externa da aprendizagem tomadas em conjunto. E
mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua
56
complexidade , procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos,
afetivos e sociais que lhe estão implícitos”.
Segundo Scoz, 1992(apud BOSSA 2007, p.19) “a psicopedagogia
estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação
profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e
sintetizando-os”.
Do ponto de vista de Weiss, 1991 (apud BOSSA,p.20) a
psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem , assim
como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos
e educadores.
O que nós observamos é que os autores supracitados dentre
outros, têm como objeto de estudo da psicopedagogia, como se dá a
aprendizagem humana, sua meta é de adquirir uma ampla compreensão sobre
os variados processos inerentes ao aprender. Atua de forma preventiva e
terapêutica com o objetivo de facilitar ao sujeito a construção do conhecimento
e a retomada bem como a ressignificação do processo ensino aprendizagem.
Para isso lança mão de outros campos de conhecimentos multidisciplinares
tais como: a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Pedagogia, a Neurologia
entre outros, para entender como ocorre esse processo e as possíveis
dificuldades situadas no mesmo.
ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO.
Segundo Bossa,(2007,p.23,24), o psicopedagogo atua em três
níveis: no primeiro nível atua nos processos educativos com o objetivo de
diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho incide
57
nas questões didático-metodológicas, bem como a formação e orientação de
professores, além de fazer aconselhamento aos pais. No segundo nível, o
objetivo é diminuir e tratar dos problemas de aprendizagem já instalados. Para
tanto, cria-se um plano diagnóstico da realidade institucional e elabora-se
planos de intervenção baseados nesse diagnóstico, a partir do qual, procura-se
avaliar o currículo com os professores , para que não repitam tais transtornos .
No terceiro um nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados, num
procedimento clínico com todas as implicações. O caráter preventivo
permanece aí, uma vez que, ao eliminarmos um transtorno, estamos
prevenindo o aparecimento de outro.
Ainda segundo Bossa, (2007,p.24) ,cabe ao psicopedagogo,
saber com se constitui o sujeito , como este se transforma em suas diversas
etapas da vida,quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma
pela qual produz conhecimento e aprende.
4.2 – MOTIVAÇÃO E APRENDIZAGEM
O termo motivação é derivado do verbo em latim "movere". A
ideia de movimento aparece em muitas definições e, relaciona-se ao fato da
motivação levar uma pessoa a fazer algo, mantendo-a na ação e ajudando-a a
completar tarefas.
A questão motivacional talvez explique porque alguns estudantes
gostam e aproveitam a vida escolar, apresentando comportamentos
adequados, adquirindo novas capacidades e desenvolvendo todo o seu
potencial, enquanto que outros parecem pouco interessados, muitas vezes
fazendo as atividades por obrigação, ou de forma relaxada e, em alguns casos,
odiando boa parte da vida escolar (Garrido, 1990, p.66).
58
Segundo Murray (1986, p.20) a motivação representaria "um fator
interno que dá inicio, dirige e integra o comportamento de uma pessoa". Esta
noção que vincula a motivação a uma energia interna é também compartilhada
por outros teóricos. Para Garrido (1990,p.67), a motivação é um processo
psicológico, uma força que tem origem no interior do indivíduo e que o
empurra, o impulsiona a uma ação.
O interesse pelos aspectos motivacionais na aprendizagem é
relativamente novo, as teorias antigas sobre a aprendizagem restringiam a
motivação a uma pré-condição importante. Atualmente, as pesquisas
realizadas permitiram concluir que a relação entre aprendizagem e motivação
vai além desta pré-condição, ela é recíproca, dessa forma, a motivação pode
produzir um efeito na aprendizagem e no desempenho assim como a
aprendizagem pode interferir na motivação ( Murray, 1986, p. 177).
Segundo Marchesi (2004,p.130)”As teorias mais atuais sobre
motivação e a aprendizagem,mostram que os motivos de um aluno devem ser
entendido a partir de suas experiências prévias , com um produto da interação
do aluno com os diferentes contextos em que está presente o sentido da
aprendizagem escolar .Portanto podemos afirmar que uma escola tem
condições de favorecer a motivação ou a desmotivação de seus alunos .”
A responsabilidade das escolas e dos professores na motivação
dos alunos não pode fazer com que se esqueça de que essa mesma motivação
para a aprendizagem é moldada em contextos não escolares, como a família a
classe social, e a cultura. Há alunos cujas condições sociais, culturais e
familiares proporcionam menos estímulos para considerar atraente o esforço
que supõe a aprendizagem. Os contextos social e cultural influem igualmente
nas metas que o aluno se coloca e a sua motivação para a aprendizagem, são
fatores que devem ser apreciados na avaliação da motivação escolar e não
escolar. (Marchesi, 2004,p.130).
59
Marchesi, explica também o conceito de “meta” na
motivação,como elemento fundamental, sem o qual é difícil entender a
atividade propositiva dos alunos e menciona três autores: Dweck(1985) e
Covington(1992) afirmam que a motivação que uma pessoa manifesta está
relacionada com as crenças e as metas às quais adere em um determinado
momento. Ou seja, são as representações cognitivas do que se desejaria
conseguir ou evitar que influem decisivamente na motivação, para aprender.
Nesta linha, Alonso Tapia,1997(apud,MARCHESI,p.131) fez uma nova leitura
das possíveis metas dos alunos que podem levá-los a um maior ou menor
envolvimento na aprendizagem.
A diferenciação entre as diversas metas da aprendizagem levou a
uma categorização amplamente aceita: os alunos orientados para metas de
aprendizagem e os alunos orientados para a meta de execução. Os primeiros
são os bons alunos: procuram conhecer, aprender e melhorar. São movidos
por metas pessoais e autônomas. Seu principal interesse centra-se mais no
processo de aprendizagem que vão desenvolver mais que no resultado final.
Entre os segundos, de clara orientação extrínseca, podem-se diferenciar dois
tipos de metas: os alunos que buscam juízos positivos dos outros e daqueles
alunos cujo objetivo principal é evitar o fracasso. Quando a motivação é
orientada para a aprovação dos outros, o aluno leva em conta quase que
exclusivamente o resultado de suas aprendizagens. O que busca é a avaliação
positiva de seus professores, pais ou colegas(...). Mais preocupantes são
aqueles alunos cujo principal objetivo é evitar o fracasso escolar . Sua principal
característica é a insegurança em suas habilidades ou a insegurança de que
não serão capazes de ter êxito nas tarefas escolares.(...). Outros em
compensação tentam desvincular-se do trabalho da escola. Para esses alunos,
nenhum esforço na escola suporá uma melhora em sua autoestima pessoal ou
na desvalorização que os outros façam deles. Suas metas estão em outras
atividades, seja de caráter mais profissional, seja aquelas realizadas pelo
60
grupos de colegas ao qual estão. Em todos os casos, segundo o autor, há um
denominador comum: as tarefas que têm de realizar não são capazes de
conectar-se à auto-estima dos alunos, possivelmente porque não confiam em
suas habilidades nem em seu esforço. Os conceitos de autoestima,habilidade,
esforço e experiência de fracasso estão no núcleo explicativo da desmotivação
generalizada dos alunos.
O aluno tende a atribuir os êxitos e os fracassos escolares a
causas fixas e não-controláveis. A indefensibilidade aprendida se produz
quando existe uma constante e acentuada tendência a atribuir a falta de êxito
à falta de habilidade, e a considerar a falta de habilidade está além do controle
pessoal. O aluno sente que não pode resolver as tarefas escolares devido à
sua falta de capacidade. A repetição das experiências de fracasso leva-o a
desvincular-se do processo de aprendizagem.(Marchesi, 2004,p.132).
De forma, geral, os estudos realizados sobre motivação para a
aprendizagem permitiram apontar uma série de fatores que podem afetar a
motivação do estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos
e aspirações dos pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das
aulas, o espaço físico da sala de aula, o currículo escolar, a organização do
sistema educacional, as políticas educacionais, e principalmente as próprias
características individuais dos alunos.
Por conseguinte, estudar a motivação para a aprendizagem
envolve a compreensão de um complexo sistema de fatores que se
interelacionam, operando em conjunto na motivação do aluno. Devido a isto,
uma avaliação deste fenômeno pressupõe a consideração de todos os
aspectos envolvidos na análise da questão.
61
4.3- ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UMA INTERVENÇÃO
POSSÍVEL.
Neste capítulo, apresentaremos a Psicopedagogia como
mediadora, onde educadores e aprendentes poderão vivenciar os benefícios
que esta ciência proporciona ao processo ensino aprendizagem, no
fortalecimento da identidade bem com a autoestima.
De acordo com Scott (2004, p.37) o fracasso escolar está
alicerçado basicamente sobre duas dimensões que se influenciam numa
relação dialética: a individual, que diz respeito ao aluno e suas vivências,
pertencentes a uma estrutura familiar; e outra externa, que corresponde a
escola e aos seus aspectos culturais, ideológicos e sociais da aprendizagem.
Toda ação Psicopedagógica deve ser pautada na prevenção do
fracasso escolar e nas dificuldades que envolvem tanto ensinantes quanto
aprendentes. No âmbito escolar, essa Ciência tem sido vista também como
medida terapêutica, fortalecedoras de identidades e transformadoras de
realidades. Criando e planejando de forma reflexiva estratégias de ensino que
levem em consideração as diferentes formas de se adquirir conhecimento,
integrando diagnostico e intervenção investigando a relação que o educando
estabelece com a aprendizagem, levando em consideração a interação dos
aspectos biopsicossociais.
Dessa forma, a Psicopedagogia também centra o seu olhar na
EJA. Neste enfoque, procura estabelecer relações nas quais o principal
objetivo é resgatar o prazer não somente de aprender mas também de
ensinar. O Psicopedagogo na EJA , visa reforçar o estimulo que muitos jovens
e adultos necessitam para prosseguirem seus estudos, auxiliando na criação
de projetos motivadores da pratica educativa visa ainda desencadear novas
62
necessidades , de modo a provocar o desejo de aprender e não somente numa
melhora no rendimento escolar,Paulo Freire já dizia (1996): ”Ensinar exige
compreender que educação é uma forma de intervir no mundo”.
Geralmente, quando um jovem ou adulto procura uma escola que
ofereça a EJA, está em busca de possibilidades que transformem a sua vida ,
esta ávido por conhecimento . As expectativas que levam essas pessoas a
saírem de seus lares são muitas e a escola por sua vez, deve estar preparada
e comprometida para atender a demanda dessa clientela tão peculiar.
De acordo com Gaddotti (2001,p.45): “Os programas de educação
de jovens e adultos estarão a meio caminho do fracasso se não levarem em
consideração a transformação real das condições de vida do” aluno
trabalhador”. É de fundamental importância que o professor conheça a
realidade de seu aluno, saiba as aspirações e as necessidades que o levam
muitas vezes ,já em idade avançada o seu retorno à escola.
Desta forma tornar-se-á fundamental o papel do psicopedagogo
na EJA: prevenir os entraves que permeiam o fracasso e quando este já
ocorrido, desenvolver subsídios motivadores a fim de superá-los.Nesta
modalidade de ensino devem ser considerados alguns aspectos, tais como: a
diversidade do público a que se destina, a seleção e a distribuição dos
conteúdos que considerem o desenvolvimento da personalidade do aluno e as
exigências sociais. É segundo esse leque de realidades encontradas, que os
educadores devem trabalhar para o resgate do interesse e o desenvolvimento
da criatividade e possibilitar vivências através de atividades que estimulem o
pensar e ajudem o sujeito a lidar com a confiança nos problemas do seu dia-a-
dia.
63
Com base nesses aspectos, a Psicopedagogia irá intervir no
planejamento considerando quatro focos: pensar sobre aquilo que existe, sobre
o que se quer alcançar, com que meio se pretende agir, como avaliar o que se
pretende atingir.
Nestes aspectos do planejamento, bem como do avaliar a
Psicopedagogia pode se fazer atuante nesta modalidade de ensino,
auxiliando o educador a construir planejamento adequado às diferentes
realidades encontradas em sua turma. Realidades estas identificadas através
de um diagnóstico realizado em conjunto pelos dois profissionais. Este
diagnóstico se faz necessário, pois é capaz de identificar formas diferenciadas
de aprender e por conseguinte, professor e psicopedagogo, poderão atuar
nessas diferenças incentivando e ou resgatando no educador o prazer pelo
ensinar e o desejo de ver seus alunos aprendendo, bem se refere
Fernandez(1990, p. 27)”que o desejo não é apenas daquele que aprende, mas
também daquele que ensina.
Ainda segundo Fernandez (apud, Bossa, 2007,p.24) todo o sujeito
tem a sua modalidade de aprendizagem , ou seja, meios condições e limites
para conhecer. Modalidade de aprendizagem, significa uma maneira pessoal
para aproximar-se do conhecimento para constituir o saber. Tal modalidade
constrói-se desde o nascimento, como uma matriz, um molde, um esquema de
operar que vamos utilizando nas ações de aprendizagem. Esta modalidade é
fruto do seu inconsciente simbólico constituído na sua interrelação com o
outro e de sua atividade estruturante de um universo estável relação causa e
efeito, espaço temporal, objetividade. Assim organizam-se operações
lógicas,classificadas e de relação que de um nível de corporação simples para
outro cada vez mais complexo . Esse sujeito envolve um único personagem, o
sujeito epistêmico e o sujeito do desejo.
64
Por isso a atuação psicopedagógica na EJA não pode desprezar
a bagagem de conhecimentos informais que esses alunos trazem, para o
espaço escolar conhecimentos aprendidos na prática e sim utilizá-los de
forma estratégica a fim de alcançar a compreensão sistemática por parte
desses alunos ,para que haja a junção do informal com o formal trazendo
assim um maior significado para esse aprendente. Ele deve sentir-se inserido
neste contexto, fazendo parte da sua própria transformação, ou seja ,
transformando o aprendizado em ferramenta para sua autonomia.
Mais uma vez recorremos, ao mestre Paulo Freire, (1983,p.96)” a
educação é um ato de amor, por isso um ato de coragem. Não pode temer o
debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena
de ser uma farsa”.
É imprescindível que a Psicopedagogia analise os fatores inconscientes que
abrem espaço de liberdade humana, de pensar, de ser e de agir, constituindo
assim um dos principais aspectos para libertar-se.
“A partir daí, o analfabeto começaria a operação de mudança de
suas atitudes anteriores. Descobrir-se-ia, criticamente como fazedor desse
mundo da cultura.
Descobriria que tanta ele, como o letrado, têm um ímpeto de
criação e recriação. (Paulo Freire, 1983,p.109).
65
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dos capítulos anteriores fomos delineando o
panorama onde ocorre a inter relação da autoestima e aprendizagem dos
alunos que freqüentam as salas da EJA ( Educação de Jovens e Adultos) na
referida escola. Através de pesquisa em forma de questionário e observação
direta deste contexto escolar, podemos constatar a baixa auto-estima desses
alunos comprometendo seus sonhos, possibilidades, desejos, enfim toda sua
trajetória de vida e de conhecimento.
À medida que vêem o fracasso como uma “tônica cotidiana”, fica
muito difícil implementar qualquer iniciativa para mudar tal percepção. Percebe-
se nessa trajetória,elementos externos e internos, que interferem diretamente
no autoconceito e na autoestima na maioria desses alunos, que se percebem
no mundo, mas não fazendo parte efetiva dele.
Estando sob uma predestinação de fracassos, vêem na leitura e
na escrita, o único fim para estarem na Escola. Esta, por sua vez, se sente
66
incapaz de ampliar esse foco mostrando-lhes outras possibilidades porque o
próprio Sistema que ela representa se exclui, na medida em que seus
currículos e conteúdos não condizem com a realidade desses alunos.
É preciso haver maior comprometimento com essa clientela, que
não podendo estudar em idade propícia, é punida duas vezes porque, não é
vista nas suas especificidades e nem é levada em conta a sua experiência de
vida.
As questões apresentadas ao longo deste trabalho, são
suficientes para atestar a necessidade não só de garantir a jovens e adultos,
pouco ou não-escolarizados, a oferta de oportunidades educacionais
adequadas às suas necessidades, expectativas e especificidades, como
também a importância de que tais oportunidades venham acompanhadas de
uma política que ofereça espaço para a fala, para a manifestação desses
sujeitos na construção e resgate do desejo de aprender.
Se pensarmos nos alunos da EJA, e de como são tratados,
obteremos uma visão da valorização do trabalho braçal em detrimento do
intelectual. Onde podemos fazer, uma analogia com as obras do famoso pintor
modernista brasileiro, DI Cavalcante que com a sua genialidade retratou em
seus belos quadros, a massificação dos trabalhadores sem identidade onde os
seus pés eram enormes em relação à sua a cabeça, simbolizando o momento
em que o país vivia em relação à valorização humana, que não é tão diferente
da época de hoje.
Os alunos da EJA são vistos desta forma pelo Sistema, seres
incapazes, automatizados, sem identidade, qualificados sob diferentes nomes
relacionados diretamente ao chamado fracasso escolar.
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Neste contexto, a Psicopedagogia é vista como aliada no
processo educativo da Educação de Jovens e Adultos auxiliando gloriosamente
educandos e educadores nas suas caminhadas, rumo à dignidade, cidadania e
autonomia, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de um país
coerente para todos. Dessa forma, a Psicipedagogia poderá interferir nesta
modalidade de ensino: como uma concepção que valorize o ideal da educação
popular e que destaque o valor educativo do diálogo e da participação, do
saber dos alunos e estimule um desempenho inovador dos educadores.
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