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Márcia Cristina Serralheiro Rosa Forte Faria EFEITO DA ACUPUNTURA NAS CÉLULAS NK EM DOENTES COM CANCRO DA MAMA SUBMETIDAS A QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE E ADJUVANTE ESTUDO PROSPETIVO, RANDOMIZADO E CONTROLADO Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Medicina Tradicional Chinesa submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto. Orientador- Prof. Doutor António Araújo Categoria- Diretor do Serviço de Oncologia Médica Afiliação- Centro Hospitalar do Porto Coorientador- Mestre Nuno Correia Categoria- Especialista de Medicina Interna Afiliação- Centro Hospitalar de S. João do Porto Coorientadora- Mestre Irene Pais Categoria- Doutoranda em Ciências Biomédicas Afiliação- Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar

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Márcia Cristina Serralheiro Rosa Forte Faria

EFEITO DA ACUPUNTURA NAS CÉLULAS NK EM DOENTES COM

CANCRO DA MAMA SUBMETIDAS A QUIMIOTERAPIA

NEOADJUVANTE E ADJUVANTE

ESTUDO PROSPETIVO, RANDOMIZADO E CONTROLADO

Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Medicina Tradicional Chinesa submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto. Orientador- Prof. Doutor António Araújo Categoria- Diretor do Serviço de Oncologia Médica Afiliação- Centro Hospitalar do Porto Coorientador- Mestre Nuno Correia Categoria- Especialista de Medicina Interna Afiliação- Centro Hospitalar de S. João do Porto Coorientadora- Mestre Irene Pais Categoria- Doutoranda em Ciências Biomédicas Afiliação- Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as participantes no estudo e a todas as mulheres com

cancro da mama que possam vir a beneficiar dos resultados desta investigação.

À minha amada família, por toda paciência e amor que sempre me deram.

Agradeço também a todos os amigos que me incentivaram a concluir este estudo, e aos

que estiveram comigo ao longo deste curso.

Dedico, especialmente, este estudo à minha amada mãe, que embora já não esteja entre

nós, mortais, está sempre presente nos momentos da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos marido e filhos agradeço a paciência e a compreensão pela minha

ausência em momentos essenciais das suas vidas.

Ao Prof. Dr. Manuel Laranjeira pela sua postura humanista diante do ser “pessoa”. Foi

essa postura que me incentivou a procurar novos caminhos desde 2005.

Agradeço ao Prof. Dr. Henry Greten pela partilha dos seus conhecimentos, pelo seu

profissionalismo e demonstração da sua paixão pela Medicina Chinesa que a todos

contagia.

Ao Prof. Dr. António Araújo quero agradecer toda a sua disponibilidade e aceitação,

apesar das novas propostas de intervenção, colaborando em tudo que esteve ao seu

alcance.

Agradeço ao Doutor Franklim Marques pela sua recetividade, colaboração incondicional

desde o primeiro momento e pela ajuda e orientação na escrita desta dissertação.

Às enfermeiras, administrativas e auxiliares do Centro Hospitalar do Porto, agradeço o

acolhimento carinhoso com que me receberam e a orientação prestada na seleção da

amostra deste estudo.

Ao Prof. Dr. Jorge Machado, agradeço pelo seu incansável apoio em todos os momentos

deste curso.

À minha coorientadora, Mestre Irene Pais, agradeço toda orientação e disponibilidade

desde o início da conceção deste projeto.

À minha querida amiga, Prof. Dr.ª Begonha Criado, agradeço os esclarecimentos

prestados na área da imunologia.

À querida Mestre e colega, Mª João Santos, agradeço toda a disponibilidade, orientação

e rigor com que sempre esteve presente ao longo deste curso.

A todos os colegas de curso agradeço a partilha, a força e, muitas vezes, as discussões,

pois o equilíbrio é feito de opostos.

Às participantes, neste estudo, o meu muito obrigada. Sem a sua colaboração ele não

poderia ser realizado.

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RESUMO

Introdução: Em Portugal, de acordo com o Programa Nacional para as Doenças

Oncológicas da Direção Geral de Saúde, a taxa de incidência de Tumor Maligno da

Mama (por 100.000 habitantes) é de 83,4, o número de episódios de internamento tem

vindo a aumentar entre 2007-2011, sendo a causa de morte de 552.000 pessoas, em

todo mundo.

Estudos sobre a imunobiologia tumoral atribuem ao sistema imunitário um papel protetor

relativamente ao desenvolvimento tumoral, assim como modelador da imunogenicidade

tumoral, sendo considerado um fator de elevado valor prognóstico e preditivo em doentes

oncológicos submetidos a quimioterapia (QT). Estudos recentes revelam que as células

Natural Killer (NK) exercem funções biológicas importantes quer na imunidade inata, quer

na adquirida, tendo sido descrita uma relação entre diminuição das células NK e a

iniciação e progressão tumoral, nomeadamente no cancro da mama.

De acordo com a literatura, a acupunctura e a moxabustão parecem promover um efeito

mieloprotetor, em doentes oncológicos submetidos a quimioterapia, através da ativação

das células NK, sendo essa ativação o mecanismo responsável pelo efeito

imunomodelador da acupunctura.

Objetivos: Baseado nos estudos publicados sobre os efeitos da acupuntura e da

moxabustão (AM) nos doentes com cancro, esta investigação tem por objetivo avaliar o

seu efeito no sistema imunitário e na qualidade de vida (QdV) de mulheres com cancro

da mama submetidas a QT neoadjuvante ou adjuvante. Pretende-se avaliar se: 1) a AM

leva a um incremento no número de células NK, linfócitos T e B, em pacientes com

cancro da mama submetidas a QT neoadjuvante ou adjuvante; 2) os efeitos da AM na

QdV destas pacientes e 3) verificar se existe uma correlação positiva entre as alterações

objetivas dos parâmetros imunitários, da QdV e dos níveis de ansiedade e depressão.

Métodos: Doentes, do sexo feminino, com cancro da mama invasivo, a realizar

quimioterapia neoadjuvante ou adjuvante, foram recrutadas a partir do Serviço de

Oncologia Médica do Centro Hospitalar do Porto e distribuídas aleatoriamente em dois

grupos: o grupo experimental (n=3) e o grupo de controlo (n= 3). No grupo experimental,

as doentes foram submetidas aos tratamentos de AM (10 tratamentos, divididos em 2

sessões por semana), enquanto o grupo de controlo não recebeu qualquer tratamento de

AM. Colheitas de sangue periférico foram realizadas em quatro tempos distintos: a

primeira colheita T=0 (baseline), uma semana após o tratamento de QT que antecedeu o

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inicio do estudo, a colheita T=1 no dia do próximo tratamento de QT (15 dias após a

baseline), a colheita T=2 uma semana após a T1 e a colheita T=3 no dia do 3º ciclo de

QT (15 dias após a T2). As colheitas realizadas nos dias de tratamento foram efetuadas

antes da QT. O tratamento de acupuntura consistiu dos pontos IC4 (LI4), Tk5 (TB5), PC5

e P7 (Lu7), na parte superior do corpo e nos pontos L3 (Sp3), H3 (Lv3), S36 (St36), F39

(GB39), na parte inferior do corpo. A aplicação da moxabustão foi feita nos pontos S32

(St32), IT6 (SI6), Tk5 (TB5) e no ponto Rs6 (CV6), na linha média do corpo, durante 2

minutos cada ponto. Cada sessão de tratamento teve a duração de 45 minutos.

Parâmetros primários: Hemograma completo, contagem absoluta de neutrófilos e

células NK, linfócitos T e B quantificados por citometria de fluxo.

Parâmetros secundários: Avaliação da QdV e dos níveis de ansiedade e depressão.

Análise dos dados: Devido ao número reduzido da amostra, os parâmetros do sangue

foram comparados pelos seus valores absolutos e os questionários de qualidade de vida

e da escala de ansiedade e depressão pelas diferenças percentuais, relativamente aos

dados obtidos no início e no final da investigação.

Discussão: Após os tratamentos de AM verificamos que houve valores discrepantes,

relativamente às células do sistema imune inato (Leucócitos, Neutrófilos, Células NK) e

adaptativo (linfócitos T e B), entre as doentes com cancro da mama avançado (estadio

IIIB) e com cancro da mama inicial (IA). As doentes com cancro da mama em estadio

inicial tiveram uma manutenção ou um ligeiro aumento dos leucócitos, um ligeiro aumento

dos linfócitos T e B e manutenção do número das células NK. Relativamente à doente

com cancro da mama em estadio avançado (estadio IIIB), não se verificou nenhuma

melhoria em relação aos valores de todos os parâmetros de sangue analisados.

Na avaliação da funcionalidade, dos sintomas, da qualidade de vida e dos níveis de

ansiedade e depressão, verificou-se uma melhoria representativa no grupo experimental

em relação ao grupo de controlo no final do estudo.

Conclusão: Com o tratamento de AM não se verificou um aumento do número das

células NK, mas observou-se um ligeiro aumento nos linfócitos T e B em doentes com

cancro da mama em estadios inicias (IA). Nas três participantes do grupo experimental

houve uma melhoria da funcionalidade e da sintomatologia relacionadas com a doença

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oncológica, um aumento da qualidade de vida/saúde global e uma redução significativa

nos níveis de ansiedade e depressão.

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ABSTRACT

Introduction: In Portugal, according to the National Program for Cancer Diseases the

General Health Services Direction, the incidence rate of breast cancer (per 100,000

inhabitants) is 83.4, the number of cases requiring hospitalization has increased between

2007-2011, being the cause of death of 552.000, worldwide.

In studies on tumor immunobiology, the immune system plays a protective role in the

development of malignancies and is responsible for tumor immunogenicity, being

considered a prognostic and predictive factor of high value in cancer patients undergoing

chemotherapy (CT). Recent studies have demonstrated that natural killer (NK) cells exert

important biological functions in innate or in the acquired immunity and establish a

relationship between NK cells and diminished tumor initiation and progression, in

particular of breast cancer. According to the literature, acupuncture and moxibustion

seem to promote a mieloprotector effect on cancer patients undergoing CT through the

activation of NK cells, being, this activation, the responsible mechanism for the

immunomodulatory effect of acupuncture.

Objectives: Considering the results of some studies about the effects of acupuncture and

moxibustion (AM) it is intended to verify: 1) if the AM improve the number of NK cells and

T and B lymphocytes in patients with breast cancer undergoing neoadjuvant or adjuvant

CT, 2) the effects of AM treatments in the quality of life of these patients and 3)) if there is

a positive correlation between the objective changes in immune parameters, QoL, anxiety

and depression levels.

Methods: Patients with invasive breast cancer undergoing neoadjuvant or adjuvant CT

were recruited from the Service of Medical Oncology of Oporto Hospital Centre, randomly

and divided in two groups: the experimental group (n = 3) and the control group (n = 3). In

the experimental group, patients were submitted to the AM treatments (10 treatments,

twice a week), whereas the control group didn’t recive any treatments. Peripheral blood

samples were performed at four different times: the first sample T = 0 (baseline) was

performed one week after the CT treatment, sample T = 1 on the day of the next CT

treatment (15 days after the baseline), sample T = 2 one week after T1 and sample T = 3

on the 3rd cycle of CT (15 days after T2 in CT’s 3rd cycle day). The samples obtained on

treatment days were held before the CT treatments. The acupuncture treatment consisted

of the points IC4 (LI4), Tk5 (TB5), Pc5 and P7 (LU7) in the upper body and the point L3

(Sp3), H3 (Lv3), S36 (St36), F39 (Gb39) points at the bottom of the body. The application

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of moxibustion was done in S32 (St32), IT6 (SI6), Tk5 (TB5) and in point Rs6 (CV6), in

the midline of the body, during 2 minutes each point, and the treatment session lasted 45

minutes.

Primary parameters: Complete blood count (WBC), absolute neutrophils count (ANC), T

and B lymphocytes and NK cells quantified by flow cytometry.

Secondary parameters: Evaluation of anxiety and depression levels and QoL.

Data analysis: Due to the small sample size, the blood parameters were compared for

their absolute values. The quality of life and levels of anxiety and depression were

analyzed according to the standardized data and compared with the data obtained at the

beginning and end of the investigation.

Discussion: After the AM treatments we found discrepant values, for values of the innate

immune system cells (WBC, ANC and NK cells) and the immune system adaptive (T and

B lymphocytes), among patients with advanced breast cancer (stage IIIB) and early breast

cancer (IA). Patients with early-stage breast cancer showed a slight increase or

maintenance of leukocytes, a slight increase in T and B lymphocytes and no increase in

the number of NK cells. For the patient with breast cancer in stage IIIB, there has been no

improvement on the values of all blood parameters analyzed. For the evaluation of the

functionality and symptoms, quality of life and levels of anxiety and depression, there was

a representative improvement in the experimental group compared to the control group at

the end of the study.

Conclusion: At the end of the AM treatment there was no increase in the number of NK

cells, only a slight increase in T and B lymphocytes in patients with breast cancer in the

initial stages (IA). In the three patients of the experimental group there was an

improvement of functioning and symptoms related to the cancer disease, increased

quality of life / global health and a significant reduction in the levels of anxiety and

depression.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AJCC/UICC american joint commite on cancer / international union against cancer

N ganglio

ALT algor laedens theory NCCN national comprehensive cancer network

AM acupuntura e moxabustão NK natural killer

CD célula dendrítica P pulmonal

CDI carcinoma ductal invasor Ppc pericardial

CDIS carcinoma ductal in situ QdV qualidade de vida

CLI carcinoma lobular invasor QdVRS qualidade de vida relacionada com a saúde

CLIS carcinoma lobular in situ QLQ quality of life questionnaire

EORTC -QLQ-C30 european organization for research and treatment of cancer- quality of life questionnaire – core 30

QoL quality of life

EORTC -QLQ-BR23 european organization for research and treatment of cancer- quality of life questionnaire for breast cancer

QT quimioterapia

F felleal RE recetor de estrogénio

GB gallbladder RP recetor de progesterona

G-CSF granulocity- colony stimulaling factor Rs respondens sinarteria

GM-CSF granulocity-macrophage-colony stimulating factor

S stomach

H hepatic SI small intestinal

HADS hospital anxiety and depression scale

St stomach

HER2 human epidermal growth factor receptor 2

Sp spleen

IARC international Agency for Research on Cancer

T tumor primário

IFN-α interferon alfa TB triplo burner

IFN-γ interferon gama Tc linfócito T citotóxico

IC crassintestinal TCM tradicional chinese medicine

Ig imunoglobulina TGF tumour growth factor

IL interleucina Th linfócito T auxiliar

IT tenueintestinal Tk tricalórico

L lienal TNF tumour necrosis factor

Lu lung TNM tumour nodules metastases

Lv liver Treg linfócito T regulador

M metastização à distância

MC medicina chinesa

MHC major histocompatibility complex

MTC medicina tradicional chinesa

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Anatomia da mama. Fonte: Adaptação de www.breastcancer.org 25

Figura 2: Áreas de drenagem ganglionar da mama. Fonte: Adaptação de

www.breastcancer.org

25

Figura 3: Células hematopoiéticas. Fonte: pt.wikipedia.org 40

Figura 4: As fases da imunoedição. Fonte: archive.cancerimmunity.org 44

Figura 5: Esquema de interligação entre o cancro, a saúde física e mental 50

Figura 6: Esquema de interligação entre o cancro, os tratamentos de AM e a saúde

física e mental

51

Figura 7: Papel das células do sistema imunológico humano inato (A) e adaptativo (B).

Fonte: Takahashi et al. 2009

58

Figura 8: Esquema do modelo hipotético de como a acupuntura pode estimular o

sistema imunológico humano. Fonte: Johnston et. al. 2011

59

Figura 9: Representação vetorial da circulação da energia com vista a homeostasia

basal, em forma de onda sinusoidal. Fonte: Adaptação de Greten, 2010

62

Figura 10: As quatro fases do diagnóstico: constituição, agentes, orbs e guiding criteria.

Fonte: Adaptação de Greten, 2010

62

Figura 11: Os seis níveis de energia nos seis estadios da ALT. Fonte: Adaptação de

Greten, 2010

64

Figura 12: Características dos seis estadios da Algor Laedens Theory. Fonte: Greten,

2010

65

Figura 13: Modelo de interação entre doença crónica, depressão e ansiedade. Fonte:

Adaptação de Telles-Correia & Barbosa, 2010

77

Figura 14: Diagrama do estudo. Fonte: Adaptação de Pais et. al. 2014 79

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Classificação TNM da AJCC/UICC – 7ª Edição. 29

Tabela 2: Estadiamento e classificação TNM do cancro da mama 31

Tabela 3: Estadiamento do cancro da mama e tratamentos recomendáveis 32

Tabela 4: Os níveis de atingimento funcional na etiologia do cancro 67

Tabela 5: Dados clínicos do grupo experimental 83

Tabela 6: Dados clínicos do grupo de controlo 83

Tabela 7: Dados sociodemográficos do grupo experimental 83

Tabela 8: Dados sociodemográficos do grupo de controlo 84

Tabela 9: Valores obtidos nas quatro colheitas de sangue no grupo experimental 84

Tabela 10: Valores obtidos nas quatro colheitas de sangue no grupo de controlo 85

Tabela 11: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ C-30 do

grupo experimental, antes e depois dos tratamentos de AM

88

Tabela 12: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ BR23 do

grupo experimental, antes e depois dos tratamentos de AM

88

Tabela 13: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ C-30 do

grupo de controlo

88

Tabela 14: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ BR23 do

grupo de controlo

89

Tabela 15: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários

QLQ C-30 antes e depois dos tratamentos de AM, pelo grupo experimental

91

Tabela 16: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários

QLQ BR23 antes e depois dos tratamentos de AM, pelo grupo experimental

91

Tabela 17: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários

QLQ C-30 no início e no final da investigação, pelo grupo de controlo

92

Tabela 18: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários

QLQ BR23 no início e no final da investigação, pelo grupo de controlo

92

Tabela 19: Resultados obtidos no QLQ C-30 relativamente ao estado de saúde geral

/qualidade de vida nos grupos controlo e experimental

95

Tabela 20: Resultados obtidos na HADS, no início e no final da investigação, nos grupos

de controlo e experimental

96

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Tabela 21: Resumo das diferenças dos resultados obtidos nas escalas funcionais,

escalas de sintomas e qualidade de vida (questionários C-30 e BR23) e nos

níveis de ansiedade e depressão (HADS) nos grupos experimental e de

controlo.

97

Tabela 22: Resumo das características da participante E1 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

97

Tabela 23: Resumo das características da participante E2 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

98

Tabela 24: Resumo das características da participante E3 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

98

Tabela 25: Resumo das características da participante C1 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

99

Tabela 26: Resumo das características da participante C2 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

99

Tabela 27: Resumo das características da participante C3 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

100

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráficos 1,2,3,4: Apresentação gráfica dos valores dos leucócitos, neutrófilos,

linfócitos totais, linfócitos T, linfócitos B e células NK, de T0 a T3,

das doentes com cancro da mama em estadios iniciais (E2 e E3; C1

e C3)

85

Gráfico 5 e 6: Apresentação gráfica dos valores dos leucócitos, neutrófilos,

linfócitos totais, linfócitos T, linfócitos B e células NK, de T0 a T3,

das doentes com cancro da mama em estadios iniciais (E1 e C2)

87

Gráfico 7: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais

dos questionários QLQ C-30 do grupo experimental antes e depois

dos tratamentos de AM

89

Gráfico 8: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais

dos questionários QLQ C-30 no grupo de controlo no início e no final

da investigação

89

Gráfico 9: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais

dos questionários QLQ BR23 do grupo experimental

90

Gráfico 10: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais

do QLQ BR23 no grupo de controlo

90

Gráfico 11: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens

de sintomas dos questionários QLQ C-30 antes e depois dos

tratamentos de AM, pelo grupo experimental

93

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Gráfico 12: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens

de sintomas dos questionários QLQ C-30 no início e no final da

investigação, pelo grupo de controlo

93

Gráfico 13: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens

de sintomas dos questionários QLQ BR23 antes e depois dos

tratamentos de AM, pelo grupo experimental

94

Gráfico 14: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens

de sintomas dos questionários QLQ BR23 no início e no final da

investigação, pelo grupo de controlo

94

Gráfico 15: Apresentação gráfica dos resultados obtidos no QLQ C-30

relativamente ao estado de saúde geral e qualidade de vida nos

grupos experimental (E1, E2, E3) e de controlo (C1, C2, C3)

95

Gráfico 16: Apresentação gráfica dos resultados obtidos na HADS, no início e

no final da investigação (grupo de controlo e grupo experimental)

96

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ÍNDICE DE CONTEÚDOS

Preâmbulo

21

Parte I – Enquadramento teórico

A - Cancro da mama 23 1- Epidemiologia 26 2- Tipos de cancro da mama 26 3- Classificação TNM e os estadios do cancro da mama 28 4- Tratamentos

33

B - Imunologia 37 1- Sistema imunológico 39 2- As células NK 41 3- A importância da imunovigilância e da imunoedição 42 4- Sistema imunológico e o cancro da mama 44 5- Sistema imunológico e a quimioterapia 45

C - Cancro da mama e qualidade de vida 47

1- Qualidade de vida e saúde 49 2- A influência dos aspetos psicológicos no sistema imunológico e na qualidade de

vida

50

D - Medicina Tradicional Chinesa 53 1- Conceitos gerais da Medicina Tradicional Chinesa 55 2- Medicina Tradicional Chinesa e imunomodulação 57 3- O Modelo de Heidelberg de Medicina Tradicional Chinesa 60 4- A quimioterapia e o Modelo de Heidelberg 66

Parte II- Enquadramento Prático

A - Metodologia 71 1- Objetivos 73 2- Hipóteses do estudo 73 3- Desenho do estudo 73

3.1- Grupo experimental 73 3.2- Grupo de controlo 74 3.3- Amostra 74

3.3.1-Critérios de Inclusão 74 3.3.2- Critérios de exclusão 75

4- Processo de randomização 75 5- Instrumentos de recolha de dados e avaliação 75

5.1- Questionário sociodemográfico 75 5.2- Questionário: European Organization for Research and Treatment of

Cancer Quality of Life Questionnaire Core-30 (EORTC - QLQ - C30)

76 5.3- Questionário: European Organization for Research and Treatment of

Cancer Quality of Life questionnaire for Breast Cancer 23 (QLQ - BR23)

76 5.4- Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) 77

6- Procedimentos 78 6.1- Consentimento informado 78 6.2- Colheitas de sangue: tempos e procedimentos 78 6.3- Administração dos instrumentos (recolha de dados e avaliação) 79 6.4- Tratamentos de acupuntura e moxabustão 79

7- Intervenção 80 7.1- Protocolo de acupuntura e moxabustão 80 7.2- Pontos escolhidos 80

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8- Material utilizado nos tratamentos 80 8.1- Acupuntura 80 8.2- Moxabustão

80

Parte III – Resultados e Conclusões

A - Resultados 81 1- Dados clínicos e sociodemográficos 83 2- Resultados 84

2.1- Valores obtidos nos parâmetros analíticos nas quatro colheitas de sangue no grupo experimental e grupo de controlo

84

2.2- Resultados obtidos nos questionários de qualidade de vida C-30 e BR23 nos dois grupos: experimental e controlo

87

2.3- Resultados obtidos na Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)

96

2.4- Características e resultados gerais da amostra (grupos experimental e de controlo)

97

3- Discussão 100

B - Conclusões e perspetivas futuras 103 1- Conclusões 105 2- Perspetivas futuras 105

Referências 107

Anexos

115

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PREÂMBULO O cancro da mama é uma doença que afeta milhares de mulheres em todo mundo.

Afeta não só a vida como a sua qualidade e toda a rede dos seus relacionamentos (ex.

família, escola ou trabalho).

O tratamento convencional da doença oncológica, para além da cirurgia, inclui a

quimioterapia (QT), a radioterapia, a hormoterapia e a terapêutica dirigida. Sendo a QT, o

foco do estudo, serão mais abordadas as suas características, tais como efeitos

terapêuticos e secundários. A QT tem como principal objetivo destruir as células

tumorais, porém, afeta também as células com alta taxa de divisão celular, podendo

afetar os mecanismos de defesa do sistema imunológico e a qualidade de vida,

comprometendo o sucesso do tratamento.

Vários estudos sobre a Medicina Chinesa (MC) mostraram que a acupuntura é

capaz de melhorar o sistema imunológico, em doentes com cancro, bem como diminuir

os efeitos colaterais da QT.

Estudos, tais como o de Johnston et al. (2011) (1) e Pais, I. et al. (2014) (2)

mostram-nos que os tratamentos de AM têm resultados positivos nos linfócitos T e B e

células NK, para além de um impacto positivo no estado psicoemocional do doente, bem

como na redução dos efeitos colaterais da QT (2). O objetivo deste estudo foi avaliar o

impacto da AM no estado imunológico, psicológico e efeitos secundários da QT nos

doentes com cancro da mama.

Os achados positivos em relação à hipótese de que a AM tem um efeito promotor

do sistema imunológico em doentes com cancro da mama, poderá incentivar outros

estudos que investiguem o seu efeito terapêutico complementar neste e noutros cancros.

A aplicação do método científico à Medicina Tradicional Chinesa é fundamental para

confirmar os seus princípios teóricos e credencia-la na comunidade científica.

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Parte I – Enquadramento Teórico

A – Cancro da Mama

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O cancro da mama é um tumor maligno que se desenvolve das células epiteliais da

mama, afetando maioritariamente as mulheres, embora possa ocorrer também nos

homens. Numa perspetiva imunológica as células do cancro podem ser consideradas

como células que sofreram alterações e escaparam aos mecanismos normais de

crescimento e regulação (3). Esta doença ocorre devido a muitos fatores incluindo

genéticos, herdados e adquiridos.

Figura 1: Anatomia da mama. Fonte: adaptação de www.breastcancer.org

Figura 2: Áreas de drenagem ganglionar da mama. A: músculo peitoral; B: gânglios

linfáticos axilares – nível I; C: gânglios linfáticos axilares – nível II; D: gânglios linfáticos axilares –nível III, E: gânglios linfáticos supraclaviculares e F: gânglios linfáticos da mamária interna. Fonte: adaptação de www.breastcancer.org.

Parede torácica

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1- Epidemiologia

O cancro da mama, no sexo feminino, é um dos mais frequentes. Em Portugal, na

mulher, é o cancro com maior taxa de incidência, (83,4/100.000 habitantes), segundo os

dados da Direção Geral de Saúde de 2013 (4). Na União Europeia (EU-28), em 2012,

segundo as estimativas da Globocan (IARC) diagnosticaram-se 367090 novos casos,

correspondendo a uma incidência de 82,1/100000 e morreram 91585 mulheres

correspondendo a uma mortalidade 15,5/100000 (5).

O número de novos casos, a nível mundial, tem vindo a aumentar, devido a um

aumento real da incidência da doença, mas também por um diagnóstico mais precoce (6)

enquanto a mortalidade está a diminuir devido ao diagnóstico mais precoce e ao sucesso

terapêutico.

Os mais importantes fatores de risco para cancro da mama incluem a idade, o sexo,

predisposição genética, história de hiperplasia atípica do tecido mamário (6, 7), primeira

gestação numa idade tardia, baixa paridade, história familiar de cancro da mama, não

aleitamento materno, exposição a estrogénios (endógenos ou exógenos) e radiações

ionizantes, o consumo de álcool, obesidade e dieta estilo ocidental (8).

2- Tipos de cancro da mama

Os carcinomas da mama podem ser divididos em dois grupos principais: não

invasores (in situ), em que as células do tumor estão confinadas aos canais ou lóbulos, e

os invasores, caracterizados por células do tumor que invadem o estroma da mama (9).

As lesões não invasoras são, principalmente, de dois tipos: Carcinoma ductal, in situ

(CDIS) e carcinoma lobular, in situ (CLIS) e diferenciam-se pelas suas características

clínicas, morfológicas e biológicas.

O CDIS é o tipo de cancro da mama não invasor mais comum. As células do cancro

originam-se nos canais ductais da mama, mas não se propagam através das suas

membranas basais para o restante tecido da mama. Difere do carcinoma lobular in situ

relativamente às características radiológicas, à morfologia, ao comportamento biológico,

à distribuição anatómica na mama e pode ser suspeitado através de mamografia e

confirmado por histologia. Cerca de 100% das mulheres diagnosticadas com carcinoma

in situ podem ser curadas (10).

O CLIS é um tipo de cancro não invasor, ao qual também se dá o nome de

neoplasia lobular, e tem origem nas glândulas produtoras de leite, mas não penetra

através das paredes dos lóbulos (10, 11).

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O Carcinoma Ductal Invasor (CDI) é o tipo mais comum de cancro invasivo da

mama e está dividido em 3 graus baseados em características arquitetónicas e

citológicas: grau 1- bem diferenciado; grau 2- moderadamente diferenciado e grau 3-

pouco diferenciado (10, 11, 12).

O Carcinoma Lobular Invasivo (CLI) inicia-se nas glândulas produtoras de leite,

sendo o segundo tipo mais comum de cancro invasivo da mama. É responsável por cerca

de 10% a 15% dos cancros invasivos. A taxa de incidência deste tipo de cancro está a

aumentar mais rapidamente do que a do carcinoma ductal, e parece que a terapia

hormonal de substituição pós-menopausa, estará relacionada com este aumento (11).

Existem outros tipos histológicos de cancro da mama invasivos e não invasivos,

além dos lobulares e ductais. Entre os carcinomas não invasivos, ou in situ, temos o

carcinoma in situ SOE (sem outra especificação) e a Doença de Paget do mamilo.

Existem também outros carcinomas invasivos, para além do CDI e do CLI, como o

carcinoma invasivo SOE, o carcinoma inflamatório, o carcinoma medular SOE, o

carcinoma medular com estroma linfoide, o carcinoma mucinoso, o carcinoma tubular, a

Doença de Paget do mamilo com carcinoma invasivo, o carcinoma escamoso

(adenoesquamoso), o carcinoma adenoide cístico, o carcinoma secretório, o tumor filoide

e o carcinoma cribriforme (13).

Todos os carcinomas invasivos devem ser graduados histologicamente,

recomendando-se o sistema de Elston & Ellis (1991) (13). Este modelo gradua o tumor

pela avaliação das características morfológicas do tecido tumoral, formação tubular,

pleomorfismo nuclear e contagem mitótica. A graduação é feita pela atribuição de um

valor entre 1 (favorável) e 3 (desfavorável) para cada característica, somando-se os

resultados das três categorias. Um resultado de 3 a 5 pontos é designado por grau I

(favorável), de 6-7 pontos por grau II (moderadamente favorável) e 8-9 pontos por grau III

(desfavorável) (13).

O grau histológico, juntamente com a classificação TNM são os principais

determinantes da agressividade do tumor.

Outros dados importantes, que ajudam na caracterização do tumor, são a presença

de recetores hormonais, o estado de HER2 (10) e o índice de proliferação celular Ki-67.

Os cancros da mama invasivos, com vista a uma decisão terapêutica, devem

também ser classificados com base na expressão de recetores hormonais de estrogénio

e progesterona (RE e RP). Os recetores hormonais são proteínas especializadas

presentes nas células tumorais que ao ligarem-se às hormonas correspondentes,

desencadeiam uma série de eventos que estão relacionados com o crescimento do

tumor. Cerca de dois terços dos carcinomas da mama apresentam recetores de

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estrogénio, designados por recetores de estrogénio positivos (RE+). A expressão de

recetores de progesterona ocorre geralmente em tumores RE+, embora nem todos os

carcinomas RE+ expressem RP (10).

A presença dos dois recetores, RE+ e RP+, indica um estado funcional mais

aproximado da célula mamária normal, enquanto a ausência dos dois recetores reflete

uma menor diferenciação celular e, por isso, uma maior agressividade biológica.

Os carcinomas que expressam recetores hormonais positivos podem ser tratados

com terapias hormonais, com uma grande probabilidade de sucesso (10, 14).

Para além dos recetores hormonais, a presença do HER2 (Human Epidermal

Growth Factor Receptor - type 2) também deve ser avaliada antes do estabelecimento do

protocolo terapêutico. Esta proteína tem um papel importante no crescimento e

desenvolvimento das células tumorais. Uma sobre expressão desta proteína indica uma

transformação oncogénica, correspondendo a um subtipo específico de cancro da mama

denominado HER2+. Estes tumores (HER+) são mais agressivos, respondem pior aos

tratamentos convencionais, mas respondem à terapêutica dirigida tipo trastuzumab (10,

17).

O cancro da mama triplo negativo não expressa nenhum destes três

biomarcadores, RE-, RP- e HER2-. Este tipo de cancro tende a desenvolver-se e a

metastizar mais rapidamente do que a maior parte dos outros tipos e não respondendo à

terapêutica hormonal, nem à terapêutica dirigida ao HER2. O cancro da mama triplo

positivo responde às terapêuticas hormonais e às dirigidas ao HER2 (10, 17).

3- Classificação TNM e os estadios do cancro da mama

O estadio da doença deve ser avaliado pelo sistema TNM, segundo a classificação

da American Joint Committee on Cancer/International Union Against Cancer

(AJCC/UICC) (13,14). O T avalia a extensão local do tumor (T1 – pouco extenso, T4 –

muito extenso), o N a invasão dos gânglios linfáticos (N0 – sem gânglios metastizados, a

N3 – mais de 10 gânglios linfáticos regionais afetados ou atingimentos dos gânglios infra

ou supraclaviculares) e o M a metastização à distância (M0 – sem metástase e M1 – com

metástases à distância). Depois de determinadas estas categorias clinicas e patológicas,

a informação é conjugada para determinar o estadio do cancro. Os estadios vão de 0 a

IV, correspondendo o estadio 0 a carcinoma não invasivo in situ e o estadio IV ao cancro

metastizado à distancia.

Esta classificação ordena os tumores pelas suas características evolutivas e

permite a identificação eficiente das opções de tratamento local, assiste na escolha do

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tratamento sistémico, permite a comparação dos resultados através das instituições e

ensaios clínicos, e fornece informação de prognóstico.

Tabela 1: Classificação TNM da AJCC/UICC – 7ª Edição

Estadios TNM Extensão da Doença

T- Tumor

Tx Tumor primário não avaliável

T0 Sem evidência de tumor primário

Tis Carcinoma in situ

. Tis (CDIS) Carcinoma Ductal in situ

. Tis (CLIS) Carcinoma Lobular in situ

. Tis (Paget’s) Doença de Paget sem carcinoma invasivo

T1 Tumor ≤ 2cm na sua maior dimensão

. T1 mic Microinvasão ≤ 0,1 cm

. T1a Tumor > 0,1 cm e ≤ 0,5 cm na sua maior dimensão

. T1b Tumor > 0,5 cm e ≤ 1,0 cm na sua maior dimensão

. T1c Tumor > 1,0 cm e ≤ 2,0 cm na sua maior dimensão

T2 Tumor > 2,0 cm e ≤ 5 cm na sua maior dimensão

T3 Tumor > 5,0 cm na sua maior dimensão

T4 Tumor de qualquer dimensão com extensão à parede torácica e/ou à pele

. T4a Extensão à parede torácica sem atingir o músculo peitoral

. T4b Edema ou ulceração da pele e/ou nódulos satélites confinados à mama (inclui pele de laranja)

. T4c T4a + T4b

. T4d Carcinoma inflamatório

N- Envolvimento ganglionar regional

Nx

Clinico (cN)

Gânglios regionais não avaliáveis

N0 Sem metastização ganglionar regional

N1 Metástases nos gânglios axilares ipsilaterais nível I, II moveis

N2 Metástases nos gânglios axilares ipsilaterais nível I. II fixos ou em conglomerado; ou nos gânglios da cadeia mamária interna clinicamente detetáveis na ausência de gânglios axilares

. N2a Gânglios axilares ipsilaterais nível I, II fixos uns aos outros ou fixos a outras estruturas

. N2b Metástases clinicamente aparentes na cadeia mamária interna, na ausência de gânglios linfáticos axilares

N3 Metástases nos gânglios infraclaviculares ipsilaterais (nível III) com ou sem gânglios linfáticos axilares nível I, II, ou metástases aparentes nos gânglios da cadeia mamária interna, com gânglios axilares nível I, II; ou metástases nos gânglios supraclaviculares com ou sem gânglios linfáticos axilares ou na mamária interna invadidos

. N3a Metástases nos gânglios infraclaviculares ipsilaterais

. N3b Metástases nos gânglios da mamária interna ipsilateral e nos gânglios axilares

. N3c

Metástases nos gânglios supraclaviculares ipsilaterais

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Patológico (pN)

pNX

pN0

pN0 (i-)

pN0 (i+)

pN0 (mol-)

pN0 (Mol+)

pN1

pN1mi

pN1a

pN1b

pN1c

pN2

pN2a

pN2b

pN3

pN3a

pN3b

pN3c

Gânglios regionais não avaliáveis

Sem metastização ganglionar regional

Sem metástases ganglionares na histologia e imunohistoquímica negativa (IHC)

Células malignas nos gânglios regionais não superiores a 0,2 mm na coloração por H&E ou IHC

Sem metástases ganglionares na histologia e achados moleculares negativos (RT-PCR

Achados moleculares positivos (RT-PCR), mas sem metástases ganglionares detetadas por histologia ou IHC

Micrometástases; ou metástases em 1-3 gânglios axilares; e/ou gânglios da mamaria interna com metástases detetados por SLNB mas não detetado clinicamente

Micrometástases (>0,2 mm e/ou >200 células, mas não > 2,0mm)

Metástases em 1-3 gânglios axilares, pelo menos uma metástases >2,0 mm

Metástases nos gânglios da mamária interna com micrometástases ou macrometástases detetadas por SLNB mas clinicamente não detetáveis

Metástases em 1-3 gânglios axilares e gânglios da mamária interna com micrometástases ou macrometástases detetados por SLNB mas não clinicamente detetáveis

Metástases em 4-9 gânglios axilares; ou gânglios da mamária interna clinicamente detetáveis na ausência de metástases dos gânglios da axila

Metástases em 4-9 gânglios axilares (pelo menos um com depósitos >2.0 mm)

Metástases em gânglios da mamária interna clinicamente detetáveis na ausência de metástases nos gânglios da axila

Metástases em 10 gânglios da axila; ou em gânglios infraclaviculares (nível III da axila); ou em gânglios clinicamente detetáveis da mamaria interna ipsilateral na presença de um ou mais gânglios positivos no nível I, II da axila; ou em mais de três gânglios da axila e em gânglios da mamária interna com micrometástases ou macrometástases detetados por SLNB mas não clinicamente destetáveis; ou em gânglios supraclaviculares ipsilaterais.

Metástases em 10 gânglios da axila (pelo menos um depósito tumoral com >2,0 mm); ou metástases nos gânglios infraclaviculares (nível III da axila)

Metástase em gânglios da mamária interna ipsilateral clinicamente detetaveis na presença de um ou mais gânglios positivos na axila; ou em mais de três gânglios da axila e em gânglios da mamária interna com micrometástases ou macrometástases detetados por SLNB mas não clinicamente detetaveis.

Metástases nos gânglios supraclaviculares ipsilaterais

M- Metastização à distância

Mx Metastização à distância não avaliável

M0 Sem metastização à distância

M1 Com metastização à distância

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Tabela 2: Estadiamento e classificação TNM do cancro da mama

Estadio anatómico

Grupos de prognóstico

Estadio 0 Tis N0 M0

Estadio IA T1* N0 M0

Estadio IB T0 N1mi M0

T1* N1mi M0

Estadio IIA T0 N1 M0

T1* N1 M0

T2 N0 M0

Estadio IIB T2 N1 M0

T3 N0 M0

Estadio IIIA T0 N2 M0

T1* N2 M0

T2 N2 M0

T3 N1, N2 M0

Estadio IIIB T4 N0, N1, N2 M0

Estadio IIIC T qualquer N3 M0

Estadio IV T qualquer N qualquer M1

Nota: T1* inclui mi (microinvasão)

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Tabela 3: Estadiamento do cancro da mama e tratamentos recomendáveis

Estadio Definição Plano de tratamento

Estadio 0 As células neoplásicas encontram-se circunscritas ao ducto ou lóbulo (Tis), sem invasão da membrana basal.

- Remoção completa do tumor ou parte da mama (cirurgia conservadora).

mais

- Radioterapia em toda mama.

ou

- Mastectomia.

- Ponderar terapia hormonal no CDIS se RH positivos.

Estadio I (A e B)

Tumor < 2cm de diâmetro e gânglios não invadidos (podem ser encontrados pequenos aglomerados de células cancerígenas nos gânglios linfáticos).

- Remoção completa do tumor ou parte da mama (cirurgia conservadora) e pesquisa dos gânglios sentinela + Radioterapia em toda mama.

ou

- Mastectomia radical (remoção de toda mama).

mais

- Decisão de terapia sistémica (hormonoterapia, quimioterapia, terapia dirigida ao HER2) de acordo com o grau do tumor e estado dos recetores hormonais e HER2).

Estadio II (A e B)

Tumor < 2 cm de diâmetro com gânglios linfáticos na axila positivos ou tumor entre 2 cm e os 5 cm com ou sem invasão dos gânglios linfáticos da axila ou tumor com mais de 5 cm sem gânglios linfáticos da axila invadidos.

- Remoção completa do tumor ou parte da mama (cirurgia conservadora) e esvaziamento ganglionar da axila (ponderar pesquisa de gânglios sentinela se gânglios da axila clinicamente negativos).

mais

- Radioterapia em toda mama (e axila se gânglios invadidos).

- Se tumor clinicamente T3 ou gânglios da axila clinicamente positivos considera quimioterapia neoadjuvante

ou

- Mastectomia radical (remoção de toda mama)

mais

- Terapia sistémica (hormonoterapia, quimioterapia, terapia dirigida ao HER2) de acordo com o grau do tumor e estado dos recetores hormonais e HER2

Estadio III (A, B, e C)

Tumor de qualquer tamanho, com invasão da parede do tórax ou pele e/ou que invade quatro ou mais gânglios da axila ou invade os gânglios linfáticos locoregionais além da axila.

- Quimioterapia neoadjuvante (em casos especiais ponderar hormonoterapia) seguida de mastectomia radical com esvaziamento ganglionar da axila (se boa resposta à terapêutica sistémica ponderar cirurgia conservadora)

mais

- Terapia sistémica (hormonoterapia, quimioterapia, terapia dirigida ao HER2) de acordo com o grau do tumor e estado dos recetores hormonais e HER2

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Estadio IV O cancro que se disseminou para os órgãos à distância (metástases) tais como ossos, pulmões, fígado, cérebro, etc.

- Terapia sistémica (hormonoterapia, quimioterapia, terapia dirigida ao HER2) de acordo com o grau do tumor e estado dos recetores hormonais e HER2

e

- Radioterapia paliativa para controlo de sintomas

e

- Terapêutica dirigida ao osso (bibosfonatos ou donosumab) se metástases ósseas

e

- Tratamento sintomático

Quanto menor o estadiamento da doença maior é a probabilidade de sobrevivência

a longo prazo das mulheres com cancro da mama (15).

Existem alguns indicadores de bom prognóstico tais como tumor pequeno, ausência

de invasão patológica dos gânglios linfáticos, baixo grau nuclear do tumor, ausência de

invasão linfovascular e recetores hormonais positivos (15).

4- Tratamentos

O tratamento do cancro da mama depende das características do próprio cancro,

do seu estadiamento e de fatores do hospedeiro. Existem vários tipos de tratamentos

sendo uns mais invasivos do que outros e com efeitos secundários diferentes.

A cirurgia pode ser conservadora (tumorectomia) ou mastectomia. Os outros

tratamentos são a radioterapia e as terapias sistémicas (hormonoterapia, quimioterapia,

terapia orientada para o HER2 - trastuzumab, lapatinib, pertuzumab - e outras terapias

biológicas como o bevacizumab, …). A QT, a hormonoterapia e terapias biológicas são

consideradas sistémicas porque atuam no tumor e em possíveis metástases espalhadas

pelo corpo (5, 16).

Neste estudo o foco incide, mais especificamente, na QT neoadjuvante e adjuvante,

pois pretende-se avaliar o efeito da acupuntura/moxabustão na sua eficácia e toxicidade

Sendo uma terapia sistémica, a QT tem por objetivo atuar no tumor primário e

eliminar as células tumorais que possam ter alcançado outras partes do corpo. As

características histológicas e biológicas do tecido tumoral, identificados pelos exames

laboratorial da biópsia e do tumor removido cirurgicamente, são essenciais para decidir

qual a terapia ou combinação de terapias e os protocolos mais apropriados. Estas

características tumorais incluem o tamanho do tumor, o número de gânglios linfáticos

envolvidos, a metastização à distância, o tipo histológico, o grau, as margens de receção,

o estado dos recetores hormonais, o estado HER2 e o perfil de expressão multigénica. A

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idade, o estado de menopausa e as condições médicas do doente são fatores

importantes para se poder tomar uma decisão informada relativamente a um tratamento

sistémico (5).

A QT neoadjuvante é utilizada antes do tratamento locoregional (cirurgia e/ou

radioterapia) e tem por finalidade reduzir o tumor primário aumentando a eficácia das

terapêuticas locais e atuar mas possíveis micrometástases. A QT adjuvante é utilizada

depois das terapêuticas locoregionais potencialmente curativas e tem por finalidade

eliminar possíveis micrometástases não detetaveis pelos exames atualmente ao nosso

dispor.

A QT pode ser associada a outras terapêuticas sistémicas sequencial ou

concomitante de acordo com as características do tumor (RH e/ou recetor HER2). (19,

20).

Os tratamentos de QT consistem na combinação de dois ou mais fármacos

anticancerígenos, administrados segundo um protocolo rigoroso baseado em ensaios

clínicos (17). Os tratamentos realizam-se em ciclos de 7, 14, 21 ou 28 dias de intervalo

de tempo entre eles, com 4, 6 ou 8 ciclos repetidos no total, dependendo do estadio da

doença e de outros fatores do tumor. Os tratamentos são normalmente denominados

pelas letras iniciais dos fármacos (p. ex. FEC, significa uma combinação de 5-

Fluorouracilo, Epirrubicina e Ciclofosfamida; AC, uma combinação de Doxurribicina ou

Adriamicina + Ciclofosfamida; TC, uma combinação de Docetaxel e Ciclofosfamida). As

quimioterapias, para o cancro da mama, são geralmente baseadas nas antraciclinas e

nos taxanos. Contudo, há protocolos, como o TCH (Docetaxel + Carboplatina +

Trastuzumab) que incluem anticorpos, como o trastuzumab (17).

Os efeitos secundários da QT são vários, para além da interferência negativa com o

sistema imunitário humano, incluem: náusea, vómito, anorexia, perda de paladar,

inflamação da boca, mielossupressão, toxicidade neurológica, diminuição de peso,

alterações no funcionamento dos ovários, alterações a nível do funcionamento cardíaco,

fadiga, dores musculares e articulares, disfunções a nível cognitivo e, consequentemente

uma diminuição da qualidade de vida (18).

Embora a finalidade da QT seja tratar a doença oncológica, na realidade ela

provoca efeitos secundários desagradáveis e influencia o funcionamento do sistema

imunitário, tendo um efeito imunossupressor, sendo por isso, muitas vezes necessária, a

administração de fatores estimulantes de crescimento dos leucócitos (19, 20, 21, 22).

Alguns dos efeitos secundários da QT, serão avaliados neste estudo, nos questionários

de qualidade de vida, e pretende-se avaliar a sua minimização com os tratamentos de

AM. Dado as bases empíricas e os poucos estudos randomizados, este estudo torna-se

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de grande importância na investigação de como a acupuntura/moxabustão pode ajudar

no prognóstico e a qualidade de vida/tolerabilidade das terapias convencionais contra o

cancro, reduzindo os seus efeitos colaterais (19, 23), com a vantagem de ser uma terapia

segura (24).

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B - Imunologia

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1- Sistema imunológico O Sistema imunológico é constituído por órgãos linfoides primários e secundários,

uma grande variedade de células e múltiplos fatores solúveis. É principalmente nos

órgãos secundários que são desencadeadas as respostas imunológicas que permitem

proteger o organismo contra agressões externas, mas também internas (por exemplo

células alteradas ou cancerosas). O sistema imunológico é fundamental para manter o

equilíbrio homeostático do organismo.

A primeira linha de defesa do organismo contra os patógenos envolve a resposta

inata que é coordenada pelos fagócitos, enquanto a defesa mais específica fica a cargo

da resposta adaptativa que é coordenada pelos linfócitos.

Os principais componentes celulares do sistema imune são as células T, as células

B, as células NK, fagócitos mononucleares (monócitos), neutrófilos, eosinófilos, basófilos

e mastócitos.

Os linfócitos são leucócitos produzidos na medula óssea, que se diferenciam em

células pré-B dando origem aos linfócitos B, e em pró-timócitos que dão origem aos

linfócitos T.

As células natural killer (NK), também linfócitos, são células maiores consideradas

células do sistema imune inato1 porque não necessitam de ser ativadas por antígenos

específicos, embora tenham ações importantes na imunidade adaptativa, pois estimulam

a produção de linfócitos T e B (25, 26).

Os linfócitos T dividem-se em citotóxicos (Tc), tendo a função de destruir as células

infetadas por vírus, bactérias ou células tumorais, linfócitos T auxiliares (Th1 e Th2), que

coordenam as respostas imunes e estimulam a transformação dos linfócitos B em

plasmócitos, e linfócitos T reguladores (Treg) que tanto podem promover a resposta

imunitária como a inibe.

Os linfócitos B são responsáveis pela produção de anticorpos e apresentam um

recetor de superfície específico para cada antígeno.

Para além das células existem moléculas importantes que ajudam na defesa dos

organismos tais como os anticorpos, as citocinas e as quimiocinas que medeiam a

comunicação entre a resposta imune e a célula-alvo (25, 26).

1 Na literatura atual as células NK são consideradas como sendo células do sistema imune inato, mas também como do

sistema imune adaptativo, por serem células altamente sofisticadas e com capacidade de memória (Caligiuri, M.A., 2008).

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Figura 3: Células hematopoiéticas. Fonte: pt.wikipedia.org

As citocinas são moléculas solúveis, proteicas, de baixo peso molecular que

regulam a função celular, medeiam a comunicação intercelular e induzem a ativação de

recetores específicos de membrana. As citocinas têm outras funções, tais como, a

mobilidade, a proliferação e a diferenciação celular, quimiotaxia, e o crescimento e

modelação da secreção de imunoglobulinas (Ig). São produzidas por uma série de

células distintas, tais como os linfócitos, os macrófagos ativados, os leucócitos

polimorfonucleares, as células endoteliais e epiteliais e do tecido conjuntivo.

As citocinas incluem as interleucinas (IL), interferons (IFN), Fator de Necrose

Tumoral (TFN, do inglês, Tumor Factor Necrosis), quimiocina (CC), Factor de

Crescimento Tumoral (GTF, do inglês, Growth Tumor Factor), e Facto Estimulante de

Colónias (CSF, do Inglês, Colony Stimulanting Factor). Elas agem na inflamação, na

imunidade celular, na imunidade humoral, e na homeostasia do sistema imune.

As principais citocinas de inflamação são a IL-1, IL-6, IL-8, IL-12, IL-16, o IFN e o

TNF-α. A imunidade humoral é modulada pelas citocinas IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13

secretadas pelos Th2, mastócitos, eosinófilos e alguns macrófagos.

Os interferons são fatores solúveis com funções antivirais e imuno moduladoras,

podendo ser classificados em interferons alfa (IFN-) e beta (IFN-), IFNs do tipo I ou

antivirais, ou em interferons gama (IFN-y), IFNs do tipo II ou imunes.

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O interferon gama (IFN-y) é o principal ativador de macrófagos, de células

citotóxicas T e NK e, ainda, indutor de produção de imunoglobulinas (Ig).

Durante a inflamação, os macrófagos e outras células apresentam os antígenos aos

linfócitos T auxiliares, os quais vão ativar a imunidade específica celular e humoral

através da secreção de citocinas. Os macrófagos também irão ativar a produção de

moléculas de óxido nítrico, quimiocinas, monocinas, entre outras, de forma que a

resposta imune possa ser eficaz e neutralizar o agente patogénico (27, 28).

Os linfócitos Th1 irão induzir uma reposta de imunidade celular enquanto os Th2

irão induzir uma resposta humoral (produção de anticorpos pelos linfócitos B).

Todas as moléculas e células do sistema imunitário, embora com funções

específicas, comunicam-se entre si e afetam os comportamentos umas das outras.

2- As células NK

As células NK exercem funções biológicas sofisticadas, tal como a citotoxidade, que

são atribuídas à imunidade inata e adaptativa, ultrapassando, assim, as barreiras dos

dois tipos de imunidade. As células NK são importantes produtoras de citocinas, tais

como o IFN-y, e de uma série de outras citocinas pró-inflamatórias e imunossupressoras

como o FNT, algumas IL, bem como os fatores de crescimento, tais como o fator de

estimulação de colónias de granulócitos (CSF-G, do inglês, Granulocyte - Colony

Stimulating Factor) e de granulócitos-macrófagos (CSF-GM, do inglês, Granulocyte-

Macrophage - Colony Stimulating Factor).

A produção de IFN-y pelas células NK ajuda a moldar as respostas dos linfócitos T,

nos gânglios linfáticos, devido à interação dos linfócitos T naive com as células NK, que

migram para os compartimentos linfoides secundários dos tecidos periféricos inflamados,

e por uma ação indireta sobre as células dendríticas (CD) (29, 30).

As células NK também segregam várias quimiocinas, citocinas específicas

responsáveis por estimular o aumento dos leucócitos e regular a sua migração do sangue

para os tecidos, para além de estimular a produção de novas citocinas e auxiliar nas

diferenciações celulares (29, 30).

As NK correspondem a 5-15% das células mononucleares do sangue periférico e o

seu tamanho é ligeiramente maior que o dos linfócitos pequenos. O seu citoplasma

granular abundante permite diferenciá-las dos linfócitos T. Tanto as células NK como os

linfócitos T tem numerosas moléculas de superfície semelhantes que intervêm na

eliminação das células infetadas por vírus e células neoplásicas. Os linfócitos T

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citotóxicos (CD8+), pertencentes à imunidade adaptativa, requerem sensibilização prévia

para serem ativados (33) enquanto as células NK não necessitam ser ativadas por

antígenos específicos.

A sua atividade é regulada por ativação e inibição das moléculas recetoras

expressas na superfície celular. Os ligantes que ativam os recetores da atividade das

células NK são induzidos por stress celular, enquanto os ligantes inibitórios, que

bloqueiam a atividade das células NK, envolvem as proteínas MHC de classe I. Nas

células infetadas por vírus, bactérias e (mais discutível) nas células tumorais há uma

redução na expressão das moléculas MCH classe I, o que as torna mais suscetíveis ao

ataque pelas células NK e linfócitos T. As células normais do corpo humano não estão

expostas à destruição pelas células NK porque todas as células nucleadas expressam

moléculas MHC classe I que as tornam tolerantes ao sistema imune. As células NK têm

uma vida curta, existem na circulação de um adulto num número superior a 2 mil milhões

e podem eliminar as células-alvo no espaço de uma a quatro horas, sem ativação ou

sensibilização prévia.

A produção de citocinas mediadas pelas células NK tem um impacto na produção

de células dendríticas, nos macrófagos e nos neutrófilos para além de ter uma função

reguladora.

3- A importância da imunovigilância e da imunoedição

Na década de 1950 Macfarlane Burnet e Lewis Thomas (34) formalizaram a

hipótese de imunovigilância, sugerindo que a principal vantagem evolutiva da imunidade

celular seria o controlo do crescimento neoplásico nos organismos multicelulares. A

imunovigilância seria, assim, a capacidade do sistema imune em reconhecer e inibir o

processo neoplásico. Contudo, a evolução da imunologia fez nascer um novo conceito

complementar, o da imunoedição, segundo o qual a pressão seletiva do sistema imune

molda o perfil antigénico dos tumores.

Este processo decorre em três fases distintas (35): fase de eliminação

(imunovigilância) - nesta fase o sistema imune reconhece um antígeno tumoral ou uma

modificação no tecido envolvido e proporciona o ataque às células neoplásicas; fase de

equilíbrio - em que as células imunes e células tumorais sobreviventes entram num

equilíbrio dinâmico; e fase de escape ou evasão das células tumorais - onde as

células tumores acumulam capacidades que impedem o ataque do sistema imune (30).

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No cancro desde a primeira célula alterada até às metástases, é desencadeada

uma complexa rede de vias de sinalização, incluindo células NK e linfócitos T, que levam

a uma série de interações entre a célula neoplásica, as células imunes, células

endoteliais, macrófagos e o estroma em que estão envolvidos processos tão diversos

quanto a angiogénese, invasão e evasão imune (36).

Apesar do longo debate acerca da capacidade das células T destrui os tumores

(37) sucesso recente sem precedentes na imunoterapia das doenças malignas tem

mostrado que o sistema inume endógeno do doente pode ser alterado para atacar os

tumores (38). O grande obstáculo na imunoterapia do tumor é o facto de que os

mecanismos de Auto tolerância que previnem a autoimunidade também podem perturbar

a resposta das células T contra os tumores, que não diferem substancialmente do próprio

(39). As mutações missense nas células tumorais levam à codificação de neopeptideos

mutantes com capacidade de iniciar resposta das células T mediada pelos complexos de

histocompatibilidade major (MCH) classe I (40). O reconhecimento de antigénios tumorais

pelos linfócitos T faz-se através dos recetores antigénicos específicos das células T

(TCR). Estes antigénios são apresentados às células T pelas células apresentadoras de

antigénios (APC). O principal mecanismo específico de morte da célula tumoral envolve a

ação das células citotóxicas. Os linfócitos T CD8+ reconhecem peptídeos que são

apresentados pelas moléculas de MHC classe I à superfície das células tumorais. Para

além de fatores genéticos e epigenéticos, fatores do microambiente do tumor também

parecem estar envolvidos.

Como consequência da presença de moléculas MHC de classe I, os linfócitos

efetores anti tumorais não reconhecem as células tumorais como alvo, não procedendo

portanto à sua eliminação. A não perda da expressão de MHC-I resulta na seleção de

variantes tumorais não imunogénicas que, assim, se evadem à imunidade mediada por

linfócitos T CD8+.

A imunidade inata, a principal via efetora contra células tumorais depende das

células NK. As células NK expressam um grande número de recetores na sua superfície,

tanto ativadores como inibidores, cujos ligandos são moléculas de MHC classe I. Assim,

a atividade citotóxica natural das células NK é regulada pelo nível de expressão de

moléculas MHC classe I nas células-alvo As células alvo de lise pelas NK não

apresentam (ou apresentam poucas) moléculas de MHC classe I (27, 30).

As células NK conseguem reconhecer as células alteradas, que escaparam à ação

citotóxica dos linfócitos T. A função citotóxica das células NK ocorre através da libertação

de grânulos de perforinas e granzimas, que levam à lise das células-alvo. Perforinas e

granzimas são também mediadores preformados, armazenados em grânulos nos

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linfócitos Tc. As perforinas são capazes de formar poros transmembrana na célula-alvo

que permitem a entrada de outras moléculas efetoras como as granzimas, ou de água,

causando a lise por osmose. As granzimas, por sua vez, entram na célula-alvo através

dos poros previamente formados, ativam proteínas intracelulares e induzem apoptose

(41).

Figura 4: As fases da imunoedição. Fonte: archive.cancerimmunity.org

4- Sistema imunológico e o cancro de mama

Segundo Standish et al, 2008 (36), o estado do sistema imunitário, que pode ser

avaliado através de marcadores imunológicos e inflamatórios, ajuda a prevenir o

aparecimento do cancro primário, recorrente ou metastático. Os linfócitos, incluindo as

células T, as células Treg e as células NK e a libertação de citocinas, estão envolvidos

tanto na prevenção primária como na prevenção secundária do cancro.

O curso clínico do cancro de mama e a sobrevida variam de acordo com as

características próprias do tumor e da paciente. Esta variação é determinada por uma

série complexa de fatores, ainda não completamente compreendidos, relacionados com a

condição imunológica e hormonal do paciente, entre outras. Apesar de certos aspetos,

como o tamanho do tumor primário e as condições dos gânglios linfáticos, continuarem a

ser fatores importantes na avaliação prognóstica, uma série de características

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histológicas e biológicas como grau nuclear, grau histológico, o estado dos recetores

hormonais e HER2 são considerados determinantes. A função do sistema imunitário, a

resposta das células NK às terapêuticas instituídas, a imunossupressão produzida pelas

terapias e a função das células T parecem ser fatores de fundamental importância no

prognóstico.

Para além da contagem dos glóbulos brancos e dos neutrófilos, como marcadores

do sistema imunológico, existem outros indicadores que nos dão informações valiosas

tais como os linfócitos T e B, as células NK e os níveis de citocina.

Vários estudos evidenciam a grande importância das células NK tanto na

prevenção como no contexto da doença estabelecida (42, 43, 44). Nesses estudos foram

observadas alterações na citotoxidade das células NK que influenciaram as fases iniciais

do desenvolvimento do tumor e diferenças significativas entre mulheres saudáveis e

mulheres com cancro da mama invasivo antes do tratamento de quimioterapia, incluindo

depressão nas NK e linfoquinas citotóxicas, reguladoras das células NK, diminuição dos

níveis IL-2, GM-CSF, IFN-γ e um aumento dos níveis de TNF-α e IL-6 (45).

A supressão da atividade das células NK pode ser um fator importante no aumento

tumoral devido ao stress celular (41). Estudos em mulheres com cancro de mama

sugerem que vários aspetos da imunidade estão alterados, devido às características do

hospedeiro, incluindo a diminuição do número e função das células NK (46, 47). Neste

sentido, torna-se pertinente implementar uma terapia que reforce o aumento e a função

das células NK de forma a potenciar a ação do sistema imune contra as células

neoplásicas.

5- Sistema imunológico e a quimioterapia

Os fármacos utilizados na quimioterapia podem “confundir” as células normais com

as células cancerígenas. Quando isso acontece, efeitos colaterais podem ocorrer,

fazendo com que as células do sistema imunológico sejam destruídas e que a defesa do

organismo fique enfraquecida, havendo o risco de infeção e, teoricamente, progressão do

tumor (48).

A neutropenia é muito comum nos tratamentos de quimioterapia e quando se

verifica uma descida da contagem de neutrófilos para valores perigosos (< 1000/mm3) é

ponderada a administração de fator de crescimento do leucócito G-CSF (Neupogen, por

ex.) ou fatores de crescimento hematopoiéticos (HGF, do inglês Hematopoietic Growth

Factor) com o objetivo de estimular a proliferação, a diferenciação e a sobrevida das

células hematopoiéticas (26). Durante o tratamento de QT são realizadas análises de

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sangue periodicamente, a fim de vigiar a contagem de glóbulos vermelhos, brancos,

neutrófilos, plaquetas e de outros marcadores de defesa do organismo.

Num estudo realizado por Lu W. et al, no Dana-Farber Cancer Institute, em Boston,

nos EUA (49, 50) verificou-se que um grupo de doentes oncológicos a fazer tratamentos

de QT, que fizeram acupuntura durante o tratamento, tiveram duas vezes menos

neutropenia e leucopenia e valores mais elevado de glóbulos brancos, em comparação

com o grupo que não fez acupuntura (1, 2).

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C – Cancro da mama e qualidade de vida

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1. Qualidade de vida e saúde

O cancro da mama é uma experiência que pode despertar o medo, a raiva, a

insegurança, sentimentos de baixa autoestima e depressão, para além de outros

sentimentos pessoais que estão relacionados com a história de vida de cada uma das

mulheres a quem foi diagnosticado o cancro (50, 51).

A QdV, neste estudo, será relacionada com o cancro da mama e também com o

tratamento de QT a que as mulheres foram submetidas. A QT é uma terapia sistémica

que pode provocar distúrbios na função sexual, no funcionamento emocional, dor, fadiga,

náuseas, vómitos, para além do risco de infeção devido à imunossupressão.

A qualidade de vida (procura do hedonismo) tem sido uma preocupação constante

do ser humano desde o início da sua existência. Assim, conceptualizar e avaliar a

qualidade de vida assume-se como uma tarefa bastante difícil, devido à subjetividade

envolvida neste processo. Todos os instrumentos que avaliam a qualidade de vida

assentam na perceção que o indivíduo tem sobre a sua saúde. Neste estudo, a

mensurabilidade dos valores analíticos do sangue (hemograma completo, contagem

absoluta de neutrófilos, células NK e linfócitos T e B) vem colmatar, de algum modo a

subjetividade, e dotar o estudo de uma maior credibilidade científica.

A QdV é a perceção que o indivíduo tem do seu lugar na vida, no contexto da

cultura e do sistema de valores nos quais vive, em relação com os seus objetivos, os

seus desejos, as suas normas e as suas inquietudes. É um conceito muito amplo que

pode ser influenciado de maneira complexa, pela saúde física do indivíduo, pelo estado

psicológico e pelo seu nível de independência, as suas relações sociais e as suas

relações com os elementos essenciais do seu meio (52).

O estudo da QdV em contextos de saúde/doença tem como objetivo primordial

colocar em evidência aspetos, diretos e indiretos, que resultem do impacto da doença ou

dos tratamentos na vida do doente. Citando Bowling, e numa perspetiva de cuidados de

saúde, “a QdV pode referir-se ao bem-estar social, emocional e físico dos doentes a

seguir ao tratamento, pelo que deve incluir alguma avaliação do nível de satisfação do

doente com o mesmo, com os resultados obtidos, com o estado de saúde e as

perspetivas futuras” (53). Assim, temos dois tipos de QdV, a qualidade de vida

relacionada mais com os aspetos psicológicos, e a qualidade de vida relacionada com a

saúde (QdVRS). Estes dois tipos de QdV guardam, entre si, uma relação de

complementaridade (54).

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A avaliação da QdVRS em doentes oncológicos é de grande importância, uma vez

que possibilita uma avaliação clínica holística, facilita a tomada de decisão clínica e do

doente, pode ser considerada um fator de prognóstico, assim como permite um melhor

conhecimento dos tratamentos em ensaios clínicos (55, 56, 57). Alguns estudos sobre a

QdV revelam fragilidades do tratamento do cancro e, por vezes, indicam a direção a

tomar para que se obtenha maior eficácia.

De todas as neoplasias sujeitas a avaliações e estudos de QdVRS, o cancro da

mama destaca-se. A atenção redobrada sobre a QdVRS de mulheres com este tipo de

patologia prende-se com o facto de ser a neoplasia mais incidente na mulher, de existir

uma conjugação entre deteção precoce e acesso facilitado a tratamentos cada vez mais

dirigidos à especificidade das características patológica das doentes, se verificar um

grande impacto da patologia na identidade e no desempenho de papéis sociais da mulher

(mãe, esposa, profissional). Por outro lado, uma avaliação clínica, que englobe um olhar

sobre a QdVRS, possibilita uma melhor prestação de cuidados de saúde a este tipo de

doentes (58, 59).

Ao longo das últimas décadas tem-se verificado um crescente número de artigos

publicados, o que demonstra a relevância do tema.

O cancro da mama tem um grande impacto, em várias áreas, da vida de uma

mulher fazendo com que experienciem reações psicológicas adversas sendo frequentes

o aparecimento da depressão e da ansiedade. Estas reações podem contribuir para o

agravamento da doença e influenciar, negativamente, os resultados dos tratamentos

(58,59,60).

2- A influência dos aspetos psicológicos no sistema imunológico e na

qualidade de vida

Figura 5: Esquema de Interligação entre o cancro, a saúde física e mental

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Figura 6: Esquema de interligação entre o cancro, os tratamentos de AM e a saúde física e

mental

Estudos efetuados com o objetivo de aferir o impacto dos níveis de depressão e

ansiedade no prognóstico do cancro da mama, como os realizados por

Lueboonthavatchai (2007) com 300 mulheres com cancro da mama (60) e por Hjerl et al.

(2003) com 20.593 mulheres (61), verificaram que os elevados níveis de ansiedade e

depressão interferiram, negativamente, nos resultados dos tratamentos, nas estratégias

de coping para lidar com as situações da vida diária, e também estavam relacionados

com o elevado risco de mortalidade.

A psicoimunologia aponta para o facto de que o stress subjetivo tem efeitos

fisiológicos tanto ao nível do sistema nervoso central como ao nível do sistema imune

(62). Obviamente que as situações de stress temporário não provocam tantos danos

como as situações crónicas. Nos estudos realizados para avaliar o sistema imune foram

tidos em consideração o comportamento dos linfócitos T e B, das células NK e de

algumas substâncias imunes como as citoquinas e os anticorpos.

Segerstrom, (1998) (61) e Miller, (2001) (62) analisaram os diferentes tipos de

fatores stressantes e mostraram que o efeito imunológico dos fatores de stress depende

da sua duração. Verificaram que o stress agudo, como falar em público, por exemplo,

provocava um aumento no número e na toxicidade das células NK, um aumento no

número de linfócitos T citotóxicos, neutrófilos e linfócitos granulares grandes do sangue

periférico. Constataram também que o prolongamento do estado de stress ao longo do

tempo estava associado a uma diminuição da imunidade celular, tais como alterações de

citoquinas (aumentos nos níveis de IL-6, IL-10 e diminuição de IFN-y), desvio da

imunidade celular (Th1) em direção à imunidade humoral (Th2), diminuição de

citotoxidade das células NK e da proliferação das células T (63).

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A perceção do stress desencadeia a ativação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal

(HHA) e do eixo Medular Simpático-Adrenal (MSA), iniciando a influência hormonal sobre

o sistema imunológico. Os traços de personalidade também têm um papel importante na

resposta imunitária. Pessoas com estratégias de coping mais eficazes e com

pensamentos mais positivos desencadeiam respostas imunitárias mais eficientes,

nomeadamente em relação à contagem das células Th e da citotoxidade das células NK

(64).

Pode-se afirmar que o padrão de pensamento psicológico e as características do

elemento stressor afetam a resposta fisiológica ao stress, fazendo com que a resposta

imune seja alterada. Para reforçar a imunidade, para que a vivência de cancro seja

superada, espera-se que a intervenção pela acupuntura e pela moxabustão possam

minimizar os aspetos psicológicos relacionados com a doença, fazendo com que o fator

stressor seja percecionado como uma situação ultrapassável, tornando o otimismo uma

variável importante na promoção do sistema imune (65).

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D - Medicina Tradicional Chinesa

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1- Conceitos gerais da Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) baseia-se na filosofia do taoismo, iniciado

por Lao-Tse, nos séculos V e VI A.C. O livro de Tao Te Ching (O livro do Caminho)

descreve os princípios que levam ao Tao. O Tao significa o “caminho” e o “sentido” que

leva à compreensão da vida, do mundo e do homem. O homem e a natureza fundem-se

num só. Direta ou indiretamente somos influenciados pelos ciclos da natureza. A

qualidade desta relação irá determinar o grau de harmonia e de saúde. As diferentes

partes do homem estão interrelacionadas, formando uma unidade, onde as emoções e os

pensamentos influenciam o funcionamento dos diferentes sistemas orgânicos, o corpo

físico e vice-versa (65, 66).

A MTC utiliza várias técnicas que permitem a compreensão e a intervenção em

todos os domínios humanos. A acupuntura2 promove a harmonização do corpo físico,

mental, emocional e espiritual através da desobstrução da passagem do qi3, pelos pontos

de acupuntura localizados em canais (condutos) específicos distribuídos pelo corpo, de

forma a equilibrar o yin4 e o yang. A moxabustão5 que tem por objetivo aquecer os pontos

ou os condutos de forma a remover a humidade e o frio que bloqueiam a circulação do qi,

do xue6 e dos fluidos orgânicos. Para além destas duas técnicas, existem ainda a

fitoterapia, que utiliza ervas e ingredientes de origem animal ou mineral na sua

composição, a terapia alimentar, que trata e previne as doenças através de alimentos e

da sua preparação, respeitando o conceito de yin e yang, as práticas físicas, como o Qi

Gong7 e o Tai Chi, e a massagem chinesa, Tui Na.

Assim, a MTC utiliza uma abordagem holística na compreensão da saúde e da

doença. Os fatores físicos, psicológicos, mentais e constitucionais estão implicados na

avaliação da saúde. O grande desafio atual é conseguir juntar a medicina convencional

com as medicinas ditas alternativas ou tradicionais, mas torna-se necessária a aplicação

do método científico para provar ou negar as suas complementaridades. O desafio da

MTC é desenvolver resultados repetíveis, demonstráveis, padronizados e controlados. As

bases científicas da acupuntura estão a ser desenvolvidas através da realização de

2 A palavra acupuntura tem a sua origem no latim sendo que acus significa agulha e punctura significa puncionar; inserção

de uma agulha muito fina nos pontos de acupunctura. 3 A noção de qi na Medicina Chinesa está relacionada com a noção de energia vital. Contudo, segundo Porket qi refere-se

a energia imaterial com qualificação e direção. No Modelo de Heidelberg, qi é a capacidade vegetativa que faz funcionar os tecidos ou órgãos podendo causar a sensação de pressão e de fluxo. 4 A Medicina Tradicional Chinesa emprega as teorias do yin e do yang para explicar as funções fisiológicas do organismo,

as mudanças patológicas e as relações internas dos órgãos, as leis gerais de diagnóstico e tratamento. O conceito de yin e yang sintetiza duas partes contraditórias e complementares dos fenômenos da natureza e que se relacionam mutuamente (p.ex. dia = yang e noite=yin). 5 Moxabustão é uma espécie de acupuntura térmica que é feita através da combustão, de charutos ou cones de artemísia

sinensis ou artemisia vulgaris. 6 Xue é um conceito da Medicina Chinesa que se aproxima do conceito de sangue na medicina ocidental.

7 O Qi Gong é a prática de exercícios de saúde utilizados na Medicina Chinesa.

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estudos, por especialistas na área, mas verifica-se, ainda, a escassez de estudos clínicos

bem desenhados, pragmáticos e controlados.

Os estudos no domínio da biomodulação (ajustamento reativo ou associado ao

estado bioquímico ou celular de um organismo) têm descrito a interação da acupuntura

com o comportamento biológico e fisiológico do organismo como, por exemplo, aumentar

a resposta anti tumoral do hospedeiro, incluindo a imunoterapia (66, 67).

Na Medicina Ocidental (MO), o cancro é considerado, do ponto de vista somático,

como um clone de células anormais que tem superado as restrições ambientais e os

mecanismos de controlo. A principal filosofia do tratamento do cancro é a aniquilação

direta das células cancerosas, usando para esse efeito terapias mais “agressivas” e

“destrutivas”. Presentemente está-se a investigar muito os terapêuticos dirigidos, muito

menos agressivos e com eficácia temporária, pois a célula cancerosa recruta

mecanismos de “defesa”.

Ao demonstrar os efeitos das emoções sobre a imunidade celular e outros

mecanismos, a ciência da psiconeuroimunologia estabeleceu uma potencial base

fisiológica para a progressão de células cancerígenas.

Na MTC, o desenvolvimento do cancro também é visto como uma doença

sistêmica, em que o terreno onde a doença se desenvolve é considerado tão importante

como o próprio tumor. A MTC acredita que se a relação corpo-mente for fortalecida e

reequilibrada, o padrão normal de funcionamento humano é restaurado, ajudando assim

a melhorar a doença oncológica (67).

O sistema de informação corpo-mente pode ser parcialmente regulado pelos

componentes simpático e parassimpático do sistema nervoso autónomo. Este modelo de

regulação corresponde ao conceito de equilíbrio entre o yin e o yang da MTC. A

acupuntura tem sido usada para reequilibrar as contribuições relativas ao sistema

nervoso simpático e parassimpático. Quando um indivíduo é saudável, a comunicação flui

livremente através de um processo hierárquico de transferência de informação através de

interações fisiológicas. Metaforicamente, a comunicação mente-corpo é representada por

um sistema informático de energia em movimento, por outras palavras, a "e-motion".

O stress pode influenciar a função e a estrutura do sistema nervoso e, por sua vez,

modular a expressão do gene de linfócitos, influenciando assim a imunidade e a

resistência ao cancro. A acupuntura pode restaurar o desequilíbrio geral no fluxo de

informações através de um reequilíbrio dos componentes simpático e parassimpático do

sistema nervoso autônomo, por exemplo.

Embora estas vias de comunicação possam desempenhar um papel muito limitado

em pacientes com cancro avançado, a diminuição do stress poderá atenuar a progressão

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do cancro e a sua recorrência, reduzindo o número de imunócitos, como as células

supressoras mieloides e células Treg, que protegem as células cancerígenas.

Compreender este processo interativo requer a compreensão dos processos de

psiconeuroimunologia envolvidos nas respostas biofisiológicas humanas e exigem

investigações de sistemas holísticos (68).

A principal vantagem do modelo corpo-mente é que ele pode combinar fatores de

personalidade constitucionais (tais como as emoções e os sentimentos) com sintomas

corporais, num único paradigma de diagnóstico e tratamento. Em termos da MTC, este

modelo de diagnóstico é representado por padrões de desarmonias nos principais

sistemas de órgãos e por anormalidades do fluxo de qi, de jing8, xue e por agentes

externos como o calor, o frio, o vento e a humidade. No modelo da MTC, um aumento de

sheng qi9 (representando a raiva) predispõe o aparecimento do cancro. Isto demonstra

alguma correspondência com a evidência científica de que a raiva reprimida suprime o

sistema imunológico e pode aumentar o risco de cancro da mama, na chamada

personalidade tipo C10.

Neste estudo, propõe-se a ideia de que a intervenção clínica pela acupuntura e

moxabustão permite modular a comunicação corpo-mente através de alterações

simultâneas nos processos mentais e fisiológicos. A maioria das evidências sugere que a

acupuntura modula neurotransmissores, citocinas e neuropeptídeos através de

modificações eletrofisiológicas no sistema nervoso. Como a atividade dos nervos

periféricos aferentes pode ser estimulada ou suprimida, interações com o tronco cerebral,

o hipotálamo, o sistema límbico e o sistema nervoso autónomo podem ocorrer (68, 69).

O modelo de saúde da MTC acomoda intervenções físicas e farmacológicas no

âmbito da compreensão de funcionamento corpo-mente. A divisão cartesiana não ocorre

dentro deste modelo, mas torna-se necessária para poder permitir a exploração científica.

2- Medicina Tradicional Chinesa e a imunomodulação

A acupuntura pode modular o sistema imunológico, ajustando as células

imunitárias, as moléculas do sistema imunológico e regulando a contagem de células

brancas do sangue periférico e a sua fagocitose. O efeito da acupuntura foi observado na

recuperação da contagem das células vermelhas e brancas do sangue para valores

8 Jing, para a MTC, é a energia essencial que trazemos à nascença.

9 Seng qi é um tipo de energia com características ascendentes que pode provocar sintomas como por exemplo os da

agressividade (face vermelha) na Medicina Ocidental. 10

Como descreve Alexander Mostovoy, a personalidade tipo C é a personalidade do cancro.

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normais ou próximo dos normais e também no aumento dos neutrófilos, da fagocitose, da

contagem de linfócitos e da atividade bactericida em humanos (70).

Os linfócitos T são uma das células mais importantes do sistema imunológico,

sendo a quantidade e função dos linfócitos T um reflexo do estado da resposta imunitária

do organismo. Em muitas doenças, os efeitos terapêuticos da acupuntura resultam num

aumento da proliferação dos linfócitos T e suas subpopulações (71, 72, 73,74).

No artigo publicado por Xia et al. (2009) (73) é referido que a acupuntura, nos seres

humanos, aumentou os níveis de Ig, anticorpos e que a quantidade de β-endorfina

libertada a partir do hipotálamo induziu a atividade citotóxica das células NK e a produção

IFN-y.

Na revisão da literatura feita por Johnston et al., em 2011 (1, 74, 75), a teoria de

imunologia celular e biologia molecular foi utilizada para interpretar e sintetizar os estudos

empíricos, tendo como hipótese os mecanismos específicos através dos quais a

acupuntura melhora a função imunitária contra o cancro, com implicações na prevenção e

tratamento de doenças oncológicas. Nos estudos revistos, os autores colocam a hipótese

de que a acupuntura pode aumentar a atividade citotóxica das células NK através da

promoção de ligações cruzadas entre a rede de neurotransmissores e o sistema

imunitário, que é orquestrada pelo óxido nítrico (ON), β-endorfinas e citocinas, ancorados

por opióides e recetores das células NK (22), confirmando assim o resultados de vários

estudos.

Figura 7: Papel das células do sistema imunológico humano inato (A) e adaptativo (B).

Fonte: Takahashi et al., 2009

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59

Figura 8: Esquema do modelo hipotético de como a acupuntura pode estimular o sistema

imunológico humano11

Como se pode observar no esquema de Johnston, a acupuntura irá desencadear,

através do sistema nervoso central, mecanismos fisiológicos que irão promover respostas

imunológicas específicas. Outros estudos, como o de Pais et al. (2014) (2) em Portugal, o

de Yamaguchi et al. (2007) (69) no Japão, o de Arranz et al. (2007) (76) em Espanha e o

de Petti et al. (1998) (77) em Itália, enfatizam a hipótese de que a acupunctura exerce

uma função de reforço imunológico.

Pais et al. (2014) (2) observaram um aumento das células NK, dos linfócitos T e B

em doentes com cancro do cólon e recto que receberam tratamentos de acupuntura e

11

O ponto ST36 induz a produção de óxido nítrico que estimulará, através dos nervos sensoriais, o fascículo grácil do bulbo raquidiano da área hipotalâmica lateral, onde serão segregados peptídeos opióides, tais como a β-endorfina. A β-endorfina viajará através da circulação sanguínea até ao baço e a outros locais que contenham células imunitárias, onde se ligará aos recetores opióides existentes na superfície das células NK e estimulará essas células a aumentarem as suas moléculas de citotoxidade e, consequentemente, a sua atividade tumoricida e produção de IFN-y. O IFN-y induzirá a expressão de recetores e de citocinas das células NK e a secreção de citocinas por outras células imunes, conduzindo e aumentando, as funções de imunidade anticancerígenas. Fonte: Johnston et al., 2011.

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moxabustão em comparação ao grupo de controlo. Verificaram ainda uma diminuição dos

níveis de depressão e ansiedade e uma melhoria na qualidade de vida destes doentes.

Yamaguchi et al (2007) (69), num estudo em 17 voluntários saudáveis, a quem

colheram sangue periférico, uma hora antes e no dia um, dois e oito depois dos

tratamentos com acupuntura, observaram aumentos progressivos, e estatisticamente

significativos, das células NK circulantes nos dias 1 e 8, após os tratamentos,

comparados com a linha básica.

Arranz et al. (2007) (76), em 36 mulheres com altos níveis de ansiedade, também

observaram um aumento progressivo e significativo da atividade das células NK, com a

acupuntura, em relação ao grupo de controlo. Um mês depois de completar uma série de

10 tratamentos de acupuntura, as mulheres ansiosas apresentavam uma restauração

completa da atividade citotóxica das células NK. No mesmo estudo, os autores

observaram um aumento nos níveis IFN-y, de sete vezes no dia 1 e nove vezes no dia 8

em relação ao valor basal.

Em Itália, Petti et al. (1998) (77) realizaram um estudo clínico com 120 pacientes

com síndromes de dor, em que 30 foram selecionados para o grupo de controlo e os

restantes 90 pacientes foram distribuídos aleatoriamente por três grupos diferentes,

sendo que apenas num grupo a atividade das células NK foi avaliada. Todos os pacientes

dos grupos de tratamento receberam acupuntura com estimulação no ponto S36 (St36) e

no ponto IC4 (LI4), com as agulhas mantidas durante 30 minutos. Foi avaliada a

presença de -endorfina e o número de células NK no sangue periférico dos 30 pacientes

não tratados e de um grupo de 30 pacientes tratados com acupunctura. As colheitas de

sangue dos pacientes do grupo controlo foram efetuadas uma vez, e nos pacientes

tratados foi efetuada antes de iniciar os tratamentos, 30 minutos e 24 horas após ao

tratamento de acupunctura. Os investigadores observaram um aumento de -endorfinas

no sangue periférico nas colheitas efetuadas 30 minutos após o tratamento nos doentes

que receberam acupuntura. Aos 30 minutos e 24 h após o tratamento de acupuntura 40%

a 50% dos doentes que tinham um número baixo de células NK no sangue periférico

aumentaram o seu valor.

Em conjunto estes estudos mostram evidências dos efeitos terapêuticos da

acupuntura e da moxabustão no número e função das células NK (66, 78).

3- O Modelo de Heidelberg de Medicina Tradicional Chinesa

O modelo de Heidelberg de Medicina Tradicional Chinesa, assim como todas as

medicinas, preconiza que o mais importante é o estabelecimento correto do diagnóstico.

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Define a Medicina Chinesa (MC) como um sistema de sensações, sinais e manifestações

clínicas que permitem avaliar o estado regulatório e funcional do corpo humano,

enfatizando que o mais importante é o estabelecimento do diagnóstico, pois quando

fazemos o diagnóstico correto dos sinais e dos sintomas manifestados pelos pacientes,

podemos intervir de forma eficaz e, assim, promover o equilíbrio e a autorregulação do

organismo (81).

O modelo de Heidelberg de MTC utiliza uma nova abordagem científica da MC

onde a terminologia e os conceitos utilizados visam a aproximação à MO, para que os

estudos e as investigações realizadas na área da MC possam ser criteriosos e passíveis

de serem replicados por outros investigadores.

A MC, estruturada, surgiu há aproximadamente 2.300 anos, com o aparecimento do

Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Su Hen), embora os seus relatos

tenham mais de 5.000 anos. A partir daí as definições e os critérios de diagnóstico foram

sendo descritos de forma mais elaborada, e com o passar dos anos e a evolução da

ciência, as terminologias utilizadas foram aprimoradas e aproximadas à MO. O Modelo de

Heidelberg de MTC, desenvolvido pelo professor Johannes Greten, foi apoiado nos

trabalhos pioneiros do Prof. Manfred Porket (1974) (80), que adotara uma terminologia

latina na descrição dos pontos e dos condutos12 de energia, apoiando-se também na

análise de Leibniz sobre o I Ging (“O Livro das Mutações") (82).

Para que se possa entender a forma como o diagnóstico é feito é necessário

perceber que ele assenta em alguns critérios e que percorre quatro etapas. A primeira

etapa do diagnóstico é analisar a constituição da pessoa (fenótipo), a segunda é perceber

o que causou a doença, isto é, qual o agente patogénico, seja ele interno ou externo, que

poderá ter despertado tal situação, a terceira condição é perceber quais os sintomas e

sinais apresentados e em que fase eles se inserem (Madeira, Fogo, Metal, Água e

Terra)13 e quais as orbs14 que poderão ter sido afetadas. O quarto critério é o guiding

criteria que se encontra subdividido em 8 critérios de diagnóstico. Neste estadio temos de

perceber se existem sinais de depleção (deficiência) ou repleção (excesso), sinais de

calor (inflamação, por ex.) ou frio (estase), se os agentes já terão afetado o organismo de

forma externa (qi) ou interna (xue) e se o quadro de sintomas tem características yin ou

yang.

12

Os condutos são canais por onde a energia circula. Existem doze condutos principais e oito extraordinários. 13

As fases consistem numa disposição cíclica que pode ser representada como uma onda sinus (sinus wave), significando a função circular. A onda sinus é a ferramenta mais útil para analisar problemas de transição de uma fase para outra. A cada fase está relacionado um órgão e uma víscera e outras características que definem o seu funcionamento, tais como sentimentos (raiva, alegria, …), níveis de energia (yin e yang) e um conjunto de sinais e sintomas. 14

Grupo de sinais, diagnosticamente relevantes, que indicam o estado funcional de uma parte do corpo (body Island) e que se relaciona com as propriedades funcionais de um conduto (canal por onde circula a energia),

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62

A fase Terra é a fase de equilíbrio (ortopatia) aparecendo, por isso, em quatro

etapas, sendo elas o ponto de transição de uma fase para outra.

Figura 9: Representação vetorial da circulação da energia (qi), com vista a homeostasia

basal, em forma de onda sinusoidal. Fonte: Adaptação de Greten, 2010.

Figura 10: As quatro fases do diagnóstico: constituição, agentes, orbs e guinding criteria.

Fonte: Adaptação de Greten, 2010.

Constitution Path.Factor “Organ pattern”

Orbs

4 x2 guiding

criteria ⁺⁺

⁺ ⁺ “What is the

patients”(inner nature)

“What affected the patient?” “Which signs and

symptoms appear now”

“snapshot of the actual functional

state”

State”

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A Teoria do Frio (Shang Han Lun)15 consiste noutro aspeto importante no

estabelecimento do diagnóstico, pois dá-nos uma perspetiva de como o agente frio

(algor) vai-se insurgindo ao longo dos seis estadios energéticos que caracterizam a Algor

Laedens Theory (ALT) (81). Os seis estadios da ALT têm características clínicas precisas

e que servem de orientações para o estabelecimento correto do diagnóstico.

Os seis estadios estão divididos em três estadios externos (yang stages) e três

estadios internos (yin stages). Os estadios externos caraterizam-se pelas fases em que

aparecem o calor reativo, enquanto os estadios internos se caracterizam pela deficiência

do calor reativo dando origem ao frio interno.

A ALT está relacionada com o curso do segundo critério de diagnóstico, os agentes.

Os agentes seguem os seis níveis energéticos que conduzem às seis etapas pelas quais

o frio (algor) circula.

Na perspetiva da MTC, a QT é considerada como um agente externo que provoca

frio reativo, que poderá invadir todos os seis estadios, provocando, por essa razão, sinais

e sintomas que se enquadram nas características específicas dos seis estadios.

Assim, temos seis estadios da ALT e seis níveis de energia com características

diferentes:

- Estadio I (Yang Major). Neste estadio o agente supera a energia defensiva16 (qi

defensivum), também conhecido como wei qi, que reside no exterior (extima), fora dos

condutos, constituindo-se como a primeira barreira contra o ataque externo. Em termos

ocidentais, pode manifestar-se pela falta de microcirculação local.

Dois condutos podem ser afetados: o conduto da Bexiga, ou Vesical (V), e o

conduto do Intestino Delgado, ou Tenuintestinal (IT), podendo o paciente apresentar

arrepios, palidez e “pele de galinha”.

- Estadio II (Splendor yang). O agente bloqueia o fluxo de energia dentro do

conduto. Quando essa segunda camada de defesa é afetada por um agente, resulta

principalmente em dor e, em seguida, em distúrbios funcionais da respetiva esfera. Os

condutos do Estômago, ou Stomachal (S), e do Intestino Grosso, ou Crassintestinal (IC),

podem ser afetados dando origem a perda de apetite, fraqueza nas pernas e nos joelhos,

inchaço, transpiração pegajosa, anosmia, obstipação, desconforto abdominal, entre

outros sintomas.

- Estágio III (Yang Minor). O agente afeta o xue e o fluxo de qi no conduto entrando

estes em competição (fase "Tom e Jerry") podendo provocar um efeito de aquecimento

sobre os tecidos, alimentando-os e nutrindo-os, sendo o aquecimento, por vezes,

15 Shang Han Lun, em chinês, é a designação para a Teoria do Frio ou Algor Leadens Theory (Modelo de Heidelberg de MTC). 16

Qi defensivum é a energia que protege o organismo das invasões externas, sendo, por isso, considerada como uma energia externa, como se fosse uma capa protetora.

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necessário para expulsar o agente frio (algor). Neste estadio os condutos da Vesícula

Biliar, ou Felleal (F) e o do Triplo Aquecedor, ou Tricaloric (TK) podem ser afetados

manifestando sinais como náuseas, dor de cabeça unilateral, perda de audição,

zumbidos, dor nos olhos, dor no peito, dor nas articulações, entre outros sintomas.

- Estadio IV (Yin Major). O agente interage com a energia da parte do corpo afetada

(desordem funcional do órgão). As partes do corpo implicadas manifestam sinais dessa

desordem. O algor invade o interior. Os condutos do Baço, ou Lienal (L), e o do Pulmão,

ou Pulmonal (P), são afetados apresentando sinais como perda de apetite, mucosidade,

inchaços, perturbações metabólicas (diabetes), fadiga após as refeições, intolerância

alimentar, perturbações respiratórias, tosse, entre outros.

- Estadio V (Yin Flectens). O agente interage com o xue da parte do corpo afetada e

com a parte substancial do corpo, o yin, ativando e melhorando as suas funcionalidades.

Neste estadio os condutos do Fígado, ou Hepatic (H), e do Pericárdio, ou Pericardial (Pc),

são afetados apresentando sinais como fraqueza muscular, desmotivação, dificuldades

em ficar de pé, opressão torácica, dificuldades na respiração, palpitações e irritabilidade.

- Estadio VI (Yin Minor). Os agentes interagem com o yin17. Os condutos dos Rins,

ou Renal (R), e do Coração, ou Cardial (C), são afetados pela persistência do algor,

proporcionando o aparecimento de sinais de agravamento do estado de saúde, tais

como, dor nos ossos, rigidez nas articulações, perda de força nos joelhos, dores nas

costas, dificuldade em ficar de pé, alterações da memória, ansiedade, dificuldade de

regeneração, desordem sexual, alterações da libido, desmaio, problemas circulatórios,

entre outros (81).

Figura 11: Os seis níveis de energia nos seis estadios da ALT. Fonte: Adaptação de Greten, 2010

17

O yin é a parte funcional do tecido/células sendo a condição estrutural para o desenvolvimento do yang.

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65

Figura 12: Características dos seis estadios da Algor Laedens Theory. Fonte: Greten, 2010.

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66

4- A quimioterapia e o Modelo de Heidelberg

Segundo a Medicina Chinesa, o cancro é o resultado do efeito excessivo de qi

construtivo (ying)18, uma parte do sangue (xue). Se, o qi construtivo é eficaz num local e

excessivo noutro, isto conduz, normalmente, a estagnação de sangue. Na MC, o

tratamento do cancro passa por ativar o fluxo normal de sangue e parar a sua

estagnação. Todos os distúrbios funcionais do corpo podem contribuir para o

desenvolvimento do cancro, tais como acontecimentos stressantes, algor (frio) crónico e

bloqueios nos condutos energéticos. O movimento do xue é normalmente guiado pelo

movimento do qi ("o qi move o xue"). Quando os pacientes não têm muito qi,

consequentemente, não terão muito fluxo de xue, sendo propensos a estase. Portanto,

reforçar a movimentação do qi, através de Qi Gong, acupuntura, moxabustão, dietética e

outras terapêuticas complementares torna-se essencial para o tratamento da doença

(81).

A estase de sangue é demonstrada na palidez ou na cor azulada em algumas

regiões da língua. Muito antes dos pacientes apresentarem uma língua lívida, eles podem

mostrar pequenos sinais de estase de sangue, como dor de caráter persistente e

alterações cutâneas, como a pele de mármore.

Localmente, o excesso de qi construtivo resulta em três etapas. O estágio I consiste

na presença de humor e pituíta19, que podem ser adicionadas ao conduto por onde passa

o qi, resultando em mais estase de sangue. O estádio II é chamado de congelatio

(nódulo) e a sua substância é, ainda, palpável dentro do tecido. Neste estadio podemos

observar uma suave acumulação de fluidos e de humor, como nódulos inchados com

uma consistência gelatinosa. O estádio III é chamado de concretio (nódulo duro) onde a

sua acumulação é local. Verifica-se um endurecimento do nódulo que não é mais móvel.

No estadio III o nódulo ou tumor pode ser ainda palpável podendo ser maligno ou

benigno, como um lipoma, um fibroma ou outra situação de caráter neoplásico. A

presença de tumores benignos pode indicar a tendência para o bloqueio do fluxo de

energia, do fluxo de sangue e do excesso de qi construtivo, embora o paciente não tenha

cancro.

O funcionamento normal do qi construtivo é regenerar e alimentar o tecido como

sendo uma parte do sangue. Uma constatação clínica é, por exemplo, sentir o excesso

de qi construtivo nos músculos doridos após a prática excessiva de desporto.

18

O qi construtivo é a energia, o “alimento”, que é fabricada no nosso organismo e que nutre, alimenta e regenera os órgãos e os tecidos do corpo. 19

Humor e pituíta são considerados agentes (externos ou internos) que contribuem para o aparecimento de patologias, por causar desequilíbrios, e que podem ser interpretados, à luz da Medicina Ocidental, como humor = humidade (que dá origem a edemas, por ex.) e pituíta = humidade-inflamatória (que dá origem, por exemplo, ao aparecimento de pus).

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Seguidamente, o sangue entra nos músculos para os regenerar e a pessoa tem uma

sensação de desconforto.

Na MC estas sensações também são interpretadas como um desequilíbrio entre qi

construtivo e qi defensivo, como ocorre no caso das constipações comuns induzidas pelo

vento (ventus)20. Em termos ocidentais, o qi construtivo pode ser comparado, por

exemplo, ao fluxo capilar e à produção de insulina. A função é a de manter o tecido

nutrido e regenerar o organismo, tal como a função do qi construtivo na MC.

O conceito de qi defensivo na MC é o de dissipar a acumulação de qi construtivo.

Um pensamento análogo pode ser válido na Medicina Ocidental em relação ao cancro,

em que se acredita que o seu aparecimento foi o resultado de um desequilíbrio entre o

aparecimento de células neoplásicas e sua destruição pelo sistema imunológico (fase de

escape da imunoedição). Este equilíbrio entre qi defensivo e qi construtivo pode ser

sistematicamente perturbado, conduzindo a uma maior probabilidade para o

aparecimento de tumores.

O qi construtivo é parte do sangue/xue enquanto o qi defensivo é parte do qi extimal

(energia externa) controlado pelo orb pulmonar. Como o fluxo de sangue é controlado

pelo orb hepática, podemos inferir que o desequilíbrio entre qi defensivo e qi construtivo é

um desequilíbrio entre qi e xue, isto é, um desequilíbrio entre a orb pulmonar e a orb

hepática. A um nível emocional, por exemplo, este é um desequilíbrio entre a simbiose

e/ou a tristeza (orb Pulmonar) e a autonomia e/ou a ira (orb Hepática) (81).

Tabela 4: Os níveis de atingimento funcional na etiologia do cancro

Desequilíbrio

Energia construtiva (ying) Energia defensiva (wei qi)

Sangue (xue) Energia (qi)

Orb Hepática Orb Pulmonar

Fase madeira Fase metal

Ira/raiva Tristeza/melancolia

Autonomia Simbiose

Segundo a MTC, o cancro pode ser induzido por eventos stressantes da vida, que

levam a distúrbios emocionais importantes. Nesta perspetiva, torna-se fundamental que

20

Ventus: agente externo que provoca excitação do sistema nervoso central que se manifestam por espasticidade muscular, dor aguda, pele quente, mucosas vermelhas e escorrimento nasal e dos olhos.

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as pessoas se sintam amadas e incluídas na sociedade ou na família, que sejam

autónomas ou, pelo menos, que sejam livres nas suas escolhas, que as situações de

stress e de raiva sejam suprimidas ou que não sejam prolongadas durante um longo

período de tempo. Por isso, para a MC, o cancro é considerada uma doença

psicossomática, em que existe um desequilíbrio entre a simbiose e a autonomia, entre a

felicidade e a raiva.

Existem fatores adicionais que reforçam o excesso de qi construtivo e reduzem a

força do qi defensivo, promovendo bloqueios ou falta de fluxo. Referimo-nos a esses

fatores como os "Cinco Terríveis ": depleção, deficiência de yin (yin, xue, fluidos e jing21),

algor (frio), humor (humidade) e pituíta (inflamação).

A depleção, ou falta de energia, pode levar ao aparecimento do tumor ou à falta de

mais energia, resultando numa tendência a bloqueios de qi e de sangue, fazendo com

que o organismo entre num processo de estagnação e de falta de qi defensivo. Outro

fator que influencia este equilíbrio é a resistência do próprio tecido. Em termos de MC,

esta resistência é expressa pela energia que é chamada de yin ou substância derivada

de energia. Uma deficiência de yin pode resultar em tecidos menos resistentes, uma

maior instabilidade emocional que pode levar a desequilíbrios mais acentuados entre a

fase madeira e a fase metal.

A privação de líquidos conduz à retenção de fluidos, a qual contribui para aumentar

a tendência em desenvolver qualquer tipo de estagnação, em que os fluidos corporais

não se movem e, assim, o fluxo de sangue estará mais facilmente bloqueado. Outros

fatores que reduzem o qi defensivo são o algor e o humor, devido à redução do efeito da

energia yin (nutritiva e reconstrutora). A QT e a radioterapia levam à deficiência de yin, a

deficiência de sangue, à presença de algor pós-traumático ou tóxico, a dores e a

inchaços de muitos tipos.

Na perspetiva do modelo de Heidelberg, a QT é vista como um agente externo

tóxico (algor tóxico ou pós-traumático) que vai invadindo o corpo humano, através dos

seis níveis energéticos. Essa invasão poderá ser interpretada ao nível dos estadios da

ALT, uma vez que os sintomas da QT se verificam nesses estadios. (80).

Obviamente que a intenção terapêutica da QT é evitar o desenvolvimento de

células tumorais e a metastização dos tumores. Contudo, os seus efeitos secundários e

imunossupressores acabam por afetar a saúde de uma forma global. Os efeitos

secundários, tais como a náusea, os vómitos, a alopécia, entre outros, acabam por

interferir na qualidade de vida e na dimensão psicológica humana, enquanto que os

efeitos imunossupressores podem enfraquecer o sistema imunitário humano,

21

Jing é a energia essencial que trazemos connosco no momento do nascimento.

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69

proporcionando o aparecimento de infeções, o que irá complicar, ainda mais, o quadro

oncológico do doente, até porque a administração dos fármacos é feita em intervalos de

tempo muito curtos (7, 15, 21 e 28 dias) não permitindo que o organismo entre no seu

processo de ortopatia (autorregulação).

Os sintomas ou sinais de cada estadio da ALT anteriormente descritos aparecem

com muita frequência nos doentes oncológicos submetidos a QT, podendo esses

sintomas serem interpretados como a afetação do qi e do xue nos diferentes estadios da

ALT.

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Parte II – Enquadramento Prático

A - Metodologia

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1- Objetivos

Os objetivos deste estudo são, em primeiro lugar, avaliar o efeito do protocolo de

acupuntura e moxabustão, de acordo com o Modelo Heidelberg de Medicina Tradicional

Chinesa, nas células NK, linfócitos T e B, em doentes com cancro da mama submetidas a

QT neoadjuvante e adjuvante em ciclos de 21 dias, sendo também avaliadas a contagem

absoluta de neutrófilos e de glóbulos brancos e, em segundo lugar, avaliar o efeito dos

tratamentos de acupuntura e moxabustão sobre o estado emocional (ansiedade e

depressão) e a qualidade de vida dessas doentes.

2- Hipóteses do Estudo

Hipótese 1: Exercerá a AM um incremento no número de células NK, linfócitos T e

B, em doentes com cancro da mama submetidas a QT neoadjuvante e adjuvante?

Hipótese 2: A AM melhoram a QdV destas doentes?

Hipótese 3: Haverá uma correlação positiva entre as alterações objetivas dos

parâmetros imunitários, QdV e os níveis de ansiedade e depressão?

3- Desenho do estudo

Realizou-se um estudo prospetivo, aberto, tipo ensaio clínico, randomizado,

controlado clinicamente e com dois braços de estudo (intervenção versus controlo).

3.1- Grupo experimental

As doentes do grupo experimental receberam 10 tratamentos de

acupuntura/moxabustão, com a periodicidade de duas sessões por semana, iniciando-se

após a colheita de sangue baseline (T0).

Os pontos de acupuntura e suas localizações anatómicas foram os seguintes: nos

membros inferiores, os pontos H3/(Lv3), S36/(ST36), L3/(SP3) e F39/(VB39) e nos

membros superiores, os pontos IC4/(LI4), PC5, TK5/(TC5), P7/(LU7).

A profundidade da punção foi de aproximadamente 10 mm, sendo necessária a

"sensação de qi"22. Os tratamentos de moxabustão foram aplicados, durante 2 minutos

em cada ponto: IT6/(SI6), TK5/(TC5), na parte superior do corpo, no ponto S32/(ST32),

na parte inferior do corpo e no ponto Rs 6/ (CV6), na linha média do corpo. Cada sessão

22

A “sensação de qi” é descrita como uma sensação de estimulação do ponto de acupuntura como se fosse um “choque elétrico”.

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teve a duração de 45 minutos. Para além dos tratamentos de AM foram administrados

dois questionários de qualidade de vida e uma escala hospitalar de ansiedade e

depressão, no início e no final dos tratamentos, com a finalidade de verificar se houve ou

não uma melhoria nos parâmetros avaliados.

3.2- Grupo de controlo

O grupo de controlo foi composto por doentes com a mesma patologia, a receber

também QT neoadjuvante ou adjuvante em ciclos de 21 dias. Neste grupo, os 10

tratamentos de AM foram realizados no final das 4 colheitas de sangue e após

preenchimento dos questionários de qualidade de vida e a escala hospitalar de

ansiedade e depressão. Como no grupo experimental estes questionários foram

efetuados no início e no final da investigação, para que os resultados obtidos por este

grupo pudessem ser comparados com os do grupo experimental.

3.3- Amostra

O tamanho da amostra prevista era de 60 doentes (30 para o grupo experimental e

30 para o grupo de controlo). Contudo, como a aprovação do estudo só foi efetivada pela

Comissão de Ética do Centro Hospitalar do Porto no final de Agosto de 2014, a

investigação teve início no começo de Setembro, passando o tamanho da amostra a ser

ajustado ao tempo entre a aprovação do estudo e o prazo para a entrega da dissertação.

O tamanho da amostra foi de 6 doentes, 3 para o grupo experimental e 3 para o grupo de

controlo.

A investigadora principal contatou as participantes do estudo a partir das consultas

de oncologia médica. As participantes foram selecionadas pela investigadora, de acordo

com os critérios de elegibilidade, após o seu consentimento informado devidamente

assinado. Os dados clínicos foram recolhidos do processo clínico das doentes, pela

investigadora principal, sob a supervisão dos seus orientadores e dos responsáveis pelo

Hospital de Dia do Centro Hospitalar do Porto, respeitando a sua confidencialidade. Os

dados recolhidos foram descritos no questionário sociodemográfico, de forma a manter o

anonimato, para serem tratados posteriormente.

Todas as participantes do estudo receberam a programação das colheitas de

sangue e dos tratamentos de AM.

3.3.1- Critérios de inclusão:

- Mulheres ≥ 18 anos de idade com cancro da mama invasor

- Protocolos de QT neoadjuvante ou adjuvante com ciclos de 21 dias

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- Plaquetas > 75000 células/µL

- Contagem absoluta de neutrófilos > 1000/µL

- Hemoglobina 10 g/dl

- Consentimento informado

3.3.2- Critérios de exclusão:

- Cancro da mama com metastização à distância - QT paliativa

- Protocolos de quimioterapia que incluam Fatores de Crescimento (CSF)

- Doentes com diagnóstico de outro cancro

- Doentes que tenham recebido tratamentos de acupuntura nos últimos 120 dias

- Doentes que tenham historial de doença cardíaca (tais como arritmias), doença

psiquiátrica, neurológica ou outras situações que provoquem alteração da consciência e

desorientação espácio-temporal.

4- Processo de randomização

Embora existam processos de randomização sofisticados, devido ao facto de a

amostra ser pequena, escolheu-se o método da “moeda ao ar” 23, sendo a “cara” da

moeda atribuída ao grupo experimental e a “coroa” ao grupo de controlo. Esta atribuição

foi feita pela investigadora principal.

5- Instrumentos de recolha de dados e avaliação

5.1- Questionário sociodemográfico

No questionário sociodemográfico obteve-se, na primeira parte, informação sobre a

idade, escolaridade, estado civil, profissão, religião e tipo familiar e, na segunda parte, os

dados clínicos que permitiram a caracterização do tipo de cancro, o seu grau e

estadiamento, o RE, RP e HER2 e o protocolo quimioterapêutico utilizado, antecedentes

patológicos relevantes, história familiar e sintomas atuais relacionados com a doença.

Este questionário permitirá a caracterização da amostra para fins estatísticos, os

quais serão apresentados no capítulo VI.

23

A distribuição da amostra por este processo de randomização poderá ser repetida até que se consiga um número igual de participantes pelos dois grupos.

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5.2- Questionário: “European Organization for Research and Treatment

of Cancer Quality of Life Questionnaire Core-30” (EORTC - QLQ - C30)

A qualidade de vida das participantes do estudo foi avaliada pelos Questionaries’

European Organization for Research and Treatment of Quality of Life – (QLQ-C30) e pelo

Supplementary Questionnaire Breast Cancer Module (BR 23).

O questionário QLQ-C30 (versão 3) é um instrumento composto por 30 questões

que define cinco escalas funcionais, três escalas de sintomas, dois itens de qualidade de

vida em geral e seis itens simples. O questionário QLQ-C30 é complementado por

módulos específicos de doenças, e neste caso aplicou-se o do cancro da mama, o BR 23

(82, 83).

Os domínios da escala funcional são a função física (itens 1, 2, 3, 4, 5), função

papel/desemprego (itens 6,7), função cognitiva (itens 20,25), função emocional (itens 21,

22, 23, 24) e função social (itens 26, 27). A qualidade de vida em geral é avaliada pelos

itens 29 e 30. Os três domínios da escala de sintomas são a fadiga (itens 10,12,18), dor

(itens 9,19) e náusea/vômito (itens 14,15). Os seis itens simples são a dispneia (item 8),

insónia (item 11), perda de apetite (item 13), obstipação (item 16), diarreia (item 17) e

dificuldade financeira (item 28).

5.3- Questionário: “European Organization for Research and Treatment

of Cancer Quality of Life Questionnaire for Breast Cancer 23” (QLQ- BR23)

O módulo BR-23, específico para o cancro da mama, é composto por 23 questões

que avaliam vários fatores relacionados com a doença. Os efeitos secundários da QT

(itens 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38), sintomas relacionados com o braço (itens 47, 48, 49)

e a mama (itens 50, 51, 52, 53), imagem corporal (itens 39, 40,41, 42), função sexual

(itens 44,45), satisfação sexual (item 46), distúrbio pela perda de cabelo (item 35) e

perspetiva futura (item 43). Os scores dos domínios foram calculados conforme o manual

de scores do QLQ-C30 e do BR-23. Todas as médias dos scores serão transformadas

numa escala de 0 a 100, conforme o manual. Os valores altos obtidos nas escalas e na

qualidade de vida geral representam, respetivamente, capacidade funcional e melhor

qualidade de vida, enquanto os scores elevados de sintomas representam alto nível de

sintomatologia e problemas (83, 84, 85).

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77

5.4- Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)

Nas doenças crónicas, os sintomas de depressão e ansiedade ocorrem com

frequência, provocando um elevado grau de disfunção psicossocial, sendo a sua

prevalência de 15% a 61% (88).

A depressão e a ansiedade podem influenciar negativamente a evolução da doença

crónica, uma vez que influenciam o sistema imunitário na comunicação entre as células e

os seus mediadores (neurotransmissores, citocinas e quimiocinas) (89).

Ao longo da história o conceito de ansiedade tem sido diferenciado sendo

atualmente visto numa dicotomia: a ansiedade orientada para o estímulo e a ansiedade

como resposta. No caso das doenças crónicas, a ansiedade tanto está orientada para o

estímulo (pensamentos e emoções) como para a resposta, podendo tratar-se de uma

resposta emocional associada por exemplo à dor.

Sendo a depressão definida como melancolia, atualmente toma a forma de

resposta ou reações mal adaptativas ao stress psicológico e ambiental, onde existe a

interação entre crenças pessoais, capacidades de coping e tipos de pensamentos (85,

86.

Depressão e Ansiedade na Doença Crónica

Figura 13: Modelo de interação entre doença crónica, depressão e ansiedade. Fonte:

Adaptação de Telles-Correia & Barbosa, 2010.

A escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS) foi desenvolvida por

Zigmond e Snaith em 1983 (86) para avaliar a ansiedade e a depressão relacionadas

com a doença médica, visto serem estes dois parâmetros psicológicos influenciados e

influenciadores da doença física do indivíduo.

Os itens que se relacionavam com a perturbação física (sintomas vegetativos, como

vertigem, náusea, cefaleia, insónia e fadiga) foram excluídos deixando-se apenas os que

se baseiam nos sintomas psíquicos (86). Esta escala tem sido utilizada em diferentes

Doença crónica Depressão e ansiedade

Fatores psicológicos: - estratégias de coping - tipo de personalidade

Fatores biológicos e comportamentais

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especialidades médicas, como a cardiologia, a oncologia e a cirurgia, e tem demonstrado

a sua eficácia para medir a sintomatologia ansiosa e depressiva.

A HADS consiste em duas subescalas. Uma mede a depressão e a outra a

ansiedade, cada uma composta por 7 itens classificados de 0 (inexistente) a 3 (muito

grave). Construída numa base teórica e confirmada por análise estatística psicométrica, a

HADS foi aferida e validada para português por Pais Ribeiro em 2007 (87).

Recomenda-se como ponte de corte, para ambas as subescalas, o valor ≥ 9, e que

os resultados obtidos na sua totalidade sejam interpretados do seguinte modo: 0 a 8 =

sem ansiedade/depressão (A/D); 9 e 10 = A/D leve; entre 11 e 14 = A/D moderada e

entre 15 e 21 = A/D grave.

6- Procedimentos

6.1- Consentimento Informado

O consentimento informado (em anexo) foi apresentado às participantes do estudo

na forma de declaração (Declaração de Helsínquia), conforme as normas apresentadas

pela Associação Médica Mundial (Helsínquia 1964; Tóquio 1975; Veneza 1983; Hong

Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo 2000).

Este documento permite que se obtenha a permissão da participante para a

realização do estudo após o conhecimento completo deste. Todas as informações

relativas ao projeto de investigação (objetivos, metodologia e expetativas), que envolvem

a participação da pessoa, foram explícitas para que a decisão tomada fosse consciente e

esclarecida.

6.2- Colheita de sangue: tempos e procedimentos

As colheitas de sangue seguiram o esquema abaixo descrito, de acordo com o ciclo

de 21 dias de QT, que se adota no Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar do

Porto.

As colheitas de sangue foram realizadas em 4 tempos (duas em fase nadir e duas

em fase de recuperação do sistema imune), sendo a primeira colheita (T0 baseline)

realizada 7 dias após o tratamento de QT que antecedeu o início da investigação

(considerado o primeiro tratamento do estudo), a segunda colheita (T1) no dia do 2º ciclo

de QT (15 dias após a primeira colheita), a terceira colheita (T2) 7 dias após o segundo

ciclo de QT e a quarta colheita (T3), no dia do terceiro ciclo de QT. Todas as colheitas

que coincidiram com os tratamentos de QT foram efetuadas antes do tratamento.

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O sangue recolhido foi analisado no Departamento de Imunologia do Centro

Hospitalar do Porto, tendo como parâmetros o hemograma completo, os linfócitos T e B e

as células NK (por citometria de fluxo Beckman Coulter Portugal).

Figura 14: Diagrama do estudo: CBC – hemograma completo, NKC – quantificação por citometria de fluxo das células NK, WBC/ANC – contagem global de leucócitos/neutrófilos, seta azul =tratamentos de acupuntura e moxabustão (AM), círculo negro corresponde aos valores de referência no início do estudo (colheita de referência = T0) e os quadrados pretos (T1, T2 e T3) correspondem às colheitas subsequentes, após a colheita de referência. Fonte: Adaptação de Pais et al. 2014 (2).

6.3- Administração dos instrumentos (recolha de dados e avaliação)

O questionário sociodemográfico foi aplicado antes do início dos tratamentos e os

questionários de qualidade de vida (QLQ C-30 e BR23) e a Escala Hospitalar de

Ansiedade e Depressão foram aplicados no início e no final do estudo, em ambos os

grupos.

6.4- Tratamentos de Acupuntura e Moxabustão

Os tratamentos de AM foram realizados duas vezes por semana, durante 5

semanas, num total de 10 tratamentos, com início após a primeira colheita de sangue, e

seguiram o esquema descrito na figura 14.

Todos os tratamentos foram realizados no Centro Hospitalar do Porto, tendo a

duração de 45 minutos cada sessão.

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7- Intervenção

7.1- Protocolo de acupuntura e moxabustão

O protocolo de AM foi elaborado de acordo com o Modelo de Heidelberg de

Medicina Tradicional Chinesa, atendendo aos estadios da Algor Laedens Theory, e

baseado no aplicado por Irene Pais, em 2013, em doentes com cancro colorrectal do

Centro Hospitalar de S. João, no Porto e do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia (2).

Os tratamentos de AM foram administrados apenas por uma acupuntura (a

investigadora principal), sob a supervisão da Dr.ª Irene Pais (mestre em Medicina

Tradicional Chinesa).

7.2- Pontos escolhidos

Os pontos escolhidos para o tratamento de acupuntura correspondem aos estádios

II (S36 e IC4), III (Tk5 e F39), IV (P7 e L3) e V (H3 e Pc5) da Algor Laedens Theory. Os

pontos de tratamento de moxabustão foram pontos específicos contra o algor (frio) (IT6,

S32, TK5) e que fizesse mover a energia (Rs6). A escolha destes pontos teve por

objetivo aquecer o frio tóxico através do yin (R), provocado pela QT, promover a ortopatia

do organismo e aumentar a capacidade funcional do sistema imunitário.

8- Material utilizado nos tratamentos

8.1- Acupuntura

Nos tratamentos de acupuntura foram utilizadas agulhas de acupuntura

descartáveis 36g, 0,20 x25mm, em aço inoxidável e revestido com silicone (tewa ®). A

profundidade de penetração da agulha foi de aproximadamente 10 mm, sendo condição

essencial a “sensação de qi”.

8.2- Moxabustão

A moxabustão foi aplicada nos pontos de acupuntura, descritos anteriormente,

através de bastão de moxa (artemisia vulgaris) sem fumo, durante aproximadamente 2

minutos em cada ponto.

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PARTE III – Resultados e Conclusões

A – Resultados

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83

A seguir apresentam-se os dados clínicos e sociodemográficos das doentes e os resultados obtidos nos parâmetros avaliados nesta investigação.

1- Dados clínicos e sociodemográficos

Tabela 5 : Dados clínicos do grupo experimental

G. EXP

TIPO

CANCRO

MAM

A TNM ESTADIO

ELSTON

-ELLIS

PROTOCOLO

QT

Intenção da

QT

1

Carcinoma

Inflamatório Dta

cT4d, N0,

M0 IIIB 3

AC

PACLITAXEL

NEO

2 CDI Dta T1, N0, M0 IA ?? AC ADJ

3 CI SOE Dta T1c, N0, M0 IA 2

AC

PACLITAXEL

ADJ

Legenda: CI SOE (Carcinoma Invasor Sem Outra Especificação), Dta (direita) e AC = Adriamicina

+ Ciclofosfamida.

Tabela 6: Dados clínicos do grupo de controlo

G.

CONT.

TIPO

CANCRO

MAM

A TNM ESTADIO

ELSTON

-ELLIS

PROTOCOLO

QT

Intenção da

QT

1 CI Triplo Negativo Dta T2, N0, M0 IIA 3 TC NEO

2 CDI Dta T2, N3a, M0 IIIC 3 AC ADJ

3 CDI Dta T1, N0, M0 IA ?? AC ADJ

Legenda: CI Triplo Negativo (Carcinoma Invasor Triplo Negativo), TC = Docetaxel + Ciclofosfamida e AC = Adriamicina + Ciclofosfamida.

Resumo das caraterísticas da amostra (N=6):

A) 66,67% da amostra tinha Carcinoma Ductal Invasor (CDI)

B) 66,67% da amostra encontrava-se no Estadio IA

C) 66,67% da amostra recebeu QT adjuvante

D) 100% da amostra tinha cancro na mama direita

Tabela 7: Dados sociodemográficos do grupo experimental

Participante Idade Escolaridade Estado Civil Profissão

1 54 1º ciclo Casada Doméstica

2 43 Secundário Casada Administrativa

3 71 Ens. Superior Viúva Comerciante

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84

Tabela 8: Dados sociodemográficos do grupo de controlo

Participante Idade Escolaridade Estado Civil Profissão

1 48 2º ciclo Divorciada Comerciante

2 53 2º ciclo Divorciada Cabeleireira

3 47 Secundário Casada Administrativa

2- Resultados

Os resultados obtidos nas análises das quatro colheitas de sangue, e nos

questionários de qualidade de vida e na escala hospitalar de ansiedade e depressão,

aplicados antes e depois dos tratamentos, são apresentados nas tabelas de 9 a 27 e nos

gráficos de 1 a 16, para ambos os grupos: experimental e controlo.

2.1- Valores obtidos nos parâmetros analíticos nas quatro colheitas de

sangue do grupo experimental e grupo de controlo

Os resultados obtidos nos parâmetros das análises de sangue, leucócitos,

neutrófilos, linfócitos totais, linfócitos T, linfócitos B e células NK, nas colheitas de T0 a T3

são apresentados nas tabelas 9 e 10 e nos gráficos de 1 a 6.

Tabela 9: Valores obtidos nas quatro colheitas de sangue no grupo experimental

Partici-

pante

Colheita Leucócitos

(mm3)

Neutrófilos

(mm3)

Linfócitos

(mm3)

Linfócitos

T (mm3)

Linfócitos

B (mm3)

Células NK

(mm3)

E1 T0 10700 5200 2400 1762 403 235

T1 4900 4000 800 514 159 128

T2 11600 7700 2700 1755 661 281

T3 5900 4700 900 606 122 172

E2 T0 3610 2430 1020 680 75 265

T1 4500 2400 1300 896 99 305

T2 4700 3300 1100 769 72 260

T3 3600 1800 1100 829 88 189

E3 T0 3620 2470 1090 492 21 577

T1 8800 8100 600 198 20 383

T2 3300 2200 1000 461 18 532

T3 4900 3600 900 532 34 332

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85

Tabela 10: Valores obtidos nas quatro colheitas de sangue no grupo de controlo

Partici-

pante

Colheita Leucócitos

(mm3)

Neutrófilos

(mm3)

Linfócitos

(mm3)

Linfócitos

T (mm3)

Linfócitos

B (mm3)

Células NK

(mm3)

C1 T0 1800 100 1610 950 590 70

T1 12400 10900 1400 1054 213 133

T2 2000 200 1600 1278 232 90

T3 9800 6920 2340 1825 344 172

C2 T0 4350 2850 1300 979 192 129

T1 7100 4900 1400 1033 227 128

T2 6200 4900 1200 965 94 140

T3 4330 2680 1160 899 144 117

C3 T0 3500 2300 1100 877 150 75

T1 3600 1800 1400 581 757 61

T2 4200 2400 1700 1488 155 57

T3 3300 1800 1000 712 127 161

Gráficos 1, 2, 3 e 4: Apresentação gráfica dos valores dos leucócitos, neutrófilos, linfócitos

totais, linfócitos T, linfócitos B e células NK, de T0 a T3, das doentes com cancro da mama em

estadios iniciais (E2 e E3; C1 e C3).

Gráfico 1: E2

3610 3600

2430

1800

1020 1100

680 829

75 88 265 189

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

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86

Gráfico 2: C1

Gráfico 3: E3

Gráfico 4: C3

1800

9800

100

6920

1610 2340

950

1825

590 344

70 172

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

3620 4900 2470

3600

1090 900

492 532

21 34

577 332 0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

3500

3300

2300

1800

1100 1000 877 712

150 127 75 161 0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

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87

Gráfico 5 e 6: Apresentação gráfica dos valores dos leucócitos, neutrófilos, linfócitos totais,

linfócitos T, linfócitos B e células NK, de T0 a T3, das doentes com cancro da mama em

estadios avançados (E1 e C2).

Gráfico 5: E1

Gráfico 6: C2

2.2- Resultados obtidos nos questionários de qualidade de vida C-30 e

BR23 nos dois grupos (experimental e controlo)

Os efeitos dos tratamentos de AM na qualidade de vida relativamente à capacidade

funcional e aos sintomas da doença oncológica são analisados através dos resultados obtidos nas

subescalas dos questionários (escalas funcionais e escalas de sintomas) comparando os valores

iniciais, antes da intervenção, com os valores finais, após os 10 tratamentos de AM. O grupo de

controlo não recebeu qualquer tratamento de AM durante o tempo de duração do estudo.

Quanto maiores os resultados obtidos nas escalas funcionais e na escala do estado de

saúde geral/qualidade de vida melhor a funcionalidade e o estado geral de saúde. Relativamente

aos resultados das escalas de sintomas, quanto menor forem os valores obtidos, menor os

sintomas relacionados com a doença oncológica e com os efeitos da quimioterapia.

10700

5900 5200

4700

2400 900

1762 606 403 122

235 172 0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

4350 4330

2850 2680

1300 1160 979 899

192 144

129 117 0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

T0 T1 T2 T3

Leucócitos

Neutrófilos

Linfócitos

Linfócitos T

Linfócitos B

Células NK

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88

Tabela 11: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ C-30 do

grupo experimental, antes e depois dos tratamentos de AM.

Grupos Experimental

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Função física 80 80 73 80 20 33

Papel funcional 100 67 67 67 0 33

Função emocional

75 100 58 83 50 75

Função cognitiva

100 100 67 67 50 50

Função social 67 100 67 67 17 50

Tabela 12: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ BR23 do

grupo experimental, antes e depois dos tratamentos de AM.

Grupos Experimental

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Imagem corporal

33 92 67 75 25 33

Função sexual 16,67 33,33 33,33 33,33 0 0

Satisfação sexual

33,33 33,33 66,67 66,67 0 0

Perspetiva futura

33 67 0 33 33 67

Tabela 13: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ C-30 do

grupo de controlo.

Grupos Controlo

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Função física 53 53 60 53 60 53

Papel funcional 67 50 67 67 67 67

Função emocional

25 25 33 25 33 25

Função cognitiva

83 83 50 50 50 50

Função social 50 33 83 67 83 67

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89

Tabela 14: Resultados obtidos nas escalas funcionais dos questionários QLQ BR23 do

grupo de controlo.

Grupos Controlo

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Imagem corporal

25 0 75 75 92 50

Função sexual 16,67 0 0 0 33,33 0

Satisfação sexual

0 0 0 0 66,67 0

Perspetiva futura

0 0 33 67 0 0

Gráfico 7: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais dos

questionários QLQ C-30 do grupo experimental antes e depois dos tratamentos de AM.

Gráfico 8: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais dos

questionários QLQ C-30 no grupo de controlo no início e no final da investigação.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Função física Papel funcional Função emocional

Função cognitiva

Função social

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Função física Papel funcional Função emocional

Função cognitiva

Função social

Inicial

Final

Inicial

Final

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90

Gráfico 9: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais dos

questionários QLQ BR23 do grupo experimental.

Gráfico 10: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas funcionais do QLQ

BR23 no grupo de controlo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Imagem corporal Função sexual Satisfação sexual Perspetiva futura

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Imagem corporal Função sexual Satisfação sexual Perspetiva futura

Inicial

Final

Inicial

Final

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91

Tabela 15: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários QLQ

C-30 antes e depois dos tratamentos de AM no grupo experimental

Grupos Experimental

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Fadiga 33,33 11,11 33,33 22,22 100 33

Náusea e Vómito 0 0 16,67 16,67 83,33 16,67

Dor 16,67 33,33 16,67 16,67 100 33,33

Dispneia 0 0 33,33 0 0 0

Insónia 100 33,33 33,33 33,33 100 33,33

Perda de apetite 33,33 0 0 0 100 33,33

Obstipação 33,33 0 33,33 0 100 0

Diarreia 0 0 0 0 100 100

Dificuldades financeiras

33,33 0 33,33 66,67 33,33 33,33

Tabela 16: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários QLQ

BR23 antes e depois dos tratamentos de AM, no grupo experimental.

Grupos Experimental

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Efeitos

secundários

tratamentos

38,10 4,76 38,10 33,33 66,67 42,86

Sintomas mama 25 25 16,67 16,67 0 0

Sintomas braço 66,67 55,56 22,22 44,44 11,11 0

Preocupação

queda cabelo

100 0 66,67 0 0 0

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92

Tabela 17: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários QLQ

C-30 no início e no final da investigação, pelo grupo de controlo.

Grupos Controlo

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Fadiga 66,67 66,67 44,44 55,56 66,67 66,67

Náusea e Vómito 66,67 66,67 0 0 16,67 33,33

Dor 83,33 83,33 33,33 66,67 33,33 66,67

Dispneia 0 0 0 0 33,33 33,33

Insónia 100 100 100 100 100 100

Perda de apetite 100 100 33,33 33,33 33,33 33,33

Obstipação 0 0 100 66,67 0 0

Diarreia 100 33,33 0 0 33,33 66,67

Dificuldades financeiras

66,67 66,67 66,67 66,67 66,67 66,67

Tabela 18: Resultados obtidos nas escalas e nos itens de sintomas dos questionários QLQ

BR23 no início e no final da investigação, pelo grupo de controlo.

Grupos Controlo

Participantes 1 2 3

Momento Inicial Final Inicial Final Inicial Final

Efeitos

secundários

tratamentos

80,95 80,95 42,83 61,90 66,67 66,67

Sintomas mama 58,33 58,33 25 50 41,67 50

Sintomas braço 33,33 66,67 33,33 44,44 11,11 44,44

Preocupação

queda cabelo

100 33,33 33,33 66,67 33,33 33,33

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93

Gráfico 11: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens de

sintomas dos questionários QLQ C-30 antes e depois dos tratamentos de AM, pelo grupo

experimental.

Gráfico 12: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens de

sintomas dos questionários QLQ C-30 no início e no final da investigação, pelo grupo de

controlo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

C 1 C2 C3 C 1 C2 C3 C 1 C2 C3 C1 C2 C3 C1 C2 C3 C 1 C2 C3 C1 C2 C3 C1 C2 C3 C1 C2 C3

Inicial Final

Inicial

Final

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94

Gráfico 13: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens de

sintomas dos questionários QLQ BR23 antes e depois dos tratamentos de AM, pelo grupo

experimental.

Gráfico 14: Apresentação gráfica dos resultados obtidos nas escalas e nos itens de

sintomas dos questionários QLQ BR23 no início e no final da investigação, pelo grupo de

controlo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Efeitos secundários tratamentos

Sintomas mama Sintomas braço Preocupação queda cabelo

E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3 E1 E2 E3

Inicial

Final

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Efeitos secundários tratamentos

Sintomas mama Sintomas braço Preocupação queda cabelo

C 1 C2 C3 C 1 C2 C3 C 1 C2 C3 C 1 C2 C3

Inicial

Final

Page 95: EFEITO DA ACUPUNTURA NAS CÉLULAS NK EM DOENTES … · De acordo com a literatura, a acupunctura e a moxabustão parecem promover um efeito mieloprotetor, em doentes oncológicos

95

Tabela 19: Resultados obtidos no QLQ C-30 relativamente ao estado de saúde

geral/qualidade de vida nos grupos controlo e experimental.

Saúde Global/Qualidade de Vida

G. Experimental Inicial Final

1 50 91,67

2 50 66,67

3 0 75

G. Controlo Inicial Final

1 41,67 41,67

2 50 50

3 33,33 33.33

Gráfico 15: Apresentação gráfica dos resultados obtidos no QLQ C-30 relativamente ao

estado de saúde geral e qualidade de vida no grupo experimental (E1, E2, E3) e de controlo

(C1, C2, C3).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

G.Experimental G. Controlo

Inicial Final

Inicial Final

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96

2.3- Resultados obtidos na Escala Hospitalar de Ansiedade e

Depressão (HADS)

Tabela 20: Resultados obtidos na HADS, no início e no final da investigação, nos grupos de

controlo e experimental.

Níveis de Ansiedade e Depressão

G. Controlo

Ansiedade Inicial

Ansiedade Final

Diferença em %

Depressão Inicial

Depressão Final

Diferença em %

1 10 10 0 6 9 + 50

2 15 14 - 7 9 11 + 25

3 13 12 - 8 8 10 + 25

G. Experim.

Ansiedade Inicial

Ansiedade Final

Diferença em %

Depressão Inicial

Depressão Final

Diferença em %

1 8 5 - 62,5 11 6 - 54,55

2 9 5 - 55,56 6 6 0

3 15 8 - 53,33 12 8 - 66,67

Gráfico 16: Apresentação gráfica dos resultados obtidos na HADS, no início e no final da

investigação (grupo de controlo e grupo experimental)

0

7

14

21

INICIAL

FINAL

Níveis de Ansiedade e Depressão da HADS

0 a 8 = sem ansiedade ou depressão; 9 e 10 = Ansiedade e/ou depressão leve,

11 a 14 = Ansiedade e/ou depressão moderada e 15 a 21 = Ansiedade e/ou depressão grave

Ansiedade

Controlo

Ansiedade

Experimental

Depressão

Experimental

Depressão

Controlo

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97

Tabela 21: Resumo das diferenças nos resultados obtidos nas escalas funcionais, escalas

de sintomas, qualidade de vida (questionários C-30 e BR23) e nos níveis de ansiedade e

depressão (HADS) nos grupos experimental e de controlo.

Part. Func. Sintom. QdV Ansiedade Depressão

Dif.% Dif.% Inicial Final Inicial Final Dif.% Inicial Final Dif.%

E1 + 25 - 64 50 91,67 8 5 - 62,5 11 6 - 54,55

E2 + 15 - 42 50 66,67 9 5 - 55,56 6 6 0

E3 + 75 - 78 0 75 15 8 - 53,33 12 8 - 66,67

C1 - 24 - 6 41,67 41,67 10 10 0 6 9 + 50

C2 + 0,75 + 26 50 50 15 14 - 7 9 11 + 25

C3 - 36 + 23 33,33 33.33 13 12 - 8 8 10 + 25

2.4- Características e resultados gerais da amostra (grupos experimental

e de controlo)

Tabela 22: Resumo das características da participante E1 e dos resultados obtidos nos parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Experimental

Participante - E1

Tipo de cancro Carcinoma Inflamatório

TNM T4d, N0, M0

Estadio IIIB

Parâmetros

sangue

Apesar de já estar no 6º ciclo de QT neoadjuvante nunca ocorreram episódios

de leucopenia e neutropenia durante os tratamentos de AM.

Escalas

funcionais

Melhoria de 25% na funcionalidade, exceto nos movimentos com o braço direito

devido a linfoedema e questões relacionadas com a sexualidade.

Escalas de

sintomas

Diminuição de 64% dos sintomas relacionados com a doença oncológica

(exceto com a dor associada ao edema do braço direito) e com os efeitos

secundários da quimioterapia.

Qualidade de

vida

Melhoria em 83,34% na saúde geral/qualidade de vida em relação aos valores

apresentados no início dos tratamentos de AM.

Ansiedade e

depressão

Redução de 62,5% nos níveis de ansiedade e de 54,55% nos níveis de

depressão.

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98

Tabela 23: Resumo das características da participante E2 e dos resultados obtidos nos parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Experimental

Participante - E2

Tipo de cancro Carcinoma Ductal Invasor

TNM T1, N0, M0

Estadio IA

Parâmetros

sangue

Aumento dos linfócitos T e B entre T0 e T3.

Escalas

funcionais

Aumento de 15% na funcionalidade.

Escalas de

sintomas

Diminuição de 42% nos sintomas relacionados com a doença oncológica e com

os sintomas da QT, em relação ao início dos tratamentos, exceto nos sintomas

relacionados com o braço direito e com a fadiga.

Qualidade de

vida

Melhorou em 33,34% a saúde global/qualidade de vida em relação aos valores

apresentados no início do tratamento.

Ansiedade e

depressão

Diminuiu em 55,56% os níveis de ansiedade e manteve-se sem sintomas de

depressão.

Tabela 24: Resumo das características da participante E3 e dos resultados obtidos nos parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Experimental

Participante - E3

Tipo de cancro Carcinoma Invasivo Sem Outra Especificação

TNM T1C, N0, M0

Estadio IA

Parâmetros

sangue

Aumento dos linfócitos T e B entre T0 e T3.

Escalas

funcionais

Aumento em 75% as capacidades em lidar com os efeitos da doença

oncológica.

Escalas de

sintomas

Diminuição em 78% nos sintomas relacionados com a doença em geral e com

os efeitos secundários da QT.

Qualidade de

vida

Aumento de 75% na saúde geral e qualidade de vida.

Ansiedade e

depressão

Diminuição de 53,33% nos níveis de ansiedade e 66,67%, nos de depressão.

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99

Tabela 25: Resumo das características da participante C1 e dos resultados obtidos nos parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Controlo

Participante - C1

Tipo de cancro Carcinoma Invasor. Triplo Negativo

TNM T2, N0, M0

Estadio IIA

Parâmetros

sangue

Estava no segundo ciclo de QT neoadjuvante apresentando leucopenia e

neutropenia e não fazia fatores de crescimento. A introdução dos fatores de

crescimento só foi iniciada após a última colheita de sangue para a

investigação.

Escalas

funcionais

Houve uma diminuição de 24% nos parâmetros de funcionalidade.

Escalas de

sintomas

Houve uma melhoria de 6% dos sintomas relacionados com a mama, a diarreia

e a preocupação com a queda do cabelo.

Qualidade de

vida

Manteve os valores iniciais.

Ansiedade e

depressão

Os níveis de ansiedade mantiveram-se iguais (ansiedade leve) e os de

depressão aumentaram em 50%, passando de ausente para depressão leve.

Tabela 26: Resumo das características da participante C2 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Controlo

Participante – C2

Tipo de cancro Carcinoma Ductal Invasor

TNM T2, N3A, M0

Estadio IIIC

Parâmetros

sangue

Não houve alterações relevantes. Doente estava a iniciar QT adjuvante.

Escalas

funcionais

Não houve alterações na funcionalidade.

Escalas de

sintomas

Houve um agravamento de 26% dos sintomas, principalmente os relacionados

com a mama e com a queda do cabelo.

Qualidade de

vida

Manteve os valores iniciais.

Ansiedade e

depressão

Reduziu a ansiedade de grave para moderada e aumentou em 25% os níveis

de depressão, passando de leve para moderada.

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100

Tabela 27: Resumo das características da participante C3 e dos resultados obtidos nos

parâmetros avaliados (sangue, qualidade de vida e ansiedade e depressão)

Dimensões Grupo Controlo

Participante – C3

Tipo de cancro Carcinoma Ductal Invasor

TNM T1, N0, M0

Estadio IA

Parâmetros

sangue

Não houve alterações relevantes. Doente estava a iniciar o 1º ciclo de QT

adjuvante.

Escalas

funcionais

Diminuição em 36% nas capacidades funcionais relacionadas com a sua

imagem corporal, a sexualidade e com a perspetiva futura.

Escalas de

sintomas

Houve um agravamento de 23% dos sintomas, principalmente nos relacionados

com os efeitos da quimioterapia, a mama e o braço do lado do tumor.

Qualidade de

vida

Manteve os valores iniciais.

Ansiedade e

depressão

Manteve os níveis de ansiedade moderada e um agravamento de 25% nos

níveis de depressão passando da ausente para depressão leve.

3- Discussão

A análise individualizada dos dois grupos relativamente aos valores de leucócitos,

neutrófilos, linfócitos totais, linfócitos T e B e células NK revelou:

a) no grupo experimental, as duas doentes E2 e E3 com cancro da mama em

estadio IA, exibiram aumento (E3) e manutenção (E2) dos valores dos leucócitos,

aumento dos linfócitos T e dos linfócitos B e tendências opostas nos neutrófilos. Nas

células NK verificou-se um decréscimo em ambas as doentes. Na doente E1, com cancro

da mama em estadio IIIB, verificou-se um decréscimo de todos os parâmetros avaliados.

b) no grupo controlo, a doente C1 com cancro da mama em estadio IA, apresentou

aumento do número de leucócitos, linfócitos T e neutrófilos, manutenção do número das

células NK e diminuição dos linfócitos B. A doente C2 com cancro da mama em estadio

IIIC, apresentou manutenção dos níveis leucócitos e diminuição do número de linfócitos T

e B, das células NK e dos neutrófilos. A doente C3 com cancro da mama em estadio IIA,

apresentou diminuição dos níveis de leucócitos, linfócitos T, dos linfócitos B e dos

neutrófilos, apresentando aumento do número de células NK.

Na análise comparativa não se evidenciaram diferenças significativas entre os dois

grupos relativamente ao efeito da acupunctura/moxabustão na imunidade. Este facto

poderá ser explicado pelo tamanho reduzido da amostra, bem como pela

heterogeneidade entre os grupos quanto ao estadiamento tumoral. O grupo experimental

Page 101: EFEITO DA ACUPUNTURA NAS CÉLULAS NK EM DOENTES … · De acordo com a literatura, a acupunctura e a moxabustão parecem promover um efeito mieloprotetor, em doentes oncológicos

101

era composto por duas doentes com doença em estadio IA e uma doente em estadio IIIB,

enquanto o grupo controlo era composto por doentes em diversos estadios: IA, IIA e IIIC.

Embora com todas as limitações, dado o número reduzido de doentes, comparando

os valores entre as doentes com cancro da mama em estadio IA, as do grupo

experimental exibiram, à exceção das células NK, uma manutenção e aumento dos

diversos tipos de células, nomeadamente dos linfócitos T e B, enquanto a do grupo

controlo (C1) exibiu uma diminuição dos linfócitos B.

Segundo Grizzi (2013), os linfócitos B parecem desempenhar um papel complementar

na imunidade anti-tumoral. Além da produção de anticorpos, os linfócitos B medeiam

diversas funções fundamentais à homeostasia imunitária, nomeadamente a função de

apresentação de antigénios na iniciação de respostas imunes das células T. Deste modo,

poderemos especular que os tratamentos de AM nos estadios iniciais do cancro da mama

poderão induzir, primariamente, a homeostasia do sistema imunitário (Grizzi, 2013) (88).

Relativamente às células NK, as doentes com cancro da mama em estadio IA não

apresentam nenhum padrão ou tendência verificando-se um decréscimo do número

destas células no final do estudo (T3) comparativamente com o início (T0). Este facto

poderá ser explicado por a amostra ser pequena e a atividade destas células variarem de

indivíduo para indivíduo por características herdadas geneticamente (Thomas & Badini,

2011) (89).

Em estadios avançados do cancro da mama não se verificou qualquer efeito da

acupuntura e moxabustão no sistema imunitário. Talvez seja necessário a realização do

estudo numa amostra mais representativa.

Relativamente aos resultados observados nas escalas de funcionalidade, dos

questionários de qualidade de vida C30 e BR23 obtiveram-se valores mais elevados no

grupo experimental, permitindo-nos sugerir que os tratamentos de AM parecem ter um

efeito positivo nas capacidades funcionais/estratégias de coping das doentes face à

doença oncológica.

Nas escalas e itens isolados de sintomas, o grupo experimental apresentou

resultados inferiores comparativamente ao grupo de controlo, sugerindo que a

intervenção de AM tenha promovido uma redução dos sintomas relacionados com os

efeitos secundários da quimioterapia e com a doença oncológica em geral.

Na avaliação geral da saúde e da qualidade de vida (itens 29 e 30 do questionário

C30) verificamos um aumento significativo no grupo experimental em relação ao grupo de

controlo.

Na avaliação do estado psicoemocional, verificou-se que todas as doentes do grupo

experimental apresentaram, no final do estudo, ausência de ansiedade e depressão. As

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doentes do grupo controlo apresentaram uma manutenção dos níveis de ansiedade e um

agravamento dos níveis de depressão.

Os resultados obtidos parecem indicar que o protocolo de tratamento de AM tem um

efeito na homeostasia do sistema imunitário em estadios iniciais do cancro da mama,

assim como promover uma melhoria do estado psicoemocional e da qualidade da vida

das doentes com cancro da mama.

Em estadios avançados, o protocolo de AM utilizado teve efeitos na qualidade de vida

e no estado psicoemocional, no entanto não teve efeitos no sistema imunitário.

Os resultados obtidos parecem ser promissores, pelo menos em relação à qualidade

de vida, mas indicam a necessidade de se fazer um estudo com um número maior de

doentes, para se poder trabalhar estatisticamente os dados a fim de obter conclusões

definitivas. Indicam também a necessidade de um seguimento a longo prazo para mostrar

a estabilidade dos resultados.

O presente estudo possui várias limitações a serem consideradas:

1) amostragem reduzida. É necessária a realização de um estudo com uma amostra

maior, de modo a permitir a avaliação precisa do efeito da AM em doentes com cancro da

mama submetidas a quimioterapia. Investigar a relação entre o estadio da doença

oncológica, os diferentes tipos de quimioterapia e os possíveis efeitos imunomoduladores

da acupunctura e moxabustão;

2) heterogeneidade da amostra;

3) a curta duração do estudo que não permitiu obter dados mais precisos sobre o

impacto dos tratamentos de AM nos parâmetros da imunidade e da qualidade de vida das

doentes numa fase posterior aos tratamentos (seguimento mais longo);

4) não estratificação dos doentes por fatores de prognóstico;

5) não ocultação dos doentes em relação ao tratamento recebido, embora se saiba

que é muito difícil a ocultação num estudo de acupuntura/moxabustão.

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B – Conclusões e perspetivas futuras

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1- Conclusões

A amostra deste estudo foi muito reduzida e o tempo de realização da

investigação muito curto, o que não possibilitou obter conclusões mais específicas e

consistentes em relação aos parâmetros avaliados. Contudo, os resultados obtidos nas

análises de sangue, nos questionários de qualidade de vida e na escala hospitalar de

ansiedade e depressão permitem-nos concluir que os tratamentos de acupuntura e

moxabustão parecem:

a) ter efeito na homeostasia do sistema imunitário em estadios iniciais do cancro

da mama;

b) promover uma melhoria da funcionalidade/estratégias de coping das doentes

que receberam os tratamentos de AM;

c) reduzir os sintomas relacionados com o cancro da mama;

d) melhorar a qualidade de vida e a saúde em geral das doentes;

e) melhorar o estado psicoemocional das doentes.

2- Perspetivas futuras

Tendo em consideração todas as observações descritas anteriormente,

salientamos alguns aspetos que deverão ser considerados em futuras investigações:

a) a amostra deve ser muito maior, de forma a permitir o tratamento estatístico

dos resultados obtidos;

b) seria importante a ocultação, pelo menos para o doente, nos estudos de

acupuntura/moxabustão (90);

c) parece-nos precoce rejeitar o protocolo utilizado nesta investigação uma vez

que a amostra foi bastante reduzida;

d) em investigações futuras seria de grande importância controlar, algumas

variáveis que podem interferir com os resultados, tais como o tipo de cancro,

estadiamento da doença, tipo de quimioterapia e estado emocional/psicológico

da doente;

e) relativamente aos parâmetros analíticos analisados, seria importante avaliar

não apenas o número de células mas também a sua funcionalidade, como a

citotoxidade e/ou a produção de citoquinas.

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ANEXOS

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DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO INFORMADO Considerando a “Declaração de Helsínquia” da Associação Médica Mundial

(Helsínquia 1964; Tóquio 1975; Veneza 1983; Hong Kong 1989; Somerset West 1996 e Edimburgo 2000)

Designação do Estudo

EFEITO DA ACUPUNTURA NAS CÉLULAS NK EM DOENTES COM CANCRO DA MAMA SUBMETIDAS

A QT. ESTUDO PROSPECTIVO, CONTROLADO E RANDOMIZADO

Eu, ________________________________________________, abaixo-assinada,

participante do estudo, declaro que fui informado de que a investigação acima

mencionada se destina a avaliar o efeito da acupunctura no sistema imunitário em

doentes com cancro da mama.

Sei que neste estudo está prevista a realização de 10 tratamentos de acupuntura e

moxabustão, 2 vezes por semana, durante 5 semana, e a administração de 2

questionários de Qualidade de Vida e 1 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão,

tendo-me sido explicado em que consistem e quais os seus efeitos. Foi-me informado,

ainda, que a deslocação para os tratamentos serão pagas por mim.

Foi-me garantido que todos os dados relativos à identificação dos participantes, neste

estudo, serão confidenciais e que foi mantido o anonimato. Sei que posso recusar-me a

participar ou interromper a qualquer momento a participação no estudo, sem nenhum tipo

de penalização por este facto.

Declaro, ainda, que não participei em nenhum outro projeto de investigação onde tivesse

recebido tratamentos de acupuntura nos últimos 120 dias.

Compreendi a explicação que me foi fornecida, foi-me dada a oportunidade de fazer as

perguntas que julguei necessárias e as minhas dúvidas foram esclarecidas. Assim, aceito

participar de livre vontade no estudo acima mencionado.

Concordo que sejam efetuados os tratamentos e a colheita de amostras de sangue para

realizar as análises que fazem parte do estudo e autorizo, também, que sejam divulgados os

resultados obtidos, no meio científico, garantindo o anonimato.

Data: ______ / __________________ / 201___

Assinatura: ___________________________________________________

A Investigadora responsável: Márcia Cristina Serralheiro Rosa Forte Faria

Assinatura: ____________________________________

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Informação ao Participante

Este estudo está a ser conduzido por Márcia Faria (investigadora principal), com o objetivo de

avaliar o impacto da acupunctura e da moxabustão no sistema imunitário de doentes com

patologia da mama e submetidos a tratamento de QT.

Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro Hospitalar do Porto.

Os participantes neste estudo serão submetidos a 10 tratamentos de acupunctura e moxabustão

com a periodicidade de duas vezes por semana, durante 5 semanas, e a administração de 2

questionários de Qualidade de Vida e 1 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Cada

sessão de tratamento terá a duração de 30 a 45 minutos, sendo a deslocação ao hospital, para a

realização dos tratamentos, paga pelo participante no estudo.

Todas as respostas aos questionários serão tratadas de forma confidencial e os participantes

individuais nunca serão identificados. Todos os dados serão agregados e publicados de forma

conjunta.

A acupunctura é geralmente segura. Os efeitos secundários graves são muito raros - menos de um

por 10.000 tratamentos. Contudo, deve estar ciente de que é possível a ocorrência de:

Sonolência, não sendo aconselhado a conduzir no imediato após acupunctura;

Ligeiro sangramento ou equimose/hematoma (ocorre em cerca de 3% dos tratamentos);

dor durante o tratamento (ocorre em cerca de 1% dos tratamentos);

Agravamento de determinados sintomas após o tratamento (menos de 3% dos doentes),

o que geralmente é um bom sinal. No entanto, deve informar a investigadora sobre o

facto;

Desmaio, em alguns pacientes, em especial no primeiro tratamento (raramente).

A participação é voluntária e a recusa em cooperar com este estudo não trará consequências nem

perda de benefícios. Os participantes poderão sair do estudo em qualquer altura, sem

consequências nem perda de benefícios a que de outra forma tenham direito.

Poderá entrar em contacto com a investigadora pelo nº telemóvel 919686662.

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Estudo Acupuntura Imunologia Clínica (Dr.ª Esmeralda Neves)

Identificação do doente

Nome:_______________________________________________________________

Nº Processo: __________________________________________________________

Data de nascimento: _____/ _____/ ______

Série:___________ Data de colheita ______/ ________/_______

Hora da colheita: ______________________

Análises:

- Hemograma completo

- Citometria de fluxo:

Células NK

Células T e células B

Tubos necessários

2 tubos (tampa roxa, chamados “tubos de hemograma”, sendo que um tubo foi para

congelar) .

Poderá entrar em contacto com a investigadora, Márcia Faria, pelo nº telemóvel 919686662.

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Estudo Acupuntura Registo das datas das colheitas de sangue e agendamento tratamentos

Tempos de colheitas Data de colheitas sangue

Data tratamentos Acup

Nº Acup Após colheita de sangue

Baseline (T0)

4(2x 2 semanas)

T1

2x 1 semana

T2

4(2x 2 semanas)

T3

0

Poderá entrar em contacto com a investigadora, Márcia Faria, pelo nº telemóvel 919686662.

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Estudo de Acupunctura no sistema imunitário em doentes com cancro da mama

Informação para o doente das datas de colheita de sangue e dos tratamentos

Agendamento de colheitas de sangue

Datas para tirar sangue

Dia Hora

T0

T1

T2

T3

Agendamento dos tratamentos de acupunctura e moxabustão

Nº tratamentos/ semana Datas dos tratamentos de Acupunctura

Dia Hora Dia Hora

1ª semana (2 tratamentos)

2ª semana (2 tratamentos)

3ª semana (2 tratamentos)

4ª semana (2 tratamentos)

5ª semana (2 tratamentos)

Poderá entrar em contacto com a investigadora, Márcia Faria, pelo nº telemóvel 919686662.

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ESCALA HOSPITALAR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO – HADS

Esta escala foi construída para ajudar a saber como se sente. Pedimos-lhe que leia cada uma das perguntas e faça uma cruz (x) na opçãp que melhor descreve a forma como se tem sentido na última semana. Não demore muito tempo a pensar nas respostas. Por favor, faça apenas uma cruz em cada pergunta.

1- Sinto-me tenso/a ou nervoso/a:

( ) Quase sempre ( ) Muitas vezes ( ) Por vezes ( ) Nunca

8- Sinto-me mais lento/a, como se fizesse as coisas mais devagar:

( ) Quase sempre ( ) Muitas vezes ( ) Por vezes ( ) Nunca

2- Ainda sinto prazer nas coisas de que

costumava gostar: ( ) Tanto com antes ( ) Não tanto como agora ( ) Só um pouco ( ) Quase nada

9- Fico de tal forma apreensivo/a (com medo), que até sinto um aperto no estômago:

( ) Nunca ( ) Por vezes ( ) Muitas vezes ( ) Quase sempre

3- Tenho uma sensação de medo, como se

algo terrível estivesse para acontecer: ( ) Sim e muito forte ( ) Sim, mas não muito forte ( ) Um pouco, mas não me aflige ( ) De modo algum

9- 10- Perdi o interesse em cuidar do meu aspecto 10- físico:

( ) Completamente ( ) Não dou a atenção que devia ( ) Talvez cuide menos que antes ( ) Tenho o mesmo interesse de sempre

4- Sou capaz de rir e ver o lado divertido das coisas: ( ) Tanto com antes ( ) Não tanto como agora ( ) Muito menos agora ( ) Nunca

11- 11- Sinto-me de tal forma inquieto/a que não 12- consigo estar parado/a:

( ) Nunca ( ) Bastante ( ) Não muito ( ) Nada

5- Tenho a cabeça cheia de preocupações: ( ) A maior parte do tempo: ( ) Muitas vezes ( ) Por vezes ( ) Quase nunca

13- 12- Penso com prazer nas coisas que podem 14- acontecer no futuro:

( ) Tanto com antes ( ) Não tanto agora ( ) Bastante menos agora ( ) Quase nunca

6- Sinto-me animado/a: ( ) Nunca ( ) Poucas vezes ( ) De vez em quando ( ) Quase nunca

15- 13- De repente, tenho sensações de pãnico: ( ) Muitas vezes ( ) Bastantes vezes ( ) Por vezes ( ) Quase nunca

7- Sou capaz de estar descontraidamente sentado/a e sentir-me relaxado/a: ( ) Quase sempre ( ) Muitas vezes ( ) Por vezes ( ) Nunca

16- 14- Sou capaz de apreciar um bom livro ou um 17- programa de rádio ou televisão:

( ) Muitas vezes ( ) De vez em quando ( ) Poucas vezes ( ) Quase nunca

18- Muito obrigada pela sua colaboração

A:__________________________ D: ___________________________

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