EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén...

177
i UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PPGA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ANA CAROLINA DE TOLEDO EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À MARCA PÓS FUSÃO / AQUISIÇÃO SÃO PAULO 2013

Transcript of EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén...

Page 1: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

i

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PPGA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ANA CAROLINA DE TOLEDO

EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À

MARCA PÓS FUSÃO / AQUISIÇÃO

SÃO PAULO

2013

Page 2: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

ii

ANA CAROLINA DE TOLEDO

EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE

À MARCA PÓS FUSÃO / AQUISIÇÃO

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração da Universidade Nove de

Julho - UNINOVE, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Mestre em

Administração

Prof. Evandro Luiz Lopes, Dr. - Orientador

SÃO PAULO

2013

Page 3: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

iii

ANA CAROLINA DE TOLEDO

EFEITO DA NOSTAGIA DO CLIENTE NA LEALDADE

À MARCA PÓS FUSÃO / AQUISIÇÃO

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração da Universidade Nove de

Julho - UNINOVE, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Mestre em

Administração, pela Banca Examinadora,

formada por:

São Paulo, 09 de agosto de 2013.

Presidente: Prof. Evandro Luiz Lopes, Dr. – Orientador, UNINOVE

Membro: Prof. Francisco Antônio Serralvo, Dr., PUC-SP

Membro: Prof. Otávio Bandeira De Lamônica Freire, Dr., UNINOVE

Page 4: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus

pais, Geraldo Luciano Toledo e

Edes Rosali Casetta Toledo, ao

meu amado filho Théo Toledo

Rocha e a todas as pessoas que

direta ou indiretamente me

apoiaram: professores e amigos.

Page 5: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

v

AGRADECIMENTOS

Há vinte anos, comecei a propor-me objetivos para delinear meu futuro. Na época,

adolescente de treze anos, procurei entender o que era futuro e o que era preciso fazer para

traçar uma rota de vida. Foi ai que se iniciaram as conversas com meu pai a partir da

observação sobre como era seu trabalho. Meu pai, professor Geraldo Luciano Toledo, naquela

época Vice-Diretor da FEA – USP, tornou-se, com seu exemplo, uma fonte de inspiração para

eu almejar direcionar minha vida para uma atividade de dedicação acadêmica. Por conta

disso, não haveria outra forma de iniciar meus agradecimentos, senão dirigi-los a ele, por

todos os anos de orientação profissional que culminaram com a realização desse objetivo

traçado desde minha adolescência. E, é claro, a vida é uma soma de razão e emoção; é por

isso que minha mãe, que sempre me ouviu nas lamentações, estresses do dia a dia, e que me

tem proporcionado inestimável suporte na criação do meu filho em momentos diversos; ela é

corresponsável pela realização desse sonho. Sem ela a meu lado, não seria possível realizar

este trabalho, que se entendeu por quase dois anos e meio.

Os sonhos e a perseguição aos objetivos fazem parte de uma trajetória e de um

empenho diário em busca de sua realização e, desse processo, muitas pessoas participam,

tornando-se, muitas vezes, fundamentais para a concretização de tudo aquilo que se projetou.

No âmbito acadêmico, meus agradecimentos ao meu orientador, professor Dr.

Evandro Luiz Lopes, que participou do processo seletivo e me acolheu como sua orientanda.

Desde o início, com muita competência e entusiasmo, incentivou-me durante o curso de

mestrado, e, principalmente, revelou-me os passos metodológicos inerentes à pesquisa

acadêmica. Agradeço-o, ainda, por orientar-me na adoção de uma visão centrada no cliente,

em atenuar meu viés “executivo”, na absorção de inputs extremamente motivadores ao meu

projeto. Auxiliou-me, ainda, a não ter medo de errar nem de ousar e a fazer com que o tema

de pesquisa adotado fosse algo que eu realmente amasse desenvolver. Obrigada por cada

incentivo, pois, mais do que ensinamentos, como professor, mostrou-me caminhos, como

mestre.

Tantos outros docentes me acolheram de forma tão brilhante e me farão relembrar

desse período. Um sentimento nostálgico gostoso, com um gosto que tudo valeu ser vivido.

Agradeço principalmente aos professores da área de Marketing do programa de Pós-

Graduação em Administração: professor Dr. Sergio Moretti, professor Dra. Claudia Acevedo

Page 6: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

vi

Campanário, professor Dr. Dirceu Silva, professor Dr. Mauro Neves (In Memoriam) e todos

os demais docentes e funcionários, pela acolhida e ensinamentos.

As contribuições proporcionadas no exame de qualificação pelos professores Dr.

Francisco Antônio Serralvo e Dr. Otávio Bandeira De Lamônica Freire foram muito valiosas

para refinamento da revisão bibliográfica e encaminhamento da pesquisa empírica, tanto com

sugestões de melhorias como apontando e corrigindo as inevitáveis lacunas de uma

pesquisadora iniciante. A eles, meus sinceros agradecimentos.

Agradeço também aos meus colegas de mestrado, que estiveram sempre a meu lado;

eles foram fundamentais para fazer com que esse período fosse muito produtivo. Partilhar das

ansiedades, medos e experiências contribuíram muito para aliviar as tensões e continuar pelo

caminho, sem esmorecimento. Obrigada a vocês, Karoline Kinoshita, Reny Galvão, Augusto

Amaral, Geraldino Araújo, Carlos Alberto Alves e Eduardo Garcia, que sempre estiveram por

perto. Sou grata também aos colegas de outras instituições, pela força durante a pesquisa de

campo, em especial a Bianca Nascimento de Deus e Marcelo Neves Gonçalves.

Muitos colegas do trabalho e amigos de longa data me ajudaram, escutando-me,

apoiando-me e respondendo ao questionário da pesquisa pertinente ao trabalho de campo;

portanto, não poderia deixar de agradecê-los por seu apoio, paciência e por tolerarem minha

ausência em alguns momentos. Um especial obrigado para: Betina Vieira, Camilla Teixeira,

Rafael Fernandes, Tatiana Atalla, Maria Carolina Sciamarelli, Tomaz Silveira, Lucas Amaral,

Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin,

Henrique Santos e Sergio Pereira.

Finalmente, um especial obrigado para os meus irmãos Luciano Augusto Toledo, pelo

estímulo ao interesse pela vida acadêmica; Luiz Alberto de Toledo, pela determinação

profissional; Ana Gabriela de Toledo, pela força; meu cunhado Carlos Rosolen, pelos serviços

de motoboy prestados; minhas cunhadas Eliana Carlos Toledo e Renata Campos, pela alegria

e meus lindos sobrinhos: Lara, Lisa, Luna, Maria Luiza e Gabriel. E, é claro, ao meu grande

amigo e namorado Thiago Saback, pela paciência e apoio em todos os momentos,

principalmente por ter cuidado com muito amor e carinho do meu filho, para que eu pudesse

ir às reuniões com o meu orientador; e, finalmente, a meu filho, Théo Toledo Rocha, pelos

dois anos em que ele se lembrava de que os dias de estudo eram para ele.

Page 7: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

vii

“Hoje eu acordei com uma tal nostalgia de ser

feliz.”

Clarice Lispector

Page 8: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

viii

RESUMO

O sentimento nostálgico está presente em todos os indivíduos e pode influenciar a forma de se

relacionar com as pessoas, objetos e serviços. É um sentimento agridoce, como uma saudade

do ontem, que tende a evocar nas pessoas lembranças boas de um passado. Para os

pesquisadores de marketing, esse conceito revela-se importante na configuração das estruturas

de preferência dos consumidores e, portanto, vem sendo estudado muito desde a década de

1990. O presente trabalho explora esse sentimento em um contexto de fusão e aquisição no

setor bancário, no qual uma empresa, ao fundir-se com outra empresa, extingue a marca

anterior, afetando a atitude perante a marca prevalecente e extinta e, consequentemente, a

lealdade do cliente da marca extinta. Essa última pode, ainda, ser afetada pelo efeito

decorrente do custo de mudança. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é estudar o efeito

do sentimento nostálgico do consumidor no comportamento e na lealdade após a extinção de

uma marca, em decorrência do processo de fusão/aquisição e a proposição e teste de um

modelo explicativo das relações entre os referidos construtos. A partir da análise crítica de

modelos propostos por diferentes autores, de reflexões teóricas sobre o conceito de nostalgia e

os demais construtos relacionados, foi desenvolvido um modelo teórico e seus respectivos

itens de mensuração. Foram coletadas informações de clientes que passaram por um processo

de fusão e mantiveram o relacionamento com a empresa resultante do processo e testados e

refinados pela técnica de modelagem de equações estruturais PLS-SEM, sob os aspectos de

confiabilidade e validade. Os resultados mostram haver um efeito do sentimento nostálgico

dos clientes sobre a atitude perante a marca extinta e prevalecente no processo de

fusão/aquisição, bem como a influência positiva do custo de mudanças para a construção da

sua lealdade à marca. Os resultados alcançados permitem concluir que eles contribuem para a

ampliação do arcabouço teórico de marketing sobre o tema objeto da pesquisa empreendida,

ao propor e validar um modelo abrangente que complementa os estudos existentes sobre o

assunto e, simultaneamente, busca preencher algumas lacunas.

Palavras-chave: nostalgia, atitude perante a marca, lealdade à marca, fusão e aquisição.

Page 9: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

ix

ABSTRACT

The feeling of nostalgy is present in all individuals and may influence the way we relate to

people, objects and services. It is a bittersweet feeling, like a longing for yesterday, which

tends to evoke in people fond memories of the past. For marketing researchers, this concept

proves to be important in shaping the structures of consumer preferences and, therefore, it

has been studied a lot since the 1990s. This dissertation explores this feeling in a context of

mergers and acquisitions in the banking sector, where a company, by merging with another

company, extinguishes the previous brand, thus affecting the attitude towards the prevailing

and extinct brand, and hence the customer loyalty of the extinct brand. The latter may also be

affected by the effect arising from the cost of change. In this context, the main purpose of the

author is to study the effect of the consumers’ nostalgic feeling as to their behavior and

loyalty after the extinction of a brand as a result of a merger/acquisition process and the

proposition and test of an explanatory model of the relationships between those constructs.

Based on a critical analysis of the models proposed by different authors, theoretical

reflections on the concept of nostalgy and other related constructs, a theoretical model was

developed. Information was collected from customers who have experienced a merger process

and maintained relationships with the company resulting from the process and tested and

refined by the technique of structural equation modeling PLS-SEM, under the aspects of

reliability and validity. The results show that there is an effect from the nostalgic feeling of

customers on their attitude toward the extinct brand, which is prevailing in the

merger/acquisition process, as well as the positive influence of the cost of changes to build

their brand loyalty. The results obtained allow us to conclude that they contribute to the

expansion of the theoretical framework of marketing regarding the subject of this research, by

proposing and validating a comprehensive model that complements the existing studies on the

subject and simultaneously seeks to fill some gaps.

Key words: nostalgy, attitude toward brand, brand loyalty, merger and acquisition

Page 10: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação esquemática da estrutura do estudo .................................................... 12

Figura 2 – Atitudes e crenças no processo comportamental do consumidor ............................... 18

Figura 3 – A pirâmide da percepção da marca ............................................................................ 36

Figura 4 – A pirâmide de construção de Brand Equity................................................................ 39

Figura 5 – Gestão de Brand Equity, de Aaker ............................................................................ 40

Figura 6 – Estrutura de Brand Equity, de Srivastava e Shocker ................................................. 44

Figura 7 – Um modelo esquemático (framework) de lealdade do consumidor .......................... 47

Figura 8 – Tipologia da percepção do consumidor nos custos de mudança ............................... 53

Figura 9 – Ilustração do modelo Servuction ............................................................................... 70

Figura 10 – Modelo teórico do estudo ....................................................................................... 82

Figura 11 – Plano de análise estatística do estudo empírico....................................................... 96

Figura 12 – Modelo estrutural proposto .................................................................................... 124

Figura 13 – Modelo estrutural proposto completo – APÊNDICE E ......................................... 165

Page 11: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Papeis da marca para consumidores e empresas ................................................... 14

Quadro 2 – Abordagens de brand equity e customer equity e a gestão de marketing ............. 34

Quadro 3 – Antecedente da atitude relativa ............................................................................. 47

Quadro 4 – As fases da lealdade .............................................................................................. 48

Quadro 5 – Principais definições de nostalgia relacionadas a comportamento do consumidor 56

Quadro 6 – Nostalgia histórica versus nostalgia individual .................................................... 60

Quadro 7 – Número de bancos no Brasil ................................................................................. 62

Quadro 8 – Sistema Financeiro Nacional (SFN) ..................................................................... 68

Quadro 9 – Características diferenciadoras dos serviços ......................................................... 69

Quadro 10 – Hipóteses e variáveis do estudo .......................................................................... 80

Quadro 11 – Diferenças entre pesquisas exploratórias e pesquisas conclusivas ..................... 85

Quadro 12 – Relação das escalas e questões propostas ........................................................... 91

Page 12: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Filtro 1 – Possuidor de conta no Banco ABN Amro/Real ............................... 101

Tabela 2 – Filtro 2 – Possuidor de conta no Banco Santander .......................................... 101

Tabela 3 – Filtro 3 – Não é funcionário ou ex-funcionário das instituições ..................... 102

Tabela 4 – Gênero do respondente .................................................................................... 102

Tabela 5 – Faixa etária do respondente ............................................................................. 103

Tabela 6 – Escolaridade do respondente ........................................................................... 103

Tabela 7 – Natureza da ocupação do respondente ............................................................ 104

Tabela 8 – Renda do respondente ..................................................................................... 104

Tabela 9 – Número de bancos em que mantém conta corrente ......................................... 105

Tabela 10 – Principal banco de relacionamento do respondente ...................................... 105

Tabela 11 – Principal banco do respondente, antes da fusão ............................................ 106

Tabela 12 – Principal banco antes da fusão versus banco principal atual ......................... 107

Tabela 13 – Tempo de relacionamento com as instituições .............................................. 107

Tabela 14 – Tipos de contas com a instituição ................................................................. 108

Tabela 15 – Frequência das escalas das variáveis independentes ..................................... 111

Tabela 16 – Frequência das escalas das variáveis dependentes ........................................ 113

Tabela 17 – Distância de Mahalanobis dos outliers .......................................................... 115

Tabela 18 – Multicolinearidade entre as variáveis ............................................................ 115

Tabela 19 – Normalidade Kolmogorov Smirnov .............................................................. 116

Tabela 20 – Resultado da análise fatorial exploratórios – variável independente ............ 119

Tabela 21 – Resultado da análise fatorial exploratórios – variável dependente ............... 120

Tabela 22 – Análise secundário das variáveis – índice de ajuste ...................................... 121

Tabela 23 – Relação dos indicadores com a raiz AVE – PLS .......................................... 123

Tabela 24 – Carga das relações entre os construtos .......................................................... 124

Tabela 25 – Análise dos coeficientes dos caminhos, por bootstrapping .......................... 125

Tabela 26 – Resultados dos testes das hipóteses ............................................................... 130

Page 13: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

1.1 Contextualização do tema .................................................................................................. 4

1.2 Problema de pesquisa.......................................................................................................... 7

1.3 Objetivos ............................................................................................................................ 8

1.3.1 Objetivo principal ............................................................................................................ 8

1.3.2 Objetivos secundários ...................................................................................................... 8

1.4 Justificativa ......................................................................................................................... 9

1.5 Organização do estudo ..................................................................................................... 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 13

2.1 Gestão de marcas e fidelização ......................................................................................... 13

2.1.1 Conceito, funções e benefícios da marca ....................................................................... 13

2.1.2 Marca e os vínculos com o consumidor ......................................................................... 16

2.1.3 Marcas e o comportamento do consumidor: atitudes e crença ...................................... 17

2.1.4 Atitude perante a marca ................................................................................................. 19

2.2 Gestão da marca e Brand Equity ...................................................................................... 28

2.2.1 Modelo de Keller de construção de Brand Equity ......................................................... 38

2.2.2 Modelo de Aaker de gestão de Brand Equity ................................................................ 40

2.2.3 Modelo de Srivastava e Shocker de estrutura de Brand Equity ..................................... 43

2.3 Lealdade ........................................................................................................................... 45

2.3.1 Conceito de lealdade à marca ........................................................................................ 45

2.3.2 Custo de mudança ......................................................................................................... 50

2.4 Nostalgia .......................................................................................................................... 54

2.4.1 Definição de nostalgia ................................................................................................... 54

2.4.2 Antecedentes e tipos de nostalgia ................................................................................. 57

2.5 Considerações sobre os processos de fusão e aquisição de empresas e marcas .............. 62

2.5.1 Marcas e os processos de fusões e aquisições ............................................................... 65

2.6 Sistema Financeiro Nacional e peculiaridades do segmento bancário ............................ 67

2.6.1 Panorama da indústria bancária ..................................................................................... 67

2.6.2 Características dos serviços financeiros ........................................................................ 71

2.7 Formulação de hipóteses para configuração do modelo .................................................. 76

2.8 Modelo teórico referencial da pesquisa empírica ............................................................. 81

Page 14: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

2

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA EMPÍRICA ............................... 83

3.1 Considerações metodológicas gerais ................................................................................ 83

3.2 Tipos de pesquisa ............................................................................................................. 83

3.3 Estratégia de pesquisa empírica ....................................................................................... 85

3.4 Método da pesquisa empírica ........................................................................................... 86

3.5 População do estudo ......................................................................................................... 86

3.6 Amostra ............................................................................................................................ 87

3.7 Instrumento e plano de coleta de dados ........................................................................... 88

3.7.1 Escalas ........................................................................................................................... 89

3.7.2 Pré-teste do instrumento de coleta ................................................................................. 92

3.7.3 Plano de coleta de dados ................................................................................................ 94

3.8 Plano de tratamento e análise dos dados .......................................................................... 95

3.8.1 Análise de outliers ......................................................................................................... 96

3.8.2 Análise da multicolinearidade ....................................................................................... 97

3.8.3 Análise da normalidade ................................................................................................. 97

3.8.4 Teste Kolmogorov-Smirnov .......................................................................................... 98

3.8.5 Modelagem de equações estruturais (MEE) .................................................................. 98

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................... 100

4.1. Análise descritiva dos resultados ............................................................................... 100

4.1.1. Preparação do banco de dados ................................................................................... 100

4.1.2. Perfil demográfico da amostra ..................................................................................... 102

4.1.3. Dados sobre perfil bancário .......................................................................................... 105

4.1.4. Análise descritiva da escala – variáveis independentes ................................................ 108

4.1.5. Análise descritiva da escala – variáveis dependentes .................................................. .112

4.2. Análises multivariadas .................................................................................................... 114

4.2.1. Análise e descarte dos outliers ..................................................................................... 114

4.2.2. Verificação da ausência de multicolinearidade ............................................................ 115

4.2.3. Verificação da normalidade ......................................................................................... 116

4.2.3.1. Técnica PLS.............................................................................................................. 116

4.3. Confiabilidade de escala e análise fatorial exploratória .................................................117

4.3.1. Teste de confiabilidade da escala ................................................................................117

4.4. Confiabilidade do modelo de mensuração .....................................................................121

4.4.1. Verificação da validade discriminante ........................................................................ 122

Page 15: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

3

4.4.2. Verificação da significância dos caminhos: path coefficients ...................................... 124

4.4.3. Teste de validade do modelo bootstrapping ................................................................. 125

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 131

5.1. Conclusões do estudo .................................................................................... ................ 131

5.2. Implicações acadêmicas .................................................................................................. 136

5.3. Implicações gerenciais .................................................................................................... 138

5.4. Limitações do estudo ...................................................................................................... 139

5.5. Sugestões para futuros estudos ....................................................................................... 141

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 143

APÊNDICES ......................................................................................................................... 154

Apêndice A – Instrumento de pesquisa ................................................................................. 155

Apêndice B – Escala original de propensão à nostalgia ........................................................ 161

Apêndice C – Escala original de custo de mudança .............................................................. 162

Apêndice D – Escala original de atitude perante a marca/empresa ....................................... 164

Apêndice E – Modelo estrutural proposto completa .............................................................. 165

Page 16: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

4

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Inseridas no ambiente de negócios contemporâneo, as empresas têm sido submetidas a

uma multiplicidade e diversidade de situações, caracterizadas por dois importantes aspectos

que decorrem das entidades e forças externas, as quais podem influenciar de forma positiva ou

negativa e com intensidade variável os processos gerenciais tanto operacionais como

estratégicos. O primeiro aspecto diz respeito à velocidade com que as variáveis atreladas a

essas entidades e forças externas mudam; o segundo aspecto relaciona-se à natureza

incontrolável dessas variáveis. Nesse sentido, tais forças e entidades, presentes nos ambientes

econômicos, político-legal, tecnológico, físico e sociocultural, tipicamente, variam de forma

incontrolável o tempo todo, requerendo um esforço permanente e cada vez mais intenso das

organizações para ajustar seus recursos e objetivos às oportunidades de crescimento e de

lucratividade.

Especificamente na indústria bancária, novas tecnologias de produto/serviço e de

processos operativos, incluindo TI e internet, comportamento complexo e exigente dos

clientes, acirramento da concorrência e outras pressões do ambiente externo, têm exigido um

esforço de aprendizado e de adaptação aos novos modelos e processos de gestão.

Destaque-se, sobretudo, um importante fenômeno que se tem manifestado, no Brasil,

como uma forte tendência: as fusões e aquisições. Os processos de fusões e aquisições são

hoje parte da realidade da economia brasileira. Segundo a consultoria

PricewaterhouseCoopers, 502 negócios do gênero foram fechados, entre janeiro e agosto de

2010, um recorde para a série histórica da empresa, iniciada em 2002 (ECONOMIA &

NEGÓCIOS, 2010). Os profissionais estão hoje cientes da possibilidade de associações entre

grandes corporações. Particularmente no mercado da indústria bancária, a agressiva

concorrência no setor, tanto no âmbito nacional quanto internacional, induziu as instituições a

buscar uma alternativa à conquista de crescimento orgânico, adotando a prática do

crescimento horizontal mediante a canalização de recursos para a estratégia de aquisições e

fusões.

Page 17: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

5

Uma análise panorâmica do mercado bancário brasileiro nos últimos anos, por

exemplo, permite verificar um crescimento no número de fusões, aquisições e incorporações

no setor, as quais são uma alternativa para a adequação ao mercado do porte e da estrutura

organizacional das instituições do gênero (TORQUATO, 2010).

O movimento observado de fusões e aquisições na indústria bancária tem sido intenso

desde meados da última década do século passado. O número de instituições financeiras, por

exemplo, passou de 230 (1994) para 179 (1998) em apenas quatro anos. Esse movimento

envolveu a privatização de bancos públicos e o incentivo a fusões, incorporações e

transferências de controle acionário de bancos privados. Por limitação legal, na época, o

Banco do Brasil e a Caixa Econômica, ambos bancos públicos, não puderam usufruir dessa

estratégia de crescimento.

Em 2007, iniciou-se uma grave crise financeira internacional, com reflexos nas

instituições financeiras brasileiras. Para mitigar os efeitos da crise no Brasil, diversas medidas

foram adotadas pelas autoridades reguladoras, visando a proporcionar liquidez e credibilidade

ao Sistema Financeiro Nacional, incluindo a permissão concedida a grandes bancos estatais

de adquirir instituições financeiras sediadas no Brasil, recrudescendo, assim, a competição no

setor. Isso porque alterou-se o cenário competitivo, ensejando que poderosas instituições

públicas se envolvessem em processos de fusão e aquisição, o que intensificou a concorrência

e repercutiu nas estratégias competitivas das demais organizações do setor, especificamente

no que diz respeito ao posicionamento da marca e ao relacionamento com cliente, com

desdobramentos em aspectos como satisfação e fidelização.

Centrando o interesse na questão de fusões e de aquisições, pelo menos três elementos

de natureza estratégica podem ser destacados: governança corporativa; cultura resultante do

processo, incluindo a compatibilização de crenças e valores compartilhados; gestão da marca.

Com referência ao primeiro elemento mencionado, a governança corporativa, pode-se

afirmar que a estrutura de governança determina a capacidade de ajustes na formulação e

aplicação de estratégias e ações visando ao aproveitamento de oportunidades e à melhoria do

nível de competitividade de uma organização (TORQUATO, 2010). Em processos de

fusões/aquisições, as questões pertinentes à convergência de interesses de shareholders e

demais stakeholders das empresas originais e da(s) empresa(s) resultante(s) daqueles

Page 18: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

6

processos são determinantes para a formulação da direção estratégica e implantação da

agenda estratégica da organização (CAMARGOS, 2012).

Sob o prisma do elemento cultura, saber do movimento da economia na direção de

fusões e aquisições não significa que os profissionais estarão preparados para os desafios

representados pela união de culturas corporativas, às vezes muito díspares. Associando os

elementos marca e cultura em processos de fusão/aquisição, o vice-presidente de operações da

agência Fischer+Fala!, Alex Isnenghi, afirma que a união das duas marcas do Grupo

Totalcom, oficializada em março de 2009, priorizou uma mudança de atitude para todos os

funcionários (ECONOMIA & NEGÓCIOS, 2010).

O contexto em que a pesquisa se insere aponta para o terceiro elemento: a gestão da

marca no âmbito do fenômeno de fusões e aquisições, tendo por objeto específico de estudo

alguns construtos que integram o universo da dimensão lealdade à marca (satisfação, atitudes,

nostalgia, custo de mudança). Essa dimensão é determinante para orientar o desenvolvimento

de atividades estratégicas e operacionais voltadas à criação e entrega de valor para o

consumidor e, consequentemente, gerar valor para a empresa. Sob essa ótica, o interesse

acadêmico em estudar lealdade à marca repousa na constatação de um cenário de forte

competição e de grande mutabilidade presente no ambiente de negócios das empresas

pertencentes à indústria bancária, o qual se tem agravado como decorrência do fenômeno de

fusões e aquisições. Em um cenário como esse, o comportamento do consumidor é afetado

fortemente em seus sentimentos e atitudes, como nostalgia da marca, por exemplo, podendo

isso gerar alto grau de insatisfação e refletir-se na lealdade à empresa que resultou da fusão,

com desdobramentos que podem reduzir a capacidade de manutenção dos clientes,

comprometendo a competitividade da instituição.

Como resposta ao cenário descrito, o uso de instrumentos estratégicos de gestão da

marca, em particular sob uma perspectiva de marketing e de orientação para o mercado, tem

por alvo a conquista e sustentação de superioridade sobre os concorrentes. O aumento da

concorrência, tanto no âmbito local quanto nacional e global, induz as empresas do setor

considerado a desenvolver estratégias competitivas como condição necessária para garantir

crescimento e sobrevivência.

Sob a perspectiva de marketing, particularmente a da gestão de marca, o

gerenciamento estratégico da transição, das empresas de origem para as empresas resultantes

Page 19: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

7

do processo de fusão ou aquisição, requer que se leve em conta o posicionamento que deverá

resultar da gestão estratégica de marca.

Nesse sentido, emerge uma questão pertinente ao comportamento do consumidor, a

qual não tem sido contemplada intensamente no âmbito da pesquisa acadêmica no contexto

descrito. Especificamente, trata-se de estudar se a exclusão de uma determinada marca como

estratégia após a fusão de duas empresas pode evocar, como consequência, o sentimento de

nostalgia no cliente, e até que ponto o efeito nostalgia traz implicações e interferências na

lealdade do cliente.

Presumivelmente, o sentimento de nostalgia afeta diferentemente as pessoas em seu

comportamento como consumidores e isso dependerá da experiência que elas tiveram com a

marca. Os resultados de pesquisas recentes sustentam a premissa de que a nostalgia é um

sentimento intrinsecamente pessoal. Além disso, ela se manifesta de modo mais efetivo em

consumidores que mantenham relacionamento mais intenso com a empresa e que revelem

maiores vínculos pessoais com a marca.

Presumivelmente, o delineamento da identidade e o posicionamento de marca após

empresas terem sido objeto de fusão/aquisição podem ser fortemente afetados e refletir-se no

comportamento dos clientes das empresas no tocante aos seus sentimentos de nostalgia

relativamente à marca/empresa anterior e, consequentemente, na sua lealdade.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Em face do exposto, o problema de pesquisa convergiu para a influência e o efeito da

nostalgia sobre a lealdade do cliente, repercutindo, consequentemente, no posicionamento /

reposicionamento da marca prevalecente pós fusão / aquisição.

Dessa forma, a questão de pesquisa foi formulada da seguinte maneira:

“O sentimento de nostalgia influencia o comportamento do cliente da marca extinta,

afetando sua lealdade à nova marca resultante do processo de fusão?”

Page 20: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

8

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo principal

O objetivo do estudo foi estudar o efeito do sentimento nostálgico do consumidor no

comportamento e na lealdade após a extinção de uma marca, em decorrência do processo de

fusão/aquisição, e a proposição e teste de um modelo explicativo das relações entre os

referidos construtos.

1.3.2 Objetivos secundários

a) Avaliar se a nostalgia pode afetar o relacionamento do consumidor com a marca

resultante do processo de fusão e aquisição;

b) Identificar os antecedentes que aumentam a predisposição do consumidor ao

sentimento de nostalgia e sua relação com lealdade;

c) Avaliar o efeito do custo de mudança na lealdade/permanência do consumidor à

marca.

Para alcançar o objetivo principal e os objetivos secundários, dividiu-se o estudo em

duas etapas.

A primeira etapa abrangeu uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de propiciar

um embasamento conceitual sobre assuntos diretamente pertinentes e correlatos ao objeto do

estudo, o qual serviu de base teórica referencial para o delineamento e a condução da segunda

etapa.

Na segunda etapa, foi realizada uma pesquisa de campo, de natureza

descritiva/quantitativa.

Especificamente, foram adotados os seguintes procedimentos:

a) Levantamento da literatura sobre nostalgia, seus antecedentes e tipos de nostalgia;

relações com lealdade;

b) Levantamento da literatura sobre lealdade do cliente à marca: conceito, atitude,

envolvimento, identidade de marca, custo de mudança como fator moderador para

abandono da marca remanescente;

Page 21: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

9

c) Análise da literatura sobre a gestão e construção da marca, com ênfase nos

conceitos e processos de identidade de marca e posicionamento competitivo de

marca, atitude e lealdade à marca;

d) Revisão da literatura pertinente a problemas e situações relacionadas com os

processos de fusão e aquisição e o marketing de serviços bancários;

e) Contextualização panorâmica do ambiente competitivo de negócios na indústria de

bancos comerciais, e peculiaridades do marketing de serviços bancários;

f) Formulação de hipóteses e proposição de modelo;

g) Pesquisa empírica: considerações sobre aspectos metodológicos, levantamento de

campo e análise dos resultados, incluindo teste de confiabilidade e validação do

modelo.

1.4 JUSTIFICATIVA

Uma breve descrição do porte e da importância do setor contemplado na pesquisa

sugere uma das razões que justificaram a investigação pretendida e delineada neste estudo.

A indústria bancária destaca-se por seu expressivo significado no mercado brasileiro e

a forma de relacionamento com o cliente, e, especialmente com o advento dos recursos

provenientes da internet e tecnologia da informação, tem evoluído significativamente.

Um primeiro dado ilustra a evolução da rede de atendimento da indústria no Brasil,

com crescimento de postos eletrônicos e de correspondentes não bancários bem superior ao de

postos tradicionais e agências. Esse fenômeno denota uma mudança substancial na forma de

relacionamento com o cliente, com implicações no posicionamento estratégico de marca e na

fidelização do cliente. Segundo dados do Banco Central, disponíveis na FEBRABAN (CIAB

FEBRABAN, 2009), enquanto, desde o ano de 2000, o número de agências bancárias

instaladas no país tem crescido ao ritmo de 2% ao ano (até 2008), a quantidade de postos

eletrônicos amplia-se em cerca de 13% ao ano. Além disso, os correspondentes não bancários

evoluíram quase 30% ao ano nesse período, garantindo acesso a serviços bancários em todos

os recantos do Brasil.

Page 22: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

10

Outro dado relevante à “bancarização” diz respeito à evolução do número de contas

correntes e de poupança. No período compreendido pelos anos de 2000 e 2008, o número de

contas correntes e de poupança dobrou, registrando um crescimento médio de 9% ao ano.

Além disso, ao final de 2008, havia cerca de 32,5 milhões de contas de Internet Banking, cifra

que deve ser comparada com os 67,5 milhões de internautas maiores de 16 anos, segundo

dados da pesquisa IBOPE/NIELSEN (2010). Importante ainda ressaltar a diversificação

crescente das operações que podem ser realizadas nos sites dos bancos que atuam no Brasil.

Mais um dado a ser destacado (CIAB FEBRABAN, 2009): o canal de

autoatendimento continua a ser o mais importante, comportando, na época do levantamento,

um terço de todas as transações bancárias. Em segundo lugar, figura o Internet Banking, o

qual já representava, no período pesquisado, 18% do total, observando também um

crescimento de 22%, em 2008, nas transações de consulta (saldos, extratos) nesse canal. O

call center, por outro lado, revela trajetória declinante.

Todos esses elementos e formas de interação podem repercutir positiva ou

negativamente nos seguintes aspectos: relacionamento banco-cliente, nível de satisfação, grau

de lealdade.

Em vista do exposto, as justificativas do estudo repousam nos seguintes elementos:

a) A dimensão do mercado bancário;

b) O crescimento da participação do mercado no PIB brasileiro;

c) O fenômeno emergente e atual: fusões e aquisições e consequente necessidade de as

instituições bancárias redefinirem sua estratégia de identidade e posicionamento de

marca em face da nova configuração organizacional resultante da fusão/aquisição e

da dificuldade de fidelização de clientes provenientes de culturas diversas;

d) A literatura ainda incipiente sobre o tema nostalgia de marca sugere uma

oportunidade de pesquisa focando uma situação típica: fusão/aquisição;

e) A mudança no comportamento do cliente no tocante ao seu relacionamento com

uma empresa e à lealdade a ela, em razão do sentimento de nostalgia surgido após

um processo de fusão/aquisição;

Page 23: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

11

f) Relevância teórica: incorporação do construto nostalgia no domínio dos estudos e

da teoria sobre o comportamento do consumidor, assunto pouco explorado na

literatura acadêmica;

g) No âmbito acadêmico, a relevância do estudo manifesta-se, ainda, na contribuição

referente à proposição de um modelo que incorpore a relação de construtos –

nostalgia, lealdade – tratados em um contexto peculiar e não contemplados na

literatura de forma integrada.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

A pesquisa relacionada a esta dissertação de mestrado foi estruturada em cinco

capítulos (seções), conforme esquematizado na Figura 1. No primeiro capítulo (Introdução),

foi contextualizado o ambiente de negócios onde se situa o objeto de estudo, definido o

problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa do estudo. O segundo capítulo foi

dedicado à pesquisa bibliográfica que serviu de suporte para a pesquisa de campo. O terceiro

capítulo discorreu sobre os aspectos metodológicos da pesquisa empírica: embasamento

metodológico, escolha do método e descrição dos procedimentos de campo. O quarto capítulo

destinou-se à análise dos dados levantados. O quinto capítulo versou sobre as considerações

finais: conclusões, limitações, recomendações para estudos futuros.

Page 24: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

12

Figura 1: Representação Esquemática da Estrutura do Estudo Fonte: elaborada pela autora

Page 25: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na seção destinada à fundamentação teórica serão discutidos e aprofundados os

assuntos direta ou indiretamente pertinentes ao tema objeto do estudo: gestão de marcas e

implicações na fidelização do cliente; atitudes e crenças e sua interação com a lealdade à

marca; a gestão da marca em um contexto de fusão / aquisição de empresa; peculiaridades do

marketing de organizações de serviço/banco; nostalgia, fidelidade e custo de mudança. À luz

da revisão da literatura, a seção se encerra com a proposição de um modelo teórico estrutural,

estabelecendo relações entre os construtos objeto do estudo referente a esta dissertação.

2.1 GESTÃO DE MARCAS E FIDELIZAÇÃO

2.1.1 Conceito, Funções e Benefícios da Marca

A palavra anglo-saxônica brand é proveniente do antigo termo escandinavo brandr,

cujo significado estava associado ao ato de queimar, tendo sido originalmente adotado pelos

saxões nesse contexto (DIOGO, 2012). Posteriormente, a utilização da palavra passou a ser

associada ao ato ou efeito de marcar, como, por exemplo, “marcar as cabeças de gado”, com o

intuito de identificar a propriedade e posse do animal ou objeto, além de permitir

diferenciação. A finalidade primária de identificar e distinguir ainda persiste e está presente

na definição proposta pela American Marketing Association e reproduzida pela maioria dos

autores (DIOGO, 2012). Segundo ela, marca pode ser concebida como um nome, termo,

símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos com o intuito de identificar os

produtos ou serviços de um vendedor ou de grupo de vendedores e a diferenciá-los dos da

concorrência.

Conforme mencionado, na definição de marca destacam-se duas funções básicas:

identificar e distinguir. Dessa forma, toda marca deve possuir características e atributos que

lhe confiram personalidade própria. Keller (2003) e Keller e Machado (2006) sugerem a

separação dos atributos em duas categorias. A primeira categoria congrega os atributos

racionais, os quais se referem a aspectos e funções de caráter técnico e mecanicista. No

relacionamento com os consumidores e clientes, eles são utilizados para balizar os

argumentos com fundamento em fatos empíricos e verificáveis e para subsidiar os indicadores

de desempenho. Keller e Machado (2003, 2006) afirmam que os atributos racionais da marca

satisfazem necessidades utilitárias dos consumidores. A segunda categoria contempla os

Page 26: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

14

atributos emocionais, de natureza intangível, os quais lidam com a criação de laços afetivos

entre as marcas e os seus consumidores e com os métodos utilizados para realizar o intento de

satisfação de necessidades psicológicas. Os autores salientam que a importância dos atributos

de marca deve-se ao fato de que é por intermédio deles que se desenham os pilares destinados

à construção de múltiplos pontos de acesso aos consumidores e à redução da vulnerabilidade à

ação da concorrência.

Alguns autores, entre os quais Kapferer (2003, 2004), ampliam o foco de análise das

funções da marca, com o propósito de discutir seu papel de forma mais ampla e integrada.

Segundo esse autor, as funções da marca podem ser separadas em três grupos. O primeiro

grupo inclui as funções mecanicistas, as quais representam a essência da marca, abarcando

simultaneamente a função de referência, por possibilitar ao consumidor a identificação do

produto e do ofertante, e a função de praticidade, a qual assegura a obtenção de economia de

tempo na recompra, decorrente de fidelidade. O segundo grupo é representado pelas funções

de redução do risco percebido, que incluem as funções de garantia ou asseguradoras de

qualidade e desempenho superiores e as funções de personalização, responsáveis pela

percepção de diferenciação da imagem. O terceiro grupo refere-se às funções hedonistas,

como permanência, a qual proporciona ao consumidor a satisfação resultante da perenidade

do seu relacionamento com a marca: hedonista, relacionada com a satisfação proveniente de

elementos estéticos da marca, e ética, que reflete aspectos de comportamento responsável da

marca com a sociedade.

Keller e Machado (2003, 2006) utilizam o termo “papeis” para designar as funções da

marca, considerando-os tanto da perspectiva do consumidor quanto da perspectiva do

fabricante. O Quadro 1 reproduz a comparação entre as duas perspectivas:

Quadro 1 - Papeis da Marca para Consumidores e Empresas

Consumidores Fabricantes

Identificação da origem do produto Identificação para simplificar

rastreamento

Atribuição de responsabilidade ao

fabricante

Proteção legal referente a aspectos

exclusivos

Redução de riscos e identificador de

qualidade

Indicativo de qualidade

Page 27: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

15

Simplificação do custo de busca Meio para criar associações exclusivas

Vínculo com o fabricante do produto Fonte de vantagem competitiva

Elementos simbólicos Ativo intangível visando a retornos

financeiros

Fonte: Adaptado de Keller e Machado (2003, 2006)

Pelo exposto, pode-se inferir que a marca figura como um elo entre a empresa e os

clientes com os quais se relaciona e um ponto de referência para a empresa no

desenvolvimento dos processos estratégicos e táticos de marketing, os quais envolvem a

sequência: criação de valor > proposição de valor > entrega de valor > relacionamento >

satisfação > fidelização. Acrescente-se, ainda, que a marca figura como um ativo de grande

valia para a empresa, pois pode servir de importante recurso de que ela pode lançar mão para

alcançar mais efetivamente seus objetivos de crescimento e lucratividade.

O uso da marca confere vários benefícios à empresa, dentre os quais se destaca a

vantagem competitiva baseada no desempenho dos produtos a ela associados (SERRALVO e

FURRIER, 2004). Isso porque marcas fortes permitem vários tipos diferentes de associações,

e é preciso levar todas elas em conta ao tomar decisões de marketing, tanto aquelas

relacionadas ao posicionamento como as de nível tático/operacional relativas ao composto de

marketing (4P´s). Ao criar uma associação com a marca, o consumidor está se assegurando de

que ela lhe está fazendo uma promessa de entrega de um grupo de benefícios específicos

atribuídos a ela. Esse tipo de associação pode trazer resultados positivos ou não. Por exemplo,

quando o consumidor atribui à marca uma qualificação de “a melhor”, implicitamente estará

associando a ela a crença de qualidade.

Fontenelle (2002) enfatiza a necessidade de haver coerência entre todas as formas de

exibir a marca, pois ela é um símbolo complexo que deve ser cuidadosamente remetido à

“imagética” principal com a qual se quer vê-la identificada.

Churchill Jr. e Peter (2000) atribuem à marca a faculdade de distinguir os produtos na

mente dos consumidores potenciais, podendo estar associada tanto a produtos como a

serviços. Porém, no caso de serviços, principalmente nos serviços pessoais, a marca pode

sofrer oscilação muito maior em termos de qualidade, benefícios e utilidade, pois esses tipos

de serviço estão sujeitos à entrega/prestação com envolvimento pessoal, diferentemente do

que normalmente ocorre com o produto.

Page 28: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

16

2.1.2 Marca e os Vínculos com o Consumidor

Das considerações apresentadas pode-se concluir que a marca exerce um importante

papel influenciador do comportamento de compra do consumidor, estabelecendo com ele

vínculos nos níveis cognitivos, afetivos e “conativos”. Sob a perspectiva comportamental,

ganham destaque os aspectos simbólicos, os quais afetam atitude, sentimentos, interesse e

preferência, agindo sobre a emoção do consumidor. Nesse sentido, Gobé (2010) desenvolveu

um ilustrativo Decálogo de Branding, com o propósito de identificar as mudanças que afetam

as relações entre o consumidor e a marca:

a) De consumidores às pessoas: os consumidores tipicamente consomem; as pessoas

vivem;

b) Do produto para a experiência: os produtos existem para satisfazer necessidades;

as experiências ocorrem para satisfazer desejos;

c) Da honestidade para a confiança: a honestidade é implicitamente esperada; a

confiança é encantadora e íntima;

d) Da qualidade para a preferência: qualidade e preço correto são o que se vê; a

preferência determina a venda;

e) Da notoriedade para a aspiração: ser conhecido não significa ser querido,

amado;

f) Da identidade para a personalidade: identidade é reconhecimento; a

personalidade remete ao caráter, à força e ao carisma;

g) Da função ao sentimento: a funcionalidade de um produto/marca lida com a

qualidade objetiva, prática; o design sensorial implica experiências e apela para

utilidades psicológicas;

h) Da ubiquidade para a presença: ubiquidade significa ser visto em toda a parte; a

presença emocional se sente;

i) Da comunicação ao diálogo: comunicar é dizer e informar; dialogar significa

compartilhar;

j) Do serviço ao relacionamento: serviço tem por pressuposto vender;

relacionamento implica reconhecimento, satisfação continuada e manutenção das

relações (fidelidade).

A análise do decálogo proposto por Gobé (2010) realça a ideia de que a marca provoca

mudança de perspectiva sob os aspectos cognitivos, afetivos e conativos dos indivíduos, os

Page 29: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

17

quais podem ser explorados pela empresa em busca do desenvolvimento de um

relacionamento profícuo e lucrativo com os consumidores, visando à manutenção da

satisfação e, consequentemente, à conquista de lealdade. O autor afirma que as pessoas amam

marcas, mas as marcas não amam os consumidores e, por conta disso, a marca provoca

mudanças comportamentais, interferindo nos níveis racionais e emocionais. Dois conceitos

relevantes e interligados, relativos ao comportamento do consumidor e ao seu relacionamento

com a marca, emergem dessa análise: atitudes e crenças.

2.1.3 Marcas e o Comportamento do Consumidor: Atitudes e Crenças

O termo atitude é recorrente nos textos de marketing, de uma forma geral, sendo

tratado com maior profundidade na literatura especializada em comportamento do

consumidor, normalmente acompanhado da palavra crença. Esses dois construtos são

inerentes ao ser humano e constituem elementos determinantes de seu comportamento,

mediante associações com relação a outras pessoas, objetos, situações, lugares, empresas e,

consequentemente, a produtos e marcas. Pesquisas e análises sobre atitudes e crenças do

consumidor são ferramentas importantes para o entendimento de sua mente, a fim de subsidiar

o processo decisório de marketing tanto no nível estratégico (segmentação de mercado,

posicionamento do produto/marca) quanto no nível operacional (comunicação integrada de

marketing).

A abordagem de marketing sobre o comportamento do consumidor tem um caráter

interdisciplinar, pois recorre às contribuições de várias áreas, disciplinas e ciências que

estudam o comportamento humano, para construir, de forma integrada, o conhecimento sobre

aquele comportamento. No que se refere à crença e atitude, é da Psicologia, especialmente de

um de seus ramos, a Psicologia Social, que provêm as maiores contribuições ao marketing,

principalmente em questões ligadas à conceituação e à mensuração. Um exemplo de

instrumento desenvolvido por psicólogos e frequentemente utilizado por pesquisadores

acadêmicos e profissionais de marketing é a escala VALS (Values and Life Style), proposta

originalmente pelo Instituto de Pesquisa de Stanford (SRI), em 1978, e atribuída a Arnold

Mitchel (WINTERS, 1989).

Para entender como os construtos crenças e atitudes inserem-se no processo de decisão

de escolha do consumidor, Foxall, Goldsmith e Brown (1998) apresentam um esquema

ilustrativo no qual esses dois elementos se configuram como os primeiros resultados de um

Page 30: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

18

sistema que tem por input os estímulos externos do ambiente, conforme apresentado na Figura

2. Esses estímulos são processados na mente do consumidor à luz de sua percepção, de sua

consciência e de seus sentimentos (desejos), gerando uma sequência de resultados que

culminam com uma resposta: aceitação e rejeição.

Figura 2 - Atitudes e Crenças no Processo Comportamental do Consumidor Fonte: baseado em Foxall et al. (1998).

Analisando o processo ilustrado na Figura 2, percebe-se que a compreensão da mente

do consumidor, em particular nos aspectos referentes a crenças e atitudes, é um componente

imprescindível para dar consistência ao processo de proposição de valor e posicionamento da

marca. A razão disso é que as escolhas do consumidor baseiam-se em grande medida na

imagem de marca formada em sua mente e não apenas no próprio produto ou serviço que lhe

é oferecido.

Entender o comportamento do consumidor por meio do estudo de atitudes é, portanto,

o primeiro passo do processo que conduz à conquista de confiança, interesse, preferência,

culminando com fidelidade do público-alvo.

Page 31: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

19

2.1.4 Atitude Perante a Marca

a) Conceito de atitude

Fishbein e Ajzen (1975, apud Garrán, 2006) afirmam haver mais de uma centena de

definições de atitude e mais do que esse volume quando se trata de proposição de formas de

mensurá-la, o que reflete a relevância do assunto, sua complexidade e as possibilidades de

desdobramentos que ele permite pesquisar.

A palavra atitude admite, portanto, diferentes acepções tanto no senso comum como

no âmbito da literatura técnica. No primeiro caso, costuma-se descrever atitude como posição

corporal, ou ainda, porte, jeito, postura, remetendo, muitas vezes, à reação ou maneira de ser

de alguém em relação a uma pessoa, um objeto, uma situação. Em apoio a essa concepção,

Wilkie (1994) expõe que o termo provém do latim, sendo usado para significar postura ou

posição física, sugerindo que as manifestações físicas do corpo (atitudes) indicariam o tipo de

ação que uma pessoa empreenderia.

No sentido técnico, o significado de atitude remete à posição (postura) mental de uma

pessoa, abrangendo aspectos como manifestação de comportamento, disposição de

temperamento e até mesmo ponto de vista (WILKIE, 1994).

Configuram-se, assim, duas correntes interpretativas da palavra: posição física e

posição mental. No âmbito de marketing, a concepção de atitude está associada à avaliação de

algum objeto, pessoa, situação, convergindo, portanto, para o significado de posição mental

de uma pessoa relativamente a uma oferta (produto, serviço, marca).

Em textos de marketing podem ser encontradas inúmeras definições para explicar o

significado de atitude. Uma das primeiras definições mencionadas em trabalhos acadêmicos

de marketing se deve a Chave (1929, apud Garrán, 2006), o qual se refere ao construto como

um complexo de sentimentos, medos, desejos, convicções e até mesmo preconceitos que

propiciam à pessoa um estado de prontidão para agir. Outras contribuições de estudiosos

ocorreram ao longo dos anos, algumas das quais foram catalogadas por Peter e Olson (1996).

Um dos primeiros autores mencionados na descrição cronológica elaborada por esses dois

autores foi Thurstone (1931, apud Garrán, 2006), segundo o qual atitude é a quantidade de

afeto que uma pessoa tem a favor ou contra um objeto. Outro autor mencionado na literatura,

Allport (1935, apud Garrán, 2006), refere-se à atitude como um estado mental e neural de

Page 32: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

20

pronta disposição para responder de forma consistentemente favorável ou desfavorável,

organizado a partir da experiência, e que exerce influência na direção e/ou na dinâmica do

comportamento.

Para Fishbein e Ajzen (1975, apud Garrán, 2006), atitude pode ser descrita como uma

predisposição aprendida para responder de maneira consistentemente favorável ou

desfavorável em face de um dado objeto; ela está relacionada à afeição/sentimento total

associada às crenças, intenções e comportamentos.

Robertson (1984) acrescenta que a atitude não é neutra e geralmente age como um

mecanismo causador de comportamento. Complementando sua linha de argumentação,

Robertson (1984) esclarece que, quando os psicólogos sociais discutem atitude, eles

enfatizam que ela é um construto hipotético, ou uma variável mediadora hipotética que age

com a finalidade de organizar os estímulos provenientes do ambiente. Na concepção do autor,

atitudes são, pois, orientações psicológicas internas, orientações que existem na mente do

consumidor. Schiffman e Kanuk (2000) apoiam o argumento de que as atitudes são o

resultado de processos psicológicos, e completam afirmando que elas não são diretamente

observáveis, mas devem ser deduzidas a partir do que as pessoas dizem ou fazem.

Hawkins, Best e Coney (1998) oferecem um conceito mais voltado para o contexto de

marketing. Segundo os autores, atitude é uma organização psíquica duradoura de processos

motivacionais, perceptuais e cognitivos relativamente a algum aspecto do ambiente. Trata-se

do modo como alguma pessoa pensa, sente e age com respeito a algum aspecto do ambiente

como uma loja, um programa de televisão, um produto, uma marca, configurando uma

orientação geral quanto a um objeto. Conforme explica Robertson (1984), ao perceber um

estímulo, o consumidor usa a atitude (predisposição aprendida) com a finalidade de

categorizá-lo favorável ou desfavoravelmente, para então manifestar um comportamento

como resposta ao estímulo (compra ou não compra).

Triandis (1971, apud PETER e OLSON, 1996) inclui três componentes constituidores

do construto atitude, cobrindo toda a hierarquia do comportamento do consumidor: cognitiva

(consciência, crença, pensamento e conhecimento); afetiva (sentimentos e avaliações

positivas ou negativas a respeito de um objeto, ou emoções que o objeto evoca); “conativa”

(conotativa) ou comportamental (ação, intenção de agir ou comportamento real direcionado

ao objeto). Observa-se que, na abordagem de Triandis (1971, apud PETER e OLSON, 1996),

Page 33: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

21

a crença é parte integrante do processo de formação de atitude, figurando nele como elemento

essencial, opinião que converge para a de Bennett e Kassarjian (1975, apud Garrán, 2006).

b) Conceito de crenças

As crenças são um tema frequentemente encontrado em textos e pesquisas de

sociólogos, antropólogos, psicólogos e psicólogos sociais, sendo normalmente referidas às

imagens mentais, a um pensamento descritivo que uma pessoa possui com respeito a qualquer

objeto, pessoa, instituição, evento. Muitas vezes, elas são exteriorizadas por meio de

expressões como “eu acredito/creio que/em...”.

Fishbein e Ajzen (1975, apud Garrán, 2006) consideram que as crenças de uma

pessoa, de uma forma genérica, são representações decorrentes de julgamentos relativamente

aos vários aspectos de seu mundo e da compreensão que ela tem a respeito de si mesma. Esses

autores complementam o conceito acrescentando que, na formação da crença, estabelece-se

uma ligação entre dois elementos do universo de uma pessoa, ou seja, há uma associação

entre um objeto e uma característica ou atributo: por exemplo, crença do consumidor de que

um produto possua certos atributos, ou de que um determinado comportamento acarretará

uma consequência específica. Fishbein e Ajzen (1975 apud Garrán, 2006) admitem serem as

crenças conceitos essenciais para o entendimento de atitude, embora não as considerem como

um componente dela. Os autores partem do pressuposto de que o ser humano, como um

organismo essencialmente racional, utiliza a informação disponível para fazer julgamentos e

avaliações e para tomar decisões. Dessa forma, baseada na observação direta ou em

informação recebida de fontes externas, ou mediante inferências, uma pessoa aprende ou

forma um certo número de crenças a respeito de um objeto, associando-o a alguns atributos. E

a totalidade de crenças de uma pessoa comporá uma base de informações para a determinação

de atitudes, intenções e comportamentos.

Bennett e Kassarjian (1975 apud Garrán, 2006) oferecem um conceito de crença mais

abrangente, considerando-a como equivalente à opinião. Eles a interpretam como uma

cognição emocionalmente neutra, ou seja, o conhecimento de alguém sobre algum aspecto de

um objeto do ambiente: aquilo que uma pessoa “sabe” ser verdadeiro, a partir de seu próprio

ponto de vista, o que é representado por fatos sobre um objeto e por como ela os vê, em um

determinado momento e sob uma circunstância específica.

Page 34: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

22

Mais sintéticos, Sheth, Mittal e Newman (2001) conceituam crenças como cognições

ou pensamentos descritivos que uma pessoa mantém a respeito de alguma coisa ou pessoa,

interpretando-as como expectativas quanto ao que alguma coisa é ou não é, ou quanto ao que

determinado objeto fará ou não fará.

c) Diferenças entre atitude e crenças

Uma maneira imediata de diferenciar os dois conceitos seria interpretar crença como a

opinião de alguém sobre algum objeto e atitude como uma avaliação geral de determinado

objeto, a qual envolve gostos e aversões por tudo aquilo que possa ser considerado no âmbito

do universo de conhecimentos do consumidor, incluindo o produto em si, empresas, lojas,

propagandas, experiências passadas e marcas.

Bennett e Kassarjian (1975 apud Garrán, 2006) são mais precisos na identificação de

diferenças entre os dois construtos, os quais, quando mencionados nos textos de marketing,

costumam aparecer simultaneamente. Os dois autores afirmam que uma diferença principal

entre atitude e crença reside no fato de a atitude ser, por definição, não-neutra, enquanto que a

crença tem por característica a neutralidade. Isso significa que é possível um eventual

consumidor manifestar uma crença (opinião) quanto a uma determinada marca de produto,

suas características, atributos positivos e negativos, sem que uma atitude esteja associada

àquela mesma marca. A marca e o produto existem, podem até ser necessários, mas nem por

isso despertar qualquer sentimento/atitude no consumidor. A mesma linha de argumentação é

adotada por Tomanari (2003), para quem crenças são consideradas padrões organizados de

cognições e percepções de uma pessoa sobre um objeto, as quais podem ajudar a moldar suas

atitudes, mas não envolvem, necessariamente, gostar ou desgostar. Complementando, as

crenças podem ter por base conhecimento, opinião ou fé, comportando ou não uma carga

emocional, e as atitudes compreendem avaliações, sentimentos e tendências de ação

duradouros, que podem ser favoráveis ou não a algum objeto, pessoa, ideia, marca, produto.

Espinoza (2004) reforça tal perspectiva ao argumentar que, mesmo que a atitude seja afetiva

em sua essência, ela não é o sentimento em si, mas sim uma avaliação desse sentimento.

Por outro lado, ainda que Bennett e Kassarjian (1975 apud Garrán, 2006) admitam a

existência de crenças sem que, necessariamente, alguma atitude esteja associada a elas, esses

autores ponderam não ser possível existir atitude sem uma crença anterior, uma vez que as

atitudes se formam a partir do conhecimento do universo externo.

Page 35: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

23

Sumarizando os conceitos e definições discutidos, infere-se que a atitude constitui um

mecanismo de avaliação geral duradoura, favorável ou desfavorável, direcionada a um

determinado objeto (pessoa, ideia, produto, serviço, marca, lugar, evento, entidades, situação).

Atitudes têm origem nas crenças relacionadas a esse objeto e nos sentimentos

provocados por ele no indivíduo, conduzindo-o a uma tendência de ação coerente com tal

avaliação. Isso não elimina o papel dos componentes crenças, afeto e comportamento no

processo de escolha, mas apenas os reclassifica como formadores da avaliação geral, e não

como sinônimos de atitude. Dessa forma, como parte do processo comportamental vivido pelo

consumidor, atitudes emergem e moldam-se a situações particulares do cotidiano, conferindo

sentido a um objeto em particular, servindo de suporte para que o indivíduo possa equacionar

e solucionar problemas de natureza comportamental. Elas forjam padrões de resposta que

correspondem a elementos facilitadores do processo decisório de escolha; uma vez que

estejam formadas na mente e consolidadas em sua memória, o consumidor prescindirá de

experimentar novamente todo o processo comportamental em relação ao mesmo objeto.

Conclui-se daí que as atitudes evitam que os indivíduos se coloquem em situações que

requeiram avaliações a cada contato com um objeto, pessoa, situação, evento, produto, marca,

o que torna facilitadas suas decisões no cotidiano.

d) Atitude e envolvimento

Ao se analisar a linha conceitual de Hawkins et al. (1998), com respeito ao construto

atitude, a qual enfatiza o fato de ele referir-se a uma organização psíquica envolvendo

processos motivacionais, perceptuais, cognitivos e comportamentais, é oportuno considerar

um importante desdobramento relacionado ao comportamento do consumidor. Trata-se do

envolvimento pessoal, ou seja, a magnitude da importância ou do interesse despertado por um

estímulo em uma determinada situação.

Mais específicos, Peter e Olson (1996), acentuam que o envolvimento reflete o grau de

interesse, como resultado de forte motivação e da relevância de um produto, serviço, marca

para um consumidor, em um contexto específico. Acrescentam, ainda, que o nível de

envolvimento do consumidor em uma situação de escolha, elemento relevante para

compreender o comportamento desse consumidor, é moldado pelos componentes cognitivos,

afetivos e “conativos” da atitude, os quais agem de forma hierárquica relativamente àquele

nível. E completam, afirmando que os três componentes atitudinais são interdependentes e

Page 36: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

24

influenciam-se reciprocamente, conferindo consistência entre o que as pessoas pensam, como

elas sentem e como agem em seu comportamento de escolha. Segundo destacam Peter e

Olson (1996), o envolvimento direciona a percepção seletiva dos estímulos que provêm do

ambiente e, consequentemente, condiciona a atenção que o consumidor dispensará ao

estímulo.

Com referência ao componente cognitivo, por exemplo, Peter e Olson (1996) afirmam

que esse aspecto, que envolve consciência e conhecimento a respeito do produto ou marca,

será mais destacado quanto maior for o nível de envolvimento do consumidor, e o resultado

será uma busca mais intensa e ampla de informação, para reduzir a possibilidade de

dissonância cognitiva. Correspondência semelhante pode ser apontada no nível afetivo: um

objeto que demanda alto grau de envolvimento, provavelmente, despertará emoções,

sensações e sentimentos fortes, os quais se manifestarão na forma de interesse e preferência,

podendo, também, estar associados à dissonância cognitiva.

Segundo destacam Peter e Olson (1996), o envolvimento direciona a percepção

seletiva dos estímulos que provêm do ambiente e, consequentemente, condiciona a atenção

que o consumidor dispensará ao estímulo.

Uma consideração importante relacionada ao comportamento do consumidor é o fato

de que cada pessoa pode sentir diferentes níveis de envolvimento em determinadas situações

de consumo e em face das características e tipos de produto: se um produto/marca configurar

uma aquisição que represente alto valor para o consumidor e estiver fortemente vinculada a

sua autoimagem, espera-se que o nível de envolvimento seja alto. Por outro lado, uma

situação de compra de produtos de conveniência, que, em geral, possuem pequeno valor

monetário e oferecem baixa conexão com a autoimagem, o grau de envolvimento

provavelmente será baixo e o grau de dissonância cognitiva será praticamente nulo.

Os vínculos que o consumidor estabelece com uma marca dependem em grande

medida de suas atitudes. Isso se explica pelo fato de suas decisões de escolha basearem-se,

com maior probabilidade e intensidade, nas características intangíveis, nos aspectos

simbólicos, na personalidade da marca e nas associações mentais estabelecidas com ela do

que nas características funcionais do produto e nos benefícios tangíveis dele decorrentes

(ELLWOOD, 2004).

Page 37: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

25

Especificamente no que se refere à personalidade da marca, Jennifer Aaker (1997)

desenvolveu uma pesquisa sobre o tema, na qual apontou diversas implicações teóricas e

práticas com respeito ao uso simbólico da marca. Aaker (1997) define formalmente

personalidade da marca como o conjunto de características humanas associadas à marca. Em

sua pesquisa, a autora descreve cinco dimensões da personalidade humana e estabelece um

paralelismo entre elas e a personalidade da marca, no âmbito do comportamento do

consumidor, realçando, ainda, o uso simbólico da marca como elemento facilitador da criação

de vínculos com os clientes, distinguindo-a das marcas concorrentes. Aaker (1997) propõe um

esquema teórico do construto personalidade da marca determinando o número e a natureza

das cinco dimensões de personalidade da marca (Sinceridade, Entusiasmo, Competência,

Sofisticação e Robustez), criando e validando uma escala de medida dessas dimensões.

Azoulay e Kapferer (2003) discutem com profundidade sobre se as escalas de personalidade

de marca realmente medem a personalidade de marca, argumentando que as escalas

correntemente utilizadas não medem de fato a personalidade de marca, mas mesclam um

conjunto de dimensões da identidade de marca, as quais necessitariam ser consideradas de

forma separada.

Baseada no modelo de Aaker (1997, 2007), Machado (2012) analisa, em um universo

específico de marcas de distribuidor, o impacto das cinco dimensões da personalidade da

marca nos vários níveis de lealdade à marca – cognitivo, afetivo, conativa e de ação,

encontrando evidências empíricas do efeito de algumas dimensões sobre a fidelidade do

cliente à marca.

e) Atitude, envolvimento, identidade e imagem de marca

Ao conceituarem marca, Kotler e Keller (2006) realçam dois importantes

componentes: identidade e imagem. A identidade se refere a como uma empresa,

produto/marca procura ser conhecida e posicionada; pode ser entendida como um conjunto de

associações que a empresa procura criar ou manter na mente do consumidor. Para que a

identidade pretendida seja eficaz, é necessário que exerça três funções, segundo os dois

autores: estabelecer a personalidade do produto e a proposição de valor, comunicar essa

personalidade de forma diferenciada e transmitir força emocional. A imagem de marca diz

respeito ao modo como as pessoas veem, descrevem e percebem a empresa e seus produtos,

compreendendo, portanto, um conjunto de associações mentais feitas pelo consumidor bem

como suas percepções. Conclui-se do exposto que imagem e identidade devem convergir,

Page 38: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

26

lembrando que identidade de marca depende primordialmente de uma ação da empresa,

enquanto que imagem situa-se no domínio da mente e dos sentimentos do consumidor.

Bacha (2005) elucida a questão referente à interligação dos conceitos de atitude e

imagem de marca, argumentando que a imagem se desenvolve a partir de crenças, atitudes e

impressões, falsas ou verdadeiras, que o consumidor tem de uma empresa, produto ou marca;

ela depende da maneira como o consumidor decodifica os sinais emitidos pela empresa em

todos os seus pontos e momentos de contato.

Pode-se concluir, então, que atitudes, crenças, identidade e imagem são conceitos

sempre presentes no posicionamento da marca, o qual compreende as estratégias de marketing

de que uma empresa lançará mão para criar e inserir a identidade de sua marca na mente dos

consumidores com o propósito de influenciar suas impressões mediante a formação de uma

imagem que seja coerente com a identidade pretendida. O posicionamento visa, portanto, à

ocupação de um espaço na mente do consumidor e, consequentemente, atitudes e crenças

figuram como elementos centrais da análise do comportamento de escolha do consumidor

com relação àquela estratégia empresarial. Esses construtos devem sempre ser considerados

para que se possa assegurar da existência de coerência entre identidade e imagem, ou seja,

para que se alcance correspondência entre a percepção da empresa sobre sua própria oferta e a

percepção do consumidor sobre a empresa, seu produto e sua marca. Perez (2004) acentua a

estreita vinculação entre os componentes da atitude e o posicionamento de marca, afirmando

que esse último gera três modalidades de respostas do consumidor, as quais coincidem com os

componentes da atitude descritos por Triandis (1971, apud PETER e OLSON, 1996):

cognitivo (notoriedade, consciência e conhecimento da marca e dos seus benefícios e

utilidades funcionais), afetivo (qualidade percebida e associações emocionais, estima,

preferência) e conativo (ação de compra, de adesão à marca e, em última instância, fidelidade

à marca). A seguir serão descritas com mais detalhes as dimensões da marca, segundo

exposição de Ellwood (2004), as quais reproduzem as respostas esperadas do consumidor ao

posicionamento de marca.

Ellwood (2004) elucida a dimensão cognitiva da marca como o reflexo da

identificação precisa das necessidades funcionais e declaradas do consumidor e está associada

aos benefícios racionais, concretos que a marca lhe pode proporcionar, os quais devem ser

comunicados por meio de mensagens claras e baseadas na lógica do raciocínio. No caso de

bancos, por exemplo, podem ser comunicados benefícios como tamanho da rede, taxas baixas

Page 39: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

27

de administração em fundos de investimento, sistema de pontuação para redução de taxas de

serviços etc.. É necessário, entretanto, que haja coerência entre a dimensão cognitiva da marca

e a dimensão cognitiva da atitude.

Empresas que possuem uma família de produtos e serviços, como é o caso dos bancos,

podem se beneficiar do entendimento e da definição clara da dimensão racional e da promessa

básica e universal inserida no posicionamento genérico da marca, pois terão, com isso,

aumentada a probabilidade de estender o conceito para toda a oferta.

Na dimensão emocional/afetiva da marca, Ellwood (2004) comenta que, se uma

determinada marca conseguiu ser incluída na lista de entrada do consumidor, graças a um

benefício racional implícito, ao compará-la com outras marcas que oferecem benefícios

racionais idênticos, ele fará sua seleção e escolha tendo por base os benefícios emocionais

diferenciadores.

O benefício emocional representa um forte estímulo e um atrativo para conquistar a

preferência do consumidor por estar associado aos seus sentimentos e sensações com relação

à marca. Muitas vezes, o benefício emocional gera desejo impulsivo, o qual pode,

posteriormente, converter-se em benefício racional (ELLWOOD, 2004). Outro aspecto a ser

considerado é que o vínculo emocional pode estar associado ao quanto uma determinada

marca é importante para o consumidor.

Em situações competitivas em que há relativa facilidade de imitar e reproduzir

benefícios racionais similares, como ocorre com bancos, a busca de estabelecimento de

vínculo emocional pode conferir à marca um elemento de diferenciação importante.

Ellwood (2004) destaca quatro modalidades de aprovação da marca pelo consumidor

no tocante aos benefícios de caráter emocional:

a) Aprovação ideológica: sistema de crenças

Crenças e convicções arraigadas na mente do consumidor são determinantes para

moldar-lhes as atitudes relativamente a vários aspectos de seu comportamento e de suas

decisões de escolha, e as marcas permitem confirmar e reforçar as crenças e os valores mais

significativos para os consumidores. As crenças podem provir de várias fontes, especialmente

do ambiente familiar e de convívio social, e elas são difíceis de mudar. Dessa forma, quando

Page 40: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

28

uma marca alcança aprovação, ideologicamente, há muito mais probabilidade de ela

conquistar a preferência do consumidor.

b) Aprovação psicológica

A identificação de um consumidor com uma determinada marca pode se dar por meio

da imagem que ela projeta, principalmente quando essa imagem converge para suas

características de personalidade e coincide com a imagem que esse consumidor desejaria

projetar para outras pessoas, de seu convívio ou não, ou quando transmite algum elemento

estimulante de satisfação psicológica, envolvendo aspectos como status, estilo de vida e

posição social.

c) Aprovação sociológica (social)

Uma característica inerente ao ser humano é o gregarismo e, nessa condição, as

pessoas procuram, segundo uma hierarquia de necessidades, adaptar-se aos seus grupos de

contato e inspirar-se em grupos de referência, tentando alcançar reconhecimento de seus

membros. Esses grupos podem ser a família, os amigos, os colegas de trabalho e de clube e

todo o tipo de agrupamento social formal. As marcas representam elementos simbólicos de

afirmação pessoal e de expressão de posição social, e sua importância será mais forte quanto

maior a representatividade do grupo para o indivíduo. Diferentemente da aprovação

ideológica, mais duradoura, a aprovação sociológica apresenta natureza mais volátil

(ELLWOOD, 2004).

d) Aprovação cultural

A cultura, como personalidade de uma sociedade, é composta por crenças, valores e

costumes compartilhados pelos membros de uma comunidade, cidade, região ou país.

Algumas marcas exploram a questão cultural a fim de estimular sentimentos afetivos no

consumidor, quando ele se identifica com a cultura referenciada na mensagem transmitida

pela marca.

2.2 Gestão da Marca e Brand Equity

Devido a sua importância para o negócio/empresa como um todo e para a elaboração

da estratégia de marketing e o desempenho de atividades operacionais, a marca deverá estar

presente no processo gerencial, conferindo identidade e propósito às ações a serem

empreendidas, além de representar ativo intangível que interfere decisivamente no valor

Page 41: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

29

patrimonial da empresa. Para que haja efetividade, é necessária a integração do conjunto de

atividades, além do comprometimento e visão de longo prazo (KHAUAJA, 2005, 2008).

Nesse contexto, ganha evidência o processo denominado Branding – Gestão de Marca,

conceito explorado na literatura de marketing e na prática empresarial, principalmente em

dois de seus mais significativos desdobramentos: valor patrimonial da marca (brand equity) e

recall da marca (a intensidade de lembrança da marca na mente do consumidor).

Keller e Machado (2003, 2006) interpretam branding como um conjunto de atividades

estratégicas e tático/operacionais destinadas a aperfeiçoar a gestão das marcas de uma

organização, de modo a proporcionar-lhe diferencial competitivo, o que implica criar valor

para a marca e mantê-lo ao longo do tempo. As atividades estratégicas dizem respeito aos

processos de definição do posicionamento: estratégia do produto no mercado, incluindo

diferenciação dos concorrentes e de arquitetura de marcas; as atividades tático/operacionais

compreendem pesquisa de mercado, design, naming, comunicação, avaliação financeira e

proteção legal. O desenvolvimento de uma marca requer ainda considerar outros elementos

direta ou indiretamente relacionados à marca, como, por exemplo, precificação do produto e

inovação. Ressalte-se, todavia, que apenas a gestão integrada de todas atividades pode ser

entendida como branding. O uso isolado de qualquer atividade não pode ser considerado

branding.

Olins (2003) estabelece um conjunto de elementos ou diretrizes com a finalidade de

balizar o processo de gestão de marcas das empresas:

a) Observância dos quatro vetores: a compreensão de uma marca deve partir da

consideração dos seguintes vetores, os quais podem ser interpretados como os

quatro sentidos da marca: Produto, Ambiente, Comunicação e Comportamento. O

produto é o que a empresa faz e oferece à venda. O ambiente representa a

organização, onde o produto é feito e vendido. A comunicação refere-se a como a

empresa informa e persuade cada consumidor a respeito daquilo que oferece. O

comportamento descreve o modo como cada um colabora e interage com outros

indivíduos ou organizações.

b) Arquitetura da marca: A arquitetura da marca se constroi a partir de três

elementos, o primeiro dos quais é o componente corporativo. Trata-se da utilização

de um nome e de uma proposta visual para descrever aquilo que a empresa faz. O

Page 42: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

30

segundo elemento destina-se à validação/endosso, no caso de uma organização

com várias marcas, cada qual com um nome próprio e identidade singular (Grupo

ACCOR e as marcas da cadeia: Sofitel, Pullman, Novotel, Mercure, Suitehotel,

Ibis, Formule 1, Motel6 e Studio6 etc.). O terceiro elemento é o individualizado

(branded), segundo o qual cada unidade ou marca é projetada separadamente e é

vista como sendo completamente independente, ainda que administrada por uma

única organização.

c) Invenção e reinvenção e mudança de nome: ao se inventar uma nova marca,

começa-se de um papel virgem, não há qualquer trabalho prévio nem se configura

uma atividade empresarial girando em torno dele. Por outro lado, ao se reinventar

uma marca o processo é diferente; já existe uma estrutura, uma cultura, uma

tradição, reputação. Nesse caso, a empresa terá que se reinventar, reposicionando o

produto/marca.

d) Qualidade do produto: ao lançar ou relançar uma marca, a empresa tem que

assegurar o nível de qualidade do produto. Produto com qualidade superior e preço

e serviços compatíveis representa uma fonte de vantagem competitiva. Entretanto,

produto com qualidade inferior é uma garantia de insucesso no médio e longo

prazos.

e) Público interno e público externo: as marcas assumem uma dupla tarefa:

persuadir quem está fora, o consumidor, a comprar, e persuadir quem está dentro, o

colaborador, a acreditar. Se não compreender e satisfizer o cliente, o fracasso será

inevitável. As marcas podem morrer por falta de clientes ou suicidar-se pela má

qualidade da oferta, uma vez que o quadro de colaboradores (pessoal interno)

poderá até mesmo destruir a base de clientes.

f) Diferenciadores ou ideias centrais: um produto ou um serviço deve oferecer

algum diferencial, ou seja, deve haver algo nele singular, único. A diferença pode

provir algumas vezes de uma ideia concebida no seu design. A concepção de um

produto deve conduzir à expectativa de que ele seja mais atraente, elegante, mais

fácil de utilizar, ou mais avançado tecnologicamente em um mercado competitivo.

Page 43: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

31

g) Romper com o modelo: o sucesso de muitos produtos inovadores pode estar

ligado à rejeição de convenções existentes e arraigadas de um negócio e ao

oferecimento de algo inteiramente inédito como, por exemplo, foi o caso da Apple,

surgida em 1976 (LINZMAYER, 1999), a qual rompeu com o modelo tradicional.

h) Redução de risco. A redução de risco é uma preocupação permanente dos

profissionais de qualquer área funcional da empresa, sendo consumidos muito

tempo e esforço nesse processo. Por outro lado, deve-se observar que toda gestão

de marcas implica risco. O trabalho de pesquisa é útil, mas não pode ser

considerado uma muleta, pois, embora seja uma ferramenta para reduzir o risco,

não evita ou anula o risco inerente à gestão de marcas.

i) Promoção: Uma marca desconhecida não sobreviverá. A comunicação,

informativa e persuasiva, constitui elemento essencial para o posicionamento da

marca no ambiente competitivo.

j) Distribuição: a Internet mudou substancialmente os padrões de comunicação e,

indiretamente, afetou alguns aspectos de distribuição de alguns produtos e

serviços. Ressalte-se a importância do fator cobertura, na distribuição. Para se gerir

a distribuição, é necessário conhecimento do potencial de mercado, da capacidade

de produção e otimização da logística como pré-requisito para que o produto

sempre esteja disponível no ponto de venda. Todos os esforços de comunicação e

promoção convergem para o ponto de venda, seja ele online ou offline. Se o

produto estiver disponível no lugar e na hora certa, a chance de conquista do

consumidor se amplia.

k) Coerência, clareza: toda a experiência com a marca, do primeiro contato até o

último tem o próposito de inspirar confiabilidade e coerência: a marca tem que ser

congruente, onde quer que se estabeleça contato com ela.

Uma questão recorrente prende-se à avaliação do valor da marca (Brand Equity) ou,

por extensão, ao valor patrimonial representado pela marca. Trata-se de um conceito que

admite diferentes vertentes interpretativas, segundo uma variedade de propósitos. Entretanto,

de forma geral, é subjacente ao conceito a tentativa de estabelecimento de uma relação de

Page 44: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

32

benefício mútuo entre consumidores e produtos / empresa, convertendo-se a marca em

elemento moderador no processo relacional (VARGAS NETO, 2003).

Destaque-se, preliminarmente, que Raggio e Leone (2007) propõem um esquema

conceitual estabelecendo uma distinção entre dois construtos: brand equity e brand value. O

primeiro é concebido como um construto intrapessoal que modera o impacto das atividades de

marketing sobre as ações dos consumidores. Ele implica um foco baseado no consumidor,

além de representar um dos inúmeros fatores que contribuem para o brand value. Esse último

construto, definido pelos autores como valor de venda ou de substituição de uma marca,

implica uma perspectiva baseada na empresa. Os autores destacam que, sob uma ótica

gerencial, a meta final da gestão de marca e da pesquisa de brand equity deveria ser a

compreensão de como alavancar o patrimônio (equity) para criar valor (value). Raggio e

Leone (2007) acreditam que uma das principais razões para a falta de uma medida de brand

equity genericamente aceita reside no fato de ambos os conceitos mencionados serem tratados

frequentemente como o mesmo construto.

A seguir serão apresentados alguns conceitos de Brand Equity, segundo autores

considerados referência no tema.

Brand Equity, de acordo com definição de Aaker (1998, p.16), é o “conjunto de ativos

e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do

valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ou para os consumidores

dela”.

O conceito proposto por Serralvo (2008), centrado no cliente, interpreta Brand Equity

como o conjunto de atributos intangíveis que a marca consegue transferir para a oferta

(produto ou serviço) da empresa. Ele é representado pelo conjunto de associações positivas

(funcionais ou emocionais) relacionadas à marca, conferindo-lhe prestígio e distinção.

Kotler e Keller (2006) interpretam Brand Equity sob uma ótica abrangente e

balanceada, considerando-o como o valor agregado atribuído a produtos e serviços,

acrescentando que esse valor pode se refletir no modo como os consumidores pensam, sentem

e agem em relação à marca, bem como nos preços, na participação de mercado e na

lucratividade que a marca proporciona à empresa.

Page 45: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

33

Rust, Zeithaml e Lemon (2000) consideram Brand Equity como importante fator

indutor do valor que a empresa/marca pode proporcionar ao consumidor/cliente e acrescentam

ser ele uma avaliação subjetiva e intangível da oferta (marca) da empresa, feita pelo cliente,

fundada em elementos intangíveis e não explicados pelos atributos objetivos. É uma avaliação

moldada pelas estratégias e táticas da empresa, sendo influenciada pelo cliente mediante

experiência e associações com a marca, envolvendo os seguintes elementos determinantes:

a) Percepção e conhecimento da marca pelo cliente;

b) Atitudes do cliente com relação à marca;

c) Percepção do cliente relativamente à dimensão ética da marca.

Das definições de Brand Equity apresentadas infere-se que o conceito a ele subjacente

admite abordagens sob duas perspectivas ou dimensões, as quais, embora complementares,

sustentam-se em premissas distintas no que se refere ao construto valor: perspectiva

econômico/financeira (conceito orientado para a empresa) e perspectiva de marketing

(conceito orientado para o consumidor/cliente). Cada abordagem requer uma forma de

mensuração própria (VARGAS NETO, 2003).

As pesquisas e aplicações de brand equity focam predominantemente aspectos

financeiros nas avaliações e nos instrumentos de análise. Vargas Neto (2003), apoiado em

pesquisas de Morgan (2000) e Feldwick (2002), cita algumas implicações do uso da

abordagem orientada para a empresa:

a) Representa um ativo intangível a ser administrado pela empresa e a ser incluído no

balanço da empresa;

b) Ajuda a estabelecer um preço para efeito de venda da marca;

c) Proporciona receita adicional no fluxo de caixa da empresa, decorrente da venda

do produto com a marca, comparativamente à venda sem a marca;

d) Permite o estabelecimento de um preço premium e redução dos gastos com

promoção além de aumento no potencial de transação;

e) Favorece a imunidade contra a ação da concorrência.

Page 46: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

34

Sob a perspectiva de orientação para a empresa, é possível estabelecer-se um paralelo

entre dois conceitos ligados aos ativos intangíveis da empresa: customer equity (valor do

cliente para a empresa ou valor vitalício do cliente) e brand equity. Especificamente, o valor

do cliente para a empresa é uma medida destinada a determinar o valor que um cliente tem

para uma empresa durante sua vida de relacionamento e consumo (BLATTBERG;

DEIGHTON, 1996). Em trabalho mais recente, Blattberg, Getz e Thomas (2001), procuraram

comparar os dois construtos (abordagens), lembrando que são semelhantes, por serem

utilizados para medir o valor intangível dos ativos de marketing da empresa, além de

convergirem para um interesse central, a fidelidade do cliente. No entanto, ainda que

complementares, os construtos admitem diferenças e Blattberg et al. (2001) as ilustram,

conforme descrito no Quadro 2.

Quadro 2 - Abordagens de Brand Equity e Customer Equity e a Gestão de Marketing

Atividades de

Marketing

Brand Equity Customer Equity

Qualidade de Produto e

Serviço Propaganda

Promoção

Desenvolvimento do

Produto

Segmentação

Canais de Distribuição

Serviço ao Cliente

Criar forte preferência do

cliente Criar imagem de marca e

posicionamento Tirar o máximo do valor da

marca

Usar o nome da marca para

criar flancos e produtos

relacionados Características do cliente e

segmentação com base em benefícios Sistema de distribuição em

múltiplos estágios Incrementar a imagem de

marca

Criar altas taxas de retenção

Criar afinidade com o cliente

Criar compra repetida e

aumentar o valor ao longo da

vida

Desenvolver produtos para

vender à base instalada de

clientes Segmentação comportamental

a partir da base de dados do cliente Distribuição direta ao cliente

Criar afinidade

Fonte: Adaptado de Blattberg et al. (2001).

Com respeito à perspectiva de marketing, baseada no cliente, altera-se a abordagem de

valoração e aplicação de brand equity. Sob essa abordagem, considera-se que o verdadeiro

valor da marca está baseado nos clientes que irão garantir os fluxos futuros de receita da

empresa. O valor da marca será determinado pelo grau de familiaridade dos consumidores

Page 47: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

35

com ela e por até que ponto eles conservam na memória associações mentais favoráveis,

fortes e únicas a essa marca (KELLER, 1993).

Ressalte-se que os vínculos da marca com as pessoas são estabelecidos por meio de

associações específicas de pensamentos e sentimentos e do conhecimento que delas se obtém

mediante dois mecanismos psicológicos internos: percepção da marca, incluindo

reconhecimento e recordação, e imagem da marca, atrelada às várias associações singulares

ativadas na memória que se fazem com ela (KELLER, 1993).

A percepção da marca, cujo significado sugere a capacidade do consumidor de

identificá-la sob diferentes condições e situações, ou seja, o conhecimento da marca

representa a dimensão básica de seu valor e o ponto de partida para a pesquisa do

comportamento do consumidor com relação a ela (CRESCITELLI e SHIMP, 2012).

Entretanto, embora uma determinada marca seja percebida, ela só terá valor se for

reconhecida pelo consumidor, despertar nele uma atitude favorável e interesse. Por essa razão,

brand equity advém primordialmente do reconhecimento da marca, cujo significado está

associado à capacidade de confirmação, pelo consumidor, de exposição anterior à marca,

quando ela lhe for apresentada. Em um nível mais profundo, encontra-se a dimensão

recordação (lembrança) da marca, cujo significado está ligado à capacidade de identificação

da marca pelo consumidor em condições diversas. A recordação se situa além do

reconhecimento da marca, pois poderá ser evocada espontaneamente, sem que haja algum

estímulo.

Keller (2003) afirma que a percepção da marca, no que diz respeito às suas dimensões,

é um componente essencial no comportamento de compra do consumidor, por aumentar a

probabilidade de a marca ser incluída como alternativa de escolha, quando o consumidor

considera a compra de um determinado produto. Além disso, o nível de recordação pode ser

decisivo em situações de compra de alto envolvimento e risco. Considere-se, ainda, que a

percepção da marca influencia a intensidade de associações mentais do consumidor ao

compor a imagem de marca (KELLER, 2003).

Os dois desdobramentos da percepção mencionados devem figurar como elementos

essenciais na proposição de valor de uma marca, quando se pretende estudar o

comportamento do consumidor. Aaker (1998) sugere a figura de uma pirâmide para ilustrar os

diferentes níveis que a dimensão da percepção da marca pode assumir (Figura 3).

Page 48: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

36

Figura 3. A pirâmide da percepção da marca Fonte: adaptado de Aaker (1998)

O segundo mecanismo (dimensão) relacionado ao conhecimento da marca é a imagem

da marca, a qual reflete as associações que são ativadas na memória do consumidor quando

ele pensa em uma marca específica (CRESCITELLI e SHIMP, 2012).

Bacha (2005) conceitua imagem de marca como um conjunto de associações mentais

projetadas tanto no aspecto de entidade física como no domínio emocional, podendo

corresponder, ainda, à descrição que os consumidores fazem de uma marca. Considera-se que

a imagem de marca é moldada por uma multiplicidade de associações desenvolvidas pelo

consumidor ao longo do tempo e desenvolvida a partir de crenças, atitudes e impressões falsas

ou verdadeiras que o consumidor possui de uma empresa ou produto, as quais dependem da

maneira como ele decodifica os sinais emitidos por uma empresa em todos os seus pontos de

relacionamento e contato.

A imagem da marca pode ser analisada em duas dimensões, tendo por referência as

associações à marca, as quais moldam o significado da marca para o consumidor

(CRESCITELLI e SHIMP, 2012). A primeira dimensão refere-se aos tipos de associações que

o consumidor pode fazer com a marca, refletidas nos seus pensamentos e sentimentos com

relação a ela. Isso envolve, em primeiro lugar, a avaliação dos atributos diretamente

relacionados ao produto (especificações, tamanho, cor, características de desempenho) e dos

atributos não relacionados ao produto (informações, preço, embalagem, tipo de usuário e de

uso do produto/serviço). Em segundo lugar, aparecem os benefícios associados à posse e uso

do produto, os quais se subdividem em: funcionais – diretamente vinculados a utilidade

intrínseca do produto; simbólicos – representados à necessidades de aprovação social

Page 49: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

37

expressão pessoal; experienciais – sensações experimentadas pelo consumidor ao usar o

produto. Finalmente, há a avaliação geral da marca, determinada pela atitude do consumidor,

a qual constitui o nível mais alto de abstração dentre os tipos de associação à marca. A atitude

depende dos atributos e benefícios associados à marca e formam a base sobre a qual se

sustenta o comportamento do consumidor e seu vínculo com a marca (CRESCITELLI e

SHIMP, 2012).

A segunda dimensão da imagem de marca diz respeito ao fato de que as marcas têm

personalidade própria e única, singular. Jeniffer Aaker (1997), conforme mencionado

anteriormente, identificou um grupo de cinco dimensões da personalidade de marca:

a) Sinceridade: marcas percebidas como realistas, honestas, saudáveis;

b) Entusiasmo: marcas vistas como ousadas, vivas, atualizadas, imaginativas;

c) Competência: marcas consideradas confiáveis, inteligentes, bem sucedidas;

d) Sofisticação: marcas percebidas como de classe superior, charmosas;

e) Robustez: marcas tidas como fortes, associadas à liberdade.

Keller (2003) considera que essa dimensão está atrelada a até que ponto as associações

com a marca são favoráveis, fortes e singulares.

Com relação ao primeiro caso, as associações à marca, favoráveis ou desfavoráveis,

somente serão relevantes se os atributos e benefícios forem considerados importantes ou não

pelos consumidores, o que, muitas vezes, depende do contexto em que são feitas. Em outros

termos, o grau das associações pode variar segundo sua importância e a capacidade de a

empresa entregar as associações prometidas.

O segundo elemento qualificador das associações é a força com que elas surgem na

memória do consumidor, como ele as interpreta e o quanto consegue registrá-las e armazená-

las. Isso poderá depender da quantidade e da qualidade da informação, da experiência com a

marca e da comunicação da marca.

O terceiro elemento refere-se à singularidade, ou seja, a exclusividade das associações

à marca, se elas podem ou não ser compartilhadas com outras marcas concorrentes.

Page 50: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

38

Em síntese, na abordagem de Brand Equity baseada no cliente, considera-se que o

verdadeiro valor da marca sustenta-se nos clientes que irão garantir os fluxos futuros de

receita da empresa, mas é necessário que a empresa se assegure de que cria, oferece e entrega

valor superior. Nessa perspectiva, Brand Equity está associada a aspectos como qualidade

superior, diferenciação, identificação com o consumidor, afinidade entre consumidor e marca,

benefícios funcionais, sociais e emocionais e atitude.

Na abordagem de Brand Equity subordinada à perspectiva de marketing sobressai-se o

conceito de valor para o cliente, o qual pressupõe uma avaliação feita por ele dos benefícios

percebidos e dos sacrifícios a serem assumidos no processo de escolha de uma determinada

marca. Nesse sentido, a percepção do cliente, ao se defrontar com uma situação de escolha

entre marcas alternativas, decorre de uma multiplicidade de elementos atrelados aos

benefícios funcionais, emocionais, sociais e contingenciais que compreendem seu

comportamento de escolha.

Infere-se do exame das duas abordagens, tendo por referência o construto valor, que,

enquanto a perspectiva da empresa está centrada predominantemente no valor do

cliente/consumidor para empresa como fonte de geração de valor para os acionistas e

proprietários, na perspectiva de marketing, busca-se criar valor para o cliente/consumidor. As

duas abordagens não estão dissociadas, elas se complementam, uma vez que o valor gerado

para o cliente é a fonte do valor da marca, entendido como um valor patrimonial no sentido de

ativo intangível.

Ainda com relação à ênfase atribuída a cada abordagem, observa-se que a definição de

Aaker (1998) privilegia a perspectiva econômica, sem omitir a perspectiva de marketing,

enquanto a de Serralvo (2008) e de Rust et al. (2000) destacam essa última. Kotler e Keller

(2006), sob uma ótica abrangente e balanceada, contemplam as duas acepções, por

considerarem tratar-se de um ativo intangível que representa valor psicológico/emocional e

financeiro.

2.2.1 Modelo de Keller de Construção de Brand Equity

Keller (2003) concebe o processo de criação de Brand Equity alicerçado em seis

pilares, os quais podem ser representados em formato de pirâmide (Figura 4). O

desenvolvimento adequado dos procedimentos sugeridos pelo autor assegurará uma

Page 51: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

39

probabilidade maior de conquista de uma marca forte, com atributos lembrados que lhe

conferirão um valor patrimonial maior. O modelo representado pela pirâmide realça a

dualidade das marcas, as quais podem oferecer estímulos tanto racionais como emocionais ao

consumidor.

Figura 4. A pirâmide de construção de brand equity. Fonte: adaptado de Keller (2003)

A base da pirâmide é representada pela dimensão proeminência, a qual se refere aos já

mencionados aspectos referentes à percepção da marca e seus desdobramentos: consciência da

existência, reconhecimento e lembrança. O desempenho reflete a capacidade intrínseca da

marca do produto ou serviço de proporcionar benefícios funcionais ao cliente. Desempenho,

tanto quanto imagem, proporciona um significado à marca para o consumidor. O julgamento

prende-se à opinião e à avaliação pessoal do cliente sobre a marca, reunindo o conjunto das

associações feitas pelo consumidor relativamente ao desempenho e imagem da marca.

Sentimentos dizem respeito a respostas e reações emocionais dos clientes com relação à

marca, e dependem da aceitação social geral evocada pela marca, podendo ficar associadas a

ela com tal intensidade que continuarão a se manifestar durante o uso ou consumo do produto.

A ressonância compreende o grau atingido pelo vínculo psicológico e pelo nível de

identificação estabelecido entre o cliente e a marca, sendo responsável pela geração de

fidelidade. A fidelidade pode ser atingida tanto pela ascensão pelo lado esquerdo da pirâmide,

Ressonância

Julgamento Sentimentos

Desempenho Imagens

Proeminência

4. Relacionamentos

Que relação quero com você?

3. Respostas

O que penso de você?

2. Significado

O que você è?

1. Identificação

Quem é você?

Page 52: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

40

quando se estabelecem associações com o desempenho da marca, como pelo lado direito,

refletindo associações de imagem não relacionadas com o produto.

2.2.2 Modelo de Aaker de Gestão de Brand Equity

Aaker (1998) apresenta um modelo de gestão a partir de sua concepção de Brand

Equity como um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, o que envolve

investimentos em criação e aumento desse ativo. Aaker (1998) acrescenta que, para a tomada

de decisão eficaz e eficiente sobre as atividades requeridas no desenvolvimento de Brand

Equity, é importante manter-se atento aos recursos e competências por meio dos quais marcas

fortes criam valor. O autor aponta cinco elementos que intervêm no processo de

gerenciamento do Brand Equity como indutores da geração de valor para o cliente e para a

empresa, sumarizados na Figura 5 e descritos brevemente a seguir:

Figura 5. Gestão de Brand Equity, de Aaker Fonte: adaptado de Aaker (1998).

Page 53: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

41

a) Lealdade à marca: Aaker (1998) a vê como o ativo mais importante e a considera

simultaneamente causa e efeito da agregação de valor à marca, por diversas razões:

Redução dos custos de marketing pela manutenção do cliente;

Alavancagem comercial, por assegurar que os canais de distribuição, em suas

relações comerciais, darão preferência a empresas com marcas com elevado

índice de lealdade;

Atração de novos clientes: consumidores fiéis podem servir de propagadores

da marca, atraindo novos consumidores e transmitindo-lhes confiança;

Tempo de reação às ameaças da concorrência: consumidores fiéis são mais

resistentes ao assédio da concorrência, possibilitando à empresa um tempo

maior para reagir à ameaça dessa concorrência.

b) Consciência (lembrança/reconhecimento) da marca: Aaker (1998) supõe haver

um elo entre a classe do produto e a marca; ele admite que a lembrança/recordação

da marca envolve um intervalo contínuo de sentimentos e sensações do

consumidor, que vai do desconhecimento da marca (não percepção da marca) até o

limite (top of mind), em que ele a considere como única em uma determinada

classe de produto. A geração de valor pode ocorrer de diferentes formas:

Âncora à qual podem estar ligadas outras associações: o esforço relativo ao

desenvolvimento de associações à marca fundamenta-se prioritariamente na

existência de lembrança na mente do consumidor, o que é útil na atividade de

comunicação;

Familiaridade: pode criar simpatia e estima e produzir empatia entre o

consumidor e a marca;

Sinal de substância/compromisso (comprometimento): Aaker (1998)

pondera que, se um nome/marca é reconhecido, é porque devem existir razões

para isso, as quais podem ser fruto da imaginação do consumidor e não

necessariamente conhecidas por ele e nem mesmo reais. Inversamente, marcas

Page 54: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

42

desconhecidas podem despertar suspeita quanto à sua substância e ao grau de

comprometimento de seu detentor;

Marca a ser considerada: a lembrança é um fator crítico para que a marca

seja considerada uma opção de escolha.

c) Qualidade percebida: a qualidade percebida sintetiza um sentimento geral sobre a

marca e reside na percepção de utilidade superior de uma marca, sendo avaliada

subjetivamente pelo consumidor a partir de critérios e valores próprios. O

consumidor, em um contexto individualizado, irá avaliar a qualidade por meio de

um conjunto único de elementos cada qual com sua importância ponderada. Há

duas modalidades de qualidade percebida, a do produto e a do serviço. Aaker

(1998) aponta os seguintes mecanismos de criação de valor pela qualidade

percebida:

Razão de compra: o consumidor, ao avaliar as alternativas de escolha, pode

preferir aquela que julga possuir qualidade superior e descartar aquelas que

não atendem a esse quesito;

Diferenciação/posicionamento: a marca pode constituir um importante fator

de diferenciação do produto e servir de base para o seu posicionamento;

Interesse dos membros dos canais de distribuição: o nível de qualidade

pode representar um fator de atratividade e de interesse dos membros dos

canais de distribuição;

Preço premium: marcas com maior qualidade possibilitam a prática de preço

premium e diferenciado;

Extensões de marca: a qualidade percebida de uma determinada marca pode

refletir-se positivamente na avaliação da qualidade, em casos de extensão de

marca para outros produtos;

d) Associações à marca: Serralvo (2008), em sua definição de Brand Equity, ressalta

a importância do conjunto de associações positivas (funcionais ou emocionais)

relacionadas à marca, as quais lhe conferem prestígio e o caráter de distinção.

Page 55: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

43

Essas associações compõem a imagem da marca projetada na mente do

consumidor e ambas devem ser vistas a partir das percepções do consumidor,

podendo refletir ou não a realidade. Aaker (1998) descreve as seguintes formas de

geração de valor por meio de associações à marca:

Auxílio no processamento e resgate de informação: o consumidor poderá

reter maior quantidade de informações por meio das associações estabelecidas,

as quais atuam como elementos facilitadores para resumir informações sobre a

marca e facilitar a lembrança.

Razão de compra: associações à marca podem remeter a atributos e benefícios

proporcionados por ela ao consumidor, fornecendo-lhe, com isso, razões para

preferi-la.

Criação de atitudes e sentimentos positivos: atitudes e sentimentos positivos

podem ser estimulados por determinadas associações à marca, influenciando a

percepção do consumidor durante sua experiência de uso.

Base para extensões: associações à marca são úteis para serem utilizadas

como ponto de referência em casos de extensão de marca.

e) Outros ativos e recursos do detentor da marca: patentes, marcas registradas,

relacionamento com os canais são uma modalidade complementar de ativo a servir

de base para a construção de Brand Equity.

2.2.3 Modelo de Srivastava e Shocker de Estrutura de Brand Equity

Srivastava e Shocker (1991) desenvolvem uma definição de brand equity tratando-o

como um conjunto de associações e comportamentos por parte dos clientes, distribuidores e

empresa-mãe de uma marca, que permite a ela obter maior volume de vendas ou maiores

margens do que seria possível sem o nome da marca, assim como forte nível de vantagem

diferencial sustentável. Os autores apresentam uma proposta de estrutura de Brand Equity, na

qual identificam seis dimensões, facetas e construtos que a compõem, conforme ilustrado na

Figura 6:

Page 56: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

44

Figura 6 - Estrutura de Brand Equity, de Srivastava e Shocker Fonte: baseado em Srivastava e Shocker (1991) e Vargas Neto (2003)

A primeira dimensão, os construtos perceptuais, refere-se à qualidade e risco

percebido, formação do conjunto evocado, busca de informação. Os comportamentos no

mercado vão compreender variáveis como lealdade à marca, mudança de marca, desejo de

pagar preço premium, intensidade de uso. Já as estratégias de marketing dizem respeito a

estratégias de marketing relacionadas à marca, como extensões de marca. A quarta dimensão,

condições do setor, engloba elementos como intensidade da competição, estágio do produto e

ou marca no ciclo de vida. É na quinta dimensão, medidas de desempenho, que serão

consideradas as medidas relacionadas a preço premium, participação de mercado e outros

elementos que avaliam o grau de vulnerabilidade da marca. E, por último, aparece a dimensão

avaliação financeira, a qual se refere a indicadores como valor do cliente segundo suas taxas

de uso, taxas de retenção nos níveis do cliente individual e do segmento, risco e lucratividade

nos níveis agregado e do mercado servido.

O exame dos três modelos revistos permite concluir pela concordância quanto à

importância de determinados fatores e dimensões na estrutura, na construção e na mensuração

de Brand Equity. Particularmente no que diz respeito ao objeto da dissertação, podem-se

destacar aquelas dimensões do comportamento do consumidor em sua relação com a marca:

qualidade percebida, risco percebido, associações à marca, imagem de marca, sentimentos em

Page 57: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

45

relação à marca e, com destaque, a lealdade à marca. Todas as dimensões mencionadas podem

influenciar, isoladamente ou em conjunto, a escolha do consumidor. Ressalte-se, ainda, a

existência de outros modelos que abordam Brand Equity, adotando perspectivas semelhantes,

como o modelo de Yoo e Donthu (2001), o qual põe em evidência os construtos mais

significativos para este trabalho: lealdade à marca, qualidade percebida e

lembrança/associações da marca.

2.3 LEALDADE

Neste item, serão discutidos os conceitos relativos à lealdade à marca, seus fatores

antecedentes e custo de mudança de marca, o qual figura como elemento inibidor à mudança

de marca.

2.3.1 Conceito de Lealdade à Marca

O conceito de lealdade costumar referir-se, em psicologia, a um apego entre pessoas,

que se origina desde o nascimento, na relação entre mãe e filho, trazendo consigo a

necessidade de proximidade entre os entes envolvidos. Dessa forma, a continuidade desse

relacionamento conduz ao sentimento de cumplicidade entre as partes, criando-se, assim, uma

relação de lealdade (OLIVER, 1999).

No contexto empresarial, o conceito de lealdade tem sido discutido por diversos

autores, encerrando colocações e interpretações diferenciadas. Na visão do consumidor,

alguns autores conferem à lealdade uma condição de repetição de compras de uma mesma

marca (TELLIS, 1998), ou a associam a consumidores que consideram a aquisição exclusiva

de uma mesma marca, com exclusão de qualquer outra marca substituta (NEWMAN;

WERBEL, 1973). Ambos os conceitos exploram a satisfação do cliente em repetir a compra

após uma experiência anterior.

Dessa forma, o tema tem sido intensamente pesquisado, possibilitando a presunção de

que lealdade não está associada somente à satisfação do cliente relativamente à marca,

produto ou serviço, mas que, nesse processo de decisão de escolha, outros fatores podem

intervir como estímulo ao vínculo do consumidor com a marca/produto/serviço.

Dick e Basu (1994) reforçam o quão relevante é medir a lealdade em todas as suas

formas, condições e dimensões, de modo a contribuir para o gerenciamento efetivo de marca,

Page 58: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

46

produto, serviço e ou loja. Jacoby e Chestnut, em 1978 (apud DICK e BASU, 1994),

aportaram novos condicionantes psicológicos ao estudo da lealdade. Em seu estudo, os

autores põem em destaque que a lealdade ao produto só existiria se não houvesse um produto

substituto com atributos semelhantes. Porém, para inferir melhor sobre o conjunto completo

de motivações que influenciariam o consumidor a decidir sobre a escolha de uma determinada

marca, seria necessário incluir outras variáveis ou aspectos antecedentes da lealdade, como:

variáveis cognitivas (crenças e percepções sobre as características do produto), variáveis

afetivas (sentimento de gostar da marca) e variáveis conativas (intenção de continuar

comprando). Segundo os autores mencionados, o conceito prevalecente nas pesquisas sobre

lealdade à marca tem sido submetido a uma substancial mudança na sua orientação e no

redirecionamento quanto à forma de mensuração. Partindo de uma abordagem

comportamental macro, gradualmente se procede à transição para uma compreensão

predominantemente micro dos mecanismos cognitivos subjacentes ao comportamento de

escolha. Se a lealdade à marca está para ser gerenciada e não apenas medida, será necessária a

elaboração de uma descrição mais detalhada dos elementos cognitivos (JACOBY;

CHESTNUT, 1978 apud DICK; BASU, 1994).

Dick e Basu (1994) desenvolveram um trabalho procurando avaliar os aspectos

mencionados e acrescentando um novo elemento de análise, a “atitude relativa”. Eles

introduzem esse novo aspecto como a avaliação de uma determinada marca em contraposição

a outra marca, levando em consideração a influência das três variáveis ou aspectos. O modelo,

representado na Figura 7, sintetiza a estrutura esquemática desenhada pelos dois autores.

Page 59: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

47

Figura 7 – Um modelo esquemático (framework) de lealdade do consumidor Fonte: Adaptado de Dick e Basu (1994)

Nos modelos tradicionais, a atitude relativa é dividida em três categorias, a cognitiva

(relacionada a informações sobre o objeto); emocional (relacionada às emoções em relação à

marca) e “conativas” (relacionada à atitude perante a marca). O Quadro 3 traz a relação dos

antecedentes da atitude relativa.

Quadro 3 - Antecedentes da atitude relativa

Aspectos Antecedente Descrição

Cognitivos

Acessibilidade Facilidade de um consumidor reter e acessar na memória

uma atitude passada;

Confiança

Quanto maior for a confiança, maior será a probabilidade

de que haja uma “atitude relativa” positiva em relação à

marca;

Centralidade Associação entre a “atitude relativa” de um consumidor e

os seus conjuntos de valores pessoais;

Clareza Ocorre quando o indivíduo considera uma marca como

sendo a única aceitável.

Emocionais/

Emotivos

Emoções Fazem o indivíduo reter sua atenção em alvos específicos

e modificam o seu comportamento.

Estado

Emocional

O estado emocional influencia a fidelidade na medida em

que ele melhora ou piora a acessibilidade, tornando o

conhecimento associado ao estado atual mais presente na

memória do consumidor.

Norma Social

Fatores Situacionais

Atitude

Relativa

Repetição

de

Compra

AntecedentesAfetivos:

1.Emoção

2. Estado emocional

3.Afeição primária

4.Satisfação

Consequências:

1.Motivação para

procura

2. Resistência à

concorrência

3.Boca a boca

AntecedentesCognitivos:

1.Acessibilidade

2. Confiança

3.Centralidade

4.Claridade

AntecedentesConativos:

1.Custo de mudança

2. Custos

irrecuperáveis

3.Expectativas

Page 60: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

48

Afeto Primário É um estimulo que influencia a relação entre a atitude e o

comportamento do indivíduo.

Satisfação

A satisfação exerce grande influência nos

relacionamentos de fidelidade. proporcionando uma

motivação maior para a recompra e aumentando a

divulgação boca a boca.

“Conativos”

Custos de

mudança

Relacionados aos custos incorridos quando se muda de

fornecedor.

Custos não

recuperáveis

São custos já incorridos e que não podem ser

recuperados.

Expectativas

Refletem o ajuste entre as ofertas presentes e futuras do

mercado e as necessidades dos consumidores

(expectativas).

Fonte: adaptado de Dick e Basu (1994)

Oliver (1999) acrescenta um novo aspecto, inercial, caracterizando, assim, quatro

modalidades de lealdade, consideradas pelo autor como fases: lealdade cognitiva, lealdade

afetiva (emocional), lealdade conativa e lealdade inercial. Na ótica do autor, trata-se de um

sistema (lealdade) subdividido em subsistemas nos moldes de fases, cada um dos quais

incluindo o anterior. Dessa forma, a lealdade inercial compreende todas as demais presentes

no sistema hierárquico das fases. O Quadro 4 apresenta as fases ou os subsistemas de fases do

construto lealdade, descrevendo as características que identificam cada uma delas,

acrescentando ainda suas respectivas vulnerabilidades.

Quadro 4 - As fases da lealdade

Fases da

lealdade

Características para

Identificação

Vulnerabilidades

Cognitiva

Lealdade à informação

(preço, atributos etc.)

Vantagens reais ou imaginárias das marcas

concorrentes em termos de preço e atributos.

Incentivos à procura de outras marcas

(experimentação).

Afetiva

Lealdade ao gosto (“eu

compro porque gosto”)

Aumento da sensação de gostar da marca

concorrente, mediante imagens e associações.

Experimentação de outras marcas.

Desempenho declinante do produto .

Conativa

Lealdade a uma intenção

(“eu tenho a intenção de

recomprar”)

Contra argumentação persuasiva da

concorrência.

Experimentação induzida (promoções em

pontos de venda, amostras, descontos).

Desempenho declinante do produto.

Page 61: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

49

Inercial

Lealdade a uma ação

inercial, acompanhada de

superação de obstáculos

Indisponibilidade do produto no mercado.

Aumento dos obstáculos para a compra.

Desempenho declinante.

Fonte: adaptado de Oliver (1999)

Contribuindo para a discussão sobre o construto lealdade, Sheth et al. (2001)

consideram duas abordagens a respeito do assunto, as quais devem ser levadas em conta

simultaneamente na construção da lealdade. A primeira, a lealdade comportamental, também

descrita por Jones e Sasser (1995), refere-se a aspectos relativos ao comportamento de

compra, ou seja, às marcas que as pessoas compram; a segunda abordagem, lealdade

atitudinal, está atrelada à atitude em relação à marca, a saber, como as pessoas se sentem em

relação às marcas.

No caso da lealdade comportamental, a mensuração da lealdade a marcas é feita

segundo os seguintes elementos:

a) Proporção de compra: trata-se do quociente entre o número de vezes em que a

marca mais frequentemente comprada é adquirida e o número total de compras;

b) Sequência de compra: diz respeito à constância em que o consumidor transita de

determinada marca para outra, ou, mais especificamente, quanto tempo ele

permanece com uma marca até passar para outra e quando retorna à marca

anterior;

c) Probabilidade de compra: avaliação baseada no histórico de compra do cliente a

longo prazo.

Na abordagem relativa à lealdade atitudinal considera-se a hipótese de o consumidor

comprar a mesma marca apenas por conveniência ou por força de hábito, sem que,

efetivamente, tenha preferência por essa marca comparativamente às outras. Sheth et al.

(2001) admitem tratar-se de uma lealdade instável e influenciável por estímulos externos: se

uma determinada marca concorrente oferecer um preço melhor, por exemplo, o cliente pode

migrar facilmente para essa marca. Entretanto, a compra ocasional de outra marca não implica

infidelidade do consumidor, pois a motivação para a migração pode estar ligada a um evento

fortuito, como a indisponibilidade do produto que leva a marca preferida.

Page 62: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

50

Em vista do exposto, infere-se que as pessoas podem apresentar um vínculo emocional

com a marca de uma empresa e, a despeito disso, também se relacionar com marcas de outras

empresas. E as razões que as levam a abandonar uma marca podem ser explicadas por uma

multiplicidade de motivos: razões de caráter financeiro (como custo de oportunidade, preço

mais baixo) e caráter emocional (insatisfação com aspecto do produto e serviço, experiência

negativa, ou descontinuidade de uma marca).

Acrescente-se, ainda, que a lealdade é comumente construída e avaliada levando em

consideração um longo horizonte temporal e sem a interveniência de eventos traumáticos que

possam causar ruptura no relacionamento estabelecido entre cliente e empresa. Entretanto,

uma questão a ser considerada seria a ocorrência de algum evento ou situação que pudesse

alterar as condições em que se estabeleceram os vínculos entre as partes, provocando alguma

ruptura no relacionamento e, consequentemente, afetando atitude e o sentimento de lealdade.

Cite-se, por exemplo, o caso de fusão de duas empresas, cada uma das quais com suas marcas

consolidadas e com clientes presumivelmente fidelizados. Eventos como esse, recorrentes em

processos de fusão e aquisição, permitiriam indagar se a prevalência e a permanência de uma

marca dominante, com consequente extinção ou perda de importância da marca da outra

empresa, outrora concorrente, poderia trazer como um dos efeitos colaterais o estremecimento

no relacionamento entre os antigos clientes da empresa que teve subtraída a marca e aquela

que preservou sua marca, comprometendo o sentimento de lealdade daqueles clientes.

Implicitamente, o raciocínio exposto conduz à formulação de uma hipótese sobre a influência

dos antecedentes emocionais sobre a continuidade do relacionamento e, mais particularmente,

sobre a influência da dimensão nostalgia, uma das variáveis integrantes dos antecedentes

emocionais, sobre a lealdade à marca, em um cenário específico: extinção de marca como

resultado de fusão/aquisição de empresas.

2.3.2 Custo de Mudança

A gestão do relacionamento com o cliente, visando à sua retenção e conquista de

lealdade à marca, é um processo estratégico crítico das empresas no ambiente competitivo.

Um dos artifícios utilizados por algumas empresas, com o intuito de induzir lealdade, a

lealdade forçada, prende-se ao argumento fundamentado nos custos de mudança (VERHOEF,

2003). Esses custos tanto podem estar ligados a condições contratuais e operacionais como a

aspectos relativos ao esforço e tempo despendidos, ao desgaste psicológico e ao próprio fator

monetário (PING, 1993). Citem-se, por exemplo, as condições contratuais envolvendo a

Page 63: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

51

compra e uso de telefone celular. Até pouco tempo atrás, não era possível mudar de operadora

e manter o mesmo número de telefone; por conta disso, o usuário do serviço via-se obrigado a

manter o vínculo e as relações com a empresa, a partir de uma avaliação a respeito de todos os

fatores decorrentes da decisão de trocar de fornecedor. Os custos, muitas vezes, poderiam ser

tão altos que não compensariam todo o trabalho de transferência para outro fornecedor,

fazendo com que o cliente se sentisse desestimulado à mudança, mantendo, dessa forma, o

vínculo com a marca/empresa original, situação que caracterizaria uma falsa lealdade

(GONÇALVES, 2009).

Burnham, Frels e Mahajan (2003) definem custo de mudança como o custo único que

o consumidor associa com o processo de mudança de um fornecedor para outro. Esses custos

constituem, portanto, uma importante barreira de saída na relação de lealdade entre a empresa

e o cliente (GONÇALVES, 2009; GASTAL, 2005; LAM, SHANKAR, ERRAMILLI e

MURTHY, 2004). Sob esse aspecto, Arthur (1996) os considera como uma fonte de vantagem

competitiva ou, conforme entendimento de Klemperer (1995), como um fator de poder das

empresas sobre o consumidor em processos de recompra.

Os custos de mudança, conforme exposto, não se enquadram apenas na categoria de

custos monetários; eles incluem custos não monetários como esforço, conveniência

(BANSAL; TAYLOR; St. JAMES, 2005) ou, ainda, custos psicológicos incorridos no

dispêndio de tempo e esforço. Em síntese, os custos de mudanças podem ser concebidos como

a totalidade de custos envolvidos em uma decisão de troca de fornecedores, incluindo custos

monetários e não monetários (LAM et al. 2004).

Na mesma linha que os autores citados, Fornell e Johnson (1992) e Fornell, Johnson,

Anderson, Cha e Bryant (1996) salientam que, quando o cliente declara que uma determinada

escolha referente à troca de fornecedor não compensa, (“isso realmente não vale a pena”),

implicitamente ele percebe um conjunto de custos relacionados a restrições e impedimentos:

custo de procura, custo de transação, custo de aprendizado com nova marca, custo de perda de

desconto de programa de lealdade, custo de mudança de hábito, custo emocional, de esforço

cognitivo, custo social e risco psicológico.

Burnham et al. (2003) desenvolveram uma escala multi-item, resultante de revisão da

literatura, entrevistas com gerentes de diversas empresas e grupos de foco (focus group)

Page 64: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

52

compostos por consumidores. No estudo, os autores encontraram evidências de existência de

oito categorias (grupos) distintas de custo:

a) Custos de risco econômico: são aqueles associados à incerteza quanto a um

possível resultado negativo ao adotar um novo fornecedor do qual o consumidor

tem poucas informações: risco de desempenho, risco financeiro e risco de

conveniência;

b) Custos de avaliação: referem-se ao esforço despendido e o tempo associado com

procura e análises necessárias para tomar uma decisão referente à troca de

fornecedor, seja na busca de informações seja no processamento mental para

estruturar, analisar e chegar a uma decisão;

c) Custos de aprendizagem: relacionam-se ao esforço despendido e o tempo

necessário para adquirir novas habilidades ou conhecimentos em troca de utilizar

um novo produto ou serviço efetivamente. Significa novos investimentos que

devem ser feitos para se adaptar ao novo fornecedor;

d) Custos de iniciação: compreendem o esforço despendido e o tempo associado ao

processo de iniciação de relacionamento com um novo fornecedor ou à operação

com um novo produto;

e) Custos de perdas de benefícios: dizem respeito aos custos relativos a contratos

que assegurem benefícios econômicos provenientes da decisão de continuar o

relacionamento com uma empresa específica (programas de lealdade, descontos,

etc.);

f) Custos de perdas monetárias: são os gastos financeiros iniciais que ocorrem na

troca de fornecedores e que não estão relacionados diretamente com a compra de

produtos/serviços: taxas de adesão, impostos etc.;

g) Custos de perdas de relacionamento pessoal: incluem os custos das perdas

afetivas decorrentes da quebra de laços de identificação construídos com as

pessoas com as quais o consumidor interage;

h) Custos de perdas de relacionamento com a marca: compreendem custos de

perdas afetivas associadas ao rompimento de laços de identificação que podem ter

Page 65: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

53

sido formados com a marca ou empresa com que o consumidor tenha se

relacionado.

Para conduzir o estudo, Burnham et al. (2003) reuniu os oito grupos de custos de

mudança identificados em três novos subconjuntos, conforme apresentado na Figura 8. Nessa

nova configuração, os autores associam os custos de mudança de processo a todos os custos

relativos a perda de tempo e esforço; já nos custos financeiros de mudança, estão

compreendidas todas as perdas monetárias quantificáveis e, por último, estão agrupados os

custos de mudanças relacionais, que englobam os custos que envolvem desconforto

psicológico ou emocional devido à ruptura de laços.

Figura 8 - Tipologia da percepção do consumidor nos custos de mudança Fonte: adaptado de Burnham et al. (2003).

Com a premissa de que a construção da lealdade do cliente pode ser vista como sendo

afetada pelos custos de mudança, os estudos de Burnham et al. (2003) consideram que a

significância desses custos na intenção de mudar de fornecedor pode ser maior do que a

própria satisfação do consumidor com a empresa. Jones e Sasser (1995) afirmam que a

satisfação deve ser vista como foco estratégico principal na formação da lealdade, enquanto

que os custos de mudanças devem ser interpretados como foco secundário. Por outro lado,

para Lam et al. (2004), não há diferenças significativas entre satisfação e custos de mudança

na formação da lealdade do clientes, mas ambos são vistos como componentes das estratégias

para criar ou aumentar a lealdade do consumidor.

Lee, Lee e Feick (2001) pesquisaram o impacto dos custos de mudança no vínculo

entre os construtos satisfação e lealdade do cliente. Os autores pressupõem que programas de

satisfação do cliente visam primordialmente a aumentar os índices de retenção. Nesse

Page 66: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

54

contexto, afirmam que, ao explicar a existência de ligação entre satisfação e lealdade, os

custos de mudança desempenham um importante papel. Exemplificam essa condição

explicando que a presença de custos de mudança pode significar que alguns consumidores,

aparentemente leais, estão, na realidade, insatisfeitos, mas podem não abandonar a

marca/empresa em razão daqueles custos. Concluem que o nível de custos de mudança figura

como um moderador da ligação entre aqueles dois construtos. Complementam o estudo

salientando terem comprovado haver heterogeneidade na referida ligação, quando a

pesquisaram tomando como referência diferentes segmentos de um determinado mercado

objeto do estudo.

Em síntese, os custos de mudança assumem importância e significado como uma

variável a ser considerada para analisar e avaliar os seguintes processos de marketing;

relacionamento com o cliente, satisfação e lealdade à marca, essa última desdobrando-se no

comportamento de escolha e na atitude do consumidor com respeito à marca. Essa discussão é

relevante em relação a processos de fusão, particularmente na indústria bancária, com

consequente descontinuidade de uma marca. Em situações como essa, considera-se que o

cliente bancário estará diante de uma decisão de manutenção de seu relacionamento com

determinada instituição ou de mudança, a qual envolve não só o vínculo emocional com a

marca extinta, mas os custos de uma mudança de fornecedor.

2.4 NOSTALGIA

Este item destina-se a discutir um componente central da dissertação, a nostalgia,

abordando sua definição e as acepções do termo, segundo diversos autores, descrevendo,

ainda, seus antecedentes e sua tipologia.

2.4.1 Definição de Nostalgia

O termo nostalgia, de origem grega, é uma composição das palavras “nóstos”, que

significa regresso (ao lar), e “álgos”, cujo significado é dor, aflição e descreve um anseio pelo

passado, em geral, de uma forma idealizada.

A nostalgia foi primeiramente descrita na literatura de psicologia clínica para

descrever uma patologia, uma depressão ou forma de melancolia ocasionada pela saudade de

casa, principalmente, em situações de guerra, e sentimentos dos soldados nos longos períodos

de ausência (BOYM, 2002).

Page 67: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

55

Um médico suíço, Johannes Hofer, em 1688 (ANSPACH, 1934, apud LAMBERT,

2001), utilizou o termo nostalgia para designar um mal, sentido por estudantes e trabalhadores

suíços que se encontravam ausentes de suas casas, cidade ou país. Após os anos de 1850, o

termo nostalgia foi perdendo o status de uma doença, convertendo-se em sintoma ou um

estágio de um processo patológico, mas sempre associado a sentimentos melancólicos de

soldados.

Alguns pesquisadores e teóricos abordam a nostalgia como uma emoção. Kemper

(1987) a considera como emoção secundária e influenciada culturalmente; Frijda (1986) a

interpreta como um modo de reação fisiológica. Para outros, no entanto, a nostalgia pode ser

vista como uma emoção de bem-estar (ORTONY; CLORE; COLLINS, 1988). Segundo esses

autores, a nostalgia representa uma reação a resultados e eventos, e não um guia para alcançar

objetivos e dar continuidade às ações do indivíduo.

No entanto, outros grupos de teóricos definem nostalgia como um subgrupo negativo

de emoções de bem-estar, a qual pode vincular-se tanto a emoções aflitivas como a emoções

de perda. Em ambos casos, nostalgia envolve sentimento de tristeza, perda ou luto, estando

associada ao passado (SEDIKIDES; WILDSCHUT; BADEN, 2004; WILDSCHUT;

SEDIKIDES; ARNDT; ROUTLEDGE, 2006 ). Sedikides et al. (2004) e Wildschut et al.

(2006) acreditam que a nostalgia envolve um alto grau de avaliação cognitiva e a tratam como

uma emoção positiva, envolvendo um contato, direto/explícito ou não, entre o presente e o

passado; ela pode iniciar-se a partir de algum estímulo interpessoal, social ou do ambiente.

O exposto permite inferir que a nostalgia pode ser interpretada como um sentimento

tanto negativo como positivo. Alguns pesquisadores a veem como uma emoção positiva

(HOLAK; HAVLENA, 1998; CHAPLIN, 2000). Davis (1979, apud Holbrook, 1993) a

descreve como “uma evocação positiva de um passado vivido” e Kaplan (1987, p. 465) como

“um sentimento quente do passado, um passado no qual se inserem memórias felizes,

prazerosas e divertidas”. Pesquisadores que a descrevem como uma emoção negativa, como

Hertz (1990) e Holbrook, consideram que o indivíduo a percebe como um sentimento de um

passado irremediavelmente perdido.

Um terceiro grupo confere uma sensação “agridoce” à experiência nostálgica, visto

que enfatizam a nostalgia como um sentimento de prazer com uma “pitada” de tristeza

(WERMAN, 1977; DIVARD; DEMONTROND 1997).

Page 68: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

56

Sedikides et al. (2004), fundamentados na literatura e na pesquisa empírica, propõem

que a nostalgia cumpre três funções existenciais:

a) Aprimoramento do eu, mediante a solidificação e aumento da identidade;

b) Suporte à visão cultural do mundo, mediante a regeneração e sustentação do

significado;

c) Fortalecimento de vínculos relacionais e de conexões interpessoais. Dessa forma,

atribui-se à nostalgia a faculdade de o indivíduo mitigar dores existenciais,

mediante a solidificação e aumento da própria identidade, regenerando e mantendo

um senso de significado e justaposição e revigorando a conexão desejada com o

mundo social.

No domínio acadêmico, “saudade do ontem” (Davis, 1979, apud Holbrook, 1993) é a

definição mais comumente utilizada para definir nostalgia, sendo expressa como uma forma

de o indivíduo recriar, no presente, alguns aspectos da vida passada.

Outros acadêmicos contribuíram com novas formas de definir o termo, sendo sua

aplicabilidade inserida no contexto do comportamento do consumidor. No Quadro 5 são

apresentadas algumas definições de Nostalgia relacionadas ao comportamento do consumidor.

Quadro 5 - Principais definições de nostalgia relacionadas a comportamento do

consumidor

Autor Ano Definição

Belk 1990

“Um humor melancólico que pode se apresentar por meio

de um objeto, uma cena, um aroma, ou um trecho de

música" (p. 670).

Holbrook e Schindler 1991

"Uma preferência (gosto geral, atitude positiva, ou um

afeto favorável) por objetos (pessoas, lugares ou coisas)

que eram mais comuns (popular, na moda, ou de grande

difusão), quando se era mais jovem (no início da idade

adulta, na adolescência, na infância, ou mesmo antes do

nascimento "(p. 330).

Bellelli 1991

“Emoção de dois lados. De um lado, uma emoção de

desejo e ausência: assim nasce a consciência de um objeto

amado (condições, lugares...) que pode ser alcançado. Do

outro, um estado de espírito da memória: o que está

perdido pode ser recuperado pela memória" (p.59)

Page 69: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

57

Baker e Kennedy 1994 “Um sentimento ou uma saudade (yearning) doce de uma

experiência, produto, ou serviço do passado” (p.169)

Divard e Robert-

Demontrond 1997

"Nostalgia é uma reação emocional agridoce,

possivelmente associada à atividade cognitiva, a qual é

experimentada por um indivíduo quando o estímulo

externo ou interno tem o efeito de transposição para um

período ou um evento de um passado idealizado,

integrando-o à sua própria experiência "(p.48)

Fonte: Adaptado de Kessous e Roux (2006)

No âmbito desta dissertação, as definições propostas pelos autores mencionados não

contemplam, individualmente, toda a multiplicidade de aspectos e condições inerentes a esse

construto. Entretanto, podem-se destacar alguns elementos universais, ou seja, não atrelados

aos contextos específicos em que cada autor pesquisou o tema:

a) Nostalgia é simultaneamente sentimento, emoção ou reação emocional, estado de

espírito.

b) Refere-se a uma sensação de melancolia em relação a: objetos, produtos, serviços,

pessoas, cenas, lugares, situações, experiências, eventos passados idealizados e,

por extensão, organizações, marcas.

2.4.2 Antecedentes e Tipos de Nostalgia

A nostalgia costuma vir associada a um sentimento de saudade, saudosismo e, por

conta disso, é possível identificar se um indivíduo pode experimentar um sentimento

saudosista com relação a seu passado, ou, simplesmente, associá-lo a outros tempos em que

não fizeram parte de sua experiência. Stern (1992) evoca os conceitos de Nostalgia Histórica

(“O jeito que era”) e Nostalgia Individual (“Esse era o jeito que eu era”):

A nostalgia histórica expressa o desejo de apartar-se da vida contemporânea,

retornando a um tempo no passado, o qual é admitido como melhor do que o presente

(STERN, 1992). Esse conceito foi pouco pesquisado, porém é muito utilizado em

determinadas áreas da comunicação, especialmente em criação, no domínio da propaganda.

Exemplo disso é o sentimento de luto por perda de algo jamais diretamente

experimentado por uma pessoa. Não há influência da idade: mesmo uma pessoa com 25 anos

pode experimentar esse sentimento, ao revelar nostalgia com respeito a fatos e situações

Page 70: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

58

presentes na época dos anos 1960 (MERCHANT e FORD, 2008). O sentimento pode ser

resumido por saudade do tradicional, do conservador e dos valores da sociedade ou de

comunidades, em períodos há muito transcorridos. Estabelece-se, assim, uma ligação com o

tempo pretérito e com os valores a ele associados. Merchant e Ford (2008) mencionam alguns

fatores que influenciam essa modalidade de nostalgia:

a) Propensão à nostalgia: assim como ocorre com a nostalgia individual, há pessoas

mais propensas a sentirem esse tipo de nostalgia;

b) Descontinuidade: no momento da descontinuidade de algo na vida de uma pessoa,

ela não somente tenderá a trazer à lembrança aspectos de sua vida passada como

experimentar a nostalgia vicária (delegada). Ela revive momentos de experiências

de outras épocas como forma de propiciar segurança a si mesma (DAVIS, 1979);

c) Alienação e perda do sentimento de comunidade: há uma tendência de as

pessoas terem uma vida mais privativa, individualizada, com diminuição dos laços

e interações entre umas e outras, tendo por resultado perda de segurança e de

pertencimento. Essa sensação de não pertencer a qualquer grupo pode provocar

sentimento de insignificância e de solitude (KANUNGO, 1979), trazendo consigo

o sentimento de nostalgia vicária, resgatando de épocas passadas o sentimento de

comunidade, perdido na vida hodierna;

d) Sentimento de que a autêntica “Era Dourada” foi perdida e precisa ser

preservada ou resgatada (STERN, 1992): para determinadas pessoas, há uma

sensação de que tudo mudou: produtos, moda, arte; até o papel da família é

percebido como alterado ou até mesmo deteriorado. A contrapartida é que o

indivíduo tende a querer algo autêntico, original.

A nostalgia individual idealiza as lembranças pessoais do passado e vem sendo

caracterizada como uma questão de cunho psicológico, desde o século 17, assumindo, ainda,

uma condição clínica (HOLAK; HAVLENA, 1998). Baker e Kennedy (1994) interpretam

essa modalidade como a saudade do que se viveu no passado e, para Goulding (2001), ela está

associada a saudade das coisas, memórias e pessoas do passado.

As pessoas tendem a relembrar com os amigos e familiares de momentos passados,

evocando experiências que proporcionem uma saudade de um tempo melhor do que o atual.

Page 71: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

59

Essa sensação comumente apresentada pelas pessoas manifesta-se com diferentes graus de

intensidade e varia de pessoa para pessoa (BELLELLI, 1991). Merchant e Ford (2008)

prescrevem um conjunto de fatores que podem influenciar o grau de intensidade desse

sentimento:

a) Idade: à medida que as pessoas envelhecem, tornam-se mais nostálgicas,

relembram os velhos tempos de sua juventude com considerável nostalgia e

ingressam em outro estágio do ciclo de vida (BATCHO, 1995). Mas, a nostalgia

pode variar de acordo com as experiências vividas pelas pessoas, dependendo,

ainda, do grau de envolvimento com as diversas situações vivenciadas.

b) Propensão à nostalgia: algumas pessoas manifestam nostalgia com maior grau de

intensidade do que outras. Holbrook (1993) desenvolveu uma escala para medir os

graus de intensidade, segundo a qual, a propensão à nostalgia está associada aos

seguintes elementos: personalidade, caráter individual, uma variável psicográfica,

aspectos do estilo de vida, uma característica genérica do consumidor. Batcho

(1995) criou um modelo em que interpreta nostalgia como um traço de

personalidade: ele descreve as pessoas mais nostálgicas como possuidoras de

maior capacidade emocional, podendo sentir-se mais intensamente felizes, em

momentos de felicidade, ou mais tristes, em momentos de tristeza.

c) Experiências individuais: quanto mais intensas as experiências passadas, mais

forte serão as memórias associadas a elas (BAUMGARTNER, 1992; LOMSKY-

FEDER e RAPOPORT, 2002, apud MERCHANT e FORD, 2008). As pessoas

tendem a fazer associações de momento a fatos marcantes da vida pessoal como,

por exemplo, casamento, nascimento, formatura, morte de parente próximo

(MERCHANT e FORD, 2008). Por outro lado, Sierra e Mcquitty (2007)

estudaram os construtos atitude e emoção como determinantes da nostalgia.

d) Descontinuidade: pessoas que passaram por uma descontinuidade experiencial

tendem a ficar nostálgicas (DAVIS, 1979). Um indivíduo que viveu uma

experiência negativa e estressante tende a sofrer de depressão e manifestar

sentimentos negativos e, em razão disso, procura criar um novo cenário, lançando

mão de mecanismos compensatórios interiores para alcançar estabilidade,

segurança e continuidade (ELSON, 1992, apud MERCHANT e FORD, 2008). O

Page 72: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

60

indivíduo busca internamente momentos que possam evocar bons sentimentos.

Trata-se, pois, de um mecanismo defensivo, criado com o intuito de ultrapassar o

obstáculo provocado pela sensação de descontinuidade de algo em sua vida (morte,

desemprego, separação, etc.).

O Quadro 6 sintetiza um comparativo entre nostalgia histórica e individual.

Quadro 6 - Nostalgia histórica versus nostalgia individual

Histórica Individual

Antecedente Literário Romance Histórico Novela Sentimental

Cenário Exótico, muito tempo atrás,

distante

Familiar, “home and

heart”

Enredo

Busca, linear, orientado por

objetivo

Nascimento e

renascimento, cíclico,

retorno ao útero

Ação Aventura, fantasia, desejos

de conto de fadas

Estória realista, incidentes

naturais

Personagens Idealizador, aspiracional,

modelos de personagens

Vida real, reconhecido,

pessoas comuns

Valores Herois, corajosos, honrados

e misericordiosos

Todos os homens, amor,

segurança

Tom Melodramático, exagerado Sentimental, lamentável

Processo mental percebido Imaginação Memória

Respostas percebidas

Empatia, ligação com o

outro

Identificação,

desenvolvimento da

própria imagem Fonte: Adaptado de Stern (1992)

Os estudos apresentados nas décadas de 1980 e 1990 tratavam nostalgia no contexto

psicológico e sociológico com respeito ao comportamento do consumidor, e centravam seu

interesse em uma resposta do consumidor sobre a relação entre nostalgia e fidelidade à marca

(BELLAAJ GARGOURI; AKROUT, 2008). Ou seja, procuravam avaliar os elementos

constituintes da propensão nostálgica do indivíduo e identificar características percebidas na

experiência individual com a nostalgia (HOLBROOK; SCHINDLER, 2003).

No período compreendido entre os anos 1980 a 1990, estudou-se intensamente a

influência do sentimento de nostalgia sobre a atitude do consumidor em relação à marca como

resultado de propagandas (STERN, 1992). Para Fournier (1997, 1998), o apego nostálgico é

uma das facetas que refletem a qualidade do relacionamento e da interação do consumidor

com a marca. Isso influenciará o grau de associação da marca com o conceito em dois

aspectos empíricos: a ligação nostálgica e a percepção de uma congruência da imagem. Sob a

Page 73: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

61

perspectiva de marketing, o tema tem sido enfatizado em várias estratégias de comunicação

persuasiva (COSGROVE; SHERIDAN, 2002) e tem sido abordado em variadas pesquisas no

âmbito do comportamento do consumidor: lealdade à marca, significado da marca, o sentido

humano, o conceito da própria palavra, preferências de consumo, crítica literária, memória

coletiva e emoções (MUEHLING; SPROTT, 2004).

No contexto das emoções, foram efetuados estudos considerando o efeito da nostalgia

sob o aspecto de emoção positiva (SEDIKIDES et al., 2004), permitindo que o indivíduo

continue sua vida e dê prosseguimento a seus projetos (DAVIS, 1979). Sedikides et al.

(2004), conforme mencionado anteriormente, consideram a nostalgia como uma reação mais

positiva do que negativa, proporcionando à pessoa mais características prazerosas do que

indesejáveis.

Holbrook (1993) discute o papel da nostalgia na criação e estimulação do gosto e

preferência do consumidor no transcorrer de sua vida e a relação entre a propensão à nostalgia

e a preferência do consumidor. Para tanto, o autor sugere uma escala interpretativa do

sentimento de nostalgia no indivíduo e avalia sua propensão a senti-la. No Brasil, Fleck,

Abdala e Trott (2008), em estudo apresentado em um congresso do EMA (Encontro de

Marketing), promovido pela ANPAD, redirecionam o assunto nostalgia para a realidade

brasileira, procurando validar a escala de Holbrook nesse contexto. Especificamente, os

autores dedicam-se a avaliar se fatores culturais poderiam invalidar a escala, concluindo haver

uma diferença de dimensionalidade no caso de as escalas serem aplicadas no Brasil.

Com respeito ao escopo deste trabalho, procurou-se tratar do tema objeto de estudo em

uma situação específica: a fusão de duas instituições financeiras com culturas muito

diversificadas e com perfil de clientes muito distintos. A prevalência da marca do banco que

empreendeu a aquisição e a exclusão da marca do banco adquirido, com todo o simbolismo

atrelado a essa última, presumivelmente despertaram forte sentimento de dissonância

cognitiva e de nostalgia nos clientes que tiveram que migrar suas contas para a primeira

instituição. A situação em referência (aquisição de banco) ensejou a oportunidade de

empreender uma pesquisa empírica que focasse o tema objeto de estudo – nostalgia de marca

nesse contexto particular.

Page 74: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

62

2.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROCESSOS DE FUSÃO E AQUISIÇÃO DE

EMPRESAS E MARCAS

A indústria bancária brasileira, desde o início da década de 1990, tem experimentado

uma expressiva transformação, em decorrência, entre outros fatores, do processo de

“financeirização” da economia nos âmbitos mundial e local. Dois importantes pontos de

referência desse processo podem ser apontados, o primeiro dos quais foi o movimento mais

geral de desregulamentação financeira (IPEA, 2008). Com o desaparecimento das taxas de

juros fixas e a expansão de mercados financeiros sem o controle das autoridades públicas

nacionais e internacionais, as finanças se deslocaram da economia real, da produção de bens e

serviços. O segundo ponto foi a forte redução da presença dos bancos públicos na indústria

bancária. Por exemplo, a presença do Estado, no total dos ativos bancários, caiu 37,5% na

América Latina e 44,4% nos países da Europa do leste entre as décadas de 1970 e 1990

(IPEA, 2008).

No Brasil, uma característica da transformação do setor foram as iniciativas de

modernização das atividades bancárias, exemplificadas pelos avanços tecnológicos e pela

abrangência e sofisticação de serviços. Uma segunda característica marcante diz respeito à

maior presença do capital estrangeiro e à crescente concentração no setor (IPEA, 2008). Com

referência a esse último aspecto, constatou-se que, em um período de dez anos (1996- 2006),

a participação dos 20 maiores bancos no total de ativos aumentou 20%, passando de 72% para

mais de 86% (IPEA, 2008).

Outro dado expressivo refere-se à grande queda do número de bancos no Brasil,

conforme se pode constatar pela leitura dos dados do Quadro 7.

Quadro 7 - Número de bancos no Brasil

Ano Número Ano Número Ano Número

1964 336 1982 115 1995 242

1966 313 1984 110 1996 231

1968 231 1986 105 1997 217

1970 178 1988 106 1998 203

1972 128 1989 179 1999 193

1974 109 1990 216 2000 192

1976 106 1992 234 2001 182

1978 107 1993 243 2002 167

1980 112 1994 246 2003 164 Fonte: FEBRABAN (2011)

Page 75: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

63

Dados mais recentes sobre a concentração bancária no Brasil registram uma redução

de 32,2% na quantidade de bancos em operação, no período de onze anos (1996-2006), com o

país atingindo 156 instituições bancárias, em 2007 (IPEA, 2008).

As considerações levantadas permitem deduzir que, no Brasil, um dos resultados mais

evidentes de todo o processo foi a crescente competição presenciada no mercado financeiro,

determinada, ainda, pela estabilização da economia, que se aliou aos aludidos eventos

representados pela intensa prática de privatização de bancos públicos e pela abertura ao

capital estrangeiro, fenômeno que emergiu com grande vigor a partir de 1994. Constatou-se,

em adição a isso, o aumento da atratividade do mercado e de oportunidades de crescimento

não orgânico, o que redundou em acentuado movimento de fusões e aquisições.

Conceitualmente, o sentido do termo fusão, sob o ponto de vista jurídico, pode ser

encontrado na Lei das Sociedades Anônimas (lei nº 6404/76), a qual estabelece, em seu artigo

228: “A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade

nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”. Dessa forma, a fusão refere-se a

uma combinação completa de duas ou mais empresas, as quais deixam de existir legalmente

para formar uma terceira, com nova identidade.

Normalmente, as fusões costumam ocorrer em empresas de porte semelhante, que

atuam no mesmo ramo de atividades e que, na maioria das vezes, perdem por completo sua

identidade, deixando de existir. Há nesse processo a transferência integral de ativos e passivos

das empresas. É complexo avaliar o processo todo de uma fusão e perceber quando as

empresas envolvidas se extinguem e uma nova se inicia; há quase sempre a predominância de

uma sobre a outra. À medida que as operações são absorvidas, a nova empresa vai surgindo,

com novo perfil e, possivelmente, uma nova visão dos negócios e novos objetivos, o que pode

afetar o relacionamento com os clientes.

Com referência à aquisição, a lei 6404/76 define: “A aquisição é operação pelo qual

uma ou mais sociedades compra outra, sucedendo-a em todos os direitos e obrigações”. Na

aquisição, há o desaparecimento legal da empresa comprada, ou seja, com a incorporação

completa pela empresa adquirente. A empresa incorporada passa a ser subordinada nos seus

bens, direitos e obrigações à empresa adquirente, que poderá utilizar ou não o nome da

adquirida, a qual terá sua pessoa jurídica extinta.

Page 76: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

64

De acordo com Muniz (1996), fusão e aquisição devem ser concebidas como

processos de sucessão. Nesses processos, uma pessoa jurídica transfere para outra um

conjunto de direitos e obrigações, ou de ativos e passivos, ou ainda um grupo de haveres e

deveres, de tal forma que, sem que haja solução de continuidade, uma pessoa jurídica

prossegue uma atividade então exercida por outra.

O movimento de fusões e aquisições sofreu intensa evolução, a partir da década de

1990, por duas razões básicas, conforme ressaltado em Oliveira (2001): a necessidade de as

empresas se adequarem a determinadas novas realidades decorrentes das mudanças na

economia, principalmente a globalização e a vontade dos executivos de criarem grandes

grupos empresariais.

A obtenção de escala proveniente do processo de consolidação bancária constituiu um

fator determinante para a busca de vantagens de custo e de ampliação da base de clientes da

instituição dominante. O cenário descrito anteriormente revelou-se, portanto, propício a uma

diminuição significativa de bancos, no Brasil, e induziu uma modernização nos serviços

prestados e uma sofisticação na engenharia de produtos das instituições remanescentes.

As fusões e aquisições resultaram, muitas vezes, em importantes alianças estratégicas,

visando à alavancagem dos negócios e melhoria de gestão, mediante a incorporação de uma

expertise da empresa adquirida, ou simplesmente como um recurso objetivando extinguir um

concorrente que representasse uma ameaça a ser eliminada.

Diversos autores especialistas em gestão estratégica de mercado defendem as

estratégias de fusão e aquisição, entre outras razões, como forma de internacionalização dos

negócios da empresa, com o propósito de expandir e crescer mediante o desenvolvimento de

novos mercados. Citam-se, entre eles, Rodrigues (1996), Triches (1996), Certo e Peter (2004),

Lazzarini e Joaquim (2004), Mintzberg, Lampel, Quinn e Ghoshal (2006) e Araújo, Goldner,

Faria e Brandão (2007). Sob o ponto de vista da competição, Porter (1990) afirma que o

processo de união de forças, ou de aquisição, justifica-se pelo fortalecimento da empresa em

seu potencial competitivo, criando-lhe condições mais favoráveis para enfrentar um líder já

estabelecido ou o principal concorrente.

Page 77: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

65

2.5.1 Marcas e os processos de fusões e aquisições

No cenário institucional brasileiro, tornou-se comum a formação de parcerias, alianças

e outras estratégias voltadas para a manutenção dos mercados atuais, conquista de novos

mercados e crescimento integrado. Exemplos podem ser encontrados em diferentes setores de

atividades: bancário, supermercadista, aéreo, publicitário, alimentício. Grandes empresas do

setor têm procurado desenvolver estratégias de crescimento integrado horizontal, conforme

conceituadas por Kotler (1998), mediante acordos associativos, visando à consolidação e ao

fortalecimento de seu potencial competitivo. Essas empresas avaliaram a força relativa dos

concorrentes e, simultaneamente, analisaram situações do ambiente competitivo que

propiciassem oportunidades de mercado. Algumas empresas contrataram consultorias e

algumas até mesmo criaram departamentos, com a finalidade de cuidar dos diferentes

aspectos legais, estratégicos e negociais relacionados com os processos de fusão e aquisição

(GIACOMINI FILHO, 2000).

Em todos esses processos de transformação sofridos pelas empresas, em particular no

que se refere a seus produtos e serviços, a marca apresenta-se como elemento de destaque

porque, muitas vezes, é a única a permanecer. Sob essa ótica, Fontenelle (2002) esclarece que

a importância da marca não deve ser avaliada apenas pelo ângulo da competitividade, que lhe

permite ganho de tempo no processo de lançamento de um produto, com o respaldo dela e

com manutenção de um padrão já estabelecido; acrescente-se a isso, a permanência da marca

no mercado, e isso independe das mudanças que nele possam ocorrer.

Fuerth (2005) lembra que a lealdade dos clientes às marcas sempre será um dos

objetivos estratégicos mais perseguidos pelas organizações, já que pode refletir o

posicionamento da marca, a consolidação comercial de determinados produtos ou serviços e a

manutenção desses no mercado, muito provavelmente durante períodos não confortáveis. De

maneira geral, as empresas passam a contar com suas marcas consolidadas e preferidas como

carros-chefes, visto que gozam de maior aceitação pelos clientes e, por decorrência,

propiciarão maior retorno financeiro.

Dentre os vários instrumentos de comunicação persuasiva, o merchandising e a

propaganda atuam com muito vigor como linha auxiliar para despertar a lembrança, o

interesse do cliente, contribuindo para a manutenção da preferência. Esses recursos facilitam a

tarefa de fazer com que os clientes se identifiquem de tal forma com o produto/serviço e a

Page 78: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

66

marca da empresa, que o preço em si passe, muitas vezes, a ser considerado um elemento

secundário no processo decisão de escolha pelos compradores (CRESCITELLI e SHIMP,

2012).

Observe-se que, no ambiente de negócios contemporâneo, em que as entidades e

forças que o compõem variam incontrolavelmente o tempo todo, é comum encontrarem-se

consumidores que dormem sonhando com seus produtos preferidos, os de "sua estima", e

acordam com os da concorrência. Tendência, eventos e demandas de mercado estão em estado

de contínua mudança e manifestam-se agressivamente e de forma incontrolável e

imprevisível, induzindo organizações de qualquer porte a promoverem ações estratégicas

defensivas e ofensivas, as quais podem surpreender seus clientes. Exemplos dessas ações:

alianças, parcerias, consórcios, incorporações, fusões, cisões, joint ventures, terceirizações e

aquisições. São movimentos que se multiplicam nos mais variados setores da economia nos

âmbitos locais, regionais, nacionais e internacionais.

Acrescente-se, ainda, que, em processos de fusões e aquisições, principalmente entre

organizações do mesmo ramo de negócios, ocorre um impasse nessas situações, visto que a

percepção do valor da marca pelo consumidor fica complexa se os produtos já existentes

competiam entre si em um mesmo segmento. Monteiro, Machado e Pereira (2011) ressaltam a

importância das decisões de marca nos processos de fusões e aquisições e descrevem a

relevância do valor da marca e seu reflexo no posicionamento dos produtos. Nesse aspecto, a

lealdade à marca fica comprometida, e outras variáveis, como preço e propaganda, irão

influenciar o posicionamento, tornando problemática a decisão de manter ou reposicionar a

marca, na maioria das vezes, devido à imagem diferente que possa se formar na mente do

consumidor, influenciando seu comportamento.

Examinando, ainda, a questão sob o prisma do comportamento do consumidor,

especialmente quanto ao seu relacionamento com a empresa e respectiva marca, resultantes

dos processos de fusão e aquisição, alguns desdobramentos podem ser destacados, os quais

podem servir de objeto de estudos mais aprofundados. Especificamente, trata-se de examinar

a percepção, as atitudes, as associações de marca, as preferências e, particularmente, os

sentimentos, com destaque para a nostalgia. Um exemplo de desdobramento é o estudo

desenvolvido por Kamlot, Dubeux e Vieira de Castro (2011), versando sobre o

comportamento de consumidores de duas instituições financeiras que se fundiram, em dois

momentos: antes e após um processo de fusão. Os clientes de ambas as empresas originais

Page 79: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

67

apresentavam perfis distintos entre si. O estudo procurou avaliar a possível mudança de

atitude dos clientes da empresa resultante nos dois momentos, concluindo pela existência de

mudança de atitude em razão do processo de transição.

2.6 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL E PECULIARIDADES DO SEGMENTO

BANCÁRIO

Este tópico destina-se a traçar uma visão panorâmica da indústria bancária no Brasil,

apresentar suas peculiaridades em relação ao setor de produção e venda de produtos e

descrever suas características particulares.

2.6.1 Panorama da indústria bancária

A Indústria Bancária integra o Sistema Financeiro Nacional, entendido como um

conjunto de instituições e órgãos dedicados a regular, fiscalizar e executar operações relativas

à circulação da moeda e do crédito, proporcionando condições satisfatórias para a manutenção

de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. Dessa forma, o Sistema Financeiro

Nacional desdobra-se em dois subsistemas. O primeiro subsistema tem por função a

supervisão, ou seja, a edição de normas que definem os parâmetros para transferência de

recursos dos poupadores aos tomadores, além do controle do funcionamento das instituições e

entidades que efetuam atividades de intermediação financeira. O segundo subsistema tem o

caráter operativo e tem por função operacionalizar a transferência de recursos do poupador

para o tomador, em conformidade com as regras estabelecidas pelas entidades integrantes do

subsistema de supervisão.

O principal objetivo do SFN, portanto, é viabilizar a intermediação entre poupança e

investimento, possibilitando ao setor produtivo maior eficiência, ou seja, tornar viável a

transferência de recursos dos agentes econômicos providos de recursos para indivíduos e

organizações que deles necessitam (ASSAF NETO, 1999). Poupadores são os agentes

econômicos superavitários dispostos a transformar suas disponibilidades monetárias em ativos

financeiros; tomadores são os agentes econômicos deficitários, os quais demandam recursos e

estão dispostos a financiar seu déficit a custo de mercado e a pagar por esses recursos. Cabe

aos intermediários financeiros efetuar a ponte entre os dois segmentos (NOVAIS, 2011).

O SFN foi estruturado e regulado pelas leis de Reforma Bancária, de 1964, Lei do

Mercado de Capitais, de 1965 e, mais recentemente, a lei de criação dos Bancos Múltiplos, de

Page 80: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

68

1988 (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2006). O Quadro 8 resume a estrutura do Sistema

Financeiro Nacional.

Quadro 8 - Sistema Financeiro Nacional (SFN)

Fonte: Ferreira (2012) Sistema Financeiro Nacional.

O marketing para bancos é um marketing especializado e com características próprias.

Em primeiro lugar, destaca-se o fato de os bancos integrarem o heterogêneo setor de serviços

e de apresentarem peculiaridades não observadas em outras organizações que integram o

setor. Acrescente-se a isso o alto nível de regulamentação experimentado pelas instituições

bancárias comparativamente às demais organizações de serviço, excetuando-se as empresas

de seguro, as quais também integram o subsistema operativo do SFN. Em terceiro lugar,

podem-se citar algumas restrições estruturais como matéria-prima (dinheiro) em quantidade

limitada e componentes da demanda muito heterogêneos em vários aspectos socioeconômicos

e psicográficos.

Page 81: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

69

De uma forma geral, as organizações pertencentes ao setor de serviços revelam

algumas diferenças no tocante ao processo de marketing, quando comparadas com aquelas

que produzem e comercializam produtos tangíveis. Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985)

descrevem as principais características diferenciadoras genéricas dos serviços e suas

implicações na gestão de marketing, em geral, e da marca, em particular, conforme pode ser

visto no Quadro 9.

Quadro 9 - Características diferenciadoras dos serviços

Fonte: adaptado de Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985)

Todos esses elementos diferenciadores implicam um processo de gerenciamento de

marketing com outra perspectiva, diferentemente do que ocorre com os produtos tangíveis.

Isso porque, em contraste com esses últimos, os serviços buscam entregar um pacote de

benefícios aproveitando-se da experiência do contato com o cliente (HOFFMAN, BATESON,

IKEDA; CAMPOMAR, 2010).

Hoffman et al. (2010) esclarecem que toda a oferta, seja ela constituída de produtos

tangíveis ou de serviços, entrega um pacote de benefícios tangíveis e/ou intangíveis,

BENS SERVIÇOS IMPLICAÇÕES PARA MARKETING

Tangíveis

Padronizados

Produção

separada do

consumo

Não perecíveis

Intangíveis

Heterogêneos

Produção e

consumo

simultâneos

Perecíveis

Não podem ser estocados

Não podem ser patenteados

Não podem ser exibidos ou comunicados com

facilidade

Difícil a determinação de preço

O fornecimento dos serviços e a satisfação do

cliente dependem dos funcionários

A qualidade dos serviços subordina-se a

inúmeros fatores incontroláveis

Não há certeza de que o serviço executado

atenda o que foi planejado e divulgado

O cliente participa e interfere na transação

Os clientes influenciam-se mutuamente

Os funcionários afetam o serviço prestado

A descentralização pode ser essencial

É difícil ocorrer produção em massa

É difícil sincronizar a oferta e a demanda em

serviços

Os serviços não podem ser devolvidos ou

revendidos

Page 82: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

70

interiorizados na mente do cliente, e complementam afirmando que a determinação da

abrangência do pacote de benefícios a ser proporcionado ao cliente é o cerne do marketing.

No que se refere a um bem tangível, há um benefício central, e ele está associado à

utilidade e às características e atributos funcionais do produto. Outros atributos, porém, são

incorporados ao pacote de benefícios, os quais refletem utilidades de caráter social e

psicológico. Porém, no caso de serviços, o pacote de benefícios entregue por intermédio deles

é o resultado da experiência criada para o cliente, o qual, em especial no caso de serviços

pessoais, participa e interage ativamente no processo de geração (produção) e entrega.

Eiglier e Langeard (1981) desenvolveram o modelo denominado servuction, ilustrado

na Figura 9, o qual reproduz os fatores influenciadores da experiência de serviço. Segundo o

modelo, há dois grupos de componentes que influenciam diretamente a experiência do cliente

em serviços:

a) Componentes visíveis

Ambiente inanimado, ambiente físico (servicescape);

Outros clientes (clientes B, C etc.);

Pessoal de contato, os fornecedores do serviço.

b) Componentes invisíveis

Organização e sistemas.

Figura 9 - Ilustração do modelo Servuction Fonte: adaptado de Eiglier e Langeard (1981)

Cliente A

Cliente B

Pacote de benefícios recebido por A

Organização

e sistemas

invisíveis

Ambiente

inanimado

Equipe de

contato ou

prestador de

serviço

Invisível Visível

Page 83: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

71

Apesar de simples, o modelo expõe implicitamente as características diferenciadoras

dos serviços, as quais impactam de forma marcante no comportamento do consumidor, pois

as experiências vividas e as influências provenientes principalmente dos fatores visíveis

tornam singulares os mecanismos de percepção e de formação de atitudes e de outros

sentimentos e estímulos que podem advir do relacionamento entre empresa e cliente.

As empresas do setor de bancário, como organizações que operam e oferecem

serviços, diferem em alguns aspectos daquelas que integram a indústria que compõe o

mercado de produtos tangíveis. Outras particularidades podem ser apontadas que caracterizam

as diferenças entre os dois tipos de organização. Muitas peculiaridades dos serviços e

produtos oferecidos pelos bancos são comuns a outro tipo de organização integrante do

subsistema operativo do SFN, as empresas de seguro, aqui mencionadas pelo fato de

comporem uma das modalidades de produto oferecidas pelos grandes conglomerados

bancários, individualmente, ou em parceria com instituições especializadas (MEIDAN, 1982).

2.6.2 Características dos serviços financeiros

A descrição das características e similaridades dos serviços financeiros e securitários

feita por Meidan (1982), complementada com contribuições de Toledo (1978), Brito,

Bastistella e Fama (2004), e de Lovelock e Wirtz (2006) é mais abrangente e específica do

que a sugerida por autores como Parasuraman et al. (1985). Na sequência, serão apresentadas,

de forma consolidada, as características dos serviços financeiros, segundo os mencionados

autores.

a) Perecibilidade: os desempenhos de serviços são efêmeros, transitórios, perecíveis.

A gestão do serviço no que diz respeito ao composto de marketing, tendo em vista a

obtenção de equilíbrio entre demanda e oferta, é um desafio das instituições

financeiras e securitárias. Nesse sentido, a empresa deve procurar gerenciar os

picos e vales de demanda para buscar o equilíbrio entre a oferta e a demanda, o que

implica eficiente gestão do tempo e do custo, do lado da empresa, e atendimento

certo, no momento certo, do lado do cliente.

b) Inseparabilidade: As empresas que integram o mercado bancário vendem

serviços, os quais, pela sua natureza, requerem envolvimento do cliente, o que

inclui autosserviços e cooperação com os colaboradores da organização. Isso

Page 84: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

72

significa que a produção e o consumo do serviço se dão simultaneamente, fazendo

com que o comportamento do cliente e sua competência possam ajudar ou

complicar a geração e entrega do serviço. Nesse contexto, os profissionais de

marketing precisam educar/treinar os clientes. Mudanças no processo de entrega

dos serviços, como o uso intensivo da tecnologia da informação, podem afetar o

papel desempenhado pelos clientes. Além disso, as empresas de ambas as indústrias

têm que projetar instalações de serviços, equipamentos e sistemas, tendo em vista

as necessidades dos clientes como participantes ativos do processo de “produção” e

entrega do serviço.

c) Heterogeneidade: a tendência dos produtos hoje é sempre agregar um novo

diferencial, para assim, tornar disponível um produto mais atrativo e condizente

com as necessidades expectativas dos clientes.

d) Flutuação da demanda e condição econômica do país: o mercado bancário sofre

influência direta da situação da economia do país. Uma queda nos juros aumenta a

demanda de produtos de créditos, os quais, por sua vez, aquecem o mercado com

maior demanda, fazendo, consequentemente, com que as empresas consumam mais

produtos dos bancos, formando-se um círculo virtuoso. Um mercado pessimista,

por sua vez, leva as pessoas a conter seus gastos, o que provoca uma menor procura

de crédito.

e) Titularidade da oferta: uma característica diferenciadora marcante de uma

instituição bancária diz respeito ao fato de ela não deter a titularidade absoluta da

oferta, uma vez que o produto, em seus aspectos essenciais, o preço de venda, o

nível de produção e as condições de comercialização são, em grande parte, ditadas

a partir do ambiente externo (TOLEDO, 1978). O que diferencia o marketing, nesse

caso, é o fato de esse processo não se centrar apenas na difusão e comercialização

do produto, pois concentra grande parte de seu esforço na pesquisa da “matéria-

prima”, além do que o cliente é, com grande frequência, o próprio fornecedor do

banco.

f) Integração das atividades (fins e meios): da mesma forma como ocorre com

inúmeros serviços, como decorrência até das características anteriormente

mencionadas, nas instituições bancárias há uma integração e interdependência

Page 85: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

73

muito fortes das funções administrativas, operativas e de marketing. Esse sistema

integrado de funções confere uma condição única e uma vantagem ao marketing de

organizações financeiras, comparativamente ao marketing de empresas que

produzem e vendem produtos tangíveis. Esse circuito integrado em que o marketing

se insere deve-se ao fato de a pesquisa de matéria-prima, sua transformação

(operação/produção), a guarda dos “produtos” a serem comercializados, a gerência

e distribuição do produto, via disseminação de processos, e toda a equipe envolvida

diretamente ou indiretamente na captação e venda (gerência de produto, por

exemplo) estarem reunidas sob uma mesma área de responsabilidade (TOLEDO,

1978).

g) Dualidade de relações banco-cliente: O banco, como intermediador, desempenha

um duplo papel: agente fornecedor e aplicador de recursos financeiros e tomador

desses mesmos recursos. Por esse motivo e pelo fato de sofrer forte concorrência

nas duas modalidades de mercado, deve estar duplamente orientado para o cliente.

h) Aversão ao risco: forte aversão ao risco é uma característica típica dos agentes da

oferta de produtos bancários, o que pode colidir com o perfil do profissional de

marketing, especialmente em aspectos de inovação de produtos e serviços. Além

disso, quando se trata de vender, créditos, por exemplo, é provável que o banco

assuma uma posição firme, detendo-se mais no cadastro do que no perfil comercial

do cliente. Em contraste, para adquirir recursos sua postura é débil, menos

agressiva.

i) Relacionamento com o cliente: o cliente, em geral, não revela alto grau de

conhecimento dos produtos do banco, tanto na linha de crédito como na de

aplicação de recursos, diferentemente do que ocorre em relação a produtos físicos.

Esse fato gera oportunidades para os profissionais do banco mudarem seu

posicionamento, de vendedores de produto para consultores financeiros do cliente,

o que favorece o estabelecimento de relações permanentes com ele, gerando, ainda,

reciprocidade, devido à presença da dualidade de papeis da instituição e do cliente.

j) O impacto da legislação e da regulamentação: o setor considerado é muito

regulado e a legislação tende a ser cada vez mais restritiva. Quando os ganhos

inflacionários eram a maior fonte de resultados, não importava às empresas do setor

Page 86: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

74

em referência as restrições e o custo do controle exigido pelos órgãos reguladores.

Com a competição mais acirrada, os bancos estão sentindo mais o impacto da

regulamentação governamental. Mais recentemente, novos ingredientes foram

incorporados à lista de regulações próprias e externas, tolhendo, em certo sentido, a

liberdade de movimentos dos profissionais de marketing das instituições financeiras

e bancárias: governança corporativa, compliance, acordo de Basileia.

k) Tamanho e distribuição da renda nacional: dependendo das estratégias de

segmentação e de posicionamento, as variáveis market share, o tamanho do

mercado, concentração da renda e outras variáveis econômicas serão decisivas para

o desenvolvimento das atividades que compreendem o composto de marketing,

especialmente a localização dos pontos de atendimento, a definição dos produtos e

serviços.

l) Competição: a competição nesses setores é intensa. Pequenos bancos foram

adquiridos por instituições maiores, ou, alternativamente, focaram melhor os

segmentos a serem atendidos e se concentraram de forma seletiva em segmentos

em que pudessem competir de forma vantajosa. Os bancos nacionais enfrentam

forte concorrência de instituições estrangeiras. A necessidade de atrair novos

clientes e a maior importância da própria operação do negócio, em detrimento de

outros ganhos, induziu os bancos a cuidar com mais afinco da diminuição de

despesas e a investir em ganhos de escala, procurando, ainda, diferenciar sua oferta

para atender uma clientela mais exigente. Os ganhos de escala tornaram-se, então,

importantes, por possibilitarem a ampliação da base de clientes e do volume de

negócios, gerando maior possibilidade de diluição dos custos e despesas fixas

(BRITO et al. 2004). Observa-se forte concentração de capital, promovendo a

criação de marcas com maiores participações de mercado, tanto de forma

segmentada como no varejo como um todo. A concentração se deu em conjunto, ou

provocada pela entrada no país de bandeiras estrangeiras. Os bancos estrangeiros

entraram comprando marcas existentes, e os maiores bancos nacionais também

cresceram por meio de aquisição de bancos estatais e pequenas bandeiras do setor.

m) Impacto da globalização: no caso do setor bancário brasileiro, uma característica

adicional é o impacto da globalização. A mudança na política macroeconômica do

Brasil, reduzindo a inflação, fez desaparecerem os ganhos inflacionários dos bancos

Page 87: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

75

e revelou as ineficiências operacionais das empresas do setor. Brito et al. (2004),

destacam outros fatores que contribuíram para a transformação do setor bancário,

além dos já mencionados: os impactos das crises externas e as novas exigências

regulatórias. O setor bancário enfrentou os eventos externos e internos dos anos

1990. Merece destaque a abertura do mercado, a busca da estabilidade, a

desregulamentação de diversos setores e o programa de privatização, os quais

culminaram com uma onda de fusões (BRITO, et al., 2004).

Mencione-se, ainda, um evento relativamente recente e proveniente do ambiente

econômico, o qual influenciou significativamente o comportamento do consumidor, a

“bancarização”, a definição do escopo e as práticas gerenciais das instituições financeiras: a

estabilização da moeda. Brito et al. (2004) observam que o controle da inflação propiciou ao

cliente a capacidade de avaliar e comparar tarifas bancárias. A melhoria de qualidade

proporcionada, em parte pela abertura do mercado nacional, promoveu um novo padrão de

qualidade nos serviços oferecidos pelas instituições financeiras. A entrada dos bancos

estrangeiros também contribuiu para esse novo padrão do mercado, pois eles vieram com

culturas empresariais desenvolvidas em mercados mais competitivos.

As mudanças provenientes dos ambientes econômicos (renda, estabilidade monetária,

maior afluência, maior inserção da mulher no mercado de trabalho), político-legal (legislação,

regulamentações), sociocultural (hábitos, aspirações, nível de educação e de informação),

tecnológico (tecnologia da informação, home banking, autosserviço, facilidade de efetuar

transações on-line), competitivo (fusões e aquisições, avanço do capital estrangeiro), têm

provocado, nos últimos anos, forte impacto nas relações instituições bancárias – clientes.

Clientes mais informados e exigentes, com hábitos de consumo continuamente em

transformação, maior facilidade de mudança de instituição, similaridade entre os produtos e

serviços proporcionados pela oferta, são alguns dos indicadores da necessidade de os bancos

buscarem a manutenção do cliente em um ambiente de forte competição. Além disso, há a

convicção de que manter um cliente e torná-lo fiel implica muito menos custo do que a

conquista de um novo cliente (GUMMESSON, 2005). Fenômenos como fusões e aquisições,

com reflexos sobre o posicionamento da marca, intensificam a necessidade de ajuste das

instituições financeiras, principalmente porque, além de a todos os movimentos descritos, elas

devem estar atentas à percepção, às atitudes e aos sentimentos dos clientes que se viram

atingidos pelo fenômeno. Por outro lado, os bancos poderão desenvolver mecanismos e ações

Page 88: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

76

de relacionamento que aumentem os custos de mudança, especialmente dos clientes mais

lucrativos e os que revelem custos de manutenção mais baixos.

Em resumo, o desempenho das empresas dos setores focados pode depender de uma

multiplicidade de elementos: fatores econômicos, que conduzem todo o setor a uma maior

rentabilidade; fatores legais e políticos, os quais também poderiam influenciar todo o setor no

que diz respeito às estratégias corporativas e de marketing. Essas estratégias deverão moldar

as relações da empresa com o mercado sob o aspecto da proposição de valor e entrega de

valor como base para a conquista de vantagem competitiva mediante a fidelização do cliente.

A formulação de estratégias terá que refletir a identidade de marca e um

posicionamento consistente, o qual deverá estar acompanhado de investimentos em marketing

visando à entrega de valor superior ao cliente, tendo por objetivo final a obtenção de

rentabilidade superior.

2.7 FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES PARA CONFIGURAÇÃO DO MODELO

Em um processo de fusão entre duas empresas, é presumível que a decisão estratégica

da organização de extinguir uma das marcas e de manter a outra possa influenciar os

sentimentos do consumidor. Com base nessa premissa, o presente estudo dedica-se a entender

a influência do sentimento de nostalgia na lealdade do consumidor à nova marca,

posteriormente à extinção da marca com a qual ele tinha relacionamento anterior, após um

processo de fusão/incorporação. Para responder ao problema de pesquisa, recorreu-se ao

referencial teórico, utilizado como balizador da compreensão do sentimento de nostalgia na

relação do consumidor com a marca, em face da experiência de fusão/aquisição. A revisão da

literatura serviu de base para colherem-se subsídios que auxiliaram no levantamento de

hipóteses sobre os fatores que antecedem aquele sentimento e sobre sua influência no nível de

lealdade do consumidor/cliente à marca remanescente. As hipóteses verificadas foram

consideradas como guias norteadores da formulação de um modelo teórico. Delineou-se,

assim, a questão de pesquisa empírica:

“O sentimento de nostalgia influencia o comportamento do cliente da marca

extinta, afetando sua lealdade à nova marca resultante do processo de fusão?”

Page 89: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

77

Em relação à manifestação do sentimento de nostalgia, foram utilizados como

embasamento conceitual os trabalhos de Merchant e Ford (2008), Batcho (1995),

Baumgartner (1992).

Merchant e Ford (2008) analisaram fatores que podem influenciar o grau do

sentimento de nostalgia, tendo considerado a idade como um dos fatores que permitem aferir

o quanto uma pessoa pode estar sujeita ao sentimento de nostalgia, uma vez que, à medida

que envelhecem, ingressando em outros estágios de seu ciclo de vida, as pessoas tendem a se

tornar mais nostálgicas, recordando os tempos da sua juventude com grande intensidade de

sentimentos (BATCHO, 1995). Mas, essa intensidade pode variar de acordo com as

experiências vividas e dependendo do grau de envolvimento com cada situação. Com base

nesse pressuposto, formulou-se a seguinte hipótese (H1):

H1: Há relação positiva entre a idade do consumidor e o sentimento nostálgico,

em um processo de fusão/aquisição de marca de serviços.

Não somente a idade, mas também o grau de envolvimento com a marca pode

influenciar o quão nostálgica uma pessoa pode sentir-se. Quanto mais intensas as experiências

passadas, mais fortes serão as memórias associadas a essas experiências, conforme se

constatou em estudos de Baumgartner (1992), Lomsky-Feder e Rapoport (2002, apud

Merchant e Ford, 2008) e Merchant e Ford (2008). As pessoas tendem a fazer associações de

certos momentos a fatos marcantes da vida pessoal, seja um casamento, nascimento de

familiar, formatura etc.. Como consequência dessas associações, o consumidor cria um

envolvimento com a marca e a lembrança dessas experiências pode trazer uma maior

propensão à nostalgia.

Da mesma maneira que a idade, a experiência passada pode influenciar o sentimento

de nostalgia; ao passar por uma ruptura de relacionamento, uma pessoa pode desenvolver um

maior sentimento de nostalgia como um mecanismo de defesa para superar a situação que

esteja vivendo. Pessoas que passaram por uma descontinuidade tendem a ficar nostálgicas

(DAVIS, 1979). Ou seja, um indivíduo que tenha vivido uma experiência negativa traumática

e estressante tende a sofrer depressão em grau variável, além de sentimentos negativos e, para

lidar com isso, constrói na mente um novo cenário como um recurso interno para conseguir

atingir uma condição de estabilidade, segurança e continuidade (ELSON, 1992, apud

MERCHANT e FORD, 2008). O indivíduo busca internamente momentos que possam trazer-

Page 90: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

78

lhe bons sentimentos, os quais o ajudarão a superar o problema causado pela descontinuidade

de algo em sua vida (morte, desemprego, separação etc.). Para a formulação da hipótese

seguinte (H2), foram considerados os fatores que influenciam o indivíduo a ser mais propenso

ao sentimento de nostalgia e, dessa forma, a avaliar a marca prevalecente ou extinta.

H2: Há relação positiva e significante entre a propensão à nostalgia e a nostalgia

mensurada, em clientes que passaram por um processo de fusão/aquisição.

Uma vez levantados os fatores que possam propiciar algum grau de sentimento de

nostalgia no consumidor, como passo seguinte pode-se avaliar a intensidade do

relacionamento com a marca, tanto com a marca extinta como com a marca resultante do

processo de fusão/aquisição.

Nesse sentido, é recorrente avaliar a influência do sentimento de nostalgia sobre a

atitude em relação à marca extinta após a fusão, bem como a atitude perante a marca

prevalecente e a relação entre a marca extinta versus a marca prevalecente. Essa questão

conduz à formulação da hipótese 3 com o seu desmembramento em: H3a - atitude perante a

marca extinta; H3b - atitude perante a marca prevalecente; H3c - atitude perante a marca

extinta versus a atitude perante a marca prevalecente:

H3a: Há relação positiva e significante entre o sentimento nostálgico e a atitude

em relação à marca extinta.

H3b: Há relação negativa e significante entre o sentimento nostálgico e a atitude

em relação à marca prevalecente.

H3c: Há relação negativa e significante entre a atitude em relação à marca

extinta e a atitude à marca prevalecente.

A lealdade do cliente pode ser observada, conforme mencionado anteriormente, pela

junção de dois conceitos, explicados por Jones e Sasser (1995), Sheth et al. (2002) e

Sirdeshmukh, Singh e Sabol (2002): lealdade comportamental e lealdade atitudinal. A

lealdade comportamental pode ser avaliada por meio de aspectos relacionados ao

comportamento do consumidor, refletidos por indicadores como frequência e volume de

compras. Clientes insatisfeitos por algum motivo podem diminuir suas relações com o

fornecedor. Sob esse aspecto, a diminuição na intensidade de compra e de uso de produtos e

Page 91: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

79

serviços pode ser um diagnóstico identificador de queda no nível de lealdade. A lealdade

atitudinal avalia a atitude positiva do cliente e indica sua predisposição em repetir a escolha

de um serviço ou produto.

O sentimento nostálgico pode provocar atitudes desfavoráveis em relação à marca

prevalecente ou provocar atitudes favoráveis perante a marca extinta, e isso trará efeito sobre

a lealdade do consumidor, o que sugere o enunciado da hipótese 4 e seu desmembramento

em: H4a - a atitude perante a marca extinta e lealdade; H4b - atitude perante a marca

prevalecente e lealdade.

H4a: Há relação negativa e significante entre lealdade e atitude em relação à

marca extinta, após o processo de fusão e aquisição.

H4b: Há relação positiva e significante entre lealdade e atitude em relação à

marca prevalecente, após o processo de fusão e aquisição.

Mais especificamente, ao se considerar lealdade como a composição dos dois

construtos latentes já referidos - lealdade atitudinal e lealdade comportamental -, é recorrente

avaliar a relação entre tais construtos. A lealdade atitudinal deve refletir uma atitude positiva e

indicativa de predisposição do cliente para repetir a escolha de um serviço e estabelecer

relações duradouras com a empresa detentora da marca. O sentimento nostálgico pode afetar a

lealdade atitudinal por meio da percepção declarada do consumidor (autodeclaração) de que

os benefícios provenientes do relacionamento podem suplantar, igualar ou ser inferiores aos

seus custos e apontar para uma disposição maior de recomendar um produto/marca ou serviço

a pessoas de seu grupo de contato (recomendação), conforme relatado por Sheth et al. (2001)

e Sirdeshmukh et al. (2002). Dessas considerações decorre a hipótese 5, com

desmembramento em H5a - lealdade comportamental - e H5b - lealdade atitudinal.

H5a: Em uma situação de fusão e aquisição, existe relação positiva entre o

comportamento dos consumidores e a lealdade à marca prevalecente.

H5b: Em uma situação de fusão e aquisição, existe relação positiva entre a

atitude dos consumidores e a lealdade à marca prevalecente.

Nem sempre o consumidor que não apresente lealdade à marca deixa de ter um

relacionamento com marca que não aprecie ou com quem não tenha alguma identificação e

Page 92: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

80

identidade. Em casos como esse, para trocar de marca e/ou de empresa, o consumidor levará

em consideração uma multiplicidade de fatores como, por exemplo, os custos de mudança,

aqueles em que o consumidor incorre na hipótese de decidir trocar de fornecedor e que não

aconteceriam se permanecesse com o fornecedor atual (LEE et al., 2001). No presente estudo,

considera-se, como pressuposto, que o consumidor/cliente poderá continuar a manter seu

relacionamento com a instituição/marca resultante do processo de fusão e ponderar os custos

de mudança para um concorrente. A suposição de que uma situação de fusão de instituições e

de consequente exclusão de uma marca poderá trazer alguma implicação na lealdade do

cliente da instituição que teve sua marca excluída e que o cliente terá algum custo de

mudança, dá origem à hipótese 6.

H6: Quanto maiores forem os custos de mudança, maior será o grau de

lealdade atitudinal e comportamental do consumidor.

As hipóteses e variáveis testadas no modelo estão resumidas no Quadro 10.

Quadro 10 - Hipóteses e variáveis do estudo

HIPÓTESES VARIÁVEL

INDEPENDENTE

VARIÁVEL

DEPENDENTE

H1: Há relação positiva entre a idade do

consumidor e o sentimento nostálgico, em um

processo de fusão/aquisição de marca de serviços.

Idade Nostalgia

H2: Há relação positiva e significante entre a

propensão à nostalgia e a nostalgia mensurada, em

clientes que passaram por um processo de

fusão/aquisição.

Propensão Nostalgia

H3a: Há relação positiva e significante entre o

sentimento nostálgico e a atitude em relação à

marca extinta.

Nostalgia Atitude perante a

marca

H3b: Há relação negativa e significante entre o

sentimento nostálgico e a atitude em relação à

marca prevalecente.

Nostalgia Atitude perante a

marca

H3c: Há relação negativa e significante entre a

atitude em relação à marca extinta e a atitude em Nostalgia

Atitude perante a

marca

Page 93: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

81

relação à marca prevalecente.

H4a: Há relação negativa e significante entre

atitude e lealdade em relação à marca extinta após

o processo de fusão e aquisição.

Atitude Lealdade

H4b: Há relação positiva e significante entre a

atitude e lealdade em relação à marca

prevalecente, após o processo de fusão e

aquisição.

Atitude Lealdade

H5a: Em uma situação de fusão e aquisição,

existe relação positiva entre o comportamento dos

consumidores e a lealdade à marca prevalecente

(Construto reflexivo).

Comportamento Lealdade

H5b: Em uma situação de fusão e aquisição,

existe relação positiva entre a atitude dos

consumidores e a lealdade à marca prevalecente

(Construto reflexivo).

Atitude Lealdade

H6: Quanto maiores forem os custos de mudança,

maior será o grau de lealdade atitudinal e

comportamental do consumidor.

Custos de Mudança Lealdade

Fonte: desenvolvido pela autora, baseado no referencial teórico.

Tendo por base as hipóteses levantadas, o estudo teve seu prosseguimento com a

proposição de um modelo teórico a ser avaliado mediante uma pesquisa empírica, assunto que

será exposto no próximo item.

2.8 MODELO TEÓRICO REFERENCIAL DA PESQUISA EMPÍRICA

A revisão da literatura pertinente aos assuntos direta e indiretamente relacionados ao

tema objeto da dissertação (nostalgia, lealdade à marca) e o exame do contexto em que o tema

será estudado (marketing de serviços financeiros, gestão de marca em processos decorrentes

de fusão/aquisição), permitiram desenhar um modelo teórico, cuja verificação empírica terá

por base as hipóteses definidas.

Conforme esclarece Kerlinger (1980), uma teoria pode ser entendida como um

conjunto de conceitos, construtos, definições e proposições, os quais guardam relação entre si

Page 94: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

82

e permitem fornecer uma descrição de fenômenos do mundo real, segundo procedimentos

sistêmicos e sistemáticos, mediante especificações das relações entre as variáveis que os

compõem, com a finalidade de explicá-los e possibilitar previsões a respeito deles. Trata-se,

portanto, de um conjunto de enunciados sobre um determinado fenômeno do mundo real,

cujos elementos estão interligados por certo número de relações (HEGENBERG, 1976).

Um modelo é uma representação simplificada de algum fenômeno, problema ou

situação do mundo real, e permite mostrar a consistência de uma teoria, destacando e

ilustrando os elementos mais significativos do fenômeno, problema ou situação da vida real,

descartando a totalidade dos detalhes, ou seja, focando e analisando com precisão somente

parte de um fenômeno como um todo (MAZZON, 1978). O modelo é, portanto, um

componente da teoria, e a consistência de uma teoria científica poderá, portanto, ser avaliada

com o recurso de seu modelo representativo.

A Figura 10 fornece uma visão abrangente do modelo teórico proposto neste estudo, o

qual orientará a pesquisa empírica.

Figura 10 - Modelo teórico do estudo Fonte: Desenvolvido pela autora

Page 95: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

83

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA EMPÍRICA

Nesta seção, serão analisados os aspectos relativos à pesquisa de campo, incluindo os

fundamentos metodológicos, a natureza da pesquisa e os procedimentos operacionais a serem

seguidos, referentes à coleta de dados, análise de dados e relatório de pesquisa.

3.1 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS GERAIS

Um dos propósitos centrais da pesquisa acadêmica é gerar e desenvolver teoria e,

consequentemente, aprofundar os conhecimentos em uma determinada área do saber. E as

questões propostas em pesquisas dessa natureza pressupõem, preliminarmente, a realização de

procedimentos voltados para o levantamento bibliográfico, o qual normalmente é identificado

como pesquisa bibliográfica. Deve-se ressaltar a relevância metodológica da revisão da

literatura para o desenvolvimento de proposições mais acuradas sobre o tema em estudo. Isso

porque, para a maioria das questões de cunho científico e acadêmico, essa etapa, de cunho

exploratório, é um pressuposto indispensável e necessário para a construção de um arcabouço

teórico que fornecerá um o embasamento conceitual e um quadro referencial que dará suporte

às etapas subsequentes relacionadas com a pesquisa de campo.

Observe-se, entretanto, que, dependendo da amplitude do levantamento bibliográfico,

que incorpora síntese crítica do conteúdo revisado, e dos objetivos a serem atendidos, a

revisão da literatura pode ser suficiente para a conclusão do estudo. Porém, quando se trata de

um tema complexo, ou pouco explorado, como é a caso do estudo proposto, recomenda-se

complementá-lo com a realização de uma pesquisa empírica (pesquisa de campo), com a

finalidade de, à luz dos conceitos revisados, que foram extraídos da teoria que trata do

assunto, estudar o tema proposto, no contexto em que ocorre a realidade analisada. Nesse

caso, é apropriada a descrição minuciosa dos procedimentos a serem adotados, tanto para

controlar o processo quanto para assegurar as condições necessárias e suficientes de validade

e a confiabilidade dos resultados obtidos.

3.2 TIPOS DE PESQUISA

Existem diferentes formas de classificação da pesquisa em ciências sociais, de uma

forma geral, e em marketing, em particular, as quais obedecem a uma multiplicidade de

critérios como, por exemplo, mensuração, forma de coleta de dados, objetivo geral do estudo

ou procedimentos utilizados (GIL, 2008).

Page 96: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

84

Neste trabalho foi adotado o critério relacionado com o objetivo geral do estudo,

segundo o qual as pesquisas podem ser incluídas em duas categorias: exploratórias e

conclusivas. A primeira categoria refere-se às pesquisas exploratórias, cujo objetivo primário

é proporcionar mais conhecimento sobre o tema ou problema em estudo. Por essa razão, ela é

apropriada a estudos referentes aos primeiros estágios da investigação, quando a

familiaridade, o conhecimento e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador forem

geralmente insuficientes ou inexistentes (SELLTIZ, WHIGHTSMAN; COOK 1975), ou seja,

quando se busca o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições (GIL, 2008).

Malhotra (2010) confirma o conceito, completando que o modelo de pesquisa exploratória

(qualitativa) busca a descoberta de ideias e insights sobre o problema que o pesquisador

procura solucionar.

A segunda categoria inclui as pesquisas conclusivas, as quais apresentam objetivos

bem definidos e procedimentos formais, sendo estruturadas e endereçadas à solução de

problemas ou avaliação de alternativas de curso de ação (SELLTIZ et al., 1975).

As pesquisas conclusivas costumam ser subdividas em dois grupos. O primeiro grupo

compreende a pesquisa conclusiva descritiva, modalidade de estudo em que prevalecem o

aprofundamento do conhecimento a respeito do problema a ser estudado e a necessidade de o

pesquisador ter uma ideia precisa do que pretende estudar. É apropriada para descrever as

características de grupos, situações ou indivíduos específicos; estimar a proporção, frequência

de elementos que apresentem determinadas características ou comportamentos, em uma

população específica, e descobrir ou verificar a existência de relação entre variáveis. Malhotra

(2010) ensina que o modelo de pesquisa descritiva, de natureza quantitativa, é indicado para

descrever algo, o quê, quem, quando, onde, por quê e como. Selltiz et al. (1975) consideram a

exatidão uma característica muito importante dessa modalidade de pesquisa, e, por essa razão,

é necessário um planejamento que reduza o viés e amplie a precisão dos achados obtidos.

O segundo grupo diz respeito à pesquisa conclusiva causal, cujo propósito é buscar

estabelecer evidências sobre relacionamentos entre variáveis, os quais podem sugerir relações

de causa e efeito entre elas, requerendo processos que reduzam o viés (tendenciosidade

estatística), aumentem a precisão e permitam inferências a respeito das relações de

causalidade na população.

Page 97: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

85

Parasuraman (1991) descreve ilustrativamente algumas diferenças entre pesquisa

exploratória e pesquisa conclusiva, as quais são apresentadas no Quadro 11.

Quadro 11 - Diferenças entre pesquisas exploratórias e pesquisas conclusivas

Aspectos da

pesquisa

Pesquisa Exploratória

Pesquisa Conclusiva

Descritiva ou Causal

Objetivo

Geral:

Gerar esclarecimento sobre uma situação

Específico:

Gerar esclarecimento e ajudar e

selecionar um curso de ação

Necessidade de

dados

Vaga

Clara

Forma de coleta de

dados

Aberta ou fechada

Bem definida

Origem dos dados

Parcialmente definida

Bem definida

Amostra

Relativamente pequena; selecionada

subjetivamente para maximizar a geração

de informações utilizáveis

Relativamente ampla, selecionada

objetivamente para permitir a

generalização dos achados

Coleta de dados

Flexível, sem procedimento estruturado

Rígida, procedimento bem

estruturado

Análise dos dados

Informal, tipicamente qualitativa

Formal, tipicamente quantitativa

Fonte: baseado em Parasuraman (1991)

Segundo Selltiz et al. (1975), na prática, os diferentes tipos de estudo não são sempre

nitidamente separáveis; uma pesquisa pode conter elementos de duas ou mais funções

descritas como características de cada tipo de estudo. Eles enfatizam, porém, que,

comumente, existe o destaque de apenas uma dessas funções, podendo-se pensar que o estudo

será classificado na categoria correspondente à sua função preponderante.

3.3 ESTRATÉGIA DE PESQUISA EMPÍRICA

A estratégia de pesquisa diz respeito à forma como o tipo de estudo definido pelo

pesquisador será desenvolvido em seus aspectos operacionais (SELLTIZ et al., 1975). Em

face da natureza do problema e do objetivo do estudo, optou-se pela realização de uma

pesquisa conclusiva descritiva. Para o desenvolvimento da pesquisa, procurou-se avaliar a

existência de relação entre as variáveis determinantes do sentimento nostálgico e os

construtos identificados na literatura como antecedentes da lealdade dos consumidores. A

Page 98: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

86

pesquisa estendeu seu escopo, ainda, para a análise de custo de mudança como fator que pode

interferir no grau de lealdade.

3.4 MÉTODO DA PESQUISA EMPÍRICA

Tendo em vista que a questão subjacente a este trabalho diz respeito ao

comportamento do consumidor (sentimento nostálgico) como resultado do posicionamento da

marca adotado em um contexto de fusão e/ou aquisição, escolheu-se realizar uma pesquisa

conclusiva e de caráter quantitativo como a alternativa mais apropriada para a elaboração do

estudo empírico integrante desta dissertação.

A razão da escolha dessa modalidade de pesquisa deveu-se à natureza e ao objetivo do

estudo: conhecer as características do fenômeno em estudo para buscar explicações a respeito

de suas causas e consequências, conforme prescreve Richardson (1989). Além disso, contata-

se a existência de poucos estudos anteriores relacionados especificamente ao problema de

pesquisa em análise. Apesar de existirem diversos trabalhos sobre o fenômeno fusões e

aquisições, bem como a respeito de posicionamento de marca, a abordagem e o tratamento

dados aos assuntos que gravitam em torno do objeto de estudo (lealdade à marca, nostalgia,

custos de mudança) têm sido feito de forma circunscrita a cada um dos construtos e fora do

contexto em que se pretende estudá-lo, no âmbito da pesquisa ora proposta. Sob esse aspecto,

acrescente-se, ainda, o destaque a ser dado à relevância do sentimento nostálgico como

influenciador da lealdade do consumidor à marca e ao fator custo de mudança como

influenciador da lealdade, independentemente do grau do sentimento de nostalgia do

consumidor.

A seguir, serão expostos os procedimentos adotados na pesquisa empírica integrante

desta dissertação.

3.5 POPULAÇÃO DO ESTUDO

A definição da população ou universo sobre o qual será estudado o tema objeto da

dissertação e do tamanho da amostra é um passo indispensável no processo de pesquisa

empírica, principalmente em pesquisas descritivas. Para a definição da população,

primeiramente selecionou-se uma empresa, o Banco Santander, o qual adquiriu outras

Page 99: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

87

instituições financeiras, especificamente o Banco ABN Amro/Real, que teve sua marca

extinta após a incorporação, com a prevalência da marca Santander.

O universo da pesquisa compreendeu ex-clientes do banco ABN Amro/Real que se

mantiveram clientes do banco incorporador, o Banco Santander. A escolha desse público foi

resultado do pouco tempo transcorrido desde a fusão entre os bancos, cinco anos, o que

facilitaria a lembrança das diferenças entre os bancos. Outro ponto considerado foi a

discrepância cultural entre os bancos; o Banco ABN Amro/Real possuía um público mais

preocupado com sustentabilidade socioambiental e o Banco Santander apresenta um perfil

mais competitivo no mercado, diferença que acarreta maior recordação na população.

3.6 AMOSTRA

Foram descartados clientes que foram ou são funcionários bancários de um dos dois

Bancos, a fim de evitar viés da vivência da cultura dos Bancos no dia-a-dia, seja por

benefícios que os Bancos ofereçam aos funcionários ou por decepções empregatícias.

Para que haja validade nos resultados a serem obtidos, a amostra terá que ser

representativa do universo e, para isso, é necessário que seu tamanho seja determinado

mediante a fixação prévia de dois elementos: o erro máximo admissível e o nível de

confiança, ou seja, a probabilidade de se cometer esse erro máximo.

As amostras podem ser de dois tipos: probabilísticas e não probabilísticas (HAIR,

MONEY, BABIN e SAMOUEL, 2005). As amostras probabilísticas são aquelas nas quais

cada elemento da população tem uma chance conhecida e diferente de zero de ser

selecionado; nas amostras não probabilísticas, a seleção dos elementos da população para

compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou do

entrevistador no campo (HAIR et al., 2005).

Neste estudo, a amostra escolhida foi não probabilística, com seleção por

conveniência. Cooper e Schindler (2003) defendem que esse modelo é conveniente para testar

ou para se terem ideias sobre um determinado assunto e sobre seus resultados. A composição

da amostra compreendeu os clientes do Banco Santander, herdados do Banco ABN

Amro/Real.

Page 100: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

88

Para o estudo, estimou-se inicialmente uma amostra de 300 observações válidas,

conforme prescrevem Hair et al. (2005), de modo a se alcançarem dez observações por

caminho entre construtos latentes, uma vez que a regra indicada na literatura para definir o

tamanho mínimo da amostra determina que ele seja dez vezes o maior número de caminhos

estruturais direcionados a um determinado construto latente no modelo estrutural. A não

observância da normalidade da distribuição dos dados indicaria, entretanto, a adoção da

alternativa metodológica prescrita pelo método PLS, o que reduziria o tamanho da amostra

mínima (HAENLEIN e KAPLAN, 2004).

3.7 INSTRUMENTO E PLANO DE COLETA DE DADOS

Em pesquisas descritivas, há duas modalidades básicas de coletas de dados:

levantamento (survey) e observação. O levantamento é uma forma sistemática de obtenção de

dados e a técnica mais utilizada para isso é a entrevista, a qual pode recorrer ao questionário

como instrumento. A modalidade observação é indicada para registro de objetos, de eventos e

de padrões de comportamento de pessoas, também de forma sistemática, com o propósito de

obter informações sobre um fenômeno de interesse (MALHOTRA, 2010).

Dados os objetivos e as características da pesquisa de campo, foi adotada nesta

pesquisa a técnica de levantamento e a utilização, como instrumento de coleta, de questionário

formal estruturado, com questões fechadas e não disfarçadas e destinado a ser preenchido

diretamente pelos respondentes via internet, o qual não requer a identificação do respondente.

Essa modalidade de instrumento também oferece menores riscos de distorção, pois não existe

a influência do pesquisador; ao mesmo tempo, a avaliação tende a ser mais uniforme em

virtude da natureza impessoal do instrumento.

Os objetivos e características referiram-se à mensuração de opiniões dos respondentes

sobre aspectos relacionados ao sentimento de nostalgia e sua influência nos antecedentes da

lealdade à marca prevalecente após processo de fusão/aquisição de instituição financeira, com

consequente extinção da marca da empresa adquirida.

Para orientar a construção do questionário, foram definidas escalas, preferencialmente

conhecidas e já testadas, tendo por base estudos acadêmicos já realizados e o referencial

teórico analisado na revisão bibliográfica, fase exploratória do estudo.

Page 101: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

89

Outra questão que foi observada nesse processo é a que se refere à validade, a qual

está ligada tanto às escalas como ao instrumento de coleta de dados.

Malhotra (2010) registra dois tipos de validade de pesquisa: interna e externa. A

validade interna é atendida se os efeitos observados na unidade testada não poderiam ter sido

causados por outras variáveis que não as do tratamento realizado; se esses efeitos foram

influenciados por variáveis estranhas, será impreciso fazer inferências válidas sobre a relação

causal entre as variáveis estudadas (MALHOTRA, 2010).

A validade externa está associada a inferências e extrapolações e será atendida se as

relações de causa e efeito, ou explicativas, encontradas no estudo, podem ser generalizadas

além da situação experimental. Em outras palavras, se o estudo puder ser replicado, com as

variáveis independentes e dependentes, em outras populações, contextos, épocas,

apresentando consistência nos resultados (MALHOTRA, 2010).

3.7.1 ESCALAS

A definição das escalas utilizadas para a construção do instrumento de coleta de dados

e análise dos resultados pertinentes ao modelo proposto baseou-se em estudos pesquisados na

literatura acadêmica e citados no referencial teórico apresentado.

Para a elaboração e definição do formato do questionário, foi utilizada a escala do tipo

Likert, com sete pontos, levando em consideração modelos que já foram validados e a maior

amplitude propiciada por escalas com mais pontos. As escalas de todos os construtos foram

igualizadas por conveniência, evitando-se a possibilidade de explicações aos entrevistados

para cada construto estudado. Na escala original de Likert, são considerados cinco pontos e o

objetivo dessa escala com número ímpar de opções de avaliação é evitar respostas neutras

e/ou ambíguas.

Foram utilizadas afirmativas em que o entrevistado deveria indicar o grau de

concordância/discordância ou aderência a cada uma delas, levando em consideração as

seguintes correspondências: 1 – discordo totalmente e 7 – concordo totalmente. A relação dos

itens questionados encontra-se no Apêndice 1.

Na identificação da intensidade do construto Propensão à Nostalgia, empregou-se a

escala proposta por Holbrook (1993). O autor testou 20 afirmações e utilizou uma escala do

Page 102: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

90

tipo Likert, contendo nove pontos, sendo validadas somente oito afirmações, as quais foram

submetidas à tradução reversa e validadas em português (DEVELLIS, 2003). Foram

utilizados dois tradutores bilíngues que trabalharam independentemente, gerando duas versões

em português, as quais foram avaliadas juntamente, minimizando-se as divergências mediante

discussões, tendo por resultado uma única versão nacionalizada. Por fim, a versão em

português foi vertida para o inglês por um terceiro tradutor e submetida à comparação com a

versão original, garantindo-se, assim, a equivalência de sentido. Justifica-se o uso dessa

técnica por existir indicação de que ela garante uma tradução precisa e confiável do

instrumento (PRIETO, 1992). Para a elaboração do questionário, foram observadas as

seguintes etapas:

a) Tradução reversa da escala de propensão à nostalgia de Holbrook;

b) Tradução e adaptação;

c) Validação de conteúdo da escala Holbrook nacionalizada;

d) Adaptação dos itens para aplicação dos questionários em clientes presenciais e em

usuários da Web.

Para mensuração do construto Lealdade, foram considerados os aspectos atitudinal e

de confiança cognitiva, apresentados por Dick e Basu (1994) e adaptados ao conceito de

serviço bancário. A mesma adaptação foi realizada para o construto custo de mudança,

adequando a escala proposta por Burnham et al. (2003), já traduzida e validada em aplicações

anteriores.

No Quadro 12, segue a relação das questões propostas para a medição das escala.

Observe-se que as questões assinaladas com (-1) são questões que implicam resultado

reverso, situação em que a escala é invertida na análise.

Page 103: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

91

Quadro 12 – Relação das escalas e questões propostas

PROPENSÃO À NOSTALGIA

NOST1 Nada mais é feito como antigamente

Holbrook

(1993)

NOST2 As coisas costumavam ser melhores nos velhos e bons tempos.

NOST3 A qualidade dos produtos/serviços tem caído cada vez mais

NOST4 As mudanças tecnológicas irão assegurar um futuro melhor. (-1)

NOST5 A História envolve melhorias constantes no bem-estar humano. (-1)

NOST6 Nós estamos passando por um declínio na qualidade de vida.

NOST7 O crescimento constante do PIB aumentou a felicidade do ser humano.

(-1)

NOST8 Negócios modernos constantemente constroem um futuro melhor. (-1)

ATITUDE EM RELAÇÃO ÀMARCA EXTINTA

ATIT

REAL1 Gostava de utilizar os serviços do Banco Real.

Mathwick e

Rigdon

(2004)

ATIT

REAL2

Dentre os vários serviços bancários disponíveis os do Banco Real eram

os melhores.

ATIT

REAL3

Quando eu utilizava os serviços do Banco Real eu sempre me sentia

fazendo um bom negócio.

ATIT

REAL4

Eu falava bem dos produtos e serviços do Banco Real para as outras

pessoas.

ATIT

REAL5

Eu me sentia bem fazendo negócios com o Banco Real nos anos que se

passaram.

ATIT

REAL6

Para mim o Banco Real foi claramente o meu banco preferido.

ATIT

REAL7

Eu acreditava que o Banco Real era um bom Banco.

ATITUDE EM RELAÇÃO À MARCA PREVALECENTE

ATIT

SANT1 Gosto de utilizar os serviços do Banco Santander

Mathwick e

Rigdon

(2004)

ATIT

SANT2

Dentre os vários serviços bancários disponíveis os do Banco Santander

são os melhores.

ATIT

SANT3 Quando eu utilizo os serviços do Santander eu sempre me sinto fazendo

Page 104: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

92

um bom negócio.

ATIT

SANT4

Eu falo bem dos produtos do Santander para as outras pessoas.

ATIT

SANT5

Eu acredito que o Santander é um bom Banco.

ATIT

SANT6 Para mim, o Banco Santander é claramente o meu banco preferido.

ATIT

SANT7

Eu me sentirei satisfeito como cliente do Banco Santander nos próximos

anos.

GRAU DE CUSTO DE MUDANÇA

CM1 Não tenho tempo para obter as informações necessárias para avaliar

outros bancos.

Burnham,

Frels e

Mahjan

(2003)

CM2 Trocar o Santander por outro banco comercial seria muito trabalhoso p/

mim.

CM3 Eu perderia benefícios de ser um cliente de longa data se eu deixasse o

Santander.

CM4 Trocar o Banco Santander por um novo Banco envolveria alguns custos

novos de entrada (taxa, depósitos e etc.).

CM5 Eu teria que gastar muito dinheiro por todos os custos envolvidos na

mudança de Banco (exemplos: quitação de empréstimo, impostos de

retirada de fundos, débito automático, cartão de crédito / débito etc.).

GRAU DE LEALDADE ATITUDINAL

LEAL

AT1 Eu realmente aprecio os serviços do Santander.

Dick e Basu

(1994)

LEAL

AT2

O Santander, como banco comercial, não é tão bom quanto pensei que

fosse. (-1)

LEAL

AT3 Eu gosto do Santander.

LEAL

AT4 Eu recomendaria o Santander para os meus amigos.

LEAL

AT5 Considero-me leal ao Banco Santander.

LEAL

AT6 Manterei minha conta no Banco Santander por muito tempo.

LEAL

AT7 Frequentemente considero a possibilidade de trocar de banco (-1)

LEAL Em minhas próximas transações financeiras certamente considerarei

realizá-las no Santander.

Page 105: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

93

AT8

GRAU DE LEALDADE COMPORTAMENTAL

LEAL

COMP1 Concentro as minhas transações bancárias no Santander.

Dick e Basu

(1994)

LEAL

COMP2

Desde a fusão do Banco Santander com o Banco Real eu aumentei o

meu relacionamento com o Santander.

LEAL

COMP3

Do total de vezes que utilizo um Banco, considero que utilizo o Banco

Santander _____%

LEAL

COMP4

Do meu volume total de investimentos (poupança, fundos, CDB,

previdência), tenho concentrado no Banco Santander ____%

Fonte: elaborado pela autora

3.7.2 Pré-Teste do instrumento de coleta

O questionário foi submetido a pré-teste, a fim de validar as escalas e adaptá-las para

melhor entendimento das questões. O pré-teste foi enviado a oito discentes, no dia 11 de

janeiro de 2013, por meio da ferramenta QuestionPro, tendo sido obtidos seis questionários

preenchidos. Após a realização do teste, foi solicitado aos respondentes que avaliassem e

criticassem as questões e sua formulação.

Na oportunidade, verificou-se a necessidade de melhor adequação das questões

referentes à nostalgia, em principal a questão Nost5, a qual se referia a uma situação de escala

reversa, podendo gerar dúvidas na interpretação do enunciado, acarretando respostas dúbias

em razão do uso da alternativa de escala “nem concordo, nem discordo”; dessa forma, a

redação foi adaptada para propiciar melhor compreensão e evitar ambiguidade.

Outro ponto sugerido foi a alteração dos enunciados dos blocos das escalas, pois, em

cada bloco, havia uma frase mencionando e direcionando a assunto sobre o qual seria feita a

pergunta; tal formato era passível de indução do respondente, quando o objetivo era de ele

assinalar o grau de concordância ou discordância com respeito à afirmação, sem que fosse

informado sobre uma situação previamente comentada.

Um terceiro e último ponto levantado foi a inclusão do tipo de conta com que o

respondente se relaciona com o banco; esse fator foi lembrado pelo fato de o tipo de conta

poder antecipar o motivo pelo qual o cliente mantém conta com o Banco Santander, uma vez

Page 106: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

94

que, ao possuir uma conta-salário, por exemplo, o cliente percebe um custo em manter mais

uma conta em banco concorrente, preferindo centralizar qualquer movimentação em uma

única instituição.

Não ocorreram outras dúvidas ou dificuldades de preenchimento que exigissem

alterações no formulário a ponto de comprometer a realização da pesquisa. Em razão do pré-

teste e dos ajustes dele decorrentes, a data de envio do questionário definitivo foi postergada

por um mês após o pré-teste, sendo fixada para o dia 13 de fevereiro de 2013, com o envio,

primeiramente, de mensagem eletrônica-convite a um mailing com endereço de um mil e

duzentos professores da Uninove. A data fixada foi escolhida tendo em vista reduzir o efeito

“período de férias e carnaval” no público receptor da mensagem, possibilitando maior adesão

às respostas. Após quinze dias, o questionário foi reenviado para a lista dos não respondentes

e estendida para funcionários da Faculdade de FIA de Administração e Negócios, entidade

conveniada com a Universidade de São Paulo, via e-mail, e para colegas e parentes da

pesquisadora, via rede social (Facebook), num total de quinhentos e quarenta e cinco pessoas.

Page 107: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

95

3.7.3 Plano de coleta de dados

Os dados foram coletados via internet, por meio do website do software QuestionPro,

o qual é referência em pesquisas online e em levantamento por questionários.

O período de preenchimento dos questionários ocorreu entre os dias 13 de fevereiro e

15 de março de 2013. No primeiro momento, entre os dias 13 de fevereiro e 23 de fevereiro, o

e-mail foi enviado pela pesquisadora para pessoas com o perfil desejado, contendo um texto

explicativo sobre a pesquisa, seus objetivos, e um link para acessar o questionário hospedado

no website da QuestionPro. A carta de apresentação era assinada pela pesquisadora,

mencionando seu vínculo com o Programa de Pós-Graduação da instituição Uninove e

disponibilizando e-mail de contato e telefone para esclarecimento de eventuais dúvidas.

Primeiramente, os questionários concentraram-se nos professores da Uninove, por serem

correntistas do Banco Santander, por meio de cuja instituição recebem seus salários.

Os itens do questionário foram apresentados aos respondentes em agrupamentos,

porém com as afirmações dispostas de forma aleatória; a sequência de blocos seguiu a

seguinte ordem: em primeiro lugar, ficaram as questões referentes à nostalgia; a seguir, foram

apresentadas questões relativas à atitude perante a marca extinta (Banco ABN Amro/Real) e,

na sequência, questões sobre atitude perante a marca atual (Banco Santander); em

continuação, apareciam questões referentes à lealdade atitudinal e comportamental,

finalizando com perguntas direcionadas ao item custo de mudança. Essa ordem foi adotada

com o intuito de evitar que o respondente pudesse ser sugestionado a lembrar da fusão entre

os bancos e, assim, ativar o grau de nostalgia, o que poderia ocasionar o efeito halo, de acordo

com recomendações de Churchill e Iacobucci (2010).

Durante a primeira fase, o questionário foi acessado por 527 pessoas, porém

obtiveram-se apenas 151 questionários completados, visto que vários respondentes foram

bloqueados pelos filtros introdutórios ou não responderam integralmente ao questionário.

Em vista da dificuldade de se chegar ao número mínimo de respondentes com

respostas válidas, no dia 28 de fevereiro o convite foi reiterado para a mesma lista de e-mails,

excluindo-se os que já haviam respondido anteriormente. Nesse mesmo período, o convite foi

estendido para discentes e docentes da Universidade de São Paulo e da Fundação Instituto de

Administração, com o mesmo e-mail convite, com a solicitação de que os destinatários da

Page 108: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

96

mensagem reenviassem a mensagem a amigos, parentes e conhecidos que fossem correntistas

do Banco Santander. Na mesma ocasião, divulgou-se o levantamento em rede social

(facebook) mediante publicação em seu mural, convidando os 545 amigos e parentes a

participarem da pesquisa via endereço eletrônico anexado à mensagem.

No dia 15 de março de 2013, o levantamento foi finalizado e o questionário retirado do

programa QuestionPro, dando-se início à análise dos dados. Foi atingido um total de 659

acessos, com resultado de 207 respondentes que preencheram o questionário integralmente.

3.8 PLANO DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Em pesquisas quantitativas, as técnicas de análise de dados são classificadas em dois

tipos: univariadas e multivariadas. As primeiras são indicadas para análise de dados em

situações onde existe uma única medida de cada elemento da amostra e, na ocorrência de mais

de uma medida, cada uma das variáveis será analisada individualmente.

As técnicas multivariadas são utilizadas quando se pretende realizar análise simultânea

das variáveis, em situações em que haja duas ou mais medidas para cada elemento da amostra

(MALHOTRA, 2010). No caso de existência de duas variáveis a serem submetidas à análise,

simultaneamente, tem-se a análise bivariada. Com o recurso dessas técnicas, analisa-se o

desempenho conjunto das variáveis e determina-se a influência ou importância de cada uma.

As técnicas multivariadas são classificadas em técnicas de dependência e interdependência.

Quando as hipóteses de pesquisas supuserem a intervenção de variáveis dependentes e

interdependentes, recomenda-se o uso de alguma técnica de dependência para análise dos

dados: regressão múltipla, análise discriminante ou modelagem de equações estruturais

(HAIR et al. 2005).

Não havendo determinação prévia sobre quais são as variáveis dependentes e

independentes serão objeto de análise, devem-se aplicar técnicas de interdependência: análise

fatorial, análise de conglomerados ou escalonamento multidimensional (COOPER e

SCHINDLER, 2003).

Em virtude da natureza das variáveis declaradas (dependentes e independentes)

presentes no estudo e dos objetivos a serem alcançados, foi escolhida a técnica de modelagem

de equações estruturais, considerada a mais adequada para a análise dos dados em razão dos

Page 109: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

97

propósitos e do escopo da pesquisa empírica. A Figura 11 apresenta o modelo de pesquisa

realizada.

Figura 11 - Plano de análise estatística do estudo empírico. Fonte: Adaptado de Lopes (2010).

O processamento e análise dos dados colhidos foram realizados com o recurso do

software estatístico SPSS, versão 18.0, para as análises descritivas e algumas das

multivariadas. Em razão da normalidade não identificada, o software SmartPLS 2.0M3 foi

utilizado para testar o modelo conceitual.

3.8.1 Análise de outliers

Outliers são observações atípicas (outliers), dados que apresentam uma combinação

única de características identificáveis, as quais se revelam diferentes das demais, parecendo

inconsistentes com o restante da amostra, não podendo, entretanto, ser classificadas como

Análise e

tratamento dos

Outliers

Análise de multi-

colinearidade

Análise da

normalidade

Normalidade

confirmada

Modelo LISREL

Normalidade

não confirmada

Modelo PLS

Page 110: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

98

benéficas ou maléficas (HAIR et al., 2005). Na análise, a exclusão dos outliers permite ao

pesquisador utilizar apenas os dados que sejam representativos para a análise.

3.8.2 Análise da multicolinearidade

Segundo Cooper e Schindler (2003), colinearidade ou multicolinearidade é a condição

na qual duas – colinearidade - ou mais variáveis independentes – multicolinearidade - são

correlacionadas: nesses casos, as variáveis independentes apresentam relação linear exata ou

aproximadamente exata. Hair et al. (2005) afirmam que o efeito da colinearidade pode

distorcer os resultados ou torná-los muito instáveis, não confiáveis e não passíveis de

generalização.

O teste de colinearidade é feito por meio de duas formas: a. cálculo da tolerância e b.

fator de inflação da variância (VIF), sendo usados os índices de condição e decomposição da

variância do coeficiente de regressão.

Valor de tolerância = (1 - proporção da variância da variável explicada pelas outras

variáveis independentes). Alta tolerância indica baixo grau de colinearidade; valores

próximos de “zero” indicam que a variável é fortemente explicada pelas outras

variáveis (HAIR et al. 2005).

De acordo com Hair et al. (2005), o fator de inflação da variância é o recíproco da

tolerância. Nesses casos, devem-se buscar valores de “VIF” pequenos como indicativos de

baixa correlação entre as variáveis independentes.

3.8.3 Análise da normalidade

A normalidade da amostra refere-se a como os dados se distribuem, no caso de

variável individual e à sua aderência à distribuição normal, distribuição que serve de

referência para o uso métodos estatísticos paramétricos (HAIR et al., 2005).

Na análise da normalidade multivariada (combinação de duas ou mais variáveis),

procura-se verificar se as variáveis individuais são normais (análise univariada) e se suas

combinações são igualmente normais; se uma variável é normal multivariada, também será

normal quando univariada. Porém, afirmam Hair et al. (2005), a normalidade multivariada é

mais difícil de ser testada. Por outro lado, a situação de normalidade univariada ajuda a obter,

mas não garante a existência de normalidade multivariada.

Page 111: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

99

3.8.4 Teste Kolmogorov-Smirnov

O teste Kolmogorov-Smirnov (KS) é utilizado para verificar a existência de

normalidade, ou seja, se a distribuição observada é aderente à distribuição normal do modelo,

comparando os escores de uma amostra a uma distribuição normal modelo com mesma média

e variância que a dos valores encontrados na amostra. Se o resultado do teste não for

significativo, para certo nível de significância admitido (p > 1%, 5%, 10%, por exemplo),

conclui-se que a distribuição dos dados da amostra não diferem significativamente de uma

distribuição normal, podendo a distribuição ser considerada normal; se o resultado do teste

for significativo (p < 1%, 5%, 10%, por exemplo), a distribuição dos dados amostrais será

diferente da representada por uma distribuição normal. Nesse caso, a distribuição dos dados

da amostra não é aderente à distribuição normal.

3.8.5 Modelagem de equações estruturais (MEE)

Para avaliar o modelo teórico, pode-se recorrer a alguns métodos de análise, com o

intuito de testar hipóteses sobre os parâmetros das funções que explicam as relações entre as

variáveis dependente e independentes do modelo. Hair et al. (2005) refere-se a isso como

definir qual algoritmo matemático será utilizado para calcular as estimativas para cada

parâmetro livre do modelo.

A Modelagem de Equações Estruturais (MEE) é uma técnica estatística para estimar e

testar relações causais (explicativas) entre as variáveis do modelo estudado, com base em

dados amostrais e hipóteses de relação causal/explicativa. Hair et al. (2005) a consideram

como a segunda geração das análises multivariadas, pois permite estudar simultaneamente

relações entre múltiplos construtos independentes e dependentes.

A aplicação da técnica parte, preliminarmente, da investigação da teoria subjacente ao

fenômeno estudado, a qual permite ao pesquisador delinear os passos que conduzirão ao

estudo das relações de causalidade ou relações explicativas entre os construtos considerados, à

luz da teoria sobre o fenômeno em estudo. Aliada à teoria, o pesquisador pode utilizar sua

própria experiência para definir os objetivos da pesquisa empírica e selecionar as variáveis

independentes que permitirão prever cada variável dependente.

O modelo permite, pois, expressar as relações entre as variáveis dependentes e

independentes, podendo ainda incluir casos em cadeia, nos quais uma determinada variável

Page 112: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

100

dependente pode converter-se em variável independente de outra relação explicativa (HAIR et

al., 2005). A técnica possibilita: a. incorporar construtos latentes à análise, desenhando um

modelo de mensuração que especifica as correspondências entre tais construtos e seus

indicadores mensuráveis; b. avaliar a contribuição de cada elemento na representação do

construto associado; c. medir sua confiabilidade; d. incorporar essas informações à estimativa

das relações entre os construtos (HAIR et al., 2005).

A técnica em questão possibilita, ainda, considerar os erros de mensuração para as

variáveis observáveis e testar estatisticamente hipóteses teóricas ou de mensuração, com base

nos dados empíricos; em outras palavras, permite realizar uma análise confirmatória relativa a

uma proposição teórica.

Page 113: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

101

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção, são apresentados os resultados da pesquisa empírica, utilizando os

métodos descritos no capítulo anterior, em conformidade com os objetivos propostos. A seção

compõem-se de quatro tópicos básicos: análise descritiva do perfil da amostra e das escalas

representativas das variáveis independentes e dependentes; aplicação dos instrumentos de

análise multivariada; testes de confiabilidade de escalas e análise fatorial; teste de

confiabilidade do modelo de mensuração.

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS RESULTADOS

A descrição e análise dos resultados relativos aos dados levantados na pesquisa

empírica descritiva foram feitas mediante uma divisão em quatro segmentos: a) preparação do

banco de dados; b) perfil demográfico da amostra; c) dados sobre perfil bancário; d) análises

descritivas das escalas – variáveis independentes; e) análises descritivas das escalas –

variáveis dependentes.

4.1.1 Preparação do banco de dados

Conforme mencionado anteriormente, o questionário foi submetido

predominantemente a professores universitários de duas universidades paulistas: Universidade

Nove de Julho e Universidade de São Paulo / Faculdade FIA de Administração e Negócios. O

número total de questionários com dados coletados foi 659, sendo 383 (58,1%) respondentes

da Universidade Nove de Julho e 276 (41,9%) respondentes não identificados, pelo fato de os

questionários terem sido enviados a esses últimos por e-mail privado ou via divulgação no

mural facebook, e não via sistema QuestionPro.

Para iniciar o trabalho de análise estatística, foi necessário examinar os dados colhidos

em campo, suprimindo do banco de dados casos de preenchimento parcial do questionário ou

inconsistências nas respostas. Primeiramente, foram analisadas as perguntas utilizadas como

filtros para garantir consistências às respostas e atingir o público-alvo, conforme

recomendação de Hair et al. (2005); foram eliminados os questionários com mais de 15% de

respostas em branco e questionários que continham respostas a alguma das três questões que

figuraram como filtros, indicativas de exclusão.

Page 114: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

102

Considerou-se que, no público-alvo, deveriam estar incluídas pessoas que possuíam

conta no Banco ABM Amro/Real antes da fusão e que tinham permanecido cliente do Banco

Santander, além de nunca terem trabalhado em qualquer das duas instituições financeiras.

A seguir, serão apresentadas as perguntas e respectivas frequências de respostas.

Primeiramente, foram propostas questões propostas como filtros, a fim de garantir o

perfil correto de respondente do questionário. Na primeira questão, buscou-se obter

respostas sobre a existência de algum relacionamento com o Banco ABN Amro Real, antes

da fusão. Os dados da Tabela 1 mostram que 404 respondentes (71,8%) possuíam conta no

Banco, sendo o restante bloqueado no primeiro filtro.

Tabela 1 – Filtro 1 – Possuidor de conta no Banco ABN Amro/Real

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

O segundo filtro consistiu em verificar se o respondente manteve a conta no Banco

Santander até o período de levantamento de dados da pesquisa. A inclusão desse segundo

filtro fez com que o número dos que continuaram a responder caísse de 404 para 382

respondentes, e, desses, 356 (93,2%) responderam que mantiveram a conta no Banco

Santander, conforme se observa na Tabela 2.

Tabela 2 – Filtro 2 – Possuidor de conta no Banco Santander

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Finalmente, introduziu-se um terceiro filtro, o qual permitiu avaliar se o respondente

era ou foi funcionário de alguma das instituições. Constataram-se, nesse casso, mais

desistências por parte dos respondentes, cerca de 8,0%. No outro extremo, 323 (92%) desse

grupo enquadraram-se no perfil de respondentes pertencentes ao público-alvo da pesquisa

empírica, conforme evidenciado com os dados da Tabela 3.

Frequência Percentual

Sim 404 71,8

Não 159 28,2

Total 563 100

Frequência Percentual

Sim 356 93,2

Não 26 6,8

Total 382 100

Page 115: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

103

Tabela 3 – Filtro 3 – Não é funcionário ou ex-funcionário das instituições

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Além das eliminações decorrentes da aplicação dos filtros iniciais, houve, ainda, 116

(35,9%) pessoas que não completaram o questionário. Nessa análise inicial, foram eliminados

452 casos, resultando em um banco de dados final compreendendo 207 respondentes

enquadrados no perfil desenhado previamente e com questionários preenchidos com dados

completos, os quais foram considerados válidos para que fossem submetidos aos instrumentos

de análises univariada e multivariada pretendidos.

4.1.2 Perfil demográfico da amostra

A análise descritiva da amostra compreendeu a caracterização do perfil demográfico

dos respondentes. Observe-se que, devido ao fato de o levantamento dos dados da pesquisa ter

sido aplicado predominantemente junto ao corpo docente de duas universidades da cidade de

São Paulo, os respondentes possuíam domicílio nessa capital.

Convém salientar que as respostas às perguntas referentes a perfil demográfico e perfil

bancário não eram obrigatórias e, por esse motivo, nem todos os entrevistados responderam às

questões, o que provocou a ocorrência de sub-amostras inferiores à amostra total, mas que não

comprometeram a análise estatística com respeito às variáveis objeto da pesquisa.

A distribuição da amostra, por gênero, revelou que, dos 207 respondentes, 95

pertenciam ao sexo feminino (45,7%) e 112 ao sexo masculino (54,3%), conforme expresso

na Tabela 4:

Tabela 4 – Gênero do respondente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Frequência Percentual

Sim 28 8,0

Não 323 92,0

Total 351 100

Frequência Percentual

Feminino 95 45,7

Masculino 112 54,3

Total 207 100

Genêro

Page 116: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

104

Em relação à faixa etária, a idade média dos respondentes correspondeu a 41 anos. A

concentração de idade (moda) situou-se na faixa de 31 a 40 anos (40,6%), seguida pelas faixas

entre 41 e 50 anos (31,4%) e entre 51 e 60 anos (14,0%), de acordo com os dados observados

na Tabela 5.

Tabela 5 – Faixa etária do respondente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Em relação ao grau de instrução/escolaridade dos componentes da amostra,

observou-se que 86,9% dos respondentes possuem alto nível de instrução, com pós-

graduação; isso ocorreu devido à concentração de envio de questionários para professores

universitários. Os dados contidos na Tabela 6 destacam as cifras obtidas.

Tabela 6 – Escolaridade do respondente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Para classificar a natureza da ocupação dos respondentes, foi utilizada como base a

lista de ocupações empregada pela Receita Federal para instruir o preenchimento das

declarações de imposto de renda. A concentração maior se deu entre profissionais do setor

privado, conforme mostra a Tabela 7.

Faixa Etária Frequência Percentual

Menor que 20 anos 8 3,9

Entre 21 e 30 Anos 16 7,7

Entre 31 e 40 anos 84 40,6

Entre 41 e 50 anos 65 31,4

Entre 51 e 60 anos 29 14,0

Maior que 61 anos 5 2,4

Total 207 100,0

Frequência Percentual

Primário ou infantil 0 0,0

Colegial ou ensino médio 3 1,5

Ensino tecnológico 1 0,5

Superior 22 10,7

Pós-graduação 179 87,3

Total 205 100

Page 117: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

105

Tabela 7 – Natureza da ocupação do respondente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Finalmente, a Tabela 8 apresenta a faixa de renda dos respondentes, encontrando-se

139 respondentes (70,9%) com renda média acima de R$ 5.241,01 (dois mil e seiscentos

dólares, aproximadamente).

Tabela 8 – Renda do respondente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Com base nas análises univariadas realizadas, foi possível descrever o perfil

predominante da amostra como sendo de indivíduos com as seguintes características: homens

e mulheres na faixa entre 31 e 50 anos; residentes na cidade de São Paulo; alto nível

educacional (graduação ou pós-graduação); renda individual mensal bruta acima de R$

Frequência Percentual

Empregado de empresa do setor privado, exceto de instituições financeiras 154 75,5

Empregado de instituição funanceiras públicas e privadas. 7 3,4

Empregado ou contratado de organismo internacional ou de organização

não-governamental1 0,5

Profissional liberal ou autônomo sem vínculo de emprego. 6 2,9

Proprietário de empresa ou de firma individual ou empregador-titular 8 3,9

Empregado de empresa publica ou de economia mista municipal 13 6,4

Militar 0 0,0

Aposentado 2 1,0

Estudante / bolsistas 2 1,0

Outros 11 5,4

Total 204 100

Frequência Percentual

até R$ 776,00 3 1,5

R$ 776,01 até R$ 1.147,00 2 1,0

R$ 1.147,01 até R$ 1.685,00 3 1,5

R$ 1.685,01 até R$ 2.654,00 6 3,1

R$ 2.654,01 até R$ 5.241,00 43 21,9

R$ 5.241,01 até R$ 9.263,00 91 46,4

Acima de R$ 9.263,01 48 24,5

Total 196,0 100

RENDA (CCEB 2013 - ABEP)

Page 118: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

106

5.241,01 e, em sua maioria, funcionários de organizações do setor privado e não pertencentes

a instituições financeiras.

4.1.3 Dados sobre perfil bancário

Além do perfil demográfico dos respondentes, buscou-se compreender sua

caracterização em relação a aspectos referentes a seu perfil bancário (grau de “bancarização”),

a fim de detectar elementos que poderiam afetar o resultado da pesquisa, uma vez que

poderiam ser encontrados clientes que mantiveram conta por pouco tempo no Banco ABN

Amro/Real e, por conta disso, não poderiam, presumivelmente, perceber com grande

intensidade o impacto proveniente da extinção daquela marca após a ocorrência de fusão com

o Banco Santander.

Dentre as questões destinadas a avaliar o perfil bancário dos respondentes, havia uma

questão aberta, por intermédio da qual era solicitado ao respondente que informasse a

quantidade de bancos em que mantinha conta corrente. Os resultados apontaram que 53,2%

da amostra possuíam conta em pelo menos dois bancos; em média, cada respondente

mantinha 2,12 contas em bancos diferentes. A Tabela 9 retrata a distribuição dessa amostra.

Tabela 9 – Número de bancos em que mantém conta corrente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Posteriormente, foi avaliado qual é o principal banco com quem o respondente

mantém relacionamento, ou seja, em qual banco ele concentra suas transações financeiras, de

forma geral. A Tabela 10 destaca uma concentração de 59% dos respondentes no Banco

Santander, tido como banco principal, seguido do Banco Itaú (20,5%) e Banco do Brasil

(11,7%).

Tabela 10 – Principal banco de relacionamento do respondente

Quantidade de Bancos Frequência Percentual

1 Banco 39 19,0

2 Bancos 109 53,2

3 Bancos 49 23,9

4 Bancos 8 3,9

Total Geral 205 100,0

Page 119: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

107

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Os dados da Tabela 11 apontam que 64,9% declararam que, antes da fusão, o Banco

ABN Amro/Real era o seu banco de maior relacionamento.

Tabela 11 – Principal banco do respondente, antes da fusão

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Fazendo uma análise cruzada, comparando os dados referentes a esse banco (ABN),

antes da fusão, e os do principal banco do respondente, atualmente, percebe-se que 69,9 %

mantiveram a concentração dos seus investimentos no Banco Santander após a extinção da

marca Real e 30,1% migraram seu relacionamento para outro Banco, conforme aparece na

Tabela 12.

Bancos Frequência Percentual

Banco do Brasil 24 11,7

Bradesco 9 4,4

Banco Itau 42 20,5

Banco Santander 121 59,0

HSBC 1 0,5

Caixa Econômica 6 2,9

Outro 2 1,0

Total 205 100,0

Principal Banco Banco ABN Real Frequência Percentual

Sim 133 64,9

Não 72 35,1

Total Geral 205 100,0

Page 120: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

108

Tabela 12 – Principal banco antes da fusão versus banco principal atual

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0

Observa-se que 40 respondentes (30,1%) que tinham o Banco ABN Amro/Real como

banco principal migraram o relacionamento para outro banco. Dos que possuíam outro banco

como instituição principal, antes da fusão, não é possível avaliar se houve um incremento no

Banco Santander, uma vez que não foi perguntado qual o banco principal antes da fusão.

Porém, percebe-se uma rejeição ao banco prevalecente após a extinção da marca.

Com relação ao tempo, em anos, em que o respondente possui conta, incluindo o

período de relacionamento com os bancos ABN Amro/Real e Santander, 78 respondentes

(38,2%) possuem conta entre 5 e 10 anos e a distribuição é exposta na Tabela 13.

Tabela 13 – Tempo de relacionamento com as instituições

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Tratando-se do tipo de conta que o respondente mantém com o Banco Santander, nota-

se que 124 respondentes (60,8%) mantêm conta corrente simples e 64 respondentes (31,4%)

têm conta-salário, o que, possivelmente, pode ser interpretado como manutenção do

Bancos principal antes da fusãoBanco principal

atualmenteFrequência Percentual

Banco do Brasil 11,0 8,3

Bradesco 3,0 2,3

Banco Itau 20,0 15,0

Banco Santander 93,0 69,9

Caixa Economica 4,0 3,0

Outro 2,0 1,5

Sub Total 64,9 133 100,0

Banco do Brasil 13,0 18,1

Bradesco 6,0 8,3

Banco Itau 22,0 30,6

Banco Santander 28,0 38,9

HSBC 1,0 1,4

Caixa Economica 2,0 2,8

Sub Total 35,1 72 100,0

Banco Real

Outro Banco

Faixa de tempo Frequência Percentual

Mais de 15 anos 60 29,4

Entre 10 e 15 anos 36 17,6

Entre 5 e 10 anos 78 38,2

Menos que 5 30 14,7

Total Geral 204 100,0

Page 121: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

109

relacionamento devido ao fato de a fonte pagadora do trabalho do respondente utilizar o

Banco Santander para fazê-lo. A Tabela 14 detalha os resultados obtidos.

Tabela 14 – Tipos de contas com a instituição

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Comparando a quantidade total de respostas válidas (204) com a quantidade de

pessoas que declararam possuir conta salário, 64 respondentes, correspondente a 31,4%, é

concebível que muitos não soubessem precisar outro tipo de vínculo de suas contas, uma vez

que 60% dos respondentes eram funcionários da Uninove, instituição que paga o salário de

seus funcionários via depósito em conta no Banco Santander. Além disso, muitos correntistas

utilizam uma variedade de produtos bancários, com graus de intensidade diferentes, e o

questionário não facultava a possibilidade de respostas múltiplas.

Em síntese, com respeito ao perfil bancário dos respondentes, pode-se descrever o

perfil predominante da amostra como sendo de pessoas com as seguintes características:

possuidores de pelo menos duas contas bancárias; 65,9% utilizavam o Banco ABN

Amro/Real como principal banco; após o evento fusão, somente 45,4% dos clientes do banco

extinto mantiveram o Banco Santander como banco principal, tendo ocorrido migrações para

outros bancos; o tempo em que os respondentes mantêm a conta cumulativamente nos bancos

ABN Amro/Real e Santander situa-se entre 5 a 10 anos, para 38,2% dos respondentes; 60,8%

mantêm uma conta corrente simples.

4.1.4 Análise descritiva da escala – variáveis independentes

Para utilização correta do método de análise estatística escolhido, as variáveis

independentes, as que apresentam relação funcional com as variáveis dependentes, afetando o

comportamento dessas últimas, não podem estar relacionadas entre si; cada uma deve explicar

a variação da variável dependente individualmente, ou seja, sem interferência das demais

Tipo de Conta Frequência Percentual

Conta Salário 64 31,4

Conta Poupança 7 3,4

Conta Corrente 124 60,8

Conta Investimento 3 1,5

Outra 6 2,9

Total Geral 204 100,0

Page 122: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

110

variáveis independentes presentes no modelo. Em outros termos, elas devem ser

independentes entre si, não correlacionadas, portanto.

Os construtos (variáveis independentes) descritos no primeiro bloco de questões

foram: propensão à nostalgia, atitude perante a marca extinta (Banco ABN Amro/Real),

atitude perante a marca prevalecente (Banco Santander) e custo de mudança. Todos esses

construtos foram mensurados por meio de uma escala de sete pontos (escala do tipo Likert),

analisando o grau de concordância com as afirmações, segundo uma variação de 1 (discordo

totalmente) a 7 (concordo totalmente). Para cada variável, calcularam-se a média e os

percentuais das respostas encontradas em cada nível da escala adotada. Segue-se a análise

descritiva dos construtos. Na Tabela 15 encontram-se as estatísticas obtidas com referência às

variáveis independentes.

O primeiro construto avaliado foi propensão à nostalgia (grau de nostalgia) dos

respondentes a partir de oito afirmações. As questões dessa escala possuíam quatro

afirmações com convenção de escala normal (direta) e quatro com convenção de escala

reversa (assinaladas na tabela por caracteres em itálico e negrito e inscrição do código -1).

Percebe-se que, em relação às quatro afirmações com escala normal, os respondentes

apresentaram resultados acima da média, com resultado mais expressivo no item NOST3,

utilizado para avaliar a qualidade dos produtos e serviços produzidos atualmente, em

comparação com os oferecidos no passado, um fato indicativo de que a qualidade vem caindo.

Em outro bloco de questões, avaliou-se a atitude perante a marca extinta (Banco

ABN Amro/Real). Os dados obtidos resultaram em valores acima da média (média teórica 4 =

(1 + 7)/2), dando consistência à afirmação que indicava uma atitude favorável em relação à

marca extinta. Percebe-se que a menor média foi 4,3, correspondente à ATIT REAL6,

questão que procurava avaliar a opinião do respondente a respeito do Banco ABN Amro/Real

como o banco preferido; a maior média obtida foi 5,296, na ATIT REAL7, a qual avaliava a

percepção do Banco ABN Amro/Real como um bom banco.

No bloco seguinte, utilizou-se a mesma escala de atitude perante a marca,

adaptando-se a escala para o banco prevalecente (Banco Santander). Nesse caso, as médias

não superaram o valor 4, o que indica uma atitude desfavorável em relação à marca

prevalecente. Os valores que produziram a menor média, 2,877, destinaram-se à afirmação

ATIT SANT6, assim como ocorreu com ATIT REAL6 (atitude perante a marca extinta –

Page 123: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

111

4,3), revelando baixo grau de preferência pelo banco. As maiores notas foram obtidas no item

ATIT SANT1, com média igual a 3,641; essa afirmação considerava a satisfação do

respondente com a utilização dos serviços do Banco Santander.

O último bloco compreende as escalas destinadas a avaliar, a variável independente,

custo de mudança. Foram formuladas cinco afirmações sobre essa variável. Como resultado,

observou-se que a média ficou muito próxima de 4 para todas as afirmações, sendo a

afirmação CM5 a que apresentou menor média de notas atribuídas pelos respondentes: 3,6. O

custo financeiro de mudança de banco, devido a vínculos com produtos pode justificar os

números obtidos. A maior média foi observada para a afirmação CM1, atingindo a cifra de

4,376; essa afirmação aborda o custo de tempo para avaliar outros bancos e realizar a troca de

instituição.

Page 124: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

112

Tabela 15 – Frequência das escalas das variáveis independentes

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

1 2 3 4 5 6 7

NOST1 Nada mais é feito como antigamente 5,8% 3,9% 17,9% 15,5% 28,0% 14,5% 14,5% 4,575

NOST2 As coisas costumavam ser melhores nos velhos e bons tempos. 7,7% 11,1% 23,7% 13,5% 25,6% 11,6% 6,8% 4,000

NOST3 A qualidade dos produtos/serviços tem caído cada vez mais 2,9% 3,9% 19,8% 12,1% 27,1% 15,0% 19,3% 4,787

NOST4 As mudanças tecnológicas irão assegurar um futuro melhor. (-1) 4,8% 5,3% 11,6% 8,7% 36,2% 21,7% 11,6% 3,222

NOST5 A História envolve melhorias constantes no bem-estar humano. (-1) 5,3% 4,3% 10,1% 12,6% 39,1% 18,4% 10,1% 3,285

NOST6 Nós estamos passando por um declínio na qualidade de vida. 3,9% 5,8% 21,3% 9,7% 27,5% 17,9% 14,0% 4,609

NOST7 O crescimento constante do PIB aumentou a felicidade do ser humano. (-1) 11,6% 13,5% 18,8% 17,4% 29,5% 6,3% 2,9% 4,300

NOST8 Negócios modernos constantemente constroem um futuro melhor. (-1) 3,4% 6,3% 14,5% 9,7% 36,2% 19,8% 10,1% 3,309

ATIT_REAL1 Gostava de utilizar os serviços do Banco Real. 3,9% 2,9% 5,3% 16,5% 27,2% 26,7% 17,5% 5,102

ATIT_REAL2 Dentre os vários serviços bancários disponíveis os do Banco Real eram os melhores. 5,3% 4,9% 11,2% 28,6% 19,9% 17,0% 13,1% 4,563

ATIT_REAL3 Quando eu utilizava os serviços do Banco Real eu sempre me sentia fazendo um bom negócio. 4,4% 2,9% 9,7% 28,2% 24,8% 15,0% 15,0% 4,714

ATIT_REAL4 Eu falava bem dos produtos e serviços do Banco Real para as outras pessoas. 5,3% 3,9% 2,9% 27,7% 20,4% 22,3% 17,5% 4,908

ATIT_REAL5 Eu me sentia bem fazendo negócios com o Banco Real nos anos que se passaram. 3,9% 1,9% 5,8% 26,7% 24,8% 18,9% 18,0% 4,951

ATIT_REAL6 Para mim o Banco Real foi claramente o meu banco preferido 11,7% 5,8% 9,7% 27,2% 13,1% 18,0% 14,6% 4,364

ATIT_REAL7 Eu acreditava que o Banco Real era um bom Banco. 3,9% 1,9% 3,9% 15,5% 23,8% 27,7% 23,3% 5,296

ATIT_SANT1 Gosto de utilizar os serviços do Banco Santander 18,0% 11,7% 13,1% 17,5% 29,1% 6,8% 3,9% 3,641

ATIT_SANT2 Dentre os vários serviços bancários disponíveis os dos Banco Santander são os melhores. 24,5% 15,7% 22,1% 22,5% 10,8% 2,9% 1,5% 2,941

ATIT_SANT3 Quando eu utilizo os serviços do Santander eu sempre me sinto fazendo um bom negócio. 23,0% 11,8% 19,1% 23,5% 17,2% 2,9% 2,5% 3,186

ATIT_SANT4 Eu falo bem dos produtos do Santander para as outras pessoas. 28,4% 9,8% 15,2% 28,9% 10,3% 4,9% 2,5% 3,074

ATIT_SANT5 Eu acredito que o Santander é um bom Banco. 20,2% 9,9% 12,3% 16,3% 31,0% 7,4% 3,0% 3,621

ATIT_SANT6 Para mim, o Banco Santander é claramente o meu banco preferido 28,9% 20,1% 14,2% 17,6% 12,7% 2,9% 3,4% 2,877

ATIT_SANT7 Eu me sentirei satisfeito como cliente do Banco Santander nos próximos anos. 19,6% 9,8% 14,7% 30,4% 18,6% 4,9% 2,0% 3,412

CM1 Não tenho tempo para obter as informações necessárias para avaliar outros bancos. 8,8% 6,8% 12,7% 18,5% 28,8% 11,7% 12,7% 4,376

CM2 Trocar o Santander por outro banco comercial seria muito trabalhoso p/ mim. 8,8% 9,3% 15,1% 15,1% 22,0% 18,0% 11,7% 4,332

CM3 Eu perderia benefícios de ser um cliente de longa data se eu deixasse o Santander. 13,7% 7,3% 12,2% 22,4% 19,5% 13,7% 11,2% 4,127

CM4 Trocar o Banco Santander por um novo Banco envolveria alguns custos novos de entrada (taxa, depósitos e etc.). 17,1% 10,2% 7,8% 26,8% 17,6% 11,2% 9,3% 3,883

CM5Eu teria que gastar muito dinheiro por todos os custos envolvidos na mudança de Banco (ex: quitação de empréstimo,

impostos de retirada de fundos, débito automático, cartão de crédito/débito etc).22,9% 12,7% 11,2% 19,0% 14,6% 7,8% 11,7% 3,600

GRAU DE CUSTO DE MUDANÇA

MédiaVariáveis IndependentesEscala %

PROPENSÃO À NOSTALGIA

ATITUDE EM RELAÇÃO ÀMARCA EXTINTA

ATITUDE EM REALAÇÃO À MARCA PREVALECENTE

Page 125: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

113

4.1.5 Análise descritiva da escala – variáveis dependentes

Nos modelos explicativos, as variáveis dependentes são aquelas afetadas pelas

variáveis independentes com as quais guardam uma relação funcional, variando de acordo

com as variações sofridas pelas variáveis independentes. Vale ressaltar que a seleção das

variáveis dependentes deverá convergir para os objetivos da pesquisa. Note-se que, em

determinados casos, as variáveis podem figurar como independentes em uma análise e

dependentes em outras. Nesse estudo, em particular, os construtos lealdade atitudinal e

lealdade comportamental foram considerados variáveis dependentes, uma vez que, no

modelo proposto, nostalgia, atitude perante a marca e custo de mudanças foram

considerados os elementos/fatores que afetam a lealdade do cliente com relação à marca

prevalecente.

Conforme já relatado, adotou-se para o construto lealdade atitudinal uma escala do

tipo Likert com a amplitude da escala variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo

totalmente). Assim como se procedeu com respeito às variáveis independentes, para as

variáveis dependentes foram calculados a respectiva média e os percentuais de respostas

para cada item analisado, conforme dados presentes na Tabela 16.

No bloco lealdade atitudinal, a qual buscou medir a lealdade declarada do cliente

com o Banco prevalecente - Banco Santander -, verificam-se médias inferiores a 4,

indicando baixa lealdade ao Banco Santander, sendo 3,034 a menor média, calculada para

o item LEAL AT5: “Considero-me leal ao Banco Santander”. A média mais alta foi obtida

na afirmação LEAL AT6: 3,590: “Manterei minha conta no Banco Santander por muito

tempo”. Esse resultado pode estar afetado pela alta incidência da conta-salário.

Em relação ao bloco lealdade comportamental, foram utilizados dois tipos de

escalas: a. escala do tipo Likert, com a escala variando de 1 (discordo totalmente) a 7

(concordo totalmente); b. escala aberta, por intermédio da qual o respondente indicava um

percentual sobre o total de utilização do banco para três tipos de serviços ou produtos do

banco.

Nas duas questões, com uso da escala do tipo Likert, a primeira questão - LEAL

COMP1 - aferia o nível de concentração das relações bancárias com o Banco Santander;

nesse item, a média das respostas, 4,132, ficou próxima do valor médio teórico; na segunda

questão - LEAL COMP2 -, a média ficou abaixo de 4 com 3,039.

Page 126: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

114

Tabela 16 – Frequência das escalas das variáveis dependentes

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0

1 2 3 4 5 6 7

LEAL_AT1 Eu realmente aprecio os serviços do Santander. 22,4% 14,6% 18,0% 21,0% 18,0% 3,4% 2,4% 3,176

LEAL_AT2 O Santander, como banco comercial, não é tão bom quanto pensei que fosse. (-1) 6,8% 3,4% 11,2% 27,8% 22,4% 15,1% 13,2% 3,463

LEAL_AT3 Eu gosto do Santander. 20,0% 14,1% 12,2% 17,1% 27,3% 5,4% 3,9% 3,493

LEAL_AT4 Eu recomendaria o Santander para os meus amigos. 27,8% 11,7% 12,2% 21,5% 19,0% 3,4% 4,4% 3,200

LEAL_AT5 Considero-me leal ao Banco Santander. 30,2% 12,7% 15,6% 20,5% 11,7% 4,4% 4,9% 3,034

LEAL_AT6 Manterei minha conta no Banco Santander por muito tempo. 17,1% 9,3% 17,6% 25,9% 19,0% 6,3% 4,9% 3,590

LEAL_AT7 Frequentemente considero a possibilidade de trocar de banco (-1) 8,8% 6,8% 11,7% 20,5% 18,5% 13,7% 20,0% 3,459

LEAL_AT8 Em minhas próximas transações financeiras certamente considerarei realizá-las no Santander. 21,0% 12,2% 14,1% 21,5% 19,5% 7,8% 3,9% 3,454

LEAL_COMP1 Concentro as minhas transações bancárias no Santander. 18,5% 9,3% 14,1% 5,4% 19,5% 17,6% 15,6% 4,132

LEAL_COMP2 Desde a fusão do Banco Santander com o Banco Real eu aumentei o meu relacionamento com o Santander. 28,3% 13,7% 17,6% 22,0% 7,8% 6,3% 4,4% 3,039

GRAU DE LEALDADE ATITUDINAL

GRAU DE LEALDADE COMPORTAMENTAL

VariáveisEscala %

Média

até

30%

30% a

50%

50% a

70%

acima

de

70%

LEAL_COMP3 Do total de vezes que utilizo um Banco, considero que utilizo o Banco Santander _____% 25,0% 17,5% 16,7% 40,8%

LEAL_COMP4 Do meu volume total de investimentos (poupança, fundos, CDB, previdência), tenho concentrado no Banco Santander ____% . 50,2% 11,1% 4,3% 34,3%

LEAL_COMP5Do meu volume de crédito adquirido (empréstimo pessoal, cartão de crédito, financiamento imobiliário e de automóveis), acredito que

estão concentrados no Banco Santander aproximadamente ____%.50,0% 12,5% 5,5% 32,0%

Variáveis

Page 127: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

115

Com respeito às respostas às afirmações inseridas em escalas abertas, observou-se

que, na questão LEAL COMP3, cuja finalidade era aferir o percentual de utilização do

Banco Santander comparativamente à utilização de outros bancos, 83 respondentes

(40,8%) revelaram utilizar o Banco Santander em mais de 70% das vezes.

A questão LEAL COMP4, a concentração de investimentos no Banco Santander,

em relação ao total de investimento em todos os bancos utilizados pelos respondentes,

apresenta um número de 125 respondentes (61,4%), com concentração inferior a 50% do

total investido no Banco Santander.

Por último, na questão LEAL COMP5, foi medida a utilização (aquisição) de

crédito junto ao Banco Santander, em relação ao total de crédito negociado em todos os

bancos utilizados pelos respondentes. O valor apresentado foi: 128 respondentes (62,5%),

com concentração inferior a 50% de crédito adquirido, na comparação com os demais

bancos.

4.2 ANÁLISES MULTIVARIADAS

O primeiro passo destinado à análise estatística dos dados coletados foi a

preparação da base dados, envolvendo descarte de missing values e outliers e verificação

de normalidade.

4.2.1 Análise e descarte dos outliers

A existência de observações divergentes das restantes (outliers) é relativamente

simples de aferir, em amostras univariadas. Porém, no caso de amostras multivariadas, a

observação dos outliers requer aplicação de técnicas mais elaboradas. Em dados

multidimensionais, uma observação é considerada outlier se estiver muito distante da

concentração das demais respostas.

Para avaliação da existência de outliers, pode-se recorrer à técnica de distância de

Mahalanobis, que avalia a distância ou grau de discrepância entres as respostas, o que é

feito pela observação da localização dos dados e pela variabilidade entre as observações.

No presente trabalho, com a aplicação da referida técnica, obteve-se média de 27,88 e

desvio padrão de 14,69, o que significa que, com um grau de confiabilidade de três desvios

padrões (positivos ou negativos), os valores máximo, de 69,59, e mínimo, de 2,92,

Page 128: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

116

permanecem dentro do intervalo (Tabela 17). Assim, o estudo não apresentou outliers

multivariados passíveis de eliminação.

Tabela 17 – Distância de Mahalanobis dos outliers

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

4.2.2 Verificação da ausência de multicolinearidade

A multicolinearidade, conforme explicado por Hair et al. (2005), é uma medida do

quanto a variação de uma variável (independente) explica a variação de outra variável

dependente (independente). Para avaliar o grau de multicolinearidade, optou-se pela

análise do cálculo de tolerância de verificação do índice de inflação da variância, com

tolerância para VIF < 10. Na análise realizada para todas as variáveis independentes, o VIF

apresentou-se menor do que 10, mostrando, com esse resultado, que existe baixo grau de

colinearidade entre as variáveis. A Tabela 18 apresenta a relação das variáveis

independentes e a multicolinearidade verificada.

Tabela 18 – Multicolinearidade entre as variáveis

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0.

Mínimo Máximo MédiaDesvio

PadrãoN

Mahal. Distance 2,92 69,59 27,88 14,69 237

Variávies Tolerância VIF Variávies Tolerância VIF

LEAL_AT1 ,16 6,11 ATIT_REAL6 ,24 4,09

LEAL_AT3 ,15 6,51 ATIT_REAL7 ,25 3,93

LEAL_AT5 ,32 3,14 ATIT_SANT1 ,16 6,13

LEAL_AT6 ,34 2,93 ATIT_SANT2 ,18 5,43

LEAL_AT8 ,37 2,73 ATIT_SANT3 ,21 4,86

NOSTALG1 ,76 1,32 ATIT_SANT4 ,22 4,65

NOSTALG2 ,72 1,38 ATIT_SANT5 ,17 5,86

NOSTALG3 ,67 1,50 ATIT_SANT6 ,19 5,33

NOSTALG6 ,70 1,42 ATIT_SANT7 ,25 3,94

ATIT_REAL1 ,21 4,70 CM1 ,70 1,43

ATIT_REAL2 ,22 4,48 CM2 ,61 1,64

ATIT_REAL3 ,18 5,51 CM3 ,49 2,04

ATIT_REAL4 ,25 3,99 CM4 ,47 2,14

ATIT_REAL5 ,24 4,10 CM5 ,61 1,65

Colinearidade

Page 129: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

117

4.2.3 Verificação da normalidade

A normalidade das distribuições das variáveis foi analisada com o recurso do teste

de Kolmogorov-Smirnov (HAIR et al., 2005), utilizando os parâmetros citados por Field

(2009), sendo (p > 0,05) para uma distribuição normal e (p < 0,05), no caso de a

distribuição não ser normal (FIELD, 2009). O Tabela 19 apresenta o teste de normalidade

Kolmogorov Smirnov.

Tabela 19 – Normalidade Kolmogorov Smirnov

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0

Nenhuma variável apresentou distribuição normal. Além disso, os itens da escala

apresentaram graus de assimetria e curtose significativamente altos, não caracterizando

normalidade.

Não havendo confirmação da normalidade da distribuição, é possível recorrer-se a

um método de análise denominado PLS-SEM (Partial Least Squares – Structural

Equations Modeling), ou mínimos quadrados parciais. O método PLS é um instrumento de

análise útil devido a exigências mínimas de escalas de mensuração, tamanho da amostra e

distribuições residuais ou aleatórias. O método reflete as relações entre variáveis latentes e

um componente correspondente de medição, o qual mostra como essas variáveis e seus

indicadores estão relacionados.

4.2.3.1 Técnica PLS

A aplicação da técnica PLS tem sido objeto de crescente aceitação nos meios

acadêmicos, principalmente entre pesquisadores das áreas de Marketing, Comportamento

Organizacional, Estratégia Empresarial (HENSELER, RINGLE e SINKOVICS, 2009;

HAIR et al., 2005). Henseler et al. (2009) afirmam que um dos principais motivos de

adoção crescente da técnica reside na sua adequação aos estágios iniciais do

desenvolvimento de teorias, quando se precisam testar e validar modelos exploratórios,

uma vez que a PLS tem por objetivo uma análise explicativa preditiva em situações de alta

LEAL_AT1 LEAL_AT3 LEAL_AT4 LEAL_AT5 LEAL_AT6 LEAL_AT8LEAL_CO

MP1

LEAL_CO

MP2

Média 3,219 3,544 3,245 3,101 3,612 3,494 4,211 3,089

Desvio Padrão 1,614 1,728 1,756 1,763 1,626 1,746 2,117 1,753

Kolmogorov-Smirnov Z 2,307 2,446 2,479 2,556 2,654 2,374 2,919 2,425

Sig. ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000

Page 130: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

118

complexidade, mas com poucas informações teóricas disponíveis. Chun e Newsted (1999)

tratam com detalhe do tratamento pelo PLS em casos de pequenas amostras.

Considerando o tamanho da amostra a ser coletada na pesquisa de campo, o

tamanho mínimo da amostra, segundo reza a literatura, deve ser dez vezes o maior número

de caminhos estruturais direcionados a um determinado construto do modelo estrutural

(HAIR et al., 2005). Apesar de essa regra prática não levar em conta elementos como

tamanho dos efeitos, confiabilidade, número de indicadores e outros fatores que afetam o

poder das estimativas, ela fornece uma estimativa aproximada (HAIR et al., 2005).

No modelo PLS, o passo inicial é o cálculo dos valores de cada caso. As variáveis

observáveis são estimadas como combinações lineares exatas de seus indicadores

empíricos e o PLS trata desses casos estimando substitutos perfeitos para as variáveis

latentes. Os pesos utilizados para determinar os valores para cada caso são estimados de

modo que os valores resultantes captem a maior parte da variância das variáveis

independentes previsoras da variável dependente.

Os procedimentos de aplicação do PLS são: a. estimação das relações de peso, as

quais apontam os indicadores para as respectivas variáveis não observáveis; b. cálculo dos

valores para cada variável não observável, com base em uma média ponderada de

indicadores, utilizando as relações de peso como entrada; c. os valores são usados no caso

de um conjunto de equações de regressão para determinar os parâmetros correspondentes

das relações estruturais.

4.3 CONFIABILIDADE DE ESCALA E ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA

Os procedimentos de análise descritos a seguir dizem respeito ao tratamento

estatístico relativo à confiabilidade das escalas adotadas e à análise fatorial exploratória

destinada à depuração dos dados.

4.3.1 Teste de confiabilidade da escala

A confiabilidade das escalas foi aferida, inicialmente, por meio do coeficiente

Alfa de Cronbach, o qual é utilizado para avaliar a consistência interna de cada dimensão

considerada no modelo teórico, representada pela correlação entre os itens que constituem

cada construto (CHURCHILL, 1983). Para confirmação da consistência do construto no

modelo, recomenda-se, em estudos exploratórios, uma alfa superior a 0,60 (Hair et al.,

Page 131: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

119

2006). Além desse coeficiente, foram examinadas as correlações “item-total”, tidas como

evidência de que a escala tem forte relação com a variável latente que se busca mensurar.

Assim, ela representa também uma medida de consistência interna, pois altas correlações

confirmam a mensuração de um mesmo construto por todas as variáveis (HAIR et al.,

2006). Neste trabalho, foi utilizado um patamar mínimo de 0.50 para as correlações “item-

total”, como forma de conseguir maior confiabilidade e também facilitar a depuração das

escalas.

Na primeira tentativa, a AFE apontou para a necessidade de eliminação de quatro

questões de mensuração, as quais eram referentes à propensão à nostalgia, por

apresentarem baixa comunalidade:

NOST4 – As mudanças tecnológicas irão assegurar um futuro melhor;

NOST5 - A História envolve melhorias constantes no bem-estar humano;

NOST7 - O crescimento constante do PIB aumentou a felicidade do ser humano;

NOST8 - Negócios modernos constantemente constroem um futuro melhor.

Uma possível explicação para esse problema deriva da escala ter sido traduzida e

adaptada para o português e apresentar um aspecto de questões reversas, tipo de questão

não habitual aos brasileiros. Assim, pode ter havido equívoco na especificação das

variáveis, as quais não mensuraram corretamente o fenômeno que se queria observar.

Após a eliminação desses itens, na segunda tentativa, apurou-se KMO de 0,895 e

índice de esfericidade de Bartlett significativo a 1% (2 = 4001,87; 253 g.l.; p<1%). Na

Tabela 19 são apresentadas as cargas fatoriais, a comunalidade e o alpha de Cronbach.

Identificaram-se sete fatores com eigenvalue superiores a um, que explicaram 69% da

variância da amostra e confirmaram a configuração teórica dos itens. Todos os itens

apresentaram resultados satisfatórios e com coeficiente de consistência interna da escala.

No presente estudo, os resultados foram satisfatórios para todas as variáveis

independentes consideradas no modelo, conforme se observa na Tabela 20.

Page 132: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

120

Tabela 20 – Resultado da análise fatorial exploratória – variável independente

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0

O mesmo procedimento foi aplicado para as variáveis dependentes, construto

lealdade atitudinal e lealdade comportamental. Com referência ao construto lealdade

atitudinal foi necessária a exclusão das afirmações reversas no modelo de análise fatorial

exploratória, por apresentarem valores abaixo de 0,4. Foram elas:

Atitude

Marca

atual

Atitude

Marca

extinta

Custo de

MudançaNostalgia

Nostalgia

NOST1 -0,078 0,036 0,030 0,677

NOST2 0,115 0,211 0,033 0,626

NOST3 -0,256 0,102 0,038 0,638

NOST6 -0,050 -0,040 0,030 0,721

Atitude a marca extinta

ATIT_REAL1 -0,020 0,899 0,012 0,050

ATIT_REAL2 0,058 0,878 -0,030 0,025

ATIT_REAL3 0,037 0,910 -0,035 0,104

ATIT_REAL4 0,017 0,871 -0,021 0,075

ATIT_REAL5 0,012 0,890 -0,019 0,045

ATIT_REAL6 0,013 0,868 -0,028 0,071

ATIT_REAL7 0,042 0,858 0,058 0,043

Atitude a marca prevalecente

ATIT_SANT1 0,907 0,034 0,126 -0,025

ATIT_SANT2 0,901 -0,001 0,094 -0,068

ATIT_SANT3 0,887 0,065 0,134 -0,080

ATIT_SANT4 0,877 0,014 0,116 -0,028

ATIT_SANT5 0,909 -0,004 0,160 -0,049

ATIT_SANT6 0,877 0,048 0,169 -0,079

ATIT_SANT7 0,862 0,018 0,180 -0,043

Custo de Mudança

CM1 0,152 -0,163 0,506 0,114

CM2 0,009 -0,011 0,776 -0,012

CM3 0,379 0,058 0,674 -0,009

CM4 0,162 0,018 0,822 -0,004

CM5 0,142 0,062 0,721 0,056

Eigenvalues 6,48 5,57 2,26 1,57

Variância Explicada 0,28 0,24 0,10 0,07

Variáveis

Componentes

Alfa de

Cronbach

0,60

0,95

0,96

0,77

Page 133: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

121

LEAL AT2 (O Santander, como banco comercial, não é tão bom quanto pensei

que fosse);

LEAL AT7 (Frequentemente considero a possibilidade de trocar de banco).

Em uma segunda tentativa, com os dados depurados, o modelo apresentou novos

valores correspondentes a cargas fatoriais, comunalidade e alpha de Cronbach, conforme

aparece na Tabela 21. Identificaram-se dois fatores com eigenvalue superiores a um, que

explicaram 69% da variância da amostra e confirmaram a configuração teórica dos itens.

Todos os itens apresentaram resultados satisfatórios, e com coeficiente de consistência

interna da escala.

Tabela 21 – Resultado da análise fatorial exploratórios – variáveis dependentes

Fonte: dados da pesquisa, programa SPSS V18,0

Chegou-se ao fim da etapa exploratória, que envolveu as análises de

multidimensionalidade da escala e unidimensionalidade dos construtos. Para avançar para

a etapa confirmatória pelo modelo de equações estruturais, as análises estatísticas relativas

ao modelo teórico proposto utilizou-se o software SmartPLS 2.0, visto não ter sido

observada normalidade na distribuição da variável dependente do modelo. O programa

propõe calcular simultaneamente todos os parâmetros; porém, os modelos de mensuração

(outer model) e estrutural (inner model) são analisados separadamente, o que será objeto

das considerações apresentas a seguir.

Alfa de Cronbach

LEAL_AT1 0,917

LEAL_AT3 0,924

LEAL_AT4 0,922

LEAL_AT5 0,846

LEAL_AT6 0,848

LEAL_AT8 0,838

LEAL_COMP1 0,794

LEAL_COMP2 0,825

LEAL_COMP3 0,826

LEAL_COMP4 0,888

LEAL_COMP5 0,897

Eigenvalues 3,890 2,870

Variância Explicada 54,3% 20,4%

0,943

0,852

Matriz de componetes rotacionada

Page 134: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

122

4.4 CONFIABILIDADE DO MODELO DE MENSURAÇÃO

Segundo Peter (1979), a confiabilidade pode ser definida como o grau em que as

medidas estão livres de erros e, por consequência, produzam resultados consistentes.

Normalmente, o Alfa de Cronbach é o primeiro critério de confiabilidade a ser aferido,

pois fornece uma estimativa da confiabilidade baseada nas intercorrelações entre os

indicadores.

Hair et al. (2005) definem que a confiabilidade de um modelo teórico é expressa

principalmente por alguns indicadores. Ainda, segundo os autores, devem ser considerados

os seguintes indicadores: a. AVE, acima de 0,5%; Alfa de Cronbach aceitável, de 0,6%, e

desejável acima de 0,7%; confiabilidade da composição, com mínimo de 0,6%.

Na primeira tentativa de aplicação do PLS, verificou-se a relação entre as variáveis

e seus construtos. Isso ocorreu mediante a análise das cargas fatoriais; cargas das variáveis

menores do que 0,5 foram eliminadas. Assim, a variável NOST02 (As coisas costumavam

ser melhores nos velhos e bons tempos.), por apresentar valor 0,30, foi excluída e o modelo

foi executado novamente.

Na nova rodada, observou-se não haver incidência de valores abaixo de 0,5,

contribuindo para uma carga aceitável para o modelo, conforme apresentado na Tabela 22.

É possível observar que o R quadrado (R2) do construto lealdade apresentou um índice de

explicação de 76,9%.

Tabela 22 – Análise secundária das variáveis – índice de ajuste

Fonte: dados da pesquisa, programa PLS.

Construtos AVEConfiabilidade

da composiçãoR Quadrado

Alfa de

CronbachComunalidade

Atitude Marca Prevalecente 0,817 0,969 0,041 0,963 0,817

Atitude Marca extinta 0,621 0,916 0,223 0,909 0,621

Custo de Mudança 0,526 0,844 0,772 0,526

Idade 1,000

Leal_atitudinal 0,780 0,955 0,914 0,943 0,780

Leal_comportamental 0,525 0,845 0,595 0,781 0,525

Lealdade 0,523 0,918 0,769 0,898 0,523

Nostalgia 0,537 0,803 1,000 0,635 0,537

Propensão 0,750 0,899 0,831 0,750

Page 135: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

123

4.4.1 Verificação da validade discriminante

Segundo Hair et al. (2005), com o uso da análise da validade discriminante,

avalia-se o grau em que dois construtos similares são distintos entre eles. Gefen e Straub

(2005) ensinam que a validade discriminante é mostrada quando duas condições ocorrem:

a) A correlação entre os valores da variável latente e os itens de medida precisa

mostrar um padrão apropriado de cargas, no qual os itens de medida exercem

uma carga forte sobre o fator teoricamente assinalado e uma carga fraca sobre os

demais fatores.

b) O estabelecimento de validade discriminante, no PLS, requer ainda uma análise

apropriada da AVE (Average Variance Extracted), um teste de validade

discriminante realizado por meio da técnica PLS. Em uma análise AVE, testa-se

para verificar se a raiz quadrada de toda AVE (há uma para cada construto

latente) é muito maior do que qualquer correlação entre qualquer par de

construtos latente. Dessa forma, para comprovar a validade do modelo, avalia-se

a correlação entre as medidas, considerando que a escala múltipla está

correlacionada com medidas semelhantes. Espera-se, assim, que se encontrem

valores baixos entre essas correlações.

Resumindo: para realizar a análise da validade discriminante, determina-se a raiz

quadrada da AVE, a qual consiste em medir a variância de cada construto e,

posteriormente, para a verificação da validade, é calculada a raiz quadrada da AVE de cada

construto. Para confirmação da existência da validade discriminante, espera-se que as

variáveis de um construto exerçam maior poder de explicação para aquele construto do que

para outro construto do modelo (CHIN, 1998), ou, tecnicamente, a raiz quadrada da AVE

do construto deve apresentar valor maior do que o índice de correlação entre os demais

construtos.

A Tabela 23 apresenta a relação dos indicadores do modelo, com os valores da Raiz

Quadrada da AVE. Na diagonal destacada encontra-se a raiz quadrada da AVE do modelo.

No caso da lealdade atitudinal e da lealdade comportamental, a correlação é maior que a

AVE, o que ocorre porque ambos os construtos possuem uma relação de dependência entre

si. Porém, é aceitável esse resultado, uma vez que a Lealdade é um construto formado por

esses dois construtos de segunda ordem.

Page 136: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

124

Tabela 23 – Relação dos indicadores com a raiz AVE – PLS

Fonte: dados da pesquisa.

O modelo é confirmado pela validade convergente e pela validade discriminante.

Construtos AVE

Atitude

Marca

Prevalecente

Atitude

Marca

extinta

Custo de

Mudança

Lealdade

Atitudinal

Lealdade

Comportame

ntal

Lealdade Nostalgia Propensão

Atitude Marca Prevalecente 0,817 0,904

Atitude Marca extinta 0,621 -0,202 0,788

Custo de Mudança 0,526 0,395 -0,076 0,725

Leal_atitudinal 0,780 0,891 -0,193 0,427 0,883

Leal_comportamental 0,525 0,517 -0,148 0,459 0,551 0,724

Lealdade 0,523 0,862 -0,200 0,488 0,956 0,772 0,723

Nostalgia 0,537 -0,082 0,472 0,005 -0,054 0,018 -0,035 0,733

Propensão 0,750 -0,091 0,479 0,003 -0,053 -0,033 -0,052 0,662 0,866

Page 137: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

125

4.4.2 Verificação da significância dos caminhos: Path Coefficients

Mediante a utilização de técnicas de modelagem de equações estruturais, aplicou-se

a análise de depuração das variáveis e ajuste do modelo proposto. Dessa forma, foi

possível verificar a validade convergente e a validade discriminante. Podem-se, então,

considerar válidas as escalas construídas no modelo. Segue-se a fase da análise da carga

dos caminhos propostos no modelo. A Figura 12 mostra os caminhos entre os construtos e

a Tabela 24 as cargas existentes nas relações.

Figura 12 – Modelo Estrutural Proposto *p-value < 0,001 ** p-value < 0,01 ***p-value < 0,05 ****não significante

Tabela 24 - Carga das relações entre os construtos

Construto Construto Coeficiente

Propensão a nostalgia Nostalgia 0,965

Idade Nostalgia 0,274

Nostalgia Atitude perante a marca extinta 0,472

Nostalgia Atitude perante a marca prevalecente 0,017

Atitude perante a marca extinta Atitude perante a marca prevalecente -0,210

Atitude perante a marca prevalecente Lealdade 0,787

Atitude perante a marca extinta Lealdade -0,028

Custo de mudança Lealdade 0,175

Lealdade Lealdade comportamental 0,772

Lealdade Lealdade atitudinal 0,956

Fonte: dados da pesquisa.

O modelo completo com as cargas dos itens e os coeficientes de caminho encontra-se no

apêndice E.

Page 138: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

126

4.4.3 Teste da validade do modelo - Bootstrapping

Na técnica do bootstrapping, a hipótese a ser testada é submetida a uma

“reamostragem”, na qual os coeficientes da amostra original são repetidamente

reprocessados em sub-amostras aleatórias (HENSELER et al., 2009; HAIR et al., 2011).

O algoritmo da PLS-SEM estima os resultados das equações estruturais e gera estimativas

de parâmetros e de erro padrão, não mais calculadas com pressupostos estatísticos, mas,

sim, baseadas em observações empíricas (HAIR et al. 2005).

Neste estudo, optou-se pela utilização em 100 casos com 1000 repetições (sub-

amostras) para a verificação do teste t (Student), utilizado para medir significância das

diferenças entre os path coefficients do modelo da amostra original com os betas médios do

boostrapping (HENSELER et al., 2009).

Na Tabela 25 encontram-se os resultados do procedimento, mostrando que houve

diferenças estatisticamente significantes entre os coeficientes da amostra original em

relação à média dos coeficientes das novas amostras geradas somente em um caminho.

Observa-se, ainda, que: seis caminhos foram confirmados, com intervalo de confiança de

99%; três caminhos confirmados, com intervalo de confiança de 95%; um caminho

rejeitado (nostalgia => Atitude perante a marca prevalecente), no qual a análise do teste t

dos caminhos identificou uma relação com resultado não significante (p > 10%).

Tabela 25 – Análise dos coeficientes dos caminhos, por Bootstrapping

Os valores críticos para T (199g.l.): p<10%= 1,653; p<5%=1,972 e p<1%=2,601 p<0,1% = 5,712

Fonte: dados da pesquisa.

Os caminhos propostos no modelo teórico da pesquisa refletem as hipóteses

construídas conforme o entendimento do referencial teórico do estudo, elaborado com a

finalidade de elucidar o problema sugerido neste estudo. Segue o resultado da análise

Caminhos

Amostra

Original

(Total)

Média das 100

amostras

Desvio

PadrãoErro Padrão Teste T p-value

Idade -> Nostalgia 0,274 0,274 0,276 0,062 4,393 p<0,01

Propensão -> Nostalgia 0,965 0,965 0,960 0,026 36,652 p<0,001

Nostalgia -> Atitude Marca extinta 0,472 0,472 0,451 0,355 2,332 p<0,05

Nostalgia -> Atitude Marca Prevalecente -0,082 -0,082 -0,089 0,104 0,791 n.sAtitude Marca extinta -> Atitude Marca

Prevalecente-0,210 -0,210 -0,203 0,100 2,106 p<0,05

Atitude Marca extinta -> Lealdade -0,193 -0,193 -0,187 0,093 2,080 p<0,05

Atitude Marca Prevalecente -> Lealdade 0,787 0,787 0,782 0,056 14,068 p<0,001

Lealdade -> Leal_comportamental 0,772 0,772 0,777 0,038 20,071 p<0,001

Lealdade -> Leal_atitudinal 0,956 0,956 0,957 0,009 107,249 p<0,001

Custo de Mudança -> Lealdade 0,175 0,175 0,180 0,060 2,923 p<0,01

Page 139: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

127

decorrente do teste estatístico das hipóteses formuladas para desenvolver o estudo

empírico.

A primeira hipótese referiu-se à relação entre as variáveis idade e nostalgia,

representada pela hipótese H1, a qual pressupunha haver uma relação positiva entre a idade

do consumidor e o sentimento nostálgico, em um processo de fusão/aquisição de marca de

serviços. Obteve-se um coeficiente (média) de 0,274 e t (199 g.l.) = 4,393, para p < 0,01,

considerado significante, o que representa não rejeição da hipótese.

O segundo grupo de hipóteses elaboradas foi sobre propensão à nostalgia dos

clientes e o grau de nostalgia mensurado. As variáveis afirmativas destinadas a verificar a

propensão à nostalgia tiveram cargas positivas (NOSTAL1: 0,928; NOSTAL3: 0,876;

NOSTAL6: 0,787). Os valores correspondentes às cargas encontram-se no Apêndice E,

Figura 13.

O caminho destinado a relacionar a Propensão à Nostalgia com o construto da

Nostalgia correspondeu à hipótese H2, a qual tinha por suposição que clientes de uma

marca de serviço, que passaram por um processo de fusão/aquisição, são mais suscetíveis à

propensão à nostalgia, apresentou como resultado coeficiente (média) de 0,965 e t(199g.l.)

= 36,652, sendo p < 0,001, considerado significante. A formulação da hipótese foi a

seguinte: H2: Há relação positiva e significante entre a propensão à nostalgia e a

nostalgia mensurada, em clientes que passaram por um processo de fusão/aquisição.

O terceiro grupo de hipóteses testado referiu-se à atitude perante a marca extinta.

Pretendeu-se verificar se o grupo de respondentes com propensão à nostalgia possuía uma

atitude mais favorável em relação à marca extinta (Banco ABN Amro Real). As variáveis

afirmativas destinadas a verificar a Atitude perante a marca extinta tiveram cargas

positivas (ATIT REAL1: 0,915; ATIT REAL2: 0,518; ATIT REAL3: 0,844; ATIT

REAL4: 0,933; ATIT REAL5: 0,759; ATIT REAL6: 0,534; ATIT REAL7: 0,894). Os

valores correspondentes às cargas encontram-se no Apêndice E, Figura 13.

O caminho da relação de Nostalgia com o construto Atitude perante a marca

extinta, objeto do teste da hipótese H3a, procurou verificar se consumidores com maior

sentimento nostálgico tenderiam a ter opiniões mais favoráveis relativamente à marca

extinta. A hipótese foi formulada da seguinte maneira: H3a: Há relação positiva e

significante entre o sentimento nostálgico e a atitude em relação à marca extinta. Os

Page 140: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

128

resultados do teste foram: coeficiente 0,472 e t(199 g.l.) = 2,332; sendo p < 0,05,

considerado significante, sendo a hipótese não rejeitada. Os valores correspondentes às

cargas encontram-se no Apêndice E, Figura 13.

A mesma escala adaptada ao banco prevalecente (Banco Santander) foi aplicada

para avaliar a hipótese referente à atitude perante a marca prevalecente. Pretendeu-se

verificar se o grupo de respondentes com propensão à nostalgia possuía uma atitude menos

favorável à marca prevalecente. As variáveis afirmativas destinadas a verificar a Atitude

perante a marca prevalecente tiveram cargas positivas (ATIT SANT1: 0,903; ATIT

SANT2: 0,915; ATIT SANT3: 0,905; ATIT SANT4: 0,890; ATIT SANT5: 0,927;

ATIT SANT6: 0,902; ATIT SANT7: 0,884). Os valores correspondentes às cargas

encontram-se no Apêndice E, Figura 13.

O caminho relacionando Nostalgia com o construto Atitude perante a marca

prevalecente resultou da hipótese H3b, suposição de que consumidores/clientes com

maior sentimento nostálgico tendem a ter opiniões menos favoráveis relativamente à marca

prevalecente, e formulada como: H3b: Há relação negativa e significante entre o

sentimento nostálgico e a atitude em relação à marca prevalecente. Resumo dos

resultados do teste: coeficiente (média) -0,082 e t(199 g.l.) = 0,791; sendo p > 10%,

considerado não significante, sendo a hipótese rejeitada.

O caminho relacionando Atitude perante a marca extinta com o construto

Atitude perante a marca prevalecente, proveio da hipótese H3c, suposição de que

consumidores com atitude mais favorável à marca extinta tendem a ter atitude menos

favorável à marca prevalecente, e formulada da seguinte maneira: H3c: Há relação

negativa e significante entre a atitude em relação à marca extinta e a atitude em

relação à marca prevalecente. Os resultados, resumidamente, foram: coeficiente -0,210 e

t(199g.l.) = 2,106; sendo p < 0,05, sendo a hipótese não rejeitada.

As hipóteses que se destinaram a medir atitude e comportamento dos respondentes

da pesquisa tiveram o propósito de verificar a intenção desses consumidores em continuar

o relacionamento com a marca prevalecente após o processo de fusão/aquisição.

As variáveis do instrumento de pesquisa destinadas a verificar o comportamento

dos consumidores (frequência e o volume de compras) testaram a hipótese H4, cuja

suposição subjacente era de que consumidores com maior sentimento nostálgico,

Page 141: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

129

comparativamente aos consumidores com menor sentimento nostálgico, tenderiam a ter um

comportamento negativo em relação à marca prevalecente, em uma situação de

fusão/aquisição de empresa/marca.

O caminho correspondente à hipótese H4a (Há relação negativa e significante entre

lealdade e atitude em relação à marca extinta, após o processo de fusão e aquisição)

apresentou coeficiente de -0,193 e t(199 g.l.) = 2,080, para p < 0,05, considerado

significante, sendo a hipótese não rejeitada.

O caminho correspondente à hipótese H4b (Há relação positiva e significante entre

lealdade e atitude em relação à marca prevalecente, após o processo de fusão e aquisição)

apresentou coeficiente de 0,787 e t(199 g.l.) = 14,068, sendo p < 0,001, considerado

significante, sendo a hipótese não rejeitada.

As variáveis inseridas no instrumento de pesquisa destinadas a verificar a lealdade

dos consumidores provieram das hipóteses H5a (Em uma situação de fusão e aquisição,

existe relação positiva entre o comportamento dos consumidores e a lealdade à marca

prevalecente) e H5b (Em uma situação de fusão e aquisição, existe relação positiva entre a

atitude dos consumidores e a lealdade à marca prevalecente), que tinham por suposição a

existência de relação positiva, entre lealdade comportamental e atitudinal e o construto

lealdade.

As variáveis referentes às afirmações relativas à lealdade comportamental

apresentaram cargas fatoriais positivas: (LEAL COMP1: 0,832; LEAL COMP2: 0,717;

LEAL COMP3: 0,787; LEAL COMP4: 0,690; LEAL COMP5: 0,567), confirmando a

hipótese (hipótese não rejeitada). Os valores correspondentes às cargas encontram-se no

Apêndice E, Figura 13. O caminho correspondente à Lealdade Comportamental do

consumidor para a Lealdade apresentou coeficiente de 0,772 e t(199 g.l.) = 20,071, sendo

p < 0,001, considerado significante, sendo a hipótese não rejeitada.

As variáveis referentes às afirmações relativas à lealdade atitudinal apresentaram

cargas fatoriais positivas: (LEAL AT1: 0,917; LEAL AT3: 0,923; LEAL AT4: 0,922;

LEAL AT5: 0,846; LEAL AT6: 0,846; LEAL AT8: 0,841), confirmando a hipótese. Os

valores correspondentes às cargas encontram-se no Apêndice E, Figura 13. O caminho

correspondente à Lealdade Atitudinal do consumidor para a Lealdade apresentou

Page 142: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

130

coeficiente de 0,956 e t(199 g.l.) = 107,249, sendo p < 0,001, considerado significante,

sendo a hipótese não rejeitada.

Os custos de mudança percebidos e avaliados pelo consumidor foram

interpretados como os custos considerados na troca dos serviços bancários. O processo de

fusão/aquisição, com a extinção da marca do banco com a qual o cliente transacionava

anteriormente, alterou sua percepção com respeito à marca prevalecente, ocorrendo

avaliação e consideração daqueles custos. Sendo assim, o construto em questão

possivelmente influencia o comportamento de lealdade dos consumidores com as

instituições financeiras. As variáveis afirmativas destinadas a verificar o custo de

mudança dos consumidores para migração de instituição financeira tiveram cargas

positivas (CM1: 0,506; CM2: 0,694; CM3: 0,824; CM4: 0,836; CM5: 0,716). Os valores

correspondentes às cargas encontram-se no Apêndice E, Figura 13.

O caminho relacionando Custo de Mudança do consumidor com Lealdade

decorreu da hipótese H6, cuja suposição era de que, quanto maiores forem os custos de

mudança, maior será o grau de lealdade do consumidor e cuja formulação foi a seguinte:

H6: Quanto maiores forem os custos de mudança, maior será o grau de lealdade atitudinal

e comportamental do consumidor. Resumo dos resultados apurados: coeficiente (média)

igual a 0,175 e t(199 g.l.) = 2,923, sendo p < 0,01, considerado significante e conduzindo à

não rejeição da hipótese.

A tabela 26 apresenta o resumo geral dos resultados dos testes das hipóteses do estudo

após o processamento dos dados e os cálculos estatísticos realizados.

Page 143: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

131

Tabela 26 – Resultados dos testes das hipóteses

Hipóteses Caminhos

Amostra

Original

(Total)

Média das

100

amostras

Desvio

Padrão

Erro

Padrão Teste T p-value Resultado

H1: Há relação positiva entre a idade do consumidor

e o sentimento nostálgico em um processo de

fusão/aquisição de marca de serviços.

Idade -> Nostalgia 0,274 0,274 0,276 0,062 4,393 p<0,01 Hipótese não

rejeitada

H2: Há relação positiva e significante entre a

propensão à nostalgia e a nostalgia mensurada, em

clientes que passaram por um processo de

fusão/aquisição.

Propensão -> Nostalgia 0,965 0,965 0,960 0,026 36,652 p<0,001 Hipótese não

rejeitada

H3a: Há relação positiva e significante entre o

sentimento nostálgico e a atitude em relação à marca

extinta.

Nostalgia -> Atitude

Marca extinta 0,472 0,472 0,451 0,355 2,332 p<0,05

Hipótese não

rejeitada

H3b: Há relação negativa e significante entre o

sentimento nostálgico e a atitude em relação à marca

prevalecente.

Nostalgia -> Atitude

Marca Prevalecente -0,082 -0,082 -0,089 0,104 0,791 n.s.

Hipótese

rejeitada

H3c: Há relação negativa e significante entre a

atitude em relação à marca extinta e a atitude à

marca prevalecente.

Atitude Marca extinta ->

Atitude Marca

Prevalecente

-0,210 -0,210 -0,203 0,010 2,106 p<0,05

Hipótese não

rejeitada

H4a: Há relação negativa e significante entre a

lealdade e atitude em relação à marca extinta, após o

processo de fusão e aquisição.

Atitude Marca extinta ->

Lealdade -0,193 -0,193 -0,187 0,093 2,080 p<0,05

Hipótese não

rejeitada

H4b Há relação positiva e significante entre a

lealdade e atitude em relação à marca prevalecente,

após o processo de fusão e aquisição.

Atitude Marca

Prevalecente -> Lealdade 0,787 0,787 0,782 0,056 14,068 p<0,001

Hipótese não

rejeitada

H5a: Em uma situação de fusão e aquisição, existe

relação positiva entre o comportamento dos

consumidores e a lealdade à marca prevalecente.

Lealdade -> Leal

comportamental 0,772 0,772 0,777 0,038 20,071 p<0,001

Hipótese não

rejeitada

H5b: Em uma situação de fusão e aquisição, existe

relação positiva entre a atitude dos consumidores e a

lealdade à marca prevalecente.

Lealdade -> Leal

atitudinal 0,956 0,956 0,957 0,009 107,249 p<0,001

Hipótese não

rejeitada

H6: Quanto maiores forem os custos de mudança,

maior será o grau de lealdade atitudinal e

comportamental do consumidor.

Custo de Mudança ->

Lealdade 0,175 0,175 0,180 0,060 2,923 p<0,01

Hipótese não

rejeitada

Os valores críticos para T (199g.l.): p<10%= 1,653; p<5%=1,972 e p<1%=2,601 p<0,1% = 5,712

Fonte: dados da pesquisa

Page 144: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

132

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo contempla as considerações acerca do estudo realizado, destacando as

conclusões do estudo, suas implicações acadêmicas e gerenciais, limitações e sugestões

para futuros estudos.

5.1 CONCLUSÕES DO ESTUDO

O estudo teve por objetivo estudar o efeito exercido pelo sentimento nostálgico

sobre o comportamento a lealdade do consumidor, após a extinção de uma marca, como

resultado do processo de fusão/aquisição, culminando com a proposição e teste de um

modelo explicativo das relações entre os referidos construtos.

O passo inicial do estudo foi a realização de uma revisão teórica da literatura,

discorrendo sobre os diferentes temas envolvidos, os quais foram tratados em dois

segmentos. O primeiro segmento foi dedicado à construção do embasamento conceitual

dos construtos pesquisados: marca, atitude perante a marca, lealdade e lealdade à marca,

custos de mudança, gestão da marca, nostalgia. Em um segundo segmento, dedicado a

analisar o contexto e o cenário em que os construtos foram pesquisados, foram levantados

conceitualmente os seguintes temas: mercado bancário, o processo de fusão, peculiaridades

do marketing de serviços e bancário.

Na sequência, após serem levantados e descritos estudos consolidados versando

sobre lealdade, atitude perante a marca, custos de mudança e nostalgia, elaborou-se a

proposição de um modelo conceitual do efeito da nostalgia experimentada pelo

consumidor na lealdade à marca, tendo por base o cenário e o contexto específico em que a

pesquisa de campo foi conduzida, fusão de duas instituições bancárias com supressão de

uma das marcas.

Por último, o modelo proposto foi testado e validado com base em análises

estatísticas multivariadas dos dados colhidos junto a 207 clientes do Banco Santander, que

tiveram seus questionários respondidos validados, os quais possuíam relacionamento com

o banco anterior, Banco ABN/Amro Real, antes da fusão.

A revisão bibliográfica que configurou o marco teórico pesquisado

exploratoriamente baseou-se em Journals internacionais e importantes periódicos

Page 145: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

133

acadêmicos nacionais como: Journal of Marketing Research, Harvard Business Review,

Brand Management, Advances in Consumer Research, Journal of the Academy of

Marketing Science, Journal of Information Technology Theory and Application, Journal of

Personality and Social Psychology, Journal of Marketing, International Journal of

Research in Marketing, European Journal of Marketing, Advances in International

Marketing, Journal of Business Research, Journal of Consumer Behavior, Psychoanalytic

Review, The Journal of Service Marketing, Journal of Advertising, Advances in

International Marketing, Journal of Business Research, Journal of Consumer Behavior,

Psychoanalytic Review, Psychology and Marketing, The Journal of Service Marketing,

Journal of Advertising; Revista Contemporânea de Economia e Gestão, Revista Ciência da

Administração, Revista de Administração de Empresas (RAE), RAC (Revista de

Administração Contemporânea). O embasamento conceitual apoiou-se, ainda, em Anais de

congressos nacionais e internacionais bem como em dissertações de mestrado e tese de

doutorado defendidas em prestigiosas instituições brasileiras que oferecem programas de

Pós-Graduação stricto sensu: Universidade de São Paulo, UFRGS (Universidade Federal

do Rio Grande do Sul), Universidade Nove de Julho – UNINOVE, Pontifícia Universidade

Católica – PUC São Paulo.

Observe-se que, em razão da escassa literatura brasileira explorando o conceito de

nostalgia no âmbito dos estudos de marketing, a revisão bibliográfica recorreu

predominantemente à literatura internacional, a qual permitiu uma leitura mais

aprofundada das múltiplas abordagens sobre o tema central da dissertação. A mesma

literatura revelou a inexistência de uma concepção consensual do construto, admitido ora

como sentimento negativo, ora como sentimento positivo ou mesmo até mesmo como um

sentimento “agridoce”.

Para atingir os objetivos central e secundários do estudo, idealizou-se,

preliminarmente, um modelo teórico tendo por base uma escala de referência, proposta por

Holbrook (1993), cuja conceituação de nostalgia é concebida como um sentimento

negativo. À proposição do modelo seguiu-se a segunda parte do estudo integrante da

dissertação, ou seja, o delineamento de uma pesquisa empírica que permitisse testar as

suposições (hipóteses) inerentes às relações explicativas entre os construtos presentes no

modelo teórico.

Page 146: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

134

A pesquisa empírica, de caráter descritivo-quantitativo, permitiu traçar um perfil de

respondentes com as características descritivas expostas a seguir. Os dados do

levantamento revelaram uma divisão da amostra, por sexo (46% mulheres e 54% homens);

por idade (88% dos respondentes na faixa etária acima de 30 anos); por nível educacional

(98% são, no mínimo, graduados em curso superior ou equivalente); por renda familiar

(70% possuem renda acima de R$ 5.241,00).

Quanto ao perfil bancário dos respondentes, foram anotados os seguintes

indicadores: 81% possuem mais do que um banco de relacionamento; 85,3% relacionam-se

há mais de cinco anos com os bancos ABN/Amro e Santander; 64,9% alegaram que o

Banco ABN/Amro Real era o principal banco antes da fusão e, após a fusão, o Banco

Santander era considerado por somente 59% dos componentes da amostra como o banco

principal. Oportuno mencionar que, ao se cruzarem as duas informações, observa-se uma

migração para um banco concorrente de 30% dos clientes que alegaram ter o banco

ABN/Amro Real como instituição de relacionamento principal.

Ao se avaliar o custo de mudança, tendo em conta uma característica do perfil da

amostra (a maioria dos respondentes era representada por funcionários da Universidade

Nove de Julho e Universidade de São Paulo / FIA, instituições que remuneram os

funcionários por meio do Banco Santander), é possível que a lealdade (manter o

relacionamento com o Banco Santander), deva-se ao vinculo determinado por essa

condição (conta-salário).

O modelo teórico proposto, submetido aos testes de hipótese verificadores de

confiabilidade e validade, tanto no âmbito dos itens de mensuração quanto do modelo

estrutural, foi aceito. Além disso, o modelo apresentou um alto nível de ajuste geral, ou da

variância explicada, representado pelo coeficiente R2

= 0.769, referente ao construto

lealdade. Nesse sentido, é possível confirmar as hipóteses subjacentes às relações entre os

construtos do modelo idealizado e o atendimento dos objetivos propostos no estudo.

Especificamente, levando em conta o modelo proposto e as etapas necessárias para

a validação dos construtos bem como para a realização dos testes estatísticos das hipóteses

pertinentes às relações entre os construtos, tendo por base os dados empíricos levantados, o

percurso metodológico para conseguir atingir os objetivos permitiu chegar às seguintes

considerações:

Page 147: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

135

a. Objetivo principal: Estudar o efeito do sentimento nostálgico do

consumidor no comportamento e na lealdade, após a extinção de uma

marca em decorrência do processo de fusão/aquisição e a proposição e teste

de um modelo explicativo das relações entre os referidos construtos.

O instrumento utilizado no levantamento realizado detalhou individualmente os

conceitos de nostalgia, observando de forma independente a propensão do indivíduo ao

sentimento nostálgico, além de aprofundar-se nos conceitos de atitude perante a marca e de

lealdade. Por se tratar de uma situação específica, processo de fusão/aquisição em bancos

comerciais, foi feita a inclusão do construto custo de mudança para avaliar de forma mais

precisa o comportamento do cliente com relação à marca prevalecente, visto que o

relacionamento em bancos, muitas vezes, pode estar atrelado a algum produto/serviço

vinculado a contrato de longo prazo, o qual força o cliente a manter o relacionamento com

o banco (exemplo: crédito imobiliário, conta-salário, financiamento de veículo). Ao avaliar

as cargas presentes nos construtos, após o ajuste do modelo, percebeu-se que as cargas

analisadas por meio da Modelagem de Equações Estruturais (MEE) foram positivas e

satisfatórias: assim, o objetivo pode ser considerado atingido.

b. Objetivo secundário I: Avaliar se a nostalgia pode afetar o relacionamento

do consumidor com a marca resultante do processo de fusão e aquisição.

A confirmação da hipóteses H4a (Atitude marca extinta – Lealdade); H4b (Atitude

marca prevalecente – Lealdade), H5a (Lealdade – Lealdade comportamental) e H5b

(Lealdade – Lealdade Atitudinal) atesta a influência da nostalgia na lealdade do cliente.

c. Objetivo secundário II: Identificar os antecedentes que aumentam a

predisposição do consumidor ao sentimento de nostalgia e sua relação com

lealdade.

O modelo tomou, como antecedentes da nostalgia, a propensão à nostalgia, medida

pela a escala de Holbrook, e a idade, variável considerada por alguns pesquisadores como

influenciadora da nostalgia e, por outros, tida como sem influência na nostalgia. As

hipóteses H1 e H2 traziam esses dois antecedentes para a predisposição do consumidor ao

sentimento de nostalgia e ambas apresentaram resultados confirmatórios, sendo as

hipóteses não rejeitadas e, consequentemente, atendido esse objetivo secundário.

Page 148: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

136

d. Objetivo secundário III: Avaliar o efeito do custo de mudança na

lealdade/permanência do consumidor à marca

Nesse caso, foram feitas considerações sobre a adaptação a um novo banco e sobre

os problemas decorrentes da nova situação, uma vez que o modelo de atuação de

instituições financeiras contribui para um relacionamento de longo prazo entre as partes,

seja mediante a contratação de um investimento (previdência, por exemplo) ou empréstimo

(casa própria, financiamento de veículo). Houve a confirmação da hipótese H6 (Custo de

mudança – Lealdade), verificando-se relação positiva entre o custo de mudança e lealdade.

O custo de mudança é um empecilho à mudança em definitivo de banco, dificultando a

descontinuidade de relacionamento com o banco que teve a marca prevalecente. A maioria

dos respondentes recebe salário pelo banco prevalecente. Entretanto, tal fato não os

impediu de aumentar o relacionamento com bancos concorrentes, mas pode ter impedido o

encerramento da conta e a cessação do relacionamento.

Conclui-se que todos os objetivos propostos pelo estudo foram atingidos. A questão

central do estudo, cuja resposta remeteu ao objetivo do estudo, foi enunciada da seguinte

maneira.

“O sentimento de nostalgia influencia o comportamento do cliente da marca

extinta, afetando sua lealdade à nova marca resultante do processo de fusão?”

O modelo proposto avaliou importantes atributos pertinentes ao tema, possuindo

uma amarração entre os aspectos que avaliam o sentimento de nostalgia e a lealdade. Vale

ressaltar que o tipo de cliente analisado viveu um processo em que a sua marca de

relacionamento foi extinta, após um processo de fusão e, consequentemente, passou a

adotar a nova marca em seu relacionamento com a instituição financeira. Nesse modelo,

esperava-se verificar que a “saudade”, o sentimento de nostalgia do cliente, interferisse no

relacionamento com a nova marca. A hipótese (H3a) que verificava a atitude positiva

perante marca extinta por uma atitude negativa perante a marca prevalecente não foi

rejeitada e confirmada assim, a influência do sentimento de nostalgia do cliente e

confirmada. Porém a hipótese (H3b) que a avaliava a relação negativa entre o sentimento

nostálgico e a atitude em relação à marca prevalecente foi rejeitada, não se confirmando.

Posteriormente ao levantamento da influência do sentimento de nostalgia no

comportamento do cliente, avaliou-se a lealdade desse cliente, por meio das hipóteses: H4a

Page 149: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

137

(Atitude marca extinta – Lealdade), H4b (Atitude Marca Prevalecente – Lealdade), H5a

(Lealdade Comportamental – Lealdade) e H5b (Lealdade Atitudinal – Lealdade), as quais

não foram rejeitadas.

A significância apurada da influência do sentimento de nostalgia nos antecedentes

da lealdade possibilitou o entendimento de que os consumidores possuíam um

relacionamento com instituição detentora da marca extinta e, após o rompimento desse

relacionamento, tiveram afetadas suas atitudes em relação às marcas extinta e prevalecente.

Nessas circunstâncias, houve um comprometimento da lealdade ao banco remanescente

(hipóteses H4a e H4b). Porém, essa percepção não comprometeu o seu relacionamento por

completo, devido à presença do custo de mudança (H6), o qual solidifica um vinculo entre

o cliente e o banco. Os resultados do teste confirmaram as hipóteses H5a, H5b e H6.

A verificação dos construtos Nostalgia e Custo de Mudança, considerados

determinantes na lealdade dos consumidores, ressaltou a importância e a atenção que os

fornecedores de serviços precisam ter na condução da gestão da marca após um processo

de fusão/aquisição, de modo a atenuar os impactos no seu relacionamento com o cliente. É

um imperativo a criação de novos valores e manutenção de valores diferenciados

anteriores, que, se percebidos pelos clientes, podem construir barreiras de saída e impedir a

sua movimentação em direção à concorrência.

5.2 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS

O construto nostalgia constitui um tema pouco explorado no domínio acadêmico

brasileiro, sob o ponto de vista de marketing. Fleck et al. (2008), conforme salientado

anteriormente no texto, trataram da validação da escala de Holbrook, mas no contexto

brasileiro. Os autores procuraram avaliar se os fatores culturais poderiam invalidar a

escala. O trabalho apresentou uma diferença de dimensionalidade no caso de as escalas

serem aplicadas no Brasil. Além desse, não se encontraram outros estudos semelhantes no

Brasil. Todavia, o estudo que caracteriza esta dissertação diferencia-se do de Fleck et al.

(2008), principalmente pela natureza da utilização da escala de Holbrook: em um contexto

de lealdade à marca. No levantamento teórico, não foi encontrado trabalho com esse tipo

de abordagem, o que permite concluir que este estudo contribui para a academia com uma

nova perspectiva de análise do construto nostalgia na esfera do comportamento do

consumidor.

Page 150: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

138

No âmbito internacional, o construto nostalgia foi muito estudado na década de 90,

tendo continuidade em estudos recentes. Há uma concentração de trabalhos sobre

nostalgia, nos anos 90, mas eles são provenientes de estudos quase que circunscritos ao

domínio da Psicologia; as implicações em marketing direcionam-se predominantemente

para a análise da nostalgia e a exploração do conceito no âmbito da variável comunicação

(propaganda/relações públicas, publicidade, venda pessoal. A inserção de apelos

nostálgicos na comunicação persuasiva contribuiu para conquistar maior identificação com

o produto/marca e, consequentemente, induzir o incremento no consumo.

Muitos dos estudos têm revelado uma tendência de utilização de linhas retrô ou

mesmo o relançamento de marcas/produtos já extintos como, por exemplo, o chocolate

Lollo, lançado na década de 80, pela Nestlé, o qual foi tirado de circulação e alterado para

o nome Milkybar, na década de 90 e, em 2012, voltou ao mercado com o nome de

lançamento. Outro exemplo é o do New Beetle, da Volkswagen. Assim, tem-se uma

segunda contribuição acadêmica do estudo: entender como o sentimento nostálgico pode

afetar o relacionamento do consumidor com a marca. Com base no referencial teórico

estudado, constatou-se uma relação de proximidade entre consumidor e marca, a qual pode

ser muitas vezes explicada pelo relacionamento da infância com essa marca, iniciado ou

estimulado pelos pais. A utilização da nostalgia em propaganda pode contribuir para o

resgate desse relacionamento.

Uma terceira contribuição acadêmica do estudo foi agregar em um único modelo

diversos construtos: nostalgia, atitude perante a marca, lealdade e custo de mudança. A

escolha de um cenário de fusão e aquisição possibilitou a percepção mais apurada da

gestão de marca após a extinção de uma delas. Dessa forma, o consumidor pode

experimentar o impacto do fenômeno aquisição, o que repercutirá em sua atitude e em seu

comportamento com relação à marca prevalecente.

Abre-se ainda a possibilidade de avaliar outros modelos de gestão de marca após a

ocorrência do fenômeno fusão/aquisição, ou mesmo após a extinção de marcas sem que

tenha havido esse processo, a fim de avaliar o efeito da nostalgia como antecedente da

lealdade à marca.

5.3 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Page 151: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

139

O crescente aumento das fusões e aquisições entre bancos e entre outras ramos de

empresas abriu a possibilidade de o presente trabalho trazer contribuição também do ponto

de vista empresarial. O tema pesquisado e o modelo proposto e validado representam uma

ferramenta de análise para subsidiar as organizações na tomada de decisão referente ao

gerenciamento da marca, evitando, assim, uma deterioração ou até mesmo extinção do

relacionamento entre o cliente da marca adquirida ou que tenha sido objeto de fusão.

Este trabalho focou o comportamento do consumidor, aprofundando os fatores que

influenciam a atitude perante a marca e a lealdade à marca. A análise do conceito de

nostalgia convergiu para a compreensão de um novo fator que influencia o cliente no

relacionamento com a marca. E, a partir dessa constatação, fundamentado em um modelo

validado, foi possível mensurar as diferentes dimensões do relacionamento do cliente com

a marca prevalecente, após o processo de fusão. Nesse sentido, o estudo representou um

instrumento útil para dar consistência às decisões que emergirem da prática gerencial das

organizações do setor. Assim, pela identificação dos elementos que influenciam a forma

como os consumidores se relacionam com marca, as empresas podem encontrar maneiras

de entregar valor mais relevante para seus clientes, estabelecendo relacionamentos mais

duradouros.

Nesse contexto, os gestores de marca podem considerar alguns pontos:

a) Após um processo de fusão/aquisição, é importante ponderar o sentimento de

nostalgia do cliente, a fim de manter o relacionamento com a marca extinta, mas

presente na mente do consumidor. A atitude favorável perante a marca

remanescente reforçará a continuidade do relacionamento.

b) Compreender o que o cliente espera da nova marca ajuda a planejar estratégias e

táticas para agregar valor à marca prevalecente, trazendo consigo aspectos

evocativos da marca extinta que remetam às características positivas associadas

ao serviço, enfatizando: imagens do relacionamento anterior, serviços e

atendimento alinhados ao padrão de excelência da antiga marca, projetando a

imagem de que os serviços não irão piorar e sim melhorar.

Page 152: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

140

c) Ações de comunicação de marketing podem ser adaptadas em conformidade

com as dimensões mais importantes do sentimento de nostalgia do cliente,

permitindo que os formatos e as mensagens estejam mais alinhados com as

expectativas do cliente que migrou para a marca remanescente.

d) A existência de um custo de mudança para um novo banco pode acarretar uma

falsa sensação de lealdade. É importante avaliá-lo, medi-lo, e trabalhar para que

o real elo entre a marca e o consumidor esteja atrelado ao desejo de manutenção

do relacionamento com a empresa.

Conclui-se do exposto que a interação entre academia e organizações deve estar

presente em qualquer trabalho de cunho acadêmico, o qual não deve se circunscrever a

aprofundar o conhecimento como um fim em si mesmo. Espera-se que trabalhos dessa

natureza devam contribuir para estimular profissionais de empresas a utilizar em sua

atividade gerencial os conceitos, técnicas, processos e resultados apresentados.

Sob os aspectos considerados, as empresas que passam por um processo de

fusão/aquisição oferecem valiosas lições aos gestores de todos os tipos de negócios.

Compreender o que os consumidores sentem a respeito de uma marca e o vínculo

nostálgico estabelecido com ela pode ajudar os profissionais de marketing de outros ramos

de atividade a desenvolver estratégias que propiciem uma transição entre as marcas, de

forma a agregar valor, ou a criar marcas com forte vínculo nostálgico, associando a elas

uma retrospectiva histórica que remeta a um resultado próximo ao experimentado no

passado.

5.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O estudo, conforme já mencionado, objetivou contribuir para a compreensão do

comportamento do consumidor, avaliando o efeito da nostalgia do cliente na lealdade à

marca após sua eliminação. A proposição e teste de um modelo teórico para analisar as

múltiplas dimensões do relacionamento do cliente com a marca, efetuados com o apoio de

uma pesquisa de campo, permitiram concluir que se alcançaram os objetivos estabelecidos,

ajudando a refinar e confirmar o modelo proposto. Porém, deve-se ressaltar que qualquer

abordagem de pesquisa, especialmente no terreno das ciências sociais aplicadas, possui

limitações que lhe são inerentes, entre as quais podem ser mencionadas:

Page 153: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

141

A primeira limitação refere-se à aplicação da pesquisa quantitativa, uma vez que a

seleção dos respondentes para composição da amostra não resultou de uma seleção

aleatória e, sim, de uma escolha por conveniência. Essa condição implica que a amostra

não permite generalizações dos achados da pesquisa empírica, os quais devem ficar

restritos ao âmbito da própria amostra.

Outra possível limitação foi devida à delimitação do cenário da pesquisa: o

processo de fusão e aquisição de bancos, mas circunscrito a um caso ou situação: fusão do

Banco Santander com o Banco ABN/Amro Real. Isso pode ensejar um viés sistêmico, por

terem tais bancos características muito díspares e, portanto, propiciarem de forma mais

contundente os impactos no processo de fusão devido principalmente à diversidade de suas

culturas e, consequentemente, de suas práticas gerenciais. Portanto, essa limitação

representa uma barreira à interpretação e generalização dos achados.

Em relação ao escopo da pesquisa, o modelo proposto refere-se especificamente a

clientes de serviços. Para essa categoria intangível de produto, o relacionamento com a

marca é, muitas vezes, determinada pelo atendimento que a empresa oferece. Porém, sua

aplicabilidade à categoria de produtos tangíveis pode não se manifestar tão diretamente.

Outra limitação relaciona-se à amostra. Houve mais de 600 acessos únicos do

questionário, obtendo-se um aproveitamento de somente 207 questionários, devido à

desistência de muitos respondentes de completarem o instrumento. A quantidade colhida,

acrescida do perfil da amostra, concentrada fortemente em clientes possuidores de conta-

salário no Banco Santander e domiciliados na cidade de São Paulo, restringiram a

extrapolação dos resultados para clientes de todo o Brasil e de outros bancos que viveram o

mesmo processo de fusão/aquisição, como foi o caso do Itaú e Unibanco, ou Banco do

Brasil e Nossa Caixa, ou mesmo Pactual e Panamericano.

Apesar dessas limitações, considera-se que o estudo agregou informações

relevantes tanto para a academia como para as empresas em processos de fusão e

aquisição, como tem sido característica do setor bancário, uma vez que a busca de lealdade

do cliente é uma forma de se procurar a maximização de resultados da empresa em

benefício de outra categoria de clientes, seus acionistas e proprietários. Novas

investigações sobre o assunto podem ser construídas utilizando os importantes aspectos

relacionados diretamente aos processos.

Page 154: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

142

5.5 SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

O modelo proposto e confirmado, além de integrar contribuições de diferentes

autores, incorporar resultados de pesquisas quantitativas e reflexões críticas sobre

conceitos associados com o efeito na nostalgia do cliente na lealdade à marca, contribuiu

para sugerir a construção de novos construtos, assim como novas abordagens

metodológicas que poderão, ou não, refutar os achados dessa dissertação.

A investigação sobre o construto Nostalgia não se esgota com um estudo específico

vinculado à lealdade à marca, em processos de fusão/aquisição. Estudos futuros podem

direcionar-se à análise de outros cenários para avaliar o efeito da nostalgia no

comportamento do consumidor: utilização da nostalgia em propaganda para aumento de

relacionamento do cliente com marca; relançamento de produtos que favoreçam o

despertar do sentimento de nostalgia do cliente, visando a estimular e revigorar um

relacionamento.

Visto que o estudo abordou exclusivamente clientes do Banco Santander, seria

sugestivo replicá-lo com clientes de outros bancos ou mesmo de empresas que passaram

por idêntico processo, para investigar se os resultados são convergentes com os obtidos

neste estudo. Com isso, se avaliaria se os resultados do presente estudo estão atrelados a

características dos clientes Santander, ou podem ser generalizados para clientes de outras

organizações de diferentes setores de atividade. Além disso, constando-se a crescente

tendência de fusões e aquisições no mercado brasileiro, sugere-se adaptar e testar o modelo

para estudar outros setores. Dessa forma, seria constatada ou não a possível validade

externa dos construtos selecionados.

A importância de entender a estrutura geral do modelo aqui proposto, e estendê-la

para outras marcas de empresas que passarem por processos de fusão, permite a proposição

de uma estratégia menos impactante para os clientes que veem a antiga marca de

relacionamento morrer.

Finalmente, em relação aos resultados das análises estatísticas do modelo

conceitual, sugere-se desenvolver novos itens de mensuração para o construto Nostalgia,

adaptando-o de forma condizente com a cultura brasileira, uma vez que a escala utilizada

possuía uma perspectiva do futuro que era medida por uma escala reversa, modalidade de

difícil entendimento em termos de cultura brasileira.

Page 155: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

143

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AAKER, D. A. Marcas: Brand Equity - Gerenciando o valor da marca. São Paulo:

Negócio Editora, 1998, traduzido de AAKER, D. A. Managing brand equity: capitalizing

on the value of a brand name. The Free Press: Nova York. 1991.

AAKER, D. A. Construindo marcas fortes. Porto Alegre: Bookman. 2007.

AAKER, J. L. Dimensions of brand personality. Journal of Marketing Research, v. 43,

p. 347-356, Agosto. 1997.

ALLPORT, G. W. Attitudes. In C. Murchison (Coordenadores), Handbook of social

psychology. Worcester, MA: Clark University Press, p. 798-884. 1935.

AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Dictionary of Marketing Terms, 2ª

edição, editado por Peter D. Bennett, publicado em conjunto com a American Marketing

Association, Chicago, EUA e NTC Publishing Group: Lincolnwood, IL, EUA. 1995.

ANSPACH, C. K. Transcrição de Medical Dissertation on Nostalgy (J. Hofer, 1688).

Bulletin of The Institute of the History of Medicine, v. 2, n. 6. Agosto. 1934.

ARAÚJO, C. A. G.; GOLDNER, F; FARIA, L. H. L.; BRANDÃO, M. M. Estratégia de

fusão e aquisição bancária no Brasil: evidências empíricas sobre retornos. Revista

Contemporânea de Economia e Gestão. Vol.5, n. 2, p. 7-20. Julho - Dezembro. 2007.

ARTHUR, W. B. Increasing returns and the new world of business. Harvard Business

Review, p. 100-109, Julho-Agosto. 1996.

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas. 1999.

AZOULAY, A.; KAPFERER, J-N. Do brand personality scales really measure brand

personality? Brand Management, v. 2, 1p. 43-155. 2003.

BACHA, M. L. Semiótica aplicada ao marketing: a marca como signo. Encontro anual da

Anpad – ENANPAD. Anais do EnAnpad. Brasília. 2005.

BAKER S. M.; KENNEDY P.F. Death by nostalgia: a diagnostic of context- specific-

cases, Advances in Consumer Research, v.21, p.169-174. 1994.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema Financeiro Nacional. 2006. Disponível

<htpp://www.bcb.gov.br/Pre/bcUniversidade/Palestras/BC%20e%20Universidade%202.6.

2006. pdf>. Acesso em 20 set. 2012.

BANSAL, H. S.; TAYLOR, S. F.; JAMES, Y. St. Migrating to new service providers:

toward a unifying framework of consumers’ switching behaviors. Journal of the

Academy of Marketing Science, v. 33, n. 1, p. 96 – 115, Janeiro. 2005.

Page 156: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

144

BATCHO, K. I. Nostalgia: bitter, sweet or bittersweet. Anais eletrônicos da Hawaii

International Conference on Social Sciences. Honolulu, p. 1-10. 1995.

BAUMGARTNER, H. Remembrance of things past: music, autobiographical memory, and

emotion, Advances in Consumer Research. John F. Sherry, Jr. e Brian Sternthal

(editores), Provo, UT : Association for Consumer Research, v.19, p. 613-620. 1992.

BELK, R. W. The role of possessions in constructing and maintaining a sense of the past,

Advances in Consumer Research, v.17, p.669-676, 1990.

BELLAAJ GARGOURI, R.; AKROUT, F. Nostalgie et fidélité du consommateur: le rôle

médiateur de l’attachement à la marque, International Congress Marketing Trends.

Veneza, Janeiro. 2008.

BELLELLI, G. Une émotion ambiguë: la nostalgie, Cahiers Internationaux de

Psychologie Sociale, v.11, p.59-7. 1991.

BENETT, P. D.; KASSARJIAN, H. H. O comportamento do consumidor. São Paulo:

Editora Atlas. 1975.

BENETT, P. D. Dictionary of marketing terms, 2a. Edição. American Marketing

Association – AMA. Nova York: McGraw-Hill. 1995.

BLATTBERG, R. C; DEIGHTON, J. Manage marketing by the customer equity test.

Boston: Harvard Business Review, 74, p. 136-144. Julho - Agosto. 1996.

BLATTBERG, R. C.; GETZ, G.; THOMAS, J. S. Customer equity: building and

managing relationships as valuable assets, Boston, Massachusetts, Harvard Business

School Press. 2001.

BOYM, S. The future of nostalgy. Nova York: Perseus Books Group: Basic Book. 2002.

BRITO, G.A.S.; BATISTELLA, F.D.; FAMA, R. Fusões e aquisições no setor bancário.

Anais do ENANPAD, Curitiba. 2004.

BURNHAM, T. A.; FRELS, J. K.; MAHAJAN, V. Consumer switching cost: A typology,

antecedents, and consequences. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 31,

n.2, p. 109-126. 2003.

BURTON, S., LICHTENSTEIN, D., NETEMEYER, R., GARRETSON, J. A scale for

measuring attitude toward private label products and an examination of its psychological

behavioural correlates. Journal of Academy of Marketing Science, Vol. 26, No.4, 293-

306. 1998.

CAMARGOS, M. Fusões, aquisições e takeovers: um levantamento teórico dos

motivos, hipóteses testáveis e evidências empíricas. Disponível em

<http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/v10n2art2.pdf>. Acesso em 02 set. 2012.

Page 157: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

145

CERTO, S. C.; PETER J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação

da estratégia. São Paulo. Makron Books, 2004.

CHAPLIN, S. The psychology of time and death. Ashland, OH: Sonnet Press. 2000.

CHAVE, E. J. A new type scale for measuring attitudes. Religious Education, v. 23, p.

364 – 369. 1929.

CHUN, W., NEWSTED, P. Structural equation modeling analysis with small samples

using partial least squares, in Rick Hoyle, (Coordenadores), Statistical Strategies for

Small Sample Research, Sage Publications, 1999, pp. 307-341.

CHURCHILL, G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo:

Saraiva. 2000.

________; IACOBUCCI, D. Marketing research: methodological foundations. Ohio:

South-Western Cengage Learning. 2010.

CIAB FEBRABAN. “Bancarização” coletiva – O setor bancário em números, 2009.

<http://www.febraban.org.br/arquivo/Servicos/.../novo/ B_1_ArthurAbib.pdf>. Acesso em

30 mar. 2012.

CRESCITELLI, E.; SHIMP, T. A. Comunicação de marketing. São Paulo: Cengage

Learning. 2012.

COOPER, D. R.; SCHINDLER P. S. Métodos de pesquisa em administração. Porto

Alegre: Bookman. 2003.

DAVIS, F. Yearning for yesterday: sociology of nostalgy, New York: The Free Press.

1979.

DICK, A. S.; BASU, K. Customer loyalty: towards an integrated conceptual framework,

Journal of the Academy of Marketing Science. v. 2 (2), p.99-113. 1994.

DIOGO, J. A origem da marca, in Marketing gestão da marca: disponível em

<http://marcating.wordpress.com/teoria/a-origem-da-marca/>. Acesso em 15 agosto, 2012.

DIVARD, R.; DEMONTROND, P. R. La nostalgie : un thème récent dans la recherche

marketing. Recherche et Applications en Marketing, v. 12, 4, 41-62. 1997.

ECONOMIA & NEGÓCIOS. Como manter a calma quando o patrão muda. Disponível

em <http://economia.estadao.com.br/noticias/sua-carrera,como-manter-a-calma-quando-o-

patrao-muda,not_38063,0.htm>. Acesso em 15 maio de 2012.

EIGLIER, P.; LANGEARD, E. Marketing of services: new insights from consumers and

managers. Cambridge, MA: Marketing Science Institute, p. 81-104. 1981.

ELLWOOD, I. O livro essencial das marcas: tudo o que você precisa saber, em mais

de 100 técnicas para aumentar o valor das marcas. São Paulo: Clio Editora. 2004.

Page 158: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

146

ESPINOZA, F. S. O impacto de experiências emocionais na atitude e intenção de

comportamento do consumidor. Dissertação de Mestrado. Escola de Administração da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2004.

FEBRABAN. Número de Bancos no Brasil Disponível em <http://www.febraban.org.br/

Arquivo/Serviços/Imprensa/Conc0404.pdf>. Acesso em 20 novembro de 2011.

FELDWICK, P. What is brand equity, anyway? Henley-on-Thames. World Advertising

Research Center. 2002.

FERREIRA, R. J. Sistema Financeiro Nacional. Disponível em Sistema Financeiro

Nacional. Disponível em <http://www.editoraferreira.com.br/publique/media/01SFN.pdf>.

Acesso em 12 fev. 2012.

FIELD, A. Discovering statistics using SPSS. Londres: Sage Publications. 2009.

FISHBEIN, M; AJZEN, I. Belief, attitude, intention and behavior: an introduction to

theory and research. Menlo Park: Addison-Wesley Publishing Co. 1975.

FLECK, J. P. S.; ABDALA, P. R. Z.; TROTT S. Nostalgia e marketing: revisão de

conceitos e validação da escala de tendência nostálgica de Holbrook no Brasil. III

Encontro de Marketing da ANPAD, Curitiba, Maio, 2008.

FONTENELLE, I. A. O nome da marca: McDonald´s, fetichismo e cultura

descartável. São Paulo: Boitempo Editorial. 2002.

FORNELL, C. A.; JOHNSON, M. D.; ANDERSON, E. W.; CHA, J.; BRYANT, B. E. The

American customer satisfaction index: nature, purpose and findings. Journal of

Marketing, Chicago, v.60, p. 7-18, Outubro. 1996.

FORNELL, C. A.; JOHNSON, A. National customer satisfaction barometer: The Swedish

experience. Journal of Marketing, Chicago, v.56, p. 6-21, Janeiro. 1992.

FOURNIER, S.; YAO, J. L. Reviving brand loyalty: A reconceptualization within the

framework of consumer – brand relationships. International Journal of Research in

Marketing, Boston, v.14, p. 451-472, 1997.

FOURNIER, S. Consumers and their brands: developing relationship theory in consumer

research. The Journal of Consumer Research, v.24, p. 343-373, Março. 1998.

FOXALL, G. R.; GOLDSMITH, R. E.; BROWN, S. Consumer psycology for

marketing, Londres: International Thomson Business Press. 1998.

FRIJDA, N. H. The emotions. New York: Cambridge University Press. 1986.

FUERTH, L. R. O impacto da cultura organizacional para o sucesso de alianças e

parcerias estratégicas. 2005. Disponível em <http://www.cra-rj.org.br/bcases/art041.

htm>. Acesso em 10 dez. 2012.

Page 159: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

147

GARRÁN, V. G. A influência dos aspectos visuais da embalagem na formação das

atitudes do consumidor: um estudo no setor de alimentos. Dissertação de Mestrado em

Administração. Pontifícia Universidade Católica, São Paulo. 2006.

GASTAL, F. A influência da satisfação e dos custos de mudança na lealdade do

cliente. Dissertação de Mestrado em Administração. Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, Porto Alegre. 2005.

GEFEN, D.: STRAUB, D. A Practical guide to factorial validity using PLS-GRAPH:

tutorial and annotated example. Communications of the Association for Information

Systems, v. 16, p. 91-109. 2005.

GIACOMINI FILHO, G. Comunicação mercadológica e fusões corporativas. In: 15º

Congresso Brasileiro de Comunicação Empresarial. Disponível em

<http://www.comunicacaoempresarial.com.br/artigocommercadoginofusoes.htm>. Acesso

em 13 mar. de 2012.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª. Edição. São Paulo: Atlas. 2008.

GOBÉ, M. Emotional Branding: The new paradigm for connecting brands to people. N.

York: Allworth Press; 2a. edição. 2010.

GONÇALVES, C. A.; FILHO, C. G.; FERREIRA, P.A.G.; VEIGA, R.T. Antecedentes da

lealdade do consumidor: um estudo empírico no mercado de telefonia celular. Revista

Ciências da Administração. v. 11, n.24, p.136-168, Maio/Agosto. 2009.

GOULDING, C. Romancing the past: heritage visiting and the nostalgic consumer.

Psychology and Marketing, v.18, p.565–580. 2001.

GUMMESSON, E. Qualitative research in marketing - road map for a wildness of

complexity and unpredictability. European Journal of Marketing, v. 3 / 4, n. 39, p. 309-

327. 2005.

HAENLEIN, M; KAPLAN, A. M. A beginner’s guide to partial least squares analysis.

Understanding Statistics. Lawrence Erlbaum Associates Inc. v. 3, n. 4p. 283–297. 2004.

HAIR JR, J. F.; MONEY, A.; BABIN, B.; SAMOUEL, P. Fundamentos de métodos de

pesquisa em administração. São Paulo: Bookman. 2005.

HAWKINS, D. J.; BEST, R. J.; CONEY, K. A. Consumer behavior: building marketing

strategies. 7 a edição. Nova York: Irwin McGraw-Hill. 1998.

HEGENBERG, L. Etapas da investigação científica. São Paulo: EPU/EDUSP. 1976.

HENSELER, J.; RINGLE, C. M.; SINKOVICS, R. R., The use of partial least squares path

modeling in international marketing, Advances in International Marketing; v. 20; 2009,

p. 277 – 319.

Page 160: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

148

HERTZ, D. G. Trauma and nostalgia: new aspects of the coping of aging holocaust

survivors. Israeli Journal of Psychiatry and Related Sciences, 27, 189-198. 1990.

HOFFMAN, D. G.; BATESON, J. E. G.; IKEDA, A. A.; CAMPOMAR, M.C. Princípios

de marketing de serviços. São Paulo: Cengage Learning. 2010

HOLAK, S.; W. HAVLENA. Feelings, fantasies, and memories: An examination of the

emotional components of nostalgia. Journal of Business Research. v.42, p. 217–226.

1998.

HOLBROOK, M. B.; SCHINDLER, R. Echoes of the dear departed past: some work in

progress on nostalgia. Advances in Consumer Research, v. 18. Provo, UT: Association

for Consumer Research, p. 330-333. 1991.

______. Nostalgic bonding: exploring the role of nostalgia in the consumption experience.

Journal of Consumer Behavior, v.3, p.107–127. 2003.

HOLBROOK, M. B. Nostalgia and consumption preferences: Some emerging patterns of

consumer tastes. Journal of Consumer Research. v. 20, p. 245–256. 1993.

IBOPE NIELSEN. Pesquisa Internet Pop. Disponível em <www.ibope.com.br>.

Acessado em 28 de setembro de 2010.

IPEA. Transformações na indústria bancária brasileira e o cenário de crise. Comunicado

da Presidência do IPEA, n. 20. Abril. 2008.

JACOBY, J.; CHESTNUT, R. W. Brand loyalty: measurement and management:

Wiley, New York, 1978.

JONES, T.; SASSER, W. Why satisfied customers defect. Harvard Business Review. v.

73, nº 6, p. 88-99. 1995.

KAMLOT, D.; DUBEUX, V. J. C.; VIEIRA DE CASTRO, L. N. Comportamento de

consumidores de instituições financeiras antes e após um processo de fusão. São

Paulo: Revista de Economia e Administração. V. 10, n. 4, p. 540-563, outubro-dezembro

de 2011.

KANUNGO, R. N. The concept of alienation and involvement revisited. Psychological

Bulletin, v. 86, 1, p. 119-138. 1979.

KAPFERER, J. N. As marcas, capital da empresa: criar e desenvolver marcas fortes.

3. ed., Porto Alegre: Bookman. 2003.

______. O que vai mudar as marcas. Porto Alegre: Bookman. 2004.

KAPLAN, H. A. The psychopathology of nostalgia. Psychoanalytic Review, 74, 465–486.

1987.

Page 161: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

149

KELLER, K. L. Conceptualizing, measuring and managing brand equity. Journal of

Marketing. V. 57, p. 1-2, Janeiro. 1993.

______. Strategic brand management: building, measuring, and managing brand

equity. 2. ed. New Jersey: Prentice Hall. 2003.

KELLER K. L.; MACHADO. M. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson –

Prentice Hall. 2006.

KEMPER, T. How Many emotions are there? Wedding the social and autonomic

components. American Journal of Sociology, v.93, 263-289. 1987.

KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento

conceitual. São Paulo: EPU – EDUSP. 1980.

KESSOUS, A.; ROUX, E. La nostalgie comme antécédent de l’attachement à la marque.

Communication au 5ème Congrès des Tendances du Marketing en Europe, Venise,

20-21, Janeiro. 2006.

KHAUAJA, D. M. R. Fatores de marketing na construção de marcas sólidas: estudo

exploratório com marcas brasileiras. São Paulo. Dissertação de mestrado. FEA/USP.

2005.

______. Construção de marcas. In: SERRALVO, Francisco A. (Organizador): Gestão de

marcas no contexto brasileiro. São Paulo, Saraiva. 2008.

KLEMPERER, P. Competition when consumer have switching cost. Review of Economic

Studies, v. 62, p. 515-539. 1995.

KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 12a edição. São Paulo:

Pearson Prentice Hall. 2006.

KOTLER, P. Administração de Marketing, 10a edição. São Paulo: Pearson - Prentice

Hall. 2000.

______. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e

controle. 5.ed. São Paulo: Atlas. 1998.

LAM, S. Y.; SHANKAR, V.; ERRAMILLI, M. K.; MURTHY, B. Customer value,

satisfaction, loyalty, and switching costs: an illustration from a business-to-business service

context. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 32, n. 3, p. 293-311. 2004.

LAMBERT, C. Hypochondria of the heart. Harvard Magazine. Setembro-outubro. 2001.

LAZZARINI, S. G.; JOAQUIM, T. A. Z. A formação de constelações: O caso da indústria

global e transporte aéreo. Revista de Administração de Empresas. v. 44, n. 2, p.11-25.

Abril-julho. 2004.

Page 162: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

150

LEE, J.; LEE, J.; FEICK, L. The impact of switching cost on the customer satisfaction-

loyalty link: mobile phone service in France. The Journal of Service Marketing, v. 15,

n.1, p. 35-48. 2001.

LINZMAYER, R. W. Apple confidential: the real story of Apple Computer, Inc. No

Starch Press, 1999.

LOPES, E. L. Não te conheço bem, mas já gostei de você! O efeito da marca na

negligência da omissão nos diferentes níveis de necessidade cognitiva. Tese de

Doutorado. Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Nove

de Julho. 2010.

LOVELOCK, C.; WIRTZ, J. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e resultados.

São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2006.

MACHADO, C. M. S. O impacto da personalidade da marca nos diferentes níveis de

lealdade à marca: o caso das marcas do distribuidor. Dissertação de Mestrado. Escola

Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria. 2012.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. Ed. Porto

Alegre: Bookman. 2010.

MATHWICK, C.; RIGDON E. Play, flow, and the online search experience,” JCR,

Setembro, p. 324-332. 2004.

MAZZON, J. A. Formulação de um modelo de avaliação e comparação de modelos em

marketing. Dissertação de Mestrado. Departamento de Administração da Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. 1978.

MEIDAN, A. Marketing strategies, organization and performance control in insurance.

The Journal of Risk and Insurance, vol. 49, n. 3, p. 388-404, Setembro. 1982.

MERCHANT, A.; FORD, J. Nostalgia and giving to charity: a conceptual framework for

giving e research, Journal of Nonprofit & Voluntary Sector Marketing v. 13. 2008.

MINTZBERG, H.; LAMPEL, J.; QUINN, J. B.; GHOSHAL, S. O processo da estratégia.

São Paulo: Bookman – Artmed. 2006.

MONTEIRO, G. B.; MACHADO, D. B.; PEREIRA, R. C. M. Estratégia de marcas em

fusões e aquisições: o caso de uma operação no ramo de bebidas. Disponível em

<http://www.aedb.br/seget/artigos06/851_Marcas Seget.pdf>. Acesso em 13 dezembro de

2011.

MORGAN, R. P. A consumer-oriented framework of brand equity and loyalty.

International Journal of Marketing Research. V. 42, n.1, p. 65-78. 2000.

MUNIZ, I. P. A. Reorganizações societárias. São Paulo: Makron Books. 1996.

Page 163: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

151

MUEHLING, D. D.; SPROTT, D. E. The Power of Reflection: An Empirical Examination

of Nostalgia Advertising Effects. Journal of Advertising, v. 33, n. 3, p. 25-35. 2004.

NEWMAN, J. W.; WERBEL, R. A. Multivariate analysis of brand loyalty for major

household appliances. Journal of Marketing Research, v. 10, n.4,p. 404-409. 1973.

NOVAIS, F. Disponível em <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAMAQAE/

sistema-financeiro-nacional>. Acesso em 13 dez. 2011.

OLIVEIRA, D. P. R. Estratégia empresarial e vantagem competitiva: como

estabelecer, complementar e avaliar. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2001.

OLINS, W. Wally Olins on brand. Londres: Thames e Hudson. 2003.

OLIVER, R. L. Whence customer loyalty? Journal of Marketing, v. 63, p. 33-44. 1999.

ORTONY, A., CLORE, G., COLLINS, A.. The cognitive structure of emotions.

Cambridge: Cambridge University Press. 1988

PARASURAMAN, A. Marketing research. Readings: Addison-Wesley. 1991.

PARASURAMAN, A.; ZEITHAML, V.A.; BERRY, L.L. A conceptual model of service

quality and its implications for future research. Journal of Marketing, n. 49, outono, p.

41-50. 1985.

PEREZ, C. Universo sígnico do consumo: o sentido das marcas. Tese de Livre

Docência. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. 2007.

PETER, J. P.; OLSON, J. C. Consumer behavior and marketing strategy. 4 a

. edição.

Nova York: Irwin McGraw-Hill. 1996.

PRIETO, A. J. A Method for translation of instruments to other languages. Adult

Education Quarterly, v. 43, n. 1, p. 1-14. 1992.

PING, R. A. Jr. The effects of satisfaction and structural constraints on retailer existing,

voice, loyalty, opportunism, and neglect. Journal of Retailing, n. 69, outono, p.320 – 352.

1993.

PORTER, M. Vantagem Competitiva, Rio de Janeiro, Campus, 1990.

RAGGIO, R. D.; LEONE, R. P. The theoretical separation of brand equity and brand

value: Managerial implications for strategic planning. Journal of Brand Management , v.

14, p. 380–395. 2007.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas. 1989.

ROBERTSON, T. S.; ZIELINSKI, J.; WARD, S. Consumer behavior. Glenview, III.

Scott, Foresman and Company, 1984.

Page 164: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

152

RODRIGUES, S. B. Negociações para alianças estratégicas: O ingresso de empresas

brasileiras no mercado chinês. Revista de Administração, São Paulo, v.31, n. 3, p. 28-37,

julho/setembro. 1996.

RUST, R. T.; ZEITHAML, V. A; LEMON, K. N. Driving customer equity: how

customer lifetime value is reshaping corporate strategy. Nova York: The Free Press.

2000.

SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. Comportamento do consumidor. 6a. edição. Rio de

Janeiro: LTC. 2000.

SELLTIZ, C.; WRIGHTSMAN, L. S.; COOK, S. W. Métodos de pesquisa nas relações

sociais. São Paulo: EPU. 1975.

SEDIKIDES, C.; WILDSCHUT, T., BADEN, D. Nostalgia: conceptual issues and

existential functions. In J. Greenberg, S. Koole, & T. Pyszczynski (editores), Handbook of

experimental existential psychology, New York: Guilford, p. 200–214. 2004.

SERRALVO, F. A. Gestão de marcas no contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva. 2008.

SERRALVO, F. A.; FURRIER, M. T. Fundamentos do posicionamento de marcas:

uma revisão teórica. In: VII SEMEAD - Seminários em Administração FEA-USP, 2004,

São Paulo. VII SEMEAD. 2004.

SHETH, J. N.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. I. Comportamento do cliente: indo além do

comportamento do consumidor. São Paulo: Editora Atlas. 2001.

SIERRA, J. J.; MCQUITTY, S. Attitudes and emotions as determinants of nostalgia

purchases: an application of social identity theory. Journal of Marketing Theory and

Practice, v. 15, n. 2, p.99-112. 2007.

SIRDESHMUKH, D.; SINGH, J.; SABOL, B. Consumer trust, value and loyalty in

relational exchanges. Journal of Marketing, v. 66, n. 1, p. 15-37. 2002.

SRIVASTAVA, R. K; SHOCKER, A. D. Brand equity: a perspective on its meaning and

measurement. Working Paper. Cambridge: Marketing Science Institute, p. 91-124. 1991.

STERN, B. B. Historical and personal nostalgia in advertising text: the fin de siècle effect,

Journal of Advertising, v. 21, p.11-22. 1992.

TELLIS, G. J. Advertising exposure, loyalty, and brand purchase: A two-staged model of

choice. Journal of Marketing Research, v. 25, n. 2, p. 134-144. 1988.

THOMAS, J. S. A methodology for linking customer acquisitions to customer retention.

Journal of Marketing Research, v. 38, p. 262-268, Maio. 2001.

THURSTONE, L. L. Multiple factor analysis. Psychological Review, v. 38, p. 427, 1931.

Page 165: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

153

TOLEDO, G. L. Marketing bancário: análise, planejamento, processo decisório. São

Paulo: Editora Atlas. 1978.

TOMANARI, S. A. A segmentação de mercado com enfoque em valores e estilo de

vida (segmentação psicográfica) – um estudo exploratório. Dissertação de Mestrado.

Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. 2003.

TORQUATO, D. C. Fusões e aquisições. Trabalho de Conclusão de Curso de

Especialização em Finanças e Controladoria. Fundação Instituto de Administração, São

Paulo. 2010.

TRICHES, D. Fusões, aquisições e outras formas de associação entre empresas no Brasil.

Revista de Administração, São Paulo, v.31, nº 1, p. 14-31, Janeiro-Março. 1996.

TRIANDIS, H. C. Attitude and attitude change. Nova York: John Wiley & Sons. 1971.

VARGAS NETO, A. Mensuração de brand equity baseada no consumidor: avaliação

de escala multidimensional. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em

Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2003.

VERHOEF, P. C. Understanding the effect of customer relationship management efforts on

customer retention and customer share development. Journal of Marketing, v.67, p. 30-

45, Outubro. 2003.

WERMAN, D. S. Normal and pathological nostalgia. Journal of the American

Psychoanalytic Association, v. 25, p. 387-398. 1977.

WILKIE, W. L. Consumer behavior. 3a. edição. Nova York: John Wiley & Sons, Inc.

1994.

WINTERS, L. C. SRI announces VALS 2. Marketing Research, v.1, p. 67-69, Junho.

1989.

WILDSCHUT, T.; SEDIKIDES, C.; ARNDT, J.; ROUTLEDGE, C. Nostalgia: content,

triggers, functions. Journal of Personality and Social Psychology, v. 91, n. 5, p. 975-993.

Novembro. 2006.

YOO, B.; DONTHU, N. Developing and validating a multidimensional consumer-based

brand equity scale. Journal of Business Research, v. 52, p. 1-14. 2001.

Page 166: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

154

APÊNDICES

Page 167: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

155

APÊNDICE A - Instrumento de Pesquisa

Prezado (a) Senhor (a),

O presente questionário integra uma pesquisa acadêmica do curso de Pós-Graduação em

Administração da Universidade Nove de Julho e se propõe compreender o comportamento

do consumidor da qual é cliente.

Tratar-se de um estudo de caráter exclusivamente acadêmico, razão pela qual todas as

informações serão mantidas em sigilo e consideradas de forma agregada. O(A) senhor(a)

não precisa se identificar.

Sua participação é muito importante para o êxito do trabalho e suas respostas serão

significativas para a pesquisa.

Caso tenha alguma dúvida ou dificuldade, fique à vontade para entrar em contato com a

pesquisadora, pelo e-mail: [email protected].

O logotipo "QuestionPro" permanecerá nas telas apenas porque é a ferramenta utilizada

para coletar os dados da pesquisa. Dependendo da configuração de seu computador, será

preciso utilizar as barras de rolagem laterais para visualizar todo o conteúdo das telas.

Para iniciar a pesquisa, clique no botão "continue" que estará no centro inferior da tela.

Por sua especial colaboração, meus mais sinceros agradecimentos!

O tempo para responder o questionário é de aproximadamente 10 minutos.

Seção 1 -

1. Você possuía conta corrente ou algum relacionamento comercial como cliente do antigo

Banco Real?

o sim

o não

2. O Sr(a) mantém sua conta corrente no Banco Santander S/A?

o sim

o não

3. O Sr(a) já trabalhou ou trabalha no Banco Santander ou Banco Real?

o sim

o não

Seção 2 -

Abaixo serão relacionadas oito afirmações. Pedimos a gentileza de indicar o grau de

concordância com cada uma delas:

Page 168: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

156

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o m

uit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo m

uit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Nada mais é feito como antigamente. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

As coisas costumavam ser melhores nos velhos e bons

tempos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A qualidade dos produtos/serviços tem caído cada vez

mais. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

As mudanças tecnológicas irão assegurar um futuro

melhor. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A História envolve melhorias constantes no bem-estar

humano. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Nós estamos passando por um declínio na qualidade

de vida. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

O crescimento constante do PIB aumentou a

felicidade do ser humano. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Negócios modernos constantemente constroem um

futuro melhor. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abaixo serão relacionadas sete afirmações. Pedimos a gentileza de indicar o grau de

concordância com cada uma delas:

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o

muit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo

muit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Gostava de utilizar os serviços do Banco Real. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Dentre os vários serviços bancários disponíveis os do

Banco Real eram os melhores. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Quando eu utilizava os serviços do Banco Real eu

sempre me sentia fazendo um bom negócio. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu falava bem dos produtos e serviços do Banco Real

para as outras pessoas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu me sentia bem fazendo negócios com o Banco

Real nos anos que se passaram. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Para mim o Banco Real foi claramente o meu banco

preferido ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu acreditava que o Banco Real era um bom Banco. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abaixo serão relacionadas sete afirmações. Pedimos a gentileza de indicar o grau de

concordância com cada uma delas:

Page 169: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

157

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o m

uit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo m

uit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Gosto de utilizar os serviços do Banco Santander ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Dentre os vários serviços bancários disponíveis os do

Banco Santander são os melhores. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Quando eu utilizo os serviços do Santander eu sempre

me sinto fazendo um bom negócio. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu falo bem dos produtos do Santander para as outras

pessoas. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu acredito que o Santander é um bom Banco. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Para mim, o Banco Santander é claramente o meu

banco preferido. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu me sentirei satisfeito como cliente do Banco

Santander nos próximos anos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Abaixo serão relacionadas oito afirmações. Pedimos a gentileza de indicar o grau de

concordância com cada uma delas:

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o m

uit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo m

uit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Eu realmente aprecio os serviços do Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

O Santander, como banco comercial, não é tão bom

quanto pensei que fosse. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu gosto do Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu recomendaria o Santander para os meus amigos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Considero-me leal ao Banco Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Manterei minha conta no Banco Santander por muito

tempo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Frequentemente considero a possibilidade de trocar de

banco. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Em minhas próximas transações financeiras

certamente considerarei realizá-las no Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Avaliando o tipo de relacionamento que o Sr(a) possui com o Banco Santander, qual o

grau de concordância nas afirmações abaixo:

Page 170: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

158

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o m

uit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo m

uit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Concentro as minhas transações bancárias no

Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Desde a fusão do Banco Santander com o Banco Real

eu aumentei o meu relacionamento com o Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Por favor, para as três próximas questões, complete a frase com o percentual que

melhor represente sua condição atual.

Do total de vezes que utilizo um Banco, considero que utilizo o Banco Santander

_____%.

Do meu volume total de investimentos (poupança, fundos, CDB, previdência), tenho

concentrado no Banco Santander ____%.

Do meu volume de crédito adquirido (empréstimo pessoal, cartão de crédito,

financiamento imobiliário e de automóveis), acredito que estão concentrados no Banco

Santander aproximadamente ____%.

Em relação ao interesse em mudar de Banco, qual o grau de concordância nas

afirmações abaixo:

Dis

cord

o

Tota

lmen

te

Dis

cord

o m

uit

o

Dis

cord

o

par

cial

men

te

Nem

dis

cord

o

Nem

conco

rdo

Conco

rdo

par

cial

men

te

Conco

rdo m

uit

o

Conco

rdo

Tota

lmen

te

Não tenho tempo para obter as informações

necessárias para avaliar outros bancos. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Trocar o Santander por outro banco comercial seria

muito trabalhoso p/ mim. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu perderia benefícios de ser um cliente de longa data

se eu deixasse o Santander. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Trocar o Banco Santander por um novo Banco

envolveria alguns custos novos de entrada (taxa,

depósitos e etc.). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Eu teria que gastar muito dinheiro por todos os custos

envolvidos na mudança de Banco (ex: quitação de

empréstimo, impostos de retirada de fundos, débito

automático, cartão de crédito/débito etc).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Seção 3 – Perfil do Respondente

Obrigada por responder às questões anteriores. Agora gostaria de entender melhor o

seu relacionamento bancário.

Page 171: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

159

Em quantos Bancos o Sr(a) possui conta-corrente ativa hoje? *

Qual é o seu principal Banco (concentra as transações) hoje?

o Banco do Brasil

o Bradesco

o Banco Itaú

o Banco Santander

o HSBC

o Caixa Econômica

o Outro: ________________________

O Banco Real era o seu principal banco antes da fusão?

o Sim

o Não

Há quanto tempo mantem conta no Banco Santander/Real (contar a partir da conta do

Banco Real)?

o Mais de 15 anos

o Entre 10 e 15 anos

o Entre 5 e 10 anos

o Menos de 5 anos

Que tipo de conta o Sr(a) possui no Banco Santander?

o Conta Salário

o Conta Poupança

o Conta Corrente

o Conta Investimento

Seção 4 – Perfil do Respondente

As questões a seguir tratam do seu perfil pessoal. Sinta-se à vontade para responder,

sabendo que seus dados serão tratados de forma agregada e confidencial, de forma a

preservar sua privacidade e o sigilo das informações fornecidas.

Qual sua idade (em anos)?

_____

Qual o seu gênero?

o Feminino

o Masculino

Estado civil:

o Solteiro

o Separado / Divorciado

o Viúvo

o Casado/União Estável

Escolaridade

o Primário/Infantil

Page 172: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

160

o Ginasial/Fundamental

o Colegial/Ensino Médio

o Ensino Tecnológico

o Superior

o Pós-graduado(a)

Qual a natureza da sua ocupação?

o Empregado de empresa do setor privado, exceto de instituições financeiras.

o Empregado de instituições financeiras públicas e privadas.

o Empregado ou contratado de organismo internacional ou de organização não-

governamental.

o Profissional liberal ou autônomo sem vínculo de emprego.

o Proprietário de empresa ou de firma individual ou empregador-titular.

o Empregado de empresa pública ou de economia mista municipal.

o Militar.

o Aposentado.

o Bolsista/Estudante.

Qual sua renda média mensal?

o Até R$ 776,00

o De R$ 776,1 à R$ 1.147,00

o De R$ 1.147,01 à R$ 1.685,00

o De R$ 1.685,01 à R$ 2.654,00

o De R$ 2.654,01 à R$ 5.241,00

o De R$ 5.241,01 à R$ 9.263,00

o Acima de R$ 9.263,01

Muito obrigada por sua participação. Caso tenha interesse em obter os resultados da

pesquisa, após o seu término, por favor, deixe seu endereço de e-mail que lhe enviaremos

os resultados consolidados (opcional).

e-mail: ___________________________________________________________________

Page 173: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

161

APÊNDICE B – Escala original de Propensão a Nostalgia .

PROPENSÃO A NOSTALGIA

Sigla Afirmativas

Pnost1 They don´t make ‘em like they used to.

Pnost 2 Newer is almost always better. (r)

Pnost 3 In the future, people will have even better lives. (r)

Pnost 4 Things used to be better in the good old days.

Pnost 5 I belive in the constant march of progress (r)

Pnost 6 Yesterday, all may troubles seemed so far away.

Pnost 7 Products are getting shoddier and shoddier.

Pnost 8 Compared to our parents, we’ve got it good (r).

Pnost 9 Technological change will insure a brighter future (r).

Pnost 10 When I was younger, I was happier than I am today.

Pnost 11 Today´s new movie stars could learn from the old pros.

Pnost 12 I must admit it´s getting better, better all the time (r).

Pnost 13 The truly great sports heroes are long dead and gone.

Pnost 14 History involves a steady improvement in human welfare. (r)

Pnost 15 Today´s standard of living is the highest ever attained (r).

Pnost 16 Sometimes, I wish I could return to the womb.

Pnost 17 We are experiencing a decline in the quality of live.

Pnost 18 Steady growth of GNP has brought increased human happiness. (r)

Pnost 19 Compared to the classic, today’s music is mostly trash.

Pnost 20 Modern business constantly builds a better tomorrow. (r)

(r) = indicates a reverse-code item

Fonte: Hoolkbroks, 1993.

Page 174: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

162

APÊNDICE C – Escala Original de Custo de Mudança .

Custo de Mudança

Sigla Afirmativas

ERC1 I worry that the service offered by other service providers wont’t work as well

as expected.

ERC2 If I try to switch service providers, I might end up with bad service for a while.

ERC3 Switching to a new serve provider will probably involve hidden costs/charges.

ERC4 I am likely to end up with a bad deal financially if I switch to a new service

provider.

ERC5 Switching to a new service provider will probably result in some unexpected

hassle.

ERC6 I don’t know what I’ll end up having to deal with while switching to a new

service provider.

EC1 I cannot afford the time to get the information to fully evaluate other service

providers.

EC2 How much time/effort does it take to get the information you need to feel

comfortable evaluating new service providers? (very little …. A lot)

EC3 Comparing the benefits of my service provider with the benefits of other

service providers takes to much time/effort, even when I have the information.

EC4 It is tough to compare the other service providers.

LC1 Learning to use the features offered by a new service provider as well as I use

my service would take time.

LC2 There is not much involved in understanding a new service well. (r).

LC3 Even after switching, it would take effort to “get up to speed” with a new

service.

LC4 Getting used to how another service provider works would be easy. (r)

SUC1 It takes time to go through the steps of switching o a new service provider.

SUC2 Switching service providers involves an unpleasant sales process.

SUC3 The process of starting up with a new service is quick/easy. (r)

SUC4 There are a lot of formalities involved in switching to a new service provider.

BLC1 Switching to a new service provider would mean losing or replacing points,

Page 175: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

163

credits, services, and so on that I have accumulates with my service provider.

BLC2

How much you lose in credits, accumulated points, services you have already

paid for, and so on if you switched to a new service provider? (lose nothing ….

Lose a lot)

BLC3 I will lose benefits of being a long-term customer if I leave my service

provider.

MLC1 Switching to a new service provider would involve some up-front costs (set-up

fees, membership fees, deposits, etc).

MLC2 How much money would It take to pay for all of the costs associated with

switching service providers? (no money… a lot of money)

PRLC1 I would miss working with the people at my service provider if I switched

provider.

PRLC2 I am more comfortable interacting with the people working for my service

provider than I would be if I switched providers.

PRLC3 The people where I currently get my service matter to me.

PRLC4 I like talking to the people where I get my service.

BRLC1 I like the public image my service provider has.

BRLC2 I support my service provider as a firm.

BRLC3 I do not care about the brand/company name of the service provider I use.

(r) = indicates a reverse-code item

Fonte: Burnham, Frels e Mahjan (2003)

Page 176: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

164

APÊNDICE D – Escala Original de Atitude Perante a Marca/Empresa .

Atitude frene a Marca/Empresa

Sigla Afirmativas

ATM1 I say positive things about __________’s products to other people.

ATM2 I have a favorable attitude toward doing business with __________ over the

next few years.

ATM3 To me, __________ is clearly the best company of its kind with which to do

business.

ATM4 I believe this is a good company.

Fonte: Mathwick e Rigdon (2004).

Page 177: EFEITO DA NOSTALGIA DO CLIENTE NA LEALDADE À … · Ivair Bezerra, Ricardo Calegari, Rupén Küçükütücü, Marcio Silveira, Eduarda Alvin, Henrique Santos e Sergio Pereira. Finalmente,

165

APÊNDICE E – Modelo estrutural proposto completo

Figura 13 – Modelo Estrutural Proposto Completo Fonte: Dados da pesquisa.