EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NA …

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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES – UNIT/AL CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE JIU JITSU AFONSO MANOEL CASTELO BRANCO GOMES DIEGO MONTERO DOMINGUES DA CONCEIÇÃO JOSE RINALDO CAPORAL NETO MACEIÓ 2017

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1

CENTRO UNIVERSITÁRIO TIRADENTES – UNIT/AL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NA PERCEPÇÃO

SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE JIU JITSU

AFONSO MANOEL CASTELO BRANCO GOMES

DIEGO MONTERO DOMINGUES DA CONCEIÇÃO

JOSE RINALDO CAPORAL NETO

MACEIÓ

2017

2

AFONSO MANOEL CASTELO BRANCO GOMES

DIEGO MONTERO DOMINGUES DA CONCEIÇÃO

JOSE RINALDO CAPORAL NETO

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NA PERCEPÇÃO

SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS DE JIU JITSU

Trabalho de conclusão de curso

apresentado ao Centro Universitário

Tiradentes – UNIT, como requisito parcial

à obtenção do grau de Bacharel em

Nutrição.

Orientadora: Profa. MSc. Ariana Gonçalves Ferreira do Amaral Cruz

Co-orientadora: Profa. MSc. Jaqueline Fernandes Gomes

Centro Universitário Tiradentes – UNIT

MACEIÓ

2017

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................8

2 METODOLOGIA....................................................................................................9

2.1 Amostra............................................................................................................9

2.2 Protocolo de Suplementação.........................................................................10

2.3 Questionário de caracterização da amostra, antropometria, Determinação de

glicose plasmática, Frequência cardíaca e Percepção de Esforço........................10

2.4 Protocolo Experimental..................................................................................11

2.5 Analises Estatísticas......................................................................................12

3 RESULTADOS.....................................................................................................13

4 DISCUSSÃO........................................................................................................15

5 CONCLUSÃO......................................................................................................17

6 REFERÊNCIAS...................................................................................................18

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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE CARBOIDRATO NA PERCEPÇÃO

SUBJETIVA DE ESFORÇO EM ATLETAS EM JIU JITSU

JOSE RINALDO CAPORAL NETO1

AFONSO MANOEL CASTELO BRANCO GOMES1

DIEGO MONTERO DOMINGUES DA CONCEIÇÃO1

ARIANA GONÇALVES FERREIRA DO AMARAL CRUZ2

PROFA. MSC. JAQUELINE FERNANDES GOMES3

RESUMO

Introdução: O jiu jitsu brasileiro é uma arte marcial que tem sofrido um aumento

significativo de popularidade, especialmente na última década. Fisiologicamente é

uma modalidade caracterizada por picos de esforço intensos por períodos

intermitentes refletindo diretamente nos níveis de percepção subjetiva de esforço,

demanda fisiológica e performance esportiva de maneira objetiva.

Objetivos: analisar o efeito da suplementação de carboidrato intra treino de Jiu Jitsu

na percepção subjetiva de esforço (PSE), frequência cardíaca (FC) e glicemia dos

atletas.

Métodos: 10 atletas de jiu jitsu (74,18 ± 15,2 kg, idade 27,9 ± 4,6 anos, tempo de

treino de 8 ± 3,1 anos) foram suplementados com sacarose ou placebo (sucralose)

em momentos específicos do treino. A FC e glicemia capilar foram coletadas antes e

após cada sparring e a PSE foi obtida através de preenchimento da Escala de Borg.

Resultado e Discussão: Não houve diferença estatística na glicemia entre os

grupos. Frequência cardíaca significativamente menor no grupo suplementado

(121,8 ±24 bpm) após segundo sparring do que o grupo placebo (148,7 ±19 bpm) e

assim respectivamente no terceiro e quarto sparring. A percepção subjetiva de

esforço, foi significativamente menor, após o segundo sparring no grupo

experimental (10,7 ±2) do que no grupo placebo (12,1 ±1.9) e assim respectivamente

no terceiro e quarto sparring. A glicemia, FC E PSE aumentaram em ambos os

5

grupos em comparação com os valores iniciais e o grupo que suplementou

carboidrato atingiu níveis significativamente menores (P <0,05) de FC E PSE a partir

do segundo sparing.

Conclusão: Os resultados mostraram que a suplementação de carboidrato diminuiu

a PSE e FC em um treino de jiu jitsu.

Palavras-chave: percepção subjetiva de esforço, carboidrato, suplementação, borg,

jiu jitsu, artes marciais.

1Estudante de nutrição da Universidade Tiradentes, Maceió- AL 2Orientadora, Professora Mestre da Universidade Tiradentes, Maceió- AL3 Co-Orientadora, Professora Mestre da Universidade Tiradentes, Maceió- AL

6

EFFECT OF CARBOHYDRATE SUPPLEMENTATION ON RATE OF PERCEIVED

EXERTION IN JIU JITSU ATHLETES

JOSE RINALDO CAPORAL NETO1

AFONSO MANOEL CASTELO BRANCO GOMES1

DIEGO MONTERO DOMINGUES DA CONCEIÇÃO1

ARIANA GONÇALVES FERREIRA DO AMARAL CRUZ2

PROFA. MSC. JAQUELINE FERNANDES GOMES3

ABSTRACT

Context:: Brazilian jiu jitsu is a martial art that has undergone a significant increase

in popularity, especially in the last decade. Physiologically it is a modality

characterized by intense peaks of effort for intermittent periods reflecting directly in

the levels of rate of perceived exertion, physiological demand and sport performance

in an objective way.

Objectives: the present study was to analyze the effect of carbohydrate

supplementation in a Jiu Jitsu's training session on subjective perception of exercise

(PSE), heart rate (HR) and athlete's blood glucose.

Methods: Ten Jiu Jitsu athletes (74.18 ± 15.2 kg, age 27.9 ± 4.6 years, training time 8

± 3.1 years) were supplemented with sucrose or placebo (sucralose). HR and

capillary glycemia were collected before and after each sparring and the PSE was

obtained by filling the Borg Scale.

Results and Discussion: There was no statistical difference in glycemia between

groups. Heart rate significantly lower in the supplemented group (121.8 ± 24 bpm)

after second sparring than the placebo group (148.7 ± 19 bpm) and respectively in

the third and fourth sparring. The rate of perceived exertion was significantly lower

after the second sparring in the experimental group (10.7 ± 2) than in the placebo

group (12.1 ± 1.9) and respectively in the third and fourth sparring groups. The

glycemia, FC and PSE increased in both groups compared to baseline, and the

7

group that supplemented carbohydrate reached significantly lower levels (P <0.05) of

FC and PSE from the second sparing.

Conclusion: The results showed that carbohydrate supplementation decreased PSE

and FC in a jiu jitsu training.

Key words: subjective perception of effort, carbohydrate, supplementation, borg, jiu

jitsu, martial arts.

1Nutrition student at University Tiradentes, Maceió-AL. 2Advisor, Master teacher at Tiradentes University, Maceió- AL. 3Co-Advisor, Master teacher at Tiradentes University, Maceió- AL.

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1 INTRODUÇÃO

O jiu jitsu brasileiro é uma arte marcial que tem passado por um aumento

significativo de popularidade, especialmente na última década. Parte disso se deve

ao fato do sucesso de diversos atletas dessa modalidade em eventos de artes

marciais mistas (MMA) (ANDREATO et al, 2011). Nas competições de jiu jitsu os

atletas iniciam a luta em pé, diferentemente do que ocorre nos treinos, onde as lutas

começam de joelhos na maioria das vezes. Os treinos usualmente tem duração de

90 minutos sendo divididos em alongamento, aquecimento, parte técnica e sparrings

(lutas simuladas). Grande parte do combate ocorre no solo, consistindo de técnicas

de finalização (chaves articulares e estrangulamentos) e técnicas de pontuação

(quedas, inversões, passagens de guarda, montada, dentre outras) (DEL VECCHIO

et al, 2007).

No que tange as demandas energéticas, é uma modalidade caracterizada por

picos de esforço intensos por períodos intermitentes refletindo diretamente nos

níveis de percepção subjetiva de esforço, demanda fisiológica e performance

esportiva de maneira objetiva. Com lutas que podem durar até 10 minutos, o esporte

é predominantemente aeróbico com ativação moderada da via glicolítica. (VILLAR et

al, 2016, FRANCHINI, 2011). Apesar da predominância da via aeróbica, a

concentração de lactato após o combate pode chegar até 17, 7mmol.L com valores

de percepção subjetiva de esforço (PSE) entre 10 e 16 em atletas de elite.

A avaliação da PSE é baseada na Escala de Borg (BORG et al, 1970) que

consiste em uma escala de 6 a 20 (sendo 6 o estado de repouso do atleta e 20 a

fadiga máxima) e está associada entre outros parâmetros, com a frequência

cardíaca dos atletas, equivalendo o 6 a 60 batimentos por minuto e 20 a 200

batimentos por minuto. Para o jiu-jitsu foi observada uma razão de esforço e pausa

de 10:1, valor este que é significativamente mais alto do que outras modalidades

marciais como judo e wrestling que têm um valor aproximado de 2:1 (ANDREATO et

al, 2013). Portanto é possível afirmar que esta modalidade apresenta grau de

dependência da via glicolítica potencialmente elevado (VILLAR et al, 2016).

Nas atividades de alta intensidade, o glicogênio muscular exerce papel

fundamental no desempenho, visto que existe uma relação entre os níveis de

glicogênio muscular e o tempo de exaustão durante o esforço (KRINGS, 2016). O

carboidrato estocado sob essa forma é o substrato energético mais importante e

9

predominantemente mobilizado durante exercícios intensos, pela via glicolítica

(SOUSA, 2010). No entanto em atividades com duração inferior a 60 minutos a

manutenção da glicose sérica não é fator imperativo para performance (ALI, 2017;

SILVA ,2017; REHRER, 1994; NEUFER, 1987). Apesar disso, a suplementação de

carboidrato durante exercício tem mostrado melhorar a performance em exercício de

alta intensidade (>75% do VO2 max.) e relativamente curtos (duração de até 1h)

(PAINELLI et al, 2017).

Os mecanismos associados ao efeito ergogênico, apesar de ainda não

completamente elucidados, parecem estar ligados mais a ativação de áreas

específicas do sistema nervoso central responsáveis pelo estímulo córticomotor que

aumentam a eficiência (em nível neuronal) de trabalho gerada pelo músculo do que

a estímulos metabólicos (CARTER et al, 2004b ; PAINELLI et al, 2017).

Embora muitos estudos tenham sido realizados sobre o efeito ergogênico do

carboidrato em atividades de endurance de longa duração, poucos estudos testaram

o efeito do mesmo em atividades intermitentes de alta intensidade como o Jiu Jitsu

Brasileiro (BAKER, 2015).

O objetivo do presente estudo foi analisar o efeito da suplementação de

carboidrato intra treino de Jiu Jitsu na percepção subjetiva de esforço (PSE), FC e

glicemia.

2 METODOLOGIA

2.1 Amostra

Trata-se de um ensaio clínico em modelo crossover, cego unilateral onde

participaram 10 atletas, sendo 3 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, que

praticavam a modalidade em academia da região metropolitana de Maceió, AL.

Utilizou-se como critérios de inclusão a idade entre 18 e 60 anos, experiência prévia

em competições de jiu jitsu, mínimo de 3 anos de prática na modalidade e

frequência de treino semanal de no mínimo 6 vezes por semana. Os participantes

foram orientados a não consumir álcool ou estimulantes no dia da coleta. Foram

excluídos os participantes que não seguiram as orientações ou apresentaram

hipoglicemia ou hiperglicemia e/ou que por ventura estiveram em processo de perda

de peso para campeonatos. Todos os participantes foram informados

10

detalhadamente sobre os procedimentos utilizados e riscos e concordaram em

participar de maneira voluntária do estudo, assinando termo de consentimento Livre

e esclarecido (TCLE) e proteção da privacidade.

2.2 Protocolo de Suplementação

Cada participante suplementou em dois momentos: como Placebo e como

Experimental. A suplementação de carboidrato do grupo experimental (SUP) foi

elaborada com solução contendo 30 gramas de sacarose (10% de concentração) e a

suplementação do grupo placebo (PLA) utilizou solução contendo sucralose com o

intuito de manter as mesmas características organolépticas, que seria consumida

em dois momentos distintos (solução com 15g de sacarose ou placebo antes do

primeiro sparring e a outra solução com as mesmas 15g de sacarose ou placebo

depois do segundo sparring, totalizando 30g). Os atletas foram instruídos a manter a

solução na boca por 10 segundos nos dois momentos, fazendo bochecho antes de

ingeri-la.

2.3 Questionário de caracterização da amostra, antropometria, Determinação

de glicose plasmática, Frequência cardíaca e Percepção de Esforço.

Os atletas foram orientados a preencher questionário com dados sobre tempo

e frequência de treino, idade, graduação, experiência prévia em competições e

consumo de estimulantes/álcool nas últimas 24hrs.

A antropometria foi realizada antes do início do treino. A coleta das dobras

cutâneas tricipital, abdominal, suprailíaca e subescapular foi realizada no lado direito

do corpo, identificando e marcando o local da medida, realizando a medida 3 vezes

e obtendo-se a média (MACHADO, 2008). Foi utilizado adipômetro clínico modelo

Inovare da marca Cescorf e utilizado Protocolo de Faulkner,1968 para o cálculo da

composição corporal. O peso corporal foi aferido utilizando uma balança digital da

marca G-Tech e a altura utilizada foi a referida pelos atletas.

A aferição da glicemia capilar (GL) foi realizada com glicosímetro portátil Accu

Chek Active® e suas respectivas fitas, seguindo as instruções de uso do fabricante,

retirando uma tira de teste e inserindo no monitor na direção das setas, aplicando a

gota de sangue no centro da área e aguardando 5 segundos. As amostras foram

11

coletadas antes do início do aquecimento e após cada sparring, totalizando 5

aferições de glicemia (Basal e 4 após sparrings). A concentração de glicose

plasmática foi expressa em mg/dL e foi determinada a partir do princípio de medição

fotômetro de reflectância.

A Frequência cardíaca (FC) foi aferida em 5 ocasiões (antes do início do

treino e depois de cada luta) com monitor de pulso Omron HEM-6131 seguindo as

orientações do fabricante, tendo cada atleta permanecido sentado, imóvel,

braçadeira aplicada no pulso direito, posicionada no nível do coração.

A percepção subjetiva de esforço (PSE) dos atletas foi aferida através da

escala de Borg (BORG et al, 1970) que consiste em uma escala de 6 a 20 onde 6

representa o estado de repouso do atleta e 20 a fadiga máxima. A escala está

associada com a frequência cardíaca dos atletas onde 6 equivale a 60 batimentos

por minuto e 20 a 200 batimentos por minuto (valor da escala multiplicado por 10).

2.4 Protocolo Experimental

A coleta de dados foi realizada, nos treinos da noite (19:15), sempre com

aviso prévio de 24 horas e com as devidas instruções para os atletas. Eram

coletadas 2 amostras por treino (duas do grupo placebo ou duas do grupo

experimental), tendo em vista a necessidade dos sparrings acontecerem com os

dois atletas controle (1 faixa preta de 90kgs e 1 faixa azul também de 90kgs). O

intervalo de coleta entre os grupos PLA e SUP foi de uma semana, tendo os treinos

estrutura organizacional semelhante (entre 30 a 40 minutos de aquecimento, 20 a 30

minutos de parte técnica, e 4 sparrings de 5 minutos cada); todos os atletas, tanto no

grupo placebo quanto experimental, lutaram com os atletas controles, 2 vezes cada,

totalizando os 4 sparrings por treino, fazendo possível a comparação da percepção

de esforço entre grupos e entre os atletas.

A suplementação de ambos os grupos ocorreu em duas ocasiões distintas

(antes do primeiro sparring e depois do segundo, totalizando uma média de 10

Figura 1: Desenho do estudo. SUP = suplementação; FC = frequência cardíaca; GL = glicemia capilar; BORG = escala de percepção subjetiva de esforço.

12

minutos entre as duas suplementações). Todos os atletas mantiveram a solução na

boca por 10 segundos nos dois momentos, realizando bochecho antes de ingeri-la.

Os atletas foram instruídos a não modificar o volume e a frequência de treino

durante o processo da coleta. Essa instrução também foi estendida para a dieta dos

mesmos, evitando assim uma possível interferência de variáveis.

2.5 Analises Estatísticas

Os dados obtidos foram digitados em planilha do software Microsoft Excel®

para organização do banco de dados. As análises estatísticas foram procedidas

mediante pacote estatístico Stata® (versão 12.0). Realizou-se análise descritiva de

variáveis contínuas através da média e desvio padrão e as variáveis categóricas

foram descritas por frequência simples. Para verificação da normalidade dos dados

foi aplicado o teste de Shapiro-Wilk. Ao ser constatada a distribuição normal das

variáveis, aplicou-se o teste t pareado (teste paramétrico), e para variáveis com

distribuição assimétrica aplicou-se o teste de Wilcoxon (teste não-paramétrico).

Ambos os testes foram aplicados com intuito de verificar diferença entre as médias

das amostras pareadas. Adotou-se o nível de significância p ≤0,05.

13

3 RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as características antropométricas e de treino dos

atletas.

Tabela 1 – Media e desvio padrão das características antropométricas dos atletas.

Idade

(anos)

Peso

(kg)

% gordura

corporal

Tempo de treino

(anos)Média 27,9 74,18 14,2 8

Desv. Pad. 4,6 15,2 2,1 3,1Legenda: Desv. Pad. = Desvio Padrão

A glicemia de ambos os grupos se elevou a partir do primeiro sparring semdiferença estatística entre os grupos.

Figura 2: Glicemia capilar após o primeiro sparring, após o segundo sparring, após o terceiro sparring

e após o quarto sparring). Sem diferença estatística entre grupos.

Glic1 Glic2 Glic3 Glic40

20

40

60

80

100

120

Glicemia

GLIsup GLIpla

Sparrings

Glic

emia

(m

g/dl

)

Não houve diferença estatística significante na FCrep entre o grupo

experimental (77,7±17,26 bpm) e o grupo placebo (78,3 ±9,69 bpm).

A frequência cardíaca do grupo SUP (121,8 ±24 bpm) foi significativamente

menor do que o grupo PLA (148,7 ±19 bpm) depois do segundo sparring, no terceiro

sparring respectivamente SUP (118,6 ±21 bpm) e PLA (147,4 ±23 bpm), e no quarto

sparring SUP (127 ±28 bpm) e PLA (158,1 ±21 bpm).

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Figura 3: Frequência cardíaca em 5 ocasiões (repouso, após o primeiro sparring, após o segundo

sparring, após o terceiro sparring e após o quarto sparring). Grupo experimental com menor

frequência cardíaca (P<0,05) após o segundo, terceiro e quarto sparrings.

A percepção subjetiva de esforço foi significativamente menor, após o

segundo sparring no grupo SUP (10,7 ±2) em comparação a observada no grupo

PLA (12,1 ±1.9), continuou significativamente menor no terceiro sparring SUP (11,1

±2,1) e PLA (13,7 ±2,4) e no quarto sparring com o grupo SUP (12,7 ±3.1) e PLA

(14,8 ±2.9).

Apesar de se observar uma tendência na diminuição da PSE do grupo

experimental após o primeiro sparring em comparação ao grupo placebo, não foi

encontrada diferença estatística.

Figura 4: Escala de Borg após o primeiro sparring, após o segundo sparring, após o terceiro sparring

e após o quart sparring). Grupo experimental com percepção subjetiva de esforço menor (P<0,05)

após o segundo, terceiro e quarto sparrings.

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4 DISCUSSÃO

A glicemia capilar, frequência Cardíaca e Percepção Subjetiva de Esforço

aumentaram em ambos os grupos em comparação com os valores de repouso. A

elevação da glicemia acima dos níveis basais nos dois grupos já era esperada tendo

em vista a alta intensidade inerente à modalidade que geraria uma maior ativação da

via glicolítica. É possível que a ausência de diferença estatística entre grupos se deu

pelo fato de que a apenas uma pequena porção da suplementação de carboidrato

seria oxidada na primeira hora. Rehrer e colaboradores (1994), utilizando

suplementação de carboidrato marcado com carbono 13 em atletas de tal

modalidade, verificaram que apenas 10 a 20% da suplementação de carboidrato

exógeno é oxidado na primeira hora.

Observou-se também que o grupo que suplementou carboidrato atingiu níveis

significativamente menores (P <0,05) de FC E PSE a partir do segundo sparring.

Atualmente entende-se que há uma correlação direta entre PSE e performance,

sendo possível estimar um aumento ou decréscimo em modalidades de difícil

aferição como artes marciais onde o número de variáveis e a dinâmica intrínseca do

combate faz com que a atividade não tenha uma intensidade constante tornando a

tarefa de medição de performance de maneira objetiva extremamente complexa.

(VILLAR, 2016; EASTON, 2014).

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Neufer (1987) verificou, através de ensaio clínico randomizado, o efeito

ergogênico de suplementação de carboidrato em exercício com duração inferior a

60min. O grupo que ingeriu 45g de carboidrato e pedalou a 77% do VO2max, teve

um incremento de potência de aproximadamente 15% nos últimos 15 minutos de

prova em comparação com o grupo placebo.

Um dos possíveis mecanismos associados a diminuição da FC e da PSE

seria a ativação de áreas responsáveis pelo estimulo córticomotor, aumentando a

eficiência (em nível neuronal) de trabalho gerado pelo músculo. Essas áreas seriam

a insula/frontal operculum, cortex orbito-frontal e striatum que quando ativadas

suprimiriam sinais de fadiga enviados do músculo para o cérebro.(GANT, 2017;

SILVA, 2017).

Carter et al (2004a), verificaram que a infusão parenteral de 60g/h de glicose

não foi capaz de gerar um aumento da performance em um teste contra relógio de

60 minutos em atletas de endurance, no entanto o mesmo grupo de pesquisadores,

em um estudo follow up com desenho semelhante (CARTER et al, 2004b)

observaram diminuição de 2,9% (redução de 180 segundos em média) nesse

mesmo teste quando os atletas utilizaram um protocolo de bochecho de carboidrato

com maltodextrina com concentração de 6,4% em comparação com o grupo placebo

que fazia uso de solução salina, mesmo não havendo diferença estatística entre os

dois grupos no que tange a PSE dos atletas. Corroborando a hipótese de que os

mecanismos de ação por trás do referido efeito ergogênico não são relacionados ao

aumento da oxidação de carboidratos através da via glicolítica.

Alguns ensaios clínicos não conseguiram obter melhora na PSE com o

consumo/bochecho de carboidrato em atividades de duração inferior a 60 min. (ALI

et al, 2017; CARTER et al, 2004b, CHONG et al, 2014). Um dos motivos seria a

escolha dos testes de performance tendo em vista que um teste contra-relógio não

seria adequado pela sua característica de esforço máximo, fazendo com que a PSE

pudesse ser mascarada por uma melhor eficiência em alguma variável de

performance.(ALI et al, 2017; WAX et al, 2012).

Apesar de todos os atletas terem feito as seções de sparring com os mesmos

lutadores (um faixa preta de 90kg e outro faixa azul de 90kg) com o intuito de

estabelecer níveis de intensidade e dificuldade semelhantes, outra hipótese que

justificaria a diminuição da FC e PSE seria uma diminuição involuntária de trabalho,

que seria de difícil detecção tendo em vista a complexidade da modalidade, que

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poderia justificar a diminuição das duas variáveis supracitadas. Apesar de ser uma

possibilidade que não se deve destacar, esse nexo causal é mais remoto tendo em

vista tratar-se de um estudo cego unilateral onde os participantes não sabiam do

conteúdo da suplementação.

5 CONCLUSÃO

A suplementação de carboidrato apesar de não alterar de forma significativa a

glicemia de atletas de jiu-jitsu em um treino, diminuiu a PSE dos mesmos.

Considerando que a medição de performance de forma objetiva no jiu jitsu é de

grande dificuldade, esta medida acaba se tornando uma variável de grande

significância. Estudos futuros são necessários para averiguar de forma mais precisa

os mecanismos de ação por trás desse possível efeito ergogênico e a relevância de

sua aplicabilidade em atletas de elite.

18

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _, abaixoassinado, autorizo o Centro Universitário Tiradentes, por intermédio do(a)saluno(a)s, Afonso Manoel Castelo Branco Gomes, Diego Monteiro Domingues daConceição e Jose Rinaldo Caporal Neto devidamente assistid(o)as pela seu(ua)orientador(a) Ariana Gonçalves Ferreira do Amaral Cruz, a desenvolver a pesquisaabaixo descrita:1-Título da pesquisa: Efeito da suplementação de carboidrato na percepçãosubjetiva de esforço em atletas de jiu jitsu.

2-Objetivo: Averiguar a influência da suplementação de carboidratos na diminuiçãoda percepção de esforço em atletas de jiu jitsu.

3-Descrição de procedimentos: Uma pesquisa experimental em modelo emconfiguração cruzada (crossover), cego unilateral. Será aplicado um protocolo desuplementação de carboidrato desenvolvido para a pesquisa. Além disso, serárealizada avaliação antropométrica (peso e dobras cutâneas), aferição da glicemiacapilar, frequência cardíaca e avaliação da percepção subjetiva de esforça atravésda escala de borg.

4-Justificativa para a realização da pesquisa: Testar o possível efeito dasuplementação de carboidrato intra treino na diminuição da percepção subjetiva deesforço em atletas de jiu jitsu.

5-Desconfortos e riscos esperados: Riscos mínimos inerentes à atividade física,punção capilar para aferição de glicose, hipoglicemia reativa devido asuplementação de carboidrato. Fui devidamente informado dos riscos acimadescritos e de qualquer risco não descrito, não previsível, porém que possa ocorrerem decorrência da pesquisa será de inteira responsabilidade dos pesquisadores.

6-Benefícios esperados: Efeito ergogênico positivo na diminuição de esforço dosatletas.

7-Informações: Os participantes têm a garantia que receberão respostas a qualquerpergunta e esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos assuntos relacionados àpesquisa. Também os pesquisadores supracitados assumem o compromisso deproporcionar informações atualizadas obtidas durante a realização do estudo.

8-Retirada do consentimento: O voluntário tem a liberdade de retirar seuconsentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, nãoacarretando nenhum dano ao voluntário.

9-Aspecto Legal: Elaborado de acordo com as diretrizes e normas regulamentadasde pesquisa envolvendo seres humanos atende à Resolução CNS nº 466, de 12 dedezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério de Saúde -Brasília – DF.

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10-Confiabilidade: Os voluntários terão direito à privacidade. A identidade (nomes esobrenomes) do participante não será divulgada. Porém os voluntários assinarão otermo de consentimento para que os resultados obtidos possam ser apresentadosem congressos e publicações.

11-Quanto à indenização: Não há danos previsíveis decorrentes da pesquisa,mesmo assim fica prevista indenização, caso se faça necessário.

12-Os participantes receberão uma via deste Termo assinada por todos osenvolvidos (participantes e pesquisadores).

ATENÇÃO: A participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em casos dedúvida quanto aos seus direitos, entre em contato com o Comitê de Ética emPesquisa da Universidade Tiradentes.Comitê de Ética e Pesquisa do Unit está localizado no Bloco A, sala 02Campus Amélia Maria Uchôa, Maceió/AL.Telefone: (82) 3311-3113 / e-mail: [email protected]

Maceió, _____de _____de 2017.

_____________________________________________________ASSINATURA DO VOLUNTÁRIO

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ASSINATURA DO ALUNO RESPONSÁVEL