EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ELETROMIOGRÁFICOS E DINAMOMÉTRICOS DO MÚSCULO QUADRÍCEPS FEMORAL Rafaela Soares de Farias Natal, 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS

ELETROMIOGRÁFICOS E DINAMOMÉTRICOS DO MÚSCULO

QUADRÍCEPS FEMORAL

Rafaela Soares de Farias

Natal, 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS

ELETROMIOGRÁFICOS E DINAMOMÉTRICOS DO MÚSCULO

QUADRÍCEPS FEMORAL

Rafaela Soares de Farias

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte –

Programa de pós-graduação em

Fisioterapia, para a obtenção do título de

Mestre em Fisioterapia.

Orientador: Prof Dr. Jamilson Simões

Brasileiro

Natal, 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia:

Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS

ELETROMIOGRÁFICOS E DINAMOMÉTRICOS DO MÚSCULO

QUADRÍCEPS FEMORAL

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro - UFRN - Presidente

Prof. Dr. Fábio Viadanna Serrão – UFSCAR – 1º Avaliador Externo

Prof. Dr José Jamacy de Almeida Ferreira – UFPB – 2º Avaliador Externo

Aprovada em ___/___/___

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DEDICATÓRIA

Desde quando iniciei meus estudos rumo a realização dos meus sonhos, alguns

anos já se passaram em minha vida. Porém as melhores aulas que já tive na vida não

aconteceram na escola e nem na universidade.

Entre aprovações e negações acompanhadas de explicações, fui formada. Com

princípios muito bem definidos e com muito amor plantado em meu caráter, meu pai foi

o melhor professor neste percurso pessoal e moral.

Ele me ensinou a sorrir e a não desistir diante das dificuldades. Um exemplo de

carinho e amor, assim é o meu pai.

Dedico este trabalho a ele, meu pai Orlando. Ser-lhe-ei eternamente grata pelas

melhores aulas, do melhor mestre: você.

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RESUMO

OBJETIVO: Analisar os efeitos da eletroestimulação sobre os parâmetros

eletromiográficos e dinamométricos do músculo quadríceps. MATERIAIS E

MÉTODOS: Trata-se de um ensaio clínico controlado, randomizado e duplo cego.

Sessenta voluntários saudáveis (23.6±4.2anos; 54.2±7.7Kg; 1,62±0,009cm) de ambos

os sexos foram divididos aleatoriamente em três grupos: grupo controle (GC), grupo

experimental 1 (GE1) com aplicação de corrente russa a 30 HZ e grupo experimental 2

(GE2) a 70 Hz. Os voluntários realizaram uma avaliação inicial (AV1) no dinamômetro

isocinético com 3 repetições isométricas voluntárias máximas (CIVM), para extensão

do joelho concomitante a captação da EMG para os músculos vasto medial (VM), vasto

lateral (VL) e reto femoral (RF). Posteriormente, após aplicação da eletroestimulação

neuromusuclar (EENM) foram submetidos a um protocolo experimental de fadiga

isométrica utilizando 70% da CIVM, finalizando com a realização de uma avaliação

final (AV2), nos mesmos moldes da AV1. A análise dos dados se deu através da

utilização do programa estatístico SPSS for Windows (Statistical Packege For the Social

Sciense) 17.0 e foram utilizados Anova one way nas comparações entre os grupos e

teste t pareado nas comparações dentro dos grupos. RESULTADOS: Ao analisar o

perfil dos 3 vastos nos 60 sujeitos, o VM apresentou um maior valor de RMS quando

comportamento ao VL e RF (p=0,03 e p=0,02). Com relação a Fmed, o músculo RF

(p=0,001) apresentou maior valor comparado ao VM. O músculo VM apresentou

aumentos significativos da Fmed (p=0,05) após eletroestimulação a 70 Hz quando a

AV1 foi comparada a AV2 e o RF apresentou quedas significativas (p=0,009) após

estimulação a 30 Hz. Durante a fadiga observou-se aumento do RMS no VM e VL, com

redução no RF. Para a variável Fmed observou-se queda nos três vastos durante a

fadiga. CONCLUSÃO: Os achados deste estudo sugerem que os músculos VM, VL e

RF possuem tipagens de fibras diferentes além de indicar que as frequências de EENM

tendem a se relacionar com o músculo estimulado. Por fim sugere a EMG de superfície

como um método não invasivo para caracterização muscular.

PALAVRAS-CHAVE: estimulação elétrica; músculo quadríceps; eletromiografia

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ABSTRACT

To analyze the effects of electrical stimulation at two frequencies on the EMG

parameters (EMG) and dynamometer, in muscles with different typing. MATERIALS

AND METHODS: This is a controlled clinical trial, randomized and double blind. Sixty

healthy volunteers (23.6 ± 4.2anos; 54.2 ± 7.7kg, 1.62 ± 0.009 cm) of both sexes were

divided randomly into three groups: control group (CG), experimental group 1 (SG1)

with application of the current Russian 30 HZ and experimental group 2 (EG2) at 70 Hz

The volunteers performed an initial assessment (AV1) on the isokinetic dynamometer

with three repetitions maximum voluntary isometric (MVC) for knee extension

concomitant uptake of EMG for the VM muscle, VL and RF. Later, after application of

NMES, they underwent an experimental protocol of isometric fatigue using 70% of

MVIC, ending with the completion of a final assessment (AV2) in the same manner as

the AV1. RESULTS: By analyzing the profile of the 60 subjects in three broad, VM

showed a higher value of RMS behavior when the VL and RF (p = 0.03 and p = 0.02).

With respect to Fmed the RF muscle (p = 0.001) showed a higher value for the VM. The

VM muscle showed significant increases of Fmed (p = 0.05) after electrical stimulation

at 70 Hz when compared the AV1 AV2 and RF showed significant decreases (p =

0.009) after stimulation at 30 Hz during the fatigue showed an increase RMS in the VM

and VL, with a reduction in RF. For the variable Fmed was observed in three broad

decline during fatigue. CONCLUSION: Our findings provide evidence that the muscles

VM, VL and RF fiber typing are different besides indicating that the frequency of

NMES tend to relate to the muscle stimulated. Finally suggests the surface EMG as a

noninvasive method for characterizing muscle.

KEY WORDS: electrical stimulation, quadriceps muscle, electromyography

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus e Nossa Senhora por simplesmente existirem dentro de mim e

por Colocarem todas as pessoas que aqui serão mencionadas, em minha vida.

Agradeço ao meu pai, Orlando, pelas inestimáveis contribuições para o meu

crescimento pessoal e profissional. Exemplos valem mais do que palavras e com o seu

exemplo e gestos de carinho, amor e dedicação cheguei até aqui. Muito Obrigada.

Agradeço à minha mãe, Lúcia, pelo seu infinito amor que dispensa palavras e

por muito ter contribuído para que eu pudesse chegar até aqui.

Agradeço à minha irmã, Camila, pela fiel companhia em todos os momentos que

já compartilhamos. Agradeço pela sua amizade, pelo seu carinho e pela certeza de que

sempre que precisar você estará para me ajudar.

Agradeço ao meu lindo noivo, Tomas, por entender e aceitar as minhas

limitações durante a conclusão do mestrado, principalmente durante essa etapa final.

Agradeço por ser o meu melhor amigo e que tanto me incentiva para que eu possa

sempre chegar mais longe. Por fim agradeço pelo seu amor e pela sua existência na

minha vida. Hoje, as palavras mais belas jamais conseguirão expressar tudo o que sinto

por você. Eu te amo, sempre.

Agradeço ao meu orientador, Jamilson, simplesmente por ter sido o meu

orientador. Hoje, olho para trás com a alegria do dever cumprido e com certeza de que

tive ao meu lado um exemplo de pesquisador a ser seguido. Sinto-me orgulhosa por ter

tido a sua orientação que direcionou os meus caminhos durante o mestrado e que

certamente guiarão os meus passos nos próximos caminhos. Agradeço pela sua amizade

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nos meus momentos de incertezas, agradeço pela sua compreensão nas dificuldades,

agradeço pela convivência pacífica e pelos agradáveis momentos de discussões no

laboratório.

Agradeço à minha amiga e companheira, Ivy, que comigo dividiu todas as etapas

deste trabalho. Com você compartilhei alegrias, tristezas, momentos de dúvida e

ansiedade. Hoje guardo em meu coração com muito carinho todos os nossos momentos

e desde já sinto o meu coração apertado por saber que em breve você voltará para a sua

cidade. Muito obrigada pela sua amizade, pelo seu carinho e pela sua atenção comigo.

Agradeço aos amigos Caio e Chico, sem os quais esse trabalho simplesmente

não teria sido possível. As preciosas ajudas durante as coletas de dados foram essenciais

para a conclusão deste trabalho. Muito obrigada pela atenção, pelo cuidado e

principalmente pela responsabilidade com a qual vocês conduziram as coletas. Desejo

muita sorte e sucesso para cada um.

Agradeço às queridas Tia Regina e Tia Jacinta, pelo carinho e preocupação

comigo.

Agradeço ao Tio Luciano por ser um tio especial e muito querido.

Agradeço às primas Lu e Mariana pela certeza de que posso contar com vocês

sempre que precisar.

Agradeço à querida Dona Fátima, pelo seu carinho, pela sua amizade e

sobretudo pela torcida para que tudo desse certo.

Agradeço aos amigos Tércio, Túlio e Tales por serem meus amigos e por

estarem sempre por perto.

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Agradeço às amigas Carol e Sônia por serem como “irmãs” para mim, que

compartilham momentos e que estão sempre na torcida para que tudo dê certo.

Agradeço aos amigos Lucas e Lucinha que sempre estavam por perto e sempre

dispostos a saber um pouco do mais do mestrado. Agradeço pela amizade de vocês e

pela companhia sempre agradável durante as nossas saídas.

Agradeço à todos do grupo de pesquisa: Ariane, Liane, Amanda, Anita, Daniel,

Clarissa, Caio, Chico e Ivy pelos agradáveis momentos durantes os dias de reunião e

também pelas discussões que certamente enriqueceram este trabalho.

Agradeço à todos os colegas da turma do mestrado, em especial a Karla,

Raissinha, Angelo, Janaina, Ivy, Patrícia e Carol. Com você os meus dias em Natal

eram sempre mais alegres e ao voltar para João Pessoa terei a alegre satisfação de saber

que aqui em Natal terei sempre amigos muito queridos.

Agradeço à amiga Nícia, que foi a primeira pessoa a me estender a mão quando

o mestrado ainda era um sonho. Hoje é impossível não relembrar todo o seu apoio e as

ajudas durante o processo seletivo do mestrado. Muito obrigada por tudo.

Agradeço aos meus colegas de trabalho do Hospital da Unimed-JP por me

ajudarem com trocas de plantão e também por estarem na torcida por mim.

Agradeço aos professores Álvaro e Wouber pelas considerações durante a banca

de qualificação.

Agradeço aos professores Jamacy e Fábio Serrão pela disposição em participar

da banca de defesa do meu mestrado e certamente contribuir para o enriquecimento do

meu trabalho.

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Agradeço ao professor Gildásio que compartilhou comigo a sua grande

experiência docente e certamente muito me ajudou na prática docente.

Agradeço à professora Elma pelas preciosas ajudas com a estatística e sem as

quais as análises desse trabalho não seriam possíveis

Agradeço à secretária da pós-graduação, Patrícia, que gentilmente sempre me

ajudava e contribui para que o mestrado e minha passagem por Natal fosse tão tranquila.

Agradeço aos funcionários do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) que

sempre foram muito atenciosos comigo durante a minha passagem por lá.

Agradeço à Capes pela bolsa de estudos concedida.

Agradeço à todos os voluntários dessa pesquisa que não mediram esforços para

me ajudar e assim possibilitaram coletas sempre tranquilas.

Por fim agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram

para este mestrado fosse possível.

“ A gratidão é a memória do coração.” (Charles Chaplin)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................17

REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................20

2.1 A fibra muscular........................................................................................................20

2.2 Análise histológica do músculo quadríceps femoral ................................................23

2.3 Análise EMG nos estudo de tipagens de fibras.........................................................24

2.4 Fadiga muscular.........................................................................................................25

2.5 Estimulação Elétrica Neuromusucular......................................................................27

3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................30

4 OBJETIVOS ................................................................................................................31

4.1 Geral .........................................................................................................................31

4.2 Específicos ................................................................................................................31

5 HIPÓTESES ...............................................................................................................32

6 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................33

6.1 Técnica de Pesquisa e local do estudo ......................................................................33

6.2 Caracterização da Amostra da Pesquisa ...................................................................33

6.3Amostragem e processo de Alocação ........................................................................34

6.4 Instrumentos .............................................................................................................34

6.5 Procedimentos ..........................................................................................................35

6.5.2 Avaliação do desempenho muscular .....................................................................35

6.5.3 Avaliação eletromiográfica ....................................................................................37

6.5.4 Protocolo de Eletroestimulação .............................................................................39

6.5.5 Protocolo de fadiga muscular.................................................................................41

6.6 Análise estatística......................................................................................................44

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7 RESULTADOS

7.1 Análise do comportamento eletromiográfico (RMS e Fmed) dos músculos

VM, VL e RF antes da intervenção nos 60 sujeitos avaliados........................................45

7.2 Análise do RMS e Fmed na AV1 e AV2..................................................................47

7.2.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF na AV1 e

AV2.................................................................................................................................47

7.2.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF entre a AV1 e

AV2.................................................................................................................................49

7.3Análise do RMS e da Fmed durante o protocolo experimental de

fadiga...............................................................................................................................51

7.3.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF durante o protocolo de

fadiga...............................................................................................................................51

7.3.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF durante o protocolo de

Fadiga..............................................................................................................................53

7.4 Análise do PT............................................................................................................56

8. DISCUSSÃO ..............................................................................................................57

8.1 Análise do comportamento eletromiográfico (RMS e Fmed) dos músculos VM, VL

e RF antes da intervenção, nos 60 sujeitos avaliados .....................................................57

8.2 Análise do RMS e da Fmed entre a AV1 e AV2.....................................................59

8.2.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF entre AV1 e

AV2.................................................................................................................................59

8.2.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF entre a AV1 e

AV2.................................................................................................................................60

8.3 Análise do RMS e da Fmed durante o protocolo de

fadiga...............................................................................................................................61

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8.3.1Análise do RMS durante o protocolo de fadiga, inter e intra grupos......................62

8.3.2Análise da Fmed durante o protocolo de fadiga.....................................................64

8.4 Análise do PT na AV1 e AV2 entre os grupos GC, GE1 e GE2...............................64

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................66

10.REFERÊNCIAS ........................................................................................................67

11.ANEXOS ...................................................................................................................74

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Lista de figuras

Figura. 1 Posicionamento do voluntário no dinamômetro isocinético............................36

Figura 2. Posicionamento dos eletrodos nos músculos VM, VL, RF e posicionamento do

eletrodo referência na tuberosidade anterior da tíbia.......................................................38

Figura 3. Sinal Eletromiográfico durante a AV1.............................................................39

Figura 4. Posicionamento dos eletrodos de EENM no trajeto do nervo femoral ...........40

Figura 5. Sinal eletromiográfico durante o protocolo de fadiga muscular .....................42

Figura 6. Sumário dos procedimentos realizados no presente estudo ............................43

Figura 7. Análise da variável RMS dos músculos VM, VL e RF antes da intervenção

nos 60 sujeitos avaliados ................................................................................................45

Figura 8. Análise da variável Fmed nos músculos VM, VL e RF antes da

Intervenção nos 60 sujeitos avaliados ............................................................................46

Figura 9. Análise da variável RMS no músculo VM nas avaliações AV1 e AV2 ........47

Figura 10. Análise da variável RMS no músculo VL nas avaliações AV1 e AV2.......48

Figura 11. Análise da variável RMS no músculo RF nas avaliações AV1 e AV2..........48

Figura 12. Análise da variável Fmed no músculo VM na AV1 e AV2 ..........................49

Figura 13. Análise da variável Fmed no músculo VL na AV1 e AV2 ...........................50

Figura 14. Análise da variável Fmed no músculo RF na AV1 e AV2 ...........................50

Figura 15. Análise da variável RMS do músculo VM durante o protocolo de fadiga ...51

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Figura 16. Análise da variável RMS do músculo VL durante o protocolo de fadiga.....52

Figura 17. Análise da variável RMS do músculo RF na AV1 e AV2............................52

Figura 18 Análise da variável Fmed do músculo VM durante o protocolo de fadiga ....53

Figura 19. Análise da variável Fmed do músculo VL durante o protocolo de fadiga.....54

Figura 20. Análise da variável Fmed do músculo RF durante o protocolo de fadiga.....55

Figura 21. Análise da variável PT realizada na AV1 e AV2 entre os grupos GC, GE1 e

GE2..................................................................................................................................56

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Lista de Anexos

Anexo I Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..................................................74

Anexo II Ficha de Avaliação...........................................................................................76

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1 INTRODUÇÃO

A composição muscular é um assunto complexo que envolve estudos

histológicos, bioquímicos e anatômicos, visando a sua real caracterização 2, 6, 11

. Com

base em alguns estudos 46,47

foi demonstrada a existência de dois tipos principais de

fibras: as de contração lenta (tipo I) e as de contração rápida (tipo II), existindo ainda

uma divisão das fibras tipo II em três subtipos: IIA, IIB, e IIC 46

.

Sabe-se que as fibras tipo I apresentam alto nível de resistência aeróbia e são

muito recrutadas durante a maioria das atividades diárias, quando as necessidades de

força muscular são baixas. As fibras tipo II por sua vez são adequadas para o

desempenho anaeróbico, sendo freqüentemente recrutadas durante atividades de

intensidade mais elevadas 28

.

Além disso, a constituição muscular é variável entre os diferentes músculos do

corpo humano e entre músculos de um mesmo grupo, como é o caso do músculo

quadríceps femoral formado por quatro componentes, dentro os quais os mais estudados

são o músculo vasto lateral (VL), vasto medial (VM) e reto femoral (RF) 23, 24, 25

.

Estudos prévios sugerem ainda que os músculos VL e VM possuem predominância de

fibras tipo I enquanto que o RF é composto em sua maioria por fibras tipo II 15,20

.

Apesar do exposto, frequentemente observa-se na literatura divergências

metodológicas 23, 47

e uma não padronização das técnicas comumente utilizadas para

caracterizar a composição muscular, fato este que impossibilita comparações entre os

estudos e apontam a necessidade crescente de pesquisas nessa área.

Neste cenário, a eletromiografia (EMG) de superfície desponta como uma

importante ferramenta, até então utilizada no estudo da função muscular 1, 19

.

Recentemente alguns estudos estão utilizando-la para observar os padrões de

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18

recrutamento de músculos com diferentes composições de fibras, no qual a variável

frequência mediana (Fmed) tem sido muito explorada 29, 29

.

Considerando as evidências da literatura que indicam uma variação na

composição das fibras do músculo quadríceps, a variável Fmed poderia então fornecer

informações sobre padrões específicos da frequência de disparo das fibras musculares

que compõem os músculos VM, VL e RF 41

.

Esse conhecimento é importante, já que a tipagem de fibras é um assunto que

muito se relaciona com alguns recursos comumente utilizados na Fisioterapia, dentre

eles a eletroterapia34

. A utilização de corrente elétricas visando à estimulação de

músculos é feita com vários tipos de correntes e dentre estas, atualmente destaca-se a

corrente russa 52

.

Trata-se de uma modalidade da eletroterapia de média frequência e que possui

uma frequência de modulação ajustável 3. Partindo deste conhecimento, alguns estudos

tentam relacionar este valor de modulação com o tipo de músculo a ser estimulado e

acreditam haver uma relação entre o tipo de músculo e a frequência de estimulação

elétrica a ser utilizada, visando uma maior ativação e conseqüentemente, uma

otimização na produção de força 3, 8

.

Por fim, baseando-se na literatura existente 41, 44, 48

e verificando a carência de

evidências referente a morfologia do músculo quadríceps femoral, este estudo se propõe

a analisar o comportamento eletromiográfico dos músculos VM, VL e RF diante de um

protocolo experimental de fadiga, com e sem a aplicação da EENM, em diferentes

frequências de estimulação, em pessoas saudáveis.

A resposta para estas perguntas permitirá um melhor direcionamento da

aplicação da eletroterapia visando melhores resultados na prática clínica e fornecerá

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19

subsídios para utilização da EMG em estudos de caracterização para a tipagem de fibra

muscular.

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20

2.REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A fibra muscular

O músculo esquelético é um dos tecidos do corpo mais ativos metabolicamente,

sendo muito importante para locomoção. As fibras musculares são as células dos

músculos, estas possuem a sua origem a partir de células mesodermais e

histologicamente observa-se a presença de células fusiformes e multinucleadas com

diâmetros variando de 10 micrômetros (µm) a 80 µm 28

.

Neste contexto existem os chamados fatores de transcrição ou fatores

miogênicos que transformam as células mesodermais em mioblastos e estes por ação de

outros fatores transformam-se em miócitos, uma célula mononucleada. Em seguida

essas células se unem caracterizando a fibra muscular multinucleada 22, 26

.

Morfologicamente, os músculos esqueléticos são constituídos pelas fibras

envoltas, uma a uma, por tecido conjuntivo fibroso, o endomísio. Em seqüência, estas

fibras são agrupadas em feixes de até 150 fibras formando um fascículo, o qual está

envolto pelo perimísio. Vários fascículos juntos são envolvidos pelo epimísio, formando

o músculo como um todo 17

.

Estruturalmente as fibras musculares são constituídas pelos sarcômeros,

unidades iguais e repetidas delimitadas pelas linhas Z, dentro dos quais se localizam os

filamentos proteicos finos e grossos. Os filamentos finos são formados por actina,

tropomiosina, troponina e tropomodulina e os filamentos grossos são representados pela

miosina. Esta é formada por duas cadeias pesadas de proteínas denominadas Cadeia

Pesada de Miosina (MCH) e um filamento fino com duas cadeias leves de proteínas que

se enrolam entre si 17, 26

.

Diferentemente dos aspectos morfológicos e estruturais que são iguais para todas

as fibras do músculo esquelético, as respostas fisiológicas e bioquímicas podem ser

Page 22: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

21

diferentes entre os músculos, permitindo que as fibras musculares sejam diferenciadas

quanto a sua função 24

.

Neste contexto, as células do músculo podem ser classificadas com base nas suas

características fisiológicas, evidenciando a atividade enzimática, o potencial oxidativo, e

determinando o tipo de atividade muscular mais compatível à característica da fibra

44,45,48.

Atualmente as formas para a classificação das fibras musculares que oferecem

maior fidedignidade baseiam-se no perfil proteico da MHC, sendo que as técnicas mais

comumente utilizadas são: o método histoquímico, através da análise da atividade da

ATPase, método imunohistoquímico com anticorpos específicos para a MHC e a análise

eletroforética das isoformas da MHC 25

.

Particularmente o método histoquímico é bastante utilizado e, a partir da análise

da fibra muscular em diferentes pH’s, é possível classificar as fibras em tipo I e tipo II

48. Ademais, através do método imunohistoquímico, é possível ainda observar a

existência de fibras puras e híbridas 48.

Entre as fibras puras destaca-se as do tipo I, IIA, IID/IIx e IIB e as fibras

híbridas, são representadas principalmente pelos tipos IC, IIC, IIAC, IIAD, IIDA, IIBD

e IIDB, formadas pela expressão de duas ou mais isoformas da MHC 6.

Nesta perspectiva as fibras mais comumente estudadas no músculo esquelético

humano são as fibras tipo I e tipo II com suas subdivisões: IIA, IID (ou IIx), IIB, e IIC 6.

Com relação as suas características fisiológicas as tipo I geram energia utilizando

o sistema aeróbio, apresentam menor velocidade de propagação do cálcio e possuem

grande número de mitocôndrias, sendo muito resistente à fadiga. Estas recebem maior

vascularização e contém altos níveis de mioglobina, possuem baixa velocidade de

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22

contração e baixa capacidade para geração de força. Ademais se observa um predomínio

de enzimas oxidativas, incluindo a citrato sintetase e a succinato desidrogenase 44

.

As fibras tipo II possuem um predomínio de enzimas glicolíticas incluindo

fosfofrutoquinase (PFK) e lactato desidrogenase (LDH). Estas geram energia anaeróbia,

apresentam alta capacidade de condução do potencial de ação, rápida propagação de

cálcio e consequentemente maior velocidade de contração e relaxamento. Possuem

grande capacidade de geração de força, pouca resistência a fadiga e pouca

vascularização. Por consequência apresentam baixo número de mitocôndrias e reduzida

quantidade de mioglobina, sendo observado alta atividade da ATPase 44.

Apesar das funções das fibras IIA, IID, IIB e IIC ainda não serem claramente

discutidas na literatura, sabe-se que durante contrações musculares voluntárias o

recrutamento adicional das fibras obedece a uma ordem na qual as fibras tipo I são as

mais frequentemente utilizadas e à medida que a intensidade da contração aumenta

observa-se o recrutamento adicional das fibras IIA, seguido pelas IIB e por fim, diante

de atividade extenuantes as fibras IIC. Sabe-se ainda que as fibras IIA são mais

recrutadas que as fibras IIB e que estas geram uma força consideravelmente maior que

as fibras tipo I 23

.

Com relação às fibras IID (ou IIx) Tihanyi et al., (1982), em um estudo clássico

relata que estas são fibras com características intermediárias entre as fibras tipo I e tipo

II. Contudo, pouco depois Schiaffino et al (1989) discordou desta afirmação e revelou

em seu estudo que estas fibras possuem características próprias com funções ainda a se

esclarecer. Ademais, existe uma escassez de estudos, não sendo observados relatos de

estudos que expliquem o recrutamento dessas fibras.

Page 24: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

23

2.2 Análise histológica do músculo quadríceps femoral

O músculo quadríceps femoral é o maior músculo do corpo humano sendo

formado por quatro componentes, a saber: vasto intermédio (VI), vasto lateral (VL),

vasto medial (VM) e reto femoral (RF) 47

. Destes, as porções superficiais VM, VL e RF

são as mais comumente estudadas. Apesar de todos eles trabalharem conjuntamente

para manutenção da força, estudos prévios sugerem diferenças no padrão de

recrutamento muscular, fato este que estimula pesquisadores a estudarem a sua

composição e o seu comportamento 47

.

Apesar de existir uma carência na literatura com relação a estudos morfo-

histológicos envolvendo este músculo, O’Brien (1997) aponta a existência de variações

no músculo quadríceps quanto a tipagem de fibras entre pessoas sedentárias e atletas, e

com base no seu estudo de foi observado que maratonistas apresentaram 8% de

predomínio de fibras tipo II e 92% de fibras tipo I, enquanto que pessoas sedentárias

apresentaram 55% de fibras tipo II e 45% de fibras tipo I.

Partindo do pressuposto da existência de diferenças na composição dos músculos

VM, VL e RF, Gerdle et al.(1991) encontrou em seu estudo um predomínio de fibras

tipo II para o músculo RF, seguido em ordem descendente pelos músculos VL e VM.

Outros autores afirmam que o músculo VM contém proporções relativamente

altas de fibras tipo I e que o VL possui uma grande variabilidade, não existindo

predomínio 46, 48

.

Com relação a variação observada no músculo VL, foi observado 44

uma grande

variabilidade entre o sexo masculino e feminino, sendo as mulheres formadas por um

predomínio de fibras tipo I e os homens, por fibras tipo II. Este autor 44

ainda observou

diferenças com relação ao predomínio de fibras IIa e IIb neste músculo.

Page 25: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

24

Apesar do exposto, frequentemente observa-se na literatura divergências

metodológicas e uma não padronização das técnicas comumente utilizadas para

caracterização muscular, fato este que impossibilita comparações entre os estudos e

apontam a necessidade crescente de pesquisas nessa área 24, 47

.

Neste cenário, a eletromiografia (EMG) de superfície surge como uma

importante ferramenta, até então utilizada no estudo da função muscular 1, 22

.

2.3 Análise EMG no estudo de tipagens de fibras

A EMG de superfície é um instrumento comumente utilizado na prática clínica

para o estudo da função muscular 26

. Estudos frequentemente utilizam-na para mostrar

alterações de recrutamento em diferentes músculos em pacientes com disfunções

neuromusculares 37

e no pós-operatório de lesão do ligamento cruzado anterior 38

.

Contudo, atualmente observa-se na literatura uma tendência à exploração da

EMG de superfie como um método alternativo e não invasivo para caracterização da

tipagem da fibra muscular 4 ,7.

A partir da EMG e da análise de variáveis como a Fmed e Root Mean Square

(RMS), alguns pesquisadores observam o padrão de recrutamento dos músculos do

quadríceps e fazem inferências sobre a sua constituição muscular 29, 39,41.

.

Estudos prévios sugerem que uma significativa relação da Fmed com a

velocidade de condução da fibra, fadiga muscular e tipos de fibra, justificam a sua

aplicabilidade em experimentos avaliando músculos de diferentes tipagens de fibras 15,

22. Neste sentido, alguns estudos já sugerem o uso da EMG como um método não

invasivo para caracterização muscular 29

.

Assim, considerando as evidências da literatura que indicam uma variação na

composição das fibras do músculo quadríceps, a variável Fmed pode então fornecer

Page 26: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

25

informações sobre padrões específicos da frequência de disparo das fibras musculares

que compõem os músculos VM, VL e RF 41

.

Entre os modelos de estudo propostos para se analisar a variação no

recrutamento dos músculos VM, VL e RF, alguns autores sugerem estudar o

comportamento das fibras musculares durante atividades musculares submáximas ou

máximas 5, 36

.

Diante disso estudos envolvendo a eletromiografia sugerem que o músculo VM

contém altas proporções de fibras tipo I e o músculo VL possui grande variabilidade,

não existindo consenso em relação a este vasto 23, 24

. Outro autor sugere ainda que o

músculo VM é composto por aproximadamente 50% de fibras tipo I e o músculo VL,

por 30% sendo o músculo RF constituído predominantemente por fibras Tipo II 30.

Rainoldi et al. (2001) confirma em seu estudo a variabilidade de fibras existente

no músculo VL, no entanto afirma existir um predomínio de fibra tipo I nos músculos

VM e RF.

Com base no exposto observa-se uma correlação entre os estudos anatômicos e

eletromiográficos, fato este que fez alguns autores afirmarem que a EMG possui

confiabilidade no estudo da tipagem de fibras.

2.4 Fadiga muscular

A fadiga muscular pode ser definida como uma diminuição na capacidade de

geração de força ou na incapacidade de manutenção de um adequado desempenho

muscular, sendo um inevitável fenômeno associado com o trabalho muscular 18

.

Quantitativamente alguns autores ainda definem a fadiga como o momento onde a partir

do qual observa uma queda de 20% do pico de torque 14, 43

.

Page 27: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

26

Tipicamente, existem dois tipos de fadiga, a de origem central e a periférica. A

primeira seria decorrente de processos fisiológicos que ocorrem dentro do sistema

nervoso central (SNC), incluindo a inabilidade deste em gerar um comando central

apropriado e suficiente para execução de uma determinada tarefa, além de distúrbios na

transmissão de informações dada pelos neurônios motores envolvidos e na ativação

sustentada do músculo por motoneurônios 21

.

Já a fadiga de origem periférica decorre de alterações na homeostasia do

músculo, levando a uma diminuição na eficiência das unidades contráteis devido à

diminuição do pH, alterações na temperatura e no fluxo sanguíneo, acúmulo de

produtos do metabolismo celular, particularmente os resultantes da hidrólise do

adenosina trifosfato, a perda da homeostasia do íon cálcio, a lesão muscular focal, a

mudança da cinética de alguns íons nos meios intra e extracelulares, além da depleção

de substratos energéticos 21

.

A fadiga promove uma diminuição na capacidade de produção de força e

potência e está associado a uma redução na velocidade de encurtamento muscular,

ocasionando mudanças na execução do movimento e consequentemente danos ao

desempenho muscular 31

.

Este fenômeno está relacionado a alterações no sinal EMG, promovendo um

possível aumento da amplitude do sinal, expresso pelo RMS. Já no espectro de

frequência, observa-se uma diminuição na velocidade de condução do potencial de

ação, em conseqüência do acúmulo de substratos metabólicos que diminuem o pH da

fibra muscular, causando redução na Fmed 12, 19

.

Recentemente alguns autores tentam explicar a redução observada na Fmed

afirmando que durante a fadiga ocorre um aumento no número de unidades motoras

Page 28: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

27

recrutadas, concomitante com uma melhora de sua sincronização, de forma a tentar

compensar a redução na capacidade de geração de força por cada unidade motora 36

.

2.5 Estimulação Elétrica Neuromusucular (EENM)

A eletroterapia é um recurso da fisioterapia que utiliza correntes elétricas com

fins terapêuticos. Já a EENM diz respeito a ação de estímulos elétricos terapêuticos

aplicados sobre o tecido muscular, por meio do sistema nervoso periférico 8

Á partir de estudos de um cientista Russo chamado Yakov Kots, que acreditava

que a EENM seria capaz de produzir ganhos significativos de força, o interesse pelo uso

da EENM, tanto em pessoas saudáveis como em grupo de pacientes, passou a ser

explorado mais intensamente pela comunidade científica 3.

Sabe-se que a corrente russa, ou corrente de Kots, é uma modalidade da

eletroterapia de média frequência que possui uma frequência portadora de 2.500Hz.

Contudo, fala-se que é uma modalidade de média frequência modulada em baixa, uma

vez que é necessário que se ajuste a frequência dos trens de pulso, antes de se iniciar a

terapia 52.

Entre as teorias propostas para tentar explicar o uso da EENM no ganho de força

muscular, existem duas principais. A primeira teoria propõe que a EENM atuaria no

fortalecimento muscular de maneira semelhante ao exercício voluntário, ou seja,

impondo um aumento de carga no músculo estimulado. A outra teoria diz respeito ao

estímulo preferencial das fibras tipo II pela eletroestimulação. De acordo com esta

teoria a EENM atuaria estimulando, de forma mais eficiente que os exercícios

voluntários, esse tipo de fibra 8.

Page 29: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

28

No entanto muitos parâmetros estão envolvidos no estudo da EENM e,

conseqüentemente, na produção de força e ativação muscular, fato este que torna difícil

a comparação entre estudos, bem como a generalização de novas informações 3, 43.

Alguns estudos observam o efeito da EENM na força utilizando diferentes

intensidades de estimulação 3, 8, 19

, outros observam os efeitos de diferentes tempos de

aplicação10

e há aqueles que se preocupam em estudar diferentes modulações de

frequências na corrente russa 28, 43

.

A frequência das correntes é assunto complexo e importante sendo este um

parâmetro que está diretamente relacionado com os objetivos do tratamento e com a

fisiologia/anatomia muscular da região a ser tratada 28

. Quando se deseja atingir efeitos

motores, por exemplo, existem autores que enfatizam a necessidade de se ajustar a

freqüência de acordo com o grupo muscular que está sendo estimulado 3, 28.

Lieber (2002) acredita que para músculos com predominância de fibras tipo I

devem ser utilizadas valores compatíveis com o mecanismo fisiológico destas fibras e

portanto, preconiza frequências menores que 50 Hz, para que as contrações

eletricamente invocadas possam ser otimizadas. RUSS et al. (2002) contudo, não

acredita nessa relação e realizam a EENM sem a preocupação de ajustar a frequência

de eletroestimulação com o tipo de músculo estimulado.

Com relação ao músculo quadríceps observa-se que não existe um consenso

entre autores quanto a melhor frequência de eletroestimulação, fato este que possibilita

a aplicação de valores constantes na prática clínica 3.

Particularmente observa-se na clínica uma tendência a utilização de frequências

de 50 Hz independente do músculo a ser tratado, no entanto alguns autores demonstram

que este valor está mais indicado quando não se sabe ao certo a composição do músculo

Page 30: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

29

a ser estimulado, um vez que teoricamente estaria estimulando fibras tipo I e tipo II

simultaneamente .

Com base em uma revisão sistemática da literatura, Bax, Staes e Verhagen

(2005) relataram que após aplicação de eletroestimulação no músculo quadríceps nas

frequências de 80Hz, 45 Hz e 20 Hz, observou-se que as frequências de 80Hz

produziram melhores resultados em termo de produção de força no músculo quadríceps.

Contudo, Baptista, et al. (2009) utilizaram frequências de 20Hz e 100 Hz e não

encontraram diferenças entre essas duas frequências para o músculo quadríceps.

Por fim, tendo em vista a carência de evidências no que se refere aos melhores

valores de frequência de modulação para o músculo quadríceps, torna-se necessário

estudos que elucidem este tema, bem como forneça subsídios para otimização dos

resultados na prática clínica.

Page 31: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

30

3 JUSTIFICATIVA

Dentre as técnicas recentemente propostas no estudo da tipagens das fibras do

músculo quadríceps femoral, a EMG de superfície começa a fornecer subsídios para se

avaliar a composição muscular a partir da análise da variável Fmed 12, 29

.

Trata-se de uma modalidade não invasiva e a exploração desse recurso pode

contribuir para uma melhor caracterização dos músculos esqueléticos, bem como

possibilitará a utilização de uma informação muito negligenciada pelos fisioterapeutas:

a caracterização muscular com base na predominância do tipo de fibra.

Ademais, o conhecimento acerca da tipagens de fibras possibilitará, uma

otimização dos recursos utilizados pela fisioterapia, dentre eles a eletroterapia.

Atualmente observa-se uma necessidade crescente em fundamentar uso de diferentes

frequências de modulação na corrente Russa e a busca por evidências pode estar

relacionada com a tipagem muscular da área a ser estimulada.

Por fim, torna-se necessário uma maior elucidação acerca da composição

muscular dos componentes do músculo quadríceps, justificando a realização de estudos

que relacionem diferentes músculos e diferentes frequências de estimulação elétrica,

visando uma otimização da eletroterapia.

Page 32: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

31

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

- Analisar o comportamento eletromiográfico dos músculos VM, VL e RF durante um

protocolo experimental de fadiga muscular isométrica submáxima

4.2 Objetivos específicos

- Analisar o RMS e Fmed dos músculos VM, VL e RF dos 60 sujeitos durante uma

contração isométrica máxima, a fim de identificar a composição de suas fibras

musculares;

- Aplicar EENM nos grupos GE1 e GE2;

- Analisar os efeitos da EENM com aplicação da corrente russa nas frequências de 30

Hz e 70 Hz, no RMS, Fmed e PT do músculo quadríceps;

- Analisar o RMS e Fmed dos músculos VM, VL e RF nos grupos GC, GE 1 e GE2

durante um protocolo de fadiga muscular isométrica submáxima;

- Comparar o RMS e Fmed nos músculos VM, VL e RF na avaliação inicial (AV1) e

avaliação final (AV2), nos grupos GC, GE1 e GE2;

- Comparar a variável Pico de Torque antes e após um protocolo experimental de

fadiga, nos grupos estudados.

Page 33: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

32

5 HIPÓTESES

5.1 Hipótese nula (H0)

- Não existe diferença no comportamento EMG dos músculos VM, VL e RF,

submetidos a um protocolo de fadiga, com ou sem o uso de EENM.

5.2 Hipótese afirmativa (H1)

-Existe diferença no comportamento EMG dos músculos VM, VL e RF submetidos a

um protocolo de fadiga, com ou sem o uso de EENM.

Page 34: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

33

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 TÉCNICA DE PESQUISA E LOCAL DO ESTUDO

Trata-se de um estudo experimental do tipo ensaio clinico controlado,

randomizado e duplo cego, no qual tantos os voluntários e o avaliador 1 foram cegos.

Este avaliador não soube o grupo dos participantes, nem os participantes souberam da

existência de outros grupos.

O presente estudo foi realizado no Laboratório de Análise da Performance

Neuromuscular (LAPERN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

6.2CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DA PESQUISA

Para execução deste estudo foram selecionados voluntários saudáveis, de ambos

os sexos, com média de idade de 23.6±4.2anos, divididos aleatoriamente em três grupos

distintos, a saber: GC, GE1 e GE2.

Cada grupo foi formado por 20 participantes sendo 10 homens e 10 mulheres.

Como critérios de inclusão todos os voluntários deveriam ser fisicamente ativos, não

apresentar doenças neuromusculares e não utilizar endoprótese e/ou osteossíntese.

Foram excluídos do estudo aqueles que não conseguiram cumprir o protocolo de

pesquisa adequadamente e/ou referiram dor ou desconforto durante os procedimentos.

Todos os indivíduos deste estudo participaram de forma voluntária e antes de

serem admitidos no estudo, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido

conforme critérios estabelecidos pelo conselho nacional de saúde (CNS 196/96).

Ademais, foram informados quanto aos procedimentos éticos da pesquisa.Este estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética local (099/2010).

Page 35: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

34

6.3AMOSTRAGEM E PROCESSO DE ALOCAÇÃO

Quanto às formas de alocação da amostra, esta foi não probabilística por

conveniência e o processo de randomização foi feito com envelopes opacos, selados e

numerados de 1 a 60, por um avaliador de número dois.

Dentro de cada envelope foi colocado previamente a ficha de avaliação, termo

de consentimento livre e esclarecido e uma marcação indicando o grupo do voluntário.

Esta marcação foi composta por fitas nas cores laranja, amarela e verde, ficando a

critério do pesquisador 2 a determinação dos grupos e suas respectivas cores.

Esse envelope foi lacrado e posteriormente e aberto pelo pesquisador apenas na

hora do preenchimento da ficha de avaliação, de forma que, nesse momento cada

voluntário seria sorteado em relação ao grupo ao qual pertenceria.

Finalizada a coleta, o envelope foi novamente lacrado e aberto apenas na etapa

de análise dos dados pelo pesquisador 1, responsável pela tratamento estatístico. Os

dados foram analisados de forma “cega” e as cores dos grupos só foram reveladas após

o término da análise estatística.

6.4 INSTRUMENTOS

Para aquisição e processamento dos sinais eletromiográficos, foi utilizado um

módulo condicionador de sinais (MCS 1000) de 4 canais (EMG System do Brasil®) com

um conversor analógico-digital - A/D (CAD, 12/36-60K) com resolução de 12 bits. O

equipamento tem uma razão de rejeição de modo comum (RRMC) > 80 Db, com

frequência de amostragem configurada em 2000 Hz e o sinal foi filtrado entre 20 e 500

Hz. Como o ganho programado no conversor foi de 50 vezes e de 20 vezes nos

eletrodos, os sinais foram amplificados em 1000 vezes. O software utilizado foi o

Page 36: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

35

EMGLab (EMG System do Brasil®, Brasil), que calcula a freqüência mediana através

da Transformada Rápida de Fourier (FFT).

Ademais foram utilizados eletrodos auto-adesivos (Noraxon®, USA) de superfície

ativos, simples diferenciais com uma distância inter-eletrodo de 2 cm, além de um

eletrodo de referência monopolar também do tipo auto-adesivo (Noraxon®, USA).

Para dinamometria isocinética foi utilizado um dinamômetro isocinético

computadorizado (Biodex® Multi-Joint System 3 Pro, USA). O equipamento consiste

essencialmente de uma cadeira, de uma unidade de recepção de força conectada a um

braço de alavanca e de uma unidade de controle, cujo monitor oferece feedback visual

ao sujeito durante a execução dos testes.

Também foram utilizados uma bicicleta estacionária, um gerador universal de

corrente para utilização da Corrente Russa da marca Ibramed®, eletrodos autoadesivos

para eletroestimulação, além de outros materiais de consumo.

6.5 PROCEDIMENTOS

6.5.1 Estudo Piloto

Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa Local foram realizados

estudo pilotos visando adequação de todos os procedimentos de pesquisa, bem como o

treinamento de todos os pesquisadores envolvidos.

6.5.2 Avaliação do desempenho muscular

A princípio, todos os sujeitos realizaram aquecimento em uma bicicleta

estacionária por 5 minutos com uma carga de 30 w. Após este período, cada voluntário

foi posicionado no dinamômetro isocinético e em seguida estabilizados com cintos de

couro no tronco e na pelve para minimizar os movimentos durante a coleta dos dados. O

epicôndilo lateral do fêmur foi utilizado como referência para marcar o centro de

rotação do joelho com o centro de rotação do dinamômetro.

Page 37: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

36

O posicionamento de cada voluntário no dinamômetro (Figura 1) foi realizado

por um único avaliador treinado para esta função e finalizada esta etapa os voluntários

receberam instruções quanto a realização da avaliação inicial (AV1).

Na AV1 o membro dominante de cada voluntário foi posicionado em 60 º e em

seguida os participantes foram orientados a executarem a máxima força isométrica

possível para extensão do joelho dominante. Durante a avaliação foi fornecido

encorajamento verbal, bem como um feedback visual pelo monitor do computador do

dinamômetro isocinético.

Essa avaliação consistiu de 3 contrações isométricas máxima (CIVM) e cada

uma teve duração de 5 segundos. Entre as contrações foi permitido um intervalo de um

minuto (MATHUR, 2005) em repouso. A variável dinamométrica analisada foi o pico

Figura. 1 Posicionamento do voluntário no dinamômetro

isocinético

Page 38: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

37

de torque (PT) e posteriormente esse valor foi utilizado como referência para o cálculo

de 70% da CIVM, parâmetro utilizado para indução de fadiga.

6.5.3 Avaliação Eletromiográfica

A atividade eletromiográfica foi registrada concomitantemente a avaliação

dinamométrica, bem como durante todo o protocolo de fadiga muscular e constou do

registro da Fmed e da amplitude do sinal, dado pelo RMS. Os procedimentos

eletromiográficos foram realizados pelo avaliador 2, treinado para esta função.

Inicialmente, foram feitas demarcações na pele do voluntário para o

posicionamento dos eletrodos de captação eletromiográfica e em seguida foi realizada a

tricotomia nos locais de acoplamento dos eletrodos. Para captação dos sinais

eletromiográficos utilizou-se os músculos RF, VM e VL e os eletrodos foram

posicionados de acordo com os critérios estabelecidos pelo SENIAN 17.

Para o músculo RF os eletrodos foram posicionados em um ponto a 50% de

distância entre a espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) e o bordo superior da patela; para

o músculo VM, considerou-se 80% de distância entre a EIAS e o espaço articular

medial do joelho e para o músculo VL foi utilizado como referência 1/3 da distância

entre a face lateral da patela e a EIAS 17

(Figura 2).

Page 39: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

38

Em seguida, foram utilizados eletrodos ativos, auto-adesivos (Noraxon®, USA))

e um eletrodo de referência posicionado na tuberosidade anterior da tíbia do mesmo

membro. Cuidados também foram tomados na fixação dos cabos, para minimizar

possíveis deslocamentos durante a aquisição do sinal e surgimento de ruídos.

Durante a AV1 e avaliação final (AV2) o sinal eletromiográfico foi analisado

durante 5 segundos em cada uma das 3 CIVM, e para análise de dados utilizou-se a

contração correspondente ao maior valor do PT dado no dinamômetro (Figura 3).

Figura 2. Posicionamento dos eletrodos nos

músculos VM, VL, RF e posicionamento do

eletrodo referência na tuberosidade anterior da

tíbia

VM

VL

RF

Page 40: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

39

Figura 3. Eletromiograma captado durante AV1

6.5.4 Protocolo de Eletroestimulação

Após a realização da AV1 o pesquisador 1 foi orientado a deixar o laboratório de

coletas e o pesquisador 2 conduziu o experimento.

No grupo GC o participante foi orientando a passar 10 minutos em repouso e nos

demais grupos experimentais (GE1 ou GE2), aplicou-se a eletroestimulação

neuromuscular (EENM) por um período de 10 minutos, nas frequências de 30 Hz ou 70

Hz, respectivamente.

Para aplicação da EENM foi utilizado um gerador universal de correntes modelo

Neurodin® com forma de pulso retangular, bifásico, simétrico e com freqüência de onda

portadora de 2500 Hz, duração de pulso de 200 μs e intervalo interburst de 10 ms. Essa

configuração comumente conhecida como corrente russa.

O protocolo de eletroestimulação utilizado neste estudo teve um volume de 10

contrações e os seguintes parâmetros foram utilizados nos grupos GE1 e GE2: tempo de

subida: 1 s.; tempo de contração (T on): 10 s; tempo de descida: 1 s e tempo de

relaxamento (T off): 50 s. Este procedimento foi executado com o sujeito sentado e com

Page 41: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

40

o joelho posicionado a 60 º não sendo realizada nenhuma contração voluntária

concomitante a ENNM.

Para a aplicação da EENM, foi utilizado um par de eletrodos autoadesivo

(Valutrode®, USA) de dimensões idênticas (5 x 9cm) posicionados sobre a trajeto do

nervo femoral (Figura 5). O eletrodo proximal foi colocado a 10 cm abaixo da Espinha

Ilíaca Ântero-superior, na emergência do nervo femoral, enquanto que o eletrodo distal

foi disposto sobre os músculos VMO e RF, 5 cm acima do bordo superior da patela

(Figura 3). Este posicionamento tem-se mostrado o mais eficiente, dentre os demais,

quando se deseja alcançar contrações uniformes do músculo quadríceps e com o mínimo

desconforto (DELITTO et al., 1988)

Figura 4. Posicionamento dos eletrodos de

EENM no trajeto do nervo femoral

Page 42: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

41

Após o protocolo de EENM foi dado um intervalo de 2 minutos e em seguida o

pesquisador 1 foi convidado a retornar ao laboratório, dando seguimento ao estudo com

a realização do protocolo de fadiga muscular.

6.5.5 Protocolo de fadiga muscular

O protocolo de fadiga muscular foi realizado no dinamômetro isocinético com o

indivíduo posicionado da mesma forma da AV1, e constou de uma única série e uma

repetição isométrica submáxima para extensão do joelho do membro dominante a ser

avaliado.

De acordo com o trabalho de Mathur et al. (2005) , observou-se que durante

uma atividade isométrica submáxima com 70% da CIVM a média do tempo de fadiga

muscular variou de 59 ± 33 s a 57 ± 22 s e neste tempo foi possível observar variações

na Fmed entre os músculos VM, VL e RF.

Baseando-se este estudo, cada sujeito executou uma série com 70% da CIVM no

membro dominante por um período de 60s e o registro eletromiográfico ocorreu

concomitantemente ao protocolo de contração isométrica submáxima.

Para tanto, os tempos de coleta de dados na EMG foram pré- configurado em

60s. Ademais, durante a execução do protocolo foi fornecido feedback visual bem

como encorajamento verbal dado por um único avaliador.

Para análise das variáveis eletromiográficas Fmed e RMS durante o protocolo de

fadiga foi considerado os valores inicias e finais do eletromiograma analisado. Tais

valores foram obtidos respectivamente durante as janelas de tempo compreendidas entre

5-10 s e 50-55 s (Figura 4).

Page 43: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

42

Figura 5. Sinal eletromiográfico durante o protocolo de fadiga muscular

Ao término do protocolo de fadiga foi respeitado um intervalo de 2 minutos

(MATHUR, 2005) e em seguida realizou-se a avaliação final (AV2) nos mesmos

moldes da AV1. Para fins de análise dos dados do RMS e Fmed, foi igualmente

utilizada aquela contração correspondente ao maior valor do PT final.

Os procedimentos realizados no presente estudo estão sumarizados na figura 6.

Page 44: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

43

GC:n=20 GE1:n=20

0

GE2:n=20

n=60

Repouso EENM

30 Hz

EENM

70 Hz

- Protocolo de fadiga isométrica utilizando 70% da

CVM por 60 s.

- Registro concomitante da EMG (RMS e Fmed)

Avaliação do desempenho muscular final: AV2

Três CIVM no dinamômetro isocinético

Registro da EMG (RMS e Fmed)

Dinamometria: Pico de Torque

Figura 6. Sumário dos procedimentos realizados no presente estudo

Avaliação do desempenho muscular inicial: AV1

Três CIVM no dinamômetro isocinético

Registro da EMG (RMS e Fmed)

Dinamometria: Pico de Torque

Page 45: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

44

6.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise dos dados se deu através da estatística inferencial, com a utilização do

programa SPSS for Windows (Statistical Package for the Social Sciences) 17.0 e as

medidas utilizadas para análise inferencial dos dados foram escolhidas com base na

aderência ao modelo de distribuição normal. Observou-se a normalidade dos dados com

base no teste de Kolmogorov-Smirnov (teste KS) e a homogeneidade das variâncias foi

avaliada pelo Teste Levéne.

As variáveis analisadas foram RMS, Fmed e PT nos músculos VM, VL e RF.

Utilizou-se a ANOVA one way para comparação entre os grupos e para comparação

dentro dos grupos foi utilizado o teste t pareado.

Para fins estatísticos, a variável RMS foi normalizada na AV1 e no início do

protoco de fadiga. Foram analisados os valores brutos da Fmed e PT em todas as

análises realizadas para estas variáveis e para toda a análise estatística foi adotado um

nível de significância de 5%.

Page 46: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

45

7RESULTADOS

7.1 Análise do comportamento eletromiográfico (RMS e Fmed) dos músculos VM, VL e

RF antes da intervenção nos 60 sujeitos avaliados

Foram observadas diferenças significativas para o valor do RMS entre o

músculos VM e os músculos VL (p=0,03) e RF (p=0,02; Figura 7).

Figura 7. Análise da variável RMS dos músculos VM, VL e RF antes

da intervenção, nos 60 sujeitos avaliados. * (p<0,05)

Nos 60 sujeitos avaliados

*

µV

Page 47: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

46

Para a variável Fmed foram observadas diferenças apenas entre os músculos RF

e VM (p=0,001; Figura 8).

Figura 8. Análise da variável Fmed nos músculos VM, VL e RF antes da

Intervenção nos 60 sujeitos avaliados. * (p<0,05)

Hz

*

Page 48: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

47

7.2 Análise do RMS e Fmed na AV1 e AV2

Para fins de apresentação dos resultados, as análises dos dados referentes às

avaliações AV1 e AV2 serão agrupadas em dois subtópicos. Inicialmente serão

apresentados os resultados referentes ao RMS dos músculos VM, VL e RF e

posteriormente ocorrerá a apresentação dos resultados referentes a Fmed desses mesmos

músculos.

7.2.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF na AV1 e AV2, inter e intra grupos

Para todos os músculos analisados não foram encontradas diferenças

significativas entre os grupos GC, GE1 e GE2.

Para os músculos VM e VL não foram encontradas diferenças significativas nas

comparações entre a AV1 e AV2 (Figura 9 e 10, respectivamente). Para o músculo RF

observou-se diferença no GC (p=0,001; Figura 11).

Figura 9. Análise da variável RMS no músculo VM nas avaliações AV1 e AV2

%

Page 49: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

48

Figura 10. Análise da variável RMS no músculo VL nas avaliações AV1 e AV2

%

%

Figura 11. Análise da variável RMS no músculo RF nas avaliações AV1 e AV2

*

Page 50: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

49

7.2.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF entre a AV1 e AV2

Para todos os músculos analisados não foram encontradas diferenças entre os

grupos GC, GE1 e GE2.

Para o músculo VM observou-se diferença significativa no GC (p=0,03) e no

GE2 (p=0,05), quando comparado a AV1 e AV2 (Figura 12).

* *

Hz

Figura 12. Análise da variável Fmed no músculo VM na AV1 e AV2

*(p<0,05)

Page 51: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

50

Para o músculo VL não foram observadas diferenças entre AV1 e AV2 em

nenhum dos grupos analisados (Figura 13).

Para o músculo RF observou-se diferença significativa no GE1 (p=0,009; Figura

14).

Hz

Figura 13. Análise da variável Fmed no músculo VL na AV1 e AV2

Figura 14. Análise da variável Fmed no músculo RF na AV1 e AV2

Hz

*

Page 52: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

51

7.3 Análise do RMS e da Fmed durante o protocolo experimental de fadiga

Para fins de apresentação dos resultados, este tópico será dividido em dois

subtópicos. Inicialmente serão apresentados os resultados referentes ao RMS dos

músculos VM, VL e RF durante o protocolo de fadiga e em seguida, os valores da

Fmed.

7.3.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF durante o protocolo de fadiga

Para o músculo VM não houve diferenças entre os grupos GC, GE1 e GE2.

Contudo os grupos GC (p=0,007) e GE1 (p=0,006; Figura 15) apresentaram aumentos

do RMS para as avaliações AV1 e AV2. No GE2 a alteração não foi significativa.

Figura 15. Análise da variável RMS do músculo VM durante o protocolo de

fadiga. * (p<0,05)

%

* *

Page 53: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

52

Para o músculo VL observou-se diferença significativa entre AV1 e AV2 nos

grupos GC (p=0,001), GE1 (p<0,001) e GE2 (p=0,01;Figura 16).

No músculo RF foi observada diferenças significativas entre os grupos GE1 e

GE2 (p=0,03) no início do protocolo de fadiga. Também observou-se diferença entre

AV1 e AV2 para os grupos GC (p=0,01) e GE2 (p=0,008; Figura 17).

Figura 16. Análise da variável RMS do músculo VL durante o protocolo de

fadiga. * (p<0,05)

%

*

* * *

* *

%

Figura 17. Análise da variável RMS do músculo RF na AV1 e AV2. *(p<0,05)

Page 54: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

53

7.3.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF durante o protocolo de fadiga

Não foram observadas diferenças entre os grupos GC, GE1 e GE2 para todos os

músculos analisados.

Para o músculo VM observou-se uma queda na Fmed entre as AV1 e AV2 para

os grupos GC (p<0,001), GE1 (p<0,001) e GE2 (p<0,001; Figura 18).

* * *

Figura 18 Análise da variável Fmed do músculo VM durante o protocolo de

fadiga. *(p<0,05)

Hz

Page 55: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

54

Para o músculo VL também observou-se redução na Fmed entre as AV1 e AV2

em todos os grupos analisados: GC (p=0,002), GE1 (p<0,001) e GE2 (p<0,001) (Figura

19).

Hz

* * *

Figura 19. Análise da variável Fmed do músculo VL durante o protocolo de

fadiga. *(p<0,05)

Page 56: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

55

Para o músculo RF foi observado o mesmo padrão com redução na Fmed para os

grupos GC (p<0,001), GE1 (p<0,001) e GE2 (p<0,001; Figura 20).

* * *

Figura 20. Análise da variável Fmed do músculo RF durante o protocolo de

fadiga. * (p<0,05)

Hz

Page 57: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

56

7.4 Análise do PT

Não foram observadas modificações nos valores do PT entre os grupos GC, GE1 e

GE2. Também não foram observadas diferenças entre as AV1 e AV2 para nenhum dos

grupos (Figura 21).

Figura 21. Análise da variável PT mensurada na AV1 e AV2 entre os

grupos GC, GE1 e GE2.

Nm

Page 58: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

57

8 DISCUSSÃO

8.1 Análise do comportamento eletromiográfico (RMS e Fmed) dos músculos VM, VL e

RF antes da intervenção, nos 60 sujeitos avaliados

O presente estudo sugere que os músculos VM, VL e RF apresentaram

comportamentos diferentes em relação a variável RMS. Destes, o músculo VM

apresentou comportamento distinto dos demais, não sendo observada diferença

significativa entre o VL e o RF. Este resultado também foi observado por PINCIVERO

et al. (2000) (c) que apresentou em seu estudo maiores valores de RMS para o músculo

VM, seguido pelo VL e RF.

Este autor 40

também afirma que nem todos os músculos do quadríceps são

recrutados de maneira similar e nem contribuem igualmente para produção de torque

extensor do joelho.

Considerando-se ainda que a RMS é uma valor relacionado com a intensidade de

ativação das unidades motoras (UM’s) 32,9

esta diferença entre os músculos pode

também refletir diferenças na sincronização de disparo das UM’s dos músculos em

condições normais, sendo o músculo VM aquele que apresentou uma maior

sincronização, expressa por um maior valor do RMS.

Com relação a variável Fmed, o músculo RF apresentou maiores valores quando

comparado com o músculo VM. Este fato também foi encontrado em outro estudo 30

que sugeriu que estas diferenças podem refletir variações quanto a tipagem de fibras

entre os componentes superficiais do quadríceps.

Os estudos de EDGERETON et al. (2003), demonstraram que o músculo VM

possui grande proporção de fibras tipo I em relação ao músculo VL e que o músculo RF

possui predomínio para o tipo II quando comparado aos outros dois vastos.

Page 59: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

58

Kupa et al. (1995), afirmou que os músculos com predomínio de fibras tipo II

possuem grande número de canais de Na+ e K

+ que aumentam a velocidade de

condução do potencial de ação. Neste contexto, aqueles músculos que são compostos

por maiores percentuais de fibras tipo II, tendem a demonstrar altos valores para a

Fmed.

Contudo este achado não foi encontrado por Pincivero et al. (2000) (c), que

relatou em seu estudo resultados diferentes com o músculo VL, apresentando maiores

valores da Fmed, seguido em ordem decrescente pelos músculos RF e VM.

Apesar disso, os resultados do presente estudo confirmam a existência de

diferenças morfológicas entre as porções superficiais do músculo quadríceps.

Com esta informação conclui-se que os maiores valores da Fmed encontrados no

RF podem estar relacionados a um predomínio de fibras tipo II nesta porção do

quadríceps quando comparado aos demais vastos. Ademais, é válido ressaltar o

comportamento do músculo VL, que exibiu uma tendência de se comportar como um

músculo com características intermediárias.

Esses dados confirmariam não apenas a diferença na composição das diferentes

porções do quadríceps, mas também apontam a EMG como um recurso não invasivo na

avaliação da composição da tipagem muscular.

8.2 Análise do RMS e da Fmed entre a AV1 e AV2

Este tópico se propõe a discutir o impacto dos protocolos de EENM na atividade

eletromiográfica (RMS e Fmed) dos músculos VM, VL e RF. Para tanto as discussões

serão realizadas considerado as avaliações AV1 e AV2.

Page 60: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

59

8.2.1 Análise do RMS dos músculos VM, VL e RF entre AV1 e AV2

Não foram observadas diferenças no comportamento do RMS do músculo VM

entre os grupos GC, GE1 e GE2. Tendo em vista o modelo experimental utilizado, no

qual a EENM foi empregada nas frequências de 30 e 70 Hz, respectivamente nos grupos

GE1 e GE2, consta-se que a eletroestimulação, independente da frequência utilizada,

não produziu alterações significativas no recrutamento muscular deste músculo quando

comparada ao GC.

Ao se comparar a variação do RMS dentro dos grupos GC, GE1 e GE2 também

não houve alterações significativas entre a AV1 e AV2.

Estudos 53,8,34

apontam que durante a EENM o recrutamento de UM’s ocorre de

forma inversa ao que ocorre na contração muscular voluntária, sendo as fibras tipo II

recrutadas preferencialmente. Em função disso alguns autores expõem 28,34,43

a

necessidade de ajustes no parâmetro da frequência de acordo com a tipagem do músculo

que está sendo estimulado.

Imagina-se que, ao se ajustar a frequência de estimulação elétrica de acordo com

a tipagem do músculo, ocorra uma maior ativação de UM’s de acordo com a

predominância de fibras do músculo estimulado e com isso objetiva-se obter uma

contração mais sincrônica e efetiva com a eletroestimulação 28

.

Alguns autores 3, 19

sugerem frequências abaixo de 50 Hz para músculos com

predomínio de fibras tipo I e frequências acima deste valor para músculos com

predomínio tipo II. No entanto, neste estudo o músculo VM parece não ter sido afetado

pela eletroestimulação, independente da frequência utilizada. Considerando as

evidências da literatura 2, 4, 5

que apontam um predomínio de fibras tipo I no músculo

VM, é possível que a EENM não tenha produzido efeito na ativação dessas fibras neste

estudo.

Page 61: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

60

Entre possíveis explicações para este fato destaca-se a forma de estimulação

empregada neste estudo. Os eletrodos foram posicionados visando a estimulação do

nervo femoral e dessa forma obteve-se um contração uniforme do músculo quadríceps,

não ocorrendo a estimulação seletiva e isolada do músculo VM.

Em função disso, Brasileiro et al. (2008) revelou em seu estudo um aumento do

RMS do músculo VM após EENM seletiva deste músculo.

Ao se comparar a variação do valor do RMS entre AV1 e AV2 no músculo VL,

também não houve alterações.

Em relação ao músculo RF, avaliando-se o comportamento do RMS entre AV1 e

AV2 observa-se que no GC (p=0,001) o músculo RF exibe uma significativa queda.

Nos demais grupos não foi observada alteração.

8.2.2 Análise da Fmed dos músculos VM, VL e RF entre a AV1 e AV2

Os dados do presente estudo não revelaram diferença significativa no

comportamento da Fmed no músculo VM entre os grupos GC, GE1 e GE2. Contudo,

este músculo exibiu um aumento significativo da Fmed tanto no GC quanto no GE2,

quando a AV1 foi comparada a AV2 (p=0,03, e 0,05, respectivamente). Durante

estimulação a 30 Hz não foi observada alteração neste valor.

Apesar de alguns autores 3, 19

relatarem que as frequências de estimulação

elétrica devem ser ajustadas de acordo com a tipagem de fibras e que, para músculos

com predominância de fibras tipo I devem ser preconizadas baixas frequências, isso não

foi observado neste estudo e o músculo VM apresentou aumento significativo da Fmed

após eletroestimulação com frequência mais elevada (70Hz).

A classificação dos músculos quanto a tipagem de fibras baseia-se no

predomínio de determinado tipo de fibra, no entanto esta classificação não exclui a

Page 62: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

61

existência de outros tipos de fibras no mesmo músculo 35,26,4

. Com base nisso, é possível

que frequências de EENM mais elevadas atuem potencializando o recrutando adicional

de fibras tipo II em músculos com predomínio das tipo I e assim gerando um maior

recrutamento no número de UM’s.

Em relação ao VL, não foram observadas diferenças nas comparações entre a

AV1 e AV2.

No RF, também não foram observadas diferenças significativas no GC e no

GE2, mas houve uma queda significativa no GE1 (p=0,009). Esse fato indica que os

músculos com predomínio de fibras tipo II tendem a apresentar alteração no seu

recrutamento muscular quando eletroestimulados em frequências não compatíveis com

a base neurofisiológica de disparo de suas fibras.

Lieber (2002) relata que a variável eletromiográfica Fmed é o melhor parâmetro

para se avaliar e comparar o efeito de diferentes frequências de eletroestimulação,

comparado ao RMS. Esse mesmo autor afirma que o músculo RF é formado por fibras

de grande diâmetro e que possuem grande velocidade de condução nervosa, sendo

necessárias altas frequências de estímulo para desencadear respostas.

Assim, preconiza-se que o ajuste da frequência na EENM deve ser feito com base

na velocidade de condução da fibra e que esta exibe significativa relação com a Fmed

dada na EMG 28

.

8.3 Análise do RMS e da Fmed durante o protocolo experimental de fadiga

Este tópico se propõe a discutir o comportamento dos músculos VM, VL e RF

durante um protocolo experimental de fadiga. Para tanto as discussões serão realizadas

considerando o sinal eletromiográfico compreendido entre as janelas inicial e final (5

segundos) do protocolo de fadiga.

Page 63: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

62

8.3.1 Análise do RMS durante o protocolo de fadiga

No VM, não foram observadas diferenças entre os grupos GC, GE1 e GE2.

Contudo nas comparações intra grupos, foram observadas diferenças significativas nos

grupos GC e no GE1 com aumento significativo do RMS entre o início e o final do

protocolo de fadiga muscular (p=0,007 e 0,006, respectivamente). Esta tendência não

foi observada no GE2.

A partir do exposto pode-se também inferir que o efeito pós eletroestimulação

realizada a 70Hz no músculo VM foi responsável por produzir um menor no aumento

do RMS quando comparado ao GC e GE1, durante o protocolo de fadiga. Este fato pode

estar relacionado a implicações clínicas importantes, uma vez que ao se utilizar estas

frequências é possível que ocorra uma alteração no disparo das UM’s deste músculo

acarretando em uma menor ativação durante situações fatigantes.

No VL, não foram observadas diferenças significativa entre os grupos GC, GE1

e GE2. No entanto houve um aumento significativo no valor do RMS para os grupos

GC (p=0,01), no GE1 (p=0,0002) e no GE2 (p=0,01), durante o protocolo de fadiga.

Já no RF foi observada redução significativa do RMS no GC (p=0,01) e GE2

(p=0,008). Apesar do grupo GE1 ter apresentado uma queda do valor do RMS, esta não

foi significativa.

Alguns estudos 51, 45, 21

sugerem que durante um exercício submáximo com

predominância de contrações isométricas verifica-se um aumento dos componentes

(RMS) do sinal EMG no domínio do tempo. E tem-se proposto que a resposta dos

músculos a fadiga durante exercícios submáximos, se traduz em um aumento no número

de unidades motoras recrutadas e/ou na sua sincronização, de forma a compensar a

Page 64: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

63

redução da capacidade de gerar força pelas unidades motoras, sendo essa resposta

traduzida por um aumento do RMS 5,18

.

No entanto este estudo mostrou que os músculos VM, VL e RF comportam-se

de maneira diferente durante a fadiga e que este comportamento parece estar

relacionado com a tipagem de fibras. Os músculos VM e VL apresentaram aumento do

RMS e esta tendência não foi seguida pelo RF, que apresentou quedas significativas

desta variável.

Mathur et al., (2004) expõe que durante contrações isométricas submáximas

utilizando cargas maiores que 50% da CIVM, ocorre a ativação das fibras tipo II. Neste

estudo preconizou-se a utilização de 70% da CVM e com isso observou-se que o

músculo RF apresentou queda do RMS em relação aos demais vastos. A partir disso,

pode-se inferir que o músculo RF, com predomínio de fibras tipo II, foi ativado desde o

início do protocolo de fadiga e assim apresentou queda precoce do RMS, tendo em vista

que estas fibras possuem baixa resistência quando comparada as fibras tipo I.

Assim sendo, o presente estudo fornece indícios de que o aumento do RMS

durante a fadiga pode ser um fator dependente da tipagem de fibras que predomina em

um determinado músculo.

8.3.2 Análise da Fmed durante o protocolo de fadiga

No VM, VL e RF não foram observadas diferenças significativas da variável

Fmed entre os grupos GC, GE1 e GE2.

No músculo VM observou-se queda significativa dentro de todos os grupos GC,

GE1 e GE2 (p <0,001). Esta tendência foi seguida pelo músculo VL, no qual se

observou queda da Fmed em todos os grupos analisados: GC (p=0,002), GE1 (p<0,001)

e GE2 (p<0,001) e pelo músculo RF, onde também foram observadas reduções em

Page 65: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

64

todos os grupos analisados , quando os valores iniciais foram comparados aos final

(p<0,001).

Diversos autores já documentaram a redução da Fmed durante protocolos de

fadiga muscular 5,12,22,39

. Entre outras coisas, o desvio da Fmed para as zonas de baixa

frequência durante a fadiga muscular é influenciado pela diminuição da velocidade de

condução do potencial de ação, em consequência do aumento da concentração de ácido

lático durante o exercício e consequentemente diminuição do pH 21

.

Músculos que contém grandes proporções de fibras tipo I tendem a apresentar

menores quedas da Fmed durante a fadiga quando comparados a músculos com

predominância de fibras tipo II 42

e corroborando com esta afirmação Pincivero et al.

(2001) afirma que durante contrações isométricas submáxima utilizando cargas

elevadas, os músculos com predomínio tipo II tendem a ser mais recrutados resultando

em quedas precoces da Fmed. Neste estudo foi observado que a redução da Fmed

ocorreu em todos os músculos avaliados sem diferença entre eles.

8.4 Análise do PT na AV1 e AV2 entre os grupos GC, GE1 e GE2.

Com base no modelo experimental utilizado neste estudo, não foram observadas

diferenças significativas entre os grupos GC, GE1 e GE2 para a variável PT. Assim,

pode-se inferir que a EENM não contribuiu para o aumento ou redução do PT,

independente da frequência utilizada, conforme observado por outros autores 19,34

.

Ao comparar o efeito de protocolos de fadiga associado com a EENM nas

frequências de 20 Hz e 100 Hz, Baptista et al. (2009) encontrou que aqueles protocolos

utilizando contrações concêntricas submáximas para extensão do joelho, associados

com a EENM produziram quedas significativas do PT após o exercício. Este autor

Page 66: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

65

considera o músculo RF o principal músculo extensor do joelho e com base nisso atribui

a queda do PT a grande susceptibilidade deste músculo, com predomínio tipo II, em

fadigar e quando comparados com aqueles com predomínio de fibras tipo I.

Essa maior razão de fadiga do músculo RF pode estar refletida no PT do músculo

quadríceps, tendo em vista que o RF estaria exercendo grande contribuição para o

torque extensor do quadríceps nos moldes experimentais desse estudo 23

.

Entretanto, o protocolo de fadiga utilizado no presente estudo poderia estar

exercendo um efeito inibitório sobre a EENM, sendo a queda do PT reflexo dos efeitos

da fadiga e não da EENM. No entanto não acreditamos nesta possibilidade tendo vista

que a mensuração final do PT ocorreu após um intervalo de 2 minutos e alguns autores

21,36 apontam este tempo como sendo suficiente para recuperação da homeostasia

muscular tendo em vista, o modelo utilizado neste estudo.

Page 67: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

66

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do resultado obtido a partir do ensaio experimental desenvolvido neste

estudo pode-se concluir que os músculos VM, VL e RF apresentam tipagens diferentes

de fibras.

Além disso, músculos com predomínio de fibras tipo I tendem a apresentar melhor

intensidade de ativação muscular quando utilizam EENM em frequências mais altas e

aqueles com predomínio tipo II apresentam queda do RMS em frequências mais baixas.

Este fato aponta a relação da frequência de estimulação elétrica com a tipagem de

fibras no músculo RF, mas não no músculo VM.

Também conclui-se que durante a fadiga muscular o valor do RMS aumenta

dependendo do predomínio para a tipagem de fibras em determinado músculo, sendo

observado aumentos nos músculos VM e VL, mas não no músculo RF. Já a Fmed

apresenta queda do seu valor durante a fadiga independe do músculo analisado.

Por fim, este estudo sugere o uso da EMG de superfície como um método não

invasivo para caracterização muscular.

Page 68: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

67

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49 WILLIAMS, G. N.; BUCHANAN, T.S; BARRANCE, P.J; AXE, M.J.; SNYDER-

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Page 74: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

73

50 AUGUSTO, D.; VENTURA, P.; NOGUEIRA, J.; BRASILEIRO, J.. Efeito

imediato da estimulação elétrica neuromusuclar na atividade do músculo vasto medial

oblíquo. Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 10: 155-60, 2008.

51 ASCENSÃO, A.; MAGALHÃES, J.; OLIVEIRA, J.; DUARTE, J.; SOARES, J.

Fisiologia da fadiga muscular. Delimitação conceptual, modelos de estudo e

mecanismos de fadiga de origem central e periférica. Rev Port Cien desp. 3: 108-123,

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2009

Page 75: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

74

11 ANEXOS

11.1. ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESCLARECIMENTOS:

Este é um convite para você participar da pesquisa intitulada Efeitos de um

protocolo Experimental de fadiga e aplicação da EENM em músculos com diferentes

tipagens de fibras, coordenada pelo Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer

momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou

penalidade.

Essa pesquisa procura analisar o comportamento eletromiográfico dos

músculos: reto femoral (RF), vasto medial (VM) e vasto lateral (VL) em situações de

fadiga, com e sem aplicação prévia de eletroestimulação. Caso decida aceitar o convite,

você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: tricotomização e limpeza da

pele; fixação de eletrodos para captação da atividade dos músculos da coxa e realização

de um protocolo de fadiga previamente instruído por um pesquisador.

Os riscos envolvidos com sua participação serão mínimos, podendo ocorrer

dores e desconforto muscular, que serão minimizados através das orientações dadas no

início das atividades, porém se os sintomas persistirem estará assegurado o

acompanhamento clínico necessário no setor de Fisioterapia do Hospital Universitário

Onofre Lopes (HUOL), até que suas queixas desapareçam e seja garantido seu total

restabelecimento.

Ao participar dessa pesquisa o (a) senhor (a) terá como benefício o

conhecimento sobre todas as medidas de avaliação utilizadas.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será

identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a

divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Você

também está ciente de que não receberá nenhuma forma de remuneração financeira pela

participação nesse estudo.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda dúvida que você tiver a

respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para o pesquisador responsável,

Page 76: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

75

Dr. Jamilson Simões Brasileiro, no endereço Av. Salgado Filho, 3000 Campus

Universitário ou pelo telefone (084)9112-9515.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao

Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL (CEP-HUOL) no endereço Av. Nilo Peçanha,

620- Petrópolis, Natal/RN ou pelo telefone (084)3202-3719, ramal 242.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Eu,__________________________________________________________________ declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa:

Efeitos de um protocolo experimental de fadiga sobre a atividade eletromiográfica

de músculos com diferentes tipagens

Assinatura:____________________________________________Data:____/____/___ PESQUISADOR RESPONSÁVEL: Jamilson Simões Brasileiro Endereço profissional: Av Salgado Filho, 3000. Campus Universitário CEP:59078-970 Natal - RN. Telefone: 9112-9515 e-mail: [email protected]

Page 77: EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO SOBRE OS PARÂMETROS ...

76

11.2. Anexo II - Avaliação Física

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

AVALIAÇÃO FÍSICA

CPF:________________________

Data da avaliação: ___ / ___ / ___

Identificação do voluntário (número do CPF): ________________________________________

Data de nascimento: ___/___/___ Telefone: ______________________________

Idade: ___________ Peso: _______kg Altura: _____________

Atividade Física: ( ) Não Modalidade: ______________________________

( ) Sim Freqüência: _______________________________

Dominância: ( )DIR ( )ESQ.

Faz uso de algum medicamento? ( )SIM ( )NÃO

Gravidez: ( )SIM ( )NÃO

Alteração na sensibilidade nos MMII? ( )SIM ( )NÃO

Possui marcapasso cardíaco? ( )SIM ( )NÃO

Endoprótese/osteossíntese? ( )SIM ( )NÃO

EMG

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77

AV1

Contração 1 Contração 2 Contração 3

RMS

Frequência mediana

Protocolo de fadiga

0,5-10 s 50-55 s

RMS

Frequência mediana

AV2

Contração 1 Contração 2 Contração 3

RMS

Frequência mediana

Dinamometria

AV1

Contração 1 Contração 2 Contração 3

Pico de torque