EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL ......Efeitos de uma refeição teste oral hiperlipídica sobre...

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I Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL HIPERLIPÍDICA SOBRE OS LIPÍDIOS E MARCADORES INFLAMATÓRIOS DE ATEROGÊNESE EM INDIVÍDUOS NORMAIS E DIABÉTICOS TIPO 2 Recife, 2004.

Transcript of EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL ......Efeitos de uma refeição teste oral hiperlipídica sobre...

  • I

    Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho

    EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL

    HIPERLIPÍDICA SOBRE OS LIPÍDIOS E MARCADORES

    INFLAMATÓRIOS DE ATEROGÊNESE EM INDIVÍDUOS

    NORMAIS E DIABÉTICOS TIPO 2

    Recife, 2004.

  • II

    Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho

    EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL

    HIPERLIPÍDICA SOBRE OS LIPÍDIOS E MARCADORES

    INFLAMATÓRIOS DE ATEROGÊNESE EM INDIVÍDUOS

    NORMAIS E DIABÉTICOS TIPO 2

    Dissertação apresentada ao colegiado do

    Programa de Pós-Graduação em

    Nutrição do Centro de Ciências da Saúde

    da Universidade Federal de Pernambuco

    - UFPE, para obtenção do grau de

    Mestre em Nutrição.

    Recife, 2004.

    Mestranda: Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho

    Orientadora: Florisbela de Arruda Camara e Siqueira Campos

    Co-orientador: Francisco Alfredo Bandeira e Farias

    Recife, 2004.

  • Coutinho, Eponina Régia de Sá Barreto

    Efeitos de uma refeição teste oral hiperlipídicasobre os lipídios e marcadores inflamatórios deaterogênese em indivíduos normais e diabéticos tipo2 / Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho. – Recife:O Autor, 2004.

    97 folhas: il., tab., fig. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal

    de Pernambuco. CCS. Nutrição, 2004. Inclui bibliografia e anexos. 1. Nutrição – Lipídios. 2. Lipemia pós-prandial –

    Refeição hiperlipídica – Diabéticos tipo 2. 3. Lipídios pós-prandiais – Triglicerídeos, HDL, colesterol total. 4. Marcadores inflamatórios de aterogênese – Proteína C reativa de alta sensibilidade (hsPCR) e leucócitos – Análise pós-prandial. I. Título.

    612.397 CDU (2.ed.) UFPE 612.397 CDD (20.ed.) BC2004-517

  • III

    EFEITOS DE UMA REFEIÇÃO TESTE ORAL HIPERLIPÍDICA

    SOBRE OS LIPÍDIOS E MARCADORES INFLAMATÓRIOS DE

    ATEROGÊNESE EM INDIVÍDUOS NORMAIS E DIABÉTICOS

    TIPO 2

    Eponina Régia de Sá Barreto Coutinho Aprovação: 24 de Agosto de 2004

    Membros da Banca Examinadora

    Recife, 2004.

  • IV

    AGRADECIMENTOS

  • V

    AGRADECIMENTOS

    aAos pacientes que voluntariamente se dispuseram a participar da pesquisa e o fizeram

    com tanta boa vontade.

    aA Professora Florisbela de Arruda Camara e Siqueira Campos, minha orientadora,

    por toda sua compreensão, por ter utilizado sua competência em orientar com tanta

    elegância e simplicidade, pelas suas atitudes decididas e essenciais e, principalmente,

    por ter sido tão amiga. Obrigada por todos esses ensinamentos.

    aAo Dr Francisco Bandeira, meu co-orientador, que acreditou em minha capacidade,

    me incentivou a continuar, me forneceu idéias, me deu apoio intelectual e financeiro, e

    esteve disponível em todos os momentos de dúvidas e incertezas. Obrigada com toda

    minha admiração por sua competência e amizade.

    aAs minhas colegas de mestrado Marília Frazão, Cristiane Pereira, Luciana Maia,

    Sônia Marinho e Michelle Carvalho, amigas e companheiras. OBRIGADA POR TUDO.

    a A Izinete por toda sua disponibilidade em ajudar, carinho e amizade. Um grande

    abraço de obrigada.

    aA Neci por sua atenção, suas dicas importantes e por todo carinho que demonstrou ao

    longo desse período. Obrigada turbilhão de sentimentos.

    aAo Dr Vicente Vaz, chefe do isolamento adulto do Hospital Universitário Oswaldo

    Cruz (HUOC), pela valiosíssima ajuda ao conseguir, após muito empenho, minha

    liberação parcial dos plantões da UTI de Tétano para realizar o mestrado. Obrigada

    MESMO.

    aA direção do HUOC, Dr Ricardo Coutinho e Dr Fernando Cruz, pela compreensão ao

    fornecerem minha liberação parcial dos plantões.

    aAo Dr Demócrito Miranda, chefe da UTI de Tétano do HUOC, por todo seu apoio e

    amizade.

  • VI

    a Ao Dr Fernando Raposo, chefe da Clínica Médica do Hospital Barão de Lucena

    (HBL), e a Dra Paula Lôbo, Diretora Médica do HBL, pela compreensão de ambos.

    a Aos meus colegas da UTI de Tétano do HUOC que diversas vezes trocaram plantões

    para eu assistir aulas no mestrado e escutaram minhas dificuldades dando opiniões e

    ajudando a solucioná-las.

    aAos residentes do HBL, pelo apoio infinito durante esse período.

    a Ao Dr Anchieta que me informou sobre esse mestrado e me incentivou a fazê-lo.

    aA enfermeira da sala 1 do HBL, Rejane Frazão, e a Nutricionista do Ambulatório do

    HBL, Inês, por conseguirem diversas pessoas para essa pesquisa. Obrigada.

    aAos funcionários do Dilab Laboratórios, que se empenharam ao máximo na

    concretização desse trabalho.

    a A Dra Geíza Macedo, aos residentes e especializandos de endocrinologia do Hospital

    Agamenon Magalhães, por terem me recebido no Ambulatório de Diabetes, fornecido

    espaço e ajuda na coleta dos dados. Muito obrigada.

    aA Luiz Eduardo Ferreira Leal que foi testemunha na obtenção do consentimento de

    vários pacientes e auxiliou bastante na redação do abstract. Obrigada por toda sua

    atenção.

    aA pessoa que mais amo na vida e não tenho palavras para defini-la, simplesmente é

    tudo de bom, minha irmã Renya.

    aA mãe tão mãe até nas mínimas coisas, minha Mãe, que tantas vezes se preocupou

    como se ela própria tivesse que executar esse trabalho, pela transmissão de fé que

    sempre passa e pelo amor grandioso que distribui com tanta doçura e simplicidade.

    Beijo minha Mãe.

    aA minha sobrinha, Telva Tatiane, por sua disponibilidade nos momentos mais

    angustiantes e por sua ajuda na digitação. Beijo Tati.

  • VII

    aAo meu namorado, Antonio Neto, pelo seu companheirismo e amor. Beijo Negão.

  • VIII

    INSTITUIÇÕES

    Departamento de Nutrição - Pós Graduação em Nutrição.

    Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federal de Pernambuco.

    Endereço: Cidade Universitária Recife-PE, Brasil CEP 50670-901.

    Telefone: 0XX-81-2126.8463 Fax: 0XX-81-2126.8473.

    E-mail: http://recife.nuticao.ufpe.br

    Departamento de Endocrinologia - Hospital Agamenon Magalhães.

    Endereço: Rua Estrada do Arraial S/N, Casa Amarela Recife-PE, Brasil.

    Telefone: 0XX-81-3267.1600

    Dilab Laboratórios

    Endereço: Rua da Hora 308/402, Espinheiro Recife-PE, Brasil.

    Telefone: 0XX-81-3427.4767.

    E-mail: [email protected]

    Hospital Barão de Lucena

    Endereço: Avenida Caxangá S/N, Iputinga Recife-PE, Brasil.

    Telefone: 0XX-81-34533566.

  • 9

    SUMÁRIO

    1- Lista de Abreviaturas---------------------------------------------------------------------- 11

    2- Lista de Figuras e Tabelas-----------------------------------------------------------------13

    3- Resumo----------------------------------------------------------------------------------------14

    4- Abstract---------------------------------------------------------------------------------------15

    5- Introdução------------------------------------------------------------------------------------16

    5.1- Lipemia Pós-prandial, Diabetes Mellitus Tipo 2 e Aterosclerose----------- 17

    5.2- Marcadores Inflamatórios-----------------------------------------------------------21

    6- Justificativas--------------------------------------------------------------------------------- 28

    7- Hipóteses------------------------------------------------------------------------------------- 30

    8- Objetivos--------------------------------------------------------------------------------------32

    8.1- Geral------------------------------------------------------------------------------------ 32

    8.2- Específicos------------------------------------------------------------------------------32

    9- Metodologia-----------------------------------------------------------------------------------33

    9.1- Amostra----------------------------------------------------------------------------------34

    9.1.1- Grupo Controle----------------------------------------------------------------34

    9.1.2- Grupo de Diabéticos----------------------------------------------------------35

    9.2- Método-----------------------------------------------------------------------------------35

    9.2.1- Avaliação Antropométrica-------------------------------------------------- 35

    9.2.2- Avaliação Laboratorial------------------------------------------------------ 36

    9.2.3-Refeição Teste Hiperlipídica------------------------------------------------ 37

    9.3- Procedimentos------------------------------------------------------------------------- 38

    9.3.1- Análise Estatística------------------------------------------------------------- 38

    10- Resultados---------------------------------------------------------------------------------- 40

    10.1- Características Físicas e Clínicas dos Pacientes------------------------------41

  • 10

    10.2- Perfil Lipídico e Marcadores Inflamatórios Basais da Amostra----------- 42

    10.3- Lipemia Pós-prandial no Grupo Controle--------------------------------------43

    10.4- Lipídios e Marcadores Inflamatórios Pós-prandiais--------------------------44

    10.4.1- Grupo Controle--------------------------------------------------------------44

    10.4.2- Grupo de Diabéticos--------------------------------------------------------47

    10.5- Comparação entre Grupos---------------------------------------------------------50

    10.6- Melhor Tempo de Avaliação Pós-prandial------------------------------------- 51

    10.7- Análise da Área Abaixo da Curva (AUC)---------------------------------------51

    10.8- Correlação dos Níveis dos Triglicerídeos Pós-prandiais com as

    Características Físicas, Clínicas e os Marcadores Inflamatórios---------- 52

    11- Discussão------------------------------------------------------------------------------------57

    12- Conclusões----------------------------------------------------------------------------------63

    13- Perspectivas-------------------------------------------------------------------------------- 65

    14- Referências Bibliográficas-------------------------------------------------------------- 67

    15- Anexos----------------------------------------------------------------------------------------83

    15.1- Anexo 1 Consentimento Livre e Informado------------------------------------84

    15.2- Anexo 2 Ficha de Consulta Médica----------------------------------------------90

    15.3- Anexo 3 Ficha Resultados dos Exames Laboratoriais-----------------------92

    15.4- Anexo 4 Composição da Refeição Teste Hiperlipídica---------------------- 93

    15.5- Anexo 5 Declaração do CEP------------------------------------------------------ 94

    15.6- Anexo 6 Tabela 3--------------------------------------------------------------------95

    15.7- Anexo 7 Tabela 4--------------------------------------------------------------------96

    15.8- Anexo 8 Tabela 5--------------------------------------------------------------------97

  • 11

    LISTA DE ABREVIATURAS

    A - Altura AFCAPS/TexCAPS - Air Force/Texas Coronary Atherosclerosis Prevention Study AVC - Acidente Vascular Cerebral AUC - Área Abaixo da Curva CARE - Cholesterol and Recurrent Events Study CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CT - Colesterol Total DAC - Doença Arterial Coronariana DCC - Doença Cardíaca Coronariana DCI - Doença Cardíaca Isquêmica

    DM - Diabetes Mellitus

    DP - Desvio Padrão

    GC - Grupo Controle

    GD - Grupo Diabéticos

    HAM - Hospital Agamenon Magalhães

    HBL - Hospital Barão de Lucena

    HDL - Lipoproteína de Alta Densidade

    HUOC - Hospital Universitário Oswaldo Cruz

    hs-PCR - Proteína C Reativa de alta sensibilidade

    IL-1 - Interleucina 1

    IL-6 - Interleucina 6

    IMC - Índice de Massa Corpórea

    LDL - Lipoproteína de Baixa Densidade

    LEAL - Laboratório de Experimentação e Análises de Alimentos

  • 12

    M - Média

    P - Peso

    PAI - 1 - Inibidor 1 do Ativador do Plasminogênio

    PAS - Pressão Arterial Sistólica

    PAD - Pressão Arterial Diastólica

    PCR - Proteína C Reativa

    R C/Q - Relação cintura-quadril

    RL - Remanescentes de Lipoproteínas

    RPM - Rotações por Minuto

    SAS - Statistical Analysis System

    4S - Scandinavian Simvastatin Survival Study

    TG - Triglicerídeos

    TGRL - Lipoproteínas Ricas em TG

    TNF-α - Fator de Necrose Tumoral-alfa

    UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

    VLDL - Lipoproteína de Muito Baixa Densidade

  • 13

    LISTA DE FIGURAS E TABELAS

    Tabela 1- Composição da refeição teste hiperlipídica------------------------------------38

    Tabela 2 – Características físicas e clínicas da amostra--------------------------------- 42

    Tabela 3 – Perfil lipídico e marcadores inflamatórios basais-------------------------- 43

    Figura 1 – Percentis do triglicerídeo no grupo controle---------------------------------44

    Figura 2 – Variação em percentual do perfil lipídico e marcadores inflamatórios

    nos controles------------------------------------------------------------------------45

    Figura 3 – Variação do perfil lipídico no grupo controle---------- ---------------------46 Figura 4 – Variação em percentual dos leucócitos no grupo controle e no grupo de

    diabéticos----------------------------------------------------------------------------47

    Figura 5 – Variação em percentual do perfil lipídico e marcadores inflamatórios

    nos diabéticos-----------------------------------------------------------------------48

    Figura 6 – Variação do perfil lipídico no grupo de diabéticos------------------------- 48

    Figura 7 – Correlação entre a redução de HDL nos diabéticos e a relação cintura-

    quadril-------------------------------------------------------------------------------49

    Figura 8 – Correlação entre a redução de HDL nos diabéticos e a circunferência

    abdominal-------------------------------------------------------------------------- 49

    Figura 9 – Correlação entre a redução de HDL nos diabéticos e o IMC------------50

    Figura 10 – Diferenças do IMC entre os pacientes hiporesponsivos e os

    hipreresponsivos------------------------------------------------------------------53

    Figura 11- Diferenças na circunferência abdominal entre os pacientes

    hiporesponsivos e os hiperresponsivos--------------------------------------- 53

    Figura 12 – Diferenças na PAS entre os pacientes hiporesponsivos e os

    hiperresponsivos---------------------------------------------------------------------------------54

  • 14

    RESUMO Lipemia pós-prandial alterada é um fator de risco para aterosclerose. Proteína C-reativa de alta sensibilidade (hs-PCR) e leucócitos são marcadores inflamatórios de aterosclerose. Até o momento, não se conseguiu estabelecer a faixa de normalidade da lipemia pós-prandial e o efeito das suas alterações nesses marcadores inflamatórios. O objetivo deste estudo é avaliar o nível de lipemia pós-prandial e da hs-PCR e a contagem de leucócitos em indivíduos saudáveis (controles) e diabéticos tipo 2, após uma refeição teste hiperlipídica. Controles e diabéticos tipo 2 praticamente sem comorbidades, exceto por Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), com idade entre 30-58 anos, de ambos os sexos, eram submetidos a ingestão de uma refeição teste hiperlipídica (56g de gordura) e tinham seus perfis lipídicos (colesterol total, HDL, triglicerídeos), hemograma e hs-PCR realizados no basal (12h de jejum), 3h e 5h pós-refeição. Notou-se que os níveis de triglicerídeos (TG) pós-prandiais nos controles e diabéticos foram similares aos encontrados em outros locais do Brasil e do mundo. Controles com níveis de TG maiores que o percentil 50 (TG>160mg/dl às 3h e/ou TG>174mg/dl às 5h) foram considerados hiperresponsivos à refeição teste e tinham maior IMC, maior circunferência abdominal e maiores níveis de PAS. Houve aumento de colesterol total, triglicerídeos e leucócitos às 3h e 5h, com maior intensidade às 5h, e redução de HDL às 3h e 5h, tanto nos controles como nos diabéticos. A redução do HDL nos diabéticos correlacionou-se com maior IMC e maior circunferência abdominal. Não se observaram diferenças no perfil lipídico e nos marcadores inflamatórios pós-prandiais, entre controles e diabéticos. Também, a hipertrigliceridemia pós-prandial não alterou os marcadores inflamatórios em nenhum dos 2 grupos. Conclusões, os níveis de lipemia pós-prandial observados no nosso estudo foram similares aos níveis já vistos em outros estudos nos 2 grupos. Há recrutamento de leucócitos com o aumento da lipemia pós-prandial em diabéticos e em não diabéticos. Obesidade central correlaciona-se com redução do HDL pós-prandial nos diabéticos. O tempo de avaliação da lipemia pós-prandial e marcadores inflamatórios pós-prandiais, após uma refeição teste, deve ser o mais prolongado possível, já que lipemia pós-prandial e marcadores inflamatórios pós-prandiais se alteram mais tardiamente no período pós-prandial.

  • 15

    ABSTRACT Altered postprandial lipemia is a risk factor for atherosclerosis. Protein C-reactive of high sensibility (hs-PCR) and leukocytes are inflammatory markers of atherosclerosis. Until now it was not possible to fix the normality variation of postprandial lipemia and the effect of the changes in the inflammatory markers. The goal this study is to evaluate level of postprandial lipemia, hs-PCR, leukocytes in healthy controls and type 2 diabetic people, after a load of fat. Healthy controls and type 2 diabetic people without others diseases, excect hypertension, with aged 30-58 years, of both sex, were submited to consume a load of fat (56g of fat) and their profiles of lipids (total cholesterol, HDL, triglycerides), hemogram and hs-PCR, performed in fasting overnight, 3h and 5h post-load. We realised that the postprandial triglycerides (TG) levels, in the controls and diabetic people, were similars to the others found in anothers areas of Brazil and of world. The controls with triglycerides more than 50 percentil (TG>160mg/dl to 3h and/or TG>174mg/dl to 5h) were considered hiperresponsives the load of fat and they had major BMI (Body Mass Index) major abdominal circunference and major sistolic blood pressure. There was increase of total cholesterol, triglycerides and leukocytes, at 3h and 5h with a major intensity at 5h, and reduction of HDL at 3h and 5h, so diabetic people as controls. The reduction of HDL in the diabetic people was correlated with major BMI and major abdominal circunference. We didn’t find any differences in the profile of lipids and in the postprandial inflammatory markers, between controls and diabetic people. As well, the postprandial hypertriglyceridemia didn’t change postprandial inflammatory markers in the 2 groups. Conclusions, the levels of postprandial lipemia perceived in our study were similars to the levels found in others studies in the 2 groups. There is increase of leukocytes with the increase of postprandial lipemia in diabetic people and in not diabetic people. Central obesity if correlates with reduction of posprandial HDL in the type 2 diabetic people. The time of evaluation of postprandial lipemia and postprandial inflammatory markers, after a load of fat, has that to be the more possible prolonged, already that postprandial lipemia and postprandial inflammatory markers if change more lately in the period postprandial.

  • 16

    INTRODUÇÃO

  • 17

    INTRODUÇÃO

    LIPEMIA PÓS-PRANDIAL, DIABETES MELLITUS TIPO 2 E

    ATEROSCLEROSE

    Aterosclerose é a afecção das artérias caracterizadas por lesões com aspecto de

    placas (ateromas) que tem início insidioso a partir da infância, evolução lenta e

    silenciosa e suas manifestações clínicas na vida adulta repercutem sob diversas

    condições mórbidas do aparelho circulatório resultando na elevação das taxas de

    mortalidade (III DIRETRIZES DISLIPIDEMIA). É considerada uma doença que tem

    um componente inflamatório (KREISBERG, 2002; DODSON, 1998) e que se

    desenvolve, principalmente, no período pós-prandial (LIMA, 2002). No Brasil a doença

    cardíaca isquêmica (DCI) é a principal causa de mortalidade, cerca de 300.000

    brasileiros por ano são vítimas dessa doença (SILVA, 2004, COSTA, 2000). O

    aumento dos casos de dislipidemia na infância indica uma epidemia silenciosa que pode

    agravar as taxas de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares nos

    próximos anos (SILVA, 2004; SEKI, 2003).

    Dislipidemia e diabetes mellitus (DM) são fatores de risco para o

    desenvolvimento de aterosclerose e, conseqüentemente, DCI principal causa de óbito

    em pacientes diabéticos (VARELA, 1986; DODSON, 1998). Tanto a dislipidemia como

    o diabetes são passíveis de controle e quando esse controle é alcançado o risco de

    mortalidade por DCI reduz drasticamente (BALLANTYNE, 2000; SACKS, 1996;

    SHEPHERD, 1995; LANCET, 1994). Estudos como o 4S Scandinavian Simvastatin

    Survival Study (4S) (LANCET, 1994) e Cholesterol and Recurrent Events Study

    (CARE) (SACKS, 1996) mostraram grandes benefícios na redução da dislipidemia e

  • 18

    nos eventos finais da DCI com sinvastatina e pravastatina, respectivamente, incluindo

    uma significante redução na mortalidade.

    A lipemia pós-prandial representa o estado do metabolismo lipídico entre a

    ingestão do alimento e o período pós-absortivo quando todos os componentes do

    transporte de lipídios estão em equilíbrio (EVANS, 1999). A hiperlipemia pós-prandial,

    um tipo de dislipidemia com alterações dos lipídios pós-prandiais, tem sido relacionada

    com aterosclerose desde os trabalhos iniciais de Moreton na década de 50, mas só com a

    publicação de Zilversmit em 1979 este tema passou a ser mais estudado (LIMA, 2002).

    Esta publicação postulava que a aterogênese seria um fenômeno pós-prandial

    relacionado com um atraso no clerance dos remanescentes (LIMA, 2002). Ultimamente,

    estudos clínicos têm evidenciado a lipemia pós-prandial alterada como um fator de risco

    para aterosclerose (PARKS, 2002; GOLBERG, 2001; KARPE, 1999; DE MAN, 1996).

    Já existe evidência sólida de que a lipemia pós-prandial tardia é um fator de risco

    independente para a doença arterial coronariana (DAC), tornando importante a sua

    avaliação na prevenção desta doença (PARKS, 2002).

    Estudos têm descrito anormalidades no metabolismo pós-prandial de pacientes

    com DAC (NIKKILA, 1994; GROOT, 1991; SIMPSON, 1990) e alguns sugerem que

    as lipoproteínas ricas em triglicerídeos (TGRL) derivadas do fígado são importantes nas

    alterações da lipemia pós-prandial em pacientes com doença cardíaca coronariana

    (DCC) (KARPE, HELLÉNIUS, 1999) e aterogênese (EVANS, 1999; RAPP, 1994).

    Patsch (1992) em uma análise mostrou que os triglicerídeos pós-prandiais são preditores

    independentes de DAC. Alguns autores indicam que hiperinsulinemia e/ou diminuição

    da sensibilidade à insulina estão envolvidas em lipemia pós-prandial alterada

    (VANSANT, 1999; JEPPESEN, 1995; SCHREZENMEIR, 1993), enquanto outros não

    encontraram associação entre uma resposta exagerada de triglicerídeos pós-prandiais e

  • 19

    fatores de insulina resistência (BYRNE, 1997). Entretanto, no diabetes a dislipidemia

    caracteriza-se, principalmente, por lipoproteína de alta densidade (HDL) reduzida,

    hipertrigliceridemia de jejum e lipemia pós-prandial alterada. Este padrão é mais

    freqüente no DM tipo 2 (GOLBERG, 2001; EVANS, 1999) e está mais relacionado a

    alterações metabólicas como a resistência a insulina, principal mecanismo

    fisiopatológico do DM tipo 2, do que a própria hiperglicemia (DODSON, 1998). Um

    fato que reforça esta afirmação é a presença de anormalidades lipídicas semelhantes

    àquelas do DM tipo 2 em pacientes com resistência à insulina e glicose normal

    (GOLBERG, 2001; GUERCI, 2000). Portanto, a lipemia pós-prandial alterada é um

    marcador de resistência a insulina (GOLBERG, 2001; BANDEIRA, 1999).

    Comparados com sujeitos normais pacientes diabéticos tipo 2 têm menor

    clerance de quilomícrons após uma refeição rica em lipídios (KARPE, 1999;

    HOWARD, 1999).

    Em geral, os homens apresentam maior prevalência de dislipidemia pós-prandial

    do que as mulheres, todavia a lipemia pós-prandial alterada, no diabetes, é mais

    prevalente nas mulheres do que nos homens (GOLBERG, 2001).

    Em diabéticos tipo 2 são comuns elevações de TGRL (quilomícrons e

    lipoproteína de muito baixa densidade - VLDL ), ocasionando níveis aumentados de

    remanescentes de lipoproteínas (RL), de HDL e de lipoproteína de baixa densidade

    (LDL), com elevados teores de triglicerídeos (TG) (EVANS, 1999; DODSON, 1998). A

    lipólise das TGRL ao longo da superfície arterial leva à deposição de lipídios

    aterogênicos na parede arterial (GOLBERG, 2000). O aumento das partículas

    remanescentes ocorre, principalmente, no período pós-prandial e as mudanças na sua

    qualidade (elevadas proporções de triglicerídeos) as tornam mais aterogênicas, além de

    conterem apolipoproteína B48 que tem potencial aterogênico por ligar-se aos

  • 20

    proteoglicanos da parede arterial (GOLBERG, 2001). O diabetes apresenta alterações

    que reduzem a remoção desses remanescentes da circulação sanguínea como a redução

    da lipase hepática e a diminuição dos receptores de LDL, os RL ligam-se a esses

    receptores para serem metabolizados (GOLBERG, 2001) . Estas mudanças lipídicas são

    associadas com maiores elevações de radicais livres derivados de lipídios e maior

    deteriorização da função endotelial nos diabéticos tipo 2 (EVANS, 1999).

    Além da questão dos remanescentes, existem outros processos que intensificam

    a aterogenicidade da lipemia pós-prandial alterada como a fagocitose dos remanescentes

    pelos macrófagos e a lipólise de triglicerídeos e fosfolipídios dos quilomícrons. A

    lipólise produz ácidos graxos, monoglicerídeos, diglicerídeos e lisolecitina. Esta última

    induz expressão de genes aterogênicos produtores de moléculas de adesão que facilitam

    a formação da placa de ateroma, enquanto que os ácidos graxos podem alterar a barreira

    endotelial (GOLBERG, 2000).

    Pacientes com síndrome plurimetabólica ou síndrome X apresentam lipemia pós-

    prandial alterada com maior risco de DCI (REAVEN, 1988). Essa síndrome é uma

    associação entre hipertensão, dislipidemia (aumento de VLDL, triglicerídeo de jejum,

    diminuição de HDL), resistência à insulina, tolerância anormal à glicose (DM tipo 2 ou

    intolerante de jejum) e obesidade central (deposição de gordura no abdômen)

    (GOLBERG, 2001). Atualmente, inclui-se a lipemia pós-prandial alterada como fator de

    risco adicional na síndrome, além de partículas de LDL pequenas e densas (LDL de

    tamanho menor e com elevado teor de colesterol), hiperuricemia e aumento do inibidor

    1 do ativador do plasminogênio (PAI – 1) (GOLBERG, 2001).

    A maioria dos estudos sobre lipemia pós-prandial começaram a ser publicados

    no final dos anos 80 com os principais ganhos de pesquisa obtidos durante a última

    década. Até o momento, o número de estudos é insuficiente para permitir a estimativa

  • 21

    das faixas normais das concentrações sangüíneas de TG que ocorrem após uma refeição

    padronizada em pacientes sadios. O TG jejum varia amplamente em até 10% de um dia

    para o outro, e valores de 60 a 160mg/dl são considerados normais em indivíduos

    sadios. Nos estudos já realizados de lipemia pós-prandial uma refeição teste,

    representada por um terço da ingestão diária de energia do paciente e com 30% de

    gordura, eleva TG pós-prandial a aproximadamente 150 a 180mg/dl 3h após. Os

    pacientes com hipertrigliceridemia (TG jejum >200mg/dl) podem apresentar resposta

    pós-prandial de pico de 350-400mg/dl 3 à 4h mais tarde no teste (PARKS, 2002).

    Estudos relacionados a lipemia pós-prandial, geralmente, são realizados após

    uma refeição teste que varia entre 50 e 100g de gordura (PARKS, 2002; LIMA, 2002;

    GUERCI, 2001; EVANS, 1999; BANDEIRA, 1999) e os lipídios são dosados 3h e 5h

    pós-refeição (LIMA, 2002; EVANS, 1999; BANDEIRA, 1999). Entretanto, estão

    surgindo estudos com refeição teste mista (gordura e carboidrato) e com período de

    tempo de análise maior. Este ano publicou-se um estudo com diabéticos e não

    diabéticos, no qual utilizou-se uma refeição teste com 50g de gordura e 50g de

    carboidrato e as dosagens dos lipídios foram realizadas 2, 4, 6 e 8h pós-refeição,

    observando-se que nos diabéticos o pico de TG foi às 6h e nos não diabéticos às 4h

    mantendo-se até às 6h (MOHANLAL, 2004).

    MARCADORES INFLAMATÓRIOS

    Inflamação é uma parte integral do processo de aterosclerose (ROSS, 1999).

    Vários marcadores de inflamação, tais como proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-

    PCR), amilóide sérico A, contagem de leucócitos, interleucina 6, e outras citocinas,

    podem ser precisos no acompanhamento do risco individual (KREISBERG, 2002) para

    eventos cardiovasculares decorrentes de aterosclerose. Estudos têm demonstrado que

  • 22

    essas substâncias inflamatórias não são apenas marcadores, mas algumas apresentam

    um papel importante no processo de instalação da aterosclerose como os leucócitos e as

    citocinas (CABEZAS, 2001). A hs-PCR não é considerada apenas um marcador, mas,

    principalmente, um fator de risco para essa doença (CASE, 2002).

    A Proteína C Reativa (PCR) é o principal produto livre do reatante de fase aguda

    (RFA) e seus níveis podem aumentar até 1000 vezes o valor normal em inflamação

    aguda (TRACY, 1999; KUSHNER, 1990). É produzida e liberada pelo fígado através

    do estímulo de citocinas incluindo interleucina 6 (IL-6), interleucina 1 (IL-1) e fator de

    necrose tumoral α (FNTα) (MOHAMED-ALI, 1998; BATAILLE, 1992). A PCR tem

    sido usada como um marcador sistêmico de alterações inflamatórias em pacientes com

    sepsis ou doenças do tecido conectivo (KING, 2002).Várias funções são atribuídas a

    esta proteína entre elas o aumento da resposta imune a certos antígenos, a participação

    na ativação do complemento e a estimulação da produção de um fator tecidual pelos

    monócitos (TRACY, 1999).

    Um ensaio altamente sensível de PCR foi desenvolvido e pode detectar leves,

    mas significantes aumentos nos níveis de PCR dentro do padrão normal. Hs PCR é

    considerada um marcador consistente para avaliar a extensão de doença cardiovascular

    em estudos clínicos (KING, 2002; RIFAI, 2001; KOENIG, 1999; RIDCKER, 1997).

    Elevações crônicas leves das concentrações de hs-PCR, dentro do padrão considerado

    clinicamente normal, são preditoras independentes de eventos cardiovasculares futuros

    (RIDKER, 2000; KOENIG, 1999).

    A PCR em níveis elevados é um fator de risco para doença cardiovascular em

    indivíduos sem doença cardíaca clínica, e é um fator de mau prognóstio em indivíduos

    que já têm doença cardíaca clínica (TRACY, 1999). Em pacientes com angina instável

    níveis altos de PCR foram associados a mau prognóstio (TRACY, 1999). Ela está

  • 23

    elevada em pessoas durante síndromes coronarianas agudas e em populações com risco

    cardiovascular aumentado (KING, 2002; MORROW, 2000; ABDELMOUTTALEB,

    1999), porém não prediz eventos isquêmicos em mulheres e homens idosos (TRACY,

    1999). Em homens e mulheres sadios de meia idade, hs-PCR prediz DCI, infarto do

    miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e óbito, independente de outros fatores de

    risco (TRACY, 1999). Muitos estudos comprovam que a PCR elevada é, realmente, um

    fator de risco independente para infarto do miocárdio (KING, 2002; KERVINEN, 2001;

    MORROW, 2000). No Air Force/Texas Coronary Atherosclerosis Prevention Study

    (AFCAPS/TexCAPS), o nível aumentado da PCR foi prognóstico independente para

    eventos coronarianos (LANCET, 1994). Existem alguns estudos nos quais não se

    observou associação entre PCR e doença sub-clínica cardiovascular, porém nem todos

    fatores de risco refletem da mesma maneira a fisiopatologia basal da doença, se estas

    diferenças são genéticas, ambientais ou devido a ambas, não se sabe até o momento

    (TRACY, 1999).

    PCR tem níveis mais elevados em pessoas diabéticas (KING, 2002; PADHAN,

    2001; GOLBERG, 2000; FORD, 1999; RODRIGUEZ, 1999) e em intolerantes à

    glicose (KING, 2002; FORD, 1999) do que em pessoas normais, e contribui para o

    aumento de complicações cardiovasculares (KING, 2002; GOLBERG, 2000; FORD,

    1999). Encontrou-se associação de PCR com diabetes mellitus descontrolada, doença

    arterial periférica e hipertrigliceridemia (KING, 2002; RODRIGUEZ, 1999). Estudos

    realizados com mulheres (HAN, 2002; PRADHAN, 2001) e idosos (BARZILAY, 2001)

    demonstraram que níveis elevados de PCR foram associados com o desenvolvimento de

    diabetes, e de síndrome plurimetabólica, independente de resistência insulínica e de

    obesidade (HAN, 2002). Outros estudos mostraram que níveis elevados de PCR

    correlacionaram-se, significantemente, com fatores da síndrome plurimetabólica

  • 24

    (síndrome de resistência à insulina) incluindo adiposidade, hiperinsulinemia, resistência

    à insulina, hipertrigliceridemia e baixo HDL colesterol (FESTA, 2000; YUDKIN,

    1999). Portanto, PCR pode ter um valor clínico na monitorizarão para prevenção de

    diabetes, de síndrome plurimetabólica (HAN, 2002) e, conseqüentemente, de

    aterosclerose.

    Diabetes pode induzir inflamação crônica em baixo grau através de vários

    possíveis mecanismos. Em condições de hiperglicemia os aumentos das concentrações

    dos produtos finais da glicação avançada ativam macrófagos e aumentam o estresse

    oxidativo, a síntese de IL-6 e do TNF, resultando no aumento da produção de PCR

    (VLASSARA, 1988). Outra possibilidade é este aumento nas concentrações de PCR ser

    relacionado a citocinas derivadas do tecido adiposo dos diabéticos tipo 2 (FROHLICH,

    2000; HOTAMISLIGIL, 1995), já que existe forte correlação entre índice de massa

    corpórea (IMC) e concentração de hs-.PCR (FROHLICH, 2000; SCHALKWIJK, 1999;

    HOTAMISLIGIL, 1995).

    A associação entre PCR e doença cardiovascular reflete, particularmente, uma

    forte ligação da PCR com IMC e com gordura corporal total (COLHOUN, 2002;

    LEMIEUX, 2001). Colhoun e colaboradores (2002) mostraram que em mulheres da

    população geral PCR foi associada com aterosclerose sub-clínica, mas isso não foi

    independente do IMC o qual foi, fortemente, correlacionado com PCR. Essa relação

    entre PCR e adiposidade pode ser explicada pelo fato do tecido adiposo ser uma fonte

    de produção e liberação de citocinas que estimulariam a produção da PCR

    (MOHAMED-ALI, 1998). Forouhi (2001) demonstrou que altos níveis de PCR estão

    relacionados com acúmulo dos depósitos de gordura visceral e subcutânea mensurados

    através de tomografia computadorizada.

  • 25

    Existem vários possíveis mecanismos de envolvimento direto da PCR na

    aterosclerose. Ela teria uma função na ativação do complemento através da sua ligação

    nas membranas celulares danificadas (LAGRAND, 1999). Lagrand (1997) evidenciou

    PCR em lesões arteriais, sugerindo a hipótese de que ela interage com vasos

    danificados. Níveis elevados de PCR são associados com reatividade vasoendotelial e

    relaxamento vascular prejudicado, efeitos relacionados à resistência a insulina (KING,

    2002; PRADHAN, 2001).

    Fatores inflamatórios como a PCR, também, têm sido associados a dislipidemia,

    hipertensão e ação da insulina (FESTA, 2000; YUDKIN, 1999). Sua dosagem pode ser

    útil como adjuvante na avaliação lipídica, sendo, particularmente, importante naqueles

    indivíduos sem hiperlipidemia evidente (CASE, 2002).

    Os leucócitos são células constituintes do sangue, produzidas na medula óssea a

    partir de uma célula tronco hematopoética comum. Ocorrem alterações dos leucócitos

    em numerosas doenças infamatórias, infecciosas, neoplásicas e hematológicas. Dois

    grupos de fatores, as interleucinas e os fatores estimulantes de colônias atuam na

    regulação normal e desempenham um papel importante no desenvolvimento da

    leucocitose (CABEZAS, 2001).

    Como a aterosclerose tem um componente inflamatório (KREISBERG, 2002), o

    aumento e a ativação dos leucócitos apresentam importantes funções no seu

    desenvolvimento (DAVI, 2004; ENDLER, 2003; VAN OOSTROM, 2003; MOERS,

    1997) e nas suas complicações (DAVI, 2004). Aderência aumentada de leucócitos no

    endotélio vascular parece ser um evento crucial no processo de aterosclerose (MOERS,

    1997). Vários autores já descreveram inúmeras substâncias que promovem aderência

    dos leucócitos e/ou seu aumento intravascular. Ahn (2004) mostrou que TNF-α pode

    agir como parte da adesão endotelial para leucócitos e monócitos durante inflamação e

  • 26

    aterosclerose, Endler (2003), também, demonstrou que a E-selectina tem a mesma

    função nos estágios iniciais da doença.

    Várias anormalidades trombogênicas são associadas com diabetes e a disfunção

    endotelial nesta doença ocorre logo no seu início, refletindo mudanças fisiopatológicas

    que são responsáveis por alterações na estrutura vascular e modificações da adesividade

    para plaquetas e leucócitos, desencadeando aterosclerose e trombose (DONNINI, 2003).

    Aumento de neutrófilos durante lipemia e glicemia pós-prandiais juntamente ao

    aumento de interleucina-8 e hidroperóxidos podem contribuir para disfunção endotelial

    (VAN OOSTROM, VERSEYDEN, 2003). Mudanças inflamatórias intravasculares pós-

    prandiais podem ser relevantes para a patogênese da aterosclerose (VAN OOSTROM,

    VERSEYDEN, 2003).

    Van Oostrom (2003) demonstrou relação entre incremento no total de leucócitos

    após ingestão de gordura e aumento de TG pós-prandial, em sujeitos normais.

    Cabezas (2001) mostrou que o aumento de leucócitos (neutrófilos) no período

    pós-prandial, 4-8h após uma refeição gordurosa, e o influxo dos remanescentes de

    quilomícrons no sangue seriam eventos aterogênicos iniciais relacionados a lipemia pós-

    prandial, sendo a contagem de leucócitos um outro marcador importante de

    aterosclerose.

    Na literatura existem poucos estudos relacionando lipemia pós-prandial,

    leucócitos, diabetes e aterosclerose.

  • 27

    JUSTIFICATIVAS

  • 28

    JUSTIFICATIVAS

    Torna-se cada vez mais necessário determinar o nível de lipemia pós-prandial

    nas populações, para poder se padronizar a faixa de normalidade. Isso é importante

    porque a lipemia pós-prandial alterada é um fator de risco para o desenvolvimento da

    aterosclerose e o estabelecimento dos níveis normais proporcionaria sua detecção,

    beneficiando pacientes de alto risco para a aterosclerose como diabéticos tipo 2 e

    pacientes com resistência à insulina, possibilitando uma intervenção precoce.

    A PCR e os leucócitos são marcadores inflamatórios de aterosclerose e estão

    envolvidos no processo de DCI, sendo a lpemia pós-prandial alterada um fator de risco

    para aterosclerose é útil à determinação desses marcadores nos pacientes com risco de

    apresentarem essa dislipidemia, como nos intolerantes à glicose e diabéticos tipo 2.

  • 29

    HIPÓTESES

  • 30

    HIPÓTESES

    Existem alterações lipídicas pós-prandiais em indivíduos não diabéticos

    (controles) e, principalmente, em diabéticos tipo 2, e há diferenças nessas alterações

    entre esses 2 grupos de indivíduos.

    Marcadores inflamatórios, como os leucócitos e a hs-PCR, apresentam

    modificações no período pós-prandial acompanhando as alterações lipídicas, tanto em

    diabéticos como em indivíduos não diabéticos, e existem diferenças nessas

    modificações entre esses 2 grupos de indivíduos.

    A hipertrigliceridemia pós-prandial altera os marcadores inflamatórios no

    período pós-prandial, havendo diferenças entre controles e diabéticos.

  • 31

    OBJETIVOS

  • 32

    OBJETIVOS

    GERAL

    1-Determinar o nível de lipemia pós-prandial, após refeição teste hiperlipídica,

    em um grupo de diabéticos (GD) tipo 2 e em um grupo de pessoas saudáveis (grupo

    controle - GC), da região metropolitana do Recife-PE, com idade de 30-60 anos de

    ambos os sexos.

    ESPECÍFICOS

    1-Detectar os níveis de lipemia pós-prandial no grupo controle.

    2-Dosar hs-PCR nos diabéticos e no grupo controle em jejum, 3h e 5h após uma

    refeição teste hiperlipídica.

    3-Realizar a contagem de leucócitos nos diabéticos e no grupo controle em

    jejum, 3h e 5h após uma refeição teste hiperlipídica.

  • 33

    METODOLOGIA

  • 34

    METODOLOGIA

    AMOSTRA

    O cálculo da amostra foi baseado na prevalência de dislipidemia (DODSON,

    1998).

    Ela foi composta por:

    1- pessoas saudáveis conseguidas em laboratórios, igrejas, instituições

    comunitárias, universidades, hospitais, que fizeram parte do grupo controle;

    2- pacientes diabéticos tipo 2 do Ambulatório de Endocrinologia do

    Hospital Agamenon Magalhães (HAM) e do Ambulatório do Hospital Barão de Lucena

    (HBL), Recife-PE, os quais fizeram parte do grupo de diabéticos.

    A faixa etária, de ambos os grupos, foi de 30-60 anos.

    Estas pessoas foram convidadas a participar do estudo através de uma consulta

    onde foram explicados: a importância da pesquisa, os procedimentos do estudo, os

    riscos que esses procedimentos poderiam acarretar, os critérios de inclusão e os critérios

    de exclusão. Após terem concordado em participar, assinaram um consentimento livre e

    informado (Anexo 1).

    Realizou-se uma anamnese e exame físico em todos participantes do GC e do

    GD (Anexo 2), e exames laboratoriais (Anexo 3).

    Grupo Controle

    Os critérios de inclusão foram:

    1- ser saudável,

    2- IMC entre 18 – 27Kg/m²

    3- circunferência abdominal normal ± 2 desvios padrões,

  • 35

    4- relação cintura-quadril normal ± 2 desvios padrões,

    5- não usar medicações,

    6- não ser etilista crônico,

    7- não fumar e,

    8- no caso de mulher não está grávida.

    O GC teve 28 participantes, 15 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, de um

    total de 44 pessoas selecionadas.

    Grupo de Diabéticos

    Os critérios de inclusão foram:

    1- ter diagnóstico de DM já firmado através de exames,

    2- não ter outras comorbidades como: obesidade mórbida, hipotiroidismo

    ou outras doenças endócrinas, neoplásicas, renais, hepáticas, que

    pudessem interferir no metabolismo dos lipídios.

    3- não usar medicações ou doses de medicações que alterassem o

    metabolismo dos lipídios,

    4- não ser etilista crônico,

    5- não fumar,

    6- não está grávida, no caso das mulheres.

    O GD teve 17 pacientes, 11 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, de um total

    de 29 diabéticos selecionados.

    MÉTODO

    Avaliação Antropométrica

    Utilizou-se:

  • 36

    1- IMC, mediu-se P (Peso) e A (Altura), em 2 aferições cada um e fez-se

    a média aritmética. O IMC foi obtido dividindo-se peso em kilogramas pela altura em

    metros ao quadrado (MONTEIRO, 1998; KEYS, 1972) e o valor considerado normal

    foi de 20 à 25Kg/m² (MONTEIRO, 1998). IMC= P ÷ A².

    2- Circunferência abdominal, aferiu-se 2 vezes com uma fita métrica e

    fez-se a média aritmética das 2 aferições. Considerou-se normal na mulher até 89cm e

    no homem até 102cm (BANDEIRA, 2003).

    3- Relação cintura-quadril, aferiu-se o quadril da mesma forma da

    circunferência abdominal. Obteve-se a relação dividindo-se a medida da circunferência

    abdominal pela do quadril. No homem foi considerada normal uma relação de até 1,00 e

    na mulher de até 0,80 (BANDEIRA, 2003; MONTEIRO, 1998).

    Avaliação Laboratorial

    Os exames laboratoriais foram dosados no Dilab Laboratórios.

    Eram realizados hemograma (CABEZAS, 2001), hs-PCR e perfil lipídico, em

    jejum de 12h (basal), 3h e 5h após uma refeição teste hiperlipídica. As amostras de

    sangue foram colhidas em tudos vacuetter tanto para hemograma (4ml) como para

    bioquímica (4ml), por punção venosa nos 3 horários.

    O hemograma foi feito pelo sistema automatizado Pentha 120 – ABX Slide

    Preparation System (SPS). Após a retração do coágulo, as amostras para dosagens

    bioquímicas eram centrifugadas a 3000 RPM e enviadas ao setor técnico. O soro era

    utilizado para dosagem de CT, HDL, TG e hs-PCR. O perfil lipídico foi dosado através

    de kits da BioSystems no aparelho Cobas Minas Plus da Roche. Os valores de LDL

    foram calculados pela fórmula de Friedewald: LDL= CT – (HDL + TG/5)

  • 37

    (FRIEDEWALD; FREDRICKSON, 1972), que é exata para amostras cujo TG não

    ultrapasse 400mg/dl.

    A hs-PCR, também, foi feita através de kits da BioSystems. A técnica baseia-se

    no fato da PCR sérica provocar uma aglutinação das partículas de látex cobertas com

    anticorpos anti-PCR humana. A aglutinação é proporcional à concentração de PCR e é

    quantificada por turbidimetria (PRICE, 1987). Valores de referência vão de 0,4 à 5mg/L

    (PRICE, 1987).

    Refeição Teste Hiperlipídica

    A refeição teste consistia de uma mistura de creme de leite, gema de ovo e

    adoçante a base de sacarina e ciclamato de sódio (BANDEIRA, 1999; MODIFICADO

    POR COUTINHO, 2002). Eram preparadas 2 misturas, separadamente, com 230g de

    creme de leite Nestlé, 1 gema de ovo tipo grande e 15gts do adoçante. Os participantes

    ingeriam 300g, as quais eram pesadas utilizando as 2 misturas. Essas 300g tinham em

    média 56g de gordura.

    A composição da refeição teste hiperlipídica foi avaliada pelo Laboratório de

    Experimentação e Análises de Alimentos (LEAL) do departamento de Nutrição da

    UFPE. O LEAL avaliou a quantidade total de proteínas, gorduras e carboidratos (Tabela

    1 e Anexo 4).

  • 38

    Tabela 1. Composição da refeição teste hiperlipídica.

    Componetes (g/100g) Quantidade cada componete

    Umidade e Substâncias Voláteis

    Cinzas

    Proteínas

    Lipídeos

    Hidrato de Carbono

    Valor Calórico Total (Kcal/100g)

    65,97

    0,53

    3,31

    18,71

    11,48

    227,55

    Composição da refeição baseada na análise do Laboratório de Experimentação e Análises de Alimentos do Departamento de Nutrição da UFPE.

    PROCEDIMENTOS

    Os pacientes eram orientados a não ingerir bebidas alcoólicas durante os 5 dias

    anteriores ao teste e aqueles que realizavam atividade física a não realizá-la no dia

    anterior ao teste e, também, no dia do teste. Aos diabéticos que utilizavam medicações

    durante o horário do teste, orientou-se trazê-las no dia para serem aplicadas (insulinas)

    ou tomadas (antidiabéticos orais) no horário que normalmente eram utilizadas.

    Em jejum de 12h, 3h e 5h após a ingestão da refeição teste coletou-se sangue

    para a realização de hemograma e dosagens de hs-PCR, CT, HDL e TG.

    Os pacientes podiam ingerir água durante as coletas e permaneciam no

    laboratório até a última coleta.

    Análise Estatística

    Para análise dos dados, se obtiveram as medidas estatísticas médias (M), desvios

    padrões (DP) e os valores das correlações de Pearson para cada uma das variáveis

    segundo o grupo, tempo de avaliação e gênero, tanto para os valores absolutos como

    para variação percentual entre basal e os tempos de avaliação.

  • 39

    Obteve-se, também, a área abaixo da curva (AUC) das variáveis de cada

    paciente baseando-se em um trabalho de Wolever que calculou AUC para índice

    glicêmico (WOLEVER, 1986). Diante das 3 avaliações calculou-se as variações entre

    as dosagens sucessivas, e com essas variações desenhou-se um gráfico considerando o

    resultado de jejum o ponto zero. Em seguida somou-se a área sob a curva. No caso de

    áreas com variações contrárias subtraiu-se o menor valor do maior valor. Depois, a

    partir da soma das áreas dos pacientes determinaram-se as medidas estatísticas média e

    DP.

    Com a finalidade de avaliar o efeito da trigliceridemia pós-prandial sobre os

    marcadores inflamatórios dividiu-se o GC e o GD em subgrupos de acordo com a

    mediana do TG às 3h (LIMA, 2002) e 5h. Os subgrupos com TG≤ mediana foram

    designados de hiporesponsivos (subgrupos 1) e os subgrupos com TG> mediana de

    hiperresponsivos (subgrupos 2) (LIMA, 2002).

    Foram utilizados os testes t-Student para variâncias iguais ou desiguais, o teste t-

    Student pareado.

    Destaca-se que para a verificação da hipótese de igualdade de variâncias foi

    utilizado o teste F com finalidade específica.

    O nível de significância utilizado nas decisões dos testes estatísticos foi de 5,0%

    (ZAR, 1999; ALTMAN, 1991). O programa utilizado para a obtenção dos cálculos

    estatísticos foi o SAS (Statistical Analysis System) na versão 8.0.

    Esse estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) do HAM,

    Recife-PE, em 20 de dezembro de 2002 (Anexo 5).

  • 40

    RESULTADOS

  • 41

    RESULTADOS

    CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E CLÍNICAS DOS PACIENTES

    As características biológicas e clínicas dos pacientes diabéticos e dos controles,

    homens e mulheres, separadamente, são mostrados na tabela 2. No caso do GC, com

    exceção da idade, os valores médios de todas as outras variáveis foram mais elevados

    no sexo masculino que no feminino, sendo como já esperado a relação circunferência

    cintura-quadril e a pressão arterial sistólica (PAS), significantemente, maiores nos

    homens controles (p

  • 42

    Tabela 2 – Média e desvio padrão das variáveis: IMC, circunferência abdominal, relação cintura-quadril, PAS(²) e PAD(³), segundo o gênero, nos grupos. Grupo Controle Grupo de Diabéticos Variável Masculino Feminino Masculino Feminino Média ± DP(1) Média ± DP Média ± DP Média ± DP •Idade 39,39 ± 6,41 40,0 ± 6,41 51,17 ± 7,05▪ 47,18 ± 7,35 (30-50) (32-53) (40-57) (31-58) •IMC 23,73 ± 2,69 23,07 ± 2,18 28,45 ± 3,89 26,09 ± 3,66 •Circunferência 84,15 ± 6,34 80,89 ± 6,96 98,68 ± 12,70* 88,09 ± 7,69 Abdominal •Relação cintura-quadril

    0,91 ± 0,04* 0,85 ± 0,08 1,01 ± 0,05*▪ 0,91 ± 0,07

    •PAS 116,08 ± 17,14* 103,40 ± 13,57 121,00 ± 28,99 112,36 ±

    18,85 •PAD 76,23 ± 10,68 70,33 ± 9,73 66,17 ± 17,06 71,27 ± 13,45 Análise estatística: teste t-Student. (1) DP – Desvio Padrão. (2) PAS – Pressão Arterial Sistólica. (3) PAD – Pressão Arterial Diastólica. (*) – Diferença significante ao nível de 5,0% entre os sexos intragrupo. (▪) – Diferença significante ao nível de 5,0% entre o grupo de diabéticos e controle. Valores entre parênteses indicam variação de cada característica. PERFIL LIPÍDICO E MARCADORES INFLAMATÓRIOS BASAIS DA AMOSTRA

    O perfil lipídico e os marcadores inflamatórios de jejum (basais) do GC foram

    maiores no sexo feminino que no masculino, com exceção dos triglicerídeos (Tabela 3).

    Já no GD, além dos triglicerídeos, o LDL e a contagem de leucócitos foi maior no sexo

    masculino que no feminino (Tabela 3). Porém, não se observaram diferenças estatísticas

    nos lipídios, leucócitos e hs-PCR basais entre os sexos de cada grupo e entre os grupos.

  • 43

    Tabela 3 – Média e desvio padrão das variáveis: colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos, contagem de leucócitos e dosagem da hs-PCR em jejum (basais), segundo gênero, nos grupos. Grupo Controle Grupo de Diabéticos Variável Masculino Feminino Masculino Feminino Média ± DP(1) Média ± DP Média ± DP Média ± DP •Colesterol 167,92 ± 21,92 178,20 ± 31,17 189,17 ± 40,22 194,45 ± 35,06 •LDL 95,94 ± 16,18 106,39 ± 27,10 110,90 ± 37,47 105,27 ± 38,24 •HDL 51,08 ± 9,72 54,20 ± 11,52 54,83 ± 12,86 68,36 ± 25,80 •Triglicerídeos 104,54 ± 27,56 88,07 ± 35,92 117,17 ± 58,07 87,36 ± 33,52 •Leucócitos 5169,23 ±

    1683,44 5357,14 ± 1055,91

    6200,0 ± 1326,65

    5627,27 ± 1582,46

    •hs-PCR 0,91 ± 0,61 1,71 ± 1,77 0,76 ± 0,44 2,27 ± 3,03 Análise estatística: teste t-Student. (1) DP - Desvio padrão. LIPEMIA PÓS-PRANDIAL NO GRUPO CONTROLE

    Nesse grupo o TG pós-prandal teve um aumento de 77%, no percentil 50, às 3h

    com um nível de 160mg/dl e um aumento de 110% às 5h com nível de 174mg/dl

    (Figura 1). O percentil 5 correspondeu à 78mg/dl às 3h e 87mg/dl às 5h, enquanto que

    no percentil 95 o TG chegou a 278mg/dl às 3h e 348mg/dl às 5h (Figura 1). Observa-se

    que os maiores aumentos ocorreram na dosagem de 5h. Houve aumento pós-prandial do

    colesterol total e triglicerídeos, e redução do HDL e LDL (Tabela 4 - Anexo 6).

  • 44

    46

    71

    96114

    162

    78

    129

    160

    212

    278

    87

    140

    174

    226

    348

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    5 25 50 75 95

    Figura 1. Percentis do triglicerídeo basal e pós-prandiais, no grupo controle.

    mg/

    dl

    TG-basal TG-3h TG-5h

    Percentis

    LIPÍDIOS E MARCADORES INFLAMATÓRIOS PÓS-PRANDIAIS

    Grupo Controle

    Houve aumento significante no sexo feminino nos níveis de colesterol total às 3h

    e 5h pós-refeição teste hiperlipídica, respectivamente, de 5,4 ± 5,8% e 4 ± 4,6%. No

    sexo masculino o colesterol teve aumento em torno de 3 ± 6% tanto às 3h como às 5h,

    mas não apresentou diferenças estatísticas em relação ao jejum. No grupo total

    observou-se aumento significativo às 3h de 4,4 ± 5,6% e às 5h de 3,7 ± 5,5% (Figuras 2

    e 3).

  • 45

    Houve redução significante do LDL nas 2 avaliações pós-prandiais, tanto em

    ambos os sexos como no grupo total (Figuras 2 e 3).

    O HDL pós-prandial apresentou redução significativa no sexo masculino e no

    grupo total às 5h pós-refeição teste hiperlipídica (Figuras 2 e 3).

    Os triglicerídeos pós-prandiais aumentaram em ambos os sexos e no

    grupo total, tanto às 3h como às 5h com percentual de aumento de 84 ± 39% e

    102 ± 68%, respectivamente, p

  • 46

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120 140

    160 180

    200

    0h 3h 5h

    mg/dl

    CTLDLHDLTG

    Figura 3. Variação do colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos às 3h e 5h, após refeição teste hiperlipídica, no grupo controle total.

    Da mesma forma que o TG, o número de leucócitos aumentou,

    significantemente, tanto em ambos os sexos como no grupo total nas 2 avaliações pós-

    prandiais, com maior aumento às 5h (35 ± 24%) do que às 3h (25 ± 25%) (Figuras 2 e

    4).

    A hs-PCR reduziu em ambos os sexos e no grupo total, tanto às 3h como às 5h,

    mas não foi significante quando analisado os sexos, separadamente, já no grupo total

    houve significância estatística às 3h (Figura 2).

    Na análise entre os sexos deste grupo não se obteve diferenças estatísticas em

    nenhuma das variáveis nas 2 avaliações.

  • 47

    Grupo de Diabéticos

    O colesterol aumentou no sexo feminino e no grupo total nas 2 avaliações,

    porém só foi significante às 5h (Figuras 5 e 6).

    O LDL colesterol reduziu no sexo masculino e no grupo total nas 2 avaliações,

    mas só foi, estatisticamente, significante no sexo masculino (Figuras 5 e 6).

    O HDL reduziu nos 2 sexos e no grupo total e foi, estatisticamente, significante

    no grupo total e no sexo feminino às 3h e às 5h (Figuras 5 e 6).

    Os triglicerídeos aumentaram, significantemente, nos 2 sexos e no grupo total

    nas 2 avaliações, com aumento no grupo total de 94 ± 38% às 3h e 120 ± 52% às 5h

    (Figuras 5 e 6).

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    0 3h 5h

    GC

    GD

    Figura 4. Variação percentual dos leucócitos às 3h e 5h pós-refeição testehiperlipídica no grupo controle total e no grupo de diabéticos total.

    Percentual

    p

  • 48

    -20%

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    120%

    3h 2,2% -5% -6,6% 94% 20,4% 4,6%5h 3,4% -4,8% -11,3% 120% 27,7% 21,6%

    CT LDL HDL TG Leucocit hs-PCR

    Figura 5. Média da variação percentual às 3h e 5h do colesterol total, LDL, HDL,triglicerídeos, leucócitos e hs-PCR, no grupo de diabéticos total. *p

  • 49

    Nesse grupo, a redução do HDL correlacionou-se às 3h, significantemente e

    inversamente, com a circunferência abdominal e a relação cintura-quadril (Figura 7); e

    às 5h com IMC, circunferência abdominal e relação cintura-quadril (Figuras 8 e 9).

    Figura 7. Correlação da redução percentual do HDL às 3h com a relação cintura-quadril no grupo de diabéticos total.

    -30

    -25

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2

    Relação cintura-quadril

    r -0,69p=0,0019

    Percentual

    Figura 8. Correlação da redução percentual do HDL de 5h com a circunferência abdominal no grupo de diabéticos total.

    -60

    -50

    -40

    -30

    -20

    -10

    0

    10

    60 70 80 90 100 110 120 130

    Circunferência abdominal cm

    r -0,64p=0,005

    percentual

    .

  • 50

    O número de leucócitos aumentou nos 2 sexos e no grupo total nas 2 avaliações,

    sendo o maior aumento observado às 5h, semelhantemente ao triglicerídeo. Na análise

    estatística, apenas não se observou significância no sexo masculino às 3h (Figuras 4 e 5).

    A hs-PCR, diferentemente do GC, aumentou em ambos os sexos e no grupo total

    nas 2 avaliações, principalmente às 5h, porém não foi estatisticamente significante em

    nenhuma avaliação (Figura 5).

    Da mesma forma que no GC, não se obteve diferenças estatísticas entre os sexos,

    em nenhuma das variáveis deste grupo, nas 2 avaliações.

    COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS

    Todo perfil lipídico e marcadores inflamatórios pós-prandiais apresentaram

    médias mais elevadas nos diabéticos que nos controles, mas apenas houve diferença

    significante (p

  • 51

    O aumento do colesterol foi maior ao nível do grupo controle, agora sem

    diferença estatística.

    Não teve diferenças estatísticas na redução do HDL e do LDL entre os 2 grupos,

    em nenhuma das 2 avaliações pós-prandiais. Maior redução do LDL foi no GC às 5h e

    do HDL no grupo de diabéticos às 5h.

    Os leucócitos aumentaram em ambos os grupos, porém mais no GC às 5h, não

    tendo diferenças estatísticas entre os grupos.

    A hs-PCR reduziu no GC e aumentou no GD, principalmente às 5h, mas não

    houve diferenças estatísticas.

    MELHOR TEMPO DE AVALIÃÇÃO PÓS-PRANDIAL

    No GC, a comparação entre as avaliações de 3h e 5h das variáveis mostrou

    diferença estatística apenas no número de leucócitos, com maior aumento às 5h,

    p

  • 52

    CORRELAÇÃO DOS NÍVEIS DOS TRIGLICERÍDEOS PÓS-PRANDIAIS COM

    AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, CLÍNICAS E OS MARCADORES

    INFLAMATÓRIOS

    Nos subgrupos formados a partir do percentil 50 do triglicerídeo de jejum, houve

    diferença estatística entre os subgrupos controles 1 (controles com TG ≤ 95,5mg/dl,

    percentil 50) e 2 (controles com TG > 95,5mg/dl) em relação à PAS que foi maior no

    subgrupo 2. E entre o subgrupo controle 2 (controles com TG >95,5) e o subgrupo

    diabético 2 (diabéticos com TG>90mg/dl), observou-se diferenças significantes com

    relação ao IMC, circunferência abdominal, RC/Q, sendo essas medidas maiores nos

    diabéticos (Tabela 6 – Anexo 8).

    No caso dos subgrupos hiporesponsivos e hiperresponsivos da avaliação de 3h,

    observou-se diferença estatística na PAS do subgrupo controle 1 (controles com TG≤

    160mg/dl) e a do subgrupo controle 2 (controles com TG>160mg/dl), este último com

    PAS mais elevada. Houve, também, diferença estatística entre PAS do subgrupo

    diabético 1 (diabéticos com TG≤161mg/dl) e a do subgrupo 2 (diabéticos com

    TG>161mg/dl), sendo maior no subgrupo 2. Entre o subgrupo controle 1 e o subgrupo

    diabético 1, encontrou-se diferenças significantes com relação à circunferência

    abdominal e IMC, novamente, maiores nos diabéticos. E na análise comparativa do

    subgrupo controle 2 com o subgrupo diabético 2, obteve-se diferença significante na

    circunferência abdominal, IMC e RC/Q, maiores nos diabéticos (Figuras 10, 11 e 12;

    Tabela 6 – Anexo 8).

  • 53

    70

    75

    80

    85

    90

    95

    100

    Circunferênciaabdominal cm

    SC1 3h SC2 3h SD1 3h SD2 3h SC1 5h SC2 5h SD1 5h SD2 5h

    Figura 11. Comparação da circunferência abdominal nos subgrupos controles ediabéticos, formados a partir do percentil 50 do TG às 3h e 5h. SC1 controles comTGP50, SD1 diabéticos com TGP50.

    *SC1 X SD1

    *SC2 x SD2

    * SC1 X SC2

    *SC1 X SD1

    * SC2 X SD2

    Hiporesponsivos

    SC1 e SD1

    Hiperresponsivos

    SC2 e SD2

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    SC1 3h SC2 3h SD1 3h SD2 3h SC1 5h SC2 5h SD1 5h SD2 5h

    *SC1 x SD1

    Hiperresponsivos SC2 e SD2

    *SC2 x SD2

    *

    SC1 x SD1*SC1 x SC2

    *SC2 x SD2

    IMC Kg/m²

    Hiporesponsivos SC1 e SD1

    Figura 10. Comparação do IMC dos subgrupos controles e diabéticos, formados apartir do percentil 50 dos triglicerídeos às 3h e 5h. SC1 controles com TG P50, SD1 diabéticos com TGP50.*p

  • 54

    Nos subgrupos formados a partir do percentil 50 do TG 5h, encontrou-se

    diferença significante entre subgrupo controle 1 e 2 no IMC, circunferência abdominal e

    PAS, os quais foram maiores no subgrupo 2. Na comparação do subgrupo diabético 1

    com o 2, evidenciou-se diferença significante na PAS que era maior no subgrupo 2.

    Análise estatística entre subgrupo controle 1 e diabético 1 mostrou diferença

    significante no IMC e circunferência abdominal, maiores nos diabéticos. Na análise do

    subgrupo controle 2 com diabético 2, obteve-se diferença estatística no IMC,

    circunferência abdominal e RC/Q, todos maiores nos diabéticos (Figuras 10, 11 e 12;

    Tabela 6 – Anexo 8).

    Nos subgrupos formados a partir do percentil 50 do TG em cada uma das 3

    avaliações (jejum, 3h e 5h), a comparação entre número de leucócitos, neutrófilos,

    linfócitos e hs-PCR do subgrupo hiporesponsivo com hiperresponsivo controles,

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    SC1 3h SC2 3h SD1 3h SD2 3h SC1 5h SC2 5h SD1 5h SD2 5h

    Figura 12.Comparação da PAS nos subgrupos controles e diabéticos, formados apartir do percentil 50 dos triglicerídeos às 3h e 5h. SC1 controles com TGP50, SD1 diabéticos com TGP50.*p

  • 55

    subgrupo hiporesponsivo com hiperresponsivo diabéticos, subgrupo hiporesponsivo

    controle com diabético hiporesponsivo e subgrupo hiperresponsivo controle com

    diabético hiperresponsivo, não observou-se nenhuma diferença estatística (Tabela 6 –

    Anexo 8).

  • 56

    DISCUSSÃO

    DISCUSSÃO

  • 57

    No presente estudo, nós encontramos que o nível de TG do grupo controle, no

    percentil 50 às 3h, foi de 160mg/dl (aumento de 77% em relação ao basal) e ás 5h foi de

    174mg/dl (aumento de 110%), esses níveis foram similares aos encontrados em outros

    estudos sobre lipemia pós-prandial, em outros locais do Brasil (LIMA, 2002) e do

    mundo (PARKS, 2002).

    O aumento dos TG e das lipoproteínas ricas em TG (TGRL) após uma refeição

    é, significativamente, maior em diabéticos tipo 2 que em não diabéticos (EVANS, 1999;

    DEMAN, 1996), com hipertrigliceridemia de jejum sendo preditiva de aumento lipídico

    pós-prandial exagerado (SANTOS, 2001; EVANS, 1999; LEWIS, O’MERA, 1991).

    Todavia a dislipidemia pós-prandial (acúmulo dos quilomicrons e seus remanescentes)

    pode ocorrer mesmo na ausência de hipertrigliceridemia ou de hipercolesterolemia de

    jejum (SANTOS, 2001; MARANHÃO 1996; PATSCH, 1992). Os diabéticos do nosso

    estudo não tinham hipertrigliceridemia jejum (critério de exclusão) e a média dos TG

    pós-prandias foi maior neles que nos controles, porém sem significância estatística.

    Também, houve uma tendência da média do restante do perfil lipídico (HDL, LDL e

    CT) ser maior no GD que no GC, mas só encontrou-se diferença significativa em

    relação ao HDL e às 3h pós-refeição teste hiperlipídica, apesar dele ter reduzido,

    significantemente, em relação ao basal. É curioso e bastante inesperado o HDL ter sido

    maior em diabéticos que nos controles, já que o habitual na dislipidemia do DM tipo 2 é

    um HDL baixo (KREISBERG, 2002; EVANS, 1999; DODSON, 1998; UKPDS, 1997;

    STEINER, 1994). Porém, isso pode ser explicado pelo fato desses pacientes não terem

    hipertrigliceridemia de jejum, que é uma alteração interligada ao HDL baixo

    (DODSON, 1998; KANE, 1997), de serem pacientes que recebiam orientações

    nutricionais e de prática de atividade física, além de poder ser explicado pelo fator

    genético (KANE, 1997).

  • 58

    A lipemia pós-prandial é definida basicamente como aumento de quilomícrons e

    seus remanescentes como as TGRL (PARKS, 2002; SANTOS, 2001; EVANS, 1999),

    mas já um existe estudo que observou modificação no HDL (LIMA, 2002). Lima (2002)

    mostrou que o HDL reduziu, significativamente, em 11% às 3h em relação ao basal,

    pós-carga lipídica, porém não encontrou alteração significativa no CT pós-prandial em

    47 pacientes estudados. Vários estudos mostraram que a ingestão de grandes

    quantidades de gordura não apresentou efeitos adversos sobre os níveis de CT em jejum

    (SILVA, 2004; AZEVEDO, 1979; ARAÚJO, 1975) e sobre os níveis de lipídeos como

    um todo (SILVA, 2004; SILVA, 2003; VARELA, 1986). Entretanto, no nosso estudo

    encontramos diminuição significativa do HDL pós-prandial nos controles masculinos e

    nas diabéticas e aumento significativo no CT nos controles femininos nas 2 avaliações e

    nas diabéticas às 5h.

    A redução do HDL pós-prandial correlacionou-se, significantemente, com

    aumento do IMC, da circunferência abdominal e da relação cintura-quadril. Esses

    achados são novos com relação ao estudo da lipemia pós-prandial, não se encontrando

    relatos na literatura. De uma certa forma, eles corroboram com estudos que

    demonstraram a dislipidemia pós-prandial como um fator adicional na síndrome

    plurimetabólica (GOLBERG, 2001) e, conseqüentemente, com estudos que

    evidenciaram a dislipidemia pós-prandial como fator de risco para aterosclerose

    (PARKS, 2002; GOLBERG, 2001; KARPE, 1999); já que pacientes com HDL

    reduzido, IMC aumentado e circunferência abdominal aumentada, têm maior risco de

    aterosclerose (DODSON, 1998).

    O aumento do TG pós-prandial em não diabéticos (MOHANLAL, 2004;

    PARKS, 2002; LIMA, 2002; GUERCI, 2000) e em diabéticos com hipertrigliceridemia

    de jejum (MOHANLAL, 2004; PARKS, 2002; DEMAN, 1996; LEWIS, 1991), já foi

  • 59

    descrito em inúmeros estudos. Lima (2002) demonstrou aumento TG em 74,5% às 3h

    após 70g de lipídios. Mohanlal (2004) observou nos diabéticos com hipertrigliceridemia

    de jejum, uma elevação prolongada do TG pós-prandial mais evidente ás 6h pós-

    refeição teste hiperlipídica e carboidrato. Na nossa avaliação o TG aumentou no GC

    84% às 3h e 102% às 5h e no GD 94% às 3h e 120% às 5h, e observamos que nos

    diabéticos houve diferença estatística entre as 3h e 5h, com maior percentual de

    aumento ás 5h. Entretanto, quando comparado às variações percentuais de todo perfil

    lipídico entre diabéticos e controles não houve diferença estatística. Poderíamos dizer

    então, que nos pacientes diabéticos com TG jejum normal houve um prolongamento

    dessa hipertrigliceridemia pós-prandial, já que observamos maior aumento às 5h.

    Patsch (1992) e colaboradores mostraram que níveis aumentados de TG pós-prandiais

    às 6h pode predizer a presença de DCI. Então, possivelmente, mesmo nos diabéticos

    com TG jejum normal, o aumento prolongado do TG no período pós-prandial poderia

    predizer DCI.

    A avaliação das médias dos marcadores inflamatórios não apresentou diferenças

    significantes entre os grupos, porém os leucócitos, neutrófilos e hs-PCR foram maiores

    em diabéticos que nos controles, mostrando a mesma tendência das alterações lipídicas

    que aumentam risco de aterosclerose.

    Os leucócitos aumentaram tanto nos controles como nos diabéticos nas 2

    avaliações com maior aumento ás 5h e foi, estatisticamente, significante quando

    avaliado a variação percentual nas 2 avaliações intragrupo. Esse maior aumento às 5h

    acompanha o maior aumento do TG e a maior redução do HDL. Cabezas (2001) já

    demonstrou elevação de neutrófilos (leucócitos) em pacientes com aumento do TG pós-

    prandial.

  • 60

    Em relação à hs-PCR a média foi maior no GD que no GC, apesar de não ter

    sido significativo. Como é bem documentado que hs-PCR é mais elevada em diabéticos

    que em não diabéticos, podendo contribuir para maior risco cardiovascular (KING,

    2002; FORD, 1999), o que, provavelmente, pode acontecer é que a subida da hs-PCR

    seja um evento mais tardio no período pós-prandial, já que houve recrutamento de

    leucócitos no período mais inicial da lipemia pós-prandial.

    A lipemia pós-prandial alterada é um fator de risco adicional na Síndrome

    Plurimetabólica ou Síndrome X (REAVEN, 1988). Na avaliação dos subgrupos dos

    controles e dos diabéticos observaram-se alterações significantes sugestivas dessa

    síndrome plurimetabólica, como maior IMC e circunferência abdominal nos diabéticos

    hiporesponsivos que nos controles; maior IMC, circunferência abdominal e R C/Q nos

    diabéticos hiperresponsivos que nos controles; maior PAS, circunferência abdominal e

    IMC nos controles hiperresponsivos (TG>160mg/dl às 3h e TG>174mg/dl às 5h) que

    nos hiporesponsivos. Lima (2002) já havia descrito essas diferenças na PAS, IMC e

    circunferência abdominal, entre indivíduos não diabéticos hiporesponsivos e

    hiperresponsivos em uma avaliação de 3h.

    Recentemente, algumas publicações sugerem mudanças na composição da

    refeição teste para avaliação da lipemia pós-prandial, umas sugerindo uma refeição

    mista de gordura e carboidrato, e outras uma refeição rica em gorduras benéficas como

    as gorduras monoinsaturadas. Mohanlal (2004) avaliou lipemia pós-prandial em

    diabéticos e não diabéticos com uma mistura de gordura e carboidratos. Van Oostrom

    (2003) avaliou, além da lipemia pós-prandial, os leucócitos, com uma mistura de

    gordura e carboidrato. Isso é importante porque estão existindo estudos com dietas ricas

    em gordura questionando se a gordura é, realmente, maléfica nas dislipidemias como

    sempre foi pensado, ou se o carboidrato, também, teria uma participação considerável

  • 61

    nessa doença (AZEVEDO, 1979; PESSÔA, 1979; BARROS, 1980; MEDEIROS; 1996;

    LEWIS, 2003; FOSTER, 2003). Lewis (2003) estudou duas fórmulas dietéticas com

    diferentes composições, porém com calorias idênticas, uma rica em carboidratos (70%

    das Kcal) e outra rica em lipídios (70% das Kcal) e observou uma maior redução dos

    níveis dos TG e CT nos indivíduos que consumiam a dieta rica em gorduras (SILVA,

    2004; LEWIS, 2003). Outro estudo, comparando-se dietas ricas em gorduras com dietas

    pobres em gorduras durante período de 12 meses, mostrou que a dieta rica em lipídios

    provocou aumento nos níveis de HDL, diminuição nos níveis de TG e no peso corporal

    (SILVA, 2003; FOSTER, 2003).

    Os nossos resultados indicam que os controles hiperresponsivos (TG>160mg/dl

    às 3h e/ou TG>174mg/dl às 5h) têm maior IMC, maior circunferência abdominal e

    maiores níveis PAS. A hipertrigliceridemia pós-prandial acompanha-se de um

    recrutamento de leucócitos com maior evidência ás 5h e a redução do HDL pós-

    prandial, quando comparado com o HDL de jejum, correlaciona-se com obesidade

    central, característica que faz parte da síndrome plurimetabólica.

  • 62

    CONCLUSÕES CONCLUSÕES

  • 63

    Os níveis de lipemia pós-prandial observados, no nosso estudo, foram similares

    aos níveis já vistos em outros estudos tanto nos indivíduos não diabéticos como

    nos diabéticos, porém sem diferenças entre eles.

    Indivíduos não diabéticos hiperresponsivos a refeição hiperlipídica apresentam

    maior IMC, maior circunferência abdominal e maiores níveis de PAS.

    Há recrutamento de leucócitos com o aumento da lipemia pós-prandial, porém

    sem diferenças entre diabéticos e não diabéticos.

    Obesidade central, característica relacionada à síndrome plurimetabólica,

    correlaciona-se com redução do HDL pós-prandial.

    Os horários de avaliação da lipemia pós-prandial e dos marcadores inflamatórios

    pós-prandiais, após a refeição teste, devem ser os mais prolongados possíveis, já

    que lipemia pós-prandial e marcadores inflamatórios pós-prandiais se alteram

    mais tardiamente no período pós-prandial.

    A hipertrigliceridemia pós-prandial não alterou os marcadores inflamatórios pós-

    prandiais, tanto nos indivíduos normais como nos diabéticos.

  • 64

    PERSPECTIVAS

    PERSPECTIVAS

  • 65

    Avaliar a lipemia pós-prandial e os marcadores inflamatórios em indivíduos

    não diabéticos e diabéticos, durante um período mais prolongado. Exemplo

    até às 8h pós-refeição teste hiperlipídica (GUERCI, 2000) e 24h após a

    refeição, com novo jejum de 12h.

    Realizar estudos utilizando refeição teste mista (gordura e carboidrato), já

    que novas pesquisas demonstram que não é só a gordura a vilã das

    dislipidemias, mas o carboidrato, também, pode ter uma participação

    considerável (SILVA, 2004; SILVA, 2003; LEWIS, 2003; FOSTER, 2003).

    Desenvolver estudos com refeição teste hiperlipídica rica em gorduras

    monoinsaturadas, já que são gorduras consideradas protetoras contra doenças

    (DODSON, 1998).

  • 66

    REFERÊNCIAS

    BIBLIOGRÁFICAS

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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