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CAMILA LIYOKO SUEHIRO Efeitos do exercício físico aeróbio sobre a lesão pulmonar induzida por exposição à fumaça de cigarro em modelo experimental de síndrome metabólica Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Programa de Patologia Orientador: Prof. Dr. Chin Jia Lin São Paulo 2018

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CAMILA LIYOKO SUEHIRO

Efeitos do exercício físico aeróbio sobre a lesão

pulmonar induzida por exposição à fumaça de cigarro

em modelo experimental de síndrome metabólica

Tese apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências

Programa de Patologia

Orientador: Prof. Dr. Chin Jia Lin

São Paulo

2018

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CAMILA LIYOKO SUEHIRO

Efeitos do exercício físico aeróbio sobre a lesão

pulmonar induzida por exposição à fumaça de cigarro

em modelo experimental de síndrome metabólica

Tese apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências

Programa de Patologia

Orientador: Prof. Dr. Chin Jia Lin

Versão corrigida. Resolução CoPGr 6018, de 13 de Outubro de 2011.

A versão original está disponível na Biblioteca da FMUSP.

São Paulo

2018

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Dedicatória

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Aos meus pais, Dirce e Mario,

Aos meus irmãos, Adriana e Fábio,

Ao meu avô, Yoshiharu (in memoriam),

Dedico este trabalho.

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Agradecimentos

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Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por proporcionar

tantas bênçãos em minha vida, guiar meus passos e colocar

pessoas especiais no meu caminho!

Finalizo uma etapa muito importante da minha vida,

tanto profissional quanto pessoal, com a escrita desta tese, que

só foi possível ser concluída devido à ajuda de várias pessoas a

quem sou muito grata...

Aos meus pais, Dirce e Mario, minha base, meus primeiros

educadores, meus exemplos de trabalhadores honestos e

dedicados, agradeço por todos os sacrifícios que fizeram para

que eu pudesse ter uma boa formação e por tantas vezes

abrirem mão dos próprios sonhos para que eu pudesse viver os

meus. Muito obrigada por tudo, amo vocês!

Aos meus irmãos, Adriana e Fábio, agradeço por sempre

se preocuparem comigo. Obrigada pelo amor e cuidado, amo

vocês!

Ao meu orientador, Prof. Dr. Chin Jia Lin, agradeço pela

confiança em mim depositada para a execução deste projeto,

por estar sempre disposto a me ensinar com tanta paciência e

humildade, por me dar liberdade para fazer escolhas e tomar

decisões, por me tranquilizar nos momentos de desespero e por

aceitar me orientar à distância quando precisei me ausentar

do laboratório por motivos pessoais. Admiro-o pelo excelente

profissional que é, mas, principalmente, pela enorme bondade

que tem em seu coração! Muito obrigada por tudo!

À minha co-orientadora, Dra. Alessandra Choqueta de

Toledo-Arruda, minha “mãe” na carreira científica, agradeço

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por ter me oferecido infinitas possibilidades ao me dar a

oportunidade de fazer a pós-graduação na FMUSP, por ter me

apresentado a tantas pessoas que me ajudaram durante o

Doutorado e por me orientar em todas as etapas deste projeto,

mesmo à distância! Muito obrigada, Alê, por todo carinho e

preocupação comigo!

Ao Prof. Dr. Mílton de Arruda Martins, chefe do

Laboratório de Terapêutica Experimental (LIM-20) na época

em que ingressei no Doutorado, agradeço por ter aberto as

portas do LIM-20 para mim. Muito obrigada pelas sugestões e

pelo auxílio financeiro para a execução deste projeto!

Ao Prof. Dr. Rodolfo de Paula Vieira, coordenador do

Laboratório de Imunologia Pulmonar e do Exercício (LABPEI),

agradeço por ter oferecido seu laboratório e os materiais

necessários para a realização dos experimentos de ELISA, além

de ter disponibilizado seus alunos para me ajudar. Muito

obrigada, Rodolfo!

À Profa. Dra. Kátia de Angelis agradeço por ter

disponibilizado seu laboratório, alunos e os materiais

necessários para a realização dos experimentos de estresse

oxidativo. Muito obrigada!

À Dra. Francine Maria de Almeida agradeço por ter me

ajudado nos experimentos e nas análises histológicas. Muito

obrigada, Fran, por sempre estar disposta a me ajudar em

tudo!

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À Dra. Clarice Rosa Olivo agradeço por ter me ajudado

nos experimentos e por sempre estar disposta a esclarecer

minhas dúvidas. Muito obrigada, Claris, por tudo!

Ao Me. Adilson Santos Andrade de Sousa agradeço por

ter me ajudado tantas vezes na execução dos protocolos. Muito

obrigada!

Ao Dr. Manoel Carneiro de Oliveira Jr agradeço por ter

me ajudado a realizar os experimentos de ELISA. Muito

obrigada!

À Dra. Danielle da Silva Dias agradeço por ter me

ajudado a realizar os experimentos de estresse oxidativo. Muito

obrigada!

À Sara Hamaguchi agradeço por ter me ajudado a

realizar as medidas de mecânica respiratória. Muito

obrigada!

À Dra. Dolores Helena Rivero agradeço por ter me

ajudado a realizar as medidas de variabilidade da

frequência cardíaca. Muito obrigada!

Ao Prof. Dr. Raymundo Soares de Azevedo Neto,

coordenador do Programa de Pós-graduação em Patologia,

agradeço por ter acreditado no projeto e disponibilizado

auxílio financeiro para apresentação do trabalho em

congresso no exterior. Muito obrigada!

À Profa. Dra. Maria Lúcia Bueno Garcia, à Dra. Elnara

Marcia Negri e à Dra Fernanda Degobbi Lopes agradeço pelas

sugestões no meu exame de qualificação. Muito obrigada!

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Ao Thiago Luiz Vieira Rezende agradeço pela ajuda com

as questões burocráticas da pós-graduação e por sempre

esclarecer minhas dúvidas. Muito obrigada!

À Rosana Ap. Vilela agradeço pela ajuda com questões

burocráticas e por sempre estar disposta a esclarecer minhas

dúvidas. Muito obrigada, Rô, por toda atenção e carinho!

À Natália Gomes Gonçalves agradeço por sempre

esclarecer minhas dúvidas em relação aos experimentos de

biologia molecular. Muito obrigada!

Ao Luiz Afonso Pires agradeço por ter me ensinado a

manipular e cuidar dos animais e pela ajuda nas questões

relacionadas ao biotério. Muito obrigada!

Ao Dr. Sérgio Catanozi agradeço por ter me ajudado a

marcar os meus animais. Muito obrigada, Sérgio, por me

tranquilizar e inspirar durante as poucas, mas intensas

conversas que tivemos!

Ao Davi Francisco Ferreira agradeço por ter me ajudado

tantas vezes com os animais. Muito obrigada, Davi, por sempre

estar disposto a me ajudar!

A toda equipe do LIM-20 agradeço pelo carinho, pela

disponibilidade em ajudar e pelos momentos de descontração.

Dra. Beatriz Saraiva, Dra. Carla Prado, Dra. Fernanda Lopes,

Dra. Fernanda Arantes, Dra. Edna Leick e seus respectivos

alunos, muito obrigada por tudo!

Às minhas amigas, Isabella Genaro, Tiyaki Ito, Daniela

Cervilha e Fabíola Zambon, agradeço por todo apoio, ajuda e

broncas para finalizar este ciclo. O caminho até aqui foi mais

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alegre com vocês ao meu lado! Muito obrigada, Isa, Ti, Dani e

Fabi, pela presença nos melhores e piores momentos, por

ouvirem tantos desabafos e pelos melhores abraços e risadas,

não sei o que seria do meu Doutorado sem vocês!

Ao Danilo Antônio Corrêa agradeço pelo incentivo e

total apoio para o ingresso neste projeto. Muito obrigada, Dan,

por estar ao meu lado no início deste ciclo e por tudo que me

ensinou! À Adriana Santos e ao Nicola Balozzi agradeço por

todo carinho no começo desta fase, muito obrigada!

Aos meus amigos, Márcia Oliveira e Diogo Teixeira,

agradeço por me acolherem em seu lar quando precisei e pelos

tantos momentos de alegria. Muito obrigada, Marcinha e Di,

por todo carinho!

À minha amiga Renata Martins agradeço por estar ao

meu lado nos melhores e piores momentos e por me acolher em

seu lar quando precisei. Muito obrigada, Rê, por tudo!

Aos meus familiares agradeço por todo apoio, amor e

carinho!

Aos amigos que estiveram ao meu lado durante este

período agradeço pelos momentos de descontração, pelas

risadas e pelo carinho. Muito obrigada por tudo!

À CAPES e à FAPESP agradeço pelo auxílio financeiro

para a execução do projeto.

Aos animais utilizados neste projeto agradeço porque

sem eles não seria possível realizar este trabalho.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para

a realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos!

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“Happiness only real when shared”

(Christopher McCandless)

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Epígrafe

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Eclesiastes 3

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Esta tese está de acordo com as seguintes normas:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors

(Vancouver).

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e

Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.

Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi, Maria

F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria

Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.

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Sumário

Lista de figuras

Lista de tabelas

Lista de abreviaturas

Lista de símbolos

Resumo

Abstract

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1

2 OBJETIVOS .................................................................................................... 4

2.1 Objetivo geral .......................................................................................... 4

2.2 Objetivos específicos ............................................................................. 4

3 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 5

3.1 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) ..................................... 5

3.1.1 Epidemiologia ................................................................................... 7

3.1.2 Fatores de risco ................................................................................ 7

3.1.3 Fisiopatologia.................................................................................... 8

3.1.4 Comorbidades ................................................................................. 12

3.2 Síndrome metabólica ............................................................................ 13

3.2.1 Epidemiologia ................................................................................. 13

3.2.2 Fatores de risco .............................................................................. 15

3.2.3 Fisiopatologia.................................................................................. 15

3.3 Treinamento físico ................................................................................ 17

3.4 Modelos experimentais ........................................................................ 18

4 MÉTODOS .................................................................................................... 20

4.1 Animais .................................................................................................. 20

4.2 Grupos experimentais .......................................................................... 20

4.3 Exposição à fumaça de cigarro ........................................................... 21

4.4 Treinamento físico aeróbio e teste físico ............................................ 22

4.5 Exposição à frutose .............................................................................. 23

4.6 Calorimetria indireta ............................................................................. 24

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4.7 Frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e variabilidade da

frequência cardíaca (VFC) .......................................................................... 24

4.8 Mecânica respiratória ........................................................................... 25

4.9 Coleta de sangue .................................................................................. 26

4.10 Lavado Broncoalveolar (LBA) ............................................................ 26

4.11 Preparações histológicas ................................................................... 26

4.11.1 Determinação do Intercepto linear médio (Lm) .......................... 27

4.11.2 Contagem de células inflamatórias no parênquima pulmonar . 27

4.11.3 Fibras colágenas e elásticas ....................................................... 27

4.12 Dosagem de citocinas ........................................................................ 28

4.13 Expressão gênica ................................................................................ 28

4.14 Medidas de estresse oxidativo .......................................................... 30

4.14.1 Dosagem de Proteínas ................................................................. 30

4.14.2 Medida de Lipoperoxidação: Quimiluminescência iniciada por t-

BOOH (QL) ................................................................................................ 31

4.14.3 Atividade de Superóxido Dismutase (SOD) ................................ 31

4.14.4 Atividade de Catalase (CAT) ........................................................ 32

4.14.5 Poder antioxidante redutor do ferro (FRAP - Ferric Reduction

Ability Power) ........................................................................................... 32

4.15 Análise estatística ............................................................................... 32

5 RESULTADOS .............................................................................................. 34

5.1 Peso e parâmetros metabólicos .......................................................... 34

5.2 Consumo de água, ração e ingestão calórica .................................... 36

5.3 Parâmetros do metabolismo energético ............................................. 37

5.4 Consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante o exercício ............ 40

5.5 Teste da capacidade de exercício ....................................................... 41

5.6 Frequência cardíaca, pressão arterial e variabilidade da frequência

cardíaca ....................................................................................................... 42

5.7 Mecânica respiratória ........................................................................... 43

5.8 Células inflamatórias no LBA .............................................................. 46

5.9 Células inflamatórias no parênquima pulmonar ................................ 47

5.10 Intercepto linear médio (Lm) .............................................................. 49

5.11 Conteúdo de fibras colágenas e elásticas no parênquima pulmonar

...................................................................................................................... 51

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5.12 Dosagem de citocinas ........................................................................ 53

5.13 Expressão de genes envolvidos na resposta antioxidante ............. 59

5.14 Medidas de estresse oxidativo .......................................................... 61

5.15 Resumo dos resultados ..................................................................... 65

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 66

7 CONCLUSÕES ............................................................................................. 72

8 ANEXO.......................................................................................................... 73

9 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 74

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Lista de figuras

Figura 1: Esquema ilustrativo da câmara de inalação utilizada para a exposição

à fumaça de cigarro .......................................................................................... 22

Figura 2: Delineamento experimental ............................................................... 23

Figura 3: Ganho de peso corporal (g) dos animais após 12 semanas de protocolo

......................................................................................................................... 35

Figura 4: Consumo de oxigênio (VO2) dos animais no final dos protocolos, nos

períodos do dia e da noite ................................................................................ 37

Figura 5: Produção de dióxido de carbono (VCO2) dos animais no final dos

protocolos, nos períodos do dia e da noite. ...................................................... 38

Figura 6: Gasto energético dos animais no final dos protocolos, nos períodos do

dia e da noite .................................................................................................... 39

Figura 7: Consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante exercício forçado no

início e no final dos protocolos. ........................................................................ 40

Figura 8: Velocidade máxima atingida no teste físico antes do início dos

protocolos e 4, 8 e 12 semanas após o início dos protocolos .......................... 41

Figura 9: Resistência de vias aéreas (Raw) ..................................................... 43

Figura 10: Elastância do tecido pulmonar (Htis) ............................................... 44

Figura 11: Resistência do tecido pulmonar (Gtis) ............................................. 45

Figura 12: Contagem total e diferencial de células inflamatórias no lavado

broncoalveolar .................................................................................................. 46

Figura 13: Contagem de células mononucleares no tecido pulmonar .............. 47

Figura 14: Contagem de células polimorfonucleares no tecido pulmonar ........ 48

Figura 15: Intercepto linear médio (Lm) ........................................................... 49

Figura 16: Fotomicrografias representativas do parênquima pulmonar distal

corado em H&E dos grupos Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício,

Frutose, Frutose+Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício ......... 50

Figura 17: Porcentagem de fibras colágenas no parênquima pulmonar .......... 51

Figura 18: Porcentagem de fibras elásticas no parênquima pulmonar ............. 52

Figura 19: Expressão do gene Keap1 no pulmão ............................................ 59

Figura 20: Expressão do gene HMOX no pulmão ............................................ 60

Figura 21: Atividade de catalase no homogenato pulmonar ............................ 61

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Figura 22: Peroxidação lipídica avaliada por quimioluminescência (QL) no

homogenato pulmonar.. ................................................................................... 62

Figura 23: Atividade de SOD no homogenato pulmonar .................................. 63

Figura 24: Poder antioxidante redutor do ferro (FRAP) no homogenato pulmonar.

......................................................................................................................... 64

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Critérios para definir a síndrome metabólica ................................... 14

Tabela 2 - Ensaios comerciais utilizados para qPCR ....................................... 30

Tabela 3 - Consumo de água, ração e ingestão calórica semanal por animal . 36

Tabela 4 - Níveis de IL-6 no LBA, plasma e músculo esquelético .................... 53

Tabela 5 - Níveis de IL-10 no LBA, plasma e músculo esquelético .................. 54

Tabela 6 - Níveis de IL-1β no LBA, plasma e músculo esquelético.................. 55

Tabela 7 - Níveis de TNF-α no LBA, plasma e músculo esquelético ............... 56

Tabela 8 - Níveis de adiponectina no LBA, plasma e músculo esquelético ..... 57

Tabela 9 - Níveis de leptina no LBA, plasma e músculo esquelético ............... 58

Tabela 10 - Resumo dos resultados ................................................................. 65

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Lista de abreviaturas

Actb Beta actina

Akt Proteina quinase B

ARE Elemento de resposta antioxidante

ATP Adenosina trifosfato

cDNA Ácido desoxirribonucleico complementar

C Controle

CVF Capacidade vital forçada

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

DNA Ácido desoxirribonucleico

E Exercício

EE Gasto energético

ERO Espécie reativa de oxigênio

FC Frequência cardíaca

F Fumo

FE Fumo+Exercício

FoxO1 Proteína Forkhead box O1

FR Frutose

FRAP Poder antioxidante redutor do ferro

FRE Frutose+Exercício

FRF Frutose+Fumo

FRFE Frutose+Fumo+Exercício

G6PDH Glicose-6-fosfato dehidrogenase

GLUT4 Transportador de glicose tipo 4

GPX1 Glutationa peroxidase1

GSH Glutationa

GSK3 Glicogênio sintase quinase 3

GSSG Glutationa oxidada

GSR Glutationa redutase

GSTA Glutationa-S-transferase, α1B

Gtis Resistência do tecido pulmonar

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HBSS Solução salina tamponada de Hank

HDL Lipoproteína de alta densidade

HE Hematoxilina e eosina

HF Alta frequência

HMOX1 Heme oxigenase1A

HTAB Brometo de hexadeciltrimetilamônio

Htis Elastância do tecido pulmonar

ICAM Molécula de adesão intracelular

IL Interleucina

IL-1ra Receptor antagonista de interleucina 1

IMC Índice de massa corpórea

IRS Substratos do receptor de insulina

Keap1 Proteína de citoesqueleto análoga a Kelp associada

à ECH

LBA Lavado broncoalveolar

LDL Lipoproteína de baixa densidade

LF Baixa frequência

LF/HF Relação entre baixa e alta frequência

Lm Intercepto linear médio

MCP-1 Peptídeo quimiotático para monócitos

MMP Metaloproteinases de matriz

mRNA Ácido ribonucleico mensageiro

NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo

fosfato reduzido

NQO1 NADPH:quinona oxidoreductase-1

Nrf2 Fator nuclear derivado de eritróide 2

OMS Organização Mundial da Saúde

PA Pressão arterial

PBS Tampão fosfato salino

PCR Proteína C-reativa

PEEP Pressão expiratória final

pH Cologaritmo da concentração de hidrogênio

PI3K Fosfatidilinositol 3 quinase

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Prx-1 Peroxiredoxina1B

QL Quimiluminescência

qPCR Reação de polimerização em cadeia quantitativa em

tempo real

Raw Resistência de vias aéreas

RMSSD Desvio padrão das diferenças entre intervalos RR

normais adjacentes

RNA Ácido ribonucleico

SDNN Desvio padrão da média dos intervalos RR normais

SOD Superóxido dismutase

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

TRAP Total de potencial reativo antioxidante

Trx1 Tioredoxina1

TrxR Tioredoxina redutase

VCO2 Produção de dióxido de carbono

VEF1 Volume expiratório forçado no primeiro segundo

VFC Variabilidade da frequência cardíaca

VLDL Lipoproteína de densidade muito baixa

VO2 Consumo de oxigênio

VO2max Consumo máximo de oxigênio

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Lista de símbolos

ºC graus Celsius

μl microlitro

μm micrômetro

µmol micromol

cm centímetro

cmH20 centímetro de água

CO Monóxido de carbono

dL decilitro

g grama

G gravidade

h hora

H2O2 Peróxido de hidrogênio

kcal quilocaloria

KCl Cloreto de potássio

km quilômetro

L litro

mA miliampère

mg miligrama

min minuto

ml mililitro

mmH2O milímetro de água

mmHg milímetro de mercúrio

mmol milimol

n número

nm nanômetro

NO Óxido nítrico

O2- Radical superóxido

OH Radical hidroxila

ONOO- Peroxinitrito

ppm partes por milhão

rpm rotações por minuto

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s segundo

t-BOOH Hidroperóxido de tert-butila

U unidade

x vezes

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Resumo

Suehiro CL. Efeitos do exercício físico aeróbio sobre a lesão pulmonar induzida

por exposição à fumaça de cigarro modelo experimental de síndrome metabólica

[tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2018.

Introdução: A Síndrome Metabólica (MS) é uma comorbidade frequentemente

encontrada nos pacientes que apresentam Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

(DPOC). A DPOC e a MS possuem características em comum e o tabagismo é

um fator de risco comum à DPOC e à MS. Apesar da intricada associação entre

a DPOC e a MS, sabe-se muito pouco a respeito de como a co-ocorrência da

MS afeta a resposta da DPOC ao treinamento físico – um tratamento efetivo para

MS e que tem efeito protetor contra o enfisema induzido por tabaco – e à história

natural desta. Objetivo: Avaliar como a ingestão crônica de frutose interfere na

história natural e nos efeitos do treinamento físico aeróbio sobre a lesão

pulmonar induzida por fumaça de cigarro. Métodos: Camundongos C57Bl/6

machos foram divididos em oito grupos (n=16-20/grupo): Controle, Fumo,

Exercício, Fumo+Exercício, Frutose, Frutose+Fumo, Frutose+Exercício e

Frutose+Fumo+Exercício; e expostos à fumaça de cigarro (30 minutos, 2x/dia),

exercício físico (1 hora/dia) ou frutose (20% em água de beber) durante 12

semanas. Após o período de tratamento os animais foram anestesiados,

submetidos à avaliação da mecânica respiratória e eutanasiados para coleta de

sangue, lavado broncoalveolar (LBA), pulmões e músculos quadríceps para

posteriores análises de histologia, dosagem de citocinas e avaliações de

expressão gênica e estresse oxidativo. Resultados: A ingestão de frutose

causou destruição do septo alveolar comparável com aquela causada pelo fumo

(p<0,001). A combinação de frutose e fumo produziu uma destruição alveolar

mais severa do que qualquer um deles sozinho (p=0,008). O exercício físico

inibiu o aumento do número total de células inflamatórias e macrófagos no LBA

(p<0,001), impediu o aumento dos níveis de interleucina (IL)-6, IL-10, IL-1β, TNF-

α, adiponectina e leptina no plasma e/ou músculo esquelético (p<0,001), alterou

a porcentagem de fibras colágenas e elásticas no parênquima pulmonar

(p<0,001) e atenuou o desenvolvimento do enfisema no grupo

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Frutose+Fumo+Exercício. Não houve efeito do exercício físico na mecânica

respiratória, expressão de genes antioxidantes e estresse oxidativo. Conclusão:

O treinamento físico aeróbio atenuou parcialmente o desenvolvimento do

enfisema pulmonar em camundongos expostos à fumaça de cigarro e à frutose.

Descritores: exercício; enfisema; frutose; inflamação; estresse oxidativo

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Abstract

Suehiro CL. Effects of aerobic exercise on the lung injury induced by exposure to

cigarette smoke in an experimental model of metabolic syndrome [thesis]. São

Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2018.

Introduction: The Metabolic Syndrome (MS) is a comorbidity frequently

presented by patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD).

COPD shares with MS common features and tobacco use is a risk factor for both

COPD and MS. Despite of this intricate association between COPD and MS, very

little is known about how co-occurrence of MS might affect the response of COPD

to physical exercise – an effective treatment for MS that has a protective effect

against tobacco-induced COPD – and its natural history. Objective: To evaluate

how chronic fructose intake interferes in the natural history and in the effects of

aerobic exercise training on lung injury induced by exposure to CS. Methods:

Male C57Bl/6 mice were assigned to 8 groups: Control, Smoke, Exercise,

Smoke+Exercise, Fructose, Fructose+Smoke, Fructose+Exercise and

Fructose+Smoke+Exercise (n=16-20/group) and treated accordingly with CS

(30min twice/day), exercise training (1h/day) or fructose (20% in the drinking

water) for 12 weeks. After the treatment period the animals were anesthetized,

submitted to the evaluation of respiratory mechanics and were euthanized for

collect of blood plasma, bronchoalveolar lavage fluid (BALF), lungs and

quadriceps muscles for subsequent histology analysis and measures of cytokine

levels, gene expression and oxidative stress. Results: Fructose ingestion caused

destruction of alveolar septa comparable to that caused by the CS (p<0,001).

Combination of fructose and CS caused an alveolar destruction even more

severe than either one alone (p=0,008). Exercise training inhibited the increase

of the total number of inflammatory cells and macrophages in BALF (p<0,001),

inhibited the increase of the interleukin (IL)-6, IL-10, IL-1β, TNF-α, adiponectin

and leptin levels in plasma and/or skeletal muscle (p<0,001), altered the

percentage of collagen and elastic fibers in lung parenchyma (p<0,001) and

attenuated the development of emphysema in the Fructose+Smoke+Exercise

group. There was no effect of exercise training on respiratory mechanics,

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antioxidant genes expression and oxidative stress. Conclusion: Aerobic

exercise training partially attenuated the development of lung emphysema in mice

exposed to cigarette smoke and fructose.

Descriptors: exercise; emphysema; fructose; inflammation; oxidative stress

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1

1 INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença

prevenível e tratável, caracterizada por persistentes sintomas respiratórios e

limitação ao fluxo aéreo, devido a anormalidades de vias aéreas e/ou alvéolos,

geralmente causada por exposição significativa a gases ou partículas nocivas

(1).

O conceito de DPOC pode ser ampliado para além do sistema

respiratório. A partir desta perspectiva, a DPOC pode ser considerada uma

síndrome inflamatória que, devido à inflamação exacerbada e estresse oxidativo

na circulação sistêmica e em outros órgãos, acomete também sistemas como o

cardiovascular e o musculoesquelético (1, 2).

A DPOC representa um pesado fardo para a saúde pública, pois é uma

das principais causas de morbidade e mortalidade mundial (1). Ela era a quinta

principal causa de morte no mundo em 2002 e as estimativas mostram que a

DPOC será a terceira causa de morte mundial em 2030. O impacto da DPOC na

mortalidade seria ainda maior se a mortalidade de comorbidades à ela

associadas fosse considerada (3).

O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento da

DPOC e a maior causa de inflamação pulmonar crônica, sendo que o processo

inflamatório não é interrompido mesmo após a cessação do tabagismo (1, 4, 5).

Dessa forma, são necessárias intervenções complementares à cessação para

controlar o curso natural da DPOC.

O tabagismo é o maior fator de risco para outras doenças não

transmissíveis além da DPOC, como doenças cardiovasculares (doença

aterosclerótica coronariana e cerebrovascular), diabetes e neoplasias malignas.

Anualmente, cerca de seis milhões de pessoas morrem no mundo devido a

doenças relacionadas ao tabaco e mais de 600.000 devido ao tabagismo

passivo, dessa forma, o tabagismo representa a principal causa de morte

evitável. Estima-se que em 2030 o tabagismo mate mais de oito milhões de

pessoas no mundo (6).

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2

Interessantemente, o tabagismo também está associado ao

desenvolvimento da síndrome metabólica (7, 8) - uma das comorbidades mais

comuns em pacientes com DPOC (9, 10). Esta condição ocorre quando

coexistem num mesmo indivíduo resistência à insulina, adiposidade abdominal

excessiva, dislipidemia aterogênica (aumento dos níveis de triglicérides e

redução dos níveis de HDL) e disfunção endotelial (11). A co-ocorrência destas

alterações num mesmo paciente aumenta o risco para o desenvolvimento de

diabetes mellitus tipo 2 (DM2) (12), doença aterosclerótica coronariana e

periférica (13) e está também associada a condições como doença hepática

esteatótica não alcóolica (14), apnéia obstrutiva do sono (15) e algumas formas

de neoplasias malignas (16-18). Dessa forma, o diagnóstico de síndrome

metabólica identifica um grupo de pacientes que, além de apresentar maior risco

cardiometabólico, está sujeito a um risco mais elevado de outras doenças

crônicas em virtude de uma possível fisiopatologia compartilhada (11). A

correção dos distúrbios metabólicos da síndrome metabólica tem o potencial de

reduzir o risco ou amenizar o curso natural de outras doenças crônicas.

Um dos mais bem caracterizados fatores de risco da síndrome

metabólica é a inatividade física (19). O treinamento físico é uma intervenção de

eficácia comprovada na atenuação dos múltiplos distúrbios da síndrome

metabólica (20-22) e na redução de risco cardiovascular (23). Indivíduos

fisicamente ativos apresentam menor incidência de doenças coronarianas,

menor mortalidade por eventos coronarianos e redução de mortalidade geral

(23).

Ainda, o treinamento físico é capaz de reduzir o declínio da função

pulmonar e o risco de desenvolver DPOC ao longo dos anos em tabagistas (24).

Um estudo do nosso grupo demonstrou efeito protetor do treinamento físico

aeróbio no desenvolvimento do enfisema em modelo experimental de

camundongos expostos à fumaça de cigarro. Nesse modelo, o treinamento físico

atenuou o declínio da elastância pulmonar e o aumento do intercepto linear

médio induzidos pela exposição à fumaça de cigarro. Além disso, o treinamento

também inibiu o acúmulo de espécies oxidantes e a redução de antioxidantes

induzidos pela exposição à fumaça de cigarro (25). A despeito desses efeitos

benéficos, nosso conhecimento sobre os mecanismos bioquímicos e celulares

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3

subjacentes a este papel protetor do treinamento físico é, na melhor das

hipóteses, rudimentar.

A utilização de modelos animais é importante para melhor compreender

a evolução das doenças e encontrar medidas terapêuticas (26, 27). O modelo

que melhor caracteriza a DPOC humana é o que utiliza a exposição à fumaça de

cigarro, uma vez que esta é a principal substância tóxica que causa DPOC em

seres humanos (26). Além disso, o modelo que utiliza a exposição de roedores

à grande quantidade de frutose na água produz vários distúrbios metabólicos

como resistência à insulina, inflamação e dislipidemia, que caracterizam a

síndrome metabólica (28).

Dessa forma, o presente estudo pretende investigar os mecanismos

envolvidos no processo de lesão pulmonar induzida por exposição à fumaça de

cigarro em camundongos que ingerem frutose e avaliar os efeitos do treinamento

físico nesse modelo.

Nossa hipótese é de que a lesão pulmonar piore em um modelo

experimental de síndrome metabólica e que o treinamento físico atenue esse

efeito.

O entendimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos nesse

processo e dos mecanismos regulatórios do treinamento físico é necessário para

o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento da síndrome

metabólica em pacientes com DPOC.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar como a ingestão crônica de frutose interfere na história natural e

nos efeitos do treinamento físico aeróbio sobre a lesão pulmonar induzida por

exposição à fumaça de cigarro.

2.2 Objetivos específicos

Verificar os efeitos do treinamento físico aeróbio sobre a lesão

pulmonar induzida por exposição à fumaça de cigarro em

camundongos que ingerem frutose, em relação aos seguintes

aspectos:

Inflamação pulmonar, muscular e sistêmica;

Estresse oxidativo pulmonar;

Mecânica respiratória e

Desenvolvimento do enfisema pulmonar.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

A DPOC é uma doença prevenível e tratável, caracterizada por

persistentes sintomas respiratórios e limitação ao fluxo aéreo, devido a

anormalidades de vias aéreas e/ou alvéolos, geralmente causada por exposição

significativa a gases ou partículas nocivas (1).

A limitação ao fluxo aéreo é causada por uma mistura de doença das

pequenas vias aéreas (bronquiolite obstrutiva) e destruição do parênquima

pulmonar (enfisema), sendo que a contribuição relativa de cada uma varia de

indivíduo para indivíduo (1).

Vários mecanismos reduzem o fluxo aéreo e podem ser divididos em

fatores que aumentam a resistência de vias aéreas ou que reduzem a força

elástica pulmonar. Nas vias aéreas, pode ocorrer espessamento epitelial,

formação de folículos linfoides e deposição de colágeno, reduzindo o diâmetro

interno e a capacidade de distensão dessas vias (29). Esses fatores podem

aumentar a resistência das vias aéreas e, consequentemente, reduzir o fluxo

aéreo observado nos pacientes. O aumento de secreção de muco também pode

contribuir para essa redução do fluxo aéreo e, em fases avançadas da doença,

está correlacionada com a mortalidade dos pacientes (30, 31). Além disso, a

destruição da arquitetura pulmonar pode alterar a disposição das vias aéreas,

contribuindo para o aumento da resistência dessas vias. A destruição do

parênquima pulmonar e de fibras elásticas provoca redução da elastância,

produzindo um menor fluxo expiratório. No entanto, as alterações anatômicas e

consequente aumento da resistência das vias aéreas parecem ser

predominantes na limitação ao fluxo aéreo (29).

Devido a essas alterações, a DPOC se manifesta clinicamente pela

dispneia crônica e progressiva, tosse e produção de escarro que pode variar

conforme o dia. A tosse crônica e a produção de escarro podem preceder o

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6

desenvolvimento da limitação ao fluxo aéreo por vários anos, dessa forma, o

diagnóstico clínico de DPOC deve ser considerado em qualquer paciente que

apresentar esses sintomas e histórico de exposição aos fatores de risco. O valor

da relação VEF1/CVF abaixo de 70% do predito na espirometria após uso de

broncodilatador é o critério utilizado para diagnosticar a doença (1).

Pacientes com DPOC também apresentam disfunção muscular

esquelética, depleção nutricional e perda de peso, que está associada ao

aumento da mortalidade desses indivíduos (1, 32). Um desequilíbrio entre a

ingestão e o gasto energético, causado pela diminuição da ingestão ou aumento

do gasto energético, parece ser o principal fator envolvido na perda de peso

desses pacientes (33). O aumento de mediadores inflamatórios pode acelerar o

metabolismo, diminuir a ingestão energética e gerar resposta inadequada à

ingestão alimentar, contribuindo, dessa forma, para a depleção nutricional

observada em pacientes com DPOC. Citocinas pró-inflamatórias como o fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina 1 beta (IL-1β) podem provocar

anorexia e alterações no metabolismo da leptina também podem ser

responsáveis pelo desenvolvimento de alterações nutricionais nesses pacientes

(34).

Pacientes com DPOC aumentam a demanda ventilatória ao realizar

atividades dinâmicas e, consequentemente, apresentam aumento de dispneia.

Dessa forma, os pacientes evitam realizar tais atividades e são acometidos pelo

sedentarismo. O descondicionamento físico reduz a força e massa muscular e a

capacidade aeróbia, resultando em demanda ventilatória ainda mais intensa;

assim, ocorre um ciclo dispneia-sedentarismo-dispneia (35). O aumento da

inflamação sistêmica e do estresse oxidativo e a depleção nutricional também

estão relacionados à disfunção muscular periférica. A consequente redução da

capacidade de realizar atividade física contribui para a piora da qualidade de vida

e esses fatores são importantes determinantes do prognóstico e sobrevida de

pacientes com DPOC (36, 37).

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3.1.1 Epidemiologia

A DPOC representa um pesado fardo para a saúde pública, pois é uma

das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo (1). A prevalência

mundial de DPOC, em adultos com mais de 40 anos, é de aproximadamente 9-

10% (38). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 65 milhões

de pessoas apresentam diagnóstico de DPOC moderada à grave no mundo (3).

O estudo PLATINO (Latin American Project for the Investigation of Obstructive

Lung Disease) mostrou uma prevalência de DPOC em 15,8% da população na

cidade de São Paulo (39).

A DPOC era a quinta principal causa de morte no mundo em 2002 e as

estimativas mostram que a DPOC será a terceira causa de morte mundial em

2030. O impacto da DPOC na mortalidade seria ainda maior se a mortalidade de

comorbidades à ela associadas fosse considerada (3). A prevalência e o impacto

da DPOC devem aumentar nas próximas décadas devido à exposição contínua

aos fatores de risco e ao envelhecimento populacional (40). Portanto, essa é

uma doença que continuará a afetar grande parcela da população durante vários

anos.

3.1.2 Fatores de risco

A DPOC é resultado de uma interação entre gene e meio ambiente. Os

fatores de risco para o desenvolvimento da doença podem ser genéticos, como

a deficiência hereditária de alfa-1 antitripsina, estar relacionados à idade,

crescimento e desenvolvimento pulmonar, infecções na infância, condição

socioeconômica e exposição a partículas nocivas, como a exposição

ocupacional e à poluição atmosférica; no entanto, o principal fator de risco para

o desenvolvimento da DPOC é o tabagismo (1, 4).

A fumaça de cigarro contém grandes quantidades de radicais livres e

oxidantes, apresentando aproximadamente 5000 compostos altamente reativos

(41). Os principais compostos reativos presentes na fumaça de cigarro incluem

radical superóxido (O2-), óxido nítrico (NO), peróxido de hidrogênio (H2O2),

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8

radical hidroxila (OH), quinonas/semiquinonas e compostos de ferro que podem

participar de diversas reações, produzindo outros metabólitos tóxicos e reativos

no pulmão, como o peroxinitrito (ONOO-) (42). Tabagistas apresentam aumento

da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) (43) e de produtos de

peroxidação lipídica (44), além de diminuição de antioxidantes, como a glutationa

(GSH), comparados a não tabagistas (45).

O tabagismo é a maior causa de inflamação pulmonar crônica (1, 5).

Tabagistas apresentam aumento de diversos marcadores inflamatórios, como

neutrófilos (46), linfócitos T (47), proteína C-reativa (PCR), fibrinogênio (48),

molécula de adesão intracelular (ICAM)-1, TNF-α e IL-6 (49). O aumento dos

níveis de PCR e fibrinogênio está associado ao risco de eventos

cardiovasculares subsequentes (50, 51) e o aumento dos níveis de TNF-α e IL-

6 são fatores que predizem o risco de infarto do miocárdio, doença cardíaca

coronariana e acidente vascular cerebral (52, 53).

O tabagismo é uma epidemia e a principal causa de morte evitável

mundial. Anualmente, cerca de seis milhões de pessoas morrem devido ao

hábito de fumar e mais de 600.000 devido ao tabagismo passivo. Estima-se que

em 2030 o tabagismo mate mais de oito milhões de pessoas no mundo (6).

3.1.3 Fisiopatologia

Alterações características da DPOC são encontradas nas vias aéreas,

parênquima pulmonar e vasculatura dos pacientes. Essas alterações incluem

inflamação crônica, desequilíbrios oxidante-antioxidante e protease-antiprotease

e alterações estruturais (1, 54).

O aumento do processo inflamatório e do estresse oxidativo é observado

não apenas no pulmão, mas também na circulação sistêmica e em vários outros

órgãos, como na musculatura periférica de pacientes com DPOC, o que enfatiza

ainda mais a natureza sistêmica da doença (1, 55). A partir desta perspectiva a

DPOC pode ser considerada uma síndrome inflamatória que acomete também

outros sistemas, como o cardiovascular e o musculoesquelético (2).

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3.1.3.1 Inflamação

As principais células envolvidas no processo inflamatório da DPOC são

os macrófagos, neutrófilos e linfócitos T CD8+. Essas células estimulam a

liberação de diversos mediadores inflamatórios, como fatores quimiotáticos,

citocinas e fatores de crescimento (1).

Os macrófagos são encontrados frequentemente em estudos de

pacientes com DPOC e podem ser ativados pela exposição à fumaça de cigarro.

Quando ativados, estimulam a liberação de mediadores inflamatórios como TNF-

α, IL-8, peptídeo quimiotático para monócitos (MCP-1), leucotrieno B4 (LBT) e

diversos tipos de EROs. Também estimulam a secreção de metaloproteinases

de matriz (MMP)-2, MMP-9 e MMP-12, catepsinas K, L e S e elastase

neutrofílica. Dessa forma, os macrófagos podem agir como mediadores do

processo inflamatório iniciado pelas toxinas do cigarro e/ou efetores da lesão

pulmonar, promovendo destruição do parênquima (56, 57).

Os neutrófilos podem ser encontrados em fases mais avançadas da

DPOC e estar relacionados à produção de muco. Secretam proteases

neutrofílicas, como proteinase-3, catepsinas e elastase neutrofílica, além das

MMP-8 e MMP-9, que contribuem para a destruição do parênquima pulmonar e

das fibras elásticas (58).

O aumento de linfócitos em pacientes com DPOC está relacionado ao

grau de destruição alveolar e à severidade da obstrução. Os linfócitos T CD8+

promovem citólise e apoptose de células epiteliais alveolares por meio de

liberação de perforinas e TNF-α (56).

Eosinófilos são mais raramente encontrados em pacientes com DPOC e

sua presença pode marcar a coexistência de asma (59).

Níveis de diversas citocinas, quimiocinas e adipocinas estão alterados

na circulação sistêmica de pacientes com DPOC, como IL-6, IL-8, IL-10, TNF-α

e leptina. O aumento de mediadores inflamatórios contribui para as

manifestações sistêmicas da doença, como a disfunção muscular periférica, e

pode piorar as comorbidades associadas à DPOC. O aumento das

concentrações de IL-6 e TNF-α estão associados à atrofia dos músculos

esqueléticos e inibição de regeneração muscular, respectivamente (60, 61).

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10

3.1.3.2 Desequilíbrio oxidante-antioxidante

O estresse oxidativo, um desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes,

está aumentado em pacientes com DPOC (62). A exposição à fumaça de cigarro,

diretamente ou por meio das células inflamatórias, pode aumentar a

concentração de oxidantes, como EROs, e reduzir a capacidade antioxidante

pulmonar (5).

As EROs são moléculas muito instáveis formadas a partir da redução do

oxigênio (O2). Em concentrações moderadas, essas moléculas participam de

funções importantes no organismo, como na mediação de processos de

sinalização celular, eliminação de microorganismos invasores e modulação dos

processos inflamatórios. No entanto, em excesso, EROs podem levar ao

estresse oxidativo e conduzir a peroxidação de lipídios de membrana, ruptura do

citoesqueleto e danos ao DNA (63).

As principais EROs são o ânion superóxido (-O2), o peróxido de

hidrogênio (H2O2), o radical hidroxila (OH-) e o óxido nítrico (NO). A mitocôndria

e o complexo enzimático da NADPH-oxidase são considerados as principais

fontes celulares de EROs no organismo (64). Já no pulmão, as principais fontes

de EROs são os neutrófilos, eosinófilos, macrófagos, células epiteliais e células

endoteliais brônquicas (65, 66).

Os principais antioxidantes não enzimáticos nos pulmões são a

glutationa (GSH), vitaminas C e E, beta-caroteno e ácido úrico, já os enzimáticos

são a superóxido dismutase (SOD), catalase e peroxidases. Esses antioxidantes

constituem as primeiras linhas de defesa contra os oxidantes (67).

A SOD está presente em todas as células do corpo e desempenha um

importante papel na proteção das células e dos tecidos contra o estresse

oxidativo, cujo mecanismo consiste na dismutação do ânion superóxido (-O2)

para uma molécula menos potente, o peróxido de hidrogênio (H2O2) (64).

A glutationa peroxidase reduz o peróxido de hidrogênio (H2O2) em H2O

pela oxidação da glutationa (GSH) (66). A glutationa oxidada, (GSSG) é, em

seguida, reduzida pela glutationa redutase através do ciclo da glutationa (68). A

capacidade de reciclar GSH faz desse ciclo um mecanismo crucial de defesa

antioxidante de uma célula (69).

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11

A redução da capacidade antioxidante pulmonar na DPOC pode ser

resultado da diminuição da expressão do fator nuclear derivado de eritróide 2

(Nrf2), que regula diversos genes antioxidantes (70).

O Nrf2 é um fator de transcrição que interage com o elemento de

resposta antioxidante (ARE) presente na região promotora de vários genes para

a regulação de enzimas antioxidantes e de detoxificação, como glutationa-S-

transferase A1 (GSTA) e NADPH:quinona oxidoredutase (NQO1). Em condições

basais, a proteína de citoesqueleto análoga a Kelp associada à ECH (Keap1)

está ligada ao Nrf2 no citoplasma e age como um supressor, promovendo a

ubiquitinação e degradação do Nrf2. Na presença de EROs, Keap1 é inativado

e libera Nrf2, que se transloca para o núcleo e interage com ARE para a síntese

das enzimas detoxificantes (71).

A deficiência de Nrf2 em camundongos A/J impediu a indução de vários

genes antioxidantes em resposta à exposição à fumaça de cigarro, como SOD,

glutationa peroxidases, peroxiredoxina1B, glutationa redutase, tioredoxina

redutase1B e enzimas detoxificantes, como as glutationa-S-transferases (72).

Além disso, camundongos da linhagem A/J com deficiência de Nrf2

desenvolveram enfisema mais precocemente e com maior gravidade (73).

Dessa forma, o estresse oxidativo pode ser uma via para o

desenvolvimento da DPOC, no entanto, o exato papel e sua relação com os

mecanismos inflamatórios na fisiopatologia da doença ainda precisam ser

melhor esclarecidos.

3.1.3.3 Desequilíbrio protease-antiprotease

O desequilíbrio entre proteases e antiproteases é o mecanismo mais

aceito para explicar a destruição tecidual nos pulmões de pacientes com DPOC.

A exposição à fumaça de cigarro induz um aumento na liberação de proteases,

derivadas de células inflamatórias e epiteliais, que não são totalmente inibidas

pelas antiproteases, o que leva à proteólise das fibras constituintes do

parênquima pulmonar, com perda das paredes alveolares e alargamento dos

espaços aéreos e consequente redução da elasticidade tecidual (74-76).

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12

Diversas proteases estão aumentadas em pacientes com DPOC, como

as serino proteases (elastase neutrofílica, catepsina G e proteinase 3), as

cisteíno proteinases (catepsinas B, K, L e S), e as MMPs (MMP-12, MMP-8,

MMP-1, MMP-13 e MMP-9) (77, 78).

Esse desequilíbrio está intimamente ligado ao dano tecidual,

remodelamento de fibras elásticas e colágenas e ativação de respostas

inflamatórias (29).

3.1.3.4 Remodelamento tecidual

Os processos de destruição do parênquima pulmonar estão associados

a uma posterior reparação tecidual, em que o tecido reparado é semelhante ao

original, porém, geralmente com arquitetura e funções alteradas (79).

A destruição das paredes alveolares no enfisema pulmonar é

consequente, sobretudo, à degradação de fibras elásticas e colágenas

constituintes da parede alveolar. Um processo de remodelamento tecidual é

iniciado por ação enzimática e ocorre um aumento na produção e depósito de

novas fibras. No entanto, elas apresentam formas alteradas, sendo ineficientes

para manutenção funcional do tecido e prejudicando, assim, as trocas gasosas

(80).

As fibras elásticas e colágenas estão intimamente relacionadas às

propriedades viscoelásticas do pulmão, que podem ser avaliadas por parâmetros

como resistência, elastância e complacência pulmonar, portanto, são de grande

importância para o funcionamento adequado do pulmão, principalmente em

relação a aspectos fisiológicos de mecânica respiratória (80).

3.1.4 Comorbidades

Muitos pacientes com DPOC apresentam comorbidades que contribuem

para a gravidade global da doença (1), tem um grande impacto na qualidade de

vida e sobrevida dos indivíduos (62) e aumentam os custos com a saúde (81).

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Além das doenças cardiovasculares, osteoporose, depressão e câncer

de pulmão, uma das comorbidades mais comuns em pacientes com DPOC é a

síndrome metabólica (9, 10). A prevalência de síndrome metabólica em

pacientes com DPOC varia de 36,8% a 57%, dependendo da população

estudada e dos critérios utilizados para caracterizar a síndrome metabólica (82-

87).

3.2 Síndrome metabólica

A síndrome metabólica ocorre quando coexistem num mesmo indivíduo

resistência à insulina, adiposidade abdominal excessiva, dislipidemia

aterogênica (aumento dos níveis de triglicérides e redução dos níveis de HDL) e

disfunção endotelial (11). Todos esses componentes contribuem para disfunção

e inflamação vascular, promovendo doença aterosclerótica (7).

A co-ocorrência destas alterações num mesmo paciente aumenta o risco

para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) (12), doença

aterosclerótica coronariana e periférica (13) e está também associada a

condições como doença hepática esteatótica não alcóolica, apnéia obstrutiva do

sono e algumas formas de neoplasias malignas. Dessa forma, o diagnóstico de

síndrome metabólica identifica um grupo de pacientes que, além de apresentar

maior risco cardiometabólico, está sujeito a um risco mais elevado de outras

doenças crônicas em virtude de uma possível fisiopatologia compartilhada (11).

A correção dos distúrbios metabólicos da síndrome metabólica tem o potencial

de reduzir o risco ou amenizar o curso natural de outras doenças crônicas.

3.2.1 Epidemiologia

A prevalência mundial da síndrome metabólica é bastante divergente,

pois além das diferenças nas composições demográficas e étnicas das

populações, os estudos utilizam diferentes critérios para definir a síndrome

metabólica (Tabela 1). Algumas têm como enfoque a confirmação laboratorial de

resistência à insulina, como a definição da OMS e do European Group for the

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Study of Insulin Resistance (EGIR); já outras consideram obrigatória a

adiposidade visceral, como a definição da International Diabetes Foundation

(IDF); ou não exigem nenhum critério obrigatório, como a da National Cholesterol

Education Program Adult Treatment Panel (NCEP-ATP III) (11).

Tabela 1 - Critérios para definir a síndrome metabólica

NCEP-ATP III (revisão 2005)

WHO (1998) EGIR (1999) IDF (2005)

Critério obrigatório

Nenhum Resistência à

insulina Hiperinsulinemia

Obesidade central

Circunferência abdominal >94

cm (H) e >80 cm (M)

Diagnóstico da síndrome

metabólica

Pelo menos 3 dos 5 critérios

abaixo

Resistência à insulina mais 2

dos critérios abaixo

Hiperinsulinemia mais 2 dos

critérios abaixo

Obesidade mais 2 dos critérios

abaixo

Obesidade

Circunferência abdominal >102

cm (H) e >88 cm (M)

Circunferência abdominal >90

cm (H) e >85 cm (M) ou IMC >30kg/m²

Circunferência abdominal >94

cm (H) e >80 cm (M)

Obesidade já exigida

Hiperglicemia Glicemia de jejum ≥100

mg/dL

Resistência à insulina já exigida

Resistência à insulina já exigida

Glicemia de jejum ≥100 mg/dL

Dislipidemia Triglicérides ≥150 mg/dL

Triglicérides ≥150 mg/dL ou HDL <35mg/dL (H) e <39mg/dL (M)

Triglicérides ≥177 mg/dL ou HDL

<39mg/dL

Triglicérides ≥150 mg/dL

Dislipidemia critério

secundário

HDL <40mg/dL (H) e <50mg/dL

(M)

HDL <40mg/dL (H) e <50mg/dL

(M)

Hipertensão

Pressão sistólica

≥130mmHg e/ou pressão

diastólica ≥85mmHg

≥140/90mmHg ≥140/90mmHg

Pressão sistólica ≥130mmHg e/ou

pressão diastólica ≥85mmHg

Outro critério Microalbuminuria

(H) homens; (M) mulheres

O estudo National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES),

realizado entre 1988 e 1994, mostrou que a prevalência de síndrome metabólica

em indivíduos com idade superior a 20 anos era de 23,7% pelos critérios da

NCEP/ATP III comparado a 25,1% segundo o critério da OMS (88). No Brasil, a

prevalência de síndrome metabólica varia de 19 a 56,6%, uma média de 37,8%,

o que indica que a síndrome metabólica é uma das condições mórbidas mais

prevalentes na população brasileira (89-91).

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15

3.2.2 Fatores de risco

Vários fatores de risco estão associados ao desenvolvimento de

síndrome metabólica, como idade, etnia, obesidade e ganho de peso, baixo nível

educacional, alta ingestão de carboidratos, nenhuma ingestão de bebidas

alcoólicas, falta de atividade física e fraqueza muscular. Além desses, o

tabagismo também está associado ao desenvolvimento da síndrome metabólica.

Diversos estudos mostram que tabagistas apresentam maior risco de

desenvolver síndrome metabólica (7, 8, 92, 93).

O tabagismo está associado a alterações metabólicas características da

síndrome, como aumento da adiposidade abdominal e da pressão arterial e

resistência à insulina (92, 94). Um dos possíveis mecanismos que pode explicar

a relação entre resistência insulínica e tabagismo envolve a participação de

efeitos tóxicos diretos e indiretos que as substâncias provenientes do cigarro

exercem nas diversas células do organismo, inclusive células hepáticas,

adiposas e musculares (95-97).

O tabagismo produz aumento dos níveis de marcadores inflamatórios

que predizem risco de DM2, como PCR, IL-6 e TNF-α (98-100). Isso indica que

a inflamação sistêmica de baixo grau pode ter um papel importante na gênese

da resistência insulínica e, consequentemente, do DM2 e da síndrome

metabólica. Dessa forma, a resposta inflamatória crônica sistêmica de baixo grau

pode ser o elo entre o tabagismo e a desregulação do metabolismo de glicose.

3.2.3 Fisiopatologia

A resistência à insulina pode ser definida como o estado em que uma

determinada concentração de insulina está associada à uma resposta subnormal

de glicose. Observada no DM2 e na síndrome metabólica, a resistência insulínica

também pode estar presente em portadores de alterações gênicas raras severas

e em pacientes que apresentam algumas alterações hormonais, mas,

independentemente da causa, o estado de resistência à insulina envolve prejuízo

na sinalização intracelular e/ou no mecanismo efetor da ação da insulina no

tecido (101).

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16

O tecido adiposo, músculo esquelético e fígado apresentam um papel

primordial na regulação da homeostase glicêmica. O tecido adiposo representa

um grande reservatório energético e secreta uma série de substâncias que

podem interferir na sensibilidade de outros tecidos à insulina. O músculo

esquelético é um território de utilização de glicose e responsável pela captação

de até 80% de glicose circulante no período pós-prandial. Já o fígado contribui

para homeostase glicêmica, com a neoglicogênese, além de ser um sítio em que

ocorre a lipogênese. O comprometimento da sensibilidade do tecido adiposo,

músculo esquelético ou fígado à insulina provoca as manifestações laboratoriais

ou clínicas da resistência insulínica (101).

Em estado normal, a ligação da insulina ao seu receptor na superfície

das células ligação provoca a fosforilação dos resíduos de tirosina da porção

intracelular do receptor de insulina e leva à fosforilação das tirosinas de

substratos proteicos intracelulares do receptor de insulina (IRS). Consequente à

fosforilação de tirosinas do IRS no metabolismo da glicose, ocorre a ativação da

via da fostatidil inositol 3-quinase (PI3K, do inglês phosphatidyilinositol 3-

kinase)/proteína quinase B (PKB/Akt,, do inglês protein kinase B) (. A PI3K ativa

o Akt através da sua fosforilação nos resíduos serina e treonina. O Akt, então,

fosforila diversos substratos, ativando fatores anti-apoptóticos e inativando

fatores pró-apoptóticos, aumentando o metabolismo de glicose, a produção de

ATP, a atividade da enzima degradadora de insulina e diminuindo a atividade da

GSK3 (do inglês, glycogen synthase kinase-3). Além disso, essa via medeia a

translocação da glicose do espaço extracelular para o espaço intracelular

(mediante a translocação de vesículas que contêm GLUT4 para superfície

celular) e a inibição da neoglicogênese hepática (fosforilando e inibindo o fator

de transcrição FoxO1) (101). O estado de resistência à insulina causa

interrupção da cascata de sinais da via do receptor de insulina/PI3K/Akt/GSK3

(102).

Baixa aptidão cardiorrespiratória e inatividade física são fatores de risco

comuns para desenvolvimento de resistência insulínica e doenças

cardiovasculares (103). Uma relação dose-resposta inversa entre atividade física

e sensibilidade à insulina já foi descrita na literatura (104-106). A inatividade

física também pode representar um fator relevante para o desenvolvimento de

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17

síndrome metabólica em pacientes com DPOC (87). Pacientes com DPOC se

tornam progressivamente inativos, o que representa fator de risco para ganho de

peso e obesidade, agravando ainda mais a inatividade (107).

3.3 Treinamento físico

O exercício físico aeróbio realizado regularmente (treinamento físico)

desencadeia diversas adaptações crônicas benéficas em todo o organismo,

como redução da pressão arterial e da frequência cardíaca de repouso em

indivíduos hipertensos (108, 109), aumento do consumo máximo de oxigênio

(VO2max), aumento da massa muscular e densidade óssea (110), melhora da

resposta imunológica (se a atividade for predominantemente realizada em

intensidade leve ou moderada) (111) e aumento da expressão e atividade de

enzimas antioxidantes (112). O treinamento físico aumenta a resistência contra

o estresse oxidativo, proporcionando uma maior proteção (113-115).

De maneira geral, os efeitos protetores do treinamento físico aeróbio

são mediados via interação dos sistemas imunológico e neuroendócrino,

através de sinais moleculares na forma de hormônios, citocinas e

neurotransmissores. Um dos mecanismos de ação do treinamento físico é a

produção de citocinas anti-inflamatórias, tais como IL-10 e IL-1ra, e a ativação

de enzimas antioxidantes, como a SOD, consequentes à liberação inicial de IL-

6, IL-1β e TNF-α (23).

Os efeitos do treinamento físico descritos acima credenciam a atividade

física como uma modalidade terapêutica para doenças crônicas. O treinamento

físico atenua os múltiplos aspectos da síndrome metabólica: melhora as

características metabólicas e a sensibilidade à insulina e reduz a gordura

abdominal (104-106, 116), além de reduzir a inflamação sistêmica comumente

observada nesses pacientes (117-119).

Os resultados benéficos de programas de reabilitação pulmonar com

treinamento físico para pacientes com DPOC são bem documentados e esses

programas tem sido recomendados como um meio efetivo para o tratamento

desses pacientes (120-123).

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18

Além disso, existem dados que mostram que mesmo indivíduos

tabagistas beneficiam-se dos efeitos protetores de um programa de atividade

física regular (24, 124). Um estudo mostrou que a prática de atividade física de

moderado ou alto grau por fumantes reduz o declínio da função pulmonar e o

risco de desenvolver DPOC (24).

Um estudo do nosso grupo de pesquisa demonstrou um efeito protetor

do treinamento físico aeróbio no desenvolvimento do enfisema em modelo

experimental de camundongos expostos à fumaça de cigarro. Nesse modelo, o

treinamento físico atenuou o declínio da elastância pulmonar e o aumento do

intercepto alveolar médio induzidos pela exposição à fumaça de cigarro. Além

disso, o treinamento também inibiu o acúmulo de espécies oxidantes e a redução

de antioxidantes induzidos pela exposição à fumaça de cigarro (25). No entanto,

os mecanismos regulatórios envolvidos no processo ainda não foram totalmente

esclarecidos.

3.4 Modelos experimentais

Os modelos experimentais de DPOC representam uma ferramenta

importante, pois possibilitam um melhor entendimento da fisiopatologia da

doença através da compreensão dos mecanismos envolvidos, em nível celular

e molecular, além de permitirem a aplicação de novas abordagens terapêuticas.

No entanto, a utilização desses modelos apresenta algumas limitações, visto

que a doença não ocorre de forma espontânea e nem todas as características

apresentadas em seres humanos conseguem ser mimetizadas

experimentalmente (125).

Diversos modelos animais de DPOC foram desenvolvidos em diferentes

espécies com o objetivo de melhor compreender a evolução da doença e

encontrar medidas terapêuticas (26, 27), no entanto, o modelo que aparenta ser

o mais próximo da doença humana é o que utiliza a exposição crônica à fumaça

de cigarro, visto que essa é a principal substância tóxica que causa DPOC em

seres humanos (26).

Os modelos com camundongos parecem ser particularmente úteis, pois

permitem estudos dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da

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19

doença. Nessa espécie há maior disponibilidade de marcadores inflamatórios e

é possível utilizar linhagens geneticamente modificadas para avaliar o

desenvolvimento da doença em condições biológicas distintas (26).

Os modelos de exposição à fumaça de cigarro mostram que os

camundongos suportam bem a exposição à fumaça por cerca de 24 semanas,

tolerando níveis de carboxihemoglobina de 10-14% (126). Exposições à fumaça

de cigarro por oito semanas levam a alterações epiteliais com infiltrado

inflamatório, alargamento de espaços aéreos e até mesmo histologia

semelhante à do enfisema humano (27, 126, 127).

Além disso, a exposição de roedores à grande quantidade de frutose na

dieta ou na água produz várias perturbações metabólicas. Esses animais

apresentam elevação da concentração sérica de triglicérides, consequente ao

aumento da secreção hepática de VLDL, e da pressão sanguínea com a

exposição aguda (28, 128), enquanto a hiperinsulinemia, elevação de ácidos

graxos livres, resistência à insulina e deterioração de controle glicêmico

aparecem com a exposição crônica (28). Dessa forma, esse modelo mimetiza

muitos dos aspectos da síndrome metabólica: resistência à insulina, inflamação

e dislipidemia.

Não foi encontrado na literatura nenhum modelo experimental de lesão

pulmonar com distúrbios metabólicos para caracterizar a síndrome metabólica

na DPOC.

Considerando a alta prevalência da síndrome metabólica em pacientes

com DPOC, o tabagismo como fator de risco comum, a inflamação e inatividade

física associadas a ambas e os efeitos benéficos do treinamento físico, é de

extrema relevância estudar os mecanismos envolvidos no processo de lesão

pulmonar induzida por exposição à fumaça de cigarro em um modelo

experimental de síndrome metabólica e os efeitos do treinamento físico nesse

modelo para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento da

síndrome metabólica em pacientes com DPOC.

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20

4 MÉTODOS

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CEP-FMUSP), com o

protocolo de pesquisa n° 001/14 (Anexo).

4.1 Animais

Foram utilizados camundongos C57Bl/6, machos, com idade entre seis

e oito semanas, com peso inicial de 20-25 g, provenientes do Biotério Central da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Os animais foram mantidos em gaiolas específicas para camundongos

no biotério do Laboratório de Terapêutica Experimental I (LIM-20) da FMUSP,

em condições controladas de temperatura (202ºC) e luminosidade (ciclo claro-

escuro de 12 horas) e alimentados com ração (Purina, Labina®, SP, Brasil, 2,99

kcal/g) e água ad libitum.

Todos os animais receberam cuidados de acordo com o “Guia de

cuidados e uso de animais de laboratório” (Guide for the care and use of

laboratory animals – National Research Council of the National Academies)

(129).

4.2 Grupos experimentais

Os animais foram divididos aleatoriamente em oito grupos experimentais

(n=16-20 animais por grupo):

1. Grupo Controle (C): animais não expostos à fumaça de cigarro, não

submetidos a treinamento físico e não receberam frutose;

2. Grupo Fumo (F): animais expostos à fumaça de cigarro, não

submetidos a treinamento físico e não receberam frutose;

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3. Grupo Exercício (E): animais não expostos à fumaça de cigarro,

submetidos a treinamento físico e não receberam frutose;

4. Grupo Fumo+Exercício (FE): animais expostos à fumaça de cigarro,

submetidos a treinamento físico e não receberam frutose;

5. Grupo Frutose (FR): animais não expostos à fumaça de cigarro, não

submetidos a treinamento físico e receberam solução de frutose 20%;

6. Grupo Frutose+Fumo (FRF): animais expostos à fumaça de cigarro,

não submetidos a treinamento físico e receberam solução de frutose

20%;

7. Grupo Frutose+Exercício (FRE): animais não expostos à fumaça de

cigarro, submetidos a treinamento físico e receberam solução de frutose

20%;

8. Grupo Frutose+Fumo+Exercício (FRFE): animais expostos à

fumaça de cigarro, submetidos a treinamento físico e receberam solução

de frutose 20%.

4.3 Exposição à fumaça de cigarro

Os animais foram expostos à fumaça de cigarro em duas sessões

diárias de 30 minutos cada, cinco dias por semana, durante 12 semanas, numa

câmara de inalação (130).

A câmara de inalação é uma caixa de plástico com volume de

aproximadamente 28 L instalada no interior de uma capela de exaustão. A caixa

é dividida em baias com uma tela de metal para manter os grupos de animais

separados e possui uma saída de ar, uma entrada para o ar comprimido e outra

para a fumaça. A fumaça é proveniente de um cigarro aceso aspirada por um

sistema de Venturi (Figura 1).

Os fluxos nas entradas de ar foram controlados por um fluxômetro

conectado aos cilindros de ar comprimido. Um fluxo constante de 2 L/min foi

mantido na entrada de ar comprimido. Na segunda entrada o fluxo variou de 1,5

a 2 L/min para produzir uma concentração de monóxido de carbono (CO) de

250 a 300 ppm. A concentração de CO foi monitorada por um detector (PhD

Plus Gas Detector, Fisher) mantido no interior da câmara.

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22

Em cada sessão de exposição foram utilizados 10-12 cigarros da marca

Derby® vermelho (Souza Cruz SA, RJ, Brasil). A combustão de cada cigarro

libera 10 mg de alcatrão, 0,8 mg de nicotina e 10 mg de CO.

Figura 1: Esquema ilustrativo da câmara de inalação utilizada para a exposição

à fumaça de cigarro (Adaptado de Biselli, 2008) (131)

4.4 Treinamento físico aeróbio e teste físico

Uma esteira ergométrica adaptada para camundongos (Inbrasport

Master ATL, Inbramed®, RS, Brasil) foi utilizada no treinamento físico aeróbio

dos animais. Os treinos consistiram em 60 minutos diários de corrida a uma

intensidade moderada de 60% do teste de esforço máximo em esteira

ergométrica com inclinação de 25%, cinco dias por semana, durante 12 semanas

(130).

Na semana anterior ao início do treinamento, os animais foram

submetidos a três dias de adaptação na esteira, em sessões de 10 minutos de

corrida à velocidade de 0,2 km/h com inclinação de 25%. Os animais foram

submetidos a um teste de esforço máximo 48 horas após o terceiro dia de

adaptação.

O teste foi iniciado com cinco minutos de aquecimento com inclinação

de 25% e velocidade de 0,2 km/h. A velocidade foi aumentada em 0,1 km/h a

cada 2,5 minutos até a exaustão dos animais. Os animais foram considerados

exaustos quando não conseguiram permanecer correndo após 10 estímulos

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23

mecânicos. A velocidade utilizada para o treinamento corresponde a 60% da

velocidade máxima atingida neste teste. O teste físico foi repetido após quatro,

oito e 12 semanas de treinamento para reavaliar o condicionamento físico dos

animais.

A sessão de treino dos animais dos grupos FE e FRFE foi realizada entre

as duas sessões de exposição à fumaça de cigarro, com uma hora de intervalo

entre as sessões.

4.5 Exposição à frutose

A solução de frutose 20% (peso/volume) foi preparada adicionando-se

frutose (Lowçucar®, PR, Brasil, 4 kcal/g) na água para beber e foi oferecida ad

libitum durante 12 semanas.

A quantidade de água e de ração consumida foi mensurada diariamente

e a ingestão calórica foi calculada posteriormente.

Os animais dos grupos FR, FRF, FRE e FRFE começaram a receber

solução de frutose no mesmo dia em que os protocolos de exposição à fumaça

de cigarro e/ou treinamento físico começaram.

Figura 2: Delineamento experimental

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24

4.6 Calorimetria indireta

O metabolismo respiratório dos animais foi avaliado pelo sistema de

calorimetria indireta OxyletPro (Panlab®, Harvard Apparatus, Espanha).

Para avaliar o metabolismo respiratório de repouso, os animais

(n=4/grupo) foram mantidos em uma gaiola individual com tampa hermética

conectada a um analisador de gases durante 36h. As primeiras 12h foram

consideradas um período de adaptação e apenas os dados das últimas 24h

foram utilizados para análise. Os dados foram separados em dois períodos: dia

(12h iniciais) e noite (12h finais). O sistema foi calibrado antes das avaliações e

permitiu a monitorização do consumo de oxigênio (VO2) e produção de dióxido

de carbono (VCO2) e gasto energético (EE) dos animais.

Já para avaliar o metabolismo respiratório durante exercício forçado, foi

realizado um teste de esforço máximo em uma esteira individual hermeticamente

fechada, conectada a um analisador de gases. Um dia antes do teste, os animais

(n=4/grupo) realizaram adaptação na esteira, com 25% de inclinação, velocidade

de 5,5 cm/s (0,2 km/h), durante 10 minutos. O teste consistiu em aquecimento

de cinco minutos com 25% de inclinação e velocidade de 5,5 cm/s. A cada dois

minutos a velocidade foi aumentada em 2,7 cm/s (0,1 km/h) até a exaustão dos

animais. Os animais foram considerados exaustos quando não conseguiram

permanecer correndo após 10 estímulos elétricos (0,2 mA). No final do teste, foi

obtido o valor do VO2max.

As avaliações foram realizadas antes do início dos protocolos e no final

do período de 12 semanas.

4.7 Frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e variabilidade

da frequência cardíaca (VFC)

A frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA) e variabilidade da

frequência cardíaca (VFC) foram avaliados no final do período de 12 semanas.

Os animais (n=8-10/grupo) foram anestesiados com injeção intraperitoneal de

ketamina (100 mg/kg) e xylasina (10 mg/kg) e depois um cuff específico para

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25

camundongos foi ajustado na base da cauda do animal. Foi utilizado um sistema

digital de aquisição de dados (PowerLab®, ADInstruments) para o registro dos

parâmetros durante três minutos. Os parâmetros da VFC foram analisados no

domínio do tempo (desvio padrão da média dos intervalos RR normais [SDNN]

e desvio padrão das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes

[RMSSD]) e no domínio da frequência (baixa frequência [LF], alta frequência [HF]

e relação entre baixa e alta frequência [LF/HF]) (132).

Ao término dos protocolos, no final do período de 12 semanas, 24h após

a última exposição à fumaça de cigarro ou treinamento físico, metade dos

animais de cada grupo (n=8-10/grupo) foi submetida à avaliação da mecânica

respiratória, coleta de sangue e de lavado broncoalveolar e retirada dos pulmões

para análises histológicas. A metade restante dos animais foi submetida à coleta

de sangue e pulmões para dosagem de citocinas e medidas de expressão gênica

e estresse oxidativo.

4.8 Mecânica respiratória

Os animais utilizados para avaliação da mecânica respiratória foram

pesados, anestesiados (Tiopental, 50 mg/kg, intraperitoneal), traqueostomizados

e conectados a um ventilador mecânico (FlexiVent, Scireq, Montreal, Canadá).

O protocolo de ventilação teve os seguintes parâmetros: volume corrente de 10

ml/kg, frequência respiratória de 120 ciclos/min e pressão expiratória final

(PEEP) de 2 mmH2O. O esforço respiratório foi abolido com pancurônio (0,2

mg/kg, intraperitoneal) e os dados para o cálculo da mecânica foram obtidos

quando não havia mais movimentação espontânea do animal. Utilizamos o

modelo de fase constante para obter as seguintes variáveis de mecânica

respiratória: Raw (resistência de vias aéreas), Gtis (resistência do tecido

pulmonar) e Htis (elastância do tecido pulmonar) (133).

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26

4.9 Coleta de sangue

Após a avaliação da mecânica respiratória os animais, ainda sob efeito

anestésico, foram exsanguinados. O sangue foi coletado via punção da aorta

abdominal, heparinizado e centrifugado (3000 rpm, 5ºC, 10 min). O plasma foi

retirado e armazenado a -80ºC para posterior dosagem de glicose, insulina e

triglicérides por métodos laboratoriais convencionais. Os animais permaneceram

em jejum de 12h antes da eutanásia.

4.10 Lavado Broncoalveolar (LBA)

Após a coleta de sangue, 0,5 ml de solução salina estéril foi injetado pela

cânula de traqueostomia e recuperado em seguida para obtenção do lavado

broncoalveolar (LBA). Este procedimento foi realizado três vezes em cada animal

e os fluidos recuperados foram reunidos em um mesmo tubo e centrifugados

(1000 rpm, 5°C, 10 min). Os sobrenadantes foram coletados e armazenados a -

80°C para posterior análise de citocinas. Os botões de células foram

ressuspensos em 300 µl de PBS e utilizado para contagem total e diferencial do

número de células inflamatórias. Foram utilizados 18μl para contagem total numa

câmara de Neubauer e 100 μl para confecção de lâminas para contagem

diferencial. As lâminas foram centrifugadas (450 rpm, 6 min, Cytospin, Cheshire,

UK) e coradas com o kit Diff-Quick (Biochemical Sciences Inc., Swedesboro, NJ).

Foram contadas 300 células por lâmina utilizando um microscópio óptico em

aumento de 1000x (134).

4.11 Preparações histológicas

Após a coleta do LBA, a caixa torácica dos animais foi aberta e os

pulmões foram retirados em bloco com o coração. Os pulmões foram fixados

com formaldeído 4% a uma pressão constante de 20 cmH2O por 24h e, em

seguida, armazenados em etanol 70% por até sete dias. Os pulmões foram

cortados transversalmente e os fragmentos foram incluídos em parafina para o

preparo de cortes histológicos de 5 μm de espessura. As lâminas foram coradas

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27

com hematoxilina e eosina (HE), para avaliação do intercepto linear médio e

contagem de células inflamatórias; picrossírius, para avaliação de fibras

colágenas; e resorcina-fucsina, para avaliação de fibras elásticas.

4.11.1 Determinação do Intercepto linear médio (Lm)

O intercepto linear médio (Lm) é uma medida do grau de distensão

alveolar e foi avaliado por meio de um retículo de 50 retas e 100 pontos acoplado

à ocular de um microscópio óptico. O número de intersecções entre o

parênquima pulmonar e as retas do retículo foi contado em 15 campos aleatórios

de cada lâmina, em regiões próximas à pleura, no aumento de 200x. Nesse

aumento o comprimento somado das 50 retas é de 2500 µm. Portanto, o Lm foi

calculado dividindo-se 2500 pela média do número de intersecções dos 15

campos analisados. Quanto maior o valor do Lm, maior o grau de distensão

alveolar (135).

4.11.2 Contagem de células inflamatórias no parênquima pulmonar

A contagem de células inflamatórias mono e polimorfonucleares no

parênquima pulmonar foi realizada nas lâminas coradas com HE, utilizando um

retículo de 50 retas e 100 pontos de área conhecida acoplado à ocular de um

microscópio óptico, em 15 campos aleatórios no aumento de 400x. O número de

células em relação ao número de pontos que caiam no parênquima na área do

retículo foi determinado (136).

4.11.3 Fibras colágenas e elásticas

A quantificação das fibras colágenas e elásticas em relação à área do

parênquima pulmonar foi realizada por meio do método de análise de imagens.

As lâminas coradas com picrossírius e resorcina-fucsina foram fotografadas

utilizando um microscópio óptico comum (Leica DM 4000B, Leica Microsystems

Wetzlar GmbH, Wetzlar, Alemanha) acoplado à uma câmera fotográfica digital

(DFC295, Leica Microsystems Ltd, Heerbrugg, Suíça). As imagens foram

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capturadas em 15 campos aleatórios no aumento de 400x e enviadas para um

computador. Para análise de todas as imagens o programa Image Pro Plus 4.5

para Windows foi utilizado (Media Cybernetics, Inc., Silver Spring, MS, EUA). A

proporção de cada tipo de fibra foi calculada pelo software, através da relação

de área corada por área de tecido, e dada em percentual (%) (137).

4.12 Dosagem de citocinas

A metade restante dos animais foi pesada, anestesiada (Tiopental, 50

mg/kg, intraperitoneal) e o sangue foi coletado via punção da aorta abdominal,

heparinizado e centrifugado (3000 rpm, 5ºC, 10 min). O plasma foi retirado e

armazenado a -80ºC para ser utilizado para a dosagem de citocinas.

O tecido adiposo epididimal foi retirado, pesado e armazenado a -80ºC

para análises futuras.

Os quadríceps femorais direito e esquerdo foram retirados. O direito foi

congelado em nitrogênio líquido e, em seguida, armazenado a -80ºC para ser

utilizado para análise de citocinas.

O lobo esquerdo do pulmão foi armazenado em tubos contendo solução

para preservar o RNA (RNAlater, Ambion®, Austin, TX, EUA) e saturado neste

produto durante 24h a 4°C. Após este período, os tecidos foram retirados da

solução e armazenados a -80ºC para extração de RNA para avaliação de

expressão gênica. O lobo direito do pulmão foi congelado em nitrogênio líquido

e depois armazenado a -80ºC para medidas de estresse oxidativo.

As concentrações das citocinas IL-6, IL-10, IL-1, IL-1ra, TNF-, leptina

e adiponectina no LBA, plasma e homogenato muscular foram avaliados por

ELISA de acordo com as instruções do fabricante (BioLegend®, San Diego, CA,

USA) (136).

4.13 Expressão gênica

O acúmulo de mRNA de Nrf2, Keap1, GSTA (glutationa-S-transferase

A1), GPX1 (glutationa peroxidase1), GSR (glutationa redutase), Trx1

(tioredoxina1), TrxR (tioredoxina redutase), Prx-1 (peroxiredoxina1B), NQO1

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29

(NADPH:quinona oxidoreductase-1), G6PDX (glicose-6-fosfato dehidrogenase)

e HMOX-1 (heme oxigenase1A) foi avaliado por reação em cadeia da polimerase

quantitativa em tempo real (qPCR).

O lobo esquerdo do pulmão foi submetido à extração de RNA total pelo

método isotiocianato de guanidina/fenol/clorofórmio em etapa única com a

utilização de um produto comercial (TRI-Reagent, Sigma, St Louis, MO) (138). A

qualidade do RNA foi analisada por eletroforese em gel de agarose a 1% para

verificação da integridade das sub-unidades 28S e 18S do RNA ribossomal. O

RNA total das amostras foi quantificado por espectrofotometria de luz ultravioleta

no comprimento de onda de 260 nm. O RNA das amostras que passaram pelo

controle de qualidade foram submetido à transcrição reversa utilizando a

transcriptase reversa de vírus de leucemia murina de Moloney (MMLV-RT) e

iniciadores (primers) aleatórios por meio de um kit comercial (High-Capacity

cDNA Reverse Transcription Kit, Applied Biosystems by Life

Technologies,Carlsbad, CA) . Os transcritos correspondentes a cada um dos

alvos estudados foram amplificados com o uso de iniciadores específicos e a

geração de produtos de qPCR dupla-fita foi monitorada pela ligação dos mesmos

com uma sonda marcada com corante fluorescente. Tanto os iniciadores como

as sondas específicas foram obtidos de ensaios comerciais prontos (Taqman

Gene Expression Assay, Life Techonologies, Carlsbad, CA), listados na Tabela

2.

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30

Tabela 2 - Ensaios comerciais utilizados para qPCR

Gene Sigla Taqman Assay

code

Fator nuclear derivado de eritróide 2 Nrf2 Mm00477784_m1

Kelch-like ECH-associated protein 1 Keap1 Mm00497268_m1

Glicose-6-fosfato dehidrogenase G6PDX Mm00656735_g1

NADPH:quinona oxidoredutase 1 NQO1 Mm01253561_m1

Heme oxigenase 1 HMOX1 Mm00516005_m1

Glutationa S-transferase A1 GSTA Mm03646559_mH

Glutationa peroxidase 1 GPX1 Mm01621996_g1

Glutationa reductase GSR Mm00439154_m1

Tioredoxina Trx1 Mm00726847_s1

Tioredoxina redutase 1 TrxR Mm00443675_m1

Beta actina Actb Mm00607939_s1

4.14 Medidas de estresse oxidativo

O lobo direito dos pulmões foi homogeneizado durante 30 segundos em

um homogeneizador Ultra-Turrax com KCl 1,15% e fluoreto de fenil metil sulfonila

(PMSF), na concentração de 100 mmol/L em isopropanol e na quantidade de 10

μl/ml de KCl adicionado. Em seguida, o homogenato foi centrifugado a 3000 rpm

por 10 minutos a 4ºC e o sobrenadante foi congelado a -80ºC para posterior

dosagem (139).

4.14.1 Dosagem de Proteínas

As proteínas foram quantificadas pelo método descrito por Lowry et al.,

que utiliza como padrão uma solução de albumina bovina na concentração de 1

mg/ml (140).

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31

4.14.2 Medida de Lipoperoxidação: Quimiluminescência iniciada

por t-BOOH (QL)

O método consiste em adicionar um hidroperóxido orgânico de origem

sintética (o hidroperóxido de tert-butila – t-BOOH) ao homogeneizado de tecido,

avaliando-se a capacidade de resposta produzida pela amostra. A

quimiluminescência foi medida em um contador beta (TriCrab 2800TR,

PerkinElmer) com o circuito de coincidência desconectado e utilizando o canal

de trício. As determinações foram realizadas em câmara escura, em frascos de

vidro mantidos na penumbra para evitar a fosforescência ativada pela luz

fluorescente. O meio de reação no qual foi realizado o ensaio consiste em 3,5 ml

de uma solução tampão de fosfatos 20 mmol/L, contendo 39 KCl 140 mmol/L

(pH 7,4), à qual foi adicionado 0,5 ml de homogeneizado. Após esse momento,

foi realizada uma leitura inicial, considerada como a emissão basal de luz pelo

homogeneizado. O hidroperóxido de tert-butila foi usado na concentração de 400

mmol/L, dos quais foram adicionados 30 l no meio de reação para obter-se uma

concentração final de 3 mmol/L. Foi medida a emissão de luz e desta foi

descontada a emissão basal do homogeneizado para fins de cálculo (141).

4.14.3 Atividade de Superóxido Dismutase (SOD)

A técnica utilizada foi baseada na inibição da reação do radical

superóxido com o piragalol. Uma vez que não se consegue determinar a

concentração da enzima nem sua atividade em termos de substrato consumido

por unidade de tempo, se utiliza a quantificação em unidades relativas. Uma

unidade de SOD foi definida como a quantidade de enzima que inibe em 50% a

velocidade de oxidação do detector. A oxidação do pirogalol leva à formação de

um produto colorido, detectado espectrofotometricamente a 420 nm durante 2

minutos. A atividade da SOD foi determinada medindo-se a velocidade de

formação do pirogalol oxidado. No meio de reação, foram utilizados 20 µl de

plasma 973 µl de tampão Tris-Fosfato a 50 mmol/L (pH 8,2), 8 µl de pirogalol a

24 mmol/L, 4 µl de CAT a 30 µmol/L. Esta curva obtida foi utilizada como branco.

Foi também realizado uma curva padrão utilizando três concentrações distintas

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32

de SOD (0,25U, 0,5U e 1U), através da qual foi obtida a equação da reta para

realização dos cálculos (142).

4.14.4 Atividade de Catalase (CAT)

A taxa de decomposição do peróxido de hidrogênio é diretamente

proporcional à atividade da CAT. Desta forma, o consumo de H2O2 pode ser

utilizado como uma medida de atividade da enzima CAT. O ensaio consiste em

medir a diminuição da absorbância a 240 nm, comprimento de onda onde há a

maior absorção pelo peróxido de hidrogênio, utilizando-se cubetas de quartzo.

Para a realização das medidas foi usada uma solução tampão constituída de

fosfatos a 50 mmol/L em pH 7,4. Foram adicionados 9 l deste tampão e 10 l

de amostra de plasma na cubeta do espectrofotômetro, sendo esta mistura

descontada contra um branco de tampão fosfato. A seguir foram adicionados 35

l de peróxido de hidrogênio (0,3 mol/L) e foi monitorada a diminuição da

absorbância no espectrofotômetro (143).

4.14.5 Poder antioxidante redutor do ferro (FRAP - Ferric Reduction

Ability Power)

O método FRAP foi realizado para avaliação da capacidade antioxidante

das amostras. Foram adicionados 400 l de homogenato diluído à 3,6 ml da

solução de FRAP e a mistura foi incubada à 37°C durante 10 minutos. A

absorbância das amostras foi determinada a 593 nm (144).

4.15 Análise estatística

Os dados foram analisados pelo software SigmaStat 11.0 (Califórnia,

EUA). Os efeitos dos diferentes fatores (fumo, exercício e frutose) sobre os

parâmetros de interesse foram avaliados com a utilização de análise de variância

de três fatores (Three Way ANOVA) quando os dados obedecem à distribuição

normal. A comparação entre os grupos foi feita por análise de variância e o teste

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33

de Holm-Sidak foi utilizado para correção de múltiplas comparações. Os dados

que não obedecem à distribuição normal foram submetidos ao teste de Kruskall-

Wallis com a utilização do teste de Dunn para correção de múltiplas

comparações. As diferenças entre os grupos foram consideradas

estatisticamente significantes quando o valor de p foi menor que 0,05.

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34

5 RESULTADOS

Os resultados foram apresentados de acordo com a diferença entre os

efeitos dos fatores (fumo, exercício e frutose).

5.1 Peso e parâmetros metabólicos

Todos os grupos ganharam peso após 12 semanas de protocolo. O

ganho de peso dos animais expostos à frutose foi o maior (p<0,05, Figura 3), já

o dos animais que realizaram treinamento físico foi menor (p<0,001, Figura 3) e

a exposição à fumaça de cigarro induziu ganho de peso ainda menor (p<0,001,

Figura 3). Não houve diferença entre os grupos que realizaram treinamento físico

associado à exposição à fumaça de cigarro comparado aos que apenas foram

expostos à fumaça de cigarro.

Não houve diferença significativa entre os grupos em relação aos níveis

de glicemia, insulina e triglicérides. Os dados não foram apresentados.

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35

Ga

nh

o d

e p

es

o (

g)

0

2

4

6

8 * †* *# # &

Figura 3: Ganho de peso corporal (g) dos animais após 12 semanas de protocolo. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle, Exercício, Frutose e Frutose+Exercício; # p<0,001 vs Controle e Frutose, † p=0,040 vs Controle; & p<0,001, vs Controle, Frutose e Frutose+Exercício

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36

5.2 Consumo de água, ração e ingestão calórica

A exposição à fumaça de cigarro e o treinamento físico diminuíram o

consumo de água dos animais (p<0,001, Tabela 3), já a exposição à frutose

aumentou o consumo hídrico (p=0,009, Tabela 3).

A exposição à fumaça de cigarro e à frutose diminuíram o consumo de

ração dos animais (p≤0,001, Tabela 3), já o treinamento físico atenuou a

diminuição do consumo alimentar provocada pela exposição à fumaça de cigarro

ou frutose nos grupos treinados (p<0,001, Tabela 3).

A exposição à fumaça de cigarro e à frutose também diminuíram a

ingestão calórica dos animais (p<0,001, Tabela 3).

Tabela 3 - Consumo de água, ração e ingestão calórica semanal por animal

Consumo de

água (ml)

Consumo de

ração (g)

Ingestão

calórica

(kcal)

Controle 30,66±2,96 24,96±2,70 74,64±8,08

Fumo 26,97±2,88 $ 21,79±1,52 $$ 65,15±4,55 &

Exercício 25,98±3,71 † 23,45±1,46 70,12±4,38

Fumo+Exercício 28,57±2,71 23,10±2,14 69,08±6,40 $

Frutose 39,77±5,89 * 11,77±1,57 ## 67,02±6,65

&&

Frutose+Fumo 28,65±2,67 9,72±1,29 ** 52,01±4,33 **

Frutose+Exercício 25,68±2,61 $ 13,07±1,36 †† 59,63±4,76 $$

Frutose+Fumo+Exercício 23,30±3,38 # 13,76±2,01 †† 59,78±7,50 ††

Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,009 vs demais grupos; $ p<0,001

vs Controle; † p<0,001 vs Controle e Frutose+Fumo; & p<0,001 vs Controle, Exercício;

# p<0,001 vs Controle, Fumo, Fumo+Exercício, Frutose+Fumo e Frutose+Exercício; **

p<0,001 vs demais grupos; $$ p=0,001 vs Controle, Exercício e Fumo+Exercício; †† p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício; && p<0,001 vs Controle,

Frutose+Exercício, Frutose+Fumo+Exercício; ## p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose+Fumo+Exercício

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37

5.3 Parâmetros do metabolismo energético

Não houve diferença significativa entre os grupos em relação ao

consumo de oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (VCO2) e gasto

energético (EE) de repouso dos animais antes do início dos protocolos, tanto no

período do dia quanto no da noite (dados não apresentados).

Após 12 semanas, a exposição à fumaça de cigarro aumentou o VO2

(p<0,001, Figura 4), o VCO2 (p<0,001, Figura 5) e o gasto energético de repouso

(p<0,001, Figura 6) dos animais, tanto no período do dia quanto no da noite. O

treinamento físico aeróbio também aumentou o VCO2 (p<0,001, Figura 5) e o

gasto energético (p<0,05, Figura 6) dos animais no final dos protocolos, nos

períodos do dia e da noite.

VO

2 (

ml/k

g/m

in^

0.7

5)

0

10

20

30

40

Dia final Noite final

** * * * ** *

Figura 4: Consumo de oxigênio (VO2) dos animais no final dos protocolos, nos períodos do dia e da noite. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle e Frutose

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38

VC

O2 (

ml/kg

/min

^0.7

5)

0

10

20

30

Dia final Noite final

** $ * * &* *† † *#

Figura 5: Produção de dióxido de carbono (VCO2) dos animais no final dos protocolos, nos períodos do dia e da noite. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle e Frutose; # p<0,001 vs Controle; † p<0,001 vs Controle, Exercício e Frutose; $ p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose e Frutose+Exercício; & p<0,001 vs Controle, Exercício, Frutose e Frutose+Exercício

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39

Ga

sto

en

erg

éti

co

(k

ca

l/d

ia/k

g^

0.7

5)

0

50

100

150

200

250

Dia final Noite final

** * * * *#* * #† †

Figura 6: Gasto energético dos animais no final dos protocolos, nos períodos do dia e da noite. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle e Frutose; † p=0,023 vs Controle; # p=0,013 vs Controle e Frutose

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40

5.4 Consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante o exercício

O consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante exercício forçado não

foi diferente entre os grupos antes do início dos protocolos (Figura 7). Após 12

semanas de protocolo, o treinamento físico não provocou diferença significativa

em relação ao VO2max (p=0,087, Figura 7).

Figura 7: Consumo máximo de oxigênio (VO2max) durante exercício forçado no início e no final dos protocolos. Valores expressos como média e desvio padrão.

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41

5.5 Teste da capacidade de exercício

A velocidade máxima atingida no teste físico antes do início dos

protocolos não foi diferente entre os grupos. Após quatro semanas, os animais

que realizaram treinamento físico aumentaram a velocidade no teste (p<0,001,

Figura 8), independente da exposição à fumaça de cigarro e/ou frutose. O

aumento da velocidade no teste físico dos animais treinados foi mantido após

oito (p<0,001, Figura 8) e 12 semanas (p<0,001, Figura 8). A velocidade do teste

dos animais sedentários do início ao final do protocolo foi mantida.

Tempo (semanas)

0 4 8 12

Ve

loc

ida

de

(k

m/h

)

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

* * *

Figura 8: Velocidade máxima atingida no teste físico antes do início dos protocolos e 4, 8 e 12 semanas após o início dos protocolos. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle, Fumo, Frutose e Frutose+Fumo

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42

5.6 Frequência cardíaca, pressão arterial e variabilidade da

frequência cardíaca

Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à FC, PA

e VFC. Os dados não foram apresentados.

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43

5.7 Mecânica respiratória

Não houve diferença significativa entre os grupos em relação a Raw

(Figura 9) e Htis (Figura 10). No entanto, o grupo exposto à frutose e que realizou

treinamento físico apresentou Gtis significativamente mais elevada do que os

demais grupos (p=0,026, Figura 11).

Figura 9: Resistência de vias aéreas (Raw). Valores expressos como média e desvio padrão.

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44

Figura 10: Elastância do tecido pulmonar (Htis). Valores expressos como média e desvio padrão.

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45

Gti

s (

cm

H2O

.s.k

g/m

L)

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20 *

Figura 11: Resistência do tecido pulmonar (Gtis). Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,026 vs demais grupos

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46

5.8 Células inflamatórias no LBA

A exposição à fumaça de cigarro aumentou a quantidade total de células

inflamatórias no LBA (p=0,007, Figura 12), principalmente pelo recrutamento de

macrófagos (p=0,004, Figura 12), tanto no grupo exposto à frutose quanto no

grupo não exposto. O treinamento físico impediu o aumento da quantidade total

de células inflamatórias (p<0,001, Figura 12) e de macrófagos (p=0,001, Figura

12) nos grupos expostos à fumaça de cigarro, independente da exposição à

frutose. A quantidade de neutrófilos, linfócitos, eosinófilos e células epiteliais foi

muito pequena e não houve diferença significativa entre os grupos, portanto,

esses dados não foram apresentados.

10

4 c

els

/mL

0

1

2

3

4

Células totais Macrófagos

** ** **

Figura 12: Contagem total e diferencial de células inflamatórias no lavado broncoalveolar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,007 vs Controle, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose, Frutose+Fumo e Frutose+Fumo+Exercício; ** p=0,004 vs Controle, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose, Frutose+Fumo e Frutose+Fumo+Exercício

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47

5.9 Células inflamatórias no parênquima pulmonar

A exposição à fumaça de cigarro aumentou a quantidade de células

mononucleares no parênquima pulmonar (p=0,005, Figura 13). O mesmo

ocorreu coma exposição à frutose (p=0,018, Figura 13). Não foi observado

nenhum efeito do treinamento físico na contagem de células mononucleares

(p=0,980, Figura 13).

No entanto, o treinamento físico aumentou a quantidade de células

polimorfonucleares no parênquima pulmonar (p=0,003, Figura 14).

Mo

no

nu

cle

are

s (

ce

ls/m

m²)

0

20

40

60

80

100

120* * ** ** * * **

Figura 13: Contagem de células mononucleares no tecido pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,005 vs Controle e Exercício; ** p=0,018 vs Controle

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48

Po

lim

orf

on

uc

lea

res

(c

els

/mm

²)

0

5

10

15

20

25

30 * ** *

Figura 14: Contagem de células polimorfonucleares no tecido pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,003 vs Controle, Fumo, Frutose e Frutose+Fumo

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49

5.10 Intercepto linear médio (Lm)

A exposição à fumaça de cigarro aumentou o Lm (p<0,001, Figura 15).

O mesmo ocorreu com a exposição à frutose (p<0,001, Figura 15). A combinação

da fumaça de cigarro e frutose provocou um aumento ainda mais acentuado do

Lm (p=0,008, Figura 15). O treinamento físico impediu o aumento do Lm

associado à exposição à fumaça de cigarro (p<0,001, Figura 15). Já nos grupos

expostos à frutose, o treinamento físico apenas atenuou o aumento do Lm,

independentemente da exposição ou não à frutose (p=0,339 e p=0,069, Figura

15).

* *

Inte

rce

pto

lin

ea

r m

éd

io (

µm

)

0

10

20

30

40

50

60

70 * ** *

Figura 15: Intercepto linear médio (Lm). Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle, Exercício e Fumo+Exercício; ** p=0,008 vs demais grupos

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50

Figura 16: Fotomicrografias representativas do parênquima pulmonar distal

corado em H&E dos grupos Controle (A), Fumo (B), Exercício (C),

Fumo+Exercício (D), Frutose (E), Frutose+Fumo (F), Frutose+Exercício (G) e

Frutose+Fumo+Exercício (H). Aumento de 200x.

A

B

C

D

E

F

G

H

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51

5.11 Conteúdo de fibras colágenas e elásticas no parênquima

pulmonar

A exposição à frutose diminuiu a porcentagem de fibras colágenas no

parênquima pulmonar (p<0,001, Figura 17). O mesmo foi observado com o

treinamento físico isolado (p<0,001, Figura 17).

O treinamento físico isolado diminuiu a porcentagem de fibras elásticas

(p<0,001, Figura 18), no entanto, quando associado à exposição de frutose, o

treinamento físico aumentou a porcentagem de fibras elásticas no parênquima

pulmonar (p<0,001, Figura 18).

Fib

ras c

olá

gen

as (

%)

0

1

2

3

4

* ** * * *

Figura 17: Porcentagem de fibras colágenas no parênquima pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle, Fumo e Fumo+Exercício; ** p<0,001 vs Controle, Fumo e Frutose+Fumo

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52

Fib

ras e

lásti

cas (

%)

0

5

10

15

20

25

30* ** * **

Figura 18: Porcentagem de fibras elásticas no parênquima pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle e Fumo; ** p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose e Frutose+Fumo

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53

5.12 Dosagem de citocinas

A exposição à fumaça de cigarro associada ao treinamento físico

aumentou os níveis de IL-6 no plasma (p=0,019, Tabela 4) e no músculo

esquelético (p=0,040, Tabela 4) no grupo não exposto à frutose. A exposição à

frutose também aumentou os níveis de IL-6 no plasma e no músculo esquelético

e o treinamento físico protegeu contra esse aumento nos grupos expostos à

frutose (p=0,004 e p<0,001, respectivamente, Tabela 4).

Tabela 4 - Níveis de IL-6 no LBA, plasma e músculo esquelético

IL-6 (pg/mL)

LBA

IL-6 (pg/mL)

Plasma

IL-6 (pg/mL)

Músculo

C 16,569±2,616 21,272±5,766 19,802±3,090

F 17,271±3,068 10,365±5,338 25,279±3,303

E 15,212±3,280 13,831±5,338 19,228±3,090

FE 18,527±3,543 27,377±5,766 * 33,600±3,568 #

FR 15,683±2,744 31,726±4,993 ** 34,775±3,090 ##

FRF 12,542±2,744 32,079±5,338 ** 43,101±3,568 ###

FRE 13,458±2,744 20,030±4,077 18,546±3,090

FRFE 12,160±2,744 9,370±4,466 16,593±2,913

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. * p=0,019 vs Fumo e Frutose+Fumo+Exercício; ** p=0,004 vs Fumo, Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; # p=0,040 vs Controle, Exercício, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; ## p<0,001 vs Fumo, Exercício, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; ### p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício

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54

A exposição à frutose aumentou os níveis de IL-10 no LBA (p=0,034,

Tabela 5). O treinamento físico associado ou não à exposição à fumaça de

cigarro aumentou os níveis de IL-10 no LBA nos grupos não expostos à frutose

(p<0,001, Tabela 5).

No plasma e no músculo esquelético, a exposição à fumaça de cigarro

associada ao treinamento físico aumentou os níveis de IL-10 no grupo não

exposto à frutose (p<0,001, Tabela 5). A exposição à frutose também aumentou

os níveis de IL-10 no plasma e no músculo esquelético e o treinamento físico

impediu esse aumento (p<0,001, Tabela 5).

Tabela 5 - Níveis de IL-10 no LBA, plasma e músculo esquelético

IL-10 (pg/mL)

LBA

IL-10 (pg/mL)

Plasma

IL-10 (pg/mL)

Músculo

C 15,131±1,353 33,949±29,773 23,256±10,609

F 13,570±1,586 71,319±27,565 29,343±9,188

E 18,530±1,696 * 111,505±27,565 32,928±9,188

FE 22,465±1,832 ** 169,352±29,773 # 151,909±9,822 †

FR 18,220±1,419 *** 149,976±25,784 ## 88,877±10,609 ††

FRF 16,492±1,419 **** 197,309±27,565 ### 124,697±11,622 †††

FRE 13,527±1,353 93,233±21,053 31,222±9,188

FRFE 12,161±1,419 62,125±23,062 39,676±9,188

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. * p<0,001 vs Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; ** p<0,001 vs Controle, Fumo, Frutose+Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; *** p=0,034 vs Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; p=0,034 vs Frutose+Fumo+Exercício; # p<0,001 vs Controle, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; ## p<0,001 vs Controle, Fumo e Frutose+Fumo+Exercício; ### p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose+Exercício e

Frutose+Fumo+Exercício; † p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose,

Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; †† p<0,001 vs Fumo; ††† p<0,001 vs

Controle, Fumo, Exercício, e Frutose+Exercício

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55

A exposição à fumaça de cigarro associada ao treinamento físico

aumentou os níveis de IL-1β no LBA (p=0,008, Tabela 6) e no músculo

esquelético (p<0,001, Tabela 6) no grupo não exposto à frutose. A exposição à

frutose aumentou os níveis de IL-1β no plasma (p=0,019, Tabela 6) e no músculo

esquelético e o treinamento físico impediu esse aumento (p<0,001, Tabela 6).

Tabela 6 - Níveis de IL-1β no LBA, plasma e músculo esquelético

IL-1β (pg/mL)

LBA

IL-1β (pg/mL)

Plasma

IL-1β (pg/mL)

Músculo

C 122,571±9,423 295,596±34,310 136,936±8,623

F 108,786±11,050 270,962±31,765 139,332±9,218

E 108,755±11,813 227,385±31,765 145,464±8,130

FE 161,235±12,759 * 263,056±34,310 213,833±9,957 †

FR 130,961±9,883 397,272±29,713 # 175,210±8,623 ††

FRF 123,419±9,883 280,087±31,765 182,130±9,218 ††

FRE 124,666±9,883 289,172±24,261 142,583±8,623

FRFE 132,882±9,883 301,005±26,576 139,581±8,130

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. *

p=0,008 vs Fumo e Exercício; # p=0,019 vs demais grupos; † p<0,001 vs demais grupos; †† p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose+Exercício e

Frutose+Fumo+Exercício

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56

A exposição à fumaça de cigarro associada ao treinamento físico

aumentou os níveis de TNF-α no músculo esquelético no grupo não exposto à

frutose (p<0,001, Tabela 7). A exposição à frutose aumentou os níveis de TNF-

α no músculo esquelético e o treinamento físico impediu esse aumento (p<0,001,

Tabela 7).

Tabela 7 - Níveis de TNF-α no LBA, plasma e músculo esquelético

TNF-α (pg/mL)

LBA

TNF-α (pg/mL)

Plasma

TNF-α (pg/mL)

Músculo

C 46,075±3,090 24,409±3,934 20,020±1,422

F 47,989±3,624 21,996±3,642 18,572±1,521

E 43,255±3,874 28,226±3,642 17,413±1,521

FE 56,278±4,184 29,268±3,934 27,643±1,799 *

FR 47,514±3,241 24,230±3,407 23,786±1,422 **

FRF 52,908±3,241 25,897±3,642 27,888±1,521 ***

FRE 45,922±3,241 21,125±2,781 20,048±1,422

FRFE 46,946±3,241 23,075±3,047 18,642±1,422

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. * p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; ** p<0,001 vs Fumo; *** p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício

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57

A exposição à fumaça de cigarro associada ao treinamento físico

aumentou os níveis de adiponectina no LBA e no músculo esquelético no grupo

não exposto à frutose (p<0,001, Tabela 8). A exposição à frutose também

aumentou os níveis de adiponectina no LBA e no músculo esquelético (p<0,001,

Tabela 8). Observamos uma interação entre consumo de frutose e treinamento

físico pois este diminuiu os níveis de adiponectina nos grupos expostos à frutose

(p<0,001, Tabela 8).

Tabela 8 - Níveis de adiponectina no LBA, plasma e músculo esquelético

Adiponectina

(pg/mL) LBA

Adiponectina

(pg/mL) Plasma

Adiponectina

(pg/mL) Músculo

C 35,752±68,460 2013,072±570,731 91,846±115,046

F 32,683±80,277 2262,935±528,395 82,094±115,046

E 34,108±113,529 2400,683±528,395 82,526±108,466

FE 558,040±80,277 * 1934,448±570,731 1024,573±115,046 †

FR 772,782±71,802 ** 1819,221±494,268 1148,719±115,046

††

FRF 375,217±71,802 *** 3388,850±528,395 820,123±122,989 †

FRE 50,896±71,802 873,289±403,568 # 202,836±115,046

FRFE 532,355±71,802 *** 454,783±442,087 ## 828,818±108,466 †

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. * p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Frutose+Fumo e Frutose+Exercício; ** p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose+Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício; *** p<0,001 vs Controle, Fumo, Exercício e Frutose+Exercício; # p=0,011 vs Fumo, Exercício e Frutose+Fumo; ## p=0,011 vs

Controle, Fumo, Exercício, Fumo+Exercício, Frutose e Frutose+Exercício; † p<0,001 vs

Controle, Fumo, Exercício e Frutose+Exercício; †† p<0,001 vs Controle, Fumo,

Exercício, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício

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58

O treinamento físico aumentou os níveis de leptina no LBA (p<0,001,

Tabela 9), exceto no grupo que foi exposto à frutose. Já no plasma, o treinamento

físico diminuiu os níveis de leptina (p=0,003, Tabela 9). A exposição à fumaça

de cigarro diminuiu os níveis de leptina no plasma no grupo exposto à frutose

(p=0,009, Tabela 9). O treinamento físico aumentou os níveis de leptina no

músculo esquelético nos grupos não expostos à frutose (p<0,001, Tabela 9) e

impediu o aumento dos níveis de leptina no músculo esquelético nos grupos

expostos à frutose (p<0,001, Tabela 9).

Tabela 9 - Níveis de leptina no LBA, plasma e músculo esquelético

Leptina (pg/mL)

LBA

Leptina (pg/mL)

Plasma

Leptina (pg/mL)

Músculo

C 133,994±110,606 2149,409±414,716 1715,085±666,798

F 292,699±129,697 1596,220±414,716 1346,756±666,798

E 562,758±138,652 * 768,520±414,716 # 5090,876±628,663 †

FE 1187,191±149,761 ** 576,875±414,716 # 5172,477±666,798 †

FR 184,198±116,004 2615,494±414,716 5708,343±666,798 †

FRF 163,878±116,004 373,860±443,350 ## 4747,476±712,837 †

FRE 123,647±116,004 981,936±443,350

###

1671,485±666,798

FRFE 793,957±116,004 *** 773,463±390,998 # 1996,705±628,663

Valores expressos como média e desvio padrão. LBA=Lavado broncoalveolar, C=Controle, F=Fumo, E=Exercício, FE=Fumo+Exercício, FR=Frutose, FRF=Frutose+Fumo, FRE=Frutose+Exercício e FRFE=Frutose+Fumo+Exercício. * p<0,001 vs Controle, Frutose, Frutose+Fumo e Frutose+Exercício; ** p<0,001 vs demais grupos; *** p<0,001 vs Controle, Fumo, Frutose, Frutose+Fumo e Frutose+Exercício; # p=0,003 vs Controle e Frutose; ## p=0,009 vs Controle, Fumo e Frutose; ### p=0,003

vs Frutose; † p<0,001 vs Controle, Fumo, Frutose+Exercício e Frutose+Fumo+Exercício

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59

5.13 Expressão de genes envolvidos na resposta antioxidante

A exposição à frutose diminuiu a expressão do gene Keap1 no pulmão

(p<0,001, Figura 19), assim como a exposição à fumaça de cigarro (p=0,034,

Figura 19). A exposição à fumaça de cigarro, assim como à frutose, diminuiu a

expressão do gene HMOX no pulmão (p=0,040, Figura 20). A expressão de Nrf2,

GSTA, GPX1, GSR, Trx1, TrxR, Prx-1, NQO1 e G6PDH não foi afetada pela

exposição à fumaça de cigarro ou à frutose. O treinamento físico não apresentou

efeito na expressão dos genes estudados.

Ke

ap

1 (

Re

lati

ve

mR

NA

ex

pre

ss

ion

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

* ** * ** *

Figura 19: Expressão do gene Keap1 no pulmão. Valores expressos como média e desvio padrão. * p<0,001 vs Controle, Exercício e Fumo+Exercício; ** p<0,001 vs Controle e Fumo+Exercício

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60

HM

OX

(R

ela

tive

mR

NA

exp

res

sio

n)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2* ** * ** *

Figura 20: Expressão do gene HMOX no pulmão. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,040 vs Controle; ** p=0,040 vs Controle e Exercício

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61

5.14 Medidas de estresse oxidativo

A exposição à fumaça de cigarro aumentou a atividade de catalase no

homogenato pulmonar (p=0,003, Figura 21). A exposição à frutose aumentou a

peroxidação lipídica (p=0,042, Figura 22) e a atividade de SOD no homogenato

pulmonar (p=0,032, Figura 23). Não houve diferença nas medidas de FRAP

(Figura 24). O treinamento físico não apresentou efeitos nas medidas de

estresse oxidativo.

Ca

tala

se

(n

mo

l/m

g d

e p

rote

ína

)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

* ** *

Figura 21: Atividade de catalase no homogenato pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,003 vs Controle, Exercício, Frutose e Frutose+Exercício

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62

QL

(c

ps/m

g d

e p

rote

ína)

0

1000

2000

3000

4000

5000* ***

Figura 22: Peroxidação lipídica avaliada por quimioluminescência (QL) no homogenato pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,042 vs Controle, Fumo, Exercício e Fumo+Exercício

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63

SO

D (

US

OD

/mg

de p

rote

ína)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

* ***

Figura 23: Atividade de SOD no homogenato pulmonar. Valores expressos como média e desvio padrão. * p=0,032 vs Controle, Fumo, Exercício e Fumo+Exercício

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64

FR

AP

(m

M F

e)

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Figura 24: Poder antioxidante redutor do ferro (FRAP) no homogenato pulmonar.

Valores expressos como média e desvio padrão.

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65

5.15 Resumo dos resultados

Tabela 10 – Resumo dos resultados

Frutose Fumo Exercício

Lm

Fibras colágenas

Fibras elásticas

Células inflamatórias

(LBA)

Células inflamatórias

(parênquima)

Citocinas

Keap1

HMOX

Atividade de catalase

Peroxidação lipídica

Atividade de SOD

Lm = Intercepto linear médio, LBA = Lavado broncoalveolar

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66

6 DISCUSSÃO

O presente estudo mostrou que a ingestão crônica de frutose promoveu

destruição e remodelamento do parênquima pulmonar. Tais alterações na

estrutura do tecido pulmonar estão associadas a perfis distintos de citocinas no

LBA, plasma sanguíneo e músculo esquelético. Ainda, os efeitos combinados da

ingestão crônica de frutose e exposição à fumaça de cigarro na destruição do

parênquima pulmonar são mais pronunciados do que os efeitos isolados de

qualquer um deles. Além disso, o treinamento físico impediu o aumento dos

níveis de citocinas pró-inflamatórias no plasma e/ou músculo esquelético, alterou

a porcentagem de fibras colágenas e elásticas no parênquima pulmonar e

atenuou o desenvolvimento do enfisema pulmonar no grupo que realizou

treinamento físico associado à exposição à fumaça de cigarro e sobrecarga de

frutose.

Esses resultados sugerem que a ingestão excessiva de frutose pode

provocar enfisema pulmonar em camundongos C57Bl/6 em vez de apenas

alterar sua história natural ao facilitar a instalação de um meio inflamatório

sistêmico de baixo grau. Esse é um achado inesperado dado a já conhecida

relação entre o peso corporal excessivo ou adiposidade, resistência à insulina e

limitação do fluxo aéreo (145). Para o nosso conhecimento, este é o primeiro

relato de uma conexão direta entre a ingestão crônica de um macronutriente e

uma doença respiratória crônica e ilustra a importância de uma compreensão

mais profunda sobre a relação entre hábitos alimentares e doenças não

transmissíveis.

Nossos resultados também mostraram que o treinamento físico atenuou

parcialmente o desenvolvimento do enfisema nos animais que realizaram

treinamento físico associado à exposição à fumaça de cigarro e sobrecarga de

frutose, com efeitos benéficos em relação à inflamação, mas sem apresentar

efeitos nas medidas de estresse oxidativo. O grau de enfisema pulmonar

apresentado pelos animais que realizaram treinamento físico associado apenas

à ingestão crônica de frutose foi semelhante ao dos animais expostos à fumaça

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67

de cigarro, mostrando que o treinamento físico associado à frutose não

apresenta efeito no desenvolvimento do enfisema.

Um estudo do nosso grupo de pesquisa demonstrou um efeito protetor

do treinamento físico aeróbio no desenvolvimento do enfisema pulmonar em

modelo experimental de camundongos expostos à fumaça de cigarro. Nesse

modelo, o treinamento físico atenuou o aumento do Lm e o declínio da elastância

pulmonar induzidos pela exposição à fumaça de cigarro. Além disso, o

treinamento também inibiu o acúmulo de espécies oxidantes e a redução de

antioxidantes induzidos pela exposição à fumaça de cigarro (25). O exercício

físico aeróbio realizado regularmente desencadeia diversas adaptações crônicas

benéficas em todo o organismo, como redução da pressão arterial e da

frequência cardíaca de repouso em indivíduos hipertensos (108, 109), aumento

do VO2max, aumento da massa muscular e densidade óssea (110), melhora da

resposta imunológica (se a atividade for predominantemente realizada em

intensidade leve ou moderada) (111) e aumento da expressão e atividade de

enzimas antioxidantes (112). O treinamento físico aumenta a resistência contra

o estresse oxidativo, proporcionando uma maior proteção (113-115).

Tais efeitos do treinamento físico o credenciam como uma modalidade

terapêutica para doenças crônicas. Além de o treinamento físico atenuar os

múltiplos aspectos da síndrome metabólica, como melhorar as características

metabólicas e a sensibilidade à insulina, reduzir a gordura abdominal (104-106,

116) e a inflamação sistêmica comumente observada nesses pacientes (117-

119), os resultados benéficos de programas de reabilitação pulmonar com

treinamento físico para pacientes com DPOC são bem documentados e esses

programas tem sido recomendados como um meio efetivo para o tratamento

desses pacientes (120-123). Além disso, existem dados que mostram que

mesmo indivíduos tabagistas beneficiam-se dos efeitos protetores de um

programa de atividade física regular (24, 124). Um estudo mostrou que a prática

de atividade física de moderado ou alto grau por fumantes reduz o declínio da

função pulmonar e o risco de desenvolver DPOC (24).

No entanto, alguns efeitos benéficos do treinamento físico já

demonstrados anteriormente não foram observados no nosso modelo,

mostrando que a exposição crônica à frutose interferiu nos efeitos do treinamento

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68

físico aeróbio sobre a lesão pulmonar induzida por exposição à fumaça de

cigarro. Os dados do presente trabalho estão em consonância com resultados

de outro estudo do nosso grupo em que observamos que a frutose atenuou a

expressão muscular de genes que medeiam os efeitos metabólicos benéficos do

treinamento físico (146). As observações desses trabalhos do nosso grupo

sugerem que os efeitos deletérios potenciais da frutose não se limitam apenas a

um órgão ou sistema, e sim poderiam ter manifestações bem além de simples

sobrecarga calórica.

A lesão pulmonar apresentada por nossos animais expostos à frutose

tem semelhanças com o enfisema causado pela exposição à fumaça de cigarro,

uma vez que ambos são caracterizados pelo aumento de Lm e acompanhados

de infiltrado celular no parênquima pulmonar. No entanto, ao contrário dos

animais expostos à fumaça de cigarro neste estudo, nossos camundongos

expostos à frutose apresentaram diminuição do conteúdo de fibras colágenas

em seus septos alveolares. Um estudo usando espécimes de tecido pulmonar

humano (147) e as observações do nosso grupo que utilizaram modelos animais

de enfisema induzido experimentalmente (25, 148) mostraram que o enfisema

induzido por exposição à fumaça de cigarro é acompanhado por um aumento do

teor de colágeno na parede alveolar. Essas características específicas da lesão

pulmonar associada à frutose sugerem que a sobrecarga de frutose e a

exposição à fumaça de cigarro dependem de diferentes mecanismos

fisiopatológicos para produzir lesão alveolar.

Além da diferença no conteúdo de colágeno dos septos alveolares,

nossos camundongos expostos à frutose apresentam um perfil distinto de

leucócitos no LBA no e parênquima pulmonar quando comparados aos animais

expostos à fumaça de cigarro. A exposição à fumaça de cigarro aumentou o

número de células inflamatórias no LBA, principalmente devido ao aumento do

número de macrófagos, sem alteração significativa no número de neutrófilos e

linfócitos. Em contraste, a exposição crônica à frutose não alterou o número ou

a composição das células no LBA. Vale ressaltar que tanto a exposição à fumaça

de cigarro como a sobrecarga de frutose causaram um aumento no número de

células mononucleares que infiltram o parênquima pulmonar. As diferenças no

padrão citológico podem ser explicadas por diferenças na forma como a

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exposição à fumaça de cigarro e a exposição crônica à frutose causaram

inflamação no parênquima pulmonar. No primeiro caso, a irritação causada pela

fumaça de cigarro no epitélio das vias aéreas e na superfície alveolar recruta

células inflamatórias para o parênquima pulmonar e o espaço alveolar, enquanto

a ingestão de frutose provoca resposta inflamatória em outro lugar que se

propaga ao parênquima pulmonar causando o acúmulo de células

mononucleares neste tecido.

Neste estudo, os camundongos expostos à fumaça de cigarro não

apresentaram alterações significativas no perfil das citocinas no LBA. Os animais

expostos à frutose, em contraste, exibiram múltiplas alterações no perfil de

citocinas. As concentrações aumentadas de IL-10, IL-6, IL-1β e TNFα no

homogenato muscular são provavelmente marcadores da inflamação do

músculo esquelético causada pela sobrecarga crônica de frutose, enquanto o

acúmulo elevado de leptina e adiponectina neste material pode ser visto como

uma resposta protetora para limitar os efeitos deletérios da sobrecarga

metabólica induzida por frutose (149). Da mesma forma, a concentração elevada

de IL-10, IL-6, IL-1β no plasma sanguíneo podem ser indicadores do estado

inflamatório sistêmico induzido pela carga de frutose. Finalmente, a alta

concentração de leptina e adiponectina no LBA de camundongos expostos à

frutose pode ter uma conexão com o acúmulo de colágeno nos septos

alveolares, uma vez que ambos modulam o remodelamento da matriz

extracelular em tecidos cardiovasculares (150, 151).

Tanto os perfis citológicos como os perfis de citocinas de nossos animais

alimentados com frutose são compatíveis com a interpretação de que a

destruição alveolar que eles apresentam é resultado do estado inflamatório

sistêmico iniciado em um local extrapulmonar. Se for esse o caso, a questão que

se segue é naturalmente a identidade do site onde o insulto relacionado à frutose

provocou um processo de inflamação. Como o principal sítio do metabolismo da

frutose ingerida por via oral (152), o fígado é um candidato natural para o local

de iniciação do estado inflamatório. Nos modelos de roedores, a ingestão de

frutose foi relatada como causa de resposta ao estresse hepático, ativação de

quinases c-Jun N-terminais e resposta inflamatória (153). Alternativamente, a

ingestão excessiva de frutose pode estimular o fígado para libertar produtos do

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metabolismo da frutose (por exemplo, ácidos graxos não esterificados) que

podem causar resposta inflamatória no músculo esquelético ou no tecido

adiposo. As concentrações aumentadas de leptina e adiponectina no LBA e

homogenato muscular de nossos animais alimentados com frutose são mais

compatíveis com o último cenário. Mais estudos são necessários para confirmar

esta hipótese.

Outra diferença entre nosso modelo de exposição à fumaça de cigarro e

de ingestão crônica de frutose foi em relação ao equilíbrio oxidante-antioxidante.

Os animais expostos à frutose apresentaram aumento da peroxidação lipídica e

da atividade de SOD. A SOD está presente em todas as células do corpo e

desempenha um importante papel na proteção das células e dos tecidos contra

o estresse oxidativo, cujo mecanismo consiste na dismutação do ânion

superóxido (-O2) para uma molécula menos potente, o peróxido de hidrogênio

(H2O2) (64). O aumento da atividade de SOD pode ser visto como uma resposta

protetora para limitar os efeitos deletérios do estresse oxidativo consequente à

exposição à frutose. Da mesma forma, o aumento da atividade de catalase nos

animais expostos à fumaça pode ser uma resposta protetora para reestabelecer

o equilíbrio oxidante-antioxidante. A catalase é a enzima que se encarrega de

fazer a conversão de altas concentrações de peróxido de hidrogênio em água e

oxigênio. Quando o peróxido de hidrogênio está presente em baixas

concentrações, a glutationa peroxidase é quem se encarrega de transformá-lo

em água Nossos resultados sugerem que um desequilíbrio oxidante-antioxidante

possa ser um dos mediadores do processo lesivo iniciado pelas toxinas do

cigarro, bem como efetores da lesão pulmonar, produzindo destruição do

parênquima pulmonar.

As limitações dos modelos animais devem ser consideradas, mas os

resultados obtidos a partir desses modelos podem proporcionar avanços

significativos na compreensão dos mecanismos envolvidos nas doenças e

colaborar para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento da

síndrome metabólica em pacientes com DPOC.

Nosso estudo apresenta algumas limitações. Não avaliamos os efeitos

da ingestão crônica de frutose e da exposição à fumaça de cigarro no equilíbrio

protease-antiprotease no desenvolvimento do enfisema. A avaliação desse

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equilíbrio poderia explicar melhor a fisiopatologia do enfisema pulmonar induzido

por frutose se esse sistema estiver envolvido no mecanismo de lesão pulmonar.

Além disso, não avaliamos os efeitos de outros macronutrientes, como a glicose,

além da frutose. Por essa razão, não podemos afirmar se o efeito observado é

específico da frutose. Outra limitação foi que tivemos que acomodar os animais

em grupo nas gaiolas. Isso poderia ter causado um desequilíbrio na ingestão de

frutose por efeito de animal dominante, o que levaria a alterações apenas

modestas dos parâmetros metabólicos. Esse último pode ser a causa de não

termos observado animais que cumprissem os critérios diagnósticos de

síndrome metabólica. Estudos futuros devem ser realizados para esclarecer

esses pontos.

Em resumo, mostramos que a ingestão crônica de frutose promove

destruição e remodelamento do parênquima pulmonar, associada a perfis

distintos de citocinas no LBA, plasma sanguíneo e músculo esquelético; e o

treinamento físico é capaz de atenuar parcialmente o desenvolvimento do

enfisema quando a exposição à fumaça de cigarro é associada à ingestão

crônica de frutose. A conexão direta entre a ingestão crônica de um

macronutriente e uma doença respiratória crônica relatada neste estudo ilustra

a importância de uma compreensão mais profunda sobre a relação entre hábitos

alimentares e doenças não transmissíveis para o desenvolvimento de

estratégias de prevenção e tratamento de doenças.

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7 CONCLUSÕES

A ingestão crônica de frutose promoveu enfisema pulmonar em

camundongos C57Bl/6. A destruição e o remodelamento do parênquima

pulmonar estão associados a perfis distintos de citocinas no LBA, plasma

sanguíneo e músculo esquelético.

Os efeitos combinados da ingestão crônica de frutose e exposição à

fumaça de cigarro na destruição do parênquima pulmonar são mais

pronunciados do que os efeitos isolados de qualquer um deles.

O treinamento físico impediu o aumento dos níveis de citocinas pró-

inflamatórias no plasma e/ou músculo esquelético, alterou a

porcentagem de fibras colágenas e elásticas no parênquima pulmonar e

atenuou o desenvolvimento do enfisema pulmonar no grupo que realizou

treinamento físico associado à exposição à fumaça de cigarro e

sobrecarga de frutose.

Nossos dados sugerem que o treinamento físico não protege contra os

efeitos da exposição à frutose na lesão e remodelamento de alvéolos.

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8 ANEXO

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