Efeitos e Consequências Da Fragmentação

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Efeitos da fragmentação sobre a diversidade de espécies.Matriz, mancha e corredor.Efeito de borda.

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  • Biogeog. De Ilhas e Metapopulaes Efeitos e consequncias da fragmentao; efeito de borda, ectonos; isolamento de manchas. Ecologia de Paisagens Tipos de manchas; Corredores; Matriz e interconectividade;

    ECOLOGIA DA PAISAGEM

  • A Fragmentao Florestal e o Isolamento de reas

    No contexto da conservao biolgica, a fragmentao florestal definida como uma separao ou desligamento no natural de reas amplas em fragmentos espacialmente segregados, promovendo a reduo dos tipos de habitat e a diviso dos habitats remanescentes em unidades menores e isoladas.

    Pesquisas em fragmentao florestal se baseiam nas teorias de biogeografia de ilhas e a dinmica de metapopulaes. Constituram a base para muitos dos atuais princpios da conservao biolgica, incluindo o uso de corredores para aumentar o fluxo de flora e fauna.

  • Efeito da Fragmentao

    A fragmentao introduz uma srie de novos fatores na histria evolutiva de populaes naturais de plantas e animais.

    Essas mudanas afetam de forma diferenciada os parmetros demogrficos de mortalidade e natalidade de diferentes espcies e, portanto, a estrutura e dinmica de ecossistemas.

    No caso de espcies arbreas, a alterao na abundncia de polinizadores, dispersores, predadores e patgenos alteram as taxas de recrutamento de plntulas; e os incndios e mudanas microclimticas, que atingem de forma mais intensa as bordas dos fragmentos, alteram as taxas de mortalidade de rvores. As evidncias cientficas sobre esses processos tm se avolumado nos ltimos anos (Schellas e Greenberg, 1997; Laurance e Bierregard, 1997

  • Efeito da fragmentao

    Introduz uma perturbao ao ecossistema

    Gera ectonos

    Efeito de Borda

    Perda de spp. nativas

    Maior susceptbilidade a invases

    Isolamento de populaes,

    diminuio do fluxo gnico, extines e migraes

    Paisagem em mosaico

  • EFEITO DE BORDA: efeito de borda a denominao dada s mudanas que ocorrem na rea de transio entre as comunidades vegetais. Essa rea de transio conhecida como ecotono. Um dos tipos mais importantes de ecotonos no que respeita ao homem a bordadura da floresta. Esta pode ser definida como um ecotono entre as comunidades de floresta e de pastagem ou arbustiva. Onde quer que se estabelea, o homem tende a manter as comunidades de bordadura da floresta na vizinhana das suas habitaes. A densidade das rvores menor no ecotono da bordadura da floresta do que nesta. A borda natural formada pelo encontro de comunidades vegetais naturais distintas e pode refletir efeitos positivos sobre a diversidade de animais silvestres na paisagem. Entretanto, a borda antrpica pode apresentar as seguintes caractersticas: um ecotono induzido, formado por pastoreio excessivo, manejo da vegetao, plantio de culturas, incndios, eroso, desmatamentos e outras atividades humanas, promovendo efeitos negativos no ecossistema, como a extino de determinadas espcies e o favorecimento de outras mais generalistas.

  • A teoria da biogeografia de ilhas Estuda a influncia do tamanho do fragmento de habitat e do seu isolamento nas populaes. Ilhas pequenas tendem a conter menos espcies que ilhas grandes, apresentando taxas de extino mais elevadas. Ilhas mais prximas de uma fonte de colonizadores podem ser capazes de abrigar um nmero maior de espcies devido s taxas mais altas de imigrao. O corredor ecolgico otimiza a habilidade das espcies de movimentarem-se por entre as ilhas, aumentando o nmero de espcies nas ilhas.

  • Limites quando aplicada para habitats fragmentados

    No considera as diferenas entre espcies;

    No houve tempo para ocorrer equilbrio biogeogrfico;

    Analogia fragmento com ilha fraca;

    Isolamento no a melhor medida de espaamento;

    No considera a qualidade do habitat;

  • Teoria de Metapopulaes

    se baseia na conectividade e intercmbio entre populaes espacialmente distribudas.

    Metapopulao: srie de populaes de organismos co-especficos (populaes vizinhas), existindo ao mesmo tempo e ocupando, cada uma, reas diferentes. Algumas dessas populaes estariam em declnio, extinguindo-se

    temporariamente no local, enquanto outras aumentariam demograficamente realimentando as primeiras.

    Dessa maneira, a fragmentao florestal provoca danos severos nos

    habitats naturais, que contribuem para a reduo das populaes. Entre os danos, podem ser citados; a reduo no tamanho do fragmento e alterao em sua forma, efeito de borda e o isolamento e perda de habitats.

  • Metapopulaes

    que uma metapopulao ?

    Conjunto de sub-populaes isoladas espacialmente em fragmentos de habitat e unidas funcionalmente por fluxos biolgicos.

    Dinmica de populaes opera em dois nveis:

    Intra e entre manchas.

  • As populaes locais correm risco de extino:

    existe uma dinmica de extines e recolonizaes locais

  • O que uma metapopulo

    As duas premissas bsicas da biologia de populaes segundo a abordagem de metapopulao:

    1. as populaes esto estruturadas em conjuntos de populaes reprodutivas locais (subpopulaes); 2. a migrao entre as populaes locais tem uma influncia limitada na dinmica local, permitindo principalmente o restabelecimento de populaes locais extintas. Estas premissas contrastam com os modelos clssicos de dinmica de populao que assumem uma estrutura de populao panmtica (onde todos os indivduos tm a mesma chance de interagir). A abordagem de metapopulao advm da necessidade de considerar a posio dos indivduos e das populaes no espao (sobrevivncia diferencial entre as manchas)

  • O modelo clssico de Levins O modelo de Levins (1969) assume que:

    h um grande nmero de manchas de habitat;

    todas as manchas so de mesmo tamanho

    todas as manchas tm o mesmo isolamento

    todas as manchas esto unidas por migrao

    no considera-se o tamanho da populao local

    considera apenas se uma mancha de habitat est ou no ocupada

  • No modelo clssico de Levins

    O modelo de Levins uma forma simples de descrever a dinmica de ocupao das manchas de habitat (dp/dt).

    Nesse modelo: o risco de extino considerado constante e igual em

    todas as manchas = e a taxa de extino no tempo t ento de: e . P a possibilidade de colonizao considerada proporcional

    proporo de manchas ocupadas (fonte de colonizadores) = c . P

    a taxa de colonizao no tempo t de : c . P (1 P)

    Logo: dP/dt = cP (1-P) eP

  • Uma abordagem de metapopulao baseada no modelo clssico de Levins parece ser til quando 4

    condies so obedecidas:

    1. O habitat ocorre em manchas distintas que podem suportar

    populaes reprodutoras da espcie.

    2. Todas as populaes locais apresentam um risco elevado de extino, inclusive as que ocorrem nos maiores patches.

    3. As manchas de habitat no podem ser demasiadamente isoladas para impedir a recolonizao (nem prximas demais para formar uma nica populao).

    4. As populaes locais no podem ter uma dinmica totalmente sincrnica (se isso ocoresse, a metapopulao se extinguiria rapidamente)

  • Limites da aplicabilidade do modelo de Levins

    As condies de existncia de uma metapopulao clssica (tipo Levins) so muito restritivas:

    1. Fragmentos pequenos de tamanho e isolamento semelhante;

    2. Populaes locais com dinmicas totalmente independentes;

    3. Gama de migrao estreita: grande o suficiente para permitir recolonizaes, mas no grande demais para influir na dinmica local

  • Ampliao do conceito de metapopulao

    Em 1997, o conceito de metapopulao foi ampliado para incluir outros tipos de populaes fragmentadas. As condies bsicas para existir uma metapopulao:

    1. Existncia de um espao categrico (um mosaico e no um gradiente);

    2. Existncia de manchas de habitats (favorveis para a espcie) que podem ser distingidas da matriz (habitat vs matriz).

    3. As populaes locais esto unidas por migraes.

  • Ampliao do conceito de metapopulao

    As metapopulaes apresentam um variedade de estruturas que se organizam num contnuo indo desde populaes em desequilbrio s patchy populations, ou do modelo de Levins a um modelo de continente-ilha

    A dinmica destas populaes varia muito, havendo menor ou maior importncia da dinmica local, ou das possibilidades de recolonizao.

    O modelo adequado deve ser utilizado para a populao em estudo

  • Ampliao do conceito de metapopulao

  • Ampliao do conceito de metapopulao

  • PAISAGEM

    Entidade espacial delimitada segundo um nvel de resoluo do pesquisador, a partir dos objetivos centrais da anlise, de qualquer modo sempre resultado da interao dinmica, portanto instvel, dos elementos de suporte e cobertura (fsicos, biolgicos e antrpicos), expressa em partes delimitveis infinitamente, mas individualizadas atravs das relaes entre eles, que organizam um todo complexo (sistema), verdadeiro conjunto solidrio e nico, em perptua evoluo

    (MONTEIRO, 2000)

  • A Ecologia de Paisagens uma rea da Ecologia que estuda a estrutura, dinmica e as funes de ecossistemas em ambientes naturais ou alterados pelo ser humano. Embora seus princpios no estejam associados a uma escala especfica, comum a viso de que 'paisagem' represente uma determinada escala de trabalho. Geralmente a paisagem colocada entre o nvel de ecossistemas e biomas na abordagem hierrquica de organizao da biodiversidade.

    Nos estudos associados com a Ecologia de Paisagem, como avaliaes do estado de fragmentao de ambientes naturais, conectividade estrutural ou funcional dos elementos da paisagem, efeitos da mudana da estrutura da paisgem sobre a biota e simulaes de movimentaes ou dinmica da paisagem geralmente so utilizadas mtricas que descrevem os padres encontrados. As mtricas esto associadas aos trs elementos bsicos que compem uma paisagem: matriz, mancha e corredor.

  • Ecologia de Paisagem

    Campo integrativo de estudos que une a teoria ecolgica com a aplicao prtica; trata da troca de materiais biticos e abiticos entre os ecossistemas; e investiga as aes humanas como respostas aos processos ecolgicos e influncias recprocas no que diz respeito a eles

  • Aplicao prtica

    Princpios e conceitos de ecologia de paisagem ajudam a fornecer o fundamento terico e emprico para uma variedade de cincias aplicadas

  • Mosaico de Paisagem

    Elementos Matriz de paisagem: rea grande com tipos de

    ecossistemas ou vegetao similares (agrcola, pradaria, campo abandonado, floresta), na qual esto embutidas as manchas e os corredores

    Mancha: uma rea relativamente homogna, que difere da matriz que a cerca (frag. De floresta em matriz de cultivo, ou vice-versa) Pode ser de baixa qualidade ou alta qualidade (heterogeneidade,

    funes ecossistmicas integras)

    Corredor: faixa do ambiente que difere da matriz em ambos os lados e com frequncia conecta duas ou mais manchas da paisagem de habitat similar (um crrego com vegetao ripria)

  • TIPOS DE MATRIZES

    CONTNUA nico padro que prevalece na rea delimitada como

    unidade de paisagem SEMI-CONTNUA Presena de outros padres

    RETAS Padro que prevalece como funo, como a presena

    de um grande aeroporto

  • o elemento mais importante para a anlise e compreenso da estrutura da paisagem. Desempenha papel dominante no funcionamento da paisagem.

    Parmetros: rea relativa

    Conectividade

    Porosidade

    Controle

  • Conceitos relacionados matriz

    Porosidade: medida da densidade de manchas. Quanto maior o nmero de manchas com fronteiras fechadas maior a porosidade, independentemente da dimenso das manchas. Indicao global do grau de isolamento, e do efeito de borda.

    Conectividade: Estabelece o grau de percolao em uma paisagem, podendo ser entendido como o grau de facilidade que as espcies podem se movimentar entras as manchas de hbitat atravs de corredores

  • TIPOS DE MANCHAS

    Segundo sua origem: De perturbao (crnicos, cclicos, isolados) Remanescentes De regenerao De Recurso Introduzidas (semeadas, de introduo antrpica) Efmeras (sazonais, ou momentneas) Caractersticas importantes: Tamanho, forma (efeito da margem, borda, abruptas ou gradiente) tipo (fonte, sumidouro) heterogeneidade qualidade (alta, baixa)

  • Tipos de manchas

    De perturbao: interrompem a paisagem natural mais homognea, mas oferecem habitat para spp nativas oportunistas, adaptadas perturbao (spp. de borda, sucesso secundria). Podem agir como barreiras para disperso para algumas spp, e facilitar o de outras (ef. filtro)

    Introduzidos: faixas plantadas por razes econmicas ou ecolgicas; Regenerados: estabelecimento de uma faixa de vegetao em uma matriz

    de paisagem (cercas vivas, processos de sucesso secundria) De Recurso (natural): faixas estreitas de vegetao natural, que se

    estendem por longas distncias na paisagem (mata de galeria). Constituem faixas estveis, colonizadoras e de manuteno de spp.

    Introduzidos Remanescentes: qdo a maior parte da vegetao original removida de

    uma rea, mas uma faixa nativa permanece sem corte. Sistemas mais maduros que a matriz, aumenta a diversidade de spp, melhoram a ciclagem de nutrientes, habitat p spp K

    Efmeros: transitrios ou sazonais, formados por processos climticos

  • Funes das manchas

    Sumidouro: local que recebe mais espcies imigrantes do que emigrantes.

    Fonte: local a partir do qual as espcies migram para colonizar outras manchas. Mais emigrantes do que imigrantes.

  • Corredores

    Corredores so tambm, espacial e cognitivamente, margens e fronteiras. Podem ser a parte exterior de uma mancha onde as condies diferem significativamente do interior.

  • TIPOS DE CORREDORES

    Iguais ao das manchas, adicionando-se ainda:

    CORRENTES cursos dgua, canais, estradas

    LINEARES s com margem

    EM FAIXAS com margem e reas centrais

    TANTO PARA AS MANCHAS COMO PARA OS CORREDORES, DEVE-SE AVALIAR O EFEITO DE BORDA

    E DE INSULARIDADE

  • Funes

    Habitat: predominam spp. adaptadas s margens e generalistas, se o corredor for largo pode at abrigar spp. de interior. Spp. raras ou ameaadas esto ausentes

    Conduta: serve para o transporte e movimento de spp. entre manchas.

    Filtro: quando h seleo de spp. que podem atravessar o corredor. Atua como barreira, diminuindo o fluxo entre manchas (rios, crregos, estradas, valas)

    Fonte: se for a nica mancha na matriz, dele que as spp. vo se dispersar e colonizar o espao ao redor.

    Sumidouro: quando h uma maior extino das spp. que utilizam o corredor.

  • Funo dos corredores

    A funo de um corredor depende entre outros fatores, de sua estrutura (tanto natural como artificial), de seu tamanho, de sua forma, de seu tipo e da relao geogrfica com os arredores

  • MOVIMENTOS

    Corredores servem como condutores e como filtros para a maioria dos movimentos de animais, plantas, materiais e gua, atravs da paisagem. Caractersticas das redes e matrizes afetam os movimentos em diferentes aspectos, dependendo do local, onde os objetos atravessam os corredores, ou os usam como condutores

    J os MOVIMENTOS atravs da matriz dependem de sua

    CONECTIVIDADE, sua hospitalidade e dos limites cruzados entre seus elementos. Espcies movimentando-se atravs de uma matriz podem ser impedidas por manchas estreitas, enquanto que espcies podem no conseguir passar de manchas para manchas devido a longas distncias

  • OBSERVAO...

    Para o Planejamento da Paisagem, muito importante conhecer as ligaes bsicas dos mecanismos (de e entre) dos elementos

    da paisagem, considerando-se tambm o entorno da(s) unidade(s) de paisagem

    trabalhada(s)

  • PADRES DE MOVIMENTOS

    ANIMAIS: Territrio rea demarcada contra outros indivduos e contra outras

    espcies PLANTAS Disperso Migrao (latitudinal, vertical ou altitudinal)

    INFLUNCIA DO ENTORNO EFEITO DE BORDA

  • Componente da distribuio espacial relativo disperso

    A granulao diz respeito relao entre o tamanho da mancha de paisagem e a mobilidade de um animal

    Granulao grosseira: se a vagilidade baixa em relao aos tamanhos das manchas do habitat

    Granulao fina: vagilidade alta.

    Pode variar em relao

  • FIM AULA

  • A Fragmentao Florestal e o Isolamento de reas

    VNIA KORMAN apresenta o conceito de fragmentao, com base em literatura consultada. No contexto da conservao biolgica, a fragmentao florestal definida como uma separao ou desligamento no natural de reas amplas em fragmentos espacialmente segregados, promovendo a reduo dos tipos de habitat e a diviso dos habitats remanescentes em unidades menores e isoladas.

    A referida autora considera que as pesquisas em fragmentao florestal se baseiam em duas teorias que devem ser testadas em estudos aplicados: a teoria de biogeografia de ilhas e a dinmica de metapopulaes. Essas duas teorias constituram a base para muitos dos atuais princpios da conservao biolgica, incluindo o uso de corredores para aumentar o fluxo de flora e fauna.

  • A teoria da biogeografia de ilhas

    estuda a influncia do tamanho do fragmento de habitat e do seu isolamento nas populaes. Com base nessa teoria, ilhas pequenas tendem a conter menos espcies que ilhas grandes, apresentando taxas de extino mais elevadas. Ilhas mais prximas de uma fonte de colonizadores podem ser capazes de abrigar um nmero maior de espcies devido s taxas mais altas de imigrao. O corredor ecolgico otimiza a habilidade das espcies de movimentarem-se por entre as ilhas, aumentando o nmero de espcies nas ilhas.

  • Teoria de Metapopulaes: se baseia na conectividade e intercmbio entre populaes

    espacialmente distribudas. Metapopulao: srie de populaes de organismos co-

    especficos (populaes vizinhas), existindo ao mesmo tempo e ocupando, cada uma, reas diferentes. Algumas dessas populaes estariam em declnio, extinguindo-

    se temporariamente no local, enquanto outras aumentariam demograficamente realimentando as primeiras.

    Dessa maneira, a fragmentao florestal provoca danos

    severos nos habitats naturais, que contribuem para a reduo das populaes. Entre os danos, podem ser citados; a reduo no tamanho do fragmento e alterao em sua forma, efeito de borda e o isolamento e perda de habitats.

  • EFEITO DE BORDA: efeito de borda a denominao dada s mudanas que ocorrem na rea de transio entre as comunidades vegetais. Essa rea de transio conhecida como ecotono. Um dos tipos mais importantes de ecotonos no que respeita ao homem a bordadura da floresta. Esta pode ser definida como um ecotono entre as comunidades de floresta e de pastagem ou arbustiva. Onde quer que se estabelea, o homem tende a manter as comunidades de bordadura da floresta na vizinhana das suas habitaes. A densidade das rvores menor no ecotono da bordadura da floresta do que nesta. A borda natural formada pelo encontro de comunidades vegetais naturais distintas e pode refletir efeitos positivos sobre a diversidade de animais silvestres na paisagem. Entretanto, a borda antrpica pode apresentar as seguintes caractersticas: um ecotono induzido, formado por pastoreio excessivo, manejo da vegetao, plantio de culturas, incndios, eroso, desmatamentos e outras atividades humanas, promovendo efeitos negativos no ecossistema, como a extino de determinadas espcies e o favorecimento de outras mais generalistas.

  • Efeito da Fragmentao

    A fragmentao introduz uma srie de novos fatores na histria evolutiva de populaes naturais de plantas e animais. Essas mudanas afetam de forma diferenciada os parmetros demogrficos de mortalidade e natalidade de diferentes espcies e, portanto, a estrutura e dinmica de ecossistemas. No caso de espcies arbreas, a alterao na abundncia de poli-nizadores, dispersores, predadores e patgenos alteram as taxas de recrutamento de plntulas; e os incndios e mudanas microclimticas, que atingem de forma mais intensa as bordas dos fragmentos, alteram as taxas de mortalidade de rvores. As evidncias cientficas sobre esses processos tm se avolumado nos ltimos anos (Schellas e Greenberg, 1997; Laurance e Bierregard, 1997

  • FATORES QUE AFETAM A CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE EM FRAGMENTOS FLORESTAIS

    Os principais fatores que afetam a dinmica de fragmentos

    florestais so: tamanho, forma, grau de isolamento, tipo de vizinhana e histrico de perturbaes (Viana et al., 1992).

    Esses fatores apresentam relaes com fenmenos biolgicos que afetam a natalidade e a mortalidade de plantas como, por exemplo, o efeito de borda, a deriva gentica e as interaes entre plantas e animais. A anlise desses fatores fundamental para identificar estratgias conservacionistas e prioridades para a pesquisa. Portanto, esse artigo analisa individualmente esses fatores.

  • Tamanho dos fragmentos

    A relao entre a rea dos fragmentos e seus atributos ecolgicos, especialmente a diversi-dade de espcies, um elemento central da teoria de biogeografia de ilhas (MacArthur e Wilson, 1967). A distribuio das classes de tamanho dos fragmentos na paisagem um elemento importante para o desenvolvimento de estratgias para a conservao da biodiversida-de (Viana et al., 1992).

  • O tamanho mnimo mapeado de 4 ha. A maior parte (65 %) dos fragmentos florestais tem rea inferior a 10 ha. Os pequenos (40 ha) fragmentos constituem 26,4% e 24.3%da rea total remanescente da cobertura florestal, respectivamente (figura 2).

  • A definio de fragmentos prioritrios para a conservao deve combinar uma anlise de outros parmetros que afetam a sustentabilidade dos fragmentos, alm da distribuio das classes de tamanho. Isso inclui grau de isolamento, forma, nvel de degradao e risco de perturbao (que sero discutidos adiante). No caso em estudo, deveriam ser priorizados por um lado, os grandes fragmentos, com menor grau de isolamento, menor nvel de degradao, menor risco de perturbao e contexto scio-cultural favorvel. Por outro lado, deveriam ser priorizados fragmentos pequenos que sejam raros na paisagem, devido sua localizao. Den-tre esses destacam-se os fragmentos situados em topografias planas e suaves, em solos frteis e bem drenados e prximos das vias de transporte. Esses fragmentos so raros e, em muitos casos, apresentam pequenas populaes de espcies ameaadas de extino.

  • Mais da metade das unidades de conservao possuem menos de 500 ha, o que insuficien-te para muitas espcies de plantas e animais. Alm disso, parte significativa dessas unidades de conservao encontra-se degradada por um histrico de perturbaes diversificado (incndios, caa, extrativismo vegetal predatrio etc.) e pelo efeito de borda, agravado por formas inade-quadas. A definio de estratgias para a conservao da biodiversidade nessas reas deve ultra-passar os limites das unidades de conservao e considerar as caractersticas e potencial de con-servao nos fragmentos vizinhos.

    A identificao de reas prioritrias para a criao de novas unidades de conservao deveria tambm considerar as caractersticas e potencial de conservao nos fragmentos vizinhos. Esse enfoque holstico a nvel de paisagem fundamental para o aumento da eficcia dessas reas para a conservao da biodiversidade

  • A identificao de reas prioritrias para a criao de novas unidades de conservao deveria tambm considerar as caractersticas e potencial de conserva-

  • FORMA DE FRAGMENTOS E EFEITO DE BORDA

    O fator de forma a relao entre rea de um fragmento florestal e o seu permetro (onde F= fator de forma; Af= rea do fragmento florestal; e Ac= rea de uma circunferncia com mesma rea). um parmetro til para a anlise da vulnerabilidade dos fragmentos a perturbaes, especialmente atravs do efeito de borda.

  • Considerando-se um fragmento mdio na paisagem estudada, com uma rea de 14,2 ha e um fator de forma de 0,55 (dimenses de cerca de 920 x 155 m), e um efeito de borda de 50 m, conclui-se que cerca de 66% do fragmento encontra-se sob efeito de borda. Essa anlise representa uma simplificao pois o efeito de borda no constante entre as diferentes faces de exposio do fragmento e apresenta elevada correlao com o histrico de perturbaes do fragmento (Viana et al., 1997) e apresenta resposta diferenciada para os vrios taxa (Laurance et al., 1997). Podemos, entretanto, postular a hiptese de que a maior parte dos fragmentos da regio estudada apresenta uma elevada proporo sob efeito de borda, em funo do pequeno tamanho e baixo fator de forma.

  • Qualquer anlise acerca da importncia conservacionista de um determinado fragmento (exemplo: anlise de impacto ambiental de desmatamentos). Quanto maior o fator de forma, maior o valor ambiental de um fragmento. Do ponto de vista prtico, pode-se utilizar a proporo entre a maior e a menor dimenso de um fragmento como um parmetro para a anlise do fator de forma. Nesse caso, vale notar que o fator de forma muito pouco sensvel para a proporo entre as dimenses do fragmento (figura 4

  • Grau de isolamento e heterogeneidade da paisagem

    O grau de isolamento afeta o fluxo gnico entre fragmentos florestais e, portanto, a sustentabilidade de populaes naturais.

    A paisagem analisada no homognea quanto aos seus atributos espaciais. O grau de isolamento varia de forma significativa na paisagem. A conectividade entre os fragmentos florestais tende a diminuir em paisagens mais intensamente cultivadas. Podem ser identificadas trs regies com diferentes caracte-rsticas de fragmentao (taxa de cobertura florestal, distribuio de classes de tamanho, grau de isola-mento):

  • Podem ser identificadas diversas estratgias para o aumento da conectividade entre os fragmentos, destacando-se o estabelecimento de corredores em matas ciliares e encostas e o aumento da porosidade da matriz. A escolha da estratgia mais apropriada para um determinado fragmento depende de uma anlise de custo-benefcio caso a caso. De maneira geral, recomenda-se o estmulo ao estabelecimento de corredores em matas ciliares e encostas, uma vez que isso j previsto por lei. Recomenda-se a identificao de oportunidade de estabelecimento de corredores a partir da regenerao natural de espcies arbreas. Quanto mais largos os corredores, maior ser o grupo de taxa beneficiado. O aumento da porosidade da matriz deve aumentar a diversidade de unidades de manejo e a diversidade dentro das unidades de manejo. Nesse caso, a disseminao de sistemas agroflorestais representa um efeito favorvel para diminuir o isolamento de fragmentos florestais

  • Vizinhana dos fragmentos Matriz

    Comparou-se a rea basal, altura mdia e nmero de indivduos arbreos a diferentes distncias da borda de um fragmento florestal na Regio de Arapoti, PR (1996) circundado em parte por pastagem e em parte por talhes de Pinus, a fim de determinar o efeito da vizinhana na intensificao do efeito de borda de fragmentos florestais. Concluiu-se que as reas vizinhas a pastagem estavam sujeitas a um efeito de borda mais intenso, dado que a rea basal mdia apresentou um aumento significativo a partir da borda e a altura mdia e nmero de espcies se manteve sempre inferior s reas cuja vizinhana era o Pinus (figura 6)

  • As atividades de reflorestamento atenuam o efeito de borda em fragmentos florestais. Alm disso, diminuem o risco de incndios florestais, uma vez que os proprietrios passam a adotar prticas de preveno e combate, normalmente ausentes na maior parte das propriedades agropecurias que no possuem reflorestamentos. O reflorestamento, portanto, pode representar um grande benefcio para a conservao de fragmentos florestais.

    A qualidade da vizinhana pode ser melhorada atravs de plantios de bordadura, fora dos fragmen-tos. Esses plantios devem incluir sistemas de produo com elevada densidade de espcies arbreas, preferencialmente espcies de ciclo longo, altas, pereniflias, com flores e frutos utilizados pela fauna nativa e elevada taxa de retorno econmico. O uso de sistemas agroflorestais apresenta um efeitofavorvel para o efeito de borda.

  • Estrutura e dinmica de eco-unidades

    Uma das principais caractersticas das florestas tropicais o fato de constiturem-se num mosaico

    de eco-unidades (Aubreville, 1938; Richards, 1952; Oldeman, 1983). Essas eco-unidades representam

    trechos da floresta com caractersticas sucessionais semelhantes e foram definidas e descritas de

    forma diferenciada pelos vrios autores. No caso de fragmentos de florestas tropicais semi-decduas

    em paisagens intensamente fragmentadas, essas eco-unidades podem ser definidas a partir da (i) estru-tura de tamanho do dossel, (ii)dominncia foliar de cips, (iii) diversidade de espcies (Viana et al.,

    1997)(tabela 4).

  • A figura 8 apresenta a origem do mosaico das eco-unidades em 1993 em funo de 1969.

    Praticamente todas as reas de capoeira baixa identificadas em 1969 se mantiveram como tal

    nestes 24 anos, no evoluindo para eco-unidades de maior diversidade. A degradao de eco-unidades de capoeira alta para capoeira baixa e de mata madura para capoeira alta foi de 23% e 45.5%

    respectivamente. O processo de degradao demonstra a necessidade de manejo para a

    recuperao do fragmento. Assumindo uma seqncia linear de perturbaes nos prximos 48 anos,

    sem intervenes com intuito de recuper-lo, a tendncia de extino da rea de mata madura e a

    predominncia de reas com capoeira baixa (Figura 9

  • Corredores Ecolgicos

    Com base em VNIA KORMAN, os corredores ecolgicos so usados como estratgia conservacionista desde o incio do sculo XX, principalmente para aves. A referida autora cita trabalho realizado em Queensland, Austrlia, quesugere que remanescentes lineares, floristicamente diversificados e apresentando pelo menos de 30 a 40 metros de largura, podem funcionar como habitat e, provavelmente, como corredores de movimento para a maioria dos mamferos arbreos daquela regio.

  • a) Habitat: exercendo a funo de habitat, o corredor uma rea com a combinao apropriada de recursos (alimento, abrigo) e condies ambientais para a reproduo e sobrevivncia das espcies. Se um corredor propicia um habitat apropriado, facilitar tambm a disperso. No contexto da conectividade regional, diversos autores enfatizam que os corredores devem ser mais largos, podendo sustentar uma ampla gama de espcies emuma escala de tempo anual ou mesmo por dcadas ou sculos, cumprindo, desta forma, a funo de habitat. Porm, verifica-se a escassez de pesquisas que apontem a quo largos devem ser os corredores.

  • b) Condutor ou Dispersor (Conduit): a habilidade dos animais em moverem-se atravs de um corredor de um local para outro bsica em todas as definies de corredores. Esta a funo de condutor, que inclui o fluxo para a migrao sazonal de determinadas espcies, para o forrageamento, a explorao e a procura de parceiro para a reproduo. Cita alguns autores que usam o termo linkou conectividade (linkage) ao invs de corredor para tornar claro seu foco na funo de conduo (conduit function) e no aumento da conectividade da paisagem. A funo de conectividade de um corredor, fundamentada nas Teorias da Biogeografia de Ilhas e de Metapopulaes, est relacionada facilidade com que as plantas e animais se movimentam em ambientes fragmentados. A complexidade est no fato de que uma paisagem linear, com perspectiva humana de conectar fragmentos, no aumentar, necessariamente, a conectividade para outras espcies, pois cada espcie possui histrias de vida e necessidades de habitat diferentes. Para os autores, a maioria dos corredores exerce mais de uma funo, mesmo que tenham sido planejados apenas para exercer uma funo. Em decorrncia das mltiplas e complexas funes que um corredor pode exibir, extremamente difcil descrev-las de forma sucinta. A funo do corredor como condutor para uma espcie, pode ser habitat para outra e uma barreira para uma terceira espcie

  • c) Filtro e Barreira: o termo filtro implica em algum nvel de permeabilidade e geralmente est associado com zonas riprias e qualidade da gua. Uma faixa filtro ou zona tampo , por exemplo, a vegetao ripria adjacente aos cursos dgua, ou outros sistemas aquticos, destinados remoo de nutrientes, sedimentos e poluentes, provenientes do escoamento superficial, antes de atingirem os ecossistemas aquticos.

    O termo barreira implica praticamente em impedir, bloquear. Como exemplo, temos as rodovias, que geralmente so barreiras para o fluxo da fauna silvestre. H estudos objetivando mitigar este efeito, utilizando tneis, passagens subterrneas, pontes entre outros.

  • d) Fonte e Sumidouro: a dinmica das populaes de animais silvestres na paisagem pode depender de unidades de habitat adequadas e inadequadas. O destino de uma populao na paisagem pode depender do sucesso reprodutivo dos indivduos que ocupam unidades de habitat de boa qualidade em sobrepujar o fracasso reprodutivo dos indivduos que ocupam unidades de habitat de m qualidade. Este conceito chamado de dinmica de fontes e sumidouros. Determinados autores consideram que corredores precariamente projetados, podem agir como sumidouros de