EFETIVIDADE DE MÉTODOS PREVENTIVOS À CÁRIE DENTÁRIA...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA SABRINA HUNDERTMARCH PAZ EFETIVIDADE DE MÉTODOS PREVENTIVOS À CÁRIE DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO PIRACICABA 2018

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U UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

SABRINA HUNDERTMARCH PAZ

EFETIVIDADE DE MÉTODOS PREVENTIVOS À CÁRIE

DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO

PIRACICABA

2018

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SABRINA HUNDERTMARCH PAZ

EFETIVIDADE DE MÉTODOS PREVENTIVOS À CÁRIE

DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO

Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da

Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Doutora em Odontologia na Área de Saúde

Coletiva.

.

Orientador: Prof. Dr Francisco Carlos Groppo

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA SABRINA HUNDERTMARCH PAZ E

ORIENTADA PELO PROF. DR. FRANCISCO CARLOS GROPPO

PIRACICABA

2018

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Dedico este trabalho aos meus pais JANE MIRIAN e

JOÃO HEITOR, à minha irmã BRUNA, ao meu

companheiro DIÓGER PAZ que sempre apoiaram-me e

motivaram-me a seguir com fé, gratidão e muita força de

vontade. E à luz dos meus dias, minha amada filha,

MARIA EUGÊNIA.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Campinas, na pessoa de seu Magnífico Reitor, o Prof. Dr.

MARCELO KNOBEL.

Ao Diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, o Prof. Dr. GUILHERME ELIAS

PESSANHA HENRIQUES, e ao Diretor Associado, o Prof. Dr. FRANCISCO HAITER

NETO.

À Profa. Dra. KARINA GONZALES SILVÉRIO RUIZ, Coordenadora dos Cursos de Pós

Graduação da FOP/UNICAMP.

À Profa Dra MICHELLE FRANZ MONTAN BRAGA LEITE, Coordenadora do Programa de

Pós-graduação em Odontologia da FOP/UNICAMP.

Ao meu orientador, o Prof. Dr. FRANCISCO CARLOS GROPPO, pela confiança,

compreensão e orientação recebidas e por sua amizade.

Ao Professor ANTONIO CARLOS PEREIRA, pelas oportunidades criadas e pela experiência

compartilhada.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, os quais

proporcionaram-me anos de construção do conhecimento. Muito obrigada.

À secretária do departamento de Pós-Graduação, ANA PAULA CARONE, por sua atenção e

cooperação, à secretária do departamento de Pós-graduação em Odontologia, MARIA ELISA

DOS SANTOS, pela solicitude e à secretária do departamento de Odontologia Social, ELIANA

APARECIDA MÔNACO NOGUEIRA, pela atenção, simpatia e prestatividade.

Aos meus colegas e amigos do doutorado, pelo carinho e amizade nestes anos de convívio.

Às minhas queridas amigas do coração JUCILENE CASATI LODI e VALÉRIA SILVA

CANDIDO BRIZON pela amizade e por todo apoio durante o decorrer deste curso, tanto pelas

palavras de incentivo, quanto pela disponibilidade em ajudar.

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A todos os amigos, familiares e colegas de trabalho que, direta ou indiretamente, participaram

desta etapa da minha vida, meus sinceros agradecimentos.

À Secretaria da Educação da cidade de São Borja-RS e às diretoras das escolas envolvidas na

pesquisa, por confiarem em meu trabalho e abrirem as portas ao desenvolvimento deste estudo

científico.

Aos escolares e aos seus pais/responsáveis, pela confiança e voluntariado, fundamentais para a

realização deste trabalho.

Muito obrigada!

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Agradeço a DEUS, fonte inesgotável de luz e de amor, pela oportunidade de vida e de

crescimento intectual, espiritual e moral.

Ao meu anjo guardião e a todos os espíritos de luz, que me acompanharam durante o decorrer

desta jornada.

Aos meus pais, JANE MIRIAN e JOÃO HEITOR, e à minha irmã BRUNA pela constante

presença, pelo amor, carinho e porto seguro em todos os momentos da minha vida. AMO

MUITO VOCÊS!

À minha filha OLÍVIA (in memoriam) por me mostrar o quanto é grandioso o amor de Deus,

por unir ainda mais nossas famílias e amigos, nos gerar tamanha força, fé e coragem em seguir

nesta caminhada, agradeço por tudo que passamos juntas, por todos os momentos

compartilhados,TE AMO, TE AMO, TE AMO.

À minha filha MARIA EUGÊNIA, Bênção Divina, agradeço a Deus por tamanha compaixão,

LUZ dos meus dias, simplesmente TE AMO.

Ao meu marido, grande companheiro, amigo e maior incentivador para a realização dessa

conquista, meu sempre Amor, DIÓGER.

MUITO OBRIGADA!

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“A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não

damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando

se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável.

O sofrimento é opcional.”

Carlos Drummond de Andrade

Viver, e não ter a vergonha de ser feliz

Cantar (e cantar e cantar) a beleza de ser um eterno aprendiz

Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será

Mas isso não impede que eu repita

É bonita, é bonita e é bonita

Gonzaguinha

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RESUMO

Este estudo teve por objetivo avaliar a efetividade da prevenção à cárie através do

selamento do cimento de ionômero de vidro modificado por resina (Vitremer, 3M®) e da

aplicação de verniz (Duraphat, Colgate®) em superfícies oclusais de primeiros molares

permanentes hígidos. Os materiais foram utilizados em crianças de 6 a 9 anos de idade de 20

escolas públicas da área urbana do município de São Borja-RS, de acordo com a prevalência de

cárie (alta prevalência, ceod acima ou igual a 2 e baixa prevalência, ceod abaixo de 2) após

exame clínico inicial. O ensaio foi do tipo clínico-controlado. A amostra inicial foi composta

por 522 escolares, os quais compunham a totalidade dos escolares pertencentes à faixa etária

selecionada, regularmente matriculados. Após a seleção, a partir dos critérios de inclusão e

exame clínico inicial, os escolares foram divididos em 6 grupos em cada escola, listados e

sorteados através da tabela de números aleatórios. A seleção final da amostra foi composta por

305 escolares, mas devido a desistências e perdas restaram 211 participantes, ao final dos 36

meses de estudo. Em sua totalidade, os grupos foram divididos da seguinte forma: Grupo A1

(n=36)- aplicação do cimento Vitremer, em crianças que apresentaram baixa prevalência de

cárie; Grupo A2 (n=32)- aplicação do cimento Vitremer, em crianças que apresentaram alta

prevalência de cárie; Grupo B1 (n=33)- aplicação semestral de verniz Duraphat, em crianças

que apresentaram baixa prevalência de cárie; Grupo B2 (n=35)- aplicação semestral de verniz

Duraphat, em crianças que apresentaram alta prevalência de cárie; Grupo D1 (n=38) – controle

negativo, programa preventivo coletivo e Grupo D2 (n=37) – controle positivo, programa

preventivo individualizado. Além dos tratamentos, todos os voluntários participaram de ações

educativas a cada seis meses e encaminhamento para tratamento odontológico quando

necessário. As avaliações clínicas foram realizadas em local reservado nas escolas após 12, 18,

24 e 36 meses do início do estudo, sob condições de iluminação natural, em dias ensolarados,

utilizando espelho bucal e sonda ball-point, precedidos por escovação dentária e secagem.

Foram utilizados os índices CPO-D e ceo-d, além da detecção de lesão inicial não-cavitada para

registro da cárie dentária. A retenção dos cimentos foi verificada pelo teste Qui-Quadrado ou

teste exato de Fisher, quando aplicável. Todas as análises foram feitas considerando o nível de

significância de 5%, utilizando os softwares BioEstat 5.0 e GraphPad Prism 7.0. A retenção do

cimento Vitremer foi considerada razoável ao longo do estudo, em torno de 28% aos 36 meses,

independente da prevalência de cárie. As crianças com baixa prevalência de cárie no baseline e

que foram submetidas a vernizes fluoretados apresentaram menor incremento de cárie,

concluindo-se que houve uma melhor efetividade do verniz frente ao cimento nesse grupo.

Entretanto, comparando-se os grupos de alta prevalência de cárie com os programas preventivos

não houve diferenças estatisticamente significantes, ou seja, não houve benefício adicional

sobre os controles.

Palavras-chave: cárie dentária, selantes de fossas e fissuras, fluoretos tópicos, ensaio clínico

controlado aleatório

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ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the effectiveness of caries prevention by sealing

resin-modified glass ionomer cement (Vitremer, 3M®) and the application of varnish

(Duraphat, Colgate®) to occlusal surfaces of healthy permanent first molars. The materials

were used in children from 6 to 9 years of age from 20 public schools in the urban area of São

Borja-RS, according to the prevalence of caries (high prevalence, dmft above or equal to 2 and

low prevalence, dmft below 2) after initial clinical examination. The trial was of the clinical-

controlled type. The initial sample consisted of 522 students, who were all students enrolled in

the selected age group. After the selection, from the inclusion criteria and the initial clinical

examination, the students were divided into 6 groups in each school, listed and drawn through

the table of random numbers. The final selection of the sample consisted of 305 students, but

due to dropouts and losses, 211 participants remained at the end of the 36-month study period.

The groups were divided as follows: Group A1 (n = 36) - application of Vitremer cement, in

children with low prevalence of caries; Group A2 (n = 32) - application of Vitremer cement,

in children with high prevalence of caries; Group B1 (n = 33) - half-year application of

Duraphat varnish in children who presented low prevalence of caries; Group B2 (n = 35) - half-

year application of Duraphat lacquer, in children with high prevalence of caries; Group D1 (n

= 38) - negative control, group preventive program and Group D2 (n = 37) - positive control,

individualized preventive program. In addition to the treatments, all volunteers participated in

educational actions every six months and referral for dental treatment when necessary. Clinical

evaluations were carried out at 12, 18, 24 and 36 months after the start of the study, under

natural lighting conditions, on sunny days, using a buccal mirror and ball-point probe, preceded

by dental brushing and drying. The DMFT and dmft indices were used, as well as the detection

of initial non-cavitated lesion for dental caries. Cement retention was verified by Chi-square

test or Fisher's exact test, where applicable. All analyzes were performed considering the

significance level of 5%, using the software BioEstat 5.0 and GraphPad Prism 7.0. Vitremer

cement retention was considered reasonable throughout the study, around 28% at 36 months,

regardless of the prevalence of caries. Children with low prevalence of caries in the baseline

and who were submitted to fluoride varnishes showed a lower caries increment, concluding that

there was a better effectiveness of the varnish against the cements in this group. However,

comparing the high prevalence of caries groups with the preventive programs, there were no

statistically significant differences, ie there was no additional benefit on the controls.

Key Words: dental caries, pit and fissure sealants, topical fluoride, controlled clinical trial

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................13

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................16

3 PROPOSIÇÃO.................................................................................................................25

3.1 Proposição Geral...........................................................................................................25

3.2 Proposições Específicas................................................................................................25

4 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................26

4.1 Aspectos Éticos.............................................................................................................26

4.2 Universo da Pesquisa....................................................................................................26

4.3 Amostra.........................................................................................................................27

4.4 Plano Operacional da Pesquisa......................................................................................27

4.5 Exame Inicial.................................................................................................................28

4.6 Seleção das crianças por grupo de tratamento e prevalência de cárie...........................30

4.7 Descrição dos Tratamentos............................................................................................31

4.8 Reavaliação dos voluntários...........................................................................................33

4.9 Análise dos Dados...........................................................................................................33

5 RESULTADOS..................................................................................................................35

6 DISCUSSÃO......................................................................................................................42

7 CONCLUSÃO...................................................................................................................46

REFERÊNCIAS....................................................................................................................47

ANEXOS...............................................................................................................................63

Anexo 1-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)..........................................63

Anexo 2-Questionário............................................................................................................67

Anexo 3-Certificado de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa..................................70

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1 INTRODUÇÃO

A cárie dentária é resultante de um distúrbio no equilíbrio entre o dente e a microbiota

presente no biofilme dental (Fejerskov, 2005). Dados de levantamentos epidemiológicos no

Brasil em 2003 e 2010 demonstraram um declínio do índice de cárie na população de 12 anos,

idade-índice utilizada internacionalmente para fazer comparações, sendo que o índice CPO-D

(soma dos dentes cariados, perdidos ou obturados) apresentou uma média de 2,1, valor 25%

menor do que o encontrado em 2003, que era de 2,8. (Roncalli, 2011). Também apresentam

redução dos níveis de cárie outros estudos nacionais e internacionais realizados em escolares

(Pereira et al., 2000; Meneghim et al., 2006; Rihs et al., 2010; Campus et al., 2007). Esses níveis

vêm caindo no Brasil principalmente por ações e programas preventivos realizados em crianças

como fluoretação da água de abastecimento público (Peres et al., 2006; Antunes & Narvai,

2010), educação em saúde bucal, uso de dentifrícios fluoretados, uso de fluoretos realizados em

escolas e creches, entre outras (Pereira et al., 2000; Cury et al., 2004; Narvai et al., 2006;

Carvalho et al 2010, Oliveira et al., 2014).

Evidências da literatura apontam que a detecção precoce das lesões inicias de cárie e a

abordagem preventiva são os principais aspectos para manter uma boa saúde bucal (Nuttall,

2002; Assaf et al., 2004; Kassawara et al., 2010). Outro fator também tem sido observado como

a progressão mais lenta das lesões de cárie (Moberg et al., 2005), a concentração de novas

lesões em superfícies oclusais (David et al., 2006; Pereira et al., 2007) e a polarização da

doença, que consiste na concentração da maior parte das doenças e das necessidades de

tratamento em uma pequena parte da população, onde por muitas vezes aplica-se uma estratégia

de alto risco, ou seja, ela é direcionada a indivíduos particularmente suscetíveis a desenvolver

doenças (Fejerskov, 1995; Narvai et al., 2006), o que pode estar refletindo medidas de

prevenção e controle da cárie, embasadas em estratégia populacional (Martins et al., 2006; Peres

et al., 2008), a qual inclui todas as pessoas sendo de alto, médio e baixo risco de desenvolver

doença (Nadanovsky, 2000) e a estratégia direcionada geograficamente que é dirigida a um

grupo determinado como, por exemplo, escolas da periferia da cidade ou uma área de população

imigrante (Arruda et al., 2012). Sendo qualquer uma das estratégias utilizadas, a finalidade será

a mesma, a prevenção do desenvolvimento de lesões cariosas ou o impedimento da evolução

das lesões pré-existentes.

Com isso surge a necessidade da utilização de métodos preventivos efetivos específicos

para superfícies oclusais que estão sendo acometidas por novas lesões como citado

anteriormente (David et al., 2006; Pereira et al., 2007), pois cerca de 90 % dessas lesões atingem

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a região de cicatrículas e fissuras de molares permanentes (Beauchamp et al., 2008) e os mais

afetados são os dentes primeiros molares permanentes (Pereira et al., 2009; Tagliaferro et al.,

2011).

Dentre os métodos preventivos, a aplicação de vernizes fluoretados apresenta a

capacidade de prolongar o período de contato do fluoreto com o esmalte dentário e, por possuir

uma alta concentração de fluoreto, vêm sendo bastante eficazes na remineralização da estrutura

dentária (Fuga et al., 2003, Carvalho et al., 2010) e largamente utilizados na Europa para

prevenção de cárie. Constituem uma opção para prevenção de cárie nas superfícies oclusais,

pois são seguros, fáceis de aplicar (Beltrán-Aguilar et al., 2000; Carvalho et al., 2010, Marinho

et al., 2013) e promovem redução da incidência de cárie de 18% a 70%, considerando todas as

superfícies dentárias (Strohmenger & Brambilla, 2001). Estudos mostram que para manter o

efeito de proteção dos vernizes fluoretados, se faz necessária a manutenção do dente com

reaplicações frequentes (Arruda et al., 2012; Marinho et al., 2013; Oliveira et al., 2014), e para

isso existem várias propostas incluindo uma aplicação semestral (Florio et al., 2001; Carvalho

et al., 2010; Ekstrand et al., 2010; Arruda et al., 2012; Liu et al., 2012; Oliveira et al., 2014),

uma aplicação 4 vezes ao ano (Chu 2002, Marinho et al., 2013) ou tratamento intensivo usando

aplicações semanais, durante um ano (Gugwad et al , 2011; Almeida et al, 2011). De acordo

com Beltrán-Aguilar et al. (2000), uma aplicação semestral é o regime de tratamento mais

estudado e Sköld et al. (2005) salientaram que tal regime fornece resultados excelentes na

redução de cárie em crianças com alto e médio risco de cárie.

Outro método de prevenção utilizado é a aplicação de selantes de fissura, os quais

aderem-se firmemente à estrutura dentária para formar uma barreira física entre a superfície do

dente e o meio bucal (Muller-Bolla et al., 2006; Ahovuo-Saloranta, 2013; Kumaran, 2013). O

procedimento para realizar o selamento demanda mais tempo e é relativamente mais caro que

a aplicação tópica de fluoreto (Tagliaferro et al., 2013) e tem uma efetividade de 60% a 87%

na redução da cárie de superfície oclusal (Ahovuo-Saloranta et al., 2008). Uma revisão

sistemática da literatura demonstrou que há uma ligeira efetividade dos selantes perante os

vernizes fluoretados (Ahovuo-Saloranta et al., 2016).

Entretanto existe uma demanda de estudo sobre essa relação comparando a efetividade

entre selantes e vernizes para verificar qual deles é o mais efetivo (Tagliaferro et al., 2013;

Ahovuo‐ Saloranta et al., 2016) e entre os selantes, verificar que tipo apresenta maior tempo

de retenção para prevenção de cárie de superfície oclusal (Ahovuo‐ Saloranta et al., 2016),

orientando os administradores de saúde pública no planejamento e correta alocação de recursos.

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Há que se considerar também a educação em saúde bucal, a qual envolve conhecimento

sobre o processo saúde-doença, sobre os fatores de risco e de proteção à saúde bucal,

empoderando a população sobre práticas e hábitos de autocuidado. Portanto, deve-se levar em

consideração os determinantes sociais, econômicos e culturais da população alvo associados às

condições de vida e de saúde da população (Mendes et al, 2017).

Ações de educação em saúde bucal de forma isolada são muito pouco exploradas, as

práticas preventivas mais avaliadas constituem o uso do fluoreto e selantes oclusais (Mendes et

al, 2017). Em virtude desta realidade, justifica-se o desenvolvimento desta pesquisa, que além

de promover um estudo sobre o uso dos métodos preventivos comumente utilizados como o

uso de selantes oclusais, aplicação de vernizes fluoretados, também promove um

acompanhamento de um programa preventivo de educação em saúde bucal.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Cárie Dentária

A cárie dentária ainda é considerada uma das doenças de maior prevalência mundial,

constituindo-se em um grave problema de saúde pública (Fejerskov, 2004; Rihs et al., 2008; La

Ruiz et al., 2009), pois entre as doenças bucais é a que acomete maior número de pessoas

mundialmente, sendo considerada a maior causa de perdas dentárias (Oliveira et al, 2013).

No Brasil, assim como na maioria dos países desenvolvidos a prevalência e a severidade

da doença cárie apresentou uma tendência de declínio nas três últimas décadas do século XX e

no século XXI (WHO, 2003; Narvai et al., 2006). Apesar das evidências de declínio da doença

nas últimas décadas, os indicadores globais em saúde ou doença devem ser criteriosamente

analisados, pois as médias ocultam as desigualdades e iniquidades, até mesmo os índices dentro

de um mesmo município (Oliveira et al, 2013).

Apresentam maiores índices os grupos populacionais mais vulneráveis sócio-

economicamente (Antunes & Narvai, 2010; Pavinato & Imparato, 2012). Para reverter essa

condição são necessárias ações de promoção de saúde e de prevenção de doenças direcionadas

aos grupos mais vulneráveis, pois a cárie ainda apresenta-se de forma polarizada nesses grupos

populacionais (Antunes et al., 2006; Peres et al., 2008; Pavinato & Imparato, 2012). Devem-se,

portanto, adotar estratégias direcionadas especificamente para áreas de maior necessidade, que

contribuam efetivamente para a redução das desigualdades na distribuição da cárie (Narvai et

al., 2006; Antunes & Narvai, 2010).

Deve-se relacionar a doença cárie não somente com os fatores biológicos, como

biofilme, dieta, saliva, mas também é preciso relacionar o indivíduo com o meio em que este

se insere, ou seja, é preciso identificar a influência dos fatores sociais, econômicos, culturais,

étnico/raciais, psicológicos e comportamentais que afetam as condições de saúde das pessoas e

de grupos humanos (Fejerskov, 2004; Antunes et al., 2006; Cypriano et al., 2011; Cortellazzi

et al., 2013).

Há ampla disponibilidade de medidas preventivas que incluem desde técnicas que

previnem o surgimento da cárie como controle de biofilme, aplicações tópicas de fluoreto e

controle da ingestão de carboidratos até medidas terapêuticas minimamente invasivas, como o

selamento de lesões incipientes de cáries, de forma a prevenir procedimentos restauradores

(Abuchaim et al., 2011), os quais envolvem inúmeras tecnologias, constituindo tratamentos

muito mais onerosos (Maltz et al., 2010; Abuchaim et al., 2011).

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Educação em Saúde Bucal

Após a criação da Política Nacional de Saúde Bucal (Programa Brasil Sorridente), em

2004, houve maior enfoque para ações coletivas e individuais de promoção de saúde, de

prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação, dando ênfase para fluoretação das

águas de abastecimento público, higiene bucal supervisionada, aplicação de fluoretos e

educação em saúde. Para o desenvolvimento de ações de educação em saúde é fundamental a

presença ativa do usuário, de forma a reproduzir o aprendizado de forma autônoma e trabalhar

com o processo saúde-doença com base no autocuidado e responsabilidade (Mendes et al.,

2017).

O ambiente escolar constitui-se numa das principais instituições em que se fomenta o

processo de educação em saúde, pois é possível desenvolver habilidades e aptidões em crianças

e adolescentes muito precocemente, tornando-se ilimitados seus potenciais se estiverem

saudáveis a ponto de absorver a maior parte da informações. Quanto mais precocemente for

absorvida uma informação, mais consolidados serão os seus comportamentos e hábitos,

determinando estilos de vida saudáveis e resistentes a alterações futuras (Aquilante et al., 2003).

Segundo Vasconcelos et al. (2001), são baixos os índices de saúde bucal de crianças em

idade escolar, o que reforça a necessidade de mais cuidados preventivos nesta faixa etária,

evidenciando a carência por trabalhos que utilizem metodologias adequadas ao

desenvolvimento infantil.

Milori et al. (1994) acompanharam 90 crianças entre 7 e 9 anos de idade, de ambos os

sexos, realizaram exames clínicos e verificaram os índices de placa e gengivite em dentes

permanentes. As crianças foram divididas em 3 grupos de forma aleatória. No grupo 1, as

crianças receberam ações de educação em saúde bucal com informações sobre biofilme e

inflamação gengival e tratamento preventivo com aplicação tópica de fluoreto e escovação

dentária supervisionada a cada 15 dias. No grupo 2, as crianças receberam apenas orientação

sobre educação em saúde bucal. No grupo 3, as crianças receberam apenas tratamento

preventivo com aplicação tópica de fluoreto e escovação dentária supervisionada a cada 15 dias.

Após 8 meses de acompanhamento, os autores verificaram que o grupo em que foram aplicados

apenas práticas educativas foram as menos efetivas.

Um estudo desenvolvido por Queluz (1995), em 320 escolares de 6 a 15 anos de idades,

de escolas públicas no município de Piracicaba, revelou que a maior parte desses estudantes

não tinham conhecimento suficiente sobre saúde bucal, após a aplicação de um questionário

sobre questões pertinentes ao assunto. Desenvolveu-se um programa preventivo coletivo, com

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uso de fluoretos e higiene bucal supervisionada, os resultados divulgaram que menos da metade

dos escolares não tinha conhecimento sobre os benefícios do fluoreto na prevenção da cárie.

Ayres (2002) em um estudo sobre práticas educativas no âmbito de DST’s e AIDS

afirma que é necessário abrir espaço para discussões sobre temas de saúde e não apenas

transmitir o conhecimento, valorizando a reflexão, o protagonismo dos alunos e busca de

parcerias (pais, escola, serviços de saúde, universidades, entre outros).

Segundo Pauleto et al. (2004), poucos programas de educação em saúde bucal rompem

com modelos tradicionais, são basicamente baseados em palestras de comunicação

unidirecionais, não permitem um diálogo e nem uma participação mais ativa dos alunos,

necessários para a construção de um conhecimento mais efetivo que produza autonomia em

relação aos próprios cuidados em saúde bucal.

Em 2008, foi publicado um estudo por Antunes e colaboradores, em que 40 escolares

da rede pública escolar infantil, de Niterói-RJ, foram questionados sobre sua percepção em

relação à saúde bucal. No estudo foi verificado que a maioria das crianças percebe a importância

da higiene bucal, mas não reconhece o papel da dieta para manutenção da saúde, o que reforça

a necessidade de uma maior atuação de educadores, familiares e cirurgiões-dentistas em

programas de educação em saúde nas escolas, que na prática pode ser alcançada através da

capacitação de educadores através de programas de saúde bucal, inclusão de conteúdos de

educação em saúde bucal nos currículos escolares de educação infantil e com um maior

envolvimento dos pais ou responsáveis nas atividades realizadas nas escolas.

Em ambientes familiares em que todos já possuem hábitos de higiene consolidados,

dificilmente as crianças apresentariam problemas para manter um comportamento adquirido,

contrariamente aos ambientes em que os cuidados com a saúde são menosprezados. Nessas

situações, tornam-se oportunos o uso de métodos preventivos adicionais.

Selantes Dentários

Embora as superfícies oclusais dos dentes das crianças constituam quase 12,5% das

superfícies dentárias totais, 85% da incidência total de cárie é observada nessas áreas (Dukic et

al., 2007; Asefi et al., 2016). A alta incidência de cáries na região oclusal de molares

permanentes (Kassawara et al., 2010; Baldini et al., 2011) está diretamente relacionada com a

configuração anatômica desta região, a presença de irregularidades que facilitam o acúmulo de

biofilme, a incompleta coalescência do esmalte na região de fóssulas e fissuras, o estágio em

que ocorre o irrompimento dos dentes, pois nesse momento as estruturas apresentam-se

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parcialmente mineralizadas, necessitando ainda de um período de maturação pós-eruptivo e

nessa fase as crianças normalmente ainda não realizam uma adequada higiene bucal (Catão et

al., 2012).

O primeiro estudo clínico de aplicação de selantes em fóssulas e fissuras foi sugerido

por Cueto e Buonocore (1967) e neste foi verificado que após um ano da aplicação de um

selante resinoso, 86,3% dos dentes não apresentaram a doença cárie. Com este estudo passou-

se a considerar o selamento de fóssulas e fissuras com material a base de Bis-GMA (Bisfenol

Glicidil Metacrilato) um procedimento efetivo de prevenção à cárie dental. Em 1970,

Buonocore relatou que em nenhum dos dentes decíduos ou permanentes em que foram

aplicados selantes apresentou cárie e 42% dos dentes que pertenciam ao grupo controle

apresentaram lesões.

Os selantes são substâncias resinosas e fluidas capazes de promover um vedamento das

fóssulas e fissuras, permitindo uma melhor higienização da superfície oclusal, evitando o

acúmulo de biofilme, em locais de difícil acesso à escovação, assim como a proliferação de

bactérias e seus ácidos (Manfro et al., 2010; Splieth, 2010; Ahovuo-Saloranta et al., 2013).

Desse modo, o desenvolvimento da doença cárie é dificultado a partir desse método de

prevenção adicional (Griffin et al., 2009).

Inúmeros materiais vêm sendo usados para esta finalidade como cimentos de ionômero

de vidro, cimentos de ionômero de vidro modificado por resina, compômeros e sistemas

adesivos (Nicholson, 2007; Hiiri et al., 2010). Há uma significativa variedade de estudos

comparativos para a escolha do material que apresente melhores propriedades de selamento.

Entre as características básicas desses materiais, destacam-se a retenção clínica na

superfície de fóssulas e fissuras, a proteção contra a infiltração marginal e a propriedade de

liberar o íon fluoreto, que confere ao dente a proteção contra a instalação e o desenvolvimento

do processo carioso (Garrido et al., 2002). Além disso, a biocompatibilidade, a resistência à

abrasão e ao desgaste, a resistência de união esmalte dentário/material selador, a tensão

superficial, a viscosidade, a adaptação marginal e a penetração do material também estão

intimamente relacionadas à efetividade do procedimento (Kantovitz et al., 2013).

Grande parte dos selantes é constituída em sua base por resina com carga ou sem carga

inorgânica em sua composição. Essa carga tem por finalidade aumentar a resistência à abrasão,

constituindo-se por partículas de vidro ou quartzo em sua composição. Entretanto, essa carga

tende a aumentar a viscosidade do cimento, dificultando sua penetração em sulco e fissuras

mais profundas (Asefi et al., 2016).

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Outra classificação dos selantes refere-se à forma de polimerização. A primeira geração

de selantes resinosos era polimerizada por luz ultravioleta, a segunda geração foi composta por

autopolimerizáveis, dificultando o tempo de trabalho e causando a incorporação de bolhas em

sua composição. Posteriormente, foram criados os selantes polimerizáveis por luz visível, em

que o tempo de trabalho pode ser controlado assim como um maior controle na formação de

bolhas na inserção do material (Tagliaferro, 2008).

Luzia & Silveira (2017) afirmam que os selantes mais comumente utilizados são os

selantes resinosos, em que a composição é, normalmente, constituída por polímeros de Bis-

GMA, o que confere maior grau de retenção a esses materiais. No entanto os materiais

ionoméricos modificados por resina tem se mostrado mais eficazes, devido a incorporação de

um composto orgânico de fluoreto aderido quimicamente à resina e liberado através de trocas

iônicas. O fluoreto confere ao selante um efeito cariostático e, devido ao seu baixo pH inicial,

efeito antimicrobiano, sobrepondo-se ao efeito físico de barreira contra a ação de ácidos

provenientes do produto da fermentação de bactérias acidogênicas (Silva, 2011).

Muitos pesquisadores têm defendido o uso desses materiais seladores por sua

capacidade de recarregamento, ao agregarem fluoreto proveniente do meio bucal através do uso

de dentifrícios fluoretados ou de aplicações tópicas (Cury et al., 1993; Catão et al., 2012).

Pereira et al. (2001) realizaram um estudo para avaliar o efeito retentivo de dois selantes

de ionômero de vidro na região de fóssulas e fissuras. Foram selados cem molares permanentes

de crianças com idades entre 6 e 8 anos e outras cento e oito crianças compunham o grupo

controle que receberu apenas orientação de higiene bucal. Avaliações clínicas foram realizadas

após 2, 3 e 5 anos da aplicação dos selantes e demonstraram que a porcentagem de lesões de

cárie nos grupos que receberam o cimento de ionômero de vidro como selante oclusal foi menor

quando comparada com o grupo que não recebeu a intervenção odontológica. Assim, pode-se

concluir que o selamento de fóssulas e fissuras com cimento de ionômero de vidro foi efetivo

na prevenção de cárie.

Ahovuo-Saloranta et al. (2004) ao realizarem uma revisão sistemática de literatura sobre

selantes de fóssulas e fissuras sugerem que selantes resinosos apresentam alto índice de

retenção, analisando estudos que encontraram 52% de retenção total após 2 anos de

acompanhamento e 72% após 54 meses. Quanto aos selantes ionoméricos, os resultados

indicaram uma fraca retenção dos cimentos ionoméricos quando comparados ao grupo controle.

Muller-Bolla et al. (2006) publicaram uma revisão sistemática em que 31 artigos foram

selecionados dentre 124 artigos elencados. Para serem incluídos os estudos deveriam apresentar

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no mínimo 5 anos de retenção de selantes resinosos em molares permanentes com ou sem cárie

inicial. Não houve diferença quanto à retenção de selantes auto ou fotopolimerizáveis

independente do tempo. Após 2 anos de acompanhamento, os selantes resinosos que possuíam

fluoreto em sua composição apresentaram menores índices de retenção quando comparados aos

selantes resinosos fotoativados sem adição de fluoreto. Não puderam ser conclusivos, porém,

os resultados quanto à efetividade dos selantes ionoméricos quando comparados aos selantes

resinosos, pois os estudos compunham-se de metodologias e materiais empregados muito

diferentes. Segundo os autores, a qualidade metodológica dos estudos foi considerada fraca, por

isso não foi possível concluir que um dos materiais seladores seja superior na prevenção de

cárie oclusal.

Yengopal & Mickenautsch (2010) avaliaram as evidências atuais sobre o efeito de

prevenção de cárie de selantes ionoméricos modificados por resina em comparação com

selantes resinosos. Foram incluídos 6 artigos de um total de 212 artigos identificados. Durante

o acompanhamento de 36 meses, os selantes resinosos apresentaram melhores resultados. Ao

final do resultado da meta-análise, os autores concluíram que nenhum dos materiais foi superior

ao outro quanto à prevenção da doença cárie.

Apesar da eficácia dos selantes em superfícies de fóssulas e fissuras de dentes

permanentes (Ahovuo-Saloranta et al., 2013; Unverdi et al., 2016; Wright et al., 2016), deve-

se ao uso de fluoretos a queda na prevalência de cárie no Brasil (Narvai et al., 2000), os quais

apresentam efeito mais significativo e muito eficaz nas superfícies lisas e interproximais

(Moberg et al., 2005; Splieth et al., 2010).

Vernizes Fluoretados

Independente do acesso à água fluoretada, crianças de 5 a 16 anos expostas

frequentemente a fluoretos sob a forma de géis, vernizes, soluções enxaguantes e dentifrícios

apresentam 26% menos risco de desenvolver cáries (Marinho et al., 2003, Carvalho et al.,

2010). De forma que houvesse maior contato entre o fluoreto e a superfície dentária (Bergström

et al, 2016) sem haver muito tempo perdido na realização do procedimento criou-se na década

de 60 os vernizes fluoretados (Seppä 2004; Carvalho et al., 2010).

Muitos estudos tem evidenciado que programas incluindo aplicações de vernizes

fluoretados são muito efetivos no controle da cárie dental (Marinho et al., 2013; Bergström et

al., 2016). Devido a sua boa tolerância no uso e sua técnica de aplicação simplificada, os

vernizes têm sido descritos como a forma mais conveniente de uso profissional de fluoreto

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tópico em pré-escolares. O tempo de aplicação varia de 1 a 4 minutos e logo em seguida a

criança pode fechar a boca, pois o verniz em contato com a saliva forma uma fina película sem

prejudicar a adesão à superfície dentária (Carvalho et al., 2010).

Existem inúmeros protocolos de uso dos vernizes fluoretados. Torna-se oportuno tratar

de acordo com o risco de cárie, uma vez ao ano para crianças que apresentem baixo risco de

cárie e duas aplicações ao ano (Moberg et al., 2005; Evans et al., 2013) para alto risco de cárie

(Azarpazhooh & Main, 2008). Mas existem outras recomendações de uso dos vernizes

fluoretados que podem ser semanais (Gugwad et al., 2011; Almeida et al., 2011), ou ainda a

cada 3 ou 4 meses (Marinho et al., 2013). Tanto a Academia Europeia de Odontopediatria

(2009) quanto a Academia Americana de Odontopediatria (2012) recomendam o uso de

vernizes fluoretados de duas a quatro vezes ao ano para prevenção de cáries em dentes decíduos

ou permanentes (Oliveira et al., 2014).

Os vernizes fluoretados são produtos de alta concentração de fluoreto, em torno de

22.600 ppm F. Entretanto, são considerados seguros, devido à sua rápida aderência sobre a

superfície dentária, à lenta dissolução na boca, à lenta liberação de fluoreto e à pequena

quantidade necessária para sua aplicação, que deve ser feita apenas por profissionais

capacitados. A quantidade de verniz aplicado em tratamentos de crianças em média é de 0,5ml

de verniz, isso equivale a liberação de 3 a 11 mg de fluoreto por dose, considerado muito abaixo

da dose provavelmente tóxica de 5 mg/ kg de peso corpóreo (Marinho et al., 2013; Buzalaf et

al., 2006).

Os primeiros vernizes fluoretados (Duraphat) foram desenvolvidos na década de 60 para

prolongar o tempo de contato do fluoreto com o esmalte dos dentes. Vernizes fluoretados

aderem-se aos dentes e formam fluoretos de cálcio e logo após a aplicação atuam como

reservatórios de fluoreto de longo prazo. O verniz Duraphat é o mais usado comercialmente na

Europa (Seppä, 2004), caracterizando-se por ser um dos vernizes mais estudados, considerado

eficaz e seguros em crianças de 6 a 12 anos de idade (Miller & Vann, 2008).

Weintraub et al. (2006) apresentaram evidências da redução de cárie na primeira

infância após aplicação de verniz fluoretado (Duraphat®). O estudo foi composto inicialmente

por 376 crianças livres de cárie e de baixa renda. Todas as famílias receberam aconselhamento

e as crianças foram randomizadas em diferentes grupos: sem aplicação de verniz, uma aplicação

de verniz fluoretado anual e uma aplicação de verniz fluoretado semestral. Foram realizados

exames clínicos bucais, no início do estudo (antes da intervenção), um e dois anos após a

intervenção. Foi aplicado uma gota (0,1ml) de verniz Duraphat® em ambas as arcadas. Em dois

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anos de tratamento, 18% dessas crianças acompanhadas ainda manifestaram novas lesões de

cárie, após 2 aplicações de verniz fluoretado e 11% apresentaram novas lesões de cárie, após 4

aplicações de verniz fluoretado, sendo que 42% manifestaram as lesões sem aplicações de

fluoreto. Isso demonstra que indivíduos de alto risco à cárie, mesmo tendo contato com qualquer

outra fonte de fluoretos, ainda podem apresentar progressão das lesões de cárie.

Gugwad et al. (2011) avaliaram a eficácia da prevenção de cárie com o uso de vernizes

fluoretados (Cavity Shield®) em molares hígidos de 250 crianças de alto risco à cárie, de 6 e 7

anos de idade aplicado de forma intensiva por 3 vezes, durante uma semana, a cada dois dias,

uma vez por ano. Estas crianças foram acompanhadas por dois anos e seus dentes foram

analisados clínica e radiograficamente antes e após um ano da aplicação do verniz fluoretado.

Ao final de um ano, 27,7% do grupo tratado com o verniz, apresentou regressão de cárie com

diferenças estatisticamente significativas.

Arruda et al. (2012) desenvolveram um estudo para determinar a eficácia do uso de

verniz de fluoreto de sódio a 5 % em dentes permanentes cariados, em 379 escolares de 7 a 14

anos de idade, da área rural de uma população de alto risco de cárie. Ao final de 12 meses de

acompanhamento, 210 participantes foram reavaliados. Os resultados sugerem que as crianças

que receberam duas aplicações de vernizes durante um ano foi significativamente efetivo

quando comparado com as aplicações de placebo no mesmo período. O estudo confirma que

uma ou duas aplicações anuais de vernizes fluoretados de alta concentração constituem métodos

efetivos para prevenir a incidência e a progressão da cárie.

Marinho et al. (2013) realizaram uma nova revisão Cochrane para atualizar a primeira

revisão Cochrane sobre vernizes fluoretados, publicada em 2002, com o objetivo de determinar

a eficácia e a segurança do uso dos vernizes fluoretados para prevenção de cáries em crianças

e adolescentes. Entre os estudos selecionados, foram coletados 22 ensaios publicados entre

1975 e 2012 em que 12.455 participantes foram randomizados para aplicação de vernizes

fluoretados ou placebo/ nenhum tratamento. A evidência da meta-análise em 13 ensaios

comparando o uso de vernizes na dentição permanente é de que o uso do verniz está associado

a uma redução em média de 43% nos índices de cárie. A meta-análise de 10 ensaios que

avaliaram o uso dos vernizes fluoretados na dentição decídua sugere uma redução de 37% nos

índices de cárie. Mais uma vez, a revisão sugere significativa redução de cárie associada ao uso

de vernizes fluoretados na dentição decídua e permanente, porém a qualidade da evidência foi

avaliada como moderada, pois incluiu inúmeros estudos com considerável heterogeneidade,

quanto à exposição do fluoreto (acesso à água de abastecimento público, dentifrício, outras

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fontes de fluoreto), concentração do fluoreto, frequência de aplicação, a profilaxia prévia à

aplicação do verniz e nível inicial de cárie.

Hiiri et al. (2006) realizaram um estudo comparativo sobre a eficácia de selantes de

fossas e fissuras e o uso de vernizes fluoretados. Segundo os autores, existe evidência de

superioridade dos selantes de fissuras sobre os vernizes na prevenção de cárie oclusal, porém o

benefício dos selantes de fissuras sobre os vernizes deve ser considerado de acordo com a

realidade local e individualmente.

Ahovuo-Saloranta et al. (2016) realizaram uma revisão sistemática para comparar

selantes de fóssulas e fissuras com vernizes de fluoreto e concluíram que os selantes são

ligeiramente superiores aos vernizes em estudo de dois anos de acompanhamento. Em um

estudo comparativo de quatro e de nove anos de acompanhamento, com altas taxas de

abandono, foram encontradas mais cárie na superfície oclusal de superfícies tratadas com verniz

fluoretado que em superfícies cobertas por selantes. Havendo evidências de superioridade dos

selantes a base de resina sobre os vernizes fluoretados para prevenção de cáries oclusais. No

entanto, segundo os autores esses dados não são relevantes, devido à baixa qualidade das

evidências coletadas nos estudos, não permitindo tirar conclusões definitivas sobre essas

intervenções.

Considerando-se os estudos desta revisão da literatura, compreende-se a carência e

demanda por estudos longitudinais de alta qualidade que elucidem sobre a efetividade de

métodos preventivos à cárie dentária, como a educação em saúde, o uso de selantes oclusais e

o uso de vernizes fluoretados, com base no risco individual da população de forma direcionada.

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3 PROPOSIÇÃO

3.1 Proposição Geral

Este trabalho teve por objetivo avaliar a efetividade da prevenção à cárie do cimento Vitremer

(3M), do verniz fluoretado Duraphat (Colgate) em superfícies oclusais de primeiros molares

permanentes hígidos, em crianças de 6 a 9 anos de idade, com diferentes prevalências de cárie,

durante 36 meses de estudo, no município de São Borja-RS.

3.2 Proposições Específicas

1) Determinar a taxa de retenção do cimento de ionômero de vidro modificado por resina nas

superfícies oclusais de acordo com a prevalência de cárie dentária;

2) Comparar a evolução da experiência de cárie através do índice CPO-D e das lesões iniciais

de cárie (manchas brancas) ao longo dos 36 meses de estudo.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Aspectos Éticos

O estudo foi conduzido de acordo com as normas determinadas pela resolução pela

resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, publicada em 12 de

Dezembro de 2012, e pelo Código de Ética Profissional Odontológico, segundo a resolução

CFO 118 de 11 de maio de 2012. O projeto foi apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa da

FOP-UNICAMP sob o protocolo 27/2013 (Anexo 3), recebendo uma emenda sob o CAAE

13951313.0.0000.5418.

Os pais ou responsáveis pelas crianças receberam um termo de consentimento livre e

esclarecido (TCLE – Anexo 1) contendo informações acerca da responsabilidade, metodologia

e desenvolvimento do projeto, bem como a autorização para a participação na pesquisa.

Somente após a anuência do responsável, através da assinatura do termo, o escolar foi

encaminhado para escuta e entendimento do termo de assentimento livre e esclarecido e após

seu aceite, considerado participante do estudo.

4.2 Universo da Pesquisa

O município de São Borja localiza-se na fronteira oeste do estado do RS a 585 km da

capital Porto Alegre, fronteira com o país vizinho Argentina, composto por uma população de

63.244 habitantes, no perímetro de 3.616,691 Km2, densidade demográfica de 17,05 hab/Km2,

índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,736, expectativa de vida ao nascer de 76,61

anos e renda p/capita domiciliar de 682,78 reais. O serviço de abastecimento de água fluoretada

existe desde 16 de maio de 1974 na área urbana do município, 100% de água fluoretada, com

68,81% de água tratada (IBGE, 2015).

O município apresenta cobertura de Estratégia de Saúde da Família realizada por 15

equipes de Saúde da Família credenciadas na área urbana, na qual todas apresentam

atendimento odontológico (ESB- Mod 1, sendo 1 Auxiliar de Saúde Bucal para cada Cirurgião-

Dentista), também apresenta uma unidade centralizada de atendimento especializado (CEO) e

um laboratório regional de próteses dentárias (LRPD), possuindo atendimento odontológico

com uma cobertura de 71,09%, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) de

2010, sendo considerado uma referência para os municípios vizinhos, composto por trinta

consultórios odontológicos públicos instalados e em funcionamento nas zonas urbana e rural

do município (IBGE, 2015).

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O município de São Borja apresenta um total de 32 escolas públicas (IBGE, 2015). Uma

lista de todas as escolas municipais foi obtida junto à Secretaria Municipal de Educação do

município e uma lista com todas as escolas estaduais foi obtida junto à 35ª Coordenadoria

Regional Estadual da Educação, com o número de indivíduos na faixa etária de 6 a 9 anos de

idade. Os ceods iniciais foram coletados através de exames clínicos realizados nos escolares da

rede pública de ensino do município (10 escolas estaduais e 10 municipais), todas as escolas

públicas da área urbana foram visitadas.

4.3 Amostra

A amostra inicial foi composta pela totalidade de escolares matriculados nos primeiros

e segundos anos do ensino fundamental, que correspondiam a faixa etária do estudo. Os

escolares da área rural do município foram excluídos do estudo pela heterogeneidade das

características amostrais entre as áreas rural e urbana (Paz & Paz, 2015) e pela dificuldade de

acesso à área rural. A amostra inicial foi alocada no segundo semestre de 2013 e compôs-se

por 522 escolares pertencentes à faixa etária selecionada, matriculados e regularmente

frequentes nas escolas. Do total, 305 escolares aderiram ao estudo, devido aos critérios de

inclusão e assinatura dos termos de consentimento e termo de assentimento livre e esclarecido,

os quais foram separados segundo a prevalência de cárie em alta ou baixa e em seguida listados

e sorteados através da tabela de números aleatórios em cada escola para divisão entre os grupos

de intervenção. Ao final do estudo contabilizaram 211 escolares acompanhados até a última

avaliação, devido às perdas ocorridas até o final dos 36 meses de acompanhamento, no ano de

2016.

Os critérios de inclusão da pesquisa foram a ausência de doenças sistêmicas graves e/ou

dificuldades de comunicação ou neuromotoras, o uso de aparelhos ortodônticos fixos, a

presença de hipoplasia ou fluorose severas, a presença dos 4 primeiros molares permanentes

irrompidos e hígidos, sem selantes e a autorização prévia dos pais ou responsáveis para

participação na pesquisa. Foram excluídas da amostra final as crianças que nas consultas

subsequentes não eram encontradas por motivo de alteração de local de residência para outro

município ou área rural do mesmo, ou que estivessem usando aparelhos ortodônticos fixos.

4.4 Plano Operacional da Pesquisa

Os pais ou responsáveis, além da autorização permitindo a participação de seus filhos

(TCLE) nesta pesquisa, foram instruídos a responder um questionário semiestruturado contendo

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questões sócio-demográficas e questões relativas à saúde geral dos voluntários, sem a

interferência dos pesquisadores, entregue aos responsáveis no dia da reunião de pais e mestres.

(Anexo 2).

Os estudantes que apresentaram alguma necessidade de tratamento curativo no decorrer

do exame clínico, receberam por escrito, a descrição do seu estado de saúde bucal, orientando

os seus responsáveis sobre as necessidades de tratamento.

Em respeito aos princípios da ética em pesquisa, os pacientes que estivessem em caráter

de urgência eram encaminhados para atendimento prioritário, através dos seus responsáveis que

providenciavam os atendimentos na rede pública ou particular, se assim desejassem. Os

responsáveis possuíam total liberdade de escolha e tomada de decisão para estas ações, o

examinador tinha a função de facilitador para os alunos, nessas situações.

4.5 Exame inicial

O exame inicial foi conduzido seguindo as recomendações da Organização Mundial de

Saúde (WHO, 1997; OMS, 1999; WHO, 2008; Brasil, 2012).

Treinamento e calibração do examinador

Para que o estudo fosse considerado “cego”, um examinador experiente em levantamentos de

saúde bucal (Assaf et al., 2004, 2006 a,b) fez as avaliações e reavaliações clínicas, sendo alheio

aos tratamentos a que cada voluntário foi submetido. O processo de calibração foi conduzido

por um examinador padrão (“Gold Standard”). Durante o treinamento do examinador deste

estudo, utilizou-se os índices ceo-d e CPO-D (dentes cariados, perdidos e obturados), seguindo

os códigos e critérios adotados pela OMS (1999), que codifica um dente como sendo cariado

quando da presença de cavidade. Também foi incluída a detecção de lesões iniciais ativas (LI),

segundo adaptação dos critérios de Nyvad et al. (1999) e Fyfee et al. (2000). Uma LI é definida

no exame visual como uma lesão de cárie ativa, cuja superfície apresenta-se intacta, sem perda

clínica de tecido dentário, com coloração amarelada/esbranquiçada, de crescente opacidade e

rugosa (ao se passar a sonda IPC levemente através da superfície da lesão), localizada próximo

à margem gengival em superfícies lisas ou estendendo-se ao longo das paredes das fóssulas e

fissuras intactas, em superfícies oclusais. As LI adjacentes ou não a superfícies com selantes,

restaurações ou mesmo cavitações também foram registradas. A unidade de medida utilizada

no exame foi o dente e a superfície. Esse mesmo examinador também foi devidamente calibrado

para as avaliações do grau de retenção dos selantes por meio de exames visual e táctil com o

uso de sonda exploradora e espelho bucal. Cada dente selado foi classificado de acordo com o

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critério adotado por Smales & Wong (1999) em que classifica o selante em retenção total,

parcial 1 (2/3 da superfície ainda apresenta selante), parcial 2 (1/3 da superfície apresenta

selante) e ausência de selamento.

As atividades teórico-práticas compreenderam um total de 4 períodos de 4 horas. A

atividade teórica foi uma aula ministrada pelo examinador padrão sobre condutas de exame e

códigos empregados no estudo, e um treinamento in lux posteriormente (4 h). O treinamento

prático/epidemiológico foi realizado nas escolas e consistiu de 3 períodos de 4 horas,

totalizando 12 horas. O examinador deste estudo avaliou entre 10 e 12 crianças, por período,

com prevalências de cárie diferenciadas, sendo escolhidas aquelas com atividade presente. Um

nível aceitável de concordância inter e intra examinadores foi obtido (Kappa>0,85 – WHO,

1997).

Condições do exame

Os exames foram realizados nas escolas, sob condições de iluminação natural, em dias

ensolarados, utilizando espelho bucal e sonda “ball point” (OMS, 1999), precedidos por

secagem e escovação dentária. A sonda foi utilizada para o diagnóstico, sem a aplicação de

pressão sobre a superfície dentária, somente para esclarecer dúvidas advindas do diagnóstico

visual, e também como auxiliar na remoção de biofilme dental ou restos de alimentos que

poderiam ter permanecido sobre o dente. Todos os voluntários receberam um kit de escovação

contendo escova, dentifrício fluoretado e fio dental, tendo sido instruídos e supervisionados por

uma auxiliar de saúde bucal durante a escovação dentária, previamente ao exame clínico.

A secagem dos dentes foi realizada com o uso do ar comprimido, através de um

consultório odontológico portátil (Transport II, Portable Electric Dental Unit, AEU-425,

Aseptico, Inc., Woodinville, WA, USA).

Estudo da literatura científica aponta como atraumática (Almeida, 2000) a prática do

exame clínico quando executado de maneira correta (OMS, 1999). O uso de fio dental foi

ensinado e poderia causar leve desconforto e ou sangramento em caso de gengivite e

periodontite. A escovação também poderia causar leve sangramento principalmente em

pacientes com gengivite e ou periodontite, estas possibilidades foram alertadas aos estudantes,

e o examinador tomou todas as precauções preconizadas para atenuar qualquer ocorrência

(WHO, 2013).

Se o estudante sentisse algum desconforto e quisesse suspender o seu atendimento o

examinador imediatamente suspendia o exame (Ayres et al., 2010). O tempo de cada exame

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constitui-se de de 5 a 10 minutos, em média (OMS, 1999). A integridade do paciente avaliado

foi preservada, o seu nome ou qualquer dado que o identificasse nunca fora divulgado nos

resultados, bem como o exame foi realizado nas escolas em local reservado. Somente o aluno

e o profissional examinador tiveram acesso no ato do exame.

Condições avaliadas

As seguintes condições clínicas foram avaliadas:

• cárie dentária: índices CPO-D e ceo-d (OMS, 1999; WHO, 2008) e atividade da doença

(dentes permanentes/decíduos com lesão inicial conforme descrição prévia e lesão cavitada em

atividade);

4.6 Seleção das crianças por grupo de tratamento e variável de risco (prevalência de

cárie)

Os grupos foram alocados em todas as 20 escolas públicas municipais e estaduais

localizadas no perímetro urbano do município de São Borja-RS, sendo compostos por crianças

que atendessem aos critérios de inclusão listados e sorteadas através de tabela de números

aleatórios em cada escola.

Dessa forma, a prevalência de cárie foi classificada de acordo com a experiência passada

de cárie de cada escolar. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) de 2010, a

média de ceod para crianças com 5 anos de idade, no país era de 2,43 dentes com experiência

de cárie, com predomínio do componente cariado que é responsável por mais de 80% do índice,

enquanto que na região sul do Brasil, o ceod médio apresentado foi de 2,49 dentes com

experiência de cárie.

O critério adotado para verificar a gravidade da cárie foi adaptado da WHO (1997;

2013), seguindo a distribuição dos dados das variáveis. Os alunos foram selecionados da

seguinte forma: baixa prevalência, para aqueles que apresentassem ceod menor que 2 e alta

prevalência, para os que apresentassem ceod maior ou igual a 2.

Após o exame, cada participante foi alocado de acordo com os seguintes grupos:

Grupo A1 (n=36)- Cimento Vitremer para crianças que apresentassem baixa prevalência de

cárie;

Grupo A2 (n=32)- Cimento Vitremer para crianças que apresentassem alta prevalência de cárie;

Grupo B1 (n=33)- Vernizes para crianças que apresentassem baixa prevalência de cárie;

Grupo B2 (n=35)- Vernizes para crianças que apresentassem alta prevalência de cárie;

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Grupo D1(n=37)- Controle positivo: as crianças selecionadas receberam um programa

preventivo individualizado, independente da prevalência de cárie;

Grupo D2(n=38)- Controle negativo: as crianças selecionadas receberam um programa

preventivo coletivo, independente da prevalência de cárie.

Todos os grupos participaram de ações educativas em saúde bucal e escovação

supervisionada a cada seis meses.

4.7 Descrição dos tratamentos

Educação em saúde bucal

As atividades educativas foram realizadas pelo pesquisador responsável, auxiliado por

uma Auxiliar em Saúde Bucal. Para o grupo controle positivo, a estratégia pedagógica do

processo ensino-aprendizagem incluiu palestras, teatros, desenhos e escovações

supervisionadas individualmente. O objetivo principal das palestras foi conscientizar sobre as

principais doenças bucais, como cárie e gengivite e educar sobre os meios de prevenção, uso

do fluoreto, controle do biofilme, instruções sobre higiene oral e aconselhamento dietético. Os

recursos audiovisuais utilizados incluíram macromodelos e macroescovas, teatros com

fantoches, figuras ilustrativas, vídeos educativos e apresentação em projetores de imagens. O

feedback das atividades foi observado durante as visitas subsequentes, em que os escolares

foram separados em grupos e responderam a perguntas, peculiares ao tema abordado com o

objetivo de reforçar e/ou avaliar o aprendizado obtido (Zanin et al., 2007; Oliveira et al., 2012).

Para o desenvolvimento das ações educativas neste grupo foram realizados 6 encontros.

No primeiro encontro foi realizada uma palestra sobre cárie dentária e métodos de prevenção

da cárie, com uso de macromodelos e macroescovas, seguida por escovação dentária

supervisionada individualmente. No segundo encontro, após 6 meses, foi realizada nova

abordagem, palestra sobre gengivite, controle do biofilme, instruções sobre higiene oral e uso

do fio dental, com uso de projetor de imagens, na sequência foram realizadas perguntas sobre

o tema abordado e nova escovação dentária supervisionada individualmente. No terceiro

encontro, após 1 ano da primeira avaliação, foi apresentado vídeo educativo sobre como escovar

os dentes e usar fio dental, em seguida foi realizada escovação dentária supervisionada

individualmente e reavaliação clínica pelo examinador padrão. Após 18 meses do primeiro

encontro foi realizado teatro de fantoches sobre higiene oral e aconselhamento dietético com

perguntas sobre o tema abordado e escovação dentária supervisionada individualmente e

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reavaliação clínica pelo examinador padrão. Após 24 meses do início do estudo, foram

entregues desenhos para colorir e cantigas sobre higiene oral e alimentação saudável, seguido

por perguntas do tema e escovação dentária supervisionada individualmente e reavaliação

clínica pelo examinador padrão. No quinto encontro foi apresentado macromodelo da evolução

da cárie dentária e gengivite e em seguida estimulado um debate sobre os cuidados de higiene

oral entre os próprios alunos, com perguntas sobre o tema, em seguida foi realizada escovação

dentária supervisionada individualmente. No último encontro, após 36 meses, os próprios

alunos foram estimulados a apresentar aos demais como realizar a escovação dentária e uso do

fio dental com o uso de macromodelos e macroescovas, em seguida foi realizada escovação

dentária supervisionada individualmente e reavaliação clínica pelo examinador padrão.

Para o grupo controle negativo, foram realizadas escovações supervisionadas de forma

coletiva com orientações sobre o uso do fio dental a cada 6 meses em conjunto com os demais

grupos de intervenção a cada visita de retorno.

Tratamento restaurador

Todos os voluntários que apresentaram necessidades de tratamento foram encaminhados

para atendimento clínico.

Aplicação de cimento Vitremer

A aplicação do cimento Vitremer (3M) nas superfícies oclusais dos primeiros molares

permanentes hígidos foi realizada pelo pesquisador responsável, em ambiente escolar, auxiliado

por uma Auxiliar em Saúde Bucal. A técnica consistiu do seguinte: Profilaxia do dente com

água/pedra-pomes e escova Robinson em baixa-rotação, seguida de lavagem, secagem e

colocação de isolamento relativo; Condicionamento do esmalte com ácido fosfórico 37%, por

15 segundos; Lavagem com spray de água/ar, troca do isolamento relativo e secagem por 5

segundos; Aplicação do “primer” com pincel e fotoativação por 20 segundos; Inserção do

cimento nas fissuras com uma sonda exploradora nº 5, percorrendo toda a extensão e

profundidade; Fotoativação do material por quarenta segundos; Verificação dos contatos

oclusais e ajuste, quando necessário, com ponta Enhance;

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Aplicação de verniz fluoretado

A aplicação de verniz fluoretado (Duraphat, Colgate) foi realizada pelo pesquisador

responsável, auxiliado por uma ASB (Auxiliar de Saúde Bucal), semestralmente, nas

superfícies oclusais dos primeiros molares permanentes hígidos, conforme descrito a seguir

(Vaikuntam, 2000): Escovação dental realizada pelos próprios voluntários e supervisionada por

ASB. Não foi necessária a realização de profilaxia (Marinho et al., 2013); Isolamento relativo

do quadrante com roletes de algodão; Aplicação do verniz fluoretado nas superfícies oclusais

dos primeiros molares permanentes hígidos com aplicadores descartáveis. Instrução aos

pacientes e aos pais, por meio de carta, com relação a evitar comer por pelo menos 2 horas após

a aplicação; não escovar os dentes por 24 horas; manter dieta macia; e que a coloração

amarelada deixada pelo verniz no dente é temporária e desaparecerá quando retomada a

escovação.

4.8 Reavaliações dos voluntários

Os exames de acompanhamento foram realizados após 12, 18, 24 e 36 meses, pelo

mesmo examinador que realizou os exames iniciais, seguindo o mesmo protocolo.

Avaliação da retenção do selante de fóssulas e fissuras

A avaliação da retenção do selante foi feita pelo examinador oficial da pesquisa. As

avaliações foram conduzidas durante os exames de reavaliações, usando um espelho bucal

plano e um explorador sob luz natural. O critério adotado para determinar a retenção do selante

é o proposto por Smales & Wong (1999), que classificam a retenção dos selantes em:

Retenção total (RT): retenção total do selante na superfície oclusal;

Retenção parcial tipo 1 (R1): presença de selante em dois terços da extensão das fóssulas e

fissuras, com pequenas perdas e fraturas do material;

Retenção parcial tipo 2 (R2): presença de selante em um terço da extensão das fóssulas e

fissuras, com pequenas perdas e fraturas do material;

Perda total (PT): ausência de selante na superfície oclusal do dente.

4.9 Análise dos Dados:

As variáveis lineares foram submetidas inicialmente a análise da sua distribuição (teste

de Shapiro-Wilk) e da sua homocedasticidade (teste de Levene). Como não apresentaram

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distribuição normal e nem homocedasticidade, essas variáveis foram observadas por testes não

paramétricos. A distribuição das crianças em função do sexo e idade foi observada

respectivamente pelos testes do Qui-quadrado e Kruskall-Wallis (Dunn).

O efeito dos tratamentos no ceod das crianças também foi avaliado pelo teste de

Kruskal-Wallis (Dunn). A retenção dos cimentos após os períodos de 12, 18, 24 e 36 meses foi

verificada pelo teste do Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher quando aplicável.

Todas as análises foram feitas considerando o nível de significância de 5%, utilizando

os softwares BioEstat 5.0 e GraphPad Prism 7.0.

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5 RESULTADOS

A tabela 1 abaixo mostra o perfil demográfico da amostra estudada, considerando o sexo

e a idade, revela que não houve diferenças estatisticamente significantes entre as proporções

dos sexos das crianças, exceto para o verniz Duraphat que mostrou maior proporção de meninos

que meninas na amostra “experiência de cárie”. De uma forma geral, como mostra a tabela 1, a

idade também foi homogênea, sendo que apenas as crianças do grupo controle positivo foram

mais jovens que as demais crianças.

Tabela 1. Distribuição relativa das crianças em função do sexo e idade.

Sexo Idade (anos)

Prevalência de

cárie Feminino Masculino média±desvio

Controle Positivo

(n=37)

18

(48,6%)

19

(51,4%) 7 (±0,51)**

Controle Negativo

(n=38)

23

(60,5%)

15

(39,5%) 7,5 (±0,65)

Cimento Vitremer

(n=68)

Alta (n=32) 16 (50%) 16 (50%) 7,6 (±0,6)

Baixa (n=36) 17

(47,2%)

19

(52,8%) 7,6 (±0,46)

Verniz Duraphat

(n=68)

Alta (n=35) 10

(28,6%)

25

(71,4%)* 7,5 (±0,52)

Baixa (n=33) 20

(60,6%)

13

(39,4%) 7,6 (±0,64)

Valor de p 0,1747 <0,0001

* - Maior proporção (p=0,0132) de masculino do que os demais.

** - Menor que os demais.

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Pela análise da figura 1, pode-se inferir que a maior parte das crianças a serem avaliadas

no baseline, possuíam entre 7 e 8 anos de idade, havendo variações dos 6 até os 9 anos de idade.

Figura 1. Idade das crianças em função dos grupos em estudo. Linha central = mediana, caixa = 1º e 3º

quartis, suíças = valores mínimo e máximo.

A figura 2, na página seguinte, mostra o ceod inicial das crianças. O teste de Kruskal-

Wallis revelou que o ceod das crianças com alta prevalência de cárie, independentemente do

tipo de tratamento que seria utilizado, foi significativamente maior (p<0,0001) que aquele

apresentado pelas outras crianças.

No baseline, o ceod foi de 1,78 e 44,76% da amostra estava livre de cárie (ceo-d=0 e

CPO-D=0).

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Figura 2. ceod (mediana e desvio interquartílico) em função dos grupos em estudo

A tabela 2, na página seguinte, mostra as características das crianças avaliadas em

função das condições orais, quanto à distribuição absoluta dos dentes cariados, perdidos,

obturados e manchas brancas ao longo do tempo em função dos grupos em estudo. Nessa tabela

é possível observar que não houve dentes perdidos durante o período de estudo em nenhum dos

grupos.

De uma forma geral, o número de dentes cariados, sem considerar os tipos de

tratamentos, aumentou após 12 meses. Ao final do último período, o número de dentes cariados

foi 9,8 vezes maior nas crianças com alta prevalência de cárie do que naquelas com baixa

prevalência de cárie.

O número de dentes obturados, sem considerar os tratamentos, também aumentou após

12 meses. O número de dentes obturados foi 2,2 vezes maior nas crianças com alta prevalência

de cárie do que naquelas com baixa prevalência de cárie. A quantidade de manchas brancas

aumentou após 1 ano de estudo.

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Tabela 2. Distribuição absoluta do número de dentes cariados, perdidos e obturados e manchas brancas

ao longo do tempo em função dos grupos em estudo.

Cimento Vitremer

(n=68)

Verniz Duraphat

(n=68)

Tempo

(em

meses)

Controle

Positivo

(n=37)

Controle

Negativo

(n=38)

Baixa

prev

cárie

(n=36)

Alta

prev

cárie

(n=32)

Baixa

prev

cárie

(n=33)

Alta prev

cárie

(n=35)

Cariado

Inicial 0 0 0 0 0 0

12 4 5 1 0 0 3

18 1 5 2 2 0 5

24 1 2 0 2 0 4

36 1 2 0 2 0 4

Perdido

Inicial 0 0 0 0 0 0

12 0 0 0 0 0 0

18 0 0 0 0 0 0

24 0 0 0 0 0 0

36 0 0 0 0 0 0

Obturado

Inicial 0 0 0 2 0 0

12 0 2 0 4 0 0

18 2 5 0 2 0 0

24 5 9 6 9 0 3

36 5 9 5 9 0 3

Mancha

branca

Inicial 1 0 0 1 0 1

12 0 1 0 4 0 0

18 0 1 0 4 0 0

24 2 2 0 4 0 0

36 2 2 0 4 0 0

A tabela 3, na página seguinte, mostra o acompanhamento das crianças com os cimentos

ao longo dos períodos avaliados, mostra de forma evidente que a retenção do cimento Vitremer

foi maior ao longo do tempo quando comparada à retenção do cimento Rely-X. Além disso,

não houve diferenças estatisticamente significantes na retenção do cimento Vitremer nos

pacientes com alta ou baixa prevalência de cárie aos 12 (p=0.27), 18 (p=0.36), 24 (p=0.20) e

36 (p=0.81) meses, indicando que esse fator não altera a retenção desse cimento.

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Tabela 3. Número de crianças com cimento após os períodos de 12, 18, 24 e 36 meses.

Cimento Vitremer

Tempo

em meses

Cimento

presente

Alta prevalência

de cárie

Baixa prevalência

de cárie

12 Não 13 (40,6%) 9 (25%)

Sim 19 (59,4%) 27 (75%)

18 Não 16 (50%) 13 (36,1%)

Sim 16 (50%) 23 (63,9%)

24 Não 21 (65,6%) 17 (47,2%)

Sim 11 (34,4%) 19 (52,8%)

36 Não 23 (71,9%) 26 (72,2%)

Sim 9 (28,1%) 10 (27,8%)

A tabela 4, na página seguinte, revela a evolução do CPO-D nas crianças que perderam

os cimentos, mostra a relação entre o número de dentes que ainda apresentavam cimentos em

cada período de tempo e a evolução do CPO-D.

Foi possível observar que nas crianças com baixa prevalência de cárie a evolução do

CPO-D foi menor que a evolução do CPO-D no grupo de alta prevalência à cárie.

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Tabela 4. Número absoluto de casos sem cimento e evolução do CPO-D ao longo do tempo.

Dentes sem Vitremer

Alta

prevalência

Baixa

prevalência

Meses CPO-D 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4

12

0 2 3 6 7 12 3 5 6 12 9

1 1

2 1 1

3

4

18

0 3 4 7 15 2 3 4 12 13

1 1 1 1 1

2 1

3

4

24

0 1 3 6 17 2 1 4 10 16

1 1 1 2

2 1

3 1

4 1 1

36

0 1 1 6 18 2 7 24

1 1 2 1 1

2 1

3 1

4 1 1

A figura 3, na página seguinte, demonstra que ao longo dos três anos de estudo, o grupo

em que foram aplicados vernizes fluoretados, em crianças com baixa prevalência de cárie no

baseline, apresentou menores índices CPO-D no decorrer do tempo de tratamento, indicando

uma melhor efetividade. Entretanto, em crianças com alta prevalência de cárie, houve uma

diferença pouco significativa entre os grupos de intervenção. E, ao comparar-se os grupos

controles em que foram aplicados os programas preventivos/educativos com os grupos de

intervenção de alta prevalência, praticamente nenhum benefício adicional foi verificado.

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Figura 3. CPO-D médio em função dos períodos nos grupos com alta e baixa prevalência de cárie. Os

desvios foram omitidos para permitir melhor visualização.

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6 DISCUSSÃO

Apesar dos avanços na área odontológica, a cárie dentária ainda é um problema de saúde

mundial que afeta muitas crianças. As superfícies oclusais dos molares permanentes constituem

as áreas mais afetadas por esse desequilíbrio, sendo oportuno o uso de métodos de prevenção à

cárie como a aplicação de vernizes fluoretados ou selantes oclusais ou outros métodos

preventivos como forma de dificultar o aparecimento da doença.

Em acordo com os achados do presente estudo, quando analisados os resultados obtidos

até os 36 meses de aplicação do cimento Vitremer, em que o índice CPO-D foi aumentando

proporcionalmente com o passar do tempo e inversamente proporcional à perda do cimento,

tanto em crianças de alta quanto baixa prevalência de cárie, estudos longitudinais de períodos

mais prolongados apresentam menores efeitos preventivos, devido a redução da retenção desses

materiais (Tikhonova, 2015).

Muitos fatores podem influenciar a retenção dos selantes de sulcos e fissuras dentárias,

tais como o material empregado, a posição dos dentes selados, o tempo de condicionamento

ácido (Delben et al, 2005), assim como o estágio de erupção dentária (Moreira et al, 2017).

Semelhante ao presente estudo, outros estudos, como Muller-Bolla et al. (2006) e Kumaran

(2013) comprovaram que o período mais crítico a falhas ocorre nos primeiros 6 meses logo

após a aplicação dos selantes. Quanto maior o período de acompanhamento, maior a confiança

sobre os resultados do estudo e, por isso, no presente estudo as crianças foram acompanhadas

durante 36 meses. Além disso, o período mais apropriado para o selamento ocorre logo após o

irrompimento do dente na cavidade bucal, pelo fato de que tais dentes ainda não sofreram a

maturação pós eruptiva, sendo mais suscetíveis ao ataque ácido nessa fase.

No presente estudo, o cimento Vitremer apresentou-se intacto em quase 60% dos casos

no grupo de alta prevalência e 75% no grupo das crianças de baixa prevalência de cárie. Nos

estudos de Kuhnisch et al. (2012), Ahovuo-Saloranta et al. (2013) e Unverdi et al. (2016) foram

verificados que 77% a 80% dos selantes a base de resina pemaneceram intactos em superficies

oclusais após 2 a 3 anos de estudos, concluindo que a retenção dos selantes é considerada um

dos critérios mais significativos para a efetividade desses materiais. Da mesma forma, Muller-

Bolla et al. (2006) em uma revisão sistemática afirma que a principal função do selante é mudar

a morfologia das fóssulas e fissuras dos dentes, por isso a retenção total do selante associado

ao tempo de permanência constitui a principal avaliação clínica desses materiais, sendo

considerado atualmente como o critério de efetividade na prevenção da cárie. Quando a

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retenção do selante é parcial ou totalmente afetada a progressão da lesão de cárie ocorre em

78% dos casos, por isso a importância de verificar a integridade do selante em casos de lesões

de cáries iniciais seladas (Abuchaim et al., 2011).

Contrariamente a esses resultados, Griffin et al.(2009), consideram que o risco de um

dente com perda parcial ou total de selante é menor ou igual ao de um dente que nunca fora

selado. O trabalho de Arrow & Riordan (1995), demonstra que para proteger contra a cárie não

é necesssário haver retenção total do selante. Mejare & Mjör (1990) observaram que partes

microscópicas dos selantes permanecem retidas nos sulcos e fissuras dentárias. Torppa-

Saarinen & Seppä (1990) também observaram microscopicamente que resquícios do selantes

de ionômero de vidro permanecem retidos nos sulcos, mantendo sua função preventiva devido

a constante liberação do fluoreto mesmo que clinicamente represente perda total.

A retenção do cimento Vitremer no estudo de Florio et al. (2001) foi de 66% ao longo

de 1 ano de acompanhamento. Entretanto, o trabalho de Pereira et al. (1999), a taxa de retenção

do cimento Vitremer foi ainda menor, 36%, ao longo de 1 ano de estudo. Quanto maior o ceod,

maior a falha dos selantes de fissuras (Bravo et al.,1996) e segundo Tickle et al. (2007), os

selantes não são eficazes em fóssulas e fissuras de crianças com alto risco à cárie.

Um ensaio clínico randomizado de boca dividida recentemente realizado de Muller

Bolla et al. (2016) selecionaram 276 crianças francesas de baixa renda entre 6 e 7 anos de idade

e os randomizou em dois grupos, um controle e o outro a aplicação de selantes em molares

permanentes. Ao final dos 3 anos de estudo a taxa de retenção encontrada foi de 32,3%, sendo

que a eficácia do selante foi considerada baixa.

A baixa resistência ao desgaste dos selantes pode levar a fratura ou perda da restauração

e também aumento da rugosidade e maior acúmulo de biofilme que pode resultar em

desenvolvimento de cárie (Abuchaim et al., 2011; Asefi et al., 2016), justificando os resultados

encontrados neste estudo, pois tanto os grupos de alta quanto baixa prevalência de cárie, em

que foram aplicados o cimento Vitremer apresentaram aumento do índice CPO-D.

Quanto à experiência de cárie, os grupos de maior prevalência de cárie apresentaram 9,8

vezes mais chance de desenvolver novas lesões quando comparados com os grupos de baixa

prevalência, em acordo com outros estudos semelhantes, como o de Baldini et al. (2011) em

que os grupos de alto risco à cárie apresentaram 8 vezes mais chances de desenvolver novas

lesões de cáries que os grupos de baixo risco, assim como o estudo de Cortellazzi (2010) em

que as crianças que apresentaram experiência de cárie no baseline apresentaram 10,6 vezes mais

chance de desenvolver cárie futuramente. Inúmeros estudos demonstram a influência de fatores

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socioeconômicos e comportamentais no desenvolvimento da cárie dentária, tanto em relação à

incidência quanto à prevalência de cárie (Rihs et al., 2005; Frias et al, 2007; Cortellazzi et al.,

2009; Cortellazzi, 2010; Coimbra et al, 2012). Esses resultados denotam a importância de se

classificar a população de acordo com o risco à cárie, basear-se nos determinantes sociais para

organizar o acesso a demanda reprimida a partir de critérios para priorização do atendimento,

classificar a população de acordo com o risco individual e de acordo com a atividade ou não da

doença. (Cortellazzi, 2010; Coimbra et al., 2012)

Ao comparar-se os grupos de intervenção, Duraphat e Vitremer, o índice CPO-D foi

numericamente menor no grupo de intervenção em que foi aplicado o verniz fluoretado

Duraphat, ao longo dos 3 anos de estudo, sendo considerado mais efetivo em crianças com

menor prevalência de cárie.

Diferentemente ao presente estudo, Florio et al. (2001), analisaram ao longo de 1 ano

de acompanhamento e reportaram não haver diferenças entre a aplicação de verniz fluoretado

Duraphat, que foi aplicado duas vezes ao ano e o selante de ionômero de vidro modificado por

resina Vitremer, que foi aplicado uma única vez, em crianças com alto risco à cárie.

Resultados semelhantes foram encontrados por Liu et al. (2012) que recrutaram 501

crianças com média de 9 anos de idade, para avaliar a eficácia de fluoretos tópicos na prevenção

de cáries oclusais, e ao final do estudo concluíram que todas as intervenções foram efetivas.

Neste estudo foram testados selantes a base de resina, verniz fluoretado a 5% aplicado

bianualmente, solução de fluoreto de diamina de prata a 38% e grupo controle, não

apresentando resultados significativamente diferentes entre as intervenções.

Entretanto, o estudo de Tagliaferro et al. (2011) concluiu, ao final de 2 anos de

acompanhamento, que a estratégia de aplicação de selantes ionoméricos modificados por resina,

acompanhado pela educação em saúde bucal foi considerada a melhor estratégia comparada à

aplicação bianual de verniz fluoretado Duraphat em crianças com alto risco à cárie. Duas

revisões sistemáticas também demonstraram que os selantes de fóssulas e fissuras são

significantemente superiores aos vernizes fluoretados na prevenção de cáries oclusais. No

entanto, deve-se levar em consideração a realidade local e individual (Hiiri et al., 2010;

Ahovuo-Saloranta et al., 2016).

Uma das limitações do presente estudo provavelmente foi a não reaplicação do cimento

à medida que este fosse perdido total ou parcialmente, baseado nas taxas de retenção

apresentadas no decorrer das avaliações. Outra medida que poderia otimizar o tempo de

trabalho evitando reaplicações seria a execução da técnica sob isolamento absoluto. De acordo

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com Condò et al (2013) tais medidas aumentam a eficácia e a longevidade do material a longo

prazo.

Apesar dos resultados alcançados com os controles em que foram aplicados os

programas educativos e preventivos não terem sido considerados satisfatórios, a técnica

utilizada foi considerada adequada, pois segundo Menegaz et al. (2018), o número de contatos

com a população alvo é fator preponderante no sucesso do tratamento, intervenções educativas

com no mínimo quatro encontros com o público-alvo apresentam maiores resultados positivos.

Além disso, os mesmos autores sugerem que os tipos de abordagens educativas sejam variadas,

incluam métodos associados, como sessões de vídeo, folhetos impressos, aconselhamento

verbal, acompanhados de práticas de escovação, tal como realizado no presente trabalho.

Entretanto, segundo Watt (2007) considera mais importante que os recursos e técnicas

utilizados, a qualidade das abordagens educativas, que devem ser personalizadas e de acordo

com a realidade social, cultural e comportamental da população assistida.

Além disso, abordagens educativas baseadas apenas na transmissão de informações têm

sido alvo de muitas críticas, uma vez que apenas transfere a responsabilidade para o outro,

produzindo pouco ou nenhum resultado benéfico. Ao ser avaliado o cuidado de higiene dentária

e consumo de sacarose por meio de perguntas autorreferidas, pode-se mascarar a realidade.

Devido à natureza da intervenção ser educativa, pode-se refletir o conhecimento adquirido e

não propriamente uma mudança de comportamento efetiva (Menegaz et al., 2018), que pode

ter sido a causa desses resultados não satisfatórios com os grupos controles.

Mais estudos de alta qualidade de evidências sobre a aplicação de vernizes fluoretados,

o uso de selantes oclusais e ações de educação em saúde são necessários para que os

profissionais possam instrumentar-se de técnicas e materiais eficientes baseados no risco

individual de cárie de forma que os recursos e o tempo de trabalho disponíveis sejam menos

dispendiosos possíveis.

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7 CONCLUSÃO

Por meio dos resultados obtidos é possível concluir que o verniz Duraphat apresentou

maior efetividade no controle à cárie oclusal quando comparado ao cimentos Vitremer em

crianças com baixa prevalência de cárie. Quando comparados os grupos de alta prevalência de

cárie nenhuma intervenção mostrou-se significantemente diferente. Portanto, nenhum dos

grupos de intervenção apresentou resultados adicionais sobre os programas preventivos em que

foram aplicados métodos preventivos e/ou educativos primários. Este estudo conclui que,

oferecendo a prevenção primária, os mesmos resultados poderiam ser oferecidos com custos

menores e menor tempo de trabalho.

Quanto à retenção do cimentoVitremer, pode-se verificar uma razoável taxa de retenção,

em torno de 28%, ao final deste estudo, tanto nos grupos de alta quanto baixa prevalência à

cárie.

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ANEXO 1

Faculdade de Odontologia de Piracicaba

Av. Limeira, 901 Caixa Postal 52 - Piracicaba - SP CEP 13414-903

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Escola: ___________________________________________________________________

Voluntário (aluno):_________________________________________________________

Série:________________________________________Turma: ______________________

Responsável(Pai/Mãe):_____________________________________RG:_______________

Endereço:________________________________________________Telefone:_________

O Senhor(a) e seu(a) filho(a) estão sendo convidados a participar de uma pesquisa, leia

atentamente este termo cujos objetivos são esclarecê-lo com relação à pesquisa que será

desenvolvida e obter sua autorização para participação.

As informações contidas neste termo foram fornecidas pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira,

Prof. Francisco Carlos Groppo, por Sabrina Hundertmarch Paz e Dióger dos Santos Paz, alunos

de pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, com o objetivo de

firmar acordo por escrito, mediante o qual o responsável pelo voluntário (aluno) autoriza sua

participação com pleno conhecimento da natureza dos procedimentos e riscos aos quais se

submeterá, com capacidade de livre arbítrio e sem qualquer coação. Uma cópia deste

consentimento informado será arquivada e outra será fornecida a você.

I. Título da Pesquisa - “EFETIVIDADE E ANÁLISE ECONÔMICA DE MÉTODOS

PREVENTIVOS À CÁRIE DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E

RANDOMIZADO”

II. Justificativa - Além de comprovar a efetividade de um determinado procedimento

odontológico na prevenção da cárie, sua avaliação econômica, isto é, a relação entre os custos

e os resultados obtidos é uma importante ferramenta para os administradores de saúde pública.

Além disso, há carência desse tipo de pesquisa no Brasil. Assim, este estudo irá verificar se a

aplicação de selante ou verniz fluoretado é custo-benéfico considerando o risco de cárie da

população.

RUBRICA: _____________

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III. Objetivo - Esta pesquisa realizará uma análise de custo-efetividade de selantes oclusais ou

vernizes fluoretados em crianças na faixa etária de 6 e 7 anos de idade, regularmente

matriculados em escolas públicas e residentes na cidade de São Borja-RS, de acordo com o

risco de cárie dental.

IV. Procedimentos realizados na pesquisa - Neste estudo, o voluntário será submetido ao

exame clínico, encaminhamento ao tratamento necessário, receberá educação em saúde bucal e

poderá ser tratado com os métodos preventivos testados: aplicação semestral de verniz

fluoretado ou aplicação de selante oclusal.

Além disso, será solicitado aos pais ou responsáveis o preenchimento de um questionário com

questões sobre saúde geral e bucal da criança e situação socioeconômica da família.

V. Desconfortos e Riscos - Os métodos utilizados para avaliação e os procedimentos

preventivos testados são atraumáticos, não invasivos e não acarretam dor ou desconforto ao

paciente. No entanto, os voluntários tratados com verniz fluoretado apresentarão

temporariamente coloração amarelada nos dentes, sendo eliminada durante a escovação

habitual. Não existem riscos para o voluntário, uma vez que o tratamento odontológico

restaurador será realizado utilizando as técnicas convencionais que se fizerem necessárias.

VI. Benefícios esperados - Neste estudo o voluntário passará por uma avaliação detalhada de

sua condição bucal, será orientado sobre saúde bucal e cuidados de higiene oral e receberá

encaminhamento para tratamento odontológico restaurador necessário. As orientações dadas ao

grupo controle negativo compreenderão escovações supervisionadas, palestras de orientações

de higiene oral como: formas de escovação, formas de pegar a escova, frequência de

escovações, quantidade de creme dental a ser usado, desgaste das cerdas da escova, formato da

cabeça da escova, para que serve o fio dental, forma de passar o fio dental, frequência de uso

do fio dental, alimentação saudável, quais alimentos apresentam mais riscos para desenvolver

cáries, quais alimentos ajudam na limpeza dos dentes, entre outras informações em saúde bucal.

Além disso, espera-se que os resultados deste estudo auxiliem na escolha da estratégia

preventiva ideal para populações semelhantes às do estudo e ajudem os administradores de

saúde pública no planejamento e alocação de recursos.

VII. Métodos alternativos - Não há métodos alternativos para obter as informações

necessárias.

VIII. Forma de acompanhamento e assistência – Os pesquisadores envolvidos na pesquisa

estarão à disposição dos voluntários para esclarecer as dúvidas relativas à realização da pesquisa

e para o acompanhamento devido. RUBRICA: _____________

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IX. Garantia de esclarecimentos - O voluntário tem garantia de que receberá resposta ou

esclarecimento de qualquer dúvida quanto aos procedimentos, riscos, benefícios e outros

assuntos relacionados à pesquisa ainda que isso possa afetar a vontade do indivíduo em

continuar participando. Qualquer dúvida ou problema, por favor, comunicar-nos com a maior

brevidade possível pelos telefones: (19)3412-5209 (Secretaria do Departamento de

Odontologia Social da Faculdade de Odontologia de Piracicaba) ou pelo endereço: Av. Limeira,

901 – CEP 13414-903 – Piracicaba-SP (FOP-UNICAMP), ou (55) 99662590- Sabrina H. Paz,

ou (55) 34311114- Dióger dos Santos Paz.

X. Possibilidade de inclusão em grupo Controle - Esta pesquisa inclui a possibilidade de que

o voluntário faça parte do grupo controle, isto é, o mesmo não será submetido aos

procedimentos preventivos testados: aplicação de selante oclusal ou verniz fluoretado. No

entanto, o encaminhamento ao tratamento restaurador necessário e a educação em saúde bucal,

visando educar e motivar o paciente para realização de uma adequada higiene oral e para a

necessidade de cuidar da saúde bucal para o controle da doença cárie serão oferecidos a todos

os voluntários, inclusive aos do grupo controle.

XI. Liberdade para se recusar em participar da pesquisa - A decisão de fazer parte desta

pesquisa é voluntária. O indivíduo pode escolher se quer ou não participar, assim como poderá

desistir de participar a qualquer momento, sem penalidades ou perda dos benefícios aos quais,

de outra forma, tenha direito.

XII. Garantia de sigilo - Os pesquisadores asseguram a privacidade do voluntário quanto aos

dados confidenciais envolvidos na pesquisa. Os resultados deste estudo poderão ser

apresentados em congressos ou publicados em revistas científicas, porém a identidade do

voluntário não será divulgada.

XIII. Formas de ressarcimento - Não há gastos previstos em decorrência da participação do

voluntário na pesquisa.

XIV - Formas de indenização - A pesquisa não inclui a possibilidade de indenização, pois não

há danos previsíveis decorrentes do estudo.

RUBRICA: _____________

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XV. Consentimento livre e esclarecido

Declaro que, tendo lido as informações contidas neste Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido e suficientemente esclarecido(a) de todos os itens pelos Prof. Dr. Antonio Carlos

Pereira, Prof Francisco Carlos Groppo e/ou pelos alunos de pós-graduação Sabrina

Hundertmarch Paz e Dióger dos Santos Paz estou plenamente de acordo com a realização da

pesquisa. Também declaro estar ciente de poder desistir de participar do estudo a qualquer

momento, sem quaisquer penalidades. Assim, autorizo a participação na pesquisa

“EFETIVIDADE E ANÁLISE ECONÔMICA DE MÉTODOS PREVENTIVOS À CÁRIE

DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO” e concordo

plenamente com a utilização de todos os registros obtidos para fins de ensino e pesquisa, além

da publicação em revistas científicas e/ou apresentação em congressos. Por ser verdade, firmo

o presente.

São Borja,_____de__________________20_____.

Nome:______________________________________________________________________

RG:_________________________________

ASSINATURA DO RESPONSÁVEL:__________________________________________

ASSINATURA DO PESQUISADOR: _________________________________________

ATENÇÃO: A SUA PARTICIPAÇÃO EM QUALQUER TIPO DE PESQUISA É

VOLUNTÁRIA. EM CASO DE DÚVIDA QUANTO AOS SEUS DIREITOS, ESCREVA

PARA O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA FOP-UNICAMP. Endereço: Av

Limeira, 901 - CEP/FOP, CEP 13414-903 - Piracicaba, SP.

Tele Fax: (0XX19) 2106-5349

E-mail:[email protected]

Website: www.fop.unicamp.br/cep/

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ANEXO 2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

QUESTIONÁRIO

Pesquisa: “EFETIVIDADE E ANÁLISE ECONÔMICA DE MÉTODOS PREVENTIVOS À

CÁRIE DENTÁRIA: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO E RANDOMIZADO”

Pesquisadores: Sabrina Hundertmarch Paz, Dióger dos Santos Paz, prof. Dr. Antonio Carlos

Pereira e Prof. Dr Francisco Carlos Groppo

Senhores pais ou responsáveis,

Solicitamos, por gentileza, PREENCHER o presente questionário que muito nos auxiliará no

desenvolvimento da mencionada pesquisa, antecipando-lhes que os dados coletados serão

tratados de forma estritamente confidencial.

NOME DA CRIANÇA: ___________________________________ Série: _________

Data de Nascimento: ________ / ________ / ________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Grupo Étnico: ( ) Amarelo ( ) Branco ( ) Indígena ( ) Negro ( ) Pardo

1. INFORMAÇÕES SOBRE SAÚDE GERAL:

A. A criança tem algum problema de saúde? ( ) Não ( ) Sim, tem______________________

B. A criança usa algum medicamento, todos os dias?

( )Não ( ) Sim, usa _____________________

C. A criança tem alergia a alguma coisa?

( ) Não ( ) Sim, tem alergia a ___________________

D. Gostaria de fazer alguma observação sobre a criança?

( )Não

( )Sim, gostaria de informar que___________________________________________

2. INFORMAÇÕES SOBRE GESTAÇÃO E NASCIMENTO:

A. Mãe realizou pré-natal: ( ) Não ( ) Sim

Se sim, onde? ( ) SUS ( ) Convênio Médico ( ) Particular

B. Tempo de gestação: __________ semanas

C. Tipo de parto: ( ) Normal ( ) Normal com fórceps ( ) Cesariana

D. Teve informações sobre amamentação: ( ) Não ( ) Sim

Se sim, onde? ( ) Pré-Natal ( ) Hospital ( ) Familiares

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E. A criança mamou somente no peito, sem complementação com mamadeiras ou outros

alimentos?

( ) Não mamou no peito. Qual o motivo?______________________________________

( )Sim, mamou até os ____ meses. Depois dessa idade por que parou de

mamar?_________________________________________________________________

3. HÁBITOS:

A. USA MAMADEIRA:

( ) Não ( ) Sim Se sim, faz quanto tempo? ______________________

* Com bico: ( ) Ortodôntico ( ) Não-Ortodôntico ( ) Qualquer um ( ) Não sei

* O furo é: ( ) Grande ( ) O que vem no bico ao comprar ( ) Conforme o alimento colocado,

tem um bico especial

* Parou de usar mamadeira com: ______________ meses

B. FAZ SUCÇÃO:

* Chupeta: ( ) Não ( ) Sim Se sim, desde ______ meses

* Dedos: ( ) Não ( ) Sim Se sim, desde ______meses

* Usa chupeta: ( ) Ortodôntica ( ) Não Ortodôntica ( ) Qualquer uma

( ) Não sei ( ) Não usa chupeta

* Parou de chupar chupeta ou o dedo com: __________ meses

C. ROE UNHAS: ( ) Não ( ) Sim

4. RESPIRAÇÃO:

A criança fica durante o dia com a boca aberta ? ( ) Não ( ) Sim

A criança dorme com a boca aberta? ( ) Não ( ) Sim

A criança ronca à noite? ( ) Não ( ) Sim

Baba no travesseiro? ( ) Não ( ) Sim

Já foi consultada por um médico Otorrino (especialista em nariz)? ( ) Não ( ) Sim

Tomou algum medicamento para melhorar a respiração? ( ) Não ( ) Sim

Já realizou algum tratamento com Fonoaudióloga(o) ? ( ) Não ( ) Sim

5. DADOS ADICIONAIS:

A criança mora em São Borja desde que nasceu? ( ) Não ( ) Sim

Veio para São Borja com ______anos

A criança já foi ao dentista alguma vez? ( ) Não ( ) Sim

A criança utiliza creme dental durante a escovação? ( ) Não ( ) Sim

Toma água: ( ) da Rua ( ) Comprada de galão ( ) Bica ( ) Poço ( ) Poço Artesiano ( ) Outros

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6. SITUAÇÃO ECONÔMICA DA FAMÍLIA (Renda familiar mensal)

A. ( ) Até R$ 678,00 B. ( ) De R$ 678,00 a R$ 1355,00

C. ( ) De R$ 1356,00 a R$ 2033,00 D. ( ) De R$ 2034,00 a R$ 2711,00

E. ( ) De R$ 2712,00 a R$ 3389,00 F. ( ) De R$ 3390,00 a R$ 4067,00

G. ( ) Acima de R$ 4068,00

7. NÚMERO DE PESSOAS NA FAMÍLIA ( Residentes na mesma casa)

A ( ) Até 2 Pessoas B ( ) 3 Pessoas C ( ) 4 Pessoas

D ( ) 5 Pessoas E ( ) 6 Pessoas F ( ) Acima 6 Pessoas

8. GRAU DE INSTRUÇÃO DO PAI OU RESPONSÁVEL

Pai Mãe

A ( ) ( ) NÃO ALFABETIZADO

B. ( ) ( ) ALFABETIZADO

C. ( ) ( ) 1ª e 4ª série incompleto (antigo primário)

D. ( ) ( ) 1ª e 4ª série completo (antigo primário)

E. ( ) ( ) 5ª e 8ª série incompleto (antigo ginasial)

F. ( ) ( ) 5ª e 8ª série completo (antigo ginasial)

G. ( ) ( ) 2º grau incompleto (antigo colegial)

H. ( ) ( ) 2º grau completo (antigo colegial)

I. ( ) ( ) Superior incompleto

J. ( ) ( ) Superior completo

9. HABITAÇÃO (Moradia)

A. ( ) Residência própria quitada D. ( ) Residência cedida em troca de trabalho

B. ( ) Residência própria com financiamento a pagar E. ( ) Residência alugada

C. ( ) Residência cedida pelos pais ou parentes F. ( ) Residência cedida por não ter onde morar

10. POSSE DE AUTOMÓVEL: ( ) Não possui ( ) Possui 1 automóvel ( ) Possui 2 ou mais

automóveis

11. PROFISSÃO DO CHEFE DA FAMÍLIA (Mencionar mesmo que desempregado)

_________________________________________________

Agradecemos a colaboração.

Sabrina Hundertmarch Paz, Dióger dos Santos Paz, Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira e Prof.

Dr Francisco Carlos Groppo

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ANEXO 3