Eficiência da firma: compatibilização das visões da economia e da ...
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA
PROGRAMA MULTI-INSTITUCIONAL E INTER-REGIONAL DE PS-
GRADUAO EM CINCIAS CONTBEIS UNB/UFPB/UFRN
Doutorado em Cincias Contbeis
JOS ANTONIO DE FRANA
EFICINCIA DA FIRMA
Compatibilizao das vises da Economia e da Contabilidade
BRASLIA, DF
2012
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JOS ANTONIO DE FRANA
EFICINCIA DA FIRMA
Compatibilizao das vises da Economia e da Contabilidade
Tese submetida apreciao da bancaexaminadora do Programa Multi-institucional e Inter-regional de Ps-Graduao em Cincias Contbeis daUniversidade de Braslia, UniversidadeFederal da Paraba e Universidade Federaldo Rio Grande do Norte, como requisitoparcial obteno do ttulo de Doutor emCincias Contbeis.
Grupo de pesquisa: Controladoria
Linha de Pesquisa: Contabilidade eMercado Financeiro
Orientador: Prof. Dr. Paulo RobertoBarbosa Lustosa
BRASLIA, DF
2012
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Diviso de Servios TcnicosCatalogao da Publicao na Fonte. UnB / Biblioteca Central
D278e De Frana, Jos Antonio
Eficincia da Firma: Compatilizao das Vises da Economia e da Contabilidade/ Jos Antonio de Frana. Braslia, DF, 2012.
126. il.:
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Barbosa Lustosa
Tese (Doutorado) Universidade de Braslia, Universidade Federal da Paraba eUniversidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Ps-Graduao em Cincias Contbeis.
1. Lucro e Alavancagem Operacional 2. Eficincia Econmica e AlavancagemOperacional 3. Lucro nas vises da Economia e da Contabilidade 4. Deciso deInvestir 5. Maximizao do uso da Capacidade Instalada I. Ttulo.
UnB/UFPB/UFRN/BC CDU 657.5(043)
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JOS ANTONIO DE FRANA
EFICINCIA DA FIRMACompatibilizao das vises da Economia e da Contabilidade
Tese submetida apreciao da bancaexaminadora do Programa Multi-institucionale Inter-regional de Ps-Graduao emCincias Contbeis da Universidade deBraslia, Universidade Federal da Paraba eUniversidade Federal do Rio Grande do Norte,como requisito parcial obteno do ttulo deDoutor em Cincias Contbeis.
Grupo de pesquisa: Controladoria
Linha de Pesquisa: Contabilidade e MercadoFinanceiro
APROVADA em 14 de maro de 2012.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. VERA MARIA RODRIGUES PONTESUniversidade Federal do Cear
Examinador Externo
Prof. Dr. MIGUEL JUAN BACICUniversidade Estadual de Campinas
Examinador Externo
Prof. PAULO CESAR COUTINHO, PhDUniversidade de Braslia
Examinador Externo
Prof. Dr. JORGE KATSUMI NIYAMAUniversidade de Braslia
Examinador Interno
Prof. Dr. PAULO ROBERTO BARBOSA LUSTOSAUniversidade de Braslia
Orientador
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Reitor da Universidade de Braslia - UnB
Prof. Dr. Jos Geraldo de Sousa Jnior
Vice-Reitor da Universidade de Braslia - UnB
Prof. Dr. Joo Batista de Sousa
Decano de Pesquisa e Ps-Graduao - UnB
Prof. Dra. Denise Bomtempo Birche de Carvalho
Diretor da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade FACE/UnB
Prof. Dr. Toms de Aquino Guimares
Vice-Diretor da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade FACE/UnB
Prof. Dr. Jorge Katsumi Niyama
Chefe do Departamento de Cincias Contbeis e Atuariais CCA/UnB
Prof. Ms. Wagner Rodrigues dos Santos
Coordenador-Geral do Programa Multi-institucional e Inter-regional de Ps-Graduao
em Cincias Contbeis da UnB, UFPB e UFRN
Prof. Dra. Ftima de Souza Freire
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AGRADECIMENTOS
Ao iniciar o projeto de doutoramento havia um cenrio de planos, euforia e confiana. No
decorrer do projeto, os planos e a euforia pareciam dar lugar s dvidas, mas a confiana,
focada no objetivo final de obteno da lurea, mantinha-se firme na determinao de vencer
os obstculos que surgiam. Contudo, essa confiana, embora firme e determinada, precisava
de apoio e sustentao para se manter vigorosa e no ceder aos assdios do desestmulo que
por vezes pairavam na inconscincia hesitante. Ento, este binmio, apoio e sustentao,
transformou-se em fora, pelas razes positivas que habita em tudo em que acredito. Assim,
neste contexto, apresento minha gratido e rendo minhas sinceras homenagens quele que
tudo pode, que me conduz, ao meu DEUS; aos meus pais (em memria); minha famlia,
filhos e esposa; a todos os Professores do Programa de Ps-graduao; ao Departamento de
Cincias Contbeis e Atuariais da UnB e aos Departamentos de Contabilidade da UFRN e
UFPB; aos funcionrios de apoio do Programa de Ps-Graduao das trs Universidades; aos
Coordenadores e Coordenadores Adjuntos do Programa de Ps-Graduao; a todos os meus
colegas de primeira turma de doutorandos do Programa de Ps-Graduao; a todos os
membros das bancas examinadoras da qualificao e da defesa final, pela dedicao e
contribuies que fizeram para o enriquecimento desta pesquisa. Por fim, de propsito, deixo
por derradeiro dois agradecimentos: um ao Professor Doutor Jorge Katsumi Niyama, pelo
empenho e trabalho incansveis na instituio e manuteno do Programa de Ps-Graduao
em Cincias Contbeis; e, por ltimo, em especial, alm do meu reconhecimento pela
competncia, pacincia e parceria, quero expressar que, sem o apoio e incentivo do meu
orientador, Professor Doutor Paulo Roberto Barbosa Lustosa, os planos, a euforia e a
confiana que ora se concretizam, teriam sido pavimentados por um caminho mais rduo e
mais espinhoso. Concluindo, quero me desculpar com todos aqueles que, por limitaes de
minha memria, eu no tenha ainda manifestado meus agradecimentos pelas contribuies
diretamente e ou indiretamente recebidas. Obrigado a todos e por tudo!
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RESUMO
Esta pesquisa aborda o relacionamento da Alavancagem Operacional, com controle das
receitas de vendas, no contexto da Contabilidade, com a Eficincia Econmica, no contexto
da Economia. Nesses dois contextos a pesquisa tem por objetivo desenvolver analiticamente e
testar empiricamente um mtodo que relacione as vises da Economia e da Contabilidade
sobre a Eficincia Econmica da firma, sob diferentes nveis de produo, representados por
faixas de variao das receitas de vendas, no mbito do mercado concorrencial ou
perfeitamente competitivo, por meio do Grau de Alavancagem Operacional (GAO). A
concepo metodolgica positivista e est sustentada em modelos de regresso linear
multivariados, elaborados para testar as hipteses da pesquisa no sentido de obter evidncias
do ponto de convergncia das vises da Economia e da Contabilidade sobre a eficincia
econmica e desempenho da firma. Para obteno das evidncias empricas, o segmento
amostral eleito o das empresas manufatureiras, no perodo de 1996 a 2008, utilizando-se os
dados das demonstraes contbeis, que, de forma geral, incorporam prticas e polticas
contbeis ainda no completamente comparveis, refletidas nos dados das 130 firmas da
amostra final. Os dados foram organizados em forma matricial, utilizando painel, sob efeitos
aleatrios, conforme indicao do teste de Hausman. Os fundamentos tericos da pesquisa
mostram que h um ponto em que a curva descendente do GAO tangencia a curva ascendente
do lucro e, nesse ponto de tangncia, ambas as curvas invertem suas tendncias monotnicas,
sinalizando que, tanto a eficincia econmica quanto o timo desempenho da firma so
capturados pelo GAO e que esse ponto de tangncia corresponde ao equilbrio entre o Custo
Marginal e a Receita Marginal. Os resultados empricos indicam, em geral, que: (i) firmas
com alavancagem operacional em torno de 2 mostram estar em pleno uso da capacidade
instalada; (ii) firmas com alavancagem operacional entre 1 e 4, e com variao trimestral
positiva da receita lquida de vendas tm o seu desempenho econmico confirmado
favoravelmente pelo mercado; (iii) firmas com alavancagem operacional entre 4 e 8, e
variaes trimestrais positiva ou negativa da receita liquida de vendas, no apresentaram
resposta significativa do mercado quanto ao seu desempenho; e (iv) firmas com alavacangem
operacional maior que 8, sob qualquer variao trimestral das vendas, tambm no
apresentaram resposta significativa do mercado quanto ao seu desempenho.
Palavras-chave: Eficincia Econmica. Desempenhos Econmico e Contbil. Alavancagem
Operacional.
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ABSTRACT
This research discusses the relationship of Operating Leverage, with sales revenue control in
the context of accounting, with Economic Efficiency context. In these two contexts this
research aims to develop analytically and empirically test a method that relates the views of
the economy and of the Accounting considering the economic efficiency of the firm under
different production levels, represented by sales revenue variation within the competitive
market, through the degree of Operating Leverage (GAO). The methodological design is
positivistic and is based on linear regression multivariate models, generated to test the
research hypotheses in order to obtain evidence from the point of convergence of the views of
the economy and Accounting on economic efficiency and performance of the firm. To obtain
the empirical evidence, the sample segment selected is of the manufacturing companies from
the period between 1996 and 2008, using the data of the financial statements which generally
incorporate accounting policies and practices not yet fully comparable but reflected on the
data from the 130 firms considered in the final sample. The data were organized in matrix
form using the panel under random effects, as indicated in the Hausman test. The theoretical
foundations of the research show that there is a point at which the downward slope of GAO
touches the upward slope of profit and, at that point of tangency, both curves reverse their
monotone tendencies, signaling that both economic efficiency and the excellent performance
of the firm are captured by GAO. Also, that this point of tangency is the balance between the
Marginal Cost and the Marginal Revenue. The empirical results indicate in general that: (i)
firms with operating leverage around 2 prove to be in full use of their installed capacity; (ii)
firms with operating leverage between 1 and 4, and with positive quarterly variation of net
sales revenues have their economic performance positively confirmed by the market; (iii)
firms with operating leverage between 4 and 8, and quarterly variations of positive or negative
sales revenues did not show significant response from the market about their performance;
and (iv) firms with operating leverage greater than 8, under any quarterly variation in sales,
did not provide any significant response from the market in relation to their performance as
well.
Keywords: Economic Efficiency. Accounting and Economic Performances. Operating
Leverage.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ponto de Equilbrio Operacional da Contabilidade (lucro igual a zero)..................37
Figura 2 - Ponto de equilbrio Marginal da Economia (Lucro igual a zero) ............................38
Figura 3 - Curvas GAO e do EBIT (Lucro) da firma E2 (Aos Vill) do 2 3 e 4 trimestres de2001 no Curto Prazo ................................................................................................47
Figura 4 - Curvas GAO e do EBIT (Lucro) da firma E86 (Petrobrs) do T100 ao T408 noLongo Prazo .............................................................................................................48
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Fronteira das possibilidades de produo ..............................................................20
Grfico 2 - Diagrama isoquanta ...............................................................................................30
Grfico 3 - Evoluo da capacidade instalada (custos fixos) para diferentes nveis de produo...............................................................................................................................39
Grfico 4 - Representao em Sistema de Eixos Cartesianos da Equao GAO = 1 + F/, querelaciona o Grau de Alavancagem Operacional (GAO) com o Custo Fixo (F) ecom o Lucro Contbil () ......................................................................................65
Grfico 5 Relao entre Receita e Custo Marginal: Eficincia Operacional da Firma(demanda perfeitamente elstica) ..........................................................................67
Grfico 6 GAO correspondente Maximizao do Lucro em Mercados PerfeitamenteCompetitivos..........................................................................................................69
Grfico 7 Compatibilizao entre as Vises Contbil e Econmica de EficinciaOperacional em Mercados Perfeitamente Competitivos: Quando o Lucro igualao Custo Fixo, o GAO igual a 2 ou estiver nas proximidades de 2 ....................70
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Segregao dos nveis de GAO e de variao da receita lquida de vendas, por
faixa de variao, por meio de variveis binrias (dummies) ................................62
Quadro 2 - Combinao dos nveis de GAO com os nveis de variao da receita lquida de
vendas, por faixa de variao, por meio das Variveis de Interao para todo GAO
maior que 1 ............................................................................................................62
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Evoluo GAO, 1. derivada, 2. derivada e ngulo da 1. derivada, para diferentesvalores do lucro, .................................................................................................71
Tabela 2 - Faixas de variao quantitativa de GAO e de RLV por trimestre de 2000 a 2008...............................................................................................................................74
Tabela 3 - Estatsticas descritivas Amostra total ...................................................................76
Tabela 4 - Estatsticas descritivas Amostra desagregada por faixas de GAO e receita lquida...............................................................................................................................78
Tabela 5 - Estatstica descritiva das variveis de desempenho para o 1 8.....................82
Tabela 8 - Matriz de Correlao de Pearson da amostra total e segregada por faixa de variaodo GAO..................................................................................................................84
Tabela 9 - Resultado do Teste dos Efeitos Combinados de Hausman .....................................87
Tabela 10 - Resultado do Teste de Estacionariedade em nvel e em 1 Diferena...................88
Tabela 11 - Indicadores de correlao no espria...................................................................89
Tabela 12 - Comparao entre os coeficientes e parmetros de sada dos modelos de efeitos daregresso ................................................................................................................90
Tabela 13 - Resultado do teste de associao R x GAO para toda amostra - Efeitos aleatriostransversais ............................................................................................................91
Tabela 14 - Sinais Esperados e Observados dos Coeficientes das Variveis Independentes...98
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SUMRIO
1 INTRODUO .........................................................................................................14
1.1 CONTEXTUALIZAO...........................................................................................14
1.2 QUESTO DA PESQUISA .......................................................................................17
1.3 HIPTESE DA PESQUISA .......................................................................................18
1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA DA PESQUISA...............................................19
1.5 OBJETIVOS................................................................................................................22
1.5.1 Objetivo Geral ...........................................................................................................22
1.5.2 Objetivos Especficos.................................................................................................22
1.6 DELIMITAO E LIMITAES DA PESQUISA..................................................22
2 DISCUSSO TERICA E ESTUDOS ANTECEDENTES .................................25
2.1 CONTEXTUALIZAO...........................................................................................25
2.1.1 Vises positivas e normativas da Economia e da Contabilidade...........................28
2.2 ABORDAGENS RELATIVAS EFICINCIA .......................................................29
2.3 ABORDAGENS RELATIVAS ALAVANCAGEM E DESEMPENHO...............32
2.3.1 Lucro na viso da Contabilidade .............................................................................32
2.3.2 Lucro na viso da Economia ....................................................................................35
2.3.3 Alavancagem e desempenho nas vises da Economia e da Contabilidade...........36
2.3.3.1 Discusso terica.........................................................................................................36
2.3.3.2 Estudos empricos........................................................................................................43
2.4 CONCLUSO DA DISCUSSO TERICA E ESTUDOS ANTECEDENTES......46
3 METODOLOGIA DA PESQUISA..........................................................................49
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA.....................................................................................49
3.2 SELEO DA AMOSTRA........................................................................................50
3.3 MTODO DE PESQUISA .........................................................................................51
3.3.1 Modelo terico ...........................................................................................................52
3.3.2 Modelo emprico para as variveis primrias ........................................................52
3.3.2.1 Custo Varivel Unitrio (CVu) ...................................................................................53
3.3.2.2 Custo Varivel Total (CVT)........................................................................................54
3.3.2.3 Custo Fixo Total (CFT)...............................................................................................54
3.3.2.4 Clculo do Lucro (EBIT) ............................................................................................54
3.3.2.5 Clculo do GAO..........................................................................................................55
3.3.2.6 Clculo do Retorno da Ao (R) .................................................................................55
3.3.2.7 Clculo da Variao da Receita Lquida de Vendas (RLV) .....................................55
3.3.2.8 Rotao do Ativo Operacional ou Receita Total (RT) ................................................56
3.3.2.9 Retorno sobre Ativo Operacional (RSA) ....................................................................56
3.3.3 Tratamento dos dados para alimentao do modelo de teste das hipteses dapesquisa e demais estatsticas ...................................................................................56
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3.4 TCNICAS DE PESQUISA.......................................................................................58
3.4.1 Resumo das Variveis da Pesquisa ..........................................................................58
3.5 HIPTESES OPERACIONAIS .................................................................................59
3.6 ORGANIZAO DOS DADOS EM PAINEL..........................................................60
3.6.1 Utilizao dos softwares estatsticos e clculo das variveis de interao ............61
3.7 GRAU TIMO DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL........................................63
3.7.1 Fundamentos Tericos do GAO...............................................................................63
3.7.2 Em Busca do Grau timo de Alavancagem Operacional .....................................67
4 APURACAO E ANLISE DOS RESULTADOS ..................................................73
4.1 APURAO DO CUSTO VARIVEL DE PRODUO .......................................73
4.2 EXPLORANDO OS DADOS.....................................................................................73
4.2.1 Distribuio quantitativa do GAO e da RLV.......................................................73
4.2.2 Estatsticas Descritivas..............................................................................................75
4.3 MATRIZ DE CORRELAO DAS PRINCIPAIS VARIVEIS.............................84
4.4 TESTES ESTATSTICOS ..........................................................................................86
4.4.1 Teste de Seleo dos Efeitos do Painel.....................................................................86
4.4.2 Teste de Raiz Unitria...............................................................................................87
4.4.3 Estimao do Modelo de componentes de erros .....................................................88
4.4.3.1 Associao do Retorno (R) com o GAO sem Controle da Receita.............................92
4.4.3.2 Associao de (R) com (VI1) para 1 < GAO 4 combinado com RLV 0..........92
4.4.3.3 Associao de (R) com (VI2) para 1 < GAO 4 combinado com 0 < RLV 0,15 93
4.4.3.4 Associao de (R) com (VI3) para 1 < GAO 4 e RLV > 0,15 ...........................94
4.4.3.5 Associao de (R) com (VI4) para 4 < GAO 8 combinado com RLV 0 ..........94
4.4.3.6 Associao de (R) com (VI5) para 4 < GAO 8 combinado com 0 < RLV 0,15 95
4.4.3.7 Associao de (R) com (VI6) para 4 < GAO 8 combinado com RLV 0,15.....95
4.4.3.8 Associao de (R) com (VI7) para GAO > 8 combinado com RLV 0................96
4.4.3.9 Associao de (R) com (VI8) para GAO>8 combinado com 0 8 combinado com RLV > 0,15...........97
4.4.4 Confirmao da Expectativa dos Sinais ..................................................................97
4.5 ANLISE DAS HIPTESES OPERACIONAIS DA PESQUISA............................98
5 CONSIDERAES FINAIS..................................................................................102
REFERNCIAS ....................................................................................................................106
APNDICE A Tabela AP1: Firmas do Segmento de Manufaturas Componentes daAmostra ....................................................................................................................110
APNDICE B Tabela AP2: Identificao das Firmas da Amostra Final .....................113
APNDICE C Tabela AT1: Teste de Hausman para Seleo dos Efeitos dos Dados emPainel da Amostra Final das 130 Firmas de 2000 a 2008 ....................................115
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APNDICE D Tabela AT2: Teste de Associao do Retorno com o Gao Controladopor Faixa de Variao da Receita Liquida de Vendas da Amostra Final de 2000a 2008 com Efeitos Fixos .........................................................................................117
APNDICE E Tabela AT3: Teste de Associao do Retorno com o Gao Controladopor Faixa de Variao da Receita Liquida de Vendas da Amostra Final de 2000a 2008 com Efeitos Aleatrios.................................................................................121
APNDICE F Tabela AT4: Teste de Associao do Retorno com o Gao Controladopor Faixa de Variao da Receita Liquida de Vendas da Amostra Final de 2000a 2008 com Efeitos Aleatrios Transversais..........................................................123
APNDICE G Tabela AT5: Variveis relacionadas com o desempenho e eficincia dafirma .........................................................................................................................126
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14
1 INTRODUO
1.1 CONTEXTUALIZAO
Esta pesquisa aborda o relacionamento da Alavancagem Operacional, com controle das
receitas de vendas, no contexto da Contabilidade, com a Eficincia Econmica, no contexto
da Economia. O estudo da Alavancagem Operacional investiga um ponto que possa sugerir
que a firma faz o melhor uso de sua capacidade instalada, tendendo a atingir o melhor
desempenho a um determinado nvel timo de produo, enquanto o controle de vendas
mostra a segregao da receita lquida de vendas por faixa de variao. O estudo da Eficincia
Econmica mostra que em determinado nvel de produo, a firma eficiente ao mximo, em
termos unitrios, no ponto em que a curva de Custo Total Mdio atinge seu mnimo, e em
termos totais no ponto em que o Custo Marginal (CMg) igual Receita Marginal (RMg). A
associao desses dois estudos contempla, simultaneamente, o comportamento descendente
do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) e o ascendente do Lucro1, cuja inverso de
tendncia se d no ponto de inflexo da curva do Lucro Total, e no ponto de inflexo da curva
do GAO que corresponde ao equilbrio entre o Custo Marginal e a Receita Marginal quando a
razo entre ambos igual a 1.
O cenrio eleito para a efetivao deste estudo o mercado concorrencial ou perfeitamente
competitivo, em que haja estabilidades poltica e econmica, o que vem ocorrendo no Brasil a
partir da dcada de 1990, permitindo planejamento de longo prazo e possibilitando a expanso
da indstria em segmentos diversificados. neste cenrio de estabilidade que a pesquisa
investiga o indicador de eficincia econmica da firma no segmento de manufatura
abrangendo o perodo de 1996 a 2008.
Embora o modelo de mercado perfeitamente competitivo, ilustrado na teoria econmica, seja
uma abstrao terica que pode no ser plenamente verificado na realidade, seus pressupostos
so aplicveis e adotados como premissa em vrios modelos prticos da teoria de finanas,
sendo exemplos o CAPM Capital Asset Pricing Model e o APT Arbitrage Pricing Theory
(WATTS; ZIMMERMAN, 1986).
Para estudar a eficincia econmica da firma, a pesquisa est inserida na linha de pesquisa em
contabilidade e mercado financeiro do grupo de pesquisa em controladoria. Segue a linha do
1 Lucro Antes do Resultado Financeiro e Tributos Diretos (EBIT).
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15
positivismo lgico e explora as abordagens positiva e normativa da Economia e da
Contabilidade, focada na eficincia do uso dos recursos produtivos. Procura identificar a
maximizao do uso da capacidade instalada, que implica na reduo de capacidade ociosa. A
capacidade instalada est relacionada com o volume de investimentos alocados na planta de
produo, incluindo instalaes, equipamentos, tecnologia e capacidade de gerenciamento,
dimensionada para um determinado volume de produo, em um intervalo de tempo,
enquanto que a capacidade ociosa representada por parte da planta de produo e demais
investimentos no utilizados plenamente.
A maximizao do uso da capacidade instalada deve proporcionar, em um ponto de mximo,
maior benefcio ou maior lucratividade no contexto abrangente do Custo-Volume-Lucro e, em
determinado intervalo de produo, sugerir a compatibilizao das vises da economia e da
contabilidade sobre eficincia econmica e desempenho da firma.
Como indicador de desempenho, o GAO absorve o impacto das polticas e dos modelos
contbeis de reconhecimento de ativos, passivos, despesas e receitas, e apresenta, nas vises
da Contabilidade e da Economia, mensurao distinta, principalmente, em funo de custos
implcitos que a Contabilidade no reconhece. Os modelos contbeis de reconhecimento de
custos esto sustentados nos custos explcitos, enquanto que os modelos econmicos
abrangem tanto os custos implcitos quanto os explcitos, e provocam divergncia conceitual e
quantitativa do lucro. Essas divergncias tambm impactam a viso de eficincia da firma,
pois para a Contabilidade a eficincia sinalizaria a obteno de lucro total mximo enquanto
que para a Economia a eficincia seria obtida quando o lucro marginal se iguala a zero.
Na viso da Contabilidade esperado que o GAO seja maior do que 1, e que, em determinado
grau sinalize o ponto de eficincia econmica mxima da firma. Nessa viso no se admite
GAO menor do que 1 ou igual a 1. O GAO menor do que 1 implicaria gerao negativa de
lucro, como conseqncia de capacidade ociosa ou de volume de vendas inferior s despesas
totais. O GAO igual a 1 sinalizaria que o lucro da firma infinito, tanto pelo lado positivo
quanto pelo lado negativo, que contradiz conceitualmente a capacidade instalada que
dimensionada para um volume fixo de produo. Na viso da Economia espera-se que haja
eficincia, em termos unidade produzida, no ponto em que a relao entre o Custo Total
Mdio (CTMe) e o Custo Marginal (CMg) seja igual a 1 (CTMe/CMg = 1) e em termos totais
no ponto em que a relao entre o Custo Marginal e a Receita Marginal seja igual a 1
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16
(CMg/RMg = 1). Outra divergncia conceitual entre as vises da Contabilidade e da
Economia est ancorada na operacionalizao do modelo de mensurao dos custos. Na
Contabilidade os custos computados na precificao do GAO so os que transitam pelo
resultado, compreendidos entre o incio e o trmino do exerccio, no sendo calculados os
custos dos estoques ainda no vendidos, enquanto que na Economia os custos so os relativos
ao total da produo.
Fatores que contribuem para o comportamento da alavancagem operacional, na viso da
economia, como conhecimento difuso, so a elasticidade-preo da demanda e a elasticidade-
preo da oferta. O deslocamento da curva da oferta para esquerda e para cima (reduo da
oferta) provoca aumento no GAO pela reduo do lucro, enquanto que o deslocamento da
curva da demanda para a direita e para cima (aumento da demanda) provoca reduo do GAO
pelo aumento do lucro. Mas esses movimentos podem no ser perceptveis na economia
concorrencial em funo de a curva da demanda ter comportamento linear horizontalizado.
A concepo metodolgica utilizada na pesquisa contempla uma viso positivista,
combinando modelos de regresso linear e aproximaes do clculo diferencial, como est
mostrado na seo 3. Assim, so testadas as hiptese de pesquisa para a obteno de
evidncias do ponto de convergncia das vises da Economia e da Contabilidade sobre a
Eficincia e Desempenho da Firma, como mostrado na seo 4.
A estrutura da pesquisa composta pela introduo; a discusso terica e os estudos
antecedentes sero tratados na seo 2; a metodologia da pesquisa ser tratada na seo 3; a
apurao e a anlise dos dados sero tratadas na seo 4; as consideraes finais sero
abordadas na seo 5; finaliza-se com as referncias.
Por fim, a motivao da pesquisa conjugada com seu objetivo est centrada na perspectiva de
obter uma resposta que possa sinalizar o nvel timo de utilizao da capacidade produtiva,
pela maximizao do lucro e melhor desempenho, sustentados em uma amostra no
probabilstica de firmas do segmento de manufatura, estratificada por faixa de GAO e de
variao da Receita Lquida de Vendas (RLV). A amostra no probabilstica parte da
populao de firmas de vrios segmentos tratada no repositrio da Economtica e a
perspectiva de resultado que sinalize a eficincia econmica o que se busca para responder a
inquietao inserida na questo de pesquisa.
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1.2 QUESTO DA PESQUISA
A exigncia dos consumidores pela excelncia de produtos, em ambiente competitivo, impe
firma constante busca de expertise para produzir com menor custo e maximizar a eficincia
dos recursos de produo para obteno do maior lucro.
Pela teoria econmica a firma eficiente no uso da capacidade instalada at que a quantidade
produzida seja tal que o Custo Marginal se iguale ao Preo, deixando de s-lo quando essa
premissa for violada. Assim, a firma deixa de ser eficiente a partir do ponto de interseco das
curvas de Custo Marginal e preo, em funo da inclinao positiva da curva do Custo Total
Mdio e da inclinao negativa da curva do lucro total, sendo a inclinao da curva do Custo
Marginal consequncia da elevao do Custo Varivel.
Essa teoria econmica, em termos fticos, encontra dificuldade de ser pontualmente
identificada, em funo da abstrao que norteia o raciocnio lgico. Por outro lado, a
contabilidade, no contexto da alavancagem operacional, em termos prticos, pode sugerir que
quando o Custo Marginal tender Receita Marginal pode haver compatibilidade das vises da
Contabilidade e da Economia e, em consequncia, identificar a Eficincia Econmica da
Firma. Essa eficincia pode ser traduzida pelo melhor uso da capacidade instalada e, neste
sentido, a pesquisa investiga a relao entre Eficincia Econmica da firma e Grau de
Alavancagem Operacional sob o controle da receita de vendas estveis. Vendas estveis so
as receitas de vendas controladas por meio de intervalos percentuais de variao das receitas
lquidas de vendas a preos de capacidade aquisitiva constante. Assim, a questo que a
pesquisa se prope a investigar :
Sob vendas estveis, como a Alavancagem Operacional se relaciona com a eficincia
econmica da firma?
A importncia do controle das vendas que nesta pesquisa tem como Proxy, faixas de variao
da receita liquida de vendas, justificada pela necessidade de se analisar o comportamento da
alavancagem operacional em relao produo. Neste sentido, a resposta antecipada a esta
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18
inquietao est declarada na subseo seguinte, sob o ponto de vista antecedente da pesquisa
e da expectativa do pesquisador, sob a forma de hiptese.
1.3 HIPTESE DA PESQUISA
Como a teoria econmica demonstra, existe um ponto de produo tima, aqum do qual a
firma estaria subutilizando os recursos produtivos e, alm dele, a firma estaria extrapolando a
utilizao desses recursos. Esse ponto demonstrado algebricamente quando a relao entre
Receita (preo) e Custo Marginal for igual a 1, como mostrado na equao 1 seguinte:
1CMg
RMgCMgRMg 1
A derivao analtica dessa teoria proposta pela Economia pressupe que se conhea tanto a
funo receita total quanto a funo custo total e que estas duas funes sejam contnuas para
que possam ser derivveis.
Os exemplos tericos para ilustrar essa teoria apresentam a funo receita e a funo custo
como funes do terceiro grau, cujas derivadas em relao produo (quantidade), uma vez
igualadas, indicariam a produo tima da firma para uma dada capacidade instalada.
Esta viso correta e dela deriva a lei dos rendimentos decrescentes. Contudo, sua
aplicabilidade prtica tem sido comprometida porque a funo custo e a funo receita no
so contnuas, dada a dinmica de produo e de alterao dos recursos que a firma pode
apresentar. Desta forma, o gestor se utiliza de mecanismo ad hoc para decidir o momento em
que deve reinvestir para ampliar a capacidade instalada do negcio, j que a curva de custo se
altera quando se altera a capacidade instalada.
A Contabilidade, por sua vez, trabalha com o conceito de alavancagem operacional para
medir a sensibilidade do lucro operacional em relao variao nas vendas, mantida
constante a estrutura de custo fixo, cujo aumento no volume de vendas provoca um aumento
mais que proporcional no lucro. Isto sugere que pode haver uma condio de demonstrao
analtica da Alavancagem Operacional capaz de fornecer uma maneira prtica de o gestor
conhecer o momento adequado de alterar a capacidade instalada do negcio e,
-
19
consequentemente, demonstrar um ponto timo de produo que possa expressar a Eficincia
Econmica da firma.
Assim, mantida constante a capacidade instalada, uma variao positiva no volume de vendas
provoca uma variao mais que proporcional, no mesmo sentido, no lucro, com consequente
tendncia decrescente da Alavancagem Operacional. Mas, de fato, a Alavancagem
Operacional no poderia ser reduzida de maneira indefinida, pois haveria intuitivamente um
limite para essa reduo, alm da qual a firma estaria utilizando inadequadamente seus
recursos produtivos. De forma contrria, se a variao no volume de vendas for negativa, a
reduo ou crescimento negativo do lucro tambm ser mais que proporcional variao nas
vendas e, neste caso, o indicador de Alavancagem Operacional crescer, indicando que o
GAO reage negativamente. Estas condies presumem que a firma atue em mercado
competitivo, onde o preo dado e que e nenhum competidor suficientemente importante
para interferir no mercado.
Clculos matemticos preliminares sugerem que existe um ponto timo de utilizao dos
recursos produtivos identificado pelo GAO. Assim, uma firma que esteja com o GAO
tendendo a esse ponto estaria utilizando seus recursos produtivos plenamente, ou como
ensinado na teoria econmica, estaria em pleno emprego. Ao contrrio, a firma que esteja com
GAO acima deste ponto, na teoria, considerado timo, estaria com ociosidade em sua
capacidade instalada ou alavancada em Custo Fixo. Como as vendas determinam essa
vantagem competitiva da Alavancagem Operacional, tem-se a seguinte hiptese enunciada na
forma alternativa para responder questo de pesquisa:
H1: sob vendas estveis, o desempenho da firma inversamente associado ao seu grau de
alavancagem operacional.
De forma especfica, esta hiptese ser dividida em sub-hipteses operacionais para testar a
associao de diferentes nveis de GAO com diferentes faixas de variao da receita de
vendas, no captulo da Metodologia, subseo 3.5, que justificam a relevncia da pesquisa.
1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA DA PESQUISA
O uso eficiente da capacidade instalada da firma permite que haja reduo de desperdcio e,
em consequncia disto, os recursos investidos sejam adequadamente remunerados. Quando a
-
20
utilizao da capacidade instalada plena, a firma se aproxima da otimizao do uso dos
recursos produtivos e, em consequncia, do pleno emprego. A utilizao plena requer a
combinao da alocao de recursos com a eficincia de uso. A operacionalizao deste
binmio sinaliza que a firma opera sob a condio de Eficincia Econmica. Ao contrrio, a
utilizao ineficiente da capacidade instalada pode produzir ociosidade e ou desperdcio e
impacta a remunerao dos recursos produtivos por meio da perda de lucratividade.
A nfase do conceito de eficincia sugerido pela Cincia Econmica a ausncia de
desperdcio, situao em que os recursos da economia so utilizados to bem quanto possveis
para satisfazer as necessidades e desejos dos indivduos. Neste contexto, a economia produz
de modo eficiente quando no pode produzir mais de uma utilidade sem deixar de produzir
menos de outra utilidade e que tambm pode ser chamado de pleno emprego em funo da
utilizao plena dos fatores de produo (PINDYCK; RUBINFELD, 2010, p. 536; DEBREU,
1951). Esse conceito econmico ilustrado pela curva da Fronteira das Possibilidades de
Produo, onde o volume dos fatores de produo limitado ou constante e a produo se
desloca de forma horizontal na substituio de uma utilidade ou produto por outro, conforme
mostra o Grfico 1.
Grfico 1 - Fronteira das possibilidades de produo
Fonte: adaptado de Pindyck e Rubinfeld (2010)
Neste Grfico 1, o deslocamento ao longo da curva, das quantidades de A a H, indica a
possibilidade de substituir a produo do produto P pelo produto Q, sem desperdcio, e os
pontos X e Y, que esto fora da curva, revelam a condio de a firma estar alavanca ou
P
8 - A7 - B6 - C5 - D Y4 - X E3 - F2 - G1 - H
0 1 2 3 4 5 6 7 8 Q
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21
desalavancada em custos fixos. Em relao ao ponto X, se o nvel de produo recuar at ele,
h indicao de desperdcio de capacidade instalada, provocando ociosidade. Em relao ao
ponto Y, se a firma tentar chegar a ele, incorrer em custo superior receita, sendo, portanto,
impossvel atingi-lo em funo da restrio do alcance da capacidade instalada, dimensionada
para um nvel de produo menor. De fato, de acordo com a Eficincia de Pareto, isto deve
ocorrer na Economia. Para que haja eficincia no sentido de Pareto, necessrio que haja
eficincia das trocas, eficincia da produo e eficincia da composio do produto e que isto
implique na melhoria da situao de um sem piorar a situao de outro (VARIAN, 2006).
Os recursos investidos na capacidade produtiva e o dimensionamento dos demais recursos
representam a capacidade instalada, que produz custo fixo a ser recuperado nos fluxos de
produo e operacional. Quando despesas e custos fixos ocorrerem e no houver gerao de
benefcio, h capacidade instalada no utilizada e, portanto, ociosidade.
Neste contexto, a pesquisa se justifica pela tentativa de disponibilizar para a sociedade uma
metodologia, que seja capaz de mensurar a eficincia econmica da firma com base na
maximizao do uso da capacidade instalada, na produo de benefcios, e consequente
identificao de capacidade ociosa para evitar a gerao de desperdcio, relacionando prticas
contbeis com a teoria econmica, associando Graus de Alavancagem Operacional com faixas
de variao da receita liquida de vendas.
Desta forma, as contribuies da pesquisa podero auxiliar o gestor no gerenciamento da
capacidade instalada, possibilitando-o:
a) Identificar possveis restries obteno da eficincia econmica quando a firma
sinalizar nvel de GAO incompatvel com a utilizao plena dos fatores de produo;
b) Identificar a que nvel de GAO as vendas crescentes requerem investimento na
capacidade instalada; e
c) Identificar as reaes do mercado alavancagem operacional, em diferentes nveis,
com controle da receita lquida de vendas.
Estas contribuies, de maneira pontual ou geral, esto alinhadas com os objetivos gerais da
pesquisa.
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1.5 OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
O objetivo geral da pesquisa desenvolver, analiticamente, e testar, empiricamente, um
mtodo que compatibilize as vises da Economia e da Contabilidade sobre a Eficincia
Econmica da Firma, com pleno uso dos fatores de produo ou capacidade instalada, no
mbito do mercado concorrencial ou perfeitamente competitivo, mediante a associao de
Graus de Alavancagem Operacional com faixas de variao da receita liquida de vendas.
1.5.2 Objetivos Especficos
a) Desenvolver analiticamente um modelo que sinalize a Eficincia Econmica da Firma
mediante a associao de Graus de Alavancagem Operacional com a variao da receita
liquida de vendas distribuda por intervalos ou faixas de variao;
b) Obter empiricamente a margem de contribuio com base em informaes das
demonstraes contbeis, por meio do uso de regresso linear, para permitir o clculo do
GAO;
c) Calcular o Grau de Alavancagem Operacional da firma e relacion-lo com as vendas,
por faixa de variao;
d) Testar o modelo terico de eficincia econmica da firma para diferentes faixas de GAO
associadas com diferentes faixas de variao da receita lquida de vendas.
Esta definio dos objetivos gerais e especficos da pesquisa contribuir para sua delimitao
em funo das restries que sero apresentadas.
1.6 DELIMITAO E LIMITAES DA PESQUISA
Como os dados divulgados nas demonstraes contbeis impem limitaes identificao da
natureza dos custos totais e dos custos unitrios, a pesquisa utiliza proxies para identificar os
custos fixos e variveis, exigidos no modelo de mensurao do Grau de Alavancagem
Operacional.
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23
A pesquisa utiliza dados das demonstraes contbeis, de firmas que operam no mercado
brasileiro no segmento de manufatura, no perodo de 1996 a 2008. O referido segmento foi
selecionado por refletir o impacto imediato de variaes das demandas da sociedade em
funo da variao do nvel de renda; e o perodo foi escolhido por incluir a primeira dcada
de estabilidade das polticas macroeconmicas do Brasil e anteceder s mudanas para as
prticas contbeis globais. Duas excees ao segmento de manufatura foram inseridas na
amostra, as firmas Petrobrs e Vale, pertencentes ao segmento de minerao, em funo do
que essas duas firmas representam para a economia brasileira.
Os dados esto agrupados trimestralmente, por firma, nos perodos em que cada firma operou
considerando o trimestre civil. Assim, se a firma iniciou suas atividades depois do primeiro
trimestre de 1996 ou se as encerrou antes do quarto trimestre de 2008, a srie utilizada
menor do que as que operaram em todo o perodo.
As firmas que apresentam falta de dados nas demonstraes contbeis e ou falta de dados de
mercado foram excludas da amostra, totalmente ou parcialmente. Foram excludas totalmente
se a ausncia de dados primrios prejudicou a sequncia da srie; foram excludas
parcialmente se a ausncia de dados primrios ou tratados prejudicou somente o trimestre
correspondente. Desta forma, na preparao dos dados para clculo do custo varivel, no
critrio de excluso parcial, somente foram utilizados os dados das firmas que apresentem
srie contnua de um trimestre para outro, sendo descartados os trimestres sem essa condio.
O Lucro utilizado no inclui resultado financeiro, resultado de participao societria, tributos
diretos sobre o lucro e no contempla informaes consolidadas. Neste contexto, o Lucro
Operacional igual ao EBIT2. Igualmente, foram excludas da amostra firmas com dados
primrios vlidos inferiores a trs trimestres por no permitirem sequncia evolutiva da srie.
Em momento posterior ao clculo do custo varivel e do GAO, a firma que apresentou GAO
negativo em algum trimestre, para o clculo do desempenho, teve os dados deste trimestre
substitudos por zeros, porque a premissa terica da pesquisa somente contempla os trimestres
de firmas com GAO positivo superior a 1.
2 Lucro antes do resultado financeiro e dos tributos diretos sobre o lucro.
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24
O estoque inicial, no curto prazo, no contemplado pela pesquisa para efeito de quantificar o
valor do Custo dos Produtos Vendidos (CPV), sendo que ainda no foi vendido; contudo, no
longo prazo, os referidos estoques so computados nesse custo considerando que todo ele foi
vendido.
Os custos implcitos includos so somente os referentes depreciao, reconhecidos pelas
polticas e prticas contbeis de cada firma.
O primeiro estimador de custo varivel considera a srie de receita lquida de vendas dos 16
trimestres anteriores mais o prprio trimestre do clculo. Assim, para as firmas contempladas
na srie completa, considerando a amplitude do perodo, os dados do primeiro trimestre de
1996 at os do primeiro trimestre de 2000 so utilizados para obteno do primeiro
coeficiente angular da srie, primeiro trimestre de 2000, totalizando 17 trimestres. Da por
diante, at o quarto trimestre de 2008, o limite inferior descarta um trimestre e o limite
superior avana outro, mantendo constante a srie de clculo do estimador com 17 trimestres.
Assim, considerando que algumas firmas j podem ter iniciado o processo de convergncia
para as normas internacionais de contabilidade, no desprezvel a possibilidade de que
eventuais prticas contbeis diferenciadas, possam produzir efeitos diferentes nas
demonstraes contbeis e consequentemente na mensurao do GAO.
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25
2 DISCUSSO TERICA E ESTUDOS ANTECEDENTES
2.1 CONTEXTUALIZAO
Historicamente, algumas terminologias utilizadas pela Economia e pela Contabilidade
apresentam diferenas conceituais ou semnticas, que podem ser percebidas em funo do
arcabouo terico, que norteia cada uma dessas duas reas do conhecimento. Exemplos dessas
terminologias que comportam conceitos distintos, mas que expressam medidas comuns de
eficincia e desempenho so o custo e o lucro, discutidos nos pargrafos seguintes desta
seo.
O estudo da eficincia, como medida de desempenho na economia, no mbito desta pesquisa,
tem como marco os estudos de Knight (1921), cujas contribuies subsidiaram os estudos de
Kaldor (1934) com a discusso sobre o equilbrio da firma, e, mais tarde, com os estudos de
Coase (1937) sobre a natureza da firma.
Em relao semntica das terminologias, no contexto da Economia, em uma condio de
produo plena, os custos so medidos de maneira unitria e so tomados de forma marginal,
classificados pela origem dos insumos como capital, tecnologia e trabalho. Quando os custos
so analisados fora de um contexto de produo plena, feita a distino entre custos fixos e
variveis. Na Contabilidade, os custos, na forma unitria, so mensurados em funo da
mdia e tambm so classificados por comportamento como fixos e variveis. Alm dessas
formas distintas de classificao, a Economia considera os custos explcitos (desembolsveis)
e implcitos (no desembolsveis) enquanto que a Contabilidade, essencialmente, considera os
custos explcitos. Contudo, embora os modelos desenvolvidos na seo 3 desta pesquisa no
incluam o custo de oportunidade do capital prprio como custo implcito, pelo fato de as
prticas contbeis no contempl-lo na condio de custo implcito, este poderia ser
reconhecido pela contabilidade como fator de produo e a absorvido pela lgica central do
modelo, como custo fixo ou varivel, dependendo da forma de alocao no processo
produtivo. Nestas circunstncias, o referido custo seria capturado pelo modelo do GAO e,
consequentemente, reduziria a assimetria entre o lucro apurado pela Contabilidade e pela
Economia.
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26
Custo de oportunidade, neste contexto, est associado com as oportunidades que sero
desprezadas, se a firma no empregar os recursos de forma eficiente ou valor dos usos
alternativos dos recursos (PINDYCK; RUBINFELD, 2010; VARIAN, 2006).
Uma das funes bsicas do lucro na Contabilidade, na sua elasticidade em relao s vendas,
a mensurao da alavancagem operacional, considerando constante a capacidade instalada.
Na Economia, o lucro est associado ao conceito de custo marginal e ao conceito de
elasticidade do produto. Para obteno da alavancagem operacional, na Contabilidade, so
utilizados os conceitos de margem de contribuio e lucro, enquanto que para obteno da
elasticidade e do custo marginal, na Economia, so utilizadas as variaes da quantidade
produzida e do preo por meio de equaes derivadas.
Discusses em torno da utilidade do GAO, em estudos tericos e empricos, embora ainda em
quantidade no abundante, visam a descobrir seu relacionamento com o lucro sob o efeito dos
custos e das vendas, bem como se suas oscilaes podem sinalizar mudanas de
comportamento do mercado em relao ao valor das firmas. Essas discusses orbitam em
torno do conceito de Ponto de Equilbrio Operacional que, no vis da contabilidade, leva em
considerao a linearidade dos custos e receitas. Nessa viso, medida que o desempenho da
firma se aproxima do Ponto de Equilbrio Operacional, tanto pela direita (lucro positivo)
quanto pela esquerda (lucro negativo), o lucro tende a zero, e a relao entre a Margem de
Contribuio e a soma de Custo e Despesas Fixas tende a 1. Nesta pesquisa a discusso do
GAO orientada para a obteno de um nvel em torno do qual possam ser contempladas as
vises da Economia e da Contabilidade sobre a eficincia econmica da firma.
Desta forma, as vises da Economia e da Contabilidade relativas eficincia econmica da
firma so apresentadas sob perspectivas prprias de cada uma dessas duas reas do
conhecimento. Assim, alm da discusso do pargrafo precedente, na viso da Contabilidade,
acrescentam-se os nveis de indicadores financeiros, de retorno, de atividade, de lucratividade
e gerao de valor. Na viso da Economia, essa discusso decorre dos conceitos de pleno
emprego dos fatores de produo e da lucratividade marginal. Essas duas vises so
discutidas considerando os cenrios das polticas econmicas de concorrncia de mercado e
da estabilidade da moeda, no curto prazo e no longo prazo.
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27
Quando a economia utiliza as terminologias curto e longo prazos, esta referncia no est
relacionada com o tempo, mas com o uso dos fatores de produo. No curto prazo h
distino entre os fatores fixos e variveis de produo, enquanto que no longo prazo no h
fatores fixos, todos so variveis (VARIAN, 2006). Esta distino conceitual tambm ser
considerada mais adiante na discusso do lucro, abordada na subseo 2.3.2.
Nesta pesquisa, essas vises podem ser discutidas com mais propriedade no cenrio de curto
prazo, com foco na maximizao de lucros, considerando a restrio dos custos fixos
resultantes da limitao da capacidade instalada. Maximizao de lucros na economia, no
curto prazo, pode ser demonstrada como em Varian (2006), considerando a funo de
produo f(x1, x2), a um preo de produto p e, w1 e w2 os preos dos dois insumos, cuja
equao pode ser assim materializada:
mxX 1
pf(X1,
X 2) W1X1 W2 2
X , onde
X 2 representa o insumo fixo, cuja derivada parcial em
relao a X1 dada por pPM1(X1,
X 2) = W1 indicando que o valor do produto marginal de
um fator deve ser igual ao seu preo.
Produo normalmente a resposta demanda por produtos da indstria que instada a
alocar investimentos para atendimento pleno das necessidades do mercado. No contexto da
Economia, produo uma funo que relaciona a quantidade necessria de fatores com a
quantidade produzida, definida para um determinado nvel de conhecimento tecnolgico
(SAMUELSON; NORDHAUS, 1993). Por outro lado, a alocao de investimentos desafia a
indstria a produzir com eficincia buscando o mximo desempenho na relao custo versus
benefcio. Essa relao, quando obtida com base no contexto da Economia, a diferena entre
a Receita Marginal (preo) e o Custo Marginal de cada unidade de produto, denominada
Lucro Econmico (). Quando obtida com base no contexto da Contabilidade, a diferena
entre Receita Total e o Custo Total, denominada Lucro Contbil. Analiticamente, o lucro
conmico pode ser definido como
= 0, que a diferena entre a receita marginal (
)
e o custo marginal (
).
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28
Na abordagem terica, para obter a racionalidade das vises da Economia e da Contabilidade
sobre a eficincia econmica da firma, a pesquisa explora os conceitos desenvolvidos pela
Economia no contexto da teoria da firma e os conceitos desenvolvidos pela Contabilidade no
contexto do Custo-Volume-Lucro relativos alavancagem. Os estudos sobre a Eficincia tm
explorado os aspectos tcnicos e econmicos, enquanto que os estudos sobre a alavancagem
tm explorado as comparaes com taxas de retorno e desempenho de mercado. Em ambos,
eficincia e alavancagem, uma das variveis comuns o lucro, que suscita inquietaes sobre
as vises positivas e normativas nos dois campos de estudo.
Em que pese a pesquisa se referir ao relacionamento das vises da Contabilidade e da
Economia sobre a eficincia econmica da firma, sob o foco do mercado competitivo, os
conceitos apresentados so aplicveis aos demais mercados, mesmo diante das principais
caractersticas do mercado concorrencial. Neste contexto, deve-se salientar que o mercado de
concorrncia perfeita caracterizado por um grande nmero de fornecedores e de
consumidores, que o preo dado pelo mercado, que nenhum concorrente suficientemente
importante para influenciar o mercado, que h liberdade para entrar e sair do mercado, e que
os produtos so homogneos (PINDYCK; RUBINFELD, 2010). Esta ltima caracterstica
vem sendo discutida em termos tericos, tendo em vista que o avano da tecnologia provoca
mudanas em funcionalidades, que nem sempre so bem perceptveis em termos de
homogeneidade.
2.1.1 Vises positivas e normativas da Economia e da Contabilidade
Na Economia, a viso positiva relaciona-se com os fatos e o comportamento em si mesmo,
enquanto que a viso normativa se relaciona com os preceitos ticos e o julgamento de valor
(SAMUELSON; NORDHAUS, 1993). Visto de outra perspectiva, entendido que a viso
positiva foca como o problema resolvido e a viso normativa, como o problema deveria ser
resolvido (FRIEDMAN, 2008).
Na contabilidade, a viso positiva est relacionada com a tentativa de explicar e predizer
prticas, ao invs de prescrever procedimentos que firmas e profissionais devem usar (KAM,
1990), enquanto que a viso normativa, que predomina na prtica contbil, relaciona-se com a
lgica dedutiva, com estrutura conceitual e procedimentos. Sob um ponto de vista crtico,
Watts e Zimmerman (1986) posicionam-se a respeito da viso positiva, afirmando que ela em
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29
si mesma no produz prescries para a prtica contbil, que est preocupada com a
explicao dessa prtica e que est modelada para explicar e predizer que firmas usaro e no
usaro um mtodo especfico de avaliao de ativos, mas no diz que mtodo a firma deve
usar.
2.2 ABORDAGENS RELATIVAS EFICINCIA
O estudo da eficincia no contexto da Economia, de forma abrangente, est associado viso
de produzir sem desperdcio, aproveitar o potencial mximo dos recursos alocados, gerar o
maior lucro por unidade e proporcionar o maior benefcio aos interessados. Embora a
atividade de produzir possa ser exercida por indivduos e firmas, nesta pesquisa a nfase est
voltada para a produo por meio de firma. Firma, em contexto amplo, pode ser entendida
como uma entidade econmica destinada a produzir utilidades, sustentada pela gerao de
lucros positivos suficientes para remunerar o capital prprio e de terceiros, e ainda contribuir
para promoo do bem-estar social. Henderson e Quandt (1971) entendem que possvel
definir firma como uma unidade tcnica, que produz bens.
Eficincia, no contexto da produo, tem motivado pesquisadores a desenvolver estudos com
o objetivo de sugerir modelos, que possam mensurar o pleno emprego dos fatores produtivos,
assim como a sinalizao de desperdcio. Estudos nesse sentido, a partir de 1950, mostram a
inquietao na procura de explicao para eficincia, que pode, em algum momento da
produo, significar o ponto timo da firma, a partir do qual uma unidade a mais produzida
geraria lucro decrescente e ou negativo.
Na busca da explicao para esses fenmenos, Debreu (1951), estudando o coeficiente de
utilizao de recursos que mostra a evoluo numrica da perda total associada com a
situao no tima do sistema econmico, segundo a viso no sentido de Pareto (eficincia
das trocas, eficincia da produo e eficincia da composio do produto), argumenta que a
atividade do sistema econmico pode ser vista como a transformao de n unidades de
produo e o consumo por m unidades de consumo de l mercadorias. Argumenta ainda que,
introduzindo restries ao sistema econmico, referentes ao grupo de possibilidades de cada
unidade de produo, e limitao fsica de recursos, poderiam ser encontradas situaes em
que seria possvel aumentar qualquer satisfao, sem necessariamente ter que reduzir qualquer
outra, e explorar o total dos recursos cuja situao tima poderia ser considerada.
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30
Farrell (1957), estudando a mensurao de eficincia produtiva de firma, considerando
inicialmente a fabricao de nico produto sob condies de retorno constante de escala,
descreve e prope um mtodo de mensurao de eficincia, que utiliza a funo produo e
preos, com auxilio de diagrama isoquant, onde explica um modelo de avaliao. O autor
declara que a finalidade do estudo obter uma medida satisfatria de eficincia produtiva, que
leve em conta todas as entradas, evite problemas de ndices numricos e ainda demonstre
como o mtodo pode ser usado na prtica. O Grfico 2 seguinte ilustra a aplicao do mtodo
com a produo agrcola nos Estados Unidos.
Grfico 2 - Diagrama isoquanta
Fonte: Farrel (1957) Produo agrcola nos Estados Unidos
Onde:
P representa a entrada de dois fatores por unidade de produo; a curva SS representa as
vrias combinaes de dois fatores, que uma firma eficiente poderia usar na produo; e Q
representa o ponto onde uma firma eficiente utiliza os dois fatores na mesma proporo de P.
Discutindo o uso dos fatores de produo, na melhor proporo na viso dos preos,
questiona: se a reta AA tem inclinao igual ao ndice de preo dos dois fatores, ento Q o
ponto que representa o mtodo timo de produo e no Q, e ainda argumenta que a relao
OP/OQ pode ser definida como a eficincia tcnica da firma em P.
Lovell (1992) discute o relacionamento entre os conceitos de produtividade e eficincia, e
considera algumas hipteses relacionadas com determinantes de desempenho da firma,
quando avaliada pela eficincia e pela produtividade. O autor argumenta que a produtividade
varia devido s diferenas em tecnologia de produo, s diferenas na eficincia do processo
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31
de produo, e s diferenas no ambiente em que a produo ocorre. Declara Lovell (1992)
que o interesse do seu estudo isolar a componente eficincia e avaliar sua contribuio para
a produtividade. Nesse contexto, seus achados sugerem que a eficincia pode ser definida
como tcnica e econmica, dependendo do ambiente de mensurao, e argumenta que
eficincia e produtividade so avaliadas por duas razes. A primeira delas porque so
indicadores de sucesso e medidas de desempenho pelos quais as unidades de produo so
avaliadas. A segunda pela prpria mensurao e separao dos seus efeitos do ambiente de
produo, que pode explorar hipteses relacionadas com as fontes de eficincia ou
diferenciais de produtividade.
Embora sob foco distinto da presente pesquisa, Tannuri-Pianto et al. (2009) pesquisaram as
fronteiras de eficincia estocstica (volatilidade quando a varincia no conhecida), para as
firmas de energia eltrica no Brasil, e propuseram a modelo seguinte como alternativa de
avaliao para obteno dos resultados: =
()=
()
()= exp ()
Onde:
TE a eficincia tcnica; y o produto ou custo; x o vetor de variveis explicativas;
mede a ineficincia tcnica ou de custo e i a firma. O resultado da pesquisa concluiu que a
fronteira de produo varia entre 0 e 1 e quanto mais prximo de 1 o ndice estiver mais
eficiente ser a firma.
Schettine (2010) e Cespedes (2003) tambm realizaram estudos com foco na eficincia de
fronteiras estocsticas e bayesiano, respectivamente. O estudo de Schettine (2010) mostrou
que h uma tendncia de efeito positivo da passagem do tempo sobre eficincia nos setores
pesquisados (indstria de transformao nas regies brasileiras); e o estudo de Cespedes
(2003) utilizou diversas metodologias e concluiu que algumas firmas da amostra so mais
eficientes que outras, mas nem um dos estudos conclusivo sobre um indicador de eficincia,
que possa ser utilizado na comparao com o que se deseja obter na presente pesquisa,
relativamente investigao da compatibilidade das vises da economia e da contabilidade
sobre a eficincia da firma.
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32
2.3 ABORDAGENS RELATIVAS ALAVANCAGEM E DESEMPENHO
Alavancagem e desempenho esto relacionados com a gerao de lucro e de retorno. Lucro
terminologia explorada tanto pela Contabilidade quanto pela Economia, porm, com vieses
distintos. Para a Contabilidade, o lucro est relacionado com os conceitos de receita e despesa,
mensuradas segundo preceitos normativos, enquanto que, para a Economia, o lucro est
diretamente relacionado com a produo e inclui em sua mensurao custos implcitos no
considerados pela contabilidade como o custo de oportunidade. Desempenho est relacionado
com medidas de retorno onde o lucro tomado de forma relativa ao investimento e o retorno
est relacionado com a valorizao do investimento ao longo do tempo e inclui medida de
risco.
Gahlon (1981) argumenta que, desde o desenvolvimento do Modelo de Precificao de Ativos
(CAPM), um nmero de estudos tem examinado os efeitos da Alavancagem Operacional
sobre o risco sistemtico e que a principal concluso desses estudos que a Alavancagem
Operacional afeta o risco sistemtico por meio, ora da Margem de Contribuio, ora dos
Custos Variveis. O autor declara que a finalidade do seu estudo refinar os modelos
anteriores de GAO para firmas que produzem um nico produto ou vrios produtos e mostrar
que o GAO mede o efeito total da alavancagem da firma sobre seu risco sistemtico. Para
suportar suas concluses, o autor utilizou o clculo diferencial, sugerindo que o resultado do
seu estudo apresenta importantes implicaes prticas, para gestores financeiros quando
estimam risco de projeto ou divisional na deciso de investimentos.
Nessa mesma linha de raciocnio, Weston e Brigham (1979), Van Horne e Wachowich (2008)
e mais recentemente no Brasil, Dantas (2005) apresentam modelos matemticos em forma de
elasticidade do lucro em relao s vendas como
2.3.1 Lucro na viso da Contabilidade
Lucro, na viso da contabilidade, de forma amp
excede s despesas; porm, esse conceito tem
pensamentos, mas que ora se complementam.
Littleton (1940), que, na expectativa de m
demonstraes contbeis, discutia a integrao dola, concebido como a parte da receita que
comportado divergentes manifestaes de
Tericos clssicos da Contabilidade, como
elhorar o contedo informacional das
lucro acumulado com o lucro do exerccio,
GAO = V/V.
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33
visando a reduzir a assimetria entre os mtodos de apurao denominados all-inclusive e
current-operating-performance, que, conceitualmente, apresentam diferenas. Kiger e
Williams (1977), dando continuidade a esse estudo, explorando o conceito emergente da
apresentao do lucro, mostram as divergncias conceituais de mensurao, confrontando os
mtodos all-inclusive e current-operating-performance, em que o primeiro mtodo considera
que toda transao que provoque mudana no capital dos proprietrios deve ser reconhecida
no resultado do exerccio, enquanto que o segundo exclui da apurao do resultado transaes
no relacionadas com o perodo corrente e itens extraordinrios, tratando-os diretamente no
patrimnio lquido.
Continuando a linha de pensamento dos tericos clssicos, Peasnell (1982), estudando
conexes formais entre valores econmicos, rendimentos e nmeros contbeis expressa que o
lucro contbil igual aos dividendos lquidos pagos, mais a mudana no valor de custo
lquido dos ativos da firma durante um perodo. Para alm das discusses tericas sobre o
lucro apresentadas nesse estudo, substancialmente relevante entender que nesta viso o lucro
mensurado com base em princpios e normas prescritivas, que procuram estabelecer um
padro normativo para segmentos de negcios. Essa prescrio envolve o uso de
procedimentos conservadores de avaliao para alguns ativos e passivos, e para outros ativos
e passivos procedimentos de avaliao a preo de mercado.
Mas, o lucro, na viso da contabilidade, ainda nessa linha de pensamento, comporta outras
discusses conceituais. Bedford (1965 apud SCHROEDER et al., 2005, p. 128) discute trs
conceitos bsicos de lucro: (a) lucro fsico que se refere satisfao dos desejos humanos; (b)
lucro verdadeiro ou real que se refere ao crescimento da riqueza econmica; e (c) lucro em
espcie que se refere ao crescimento no valor monetrio de recursos. Argumenta o autor que
a mensurao do lucro fsico difcil porque os desejos humanos no so quantificveis e so
satisfeitos, em vrios nveis, como um ganho individual de lucro verdadeiro. O lucro em
espcie mensurado facilmente, mas no leva em considerao mudanas no valor da
unidade monetria.
Mas, em uma abordagem positivista, Jaedicke e Robichek (1964) discutem o lucro no mbito
do Custo-Volume-Lucro, com modelagem probabilstica, em que introduzem o conceito de
normalidade para avaliar o risco do negcio e tentam mostrar que a varivel lucro
normalmente distribuda. Os autores efetuam uma investigao emprica, em uma firma com
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dois produtos, que utiliza inicialmente a mesma capacidade instalada, mas, ao longo tempo,
cada produto exige um aumento no custo fixo de igual valor. Justifica o exemplo para
introduzir a noo de incerteza sobre as vendas, ao formular o valor esperado do lucro como
sendo E(Z) = E(Q)[E(P) E(V)] E(F), em que: E(Z) = Lucro Esperado; E(Q) = Vendas
Esperadas; P = Preo; V = Custo Varivel; e F = Custo Fixo. Suas concluses so que a
anlise tradicional do Custo-Volume-Lucro no leva em considerao o risco relativo de
vrias alternativas; a interao de custos, preos de venda e produo so importantes para
sumarizar os efeitos de vrias alternativas sobre o lucro da firma; e a declarao de
probabilidades relativa a vrios nveis de resultado para cada alternativa deve ajudar o gestor
desde que sua atitude referente ao risco tenha sido definida.
Avanando sobre a discusso da normalidade do lucro, Ferrara et al. (1972) discordam da
declarao generalizada de normalidade do lucro proposta por Jaedicke e Robichek (1964),
sob o argumento de que o produto da multiplicao de uma varivel normal por outra varivel
normal s resultar em uma varivel normal se certas condies tiverem sido estabelecidas.
Para sustentar seus argumentos, foi realizado o teste de normalidade em uma srie hipottica e
a hiptese de normalidade a 95% de confiana foi rejeitada. Por fim concluem os autores que
a declarao de normalidade proposta por Jaedicke e Robichek (1964) s no foi rejeitada
quando a soma dos coeficientes de variao dos dois produtos se mostrou menor ou igual a
12%.
Continuando a linha positivista, Adar et al. (1977) propuseram-se a estudar as caractersticas
de probabilidade de variveis ambientais com as preferncias dos tomadores de decises.
Nesse estudo abordaram modelos econmicos de decises de produo tima da firma sob
incerteza, modificados dentro de uma estrutura de risco, com a finalidade de melhorar a
anlise da utilidade do custo-volume-lucro, com vistas a (1) determinar a produo tima, (2)
considerar o desejo de envolver planos alternativos em mudanas de custos fixos e variveis,
preo esperado e preo sob incerteza e mudanas tecnolgicas, e (3) determinar as
consequncias econmicas das variaes do custo fixo. Os autores utilizaram modelo
tradicional como kxcp )( , em que ;lucro preop (venda); c = custo varivel; k
= custo fixo; e x = quantidade. Com base nesse modelo, desenvolveram clculo diferencial e
apresentaes grficas para mostrar as concluses. Essas concluses referem-se s mudanas
no custo fixo sob incerteza, que, na deciso de produo de curto prazo, tm implicaes de
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natureza contbil, como a alocao, produo conjunta e preo de transferncias, enquanto
que sob certeza os custos fixos no tm relevncia. Ainda, sob incerteza requerida uma
atitude diferente sobre custos fixos e que o modelo desenvolvido assume o preo como a
nica fonte de incerteza relacionada aos custos fixos e variveis. Essa construo
metodolgica dos autores equivale determinao do lucro pela diferena entre a margem de
contribuio total e o custo fixo total.
2.3.2 Lucro na viso da Economia
A economia discute o lucro nas vises do curto prazo e do longo prazo. Na viso de curto
prazo, o lucro precisa recuperar pelo menos o custo varivel para que, alm desse estgio,
possa recuperar o custo fixo e atingir o equilbrio, em que o custo marginal se iguala receita
marginal. No longo prazo, o lucro precisa recuperar o custo total, pois, se assim no for, no
haver equilbrio. Baseada nesse entendimento, a firma busca a maximizao do lucro, cuja
demonstrao analtica pode ser representada por: = py w1x1 w2x2, que j foi tratado
sob outra abordagem no incio desta seo.
Complementarmente viso de maximizao, o lucro ainda pode ser concebido sob dois
aspectos: lucro oriundo das atividades empresariais e lucro econmico. O lucro oriundo das
atividades empresariais equivale ao lucro apurado pela contabilidade, enquanto que o lucro
econmico transcende ao lucro contbil em funo dos custos implcitos que a contabilidade
no registra, como j citado, por exemplo, o custo de oportunidade do capital prprio.
Como tericos clssicos da Economia, Samuelson e Nordhaus (1993) mostram diferenas
conceituais entre os lucros empresarial e econmico com base nos conceitos de lucro como
rendimentos implcitos, e lucro como prmio pela assuno de risco e da inovao. No
primeiro conceito defendido o argumento de que a remunerao do trabalho dos
proprietrios e dos ativos possudos pela firma no so contemplados na apurao do lucro
pela contabilidade. No segundo conceito, o argumento que devem ser considerados no
clculo dos lucros o risco de investimento no segurvel e a remunerao pela inovao e pelo
empreendimento.
Outra forma de lucro mostrado pela economia, no contemplada no conceito de lucro pela
contabilidade (societria ou financeira), est relacionada com o lucro marginal, que
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traduzido pela diferena entre a receita adicional de uma unidade produzida e seu respectivo
custo. Para a economia o lucro est relacionado com a quantidade produzida, enquanto que
para contabilidade o lucro est relacionado com a quantidade vendida.
Ainda na linha dos tericos clssicos, Garfalo e Carvalho (1994), discutindo o equilbrio da
firma, abordam os conceitos de lucro extraordinrio e lucro normal. Por lucro extraordinrio
entendem ser a parcela de lucro que excede ao lucro normal. Por lucro normal entendem ser o
lucro capaz de no atrair novas firmas ao mercado e tambm de no acarretar abandono do
mercado por firmas que nele j estejam. Neste contexto, e no conceito de longo prazo, dito
que um mercado perfeitamente competitivo est em equilbrio quando no houver estmulo
para que firmas entrem ou saiam dele.
Assim, conforme se observa da literatura sobre o lucro na economia, os conceitos so
distintos. Hicks (1946 apud SCHROEDER et al, 2005) declara que a finalidade de calcular o
lucro em prticas de negcios dar s pessoas uma indicao do valor pelo qual elas podem
consumir sem empobrecer. Segundo essa ideia, poderia parecer que se pode definir um lucro-
homem como o mximo valor que ele pode consumir durante uma semana, e ser to prspero
ao final da semana como era no incio. Essa definio enfatiza o lucro individual; porm, o
conceito tambm pode ser usado para determinar lucro econmico pela substituio do termo
consumir pelo termo distribuir.
2.3.3 Alavancagem e desempenho nas vises da Economia e da Contabilidade
2.3.3.1 Discusso terica
Alavancagem Operacional, no contexto da Contabilidade, funo da Margem de
Contribuio e Lucro (GAO = (MC, )). Margem de Contribuio funo da Receita
Lquida e do Custo Varivel (MC = (RL, CV)). Lucro est relacionado com os conceitos de
Margem de Contribuio e Custos e Despesas Fixas. A relao entre Custos e Despesas Fixas
com a Margem de Contribuio define o Ponto de Equilbrio Operacional (PE), a partir do
qual a firma produz lucro. O conceito de custos e despesas fixas contextualiza-se no curto
prazo, dimensionado para quantidades estimadas de unidades produzidas, compatveis e
limitadas ao volume da capacidade instalada. O conceito de Custo Varivel est relacionado
com os insumos e servios que concorrem diretamente para a produo. O conceito de ponto
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de equilbrio, na viso da contabilidade, leva em considerao a linearidade dos custos e
despesas fixas, dos custos variveis unitrios e do Preo de Venda. Assim, medida que a
firma se aproxima do Ponto de Equilbrio Operacional (pela direita ou pela esquerda), o lucro
tende a zero enquanto que a relao entre Custos e Despesas Fixas com a Margem de
Contribuio tende a 1. Os conceitos de Custo Varivel e Custo Fixo esto diretamente
relacionados com a funo produo, (p), que transforma insumos e servios em produto.
Na produo, alm do Ponto de Equilbrio Operacional ( direita), na viso da contabilidade, a
relao entre a Margem de Contribuio (MC) e a soma de Custos e Despesas Fixas (CFT)
tende a ser maior que 1 e o Lucro () tende a ser maior que zero, como analiticamente se
demonstra na equao 2 e na Figura 1 seguintes:
> ,1 > 0 2
Figura 1 - Ponto de Equilbrio Operacional da Contabilidade (lucro igual a zero)
Fonte: Autor
Neste contexto, o estudo da alavancagem operacional, focado na viso da contabilidade,
expressa a capacidade da firma, ancorada em uma estrutura de ativo ou de custo fixo, de
maximizar o retorno dos proprietrios (GITMAN, 1987). Nesse estudo o custo fixo funciona
como a alavanca que permite firma aumentar a lucratividade e o retorno at o limite do nvel
de produo permitido pela capacidade instalada.
Na viso da economia, a produo alm do Ponto de Equilbrio Marginal (PEMg) implica que
a relao entre Receita Marginal (RMg) e Custo Marginal (CMg) menor que 1 e o Lucro
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Marginal (LMg) menor que zero, onde
0,1 LMg
CMg
RMg , ou ainda 10 CDF
MC ,
conforme demonstrado na Figura 2.
Figura 2 Ponto de equilbrio Marginal da Economia (Lucro igual a zero)
Fonte: Autor
A Figura 2(a) mostra que no ponto PQ o Custo Marginal igual ao Preo e, por
conseguinte, a relao1
CMg
RMg . No ponto PQ a relaomx
CMg
RMg
revela que este o
ponto de inflexo do Custo Total Mdio.
O nvel de produo de uma firma operacionalmente alavancada sustentado em uma
estrutura de custo fixo, que promove aumento do lucro mais que proporcional ao aumento das
vendas. Isto ocorre porque a capacidade instalada ou produtiva, que gera custo fixo, est
dimensionada para um volume de produo tal que o custo para produzir uma unidade
adicional seja igual ao custo varivel unitrio ou ao custo marginal. O fator de produo que
provoca esse aumento do lucro mais que proporcional ao aumento das vendas o custo fixo,
que, medido na forma unitria, diminui medida que a produo aumenta, liberando maior
parcela da Margem de Contribuio para remunerar os outros fatores de produo como
capital de giro, trabalho, tecnologia e capacidade gerencial. Assim, o dimensionamento da
capacidade instalada, alm do nvel que est sendo produzido, mostra a perspectiva de a firma
aumentar sua participao no mercado, mas incorpora risco de ociosidade ou de imobilizao
financeira por elevado nvel de estocagem se o mercado no absorver os produtos na nova
quantidade produzida. A capacidade instalada, no decorrer do tempo, pode operar em diversos
nveis buscando a produtividade que, neste contexto, o quociente entre a produo e a mdia
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ponderada dos fatores produtivos (SAMUELSON; NORDHAUS, 1993). O custo fixo, gerado
pela capacidade instalada, o fator de alavancagem e se altera ao longo do tempo, ou por
meio da flexibilizao dessa capacidade instalada, ou por outras circunstncias, provocadas
pelas condies de mercado.
Na leitura assimtrica das condies de mercado, a firma movimenta o custo fixo no curto
prazo e ou no longo prazo, criando as condies para o aumento da produo. So essas
movimentaes do custo fixo que proporcionam o surgimento da alavancagem operacional,
conforme mostra o Grfico 3.
Grfico 3 - Evoluo da capacidade instalada (custos fixos) para diferentes nveis de produo
Fonte: Autor
Como se observa no referido Grfico 3, o eixo horizontal (Q) mostra o dimensionamento da
capacidade instalada em termos de quantidade fsica de produo. No eixo vertical est
refletido o custo fixo total em R$ para cada nvel de capacidade instalada. Assim, por
exemplo, quando a produo aumentou de 100 para 150, o custo fixo aumentou de R$ 1.000
para R$ 1.650 e o custo fixo unitrio da primeira unidade no segundo nvel de capacidade
instalada de R$ 16.34 (1.650:101), enquanto que, para a ltima unidade produzida no
mesmo nvel de capacidade instalada, o custo fixo unitrio de R$ 11,00 (1.650:150). Na
leitura do grfico tambm se observa que a ruptura do custo fixo de um nvel para outro
vertical, sugerindo que a firma deve se acomodar em outro patamar de Ponto de Equilbrio
Operacional e outros nveis de GAO.
Podendo o Lucro ser entendido como: LO = MC CFT, e MC sendo constante em termos
unitrios, em cada nvel de produo, at o ponto de inflexo do Custo Total Mdio, o
movimento do lucro mdio inverso ao custo fixo mdio, ou seja, dentro de cada nvel de
produo enquanto o custo fixo mdio diminui o lucro mdio aumenta. A partir do ponto de
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inflexo do Custo Total Mdio, o lucro mdio decresce, seguindo a mesma tendncia do custo
fixo mdio. So estes movimentos que produzem a alavancagem operacional e se inserem no
risco do negcio.
Neste contexto, pode ser verificada a identidade entre a alavancagem operacional e a lei dos
rendimentos decrescentes e confirma que em se aumentando a quantidade de um fator
varivel, permanecendo a quantidade dos demais constante, a produo inicialmente cresce a
taxas crescentes e depois de utilizar mais quantidade de fator varivel, o crescimento ser a
taxas decrescentes (GARFALO; CARVALHO, 1994). Porm, quando se trata de
rendimentos escala, a produo revela que em rendimentos crescentes, decrescentes ou
constantes, um aumento proporcional em todos os fatores produtivos leva a um aumento mais
do que proporcional, menos do que proporcional ou igualmente proporcional produo
(SAMUELSON; NORDHAUS, 1993).
Na abordagem da teoria econmica, a nfase est centrada na obteno do mximo benefcio
sustentado na premissa dos rendimentos crescentes. Na teoria da contabilidade os rendimentos
crescentes ocorrem na medida em que a firma est alavancada positivamente, combinando
capacidade instalada com volume de produo.
Em situao oposta, na firma alavancada negativamente, os rendimentos so decrescentes.
Rendimentos decrescentes ocorrem quando o aumento da produo menor do que o
aumento do custo de produzir. Assim, no conceito geral da teoria econmica, a firma, ainda
que ganhe menos a cada unidade produzida, poder faz-lo at que o custo marginal se iguale
receita marginal. O custo marginal est relacionado ao custo adicional de produzir alguma
coisa, e o beneficio marginal, com o valor do ganho em faz-lo. Neste contexto insere-se a
Lei dos Rendimentos Decrescentes, tambm conhecida como Lei das propores Variveis e
Lei da Produtividade Marginal Decrescente, que estabelece que se obtm sucessivamente
menor produo adicional quando se adicionam doses sucessivas de fatores de produo,
mantendo constante o restante dos fatores de produo (SAMUELSON; NORDHAUS, 1993).
A receita marginal que a parte positiva do benefcio ou ganho marginal relaciona-se com
cada unidade adicional vendida da produo e uma funo do preo de venda (RMg =
(PV)). Esse ganho oscila a cada unidade vendida, podendo ser positivo ou negativo
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(Samuelson e Nordhaus, 1993), tendo em vista que preo mais baixo, mantidas as demais
condies, atrai mais consumidores e mais produo vendida.
Para a Contabilidade, os fatores como capital, trabalho e tecnologia, quando efetivamente
utilizados, so traduzidos por custos de produo. Custos, nessa viso, so tradicionalmente
medidos por comportamento, e envolvem o estudo de custo-volume-lucro, que relaciona as
variveis Custo Fixo, Custo Varivel, Margem de Contribuio e Ponto de Equilbrio. O
Ponto de Equilbrio Operacional (PE), representado pelo ponto de interseco formado pelas
curvas de Custo Total e de Preo de Venda, calculado analiticamente por:MC
CFTPE , onde
CFT Custo e Despesa Fixa Total, MC medida em termos unitrios e o PE representado
em termos de quantidades fsicas em funo de o denominador ser valor unitrio. Neste ponto,
o custo total se iguala receita, produzindo lucro zero, estando, portanto, no ponto de
equilbrio o menor volume de receita que a firma pode obter para no experimentar prejuzo.
A segregao dos custos em fixo e varivel, necessria para obteno do GAO, e requerida
para determinar o PE, normalmente difcil de ser feita por meio de informao externa e, em
razo disso, comum definir o Grau de Alavanagem Operacional como uma medida de
elasticidade da mudana de percentagem nos lucros antes de juros e tributos (EBIT), para uma
dada mudana na demanda unitria (LORD, 1998; DUGAN; SHRIVER, 1989). A dificuldade
citada por Lord (1998) reside na segregao do Custo dos Produtos Vendidos para obteno
do Custo Varivel (CV) a ser feita por meio de Proxy, tendo em vista que a demonstrao do
resultado no detalha essa varivel, restando a obteno por estimativa sujeita a erro, que
pode impactar a fiabilidade do GAO.
Analisando o comportamento dos custos, Horngren et al. (1996) argumentam que na
avaliao dos efeitos variados de mudanas em custos fixos e variveis, gestores precisam
considerar o grau de custos fixos e variveis da firma, denominado alavancagem operacional,
e que em firma altamente alavancada em custos fixos e baixos custos variveis, pequenas
mudanas no volume de vendas resultam em grandes mudanas no lucro lquido e ao
contrrio, firmas menos alavancadas, com custos fixos muito baixos e custos variveis muito
altos, no so to afetadas pelas mudanas no volume de vendas.
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Diferentemente da Contabilidade, em que, a partir do Ponto de Equilbrio Operacional, o
lucro positivo, a Economia mostra que, a partir do Ponto de Equilbrio Marginal, o lucro
negativo. neste contexto que a economia foca o conceito de rendimentos marginais
decrescentes iniciados com base no ponto de inflexo do Custo Total Mdio. Assim, tanto no
cenrio da Economia, quanto no da Contabilidade, custo fixo e custo varivel so importantes
no comportamento dos custos, ainda que o custo fixo no afete a curva de custo marginal
(VARIAN, 2006; PINDYCK; RUBINFELD, 2009). Ento, neste contexto, mudanas nos
custos fixos no afetam a curva de custo marginal, por estarem dimensionados para um
volume mximo de produo para um perodo de tempo e, se a firma produzir alm desse
volume, produzir com custos adicionais, provocados por aumento de custos variveis (mais
trabalhadores ou trabalho extraordinrio e de outros custos diretos). Nestas circunstncias, os
custos alocados a mais so os custos variveis qu