Eficiência Energética na Iluminação Pública do Centro...
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Eficiência Energética na Iluminação Pública do Centro
Consumidor de Energia AECT Duero-Douro
Georges António Barbosa Pires
Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para a obtenção do
Grau Mestre em Tecnologia Ambiental
Orientado por:
Doutor Manuel Feliciano
Doutor Orlando Soares
Bragança
Dezembro,2016
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Agradecimentos
Em primeiro quero agradecer aos meus orientadores, ao Doutor Manuel Feliciano que
se mostrou sempre disponível e que me apoio e ajudou desde a fase inicial do meu
estágio até à presente dissertação e que contribuiu com o seu conhecimento para o meu
enriquecimento pessoal e profissional e ao Doutor Orlando Soares por ter aceitado este
desafio de me orientar na Tese, com o seu conhecimento mais técnico do tema,
auxiliando-me a ultrapassar algumas adversidades. Também queria agradecer ao Doutor
Artur Gonçalves, que me apoio na parte inicial, indicando-me um local de estágio e ter-
me ajudado no primeiro contacto com a entidade de acolhimento.
Um muito obrigado.
Ao longo destes 5 meses estive a realizar um estágio dentro do programa Estágio
Eramus + no AECT Duero – Douro, e neste caminho houve muitas pessoas que me
ajudaram às quais quero agradecer.
Quero agradecer ao Director Geral José Luís Pascoal por aceitar o meu pedido de
estágio no AECT Duero-Douro. A minha orientadora de estágio, Sara Azcona que me
apoiou desde do início e que com profissionalismo orientou o meu estágio, e à
Conceição Meirinhos que me introduziu ao Agrupamento e se disponibilizou sempre
para qualquer problema. Também quero agradecer à minha colega Jenniffer Nunes,
responsável do sector da eficiência energética, por toda a sua ajuda e por me
acompanhar no desenvolvimento do estágio, explicar e introduzir no projeto.
Ainda quero agradecer a todos os membros do AECT Duero-Douro, por me acolherem
e ajudarem em todos os momentos e pelo companheirismo que demonstraram ao longo
do meu percurso.
Um agradecimento muito especial a duas pessoas muito importantes para mim, a minha
namorada, Maria Lopez Jerez, e a minha grande amiga Catarina Pessegueiro, pelo apoio
prestado em momentos mais baixos e por confiarem em mim até ao fim. Sem vós não
teria sido possível
Amigos, familiares, pai, mãe, irmã, e a todos os referidos anteriormente, um obrigado,
por me ajudarem a ser a pessoa que sou hoje.
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Resumo
A presente dissertação teve por objetivos informar quanto à importância da eficiência
energética e das suas vantagens. Também pretendeu estudar os métodos e as tecnologias
atuais disponíveis em termos de otimização da iluminação pública a nível energético,
ambiental e económico. As diferentes tipologias de lâmpadas foram avaliadas numa
perspetiva comparativa, sob vários parâmetros, sendo os mais importantes a vida útil,
luminância e rendimento, de forma a permitir tirar conclusões sobre qual das
tecnologias é mais eficiente.
Este estudo teve por base o projeto desenvolvido e implementado pela AECT Duero-
Douro, no qual foram estudadas soluções técnicas de iluminação pública mais
eficientes.
O projeto foi implementado em municípios do Centro Consumidor de energia AECT
Duero-Douro (região de Zamora e Salamanca). Foram elaborados inventários da
iluminação pública existente e levantamentos dos valores do consumo energético e das
faturas dos gastos económicos de 1 ano da iluminação pública anterior. Posteriormente,
através dos dados de auditorias e das fichas técnicas do projeto, foram calculados os
mesmos indicadores para a nova solução de iluminação pública que viria a ser instalada.
Os indicadores utilizados para efeito de comparação são: as potências instaladas (kW),
os consumos energéticos (kWh/ano), os custos (€) e as emissões de CO2 equivalente
(kgCO2e/kWh).
Através da análise dos resultados de cada indicador conclui-se que o novo sistema de
iluminação pública eficiente é apresentada com mais vantagens que a situação
tradicional, ou seja, o consumo elétrico e as emissões de gases efeito de estufa são
reduzidos entre 30% e 60%, respetivamente, como também, para a maioria dos
municípios, o gasto económico é reduzido entre 15% e 50%.
Com base nos casos que serviram de objeto a este estudo, é concluído que atualmente a
tecnologia que se apresenta mais eficiente para iluminação pública é a LED.
Palavras-chave: Eficiência Energética, Gestão de Energia, Iluminação Pública,
Tecnologia LED
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Abstract
The present dissertation aimed at informing about the importance of energy efficiency
and its advantages. This dissertation also intended to study the current methods and the
available technologies for the optimization of public lighting at energy, environmental
and economic level. The different typologies of lamps were evaluated in a comparative
perspective, on several parameters, the most important being the life time, luminance
and efficiency, so as to draw conclusions about which technology is more efficient.
This study was based on the project developed and implemented by the Duero-Douro
EGTC, in which more efficient technical solutions of public lighting were studied.
The project was implemented in the municipalities of the Duero-Douro EGTC Energy
Consumer Center (Zamora and Salamanca). Inventories of public lighting and surveys
of energy consumption figures and invoices for 1-year economic expenditures of the
previous public lighting were created and later, through the audit data and project
datasheets, the same indicators were calculated for the new public lighting that it would
be installed.
The indicators used for comparison purposes are: installed power (kW), energy
consumption (kWh/year), costs (€) and CO2 equivalent emissions (kgCO2e / kWh).
Through the analyses of the various indicators it was concluded that an efficient public
lighting system was much more advantageous than the traditional one. Electricity
consumption and GHG emissions were reduced by between 30% and 60%, as well as
for most municipalities, economic spending was reduced by between 15% and 50%.
Based on the sample that was the object of this study, it is concluded that at present the
most efficient technology for public lighting is LED.
Keywords: Energetic Efficiency, Energy Management, Public Lighting, LED
Technology.
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Resumen
La presente tesis pretende informar sobre la importancia de la eficiencia energética y
sus ventajas. Esta tesis pretende también estudiar los métodos actuales y las tecnologías
disponibles para la optimización de la iluminación pública a nivel energético,
medioambiental y económico. Las diferentes tipologías de lámparas se evaluaron en una
perspectiva comparativa, en varios parámetros, siendo los más importantes el tiempo de
vida, la luminancia y la eficiencia, con el fin de sacar conclusiones sobre qué tecnología
es más eficiente.
Este estudio se basó en el proyecto desarrollado e implementado por la AECT Duero-
Douro, en el que se estudiaron soluciones técnicas más eficientes de alumbrado público.
El proyecto se ejecutó en los municipios del Centro de Consumidores de Energía de la
AECT Duero-Douro (Zamora y Salamanca). Se crearon inventarios de alumbrado
público, encuestas de consumo de energía y facturas de gasto económico de 1 año del
alumbrado público anterior y posteriormente, a través de los datos de auditoría y fichas
de proyecto, se calcularon los mismos indicadores para la nueva iluminación pública
que sería instalada.
Los indicadores utilizados a efectos comparativos son la potencia instalada (kW), el
consumo de energía (kWh/año), los costes (€) y las emisiones de CO2 equivalente
(kgCO2e / kWh).
A través del análisis de los diversos indicadores se concluyó que un sistema eficiente de
iluminación pública era mucho más ventajoso que el tradicional. El consumo de
electricidad y las emisiones de gases de efecto invernadero se redujeron entre un 30% y
un 60%, así como para la mayoría de los municipios, el gasto económico se redujo entre
un 15% y un 50%.
Basándose en la muestra que fue objeto de este estudio, se concluye que actualmente la
tecnología más eficiente para la iluminación pública es el LED.
Palabras-clave: Eficiencia Energética, Gestión de Energía, Alumbrado Público
Tecnología LED
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Índice
Agradecimentos ........................................................................................................................... 3
Resumo ......................................................................................................................................... 5
Abstract ........................................................................................................................................ 7
Resumen ....................................................................................................................................... 9
Índice .......................................................................................................................................... 11
Índice de Figuras ....................................................................................................................... 13
Índice de Tabelas ....................................................................................................................... 15
Capítulo 1 ................................................................................................................................... 19
Introdução .................................................................................................................................. 19
1.1 – Enquadramento e motivação .......................................................................................... 19
1.2 – Objetivos ........................................................................................................................ 21
1.3 – Estrutura da Dissertação ................................................................................................. 21
Capítulo 2 ................................................................................................................................... 23
Consumo de Energia e Eficiência Energética ......................................................................... 23
2.1 – Situação Energética na União Europeia e na Península Ibérica ..................................... 24
2.1.1 – Consumos energéticos em Portugal ........................................................................ 24
2.1.3 – Consumos energéticos em Espanha ........................................................................ 29
2.1.3 – União Europeia ........................................................................................................ 32
2.2 – Energia e Implicações Ambientais ................................................................................. 35
Capítulo 3 ................................................................................................................................... 39
Enquadramento Legal e Normativo ........................................................................................ 39
3.1 – União Europeia ............................................................................................................... 39
3.1.1 - Metas Europeias ....................................................................................................... 40
3.1.2 – Diretivas Comunitárias ............................................................................................ 42
3.2 - Quadro Legal Português ................................................................................................. 44
3.2.1 – Legislação aplicável ................................................................................................ 45
3.2.2 - Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020) ...................................................... 47
3.2.3 - Fundo de Eficiência Energético (FEE) .................................................................... 49
3.2.4 Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética 2016 – PNAEE 16 ................. 50
3.2.5 Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis 2020 – PNAER 2020 ........... 51
3.2.6 Programa de Eficiência Energética para a Administração Pública – ECO.AP .......... 52
3.3 - Quadro Legal Espanhol ................................................................................................... 53
12
3.3.1 – Legislação Aplicável ............................................................................................... 55
3.3.2 - Fondo Nacional de Eficiencia Energética (FNEE) ................................................. 56
3.3.3 - Plan Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-2020 .................................... 57
3.3.4 - Plan Energías Renovables 2011 /2020 (PER 2011/2020) ....................................... 59
3.4 – Legislação, Normas e Documentos de Referência Aplicados à Iluminação Pública. .... 60
3.4.1 – Norma Europeia EN 13201 ..................................................................................... 60
3.4.2 – Documento de Referência para a Eficiência Energética na Iluminação Pública
(DREEIP) ............................................................................................................................ 62
3.4.3 - Programa de Ajudas na Iluminação Exterior Municipal em Espanha ..................... 63
Capítulo 4 ................................................................................................................................... 65
Sistema de Iluminação .............................................................................................................. 65
4.1- Tipos de Lâmpadas em Iluminação Pública .................................................................... 66
4.1.1 – Lâmpadas de Vapor de Mercúrio de Alta Pressão .................................................. 67
4.1.2 – Lâmpadas de Vapor de Sódio de Alta e Baixa Pressão ........................................... 68
4.1.3 – Iodetos/Halogéneos Metálicos e Restantes Tipologias de lâmpadas....................... 70
4.1.4 - Light-Emitting Diode (LED) ................................................................................... 72
4.2 - Luminárias ...................................................................................................................... 78
4.3 - Equipamentos Auxiliares ................................................................................................ 80
4.3.1 - Balastros ................................................................................................................... 80
4.3.2 – Condensadores e Arrancadores ............................................................................... 83
4.4 - Equipamento de controlo ................................................................................................ 84
4.4.1 - Interruptores crepusculares ...................................................................................... 85
4.4.2 - Interruptores horários astronómicos ......................................................................... 86
4.4.3 - Métodos de controlo ................................................................................................ 87
4.4.4 – Telegestão - Sistemas de controlo e gestão ............................................................. 91
Capítulo 5 ................................................................................................................................... 93
Caso Prático ............................................................................................................................... 93
5.1 – Apresentação .................................................................................................................. 93
5.1.1 – AECT Duero-Douro ................................................................................................ 93
5.1.2 – Eficiência Energética no Centro de Consumidor de Energia do AECT Duero-Douto
............................................................................................................................................. 95
5.1.3 – Metodologia Adotada .............................................................................................. 97
5.2 – Caracterização da rede de Iluminação Pública (situação anterior) ................................. 98
5.2.1 – Lâmpadas e Luminárias......................................................................................... 100
5.2.2 – Balastros ................................................................................................................ 106
5.2.3 – Falhas e não conformidades .................................................................................. 106
13
5.3 – Propostas de melhoria (situação atual) ......................................................................... 110
5.3.1 – Lâmpadas e Luminárias......................................................................................... 111
5.3.2 - Telegestão .............................................................................................................. 114
5.4 – Análise de resultados .................................................................................................... 116
5.4.1-Consumos de energia ............................................................................................... 117
5.4.2 – Impacte Ambiental ................................................................................................ 120
5.4.3 – Viabilidade económica .......................................................................................... 122
5.4.4 – Conclusão da Análise de Dados ............................................................................ 123
5.4.5 – Legalização............................................................................................................ 124
Capítulo 6 ................................................................................................................................ .127
Conclusão ................................................................................................................................. 127
Glossário/Definições ................................................................................................................ 129
Referências ...................................................................................... Erro! Marcador não definido.
Anexos ...................................................................................................................................... 138
Índice de Figuras
Fig. 1.1 - Iluminação Pública na União Europeia (NASA) …………………………………... 20
Fig. 2.1 - Consumos de energia elétrica em Portugal no ano de 2014 (Portdata)………………25
Fig. 2. 2- Consumos de energia elétrica em Portugal no ano de 2014 …………………………26
Fig.2.3 - Consumo energético da Iluminação Pública em Portugal entre 1995 e 2014 ………..27
Fig. 2.4 - Quota de eletricidade gerada por cada tecnologia de FER em relação ao consumo total
de eletricidade em Portugal (2010 – 2020) ………………………………. …………………...28
Fig. 2.5 - Consumos energéticos em Espanha 2014 ……………………………………………30
Fig. 2.6 - Contribuição das energias renováveis na produção primária de energia em 2014 (%)
(Pordata) …………………………………………………………………………………….....33
Fig. 3.1 - Objetivos da ENE 2020……………. ……………………………………………......48
Fig. 3. 2- Planos implementados por Espanha 2005-2020 (Diputación de Cádiz)……………..54
Fig. 3.3 - Meta europeia de 2016 vs. Resultado de Espanha em 2010 ………………………..59
Fig. 4.1 - Lâmpada de Vapor de Mercúrio de Alta Pressão (IDAE) …………………………..67
Fig. 4.2 - Lâmpadas de VSAP e VSBP (IDAE) ……………………………………………….68
14
Fig. 4.3 - Lâmpadas Fluorescentes T8 e T5 (IDAE) …………………………………………..70
Fig. 4.4 - Lâmpadas de mercúrio com halogéneo metálico - HM (IDAE) ……………………71
Fig. 4.5 - Composição de uma luminária (IDAE) ………………………………………….....78
Fig. 4.6 - Influência da tensão no consumo e na vida de uma lâmpada VSAP (Fenercom)……81
Fig. 4.7 - Exemplo de um balastro eletromagnético (IDAE) …………………………………..83
Fig. 4.8 - Exemplo de um balastro eletrónico (IDAE) …………………………………………83
Fig. 4.9- Elementos de controlo na IP (AAE ) …………………………………………………84
Fig. 4.10- Efeitos dos redutores de fluxo luminoso (Fenercom) ………………………………90
Fig. 5.1- Logótipo do AECT Duero Douro ……………………………………………………93
Fig. 5.2- Logótipo do "Projeto de Eficiência Energética na Iluminação Pública" ……………..95
Fig. 5.3- Mapa dos municípios pertencentes ao Centro de Consumidores do AECT Duero-
Douro …………………………………………… …………………………………………….96
Fig. 5.4 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de
Zamora Norte.. …………………………………………… …………………………………..102
Fig.5.5 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de
Zamora Sul …………………………………………… ……………………………………..103
Fig. 5.6 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de
Salamanca Norte …………………………………………… ………………………………...103
Fig. 5.7 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de
Salamanca Sul …………………………………………… ………………………………….104
Fig. 5.8 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios em
estudo de Zamora e Salamanca ………………………………………………………………105
Fig. 5.9- Farola partida – Boada ……………………………………………..………………..107
Fig. 5.10- Quadro elétrico sem nenhuma fechadura …………………………………………..107
Fig.5. 11- Luminária suja – Vilvestre ……………………………………………..…………..108
Fig. 5. 12 - Globo com o vidro partido – Vilvestre ……………………………….…………..108
Fig. 5.13 - Poste de luz com o sistema elétrico á mostra – Alcanices...……………………….109
Fig. 5.14 - Compilação de imagens de tecnologia deficiente (AECT Duero-Douro) ………...109
Fig. 5.15 - Sistema de telegestão Enersonne ………………………………………………….114
Fig. 51.6 - Potência Instalada - Antes vs Potência Instalada – Depois ……………………….117
Fig. 5.17 - Consumo Energético - Antes vs Consumo Energético – Depois …………………119
15
Fig. 5.18 - Emissões de CO2e - Antes vs Emissões de CO2e – Depois ……………………….121
Fig. 5.19 - Custos - Antes vs Custos – Depois ………………………………………………..122
Fig. 5.20 – Total Antes vs Total depois ………………………………………………………123
Fig. 5.21 - Luminárias LED da Iluminação Pública depois do Projeto ………………………125
Fig. 5.22 - Luminárias LED e quadros elétricos substituídos ………………………………...126
Fig. 5.23 - Projetores LED para a iluminação ornamental e pública …………………………126
Fig. 5.24 - Farolas LED ……………………………………………………………………….126
Índice de tabelas
Tabela 2.1 - Consumos elétricos em Iluminação Público por tamanho dos municípios
(IDAE)…………………………………………………………………………………………..31
Tabela 2.2 - Percentagem de diminuição do consumo energético da UE 28 até 2014 (Eurostat)
………………………………………………………………………………………………......34
Tabela 3.1 - Tabela dos objetivos dos 10 programas do PNAEE 16…………………………...51
Tabela 3.2 - Tabela dos objetivos do PAAEE 2011-2016………………………………………58
Tabela 4.1 - Características das lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão (Garrido,2010)
…………………………………………… …………………………………………………….67
Tabela 4.2- Características das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão (Garrido, 2010)….69
Tabela 4.3 - Equivalência de potências elétricas para fluxos luminosos similares (EOI. Cursos
OL Servicios Energéticos)……………………………………………………………………....69
Tabela 4.4 - Características das lâmpadas de iodetos/halogéneas metálicas (Garrido, 2010)…..71
Tabela 4.5 – Comparação entre os sistemas de iluminação exterior mais utilizados (EOI. Cursos
OL Servicios Energéticos)……..………………………………………………………………..75
Tabela 4.6 - Tecnologia incandescente vs. Led (EOI) …………………………………………77
Tabela 5.1- Municípios pertencentes a província de Salamanca e do AECT Duero-Douro……99
Tabela 5.2 - Municípios pertencentes a província de Zamora e do AECT Duero-Douro………99
Tabela 5.3 - Gasto elétrico da IP………………………………………………………………100
Tabela 5.4- Tipologias das localidades inseridas no Projeto de Eficiência Energética na IP
(AECT Duero-Douro)…………………………………………………………………………101
Tabela. 5.5 - Alterações de potência - Tecnologia tradicional vs Tecnologia atual (AECT Duero-
Douro) …………………………………………………………………………………………113
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Abreviaturas mais utilizadas
U.E – União Europeia
CE – Conselho Europeu
EM – Estados Membros
GEE – Gases Efeito de Estufa
A&A – Aquecimento e Arrefecimento
FER – Fontes de Energia Renováveis
PME – Pequenas e Médias Empresas
PANER – Planos de Ação Nacional das Energias Renováveis
ENE – Estratégia Nacional para a Energia
FEE – Fundo de Eficiência Energética
FEEI – Fundos Europeus Estruturais e de Investimento
PNAEE – Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética
PNAER - Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis
Eco.AP – Programa de Eficiência Energética para a Administração Pública
AP – Administração Pública
FNEE - Fondo Nacional de Eficiencia Energética
PAAEE - Plan Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-2020
PER – Plan Energías Renovables
ESE – Empresas de Serviços Energéticos
RCM – Resolução do Conselho de Ministros
RD – Real Decreto-lei
ITC – Instruções Técnicas Complementares
UV – Ultravioleta
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IV – Infravermelho
VM – Vapor de Mercúrio
VSAP – Vapor de Sódio de Alta pressão
VSBP – Vapor de Sódio de Baixa Pressão
LED – Light-Emitting Diode (Díodo Emissor de Luz)
CFL – Compact Fluorescent Light (Lâmpadas de Baixo Consumo)
HM – Halógeneo Metálico
AECT – Associação Europeu de Cooperação Territorial
CCE – Centro de Consumidores Energético
IDAE – Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía
MITC – Ministério de Indústria, Turismo y Cultura (Espanha)
MIET . Ministério de Indústria, Energia y Turismo (Madrid)
AEMA – Agência Europeia do Meio Ambiente
AAE – Agência Andaluza da Energia
DREEIP - Documento de Referência para a Eficiência Energética na Iluminação Pública
18
19
Capítulo 1
Introdução
A minha dissertação foi realizada em conjunto com o meu Estágio Erasmus + em
Trabanca – Salamanca no Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT)
Duero – Douro. A duração do Estágio foi de 5 mês e nesse espaço de tempo
acompanhei vários projeto da AECT Duero – Douro sendo o mais relevante, e donde se
baseia a minha Tese, o Projeto de "Eficiência Energética na Iluminação Pública Exterior
do Centro Consumidor de Energia AECT Duero-Douro".
1.1 – Enquadramento e motivação
A energia elétrica tornou-se um recurso essencial à vida e sobrevivência do homem e
indispensável ao desenvolvimento económico das nações devido à sua multiplicidade de
aplicações e à comodidade que a sua utilização confere. No entanto a sua utilização
excessiva e contínua tem trazido consequências a nível económico e ambiental. Apesar
da diminuição da dependência energética registado nos últimos anos, ainda realizamos
importações elevadas de combustíveis fósseis, que tem contribuído para o aumento de
emissões de gases efeito de estufa (GEE). Assim sendo, a energia deve ser encarada
como um bem a ser utilizado de modo eficiente e racional, integrando-se na abrangente
perspetiva de utilização racional dos recursos.
Um dos sectores onde se tem vindo a verificar um maior consumo energético é o da
Iluminação Pública (IP), que representa uma grande percentagem do consumo
energético, ultrapassando em muitas realidades nacionais e municipais fatias
superiores a 50% do consumo total de energia, com repercussões negativas nas
finanças públicas e no ambiente. A utilização de tecnologia pouco eficiente agrava
ainda mais os custos e os impactes ambientais, levando muitas vezes as autarquias a
adotar medidas inadequadas como desligar parcialmente ou totalmente a iluminação
exterior nos locais de menor movimento. Tais medidas podem pôr em causa a segurança
dos peões e dos condutores e não se torna uma solução efetiva para o uso pouco
20
eficiente da energia. Desde que foi decidido a iluminação com luz artificial nas ruas,
estradas e auto-estradas durante a noite, têm surgido vários debates sobre esta questão
de “desligar ou não desligar a iluminação pública”. O primeiro estudo reconhecido foi
escrito em França em 1935 (visto em Lorphèvre,2014 (Schreder) - Geets R. 1980), e
nessa altura foi estabelecido que "a iluminação das principais redes rodoviárias é
uma exigência”.
A importância da IP nos tempos atuais está bem ilustrada na Fig 1.1, onde se mostra
uma imagem de satélite da Europa à noite, sob o efeito da IP.
Fig. 1.1 - Iluminação Pública na União Europeia (NASA)
É notável a sua utilização e a quantidade instalada e por isso a questão da eficiência
energética na IP é tão importante. A utilização eficiente de energia pode contribuir de
forma indelével para resolver total ou parcialmente alguns dos problemas de natureza
económica e de natureza social dos municípios. Além disso, contribui para melhorar a
qualidade do ambiente, dado que conduz à diminuição do nível de emissão de GEE.
Também constitui um primeiro passo do percurso que permitirá atingir as metas e
objetivos impostos pela União Europeia (UE) e assim colocar Portugal e Espanha numa
posição favorável quanto aos outros países no que diz respeito à aposta na eficiência
energética. Para conseguir um máximo de eficiência energética é necessário substituir a
tecnologia existente ou parte dela que já está obsoleta e optar por tecnologia recente que
apresente melhores características luminotécnicas do que as existentes.
21
1.2 – Objetivos
O principal objetivo desta Tese é informar quanto à importância da eficiência energética
e as suas vantagens tomando como caso específico a IP onde o seu consumo energético
não eficiente representa uma grande parte das despesas elétricas municipais. Usar-se-á
como exemplo um caso prático de um projeto desenvolvido pelo AECT Duero-Douro,
no qual foram estudadas soluções técnicas e tecnológicas mais eficientes de IP aos
municípios do Centro Consumidor de Energia AECT Duero-Douro e provar que as
soluções apresentadas são as melhores opções atualmente tanto por um consumo
inferior, como pelo melhor desempenho e otimização das condições e frequência de
manutenção. Com este estudo pretende-se ainda sensibilizar para o problema e
apresentar soluções tecnologicamente mais eficientes.
1.3 – Estrutura da Dissertação
Esta dissertação encontra-se dividida em 6 capítulos.
O capítulo 1 começa com uma introdução à dissertação, que contém uma breve
explicação do que será abordado neste documento como também os seus objetivos e a
estrutura da mesma.
A parte teórica começa no capítulo 2, onde é explicado o que é a eficiência energética e
a sua importância, é apresentada a situação atual em termos de consumo energético da
UE e de Portugal e Espanha e a comparação entre ambos. Ainda neste capítulo, será
abordado as consequências ambientais da má utilização dos recursos energéticos e das
atuais lâmpadas usadas na IP.
No capítulo 3 é apresentado o enquadramento legal e normativo e a posição da UE
quanto a eficiência energéticas e as metas impostas aos países membros, bem como as
respetivas Diretivas Comunitárias sobre este tema. Também é abordado o quadro legal
de Portugal e Espanha, com uma breve definição das estratégias de ambos países para
aumentar a eficiência energética, os planos criados para atingir as metas europeias e
nacionais e também a legislação aplicável a cada país.
22
No capítulo 4 são abordados os sistemas de iluminação em que serão referidos os
elementos constituintes da IP. Primeiro, apresentam-se os vários tipos de lâmpadas e o
seu uso numa IP; depois as luminárias e a sua função; a seguir a explicação dos vários
equipamentos auxiliares, balastros, condensadores, arrancadores e também os
equipamentos de controlo; e finalmente é descrita a tecnologia LED e o seu
desenvolvimento na sua aplicação numa IP.
No capítulo 5, apresentar-se-á o caso de estudo desenvolvido no âmbito do meu Estágio
Erasmus +, a constituição da IP dos municípios antes e após a sua alteração, a
comparação entre ambas as soluções com a correspondente análise de dados dos
resultados obtidos desse estudo.
No capítulo 6, capítulo final, será feita uma análise geral dos temas abordados com as
respetivas conclusões finais.
23
Capítulo 2
Consumo de Energia e Eficiência
Energética
A eficiência energética surgiu pela necessidade de não só potenciar e maximizar o uso
das energias que temos à nossa disposição como também criar o menor impacte no
ambiente. Utilizar, melhorar e gerir o uso das fontes de energia de maneira que se possa
atingir o potencial máximo, com os menores custos e menores impactes nos
ecossistemas. A eficiência energética não é nada mais que uma utilização racional da
energia a fim de obter um resultado vantajoso comparado com a anterior utilização, que
por definição, consiste na relação entre a quantidade de energia utilizada numa atividade
e aquela disponibilizada para a sua realização. As energias renováveis, que surgiram da
necessidade de produção de energia mais limpa, são a melhor resposta para o consumo
energético das nossas necessidades tais como a climatização e o aquecimento de água
quentes sanitárias e de piscinas e é o melhor substituto aos combustíveis fósseis não
tendo impacte ambiental relevante. Podemos então considerar que a eficiência
energética e as energias renováveis são os dois principais pilares de uma política
energética sustentável.
Neste capítulo será apresentado a situação atual de Portugal e Espanha quanto ao
consumo energético e o uso de energias renováveis no consumo energético final e
analisar ambos os casos separadamente. Na continuação do capítulo será então feita
uma comparação conjunta dos dados com a média europeia, seguindo uma análise
crítica de algumas das estatísticas energéticas. Para finalizar este capítulo, será
explicado de uma forma breve a implicação no ambiente da eficiência energética e as
consequências das lâmpadas no ambiente, sendo uma introdução a umas das
consequências das tecnologias anteriores utilizadas no meu tema em estudo, a
Iluminação Pública.
24
2.1 – Situação Energética na União Europeia e na
Península Ibérica
Atualmente torna-se impensável viver ou realizar alguma atividade sem a necessidade
de consumir energia. Os nossos escritórios, nos nossos automóveis, nos diversos
equipamentos domésticos, na iluminação pública, nas várias indústrias e centrais que
produzem e distribuem a nossa energia seja ela elétrica, gás natural ou outra, todas
consomem energia. Todo este consumo excessivo obrigou ao desenvolvimento de novas
tecnologias mais eficientes, a utilização de energia de fonte renovável e a gestão e
eficiência dos recursos. Para uma melhor a avaliação desses consumos, são divididos o
consumo total pelos sectores mais relevantes e assim é possível saber quais os sectores
que mais consomem e quais estão a aumentar ou a diminuir comparando com valores de
outros anos. A análise independente dos sectores é extremamente importante para a
posteriori, serem criadas e implementadas medidas específicas e eficazes paras cada
sector de consumo.
2.1.1 – Consumos energéticos em Portugal
Os consumos energéticos de Portugal são relevantes como nos demonstram os dados do
ano 2014 - último ano em que estão disponíveis os dados do consumo energético na
Base de dados de Portugal Contemporâneo – Pordata, fornecidos pela Direção Geral
de Energia e Geologia em que Portugal consumiu um total de 46180GWh de energia
elétrica, repartindo-se como se pode verificar na Figura 2.1.
25
Fig. 2.1 - Consumos de energia elétrica em Portugal no ano de 2014 (Pordata)
Na Figura 2.1 verificamos que o sector que mais consome energia elétrica a nível
nacional é a Indústria, a seguir do sector Não-doméstico e Doméstico, que juntos
representam uma contribuição de aproximadamente 90%. Os restantes sectores que
consomem mais energia são os Edifícios do Estado, a Iluminação das Vias Públicas
com um consumo de aproximadamente 1478 GWh/ano e a Agricultura, sobrando uma
pequena parcela de consumo para outros sectores menos relevantes neste aspeto.
Pode concluir-se que o sector da IP constitui um dos sectores em que o consumo
energético é considerável e portanto merece a sua atenção quanto à necessidade de ser
melhorada e portanto procurar soluções tendo em consideração objetivos de eficiência
energética.
A Figura 2.2 compara os vários sectores em percentagem para termos uma melhor
perceção da distribuição do consumo energético e a importância das mesmas:
26
Fig. 2.2 - Consumos de energia elétrica em Portugal no ano de 2014
Como se pode verifica através da Fig. 2.2, a Iluminação das vias públicas representa 3%
da energia consumida no país, representando uma parte considerável do consumo
energético.
Enquanto a nível nacional a IP representa uma percentagem mínima do consumo
energético final, a nível municipal a realidade é bastante diferente. O problema que se
enfrenta atualmente quanto à IP é o consumo de energia elétrica excessiva, emissões de
gases prejudiciais para o ambiente, como também elevados gastos económicos que
segundo o “ Documento de Referência para a Eficiência Energética na Iluminação
Pública” (DREEIP, 2012), pode ultrapassar 50% do total do orçamento dos municípios.
Mesmo assim o DREEIP confirma um crescimento de cerca de 4 a 5% da rede de IP por
ano devido a construção de mais estradas, prédios, expansões de cidades ou vilas ou
colocação de iluminação em locais que não estavam devidamente iluminados. Um dos
métodos utilizados por vários municípios e pelas autoridades nacionais e locais nestes
últimos anos para reduzir os custos de energia nas contas públicas foi de começar a
desligar totalmente ou parcialmente a IP em certas estradas onde a circulação tanto de
veículos como de peões era diminuta. Este método levantava sempre questões e
preocupações sobre a segurança rodoviária e a segurança pública e a IP tinha de ser
26%
26%
37%
2% 3%
5%
1% Doméstico
Não doméstico
Indústria
Agricultura
Iluminação das viaspúblicas
Edifícios do Estado
Outros
27
ligada novamente apesar de a iluminação parcial nas horas de menos movimento e nas
estradas de menos circulação seja ainda uma realidade.
Na Fig. 2.3 verificamos o consumo da Iluminação das vias públicas desde 1994 até
2014 com os dados disponibilizados pela Direção Geral de Energia e Geologia:
Gráfico 1.3 - Consumo energético da Iluminação Pública em Portugal entre 1995 e 2014
De 1995 até 2011, o consumo elétrico subiu anualmente começando a descer de 2011 a
2014. É possível concluir que o consumo energético aumentou devido a evolução
tecnológica e uma maior disponibilização de sistemas de iluminação nas várias
localidades como também devido ao crescimento dos vários municípios, o que implica
ampliações da rede de iluminação e a criação de várias infra-estruturas que contribuíram
para este consumo. A partir de 2011 assistiu-se a uma diminuição do uso de energia
elétrica na iluminação pública, atingindo-se um consumo global de 1478 GWh/ano em
2014, um consumo inferior ao de 2006 que é de 1511 GWh/ano. Esta diminuição reflete
os esforços realizados para diminuir o consumo energético e torná-la mais eficiente.
Mesmo assim, há que aumentar esses esforços para poder conseguir atingir os objetivos
europeus e nacionais quanto ao consumo energético.
Como foi referido anteriormente, as energias renováveis tendem a ganhar cada vez mais
peso e importância na produção de energia elétrica, como podemos observar na Figura
2.4, que demonstra a quota que representam as energias renováveis em 2010 divididas
por tipo de tecnologias e as previsões para os anos seguintes até 2020, que representa a
800
855
919
950
1020
1072
1144
1200
1332
1318
1410
1511
1571
1643
1674
1662
1671
1555
1470
1478
0200400600800
10001200140016001800
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
Co
nsu
mo
En
erg
éti
co (
GW
h)
Iluminaçãodas viaspúblicas
28
meta europeia a ser atingida, disponibilizada pela APREN – Associação de Energias
Renováveis.
Quanto às metas e objetivos europeus a serem atingidos até 2020, serão explicados no
capítulo seguinte.
Fig.2.4 - Quota de eletricidade gerada por cada tecnologia de FER em relação ao consumo total de eletricidade
em Portugal (2010 – 2020)
Através da evolução da contribuição de fontes de energias renováveis (FER) para a
produção de energia elétrica é possível prever que se atinja os 82% de energia elétrica
proveniente de FER em 2020, onde as principais FER são os 33% provenientes da
energia hídrica e os 30% da eólica.
Estas previsões são para demonstrar a importância da contribuição das energias
renováveis por tipo de tecnologia. Mais a frente será demonstrado o atual estado das
energias renováveis na produção de energia primária.
29
2.1.3 – Consumos energéticos em Espanha
Em Espanha a situação é semelhante à de Portugal no que diz respeito à IP em que é o
sector que apresenta os custos mais elevados de energia a nível municipal os quais
podem representar até 54% do consumo total energéticos das instalações municipais.
A IP inclui toda a instalação de iluminação de titularidade pública ou privada cujo fluxo
luminoso seja projetado num espaço aberto (estrada, caminho, parque, ornamental, etc.)
de uso público. Segunda a IDAE (Instituto para la Diversificación y Ahorro de la
Energía), todas estas instalações totalizam aproximadamente 8.044.680 pontos de luz,
com uma potência média de 162W e cerca de 4100 horas de utilização anual,
representando um consumo elétrico de 5.247 GWh/ano, quase quatro vez mais do que
em Portugal.
A Espanha é um dos países menos eficiente da Europa em termos de IP, segundo
informações da IDAE, gastam em média 116kWh/habit.ano comparado a outros países
europeus como França com 91 kWh/habit.ano, e Alemanha, com 43 kWh/habit.ano. A
eficiência energética na IP é uma solução importante para a diminuição do consumo
energético nacional e gastos económicos dos municípios.
No caso Espanha apresentarei os consumos dos Serviços Público atuais, onde está
inserido o sector da Iluminação Pública, e estimativas da IP, visto que anteriormente a
recolha dos dados estatísticos da IP era feita pelo Ministério de Indústria, Energia e
Turismo (MIET) de Madrid, mas que a partir de 2007 ficou englobado no mesmo
conjunto que a administração pública.
Segundo o MIET, o consumo anual energético de 2014 foi de 570,6 ktep e está dividido
como demonstra a figura seguinte:
30
Fig. 2.5 - Consumos energéticos em Espanha 2014
Analisando a figura, verificamos que 55% do consumo energético em quilo tonelada
equivalente de petróleo – ktep - é responsável a Indústria, seguindo-se 25% dos
Transporte e 15% dos Edifícios e Equipamentos, onde estes três conjuntos representam
95% do consumo energético de Espanha. Os restantes 5% estão distribuídos pelos
Serviços Públicos, que representam 2%, pela Agricultura, que representa 2%, e pela
Comunicação representando 1%.
Os Serviços Públicos, onde esta inserida a IP, representam 2% do consumo energético o
que é equivalente a um consumo de 12,3 ktep segundo os dados fornecidos pelo MIET.
Segundo as estatísticas do Departamento de Astrofísica e Ciências da Atmosfera da
Universidade Complutense de Madrid, estima-se que o consumo da IP por habitante
em 2012 seja de 113kWh. É um resultado muito elevado, segundo o Plano de Eficiência
Energética do ano 2004-2012 que previa uma redução até os 75 kWh/habit. Uma das
causas que levou ao aumento do consumo energético, segundo este estudo, foi o
aumento das taxas elétricas o que aumentou o gasto na IP, que passou de 450 milhões
de euros em 2007 a 830 milhões de em 2012. Outra razão apontada é que grande parte
dos custos vem dos municípios mais pequenos com menos de 200.000 habitantes, os
quais aumentaram as suas potências de IP, para igualar-se as das cidades mais
povoadas, onde é muito mais barato iluminar, como se pode verificar na tabela seguinte.
2% 2% 1%
55%
25%
15%
Serviços Públicos
Agricultura
Comuniação
Industria
Transporte
Edifícios e Equipamentos
31
Na Tabela 2.1 é demonstrado o consumo por habitante, potência média por ponto de luz
e a média dos pontos de luz por cada 1000 habitantes:
Tabela 2.1 - Consumos elétricos em Iluminação Público por tamanho dos municípios (IDAE)
Verificamos que à medida que o tamanho do município diminui, a potência por ponto
de luz também diminui. Isto deve-se ao facto de existir uma relação entre o aumento de
pontos de luz de menor altura com a diminuição do tamanho do município, e
consequentemente, menor potência instalada. No entanto, também se verifica que nos
município de menor densidade de habitantes, que o rácio de pontos de luz e do consumo
per capita são crescentes e mais elevados.
As atuais previsões para Espanha mostram que o país não cumprirá com a meta de
renováveis de 20% fixada para o ano 2020. A Agencia Europeia do Meio Ambiente
(AEMA) crê que será muito improvável que Espanha consiga atingir a meta dos 20% da
sua energia que seja proveniente de FER. Até 2011, Espanha superava a meta da altura
de 11% no período 2011-2012, mas desde aí tem vindo a diminuir a sua evolução nessa
área. No Conselho Europeu (CE) realizado no dia 17/03/2014, o comissário europeu de
Energia, Gunter Oettinger, diz que Espanha não cumprirá com a cota dos 20% até 2020
se continuarem com as atuais medidas estratégicas empreendidas pelo Governo
Espanhol. Segundo o Eurostat, no final de 2013, Espanha tinha atingido um 15,4% de
consumo energético de base renovável.
Ainda assim, o Ministério de Energia diz ser possível atingir os objetivos até 2020 com
os progressos que se tem vindo a desenvolver, nomeadamente:
32
Emissões de GEE – Espanha reduziu as emissões em 18% e é expectável
reduzirem até 24% no ano 2020 atingindo assim a meta de 20% de redução nas
emissões dos gases;
Energias Renováveis – até 2013 atingiu 15.4% e é possível atingir os 21%
ultrapassando a cota estabelecido de 20% no consumo final de energia ser
proveniente de FER;
Consumo de Energia Primária – Foi possível atingir uma redução de 8% entre
2006 e 2012, e com a recuperação económica será possível alcançar os
objetivos.
2.1.3 – União Europeia
Na UE, a redução do consumo de energia e a eliminação do desperdício energético
assumem cada vez mais importância, sendo alvo de constante debate em relação às
causas e às soluções adotar. As medidas em matéria de eficiência energética são cada
vez mais reconhecidas como meio, não apenas para alcançar um objetivo de consumo
energético sustentável, melhorar a segurança de aprovisionamento e diminuir os custos
da importação, mas também, promover a competitividade das economias europeias. A
IP é um dos sectores que mais consome energia elétrica nos municípios, representando a
nível nacional 3% do consumo elétrico em Portugal e 2% em Espanha.
Na Fig. 2.6 apresenta-se a comparação entre Portugal, Espanha e a média da UE quanto
à contribuição das energias renováveis na produção de energia primária.
33
Fig. 2.6 - Contribuição das energias renováveis na produção primária de energia em 2014 (%) (Pordata)
Podemos constatar que Portugal lidera a produção de energia primária através de FER
com 97,6% em 2014, obtendo quase o dobro de Espanha que regista 51,5% na produção
de energia de FER e quase o quádruplo da média Europeia, que regista somente 25,4%.
Podemos concluir que Portugal está no bom caminho quanto a eficiência energética e a
utilização de FER, ao contrário de Espanha, como já tinha sido referido anteriormente,
que ainda tem muito trabalho que desenvolver. Na Fig. 2.6 verificamos que a média
Europeia está muito abaixo dos países em comparação, e isso deve-se principalmente a
haver muitos países longe de cumprirem com os objetivos estabelecidos.
Podemos analisar esse caso na Fig. 2.7, através dos dados fornecidos pela Eurostat da
European Environment Agency, a situação dos países da UE até 2014 quanto a meta
dos 20% de diminuição de consumo energéticos a atingir até 2020.
34
Tabela 2.2 - Percentagem de energia renovável no consumo de energia final bruto da UE 28 até 2014
(Eurostat)
O objetivo da UE é atingir os 20% de utilização de energia provenientes de FER no
consumo final bruto de energia e a média de todos os Estados Membros (EM) tem que
atingir esta meta obrigatoriamente. Devidas as várias condições e possibilidades de cada
país, foram adaptadas as metas a atingir por cada um. Em 2014 os países que já
atingiram as suas respetivas metas foram a Bulgária, República Checa, Estónia, Itália,
Lituánia, Roménia, Finlândia e Suécia. Quanto a Portugal e Espanha, nenhum dos dois
atingiu ainda as suas respetivas metas. Espanha tem o objetivo da UE de 20% e
encontrava-se em 2014 com um valor de 16,2%. Já Portugal conseguiu ultrapassar o
objetivo europeu, obtendo 27% de redução mas não atingiu o objetivo nacional, ao qual
se comprometeu a obter 31% de energia renovável no consumo de energia final bruto.
Depois desta análise é possível verificar que Portugal está no bom caminho quanto à
diminuição dos consumos energéticos, tanto geral como na IP e já Espanha tem que
desenvolver medidas e implementá-las eficazmente para que possa atingir as metas que
se propôs.
0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 OBJETIVO
EU (28 countries) 8,5 9 9,5 10,4 11 12,4 12,8 13,1 14,3 15 16 20
EU (27 countries) : : : : : : : : : : : 20
Belgium 1,9 2,3 2,7 3,4 3,8 5,1 5,5 6,2 7,2 7,5 8 13
Bulgaria 9,4 9,4 9,6 9,2 10,5 12,1 14,1 14,3 16 19 18 16
Czech Republic 5,9 6 6,4 7,4 7,6 8,5 9,5 9,5 11,4 12,4 13,4 13
Denmark 14,9 16 16,4 17,8 18,6 20 22,1 23,5 25,6 27,3 29,2 30
Germany 5,8 6,7 7,7 9,1 8,6 9,9 10,5 11,4 12,1 12,4 13,8 18
Estonia 18,4 17,5 16,1 17,1 18,9 23 24,6 25,5 25,8 25,6 26,5 25
Ireland 2,4 2,9 3,1 3,6 4,1 5,1 5,6 6,6 7,1 7,7 8,6 16
Greece 6,9 7 7,2 8,2 8 8,5 9,8 10,9 13,4 15 15,3 18
Spain 8,3 8,4 9,2 9,7 10,8 13 13,8 13,2 14,3 15,3 16,2 20
France 9,4 9,6 9,3 10,2 11,1 12,1 12,6 11,1 13,4 14 14,3 23
Croatia 23,5 23,8 22,7 22,2 22 23,6 25,1 25,4 26,8 28,1 27,9 20
Italy 6,3 7,5 8,4 9,8 11,5 12,8 13 12,9 15,4 16,7 17,1 17
Cyprus 3,1 3,1 3,3 4 5,1 5,6 6 6 6,8 8,1 9 13
Latvia 32,8 32,3 31,1 29,6 29,8 34,3 30,4 33,5 35,7 37,1 38,7 40
Lithuania 17,2 17 17 16,7 18 20 19,8 20,2 21,7 23 23,9 23
Luxembourg 0,9 1,4 1,5 2,7 2,8 2,9 2,9 2,9 3,1 3,6 4,5 11
Hungary 4,4 4,5 5,1 5,9 6,5 8 8,6 9,1 9,6 9,5 9,5 13
Malta 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 1,1 1,9 2,9 3,7 4,7 10
Netherlands 2,1 2,5 2,8 3,3 3,6 4,3 3,9 4,5 4,7 4,8 5,5 14
Austria 23,3 23,8 25,3 27,3 28,2 30,2 30,6 30,8 31,6 32,3 33,1 34
Poland 6,9 6,9 6,9 6,9 7,7 8,7 9,2 10,3 10,9 11,3 11,4 15
Portugal 19,2 19,5 20,8 21,9 23 24,4 24,2 24,7 25 25,7 27 31
Romania 17 17,6 17,1 18,3 20,5 22,7 23,4 21,4 22,8 23,9 24,9 24
Slovenia 16,1 16 15,6 15,6 15 20 20,5 20,2 20,9 22,5 21,9 25
Slovakia 6,4 6,4 6,6 7,8 7,7 9,4 9,1 10,3 10,4 10,1 11,6 14
Finland 29,2 28,8 30 29,6 31,4 31,4 32,4 32,8 34,4 36,7 38,7 38
Sweden 38,7 40,6 42,7 44,2 45,3 48,2 47,2 49 51,1 52 52,6 49
United Kingdom 1,2 1,4 1,6 1,8 2,7 3,3 3,7 4,2 4,6 5,6 7 15
Iceland 58,9 60,1 60,8 71,5 67,5 69,7 70,4 71,6 72,3 71,3 71,1 :
Norway 58,1 59,8 60,3 60,2 61,8 64,9 61,2 64,8 65,9 66,7 69,2 :
Switzerland : : : : : : : : : : : :
35
2.2 – Energia e Implicações Ambientais
A produção, transporte e uso de diferentes formas de energia têm vindo a ser associadas
a vários problemas ambientais como as alterações climáticas resultante das emissões de
GEE, a degradação da qualidade do ar, a contaminação de água e dos solos e a produção
de resíduos. De facto, toda a cadeia produtiva de energia produz emissões atmosféricas
de vários GEE e contaminantes atmosféricos, como os óxidos de enxofre e azoto, o
monóxido de carbono, os metais pesados, as partículas em suspensão e os
clorofluorcarbonetos. Também são produzidos escoamentos que contaminam a água
(e,g - eutrofização) e os solos com consequências para a saúde humana e para os
ecossistemas. Outro problema grave é a geração de resíduos sólidos resultantes da
produção e consumo, em que os seus tratamentos são cada vez mais difíceis e caros para
evitar impactes ambientais significativos. Os resíduos radioativos também representam
um grande problema tanto para os seres vivos como para os ecossistemas.
Para prevenir as consequências destes efeitos ambientais associados ao de energia, têm
vindo a ser desenvolvidas e implementadas várias medidas que procuram atingir
diferentes objetivos energéticos nos mais variados sectores (Eficiência Energética,
Adene, 2016):
Melhorar o isolamento térmico dos edifícios, para assim poupar no aquecimento
e no arrefecimento mantendo a mesma temperatura;
Substituir as lâmpadas existentes por lâmpadas mais eficientes mantendo o
mesmo nível de iluminação;
Utilizar redes de sensores sem fio para visualizar o uso e o consumo de energia
em cada ponto para melhorar a eficiência;
Afinar os parâmetros de queima dos geradores de calor;
Melhorar o isolamento térmico das superfícies quentes;
Otimizar as condições de funcionamento de equipamentos;
Aproveitar os combustíveis e/ou as fontes de calor residuais;
Dimensionar corretamente as instalações energéticas;
Eliminar as fugas de ar comprimido;
+Recuperar a energia térmica em compressores de ar;
Substituir os motores convencionais por motores de alto rendimento;
36
Instalar VEVs (Variadores Eletrónicos de Velocidade);
Proceder ao deslastre de cargas;
Compensar o fator de potência;
Otimizar e controlar a iluminação;
Melhorar o aproveitamento das condições de iluminação natural;
Implementar de sistemas de gestão de energia;
Instalar sistemas de cogeração.
Assim, a estratégia europeia para a eficiência energética engloba medidas em vários
sectores no sentido de promover a utilização racional de energia e a eficiência
energética em equipamentos, obtendo também uma diminuição das emissões de GEE.
No que diz respeito à IP, também foram estabelecidas regras e soluções para obter um
maior rendimento nesse sector através da utilização de equipamentos e/ou soluções mais
eficientes com vista a melhorar a eficiência energética das instalações, nomeadamente:
Instalação de sistemas de regulação de fluxo luminoso;
Substituição de luminárias ineficientes ou com mais de 10 anos de utilização,
por equipamentos com melhor capacidade de reflexão;
Utilização de fontes de luz de menor potência;
Substituição de balastros ineficientes ou com mais de 10 anos;
Substituição de lâmpadas de vapor de mercúrio (VM) por fontes de luz mais
eficientes;
Instalação de tecnologias de controlo, gestão e monitorização da Iluminação
Pública.
Um dos principais problemas da IP é a poluição luminosa que ela produz e a eliminação
incorreta das lâmpadas, não só pela acumulação de resíduos, mas também pelo mercúrio
que elas contêm.
A poluição luminosa é uma das grandes consequências da iluminação artificial e do seu
mau uso que é causada pelo excesso de luminosidade e direcionamento incorreto dessa
mesma luminosidade da IP. As repercussões negativas deste fenómeno afetam o meio
envolvente, inibindo a observação do céu noturno o que pode acarretar efeitos negativos
para o ser humano como problemas de saúde. Segundo o estudo realizado por Barghini
(2010), a iluminação artificial prejudica o normal funcionamento na cadeia alimentar de
37
algumas espécies, diminuindo ou aumentando certas populações de animais, como
também atrai mais insectos o que pode levar ao aumento da distribuição de uma certa
doença para o ser humano. Também indicou que a poluição luminosa tem impactes
negativos no céu noturno, sendo visível parcialmente ou não sendo visível de todo.
Ainda refere que por mais que ainda existe áreas não iluminadas no globo, atualmente a
IP atingiu um nível de expansão e de uso tão grande que se a Terra fosse vista do lado
de fora do planeta, se poderia considerar o planeta como um corpo que possui luz
própria. Este tipo de poluição não pode ser totalmente encarada como culpa da
existência da IP mas sim do uso incorreto da mesma. Existem atualmente soluções para
resolver esta problemática como a substituição das lâmpadas por outras de menor
consumo e maior índice de reprodução cromática, como também o direcionamento
adequado da luz e a colocação de filtros para absorver a faixa do espectro in desejável
de uma lâmpada.
As preocupações em torno desta questão inquietam pesquisadores das mais diversas
área desde ambientalistas, astrônomos, biólogos e engenheiros.
No caso das lâmpadas utilizadas nas IPs, no final da sua vida útil, as lâmpadas são, na
maior parte das vezes, destinadas aos aterros e assim contaminam os solos e, mais tarde,
os cursos de água. A presença do mercúrio na água, mesmo em pequenas quantidades, é
um problema ecológico muito importante devido a sua bioconcentração, ou seja, a
concentração de mercúrio aumenta nos organismos animais que passam através da
cadeia alimentar, devido ao depósito de metal em diversos tecidos vivos. Portanto, os
animais situados no extremo da cadeia alimentar têm uma maior concentração e as
vezes perigosa para o próprio animal e aos que se alimentam dele, causando graves
problemas de saúde pública que pode vir a intoxicar uma comunidade inteira, aparte das
perdas económicas que daí pode advir. O sistema respiratório é a principal via de
penetração e absorção do mercúrio pelo ser humano e a sua exposição causa problemas
graves na saúde humana. Um dos exemplos mais trágicos das consequências do
envenenamento por mercúrio aconteceu na baía de Minamata – Japão, na década de
1950, onde as mulheres grávidas foram expostas a altos níveis de mercúrio através do
consumo de peixe contaminado, o que levou os seus descendentes desenvolverem
múltiplos sintomas neurológicos (microcefalia, hipoplasia e atrofia cerebral).
38
Atualmente são cada vez mais as empresas que se preocupam em controlar o impacte
que as suas atividades provocam no ambiente. A esse nível o indicador de repercussão,
que se define tecnicamente como “pegada de carbono” (PDC ou carbon footprint,
nome originalmente inglês), que se refere à massa de emissões de CO2 acumuladas, por
exemplo, através de uma cadeia de abastecimento ou através do ciclo de vida de um
produto, não sendo uma medida de área (Hertwich, E. G., & Peters, G. P; 2009). Pode
ser reduzido consideravelmente no campo da iluminação com a tecnologia LED, pela
capacidade de poupança energética. As empresas e organizações de maior estatuto
apostaram nas novas tecnologias, como as soluções LED para diminuir o seu gasto
energético e, ao mesmo tempo, cuidar do ambiente reduzindo as suas emissões e
controlando a sua pegada de carbono.
Os Governos de todo o mundo entenderam que uma decisão como incentivar ou
diretamente proibir a venda das lâmpadas incandescentes significaria uma poupança
instantânea no uso da energia, assim como a emissão de CO2e Desde de Setembro de
2009, a UE proibiu a venda de “lâmpadas” incandescentes de mais de 80 watts nos
países membros. Também tomaram essas medidas os Estados Unidos entre 2012 e
2014, como também o Brasil, Venezuela, Austrália, Suíça, Argentina, Rússia e Canadá.
Em 2012, A UE proibiu a fabricação e venda de lâmpadas incandescentes tradicionais
através da Diretiva Ecodesign 2009/125/CE, que foi criada com o objetivo de eliminar
este tipo de lâmpadas não eficientes de forma progressiva entre 2009 e 2016.
Estabeleceu um calendário cuja aplicação começou em setembro de 2009 com a
eliminação das lâmpadas de 100W e continuou com as de 75W. Esta tecnologia
considera-se pouco eficiente porque 90% da eletricidade que consome transforma-se em
calor enquanto só 10% (no melhor dos casos) se transformava em energia luminosa.
Assim sendo, o plano continuou a ser executado e desde de 1 de setembro de 2012 as
lâmpadas incandescentes de 60W já não são distribuídas no mercado europeu, sendo
que este é um dos modelos mais usados em países como Espanha, segundo dados da
Philips.
O objetivo da U.E é conseguir, em 2020, uma economia de eletricidade equivalente ao
consumo anual de onze milhões de casas e uma redução média da fatura de luz de 25
euros ao ano por habitação com a aplicação das novas normas de eficiência energética.
39
Capítulo 3
Enquadramento Legal e Normativo
3.1 – União Europeia
O consumo de energia está na origem de 80% das emissões de gases com efeito de
estufa na UE e, portanto, torna-se prioritário reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa e assim obter um menor consumo de energia e uma maior utilização de energia
limpa. Perante a necessidade de reduzir o nível de emissões libertados para a atmosfera
através do consumo energético, a UE teve que assumir uma posição cada vez mais
importante sobre a redução do consumo de energia e a eliminação do desperdício
energético como uma questão determinante para a sua política energética e para isso
teve que criar medidas perante esta situação que atinge todo o planeta. Em resposta aos
problemas foram criadas Diretivas e estabelecidas metas e objetivos para os países
membros cumprirem como foi referido no capítulo 2.1.
Em novembro de 2010, o CE apresentou uma nova estratégia para a produção de uma
energia mais competitiva, sustentável e segura para ao horizonte de 2020. Esta
estratégia tem como prioridade para os próximos dez anos a redução e economia de
energia, a criação de um mercado pan-europeu de energia com infraestruturas, unir cada
vez mais os 27 Estados no que diz respeito a energia e a partilha do seu mercado, obter
uma liderança europeia em tecnologia e inovação energética, assegurar uma produção
de uma energia limpa, segura, sem riscos e economicamente acessível a todos, através
de consumidores ativos.
40
3.1.1 - Metas Europeias
Em 2006, a UE em conjunto com os EM assumiram uma meta para 2016 de reduzir o
consumo médio anual de energia em 9%. Posteriormente no ano 2007, o CE em
conjunto com os EM comprometeram-se na criação de uma economia europeia
energeticamente eficiente e baixa em carbono como também a redução de 20% no
consumo de energia final até 2020. As previsões realizadas em 2007, mostravam que
em 2020 o consumo de energia primária aumentaria até os 1.842 Mtep mas com a
redução de 20%, o consumo diminuiria para 1.474 Mtep, ou seja, seria expectável uma
economia energética de 368 Mtep.
A quota só foi legalmente estabelecida através da saída da Diretiva 2009/28/CE –
Diretiva de Fontes de Energias Renováveis (Diretiva FER) que definiu, em 2009, metas
ambiciosas nos domínios da energia e das alterações climáticas para o ano 2020.
Foi definido uma meta de 20% no consumo médio anual de energia ser proveniente de
fontes de energias renováveis (FER) através da imposição de metas e objetivos
obrigatórios aos EM como também a inclusão da energia de fonte renovável nos
sectores da produção de eletricidade, aquecimento e arrefecimento (A&A) e 10% de
energia renovável no sector de transportes. Ainda, os EM terão que apresentar os seus
Planos de Ação Nacionais das Energias Renováveis (PANERs) onde terão que definir,
de uma forma clara e concreta, todos os meios e os métodos que irão desenvolver e
aplicar para atingir as metas Europeias.
A Comissão Europeia terá total autorização e obrigação de monitorizar estes planos,
verificando se cumprem com os seus objetivos. No caso de não cumprirem, devem
implementar a Diretiva de forma satisfatória, podendo o CE lançar procedimentos por
infração aos EM.
Em 2012 surge a Diretiva 2012/27/UE – Diretiva da Eficiência Energética (Diretiva
EE) onde define medidas e mecanismos mais eficazes para atingir os objetivos como
inclui novas metas a serem atingidas que são:
Atingir uma redução de 20% do consumo de energia primária sendo substituída
por energia renovável e 10% no sector de transporte;
Reduzir 20% das emissões de GEE e em 30% se forem criadas e forem
disponíveis condições para tal, comparado a 1990;
41
Aumentar a eficiência energética com a finalidade de economizar 20% da
energia consumida na UE de acorda com as previsões para 2020.
Esses objetivos surgem denominada como “Estratégia 20-20-20”.
Em março de 2014, o CE publicou uma comunicação onde estava registado o balanço
energético da UE e verificou a eficácia da eficiência energética em termos de redução
de custos económicos e na dependência energética. Houve registos negativos relativo
aos avanços e ao alcance dos objetivos que foram desiguais e ficaram marcados pela
Crise Económica Europeia, em que afetou a empregabilidade e os níveis de pobreza,
além de ter limitado os avanços para atingir os restantes objetivos, com a exceção do
seu efeito na redução dos GEE. Por outro lado, houve evoluções estruturais positivas
quanto aos níveis de educação, ao aumento do uso de energias renováveis e a redução
da intensidade de carbono da economia. Com isso a UE estabeleceu regras e normas
sobre a matéria de eficiência energética aplicável à rotulagem e à conceção ecológica
dos produtos, serviços e infraestruturas com o objetivo de melhorar a eficiência
energética ao longo de toda a cadeia produtiva de energia, desde o aprovisionamento
energético à utilização de energia por parte dos consumidores.
Com os avanços e esforços feitos pelos EM para o cumprimento das metas até 2020,
novos objetivos foram já estabelecidos para 2030. No final de 2014, os Chefes de
Estado e de Governo dos países membros da EU concordaram com o estabelecimento
de novos objetivos para o ano 2030 dirigidos a:
Reduzir até 40% as emissões de GEE relativamente aos níveis de 1990;
Aumentar as energias renováveis para que representem pelo menos 27% do
consumo final de energia;
Reduzir no mínimo um 27% no consumo energético
As previsões atuais para 2030 indicam que são necessários mais esforços, tanto
nacionais como europeus, para que a UE alcance os novos objetivos a longo prazo que
definem como prioridade a redução das emissões de carbono do sistema energético da
UE entre 80% - 95% para o ano 2050.
42
3.1.2 – Diretivas Comunitárias
As Diretivas podem ser definidas como um ato legislativo estabelecidas pela UE que
exige aos seus EM alcançarem um determinado objetivo e/ou resultado. Geralmente não
ditam meios específicos para atingir determinado objetivo, dando aos seus EM
flexibilidade na criação de meios para atingir os objetivos propostos e quanto as regras a
serem adotadas, dependendo da situação e das possibilidades de cada país membro.
Geralmente, as Diretivas são criadas perante um problema comum a solucionar com o
objetivo de beneficiar toda a União. Dentro do sector energético, a UE tem enfrentado
grandes problemas ao longo dos anos como a dependência das importações de energia, a
escassez de recursos energéticos e a crise económica que o sector energético também
sofre. As alterações climáticas são um aspeto ambiental obrigatório a tomar em conta
quanto as emissões de GEE provocadas através de todo o processo energético, desde da
sua produção até à sua utilização. Neste caso, foram criadas várias Diretivas com o
propósito de solucionar este problema progressivamente, através do estabelecimento de
várias metas e regulamentos. As Diretivas são todas relacionadas com eficiência
energética, visto que é o “instrumento mais eficaz” para combater este problema.
São de seguida apresentadas as Diretivas mais relevantes dos últimos anos quanto ao
tema de eficiência energética:
Diretiva n.º 2006/32/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de abril, define
que todos os EM deverão obter uma redução no consumo final de pelo menos 1% por
ano, sendo no total de 9% de energia até 2016. A Diretiva também estabelece a
obrigação dos EM publicarem um plano de ação para a eficiência energética para a
redução de consumo energético através da adoção e da implementação de várias
medidas de aproveitamento, redução e eficiência energética no país para atingir os
objetivos impostos. A Diretiva ainda especifica medidas a desenvolver para obter uma
relação custo-eficácia na melhoria da eficiência na utilização final de energia nos EM.
Diretiva 2009/28/CE / - Diretiva FER, criada em 23 de abril e publicada em junho de
2009, promove a utilização de energia através de fontes de energia renováveis.
Tem como principais objetivos:
43
Estabelecer metas e objetivos quanto à utilização de FER - A Diretiva FER tem
uma importante função de estabelecer e fazer que se cumpram metas e objetivos
quanto à quota das FER no consumo final bruto da energia de modo a ajudar a
atingir os objetivos nacionais e europeus;
Aprova os PANERs – exemplo do PNAEE 2016 e PNAER 2020;
Regulamenta a emissão de certificação de origem – Regula a certificação de
origem da eletricidade, podendo ser aplicável ao calor renovável;
Flexibilidade entre projetos e na transferência de dados estatísticos – A Diretiva
FER estipula a criação de medidas e mecanismos de flexibilidade para projetos
conjuntos e na transferência de dados estatísticos entre EM para ajudar no
cumprimento das quotas;
Disponibilizar mais e melhor informação sobre apoios às FER;
Melhorar a oferta de sistemas de certificação e qualificação profissional – no que
diz respeito aos instaladores de equipamentos com base em FER de pequena
escala;
Facilitar ao acesso das FER a rede elétrica – Incentiva os EM a tomar medidas
quanto a facilidade ao acesso das FER a rede elétrica e simplificar os processos
de autorização, certificação e licenciamento;
Cumprir critérios de sustentabilidade – Obriga ao cumprimento de critérios que
visem a sustentabilidade energética quanto a contabilização da energia
proveniente de biocombustíveis e biocombustíveis de segunda geração.
A Diretiva FER estabelece uma quota mínima comum a todos os EM de 20% de
consumo de energia final ser proveniente de FER e uma quota de 10% de energia
proveniente de FER no sector de transportes para o ano 2020.
Diretiva 2009/125/CE - Diretiva Ecodesign, de 21 de outubro, está relacionada com a
criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos
relacionados com o consumo de energia com o objetivo de garantir a sua livre
circulação no mercado. Também prevê a criação de requisitos para os produtos
relacionados com consumo de energia para a introdução de produtos mais eficientes no
44
mercado contribuindo para um desenvolvimento sustentável, aumentar o nível e
proteção do ambiente e melhorar assim a segurança do fornecimento de energia.
Um dos objetivos mais importantes é a eliminação das lâmpadas VM de alta pressão e
outras tecnologias não eficientes de forma progressiva entre 2009 e 2016, como já foi
referido no subcapítulo 2.2.
A diretiva tem um duplo objetivo, por um lado reduzir o consumo energético e ajudar,
deste modo, reduzir as emissões de gases de efeito de estufa; e por outro lado evitar
resíduos criados por estes dispositivos. Assim obtém o dobro de benefício ambiental.
Diretiva 2012/27/UE - Diretiva EE do Parlamento Europeu e Conselho, também
designada por Diretiva de Eficiência Energética, foi publicada no dia 25 de outubro de .
Esta Diretiva estabelece a obrigação dos EM apresentarem um PNAEE, no qual terá de
estar descrito todos os métodos, mecanismos e medidas de sustentabilidade e eficiência
energética, incluindo os sectores onde serão implementados, com a finalidade de atingir
a meta anteriormente definida de 9% de economia no consumo de energia final até 2016
como também a meta de 20% de eficiência no consumo final de energia, 20% da
energia produzida ser de FER e 20% nas reduções de GEE até 2020. Também inclui
mecanismos e medidas a serem implementadas quanto à eficiência energética nos
edifícios e organismos públicos.
3.2 - Quadro Legal Português
Com a UE a assumir cada vez mais a redução de gastos e de consumo energético e a
eliminação do desperdício energético como medidas importantes para a sua política
energética, Portugal teve que tomar uma posição quanto a essa problemática. Em, 2007,
os países membros da U.E, concordaram em reduzir o consumo médio anual em 20%
até 2020, mas Portugal traçou metas mais ambiciosas e estabeleceu um objetivo em
reduzir o consumo de energia primária em 25%. Com a saída da Diretiva FER, Portugal
traçou metas nacionais, tendo aumentado a quota das energias renováveis no consumo
final de energia em 31. Estas medidas visam melhorar a eficiência em todas as fases da
cadeia da energia. Para ser possível atingir os objetivos, Portugal adotou uma política
energética nacional baseada em dois fatores essenciais: racionalidade económica e
45
sustentabilidade. As medidas adotadas pelo Governo foi a implementação de planos e
programas que visam cumprir as necessidades e os objetivos da nova política energética
que se baseiam maioritariamente em reduzir os GEE de forma sustentável, aumentar a
independência energética do País; melhorar a economia geral principalmente no sector
Estado, no que diz respeito à despesa pública que será diminuída, e usar eficientemente
os recursos.
Com o objetivo de uma política energética sustentável, eficiente e que favorece a
competitividade económica e a qualidade de vida da população, foram desenvolvidos
dois planos nacionais e um programa com objetivos específicos e que vai ao encontro
das metas a cumprir na U.E. Também foi criado um Fundo Nacional Energético para
apoiar a implementação das várias medidas.
Os planos e programas desenvolvidos foram:
FEE - Fundo de Eficiência Energético;
PNAEE 2016 - Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética 2016;
PNAER 2020 - Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis 2020;
ECO.AP - Programa de Eficiência Energética para a Administração Pública;
A integração dos dois Planos, o PNAEE 2016 e o PNAER 2020, permite uma ação
concertada para o cumprimento tanto dos objetivos nacionais como os objetivos
europeus para os respetivos anos.
3.2.1 – Legislação aplicável
Para combater os problemas energéticos referenciados anteriormente, a UE estabeleceu
novas regras e objetivos através das várias Diretivas, referido no subcapítulo 3.1.2,
aplicado a todos os EM. Com a saída das várias Diretivas comunitárias, Portugal teve
que transcrever para o plano nacional nova legislação que fosse ao encontro dos
objetivos europeus. A seguir, apresentam-se as Resoluções do Conselho de Ministros
(RCM) e Decretos de Lei mais relevantes dos últimos anos quanto ao tema estudado:
46
RCM nº 80/2008, de 20 de maio, aprova o primeiro Plano Nacional de Ação para a
Eficiência Energética (2008 – 2015) para poder alcançar e cumprir os objetivos
impostos pelo Parlamento Europeu com a Diretiva n.º 2006/32/CE.
Decreto de Lei nº 319/2009, de 3 de novembro, transpõe a Diretiva nº 2006/32/CE,
relativa a eficiência energética no consumo final de energia primária e aos serviços
energético públicos e quanto aos objetivos a serem alcançados (9% no consumo
energético até 2016 mediante um PNAEE). Também visa incrementar a relação custo-
eficácia na utilização final de energia através do desenvolvimento de um melhor quadro
legal energético, a criação de mecanismos para a eliminação de deficiências e
obstáculos que encontram no mercado energético, tanto na sua distribuição e produção
como na obtenção de energia mais eficiente e maior promoção e divulgação quanto a
eficiência energética.
RCM nº 29/2010 de 15 de abril, aprova a ENE 2020 como instrumento nacional de
desenvolvimento energético sustentável e centrado na eficiência energética com o
objetivo de atingir as metas europeias e nacionais, como também criar um mecanismo
do desenvolvimento do mercado elétrico, sempre no sentido de reduzir a dependência
energética do exterior. Ainda inclui um sector dedicado a Biomassa Florestal quanto as
apostas nas energias renováveis.
Decreto-Lei nº 50/2010 de 20 de maio, define a criação, no âmbito do Ministério da
Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, o Fundo de Eficiência Energética (FEE),
que anteriormente era só designado por Fundo. O FEE tem natureza de património
autónomo e sem personalidade jurídica. O FEE foi criado com objetivo de financiar
todas as medidas e programas descritos no PNAEE mas também de potenciar o
desenvolvimento empresarial e dos cidadãos quanto a eficiência energética; apoiar
projetos de eficiência energético em áreas que até agora não era possível e não se
tinham desenvolvido nenhum projeto nesse contexto e promover um comportamento
mais eficiente.
47
RCM nº 2/2011 de 12 de janeiro, cria o Programa de Eficiência Energética na
Administração Pública – ECO.AP, de forma a contribuir para alcançar a meta europeia
de 20% até 2020.
RCM nº 20/2013 de 10 de abril, aprova o Plana Nacional de Ação para a Eficiência
Energética para o período 2013-2016 – PNAEE 2016 – e o Plano Nacional de Ação
para as Energias Renováveis para o período 2013-2020 – PNAER 2020.
3.2.2 - Estratégia Nacional para a Energia (ENE 2020)
Para poder atingir todas essas metas e objetivos que Portugal se propôs foi então criada
através da RCM nº 29/2010 de 15 de abril, a Estratégia Nacional para a Energia 2020
(ENE 2020).
A ENE 2020 assenta sobre cinco eixos principais que traduzem uma visão a atingir e
através das quais se vai desenvolver e detalhar um conjunto focado de prioridades e um
conjunto de medidas a serem implementadas para a concretização dos objetivos. Na Fig.
3.1 estão representados os eixos no qual a ENE 2020 se apoia para o seu
desenvolvimento:
48
Fig.3.1 - Objetivos da ENE 2020
Através de uma agenda definida, a ENE 2020 em conjunto com a Diretiva FER
estabelecem os seguintes objetivos e compromissos nacionais para 2020 com origem em
FER:
Atingir uma quota de 31% de energia renovável no consumo final bruto de
energia;
Atingir uma quota de 60% da eletricidade produzida a partir de FER;
Atingir uma quota de 10% do consumo de energia renovável nos transportes
rodoviários;
Reduzir a dependência energética do exterior em 74%;
49
Reduzir em 25% o saldo importador energético (economia de 2.000 M€/ano - 60
M barris petróleo);
Cumprir os objetivos quanto a redução de GEE.
(Luís Silva, ADENE - Agência para a Energia, 2010)
Segundo a ENE 2020, Portugal conseguirá reduzir a dependência quanto a energia
elétrica do exterior, caminhar em direção dos objetivos propostos e ainda criar mais de
100 mil postos de trabalho. A ENE 2020 ainda se propõe continuar a desenvolver o
sector associado à promoção de eficiência energética e promover o desenvolvimento
sustentável que vai ao encontro das metas na redução de emissões de gases.
3.2.3 - Fundo de Eficiência Energético (FEE)
Para o desenvolvimento e implementação dos programas e das medidas previstas é
necessário um investimento financeiro e o primeiro PNAEE, anterior ao PNAEE 16,
previu a criação de fundo nacional capaz de os financiar e foi através do Decreto-Lei nº
50/2010 de 20 de maio que foi criado o Fundo de Eficiência Energética (FEE). O FEE
foi criado como o objetivo de financiar todos os programas e medidas descritas no
PNAEE: apoiar os projetos quanto a tecnologias de eficiência energética nos sectores de
Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Sector Público e apoiar ações
relativamente a eficiência energética nas áreas dos comportamentos, fiscalidade e
financiamentos. A criação do FEE também foi com o intuito de potencializar a política
de desenvolvimento económico, social e territorial que estava a ser promovida e a ser
executada que é denominada de “Portugal 2020”. O objetivo do Portugal 2020 é atingir
as metas nacionais já propostas, a redução de 25% no consumo de energia primária,
sendo que o Estado e a Administração Pública (AP) querem atingir uma redução de
30% do consumo através do programa ECO.AP. E para a sua implementação e
desenvolvimento, contem com o apoio do FEE e do FEEI (Fundos Europeus Estruturais
e de Investimento).
O FEE também tem a possibilidade de financiar todos e quaisquer projetos não
previstos no PNAEE 2016 mas que comprovam a sua contribuição para a eficiência
energética, como está referido nos termos do disposto nº 2 do artigo 2º do Decreto-lei
nº. 50/2010, de 20 de maio. O FEE pode ainda ajudar no desenvolvimento de operações
50
que sirvam de base à definição de projetos em maior escala financiados no âmbito da
política do “Portugal 2020” e que visem a implementação das medidas relacionadas
com o PNAEE 2016, em complementaridade como os objetivos deste Fundo.
(Fundo de Eficiência Energética, Plano Nacional Ação de Eficiência Energética)
3.2.4 Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética
2016 – PNAEE 16
O Parlamento Europeu determinou com a Diretiva 2006/32/CE, relativa à eficiência
energética e aos serviços energéticos, que os EM deveriam atingir um valor global de
9% até 2016 na redução de consumo energético através da adoção e da implementação
de várias medidas de aproveitamento, redução e eficiência energética. Foi então
publicada a RCM n.º 20/2013 que aprova o Plano Nacional de Ação para a Eficiência
Energética (PNAEE 2016), que no que diz respeito a eficiência energética, prevê uma
poupança de 8,2% em Portugal, valor este que está relativamente próximo da meta
estabelecida pela UE de 9% para 2016.
O PNAEE 2016 passou a abranger seis áreas específicas, que inclui os já abrangidos
pelo anterior plano, PNAEE 2008: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria,
Estado, Comportamentos e Agricultura. Para cumprir os objetivos foram criados 10
programas para estes sectores que integram medidas de melhoria do sistema energético
para um melhor aproveitamento (ver tabela 3.1).
(Plano Nacional para a Eficiência Energética 2016)
51
Tabela 3. 1- Tabela dos objetivos dos 10 programas do PNAEE 16
3.2.5 Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis
2020 – PNAER 2020
Na mesma publicação da RCM n.º 20/2013, onde foi aprovado o PNAEE 2016, também
foi aprovado o Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis ( PNAER 2020),
que diz respeito mais diretamente a utilização de energias renováveis. O PNAER 2020
prevê uma redução de 18% da capacidade instalada em tecnologias baseadas em FER
relativamente a 2010, assim como o aumento da quota de energia proveniente de fontes
•Eco Carro, que agrega as medidas direcionadas para a
melhoria da eficiência energética nos veículos;
•Mobilidade Urbana, que abrange as medidas relacionadas
com a necessidade de incentivar a utilização de transportes
coletivos;
•Sistema de Eficiência Energética nos Transportes,
medidas para dinamizar a utilização das redes ferroviárias e a
gestão energética das frotas de transportes.
•Renovar Casa e Escritório, conjunto de medidas de
eficiêcia energética na iluminação, electrodomésticos e
reabilitação do espaço;
•Sistema de Eficiência Energética nos Edifícios, medidas
de processo de certificação energética nos edifícios;
•Integração de fontes de Energia Renováveis
Térmicas/Solar Térmico, nos edifícios e equipamentos
residenciais e de serviços
•Indústria
•Programa designado por um por um Sistema de Eficiência
na Indústria,que inclui a revisão do SGCIE (Sistema de
Gestão dos Consumos Intensivos de Energia).
•Estado
•Programa designado por Eficiência Energética no Estado,
um conjunto de medidas dirigidos aos edifícios do Estado, aos
Planos de Ação de Eficiência Energética,frotas de transporte
do Estado e à Iluminação Pública (IP).
•Comportamentos
•Integra medidas que visam promover hábitos e atitudes de
consumidores, como sejam a recomendação de produtos
eficientes, através de campanhas de sensibilização e
comunicação.
•Agricultura
•Abrangido por o Programa de Eficiência Energética no
Setor Agrário, e tem como objectivo agrupar e dinamizar
ações para a redução de consumos energéticos
•Resisencial e Serviço
•Transportes
52
renováveis (60% vs. 55%). O estabelecimento desta meta para 2020 prevê o
cumprimento das metas estabelecidas pela U.E de 20% no consumo das energias
primárias, do objetivo geral na redução em 25% no consumo de energias primárias e o
do objetivo específico da diminuição em 30% para a AP.
As novas linhas gerais do PNAER têm como base a premissa de que Portugal deve ser
um país autossustentável energeticamente, ou seja, eficiente e independente e assim ser
um país competitivo. E para isso o PNAER introduz as FER em três grandes sectores –
A&A, Eletricidade e Transporte. (Política energética, Adene, 2016)
3.2.6 Programa de Eficiência Energética para a
Administração Pública – ECO.AP
O Governo Português, seguindo a política estabelecida no PNAEE e na ENE 2020,
lançou através da RCM nº 2/2011 o programa de Eficiência Energética na
Administração Pública - ECO.AP. Este programa tem como objetivo específico de obter
um nível de eficiência energética na ordem dos 30% até 2020 nos organismos e serviços
de AP (que inclui iluminação pública e instalações semafóricas, edifícios e instalações
municipais). O Programa ECO.AP contém medidas para que não haja aumento na
despesa pública com a redução da fatura energética nos serviços e organismos, contribui
para a redução de emissão de efeitos de estufa e também estimula a economia na área de
serviços energéticos, através da criação do quadro legal das Empresas de Serviços
Energéticos (ESE) para poderem entrar em funcionamento e atuar e assim obterem
contratação pública de gestão de serviços energéticos.
Com vista a alcançar os objetivos propostos, foi criado o Barómetro de Eficiência
Energética que tem como função disponibilizar os dados sobre o desempenho
energético da AP promovendo assim, através de um sistema de avaliação e ranking,
competição entre as entidades públicas. Permitirá caracterizar os consumos de energia
do sector público, essencial para o planeamento e o desenvolvimento de medidas
eficazes de promoção da eficiência energética, e as energias renováveis no sector
público. Ainda irá permitir identificar e comunicar boas práticas em termos de
eficiência energética e assim poderem ser partilhadas e praticadas por todos os serviços
da AP, funcionando como uma plataforma de partilha e informação sobre práticas e
comportamentos energeticamente eficientes.
53
O Barómetro Eco.AP tem como principais objetivos:
Incentivar a promoção da eficiência energética na AP;
Fornecer um panorama global sobre o grau de eficiência energética na AP;
Veicular o Estado como referência e disseminador de boas práticas de eficiência
energética;
Consistir num referencial exaustivo de projetos de eficiência energética na AP.
(Eco.AP – Programa de Eficiência Energética na Administração Pública)
Através de uma bateria de indicadores de eficiência energética, o Barómetro compara e
divulga publicamente o ranking de desempenho energético dos serviços e organismos
diretos ou indiretos do Estado.
3.3 - Quadro Legal Espanhol
Como foi anteriormente referido, a Diretiva FER e a Diretiva EE estabeleceram a meta
de redução do consumo médio de energia anual em 20% até 2020, pelo que Espanha
também teve que estabelecer as suas próprias medidas e começar a estudar
procedimentos a adotar para poder cumprir os objetivos da U.E.
O Governo Espanhol, mais especificamente o MITC, começou o desenvolvimento de
estratégias para poder desenvolver e potenciar a eficiência energética no país e deixou a
cargo a sua implementação a IDAE. Foram criadas várias estratégias, como a criação de
um fundo nacional a reverter na aplicação e execução dos vários programas e planos
para o desenvolvimento energético sustentável do país. Também foram criadas medidas
a ser aplicadas em vários sectores, sendo os mais importantes a Indústria, a Agricultura
e a Pesca, como também investir nos métodos da transformação da energia e na criação
de cidades cada vez mais sustentáveis.
Em Espanha, os objetivos traduzem-se em que as FER representem pelo menos o 20%
do consumo energético final no ano 2020 – a mesma meta definida para a UE –
agregado também o objetivo de 10% no que diz respeito ao sector de Transportes para
esse ano.
54
Espanha desenvolveu planos e estratégias para se poder atingir os objetivos que se
propôs para o horizonte de 2020 que foram os seguintes:
FNEE - Fondo Nacional de Eficiencia Energética;
PAAEE 2011-2020 - Plan Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-2020
- 29 de Julho – 2º Plano Nacional;
PER 2020 - Plan Energías Renovables – 11 de novembro de 2011;
Planificación Energética Indicativa 2012 – 2020 – Segundo a Lei 2/2011, de 4
de Março, da Economia Sustentável.
A Figura seguinte demonstra todos os planos implementados em Espanha no
horizonte temporal entre 2005 e 2020:
Fig. 3.2 - Planos implementados por Espanha 2005-2020 (Diputación de Cádiz)
A elaboração destes planos vai ao encontro do cumprimento dos objetivos de melhorar a
eficiência energética e, consequentemente, criar uma economia mais competitiva e
melhorar os indicadores de atividade e empregabilidade.
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3.3.1 – Legislação Aplicável
Com uma grande meta para ser cumprida fixadas pelas Diretivas, a política energética
espanhola teve que adaptar a sua legislação para que fossem ao encontro dos objetivos
pretendidos que são abordados de seguida:
Real Decreto (RD) 842/2002, de 2 de agosto, apresenta um regulamento para
estabelecer as condições técnicas e garantias que devem reunir as instalações elétricas a
uma fonte de fornecimento nos limites de baixa pressão com o objetivo de preservar a
segurança das pessoas, assegurar o bom funcionamento das instalações e prevenir
anomalias e perturbações com outras instalações e serviços e contribuir na eficiência
energética e económica.
RD 1890/2008, de 14 de novembro, onde é aprovado o Regulamento de Eficiência
Energética nas Instalações de IP e as suas Instruções Técnicas Complementares (ITC)
que são as seguintes:
ITC EA-01 Eficiência Energética – Relacionada com o cálculo de eficiência
energética e a classificação energética de IP;
ITC EA-02 Níveis de Iluminação – Em que o nível de iluminação é o conjunto
de requisitos luminotécnicos ou fotométricos (luminância, iluminância,
uniformidade, deslumbramento, relação com o ambiente ao redor, etc). A
escolha do nível de iluminação também é dependente do local em estudo
(subterrâneo, jardins, via pública, via rodoviária, etc);
ITC EA-03 Contaminação Luminosa e Luz Invasiva ou Irritante - A
contaminação luminosa é a luminosidade produzida no céu no horário nocturno
originada pela difusão e reflexão da luz nos gases, aerossóis, e partículas em
suspensão na atmosfera, em que na sua grande maioria é originada pela IP. Esta
estratégia pretende classificar as diferentes zonas em função da sua proteção
contra a contaminação luminosa e luz invasiva ou irritante nos seus residentes e
cidadãos em geral;
ITC EA-04 Estrutura das Instalações – Referente aos métodos de medida e
apresentação das características fotométricas de lâmpadas e luminárias como a
escolha dos balastros;
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ITC EA-05 Documentação Técnica, Revisões e Inspeções - Inclui
documentação complementar das instalações onde estão inseridos os cálculos
de eficiência energética e mais requisitos estabelecidos por esta ITC. Também
inclui revisões e inspeções para comprovar o corrreto cumprimento dos
requisitos de eficiência energética segundo o atual regulamento e as suas ITC.
ITC EA-06 Manutenção da Eficiência Energética e das Instalações – As
caraterísticas e as prestações de uma IP vão modificando e degradando ao longo
do tempo e por isso é necessário um plano eficiente de manutenção para
conservar a qualidade da instalação, assegurar o melhor funcionamento possível
e atingir a eficiência energética desejada. Esta ITC descreve a manutenção de
uma IP tanto a nível fotométrico como a nível mecânico;
ITC EA-07 Medições Luminotécnicas nas Instalações da Iluminação Pública –
Nesta instrução é descrito as medidas luminotécnicas correspondentes as
verificações e inspeções das instalações da IP.
Consejo de Ministros del 29/07/11 – Neste Conselho de Ministros, foi aprovado o
novo PAAEE 2011-2020, o segundo plano de ação de eficiência energética da país,
onde aparece os resultados atualizados do plano anterior e amplia o horizonte até 2020.
Este novo plano estabelece novas medidas para atingir as novas metas europeias da
Estratégia 20-20-20.
Resolução do Conselho da Administração, de 24 de março de 2015 estabelece as
bases reguladoras e convocatória do Programa de ajudas para a renovação das
instalações da Iluminação Pública Exterior Municipal.
3.3.2 - Fondo Nacional de Eficiencia Energética (FNEE)
O FNEE foi criado pela Lei 18/2014 a 15 de outubro, com o propósito de financiar
todos os planos e programas nacionais relativamente a eficiência energética. Em 6 de
maio de 2016 entraram em vigor os programas de ajudas do MIET para financiar
projetos de eficiência e poupança energética que são geridas pela IDAE entre os quais
se destacam o FNEE e o Programa de Reabilitação Energética dos Edifícios.
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O FNEE tem como principais linhas de atuação e ajudas:
Programa de ajudas na iluminação exterior municipal;
Programa de ajudas para pequenas e médias empresas (PME) e grandes
empresas no sector industrial;
Programa de ajudas no sector de transportes públicos;
Programa de ajuda para ações de eficiência energética no sector ferroviário;
Programa de ajudas para ações de eficiência energética em centrais de
dessalinização.
Estes são os principais enfoques do FNEE, além do financiamento dos planos
nacionais.
3.3.3 - Plan Acción de Ahorro y Eficiencia Energética 2011-
2020
Com as metas implementadas pela U.E que fixam um objetivo mínimo de utilização de
de energia renovável, os EM tiveram de apresentar um PNAEE donde teriam de
introduzir todas as ações e os mecanismos que seriam implementadas no país para
atingir os objetivos a que se propunham. O Governo Espanhol, mais propriamente o
MITC, teve que criar um plano onde estivesse todos os programas e os métodos que
iriam implementar no país. Espanha já tinha apresentado planos nacionais em e 2007 e
2011, aquando da Diretiva vigente da altura, mas depois com a saída da Diretiva FER e
da Diretiva EE, teve que reformular e reestruturar o plano de maneira que atingisse
ambos os objetivos, o de 9% até 2016 e o de 20 % até 2020. Com essa obrigação, o
MIET em conjunto com o IDAE, elaboraram o PAAEE 2011-2020. Os principais
sectores em que vão integrar medidas encontram-se na figura seguinte:
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Tabela 3.2 - Objetivos do PAAEE 2011-2020
O PAAEE visa cumprir os objetivos estabelecidos pela EU e continuar com os planos
energéticos anteriores. Espanha em 2010 já estava a cumprir com o objetivo da UE para
2016, da diminuição de 9% (cerca de 6536 ktep) em consumo de energia primária,
obtendo um valor de 9,2% (6682ktep), como demonstra o gráfico seguinte:
59
Fig. 3.3 - Meta europeia para 2016 vs. resultado de Espanha em 2010
Apesar do seu rápido desenvolvimento no cumprimento da meta dos 9%, e como já foi
referido no capítulo 2, Espanha está numa posição desfavorável quanto a conseguir
atingir as metas europeias para 2020, devido a sua falta de investimento no
desenvolvimento do sector energético.
3.3.4 - Plan Energías Renovables - PER 2011 /2020
Segundo as previsões do Plano anterior, PER 2005-2010, 12,1% do consumo energético
deveria ser proveniente de energia renovável em 2010, contribuindo para a produção de
30,3% do consumo bruto de eletricidade.
Este novo Plano, o PER 2011/2020, inclui novos mecanismos e a incorporação de
objetivos de acordo com a Diretiva FER do Parlamento Europeu e do Conselho,
relativamente ao uso de energia proveniente de fontes renováveis. Espanha deixou para
trás a fase de lançamento e implementação das energias renováveis e está atualmente
nas fases de consolidação e desenvolvimento. De acordo com a Lei 2/2011, de 4 de
março de Economia Sustentável, as estruturas de apoio deverão ser baseadas nos
conceitos de estabilidade, flexibilidade para incorporar o avanço tecnológico,
internacionalização dos custos do sistema energético e priorizar a inovação. Dentro das
estruturas de apoio destacam-se dois sistemas: Regime Especial de geração de
eletricidade com FER e o Balanço Líquido de Eletricidade.
6.536 ktep
6.682 ktep
6.450
6.500
6.550
6.600
6.650
6.700kt
ep
Objetivo Diretiva 2006/32/CE a 2016 Resultado 2010
60
3.4 – Legislação, Normas e Documentos de
Referência Aplicados à Iluminação Pública.
No sector da IP foram criados diplomas legais e documentos para a realização de um
projeto, onde são estabelecidas regras legais quanto a sua implementação e quais as
medidas adaptar e parâmetros a seguir. Na implementação de uma IP é imperativo o
cumprimento da legislação e dos requisitos que irão permitir a obtenção de resultados
pretendidos para a iluminação de um determinado local.
3.4.1 – Norma Europeia EN 13201
A Norma Europeia EN 13201, aplicável à iluminação pública, tem vindo a ser aplicada
com carácter obrigatório em vários países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria,
Irlanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Malta, Noruega, Portugal, Reino Unido,
República Checa, Suécia e Suíça. A EN 13201 está dividida em quatro partes, que
visam o seguinte:
EN 13201-1: Escolha das classes de iluminação;
EN 13201-2: Parâmetros fotométricos recomendados;
EN 13201-3: Cálculo dos parâmetros fotométricos;
EN 13201-4: Métodos de medição das performances fotométricas
A EN 13201-1 visa a escolha de iluminação dependendo da via. Para efetuar essa
escolha, recorre-se a uma tabela (Anexo 1) onde se atribuirá uma classificação
conforme os parâmetros da via em estudo. Aquando da atribuição da classificação, serão
tomados em consideração os valores e parâmetros correspondentes às classes de
iluminação.
Em Anexo estão apresentados as seguintes tabelas referente à EN 13201-1:
Os Anexos 3 e 4 indicam o valor de luminância média recomendada para as vias
interurbanas nas quais as velocidades máximas autorizadas estão compreendidas
entre 70 e 130 km/h;
61
Os Anexos 5 e 6 correspondem aos valores de iluminância média recomendada
para as vias urbanas com velocidade máxima autorizada de 50 km/h;
O Anexo 7 é específico para os casos encontrados em zonas rurais, em que as
performances são sempre indicadas em termos de iluminância.
A EN 13201-2 define os parâmetros fotométricos recomendados consoante a classe de
iluminação para a iluminação de vias, dependendo das necessidades visuais dos
utilizadores, e considerando aspetos ambientais necessários da iluminação pública. A
classe de iluminação é definida por um conjunto de requisitos fotométricos com o
objetivo de proporcionar todas as necessidades visuais obrigatórias aos utilizadores,
tanto a visibilidade da via como a do ambiente envolvente. As classes existentes são:
ME: circulação de veículos motorizados (velocidade média a alta);
CE: mesmo propósito da classe ME mas aplicável às áreas conflituosas;
S e A: aplicáveis a percursos de peões, ciclovias, faixas de circulação de
veículos de emergência, áreas de estacionamento, etc;
ES: onde haja necessidade de identificar pessoas e objetos e onde haja risco de
crime acrescido;
EV: específicas para identificar superfícies verticais (portagens).
A introdução de classe de iluminação tem como função facilitar o desenvolvimento de
produtos de iluminação que são depois utilizados nas vias rodoviárias nos países
membros da CEN.
Para mais informação, consultar o referido Anexo EN 13201 que inclui uma informação
mais detalhada sobre a atribuição de uma determinada classe a um determinado tipo de
via.
A norma EN13201-3 é onde estão definidas e descritas as convenções e procedimentos
matemáticos que servem para a obtenção das características de qualidade de iluminação
mediante procedimentos padronizados.
Sendo assim, a EN13201-3 aborda os cálculos dos parâmetros fotométricos que tem a
ver com a qualidade da iluminação da via em estudo baseando-se na EN 13201-2.
Finalmente, a EN 13202-4, especifica o modo como se efetuam as medições
fotométricas na iluminação pública e quais os procedimentos adotados que devem ser
62
utilizados somente com o propósito de medição. Quando é necessário comparar as
medições com valores previamente calculados, é necessário ter um maior cuidado e
rigor para que seja efetuado uma comparação válida, e se tiverem o propósito de
monitorização do estado da instalação, como o número de medições não é tão
abrangente, as medições tem de ser finalizadas da mesma forma que a monitorização.
Noutros casos, o controlo in loco é suficiente. Para a realização da manutenção de uma
instalação luminosa é necessário a escolha do fator de manutenção que depende de dois
fatores: o fator de depreciação das luminárias e o fator de depreciação do fluxo
luminoso emitido pela lâmpada. A escolha será então efetuada com a ajuda de uma
tabela que se encontra no Anexo 2 que indica os valores do fluxo de manutenção da
instalação em função do ciclo de manutenção (8000h e 12000h), o grau de poluição do
ambiente (fraco ou forte), as características mecânicas da luminária utilizada (material
da tampa e índice de proteção da IP) e o fator de depreciação do fluxo luminoso das
lâmpadas. (Teixeira, “Norma Europeia de Iluminação Pública 13201”, 2008)
3.4.2 – Documento de Referência para a Eficiência Energética
na Iluminação Pública (DREEIP)
A Associação das Agências de Energia e Ambiente – Rede Nacional previu em 2011,
um potencial de redução de consumos na IP que podia chegar aos 700 GWh/ano e uma
redução de 260.000 ton/ano nas emissões de dióxido de carbono. O PNAEE também
define um conjunto de medidas de eficiência energética, entre outros sectores, no sector
do Estado que inclui a “Iluminação Pública Eficiente”. Também está em vigor o
ECO.AP que visa reduzir 30% do consumo elétrico do Estado até 2020 e isso inclui a IP
e a criação de ações e medidas para uma boa gestão energética como também o aumento
de eficiência energético-ambiental em equipamentos de iluminação pública. Visto que a
IP tinha que ser alterada e melhorada, a Secretaria do Estado tomou a iniciativa de
juntar os representantes deste domínio e maiores responsáveis pela IP para a criação de
um plano específico e seu desenvolvimento, não só para atingir as metas necessárias
neste sector como também para atingir os objetivos gerais nacionais e europeus como
ainda ajudar os vários municípios em termos económicos. Como solução a este
problema foi criado o “ Documento de Referência para a Eficiência energética na
Iluminação Pública” (DREEIP). Este documento inclui uma série de parâmetros
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técnicos que deve seguir um projeto de IP de modo a se obter a maior eficiência
energética possível desta tipologia de instalações e assim conduzir a uma diminuição de
emissões de GEE enquanto estiverem a ser utilizadas. Também inclui uma classificação
energética de uma instalação de IP de modo a referenciar o conteúdo de apresentação de
um projeto de IP eficiente do ponto de visto energético, económico, ambiental e
luminotécnico. O principal objetivo do DREEIP é tornar-se uma referência na
implementação de uma instalação de IP, para que uma determinada via ou um
determinado local tenha uma instalação de IP adequada às suas características.
O DREEIP não esta incluído na legislação aplicável à IP mas constitui uma fonte
essencial na realização de um projeto de IP, na medida de tomar medidas eficientes e
legais, como a aplicação de requisitos de eficiência energética e a aplicação de
parâmetros importantes na área
(Eficiência energética na iluminação Pública - Documento de Referência, 2011)
3.4.3 - Programa de ajudas na iluminação exterior municipal
em Espanha
Em Espanha, através da Resolução do Conselho da Administração de 24 de março de
2015,foi criado o Programa de ajudas na IP como uma das linhas de ação alvo de
financiamento do FNEE para que as entidades locais possam efetuar a substituição da
iluminação exterior por uma tecnologia energeticamente mais eficiente.
Este programa tem por objetivo reduzir os 2% de consumo de energia final através da
implementação de medidas no sector de Serviços Públicos. Por isso as medidas
apresentadas são para a renovação das instalações da Iluminação Pública Municipal.
Entre as várias medidas de economia energética que se podem aplicar, encontra-se a
substituição das lâmpadas e das luminárias por outras tecnologias de fontes de luz mais
eficientes em termos luminotécnicos, com melhor qualidade refletora e direcional e a
implementação de sistemas de regulação do fluxo luminoso nos vários pontos de luz
para se poder controlar a emissão de luz emitida segundo a necessidade ao longo da
noite e evitar a sua dispersão até outros espaços não necessários contribuindo para a
64
diminuição da poluição luminosa. Com estas medidas podem se adequar os níveis de
iluminação excessivos em zonas dos municípios conseguindo uma diminuição
significativa do consumo de eletricidade. O presente Programa resulta das mudanças
legislativas efetuadas pela administração nacional, como o Regulamento da Eficiência
Energética na Iluminação Exterior aprovada pelo RD 1890/2008, e pela evolução e a
introdução de novas tecnologias mais eficientes nos últimos anos como o caso da
tecnologia LED como nova fonte de iluminação pública.
As medidas elegíveis integradas no Programa de ajudas na IP visam a redução da
potência luminosa das instalações da IP mediante a substituição dos atuais
equipamentos e instalação por luminárias de maior rendimento, fontes de luz mais
sustentáveis e económicas, instalações mais eficientes e/ou equipamentos de
monotorização, regulação e controlo que permitam:
Reduzir o consumo de energia na IP no mínimo em 30%;
Monitorizar e regular o fluxo luminoso consoante os horários noturnos, ao tipo
de via e a necessidade dos cidadãos;
Adequar as instalações existente ao Regulamento vigente de Eficiência
Energética em instalações de IP e no Regulamento eletrotécnico para baixa
tensão.
65
Capítulo 4
Sistema de Iluminação
A IP existe com o intuito de iluminar e localizar as vias públicas e rodoviárias para que
todos os cidadãos possam usufruir destas mesmas vias com total segurança à noite e
permitir aos condutores uma boa perceção do caminho a percorrer, com os devidos
requisitos de, simultaneamente, não provocar encandeamento.
Não só o gasto elétrico é alto mas, como já foi referido anteriormente, também as
despesas económicas que os vários municípios acarretam é superior ao que eles podem
suportar, geralmente mais de 50% dos seus gastos, levantando vários problemas como a
iluminação defeituosa, luminárias ou balastros em mau estado, quadros elétricos
desprotegidos o que pode levar a alguém ser eletrocutado, problemas estes que os
municípios não conseguem resolver adequadamente devido a falta de poder económico
para tal. Assim sendo torna-se fundamental tomar medidas para uma maior eficiência
energética na IP para uma maior qualidade de iluminação a baixos custos, a baixos
níveis de emissões de gases e também para o cumprimento dos objetivos nacionais e
europeus na eficiência energética.
Para reduzir o consumo de energia na iluminação exterior, deve-se atuar sobre as
instalações que a compõem, tanto pela otimização dos sistemas instalados, como pela
renovação ou introdução de novos sistemas de eficiência energética. É estimado que se
poderia obter uma redução de 20% á 85% no consumo elétrico da iluminação através da
utilização de sistemas mais eficazes, eficiente, económico e integrar um sistema de
controlo.
66
4.1- Tipos de Lâmpadas em Iluminação Pública
Numa instalação IP, um dos componentes principais é a lâmpada que tem a função de
fornecer a iluminação em concreto. A escolha da lâmpada é essencial já que tem que
reunir especificações adequadas em conjunto com a luminária para proporcionar uma
boa iluminação e adequada aos requisitos de um local específico. Quanto a escolha da
lâmpada, á que tomar em consideração a sua eficiência energética sendo que para isso
são considerados três parâmetros: consumo de energia, rendimento e durabilidade. Os
tipos de fonte luminosa mais utilizados nestes últimos anos, são as lâmpadas de
descarga elétrica, um fenómeno que através de dois elétrodos e a presença de um gás
forma uma radiação eletromagnética. Os principais tipos de lâmpadas são:
Lâmpadas Fluorescentes;
Lâmpadas de VM de alta pressão;
Lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão (VSBP) e vapor de sódio de alta
pressão (VSAP);
Lâmpadas de mercúrio com halogéneo metálico (HM);
LEDs.
As lâmpadas são a fonte ou emissor luminoso da iluminação da instalação, em que a sua
seleção é uma das maiores dificuldades para desenhar uma instalação devido aos vários
fatores a ter em conta, condicionadas pelo tipo de lâmpada selecionada: potência
consumida, eficiência luminosa, tempo de vida útil, temperatura de cor da luz e o
rendimento cromático ou reprodução de cores.
Nas instalações antigas, a lâmpada mais comum na IP era de VM. No entanto, este tipo
de lâmpada está a ser gradualmente substituída e removida das IPs, de acordo com a
Diretiva Ecodesign, em que os principais motivos são os problemas ambientais
levantados pela utilização do mercúrio que pode ser contaminante, além da sua baixa
eficiência energética. Quando ocorreram essas substituições, foram substituídas na sua
generalidade por lâmpadas de VSAP, principalmente em zonas onde os requisitos de cor
não eram críticos como as autoestradas, já que as de VM apresentam um melhor índice
de restituição cromática.
67
4.1.1 – Lâmpadas de Vapor de Mercúrio de Alta Pressão
As lâmpadas de VM são das mais utilizadas na iluminação exterior. Este tipo de
lâmpada caracteriza-se por uma cor branca azulada, o que confere uma temperatura de
cor fria. Por serem tipicamente atrativas usam-se na maioria das IP apesar da sua baixa
eficiência. Nos últimos anos a sua utilização tem diminuído devido ao efeito tóxico do
mercúrio, tendo sido substituídas progressivamente pelas lâmpadas de VSAP.
Exemplo de uma lâmpada de VM de alta pressão:
Fig. 4.1 - Lâmpada de Vapor de Mercúrio de Alta Pressão (IDAE)
As características da lâmpada de VM de alta pressão estão demonstradas na seguinte
tabela:
Tabela 4.1 - Características das lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão (Garrido,2010)
Rendimento luminoso De 36lm/W a 60lm/W
Temperatura de cor De 3000ºK a 4200ºK
Índice de restituição
cromática Aproximadamente 50
Duração de vida média 10000h
Tempo de arranque Aproximadamente 4
minutos
Luminância De 4 cd/cm2 a 15 cd/cm
2
Equipamento auxiliar Balastro e condensador
Posição de funcionamento Qualquer
68
A descrição das suas características será discutida no subcapítulo seguinte para efeito de
comparação com outra tipologia para melhor entendimento da dimensão dos valores dos
vários parâmetros.
4.1.2 – Lâmpadas de Vapor de Sódio de Alta e Baixa Pressão
As lâmpadas de VSAP têm uma temperatura mais quente e uma reprodução cromática
mais baixa, mas fornece uma eficiência energética superior e por isso a sua existência
em grande parte da iluminação pública e o primeiro grande substituto a lâmpada de VM.
As lâmpadas de VSBP, apesar de ser a solução de maior eficácia, possuem grandes
dimensões, que determinam a sua baixa utilização visto que a substituição da luminária
para adaptar-se a lâmpada implicaria um custo adicional não sendo rentável para o
projeto. A VSBP é constituída por uma reprodução cromática má, fazendo com que não
seja aplicável em grande parte das situações, sendo utilizadas somente em locais
específicos onde as suas características de iluminação são requeridas como em locais
onde existe grande possibilidade de nevoeiro. Por estes motivos dar-se-á mais enfoque
às lâmpadas de VSAP neste documento.
Exemplo de Lâmpadas de VSAP e VSBP, respetivamente:
Fig. 4.2 - Lâmpadas de VSAP e VSBP (IDAE)
As características da lâmpada de VSAP estão especificadas na tabela 4.2:
69
Tabela 4.2 - Características das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão (Garrido, 2010)
Rendimento luminoso De 65 lm/W a 130 lm/W
Temperatura de cor De 1900ºK a 2500ºK
Índice de restituição
cromática De 25 a 80
Duração de vida média De 8000h a 12000h
Tempo de arranque Aproximadamente 5
minutos
Luminância De 25 cd/cm
2 a 500
cd/cm2
Equipamento auxiliar Arrancador, balastro e
condensador
Posição de
funcionamento Qualquer
Comparando a tabela das principais lâmpadas de descarga da IP, as lâmpadas de VM e
VSAP, verificamos que a lâmpada de VSAP é muito mais vantajosa, fornecendo um
maior rendimento luminoso de mais do dobro (65-130 lm/W vs. 30-60 lm/W),l as
lâmpadas têm uma vida útil média significativamente maior (8000-12000h vs. 10000h)
e uma maior área de luminância (25-500 cd/cm2
vs. 4-15 cd/cm2).
Quanto às potências elétricas das lâmpadas, é apresentada na tabela 4.3 a equivalência
de potência em (W) das lâmpadas de VN e de VSAP ao mesmo nível de fluxo
luminoso:
Tabela 4.3 - Equivalência de potências elétricas para fluxos luminosos similares (EOI. Cursos OL Servicios
Energéticos)
Energia (W)
Vapor de
Mercúrio (VM)
Vapor de Sódio Alta
Pressão (VSAP)
80 50
125 70
250 150
400 250
70
Através desta tabela concluímos que a lâmpada de VSAP têm uma maior eficiência
energética no que diz respeito as potências existentes, tendo um menor consumo
energético para o mesmo nível de fluxo luminoso.
4.1.3 – Iodetos/Halogéneos Metálicos e Restantes Tipologias
de Lâmpadas
Ainda existem outras tipologias de lâmpadas menos frequentes que as duas anteriores
mas muito utilizadas na IP. As lâmpadas de HM têm basicamente a mesma constituição
que as lâmpadas de VM, diferenciando-se pela mistura de substâncias contida no tubo
de descarga. Têm vários formatos e está em constante evolução, através de várias
misturas de gases na ampola a fim de melhorar a reprodução cromática e a eficiência
energética apesar de nunca atingir os níveis de eficiência da de VSAP. Ainda existe
outras tipologias de lâmpadas menos usadas como as fluorescentes tubulares e
fluorescentes compactas (CFL – do inglês Compact Fluorescent Light). A lâmpada
fluorescente é uma lâmpada de vapor de mercúrio de baixa pressão. As CFL são
lâmpadas com um consumo muito inferior às restantes tipologias de lâmpadas mas com
muitas desvantagens como a baixa vida útil que possuem e as radiações ultravioletas
(UV) que emitem. Na Fig. 4.3 são representados dois tipo de lâmpadas fluorescente
tubulares, a T8 e T5, e na Fig.4.4 são apresentadas exemplos de lâmpadas de HM:
Fig. 4.3 - Lâmpadas Fluorescentes T8 e T5 (IDAE)
71
Fig. 4.4 - Lâmpadas de mercúrio com halogéneo metálico - HM (IDAE)
Para lâmpadas instaladas em zonas de elevado requerimento de reprodução cromática
(luz branca), aconselha-se que se usem lâmpadas de HM, que se apresentem um
comportamento energético melhor que das lâmpadas de VM emitindo uma luz de
características parecida. Mesmo com a evolução das várias tecnologias, nenhuma
atingiu ainda o IRC que as lâmpadas de HM conseguem atingir, sendo que as
tecnologias mais próximas desse nível são as lâmpadas fluorescentes e as mais recentes
lâmpadas LED. Por esse motivo as lâmpadas de HM ainda são muito utilizadas em
zonas específicas onde é necessário grande área de iluminação como os polos
desportivos e os monumentos de grande dimensão. Por curiosidade, apresenta-se a
tabela 4.4 com as características da lâmpada HM:
Tabela 4.4 - Características das lâmpadas de iodetos/halogéneas metálicas (Garrido, 2010)
Rendimento luminoso De 65lm/W a 100lm/W
Temperatura de cor De 3000ºK a 6000ºK
Índice de restituição
cromática De 81 a 95
Duração de vida média De 3000h a 9000h
Tempo de arranque Aproximadamente 4 minutos
Luminância De 100cd/m2 a 6000cd/m
2
Equipamento auxiliar
Arrancador, balastro e
condensador / balastro
eletrónico
Posição de
funcionamento Pode haver restrições
72
É possível verificar diferenças significativas entre as outras duas tipologias de
lâmpadas. No que diz respeito ao rendimento luminoso, as lâmpadas de HM são
superiores as lâmpadas de VM e próximas das de VSAP. Quanto ao tempo de vida útil
médio, as lâmpadas de HM são as que apresentam a pior duração, compreendida entre
3000h e 9000h. Quanto a luminância, as lâmpadas de HM apresentam uma maior
intensidade luminosa por área que vai desde 100 cd/ m2 a 6000 cd/m
2 . Outro dado
interessante é a posição de funcionamento, em que se verifica existirem restrições, o que
implica que o seu funcionamento não é adaptável em qualquer lugar, ao contrário das
lâmpadas de VSAP e VM.
4.1.4 - Light-Emitting Diode (LED)
O rápido desenvolvimento dos LEDs (Light-Emitting Diodes) como nova fonte de
emissão luminosa permitiu a sua ampla utilização em sistemas de IP, deixando de
servirem apenas para indicadores luminosos. Isto foi possível graças à elevada vida útil
dos LEDs de última geração, o aumento do seu nível de luminosidade e a manutenção
do seu reduzido consumo, criando assim um sistema altamente eficaz energeticamente e
de baixo custo de manutenção. A implementação da tecnologia LED na IP é importante
e essencial para se obter um menor consumo energético e económico. Quando associado
ao sistema de telegestão, é possível atingir uma diminuição de 85% do consumo,
nomeadamente face às tecnologias convencionais de VSAP.
As principais vantagens da LED são as seguintes:
Não emitem raios UV e Infravermelhos (IV);
Não prejudicam a pele;
Não causa fadiga ótica tão facilmente como as lâmpadas comuns;
São melhores para o ambiente;
Não possuem mercúrio nem outro metal pesado na sua composição;
Contribuem para a redução da quantidade de lixo, devido a sua duração;
São recicláveis;
1 lâmpada LED dura o mesmo que 50 lâmpadas incandescentes ou 10 CFL;
73
Mais eficiência Menos uso dos recursos de energia Menos emissão de
CO2e;
Em ambiente interior, a luz fria impõe menos carga nos sistemas de ar
condicionado e assim também ajuda a economizar o consumo elétrico;
Além disso, a redução da temperatura de cor, contribui para a diminuição da
temperatura global (Uma lâmpada LED evita a emissão para a atmosfera de
10kg de CO2e por ano);
Baixos custos de trabalho de manutenção e reposição;
Diminuição nos custos de manutenção das instalações.
Como toda a tecnologia em evolução, existe desvantagens quanto a aquisição e a
implementação da tecnologia LED no qual se destaca:
Fiabilidade - Como é uma tecnologia em evolução contínua, existem grandes
diferenças em a qualidade dos dispositivos dependendo do fabricante. Mesmo o
mesmo dispositivo da mesma marca pode apresentar diferenças quanto a luz
emitido e ao tempo de vida útil;
Preço – A tecnologia LED em geral têm um elevado valor económico, muito por
causa da sua produção que implica extração mineira e uso de semicondutores;
Mão-de-obra especializada – Na implementação da iluminação LED, é
necessário certos cuidados especiais para aproveitar a totalidade dos seus
benefícios;
Dependência de matéria prima importada – A matéria prima utilizada para a
fabricação das lâmpadas ainda é importada;
IRC – As lâmpadas LED, apesar do seu bom IRC, ainda não atingem o valor
ideal de quando comparado as lâmpadas de HM e fluorescentes, que conseguem
atingir IRC de 85 á 95;
Apesar destas desvantagens, se formos levar em consideração outras características que
são tão ou mais importante que as referidas, como a emissão de calor, a emissão de raios
UV e IV, o aspeto positivo para o ambiente e a sua elevada eficiência, a tecnologia LED
é considerada a melhor opção de iluminação.
74
A grande diferença entre as lâmpadas LED e as CFL, é que a LED não contem nenhum
elemento tóxico e atinge 100% do seu rendimento desde do momento que é utilizada,
sendo mais eficiente a longo prazo. Ainda, o seu funcionamento leva a uma redução de
calor elevado devido à LED transformar 98% da sua energia em luz e só 2% em calor.
As lâmpadas de baixo consumo funcionam de forma similar as fluorescentes, com a
diferença que, a parte do seu baixo consumo, são frias usando entre 50% e 80% menos
de energia (produzindo a mesma quantidade de luz) e duram mais. O principal
inconveniente das lâmpadas é que contém um gás com uma pequena porção de
mercúrio, sendo classificada como um resíduo perigoso.
Segundo um relatório realizado por investigadores do Instituto Politécnico Rensselaer,
se fosse substituído todas as lâmpadas do mundo por LED, em 10 anos se poderia
reduzir o consumo de carbono em quase 153 milhões de toneladas de emissões de
dióxido de carbono na atmosfera e ainda era possível economizar 1.93 bilhões de
dólares em todo o mundo.
Como foi referido anteriormente, em algumas instalações ainda existem lâmpadas de
mercúrio mas cada vez mais estão a ser substituídas, nas zonas sem exigência de cor da
iluminação, por iluminação mais eficiente como a iluminação de sódio de alta pressão
devido a sua elevada eficácia torna-as aconselháveis, de ponto de vista energético.
Para uma melhor perceção das vantagens da tecnologia LED, segue na tabela 4.5 a
comparação entre as várias tecnologias:
75
Tabela 4.5 – Comparação entre os sistemas de iluminação exterior mais utilizados (EOI. Cursos OL Servicios
Energéticos)
VSBP VSAP VM LED
Potência (w) 18-200 35-1.000 50-1.200 1,5-160
Fluxo luminoso (w) 2.000-30.0000 1.500-150.000 2.000-57.000 50-10.000
Eficácia luminosa 120-180 95-140 50-60 80-186
€/Klumen 2-5 0,8-3 0,96-2,06 >100
€/W 0,24-0,7 0,076-0,33 0,050-0,071 >7,5
IRC 25 25-65 40-55 60-92
TºColor (K) 2.000-2.300 2.000-2.300 3.500-4.000 2.650-6.800
Vida Média (h) 12.000 15.000 5.000 35.000
Vida útil (h) 6h/día 16.000 24.000 3.500-4.000 50.000 – 100.000
T acender (s) 7-12 2-10 300
T reacender (min) 1-15 3-6 1-25
Com esta tabela concluímos que as vantagens da tecnologia LED são superiores as
restantes tipologias de lâmpadas. A potência de um LED é inferior o que conduz ao um
menor consumo energético, possui uma eficácia luminosa superior o que demonstra
uma maior eficiência energética, e uma vida média e útil superior a todas as tipologias
de lâmpadas demonstrando ser a solução mais vantajosa para a iluminação. Um
pormenor interessante, é que a tecnologia LED, ao contrário das restantes tecnologias
luminosas, não possuem tempo para acender e reacender, sendo que se acendem
instantaneamente.
A sua implementação nos sistemas de iluminação tem sido um êxito como será
demonstrada mais a frente na parte prática, e conseguiu desenvolver-se de maneira a
cumprir as altas prestações exigidas como o aspeto da cor luminosa, índices de
reprodução cromática, possibilidade de controlo luminoso e conforto visual, reduzindo
o mal-estar visual diretos ou indiretos contribuindo para a eliminação da poluição
visual. Os LEDs ainda oferecem a possibilidade de agrupação e incorporação de
elementos óticos que permitam regular, direcionar e dimensionar a iluminação.
76
O “Guía sobre la tecnologia LED en el alumbrado”, realizado pela Direção Geral de
Indústria, Energia e Minas da Comunidade de Madrid, aponta como principais
características, do ponto de vista da sua aplicação na IP, as seguintes:
Maior vida útil – Um LED pode funcionar num período de tempo que oscila
entre as 50.000 horas e 100.000 horas e , de modo similar a lâmpada de VM,
pode emitir luz durante toda a sua vida, mas o importante da sua vida útil é a
possibilidade de emitir o maior fluxo luminoso útil durante a maior parte do
tempo. Como consequência as operações de manutenção e substituição serão
drasticamente reduzidas já que não serão praticamente necessárias durante um
período superior a 10 anos.
Emissão luminosa – Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, o LED
desenvolveu uma melhor emissão luminosa comparada as lâmpadas tradicionais.
Qualidade da luz – Com o grande desenvolvimento feito no dispositivo LED
quanto a alta iluminação, foi possível atingir uma excelente qualidade de luz,
tanto a cores como em branco. A luz produzida está livre de UV e IV. O
rendimento cromático e a eficácia luminosa conseguiram melhorar
significativamente nos últimos tempos.
Iluminação urbana – Em termos de futura iluminação urbana das cidades, as
características elétricas do LED permitirão uma regulação total sem variação de
cor, uma iluminação instantânea e uma mudança dinâmica de cor;
nomeadamente a iluminação RGB.
Considerações especiais de desenho – Entre as características mais aproveitáveis
do LED está o seu tamanho compacto, a natureza direcional da luz, os elevados
rendimentos de gestão térmica e os avanços tecnológicos que permitem uma
crescente emissão luminosa, pelo que se oferecem novas oportunidades para os
desenhadores.
A aparição do LED com alta luminosidade mudou o desenho das novas luminárias que
incorporam este dispositivo, que serão beneficiadas por um tempo de vida útil das
luminárias de cinco a sete anos sem necessidade de qualquer intervenção para
manutenção destas. Ao mesmo tempo, a direccionalidade da sua emissão e o seu
tamanho reduzido abrem novas portas para o desenvolvimento de sistemas óticos com
um elevadíssimo controlo da distribuição luminosa, melhorando notavelmente as
eficiências conjuntas de fonte de luz convencional e luminária.
77
Para finalizar este capítulo, apresenta-se na tabela 4.6 a equivalência entra as potências
de uma lâmpada incandescente a substituir por uma lâmpada LED para o mesmo fluxo
energético luminosos. Também são apresentados o ganho obtido pela tecnologia LED
em termo de eficiência energética, da fatura elétrica (o custo elétrico foi estimado em
0.14€/kWh) e na redução de GEE.
Tabela 4.6 - Tecnologia incandescente vs. Led (EOI)
Pot. lâmpada
incandescente à
substituir (W)
Pot.LED
(W)
Eficiência energética
(kWh) durante a vida útil
LED (50.000h)
Ganho na
factura
elétrica (€)
Diferença na redução
de emissão de C=O2
(kg CO2e)
40 9 1.550 186 1.162
60 11 2.450 294 1.837
75 15 3.000 360 2.250
100 20 4.000 480 3.000
150 32 5.900 708 4.425
Através da análise da tabela 4.6, concluímos que a tecnologia LED é muita vantajosa
para se atingir objetivos de eficiência energética e obter ganhos na fatura elétrica como
também existe uma redução significativa nas emissões de GEE. Todos estes benefícios
vão de encontro as metas europeias na eficiência energético e na redução de GEE como
também é vantajosa para todos os municípios que assim obtêm uma redução assinável
das despesas de IP graças a utilização desta tecnologia.
78
4.2 - Luminárias
As luminárias são aparelhos que distribuem, filtrem, ou transformam a luz emitida por
uma ou várias lâmpadas. Contêm todos os acessórios necessários para segurá-las e
protegê-las e, quando necessário, dispõem de circuitos e dispositivos para conectá-las à
rede de alimentação elétrica. Quanto à luminária é necessário uma otimização dos
refletores para potenciar um maior rendimento e a manutenção da instalação. Uma
luminária vai perdendo a sua qualidade ao longo do tempo devido à sujidade e
envelhecimento da lâmpada, da ótica e do difusor o que obriga um acréscimo de energia
para manter um nível adequado ao longo da vida útil da luminária, este fenómeno
denomina-se de depreciação luminosa. Assim sendo, a potência para gerar um nível de
luminância depende da manutenção da luminária o que também depende da sua
qualidade mecânica.
A luminária é composta pelo corpo, bloco ótico e equipamentos auxiliares como
representa a Fig. 4.5.
Fig. 4.5 - Composição de uma luminária (IDAE)
O corpo da luminária é a parte que suporta o conjunto ótico e elétrico da luminária e,
portanto, deve ser resistente mecanicamente, leve e com excelentes propriedades de
dispersão, resistência térmica e duração, além da função estética.
79
O bloco ótico pode estar formado por refletor, refrator e difusor. Os refletores são
componentes óticos que visam modificar a distribuição do fluxo luminoso e são
normalmente de alumínio de pureza máxima, polido, brilhante e tratado normalmente
com oxidação anódica. O refrator destina-se também à alteração da distribuição do
fluxo luminoso, mas pelo princípio de refração dos corpos transparentes, e são
normalmente de vidro de elevada transmitância e inalterabilidade a luz natural ou
artificial. Os difusores têm a principal função a diminuição da luminância das lâmpadas
visando melhorar o conforto visual e são geralmente construídos em vidro.
Os equipamentos auxiliares da luminária devem ser mecanicamente resistentes para
suportar adequadamente o peso do equipamento elétrico e em termos térmicos tem de
dissipar muito bem o calor gerado por o próprio funcionamento do equipamento
elétrico, com umas dimensões suficientes para o equipamento em questão, de fácil
acessibilidade e segurança, que permite com comodidade realizar as reparações e
reposições que é preciso.
As juntas de hermeticidade têm de ser flexíveis, resistentes a altas temperaturas e aos
agentes atmosféricos, sendo normalmente utilizado borracha de silicone, policloropreno,
terpolímeros de etileno-propileno, juntas de poliéster, etc.
A luminária, em concreto o bloco ótico, deve estar dotada dos correspondentes
dispositivos de regulamento, de forma que se possa variar a posição da lâmpada a
respeito do refletor, de acordo com o tipo de implantação e prestação que se requer da
luminária.
A luminária tem um papel muito importante no conjunto da iluminação, já que tem a
função de dirigir a luz da lâmpada à zona que se pretende iluminar. Existe uma grande
quantidade de luminárias disponíveis no mercado, ainda que os principais fatores que se
devem ter em conta é se cumprem a sua função e se existe espaço suficiente entre os
equipamentos auxiliares no caso de se requerer uma substituição das mesmas.
80
4.3 - Equipamentos Auxiliares
4.3.1 – Balastros
As lâmpadas de descarga, em geral, têm uma característica tensão-corrente não linear e
ligeiramente negativa e, portanto, surge a necessidade da utilização de um elemento
limitador da intensidade que se denomina de balastro para evitar o crescimento ilimitado
da corrente e a morte da lâmpada quando está acesa.
Associado ao balastro, segundo o tipo, deverão apresentar-se os elementos adequados
para a correção do fator de potência. Além dos dispositivos de regulação da corrente da
lâmpada e da correção do fator de potência, alguns tipos de lâmpadas têm uma elevada
corrente de descarga, como são as de VSAP, HM e VSBP, e necessitam de uma tensão
muito superior à da rede para iniciar ou alimentar a corrente do arco elétrico. Então é
necessário incluir no equipamento auxiliar um dispositivo que proporcione e suporte no
momento em que é ligada, a alta tensão necessária para o seu bom funcionamento. Esses
dispositivos denominam-se de arrancadores.
Os sistemas para a iluminação que integram lâmpadas de descarga associadas a
balastros tipo série (que será explicado mais a frente), de VSAP ou VM, são muito
suscetíveis as variações na tensão de alimentação. Tensões superiores a 105% do valor
nominal para o que foram desenhadas diminuem fortemente a vida útil das lâmpadas e
equipamentos aumentando o consumo de energia elétrica. A figura seguinte representa
um exemplo da forte influência da tensão de alimentação no consumo e na vida útil da
lâmpada VSAP.
81
Fig. 4.6 - Influência da tensão no consumo e na vida de uma lâmpada VSAP (Fenercom)
Apesar da tensão da rede atualmente em Portugal ser de 230V, verifica-se que um
aumento de 7% produz uma diminuição na vida útil da lâmpada em 50% e um aumento
de consumo de um 16%. Daí a grande importância em estabilizar a alimentação que
chega aos recetores de IP.
A introdução de balastros eletrónicos soluciona este problema, além de reduzir o
consumo do equipamento auxiliar significativamente. O balastro eletrónico é um
dispositivo compacto que realiza as funções do equipamento auxiliar e, por tanto,
substitui o balastro eletromagnético, condensador e arrancador nas lâmpadas de VSAP.
O balastro eletrónico estabiliza a potência na lâmpada e, consequentemente, o consumo
em rede varia para variações de tensão compreendidas entre 180V e 250V. Ao
estabilizar a potência, aumenta a vida útil da lâmpada face aos balastros
eletromagnéticos. Por outro lado, os balastros eletrónicos dispositivos mais sensíveis e
menos robustos que os eletromagnéticos. Em condições normais de funcionamento as
perdas do próprio balastro eletrónico não ultrapassam os 4% ou 5% da potência elétrica
consumida na lâmpada, resultando-se vantajoso frente ao consumo real do equipamento
auxiliar (balastro eletromagnético, condensador, e arrancador) que oscila entre um 9,3%
e 27,5% sobre a potência nominal da lâmpada.
82
O inconveniente dos balastros eletrónicos comparativamente aos balastros
eletromagnéticos, dada a sua maior sensibilidade, é a sua proteção contra sobretensões,
nomeadamente as originadas por descargas atmosféricas.
Mais à frente irei explicar que existem outras formas de estabilizar a tensão sem
necessidade de substituir balastros e que pode resultar mais rentável do ponto de visto
económico.
Os balastros mais utilizados são:
Balastro de série de tipo indutivo para os níveis de potência;
Balastro autorregulador;
Balastro autotransformador;
Balastro eletrónico;
O balastro eletromagnético série tipo indutivo é o mais utilizado, proporciona uma baixa
regulação de corrente e de potência frente às oscilações da tensão da rede de
alimentação, em que geralmente o seu uso se torna mais adequado sempre que a tensão
não ultrapassa os 5%. Quando se preveem variações constantes ou permanentes ao
longo do tempo superiores a tensão da rede, ou variáveis durante algumas horas, será
adequado utilizar balastros autorreguladores, eletrónicos ou um sistema de estabilização
de tensão.
Os balastros denominados autorreguladores, ao apresentar uma boa regulação da
corrente e potência da lâmpada em relação as alterações de tensão da rede de
alimentação, são utilizados quando a tensão oscile acima de 10%. Num caso em que a
tensão seja insuficiente para um funcionamento estável, são então instalados balastros
autotransformadores que elevem a tensão e regulam a corrente, e o seu uso se mantem
quando a tensão seja inferior a 200 V. Estes equipamentos não são muito utilizados.
83
4.3.2 – Condensadores e Arrancadores
Os condensadores vêm associados ao balastro e pode, ou estar conectado a rede de
alimentação para corrigir o fator de potência, ou ser instalado em série com o balastro e
a lâmpada servindo como elemento regulador de corrente e compensação, como é o
caso dos balastros autorreguladores.Os balastros eletrónicos não requerem dispositivos
adicionais de correção da potência, já que vem incluído um circuito eletrónico criado
para esse efeito.
A seguir se mostram exemplos de balastros:
Fig. 4.7 - Exemplo de um balastro eletromagnético (IDAE)
Fig. 4.8 - Exemplo de um balastro eletrónico (IDAE)
Os arrancadores são dispositivos elétricos, eletrónicos ou eletromecânicos que, em
combinação com o balastro, gera e se sobrepõem à tensão da rede ao impulso ou aos
impulsos de alta tensão necessários para a correta alimentação da lâmpada.
84
Os tipos de arrancadores para lâmpadas de descargas, exceto lâmpadas fluorescentes
tubulares, são os seguintes:
- Em série com a lâmpada (de impulsos independentes);
- Em semiparalelo (de impulsos dependentes do balastro que vai associado);
- Em paralelo (independente dos fios)
4.4 - Equipamento de controlo
Tratam-.se de dispositivos que permitem programar o funcionamento da iluminação
adequando-a em maior ou menor medida às necessidades efetivas da mesma. Entre os
equipamentos de controlo mais utilizados, estão as fotocélulas e os relógios analógicos
ou astronómicos, podendo ser em este segundo caso, programado localmente ou de
forma remota através de um sistema de telegestão.
Há que destacar que segundo estudos sectoriais, como o da Agência Andaluza da
Energia (AAE), ainda existe cerca de 34% em que as instalações são controladas por
fotocélula ou relógio horário, sistemas que provocam grandes desvios entre as horas de
funcionamento das instalações e as horas reais da necessidade das mesmas, originando
um maior gasto energético, por conseguinte, económico como também um mau serviço
público.
Fig. 4.9- Elementos de controlo na IP (AAE)
85
Por outro lado, o sistema de telegestão representa apenas 1%, apesar de ser dos
sistemas que oferece o melhor conhecimento e controlo mais efetivo das instalações de
IP.
Os sistemas de redução de fluxo são elementos que possibilitam reduzir o nível de
iluminação a partir de certas horas da noite quando já não existe movimento nem
atividade nas ruas, não sendo necessário o uso tão intenso das mesmas.
É importante destacar que mais de um 60% dos quadros elétricos da IP, não contem
nenhum sistema de eficiência energética e uns 30% dispõem de sistemas de redução de
nível de iluminação por corte de fases ou duplo circuito. Esta é uma prática muito
habitual, ainda que não seja muito aconselhável devido ao problema de diminuir a
uniformidade na iluminação das vias, diminuindo a segurança.
Mais a frente, será demonstrado a instalação de equipamentos de eficiência energética
na IP que fica assegurada com os novos regulamentos com a saída do Novo
Regulamento de Eficiência Energética em Iluminação Exterior.
É possível atuar no funcionamento normal do ciclo de iluminação desde de vários
pontos. Por um lado, otimizando os tempos de ligar e desligar ajustando-lhes
exatamente as condições de eficiência desejadas, sempre mantendo as condições de
segurança. Isto realiza-se mediante o uso de equipamento de controlo destinados a estas
funções, como podem ser os interruptores crepusculares e os interruptores horários
astronómicos. Igualmente pode atuar-se na intensidade luminosa da IP com a redução
do nível luminoso.
4.4.1 - Interruptores crepusculares
São dispositivos eletrónicos capazes de dimerizar um circuito em função da
luminosidade ambiente. Para isso utilizam um componente sensível a luz (célula
fotoelétrica) que deteta a quantidade de luz natural que existe no lugar da instalação,
comparando esse valor com o ajustado previamente. Em função desta comparação, ativa
ou desativa-se um relé.
86
Para um correto funcionamento das instalações de IP com interruptores crepusculares,
estes devem estar dotados de circuitos que incorporem histereses, isto é, um atraso antes
das manobras que possibilite eliminar falhas de acender ou desligar devido a fenómenos
meteorológicos transitórios, como por exemplo a passagem de nuvens, raios ou luzes de
automóveis.
Os inconvenientes do uso dos interruptores crepusculares são o difícil acesso aos
mesmos durante a sua manutenção ou reparação, já que normalmente se instalam em
lugares de complicado acesso. Além disso, a poluição provoca um escurecimento
gradual do ambiente envolvente, o que a longo prazo as manobras não se realizem nos
momentos esperados.
4.4.2 - Interruptores horários astronómicos
São interruptores horários que incorporam um programa especial que segue o nascer e
por do Sol na zona geográfica onde está instalado. Esta característica tem uma
importante vantagem de que não é necessário a reprogramação manual e periódica dos
tempos de acender/desligar. Também tem a possibilidade de poder atrasar ou adiantar
de maneira uniforme esses tempos de manobra, conseguindo com ele uma diminuição
de consumo adicional.
Estes interruptores horários devem dispor de dois circuitos independentes, uma para o
ligar/desligar total da IP, e outro para as ordens de redução e recuperação de fluxo
luminoso, durante as horas que não é necessário todo o fluxo.
Existem modelos que permitem incorporar dias especiais, em que o horário é diferente
devido a feriados, fim de semanas, etc.
87
4.4.3 - Métodos de controlo
Ao longo dos anos foram desenvolvidos métodos de controlo com o objetivo para
diminuir o consumo energético, e com isso, diminuir a fatura elétrica. Os principais
métodos utilizados pelos municípios são os seguintes:
Desligar parcialmente (duplo circuito) – com este sistema consegue-se reduzir
o consumo apagando parte das luminárias durante um período de tempo
determinado, sendo a redução do consumo energético obtido diretamente
proporcional ao número de luminárias apagadas.
Mesmo que o sistema seja efetivo, o seu maior inconveniente é perca da uniformidade
luminosa. Nos casos onde sempre são desligadas as mesmas lâmpadas, é criada uma
grande diferença no que diz respeito a vida útil da lâmpada. Por esses motivos, foram
criados interruptores horários astronómicos com circuitos alternativos, de forma que
cada dia se alterna o circuito a apagar.
Reatância de duplo nível – Este sistema está baseado numa reatância que
possibilita variar a impedância do circuito mediante um relé exterior, reduzindo
a intensidade que circula nas lâmpadas e conseguindo uma redução de
aproximadamente 40%. A ordem de ativação é dada por um fio de comando ou
por um temporizador interno.
Apesar de evitar o problema da falta de uniformidade luminosa, a mudança brusca do
regime normal ao regime reduzido provoca uma sensação de falta de luz no usuário.
Nos sistemas que incorporam um temporizador para evitar a instalação da linha de
comando, a redução não está sincronizada e produz-se com atraso nas lâmpadas. No
caso da instalação da IP reacender quando está em situação de nível reduzido, o
temporizador inicia um novo atraso ao voltar a tensão de rede, perdendo-se praticamente
todo o ganho correspondente ao tempo de regime reduzido.
Nenhuns dos sistemas anteriormente descritos resolvem os problemas de sobretensão na
rede que diminui fortemente a vida das lâmpadas e equipamentos, e que provocam um
grande aumento no consumo de energia elétrica.
88
Estabilizadores de tensão e diminuidores de fluxo luminoso no posto de
transformação – A vantagem principal destes equipamentos frente as reatâncias
de duplo nível é que soluciona os problemas produzidos pela instabilidade da
rede já que durante as horas do regime normal estabilizam a tensão de
alimentação em linha. Nas horas de regime reduzido diminuem a tensão a todas
as luminárias, conseguindo uma diminuição de consumo adicional.
O feito de estar instalado no posto de transformação, faz que a sua incorporação, tanto
em instalações de IP novas como nas existentes, seja fácil (não é preciso intervenção em
cada um dos pontos de luz da IP) e facilita o acesso a sua manutenção.
A instalação dum estabilizador de tensão e redutor de fluxo (redutor de fluxo que será
citado mais adiante) evita excessos de consumo nas luminárias, prolonga a vida das
lâmpadas e diminui incidências de avarias.
Em resumo, as vantagens dos estabilizadores de tensão e redutores de fluxo luminoso
no posto de transformação são:
Prolonga a vida útil da lâmpada;
Diminui o custo de manutenção;
Mantem a uniformidade da IP;
Evita excessos de consumo (nível nominal);
Diminui o consumo até 40% (nível reduzido);
Rápida amortização.
Funcionamento dos redutores de fluxo luminoso – Os redutores de fluxo
estão previstos para funcionar a regime contínuo. No entanto é aconselhável
desconectar da rede durante as horas em que a iluminação não funciona,
evitando de esta forma o seu reduzido consumo em vazio. A conexão e
desconexão da rede realizam-se diariamente por um contador controlado por um
interruptor crepuscular ou por um interruptor horário astronómico instalado no
quadro da iluminação.
89
Em regime normal de funcionamento pode escolher-se uma pequena gama de tensões
de saída, dependendo do grau de envelhecimento das lâmpadas, da sua tensão nominal e
da redução do consumo adicional que se quer obter no caso de novas instalações. O
processo é o seguinte:
Quando todas as instalações têm lâmpadas novas, pode programar-se um regime
normal à 210V;
Passado o primeiro terço da vida útil, é possível mudar para 215V;
Passado dois terços da vida útil da lâmpada pode voltar-se a mudar para a sua
tensão normal.
Desta forma mantem-se praticamente uniforme o fluxo luminoso da instalação durante
toda a vida das lâmpadas.
Em regime reduzido é gerada uma ordem externa por um elemento de controlo
(interruptor crepuscular ou interruptor astronómico) que fixa o nível de iluminação em
função das horas a regime normal ou regime reduzido. A velocidade de variação da
tensão de saída, quando se muda de regime normal a regime reduzido ou vice-versa,
realiza-se de forma lenta (à volta de 6V por minuto), de maneira linear nos
equipamentos de variação continua e com pequenos saltos nos modelos de variação
gradual. Desta forma é garantido o perfeito comportamento das lâmpadas sem
deterioração da mesma.
As tensões de regime reduzido oscilam entre 175V para VSAP e 195V para VM. O
regime reduzido pode ser mantido até à hora de desligar da IP ou voltar ao regime
normal nas primeiras horas da manhã. Estas tensões podem-se programar com um
pequeno incremento (por exemplo 5V) a fim de corrigir uma iluminação escassa ou
quedas de tensão importantes nas instalações de IP. A figura 4.10 monstra os ciclos dos
redutores de fluxo luminoso.
90
Fig. 4.10- Efeitos dos redutores de fluxo luminoso (Fenercom)
Resumidamente, as características básicas que deve cumprir qualquer redutor de fluxo
são as seguintes:
Rendimento superior à 95%;
Gama de potência variável;
Redução de consumo até 40% ;
Fases totalmente independentes;
Carga admissível de 0 a 100%;
Manutenção do fator de potência;
Não introduzir harmónicos na rede;
Estabilização +/- 1%;
Fluxo nominal configurável;
Fluxo reduzido configurável;
Tempo de arranque variável;
Velocidade de mudança de nível: 6 V/minuto aproximadamente;
Pelo seu tipo de regulação, os redutores de fluxo podem-se classificar em
reguladores de variação contínua e de variação escalonada.
91
4.4.4 – Telegestão - Sistemas de controlo e gestão
Os sistemas de telegestão permitem, por um lado, controlar desde do ponto de vista
energético as instalações, supervisionando, em qualquer momento, os consumos
energéticos que se estão produzindo podendo valorizar-se se são coerentes ou não e a
eficiência que se esta a obter com a introdução de medidas de eficiência energética. Por
outro lado, possibilita manter a correta gestão das instalações à distância, permitindo
detetar pontos de luz fora de funcionamento ou problemas que gerem alertas.
Os sistemas de telegestão podem ser constituídos por equipamentos responsáveis pelas
medições elétricas, oferecer informação direta e estabelecer as comunicações. Podem
dispor também de vários nós secundários conectados às diversas linhas do quadro e que
vigilam o perfeito funcionamento das manobras e proteções do mesmo, mandam a
informação permanentemente do funcionamento e anomalias ao controlador principal.
Pode dispor-se de uma entrada de controlo de tensão, para indicar o estado de
funcionamento da instalação de IP e para a sinalização do estado de redução de fluxo.
Dispõem de alertas por falha das tensões nas saídas e na entrada geral, alertas de
intrusão e abertura do quadro. Todos os alertas e medidas podem ser geridas através de
aplicações informáticas, como também localmente ou por controlo remoto através de
um modem, sistema telefónico ou GSM.
Assim, pode programar-se o envio de certos alertas por GSM a telefones através de
mensagens SMS. Igualmente, desde o telefone GSM é possível enviar certos comandos
através de mensagens SMS ao modem GSM instalado no quadro elétrico para receber
informação das tensões de entrada-saída e alertas, ordenar a conexão ou desconexão do
quadro, anular a redução de fluxo e conexão – desconexão do bypass. Estas últimas
funcionalidades são muito úteis em trabalhos de manutenção.
As aplicações informáticas utilizadas no sistema de telegestão têm, entre outras, as
seguintes possibilidade:
Tensão de linha, intensidade de linha e fator de potência de cada fase;
Tensão de saída do regulador-estabilizador em cada fase;
Percentagem de eficiência por fase trifásica;
Percentagem de eficiência total;
Consumo energético por fase e total;
92
93
Capítulo 5
Caso Prático
5.1 – Apresentação
Como já referido, a presente dissertação teve por base o estudo desenvolvido no
Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro (Trabanca-
Salamanca), como parte integrante do projeto “Eficiência Energética na Iluminação
Pública Exterior do Centro Consumidor de Energia AECT Duero-Douro”.
Como foi referido atrás, tanto Espanha como Portugal têm um objetivo em comum no
que diz respeito a eficiência energética, ou seja, atingir 20% do consumo energético
final proveniente de FER até o final de 2020. Não só atingir as metas impostas pela UE,
como também as metas estabelecidas pelos PANERs de cada país, e com isso surgiu a
necessidade de se recorrer a várias entidades jurídicas de vários locais para ajudar a
atingir esses valores e ajudar a média nacional para o alcance das respetivas quotas. E
com isso, o AECT Duero-Douro tem o dever e a obrigação de ajudar não só a atingir os
objetivos nacionais como zela pela investigação, inovação e desenvolvimento
económico e local com carácter ambiental e sustentável.
5.1.1 – AECT Duero-Douro
O AECT Duero-Douro é uma figura jurídica
criada conforme o Regulamento (CE) 1082/2006,
que lhe fornece poder jurídico na sua área de ação.
É um agrupamento sem fins lucrativos e tem
como objetivo, em conjunto com os seus
membros, a cooperação transfronteiriça, Fig. 5.1- Logótipo do AECT Duero Douro
94
transnacional e inter-regional com o fim de reforçar a coesão económica e social. A
criação da AECT surge da necessidade de haver uma entidade capaz de gerir ações de
cooperação territorial no quadro de legislações e procedimentos nacionais diferentes já
que as entidades municipais, em particular as autoridades regionais e locais, têm
dificuldade em lidar.
Foi então definido com a saída do Decreto-Lei nº376/2007, em Portugal, e com a saída
Decreto Real 37/2008, em Espanha, a autorização da criação da figura do AECT entre
Portugal e Espanha.
Assim a AECT Duero-Douro foi criada no dia 14 de março de 2009, tendo como área
de ação Alto Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior Norte em Portugal e a Província de
Zamora e Salamanca em Espanha, representando 73.328 habitantes portugueses e
46.185 espanhóis o que faz um total de 120.143 habitantes.
O AECT Duero-Douro trata, entre outras funções, do desenvolvimento e implementação
de programas ou projetos de cooperação territorial cofinanciados pela Comunidade,
principalmente recorrendo ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e Fundo de
Coesão. Assim são desenvolvidos projetos e investimentos para todo o território. O
AECT desenvolve programas e projetos nos seguintes âmbitos de ação:
Igualdade de Oportunidades;
Desenvolvimento Económico;
Desenvolvimento Local;
Transporte público acessível a todos os cidadãos;
Novas Tecnologias, especialmente as da informação e comunicação;
Ambiente;
Desenvolvimento Sustentável;
Educação, Formação e Emprego;
Saúde, Serviços Sociais e Ação Social;
Turismo, Cultura e Património;
Administração local;
Investigação, inovação e desenvolvimento;
Transportes e Comunicações;
Desportos, Lazer e Tempos livres.
95
5.1.2 – Eficiência Energética no Centro de Consumidor de
Energia do AECT Duero-Douto
Como já foi referido anteriormente, a existência de uma IP eficiente representa uma
poupança de energia, uma redução
de custos e uma redução de
impactes ambientais. Neste sentido,
os CCE do Plano 200 ESSE da
comunidade de Castilha e Leão,
propuseram inicialmente o projeto
da “Melhora da Iluminação Pública
Exterior nos municípios espanhóis
pertencentes ao Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial AECT Duero-Douro”
e mais tarde foi criado o atual Projeto de Eficiência Energética na Iluminação Pública
Exterior do Centro de Consumidores da AECT Duero-Douro
O Projeto foi aprovado pelo IDAE e a Junta de Castilha e Leão, para a execução das
atuações de atividades de eficiência energética segundo o “Plan de Acción 2008-2012
de la Estrategia de Ahorro y Eficiencia Energética en España (E4+)”.
Os municípios pertencentes ao Centro de Consumidores da AECT estão registados no
seguinte mapa:
Fig. 5.2- Logótipo do "Projeto de Eficiência Energética na
Iluminação Pública"
96
Fig. 5.3- Mapa dos municípios pertencentes ao Centro de Consumidores do AECT Duero-Douro
97
Como foi referido anteriormente no subcapítulo do “Programa de ajudas na iluminação
Pública” referente a Espanha, para realizar um projeto de IP tinham de contratar uma
ESE. E foi através de um Concurso Público, que contrataram a empresa responsável
pelo projeto, Elecnor S.A.
Com base na política estabelecida, no ano em que for realizado o projeto de eficiência
energética e na sua respetiva legislação e normas, o projeto permitirá uma redução no
mínimo de 40% no consumo energético com uma IP eficiente comparativamente ao
sistema de iluminação tradicional.
5.1.3 – Metodologia Adotada
Para a realização do estudo deste projeto, foi adotada a seguinte metodologia:
Recompilação de toda a informação de ordem técnica e energética elementar da
IP exterior de todos os municípios;
Visita as instalações de IP de cada município para a sua análise e para a
realização do levantamento da IP e registo de dados complementares;
Compilação de todos os dados e realização dos cálculos necessários para
obtenção de dados;
Proposta de medidas de eficiência energética – Descrição, análise e elaboração
de relatórios de diagnóstico energético;
Elaboração de relatórios finais que servem de base para as especificações
técnicas necessárias para o estudo da situação atual;
Análise crítica dos resultados obtidos.
A realização do cálculo dos consumos energéticos e dos custos da iluminação anterior,
foi facilitada já que foi possível obter os documentos do AECT com as faturas de 1 ano,
em que foi calculada a média de consumo e do gasto económico.
Nas fichas técnicas do projeto estavam disponíveis as caraterísticas de gestão e
manutenção da IP, em que se consta que em nenhum dos municípios existia uma
empresa de manutenção contratada, solicitando os serviços de manutenção da empresa
em concreto segundo as necessidades. Posto isto, depois da implementação do projeto
98
foi estabelecido um plano de manutenção preventivo respeitando o ITC-EA-06, referido
no subcapítulo 3.3.1.
Realizou-se uma visita às instalações da IP para levantamento e realização dos
inventários, incluindo, os pontos de luz, as características das luminárias e lâmpadas,
suportes, sistemas de acender/desligar, armários de distibuição e sistemas de regulação.
Através dos inventários realizados anteriormente pelo AECT Duero-Douro, foram
contabilizadas 251 armários de distribuição, 15603 pontos de luz e 17620 lâmpadas com
uma potência instalada total de 1489,24 kW.
5.2 – Caracterização da rede de Iluminação
Pública (situação anterior)
Uns dos objetivos do projeto era melhorar o serviço público, cumprir as normas
legais e a poupança energética e económica nas localidades que atualmente aderiram ao
projeto, Salamanca e Zamora. O Projeto consiste na substituição da antiga iluminação
que utilizava lâmpadas de VM, VSAP, fluorescente e outras com maior consumo
energético, bem como também muitas das luminárias que se encontravam em mau
estado ou danificadas, e na substituição, se necessária, dos armários de distribuição.
A antiga iluminação começou a ser substituída por tecnologia LED pela empresa
instaladora autorizada neste Projeto, a Elecnor. A tecnologia LED foi a tecnologia
escolhida pelo seu grande rendimento e capacidade de manter o mesmo nível de
iluminação com menos consumo energético. Alguns dos modelos usados foram o Nano
2, Teceo e Hapiled.
Atualmente, aderiram ao projeto 63 municípios membros do AECT, com 155
localidades: 130 pertencente a Zamora e 25 pertencente a Salamanca.
Lista de municípios pertencentes a província de Salamanca e do AECT Duero-Douro
que vão beneficiar do Plano de Eficiência Energética na Iluminação Pública:
99
Lista de municípios pertencentes a província de Zamora e do AECT Duero-Douro que
vão beneficiar do Plano de Eficiência Energética na Iluminação Pública:
Tabela 3.2 - Municípios pertencentes a província de Zamora e do AECT Duero-Douro
Um dos aspetos importantes a terem conta é que o RD 1890/2008, na sua ITC EA-02,
obriga, em instalações com potências superiores a 5 kW, à redução do nível luminoso, a
menos que por razões de segurança não seja recomendável.
Dados da IP global das localidades:
Consumo energético de 4.736,17 MW h/ano;
Emissão de gases contaminantes de 3.073,78 tCO2e/ano;
Custo económico em 546.089,42 €/ano;
Os custos associados a manutenção atingiram aproximadamente 178.515 €/ano
Tabela 5.1- Municípios pertencentes a província de Salamanca e do AECT Duero-Douro
100
A respeito do gasto total das IP, a distribuição de custos foi realizada da seguinte
maneira:
Tabela 5.3 - Gasto elétrico da IP
Conceito Custo
(€/ano)
Percentagem
Fatura elétrica 546.089 75,36%
Manutenção 178.515 24,64%
5.2.1 – Lâmpadas e Luminárias
Foi elaborada uma folha de cálculo que contém todos os dados recolhidos nos centros
de comando (luminárias, tipologia da lâmpada, equipamento de regulação e controle,
medições, etc) das localidades pertencentes ao projeto. Também foi realizado arquivos
fotográficos dos mesmos, que se encontram em Anexo na forma digital.
Em cada fase, os parâmetros medidos foram :
− Tensão (V)
− Corrente (A)
− Potência Aparente (S), Ativa (P) e Reativa (Q)
− Fator de potência (cos ϕ)
− Taxa de distorção harmónica (THD)
A tabela seguinte mostra as tipologias e quantidades de lâmpadas no global das
localidades, retiradas da auditoria do projeto do AECT:
101
Tabela 5.4 - Tipologias das localidades inseridas no Projeto de Eficiência Energética na IP (AECT Duero-
Douro)
Através da tabela concluímos que mais de metade da IP das localidades são constituídas
por lâmpadas de VM (57,1%). Os outros 40% são constituídos por lâmpadas HAL
(26,32%) e VSAP (11,99%). Com estes dados consegue-se prever que a iluminação
pública dos municípios era ineficiente e não sustentável devido à elevada utilização das
lâmpadas VM que, como já foi anteriormente referido, são a tipologia que mais
consomem energia elétrica.
Com os relatórios disponibilizados pelo Agrupamento, foi organizado a informação
técnica e energética da IP exterior de todos os municípios que tinham disponível até à
data. Analisou-se todos os inventários disponíveis dos municípios relativo a cada
tipologia de lâmpada utilizada anteriormente na IP e dividiu-se os dados em 4 grupos:
Zamora Norte;
Zamora Sul;
Salamanca Norte;
Salamanca Sul
Com esta divisão pretende-se fazer uma comparação entre as duas províncias, Zamora e
Salamanca, e o norte e sul de cada uma delas para analisar as diferentes tipologias de
lâmpadas registada em cada zona. Posteriormente será apresentado o gráfico geral com
todas as tipologias dos municípios em estudo.
102
Os gráficos seguintes demostram as tipologias de lâmpadas, em percentagem, dos 4
grupos referidos anteriormente:
Fig. 5.4 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de Zamora Norte
Pela figura verificamos que a IP dos municípios de Zamora Norte são constituídas
maioritariamente por lâmpadas de VM, 72%, a seguir com 25% das VSAP e 3% de
restantes tipologias. Concluímos que nestes municípios não houve grande alteração na
IP durante muitos anos, devido à sua maioria ser composta por lâmpadas de VM, que já
não são distribuídas na Europa. Também a indicar que os 3% de outras tipologias destes
municípios são lâmpadas halógenas, HM, CFL, indução, fluorescente, incandescente e
LED.
Na figura 5.5 é apresentado as diferentes tipologias de Zamora Sul:
25%
72%
3%
VSAP VM Outros
103
Fig. 5.5 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de Zamora Sul
Verificamos através do gráfico de Zamora Sul, que como o gráfico de Zamora Norte, a
maioria da tipologia utilizada na IP é a lâmpada de VM, sendo superior nestes
municípios, representando 90% da IP, ficando 5% de VSAP e 5% de outras tipologias.
A semelhança do gráfico anterior, esta grande percentagem de VM significa que a IP
não sofreu alteração durante muitos anos quanto as lâmpadas utilizadas. Os 5% de
outras tipologias incluem lâmpadas halógenas, HM, indução e CFL.
As figuras seguintes representam as tipologias, em percentagem, utilizadas na província
de Salamanca:
Fig. 5.6 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de Salamanca Norte
90%
5%
5%
VM VSAP Outros
24%
40%
2%
34%
VSAP VM Outros PL
104
Nos municípios de Salamanca Norte verificamos uma maior variedade de tipologias de
lâmpadas do que em Zamora. Ainda que a tipologia com maior percentagem seja a de
VM, só representa 40%, sendo que 34% são de PL, uma tecnologia semelhante a
lâmpada fluorescente, que não foi praticamente utilizada em Portugal mas foi
implementada em algumas IPs de Espanha, e 24% de VSAP. Verificamos que os
municípios de Salamanca Norte sofreram alterações na sua IP, contrariamente aos
municípios de Zamora, em que foi implementado tecnologia mais eficiente como a PL e
o VSAP. Ainda sobram 2% de outras tipologias que são de tipo halógena, HM e LED.
No gráfico seguinte apresenta-se a percentagem de tipologias utilizadas na IP nos
municípios de Salamanca Sul:
Fig. 5.7 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios de Salamanca Sul
Em Salamanca Sul, verificamos que a composição da IP, quanto a tipologia de
lâmpadas utilizadas, é diferente das outras estudadas. Nestes municípios, a IP é
constituída por 70% de tecnologia PL, contrariando às tendências anteriores em que a
maioria é de VM, a seguir de 13% de CFL, 8% de VSAP, 7% de VM e 2% de outras
tipologias (halógenas e HM). Dos 4 grupos de municípios, este demonstra ser a mais
sustentável por não utilizar quase nenhuma lâmpada VM e por toda a sua rede IP ser
constituída, pela sua maioria, por tecnologia energeticamente mais eficiente.
70%
8%
13%
2%
7%
PL VSAP BAJO CONSUMO Outros VM
105
Finalmente, apresenta-se o gráfico geral das tipologias de lâmpadas utilizadas nos
municípios em estudo de Zamora e Salamanca:
Fig. 5.8 - Percentagem das diferentes tipologias de lâmpadas registadas nos municípios em estudo de Zamora e
Salamanca
Conclui-se através deste gráfico que a tecnologia mais utilizada nas IPs dos municípios
estudados das províncias de Zamora e Salamanca eram a de VM de alta pressão com
65%. As restantes tipologias eram 18% de VSAP, 12% PL e 5% de outras tipologias
que foram identificadas nos gráficos anteriores. Conclui-se também, que as IPs desses
municípios não eram eficientes, utilizando a tipologia menos eficiente de todas, a de
VM. Através destas informações podemos prever que os municípios consumiam muita
energia elétrica através de IPs não eficiente o que levava a facturas elétricas elevadas
prejudicando o orçamento disponível dos municípios que, consequentemente, impedia o
investimento para substituição das IPs. O máximo que conseguiam era alterar uma
pequena parcela da IP, e por isso aparecem outras variedades de tipologias de lâmpadas
nos municípios. Através dos outros gráficos, concluímos que Salamanca era a província
com a IP mais eficiente, sendo Salamanca Sul o grupo pelo maior uso de tecnologia
eficiente em termo de tipologias de lâmpadas.
65%
18%
12% 5%
VM VSAP PL Outros
106
5.2.2 – Balastros
Os balastros são equipamentos que são responsáveis por iniciar a iluminação nas
lâmpadas e manter estável a tensão nas lâmpadas. A maioria dos balastros do inventário
é do tipo eletromagnético. A maior desvantagem deste sistema comparativamente ao
eletrónico é que é menos eficiente por além de consumir mais energia reativa. No
entanto, os balastros eletrónicos oferecem vantagens importantes como:
25% de eficiência no consumo de energia;
Aumenta a vida da lâmpada até 40%;
Geram menos calor pela sua temperatura de funcionamento ser mais baixa;
Reduzem gastos de manutenção;
Aumentem o conforto visual;
São mais leves;
Os modelos reguladores oferecem maior flexibilidade na iluminação.
Devido a estas vantagens proporcionadas, pelo balastro eletrónico, foi proposto a
substituição dos balastros eletromagnéticos por balastros eletrónicos.
5.2.3 – Falhas e não conformidades
As localidades demonstraram muitos problemas a nível de IP, tanto legais como
técnicas. Uma grande parte da IP apresentava deficiência estrutural, como luminárias
sem vidro ou com vidro partido, braços de suporte enferrujados ou danificados,
condutores soltos sem proteção, quadros elétricos danificados e abertos ao público, etc.
Também havia o incumprimento das normas de IP, nomeadamente a uniformidade da
iluminação que se apresentava, como por exemplo em certos becos, parques ou aforas
da localidade, e mesmo zonas que não apresentavam qualquer tipo de iluminação. Daí
surge a necessidade do projeto afim de:
Melhora do Serviço Público;
Obter eficiência energética;
Cumprir com as normativas;
Redução de gastos económicos.
107
Nas imagens seguintes são apresentados exemplos da IP das localidades antes da
regularização:
Fig. 5.9 - Luminária partida - Boada
A foto anterior é de uma luminária que aparece com o vidro partido na aldeia de Boada.
Fig. 5.10 - Quadro elétrico sem nenhuma fechadura
Ainda na aldeia de Boada, encontra-se os quadros elétricos sem nenhuma proteção e
fechadura, sendo acessível a qualquer pessoa e representando um perigo para os mais
jovens.
108
Fig.5. 11 - Luminária suja - Vilvestre
Esta luminária é um exemplo das más condições das luminárias nas localidades, em que
a maioria, ou não tinha o vidro de proteção ou se encontravam sujas, que tem como
consequência fraca luz e com isso fraca visibilidade.
Fig. 5. 12- Globo com o vidro partido – Vilvestre
Nesta foto vemos um globo com o vidro partido e portanto impróprio para a sua função
de iluminar o seu ambiente envolvente.
109
Fig. 5.13 - Poste de luz com o sistema elétrico amostra – Alcanices
Em Alcanices foram encontrados alguns postes de luz sem nenhum dispositivo
luminoso e com o sistema elétrico à mostra, sendo um problema sério que pode
provocar cortes de corrente e electrocuções.
Para finalizar esta apresentação de imagens, apresenta-se uma compilação de imagens
que mostra alguns dos problemas mais graves encontrados nas IPs:
Fig. 5.14 - Compilação de imagens de tecnologia deficiente ( AECT Duero-Douro)
110
Verificamos através destas imagens o estado das luminárias de grande parte das
localidades e mostrar a necessidade da sua substituição. As consequências destas
iluminações obsoletas são graves, podendo provocar acidentes mortais como se pode
constatar nos casos apontados pelo AECT.
Acidentes - Casos 2014, Malhorca, Murcia e Galiza:
32 de Agosto de 2014 – Um candeeiro causa a morte de um jovem de 18 anos
em Bunyola (Malhorca)
Razão – Péssimo estado de manutenção da instalação , sem fusível, cabos soltos,
etc.
7 de Setembro de 2014 – Um rapaz de 13 anos sofre uma descarga elétrica ao
tocar num candeeiro em Alcantarilha (Murcia)
14 de Setembro de 2014 – Morre uma menina de 14 anos em Santiago por
electrocução ao tocar um candeeiro.
5.3 – Propostas de melhoria (situação atual)
A tecnologia proposta para a melhoria da IP das localidades foi a tecnologia LED, que
como vimos nos capítulos anteriores, é atualmente a melhor solução. A empresa
responsável pelo projeto é a Elecnor S.A e estas foram as informações fornecidas
quanto ao desenvolvimento do projeto:
Tempo de duração do contrato oferecido: 15 anos.
Redução no consumo energético: 5.149.775,59 kWh/ano
Plano de execução P4: 9 meses
Prestação P1 (Gestão Energética): 160.000,0€ + 33.600,00€ de I.V.A =
193.600,00€
Prestação P2 (Manutenção): 509.902,75€ + 107.079,58€ de I.V.A = 616.982,33€
Prestação P3 (Garantia Total): 46.000,00€ + 9.660,00 de I.V.A = 55.660,00€
Prestação P4 (Obras de melhoras e renovação das Instalações): 4.433.603,00€ +
931.056,63€ de I.V.A = 5.364.659,63€
Importe Total anual do Contrato (P1+P2+P3): 715.902,75€ + 150.339,58€ de
I.V.A = 866.242,33
111
Segundo as informações da Elecnor S.A, no final do projeto será obtido uma redução de
aproximadamente 5,15 GWh/ano na IP. O investimento proposto de obras de
renovação foi o seguinte: P4 - 4.433.603,00€ + 21%IVA = 5.364.659,63€
Para o desenvolvimento do projeto foram propostas medidas de eficiência energética em
toda a IP que são as seguintes:
Substituições dos balastros eletromagnéticos por balastros eletrónicos;
Instalação de estabilizadores-redutores de fluxo no posto de transformação;
Substituição dos interruptores crepusculares por interruptores horários
astronómicos;
Substituição das lâmpadas de VM e VSAP por LED;
Instalação de um sistema de telegestão
Substituição de luminária antigas. Inclui lâmpadas VSAP e balastros eletrónicos
de duplo nível;
Ajuste das tarifas de fornecimento.
5.3.1 – Lâmpadas e Luminárias
Neste ponto são apresentadas as soluções com tecnologia LED que substituiu a situação
anterior:
TIPOLOGIA 1: NANO LED
• LUMINÁRIA: NANO - SOCELEC
• DRIVER: PHILIPS
• LED: CREE
112
TIPOLOGIA 2: TECEO
• LUMINÁRIA: TECEO - SOCELEC
• DRIVER: PHILIPS
• LED: CREE
TIPOLOGIA 3: HAPILED
• LUMINÁRIA: HAPILED - SOCELEC
• DRIVER: PHILIPS
• LED: CREE
113
TIPOLOGIA 4: FAROL VILLA
• LUMINÁRIA: FAROL VILLA-LFH -
SOCELEC
• DRIVER: PHILIPS
• LED: CREE
Para uma melhor compreensão da diferença de potências entre as tecnologias, segue o
quadro que contém as substituições feitas por tipologia e potência. Os valores
apresentados representam as equivalências de potência entre as duas tecnologias para
obtenção do mesmo fluxo luminoso.
Tabela. 5.5 - Alterações de potência - Tecnologia tradicional vs Tecnologia atual (AECT Duero-Douro)
114
Como é demonstrado nesta tabela, as potências da tecnologia atual são muito inferiores
às da tecnologia que foram substituídas, o que irá proporcionar um menor consumo
energético.
5.3.2 - Telegestão
A implementação de controlo à distância – Telegestão – visa o controlo sobre a
eficiência energética, a diminuição do consumo energético e as emissões de GEE na
Iluminação Pública.
Fig. 5.15 - Sistema de telegestão Enersonne
O sistema implementado neste projeto foi desenvolvido pela Enersonne, com ajuda de
empresas colaboradoras, como a Elecnor S.A, para a gestão energética das IPs. O
sistema toma medidas energéticas e transmite, via GPRS, a uma base de dados central,
os valores para a sua análise. Também se pode controlar a ativação/desativação direta
dos contadores que controlam o funcionamento da IP, assim como configurações das
funções de funcionamento como as tabelas astronómicas.
Ainda tem um duplo sistema de avisos ou alarmes que identificam situações
extraordinárias de funcionamento que podem originar avarias e envia-las, se necessário,
aos destinatários indicados via e-mail. Estes alarmes podem ser do tipo imediato, como
por exemplo a saída da alimentação do quadro, ou do tipo analítico, como baixa de
consumo ou sobre consumos relativos a um perfil teórico determinado. Estas avarias
115
baseiam-se em análises de horários de consumos e o seu envio não é imediato já que
depende da receção de dados suficientes para realizar diagnósticos.
Os três passos importantes são o Controlo, a Monitorização e o Seguimento, em que
com este sistema, é possível um controlo instantâneo, sobre o estado dos componentes
da instalação da IP exterior, e como otimizar o seu funcionamento.
Vantagens do sistema de controlo à distância de Elecnor:
Criação de gráficos e relatórios com dados de consumo histórico e instantâneo
para cada quadro elétrico ou conjunto de quadros;
Monotorização da eficiência obtida;
Deteção de falhos em lâmpadas e informação ao pessoal técnico de manutenção;
Melhor qualidade no serviço público;
Identificação de ligações não autorizados na rede elétrica;
Arquitetura aberta e independente do fabricante;
Seguimento e controlo do bom funcionamento dos meios disponíveis para a
eficiência energética (reguladores, controlo de acesos e interruptores.)
Os Gráficos que são produzidos pelo serviço de Telegestão são:
Gráfico de potências;
Gráfico de consumo energético horário;
Gráfico de consumo energético diário;
Gráfico de consumo energético diário/mensal;
Gráfico de Tensão;
Gráfico de entradas.
116
5.4 – Análise de resultados
No caso de estudo, aqui apresentado, foram analisados 42 municípios de Zamora e
Salamanca nomeadamente os seguintes:
Zamora Norte (Alcanices, Carbajales de Alba, Ferreruela de Tabara, Fonfria,
Hermisende, Lubián, Malva, Manzanal de Arriba, Montamarta, Pías, Pino del
Oro, Rabanales, Rabano de Aliste, Requejos, Riofrio de Aliste, Samir de los
Caños, San Pedro de la Nave-Almendra, Videmala, Vilardeciervos,Viñas de
Aliste);
Zamora Sul (Almaraz del Duero, Almeida de Sayago, Bermillo de Sayago,
Carbellino de Sayago, Fuentespreadas, Mayalde, Roelos de Sayago,
Villalcampo, Villaseco del Pan);
Salamanca Norte (Boada, El Manzano, Mieza, Monleras Saldeana,
Villasbuenas, Villaseco de los Gamitos, Vilvestre);
Salamanca Sul (Agallas, Gallegos de Argañan, Herguijuela de Ciudad Rodrigo,
Morasverdes, Peñaparda)
Os indicadores utilizados para a comparação foram os seguintes:
Potência instalada (kW) – através dos inventários disponibilizados pelo AECT
Duero-Douro, foram obtidos os dados das tipologias e das potências instaladas
de cada ponto de luz para no final obter a potência instalada na IP da localidade;
Consumo (kWh/ano) – A IP anterior foi calculada pela média da soma das
faturas de um ano a fim de obter o consumo anual. A IP atual foi calculada com
a potência instalada multiplicada pela percentagem de perdas do balastro e por
4120h, correspondente às horas de funcionamento. O valor da perda considerado
para um balastro eletrónico é de 5% e para um balastro eletromagnético é de
15% ou 20% dependendo da potência da lâmpada;
Custos (€) – Os custos da IP anterior também foram calculados pela média da
soma das faturas de um ano. Na IP atual foi calculado pelo produto entre o
consumo energético e o preço do kWh. Assume-se o custo de energia de 2016 da
Iberdrola que é 0,134 €/kWh;
117
Emissões de CO2e – As emissões de gases foram calculadas através do produto
do valor indicado nas fichas técnicas do Agrupamento, que é de 0,649
kgCO2e/kWh, e o consumo energético.
O processo de análise foi primeiramente compilar todos os dados fornecidos da
instalação anterior dos vários municípios numa tabela a fim de criar os respetivos
gráficos para cada indicador. Depois compilar a informação dos modelos e potências
instalada da tecnologia LED na instalação atual e calcular os vários outros
indicadores e foram elaborados os respetivos gráficos. Finalmente, cruzar os dados
das tabelas para cada indicador a fim de obter uma comparação entre os dados e
retirar as respetivas conclusões. As tabelas criadas com os valores utilizados para os
gráficos encontram-se no Anexo 12 e 13 para consulta.
5.4.1-Consumos de energia
Os primeiros indicadores a serem analisados são a potência instalada, em kW, e o
consumo energético, em kWh/ano. No gráfico seguinte apresentam-se os dados da
Potência Instalada nos municípios em estudo, antes e depois:
É possível verificar que a Potência Instalada – Depois é muito menor do que a Potência
Instalada – Antes, isto devido à tecnologia atual ser de potência muito inferior como foi
confirmado pela tabela das alterações de potência apresentado anteriormente.
Fig. 5.16 - Potência Instalada - Antes vs Potência Instalada - Depois
16,32 16,06 24,26 25,07
58,3
44,96 49,52
56,9
0
10
20
30
40
50
60
70
Bo
ada
El M
anza
no
Mie
za
Mo
nle
ras
Sald
ean
aV
illas
bu
enas
Vill
ase
co d
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Gal
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Mo
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Pe
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a
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es
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baj
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Tab
ara
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Lúb
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Man
zan
al d
e A
rrib
a
Mo
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mar
ta
Pía
sP
ino
del
Oro
Rab
anal
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(kW
)
Potencia instalada (kW) - Depois Potencia instalada (kW) - Antes
118
Dependendo da localidade em questão, pode-se constatar uma maior ou menor diferença
positiva dessa alteração. Isso deve-se ao facto de que algumas localidades tinham falta
de iluminação, e que muitos locais nem sequer tinham iluminação instalada, ou tinham
problemas de uniformidade. No sentido de resolver essa situação foram adicionadas
pontos de luz ao sistema de IP, levando ao aumento de potência instalada, mas
permitindo que a localidade ficasse devidamente iluminada. Rabano de Aliste e
Videmala são os únicos municípios em que a Potência Instalada - Depois é superior a
Potência Instalada - Antes, e isso deve-se à situação referida onde foram adicionados
pontos de luz em vários locais das localidades dos municípios. Estes municípios
também eram os municípios que tinham a IP mais eficiente, em que a sua maioria era
constituída por VSAP. Como a Potência Instalada – Depois tem em análise mais pontos
de luz que a Potência Instalada – Antes, esta é superior.
Para a análise dos gráficos recorreu-se quatro localidades – Alcanices, Riofrio de Aliste,
Bermillo de Sayago e Foinfria – por serem as localidades de maior dimensão e portanto
com redes de IP maior. Assim, é possível uma melhor análise dos valores em questão.
No caso das potências instaladas, Alcanices obteve a maior redução com uma diferença
de 72% (58,3 kW vs 16,32 kW), Fonfria verificou uma diminuição no valor de 64%
(16,06 kW vs. 44,96 kW), Riofrio de Aliste obteve uma redução de 51% (49,52 kW vs.
24,26 kW) e finalmente Bermillo de Sayago atingiu 56% de redução de potência
instalada (25,07 kW vs 56,9 kW). As diminuições são notórias, e este indicador é o
nosso ponto de partida para avaliar os próximos parâmetros, em que podemos concluir
desde já que irão ser positivos.
119
Depois da análise da Potência Instalada, será então possível proceder a análise dos
Consumos Energéticos. Nos Consumo Energéticos – Antes foram calculadas com a
soma das faturas de 12 meses (1 ano) disponibilizadas pelos municípios do AECT
Duero-Douro. O Consumo energético – Depois foi calculada através do produto da
Potência Instalada pelo consumo do balastro eletrónico de 5% (1,05) e pelo número de
horas da IP num ano, que foi considerado o valor de 4120 horas, sendo este valor o que
está registado nas auditorias do AECT Duero-Douro como o número de horas mínimo
obrigatórias que tem que estar a IP funcional. Na Fig. 5.17 estão registadas as
comparações dos Consumos energéticos:
No gráfico comparativo de Consumos Energéticos, a diminuição é notória e muito
relevante para os municípios. Um dos principais objetivos do projeto, e com o qual os
municípios mais se interessavam, era sobre a diminuição dos consumos energéticos, que
levará depois à redução dos custos, como forma de resolver em parte um dos problemas
que mais afeta os municípios.
70600 69476
104949 108453
175605 175998
152152 154202
020000400006000080000
100000120000140000160000180000200000
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h/a
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Consumo (kWh) - Depois Consumo (kWh) - antes
Fig. 5.17 - Consumo Energético - antes vs Consumo Energético - Depois
120
Para a análise dos gráficos vai-se considerar as quatro localidades anteriormente
referidas. As conclusões da diminuição no consumo são as seguintes:
Alcanices – Diminuição no Consumo (kWh/ano) em 60% (70600 kWh/ano vs
175605 kWh/ano);
Fonfria – Diminuição no Consumo (kWh/ano) em 60% (69476 kWh/ano vs
175998 kWh/ano);
Riofrio de Aliste – Diminuição no Consumo (kWh/ano) em 30% (104949
kWh/ano vs 152152 kWh/ano);
Bermillo de Sayago - Diminuição no Consumo (kWh/ano) em 30% (108453
kWh/ano vs 154102 kWh/ano);
Com a diminuição das potências instaladas, foram obtidas umas reduções no consumo
energético satisfatórias. Também a diminuição do consumo energético deve-se à
substituição do balastro eletromagnético (consumo de 15% e 20%) pelo balastro
eletrónico (consumo de 5%).
5.4.2 – Impacte Ambiental
Depois da análise dos consumos energéticos far-se-á a abordagem às emissões de CO2e
equivalente (CO2e) e do impacte ambiental que estas têm em termos de alterações
climáticas. Como foi explicado nos capítulos anteriores, a instalação IP tradicional tinha
aspetos negativos para ambiente, os ecossistemas e até para os seres, e grande parte pelo
seu conteúdo de mercúrio e pelas emissões de gases. As emissões de CO2e são
resultantes da transformação de energia na produção correspondente à energia
consumida pela IP, nomeadamente em centrais elétricas com combustíveis fósseis.
Para determinar as emissões de CO2e de ambas as situações, foi utilizado o fator de
emissões de 0,649kg CO2e /kWh, que é o valor indicado nas fichas técnicas sobre as
emissões do AECT Duero – Douro que se encontra no Anexo 9. O Gráfico 5.8
representa as emissões de CO2e libertada em ambas as situações:
121
Como se pode verificar, as diminuições de emissões de CO2e estão diretamente
relacionadas com os valores do consumo energético, as reduções de CO2e acompanham
a redução do consumo, ou seja, as percentagens de redução das emissões de CO2e vão
ser idênticas, usando como exemplo as 5 localidades escolhidas anteriormente:
Alcanices obteve uma redução de 60% nas emissões de CO2e (45820 kg
CO2e/ano vs 113966 kg CO2e/ano);
Fonfria obteve uma redução de 60% nas emissões de CO2e (45090 kg CO2e/ano
vs 114223 kg COe2/ano);
Riofrio de Aliste obteve uma redução de 30% nas emissões de CO2e (68112 kg
CO2e/ano vs 98747 kg CO2e/ano);
Bermillo de Sayago obteve uma redução de 30% nas emissões de CO2e (70386
kg CO2e/ano vs 100077 kg CO2e/ano);
Pode ainda calcular-se a diferença dos valores entre as duas situações para averiguar a
diminuição das emissões nas localidades. Nas localidades usadas como exemplo, a IP
de Alcanices vai emitir menos 68146 kg CO2e/ano por ano, Fonfria vai emitir menos
69133 kg CO2e/ano , Riofrio de Aliste vai emitir menos 30635 kg CO2e/ano e Bermillo
de Saygo vai reduzir a sua emissão em 29631 kg CO2e/ano. Conclui-se que as
instalações atuais são benéficas para o ambiente quanto a grande diminuição
proporcionada das emissões de CO2e na sua utilização.
45820 45090
68112 70386
113968 114223 98747 100077
020000400006000080000
100000120000140000
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Emissões (kgCO2e/ano) - Depois Emissões (kgCO2e/ano) - Antes
Fig. 51.8 - Emissões de CO2e - Antes vs Emissões de CO2e - Depois
122
5.4.3 – Viabilidade económica
O último indicador a ser analisado é o custo (€) para determinar a viabilidade
económica da utilização desta IP e se é sustentável para os municípios. Este é um
indicador essencial visto que o grande problema pela má qualidade das instalações de IP
anteriores era por causa dos custos elevados associados às mesmas, fazendo com que os
municípios não tivessem possibilidades de a poder substituir ou manter.
A Fig. 5.19 demonstra a diferença dos custos elétricos anuais, em que para a instalação
anterior foram determinados através da soma das faturas de um ano disponibilizado pelo
AECT, e das instalações atuais foram calculadas utilizando o valor da Iberdrola do ano
2016 que é 0,134€/kW.
Ao analisar os custos verificamos a poupança que uma IP eficiente nos pode trazer.
9460 9310
14063 14533
17604 17510 16093
18225
02000400060008000
100001200014000160001800020000
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(€)
Custo (€) - Depois Custo (€) - Antes
Fig. 5.19 - Custos - Antes vs Custos - Depois
123
Utilizando as mesmas localidades de exemplo, será mostrada a redução dos custos
energéticos:
Alcanices – Diminuição de 46% de custos (9460 €/ano vs 17604 €/ano);
Fronfria – Diminuição de 46% de custos (9310 €/ano vs 17510 €/ano);
Riofrio de Aliste - Diminuição de 13% de custos (14063 €/ano vs 16093 €/ano);
Bermillo de Sayago - Diminuição de 20% de custos (14533 €/ano vs 18225
€/ano);
Com estes resultados podemos concluir que uma IP eficiente diminui os gastos elétricos
excessivos resultantes da tecnologia tradicional. A vantagem é visível e positiva.
5.4.4 – Conclusão da Análise de Dados
Através da análise efetuada, conseguimos concluir que a instalação atual é muita mais
vantajosa, tanto a nível energético, como a nível económico e ambiental, no sentido em
que as emissões de gases de estufa são diminuídas.
Para uma melhor compreensão dos resultados, apresentam-se no gráfico da Fig. 5.20 os
indicadores estudados de todos os municípios referentes à instalação anterior e à atual.
Fig. 5.20 – Total Antes vs Total Depois
Podemos concluir através deste gráfico que as reduções são visíveis e muito importante
para determinarmos a média de poupança obtido para cada indicador:
1730097
1122833
231833
3109151
2017839
341743
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
3500000
Consumo (kWh) Emissões (kgCO2/kWh) Custo (€)
Total - Depois
Total - Antes
124
Potência instalada (kW) – A potência total instalada na instalação anterior foi
de 1.008,8 kW e na instalação atual será instalada uma potência total de 399,9
kW, resultando numa diminuição de potência instalada em 60% (os dados totais
da Potência Instalada não foram inseridos neste gráfico por ter valores muito
baixos comparados aos restantes, mas encontram-se no Anexo 10 na tabela dos
totais);
Consumo (kWh/ano) – O total do consumo da instalação antiga era de 3.109
MWh/ano, atualmente o consumo previsto é de 1.730 MWh/ano o que
corresponde a uma redução de 45% de consumo energético;
Emissões (tCO2e/ano) – O total de emissões da instalação antiga é de 2.017,8
tCO2e/ano, enquanto que as emissões previstas são de 1.122,8 tCO2e/ano o que
corresponde a uma diminuição de 45%;
Custos (€/ano) – Os custos da instalação anterior eram de 341.743 €/ano e
atualmente está previsto um gasto anual de 231.833 €/ano obtendo-se uma
redução nos gastos elétricos de 32%.
5.4.5 – Legalização
Depois de todo o desenvolvimento do projeto, a AECT Duero-Douro em conjunto com
a empresa responsável Elecnor S.A tem a obrigação de fazerem cumprir as normativas e
legalidades aplicáveis a IP.
A AECT é constituída atualmente por 125 localidades de Salamanca e Zamora que
fazem parte deste projeto. A 30 de setembro de 2014, todas elas se encontravam
legalizadas e o processo foi o seguinte:
Elaboração de documentação técnica que define as características da instalação;
Obras de renovação das instalações de IP do CCE do AECT Duero-Douro, por
uma Empresa instaladora autorizada;
Realização das verificações pertinentes;
Emissão do certificado de instalação, onde consta que foi realizado conforme
está estabelecido no Regulamento e as suas ITC;
125
As Inspeções que as instalações do CCE AECT Duero-Douro são sujeitas devem ser
efetuadas por uma Instaladora Autorizada, já que todas elas têm uma potência instalada
superior a 5kW:
Segundo o Regulamento Eletrotécnico de Baixa Tensão (RD 842/2002) –
Verificações periódicas a cada 5 anos das instalações elétricas;
Segundo o Regulamento de Eficiência energética (RD 1890/2009) –
Verificações a cada 5 anos de eficiência energética
Caso não seja cumprido todas as normas da IP, as entidades responsáveis podem estar
sujeitas às respetivas sanções. As infrações e respetivas sanções são as seguintes:
a) Infrações leves – multa até 3.000,00€;
b) Infração graves – multa desde 3.000,00€ até 90.000,00€;
c) Infrações muito graves – multa desde 90.000,00€ até 600.000,00€
O AECT Duero-Douro zela pelo cumprimento de todas as normas de IP e pelo melhor
funcionamento possível das mesmas, para manter a qualidade, eficácia e segurança nas
localidades pertencentes ao projeto. A seguir são apresentadas as imagens da IP
disponibilizada pelo AECT, depois da implementação do projeto e da respetiva
legalização.
Fig. 5.21 - Luminárias LED da Iluminação Pública depois do Projeto
126
Fig. 5.22 - Luminárias LED e quadros elétricos substituídos
Fig. 5.23 - Projetores LED para a iluminação ornamental e pública
Fig. 5.24 – Luminárias LED
127
Capítulo 6
Conclusão
Na nossa sociedade atual, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de diminuir o
consumo de energia, nomeadamente a elétrica, devido ao seu uso abusivo através dos
vários equipamentos elétricos que temos ao nosso dispor. A UE impôs objetivos aos
seus EMs, no sentido de promover a sustentabilidade e eficiência energética, que
passam pela utilização de soluções energeticamente e economicamente mais viáveis,
como também que contribuam para a diminuição de emissões de GEE para a atmosfera.
Quanto ao consumo energético da IP, Portugal está no bom caminho, apresentando
descidas significativas do consumo energético, ao contrário de Espanha que têm vindo a
reduzir muito pouco o seu consumo. A nível europeu, Portugal está muito bem
posicionado no que diz respeito a produção de energia primária através de FER, mas
tanto Portugal como Espanha tem de fazer mais esforços para atingir as metas europeias
até 2020.
Através desta dissertação, sensibiliza-se para a utilização racional da energia e
consciencialização dos cidadãos para a importância e impacte das suas atitudes e
comportamentos. O facto de se optar por componentes que consumam menos energia,
como é o caso de estudo neste documento, é imperativo visto que é uma área em que o
cidadão pode ter uma contribuição directa. O consumo de um habitante pode não
parecer relevante, mas essa ideia muda totalmente, quando a análise passa para uma
escala nacional.
Através da análise feita das tipologias de lâmpadas, conclui-se que a tecnologia LED é
atualmente a tecnologia mais vantajosa, económica, eficaz e amiga do ambiente para os
sistemas de IP.
A iluminação de ruas e estradas é necessária para garantir a segurança para o público
em geral e para os serviços públicos. Atualmente sabemos que é possível adaptar a
iluminação pública às necessidades de cada utilizador e de cada momento.
Um sistema de gestão de iluminação adequado para as necessidades dos utilizadores
também pode alcançar as poupanças financeiras exigidas pelas autoridades públicas.
128
Simplesmente desligar os equipamentos existentes não é a solução a longo prazo.
O progresso tecnológico oferece a possibilidade de, neste período de crise económica,
conseguir poupanças estruturais no sector da iluminação pública.
Também se conclui neste documento que para atingir a otimização desejada de um
projeto de IP é obrigatório o seu enquadramento com as características do local em
estudo e tem que obedecer à legislação aplicável.
Com o meu estágio realizado no AECT Duero-Douro, tive a oportunidade de
acompanhar o projeto de "Eficiência Energética na Iluminação Pública Exterior do
Centro Consumidor de Energia AECT Duero-Douro", que serviu para o meu caso de
estudo nesta dissertação sobre a vantagem de uma IP eficiente.
Através da análise de dados, foi possível concluir que um sistema de IP eficiente é
muito vantajoso, tanto para o ambiente, em que o consumo elétrico e as emissões de
GEE são reduzidos entre 30% e 60%, como também para os vários municípios,
reduzindo o custo de 15% a 50%, resolvendo a parte dos problemas dos municípios
associados aos gastos excessivos na IP.
Com isto espero ter aberto oportunidades para trabalhos futuros, no âmbito da melhoria
da eficiência da iluminação pública e sustentabilidade energética.
129
Glossário/Definições
1) Energia - todas as formas de produtos energéticos, combustíveis, calor, energia
renovável, eletricidade ou qualquer outra forma de energia, definidas no artigo
2.o, alíneas d), do Regulamento (CE) n.o 1099/2008 do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 22 de outubro de 2008, relativo às estatísticas da energia (1);
2) Consumo de energia primária - o consumo interno bruto, excluindo as
utilizações não energéticas;
3) Consumo de energia final - toda a energia fornecida à indústria, transportes,
agregados familiares, serviços e agricultura, com exceção dos fornecimentos ao
sector da transformação de energia e às indústrias da energia propriamente ditas;
4) Eficiência energética - o rácio entre o resultado em termos do desempenho,
serviços, bens ou energia gerados e a energia utilizada para o efeito;
5) Melhoria da eficiência energética - o aumento de eficiência energética
resultante de mudanças tecnológicas, comportamentais e/ou económicas;
6) Serviço energético - os benefícios tangíveis, a utilidade ou as vantagens
resultantes de uma combinação de energia com tecnologias e/ou ações
energeticamente eficientes – incluindo as operações, a manutenção e o controlo
necessários para a prestação do serviço – que seja realizado com base num
contrato e que, em condições normais, tenha dado provas de conduzir a uma
melhoria verificável e mensurável ou estimável da eficiência energética ou da
economia de energia primária;
7) Fonte de Energia Renovável - Fonte de energia não fóssil e não mineral,
renovável a partir dos ciclos naturais. As fontes de energia renováveis incluem a
biomassa, a energia hidráulica, a energia geotérmica, a energia eólica e a energia
solar.
8) Produção de Energia Primária - A produção de energia primária inclui a
obtenção de energia a partir de recursos naturais, como é o caso da extração de
carvão, de petróleo, de gás natural e da operação de barragens. Qualquer tipo de
extração de produtos energéticos a partir de fontes naturais para obter uma forma
utilizável. A produção primária ocorre quando são exploradas fontes naturais,
por exemplo, em minas de carvão, campos petrolíferos, centrais hidroelétricas
ou fabrico de biocombustíveis. Não se considera produção primária a
130
transformação de energia de uma forma em outra, como a geração de
eletricidade ou de calor em centrais térmicas, ou a produção de coque em fornos
de coque. (Eurostat)
9) Dióxido de Carbono Equivalente (CO2e) – É a redução das emissões de
dióxido de carbono (CO2), mas também das emissões dos outros gases do efeito
estufa: metano (CH4), óxido nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFCs),
hidrofluorcarbonetos (HFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6).
10) Rendimento Luminoso - Indica o quociente entre o fluxo luminoso emitido
pela lâmpada e a potência eléctrica absorvida. Exprime-se em lm/W
(lumen/Watt).
11) Restituição de Cores – Indica a capacidade de uma fonte luminosa restituir
fielmente as cores de um objecto ou de uma superfície iluminada. É expressa por
um índice chamado “índice de restituição de cores” (IRC). Este índice vem
expresso por um número compreendido entre 0 e 100.
131
Referências
ADENE – Agência para a energia. Disponível em http://www.adene.pt/. Acesso em 28
de Maio de 2016.
Agência Europeia do Ambiente. Disponível em http://www.eea.europa.eu/pt. Acesso
em Agosto de 2016
Agrupación Europea de Cooperación Territorial DUERO-DOURO. Disponível em
http://duero-douro.com. Acesso em 20 de Abril de 2016.
Ahorro y eficiencia energética, IDAE - Instituto para la Diversificación y Ahorro de la
Energia. Disponível em
http://www.idae.es/index.php/idpag.17/relmenu.329/mod.pags/mem.detalle. Acesso
em Junho de 2016.
APREN - Associação de Energias Renováveis, Roteiro Nacional das Energias
Renováveis - Aplicação da Directiva 2009/28/CE, (2010). Disponível em
http://www.apren.pt/fotos/editor2/projectos/sumario_executivo_repap.pdf. Acesso
em 25 de Setembro de 2016.
DGEG – Direção Geral de Energia e Geologia. Disponível em http://www.dgeg.pt/.
Acesso em 15 de Junho de 2016.
Eco.AP – Programa de Eficiência Energética na Administração Pública. Disponível em
http://ecoap.pnaee.pt/. Acesso em 21 de Junho de 2016
Eficiência Energética, Adene – Agência para a energia. Disponível em
http://www.adene.pt/eficiencia-energetica. Acesso em 18 de maio de 2016.
EUROSTAT – European statistics, “Energyt indicators 2014”. Disponível em de
http://ec.europa.eu/eurostat/. Acesso em 16 de Julho de 2016.
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00211.pdf. Acesso em 03 de Agosto de 2016.
138
Anexos
Norma europeia EN 13201:
Anexo 1 - Tipo e categoria de via:
Anexo 2 – Factores de manutenção:
139
Anexo 3 - Vias Interurbanas – Nível de luminância média (cd/m2)
Anexo 4 - Vias Urbanas – Nível de luminância média (cd/m2)
140
Anexo 5 - Vias Urbanas – Nível de iluminância média (lux)
Anexo 6 - Vias Urbanas – Nível de iluminância média (lux)
141
Anexo 7 - Vias Rurais – Nível de iluminância média (lux)
Anexo 8 - Parâmetro de luminância e iluminâncias:
142
Dados do caso de estudo:
Anexo 9- Fontes de energias e as respetivas emissões de CO2e segundo as fichas
técnicas do AECT Duero-Douro:
Anexo10 - Tabela com os valores totais utilizados no gráfico final:
Potencia
instalada
(kW)
Consumo
(kWh/ano) Custo (€)
Emissões
(kgCO2e/kWh)
Total - Antes 1008,81 3109151 341743 2017839
Total - Depois 399,93 1730097 231833 1122833
143
Anexa 11- Todos os municípios pertencentes ao Projeto de Eficiência Energética na
Iluminação Pública Exterior do Centro Consumidor de Energia AECT Duero-Douro e
os respetivos números de habitantes e superfície:
144
Anexo 12 - Tabela de dados utilizados na criação dos gráficos – Situação Anterior:
Municípios
Potencia
instalada
(kW) -
Antes
Consumo
(kWh) -
antes
Custo (€) -
Antes
Emissões
(kgCO2/kWh) -
Antes
Boada 19,9 62410 7562 40504
El Manzano 8,29 26634 2308 17285
Mieza 20,68 54634 7521 35457
Monleras 18,63 50846 5126 32999
Saldeana 8,31 38562 4107 25027
Villasbuenas 9,62 24601 2727 15966
Villaseco de los
Gamitos14,75 50284 6165 32634
Vilvestre 38,8 117302 13036 76129
Agallas 14,43 27933 4237 18129
Gallegos de
Argañan26,02 51858 4396 33656
Herguijuela de
Ciudad Rodrigo7,77 36213 3757 23502
Morasverdes 15,73 37836 5959 24556
Peñaparda 20,65 51323 4767 33309
Alcanices 58,3 175605 17604 113968
Carbajales de
Alba33,19 51718 5480 33565
Ferreruela de
Tabara24,71 68714 7959 44595
Fonfría 44,96 175998 17510 114223
Hermisende 22,83 100013 15657 64908
Lúbian 39,4 88598 13699 57500
Malva 9,75 25312 2779 16427
Manzanal de
Arriba39,26 144266 18928 93629
Montamarta 31,59 68804 8893 44654
Pías 19,1 74964 7512 48652
Pino del Oro 9,1 30044 3020 19499
Rabanales 30,64 129934 15662 84327
Rabano de
Aliste23,62 101350 10291 65776
Requejo 29,06 97129 9117 63037
Riofrio de Aliste 49,52 152152 16093 98747
Samir de los
Caños7,94 25065 2491 16267
San Pedro de la
Nave -
Almendra
23,21 43747 4369 28392
Videmala 10,75 50127 5748 32532
Villardeciervos 27,4 88597 8999 57499
Viñas de Aliste 11,28 40936 4899 26567
Almaraz del
Duero13,6 24374 2782 15819
Almeida de
Sayago 41,09 140101 13525 90926
Bermillo de
Sayago 56,9 154202 18225100077
Carbellino de
Sayago14,63 55936 6229 36302
Fuentespreadas 15,08 60606 6657 39333
Mayalde 12,96 39655 3995 25736
Roelos de
Sayago14,01 51669 5308 33533
Villalcampo 56,63 178375 11035 115765
Villaseco del
Pan14,72 40724 5612 26430
Zamora
Norte
Salamanca
Sul
Salamanca
Norte
Zamora Sul
Situação anterior
145
Anexo 13 - Tabela de dados utilizados na criação dos gráficos – Situação Atual:
Municípios
Potencia
instalada
(kW) -
Depois
Consumo
(kWh) -
Depois
Custo (€)
- Depois
Emissões
(kgCO2/k
Wh) -
Depois
Boada 5,23 22625 3032 14684
El Manzano 2,26 9777 1310 6345
Mieza 5,8 25091 3362 16284
Monleras 6,47 27989 3751 18165
Saldeana 3,54 15314 2052 9939
Villasbuenas 3,04 13151 1762 8535
Villaseco de los
Gamitos 4,84 20938 2806 13589
Vilvestre 11,56 50009 6701 32456
Agallas6,57 28422 3809 18446
Gallegos de
Argañan 6,58 28465 3814 18474
Herguijuela de
Ciudad Rodrigo 4,14 17910 2400 11623
Morasverdes 6,13 26518 3553 17210
Peñaparda 7,16 30974 4151 20102
Alcanices 16,32 70600 9460 45820
Carbajales de
Alba 8,57 37074 4968 24061
Ferreruela de
Tabara 6,5 28119 3768 18249
Fonfría 16,06 69476 9310 45090
Hermisende 7,93 34305 4597 22264
Lúbian 9,85 42611 5710 27655
Malva 2,25 9734 1304 6317
Manzanal de
Arriba 10,13 43822 5872 28441
Montamarta 8,98 38847 5206 25212
Pías 4,61 19943 2672 12943
Pino del Oro 1,06 4586 614 2976
Rabanales 24,99 108107 14486 70161
Rabano de
Aliste 29,39 127141 17037 82515
Requejo 8,2 35473 4753 23022
Riofrio de
Aliste 24,26 104949 14063 68112
Samir de los
Caños 4,36 18861 2527 12241
San Pedro de la
Nave -
Almendra 19,59 84746 11356 55000
Videmala 21,37 92447 12388 59998
Villardeciervos 13,14 56844 7617 36892
Viñas de Aliste 6,28 27167 3640 17632
Almaraz del
Duero 3,46 14968 2006 9714
Almeida de
Sayago 10,24 44298 5936 28750
Bermillo de
Sayago 25,07 108453 14533 70386Carbellino de
Sayago 4,62 19986 2678 12971
Fuentespreadas 5,11 22106 2962 14347
Mayalde 4,18 18083 2423 11736
Roelos de
Sayago 5,76 24918 3339 16172
Villalcampo 18,64 80637 10805 52333
Villaseco del
Pan 5,69 24615 3298 15975
Situação actual
Salamanca
Norte
Salamanca
Sul
Zamora
Norte
Zamora Sul
146
Arquivo fotográficos Duero-Douro:
Anexo 14 –Arquivo fotográfico das instalações anteriores:
147
148
149
Anexo 15 – Arquivo fotográfico da instalação actual :
150
151