EGS

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EGS – Engineered Geothermal Systems Introdução. A energia geotérmica provém do calor armazenado no planeta Terra desde a sua formação. Estima-se que 20% da energia térmica terrestre seja calor residual proveniente do processo de acreção planetária, e os restantes 80% são atribuídos ao decaimento radioactivo. Esta energia é não poluente e não requer combustível, pelo que é rentável e sustentável desde que não ocorra a depleção das reservas de água. Mas esta rentabilidade só se verifica em aproveitamentos geotérmicos de baixa entalpia, cuja aplicação é directa. A produção de electricidade necessita de aproveitamentos de alta entalpia, pelo que os locais onde é possível construir centrais eléctricas não são abundantes. EGS. Os EGS são um tipo de tecnologias de aproveitamento de energia geotérmica que não dependem da ocorrência natural de reservatórios de água nem da porosidade da rocha, que influencia a capacidade de transportar calor até à superfície. As zonas mais propícias a jazigos geotérmicos de alta entalpia são as falhas, portanto os locais onde todas as condições necessárias, incluindo temperaturas acima de 300ºC, representam uma pequena fracção do planeta pois a maior parte da energia térmica dentro do alcance de perfurações consiste em rochas secas e não porosas. Mesmo em áreas cuja falta de porosidade ou falhamento da rocha não permite o fluxo de água, a tecnologia EGS permite o aproveitamento da temperatura para bombear água fria sobre pressão através de poços de injecção. A injecção aumenta a pressão dos fluidos nas falhas naturais da rocha, permitindo a permeabilidade através de fracturas. Após o aquecimento da água, esta volta á superfície, onde é usada

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EGS – Engineered Geothermal Systems

Introdução.A energia geotérmica provém do calor armazenado no planeta Terra

desde a sua formação. Estima-se que 20% da energia térmica terrestre seja calor residual proveniente do processo de acreção planetária, e os restantes 80% são atribuídos ao decaimento radioactivo.

Esta energia é não poluente e não requer combustível, pelo que é rentável e sustentável desde que não ocorra a depleção das reservas de água. Mas esta rentabilidade só se verifica em aproveitamentos geotérmicos de baixa entalpia, cuja aplicação é directa. A produção de electricidade necessita de aproveitamentos de alta entalpia, pelo que os locais onde é possível construir centrais eléctricas não são abundantes.

EGS.Os EGS são um tipo de tecnologias de aproveitamento de energia

geotérmica que não dependem da ocorrência natural de reservatórios de água nem da porosidade da rocha, que influencia a capacidade de transportar calor até à superfície. As zonas mais propícias a jazigos geotérmicos de alta entalpia são as falhas, portanto os locais onde todas as condições necessárias, incluindo temperaturas acima de 300ºC, representam uma pequena fracção do planeta pois a maior parte da energia térmica dentro do alcance de perfurações consiste em rochas secas e não porosas.

Mesmo em áreas cuja falta de porosidade ou falhamento da rocha não permite o fluxo de água, a tecnologia EGS permite o aproveitamento da temperatura para bombear água fria sobre pressão através de poços de injecção. A injecção aumenta a pressão dos fluidos nas falhas naturais da rocha, permitindo a permeabilidade através de fracturas. Após o aquecimento da água, esta volta á superfície, onde é usada para gerar energia através de turbinas ou um sistema que usa outro líquido mais volátil.

As centrais que utilizam este tipo de energia são mais rentáveis em perfurações que atingem granito a 3-5km de profundidade, coberto por rochas sedimentares, que isolam o calor. Cada central será economicamente rentável durante 20 a 30 anos a funcionar 24 horas por dia até que a temperatura desça cerca de 10ºC. Se o local não for explorado durante 50 a 300 anos, a temperatura recuperará.

Em Portugal, a empresa Geovita Ltd e a Universidade de Coimbra estudaram uma área de 500 km² que seria rentável para a construção de uma central, mas o projecto foi cancelado devido a uma das desvantagens das centrais EGS – a sismicidade induzida pela injecção de água.

Um novo tipo de EGS foi examinado por laboratórios nos EUA, que utiliza CO2 fluido em vez de água, que permite maior potência e menos perdas devido ao bombeamento e arrefecimento de água.