EIXO 2 PRÁTICAS 30 · 2017-09-14 ·...

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ROCHA; SILVA & FONSECA (2017) A REFORMA DO ENSINO MÉDIO (LEI 13.415/2017) E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NATAL, RN – 24 A 27 DE JULHO DE 2017 – CAMPUS NATAL CENTRAL IFRN 1 PROJETO INTEGRADOR DO CAMPUS AVANÇADO SÃO JOÃO DA BARRA Alessandra da Rocha; Maria Lúcia Ravela Nogueira da Silva; Paola Barros de Faria Fonseca RESUMO O presente artigo apresenta o Projeto Integrador do Instituto Federal Fluminense Campus Avançado São João da Barra como proposta pedagógica de interdisciplinaridade, integração das diversas áreas de conhecimento e momento privilegiado de união entre o ensino e a pesquisa, a teoria e a prática. Através da metodologia da problematização os discentes do curso Integrado de Construção Naval e Petróleo e Gás são incentivados a buscar soluções para problemas reais propostos pelos coordenadores dos projetos e apresentar, ao final de cada ciclo letivo, os resultados obtidos e as possíveis soluções. O Projeto Integrador tem motivado docentes, discentes, técnicos administrativos e colaboradores a se envolverem em pesquisa e extensão, a não pensarem o ensino/teoria dissociado da prática e a descobrir que a sala de aula não é o único lugar em que acontece o processo de ensinoaprendizagem. O projeto integra todo o campus unindo docentes, discentes, técnicos e colaboradores em prol do conhecimento, transformandoo em um campus educador, em que, independente da função que cada um desempenhe todos se sentem participantes e contribuem para o processo educacional. PALAVRASCHAVE: Interdisciplinaridade, Projeto Integrador, Ensino, Pesquisa. Campus Avançado São João da Barra Integrated Project ABSTRACT This paper presents the integrated project of the Instituto Federal Fluminense campus Avançado São João da Barra as a pedagogical proposal of interdisciplinarity, integration of diverse areas of knowledge and privileged moment of unity between teaching and research, theory and practice. Through the Problematization Methodology, the students of the integrated courses of Shipbuilding and Oil and Gas are encouraged to seek solutions to realworld problems proposed by the coordinators of the project and present at the end of each academic cycle, the results obtained for solving the problem. The Integrated Project has motivated teachers, students, administrative staff and collaborators to engage in research and extension, not to think of teaching / theory dissociated from practice and to discover that the classroom is not the only place in which the teachinglearning process happens. The project by integrating teachers, students, administrative staff and collaborators integrates not only knowledge, but the entire campus, transforming it into an educational campus, in which, regardless of the function that each performs all feel involved and contribute to the educational process. KEYWORDS: Interdisciplinarity, Integrated Project, Teaching, Research..

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ROCHA;  SILVA  &  FONSECA  (2017)    

   

A  REFORMA  DO  ENSINO  MÉDIO  (LEI  13.415/2017)  E  SUAS  IMPLICAÇÕES  PARA  A  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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PROJETO  INTEGRADOR  DO  CAMPUS  AVANÇADO  SÃO  JOÃO  DA  BARRA  

Alessandra da Rocha; Maria Lúcia Ravela Nogueira da Silva;

Paola Barros de Faria Fonseca    

 

 RESUMO    O   presente   artigo   apresenta   o   Projeto   Integrador   do  Instituto  Federal  Fluminense  Campus  Avançado  São  João  da   Barra   como   proposta   pedagógica   de  interdisciplinaridade,   integração   das   diversas   áreas   de  conhecimento  e  momento  privilegiado  de  união  entre  o  ensino   e   a   pesquisa,   a   teoria   e   a   prática.   Através   da  metodologia   da   problematização   os   discentes   do   curso  Integrado   de   Construção   Naval   e   Petróleo   e   Gás   são  incentivados   a   buscar   soluções   para   problemas   reais  propostos   pelos   coordenadores   dos   projetos   e  apresentar,   ao   final   de   cada   ciclo   letivo,   os   resultados  

obtidos   e   as   possíveis   soluções.   O   Projeto   Integrador  tem   motivado   docentes,   discentes,   técnicos  administrativos   e   colaboradores   a   se   envolverem   em  pesquisa   e   extensão,   a   não   pensarem   o   ensino/teoria  dissociado   da   prática   e   a   descobrir   que   a   sala   de   aula  não   é   o   único   lugar   em   que   acontece   o   processo   de  ensino-­‐aprendizagem.  O  projeto   integra   todo  o  campus  unindo   docentes,   discentes,   técnicos   e   colaboradores    em   prol   do   conhecimento,   transformando-­‐o   em   um  campus  educador,  em  que,  independente  da  função  que  cada   um  desempenhe   todos   se   sentem  participantes   e  contribuem  para  o  processo  educacional.    

 

PALAVRAS-­‐CHAVE:  Interdisciplinaridade,  Projeto  Integrador,  Ensino,  Pesquisa.  

Campus  Avançado  São  João  da  Barra  Integrated  Project  

ABSTRACT    

This   paper   presents   the   integrated   project   of   the  Instituto  Federal  Fluminense  campus  Avançado  São  João  da  Barra  as  a  pedagogical  proposal  of  interdisciplinarity,  integration  of  diverse  areas  of  knowledge  and  privileged  moment  of  unity  between  teaching  and  research,  theory  and   practice.   Through   the   Problematization  Methodology,  the  students  of  the  integrated  courses  of  Shipbuilding   and   Oil   and   Gas   are   encouraged   to   seek  solutions   to   real-­‐world   problems   proposed   by   the  coordinators   of   the   project   and   present   at   the   end   of  each  academic  cycle,  the  results  obtained  for  solving  the  problem.  

The   Integrated   Project   has   motivated   teachers,  students,   administrative   staff   and   collaborators   to  engage   in   research   and   extension,   not   to   think   of  teaching   /   theory   dissociated   from   practice   and   to  discover   that   the   classroom   is   not   the   only   place   in  which   the   teaching-­‐learning   process   happens.   The  project  by  integrating  teachers,  students,  administrative  staff   and   collaborators   integrates   not   only   knowledge,  but   the   entire   campus,   transforming   it   into   an  educational  campus,  in  which,  regardless  of  the  function  that   each   performs   all   feel   involved   and   contribute   to  the  educational  process.  

 

KEYWORDS:  Interdisciplinarity,  Integrated  Project,  Teaching,  Research..  

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A  REFORMA  DO  ENSINO  MÉDIO  (LEI  13.415/2017)  E  SUAS  IMPLICAÇÕES  PARA  A  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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1 INTRODUÇÃO  

  Ao  oferecermos  cursos  de  Ensino  Médio  Integrado  no  campus,  nos  deparamos  com  o  grande  dilema  de  como  efetivar,  na  prática  a   integração  entre  o  propedêutico  e  o  técnico,  em  como  estabelecer  relação  entre  a  teoria  e  a  prática  e  entre  o  ensino  e  a  pesquisa.  Dilema  esse  que  perpassa  não  só  a  Educação  Profissional,  mas  toda  a  Educação.  

    Segundo  Japiassu  (1999),  a  estruturação  da  educação  básica  brasileira,  separada  em  séries  e   componentes   curriculares,  divide  e  distancia  os   saberes   científicos  e   “a   crise,   em  nosso  sistema  de  ensino,  pode  ser  percebida  na   frustração  dos  alunos,  na   fraqueza  dos  estudantes,  na  ansiedade  dos  pais,  na  impotência  dos  mestres.  A  escola  desperta  pouco  interesse  pela  ciência”  (p.  52).          

  O  dilema  da   fragmentação  do  saber  e  do  processo  ensino-­‐aprendizagem  pode  ser  evidenciado   no   pensamento   de   Lück   (1994)   de   que   há   no   contexto   educacional   uma  “despreocupação  por  estabelecer  relação  entre  ideias  e  realidade,  educador  e  educando,  teoria  e  ação,  promovendo-­‐se  assim  a  despersonalização  do  processo  pedagógico”  (p.  30).  

  Diante  do  exposto  acima,  o  Projeto  Integrador  do  IF  Fluminense  Campus  Avançado  São  João  da  Barra  constitui-­‐se  numa  estratégia  de  aprendizagem  que  tem  como  objetivo  integrar  teoria   e   prática   valorizando   a   investigação   individual,   coletiva   e   como   um   espaço   inter   e  transdisciplinar  na  formação  dos  futuros  profissionais  dos  cursos  Integrados  de  Construção  Naval,  Petróleo  e  Gás  e  Concomitante  de  Eletromecânica  oferecidos  em  nosso  campus.  

  Ao  desenvolver  os  projetos,  os  discentes  têm  a  oportunidade  de  aproximarem-­‐se  da  forma   como   atuarão   na   vida   profissional,   ou   seja,   agindo   na   solução   de   problemas   técnicos,  sociais,   políticos   e   econômicos,   visando   o   desenvolvimento   local   por   meio   da   aplicação   dos  conhecimentos  construídos  durante  o  curso,  tendo  em  vista  a  intervenção  no  mundo  do  trabalho  e  na  realidade  social  a  partir  da  produção  de  conhecimentos  e  do  desenvolvimento  de  tecnologias.  

  A   problematização   da   realidade   aliada   ao   senso   crítico   e   ao   espírito   criador  contribui  para  o  crescimento  da  comunidade  acadêmica,  assim  como,  para  o  desenvolvimento  da  região   atendida   pelos   projetos   de   pesquisa   contextualizando   e   solidificando   o   aprendizado,  fazendo-­‐se  presente  durante  todo  o  curso  e  não  apenas  em  alguns  momentos  específicos.  

   Entendendo   o   Projeto   Integrador   como   momento   privilegiado   de   ensino   e  pesquisa,   união   entre   teoria   e   prática,   desenvolvimento   do   senso   crítico   e   da   responsabilidade  social   do   discente   e   de   toda   comunidade   escolar,   foi   adotada   uma  metodologia   que  permitisse  que  essas  premissas  fossem  alcançadas  -­‐  a  Metodologia  da  Problematização  (BERBEL,  1996)  onde  o   ensino   e   a   aprendizagem   ocorrem   a   partir   de   problemas   extraídos   da   realidade   pelas  observações  realizadas.  

  O   Projeto   Integrador   permite   que   os   discentes   sejam   apresentados,   desde   o  primeiro   momento   dos   cursos   Integrados   e   concomitantes,   aos   pressupostos   da   pesquisa,   da  investigação,   da   apresentação   para   bancas,   da   participação   em   congressos   e   torneios   e   da  publicação   de   artigos.   Além   disso,   apresenta-­‐se   como   uma   possiblidade   interdisciplinar   de  

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A  REFORMA  DO  ENSINO  MÉDIO  (LEI  13.415/2017)  E  SUAS  IMPLICAÇÕES  PARA  A  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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aprendizagem,  onde  os   saberes  dialogam  e   se   complementam,   trazendo  um  novo  olhar  onde  o  estudante   atua   como   protagonista,   construindo   coletivamente   seus   saberes,   imerso   em   sua  realidade  problematizada,  de  onde  não  é  extraído  para  um  mundo  abstrato,  tornando-­‐se  capaz  de  utilizar  conhecimentos  em  prol  do  desenvolvimento  da  sociedade.  

2 REVISÃO  BIBLIOGRÁFICA  

  As   mudanças   propostas   para   a   Educação   brasileira,   principalmente   no   Ensino  Médio,  trazem  a  reflexões  a  respeito  das  expectativas  e  necessidades  dos  jovens  e  da  sociedade.  Os  altos   índices  de  evasão  e   retenção  escolar  demonstram  que  o  modelo  educacional  brasileiro  precisa  de  mudanças  para  que  se  adequar  à  nova  realidade.    

  Entre  as  propostas  defendidas  por  educadores  aparece  a  interdisciplinaridade  como  uma  alternativa  de  dinamização  do  currículo  escolar  e  (re)  significação  dos  saberes  construídos  na  escola.    

  Segundo   Morin   (2005),   a   pedagogia   tradicional   caminha   na   contramão   da  globalização,   não   considera   o   avanço   do   pensamento   humano   ao   reproduzir   uma   formação  cartesiana,   reducionista   e   mecânica,   que   traz   consigo   uma   visão   de   mundo   disjuntiva   e  separadora.  A  compartimentalização  de  saberes  provoca  um  conflito  entre  estes  e  as   realidades  multidisciplinares,   transversais,   globais,   multidimensionais   e   planetárias.   Se   a   escola   pretende  preparar  o  cidadão  para  atuar  criticamente  e  inseri-­‐lo  no  mercado  produtivo  não  pode  dispor  uma  especialização  setorizada,  descontextualizada  da  realidade  global  que  não  pode  ser  fragmentada  e  encerrada  em  departamentos.  Esta  construção  extrai  o  objeto  de  estudo  do  seu  contexto  e  do  seu  conjunto,   rejeitando   as   intercomunicações   com   seu   meio,   introduzindo-­‐o   na   abstração   da  disciplina  compartimentada,  que  estabelece  fronteiras,  desconsiderando  a  relação  das  partes  com  o  todo:    

(...)   fragmentam   arbitrariamente   a   sistematicidade   (relação   das  partes   com   o   todo)   e   a   multidimensionalidade   dos   fenômenos;  conduz   à   abstração  matemática   que   opera   de   si   própria   uma   cisão  com  o  concreto,  privilegiando  tudo  que  é  calculável  e  passível  de  ser  formalizado.  (MORIN:  2005,  p.  41)    

  As   questões   levantadas   sugerem   o   desenvolvimento   de   práticas   pedagógicas  inovadoras  que  rompam  com  uma  redução  simplista  do  conhecimento,  fundamentado  em  regras  rígidas  e  fórmulas  inquestionáveis.  

  A   Doutora   em   Antropologia   Ivani   Fazenda   (2011),   estudiosa   do   tema  interdisciplinaridade,  a  defende  como  forma  de  substituição  de  uma  visão  fragmentária  por  uma  unitária  de  ser  humano.  A  escola  caracteriza-­‐se  por  ser  lócus  de  formação  técnica  e  cultural,  que  deve  contribuir  para  a  formação  de  seres  totais,  capazes  de  transformar  o  mundo  em  que  vivem  e  que,   para   isso,   necessitam   ler   e   conhecer   a   realidade  multicultural,   multidimensional   e   global.  Nesse  sentido  torna-­‐se  obsoleta  uma  proposta  pedagógica  que  extrai  o  ser  de  sua  realidade  para  encaixotá-­‐lo   em   compartimentos.   Para   rever   o   hiato   existente   entre   educação   e   atividade  

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A  REFORMA  DO  ENSINO  MÉDIO  (LEI  13.415/2017)  E  SUAS  IMPLICAÇÕES  PARA  A  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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profissional,  a   interdisciplinaridade  surge  como  uma  proposta   facilitadora  da  aprendizagem  e  da  formação   integral   na   medida   em   que   promove   o   diálogo   entre   os   saberes   e   consequente  contextualização.  

  O   reconhecimento   da   importância   de   todos   os   saberes   é   indispensável   para   a  superação   da   dicotomia   entre   o   vivido   e   o   estudado,   a   integração   necessita   de   abertura   e   da  quebra  de  preconceitos.  Uma  educação  permanente  potencializa  a  capacidade  transformadora  do  conhecimento  quando  o   concebe   como  um   todo   indissolúvel,   resgatando   a   unidade  humana,   o  papel  da  escola  e  o  do  homem.    

  Trata-­‐se   de   uma   questão   bastante   complexa   que   envolve   a   desconstrução   de  saberes  arraigados,  perpetuados  na  educação  brasileira.  Interdisciplinaridade  demanda  aceitação  e   dedicação   pra   se   concretizar,   é   um   processo   de   vivência   e   não   de   ações   isoladas.   Segundo  Fazenda   (2011),   entre   os   inúmeros   obstáculos   existentes   podemos   citar   a   falta   de   formação  adequada   dos   profissionais   da   educação,   acomodação   pessoal   e   coletiva   e   “um   certo  medo   de  perder   o   prestígio   pessoal   ao   abrir   mão   do   trabalho   individualizado”.   A   classificação   dos  conhecimentos   segundo  uma  hierarquia   de   disciplinas   é   o   reflexo   de   valores   sociais   vigentes.   É  urgente   a   libertação   do   mito   da   supremacia   dos   saberes   e   o   desenvolvimento   de   propostas  pedagógicas  capazes  de  articulá-­‐los,  contextualizá-­‐los,  ampliando  a  visão  do  conhecimento  como  algo  vivenciado  cotidianamente  por  todos.    

  Na   busca   por   estratégias   pedagógicas   que   deem   conta   da   contextualização   dos  conhecimentos  e  do  permanente  diálogo  entre  eles  surge  o  Projeto  Integrador  do  IF  Fluminense  Campus   Avançado   São   João   da   Barra.   O   projeto   caracteriza-­‐se   como   um   eixo   articulador   do  currículo,  proporcionando  momentos  de  encontro  entre  teoria  e  prática,  constituindo  a  pesquisa  como  forma  de  aprendizagem,  articulando  ação  e  reflexão.  

3 METODOLOGIA  

  A   metodologia   adotada   no   Projeto   Integrador   foi   a   Metodologia   da  Problematização,   onde   o   ensino   e   a   aprendizagem   ocorrem   a   partir   de   problemas,   e   cujos  problemas  são  extraídos  da  realidade  pela  observação  realizada  pelos  discentes.  

  A  primeira  referência  a  essa  metodologia  é  o  Método  do  Arco,  de  Charles  Maguerez  (BORDENAVE;  PEREIRA:  1989).  Nesse  esquema  constam  cinco  etapas  que  se  desenvolvem  a  partir  da   realidade   ou   um   recorte   da   realidade:   1)   Observação   da   Realidade;   2)   Pontos-­‐Chave;   3)  Teorização;  4)  Hipóteses  de  Solução;  5)  Aplicação  à  Realidade  (prática).  

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 Figura  1.  Arco  de  Maguerez  (apud  BORDENAVE;  PEREIRA,  1989).  

 

  Na   Metodologia   da   Problematização,   os   problemas   são   identificados   pela  observação   da   realidade,   na   qual   as   questões   de   estudo   estão   acontecendo.   Observada   de  diferentes   ângulos,   a   realidade   manifesta-­‐se   para   discentes   e   coordenadores   com   suas  características  e  contradições,  nos  fatos  concretos  de  onde  são  extraídos  os  problemas.  

  Após   o   estudo   de   um   problema   poderão   surgir   outros,   como   desdobramento   do  primeiro,   só   percebidos   pelos   alunos   com   o   estudo   aprofundado   deste.   Os   conhecimentos   são  buscados   na   etapa   da   teorização,   onde   os   diferentes   tipos   de   saberes   são   conjugados   pelos  discentes   envolvendo   relações   entre   os   conhecimentos   técnico-­‐científicos,   sociais,   políticos   e  éticos.  

  Nessa   metodologia,   o   grupo   trabalha   junto   o   tempo   todo,   com   a   supervisão   do  coordenador.   Em   alguns   momentos   poderão   distribuir   tarefas,   mas   retornam   sempre   para   o  grupo,  que  vai  construindo  o  conhecimento  através  das  etapas  do  Arco.  

Completa-­‐se   assim   o   Arco   de   Maguerez,   com   o   sentido   especial   de   levar   os   alunos   a  exercitarem  a  cadeia  dialética  de  ação  –  reflexão  -­‐  ação,  a  relação  prática  –  teoria  –  prática,  tendo  como  ponto  de  partida  e  de  chegada  do  processo  de  ensino  e  aprendizagem  a  realidade.  

  Segundo   Berbel   (1996),   a   última   etapa   da   Metodologia   da   Problematização  ultrapassa  o  exercício   intelectual,  pois   implica  num  compromisso  dos  discentes  com  o  seu  meio.  Do  meio  observam  os  problemas  e  para  o  meio   levarão  uma   resposta  de   seus  estudos,   visando  transformá-­‐lo  em  algum  grau.    

  A  Metodologia   da   Problematização   volta-­‐se   para   a   realização   do   propósito  maior  que   é   preparar   o   aluno/ser   humano   para   tomar   consciência   do   seu   mundo   e   atuar  intencionalmente  para  transformá-­‐lo,  sempre  para  melhor,  para  um  mundo  e  uma sociedade que permitam uma vida mais digna para o próprio homem.

  Baseado  na  metodologia  citada  acima  o  Projeto  Integrador  se  estrutura  no  campus  da  seguinte  maneira:  permeia  os  três  anos  de  formação  dos  Cursos  Médios  Integrados  e  os  quatro  módulos   do   Curso   Concomitante;   ocorre   uma   vez   por   semana,   em   horário   comum   a   todas   as  turmas,  propiciando  assim,  a  oportunidade  de  unir  em  um  mesmo  projeto,     alunos  oriundos  de  

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diversos   anos   e   até   de   diferentes   cursos;   contabiliza   20%   da   nota   de   todos   os   componentes  curriculares   oferecidos   pelos   cursos   de   Construção   Naval,   Petróleo   e   Gás   e   Eletromecânica   em  todos  os  ciclos  letivos;    os  temas/problemas  são  propostos  pelos  coordenadores  do  projeto,  que  podem  ser  docentes,   técnicos  administrativos  e  colaboradores;  os  projetos   são  escolhidos  pelos  discentes   ao   início   do   ano   letivo;   e   coordenadores   de   curso,   direção   de   ensino   e   equipe  pedagógica  são  responsáveis  pelo  monitoramento  e  avaliação  do  Projeto  Integrador  de  cada  ano  letivo.      

Ao   contemplar   como   coordenadores   do   Projeto   técnicos   e   cooperadores   terceirizados  abrem-­‐se  os  caminhos  para  a  construção  de  um  campus  educador,  em  que  o  processo  de  ensino-­‐aprendizagem  não  se  resume  ao  espaço  da  sala  de  aula  e  não  fique  restrito  a  relação  professor-­‐aluno,  mas  aconteça  em  diversos  espaços  e  por  meio  de  toda  comunidade  escolar.  

Segundo  Eliezer  Pacheco  (2011),    

todos  aqueles  que   interagem  com  educandos   são  educadores,   cada  um   dentro   da   especificidade   de   sua   tarefa.   Professores,   técnicos,  funcionários   etc.   são   todos   trabalhadores   em   educação   e   suas  atuações  na  escola  devem  ser  integradas  pedagogicamente,  tendo  o  reconhecimento   da   escola   enquanto   ação   educativa   (PACHECO:  2011,  p.  8).  

Ao  final  do  primeiro  e  segundo  ciclo  os  alunos  do  Projeto  Integrador  apresentam  para  uma  banca,   formada   pelo   coordenador   do   projeto,   um   docente   e   um   técnico   administrativo,   os  resultados   parciais   alcançados   até   o   momento   e   são   avaliados   quanto   ao   desenvolvimento   do  projeto,  a  apresentação  oral  e  ao  conhecimento  sobre  o  assunto  proposto.    

No   terceiro   ciclo   acontece   a   culminância,   onde   todos   os   projetos   apresentam   para   a  comunidade   escolar   o   resultado   de   toda   pesquisa   desenvolvida   durante   o   ano,   ou   seja,  apresentam  os   resultados/soluções  encontrados  pelo  grupo  para  o  problema  proposto  no   início  do  ano  letivo.  

 Os  discentes   são  apresentados,  desde  o  primeiro  ano,  aos  pressupostos  da  pesquisa,  da  investigação,   da   apresentação   para   bancas,   tendo   a   oportunidade   de   desenvolver   habilidades  técnicas,  orais,  artísticas  e  de  cooperação.  

4 RESULTADOS  E  DISCUSSÕES  

4.1 Histórico  do  Projeto  Integrador    Os  Planos  Pedagógicos  dos  Cursos  (PPCs)  do  Ensino  Médio  Integrado  de  Construção  Naval  e  

Petróleo  e  Gás  do  Campus  Avançado  São  João  da  Barra  foram  pensados,  discutidos  e  elaborados  levando  em  conta  a  proposta  de  um  Projeto  Integrador  que  permeie  os  cursos  e  todas  as  séries,  das   iniciais   às   finais,   que   crie  oportunidade  de   interação  entre  professores  das  diversas   áreas   e  alunos   de   diferentes   cursos,   que   se   organize   em   torno   de   temas   geradores   e   englobe   toda   a  

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comunidade   escolar:   gestão,   docentes,   discentes,   técnicos   administrativos   e   colaboradores   do  campus.  

Desde   que   o   campus   iniciou   suas   atividades   educativas   em   2015   o   Projeto   Integrador  seguiu  em  linhas  gerais  os  seguintes  critérios:  integrar  diversos  componentes  curriculares  de  áreas  de  conhecimento  distintas,  um  tema  gerador  proposto  a  cada  início  de  ano  letivo,  coordenado  por  docentes   divididos   por   número   de   turmas,   desenvolvido   por   discentes   que   a   cada   ciclo    apresentavam  seus  projetos  para  uma  banca  de  docentes  e  técnicos  administrativos  e  também  em  uma  culminância  para  a  comunidade  escolar.  

Os   projetos   apresentados   em   2015   e   2016   proporcionaram   resultados   positivos  contribuindo  de   forma  enriquecedora  para  o  crescimento  dos  alunos  e  da   Instituição.  Os  alunos  melhoraram   sua   capacidade   de   expressão,   adquiriram   eloquência   e   ao   fim   do   projeto  apresentaram  trabalhos  bem  elaborados,  evoluindo  significativamente  a  cada  ciclo  comprovando  assim  a  eficácia  do  projeto.    

Apesar  de  todos  os  avanços  citados  acima,  analisamos  que  existia  uma  grande  insatisfação  por  parte  dos  docentes  e  de  alguns  discentes,  que  não  se  sentiam  atraídos  e  motivados  pelo  tema  definido  ao   início  do  ano  e  pelos  passos  que  deveriam  ser  seguidos  para  a  execução  do  projeto.  Diante   dessa   insatisfação,   passamos   a   utilizar   o   horário   de   nossas   reuniões   pedagógicas   para  discutir  e  reformular  o  nosso  Projeto  Integrador.  

Nas   reuniões   levantamos   e   debatemos   temas   como:   a   viabilidade   de   continuarmos  trabalhando   com   Projeto   Integrador;   e   se   decidíssemos   trabalhar,   qual   modelo   de   projeto  escolher?  Anual  ou  por  ciclo?  Com  tema  único  ou  variado?  Por  turma  ou  por  escolha  do  discente?  Nas  reuniões  os  docentes  e  a  equipe  pedagógica  tiveram  oportunidade  de  expressar  suas  análises  positivas   e  negativas   ao  projeto  atual   e   apresentar   sugestões  de  novos  projetos  ou  argumentar  para  que  o  trabalho  com  projeto  fosse  extinto.  

Após   o   ciclo   de   discussões   houve   uma   reunião   para   que   os   temas   levantados   fossem  votados.  A  votação  apresentou  o  seguinte  resultado:  o  Projeto  Integrador  foi  considerado  viável,  por   representar   a   natureza   do   Campus   Avançado   São   João   da   Barra,   a   sua   identidade;   que   o  Projeto  não   tem  o  objetivo  de   integrar  apenas  componentes  curriculares,  mas  conhecimentos  e  habilidades;  quer   sejam  de  docentes,   técnicos  administrativos,  discentes  ou  de   cooperadores;   e  que  ao  invés  de  um  tema  gerador  proposto  pela  Direção  de  Ensino/Coordenação  ao  início  do  ano  letivo,   teríamos   um   Projeto   trabalhando   vários   temas   escolhidos   pelos   docentes/técnicos  administrativos  /cooperadores,  seguindo  a  metodologia  da  problematização  e  ofertado  de  modo  que   os   discentes   escolhessem   individualmente,   por   meio   de   inscrição,   o   projeto   e   o  servidor/cooperador  que  o  orientaria  durante  todo  o  ano  letivo.  

4.2 Projeto  integrador  atual  e  seus  resultados  O   trabalho   interdisciplinar   apresenta   algumas   dificuldades   em   sua   execução   que  

demandam  discussões  e  revisões  constantes.  O  Projeto  Integrador  do  Campus  Avançado  São  João  da  Barra  está  em  constante  (re)  construção  e,  diante  da  análise  dos  resultados  apresentados  nos  

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A  REFORMA  DO  ENSINO  MÉDIO  (LEI  13.415/2017)  E  SUAS  IMPLICAÇÕES  PARA  A  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  NATAL,  RN  –  24  A  27  DE  JULHO  DE  2017  –  CAMPUS  NATAL  CENTRAL  -­‐  IFRN  

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anos  anteriores   foi   reformulado  e  apresenta-­‐se  com  uma  nova  abordagem,   fruto  de  discussões,  análises,  debates  e  contribuições  de  toda  a  equipe  pedagógica  do  campus.    

A   partir   de   discussões   com   a   comunidade   acadêmica   sobre   os   resultados   dos   projetos  integradores  dos  anos  2015  e  2016,  chegou-­‐se  a  proposta  de  que  todos  os  servidores  do  campus  poderiam   submeter   projetos   e   contribuir   para   formação   técnica   e   social   do   discente.   Teve-­‐se  como  resultado  a  submissão  de  16  projetos,  abrangendo  uma  rica  diversidade  de  saberes.  

Seguem  abaixo  os  temas/problemas  propostos  para  o  ano  letivo  de  2017:  

1. A  Instituição  do  Debate  como  Projeto  Integrador;  

2. Bilingual  Labs;  

3. Casa  Inteligente;  

4. Cineclube  da  Imaginação  Sociológica:  A  Sociologia  vai  ao  Cinema;  

5. Construindo  práticas  e  saberes  em  Biologia  e  Química;  

6. Desafio  Solar  Brasil  2017;  

7. Desenvolvimento  de  protótipos  de  embarcações  para  regata;  

8. Marketing  Digital;  

9. Mini  Usina  Hidrelétrica  e  Eólica;  

10. Modelagem  Matemática:  vivenciando  a  Matemática  aplicada  ao  cotidiano;  

11. Montagem  de  materiais  interativos  de  Física  experimental;  

12. Musicalização;  

13. O  Jovem  na  cena  contemporânea:  seu  lugar  no  mundo!;  

14. Operação   Robótica   via   aplicativos   móveis   com   arduíno:   desenvolvimento   de  múltiplas  competências  e  habilidades;  

15. Tire  essa  ideia  da  cabeça!  

16. Voltando  as  raízes:  horta  e  jardinagem  no  campus  SJB.  

Propuseram   projetos   individuais   ou   coletivos   100%   dos   docentes,   50%   dos   técnicos  administrativos   e   um   colaborador   terceirizado;   e   participaram   das   bancas   ao   final   do   primeiro  ciclo  toda  a  comunidade  escolar.  

Nos   quatro   meses   de   experiência,   o   Projeto   Integrador,   neste   novo   formato,   alcançou  como  resultados:  

• Integração  com  toda  a  comunidade  interna  do  Instituto  Federal  Fluminense  Campus  Avançado   São   João   da   Barra,   promovendo   uma   interação   de   conhecimentos   e  saberes,   tendo   como   protagonistas   os   discentes,   os   docentes,   os   técnico  administrativos  em  educação  e  os   funcionários   com  vínculo   terceirizado.  Além  de  recebermos  convidados  e  parceiros  de  outras  instituições.    

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• Autonomia   conquistada  pelos   alunos,   que   são   em   sua  maioria   adolescentes,   com  empoderamento   para   decidirem   pelo   projeto   que   consideraram   com   maior  afinidade,  o  que  tem  levado  a  um  maior  envolvimento  e  comprometimento  com  as  ações  e  intervenções  do  grupo,  propondo  atividades,  participando  das  ações.  

• Estímulo   à   pesquisa,   ao   desenvolvimento   da   oratória   e   da   argumentação,   ao  desenvolvimento   artístico   (teatro,   música   e   poesia),   à   valorização   da   ciência   e   à  realização  de  experimentos,  à   inclusão  digital,  à   informação  e  formação  crítica,  ao  respeito  à  diversidade  e  ao  ambiente.    

• O   caráter   extensionista   que   vários   projetos   estão   ganhando   ao   levar   para  comunidade   sanjoanense   o   resultado   de   sua   pesquisa   e   estudo   em   forma   de  oficinas  e  minicursos.  

Abaixo  apresentamos  as  fotografias  (da  figura  2  a  6),  que  exemplificam  o  percurso  que  

o  Projeto  Integrador  trilhou  de  sua  apresentação  aos  discentes  até  a  avaliação  da  banca.  

 

 Figura  2:  Apresentação  do  Projeto  Integrador  2017  aos  discentes.  

 

 Figura  3:  Alunos  do  projeto  “Desafio  Solar  Brasil  (DSB)”.  

 

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 Figura  4:  Alunos  do  projeto  modelagem  Matemática.  

 

 Figura  5:  Alunos  do  projeto  “Clube  de  debate”.  

 Figura  6:  Banca  do  projeto  “O  jovem  na  cena  contemporânea”.  

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5 CONCLUSÃO  

Entendemos   que   o   Projeto   Integrador   estruturado   atualmente   proporciona   ao   campus  uma   gama   de   oportunidades   ímpares   de   promover   a   interdisciplinaridade,   a   integração   da  comunidade  escolar  e  a  inserção  dos  docentes,  discentes,  técnicos  e  colaboradores  no  universo  da  pesquisa  e  da  extensão.  De  promover  a  união  do  ensino  e  prática  e  da  teoria  e  técnica;  de  fazer  com   que   os   conhecimentos   não   sejam   estanques   e   divorciados   da   realidade;   de   envolver   a  comunidade  local  e  os  seus  problemas  no  ambiente  escolar,  promovendo  a  discussão  e  a  pesquisa  de  possíveis  soluções  para  questões  que  inquietam  a  sociedade.  

Nos  quatro  meses  que  a  nova  proposta  do  Projeto   foi   implantada  sentimos  que  a  escola  renasceu.  Há  motivação  entre  os  docentes,  entre  os  discentes  e   técnicos  administrativos  que  se  sentem  protagonistas  do  processo  ensino-­‐aprendizagem  e  parte  de  um  todo.    

Sabemos,   portanto   que   uma   proposta   dessa   magnitude   também   apresenta   desafios   da  mesma  proporção.  E  que  se  as  oportunidades  são  múltiplas  as  dificuldades  também  as  são.  Como  fazer  com  que  a  falta  de  recursos  não  inviabilizem  os  projetos  que  precisam  de  materiais  para  a  elaboração  e  conclusão  de   suas  pesquisas?  Como  organizar  a  oferta  de  vagas  dos  projetos  para  que   cada   vez  mais  os   alunos  estejam   inseridos   em  projetos  de   sua  escolha  e  de   sua   afinidade?  Como   envolver   os   demais   Técnicos   Administrativos   e   colaboradores   que   não   participam   do  Projeto?  São  algumas  perguntas  que  teremos  que  enfrentar  e  buscar  respostas  para  o  crescimento  e  êxito  do  Projeto  Integrador.  

Embora  os  desafios  sejam  imensos  sabemos  que  são  eles  que  nos  forçam  a  buscar  novos  caminhos   e   novas   práticas   que   dinamizem   e   estimulem   o   processo-­‐ensino   aprendizagem,   que  tornem   a   Educação   um   processo   dinâmico   e   conectado   a   realidade   e   ao   mundo   em   que   os  discentes  estão  inseridos.  

 

6 REFERÊNCIAS  

BERBEL,  Neusi  Aparecida  Navas.  A  problematização  e  a  aprendizagem  baseada  em  problemas:  

diferentes  termos  ou  diferentes  caminhos?  Interface  –  Comunic,  Saúde,  Educ,  1998.  

______.  A  Metodologia  da  Problematização  no  Ensino  Superior  e  sua  contribuição  para  plano  da  

práxis.  Semina,  1996.  

BORDENAVE,  J.;  PEREIRA,  A.  Estratégia  de  ensino  aprendizagem.  4  ed.,  Petrópolis:  Vozes,  1989.  

FAZENDA,   Ivani  Catarina  Arantes   (Org.).   Integração  e   interdisciplinaridade  no  ensino  brasileiro:  efetividade  ou  ideologia?  São  Paulo:  Loyola,  1979.  

_______.   Desafios   e   perspectivas   do   trabalho   interdisciplinar   no   Ensino   Fundamental:  contribuições   das   pesquisas   sobre   interdisciplinaridade   no   Brasil:   o   reconhecimento   de   um  percurso.  In  Interdisciplinaridade  /  Grupo  de  Estudos  e  Pesquisa  em  Interdisciplinaridade  (GEPI)  v.  1,  São  Paulo:  PUCSP,  2011,  p.  10-­‐23.  

ROCHA;  SILVA  &  FONSECA  (2017)    

   

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 ______.  Interdisciplinaridade:  um  projeto  em  parceria.  São  Paulo:  Loyola,  1991.  Coleção  Educar.  v.  13.    

______.  Interdisciplinaridade:  história,  teoria  e  pesquisa.  Campinas:  Papirus,  1994.  

JAPIASSU,  Hilton.  Interdisciplinaridade  e  patologia  do  saber.  Rio  de  Janeiro:  Imago,  1976  

LÜCK,  Heloísa.  Pedagogia  Interdisciplinar:  fundamentos  teórico-­‐metodológicos.  Petrópolis,  Rio  de  Janeiro:  Vozes,  1994.  

MORIN,  Edgar.  Os  sete  saberes  necessários  à  educação  do  futuro.  São  Paulo:  Cortez,  2005.    

PACHECO,  Eliezer.  Os  Institutos  Federais  uma  revolução  na  educação  profissional  e  tecnológica.  São  Paulo:  Moderna,  2011.