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Eixo: História e Historigrafia da Educação
FOTOGRAFIAS DE ESCOLAS: FONTES PARA UMA HISTÓRIA SOCIAL DA
EDUCAÇÃO DE IGUAÇU (1933)
Amália Dias (FEBF/PPGECC-UERJ)1
Resumo: A partir do resultado de pesquisa acerca dos processos de escolarização em
Iguaçu (1916-1933), município do estado do Rio de Janeiro, apresentamos uma análise
sobre as possibilidades de contextualização das origens sociais dos alunos e docentes
que aparecem num conjunto de fotografias de escolas, encomendadas pelo prefeito, por
ocasião da comemoração do centenário do município, em 1933. A
distribuição espacial das escolas é investigada à luz das funções econômicas destinadas
às distintas paisagens do munícipio, posto que as funções da escola também são
compreendidas como partícipes de um projeto político de hegemonia de setores daquela
sociedade local em correlação com projetos estaduais e nacionais. As fotografias são
examinadas em confluência com a historiografia acadêmica existente sobre a região da
Baixada Fluminense. Os resultados da pesquisa buscam diminuir a lacuna de estudos
sobre história da educação local no estado do Rio de Janeiro, posto que a maior parte
dos estudos trata da cidade do Rio de Janeiro, em diferentes períodos históricos.
Palavras-chave: Iguaçu; fotografia; escolas.
1 Professora Adjunta de História da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e
Comunicação em Periferias Urbanas (PPG/ECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
(UERJ – Duque de Caxias). Rio de Janeiro, Brasil. [email protected]
Introdução
Nielson Bezerra identifica, no exame da produção bibliográfica sobre a Baixada
Fluminense, certa invisibilidade sobre a questão racial na região no pós-Abolição e nos
estudos sobre a citricultura (Bezerra, 2012). Contudo, em pesquisa desenvolvida sobre
os processos de escolarização no distrito-sede do município de Iguaçu, Nova Iguaçu, as
fontes informaram a presença de alunos e professores negros nas escolas de Iguaçu. Os
dados acerca do impressionante crescimento populacional em Nova Iguaçu, entre as
décadas de 1920 e 1940, e os próprios interesses da pesquisa, demandaram a
compreensão sobre quem eram os indivíduos abarcados pelo processo de escolarização
e da citricultura no distrito-sede. Nesse sentido, a compreensão do processo de
implementação da rede escolas públicas, particulares e subvencionadas do munícipio
considerou as transformações econômicas, políticas e demográficas ocorridas naquele
território.
Entre 1892 e 1920, quando houve a reordenação da sede do município para
Maxambomba (1891), ocorreu pouca perda territorial e a diminuição da população que
habitava a antiga sede (Cava). Verifica-se o crescimento populacional no distrito que
recebe a nova sede e que é o principal polo de cultivo e de beneficiamento da laranja
(Jacutinga).
Tabela 1 – População do município de Iguaçu, 1892-1920
1892 1920
Iguaçu: 1.499 km2 Iguaçu: 1.315 km2
Distritos Recenseamento estadual Distritos
correspondentes
Recenseamento nacional
Jacutinga 6.840 Iguaçu 12.382
Marapicu 5436 Queimados 3.063
Cava (ant. Iguassu) 4372 Cava 2001
Meriti 2761 Pavuna 8255
Palmeiras 2342 Santa Branca 1261
Pilar 2475 Xerém 2823
Nilópolis ------ São Mateus 3611
Total: 24.226 33.396
Fonte: Adaptado de Maia Forte, 1933; Soares, 1962.
Ainda que não haja a intenção de utilizá-los como dados precisos, os dados
servem como balizas para dimensionar o contingente populacional da região e os usos
do território. A comparação com os dados de 1940 permite dimensionar as
transformações ocorridas nessas décadas no município.
Tabela 2 – População do município de Iguaçu (1940)
Nova Iguaçu População Urbana e suburbana Rural
Nova Iguaçu 34.680 20.598 14.082
Belford Roxo 7.434 4.051 3.383
Bonfim 1.232 61 1.171
Cava 3.048 455 2.593
Caxias 24.711 23.707 1.004
Estrela 3.617 256 3.361
Meriti 39.569 38.194 1.375
Nilópolis 22.341 22.341 _
Queimados 3.974 1.016 2.958
Total: 140.606 110.679 29.927
Fonte: IBGE, 1948b, p.17 (grifo nosso).
Nos anos de 1940 não houve perda territorial, e a população passou de 33.396
habitantes para 140.606, isto é, quadruplicou. Entre 1920 e 1940 houve crescimento
populacional em todos os distritos do município. Os principais distritos que atestam o
crescimento são Nova Iguaçu, devido à citricultura, Meriti, Nilópolis e Caxias, devido
ao processo de loteamentos. O crescimento populacional no município, que foi
vertiginoso no período, ocorreu pelo afluxo de trabalhadores, tanto do estado do Rio de
Janeiro, das regiões próximas do Vale do Paraíba (Costa, 2011), quanto de nordestinos e
estrangeiros.
Para o ano de 1940, há dados disponíveis sobre a distribuição da população
(tabela 2). A fonte consultada não esclarece os conceitos de “urbano e suburbano”, mas
interessa observar o resultado do processo de loteamentos no município, que resultou
numa população “urbana e suburbana” maior do que a rural, inclusive no distrito-sede,
ainda bastante ancorado na citricultura na década de 1940.
Contudo, é o distrito-sede que concentra expressivamente a maior parcela da
população rural do município. A comparação entre os dados acerca da população
“urbana e suburbana” e “rural” entre os distritos mais populosos do município em 1940,
Nova Iguaçu, Caxias, Meriti e Nilópolis, apresenta maior equilíbrio entre o número da
população urbana e rural no distrito-sede, Nova Iguaçu, do que a proporção verificada
nos distritos de Caxias, Meriti e Nilópolis (tabela 2,.
Maria Segadas Soares (1962) destaca o crescimento da população, entre 1920 e
1940, devido à “suburbanização” dos distritos limítrofes ao Distrito Federal, mas
ressalta, também, o expressivo crescimento populacional nos distritos “essencialmente
agrícolas”, Nova Iguaçu, Cava, Queimados e Bonfim, que foi da ordem de 18.707
habitantes em 1920, para 43.167 em 1940. Esse aumento devia-se à citricultura, que
atraiu pessoas principalmente para o distrito-sede, posto que para esse distrito afluíram
22.585 dos 24.467 habitantes a mais registrados pelo censo de 1940:
Tais números expressam bem o grande afluxo de pessoas para as
lides agrícolas na região mais próxima da cidade [...]
Fracionamento intenso da terra, afluxo da população para a zona
rural, laranjais que se multiplicavam cada vez mais, fortunas que
surgiam rapidamente, ligadas, principalmente, ao
beneficiamento e à exportação da laranja, tudo, enfim,
representava riqueza para uns, prosperidade para outros,
trabalho para muitos. Ano para ano, crescia, em grandes
proporções, a área ocupada pelos laranjais (Soares, 1962, p.55).
A pesquisa sobre as escolas existentes na região demonstram o crescimento do
número de escolas públicas, ainda que esse crescimento não fosse proporcional ao
crescimento do afluxo de pessoas.
Sob a ótica das relações entre os processos de escolarização e o “progresso” de
“Nova” Iguaçu, compreende-se por que a instrução escolar ocupava posição relevante
nas ações políticas da administração municipal. Inscrita nas demandas da imprensa e de
associações da sociedade civil, a oferta da escolarização era concebida como elemento
simultaneamente estruturante e indicador do desenvolvimento regional.
A análise da ação municipal em matéria de instrução pública atesta um
crescimento expressivo do número de escolas, ainda que esse crescimento,
provavelmente, tenha sido irrisório em face do crescimento populacional ocorrido no
período. Ao examinar a atuação municipal, sabe-se da existência de uma escola em
18932 e nove escolas municipais em 19203. Em 1925, das 29 escolas públicas do
município,4 11 eram municipais5. O prefeito defendia, em mensagem enviada à Câmara
de Vereadores, a criação da inspeção das escolas municipais. O prefeito Otávio Ascoli
argumentava sobre a importância da fiscalização e instrução do professorado “feita por
alguem competente”, a fim de garantir que “seja eficiente o sacrifício do Municipio” e
que as escolas “deem o resultado almejado”.6
Em 1926, o município comparecia em 4º lugar no número de escolas primárias
do estado, com 32 unidades, não sendo considerado, no ranking, o número de escolas da
capital do estado, Niterói.7 A colaboração do município de Iguaçu também era
salientada no relatório do diretor da Instrução Pública do estado, José Duarte Gonçalves
da Rocha, em 1928, que avaliava positivamente o auxílio dos municípios para a
organização da instrução pública. Naquele ano, o município era responsável por 14
escolas primárias.8
Entre os primeiros atos da administração de Sebastião de Arruda Negreiros em
1931, destaca-se a nova organização e localização para o conjunto das 24 escolas
2 O 1º CENTENÁRIO DO MUNICÍPIO DE IGUASSÚ. 15 jan. 1933. 3 Informação retirada da Tabela Orçamentária da Câmara Municipal, publicada no Correio da Lavoura,
30 dez. 1920, ano IV, n.198. 4CLASSIFICAÇÃO DE ESCOLAS. 9 abr. 1925. 5MENSAGEM DO SR. PREFEITO. 22 mar. 1925.
6MENSAGEM DO SR. PREFEITO. 22 mar. 1925. 7Relatório da Diretoria da Instrução Pública apresentado ao Secretário do Interior e Justiça pelo Diretor da
Instrução Pública, José Duarte Gonçalves da Rocha. Rio de Janeiro, Tipografia do Jornal do Commercio,
1927. Biblioteca Estadual de Niterói, p.255-257. 8MENSAGEM DO SR. PREFEITO. 2 ago. 1928.
municipais, distribuídas de acordo com a densidade populacional dos distritos. Todos os
professores em exercício foram exonerados dos cargos, para realização do recrutamento
por concurso.9O jornal Correio da Lavoura exaltava a iniciativa municipal:
A instrucção publica sempre tão despresada, não obstante o que
de importante representava para a nossa vida de povo orgasido
(sic), recebeu de s.s. um sopro de vida com a organisado (sic)
que lhe deu novos moldes, condizentes com os recursos
disponiveis e reclamos immediatos.10
Em 1932, 29 escolas eram mantidas pela municipalidade e três eram
subvencionadas: Escola S. José, em Nilópolis; Escola Humildade e Caridade, de
Andrade Araújo; e o Ginásio Leopoldo.11
Em 1933, havia 33 escolas municipais, localizadas preferencialmente nos
centros mais importantes da zona rural.12 Ou seja, o número de escolas municipais foi
duplicado entre 1928 e 1933. Além disso, havia no município cinco escolas particulares
(sendo três delas subvencionadas pela prefeitura) e 40 escolas isoladas mantidas pelo
estado, além do grupo escolar. Com esse número de escolas municipais, o município de
Iguaçu ocupava também o 4º lugar no ranking da rede escolar mantida pelas
municipalidades do estado do Rio de Janeiro, ficando atrás apenas de Itaperuna (53),
Campos (49) e Nova Friburgo (37).13
É necessário ressaltar ainda que a distribuição das escolas pelo território do
município atendia a critérios de localização e diferenciação entre escolas rurais e
urbanas. O distrito-sede, Nova Iguaçu, recebeu o maior número de escolas urbanas e
rurais, sendo as urbanas em maior proporção. Para os demais distritos, era menor o
número e as poucas escolas também estavam localizadas, na maioria, nas regiões mais
urbanizadas dos distritos.
9 PREFEITURA MUNICIPAL DE IGUASSÚ. 12 mar. 1931. 10 O RELATÓRIO DO SR. PREFEITO DE IGUASSÚ. 27 ago. 1931. 11 Negreiros, Sebastião de Arruda. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Comandante Ary Parreiras,
interventor do Estado do Rio, pelo Exmo Sr. Dr. Sebastião de Arruda Negreiros, Prefeito de Iguaçu,
durante o ano de 1931. Iguaçu, 1932. 12 Estado do Rio de Janeiro. O governo do Estado do Rio de Janeiro e de suas municipalidades durante o
ano de 1933. Relatório da Interventoria ao Exmo. Sr. Presidente da República. Ary Parreiras, Niterói,
1934. 13 PARREIRAS, Ary. Estado do Rio de Janeiro. Relatório da Interventoria ao Exmo. Sr. Presidente da
República. Período de 1931-1934. Niterói, 1935, p.120.
Retratos da modernidade?
Nesse período, por ocasião do aniversário de centenário do município, em 1933,
o prefeito encomendou uma coleção de imagens de escolas e estradas. Os pesquisadores
da região referem-se ao conjunto de fotografias como “Coleção Arruda Negreiros”.
Percorrendo os acervos do Instituto de Pesquisas Históricas e Análises Sociais da
Baixada Fluminense (ipahb), do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu (ihgni)
e de particulares, foi possível reunir e digitalizar 76 fotografias de escolas.
Esse conjunto não é o acervo completo de fotografias de escolas. Não houve
acesso ao conteúdo do álbum na sua integridade. Em algum momento, o álbum foi
desfeito, as fotos foram distribuídas, pelo que se pode notar, conforme a área de atuação
desses pesquisadores e instituições. Assim, fotos de escolas do distrito-sede ficaram
com o Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu, fotos de escolas de São João de
Meriti foram depositadas no Instituto de Pesquisas Históricas e Análises Sociais da
Baixada Fluminense (IPAHB). Não foi descoberto se a Prefeitura, ou outro pesquisador,
possui outra edição ou cópia da coleção. A datação das fotografias é atribuída ao
período entre 1932 e 1933, em função de o centenário de fundação da vila ter ocorrido
em janeiro de 1933 e pelo cruzamento com informações de outras fontes de pesquisa.
A fotografia, tal como qualquer registro instrumentalizado como fonte pelo
historiador, precisa ser problematizada e interrogada. Recompor a origem e trajetória do
acervo e as possíveis imbricações com outros documentos ou fotografias amplia as
possibilidades de uso para além de insuficientes, e por vezes, inadequados, recursos de
ilustração (Mauad, 2009, p.254). Na recuperação do circuito da produção social das
fotografias da Coleção Arruda Negreiros, identifica-se que, produzidas para compor os
festejos pelo centenário da Vila de Iguaçu, em 1933, são resultado de um processo de
construção de sentido (Mauad, 2004, p.27). A fotografia, na ótica da administração
municipal, foi utilizada com um recurso para “monumentalizar” e “documentar” as
realizações no município. O registro de escolas e estradas explicitava os esforços
presentes no município pela escolarização da população e pelo desenvolvimento de uma
infraestrutura que viabilizasse o transporte da produção e de trabalhadores dos laranjais.
Interessa investigar o que as fotografias deixam entrever sobre as escolas em
Nova Iguaçu. A identificação de quais escolas pertenciam ao distrito-sede ou aos outros
distritos foi iniciada a partir da legenda manuscrita em cada uma das 76 fotografias. As
legendas, nem sempre precisas, informam o tipo de escola, o nome, a localidade, como,
por exemplo, “Escola Desembargador Eloy Teixeira, Queimados”.14 O recurso a
informações mais precisas, para escolas que possuíam documentos no Fundo
Departamento de Educação, completou este mapeamento.
Ensaiando uma análise de como o espaço é recortado nas fotografias, à luz das
categorias do rural e do urbano, algumas observações emergiram. As observações foram
feitas a partir da leitura da sequência das fotos do distrito-sede, reunidas em um
conjunto, e das escolas das demais localidades do município, alocadas em outra
sequência. Para as 39 fotografias de escolas do distrito-sede, 23 apresentam os alunos
uniformizados. Das 37 imagens das demais escolas do município, apenas 11 apresentam
alunos uniformizados.
A sequência de escolas do distrito-sede apresenta uma variação maior do tipo de
escolas: há o Grupo Escolar, o Ginásio Leopoldo, escolas noturnas, e também escolas
mistas, municipais e estaduais. Nas fotografias de outras localidades do município,
predominam escolas públicas mistas, estaduais e municipais. As fotos do distrito-sede e
das demais localidades não são tão distintas no que concerne aos aspectos da paisagem.
A presença de árvores e plantas, o chão batido, tudo isso em torno do prédio da escola
caracteriza ambos conjuntos. Outras fotografias, do centro do distrito-sede de Nova
Iguaçu, também demonstram que os poucos equipamentos urbanos existentes
coexistiam com os laranjais. Até uma laranja integrou o cenário de uma fotografia de
escola do distrito-sede:
14 Fotografia. Acervo do IHGNI.
Figura 1 – Fotografia da Escola Municipal Andrade de Araújo
Fonte: Acervo IHGNI, Coleção Arruda Negreiros.
O enquadramento realizado pelo fotógrafo demonstra pouca preocupação com as
margens da fotografia. Partes de árvores, de paredes, de objetos, e pessoas que
observavam a fotografia sendo tirada foram algumas vezes incorporados à foto. Em
alguns casos, as crianças e professores foram dispostos à frente de muros ou abaixo de
árvores.
Figura 2 – Fotografia da Escola Dr. Tavares Guerra, em São João de Meriti
Fonte: Acervo IPAHB, Coleção Arruda Negreiros.
Figura 31 – Fotografia da Escola Mista n.16
Fonte: Acervo IPAHB, Coleção Arruda Negreiros.
Algumas fotografias também suscitam a impressão de que o fotógrafo estava
numa posição pouco confortável, entre galhos e matos, no meio da rua...
Figura 42 – Fotografia da Escola mista n.26, em Vila Rosaly
Fonte: Acervo IPAHB, Coleção Arruda Negreiros.
Contudo, o que é mais notável são os sujeitos que aparecem nessas fotos. Pois
são os sujeitos que representam a “escola”, e não uma arquitetura especifíca ou nomes
em fachadas. Professoras negras, professoras brancas, alunos e turmas uniformizados,
alunos e turmas sem uniforme. Escolas em prédios, escolas em quintais. Alunos que
aparentam mesma idade numa mesma turma, alunos e alunas, posando juntos, das mais
diferentes idades. Algumas fotografias apresentam escolas com grande contingente de
alunos se comparadas a outras fotos, com poucos alunos em volta da professora. Essa
diversidade aparente nas fotografias remete à questão da coexistência de diversos tipos
de organização dos espaços, tempos, saberes e sujeitos da escolarização.
Nas escolas primárias retratadas, públicas ou subvencionadas, mistas, femininas
ou masculinas, o perfil racial da população escolar atesta a presença da população negra
na região. Estudos anteriores sobre os processos de escolarização em Iguaçu, no século
XIX, já discutiam a presença de crianças negras e pardas matriculadas nas escolas da
região (GUEDES, 2009; 2012). A questão do acesso e permanência dessa população
nas escolas primárias tem suscitado amplo debate na historiografia da educação sobre as
possibilidades de instrução dessa parcela da população, numa sociedade hierarquizada
pela escravidão Novos estudos em história da educação têm possibilitado conhecer e
refletir sobre os debates, entraves e iniciativas para o ingresso de negros nas escolas,
como alunos ou professores, desde o século XIX (Fonseca, 2009; Gondra; Schueler,
2008; Müller, 2008; Schueler, 1997; Silva, 2000; 2007; Veiga, 2008)
Para a história da Baixada Fluminense, que já é comtemplada com uma
significativa produção acadêmica, a problematização dessas imagens permite observar
aspectos da população do território que, muitas vezes, não foi contemplada pela
historiografia mais tradicional da região. Se para os anos 1920 e 1930 os estudos sobre
Iguaçu procuram enfatizar a importância da produção agrário-exportadora do município
para a economia do Estado, expondo fontes sobre a produção de laranjas e a
prosperidade dos proprietários de terra e comerciantes locais, pouco se sabe sobre os
trabalhadores que para a região migraram em busca de trabalho.
Assim, ao interrogarmos sobre quem seriam as crianças e os adultos que
aparecem nas imagens, somos levados a dialogar com as pesquisas que se debruçam
sobre o pós-abolição na Baixada. Na pesquisa em história, ajustar as lentes para
observar a experiência dos sujeitos é um meio de capturar como estrutura e processo se
articulam. A ordenação do mundo do trabalho naquela região esclarece sobre os usos do
território e das relações entre o rural e o urbano no distrito-sede. Qual o perfil dessa
população do distrito-sede? Estava empregada em quais atividades?
Carlos Eduardo Costa (2011) apresenta conclusões importantes de pesquisa
acerca de parte da população que aflui para a Nova Iguaçu entre as décadas de 1920 e
1940. Ao recuperar as experiências dos egressos do cativeiro e de seus descendentes no
pós-Abolição, na região do Vale do Paraíba fluminense, Carlos Eduardo Costa
identifica a migração de negros, pretos e pardos, da região de Vassouras para a região
de Iguaçu, no auge da citricultura. Sua pesquisa abarca também um quadro do perfil
populacional. Pelos registros civis de nascimentos e óbitos foram constatadas a fixação
e a permanência destes migrantes pardos e pretos em Nova Iguaçu, assim como as de
nordestinos e estrangeiros.
No Vale do Paraíba, parte das estratégias dos ex-escravos foi manter-se nas
antigas fazendas de café, continuando suas experiências de roçado. Essa ambição era
alimentada pela perspectiva de garantir a moradia e os vínculos da família que,
trabalhando junto na produção do roçado, garantia também relativa autonomia. Os
proprietários precisavam manter a mão de obra para a cultura dos cafezais. Contudo, a
diversificação da produção e a abertura de áreas para o eucalipto e a pecuária iam
atribuindo outros usos ao solo e diminuindo a demanda por trabalhadores no Vale do
Paraíba nas primeiras décadas republicanas (Costa, 2011, p.4).
Nesse sentido, cabe considerar que o “mundo rural, da Primeira República, era
novo para todos, principalmente para ex-escravos e ex-senhores” (Costa, 2009a, p.3), o
que incitava novas experiências do mundo do trabalho e no emprego da população e do
território. Os conflitos entre trabalhadores rurais e proprietários motivaram a migração,
o deslocamento dos ex-escravos e seus descendentes, em busca de novas condições de
sobrevivência e trabalho (Nascimento, 2001, p.4). Cabe ressaltar, contudo, que a
migração foi uma estratégia autoral destes grupos, como um dos recursos de construção
da liberdade (Costa, 2008, p.26).
A investigação sobre os destinos de migração de egressos de cativeiros e
descendentes de escravos da região do Vale do Paraíba para outras regiões do país, entre
1850 e 1959, revela um crescimento expressivo do quantitativo de pessoas que afluem
para a Baixada Fluminense entre as décadas de 1910 e 1930 (Costa, 2011, p.2). Essa
constatação é pertinente com os censos demográficos do período, como foi visto
anteriormente.
Na análise dos registros civis de nascimento e óbito feitos em cartórios de
Iguaçu, e mantendo a categoria inscrita nas fontes de identificação da cor como preto,
pardo e branco, descobre o autor “a presença expressiva da população de pretos e
pardos buscando os registros civis de nascimento e de óbitos, entre os anos de 1889 e
1940” (Costa, 2011, p.7). O incentivo governamental aos registros é constante no
período. Alterações na legislação removiam empecilhos como a cobrança de taxas ou
pagamento de multas por registros tardios. O crescimento no número de registros de
pretos e partos representava, também, a busca pela legitimação da família e da condição
de cidadania batalhada por esses sujeitos no pós-Abolição (Costa, 2011, p.8-9). Pelas
informações acerca das regiões de origem, pessoas advindas de estados do Nordeste do
país e do estrangeiro (principalmente portugueses, italianos e espanhóis) também
caracterizaram, em grande número, a migração ocorrida na região (Costa, 2011, p.16).
Neste sentido, Carlos Costa argumenta que, além dos motivos que forçavam a
saída dos ex-escravos do Vale do Paraíba, a citricultura em Iguaçu atraiu esses
migrantes e possibilitou modos de permanência desses egressos do cativeiro e seus
descendentes. A reorganização da estrutura fundiária promovida pela citricultura, com
os arrendamentos, o trabalho em chácaras e os loteamentos, pode ter facilitado a fixação
desses trabalhadores migrantes na região.
Dessa forma, a década de 30 tornou-se um dos momentos definidores
da situação de pretos e pardos no Estado do Rio de Janeiro. O avanço
urbano do Município de Nova Iguaçu possivelmente permitiu aos ex-
escravos e, principalmente, aos seus descendentes uma maior
diversificação dos arranjos de trabalho, assim como, o progresso nas
questões trabalhistas, seja nas melhores condições, seja na
regularização dos ofícios. Esses elementos podem, também, ter
contribuído para a estabilização de pretos e pardos no Município de
Nova Iguaçu (Costa, 2009a, p.9).
A migração foi uma “estratégia social” elaborada pelos ex-escravos do Vale do
Paraíba, em função das novas experiências de sobrevivência e trabalho surgidas no pós-
Abolição: “Inicialmente, as migrações estão inseridas na relação campo-campo, porém,
ao longo da década de 20 para a de 30, os contextos se modificam ainda mais, dando
início a uma migração de caráter definitivo – sendo, agora, dentro de uma relação
campo/cidade” (Costa, 2009a, p.10).
É preciso considerar ainda as margens flexíveis, as relações complementares,
entre urbano e rural. Estudos sobre a Vila de Iguaçu no século XIX percebem, durante o
século XX, a “confluência entre o espaço rural e o espaço urbano” para a compreensão
do mundo do trabalho na região, posto que ali se desenvolvia uma economia de
produção de alimentos, mas também servia de passagem para as mercadorias que eram
transportadas entre o interior serra acima e litoral:
Este dinamismo econômico marcou decisivamente as relações sociais
que construíram na região, um lugar de entreposto, por onde, além de
mercadorias, também passavam pessoas, informações que
influenciaram o modo de vida da sociedade local, aí incluídos os
escravos (Bezerra, 2008, p.21).
A localização do recôncavo da Guanabara entre o litoral e o interior do estado do
Rio de Janeiro conferiu características específicas ao desenvolvimento da região em
diversos momentos.
A importância da região no projeto colonial pode ser verificada pelo empenho na
construção de caminhos de terra firme que diminuíssem os custos e riscos do transporte
do ouro, e, depois, do café. Caminhos construídos durante o século XVIII até a criação da
Estrada Real de Comércio, no século XIX, propiciaram intensa atividade econômica
nessa região, que assim conheceu a transformação das freguesias em algumas vilas.
A produção da região era essencialmente agrária, mas não se pode vê-
la apenas nesse contexto, pois também se forjou como área de
passagem, o que permite pensar que a sociedade que se estabeleceu,
apesar de fortes características rurais, também tinha fortes traços
característicos do setor de transporte, por conta da intensa circulação
de pessoas e da proximidade com a cidade do Rio de Janeiro (Bezerra,
2008, p.26).
Nielsen Bezerra observa que a Vila de Iguaçu se destacou pelos caminhos e
portos, isto é, pela função de entreposto comercial, enquanto outras localidades do
recôncavo se destacavam pela produção agrícola (Bezerra, 2008, p.31). Ele faz um
segundo exercício importante, que é mostrar que no interior do recôncavo da
Guanabara, vilas e freguesias podiam conviver mais com atividades comerciais e de
transporte, ou de produção agrícola em fazendas e engenhos. Porém, “essas atividades
não são excludentes, pois pode-se perceber que as freguesias agrícolas também tinham
portos, da mesma forma que as freguesias portuárias apresentavam alguma produção
agrícola” (Bezerra, 2008, p.34-35).
O caso de São João de Meriti era um dos que apresentava “diversidade das
atividades produtivas, mesmo podendo haver o predomínio de uma delas em um lugar
específico” (Bezerra, 2008, p.35). Ocorriam, ainda, mudanças na composição
socioeconômica das freguesias, como em Pacobaíba, que, predominantemente rural e
organizada em função do porto marítimo, encontrou o crescimento das atividades
urbanas com a implantação da estrada de ferro Mauá. A partir dessa mudança as
atividades rurais e urbanas dividiram o cenário econômico da região Bezerra, 2008,
p.36).
Nessa análise Nielson Bezerra demonstra que a Freguesia de Nossa Senhora da
Piedade de Iguaçu atraía lavradores e comerciantes. A ideia de confluência entre
atividades rurais e urbanas na Vila de Iguaçu é demonstrada pelo autor através da
análise das atividades que ocupavam os escravos que ali trabalhavam, conforme dados
do censo de 1872. A diversidade de ocupações, assim como a distribuição dos escravos
entre elas, denota a existência de serviços do setor urbano e do setor rural: lavradores,
assalariados e jornaleiros, serviço doméstico, costureiras, pedreiros, entre outros. Havia
uma “forte confluência entre o mundo rural e o urbano” nas relações escravistas da
Freguesia de Iguaçu (Bezerra, 2008, p.39). As ocupações dos escravos demonstram
“que nestas localidades existia a presença de atividades agrícolas, entretanto, nota-se
uma predominância das atividades dos setores de transporte e comércio” (Bezerra,
2008,p.42).
O perfil demográfico da população das freguesias da região de Iguaçu acusa a
predominância da população escrava sobre a livre entre 1779 e 1789. Em 1821, a
população de 18.705 habitantes das freguesias do Pilar, Marapicu, Jacutinga, Meriti,
Iguaçu apresentava 11.115 cativos, cerca de 59,7% do total. Entre 1779 e 1789, metade
da população era formada por escravos (Gomes, 2006, p.31-32). Em 1840 e 1850, a
população escrava também era maior que a população livre. Em 1872 percebe-se uma
inversão, com 67,5% da população livre e 32,5% de escravos nas mesmas freguesias
(Gomes, 2006, p.33).
Jorge Silveira ressalta o significativo contingente de pessoas livres viventes na
região desde meados do XIX, o que aponta para a existência, além das atividades
agrícolas destinadas à exportação, de uma produção agrícola de subsistência e para o
abastecimento interno entre as funções econômicas da região (Silveira, 1998, p.20-21).
Flávio Gomes (2006, p.61) identifica a presença de escravos, libertos e
quilombolas na região de Iguaçu durante a escravidão, que articulava mocambos,
quilombos, comunidades de senzalas, taberneiros e outros setores sociais em estratégias
de negociação, conveniência e conflito que passavam pela confluência de atividades
agrícolas, extrativistas, contrabando e comércio. Em 1878, o ministro da Justiça, Gama
Cerqueira, declarava a necessidade de destruir aquelas comunidades que se reproduziam
em Iguaçu tal qual a fábula da hidra de Lerna (Gomes, 2006, p.25). Ao longo do século
XIX, diversas expedições – sem êxito – perseguiram os quilombos existentes na região,
escondidos nos rios e pântanos, protegidos pelas relações de solidariedade e de trocas
comerciais que estabeleciam com grupos da região (Gomes, 2006, p.94).
Esses estudos mencionados acerca da população em Iguaçu, desde fins do século
XIX até as primeiras décadas republicanas, são aqui recuperados no interesse de
evidenciar a presença de uma população negra, vivenciando e construindo relações
sociais de produção que amalgamavam atividades de cultivo e de comércio. Funções
rurais e urbanas caracterizavam os usos do território e das fronteiras em Iguaçu .
Este exercício de adentrar alguns aspectos da relação rural–urbano no século XIX
serve para lembrar que a construção da Nova Iguaçu, a reordenação da sede
administrativa para Maxambomba, as mudanças em curso em fins do século XIX,
mesmo conformando a “Nova” Iguaçu, não podem ser vistas, contudo, como rupturas
insolúveis. A eficiência desses enquadramentos da memória sobre Iguaçu, vinculada à
citricultura, reverberou também em publicações memorialistas e estudos de cunho
acadêmico, principalmente até a década de 1980. Além de identificar a citricultura com
o “apogeu” do município, trata-se de uma produção que a ancora às explicações sobre a
transferência da sede para Maxambomba, em 1891, com a “decadência” da Vila de
Iguaçu. Pesquisas recentes procuram precisar melhor essas interpretações
memorialísticas e até historiográficas, deslocando marcos interpretativos.
A partir de estudos de história agrária, Jorge Luís da Silveira problematiza
concepções arraigadas na historiografia local que interpõem um diagnóstico de
decadência econômica e social no período que implicou, entre outros fatores, a
decadência da Vila de Iguaçu e a mudança da sede administrativa do município em
1891 (Silveira, 1998, p.19). A análise sobre a historiografia local, segundo Jorge Luís,
reverbera um mesmo “panorama interpretativo” que associa “o processo de
desagregação de uma determinada relação de produção (a escravidão) e o declínio
econômico e político de um de seus elementos sociais (a elite agrária)” (Silveira, 1998,
p.36).
Pela análise das conexões entre a desagregação do sistema escravista e as
transformações ocorridas na estrutura fundiária fluminense, principalmente na região de
Iguaçu, durante o século XIX, Silveira (1998, p.15) critica essas interpretações que
incidem no aspecto da “estagnação agrícola e social” causada pelo fim da escravidão
(Silveira, 1998, p.40).
A sua pesquisa demonstra como as formas de apropriação e acesso à
propriedade de terra, entre 1850 e 1890, manifestam as estratégias utilizadas, pelas
elites locais, para reproduzir e manter seu poderio econômico em face da
desestruturação do regime escravista, o controle sobre a terra e sobre a mão de obra. Por
ações destinadas a manter o latifúndio, a “elite agrária” da região pode reproduzir as
relações sociais dominantes “por muitos anos após a abolição” (Silveira, 1998, p.20). O
controle da terra e de um “mercado” de compra e venda “tornou-se o melhor
instrumento para a elite agrária garantir a subordinação da mão-de-obra livre em um
contexto de crise do sistema escravista” (Silveira, 1998, p.165). Através do
parcelamento da terra para fins imobiliários ou produtivos, ou pela ampliação da
concentração de terras, pela compra e outros mecanismos, as elites agrárias acionavam
possibilidades de manutenção da renda por meio de transações comerciais (Silveira,
1998, p.205).
Portanto, a partir dos estudos que caracterizam o perfil populacional do
município desde meados do século XIX até as primeiras décadas republicanas, e
considerando a diversidade de atividades de ocupação na região, que exerciam tanto
funções urbanas quanto rurais de bastante dinamismo, é possível sustentar que, naquelas
fotografias e naquelas escolas, estiveram presentes egressos do cativeiro e seus
descendentes, migrados de regiões do Vale do Paraíba ou que já habitavam Nova
Iguaçu, os descendentes da população dos libertos, os filhos de migrantes europeus,
nordestinos, mineiros. Acrescentem-se os filhos descendentes de quilombolas, de
taberneiros, dos jornaleiros, dos barqueiros, das comunidades de senzala, das mulheres
que lidavam com o trabalho doméstico, dos apanhadores de laranja, dos embaladores e
artesãos das caixas de acondicionamento do fruto.
Essas possibilidades de identificação dos sujeitos da escolarização que compõem
essas fotos a partir da bibliografia apontada anteriormente, isto é, do perfil da população
que formou Iguaçu ou para ali migrou, se estabeleceu, etc. deixa em aberto novos
caminhos de investigação. Contudo, a presença marcante de pessoas negras, de alunos a
professores, em escolas do distrito-sede ou em escolas de outras localidades do
município, seja de escolas rurais ou urbanas, já evidencia uma questão cara à
historiografia da educação, que é pensar as possibilidades de acesso desses sujeitos aos
processos formais de escolarização. O que esta pesquisa pode dizer sobre esses sujeitos
é que experimentaram um cenário em que se buscou articular e revestir urbano e rural
de caráter do moderno, do novo, do progresso, para a manutenção de antigas formas de
hegemonia.
Transitando pelas escolas e estradas de Iguaçu, contudo, esses sujeitos que
surgem nas fotografias e nos mapas de frequência testemunharam as contradições desse
processo ancorado em intensa exploração da força de trabalho, na precariedade
cotidiana das condições de funcionamento das escolas, nas faltas motivadas por doenças
e por trabalho, nas estradas e ruas que continuaram a alagar nas enchentes, na
disseminação de doenças e na gestação de um modelo de cidadania excludente sob um
regime progressivamente autoritário que procurava engessar as formas de participação
política. No grande afluxo populacional para o território, motivado pela citricultura, mas
também pelo processo de loteamentos, esses sujeitos engrossariam, em fins da década
de 1940, os conflitos pela posse da terra e moradia que eclodiram na região com a
derrocada da citricultura.
Na confluência entre a lavoura e as letras, os projetos de poder em disputa entre
grupos da sociedade local correlacionaram o desenvolvimento da citricultura com a
introdução de “melhoramentos urbanos”, principalmente no distrito-sede, núcleo
administrativo do município. A instrução escolar era um desses equipamentos que, pela
ótica dos grupos locais, representava, significava, projetava, atribuía visibilidade ao
“progresso” decorrente da lavoura, para a qual, portanto, deveriam convergir todos os
interesses e medidas que a favorecessem. A importância da instrução figurou em
Iguaçu, tanto nos debates ruralistas, quanto nos discursos sobre a urbanização do
distrito-sede. Ao lado dos temas do saneamento e da higiene, da remodelação da cidade,
a instrução escolar figurava como ingrediente da construção da Nova Iguaçu,
inscrevendo-se também no cenário urbano e sendo, por este, convidada a participar e
constituir a vida social, cultural e política da cidade.
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