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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ENSINO DE BIOLOGIA ELABORAÇÃO DE MATERIAL PARADIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ATIVIDADES LÚDICAS LUANA MAGDA MUNIZ DOS SANTOS Belo Horizonte 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE M INAS GERAIS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO : ENSINO DE BIOLOGIA

ELABORAÇÃO DE MATERIAL PARADIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ATIVIDADES LÚDICAS

LUANA MAGDA MUNIZ DOS SANTOS

Belo Horizonte

2010

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Luana Magda Muniz dos Santos

ELABORAÇÃO DE MATERIAL PARADIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ATIVIDADES LÚDICAS

Dissertação apresentada ao Departamento de Pós-

Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

Orientadora: Profa. Dra. Cláudia de Vilhena Sachayer

Sabino

Belo Horizonte

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Santos, Luana Magda Muniz dos S237e Elaboração de material paradidático para educação ambiental com ênfase em

atividades lúdicas / Luana Magda Muniz dos Santos. Belo Horizonte, 2010. 86f. : il. Orientadora: Cláudia de Vilhena Sachayer Sabino Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática 1. Educação ambiental. 2. Motivação na educação. I. Sabino, Cláudia de

Vilhena Sachayer. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 577.4:37

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Luana Magda Muniz dos Santos

ELABORAÇÃO DE MATERIAL PARADIDÁTICO PARA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ATIVIDADES LÚDICAS

Dissertação apresentada ao Departamento de Pós-

Graduação da Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Ensino de

Ciências e Matemática.

Profa. Dra. Cláudia de Vilhena Sachayer Sabino (Orientadora) - PUCMINAS

Prof. Dr Cristiano Mauro Assis Gomes - UFMG

Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves - PUCMINAS

Belo Horizonte, 08 de novembro de 2010.

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DEDICATÓRIA

À minha família e aos meus

amigos, pelo apoio e incentivo

incessantes.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por guiar meus passos e me dar forças para ir em busca dos meus objetivos.

A meu marido Claudiano, companheiro de todas as horas, amigo e incentivador. Pela

paciência e compreensão.

A meus pais, Vera e Joaquim, que representam as raízes de tudo o que sou. Vocês são

exemplos de que, a cada dia, posso me tornar uma pessoa melhor.

À minha tia e segunda mãe, Maria Antônia, que sempre me incentivou, apoiou e

acreditou no meu potencial.

Aos amigos e familiares, que me incentivaram e apoiaram nesta caminhada.

À minha orientadora Cláudia, pela atenção, paciência e valiosas contribuições.

A todos os professores do curso, pelos seus ensinamentos e dedicação.

Aos colegas de turma pela amizade e bom humor que amenizaram os momentos

difíceis e divertiram os momentos leves.

À Soraya e ao Léo pelo carinho e disponibilidade em auxiliar-me durante a aplicação

das atividades.

Aos meus alunos, que como voluntários, aceitaram participar desta pesquisa com

entusiasmo e compreensão.

Ao Colégio Providência, por permitir a aplicação das atividades pesquisadas.

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RESUMO

Já é fato a importância da preservação do meio ambiente e a necessidade de mudanças de

hábitos e de atitudes que levem à melhoria da qualidade de vida e ao equilíbrio ambiental.

Porém, para que isso realmente aconteça, é preciso criar e estimular o respeito e a

consciência, seja em relação ao consumo, ao desmatamento ou à economia. A escola é um

excelente ambiente para isso. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas

potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos socioconstrutivos, colaborando

assim para a construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável. O

objetivo central desta pesquisa foi analisar o que docentes e discentes pensam sobre a

utilização de atividades lúdicas e perceber a eficácia desta metodologia para a Educação

Ambiental e, a partir dos resultados, produzir uma cartilha que sirva como material de apoio

para o professor. O trabalho foi executado em três fases: na primeira, foi feita uma pesquisa

bibliográfica a respeito da utilização de atividades lúdicas na educação; na segunda,

professores e alunos submeteram-se à responder um questionário com o intuito de analisar o

que pensam a respeito desta prática pedagógica; e, na terceira fase, foram elaboradas

dinâmicas sobre a temática “lixo”, aplicadas a 23 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental,

de uma escola da rede particular de Mariana, Minas Gerais, os quais avaliaram a utilização

destas atividades na Educação Ambiental. De acordo com os dados obtidos, verificou-se que

tanto professores, quanto alunos consideram atividades com caráter lúdico importantes para a

aprendizagem, uma vez que os alunos se sentem mais motivados e interessados em participar

do processo educacional. Além disso, essas atividades proporcionam um clima de

descontração, favorecendo assim a uma situação de diálogo e de intercâmbio entre o educador

e o educando. A partir dos dados da pesquisa, foi elaborada uma cartilha para servir de

material de apoio ao professor, cartilha essa que contém informações relacionadas à utilização

de atividades lúdicas na Educação Ambiental, seis dinâmicas sobre a questão do lixo e de seus

problemas, sugestões de livros, vídeos e sites relacionados à Educação Ambiental e ainda um

referencial com informações sobre a temática do lixo destinado aos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental, atividades lúdicas, motivação.

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ABSTRACT

It is a fact that the importance of environmental preservation and the necessity of changes of

habits and attitudes lead to the improvement of life quality and environment balance.

However, for this to really happen it is necessary to create and stimulate the respect and the

consciousness in relation to consumption, deforestation or the economy. Schools are an

excellent environment for this. It is fundamental that each student develops their potentialities

and adopts personal positions and constructive social behaviors that collaborate for the

construction of a fair society living in a healthy environment. The main objective of this

research was to analyze what teachers and students think about the use of playful activities,

and perceive the effectiveness of this methodology for environment education, and from the

results, produce a booklet which can work as a support material for the teacher. This work

was executed in three phases: on the first one it was done a bibliographical research regarding

the use of playful activities in education, on the second one, teachers and students were given

a questionnaire to answer with the intention to analyze what they think about this pedagogic

practice, and on the third phase, dynamic activities were made on the topic “garbage” and

introduced to 23 students of the 8th grade of a private Junior High School in Mariana, Minas

Gerais, who evaluated the use of these activities in Environmental Education. According to

the data collected, it was verified that either teachers or students consider playful activities

important for learning, once students feel more motivated and interested in participating in the

educational process. Moreover, these activities provide an amusing atmosphere, thus favoring

an interacting situation between the educator and the pupil. A booklet was made from the

research data to work as a support material for teachers. This booklet contains information

related to the use of playful activities in Environmental Education, six dynamic activities

about the topic garbage and its problems, suggestions of books, videos and websites related to

Environmental Education, and also a reference material with information about the topic

garbage intended for students.

KEY WORDS: Environmental Education, playful activities, motivation

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pretensão da educação ambiental ..........................................................................................15

Figura 2 - O Cone das Experiências de Edgar Dale ...............................................................................21

Figura 3 - O Currículo de Educação Ambiental como processo de interação professor – aluno...........33

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LISTA DE QUADROS

Quadro1: A superpopulação é um problema ambiental?..........................................................42

Quadro 2: Que fatores você acredita que influenciam na produção de lixo?...........................43

Quadro 3: O que podemos fazer para reduzir a produção de lixo?..........................................44

Quadro 4: Qual das duas formas de descarte de lixo é mais vantajosa, o lixão ou o aterro

sanitário? Por quê?....................................................................................................................45

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Experiência docente dos entrevistados...................................................................................29

Gráfico 2- Estratégias mais utilizadas pelos professores nas aulas........................................................30

Gráfico 3- Professores que utilizam atividades lúdicas nas aulas ..........................................................31

Gráfico 4 - Estratégias que os professores acreditam que os alunos mais gostam.................................32

Gráfico 5 - Estratégias que os professores acreditam que os alunos aprendam mais.............................35

Gráfico 6 - Estratégias que os alunos mais gostam de aprender ............................................................36

Gráfico 7 - Estratégias em que o aluno acredita aprender com mais facilidade.....................................37

Gráfico 8 - Atividades que os alunos mais gostaram .............................................................................67

Gráfico 9 - Atividades que os alunos acreditam ter aprendido mais......................................................69

Gráfico 10 - Atividades que os alunos menos gostaram ........................................................................70

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LISTA DE SIGLAS

CBC- Currículo Básico Comum

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

EA- Educação Ambiental

IUCN - International Union for the Conservation of Nature

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais

PC/SEE-MG – Proposta Curricular da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais

PUC/ Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

UFLA - Universidade Federal de Lavras

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................12 2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................14 2.1 O que é Educação Ambiental? ................................................................................................... 14 2.2 Educação ambiental na escola.................................................................................................... 16 2.3 A importância do elemento lúdico nas atividades de Educação Ambiental........................... 18

2.4 A importância dos jogos pedagógicos........................................................................................ 22 2.5 As dinâmicas de grupo como instrumentos de aprendizagem ................................................ 23

2.6 O papel do professor na utilização das atividades lúdicas de Educação Ambiental ............. 25

3 METODOLOGIA ...........................................................................................................27 4 RESULTADOS................................................................................................................29 4.1 Percepção dos professores sobre a utilização de atividades lúdicas na sala de aula ............. 29

4.2 Percepção dos alunos a respeito da utilização de atividades lúdicas na educação ................ 36

4.2.1 Primeira parte do questionário - Estratégias de ensino..............................................................36 4.2.2 Segunda parte do questionário- Conhecimentos Ambientais.....................................................40

4.3 Elaboração e aplicação das atividades....................................................................................... 44 4.4 1ª Atividade- Sensibilização: Construindo um mundo melhor ............................................... 46

4.5 2ª Atividade – Reflexão: Nó humano......................................................................................... 48 4.6 3ª Atividade – Reflexão: Consumo sustentável x Consumismo............................................... 51

4.7 4ª Atividade - Revendo e fixando conceitos: Lixão x Aterro Sanitário ..................................55

4.8 5ª Atividade - Tomando decisões: Estudo de caso.................................................................... 59 4.9 6ª Atividade - Refletindo sobre mudança de postura: Que diferença eu posso fazer?.......... 62

4.10 Resultado da aplicação................................................................................................................ 67

5 PRODUTO: MATERIAL PARADIDÁTICO COM ATIVIDADES LÚDIC AS......71 5.1 Escolha do tema para o produto ................................................................................................ 72 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS: ........................................................................................75 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................77 APÊNDICES...........................................................................................................................84

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1 INTRODUÇÃO

Fala-se muito da importância da preservação do Meio Ambiente, da necessidade de

mudanças de hábitos e de atitudes para que nos levem a uma melhoria na qualidade de vida e,

consequentemente, a um equilíbrio ambiental sustentável. São políticas socioambientais que,

mesmo divulgadas em grande escala, não têm, ainda, um respaldo da população em termos

práticos e conscientes.

A saída para tal impasse será criar motivações diversas para um despertar da

sociedade, levando-se em conta o meio sociocultural e econômico de cada indivíduo,

preparando-o para uma resposta positiva de sua participação por meio do respeito e da

consciência crítica em relação ao consumo exacerbado, ao desmatamento indiscriminado e,

principalmente, da economia dos bens naturais.

A Educação Ambiental (EA) passa a ser então uma das ferramentas pela qual se pode

sensibilizar os cidadãos sobre o seu papel na sociedade e a importância da conservação dos

recursos naturais. Segundo Dias (2004), tal educação deve favorecer os processos que

permitam aos indivíduos e aos grupos sociais ampliarem a sua percepção e internalizarem,

conscientemente, a necessidade de mudanças.

Decorre dessa necessidade de favorecer à percepção e à internalização, o interesse da

pesquisadora, o qual surgiu a partir da monografia realizada pela pesquisadora em 2007, na

Universidade Federal de Lavras (UFLA) à época da Especialização e que apresentava como

título: “A importância de atividades dinâmicas e criativas para se consolidar o conhecimento

ambiental”. Por meio do trabalho mencionado, percebe-se que é importante a reflexão sobre a

maneira como vêm sendo trabalhada, nas escolas, as questões relacionadas à temática

ambiental.

Ferreira (2009) afirma que é inegável a necessidade de se alimentar uma educação

próxima dos educandos (as), capaz de aguçar a criatividade, de despertar o “gênio” inventivo,

bem como a capacidade de obter postura racional, combatendo a ganância pelos recursos

naturais.

Concorda-se com Ferreira e acredita-se que as escolas necessitam de práticas escolares

que promovam estas características, despertando no educando a necessidade de refletir e

tomar decisões de maneira crítica sobre sua postura perante as questões ambientais.

Wilson (1997) afirma que a abordagem didática tradicional é ineficiente para o que se

pretende com a Educação Ambiental e cita exemplos de pesquisas e trabalhos desenvolvidos

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pelos meios de comunicação, os quais pouco se valem de conteúdos lógicos ou informativos e

buscam nos apelos emocionais o caminho para atingir seus objetivos. O autor complementa a

afirmação dizendo que a hipótese é de que se a nossa pedagogia for puramente cognitiva,

nossas chances de motivarmos uma mudança de valores e comportamento são nulas.

Segundo Reigota, citado por Barcelos (2008), a escola é um local privilegiado para a

realização da Educação Ambiental, desde que se dê oportunidade à criatividade. Percebe-se

nas afirmações de Wilson e Reigota a importância de buscar-se eficientes estratégias para

sensibilizar os discentes. Essa sensibilização é importante, pois, a partir da comunidade

escolar podem surgir iniciativas que transcendam este ambiente. Porém, às vezes, mesmo com

vários projetos na área de Educação Ambiental, nem sempre esta sensibilização ocorre.

Segundo Barcelos (2008), após cessar o projeto que se estava desenvolvendo na

escola, cessa também a preocupação da escola com a Educação Ambiental. E quais seriam,

em nossa percepção os motivos para esse problema?

* a maneira com que geralmente vem sendo tratada a EA na escola: informações

transmitidas de maneira tradicional e cansativa?

* a falta de metodologias que visem um envolvimento afetivo e lúdico dos

participantes?

* a falta de motivação de alunos e professores?

* ou ainda, a falta de atividades que realmente envolvam a comunidade escolar?

Este trabalho procura respostas para essas questões e apresenta uma proposta, para

trabalhar-se a Educação Ambiental, principalmente no Ensino Formal de maneira lúdica, por

meio de dinâmicas, jogos e atividades que extrapolem o ambiente escolar, uma vez que, de

acordo com Santos (1997), o desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o

desenvolvimento pessoal, social e cultural, além de colaborar para uma boa saúde mental,

preparar para um estado interior fértil e facilitar os processos de socialização, comunicação,

expressão e construção do conhecimento.

Com esse propósito, este trabalho está organizado em seis capítulos: no primeiro,

realizou-se a introdução; no segundo, a revisão de literatura, na qual se define Educação

Ambiental na perspectiva dos autores selecionados para o estudo; também se descreve sobre a

Educação Ambiental na escola, a utilização de atividades lúdicas e, ainda, a importância do

professor durante a realização dessas atividades; no terceiro capítulo, tem-se a descrição da

metodologia; no quarto, descreveram-se os resultados obtidos a partir dos questionários

aplicados a professores e alunos; no quinto capítulo, descreveu-se a elaboração do produto.

Ao fim do trabalho, apresentaram-se as considerações finais.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O que é Educação Ambiental?

Nas últimas décadas, as preocupações referentes ao meio ambiente vêm se

intensificando devido à atuação “desrespeitosa” do homem em relação à natureza. Surge nesse

contexto a Educação Ambiental.

Mas, o que se pode definir como Educação Ambiental? Frente aos vários conceitos

que podem ser a ela atribuídos, destacam-se os que foram descritos logo abaixo.

A International Union for the Conservation of Nature – IUCN- (1970) definiu

Educação Ambiental como um processo de reconhecimento de valores e clarificação de

conceitos, voltado para o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias à

compreensão e à apreciação das interrelações entre o homem, sua cultura e seu entorno

biofísico.

Na Conferência de Tbilisi (1977), a Educação Ambiental foi definida como uma

dimensão dada ao conteúdo e à prática de educação, orientada para a resolução dos problemas

concretos do meio ambiente, através de um enfoque interdisciplinar e de uma participação

ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA- (1996) definiu a Educação

Ambiental como um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento

da consciência crítica sobre questões ambientais e de atividades que levem à participação das

comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.

Segundo o artigo 1º da lei nº 9795/99, da Política Nacional de Educação Ambiental, a

Educação Ambiental se constitui em processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

qualidade de vida e à sua sustentabilidade.

Para Mininni-Medina (2000), a Educação Ambiental é definida como um processo que

consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente. Apresenta

como finalidade elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma

posição, consciente e participativa, a respeito das questões relacionadas à conservação e à

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adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação

da pobreza extrema e do consumismo desenfreado.

Telles (2002) afirma que a característica fundamental da Educação Ambiental está no

seu objeto de estudo - o Meio Ambiente - considerando-se seus aspectos físicos, químicos e

biológicos, incorporando a ele toda uma rede de relações socioeconômicas, culturais,

políticas, ecológicas, éticas e estéticas.

Segundo Reigota (2009), a Educação Ambiental deve ser entendida como educação

política, no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir e construir uma

sociedade com justiça social, cidadanias (nacional e planetária), autogestão e ética nas

relações sociais e com a natureza.

Concorda-se com a definição de Reigota (2009) uma vez que o autor percebe na

Educação Ambiental a oportunidade de auxiliar os cidadãos a ter uma postura questionadora,

reflexiva e crítica da realidade.

No entender de Dias (2003), a Educação Ambiental é um processo por meio do qual as

pessoas aprendem como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e

como promovemos a sua sustentabilidade. O autor menciona a pretensão da EA, conforme

apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Pretensão da educação ambiental

Fonte: (DIAS, 2003, p. 100)

A partir das definições citadas pode-se dizer que a Educação Ambiental é uma forma

abrangente de educação que se propõe a atingir todos os cidadãos, e tem como objeto de

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estudo, o Meio Ambiente, em seus aspectos físicos, químicos, biológicos, socioeconômicos,

políticos, culturais, ecológicos, éticos e estéticos. Visa o desenvolvimento não só individual,

mas da coletividade, a fim de que haja a conservação do meio ambiente e, consequentemente,

uma sadia qualidade de vida.

2.2 Educação ambiental na escola

(...) a EA tem o importante papel de fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente. Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico da natureza, possibilitando, por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de transformação do atual quadro ambiental do nosso planeta. (GUIMARÃES, 2000, p.15)

Já é fato a importância da preservação do meio ambiente e a necessidade de mudanças

de hábitos e atitudes que levem à melhoria da qualidade de vida e ao equilíbrio ambiental.

Porém, para que isso realmente aconteça, é preciso criar e estimular o respeito e a consciência

no que tange à questão do consumo, do desmatamento e da economia.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Meio Ambiente e Saúde (BRASIL,

2001a), a principal função do trabalho com o tema, meio ambiente, é contribuir para a

formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade

socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da

sociedade, local e global.

Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de campo, com ações orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança, à atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992 apud EFFTING,2007, p.23).

Santos (2007) afirma que a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará

sequência ao seu processo de socialização, portanto, comportamentos ambientalmente

corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a

formação de cidadãos responsáveis.

Considerando-se a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo,

no tempo e no espaço, Pontalti (2005) postula que a escola deverá oferecer meios efetivos

para que cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua

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consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e para o

ambiente.

Em virtude das afirmações acima, é fundamental que cada aluno desenvolva as suas

potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos socioconstrutivos, colaborando

para a construção de uma sociedade socialmente justa, igualitária e fraterna.

Os mesmos Parâmetros Curriculares Nacionais de Meio Ambiente e Saúde e de

Ciências Naturais (BRASIL, 2001a; BRASIL 2001b) propõem que os conteúdos de Meio

Ambiente sejam integrados ao currículo através da transversalidade, pois serão tratados nas

diversas áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo

tempo, criar uma visão global e abrangente da questão ambiental.

Ainda segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Meio Ambiente e Saúde

(BRASIL, 2001a) é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se

proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem

de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação.

Uma tarefa importante para o professor, associada ao tema Meio Ambiente, é a de favorecer ao aluno o reconhecimento de fatores que produzam real bem-estar; ajudá-lo a desenvolver um espírito de crítica às induções ao consumismo e ao senso de responsabilidade e solidariedade no uso dos bens comuns e recursos naturais de modo a respeitar o ambiente e as pessoas da comunidade. A responsabilidade e a solidariedade devem se expressar desde a relação entre as pessoas com seu meio, até as relações entre povos e nações, passando pelas relações sociais, econômicas e culturais. (BRASIL, 2001a, p.49).

Effting (2007) afirma que a Educação Ambiental deve trabalhar não só com conteúdos

conceituais, mas também com os procedimentais e principalmente, atitudinais, a fim de que se

possa sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com

o ambiente e com as demais espécies que habitam o planeta. Dessa forma, poderá auxiliá-lo a

analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconsequente dos recursos

naturais e de várias espécies.

É a partir desta vivência de valores, que se criará,, segundo Barcelos (2008), as

possibilidades para uma vida adulta na qual a solidariedade, a cooperação, a responsabilidade,

a honestidade e a justiça não precisem ser o tempo todo lembrada.

No ambiente escolar, os alunos trazem consigo informações veiculadas pela mídia, as

quais seguem os padrões estabelecidos pelo interesse jornalístico. Faz-se necessário, portanto,

que a escola avalie tais informações, pois, segundo os PCNs de Meio Ambiente e Saúde

(BRASIL, 2001a), muitas vezes, os Meios de Comunicação Social (MCS) abordam o assunto

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de forma superficial ou equivocada, o que pode gerar conceitos insuficientes ou

desconectados da realidade do aluno e, por isso, tornam-se inviáveis como instrumento de

transformação da realidade. Cabe ao professor dar sentido a todo esse banco de dados

aparentemente desordenado, transformando a informação em conhecimento.

O trabalho com a realidade local possui a qualidade de oferecer um universo acessível e conhecido e, por isso, passível de ser campo de aplicação do conhecimento. Grande parte dos assuntos mais significativos para os alunos estão circunscritos à realidade mais próxima, ou seja, sua comunidade e região. E isso faz com que, para a Educação Ambiental, o trabalho com a realidade local seja de importância vital. (BRASIL, 2001a, p.48)

Segundo Reigota (2009), na Educação Ambiental escolar deve enfatizar-se o estudo do

meio onde vive o aluno, procurando levantar os principais problemas cotidianos, as

contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, os conhecimentos necessários

e as possibilidades concretas para a solução deles.

Dentro deste aspecto, o autor afirma que o fato de a Educação Ambiental priorizar o

cotidiano do aluno, não significa que as questões aparentemente distantes não devam ser

abordadas, pois não se deve esquecer que se está procurando desenvolver não só a sua

identidade e participação como cidadão brasileiro, mas também como cidadão planetário.

Assim, percebe-se que a escola tem papel fundamental na sensibilização ambiental do

aluno, uma vez que, segundo os PCNs de Meio Ambiente e Saúde (BRASIL,2001a), deve

proporcionar um ambiente escolar saudável e que seja coerente com o que pretende que seus

alunos aprendam, para que possa, de fato, contribuir para a formação de cidadãos conscientes

de suas responsabilidades com o Meio Ambiente e a capazes de ter atitudes de proteção e

melhoria em relação a ele.

2.3 A importância do elemento lúdico nas atividades de Educação Ambiental

"A seriedade procura excluir o jogo, ao passo que o jogo pode muito bem incluir a seriedade." (Huizinga1)

1 PROJETO tom da mata. Disponível: http://www.tomdamata.org.br/salaprofessor/educ_ambiental.asp. Acesso em: 15 ago.2010

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Segundo Barcelos (2008), novas alternativas metodológicas na educação em geral, na

Educação Ambiental em particular, precisam de um envolvimento afetivo, lúdico e amoroso

de todos aqueles que se dedicam, sob pena de a transformarmos em mais uma mera tarefa a

ser cumprida. Cita ainda que, o grande desafio dos educadores e pesquisadores em Educação

Ambiental é criar uma forma em que a temática ambiental esteja presente em todas as

disciplinas ou no maior número possível delas.

Então, percebe-se a necessidade de buscarem-se alternativas para o trabalho com a

Educação Ambiental e a validade do trabalho lúdico multidisciplinar, tendo em vista que o

aprendizado se dá por intermédio de atividades que envolvem a descontração, ao mesmo

tempo em que integra conhecimentos e habilidades.

Sato (2003) citado por Evangelista (2009) afirma que “ensinar” Educação Ambiental

faz parte de um sistema educativo muito complexo e, por isto, é necessário que haja diferentes

formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, introduzindo mais

criatividade e abandonando os modelos tradicionais.

Em sua origem, a palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Neste brincar,

estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos, mas o significado é relativo também à

conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa do jogo

oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de

mundo, conforme Teixeira, Rocha e Silva (2005).

Diversos autores defendem a importância do lúdico para a aprendizagem das crianças.

Segundo Cunha (1994),

o lúdico aplicado à prática pedagógica não apenas contribui para a aprendizagem da criança, como também possibilita ao educador tornar suas aulas mais dinâmicas e prazerosas. No entanto, ressalta que a brincadeira oferece uma "situação de aprendizagem delicada", isto é, o educador precisa ser capaz de respeitar e nutrir o interesse da criança, dando-lhe possibilidades para que se envolva em seu processo. Do contrário, perde-se a riqueza que o lúdico representa. (apud MIRANDA et al, 2010, p.188)

E, também, Pereira (2005) que afirma:

a dimensão lúdica aponta para a consideração dos anseios das crianças e dos jovens numa educação mais humanizada, que respeite suas necessidades, sua alegria, seu espírito inovador, bem como para os anseios de todos os que desejam uma sociedade mais igualitária, grávida de valores tais como a solidariedade, o altruísmo, a humanidade, a cooperação, a coletividade. Por estar aberta ao imprevisível, por ser flexível, por permitir a livre expressão, a espontaneidade, o contato, o calor, a emoção, por considerar o outro como sujeito participante de um processo que deve ser coletivo, partilhado, enfim, por considerar a ludicidade dimensão significativa na formação, a

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educação lúdica pode se constituir como uma alternativa para a formação do ser humano, numa perspectiva de formar criança e adulto não somente para conhecer, mas para sentir, para viver, para ser feliz. (PEREIRA, 2005. p.137)

Dohme (2008) diz que as atividades lúdicas podem desenvolver diversas habilidades e

atitudes interessantes no processo educacional e diversas características, como: participação

ativa do aluno no processo de ensino-aprendizagem, exercício do aprender fazendo e aumento

da motivação em participar.

Para ele, a educação considerada sob seu aspecto mais amplo deve possibilitar o

desenvolvimento não só em conhecimentos, mas também nos aspectos físico, intelectual,

afetivo, social, artístico, espiritual e ético.

De acordo com Vygotsky (2007), é no brinquedo que a criança aprende a agir numa

esfera cognitiva. Segundo ele, a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas

atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária, quanto pela

capacidade de subordinação às regras.

A partir das afirmações acima, pode-se dizer que as atividades lúdicas podem ser

eficientes para o trabalho de Educação Ambiental, uma vez que favorecem a motivação, o

interesse e a participação dos alunos, além de favorecer situações de diálogo entre o educador

e o educando, fundamental para o desenvolvimento de posturas éticas e respeitosas em

relação ao outro e ao ambiente.

A Educação Ambiental busca a construção da consciência de que é preciso viver em

um mundo diferente, transformador, harmônico, equitativo. As informações, os dados, as

análises são importantes, mas, na prática de sala de aula, o trabalho não deve limitar-se ao

puro raciocínio lógico formal, nem à transmissão dos conteúdos programáticos, para que não

se torne cansativo e pouco atrativo aos alunos, acabando por não mudar posturas em relação à

questão ambiental.

A EA deve ser um instrumento de sensibilização e capacitação do ser humano em relação à temática ambiental e o uso do lúdico através de diversas atividades auxilia no desenvolvimento de atitudes ambientalmente responsáveis, desde a mais tenra idade, com o objetivo de apoiar a formação de uma consciência ambiental crítica que leve a mudanças de comportamentos e atitudes (GUERRA; GUSMÃO; SIBRÃO, 2004 apud EVANGELISTA, 2009, p.46)

Hoje, a função da escola não é apenas a de informar, mas de formar cidadãos

participativos na sociedade. Observa-se então que, o conhecimento não é uma simples

aquisição baseada na retenção informar-aprender ou ensinar-aprender. O conhecimento se dá

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também por meio de relações e de atribuição de significado àquilo com que se toma contato

nas situações de ensino-aprendizagem. Daí a importância de uma prática educativa que

vislumbre o aluno como o autor da sua própria aprendizagem.

Edgar Dale, autor do “Cone das Experiências”, (Figura 1), citado por Telles (2002),

enfatiza que o ensino puramente teórico (simbólico-abstrato) deve ser evitado, pois o que é

imediatamente vivenciado permite uma aprendizagem mais efetiva.

Eis o modelo representacional do “Cone das Experiências”:

Figura 2 - O Cone das Experiências de Edgar Dale Fonte: Adaptado de Telles (2002)

A base do cone representa as experiências diretas com a realidade, as instâncias

seguintes indicam, progressivamente maior grau de abstração, à medida que se aproximam do

vértice do cone. O processo de aprendizagem é tanto mais eficaz, quanto mais se possa

realizar uma experiência direta.

Segundo Reigota (1994) apud Evangelista (2009), é extremamente importante

introduzir mais criatividade nas novas metodologias, abandonar os modelos tradicionais e

buscar novas alternativas. Os recursos didáticos mais artísticos e criativos são mais adequados

à perspectiva inovadora que a Educação Ambiental propõe atualmente.

Enfim,

As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde [sic] ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, a liderança seja solicitada ao exercício de valores éticos e

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muitos outros desafios que permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes. (DOHME, 2008, p. 113)

2.4 A importância dos jogos pedagógicos

Jogos são instrumentos pedagógicos de grande potencial integrador, que oferecem a

oportunidade do indivíduo encontrar-se, conhecer o outro e o mundo. Além de oferecer a

oportunidade de aquisição da capacidade de síntese.

De acordo com Kishimoto (1994), o jogo na educação é importante porque promove o

equilíbrio entre duas funções: a função lúdica, através da qual o jogo propicia diversão e

prazer, e a função educativa, na qual o jogo tem a possibilidade de ensinar qualquer coisa que

compete ao indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua compreensão do mundo.

Vários autores discutem sobre a utilização de jogos na educação, seja citando sua

importância, seja assinalando seus cuidados e limites.

Por um lado, o jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social e moral e a aprendizagem de conceitos. Por outro lado, é necessário compreender o jogo no contexto educativo em sua justa medida, sem reduzi-lo ao trabalho e sem que o mesmo venha substituir a realidade (BRENELLI, 1996, p. 140)

Macedo (1994), citado por Sisto (1996), defende os jogos, especialmente os de regras,

porque criam um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e construir

conhecimento de acordo com os limites da criança. Permitem, ainda que indiretamente, uma

aproximação ao mundo mental da criança, pela análise dos meios e pelos procedimentos

utilizados ou construídos durante o jogo. Ao jogar, a criança tenta resolver a situação-

problema gerada pelo jogo, a fim de alcançar o seu objetivo (ganhar o jogo), cria

procedimentos, organiza-os em forma de estratégias e avalia-os em função dos resultados

obtidos.

Brenelli (1996) menciona que Piaget considera o jogo como uma atividade em que

prevalece a assimilação e reveste-se de um significado funcional, por meio do qual a realidade

é incorporada pela criança e transformada, quer em função de seus hábitos motores (jogo de

exercício), quer em função das necessidades do eu (jogo simbólico), quer em função das

exigências de reciprocidade social (jogo de regras).

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O educador deve tomar o cuidado para que o jogo não fique pouco interessante, o que

segundo Petty e Passos (1996), pode acontecer em pelo menos dois casos, sendo eles: se a

tarefa proposta for muito difícil ou impossível de ser cumprida, ou se for muito fácil,

tornando-se, por isso aborrecida e entediante. Sendo assim, é o adulto que dá o “tom” de

desafio, adequando a atividade à criança. Deve-se cuidar para que esse tom seja mantido,

evitando que o jogo se transforme em mais uma tarefa obrigatória. Nesse sentido,

O profissional que se dispõe a trabalhar com jogos deve fazer disso uma rotina, que não precisa ser diária, mas deve ter um espaço definido dentro de seu trabalho. Com isso, fica subentendido que a freqüência é um fator importante e o hábito de pensar sobre o jogo, uma condição fundamental. (PIAGET, 1936, apud SISTO, 1996, p.166)

Segundo Bomtempo (2003), jogando e brincando, a criança desenvolve as

significações do aprender e enriquece a linguagem oral, as habilidades e estratégias,

preparando-se para enfrentar com sucesso as situações do cotidiano. Pelo seu caráter coletivo,

o jogo possibilita:

• Socializar-se;

• atenuar o egocentrismo e a inibição;

• desenvolver o raciocínio lógico;

• interpretar, modificar e criar regras;

• amadurecer-se emocionalmente;

• extravasar energia; etc.

2.5 As dinâmicas de grupo como instrumentos de aprendizagem

As dinâmicas de grupo são instrumentos, ferramentas que estão dentro de um processo

de formação e organização, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento. Elas

oferecem às crianças, adolescentes e adultos uma resposta às necessidades lúdicas escassas

em diversos ambientes, com o objetivo de primeiro integrar o grupo e possibilitar o feedback

de dados, “esta estratégia chamada também de Jogos de simulação tem se mostrado bastante

efetiva com as crianças e os adultos” (TELLES, 2002, p.45).

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Conforme análise feita em DINÂMICAS DE GRUPO (2001) 2, as dinâmicas podem

ser utilizadas em diversas situações, como:

• para levantar a prática: o que pensam as pessoas, o que sentem, o que vivem e

sofrem;

• para desenvolver um caminho de teorização sobre esta prática como processo

sistemático, ordenado e progressivo;

• para retornar à prática, transformá-la, redimensioná-la;

• para incluir novos elementos que permitem explicar e entender os processos

vividos.

Dentre as vantagens das dinâmicas de grupo, podem-se destacar:

• desenvolvem um processo coletivo de discussão e reflexão;

• ampliam o conhecimento individual, coletivo, enriquecendo seu potencial e

conhecimento;

• possibilitam criação, formação, transformação e conhecimento, nos quais os

participantes são sujeitos de sua elaboração e execução;

• criam um ambiente seguro e controlado para o aprendizado;

• estimulam os participantes a utilizarem os seus próprios conhecimentos;

• demonstração, de forma clara, do resultado de suas ações e comportamentos;

• os participantes podem atuar de diferentes perspectivas, revezando-se na execução

das atividades propostas;

• conexão direta entre a teoria e a prática;

• implementação em todos os tipos de programas e processos de aprendizado;

• efetivo e divertido modo de aprender.

Todavia é preciso salientar que uma técnica por si só não é formativa, nem tem um

caráter pedagógico. Para que ela sirva como ferramenta educativa deve ser utilizada em

função de temas específicos, com objetivos concretos e aplicados de acordo com os

participantes com os quais se esteja trabalhando. Portanto, antes de realizar-se uma dinâmica,

2 DINÂMICA de grupo. 313 ed. Fevereiro de 2001. p.20. Disponível: http://www.casadajuventude.org.br. Acesso em: 15 set. 2006.

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o educador deve ter em mente além dos objetivos, os materiais a serem utilizados, o ambiente,

o tempo e o número de participantes.

2.6 O papel do professor na utilização das atividades lúdicas de Educação Ambiental

O professor é de fundamental importância na transformação do conhecimento,

portanto nas mudanças educativas é imprescindível que seu papel seja desempenhado de

forma eficaz. Decorre daí sua importância em relação à Educação Ambiental, pois

o professor precisa ter um bom nível de conhecimento das estratégias didáticas e métodos de ensino que fazem com que o conteúdo complexo seja compreensível e interessante para os estudantes e que promovam um desenvolvimento conceitual do conteúdo e das estruturas mentais do aluno, ao mesmo tempo que propiciam o desenvolvimento integral dos alunos e o exercício prático da cidadania. (LEITE; MEDINA, 2001, p. 89).

O educador deve atuar como um facilitador da aprendizagem, ao mesmo tempo em

que um fomentador da curiosidade de seus alunos. Para isso, deverá criar estratégias que

facilitem o aprendizado, motivem o aluno e propiciem a participação e interesse nas

atividades de Educação Ambiental. Então, nota-se que o professor deve ser capaz de aplicar

uma política educativa que vise a criatividade e a espontaneidade dos alunos.

É importante ressaltar também, que, mais importante do que o tipo de atividade

desenvolvida é a forma como ela é orientada e como é vivenciada. Portanto, cabe ao professor

considerar o contexto pedagógico, examinar as características do jogo e a adequar ao grupo e

ao momento. O educador ambiental deve levar em conta a diversidade de olhares dos

educandos sobre o mundo. A construção de conhecimento deve ser um processo democrático,

no qual as relações em classe se baseiem no respeito às opiniões e à liberdade de expressão

dos variados pontos de vista, tanto dos alunos, quanto dos professores. Assim,

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade local e global. Para isso é necessário que mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com formação de atitudes e valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. (BRASIL, 2001a, p. 29).

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Na utilização de dinâmicas e de jogos, o professor deve acompanhar, incentivar a

participação de todos, registrar o desempenho dos alunos, observar as diferenças individuais,

fornecer pistas e realizar a mediação entre possíveis conflitos.

O professor deve, antes de tudo, lembrar a importância da construção do conhecimento pelo aluno e assim, utilizar-se de todos os meios lícitos que possibilitem instigar a curiosidade do educando até que este chegue à formulação do conhecimento. Não basta transferir o conhecimento, mas sim, criar possibilidades para a sua construção pelo educando. O detalhe a ser posto em evidência, importa na concepção de que o entendimento não pode ser transferido, mas sim absorvido. (FREIRE, 2003 apud RODRIGUES; NETO; VOLPI, 2004, p.2).

Uma função importante do professor é a de ajudar o aluno a desenvolver o espírito de

crítica às induções ao consumismo e o senso de responsabilidade e de solidariedade no uso de

bens comuns e recursos naturais, de modo a respeitar o ambiente e as pessoas da sociedade.

Alguns autores, como Santos (1997) defendem ainda a necessidade do trabalho lúdico

nos cursos de formação de professores. Esta dimensão é, segundo a autora, elemento

fundamental para que o professor tenha condições de incorporar uma dimensão lúdico-

pedagógica à sua prática docente. Para a autora, quanto mais o adulto vivenciar sua

ludicidade, maior será a chance de esse profissional trabalhar com a criança de forma

prazerosa.

Santos (1997) afirma que a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como

pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a

importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. Portanto,

deve-se buscar ensinar e sensibilizar o professor-aprendiz para que, através de atividades

dinâmicas e desafiadoras, despertem no sujeito-aprendiz o gosto e a curiosidade pelo

conhecimento.

O educador deve planejar suas ações e definir seus objetivos sem esquecer que os

alunos têm interesses, motivações, crenças e propostas que devem ser consideradas pelo

professor. Poderão ser criados também ambientes de discussão em sala de aula, na qual os

educandos possam dar opiniões, manifestar-se positiva ou negativamente em relação a um

determinado assunto, ouvir opiniões de colegas e exercitar a importância da cooperação e do

trabalho conjunto.

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3 METODOLOGIA

Num primeiro momento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos e

em textos da internet investigando-se a respeito da utilização de atividades lúdicas na

Educação Ambiental.

Posteriormente, aplicou-se um questionário a 25 professores, atuantes em diversos

níveis do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Em sua maioria, esse grupo de professores

era composto por docentes de escolas da rede pública e particular de Mariana, Minas Gerais, e

por alguns alunos do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC Minas3.

O questionário continha perguntas referentes à maneira que são desenvolvidas as aulas

de Ciências, em especial os conteúdos relacionados à Educação Ambiental, a fim de que se

pudesse observar a presença ou não do aspecto lúdico na realização das aulas e o pensamento

dos educadores a respeito da utilização de atividades lúdicas em sala de aula.

Após a aplicação do questionário aos professores, realizou-se uma pesquisa

bibliográfica sobre dinâmicas para sala de aula a respeito da temática “lixo”. Foram

selecionadas as atividades de acordo com o conteúdo, o custo e a simplicidade, ou seja,

atividades que fossem fáceis de serem utilizadas em sala de aula, independentemente do nível

social e econômico da escola. Atividades em que o professor não precisasse de muitos

materiais disponíveis.

A seleção das dinâmicas foi feita de maneira a proporcionar momentos para

sensibilização, reflexão, revisão de conceitos, tomada de decisão e reflexão sobre mudança de

postura. Essas atividades foram adaptadas ao tema e ao público alvo (alunos do Ensino

Fundamental II).

Após a seleção e montagem das dinâmicas, foi pedida autorização à escola para que as

dinâmicas fossem testadas. A partir do momento que a autorização foi concedida, convidou-se

os alunos dos 8os anos, turma em que a pesquisadora é professora, para participarem da

pesquisa, num período extraclasse.

Aos alunos que se interessaram em participar da pesquisa, foi entregue um termo de

consentimento que deveria ser assinado pelos pais a fim de obter-se a autorização para a

participação de seus filhos na pesquisa e para a divulgação das imagens registradas.

A aplicação das atividades aconteceu no período de cinco dias, alternados em duas

semanas, durante o turno da tarde, com duração de 2 horas cada encontro.

3 Todos os alunos deste curso são professores da Educação Básica e/ou Ensino Superior.

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No primeiro dia, antes da realização das atividades, aplicou-se um pré-questionário, a

fim de verificar quais estratégias os alunos achavam mais interessantes em sala de aula e quais

os motivos para a(s) escolha(s). Além disso, no pré-questionário, haviam também questões

relacionadas aos temas que seriam trabalhados durante as dinâmicas, para verificar se haveria

alguma modificação em suas respostas após as atividades, o que indicaria uma possível

aprendizagem com as dinâmicas.

As dinâmicas foram então aplicadas e, após a realização das atividades aplicou-se um

pós-questionário para saber o que alunos acharam das atividades, quais os pontos negativos e

positivos daquelas e se tais atividades haviam contribuído para o aprendizado.

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4 RESULTADOS

4.1 Percepção dos professores sobre a utilização de atividades lúdicas na sala de aula

No início deste trabalho, para procurar entender a percepção dos professores sobre a

utilização de atividades lúdicas na sala de aula, aplicou-se, conforme mencionado, um

questionário a 25 professores, que continha 12 perguntas relacionadas às estratégias de ensino

utilizadas pelo professor (APÊNDICE A)

Compunha o quadro de professores entrevistados 22 mulheres e 3 homens. Desses

professores, 15 lecionavam somente no Ensino Fundamental I, 2 deles apenas no Ensino

Fundamental II e 1 no Ensino Médio. No entanto, dentre esses professores, 2 davam aula nos

três níveis de ensino, 2 lecionavam no Ensino Fundamental II e Médio e 1 no Ensino

Fundamental I e Médio.

Com relação à experiência dos docentes, verificou-se que a maior parte trabalha na

área da Educação entre 11 a 15 anos (GRÁFICO 1).

Gráfico 1 - Experiência docente dos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa, 2009

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Dos entrevistados, 15 professores lecionam em somente uma escola, enquanto, 10

lecionam em duas escolas. Destes, 20 educadores trabalham somente em Escola Pública, 3 em

Escola Pública e Privada e 2 apenas em Escola Pública.

A maior parte dos professores declarou utilizar diversas estratégias para tornar as aulas

mais atraentes, prazerosas e para despertar a curiosidade e o interesse dos alunos, além de

tentar tornar a aprendizagem mais significativa, evidenciando o quanto as Ciências são

interessantes e o quanto fazem parte do nosso cotidiano.

Um professor citou que opta por diversificar a metodologia e tenta trabalhar os

múltiplos saberes, presentes em sala de aula, para atingir o máximo de alunos e desenvolver

neles as habilidades e as competências por ele ansiadas.

Das estratégias mais utilizadas em suas aulas, as mais citadas pelos professores foram:

aulas expositivas, seguidas de debates e filmes, como pode ser observado no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Estratégias mais utilizadas pelos professores nas aulas Fonte: Dados da pesquisa, 2009

Um dos professores ressalta a utilização da aula expositiva porque os alunos estão

“mal” acostumados a querer que o professor explique e que eles ouçam; e “a gente” acaba se

acomodando a explicar sempre a matéria.

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Reigota (2009) afirma que as aulas expositivas não são muito recomendadas na

Educação Ambiental, mas elas podem ser muito importantes, quando bem preparadas e

quando deixam espaço para os questionamentos e a para participação dos alunos.

Foram vários os motivos citados para utilização das outras metodologias, citadas no

gráfico 2, dentre eles destacam-se, a questão de serem estratégias desafiadoras, dinâmicas,

atrativas e de permitirem diferentes interações entre educador e educando; além de

favorecerem a socialização e consecutivamente, o processo ensino aprendizagem.

Quando questionados se utilizam atividades lúdicas em suas aulas, a maior parte dos

professores disse que sim e justificaram que essas atividades facilitam a aprendizagem,

tornando-as mais significativas. Disseram também utilizá-las porque os alunos se sentem mais

motivados e se interessam mais pela aula. (GRÁFICO 3)

Gráfico 3 - Professores que utilizam atividades lúdicas nas aulas Fonte: Dados da pesquisa, 2009

Outra justificativa citada pelos professores é que utilizam as atividades para que os

alunos adquiram habilidades de participação em discussões e em grupos, incentivando-os a

serem mais ativos no processo de aprendizagem.

Utilizam-nas, também, por acreditarem que tais estratégias, além de trabalhar algumas

habilidades e competências, que uma aula expositiva não contempla, ajudam a diversificar o

ambiente escolar, deixando-o mais descontraído. No mais, durante a realização dessas

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estratégias o professor e os próprios alunos ficam mais próximos uns dos outros, segundo

respostas ao questionário.

Segundo Guimarães (1995) citado por Campos e Cavassan (2003), no processo de

Educação Ambiental, a conjugação do aspecto lúdico e criativo das atividades e dos

procedimentos são importantes para envolver o educando. Reforça, inclusive, que a

sensibilização do educando deverá ser seguida de uma relação prazerosa com o processo.

Os professores que disseram não utilizarem atividades lúdicas citaram como problema,

para este tipo de estratégia, o tempo limitado e a questão dos alunos não utilizarem o material

corretamente, perdendo-se,dessa forma o sentido pedagógico da atividade.

Ao serem questionados sobre as estratégias que acreditam que os alunos mais gostam

em sala de aula, as dinâmicas são as mais citadas (GRÁFICO 4). Pois, estas, segundo os

professores, fazem com que o aluno participe efetivamente, promovem a descontração e a

fuga da rotina da sala de aula. Além disso, prendem a atenção dos alunos e aguçam a

curiosidade, a criatividade e a coordenação motora.

Gráfico 4 - Estratégias que os professores acreditam que os alunos mais gostam

Fonte: Dados da pesquisa, 2009

As estratégias mais citadas são justificadas pelos professores pela possibilidade de

explorar outros espaços da escola. Um professor justifica ser este o momento em que a escola

volta a ter movimento e cor. Os alunos saem de um saber “estático” e “vão em busca” de um

saber interativo, seja com o professor, colegas ou seja até mesmo em materiais de suportes.

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Ao serem questionados sobre o que faz uma aula despertar o interesse dos alunos, os

professores citaram motivos relacionados principalmente à preparação da aula, como: a

didática, a disciplina, a criatividade do professor, o entusiasmo e a maneira como o conteúdo

é trabalhado. Citaram que as aulas são mais interessantes, quando são bem preparadas e que o

aluno consegue perceber o início, meio e fim.

Segundo os professores entrevistados, o aluno se interessa pela aula quando o

professor tem domínio do conteúdo e trabalha de maneira diversificada, utilizando-se de

estratégias que busquem a participação, o interesse e agucem sua curiosidade.

Foi citada, ainda, a importância de o tema ser significativo, instigador, atual e ser

relacionado à realidade do aluno, o que pode ser relacionado com a ideia de Reigota (2009).

Segundo o autor, na Educação Ambiental escolar, deve enfatizar-se o estudo do Meio

Ambiente onde vive o aluno, procurando levantarem-se os principais problemas cotidianos, as

contribuições da ciência, da arte, dos saberes populares, enfim, dos conhecimentos

necessários e das possibilidades concretas para a solução de tais problemas.

De acordo com os PCNs- Meio Ambiente,

Temas da atualidade, em contínuo desenvolvimento, exigem uma permanente atualização; e fazê-lo junto com os alunos é uma excelente oportunidade para que eles vivenciem o desenvolvimento de procedimentos elementares de pesquisa e construam, na prática, formas de sistematização da informação, medidas, considerações quantitativas, apresentação e discussão de resultados etc. (BRASIL, 2001a, p.30)

Medina (1996) citado por Medina (2002) afirma que, o currículo de Educação Ambiental deve

ser resultado de um processo de interação e negociação, no qual os alunos tracem suas experiências

vitais e o educador contribua com uma visão do conhecimento científico e histórico-social que seria

desejável adquirir (FIGURA 3)

Figura 3 - O Currículo de Educação Ambiental como processo de interação professor – aluno Fonte: Medina (2002)

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Os recursos didáticos, a postura corporal e vocal do professor também são, segundo os

professores, motivos que podem despertar o interesse dos alunos.

Segundo Oliveira (2001), selecionar recursos para ensinar significa adequar a situação

de forma a propiciar ao estudante a melhor situação possível da realidade ou levá-lo a

aprender utilizando fatos e objetos reais.

Quando questionados sobre o que faz uma aula se tornar desinteressante para o aluno,

a maior parte dos professores diz ser quando é tradicional, isto é, sem atrativos para o

educando; com muita oralidade e explicações intermináveis, tom de voz fraco e ausência de

expressão corporal por parte do professor. É desinteressante aquela aula que não acrescenta

nada ao aluno, na qual as idéias e conceitos trabalhados pelo professor já são previsíveis, uma

aula que o aluno tem uma passividade cognitiva e dialógica.

Alguns responderam fazer com que a aula se torne desinteressante o fato de serem

repetitivas e sem estratégias diversificadas, o que não desperta o interesse e a motivação dos

alunos. Aula “maçante” com pouca oportunidade de participação do aluno, a desmotivação

dos professores, a falta de domínio do conteúdo e as aulas descontextualizadas, com assunto

muito distante da realidade do aluno.

Segundo Oliveira (2001), a monotonia inibe a participação efetiva, interação e

aprendizagem dos estudantes e faz com que os objetivos de uma atividade sejam totalmente

desvirtuados.

Ao serem questionados a respeito das estratégias que acreditam conduzirem a um

melhor aprendizado, aquelas citadas com maior frequência foram os jogos e excursões

(GRÁFICO 5). Justificando-se ser a motivação um fator favorável a aprendizagem, o que é

facilmente ativado por meio dessas estratégias. Responderam ainda que os alunos têm de

pensar para jogar, raciocinar sobre como agir e como relacionar as informações do jogo aos

conhecimentos prévios. Em relação às excursões, declaram que o aluno aprende mais quando

vê o que está estudando, observação que vai ao encontro da proposta do “Cone das

Experiências”, de Edgar Dale, mencionado anteriormente.

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Gráfico 5 - Estratégias que os professores acreditam que os alunos aprendam mais. Fonte: Dados da pesquisa, 2009

Foi questionado aos professores se eles acreditam que as atividades envolvendo

brincadeiras podem facilitar a aprendizagem. Dentre os professores, 24 disseram acreditar que

sim, pois essas estratégias, segundo respostas, despertam e motivam o interesse dos alunos

para o tema em questão.

A maneira como estão estruturadas as atividades lúdicas e como o professor as

conduzem, pode acrescentar uma base conceitual significativa, não desconsiderando a

aprendizagem procedimental e atitudinal que está por trás destas. Esta foi uma menção

encontrada nos questionários.

Os resultados do questionário serviram para reforçar a pesquisa, pois a maioria dos

professores entrevistados reconhece serem as atividades lúdicas importantes para o

desenvolvimento de suas aulas e acreditam que tais atividades possam aguçar o interesse, a

criatividade e a motivação do aluno, favorecendo-se, assim, a aprendizagem.

De acordo com Rosa (2000), citado por Ferreira et. al (2009), a escola possui o papel

fundamental de estimular a criatividade, dando condições para que os educandos

desenvolvam suas capacidades e habilidades.

Concorda-se com Rosa (2000) e acredita-se que o desenvolvimento de atividades com

o caráter lúdico possui esta capacidade e, além de estimular a criatividade, torna-se um

facilitador do ensino, contribuindo para a aprendizagem dos conteúdos propostos.

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Assim como os professores entrevistados, deduz-se aqui, com base no pesquisado, que

o processo ensino-aprendizagem pode tornar-se muito mais prazeroso a partir do momento em

que o professor utiliza variadas estratégias e “busca” a participação do aluno, despertando-lhe

a curiosidade e interesse pelo assunto.

4.2 Percepção dos alunos a respeito da utilização de atividades lúdicas na educação

Antes de testar as dinâmicas com os alunos, foi aplicado um pré-questionário

(APÊNDICE B) que continha, ao todo, 12 perguntas, sendo este dividido em duas partes: uma

relacionada às estratégias de ensino e outra relacionada aos seus conhecimentos ambientais,

relacionados à problemática do lixo. Ao todo, responderam ao questionário 23 alunos, todos

do 80 ano do Ensino Fundamental II.

4.2.1 Primeira parte do questionário - Estratégias de ensino

Quando questionados sobre as estratégias que mais gostam que sejam utilizadas pelo

professor, a maioria dos alunos citou jogos, dinâmicas e excursões, como mostra o gráfico 6.

Gráfico 6 - Estratégias que os alunos mais gostam de aprender Fonte: Dados da pesquisa, 2010

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Dentre os motivos que justificam suas escolhas são, principalmente, o fato de

considerarem que aprendem e ao mesmo tempo se divertem, além de considerarem estimular

e facilitar a aprendizagem. Motivos esses citados também pelos professores, ao serem

entrevistados.

Um aluno menciona ainda que, essas atividades lhes fazem interagir melhor com o

conteúdo e, no caso de jogos e filmes, mostram-lhes situações em que podem refletir e

aplicar o conteúdo no seu dia a dia. Elemento que corrobora para a importância do conteúdo

estar relacionado ao cotidiano do educando.

A fim de verificar se a atividade que mais gostam é também a que consideram ser na

qual mais aprendem, os alunos foram questionados sobre o seguinte: “Das estratégias citadas

na questão anterior, com qual você acha que aprende mais?”

Neste caso, suas respostas foram um pouco diferentes, pois as estratégias mais citadas,

como pode ser notado no Gráfico 7, foram as excursões e as aulas práticas. Resposta que

coincide com àquelas dadas pelos professores em suas entrevistas.

Gráfico 7 - Estratégias em que o aluno acredita aprender com mais facilidade Fonte: Dados da pesquisa, 2010

Para justificar a escolha das excursões alguns alunos citaram o seguinte:

“ Pois a gente conhece outros lugares e aprende com isso.”

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“Pois indo em lugares diferentes, pode-se descobrir novidades.”

Para justificar a escolha das aulas práticas, obteve-se afirmações como:

“ Pois elas nos fazem tirar da teoria e passar para a prática do conteúdo, nos

fazendo aprender mais.”

“Porque eu acho que na prática aprende mais que na teoria.”

“Porque a gente teria conhecimento por conta própria.”

A partir desses resultados, pode-se sugerir que, durante as aulas relacionadas a

temática ambiental, os professores utilizem excursões ou, até mesmo, trabalhos de campo em

locais próximos a escola, já que, segundo Carvalho(1989) citado por Seniciato e Cavassan

(2003), no campo, o aluno deve ter a oportunidade de transcender o imediato e o particular,

de pensar sobre o significado da vida, de maravilhar-se com a natureza.

Segundo Lanz (1990), citado por Seniciato e Cavassan (2003), aulas de campo em

ambientes naturais podem representar não só a possibilidade de transposição do abstrato para

o concreto, mas também uma oportunidade para que os alunos assumam valores estéticos e

positivos.

Retornando ao questionário, ao serem questionados sobre o que faz uma aula ser

“legal”, os alunos fizeram afirmações como: “aulas diferentes e estimulantes”; “uma aula

diversificada, diferente em outros lugares”; “ser diferente, ter novas táticas de

aprendizagem”; “ser diversificada e não ser a mesma coisa todos os dias. Ter filmes, jogos,

dinâmicas, entre outros”. Isso demonstra que estratégias variadas são atraentes para os

alunos.

Segundo Lanz (1990), citado por Seniciato e Cavassan (2003), cada dia de aula

deveria ser, para os alunos, uma série de vivências que lhes despertassem a admiração, o

entusiasmo diante das maravilhas do mundo, da história, da matematemática etc.

De acordo com os alunos, o professor ser “legal” também contribui para uma aula ser

legal.

Percebe-se que os alunos preferem aulas nas quais eles podem participar e expressar as

suas opiniões, observado quando dizem que uma aula legal é “uma aula que envolva todos os

alunos e professores”; “uma aula diversificada, sem o professor falando 50 minutos”; “uma

aula diferente em que todo mundo participa”; “ter o envolvimento da turma em uma aula que

nos faça aprender o conteúdo na prática”.

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Segundo Talamoni e Sampaio [orgs.] (2003), a participação ativa dos estudantes é

condição essencial na formação de atitudes que visem a autonomia e a iniciativa. Dessa

forma, devem ser valorizados procedimentos pedagógicos inovadores que contemplem esta

atitude.

Ao serem questionados sobre o que faz uma aula ser chata, a necessidade de

participação do aluno é novamente percebida quando eles fazem afirmações do tipo: “o

professor ficar explicando a matéria 50 minutos sem deixar o aluno falar um A sequer”;

“uma aula é chata quando o professor só fala,fala e fala”; “o professor ficar falando e não

parar e os alunos calados”; “o professor ficar o tempo todo falando. Isso dá sono”.

Segundo Reigota(2009), com metodologias que permitem e convidam à participação,

o aluno ou a aluna contrói e desenvolve progressivamente o seu conhecimento e o seu

comportamento em relação ao tema, junto com os colegas, os professores, e os seus

familiares, de acordo com a idade e a capacidade de assimilação e de intervenção naquele

momento de sua vida.

Ainda, de acordo com Reigota (2009), a Educação Ambiental que visa a participação

do cidadão na solução dos problemas está mais próxima das metodologias que permitam

questionar dados e idéias sobre um tema específico, propor soluções e apresentá-los

publicamente.

Segundo Elias (2000), citado por Dohme (2008), o educando (criança ou adulto) não é

passivo, um mero receptor, mas está em constante atividade, tudo quer conhecer, cabendo à

escola não anular esta vivacidade e esse interesse com imposições e, sim, ativá-los

constantemente.

A diversidade de estratégias é novamente explicitada ao se questionar o que faz com

que uma aula seja chata, é o que se pode ler em: “só coisas repetitivas em todas as aulas”;

“ficar na sala o tempo todo”, “uma aula que só tem leitura, que faz a gente dormir”.

Soares (2004), citado por Evangelista e Soares (2008) afirma que no processo

educativo, há a necessidade inerente de um diálogo, troca e intercâmbio entre o educador e o

educando. Caso contrário a aula transforma-se num monólogo cansativo e sem função.

Questionados se eles acreditam que atividades envolvendo brincadeiras podem

facilitar a aprendizagem, apenas 1 aluno respondeu que não, justificando que “alguns alunos

levam muito na brincadeira, então fica sendo somente diversão.”

Os alunos que acreditam que essas atividades podem facilitar a aparendizagem,

apresentam as seguintes justificativas: "pois a pessoa fica mais envolvida no trabalho e isso

facilita a aprendizagem”; “pois em uma aula legal todo mundo presta atenção e o

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aprendizado aumenta”; “os alunos iriam se interessar mais e prestar mais atenção. Iria

ajudar na aprendizagem”; “porque os alunos conseguem prestar mais atenção”; “porque

além de divertido a gente aprende brincando ao mesmo tempo”; “pois elas nos ajudam a

interagir com o conteúdo”.

De acordo Talamoni e Sampaio [orgs.] (2003), as dimensões estéticas e afetivas

também devem ser contempladas ao se propor atividades para a formação de atitudes em

educação ambiental.

As atividades que os alunos mais responderam gostar são aquelas com caráter lúdico,

como dinâmicas e jogos, por ensinar e divertir ao mesmo tempo. Porém, quando questionados

sobre as atividades que eles mais aprendem, as atividades lúdicas, como os jogos e as

dinâmicas não são tão citadas. Acredita-se que isso aconteça devido a alguns alunos não

reconhecerem esse tipo de atividade como apresentando um caráter pedagógico.

Segundo Dohme (2008), as atividades lúdicas pelas suas próprias características,

podem possibilitar o convívio com as mais diversas habilidades.

4.2.2 Segunda parte do questionário- Conhecimentos Ambientais

Na segunda parte do questionário, os alunos foram indagados a respeito de alguns

conhecimentos sobre questões ambientais, a fim de se verificar se as respostas teriam

alterações após as dinâmicas empregadas pela pesquisadora, ou seja, para averiguar se as

dinâmicas podem facilitar a aprendizagem.

Para facilitar a percepção entre as respostas dos alunos elaborou-se quadros

comparativos. Porém, é importante ressaltar que as respostas dadas antes e após as dinâmicas

não são, necessariamente, dos mesmos alunos.

Vejam-se nos quadros a seguir, algumas perguntas e as respostas dadas pelos alunos:

A superpopulação é um problema ambiental?

Antes das dinâmicas Após as dinâmicas

“Sim, pois com a superpopulação aumenta-se

a produção de lixo, a poluição do ar, etc”.

“Sim, porque a superpopulação agride o

meio ambiente”.

“Sim, porque com o grande número de

pessoas, para que tenham moradia as vezes

“Sim, pois quanto mais pessoas habitarem

uma cidade, mais compras elas vão fazer e

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destroem a natureza”.

quanto mais compras elaas fazem, mais lixo

vai ter”.

“Sim, porque a superpopulação polui o meio

ambiente, polui o ar (com os carros),

poluição sonora, etc”.

“Sim porque na medida que aumenta a

população para que tenham moradia,

precisam destruir a natureza”.

“Sim, pois vai faltando “espaço” na cidade”. “Sim, pois ela contribui para as pessoas

utilizarem mais espaço, desmatarem mais e

produzierem mais lixo”.

“Sim, porque quanto mais gente, mais

problemas ambientais surgem”.

“Por um lado sim, porque cada vez mais a

população aumenta, aumenta o consumismo

e o consumismo pode aumentar a poluição”.

“Sim, com o aumento da população mais

consumismo terá”.

“Sim, pois quanto mais pessoas vivem maior

vai ser o desmatamento, a produção de lixo,

etc”.

“Talvez, pois dependendo do lugar a

superpopulação é um problema ambiental,

mas em outros lugares as pessoas respeitam”.

“Sim, pois quanto mais pessoas, mais lixo é

produzido e quanto mais lixo, mais

problemas com a poluição.

SUPERPOPULAÇÃO produz MAIS LIXO

produz MAIS POLUIÇÃO!”

Quadro1: A superpopulação é um problema ambiental? Fonte: Dados da pesquisa, 2010

Que fatores você acredita que influenciam na produção de lixo? Justifique:

Antes das dinâmicas Após as dinâmicas

“Carros, alimentos industrializados. Porque

as pessoas para serem mais rápidas escolhem

alimentos mais ágeis”.

“Produtos industrializados, não reutilização

do lixo”.

“Utilizar produtos descartáveis e outros. “Consumismo, pois quanto mais as pessoas

compram (consomem), mais lixo elas vão

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Grande consumo”. produzir”.

“Superpopulação, a maior busca por

condições financeiras, etc”.

“Tudo que é consumido em excesso causa

problemas, principalmente quando o lixo não

é reciclável”.

“Para mim é a falta de reciclagem e o

desrespeito humano”.

“Acredito que é o consumismo, a

superpopulação e a falta de consciência”.

“Não utilizar os “3 Rs”, porque assim você

reduz, reutiliza e recicla”.

“A falta de utilizar os 3 Rs”.

“Seria a superpopulação. Porque com ela o

lixo vai aumentar mais”.

“O desperdício, a superpopulação, o

consumismo, pois esses fatores fazem com

que consumam mais, desperdicem mais e

produzam assim mais lixo”.

“A ação humana, porque os seres humanos

estão desmatando, queimando e prejudicando

a natureza”.

“O consumismo, pois, quanto mais os

produtos são consumidos, mais lixo irá

produzir. Ex: sacolas plásticas, caixas de

papelão, caixas de leite,...”

Quadro 2: Que fatores você acredita que influenciam na produção de lixo? Justifique: Fonte: Dados da pesquisa, 2010

O que podemos fazer para reduzir a produção de lixo?

Antes das dinâmicas Após as dinâmicas

“Usar menos produtos descartáveis e

produtos que demoram a se decompor.”

“Fazer a coleta seletiva, comprar as coisas

em brechó, lojas de novos e usados, comprar

livros em sebos, etc.”

“Consumir menos, porque com o consumo

excessivo produz mais lixo.”

“Reciclar e pensar bem antes de comprar

coisas que não vamos usar. Utilizar os 3Rs.”

“Não sei.” “Evitar o consumo sem necessidade, pois

reduzindo o consumo, reduz a produção de

lixo. E, usar os “3 Rs”: Reduzir, reutilizar e

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reciclar.”

“Utilizar os “3 Rs” porque assim você reduz,

recicla e reutiliza.”

“Pensar mais antes de comprar e praticar os 3

Rs.”

“Consumir somente o necessário.” “A reciclagem é a melhor escolha, pois assim

diminui o lixo que poderia ser aproveitado

jogado ‘fora’.”

“Reutilizar as embalagens que podem ser

recicladas.”

“Podemos desperdiçar menos e consumir as

coisas moderadamente, pois desse jeito iria

para o lixo somente o necessário e isso é

muito menos do que a produção atual.”

“Não usar sacolas plásticas e outros itens que

demoram a se decompor.”

“Comprar só as coisas que são necessárias.”

Quadro 3: O que podemos fazer para reduzir a produção de lixo? Fonte: Dados da pesquisa, 2010

Qual das duas formas de descarte de lixo é mais vantajosa, o lixão ou o aterro sanitário?

Por quê?

Antes das dinâmicas Após as dinâmicas

“Aterro sanitário, pois lá vai haver cuidado

necessário com o solo.”

“Aterro sanitário, pois nele o lixo não fica

exposto como no lixão e isso faz com que

pessoas não se aglomerem nesse local e

peguem doenças.”

“Aterro sanitário, porque não causam muitas

doenças e não são a céu aberto.”

“Aterro sanitário, porque o lixo não fica a

céu aberto e não tem um cheiro tão

desagradável.”

“Aterro sanitário, pois o lixão fica em céu

aberto além de transmitir doenças e o aterro

fica debaixo da terra.”

“O aterro sanitário, porque poderá diminuir

os riscos de doenças e prejudicar menos o

meio ambiente.”

“Aterro sanitário, pois os dois prejudicam o “Aterro sanitário, porque poderá diminuir os

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meio ambiente mas o aterro sanitário

prejudica menos pois o lixo não fica exposto

e não causa vários tipos de problemas.”

riscos de doença e prejudicar menos o meio

ambiente.”

“O aterro sanitário, porque o lixão fica

exposto, formando o chorume que prejudica

o solo.”

“A forma mais vantajosa é o aterro sanitário,

pois mesmo que gaste mais dinheiro para

construí-lo, é mais ecologicamente correto.”

“Nenhum dos dois, pois eles prejudicam o

meio ambiente.”

“Aterro sanitário, pois “trata” o solo antes da

utilização, faz o tratamento do chorume e dos

gases liberados e não atinge o lençol

freático.”

“Aterro sanitário. Porque não sei.” “O aterro. Na verdade, é a reciclagem, mas

nesse caso é o aterro, pois não contamina

tanto com o chorume, não polui o ar, não há

a proliferação de pragas e etc.”

Quadro 4: Qual das duas formas de descarte de lixo é mais vantajosa, o lixão ou o aterro sanitário? Por quê?

Fonte: Dados da pesquisa, 2010

A partir das respostas acima observa-se que os alunos já apresentavam alguns

conhecimentos sobre o assunto, quando citam, por exemplo, antes das atividades, a

superpopulação como um problema ambiental, os “3Rs”como princípios para diminuir a

produção de lixo e o aterro sanitário como melhor forma de descarte do lixo,

comparativamente ao lixão. Porém, percebe-se também que, após as atividades, as respostas

dos alunos foram mais “completas” e consistentes, o que faz com que se acredite na

contribuição das atividades para ampliar os conhecimentos dos alunos.

4.3 Elaboração e aplicação das atividades

Para elaboração das atividades lúdicas de Educação Ambiental, pesquisaram-se

diversas dinâmicas em livros e na internet. A partir daí foram selecionadas aquelas que

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estivessem mais relacionadas com a temática do lixo e de seus problemas e fizeram-se

algumas adaptações das atividades.

As atividades selecionadas foram aplicadas em uma escola da Rede Particular, da

cidade de Mariana-MG, cujo nome é Colégio Providência. O total de alunos participantes foi

de 23, todos pertencentes ao 8o ano do Ensino Fundamental.

A seleção das atividades foi feita pensando-se não somente no aspecto lúdico, mas

também nos momentos diferenciados de reflexão e de discussão a respeito dos vários

elementos envolvidos na questão ambiental. Buscou-se dar enfoque para os resíduos sólidos,

considerando-se a sua geração, o consumo, o descarte e a possibilidade de reutilização. Visou-

se, a partir daí, desenvolver não só conteúdos conceituais e procedimentais, mas também, e,

principalmente, os atitudinais.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2001), os conteúdos

conceituais são aqueles que remetem ao conhecimento construído pela humanidade ao longo

da história. São, portanto, fatos, princípios e conceitos. Os conteúdos procedimentais referem-

se ao “saber fazer”, ou seja, a técnicas, métodos e destrezas. Já os conteúdos atitudinais

referem a sentimentos ou a valores que os alunos atribuem a determinados fatos, normas,

regras, comportamentos ou atitudes.

Respalda-se o objetivo anterior na proposta do Conteúdo Básico Comum (CBC) de

Ciências, da Proposta Curricular da Secretaria do Estado de Educação, de Minas Gerais -

PC/SEE-MG.

A aprendizagem de valores e atitudes é hoje uma necessidade formativa inquestionável, se pretendemos um ensino de ciências que discuta questões atuais, que reflita sobre os impactos da ciência e da tecnologia na sociedade contemporânea, sobre as questões ambientais ou sobre ações e políticas destinadas a promover saúde pessoal e coletiva. Esses valores concretizam-se em atitudes de respeito ao outro, de envolvimento e compromisso com o trabalho, de curiosidade e abertura a novas aprendizagens, de disponibilidade para rever os próprios pontos de vista, etc. (MINAS GERAIS, 2005, p.7)

No primeiro dia de aplicação das atividades, os alunos chegaram bastante agitados, o

que fez com que a atividade demorasse mais que o previsto. Neste dia, percebeu-se a

dificuldade enfrentada por muitos professores em realizar atividades lúdicas em suas aulas,

pois, assim como citado por um professor na entrevista, nem todos os alunos participam

efetivamente da atividade, o que acaba prejudicando o desenvolvimento da aula. Porém,

acredita-se que haja necessidade de realização destas atividades com mais freqüência, para

que os discentes reconheçam nesse tipo de atividades aspectos importantes para a reflexão e

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aprendizagem, e não apenas para descontração, pois, desta forma o aluno começa a

familiarizar-se com o lúdico em sala de aula e começa a perceber seu caráter pedagógico.

Acredita-se nesta possibilidade pois, durante os outros dias de aplicação das atividades

percebeu-se que os alunos já estavam menos agitados e participando efetivamente das

dinâmicas.

4.4 1ª Atividade- Sensibilização: Construindo um mundo melhor

Objetivos:

• Discutir problemas ambientais;

• Buscar alternativas para as soluções dos problemas citados;

• Divulgar informações sobre a realidade ambiental.

Materiais:

Caixa de fósforos e folha de papel para cada aluno.

Tempo:

60 minutos.

Procedimentos:

• Distribuir para cada participante uma caixa de fósforos vazia e uma folha de papel. Os

educandos deverão cortar a folha em quatro pedaços iguais. Escrever num dos papéis a

palavra RUA, no segundo pedaço a palavra SALA DE AULA e no terceiro a palavra

CIDADE. O quarto pedaço ficará em branco e será guardado. Nos três pedaços de

papel, debaixo das palavras escritas, cada participante deve escrever o que mais lhe

desagrada nestes locais nomeados , seguindo aspectos relacionados ao meio ambiente.

Por exemplo: “a minha rua é cheia de lixo”. “as carteiras da minha sala estão

quebradas” e outros. Depois de escrever, os alunos deverão dobrar as três folhas e

guardá-las dentro da caixinha de fósforo;

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• Indicar uma mesa, onde deverá ser construído um “edifício” utilizando todas as caixas.

Provavelmente, ocorrerão quedas antes da conclusão da obra;

• Observar as atitudes e convocar os educandos a tentarem calmamente construir o

edifício, montando uma base sólida, para que a construção chegue ao final;

• A pós algum tempo (aproximadamente 10 minutos), o educador deverá reunir o grupo

e questionar sobre a atividade: se tiveram êxito, qual foi o motivo do êxito ou do

fracasso; se houve falhas, saber quais foram os motivos;

• Pedir que, um a um, os participantes retirem uma caixa de fósforos da construção e

leiam, em voz alta, o que está escrito em um dos três pedaços de papel (a escolha do

professor). O educador irá escrevendo no quadro as respostas e depois fará um

levantamento dos três itens mais citados em relação à RUA, à SALA DE AULA e à

CIDADE;

• Dividir a sala em subgrupos de, no máximo, cinco pessoas e pedir para que achem a

solução dos problemas apresentados nos três lugares, sendo que cada grupo deverá

discutir as soluções para um determinado lugar, definido pelo professor;

• Os grupos deverão apresentar suas conclusões e o educador deverá fazer uma reflexão

sobre a importância de organizar e de cooperar para construir de um mundo melhor.

Os educandos escreverão na folha de papel, que sobrou, uma mensagem de esperança.

Colocarão dentro da caixinha de fósforos e oferecerão a um colega.

Questões para serem discutidas:

a) Quais foram os principais problemas citados pela turma em relação à cidade, à

escola e à rua?

b) Por que estes problemas acontecem?

c) O que pode ser feito para melhorar essa situação?

d) Se cada um fizer a sua parte o problema pode se resolver? Como?

A primeira atividade realizada teve a intenção de sensibilizar os alunos e, ao mesmo

tempo fazê-los refletir sobre os problemas ambientais da sua cidade, rua e escola (Foto 1).

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Os principais problemas citados pelos alunos em suas ruas e na sala de aula foram o

lixo, já na cidade, os problemas foram a poluição do ar e dos rios, como é mostrado na foto a

seguir.

Foto 1 - Cartaz com os principais problemas citados pelos alunos durante a primeira atividade

Fonte: acervo do autor, 2010

Como solução para esses problemas, alguns alunos citaram a importância de cada um

refletir e conscientizar-se da importância de fazer a sua parte para minimizar os impactos.

4.5 2ª Atividade – Reflexão: Nó humano

Objetivos:

• Discutir qualidade de vida e espaço urbano;

• Ampliar a percepção e a compreensão das situações da vida real.

Materiais:

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Equipamento de som , 1 CD de música instrumental e outro de música dançante.

Tempo: 60 minutos.

Procedimentos:

Parte 1

• O educador deverá escolher um espaço aberto, colocar uma música instrumental

tranquila e pedir para que os alunos formem um grande círculo;

• Os alunos devem dar-se as mãos, esticar os braços ao máximo e depois soltar as mãos

dando um passo atrás, fazendo com que o círculo se abra mais;

• O educador pedirá aos participantes que observem o espaço à volta, fazendo o possível

para não sair do lugar. Os participantes poderão girar o corpo. Pede-se, então, para

que movam as pernas, os braços e que fechem os olhos e respirem profundamente;

• O educador pedirá aos participantes que falem sobre suas sensações ao fazerem esse

exercício de relaxamento;

• O educador colocará um fundo musical dançante, bem agitado e solicitará aos

educandos que formem novamente uma roda e deem-se as mãos. Os alunos devem

observar os outros participantes, suas reações e olhar ao redor. O educador pedirá aos

participantes que soltem as mãos e escolham uma palavra para sintetizar o que estão

sentindo naquele momento e falem ao restante do grupo;

Parte 2

• Ainda ao som da música dançante, o educador pedirá aos participantes que formem

um círculo, todos de mãos dadas. Pedirá que cada um observe bem quem está a seu

lado direito e a seu lado esquerdo e frise bem que "não pode esquecer, nem trocar!".

• O educador pedirá aos participantes que soltem as mãos e caminhem aleatoriamente

pelo espaço, procurando cumprimentar pessoas diferentes daquelas que estavam a seu

lado. Depois de um período, peça que parem onde estão.

• O educador pedirá aos participantes que cada um procure, evitando sair muito do

lugar, dar as mãos novamente a quem estava à sua direita e à sua esquerda (quanto

mais confusa for esta parte melhor). Agora a brincadeira começa: o objetivo é, sem

soltar as mãos, voltar a ter um círculo no centro do espaço. O grupo deve, conversar

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entre si e determinar quem passa por baixo de quais braços, e por cima de quais outros

braços, até que o círculo fique completo.

O professor poderá delimitar um tempo (aproximadamente 5 minutos) para que o

grupo consiga desfazer o “nó” e voltar ao círculo original;

• O educador pedirá aos participantes que façam um grande círculo e que se sentem no

chão. Pedirá que falem o que sentiram, quando formaram o “nó humano”, e, se

conseguiram desfazer o nó ou não;

• O educador deverá finalizar a atividade fazendo uma reflexão sobre espaço urbano,

crescimento desordenado, concentração urbana, qualidade de vida e poluição, entre

outros assuntos da área.

Questões para serem discutidas:

a) Quais os problemas que a superpopulação pode trazer para a sociedade?

b) Como sua vizinhança e sua cidade mudaram nos últimos cinco anos?

c) Como isso afetou a terra, os recursos e a disseminação de doenças?

d) O aumento da população pode influenciar na produção de lixo? Explique:

e) E na utilização de recursos também pode influenciar? Como diminuir esse impacto?

A segunda atividade teve a intenção de discutir qualidade de vida e espaço urbano.

Nesta atividade, houve grande participação e motivação dos alunos (Foto 2).

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Foto 2 - Foto da dinâmica “Nó humano”

Fonte: Acervo do autor, 2010

Percebe-se claramente, nesta dinâmica, a importância do lúdico para atrair a

participação do aluno. Segundo Guimarães (1995), citado por Talamoni e Sampaio (org./

2003), no processo de Educação Ambiental, a conjugação do aspecto lúdico e criativo das

atividades e dos procedimentos são importantes para envolver o educando. Reforça, inclusive,

que “a sensibilização do educando deverá ser seguida por uma relação prazerosa dele com o

processo”.

Os alunos participaram com empenho tanto durante a dinâmica, quanto durante as

questões a serem debatidas ao final da atividade.

4.6 3ª Atividade – Reflexão: Consumo sustentável x Consumismo

Objetivos:

• Estimular uma discussão ambientalista mais ativa;

• Despertar nos alunos a importância do consumo sustentável;

• Compreender e estabelecer critérios para a redução do consumo.

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Materiais:

Papelão, caixas de sapato, régua e caneta hidrocor preta.

Tempo: 50 minutos.

Procedimentos:

• A turma deverá ser dividida em quatro grupos;

• O educador confeccionará cheques-fantasia utilizando tampas de caixas de sapatos,

papelão ou cartolina. Deverá preencher os cheques com valores díspares como, por

exemplo: um cheque no valor de cinco reais e outro no de oitenta mil reais. Os

cheques serão distribuídos aleatoriamente aos grupos, os quais deverão refletir o que

farão com a quantia recebida, deixando claro que poderão utilizá-los da maneira como

desejarem;

• Distribuídas pela sala haverá diversas placas com o nome dos produtos que os alunos

poderão comprar, como por exemplo: celulares, TV LCD, MP10, carro, caderno,

caneta, arroz, feijão, chocolate...

• Ao comprar, o aluno recolhe a placa referente ao produto;

• Após a “compra”, os alunos receberão uma tabela (como no exemplo a seguir), na qual

deverão colocar os nomes dos produtos comprados, o valor de cada um, a

porcentagem gasta correspondente ao valor que receberam inicialmente e separar esses

produtos comprados em supérfluos ou necessários.

Produto Valor pago (R$)

% Classificação

Necessário Desnecessário Chocolate 10 1 x

• Preenchida a tabela, o grupo deverá planejar uma forma de reduzir 30% do consumo

do grupo;

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• A seguir, os educandos deverão formar um grande círculo e apresentar a tabela aos

colegas;

• O educador deverá finalizar a atividade falando sobre os 3 R’s (redução, reutilização e

reciclagem). Deverá ressaltar a importância da redução do consumo e da diminuição

da quantidade de resíduos gerados pelo consumo excessivo.

Questões para serem discutidas:

a) Tudo o que compramos é realmente necessário?

b) Há possibilidade de diminuirmos o consumo? Como?

c) Quais os benefícios ambientais que podemos proporcionar ao reduzirmos o

consumo?

d) Quando você compra algo novo, o que faz com os velhos?

e) Quando compra algo, evita embalagens desnecessárias?

A terceira atividade visava à reflexão do aluno a respeito do consumismo e de suas

consequências, objetivando-se despertar, nos alunos, a importância do consumo sustentável e

estabelecer critérios para a redução do consumo (Foto 3).

De acordo com Effiting (2007) devem-se buscar alternativas que promovam uma

contínua reflexão que culmine na metanóia4; apenas dessa forma, será possível implementar,

em nossas escolas, a verdadeira Educação Ambiental, com atividades e projetos não

meramente ilustrativos, mas fruto da ânsia de toda a comunidade escolar em construir um

futuro, no qual se possa viver em um ambiente equilibrado, em harmonia com o meio, com os

outros seres vivos e com nossos semelhantes.

Durante esta atividade, observou-se, no início, grande interesse dos alunos para

realizar as “compras”, apesar de alguns terem ficado chateados por terem recebido cheques de

valor muito inferior aos dos colegas. O desinteresse pela atividade surgiu quando os alunos

tiveram que reduzir 30% do consumo do grupo, pois, para isso, precisavam usar regra de três

e, apesar deles já terem estudado, tiveram dificuldade em realizar esse cálculo (Foto 4).

Portanto, sugere-se que, em turmas que não tenham maturidade para resolver

problemas dessa maneira, o professor peça que eles retirem um determinado número de

objetos supérfluos e calculem qual foi a economia deles relativa a essa redução de custo.

4 Mudança de mentalidade

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Foto 3 - Alunos durante a “compra” na atividade “Consumo Sustentável x Consumismo”

Fonte: Acervo do autor, 2010

Durante a discussão das questões, houve bastante debate, uma parte dos alunos, diziam

necessitar de quase tudo que comprou. Mas à medida que as questões iam sendo debatidas,

estes alunos começavam a sensibilizar-se e perceber que nem sempre compram aquilo que

realmente precisam. Percebeu-se claramente essa mudança ao se analisarem as respostas nos

questionários pós-atividade.

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Foto 4 - “Foto dos alunos durante a redução de gastos” na atividade 3

Fonte: Acervo do autor, 2010

4.7 4ª Atividade - Revendo e fixando conceitos: Lixão x Aterro Sanitário

Objetivos:

• Identificar diferenças entre lixão e aterro sanitário;

• Perceber vantagens e desvantagens das diversas formas de descarte do lixo;

• Verificar os principais problemas relacionados com os resíduos sólidos;

• Discutir sobre o consumismo e suas conseqüências;

• Contribuir para uma visão integrada da realidade social, e da miséria em que

muitos vivem.

Material: filme, fichas com informações referentes a formas de descarte do lixo.

Tempo: 50 minutos.

Procedimentos:

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• Utilizar como elemento sensibilizador, o filme “Ilha das Flores”, que trata do

grave problema sócioambiental provocado pelo lixo;

• Após o filme, fazer um pequeno debate e falar sobre a diferença entre lixão e

aterro sanitário;

• Dividir a turma em dois grupos;

• Cada grupo receberá algumas fichas com características, vantagens e

desvantagens em relação às maneiras de descarte de lixo. Exemplo:

Lixão:

� O lixo é disposto de qualquer maneira e sem nenhum tratamento;

� Não tem nenhum sistema de tratamento de efluentes líquidos - o chorume;

� Moscas, pássaros e ratos convivem livremente com o lixo;

� O lixo fica exposto sem nenhum procedimento que evite as consequências

ambientais e sociais negativas;

� Os lugares em que são expostos dão acesso às pessoas carentes, as quais

acabam contraindo várias doenças.

� O biogás, resultante da decomposição do lixo, é liberado diretamente para a

atmosfera – sem antes passar por nenhum tipo de tratamento;

� Solução mais econômica por ocupar áreas já degradadas nas proximidades das

cidades.

Aterro Sanitário:

� O terreno é preparado previamente com o nivelamento de terra e com o

selamento da base por meio de argila e mantas de PVC;

� O lençol freático não será contaminado pelo chorume;

� O chorume acumulado será encaminhado para a estação de tratamento de

efluentes;

� Cobertura diária do lixo, não ocorrendo a proliferação de vetores, o mau cheiro

e a poluição visual;

� Espaço cercado, sem o livre trânsito de pessoas;

� Esses locais são planejados para captar e tratar os gases e líquidos resultantes

do processo de decomposição;

� O biogás é drenado e pode ser queimado ou aproveitado para eletricidade.

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• Os alunos receberam também uma tabela (representada abaixo), na qual

deveriam colocar corretamente as fichas que receberam. O grupo que acertasse

mais ganharia o jogo.

Lixão Aterro Sanitário

Características

Questões para serem discutidas:

a) Por que o lixo é um problema?

b) O que você pode fazer em relação ao problema gerado pelo lixo?

c) Você sabe qual é o tratamento dado ao lixo de sua cidade?

d) Que perigos o manejo inadequado de resíduos sólidos oferece para o Meio

Ambiente e para a saúde das pessoas?

e) Como a escola poderia contribuir para a coleta de materiais recicláveis?

f) Qual é a parcela da população brasileira que vive na miséria?

g) Quem são os excluídos sociais em nossa sociedade?

h) Quem são os poucos incluídos e o que os diferenciados anteriores?

A quarta atividade tinha a finalidade de rever e fixar conceitos sobre lixão, aterro

sanitário e reciclagem (Fotos 5 e 6).

Os alunos ficaram bastante motivados com esta atividade, e o documentário “Ilha das

Flores” chamou- lhes atenção, principalmente, pela questão da miséria citada, sobre a qual

muitos ainda não haviam pensado.

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Foto 5 - Alunos assistindo ao documentário “Ilha das Flores"

Fonte: Acervo do autor, 2010

Durante o “joguinho” sobre lixão e aterro sanitário, os alunos se empenharam bastante

e todos os dois grupos caracterizaram as duas formas de descarte do lixo de maneira correta.

Foto 6 - Foto dos alunos durante a atividade “Lixão x Aterro Sanitário”

Fonte: Acervo do autor, 2010

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4.8 5ª Atividade - Tomando decisões: Estudo de caso

Objetivos:

• Discutir em pequenos grupos;

• Tomar decisões;

• Estimular o comportamento pró-ativo;

• Organizar e apresentar idéias.

Material necessário:

Papel de rascunho, papel pardo, canetas, lápis de cor e outros materiais para confecção

de cartazes e “historinhas” (apresentadas a seguir).

Tempo: 40 minutos.

Procedimentos:

• Dividir a turma em quatro grupos;

• Cada grupo receberá uma historinha com um problema diferente (as sugestões

estão abaixo). Após ler a história, deverão discutir uma possível solução e

representá-la em forma de cartaz, teatro ou qualquer outra forma de expressão

para, posteriormente, apresentar aos demais alunos.

Sugestões de Estudos de Caso:

1) Poluição do Solo (disposição de resíduos sólidos em Lixão ilegal)

Em um lugar, não muito distante daqui, existia um responsável pela coleta do lixo

doméstico que o dispunha em um Lixão em vez de levá-lo para o Aterro Sanitário mais

próximo da região. Isso ocorria, provavelmente, porque a distância até o Aterro era maior do

que até o Lixão. O que vocês, como representantes do Grupo de Educação Ambiental,

“Guardiões da Natureza”, do Município (colocar o nome de cada Município), fariam para

tentar solucionar esse caso? Que danos ambientais irreparáveis seriam causados, ao longo dos

anos, nesse local de deposição ilegal do lixo?

2) Poluição do Ar (queima ilegal de resíduos sólidos)

Era uma vez, um condomínio de apartamentos que costumava queimar seu lixo em vez

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de destiná-lo ao caminhão de coleta, que, por sua vez, o levaria até o Galpão de Reciclagem

mais próximo - caso o lixo estivesse separado - ou ao Aterro Sanitário mais próximo - caso os

resíduos (secos e orgânicos) estivessem misturados.

Na verdade, as pessoas do condomínio eram bem intencionadas, pois achavam que a

queima do lixo era ambientalmente mais adequada do que enviar o lixo para a Unidade de

Triagem e Compostagem (UTC) ou para Aterros Sanitários. No entanto, elas estavam mal

informadas, pois é sabido que a queima do lixo em locais que não apresentem os filtros

necessários para absorverem os principais gases poluentes, causa sérios danos ambientais à

região e representa, inclusive, uma forte ameaça à saúde dos moradores das proximidades.

E vocês, como representantes do Grupo de Educação Ambiental, “Guardiões da

Natureza”, do Município (colocar o nome de cada Município), como solucionariam esse caso?

Qual seria a melhor maneira para informar a esses moradores a forma correta de depositarmos

nosso lixo doméstico e os danos que a queima inadequada de resíduos sólidos causa ao meio

ambiente?

3) Poluição da Água (disposição de resíduos domésticos, agrícolas e industriais ilegais

no Rio ... – colocar o nome de um rio do município)-

Durante um acampamento de escoteiros, um grupo de jovens constatou que o cheiro

da água do Rio ... estava desagradável. Quando retornaram às suas casas, comentaram a

respeito do mau cheiro da água nas escolas e seus professores providenciaram uma pesquisa

que identificasse a qualidade da água daquela região. Os resultados foram assustadores, pois a

quantidade de poluentes era muito maior do que a admitida para que um rio mantivesse vida

em condições saudáveis. Foi descoberto que lixo doméstico e embalagens de agrotóxicos

eram jogados no rio. Como vocês, no papel de representantes do Grupo de Educação

Ambiental, “Guardiões da Natureza”, do Município (colocar o nome de cada Município),

solucionariam esse caso? Para que órgão deveria ser feita a denúncia dessas irregularidades?

4) Separação do lixo (coleta irregular do lixo pelos catadores não cadastrados)

Numa manhã de primavera, uma menina, chamada Ana, e sua mãe estavam passeando

pela cidade em que moravam e notaram que, em frente a diversos locais de moradia, havia

lixo jogado no chão, fora das sacolas plásticas ou dos sacos de lixo. Elas não entenderam

como isso poderia estar ocorrendo, então decidiram sentar-se sob uma árvore e observar de

que forma aquilo acontecia.

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Nos minutos seguintes, notaram que chegava um senhor, revirava os sacos de lixo e

retirava apenas latas de alumínio e embalagens do tipo “Longa Vida”. O restante era jogado

de qualquer forma na calçada, o que, além de poluir, entupia os bueiros e contribuia para

causar alagamentos na cidade, em época de chuvas. Bastante preocupadas, Ana e sua mãe

foram até um lugar onde estavam reunidos os representantes do Grupo de Educação

Ambiental, “Guardiões da Natureza”, do Município (colocar o nome de cada Município),

relatar o ocorrido, mas algumas participantes; Amanda, Mariane e Madalena ainda não

haviam chegado. O que vocês acham que os participantes presentes responderam para ajudá--

las? E como vocês, pessoas preocupadas com a natureza, ajudariam a solucionar esse caso?

Questões para serem discutidas

a) Foi fácil resolver os problemas propostos?

b) No seu dia a dia, você é um cidadão que se preocupa com os problemas do

município?

c) O que você costuma fazer quando percebe algum problema ambiental na sua

comunidade?

A quinta atividade visava à tomada de decisão pelos alunos (Foto 7). Nesta atividade,

eles tinham um “problema” a ser resolvido e, por meio de uma conclusão do grupo, deveriam

dar uma solução criativa para esse problema.

Nesta atividade, alguns alunos tiveram um pouco de dificuldade em tomar a decisão

relacionada ao problema proposto ao grupo, o que demonstra a necessidade de atividades em

que os alunos sejam mais ativos e críticos, pois, como uma professora citou em sua entrevista,

os alunos estão acostumados apenas a escutar o professor falar e acabam acostumando-se com

este caráter passivo das aulas.

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Foto 7 - Alunos apresentando os resultados durante o estudo de caso Fonte: Acervo do autor, 2010

Segundo Dohme (2008), a participação em uma atividade menos dirigida, na qual as

próprias crianças são responsáveis pela organização, dará condições para que tenham

liberdade de expressarem suas opiniões.

4.9 6ª Atividade - Refletindo sobre mudança de postura: Que diferença eu posso

fazer?

Objetivo:

• Descontrair;

• Identificar as responsabilidades relacionadas ao meio ambiente;

• Verificar a disposição de cada um em ter posturas mais conscientes em relação

ao Meio Ambiente.

Material:

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Balão (bexiga) vazio, pedaço de papel e caneta, flip chat, equipamento de som, cd de

música animada.

Tempo:

30 minutos

Procedimento:

• Distribuir uma bexiga vazia e um pedaço de papel para cada participante;

• Pedir que escrevam uma palavra ou uma frase relacionada a uma ação que foi

aprendida durante as atividades anteriores, e que teria disposição para realizar

com vistas a melhorar o lugar em que vive;

• Pedir que coloquem o papel dobrado na bexiga, encham-na e deem um nó na

ponta;

• Agora, com uma música animada ao fundo, pedir que eles joguem as bexigas

para o alto e não deixem cair. Rapidamente todos ficam muito descontraídos e

as bexigas são misturadas;

• Parar a música, pedir para que cada um estoure uma bexiga e leia o papel;

• Cada ação será anotada num cartaz (ou na lousa) e o professor fará a leitura da

mensagem, “A Semente”, destacando que cada um pode fazer a sua parte.

A semente

Um homem trabalhava em uma fábrica, distante cinqüenta minutos de ônibus da sua

casa. No ponto seguinte, entrava uma senhora idosa que sempre se sentava junto à janela. Ela

abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa pela janela.

A cena sempre se repetia e um dia, curioso, o homem perguntou-lhe o que jogava pela janela.

- Jogo sementes, respondeu ela.

- Sementes? Sementes de que?

- De flores. É que eu olho para fora e a estrada é tão vazia... Gostaria de poder viajar

vendo flores coloridas por todo o caminho. Imagine como seria bom!

- Mas as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas

pelos passarinhos... A senhora acha mesmo que estas sementes vão germinar na beira da

estrada?

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- Acho, meu filho. Mesmo que muitas se percam, algumas acabam caindo na terra e

com o tempo vão brotar.

- Mesmo assim... demoram para crescer, precisam de água...

- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva. E se alguém jogar as sementes,

as flores nascerão. Dizendo isso, virou-se para a janela aberta e recomeçou seu trabalho.

O homem desceu logo adiante, achando que a senhora já estava senil.

Algum tempo depois...

Um dia, no mesmo ônibus, o homem ao olhar para fora percebeu flores na beira da

estrada... Muitas flores... A paisagem colorida, perfumada e linda! Lembrou-se então daquela

senhora. Procurou-a em vão. Perguntou ao cobrador, que conhecia todos os usuários no

percurso.

- A velhinha das sementes? Pois é... Morreu há quase um mês.

O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela.

"Quem diria, as flores brotaram mesmo", pensou! "Mas de que adiantou o trabalho dela?

Morreu e não pode ver esta beleza toda”. Nesse instante, ouviu risos de criança. No banco à

frente, uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada:

- Olha, que lindo! Quantas flores pela estrada... Como se chamam aquelas flores?

Então, entendeu o que aquela senhora havia feito. Mesmo não estando ali para ver, fez

a sua parte, deixou a sua marca, a beleza para a contemplação e a felicidade das pessoas. No

dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se junto à janela e tirou um pacotinho de

sementes do bolso... E assim, deu continuidade à vida, semeando o amor, a amizade, o

entusiasmo e a alegria.

O futuro depende das nossas ações no presente. "E se semeamos boas sementes, os

frutos serão igualmente bons”. Vamos semear nossas sementes agora!

Autoria Desconhecida

Questões para serem discutidas:

a) Que mensagem este texto nos deixa?

b) Você acredita que se fizer a sua parte em relação ao Meio Ambiente, pode mudar

alguma coisa?

c) No seu dia a dia, você procura fazer a sua parte mesmo que seja o único, ou só faz

alguma coisa se os outros as fizerem?

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A sexta atividade objetivava verificar a disposição de cada um em ter posturas mais

conscientes em relação ao Meio Ambiente (Fotos 8 e 9).

Segundo Effiting (2007), a escola é o espaço social e o local onde o aluno será

sensibilizado para as ações ambientais e, fora do âmbito escolar, ele será capaz de dar

sequência ao seu processo de socialização. Comportamentos ambientalmente corretos devem

ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de

cidadãos responsáveis.

Nesta atividade, os alunos estavam bem à vontade e também motivados a

participarem. Como resultado dessa dinâmica, os alunos escreveram frases relacionadas a

ações que foram aprendidas durante as atividades anteriores e que teriam disposição para

realizar, a fim de melhorar o lugar em que vivem.

Foto 8 - Atividade “Que diferença eu posso fazer”

Fonte: Acervo do autor, 2010

A seguir, destacam-se algumas citações dos alunos:

“Devo ter mais educação e usar os ‘3 Rs’.”

“Devemos fazer algo para ajudar a nossa sociedade, e também diminuir o consumo”.

“Cuidar do meio ambiente e jogar lixo no lugar adequado.”

“Aprendi que a natureza é muito importante e que a poluição pode destruir tudo isso.

Que é necessário cuidar, reutilizar, reduzir, reciclar e principalmente repensar”.

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“Usar os ‘3Rs’, ter mais educação.Cada um tem que fazer algo para cuidar melhor do

meio ambiente. Jogar lixo no lixo e cooperar mais”.

“Eu aprendi outros problemas (como a superpopulação) e a solução para estes. De

agora em diante passarei a fazer a minha parte, separando o lixo reciclável do orgânico, a

não exagerar no consumo e etc”.

Um pequeno texto escrito por uma aluna durante esta atividade chamou muita atenção,

pois demonstra que essas atividades levam o aluno a refletir sobre a questão ambiental e os

problemas gerados pelos resíduos sólidos, mas também podem e devem levar o aluno a

repensar suas atitudes em relação ao Meio Ambiente e mudar de postura. Veja-se:

“Olha, durante essa pesquisa a conclusão que eu tiro é: que eu posso me tornar uma

pessoa melhor, não importa o meu jeito de ser, meu nervosismo, ou se eu sou doida. Cada um

é cada um e, além do mais, as diferenças que me fazem ser eu. Aprendi que tudo que tenho foi

porque mereci e não há ninguém mais feliz no mundo do que eu. Particularmente, aprendi

que devemos guardar o que nos foi dado de presente para CUIDAR, preservar e temos que

ajudar a nossa ‘casa’.”

Foto 9 - Alunos após a realização das atividades

Fonte: Acervo do autor, 2010

Ao analisar esta fala da aluna, é possível estabelecer uma relação direta com

pressuposto pelos PCNS na Apresentação dos Temas Transversais, quando mencionam que,

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Nas relações interpessoais, não só entre professor e aluno, mas também entre os próprios alunos, o grande desafio é conseguir se colocar no lugar do outro, compreender seu ponto de vista e suas motivações ao interpretar suas ações. Isso desenvolve a atitude de solidariedade e a capacidade de conviver com as diferenças. Essas considerações são especialmente importantes na educação fundamental, já que os alunos estão conhecendo e construindo seus valores e sua capacidade de conviver com as diferenças. (BRASIL, 1997, p.45)

4.10 Resultado da aplicação

Após a realização das atividades, os alunos receberam um questionário com 11

perguntas, sendo 5 perguntas para avaliar qual das atividades houve maior aceitação e 6

perguntas relacionadas aos seus conhecimentos ambientais. Estas últimas eram iguais as do

primeiro questionário. A finalidade era observar se houve ou não grandes mudanças em

relação às suas respostas anteriores, o que poderia demonstrar aprendizagem de conceitos,

durante as atividades.

Quando questionados sobre qual atividade mais gostaram, a mais votada foi o “Nó

humano”, como mostra o gráfico 8.

Gráfico 8- Atividades que os alunos mais gostaram Fonte: Dados da pesquisa, 2010

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As justificativas para a escolha do “Nó humano” como atividade que eles mais

gostaram foram várias, dentre elas ressaltam-se:

“ Porque nos fez ver que a superpopulação é sim um problema e levando em consideração a

hora de desfazer o nó, mostrou que juntos podemos mudar”.

“ Porque através dessa atividade eu pude perceber que uma pessoa precisa da outra”

“Porque tinha mais a ver com o conteúdo trabalhado e apesar de tudo, era engraçado e

também nos fez pensar”.

“Porque além de ter sido uma atividade de aprendizado, foi uma atividade divertida e

diferente”.

“ Por que foi a que eu mais consegui aprender e que eu mais gostei por causa da

‘bagunça’...”

Com base na última afirmação, faz-se referência à citação de Oliveira e Soares (2005),

quando afirmam que a “bagunça” pode ser explicada pela evasão do elemento de tensão,

proporcionando, com isso, o despertar do interesse.

Aqueles que escolheram a atividade “Lixão x Aterro Sanitário” justificaram da

seguinte forma:

“Eu escolhi aterro sanitário x lixão porque foi legal ver o vídeo”

“Porque foi interessante o debate feito sobre qual a melhor forma de armazenamento

do lixo e o vídeo Ilha das Flores”

“Foi legal e aprendi que o aterro sanitário é melhor do que o lixão.”

Quando questionados, se a atividade que eles mais gostaram, foi também a que eles

acreditam ter aprendido mais, 66 % dos alunos que marcaram o “Nó humano” disseram que

não, apresentando as seguintes justificativas:

“Porque eu aprendi mais no Lixão x Aterro sanitário. Através do vídeo Ilha das

Flores aprendi que devemos valorizar mais o que temos vendo a dificuldade das pessoas mais

pobres”

“Acredito que não, pois nós mais brincamos do que tudo e acho que a que nós mais

aprendemos foi lixão x aterro sanitário”

“Porque ela foi a que teve menos informações”

Os alunos que consideraram a atividade “Nó humano” como a que eles mais gostaram

e mais aprenderam, apresentaram as seguintes conclusões:

“Porque foi a que eu mais prestei atenção e por isso meu rendimento nela foi maior”

“Porque antes eu não via a superpopulação como um verdadeiro problema”

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Como pode ser observado no Gráfico 9, a atividade que os alunos consideram ter

aprendido mais foi “Lixão x Aterro Sanitário”. Algumas justificativas citadas pelos alunos

foram:

“Porque eu ‘presenciei’ o que as pessoas passam (relacionado a miséria) e que a

reciclagem é a melhor forma de descarte do lixo”.

“Porque o filme explicava coisas que eu nem sabia”

“Porque através do filme e da dinâmica aprendi muito mais sobre lixão e aterro

sanitário e percebi que é melhor opção nos dias de hoje”

“Porque não sabia que o lixão poluia tanto o ambiente”

Gráfico 9 - Atividades que os alunos acreditam ter aprendido mais Fonte: Dados da pesquisa, 2010

Todavia, 11% dos alunos não informaram a atividade que acreditaram aprender mais.

Ao serem questionados sobre a atividade que menos gostaram, a maior parte dos

alunos assinalaram a atividade, “Consumo sustentável x Consumismo”, como mostra o

gráfico 10. Apesar de no início da atividade, os educandos estarem bastante motivados com as

“compras”, notou-se um pouco de “desânimo”, quando tiveram que reduzir os gastos, pois

precisaram utilizar regra de três, o que fez com que houvesse muita confusão, pois muitos não

conseguiram resolver o que foi pedido. Pode-se comprovar essa questão nas respostas

seguintes:

“Porque tive que fazer regra de três e ganhei só R$50,00”

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“Porque estudo amanhã inteira e chegando na escola ainda tenho que fazer regra de três.

Mas analisando por outro lado é bom para saber que todos nós compramos muitas coisas

desnecessárias”

A afirmação a seguir demostra que a participação do grupo também influenciou a

opinião dos alunos a respeito da atividade: “Eu não gostei muito porque o pessoal do meu

grupo não participou direito e também porque as coisas disponíveis para comprar não me

chamaram a atenção”.

Gráfico 10 - Atividades que os alunos menos gostaram Fonte: Dados da pesquisa, 2010

A atividade “Estudo de caso” não foi bem aceita pelos alunos devido a motivos

relacionados à participação dos colegas e à falta de criatividade dos alunos para apresentar em

suas decisões. Algumas justificativas dadas pelos alunos foram: “Meu grupo não conseguiu

bom senso para apresentar o tema.”; “Porque foi a que eu tive mais dificuldade e eu não me

diverti”.

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5 PRODUTO: MATERIAL PARADIDÁTICO COM ATIVIDADES LÚDIC AS

A partir dos resultados dos questionários dos professores e alunos e da aplicação das

dinâmicas ao grupo de alunos, pensou-se em produzir um material de Educação Ambiental

com a sugestão das dinâmicas aqui utilizadas para que pudesse servir de apoio para o

professor, e proporcionar o trabalho com a temática uma questão mais agradável.

Ao iniciar a produção desse material, pensou-se também em produzir uma cartilha

sobre a temática lixo e dos 3 R’s, cartilha essa que pudesse chamar a atenção do aluno para o

tema.

Segundo Evangelista (2010), a cartilha, material pedagógico e lúdico, deve ser

incentivada, pois trabalhando com este material se observa que, até mesmo aqueles que não

são interessados em leitura identificam-se com as histórias das cartilhas.

[...] em muitos casos, as historietas assumem função apelativa, especialmente quando expressam instruções para melhorar uma atitude, melhorar um hábito, alertar para os perigos iminentes e outras. São recursos que atingem até pessoas que não sejam hábeis em leitura, provavelmente porque utilizam símbolos convencionais para expressar sentimentos, efeitos de ações, emoções. (GUERRA; GUSMÃO, 2004 apud EVANGELISTA, 2010, p. 49)

Inicialmente, pensou-se na seguinte provocação:

Como fazer um material com atividades lúdicas sobre Educação Ambiental para o

professor, sem um referencial teórico para servir-lhe como suporte ao trabalho e à utilização

dessa estratégia?

A partir deste questionamento, resolveu-se fazer um material que contemplasse todos

estes aspectos: referencial teórico para o professor, exemplos de dinâmicas sobre a temática

do lixo e dos 3R’s, cartilha para o aluno e, ainda, sugestões de vídeos, livros e sites para o

professor complementar seu trabalho.

Dessa forma, dividiu-se o material em duas partes: a primeira é o manual do professor,

no qual podem ser encontradas informações relacionadas à utilização de dinâmicas e

atividades lúdicas para serem usadas na Educação Ambiental. Nesse manual, foram dispostas

seis dinâmicas sobre o lixo e os seus problemas, que visam momentos diferentes para

sensibilização, reflexão, revisão de conceitos, tomada de decisão e reflexão sobre mudança de

postura e, complementou-se com algumas sugestões de livros, vídeos e sites interessantes para

o trabalho em Educação Ambiental.

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72

A segunda parte é composta por uma cartilha para o aluno, contendo de forma clara e

objetiva, informações sobre a temática lixo. Esta parte do material, além de trazer

informações simples sobre lixo e o princípio dos “3Rs”, possibilita ao aluno refletir um

pouco sobre o seu comportamento diante desse problema.

Ao se produzir esta cartilha, teve-se como objetivos auxiliar professor a:

• estimular o interesse dos alunos sobre a questão ambiental, por meio da realização de

atividades lúdicas;

• criar um ambiente seguro e prazeroso para o aprendizado;

• facilitar os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do

conhecimento;

• proporcionar a formação de indivíduos mais bem informados e atuantes nas questões

de responsabilidade ambiental;

• despertar, nos alunos, valores éticos importantes para a formação da cidadania, como a

sensibilidade e o senso de responsabilidade na preservação do Meio Ambiente.

Acredita-se que este material possa auxiliar o professor a relacionar aspectos lúdicos

com a temática ambiental e possibilitar a utilização de uma nova estratégia de ensino,

a fim de obter-se um caminho fundamental para a Educação Ambiental

transformadora.

5.1 Escolha do tema para o produto

O tema escolhido para os trabalhos em sala de aula nesta pesquisa foi “lixo”. Segundo

Damásio e Sampaio (2003), a sociedade de consumo está degradando o planeta, quer pelo

abuso que se faz dos recursos naturais, quer pela produção excessiva de lixo. Assim como, a

energia é o principal recurso que faz mover a sociedade de consumo, o lixo é o seu produto

mais problemático.

No mundo contemporâneo, onde a maioria das pessoas valoriza o “ter” e não o “ser”,

em que o ser humano passa a ser “objeto” na mão da mídia, que induz ao consumo,

aumentando cada vez mais lixo e degradando a natureza, faz-se necessário urgentemente

debater na escola estas questões, levando o aluno a refletir sobre esta problemática, suas

atitudes e, se necessário, mudar de postura.

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Do ponto de vista da degradação ambiental, o lixo representa mais do que poluição. Significa também muito desperdício de recursos naturais e energéticos. Somos invadidos a todo momento pelo desejo de consumir mais e mais supérfluos, transformados em necessidade pelo mercado, e que rapidamente viram lixo. As embalagens, destinadas à proteção de produtos, tornaram-se a ser estímulo para aumentar o consumo (a embalagem “valoriza” o produto e os descartáveis ocupam o lugar de bens duráveis. O resultado é um planeta com menos recursos ambientais e com mais lixo, que além da quantidade, aumenta em variedade, contendo materiais cada vez mais estranhos ao ambiente natural. (TALAMONI; SAMPAIO [orgs.], 2003, p.60)

De acordo com os PCNs (BRASIL, 2001a), o maior bem-estar das pessoas não é

diretamente proporcional à maior quantidade de bens consumidos. Entretanto, o atual modelo

econômico estimula um consumo crescente e irresponsável condenando a vida na Terra a uma

rápida destruição. Impõe-se, assim, a necessidade de estabelecer-se um limite a esse consumo.

Busquets (1998), citado por Damásio e Sampaio (2003), cita que a população infantil

ocupa lugar significativo na massa consumidora. Atualmente, a população infantil é o grande

negócio, pois por um lado, meninos e meninas são induzidos à compra de numerosos

produtos, e por outro, são também indutores do consumo dos adultos com os quais convivem.

Esse também é um negócio de futuro, por ser criador de hábitos de compra e estimulador de

novas necessidades.

Damásio (1997) e Grippi (2001), citados por Damásio e Sampaio (2003) indicam a

necessidade de trabalhos de Educação Ambiental nas escolas e devem envolver

simultaneamente toda a comunidade, dando enfoque à filosofia dos 3Rs: reduzir, reaproveitar

e reciclar, já que têm sido adotados na íntegra como discurso, mas somente de modo

segmentado na prática.

Quando o tema é lixo, os PCNs de Meio Ambiente e Saúde (BRASIL, 2001a) citam

que o que se tem de questionar vai além da simples ação de reciclar, reaproveitar, ou ainda,

reduzir o desperdício de recursos, estratégias que não fogem, por si, da lógica

desenvolvimentista. É preciso apontar para outras relações sociais, outros modos de vida, ou

seja, rediscutir os elementos que dão embasamento a essa lógica.

De acordo com Damásio e Sampaio (2003), a problemática infantil atual e futura está

exigindo uma educação em matéria de consumo. A escola deve proporcionar à população

infantil elementos de conhecimentos, procedimentos e atitudes que lhes permitam situar-se na

sociedade de consumo de maneira consciente, crítica, responsável e solidária.

Campos e Cavassan (2003) afirmam que a escola é responsável pela realização do

ensino formal e é nesse processo de ensino que se foca o desejo de mudança, por meio de

métodos que devem ser ativos, participantes e imbricados com a realidade.

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Portanto, daí surgiu a necessidade de debater esse tema com os alunos através de

atividades que despertem o interessem e motivem o aluno a participar, debater e refletir sobre

a questão ambiental. E, além disso, preparar um material a fim de facilitar o trabalho do

professor e tornar as suas aulas mais atraentes.

A intenção é levar o aluno a refletir, debater, criar soluções para problemas e a

despertar para uma nova postura relacionada ao consumismo e às suas consequências, pois, de

acordo com Furuta (1997); Sampaio (1997), citado por Damásio e Sampaio (2003), é

indispensável uma educação, que não só sensibilize, mas também modifique as atitudes das

pessoas e propicie novos conhecimentos, proporcionando-lhes uma nova postura a partir da

reflexão e ação de cada ser humano.

Fica evidente a importância de educar os brasileiros para que ajam de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; saibam exigir e respeitar os direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como internacional; e se modifiquem tanto interiormente, como pessoas, quanto nas suas relações com o ambiente. (BRASIL, 2001a, p. 181)

Segundo Campos e Cavassan (2003), essa é uma das tarefas árduas concedidas à

Educação Ambiental, rever conceitos e valores, despertando nas pessoas a visão crítica da

realidade vivenciada e repensando hábitos de consumo, valores e atitudes, de forma a

promover mudanças cognitivas e comportamentais, em prol da qualidade de vida.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O lúdico na educação fornece um caráter facilitador da aprendizagem, uma vez que

estimula a participação do aluno no processo de ensino-aprendizagem, privilegia a iniciativa,

a criatividade e a cooperação, além de motivar a participação.

Por meio deste estudo, pode-se perceber que é significativa a concordância dos

professores sobre a importância de atividades lúdicas em sala de aula. E apesar destas não

serem as mais utilizadas no dia a dia dos professores, percebe-se que as consideram

necessárias para estimular a aprendizagem, já que, com elas, os alunos se sentem mais

interessados e motivados em participar.

Nota-se que o caráter lúdico na Educação Ambiental pode ser muito útil para a

sensibilização e consequente mudança de posturas em relação ao ambiente, uma vez que os

próprios alunos dizem gostar de atividades que envolvam brincadeiras, por ensinarem e

divertirem, ao mesmo tempo em que estimula a aprendizagem e motiva-os a participarem.

Por ser um ambiente em que se passa grande parte de nossas vidas, a escola torna-se

um lugar onde se pode conhecer, identificar e estabelecer relações. Não configurando apenas

um local de aquisição de conhecimento, mas, sobretudo, um espaço no qual se pode debater,

trocar idéias e exercitar estratégias para a construção de um mundo melhor e mais sustentável.

Pode-se concluir ser necessário que o professor crie oportunidades para que o aluno

possa discutir, expor suas opiniões e tornar-se mais participativo durante o processo de

aprendizagem, considerando que em suas falas nas entrevistas, os próprios alunos dizem

sentir falta de atividades mais livres e de participarem ou de serem mais solicitados quanto à

participação.

Poderão ser criados ambientes de discussão em sala de aula, em áreas livres ou em

qualquer outro ambiente, nos quais os educandos possam dar opiniões, manifestarem-se

positiva ou negativamente em relação a um determinado assunto, ouvirem opiniões de colegas

e exercitarem a importância da cooperação e do trabalho mútuo.

Os resultados deste trabalho mostram ser muito interessante a relação entre o lúdico e

a Educação Ambiental, tendo em vista o fato de os alunos se sentirem mais interessados em

relação ao tema, e, assim, as discussões e a participação tornarem-se muito maiores do que

nas aulas em que só o professor fala e não permite a participação do aluno.

Deste modo, faz-se importante a reflexão sobre a maneira que vêm sendo trabalhadas,

nas escolas, as questões relacionadas à temática ambiental, pois, nesta perspectiva de

educação a favor do ambiente, simultaneamente ecológica e humanista, devem privilegiar-se

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os métodos ativos e aqueles que favoreçam não só a construção de conceitos globalizantes,

mas também o desenvolvimento de atitudes e comportamentos, dentro de um quadro de

valores adequados aos objetivos da Educação Ambiental.

Enfim, ao trabalhar as questões ambientais por meio de temáticas transversais, lúdicas

e interdisciplinares, a escola pode tornar-se um dos maiores laboratórios de educação, na

cidadania, despertar sonhos e ações coletivas para a busca de soluções e para as insatisfações

que permeiam o ambiente escolar, já que estas atividades podem facilitar o processo ensino-

aprendizagem e motivar a reflexão-ação.

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

Questionário aplicado com o objetivo de analisar a percepção de professores sobre a

importância das atividades lúdicas na educação

1- Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

2- Em qual(is) nível(s) você leciona? ( ) Ensino Fundamental I ( ) Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio

3- Em qual(is) a(s) série(s) você leciona? Ensino Fundamental 1: __________________________________________________ Ensino Fundamental 2:___________________________________________________ Ensino Médio:__________________________________________________________

4- Experiência docente: ( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) 16 a 20 anos ( ) 21 a 25 anos

( ) 26 a 30anos ( ) mais de 30 anos.

5- Em que tipo de instituição trabalha? ( ) Privada ( ) Pública 6- Qual o número de escolas em que trabalha? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) Mais ______ 7- Quais são, normalmente, as estratégias usadas por você durante as aulas de ciências?

( )Aula expositiva ( )Debates ( )Visitas ( )Jogos ( )Filmes ( ) Teatro ( )Outros. Quais? ________________________________________________________

8- Por que você opta por estas estratégias? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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9- Durante as suas aulas existem atividades lúdicas, como jogos, dinâmicas, teatro,

visitas,...?

( )Sim ( )Não a) Por quê? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

b) Se sim, com que freqüência isso acontece? _____________________________________________________________________

10- Quais estratégias você acha que o aluno mais gosta que seja utilizada durante as aulas? ( ) Aulas expositivas ( ) Jogos ( ) Teatros ( ) Dinâmicas ( ) Filmes ( ) Apresentações de trabalhos ( ) Excursões ( ) Aulas práticas (em laboratórios ou não) ( ) Júri simulado ( ) Outras.Quais?______________________________________________________ Por quê? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

11- Das estratégias citadas na questão 10, com quais você acha que o aluno aprende mais? Por quê? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

12- Para você, o que faz uma aula despertar a atenção dos alunos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

13- Para você, o que faz uma aula se tornar desinteressante para o aluno? _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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14- Você acha que jogos, dinâmicas, teatros e atividades envolvendo brincadeiras podem facilitar a aprendizagem? Justifique: ( ) sim ( ) Não

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO DO ALUNO

Questionário aplicado com o objetivo de analisar a percepção de alunos sobre a

importância das atividades lúdicas na educação e alguns conhecimentos ambientais

1- Quais estratégias você gosta (ou gostaria) que o professor utilize (ou utilizasse) para ensinar o conteúdo? (Marque 3 opções)

( ) Aulas expositivas ( ) Jogos

( ) Teatros ( ) Dinâmicas

( ) Filmes ( ) Apresentações de trabalhos

( ) Excursões ( ) Aulas práticas (em laboratórios ou não)

( )Júri simulado

( ) Outras. Quais? ___________________________________________________________

2- Explique por que você gosta das atividades assinaladas acima:

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3- Das estratégias citadas na questão 1, com qual você acha que aprende mais? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4- Para você, o que faz uma aula ser legal?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5- Para você, o que faz uma aula ser chata?

________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6- Você acha que jogos, dinâmicas, teatros e atividades envolvendo brincadeiras podem

facilitar a aprendizagem? Justifique:

( ) Sim ( ) Não ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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Agora, responda as questões a seguir de acordo com o seu conhecimento sobre questões ambientais 1- Para você, o que é um problema ambiental?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2- A superpopulação é um problema ambiental? Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3- Que fatores você acredita que influenciem na produção de lixo? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4- Você acha que o desenvolvimento da tecnologia prejudica o meio ambiente? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5- O que podemos fazer para reduzir a produção de lixo? Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6- Qual das duas formas de descarte de lixo é mais vantajosa? O lixão ou o aterro sanitário?

Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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APÊNDICE C

Declaração

Mariana, 02 de junho de 2010.

Eu, _______________________________________________, responsável pelo aluno

(a):____________________________________________________ autorizo sua

participação na pesquisa sobre a utilização de atividades lúdicas no trabalho com educação

ambiental, realizada pela professora Luana Magda Muniz dos Santos e autorizo a

divulgação da sua imagem, registrada durante a participação da pesquisa.

__________________________________

Assinatura do pai ou responsável.

__________________________________

Assinatura do aluno