ELABORAÇÃO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
-
Upload
sidney-christ -
Category
Documents
-
view
219 -
download
0
Transcript of ELABORAÇÃO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
1/133
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
VNIA DE CSSIA DA FONSECA
ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
FRESCAL ESTABILIZADO POR COMBINAES TERNRIAS DE ALGINATO DE
PROPILENO GLICOL, GOMA XANTANA E CARBOXIMETILCELULOSE
CURITIBA2008
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
2/133
VNIA DE CSSIA DA FONSECA
ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
FRESCAL ESTABILIZADO POR COMBINAES TERNRIAS DE ALGINATO DE
PROPILENO GLICOL, GOMA XANTANA E CARBOXIMETILCELULOSE
Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do grau de Mestre em Tecnologia deAlimentos ao Programa de Ps-Graduao emTecnologia de Alimentos, Setor de Tecnologia daUniversidade Federal do Paran.
Orientadora: Dr. Nina Waszczynskyj
Co-orientadora: Dr. Agnes de Paula Scheer
CURITIBA
2008
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
3/133
minha famlia, em especial meus pais Iraci e Goretti.
minha filha, Ana Lara e ao meu namorado Douglas.
Por todo apoio e carinho.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
4/133
AGRADECIMENTOS
A Deus por me guiar at aqui e nunca me deixar sozinha.
minha famlia, principalmente meus pais, Iraci e Goretti, que sempre me
apoiaram e deram fora para continuar. Aos meus irmos Neiro, Renato e Dayse,
por estarem presentes na minha vida, em especial a minha irm por cuidar com
carinho da minha filha quando precisava me ausentar.
minha filha linda, Ana Lara, por ser to compreensiva e carinhosa, sempre
entendendo a vontade e necessidade da sua me estudar.
Ao meu namorado to especial, Douglas, que sempre me apoio e me ajudou
nos momentos difceis, passando horas no computador comigo, corrigindo figuras eme socorrendo quando algo acontecia. Sou muito grata por tudo que voc
representa: amor, companheirismo, dedicao e acima de tudo perseverana.
minha outra famlia, Lus Csar, Marise, Adriana e Ricardo, sempre
prontos a me ajudar, me sinto parte de vocs.
minha orientadora Nina Waszczynskyj e co-orientadora Agnes de Paula
Scheer, pelo apoio e pacincia, pois sei que sou muito ansiosa.
Aos professores Paulo Fontoura, por toda ajuda nos momentos difceis nolaboratrio; e Henrique Kehler pelo auxlio com a estatstica.
amiga Dayane Rosalyn Izidoro por toda ajuda mesmo nos sbados de
manh, quando podia dormir at mais tarde.
A todos os amigos e colegas que contriburam de alguma forma na
realizao desse trabalho.
Frimesa, em especial a todos do laboratrio de controle de qualidade, pela
colaborao e toda ateno que recebi.Ao Programa de Ps-Graduao em Tecnologia de Alimentos pela
oportunidade; e ao CNPq pela bolsa de estudos.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
5/133
O mundo como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus prprios
pensamentos. A maneira como voc encara a vida que faz toda diferena.
Lus Fernando Verssimo
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
6/133
RESUMO
O soro de queijo Minas frescal pouco utilizado devido ao seu teor de sal, sendo
assim, a elaborao de molho para salada com esse subproduto, estabilizado porcombinaes ternrias de alginato de propileno glicol (APG), goma xantana (GX) ecarboximetilcelulose (CMC) foi investigada neste trabalho. Foram desenvolvidas seteformulaes baseando-se no delineamento para superfcies limitadas e misturas,nas seguintes propores, respectivamente, de APG, GX e CMC: F1(0,50/0,25/0,25), F2 (0,25/0,50/0,25), F3 (0,25/0,25/0,50), F4 (0,375/0,375/0,25), F5(0,375/0,25/0,375), F6 (0,25/0,375/0,375), F7 (0,333/0,333/0,333). O soro de queijoMinas frescal foi caracterizado utilizando o clculo da amostragem ideal, oscomponentes analisados foram protenas (0,78 0,02), resduo mineral fixo (2,37 0,02), pH (6,33 0,08), extrato seco total (8,63 0,32), lactose (3,68 0,89),densidade (1,0365 0,002), acidez titulvel (11 0,47), cloreto de sdio (0,35 0,15) e gordura (0,73 0,04). Foi avaliado o comportamento reolgico das seteformulaes com ajuste ao modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potncia), todasapresentaram comportamento no-Newtoniano pseudoplstico a 4 e 25C. O ndicede comportamento foi pouco influenciado pela temperatura, apresentando umpequeno aumento quando essa subiu de 4C para 25C, sendo os maiores valoresobtidos para F1 a 4C e a 25C F5 foi estatisticame nte igual a F1. O coeficiente deconsistncia sofreu um decrscimo com o aumento da temperatura, os maiores valoresforam para F3, mas a 25C F3 e F2 foram estatistica mente iguais. A viscosidadeaparente diminuiu com o aumento da taxa de cisalhamento e temperatura, F3, commaior concentrao de CMC, apresentou os maiores valores. A Metodologia de
Superfcie de Resposta mostrou que o APG e a CMC tiveram maior influncia noaumento do ndice de comportamento, para o coeficiente de consistncia a interaoternria, juntamente a GX e a CMC. Na viscosidade aparente a CMC e a interaoternria foram significativamente importantes, o modelo cbico especial representoumelhor as respostas. Todas as formulaes mostraram-se estveis at 120 dias. Asformulaes F3 e F7 foram utilizadas na anlise sensorial do teste triangular porapresentarem maior viscosidade e menor custo para matria-prima, nesse teste nofoi detectada diferena de sabor entre as amostras, essas atenderam a legislaovigente quanto aos limites microbiolgicos determinados. A melhor formulaoconforme os dados de viscosidade aparente e custo da matria-prima foi a F3,revelando que a proporo ideal entre os estabilizantes APG, GX e CMC foi de 0,25;
0,25 e 0,50%, respectivamente. Com esta formulao foram elaboradas duasformulaes finais: 461 (0,15% salsa) e 672 (0,15% hortel), as quaispermaneceram dentro dos limites da legislao nas anlises microbiolgicas. Ambasas formulaes foram aceitas, conforme anlise sensorial de comparao pareada-preferncia, aceitabilidade e atitude de compra ou consumo; apresentando baixovalor calrico.
Palavras chave: soro de queijo Minas frescal. Molho para salada. Alginato depropileno glicol. Goma xantana. Carboximetilcelulose.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
7/133
ABSTRACT
The "Minas frescal" cheese whey is little used due to his content of salt, therefore,the salad dressing elaboration with this by-product, stabilized by ternarycombinations of propylene glycol alginate (PGA), xantan gum (XG) andcarboxymethylcellulose (CMC) was investigated in this work. Seven formulationswere developed basing on the design for constrained surfaces and mixtures, in thefollowing proportions, respectively, of APG, XG and CMC: F1 (0,50/0,25/0,25), F2(0,25/0,50/0,25), F3 (0,25/0,25/0,50), F4 (0,375/0,375/0,25), F5 (0,375/0,25/0,375),F6 (0,25/0,375/0,375), F7 (0,333/0,333/0,333). The Minas frescal cheese wheywas characterized using the calculation of the ideal sampling, the analyzedcomponents were proteins (0,78 0,02), fixed mineral residue (2,37 0,02), pH (6,33 0,08), total dry extract (8,63 0,32), lactose (3,68 0,89), density (1,0365 0,002),acidity (11 0,47), chloride of sodium (0,35 0,15) and fat (0,73 0,04). The
rheological behavior of seven formulations was evaluated with adjustment to themodel of Ostwald-of-Waelle (Power Law), all presented shear-thinning behavior to 4and 25C. The behavior index it was little influenc ed by the temperature, presenting asmall increase when that arose from 4 to 25C, bein g the largest values for F1 to 4Cand to 25C F5 was same statistical F1. The consistency coefficient it suffered adecrease with the increase of the temperature, the largest values went to F3, but to25C F3 and F2 they were same statistical. The appa rent viscosity it decreased withthe increase of the shear rate and temperature, F3, with larger CMC concentration,presented the largest values. The response surface methodology showed that thePGA and CMC had larger influence in the increase of the behavior index, for theconsistency coefficient the ternary interaction, together the XG and the CMC. In the
apparent viscosity the ternary interaction and the CMC were significantly important;the special cubic model represented the answers better. All of the formulations wereshown stable even 120 days. The formulations F3 and F7 were used in the sensorialanalysis of the triangular test for they present larger viscosity and smaller cost for rawmaterial, in that test flavor difference was not detected among the samples, these areaccording to legislation as for the microbiological limits. The best formulationaccording to the data of apparent viscosity and cost of the raw material was F3,revealing that the ideal proportion among the stabilizer PGA, XG and CMC was of0,25; 0,25 and 0,50%, respectively, with this formulation two final formulations wereelaborated: 461 (0,15% parsley) and 672 (0,15% mint), which stayed inside of thelimits of the legislation in the analyses microbiological. Both formulations wereaccepted, according to sensory analysis and presenting low caloric value.
keywords: Minas frescal cheese whey. Salad dressing. Propylene glycol alginate.
Xantan gum. Carboxymethylcellulose
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
8/133
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - TIPOS DE EMULSO............................................................................38
FIGURA 2 - FENMENOS QUE OCORREM NAS EMULSES...............................40
FIGURA 3 - FENMENO DE CREAMING E SEDIMENTAO EM
EMULSES............................................................................................42
FIGURA 4 - GOTA DE LEO DA FASE DISPERSA ENVOLTA POR
EMULSIFICANTE...................................................................................43
FIGURA 5 - MODELO DEFINIDO POR ISAAC NEWTON........................................50
FIGURA 6 - ESQUEMA DE CLASSIFICAO DOS FLUIDOS SEGUNDO
COMPORTAMENTOREOLGICO........................................................52
FIGURA 7 - REPRESENTAO GRFICA DE FLUIDOS NEWTONIANOS............53
FIGURA 8 - CURVAS DE FLUXO PARA FLUIDOS NEWTONIANOS E NO
NEWTONIANOS INDEPENDENTES DO TEMPO.................................54
FIGURA 9 - REPRESENTAO GRFICA DE FLUIDOS NO NEWTONIANOS
DEPENDENTES DO TEMPO.................................................................57
FIGURA 10 - ESQUEMA CLASSIFICATRIO DOS MTODOS SENSORIAIS.......61
FIGURA 11 - ORGANOGRAMA DE PRODUO DO QUEIJO MINAS
FRESCAL..............................................................................................66
FIGURA 12 - MISTURADOR SILVERSON L4RT E ESTATOR COM ALTA TAXA DE
CISALHAMENTO..................................................................................70
FIGURA 13 - REOMTRO RAAKE RS1 E SENSOR CONE/PLACA C60/2
Ti-Nr......................................................................................................74
FIGURA 14 - MODELO DE TUBO DE CENTRFUGA UTILIZADO...........................75
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
9/133
FIGURA 15 - FICHA UTILIZADA NO TESTE DE COMPARAO PAREADA
PREFERNCIA.....................................................................................77
FIGURA 16 - FICHA UTILIZADA NO TESTE PERFIL DE ATRIBUTOS...................78
FIGURA 17 - FICHA UTILIZADA NO TESTE DE ACEITAO.................................79
FIGURA 18 - FICHA UTILIZADA NO TESTE ATITUDE DE COMPRA OU
CONSUMO...........................................................................................80
FIGURA 19 - REOGRAMAS DAS FORMULAES NAS TEMPERATURAS DE 4 E
25C............................................... .......................................................84
FIGURA 20 - REOGRAMA DAS FORMULAES A 4C AJUSTADO S PELO
MODELO LEI DA POTNCIA...............................................................86
FIGURA 21 - REOGRAMA DAS FORMULAES A 25C AJUSTAD OS PELO
MODELO LEI DA POTNCIA...............................................................87
FIGURA 22 - VALORES DE n PARA AS CONCENTRAES DE GX.......................90
FIGURA 23 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL RELATIVO AO NDICE DE
COMPORTAMENTO (n) A 4C............................ .................................93
FIGURA 24 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL RELATIVO AO NDICE DE
COMPORTAMENTO (n) A 25C........................... ................................94
FIGURA 25 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL RELATIVO AO COEFICIENTE DE
CONSISTNCIA (K) A 4C............................. ......................................95
FIGURA 26 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL RELATIVO AO COEFICIENTE DE
CONSISTNCIA (K) A 25C............................ .....................................96
FIGURA 27 - VISCOSIDADE APARENTE DAS FORMULAES A 4C E 25C.....98
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
10/133
FIGURA 28 - VALORES DE VISCOSIDADE APARENTE (ap) A TAXA DE
CISALHAMENTO DE 100 S-1 A 4C E 25C...................................... ..99
FIGURA 29 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL PARA VISCOSIDADE APARENTE (ap)
A TAXA DE CISALHAMENTO DE 100 S-1, EM TEMPERATURA DE
4C................................................ ......................................................100
FIGURA 30 - DIAGRAMA TERNRIO DA SUPERFCIE DE RESPOSTA DO
MODELO CBICO ESPECIAL PARA VISCOSIDADE APARENTE (ap)
A TAXA DE CISALHAMENTO DE 100 S-1
, EM TEMPERATURA DE25C............................................... .....................................................101
FIGURA 31 - TODAS AS FORMULAES A 120 DIAS DE ESTOCAGEM 200X DE
AUMENTO..........................................................................................103
FIGURA 32 - ESTABILIDADE DAS EMULSES AO CREAMING NO PERODO DE
120 DIAS.............................................................................................104
FIGURA 33 - AVALIAO DOS JULGADORES NO TESTE DE COMPARAO
PAREADA PREFERNCIA DAS DUAS FORMULAES DE
MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL
AROMATIZADOS COM 0,15% SALSA (461) OU 0,15% DE HORTEL
(672)....................................................................................................108
FIGURA 34 - REPRESENTAO GRFICA DAS NOTAS ATRIBUDAS PARA AS
DUAS FORMULAES DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE
QUEIJO MINAS FRESCAL AROMATIZADOS COM SALSA OU
HORTEL NO TESTE PERFIL DEATRIBUTOS................................109
FIGURA 35 - GRFICO COMPARATIVO ENTRE O VALOR CALRICO DAS
FORMULAES 461 E 672 COM DIFERENTES MOLHOS PARA
SALADA LIGHT..................................................................................112
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
11/133
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - COMPOSIO NUTRICIONAL DO LEITE INTEGRAL.........................24
TABELA 2 - COMPOSIO CENTESIMAL E VALOR CALRICO (kcal/100g) EM
LEITES E DERIVADOS..........................................................................25
TABELA 3 - CONSUMO PER CAPITA BRASILEIRO DE LEITE E DERIVADOS -
2000/2005...............................................................................................25
TABELA 4 - EVOLUO DA PRODUO DE LEITE NOS ESTADOSBRASILEIROS EM MILHES DE LITROS, 1998 /2004........................26
TABELA 5 - COMPOSIO QUMICA DO SORO DOCE E CIDO.........................33
TABELA 6 - COMPOSIO DO SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL..................34
TABELA 7 - DISTRIBUIO DOS COMPONENTES DO LEITE ENTRE O SORO E
O QUEIJO...............................................................................................35
TABELA 8 - MTODOS PARA IDENTIFICAR O TIPO DE EMULSO.....................38
TABELA 9 - PRINCIPAIS TIPOS DE EMULSES EM ALIMENTOS........................39
TABELA 10 - POLISSACARDEOS E SEU USO EM MOLHOS E
COBERTURAS.....................................................................................45
TABELA 11 - CONTEDO TPICO DE LEO EM MOLHOS E COBERTURAS.......48
TABELA 12 - EXEMPLO DE ALIMENTOS COM COMPORTAMENTO REOLGICO
PSEUDOPLSTICOS...........................................................................55
TABELA 13 - MTODOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAO FSICO-QUMICA
DO SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL...........................................67
TABELA 14 - COMPONENTES FIXOS NAS FORMULAES................................69
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
12/133
TABELA 15 - DELINEAMENTO PARA SUPERFCIES LIMITADAS E MISTURAS
AUMENTADO DE 7 TRATAMENTOS SENDO 4 PONTOS CENTRAIS,
PARA AS MISTURAS DE APG, GX E CMC.........................................72
TABELA 16 - MTODOS UTILIZADOS NA CARACTERIZAO QUMICA DAS
FORMULAES 461 (0,15% SALSA) E 672 (0,15% HORTEL).......81
TABELA 17 - CARACTERIZAO FSICO-QUMICA DO SORO DE QUEIJO MINAS
FRESCAL.............................................................................................82
TABELA 18 - PARMETROS REOLGICOS AJUSTADOS PELO MODELO DA LEI
DA POTNCIA NA TEMPERATURA DE 4C PARA TODAS ASFORMULAES E REPETIES.......................................................88
TABELA 19 - PARMETROS REOLGICOS AJUSTADOS PELO MODELO DA LEI
DA POTNCIA NA TEMPERATURA DE 25C PARA TODAS AS
FORMULAES E REPETIES.......................................................89
TABELA 20 - COEFICIENTES DO MODELO CBICO ESPECIAL PARA OS
PARMETROS n, K E ap....................................................................91
TABELA 21 - EQUAES DE REGRESSO, COEFICIENTE DE DETERMINAO
E ERRO PADRO PARA OS PARMETROS REOLGICOS............92
TABELA 22 - VISCOSIDADE APARENTE PARA TODAS AS FORMULAES E
REPETIES.......................................................................................97
TABELA 23 - ANLISE DE VARINCIA DO MODELO CBICO ESPECIAL PARAAS RESPOSTAS COEFICIENTE DE CONSISTNCIA (K), NDICE DE
COMPORTAMENTO (n) E VISCOSIDADE APARENTE (ap)...........102
TABELA 24 - ANLISES MICROBIOLGICAS DAS AMOSTRAS UTILIZADAS NO
TESTE TRIANGULAR........................................................................106
TABELA 25 - ANLISES MICROBIOLGICAS DAS AMOSTRAS UTILIZADAS NO
TESTE DE ACEITAO E ATITUDE DE COMPRA..........................106
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
13/133
TABELA 26 - CUSTO APARENTE PARA A MATRIA-PRIMA NAS FORMULAES
F3, F5 E F7 CONSIDERANDO QUE O SORO NO TEVE
CUSTO...............................................................................................107
TABELA 27 - MDIAS DAS DUAS FORMULAES DE MOLHO PARA SALADA
COM SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL AROMATIZADOS COM
SALSA OU HORTEL PARA OS ATRIBUTOS APARNCIA, SABOR E
CONSISTNCIA.................................................................................109
TABELA 28 - ATRIBUTOS DE MAIOR E MENOR PREFERNCIA DESCRITOS
PELOS PROVADORES PARA CADA AMOSTRA DE MOLHO PARA
SALADA COM SORO QUEIJO MINAS FRESCAL AROMATIZADOS
COM SALSA OU HORTEL...............................................................110
TABELA 29 - PREFERNCIA E ATITUDE DE COMPRA PARA AS DUAS
FORMULAES DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE
QUEIJO MINAS FRESCAL AROMATIZADOS COM SALSA OU
HORTEL...........................................................................................111
TABELA 30 - ANLISES QUMICAS DAS FORMULAES DE MOLHO PARA
SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL
AROMATIZADAS COM SALSA OU HORTEL.................................112
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
14/133
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - TIPOS DE DISPERSES COLOIDAIS EM ALIMENTOS....................37
QUADRO 2 - EQUAO CONSTITUTIVA PARA ALGUNS MODELOS
REOLGICOS E OS VALORES DE 0, k E n PARA ESSES
FLUIDOS............................................................................................. 58
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
15/133
LISTA DE SMBOLOS E ABREVIATURAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABIQ Associao Brasileira das Indstrias de Queijo
LANARA Laboratrio de Anlises de Alimentos de Origem Animal
IAL Instituto Adolfo Lutz
RIISPOA Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de OrigemAnimal
UDESC UNITED STATES DAIRY EXPORT COUNCIL
APG Alginato de Propileno Glicol
GX Goma Xantana
CMC Carboximetilcelulose
BHT Butil hidroxitolueno
pI Ponto isoeltrico
O/A leo em gua
A/O gua em leo
Tenso de cisalhamento
Taxa de cisalhamento
Viscosidade
ap Viscosidade aparente
K Coeficiente de consistncia
n ndice de comportamento
LP Lei da potncia (Ostwald-de-Waelle)
R2 Coeficiente de determinao
2 Qui-quadrado
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
16/133
SQR Soma do quadrado do resduo
Ep Erro padro
SQ - Soma dos quadrados
GL - Grau de liberdade
QM - Quadrado da mdia
NMP Nmero mais provvel
UFC Unidade formadora de colnia
n0 Tamanho inicial da amostragem
t valor de tabela t de Student, com nvel de significncia de 95%
d Percentagem de erro em torno da mdia, 5%
S2Varincia populacional ou sua estimativa
Xi Fatores de mistura
ai Limite inferior proporo original mnima
bi Limite superior
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
17/133
SUMRIO
1 INTRODUO................................................................................... 20
1.1 OBJETIVOS....................................................................................... 21
1.1 OBJETIVO GERAL............................................................................ 21
1.2 OBJETIVOS SPECFICOS................................................................ 22
2 REVISO BIBLIOGRFICA.............................................................. 23
2.1 LEITE E PRODUTOS LCTEOS....................................................... 23
2.1.1 Componentes do leite........................................................................ 27
2.1.1.1 Protenas............................................................................................ 27
2.1.1.1.1 Casenas............................................................................................ 27
2.1.1.1.2 Protenas hidrossolveis.................................................................... 28
2.1.1.2 Lactose............................................................................................... 31
2.1.1.3 Sais.................................................................................................... 31
2.1.2 Queijo Minas frescal........................................................................... 32
2.1.3 Soro de queijo.................................................................................... 33
2.2 SISTEMAS COLOIDAIS..................................................................... 36
2.2.1 Emulso............................................................................................. 37
2.2.1.1 Estabilidade da emulso.................................................................... 39
2.2.1.1.1 Floculao.......................................................................................... 40
2.2.1.1.2 Coalescncia.................................................................................... 41
2.2.1.1.3 Formao de creme ou creaming.................................................... 41
2.2.1.1.4 Inverso.............................................................................................. 42
2.2.1.2 Emulsificantes/estabilizantes............................................................. 43
2.2.1.2.1 Alginato de Propileno Glicol............................................................... 45
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
18/133
2.2.1.2.2 Goma Xantana................................................................................... 46
2.2.1.2.3 Carboximetilcelulose.......................................................................... 47
2.2.1.3 Molho para salada.............................................................................. 482.3 REOLOGIA E VISCOSIDADE............................................................ 49
2.3.1 Fluidos Newtonianos.......................................................................... 52
2.3.2 Fluidos no Newtonianos................................................................ 53
2.3.2.1 Fluidos no Newtonianos independentes do tempo....................... 54
2.3.2.1.1 Plsticos de Bingham......................................................................... 54
2.3.2.1.2 Pseudoplsticos................................................................................. 55
2.3.2.1.3 Dilatante............................................................................................. 56
2.3.2.2 Fluidos no Newtonianos dependentes do tempo.......................... 56
2.3.2.3 Fluidos viscoelsticos......................................................................... 57
2.3.3 Modelos reolgicos............................................................................ 57
2.3.3.1 Modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potncia)............................... 582.3.4 Reologia de molhos e coberturas....................................................... 59
2.4 ANLISE SENSORIAL....................................................................... 60
2.4.1 Mtodo sensorial descritivo................................................................ 61
2.4.2 Mtodo sensorial discriminativo......................................................... 62
2.4.3 Mtodo sensorial afetivo.................................................................... 62
2.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL.................................................. 63
2.5.1 Delineamento para Misturas.............................................................. 63
3 MATERIAIS E MTODOS................................................................. 65
3.1 MATERIAL......................................................................................... 65
3.2 MTODOS......................................................................................... 65
3.2.1 Coleta e armazenamento do soro de queijo...................................... 65
3.2.2 Caracterizao fsico-qumica do soro de queijo............................... 67
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
19/133
3.2.2.1 Amostragem....................................................................................... 68
3.2.3 Preparo das emulses....................................................................... 68
3.2.3.1 Delineamento experimental................................................................ 703.2.4 Comportamento reolgico e superfcie de resposta........................... 73
3.2.5 Estabilidade das emulses................................................................. 75
3.2.5.1 Microscopia........................................................................................ 75
3.2.5.2 Creaming......................................................................................... 75
3.2.6 Anlises microbiolgicas.................................................................... 76
3.2.7 Anlise Sensorial................................................................................ 76
3.2.7.1 Teste triangular.................................................................................. 76
3.2.7.2 Teste de comparao pareada-preferncia....................................... 77
3.2.7.3 Perfil de atributos............................................................................... 78
3.2.7.4 Anlise afetiva.................................................................................... 79
3.2.7.5 Teste atitude de compra ou consumo................................................ 803.2.8 Anlises qumicas.............................................................................. 81
4 RESULTADOS E DISCUSSES....................................................... 82
4.1 CARACTERIZAO DO SORO DE QUEIJO MINAS
FRESCAL........................................................................................... 82
4.2 COMPORTAMENTO REOLGICO E SUPERFCIE DE
RESPOSTA........................................................................................ 83
4.3 ESTABILIDADE DA EMULSO......................................................... 103
4.3.1 Microscopia........................................................................................ 103
4.3.2 Creaming......................................................................................... 104
4.4 ANLISES MICROBIOLGICAS....................................................... 105
4.5 ANLISE SENSORIAL....................................................................... 107
4.5.1 Teste triangular.................................................................................. 107
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
20/133
4.5.2 Teste de comparao pareada-preferncia....................................... 108
4.5.3 Teste de perfil dos atributos aparncia, sabor e consistncia........... 108
4.5.4 Teste de aceitao............................................................................. 1104.5.5 Teste afetivo quanto preferncia e a atitude de compra do molho
para salada para as formulaes 461 (0,15% salsa) e 672 (0,15%
hortel)............................................................................................... 111
4.6 ANLISES QUMICAS....................................................................... 111
5 CONCLUSES.................................................................................. 113
6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................ 115REFERNCIAS.................................................................................. 116
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
21/133
20
1 INTRODUO
O queijo um alimento industrializado e comercializado mundialmente e h
uma grande variedade desse produto lcteo no mercado. Deve ser mencionado que,
o queijo Minas frescal tipicamente brasileiro e que so inmeros os processos
utilizados os quais geram soro com caractersticas distintas. Utilizou-se ento, como
matria-prima, neste trabalho, o soro oriundo do processo onde a salga realizada
ainda na massa no tanque de coagulao, esse subproduto tem sido pouco
aproveitado na indstria e seu destino de forma preponderante a alimentao
animal.
Atualmente, h uma preocupao cada vez maior dos laticnios com relaoa esse subproduto, uma vez que menor o custo da sua utilizao como matria-
prima do que proceder ao seu tratamento, considerando o alto valor agregado que
os produtos elaborados com o soro podem vir a ter.
Alm do elevado valor nutritivo, as protenas do leite (tanto as casenas
como as lactoglobulinas e lactoalbuminas) conferem aos produtos formulados
melhor aparncia e melhores caractersticas sensoriais, em virtude de suas
propriedades funcionais, destacando-se: solubilidade e dispersibilidade, opacidade,reteno de gordura, reteno de gua, emulsificao, viscosidade, estabilidade
trmica, gelificao e formao de filmes (LAWSON, 1994; CHEN, 1995). Alm do
que, a adio de protenas do soro de leitea alimentos de base, segundo ensaios
efetuados com equipes de provadores, no altera a qualidade sensorial desses
alimentos (PRATES; MATEUS, 2002).
Pases como Estados Unidos, Austrlia, Canad, Nova Zelndia e naes
da Unio Europia processam este subproduto reconhecendo-o como ingredientefuncional e agregando valor linha de produo da indstria lctea (ANTUNES,
2003). No Brasil, o soro produzido pouco utilizado, tal fato pode ser constatado
com os dados disponveis no MDIC (Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e
Comrcio Exterior). Nestes dados o soro sobressai dos demais produtos lcteos, por
apresentar um dos maiores dficits com US$ 2,6 milhes no ms de dezembro e
US$ 35,4 milhes no acumulado de janeiro a dezembro de 2006 (SELECTUS, 2006).
O baixo aproveitamento do soro deve-se em parte pelo custo elevado que
representa aos pequenos produtores de queijo a aquisio de secadores e
equipamentos de separao das fraes, de modo a agregar valor na elaborao de
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
22/133
21
produtos. H no Brasil tecnologia para beneficiamento do soro e leitelho para
produo de soro em p, soro desmineralizado, concentrado protico, lactose,
bebidas aromatizadas, cido ltico, recuperao de gordura e de casena. Todavia,
este processo ainda tem sido considerado inaceitvel por alguns dos pequenos e
mdios laticnios (CASTRO; NEVES, 2001).
Ao se fazer uma anlise da situao pode-se constatar ento, que o alto
volume de soro produzido e desperdiado, bem como, os valores nutricionais,
propriedades funcionais e farmacuticas dessa matria-prima e o fator agravante,
alto custo para a secagem, geram a necessidade do desenvolvimento de
alternativas para utilizao do soro in naturacomo matria-prima.
O soro deve ser utilizado da melhor maneira possvel, de modo a maximizaro valor obtido pelo produto (CARVALHO; ALVIM; MARTINS,2005). Os molhos de
salada e maioneses pertencem a uma categoria ativa no quesito desenvolvimento
de produtos, com mais de 260 novos produtos introduzidos nos EUA em 2003, de
acordo com Mintel's Global New Products Database (GNPD, Chicago) (O'DONNELL;
STIER, 2004). O presente trabalho tem por objetivo utilizar o soro de queijo Minas
frescal em molho para saladas.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Utilizar o soro de queijo Minas frescal em emulso leo em gua (O/A), tipomolho para salada, estabilizada por Alginato de Propileno Glicol, Goma Xantana e
Carboximetilcelulose.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
23/133
22
1.1.2 Objetivos especficos
Caracterizar as propriedades fsico-qumicas do soro de queijo Minas frescal;
Avaliar combinaes ternrias, com diferentes propores entre si, de
Alginato de Propileno Glicol (APG), Goma Xantana (GX) e
Carboximentilcelulose (CMC) utilizando o delineamento de superfcies
limitadas e misturas;
Descrever o comportamento reolgico das emulses a 4C e 25C ajustando
os dados reolgicos pelo modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potncia);
Avaliar por Metodologia de Superfcie de Resposta a importncia dos
estabilizantes APG, GX e CMC, em diferentes propores, nos parmetros
reolgicos obtidos pelo modelo de Ostwald-de-Waelle (Lei da Potncia);
Analisar a estabilidade das emulses no perodo de 120 dias utilizando
microscopia e metodologia para avaliao de creaming;
Selecionar as emulses com maior estabilidade e viscosidade aparente (ap);
e de menor custo da matria-prima, para serem utilizadas na anlise
sensorial;
Aplicar testes sensoriais para definir a melhor formulao, verificaraceitabilidade, atitude de compra e consumo das formulaes finais,
acrescidas de salsa e hortel;
Definir a melhor proporo ente os estabilizantes APG, GX e CMC, baseando-
se nos dados de viscosidade aparente (ap), estabilidade e custo da matria-
prima;
Caracterizar quimicamente e determinar o valor calrico das formulaes
finais.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
24/133
23
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 LEITE E PRODUTOS LCTEOS
O leite o lquido secretado pelas glndulas mamrias, tanto do ser
humano, como dos animais mamferos, cujo fim servir de alimento ao recm
nascido. Em termos tecnolgicos, o conceito de leite se refere unicamente ao leite
de vaca, obtido como leite cru em propriedade agrcola e que posteriormente
tratado em centrais leiteiras. Quando se tratar de leite de outra espcie deve-se
indicar a mesma (SPREER, 1991).Segundo o Regulamento de Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de
Origem Animal (RIISPOA), artigo 475, entende-se por leite, sem outra
especificao, ao produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condies
de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas (BRASIL, 1997a).
Representa a secreo trifsica da glndula mamria, onde se encontram glbulos
de gordura emulsificados, micelas de casena dispersas e demais protenas, lactose,
vitaminas e sais orgnicos e inorgnicos dissolvidos na fase contnua que a gua.Pode-se dizer que o leite formado por trs fases: uma emulso, uma disperso
coloidal e uma soluo (ANTUNES, 2003).
Do ponto de vista biolgico, o leite tem sido classificado como um dos
alimentos mais completos por apresentar, teor elevado em protenas e sais minerais,
ocupa uma posio nica dentre muitos alimentos, principalmente pelo fato de
representar o alimento essencial para o homem e para todos os animais mamferos
durante a primeira fase de vida (SPREER,1991).A composio do leite (TABELA 1) pode variar de acordo com os seguintes
fatores: raa, perodo de lactao, alimentao, sade, perodo de cio, idade,
caractersticas individuais, clima, espao entre as ordenhas e estao do ano
(GUIMARES, 2006).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
25/133
24
TABELA 1 - COMPOSIO NUTRICIONAL DO LEITE INTEGRAL
PRINCIPAIS COMPONENTES % SUB-COMPONENTES SUB SUB-COMPONENTES
gua 86,8
Vitaminas hidrossolveis (B e C)Lactose 4,8 Galactose
Glicose -
Gordura 4,4
cidos graxos
Glicerdeos
Fosfolipdeos
EsteridesVitaminas
Mono, di e tri
Lecitina
Colesterol
A, D, E e K
Protena 3,3
Casena (75 - 80%)
Protenas de soro de leite(20%)
Microprotenas
- lactoglobulina, -lactoalbumina,Imunoglobulina
Enzimas e hormnios
Minerais TraosMacro mineral
Micro mineral
Ca, P, K, Cl, Na, Mg
Zn, Cr, I, F, Fe, Cu, Co,Mn
Outros TraosElementos traos Hormnios, enzimas,
dentre outros
FONTE: MAIJALA (2000)
De acordo com o Codex Alimentarius (1996) produto lcteo aquele obtido
a partir do leite com a incorporao apenas de aditivos alimentares, coadjuvantes de
elaborao e outros ingredientes funcionais necessrios para o processo de
fabricao. A composio centesimal e o valor calrico do leite e seus derivados
esto descritos na tabela 2.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
26/133
25
TABELA 2 - COMPOSIO CENTESIMAL E VALOR CALRICO (kcal/100g) EM LEITES E
DERIVADOS
ALIMENTOS COMPOSIO CENTESIMAL (g/100g)Umidade Cinzas Lipdios Protena* Carboidratos Kcal
Doce de leite 26,87 1,04 6,88 5,38 58,14 316Leite A 87,27 0,59 3,80 3,28 4,91 67Leite B 87,31 0,56 3,80 3,22 5,11 68Leite em p integral 2,98 5,34 25,72 25,68 40,19 495Manteiga 15,39 1,90 82,15 0,24 - 740Q. Minas 43,70 3,74 29,21 23,11 - 355Q. mussarela 47,10 3,59 23,14 25,16 - 309Q. parmeso 32,10 3,98 34,84 28,12 - 426Q. prato 43,20 2,59 27,02 25,60 - 346Iogurte 85,87 0,71 2,16 4,29 5,26 58
FONTE: Adaptado de TORRES et al.(2000)
NOTA: * Fator de converso do nitrognio em protena - 6,38.
No Brasil, a indstria de laticnios bastante expressiva, apresentando
elevado nvel de desenvolvimento tecnolgico, o que pode ser demonstrado pela
grande variedade de produtos derivados existentes no mercado. Um aumento da
produo de leite e derivados lcteos vem ocorrendo como resultado da crescente
demanda por produtos de maior praticidade, sobretudo em grandes cidades
(OLIVEIRA, 2003 apudLONGO1, 2006). Na tabela 3 pode ser observado o consumode leite e derivados no perodo que vai de 2000-2005 e na tabela 4 confirma-se a
evoluo da produtividade leiteira no Brasil distribuda entre os Estados nos anos de
1998 - 2004.
TABELA 3 - CONSUMO PER CAPITA BRASILEIRO DE LEITE E DERIVADOS - 2000/2005
Kg/pessoa/anoPRODUTO
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Leite fluido 72,3 69,7 68,3 68,1 69,2 70,8
Queijos 2,6 2,6 2,7 2,5 2,5 2,6Manteiga 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
Leite em p integral 2,2 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4
Leite em p desnatado 0,6 0,6 0,7 0,6 0,6 0,6
FONTE: USDA (2006)
1 OLIVEIRA, C. A. F. Qualidade do leite no processamento de derivados. In: GERMANO, P. M.;GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilncia sanitria de alimentos, 2 ed. So Paulo: Livraria Varela,2003, parte 5, p. 91-102.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
27/133
26
TABELA 4 - EVOLUO DA PRODUO DE LEITE NOS ESTADOS BRASILEIROS EM MILHES
DE LITROS, 1998 /2004
Brasil/Estado/Regio 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Variao %(2004/2003)
Brasil 18.694 19.070 19.767 20.510 21.644 22.253 23.475 5,5
Norte 903 958 1.050 1.237 1.562 1.498 1.663 11,0
Par 311 311 380 459 577 585 639 9,2
Rondnia 372 409 422 476 644 559 646 15,6
Tocantins 140 153 156 166 186 201 215 7,0
Acre 33 37 41 86 104 100 109 9,0
Amazonas 35 36 37 38 40 42 43 2.4
Roraima 9 10 10 9 8 8 7 -12,5
Amap 3 3 4 3 3 3 3 0,0
Nordeste 2.070 2.042 2.159 2.266 2.366 2.507 2.705 7,9
Bahia 683 672 725 739 752 795 842 5,9
Pernambuco 286 266 292 360 392 376 397 5,6
Cear 313 325 332 328 341 353 363 2,8
Alagoas 245 215 218 244 224 241 243 0,8
Maranho 138 143 150 155 195 230 287 24,8
Rio Grande do Norte 130 129 145 143 158 174 201 15,5
Sergipe 118 122 115 113 112 139 157 12,9Paraba 87 96 106 106 117 126 137 8,7
Piau 71 73 77 78 75 74 76 2,7
Sudeste 8.465 8.540 8.574 8.573 8.748 8.933 9.241 3,4
Minas Gerais 5.688 5.801 5.865 5.981 6.177 6.320 6.629 4,9
So Paulo 1.982 1.913 1.861 1.783 1.748 1.785 1.739 -2,6
Rio de Janeiro 455 458 469 447 447 449 467 4,0
Esprito Santo 340 368 378 362 375 379 406 7,1
Sul 4.411 4.606 4.904 5.188 5.508 5.779 6.246 8,1Rio Grande do Sul 1.915 1.975 2.102 2.222 2.330 2.306 2.365 2,6
Paran 1.625 1.725 1.799 1.890 1.985 2.141 2.394 11,8
Santa Catarina 871 907 1.003 1.076 1.193 1.332 1.487 11,6
Centro-Oeste 2.845 2.924 3.080 3.246 3.460 3.534 3.620 2,4
Gois 1.979 2.066 2.194 2.322 2.483 2.523 2.538 0,6
Mato Grosso 406 411 423 443 467 491 551 12,2
Mato Grosso do Sul 427 409 427 445 472 482 491 1,9
Distrito Federal 33 37 36 37 37 38 39 2,6FONTE: IBGE (2006)
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
28/133
27
2.1.1 Componentes do leite
2.1.1.1 Protenas
O contedo de protenas no leite depende muito da alimentao do animal e
oscila entre 3,0% e 3,6%. Os componentes estruturais bsicos das protenas so os
aminocidos formados por ligaes distintas (peptdicas, pontes dissulfeto, pontes
hidrognio e ligaes inicas), que formam as estruturas polipeptdicas, que se
unem entre si formando as protenas (SPREER, 1991). H dois tipos de
aminocidos: os no essenciais que podem ser sintetizados pelo organismo a partirda alimentao e os essenciais (histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina,
fenilalanina, treonina, triptofano e valina), que devem ser obtidos mediante dieta ou
suplementao (ANTUNES, 2003).
Segundo SGARBIERI (1996) as protenas do leite tm sido classificadas em
quatro grupos: casenas, protenas hidrossolveis, protenas das membranas dos
glbulos de gorduras e outras. J para Antunes (2003) essa classificao se resume
em 3 grupos: casenas, protenas do soro, incluindo protenas presentes emquantidades muito pequenas e enzimas; e protenas associadas com a fase
gordurosa ou lipdica, sendo identificadas como componentes da membrana do
glbulo de gordura do leite.
2.1.1.1.1 Casena
A casena representa cerca de 80% das protenas do leite, sendo
encontrada no mesmo em concentraes que variam de 2,5% a 3,5% (ANTUNES,
2003). precipitada por acidificao do leite em pH 4,6 a 20C. As protenas que
permanecem em soluo, nestas condies, podem ser obtidas por precipitao
com sulfato de amnio (SGARBIERI, 1996).
A casena uma fosfoprotena e estabelece ligaes com o clcio. A unio
com o clcio proporciona certa estabilidade a essa protena, motivo pelo qual no
coagula no ponto de ebulio do leite. Outros elementos que se unem casena so
enxofre e oxignio (SPREEER, 1991).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
29/133
28
2.1.1.1.2 Protenas hidrossolveis
Quando a casena removida do leite, o lquido remanescente recebe o nome
de soro de leite ou soro de queijo, as protenas do soro representam cerca de 20%
das protenas do leite, sendo as duas principais as globulinas (corresponde a 16-
18%) e as albuminas (2-4%),mas esto presentes tambm a soralbumina (BSA), as
imunoglobulinas (Ig), lactoferrina, transferrina, lactoperoxidase, glicomacropeptdeo
e proteose-peptona. As albuminas e globulinas representam grupos de substncias
que se subdividem de acordo com sua capacidade de precipitao com sulfato de
amnia (SPREER, 1991; SGARBIERI, 1996). Uma relao das protenas do soro
mais importantes e suas caractersticas esto descritas abaixo:
- Lactoglobulinas
Com massa molecular - 18.000 Daltons e 162 resduos de aminocidos.
Este grupo inclui oito variantes genticas, compreendem aproximadamente a
metade das protenas totais do soro (GOFF, 2006).A -lactoglobulina tem duas ligaes dissulfeto intermoleculares e um grupo
tiol livre (GOFF, 2006). Esses resduos de aminocidos sulfurados so importantes,
pois facilitam a polimerizao protica pela formao de ligaes dissulfdicas
intermoleculares durante o processamento em temperatura elevada e
armazenamento (ANTUNES, 2003). A conformao inclui a estrutura secundria e
existe naturalmente como um dmero estvel de duas subunidades monomricas
que no esto unidas covalentemente (WALSTRA; JENNESS, 1987). No pontoisoeltrico (pI), pH 3,5 5,2, os dmeros tendem a formar octmeros, em pH abaixo
de 3,4 se dissociam em monmeros (GOFF, 2006).
Sua desnaturao dependente do tempo de exposio temperatura.
Acima de 70C ocorrem extensivas alteraes de conf ormao, com exposio de
SH e NH2. Sofre desnaturao e polimerizao irreversveis com a formao de
ligaes S-S intermoleculares. No estado nativo solvel no pI, capaz de ligar
compostos hidrofbicos e formar gel, espuma e emulso. No estado desnaturado sensvel aos ons Ca2+. (ANTUNES, 2003).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
30/133
29
-Lactoalbuminas
Com massa molecular - 14.000 Daltons e 123 resduos de aminocidos.
Estas protenas contm oito grupos de cistena todas unidas por ligaes dissulfeto.
As -lactoalbuminas tm uma estrutura secundria esfrica compacta, em pH 6,6 e
acima deste, aparece como monmeros (GOFF, 2006). Desnatura-se a 65,2C
em pH 6,7 sendo 90% da desnaturao revertida com resfriamento, essa alta
capacidade de renaturar-se explica sua aparente resistncia trmica. Liga-se aos
ons Ca2+, Zn2+ e outros ons metlicos, sendo o clcio um estabilizador de sua
estrutura, portanto a remoo desse torna essa protena suscetvel desnaturao
trmica (ANTUNES, 2003). Tem ponto isoeltrico em torno de pH 4,65 (SPREER,
1973).
Soralbumina bovina (BSA)
Com massa molecular 69.000 Daltons e 582 resduos de aminocidos.
Essa protena tem sido isolada na forma cristalina a partir do soro de leite. Apresentaum grupo sulfdrico (-SH) livre na posio 34 (N-terminal) e 17 pontes dissulfeto
intramolecular. Em pHs baixos ocorrem associaes intermoleculares que so
aparentes na eletroforese (SGARBIERI, 1996).
Imunoglobulinas
O termo aplicado para uma famlia de protenas produzidas pelos linfcitos
B, com elevada massa molecular e propriedades fsicas, qumicas e imunolgicas
semelhantes (KORHONEN; MARNILA; GILL,2000).
Existem trs classes gerais de imunoglobulina: IgG (G1 e G2), IgA e IgM,
todas com funes prprias, so protenas que se ligam de forma especfica ao
antgeno mediando dessa forma a resposta imunolgica (SGARBIERI, 1996).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
31/133
30
Lactoferrina
uma metaloprotena que se liga fortemente adois tomos de ferro por mol
de protena (PM 86.100). A lactoferrina uma protena bsica com o ponto
isoeltrico (pI) em pH 8,0. Com o contedo normal de ferro essa protena bastante
resistente desnaturao trmica, qumica e a ao enzimtica (SGARBIERI, 1996).
Transferrina
encontrada em pequena quantidade no leite e em maior concentrao nocolostro. A transferrina pode ser diferenciada da lactoferrina com base em
propriedades fsico-qumicas, imunolgicas e eletroforticas (SGARBIERI, 1996).
Lactoperoxidase
A lactoperoxidase pertence famlia das peroxidases, um grupo de enzimaslargamente distribudas na natureza. Catalisa reaes oxidativas onde o perxido de
hidrognio sempre um dos reagentes. Tal como a lactoferrina, uma protena
bsica, o seu ponto isoeltrico (pI) ocorre a pH 9,6 e tem aplicao como
antimicrobiano natural em produtos alimentcios e no alimentares
(KUSSENDRAGER; VAN HOOIJDONK, 2000).
Glicomacropeptdeo
A hidrlise da -casena do leite durante o fabricao do queijo, reao
catalisada pela quimosina, libera a para--casena que permanece na coalhada e um
peptdeo terminal de 64 aminocidos (8 kDa), o glicomacropeptdeo (GMP, tambm
designado por caseinomacropeptdeo ou caseinoglicomacropeptdeo), comcerca de
10% de sua massa em sacardeos que permanece no soro. Este peptdeo,
inexistente no soro cido, representa de 15 a 20% do total das protenas do soro
doce (BRODY, 2000).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
32/133
31
Proteose-peptona
ANDREWS e ALICHANIDIS (1983) identificaram 38 peptdeos da frao das
protenas do soro resistentes ao aquecimento (95 C a 100C durante 30 min) e
insolveis em cido tricloroactico (8% a 12%), caractersticas qumicas que definem
as proteose-peptonas. Muitos destes peptdeos resultam da protelise da -casena,
por ao de protenases ou da plasmina do leite.
2.1.1.2 Lactose
A lactose o acar do leite, sendo o componente que se apresenta em
maior quantidade no soro. Quimicamente pode ser definida como um dissacardeo
composto pelos monossacardeos glicose e galactose, possue dois ismeros a -
lactose e a -lactose, que formam uma mistura em equilbrio na gua a 20C, nas
propores de 63% e 37%, respectivamente (EVANS, 1986; SPREER, 1991).
A lactose no to doce quanto os outros acares, sacarose, glicose e
frutose, mas em concentraes maiores relativamente mais doce. Assim porexemplo, solues de sacarose de 1%, 5%, 10% e 20% tem o mesmo poder
edulcorante que solues de lactose a 3,5%; 15%; 30% e 33% (WALSTRA;
JENNESS, 1987).
2.1.1.3 Sais
Nem todos os sais encontram-se em soluo, as micelas de casena contm
fosfato de clcio no dissolvido e traos de citrato, o primeiro se denomina de fosfato
de clcio coloidal. Alguns ctions como o Ca2+ e o Mg2+ se associam s protenas
carregadas negativamente, tambm podem ser encontradas pequenas quantidades
de outros ons, como Cl-. Quase todos os sais do leite se encontram no soro e nas
micelas de casena e uma quantidade mnima unida aos glbulos de gordura. Oleite
possui ainda na composiofsforo, na forma de ortofosfato, e enxofre (0,36 g.kg
-1
)(WALSTRA; JENNESS, 1987).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
33/133
32
2.1.2 Queijo Minas frescal
Segundo a portaria n352 do Ministrio da Agricul tura e do Abastecimento,
o queijo Minas frescal um queijo fresco obtido pela coagulao enzimtica do leite
com coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas, complementada ou no
com a ao de bactrias lcticas especficas. classificado como um queijo semi-
gordo, de umidade elevada, a ser consumido fresco, de consistncia branda e
macia, com ou sem olhaduras mecnicas, de cor esbranquiada, de sabor suave a
levemente cido, sem ou com crosta fina, de forma cilndrica e com peso de 0,3 a
5Kg (BRASIL, 1997b).
A partir da dcada de 80, o volume de produo do queijo Minas frescalsuperou o do queijo Minas curado. O queijo Minas frescal at ento representava
apenas 1/3 do total fabricado dentre as duas variedades (SANTOS, 2004). A
produo desse queijo no Brasil aumentou de 16.100 toneladas, em 1993, para
42.700 toneladas, em 2000, colocando-o em terceiro lugar na lista dos queijos mais
produzidos do pas, logo a seguir aos tipos Mussarela e Prato (DATAMARK2, 2001
apud CUNHA et al., 2002). J em 2002, foram produzidas 31.762 toneladas de
queijo Minas frescal, sendo que em 2005 a produo nacional totalizou 510 miltoneladas de queijo (BARROS et al., 2004; ABIQ, 2005). Dessa produo no Paran
foram 61 toneladas de Minas frescal produzido sob a inspeo estadual da
Secretria da Agricultura e do Abastecimento.
Tem grande importncia para o setor produtivo nacional, pois trata-se de um
queijo com excelente rendimento de fabricao e com ampla aceitao no mercado
(BIOTEC, 1999). um dos queijos mais populares do Brasil, embora seja
semelhante ao Queso Blanco (queijo branco), fabricado em outros pases daAmrica Latina, pode ser considerado tipicamente brasileiro e teve a sua origem nas
fabricaes caseiras difundidas no Estado de Minas Gerais (LOURENO NETO,
1999).
Devido aos diferentes mtodos de fabricao, tornou-se um queijo bastante
irregular em termos de padres de consistncia, textura, sabor, rendimento e
durabilidade, apresentando curto tempo de vida til, mesmo sob condies
adequadas de refrigerao (OLIVEIRA, 1986; FURTADO; NETO, 1994).
2 DATAMARK. Queijo Minas Frescal. www.datamark.com.br. 20 dez. 2001.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
34/133
33
Diversas tentativas tm sido feitas para levar padronizao desse queijo
no territrio nacional, j que h um consenso sobre a importncia desse produto e a
grande variedade de tipos similares no mercado, da a denominao comum Minas
(FURTADO, 1983).
2.1.3 Soro de queijo
um lquido de cor amarelada que se separa da coalhada durante a
fabricao de queijo (ROLLAND, 1991). Do ponto de vista industrial existem dois
tipos de soro: soro cido (pH < 5,1) e soro doce (pH > 5,6).O soro cido o subproduto da fabricao de queijo fresco, resultado da
acidificao do leite com adio direta de cido, ou por produo in situde cido
resultante da fermentao lctica. O soro doce, subproduto da produo de queijo,
obtido aps o tratamento do leite com quimosina; esta enzima ataca especificamente
a -casena libertando o polipeptdio C-terminal de 64 aminocidos que aparece no
soro doce, o glicomacropeptdeo (MULVIHILL; DONOVAN, 1987).
O soro, de modo geral seja doce ou cido, representa de 85% a 90% dovolume de leite utilizado na fabricao de queijos, retendo ao redor de 55% dos
nutrientes do leite (SISO, 1996). As composies do soro doce e cido esto
descritas na tabela 5 e na tabela 6 est a composio do soro doce oriundo da
fabricao de queijo Minas frescal.
TABELA 5 - COMPOSIO QUMICA DO SORO DOCE E CIDO
COMPONENTES (%) SORO DOCE* SORO CIDO**
Umidade 93,4 93,5
Protena 0,8 0,7
Gordura 0,5 0,4
Lactose 4,9 4,9
Cinzas 0,5 0,8FONTE: MELLO (1989)
NOTA: *obtido a partir de coagulao enzimtica, **obtido a partir de coagulao com adio de
cido ltico.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
35/133
34
TABELA 6 - COMPOSIO DO SORO DE QUEIJO MINAS FRESCAL
COMPONENTES (%) SORO DE QUEIJOMINAS FRESCAL
Slidos totais 6,0
Protenas 0,8
Lactose 4,7
Cinzas 0,5
pH 6,47FONTE: PRUDENCIO; BENEDET (1999)
As protenas presente no soro de queijo so conhecidas pela versatilidade
de suas propriedades funcionais e tecnolgicas como integrantes em produtos
alimentcios, em especial por sua elevada solubilidade e capacidade de geleificao.
Recentemente, foram atribudas a essas protenas propriedades funcionais
fisiolgicas, capazes de produzir um importante controle na modulao do
metabolismo e nos mecanismos de defesa dos organismos animal e humano
(CAPITANI et al, 2005).
De acordo com estimativas recentes produz-se mundialmente 286 milhares
de toneladas de soro de leite por dia, essa produo diria pode providenciaruma
mdia de 2,4 milhares de toneladas de protenas que, podem satisfazer snecessidades proticas dirias de 35 milhes de pessoas (TORRES, 2005).
Trabalhos recentes tm demonstrado que as protenas do soro apresentam
algumas vantagens em relao casena. Como as diferenas fundamentais no
metabolismo e na ao fisiolgica da casena e das protenas do soro, que no
sofrem alteraes conformacionais pelos cidos estomacais. Ao atingirem o intestino
delgado, estas so rapidamente digeridas e seus aminocidos absorvidos, elevando
rapidamente a concentrao aminoacdica do plasma e estimulando a sntese deprotenas nos tecidos (PACHECO et al., 2005).
Em funo do exposto, alguns pesquisadores classificaram essas protenas
como protenas de metabolizao rpida, adequadas para situaes de estresse
metablico em que a reposio de protenas no organismo se torna emergencial
(SGARBIERI, 2004). O IEP (ndice de Eficincia Protica) mais elevado nas
protenas do soro (>3,0) do que na casena (2,5) e no concentrado de protena de
soja (2,2) (UDESC, 1997; ANTUNES, 2003). Protenas com IEP acima de 2,5 soconsideradas protenas de alta qualidade, o que classifica ento, as protenas do
soro como excelentes protenas do ponto de vista nutricional (UDESC, 1997).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
36/133
35
Na composio do soro podem ser encontrados 94% da lactose do leite
(TABELA 7), ainda 20% das protenas e grande parte das vitaminas hidrossolveis e
sais minerais. Estes componentes so os responsveis pela alta putrescibilidade do
soro de queijo, propriedade que, em termos ambientais, torna obrigatrio um sistema
integrado de tratamento deste subproduto (SMITHERS et al.,1996).
TABELA 7 - DISTRIBUIO DOS COMPONENTES DO LEITE ENTRE O SORO E O QUEIJO
COMPONENTES SORO QUEIJOgua 94% 6%Gordura 6% 94%Casena 4% 96%Albuminas 96% 4%Lactose 94% 6%
FONTE: DAIRY MANAGEMENT (2006)
No Brasil, a produo de bebidas lcteas uma das principais opes de
aproveitamento do soro do leite, e as mais comercializadas so as bebidas
fermentadas, com caractersticas sensoriais semelhantes ao iogurte, e bebidas
lcteas no-fermentadas. Contudo, o aproveitamento desse subproduto atinge
apenas 15% do total de soro produzido, com a produo nacional, em 2002,
estimada em 470 milhares de toneladas (CAPITANI et al., 2005). Deve-se considerar
que o soro no aproveitado possui uma DBO (Demanda Bioqumica de Oxignio)
entre 30.000 a 60.000 mg de O2/L, dependendo do processo utilizado na elaborao
do queijo. Em mdia cada tonelada de soro no tratado e despejado por dia no
sistema de tratamento de esgoto, equivale poluio diria de 470 pessoas e seu
lanamento direto em corpos receptores contribui com o processo de eutrofizao
degradando o corpo aqutico e assim restringindo seu uso (GUEDES, 1998;
CEBALLOS; KONIG; LIMA, 2000).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
37/133
36
Outro ponto relevante ao assunto o fato de no Brasil os dados sobre a
disponibilidade do soro de queijo serem imprecisos, sabe-se, com certeza, que em
torno de 35% da produo de leite no pas destinada fabricao de queijos
(CARVALHO; ALVIM; MARTINS, 2005). Mas apenas estima-se um volume de 145
milhes kg/ano de soro gerados, tal impreciso deve-se a produo por pequenas
empresas que, evitando o custo do tratamento e sem fiscalizao efetiva das
autoridades, opta pela utilizao parcial deste subproduto na alimentao animal,
sendo o excedente descartado nos rios (ORCHARD, 1972; VOORBERGEN;
ZWANENBERG, 2002).
Uma soluo seria a implantao de cooperativas de secagem, mas para tal
necessita-se de maiores esclarecimentos e de estmulo para o maior aproveitamentodesse subproduto. Enquanto no Brasil acredita-se que a principal vantagem em
utilizar o soro na sua forma lquida por ser um ingrediente de baixo custo,
contendo 95% de gua, em pases como os EUA a valorizao ocorre devido aos
5% de nutrientes que podem ser explorados com valor agregado muito maior, como
ingrediente saudvel para atletas, saciador de apetite e possuidor de propriedades
farmacuticas, entre outros benefcios (CARVALHO, 2005).
2.2 SISTEMAS COLOIDAIS
Colides so sistemas no qual um ou mais dos componentes apresentam
pelo menos uma de suas dimenses dentro do intervalo de 1 nm (10 -9 mm) a 1m
(10-6 mm); ou seja, abrange tanto molculas grandes como pequenas partculas. O
termo microeterogneo constitui uma descrio apropriada para a maior parte dossistemas coloidais. No existe, contudo, uma separao ntida entre sistemas
coloidais e sistemas no-coloidais, mesmo nas proximidades do limite superior das
dimenses do estado coloidal. O tamanho das gotas presentes em emulses
superior a 1m, contudo conveniente tratar as emulses como sistemas coloidais
(SHAW, 1975).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
38/133
37
Shaw (1975) sugeriu classificar os sistemas coloidais em trs grupos:
disperses coloidais; solues verdadeiras e colides de associao. Para Melik e
Fogler (1988), os dois ltimos so termodinamicamente estveis e constituem
sistemas reversveis a floculao, enquanto o primeiro sistema instvel
termodinamicamente e irreversvel aps a separao das fases.
Nos alimentos, os colides formam os mais importantes sistemas
reguladores do contedo e tipo de gua presente (BOBBIO; BOBBIO, 1992). As
disperses coloidais mais freqentes em alimentos esto descritas no quadro 1.
FASE DISPERSAF
1
FASE DISPERSANTEOU MEIO DE DISPERSO
F2
F1/F2 CLASSIFICAO EXEMPLOS
Slido Lquido S/L Sol Soluo de pectina
Lquido Lquido L/L Emulso Maionese
Gs Lquido G/L Espuma Clara de ovo batida
Gs Slido G/S Espuma slida SorveteQUADRO 1 - TIPOS DE DISPERSES COLOIDAIS EM ALIMENTOS
FONTE: BOBBIO, BOBBIO (1992)
2.2.1 Emulso
definida como a disperso ou suspenso de um lquido em outro, com as
molculas de ambos imiscveis ou antagnicas (CHARLEY, 1982). As duas fases
imiscveis geralmente so leo e gua, uma dessas fases aparece na forma de
gotas finamente divididas, denominada de fase dispersa ou interna; e a outra forma
a matriz em que se suspendem estas gotas, conhecida como fase contnua ou
externa (BECHER, 1972).
A energia livre durante a formao da emulso usualmente positiva e por
esta razo as emulses so termodinamicamente instveis, sendo necessria
utilizao de protenas e surfactantes de baixa massa molecular para conferir a
emulsificao evitando coalescncia das gotas e promovendo maior vida-de-
prateleira (DICKINSON, 2003).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
39/133
38
Em vista disto, a maioria das emulses preparada por homogeneizao da
fase leo em uma fase aquosa na presena de um emulsificante, sendo
classificadas como leo-em-gua (O/A), onde o leo a fase dispersa; e gua-em-
leo (A/O), com a gua sendo a fase dispersa; como mostra a figura 1
(MCCLEMENTS, 2005). Os tipos de emulso podem ser identificados com a
utilizao dos mtodos descritos na tabela 8.
(0/A) (A/O)
FIGURA 1 TIPOS DE EMULSO
FONTE: Modificado de SHAW (1975)
TABELA 8 - MTODOS PARA IDENTIFICAR O TIPO DE EMULSO
MTODO EMULSO O/A EMULSO A/OVisual Textura cremosa Textura gordurosa
Corantes Corantes inorgnicos tingem a emulso Corantes orgnicos tingem aemulso
Condutividade Condutividade eltrica bem mais elevada Condutividade eltrica a dependerdo potencial eltrico aplicado
Miscibilidade A emulso se mistura facilmente com um lquido miscvel no meio de disperso(dispersante)
FONTE: MACHADO (2002)
As emulses em alimentos so muito complexas, pois a fase aquosa pode
conter diversos ingredientes solveis, incluindo molculas de acares, sais, cidos,
bases, protenas e carboidratos. E a fase oleosa geralmente contm uma mistura
complexa de componentes solveis como triglicerdios, diglicerdios,
monoglicerdios, cidos graxos livres, esteris e vitaminas (ARAJO, 2004). A tabela
9 mostra os principais tipos de emulses em alimentos e seus respectivos
estabilizantes, dando uma idia da complexibilidade dessas emulses.
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
40/133
39
TABELA 9 - PRINCIPAIS TIPOS DE EMULSES EM ALIMENTOS
ALIMENTOS TIPO DE EMULSO FONTELeite eCreme
O*/A*, estabilizada por fosfolipdeos e protenas BOBBIO, BOBBIO(1992)
Manteiga eMargarina A/O, estabilizada por fosfolipdeos, protenas e aditivosemulsionantes sintticos, cristais de gordura na fase leo GLICKSMAN(1982)
Maionese O/A, estabilizada por protenas, fosfolipdeos e polissacardeos ARAJO (2004)
Molho parasalada
O/A, estabilizada por protenas, fosfolipdeos e polissacardeos GLICKSMAN(1982)
Mousse eSorvete
O/A, estabilizada por protenas, fosfolipdeos e polissacardeos BOBBIO, BOBBIO(1992)
*O = LEO, A = GUA
2.2.1.1 Estabilidade da emulso
Embora sistemas coloidais possuam a capacidade de permanecer em
suspenso indefinidamente, emulses e suspenses so termodinamicamente
instveis, essa instabilidade surge devido a grande rea interfacial e energia
superficial, associada com o tamanho das gotas no sistema (MELIK; FOGLER,
1988).
O termo estabilidade da emulso pode ser empregado com relao aosfenmenos que podem ocorrer floculao, coalescncia (que pode resultar na
quebra da emulso), formao de creme ou creaming e inverso (BECHER, 1972;
SHAW, 1975; STAINSBY, 1986). A figura 2 mostra os fenmenos que ocorrem nas
emulses.
As propriedades fsico-qumicas e a estabilidade da emulso so
determinadas pelo tipo e concentrao de vrios ingredientes usados, por
homogeneizao e condies do processo empregado durante seu preparo
(DICKINSON; MCCLEMENTS, 1995).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
41/133
40
FIGURA 2 FENMENOS QUE OCORREM NAS EMULSES
FONTE: Modificado de GROVE (2005)
2.2.1.1.1 Floculao
Adeso reversvel das gotas, com manuteno do filme interfacial e daindividualidade, formando uma rede bidimensional, sem coalescncia. Quando a
gota est cercada por uma distncia interfacial inferior ao seu dimetro e essa
aproximao se deve sedimentao e ao movimento Browniano, comeam atuar
os fenmenos produzidos por interfaces vizinhas. As foras de van der Waals
somam-se gravidade para promover a atrao entre as gotas, por outro lado, a
presena de surfactantes adsorvidos na interface resulta em foras repulsivas de
carter eletrosttico ou estrico (SALAGER, 1993).
As interaes entre as foras de van der Waals e as eltricas (atrao e
repulso) so virtualmente aditivas, quando se admite que apenas essas duas
foras determinam o grau de estabilidade dos colides, tem-se a conhecida teoria
DLVO generalizada (Derjaguin Landau Verwey Overbeek) (STAINSBY, 1986) .
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
42/133
41
2.2.1.1.2 Coalescncia
Coalescncia de partcula um processo em que duas gotas fundem-se
formando uma gota maior, envolve a ruptura do filme superficial de cada gota
independente das demais, um processo irreversvel, que pode resultar em quebra
da emulso (LAWSON, 1967; VAN AKEN; BLIJDENSTEIN; HOTRUM, 2003).
A coalescncia sem controle responsvel por diminuio da vida-de-
prateleira de molhos para salada e licores cremosos, menos provvel em
emulses com pequenas concentraes de leo e quando este ltimo est
cristalizado. Ocorre facilmente em sistemas extremamente floculados, ou com alto
volume de leo, o que resulta em mltiplos choques entre as gotas, devido aosmovimentos Brownianos (STAINSBY, 1986).
2.2.1.1.3 Formao de creme ou creaming
Formao de creme ou creaming a separao macroscpica da emulso
em uma emulso diluda e outra altamente concentrada (creme), na qual o contatointerglobular importante e a fase contnua est sob a ao da gravidade ou de um
campo centrfugo. Esta separao acontece de modo ascendente, mas o termo
ainda pode ser aplicado se a densidade relativa da fase dispersa ou da fase
contnua tal que a emulso concentrada descende. Porm, alguns autores tambm
usam creaming at mesmo como o oposto de sedimentao, como mostra a figura
3. Quando o sistema um colide estvel, as partculas no sedimento ou creme no
se agregam, e o mesmo pode ser redisperso pela aplicao de foras da mesmamagnitude das que causaram sedimentao ou creaming (IUPAC, 2001).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
43/133
42
FIGURA 3 - FENMENO DE CREAMING E SEDIMENTAO EM EMULSES
FONTE: SCI -TEC (2007)
2.2.1.1.4 Inverso
A emulso pode mudar de O/A para A/O ou o contrrio. Ento se diz que
ocorreu a inverso da emulso. Geralmente causada por alguma alterao na
composio ou nas condies da emulso (agitao mecnica, temperatura,
concentrao e tipo do emulsificante) (ARAJO, 2004).O mecanismo exato da inverso ainda no est muito claro, embora alguns
processos como coalescncia e disperso estejam envolvidas. A inverso nem
sempre reversvel (SCHRAMM, 1992).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
44/133
43
2.2.1.2 Emulsificantes/estabilizantes
Na formulao de emulses estveis, dois aditivos podem ser usados:
emulsificante e estabilizante. Os emulsificantes so molculas ativas que aderem
superfcie das gotasformadas durante a homogeneizao e constituem, assim, uma
membrana protetora que impede a aproximao das mesmas, evitando agregao,
sua funo principal promover a formao e a estabilidade da emulso a curto
prazo. So molculas anfiflicas (possuem regies polar e no-polar), e as mais
utilizadas na indstria de alimentos so as protenas, pequenas molculas de
surfactantes e fosfolipdios. Os agentes espessantes (polissacardeos), bem como
os biopolmeros (como as protenas) so ingredientes utilizados para aumentar aviscosidade da fase contnua da emulso, retardando a movimentao das gotas e,
portanto, aumentando a estabilidade a longo prazo (DICKINSON; STAINSBY, 1992;
ARAJO, 2004). Sendo assim, protenas so capazes de cumprir ambas as
atribuies, seja como emulsificante ou estabilizante. A figura 4 mostra como o
emulsificante atua envolvendo as gotas da fase dispersa formando um filme protetor.
FIGURA 4 GOTA DE LEO DA FASE DISPERSA ENVOLTA POR EMULSIFICANTE
FONTE: HARVARD UNIVERSITY (2007)
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
45/133
44
As protenas facilitam a quebra de partculas de leo (por abaixamento da
tenso interfacial leo-gua) e favorecem a estabilizao dessas evitando a
coalescncia durante a emulsificao e tambm no perodo de armazenamento das
emulses (WALSTRA, 1983; DAS; KINSELLA, 1990). Tais caractersticas devem-se
ao fato dessas protenas possurem propriedades funcionais. Pode-se definir
funcionalidade protica como qualquer propriedade de uma protena, exceto as
nutricionais, que afeta de algum modo a sua utilizao, essa funcionalidade
expressa pela interao das protenas entre si e com outros componentes do
alimento (ANTUNES, 2003).
A gema de ovo foi o agente emulsificante mais utilizado em maionese e
molho de salada, devido as suas caractersticas sensoriais e as propriedadesfuncionais (RAO, 1992). Porm, o uso de outros emulsificantes proporciona algumas
vantagens, como diminuio em contedo de colesterol, aumento na estabilidade
microbiolgica e, em alguns casos, menor custo de fabricao (RIVAS; SHERMAN,
1982).
Muitos autores tm investigado a utilizao de diferentes tipos de protenas,
em substituio as lipoprotenas e fosfolipdios (lecitina) presentes na gema de ovo,
tais como: soja, fava, tremoo, ervilha, protenas de origem animal (leite e carne) esurfactantes de baixa massa molecular (RISCARDO; FRANCO; GALLEGOS, 2003).
Emulses alimentcias, de modo geral, contm uma mistura de protenas e
polissacardeos que conferem ao produto textura e vida-de-prateleira (DICKINSON;
STAINSBY, 1982).
Os polissacardeos so utilizados na indstria de alimentos para estabilizar
emulses leo em gua e controlar suas propriedades reolgicas
(PARASKEVOPOULOU et al., 2003). So inodoros, incolores e inspidos, tm baixovalor calrico e digestibilidade. A maioria apresenta pouca atividade de superfcie e
a incorporao em emulses leo em gua inibe o creaming por aumento na
viscosidade da fase aquosa, preservando as propriedades de textura. Os principais
estabilizadores usados so: Goma Xantana, galactomananas, amido e amido
modificado, Alginato de Propileno Glicol, pectina e Carboximetilcelulose
(PARASKEVOPOULOU; BOSKOU; KIOSSEOGLOU, 2005).
As gomas no gelificantes, tais como certos amidos modificados, as
galactomananas, a -carragena, o alginato sdico (na ausncia de Ca2+) ou Goma
Xantana so retidas ou adsorvidas sobre a superfcie das gotas e previnem
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
46/133
45
agregao por foras estricas e/ou eletrostticas, proporcionando estabilidade
contra floculao e coaslescncia. So usados para a fabricao de molhos e
condimentos diversos, sopas, cremes e produtos instantneos (MULTON, 2000;
PARASKEVOPOULOU; BOSKOU; KIOSSEOGLOU, 2005). A tabela 10 mostra
algumas propriedades dos polissacardeos mais usados em alimentos.
TABELA 10 POLISSACARDEOS E SEU USO EM MOLHOS E COBERTURAS
Gomas/ amidos Propriedades
XantanaGoma mais utilizada, resistente ao cloreto de sdio, cido e calor,agente de suspenso; estabilizante, forma gel com goma locusta e guar
Alginato de sdio Gel com ons Ca2+, alta viscosidade em temperaturas mais elevadasAlginato de Propileno
Glicol
Estabilizante, emulsificante, espessante, pode formar gel com
ons Ca
2+
, pH toleranteLocusta Espessante, forma gel com xantana; intensificado por ons Ca2+Guar Espessante, intensificado com ons Ca2+, alto custoArbica Alguma atividade emulsificante, espessante, estabilizanteAccia Agente de suspenso, forma filme na interfaceAmido Espessante, problema com retrogradaoAmido modificado Inibe a retrogradao, espessanteCelulose microcristalina Aumento de corpo e paladar
FONTE: FORD et al. (2005)
2.2.1.2.1 Alginato de Propileno Glicol
Alginatos so polissacardeos estruturais que ocorrem nas algas marinhas
marrons (Phaeophyceae) que crescem em guas rasas das zonas temperadas.
Existem muitas espcies de algas marrons, mas apenas algumas so abundantes e
localizadas de forma conveniente para a produo de materiais de valor comercial,
os alginatos (MOE et al., 1995; LAPASIN; PRICL, 1999). Assim como ocorre com as
carragenanas, alginatos um termo coletivo para cido algnico, seus sais ederivados. cido algnico um co-polissacardeo de alta massa molecular, composto
de duas unidades monomricas de cido -D-manurnico e -L-gulurnico, em
vrias propores, dependendo da espcie de alga (LAPASIN; PRICL, 1999).
De acordo com Moe et al. (1995), os alginatos no tm valor nutricional e
so utilizados como aditivos para melhorar, modificar e estabilizar a textura de certos
alimentos. Propriedades importantes incluem a melhora da viscosidade, habilidade
de formao de gel e estabilizao de misturas aquosas, disperses e emulses.
Algumas dessas caractersticas so provenientes das propriedades fsicas inerentes
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
47/133
46
dos alginatos, mas elas tambm podem ser resultados da interao com outros
componentes do alimento, tais como protenas, gorduras ou carboidratos.
Em baixo valor de pH, os alginatos precipitam-se e, por esse motivo, no
so empregados em alimentos cidos. Nestes casos, se utiliza o Alginato de
Propileno Glicol, com massa molecular podendo variar entre 30.000 a 200.000
Daltons, no qual os grupamentos carboxlicos do alginato foram parcialmente
esterificados com xido de propileno, o que evita a formao de gel e precipitao
em pH baixo (SANDERSON, 1981; PETTITT et al., 1995). Ao contrrio da Goma
Xantana, o Alginato de Propileno Glicol apresenta um baixo grau de
pseudoplasticidade em soluo e confere cremosidade com insignificante mudana
reolgica (COIA; STAUFFER, 1987). utilizado em vrios molhos para salada parafavorecer baixos nveis de atividade na emulso e estabilidade (FORD et al., 2005).
2.2.1.2.2 Goma Xantana
Goma um material polimrico que pode ser dissolvido ou dispersado em
gua, formando solues ou disperses viscosas. O termo hidrocolide ou colidehidroflico utilizado como sinnimo de goma (HIRATA; SOUZA; PESSOA, 1993).
A Goma Xantana um poliosdio extracelular produzido por fermentao de
Xanthomonas campestrissobre substrato glicdico, solvel em gua fria ou quente
e apresenta uma alta viscosidade, mesmo em baixas concentraes. A viscosidade
das solues de Goma Xantana quase no afetada por temperaturas entre 20 a
100C e completamente estvel ao pH entre 1 a 11. As molculas de Goma
Xantana adotam uma conformao helicoidal (simples ou dupla-hlice) que podemser descritas como hastes rgidas sem tendncia para associar-se resultando num
comportamento espessante. Como as mais importantes propriedades so devidas,
ao estado ordenado da macromolcula, a Goma Xantana pode sempre ser usada na
presena de eletrlitos. Estas caractersticas tornam a Goma Xantana apropriada
como agente espessante e estabilizante em pH cido, como na maionese e molhos
em geral (SABONI; PARK, 1993; MULTON, 2000; PRADELLA, 2006).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
48/133
47
constituda de uma cadeia principal de unidades de D - glicose unidas
entre si por ligaes (1->4) com resduos alternados de D - manose e cido D -
glicurnico, na proporo molar de 2:1, formando a cadeia lateral (JANSSON;
KENNE; LINDBERG, 1975). A presena de cadeias laterais e o carter inico nas
molculas de xantana aumentam a sua hidratao, mas devido s interaes com
ons de clcio, um longo tempo de agitao necessrio para dissolver a Goma
Xantana em meios lcteos. Tem sido usada como estabilizante em substitutos de
clara de ovos, elaborados com protena de soro e gelatina, que so usados em
merengues, nougat e doces. A goma tambm funciona como estabilizante em
sorvetes e adiciona corpo e previne aderncia em gis de frutas. Molhos de tomate
para pizza so formulados com Goma Xantana para obter alta viscosidade,mantendo o molho na superfcie e inibindo a absoro pela massa (PRADELLA,
2006).
2.2.1.2.3 Carboximetilcelulose (CMC)
A Carboximetilcelulose obtida por uma modificao qumica da glicose poresterificao, a fim de obter uma macromolcula celulsica hidrossolvel
temperatura ambiente, suas solues mantm a viscosidade normal na faixa de pH
entre 4 e 10. Durante a estocagem por longos perodos pode ocorrer queda de
viscosidade em conseqncia de ataque bacteriolgico, para evitar tal
acontecimento recomenda-se o uso de conservadores. Segundo a FDA, um dos
conservadores indicados para Carboximetilcelulose grau alimentcio o cido
srbico e seus sais (HIRATA; SOUZA; PESSOA, 1993; MULTON, 2000).A CMC minimiza a precipitao de protenas como a casena e a protena da
soja, em valores de pH prximos aos seus pontos isoeltricos, podendo ser utilizada
pura ou em misturas com outras gomas. Isto possvel devido grande
compatibilidade existente entre a CMC e seus sucedneos (SANDERSON, 1981;
HIRATA; SOUZA; PESSOA, 1993). Em alimentos pode ser utilizada em molhos para
salada e outras emulses, como colide protetor (SIMO, 1985).
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
49/133
48
2.2.1.3 Molho para salada
Molho para salada e as prprias saladas tm evoludo de maneira
significativa nos ltimos anos, o que antes era considerado como um
acompanhamento agora mais uma opo de refeio bastante popular, tal fato
pode ser atribudo a uma demanda cada vez maior por alimentos mais saudveis,
com baixo teor de gordura, convenincia, disponibilidade e variedade (BRINNEH,
2006).
So lquidos acidificados (gua, leite ou suco de frutas) que ganham corpo
com a adio de espessantes (gomas) ou ovos (CHARLEY, 1982). Molhos de
salada so emulses tipo leo em gua, com contedo em leo que pode variarentre 2065% e viscosidade tambm varivel, na tabela 11 observa-se a
porcentagem de leo em diferentes molhos e coberturas (DICKINSON; STAINSBY,
1982). Quando o contedo de leo reduzido a propores inferiores a 60%, as
emulses tornam-se instveis e a adio de um hidrocolide torna-se necessria
para prevenir a separao das fases durante o armazenamento (DICKINSON,
2003). Alguns molhos de salada no contm leo, so os chamados fat-free ou
isentos de gordura, portanto, no so emulses verdadeiras. Os molhos de saladacom contedo elevado de leo so classificados como emulses clssicas,
enquanto que, os com contedo reduzido ou mesmo livre de gordura so as
emulses no-clssicas (FORD et al., 2005).
TABELA 11 CONTEDO TPICO DE LEO EM MOLHOS E COBERTURAS
Produto Porcentagem (%)
Maionese 75-84
Italian 50-60
Molho para salada (cremoso) 30-60
Blue cheese 30-40
French 36-40
Russian 30-40
Thousand Island 30-45
Italian (baixa caloria) 0-3
Molho de churrasco 1-2
Ketchup 0,1-0,2
FONTE: FORD et al. (2005)
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
50/133
49
Em funo do exposto, um desafio ao desenvolvimento desses produtos
homogenizar o leo, no-polar, com a fase aquosa, polar, a mistura deve
permanecer estvel e ser vivel economicamente, segundo a lei de Stokes 3 fatores
influenciam na estabilidade de uma emulso tipo O/A esses fatores so
(O'DONNELL; STIER, 2004):
1. Tamanho das gotas de leo formadas, quanto menor melhor a estabilidade;
2. Viscosidade da fase contnua aquosa, aumentando a viscosidade pode-se
conferir maior estabilidade, e;
3. Densidades do leo e gua devem ser as mais prximas possveis.
2.3 REOLOGIA E VISCOSIDADE
A reologia o estudo da deformao e escoamento da matria, se estende
desde a mecnica de fludos at a elasticidade de Rooke (STEFFE, 1996; RAO,
1999; BIRD; STEWART; LIGHTFOOT, 2004). A deformao ocorre no caso da
matria estar no estado slido, e o escoamento, quando a matria est no estadolquido. A propriedade reolgica de interesse no caso dos slidos a elasticidade e
no caso dos lquidos a sua viscosidade. No entanto, alguns materiais no podem
ser diferenciados em slidos ou lquidos com clareza, de modo que a propriedade
reolgica de interesse nestes casos a viscoelasticidade (SHAW, 1975; PASQUEL,
1999; RAO, 1999).
A viscosidade faz parte das propriedades reolgicas dos alimentos, que
abrange, alm dos fluidos, os slidos e semi-slidos. Alimentos em geral, podem serclassificados em slidos, gel, lquidos homogneos, suspenses lquidas e emulses
(RAO, 1999). Alimentos na forma lquida usados em processos na indstria ou pelo
consumidor incluem pastas, purs, refrigerantes, ovos e seus produtos, leite e seus
derivados, sucos de frutas naturais, concentrados vegetais e molhos, entre outros
(IBARZ; CNOVAS, 2002).
A viscosidade pode ser definida como a medida da frico interna de um
fluido, isto , a resistncia encontrada pelas molculas em se moverem no interior
de um lquido, devido ao movimento Browniano e s foras intermoleculares
(GOULD, 1992). Esta frico torna-se aparente quando uma camada de fluido move-
-
7/28/2019 ELABORAO DE MOLHO PARA SALADA COM SORO DE QUEIJO MINAS
51/133
50
se em relao outra camada, assim medida que aumenta a viscosidade do
fluido, aumentam as foras de atrito e necessria mais energia para que ocorra o
cisalhamento, que acontece sempre que o fluido fisicamente movido ou
distribudo, como no escoamento, espalhamento, asperso, mistura etc. Fluidos
altamente viscosos, ento, exigem mais fora para mover-se que materiais menos
viscosos (LEWIS, 1993; BROOKFIELD ENGINEERING LABORATORIES, 1994; MOTT,
1996).
Isaac Newton foi o primeiro a expressar as leis bsicas da mecnica
clssica, descrevendo o comportamento de fluxo de um fluido ideal, conforme o
modelo na figura 5. Onde um par de placas paralelas com uma rea A so
separadas por uma distncia dx e no espao entre elas est um fluido, gs oulquido. Essas placas so movidas na mesma direo em diferentes velocidades
V1 e V2. (BROOKFIELD ENGINEERING LABORATORIES, 1994; SCHARAMM,
2000; BIRD; STEWART; LIGHTFOOT, 2004).
FIGURA 5 MODELO DEFINIDO POR ISAAC NEWTON
FONTE: BROOKFIELD ENGINEERING LABORATORIES (1994)
A fora constante F necessria para manter a diferena na velocidade
proporcional ao gradiente de velocidade, de acordo com a equao 1, onde uma
constante de proporcionalidade para um determinado material, definida como
viscosidade. O gradiente de velocidade dv/dx uma medida de mudana na
velocidade onde as camadas intermedirias movem-se uma