Elementos Urbanos de Significação Pública - Cidades, Comunicações e Artes Na Era Da Cultura...

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Arte Pblica na era da cultura digital

Elementos urbanos de significao pblica: cidades, comunicaes e artes na era da cultura digital

Sesso temtica 3

Arte e Cenrio Pblico

BRAIDA, Frederico. Arquiteto e Urbanista. Mestrando em Urbanismo (PROURB / UFRJ). Endereo: rua Heitor Guimares, 55 / 201.Vitorino Braga. Juiz de Fora / MG. CEP: 36.060-210. Telefone: (32) 3217.6305. E-mail: [email protected] FILHO, Antonio. Arquiteto e Urbanista. Doutor em Cincias Sociais (PPCIS / UERJ). Professor adjunto (FENG / UFJF). Endereo: UFJF, Departamento de Arquitetura, Campus Universitrio, Martelos. Juiz de Fora / MG. CEP: 36.030-330. Telefax: (32) 3212.2743. E-mail: [email protected]

Elementos urbanos de significao pblica: cidades, comunicaes e artes na era da cultura digital

Sesso temtica 3

Arte e Cenrio Pblico

Resumo

O objetivo deste artigo destacar alguns elementos urbanos, monumentos e esculturas como potenciais para a criao de significao pblica para o cidado comum, alm de apresentar algumas consideraes histricas sobre as relaes entre as cidades, as formas de comunicao em geral e as artes. A partir da evidncia das tecnologias de informao e comunicao como uma legtima contribuio para ampliar as potencialidades da atuao humana, tanto sobre o espao fsico das cidades quanto sobre o espao virtual, surge um novo espao emergente da conexo das redes digitais. Na j chamada era da cultura digital, elementos urbanos j existentes ou novos elementos urbanos que so inseridos no espao pblico atraem a audincia e renovam a discusso sobre as cidades e as imagens simblicas que esto vinculadas ao espao fsico e visual do cotidiano urbano, suscitando a reflexo sobre as possibilidades para a abertura de um novo campo de atividade crtica que melhor abrigue as antigas e as atuais propostas de (re) significao para os elementos urbanos em particular e para as cidades em geral.Palavras-chave: vida urbana; arte pblica e cultura digital.

IntroduoSabemos que as cidades surgiram da necessidade humana de intercmbio econmico, cultural e social. Portanto, compreend-las como objetos culturais resultantes da espacializao fsica e social, permite que faamos correlaes entre as comunicaes, as artes e as cidades. Conduzindo nosso pensamento com este olhar contemporneo, devemos ressaltar que boa parte da histria da cidade se imbrica com a histria das artes e das comunicaes. E, sendo a cidade uma construo humana, no podemos tambm perder de vista seu aspecto tcnico e tecnolgico.Ao lidarem uns com os outros, os primeiros homens desenvolveram tcnicas de comunicao e socializao. Ao lidarem com a terra, a gua, o fogo e o ar, aqueles mesmos homens desenvolveram tcnicas para se relacionar com o mundo natural e criar mecanismos para transform-lo, fosse por questes de sobrevivncia fsica fosse tambm para sobrevivncia simblica. Estas primeiras experincias no foram descartadas e sim acumuladas. Ao incorporarmos novos hbitos, produzimos novas tcnicas e fizemos a histria das civilizaes avanar. Como afirma Cornell (1998, p.1), a histria no um encadeamento de fatos que se apresenta como uma unvoca sucesso de anos, na qual o velho desapareceria ao surgir o novo.

Assim, as cidades nasceram tambm conformadas pela tcnica. Cada cidade fruto das tcnicas desenvolvidas pelo seu povo; reflexo de determinados hbitos e costumes; um bem cultural forjado pelas prprias mos humanas e pelas tecnologias desenvolvidas pelos homens. , tambm, documento de valor histrico que registra, na maioria das vezes, formas de relao do homem com o mundo simblico criado, onde a arte se coaduna com o espao fsico (e mesmo quando ainda no era urbanizado) de forma definitiva. Pouco a pouco, com a crescente urbanizao mundial, as cidades so o grande locus para a criao e manuteno de elementos com notrio valor simblico. Grande parte de um conjunto de elementos com valor simblico para as cidades so compostos por representaes autnticas da arte, como monumentos e esculturas. Desde os anos 1960, h ainda as variadas formas de interveno artstica, como instalaes e tambm a arte pblica que se inserem nos espaos urbanos. Para alm desse grande conjunto que pode ser nomeado como elementos urbanos (Creus, 1996), relgios digitais, bancos etc. que at ento cumpriam apenas uma funo utilitria, ganham status artstico e tambm afetivo. Revestidos de importncia para a populao, cidades e artes compem um significativo mapa das relaes sociais contemporneas.

Como parte dessa trilogia que envolve cidades, comunicaes e artes, que conta, em ltima instncia sobre nosso modus vivendi, queremos assinalar aqui o papel das comunicaes como canal de interlocuo entre arte, cidade e sociedade. Como Maricato (2002, p.165) afirma, a representao da cidade uma construo fictcia, a publicidade insistente e a mdia, de um modo geral, tm um papel especial na dissimulao da realidade do ambiente construdo e na construo da sua representao, destacando os espaos de distino. Veremos que para alm dos efeitos perversos de investimento estratgico em determinados espaos urbanos, com inteno de atrair e fixar capitais econmicos (Arantes, 1993; 2002), a cidade e a populao parecem escapar da mera manipulao. Inclusive, as variadas formas de comunicao tornam-se uma das possibilidades de sobrevivncia de grande parte da subjetividade coletiva que at ento se realizava apenas no espao urbano. De fato, desde a ltima dcada, a cidade se afirma como o grande cenrio das relaes sociais; os elementos urbanos ampliam o papel de mobilizadores da audincia pblica e a comunicao diversifica as prprias formas para expresso das idias e opinies. Em conjunto, cidades, comunicaes e artes sinalizam alguns comportamentos tpicos na era da cultura digital.

A tcnica e a tecnologia conformam as cidades, as comunicaes e as artes

Dentre as muitas definies de cidade, aquela que afirma que a cidade o local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade, parece-nos bastante premonitria, pois sublinha que a cidade nasceu da aldeia, mas no a resultante de uma simples alterao de escala, ou seja, da aldeia que cresceu (Benvolo, 1999, p.23, grifo nosso). Isto porque, de acordo com o autor, a cidade inaugurou e evidenciou a diferena de classes sociais: de um lado, os dominantes e, do outro, os subalternos.

Diante destas circunstncias, as indstrias encontraram nas cidades um terreno slido para se afirmarem e contriburam de forma definitiva para o desenvolvimento de uma nova organizao social e para a expanso urbana. As novas engenhocas e mquinas comearam a produzir bens que antes eram artesanalmente fabricados, produtos do trabalho de um indivduo que dominava e detinha consigo certos conhecimentos tcnicos. Assim, o mundo, que se baseava na tcnica, foi se convertendo em um mundo tecnolgico.

Mas, qual e diferena entre tcnica e tecnologia? A tcnica a conjugao de objetos com o conhecimento de sua manipulao para que se atinjam determinados fins, enquanto a tecnologia composta de instrumentos que trazem em si o modo de atingir esses objetivos, dispensando, aps a criao, a arte do saber fazer (Duarte, 2003, p.20). O autor destaca tambm que um fator importante que inaugurou a distino entre a tcnica e a tecnologia foi a alterao da fonte de energia de produo, a substituio da fora animal pela energia produzida pelas mquinas a vapor. E as inovaes no pararam por a. Depois da mquina a vapor, surgiram as mquinas e os aparelhos alimentados pela energia eltrica. As cidades se apropriaram da energia eltrica para transform-la, principalmente, em energia luminosa. Com isso, as cidades fortemente marcadas pelos aspectos cclicos naturais e diurnos, ganharam maior liberdade para funcionar noite. E, ao ser incorporada no seio da vida humana, a energia eltrica reconfigurou os hbitos e ampliou as possibilidades de atuao do homem sobre o mundo, instalando novos paradigmas sociais.

No entanto, foi no sculo XX que se deu o desenvolvimento e aprimoramento dos aparelhos eltrico-eletrnicos, das mquinas de captura, projeo e impresso de imagens. A partir de ento, os meios de massa, tais como os livros, a fotografia, o rdio, os discos, o cinema, a televiso, entre outros, se infiltraram no cotidiano da sociedade. Dessa forma, os meios de comunicao foram potencializados pelas novas tecnologias desenvolvidas. Foi assim que os meios de comunicao exerceram uma influncia direta na cidade, nas formas de representao e, tambm, na maneira como os indivduos percebiam o espao urbano.

Os artistas nunca se mantiveram completamente dissociados do desenvolvimento tecnolgico. Quando se deu o desenvolvimento dos novos equipamentos e meios de comunicao, os artistas apropriaram-se deles, tanto para conceberem quanto para exteriorizarem suas produes. Ento, passaram a ter as cidades como fonte de inspirao. Houve, dessa forma, uma exploso na produo de imagens, sobretudo, imagens urbanas. Mas, ao contrrio da noo contempornea de Arte ampla, mltipla, hbrida e, muitas vezes, coletiva , o sistema das (belas) artes proposto no sculo XVIII privilegiava a pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia e a msica como resultado de esforos intelectuais individuais, alm de elev-las s condies de bens eruditos. Contudo, com o advento da Revoluo Industrial, atrelado ao modo de produo capitalista e movimentao da populao que deixava o campo para se fixar nas cidades, iniciou-se um processo de dissoluo do carter individual e unitrio da obra de arte.

Para o funcionamento dessa cidade eminentemente urbana, vrios elementos foram introduzidos nas ruas e praas, tanto para atender os deslocamentos da populao com mais segurana (sinalizao viria), como para garantir o conforto (bancos, abrigos de nibus), como tambm para ornamentar (fontes, esculturas). Arte e indstria tambm se uniram com a criao de peas em ferro fundido desenhadas por mestres da poca que diluem a fronteira tambm entre tcnico e artstico. Para Knauss (1998, p.36), quando algum desses elementos adquire significado extra, podemos nome-los como imaginria urbana, que, resumidamente:

(...) pode ser considerada uma unidade de significantes, um suporte de mensagem no contexto da sintaxe urbana. Como inscrio na paisagem edificada, ela participa de uma estrutura de significao do territrio da cidade, operando uma articulao entre a ordem espacial e a ordem temporal, revelando contedos histricos acerca da sociedade.

Se, como vimos, as relaes entre a arte e a cidade, bem como entre as comunicaes e as cidades, alinhavadas pelas tcnicas e tecnologias, so bastante evidentes ao longo da histria, foi no sculo XX, que se consumou a aproximao entre os meios de comunicao e as artes. Dessa unio entre as artes e as comunicaes resultaram bens que se adequaram ao contexto da cultura de massas, uma cultura tipicamente urbana.

A cultura de massas, o espao urbano e a era digital

A cultura de massas pode ser compreendida como mais uma das questes introduzidas na sociedade pelo modo de produo industrial. A fabricao dos objetos em srie, ou seja, com o auxlio de mquinas que possibilitavam a produo em larga escala de um nico produto para diversos consumidores, d o tom inicial da cultura de massas. E justamente esta a concepo da relao entre os bens manufaturados e os cidados: uma via de mo nica, uma relao de um para muitos, de produtor e produtos nicos para mltiplos consumidores.

Podemos perceber que a cultura de massas se alimentou no somente da lgica industrial, mas tambm da lgica do Capitalismo e, de certa forma, contribuiu para a consolidao dos atuais meios de produo e consumo contemporneos. Os objetivos so convergentes: aumento da produo de bens, reduo do tempo de fabricao, barateamento do custo, ampliao do mercado consumidor, e, finalmente, gerao do maior lucro possvel.

Esta lgica que passou a predominar em todos os campos da vida da sociedade, inclusive propondo alteraes na produo e compreenso do espao das cidades, tambm se refletiu nas comunicaes e nas artes. A cultura de massas teve origem na popularizao do jornal, no telgrafo e, especialmente, na fotografia. Foi, principalmente, por meio das imagens que as artes se aproximaram das comunicaes, e o espao urbano tornou-se o grande protagonista. A imprensa escrita foi e ainda um canal de difuso do que a populao pensa tambm. Em relao aos elementos urbanos de destacar a participao da imprensa na criao de smbolos urbanos, com o conhecido movimento (mesmo que sublinhado por questes polticas) que tomou conta de Nova York para a retirada da escultura de Richard Serra da Federal Plaza. Em ltima instncia, a imprensa tornou-se um canal para reivindicao da populao sobre as imagens urbanas que convivem na cidade e que so gerenciadas pelo poder pblico.

Ainda no incio do sculo XX, com o surgimento do cinema a condio esttica das imagens foi rompida, mas a caracterstica essencial da cultura de massas continuou presente, ou seja, o cinema constitui-se em um bem para ser consumido coletivamente. No entanto, foi com a difuso da televiso que a cultura de massas atinge seu pice. Pela primeira vez, um mesmo produto foi consumido por um grande nmero de pessoas, e, o que mais incrvel, ao mesmo tempo. Ao serem adquiridos e inseridos no convvio familiar, os aparelhos televisores propuseram um novo ritmo de vida, modificaes fsicas no espao da residncia, denotadas pelo surgimento da sala de TV, e alimentaram, principalmente atravs da publicidade, o lado consumista dos indivduos. O cinema e a televiso marcaram o incio de uma profunda hibridizao entre som e imagem, contudo h uma nfase na produo imagtica. No toa que o sculo XX chamado por diversos autores como o sculo das imagens.

O surgimento de novas mquinas de produo de imagens no findou, entretanto, com o desenvolvimento da TV. O canal de televiso por assinatura e o videocassete permitiram aos consumidores uma forma de apropriao mais individualizada, ou seja, o uso personalizado das imagens. A TV por assinatura possibilitou a seleo de uma programao mais voltada para as necessidades individuais e o videocassete possibilitou a aquisio e consumo em domiclio, a gosto do fregus, com recursos de fragmentao e acelerao da imagem e a aquisio de vdeos no disponibilizados nos circuitos comerciais. As cmeras filmadoras de uso amador tambm foram responsveis por significativas alteraes no que diz respeito produo e consumo de imagens e, tambm, contriburam para a flexibilizao das fronteiras entre cidades, artes e comunicaes. O fato de uma pessoa poder adquirir e manusear uma mquina com baixo grau de complexidade de utilizao para produzir seus prprios vdeos, deslocou o indivduo da posio de consumidor para a de produtor. Assim, teve incio um ciclo de processos interativos que foi responsvel pela reconfigurao da cultura contempornea, uma cultura baseada no computador e na tecnologia, na definio do momento como era da cultura digital.

As inmeras invenes e inovaes tecnolgicas, tais como as mquinas a vapor e as movidas pela energia eltrica, as ferrovias e os automveis, aliadas ao aprimoramento e desenvolvimento dos meios de comunicao, entre outros, os aparelhos telefnicos, os televisores e os aparelhos de impresso, foram as responsveis por significativas modificaes nas formas de vida atuais. Entretanto, foi a partir dos anos de 1990, que o desenvolvimento das tecnologias de informao e comunicao (TICs) evidenciadas, mais especificamente, nos computadores interligados em rede, que temos assistido a uma profunda revoluo.

Podemos dizer que as TICs tm sido as responsveis por processos de mudanas da mesma forma que a manufatura teve tal responsabilidade para o desenvolvimento industrial. Porm, as transformaes ocorridas na sociedade industrial se deram de forma muito mais lenta e gradativa, se comparadas com as transformaes da sociedade contempornea. Em, aproximadamente, duas dcadas e meia, a microeletrnica possibilitou o desenvolvimento das TICs e potencializou a capacidade de produo de informao.

Hoje em dia, as TICs j extrapolaram os limites anteriormente supostos em filmes de fico cientfica ou em jogos eletrnicos, o que no passava de uma simulao para um futuro distante. Atualmente, tanto as possibilidades de atuao dos indivduos como as relaes sociais por eles estabelecidas tm sido profundamente alteradas pelos impactos dessas tecnologias. A interatividade proporcionada pelas tecnologias digitais e a conectividade possibilitada pela Internet devem ser destacadas como uma das mais relevantes contribuies do desenvolvimento computacional para o estabelecimento de novas formas de relao social. A comunicao ilimitada permitiu que os ambientes virtuais se tornassem locais de encontro, onde pessoas separadas geograficamente pudessem se fazer presentes.

A tecnologia digital dos computadores revelou-se como a primeira grande tecnologia do sculo XX que aproximou estreitamente pessoas que no se conheciam, em vez de afast-las. Segundo Johnson (2001, p. 51), o automvel criou a clausura dos condomnios fechados, enquanto o telefone fixo e a televiso nos mantiveram firmemente plantados nos espaos domsticos e, at mesmo no cinema, a vida pblica se desenvolveu sob um voto de silncio. J com o uso pblico da Internet, pudemos conversar com pessoas ao redor do mundo em tempo real, enviar correspondncias que so entregues instantaneamente, trocar experincias com pessoas espalhadas pelo mundo. Outras possibilidades so: fazer apresentaes em outros pases, participar de cursos ou seminrios no conforto de nossa poltrona, fazer compras sem sair de casa, trabalhar em um pas e morar em outro, contribuir socialmente. O acesso s informaes tambm foi facilitado com a disponibilizao das verses virtuais dos jornais, atravs dos quais podemos decidir ou opinar sobre os fatos e eventos. At mesmo, expor a nossa vida ntima a qualquer pessoa localizada em qualquer parte do globo terrestre, seja atravs de fotologs e blogs (dirios virtuais), seja por meio de webcams (cmeras digitais conectadas aos computadores), foi permitido, facilmente, com o advento da Internet.Ningum nunca passou inclume por transformaes to radicais e agora, na era da informao, no ser diferente. O desenvolvimento da eletrnica, a disseminao dos computadores e, especialmente, da Internet tm afetado radicalmente a forma de as empresas fazerem negcios, a forma de trabalho, o contato pessoal e at os relacionamentos interpessoais. Estamos ingressando numa Sociedade Digital, regida por regras diferentes, novos desafios e amplas possibilidades (Lima, 2000, p.VII).

Essas formas distintas de interao social que emergem da sociedade conectada so o que Lvy (2000) chama de cibercultura: um conjunto de tcnicas (materiais e intelectuais), de prticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespao. A cibercultura, essencialmente de natureza heterognea, tem sido responsvel pela formao de novos paradigmas para as relaes sociais e espao-temporais. Os meios de comunicao desempenharam importante papel na reconfigurao do tempo e do espao. E, quando os meios de comunicao se aliaram informtica, produzindo novas tecnologias de informao e comunicao, os resultados foram surpreendentes, com grandes reflexos no espao e na previso desse espao na contemporaneidade:

As cidades foram configuradas para minimizar as barreiras do espao e para superar as limitaes do tempo, ao passo que as telecomunicaes foram moldadas visando o contrrio, minimizando as barreiras de tempo para superar as limitaes do espao (Graham, 2004, p.60).Segundo Ferreira (2000), a estruturao do pensamento e a organizao espacial contemporneas tm seguido a lgica da rede, a qual acentrada, heterognea e em movimento contnuo, constituindo um modelo completamente diferente do moderno (hierrquico, arborescente e imprescindvel para a constituio de um raciocnio que deveria sempre se encaixar em padres totalizantes). Os novos paradigmas impostos pela cibercultura no so responsveis somente pelo conjunto de valores construdo para os mundos virtuais. Eles tambm reestruturam alguns aspectos das vidas dos indivduos que sequer ainda tiveram contato com o ciberespao. As TICs transformaram-se em mais uma instituio que, ao lado da famlia, escola, igreja, arte, e da comunidade, tm participado da construo da subjetividade humana.

Mas qual ser a essncia da cultura digital? Segundo Santaella (2003, pp.70 e 71), o aspecto mais espetacular da era digital est no poder dos dgitos para tratar toda informao, som, imagem, vdeo, texto, programas informticos, com a mesma linguagem universal, uma espcie de esperanto das mquinas. Isto tecnicamente significa que apenas variando as combinaes de dois dgitos, zeros e uns, podemos ter como resultado final uma infinidade de produtos diferenciados que podem ser transportados por meio das redes digitais e acessados de qualquer lugar. Esta a essncia dos processos de virtualizao.

Finalmente, podemos perceber que os paradigmas da sociedade conectada esto baseados na cultura digital, na velocidade, na dinmica espao-temporal e na possibilidade de mudana. Isso quer dizer, que os paradigmas contemporneos se apiam nos processos de virtualizao.

A virtualizao das cidades, das comunicaes e das artes

A partir dos anos noventa, com o amplo desenvolvimento das TICs e, principalmente, com a popularizao da Internet, a palavra virtual passou a ser utilizada em larga escala. Inicialmente, esta palavra parecia ser o oposto da palavra real. Mas a combinao destas gerou a expresso realidade virtual e fez com que os limites entre real e virtual ficassem difceis de se definir. A busca pelo significado desses conceitos tem alimentado grandes discusses filosficas de pensadores como, por exemplo, Gilles Deleuze e Michel Serres.

Sem dvida, Pierre Lvy tornou-se um grande terico contemporneo do virtual, pois abordou a virtualizao sob os aspectos filosfico (definio de conceitos), antropolgico (a relao entre o ser humano e o processo de virtualizao) e scio-poltico (compreenso da condio contempornea, para atuarmos efetivamente como participantes ativos). Lvy (2003, pp.15-17), em seu livro O que o virtual?, demonstrou que o virtual no se ope ao real, mas sim ao atual. Segundo o autor, o real a materializao do que antes existia apenas no mbito do possvel. O possvel tudo o que j est definido, faltando-lhe apenas existir, tornar-se real. J o atual pressupe uma dose de criatividade, pois no processo de atualizao no ocorre somente a materializao, mas tambm a inovao resultante da influncia das circunstncias do entorno.

Do ponto de vista filosfico, virtual aquilo que existe apenas em potncia e no em ato (LVY op. cit., p.15). Assim, o virtual tudo o que j est predeterminado, embora no aparea exteriormente, e contm todas as condies essenciais atualizao; um estgio anterior ao atual, um complexo problemtico.

Do ponto de vista conceitual, o processo de virtualizao pode ser definido como um movimento inverso da atualizao. No uma desrealizao, uma transformao da realidade num conjunto de possveis, mas uma mutao de identidade, um deslocamento do centro de gravidade do objeto considerado: em vez de se definir por sua atualidade, que uma soluo, sua consistncia essencial encontra-se no campo problemtico. A virtualizao passa de uma soluo dada a um (outro) problema.

Partindo dessas abordagens, compreendemos que a virtualizao tambm um dos principais vetores da criao de realidade. Atravs dos processos de virtualizao uma nova noo espacial tem sido desenvolvida. Na verdade, desde os primrdios do desenvolvimento da interface grfica computacional h o desenvolvimento da noo espacial do introduzida pelo computador. Mas foi a Internet, nos anos 90, que possibilitou o desenvolvimento dessa espacialidade.

Quando os ambientes digitais foram associados em rede, se transformam em um sistema em que mltiplos usurios que poderiam interagir entre si em tempo real, mesmo que estivessem localizados fisicamente em pontos opostos. Hoje, este espao chamado de ciberespao. Nos anos de 1980, a comunidade de computao se apropriou da idia de ciberespao concebida por Gibson como uma metfora para o modo como as pessoas interagiam entre si por cadeias de computador. No incio dos anos 90, entretanto, o uso do termo extrapolou os limites da comunidade de especialistas, tornando-se expresso do espao-tempo propiciado pelo uso das redes de computadores e tendo, inclusive, se desdobrado na noo mais geral de cibercultura.

A partir do amplo emprego do termo, alguns tericos buscaram explicitar mais precisamente a idia, ressaltando o que entendiam como essencial. Michael Benedict define o ciberespao como uma rede globalmente conectada, alimentada, sustentada e gerada por computadores (Steele 2001, p.26). Com esta abordagem percebemos a conotao social do ciberespao bastante evidenciada, haja vista se tratar de um espao artificialmente concebido e globalmente conectado. Focando a problemtica do conhecimento, por exemplo, Lvy (2000a, pp.120-123) caracteriza ciberespao como a terra do saber, carente por explorao, potencializadora do desenvolvimento da humanidade.Lvy (2000b, pp.92 e 93) tambm acrescentou s caractersticas elaboradas por Gibson para o ciberespao o seu carter digital e define ciberespao como o espao de comunicao aberto pela interconexo mundial dos computadores e das memrias dos computadores. O autor expe que a caracterstica digital a marca distintiva do ciberespao, uma vez que a responsvel pelo condicionamento do carter plstico, fluido, precisamente calculvel, tratvel em tempo real, hipertextual, interativo e virtual dos dados.

Hoje, o termo ciberespao largamente utilizado para denominar o ambiente virtual que se tornou possvel graas Internet. No ciberespao, um usurio tem seu endereo eletrnico sem relao direta com seu endereo fsico; de qualquer computador conectado rede mundial, independente de lugar geogrfico, possvel receber e enviar mensagens, ou seja, compartilhar informaes, sem que haja necessidade de deslocamento fsico. Percebemos ento, que o ciberespao o espao onde o usurio imerso, pode se deslocar, explorar, navegar, passear, ocupar e habitar o mundo.

O ciberespao pode anular as distncias entre os habitantes de uma cidade, ainda que esta anulao seja virtual, propiciada pela comunicao sob forma digital e da telepresena. Esta sempre foi a utopia do espao urbano: "a superao do fechado e do aberto, do imediato e do mediado, da ordem prxima e da ordem distante, em uma realidade diferencial na qual estes termos no se separam mais, mas mudam em diferenas imanentes", como disse Henry Lefebvre nos anos 1970 (citado por Lemos, 2001).

Mquinas e tecnologias sempre foram pensadas e/ou utilizadas como extenses do corpo humano. Assim, tanto os lpis, canetas e pincis, como as prteses, podem representar a extenso dos membros, o ciberespao pode ser considerado como um ambiente de extenso, transformador da nossa percepo de tempo e de espao. Do ponto de vista social, o ciberespao tambm um potencializador de novas interaes humanas e globais que tem gerado profundas transformaes nos meios econmico e cientfico, e tende a se expandir para outros campos da vida humana.

Em relao ao espao urbano, mesmo que ainda no haja um modelo paradigmtico de cidade virtual, sabemos que grande e antigo o desejo humano de transcender o corpo fsico, de controlar experincias sensoriais, de estar a distncia, com os sentidos transportados, ainda que atravs das telecomunicaes. Tudo isto alimenta o atual interesse da humanidade pela virtualidade e suas implicaes e tambm, o desejo de desenvolvimento dos ambientes virtuais.

Das diversas definies para as cidades virtuais uma caracterstica que parece ser consensual que as cidades virtuais so mundos virtuais, locais de encontro em meio eletrnico, onde as pessoas se encontram, formando comunidades globais. Estas comunidades podem se configurar por diversas formas: salas de jogos, fruns on-line, listas de discusso, jornais e revestias eletrnicas, dirios virtuais etc. Foi a linguagem VRML (Virtual Reality Modeling Language), uma linguagem para a modelagem de ambientes virtuais, criada em 1994, que permitiu a implementao destes mundos virtuais e avatares (representantes dos usurios no ambiente virtual) no ciberespao porque tem mecanismos para suportar aplicaes de animao em tempo real. Assim, os mundos animados podem responder a eventos externos interagindo imediatamente com um ou mais usurios simultaneamente (Ferreira, 2000).

Tanto a verso mais modesta do mundo virtual, representada pelas salas de bate-papo, que apresentam somente texto, quanto a mais elaborada, que utiliza imagens e avatares, cumpre um importante papel no que diz respeito estruturao do ciberespao. Segundo Quau (1995) os mundos virtuais representam uma revoluo coprnica. Antes girvamos em torno de imagens, agora giramos dentro delas. As imagens virtuais no so somente imagens, pois definem aspectos como profundidade, dentro, fora, atrs etc. Mais do que isso, conformam a (nova) vida urbana.

As cidades, as comunicaes e as artes virtuais conformam a vida urbana

Todas as questes acima colocadas permitem-nos verificar que a ao do ser humano no se restringe ao espao fsico. Mas, nem por isso a cidade concreta desapareceu, nem parece que ir desaparecer em breve. Por meios das tecnologias digitais, os indivduos puderam construir novos mundos e agir sobre eles, interagindo com outros indivduos e estabelecendo novas formas de relao social e de atuao no tecido urbano. Aps terem contato com os ambientes virtuais, os indivduos se atualizaram e acabaram alterando sua relao com o espao fsico.

Os ambientes virtuais vm se integrando aos espaos fsicos de diversas formas, similar insero do telefone, cinema e televiso. Segundo Graham (2004, p. 63) as idias que pregam o fim das cidades no apresentam nada mais do que utopias unidimensionais, demasiadamente simplistas e tecnologicamente deterministas. So idias falhas porque no consideram o modo como as novas tecnologias se relacionam atualmente com a sociedade que habita os espaos fsicos.O espao urbano tem sido utilizado como matria-prima dos artistas e como cenrio para exposies artsticas. As atuais Flash Mobs, que so encontros relmpagos de cunhos ativistas e artsticos marcados via Internet, so exemplos das relaes do espao urbano fsico com o ciberespao. Por outro lado, as cidades so, cada vez mais, evidenciadas pelos meios de comunicao. As cmeras instaladas no espao urbano so utilizadas para diversas finalidades, podendo funcionar como, por exemplo, um equipamento vigilncia ou um instrumento de produo de informao veiculada na Internet. Os cidados, equipados com suas cmeras fotogrficas digitais, registram, a todo o momento, cenas do cotidiano urbano e, em muitos casos, divulgam suas imagens em pginas da Internet. Embora, at aqui, tenham sido evidenciadas algumas relaes entre os espaos fsicos e a sociedade conectada, acreditamos que a maior parte das novas relaes entre os dois temas esto por serem descobertas e/ou evidenciadas, bem como as interaes entre as cidades, as artes e as comunicaes tendem se tornar mais imbricadas. Os ambientes virtuais se desenvolveram a partir de espaos fsicos, mas no tomaram o lugar deles. H uma constante atualizao das concepes e percepes de um espao a partir da atuao da sociedade no outro. Ou seja, os espaos virtual e fsico se interferem e se reconfiguram mutuamente a partir da atuao da sociedade sobre estes espaos. Mais uma vez, chama a ateno como a cidade continua tambm com a possibilidade de ser discutida atravs dos inmeros exemplos de elementos urbanos. Seja com a criao de sites para manifestar amor ou dio sobre um determinado elemento (como o obelisco colocado no bairro de Ipanema no Rio de janeiro do fim dos anos 1990), s comunidades do Orkut, que tambm congregam opinies sobre a importncia de um simples relgio digital para a criao de referncias espaciais, e que sinalizam tambm para aspectos mais subjetivos que ligam a cidade, os elementos urbanos e as novas tecnologias de comunicao.

Consideraes finais

Aa tcnicas, as tecnologias e, recentemente, a espacialidade emergida da interface grfica proporcionaram mudanas significativas na sociedade. O trajeto do homem contemporneo no mais definido pela relao j chamada de claustrofbica definida pelo espao-tempo, mas pelo tempo-comportamento, que uma relao de transformao contnua em que o material e o no-material se influenciam simultaneamente. A sociedade conectada ganhou liberdade para funcionar a distncia. Os indivduos j podem se relacionar em uma esfera virtual, quase independentemente do espao concreto. Reunies, encontros, compras, estudos, e, at mesmo viagens, foram potencializados e parecem prescindir de espaos concretos, podendo valer-se de sua existncia na forma de bits, menor parte da informao digitalizada e, portanto, menor parte a que este mundo virtual pode ser reduzido. Contudo, a cidade concreta no desapareceu e tende a no desaparecer, mas sim ser ampliada e redefinida virtualmente.

As TICs possibilitaram uma juno dos ambientes virtuais com os espaos fsicos, produzindo espaos hbridos que ainda esto por serem explorados. imensa a quantidade de informaes existentes no mundo de hoje e, incrvel, a velocidade de produo do conhecimento. Isso impe novos rumos para a vida em sociedade. necessrio que a humanidade aprenda a conviver com a provisoriedade, as incertezas, o imprevisto e a novidade. Analisar os fatos, refletir, interiorizar a informao adquirida, e, a partir da, produzir novos conhecimentos, a seqncia que contribuir para a formao de um indivduo socialmente ativo, e, ao mesmo tempo, um agente criador de novas possibilidades.

A dimenso cartogrfica da metrpole no tem medida, pode dissolver, em parte ou em sua totalidade, uma obra de arte pblica. Cada regio apresenta uma estrutura urbana, paisagstica que demanda solues especiais. Na tessitura das metrpoles os monumentos e as intervenes tridimensionais so marcos que ligam o prximo do distante, o simples do complexo e o esttico ao cotidiano. Assim, a localizao da obra de arte deve dialogar, de forma alusiva ao significado ou uso do local. A histria dos materiais e tcnicas est presente na memria inscrita dos objetos. Marcas, documentos, resduos que sinalizam para o universo de pessoas que habitaram determinada regio onde est situada a obra de arte pblica. Uma investigao sobre os processos tecnolgicos, manuais, qumicos, fsicos, ticos, alm da documentao fotogrfica ou cinematogrfica, so referncias de percepo e apreenso da arte pblica. Assim, possvel mapear a cidade, contar a sua histria, delinear o horizonte urbano como pano de fundo da multiplicidade das experincias e linguagens, que caracterizam a produo artstica, constroem novas paisagens via arte. Um espao sem fronteiras, tangenciado pelas mltiplas possibilidades de criao: monumentos, esculturas, pinturas murais, objetos tridimensionais, alm do paisagismo e da arquitetura que requalificam e ressignificam o espao urbano, e so objeto privilegiado das intervenes contemporneas (Brando & Remesar, 2000).

O advento das novas tecnologias de informao e comunicao, aliado ao processo de globalizao, props alteraes em diversos campos do conhecimento, ampliou as possibilidades de relaes sociais e tem sido tratado como a mais intensa revoluo j vista ou o advento das tecnologias de disjuno espao-tempo. Outras alteraes esto relacionadas diretamente com as novas formas de representao e, conseqentemente, com as possibilidades de compreendermos a cidade.

A cidade aqui definida como um conjunto de imagens e espao de cultura que se revela por meio das comunicaes e das artes. Pode-se dizer que as cidades se constituem nas representaes comunicativas e artsticas que dizem respeito a espaos urbanos, edificaes, prticas sociais, indivduos, identidades, construes simblicas, projetos e utopias, narrativas sobre a cidade, enfim, imagens que pelos seus aspectos subjetivos, semiticos e estticos, histricos e sociolgicos revelam as cidades.

Compreender as diversas relaes entre as tcnicas, as tecnologias e o ser humano, parece-nos um critrio possvel para a anlise das relaes entre as cidades, as comunicaes e as artes. Portanto, apontar algumas modificaes ocorridas no seio da nossa sociedade propostas pelo desenvolvimento das tecnologias de informao e comunicao torna-se indispensvel para uma compreenso contempornea do espao social urbano. J temos percebido profundas reorganizaes do espao e do tempo, mas provvel que as possveis interaes com as imagens digitais e mundos virtuais, estabeleam novas dimenses ainda no imaginadas.

Cabe lembrar que a complexidade das cidades tem aumentado e isso faz com que a cidade j no possa mais ser pensada apenas como projeto fechado, conjunto finito de bens e funes visveis, concretizada em um espao fsico nitidamente demarcado e regida por uma temporalidade que coincide exatamente com as fraes de tempo dos relgios. H ainda uma demanda por um pensamento que aborde a cidade como um sistema aberto. Na visibilidade de seus processos de desenvolvimento devem ser percebidos os elementos intangveis, os aspectos e lugares simblicos da cultura que permitem a construo de cidades imaginveis. A narrativa da cidade, a partir da memria coletiva, povoada por imagens, descontinuidades, desejos e sonhos, alimenta o repertrio que poder formar a base de significados da vida subjetiva para o tempo que est por vir.

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Sobre a transio do mundo pautado na tcnica para um mundo fortemente condicionado pela tecnologia, ver Duarte (2003), em especial, o captulo 1, intitulado O mundo tecnolgico.

A complexa discusso sobre os vrios conceitos de Arte repassada por Morais (1998) no livro com o provocativo ttulo Arte o que eu e voc chamamos de arte: 801 definies sobre arte e o sistema de arte.

Sem dvida alguma, Benjamin (1975) foi um dos primeiros pensadores a tratar das questes das imagens que estavam sendo influenciadas pelas tecnologias, suas relaes com as cidades e, principalmente, com o conhecido contexto da cultura de massas. Seu texto intitulado A obra de arte na era da reprodutibilidade tcnica, publicado em 1936, continua sendo, para ns, uma referncia para a discusso sobre a arte tecnolgica.

Sobre as imbricaes dos caminhos das comunicaes com os das artes, principalmente, a partir da revoluo tecnolgica, ver Santaella (2005), que no livro intitulado Por que as comunicaes e as artes esto convergindo? aborda, entre outras questes, quais so as apropriaes que os meios de comunicaes tm feito da arte e que papis sociais a arte associada s mdias pode desempenhar na era da cultura digital.

Sobre a importncia que as imagens adquiriram no sculo XX, ver Neiva Jr. (1991). No captulo 6, intitulado O sculo das imagens, o autor tece consideraes sobre o uso das imagens desde a Revoluo Grfica, quando os desenhos em revistas ilustradas passaram a ser substitudos por fotografias, at as tcnicas mais recentes de composio de imagens que no guardam relao alguma com o seu referente.

Santaella (2003) tem utilizado como categorias analticas e configurao das culturas humanas divididas em seis grandes eras civilizatrias: (1) cultura oral; (2) cultura escrita; (3) cultura impressa; (4) cultura de massas; (5) cultura das mdias; e, finalmente, (6) cultura digital.

Johnson (2001) traa um percurso histrico, ressaltando a importncia das artes e da arquitetura desde a Idade Mdia (principalmente no captulo 2) at as transformaes dos ltimos cinqenta anos que trouxeram a informtica para o centro da organizao humana, evidenciando a amplitude da insero das TICs no contexto social.

Cibercultura o ttulo de uma obra de Lvy (2000b), alm de ser o termo utilizado pelo autor para denominar o que temos chamado nesse artigo de era da cultura digital. Em A inteligncia coletiva: por uma antropologia do espao, Lvy (2000a) tambm apresenta uma srie de consideraes sobre a cultura digital e as relaes contemporneas entre as tecnologias, as artes, o espao fsico, o espao virtual e o tempo.

O termo ciberespao foi usado pela primeira vez por William Gibson no romance de fico cientfica Neuromancer, de 1984 (Lvy 2000a, p. 104), em que hackers conectavam seus crebros diretamente em redes de computadores onde as informaes eram representadas como relevos em uma paisagem, de tal modo que os personagens podiam viajar como em um espao tangvel. Ento, segundo o autor, o ciberespao o espao imaterial, mas pleno de contedos e passvel de ser apreendido pelos sentidos.

Esse fato aconteceu na cidade de Juiz de Fora, interior do estado de Minas Gerais, onde numa comunidade do Orkut jovens reclamavam a retirada de um relgio digital (chamado de pirulito) que servia de ponto de encontro na cidade. Na verdade, o relgio foi retirado para a colocao de uma cabine da Polcia Militar, evidenciando a evocao de imagens simblicas contidas por diferentes elementos urbanos, que so compreendidos pela populao e, agora, atravs da Internet, ganham efeito de opinio coletiva e meio de caminho para a transformao de opinio coletiva (de um grupo) em opinio pblica (do conjunto de cidados). A comunidade intitulada Queremos o pirulito de volta!!. Disponvel em . Acessado em: 05 jan. 2006.