Em meio à estiagem, a esperança renasce na família de Edith e Joaquim
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1237
Novembro/2013
Em meio a estiagem, a esperança renasce na família de Edith e Joaquim
Bom Jardim
“Agradeço a Deus todos os dias pelas vitórias mandadas
por Ele”. Foram com essas palavras de fé que Edith
Jerônimo, esposa do agricultor Joaquim da Silva, olhou
para os céus e se emocionou ao falar sobre o barreiro-
trincheira construído no sítio do casal, localizado na
comunidade de Gitirana, em João Alfredo, Agreste
pernambucano. Segundo dona Judith, essa nova
realidade irá proporcionar uma vida cada vez melhor.
Para seu Joaquim a felicidade já era esperada, pois ele
sabia que após a construção do barreiro a água iria nascer
do subsolo. Mas para a surpresa de todos, ela minou dos
lençóis freáticos de forma a atingir, em 15 dias, a altura de
1,5 metro de um total de 4 metros. “A água já bate em
meu pescoço, coisa que só deveria acontecer em tempo
de chuva. Foi um presente de Deus”, disse o agricultor ao
lembrar-se que isso aconteceu no mês de seu aniversário,
em outubro de 2013.
Mesmo com o sentimento de alegria envolvendo o
agricultor, a esperança também era a palavra da vez.
“Terei mais condições de criar meus garrotes e algumas
galinhas, mas servirá mesmo para a plantação de quiabo que precisa de bastante irrigação”,
comentou Joaquim.
Ao contrário da atual realidade, Joaquim também se
lembra da época quando morava em Surubim. Lá, ele
já tinha experiência com o plantio de milho e feijão,
mas as condições de sobrevivência não eram tão
favoráveis como as de hoje. “As dificuldades com a
água já existia”, comenta Joaquim
Após anos vivendo em Surubim, em 1962, o
agricultor casou-se com Edith, mas foi somente em
1972 que ele decidiu fazer um empréstimo bancário e
comprar o sítio o qual pertencia ao seu sogro e onde
até hoje vive com sua esposa. Segunda dona Edith, o
pai dela já utilizava o terreno para o cultivo de plantas
nativas e para criação de animais.
Construção do barreiro-trincheira
Fava utilizada na subsistência da família
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
“Neste sítio, onde morei toda minha vida, as
dificuldades sempre foram de água e de acesso.
Andávamos numa estrada de barro até o rio Ribeiro
Grande para tomar banho com o juá que servia de
sabonete. Era lá também onde todo mundo tirava a
água para a sobrevivência e para cuidar dos animais e
plantas”, recorda-se Edith.
Por conta daqueles obstáculos enfrentados, Joaquim
se esforçou após o casamento para construir uma
cacimba artesanal que ajudou sua família durante
bom tempo. Porém, mesmo com essa iniciativa, ele
reconhece que a tecnologia não era adequada para
garantir a segurança alimentar e a qualidade da água consumida por sua família.
Porém, aquele cenário só começou a mudar após a chegada
da cisterna de 16 mil litros do Programa de Apoio ao Pequeno
Agricultor (a) Rural (ProRural), do governo de Pernambuco e
executado pela Associação de Agricultores e Agricultoras de
Bom Jardim (Agroflor). Com esse reservatório, Joaquim pôde
capturar a água da chuva e tratá-la de forma correta a partir
das orientações dos técnicos da Agroflor.
Após a transformação da chuva em água potável, o próximo
passo da família foi conhecer o Programa Uma Terra e Duas
Águas (P1+2) da ASA, também executado pela Agroflor, que
tem como objetivo auxiliar o desenvolvimento rural dos
agricultores e agricultoras do Semiárido brasileiro.
Foi a partir do P1+2 que houve a construção do barreiro-
trincheira e também o envolvimento a família de dona Edith e
Joaquim nas capacitações sobre Gestão de Água para
Produção (Gapa) e Manejo de Sistema Simplificado para
Produção(Sisma)
.
Hoje, o casal tem 5 filhos e 8 netos, mas conta
somente com a ajuda do filho Lúcio Mauro, de 33
anos. Com os frutos do trabalho no campo, além de
garantir o próprio sustento, eles conseguem gerar
renda com a venda dos alimentos para a feira
agroecológica do Centro de Abastecimento e
Logística de Pernambuco (Ceasa).
Para a família, a expectativa é melhorar e ampliar a
plantação de quiabo, além do milho e da fava.
“Apesar de nossa cisterna estar cheia vamos
aguardar a chuva para poder aumentar a nossa água
e produzir mais”, comenta entusiasmado Joaquim.
Realização Patrocínio
Joaquim e Edith com material de estudo
Pai e filho semeando quiabo para nova safra
Irrigação de quiabo feita com água do barreiro