EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

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VESTIBULAR UENP VERÃO 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ PROVAS: 20 e 21 de janeiro de 2013 ENSINO SUPERIOR GRATUITO Universidade Estadual do Norte do Paraná Fone/Fax: (43) 3525-3589 Av. Getúlio Vargas, 850. CEP: 86400-000 Jacarezinho - PR Entrevista Reitor Eduardo Meneghel Rando fala sobre sua gestão frente à Universidade Estadual do Norte do Paraná, sobre as conquistas nesse tempo, problemas e dificuldades que também nortearam esse período marcado ainda pelo diagnóstico de câncer no cólon. Pág.11 www.uenp.edu.br Ano I - Edição nº 01 dezembro de 2012 Jornal Atuar na produção do conhecimento científico em suas mais diversas formas e no processo de desenvolvimento regional e do Estado do Paraná é a missão da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Criada em 2006 com a fusão de cinco facul- dades isoladas das cidades de Bandeirantes, Cornélio Procópio e Jacarezinho, a UENP constituiu-se, de maneira efetiva, em 2010 com a eleição da primeira Reitoria que cumpre o mandato atual. A instituição oferece, atualmente, 23 cursos de graduação nas áreas das ciências humanas, da educação, da saúde e sociais; além de 17 cursos de pós-graduação lato sensu e dois stricto sensu. Pág. 16 Universidade por inteiro Extensão Em busca da cura Um projeto, aparentemente simples, tem feito melhor também a vida de muitas pessoas da região de Bandeirantes e Cornélio Procópio. Somente neste ano, o projeto de extensão intitulado “Cuidado de Enfermagem a Pacientes com Feridas” já realizou mais de 1200 consultas. O atendimento prestado por acadêmicos de Enfermagem sob orientação de professores do campus Luiz Meneghel tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes com a enfermidade. Pág. 15 Extensão Muito além dos muros Em Jacarezinho, todas as quartas e quin- tas-feiras, extensionistas do projeto Fisiotera- pia Domiciliar auxiliam pessoas carentes com atendimento em suas residências e também em abrigos especializados do município. O projeto realiza uma série de ações que buscam a prevenção de agravo à saúde e sua manuten- ção, assim como auxiliar na recuperação de uma doenças ou sequelas. Pág. 03 Os primeiros passos lá fora Cinco acadêmicos da UENP realizam intercâmbio na Espanha, Portugal e Austrália por meio do programa do Governo Federal Ciência Sem Fronteira. Págs. 08 e 09 Pesquisa identifica 100 espécies de peixes no rio Laranjinha, afluente do rio das Cinzas Pág.05 Procurador geral da Justiça do Paraná avalia julgamento do mensalão Pág.13 9912242580/2010-DR/PR UENP UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ CORREIOS IMPRESSO ESPECIAL Fachada da Reitoria da UENP em Jacarezinho

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A necessidade de aproximar a produção científica e a vida acadêmica do público motivou a criação deste jornal que surge com a responsabilidade de ser o primeiro meio de comunicação impresso da UENP. Este veículo de divulgação da Universidade traz, em sua gênese, o compromisso com a informação e com a formação da comunidade interna e externa da instituição.

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VESTIBULAR UENPVERÃO 2013 UNIVERSIDADE ESTADUAL

DO NORTE DO PARANÁ

PROVAS: 20 e 21 de janeiro de 2013ENSINO SUPERIOR GRATUITO

Universidade Estadual

do Norte do Paraná

Fone/Fax: (43) 3525-3589

Av. Getúlio Vargas, 850.

CEP: 86400-000

Jacarezinho - PR

EntrevistaReitor Eduardo Meneghel Rando fala sobre sua gestão frente à Universidade Estadual do Norte do Paraná, sobre as conquistas nesse tempo, problemas e dificuldades que também nortearam esse período marcado ainda pelo diagnóstico de câncer no cólon. Pág.11

www.uenp.edu.br Ano I - Edição nº 01dezembro de 2012

Jornal

Atuar na produção do conhecimento científico em suas mais diversas formas e no processo de desenvolvimento regional e do Estado do Paraná é a missão da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Criada em 2006 com a fusão de cinco facul-dades isoladas das cidades de Bandeirantes, Cornélio Procópio e

Jacarezinho, a UENP constituiu-se, de maneira efetiva, em 2010 com a eleição da primeira Reitoria que cumpre o mandato atual. A instituição oferece, atualmente, 23 cursos de graduação nas áreas das ciências humanas, da educação, da saúde e sociais; além de 17 cursos de pós-graduação lato sensu e dois stricto sensu. Pág. 16

Universidade por inteiroExtensão Em busca da cura

Um projeto, aparentemente simples, tem feito melhor também a vida de muitas pessoas da região de Bandeirantes e Cornélio Procópio. Somente neste ano, o projeto de extensão intitulado “Cuidado de Enfermagem a Pacientes com Feridas” já realizou mais de 1200 consultas. O atendimento prestado por acadêmicos de Enfermagem sob orientação de professores do campus Luiz Meneghel tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pacientes com a enfermidade. Pág. 15

Extensão Muito alémdos muros

Em Jacarezinho, todas as quartas e quin-tas-feiras, extensionistas do projeto Fisiotera-pia Domiciliar auxiliam pessoas carentes com atendimento em suas residências e também em abrigos especializados do município. O projeto realiza uma série de ações que buscam a prevenção de agravo à saúde e sua manuten-ção, assim como auxiliar na recuperação de uma doenças ou sequelas. Pág. 03

Os primeiros passos lá fora Cinco acadêmicos da UENP realizam intercâmbio na Espanha, Portugal e Austrália por meio do programa do Governo Federal Ciência Sem Fronteira.

Págs. 08 e 09

Pesquisa identifica 100 espécies de peixes no rio Laranjinha, afluente do rio das Cinzas Pág.05

Procurador geral da Justiça do Paraná avalia julgamento do mensalão Pág.13

9912242580/2010-DR/PRUENP

UNIVERSIDADE ESTADUALDO NORTE DO PARANÁ

CORREIOS

IMPRESSO ESPECIAL

Fachada da Reitoria da UENP em Jacarezinho

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A necessidade de aproximar a produção científica e a vida acadêmica do público motivou a criação deste jornal que surge com a responsa-bilidade de ser o primeiro meio de comunicação impresso da UENP. Este veículo de divulgação da Universidade traz, em sua gênese, o compro-misso com a informação e com a formação da comunidade interna e externa da instituição.

O jornal “Em Pauta” vem com o intuito de inspirar reflexões e divulgar a produção científica e de extensão da UENP, assim como eventos da sua agenda. A pretensão é audaciosa, e este meio de comunicação deverá prezar sempre pela com-petência técnica e pelo rigor editorial. A criação, a realização e a execução deste jornal é sinal de comprometimento da Universidade com a socie-dade. O propósito é manter uma linha editorial sem rasura ou pontos de interrogação, sempre pautada pela ética e pelo compromisso social.

O conteúdo desta primeira edição já de-nota as características deste veículo de comuni-cação e o tom de seus textos, mas este não é um jornal fechado, pronto, terminado. Poderá e de-

verá incorporar, posteriormente, seu melhor jei-to de existir com o aprimoramento natural das concepções sobre seu formato. O “Em Pauta” nasce de uma ideia quase solitária, mas deverá ser compartilhado por uma comissão editorial já para a próxima edição.

O trabalho é para que, com o tempo, este ve-ículo se torne um material de referência, conquis-tando o prestígio da sociedade como uma publica-ção sui generis. Prezará ainda pela análise criteriosa, transparência e objetividade. Este material surge com a proposta de fortalecer o movimento de in-tegração desta nova Universidade: unir as antigas faculdades neste universo. Lembrando ainda que esse processo se iniciou com os docentes e discen-tes que contribuíram para este número.

Esta edição que você tem nas mãos é a primeira impressão deste veículo que pre-tende se repetir a cada três meses, com a possi-bilidade de tornar-se mensal no percurso de sua história. Vida longa ao Jornal da UENP!

TIAGO ANGELO

Inicialmente, quero cum-primentar e agradecer a toda nossa comunidade universitá-ria pelo trabalho desenvolvido para a construção da Universi-dade Estadual do Norte do Pa-raná - UENP. Como integrantes de uma universidade pública, temos a obrigação de propor-cionar o saber, pela sua geração e transmissão, para a formação adequada dos nossos estudan-tes nos campos da ciência, do desenvolvimento tecnológico e do desenvolvimento social e humano. Para isso, precisamos desenvolver ações que antes, como faculdades isoladas, não estavam presentes.

A UENP é uma universi-dade regional e deve enxergar o

contexto em que atua, de forma a valorizar o desenvolvimento na sua área de atuação, sem descon-siderar, entretanto, que o conhe-cimento e a ciência transcendem limites geográficos.

Mas a universidade tam-bém se constitui em um espa-ço para o desenvolvimento do cidadão, estimulando o con-traditório e o questionamen-to, características indispensá-veis para o fortalecimento de suas ideias e dos ideais. Nossa ideologia é democrática, pois entendemos que a mesma se constitui num importante fator para o funcionamento pleno da universidade, o que implica um absoluto respei-to às normas constitucionais

previstas no seu Estatuto e no seu Regimento Geral e à legis-lação vigente.

A UENP está no início de sua estruturação e temos muito a fazer. A Universidade considerada como a mais an-tiga do mundo é a de Bologna, Itália, cujo ano de fundação está datado de 1088. A UENP chegará lá, mas seremos nós a determinar a qualidade de nos-sa instituição e do sucesso na busca de seus objetivos. Esta reitoria está consciente de sua responsabilidade na definição desses passos iniciais da univer-sidade, mas o apoio de todos neste grande projeto chamado UENP é indispensável para a concretização de nossos ideais.

SILVIA ALVES DOS SANTOS

As transformações ocorridas na educação e na universidade pública nas duas últimas décadas no Brasil representaram a tradução insidiosa do novo paradigma produtivo afiançado pelo atual estágio do capitalismo. Mais do que simples alterações nas políticas públicas orientadas pelo Estado reformado, as ações que derivaram dessas polí-ticas no interior das universidades afetando o trabalho docente provo-caram reações diversas pelas quais professores, gestores e alunos, foram tomados como protagonistas de um processo reformista que continua em curso na educação superior brasileira.

A reestruturação das instituições republicanas, a partir da Refor-ma do Aparelho do Estado em 1995, passou a reproduzir uma nova lógica para o trabalho acadêmico intelectual. Essa lógica, entre outros desdobramentos, causou impactos substanciais na saúde dos professo-res, nas relações interpessoais no ambiente de trabalho, na universidade e no tipo de produção científica derivada dos projetos de pesquisa ins-titucionais (SGUISSARDI, SILVA JÚNIOR, 2009).

A competitividade e a concorrência que passou a orientar o trabalho desses professores e respectivamente seus orientandos, com o objetivo de ampliar o número de publicações qualificadas, tornou-se uma prática naturalizada, sem antes se considerar que esse mesmo professor é levado a assumir diversas atividades para além do compromisso com a pesquisa e sua divulgação como, por exemplo, cargos administrativos, comissões, relatórios, editais pú-blicos (MANCEBO, 1998).

Desse modo, o trabalho dos professores pesquisadores na pro-dução de conhecimento, ciência e tecnologia na universidade, mesmo que indiretamente, são forças que pertencem ao capital e que, por isso mesmo, são moldadas conforme o movimento pendular que lhe é dado historicamente, ora como criador de utilidades, ora como forma de apropriar-se do mecanismo de mais-valia (Marx, 2011).

As pesquisas sobre trabalho docente no Brasil, conquanto revelem as condições de intensificação do trabalho do professor, parecem indicar a necessidade de continuar revendo as investidas insidiosas do capital na educação.

Sob essa nova cultura acadêmica, a universidade pública acaba consolidando mecanismos que outrora eram específicos de organizações empresariais. O conhecimento produzido na uni-versidade, não sem resistências de grupos contra-hegemônicos, passa a ser orientado por interesses econômicos. Atualmente, o prestígio e o status do trabalho numa universidade pública são conferidos mediante a apresentação e exposição da quantidade de artigos qualificados, orientações, mestrado, doutorado, publicação de livros, relatórios de pesquisa, enfim, atributos que não se quan-tificam de forma imediata, porquanto demandam um tempo de reflexão e amadurecimento intelectual.

Do movimento de produtividade intensificada, impera a ideologia do produtivismo acadêmico, que, por sua vez, tende a orientar majoritariamente as práticas universitárias, com claros objetivos de consolidar a elitização da pesquisa, secundarizando o tradicional e histórico modelo de transmissão e produção do co-nhecimento nas salas de aula da graduação.

O que devemos reconhecer, nesse processo, é que se faz necessária a construção de outra cultura acadêmica, em que a pro-dução do conhecimento científico na universidade pública passe primeiramente pela compreensão de relações sociais mais amplas que movimentam essa demanda, mesmo porque a produção cien-tífica e os tipos de pesquisa a serem desenvolvidos, acompanham o movimento histórico e as correlações de forças, próprias da socie-dade em que se realiza esse trabalho.

SILVIA ALVES DOS SANTOS é professora do Colegiado

de Pedagogia - campus Cornélio Procópio; Douto-

randa em Educação pela Universidade Federal de

São Carlos; Coordenadora do Grupo de Pesquisa

em Estudos Marxistas na UENP/CCP; Membro do

Grupo de Pesquisa em Economia Política da Edu-

cação e Formação Humana (GEPEFH – UFSCar).

A primeiraimpressão

Editorial Artigo

Universidade Pública e Trabalho Docente no Brasil

A UENP é uma universidade regional e deve enxergar o contexto em que atua, de forma a valorizar o desenvolvimento na sua área de atuação, sem desconsiderar, entretanto, que o conhecimento e a ciência transcendem limites geográficos.EDUARDO MENEGHEL RANDO“

O conhecimento produzido na universidade, não sem resistências de grupos contra-hegemônicos, passa a ser orientado por interesses econômicos. SILVIA ALVES DOS SANTOS“

Governo do EstadoUniversidade Estadualdo Norte do Paraná

Projeto Gráfico e edição de arte Leonardo Mari

Colaboração/textosAdenize Aparecida FrancoMaurício de Aquino

RevisãoDenise de Almeida Dias

Impressão: Editora Gazeta do Povo S/A Tiragem: 6.000 exemplares

ReitorEduardo Meneghel Rando

Vice-reitorRinaldo Bernardelli Junior

ExpedienteAssessor de ComunicaçãoTiago Angelo

Textos e Fotos/projeto gráficoTiago Angelo (MTB - 8798/PR )

LEITURAS AFINS

MANCEBO, Deise.

Políticas para a

educação superior

e cultura universi-

tária: o exercício

da solidão no

ideário neoliberal.

Caxambu, 21ª Reu-

nião da ANPED,

1998.

MARX, Karl. Grun-

disse: manuscri-

tos econômicos

de 1857-1858:

esboços da crítica

da economia

política. Tradução

Mario Duayer. São

Paulo: Boitempo;

Rio de Janeiro: Ed.

UFRJ, 2011.

SGUISSARDI, V.;

SILVA JR, J. R . O

trabalho intensifi-

cado nas federais:

pós-graduação

e produtivismo

acadêmico. São

Paulo: Xamã, 2009.

Expediente

PALAVRA DO REITOR

Universidade Estadual do Norte do Paraná - reitoria Fone/Fax: (43) 3525-3589 - Av. Getúlio Vargas, 850. CEP 86400-000 - Jacarezinho - PROs artigos assinados não expressam necessariamente a opinião deste veículo de comunicação.

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Projeto Fisioterapia Domiciliar atende população carente de Jacarezinho; extensionistas aliam pesquisa à prática em terapias para as quais levam amor e carinho e recebem experiências de vida

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Passa um pouco das oito da manhã de uma quin-ta-feira de dia quente e sol forte. O calor incomoda, mas não tira a disposição de três acadêmicas de Fisioterapia e da professora Lívia Gimenez que partem do Centro de Ciências da Saúde (CCS) de Jacarezinho para mais um dia de atendimento domiciliar na cidade. Os passos que acompanhei naquelas primeiras horas da manhã se repetem também à tarde por outro grupo de estudan-tes todas as semanas durante o ano inteiro. As quartas e quintas-feiras, extensionistas do projeto Fisioterapia Domiciliar auxiliam pessoas carentes com atendimento em suas residências e também em abrigos especializa-dos do município.

Uma das visitas daquela manhã foi feita à casa de dona Tereza Augustin Aladir, 58, mãe de Lucinéia Ledi, 32, que sofre de esclerose múltipla. Os trabalhos fisiote-rápicos na casa simples de madeira levam cerca de meia hora. A acadêmica Francyelle Sanches atende Lucinéia que teve a doença agravada após a segunda gravidez. Ela comenta que “O projeto Fisioterapia Domiciliar me permitiu estar mais próxima dos pacientes. Conhecer as necessidades e as dificuldades do dia a dia. A maioria dos pacientes são idosos, possuem grande experiência de vida. Aprendo muito com eles, a cada sessão levo uma li-ção de vida”. Todos os acadêmicos trabalham voluntaria-mente no projeto este ano.

Uma paciente muito querida no projeto é a dona Maria Conceição da Silva, 106 anos, mais conhecida como ‘Maria dos Cem Anos’. Chegamos à casa dela perto das 11h da manhã. Muito lúcida e comunicativa, enquan-to recebia o atendimento, dona Maria contava um pouco de sua história de vida. Mineira e mãe de cinco filhos, a senhora de cabelos grisalhos e voz rouca contou que tra-balhava na lavoura de café e que a vida era muito difícil e diferente de hoje. “De primeiro era os ‘home’ e as ‘muié’ que trabalhava, agora é os motor, é as máquina”. Durante a conversa em que falou do trabalho, da vida no campo, das criações, da natureza e da dureza dos tempos passados e das doenças que teve, dona Maria pontificou: “O começo

Alunos se adaptam a realidades, muitas vezes, adversas para levar atendimento

de nossa vida todo mundo sabe, mas o fim você não sabe. Nem eu, nem ninguém”.

O projeto, idealizado pelo vice-reitor da UENP, Rinaldo Bernardelli Junior, quando diretor do CCS, e Fábio Antonio Néia Martini, então coordenador da Fisioterapia, em 2006, atende atualmente 36 pacientes semanalmente, mas, comenta Gimenez, coordenadora do Home Care, que a lista de espera é grande. O Fisio-terapia Domiciliar realiza uma série de ações que busca a prevenção de agravo à saúde e sua manutenção, assim como auxiliar na recuperação de uma doença ou seque-las. Gimenes salienta que a atividade possibilita aos aca-dêmicos o dia a dia da Fisioterapia e mais. “Esse projeto é enriquecedor para os que participam. O trabalho é de-senvolvido para pessoas carentes, em ambientes que são muitas vezes inadequados, e eles têm de ter a criativida-de para se adequar a realidade e desenvolver o trabalho. E acabam por criar uma vivência maior da vida pessoal. É uma grande experiência de vida”. Fazem parte ainda do projeto neste ano os extensionistas: Pablo Aguirra, Karina dos Santos Rodrigues, Mariana Linhares Fer-reira da Silva, Letícia Fagundes do Nascimento, Letiele Domingues Cunha e Camila Vilela.

Desde que comecei a participar, percebi a necessidade das pessoas, não só do atendimento e orientações, mas também de atenção e carinho. KARINA DOS SANTOS RODRIGUES

“ “Convivo com várias realidades e aprendo a ser mais humana e ter ainda mais amor pela profissão. LETÍCIA FAGUNDES DO NASCIMENTO

Tiago Angelo

dezembro de 201203

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Coruja.O Velho Graça comemorou 120 anos. E daí? Pergunta Baleia so-

nhando com os preás que esvanecem no pó que levanta do sertão. Enquan-to isso, Sinhá Vitória se preocupa com a cama de bolandeira que ainda não conseguiu comprar. Luís da Silva se retorce na cama, depois de um mês de sonhos intranquilos por ter assassinado Julião Tavares. Em sua mesa, no escritório da fazenda São Bernardo, Paulo Honório reconstrói sua vida, escrevendo-a ao modelo da divisão de trabalho. Alheios aos 120 anos de nascimento de seu criador, estas criaturas seriam-nos completamente desconhecidas caso Graciliano Ramos não tivesse nascido em algum dia do mês de outubro em Quebrangulo, Alagoas, região que sedimentou os tijolos de seus três romances capitais: Caetés, São Bernardo e Angústia. Depois, para quem as “primeiras relações com com a justiça foram dolo-rosas e deixaram (me) funda impressão” (Um cinturão), seus textos mu-dam de gênero: contos, memórias, relato de viagens e, se o retrato que se desenhava era a amarga existência, agora, era a existência amarga. Naquele ano de 1936, a coruja piou, mas não houve morte e sim a prisão do Ve-lho Graça. Prisão que se possibilitou outra relação com a justiça, também providenciou – à semelhança de seu protagonista de Angústia – “escrever um romance além das grades pretas e úmidas” (Memórias do Cárcere). Entre as grades (referência ao conto que, de acordo com o próprio autor, serviu de motivo para desenvolver a criação de Luís da Silva, e que foi gui-lhotinado), Graciliano Ramos realizou a revisão do romance. Angústia, à parte toda série de “garranchos” e de ser considerado pelo autor como “mal escrito”, ainda assim era seu favorito. A angústia dilacerante do romance invade a tentativa de Graciliano Ramos de reescrevê-lo ou, antes, salvá-lo em Memórias do Cárcere. Por isso, vê-se na inscrição mencionada acima, aprisionado primeiro em viagens de trem e navio, depois no Pavilhão dos Primários, seguindo para a Colônia Correcional e terminando na Casa de Correção, um sentimento conflitante. Quase como um personagem de Franz Kafka, o Velho Graça desempenha o papel de Joseph K. em O pro-cesso. Preso à revelia, por falsas acusações de ser comunista, o escritor vê-se enredado numa trama romanesca. Conflitante porque não se rebela contra essa prisão, inclusive, como esclarece em Memórias, percebe nisso a possi-bilidade de se eximir da vida e das atribulações que ela exige, tais quais um pai de família, marido e/ou funcionário na Instrução Pública de Alagoas. Ao mesmo tempo, eximir-se significa seguir o fluxo, a corrente, as ondas do mar que o trazem ao Rio de Janeiro e, depois de dez meses em cárceres, sem acusação esclarecida, deixa-se aportar. “Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Pública e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.” (Memórias do Cár-cere) Graciliano Ramos pôs em prática a necessidade de se mexer entre a gramática e a lei, justamente utilizando a gramática para se manifestar. O texto coeso, limpo, direto - sem retirar as asperezas que a sociedade, a con-tenção e a palavra nos impõem - revela a linguagem do autor, cuja metáfora para a escrita era justamente a forma como as lavadeiras de Alagoas fazem seu ofício, pois, “a palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro; a palavra foi feita para dizer”. Por isso, o tempo passa e a obra de Graciliano Ramos permanece, imperecível como o pio da coruja na torre da igreja.

Café.Entre xícaras e xícaras de café, cigarro, cachimbo e cachaça, Graciliano

Ramos finalizou Angústia. O “Dostoievski do Trópicos”, como fora chama-do (não sem ironizar, evidentemente, tal epíteto), apresenta-nos a história de Luís da Silva, funcionário público que acorda atormentado pelo crime cometido contra Julião Tavares. Perturbado, o personagem, desembesta a contar, numa continuidade do processo utilizado por Graciliano Ramos já em São Bernardo, um jorro de inquietações através do monólogo interior, da narrativa em mise en abyme, da metanarrativa e da literatura de cunho social. Mais uma vez, o escritor alagoano utiliza um crime para revelar, não o que mostra a borra do café, mas sim um personagem, Luís da Silva, que per-sonifica esse escritor/intelectual que se constrói mergulhado em memórias que condicionam sua personalidade. Angústia tornou-se a representação de um momento histórico brasileiro: da decadência dos grandes latifundiários à alienação do pai do narrador-personagem, perdido em histórias de Carlos Magno, percebemos as mudanças nessa parte da sociedade já sem condi-ções de manter sua fortuna. Sozinho no mundo, em consequência da morte do pai, Luís da Silva segue em busca de seu destino. Mas ele já está marcado pela tragicidade, sabe que não conseguirá participar da elite social, pois sua decadência familiar colocou-o numa situação desfavorável e insignificante da qual ele não pode fugir. Um destino que é sua marca - a decadência em to-dos os planos de sua vida. E, para enfatizar a condição do ser humano trágico, o autor recompõe visualmente o mundo de Luís da Silva. Se uma lembrança atrai outra lembrança, uma palavra outra palavra, isso só é possível através das imagens que ou evocam essas lembranças, conduzindo o narrador a um mo-mento no passado, ou o despertam para a vida miserável que leva. “Luís da Silva, a caminho da repartição, lesando, pensando em defuntos”. (Angústia)

Cachimbo.“- Existem coisas inúteis que nós conservamos. Eu conservo este ca-

chimbo, que é inútil e até me faz mal” (São Bernardo). A inutilidade das coi-sas, até para Graciliano, era escolhida como no poema Catar feijão, de João Cabral de Melo Neto, dando a pedra à frase seu grão mais vivo. A cama de bolandeira, desejo de Sinhá Vitória, era uma inutilidade? O colchão de paina para Marina era uma inutilidade? O cachimbo de Paulo Honório era, real-mente, uma inutilidade? Contraditório pensar em Graciliano Ramos (na voz de Paulo Honório) discorrendo sobre a inutilidade das coisas. O autor sem-pre com a navalha em riste, cortando os excessos, polindo a superfície para dar brilho ao recôndito, usando as mesmas vinte palavras para que a utilidade se sobressaísse. A inutilidade também é útil, ainda que seja para fazer mal. A cama de bolandeira, o colchão de paina e o cachimbo são o símbolo de feli-cidade terrena que o autor utiliza para acordar aqueles que padecem do sono morto. Porque se “a arte é inútil”, como quis dizer Oscar Wilde, ou estéril, ela adormecerá nessa cama de bolandeira fumando serenamente seu cachim-bo crente que acordará feliz, num mundo cheio de preás, gordos, enormes. E Graciliano Ramos continuará (e não demorou os trezentos anos que ele imaginava) a fazer “idiotas” que estudam gramática lerem os monólogos de Paulo Honório, procurando neles exemplos de boa linguagem.

ResenhaCoruja, café e cachimbo: inutilidades de Graciliano Ramos

Na verdade estávamos mortos, vamos ressuscitando.[Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, p. 35]

ADENIZE FRANCO

ADENIZE FRANCO escreve no blogue: http://literaturaintempestiva.blogspot.com.br/ e gosta de gatos, sons e preto e branco. Também é mestre em Li-

teratura Brasileira com estudo sobre Angústia, de Graciliano Ramos, e a Deformação Expressionista (UFSC); doutoranda em Estudos Comparados

de Literaturas de Língua Portuguesa (USP) e docente de Literatura Portuguesa e Brasileira da UENP. (e-mail: [email protected]).

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TIAGO ANGELO

A caracterização da diversidade e estrutura genética das populações de peixes ao longo do rio Laranjinha, afluen-te da bacia do rio das Cinzas, que banha o norte do Paraná, revelou espécies de peixes ainda não descritas no mundo e que o rio de aproximadamente 350km guarda uma riqueza ictiofauna de grande relevância para o Estado e para o País. As 100 espécies de peixes catalogadas no rio Laranjinha em comparação com as 310 de todo alto rio Paraná é um fato tão significativo que também surpreendeu o professor e pesqui-sador Bruno Ambrozio Galindo, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), que coordena o projeto.

O trabalho intitulado ”Levantamento da Biodiversi-dade do Rio Laranjinha” foi iniciado em 2010 a partir dos resultados das pesquisas do professor-doutor Sandremir de Carvalho da UENP que trabalhava num trecho do rio, estu-dando a eficiência de uma escada de transposição existente no Laranjinha. “Então resolvi partir para um estudo mais abrangente, fazendo um levantamento da diversidade de peixes ao longo de todo o rio Laranjinha, coletando desde sua nascente até sua foz, aliando ao levantamento de espécies a análise genética de algumas delas”, explica.

O professor ressalta que, dentre as 100 espécies ca-talogadas, algumas merecem especial destaque, como é o caso da Brycon nattereri, popularmente conhecida como Pirapitinga. Segundo Galindo, trata-se de um peixe raríssi-mo: “Nosso registro foi apenas o segundo no Paraná, mas provavelmente seja a maior população registrada no Estado desse peixe que consta na lista de espécies ameaçadas de ex-tinção do Ministério do Meio Ambiente”. O professor revela que um peixe ainda abundante no Laranjinha é o Curimba (Prochilodus lineatus), mas, que assim como outros peixes, está sob intensa ameaça caso se confirme a construção de barragens para fins hidrelétricos no seu curso.

Galindo acentua que uma das particularidades do rio Laranjinha é a abundância de espécies de Cascudos. “Cer-tamente temos mais de 20 espécies diferentes de cascudos para o rio Laranjinha, destas, algumas ainda nem foram des-

critas, o que significa que são espécies novas para a ciência, como é o caso de um pequeno gênero de cascudo chamado Ancistrus, um cascudo de poucos centímetros de compri-mento, que possui uma série de tentáculos na região de seu “focinho” o que lhe dá um aspecto ‘Barbado’”. Ele destaca ainda a ocorrência do Dourado (Salminus brasiliensis) de ocorrência e de um irmão do Dourado: a Tabarana (Salmi-nus hilarii), peixes raríssimos.

O pesquisador disse que, nesses dois anos, já foram realizadas 42 coletas em nove trechos diferentes do rio des-de a sua nascente no município de Ventania, passando por Figueira, Ibaiti, Santa Amélia, Ribeirão do Pinhal, Nova Fáti-ma, até sua foz entre os municípios de Bandeirantes e Santa Mariana. Galindo acentua que os resultados preliminares da pesquisa que é financiada pela Fundação Araucária e UENP apontam o rio Laranjinha como um reservatório de diversi-dade de peixes, seja pela presença de mais de 100 espécies para a bacia, considerando seus afluentes, seja pela presença de espécies ameaçadas de extinção e rara ocorrência.

O rio Laranjinhas possui paisagens e cenários naturais exuberantes, com cachoeiras, corredeiras, nascentes de água cristalina e paredões rochosos, mas toda essa riqueza, alerta Galindo, está ameaçada. “Nesses anos coletando ao longo deste rio, infelizmente presenciamos alguns crimes contra ele, tais como remoção da mata ciliar, poluição de diversas origens, evidências de pesca predatória, ameaças contra as quais o rio Laranjinha lutou até hoje para que pudéssemos descobri-lo. A partir de agora, o que faremos?”.

Com a conclusão do projeto que é executado ainda por uma equipe de estagiários, técnicos e mais quatro profes-sores, dentre eles, dois da Universidade Estadual de Londri-na (UEL), Galindo vislumbra transformar o Laranjinha em um patrimônio natural do Estado. “Antes não tínhamos a real noção da importância da conservação deste rio, mas hoje temos ao menos a noção no que se refere à diversidade de sua ictiofauna. E agora a responsabilidade é maior, precisa-mos nos mobilizar e fazer com que estes dados científicos se tornem medidas concretas”, acentua. Ao final desta etapa em 2014, será entregue uma cópia dos dados das pesquisas ao IAP e à Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Paraná.

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Pesquisa inédita busca mapear ecossistema do rio Laranjinha; dados mostram que quase 35% dos peixes catalogados do Paraná podem ser encontrados nos seus 350km de extensão

Pesq

uisa

100 espécies de peixes já foram catalogadas

no rio Laranjinha

Arquivo

dezembro de 201205

Page 6: EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

Professor Rodrigo Otávio (à dir.) durante assinatura do decreto para a criação da Faefija no ano de 1972 em Brasília

Fachada do Centro de

Ciências da Saúde da UENP em

Jacarezinho

TIAGO ANGELO

Em 2012, o curso de Educação Física da Univer-sidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) completou 40 anos de existência. O qua-dragésimo aniversário, co-memorado em 19 de junho, marca a longevidade de uma das instituições mais respei-tadas do cenário educacional paranaense, reconhecida por excelência científica e acadê-mica, além de prestar servi-ços de saúde à comunidade.

Inicialmente Facul-dade de Educação Física de Jacarezinho (Faefija), a Ins-tituição, após integrar-se à UENP, passou a ser denomi-nada de Centro de Ciências da Saúde (CCS). O curso, que já formou mais de 3.500 profissionais nessas quatro décadas de existência, tem se destacado como um dos melhores do Paraná, fato acentuado pela nota 4,0 no Exame Nacional de Desen-volvimento de Estudantes (Enade), a maior nota obtida por um curso da área no Es-tado e pela procura de candi-datos dos mais diversos Esta-dos como: Bahia, Rondônia, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, além do Estado do Paraná.

O diretor do CCS, professor-doutor Fábio An-tonio Néia Martini, salienta que: “O Curso de Educação Física teve e tem muita im-portância para todo o Nor-te Pioneiro do Paraná e sul de São Paulo, pois formou

educadores físicos que se es-palharam por todo o Brasil”. Ele salienta que: “Estamos nos preparando para mais 40 anos de modernização para melhor capacitação dos futuros profissionais da área”.

Além das atividades de ensino, a Instituição promove vários projetos de extensão. Há ainda incen-tivo à pesquisa por meio da realização de congres-so científico, envolvendo docentes e acadêmicos do CCS e participantes de outras instituições. O CCS oferta também cur-sos de pós-graduação, a ní-vel lato-sensu, nas áreas de Educação Física e Fisiote-rapia, com cursos na sede e fora dela.

Os primeiros pro-fessores da antiga Faefija foram Rodrigo Otávio

Cerca de 400 acadêmicos da UENP disputaram, em outubro, o segundo jogos universitários “Interuenp”. As competi-ções, que neste ano foram realizadas em Bandeirantes com coordenação geral do professor Éder Paulo Fagan, buscaram, além do incentivo à prática esportiva, a integração entre os estudantes dos três campi da Universidade. Ânimo e dispo-sição para vencer, além dos adversários, o forte calor na cidade, não faltaram aos participantes. O campus Jacarezinho, pelo segundo ano, levou a melhor com 136 pontos, o que garantiu o troféu de campeão geral à delegação; o campus Luiz Meneghel (CLM), de Bandeirantes, fez 114 pontos e Cornélio Procópio 62.

O coordenador técnico dos Jogos, professor Dino Veiga Filho, ressaltou que “O resultado dos Jogos foi positivo. O pes-soal participou ativamente, competiu ho-nestamente, com raça, com vontade, mas o que sobressaiu ao espírito esportivo de querer vencer foi o desejo de se divertir”. O vice-reitor Rinaldo Bernardelli Junior acentua: “Nesse segundo Jogos, há de se destacar a participação efetiva dos alunos da UENP na organização, o que demostra maturidade, pois os Jogos são feitos para eles e nossa intenção é que esse amadure-cimento seja tal que os alunos possam vir, no futuro, a organizar os Jogos, contando somente com a ajuda que for necessária da direção da Universidade”.

Jogos universitários da UENP A primeira participação da

UENP nos Jogos dos Ser vidores das Universidades Estaduais do Paraná ( Josuepar) superou as expectativas. Com a menor delegação dentre as seis universidades participantes, a UENP conquistou seis medalhas nos Jogos, sendo duas de ouro, duas de prata e duas de bronze. O resultado expres-sivo para os 13 ser vidores da insti-tuição já lhes possibilita planos mais ambiciosos para os jogos de 2013, que serão realizados na Universidade Esta-dual do Oeste (Unioeste): aumentar o número de participantes da delegação para cerca de 40 pessoas e, consequen-temente, o número de medalhas.

O v ice-reitor da UENP, R inal-do Bernardel l i Junior, comemorou o bom resultado nos Jogos realizados em Guarapuava, de 24 a 27 de outu-bro deste ano, e sal ientou que a par-t icipação dos ser v idores foi de gran-de impor tância para levar o nome da Universidade ao conhecimento de outras inst ituições do Paraná. Ele ressaltou ainda que o objetivo de integrar a comunidade universitár ia paranaense, por meio do incentivo à prática espor tiva e à at iv idade f ísi-ca , é uma grande opor tunidade para aprox imar as inst ituições e que a UENP deve fazer par te dessa histór ia que já tem 21 anos.

Primeiras medalhas no Josuepar

40 anos

Torres Pereira (professor Rodrigo, seu fundador), Wagner Holtz Merége, Jairo Pinto Pinheiro, Ma-rílvia Mantovani Madale-na Soares, Lia Lima e Al-fredo Deviene Junior.

HistóriaA Faculdade Estadu-

al de Educação Física de Jacarezinho (Faefija) foi instituída pelo Governo do Estado do Paraná, sob forma de Fundação de Di-reito Público, segundo o disposto no Artigo 4º da Lei N.º 5.540, de 28 de no-vembro de 1968.

Em 10 de fevereiro de 1972, o Egrégio Conse-lho Estadual de Educação emitiu parecer 2/72, no Processo número 032/72, favorável à autorização para o funcionamento da então Fundação Faefija e em 20 de junho de 1972 a Instituição iniciou suas atividades, através de seu fundador e diretor, pro-

fessor Rodrigo Octávio Torres Pereira, obedecen-do ao decreto N.º 70.425, de 17 de abril de 1972, do presidente da República e ministro da Educação, pu-blicado no Diário Oficial da União, edição de 19 de abril de 1972, o qual auto-rizava seu funcionamento.

O Decreto número 79.150, de 19 de janeiro de 1977, do presidente da re-pública, publicado às folhas 737 do Diário Oficial da União, de 20 de janeiro de 1977, homologou o Parecer n.º 3749/76, concedendo o reconhecimento aos Cur-sos de Educação Física e de Técnico de Desportos, des-ta Faculdade.

A Instituição instalou--se na Escola Estadual Ima-culada Conceição, onde funcionou de 1972 até 1990 e, no dia 20 de agosto de 1991, transferiu-se para sua sede própria na Alameda Padre Magno, 841. A galeria de diretores da Instituição é formada pelos professores

Rodrigo Otávio Torres Pe-reira (1972 a 1976), Wag-ner Holtz Merége (1977 a 1981/ 1991 a 1995), Lia Lima (1981 a 1983), Hayrton Tobias Mendes de Andrade (1983 a 1987),

Carlos Eduardo Corrêa da Silva (1987 a 1991), Sueli Carrijo Rodrigues (1995 a 2000), Rinaldo Bernardelli Junior (2000 a 2004 / 2004 a 2010) e Fábio Antonio Néia Martini (2010 a 2014).

Estamos nos preparando para mais 40 anos de modernização para melhor capacitação dos futuros profissionais da área

Arquivo

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TIAGO ANGELO

A inserção da UENP no plano internacional já está pau-tada por iniciativas concretas e programas de intercâmbio. O vice-reitor e coordenador de relações internacionais da UENP, Rinaldo Bernardelli Ju-nior, ressalta que o processo de internacionalização da institui-ção surge como uma necessi-dade vital diante do fenômeno da globalização que apresenta uma nova realidade para as universidades que passam a in-teragir e dialogar na busca pelo progresso, desenvolvimento e bem estar humano. “Hoje não se admite mais uma universidade que queira ser de ponta sem a internacionalização. Internacio-nalizar é palavra de ordem nas grandes e pequenas instituições. Isso é questão de sobrevivência”, pontifica o vice-reitor.

Na UENP, atualmente, há dois processos que funcionam de forma sistemática e para-lelas e que contribuem para o início do processo: a Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (ZICOSUR), que visa ao desenvolvimen-to das instituições e também acordos internacionais nos campos social, político, econô-mico, educacional e cultural, e o mestrado em Direito que já recebeu professores da Ingla-

terra, Colômbia, Portugal e Es-panha. A Universidade integra ainda o programa Ciência sem Fronteira do Governo Federal que possibilitou intercâmbio de cinco alunos da UENP para a Europa e Oceania em setem-bro deste ano.

O vice-reitor ressalta: “Demos grandes passos no sen-tido da internacionalização. O nosso saldo é extremamente po-sitivo no percurso desses dois anos, mas sou consciente de que o caminho é longo e precisa ser sedimentado, pouco a pouco,

com muito trabalho”. O profes-sor lembra que a ideia de espaço acadêmico ganhou uma nova dimensão na contemporanei-dade e que a UENP tem traça-do seu caminho nesses últimos dois anos para não ficar de fora desse universo. “Se a Universi-dade não se internacionalizar, ficará de fora do mundo da ci-ência, do desenvolvimento e do progresso científico”, acentua.

“Há muita coisa por fa-zer para estarmos dentro desse

universo. Se terminarmos nossa gestão em 2014 com alguns pas-sos consolidados nesse sentido e encaminharmos um projeto político para a Universidade, dei-xando-o documentado, teremos feito um grande trabalho de base diante da falta de estrutura que enfrentamos para a realização das atividades”, ressalta Rinaldo. Ele informa que os trabalhos no próximo ano deverão se con-centrar em duas frentes: “Pri-meiro, na mobilidade discente.

Até agora a UENP não recebeu alunos estrangeiros, e isso será prioridade para 2013, além de proporcionar o intercâmbio a alunos da UENP. Segundo gran-de foco: Tentar o máximo pos-sível facilitar o aprendizado de uma segunda língua por parte da comunidade acadêmica da Uni-versidade”, acentua o vice-reitor, lembrando que a proficiência em uma segunda língua, em especial o Inglês, será determinante para a internacionalização da UENP.

Trabalho pela internacionalização

O nosso saldo é extremamente positivo no percurso desses dois anos, mas sou consciente de que o caminho é longo e precisa ser sedimentado, pouco a pouco, com muito trabalho

A UENP conquis-tou, neste ano, acesso par-cial ao Portal de Periódi-cos da Capes. A liberação, formalizada em julho, irá beneficiar professores, aca-dêmicos, pesquisadores, técnicos e funcionários vinculados à Instituição com acervo de publicações nacionais e internacionais com texto completo, além de livros, enciclopédias e obras de referência as

quais cobrem todas as áre-as do conhecimento.

O Portal de Peri-ódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) é uma biblioteca virtual que reúne e dis-ponibiliza revistas cientí-ficas brasileiras, bases de dados referenciais, bases de dados de patentes com cobertura internacional, livros, teses e dissertações,

arquivos abertos e redes de e-prints, dados estatísticos, normas Técnicas, mate-riais audiovisuais e fontes referenciais diversas. Todo o conteúdo do Portal é di-vido em sete grandes áreas do conhecimento, subdi-vido em 130 bases refe-renciais, dez dedicadas a patentes, disponibilizadas a instituições de ensino e pesquisa no Brasil.

Em ofício envia-

do à UENP, Adalberto Grassi Car valho, diretor da CAPES do núcleo de Programas e Bolsas no País, pontua: “Parabeni-zo a Instituição pelos re-sultados alcançados em seus programas de pós--graduação stricto sen-su e no Índice Geral de Cursos – IGC, do INEP/MEC [Instituto Nacio-nal de Estudos e Pesqui-sas Educacionais Anísio

Teixeira do Ministério da Educação], resultados que a qualif icam a me-recer o apoio da CAPES quanto à concessão do acesso parcial e gratuito ao Portal de Periódicos, a partir deste ano”. Ele acrescenta que “A par-ceria entre a CAPES e a UENP, com certeza, promoverá benefícios para toda comunidade acadêmica, contribuindo

para o desenvolvimento científ ico, tecnológico e cultural do País”.

Para acesso às bases de dados, o usuário de-verá acessar o tutorial de configurações da UENP no endereço eletrônico da Instituição (www.uenp.edu.br). Quando a pesqui-sa for feita fora dos campi da Universidade, haverá necessidade da senha e do login do usuário.

Acesso ao Portal de Periódicos da CapesComo uma biblioteca virtual, Portal disponibiliza o melhor da produção científica nacional e internacional, cobrindo todas as áreas do conhecimento

Tiago Angelo

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Page 8: EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

TIAGO ANGELO

A experiência internacional no currículo é um diferencial que a UENP já dispõe aos seus alunos. A oportunidade de cursar parte da gra-duação no exterior é realidade que, em setembro deste ano, começou a tomar forma dentro da Universidade. Com destino à Espanha, Portugal e Austrá-lia, cinco alunos dos três campi da ins-tituição embarcaram para intercâmbio de mobilidade discente por meio do qual terão oportunidade de cursar dis-ciplinas nas áreas de atuação, além de aperfeiçoar o idioma local e experien-ciar a cultura dessas nações.

Os acadêmicos, que antes do embarque viveram a ansiedade pela viagem, já têm suas primeiras impres-sões do intercâmbio. Bruno Maschio Neto, que cursa Enfermagem no Cen-tro de Ciências Biológicas (CCB), campus Luiz Meneghel (CLM) de Bandeirantes, conta que, embora a dificuldade de estar longe de casa, a experiência está sendo enriquecedora. “Sem dúvida, é uma dádiva fazer parte deste importante programa do CNPq,

que está me proporcionando muito conhecimento técnico, científico, lin-guístico e, sem dúvida, cultural”, afirma Bruno que está na Universidade de Barcelona, na Espanha. O jovem relata ainda: “O contato com os diferentes profissionais, pacientes, patologias, diagnósticos, seções clínicas, consul-tas, seminários, exames, estudo de caso, dentre outros aspectos do meu curso, está me proporcionando um riquíssimo conhecimento. Agradeço a Deus pela grande oportunidade e, em especial, à UENP e ao CNPq”.

A experiência também tem se revelado extraordinária para Pedro Soldera Neto, graduando de Sistemas de Informação, do Centro de Ciências Tecnológicas, do CLM, que foi aceito para cursar parte de sua graduação na Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, na Espanha. O aluno destaca a alegria de poder conhecer culturas di-ferentes e salienta que a cidade é muito bonita e oferece diversas opções de la-zer. “O que mais gostei é o contato não só com pessoas daqui, mas com pessoas de todo o mundo, praticamente”. Joice de Matos Consani, também estudante de Enfermagem do CCB, que está em

Porto, Portugal, destaca: “Esta experi-ência está me fazendo crescer muito pessoalmente, mesmo tendo um pouco de dificuldade com as diferenças no en-sino, está sendo gratificante”. Com rela-ção a semelhanças entre as culturas por-tuguesa e brasileira, Joice lembra que “Por mais próxima que seja à do Brasil, existem muitos hábitos diferentes”.

Já o graduando de Geogra-fia, Fábio José Pires, do Centro de Ciências Humanas e da Educação (CCHE), campus Cornélio Procó-pio (CCP), com intercâmbio em Portugal, partilha: “A experiência de estar na Universidade de Coimbra, a primeira universidade de Portugal, criada em 1290, e umas das mais an-tigas e importantes da Europa, é uma oportunidade maravilhosa”. Em seu relato, destaca ainda a arquitetura lo-cal e afirma que a população é simpá-tica e hospitaleira. A graduanda de Fi-sioterapia, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), campus Jacarezinho, Daniela Licka Taniguti, que ficará dez meses na Universidade Adelaide, na Austrália, fala sobre a sensação que teve ao chegar ao país. “A primeira impressão não podia ser melhor. A

cidade é muito organizada, limpa e arborizada. É fácil notar que a popu-lação, em sua maioria, respeita as leis e preza por uma cidade melhor”. A aca-dêmica, que está morando em uma casa de família (homestay), conta que a insegurança é superada a cada dia com novas descobertas. “Tem sido uma experiência única”

O programa, uma iniciativa dos Ministérios da Ciência, Tecno-logia e Inovação (MCTI) e do Mi-nistério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC, busca promover, dentre outros fatores, a consolidação, expansão e internacio-nalização da ciência e tecnologia.

Na UENP, o programa tem como coordenadora geral a pro-fessora Eliane Segati Rios Regis-tro. Ela acentua que a Universida-de aderiu a esse programa assim que foi lançado, com objetivo de inserir os acadêmicos em contex-tos educacionais de excelência, de modo a oportunizar o de-senvolv imento científ ico, políti-

Os primeiros passos lá fora

Intercâmbio

Acadêmicos da UENP são selecionados por programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal e ganham oportunidade de cursar parte da graduação em universidades estrangeiras

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co, cultural e social aos alunos. “Com isso, esperamos traçar par-cerias de pesquisa entre a UENP e as Universidades que recebem os nossos acadêmicos, no intuito de estreitar os laços da pesquisa científ ica, contribuindo, conse-quentemente, para o desenvolv i-mento de nossa Universidade”.

Editais Aos interessados em viver essa

experiência, novos editais para par-ticipar do programa já estarão aber-tos a partir do dia 20 de novembro para seis países: Alemanha, Austrá-lia, Canadá, Coréia do Sul, Holanda e Reino Unido. As inscrições vão até 14 de janeiro de 2013. Para o aluno participar do processo seleti-vo, tem de se inscrever no edital do Governo Federal do Ciência sem Fronteira e, ao mesmo tempo, no site da instituição de ensino supe-rior de origem. O processo avalia o currículo do acadêmico que deverá comprovar proficiência linguística, dependendo do país escolhido para realizar o intercâmbio.

Legendas:

1 Bruno Maschio

nas montanhas

de Montserrat,

Espanha; 2 Daniela

Licka Taniguti em

Cleland Wildlife

Park, na Austrália;

3 Fábio José Pires

no Paço das Escolas

da Universidade de

Coimbra; 4 Pedro

Soldera Neto e

Josimar, outro aluno

do CSF, na fonte

em Mas Palomas;

5 Joice de Matos

Consani em Viana do

Castelo, Portugal.

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Fotos: Arquivo

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A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) tem dez cursos “estrelados” pelo Guia do Estudan-te (GE), da Editora Abril. O curso de Pedagogia, do Centro de Ciências Humanas e da Educação (CCHE), campus Ja-carezinho, é destaque na avaliação, com quatro estrelas. Três cursos estrearam na premiação, este ano, com três estrelas: Sistema de Informação, do campus Luiz Meneghel, de Ban-deirantes, Fisioterapia, campus Jacarezinho, e Pedagogia, campus de Cornélio Procópio. A avaliação dos cursos, rea-lizada em instituições públicas e privadas do Brasil, está na publicação GE Profissões Vestibular 2013, e também será divulgada no site: www.guiadoestudante.com.br.

Esta é a segunda vez que cursos da UENP são reco-nhecidos pelo Guia do Estudante. Ao lado de pedagogia e fisioterapia, o curso de direito, também do campus Jacare-zinho, recebeu esse selo de qualidade. No campus de Cor-nélio Procópio, administração, novamente, foi “estrelado”, e, no campus Luis Meneghel, de Bandeirantes, os cursos de agronomia, ciências biológicas, enfermagem e medicina ve-terinária, todos com três estrelas. A média da avaliação é de uma a cinco estrelas.

Publicado anualmente, o GE Profissões tem o intui-to de orientar vestibulandos sobre instituições e profissões, além de conter informações atualizadas sobre o mercado de trabalho. A Avaliação de Cursos Superiores do GE, que está em sua 22ª edição, tem como critérios para a avaliação dos cursos a grade curricular, ensino, pesquisa e extensão, corpo docente, dentre outros.

O reitor da UENP, Eduardo Meneghel Rando, pa-rabeniza direção de Campus, de Centros, coordenado-res de curso, professores e alunos da Universidade pelo reconhecimento do Guia do Estudante. “Ficamos todos muito felizes pelo desempenho de nossos cursos de gra-duação. É um resultado extremamente significativo para a UENP que está iniciando um processo de consolida-ção. Parabenizamos a todos pela dedicação em busca da excelência nas atividades desenvolvidas e pelo resultado conquistado mais uma vez”. (T.A)

MAURÍCIO DE AQUINO

“Hobs” – “Em minha vida, atravessei quase todo o século mais extraordinário e terrível da história da humanida-

de. Morei em alguns países e vi algo de outros, em três continentes. Talvez, eu não haja deixado no mundo uma marca visível no curso dessa longa existência, embora deixe boa quantidade de marcas impressas em papel, mas desde que tomei consciência de ser historiador, com a idade de dezesseis anos, observei e ouvi durante a maior parte dela, buscando entender a história de meu próprio tempo” (Eric Hobsbawm, Tem-pos Interessantes, Cia. das Letras, 2002, p. 11).

Quando Eric Hobsbawm esteve pela última vez no Brasil, na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em 2003, deve ter se dado conta das marcas indeléveis que imprimira nas mentes de gerações de intelectuais, acadêmicos ou não, em diversas partes do mundo, sobretudo, em países com histórias similares a do Brasil – “um monumento à negligência social”, como denunciou nas páginas finais de seu livro Era dos Extremos. Sua popularidade foi tamanha nesse evento literário que a historiadora Lília Schwarcz (vinculada à editora Companhia das Letras) designou-o como “intelectual superstar”. De fato, a sua palestra na FLIP foi a mais disputada e várias pessoas, de diferentes idades, acorreram à Paraty para ver e, em alguns casos, conver-sar com o historiador que somava então 86 anos de idade, simpático ao se apresentar informalmente como “Hobs” e provido de uma invejável disposição para pensar e fazer pensar que preservou até sua morte por pneumonia, no dia 1º de outubro de 2012, em Londres.

“Pássaro migratório” – Em sua autobiografia, intitulada Tempos Interessantes, Hobsbawm afirmou que o bom historiador se

assemelha mais a um pássaro migratório, em movimento, do que aos majestosos carvalhos e cedros, fincados no solo. Sem dúvida, ele se referiu, positivamente, à sua própria trajetória. Eric John Ernest Hobsbawm nas-ceu no dia 09 de junho de 1917, na cidade de Alexandria, no Egito, então parte do Império Britânico. Dois anos depois, seus pais, Leopold Percy Hobsbaum (isso mesmo, sem o “w ” incorporado indevidamente pelo consulado britânico egípcio ao nome de Eric) e Nelly Grün, mudaram-se para Viena, onde Leopold faleceu em 1929 e Nelly em 1931. Aos quatorze anos, Hobsbawm estava completamente órfão. Foi então morar em Berlim com os tios. Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder Hobsbawm “voou” novamente, agora para Londres. Em 1936, ingressou no Kings College da Universidade de Cambridge para realizar seus estudos em História. Durante a Segunda Guerra atuou, sobretudo, no setor de inteligência, na condição de tradutor, explorando sua virtude de poliglota. Em 1948, iniciou seu trabalho como professor universitário no Birk-beck College, da Universidade de Londres, onde se aposentou no ano de 1982. Sua trajetória de “pássaro migratório” tornou-o, como ele próprio escreveu em sua autobiografia, um homem sem raízes ou vínculos localizados o que lhe causou angústias na vida privada, mas também lhe forneceu certa vantagem profis-sional em termos de distanciamento e visão de totalidade. Pode-se dizer, todavia, que o núcleo duro de sua identidade estava associado às suas convicções de origem – políticas e epistemológicas. Estas convicções se uniam em um nome: Karl Marx (1818-1883). Do materialismo histórico-dialético marxiano, Hobsbawm construiu sua maneira de pensar o mundo, de conceber as relações sociais e de interpretar a história. Fez-se cidadão socialista e historiador marxista.

“Eras” – Entrevistado em 10 de setembro de 2011 pelo jornal Estadão, Hobsbawm afirmou ser a “era” a melhor

unidade para se pensar a história uma vez que ela se faz com séculos. De fato, “Hobs” serviu-se dessa noção de “longa duração” para fabricar suas grandes sínteses sociopolíticas e culturais do século XIX e do século XX. A propósito, sensível às particularidades do tempo histórico (qualitativamente diferente do tempo cronológi-co), Hobsbawm propôs que o século XIX teria se iniciado em 1789 com a Revolução Francesa e chegado ao fim apenas em 1914 com a Primeira Guerra Mundial (Era das Revoluções, Era do Capital, Era dos Impérios). Entre 1914 e 1991, da Primeira Guerra ao fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, teria transcor-rido o século XX, verdadeira Era dos Extremos. Hobsbawm fez do “longo” século XIX seu objeto específico de estudos. Ele foi um dos mais importantes especialistas desse período. Por outro lado, ele viveu no “breve” século XX do qual se tornou sujeito e analista. Considerando, tal como afirmara Max Weber (1864-1920), que quem se diz neutro já tomou partido, “Hobs” não ficou em cima do muro. Foi comunista militante, de associações e agremiações políticas e científicas. Denunciou, em diferentes idiomas, as nefastas consequên-cias do capitalismo. Ele tomou posição e, a seu modo, lutou na Guerra Fria. Seu engajamento transparece nos textos que escreveu acerca do século XX, sobretudo, na crítica apurada do capitalismo e ainda em sua condescendência para com as tragédias causadas pelo stalinismo. Hobsbawm foi do século XX assim como o século XX foi de Hobsbawm. Muito significativamente ele se viu obrigado a escrever sobre esse século desde duas perspectivas complementares: a analítica e a autobiográfica, desse modo estão unidos os livros Era dos Extremos (1995) e Tempos Interessantes (2002).

A coerência e fidelidade de Hobsbawm para com as suas convicções não lhe impediram, entretanto, de criticar políticos comunistas e intelectuais marxistas, nem de fazer progredir o conhecimento historiográfico. Ele acompanhou e protagonizou as mudanças do “ofício de historiador” ao longo do último século. Inovou em diferentes temas inscrevendo-os em sua abordagem de “eras”: da história social do Jazz ao banditismo social, passando pela questão das tradições inventadas. Soube reinventar-se enquanto historiador sem perder suas convicções de origem. É o que demonstrou nas duas últimas linhas de sua autobiografia ao afirmar: “A injustiça social ainda precisa ser denunciada e combatida. O mundo não vai melhorar sozinho” (Eric Hobs-bawm, Tempos Interessantes, Cia. das Letras, 2002, p. 455).

MAURÍCIO DE AQUINO é doutor em História Social pela UNESP. Professor Adjunto da Universi-

dade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Atua no Colegiado do Curso de História do Centro de

Ciências Humanas e da Educação, campus Jacarezinho. E-mail: [email protected]

ERIC HOBSBAWM (1917-2012)Historiador talentoso e socialmente engajado

Guia do Estudante

Artigo

Em janeiro de 2013, oito aca-dêmicos da UENP embarcam para Ubaíra, município do interior da Bahia, onde, juntamente com a Uni-versidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG), realizarão atividades que buscam o desenvolvimento local sustentável. Esta é a quarta vez que a UENP participa do Projeto que é or-ganizado pelo Ministério da Defesa em municípios pertencentes às regi-ões mais pobres do Brasil, de acordo com o levantamento do Índice de De-senvolvimento Humano (IDH).

A primeira participação da UENP no Projeto Rondon foi, em 2011, na cidade de Riachão do Dan-tas, em Sergipe. Em julho do mes-mo ano, os alunos foram até Jauru, no Mato Grosso, onde integraram a Operação Tuiuiu. Neste ano, a Ope-ração Açaí, realizada na cidade de Do-mingos do Capim, no Pará, também

contou com a participação de acadêmicos da Universidade. Segundo a professora Mariza Fordellone, do cam-

pus Luiz Meneghel, coordenadora do projeto seleciona-do: “Esta é uma experiência única e muito importante para o aluno, e o aprendizado é de grande importância para a vida profissional, sem contar os benefícios que se-rão proporcionados ao município e à população. Acho que é um projeto de grande importância e abrangência que leva benefícios a todas as instâncias”.

Em 2013, no interior da Bahia

Page 11: EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

dezembro de 201211

1- A UENP vem se destacando nos campos do ensino, da pesquisa e da extensão. Qual sua avaliação sobre os tra-balhos realizados pela UENP atualmente?

Estou extremamen-te satisfeito com os re-sultados alcançados pela UENP nestes dois anos de sua existência. Estamos obtendo grandes avan-ços tanto nas áreas fins da Universidade, como ensino, pesquisa e exten-são, como nas atividades meio, como planejamento e avaliação institucional, no setor de recursos hu-manos e de administração e finanças. A atuação das pró-reitorias destas res-pectivas áreas merecem todo o nosso reconheci-mento quanto aos seus esforços e dedicação para atingir os seus objetivos. É importante destacar a atuação dos gestores dos Campi da UENP, seus Di-retores, Diretores de Cen-tros e Coordenadores de Cursos, que juntos comos docentes e os servidores técnico-administrativos, têm sido responsáveis por significativos avanços em suas respectivas unidades e atuando em sintonia com a administração da Universidade.

2- A Reitoria da UENP sofreu duros ata-ques, nos últimos meses, por conta de possíveis irregularidades pon-tuadas pelo Ministério Público. Pode, resumi-damente, esclarecer essa situação das recomen-dações feitas pelo MP? E qual tem sido a posição do senhor frente a todos esses problemas?

É importante ressal-

tar que o Ministério Públi-co encaminhou três ações administrativas neste perí-odo, sendo que nenhuma delas foi contra a Univer-sidade, mas sim dirigidas ao Governo. Em relação à UENP foram abertos in-quéritos administrativos, todos eles baseados em denúncias anônimas, que estão sendo respondidos na forma da lei. Também é importante esclarecer que a maioria desses in-quéritos não se refere à UENP na sua atual admi-nistração. Evidente que esses fatos trazem pertur-bações de ordem diversas à universidade e às suas rotinas administrativas. Ver o nome de pessoas envolvidas em denún-cias anônimas absurdas e claramente tendenciosas prejudicam o ambiente de trabalho, contribuindo para a desconstrução da universidade. Em relação aos inquéritos estamos tranquilos, pois tudo está sendo respondido confor-me solicitado pelo MP.

3- O senhor aju-dou a edificar o maior dos campi da UENP, o de Bandeirantes, que se chama Luiz Meneghel. Ali construiu sua car-reira de docente e viveu quase que a completude

de sua vida acadêmica. Qual é seu sentimento ao perceber a integração do CLM à UENP?

O Campus Luiz Meneghel começou sua história no final da déca-da de 60. Ao longo desses anos foi administrada por diversos diretores e é a eles que dedico a vitória conquistada em perío-dos muito difíceis de sua existência, e é por causa desta superação que nos encontramos na posição que estamos hoje. Minha trajetória acadêmica nesta Instituição teve início após aprovação em concurso público realizado no início de 1982. Minhas ativida-des sempre estiveram liga-das ao ensino e à pesquisa, principalmente na década de 90, quando concluí meu doutorado. No ano de 1999, fomos chamados a participar da adminis-tração, como vice-diretor da então Fundação Facul-dade de Agronomia Luiz Meneghel, depois, com o início de novos cursos de graduação, Fundação Fa-culdades Luiz Meneghel. Tive o privilégio de com-por uma equipe adminis-trativa de qualidade e de extremo comprometimen-to com o desenvolvimento desta Fundação. Em todas as administrações da Ins-tituição, o foco sempre se concentrou na qualidade de ensino, exigência de uma participação ativa e presencial de nossos pro-fessores e a busca da qua-lificação, proporcionando facilidades para os profes-sores cursarem programas de mestrado e doutorado, o que se tornou fator de-cisivo para a aprovação de UENP como universidade pelo Conselho Estadual de

Educação. Ter participado dessa história de conquis-tas e vitórias me emocio-na como profissional, mas muito mais como cidadão que está passando pela vida com o sentimento de ter contribuído para o cres-cimento e desenvolvimen-to de nossa sociedade.

4- A UENP já con-quistou um lugar de destaque, se considerar seus poucos anos de existência. Como o se-nhor a imagina no final de sua gestão, em 2014, e também em 10 anos?

Espero que possa-mos ter em dois anos uma universidade ainda mais estruturada administrati-vamente, com seu quadro de recursos humanos em expansão e atendendo as suas necessidades. Há ainda a busca por ampliar sua infraestrutura e in-vestimentos nas áreas de ensino pesquisa e exten-são, com forte inserção na comunidade e cumprindo seu papel de fomentar o desenvolvimento regio-nal. Para 10 anos, projeto uma universidade com maior número de dou-tores, uma universidade científica, produtora de conhecimentos nas suas diferentes áreas e envol-vida com projetos de ino-

“É absolutamente impossível qualquer relacionamento, pessoal ou profissional, se esta palavra (respeito) não for levada a sério. Respeito pelas pessoas e pelas suas ideias, respeito pelo cidadão e pelos seus direitos”

Entrevista

“ “Quero ter o direito a não ter sempre razão

“ “O ótimo do todo é melhor que o ótimo das partes

TIAGO ANGELO

Prestes a completar dois anos à frente da UENP, o reitor Eduardo Meneghel Rando, 57 anos, fala sobre a universi-dade e suas conquistas nesse tempo, sobre os problemas e as dificuldades que também nortearam esse período marcado ainda pelo diagnóstico de câncer no cólon. O professor, filho de José Cesar Rando e Augusta Meneghel Rando, passou a infância em Bandeirantes e Londrina no Estado do Paraná. Graduou-se em Agronomia pela então Fundação Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel, tendo feito mestrado em Minas Gerais, na Universidade Federal de Lavras, e doutorado na Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo. Em dezembro de 2010, assumiu a direção da UENP com a responsabilidade de implantar a Reitoria, Pró-Reitorias e órgãos de apoio para Universidade.

vação tecnológica e de ex-tensão universitária. Sem dúvida alguma estes avan-ços serão alicerçados pela implantação de progra-mas de mestrado e douto-rado na UENP, ações estas que já estão sendo desen-volvidas pela nossa admi-nistração. Creio que essas características se consti-tuem nos pilares da busca da excelência do ensino de graduação e do desen-volvimento regional.

5- No percurso desses dois anos, o se-nhor recebeu o diagnós-tico de que estava com câncer. Como reagiu a esse fato, como tem con-vivido com a doença?

Nos primeiros 30 minutos após receber a notícia prevalece o com-ponente emocional, pes-soal e familiar. Depois disso, pragmaticamente falando, prevalece o ins-tinto de sobrevivência, esta é uma doença e deve ser tratada. É o que estou fazendo nestes últimos nove meses, e os resulta-dos são positivos, o que tem me permitido manter com certa regularidade minhas atividades como reitor, sem a necessidade de me desvincular do car-go, graças também à con-fiança que deposito na mi-nha equipe. Concluindo, tem sido uma convivência relativamente “amigável” (considerando a natureza da doença), porém, espe-ro, finita e a meu favor.

6- Certa vez escre-vi que viver é contar os anos a cada 365 dias e perceber mais tarde que essa não é a conta mais exata a se fazer, mas sim a de quanto tempo se de-dicou àqueles a quem se ama e que dividem essa passagem com você. Aos 57 anos, o que o senhor pode dizer da vida?

Todos nós passamos por diferentes fases nas nos-sas vidas. A forma como pas-samos por elas resultam no que somos atualmente. Dis-correr sobre tudo isso é um exercício que não me atrevo a fazer dada a complexidade envolvida na análise. Mas tem uma palavra que resu-me muito do que penso e do que aprendi nesses anos: respeito. É absolutamente impossível qualquer relacio-namento, pessoal ou profis-sional, se essa palavra não for levada a sério. Respeito pelas pessoas e pelas suas ideias, respeito pelo cidadão e pe-los seus direitos. No campo profissional, algumas frases me acompanham e expres-sam a forma como enxergo minhas responsabilidades, tais como “Quero ter o direi-to a não ter sempre razão” ou “o ótimo do todo é melhor que o ótimo das partes”. No mais, ficaria com a mensa-gem do eterno Gonzagui-nha: Eu fico com a pureza da resposta das crianças/ É a vida, é bonita e é bonita... Viver! E não ter a vergonha de ser feliz/ Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...

Tiago Angelo

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FÁBIO ANTONIO GABRIEL

A inteligência humana oferece prodígios tecnológicos a cada dia mais ousados gerando dilemas morais de imprevisí-veis dimensões. Impensáveis em outros tempos, equipamentos eletrônicos oferecem uma vida aprazível e também prometem combater males e tocam a origem da vida à imitação de Deus. Tais utilizações produzem questionamentos éticos que im-põem a adoção de novos parâmetros a serem minuciosamente sopesados. Para isso, se as religiões se colocam em posiciona-mento inflexível; em posicionamentos não menos inflexíveis se instalam os argumentos científicos a defender o entendimento de que a ciência se autorregula, não necessitando de parâme-tros éticos “complementares” para norteá-la.

Diante dos avanços tecnológicos e arraigada inflexibilidade de opiniões que desembocam na decadência dos valores morais, nos perguntamos: Que parâmetro ético ofereceria novos horizon-tes para a humanidade? Diante das novas possibilidades tecnológi-cas, como pensar em uma ética capaz de acenar com um horizonte convergente para um padrão mínimo de comportamento aceitável nas diversas sociedades contemporâneas, respaldadas por diversas culturas e fundamentos antropológicos?

Hans Jonas identifica-se como um filósofo nascido em 1903 e falecido em 1993 que, vivendo em uma época em que a huma-nidade, na tentativa de oferecer uma resposta para dilemas con-temporâneos, questiona a possibilidade da não sobrevivência do homem na Terra, diante da irresponsabilidade como pratica ações insensatas, sobretudo no que tange à preservação ambiental. O au-tor se destaca como um precursor da ideia de que o homem cami-nha para a autodestruição, o que se consumará em futuro não tão longínquo, caso não assuma um novo paradigma de princípios, de direitos e de deveres, tendo em mente a preservação das condições da vida humana em relação ao mundo em que habita. Hans Jonas foi aluno de Martin Heidegger, colega de Hanna Arendt. Deixou a Alemanha, terra natal, em 1934, passando a viver na Inglaterra e nos Estados Unidos. A relação entre ética e tecnologia tornou--se uma constante na filosofia de Jonas. Em sua obra principal, O princípio responsabilidade, ensaio para uma ética para a civilização tecnológica, o autor apresenta a responsabilidade enquanto prin-cípio importante para fundamentar a ética de uma civilização em que a tecnologia ofertou poderes de imensurável utilização, mas que produzem consequências éticas catastróficas para a huma-nidade. Considera Hans Jonas que a ética, a partir do imperativo categórico de Kant, “age de tal maneira que a máxima de sua ação torne-se universal” não pode ser mais aplicada na atual situação do mundo contemporâneo em que os poderes da técnica conferiram ao ser humano possibilidades outrora impensadas e impensáveis. O imperativo ético, segundo Hans Jonas, identifica-se com um princípio ético subjacente à civilização tecnológica que poderia ser preceituado nos termos: “age de tal maneira que a máxima de sua ação permita a perpetuação dos seres humanos no planeta”.

Enfim, a deformação do saber, usada para a obtenção de novas tecnologias e lucros a qualquer preço faz do homem um ser “insensato”, pois desperdiça anos pesquisas e experi-mentos para obter algo almejado, mesmo que esse algo seja atingido mediante utilização deletéria do conhecimento, de toda a técnica adquirida. O homem ignora a verdadeira fun-ção do saber, que deveria ser utilizada para banir o grande desequilíbrio que desencadeia na estrutura biótica, abiótica e também na vida humana. Portanto, a proposta de Hans Jonas não trata de uma crítica às novas tecnologias e sim ao impera-tivo que se faz inadiável para que a ciência siga por caminhos éticos pautados pelo princípio responsabilidade, subjacente ao ser em toda sua plenitude.

FÁBIO ANTONIO GABRIEL é licenciado em Filosofia pela Facul-

dade Padre João Bagozzi e Bacharel em Teologia pela Pontifícia

Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Possui especializa-

ção em Filosofia e Ética pela Faculdade do Noroeste de Minas

(FINOM). Atualmente é mestrando em Filosofia pela PUC-PR,

professor do Quadro Próprio de Magistério da SEED-PR e professor

colaborador do Centro de Ciências Humanas e da Educação da

UENP, campus Jacarezinho.

HANS JONAS: a ética da civilização tecnológica

TIAGO ANGELO

A UENP terá, a partir de 2013, o curso superior de bacha-relado em Ciência da Computa-ção no campus Luiz Meneghel (CLM), de Bandeirantes. O pe-dido de abertura do curso, cuja duração mínima será de quatro anos, sendo 40 vagas para cada turma, foi motivado pela falta de mão de obra qualificada na região e pela necessidade de se ofertar, no norte do Paraná, for-mação superior a uma das áreas de maior ascensão no mundo.

O projeto elaborado em 2010 pelos professores do De-partamento de Informática do CLM com apoio do diretor do campus, na época, o professor doutor Eduardo Meneghel Ran-do, foi aprovado pelo Conselho Universitário da UENP e enviado à Secretaria de Ciência e Tecno-

logia (SETI) para as devidas providências ainda naquele ano.

Em 2011, o curso ainda não ha-via sido aprovado e, no ano de 2012, o diretor do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT), professor Ederson Marcos Sgar-bi, e o agora reitor Eduardo Meneghel Rando, reenviaram a proposta para a SETI e pediram o apoio do deputado Hermas Bandão Junior para acompanhar o processo do Curso junto aos órgãos competentes do Governo do Estado do Paraná. Na ocasião, o deputado se prontificou a aju-dar a UENP.

O professor Sgarbi af ir-ma que “Com a implantação do curso, será possível formar profissionais capacitados para atender às demandas do mer-

cado”. Ele ressalta ainda que “O Centro de Ciências Tecnoló-gicas da UENP está preparado para atender o novo curso. A UENP já possui infraestrutura f ísica com laboratórios e pro-fessores habilitados para dar início aos trabalhos”.

O processo de implanta-ção do curso passou pelas secre-tarias de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretaria de Estado do Planejamento e Co-ordenação Geral, após foi apro-vado por elas e assinado pelo governador, em seguida, publi-cado no Diário Oficial. (T. A)

Reconhecimento científico e tecnológico

“Agradeço a todos os envolvidos. Foi uma satisfação representar a UENP num evento tão renomado”, diz Thiago (Foto)

Novo CursoCiência da Computação

TIAGO ANGELO

O ex-aluno do Curso de Sis-temas de Informação do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da UENP, campus Luiz Meneghel (CLM) de Bandeirantes, Thiago Gaspar Levin, 23, foi o ganhador do 25º “Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia/2011”, área de Engenha-rias, categoria estudante de graduação. Este prêmio é uma ação da Secretaria do Estado do Paraná que valoriza pro-duções científicas de pesquisadores paranaenses, jovens talentosos, in-ventores independentes e jornalistas científicos, proporcionando suporte institucional para o desenvolvimento de projetos científicos.

O prêmio foi entregue ao aluno no dia 18 de outubro pelo reitor da UENP, Eduardo Mene-ghel Rando, durante a solenidade de encerramento da INOVATEC 2012– Feira Paranaense de Ne-gócios em Inovação Tecnológica entre Empresas, Universidades e Instituições de Pesquisa.

O projeto desenvolvido pelo estudante foi: “Uma ferramenta para Avaliação da Qualidade da Carne baseada em processamento e aná-lise de imagens”, sendo orientado pelos professores Luis Guilherme Sachs, Éder Paulo Fagan e Ederson Marcos Sgarbi como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Atu-

almente Thiago Gaspar Levin cursa o Programa de Pós-graduação nível Mestrado na Universidade Federal de São Carlos (SP).

Thiago explica que o traba-lho foi inicialmente desenvolvido em projeto de iniciação científica (PIBIC) com o objetivo de criar uma solução computacional que pudesse auxiliar na identifica-ção das características da carne e sua classificação de qualidade. Ele acentua que “Atualmente, no Brasil, essa técnica por imagem

computadorizada ainda não foi adotada, embora seja uma análise mais objetiva se comparada com os métodos existentes pelo uso de ultrassonografia, por exemplo”.

O jovem cientista desta-ca que a análise da qualidade da carne bovina por processamento de imagens foi adotada em países como EUA, Japão, Canadá e Aus-trália. “A grande vantagem da ado-ção por esta tecnologia é a maior confiabilidade e precisão dos re-sultados obtidos”, acentua.

Artigo

Tiago Angelo

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Page 13: EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

Criado há 12 anos e com a 9ª turma em andamento, o Mestra-do em Ciência Jurídica da Universidade Esta-dual do Norte do Para-ná (UENP) aprovou, em outubro deste ano, o centésimo mestre do Programa. Diego Nas-sif da Silva, orientado pelo professor doutor Vladimir Brega Filho, defendeu a pesquisa: “Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho: O Conceito de Pessoa com Deficiência e sua Aplicação Jurídica”. A banca do número histórico foi formada, além do orientador, pelos professores dou-tores Mauricio Gon-çalves Saliba e Eliana Franco Neme.

O Programa de Mestrado apresenta como proposta a in-vestigação crítica da problemática social da exclusão. Persegue a compreensão dos mecanismos de alar-gamento do acesso popular ao judiciário, preocupado em resga-tar uma interpretação de cunho muito mais social que formal, de modo a criar no pes-quisador, a consciên-

cia de seu papel polí-tico, de condutor da cidadania e de afirma-ção do Estado das leis e não do Estado dos governos.

O Programa pu-blica semestralmente o periódico “Argu-menta”, que já está em seu 16º número e, em breve, terá a sua plata-forma virtual própria. O periódico publica artigos de alunos da graduação, mestra-do, professores e pes-quisadores externos de renome nacional e também de vários outros países sobre assuntos voltados aos direitos humanos e so-ciais, tentando dar vi-sibilidade aos direitos do cidadão, levando ao conhecimento de todos os direitos e ga-rantias fundamentais da pessoa humana. A revista Argumenta é avaliada pelo sistema Qualis (B4) da CA-PES.

O Mestrado, atu-almente, conta com dez professores-dou-tores: Antonio Carlos de Souza, Eduardo Au-gusto Salomão Cam-bi, Gelson Amaro de Souza, Gilberto Gia-coia, Hildegard Tagge-

sell Giostri, Mauricio Gonçalves Saliba, Pau-lo Henrique de Souza Freitas Valter Foleto Santin e Vladimir Bre-ga Filho. Outros qua-tro doutores foram no-meados recentemente: Edinilson Donisete Machado, Marcos Cé-sar Botelho, Ilton Gar-cia da Costa e Renato Bernardi. Além des-ses, há mais dois pro-fessores em capacita-ção, na modalidade de doutorado.

HistóriaO Programa de

Mestrado em Ciência Jurídica do Centro de Ciências Sociais Apli-cadas teve início ainda com a extinta FUNDI-NOPI, pela sua Egré-gia Congregação atra-vés da Resolução nº 68, de 26 de novembro de 1999 e obteve a sua primeira Recomen-dação pela CAPES através da Portaria nº 2.151, de 8 de agosto de 2003. O Programa de Mestrado foi criado na gestão do então di-retor professor Nassif Miguel, tendo como primeiro coordenador, o professor doutor Gil-berto Giacoia. (T.A)

Centésimo mestre GILBERTO GIACOIA

No Brasil das últimas décadas, há um claro processo em curso de mudança cultural. Não é um simples movimento cíclico, mas um lento e auspicioso horizonte de transformações de valores. Talvez pudesse ser identificada na dimensão conceitual compreendida pela expressão “transparência Brasil”.

Tanto no plano normativo - com a edição das leis de improbidade administrativa, de responsabilidade fiscal, da lavagem de dinheiro, da ficha limpa à lei de acesso - quanto no hermenêutico, tem-se a nítida impressão do alcance de um estágio irreversível de desenvolvimento ético de modo a se determinar, definitivamente, o resgate da esperança.

Nesse contexto em que se evolui da máxima de “levar vantagem em tudo” ou do “jeitinho brasileiro” pelo perverso costume da impu-nidade e da ineficácia do sistema penal em relação às pessoas situadas nos escalões superiores da estrutura social, o julgamento do “mensalão” simboliza bem essa passagem de um modelo penal meramente virtual para outro com visão crítica da realidade social.

Seria impensável há vinte anos, independentemente dos atores ou dos magistrados integrantes do Supremo Tribunal Federal, ou mesmo do nome que ocupasse a Procuradoria-Geral da República, chegar-se a

tal notável resultado. Porém, quis o destino que um juiz negro, alçado a tal condição por seus próprios mé-ritos, pois sempre crescendo nas dificuldades advindas da discrimi-nação e da exclusão, pudesse ser o grande protagonista dessa cena.

Esse histórico julgamento representa uma v irada de página na retomada da cidadania digna no Brasi l . A partir dele se pode acreditar no f im da impunidade, no saneamento da agenda políti-ca, no retorno do justo e na re-tomada do signif icado ético do poder. Levar ao banco dos réus e restar condenados alguns deten-tores do poder político, esgarçan-do as distorções dos bastidores e da teatralidade do que sempre se passou por trás das cortinas, sem dúv ida, abre uma esperança.

Devemos aproveitar o mo-mento, porém, para lançar as bases morais do novo Estado brasileiro que tanto se quer. Não nos iluda-mos com a efusão de um senti-mento de euforia que populariza os juízes desse novo tempo. Do contrário será ele tão efêmero que passará antes mesmo que se apren-

da a lição. Tiremos proveito dela o quanto possível. Com efeito, cami-nhemos de vez, agora, para fazer irromper um viço ético coletivo, uma perturbante indignação com a violação dos direitos, com os desman-dos administrativos, com o afastamento da arena pública pelos concha-vos e concertos de alcovas individuais, com o enriquecimento ilícito e fraudulento, com o jogo e a ciranda do lucro fácil e do favorecimento pelas generosas tetas do poder, e, assim, pratiquemos um tão claro mi-metismo com a voz das ruas que nos transforme na síntese acabada dos mais legítimos anseios de cidadania e justiça.

Que esse julgamento nos inspire a tanto, pois, afinal, devemos continuar acreditando que Deus é brasileiro e nos reservará, por certo, um mundo melhor e mais justo, no qual todos os brasileiros, indistinta-mente, possam ter efetivo direito à felicidade.

GILBERTO GIACOIA possui graduação em Direito pela Faculdade Estadual de

Direito do Norte Pioneiro (1979), doutorado em Direito pela Universidade de

São Paulo (1995) e pós-doutorados pelas Universidade de Coimbra e Universi-

dade de Barcelona. Atualmente é procurador-geral de justiça do Ministério

Público do Estado do Paraná e professor da Universidade Estadual do Norte

do Paraná (UENP). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito

Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: direitos humanos, justi-

ça, direitos fundamentais, dignidade e direito.

Sobre o julgamento do Mensalão

“Esse histórico julgamento representa uma virada de página na retomada da cidadania digna no Brasil. A partir dele se pode acreditar no fim da impunidade, no saneamento da agenda política, no retorno do justo e na retomada do significado ético do poder.

Artigo

Tiago Angelo

Mestrado em Ciência Jurídica da UENP titula

centésimo mestre

dezembro de 201213

Page 14: EM PAUTA - O Jornal da UENP - Ano 1 - Edição 01

Esse tema visa contribuir para uma nova perspectiva do ensino e da pesquisa nos âmbitos das ciências humanas, ampliando os horizontes, até então convencionais, para aspectos multidisciplinares e até transdisciplinares

Resultado de uma longa jornada

Plano de Desenvolvimento InstitucionalO Conselho Universitário (CONSUNI) da UENP aprovou, em

reunião realizada em julho, o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2012-2017). O PDI é um documento elaborado de forma cole-giada, tendo a participação de todos os setores da comunidade acadê-mica para um período de cinco anos. O documento identifica a UENP no que diz respeito à sua filosofia de trabalho, à missão a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, à estrutura organi-zacional e às atividades acadêmicas que desenvolve ou que pretende desenvolver. O Plano de Desenvolvimento, disponibilizado no site da UENP, também é considerado para o processo permanente de autoa-valiação institucional, que possibilita a tomada de decisões estratégicas tendo em vista a consolidação dessa instituição neonata.

36 novos professores O reitor da UENP, Eduardo Meneghel Rando, empossou 36 no-

vos professores da instituição em outubro. A solenidade, realizada na Sala dos Conselhos da Reitoria, aconteceu após a nomeação dos do-centes pelo governador Beto Richa. Os professores serão destinados para os três campi da Instituição. O reitor acentua: “A Universidade vive um momento muito especial com diversos programas e projetos sendo contemplados por iniciativas dos governos Estadual e Federal, e a posse de novos professores para compor nosso quadro de docen-tes vem em um momento muito oportuno para que possamos dar boa execução a todas essas atividades. Ficamos muito felizes pelas nomea-ções e desejamos boas vindas aos nossos novos docentes”.

Conselho Estadual da CulturaO chefe da Divisão de Programas e Projetos Culturais da UENP,

Danilo Oliveira, foi indicado, neste ano, para membro do Conselho Estadual da Cultura (CONSEC). O grupo é formado por conselheiros setoriais, eleitos pela sociedade civil, os macrorregionais, escolhidos por representantes de cultura dos municípios paranaenses e os conse-lheiros indicados pelo poder público que formam um órgão colegiado, paritário, que integra a estrutura organizacional básica da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Dentre as atribuições do Conselho, estão fiscalizar a execução dos projetos culturais e a aplicação de recursos, emitir pareceres sobre questões técnico-culturais, participar da formu-lação de políticas públicas do Governo do Estado na área da cultura, incentivar a proteção do patrimônio cultural, valorizar as manifesta-ções culturais locais e regionais, incentivar pesquisas sobre a cultura paranaense, dentre outras ações.

Homenagem à mulher ruralO Núcleo de Estudos de Agroecologia e Territórios (NEAT) da

UENP, campus Luiz Meneghel – Bandeirantes, promoveu em outubro um dia especial à mulher rural. Atividades voltadas para a saúde, cultu-ra, negócio e beleza foram promovidas durante o evento e atenderam a cerca de 150 mulheres dos bairros rurais: Comunidade Seis bairros, Comunidade Três Águas, Sertãozinho, Barrinha do Cateto, Água da Onça, Juca Batista, Balsa do Corsine, Bairro Cabiuna, Ormeze e Assen-tamento de Congonhinhas. No evento, elas puderam realizar exame preventivo, verificação de pressão arterial, glicemia e vacinação, além de poder contar com um dia de beleza que incluía corte de cabelo, ma-quiagem, massagem, limpeza de pele, design de sobrancelhas dentre outros. Durante o evento, elas ainda participaram de minicursos e rece-beram assessoria jurídica, além de plantas e brindes sorteados.

Parque Tecnológico do Norte PioneiroA UENP integra com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Te-

cpar), Instituto Federal do Paraná (IFPR), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PR -regional norte), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/PR), Federação das Indústrias do Es-tado do Paraná (Fiep), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Prefeitura de Jacarezinho e Associação dos Municípios do Norte Pio-neiro (Amunorpi) grupo que trabalha pela estruturação e implantação do Parque Tecnológico do Norte Pioneiro em Jacarezinho. “São dois focos importantes na implantação do Parque Tecnológico: o primeiro é reter, na região, as competências desenvolvidas pelas instituições de ensino, profissionais que hoje não ficam aqui. E por outro lado, atrair in-vestimentos de base tecnológica para o Norte Pioneiro, possibilitando a mudança do perfil econômico e social da região que possui um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) baixíssimo”, disse o diretor pre-sidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Julio Felix, que, durante evento, formalizou a proposta do projeto em julho deste ano.

TIAGO ANGELO

Resultados de pesquisas empreendidas por professores e acadêmicos que fazem parte do Nú-cleo Institucional de Pesquisa (NIP), do Centro de Letras, Comunicação e Artes (CLCA), da Uni-versidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho (CJ), ganharam espaço no livro “Pesquisas em Linguagem: interfaces linguís-ticas, literárias e culturais”. A obra, lançada durante o IX Seminário de Iniciação Científica: Estudos Linguísticos e Literários – SóLetras - do CLCA/CJ, em setembro, reúne 21 artigos científicos dis-tribuídos em cinco seções: Literatura e Ensino; Leitura e Ensino; Literatura e Outras Artes; Estu-dos Literários: Entre a Teoria e a Crítica; e Litera-tura e História: Memória e Representação.

O livro, organizado pela professora doutora em Letras, Luciana Brito, pela pós-doutora em Lin-guística Aplicada, Sônia Maria Dechandt Brocha-do, e pelo mestrando em Filosofia, Fábio Antonio Gabriel, trata de uma variedade de temas cujos títu-los se sintonizam com os propósitos dos grupos de pesquisas “Literatura e Ensino”, “Leitura e Ensino”, “Literatura e História: Memória e Representação” e “A Arte Teatral: Teoria, História e Reflexões”, todos cadastrados no Diretó¬rio dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq.

A obra, como salienta, no prefácio do livro, a pró-rei-tora de Pesquisa e Pós-Gra-duação da UENP, professora doutora em Letras / Litera-turas de Língua Portuguesa, Hiudéa Tempesta Rodrigues Boberg, vem coroar inúme-ras experiências vividas no NIP, e com a publicação deste primeiro livro vinculado ao Núcleo, ressalta: “Surge agora a possibilidade de deixar o re-gistro em livro de alguns dos resultados das pesquisas em-preendidas. Dentre as varian-tes que as linhas de pesquisa permitem, destacam-se as produções em leitura da lite-ratura brasileira e estrangeira, ensino de literatura, literatura e história, literatura e cinema, leitura sob a ótica das teorias linguísticas, da teoria literária e da historiografia, críti-ca literária, leitura e educação especial”.

A professora Luciana Brito ressalta, na apre-sentação da obra: “Como tema centralizador que integra os quatro grupos de pesquisa que fazem parte do NIP tem-se a revisão paradigmática da pesquisa científica na contemporaneidade. Esse tema visa contribuir para uma nova perspectiva do ensino e da pesquisa nos âmbitos das ciências humanas, ampliando os horizontes, até então con-vencionais, para aspectos multidisciplinares e até transdisciplinares, buscando a implementação de temas inovadores da pesquisa brasileira, em seu processo evolutivo contínuo, além de abranger as reflexões em torno de assuntos ainda à espera de sistematização adequada”.

O leitor, no percurso das 288 páginas do livro da Editora Multifoco (RJ), terá oportunidade de leituras de artigos de uma variedade de temas como da pós-doutora Sonia Brochado e da mestra em Es-tudos da Linguagem, Vera Maria Ramos Pinto, da UENP, que discutem experiências de transposição didática de gêneros discursivos na escola por meio do artigo “Gêneros Textuais e Atividades de Leitura no Livro Didático”. Ou ainda do professor doutor

da Universidade Estadu-al de Maringá (UEM), Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, e do mestran-do, professor colaborador do CCHE da UENP/CJ Vinicius Furlan, que ana-lisam o tema liberdade e a relação com o contex-to histórico na obra “As Moscas” do filósofo Jean--Paul Sartre, que refletiu sobre a condição da exis-tência humana durante toda a vida. Como tam-bém o artigo “A Critica de Edição da Obra de Cláu-dio Manoel da Costa”, do pós-doutor e professor da Universidade Esta-dual Paulista (UNESP/Campus Assis), Carlos Eduardo Mendes de Mo-raes, e da doutoranda em Literatura Brasileira pela UNESP / Assis, profes-

sora colaboradora do CLCA da UENP/CJ Marce-la Verônica da Silva.

Participaram também do livro os pesquisado-res: Anderson Francisco Ribeiro, Carlos Eduardo Mendes de Moraes, Célia Reis Camargo, Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, Eva Cristina Francisco, Fábio Antonio Gabriel, Hiudéa Tempesta Rodrigues Boberg, Luiz Antonio Xavier Dias, Marcela Verônica da Silva, Marcio Luiz Carreri, Márcio Matiassi Can-tarin, Marilúcia dos Santos Domingos Striquer, Moi-sés Gonçalves dos Santos Júnior, Mônica de Aguiar Moreira Garbelini, Natália Guerra Brisola Gomes, Nerynei Meira Carneiro Bellini, Penha Lucilda de Souza Silvestre, Rafaela Stopa, Rodrigo Modesto Nascimento, Tânia Regina Montanha Toledo Sco-paro, Vera Maria Ramos Pinto e Vinicius Furlan.

Pesquisadores da UENP lançam Livro ‘Pesquisas em Linguagem’; obra

coroa experiências vividas no Núcleo Institucional de Pesquisa da UENP

Notas

Tiago Angelo

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TIAGO ANGELO

“São uns meninos abençoados por Deus. Todos que nos atendem aqui. É tudo igual em bondade, pois tem gente que tem a profissão, mas não dá muito valor na profissão que tem para agradar o outro. E aqui não, eles fazem o que podem para ajudar. Só Deus para pagar o que fazem pela gente”, diz dona Maria José Per-reira, 78 anos, após mais um dia de consulta em uma das salas da Santa Casa de Bandeirantes, cedida para realização do projeto de extensão intitulado “Cuidado de Enferma-gem a Pacientes com Feridas”, que, somente neste ano, já realizou mais de 1200 consultas.

Dona Maria, que recebe aten-dimento há quatro meses, comenta que a ferida na perna direita causa-da após um machucado e uma veia que se abriu tem melhorado dia a dia. “Diminuiu muito mais da meta-de. Isso aqui vasava, escorria sangue direto. Tinha dias que eu ficava mal com aquilo, tinha que trocar o curati-vo quase de hora em hora. Agora pas-sa dia que eu não preciso trocar, está tudo sequinho”. Ela comenta que tem buscado seguir as prescrições recebi-das durante as consultas e que, com o tratamento, as dores, que antes pa-reciam insuportáveis, diminuíram: “Está acabando aquela dor terrível também que é o principal. Tinha dias que essa veia batia igual a um cora-ção, por que ela é dilatada, e o sangue descia e parecia que a veia era aberta lá embaixo”, lembra.

O projeto, aparentemente sim-ples, tem feito melhor também a vida de dona Juraci de Brito da Silva, 68 anos, que desenvolveu úlcera diabé-tica, uma ferida crônica no pé, por conta de complicação do diabetes. Moradora de Bandeirantes a vida toda e casada há 51 anos com o se-nhor Jesus Garcia da Silva, 76 anos, que a acompanha à consulta, dona Juraci diz que a lesão está sendo cura-da. “Estou melhor. Quando eu vim pra cá, estava tudo aparecendo por baixo. Agora, a carne já está recupe-rando”. Outros 47 pacientes recebem atendimento atualmente.

O projeto de extensão aten-de a pacientes portadores de feri-das das cidades de Bandeirantes e região. Desde 2004, acadêmicos e professores do curso de Enferma-gem da UENP, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Santa Casa, realizam o projeto que vai além dos atendimentos realiza-dos. O Projeto Feridas, como é co-nhecido, já motivou 12 monogra-fias relacionadas ao tema, e ainda eventos de extensão anual e treina-mentos sobre a enfermidade e con-dições crônicas. Algumas pesquisas foram desenvolvidas com o finan-ciamento da Fundação Araucária.

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raProjeto de extensão “Cuidado de Enfermagem a Pacientes com Feridas” envolve acadêmicos e professores da UENP

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Idealizado pelo professor Ri-cardo Castanho Moreira, o Feridas acontece com o objetivo de melho-rar a qualidade de vida de pacientes com a enfermidade. “Há pessoas com lesões que apresentam impacto negativo em sua qualidade de vida. Com o cuidado de enfermagem, conseguimos melhorar essa realida-de”. O professor explica que a maior incidência de pacientes atendidos é por complicações do diabetes e que por isso são realizados ainda aten-dimentos em unidades básicas para tentar alertar sobre a doença. “Muitas pessoas que atendemos são por com-plicações do diabetes: dedos com feridas, úlcera no pé, ou já com uma amputação de perna ou de pé. Esse trabalho nas unidades tem o objetivo de atuar para que não ocorram casos como esses ou para que se reduzam. Há pessoas que estão com diabetes descontrolado, e não apresentam, de imediato, nenhuma sintomatologia. Só que com o tempo, o risco dessas complicações é grande”.

Ricardo salienta que o projeto, além de estar voltado diretamente para a sociedade, traz muitos contri-buições aos acadêmicos. “O nosso principal fruto é a contribuição que

o projeto proporciona ao graduando de Enfermagem da UENP, possibi-litando a formação de profissionais qualificados para atuarem junto à equipe de saúde com competência e ética, além de aproximá-los da re-alidade vivenciada no tratamento de feridas, ampliando a discussão, reflexão e práticas relacionadas ao assunto, buscando desenvolver no-vas estratégias de cuidado, banco de dados e projetos de pesquisa acerca da doença”.

O atendimento prestado pelos acadêmicos, de terça a quinta-feira, das 13h às 18h, sob orientação dos professores João Paulo Sanches Ber-mudês, Lucas de Oliveira Araújo e Ricardo Castanho Moreira, é rea-lizado pela demanda de pacientes, os quais são encaminhados pelas unidades básicas de saúde ou pro-curam espontaneamente por já co-nhecerem o trabalho realizado. Em Bandeirantes, a Santa Casa disponi-biliza sala para atendimento e ma-terial para execução dos curativos. Em algumas situações, os pacientes também recebem atendimento do-miciliar. Desde o início do projeto, já foram atendidos 124 pacientes, sendo 64 mulheres e 60 homens.

Acadêmica de Enfermagem realiza atendimento a paciente com feridas

Tiago Angelo

dezembro de 201215

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