Em Pedra Lavrada mulheres produzem alimentos e fortalecem laços de solidariedade

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1352 Janeiro/2014 Maturéia Em Pedra Lavrada mulheres produzem alimentos e fortalecem laços de solidariedade Na comunidade Pedra Lavrada, município de Maturéia, Sertão da Paraíba, as agricultoras Maria José da Conceição, Maria Aparecida Francelino, Inácia Francelino e Maria do Socorro Simplício dão exemplos de como aproveitar bem a água para produzir alimentos e melhorar, ainda mais, a qualidade de vida de suas famílias. Em seus quintais, produzem hortaliças, frutíferas, plantas medicinas e culturas tradicionais, como: coentro, cebolinha, pimentão, pimenta, alface, tomate, berinjela, batata doce, jerimum, chuchu, banana, acerola, mamão, hortelã, capim santo, arruda, endro, anador, erva cidreira, malva rosa, sete dores, dipirona, macaxeira, milho, feijão e fava. Elas foram beneficiadas com a implantação de tecnologias sociais de captação e armazenamento de água para a produção de alimentos, pelo Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, da Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, executado pelo Centro de Educação Popular e Formação Social - CEPFS. Os reservatórios contribuíram significativamente para a melhoria da qualidade de vida das agricultoras. “Toda vida gostei de plantar meus canteiros, mas no período da estiagem o sacrifício era grande! Agora melhorou, a gente pode produzir o ano todo porque tem o reservatório para guardar água e usar no período seco”, enfatiza Maria José. Com a produção orgânica, as famílias passaram a consumir alimentos saudáveis, e conseguiram gerar renda extra, através da venda do excedente para a vizinhança. “O povo vem comprar aqui, porque já sabe que a gente trabalha com a produção orgânica, sem veneno.” Destaca Maria Aparecida. Dona Maria José foi beneficiada com a construção de uma Cisterna de Enxurrada. Ela diz que se sente privilegiada por ser dona da cisterna que primeiro enche na comunidade.“Quando chove aqui, a primeira cisterna que enche é a minha, porque a captação de água é feita de um lajedo, e ele tem um grande potencial para captação de água, com pouca chuva a cisterna transborda. Eu sabia que esta pedra tinha serventia, só não tinha condições de aproveitá-la. Sinto-me privilegiada em ter uma riqueza dessa!” Conta orgulhosa.

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Na comunidade Pedra Lavrada, município de Maturéia, Sertão da Paraíba, agricultoras dão exemplos de como aproveitar bem a água para produzir alimentos e melhorar, ainda mais, a qualidade de vida de suas famílias. A experiência destas mulheres fortalece ainda os laços de solidariedade na comunidade, pois além de consumir e vender a produção, também compartilham com os vizinhos.

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  • Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas guas

    Ano 8 n 1352

    Janeiro/2014

    Maturia

    Em Pedra Lavrada mulheres produzem

    alimentos e fortalecem laos de solidariedade

    Na comunidade Pedra Lavrada, municpio de Maturia, Serto da Paraba, as agricultoras

    Maria Jos da Conceio, Maria Aparecida Francelino, Incia Francelino e Maria do Socorro

    Simplcio do exemplos de como aproveitar bem a gua para produzir alimentos e melhorar,

    ainda mais, a qualidade de vida de suas famlias.

    Em seus quintais, produzem hortalias, frutferas, plantas medicinas e culturas

    tradicionais, como: coentro, cebolinha, pimento, pimenta, alface, tomate, berinjela, batata

    doce, jerimum, chuchu, banana, acerola, mamo, hortel, capim santo, arruda, endro, anador,

    erva cidreira, malva rosa, sete dores, dipirona, macaxeira, milho, feijo e fava.

    Elas foram beneficiadas com a implantao de tecnologias sociais de captao e

    armazenamento de gua para a produo de alimentos, pelo Programa Uma Terra e Duas guas

    P1+2, da Articulao Semirido Brasileiro ASA, executado pelo Centro de Educao Popular e

    Formao Social - CEPFS. Os reservatrios contriburam significativamente para a melhoria da

    qualidade de vida das agricultoras. Toda vida gostei de plantar meus canteiros, mas no perodo

    da estiagem o sacrifcio era grande! Agora melhorou, a gente pode produzir o ano todo porque

    tem o reservatrio para guardar gua e usar no perodo seco, enfatiza Maria Jos.

    Com a produo orgnica, as famlias passaram a consumir alimentos saudveis, e

    conseguiram gerar renda extra, atravs da venda do excedente para a vizinhana. O povo vem

    comprar aqui, porque j sabe que a gente trabalha com a produo orgnica, sem veneno.

    Destaca Maria Aparecida.

    Dona Maria Jos foi beneficiada com a construo de

    uma Cisterna de Enxurrada. Ela diz que se sente privilegiada

    por ser dona da cisterna que primeiro enche na

    comunidade.Quando chove aqui, a primeira cisterna que

    enche a minha, porque a captao de gua feita de um

    lajedo, e ele tem um grande potencial para captao de gua,

    com pouca chuva a cisterna transborda. Eu sabia que esta

    pedra tinha serventia, s no tinha condies de aproveit-la.

    Sinto-me privilegiada em ter uma riqueza dessa! Conta

    orgulhosa.

  • Maria Aparecida relata que seu trabalho sempre foi cuidar

    de casa, e que tomou gosto pela agricultura depois que

    construiu a Cisterna Calado, Fui criada cuidando de casa,

    quem ia para a roa eram os meus cinco irmos homens. Casei e

    continuei fazendo a mesma coisa. Depois desse projeto, houve

    uma mudana na minha vida, agora s vivo cuidando das

    hortas! Descreve. Motivada com a experincia, a agricultora

    tambm passou a investir mais na criao de galinhas, com

    recursos prprios j estruturou um pequeno galinheiro e

    comprou mais telas para aument-lo.

    Dona Incia bastante ousada, nos dias de feira ela

    enche a carroa de hortalias e caminha 5 km at a cidade

    para vender o excedente da sua produo. Com o resultado,

    j comprou uma Bomba Trampolim, para instalar na

    Cisterna de Captao e Armazenamento de gua para o

    Consumo Humano e tambm algumas cabras. Satisfeita, ela

    fala do que a experincia representa. Uma riqueza como

    esta, eu nunca pensei ter! Com minhas plantas para cuidar,

    me esqueo de aperreios, doenas, de tudo. Me sinto muito

    bem! Enfatiza. A gua que alimenta a produo vem da

    Barraginha, com as chuvas que deram, o reservatrio

    conseguiu captar uma boa quantidade de gua que foi

    compartilhada com a filha de dona Incia e a vizinha, Maria do Socorro.

    A agricultora Maria do Socorro tem como principal fonte

    de renda o bolsa famlia. Segundo ela, antigamente para

    comprar um pouco de verdura, tinha que economizar na feira,

    mas agora com a C i s te rnaCa l ado , as co i sas

    melhoraramhoje planto e tiro parte do que preciso para

    alimentao da minha famlia, do prprio quintal. Isso

    maravilhoso! Diz.

    O trabalho que estas mulheres desenvolvem, tambm foi

    motivado e melhorado a partir das visitas de intercmbios.

    aprendi a aproveitar a gua que lavo roupa e loua para

    aguar as plantas, como ps de banana e mamo, conta Maria

    Aparecida. Estou aproveitando garrafas pet para fazer

    canteiros e tambm uma cortina de flores na varanda de casa, relata Dona Incia. J Maria do

    Socorro, destaca o trabalho com jovens que conheceu no Servio de Tecnologia Alternativa

    (SERTA), vimos jovens envolvidos no trabalho com a agricultura e fiquei sonhando, porque

    aqui tambm deveria ter um incentivo neste sentido. Comenta.

    Pedra Lavrada umas das comunidades de Maturia que se destaca em se tratando de

    solidariedade, l as famlias se organizam, fazem mutires e se ajudam. A experincia das

    agricultoras fortalece os laos de solidariedade na comunidade. Alm de consumir e vender,

    eu tambm compartilho a produo com meus vizinhos que precisam, destaca Maria

    Aparecida. Maria do Socorro conta que doa parte de sua produo para os vizinhos e em troca

    recebe alimentos. Eu no vendo, consumo e dou s minhas vizinhas e elas me do arroz,

    macarro, o grosseiro da feira. Eu acho que ganho muito mais, do que vendendo. Conclui.

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