EM TEMPO - 4 de maio de 2014

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 29 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS ANO XXVI – N.º 8.344 – DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 Eles querem ser os ‘reis da selva’ Faltando cinco semanas para a terceira edição do “Rei da Selva Combat”, organização do evento promete combates eletrizantes. Como prévia, duas lutas estão marcadas para este domingo. Pódio E4 e E5 DIVULGAÇÃO D O M I N G O Com um início tímido no Brasileiro, o Botafogo tenta a primeira vitória no campeonato contra o Bahia, neste domingo, em Salvador, pela terceira rodada. Pódio E6 Fogão tenta 1ª vitória no Brasileirão Público dos 22 jogos do Campe- onato Amazonense, neste ano, só encheu 30% da capacidade total da Arena da Amazônia. Pódio E8 Times locais ainda não lotam arena Com 3 mil espécies de peixes, o setor pesqueiro movimenta R$ 3 bilhões ao ano, no Ama- zonas. Economia B3 Pescaria movimenta R$ 3 bilhões Foi confirmada pela Fundação de Vigilância de Saúde, ontem, a morte de uma adolescente pela gripe H1N1. Última Hora A2 Gripe suína volta a matar em Manaus Cidade não tem condições de dar suporte a Manaus na Copa por problemas como ausência de mão de obra. Economia B1 Manacapuru sem opções para a Copa COM CENTENAS DE FÁBRICAS DE FUNDO DE QUINTAL, MANAUS É O PARAÍSO DA... Com mais de 10 toneladas de CDs e DVDs apreendi- dos no Amazonas de 2013 até hoje, 5 mil empregos sacrificados, e um rombo nacional de R$ 40 bilhões, a pirataria tornou-se um cân- cer na economia brasileira. O juiz da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas, Carlos Zamith de Oliveira Júnior, aponta que o comércio de produtos falsificados no Estado é re- flexo dos problemas sociais e da desigualdade no país. Política, Economia, Dia a dia e Plateia PIRATARIA Embora destruídos, CDs e DVDs reaparecem na mesma proporção Filmes como “Homem Aranha” e “Rio 2”, que ainda nem saíram de cartaz, já estão nas ruas em forma de pirataria Incluir a castanha do pará na alimentação diária, com mo- deração, ajuda a emagrecer e evita doenças graves, como o câncer. Saúde Fortuna, cofundador de “O Pasquim”, tem parte de sua obra (charge) reunida em livro que recorda os 20 anos de sua morte. Ilustríssima Uso da internet pela Me- lhor Idade (foto) pode trazer benefícios, pois faz com que seja melhor trabalhada a re- gião da memória. Elenco

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 29 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

ANO XXVI – N.º 8.344 – DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

Eles querem ser os ‘reis da selva’

Faltando cinco semanas para a terceira edição do “Rei da Selva Combat”, organização do evento promete combates eletrizantes. Como prévia, duas lutas estão marcadas para este domingo. Pódio E4 e E5

DIV

ULG

AÇÃO

D O M I N G O

Com um início tímido no Brasileiro, o Botafogo tenta a primeira vitória no campeonato contra

o Bahia, neste domingo, em Salvador, pela terceira

rodada. Pódio E6

Fogão tenta 1ª vitória no Brasileirão

Público dos 22 jogos do Campe-onato Amazonense, neste ano, só encheu 30% da capacidade total da Arena da Amazônia. Pódio E8

Times locais ainda não lotam arena

Com 3 mil espécies de peixes, o setor pesqueiro movimenta R$ 3 bilhões ao ano, no Ama-zonas. Economia B3

Pescaria movimenta R$ 3 bilhões

Foi confi rmada pela Fundação de Vigilância de Saúde, ontem, a morte de uma adolescente pela gripe H1N1. Última Hora A2

Gripe suína volta a matarem Manaus

Cidade não tem condições de dar suporte a Manaus na Copa por problemas como ausência de mão de obra. Economia B1

Manacapuru sem opções para a Copa

COM CENTENAS DE FÁBRICAS DE FUNDO

DE QUINTAL, MANAUS É O PARAÍSO DA...

Com mais de 10 toneladas de CDs e DVDs apreendi-dos no Amazonas de 2013 até hoje, 5 mil empregos sacrifi cados, e um rombo nacional de R$ 40 bilhões, a

pirataria tornou-se um cân-cer na economia brasileira. O juiz da 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas, Carlos Zamith de Oliveira Júnior, aponta

que o comércio de produtos falsifi cados no Estado é re-fl exo dos problemas sociais e da desigualdade no país. Política, Economia, Dia a dia e Plateia

PIRATARIAEmbora destruídos, CDs e DVDs reaparecem na mesma proporção

Filmes como “Homem Aranha” e “Rio 2”, que ainda nem saíram de cartaz, já estão nas ruas em forma de pirataria

Incluir a castanha do pará na alimentação diária, com mo-deração, ajuda a emagrecer e evita doenças graves, como o câncer. Saúde

Fortuna, cofundador de “O Pasquim”, tem parte de sua obra (charge) reunida em livro que recorda os 20 anos de sua morte. Ilustríssima

Uso da internet pela Me-lhor Idade (foto) pode trazer benefícios, pois faz com que seja melhor trabalhada a re-gião da memória. Elenco

domingo. Pódio E4 e E5

Com um início tímido no Brasileiro, o Botafogo tenta a primeira vitória no campeonato contra

o Bahia, neste domingo, em Salvador, pela terceira

rodada.

Fogão tenta 1ª vitória no Brasileirão

Público dos 22 jogos do Campe-onato Amazonense, neste ano, só encheu 30% da capacidade total da Arena da Amazônia.

Times locais ainda não lotam arena

3 mil espécies de peixes, o setor pesqueiro movimenta R$ 3 bilhões ao ano, no Ama-

movimenta R$ 3 bilhões

confi rmada pela Fundação de Vigilância de Saúde, ontem, a morte de uma adolescente pela

Última Hora A2morte de uma adolescente pela

Última Hora A2morte de uma adolescente pela

volta a matarem Manaus

não tem condições de dar suporte a Manaus na Copa por problemas como ausência de

Economia B1

Manacapuru sem opções para a Copa

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

‘O PSD local tem autonomia para definir seu caminho’Declaração é do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, que esteve em Manaus neste fim de semana visitando Omar Aziz

O presidente nacional do PSD e ex-prefeito de São Paulo, Gilber-to Kassab, cumpriu

agenda neste final de semana em Manaus e, esteve na manhã deste sábado na sede local do partido, localizado no Vieiral-ves, Zona Centro-Sul da cidade. Junto com o candidato ao Se-nado e presidente da legenda no Estado, o ex-governador Omar Aziz, os dois cumpriram agenda informal.

Durante a visita, Kassab in-formou, ainda, que Omar Aziz terá autonomia para definir as alianças locais. “A visita que vim fazer é para o Omar Aziz, presidente estadual do parti-do, para conduzi-lo na questão eleitoral. Ele será candidato a senador e definirá – no momen-to certo – as alianças que irão acontecer. O mesmo acontece-rá em relação ao governo do Estado”, declarou.

EM TEMPO - Como o PSD nacional vai marchar nestas eleições se não terá candi-dato presidencial?

Gilberto Kassab - O parti-do ainda está se consolidando – está em processo de criação. É a primeira vez que a gente par-ticipa de uma eleição no plano estadual e no plano nacional. E nós temos uma aliança defini-da com o PT para a reeleição da presidente Dilma. Já é uma

questão definida.

EM TEMPO - Nesta semana foi noticiado que o senhor havia conversado com o se-nador Aécio Neves do PSDB, adversário de Dilma nestas eleições. O que há de concre-to entre PSD e PSDB?

GK - Nada. Todos sabem que o nosso apoio à candidatura da Dilma está definido. O que houve é que eu sou vice-presidente da Associação Comercial (de São Paulo) e o candidato Aécio Ne-ves foi lá fazer uma palestra.

EM TEMPO - Até o mo-mento o PSD do Amazonas não tem pré-candidato ao governo. Qual a orientação do partido no que diz respeito às alianças locais?

GK - Aqui no Amazonas, o partido tem autonomia para definir o seu caminho. Temos uma decisão da executiva na-cional dando plena autonomia às direções estaduais.

EM TEMPO - O senhor tem defendido a prorroga-ção da ZFM. Qual a orien-tação do PSD à sua base de deputados e senado-res no Congresso Nacio-nal sobre a PEC que está em tramitação?

GK - Apoio total em relação à Zona Franca. O partido tem se manifestado na sua totali-dade, com todos os deputados votando a favor. Gilberto Kassab (à esq.) permaneceu menos de 24 horas em Manaus. Segundo ele, veio fazer uma visita de cortesia a Omar Aziz

DIEGO JANATÃ

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

Mortos são de 2,1 mil em tragédiaAutoridades afegãs desis-

tiram, ontem, de encontrar quaisquer sobreviventes do deslizamento no nordeste remoto do país, colocan-do o número de mortos em mais de 2,1 mil, enquanto as equipes de resgate con-centraram-se em ajudar as mais de 4 mil pessoas que perderam seus lares.

Existe preocupação com a possibilidade de que a area instável acima do local do desastre possa ceder nova-mente, ameaçando aqueles que perderam suas casas e as equipes de resgates lo-cais e da Organização das Nações Unidas (ONU) que chegaram à província de Ba-

dakhshan, que faz fronteira com o Tadjiquistão.

“Mais de 2,1 mil pessoas de 300 famílias estão mortas”, disse à Reuters o porta-voz do governador da província Naweed Forotan.

Aldeões e dezenas de poli-ciais, equipados apenas com ferramentas básicas para ca-var, retomaram a busca ao raiar do dia, mas logo ficou claro que não há esperança de encontrar sobreviventes enterrados em até 100 me-tros de lama.

A missão da ONU no Afe-ganistão informou que o foco agora está mais nas 4 mil pessoas que perderam seus lares como resultado direto

do deslizamento de sexta-fei-ra ou como medida de pre-caução em vilarejos também estão ameaçados.

O deslizamento ocorreu nesta sexta-feira, 2, no vila-rejo de Argu no Afeganistão. Ao menos 300 famílias con-tinuam desaparecidas.

Devido às fortes chuvas ocorridas na província de Badakshan, casas constru-ídas nas encostas de uma montanha foram soterradas deixando por volta de 4 mil pessoas desalojadas. Inicial-mente, os próprios moradores procuravam por sobreviven-tes de forma desesperada com pás e picaretas da melhor forma que podiam.

AFEGANISTÃO

20 ANOS DEPOIS

Lotus 1985 de Senna vai à pista em Ímola para tributo

Sob chuva e depois de quase 30 anos, a Lotus 97t de 1985 com a qual Ayrton Senna conseguiu duas vitórias e sete pole positions vol-tou à pista em Ímola neste sábado.

O tributo a Ayrton Sen-na, 20 anos depois de sua morte, terminou com este evento pela manhã e foi uma chance úni-ca de reviver a memória do tricampeão.

Nestes quatro dias de

tributo, de certa forma, Ayrton esteve presente. Seja por meio de seus F1 originais expostos nos boxes do autódromo Enzo e Dino Ferrari - onde Senna ganhou três corridas - assim como na memória do público que compareceu em peso ao local que o ídolo morreu de forma trágica.

A grande estrela do tri-buto, a Mclaren do pri-meiro título mundial, não saiu dos boxes. Não era necessário.

GETTY

Senna em ação com sua Lottus no GP da Europa de 1985. Vinte e nove anos depois, o carro volta à cena em homenagem

FVS-AM confirma morte por H1N1A Fundação de Vigilân-

cia de Saúde do Amazonas (FVS-AM), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), confirma a morte de uma adolescente por H1N1, na última sex-ta-feira, dia 2. A paciente estava internada no hospital São Lucas, da rede privada, desde o dia 25 de abril, com Síndrome Respiratória Agu-da Grave (SRAG). A equipe de Vigilância Epidemiológi-ca da FVS-AM, em conjunto com o Laboratório Central do Amazonas (Lacem), re-alizou a coleta no dia 28 de abril e o resultado do exame foi confirmado para Influenza H1N1. Desde a in-ternação, por se tratar de caso suspeito, a paciente

já fazia o uso de Tamiflu, mas no final da tarde da úl-tima sexta-feira não resistiu à embolia pulmonar.

De acordo com o dire-tor- presidente da FVS-AM, Bernardino Albuquerque, este ano foram confirma-dos cinco casos da doença, sendo que três deles, foram pacientes com gripe comum identificados pelo monitora-mento sentinela. “O hospital São Lucas seguiu a nota téc-nica aos serviços de saúde da FVS-AM, que recomenda a antecipação do tratamento nos casos suspeitos da do-ença, com o uso da droga viral (tamiflu), mesmo antes da confirmação laboratorial, porém a paciente já chegou à unidade em estado gravís-

simo”, ressaltou.Albuquerque alerta que,

em casos gripais, as pes-soas devem procurar a uni-dade de saúde mais pró-xima de suas casas, para passarem por avaliação, por profissional habilitado, principalmente aqueles que fazem parte do grupo de risco, tais como: gestan-tes, pacientes de doenças crônicas, obesos, crianças e idosos. ”A Campanha de Vacinação contra Influenza está acontecendo até o dia 9 de maio, sob a coordena-ção do governo do Estado e realização das secretarias municipais. Aqueles que ain-da não foram vacinados não deixem de procurar o posto de saúde”, orienta.

1ª DO ANO

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 A3Opinião

Salmões criados em fazendas aquáticas na Noruega e no Chile são tratados com antibióticos. No Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) detectou a presença da substância natamicina, antifúngico que prolonga a conservação do vinho. O uso da substância como conservante é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O que poderiam ser consideradas situações pontuais (no peixe e no vinho) ou regionais assumem proporções preocupantes e mobilizam a Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste fi nal de sema-na, esse braço da Organização das Nações Unidas incluiu em sua agenda o setor agropecuário e a indústria farmacêutica no esforço contra as bactérias multirresistentes que estão sendo criadas pelo uso abusivo indiscriminado de medicamentos à base de antibióticos.

O emprego de antibiótico sem necessidade faz com que bactérias desenvolvam resistência a essas drogas em escala de poucos anos, por meio de seleção natural. Relatório divulgado pela entidade na quarta-feira 30 considera que o problema é tão grave que ameaça levar a medicina a uma era “pós-antibiótico”, em que “infecções comuns e pequenos ferimentos podem matar”. O documento lista as sete bactérias multirresistentes que mais preocupam os sanitaristas e culpa o uso indiscriminado desses remédios pelo fenômeno.

A OMS adverte que o abuso dos antibióticos em humanos deve ser reduzido com a melhora de pro-gramas de diagnóstico que previnam o uso da droga quando ela não é necessária. Sanitaristas também precisam intensifi car programas de prevenção. Mas para cessar o uso indiscriminado de antibióticos em animais, porém, será preciso levar o debate para fora do meio médico, e trazer a agropecuária para a negociação. Não é só o peixe que morre pela boca.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para os artistas dos bois Garan-tido e Caprichoso, que estão reali-zando show em Parintins, para arre-cadar donativos em prol das vítimas das enchentes.

Artistas de boi

APLAUSOS VAIAS

Eles também

Além deles, participa-ram também do encontro o vereador Wilker Barre-to, que é líder do prefei-to Arthur Neto na Câma-ra Municipal de Manaus (CMM), e o secretário ex-traordinário da prefeitura, David Reis (PSDC).

Sobremesa tucana

Após o almoço, Rebecca Garcia teve um encontro com o prefeito Arthur Vir-gílio Neto.

Alguma dúvida?

Ex-governadores

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gil-mar Mendes, julgou prejudi-cada, por perda de objeto, a Ação Direta de Inconsti-tucionalidade (ADI) 4.547, que trata da aposentadoria vitalícia de ex-governado-res do Amazonas.

Perdeu objeto

Na decisão, o ministro ressaltou que, devido à comprovada revogação dos dispositivos impug-nados com a edição da Emenda Constitucional (EC) 75 do Estado do Amazonas, a ação perdeu seu objeto.

Jurisprudência

Gilmar Mendes se baseou em entendimento fi rmado pelo Supremo Tribunal Fe-deral (STF) em julgamentos anteriores.

Cenas em um shopping

Estamos às vésperas da Copa, mas o atendimento públicos nos restauran-tes de Manaus segue de forma amadora.

No feriado do 1º de maio, dois profissionais liberais tentaram jantar no res-taurante 8 Segundos, do shopping Ponta Negra. Es-colheram o stake Cowboy ao ponto.

Gato por lebre

Meia hora depois a carne chegou.

Veio esturricada – quase preta –, e no lugar do stake Cowboy serviram o miolo de alcatra, uma carne inferior e mais barata.

Encolheu

A gerente foi chamada e nem ela sabia explicar que carne era aquela.

O garçon jurava que era o stake Cawboy, com um pequeno detalhe: o tamanho tinha diminuído.

— Quer dizer que diminui o tamanho mas não dimi-nui o preço? – questionou o cliente.

Salgada

O pior estava por vir. Quando provaram a car-

ne, os dois rapazes não conseguiram engolir, ta-manha era a quantidade de sal.

Paga e não bufa A gerente retornou à mesa

e prometeu que a carne não seria cobrada.

Mas, quando veio a conta estava lá o preço: R$ 110.

O fi m da primeira classe

A TAM anunciou que vai acabar com a primeira classe e aumentar o tama-nho da executiva em seus voos internacionais.

O fi m da primeira classe acontecerá em 1º de no-vembro. A empresa também acabará com o “andar de cima” nos voos com des-tino aos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália e México.

Perdendo dinheiro

Não é nada, não é nada, mas é uma medida inte-ligente tomada por uma empresa aérea, avaliam os observadores.

A empresa estava deixando dinheiro na mesa com essa brincadeira de primeira classe.

Executiva

A TAM percebeu que o dinheiro de verdade está na executiva, e os chilenos que agora mandam na TAM não estão para brincadeira.

Ainda mais depois de perderem R$ 1,44 bilhão em 2013.

No Boeing

Em aviões Boeing 777, os assentos na executiva, quando totalmente reclina-dos, passarão a ter 2,13 metros.

Isto é, serão 15% maiores que os assentos atuais.

A adaptação desses luga-res vai ser feita gradualmen-te, com previsão de término até junho de 2015.

Para restaurantes de Manaus que, às vésperas de uma Copa do Mundo, con-tinuam atendendo mal por não investir no treinamento da mão de obra.

Atendimento em restaurantes

Um almoço realizado, sexta-feira, na churrascaria Búfalo, no Vieiralves, sinalizou mais uma vez que o PP e PSDB se encaminham mesmo para uma aliança para eleições em Manaus com o apoio do PHS e do PSDC.

Pelo PP, participaram do encontro a deputada Rebecca Garcia e os vereadores Ál-varo Campelo e Socorro Sampaio, enquanto que pelo PSDB estavam Bosco Saraiva e Mário Frota.

Picanha, maminha e... eleição!

DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

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Nem o vinho escapa do antibiótico

E se Hitler tivesse ganhado a Grande Guerra? E se Chiang Kai-Shek tivesse derrotado as forças de Mao Tsé-Tung? E se Napoleão tivesse desmantelado os exércitos ingleses em Waterloo?

Não necessariamente todas, mas apenas uma dessas hipoté-ticas ocorrências certamente te-ria sido sufi ciente para produzir grandes alterações no curso da história que, sem dúvida, fariam que o mundo de hoje fosse bem diferente do que é. O que faz com que a história tenha transcorrido como transcorreu, são aconteci-mentos fortuitos e contingentes, ou seja, fatos que se deram, mas que poderiam simplesmente não ter ocorrido porque o contingen-te, por defi nição, é precisamente o que acontece, mas que pode-ria não ter acontecido, pois não implica em necessidade.

Dizem, por exemplo, que o pre-sidente Truman ordenou ao ge-neral Patton, sem que se saiba a razão, que parasse o avanço das suas tropas e permitisse que o Exército Vermelho tomasse Ber-lim, o que teria deixado o general americano consternado e revol-tado. Não tivesse sido assim, e os americanos teriam encontrado os soviéticos bem mais longe e a divisão do controle da Europa teria sido outra, tirando do domínio de Stalin praticamente todo o leste europeu e, assim, reduzido con-sideravelmente a intensidade dachamada Guerra Fria.

O que se pode e deve concluir é que o mundo que hoje temos não era, antes, o único mundo possível e, certamente, nem é, como pensava Leibniz, o melhor que poderia existir. Nem o melhor nem o pior, mas apenas aquele que se materializou, em função de toda uma imensa conjunção de fatos e ocorrências, às vezes

frutos de deliberações, às vezes do impiedoso acaso que tanto interfere na Existência.

Ao senso comum parece que a história é uma marcha infl exível rumo a um destino que não pode ser mudado, retardado ou antecipa-do. O próprio marxismo, enquanto materialismo histórico, insistiu em difundir a ideia de que a marcha da história seria inexoravelmente dirigida rumo ao socialismo, como modo de produção, e que seria concluída quando ocorresse a su-peração do capitalismo.

Se esta fosse a tese a prevale-cer, então teríamos que a história reverteu o seu curso e passou a caminhar em marcha à ré, pois nunca tivemos tanta supremacia do capitalismo, hoje reinando até em nações que adotam o comu-nismo como sistema político de partido único. Mas isso não signi-fi ca que chegamos ao melhor dos mundos, uma vez que o capitalis-mo, enquanto regime econômico, também é o pai da pobreza e das desigualdades sociais.

Assim como a derrota do nazis-mo, a queda de Napoleão, a parada do exército de Patton e outros mais acontecimentos trouxeram características para o nosso pre-sente histórico, a mostrar que não se trata de um destino prefi xado, assim também precisamos preser-var a consciência de que são os gestos, as atitudes e os compor-tamentos humanos que fazem a história da humanidade.

Cada decisão, às vezes indivi-dual, e cada movimento coletivo de uma sociedade empurram a história para uma direção bem defi nida. Como diz Caetano Veloso, quando avanço, no trânsito, o sinal vermelho, estou dizendo a todos que é permitido desrespeitá-lo e também estou abrindo mão do meu direito ao sinal verde.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

A história não é destino

[email protected]

Regi

Ao senso co-mum parece que a história é uma mar-cha infl exível rumo a um destino que não pode ser mudado, retardado ou antecipado. O próprio marxismo, en-quanto mate-rialismo his-tórico, insistiu em difundir a ideia de que a marcha da história seria inexoravel-mente dirigi-da rumo ao socialismo”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Na esteira da Operação Lava Jato, agentes da Polícia Federal encontraram indícios da atuação do empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, que foi ministro do governo Collor, na aprovação recente de me-didas provisórias e projetos de lei no Congresso. Ele já havia sido mencionado na operação. Agora, os investigadores buscam provas da relação do ex-ministro com parlamentares em um lobby considerado “decisivo” para a aprovação de projetos na área de petróleo e energia elétrica.

Lá... O governador Marconi Perillo (PSDB) avisou discreta-mente à cúpula tucana que será mesmo candidato à reeleição em Goiás. Durante o feriadão, no entanto, disse a empresários que ainda pretendia esperar até junho antes de tomar a decisão, “por motivos pessoais”.

... e cá Aliados contam que Perillo realmente cogitou não disputar mais um manda-to. A imagem do governador fi cou fragilizada em 2012, quando seu nome foi citado em investigações da PF so-bre a relação de Carlinhos Cachoeira com políticos.

E eu? A ação que o PSDB deve protocolar no TSE na terça-fei-ra contra o pronunciamento de Dilma Rousseff em rede nacio-nal deve ter como “gancho” as críticas veladas que a presidente fez à oposição. Os tucanos que-rem que a Justiça Eleitoral se manifeste sobre a falta de um “direito de resposta”.

Dois lados Um auxiliar de Dilma Rousseff ironiza as pro-postas apresentadas por Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Cam-pos (PSB) a empresários e tra-balhadores: “Aos empresários,

prometem superavit que fazem tilintar os olhos do mercado fi nanceiro. Aos trabalhadores, dizem que o aumento do Bolsa Família é insufi ciente”.

Super ... Justifi cativa do projeto de lei que dispõe so-bre a prorrogação da política de valorização do salário mí-nimo, assinado por Paulinho da Força (SDD-SP) e Antonio Imbassahy (PSDB-BA), atesta que “nesses últimos anos, o Brasil vem experimentando profundas mudanças, sobre-tudo no âmbito social”.

... sincero “Houve indiscu-tivelmente um progresso, va-lendo destacar a redução da pobreza e da miséria”, diz o documento da oposição.

Liturgia Quatro bispos se-rão escalados pela CNBB para fazer perguntas aos candida-tos à Presidência no debate da entidade, em 16 ou 18 de setembro. Os presidenciáveis responderão aos integrantes da igreja nos quatro primei-ros blocos e, no quinto, farão perguntas entre si.

Santa Clara Auxiliares dos candidatos dão impor-

tância especial ao debate, pois o encontro será trans-mitido ao vivo por emissoras católicas de TV e rádio.

PIB ...Políticos aproveitam a presença de empresários no Fó-rum de Comandatuba, na Bahia, para se aproximar de fi nancia-dores de campanha, mas alguns deles voam para seus Esta-dos hoje para fazer campanha antes de voltar a Brasília.

... ou povo “Corpo a corpo com o PIB não elege ninguém! Tem que ter voto!”, brinca um parlamentar.

Time Assim que Aécio Neves chegou ao hotel onde aconteceu o fórum, foi cercado por aliados. Numa rodinha de seis pessoas, destacava-se o senador Rome-ro Jucá (PMDB), que já foi líder de governo de FHC e Lula.

Uma nota só O PSB articula com os economistas que se reuniram para a formulação do programa de governo de Eduardo Campos e Marina Silva, na última quarta-feira, uma nova rodada de conver-sa, dedicada exclusivamente a propostas de transição para economia de baixo carbono.

Articulação política

Contraponto

Ao cumprimentar o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) na entrada do palco em que aconteciam os discursos na festa do Dia do Trabalhador organizada pela Força Sindical, o senador Aécio Neves (PSDB) lembrou de uma promessa de almoço que o petista lhe fizera. Carvalho reconheceu que estava em débito com o tucano, mas disse que não poderiam sentar à mesa agora: – Vai ter que ficar para depois de outubro! – brincou, arrancando risos, lembrando a data das eleições em que Aécio deve enfrentar Dilma Rousseff.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Devo, não nego...

Tiroteio

DE ALBERTO GOLDMAN, coordenador da campanha de Aécio Neves (PSDB) em SP, sobre as ações do PT e do governo para estancar a queda nas pesquisas.

Não adianta pronunciamento nem aparecer com Lula. A presidente Dilma não consegue frear a queda de popularidade nem com ABS.

Nestes dias, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está reunida para mais uma Assembleia Geral. Dentre os te-mas tratados um deles suscita interesse e perplexidades, o do uso da terra. Os bispos sentiram a necessidade de se posicionar como pastores a respeito de uma questão que é fundamental para a humanidade em geral e para o nosso país em particular. O interesse é pastoral.

Em contato com o povo e de maneira especial com os mais pobres, os que vivem da agri-cultura familiar, as populações ribeirinhas, os povos indígenas e os quilombolas percebem no dia a dia as difi culdades vividas por estes homens e mulheres. Também estão em contato com os que vivem nas periferias das grandes cidades, os que foram amontoados nos grandes conjun-tos habitacionais, os moradores de favelas, invasões, acampa-mentos, e aglomerados humanos chamados de comunidades.

Sentem que algo está errado, que a justiça é lenta e para fun-cionar é cara o que a torna ina-cessível. Experimentam o clima de violência que ronda as popu-lações no campo e na cidade e que atinge de maneira especial as populações indígenas envolvidas em confl itos às vezes com pes-soas tão pobres e abandonadas como eles.

De onde vem tudo isto? Como surgiu o ordenamento jurídico que possibilita e leva ao confl ito sem conseguir resolve-lo e às vezes o agravando? Que questões de base deveriam ser enfrentadas? É claro que a propriedade deve ser respeitada, pois do contrário se instalaria o caos social e a convi-vência se tornaria impossível. Em longo prazo, os pobres e indefesos

seriam os mais prejudicados, pois a barbárie se instalaria e a lei do mais forte prevaleceria. Também não se pode ter a ilusão de que estatização resolveria a questão.

A refl exão da igreja não pode deixar de ter um fundo teológico, pois esta é a sua competência. Profeticamente, nós que cremos devemos afi rmar que a terra é dom de Deus e que precede a humanidade, e que esta mesma humanidade se quiser sobreviver deve respeitá-la. Tudo o que des-trói a terra mesmo que em nome do desenvolvimento ou se justifi -cando pelo direito de propriedade é abominável e é criminoso, pois atenta contra a vida humana. Se tivermos necessidade de ter pro-priedades que garantam moradia estável e produção de alimentos, o direito a elas deve ser limitado pelo direito dos outros.

Toda propriedade que excede as necessidades individuais, fa-miliares e coletivas e se baseia na exploração, no engano e no cerceamento de direito de ter-ceiros é pecaminosa, pois im-pede que a misericórdia divina seja experimentada pelos seus fi lhos. A humanidade hoje tem soluções técnicas tanto do ponto de vista jurídico, como agrário e econômico para resolver o pro-blema do uso sustentável do solo, respeitando culturas milenares e o direito de todos de viver com dignidade. O que impede que isto aconteça não são razões técnicas, mas sim o desejo desenfreado de acumular infi nitamente o que gera critérios desumanos ao se tratar do assunto.

Permanece o desafi o aos po-deres constituídos do Estado que controlam a propriedade e o uso da terra de acharem soluções dignas e éticas que possibilitem vida digna para todos.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

A refl exão da igreja não pode deixar de ter um fundo teo-lógico, pois esta é a sua competência. Profetica-mente, nós que cremos devemos afi rmar que a Terra é dom de Deus e que precede a humani-dade, e que esta mesma humanidade se quiser so-breviver deve respeitá-la”

Terra

Olho da [email protected]

A massa corintiana sufocou a torcida nativa do Nacional, no jogo de quarta-feira 30, à noite, na Arena Vivaldão. Ganhou no grito e em número de fi eis. Mas a bandeira nacio-nalina saiu bem na foto, com a defesa intransigente do torcedor que circulou no estádio como se fosse o time vitorioso (vai ver que era: morre teso, mas não perde a pose)

DIEGO JANATÃ

Quem imagina que a essa altura do campeonato, com 68 anos, dos quais 38 fazendo protesto, eu vou ter medo de protesto? A Dilma, com 20 estava presa, foi torturada, tomou choque em tudo que é lugar por protestar. Ela vai

ter medo de protesto? (...) É preciso criar condições de conversar com essa meninada. Um moleque de 16 anos não tem nenhuma obrigação de saber nada do governo

Lula, ex-presidente, diz a militantes do PT que o partido foi criado “para não ser igual aos outros”, é preciso

intensifi car o diálogo com a juventude para mostrar as realizações do governo e que ele e a presidente Dilma

Rousseff não têm medo de protestos.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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A04 - OPINIÃO.indd 4 3/5/2014 12:36:56

MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 A5Política

Legislação para combater pirataria no país é fracaTanto em nível federal quanto estadual e municipal, inexistem leis que coibem o avanço da falsifi cação de produtos e marcas

Com o merca-do da pira-taria ofe-r e c e n d o

preços abaixo do cobrado no merca-do formal, uma boa parcela da sociedade opta por recorrer ao seg-mento na hora de adquirir os mais variados produtos. Os reflexos disso na economia são desastrosos, em especial para o Amazonas que man-tém milhares de empregos no Polo Industrial de Manaus (PIM), produzindo os itens preferido dos ‘pirateiros’, que são os CD’s e DVd’s. Na tentativa de combater a prá-tica, foi implantado em 2013

em Manaus, o Programa Ci-dade Livre da Pirataria, do

Conselho Nacional de Combate à Pirata-

ria e Delitos con-tra a Propriedade Intelectual do Mi-nistério da Justiça

(CNCP/MJ), a idéia do projeto é mu-

nicipalizar a questão, fazendo com que as insti-tuições estaduais, tenham o apoio da estrutura oferecida pelas prefeituras.

Na prática, o programa tra-balha com fiscalizações e operações para a apreensão de produtos ilegais, que em Manaus podem ser encon-trados em todas as áreas da cidade, com destaque para a central, que abriga vendedo-res ambulantes e diversas

importadoras, que utilizam da pirataria, para driblar o pagamento de impostos. A iniciativa, porém é pratica-mente isolada, já que atual-mente nenhuma das casas legislativas – Assembleia Le-gislativa e Câmara Municipal de Manaus (CMM) - propõem, ou discutem projetos volta-dos para a problemática.

Em pesquisa aos últimos projetos apresentados pelos parlamentares da Câmara municipal e Assembleia Le-gislativa do Estado (Aleam), a reportagem não identifi-cou nenhuma proposta que contemple o assunto. O ve-reador Luis Neto (PSDC), que é titular da Comissão de Tu-rismo, Indústria e Comércio (Comtic) da CMM, reconhe-ceu a importância do tema e

garantiu que o assunto deve entrar na pauta de debates da comissão em breve.

Falta forçaNa esfera federal, a defesa

do combate à pirataria e a biopirataria tem perdido força com o passar dos anos

e vem sendo abordada com timidez. Desde 2011, quan-do o Congresso contou com o relançamento da Frente Parlamentar Mista de Com-bate à Pirataria e à Sone-gação Fiscal, que teve como vice-presidente a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), não se observa ações efeti-vas acerca do assunto.

Para Grazziotin, o aperfei-çoamento das leis de com-bate ao crime é necessário. O aperto das fiscalizações por parte dos municípios e Estados, conforme ela, é imprescindível. “Os debates, seminários e os projetos de conscientização são outros objetos que contribuem para a diminuição da pirataria e ainda da biopirataria, que é um assunto ainda mais

delicado”, comentou.A senadora que é autora da

lei federal 11.203/2005, que instituiu o dia 3 de dezembro como sendo o Dia Nacional de Combate à Pirataria e a Biopirataria, lembrou que a prática da biopirataria ape-sar de não ser tão evidente quanto à pirataria de produ-tos industrializados, é outra que gera prejuízos comer-ciais e de meio ambiente para o país. Exemplo do que foi abordado pela parlamentar, aconteceu em 1998, quando o cupuaçu se tornou marca comercial no Japão. O em-bate entre os países durou até 2004, quando o Brasil conseguiu tirar das transna-cionais Asahi Foods e Cupu-açu International, o direito à patenteação da marca.

AÇÃOEm 2005, a então deputada federal Vanes-sa Grazziotin (PCdoB) conseguiu aprovar a lei federal nº 11.203/2005, em que fi xa a data de 3 de dezembro como o Dia Nacional de Combate à Pirataria e Biopirataria

A pirataria está presente em todos os setores da sociedade, em vários produtos, como Cd’s e DVd’s. Há 7 anos, a Prefeitura de Manaus encabeçou a apreensão e destruição de milhares destes produtos

Dados do Instituto Ipsos, em 2010, mostraram que a pirataria no setor audio-visual acumulou prejuízos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no valor de R$ 3,5 bilhões ano, o que conforme o Instituto gerou redução na arre-cadação de impostos de aproximadamente R$ 976 milhões e a não geração de 96 mil empregos.

E em meio aos números negativos, surgiu a polê-mica Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Música, que alterou o in-ciso 6 do artigo 150 da Constituição Federal, ins-tituindo imunidade tribu-tária sobre os fonogramas e videofonogramas às pro-duções musicais brasileiras no Brasil inteiro.

Uma das vantagens usa-das pelas bancadas do Sul e Sudeste, no Congresso Nacional, para sustentar a

aprovação da matéria, que tirou as vantagens compe-titivas da Zona Franca de Manaus (ZFM), foi a desesti-mulação da venda e compra dos produtos falsifi cados. A justifi cativa não convenceu a bancada do Amazonas, que

votou contra a medida.Na ocasião, o líder da

bancada amazonense e do governo federal no Sena-do, Eduardo Braga (PMDB), tentou convencer seus pares

sobre os prejuízos da PEC, mas foi vencido com os 50 votos a favor da propos-ta. Braga enfatizou que a isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercado-rias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Produtos In-dustrializados (IPI) acarreta-riam não o fi m da pirataria, mas na mudança das sede de fábricas instaladas no Estado, que concentra cerca de 95% de empresas do setor. Ele lembrou que pelo menos dez mil empregos são gerados no Amazonas somente no segmento.

Sobre o impasse des-favorável ao PIM, Vanessa Grazziotin acredita que as perdas ainda não refl etem diretamente na economia local, mas que alternativas devem ser pensadas para se contornar a PEC da Música. A proposta foi promulgada pelo Congresso Nacional em outubro de 2013.

A polêmica PEC da Música

DÚVIDABastante discutida entre 2011 e 2013, a PEC da Música ainda deve trazer dor de cabeça para o AM. Criada para combater a pirataria no setor audiovisual, a pro-posta tira as vantagens comparativas da ZFM

O debate sobre a pirataria no Congresso ainda é tímido. Senadora Vanessa defende o combate

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Facção black bloc distri-bui cartilha de guerra

Criminosos que se intitulam “revolucionários black blocs”, distribuem cartilha com táti-cas de guerrilha para mem-bros da facção. A estratégia inclui assaltos, emboscadas, execuções, uso de coquetéis molotov e até explosão do Senado, segundo exemplar obtido pela coluna. Barri-cadas e placas como “fogo na PM” aparecem no ma-terial. Para os policiais des-cobertos infi ltrados, o grupo é taxativo: morte.

TítulosNa cartilha, os black bloc

se defi nem como “revolu-cionários”. Para o bando, o nome adotado deve ser “grupo de intimidade”.

IntolerânciaEntre os deveres dos black

blocs, o material impõe o “re-vide não pacífi co” às forças policiais do Estado. Ou seja, bala na polícia.

GranadasO guia ensina como fabri-

car explosivos, alguns deles podendo chegar a 2.000 ºC. Tem de tudo, até bomba a partir de um desodorante.

Lista negraOs “justiceiros” divul-

gam uma lista com alguns dos inimigos que devem ser “combatidos da forma como merecem”: Polícia, Exército e Políticos.

Governo Dilma grampeia até sindicalistas da PF

Fontes da Federação Na-cional dos Policiais Federais garantem que ao menos 30 celulares de sindicalistas são monitorados pelo governo Dilma. A entidade atribui ao ministro José Eduardo Car-dozo (Justiça) atuação nos bastidores, com auxílio do

Ministério Público Federal, para enquadrar os policiais na mesma legislação usada para prender o vereador Mar-co Prisco, líder grevista na Polícia Militar da Bahia.

Sem distinçãoDirigentes da federação da

Polícia Federal reclamam que virou rotina a troca de chips de celulares visados, inclusive de familiares próximos.

Estilo Obama Só na federação, uma cen-

tral telefônica (PABX) chegou a estragar por conta do supe-raquecimento causado pelo monitoramento do governo.

Sabotagem O vereador e sindicalis-

ta Marco Prisco está preso na Papuda, e responde por crimes previstos na Lei de Segurança Nacional.

Quem pagaEnquanto deputados gas-

tam a torto e a direito, fun-cionários da Câmara recla-mam que até o cafezinho sofre racionamento nos anexos da Casa.

DespreparoExperiente na arte da po-

lítica, o ex-senador Heráclito Fortes (PSB-PI) observa que se o PT não estava prepa-rado para o poder, após a vitória de Lula em 2002, hoje não parece estar preparado para deixá-lo.

O alvoAntes contrário à aliança

com PSDB em Mato Grosso do Sul, o PT agora estimu-la o senador petista Del-cídio Amaral a disputar o governo com o tucano Rei-naldo Azambuja como seu candidato ao Senado, com o objetivo de fragilizar o palanque de Aécio Neves no Estado.

Base aliadaEm reunião privada antes

do Encontro Nacional do PT, na sexta (2), o presidente Rui Falcão contabilizou o apoio de nove partidos à reeleição de Dilma, sem incluir o PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto.

Puro fi siologismoRui Falcão disse a um

grupo de dirigentes re-gionais do PT que os de-putados do PR pediram o “Volta, Lula” porque querem substituir César Borges pelo senador Antônio Rodrigues (SP) nos Transportes.

Reativando as basesO vice Michel Temer combi-

nou com presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), de fa-zer um périplo em maio nos Estados para acertar coli-gações e acalmar rebeldes que querem desembarcar da aliança com Dilma.

Fim de festaForam mixurucas a formatu-

ra do Instituto Rio Branco e a condecoração da Ordem do Rio Branco, quarta (30), no Itama-raty: a maioria dos agraciados recebeu o convite no mesmo dia, e em protesto ou porque não deu tempo, não apareceu. E a vaia a Dilma, prevista, não rolou.

LiberadoO Tribunal Superior Eleito-

ral publicou acórdão permi-tindo que as 40 sessões de 30 segundos do PMDB nacional, em rádio e TV, sejam usadas pelos diretórios estaduais, neste domingo.

Síndrome de MacunaímaSíntese no Twitter da fala

de Dilma na TV: “ Falar em Bolsa Família no Dia do Trabalho é igual a cantar Parabéns em velório.”

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Ele é o responsável pela vida de Genoino”

RUI FALCÃO, PRESIDENTE DO PT, sobre o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF

PODER SEM PUDOR

Tempo de improvisaçãoO presidente do Senado, José Sarney,

sempre lembra dos tempos em que era jornalista e trabalhava em jornal de oposição ao governador do Maranhão, Eugênio Barros. Certa vez, a tipografi a avisou que não dava para usar a letra “u” na manchete, logo no dia em que nova denúncia de corrupção atingia o gover-nador. Um colega gritou a solução:

- Cortem o “o” no meio!E o problema foi resolvido.

Três cidades terão novas eleiçõesEleitores dos municípios de

Cabeceiras, em Goiás, e de Mossoró e Francisco Dantas, no Rio Grande do Norte, vol-tarão às urnas neste domingo para eleger prefeito e vice-prefeito em novas eleições.

Os pleitos ocorrerão por-que a Justiça Eleitoral anu-lou a eleição de outubro de 2012 nessas cidades devido à cassação dos diplomas/mandatos dos candidatos que receberam mais de 50% dos votos válidos. Nestes ca-sos, segundo a resolução nº

23.280/2010 do Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE), novas eleições devem ser marcadas sempre no primeiro domingo de cada mês pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Em Cabeceiras (GO), o novo pleito se dará em virtude da cassação dos diplomas do prefeito e do vice-prefeito eleitos em 2012, Nadir de Paiva e Bim de Oemis. Em Mossoró (RN), que tem hoje 167.246 eleitores, a eleição será necessária porque o TRE do Estado cassou os man-

datos da prefeita eleita em 2012, Claudia Regina, e de seu vice, Wellington Carvalho. A corte potiguar também decla-rou a inelegibilidade de am-bos pelo prazo de 8 anos.

Na cidade de Francisco Dantas, a nova eleição ocor-rerá devido à decretação de inelegibilidade e à cassação dos diplomas do prefeito e do vice eleitos em outubro de 2012, Gilson Dias e Ribeiro Alecrim, também por compra de votos. Hoje, o município contabiliza 2.356 eleitores.

HOJE

A menos de dois meses do fi m do prazo para as inserções partidá-rias na TV e rádio,

siglas com pré-candidaturas majoritárias devem subir o tom e intensifi car o discurso nas peças que serão veicula-das a partir desta semana. Até o fi m deste mês, irão ao ar em cadeia de rádio e televisão peças dos partidos que devem esquentar as disputas eleito-rais deste ano, como PMDB, PP, PPS, PSD, PT e PSDB.

Interlocutores do PMDB do senador Eduardo Braga afi r-mam que neste mês a propa-ganda deve continuar alavan-cando o Programa Águas para Manaus (Proama), iniciado na gestão de Braga – quando era governador - e executada e fi nalizada na gestão do ex-governador e pré-candidato ao Senado, Omar Aziz (PSD). O líder da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado irá intensifi car também os dis-

cursos sobre a prorrogação dos incentivos fi scais da Zona Franca de Manaus (ZFM).

A equipe de marketing de Bra-ga deverá coletar trechos dos dez minutos que foram ao ar em quatro propagandas veiculadas em abril e reaproveitar nos no-vos dez minutos programados para maio, juntando ainda com novas peças que estão sendo produzidas. Há informações de que o senador negocia com a executiva nacional do PMDB conseguir e regionalizar o tem-po do partido na inserção na-cional, de 14 minutos em maio e 8 em junho.

Amanhã o PSD de Omar Aziz irá usar três dos 20 minutos que serão veiculados neste mês na primeira inserção da sigla. Na última quarta-feira, o ex-governador divulgou no seu perfi l do Facebook uma foto em que aparece no es-túdio das gravações. O secre-tário-geral do partido, Paulo Radin, não quis adiantar o conteúdo do programa, mas afi rmou que serão destaca-dos, principalmente, números

da sua gestão.Na próxima sexta-feira,

quem irá estrear na propa-ganda partidária é o PPS do vice-prefeito e pré-candidato ao governo Hissa Abrahão, numa rápida inserção de 30 segundos dos dez minutos agendados para este mês. O presidente estadual da sigla, Guto Rodrigues, disse que a abordagem será estratégica e que as peças irão refl etir o clima acirrado das disputas deste ano.

Nesse mesmo dia, o PP da pré-candidata e deputada federal Rebecca Garcia fará a primeira inserção após a propaganda de cinco minutos veiculada em março, cujo tempo foi cedido pelo diretório nacional da sigla. Segundo a progressista, a peça rendeu “bons resultados” e terá trechos reaproveitados durante os novos 5’30 agendados para este mês. Rebecca adiantou ainda que irá apostar no tema “mulheres na política”, de for-ma a destacar a campanha nacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A 37 dias do início das convenções, siglas políticas que terão candidatos majoritários apostam nas rápidas aparições na TV

Inserções partidárias dão o tom da pré-campanha

FOTOS: REPRODUÇÃO

Com vinte minutos agen-dados até junho, o PT faz a primeira das suas quatro inserções no próximo dia 23 de maio. A data estratégica deu margem para que pe-tistas só lançassem a peça após o fi m das negociações em torno da aliança, que será defi nida no próximo dia 17 em uma votação estadual com os delegados do par-tido. Na última sexta-feira, um evento da cúpula nacional da sigla, em São Paulo, deu carta branca para que petis-tas do Amazonas decidam de forma independente.

O PSB do pré-candidato ao governo, deputado Mar-celo Ramos, só irá estrear

na propaganda partidária em 4 de junho, mês que terá 20 minutos de exibição na mídia. O oposicionista já tem parte do material pronto, gravado no último dia 25 de abril ao lado do presidenciável Edu-ardo Campos, da ex-ministra Marina Silva e do pré-can-didato ao Senado na chapa socialista Marcelo Serafi m, num passeio de barco pelo Rio Negro.

Criado no ano passado e sem ter atendido a ne-nhum dos critérios estabe-lecidos pelo TSE, o Pros do governador e pré-candidato à reeleição José Melo fi cará sem tempo de inserções nas emissoras de rádio e TV local

e nacional. Interlocutores do governador apostam que o desfalque não irá prejudicar José Melo, que terá a exposi-ção do controle da máquina.

Quem também não foi au-torizado a fazer propaganda foi o PMN do pré-candidato ao governo e deputado esta-dual Chico Preto, cujo partido não elegeu cinco deputados federais nas eleições de 2010. O parlamentar aposta nas redes sociais para veicu-lar as produções. No último dia 24 de abril, lançou uma peça em que aparece sem barba, de camisa branca, destacando projetos de sua autoria no Legislativo esta-dual e municipal.

PT estreia veiculação dia 23

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

Pré-candidatos usam as inserções que seus partidos têm direito para alavancar seus nomes

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 A7Com a palavra

Queremos es-tar em 2016 entre as dez capitais no resultado do Ideb, além de atender às quatros prioridades exigidas pelos professores, com pessoal qualificado para atender a demanda das escolas”

Temos 503 escolas, sen-do que 173 funcionam em prédios alugados. Somente na área urbana temos 40% dos prédios alugados. Isso é sim um fator que prejudica a educação”

Filho da primeira se-nadora, Eunice Michi-les, a ocupar assento no Senado Federal, o

atual secretário municipal de Educação, Humberto Michi-les, nasceu com veia políti-ca. Eleito deputado estadual cinco vezes pelo Amazonas e uma vez deputado federal, exerceu também cargos ma-joritários, como prefeito de Maués entre os anos de 1993 e 1994 e secretário de Estado de Educação e Desporto entre 1997 e 2000.

Em 2000, esteve à frente da Secretaria de Estado Ex-traordinário de Coordenação Político-Administrativa. Entre 2001 e 2002 foi secretário municipal de Trabalho, Em-prego e Renda. De 2009 a 2010 foi assessor especial do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR).

No fim de 2012, foi convida-do pelo prefeito Arthur Neto (PSDB) para ser o secretário municipal de Governo, cargo que ocupou de janeiro a de-zembro de 2013. Em janeiro deste ano deixou a Semgov para assumir a Secretaria Municipal de Educação (Se-med) com a missão de elevar a qualidade da educação na rede municipal de ensino.

E logo ao assumir teve que enfrentar seu primeiro de-safio: a baixa aprovação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), onde o Amazonas aparece em 20º lugar no ranking de qualidade no ensino. “Isso é um quadro preocupante, mas que iremos resolver a médio e longo prazo. Minha meta para o próximo Ideb será ficarmos em segun-do lugar”, disse.

EM TEMPO – A situação do ensino em Manaus é preocupante?

Humberto Michiles – Diria que é uma coisa absurda, mas que nunca foi pintada com as cores verdadeiras. Somos hoje a vigésima capital no ranking nacional do Ideb. Per-demos para capitais que tem o Produto Interno Bruto (PIB) menor que o nosso. Também somos a penúltima na Região Norte no ensino de 1º ao 5º ano e a última da 6ª a 9ª série. Mas o pior é escondermos essa situação. Precisamos

chamar a sociedade para juntos enfrentarmos isso. O prefeito teve a coragem de encarar isso, chamou a imprensa e apresentou to-dos esses dados. A educação é que irá fazer a diferença na vida das pessoas.

EM TEMPO – Como esse resultado foi encarado?

HM – Essa é uma questão histórica, mas que felizmente tivemos um prefeito que quer enfrentar esse quadro. E eu recebi com uma imensa pre-ocupação e responsabilidade esses resultados, pois fui con-vocado pelo prefeito para ser o responsável pela mudança deste quadro de melhorias na gestão educacional, que terá como foco o processo de en-sino e aprendizado.

EM TEMPO – E como será esse processo de reversão?

HM – Esse será um trabalho em longo prazo, não existe bala de prata. Mas não tenho dúvidas de que trará resulta-dos daqui há uns 3 ou 4 anos, se tivermos continuidade nes-tas ações. Mas, à princípio, contratamos uma consultoria que está fazendo um levanta-mento das prioridades de cada unidade de ensino para que a partir daí possamos fazer um rastreamento dos problemas e buscar soluções.

EM TEMPO - Quais resul-tados já foram apresenta-dos nesta consultoria?

HM – Descobrimos que entre as principais dificuldades nas escolas, que foram apontadas pelos próprios servidores das unidades de ensino, estão a falta de preenchimento com-pleto do quadro educacional de profissionais. Percebemos que várias escolas iniciam as aulas muitas vezes sem professores. Também avalia-mos que a segunda maior demanda está na questão de estrutura física. Já a terceira prioridade é a da formação continuada dos professores. A outra demanda são os ex-cessos de programas que paralisam as aulas.

EM TEMPO - Falando em questões estruturais, quantas escolas da prefei-tura estão funcionando em prédios alugados?

HM – Temos 503 escolas,

sendo que atualmente 173 funcionam em prédios aluga-dos. Somente na área urbana temos 40% dos prédios alu-gados. Isso é sim um fator que prejudica a educação, pois muitos estão em situações complicadas, como falta de energia elétrica, problemas na água e entre outros.

EM TEMPO – E de quem é a responsabilidade para manutenção destes pré-dios alugados?

HM – Essa questão é uma história. Antigamente, a res-ponsabilidade de manuten-ção pertencia a Semed. Mas o secretário que assumiu a pasta anteriormente ao Pau-derney Avelino, passou essa responsabilidade ao inquilino, que não se viram na obri-gação de dar manutenção, e ficou em uma zona cin-zenta. No entanto, já discu-timos até com o Ministério Público que a Semed vai fazer essa manutenção.

EM TEMPO – Como a se-cretaria vai trabalhar para diminuir esse excesso de prédios alugados?

HM – Esses aluguéis in-clusive comprometem muito o capital de investimento da prefeitura. Mas, se for fa-lar em corrigir isso só com investimentos municipais vamos passar décadas para solucionar. Nossa proposta é fecharmos uma parceria de US$ 200 milhões com o Banco Interamericano de Desenvol-vimento (BID), que aprova o perfil no nosso projeto. Es-tamos com o projeto já pré-aprovado, e a expectativa é que esse valor esteja liberado até o final do ano. Também queremos fechar parcerias com o Instituto Ayrton Senna e o Banco Itaú.

EM TEMPO – E em que esse valor será aplicado?

HM – Esse empréstimo irá resolver o nosso maior entrave na questão de investimentos para educação, que são as desapropriações de áreas, mas também engloba as cons-truções de escolas, móveis e equipamentos e projetos pedagógicos.

EM TEMPO – A evasão es-colar ainda é um problema na educação de Manaus?

HM – É um grande proble-

ma, junto com o índice de repetência. Temos algo em torno de 20% dos alunos por ano que se encaixam nesses dois perfis.

EM TEMPO – E as cre-ches? A prefeitura tem um projeto ousado de ampliar o número de creches, como está isso?

HM – Nossa grande difi-culdade são terrenos para abrigar esses espaços. Temos até verba do governo federal para construir essas creches. O nosso grande problema está em manter essa estrutura. Por ano, gastamos o mesmo valor da construção da obra só em manutenção com alimentos, reformas, estruturas de aten-dimento. Mas, isso hoje é uma prioridade nossa. Recebemos da prefeitura anterior apenas uma creche e neste ano vamos inaugurar mais seis unidades e vamos iniciar a construção de mais 30, que deverão ficar prontas até o final de 2014.

EM TEMPO – Na semana passada, os professores municipais realizaram um ato pedindo aumento de salário. Como a Semed está trabalhado esta parte de recursos humanos?

HM – Tínhamos como pro-posta um plano financeiro muito bom, mas impagável. Com impacto de R$ 150 mi-lhões. Estamos agora finali-zando outro esboço de plano dando ênfase a valorização da carreira do magistério e estabelecendo mérito ao bom professor. Esse é o foco que estamos objetivando para o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCR).

EM TEMPO – E para o pró-ximo ano, o que a secretaria já vem planejando?

HM – Queremos estar em 2016 entre as dez capitais no resultado do Ideb, além de atender às quatro priori-dades exigidas pelos profes-sores, com pessoal qualificado e suficiente para atender a demanda das escolas, com uma boa estrutura, com cur-sos de captação constantes e cortar excessos de atividades extraclasse. Sonho ainda em ver o filho de uma lavadeira disputando uma vaga em uma universidade pública com a mesma capacidade que o filho de um médico renomado.

Humberto MICHILES

‘Vamos MUDAR A EDUCAÇÃO EM MANAUS’

Somos hoje a vigési-ma capital no ranking do Ideb. (...) Também somos a penúltima na Região Norte no ensi-no de 1º ao 5º ano e a última da 6ª a 9ª série. Mas o pior é escon-dermos essa situação. Precisamos chamar a sociedade para juntos enfrentarmos isso”

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

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[email protected], DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1045Economia B2

Aplicativos voltados para o cidadão

DIVULGAÇÃO

Potencial não aproveitadoManacapuru, a quinta cidade visitada pelo EM TEMPO, não se prepara para o turista que virá ao Estado durante a Copa

Conhecida por reali-zar o maior festival de cirandas do país, a “Princesa do So-

limões” como é chamada a cidade de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus) não se mostra interessada no turista que vem ao Estado prestigiar os jogos da Copa, em Manaus. Os problemas constatados pelo EM TEMPO vão da falta de mão de obra especializada à precariedade nos sistemas de telefonia móvel e internet.

Os proprietários dos dois únicos complexos turísticos autorizados pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para funcionamen-to, João D’Angelo, dono do Paraíso D’Angelo, e Froylan Athayde, do balneário Ciran-deira Bela, esperavam que o município iria estruturar o seu potencial turístico para esse momento, o que segundo eles não ocorreu.

D’Angelo conta que o pro-blema de conexão em Ma-nacapuru o fez recentemen-te levar o cartão de crédito de uma cliente para faturar em Manaus. “Perdemos até um contrato com grupo de 150 hondurenhos, que não fecharam pacote porque não conseguiram contato conosco”, pontuou.

Há 22 anos dedicando esfor-ços e investimentos no ramo de hospedagem, lazer e pas-seios na cidade, o empresário classifi ca como “desastrosa” a atuação das empresas de telefonia, principalmente nos municípios do interior. Ele salienta que não acredita em melhora no sistema até os jogos da Copa. “O turista estrangeiro e até mesmo o nacional estão acostumados com uma qualidade superior deste tipo de serviço. Estamos

muito longe de ter a capaci-dade de sediar um evento tão grande”, opinou.

Aposentado, Froylan Athay-de reclama da falta de busca de soluções do poder público para enfrentar as difi culdades da promoção do turismo no Amazonas. “Os únicos órgãos que aparecem aqui são os de fi scalização. Fora isso, nós não enxergamos mais nada para melhorias no município. Es-tamos com o projeto (Copa) há 9 anos e nunca tivemos a orientação e o apoio da Ama-zonastur”, ressalta.

InfraestruturaA estrutura física da cidade é

outro ponto que deve prejudi-car o turismo no local. Mesmo com a liberação de R$ 13,5 bilhões, anunciado em outubro de 2013 pelo governo federal, por meio do Ministério das Cidades, para a pavimentação e saneamento básico de 1.198 municípios brasileiros, onde a cidade de Manacapuru tam-bém teria sido contemplada, a realidade é outra.

O prazo para a liberação dos recursos via Caixa Eco-nômica Federal foi de 90 dias. Passados aproximadamente 180 dias da promulgação da decisão, o que se vê pela ci-dade são os buracos em vias públicas, esgoto a céu aberto e encanamentos clandestinos, do centro da cidade até a sua periferia. Lugares como a orla e o porto da cidade também estão em estado de completo abandono.

A reportagem tentou falar com o prefeito de Manacapu-ru, Jaziel Alencar, conhecido como “Tororó”, com o secre-tário de Articulação e Políti-cas Públicas, Afrânio Júnior, e com a secretária de Turismo, Flávia Silva, mas funcionários da prefeitura informaram que todos não se encontravam na cidade.

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

Entrada do município, um dos poucos lugares reformados

Pousada Paraíso D’Angelo pronta para a Copa do Mundo

Um dos primeiros luga-res pensados para o tu-rismo em Manacapuru, o complexo de lazer, Paraíso D’Angelo, é o que se pode chamar de reduto de paz. Cercado por igarapés e vegetação abundante, ele proporciona aos hóspedes a possibilidade de intera-ção com a natureza.

Com serviços que tam-bém incluem a gastrono-mia local, pesca esportiva, passeio de cavalos e visi-tas às comunidades ribei-rinhas, a pousada trabalha com preços que variam entre R$ 300 e R$ 360, por casal. São 25 leitos com cinco serviços inclu-sos nos pacotes. Uma das regras da casa, segundo D’Angelo, é “não aprovou a comida, não paga”. Re-servas podem ser feitas por meio do telefones (92) 3361-3056.

Para quem é fã de pás-saros e deseja viver uma experiência de observação desses e outros animais, a pousada e balneário Ciran-

deira Bela, é o lugar a ser escolhido. Visitada por pelo menos 40 espécies de aves catalogadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambien-te e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como, por exemplo, o sanhaçu do coqueiral e o saí-azul de perna amarela.

O bar construído há 9 anos, para receber ami-gos, conta com nove leitos. Cada lugar foi projetado para deixar os clientes próximos à cultura do Estado. Todas as áreas da propriedade contam com rampas de acesso a cadeirantes.

A diária para o casal custa de R$ 140 a R$ 200. Criança até 8 anos não paga. A partir dos 9 anos é cobrado de R$ 25 a R$ 30. O pacote inclui o café da manhã. Na pousada há quartos para até 10 pessoas. Para passar um dia no balneário, cobra-se R$ 5 por pessoa. Mais informações pelo telefone (92) 3213-9608.

O lado bom da ‘Princesa’

Ambiente paradisíaco do balneário e pousada Cirandeira Bela é o lugar para o visitante que quer contato com a fauna e fl ora

A área urbana da “Prin-cesinha do Solimões” está tomada pelo desca-so com ruas esburacadas, esgoto a céu aberto e encanamento clandestino

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Aplicativos utilitários para as pessoas em expansãoStartups do ecossistema amazonense conquistam parceiros em outros Estados do país e até mesmo junto a multinacionais

A produção de aplicati-vos utilitários no polo de inovação tecnoló-gica amazonense co-

meça a expandir além frontei-ras do Jaraqui Valley - como é conhecido ecossistema de Startups de Manaus -, com expectativas de faturamento na ordem de milhões. O apli-cativo Ouvidoria Mobile, por exemplo, criado para facilitar a relação entre uma entidade pública com o cidadão, entrou em fase de expansão para en-curtar o diálogo on-line entre empresas e clientes.

Desenvolvido pela startup Interactive Mobile, o aplica-tivo é um sistema de geo-localização que permite ao cliente fazer reclamações, dar sugestões e enviar fotos pelo smartphone ou tablet. Segundo sócia-responsável pela parte de negócios da empresa, Ananda Carvalho, a pessoa recebe um protoco-lo de acompanhamento e o ouvidor da empresa recebe automaticamente a solicita-ção. “Reduz tempo e dá maior efi ciência na solução de pro-blemas”, observa.

A ideia de desenvolver o aplicativo, segundo o diretor Ronaldo Fonseca, começou em março do ano de 2013, com o trabalho de registro de patente da ideia junto ao Insti-tuto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). O investimen-to inicial do Ouvidoria Mobile foi R$ 50 mil com gastos da patente de invenção e no desenvolvimento do primeiro protótipo funcional.

O projeto ganhou força, conforme Fonseca, a partir do interesse da Ouvidoria Municipal da Prefeitura de

Manaus e também do Pro-grama Estadual de Proteção do Consumidor (Procon), do governo do Estado. De acordo com ela, o projeto recebeu apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Su-frama) com aporte de recurso na ordem de R$ 2 milhões, fi nanciado pela multinacional coreana Samsung.

Em fevereiro desse ano, a empresa Interactive Mobile, participou da Campus Party 2014, realizada em São Paulo. Durante o maior evento de inovação tecnológica, Inter-net e entretenimento eletrô-nico em rede do mundo, a startup amazonense fez de-monstrações do projeto para a Ouvidoria Geral do Distrito

Federal (DF) e multinacionais como a Samsung e a Fiat do Brasil. “Todas (empresas) es-tão interessadas na utilização do projeto, e no momento es-tamos em fase negociação”, afi rma Fonseca.

De acordo com ele, a empre-sa que tem apenas um ano de fundação e é 100% amazonen-se trabalha no campo de pes-quisa e inovação no Instituto Federal do Amazonas (IFAM) desenvolvendo outras ideias, contudo, no momento estão em processo de patente.

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

NÚMEROS

12de reais é o que a Inte-ractive Mobile espera arrecadar com a venda do aplicativo, em um ano

MILHÕES

Outros aplicativos como Trânsito Cidade e Dona Know, por exemplo, também nasce-ram no ecossistema Jaraqui Valley, com possibilidades de expansão em escala global. De acordo com o gerente de projetos do Dona Know, Daniel Goeteneur, o primei-ro, que é uma evolução do

aplicativo Trânsito Manaus, avança para outras capitais da Região Norte, como a cidade de Rio Branco (AC).

O Dona Know, fundada por Raquel Valle, em 2011, é um aplicativo que divulga eventos da cidade, principalmente os do cenário gratuito. Segun-do Goeteneur, o site (www.

donaknow.com.br), que tem aplicativo para smartphones e tablets do sistema Androide e iOS, mostra na sua agenda em média 100 eventos de Ma-naus por semana entre cursos, exposições, peças de teatro e manifestações populares.

O aplicativo conta com uma base de dados de mais de 20

mil e-mails e os acessos che-gam a cinco mil semanais. No processo de expansão, o Dona Know desenvolve um termô-metro qualitativo sobre os eventos. “Usaremos recursos tecnológicos para contabilizar a movimentação e mostrar a tendência de onde está me-lhor”, explica Goeteneur.

Tecnologia para facilitar acessos na cidade

Durante o evento Startup Weekend, foram apresentados os projetos de aplicativos das empresas do polo de inovação tecnológica

Vitrine [email protected]

Transferência de boas práticas de inovação

O Projeto do Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação no Amazonas (Nagi-AM) será lançado no próximo dia 8, às 10h, no Auditório do Senai-AM, no Distrito Industrial. A meta é capacitar 60 empresas para alavancar os ne-gócios por meio da transferência de metodologia e boas práticas da inovação.

Desenvolvida pela Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi) a iniciativa tem parceria do Senai-AM, da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam-AM) e Sebrae-AM.

ClicksEm uma parceria públi-

co-privada, a Intel vai insta-lar um Centro de Inovação no Rio de Janeiro com foco no desenvolvimento de so-luções inovadoras nas áre-as de pesquisa de óleo e gás e cidades inteligentes.

Pesquisa encomen-dada pela Super, empresa de meios de pagamentos eletrônicos, apontou que 45% das pessoas gosta-riam de pagar contas por celular ou SMS por meio do serviço pré-pago.

TwitterEstudo mostra que 99%

dos usuários brasileiros do Twitter acompanharão a Copa do Mundo também por esta rede social. O Brasil está entre os cinco principais mercados para o Twitter.

CoberturaQuem quer saber a lo-

calização das antenas que emitem sinais de celular nas cidades brasileiras agora tem como opção baixar o aplicativo Cobertura. A fer-ramenta, no entanto, está disponível no momento ape-nas para o sistema iOS.

REPR

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UÇÃ

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Senior fatura R$ 38,7 milhõesUma das maiores desenvolvedoras de sost ware para

gestão no Brasil, a empresa catarinense Senior fechou o primeiro trimestre de 2014 com faturamento de R$ 38,7 milhões. O crescimento representa 32% em relação ao mesmo período do ano passado.

B02 - ECONOMIA.indd 2 2/5/2014 22:49:34

B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Setor da pesca movimenta R$ 3 bilhões no AmazonasSepror aponta que valor pode triplicar no Estado com investimentos voltados ao modelo extrativista, de manejo e esportivo

Com a maior reserva de água doce do mundo, estudos apontam que o Amazonas possui apro-

ximadamente 3 mil espécies de peixes nos seus rios. Nesse rumo, o secretário Executivo da Pesca da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Ge-raldo Bernardino, afirma que o setor pesqueiro do Estado mo-vimenta uma cadeia na ordem de R$ 3 bilhões ao ano, e que pode ampliar com a ampliação de investimentos.

Segundo ele, apesar da quan-tidade de espécies, os pescado-res extrativistas e de manejo ex-ploram no máximo 100 delas, e a apenas 20 espécies respondem por 85% do pescado consumido no Estado. “Se considerarmos a pesca de autoconsumo, esta-mos retirando entre 180 a 200 mil toneladas ano”, destaca.

Somente a atividade da pesca extrativista representa, conforme o secretário, 4,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, e emprega cerca de 180 mil pessoas que podem ser chamadas de pescadores, tendo em vista que fazem da pesca seu principal meio de vida, embora, apenas 122 mil estejam registrados no Ministério da Pesca. “A pes-ca extrativa no nosso Estado

alimenta diariamente 600 mil pessoas”, comenta.

Os municípios de Tefé, Ma-nacapuru, Iranduba, Itacoatiara e Santo Antônio do Içá, segun-do Bernardino, representam o maior potencial da pesca ex-trativista do Amazonas. As es-pécies pescadas para a comer-cialização e o consumo familiar são: jaraqui, pacu, sardinha, curi-

matã, pacu, e matrinxã. Bernardino afirma que, atu-

almente a pesca amadora ou esportiva é um segmento de enorme potencial no Amazonas. “O Estado é seguramente o detentor das melhores áreas para a pesca amadora. Algumas delas já em exploração e outras ainda inexploradas, assim como de enormes quantidades de es-pécies desejáveis para essa mo-

dalidade de pesca”, comenta.Dados da Sepror apontam que

a pesca amadora promove um fluxo de aproximadamente 12 mil turistas/pescadores, sendo desse total 60% nacionais e 40% estrangeiros. Movimento que gera em toda a cadeia arrecadação na ordem de R$ 60 milhões, por ano.

Segundo Bernardino, esse va-lor pode ser duplicado ou até triplicado. “É necessário, contu-do, promover uma melhor distri-buição desse recurso, tendo em vista que a renda deixada para as comunidades ainda é muito pequena. Esse público deve ser privilegiado pelo bolo gerado pela atividade”, ressalta.

Para ele, a modalidade de pesca amadora é interessante, pois promove renda sem gerar desequilíbrios nos estoques das espécies pescadas. “Necessita, no entanto, da criação de mar-cos legais que as regulamentem e transformem os municípios e as comunidades em prota-gonistas na gestão da pesca amadora”, avalia o secretário.

Nesse segmento, Bernardino informa que no Amazonas a es-pécie mais comum é o Tucunaré, presente em grande quantidade nos municípios de Barcelos, Ca-reiro, Novo Airão, Nova Olinda, Santa Isabel e Parintins.

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Pescador explora apenas 100 espécies de peixe dos mais de 3 mil existentes nos rios amazonenses

MANEJOO Estado é pioneiro no manejo comunitário, como o realizado nos municípios de Maraã e Fonte Boa com o pira-rucu. Atua ainda em 14 municípios e 19 áreas, nas quais em 2013 pro-duziu 1,4 mil toneladas

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 B5

Pirataria ‘aniquila’ empregos no AMAlém de causar prejuízos milionários aos cofres públicos, o consumo de produtos piratas contribui para ceifar mais de 2 milhões de empregos em todo o território nacional, incluindo no Amazonas, onde o polo de CDs e DVDs é afetado

Como na máxi-ma de que “o barato sai caro”, o con-

sumo de produtos piratas - estimulado pelos preços baixos -, tem um custo alto para a economia brasileira. Nos úl-timos anos, a pirataria ceifou mais de 2 milhões de empregos formais em todo o país e causou um rombo de R$ 40 bilhões com os tributos que deixaram de ser arrecadados com esta atividade criminosa, conforme dados do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, do Ministério da Justiça.

O Amazonas não fi cou imune à ação dos criminosos que mo-vimentam a indústria da falsi-fi cação de produtos. Um dos segmentos mais afetados foi o polo que fabrica CDs e DVDs, que viu sua produção e oferta de empregos defi nharem por causa também da pirataria, além de fa-tores como os avanços tecnoló-gicos nesta área. “A produção de CDs e DVDs está decrescente na Zona Franca de Manaus (ZFM) desde 2009”, afi rma o titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Thomaz Nogueira.

Com uma produção que che-gou a 70 milhões de unidades por mês em 2009, hoje, as fábricas (Novodisc Mídia Digital da Ama-zônia, Videolar, Sony, Sonopress e AMZ Mídia) que compõem o polo de mídias digitais produzem um pouco mais de 5 milhões de unidades mensais, segundo a

Suframa. A queda na produção refl etiu na criação de postos de

trabalhos com o corte su-perior a 5 mil empregos

devido à falsifi cação.

PerdasAs indústrias de

CDs do país, junto com as de roupa, brin-

quedos e cigarros acumu-laram perdas de R$ 6 bilhões por ano por causa do mercado informal. Por conta desta reali-dade, o Brasil está presente no ranking dos dez mercados mais

afetados pela pirataria física de CDs e os números comprovam esta realidade.

Em 1997, a venda de CDs pi-rateados no Brasil representava apenas 5% do mercado formal. Em 2002, este índice subiu para 53% e hoje a ilegalidade re-presenta 60% do mercado. A estimativa é que há um CD pirata para cada original vendido. A Associação Brasileira de Comba-te à Falsifi cação (ABCF) estima que 70% dos produtos piratas comercializados no Brasil são fabricados na Ásia.

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

Embora a pirataria tenha se espalhado para todos os “cantos” de Manaus, o Cen-tro da capital amazonense continua a ser o principal ponto de vendas destes produtos ilegais.

A preferência permanece pelas músicas de cantores famosos, mas também há produtos piratas de fi lmes, desenhos e até mesmo de produções religiosas.

Como se não bastasse o crime da pirataria, os ambulantes que vendem esses itens ainda cometem um outro tipo de prática condenada na economia: o cartel. Isto porque eles vendem os itens pirateados pelo mesmo preço pratica-mente: R$ 2.

Com ponto na rua Mar-quês de Santa Cruz, no Centro, um ambulante de pequeno porte que preferiu não se identifi car afi rma que paga R$ 0,70 pelo preço de atacado.

A mercadoria, conforme apurou o EM TEMPO, é ob-tida junto a um “atacadista” com base no prédio do an-tigo Hotel Amazonas. “De-pendendo do movimento, consigo vender em média 60 CDs e DVDs por dia. Há mês que ganho R$ 3 mil”,

revela o ambulante.

PeriferiaQuem comprar CD e DVD

pirata no atacado na peri-feria de Manaus vai desem-bolsar R$ 0,80 por unidade, ou seja, R$ 0,10 a mais do que no Centro.

A proliferação desta prática é tão grande nos bairros de Manaus, que em alguns deles, como na rua

Independência, no Lírio do Vale, Zona Oeste, há ruas com várias lojas especia-lizadas na venda de CDs e DVDs piratas. Segundo um dos vendedores, que se identifi cou como Renato, além da venda, a “empresa” também “fabrica” no ataca-do com entrega em até 24 horas após o pedido.

O Centro da falsifi cação ‘baré’

VIZINHANÇAOutro local famoso de venda de CDs e DVDs piratas é o bairro da Compensa, na Zona Oeste, área da cidade onde fi ca a sede do governo do Estado e também da Prefeitura de Manaus

Rua Marcílio Dias, no Centro, é uma das principais vias da cidade em que comércio de produtos piratas é realizado normalmente

A aprovação em 2013 da Proposta de Emenda Cons-titucional (PEC) 123/2011, a chamada “PEC da Mú-sica”, que tirou a exclu-sividade da concessão de incentivos fi scais para a produção de CDs e DVDs na Zona Franca de Manaus (ZFM), é considerada por parlamentares da bancada do Amazonas como uma medida que incentivará a pirataria no país.

Para a senadora Vanessa Grazziotin, a “PEC da Mú-sica” favorece a pirataria, pois o valor do CD pron-to com música não será reduzido. Segundo ela, os CDs piratas fi carão mais em conta do que o original vendido sem imposto.

Por sua vez, os defen-sores da proposta alegam

que a aprovação defi nitiva reduzirá em até 25% os preços dos CDs e DVDs, o que afetará a pirataria.

Inefi cáciaPara o superintendente

Thomaz Nogueira, a apro-vação da “PEC da Música” é inefi caz. “É preciso comba-ter o criminoso”, frisou.

Apesar da aprovação da “PEC da Música”, não houve ainda uma debandada de empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) como pre-visto por alguns analistas.

O EM TEMPO tentou, mas não obteve sucesso em falar com o presidente do Sindicato das Indústrias de Meios Magnéticos e Fo-nográfi cos do Estado do Amazonas (Sindmaf-AM), Amauri Blanco.

PEC estimula venda ‘pirata’

Somente no ano passado, a fi scalização da Receita Fede-ral apreendeu o equivalente a R$ 16,1 milhões em mídias digitais, sendo R$ 13,3 mi-lhões de CDs e DVDs grava-dos e aproximadamente R$ 2,8 milhões de itens “virgens” (não gravados). O volume retirado de circulação repre-senta 0,96% do montante de R$ 1,68 bilhão que a Receita apreendeu em 2013 em todo o país. Em 2012, esse índice era de 0,90%.

O órgão federal não reve-lou dados específi cos sobre a pirataria para o Amazonas. Porém, destacou que a fi s-calização tem sido rigorosa nos pontos de entrada de Manaus como portos e aero-portos. “Os produtos piratas prejudicam a arrecadação de tributos, desrespeitam os di-

reitos autorais, promovem a economia informal e, desta forma, a concorrência desle-al. Estabelecer o tamanho do prejuízo que a pirataria de CD causa é complicado”, avalia o inspetor-chefe da Alfândega do Porto de Manaus, Osmar Félix de Carvalho.

Segundo ele, a Alfândega tem atuado de duas formas no combate à pirataria na capital amazonense: repres-siva e educativa.

Apesar da fi scalização, a venda de produtos piratas é visível em todas as zonas da capital amazonense. Até no centro da cidade, onde a venda deste tipo de produto é coibida com mais rigor, é possível encontrar CDs e DVDs piratas em ruas próxi-mas da Praça da Polícia e do Mercado Adolpho Lisboa.

Crescem apreensões no Estado

Perto da Feira Modelo da Compensa foi montado um “muro da pirataria” onde são vendidos itens piratas para todas as idades

Fiscal da Receita Federal participa de blitz em lojas de Manaus

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

DIVULGAÇÃO/RECEITA FEDERAL

NÚMERO

118,8são perdidos com direitos autorais no país, diz As-sociação Anti-Pirataria de Cinema e Música no Brasil

milhões de dólares

Não satisfeitos em vender nas ruas, falsifi cadores comercializam os produtos piratas em lojas situadas na periferia de Manaus

omo na máxi-

tem um custo alto para

trabalhos com o corte su-perior a 5 mil empregos

quedos e cigarros acumu-

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 B5

Pirataria ‘aniquila’ empregos no AMAlém de causar prejuízos milionários aos cofres públicos, o consumo de produtos piratas contribui para ceifar mais de 2 milhões de empregos em todo o território nacional, incluindo no Amazonas, onde o polo de CDs e DVDs é afetado

Como na máxi-ma de que “o barato sai caro”, o con-

sumo de produtos piratas - estimulado pelos preços baixos -, tem um custo alto para a economia brasileira. Nos úl-timos anos, a pirataria ceifou mais de 2 milhões de empregos formais em todo o país e causou um rombo de R$ 40 bilhões com os tributos que deixaram de ser arrecadados com esta atividade criminosa, conforme dados do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, do Ministério da Justiça.

O Amazonas não fi cou imune à ação dos criminosos que mo-vimentam a indústria da falsi-fi cação de produtos. Um dos segmentos mais afetados foi o polo que fabrica CDs e DVDs, que viu sua produção e oferta de empregos defi nharem por causa também da pirataria, além de fa-tores como os avanços tecnoló-gicos nesta área. “A produção de CDs e DVDs está decrescente na Zona Franca de Manaus (ZFM) desde 2009”, afi rma o titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Thomaz Nogueira.

Com uma produção que che-gou a 70 milhões de unidades por mês em 2009, hoje, as fábricas (Novodisc Mídia Digital da Ama-zônia, Videolar, Sony, Sonopress e AMZ Mídia) que compõem o polo de mídias digitais produzem um pouco mais de 5 milhões de unidades mensais, segundo a

Suframa. A queda na produção refl etiu na criação de postos de

trabalhos com o corte su-perior a 5 mil empregos

devido à falsifi cação.

PerdasAs indústrias de

CDs do país, junto com as de roupa, brin-

quedos e cigarros acumu-laram perdas de R$ 6 bilhões por ano por causa do mercado informal. Por conta desta reali-dade, o Brasil está presente no ranking dos dez mercados mais

afetados pela pirataria física de CDs e os números comprovam esta realidade.

Em 1997, a venda de CDs pi-rateados no Brasil representava apenas 5% do mercado formal. Em 2002, este índice subiu para 53% e hoje a ilegalidade re-presenta 60% do mercado. A estimativa é que há um CD pirata para cada original vendido. A Associação Brasileira de Comba-te à Falsifi cação (ABCF) estima que 70% dos produtos piratas comercializados no Brasil são fabricados na Ásia.

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

Embora a pirataria tenha se espalhado para todos os “cantos” de Manaus, o Cen-tro da capital amazonense continua a ser o principal ponto de vendas destes produtos ilegais.

A preferência permanece pelas músicas de cantores famosos, mas também há produtos piratas de fi lmes, desenhos e até mesmo de produções religiosas.

Como se não bastasse o crime da pirataria, os ambulantes que vendem esses itens ainda cometem um outro tipo de prática condenada na economia: o cartel. Isto porque eles vendem os itens pirateados pelo mesmo preço pratica-mente: R$ 2.

Com ponto na rua Mar-quês de Santa Cruz, no Centro, um ambulante de pequeno porte que preferiu não se identifi car afi rma que paga R$ 0,70 pelo preço de atacado.

A mercadoria, conforme apurou o EM TEMPO, é ob-tida junto a um “atacadista” com base no prédio do an-tigo Hotel Amazonas. “De-pendendo do movimento, consigo vender em média 60 CDs e DVDs por dia. Há mês que ganho R$ 3 mil”,

revela o ambulante.

PeriferiaQuem comprar CD e DVD

pirata no atacado na peri-feria de Manaus vai desem-bolsar R$ 0,80 por unidade, ou seja, R$ 0,10 a mais do que no Centro.

A proliferação desta prática é tão grande nos bairros de Manaus, que em alguns deles, como na rua

Independência, no Lírio do Vale, Zona Oeste, há ruas com várias lojas especia-lizadas na venda de CDs e DVDs piratas. Segundo um dos vendedores, que se identifi cou como Renato, além da venda, a “empresa” também “fabrica” no ataca-do com entrega em até 24 horas após o pedido.

O Centro da falsifi cação ‘baré’

VIZINHANÇAOutro local famoso de venda de CDs e DVDs piratas é o bairro da Compensa, na Zona Oeste, área da cidade onde fi ca a sede do governo do Estado e também da Prefeitura de Manaus

Rua Marcílio Dias, no Centro, é uma das principais vias da cidade em que comércio de produtos piratas é realizado normalmente

A aprovação em 2013 da Proposta de Emenda Cons-titucional (PEC) 123/2011, a chamada “PEC da Mú-sica”, que tirou a exclu-sividade da concessão de incentivos fi scais para a produção de CDs e DVDs na Zona Franca de Manaus (ZFM), é considerada por parlamentares da bancada do Amazonas como uma medida que incentivará a pirataria no país.

Para a senadora Vanessa Grazziotin, a “PEC da Mú-sica” favorece a pirataria, pois o valor do CD pron-to com música não será reduzido. Segundo ela, os CDs piratas fi carão mais em conta do que o original vendido sem imposto.

Por sua vez, os defen-sores da proposta alegam

que a aprovação defi nitiva reduzirá em até 25% os preços dos CDs e DVDs, o que afetará a pirataria.

Inefi cáciaPara o superintendente

Thomaz Nogueira, a apro-vação da “PEC da Música” é inefi caz. “É preciso comba-ter o criminoso”, frisou.

Apesar da aprovação da “PEC da Música”, não houve ainda uma debandada de empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) como pre-visto por alguns analistas.

O EM TEMPO tentou, mas não obteve sucesso em falar com o presidente do Sindicato das Indústrias de Meios Magnéticos e Fo-nográfi cos do Estado do Amazonas (Sindmaf-AM), Amauri Blanco.

PEC estimula venda ‘pirata’

Somente no ano passado, a fi scalização da Receita Fede-ral apreendeu o equivalente a R$ 16,1 milhões em mídias digitais, sendo R$ 13,3 mi-lhões de CDs e DVDs grava-dos e aproximadamente R$ 2,8 milhões de itens “virgens” (não gravados). O volume retirado de circulação repre-senta 0,96% do montante de R$ 1,68 bilhão que a Receita apreendeu em 2013 em todo o país. Em 2012, esse índice era de 0,90%.

O órgão federal não reve-lou dados específi cos sobre a pirataria para o Amazonas. Porém, destacou que a fi s-calização tem sido rigorosa nos pontos de entrada de Manaus como portos e aero-portos. “Os produtos piratas prejudicam a arrecadação de tributos, desrespeitam os di-

reitos autorais, promovem a economia informal e, desta forma, a concorrência desle-al. Estabelecer o tamanho do prejuízo que a pirataria de CD causa é complicado”, avalia o inspetor-chefe da Alfândega do Porto de Manaus, Osmar Félix de Carvalho.

Segundo ele, a Alfândega tem atuado de duas formas no combate à pirataria na capital amazonense: repres-siva e educativa.

Apesar da fi scalização, a venda de produtos piratas é visível em todas as zonas da capital amazonense. Até no centro da cidade, onde a venda deste tipo de produto é coibida com mais rigor, é possível encontrar CDs e DVDs piratas em ruas próxi-mas da Praça da Polícia e do Mercado Adolpho Lisboa.

Crescem apreensões no Estado

Perto da Feira Modelo da Compensa foi montado um “muro da pirataria” onde são vendidos itens piratas para todas as idades

Fiscal da Receita Federal participa de blitz em lojas de Manaus

FOTOS: ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

DIVULGAÇÃO/RECEITA FEDERAL

NÚMERO

118,8são perdidos com direitos autorais no país, diz As-sociação Anti-Pirataria de Cinema e Música no Brasil

milhões de dólares

Não satisfeitos em vender nas ruas, falsifi cadores comercializam os produtos piratas em lojas situadas na periferia de Manaus

omo na máxi-

tem um custo alto para

trabalhos com o corte su-perior a 5 mil empregos

quedos e cigarros acumu-

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

O Ministério da Agricultura informou na última sexta-fei-ra (2) ter recebido do labo-ratório de referência da Or-ganização Mundial de Saúde Animal (OIE) a confirmação de um caso de encefalo-patia espongiforme bovina, conhecida como doença da vaca louca, registrado em Mato Grosso. Ainda falta sa-

ber se o caso apresentado é um caso atípico ou um caso clássico. O laboratório, que funciona na Inglaterra, deve encaminhar o diagnóstico no final da próxima semana.

Exames realizados no Laboratório Nacional Agro-pecuário de Pernambuco concluíram que é um caso atípico, quando a doença

surge de forma esporádica e espontânea e não está relacionada à ingestão de alimentos contaminados.

Para confirmar que o caso é atípico, foram identificados 49 animais nascidos um ano antes e um ano depois do registro da vaca louca. Mas as amostras de todos deram negativo para a doença.

Empresas estariam usando antibióticos, no Rio Grande do Sul, de acordo com exames laboratoriais do Ministério da Agricultura, realizados em 2013

Vinhos gaúchos estariam sofrendo adulteração

Treze vinícolas são in-vestigadas pelo Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-

mento por adulterar vinhos com antibióticos no Rio Gran-de do Sul.

O fungicida natamicina era usado como conservan-te, o que é ilegal. Segundo José Fernando Werland, chefe do Serviço de Inspe-ção de Alimentos de Ori-gem Vegetal do ministério no Estado, a substância é autorizada para uso em ca-pas de queijos e salames. A adulteração foi detectada por testes realizados por la-boratórios do Ministério da Agricultura em 2013.

De 54 empresas testadas, foram detectadas alterações em vinhos da Gilioli, Casa Motter, Indústria e Comércio de Bebidas Del Colono, São Luiz, Vinhos Bampi, VT Vinhos, Cooperativa Vitivinicola, Viní-cola Victor Emanuel, Santini, Capelleti, Adega Silvestri. I.A Sandi e Indústria de Comércio de Bebidas CMS. No total, exis-tem 680 indústrias de vinho no Rio Grande do Sul.

A presença do antibióti-co foi constatada em lotes de vinhos de mesa suaves. Procurada, a Associação Gaúcha de Vinicultores (Aga-vi) informou que condena a ação das empresas.

Treze vinícolas estão no alvo do Ministério da Agricultura, suspeitas de adulteração

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Caso de vaca louca investigado

Atletas dos Jogos dos Povos Indígenas serão contemplados

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Ingressos serão doados a escolas públicas e índios

Cinquenta mil ingressos de partidas da Copa do Mundo foram distribuí-dos ontem a estudantes de escolas públicas e ín-dios. Os convites para os jogos foram doados pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que o governo federal os re-passasse a programas sociais brasileiros.

Por meio da Loteria Fede-ral, 48 mil ingressos serão sorteados entre alunos de escolas participantes do Programa Mais Educação.

De acordo como regu-lamento do sorteio, estão aptas a participar do sor-teio instituições de ensino localizadas nas 12 cidades-sede do Mundial e que te-

nham tido o mínimo de 200 matrículas em 2013.

Ao todo, 901 esco-las serão contempladas, cujos alunos sorteados serão acompanhados por um responsável. Estarão disponíveis, no sorteio, ingressos para todas as partidas da Copa.

Duas mil entradas para jogos da competição serão distribuídas a integrantes de comunidades indígenas, por meio do Comitê Intertri-bal e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Segundo o Ministério do Esporte, o comitê in-formou que os ingressos serão doados aos atletas participantes dos Jogos dos Povos Indígenas.

COPA DO MUNDO

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B7MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 País

Maracanã terá acesso restrito durante a CopaPrefeitura do Rio de Janeiro proibiu veículos fretados e venda de bebidas no entorno do estádio, durante as partidas

A prefeitura do Rio não vai autorizar o aces-so de veículos freta-dos, como ônibus e

vans ao Maracanã, durante a Copa do Mundo. No entorno do estádio, a Guarda Municipal fará bloqueios, onde somen-te ônibus e vans credenciadas vão poder entrar.

O diretor de operações da Companhia de Engenharia e Tráfego do Rio (CET-Rio), Jo-aquim Diniz, disse que não será permitido que as agên-cias de turismo vendam algum tipo de pacote prometendo acesso ao Maracanã.

“As pessoas vão ser blo-queadas e a Guarda Munici-pal vai ser muito dura nisso. Chegar ao Maracanã será possível por meio do metrô e do trem. Quem tentar utilizar algum instrumento alternati-vo, como ônibus fretado, vai ser barrado e os passageiros não vão conseguir chegar próximo. Será uma situação constrangedora”, disse.

O diretor explicou que os veículos que chegarem à ci-dade serão direcionados ao bolsão, que será criado na Ilha do Fundão, na Zona Norte, e de lá quem vier de fora do Rio poderá circular livremente na cidade fazendo a conexão pelo

BRT Transcarioca e depois no sistema de metrô.

Segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes, há informação de que agências de viagem es-tão vendendo pacotes dizendo que a pessoa vai chegar ao aeroporto e seguirá de ônibus até a porta do Maracanã. “Isso não vai acontecer. No serviço de acesso a este polígono

[de bloqueios], os ônibus não ultrapassarão a área de blo-queio”, garantiu.

O prefeito fez um apelo para que em dias de jogos da Copa, as pessoas que cos-tumam usar o trajeto próxi-mo ao estádio evitem fazê-lo porque a área estará em uma circunstância especial, com relação à mobilidade.

Na avaliação de Diniz, a

decretação dos feriados em dias de jogos busca também reduzir a quantidade de pes-soas em circulação nas ruas, diminuindo o potencial con-gestionamento no entorno do Maracanã. “Queremos evitar o conflito de pessoas e veículos. Nós não queremos ter uma travessia forte de pessoas em direção ao Maracanã em vias que estão sendo utilizadas por automóveis”, explicou.

Os moradores do entorno que precisarem utilizar os seus carros terão credencial para acessar às ruas, que estão dentro da área de bloqueio. O diretor disse que será re-petido o esquema adotado na Copa das Confederações, quando 2 mil moradores receberam as credenciais.

“Houve uma compreensão muito grande dos moradores só circulando realmente nesta área quando realmente neces-sário. Nós não percebemos em todos os jogos da Copa das Confederações uma movi-mentação grande de veículos, de moradores, nos horários de pico de chegada ou saída do público. Foi um trabalho casa a casa da subprefeitura da Tijuca, que vai ser feito mais uma vez. Todos serão informados”, disse.

REPRODUÇÃ

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Se o Brasil for à final da Copa do Mundo, o Maracanã irá sediar a última partida do campeonato

IDENTIFICAÇÃOOs moradores do entor-no que precisarem utili-zar os seus carros terão credencial para acessar às ruas, que estão den-tro da área de bloqueio, como ocorreu na Copa das Confederações, com 2 mil credenciais

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Ucrânia é acusada de violar acordo de GenebraAfirmação é do governo russo, a respeito da ofensiva ucraniana no Leste do país promovida na última sexta-feira

O governo da Rússia declarou que a ofen-siva do governo da Ucrânia no Leste do

país contra os rebeldes pró-russos destrói o acordo de Genebra. Segundo o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, um enviado russo vai ajudar a negociar a libertação dos observadores da Organização para a Segu-rança e Cooperação na Europa (Osce) detidos por separa-tistas em Slaviansk há uma semana, enquanto tentavam fiscalizar o cumprimento do

tratado de Genebra.“Enquanto a Rússia está

fazendo esforços para acal-mar e resolver o conflito, o regime de Kiev (capital da Ucrânia) mobilizou forças aé-reas contra localidades civis, num ataque de represália, terminando como a última esperança para a viabiliza-ção do acordo de Genebra”, disse o porta-voz.

O porta-voz disse que a Rússia está “extremamente preocupada” por seu enviado e por jornalistas da Rússia e de outros países que tra-

balham na zona de conflito. “Pedimos que sejam toma-das medidas para garantir a segurança.”

A Rússia apelou à Osce para suspender a ofensiva militar ucraniana na cidade de Sla-viansk, local onde se estão reúnidos os separatistas pró-russos no Leste da Ucrânia.

“Contatamos a liderança da Osce acerca da ofensiva das Forças Armadas (da Ucrânia) e pedimos que tomem me-didas para acabar com esse ataque de represália”, disse o enviado russo à organização,

Andrei Kelin.As Forças Armadas ucra-

nianas realizaram na última sexta-feira (2), uma operação militar em Slaviansk, no Sudo-este do país, para retomar o controle da cidade.

Os milicianos pró-russos abateram dois helicópteros, em que um dos pilotos mor-reu e o outro foi captura-do, de acordo com o presi-dente da Câmara da cidade, Viacheslay Ponomariov.

De acordo com o líder das chamadas Forças de Autode-fesa, Igor Strelkov, a cidade foi

bloqueada pelas tropas ucra-nianas e que 20 helicópteros foram usados na ofensiva.

Pelo menos 31 pessoas morreram em um incêndio em um edifício no centro da cidade portuária de Odessa, no sul da Ucrânia, informou a polícia. O incêndio começou durante um confronto entre manifestantes pró-Rússia e apoiadores do governo cen-tral de Kiev.

Em comunicado, a polícia disse que algumas das vítimas foram asfixiadas pela fumaça e outras morreram quando

pularam das janelas do prédio para fugir do incêndio. A polí-cia havia informado anterior-mente a morte de 38 pessoas, mas revisou o número.

Os confrontos entre os dois grupos em toda a ci-dade, na a pior onda de violência em Odessa desde que o presidente aliado de Putin Viktor Yanukovich foi deposto em fevereiro.

Os novos líderes da Ucrânia, alinhados com os ocidentais, acusaram Moscou de apoiar grupos pró-russos para tentar desestabilizar o país.

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Milicianos pró-Rússia abateram helicópteros ucranianos, em investida da última sexta-feira, durante a operação militar ucraniana, para retomar o controle da cidade de Slaviansk

Físicos da Universidade de Amsterdã recriaram a técnica utilizada para construir as pirâmides

Físico recria técnica de construçãoA água pode ser a chave

para explicar como os egíp-cios transportaram enormes blocos de pedra ao longo do deserto para construir pirâ-mides, sugere um experimento que simulou a técnica usada por volta de 2500 a.C.

A utilização de trenós no transporte de cargas já é uma tese aceita entre arqueólogos, mas físicos da Universidade de Amsterdã dizem que é provável que os egípcios molhassem a areia por onde eram puxados os blocos de pedra.

O raciocínio do estudo lide-rado pelo físico Daniel Bonn, publicado na revista científica “Physical Review Letters” é sur-preendentemente simples: as gotículas de água penetram na areia e formam ligações entre os grãos, que ficam grudados e compactos, formando uma superfície mais uniforme como em um castelo de areia.

Assim, o solo não se acu-mula na frente do trenó, que desliza mais facilmente. Para comprovar a teoria, os físicos construíram uma versão de laboratório do trenó, coloca-ram um peso sobre ela e a

deslizaram ao longo de uma caixa de areia.

Quando o solo estava seco ou úmido demais, o trenó en-contrava grande resistência e “mergulhava” na areia.

Os experimentos demons-traram, porém, que na propor-ção adequada, a água pode fazer a areia ficar até duas

vezes mais rígida, dando mais suporte ao peso sendo arras-tado sobre ela.

Consequentemente, a força necessária para arrastar o tre-nó por sobre sua superfície cai pela metade.

Há indícios históricos que sustentam a teoria. Uma pintu-

ra encontrada nas paredes da tumba do nomarca Djehutiho-tep, localizada na vila de Deir el-Bersha, na margem esquerda do rio Nilo, mostra uma pessoa derramando um vaso de água por sobre a areia.

Logo atrás, mais de 170 ho-mens arrastam um trenó com uma estátua em homenagem ao líder político.

Alguns paralelepípedos empregados na construção das pirâmides do Egito che-gam a ultrapassar a marca das quatro toneladas.

Além de representarem um passo à frente na solução do mistério das pirâmides, os re-sultados da pesquisa podem ter aplicações práticas.

Uso modernoNão há um entendimento

completo sobre o comporta-mento de materiais granulares como a areia e o concreto.

Os pesquisadores acreditam que os resultados do estudo po-dem contribuir para a eficiência do processamento desses ma-teriais, que hoje corresponde a cerca de 10% do consumo de energia mundial.

PIRÂMIDES

EXPERIMENTOLiderados pelo físico Daniel Bonn, pesqui-sadores holandeses utilizaram gotículas de água, que pe-netrando na areia formavam uma super-fície uniforme seme-lhante a um bloco

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1041

Vem mais chuva por aí, afi rma Inmet

Dia a dia C3

Restaurantes recebem avaliação

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WILISON DIAS/ABR

Atendimento personal i-zado e ga-rantia, com

direito até a troca, caso o produto apre-sente qualquer tipo de problema. É oferecendo segurança e com um tratamen-to atencioso que há 10 anos Pedro* conquista e preserva clientes fi éis. Todos os dias, ele sai cedo de casa para mon-tar a barraquinha em uma das ruas mais movimentadas do bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste. Pedro é um dos muitos ambulantes que tem apostado no retorno garantido da venda de produtos piratas na capital amazonense. De acordo com dados da Secretaria de Esta-do de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), de 2013 até hoje, foram apreendidos mais de 10 toneladas de pro-dutos pirateados diversos como eletroeletrônicos, DVDs, CDs e roupas em operações conjunta das polícias.

Nas vésperas de feriado e nos fi ns de semana é que as ven-das esquentam. Neste período, Pedro chega a comercializar mais de 100 CDs por dia. Ele se especializou na venda de lança-mentos tanto do mercado mu-sical como do audiovisual. Do sertanejo raiz, passando pelo

universitário, pagode, dance e até as novidades de cantores

locais, que animam os for-rós de Manaus, podem

ser encontrados na banca dele.

Expostos no “mostrador princi-

pal” se encontram os carros-chefes do

negócio de Pedro. Todos os fi lmes que estão ou estive-ram recentemente no cinema, como “Noé”, “Rio 2”, “Copa de Elite” e o recém-lançado “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” estão à disposição dos clientes pela bagatela de R$ 2. Na mesa, fi -cam os recém-saídos de cartaz. São fi lmes para todas as faixas etárias, com os mais diversos gêneros, incluindo animação para as crianças.

Além dos fi lmes, a banca tam-bém oferece CDs de jogos para Playstation 2. Mas, se o intuito do cliente é focar nos estudos, Pedro dá “aquela forcinha” ofe-recendo CDs e DVDs com vasto conteúdo para concursos em nível estadual e nacional.

Na década em que ocupa a calçada - bem a vista de todos - com a comercialização de ma-terial pirateado, Pedro disse que nunca teve o material apreendi-do e que nunca foi submetido a qualquer fi scalização. Ele vende cada CD a R$ 2 e ainda asse-gura que se houver qualquer problema de leitura, só é levar

de volta que a mercadoria pode ser trocada. “Não tem problema nenhum, porque os meus CDs são marcados. Pode trazer que eu troco, estou aqui todos os dias”, tranquilizou.

Se mesmo com a garantia, o cliente tiver dúvidas, atencioso, Pedro tranquiliza e apela para o óbvio. “Se você for ao cinema, gasta uma fortuna. Paga uma entrada de R$ 20 e ainda tem pipoca e refrigerante. Se for com a namorada, fi ca mais caro ainda. Em casa fi ca mais barato e ainda dá para fazer um clima romântico”, sugeriu.

Mas, se as dúvidas ainda persistirem, ele consegue ser ainda mais enfático. Segun-do ele, fi lmes piratas no fi m de semana podem ser uma boa terapia, sem bulir com o bolso. “Ficar esse fi m de se-mana em casa, sem dinheiro, aí ‘bate’ aquela depressão, porque fi ca se lembrando das contas para pagar. Um fi lminho em casa vai bem. ‘Desestressa’”, prescreveu.

Caso o cliente tenha interesse em assistir a um fi lme mais antigo, pode encomendar de um amigo dele, “proprietário” do espaço vizinho. Já se o in-teresse for por blu-ray, outros colegas fi caram responsáveis especifi camente por isso. “Um lançamento de blu-ray pirata sai a R$ 20, R$ 30, depende. Mas o original custa uns R$ 120, então compensa”, calculou.

Driblando a legalidade, ‘pirateiros’ dominam ruasAtividade ilícita permanece como forma de sobrevivência em toda a capital. Poucos casos chegam à Justiça amazonense

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

A prática da venda de CDs e DVDs piratas, apesar de ser ilegal, permanece forte nas ruas de Manaus, principalmente pela impunidade contra vendedores e compradores, que conhecem a infração

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Comprador incentiva infração

Os “pirateiros” usam todos os argumentos possíveis para atrair mais compradores

Os argumentos do vende-dor para convencer os clien-tes a adquirir a mercadoria, estão na ponta da língua dos consumidores de produtos piratas. O baixo custo dos DVDs é o que atrai o ad-ministrador João Alves, 26. “Compro DVD pirata porque é mais barato. Os fi lmes novos demoram muito passar na TV e uma ida ao cinema dá uns R$ 50, no mínimo, é muito caro”, analisou.

Quanto à qualidade do pro-duto, Alves, reconheceu que

é baixa. Alguns CDs e DVDs vem arranhados ou mesmo trocados. “Já aconteceu de comprar um fi lme e ver outro. Mas o vendedor marca o DVD e qualquer problema a gente pode trocar”, disse.

A advogada Marina Araújo, 37, também se rendeu à pe-chincha dos “pirateiros”. “O preço é muito em conta e tem muita facilidade. Além deles estarem em todos os locais, o DVD sai tão barato que torna fácil o descarte, a troca com os colegas. Não vale a pena

pagar tão caro num DVD ou blu-ray para assistir duas ve-zes. A não ser que você queria colecionar”, disse.

Ela criticou os valores agregados aos fi lmes ori-ginais. “Pagar mais de R$ 100 num blu-ray é um ab-surdo. Eles deveriam ter um sistema de troca, ou quem sabe, você comprando uma unidade, a segunda vem mais barata”, sugeriu.

Continua naspáginas C2 e C3

DIEGO JANATÃ

tendimento

problema. É oferecendo

locais, que animam os for-rós de Manaus, podem

negócio de Pedro. Todos

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C2 Dia a dia

Atividade disfarçada de necessidadeParece impossível frear a pirataria, uma vez que não há registro de punição exemplar e poucas denúncias

A comercialização de produtos piratas é uma realidade em toda a capital, de

acordo com a dele-gada Maria Cristina Portugal, coordena-dora da comissão de Implantação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Se a con-centração (de vendas) disser respeito a DVD e CD falsifi ca-dos, infelizmente está disse-minado pela cidade, por todos os bairros que tenham setor comercial. Isso vale também para roupas”, afi rmou.

Ela explicou que, de acordo com análise feita pela Polícia Civil, o perfi l dos “pirateiros” revela uma pessoa comum que infelizmente acha que vender produto falsifi cado não é pro-blema. Contudo, comercializar produtos piratas é crime de Violação de Direito Autoral previsto no Código Penal, nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 184, que tratam da reprodução e venda. Os am-bulantes podem ser presos em fl agrante caso seja percebida a conduta.

Portugal explicou a atuação dos infratores que, em grande maioria, agem na informali-dade do comércio ambulante, difi culta a localização e ação policial. “O que difi culta é a falta de informação, denúncia, pois quem adquire produto falsifi cado não avisa a po-lícia. E outra é justamente a forma como eles atuam: ou utilizam-se de lojas com alguns produtos verdadeiros ou na informalidade, tipo venda direta ao consumidor (ambulante)”, explicitou.

Para coibir esse tipo de cri-me, a Polícia Civil, por meio dos Distritos Integrados de Polícia (DIPs), da Delegacia de Repressão ao Crime Or-ganizado (DRCO) e Seccional realiza constantes operações na capital. “Podemos citar a operação realizada pela Sec-cional Sul, cuja investigação foi feita pelo DRCO. Nela fo-ram presos não somente as pessoas que vendiam, mas alguns que produziam, trans-portavam e distribuíam os pro-dutos falsifi cados. Acho que foi a maior operação neste sentido no Amazonas. Foi ex-celente”, lembrou.

Refl exoO juiz da 8ª Vara Criminal

do Tribunal de Justiça do Ama-

zonas (TJAM), Carlos Zamith de Oliveira Júnior, aponta que o comércio de produtos fal-sifi cados no Amazonas, é o refl exo dos problemas sociais

e da desigualdade no país. O magistrado declara

que no período de 2006 a 2013 a vara sentenciou quatro casos relacionados ao crime de violação

de direitos autorais. A pirataria se en-

quadra no artigo 184 do Código Penal, determinando que a violação dos direitos autorais consiste na prática de reproduzir, por qualquer meio, obra intelectual, em parte ou todo, para o comércio ou dis-tribuição sem autorização do autor do produto.

O juiz Carlos Zamith declara que o combate desta ilegalida-de tem o entrave no método que a repreensão civil utiliza no Estado, pois o ataque tem sido aos comerciantes informais, a parte fraca desta cadeia cri-minosa. “Normalmente atua-se em cima do vendedor. A Polícia Civil tem o poder de reprimir os comércios piratas e principalmente atacar os contraventores”, diz.

Embora a população esteja massivamente ciente de que a reprodução, comercialização e distribuição de produções audiovisuais sem permissão do autor seja crime, o que contribui para o crescimento da pirataria, segundo Zamith, é o problema social decorrente da falta de oportunidade. “O cidadão, que vai para esse caminho, não vai porque quer ser criminoso. No campo so-ciológico, este é o refl exo da desigualdade social do nosso país, onde não há empregos decentes a todos’’, declara.

De acordo com o magistra-do, do número de processos recebidos no TJAM, apenas 10% referem–se à violação de direitos autorais, pois a maioria dos casos estão re-lacionados a roubo e estelio-nato. “Tanto é que nos sen-timos muito constrangidos em condenar o camelô que está vendendo o DVD ou CD pirata, que devido à questão social escolhe comercializar produtos ilegais. No período de 2006 até o ano passado, demos quatro sentenças, den-tre essas uma condenação. Ti-vemos um caso interessante, do dirigente de uma fábrica no Distrito Industiral, que te-ria falsifi cado o manual de instrução da marca Canon, e a própria marca entrou com uma ação”, relembra.

Segundo Zamith, dos qua-tro casos registrados não houve reincidência, os réus eram primários e receberam como aplicação punitiva a medida alternativa, e aban-donaram a prática ilegal. “Creio que essas pessoas colaboram com a Justiça. Pelo fato de passar pelo constrangimento de justifi -car seu sustento com vendas de produtos ilegais, ao res-ponderem o processo, elas não voltam a agir ilegamen-te”, analisa.

“Friso que se torna cons-

trangedor punir esses que estão na ponta. As pessoas que infringem o artigo, ob-servamos, são pessoas de boa índole. Por isso que a polícia e ações de comba-tes devem ser centralizadas com a atenção naquele que produz e distribui, nos cabe-ças. Não vale a pena mandar um cidadão à cadeia por fato tão pequeno, e ainda como primeiro réu”, observa.

A pirataria se apresenta de forma sutil. Distribui-se como lembrança CDs re-produzidos para convida-

dos em festas, ou baixa-se da internet músicas e obras para oferecer a outros. Es-sas “gentilezas” são prá-ticas ilegais. “Mesmo que não esteja sendo comer-cializado e sem a intenção de lucro, o artigo é claro ao condenar a prática. Há o ganho da simpatia e admi-ração dos presenteados. O crime atua também no meio virtual, mas fazer download de obras para fi m pessoal não é crime. Torna-se quan-do há o compartilhamento”, explica o juiz.

Um crime que provoca simpatia

Na 8ª Vara Criminal, o juiz Carlos Zamith só sentenciou quatro processos relacionados à pirataria, em um prazo de 7 anos

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IVE RYLO E DENY CÂNCIOEquipe EM TEMPO

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Homicídios e Proteção

O magistrado declara

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2012 C3

Atividade disfarçada de necessidadeOutro viés no combate à

pirataria é o Escritório Cen-tral de Arrecadação e Dis-tribuição (Ecad), imbuído de centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos au-torais de execução musical pública. A instituição priva-da, sem fi ns lucrativos, foi instituída pela lei 5.988/73 e mantida pelas leis fede-rais 9.610/98 e 12.853/13, e mantém uma verdadeira briga com salões de festas e eventos. “O Ecad quer co-brar. Em tese, em eventos, nestas distribuições não há lucros, mas os composi-tores e autores têm seus direitos autorais em suas obras”, comenta o magis-trado Carlos Zamith.

Sem medoA vendedora de DVDs pi-

ratas Ana, 29 (nome fi ctí-cio), há 3 anos colabora com a renda familiar obtida com a venda informal diária. A camelô diz não ter medo de ser presa ou processada pela Justiça. “Já passei por duas apreensões da polí-cia, quando levaram toda a mercadoria. Recuperei os produtos e retomei as ven-das. É assim que sustento minha família”, disse.

Ana justifi ca sua per-sistência no comércio ile-

gal e afi rma ter muitos concorrentes na mesma avenida, que apelam para preço baixo e promoções para se sobressaírem dos demais ambulantes. “Cada unidade custa R$ 2 e tem a promoção de três fi lmes por R$ 5. Consigo lucro, ainda sendo revendedora. Compro do fornecedor a R$ 0,80 a unidade”, revela, mas sem querer identifi car seu “fornecedor”.

PenaDe acordo com o arti-

go 184 do Código Penal Brasileiro (CPB), é pre-vista a reclusão de 2 a 4 anos mais multa, para quem reproduzir total ou parcialmente, com intuito de lucro direto ou indireto, obra intelectual, interpre-tação, execução ou fono-grama, sem autorização expressa do autor, artista, intérprete, produtor ou de quem os represente.

A pena é a mesma para quem, visando lucro, dis-tribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no país, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor o representante.

Batalhas por todas as frentes

A ausência de uma repreensão efi ciente ao comércio de produtos piratas incentiva sua proliferação

“Pirateiros” em ação: produtos que viram brindes

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C4 Dia a dia MANAUS, QUINTA-FEIRA, 1º DE MAIO DE 2014

Seis são denunciados por assassinatos em HumaitáIndígenas Tenharim são acusados das mortes de Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef de Souza, em dezembro de 2013

O Ministério Público Federal no Amazo-nas (MPF/AM) de-nunciou seis pes-

soas pelos assassinatos de Luciano da Conceição Fer-reira Freira, Aldeney Ribei-ro Salvador e Stef Pinheiro de Souza, em dezembro de 2013, no interior da terra in-dígena Tenharim-Marmelos, localizada no município de Humaitá, sul do Amazonas.

De acordo com a ação pe-nal entregue ontem à Justiça Federal, os seis denunciados vão responder por triplo homi-cídio duplamente qualificado e quatro deles também serão julgados por ocultação de ca-dáver. Todos são indígenas da etnia Tenharim.

As investigações concluí-ram que as vítimas foram assassinadas a tiros no dia 16 de dezembro de 2013, ainda dentro do veículo no qual seguiam em viagem pela rodovia Transamazônica (BR-230) rumo ao município de Apuí. Os corpos foram ocul-tados por parte dos denuncia-dos e só foram encontrados no dia 3 de fevereiro.

O MPF/AM pediu a manu-tenção da prisão preventi-va durante toda a tramita-ção do processo para cinco

dos seis denunciados que já estão presos e solicitou ainda a instauração de um novo inquérito para apu-rar a participação de mais pessoas no crime.

A ação aguarda recebimen-to na Justiça Federal e tramita sob segredo de Justiça.

Proteção de direitosDesde as primeiras mo-

vimentações a respeito do caso agora denunciado, o MPF/AM atuou na esfera cível para garantir a se-gurança do povo indígena Tenharim e repudiar atos discriminatórios e ofensivos aos indígenas da etnia.

Logo após os protestos que provocaram destruição de prédios e bens públicos ligados aos povos indígenas e também de benfeitorias existentes na terra indígena, promovidos pela população de Humaitá em função da notícia de desaparecimento das vítimas, o MPF recorreu à Justiça para garantir prote-ção à terra indígena e obteve decisão favorável. A medida visava garantir a permanên-cia do povo Tenharim em suas terras com segurança.

Com base em informações de que faltam alimentos e me-

dicamentos nas comunidades da terra indígena Tenharim-Marmelos, em razão do temor de se deslocarem até a sede de Humaitá durante o período de tensão, o MPF também recomendou aos Municípios de Humaitá e Manicoré, ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Porto Velho e à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que buscassem articulação junto à Fundação Nacional do Ín-dio (Funai) para providenciar atendimento médico e for-necimento de medicamentos na terra indígena, além da prestação de apoio material com recursos básicos à sobre-vivência do povo indígena.

O MPF/AM também expe-diu recomendação para ga-rantir o acesso à educação aos índios dos municípios de Humaitá e Manicoré. O docu-mento se refere a indígenas de várias etnias, incluindo os Tenharim, e abrange os vários níveis da educação, desde o ensino fundamental até o nível superior. A reco-mendação objetivou garantir o funcionamento das escolas indígenas nas aldeias e a frequência às aulas dos índios matriculados. A medida foi acatada pelas instituições. Caso provocou uma onda de violência em Humaitá em dezembro de 2013, após desaparecimentos

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AÇÃO

Flanelinhas realizamprotesto

Mais de 200 flaneli-nhas fizeram uma ma-nifestação ontem pela manhã, para buscar in-formações sobre o Proje-to de Emenda 131/2014, do vereador Ednailson Rozenha (PSDB), que pro-íbe a atuação dos guar-dadores de carros em locais públicos, ficando a atividade restrita apenas a áreas privadas e ex-pressamente autoriza-das pelos proprietários. A proposta altera a lei 094/2003, que regula-menta a atividade em qualquer logradouro pú-blico da cidade.

“Infelizmente, tenho ciência de que minha proposta não agradará a todos, mas tenho cons-ciência que a maioria da população de Manaus será beneficiada com o fim da prática de extor-são por pessoas que se in-titulam donos das ruas”, declarou o vereador.

Rozenha disse ain-da que não é contra a atividade de guardador de carro, mas condenas abusos de quem atua em locais públicos.

O presidente da Asso-ciação dos Guardadores e Lavadores de Veículos Automotores do Amazo-nas (Aglavan), Henrique Santos, afirmou que os flanelinhas são contra a emenda, mas reconhe-ceu que os profissionais precisam buscar alterna-tivas legais para se man-terem em atividade.

PROJETO

Professores fazem passeata cobrando plano de cargos

Cerca de 5 mil professo-res das redes municipal e estadual de ensino fizeram manifestação na manhã de ontem. Os pontos de par-tida foram as praças do Congresso e Heliodoro Bal-bi (Praça da Polícia), Cen-tro, de onde seguiram em caminhada rumo ao Paço da Liberdade (antiga praça da prefeitura).

A principal reivindicação dos educadores da Secreta-ria Municipal de Educação (Semed) é a revisão ime-diata do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), atrasado há quatro meses. Já os professores da Secre-taria de Estado de Educação (Seduc) cobram a data-base da categoria que está atra-sada há dois meses.

Após uma reunião rea-lizada ontem com subse-cretário da Semed, Luís Fabian, e representantes da Associação Movimen-to de Luta dos Professo-res de Manaus (Asprom) e outros movimentos de

base da categoria chegou ao fim a paralisação dos professores municipais.

De acordo com o coor-denador de eventos da As-prom, João de Oliveira, 44, o subsecretario da Semed garantiu que no máximo até dia 20 de maio, o prefeito de Manaus, Arthur Neto, irá conversar com a categoria.

Na Seduc, o secretário de governo e titular da Casa Civil, Raul Zaidan, garantiu junto à comissão da As-prom e movimentos orga-nizados uma conversa com o governador José Melo até o fim desta semana.

ReivindicaçõesA Semed informou ainda

que está em negociação com o Sindicato dos Traba-lhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinte-am). Sobre a data-base dos professores, o responsável pelas finanças da prefeitura de Manaus está estudando a melhor proposta possível para a categoria. (GS)

EDUCAÇÃO

Manifestantes ocuparam Paço da Liberdade, no Centro

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ULG

AÇÃO

JAPIIM

Brincadeira com fogo destroi casa

Um incêndio de grandes proporções destruiu uma casa de madeira no beco São Luiz, rua Polivalente, bairro Japiim 1, Zona Sul da cidade, por volta das 7h30 de ontem (30). Ninguém ficou ferido.

Na hora do ocorrido es-tavam na casa Luana de Assunção, 14, e duas crian-ças - uma de 5 e a outra de 3 anos. Segundo a jovem, tudo foi muito rápido, as duas crianças brincavam no quarto da mãe sozinhas, e ela estava no seu quarto, quan-do o incêndio começou. Ela acredita que elas brincavam com fogo. “Chamei minha cunhada, que pegou as crian-ças e saiu da casa. Queimou tudo. Só fiquei com a roupa do corpo”, lamentou.

Duas viaturas de comba-te a incêndio do Corpo de Bombeiros e uma oficial de área fizeram o rescaldo do local. Foram utilizados 8 mil

litros de água. Os proprietários da casa,

o soldador Francisco Cardo-so da Silva, 57, e a esposa Bernarda de Assunção Sil-va, 56, cuidadora de ido-sos, não estavam na hora do incêndio. Na casa de

seis cômodos moravam oito pessoas, quatro adultos e quatro crianças.

Bernarda contou que soube do ocorrido por meio de uma ligação da nora e da neta. Ela acha que neta achou um isqueiro no

quarto e quando a filha dela percebeu, a rede já estava em chamas.

“A minha filha quando viu tentou apagar sozinha, em vez de chamar os vi-zinhos. Foi quando o fogo alastrou. É perda de muitos anos de trabalho. Você luta para construir e de repente acaba tudo, você fica mui-to chocado. Minha casa era velha, mas tinha tudo de bom nela”, lamenta.

A família ainda não sabe mensurar o prejuízo material, pois além de ser cuidadora de idosos, Bernarda também tinha produtos de perfuma-ria, além de joias para re-venda. Ela revelou que não sabia onde iam ficar, pois os documentos foram quei-mados, assim como roupas, eletrodomésticos e móveis.

No local, a família cria-va pintos, patos e galos. Morreram quase todos os pintos queimados. As causas do incêndio serão investiga-das pela Polícia Civil.

O incêndio foi iniciado provavelmente por causa de brincadeira de crianças com fogo

PERIGOSegundo a adolescente que estava na casa, provavelmente as duas crianças estavam brin-cando com fogo quan-do o incêndio começou. Vários pintos de uma criação de aves morre-ram queimados

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GLÁURIA SOBREIRAEquipe do AGORA

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C5Dia a diaMANAUS, QUINTA-FEIRA, 1º DE MAIO DE 2014

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C6 Dia a dia

Projeto sobre carbono chega ao finalTrabalho sobre o carbono florestal termina após 4 anos, mas Inpa dará continuidade a estudos avançados

Após 4 anos de execução, o Projeto Dinâmica de Carbono da Floresta Amazônica (Cadaf, si-

gla em inglês) chega ao fim com o compromisso do Insti-tuto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) de dar continuidade aos estudos sobre o carbono florestal iniciados em 1998. Os investimentos da Agência de Cooperação Inter-nacional do Japão (Jica) com o Cadaf reforçaram e impulsio-naram essas pesquisas.

Organizado pelo laboratório de manejo florestal do instituto, o seminário de encerramento do Cadaf aconteceu durante a semana passada e reuniu pesquisadores brasileiros e ja-poneses, além de estudantes e interessados no tema mudan-ças climáticas, no auditório da ciência do Inpa.

“Do ponto de vista técnico e científico, o projeto Cadaf cum-priu com o que foi planejado e fez um bom trabalho. Podemos atribuir sucesso absoluto com a execução desse projeto e com produtos realizáveis”, diz o pesquisador do Inpa e coor-denador do projeto Cadaf no Brasil, Niro Higuchi.

O projeto Cadaf foi resultado de um acordo bilateral interna-cional entre o Brasil e o Japão desde 2010 com o objetivo de de-senvolver técnicas de avaliação, em larga escala, da dinâmica do

carbono na Floresta Amazônica, produzindo informações que con-solidaram, dentre outros resulta-dos: um sistema de Inventário Florestal Contínuo (IFC), para monitorar o carbono florestal da Amazônia Central; a identi-ficação de uma relação entre tipos florestais e a dinâmica do carbono em florestas maduras e manejadas; e a elaboração de um mapa de carbono florestal utilizando dados dos Inventários Florestais Contínuos e de senso-

riamento remoto.O projeto contou com a

parceria institucional que en-volveu o Inpa, o Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto de Pesquisas de Florestas e Produtos Flo-restais do Japão (FFPRI) e a Universidade de Tóquio.

De acordo com Higuchi, não basta ter bons produtos, é preci-so compartilhar e refletir sobre

o que foi discutido e produzido. “Temos aqui uma grande opor-tunidade que pode ter consequ-ências importantes para esse mecanismo que queremos para a Amazônia, que é a implanta-ção do projeto REDD+”, explica Niro Higuchi. REDD+ é a sigla para Redução de Emissões pro-venientes de Desmatamento e Degradação Florestal.

Carbono florestalO pesquisador Adriano No-

gueira, um dos integrantes do projeto Cadaf, explica que o estoque de carbono florestal é importante para conseguir amenizar o impacto das mu-danças climáticas, sendo que a floresta já possui uma grande quantidade de carbono arma-zenada nas árvores.

De acordo com ele, a floresta executa o processo de fotossín-tese e respiração. Na fotossín-tese, a planta capta o carbono (CO2) e libera o oxigênio. A flo-resta, ao ser desmatada, libera para a atmosfera todo esse car-bono florestal estocado, o que é prejudicial para o meio ambiente com o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

“Dentro desse contexto, a flo-resta é importante, não é que isso vá resolver o problema do planeta, mas vai manter e au-mentar o tempo de incidência de carbono estocado na floresta”, ressalta o pesquisador.

IMPORTÂNCIAO estoque do carbono florestal é importante para conseguir amenizar o impacto das mudan-ças climáticas, sendo que a floresta já possui uma grande quantidade de carbono armazenada nas árvores

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 C7

Projeto sobre carbono chega ao final

Vista aérea da Floresta Amazô-nica: importante fator de equilíbrio

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Desmatamento na região da reserva do Juma, em Novo Aripuanã, teve redução expressiva

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O superintendente-geral da Fundação Amazonas Sus-tentável (FAS), Virgílio Viana, apresentou a experiência do projeto REDD na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, no município de Novo Aripuanã (a 227,78 quilô-metros de Manaus) - primeiro projeto no Brasil, em 2008, a ter um processo de validação de sua metodologia.

Segundo ele, os resulta-dos no Juma são expressivos, como a redução do nível de desmatamento mensurado por diferentes imagens de satélite por organismos na-cionais (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - Imazon) e internacionais (Centro para Pesquisa Flo-restal Internacional – Cifor, sigla em inglês).

Segundo Viana, o projeto proporcionou um impacto po-sitivo com o acesso à educa-ção de cerca de 200 alunos no ensino fundamental e médio; além de investimentos, em geração de renda, permitindo um aumento na renda dos moradores da RDS do Juma e um nível de participação elevado das comunidades em todas as etapas no processo de decisão.

Para Virgílio Viana, esse conjunto de resultados apon-

ta para uma série de lições aprendidas, com o projeto. “É possível implantar um projeto de REDD numa escala como a do Juma, numa área de 589 mil hectares e trazer benefícios para aqueles que conservam a fl oresta”, diz.

Segundo Viana, o Juma re-aliza um mecanismo de doa-ção condicionada de carbono fl orestal, o que signifi ca que no mercado voluntário é per-mitido a uma instituição con-tabilizar a compensação de suas emissões de gases de efeito estufa. Ele cita como exemplo a editora Abril, que realizou por 2 anos seguidos, em 2012 e 2013, a com-pensação de suas emissões de gases de efeito estufa com a FAS em aproximada-mente 46 mil toneladas de carbono fl orestal.

Projeto JumaO projeto REDD no Juma

visa conter o desmatamento e suas respectivas emissões de gases de efeito estufa em uma área sujeita à grande pressão de uso da terra no Estado do Amazonas.

A RDS do Juma foi criada em uma área de 589.612 hec-tares de fl oresta amazônica, localizada nas cercanias da rodovia BR-319.

O exemplo que vem do Juma

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Ribeirinho ganha acessoao programa do governoComunidades situadas em área militar não terão mais obstáculos para implementação do Luz para Todos, da União

Em paralelo ao trâmite da ação na Justiça, houve a re-gularização fundiária de boa parte das áreas das comuni-dades, após um processo de diálogo, que corrigiu a tentati-va de imposição de assinatura de um documento a qualquer custo. Segundo o procurador

da República Julio José Araújo Júnior, autor da ação, existem ainda algumas áreas que não foram regularizadas e também tem o mesmo direito, confor-me reconheceu a sentença.

Atualmente já estão sendo realizadas as obras na comu-nidade Jatuarana pela Amazo-

nas Energia, que foi informada da decisão. A multa aplicada na sentença é de R$ 50 mil por dia e/ou ato de descumprimento. Cabe recurso da sentença.

Desde 2004, um inquérito civil público conduzido pelo MPF/AM apura a existência de conflitos na região, no lago

do Puraquequara, envolvendo cinco comunidades tradicio-nais. Em 2009, os conflitos se agravaram por conta de uma tentativa de retirar os comunitários da área. O MPF/AM atuou para impedir o des-respeito aos direitos desses povos tradicionais.

Diálogo permite regularização fundiária

A União está proibida de impor obstáculos à implantação do programa Luz Para

Todos, do governo federal, nas comunidades São Fran-cisco do Mainã, Jatuarana e Santa Luzia do Tiririca, loca-lizadas à margem esquerda do rio Amazonas, próximas à região do Puraquequara, em Manaus. É o que determina sentença judicial favorável aos pedidos do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), em ação civil pú-blica, que tramita na Justiça Federal desde 2012.

Conforme inquérito civil pú-blico que resultou na ação do MPF, o Exército vinha criando obstáculos à implantação do programa nas comunidades sob a alegação de que pre-tende realizar treinamentos de guerra no local, causando prejuízos aos moradores. A apuração mostrou ainda que, em outras comunidades tra-dicionais da mesma região, o Exército só não tentou impedir a instalação da luz, porque os moradores aceita-ram assinar um documento de concessão de direito real de uso, em termos apresentados de maneira unilateral.

Na sentença, a juíza fede-

ral Jaiza Maria Pinto Fraxe ressaltou que a realização de cursos de guerra na selva, com troca de tiros em área próxima às comunidades tra-dicionais, precisa ser revista. “O fato de a União utilizar uma área da Amazônia, próxima às localidades sub judice, para promover cursos de guerra na selva não possui o condão de transformar a região discuti-da em área de interesse para a Segurança Nacional, menos ainda de modo a proibir a che-gada do programa Luz para Todos, já deferido e custeado pelo governo federal”, ressalta um trecho da sentença.

A ação do MPF/AM destacou que as comunidades se enqua-dram nos requisitos necessá-rios para a inclusão no progra-ma federal como a existência de escolas e postos de saúde, conforme previsto no decreto nº 7.520/2011, que estabele-ce as diretrizes e aponta os beneficiários do programa. A área, onde as comunidades habitam há mais de 50 anos, foi doada pelo Estado à União, sem o conhecimento da po-pulação tradicional residente, para a instalação do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) em 1970, por meio da lei estadual nº 939/1970.

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AÇÃO

Com a decisão da Justiça federal, o Exército não poderá mais impedir a implantação do programa em comunidades na sua área

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MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 O cartum como forma de combate A política pelo humor na obra de Fortuna e Claudius. Págs. 4 e 5

2 Resistência dos materiais O minimalismo de Carl Andre segue fi rme. Pág. 3

1 A arte de outro mundo de Vânia Mignone E outras 9 indicações culturais. Pág. 2

Do arquivo de Odilon Wagner

4 Os rumores da rede e o barulho das ruas Diário de Pequim. Pág. 6

5 São Paulo, 1972. Pág. 7

Capailustração de

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G2 MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 10 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

MADE IN CHINAVeja imagens de trabalhos dos

irmãos Zhen e Qiang Gao, ar-

tistas chineses que desafi am a

censura do regime de seu país

nas artes e redes sociais

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAConfi ra a atualização diária

da página da “Ilustríssima” no

site da Folha

>>folha.com/ilustrissima

ALVARO COSTA E SILVA, o Marechal, 51, é jornalista.

MARCELO NINIO, 48, é correspondente da Folha em Pequim.

ODILON WAGNER, 59, é ator, dramaturgo e diretor. Dirige “A Última Sessão”, peça com Laura Cardoso, Nívea Maria e Etty Fraser, que está em cartaz no teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo, até 25/5.

REGINALDO JOSÉ DE AZEVEDO FORTUNA (1931-94), cartu-nista, caricaturista e jornalista maranhense, foi um dos fundadores do “Pasquim”, em 1969, ao lado de nomes como Millôr, Ziraldo e Jaguar.

SILAS MARTÍ, 29, é repórter da Folha.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

DIVULGAÇÃO

LIVRO | PAULO ARANTES O professor aposentado de fi losofi a da

USP lança amanhã, às 19h, “O Novo Tempo do Mundo”, com ensaios que tratam de te-mas como os protestos de junho e as UPPs cariocas. Haverá debate com Jorge Grespan e Silvia Viana.

Boitempo | R$ 52 | 464 págs. | Livra-ria Martins Fontes Paulista | tel. (11) 2167-9900

‘Sem Título’(2010)

LIVRO | GRACILIANO RAMOS O lançamento do livro Cangaços, antologia

de textos do escritor alagoano, terá bate-papo com os organizadores do volume, Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla, e o editor da Ilustríssima, Cassiano Elek Machado.

Record | R$ 35 | 240 págs. | Livraria da Vila Fradique | tel. (11) 3814-5811 | quinta (8), às 19h

LIVRO | HISTÓRIA DO BRASIL NAÇÃO “Modernização, Ditadura e Demo-

cracia: 1964-2010”, é o quinto e últi-mo livro da coleção dirigida por Lilia Moritz Schwarcz. Com lançamento nesta semana, o volume percorre os anos entre o golpe militar e a eleição de Dilma Rousseff .

Objetiva | R$ 49,90 | 23 págs. | Instituto Tomie Ohtake | tel. (11) 2245-1900 | quarta (7), às 19h30

EXPOSIÇÃO | HÉLIO OITICICA Os irmãos Andreas e Thomas Valentin

esperam desde 1974 para exibir a obra “Call me Helium”, idealizada com Oiticica. O balão vermelho será alçado hoje na praia de Ipanema e, no sábado (10), na praça dos Correios, no centro do Rio. O trabalho é baseado em uma frase de Jimi Hendrix, que dizia: “Quando as coisas estiverem pesadas demais, chamem-me de hélio, que é o gás mais leve que existe”. Além da intervenção, a exposição apresenta um panorama do período em que o criador dos parangolés viveu em Nova York.

Centro Cultural Correios | tel. (21) 2253-1580 | de ter. a dom., das 12h às 19h | grátis até 13/7

EXPOSIÇÃO | VÂNIA MIGNONE A mostra apresenta 58 trabalhos da pin-

tora nascida em Campinas (SP) que costuma misturar, em suas peças, cores fortes, fi guras

e frases. Em texto de apresentação, a curadora Ana Magalhães escreve que os personagens de

Mignone parecem “tirados de outdoors publicitários, cenas de fi lmes ou do circo”, ao mesmo tempo que “habitam outro mundo, de palavras não ditas, episódios interrompidos, como pequenos enigmas cotidianos”.

MAC USP Nova Sede | tel. (11) 2648-0254 ter., das 10h às 21h; de qua. a dom., das 10h às 18h grátis | até 30/11

EXPOSIÇÃO | IWAJLA KLINKE A artista alemã mostra o resul-

tado de suas expedições, em 2013, pela Europa, Canadá e Brasil. Suas fotografi as, que misturam artifi cial e natural, humano e animal, discu-tem a questão de gênero.

Transarte | tel. (11) 3142-9975 | de ter. a sex., das 13h às 20h; sáb., das 13h às 17h | grátis | até 11/6

PSICANÁLISE | JORNADA LACAN A sétima edição do encontro reú-

ne psicanalistas latino-americanos e busca valorizar o ensino de Lacan na formação e prática da psicaná-lise. A conferência de abertura será de Patrick Guyomard, antigo aluno de Lacan em Paris e membro da Société de Psychanalyse Freudien-ne, que considera o francês como um dos leitores de Freud.

Sociedade Brasileira de Psi-canálise de São Paulo | tel. (11) 2125-3777 | sex. (9), a partir das 15h, e sáb. (10), a partir das 9h | de R$ 100 a R$ 200 | sbpsp.org.br

CINEMA E MÚSICA | IN-EDIT A “Ilustríssima” fez três per-

guntas ao cineasta holandês Frank Scheff er, homenageado deste ano do festival dedicado a documentários sobre música. O autor de fi lmes sobre Mahler, Varèse, John Cage e Frank Za-ppa, entre outros, participa de debate e palestra. Programa-ção em: in-edit-brasil.com

Folha - O que Zappa, Mah-ler e Cage têm em comum?

Frank Scheff er - Eles são to-dos compositores honestos, que souberam falar à sua maneira sobre seus corações e mentes. Mas também são diferentes. Mahler tinha o século 19 em seus ombros, Cage é o padrinho da América moderna, já Zappa era do mundo do rock, mas com uma experiência acadêmica.

E como os descobriu? Eu tinha 13 anos e ganhei

um disco da banda holandesa Ekseption no Natal. Mas cansei dele após algumas semanas e troquei-o com alguém que tinha comprado “We’re Only in It for the Money”, de Frank Zappa, e achou que não era bom. Ouvi a música, li o texto do disco, e aquilo disparou algo em mim.

O que tem ouvido agora? Minha mulher e eu tivemos

um bebê, que tem seis meses agora, então estamos tocando bastante raga [estilo de música indiano] porque acalma, e Bach, é claro. Devo trabalhar com raga no futuro. (Úrsula Passos)

TEATRO | BECKETT 1 Rubens Rusche traduziu e dirige

“Oh Os Belos Dias”, peça escrita em 1961 pelo autor irlandês (1906-89) em que uma mulher, Winnie, apesar de parcialmente enterrada, continua a realizar suas tarefas e a falar com seu marido. As primeiras apresentações do texto ocorreram em 1963, no Teatro do Odéon, em Paris, com a atriz francesa Made-leine Renaud.

Sesc Santana | tel. (11) 2971-8700 sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h R$ 25 | até 18/5

LIVRO | BECKETT 2 O diretor teatral e professor

da UFBA Luiz Marfuz explora, em “Beckett e a Implosão da Cena - Poética Teatral e Estratégias de Encenação”, as diferentes possibili-dades nas montagens de peças do dramaturgo, Nobel de Literatura em 1969. Para tanto, ele recolheu depoi-mentos de diretores, pesquisadores e considerou o próprio Beckett em seus trabalhos como encenador.

Perspectiva | R$ 53 | 248 págs.

1

EDOUARD FRAIPONT/DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO/IWAJLA KLINKE

‘Sem Título’ (acrílicasobre madeira, 2013)

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G3MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

2Volume máximo

Artes Plásticas

Não espanta que Carl An-dre, antes de se tornar o escultor minimalista famoso por cobrir o chão dos mu-seus com placas de metal, tenha trabalhado organizan-do composições ferroviárias na companhia de trens da Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos. No começo dos anos 1960, seu trabalho era encadear os vagões de carga, unidades quase sem-pre iguais e intercambiáveis, para evitar desastres sobre os trilhos.

Sua Quincy natal, uma cida-dezinha portuária no Estado americano de Massachuset-ts, também tinha algo des-sa aspereza metálica. Numa busca rápida, as primeiras imagens que surgem do lugar mostram vigas de aço empi-lhadas no porto e operários construindo navios à beira de um oceano sem fi m.

Essa natureza industrial, de sequências que parecem se propagar ao infi nito, de-pois se tornaria marca da produção plástica de Carl Andre. Do mesmo modo que os materiais usados na sua escultura, como o cobre, pa-recem ter sido surrupiados do universo das locomotivas e cargueiros.

Nessa pegada, Andre se firmou no panteão dos artis-tas machões que marcaram o minimalismo norte-ameri-cano – dos macacões jeans (que usava à beira dos tri-lhos e adotou como uniforme para toda a vida) à crueza de suas esculturas.

Contudo, por causa de um episódio trágico, o artista caiu no ostracismo há quase duas décadas, fazendo um silêncio tão agudo quanto o de suas peças.

No dia 8 de setembro de 1985, sua terceira mulher, a artista cubana Ana Mendieta, despencou da janela do 34º andar do apartamento onde ele vive até hoje em Manhat-tan, Nova York.

Testemunhas à época di-ziam ter ouvido gritos antes da queda. Ao atendente do 911, número telefônico para emergências nos EUA, Andre confi rmou que houve uma dis-

SILAS MARTÍ

Minimalista Carl Andre volta à cena nos EUA

RESUMOAfastado do convívio com o mundo da arte desde a morte trági-ca de sua mulher em 1985, o escultor Carl Andre segue sendo um expoente do minima-lismo americano. Sua obra está de volta à cena com sua primei-ra retrospectiva nos EUA, centrada não só em suas conhecidas esculturas metálicas como também em seus poemas.

cussão e que Mendieta caiu lá de cima muito exaltada, mas à polícia disse que ela havia ido dormir sozinha e que ele só notara mais tar-de a ausência da mulher e a janela aberta. Ele chegou a ser preso por suspeita de homicídio, julgado e depois absolvido da acusação.

Desde então, Andre evita o mundo da arte e passa quase o tempo todo trancado em casa. Muitos de seus ami-gos de longa data cortaram relações com ele. E sua obra, que ele adora dizer que “não signifi ca porcaria nenhuma”, vem ganhando uma aura cada vez mais enigmática, embora seja, nas palavras dele, sem-pre aquilo que é – placas de metal são placas de metal e tijolos são tijolos.

“Meu trabalho não tem nada a ver com ideias, tem a ver com matéria. Sou um escul-tor, e esculturas são objetos materiais em três dimensões. Estou mais interessado nas qualidades de um material do que nos contornos da Vênus de Milo”, diz ele à Folha.

“Desde o minimalismo, eu não lido mais com arte. Digo às pessoas que já me aposen-tei. Continuei fazendo exposi-ções de um modo consistente por muito tempo, mas depois fui largando tudo”.

RetomadaNo caso, é o mundo da

arte que vem se apoderando agora da obra do recluso Andre. Mesmo que ele seja indiferente a tudo, uma re-descoberta de seu trabalho está em curso desde o ano passado, quando Massimilia-no Gioni, o curador do New Museum, em Nova York, le-vou diários, poemas e outros objetos pessoais do artista para uma das salas da Bienal de Veneza que organizou.

Na mesma cidade italiana, um remake de “Quando Ati-tudes se Tornam Forma”, a clássica mostra organizada nos anos 1960 em Berna pelo curador suíço Harald Szee-mann, levou suas placas de cobre à Fundação Prada, cau-sando um misto de espanto e saudosismo no “jet set” da arte que passava por ali.

A partir de amanhã, em Nova York, o Dia: Beacon, o famoso museu de arte con-temporânea ao norte da ci-dade, fará a maior mostra já dedicada a Andre desde 1970, com 50 esculturas e mais de 200 poemas escritos pelo artista.

“Sculpture as Place” será a maior retrospectiva de sua obra e a primeira mostra a rever todas as fases de sua carreira em solo norte-ameri-cano. Isso porque Andre teve

até hoje acolhida muito mais calorosa na Europa do que nos EUA, seja pelo gosto dos co-lecionadores europeus, seja pela distância do escândalo da morte de sua mulher.

“Meu trabalho sempre foi comprado na Europa, come-çou a ser colecionado por lá e teve seu valor reconheci-do lá primeiro”, conta Andre. “Foi só depois que comecei a fazer mais mostras nos Esta-dos Unidos. Os europeus são capazes de maiores aventuras intelectuais do que os america-nos. Americanos só assistem à televisão. Se algo não passa na TV, eles não acreditam”.

Então pergunto como ele se sente de volta aos holofotes do mundo da arte. “Essas coisas vêm em ondas, é como a moda”, diz ele. “Não tenho nada a ver com nada disso. Concordei com que fi zessem essa exposição agora impon-do uma única condição, que é me deixar livre de qualquer responsabilidade pela mos-tra. Não quero nenhum con-tato com a coisa, e acho que eles também preferem que eu nem entre no meio”.

InvençãoDe certa forma, essa atitu-

de um tanto apática lembra as circunstâncias da primeira mostra individual que fez na vida, em 1965. Nada estava planejado, e ele foi chama-do às pressas para substituir com suas obras uma exposi-ção que havia sido cancelada na galeria Tibor de Nagy, em Nova York. Um de seus amigos sugeriu que a galeria mostrasse as obras dele e, em menos de duas semanas, Andre teve de inventar uma série de esculturas.

Havia só um detalhe curio-so. Como a galeria na rua 57 ocupava um antigo so-brado, com um piso que não aguentaria as peças de metal e madeira que Andre vinha fazendo até então, a solução foi criar uma série de vigas de isopor, imitando madeira. “Não importava o que eu fi -zesse, só tinha de ser leve”, lembra o artista. “O isopor me dava um grande volume mesmo com uma carga muito pequena, para que a galeria não afundasse e destruísse o salão de beleza no andar de baixo”.

Embora menos impactan-tes que suas peças de metal, as vigas de isopor de Andre não destoavam do discurso do artista. “Era preciso rea-gir às circunstâncias, superar os limites criando esculturas adequadas ao contexto”, re-sume Andre. “Nunca começo com um desenho para ser executado em algum lugar. Vou ao lugar sem nenhuma ideia predeterminada e vejo que desejo surge naquele lu-gar, é um processo dialético. Acredito que toda obra de arte começa com um desejo, não com uma ideia”.

É dessa forma que o ar-tista justifi ca sua série de esculturas mais célebres, os quadrados de cobre que po-dem cobrir toda a extensão de uma sala ou serem ali-nhados para confi gurar uma trilha só limitada pelo número de placas disponíveis para a

RECEPÇÃOO artista teve até hoje acolhida mais calorosa na Europa do que nos EUA, seja pelo gosto dos cole-cionadores, seja pela distância do escânda-lo quanto à morte de sua mulher

composição. “Tinha o desejo de experimentar isso, que era algo que eu nunca havia feito”, conta o artista. “Quando cobri o chão da galeria com essas placas, todo mundo achou bizarro, fora de série, mas hoje tornou-se um clássico do minimalismo. Além do mais, mostra como a história dis-torce tudo. Ninguém levava isso a sério quando eu co-mecei, e nenhuma escola de arte sonhava em ensinar algo assim. Diziam só aquilo que não se podia fazer, enquanto hoje qualquer um ensina esse tipo de coisa”.

FamaEsse tipo de coisa, aliás, ain-

da nos anos 1960, ganhou tal fama que chamou a atenção de Harald Szeemann. O suíço então levou as placas de cobre de Andre para uma mostra no Kunsthalle de Berna.

Era o início da consagração de uma vanguarda – embora em 1969, quando o curador expôs a obra de Andre ao lado de peças dos hoje clás-sicos Joseph Beuys, Bruce Nauman, Sol LeWitt, Walter De Maria, entre outros, tudo parecia fora da ordem plás-tica do dia.

“Não lembro como foi, mas o Szeemann descobriu o meu trabalho, tinha visto umas fotografi as”, lembra Andre.

“Então fi z uma proposta es-pecífi ca para a mostra, e ele topou. Hoje isso não acon-tece mais. A maioria dos curadores só aposta no que já está garantido, quer a segurança de mostrar o que já foi mostrado mil vezes e já não carece de explicação. Não querem ser desafi ados pelos críticos nem ter de explicar coisa alguma”.

No caso de Andre, explica-ções continuaram a ser cobra-das ao longo de sua carreira. Em 1976, “Equivalent VIII”, uma escultura sua composta de tijolos alinhados no chão formando um retângulo, ins-pirou ataques dos críticos bri-tânicos quando exibida pela Tate Gallery, em Londres. No mesmo ano, chegou a ser vandalizada por um visitante que decidiu pintar os tijolos brancos da obra, hoje na Tate Modern, aberta em 2000.

“Já fi zeram coisas atrozes com o meu trabalho”, diz An-dre. “Mas não faço mais parte da cena artística. Gostava da época em que o mundo da arte era ir para os bares, como o Max’s Kansas City, e pegar meninas. Esse era o único propósito da vida social em torno da arte. Havia algo de romântico nesses bares, muitas garotas bonitas. E essa é uma vida que já não existe mais”.

Gostava da época em que o mundo da arte era ir para os ba-res, como o Max’s Kansas City, e pegar meninas. Era o único propósito da vida social em torno da arte

Carl Andre

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G4 MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 G5

Humor

RESUMOUm dos mais desta-cados desenhistas da história da im-prensa no Brasil, o maranhense Fortuna, cofundador de “O Pas-quim”, tem parte de sua obra reunida em livro que recorda os 20 anos de sua morte. Nele, 335 desenhos repassam os mais de 40 anos em que seu humor e sua visão crítica marcaram o jornalismo no país.

Considerado O cartunista dos cartunistas, estampando sua marca no melhor jornalismo produzido no Brasil na segunda metade do século 20, Fortuna (1931-94) era um perfeccionis-ta. Mais: um obsessivo. “Procu-ro desenhar como se estivesse satisfazendo uma necessidade fi siológica”, dizia.

Seu fi lho, o poeta e diplomata Felipe Fortuna, lembra que, se o pai estava no estúdio, fazia-se um silêncio de mosteiro na casa enquanto ele desenhava – com palitos de fósforo, café na água para colorir o fundo do papel, as tintas Suvinil destinavam-se às capas de revista. Só às vezes, no meio da noite, escutava-se o matraquear da máquina de escrever. Os amigos artistas da imprensa – que, como ele, brigavam contra os prazos aper-tados – sabiam e invejavam: uma vez defi nida a piada, ou imaginada a charge, ou bolado o cartum, Fortuna levava dias ou semanas para apresentar o desenho defi nitivo.

“Sofria como Flaubert para pôr o ponto fi nal”, defi ne Jaguar. “Na verdade, ele se divertia na hora de modifi car o traço de um nariz, a posição da boca, algum braço cruzado ou entrelaçado. Punha o desenho a certa dis-tância, em cima de um sofá, por exemplo, e fi cava horas a observá-lo. Não adiantava di-zer a ele que nenhum leitor de jornal repetiria aquele ponto de observação”, conta Felipe.

Mas o ritual de observação não lhe bastava. Antes de fi nal-mente mandar o desenho para a gráfi ca, mostrava-o ao porteiro do prédio ou o faxineiro da Redação, pedindo uma última opinião, mesmo que sempre re-cebesse respostas protocolares – “Tá ótimo, seu Fortuna!”. E, depois de publicado, continuava insistindo em testar seu humor. Exibia a página a todo mundo e esperava uma reação. Só ria quando os outros riam.

“O resultado era excepcional. Aquela velha história: como fa-zer o simples é difícil”, avalia o caricaturista e pesquisador Cássio Loredano, que organizou o recém-lançado álbum cujo título justamente é “Fortuna - O Cartunista dos Cartunistas” [Edições Pinakotheke, 256 pá-ginas, R$ 89].

Para lembrar os 20 anos de sua morte – um infarto fulmi-nante que o surpreendeu em plena atividade, aos 63 anos –, a obra reúne 335 desenhos, a maioria inédita em livro, re-passando a trajetória iniciada na segunda metade dos anos 1940. Além do prefácio de Ferreira Gullar, a bem cuidada edição traz cronologia, textos de Antonio Callado, Felipe For-

ALVARO COSTA E SILVAILUSTRAÇÃO FORTUNA

A ironia afi ada do cartunista Fortuna

3Traço passado a limpo

tuna, Jaguar, Álvaro de Sá e Pietro Maria Bardi, uma rara entrevista que Fortuna deu à revista “Vozes” em 1970 e um anexo com fotos.

“A maior característica é a limpeza e a pureza do traço, em qualquer que fosse o registro da mensagem, lírica ou política”, comenta Loredano, que, a par de ter selecionado o material, contextualiza e analisa no livro cada uma das fases do carica-turista. “Na obra de Fortuna, é notável a aquisição de um estilo contundente: sua charge ou seu cartum não se faz reconhecer só pela expressão do desenho, mas também pelo texto”, escreve Felipe, um dos quatro herdeiros e curador da obra do pai.

“Todo humorista insiste em investigar a lógica, em desven-dar os desacertos existentes naquilo que aparenta certeza ou verdade. Fortuna adiciona ‘nonsense’ às experiências mais cotidianas, de tal modo que a possível inversão de uma situação não a faz voltar a um estado de normalidade. Pegue-se, por exemplo, o cartum dos mendigos que trazem chapéus na mão com os quais pedem dinheiro (à exceção de um de-les). É justamente o mendigo sem chapéu que pede a quem passa: ‘Um chapeuzinho, pelo amor de Deus!’. Isso, sim, é a extrema miséria. O riso sur-

ge da constatação de que o mendigo pede um instrumento de trabalho para que possa mendigar”, continua.

‘O Pagãozinho’Reginaldo José de Azevedo

Fortuna nasceu no dia 21 de agosto de 1931, em São Luís do Maranhão. Com a morte do pai, sua família transfe-riu-se para o Rio, indo morar na Vila Ruy Barbosa, travessa Chiquita, na rua dos Inválidos, centro da cidade. Ali, aos 16 anos, começou a fazer revistas de histórias em quadrinhos à mão. Criou a historieta “Jack, o Gostosão” e seis números da revista “O Pagãozinho”, tudo feito domesticamente, como se estivesse treinando para a produção que viria a seguir. No Colégio da Mabe, na rua do Riachuelo, dividiu carteiras e canetas com Ziraldo.

A estreia profi ssional se deu aos 17 anos, na revista “Sesi-nho”, publicação infantil do Ser-viço Social da Indústria (Sesi). Sob o pseudônimo de Ricardo Forte, fez ilustrações e criou a seção “O Caçula da Cinelândia”, com desenhos humorísticos so-bre fi lmes – o cinema teve gran-de impacto na sua formação. “O estilo variava muito, como se o autor ainda testasse técnicas e formas, em busca de um traço pessoal”, diz Loredano.

Em “A Cigarra”, revista dos Diários Associados, e por su-gestão de Millôr Fernandes, o desenhista virou Fortuna, “que mais parece pseudônimo que sobrenome”, recorda Jaguar.

Foi a primeira revista brasi-leira a publicar cartuns soltos, e Fortuna era o seu único cartu-nista. Ao adotar a impressão em rotogravura, que permitia maior precisão, ele começou a expe-rimentar a inserção de fotos e rabiscos à margem das páginas, muitas das quais traziam a pró-pria imagem do humorista. Ali, no fi m dos anos 1950, nasceu não só um “nom de plume” mas também um estilo.

Na “Revista da Semana”, na qual trabalhou de 1954 a 1957, anunciou seu interesse pelos signos não verbais e logotipos e, momentaneamente, pelo car-tum sem palavras.

O arquiteto e cartunista Claudius Ceccon conheceu-o nesse tempo: “Eu tinha 16 anos e trabalhava como auxiliar de paginação na revista ‘O Cru-zeiro’. Apesar de ainda jovem, Fortuna já estava pronto, ma-duro. Era dono de um desenho moderno, de humor cortante, aliando sofi sticação do traço e da palavra com resultados que te faziam rir para dentro, refl etir, render-se a uma ge-nialidade aparentemente tão espontânea”.

‘Pif-paf’Um novo caminho se abre

com a revista “Pif-Paf”, funda-da em 1964 por Millôr, e que durou apenas oito números. O sufi ciente, no entanto, para que Fortuna celebrizasse nela ao menos dois desenhos, primeiras imagens da ditadura no Brasil: o militar que desembainha a espada para apontar o lápis e o militar que despacha em seu gabinete montado a cavalo.

Não à toa, no prefácio do livro “Hay Gobierno”, também de 1964, feito em parceria com Jaguar e Claudius, Paulo Francis escreve: “Fortuna me parece o mais político. Seu desenho é sombrio, às vezes fantas-magórico, criando a atmosfera ideal, pelo contraste, para seu ‘ponto de ataque’, sempre direto e conciso”.

Era o que Antonio Callado – que convidou Fortuna para ser chargista diário do “Correio da Manhã”, acompanhando e criticando o regime militar até a instalação do AI-5 – defi niu como “cartum editorial”.

No prefácio de “Fortuna - O Cartunista dos Cartunistas”, Ferreira Gullar explica que as charges, mais tarde reunidas no livro “Aberto para Balanço”, constituem “outra maneira de contar a nossa história, dife-rentemente de como a contam cronistas e historiadores”.

Em 1968, Fortuna planejou e coordenou a edição do livro “Dez em Humor”. Hoje objeto de culto, o livro reúne, além dele, Claudius, Henfi l, Jaguar, Leon Eliachar, Millôr Fernandes, Sta-nislaw Ponte Preta, Vagn, Zélio e Ziraldo. O cronista José Carlos (Carlinhos) Oliveira foi convida-do para escrever o prefácio e as apresentações, que deveriam ser curtas e objetivas, perfi s resumidos dos autores.

Carlinhos instalou sua Olivetti na mesa do Antônio’s, bar da moda, e escreveu o texto numa tarde, tendo ao lado a supervi-são técnica de Chico Buarque, que, enquanto bebia, dava algu-mas “peruadas”. O resultado é uma obra-prima do “desbunde”. Fortuna chiou e pediu para po-dar alguns trechos de sua apre-sentação. O que restou é, ainda assim, bastante anárquico:

“Reginaldo (seu nome de ba-tismo) vai acabar presidente da Associação Brasileira de Humoristas, essa república de sorriso dúbio, mais enigmático que a Gioconda. Quanto ao For-tuna propriamente dito, isto é, o Carnê Fortuna, eu ia inventar uma piada (eu, quer dizer, Car-linhos Oliveira, autor dessas biografi as simplifi cadas, pai de Sheila de Oliveira, fi lho de Sheila de Oliveira, irmão da mesma, e assim por diante), quanto a – quem? Bom, quanto

a Fortuna, se tivesse nascido pobre, teria sido uma exce-lente Sheila de Oliveira”. No “Pasquim”, que ajudou a fundar em 1969, Fortuna desenvolveu mais o lado de caricaturista: desenhou tanto a equipe inicial do semanário quanto perso-nalidades como o presidente norte-americano Richard Ni-xon ou o craque Tostão. Ilustrou diversas capas, fez vinhetas, cartuns e textos.

Na época, o humorista e músico Reinaldo Figueiredo (futuro “Casseta & Planeta”) rascunhava as primeiras folhas como cartunista, seguindo o professor. “Um dia, na Redação, fi quei observando Fortuna reto-car o desenho. E aprendi que o cartum ou ilustração para a imprensa não é um desenho para fi car emoldurado. É uma matriz para reprodução impres-sa. O original dele às vezes tinha pedaços de papel colados por cima, ou tinta branca para cobrir partes que queria mudar ou apagar. Na impressão em preto e branco, em alto contraste, os remendos e correções não aparecem. O que importava era o resultado fi nal, e este era feito com o maior capricho. Enfi m, uma obra de arte”.

PrisãoHá que registrar a prisão

da “patota” (como a turma que não fazia parte dela cha-mava a equipe do “Pasquim”), em dezembro de 1970. Dois dias depois de deixarem a Vila Militar do Rio, Paulo Fran-cis, Sérgio Cabral (pai), Flávio Rangel, Luiz Carlos Maciel, entre outros, posaram para uma foto histórica de Paulo Garcez – está no livro – em frente à casa do jornal, na rua Clarice Índio do Brasil, em Botafogo. Fortuna em primei-ríssimo plano, peito aberto na camisa social desabotoada.

Em 1971, o artista deu início à série “Madame e Seu Bicho Muito Louco”, um dos pontos mais altos de sua criação. Os quadrinhos, que se espalhavam nas páginas do “Pasquim” e das revistas “Bicho” e “Care-ta”, agora reúnem-se todas no livro. É um festival de situa-ções imponderáveis e diálo-gos surpreendentes entre uma senhora autoritária e seu cão de bigodes.

Na mesma batida, Fortuna idealizou a revista “O Bicho”, que teve oito números, de março de 1975 a novembro de 1976, possibilitando que nomes como Laerte, Chico e Paulo Caruso, Luiz Gê, Lus-car e Nani divulgassem seus trabalhos fora do esquema underground. “Para a minha formação profi ssional, Fortu-na foi decisivo. Posso dizer que ele e o argentino Quino foram os mais importantes. Não apenas nos aspectos de conteúdo e técnica, mas na coragem de evoluir, de arris-car, de ter coerência até na hora de mudar radicalmente de direção. Ele poderia con-tinuar fazendo eternamente aquelas bailarinas do tempo da revista ‘Careta’, que eram lindas, mas seguiu em frente sem medo, buscando novas possibilidades para o desenho e o humor”, diz Laerte.

Após ter sido editor de arte, ilustrador e capista na revis-ta “Veja” entre 1974 e 1976, Fortuna aportou em 1979 no suplemento “Folhetim”, da Fo-lha, então editado por Tarso de Castro, que lhe imprimiu um tom à la “Pasquim”. Ao longo dos anos 1980, produziu para o jornal charges a nanquim e a caneta hidrográfi ca, com temas predominantemente políticos (vivia-se o auge das Diretas-Já) e econômicos.

A fi gura do gaúcho Claudius Sylvius Petrus Ceccon lembra o Dom Quixote imortalizado nas gravuras de Gustave Doré: alto, de barbicha, mas não tão magro hoje, aos 76 anos.

Sua visão de mundo, profunda-mente política e divertida, está contada na retrospectiva “Clau-dius, Quixote do Humor”, a ser inaugurada na próxima quinta-feira, no Sesc Santo Amaro, em São Paulo. Multimídia e interativa, a mostra reúne cerca de 300 de-senhos que marcam sua trajetória de cartunista profi ssional, iniciada no “Jornal do Brasil”.

Como Fortuna (leia texto ao lado), ele foi um dos fundadores do sema-nário “O Pasquim”. Hoje colaborador regular da “Ilustríssima”, Claudius – cujo estilo se inscreve na tradi-ção de Saul Steinberg (1914-99), passando pela infl uência do ami-go Millôr Fernandes (1923-2012) – já teve seus desenhos publicados, além de na Folha, nos jornais “Diário Carioca” e “Correio da Manhã” e nas revistas “O Cruzeiro” e “Pif-Paf”, entre outros periódicos.

Folha - Você consegue en-contrar um traço comum na sua trajetória?

Claudius - Acho que a essência do meu trabalho é a natureza polí-tica, presente até nos cartuns cuja aparente fi nalidade é apenas fazer rir. É muita pretensão minha. Vã pretensão, mas não tem jeito. Vem de longe, de uma formação religiosa, de um aprendizado político um tanto errático e da convicção de que te-nho uma enorme responsabilidade social por meio do que faço. Sinto que é apenas uma pobre retribuição aos meus semelhantes pelo dom que me foi concedido graciosa e imerecidamente.

Por essa natureza sua, o gol-pe militar de há 50 anos está na mostra...

A exposição se organiza tema-

ticamente, e o golpe, a ditadura, a repressão, a tortura e a anistia tinham de estar. Mostramos quão ridícula é uma ditadura militar, mas seria preciso contextualizar cada imagem. É difícil entender como foi possível, suspensos to-dos os direitos constitucionais, com a censura nas Redações, criar e circular nacionalmente um jornal como “O Pasquim”. A resis-tência tem muitos heróis anôni-mos Brasil afora. Espero que os visitantes recebam as mensagens enviadas na época com a cumpli-cidade de então.

Por que o Quixote? Fiquei fascinado pelo persona-

gem, desde que o conheci lendo Monteiro Lobato e o “Tesouro da Juventude”, e o tenho utilizado de muitas maneiras em meu trabalho. Um dos desenhos de que mais gosto é o do Quixote empunhando uma pena (meu instrumento de traba-lho) em lugar da lança, e enfren-tando o moinho, cujas pás são as lâminas de uma tesoura, a tesoura da censura, que veladamente con-tinua a existir, aqui e ali.

Você consegue pinçar um de-senho e uma frase que defi nam a mostra?

Não. Mas poderia ser um que mostra pai e fi lho, no alto de um edifício, olhando um enorme con-gestionamento, e o pai diz: “Nun-ca mais conseguiram desfazer o Grande Engarrafamento de 1962”. Nem lembro se era 1962, mas é profético. Ou melhor: imaginativo. Outro seria o da cidade estrangula-da pelas vias que conduzem carros até ela, ilustração para seminários que o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) promoveu recentemen-te sobre reforma urbana.

Como você analisa a qualida-de e o alcance da charge hoje

no Brasil? Acho que a Folha tem um belís-

simo time atuando na página A2 e nas tiras. Nem preciso citar nomes, eles são todos ótimos. Poucos jornais fazem esse investimento de qualidade. No “Globo”, há anos, o Chico [Caruso] faz uma charge diária, identifi cada com sua linha editorial. Talvez meu desejo seja impossível de realizar: ser como um “ombudsman”, podendo criti-car em charges o próprio jornal que publica o meu trabalho.

Como arquiteto, como você observa as mudanças urba-nísticas pelas quais passa o Rio, onde mora?

As empreiteiras tomaram con-ta do pedaço: estão planejando o Rio ao seu bel-prazer e pelo lucro. Resultado claro do fi nanciamen-to privado das campanhas elei-torais. Decisões são tomadas de improviso, sem qualquer consul-ta aos atingidos pelas propostas e sem respeitar pareceres con-trários de órgãos de classe como o IAB ou o Clube de Engenharia. Em nome de uma falsa (e bota falsa nisso) efi ciência, projetos incompletos são iniciados a to-que de caixa, fazendo com que os custos se multipliquem descon-troladamente. Isso para a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Os planos de incorporação das favelas ao tecido urbano, por sua vez, uma bela ideia do programa Morar Carioca, complementar às UPPs sociais, depois de dois anos de preparação e da escolha, por concurso, de 40 escritórios de ar-quitetura para planejar 240 áreas selecionadas, simplesmente foi engavetado pelo prefeito do Rio de Janeiro. E o programa Minha Casa, Minha Vida? Está repe-tindo os piores erros cometidos pelo BNH [Banco Nacional da Habitação] durante a ditadura. As

habitações que estão sendo feitas são simplesmente horrendas.

Não admira que as manifesta-ções de junho tivessem a prefei-tura como ponto de chegada e o cerco à casa do governador como ponto de encontro: o povo não é bobo, a opinião pública os vê como responsáveis pelo caos no Rio. Dizer que o planejamento urbano deve ser democrático não é uma frase de efeito. A democracia deve refl etir-se no modo como é organizado o tecido urbano.

Além de cartunista, você tem um trabalho que relacio-na desenho e educação. Conte sobre ele.

Essa relação tem sido expli-citada no Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), uma ONG que produz materiais edu-cativos, da qual sou diretor. Co-municação, educação e humor formam uma unidade. Os vídeos são divertidos, as publicações são cheias de humor sem deixar de ser precisas, factual e cienti-fi camente falando.

A relação desenho e educação vai mal, obrigado. Desenha-se cada vez menos nas escolas e esse problema vem de longe. Lembro que no Colégio Andrews, no Rio, quando eu tinha 13 anos, tive um professor de desenho que me de-sestimulava, com críticas ácidas.

Acontece que em minha casa todos – meus pais, meus dois ir-mãos e eu – tínhamos no desenho uma atividade lúdica, absoluta-mente normal, o que me ajudou a resistir às críticas e continuar, teimosamente, a desenhar.

Mas quantos terão desistido por causa dele? Espero que essa exposição estimule muitas crian-ças, jovens e pessoas de todas as idades a desenhar, por puro prazer, sem outro compromisso que o de se divertir.

ALVARO COSTA E SILVAILUSTRAÇÃO CLAUDIUS

Colega de ‘O Pasquim’ tem mostra em SP

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Humor

RESUMOUm dos mais desta-cados desenhistas da história da im-prensa no Brasil, o maranhense Fortuna, cofundador de “O Pas-quim”, tem parte de sua obra reunida em livro que recorda os 20 anos de sua morte. Nele, 335 desenhos repassam os mais de 40 anos em que seu humor e sua visão crítica marcaram o jornalismo no país.

Considerado O cartunista dos cartunistas, estampando sua marca no melhor jornalismo produzido no Brasil na segunda metade do século 20, Fortuna (1931-94) era um perfeccionis-ta. Mais: um obsessivo. “Procu-ro desenhar como se estivesse satisfazendo uma necessidade fi siológica”, dizia.

Seu fi lho, o poeta e diplomata Felipe Fortuna, lembra que, se o pai estava no estúdio, fazia-se um silêncio de mosteiro na casa enquanto ele desenhava – com palitos de fósforo, café na água para colorir o fundo do papel, as tintas Suvinil destinavam-se às capas de revista. Só às vezes, no meio da noite, escutava-se o matraquear da máquina de escrever. Os amigos artistas da imprensa – que, como ele, brigavam contra os prazos aper-tados – sabiam e invejavam: uma vez defi nida a piada, ou imaginada a charge, ou bolado o cartum, Fortuna levava dias ou semanas para apresentar o desenho defi nitivo.

“Sofria como Flaubert para pôr o ponto fi nal”, defi ne Jaguar. “Na verdade, ele se divertia na hora de modifi car o traço de um nariz, a posição da boca, algum braço cruzado ou entrelaçado. Punha o desenho a certa dis-tância, em cima de um sofá, por exemplo, e fi cava horas a observá-lo. Não adiantava di-zer a ele que nenhum leitor de jornal repetiria aquele ponto de observação”, conta Felipe.

Mas o ritual de observação não lhe bastava. Antes de fi nal-mente mandar o desenho para a gráfi ca, mostrava-o ao porteiro do prédio ou o faxineiro da Redação, pedindo uma última opinião, mesmo que sempre re-cebesse respostas protocolares – “Tá ótimo, seu Fortuna!”. E, depois de publicado, continuava insistindo em testar seu humor. Exibia a página a todo mundo e esperava uma reação. Só ria quando os outros riam.

“O resultado era excepcional. Aquela velha história: como fa-zer o simples é difícil”, avalia o caricaturista e pesquisador Cássio Loredano, que organizou o recém-lançado álbum cujo título justamente é “Fortuna - O Cartunista dos Cartunistas” [Edições Pinakotheke, 256 pá-ginas, R$ 89].

Para lembrar os 20 anos de sua morte – um infarto fulmi-nante que o surpreendeu em plena atividade, aos 63 anos –, a obra reúne 335 desenhos, a maioria inédita em livro, re-passando a trajetória iniciada na segunda metade dos anos 1940. Além do prefácio de Ferreira Gullar, a bem cuidada edição traz cronologia, textos de Antonio Callado, Felipe For-

ALVARO COSTA E SILVAILUSTRAÇÃO FORTUNA

A ironia afi ada do cartunista Fortuna

3Traço passado a limpo

tuna, Jaguar, Álvaro de Sá e Pietro Maria Bardi, uma rara entrevista que Fortuna deu à revista “Vozes” em 1970 e um anexo com fotos.

“A maior característica é a limpeza e a pureza do traço, em qualquer que fosse o registro da mensagem, lírica ou política”, comenta Loredano, que, a par de ter selecionado o material, contextualiza e analisa no livro cada uma das fases do carica-turista. “Na obra de Fortuna, é notável a aquisição de um estilo contundente: sua charge ou seu cartum não se faz reconhecer só pela expressão do desenho, mas também pelo texto”, escreve Felipe, um dos quatro herdeiros e curador da obra do pai.

“Todo humorista insiste em investigar a lógica, em desven-dar os desacertos existentes naquilo que aparenta certeza ou verdade. Fortuna adiciona ‘nonsense’ às experiências mais cotidianas, de tal modo que a possível inversão de uma situação não a faz voltar a um estado de normalidade. Pegue-se, por exemplo, o cartum dos mendigos que trazem chapéus na mão com os quais pedem dinheiro (à exceção de um de-les). É justamente o mendigo sem chapéu que pede a quem passa: ‘Um chapeuzinho, pelo amor de Deus!’. Isso, sim, é a extrema miséria. O riso sur-

ge da constatação de que o mendigo pede um instrumento de trabalho para que possa mendigar”, continua.

‘O Pagãozinho’Reginaldo José de Azevedo

Fortuna nasceu no dia 21 de agosto de 1931, em São Luís do Maranhão. Com a morte do pai, sua família transfe-riu-se para o Rio, indo morar na Vila Ruy Barbosa, travessa Chiquita, na rua dos Inválidos, centro da cidade. Ali, aos 16 anos, começou a fazer revistas de histórias em quadrinhos à mão. Criou a historieta “Jack, o Gostosão” e seis números da revista “O Pagãozinho”, tudo feito domesticamente, como se estivesse treinando para a produção que viria a seguir. No Colégio da Mabe, na rua do Riachuelo, dividiu carteiras e canetas com Ziraldo.

A estreia profi ssional se deu aos 17 anos, na revista “Sesi-nho”, publicação infantil do Ser-viço Social da Indústria (Sesi). Sob o pseudônimo de Ricardo Forte, fez ilustrações e criou a seção “O Caçula da Cinelândia”, com desenhos humorísticos so-bre fi lmes – o cinema teve gran-de impacto na sua formação. “O estilo variava muito, como se o autor ainda testasse técnicas e formas, em busca de um traço pessoal”, diz Loredano.

Em “A Cigarra”, revista dos Diários Associados, e por su-gestão de Millôr Fernandes, o desenhista virou Fortuna, “que mais parece pseudônimo que sobrenome”, recorda Jaguar.

Foi a primeira revista brasi-leira a publicar cartuns soltos, e Fortuna era o seu único cartu-nista. Ao adotar a impressão em rotogravura, que permitia maior precisão, ele começou a expe-rimentar a inserção de fotos e rabiscos à margem das páginas, muitas das quais traziam a pró-pria imagem do humorista. Ali, no fi m dos anos 1950, nasceu não só um “nom de plume” mas também um estilo.

Na “Revista da Semana”, na qual trabalhou de 1954 a 1957, anunciou seu interesse pelos signos não verbais e logotipos e, momentaneamente, pelo car-tum sem palavras.

O arquiteto e cartunista Claudius Ceccon conheceu-o nesse tempo: “Eu tinha 16 anos e trabalhava como auxiliar de paginação na revista ‘O Cru-zeiro’. Apesar de ainda jovem, Fortuna já estava pronto, ma-duro. Era dono de um desenho moderno, de humor cortante, aliando sofi sticação do traço e da palavra com resultados que te faziam rir para dentro, refl etir, render-se a uma ge-nialidade aparentemente tão espontânea”.

‘Pif-paf’Um novo caminho se abre

com a revista “Pif-Paf”, funda-da em 1964 por Millôr, e que durou apenas oito números. O sufi ciente, no entanto, para que Fortuna celebrizasse nela ao menos dois desenhos, primeiras imagens da ditadura no Brasil: o militar que desembainha a espada para apontar o lápis e o militar que despacha em seu gabinete montado a cavalo.

Não à toa, no prefácio do livro “Hay Gobierno”, também de 1964, feito em parceria com Jaguar e Claudius, Paulo Francis escreve: “Fortuna me parece o mais político. Seu desenho é sombrio, às vezes fantas-magórico, criando a atmosfera ideal, pelo contraste, para seu ‘ponto de ataque’, sempre direto e conciso”.

Era o que Antonio Callado – que convidou Fortuna para ser chargista diário do “Correio da Manhã”, acompanhando e criticando o regime militar até a instalação do AI-5 – defi niu como “cartum editorial”.

No prefácio de “Fortuna - O Cartunista dos Cartunistas”, Ferreira Gullar explica que as charges, mais tarde reunidas no livro “Aberto para Balanço”, constituem “outra maneira de contar a nossa história, dife-rentemente de como a contam cronistas e historiadores”.

Em 1968, Fortuna planejou e coordenou a edição do livro “Dez em Humor”. Hoje objeto de culto, o livro reúne, além dele, Claudius, Henfi l, Jaguar, Leon Eliachar, Millôr Fernandes, Sta-nislaw Ponte Preta, Vagn, Zélio e Ziraldo. O cronista José Carlos (Carlinhos) Oliveira foi convida-do para escrever o prefácio e as apresentações, que deveriam ser curtas e objetivas, perfi s resumidos dos autores.

Carlinhos instalou sua Olivetti na mesa do Antônio’s, bar da moda, e escreveu o texto numa tarde, tendo ao lado a supervi-são técnica de Chico Buarque, que, enquanto bebia, dava algu-mas “peruadas”. O resultado é uma obra-prima do “desbunde”. Fortuna chiou e pediu para po-dar alguns trechos de sua apre-sentação. O que restou é, ainda assim, bastante anárquico:

“Reginaldo (seu nome de ba-tismo) vai acabar presidente da Associação Brasileira de Humoristas, essa república de sorriso dúbio, mais enigmático que a Gioconda. Quanto ao For-tuna propriamente dito, isto é, o Carnê Fortuna, eu ia inventar uma piada (eu, quer dizer, Car-linhos Oliveira, autor dessas biografi as simplifi cadas, pai de Sheila de Oliveira, fi lho de Sheila de Oliveira, irmão da mesma, e assim por diante), quanto a – quem? Bom, quanto

a Fortuna, se tivesse nascido pobre, teria sido uma exce-lente Sheila de Oliveira”. No “Pasquim”, que ajudou a fundar em 1969, Fortuna desenvolveu mais o lado de caricaturista: desenhou tanto a equipe inicial do semanário quanto perso-nalidades como o presidente norte-americano Richard Ni-xon ou o craque Tostão. Ilustrou diversas capas, fez vinhetas, cartuns e textos.

Na época, o humorista e músico Reinaldo Figueiredo (futuro “Casseta & Planeta”) rascunhava as primeiras folhas como cartunista, seguindo o professor. “Um dia, na Redação, fi quei observando Fortuna reto-car o desenho. E aprendi que o cartum ou ilustração para a imprensa não é um desenho para fi car emoldurado. É uma matriz para reprodução impres-sa. O original dele às vezes tinha pedaços de papel colados por cima, ou tinta branca para cobrir partes que queria mudar ou apagar. Na impressão em preto e branco, em alto contraste, os remendos e correções não aparecem. O que importava era o resultado fi nal, e este era feito com o maior capricho. Enfi m, uma obra de arte”.

PrisãoHá que registrar a prisão

da “patota” (como a turma que não fazia parte dela cha-mava a equipe do “Pasquim”), em dezembro de 1970. Dois dias depois de deixarem a Vila Militar do Rio, Paulo Fran-cis, Sérgio Cabral (pai), Flávio Rangel, Luiz Carlos Maciel, entre outros, posaram para uma foto histórica de Paulo Garcez – está no livro – em frente à casa do jornal, na rua Clarice Índio do Brasil, em Botafogo. Fortuna em primei-ríssimo plano, peito aberto na camisa social desabotoada.

Em 1971, o artista deu início à série “Madame e Seu Bicho Muito Louco”, um dos pontos mais altos de sua criação. Os quadrinhos, que se espalhavam nas páginas do “Pasquim” e das revistas “Bicho” e “Care-ta”, agora reúnem-se todas no livro. É um festival de situa-ções imponderáveis e diálo-gos surpreendentes entre uma senhora autoritária e seu cão de bigodes.

Na mesma batida, Fortuna idealizou a revista “O Bicho”, que teve oito números, de março de 1975 a novembro de 1976, possibilitando que nomes como Laerte, Chico e Paulo Caruso, Luiz Gê, Lus-car e Nani divulgassem seus trabalhos fora do esquema underground. “Para a minha formação profi ssional, Fortu-na foi decisivo. Posso dizer que ele e o argentino Quino foram os mais importantes. Não apenas nos aspectos de conteúdo e técnica, mas na coragem de evoluir, de arris-car, de ter coerência até na hora de mudar radicalmente de direção. Ele poderia con-tinuar fazendo eternamente aquelas bailarinas do tempo da revista ‘Careta’, que eram lindas, mas seguiu em frente sem medo, buscando novas possibilidades para o desenho e o humor”, diz Laerte.

Após ter sido editor de arte, ilustrador e capista na revis-ta “Veja” entre 1974 e 1976, Fortuna aportou em 1979 no suplemento “Folhetim”, da Fo-lha, então editado por Tarso de Castro, que lhe imprimiu um tom à la “Pasquim”. Ao longo dos anos 1980, produziu para o jornal charges a nanquim e a caneta hidrográfi ca, com temas predominantemente políticos (vivia-se o auge das Diretas-Já) e econômicos.

A fi gura do gaúcho Claudius Sylvius Petrus Ceccon lembra o Dom Quixote imortalizado nas gravuras de Gustave Doré: alto, de barbicha, mas não tão magro hoje, aos 76 anos.

Sua visão de mundo, profunda-mente política e divertida, está contada na retrospectiva “Clau-dius, Quixote do Humor”, a ser inaugurada na próxima quinta-feira, no Sesc Santo Amaro, em São Paulo. Multimídia e interativa, a mostra reúne cerca de 300 de-senhos que marcam sua trajetória de cartunista profi ssional, iniciada no “Jornal do Brasil”.

Como Fortuna (leia texto ao lado), ele foi um dos fundadores do sema-nário “O Pasquim”. Hoje colaborador regular da “Ilustríssima”, Claudius – cujo estilo se inscreve na tradi-ção de Saul Steinberg (1914-99), passando pela infl uência do ami-go Millôr Fernandes (1923-2012) – já teve seus desenhos publicados, além de na Folha, nos jornais “Diário Carioca” e “Correio da Manhã” e nas revistas “O Cruzeiro” e “Pif-Paf”, entre outros periódicos.

Folha - Você consegue en-contrar um traço comum na sua trajetória?

Claudius - Acho que a essência do meu trabalho é a natureza polí-tica, presente até nos cartuns cuja aparente fi nalidade é apenas fazer rir. É muita pretensão minha. Vã pretensão, mas não tem jeito. Vem de longe, de uma formação religiosa, de um aprendizado político um tanto errático e da convicção de que te-nho uma enorme responsabilidade social por meio do que faço. Sinto que é apenas uma pobre retribuição aos meus semelhantes pelo dom que me foi concedido graciosa e imerecidamente.

Por essa natureza sua, o gol-pe militar de há 50 anos está na mostra...

A exposição se organiza tema-

ticamente, e o golpe, a ditadura, a repressão, a tortura e a anistia tinham de estar. Mostramos quão ridícula é uma ditadura militar, mas seria preciso contextualizar cada imagem. É difícil entender como foi possível, suspensos to-dos os direitos constitucionais, com a censura nas Redações, criar e circular nacionalmente um jornal como “O Pasquim”. A resis-tência tem muitos heróis anôni-mos Brasil afora. Espero que os visitantes recebam as mensagens enviadas na época com a cumpli-cidade de então.

Por que o Quixote? Fiquei fascinado pelo persona-

gem, desde que o conheci lendo Monteiro Lobato e o “Tesouro da Juventude”, e o tenho utilizado de muitas maneiras em meu trabalho. Um dos desenhos de que mais gosto é o do Quixote empunhando uma pena (meu instrumento de traba-lho) em lugar da lança, e enfren-tando o moinho, cujas pás são as lâminas de uma tesoura, a tesoura da censura, que veladamente con-tinua a existir, aqui e ali.

Você consegue pinçar um de-senho e uma frase que defi nam a mostra?

Não. Mas poderia ser um que mostra pai e fi lho, no alto de um edifício, olhando um enorme con-gestionamento, e o pai diz: “Nun-ca mais conseguiram desfazer o Grande Engarrafamento de 1962”. Nem lembro se era 1962, mas é profético. Ou melhor: imaginativo. Outro seria o da cidade estrangula-da pelas vias que conduzem carros até ela, ilustração para seminários que o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) promoveu recentemen-te sobre reforma urbana.

Como você analisa a qualida-de e o alcance da charge hoje

no Brasil? Acho que a Folha tem um belís-

simo time atuando na página A2 e nas tiras. Nem preciso citar nomes, eles são todos ótimos. Poucos jornais fazem esse investimento de qualidade. No “Globo”, há anos, o Chico [Caruso] faz uma charge diária, identifi cada com sua linha editorial. Talvez meu desejo seja impossível de realizar: ser como um “ombudsman”, podendo criti-car em charges o próprio jornal que publica o meu trabalho.

Como arquiteto, como você observa as mudanças urba-nísticas pelas quais passa o Rio, onde mora?

As empreiteiras tomaram con-ta do pedaço: estão planejando o Rio ao seu bel-prazer e pelo lucro. Resultado claro do fi nanciamen-to privado das campanhas elei-torais. Decisões são tomadas de improviso, sem qualquer consul-ta aos atingidos pelas propostas e sem respeitar pareceres con-trários de órgãos de classe como o IAB ou o Clube de Engenharia. Em nome de uma falsa (e bota falsa nisso) efi ciência, projetos incompletos são iniciados a to-que de caixa, fazendo com que os custos se multipliquem descon-troladamente. Isso para a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Os planos de incorporação das favelas ao tecido urbano, por sua vez, uma bela ideia do programa Morar Carioca, complementar às UPPs sociais, depois de dois anos de preparação e da escolha, por concurso, de 40 escritórios de ar-quitetura para planejar 240 áreas selecionadas, simplesmente foi engavetado pelo prefeito do Rio de Janeiro. E o programa Minha Casa, Minha Vida? Está repe-tindo os piores erros cometidos pelo BNH [Banco Nacional da Habitação] durante a ditadura. As

habitações que estão sendo feitas são simplesmente horrendas.

Não admira que as manifesta-ções de junho tivessem a prefei-tura como ponto de chegada e o cerco à casa do governador como ponto de encontro: o povo não é bobo, a opinião pública os vê como responsáveis pelo caos no Rio. Dizer que o planejamento urbano deve ser democrático não é uma frase de efeito. A democracia deve refl etir-se no modo como é organizado o tecido urbano.

Além de cartunista, você tem um trabalho que relacio-na desenho e educação. Conte sobre ele.

Essa relação tem sido expli-citada no Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), uma ONG que produz materiais edu-cativos, da qual sou diretor. Co-municação, educação e humor formam uma unidade. Os vídeos são divertidos, as publicações são cheias de humor sem deixar de ser precisas, factual e cienti-fi camente falando.

A relação desenho e educação vai mal, obrigado. Desenha-se cada vez menos nas escolas e esse problema vem de longe. Lembro que no Colégio Andrews, no Rio, quando eu tinha 13 anos, tive um professor de desenho que me de-sestimulava, com críticas ácidas.

Acontece que em minha casa todos – meus pais, meus dois ir-mãos e eu – tínhamos no desenho uma atividade lúdica, absoluta-mente normal, o que me ajudou a resistir às críticas e continuar, teimosamente, a desenhar.

Mas quantos terão desistido por causa dele? Espero que essa exposição estimule muitas crian-ças, jovens e pessoas de todas as idades a desenhar, por puro prazer, sem outro compromisso que o de se divertir.

ALVARO COSTA E SILVAILUSTRAÇÃO CLAUDIUS

Colega de ‘O Pasquim’ tem mostra em SP

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Querem calar artistas na rede e vovós na rua

A China que faz ‘psiu!’

Diário de Pequim O MAPA DA CULTURA

Depois de ter mais de cem contas apagadas pela cen-sura no microblog Weibo, o Twitter chinês, o artista Gao Zhen decidiu migrar.

Ele continua vivendo e trabalhando em Pequim, onde costuma receber convidados em seu estúdio povoado de obras que ri-dicularizam Mao Tse-tung, símbolo máximo do regime chinês. A mudança foi virtu-al: Gao, 58, transferiu seus comentários ácidos sobre o governo para o WeChat, o aplicativo de mensagens de celular que é uma febre na China e a ferramenta de comunicação mais usada no país.

Ali, o artista compartilha com amigos e seguidores imagens, refl exões e men-sagens políticas que te-

MARCELO NINIO

riam vida curta no Weibo, como esta, por exemplo: “A chamada ditadura demo-crática popular é uma con-tradição tão grande como dizer que ‘guerra é paz’, ‘liberdade é escravidão’ e ‘ignorância é poder’”.

Ele é o mais velho dos dois irmãos Gao, que assinam suas obras em conjunto e estão entre os artistas plás-ticos chineses mais conhe-cidos internacionalmente.

A campanha contra “ru-mores” lançada no ano passado pelo governo au-mentou a censura no Weibo e estimulou a debandada para o WeChat, menos vi-giado. E não foi só entre dissidentes, artistas, jor-nalistas e blogueiros.

Enquanto o Weibo perdeu 27 milhões de usuários em 2013, caindo para 280 mi-lhões, o WeChat cresceu mais de 30%, alcançando a marca de 355 milhões.

Num país em que a im-prensa e as informações são severamente controla-

das pelo Estado (Facebook e Twitter são bloqueados), uma rede social de sucesso mobiliza milhões e logo vira fenômeno.

Um primeiro encontro na China ainda inclui a troca de cartões de visita, entregues

com as duas mãos, mas agora o ritual é acompanha-do pelo emparelhamento dos celulares ou pela chaco-alhada dos aparelhos, que servem para a interligação instantânea.

“Você usa WeChat?”, inda-ga Gao Zhen assim que a

reportagem da Folha aden-tra seu estúdio. O cartão de visitas dos irmãos Gao está logo na entrada: a impac-tante obra “A Execução de Cristo”, em que sete está-tuas de Mao em tamanho natural empunhando fuzis cercam um Jesus acuado e seminu.

Conhecido na China como Weixin, o aplicativo foi lan-çado em 2011 pelo gigan-te chinês Tencent e deve seu estrondoso sucesso aos recursos que juntam sistema de mensagens e rede social, uma mistura de WhatsApp e Facebook, com alguns toques de Twitter. Como é uma rede de ami-gos, ele tem alcance menor que o Weibo, mas já começa a preocupar o governo. Em março, dezenas de con-tas foram bloqueadas pela censura.

O que os chineses leem? Encerrada há poucos dias,

a Feira do Livro de Pequim

atraiu 600 mil visitantes em dez dias e totalizou cerca de R$ 14 milhões em ven-das. O livro na China custa barato, R$ 10 em média, e a autoajuda e a cultura pop dominam o mercado.

Na lista dos best-sellers das principais livrarias de Pequim, dois dos três pri-meiros colocados partem de programas de TV campe-ões de audiência: o drama político norte-americano “House of Cards” e o reali-ty show chinês “Papai, para Onde Vamos?”.

Pai herói A primeira temporada do

reality bateu recordes de popularidade e foi o pro-grama mais visto no país em 2013, com uma fórmula simples: cinco pais famosos têm que se virar sozinhos com os fi lhos pequenos numa ilha por 72 horas.

“Papai, para Onde Va-mos?” virou uma máquina de fazer dinheiro – com audiência de 600 milhões

de pessoas a cada episódio, sendo logo apontado como o programa mais assisti-do do planeta. Ninguém espera menos da segun-da temporada, que estreia em breve.

Vovós do barulho Uma das atividades de

rua mais tradicionais na China está sob ameaça do mau humor. É a dança das vovós, que ocupa praças e outros espaços públicos de manhã e no fim da tarde. A imprensa tem noticiado uma série de incidentes envolvendo vizinhos revol-tados com o volume da mú-sica. Um deles jogou fezes nas vovós, outro soltou os cachorros em cima delas. Em Pequim, saiu até tiro para o alto durante uma discussão. Mas as vovós têm apoio suficiente para continuar comprando o barulho: segundo o jornal “Global Times”, há 100 mi-lhões de dançarinos de rua no país.

WECHATConhecido na China como Weixin, o app foi lançado em 2011 e deve seu estrondoso sucesso aos recursos que juntam sistema de mensagens e rede so-cial, mistura de What-sApp e Facebook.

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5 Tiros no teatro Anchieta

Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

São Paulo, 1972

Matinês de sessões te-atrais sempre foram uma tradição no teatro brasilei-ro. Quando comecei minha carreira, fazíamos sessões de terça a domingo, com ma-tinês às quintas, que, diga-se de passagem, sempre foram um sucesso, pois há um pú-blico ávido por atividades culturais durante o dia.

Recentemente entrou em cartaz no teatro Shopping Frei Caneca, em São Pau-lo, minha peça “A Última Sessão”. Resolvemos reati-var as famosas matinês das quintas e, mais uma vez, o resultado é excepcional, o teatro sempre lotado.

Isso me fez lembrar o início de minha carreira, na segun-da peça profi ssional em que trabalhei, em 1972, “O Ho-mem de La Mancha”, musical estrelado por Paulo Autran e Bibi Ferreira, dirigido pelo genial Flávio Rangel.

ODILON WAGNER

Numa determinada mati-nê de quinta-feira no teatro Anchieta, estávamos no pal-co, e Bibi Ferreira, que inter-pretava Dulcineia, a amada de Dom Quixote, cantava seu primeiro número musi-cal, quando notamos uma movimentação estranha lá na cabine de luz, que fi cava no fi m da plateia, no andar de cima. Gente correndo para um lado, luzes que acendiam, correria para o outro lado.

No palco, notamos que Bibi fi cou apreensiva, mas con-tinuou a canção, embalada pela bela orquestra regida por Murilo Alvarenga – que, por estar posicionado nas coxias, não podia saber o que ocorria na cabine de luz.

De repente, três estalos for-tes que, do palco, logo perce-bemos serem tiros. Bibi parou de cantar e balbuciou “Pauli-nho”, referindo-se ao seu ma-rido, Paulo Pontes, produtor do espetáculo, que fi cava na administração, lá pelas ban-das da cabine de luz.

Todos fi camos imóveis por alguns segundos; a orques-tra continuou tocando por mais uns instantes, até o

maestro perceber que Bibi havia parado de cantar e cortar os músicos – que, não entendendo o que estava acontecendo, desordenada-mente pararam de tocar. Nesse exato instante, nós, jovens tropeiros do elenco, saltamos pela plateia acima até a última fi la, onde fi cava a porta de entrada da cabine

de luz. Eu, muito jovem e intrépido, cheguei na frente de todos e só tive tempo de ouvir: “Saiam da frente que ele está descendo”. Em seguida me deparei com um sujeito com dois revólveres na mão, que passou a me-nos de meio metro de onde

estávamos e, sem olhar para ninguém, com uma frieza espantosa, foi em direção ao saguão, ganhou a rua e desapareceu.

Estávamos ainda parados, atônitos no alto da plateia. Bibi, petrifi cada no palco, na mesma posição desde que havia parado de cantar.

Voamos de volta para o palco e retomamos nossas posições. Alguém deu a or-dem, e o maestro atacou novamente o tema musical, que Bibi retomou com uma vitalidade impressionante, sob os aplausos do público. É como se diz: o show tem de continuar.

ReaçãoToda a ação não deve ter

durado mais que um minuto, mas parecia uma eternidade naquele momento. O impres-sionante é que a plateia não se agitou e, até hoje, tenho a impressão de que não perce-beu o que havia ocorrido, pois olhava nossa movimentação como se aquilo fi zesse parte do espetáculo.

Depois de a matinê en-cerrada, viemos a saber do

ocorrido. O tal meliante fora pego fuçando os pertences dos atores nos camarins. A camareira deu o alerta, o fulano fugiu, mas se perdeu nos corredores internos do teatro e acabou se escon-dendo na cabine de luz.

Um policial foi chamado e iniciou a perseguição. Tiros foram trocados – um deles atingiu o ombro do seu Zé, iluminador do teatro –, o ga-tuno conseguiu tirar a arma do policial, e o resto vocês já sabem.

E Paulo Autran, onde esta-va? No calabouço do cenário, preparando-se para entrar em cena. Não deve ter enten-dido nada. Poderia ter sido uma tragédia, mas naquele tempo até os ladrões eram mais éticos.

Após aquela matinê cheia de emoções, mais tranquilos porque seu Zé estava bem (o tiro foi só de raspão), comemos um lanche e logo estávamos nos preparando para a sessão da noite, que, mais uma vez, estava lotada de gente ansiosa por ver e ouvir a abençoada Bibi cantar sua Dulcineia.

SURPRESANo palco Bibi fi cou apreensiva, mas conti-nuou a canção, embala-da pela bela orquestra regida por Murilo Alva-renga – que, por estar posicionado nas coxias, não podia saber o que ocorria na cabine de luz.

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[email protected], DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia 3

Entrevista traz a ginga doImaginaSamba

DIVULGAÇÃO

Pirataria estimula adaptaçõesPrática comum desde o início do novo milênio, a venda ilegal de CDs e DVDs tem mudado a forma como esses produtos são comercializados

Num passado nem tão distante, quan-do alguém queria adquirir um disco

ou um filme, deveria recorrer às lojas especializadas. Mas, desde o início do atual mi-lênio, a internet tornou-se a principal fonte para aqueles que preferem não pagar o preço cobrado no merca-do por esses produtos, até mesmo por comodidade.

Na esteira dessa prática de compartilhamento dessas obras, a comercialização de có-pias ilegais tornou-se bastante comum e gerou uma dor de ca-beça para gravadoras, estúdios e artistas, que viram a cobrança de seus direitos autorais preju-dicada e ainda foram testemu-nhas de uma grande queda nas vendas e no faturamento desses bens culturais.

Até hoje, artistas tentam se adequar a esse novo mercado. Claro que existem as exceções. Chico Buarque, por exemplo, de-clarou à revista “Rolling Stone”, em 2011, que não precisa mais do disco para sobreviver. “Eu já tenho basicamente aquilo que eu preciso, não tenho gran-des ambições. Já tenho certa estabilidade fi nanceira e não preciso fi car muito preocupado com isso. Meus discos vendem direitinho, tenho direitos auto-

rais aqui e lá fora”, disse.Na mesma entrevista, ele

também contou que foi durante a divulgação do álbum “Chico” que tomou conhecimento da nova realidade do mercado fo-nográfi co. A gravadora havia apresentado a ele um projeto para lançar o CD na internet e ele até chegou a colaborar , mas para compensar a gravadora pelo investimento realizado.

AdaptaçãoAntes do surgimento das

práticas do “download” e da pirataria, a cantora Eliana Prin-tes já investia em CDs. Assim como outros artistas brasileiros e mundiais do segmento mu-sical, ela também foi afetada por essa nova dinâmica. “Como todos já sabemos, houve uma queda brusca nas vendas de CDs e DVDs em todo o mundo. Grandes lojas de CDs fecharam as portas e, claro, isso afeta a todos nós que trabalhamos

com música. Em função dis-so, as gravadoras diminuíram os investimentos na produção e divulgação dos novos tra-balhos e acredito que isso é o que mais pesou na carreira dos artistas”, analisa.

Eliana observa que os artistas estão aprendendo a lidar com esse momento de transição cujo futuro ainda é incerto. Mas a qualidade é um elemento do qual não se pode abrir mão. “Procuro me cercar de boas parcerias, bons profi ssionais e tomar todos os cuidados para que o produto chegue ao públi-co com qualidade e que tenha competitividade de mercado. Acredito que assim podemos marcar nossa presença na cena musical brasileira”, explica. “No mais, é ser sincero com o seu público e se manter próximo dele por meio dos shows, en-trevistas nas rádios e, princi-palmente, das ferramentas que a tecnologia nos dis-ponibiliza hoje, que são as redes sociais”.

Ela não compartilha canções suas por meio de download gratuito por causa do contra-to que mantém com a Universal Music, respon-sável pelas vendas online de suas gravações e do disco físico. “O CD continua exis-tindo, em menor quantida-de, necessário e não menos importante”, diz Eliana.

INVESTIMENTOEliana Printes observa que os artistas estão aprendendo a lidar com esse momento de transição, cujo futuro ainda é incerto, mas a qualidade é um ele-mento do qual não se pode abrir mão

Chico Buarque é um dos poucos ído-los que escolheram não gravar mais

Nunes Filho avalia que pirataria pode impulsionar carreiras

Cantora Eliana Printes é ter-minantemente contra a prática ilegal de venda

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LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

Nunes Filho, o “Prínci-pe do Brega”, comenta que há anos não mantém contrato com gravadora e optou em se tornar um artista independente. Ele conta que não é contra a pirataria porque percebe uma grande dificuldade em divulgar o seu trabalho em Manaus. “Quem acaba divulgando determinados

cantores é a pirataria. Nem todo consumidor com me-nos poder aquisitivo tem condições de comprar um disco com o preço que é cobrado nas lojas. A banda Calypso e a dupla Bruno & Marrone, por exem-plo, estouraram no país inteiro graças à pirata-ria”, observa o cantor, que até gravou uma mú-

sica chamada “O Som do Pirateiro”.

Amanhã, o 34º disco de Nunes Filho, com a faixa “Dá Olé, Dá Show, Brasil”, começa a ser distribuído em lojas da cidade e tam-bém será comercializado pelo serviço de entrega em domicílio que o cantor rea-liza há anos. “Quem quiser comprar um CD meu, basta

ligar para mim (nos tele-fones 9202-0693 e 9985-9734) e eu entrego em mãos”, avisa o artista, que também não é con-tra o compartilhamen-to de suas gravações pela internet. “Não pos-suo esse serviço em site e é o público que ‘joga’ as minhas músicas nas redes sociais”, afirma.

Carreira independente das gravadoras

Para tentar reduzir o mer-cado de pirataria e diminuir os preços de CDs e DVDs nas lojas, em outubro do ano passado foi promulga-da a emenda constitucional 75/13, criada a partir de uma proposta que ficou co-nhecida como PEC da Mú-sica. O texto é de autoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) e visa isentar da cobrança de impostos os CDs e DVDs de autores ou intérpretes brasileiros produzidos no país

Rui Costa, diretor exe-cutivo da loja Disco Laser (avenida Sete de Setembro, Centro), acredita que essa emenda chegou muito tar-de. “Eu acho que deveria ter

sido criada antes e tem que existir várias ações de com-bate à pirataria”, comenta. “O CD virgem é o grande causador da pirataria, que é vendido a 50 centavos na indústria, e tem a mesma qualidade de um disco da indústria fonográfica”.

Ele conta que esse comér-cio ilegal de CDs e DVDs nos últimos anos diminuiu em 70% as vendas da loja. Para tentar se manter no mercado atual, Rui diz que a empresa passou a adi-cionar outros itens corre-latos às suas prateleiras. “Depois que passamos a vender produtos de presen-tes e do gênero gospel, por exemplo, houve um equilí-

brio em torno de 50% em relação ao que se vendia antes”, revela.

Mesmo assim, o diretor executivo considera que o quadro de vendas não é animador e a situação é irreversível. Para ele, é uma questão de tempo – no máximo uns 5 anos – até que as lojas de discos não trabalhem mais com a comercialização do CD. “Estamos buscando novos nichos de mercado para compensar essa perda, aí vamos investir em celulares, produtos de informática e brinque-dos para sobreviver no mercado”, afirma.

Eliana Printes enfatiza

que é preciso levar em conta que existem várias ações para que o preço final de discos ou víde-os fique mais barato. “Os custos para produzir e fa-bricar um CD ou DVD ain-da são muito altos. Então reduzindo os impostos já é algo bem significativo e acredito que esse seja um bom caminho para que te-nhamos preços melhores”, opina. “Quanto à pirataria, o que precisamos mesmo é de um combate mais eficaz por parte das autoridades do nosso país para garan-tir assim os direitos dos autores, cantores, músi-cos e produtores”, sugere a cantora.

Proposta de solução que veio tarde

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. tem casal estrelado com passagens marcadas para o Brasil.

. A atriz Salma Hayek e o bilionário francês François-Henri Pinault desembarcam em breve em São Paulo para um e v e n t o na Gucci, do JK Iguatemi.

. A vinda da atriz e do CEO da Kering, conglomerado dono de gigantes como a própria Gucci, Bottega Veneta, SaintLau-rent, Stella McCartney, entre outros,

ainda é segredo de poucos. Mas, es-pecula-se que o casal poderá seguir

os passos de Stefano Gabbana e seguir de São Paulo para

conhecer a Amazônia. Vamos aguardar a confirmação.

>> Chic

. Neste domingo acontece a primeira sessão de “Rosinha, a garota de Sevilha - De Capitu a Amélia”, dentro da programação do 18º Festival Amazonas de Ópera.

. A apresentação tem entrada free e acontece no palco do Teatro da Instalação, às 19h.

>> Palco

. Faltam poucos dias para Katy Perry iniciar sua mais nova turnê.

. The Prismatic World Tour dá o início no dia 7 de maio, e com a data se aproximando a canto-

ra tem mostrado em suas redes sociais o que está por vir nesse novo empreendimento, e um dos primeiros detalhes a serem revela-dos são os figurinos com nomes de peso: Moschino por Jeremy Scott, Valentino e Roberto Cavalli. Vem coisa muito boa por aí.

>> Turné

. No próximo dia 16, no Reserva Ingle-sa, o clima será de ‘Wine Day’, no evento em parceria com a panificadora Nossa Senhora de Fátima.

. Na data, degustação de vinhos e azei-tes em mais de 50 rótulos diferentes e a presença exclusiva de produtores.

. Informações e convites: http://pfatima.com.br/?p=produto&produto=283

>> Vinhos

. As clutch da moda tem nome e sobrenome.

. Elas são de acrílico personalizadas com o seu nome. A criação é de Brett Heyman, nome por trás da marca Edie Parker.

. As clutchs customizadas com o nome da pessoa ou dizeres divertidos fazem a cabeça de fashionistas como Giovanna Bataglia, Anna Dello Russo e Julia Roitfi eld, uma ode ao Art-Decó made in USA. Corram atrás das suas!

>> Objeto de desejo

Luciana Novaes, Fátima Abreu e Raquel Claudino formando trio de alto astral em festa no Classic Hall

O prefeito Arthur Neto levando os cumprimentos ao presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado Josué Neto, que recebia os amigos ao lado da mulher Andrezza, durante festa con-corridíssima que comemorava seu aniversário, no Clube Municipal

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

A bela Carol Carvalho será anfitriã hoje de um grande almoço comemorando seu aniversário, no edifício Andréa Nasser

e v e n t o na Gucci, do JK Iguatemi.

. A vinda da atriz e do CEO da Kering, conglomerado dono de gigantes como a própria Gucci, Bottega Veneta, SaintLau-rent, Stella McCartney, entre outros,

ainda é segredo de poucos. Mas, es-pecula-se que o casal poderá seguir

os passos de Stefano Gabbana e seguir de São Paulo para

. Faltam poucos dias para Katy Perry iniciar sua mais nova turnê.

. The Prismatic World Tour dá o início no dia 7 de maio, e com a data se aproximando a canto-

ra tem mostrado em suas redes sociais o que está por vir nesse novo empreendimento, e um dos primeiros detalhes a serem revela-dos são os figurinos com nomes de peso: Moschino por Jeremy Scott, Valentino e Roberto Cavalli. Vem coisa muito boa por aí.

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Fernanda Mendonça enchendo de char-me evento que reuniu luluzinhas chics

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Trajetória de um festival de louvor e de sucessoLouvaRei conquista patrocinadores além do segmento gospel e se torna o segundo maior evento do gênero na Região Norte

A quinta edição do LouvaRei, realizada em abril deste ano, levou 25 mil pessoas ao sambódromo, para ver de perto os shows de Fernanda Brum, DJ PV, Fernandinho e da banda Átrium

Desde o ano passado, a realização do festival gospel LouvaRei, da Di Campos Produções,

tem ampliado o seu time de patrocinadores. O produtor Nailton Campos, responsável pela empresa, observa que, em 2013, o evento começou a atrair uma atenção maior de interes-sados em investir na iniciativa e, como resultado, a maioria dos patrocinadores atualmente não pertence ao segmento gospel.

“Os responsáveis pelos se-tores de marketing das em-presas perceberam que es-tavam deixando de fora dos investimentos um público que também é consumidor. O público evangélico gosta de usar roupas de qualidade, de frequentar bons restaurantes, de viagens. A partir do enten-dimento de que o evangélico consome como qualquer outro público, os empresários pas-saram a investir nesse seg-mento”, observa Nailton.

O produtor comenta que o interesse pela música gospel não se restringe mais apenas aos evangélicos. “Hoje em dia, 20% de quem vai aos eventos da Di Campos Produção não é evangélico. As pessoas não têm mais vergonha de dizer que ouvem música gospel. Ainda existe um preconceito, mas bem menos do que havia há alguns anos”, avalia.

A melhoria na qualidade dos produtos comercializados também é citada pelo produ-tor como um dos fatores para essa maior aceitação da músi-ca gospel por um público mais diversificado. “Atualmente são contratados bons produtores e músicos mais profissionais e, com isso, qualquer pessoa que goste de canções que falam de paz também gosta de ouvir o trabalho desses artistas”, analisa.

AvaliaçãoEste ano, o LouvaRei chegou a

sua quinta edição e levou 25 mil pessoas, no dia 11 de abril, ao sambódromo para conferir os shows das atrações nacionais

Fernandinho, Fernanda Brum e DJ PV e da banda amazonense Átrium. Nailton Campos afir-ma que, em 2013, o Louva-Rei tornou-se o evento gospel mais respeitado em Manaus e completa que, na avaliação de artistas e produtores de fora, é o segundo maior do gênero no Norte (o primeiro é o “Louvor Belém”, realizado há mais de 20 anos na capital paraense).

O produtor revela que já existem planos para apresen-tar o LouvaRei em outras capi-tais do país. “Durante a edição de abril, vieram empresários do Paraná que ouviram falar do festival e trouxeram uma proposta de levar o formato do evento para o resto do Brasil”, conta. “Também fomos procu-rados recentemente para re-alizar gravações de um DVD do evento”.

Nailton cita como grandes diferenciais do festival em re-lação a outros do gênero a sua estrutura e organização. “O LouvaRei também não deixa a desejar a nenhum show secu-lar”, garante. Para ele, o nível de destaque da Di Campos Produções no mercado local em pouco tempo pode ser associado à união entre bons eventos e boas atrações, além do respeito ao público quando o assunto é pontualidade.

“Procuramos cumprir o que prometemos e evitar erros já cometidos. Produzir um evento não é só ligar para contratar um artista, mas também é or-ganizá-lo. Credibilidade é algo que você adquire com o passar dos anos. Usar esse termo traz uma responsabilidade muito grande, e essa responsabilida-de traz credibilidade”, define.

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

PRESENÇAO produtor Nailton Campos diz que 20% do público que frequenta os eventos da Di Cam-pos Produções não é evangélico. “As pessoas não têm mais vergonha de dizer que ouvem mú-sica gospel”, observa A sexta edição do Louva-

Rei está marcada para o dia 12 de setembro e Nailton Campos pretende que mais um fato pioneiro seja incluí-do na história da produtora: a realização do festival na Arena da Amazônia. Seria o primeiro evento gospel no estádio construído para abrigar os jogos da Copa do Mundo da Fifa.

“Estamos nos articulan-do com o governo do Estado para levar o festival para a arena. Acreditamos que te-mos capacidade e público suficiente para reunir 50 mil pessoas nesse local”, diz o produtor.

As atrações previstas são a cantora Aline Barros, para lançar o CD “Graça”, o cantor Thalles Roberto e, a pedidos do público, novamente o DJ PV. “E,

para o festival do ano que vem, vamos trazer o gru-po australiano Hillsong”, adianta Nailton.

Nailton Campos tra-balha há 20 anos como produtor e sua empresa surgiu a partir de uma necessidade de ajudar a Assembleia de Deus do bairro Santo Agostinho a melhorar sua estrutura.

“Decidi realizar um even-to com bandas locais bem estruturado, coisa que não era comum, pois até então esses eventos eram feitos de qualquer jeito. O resulta-do foi bom e conseguimos um sistema de som para a igreja”, recorda.

Foram realizadas ainda outras seis edições dessa iniciativa e uma delas che-gou a reunir 1,5 mil pesso-as, segundo Nailton.

Próximo local deve ser a arena

Thalles Roberto já cantou no festival em duas ocasiões

Com a boa aceitação do seu projeto de shows, Nail-ton Campos decidiu levá-lo para além do espaço da igreja. O primeiro evento aberto ao público de Ma-naus aconteceu no Olímpi-co Clube, com a presença do grupo Novo Som, para uma plateia de quase 10 mil pessoas. “Conseguimos oferecer uma estrutura de produção até então inédita no meio gospel local”, diz.

Em 2011, o projeto foi batizado de LouvaRei e, no mês de abril daquele ano, foi realizada no sambódromo a primeira edição, com shows de Aline Barros, Cleber Lu-cas e Gilmar Brito para um público de 12 mil pessoas. “A intenção já era lançar-mos o evento com grandes dimensões e, pela primeira vez, um show gospel na cidade contou com uma es-trutura inédita que incluiu palco geospace e telões de LED, além de uma área VIP com bufê e entrada e saída exclusivas para o público”, conta o produtor.

No ano seguinte, em ju-nho, a Di Campos Produ-

ções foi a responsável pela produção local da gravação do DVD comemorativo dos 15 anos da banda Diante do Trono, no sambódromo. O público reunido foi de 350 mil pessoas. “Partici-par desse evento foi muito bom para o nosso portfólio e para nos mostrar como uma marca mais respeita-da”, diz Nailton.

Ainda em 2012, no mês de outubro, o LouvaRei ga-nhou a terceira edição, com a presença do cantor Thal-les Roberto, ex-integran-te da banda Jota Quest. O show foi realizado no estacionamento da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Canaã e Nailton lembra que na plateia ha-via 27 mil pessoas, e ou-tras 8 mil ficaram do lado de fora do evento.

Em 2013, o LouvaRei voltou para o sambódro-mo e, em outubro, trouxe de volta Thalles Roberto e ainda o cantor Fernandi-nho, que tocaram para 35 mil pessoas – o recorde de público da história do LouvaRei até o momento.

Evento já reuniu 35 mil pessoas

Desde o início, a produtora investe em atrativos inéditos

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O legado do mestre da luz no AM

GASPER

Quem passeia nos fi ns de tarde pelos caminhos do parque Senador Jefer-son Peres, admira a ponte Benjamin Constant e depois visita o largo São Sebastião com o imponente monu-mento em homenagem à Abertura dos Portos talvez não perceba o cuidadoso projeto de iluminação que dá vida a esses lugares. Um legado que o desig-ner de luz Peter Gasper, falecido no feriado de 1º de maio no Rio de Janeiro, deixou ao Amazonas.

Saídas de sua mente bri-lhante, as iluminações artís-ticas mudaram o signifi cado de mera luz para arte. O

mesmo pode ser visto no ano passado, quando da re-forma do bumbódromo de Parintins. Lá, toda a nova e arrojada iluminação foi criada por Gasper. “Tivemos o privilégio de trabalhar com

um artista da luz. Um mestre que nos ensinou e deixou sua assinatura no Amazo-nas”, comenta o secretário de Cultura do Amazonas, Robério Braga.

A morte de Peter Gas-per foi noticiada em rede nacional pela sua impor-tância e a relevância do seu trabalho. Ele trabalhou em projetos de Oscar Nie-meyer, da Rede Globo, da TV Bandeirantes e do SBT.

São dele, por exemplo, os projetos de iluminação do Memorial JK, em Bra-sília. E o Museu de Arte de Niterói, no Rio de Ja-neiro. No Amazonas, seu trabalho segue vivo.

Ponte Benjamin Constant, um dos cenários que receberam a iluminação de Peter Gasper

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AÇÃO

ARTEEm toda a trajetória profi ssional do desig-ner de luz Peter Gas-per, falecido há dois dias no Rio de Janeiro, um hábito pode ser percebido: a constante transformação de luz em arte

A mistura de romantis-mo e a pegada de Partido Alto, fazem do ImaginaSamba

um grupo de sucessos mar-cantes nas rádios de todo o país. O mais recente é o hit “Escondidinho”, que já está nas redes sociais e no TVZ da Multishow. O ImaginaSam-ba, formado por sambistas cariocas, soma 10 anos de carreira e está em turnê di-vulgando o novo CD “Você ou ninguém mais”. O talento do grupo poderá ser conferido pelos manauenses no dia 10 de maio (sábado), na piscina do Tropical Hotel que, ao lado do Só Pra Contrariar (SPC),

prometem um show cheio de ginga e samba de primeira. Em entrevista, o vocalista do ImaginaSamba, Suel, fala so-bre a expectativa de tocar no show comemorativo dos 25 anos de SPC, além da carreira e novos trabalhos.

Manaus mais uma vez os acolhe de braços abertos, desta vez em uma apresen-tação muito importante, já que se trata do show co-memorativo de 25 anos do Só Pra Contrariar. Como é para vocês estar de volta à cidade para participar dessa apresentação?

Suel - Durante toda nos-

sa carreira ouvimos outros artistas falarem do carinho do público manauense e sem-pre tivemos um desejo muito grande de conhecer, então tocar pela segunda vez em um evento dessa grandeza em Manaus é um presente para nós. Estou realizando um sonho de criança tocando no mesmo palco com o grupo que marcou minha infância. Busquei muitas referências no Alexandre Pires para me tornar cantor.

Vocês estão preparando algo novo para esse show em Manaus? Haverá algu-ma alteração no repertório

do que foi apresentado no último show na cidade?

S - Levaremos algumas músicas no novo CD “Você ou ninguém mais”. No show tem uma música do SPC no momento de fl ashback, mas ainda estamos pensando se vamos tocá-la, afi nal a grande atração da noite é o Só Pra Contrariar e preferimos ouvir na voz do Alexandre (risos).

Entre as bandas que inspiram a carreira do ImaginaSamba podemos mencionar o SPC? De que forma a banda mineira infl uenciou na trajetória musical de vocês?

S - Com certeza. Inspira ao grupo pelo belo repertório que sempre tiveram, pela preocu-pação com fi gurino e pela pos-tura serena que o grupo tem. Tentamos seguir pelo mesmo caminho. Como cantor, o Ale-xandre Pires está no topo da minha lista de ídolos. Sonho um dia ser completo como ele.

Quais são os projetos do ImaginaSamba para este ano?

S - O novo CD “Você ou ninguém mais” já está nas lojas e o clip da música “Escondidinho” está bom-bando nas redes sociais e no TVZ do Multishow.

SERVIÇOSPC – 25 ANOS E IMAGINASAMBA

Quando

Onde

Quanto

Central de vendas:

Informações

10 de maio

Piscina do Hotel Tropical

De R$ 60 (pista/meia) a R$ 150 (VIP meia)Stand Amazonas Shopping e Loja Shopping Cidade Leste3303-0100/www.fabricaingressos.com

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

A ginga do IMAGINASAMBA

‘Estamos REALIZANDO um SONHO de CRIANÇA’

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo“X” da questãoA Rede TV! acabou com

o “Morning Show”. Trans-formou o programa, que agora passa a receber ou-tro título, “Muito Show”, e novos apresentadores, Babi Rossi, Andressa Ura-ch e Vinícius Vieira.

Vai entrar, diariamente, às 18h45. Estreia nesta segunda-feira. A dúvida é o que será do horário da manhã.

Uma das possibilidades... Levantadas nos últimos

tempos foi a estreia de um infantil, com a dupla “Patati Patatá”.

Só que ninguém mais falou sobre isso. Deram uma esfriada no caso. Pode ser que agora, de-pois de todo esse feriado, o assunto volte a fazer parte da pauta.

Melhorou... O “CQC” está bem como

programa, a sua direção soube realizar os ajustes que eram necessários e acertou a sua bancada com a Dani Calabresa, em-bora o Oscar Filho nunca tivesse decepcionado.

Verifica-se que já exis-te um entrosamento dos mais interessantes da Dani com Marcelo Tas e

Marco Luque.

... Piorou Curioso é que, no instante

em que o “CQC” soube se ajeitar na sua produção, a audiência deixou de respon-der à altura.

Quando o programa esta-va pior, dava mais audiên-cia. Mas agora, mesmo com as melhorias realizadas, os seus resultados deixam a de-sejar. Isto olhando só a Band. Na segunda passada, para se ter uma ideia, deu 2,4.

História do CiriloO caso do menino Jean Pau-

Quer um filhoEm episódio de “Ta-

pas & Beijos” da pró-xima terça, na Globo, Djalma (Otávio Mul-ler) aproveita a pro-ximidade do Dia das Mães para tentar convencer a esposa, Flavinha(Fernanda de Freitas) a formar uma família. Deseja ter um filho.

Djalma também quer que ela aban-done o trabalho de dançarina na boate La Conga.

Bate-rebate• Beto Richa, governador

do Paraná, será o convidado do “Roda Viva”, da Cultura, nesta segunda.

• A Band mandou o Denílson para a Espanha, ouvir os brasi-leiros que moram por lá...

• ... Alguém poderá pergun-tar por que o Denílson? Pela simples razão dele, durante muitos anos, ter atuado no futebol espanhol.

• O Megapix fechou abril com duas lideranças conquistadas na última semana...

• ... Uma foi com “Adrenalina”, 1 e 2, no dia 23, primeiro lugar entre os canais de fi lmes...

• ... E a outra, na exibi-ção de “2012”, estreia, che-gou ao topo da TV paga na noite do dia 25.

• Ainda como parte das suas festividades de 4º aniversário, o Viva vai estrear o musical “Mixto Quente”, na próxima quarta-feira, 22h.

Patrícia Abravanel vai se afastar do SBT

Patrícia Abravanel, grávida de cinco meses e à espera de um menino - do seu relacio-namento com o deputado fe-deral Fábio Faria, vai levar as gravações do programa “Má-quina da Fama” até a última semana de julho.

E com tudo que tem direito, inclusive o número especial, que vai ao ar uma vez por mês, onde ela faz a imitação de alguma celebridade.

Amanhã, de terno e gravata, Otaviano Costa vai estrear o seu quadro de perguntas e respostas no “Vídeo Show”, lembrando o consagrado “8 ou 800” de outros tempos.

O apresentador titular Zeca Camargo também pre-para o lançamento de dois novos quadros.

Ficamos assim. Mas ama-

nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

lo Campos só foi revertido graças à intervenção di-reta de Silvio Santos, que assegurou a permanência do Cirilo no SBT.

Na gravação do Tro-féu Imprensa, ele já tinha dado a pista.

Lá fora O seriado “Segunda

Dama”, com Heloisa Pé-rissé, já tem data para estrear no canal interna-cional da Globo.

Começa em 15 de maio (mesmo dia por aqui) nos Estados Unidos e no dia 22 na Europa e África.

Em episódio de “Ta-pas & Beijos” da pró-xima terça, na Globo, Djalma (Otávio Mul-ler) aproveita a pro-ximidade do Dia das Mães para tentar convencer a esposa, Flavinha(Fernanda de Freitas) a formar uma família. Deseja

Djalma também quer que ela aban-done o trabalho de dançarina na boate

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A avant première do dvd “Táwa-paiera” do Boi Bumbá Capricho-so, em Manaus, há duas semanas atrás, foi cercado de emoção e muitas expectativas. De início, sentimos o impacto da quali-dade de imagem e, sobretudo, o esmero na produção do show. Uma cenografia arrojada, figu-rinos ainda que irregulares mas em sua maioria satisfatórios. No caso dos figurinos, há de se en-tender que não se pode pensar um figurino sem saber quem vai usá-lo e como vão utilizá-lo. Por vezes víamos o desconforto de al-guns dançarinos que executavam coreografias acrobáticas onde, no conjunto, nos parecia uma sujeira estética e descabida, nos fazendo conjeturar (pois a câme-ra não mostrava) as quedas dos adereços de cabeça e dos braços. A elaboração de um figurino deve passar por uma cuidadosa pes-quisa antes mesmo da fase de desenho e execução. A escolha da paleta de cores e o experimento com formas são etapas que o boi deveria ter atentado, como disse, não em todos os quadros, mas em alguns específicos.

Esta é a nova gestão do bum-bá Caprichoso capitaneada por Joilton Azêdo. Antigos ídolos voltaram à festa azul, mas ao contrário deste retorno firmar-se como um festival de alegria e expectativas foi transformado, pelo menos pelas redes sociais e por muitos de seus torcedores, numa guerra declarada entre mu-ras e mundurukus - lembram da divisão da torcida em 2000? -, uma espécie de contrários de si mesmos, um retrocesso que não enriquece ninguém e só fortifica o moral do verdadeiro contrário, o bumbá Garantido acostumado a driblar problemas e vencer com muitos méritos.

Mas ainda assim “Táwapaiera” guarda muitas qualidades. A so-noridade impressa nos arranjos sem as pieguices e clichês de anos anteriores é o principal des-taque da parte musical, somado, claro, a qualidade dos intérpre-tes, músicos e vocais de apoio. A direção de imagens também foi bastante regular, mas por vezes, cansativa e sem criativida-de. As passarelas que ladeavam o centro do Curral Zeca Xibelão, também palcos de apresenta-ção, foram pouquíssimas vezes mostrado e o uso desenfreado do slow motion sem nenhuma justificativa ou sentido acabou por empobrecer ao invés de en-riquecer a cena.

Havia um preenchimento de cena demasiado, faltando dar ao espetáculo movimento. Quando se executa “Mérito de Paixão” com alunos da escolinha de arte acompanhando com o violão a interpretação de David Assayag, a sensibilidade na escolha do mo-mento e o tom dramático constitu-íram um dos mais belos momentos do dvd. Se diminuíssem o preen-chimento de palco em algumas das canções teríamos um conjunto artístico mais satisfatório, assim como a coreografi a executada durante a canção “Naiades” em que houve um exagero de dan-çarinas em tecido “voile” com o típico movimento de braços fazendo alusão às águas.

Mas “Táwapaiera” é um bom dvd, dos melhores já produzidos pelo bumbá Caprichoso. O grande desafio agora é enxergar que o momento é de união e festa, apagando com isso a fogueira das vaiadades, afinal, a gran-de estrela da festa é o bumbá Caprichoso, patrimônio imaterial vivo da Amazônia e do coração de muitos dos nossos.

Márcio Braz*E-mail: [email protected]

Márcio Braz*ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

Antigos ídolos voltaram à festa azul, mas ao contrário deste retorno fi rmar-se como um festival de alegria e ex-pectativas, foi transformado, pelas redes sociais e tor-cedores, numa guerra declara-da entre muras e mundurukus”

Contrário de si mesmo

MÁRIO ADOLFO

ELVIS

REGI

GILMAL

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

Programação da TV

5h Jornal da Semana6h Igreja Universal7h Brasil Caminhoneiro7h30 Planeta Turismo8h30 Vrum9h Amazonas da Sorte 10h Domingo Legal 14h Eliana18h Roda a Roda Jequiti18h45 Sorteio da Telesena19h Programa Silvio Santos23h De Frente Com Gabi0h Nikita1h Chase A Perseguição2h Cult3h20 Big Bang4h Igreja Universal

SBTGLOBO

6h Santo Culto Em Seu Lar6h30 Desenhos Bíblicos9h Amazonas Da Sorte 10h Record Kids 11h Domingo Show15h15 Hora Do Faro 19h20 Domingo Espetacular23h15 Spartacus 0h15 A Nova Super Máquina1h15 Programação Iurd

5h Santa Missa

6h Amazônia Rural

6h30 Pequenas Empresas, Gran-

des Negócios

7h Globo Rural

7h55 Auto Esporte

8h30 Esporte Espetacular

11h30 Esquenta

12h50 Temperatura Máxima - Mar-

maduke

15h Futebol 2014 - Campeonato

Brasileiro - Bahia X Botafogo

17h Domingão Do Faustão

19h45 Fantástico

22h05 Superstar

23h10 Em Busca de Campeões

0h10 Domingo Maior - Soldado

Universal 3 - Regeneração

1h50 Sessão De Gala - Contra

Corrente

3h45 Corujão - Tratamento De

Choque

3h35 Série Americana

4h20 Festival De DesenhosAs noites de domingo fi cam completas com as entrevistas em “De frente com Gabi”, no SBT

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES – 21/3 a 19/4Procure desenvolver o gosto pessoal. Faça de suas afi nidades naturais a base para a construção de coisas importantes. A vontade de estar com as pessoas está mais forte.

TOURO – 20/4 a 20/5As preocupações mais imediatas são atenua-das, permitindo momentos de agradável reco-lhimento e de dedicação a interesses pessoais. Cuide bem de seus bens materiais.

GÊMEOS – 21/5 a 21/6O convívio com amigos e amigas tende a ser bastante agradável neste dia. Você mostrará seu lado mais comunicativo e agradável ao estar junto a eles.

CÂNCER – 22/6 a 22/7A cooperação começa a favorecer o desen-volvimento profi ssional. Com sensibilidade e habilidade, mesmo os obstáculos complicados podem ser removidos do caminho.

LEÃO – 23/7 a 22/8 A sensibilidade e a razão tendem a caminhar juntas na elaboração dos projetos e sonhos de vida. É favorável organizar um caminho que leve àquilo que pessoalmente lhe agrada

VIRGEM – 23/8 a 22/9Maior a disposição para se envolver com projetos de trabalho. Algum apoio material irá favorecer uma reforma ou mudança que se faça imprescindível no trabalho.

LIBRA – 23/9 a 22/10A harmonia começa a se fazer presente no casamento e nas relações associativas. Os projetos conjuntos podem ser um bom ponto de convergência entre vocês.

ESCORPIÃO – 23/10 a 21/11Fase de maior autoestima e boa disposição para a vida. Momento de muitas atividades que o aproximem das pessoas. O espírito de cooperação é fundamental neste dia.

SAGITÁRIO – 22/11 a 21/12Os sentimentos amorosos e as oportunida-des de convívio vão convergir, favorecendo a realização das afeições. As conversas e as atividades agradáveis são estimulantes.

CAPRICÓRNIO – 22/12 a 19/1Harmonia doméstica e familiar é o que promete o dia. O conforto físico e o bom ambiente com as pessoas propiciam momentos de bem estar. A criatividade artística está em alta.

AQUÁRIO – 20/1 a 18/2O encanto por estar ao lado de pessoas bonitas ou natureza estética lhe fará muito bem. As relações de cotidiano e o envolvimento afetivo estão de mãos dadas.

PEIXES – 19/2 a 20/3A aquisição de algum objeto ou peça que lhe agrade esteticamente está na ordem do dia. O tino comercial está bastante ativo e você pode fazer pequenos bons negócios.

Cruzadinhas

REPRODUÇÃO

RECORD

5h Power Ranger – Rpm6h Popeye6h30 Santa Missa No Seu Lar7h30 Sabadão Do Baiano8h Power Ranger + Popeye9h30 Popeye9h45 Infomercial – Polishop10h15 Power Rangers – Super Patrulha Delta

BAND

Cinema

Profi ssão de Risco: EUA. 14 anos. Cinépolis Ponta Negra 10 – 20h45 (leg/diariamente).

Inatividade Paranormal: EUA. 12 anos. Cinemark 3 – 13h10, 18h20 (diaria-mente), 23h40 (dub/somente sábado); Ci-népolis Millennium 2 – 20h20, 22h20 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 8 – 14h10, 16h30, 18h50, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 18h15 (leg/diariamente); Playarte 2 – 19h10, 21h05 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sex-

ta-feira e sábado), Playarte 3 – 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (dub/diaria-mente), 23h15 (dub/somentes sexta-feira e sábado); Playarte 4 – 19h21, 21h21 (dub/diariamente), 23h16 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Copa de Elite: BRA. 14 anos. Cinemark 1 – 13h, 18h50 (diariamente); Cinépolis Mil-lennium 5 – 15h50, 21h50 (diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 13h15, 16h15, 18h40, 21h15 (diariamente); Cinépolis Ponta Ne-gra 6 – 15h (diariamente); Playarte 9

CONTINUAÇÕES

ESTREIA

Getúlio: BRA. 12 anos. Agosto de 1954. O presidente da República, Getúlio Vargas (Tony Ramos), é acusado de mandar matar o maior inimigo político do seu governo. As investigações mostram que a ordem para o atentado saiu de dentro do Palácio do Catete. Getúlio tenta se manter no poder e provar sua inocência, mas comete um ato extremo. Cinemark 2 – 11h20 (exceto segun-da-feira, terça-feira e quarta-feira), 13h40, 16h, 18h30, 20h50 (diariamente), 23h15 (somente sábado); Cinépolis Millennium 7 – 14h15, 16h45, 19h20, 21h40 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 16h15, 21h40 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 19h45 (diariamente); Playarte 10 – 12h55, 15h, 17h05, 19h10, 21h20 (diariamente), 23h25 (somente sexta-feira e sábado).

Amante a Domicílio: EUA. 14 anos. Murray (Woody Allen) é um senhor de idade que, durante uma conversa sobre sexo, diz que conhece um gigolô. Ao saber o quanto poderia ganhar como cafetão, ele tenta convencer seu amigo, Fioravante (John Turturro), a entrar para o ramo. Após muita insistência de Murray, Fioravanti topa fazer um programa com a doutora Parker (Sharon Stone), que está bastante insegura por ser a primeira vez que trai o marido. Cinépolis Ponta Negra 3 – 13h10, 19h10 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 6 – 17h30, 22h15 (leg/diariamente).

10h45 Verdade E Vida11h Irmão Caminhoneiro11h05 Minuto Da Copa – Boletim11h10 Pé Na Estrada11h35 Copa Petrobras De Marcas12h35 De Olho Na Copa12h40 Band Esporte Clube14h Gol, O Grande Momento Do Futebol14h30 Futebol 2014 – Ao Vivo16h50 3º Tempo 19h Só Risos 20h Polícia 24h21h Pânico Na Band0h Canal Livre1h Minuto Da Copa – Boletim1h05 Alex Deneriaz1h40 Show Business - Reapre-sentação2h30 Igreja Universal

O Espetacular Homem-Aranha 2 – A Ameaça de Electro: EUA. 12 anos. Para Peter Parker (Andrew Garfi eld) não há nada melhor do que se balançar entre arranha-céus, ser um herói e passar o tempo com Gwen (Emma Stone). Mas ser o Homem-Aranha tem um preço: apenas ele pode proteger os nova-iorquinos dos inacreditáveis vilões que ameaçam a cidade. Com o surgimento de Electro (Jamie Foxx), Peter precisa confrontar um inimigo muito mais poderoso do que ele. E com o retorno de seu velho amigo Harry Osborn (Dane DeHaan), Peter percebe que todos os seus inimigos têm uma coisa em comum: a Os-Corp. Cinemark 1 – 15h30, 21h30 (dub/diariamente), Cinemark 4 – 19h, 22h10 (3D/dub/exceto quarta-feira), 12h50, 15h50 (3D/dub/diariamente), Cinemark 6 – 11h50 (dub/exceto segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), 14h50, 18h, 21h10 (3D/dub/diariamente), 0h15 (3D/dub/somente sábado), Cinemark 7 – 11h (3D/dub/exceto segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), 14h10, 17h10, 20h20 (3D/dub/diariamente), 23h30 (3D/dub/somente sábado); Cinépolis Millennium 1 – 13h30, 16h30 (3D/dub/diariamente), 19h30, 22h30 (3D/leg/diariamente), Ci-népolis Millennium 4 – 14h, 17h, 20h (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 8 – 13h, 16h, 19h, 22h (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 12h30, 15h30, 18h30, 21h30 (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 13h, 16h, 19h, 22h (3D/dub/dia-riamente), Cinépolis Plaza 3 – 14h, 17h15, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 15h10, 18h30, 22h20 (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 13h, 19h15 (3D/dub/diariamente), 16h10, 22h30 (3D/leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 8 – 15h30, 18h45, 22h (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 14h30, 17h45, 21h (leg/diariamente); Playarte 1 – 14h10, 17h (3D/dub/diariamente), 0h01 (3D/leg/somente quinta-feira), 20h (3D/leg/diariamente), 22h45 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 5 – 0h01 (dub/somente quinta-feira), 12h30, 15h15, 18h, 20h45 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 15h16, 18h01, 20h46 (dub/diariamente), 23h31 (dub/somente sexta-feira e sábado).

– 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (diariamente), 23h35 (so-mente sexta-feira e sábado).

Divergente: EUA. 14 anos. Ci-nemark 5 – 19h10, 22h20 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 6 – 12h30 (dub/exceto segunda-feira e terça-feira), 15h30, 18h30 (dub/diariamente); Cinépolis Pla-za 6 – 20h20 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 7 – 16h, 21h30 (leg/diariamente); Playarte 2 – 13h50, 16h30 (dub/diariamen-te), Playarte 8 – 12h50, 15h30 (leg/diariamente).

Capitão América 2 – O Sol-dado Invernal: EUA. 12 anos. Cinemark 8 – 12h55, 15h45, 18h40, 21h50 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 3 – 13h10, 16h10, 19h10 (3D/leg/diariamen-te); Cinépolis Millennium 6 – 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 4 – 12h40, 15h40, 19h15, 22h15 (dub/diariamente); Cinépolis Pon-ta Negra 2 – 17h10 (leg/diaria-mente); Cinépolis Ponta Negra 4 – 14h, 20h30 (3D/leg/diariamente); Playarte 7 – 12h30, 15h10, 17h50 (dub/diariamente), 20h30 (leg/dia-riamente), 23h10 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Noé: EUA. 14 anos. Cinemark 3

– 15h20, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 3 – 22h10 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium 5 – 12h40 (dub/exceto segunda-feira e terça-feira), 18h40 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 14h25, 17h20, 20h40 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 20h35 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 4 – 17h (3D/leg/diariamente); Playarte 8 – 18h10 (dub/diariamente), 20h50 (leg/diariamente), 23h30 (leg/so-mente sexta-feira e sábado).

Rio 2: EUA. Livre. Cinemark 5 – 11h30 (dub/exceto segunda-feira, terça-feira e quarta-feira); Cinépolis Millennium 2 – 12h50 (dub/exceto segunda-feira e terça-feira), 15h15, 17h50 (dub/diaria-mente); Cinépolis Plaza - 6 – 12h50, 15h20, 17h50 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 14h10 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 7 – 13h30, 19h (dub/dia-riamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 13h15, 15h45 (dub/diaria-mente); Playarte 4 – 12h40, 15h, 17h10 (dub/diariamente), Playarte 6 – 13h10 (dub/diariamente).

REPRODUÇÃO

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

::::: Presente para Manaus

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Um costume distorcido e corriqueiro preci-sa ser combatido pelo Detran-AM em forma de conscientização. O fato de existirem fai-xas de pedestres em inúmeros cruzamentos dotados de semáforos, não dá o direito ao transeunte de estender a mão esperando que o veículo pare quando o sinal está verde para que ele passe. Tal prática não pode ser adotada porque ali a lei é o semáforo. É ele que diz quem deve parar e quem deve

passar. O editor deste já presenciou cenas no mínimo surreais de

pedestres indignados porque tal carro não parou quando se estendeu a mão pedindo

passagem. Como, se o sinal está verde

para o veículo? Pela fé!

::::: Falando em faixas...::::: Sala de Espera

Amanhã, Mazé Chaves, senador Alfredo Nas-cimento, Patrícia Benayon, José Maria Muniz, Janaína Vieira, Valéria Villela e Rosina Limongi Marques estarão trocando de idade. Os cum-primentos da coluna.

Nos próximos dias 9 e 10, o Dulcila da Ponta Negra será palco da primeira edição do “Bazar e Brechó First Look”, com entrada liberada, das 10h às 22h. O evento contará com diversas lojas de roupas, joias, pet shop, fi tness e muitos mais. Mais informações: 8135-2210.

O La Farruca está sob novo comando. Trata-se da chef Juliana Campelo de Souza, que promete fazer bonito e já tem sua sugestão no cardápio como a costela suína caramelizada ao molho de barbecue, uma delícia!

O Sporting Bar, fi ncado no coração do Vieiralves, está de portas abertas. O visionário Ricardo Atala é quem assina a inauguração do lugar que pretende fazer a diferença. Vale conferir!

A top-quituteira Charufe Nasser comandou durante a semana, a velha e boa sessão de delícias regionais da Chachá. Divino!

É com um coquetel na Academia de Tênis da Ponta Negra, realizado pela Federação Amazonense de Tênis, que será dada a largada para o início do Circuito Amazonense de Tênis.

A Alquimia Culinária e a PDG e Aliança, alinhavaram parceria para formar uma turma de alunos composta por clientes das duas empresas da construção civil.

O global Ricardo Pereira será o re-cheio do coquetel de lançamento do Residencial do Bos-que Flores, na pró-xima terça-feira, às 19h30. Quem assi-na é a Colmeia

O governador José Melo, com o imortal Arlindo Porto, em recen-te cerimônia de entrega da Me-dalha Péricles de Moraes, concedi-da pela Academia Amazonense de Letras a intelec-tuais de destaque nas áreas de artes, letras e mecenato

Intelectuais de destaque

ALEX PAZUELLO/AGECOM

Interessante observar o compor-tamento de fi guras endinheiradas ao volante de possantes de luxo pelas ruas e avenidas de Manaus. O clássico e irregular estacionamento da lateral do Manauara Shopping reúne imagens únicas de Land Rovers, BMWs, Mercedes e outras marcas ali estacionadas porque o fi no não quer ou não pode pagar míseros R$ 5 de taxa. Em áreas pró-ximas a badalados restaurantes, é possível presenciar cenas de tantos outros carros luxentos ocupando o passeio público. Traduzindo: o

dinheiro até trouxe um carrão, mas, a educa-ção não... Oremos!

::::: Contradição

A linda e visionária Karyne Medeiros não

é nem de longe ape-nas um rostinho bonito. A sinhazinha do Capri-choso comandou uma das mais concorridas inaugurações de seu Studio Bioequilíbrio Fisioterapia & Pilates, no Premium Center, na João Valério. Moderno e clean, o lugar é um templo para quem quer deixar o seu corpinho em dia de bem com a saúde. Sucesso à em-presária Karyne!

:::::para Manaus

A linda e visionária Karyne Medeiros não

é nem de longe ape-nas um rostinho bonito. A sinhazinha do Capri-choso comandou uma das mais concorridas inaugurações de seu Studio Bioequilíbrio Fisioterapia & Pilates, no Premium Center, na João Valério. Moderno e clean, o lugar é um templo para quem quer deixar o seu corpinho em dia de bem com a saúde. Sucesso à em-presária Karyne!

@hotmail.com - www.jandervieira.com.br

se estendeu a mão pedindo passagem. Como,

se o sinal está verde para o veículo?

Pela fé!

outros carros luxentos ocupando o passeio público. Traduzindo: o

dinheiro até trouxe um carrão, mas, a educa-ção não... Oremos!

SuellenPacheco

A bela anfi-triã: Karyne Medei-ros

Orsine Oliveira Jr. e sua mamma Ana

Márcia e Luís Carijó

Adriana Cidade e Vandex Alvino

Deputado Francisco Souza

Deputado Francisco Souza

Marilza Mascare-nhas, Waisser Bote-

lho e Karla Costa

A bambina Helena com a avó Mei-re Medei-ros, mãe de Karyne

France e Henri-que Medeiros

FOTOS: JANDER VIEIRA

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 4 DE MAIO DE 2014

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