EM TEMPO - 5 de abril de 2015

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 ANO XXVII – N.º 8.667 – DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 35 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 Evento “Casa Nova Amazonas” 2015, que será realizado de 10 a 12 de abril, traz um cenário positivo de vendas do estoque de imóveis mes- mo diante da crise econômica. Ivald Granato relembra a época em que convidou o artista plásti- co Hélio Oiticica (foto) para um movimento vanguardista que fez história nos anos de 1970. FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, IMÓVEIS&DECOR, ELENCO E CURUMIM. CURUMI M BOUTIQUE SOBRE RODAS SE VOCÊ NÃO PODE IR À BOUTIQUE, A BOUTIQUE VAI ATÉ VOCÊ. PELO MENOS É ASSIM QUE TRABALHA CHRIS MODA MÓVEL, A PRIMEIRA LOJA DE ROUPAS SOBRE QUATRO RODAS, CRIADA PELA EMPRESÁRIA CHRISTIANE ANDRADE. ECONOMIA B1 Christiane revela que não gasta com motorista porque ela mesma dirige o veículo Graça não quer ser ‘a dama de ferro’ Há nove meses à frente do Tribunal de Justiça do Amazonas, Graça Figueiredo fala sobre o trabalho para honrar a credibili- dade do Judiciário e afirma que não há lugar para arrogância, falta de ética e desvio de conduta. Com a palavra A5 Graça Figueiredo está há nove meses à frente do TJAM Disputa pelo poder vira cabo de guerra De olho nas próximas eleições, pelo menos 20 partidos estão prestes a ser criados. Com ou sem identidade ideológica, novas siglas podem se aproveitar do enfraquecimento de velhos grupos políticos e da crise econômica. Política A7 RENASCENDO PARA A VIDA EM ÉPOCA DE PÁSCOA, QUANDO CELEBRAMOS A RESSURREIÇÃO DE CRISTO, O EM TEMPO BUSCOU HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO - E POR QUE NÃO DIZER RENASCIMENTO? - QUE LEVAM À REFLEXÃO SOBRE OS VERDADEIROS VALORES DA VIDA. DIA A DIA C4 E C5 Jornalista Lenise Ipiranga venceu a luta contra o câncer O empresário Walid Saleh “renasceu” após grave acidente Rafael Rebello escapou do trágico acidente nos Alpes franceses Flamengo e Fluminense jo- gam hoje, no Maracanã, a duas rodadas do fim da primei- ra fase. O Rubro- Negro precisa de apenas um ponto para garantir vaga nas semifinais. Pó- dio E7 Briga de pai e filho no Maraca Por que o coelhinho e o ovo de chocolate são símbolos da Páscoa? O sig- nificado desses e outros símbolos da festa cristã você vai encon- trar no suple- mento infantil. DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO FOTOS: DIVULGAÇÃO Combinação de exercícios que trabalham várias partes do corpo, o cross-training ganha adeptos em Manaus e, entre outros benefícios, também ajuda a emagrecer. X DIVULGAÇÃO

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

ANO XXVII – N.º 8.667 – DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 35 MÍN.: 24TEMPO EM MANAUS

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

98116-3529

Evento “Casa Nova Amazonas” 2015, que será realizado de 10 a 12 de abril, traz um cenário positivo de vendas do estoque de imóveis mes-mo diante da crise econômica.

Ivald Granato relembra a época em que convidou o artista plásti-co Hélio Oiticica (foto) para um movimento vanguardista que fez história nos anos de 1970.

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, IMÓVEIS&DECOR, ELENCO E CURUMIM.

CURUMIM

BOUTIQUE SOBRE RODASSE VOCÊ NÃO PODE IR À BOUTIQUE, A BOUTIQUE VAI ATÉ VOCÊ. PELO MENOS É

ASSIM QUE TRABALHA CHRIS MODA MÓVEL, A PRIMEIRA LOJA DE ROUPAS SOBRE QUATRO RODAS, CRIADA PELA EMPRESÁRIA CHRISTIANE ANDRADE. ECONOMIA B1

Christiane revela que não gasta com motorista porque ela mesma dirige o veículo

Graça não quer ser ‘a dama de ferro’

Há nove meses à frente do Tribunal de Justiça do Amazonas, Graça Figueiredo fala sobre o trabalho para honrar a credibili-dade do Judiciário e afi rma que não há lugar para arrogância, falta de ética e desvio de conduta. Com a palavra A5

Graça Figueiredo está há nove meses à frente do TJAM

Disputa pelo poder vira cabo de guerra

De olho nas próximas eleições, pelo menos 20 partidos estão prestes a ser criados. Com ou sem identidade ideológica, novas siglas podem se aproveitar do enfraquecimento de velhos grupos políticos e da crise econômica. Política A7

RENASCENDO PARA A VIDA

EM ÉPOCA DE PÁSCOA, QUANDO CELEBRAMOS A RESSURREIÇÃO DE CRISTO, O EM TEMPO BUSCOU HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO - E POR QUE NÃO DIZER RENASCIMENTO? - QUE LEVAM À REFLEXÃO SOBRE OS VERDADEIROS VALORES DA VIDA. DIA A DIA C4 E C5

Jornalista Lenise Ipiranga venceu a luta contra o câncer O empresário Walid Saleh “renasceu” após grave acidente Rafael Rebello escapou do trágico acidente nos Alpes franceses

Flamengo e Fluminense jo-gam hoje, no Maracanã, a duas rodadas do fi m da primei-ra fase. O Rubro-

Negro precisa de apenas um ponto

para garantir vaga nas semifi nais. Pó-dio E7

Briga de pai e fi lho no MaracaPor que o coelhinho e

o ovo de chocolate são símbolos da Páscoa? O sig-

nifi cado desses e outros símbolos da festa cristã

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Combinação de exercícios que trabalham várias partes do corpo, o cross-training ganha adeptos em Manaus e, entre outros benefícios, também ajuda a emagrecer.

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Avião faz pouso de emergênciaUm avião da companhia

aérea alemã Germanwings, subsidiária de baixo custo da Lusthansa, realizou neste sábado uma aterrissagem de emergência em Stuttgart, no sul da Alemanha, devido a um defeito técnico.

O voo 4U 814 decolou às 5h (horário de Brasília) de Colonia com direção à cidade italiana de Veneza, e o pouso ocorreu uma hora depois. Ne-nhum dos 123 passageiros ficou ferido.

A viagem era realizada em uma aeronave Airbus A319. De acordo com o site alemão “Focus”, houve vazamento de óleo em um dos motores, que precisou ser desligado.

Os ocupantes do voo per-maneceram no aeroporto de Stuttgart, enquanto técnicos vistoriavam o avião para de-cidir se o voo pode prosseguir para Veneza ou será preciso trocar de aeronave.

O número de passageiros a bordo não foi revelado.

A Germanwings ofereceu a possibilidade dos pas-sageiros retornarem para Colonia ou esperar para seguir viagem.

Um avião da Germanwin-gs se chocou com os Alpes franceses no dia 24 de mar-ço. O acidente matou todas as 150 pessoas a bordo. Investigações apontam que o copiloto, Andreas Lubitz, derrubou a aeronave propo-sitalmente, pois acelerou o avião durante a queda.

GERMANWINGS

Tubulações estouram e levam caos à Zona LesteEm áreas distintas nos bairros Coroado e São José 1, casas ficaram alagadas e parte da alameda Cosme Ferreira afundou

Na madrugada deste sábado, duas tubula-ções de abastecimen-to de água na Zona

Leste romperam na rua Varre Vento, no São José 1 e na alame-da Cosme Ferreira, no Coroado, no sentido bairro/Centro.

Na rua Varre Vento, o rom-pimento da tubulação causou grande transtorno, com o alaga-mento de diversas residências, além de ter interromper o abas-tecimento de água em alguns bairros da Zona Leste.

“Estávamos dormindo quan-do percebemos que nossas re-sidências estavam inundadas. É uma falta de respeito com os moradores, sobretudo com quem tem criança em casa, passar por uma situação dessas. E o pior é que não tenho para onde ir”, comentou a moradora de uma das residências atingi-das, Larissa Freitas. A moradora informou ainda que equipes dos bombeiros estiveram no local e isolaram a área, e somente muitas horas depois houve a chegada da Defesa Civil, que “nada fez”.

Conforme nota da Defesa Ci-vil, o Grupo Especial de Ações foi acionado durante a madrugada

para socorrer uma família e auxiliar na remoção dos móveis de um dos residentes locais. O grupo constatou que a casa é de madeira e apresenta risco de desabamento, devido ao rompimento da tubulação e ao alagamento da residência.

Ainda segundo a Defesa Civil, a Secretaria Municipal de As-sistência Social e Direitos Hu-manos (Semasdh) foi acionada e avaliaria a situação social da família retirada do local.

O segundo rompimento, ain-da na madrugada de ontem, na alameda Cosme Ferreira, nas proximidades da feira do Coroa-do, alagou a pista, o que fez com que uma caminhonete modelo Strada, de placas NOW-0571, caísse na cratera que se formou no pavimento. O Instituto de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans) auxiliou na retirada do veículo por meio de um guincho plataforma, além de montar um desvio no local, utilizando a pista do sentido contrário para fazer um con-tra-fluxo.

Equipes da empresa Ma-naus Ambiental estavam no local efetuando a manutenção do sistema de abastecimento. Até o fechamento desta edi-ção, não havia previsão para o fim dos trabalhos. Veículo foi engolido pela cratera que se abriu na alameda Cosme Ferreira, em decorrência do rompimento da tubulação

Incêndio entra no terceiro diaO Corpo de Bombeiros de

Santos, no litoral de São Paulo, entrou neste sábado (4) no terceiro dia de combate ao incêndio que atinge tanques de combustível próximos ao porto da cidade.

As equipes mantêm a estra-tégia de tentar conter o avan-ço das chamas para outros reservatórios que armazenam etanol e gasolina.

Também estão sendo usados jatos de espuma para res-friar os tanques vizinhos aos atingidos. De acordo com os bombeiros, um dos caminhões utilizados no combate está aplicando aproximadamente oito mil litros de espuma por minuto no local do fogo.

Na tarde de sexta-feira (3), o fogo voltou a se espalhar pela área que pertence à Ultracar-go. Ao todo, a empresa tem 30 reservatórios no local, cada um deles com capacidade de seis mil metros cúbicos.

A Ultracargo faz parte do grupo Ultra, que controla a Ultragaz, distribuidora de Gás LP, a distribuidora de com-bustíveis Ipiranga, a empresa química Oxiteno e a rede de drogarias Extrafarma.

De acordo com o coman-dante das operações do Cor-po de Bombeiros no incêndio, Wagner Bertolini Júnior, o res-friamento das chamas “é a única estratégia viável” para combater o incêndio e evi-

tar que ele tome proporções maiores, já que, devido à alta temperatura nos tanques, a água evapora e não consegue debelar as chamas.

Os bombeiros não dão prazo para o término do incêndio e ainda não têm indícios das cau-sas que podem ter provocado o acidente.

Em torno de cem homens, entre bombeiros e brigadistas, trabalham desde a madrugada de quinta-feira (2) no incêndio, na região portuária de San-tos, ocasião em que começou o sinistro. No final da tarde de quinta-feira, a navegação no porto de Santos chegou a ser suspensa, em virtude da dimensão do incêndio.

SANTOS

Para conter o incêndio, bombeiros adotaram a estratégia de resfriar as chamas do sinistro

PMESP/FOTOS PÚBLICAS

A tradicional malhação de Judas, realizada no Sábado de Aleluia, pela manhã, como não poderia deixar de ser, teve os políticos como personagens. Entretanto, no bairro Praça 14 de Janeiro, na Zona Sul, os bonecos confeccionados para a brincadeira deste sábado satirizavam os próprios moradores, como ocorreu na rua Japurá. Segundo eles, algumas dívidas não honradas, entre eles, teria inspirado a caracterização dos bonecos. No Eldorado, no bairro Parque 10 de Novembro, Zona Centro-Sul, a presiden-te Dilma Rousseff ganhou um boneco com direito à faixa, contendo a frase cunhada durante os protestos de 2013, #ForaDilma. O mesmo foi colocado em uma das vias mais movimentadas da cidade, a rotatória da avenida Mário Ypiranga.

DIVULGAÇÃO

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

MALHAÇÃO DE JUDAS

HELTON MATOSEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 A3Opinião

Analistas do Conselho Regional de Economia (Corecon/AM) alertaram nesta semana que o melhor a fazer é apertar o cinto, se a “nova classe média” não quiser voltar ao seu status de pobreza. “A paralisia econômica de 2014 e o risco iminente de recessão em 2015 agrava a situação da classe média. Infelizmente, hoje, todo mundo conhece alguém que recebia em janeiro do ano passado um salário fi xo de R$ 4 mil e, agora, vive de serviços esporádicos que não chegam a R$ 1,2 mil ao mês. E isso pode ser uma tendência”, pontuou o presidente do conselho, Marcus Evangelista, de olho nos índices que, agora, levam o governo a propor um “ajuste fi scal” ainda mais empobrecedor.

Em 2011, a presidente Dilma Rousseff era toda entusiasmo: “Nesse momento de crise, o que nós temos de fazer não é nos atemorizar, parar de consumir, parar de produzir. Ao contrário, temos que avançar, melhorar a qualidade de serviço público do Brasil, garantir que o setor privado continue investindo e que o povo brasileiro continue consumindo”, disse a presidente, apostando que a crise europeia seria boa para o Brasil.

Em 2013, a presidente criticou as pessoas que dizem que o consumo no Brasil já está maduro e que com isso não é possível continuar o processo anticíclico, que, segundo ela, era a marca no governo desde 2003. “A mim espanta os que falam que o momento de consumo já passou. Como, se ainda tem uma demanda grande reprimida?”, disse Dilma, durante evento de assinatura de um empréstimo de R$ 3,6 bilhões do Banco Central ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Ela destacou que um empréstimo desse porte em um momento que o mundo passa por uma turbulência só era possível porque o Brasil conquistara autonomia em relação às crises internacionais.

O governo já não quer mais “rolezinhos” nos shoppings. A fonte secou.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para projeto de lei que tramita na Câ-mara dos Deputados que, se aprovada, proibirá o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares e tablets, nas salas de aula da educação básica e superior de todo o país.

Mais atenção na aula

APLAUSOS VAIAS

300 de Sparta

Nessa data, mais de 300 votos de parlamentares, em votação de dois turnos em plenário, podem decidir pela aprovação da PEC 206/2009 (Proposta de Emenda Cons-titucional).

Vamos torcer

Se a votação se confi rmar em plenário, corrigirá o la-mentável erro cometido em 2009 pelos ministros do STF, liderados por Gilmar Mendes, o autor da proposta.

Respeito

E aí, os jornalistas brasilei-ros resgatam a exigência da formação em curso de nível superior em jornalismo para o exercício de profi ssionais que amam o que fazem.

Sol com a peneira

O senador Omar Aziz (PSD-AM) não esconde de ninguém que não vai tapar o sol com a peneira e sair por aí de-fendendo a presidente Dilma cegamente.

E muito menos fazer vista grossa para coisas graves que sacudiram a República e res-pingaram no Planalto.

Sem papas

Aliás, no primeiro encontro que teve com a presidente, logo que assumiu, Omar não escondeu isso nem da própria Dilma.

Maior roubo

No meio da reunião, ele interrompeu a presidente:

— Eu queria prestar mi-

nha solidariedade à senhora, porque envolveram a senhora neste roubo na Petrobras, que é o maior roubo da história do Brasil. É uma vergonha faze-rem isso com a senhora!

Magoou

Dilma não gostou muito:— Governador (na verdade,

Aziz agora é senador), o senhor está equivocado.

Desligue os aparelhos

Uma proposta em análise na Câmara dos Deputados (PL 104/15) vai criar uma grande polêmica.

Proíbe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, como celulares e tablets, nas salas de aula da educação básica e superior de todo o país.

Só com autorização

De autoria do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), o projeto prevê que os apa-relhos só serão admitidos em sala se integrarem as atividades didático-peda-gógicas e forem autorizados pelos professores.

Chocolate salgado

O valor abusivo dos ovos de Páscoa levou o consumidor a se afastar da tradição de pre-sentear familiares e amigos com chocolate.

Em um supermercado de Manaus, por exemplo, um ovo de Páscoa de 90 gramas es-tava sendo comercializado a R$ 39,90.

Que barra!

Diante do preço salgado, o jeito foi partir para outras

alternativas.No mesmo estabelecimen-

to, uma barra de chocolate de 150 gramas pode ser adquiri-da por R$ 3,99.

Criatividade

Com criatividade, a tradição do chocolate foi mantida por um preço mais em conta.

Teve gente que apelou até para o velho e bom Sonho de Valsa.

Boiado

Até a sexta-feira à noite, os ovos da Páscoa de marcas tradicionais não haviam de-colado e estavam abaixo da expectativa do mercado.

— Mas até o momento, as vendas estão abaixo do espera-do –, admitiu uma gerente.

Profanação

A igreja Sagrado Coração de Jesus, no Centro, foi invadida e roubada.

E justamente na madrugada desta Sexta-Feira Santa.

Casa de Deus

Os ladrões, que não estavam “muito preocupados” com o momento religioso, chegaram a levar vários pertences da pa-róquia, após terem arrombado as grades e janelas do local e quebrado uma das gavetas.

No Lava-Pés

O padre Zenildo Lima, que está à frente da igreja du-rante esses dias, disse que acredita que os bandidos tenham entrado durante a missa de Lava-Pés, na quinta-feira, e tenham se escondido no banheiro.

Para os bandidos que não respeitam nem mesmo a Sexta-Feira da Paixão. Eles arrombaram, invadiram e assal-taram a igreja Sagrado Coração de Jesus, no Centro.

Desrespeito à igreja

No Dia dos Jornalistas, 7 de abril, a categoria vai torcer para reverter uma situação de desrespeito para com os profi ssionais de imprensa.

A revalidação de seu diploma, cassado de forma irracional, injusta e com total falta de respeito por uma decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que votaram pelo fi m da exigência do diploma, tornando ainda mais frágil as relações trabalhistas e aprofundando a desregulamentação da profi ssão no Brasil.

Devolvam nosso diploma!

DIEGO JANATÃ DIEGO JANATÃ

[email protected]

Aperte o cinto que o piloto sumiu

Já dissera, lá atrás, o poeta Vinícius de Moraes: “São demais os perigos desta vida, para quem tem paixão...”. No caso, falou “paixão” no sentido bem popular e poético, de atração e sentimento extremamente fortes e arrebatadores, quase irresistíveis. Na pureza da sua signifi cação, con-tudo, a paixão, tal como Aristóteles a inseriu entre as suas categorias do ser, tem o sentido estrito de ação sofrida. Por isso, falamos em Paixão de Cristo, como o conjunto das ações sofridas por Jesus, que o levaram à morte. Portanto, das quais foi ele o paciente.

Não há, entretanto, exclusão ab-soluta e mútua entre as duas sig-nifi cações, uma vez que a pessoa apaixonada, no sentido popular, é, sem dúvida, alguém que está so-frendo a intensa ação e dominação de outrem, praticamente incapaz de reagir. Mas isso tudo serve apenas para afi rmar que ninguém pode atravessar a vida impunemente e em segurança absoluta, sem se ex-por aos riscos a ela inerentes, tanto aos que se ligam aos sentimentos arrebatadores e geralmente causa-dores de sofrimentos, quanto aos que resultam das ações inevitá-veis e incoercíveis da própria Exis-tência a recair sobre cada um de nós, pacientes.

Em números redondos, uma cente-na e meia de pessoas, a fazer uso do seu discernimento e da sua vontade autônoma, umas em busca de lazer, outras para concluir compromissos, outras por dever de ofício, decidiram embarcar num avião para se deslo-carem de uma cidade a outra, em dois países diferentes e, para tal, escolheram uma empresa que lhes pareceu séria, cuidadosa e digna de confi ança. Santa cautela, mas de efi cácia relativa!

Também lá atrás, muito atrás, Santo Thomas de Aquino já preve-nira que o acaso não é tão fortuito

quanto parece, pois nele o que se dá é apenas o encontro imprevisto de duas séries, ou mais, de causas perfeitamente ordenadas. Então, eis que ali estava uma máquina de voar, planejada e construída meticulosamente para, sem pro-blemas e dificuldades, obedecer aos comandos dos seres humanos que a assumissem e que, para tanto, oferecia seus mecanismos dóceis e eficazes que a fariam subir, dobrar, descer...

Do outro lado, pessoas, seres humanos, selecionadas com muito cuidado e treinadas com esmero para se tornarem os senhores da máquina e também os depositários da confi ança e das esperanças da-quela centena e meia de criaturas. Essas, aliás, constituíam o terço do conjunto ao qual competia o papel de pura passividade: cabia-lhes apenas embarcar, sentar e esperar chegar. Quanto ao primeiro membro da si-tuação, a máquina, tudo foi visto e revisto para que nada nela faltasse ou falhasse. E isso com a tradicional precisão alemã.

Mas, se na construção e na manu-tenção da máquina não pôde faltar, entre outras coisas, a mão humana, sempre falível, na sua operação só e só o homem estaria presente e dele dependeria tudo. E aí, conquanto o cuidado na seleção e o esmero no treinamento tenham sido acurados, um micróbio se infi ltrou sem ser percebido e sozinho foi capaz de pôr a perder todo o conjunto.

Esse micróbio, como de costume, entrou escondido num ser humano, o que lhe permitiu, no momento trágico, assumir tudo e tudo deci-dir. Sua natureza, sua estirpe, ainda não sabemos qual terá sido. Veneno psicótico? Deformação mórbida do caráter? Quem sabe...? Revalida-se, contudo, a verdade de Sartre, de que o acaso comanda a Vida e de que o Inferno são os outros.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Os perigos desta vida

[email protected]

Regi

Na pureza da sua signifi ca-ção, contudo, a paixão, tal como Aristó-teles a inseriu entre as suas categorias do ser, tem o sentido es-trito de ação sofrida. Por isso, falamos em Paixão de Cristo, como o conjunto das ações sofridas por Jesus, que o levaram à morte”

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

A força-tarefa da Procuradoria Geral da República passou a tratar como prioridade na Lava Jato a busca por elementos que comprovem como o dinheiro supostamente entregue a João Vaccari Neto e Fernando Baiano chegou a políticos do PT e do PMDB. Procuradores consideram esse elo essencial para que a apuração avance, pois veem poucas chances de que o tesoureiro e o lobista colaborem com as investigações - assim como Alberto Youssef, que entregou todo o esquema do PP.

Pronto-socorro Investigado-res dizem que Youssef revelou tanto a anatomia (“o que era”) quanto a fi siologia (“como funcio-nava”) do esquema que irrigou o PP. No caso do PT e do PMDB, só a anatomia está clara - ou seja, que houve corrupção, mas não como o dinheiro fl uiu.

Nem aí Ministros do Supremo e procuradores que acompa-nham a Lava Jato apostam que Rodrigo Janot apresentará as denúncias contra políticos an-tes de setembro, quando pode disputar a recondução ao cargo de procurador-geral.

Guerra fria Hoje, observa-dores classifi cam como “remo-ta” a manutenção de Janot no cargo, uma vez que senadores que são alvo da operação pre-cisariam aprová-lo.

Artilharia O PSDB vai apro-veitar as restrições orçamentá-rias do governo para atacar esta semana os cem primeiros dias do novo mandato de Dilma Rous-seff . Levantamento encomen-dado por Aécio Neves (PSDB-MG) à assessoria do partido mostrou que os investimentos da gestão petista caíram 55% em relação ao ano passado.

Quadro negro O estudo feito com dados do Siafi (sistema de acompanhamento de gastos fe-derais) aponta uma queda de 85% nos investimentos em educação --de R$ 2,12 bilhões nos três primeiros meses de 2014 para R$ 317 milhões neste ano.

Reabilitação Um dos maiores temores de caciques do PT é que a população sinta que o governo não está trabalhando. “A pior coisa que pode acontecer em um momento como esse é a máquina parar”, resume um ex-ministro.

Melhor não Paulinho da Força (SD-SP) vai fi car longe dos micro-fones no protesto do próximo do-mingo. Em março, foi hostilizado pelos manifestantes ao subir em um caminhão e tentar falar.

W.C. A frente evangélica se articula com a bancada católi-ca contra resolução do governo federal que libera alunos trans-gêneros para escolherem o ba-nheiro que preferirem na escola. A ideia é angariar apoio para um projeto de decreto legislativo de Marco Feliciano (PSC-SP) que derrubaria a norma.

Viu só? O PT vai colocar em pauta a sucessão municipal no

encontro do diretório paulistano de 24 a 26 de abril. Para enco-rajar a campanha de Fernando Haddad, dirigentes lembram que, ao trocar PT por PSB, em 2000, Luiza Erundina perdeu a corrida para Marta Suplicy.

Feliz ano velho Lula será o grande convidado da abertura, que homenageará os fi liados mais antigos e os mais novos da sigla, numa tentativa de exibir tradição e frescor em tempos de crise.

É guerra? Em confronto com o Judiciário nos casos das ciclo-vias e do IPTU, Haddad coman-dará mesa de debates sobre o impacto da judicialização nos governos municipais durante encontro da Frente Nacional de Prefeitos, em Brasília, com 5.000 gestores, nesta semana.

Abrigo Já há campanha no PSDB para emplacar José Aníbal na presidência do diretório paulis-ta. Seria uma guarida para o su-plente do senador José Serra, hoje sem mandato ou secretaria.

E eu? A manobra furaria o revezamento no posto entre deputados estaduais, que per-deriam sua vez, e federais - a trupe de Aníbal.

Siga o dinheiro

Contraponto

Chico Alencar (PSOL-RJ) soltou uma “bomba” em reunião tensa com líderes na Câmara na semana passada:— Tenho uma denúncia a apresentar contra o presidente Eduardo Cunha!Fez-se um silêncio sepulcral.— Sua Excelência, ao dizer em entrevista que “o PMDB fi nge que está no governo e o governo fi nge que acredita”, não citou a fonte. São versos de Walter Alfaiate e Nelson Sargento no samba “Falso Amor Sincero”: “Nosso amor é tão bonito/ ela fi nge que me ama/ eu fi njo que acredito”.Só o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), não riu.— Tá certo, Chico, mas para nós isso não dá samba...

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Sambou

Tiroteio

DO DEPUTADO VICENTE CÂNDIDO (PT-SP), sobre a crise econômica que abala o segundo man-dato de Beto Richa (PSDB) no Estado.

Quem sabe o feitiço não vira contra o feiticeiro? Pelo jeito, o impeachment do qual tanto falam vai acontecer no Paraná”

Era terça-feira da Semana Santa, neste ano coincidindo com a data fatídica do golpe que jogou o país num regime de exceção, que durou duas déca-das. A liturgia da Palavra trazia o Evangelho que narra a decisão tomada por Judas de entregar Jesus. Quem pode saber o que se passou na sua mente? Podemos imaginar que ele pensava estar agindo corretamente, ou porque assim forçasse o Mestre a passar para uma ação mais efetiva, ou porque julgasse o profeta da Galileia um caso perdido e de qualquer forma ganharia alguma coisa entregando-o.

O fato é que Jesus foi traído, experimentando assim a dor de ter sido usado por alguém em quem confi ou. Só quem já foi traído sabe a dor que uma traição traz ao coração. Mas dor pior é a que sentimos ao perceber que entregamos alguém muitas vezes sem ter a intenção de fazê-lo. Traídos e traidores, somos todos humanos necessitados de perdão e de misericórdia se não quisermos ter o fi m do discípulo que, não suportando a dor da culpa e não tendo a coragem necessária para ser perdoado, decidiu por fi m à própria vida.

Nesse dia me senti traído en-quanto cidadão que tem procu-rado participar da história deste país quando soube que na Câma-ra dos Deputados uma comissão havia declarado constitucional a redução da maioridade penal. Traído e traidor, pois estes depu-tados são meus representantes e meu voto deu legitimidade ao seu mandato. Lembrei-me da Pastoral do Menor e seus agentes, que teimam em acre-ditar que cada criança e cada adolescente tem a dignidade de filho de Deus e mesmo quando

infratores guardam dentro de si a capacidade de recuperação.

Lembrei-me de tantas crianças, adolescentes e jovens deste imen-so país que vivem em situação de risco ou de vulnerabilidade social. Confesso que foi na convivência com estes grupos que encon-trei humanidade, partilha, soli-dariedade, amizades verdadeiras porque são livres de interesses. Lembrei-me da elaboração do Estatuto da Criança e do Ado-lescente, que se deu com ampla participação popular e muita con-sulta às bases.

Perguntei de novo por que não se consegue colocá-lo em prática, porque os conselhos tutelares não funcionam, porque as medidas so-cioeducativas difi cilmente saem do papel? Se o Estado brasileiro reduzir a maioridade penal estará passando um atestado de incom-petência e fracasso, ao se mostrar incapaz de resolver a questão juvenil. Se prender seres humanos resolvesse os problemas de se-gurança, as nossas prisões abar-rotadas estariam garantindo a tranquilidade da população.

Escolas de ensino fundamental de qualidade e de tempo in-tegral, urbanização e moradia digna, qualidade de vida, áreas de lazer, combate à produção e ao consumo de drogas, controle rígido no comércio de armas, fi m da corrupção são alguns fatores que podem evitar que o menor se torne infrator.

Acredito na ressurreição de Jesus e na vida nova que ela trouxe. Não perco a esperança de que a nação impeça o Es-tado de entregar à sanha dos carrascos aqueles que por dever devem proteger. Criminalizar a juventude não resolverá nada e só aumentará a sede de vingança que nunca se sacia.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Lembrei-me de tantas crianças, ado-lescentes e jovens deste imenso país que vivem em situação de risco ou de vulnerabi-lidade social. Confesso que foi na convi-vência com estes grupos que encontrei humanida-de, partilha, solidariedade, amizades verdadeiras porque são livres de inte-resses”

Menores

Olho da [email protected]

Grave bem esta cena do que ainda vai acontecer. E quando acontecer tenha a certeza de que nada será como antes. Aí está o antes, o durante e o depois da Manaus Moder-na. Sim, a cidade vai descobrir que o rio Negro não serve apenas para segurar o porto dos ingleses nem ser “sobrevoado” pela ponte que fechou as casas de forró do Cacau-Pirêra. Não vai demorar nem doer muito

DIEGO JANATÃ

O que eu disse correspondia ao meu pensamento: que as câmaras de gás são um detalhe na história da Segunda Guerra Mundial, a menos que alguém admita que a guerra é um detalhe das câmaras de gás. Eu mantenho porque acredito que é a verdade,

e não deveria chocar a ninguém

Jean-Marie Le Pen, líder da extrema direita francesa e presidente de honra da Frente Nacional, liderada por

sua fi lha Marine, disse em uma rádio da França, que “em nenhum momento” lamentou as declarações, formuladas

pela primeira vez há quase 30 anos.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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Page 5: EM TEMPO - 5 de abril de 2015

MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 A5Com a palavra

Com nove meses na pre-sidência do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), a desembar-

gadora Graça Figueiredo tem tomado decisões que, acredita, colocam a Justiça no trilho da ética e da cidadania e do res-peito ao ser humano. No primei-ro mês de sua administração, honrou uma antiga dívida que tinha para com os servidores, decidindo pagar as datas-base de 2009, 2010, 2011 e 2012, que não foram repassadas na-queles anos. O pagamento vai beneficiar 1.463 servidores.

A maioria aplaudiu mas, numa sessão do Pleno, ainda em março, a desembargadora enfrentou o protesto de um grupo de servidores quando colocou em pauta a discussão de uma resolução que pretende acabar com a correção salarial automática dos servidores do tribunal, que ocorre todo dia 1º de janeiro, passando o reajuste a ser vinculado a negociações com sindicatos.

No momento em que o país parece afundar em um de mar de corrupção, impunida-de, falcatruas e desmandos, a desembargadora adverte que já não há lugar, nem na Justi-ça e nem em qualquer outra instituição, para desmandos, arrogância, falta de ética e desvio de conduta.

Nesta entrevista ao EM TEMPO, a presidente lembra que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) veio para resga-tar a imagem do Poder Judi-ciário, que vinha sendo arra-nhada pelo abuso de poder, que compromete a carreira de profissionais sérios, verdadei-ramente comprometidos com a Justiça e com a responsa-bilidade que pesa sobre sua caneta. Confira a entrevista:

EM TEMPO – Na sema-na passada, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu aposentar compul-soriamente os juízes César Henrique Alves, do Tribunal de Justiça de Roraima, e Ari Ferreira de Queiroz, do Tri-bunal de Justiça de Goiás, acusados de venda de sen-tença e quebra de impar-cialidade. Como a senhora avalia essa decisão?

Graça Figueiredo – Não há como negar que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) veio para resgatar a imagem do Po-der Judiciário, que vinha sendo arranhada por desmandos e

pela falta de ética, abuso de poder, que comprometem a magistratura e os profissionais verdadeiramente comprome-tidos com a Justiça e com a responsabilidade que pesa sobre sua caneta. Qualquer magistrado sério haverá de concordar que o CNJ se tornou o instrumento mais efetivo de modernização dos tribunais, apesar da resistência daque-les que estavam acostumados ao estilo “o juiz pode tudo”. No país de hoje, não pode.

EM TEMPO – Antes do CNJ isso não seria possível?

GF — Veja bem, sempre exis-tiu e vai existir magistrado ético e magistrado com desvio de conduta. Não só no Judiciário, mas em qualquer outra profis-são existem profissionais do bem e do mal. Mas é claro que uma das funções do CNJ é determinar os tribunais a funcionarem corretamente e não substituí-los na apuração de irregularidades cometidas pelos juízes que os integram.

EM TEMPO – No caso desses dois juízes, um de-les do nosso Estado vizi-nho, Roraima, como foi o desenrolar dos fatos que levaram à punição?

GF – Basta observar os resul-tados do julgamento, que não deixam dúvidas. A decisão pela punição a César Alves aconte-ceu pelo placar de 11 a 2, quer dizer, quase por unanimidade. Isso deixa claro que a maioria do colegiado entendeu haver provas da participação do ma-gistrado na venda de sentenças. Como disse o ministro Ricar-do Lewandowski: “Os fatos estão bastante evidenciados, se não tem prova robusta, há indícios veementes”.

EM TEMPO – E o caso da condenação à aposentado-ria compulsória com pro-vimentos proporcionais do juiz Ari Ferreira de Queiroz, como aconteceu?

GF – Seguiu o mesmo trâmi-te. Também se deve a várias acusações. Entre elas, a de ter tomado decisões que beneficia-ram o 1º Tabelião de Protesto e Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica de Goiânia que, de acor-do com a imprensa, recebeu o título de “cartório mais rentável do Brasil no segundo semestre de 2012”, com arrecadação de R$ 35,4 milhões no período.

EM TEMPO – Recente-mente, em uma Sessão do Pleno, houve uma manifes-tação de servidores con-trários à senhora. O que provocou essa reação?

GF – A matéria trata da revi-são anual de vencimentos dos servidores e serventuários do TJAM. O que seria apresentado naquele dia era apenas um pro-cesso administrativo para re-ceber as emendas necessárias, sem a intenção de suprimi-lo do conhecimento público. Nada além disso. Quando se trata de uma proposta de resolução, ela segue todo um trâmite. Primei-ramente é encaminhada para os desembargadores, por meio eletrônico. Em seguida, ela é posta em pauta dentro de uma sessão ordinária, nesse caso na Sessão do Tribunal Pleno para recebimento de emendas oferecidas com a necessária justificativa, em documento físico e dentro de um prazo. Quer dizer, não havia moti-vo para aplausos e nem para vaias, agressões ou qualquer atitude constrangedora. Nada havia sido decidido, se tratava apenas de uma pauta para discussão. Na democracia, as coisas não funcionam dessa maneira! Estávamos em um Tribunal Pleno, onde as dis-cussões seriam travadas aber-tamente, por 19 magistrados com direito a voz e voto. Onde está a mão de ferro nisso?

EM TEMPO – Então, a senhora acha que isso pode ter sido uma “armação” para desestabilizar sua ad-ministração? Ou que houve uma tentativa de “demoni-zação” dos fatos?

GF – Não tenho elementos para afirmar isso ou jogar sus-peitas em alguém. Não seria correto nem ético. Mas sei, sim, que houve uma claque organi-zada, resultado de uma ação planejada, um desrespeito à Corte de Justiça pelo reprovável comportamento de servidores, uma minoria que não expressa e que não pode representar o corpo funcional do TJAM em sua totalidade. Como eu disse, apenas haveria uma discussão da matéria. Somente depois disso tudo é que a proposta seria colocada em votação. E mesmo com tudo isso, a vo-tação poderia ser adiada para votação por duas semanas. Isso, claro, quando se tratasse de uma revisão ou modificação do Regimento Interno ou caso

aparecesse outra matéria rele-vante por decisão do Pleno.

EM TEMPO – É de praxe a revisão anual salarial ser discutida diretamente com os servidores?

GF – É bom deixar claro que não existe matéria sigilosa em minha gestão na presidência da Corte do Amazonas.

EM TEMPO – Os servido-res entraram no CNJ pedin-do uma liminar para que o processo administrativo fosse suspenso por apre-sentar uma resolução sem que se tenha sido feita uma consulta ou oitiva às partes interessadas no assunto. Em que deu isso?

GF – A liminar foi indeferi-da, pois o Conselho entendeu que tratava-se apenas de um anteprojeto de resolução para ser apresentado emendas, lon-ge de ser objeto de deliberação no momento.

EM TEMPO – Em toda ad-ministração há críticas e elo-gios. Como a senhora avalia as críticas e onde acha que merece ser reconhecida?

GF – Sou uma magistrada de carreira, que construiu sua trajetória passo a passo. Pas-sei por comarcas do interior, fui juíza de varas polêmicas e até ameaçadoras. Pela dedicação ao meu trabalho, não consegui integralmente acompanhar como queria o crescimento de meus filhos. Lutei e continuo lutando pela respeitabilidade do Poder Ju-diciário, o guardião da de-mocracia, agora mais do que nunca na cadeira de presiden-te da corte. Então não seria agora que iria mudar minha trajetória profissional, lutei muito para manter a minha postura de independência. Não aceito pressão. As in-compreensões e as críticas fazem parte da vida. Vou continuar trabalhando para-fazer a coisa certa e não me afastar um milímetro que seja do meu objetivo de cum-prir estritamente a lei. Não quero ser a dona da verdade e nem dama de ferro. Quan-do deixar a Presidência do Tribunal, estrei em paz com a minha consciência, com o sentimento do dever cumpri-do. “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”, como nas palavras do apóstolo Paulo.

GRAÇA FIGUEIREDO

‘Não QUERO ser A dama DE FERRO’

Não há como negar que o Conselho Nacional de Justiça veio para resgatar a imagem do Poder Ju-diciário, que vinha sendo arranhada por desmandos e pela falta de ética, abu-so de poder, que compro-metem a magistratura e os profissionais verdadei-ramente comprometidos”

FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM

Na democra-cia, as coisas não funcio-nam dessa maneira! Em um Tribunal Pleno as discussões são travadas abertamen-te por 19 magistrados com direito à voz e voto. Onde está a mão de ferro nisso?”

Não quero ser a dona da verda-de e nem ‘dama de ferro’. Quando deixar a presidência do Tribunal, estrei em paz, com a minha cons-ciência, com o sentimen-to do dever cumprido”

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Page 6: EM TEMPO - 5 de abril de 2015

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Brasil aplica ‘tombo’ de R$ 813,9 milhões na ONU

O governo Dilma consoli-da para o Brasil a reputação de mau pagador, após apli-car o “tombo” de US$ 259 milhões (equivalentes a R$ 813,2 milhões) na Organiza-ção das Nações Unidas. Só este ano, o Brasil já deveria ter pago US$ 79,6 milhões (ou R$ 249,9 milhões) à entidade. Todos os países-membros assumem o com-promisso de manter, além da própria ONU, o tribunal internacional e também as missões de paz.

Honra zeroA ONU mantém uma

“Lista de Honra” com os nomes dos países em dia com obrigações junto à en-tidade. Nessa lista, “Brazil” não aparece.

Pagando pelos outrosPaíses como Cuba, Bolívia,

Equador e República Do-minicana, destinos comuns de investimentos do BNDES, estão em dia junto à ONU.

Entre os topO Brasil é figurinha ca-

rimbada na lista de maio-res devedores e até já foi citado pelo porta-voz da ONU como “exemplo a não ser seguido”.

Chanceler de fatoO Brasil passa vergo-

nha também como “anão diplomático”, com sua po-lítica externa subjugada ao aspone Marco Aurélio Top-Top Garcia.

Deputado não precisa explicar ‘gastos íntimos’

Decisão da mesa diretora da Câmara autoriza os de-putados federais a omitirem comprovantes de despesas que revelam sua “intimida-de”. Não está claro o que consideram despesas “ínti-mas”. Podem ser cirurgias

plásticas, estoque de viagra, viagens particulares, com-pra de vinhos e cachaça, gastos com motel ou com empresa de segurança das quais o parlamentar é dono etc. Para todos esses casos há precedentes.

Precedente 1O “cotão” mensal de R$

37 mil dos deputados já pagou até contas de motel do deputado e ex-ministro do Turismo Pedro Novais (PMDB-MA).

Precedente 2Francisco Tenório (PMN-

AL) fez o contribuinte pa-gar 4 reais de uma dose de cachaça. O salário do deputado federal é de R$ 33.763,00.

Precedente 3Edmar Moreira (ex-DEM-

MG), o “deputado do caste-lo”, usou verba da Câmara para pagar R$ 15 mil às próprias empresas de se-gurança.

Gastando sem piedadeEm dois meses, a bancada

do DEM na Câmara gastou R$ 528 mil com cota par-lamentar, a “mesada” para custear a vida das excelên-cias no mandato; combus-tível, telefonia e divulgação de atividade parlamentar.

País rico é isso aíO recordista em gastos,

na bancada do DEM, foi o deputado Marcelo Aguiar (SP): R$ 94 mil, bem mais que o segundo, Onyx Lorenzoni (RS), R$ 63 mil. O líder, Men-donça Filho, foi bem mais comedido: R$ 36 mil.

Ficha por nossa contaO ex-deputado Cami-

lo Cola (PMDB-ES) che-gou a pedir à Câmara o ressarcimento de 62 centavos gastos com te-lefonia. Certamente por

isso é um dos homens mais ricos do Brasil, com fortuna de R$ 1 bilhão.

Garantia de qualidadeA senadora Lídice da Mata

(PSB-BA) promoveu debate, na Comissão de Assuntos Econômicos, que foi uma delícia: estabelecer teor mínimo de 35% de cacau para que um produto seja considerado chocolate.

Falta ação de despejoO ministro Vital do Rêgo,

do Tribunal de Contas da União, ainda ocupa apar-tamento do Senado, sem pagar aluguel, enquanto o suplente Raimundo Lira (PMDB-PB) recebe R$ 4,3 mil de auxílio-moradia.

Na nossa contaEm fevereiro, o plenário do

TCU aprovou auxílio-mora-dia de R$ 4,3 mil para mi-nistros e procuradores que atuam no tribunal. Quando o auxílio para o Judiciário co-meçar a valer, a conta será de R$ 1,5 bilhão/mês.

Sobrou para nósEm janeiro, em campa-

nha para a presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) gastou R$ 10,3 mil só com telefonemas. Ele ganhou a eleição e o contribuinte a conta para pagá-los.

Trabalho em MinasO PSDB de Minas marcou

para 6 de junho a convenção estadual. Após perder para Dilma Rousseff no Estado, Aécio Neves quer intensifi -car presença nos 50 maiores municípios mineiros.

Pensando bem... ...se continuar aparecen-

do um caso de corrupção por mês, Dilma terminará o mandato com número de escândalos maior do que o de ministros.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

De cavalo e de sono

www.claudiohumberto.com.br

Quem dá ultimato aqui sou eu”

EDUARDO PAES (PMDB), PREFEITO DO RIO, e a chantagem da empreiteira Queiroz Galvão

Mão Santa (PMDB-PI) fazia mais um longo discurso no Senado, durante uma sessão modorrenta. Até citou Calígula, que indicou o cavalo Inci-tatus para o antigo Senado romano. Como tinha mania de exclamar o nome dos colegas presentes, como se os chamasse à discussão, ele gritou para um senador meio sonolento. Ao perceber que o homem tomou um susto, Mãe Santa sentenciou:

- Acordou e concordou...

Recessão pelo crime pode ser menorO Brasil pode viver uma re-

cessão causada pela operação Lava Jato mais branda em 2015 do que a projetada por eco-nomistas que têm calculado os impactos econômicos das investigações. Parte dos dados de um estudo que será apre-sentado amanhã (6) em um seminário da Fundação Getulio Vargas (FGV) foi antecipada na sexta-feira (2) durante um debate em teleconferência para discutir os efeitos econômicos e sociais da Lava Jato.

Gesner Oliveira, professor do Departamento de Plane-jamento e Análise Econômica

Aplicados à Administração da Fundação Getulio Vargas (Ea-esp/FGV), diz que as decisões tomadas pela equipe econômi-ca podem amenizar os efeitos sobre o setor. “O cenário mais provável é uma recessão [com queda] de menos de 0,5% do PIB [Produto Interno Bruto - soma de todos os bens e serviços produzidos no país]”, disse.

Segundo os dados iniciais, os economistas do Eaesp/FGV projetaram que a queda de investimentos da Petrobras, estimada em 20%, e a retra-ção no setor da construção de quase 10% provocarão perdas

de produção equivalente a R$ 97 bilhões, o que representaria uma queda de 2% no PIB.

“Para 2015, levamos em consideração outros fenôme-nos que estão ocorrendo”, disse Oliveira, ao citar o ajuste da taxa de câmbio, com menor artifi cialismo na política cam-bial, e os sinais de recuperação da credibilidade econômica. “A despeito de todas as difi culda-des, a gente percebe a política econômica que sinaliza com mais clareza sobre o que se pretende fazer e o ajuste fi scal. São dois elementos que são relativamente positivos”.

LAVA JATO

Titular da Fazenda avisa a partidos aliados que uma reforma administrativa, com cortes internos pontuais, pode acontecer

Governo estuda reduzir ministérios, afi rma Levy

Ministro Joaquim Levy sinaliza que governo está disposto a discutir redução de cargos e ministérios

Em meio às negocia-ções em torno da votação do pacote de ajuste fiscal no

Congresso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, si-nalizou que o governo está disposto a discutir a redução do número de ministérios e de cargos comissionados, ocupados por indicação po-lítica, na esfera do Executi-vo federal. A realização de uma reforma administrativa foi tema de uma reunião entre o ministro e o pre-sidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O ministro saiu do encontro com o acordo de adiamento do projeto e com o discur-so de que iria elaborar um levantamento que indicasse possíveis cortes. Ele, no en-tanto, não deu nenhuma data para apresentá-lo.

A Casa Civil do governo Dilma já elabora um estudo sobre uma possível redução dos atuais 39 ministérios.

A redução de cargos co-missionados foi defendida publicamente dias antes por Renan, que vê na proposta uma forma de dar uma res-posta a setores da socie-dade descontentes com as medidas impopulares toma-

das pelo Executivo na área econômica. O pacote inclui a redução de benefícios tra-balhistas e previdenciários, além de um reajuste menor na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.

“A sociedade tem que fi-car absolutamente conven-cida de que o poder pú-

blico está fazendo a sua parte e que vai cortar”, afirmou Renan na ocasião.

Posição públicaA sinalização de Levy de

fazer um levantamento das áreas do Executivo que po-deriam passar por possíveis cortes no número de cargos de indicação política ocorre na mesma semana em que a presidente Dilma Rousseff

passou a se posicionar sobre o tema. “Não vamos reduzir a nossa política social, porque não é ela a responsável pela grande maioria dos gastos. O que vamos fazer é um enxugamento em todas as atividades administrativas do governo, um grande en-xugamento. Vamos raciona-lizar e continuar fazendo o que a gente sempre faz”, disse a presidente em entre-vista à agência Bloomberg, um dia depois do encontro entre Levy e Renan.

NegociaçõesDe acordo com integran-

tes do PT que se reuniram com o ministro em meio às negociações do ajuste fiscal no Congresso, Levy demonstrou de fato a in-tenção de realizar ajustes na máquina federal.

Uma possível redução dos ministérios, entretanto, deve sofrer forte resistência de setores do partido da pre-sidente que veem tal medida como algo demagógico.

Oficialmente, a Casa Civil do Palácio do Planalto afir-ma que o tema não tem sido alvo de discussões internas no âmbito do governo de Dilma Rousseff.

DIV

ULG

AÇÃO

Nas conversas com re-presentantes do PT, Levy demonstrou que uma pos-sível redução de cargos co-missionados serviria mais como um gesto “simbólico” do que efetivo, uma vez que teria pouco impacto nos cofres federais. A preocu-pação maior do Palácio do Planalto, agora, é realizar um corte no Orçamento deste ano – que pode che-gar a R$ 80 bilhões.

De acordo com dados do Ministério do Planeja-mento, o governo federal abriga atualmente 22.926 cargos de Direção e Asses-soramento Superiores, os

chamados DAS. Desse total, 74% são ocupados por ser-vidores de carreira.

Nos casos dos DAS de nível 1 a 3, em que os salá-rios variam de R$ 2.227,85 a R$ 4.688,79, há 4.530 cargos ocupados por pesso-as não concursadas. Nessa faixa, o porcentual daque-les que não têm vínculo é de 23,89%. Esse valor está dentro do limite estabeleci-do de até 25%. Já os cargos de DAS nível 4, em que os rendimentos mensais che-gam a R$ 8.554,70, há 937 pessoas sem vínculo. Esse número representa 24,19% do total, também abaixo do

teto de 50% de ocupação, exigido para esse nível.

No caso dos cargos de DAS de nível 5 e 6, em que os salários variam de R$ 11.235 a R$ 13.974,20, não há porcentual estabelecido para ocupação de servido-res concursados.

De acordo com o Plane-jamento, há 290 ocupantes sem vínculo e 761 concur-sados e, no DAS nível 6, são 64 sem vínculo e 140 concursados. A reportagem procurou Levy por meio da assessoria, mas até a con-clusão desta edição não houve resposta às ligações e e-mail enviados.

‘Mudanças são gestos simbólicos’

REFORMAA realização de uma reforma administrativa no governo Dilma foi tema de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Se-nado, Renan Calheiros (PMDB-AL)

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Page 7: EM TEMPO - 5 de abril de 2015

MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 A7PolíticaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 A7Política

Para cientistas políticos, as siglas estão sendo criadas não por falta de identidade ideológica das que existem, mas pela continuação do poder e pelo enfraquecimento de grupos que o disputam

‘Criação de partidos

é só por interesse’

Apesar da discussão e pressão da sociedade ci-vil organizada em torno da reforma política, ao

que tudo indica, está longe de se chegar a uma conclusão que satisfaça a todos. Principalmen-te quando o interesse pelo poder está à frente do interesse da coletividade, de mudanças reais no sistema eleitoral brasileiro. A prova é tanta que poucos, ou os que podem fazer algo para o bem comum, estão mais interessados em criar novos partidos políticos, não pela falta de identidade ideológica das saturados siglas já existentes, mas pela continua-ção do poder e pelo enfraqueci-mento de grupos que disputam esse poder político.

Mais de 20 partidos estão em andamento para criação, entre eles o Rede Solidariedade, da ex-ministra Marina Silva, que ganhou força por um momento, mas agora vive um decline e não consegue alcançar o número de assinaturas sufi cientes para o registro. Em Manaus, o Partido Liberal (PL) luta para ressurgir, tendo como cabeça o secretário-geral do PSD, Paulo Radin, assim como o Partido da Segurança Pública e Cidadania (PSPC), que busca assinaturas por meio da internet e também começa co-lher assinaturas em Manaus e em todo o Estado para conseguir o registro. O PSPC tem como presidente no Amazonas Kervyn Lima; vice-presidente,

Cícero Leão Neto e como se-

cretário-geral, Oris-valdo Santos de Carvalho.

Surge ainda o Raíz – Movimento Cidadanista, um novo partido que surge da dissidência da Rede, de Marina Silva. A coleta de assinaturas ainda será lança-da em São Paulo, provavalmente em maio deste ano.

O organizador do PL, Paulo Radin, explica que não há po-líticos com mandato envolvido no processo de recriação da sigla. A medida, segundo ele, é para evitar especulações. “Nesse momento não temos nenhum político, porque o partido ainda não existe. O que temos é o apoio do senador Omar Aziz, que a pedido do ministro Gilberto Kassab está apoiando a criação do PL. Mas, no Amazonas, não temos nenhum político envolvi-do”, disse, acrescentando que seu sonho é ter o maior número de políticos com mandatos fi lia-dos ao novo partido. Contudo, é um desejo apenas. E esse desejo tem um preço: chegar a 50 mil assinaturas certifi cadas no Amazonas. Segundo Radin, se os cartórios obedecessem aos prazos legais de 15 dias, agora o PL teria mais de 16 mil assinaturas e facilmente se chagaria ou ultrapassaria as 50 mil desejadas.

Com relação à fusão do PL ao PSD, Radin explica que existem três possi-bilidades legais: fusão, incor-poração o u

bloco partidário – igual ao que os parlamentares novatos da Assembleia Legislativa do Ama-zonas (Aleam) estão solicitando na casa legislativa para garantir mais tempo de discurso no gran-de expediente. No entanto, Radin alegou ainda ser muito cedo para se falar em fusão, uma vez que o PL ainda está em processo de formação. “É muito cedo para se falar em fusão ou incorporação. O partido ainda não existe. Es-tamos em formação. Quando tiver o registro partidário no TRE, aí, sim, podemos falar em fusão”, justifi cou, ao lembrar que é provável, após o feriado da Semana Santa, a comissão dê entrada no Tribunal Regio-nal com todos os documentos necessários para o registro do partido no Amazonas.

CríticasO cientista político e professor

de ciência política da Universida-de Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos, critica a forma com que os novos partidos estão surgindo. Se-gundo ele, não há,

de fato, um interesse por identidade ideológica, mas interesses de determina-das siglas em se man-ter no poder. Para ele, o cenário está bastante complexo: “Por exemplo, há um grito das ruas pedin-do reforma política, a uma coalizão democrática. E a reforma política vai implicar justamente, na questão da re-gulamentação dos partidos”.

R a m o s acrescenta que o PMDB antecipou o grito d a s

ruas e está fazendo sua pró-

pria reforma. “A presi-dente da República, Dilma

Rousseff (PT), por sua vez, em uma coligação diretamente com o Kassab (Gilberto/PSD), também está incentivando a criação de novos partidos, como o PL, está para enfraquecer e minimizar a força que hoje tem

o PMDB”, ressaltou.Por outro lado, acrescenta

o cientista político, há outras forças políticas se mobilizando para a criação de partidos para tentar achar uma identidade partidária, porque os partidos estão rompidos. No entanto, essa vontade de ideologia fi ca aquém das vontades políticas. “Isso na verdade fi ca uma dis-puta de interesses entre eles e acaba perdendo a noção de discutir a reforma política que o Brasil tanto quer. Primeiro, o sistema eleitoral está podre. Nós temos que defi nir a questão dos partidos políticos, porque hoje eles perderam forças junto às coligações, mas o mandato é do partido”, ressaltou.

Com mais dinheiro, mas força e capital não apenas de voto, mas fi -nanceiro, os partidos se tornam cada vez mais poderosos. Dessa for-ma, o querer do país que queremos fi ca de fora”

Ademir acredita que esta é uma disputa do poder hege-mônico entre o PT e o PMDB e, nessa conjuntura, o povo é enrolado. Agora não é apenas cobrar da presidente Dilma, mas do Congresso. Para o cientista político, com essa disputa, a criação de no-vos partidos pela identidade ideológica fi ca enfraquecido. “Tudo fi ca enfraquecido por-que o partido vai se tornar um toma lá, da cá. Você vai criar partido não por uma questão estatutária, ideológica, mas para tirar candidatos que es-tão no PMDB, por exemplo, para criar uma quinta força partidária”, pontuou Ramos.

Ademir destacou que o PMDB já percebeu a estra-

tégia do Poder Executivo, por isso está se colocando contra, inclusive negocian-do. “Está negociando direta-mente, quer dizer, negando as decisões do poder Execu-tivo. Está devolvendo medi-das provisórias para afron-tar o poder mesmo, porque sabe desse jogo que está acontecendo”, explicou.

O Fundo Partidário teve um aumento na aprovação da Lei Orçamentária, dando mais musculatura aos par-tidos. “Com mais dinheiro, mas força e capital não apenas de voto, mas fi nan-ceiro, eles se tornam cada vez mais poderosos. Essa é uma disputa que está aí”, pontuou Ademir Ramos.

Poder dividido entre PT e PMDB

MOARA CABRALEquipe EM TEMPO

Como surge um partido no paísPara se criar um partido é

preciso obter a assinatura de 101 fundadores, distribuídos em pelo menos nove Estados. Em seguida, deve-se regis-trar a legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse registro é provisório e se con-cretiza com o apoio formal da quantidade de eleitores correspondente a 0,5% dos

votos dados na última elei-ção a toda a Câmara dos Deputados, sem os brancos e os nulos. São necessários em torno de 430 mil eleitores para o registro. Cumpridas ainda outras formalidades, o partido participar de eleições, receber dinheiro do fundo partidário e ocupar o horá-rio político no rádio e na TV.

Ademir Ramoscientista político

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

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[email protected], DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1045Economia B2

Mudança reduz rotatividade nas empresas

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Manaus ganha primeira boutique de ‘quatro rodas’Empresária investiu para montar sua loja de roupas femininas dentro de uma van, para comodidade da sua clientela

Na entrada do Café Priscila, numa ma-nhã cinzenta de domingo, uma van

envelopada com motivos di-ferentes chama a atenção. Portas escancaradas, uma mesinha com cadeira à en-trada e, lá dentro, cabides com roupas penduradas. São vestidos, blusas, calças, saia, shorts e macacaquinhos.

“O que será isso?”, pergunta uma mulher, intrigada com o movimento de entra e sai na van. “Acredite se quiser, mas é uma boutique móvel (risos)”, responde a vendedora.

É isso mesmo que você ou-viu, Manaus já tem a sua primeira boutique em quatro rodas – Chris Moda Móvel–, uma ideia genial que facilita a vida de consumidora que não tem tempo de ir à loja comprar roupa. Portanto, vale a regra de que se você não tem tempo de ir à boutique, a boutique vai até você.

A comercialização é prática. Basta a loja ambulante parar numa esquina para, em poucos minutos, atrair a “mulherada” que é capaz de esquecer o café da manhã para experimentar uma, duas, três, quatro peças de roupas, que nada deixam a desejar aos últimos lançamen-tos do “Sul maravilha”.

Na Chris Moda Móvel, a cliente paga barato e leva o que existe de mais moderno no mundo da moda. Pelo menos é o que garante Christiane Araújo de Souza Andrade, 38, a empresária que teve a gran-de sacada e colocar a loja na estrada.

Buscar autonomia, tendo o próprio negócio, é o grande desafi o de muitos lojistas, principalmente os do ramo das confecções, que cresce

signifi cativamente em Ma-naus. A primeira boutique móvel da capital, Chris Moda Móvel, surgiu com a evolução das vendas do varejo porta a porta e está fazendo o maior sucesso com as clientes.

Técnica em enfermagem, Christiane Andrade revelou ao EM TEMPO que teve de deixar a loja de roupas em que trabalhava em um shopping da capital porque não conseguia acompanhar o marido durante as viagens e também não podia dar atenção às clientes devido às ausências rotineiras da cidade.

Um dia, parou para pensar se era aquela vida mesmo

que queria para ela e para a sua família. Foi aí que ela teve a ideia de levar sua loja até às consumidoras e, ao mesmo tempo, acom-panhar o marido durante suas viagens de trabalho. A empresária garante que o negócio está dando certo. “O bom e o diferencial de trabalhar dessa forma é que as mulheres entram no carro, boutique móvel, e já saem arrumadas. Lá tem o espelho, tem o provador. Não tem aquilo de escolher uma rou-pa e pegar se vai dá ou não vai dá. Não precisa perder tempo. A mulher já escolhe a roupa e sai arrumada”, disse a empresária.

INVESTIMENTOA empresária disse que o investimento total na compra da van e em sua adaptação foi de R$ 120 mil. “Na van tem espelhos, dois provadores. É prati-camente uma loja de shopping”, disse

Christiane também re-velou que não gasta com motorista porque ela mes-ma dirige o veículo. “Por eu não ter esse custo tão alto, com motorista e aluguel, as minhas peças de roupa são peças de boutique e, mesmo assim, os preços são acessíveis. As peças não são caras como as das lojas dos shoppings”.

Segundo a lojista, essa nova forma de vender a domicílio veio para facilitar a vida da mãe, que não tem tempo de se locomover porque tem tempo curto para cuidar dos fi lhos, e da mulher executiva, que vive presa ao trabalho.

“Se está chovendo, ou se a cliente não quer enfrentar o trânsito, gastar combus-tível ou não pode sair por

causa do fi lho, a gente vai até ela. As clientes podem pagar com dinheiro ou cartão de crédito”.

Christiane ainda deu uma bela sugestão: “Nos-sa boutique móvel tam-bém é ideal para o mari-do que quer presentear a esposa. Ele nos contata e negocia com a gente um valor “x”. A gente vai até o encontro da pessoa presenteada e ela escolhe tudo, de acordo com o va-lor acordado”, sugeriu.

A empresária disse que o investimento total na compra da van e em sua adaptação foi de R$ 120 mil. “Na van tem espe-lhos, dois provadores. É praticamente uma loja de shopping, mas dentro de um carro”, afi rmou.

Economia com o motorista

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Christiane Andrade largou a vida de técnica em enfermagem para se aventurar como empresária dentro de uma boutique-van

Boutique móvel atrai a atenção de quem não possui tempo para renovar o guarda-roupas

LUANA DÁVILAEquipe EM TEMPO ONLINE

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Mudanças na lei reduzem rotatividade no mercadoNovas regras no seguro-desemprego promovem o fim da alta rotatividade nas empresas, de acordo com analistas

Apesar de ainda gerar bastante polêmica diante de trabalha-dores e entidades re-

presentantes de classe, alguns especialistas defendem que a medida provisória que dificul-ta o acesso ao seguro-desem-prego pode promover algumas mudanças positivas no vínculo empregatício. Entre elas, os analistas apontam o deses-tímulo à alta rotatividade de trabalhadores nas fábricas e no comércio, por exemplo. Desta forma, eles afirmam, favorece um dos princípios básicos da lei trabalhista, que é a continuidade no trabalho sem prejuízos a economia.

Para a gerente de adminis-tração de pessoal da empresa Luandre, Sueli Silva, na prá-tica, pouca coisa muda para quem já está no mercado de trabalho, uma vez que, a partir do terceiro requerimento do seguro, o procedimento é pra-ticamente o mesmo de antes. Ou seja, de seis meses, e não mais 18 como rege a nova me-dida imposta pela presidente da República Dilma Rousseff. “Logo, quem sofrerá na pele o impacto da norma é quem

está iniciando a carreira no mercado de trabalho formal, principalmente os jovens”, co-mentou a gerente por meio da assessoria de imprensa.

A especialista ressaltou que o período curto de seis meses apenas como era impacta negativamente no desenvolvimento das ativi-dades profissionais. Já a es-

tabilidade pode refletir, por consequência, no aumento da produtividade. “Antes de pensar em sair, o trabalha-dor e a empresa terão que protelar a decisão e criar maneiras de melhorar o fluxo de trabalho. Em longo prazo, as relações podem melhorar e resultar até em uma mu-dança de cargo”, frisou.

Porém, esse fato é con-

testado pelos representan-tes dos trabalhadores, como explicou o secretário de re-lações institucionais da For-ça Sindical, Carlos Lacerda. “Acreditamos que as mudan-ças não refletirão na questão da rotatividade, uma vez que eles (governo) analisaram o fluxo em épocas como o Natal, mas não levaram em conta o que acontece no ano todo”, enfatizou ele, que também é secretário para assuntos par-lamentares da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM).

RegrasLacerda salientou que as

lutas continuam na esperan-ça de revogar as mudanças propostas pelo governo nas regras tanto do seguro-de-semprego quanto de pensões por morte, abono salarial, se-guro-defeso e auxílio-doença (MPs 664 e 665).

“Estamos promovendo uma campanha regional com os deputados do Norte e Nor-deste. No Amazonas o lema é ‘Deputados, sejam Capri-chosos na derrubada das MPs 664 e 665 e mantenham os direitos Garantidos’. Fazendo referência aos bois de Parin-tins”, revelou Lacerda.

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A partir do terceiro pedido de seguro-desemprego, o tempo de trabalho reduz para seis meses

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

TENTATIVACentrais e sindicatos dos trabalhadores na-cionais buscaram, sem sucesso, o diálogo com o governo Dilma para rever as perdas dos direitos da classe tra-balhadora do país com a medida provisória

Governo fecha porta do diálogoO secretário de relações

institucionais da Força Sin-dical, Carlos Lacerda, decla-rou que já ocorreram quatro reuniões - duas em São Paulo e duas em Brasília - para debater o assunto com os representantes do governo federal, porém, nenhum mi-nistro comparece aos encon-tros. Mesmo assim, as ações serão intensificadas dentro do Congresso Nacional.

“Nossa preocupação maior é com a questão dos pescadores, que agora só têm direito a receber o segu-ro-defeso após três anos na

profissão. Isso é um absur-do, como o amazonense que vive da pesca vai ficar sem a sua renda”, acentuou.

PreocupaçãoA desempregada Izabel

Cristina Cavalcante Bindá, 44, conta que recebeu pela primeira vez o seguro-de-semprego no ano passado, quando foi demitida da em-presa em que trabalhava. Mas ela revela que já tinha dois anos e cinco meses. Agora ela busca um novo emprego, mas sua maior preocupação é ser demitida

antes de 18 meses, já que não terá direito ao benefí-cio. “Essa mudança preju-dicará muita gente, ainda mais porque na maioria das vezes é a própria empresa que demite o funcionário e demite bem antes dele com-pletar um ano”, evidencia.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base nos números de 2014, es-tima que as novas regras para acesso ao seguro-de-semprego devem reduzir em 26,5% o número de benefícios concedidos este ano em todo o país.

Movimentos dos trabalhadores foram às ruas pelo país para cobrar direitos trabalhistas

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Aeroporto de Manaus é seguro para operaçõesTerminal instalado na capital amazonense é um dos sete aeroportos brasileiros que possuem certificação operacional de acordo com padrões internacionais

O Brasil tem sete ae-roportos com certi-ficação operacional, registro que atesta

que o terminal está em con-formidade com os padrões internacionais de segurança.

Outros 25 estão com proces-sos em andamento para obter o certificado.

Os procedimentos para a con-cessão do certificado obedecem ao RBAC 139 (Regulamento Brasileiro da Aviação Civil).

Os critérios seguem orien-tação da OACI (Organização Internacional de Aviação Civil), que fixa critérios que devem ser atendidos por aeroportos de todo o mundo.

A entidade tem cinco objetivos

a serem cumpridos até 2016: elevar a segurança operacional, a capacidade e a eficiência da navegação aérea, a segurança e a facilitação da aviação civil e o desenvolvimento econômico do transporte aéreo.

Segurança é uma das características do aeroporto de Manaus

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A certificação é dada de-pois que vistorias verificam o planejamento do aero-porto, sua estrutura ad-ministrativa, além de ins-talações de infraestrutura, como as de abastecimento e movimentação de aero-naves, os procedimentos de prevenção, salvamento e combate à incêndio.

O processo é conduzido pela GOPS (Gerência de Operações Aeronáuticas e Aeroportuárias) da Supe-rintendência de Infraestru-tura Aeroportuária e ocorre em quatro fases: solicita-ção formal realizada pelo aeroporto; avaliação do pedido – a partir da do-cumentação entregue, das características do termi-nal, do cumprimento das normas e da capacidade técnico-operacional do ae-roporto, inspeção inicial de certificação, e certificação, que é emitida em nome

do operador do aeródromo, por ato oficial da Anac.

MundialConforme dados da OACI,

em todo o mundo, 11% dos aeroportos estão certifica-dos. A meta é atingir os 20% até 2016.

Segundo a entidade, as explicações para o baixo número de certificações é o fato de as infraestrutu-ras terem sido construídas antes do estabelecimento das regras, além da falta de pessoal técnico capaci-tado e de regulamentação nacional adequada.

AutorizaçãoTodos os aeródromos em

operação no Brasil devem ser autorizados pela Anac. No caso dos privados, eles têm que ser cadastrados pela Agência. Já os públicos precisam ser homologados pelo órgão.

Aeroporto de Manaus recebe voos internacionais também

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Vistoria dos órgãos é rigorosa

Os aeroportos que já receberam o certificado, no Brasil, são os de Gua-rulhos (SP), Manaus (AM), Maceió (AL), São Gonçalo do Amarante (RN), Galeão (RJ), Confins (MG) e Bra-sília (DF).

Os que estão com aná-lises em andamento são os de Curitiba (PR), Cuia-bá (MT), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Recife

(PE), Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP), Salvador (BA), Belém (PA), Campo Grande (MS), Foz do Igua-çu (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Porto Se-guro (BA), São Luís (MA), Vitória (ES), Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Londri-na (PR), Navegantes (SC), Ribeirão Preto (SP), Tere-sina (PI), Uberlândia (MG) e Cabo Frio (RJ).

Estudo para novas certificações

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B4 Mundo MANAUS, SÁBADO, 4 DE ABRIL DE 2015

NAOCA

Ato aconteceu durante a queda da aeronave, em que Lubitz usou o piloto automático para baixar bruscamente o Airbus

Caixa-preta mostra que copiloto acelerou avião

São Paulo - A agência de investigação aérea da França informou, on-tem, que os dados da

segunda caixa-preta do Airbus A320 da Germanwings, que caiu nos Alpes em 24 de março, con-firmam a ação deliberada do copiloto Andreas Lubitz, 27.

A Promotoria afirma que Lu-bitz derrubou de propósito a aeronave, que seguia de Bar-celona para Düsseldorf com 150 pessoas a bordo. Todos os passageiros e tripulantes morreram na queda.

Segundo o Escritório de In-vestigações e Análises pela Se-gurança da Aviação Civil (BEA, sigla em francês), a primeira análise da caixa-preta de dados mostra que o copiloto usou o piloto automático para baixar

o avião de 38 mil pés para 100 pés.

Enquanto o avião perdia al-titude, Lubitz ajustou diversas vezes o aparelho para aumentar a velocidade da aeronave. Os dados da caixa-preta encon-trada anteontem confirmam as informações obtidas nas grava-ções de voz do Airbus A320.

A partir do áudio, revelado na semana passada, os inves-tigadores determinaram que o piloto trancou a porta da cabine assim que o piloto titular foi ao banheiro. Em seguida, iniciou a operação de descida que levou à tragédia.

A agência francesa infor-mou que os técnicos conti-nuarão a fazer análises dos dados do avião para incluí-los no inquérito sobre a queda,

que também usará informa-ções da primeira caixa-preta encontrada e de informações recolhidas no local da queda.

PesquisaNa última quinta-feira, a

Promotoria de Düsseldorf, que investiga as circunstâncias que levaram Lubitz a derrubar o avião, afirmou que o copiloto pesquisou na internet sobre formas de suicídio e mecanis-mos de segurança de portas de cabines de aeronaves.

Segundo os investigadores, as buscas foram feitas entre 16 e 23 de março, véspera da queda do Airbus A320 da Germanwings. Nos últimos anos, o copiloto fez trata-mento pelo menos uma vez contra a depressão.

Equipes de técnicos trabalham no local da queda do Airbus A320 da Germanwings, na França

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Homem é libertado após ficar 30 anos preso nos EUA

São Paulo - Após passar quase 30 anos no corredor da morte por um crime que não cometeu, Anthony Ray Hinton, 59, foi liberta-do nesta sexta-feira (3) no Alabama, nos EUA.

Hinton havia sido conde-nado pelo assassinato de dois homens durante assal-tos a dois restaurantes em 1985, em Birmingham.

Uma juíza, no entanto, rejeitou recentemente as acusações depois que seus advogados mostraram não haver provas suficientes para incriminá-lo.

A defesa tentou por mais de uma década refazer os exames sobre as balas usa-das pelo assassino e provar que não eram compatíveis com a arma encontrada na casa de Hinton.

Não havia testemunhas visuais nem impressões digitais do acusado nas cenas dos crimes, segundo os advogados. Hinton foi apontado como suspeito por uma testemunha de um terceiro assalto, em outro restaurante, ocorri-do dias depois.

Hinton, contudo, alega que estava trabalhando naquele horário, num lo-cal a 24 quilômetros de

distância.

JustiçaOntem, ele foi recebido

por amigos ao sair da prisão do condado de Jefferson. “Para todos vocês que estão tirando fotos de mim, quero que saibam que existe um Deus. Para todos aqueles que acreditam na Justiça, esse é um caso que prova

que ela existe”, disse Hin-ton, emocionado.

A Suprema Corte já havia anulado sua condenação em 2014, e os promotores decidiram não julgá-lo de novo pelas mortes.

Hinton tinha 29 anos na época do crime. Segundo seus advogados, ele passou a maior parte dessas três décadas em uma solitária.

Anthony Ray Hinton abraça um amigo ao deixar a prisão

Católicos celebram em Jerusalém

Jerusalém (Agência Lusa) - Centenas de católicos celebraram on-tem, Sexta-Feira Santa, a Paixão de Cristo na ci-dade velha de Jerusalém. Eles repetiram os últimos passos de Jesus antes da crucificação. Alguns car-regavam grandes cruzes nas costas.

Fiéis do mundo inteiro subiram pelas ruelas que formam a Via Dolorosa e foram parando para orar em cada uma das estações do chamado caminho do sofrimento, até a igreja do Santo Se-pulcro. É no interior dessa basílica que se encontra o local onde Jesus teria sido posto na cruz e depois enterrado. É lá também que teria ocorrido a Res-surreição, celebrada no domingo de Páscoa.

“Esta celebração da Páscoa foi muito boni-ta. Há anos e anos que Jesus esteve aqui, mas era como se estivesse de novo”, comentou Laura Samoa, vinda da Costa do Marfim.

Ao mesmo tempo em que ocorre a Páscoa cris-tã, os judeus celebram uma de suas festas mais importantes, a Pessach, ou Páscoa judaica.

PAIXÃOCORREDOR DA MORTE

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INOCENTETrinta anos depois, a defesa de Anthony Ray Hinton conseguiu provar sua inocência e ele foi libertado on-tem, nos EUA. Suas primeiras palavras foram de louvor a Deus e à Justiça

Cristãos carregam cruz

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B5PlateiaMANAUS, SÁBADO, 4 DE ABRIL DE 2015

Shows com grupos, cantores e DJs e o debate “O papel do hip hop no combate ao racismo” estão na programação

Hip Hop Roots encerra o ‘Grito Rock Manaus’

Hoje, a programação do “Grito Rock Manaus” 2015 encerra na rua, de onde nunca saiu,

com o projeto Hip Hop Roots. Os realizadores Coletivo Feminino Mariam, Projeto Casa Cultural e Crew Febre Urbana trazem como proposta uma apresenta-ção de grupos do hip hop e do rap, além de debate sobre “O papel do hip hop no combate ao racismo” com os convidados KK Bonates, Ramon Batista, Cida Ariporia, Patricia Sampaio, Ivan Maia e Hipz. O debate acontece às 9h, na Escolinha Sonho Meu (rua 40B, número 2, bairro Mutirão).

Haverá ainda, de forma conjunta, uma programação artística com os grupos DJ Daniel e Tina Roots, UBS Lo-cker, Cria dos Barros, Reação MCs, Igor Muniz, Equipe Black Roots, American AM, Conexão Zona Norte, Denny Vira Lata e Nossas Raízes, além de uma batalha de MCs femininas. Os grupos vão se apresentar na

rua 27 do Mutirão, a partir das 14h.

Realizado pelo coletivo Fora do Eixo, com apoio do Toque no Brasil e fi nanciado pelo FDE Card, a cada ano o “Grito Rock” agrega dezenas de novos pro-dutores. Com o intuito de demo-cratizar o acesso à informação e facilitar a produção de um evento, o Fora do Eixo ofere-ce cartilhas, tutoriais e cam-panhas na área de produção, comunicação, sustentabilidade e formação. Todo o conteúdo é disponibilizado para uso dos produtores e cria canais de diá-logo entre esses possibilitando o fortalecimento de uma rede global de música.

O “Grito Rock Manaus” 2015 contou com mais de 20 ativi-dades num total de 80 horas e um mês inteiro de programa-ções. Foram organizados fes-tivais de rua, de cultura negra, debates transmitidos ao vivo e apresentações de artistas de várias vertentes. Feito em parceria com artistas, produ-

tores, empresários, ativistas e estudantes, o “Grito Rock” tem como objetivo levar para os espaços públicos e bairros de periferia arte e debate sobre assuntos importantes para a cidade. Em Manaus, o “Grito Rock” é articulado pelo Coletivo Difusão e, este ano, um de seus apoiadores é a prefeitura municipal.

CirculaçãoO projeto Hip Hop Roots

nasceu a partir da necessi-dade de divulgar e propor a circulação da cultura hip hop. A disposição para o projeto surgiu como uma ação de des-dobramento e continuidade de uma rede de circulação de cultura, com a realização de eventos uma vez por mês em espaços públicos de várias zonas e bairros da cidade. O evento terá sempre acesso gratuito e pretende também envolver a comunidade do entorno dos espaços que serão ocupados.

A Equipe Black Roots, com outros artistas, vai se apresentar na rua 27 do bairro Mutirão

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Megadeth confi rma brasileiro

São Paulo, SP (Fo-lhapress) - O guitarris-ta brasileiro Kiko Lourei-ro, integrante da banda paulistana Angra, é o novo guitarrista do Me-gadeth. A informação foi confi rmada nesta quinta-feira (2) no site ofi cial do grupo ameri-cano, um dos grandes nomes do thrash me-tal mundial. Dave Mus-taine, vocalista e líder da banda, destacou o “grande talento” do mú-sico, substituto de Chris Broderick, que deixou o grupo no ano passado.

ROCK

Kiko Loureiro é o novo guitarrista da banda

Historiador Evaldo Cabral é o novo membro da ABL

São Paulo, SP - Corria o dia 27 de março, quando um de seus casarões mais conhecidos do centro do Rio surgiu todo iluminado. Era dia de posse de mais um imortal, na sede da Aca-demia Brasileira de Letras: o diplomata e historiador Evaldo Cabral de Mello, 79.

Evaldo Cabral fez agra-decimentos sintéticos; res-valou a praxe de biografar os antigos detentores da cadeira; defendeu o papel da historiografi a como gêne-ro literário; e advogou uma escrita narrativa e distante das ciências sociais.

Diplomata de carreira, Evaldo Cabral é, paradoxal-mente, mais afeito a uma polêmica intelectual do que à concórdia fácil. Sem negar sua origem pernambucana, local que jamais abriu mão da crítica e da vocação re-publicana, ele alimenta de-bate até debaixo d’água e sempre tomou o caminho da contramão. Optou pela historiografi a inglesa quan-

do a moda era a francesa; marcou sua obra pela narra-tiva num momento em que o que parecia importante era a teoria; foi contra a in-terdisciplinaridade quando a voga era o diálogo entre dis-ciplinas e, sobretudo, virou o eixo da análise da trajetória brasileira.

Livros como “Olinda Res-taurada” (1975), “Rubro Veio” (1986), “O Negócio do Brasil” (1998); “A Fronda dos Mazombos” (1995); “O Norte Agrário e o Império” (1984), “O Nome e o Sangue” (1989), “A Ferida de Narciso” (2001); “Nassau: Governador do Bra-sil Holandês” (2006) e “A Ou-tra Independência” (2002), entre outros, são clássicos da nossa historiografi a.

As obras percorrem da Co-lônia ao Império brasileiros, e carregam um método pró-prio. Opondo-se a uma ten-dência que tem assimilado técnicas de outras ciências humanas, Evaldo Cabral la-menta a perda da dimensão narrativa da história.

LITERATURA

O imortal pernambucano é também diplomata de carreira

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Page 14: EM TEMPO - 5 de abril de 2015

B6 País MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

PLs visam isenção a igrejas e criação de ‘Dia de Deus’Bancada religiosa ganha força na Câmara, mas ainda são poucos os projetos que tratam de interesses de católicos e evangélicos

Brasília -Durante a atual legislatura, pelo menos sete projetos de lei com caráter

cristão foram apresentados pela bancada religiosa da Câmara. São propostas que tratam desde a concessão de isenção fiscal para igrejas, passando por propostas que tentam incluir o nome de Deus na Constituição a até aqueles que tentam determinar “um dia de adoração a Deus”.

O projeto de lei mais polêmi-co de todos foi o apresentado pelo deputado Cabo Daciolo (Psol-RJ). O parlamentar quer, por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), substituir a palavra “povo” por “Deus” no enunciado do pri-meiro artigo da Constituição. Caso a sugestão seja aprova-da, a Carta Magna será aberta com a seguinte redação: “Todo o poder emana de Deus, que o exerce de forma direta e também por meio do povo e de seus representantes eleitos, nos termos desta Constitui-ção”. Por conta deste proje-to de lei, o Psol suspendeu o parlamentar.

Do outro lado, o deputado Professor Victório Galli (PSC-MT) apresentou projeto de lei com o intuito de isentar igre-jas católicas e evangélicas ou outros templos religiosos do pagamento de impostos que incidem sobre as contas de luz, telefone e gastos de com-bustível. “As igrejas, além do objetivo a que se propõem de acordo com o credo e prática social de cada instituição, pra-ticam um grande benefício à sociedade, uma vez que tiram das ruas pessoas que estão em

estado de completo abandono por parte da família, alcoóla-tras, drogados, e restituem o bem-estar, reintegram a co-munidade, bem como ajudam as pessoas carentes através de ação social”, defende o parlamentar o projeto de lei.

Uma outra proposição rela-cionada a isenções fiscais é uma que trata da isenção do Imposto sobre Produtos In-dustrializados (IPI) para “todo material de construção, obra

de arte ou objeto decorativo considerado sagrado e/ou de valor histórico cultural, impor-tados para a reprodução de templos religiosos ou lugares sagrados, em razão do simbo-lismo religioso para seus fiéis, contribuindo para estimular o turismo religioso no país”. A proposta foi apresentada pelo deputado Fausto Pinato (PRB-SP). Segundo o parlamentar, a Constituição Federal não somente assegura a liberda-de à crença religiosa como também veda “que quaisquer dos entes da Federação criem impostos sobre os templos de qualquer culto”. “Logo, é

incontroverso que a importa-ção de material de construção, obra de arte ou objeto deco-rativo, para ser utilizado na construção do próprio templo religioso ou do lugar sagrado ali reproduzido, é imune à incidência dos impostos so-bre a importação e produtos industrializados, na medida em que irá se incorporar ao patrimônio do templo e, assim, se subsume perfeitamente na regra constitucional imuni-zante”, analisa o parlamentar na proposta.

Mas os projetos de lei de caráter religioso não buscam apenas vantagens fiscais para templos e igrejas. Um Projeto de Lei apresentado pelo depu-tado Flávio Augusto da Silva (PSB-SP) determina a redução de pena para presidiários que estejam participando de algu-ma atividade religiosa. Pela proposta, o detento poderia reduzir um dia de pena a cada seis horas dedicadas à atividades religiosa. Hoje, a legislação penal autoriza a remissão de pena para presos que trabalhem ou estudem na prisão.“As religiões, em geral, buscam o bem-estar mútuo e uma convivência social pauta-da em harmonia e boa con-duta, sempre relacionada às crenças particulares à cada. Sob tal aspecto, a remição da pena para o condenado que participa ativamente de ativi-dades religiosas estimulará a reintegração social, incutindo princípios vetorialmente con-trários às condutas delituosas que levaram o condenado ao cumprimento de pena priva-tiva de liberdade”, defende o parlamentar no projeto.

Já o deputado Missionário José Olímpio (PP-SP) quer desarquivar projeto que pro-íbe a implantação em seres humanos de chips ou GPS, para impedir o rastreamento dos cidadãos, temendo que uma “satânica Nova Ordem Mundial” seja instaurada. “Tendo em conta que o fim dos tempos se aproxima, é preciso que o Parlamento brasileiro resguarde a liber-dade constitucional de loco-moção dos cidadãos”, explica o paulista.

O integrante da Igreja Mundial do Poder de Deus se baseia em versículos do livro de Apocalipse da Bíblia para

justificar o projeto de lei. Os tais chips representariam, de acordo com Missionário, a “marca da besta”. O parla-mentar afirma que “rastrea-dores pessoais” estão sendo desenvolvidos no Brasil sob a alegação de que a tecnologia vai permitir a rápida locali-zação de pessoas em poder de sequestradores. Mas o objetivo não é este, segundo ele. “O povo brasileiro não deve se iludir com tais ar-tifícios, que escondem uma verdade nua e cruel: há um grupo de pessoas que busca monitorar e rastrear cada passo de cada ser humano”, disse o deputado.

Em fevereiro do ano pas-sado a proposta do Missio-nário foi rejeitada, mas ele pretende sustentá-la este ano. Além disso, o deputado propõe um novo projeto de lei que institui o Dia Nacional de Adoração a Deus. Este dia serviria para que as pessoas refletissem sobre seus atos e praticassem o respeito ao próximo. Segundo o congres-sista, apesar de o Estado brasileiro ser laico, há um reconhecimento da diversi-dade de crenças. “Até mesmo nossa Constituição Federal, em seu preâmbulo, invoca a proteção de Deus”, justifica o deputado.

Deputado fala em ordem ‘satânica’

Deputado Missionário José Olímpio (PP-SP) usa o livro de Apocalipse para embasar PLs

Fiéis evangélicos e católicos ganham, a cada eleição, representantes parlamentares, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado. Apesar disso, projetos ligados diretamente à religião são poucos

As religiões, em geral, buscam o

bem-estar mútuo e uma convivência social pautada em

harmonia e boa conduta

Flávio Augusto, deputado federal

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Page 15: EM TEMPO - 5 de abril de 2015

B7MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 País

Plenário pode votar PL que regulamenta terceirizaçãoDeputados devem colocar em pauta texto polêmico na terça-feira e sindicatos temem precarização da relação trabalhista

Brasília - A regulamen-tação da terceirização é o destaque do ple-nário da Câmara dos

Deputados na próxima terça-feira (7). Um dos pontos mais polêmicos do texto em análise é possibilidade de terceirização em relação a qualquer das ati-vidades das empresas privadas, públicas ou de economia mista. Os sindicatos temem a precari-zação da relação trabalhista.

A medida consta do substituti-vo da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para o projeto de lei 4330/04. O substitutivo foi elaborado pelo deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA). O texto também não garante a filiação dos terceiri-zados no sindicato da atividade preponderante da empresa, o que, na visão dos sindicatos, fragilizará a organização dos trabalhadores terceirizados.

Quanto às responsabilida-des da empresa contratan-te do serviço terceirizado, o substitutivo prevê que ela somente responderá solida-riamente com a contratada se não fiscalizar os pagamentos devidos aos contratados.

Ex-territóriosA pauta, entretanto, poderá

estar trancada pela medida pro-

visória 660/14, que permite a servidores dos ex-territórios do Amapá e de Roraima (atuais Es-tados) optarem pelo quadro em extinção de pessoal da União, da mesma forma que os servidores e empregados de Rondônia.

Se chegar a tempo à Câmara, o relatório da comissão mista que analisou a MP trancará a pauta a partir de terça-feira. De acordo com o parecer da comissão, o direito de opção será estendido a aposentados e pensionistas e valerá para os servidores e empregados de toda a administração indireta, não apenas à administração autárquica e fundacional.

O relatório incluiu ainda corre-ção das tabelas de vencimentos dos servidores da Superinten-dência da Zona Franca de Ma-naus (Suframa).

Projetos de segurançaTodos os projetos de lei sobre

segurança pública pendentes de análise continuam na pau-ta. Entre eles, o projeto de lei 2505/00, do deputado Lincoln Portela (PR-MG), que permite o repasse de material apreendido pela Polícia Federal por ser fruto de contrabando às secretarias de Segurança Pública estaduais, se esse material puder ser usado no combate ao crime. Plenário da Câmara dos Deputados deve votar projeto polêmico que trata da regulamentação da terceirização em empresas

LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

São Paulo - A idade mínima para que um adolescente possa ser punido criminalmente

é de 18 anos na maioria dos países da América do Sul. Caso a Proposta de Emenda à Cons-tituição número 171, aprovada em primeira instância pela Co-missão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputa-dos, no último dia 31, passe a valer no Brasil, o país - que já foi considerado vanguarda quanto à garantia de direitos das crianças e adolescentes na região - se tornará, ao lado de Guiana e Suriname, um dos mais rigorosos na punição de jovens. Isto porque permitirá que adolescentes maiores de 16 anos cumpram penas em prisões destinadas a adultos, algo que só ocorre nestes dois países sul-setentrionais.

No Suriname e Guiana, os jovens de 16 podem ser jul-gados e presos como adultos pelo sistema judiciário. Outra particularidade destes dois países diz respeito à idade a partir da qual crianças passam a responder judicialmente por delitos e infrações. Em ambos, crianças de 10 anos estão su-jeitas a punições. Nas demais nações da região, bem como no Brasil, a idade fixada a partir dos 12 anos.

A ideia de reduzir a idade na qual jovens podem res-ponder criminalmente como adultos vem sendo debatida na região devido ao aumento da violência, uma das maiores preocupações dos cidadãos la-tino-americanos. Dessa forma, discussão similar à brasileira foi realizada recentemente em países como Uruguai, Costa Rica, Panamá e Argentina.

Na Argentina, maiores de 16 anos já são passíveis de julga-mento penal, tal qual adultos. A diferenciação, no entanto, é que os jovens não podem cum-prir penas em prisões comuns. Além disso, o país é o único em toda a região que aplica pena perpétua a menores de 18 anos. Por essa razão, a Corte Intera-mericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou a Argentina por violar o direito internacional dos direitos humanos de jovens.Mesmo com a legislação mais rigorosa com relação aos deli-tos cometidos por maiores de 16, o país vivenciou, durante o processo eleitoral de 2013, um debate para que a maioridade fosse reduzida para 14 anos, mas a ideia não prosperou.

No Uruguai, ocorreu movi-mentação semelhante no ano

passado, também durante a campanha eleitoral. Mesmo sendo considerado um dos mais seguros da região, o país viu a violência aumentar nos últimos anos. Como resposta, setores de oposição ao governo da esquerdista Frente Ampla, do ex-presidente José Pepe Muji-ca e do atual, Tabaré Vázquez, convocaram um referendo para debater uma reforma constitu-cional para que adolescentes maiores de 16 anos respon-dessem criminalmente com as mesmas penas e sentenças que os adultos. A proposta, no entan-to, foi rechaçada pela maioria da população. Por outro lado, a Bolívia, onde até 2014 regeu uma lei penal que estabelecia 16 anos como idade limite a partir da qual uma pessoa poderia ser julgada como adulta, modificou a legislação e a adequou ao que indica a Convenção de Direito das Crianças (CDN), criando um sistema especial para jul-gar os adolescentes entre 14 e 18 anos.

Responsabilidade penal A atual lei de responsabilidade

penal juvenil do Chile, cuja maio-ridade é de 18 anos, estabelece que cidadãos entre 14 e 18 anos podem ser punidos, mas a reclusão é considerada o último recurso e somente para crimes graves e a reclusão, quando aplicada, é feita em centros de detenções separados dos adultos e que contemplem a continuidade dos estudos, pelo prazo máximo de 10 anos.

Sistema semelhante é adota-do pela Colômbia, que também considera penalmente respon-sáveis os jovens que tenham entre 14 e 18 anos. As penas previstas para tais adoles-centes, cujas finalidades são “educativas e restauradoras” variam de repreensão, presta-ção de serviços à comunidade, liberdade assistida, internação em regime semifechado ou, em casos mais graves, priva-ção de liberdade em centros de atendimento especializado, com prazo máximo de 8 anos. Com lei menos específica, o Equador define que menores de 18 anos são inimputáveis e não entra em detalhes, apenas ressalta que menores de 12 anos não poderão ser privados de liberdade. No Paraguai, onde são considerados adolescentes pessoas entre 12 e 17 anos, em caso de privação de liberdade, a pena não poderá ser superior a 4 anos e acontece em um sistema distinto do destinado a adultos.

Guiana e Suriname punem jovens a partir dos 16 anosEstes dois países são os únicos da América do Sul que tratam criminalmente adolescentes, como quer PEC 171 do Brasil

Para a Unicef, a reforma constitucional em tramita-ção no Brasil não só abalaria a reputação do país como pioneiro nos direitos da in-fância, mas também poderia ter repercussões negativas na região em seu conjunto”, uma vez que “as disposi-ções sobre os direitos das crianças que estão incluídas na Constituição brasileira inspiraram muitas das re-formas constitucionais na América Latina”.

Na mesma linha, o infor-me Regional de Desenvol-vimento Humano realizado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o De-

senvolvimento), mostra que os jovens são o grupo mais afetado pelo crime e violên-cia e são também os res-ponsáveis mais comuns por eles. As cinco maiores taxas de homicídios de jovens no mundo (por cem mil habi-tantes), estão na América Latina: El Salvador (92,3), Colômbia (73,4), Venezuela (64,2), Guatemala (55,4) e Brasil (51,6), segundo dados de 2011 da OMS (Organiza-ção Mundial de Saúde).

O informe diz ainda que as políticas de linha dura que foram desenvolvidas em diversos países potencializa-ram a violência contra jovens

a partir de respostas reducio-nistas à problemática.

Assim, em vez de investir em punições contra jovens e adolescentes, a orientação das Nações Unidas é que o tema seja tratado com políticas específicas que se centrem em atender as necessidades e vulnerabili-dades próprias às que os jovens estão expostos, em uma realidade em que há baixa mobilidade social e precariedade de trabalho. O organismo também reco-menda maior investimento em escolas para que assim seja reduzida a exposição dos jovens à violência e seja

promovida uma maior expec-tativa de vida.

A recomendação da ONU é que se evite a redução da maioridade penal de menores e, ao invés dis-so, seja dada prioridade à Justiça alternativa e o in-vestimento na reinserção social efetiva para crianças e jovens. A adoção de penas alternativas à privação de liberdade no que se referir ao direito de menores e que a prisão seja aplicada como último recurso e durante o mínimo tempo possível para garantir as condições de internação que possi- bilite a reabilitação.

Grupo é o mais afetado pelo crime e violência

Ativistas protestaram no último dia 31, durante reunião da CCJ da Câmara, que aprovou admissibilidade da PEC da redução penalM

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[email protected], DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1041

Vagas para o ‘Clube da Ciência’

Dia a dia C2

Dissabores renovam a esperança de vida nova

Mudanças ocasionadas por eventos inesperados contribuem para que as pessoas deem um novo olhar à vida e sigam em frente o seu caminho

Superação. De acordo com o dicionário, ação ou efeito de superar; sobrepujamento. Ação

de conseguir vencer e/ou triun-far. O signifi cado refl ete histó-rias de algumas pessoas que diante de imprevistos não se abalaram e seguiram com re-signação e espiritualidade o novo curso da vida. A suspei-ta de um câncer, observada durante uma troca de roupa para ir a uma festa, a perda

de movimento em um membro, e o risco de perder o equilí-brio, ou ainda desistência de última em embarcar em um voo, que se tornou uma gran-de tragédia. Esses são alguns pequenos relatos que ilustram histórias de pessoas que em algum momento da vida viram o seu cotidiano mudar, mas continuaram de alguma forma a seguir seus caminhos, mes-mo em meio as adversidades. Dia a dia C4 e C5

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Parintins escolhida para ter faculdade de medicina Novo edital lançado pelo governo federal prioriza a criação de cursos para formar médicos em instituições particulares

A expansão da forma-ção médica no país recebe novo impulso este ano. O governo

federal selecionou mais 22 municípios para a criação de cursos de medicina em instituições particulares. Es-sas cidades estão em oito Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões com menor proporção de vagas de graduação e médicos por habitantes. No Amazonas, a cidade de Parintins está na lista. A medida faz parte da estratégia do programa Mais Médicos para ampliar a oferta deste curso superior nas regi-ões que mais precisam.

“A criação de cursos de medicina é uma das medi-das mais estruturantes do Mais Médicos, pois permite chegarmos à meta de 600 mil médicos em todo o país até 2026. Mas sabemos da importância de expandir as vagas invertendo a lógica que existia antes. Agora, vamos ampliar a formação médica conforme as necessidades identificadas pelo governo federal”, destacou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.

“Os municípios são chama-dos a aderir e a se com-prometer com as condições para abrir os novos cursos.

Este edital permite ampliar a formação médica com a qualidade adequada para a população”, afirmou.

Segundo o ministro da Edu-cação, Luiz Cláudio Costa, “o novo edital dá seguimento à política de expansão de va-gas de graduação por meio do Mais Médicos, corrigin-do assimetrias regionais no

que se refere à proporção de médicos por habitantes e selecionando cidades com condições de atender os cri-térios de qualidade”.

O edital está no Diário Oficial da União. As prefeituras in-teressadas deverão confirmar participação entre os dias 13 e 24 de abril, por meio da pági-na do Ministério da Educação (http://simec.mec.gov.br). Esta é a segunda seleção de municí-

pios para abertura de cursos de medicina desde o lançamento do Mais Médicos. Na primeira, realizada em 2014, 39 cidades de 11 Estados tiveram cursos autorizados, com previsão de 2,4 mil novas vagas.

Com o objetivo de focar em municípios com maior escas-sez de médicos, o governo federal definiu algumas regras inovadoras em compararão com a seleção anterior. Nes-ta chamada, só foram pré-selecionadas cidades que se localizam em estados com relação de vagas em curso de medicina por dez mil ha-bitantes inferior a 1,34 e com índice de médicos a cada mil habitantes menor que 2,7. Também é necessário que o município esteja a pelo menos 75 quilômetros de qualquer curso de medicina existente.

Além desses requisitos, foram utilizados também outros critérios objetivos para a pré-seleção: não ser capital de Estado; não ter curso de medicina; ter mais de 50 mil habitantes; e estar localizado em região com estrutura de saúde e de equi-pamentos públicos, cenários de atenção na rede e pro-gramas de saúde adequados para comportar a oferta de graduação em medicina.

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O município amazonense de Parintins é um dos que pode participar do edital de educação

SELEÇÃOO governo federal selecionou mais 22 municípios para a criação de cursos de medicina em institui-ções particulares. A medida faz parte da estratégia do progra-ma Mais Médicos

Inscrição aberta para voluntáriosAté o próximo dia 10, o

programa de extensão “Clube de Ciências”, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), es-tará com inscrições abertas para estudantes voluntários dos cursos de licenciaturas em biologia, ciências, físi-ca, química e letras (com ênfase em Libras). Para tan-to, os interessados deverão entregar Curriculum Lattes no Laboratório de Ciências, Bloco F, Setor Sul, em horário comercial (de 8h às 12h e de 14h as 17h).

Os requisitos necessários para os voluntários são: ter cursado pelo menos dois se-mestres do curso de licencia-tura em biologia, ciências, física, química e letras (com ênfase em Libras), ter dispo-nibilidade de 12 horas sema-nais e ter afinidade com a docência. As atividades ocor-rem somente aos sábados,

das 9h às 12h, exceto feria-dos, envolvendo estudantes da graduação, professores da Ufam interessados na pesquisa na área de ensino de ciências, professores da educação básica e estudan-tes de escolas públicas.

Os estudantes desenvol-verão estas atividades: pes-quisa na área de ensino de ciências (química, física e biologia); planejamento e realização de atividades di-dáticas com estudantes do ensino da rede pública esta-dual e municipal; orientação de estudantes no âmbito da pesquisa na área de ensi-no de ciências e realização de atividades didáticas; e pesquisa, planejamento e atividades didáticas com estudantes surdos.

Os interessados podem entrar em contato pelo emaill ufamclubedeciencia

[email protected] ou pelo tele-fone (92) 81590910.

Sobre o programaO “Clube de Ciências” é

um dos principais progra-mas de extensão da Ufam, cujas atividades já ocorrem há 28 anos. O objetivo do “Clube” é promover o estudo e o ensino da ciência por meio de ações sinérgicas entre universidade, escola e comunidade local. Trata-se de um ambiente alternativo de ensino, popularização da ciência e aprimoramento da formação professores.

A partir dela, estudantes da educação básica (sócios curumins) participam de atividades didático-peda-gógicas com temas cien-tíficos infanto-juvenis sob a orientação de estudantes de licenciaturas (professo-res-estagiários), os quais,

por sua vez, são orientados por professores mestres e doutores do Instituto de Ci-ências Biológicas e do Insti-tuto de Ciências Exatas da Ufam e da Secretaria de Educação do Estado.

Ao longo desses 28 anos, o “Clube” tem contribuído positivamente para a edu-cação científica de crianças e adolescentes da Amazônia, bem como para o desenvolvi-mento profissional de futuros professores de ciências da educação básica.

Esses estudantes viven-ciam a prática antecipa-da de docência de forma assistida por professores mais experientes, além de compartilharem essa expe-riência com seus colegas de equipe no próprio contexto de atuação onde desenvol-verão suas atividades pro-fissionais no futuro.O “Clube de Ciências” é aberto para estudantes de escolas

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Lista de espera do BolsaIdiomas encerrará hojeO prazo para remanejamento dos candidatos a bolsas em cursos de inglês e espanhol vai até a noite deste domingo

O prazo para remane-jamento dos can-didatos na lista de espera do programa

Bolsa Idiomas 2015, da Prefei-tura de Manaus, foi prorrogado até hoje. O remanejamento iniciou nesta terça-feira, 31, e seria encerrado às 23h59 da última quarta-feira, mas foi prorrogado para hoje.

Os candidatos irão concor-rer às 9.064 vagas remanes-centes da primeira chamada do processo seletivo.

As bolsas são para cursos de inglês e espanhol, em ins-tituições particulares de Ma-naus. Para se candidatar às bolsas remanescentes basta acessar o site http://bolsai-diomas.manaus.am.gov.br. O resultado estará dispo-nível no site do programa, amanhã, dia 6 de abril.

O programa Bolsa Idiomas é coordenado pela Escola de Serviço Público Munici-pal (Espi), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Administração, Planejamen-to e Gestão (Semad).

ConcorrênciaA diretora geral da Espi, Luiza

Bessa Rebelo, explica que, para concorrer, é só entrar com login e senha no Portal do Candidato

e verificar uma nova opção de instituição de ensino e horário, conforme as vagas oferecidas. “No remanejamento são ofere-cidas apenas bolsas de 50%”, disse a diretora.

Segundo a diretora, dos 7.215 candidatos contem-plados na primeira chamada do programa, 2.995 entrega-

ram a documentação exigida no edital. Os que não apre-sentaram foram eliminados do processo.

O período de entrega de documentos terminou na última sexta-feira, 27, às 17h. “Essa é uma nova oportunidade para quem fi-cou no cadastro de reserva”, destacou Luiza Rebelo.

Documentos Após o resultado do re-

manejamento, os candida-tos que forem contemplados deverão entregar a docu-mentação nos dias 8 e 9 de abril, de 8h às 17h, na sede da Espi, na avenida Profes-sor Nilton Lins, 3259, Bloco D, Parque das Laranjeiras, Zona Centro-Sul.

Os documentos exigidos são: cópia do RG e CPF dos familiares maiores de idade, que residem na mesma casa do candidato; certidão de nascimento do aluno e dos menores de idade que resi-dem com ele; comprovante de residência, que seja do mesmo endereço informado no ato da inscrição e que tenha menos de três meses de expedição.

Precisam entregar, ainda, a declaração de conclusão de ensino médio ou compro-vante de que estão cursando. Devem apresentar a declara-ção de rendimento familiar, documento que pode ser im-presso direto do site, no link Portal do Candidato.

Os selecionados tam-bém devem ter em mãos o comprovante de renda de todos os que moram na residência do candidato.

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O resultado estará disponível no site a partir de hoje e as inscrições serão nos dias 8 e 9

No remanejamen-to são oferecidas apenas bolsas de

50% para os cursos de inglês e espanhol em instituições de ensino particulares

Luiza Bessa Rebelo, diretora geral da Espi

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 C5

Superação dá um novo olhar à vidaAcidentes, doenças ou algum outro evento que de uma hora para a outra muda o cotidiano de uma pessoa, para alguns não são sinônimo de dissabor, mas para outros de resignação. A fé aliada à força interior e determinação ajudam a seguir o caminho

A Páscoa é o momento em que os cristãos celebram a ressurrei-ção de Jesus Cristo.

Independente da fé ou da religião, o simbolismo refl e-tido pela data - o de renascer - também faz com muitas pessoas aproveitem para celebrar uma nova oportuni-dade na vida. Para aprovei-tar a ocasião, o EM TEMPO reuniu histórias de pessoas que vivenciaram experiências que lhes possibilitaram uma espécie de renascimento, um novo olhar sobre a vida.

Faltava pouco mais de uma semana para o início das via-gens de férias que o empresá-rio Walid Saleh faria ao lado da esposa, Laila, e de seus três fi lhos para Miami (EUA). Na manhã do dia 18 de novembro de 2013, um domingo, os pla-nos da família sofreram uma súbita alteração. Enquanto

dirigia sua moto pela estrada da Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, Walid foi atingido por um carro que avançou a faixa preferencial.

Dois dias depois do acidente, Walid foi conduzido ao hospi-tal Sírio Libanês, na capital paulistana, para realizar uma cirurgia de transplante do ten-dão da perna direita. Ele sofreu escoriações menos graves nas pernas e nos braços. O capace-te que usava ao ser atropelado evitou um desfecho trágico.

Lesões internas podem cau-sar hemorragias, e para preve-nir que a formação de coágulos atingissem os pulmões, Walid teve de tomar um anti-coagu-lante durante a viagem a São Paulo. Ele passou dois meses em casa, deitado na cama, sem poder se mexer.

“O processo de recuperação foi muito lento e doloroso. O apoio da família e os ensina-mentos da religião impediram que eu fi casse louco. O tempo de Deus não é o nosso tempo. É

preciso saber esperar, exercer a cautela em nossas ações”, acrescenta o empresário, que professa a fé islâmica.

Equilíbrio A partir do terceiro mês de fi -

sioterapia, iniciada trinta dias

após o acidente, Walid teve de reaprender a andar. Além disso, perdera o movimento do dedão do pé. “Naquela época, eu me perguntava se voltaria a caminhar, se conseguiria recuperar o equilíbrio. É uma

situação em que você se vê de-pendente de todas as pessoas ao seu redor”, lembra.

Graças à hidroterapia, Walid conseguiu recobrar, aos pou-cos, a agilidade da perna. O tra-tamento permite ao terapeuta trabalhar os movimentos que o paciente não consegue realizar ao ar livre. “Contratei profi ssio-nais que me atendiam em casa e, para escapar da ociosidade, transferi meu escritório para casa”, explica. Atualmente, Walid conta com o auxílio de um personal trainer para res-tabelecer a massa muscular das pernas e das coxas, que tende a atrofi ar em períodos de imobilidade extrema.

“Ainda não posso fazer movi-mentos bruscos. A dor no ten-dão persiste até hoje”, afi rma Walid. Apesar das limitações e da angústia que ela pode cau-sar, sua atitude diante do pro-blema é de resignação. “Somos predestinados, não devemos nos questionar sobre os planos que Deus tem para nós”.

Ao superar algum imprevisto na vida, como doenças, acidentes ou mesmo por um simples contratempo acabar escapando de um desastre, as pessoas passam a encarar a vida de forma diferente

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ÃO Numa tarde de maio de 2012, a jornalista Lenise Ipiranga se preparava para ir a uma festa quando se deu conta que, enfi m, a die-ta que vinha seguindo há meses dera resultado. A sa-tisfação do dever cumprido, no entanto, durou pouco. Ao experimentar um vestido, ela percebeu uma leve saliência na mama esquerda.

Em estado de alerta, Le-nise realizou o procedimento que seguia ao fi nal de cada período menstrual. O auto-exame permite perceber al-terações nas mamas, mas a

suspeita se confi rmaria ape-nas no fi nal de junho, quando o resultado da biópsia deu positivo para câncer.

“Eu sabia que, dali em diante, eu deveria me prepa-rar para receber uma boa ou má notícia”, lembra Lenise. Os exames eram divulgados após um longo período de espera, o que acabou se tornando motivo de angús-tia para a jornalista. Em agosto, Lenise passou por uma cirurgia para retirar um quadrante da mama e um linfonodo da axila.

O protocolo estabelece que,

60 dias após a intervenção, o paciente deve iniciar o tra-tamento de quimioterapia e radioterapia. Segue-se mais cinco anos de tratamento para bloquear a produção hormonal. “De repente, havia um BI-RADS 4 no meio do meu caminho”, brinca Leni-se, parafraseando o célebre poema de Drummond.

A sigla se refere à classifi-cação médica, cujos níveis vão de 0 a 6, usada para identificar a incidência e a evolução do câncer no organismo. Criada numa família católica e adepta

do espiritismo, ela buscou forças na religião para en-frentar o desafio que surgia a sua frente.

“Ficar careca foi a parte mais indolor da quimiotera-pia, apesar de mexer muito com a vaidade. Mas eu senti que muitas pessoas ficam muito chocadas com o vi-sual. Eu decidi que eu não queria usar peruca, nem tão pouco chocar as pessoas”, afirma. Depois da primeira sessão, Lenise pegou len-ços que tinha guardados no guarda-roupa e começou a amarrá-los na cabeça.

Suporte da fé auxiliou na luta contra o câncer

Com resultado positivo de um câncer de mama, Lenise buscou na fé forças para iniciar o longo caminho contra a doença

“Não senti revolta nem medo. No período que me submeti à quimioterapia, um procedimento bastante agressivo, eu fazia orações todos os dias”, diz Lenise. “A fé, o principal legado que nossa mãe nos deixou, foi o combustível da Lenise”, re-força o engenheiro fl orestal Jurimar Ipiranga, que revezou com a esposa a tarefa de cuidar da irmã doente.

Em entrevista por telefone, Jurimar lembra do dia em que Lenise foi hospitalizada. O baixo nível de plaquetas no sangue, resultado das ses-sões, ocasionou uma drás-tica queda na imunidade. A situação exigia cuidados especiais. “Um médico nos chamou e disse que, se saísse do quarto, ela morreria”.

Na época, a jornalista teve de encarar outra situação di-fícil: dois amigos de infância estavam seguindo a mesma rotina de tratamentos. Um sofria de câncer de pulmão e o outro, de medula. A foto em que os três apareceriam de cabeça raspada, no entanto, nunca chegou a ser tirada. Ambos não resistiram e vie-ram a falecer em 2013.

Em julho daquele ano, após a operação e uma série de exames preventivos, Lenise recebeu o parecer positivo do médico. “Ele me olhou e falou: ‘vida normal’. Mas até hoje não sei o que é a tal vida normal. A doença te obriga a reformular a tua vida, teu comportamento. Hoje eu ra-ramente me aborreço. O fato de acordar com vida e me sentir saudável já é motivo de felicidade”.

Aos 51 anos, ela segue uma agenda que inclui, a cada três meses, exames de sangue e mamografi a e remédios para controle de colesterol, efeito do citrato de tomaxifeno. O medica-mento, que previne a recidi-va do câncer no organismo, deve ser administrado em doses diárias até 2023.

Para a jornalista, o câncer torna possível vivenciar, de maneira bastante verossí-mil, o processo de morte e renascimento que ilustra as narrativas mitológicas e religiosas. “A doença reduz a produção de células a um nível quase nulo. É um sen-timento de uma percepção nova da vida”, fi naliza.

Felicidade a cada despertar

Jornalista segue uma nova rotina após vencer o câncer

Com uma reunião marcada para a tarde do último dia 24 de março, na Alemanha, o brasileiro Rafael Rebello, que mora em Barcelona, desistiu na última hora de comprar passagem para o voo 4U9525, da empresa Germanwings, que caiu no sul da França.

O voo ia de Barcelona para a cidade alemã de Duessel-dorf. A reunião de Rafael era em Colônia, a aproxima-damente 40 quilômetros

de Duesseldorf.Ele preferiu adiantar o

encontro para a segunda-feira (23), ao entrar no site da empresa para comprar o bilhete e ver que os preços haviam subido.

“Já estava tudo confi rmado e essa era a única opção de voo. Mas quando entrei de novo no site para comprar a passagem, o preço estava mais alto e eu também per-cebi que fi caria corrido chegar à reunião no horário. Então

decidi mudar a data e ir por outra companhia”, conta.

Rafael, que é gerente de exportação de uma empre-sa de chás, ficou sabendo do acidente ao receber o telefonema de um cliente, que sabia da reunião que ele teria na Alemanha.

“Ele disse que queria sa-ber se eu estava vivo. Não entendi nada, e então ele me contou do acidente. Deu uma tremedeira”, diz.

O Airbus da companhia

Germanwings, empresa da Lust hansa, caiu no sul da França no último dia 24. A aeronave ia de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha, segundo autorida-des aéreas. O voo 4U9525 viajava com 150 pessoas a bordo – 144 passageiros, dois pilotos e quatro tripulantes.

O acidente teria sido pro-vocado pelo co-piloto Andre-as Lubitz, 27, conforme vem revelando as investigações policiais sobre o caso.

Desistência de voar evitou morte de brasileiro

RESILIÊNCIANa psicologia, a supe-ração também é conhe-cida como resiliência, termpo emprestado da física para designar a capacidade que alguns materiais têm de absor-ver impactos e retornar à forma original

DANIEL AMORIMEspecial EM TEMPO

Apoio de familiares foi fundamental na recuperação de Walid

Correria evitou que Rafael estivesse no voo da Germanwings

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 C5

Superação dá um novo olhar à vidaAcidentes, doenças ou algum outro evento que de uma hora para a outra muda o cotidiano de uma pessoa, para alguns não são sinônimo de dissabor, mas para outros de resignação. A fé aliada à força interior e determinação ajudam a seguir o caminho

A Páscoa é o momento em que os cristãos celebram a ressurrei-ção de Jesus Cristo.

Independente da fé ou da religião, o simbolismo refl e-tido pela data - o de renascer - também faz com muitas pessoas aproveitem para celebrar uma nova oportuni-dade na vida. Para aprovei-tar a ocasião, o EM TEMPO reuniu histórias de pessoas que vivenciaram experiências que lhes possibilitaram uma espécie de renascimento, um novo olhar sobre a vida.

Faltava pouco mais de uma semana para o início das via-gens de férias que o empresá-rio Walid Saleh faria ao lado da esposa, Laila, e de seus três fi lhos para Miami (EUA). Na manhã do dia 18 de novembro de 2013, um domingo, os pla-nos da família sofreram uma súbita alteração. Enquanto

dirigia sua moto pela estrada da Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, Walid foi atingido por um carro que avançou a faixa preferencial.

Dois dias depois do acidente, Walid foi conduzido ao hospi-tal Sírio Libanês, na capital paulistana, para realizar uma cirurgia de transplante do ten-dão da perna direita. Ele sofreu escoriações menos graves nas pernas e nos braços. O capace-te que usava ao ser atropelado evitou um desfecho trágico.

Lesões internas podem cau-sar hemorragias, e para preve-nir que a formação de coágulos atingissem os pulmões, Walid teve de tomar um anti-coagu-lante durante a viagem a São Paulo. Ele passou dois meses em casa, deitado na cama, sem poder se mexer.

“O processo de recuperação foi muito lento e doloroso. O apoio da família e os ensina-mentos da religião impediram que eu fi casse louco. O tempo de Deus não é o nosso tempo. É

preciso saber esperar, exercer a cautela em nossas ações”, acrescenta o empresário, que professa a fé islâmica.

Equilíbrio A partir do terceiro mês de fi -

sioterapia, iniciada trinta dias

após o acidente, Walid teve de reaprender a andar. Além disso, perdera o movimento do dedão do pé. “Naquela época, eu me perguntava se voltaria a caminhar, se conseguiria recuperar o equilíbrio. É uma

situação em que você se vê de-pendente de todas as pessoas ao seu redor”, lembra.

Graças à hidroterapia, Walid conseguiu recobrar, aos pou-cos, a agilidade da perna. O tra-tamento permite ao terapeuta trabalhar os movimentos que o paciente não consegue realizar ao ar livre. “Contratei profi ssio-nais que me atendiam em casa e, para escapar da ociosidade, transferi meu escritório para casa”, explica. Atualmente, Walid conta com o auxílio de um personal trainer para res-tabelecer a massa muscular das pernas e das coxas, que tende a atrofi ar em períodos de imobilidade extrema.

“Ainda não posso fazer movi-mentos bruscos. A dor no ten-dão persiste até hoje”, afi rma Walid. Apesar das limitações e da angústia que ela pode cau-sar, sua atitude diante do pro-blema é de resignação. “Somos predestinados, não devemos nos questionar sobre os planos que Deus tem para nós”.

Ao superar algum imprevisto na vida, como doenças, acidentes ou mesmo por um simples contratempo acabar escapando de um desastre, as pessoas passam a encarar a vida de forma diferente

FOTO

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ÃO Numa tarde de maio de 2012, a jornalista Lenise Ipiranga se preparava para ir a uma festa quando se deu conta que, enfi m, a die-ta que vinha seguindo há meses dera resultado. A sa-tisfação do dever cumprido, no entanto, durou pouco. Ao experimentar um vestido, ela percebeu uma leve saliência na mama esquerda.

Em estado de alerta, Le-nise realizou o procedimento que seguia ao fi nal de cada período menstrual. O auto-exame permite perceber al-terações nas mamas, mas a

suspeita se confi rmaria ape-nas no fi nal de junho, quando o resultado da biópsia deu positivo para câncer.

“Eu sabia que, dali em diante, eu deveria me prepa-rar para receber uma boa ou má notícia”, lembra Lenise. Os exames eram divulgados após um longo período de espera, o que acabou se tornando motivo de angús-tia para a jornalista. Em agosto, Lenise passou por uma cirurgia para retirar um quadrante da mama e um linfonodo da axila.

O protocolo estabelece que,

60 dias após a intervenção, o paciente deve iniciar o tra-tamento de quimioterapia e radioterapia. Segue-se mais cinco anos de tratamento para bloquear a produção hormonal. “De repente, havia um BI-RADS 4 no meio do meu caminho”, brinca Leni-se, parafraseando o célebre poema de Drummond.

A sigla se refere à classifi-cação médica, cujos níveis vão de 0 a 6, usada para identificar a incidência e a evolução do câncer no organismo. Criada numa família católica e adepta

do espiritismo, ela buscou forças na religião para en-frentar o desafio que surgia a sua frente.

“Ficar careca foi a parte mais indolor da quimiotera-pia, apesar de mexer muito com a vaidade. Mas eu senti que muitas pessoas ficam muito chocadas com o vi-sual. Eu decidi que eu não queria usar peruca, nem tão pouco chocar as pessoas”, afirma. Depois da primeira sessão, Lenise pegou len-ços que tinha guardados no guarda-roupa e começou a amarrá-los na cabeça.

Suporte da fé auxiliou na luta contra o câncer

Com resultado positivo de um câncer de mama, Lenise buscou na fé forças para iniciar o longo caminho contra a doença

“Não senti revolta nem medo. No período que me submeti à quimioterapia, um procedimento bastante agressivo, eu fazia orações todos os dias”, diz Lenise. “A fé, o principal legado que nossa mãe nos deixou, foi o combustível da Lenise”, re-força o engenheiro fl orestal Jurimar Ipiranga, que revezou com a esposa a tarefa de cuidar da irmã doente.

Em entrevista por telefone, Jurimar lembra do dia em que Lenise foi hospitalizada. O baixo nível de plaquetas no sangue, resultado das ses-sões, ocasionou uma drás-tica queda na imunidade. A situação exigia cuidados especiais. “Um médico nos chamou e disse que, se saísse do quarto, ela morreria”.

Na época, a jornalista teve de encarar outra situação di-fícil: dois amigos de infância estavam seguindo a mesma rotina de tratamentos. Um sofria de câncer de pulmão e o outro, de medula. A foto em que os três apareceriam de cabeça raspada, no entanto, nunca chegou a ser tirada. Ambos não resistiram e vie-ram a falecer em 2013.

Em julho daquele ano, após a operação e uma série de exames preventivos, Lenise recebeu o parecer positivo do médico. “Ele me olhou e falou: ‘vida normal’. Mas até hoje não sei o que é a tal vida normal. A doença te obriga a reformular a tua vida, teu comportamento. Hoje eu ra-ramente me aborreço. O fato de acordar com vida e me sentir saudável já é motivo de felicidade”.

Aos 51 anos, ela segue uma agenda que inclui, a cada três meses, exames de sangue e mamografi a e remédios para controle de colesterol, efeito do citrato de tomaxifeno. O medica-mento, que previne a recidi-va do câncer no organismo, deve ser administrado em doses diárias até 2023.

Para a jornalista, o câncer torna possível vivenciar, de maneira bastante verossí-mil, o processo de morte e renascimento que ilustra as narrativas mitológicas e religiosas. “A doença reduz a produção de células a um nível quase nulo. É um sen-timento de uma percepção nova da vida”, fi naliza.

Felicidade a cada despertar

Jornalista segue uma nova rotina após vencer o câncer

Com uma reunião marcada para a tarde do último dia 24 de março, na Alemanha, o brasileiro Rafael Rebello, que mora em Barcelona, desistiu na última hora de comprar passagem para o voo 4U9525, da empresa Germanwings, que caiu no sul da França.

O voo ia de Barcelona para a cidade alemã de Duessel-dorf. A reunião de Rafael era em Colônia, a aproxima-damente 40 quilômetros

de Duesseldorf.Ele preferiu adiantar o

encontro para a segunda-feira (23), ao entrar no site da empresa para comprar o bilhete e ver que os preços haviam subido.

“Já estava tudo confi rmado e essa era a única opção de voo. Mas quando entrei de novo no site para comprar a passagem, o preço estava mais alto e eu também per-cebi que fi caria corrido chegar à reunião no horário. Então

decidi mudar a data e ir por outra companhia”, conta.

Rafael, que é gerente de exportação de uma empre-sa de chás, ficou sabendo do acidente ao receber o telefonema de um cliente, que sabia da reunião que ele teria na Alemanha.

“Ele disse que queria sa-ber se eu estava vivo. Não entendi nada, e então ele me contou do acidente. Deu uma tremedeira”, diz.

O Airbus da companhia

Germanwings, empresa da Lust hansa, caiu no sul da França no último dia 24. A aeronave ia de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha, segundo autorida-des aéreas. O voo 4U9525 viajava com 150 pessoas a bordo – 144 passageiros, dois pilotos e quatro tripulantes.

O acidente teria sido pro-vocado pelo co-piloto Andre-as Lubitz, 27, conforme vem revelando as investigações policiais sobre o caso.

Desistência de voar evitou morte de brasileiro

RESILIÊNCIANa psicologia, a supe-ração também é conhe-cida como resiliência, termpo emprestado da física para designar a capacidade que alguns materiais têm de absor-ver impactos e retornar à forma original

DANIEL AMORIMEspecial EM TEMPO

Apoio de familiares foi fundamental na recuperação de Walid

Correria evitou que Rafael estivesse no voo da Germanwings

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Deficiências hormonais prejudicam o crescimento A baixa estatura das crianças pode estar relacionada à produção do hormônio do crescimento GH ou a outras doenças

Um dos problemas de saúde que deve ser observado pelos pais é a irregularidade no

desenvolvimento e crescimen-to das crianças e dos adoles-centes. A baixa estatura está entre as preocupações dos me-ninos e meninas e pode estar relacionada à predisposição genética familiar, deficiências nutricionais, doenças crônicas respiratórias, renais, gastroin-testinais e hormonais, como a deficiência na produção do hormônio do crescimento GH.

De acordo com informa-ções da Sociedade Brasi-leira de Endocrinologia, a média de crescimento de uma criança é de mais de 4 centímetros (cm) por ano.

Na adolescência, essa taxa aumenta para 12 cm ou 13 cm a cada ano e quando é menor que 4 cm ou 6 cm na puberdade pode ser sinal de que algo no organismo está errado.

A consultora médica do La-boratório Sabin e clínica geral Dorothy de Aguiar explica que vários fatores podem influen-ciar a velocidade de crescimen-to da criança.

“A origem da disfunção pode estar relacionada a diversos fatores de risco como com-plicações na gestação, hábitos alimentares, má qualidade do sono, anemia, asma e até o uso de corticoides na infância. O aspecto psicológico e o histó-rico genético familiar também influenciam o crescimento. Por

isso, é importante que os pais levem os filhos ao pediatra para que ele avalie a curva da velocidade de crescimento pelo menos a cada seis meses”, esclarece Dorothy de Aguiar.

Ela ressalta que o proble-ma deve ter um diagnóstico

preciso e, quando há a sus-peita da disfunção hormonal do crescimento, é necessário o acompanhamento especia-lizado de um endocrinologis-ta que solicitará os testes laboratoriais para medir a quantidade do hormônio GH no organismo.

A médica também esclare-ce que além destes fatores, a carência ou o excesso do hormônio GH, que é produ-zido pela glândula hipófise, que fica localizada na base do crânio, pode prejudicar o desenvolvimento nos primei-ros anos de vida.

O hormônio é fundamental para a vida, pois é responsável pelo desenvolvimento de mús-culos, fígado e ossos.

TratamentoJá para diagnosticar a baixa

estatura por deficiência do hormônio do crescimento, o Laboratório Sabin disponibi-liza o teste de clonidina e o teste de tolerância à insulina. Os dois exames estimulam a liberação do GH no organis-mo dentro de um intervalo de tempo, conforme o pro-tocolo médico, que resultará em um gráfico de curvas que possibilita uma análise clínica precisa sobre a deficiência do hormônio. “As crianças com idade a partir dos dois anos já podem realizar este tipo de exame e precisam estar em jejum há pelo menos oito horas. É importante explicar que o teste é contraindicado

para aquelas que possuem histórico de convulsão, doen-ças neurológicas ou estiveram doentes na semana anterior. Para que não haja nenhuma complicação durante o teste para avaliação da curva de crescimento, o laboratório conta com um médico que realiza o acompanhamento clínico e tira dúvidas relacio-nadas ao exame”, esclarece.

As disfunções hormonais do crescimento são tratadas, na maioria dos casos, com medi-cação para repor o GH, quando há a carência do hormônio.

O tratamento é injetável, com aplicações subcutâneas diárias que trazem bons re-sultados para a recuperação do crescimento.

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Toda criança deve ir ao pediatra periodicamente para avaliação de desenvolvimento e crescimento, para evitar problemas na estatura e, em caso de positivo, iniciar o tratamento desde cedo

Os serviços de infraestrutura, iniciados semana passada na via, ocorrerão durante 45 dias

Rumo de lago em fase de estudoO destino das águas do

Lago do Tarumã, Zona Oeste, será estudado pela Secre-taria Municipal de Infraes-trutura (Seminf) e pela Se-cretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). Há alguns anos, o lago era um pequeno iga-rapé que foi represado pelos moradores com a construção de uma via.

“O impacto desta repres-são só foi percebido agora, com o rompimento da bar-ragem, que cedeu após um grande volume de chuva”, informou o subsecretário de Serviços Básicos da Seminf, Antônio Peixoto.

Segundo ele, inicialmen-te será necessário fazer um desvio para passagem das águas.

“A Secretaria de Meio Ambiente apresentará um laudo para atestar se o lago deverá permanecer. Por se tratar de uma área de flores-ta, precisamos da anuência da pasta para realizar qual-quer obra. Caso não seja permitida a permanência do lago, vamos reunir com os

moradores para apresentar-mos e discutirmos qualquer mudança”, explicou.

DrenagemNa semana passada, a Pre-

feitura de Manaus iniciou os serviços de infraestrutura na rua Arapapa, na comunidade Lago do Tarumã. A via e ca-

sas da área foram afetadas com o rompimento da barra-gem do lago do Tarumã, há duas semanas.

Os trabalhos, executados pela Seminf, se concentram na drenagem profunda do local, que receberá, também, serviços de recomposição de

base, terraplanagem, pavi-mentação asfáltica e con-fecção de meio-fio e sarjeta. A obra deverá ser concluída em 45 dias.

As equipes da Seminf se-guem com os trabalhos de instalação de um desvio da água para em seguida inicia-rem os serviços de recompo-sição de toda base atingida. Na próxima semana será ini-ciado também a drenagem profunda e, em seguida, virão os serviços de reconstrução da rua e construção de meio-fio e sarjeta.

O morador Jorge Nunes, que se mudou há quatro me-ses para a rua Ramiro Santos, no cruzamento com a rua Arapapa, conta que no dia do rompimento da barreira a situação na comunidade ficou complicada, pois várias casas ficaram alagadas.

“Era noite e chovia forte quando fomos surpreendidos com essa situação. Mas, gra-ças a Deus, as equipes da prefeitura chegaram para resolver os problemas”, des-tacou o morador da comuni-dade do Tarumã.

TARUMÃ

OBRASNa semana passada, foram iniciados os ser-viços de infraestrutura na rua Arapapa, na comunidade Lago do Tarumã. A via e casas da área foram afeta-das com o rompimento da barragem do lago

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AÇÃO

DOENÇASA baixa estatura pode estar relacionada à predisposição genética familiar, deficiências nutricionais, doenças crônicas respiratórias, renais, gastrointes-tinais e hormonais, entre outras doenças

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Educação terá audiênciaspúblicas para definir planoParticipação da sociedade, que ocorrerá em encontros em maio, será para elaborar o Plano Estadual de Educação

A Comissão Coordena-dora do Fórum Es-tadual de Educação, responsável pela sis-

tematização do documento-base que vai gerar o Plano Estadual de Educação do Amazonas, anunciou que o encaminhamento do docu-mento final para votação do Poder Legislativo estadual será precedido de ao menos duas audiências públicas.

A previsão é que elas sejam realizadas no próximo mês de maio, informou a Secre-taria de Estado da Educação (Seduc). “O Plano Estadual de Educação trará benefícios significativos para o Amazo-nas e sua formulação tem como prerrogativa a partici-pação da sociedade. Por esse motivo faremos questão de organizar audiências públicas para que a população tome conhecimento das propostas e contribua com a formulação do documento-base”, afirmou o secretário de Estado de Educação e presidente do Fó-rum Estadual de Educação, Rossieli Soares da Silva.

Projeto de leiDe acordo com o professor

Brás Melgueiros, integrante do Fórum Estadual, a ela-

boração do Plano Estadual está avançada e após as audiências públicas, o do-cumento-base será encami-nhado, como projeto de lei

para votação da Assembleia Legislativa do Estado.

“Pretendemos realizar ao menos duas audiências pú-blicas e acredito que elas se-rão bastante proveitosas pois favorecerá a participação po-pular”, apontou.

Melgueiros explicou que antes de ser votada pelo Le-gislativo e posteriormente promulgado pelo Executivo, a elaboração do Plano Estadual de Educação segue um crono-grama de cinco etapas, das quais duas já foram finaliza-das e a terceira será concluída nos próximos dias.

“A primeira etapa é o estabe-lecimento da equipe técnica, a segunda a formulação de um diagnóstico da realidade edu-cacional do Amazonas. Estas duas etapas já foram con-cluídas. A terceira, que está em curso, é a elaboração do documento-base do Plano e as seguintes são: a realização de audiências públicas e, por fim, a sistematização do projeto de lei”, citou.

O secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares da Silva, informou ainda que o governo do Estado disponi-bilizará os recursos tecno-lógicos do Centro de Mídias da Seduc para transmitir as audiências para todos os mu-nicípios do Amazonas. “Com isso pretendemos possibili-tar, ao máximo, a partici-pação popular, envolvendo alunos, professores, profis-sionais da educação e socie-dade em geral”, concluiu.

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ULG

AÇÃO

A Comissão Coordenadora do Fórum Estadual de Educação é responsável pelo documento

PLANO

O Plano Estadual de Educação trará bene-fícios para o Amazo-nas e sua formulação terá a participação

da sociedade”Rossieli Soares,

secretário da Seduc

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

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MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 [email protected] (92) 3090-1010

4 A universidade pós-apartheidEntrevista com o sul-africano Jonathan Jansen. Pág. 5

2 Espelho, espelho meuO sistema fi nanceiro paralelo chinês. Pág. 3

1 Vida nova para um velho museuTate Modern resurge, por Nathalia Lavigne. Pág. 2

3 Agitação e propagandaOs panfl etos da Independência. Pág. 4

5 Desigualdade social na pauta das eleiçõesDiário de Washington. Pág. 6

6 Do arquivo de Ivald GranatoSão Paulo, 1978. Pág. 7

7 Sei lá, eu sou ignorante, cabeça ocaA imaginação de Arthur Miller. Pág. 8

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G2 MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

RESUMOEm seu primeiro ano, a Tate Modern, que ocupa uma velha usina reformada pelos arquitetos Herzog & de Meuron, foi o museu de arte mo-derna e contemporâ-nea mais visitado do mundo. A instituição ainda atrai multidões, mas conta com menos recursos públicos. Construir um novo prédio é um caminho para buscar receitas.

O prédio da antiga usina ter-moelétrica em Bankside ainda era um canteiro de obras quan-do Marcus Dickey-Horley, 51, entrou ali pela primeira vez, em janeiro de 2000.

A quatro meses da inaugura-ção da Tate Modern, tratores com cimento circulavam de um lado a outro pelo vão central, e o cheiro de óleo daquela antiga sala de turbinas ainda era forte.

Responsável por coordenar o acesso dos visitantes, Marcus começou a trabalhar no novo museu seis semanas antes da inauguração. Ele recorda o pri-meiro fi m de semana: “Nunca vi uma multidão como aquela. No sábado, a fi la ia até a estação Blackfriars, no outro lado do rio. Tivemos que segurar até 400 pessoas no Turbine Hall pois era impossível entrar mais gente nas galerias”.

A tal multidão – cerca de 45 mil pessoas – foi só o prelúdio. No primeiro ano de funciona-mento, a Tate Modern se tornou o museu de arte moderna e contemporânea mais visitado do mundo, com um total de 5,25 milhões de pessoas – e segue na dianteira até hoje.

Naquele ano, recebeu mais que o dobro de visitantes que o MoMA, em Nova York. E, prin-cipalmente, o dobro do que era esperado. Apesar de o número ter diminuído de 5,5 para 4,8 milhões de visitantes em 2014, o museu bateu outro recorde no ano passado: a mostra “Henri Matisse: The Cut-Outs” foi a temporária mais visitada da instituição, vista por 562.622 pessoas. A Tate Modern come-mora seu 15º aniversário em plena expansão. O novo prédio, previsto para 2016, leva a as-sinatura dos arquitetos Herzog & de Meuron – a mesma dupla suíça que adaptou a antiga usina projetada nos anos 1940 por Giles Gilbert Scott (famo-so por ter criado as cabines telefônicas vermelhas) para a instalação da Tate Modern.

ProjetoOs tijolos aparentes lembram

a estrutura original, mas o com-plexo em construção, uma pirâ-mide assimétrica, de 11 andares e 21 mil metros quadrados, é mais monumental e deve au-mentar a capacidade do museu em até 60%.

NATHALIA LAVIGNE

A sala de turbinas da antiga usina, o Turbine Hall, ligará os prédios: “A ideia do novo complexo é ser também um ambiente que favoreça o en-contro, um lugar de atividades”, ressalta o diretor da instituição, Chris Dercon.

Se acomodar melhor o público e ter mais salas para a coleção e mostras temporárias justifi cam a ampliação, orçada em 215 milhões de libras, a Tate tem ainda outra razão central para investir nela.

Desde que o fi nanciamento que recebia do governo pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS, na sigla em inglês) foi reduzido em até 16% nos últimos cinco anos, diversifi -car as fontes de renda se tornou palavra de ordem na instituição. O novo prédio é fundamental para esse processo.

“Como os investimentos pú-blicos para museus vêm di-minuindo, é preciso encontrar outras formas de se manter. Espaços para promover even-tos são importantes para atrair patrocinadores. Restaurante, loja e livraria também são fontes de lucro. Para admi-

nistrar um museu hoje é preciso equilibrar todos esses com-ponentes”, explica Andy Pratt, professor da City University of London e especialista em economia criativa.

CaçulaIdealizada em 1992 para abri-

gar a coleção de arte moderna internacional e contemporânea da antiga Tate Gallery, a Tate Modern é o terceiro ramo da instituição, que já tinha duas fi liais no Reino Unido: a Tate Liverpool, aberta em 1988, e a Tate St. Ives, em 1993.

Quando o novo museu em Bankside fi cou pronto, o prédio original de Millbank, também no sul de Londres, passou a se chamar Tate Britain, abrigando só o acervo de arte britânica – base da coleção da instituição, fundada em 1889.

A caçula é a mais bem-suce-dida das galerias. O número de visitantes anual das outras três equivale a metade do total de visitação da Tate Modern. Ela é também uma das três atra-ções turísticas mais visitadas no Reino Unido e dá a Londres um retorno fi nanceiro de 100

milhões de libras ao ano.Diretor da Tate desde 1988,

Nicholas Serota é considerado principal responsável pelo su-cesso do museu. No comando das quatro galerias, ele foi eleito em outubro passado a fi gura mais importante da arte contemporânea pela lista anu-al da “ArtReview”. O trabalho na Tate Modern, que defi niu “um paradigma ocidental do sistema de artes, sendo expor-tado para o mundo inteiro”, nas palavras do editor da revista, Mark Rappolt, foi a principal justifi cativa.

Serota tem um papel que vai além das funções administrati-vas. Costuma visitar ateliês de artistas e assina a curadoria de exposições, caso da mostra sobre Matisse.

Ele também teve uma atua-ção importante na escolha do prédio onde nasceria a Tate Modern e no apoio do governo para que a galeria fosse gratuita – iniciativa que se estendeu a todos os museus nacionais de Londres, em 2001.

Mas talvez seu principal mé-rito ao idealizar o museu tenha sido identifi car a oportunidade.

“O que a Tate Modern estava propondo correspondia ao es-pírito daquele tempo. Dirigir o foco para uma perspectiva in-ternacional e cosmopolita tinha muito a ver com Londres no fi m dos anos 1990, quando o gover-no britânico começou a levar a sério a cultura contemporânea”, ressalta Andy Pratt.

As mudanças que a Tate Mo-dern levou ao Bankside tam-bém fi zeram da instituição um modelo seguido por diversas outras cidades. A antiga região industrial era uma das áreas mais pobres da cidade – hoje é um polo turístico.

A nova galeria foi planejada com o propósito de exibir e am-pliar o acervo de arte moderna internacional e contemporânea, além de abrigar departamentos voltados a pesquisa e formação do público. E não aderiu à onda de construir fi liais pelo mundo, contrapondo-se ao “efeito Gug-genheim”, que teve início com a construção do museu em Bilbao. Preferiu investir em parcerias com instituições internacionais, como a fi rmada com a Pinaco-teca em 2012.

Nos últimos anos, lançou

Tate Modern, 15, planeja expansãoGaleria terá mais espaço em 2016

também comitês de aquisição voltados para regiões como Rússia, Leste Europeu e sul da Ásia. Ampliar o alcance in-ternacional é também um dos objetivos da nova fase.

GlobalMesmo vendo com bons

olhos a iniciativa do museu, T. J. Demos, professor da University College of London (UCL) e especialista em arte contemporânea e globaliza-ção, aponta algumas falhas na proposta da Tate Modern de representar uma produção global. “Há uma hierarquia cla-ra na programação, que tende a priorizar artistas europeus e americanos em individuais, enquanto nomes do eixo não ocidental aparecem em mos-tras coletivas”, critica.

Para Demos, o projeto de expansão se aproxima do mo-delo em que novos museus são criados como espaços de consumo e voltados para o turismo.

“Infelizmente, esse formato não é desafi ador estética ou politicamente. Não há uma programação ambiciosa e voltada para temas contem-porâneos, como se vê no Reina Sofía, em Madri, por exemplo. A Tate atende cada vez mais a interesses privados, abrindo mão de sua função como ins-tituição pública”, diz ele.

A aproximação com o setor privado é uma das principais críticas feitas à instituição. Hoje, cerca de 30% de seu orçamento (30,4 milhões de libras, no último ano) vem do governo – os outros 70% são captados em diversas frentes. No ano passado, a Tate fechou uma acordo de 11 anos com a Hyundai para patrocinar as famosas instalações do Turbi-ne Hall – artistas como Louise Bourgeois, Olafur Eliasson e Ai Weiwei já criaram obras para o espaço. “A maior parte do setor cultural no Reino Unido adotou esse sistema. O risco é ser patrocinado por uma empresa que comprometa sua reputação”, comenta Pratt.

Desde 2010, o coletivo de arte Liberate Tate tem feito uma série de performances em protesto contra a parceria da Tate Britain com a empresa de petróleo BP, responsabili-zada pelo desastre ambiental do Golfo do México, há cinco anos. Um dos objetivos era que a instituição revelasse pu-blicamente as informações do contrato com a BP.

Quando, no fi m de janeiro, foi divulgado o valor recebi-do em 17 anos, a quantia de 3,8 milhões de libras foi considerada baixa pelo grupo: “Com esses dados, fi cou cla-ro que a motivação do acor-do não é apenas fi nanceira, pois o dinheiro envolvido é muito pequeno”, afi rmou Jane Shellac, uma das integrantes do Liberate Tate. Apesar de a BP não ser patrocinadora direta da Tate Modern, é bem provável que o grupo planeje alguma performance para a inauguração do prédio anexo ano que vem. Se a ideia da nova Tate Modern é ser mesmo um espaço de ruptura e voltado para todo tipo de encontro, como defi niu o diretor, atos como esses também devem ser bem-vindos.

Antiga Turbine Hall, hoje entrada da Tate Modern, servirá de conexão como novo prédio (no alto)

TATE PHOTOGRAPHY

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G3MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

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A teia do dragão

Economia

Até uma década atrás, turis-tas chineses que viajavam pelo mundo eram alvo preferencial de ladrões. Sem possuir cartões de crédito, a maioria circulava com o bolso cheio de dinheiro vivo e eram presas altamente rentáveis para os gatunos.

Isso começou a mudar em 2002, quando surgiu o cartão bancário UnionPay, a resposta chinesa para os gigantes ame-ricanos Visa e Mastercard. Des-de então, a empresa já emitiu mais de 4,5 bilhões de cartões. Embora pouco conhecido fora da Ásia, o UnionPay já pode ser usado em 141 países, inclusive no Brasil (associado ao Itaú), e tornou-se o segundo cartão no mundo, só atrás do Visa.

O desafi o chinês ao domínio americano no mercado do “di-nheiro de plástico” é apenas uma das pontas da teia global que Pequim vem tecendo sem alarde, mas sistematicamen-te. Uma estrutura interna-cional paralela, formada por uma série de organizações e mecanismos fi nanceiros, que começa a mudar a ordem mundial construída no pós-

MARCELO NINIO

CHINA

Chineses criam mundo espelhado

RESUMOCom visão e planeja-mento de longo prazo, Pequim vem tecendo sem alarde, mas sis-tematicamente, uma estrutura internacio-nal paralela. Formada por uma série de or-ganizações e meca-nismos fi nanceiros, ela começa a mudar a ordem mundial cons-truída no pós-guerra, sob a liderança dos Estados Unidos.

guerra, sob a liderança dos Estados Unidos.

Os acordos de Bretton Woo-ds (1944) fi ncaram os alicer-ces para o funcionamento da economia mundial, numa ar-quitetura fi nanceira acertada entre 44 países que resultou, entre outras coisas, na cria-ção das instituições multilate-rais de socorro, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.

Na época, Harry Dexter Whi-te, alto funcionário do Tesouro dos EUA que liderou as discus-sões ao lado do economista americano John Maynard Key-nes, comentou os novos ares que colocavam Washington e Moscou como os dois polos de poder global, encerrando um ciclo de três séculos do império britânico. “A União Soviética é um país que está chegando, o Reino Unido é um país que está indo embora”, disse White.

Sete décadas depois, o país que chega é a China.

EnvergaduraEm um estudo recente, o

Instituto de Estudos Chineses Mercator (Merics), sediado em Berlim, mapeou as iniciativas da China que delineiam um mundo paralelo ao atual ar-cabouço econômico global. A envergadura do repertório chinês impressiona. Algumas das iniciativas:

Novas instituições multilate-rais de crédito, como o Banco de Desenvolvimento dos Brics (criado em julho) e o Banco de Infraestrutura e Investimento da Ásia (BIIA, cujo lançamento foi assinado por 21 países em outubro); a internacionali-zação de sua moeda, o yuan, com acordos bilaterais de “swap” e a disseminação do cartão UnionPay; a nova Rota da Seda, o ambicioso plano de reviver a ligação comercial entre a China e a Europa, via Ásia Central; até projetos que vão muito além de seu entor-no asiático, como o canal da Nicarágua – uma alternativa ao do Panamá que começa a ser construído em breve com

capital chinês.“Os desafi os atuais ao ar-

ranjo pós-Guerra Fria domi-nado pelos EUA, da Ucrânia ao Oriente Médio, favorecem a expansão das estruturas pa-ralelas como parte da política externa chinesa”, concluem os pesquisadores alemães. Além de manter os EUA ocupados, permitindo que a China mova suas peças geopolíticas com mais desenvoltura, a crise na Ucrânia aproxima Moscou de Pequim, como comprova o acordo multibilionário de energia entre os dois países assinado em maio.

Mikko Huotari, chefe do Pro-grama de Política Externa e Re-lações Econômicas do Merics e um dos autores do estudo, contesta a visão alarmista de que a China está tentando de-molir a estrutura atual. Ao mes-mo tempo em que mantem a participação e tenta aumentar sua voz nas instituições exis-tentes, diz ele, o país promove outras que possam satisfazer de forma mais adequada os seus interesses.

“Há uma insatisfação mui-to clara entre os formulado-res de política externa da China com a forma como as coisas funcionam globalmen-te”, disse Huotari à Folha. “Se o sistema não está se adaptando às necessidades da China, a sensação entre eles é de que podem e devem fazer algo a respeito”.

O governo chinês insiste em que as novas instituições não representam uma competição com a estrutura existente. “Nosso objetivo é contribuir com o potencial de construção de infraestrutura na Ásia e in-centivar o investimento na re-gião”, disse à Folha a porta-voz do Ministério das Relações Ex-teriores chinês, Hua Chunying. “O BIIA e o banco dos Brics terão um papel complementar aos mecanismos existentes.”

Em Washington, certamente as ações chinesas são vistas como um desafi o a sua hege-monia. O governo americano não fez nenhuma questão de

esconder a intensa campanha que realizou entre os aliados para que não entrassem no banco asiático encabeçado por Pequim. Deu certo, por enquan-to, com Coreia do Sul, Austrália e Japão. Mas não com a Índia, um dos 21 países fundadores do BIIA.

Um fato que não está em disputa e favorece a máquina de construção chinesa é o dé-fi cit de infraestrutura, na Ásia e no mundo em geral. O Banco de Desenvolvimento Asiático (BDA) estima que só o Leste da Ásia precisará de investi-mentos na ordem de US$ 8 trilhões em infraestrutura até 2020 para manter o cresci-mento econômico.

“O consenso termina aí”, as-segura Ely Ratner, do centro de estudos New American Securi-ty em artigo na revista “Foreign Policy”. Afi nal, diz ele, ao ofere-cer uma instituição de crédito alternativa ao Banco Mundial e ao BDA a China claramente fortalece sua infl uência na Ásia e reduz a liderança regional dos Estados Unidos.

Embora a ameaça pareça iminente aos olhos america-nos, a engrenagem que Pequim está montando ainda está engatinhando. Para construir bancos internacionais é pre-ciso ter uma capacidade de mão de obra que é limitada nos países emergentes, lembra o diplomata Marcos Caramuru de Paiva.

Ex-cônsul do Brasil em Xan-gai, hoje sócio e gestor da KEMU Consultoria, com sede na cidade chinesa, ele vê o desenho de uma nova arqui-tetura mundial, mas que só a “longuíssimo prazo” poderá ter algum impacto. O diplomata percebe que, embora a China tenha amadurecido nos últi-mos anos em política externa, não está claro para os líderes em Pequim como suas ações moldarão o mundo.

“Não é um projeto de poder, mas de infl uência econômica. Os EUA tinham um projeto po-lítico, de democracia casada com o capitalismo. A China

não tem um projeto político para exportar. Tem um proje-to econômico, muito centrado na área de infraestrutura, na qual suas empresas brilharam nos últimos anos”, diz Cara-muru, que também é colunista da Folha.

YuanA internacionalização da

moeda chinesa tem um pa-pel central na política exter-na econômica de Pequim de aumentar sua autonomia em relação às estruturas fi nan-ceiras dominadas pelos EUA. Desde junho deste ano, o Ban-co Popular da China (o BC chinês), assinou acordos para a criação de bancos e com-pensação em Londres, Frank-furt, Seul, Paris, Luxemburgo, Doha, Toronto e Sydney.

A marcha do yuan para se tornar uma das moedas glo-bais de reserva é visível. O dólar americano permanece como a moeda dominante, mas em cinco anos o yuan saiu praticamente do zero para ser hoje usado em 15% do comércio mundial.

“O progresso que o BC chinês obteve nos últimos cinco anos é incrível”, diz Mikko Huotari. Avançar com tal velocidade nesses processos altamente complexos de cooperação fi -nanceira é algo que ele consi-dera “sem precedentes”.

Os mecanismos fi nanceiros promovidos por Pequim du-plicam em parte o sistema de Bretton-Woods e outras estruturas existentes, mos-tra o estudo alemão: para o Banco Mundial, o Banco dos Brics; para o FMI, o fun-do de reservas do Brics e a Iniciativa Chiang Mai, uma rede asiática multilateral de fi nanciamento; para o Visa e Mastercard, o UnionPay, en-tre outros muitos exemplos.

As organizações internacio-nais do pós-guerra refl etiram e disseminaram os valores dos Estados Unidos, que protege-ram seu interesse nacional por meio de uma arquitetura inter-nacional favorável e sob o seu

controle, lembra Evandro Me-nezes de Carvalho, professor de Direito Global da FGV-Rio e professor visitante do Centro Brics da Universidade Fudan, em Xangai.

CópiaO mundo mudou, mas as ins-

tituições internacionais man-tiveram a mesma divisão de poder do pós-gerra. A reforma do FMI, acordada em 2010 e que dá aos emergentes mais poder de voto, está parada no Congresso americano. Para Carvalho, as incertezas sobre o futuro, potencializadas com a crise fi nanceira de 2008, puseram os países em situação de alerta, “reativos e incapazes de pensar a longo prazo”. A exceção é a China.

“É um dos poucos países que está planejando a sua po-lítica externa a longo prazo. E o faz por meio do método pelo qual a China tornou-se famosa no Ocidente: a cópia”, diz Carvalho. “A China cria ins-tituições-espelho do sistema internacional, mais próximas da sua imagem, sem alterar os princípios basilares da so-ciedade de Estados, que são o respeito à soberania e a não in-gerência em assuntos internos de governos estrangeiros”.

Para ele, a emergência de “novos desenhos institucionais para o mundo” favorece o Bra-sil em sua demanda por maior participação em instituições internacionais.

Já Marcos Caramuru acha que o Brasil sai perdendo. No banco dos Brics, por exemplo, as empresas do país não terão força para ganhar das chine-sas em concorrências para os projetos, afi rma.

“Esses novos bancos de cré-dito vão consolidar a presença de muitas dessas empresas chinesas”, diz ele. “Temos que ter uma estratégia. A China é muito forte, tem recursos na mão, empresas que se for-taleceram muito, um sistema fi nanceiro comandado pelo Es-tado. É um competidor pesado, nos tira de vários mercados”.

No aspecto político, o que em princípio poderia ser con-siderado uma vantagem, a não ingerência em assuntos do-mésticos, tem outro lado, que é motivo de preocupação. Ao contrário do Banco Mundial e do FMI, que dita uma cartilha de exigências sobre temas como meio ambiente e condições trabalhistas, o presidente chi-nês, Xi Jinping, já disse que Pequim oferece assistência “sem amarras políticas”.

Em alguns casos, essa polí-tica signifi ca o envolvimento em práticas contestadas, que provocam resistência das po-pulações locais. Um exemplo é a hidrelétrica de Myitsone, em Mianmar, um projeto de US$ 3,6 bilhões de uma em-presa chinesa que está para-do desde 2010 por oposição das comunidades que seriam deslocadas.

Outro tiro pela culatra, mais recente, foi a revogação de uma licitação de US$ 3,7 bi-lhões para um projeto de trens de alta velocidade vencida no México pela estatal China Railway Construction Corp (CRCC). O governo mexica-no justifi cou o cancelamento citando “dúvidas do público” sobre a lisura da concorrência, na qual o consórcio vencedor era o único na disputa.

O enredo ganhou contornos de escândalo nacional quando uma reportagem revelou que a mansão de US$ 7 milhões da primeira-dama estava em nome de um dos parceiros me-xicanos do consórcio liderado pela CRCC.

Cartaz gigante de uma loja de roupas no cen-tro de Xangai

CARLOS BARRIA - 7.DEZ.2014/REUTERS

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G4 MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015 G5

História

RESUMOJosé Murilo de Car-valho, Lúcia Bastos e Marcello Basi-le lançam “Guerra Literária - Panfl etos da Independência” (editora UFMG), que reúne 362 panfl etos impressos. Editados em brochuras de fácil reprodução, esses escritos custavam pouco, defendiam causas e podiam che-gar ao público antes de livros e jornais.

3 Nos tempos do panfl eto

Não havia Facebook, WhatsApp ou televisão no começo do século 19. Mas, como nos dias de hoje, a grande polarização política da sociedade daquela épo-ca também encontrou vias alternativas para o debate, que não passavam pela im-prensa tradicional ou pela produção acadêmica.

Tratava-se dos panfl etos, ora pregados em postes ou muros das cidades, ora publi-cados em pequenas brochu-ras. “Os que eram manuscri-tos seriam como o Facebook ou o WhatsApp de hoje. Já os impressos, mais trabalhados e editados em gráfi cas, não possuem um equivalente na atualidade”, dizem José Muri-lo de Carvalho, Lúcia Bastos e Marcello Basile.

Os três historiadores, que já haviam reunido e editado panfl etos manuscritos do pe-ríodo independentista em “Às Armas, Cidadãos” (Compa-nhia das Letras, 2012), agora lançam “Guerra Literária - Panfl etos da Independência” [Editora UFMG, 3256 págs., R$ 120], conjunto de 362 panfl etos impressos, dividi-dos em quatro volumes, publi-cados entre 1820 e 1823.

Editados de forma ágil em brochuras de fácil reprodu-ção, os panfl etos chegavam ao público antes que os jor-nais ou livros impressos. Além disso, eram mais baratos, cus-tavam em torno de 80 réis – à época, uma empada com recheio de ave era vendida nas ruas do Rio de Janeiro por 100, e uma garrafa de aguardente, por 80.

“Os panfl etos não surgem gratuitamente no Brasil, ti-nham um objetivo político. Por meio deles se observa como os conceitos de inde-pendência e de república vão

A propaganda política na Independência

JONATHAN JANSEN

SYLVIA COLOMBO

se incorporando ao debate e se desenvolvendo. Há regis-tros de literatura panfl etária no Brasil até a década de 40 [século 20]”, diz a professora Regina Wanderley, do Insti-tuto Histórico e Geográfi co Brasileiro, do Rio, em entre-vista por telefone.

O conceito, explicam os pesquisadores, tem origem com o “pamphlet” surgido na Inglaterra em 1580, de cunho satírico e político, e populariza-se na França, em meados do século 17. Foram, depois, comuns durante o pe-ríodo de Independência dos EUA (1775-83) e a Revolução Francesa (1789-99).

“Muitos dos autores eram pessoas envolvidas na luta política. No caso brasileiro, o conteúdo dos panfl etos al-tera-se claramente de acordo com o conteúdo das deci-sões vindas das Cortes. Eram sempre precedidas de amplo debate. Não temos dúvida de que os panfl etos deram a nota democrática do processo da Independência”, dizem os his-toriadores, que responderam à entrevista por e-mail.

O período tratado nos qua-tro volumes é o que abarca desde a Revolução Liberal do Porto, em 1820, até o momen-to posterior ao da Indepen-dência brasileira, em 1822. O movimento português pre-gava o fi m do absolutismo e a constitucionalização da monarquia.

PalpitesComo os escritos foram

publicados em Portugal, no Brasil e no hoje Uruguai (en-tão Província Cisplatina) é ampla a gama de opiniões de funcionários públicos e profi ssionais liberais sobre que rumo deveriam tomar os membros da família real e o Brasil. Se D. João 6º de-veria ou não viajar a Lisboa para lidar com a crise, ou se seu fi lho, Pedro, deveria ser enviado em seu lugar.

Depois do dia do Fico (9 de janeiro de 1822), os panfl etis-tas se dividiram sobre a forma de organização política que o Brasil deveria adotar, sendo a Independência uma entre várias alternativas.

Uma clara disputa vai se desenhando, entre os que pediam um governo mais li-beral, em que a soberania residisse nos representantes da nação, e a de um governo mais centralizador, que tinha como modelo as monarquias conservadoras da Europa da-quele momento.

Conceitos como absolu-tismo, anarquia, revolução, liberalismo e separatismo são discutidos com paixão. Os três estudiosos apontam, inclusive, para o uso de um tom mais emotivo e de uma linguagem mais espontânea como parte da explicação

do sucesso de leitura dos panfletos.

“Os panfl etos visavam e atingiam, além da elite le-trada, o povo, pelo falar ‘de boca’. Muitas pessoas to-mavam conhecimento das novidades políticas ouvindo leituras em voz alta e parti-cipando de conversas e dis-cussões nas lojas e mesmo na praça pública”.

Apenas 32% de seus auto-res possuíam diploma, mui-tos eram anônimos e alguns usavam pseudônimos. Dos 95 autores identifi cados, apenas 3 eram mulheres.

IncomumDevido à espontaneidade

da narrativa, não era inco-mum a aparição de “pala-vrões” ou insultos, como “bes-ta”, “charlatão”, “desaforado” e outros. Os que defendiam a continuidade do jugo por-tuguês eram chamados de “corcundas”.

Para os historiadores, a pro-dução panfl etária mostrava um posicionamento intelec-tual de parte da sociedade educada que não havia ido a Coimbra, onde estudavam os fi lhos da elite portuguesa e brasileira. Eram pessoas formadas nos seminários, nas escolas militares, autodida-tas e jornalistas.

“Muitos dos autores tam-bém tinham passado por ou-

tros países, Inglaterra, Ale-manha, França. O período pombalino havia paralisado o pensamento luso-brasileiro, e os jovens que iam a esses ou-tros países trouxeram muito para o debate político”, diz Wanderley. Para José Murilo de Carvalho, a publicação dos panfl etos (divididos em “Car-tas”, “Análises”, “Sermões, Di-álogos, Manifestos” e “Poe-sia, Relatos, Cisplatina”) pode ainda ajudar a desconstruir alguns lugares-comuns da história nacional.

“A Independência não foi arranjo de família nem complô de elites. Houve uma guerra literária em torno das opções que iam surgindo, uma guerra que se acoplou à guerra das ruas, como no caso do Fico, da guerra da In-dependência na Bahia, Pará, Pernambuco, Cisplatina. Em-bora limitada às principais províncias, o movimento da Independência foi o primeiro esboço, embora precário, de um movimento nacional”.

Um dos episódios desmi-tifi cados, por exemplo, é o Grito do Ipiranga, que não surge com destaque nos pan-fl etos e só foi mencionado pela imprensa uma vez (pelo jornal “O Espelho”, em 20 de setembro).

“Para os contemporâneos do 7 de setembro, a data não teve signifi cado especial, pois

já estava consumada com a convocação da Assembleia Constituinte, em junho de 1822 ou com os manifestos de agosto. A data mais impor-tante era o dia 12 de outubro, dia da aclamação de D. Pedro 1”, dizem os historiadores.

DocumentosA historiadora Regina Wan-

derley acrescenta que o Grito, assim como o papel de Tira-dentes na Inconfi dência Mi-neira, foram construídos pela historiografi a republicana no século 19. “Quando você vai aos documentos, vê que a história não foi bem assim. É importante que os histo-riadores não deixem de ir aos documentos. Nesse sentido, a edição desses panfl etos é algo muito importante”, diz Wanderley.

Os organizadores do livro concordam. “Existe entre os historiadores hoje uma exces-siva ênfase no que se chama marco teórico, mas a neces-sidade de recorrer a fontes, escritas ou não, é reconhecida por todos”.

O lançamento reforça, ain-da, os panfl etos como par-te da tradição literária da época. As cartas possuem linguagem mais belicosa. Os poemas tendem ao laudató-rio. Os diálogos e catecismos são didáticos por excelência, enquanto os manifestos, pro-

clamações e representações buscam efeito mais mobiliza-dor, convidando o povo ou as autoridades à ação.

Um dos intelectuais mais produtivos do período, porém, fi cou de fora da publicação. Trata-se do Visconde de Cairu (1756-1835), economista e jurista nascido na Bahia e formado em Coimbra. Foi um dos mais ativos na produ-ção de panfl etos durante o período da Corte portugue-sa no Brasil e o processo de Independência.

“Cairu não foi incluído porque escreveu muito, seus textos davam sozinhos um volume. Sem dúvida merece publicação à parte, se tiver-mos fôlego”.

Os pesquisadores acres-centam que ainda há boa parte da produção espalha-da pelos Estados, onde a conservação de documentos não é das melhores, como o Maranhão.

“Muitos se perderam. Nos-sa pesquisa foi cuidadosa, mas outros panfl etos continu-am a aparecer, sobretudo em bibliotecas portuguesas. Já temos material para um novo volume. Com a publicação dos panfl etos, que se encontram dispersos em várias institui-ções do Brasil e de Portugal, os pesquisadores terão seu trabalho enormemente faci-litado”, acrescentam.

ODYR | cartum

Entrevista

4 Ensinar além da tolerânciaAs lições de um reitor negro na África do Sul

RESUMOReitor da Universida-de de Free State, Jo-nathan Jansen coman-da há cinco anos o processo de inclusão de negros nos qua-dros de professores e alunos da instituição. O professor prega uma “pedagogia pós-confl ito” que revisite o apartheid de ma-neira crítica, mas vá além do moralismo fácil que demarca bons e maus.

O professor Jonathan Jansen lembra-se exatamente do mo-mento em que decidiu aceitar o convite para trabalhar na Universidade de Free State, em Bloemfontein, a capital judici-ária da África do Sul.

Em 2008, milhares de pes-soas pelo mundo assistiram ao vídeo que mostrava qua-tro jovens estudantes brancos fazendo “brincadeiras” com cinco trabalhadores negros e mais velhos da universidade. A imagem da diversão racista era a prova de que o país não tinha ainda conseguido se reconciliar, pouco mais de 15 anos depois de ter conseguido eleger democraticamente Nel-son Mandela presidente. Um ano depois, Jansen quis estar no centro do problema da inte-gração racial na educação.

Por uma decisão tripartite – da universidade, dos estudan-tes e dos próprios trabalhado-res – a questão teria ainda de ser resolvida fora das cortes, em um jantar realizado a portas fechadas. Cerca de três anos de negociações após o episó-dio, o já então reitor Jansen, o primeiro negro a ocupar o posto na universidade, estava ali para conduzir o encontro a fi m de que a conversa, se bem-sucedida, terminasse em um pedido público de desculpas no dia seguinte. Era a noite de 24 de fevereiro de 2011.

Hoje também vice-cônsul da universidade que por muitos anos produziu os argumentos científi cos que sustentaram o regime do apartheid, Jansen venceu pelo menos a barrei-ra da integração visível. Após cinco anos no comando do processo de incluir a população negra tanto no quadro de pro-fessores da universidade como no corpo discente, os números já mostram alguma mudança. Os dados mais recentes, de 2013, apontam que cerca de 60% dos alunos formados na Free State são negros e 10% dos professores contratados e

IZABELA MOI

21% dos “horistas” (“lecturers”) também. Um avanço para a universidade mais simbólica do país, que passou os anos do apartheid sendo exclusivamen-te branca.

Mas o mais importante, além da difícil transição dos números, é o que realmente acontece nos dormitórios, nas salas de aula, nas reuniões en-tre professores, nas atividades extracurriculares.

Jansen afi rma que essa é uma das razões que o fazem circu-lar muito no campus e estar sempre perto e ao alcance do diálogo dos estudantes, prin-cipalmente. Também por esse motivo ele dá aulas sobre inte-gração para o primeiro ano.

O reitor acredita que não basta misturar estudantes e professores brancos e negros dentro da instituição. Para ele, as gerações que viveram sob o regime do apartheid precisam aprender sobre o outro, apren-der a não temer, a confi ar e que o outro é muito próximo.

É esse tipo de aprendizado que ele chamará de “pedagogia pós-confl ito”, e sobre a qual escreve o inesperadamente inquietante “Knowledge in the Blood: Confronting Race and the Apartheid Past” (Conheci-mento pelo sangue: confron-tando raça e o passado de apartheid). O livro foi publicado em 2009 pela editora de Stan-ford, universidade onde Jansen fez seu PhD em 1991 e com a qual mantém laços de pesquisa desde então.

Também presidente do South African Institute of Race Rela-tions (instituto sul-africano de relações raciais), o professor Jansen gosta de relembrar o fi nal do episódio do vídeo como um sinal de esperança para seu país em (re)construção.

Naquela noite de 2011, de-pois da conversa entre os dire-tamente envolvidos, foi servido o jantar com a presença das famílias de todas as partes. Entre música, lágrimas e intimi-

dade. “A reconciliação foi feita. A ferida permanece, mas agora ela vai cicatrizar mais rápido. ‘Nós entendemos que a questão não era apenas sobre nós, mas sobre o país inteiro’, disse um dos trabalhadores ao sair da sala em que conversaram priva-damente com os estudantes”, conta Jansen.

Folha - A questão que mais repete durante seu trabalho é “como podemos ensinar nossas crianças, brancas e negras, sobre nosso passado violento, se removermos as evidências de sua existência?”. Pode nos dizer como?

Jonathan Jansen - É impos-sível. Temos de atravessar o passado para poder dar sentido ao presente e assim construir um futuro diferente. Entendo a vontade de negar ou esquecer o passado, porque ele realimenta a vergonha ou a culpa entre uns, e o desconforto e a dor em outros. Por isso a palavra-chave é ensinar. Precisamos de um tipo de educação que combine empatia crítica com abertura e honestidade. Em meu caso, por exemplo, devo aprender a me aproximar dos brancos sem prejulgamentos ou sentimentos de refração, mas com a gene-rosidade que me torna disposto ao verdadeiro diálogo. Sentir empatia não signifi ca concor-dar. Signifi ca compreender e reconhecer que sobre determi-nadas circunstâncias, todos os seres humanos são capazes de atos terríveis. Não proponho um relativismo moral, mas também não aceito o moralismo fácil que atrai aplausos. Proponho que tomemos conhecimento de nossa mútua vulnerabilidade e que esse seja o primeiro passo para o exercício do diálogo crí-tico e real.

Integração, reparação, re-conciliação... Como ensinar tudo isso?

A primeira coisa é que não po-

demos ensinar apenas palavras. Em sociedades profundamente divididas, os líderes têm de dar o exemplo de comportamen-tos que incluam a tolerância. E ensinar não é postar-se em frente a uma sala de aula cheia de estudantes. Nós precisamos de uma nova sala de aula em que possamos trazer para o ambiente o resultado de toda a preparação necessária aos educadores. E a sequência é importante. Não podemos ensi-nar reparação se não tivermos atingido reconciliação antes. E a reconciliação não pode ser feita sem a presença de grupos rivais no mesmo espaço físico (e emocional e espiritual, se possível) – ou seja, integração. A “pedagogia pós-confl ito”, como proponho, é ir além do modelo de fácil demarcação que separa os bons dos maus.

E como se faz para integrar as escolas com sucesso?

É preciso, antes de mais nada, expor publicamente os argumentos para a integração em vez de apenas realizá-la, sem tornar ninguém parte da mudança de direção. Depois, é preciso deixar claras quais são as regras do mundo ideal e convocar os líderes da co-munidade escolar a manterem seu compromisso com elas. Em seguida, trabalhar com aqueles que já estão prontos para seguir o movimento. É necessário criar incentivos para a integração, e desestimular a separação. E, por fi m, mas antes de mais nada, é preciso que o modelo integrado funcione a partir das lideranças, para que sirva de exemplo a ser seguido.

Que mudanças você imple-mentou no currículo da Uni-versidade de Free State?

Criei o que chamamos de currículo mínimo obrigatório, uma inovação num país que não tem a tradição do ensino de “liberal arts”. De maneira geral, nosso ensino na universidade

privilegia a especialização, que, a meu ver, acontece muito cedo na vida estudantil. Esse currí-culo mínimo tem o objetivo de ampliar o espectro das inves-tigações do mundo real e do pensamento dos alunos, e é presente durante todo o pri-meiro ano letivo. Esse currículo inclui atividades acadêmicas, leituras e refl exões em sala de aula sobre, por exemplo, o que signifi ca ser justo, como lidar com nosso passado violen-to, por que a crise econômica global é considerada global, quão pequeno é pequeno no mundo da nanotecnologia. E essas questões são revisadas e atualizadas todos os anos.

E o que está acontecendo na universidade que lidera e não acontece no resto do país?

Nós investimos pesadamente no desenvolvimento dos estu-dantes. Primeiro, na integração entre brancos e negros, para aprendermos a viver juntos além da tolerância, para aceitar verdadeiramente o outro.

Temos conseguido isso na maioria das vezes. E nossa prática inclui políticas claras e transparentes, líderes que mostram o exemplo a seguir, um planejamento meticulo-so, várias oportunidades de aprendizado criadas espe-cialmente para os estudan-tes, o design da própria resi-dência estudantil [no campus] e muita dedicação.

Depois da pedagogia pós-confl ito, então, qual é a pró-xima etapa?

Meu novo livro é sobre como os estudantes, brancos e ne-gros, de uma das universida-des mais conservadoras do país em termos de integração racial acabaram se envolvendo em incidentes de violência racial. E eu tento explicar teoricamente como esse processo de “ver o outro em si mesmo” pode acon-tecer para estes estudantes e

que tipo de estrutura institu-cional permite essa transfor-mação. É um livro cheio de esperança, e que dá voz a esses alunos, brancos e negros, que mudaram. O livro pode servir para qualquer outro lugar que viva a experiência do confl ito, seja ele de origem racial, étnica ou religiosa.

Falando assim, parece tudo muito claro. Mas sabe-mos que tem muitos críticos. Quem são seus opositores?

Eles são uma minoria estra-nha. Porque não sou fi liado ou mesmo a favor de nenhum dos partidos políticos em meu país, acabo tendo mais espaço para dizer o que penso e me colocar contrário a essa administração atrasada do sistema de edu-cação. Ao mesmo tempo, sinto também que essa oposição não discorda das minhas principais batalhas contra a corrupção que dizima o sistema de produção e distribuição de material didático, o poder extremo dos sindicatos e a falta de preparo (e de engaja-mento) dos professores. Sou co-mumente esquecido quando se organizam comissões, prêmios ou atividades de escopo mais amplo na área de educação. Espero ser julgado, no entanto, pelo menos na educação, como mais uma voz que faz parte do processo de fortalecimento da nossa democracia.

Quando escreve sobre política educacional, fala sempre do desastre que é o desperdício de talentos na África do Sul. Como en-frentar isso?

Nosso país tem uma taxa muito baixa para aprovação nas escolas: basta 30% de apren-dizado em algumas discipli-nas, 40% em outras. Quando o próprio sistema espera pouco das performances individuais, as pessoas vão se desenvol-ver em resposta a essa visão também. Somos um país de “baixas aspirações” que tem um nível alto de recursos. Sinto que ignoramos a capacidade de milhares de jovens simples-mente porque decidimos, como política educacional, tratá-los como estúpidos.

E como estão os números atuais, ao menos em termos quantitativos, de estudan-tes que se formam?

Apenas 50% das crianças matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental termi-nam esse período escolar. Os estudantes que saem do siste-ma acabam caindo nas malhas do desemprego e mais tarde, muitas vezes, no sistema pe-nitenciário. Nossos níveis de criminalidade estão diretamen-te ligados aos baixos números de educação.

Vamos falar de outro lado polêmico de suas ideias, a participação que você acre-dita que os pais devem ter na vida escolar de seus fi -lhos. Quer falar um pouco sobre isso?

Acredito no direito de crian-ças e jovens escolherem o que acham importante, e nós, adul-tos, temos de confi ar neles. Muitas vezes, pais e profes-sores sufocam interesses dos alunos em nome do cuidado. Nós aprendemos por meio de nossos erros. Por que impedir a nova geração de aprender com os dela? Esse é meu conceito mais básico de educação.

Quais são seus ideais de educação?

Muito simples: quero educa-ção de qualidade para todas as crianças. O resto virá a partir disso.

JEROME DELAY - 5.MAR.10/ASSOCIATED PRESS

o professor Jonathan Jansen, reitor da Universidade de Free State (África do Sul)

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RESUMOJosé Murilo de Car-valho, Lúcia Bastos e Marcello Basi-le lançam “Guerra Literária - Panfl etos da Independência” (editora UFMG), que reúne 362 panfl etos impressos. Editados em brochuras de fácil reprodução, esses escritos custavam pouco, defendiam causas e podiam che-gar ao público antes de livros e jornais.

3 Nos tempos do panfl eto

Não havia Facebook, WhatsApp ou televisão no começo do século 19. Mas, como nos dias de hoje, a grande polarização política da sociedade daquela épo-ca também encontrou vias alternativas para o debate, que não passavam pela im-prensa tradicional ou pela produção acadêmica.

Tratava-se dos panfl etos, ora pregados em postes ou muros das cidades, ora publi-cados em pequenas brochu-ras. “Os que eram manuscri-tos seriam como o Facebook ou o WhatsApp de hoje. Já os impressos, mais trabalhados e editados em gráfi cas, não possuem um equivalente na atualidade”, dizem José Muri-lo de Carvalho, Lúcia Bastos e Marcello Basile.

Os três historiadores, que já haviam reunido e editado panfl etos manuscritos do pe-ríodo independentista em “Às Armas, Cidadãos” (Compa-nhia das Letras, 2012), agora lançam “Guerra Literária - Panfl etos da Independência” [Editora UFMG, 3256 págs., R$ 120], conjunto de 362 panfl etos impressos, dividi-dos em quatro volumes, publi-cados entre 1820 e 1823.

Editados de forma ágil em brochuras de fácil reprodu-ção, os panfl etos chegavam ao público antes que os jor-nais ou livros impressos. Além disso, eram mais baratos, cus-tavam em torno de 80 réis – à época, uma empada com recheio de ave era vendida nas ruas do Rio de Janeiro por 100, e uma garrafa de aguardente, por 80.

“Os panfl etos não surgem gratuitamente no Brasil, ti-nham um objetivo político. Por meio deles se observa como os conceitos de inde-pendência e de república vão

A propaganda política na Independência

JONATHAN JANSEN

SYLVIA COLOMBO

se incorporando ao debate e se desenvolvendo. Há regis-tros de literatura panfl etária no Brasil até a década de 40 [século 20]”, diz a professora Regina Wanderley, do Insti-tuto Histórico e Geográfi co Brasileiro, do Rio, em entre-vista por telefone.

O conceito, explicam os pesquisadores, tem origem com o “pamphlet” surgido na Inglaterra em 1580, de cunho satírico e político, e populariza-se na França, em meados do século 17. Foram, depois, comuns durante o pe-ríodo de Independência dos EUA (1775-83) e a Revolução Francesa (1789-99).

“Muitos dos autores eram pessoas envolvidas na luta política. No caso brasileiro, o conteúdo dos panfl etos al-tera-se claramente de acordo com o conteúdo das deci-sões vindas das Cortes. Eram sempre precedidas de amplo debate. Não temos dúvida de que os panfl etos deram a nota democrática do processo da Independência”, dizem os his-toriadores, que responderam à entrevista por e-mail.

O período tratado nos qua-tro volumes é o que abarca desde a Revolução Liberal do Porto, em 1820, até o momen-to posterior ao da Indepen-dência brasileira, em 1822. O movimento português pre-gava o fi m do absolutismo e a constitucionalização da monarquia.

PalpitesComo os escritos foram

publicados em Portugal, no Brasil e no hoje Uruguai (en-tão Província Cisplatina) é ampla a gama de opiniões de funcionários públicos e profi ssionais liberais sobre que rumo deveriam tomar os membros da família real e o Brasil. Se D. João 6º de-veria ou não viajar a Lisboa para lidar com a crise, ou se seu fi lho, Pedro, deveria ser enviado em seu lugar.

Depois do dia do Fico (9 de janeiro de 1822), os panfl etis-tas se dividiram sobre a forma de organização política que o Brasil deveria adotar, sendo a Independência uma entre várias alternativas.

Uma clara disputa vai se desenhando, entre os que pediam um governo mais li-beral, em que a soberania residisse nos representantes da nação, e a de um governo mais centralizador, que tinha como modelo as monarquias conservadoras da Europa da-quele momento.

Conceitos como absolu-tismo, anarquia, revolução, liberalismo e separatismo são discutidos com paixão. Os três estudiosos apontam, inclusive, para o uso de um tom mais emotivo e de uma linguagem mais espontânea como parte da explicação

do sucesso de leitura dos panfletos.

“Os panfl etos visavam e atingiam, além da elite le-trada, o povo, pelo falar ‘de boca’. Muitas pessoas to-mavam conhecimento das novidades políticas ouvindo leituras em voz alta e parti-cipando de conversas e dis-cussões nas lojas e mesmo na praça pública”.

Apenas 32% de seus auto-res possuíam diploma, mui-tos eram anônimos e alguns usavam pseudônimos. Dos 95 autores identifi cados, apenas 3 eram mulheres.

IncomumDevido à espontaneidade

da narrativa, não era inco-mum a aparição de “pala-vrões” ou insultos, como “bes-ta”, “charlatão”, “desaforado” e outros. Os que defendiam a continuidade do jugo por-tuguês eram chamados de “corcundas”.

Para os historiadores, a pro-dução panfl etária mostrava um posicionamento intelec-tual de parte da sociedade educada que não havia ido a Coimbra, onde estudavam os fi lhos da elite portuguesa e brasileira. Eram pessoas formadas nos seminários, nas escolas militares, autodida-tas e jornalistas.

“Muitos dos autores tam-bém tinham passado por ou-

tros países, Inglaterra, Ale-manha, França. O período pombalino havia paralisado o pensamento luso-brasileiro, e os jovens que iam a esses ou-tros países trouxeram muito para o debate político”, diz Wanderley. Para José Murilo de Carvalho, a publicação dos panfl etos (divididos em “Car-tas”, “Análises”, “Sermões, Di-álogos, Manifestos” e “Poe-sia, Relatos, Cisplatina”) pode ainda ajudar a desconstruir alguns lugares-comuns da história nacional.

“A Independência não foi arranjo de família nem complô de elites. Houve uma guerra literária em torno das opções que iam surgindo, uma guerra que se acoplou à guerra das ruas, como no caso do Fico, da guerra da In-dependência na Bahia, Pará, Pernambuco, Cisplatina. Em-bora limitada às principais províncias, o movimento da Independência foi o primeiro esboço, embora precário, de um movimento nacional”.

Um dos episódios desmi-tifi cados, por exemplo, é o Grito do Ipiranga, que não surge com destaque nos pan-fl etos e só foi mencionado pela imprensa uma vez (pelo jornal “O Espelho”, em 20 de setembro).

“Para os contemporâneos do 7 de setembro, a data não teve signifi cado especial, pois

já estava consumada com a convocação da Assembleia Constituinte, em junho de 1822 ou com os manifestos de agosto. A data mais impor-tante era o dia 12 de outubro, dia da aclamação de D. Pedro 1”, dizem os historiadores.

DocumentosA historiadora Regina Wan-

derley acrescenta que o Grito, assim como o papel de Tira-dentes na Inconfi dência Mi-neira, foram construídos pela historiografi a republicana no século 19. “Quando você vai aos documentos, vê que a história não foi bem assim. É importante que os histo-riadores não deixem de ir aos documentos. Nesse sentido, a edição desses panfl etos é algo muito importante”, diz Wanderley.

Os organizadores do livro concordam. “Existe entre os historiadores hoje uma exces-siva ênfase no que se chama marco teórico, mas a neces-sidade de recorrer a fontes, escritas ou não, é reconhecida por todos”.

O lançamento reforça, ain-da, os panfl etos como par-te da tradição literária da época. As cartas possuem linguagem mais belicosa. Os poemas tendem ao laudató-rio. Os diálogos e catecismos são didáticos por excelência, enquanto os manifestos, pro-

clamações e representações buscam efeito mais mobiliza-dor, convidando o povo ou as autoridades à ação.

Um dos intelectuais mais produtivos do período, porém, fi cou de fora da publicação. Trata-se do Visconde de Cairu (1756-1835), economista e jurista nascido na Bahia e formado em Coimbra. Foi um dos mais ativos na produ-ção de panfl etos durante o período da Corte portugue-sa no Brasil e o processo de Independência.

“Cairu não foi incluído porque escreveu muito, seus textos davam sozinhos um volume. Sem dúvida merece publicação à parte, se tiver-mos fôlego”.

Os pesquisadores acres-centam que ainda há boa parte da produção espalha-da pelos Estados, onde a conservação de documentos não é das melhores, como o Maranhão.

“Muitos se perderam. Nos-sa pesquisa foi cuidadosa, mas outros panfl etos continu-am a aparecer, sobretudo em bibliotecas portuguesas. Já temos material para um novo volume. Com a publicação dos panfl etos, que se encontram dispersos em várias institui-ções do Brasil e de Portugal, os pesquisadores terão seu trabalho enormemente faci-litado”, acrescentam.

ODYR | cartum

Entrevista

4 Ensinar além da tolerânciaAs lições de um reitor negro na África do Sul

RESUMOReitor da Universida-de de Free State, Jo-nathan Jansen coman-da há cinco anos o processo de inclusão de negros nos qua-dros de professores e alunos da instituição. O professor prega uma “pedagogia pós-confl ito” que revisite o apartheid de ma-neira crítica, mas vá além do moralismo fácil que demarca bons e maus.

O professor Jonathan Jansen lembra-se exatamente do mo-mento em que decidiu aceitar o convite para trabalhar na Universidade de Free State, em Bloemfontein, a capital judici-ária da África do Sul.

Em 2008, milhares de pes-soas pelo mundo assistiram ao vídeo que mostrava qua-tro jovens estudantes brancos fazendo “brincadeiras” com cinco trabalhadores negros e mais velhos da universidade. A imagem da diversão racista era a prova de que o país não tinha ainda conseguido se reconciliar, pouco mais de 15 anos depois de ter conseguido eleger democraticamente Nel-son Mandela presidente. Um ano depois, Jansen quis estar no centro do problema da inte-gração racial na educação.

Por uma decisão tripartite – da universidade, dos estudan-tes e dos próprios trabalhado-res – a questão teria ainda de ser resolvida fora das cortes, em um jantar realizado a portas fechadas. Cerca de três anos de negociações após o episó-dio, o já então reitor Jansen, o primeiro negro a ocupar o posto na universidade, estava ali para conduzir o encontro a fi m de que a conversa, se bem-sucedida, terminasse em um pedido público de desculpas no dia seguinte. Era a noite de 24 de fevereiro de 2011.

Hoje também vice-cônsul da universidade que por muitos anos produziu os argumentos científi cos que sustentaram o regime do apartheid, Jansen venceu pelo menos a barrei-ra da integração visível. Após cinco anos no comando do processo de incluir a população negra tanto no quadro de pro-fessores da universidade como no corpo discente, os números já mostram alguma mudança. Os dados mais recentes, de 2013, apontam que cerca de 60% dos alunos formados na Free State são negros e 10% dos professores contratados e

IZABELA MOI

21% dos “horistas” (“lecturers”) também. Um avanço para a universidade mais simbólica do país, que passou os anos do apartheid sendo exclusivamen-te branca.

Mas o mais importante, além da difícil transição dos números, é o que realmente acontece nos dormitórios, nas salas de aula, nas reuniões en-tre professores, nas atividades extracurriculares.

Jansen afi rma que essa é uma das razões que o fazem circu-lar muito no campus e estar sempre perto e ao alcance do diálogo dos estudantes, prin-cipalmente. Também por esse motivo ele dá aulas sobre inte-gração para o primeiro ano.

O reitor acredita que não basta misturar estudantes e professores brancos e negros dentro da instituição. Para ele, as gerações que viveram sob o regime do apartheid precisam aprender sobre o outro, apren-der a não temer, a confi ar e que o outro é muito próximo.

É esse tipo de aprendizado que ele chamará de “pedagogia pós-confl ito”, e sobre a qual escreve o inesperadamente inquietante “Knowledge in the Blood: Confronting Race and the Apartheid Past” (Conheci-mento pelo sangue: confron-tando raça e o passado de apartheid). O livro foi publicado em 2009 pela editora de Stan-ford, universidade onde Jansen fez seu PhD em 1991 e com a qual mantém laços de pesquisa desde então.

Também presidente do South African Institute of Race Rela-tions (instituto sul-africano de relações raciais), o professor Jansen gosta de relembrar o fi nal do episódio do vídeo como um sinal de esperança para seu país em (re)construção.

Naquela noite de 2011, de-pois da conversa entre os dire-tamente envolvidos, foi servido o jantar com a presença das famílias de todas as partes. Entre música, lágrimas e intimi-

dade. “A reconciliação foi feita. A ferida permanece, mas agora ela vai cicatrizar mais rápido. ‘Nós entendemos que a questão não era apenas sobre nós, mas sobre o país inteiro’, disse um dos trabalhadores ao sair da sala em que conversaram priva-damente com os estudantes”, conta Jansen.

Folha - A questão que mais repete durante seu trabalho é “como podemos ensinar nossas crianças, brancas e negras, sobre nosso passado violento, se removermos as evidências de sua existência?”. Pode nos dizer como?

Jonathan Jansen - É impos-sível. Temos de atravessar o passado para poder dar sentido ao presente e assim construir um futuro diferente. Entendo a vontade de negar ou esquecer o passado, porque ele realimenta a vergonha ou a culpa entre uns, e o desconforto e a dor em outros. Por isso a palavra-chave é ensinar. Precisamos de um tipo de educação que combine empatia crítica com abertura e honestidade. Em meu caso, por exemplo, devo aprender a me aproximar dos brancos sem prejulgamentos ou sentimentos de refração, mas com a gene-rosidade que me torna disposto ao verdadeiro diálogo. Sentir empatia não signifi ca concor-dar. Signifi ca compreender e reconhecer que sobre determi-nadas circunstâncias, todos os seres humanos são capazes de atos terríveis. Não proponho um relativismo moral, mas também não aceito o moralismo fácil que atrai aplausos. Proponho que tomemos conhecimento de nossa mútua vulnerabilidade e que esse seja o primeiro passo para o exercício do diálogo crí-tico e real.

Integração, reparação, re-conciliação... Como ensinar tudo isso?

A primeira coisa é que não po-

demos ensinar apenas palavras. Em sociedades profundamente divididas, os líderes têm de dar o exemplo de comportamen-tos que incluam a tolerância. E ensinar não é postar-se em frente a uma sala de aula cheia de estudantes. Nós precisamos de uma nova sala de aula em que possamos trazer para o ambiente o resultado de toda a preparação necessária aos educadores. E a sequência é importante. Não podemos ensi-nar reparação se não tivermos atingido reconciliação antes. E a reconciliação não pode ser feita sem a presença de grupos rivais no mesmo espaço físico (e emocional e espiritual, se possível) – ou seja, integração. A “pedagogia pós-confl ito”, como proponho, é ir além do modelo de fácil demarcação que separa os bons dos maus.

E como se faz para integrar as escolas com sucesso?

É preciso, antes de mais nada, expor publicamente os argumentos para a integração em vez de apenas realizá-la, sem tornar ninguém parte da mudança de direção. Depois, é preciso deixar claras quais são as regras do mundo ideal e convocar os líderes da co-munidade escolar a manterem seu compromisso com elas. Em seguida, trabalhar com aqueles que já estão prontos para seguir o movimento. É necessário criar incentivos para a integração, e desestimular a separação. E, por fi m, mas antes de mais nada, é preciso que o modelo integrado funcione a partir das lideranças, para que sirva de exemplo a ser seguido.

Que mudanças você imple-mentou no currículo da Uni-versidade de Free State?

Criei o que chamamos de currículo mínimo obrigatório, uma inovação num país que não tem a tradição do ensino de “liberal arts”. De maneira geral, nosso ensino na universidade

privilegia a especialização, que, a meu ver, acontece muito cedo na vida estudantil. Esse currí-culo mínimo tem o objetivo de ampliar o espectro das inves-tigações do mundo real e do pensamento dos alunos, e é presente durante todo o pri-meiro ano letivo. Esse currículo inclui atividades acadêmicas, leituras e refl exões em sala de aula sobre, por exemplo, o que signifi ca ser justo, como lidar com nosso passado violen-to, por que a crise econômica global é considerada global, quão pequeno é pequeno no mundo da nanotecnologia. E essas questões são revisadas e atualizadas todos os anos.

E o que está acontecendo na universidade que lidera e não acontece no resto do país?

Nós investimos pesadamente no desenvolvimento dos estu-dantes. Primeiro, na integração entre brancos e negros, para aprendermos a viver juntos além da tolerância, para aceitar verdadeiramente o outro.

Temos conseguido isso na maioria das vezes. E nossa prática inclui políticas claras e transparentes, líderes que mostram o exemplo a seguir, um planejamento meticulo-so, várias oportunidades de aprendizado criadas espe-cialmente para os estudan-tes, o design da própria resi-dência estudantil [no campus] e muita dedicação.

Depois da pedagogia pós-confl ito, então, qual é a pró-xima etapa?

Meu novo livro é sobre como os estudantes, brancos e ne-gros, de uma das universida-des mais conservadoras do país em termos de integração racial acabaram se envolvendo em incidentes de violência racial. E eu tento explicar teoricamente como esse processo de “ver o outro em si mesmo” pode acon-tecer para estes estudantes e

que tipo de estrutura institu-cional permite essa transfor-mação. É um livro cheio de esperança, e que dá voz a esses alunos, brancos e negros, que mudaram. O livro pode servir para qualquer outro lugar que viva a experiência do confl ito, seja ele de origem racial, étnica ou religiosa.

Falando assim, parece tudo muito claro. Mas sabe-mos que tem muitos críticos. Quem são seus opositores?

Eles são uma minoria estra-nha. Porque não sou fi liado ou mesmo a favor de nenhum dos partidos políticos em meu país, acabo tendo mais espaço para dizer o que penso e me colocar contrário a essa administração atrasada do sistema de edu-cação. Ao mesmo tempo, sinto também que essa oposição não discorda das minhas principais batalhas contra a corrupção que dizima o sistema de produção e distribuição de material didático, o poder extremo dos sindicatos e a falta de preparo (e de engaja-mento) dos professores. Sou co-mumente esquecido quando se organizam comissões, prêmios ou atividades de escopo mais amplo na área de educação. Espero ser julgado, no entanto, pelo menos na educação, como mais uma voz que faz parte do processo de fortalecimento da nossa democracia.

Quando escreve sobre política educacional, fala sempre do desastre que é o desperdício de talentos na África do Sul. Como en-frentar isso?

Nosso país tem uma taxa muito baixa para aprovação nas escolas: basta 30% de apren-dizado em algumas discipli-nas, 40% em outras. Quando o próprio sistema espera pouco das performances individuais, as pessoas vão se desenvol-ver em resposta a essa visão também. Somos um país de “baixas aspirações” que tem um nível alto de recursos. Sinto que ignoramos a capacidade de milhares de jovens simples-mente porque decidimos, como política educacional, tratá-los como estúpidos.

E como estão os números atuais, ao menos em termos quantitativos, de estudan-tes que se formam?

Apenas 50% das crianças matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental termi-nam esse período escolar. Os estudantes que saem do siste-ma acabam caindo nas malhas do desemprego e mais tarde, muitas vezes, no sistema pe-nitenciário. Nossos níveis de criminalidade estão diretamen-te ligados aos baixos números de educação.

Vamos falar de outro lado polêmico de suas ideias, a participação que você acre-dita que os pais devem ter na vida escolar de seus fi -lhos. Quer falar um pouco sobre isso?

Acredito no direito de crian-ças e jovens escolherem o que acham importante, e nós, adul-tos, temos de confi ar neles. Muitas vezes, pais e profes-sores sufocam interesses dos alunos em nome do cuidado. Nós aprendemos por meio de nossos erros. Por que impedir a nova geração de aprender com os dela? Esse é meu conceito mais básico de educação.

Quais são seus ideais de educação?

Muito simples: quero educa-ção de qualidade para todas as crianças. O resto virá a partir disso.

JEROME DELAY - 5.MAR.10/ASSOCIATED PRESS

o professor Jonathan Jansen, reitor da Universidade de Free State (África do Sul)

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As pautas das eleições e debates prediais

Classe média na disputa

Diário de WashingtonO MAPA DA CULTURA

Desigualdade social, quem diria, deve dominar parte da campanha republicana à sucessão de Barack Obama no ano que vem. É o que se conclui dos livros recém-lan-çados pelos presidenciáveis da oposição, conservadores que até há pouco diziam: “Basta trabalhar muito para ter sucesso neste país”.

A classe média que teve de apertar o cinto é tema de “American Dreams: Res-toring Economic Opportu-nity for Everyone” (Sonhos americanos: restaurando a oportunidade econômi-ca para todos), do senador da Flórida Marco Rubio, e “Blue Collar Conservatives” (Conservadores de colarinho azul), de Rick Santorum.

Autor de “Unintimidated” (Desintimidado), o gover-nador do Wisconsin, Scott Walker, atual líder nas pes-quisas, se vende como ho-mem simples. Sem curso uni-versitário, fi lho de pastor, diz que acabou com a contribui-ção sindical obrigatória em seu Estado – enfraquecendo sindicatos – para “sobrar mais dinheiro para escolas e hospitais”.

Em “One Nation: What We Can All Do to Save America’s Future” (Uma nação: o que podemos fazer para salvar o futuro da América), Ben Carson, neurocirurgião su-per famoso também pelos livros e pela fi lantropia, cul-pa o “politicamente correto” e o “elitismo” pelo “declínio” dos Estados Unidos.

O ex-governador da Flóri-da Jeb Bush, favorito pelo po-tencial bilionário de arreca-dação de campanha, irmão e fi lho de ex-presidentes, deve lançar livro até maio.

Em discurso recente, falou que “a classe média não viu grandes melhorias na renda” após a retomada.

Atacar a “gastança” de Obama com seu plano de saúde perdeu ibope entre a oposição. A popularidade de Obama subiu sete pontos nos últimos meses, auxiliada por um PIB que deve crescer 3,6% este ano e a maior geração de empregos desde 1999. O defi cit público foi reduzido pela metade.

O eleitor americano inde-pendente, que é quem deci-de as eleições, tipicamente escolhe quem deve ocupar a Casa Branca a partir das fortalezas e das fraquezas históricas associadas a cada partido.

Quando se trata de segu-rança nacional ou de reduzir o defi cit público, vota nos republicanos. Quando estes fracassam ou há clamor por programas sociais, vai nos democratas. Desta vez, os re-publicanos indicam que, para voltar à Casa Branca, terão de demonstrar compromisso em repartir o bolo.

FBI no chãoAté para os padrões de

Washington, onde boa parte da arquitetura dos últimos 50 anos se encaixaria fácil no antigo bloco soviético, a sede do FBI se destaca pela feiura e impenetrabilidade – coerente com a função do serviço secreto.

Graças a um boom imo-biliário na área central da capital, que passou de muito violenta a segura e desejada nos últimos anos, o governo decidiu demolir o edifício brutalista J. Edgar Hoover, batizado em homenagem ao fundador da agência, inau-gurado em 1974.

Para isso, criou-se um con-curso: ganha o direito de uso do terreno de 28 mil m² do FBI (duas vezes o do Conjun-to Nacional, em São Paulo) quem bancar a construção da nova sede, que abriga-rá 11 mil funcionários num subúrbio da capital.

As incorporadoras candi-datas devem ter pelo mínimo US$ 1 bilhão para começar a obra e ter experiência na construção de pelo menos três grandes prédios na úl-tima década. E paciência: a demolição só ocorrerá com a nova sede pronta, daqui a estimados oito anos.

Trump de luxoOutra oportunidade imo-

biliária foi arrematada pelo magnata Donald Trump. Ele vai investir US$ 200 milhões para restaurar o antigo Palácio dos Correios de Washington e fazer dele hotel de luxo. Para sorte de quem gosta de arquitetura, Trump só poderá mudar os interiores, preservando a fachada de sua “assinatu-ra” estética.

Primeira mulher negra a comandar a prefeitura da capital, a democrata Muriel Bowser, 42, anda se estra-nhando com o Congresso americano, controlado pela oposição republicana. Cou-be a ela, que tomou posse em janeiro, implementar a descriminalização da ma-conha em Washington mês passado.

Deputados republicanos a ameaçam de processo criminal por “desrespeitar leis federais”. Ela se defen-de, dizendo que o resultado do plebiscito sobre a maco-nha em novembro passado (71% dos votos), tem que ser respeitado.

RAUL JUSTE LORES

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6 Novelas e vanguardas

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRARAM HISTÓRIA

São Paulo, 1978

R. Henrique Schaumann, 81, quarto andar, esquina com Rebouças, Studio-house Granato. Nessa época havia muita atividade na cultura. O sistema político estava mais leve. Na área cultural, nos museus e na Bienal, de um lado estava Aracy Amaral, como a dona da verdade, e de outro o grande Walter Zanini (morto em 2013), com uma visão ampla e bem re-solvida. Críticos como Carlos von Schmidt, Jacob Klinto-witz e Casemiro Xavier de Mendonça abriam as ações contemporâneas.

As coisas eram bem mo-vimentadas no meu estúdio, junto ao Massao Ohno, editor inteligentíssimo. Vivíamos na produção de belos livros de poetas novos e alguns clássicos, como Hilda Hilst. Catálogos com novas con-cepções e Otávio Pereira acabando de chegar de Los Angeles, vindo da Tamarind, maior impressora da época, que imprimia Jaspers Johns, Andy Warhol, Lichtenstein.

Resolvi fazer um trabalho aberto sem restrições por sentir o novo tempo e dar uma guinada, precisávamos disso! Comecei a fazer con-vites aos artistas para esse movimento, Aguilar, Tozzi e Oiticica, que morava no Rio, fi cou encantado na hora e já foi me dizendo: “Me convide pra fi car na sua casa que te ajudo.” Pronto, aí começou!

Oiticica fi cou hóspede em casa. A essa altura, os artistas já se produziam. O movi-mento no studio-house era intenso. Entra e sai, busca de apetrechos, músicos, atores, modelos e Lygia Pape che-gou para dar uma força a Hélio, que estava um pouco doente e adorava novela. Ele se trancava no quarto com a minha mulher, Laís, e com a Lygia para que ninguém soubesse da sua paixão por “Dancing Days”. Era proibido intelectual ver novela.

Minha mãe fez até uma bota de papel, estilo “Dancing Days”, para colocar na porta de seu apartamento no Rio, onde a gente dava festas com o tema da novela.

O movimento, além das crianças e do nosso cachor-ro Phill, era uma loucura. Uma verdadeira produção rock’n’roll; 24 horas com muitas pessoas articulando diferentes assuntos, todos pertinentes ao happening que seria “Mitos Vadios”. Esta-mos falando de um alto fl uxo de artistas de vários setores com ideias explodindo, e as excitações em alto volume ao som dos Stones, comandado por Guará, Guaracy Rodrigues, cineasta e ator ímpar dos anos 1970 e 80, morto em 2006.

O estúdio era dividido em vá-rios cômodos, como labirintos, cada um com seus aconteci-mentos a mil até o dia clare-ar. Muitos amigos jornalistas participavam, como o Marcelo Kahns. Podia encontrar Tozzi

na campainha, Tadeu Jungle e Walter Silveira com suas máquinas novas de vídeo, Le-nira provando algumas roupas ou sem elas, DudiGuper, Raul Seixas e Ney Matogrosso, Jô Soares, enfi m um mundo. Zé do Caixão esporadicamente era babá dos meus fi lhos.

Tirávamos o sossego da rua Henrique Schaumann, 81, quarto andar, dentro e fora. Um momento de grande fl uído. Esther Emilio Carlos, curadora e crítica de arte, chegando de peruca, Massao Ohno, Gerchman, Rui Pereira fazendo programação gráfi ca. Trocas de roupas. Decisões preciosas.

Telefone tocando, criança, música, tudo ao mesmo tempo. Para “Mitos Vadios”, foram 30 os artistas convidados e mais umas 100 pessoas de grupos de dança e outras linguagens querendo maiores informa-ções de como criar uma grande produção. A fotógrafa Loris Machado registrando tudo.

E não é que no dia 5 de no-vembro pela manhã desabou a maior chuva de todos os tempos? E o bueiro em fren-te ao apartamento estourou, abrindo um buraco imenso. Todos entraram em pane e tivemos que transferir o even-to para a semana seguinte. Sendo assim, foi mais uma semana dobrando o esque-ma, as coisas dobravam em confusão e alegria. E assim aconteceu “Mitos Vadios”, o dia todo, em um estaciona-mento na rua Augusta.

IVALD GRANATO

À dir, Lygia Pape e Ivald Granato (fantasiado de Ciccillo Matarazzo) e Helio Oiticica na ‘Mitos Vadios’

FOTOS ACERVO PESSOAL

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Imaginação

7RESUMOO conto integra “Não Preciso Mais de Você e Outras Histórias”. O volume, que reúne três livros do autor, está nas livrarias des-de janeiro, pela Com-panhia das Letras.

PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

Vislumbre de um jóquei

É como este saloon, é o me-lhor de Nova York, certo? Não dá nem para ir ao banheiro se não tiver uma nota de cem dólares enfi ada em cada ore-lha, olhe só aquele vagabundo grisalho ali com aquela dona, enchendo a cara para tirar a esposa da cabeça e para quê? Pra mandar ver com aquela qualquer que ele pagou, claro. Eu amo todos. Eu me entrego a este mundo, a esta vida, à palhaçada toda.

Estou gostando de estar aqui falando com você. Por que será? Quem sabe por que a gente se conecta com al-gumas pessoas e com outras não? Estou absolutamente fe-liz agora. Eles subestimam a própria natureza da lealda-de entre homens, é diferente com uma mulher o tipo de desafi o. Eu podia vencer às vezes, mas fi cava com vergo-nha porque o desgraçado do cavalo me fazia ir sacudindo até a linha de chegada, em vez de montar estiloso. Eu era capaz de fi car mais grudado no cavalo do que qualquer fi lho da puta consegue, mas às vezes a gente pega um perna de pau de um cavalo e sacode feito um peixe amarrado num caminhão sem amortecedor. A gente monta é para os ou-tros jóqueis, pela admiração deles, pelo estilo. Em minha última corrida, atravessei uma cerca na Argentina, me enrolei no arame, me ferrei, quebrei vinte e dois ossos e, depois de três meses no hos-pital, a dor passou. Um jóquei é que nem estrela de cinema, aquela confusão toda, noite e dia, as donas babando seu nome gravado na porra da testa. Nada. Só dois caras, principalmente o Virgil, aque-le fi lho da puta é leal, eu morro pelo desgraçado.

Quem é que entende isso hoje? Fui ver esse tal de doutor Hapic, ano passado, um encanto de velho engoma-do, o melhor pelo que dizem. E deitei lá no sofá velho e quebrado, ele olhou lá nos escaninhos dele e vem com um placê! Acho que eu devo ser chegado em homosse-xualidade porque é isso que é se você sente muito afeto por homens, e ali está lá aquele velho me pedindo uma dica para o sexto páreo, me perguntando se eu sabia de algum bookmaker honesto e tal. Passei três horas com ele, ele cancelando uma consulta depois da outra, e quando fui embora me cobrou só meia hora! Mas como é que eu vou saber quem vai vencer? Mesmo quando eu montava eu não sabia. Minha nossa, nem o cavalo sabia! Por que não deixam a coisa correr por si, quer dizer, por que analisar tanto? Todo mundo que eu conheço que foi ao analista saiu mais sério que uma porra de um juiz. Eu concordo, o ne-gócio é pistilo e estame, tudo bem, não nego. Mas, nossa! Me dá uma folga, me deixa morrer rindo se eu tenho de morrer. Eu estou pronto. Se escorrego na neve e vou parar debaixo de um táxi por aí, eu aceito a morte. Eu amo ela, a minha mulher, casado faz dezoito anos, e meus fi lhos, mas a gente bota um limite em algum lugar, em algum ponto, senão não sobra espa-ço para o papo na esquina. Os homens têm medo, você viu isso por onde andou? Ficam fazendo umas marquinhas, mas não bota uma linha, um limite. Ninguém sabe mais onde começa ou acaba, é como se tivessem mudado os mapas e botassem Chicago na Letônia. Não deixam mais ninguém morrer por lealdade, não tem nem o que roubar.

Sei lá, eu sou ignorante, cabeça oca, mas eu sei ver estilo nas coisas. O negócio não é ganhar, é montar a porra do cavalo que ninguém mais consegue fi car em cima. Esse é o desgraçado que você quer montar. Quando os outros

jóqueis olham e sabem que o cavalo quer te matar. É aí que sobe a bandeira e seu sangue começa a dar risada. Uma vez eu fui ver o meu pai.

Nunca contei isso para nin-guém e você sabe o quanto eu falo. Sério mesmo, nunca con-tei isso. Eu fi z esse negócio na televisão, uma entrevista com uns escritores feios so-bre os livros deles, o negócio era se um jóquei sabia ler de verdade e eu me dei bem até que subi no jaguar e me mandei para o México, não aguentava aquilo. Roubar, tudo bem, mas bater a car-teira não, aqueles escritores não eram de nada, mas toda semana tinha de aguentar eles como se o cavalo Man O’War corresse uma milha sem parar pra mijar com um jóquei cego em cima. Aí, vai, a estação de televisão recebe uma carta de Duluth pergun-tando se eu nasci em Frank-furt, Kentucky, se o nome da minha mãe é tal e tal e, se aquilo tudo batesse, o cara provavelmente era o meu pai. Aquela letra toda torta, parecia que ele tinha escrito num trator. Então eu pego um avião e vou bater naquela porta, e na minha frente tem um pintor de parede.

Eu só queria dar uma olha-da, sabe? Bater os olhos nele. E lá estava ele, uns setenta anos, ou cem. Se mandou quando eu tinha um ano. Nunca tinha visto ele. Agora eu sempre sonhava com ele, que era da alta malandragem, algum ladrão elegante, quem sabe da família Rousseau de Kentucky, algum cara esti-loso com as mulheres, e se mandou atrás da sua sorte. Alguma coisa interessante assim. Mas ali está ele, um pintor de parede. E morando no bairro dos negros. Eu sou dos últimos que resistem, não aguento eles. Mas tem um ne-gro que mora vizinho, um cara legal de verdade, e a mulher dele é legal também. Dava para perceber que gostavam dele. E eu parado ali. Pra que é que eu fui? Quem é ele? Quem

sou eu se ele é meu pai? Mas o mais louco é que eu sabia que era fi lho dele. Como você disse, eu sou fi lho do meu pai. Eu sabia disso, mesmo ele sendo totalmente estranho. Eu só queria fazer alguma coisa por ele. Qualquer coisa. Estava pronto a dar a vida por ele. Afi nal, quem sabe a situação qual era? Quem sabe minha mãe mandou ele embora. Quando sabe o de dentro vendo de fora? Então perguntei pra ele: “Do que você precisa?”.

Faço qualquer coisa que você quiser, falei, que estiver no meu alcance, se bem que eu estava cheio da grana, foi depois do Derby. Ele era pequeno também, não tanto como eu. Eu sou tão pequeno que quase não sou ameri-cano, mas ele era pequeno também e falou assim: “A grama dos fundos fi ca tão alta e grossa que não consigo empurrar o cortador. Então se eu tivesse um daqueles cortadores com motor”.

Eu peguei o telefone e eles mandaram um caminhão com todo tipo. E ele fi cou a tarde inteira olhando cada um até que afi nal escolheu um com um motor maior que uma por-ra de uma mesa e eu comprei pra ele. Eu tinha de ir embora para pegar o avião de volta porque tinha prometido para o Virgil que ia pra San Pedro pra vigiar uma dona que ele precisava deixar lá uma noite inteira, então entrei no quin-tal e me despedi. E ele não desligou o motor nem pra gente conversar sossegado. Deixei ele lá se divertindo, andando lá no quintal atrás da porra do cortador.

Nossa, como eu bebi! Aque-las duas donas ali na frente estão olhando para nós faz tempo. O que me diz? O que interessa a cara delas, são to-das a mesma coisa, eu gosto de todas.

ARTHUR MILLERTRADUÇÃO JOSÉ RUBENS SIQUEIRAILUSTRAÇÃO MARCELO COMPARINI

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Joelma fala sobre 15 anos de Calypso

DIVULGAÇÃO

Leitura paradidática bastante recomenda-da nas escolas duran-te as décadas de 1970

e 1980, o livro “O Escaravelho do Diabo”, da escritora mi-neira Lúcia Machado de Al-meida (1910-2005), ganhou uma adaptação para o cine-ma que estreia em dezembro deste ano. A produtora Sara Silveira, da Dezenove Som e Imagens, conta que o desejo de levar a trama literária às telas partiu do diretor de TV Carlo Milani, de novelas como “América” e minisséries como “Amazônia – De Galvez a Chico Mendes”.

“Ele se interessou pela his-tória quando viu a fi lha ler o livro e teve vontade de trans-formá-lo em fi lme. A família da autora mostrou simpatia pelo projeto e, depois que fui apresentada ao Carlo, em 2007, ele disse que um dia ainda iríamos trabalhar jun-tos”, lembra.

Anos depois, quando a dupla se encontrou numa reunião da Rede Globo, a previsão do diretor se concretizou e par-ceria entre ele e a produtora foi fi rmada, com coprodução da Globo Filmes.

Sara Silveira esclarece que prefere produzir fi lmes de au-tor – a empresa que mantém com o cineasta Carlo Reichen-bach desde 1991 participou de obras como “Bicho de Sete Cabeças”, “Ó Paí Ó”, “Durval Discos”, “Alma Corsária” e “É Proibido Fumar” –, mas a presença de “O Escaravelho do Diabo” no imaginário de toda uma geração despertou seu interesse e ela resolveu encarar uma empreitada no cinema de público.

“Quero fazer um fi lme de público, mas interessante,

sem ser bobo. A história é muito boa e o ‘Escaravelho’ me tocou por fazer parte do imaginário de muitas pesso-as. Normalmente, os fi lmes de público têm pouco o que pensar, e eu quero estimular nos espectadores um pouco de raciocínio”, explica.

Modifi caçõesA produtora revela que o

fi lme é uma adaptação li-vre, porém, bem baseada no livro de Lúcia Machado de Almeida, publicado pela edi-tora Ática, na série “Vaga-Lume”, desde 1972. Assinam o roteiro Melanie Dimantas e Ronaldo Santos. “Há peque-

nas modifi cações”, diz Sara. Uma delas é a mudança na idade do protagonista, Alber-to, que na trama original é um estudante de medicina. O seu irmão mais jovem, Hugo, é a primeira vítima de uma série de assassinatos de pessoas ruivas que, antes de serem mortas, recebem pelo correio um escaravelho.

No longa-metragem de Carlo Milani essa situação é invertida e a missão de investigar esses crimes está nas mãos de um Alberto de 13 anos, vivido por Thiago Rosseti, que já atuou em produções como “Amor e Revolução”, do canal SBT. “É o heroizinho da trama”,

defi ne Sara.Essa transformação do

protagonista estimulou a produtora, a partir de uma experiência pessoal, a sugerir aos produtores uma nova ca-racterística ao investigador responsável pelo caso do es-caravelho, o policial Pimentel, interpretado pelo ator Mar-cos Caruso. Pimentel sofre de Síndrome de Lewy, um tipo de demência com sinto-mas semelhantes ao Mal de Alzheimer. “O delegado tem momentos de esquecimento e a ideia é mostrar a relação de comunicação entre uma criança e um adulto com esse problema. O que o Pimentel esquece, o Alberto lembra e o complementa”, observa.

FilmagensSara Silveira diz que o fi lme

é dedicado a crianças a partir de 14 anos e adultos com um imaginário jovem. A data de estreia do longa é a primei-ra quinta-feira de dezembro, “para coincidir com o período de férias escolares”. As fi lma-gens duraram seis semanas e foram concluídas no início de março. Foram usadas como locações da fi ctícia Vale das Flores os municípios Amparo, Campinas, Holambra, Monte Alegre e Jaguariúna, todos no interior de São Paulo. Também estão no elenco Jonas Bloch, Celso Frateschi, Selma Egrei e Lourenço Mutarelli. O orça-mento é de US$ 5 milhões.

Um dos fi lmes produzidos pela Dezenove Som e Ima-gens, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, recebeu o Prêmio Especial do Júri durante o Amazonas Film Festival, em 2005. Sara lembra que já marcou presença no even-to e conta que tem interes-se em produzir na região. “Um dia ainda farei umfi lme em Manaus”.

‘O Escaravelho do Diabo’ salta do livro para a telaObra infantojuvenil de suspense escrita por Lúcia Machado de Almeida vira filme sob a direção de Carlo Milani

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

FOTOS: ALINE ARRUDA/DIVULGAÇÃO

PROTAGONISTAAlberto, o protagonis-ta da trama, que no livro é um estudante de medicina, no fi lme será um menino de 13 anos, que ajudará o delegado Pimentel a desvendar uma série de assassina-tos de pessoas ruivas

Thiago Rosseti dá vida ao heroizinho do longa-metragem

Carlo Milani (à direita) orienta os atores Marcos Caruso

(de camisa cinza) e Selma Egrei

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Série ganhará quarta temporadaSÃO PAULO, SP - As

peripécias políticas do cíni-co Frank Underwood terão continuidade depois que o Netfl ix anunciou nesta quin-ta-feira (2) que haverá uma quarta temporada de “Hou-se of Cards”. A plataforma por streaming confi rmou em sua conta do Twitter que a série voltará novas tramas em 2016.

Este drama, baseado em uma minissérie da BBC de mesmo nome, conquistou grande popularidade gra-

ças aos movimentos políti-cos de Underwood - inter-pretado por Kevin Spacey - para assumir o poder em Washington.

Sua capacidade para chantagear os congressis-tas e seu conhecimento do lado obscuro da política ameaçam a estabilidade dos Estados Unidos e a relação com seus aliados estrangei-ros. A seu lado está sua fi el esposa Claire, interpretada por Robin Wright, uma mu-lher tão calculista e inteli-

gente como ele.A gravação dos novos

episódios começará nos próximos meses, segundo informaram veículos ame-ricanos especializados em entretenimento.

O Netfl ix disponibilizou no dia 27 de fevereiro os 13 episódios da terceira tem-porada, que termina com um desfecho impactante.

Os seguidores da série deverão ser pacientes para saber o que acontecerá com os Underwood.

‘HOUSE OF CARDS’

Trailer de ‘Amy’ é sucesso na webSÃO PAULO, SP - A pro-

dutora Altitud Film divulgou nesta quinta-feira (2) o pri-meiro trailer do documen-tário “Amy”, que contará a trajetória da cantora Amy

Winehouse (1983-2011).Em apenas um dia no YouTu-

be (https://www.youtube.com/watch?v=A97-pQJD6Hw), o ví-deo já acumula mais de 800 mil visualizações.

O documentário está sen-do produzido na Inglaterra, onde deve ter sua estreia mundial no dia 3 de julho. O diretor, Asif Kapadia, é o mesmo de “Senna” (2010).

DOCUMENTÁRIO

>> Centro comercial conceito

. O Parque 10 Mall ganha o primeiro restaurante Filé do Português. O local que também é o primeiro de Manaus, pertence aos mesmos donos do tra-dicional Calçada Alta, com endereço certo no centro da cidade.

. Para os apaixonados por sanduí ches rápidos e deliciosos, uma franquia do Subway inaugura no centro comercial. Outra franquia que entra para o time privilegiado de lojas é a Cacau Show. Com previsão de inauguração para a segunda quinzena de abril, o Pronto Aten-dimento ao Cidadão (PAC) deve iniciar as atividades no Parque 10 Mall.

>> Internacional. Duas grandes bandas de renome

internacional chegam a Manaus no mês de maio e o palco do Studio 5 Convencion Center vai receber um encontro inédito. O Rappa e Soja se apresentam dia 28 de maio na capital amazonense. A realização é da Fábrica de Eventos.

. A música da banda Soja fala sobre encontrar a felicidade e a paz que todos nós merecemos, além de ajudar os outros a fazer o mesmo, algo entre o barulho e a pressa transmite adequadamente em suas canções. Originalmente formado por um grupo de amigos ainda no ensino médio, Soja construiu uma enorme base de fãs dedicados ao redor do mundo.

>> Congresso. Quatro médicas da Angola, na África,

estão vindo para Manaus para participar do 10° Congresso Norte e Nordeste de Medicina Intensiva (Connemi), que será realizado nos dias 24 e 25 de abril, no Centro de Conven-ções Vasco Vasques.

. O evento promete colocar o Amazonas na rota dos maiores congressos de medicina do Brasil, reunindo aproximadamente mil participantes.

>> Objeto de desejo. Depois do sucesso de bilheteria

de sua estreia, não é de surpreen-der que várias marcas invistam em peças inspiradas no fi lme. Cinderella já serviu de mote para linhas de calçados, joias e cai agora mais uma vez nas graças da Swarovski.

. Depois de criar um sapatinho decorativo de luxo para os fãs da franquia, a marca lança uma linha de joias super-romântica e jovem, para os admiradores do estilo da princesa.

>> Infraestrutura . A Prefeitura de Manaus iniciou semana

passada os serviços de infraestrutura na rua Arapapa, comunidade Lago do Tarumã, zona Oeste. A via e casas da área foram afetadas com o rompimento da barragem do lago do Tarumã, há duas semanas.

. Os trabalhos, executados pela Secretaria Munici-

pal de Infraestrutura (Seminf), se concen-tram na drenagem profunda do local, que receberá, tam-

bém, serviços de recomposição de base, ter-raplanagem, pavimentação asfáltica e confecção de meio-fi o e sar-

jeta. A obra deve-rá ser concluída em 45 dias.

Henrique Medina durante entrega do empreendimento Passeio do Mindú com

a chancela da Capital Rossi

A jornalista Mazé Mourão deverá ser alvo de cum-primentos amanhã por conta de seu aniversário A elegante

Tânia Castro

Carol Carvalho e a ani-versariante da tempo-rada Ana Simões

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MARICOTAS

Festival ‘Louvarei’ começa a montagem de estruturaOrganização do evento cristão informa que erguimento do palco se dará a partir de quinta-feira (2), no sambódromo

A duas semanas do maior festival da música gospel do Norte brasileiro, o

“Louvarei”, os organizado-res do evento começam, na quinta-feira (9), a montar as estruturas do show que tem a expectativa de atrair um público de 60 mil pessoas. O festival acontece entre os dias 17 e 18 dividido em duas fases: shows (Sambódromo, abertura dia 17 e encerra-mento à noite, dia 18) e pa-lestras (templo do Ministério Internacional da Restauração – MIR, na Ponta Negra, no dia 18, pela manhã e tarde).

Pelos palcos do “Louvarei”, nesta edição de abril, passa-rão, além dos bem conhecidos do público — Diante do Trono, Fernandinho e Davi Sacer —, o carioca Leandro Davi e a atração internacional Jesus Culture, dos Estados Unidos. Os vocalistas Kristene Dimar-co e Derek Johnson virão com banda completa.

De acordo com a empresa responsável pela montagem do palco, a Eco Art, a estru-tura tem dimensões e padrões internacionais, sendo que, de largura tem 20 metros por 20 metros de profundidade e

15 metros de pé direito. Esse perfil de palco atende às soli-citações da banda americana “Jesus Culture”. Isso sem falar do rider de luz que é completo para atender as necessidades dos americanos.

Outro ponto onde o público se converge, a praça de ali-mentação, contará com apro-ximadamente 30 estandes e vai oferecer ao público diver-sos tipos de alimentos e lan-ches rápidos. Pelos cálculos dos organizadores do evento, só nesta edição do Louvarei, serão gerados cerca de 1,8 mil empregos diretos e indiretos, incluindo profissionais envol-vidos entre estrutura de palco, sonorização, efeitos, LED, be-bidas, alimentos e outros.

EsgotadosOs passaportes de pista já

estão esgotados, mas o pú-blico ainda pode encontrar ingressos de pista individual (R$ 25); VIP individual (R$ 70); camarote individual (R$ 50) e a pulseira para a conferência “Voltando a Essência” (R$ 50) e estão disponíveis nas lojas Disco Laser (Barroso e Grande Circular) e em toda a rede da Salmo 91, nas zonas Leste e Norte de Manaus. Dimensões do palco do festival “Louvarei” tem padrão internacional e atende às necessidades do grupo dos EUA “Jesus Culture”

DIVULGAÇÃO

SERVIÇOLOUVAREI

Quando

Local

17 e 18 de abril

Sambódromo

Viagem às origens dos jornaisTRILOGIA

São Paulo, SP - De vez em quando alguém surpreende o mundo editorial com uma obra de fôlego sobre tema que parecia esgotado. É o que começa a acontecer com o primeiro volume de “A His-tória dos Jornais no Brasil”, de Matías M. Molina, jornalista e historiador que há alguns anos provoca a curiosidade de estudiosos ao antecipar partes do livro em artigos para a imprensa.

O Brasil lê pouco e também pouco pesquisa a história de periódicos. Por isso, quan-do saírem os três volumes, Molina deve se sagrar como autor da maior obra sobre o tema. E possivelmente a mais completa: da leitura do pri-meiro volume, impressiona ver como o passado escondia tantas informações da biblio-grafia até então existente.

Molina quer ir mais longe. A trilogia que se inicia compõe a primeira etapa da obra.

O primeiro volume, de 530 páginas, vai do descobri-mento a meados do século 19 e inclui um ensaio sobre os problemas sociais e eco-nômicos que determinaram a baixa penetração dos jor-nais no país.

O segundo volume traçará a história dos diários do Rio do final do Império até nossos dias; o terceiro volume falará dos periódicos paulistas.

O autor reservou para uma segunda fase grande varie-dade de temas: jornais dos outros Estados, de economia e esportes, de língua estran-geira, de partidos políticos.

Nascido na Espanha, Moli-na estudou história e se tor-nou jornalista. O casamento das duas vocações nasceu no livro anterior, “Os Melhores Jornais do Mundo” (Globo, 2008), quando teve a ideia da obra que publica agora.

Dizem que jornais são es-pelho do mundo. Também

a história dos empreendi-mentos jornalísticos refle-te a vida de seu tempo. A inexistência de publicações do descobrimento até a che-gada de d. João, em 1808, é sinal do absolutismo obs-curantista que imperava em Portugal e manteve o Brasil longe das letras.

Sobre esse ponto, eis uma das novidades do livro: ao contrário da crença repeti-da por historiadores, Molina mostra a inexistência de proi-bição a jornais e tipografias. “Se não foram instaladas, isso não se deveu a restrições impostas pela Coroa”. Mas o livro mostra que, quando ini-ciativa houve, foi reprimida.

Para quem gosta de jorna-lismo e história, o livro é um prato cheio. Ajuda o leitor o índice remissivo ao final, que permite navegar de forma não linear, como ir e vir pelas histórias de jornais.

Por Leão ServaJornalista e historiador Matías Molina, propõe fazer a obra mais completa sobre o tema

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Joelma comenta os15 anos da Calypso

Em entrevista, a cantora fala sobre a participação de David Assayag e Edilson Santana no novo DVD

Liderada por Joelma e Chimbinha, a banda Calypso estará em Manaus mais uma

vez no dia 10, desta vez para comemorar 15 anos de carreira. O show dos artistas paraenses será realizado no palco do Studio 5 Convention Center. O cantor baiano Pa-blo também vai se apresentar no mesmo dia.

Em entrevista, a cantora Joelma fala sobre a relação de amor da Calypso com o Estado do Amazonas. “Ma-naus é tão importante para a nossa história e um dos momentos mais importantes nestes 15 anos foi quando gravamos o nosso DVD em 2004. Milhares de pessoas foram nos prestigiar. Isso estará em nossa memória para sempre”, diz.

Além disso, este amor pelo Amazonas é demons-trado com a escolha de dois artistas, conhecidos pelo público manauense, para participar da gravação do DVD comemorativo de 15 anos da banda. Os cantores David Assayag e Edilson Santana marcam presença no novo trabalho.

“David e Edilson são grandes amigos meus e do Chimbinha. Esse DVD que gravamos em Belém para registrar os 15 anos de carreira é muito especial, então colocamos um pouco

do Amazonas para mostrar como a cultura de vocês é maravilhosa e agradecer por tudo o que proporciona-ram para a banda Calypso. A música fi cou linda e tenho certeza que vocês vão amar”, garante a vocalista que, em 2012, foi eleita a segunda celebridade mais amada do Brasil, com mais de 300 mil votos populares.

RepertórioJoelma enfatiza que os

fãs são os principais res-ponsáveis por fazer com que a Calypso chegasse ao topo do sucesso. “Já fize-mos muitos shows e todos eles são marcantes, mas um que eu posso destacar foi o de Angola, em 2011. Fomos eleitos pelo povo local para tocar no Dia da Amizade. Foi emocionante vê-los can-tando e todo o amor com que nos receberam”.

A preocupação com os fãs também se estende ao processo de composição e escolha das músicas dos repertórios dos shows. Em uma carreira de 15 anos, vários sucessos fazem parte desta trajetória e, por isso, para Joelma, mesmo as mú-sicas antigas que estão na boca do povo não fi cam de fora do set list. “O repertó-rio atual nós sempre lança-mos na internet para galera aprender”, comemora.

DIVULGAÇÃO

Lançada biografi a de CastelinhoPolítica, literatura e jorna-

lismo são os três pilares que defi nem a vida de Carlos Cas-tello Branco, o Castelinho. Por isso, a biografi a “Todo aque-le imenso mar de liberdade”, do jornalista Carlos Marchi, conta também um pouco da história da imprensa e do cenário político brasileiro da época em que ele viveu, entre as décadas de 1940 e 80.

Prestigiado colunista polí-tico e membro da Academia Brasileira de Letras, Casteli-nho conviveu com os maiores personagens da história do país e atravessou períodos turbulentos na política, como a renúncia de Jânio Quadros, de quem foi secretário de Imprensa, e o golpe militar de 1964, quando o país mergu-lhou novamente numa ditadu-

ra que duraria até 1985.Castelinho começou sua

carreira em Minas Gerais, para onde se mudou, vindo do Piauí. Formou-se em Di-reito mas logo começou a trabalhar nos Diários Asso-ciados. Foi em Minas que se aproximou dos quatro minei-ros, Otto Lara Resende, Fer-nando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pelegrino, e da literatura. O jornalista sempre sonhou em tornar-se romancista, mas a carreira no jornalismo impôs-se. Cas-telinho morou depois no Rio e em Brasília, cidade onde consolidou sua carreira.

Nas colunas do Jornal do Brasil, pôs em prática seu talento com as letras e jorna-lístico, driblando a censura e desenhando o panorama polí-

tico do país num momento de exceção e de poucas notícias acessíveis ao grande público. Era o texto mais lido e infl uen-te do país. “Ter sido jornalista político durante duas ditadu-ras o obrigou a aprofundar as análises, defi nir as infor-mações essenciais, escrever escondendo as informações proibidas mas de maneira a passar a informação ao leitor. O enfrentamento de duas ditaduras o fez amar, acima de tudo, a liberdade de informação e de expressão”, afi rma Carlos Marchi.

O autor ouviu jornalistas, políticos e amigos de Caste-linho, além de ter pesquisado a correspondência pessoal do jornalista e as mais de 8 mil colunas que ele escreveu no JB para fazer o livro.

LITERATURA

SERVIÇOPABLO E BANDA CALYPSO

Onde

QuandoIngressos

Pavilhão do Stu-dio 5 Convention Centerdia 10 de abrilR$ 40 (pista, meia-entrada) e R$ 120 (área VIP Open Bar, meia-entrada)

A banda Calypso, de Joelma, já lançou 21 CDs e sete DVDs

Desde que o mundo é mundo – e olha que faz tempo! – a trai-ção é uma ação que permeia a história. E não falo somente

das traições entre casais, mas também da traição no trabalho, entre amigos e familiares. Dentre as inúmeras trai-ções famosas, está a de Judas, que traiu Jesus, e a de Joaquim Silvério dos Reis que, em 1798, delatou todos os inconfi dentes, incluindo Tiradentes, que acabou sendo enforcado.

No dicionário, o signifi cado de trai-ção é esse: ação de trair alguém; perda completa da lealdade que re-sulta de uma ação traiçoeira: perdeu o emprego por traição empresarial. P.analogia. A infi delidade em um re-lacionamento amoroso.

Partindo desse pressuposto, que-ro dizer que já fui traído. E você, certamente, vai pensar: E aí? E aí que, até hoje, não consigo lidar com traições. Nem na vida pessoal, nem na vida de outras pessoas, nem em livros, novelas e afi ns. Simplesmen-te não consigo entender a atitude de trair o próximo.

Talvez ter nascido sob a regência do signo de Aquário que é leal até o fi nal. De certo que a traição me incomoda e muito. Sou da seguinte fi losofi a: se você não quer mais a pessoa, por que não termina o relacionamento? Por que sente a ne-cessidade de machucar o outro? Sim, porque machuca. Machuca muito!

Juntamente com isso, vários ques-tionamentos surgem como “o que a outra pessoa tem que eu não tenho?”, “Quais são os meus graves defeitos?”, “Será que não sou tão bom assim?”, “Onde foi que eu errei?”. E vale ressaltar que, nem sempre, o traído tem culpa. Muitas vezes não tem culpa alguma

da falta de tato do traidor.No quesito traição no trabalho, acre-

dito que isso se deve mais especifi -camente com o fato de alcançar um status dentro da empresa. De querer o lugar do próximo, a função do próximo. O traidor, por assim dizer, não pensa em ter seus méritos por meio do seu trabalho, ele quer o caminho mais fácil, aquele que não lhe custe muito tempo, mas sim o cargo do outro.

Não quero nada que não possa ser meu. Quero somente aquilo que Deus me der, sem prejudicar, sem “puxar o tapete de ninguém”. A minha ética (e isso vem de berço, sorry) ninguém compra, ninguém questiona.

Nunca fui de trair, nunca gostei de pensar em trair. Não sei, mas algo me diz que não estou sendo verdadeiro comigo caso venha a tomar essa atitude. Quando não quero mais a amizade de alguém, quando não me sinto disposto a conviver com aquela pessoa, eu simplesmente me afasto, me desligo, vou embora.

Não preciso fi car falando do amigo(a) pelas costas, apenas decre-to o fi m. Nem acredito que necessite ter uma conversa na qual explico di-daticamente que estou indo embora. Acredito na percepção de sinais e que a pessoa entenderá as indiretas. Mas não traio, nunca traí.

Ainda ontem, minha mãe questiona-va a minha reação diante as traições. Disse que sou uma pessoa tão moder-na, tão evoluída, mas que não aceito uma mulher fi car com um homem casado. Não aceito porque sei o que é ser traído, sei como o outro lado se sente, sei a dor que isso causa. E não desejo para ninguém. É por essas e outras que, até hoje, lidar com a traição é uma arte que não domino.

Bruno Mazieri*E-mail: [email protected]

Bruno Mazieiri*Jornalista e editor do caderno Imóveis

& Decor

Não acre-dito que necessite ter uma conver-sa na qual explico di-daticamente que estou indo embo-ra. Acredito na per-cepção de sinais e que a pessoa entenderá as indiretas. Mas não traio”

A difícil arte de lidar com a traição

Jornalista Carlos Castello Branco conviveu com importantes nomes da história do Brasil

REPRODUÇÃO

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

REGI

MÁRIO ADOLFO

GILMAL

ELVIS

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoMal na fotoNo dia 24 de fevereiro,

naquela festa da Band, foi tirada uma foto com to-dos os seus contratados, por ocasião do lançamen-to da programação deste ano. Acontece que vários deles, pouca coisa depois de um mês, não estão mais na emissora.

Mal na foto 2Parece até um combina-

do, mas os poucos que so-braram juram, de pés juntos, que nunca mais tiram qual-quer tipo de fotografi a por lá em circunstância nenhuma. Nem para o passaporte.

Convocação geralOs participantes elimina-

dos do “BBB 15” já estão num hotel do Rio, esperando pela fi nal de terça-feira. Está incluída no contrato a obri-gação de estar presente e o compromisso de todos com a Globo e da Globo com todos vai até 30 de junho.

TurbinadaO diretor Dennis Carvalho

e os autores Gilberto Bra-ga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga estão per-feitamente de acordo que alguma coisa precisa ser feita para “Babilônia” saltar na audiência. Já existe, inclu-sive, um trabalho entre eles

para que isto possa acon-tecer a partir dos capítulos desta próxima semana.

Pés no chãoDe qualquer forma, como

ninguém é louco de rasgar dinheiro, a ordem no Projac é aproveitar tudo o que já foi gravado para “Babilônia”, incluindo as diversas “cenas de frente”, realizadas para otimizar uso de cenários. Nada será descartado por causa da baixa audiência ob-servada nos últimos dias. As pesquisas para se detectar os problemas da novela tam-bém estão a todo vapor.

Nas pegadasFilha de Wolf Maya e

Cininha de Paula, Maria Maya, dá toda a pinta que seguirá a carreira dos pais. Apesar dos muitos traba-lhos como atriz, ela quer investir pesado na carreira de diretora, tanto no teatro quanto na televisão.

Cara novaO Estúdio 2, da Band em

São Paulo, já está sendo preparado para receber o novo cenário do programa “MasterChef”. As gravações devem começar dia 14 e a estreia, em maio.

Até que enfi mEm cena prevista para ir ao ar no dia 11 de abril,

Vinícius (Thiago Fragoso) e Regina (Camila Pitanga) finalmente se entendem. Os dois viajam juntos para a serra. É nesta viagem que eles começam a namorar oficialmente.

Bate-rebate• A HBO Latin America anun-

cia a estreia da quarta tem-porada da série de comédia Veep e da segunda temporada de Silicon Valley...

• E as duas produções na mesma data, 17 de abril.

• Ratinho passou a tratar com mais naturalidade essa disputa com Gugu no mesmo horário...

• ... Toda pressão que a sua pro-dução vinha sofrendo, diminuiu bastante nos últimos dias.

• Dentre os vários profi ssio-nais atingidos pela onda de demissões na Bandeirantes, a repórter Taynah Espinoza...

• ...Ela trabalhava na área de esportes da emissora.

• O “Esporte Espetacular” des-te domingo na Globo traz um trabalho do repórter Marcos Uchôa com o ex-nadador e co-mentarista, Gustavo Borges...

• ...Que vai recontar a his-tória da medalha de prata conquistada por ele nos Jogos Olímpicos de 1992.

Suzana Pires e seu lado autora

Atriz e roteirista da Globo, Suzana Pires está em Los Angeles para fazer o curso de Showrunner de séries de televisão. A fi gura do Showrunner no mercado televisivo mundial é defi nida como quem decide a linguagem a ser utilizada pela produção e direção. Su-zana, por sua vez, que também é uma excelente atriz, tem se dedicado cada vez mais a tarefa de escrever.

TATA BARRETO/GLOBO

Movimentando o repórter Gerson de Souza, o “Domingo Espetacular”, na Record, vai estrear neste fi m de semana a série “Grandes Mistérios da Humanidade”. O primeiro episódio destaca as mile-nares Linhas de Nazca, no Peru, declaradas Patrimônio da Humanidade.

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Em todas as profi ssões ao longo da história da humanidade temos indicativos e evidências da natureza humana em seu grau mais cruel e perverso. Muitas das vezes, a vaidade, o medo e a insegurança são as principais responsáveis por atos belicosos levando inclusive a assassinatos e mortes de todo o tipo. O ambiente artístico não fi ca livre dessa relação e, mais até do que outras áreas, o medo aqui assu-me um ar de culpa e como nunca o sujeito é o culpado, ou pelo menos este não quer dar margem à isto, a culpa recai sobre o outro, comu-mente chamado de adversário.

Um exemplo capital desta asser-tiva podemos ver em “Macbeth”, a mais sanguinária peça de Shakes-peare, onde o medo e a insegurança levam o general Macbeth a cometer diversos assassinatos. No fi nal, ele próprio é morto, como assim tem nos mostrado o famoso ditado: aqui se faz aqui se paga.

Manaus sempre viveu um dilema: sucesso no Amazonas é ofensa pessoal. Se você é daqui, come jaraqui, saboreia o delicioso açaí, surgiu das entranhas da fl oresta que é coração do Brasil, você está condenado ao primitivismo (o con-ceito mais vil e etnocêntrico do termo). No teatro, diante de tantas incompetências e ódio (que é o que parece mover o brio de muitos de seus partícipes) foi preciso que dois jovens cearenses viessem a Manaus e fossem os idealizadores dos principais festivais de teatro e dança da cidade com projeção e importância nacional, o Breves Cenas e o Mova-se. Até aí, para muitos artistas frustrados, foi um alívio porque não foi um amazonen-se. Se fosse, Geni estaria preparada para receber as pedras.

Ninguém pensa que o sucesso do outro representa um engrandeci-mento da arte e das oportunidades

para todos. Pensar a arte é pensar o outro e desenvolver seu objeto para o outro numa tentativa de relacio-nar-se, criar um diálogo, estabelecer uma sincronia, uma reciprocidade. Há muitos artistas cansados, que deixaram a pesquisa de linguagem de lado, ou mesmo seu espírito de vanguarda para se aprisionarem em outras plagas. O despertar começa quando estas plagas são conquis-tadas (e não invadidas) por outros, ocasionando para este último um cerco, um conjunto de ações vis com vistas a transformar a “substância nobre” na pior “partícula de impu-reza”, no arauto da incompetência e a da mediocridade. E o que resta ao nobre, para não chegar a este extremo, é o sair de campo, deixar que a cobra morra com seu próprio veneno, afi nal, tem coisas que não valem à pena e não são essenciais à sua vida.

Por isso escolher as turmas certas para o trabalho e para o convívio, numa província como Manaus, é estratégia de sobrevivência e única forma de saborear com prazer o que a arte lhe proporciona. Por isso não vale à pena brigar por algo que os urubus estão se matando para conseguir e continuar vendendo um talento que não existe, continuar vendendo uma perspicácia que é só voz grossa e intimidação pelo olhar, mas se você se concentrar no discurso, este é vazio e cheio de erros e que no fi nal chega até ser engraçado.

Talvez seja isto o espírito que mata a arte amazonense. Mas vejo com esperança a nova geração que precisa provar para a anterior que esta está acabada em sua própria arrogância. Milton Hatoum disse em recente entrevista que na pro-víncia se envelhece mais rápido. E tem toda a razão. O envelhecer é metáfora para muitas coisas. Para a arte e para a vida.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do

Conselho Municipal de Política Cultural

Pensar a arte é pensar o outro e desenvolver seu objeto para o outro numa tentativa de relacionar-se, criar um diálogo, estabelecer uma sincronia, uma recipro-cidade”

O espírito que mata

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ÁRIES - 21/3 a 19/4 Você está em fase de se voltar para aspectos de sua interioridade. Suas próprias defi ciên-cias saltam aos seus olhos. Mas hoje, poderá saber o que fazer de bom com elas

TOURO - 20/4 a 20/5 Uma certa agressividade se volta contra si mesmo, mas hoje você poderá entender me-lhor isso. Um dia para conceber o que pretende realizar em seu trabalho profi ssional.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Maior habilidade para as negociações e contatos ligados ao trabalho. Agitação para seus pensamentos, anseio por encontrar novos caminhos para a mente.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Mercúrio em Peixes indica o interesse por estudos elevados e por fi losofar so-bre a vida. É tempo de procurar as solu-ções práticas para o futuro, de buscar o que lhe ser mesmo útil.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Novo impulso, neste dia, para os estudos elevados e atividades culturais e universitá-rias. Disposição para negociar e entabular as soluções possíveis em meio a difi culdades.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Marte e Mercúrio indicam que você se dispõe hoje aos desafi os. Há um especial interesse em processos de regeneração, transformação e mesmo destruição em suas relações.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Atitude mais ríspida e intensa nas relações pessoais e íntimas. Cuidado para não afas-tar as pessoas. Procure preparar bem as condições concretas nas quais se dão as relações.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Maior energia para empreender trabalhos árduos e exigentes. O principal agora é cuidar das condições para que seu trabalho possa dar um grande salto em breve.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Impulsividade e ânsia marcam sua ati-tude diante da pessoa amada. Atenção para não atropelar as pessoas e seus sentimentos. Habilidade para lidar com questões domésticas.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Os atritos podem surgir no ambiente familiar. Continue cuidando de aperfeiçoar o modo de você se comunicar. Há muito a fazer neste campo, e você não deve poupar esforços.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Marte e Mercúrio indicam urgência no campo da comunicação, assim como mais energia e ímpeto na lida e no tra-to com as pessoas e ambientes. Há novidades sendo preparadas.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Maior energia para tratar com a vida mate-rial e ambição para agir nos negócios. Maior estímulo para atividades intelectuais. Você se mostra mais comunicativo e atuante.

Programação de TV

CruzadinhasHoróscopo Cinema

CONTINUAÇÕES

PRÉ-ESTREIA

O Garoto da Casa ao Lado: EUA. 16 anos. Cinépolis Millen-nium 2 – 19h45, 22h15 (leg/diariamente), Cinépolis Plaza 8 – 18h30 (leg/diariamente); Ci-népolis Ponta Negra 6 – 19h30 (leg/diariamente).

Cinderela: EUA. Livre. Cine-mark 2 – 14h, 16h20, 18h40, 21h (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sábado), Ci-nemark 8 – 12h30, 14h50, 17h30, 19h50, 22h10 (dub/diariamente); Cinépolis Mil-lennium 5 – 14h15, 19h25 (dub/diariamente), Cinépolis Millennium 6 – 15h45, 18h15 (dub/diariamente), 20h45, 22h30 (leg/diariamente), Ci-népolis Millennium 7 – 13h45, 16h15, 18h45, 21h15 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 13h50, 16h15, 18h45,

21h15 (dub/diariamente), Ci-népolis Plaza 6 – 14h15, 16h45, 19h15, 21h45 (dub/diariamen-te); Cinépolis Ponta Negra 3 – 15h10 (dub/diariamente), 18h10, 21h10 (leg/diariamen-te), Cinépolis Ponta Negra 8 – 13h40 (dub/somente sex-ta-feira, sábado e domingo), 16h20, 18h50, 21h50 (dub/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h10, 19h40 (dub/diariamente), 16h50, 22h20 (leg/diariamente); Kinoplex 1 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (dub/diariamente), Kinoplex 2 – 15h50, 18h30, 20h50 (dub/diariamente); Playarte 3 – 12h50, 15h15, 17h40, 20h05 (dub/diariamente), 22h25 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 4 – 12h51, 15h16, 17h41, 20h06 (dub/diariamente), 22h26 (dub/

somente quinta-feira, sexta-feira e sábado); Playarte 7 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (leg/diariamente), 23h40 (leg/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado).

A Série Divergente - Insur-gente: EUA. 14 anos. Cinema-rk 3 – 13h30 (3D/dub/exceto domingo), 18h50 (3D/dub/so-mente sábado), 16h, 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 4 – 17h50, 20h30 (3D/leg/diariamente), Ciné-polis Millennium 5 – 16h45, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 4 – 13h45, 16h25, 19h30, 22h15 (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 7 – 17h45, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 19h10, 22h10 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta

Negra 7 – 14h50, 20h30 (dub/diariamente), 17h40 (leg/dia-riamente); Kinoplex 4 – 13h35, 16h05, 18h35, 21h10 (dub/diariamente).

O Sétimo Filho: EUA. 12 anos. Cinépolis Ponta Negra 9 – 20h10, 22h30 (dub/diariamente).

Golpe Duplo: EUA. 14 anos. Cinemark 5 – 15h40 (dub/dia-riamente), 20h40 (dub/exceto quarta-feira); Cinépolis Ponta Negra 6 – 21h40 (leg/diaria-mente); Playarte 10 – 13h15, 15h30, 17h45, 20h (dub/dia-riamente), 22h15 (leg/somen-te quinta-feira, sexta-feira e sábado).

Kingsman – Serviço Secreto: RUS. 16 anos. Playarte 9 – 18h, 20h30 (dub/diariamente), 23h

(dub/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado).

Simplesmente Acontece: RUS/ALE. 14 anos. Playarte 2 – 13h30, 15h45, 18h, 20h15 (dub/diariamente), 22h30 (dub/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado).

Renascida do Inferno: EUA. 14 anos. Cinépolis Plaza 8 – 20h45 (dub/diariamente).

Bob Esponja – Um Herói Fora D’água: EUA. 12 anos. Playarte 8 – 12h40, 14h40, 16h40 (dub/diariamente).

Cinquenta Tons de Cinza: EUA. 18 anos. Playarte 8 – 18h40, 21h10 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente quinta-feira, sex-ta-feira e sábado).

Stallone é novamente Johnny Rambo em sequência de ação

GLOBOSBT

5h Santo Culto Em Seu Lar

5h30 Desenhos Bíblicos

8h30 Record Kids – Pica Pau

10h Domingo Show

14h30 Hora Do Faro

18h30 Domingo Espetacular

22h15 Repórter Em Ação

23h15 Roberto Justus +

0h15 Programação Iurd

5h Power Rangers – Na Galáxia

Perdida

6h30 Santa Missa No Seu Lar

7h30 Sabadão Do Baiano

8h Power Rangers + Jimmy Neutron

9h30 Palavra Cantada

10h45 Verdade E Vida

11h Irmão Caminhoneiro – Boletim

11h05 Pé Na Estrada

11h30 Os Simpsons – Maratona

12h30 Band Esporte Clube

14h Gol: O Grande Momento Do

Futebol

14h30 Futebol 2015 – Ao Vivo

17h50 3º Tempo

19h Sabe Ou Não Sabe

20h A Liga

21h30 Pânico Na Band

0h15 Canal Livre

1h15 Alex Deneriaz

1h50 Show Business – Reapresen-

tação

2h40 Igreja Universal

4h45 Jornal Da Semana Sbt

6h Brasil Caminhoneiro

6h30 Planeta Turismo

7h30 Vrum

8h Chaves

10h Domingo Legal

14h Eliana

18h Roda A Roda Jequiti

18h45 Sorteio Da Telesena

19h Programa Silvio Santos

23h Conexão Reporter

0h Série: Sobrenatural

1h Série: Rizzola & Isles

2h Série: Pessoa De Interesse

3h Big Bang

3h30 Igreja Universal

RECORD

5h30 Santa Missa

6h31 Amazônia Rural

7h Pequenas Empresas, Grandes

Negócios

7h33 Globo Rural

8h27 Auto Esporte

9h Esporte Espetacular

12h05 Esquenta

13h04 Temperatura Máxima. Filme:

Kung Fu Panda 2

15h Futebol 2015: Campeonato

Carioca – Botafogo X Madureira

17h Domingão Do Faustão

20h Fantástico

22h20 Big Brother Brasil

23h10 Tuf – Em Busca De Campeões

0h04 Domingo Maior - Rambo 4

1h36 Flash Big Brother Brasil

1h42 Sessão De Gala - Confi ar

3h08 Mentes Criminosas

4h32 Série

BAND

Cada Um Na Sua Casa: EUA. Livre. Quando a Terra é invadida pelos confi an-tes Boov todos os humanos são prontamente deslocados, enquanto os Boov se ocupam de organizar o planeta. Cinemark 1 – 14h15, 16h30 (dub/somente quarta-feira), Cinemark 5 – 13h10, 18h20 (dub/somente quarta); Cinépolis Millennium 2 – 15h15, 17h30 (dub/somente quarta), Cinépolis Millennium 3 – 14h30 (3D/dub/somente quarta), Cinépolis Millennium 4 – 13h15, 15h45 (3D/dub/somente quarta); Cinépolis Plaza 3 – 14h30 (3D/dub/somente quarta), Cinépolis Plaza 7 – 13h15, 15h30 (dub/somente quarta); Cinépolis Ponta Negra 2 – 13h10, 16h10 (dub/somente quarta), Cinépolis Ponta Negra 6 – 12h20, 14h40, 17h10 (dub/somente quarta), Cinépolis Ponta Negra 9 – 15h20, 17h50 (dub/somente quarta); Kinoplex 2 – 13h40 (dub/somente quarta); Playarte 9 – 13h40, 15h50 (dub/somente quarta).

ESTREIAS

Velozes e Furiosos 7: EUA. 14 anos. Dando continuidade às aventuras globais da franquia construída à base de velocidade, Vin Diesel, Paul Walker e Dwayne Johnson lideram o elenco de “Velozes e Furiosos 7”. O novo capítulo da série de sucesso conta com direção de James Wan e ainda traz de volta os atores Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Chris Brigdes “Ludacris”, Elsa Pataky e Lucas Black. A franquia ainda traz novos astros internacionais ao elenco, dentre eles Jason Statham, Djimon Hounsou, Tony Jaa, Ronda Rousey e Kurt Russell. Neal H. Moritz, Vin Diesel e Michael Fottrell voltam a produzir o fi lme que conta com roteiro de Chris Morgan. Cinemark 1 – 19h, 22h (dub/diaria-mente), Cinemark 4 – 11h (3D/dub/somente sábado e domingo), 14h10, 17h05, 20h (3D/dub/diariamente), 23h (3D/dub/somente sábado), Cinemark 7 – 12h, 15h10, 18h10, 21h10 (3D/dub/diariamente), 0h10 (3D/dub/somente sábado); Cinépolis Millennium 1 – 12h (3D/dub/somente sábado e domingo), 15h, 18h, 21h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 17h, 20h (3D/leg/diariamente), 23h (3D/leg/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado), Cinépolis Millennium 8 – 13h, 16h, 19h, 22h (3D/leg/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 13h, 16h, 19h, 22h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 12h (3D/dub/somente sexta-fei-ra, sábado e domingo), 15h, 18h, 21h (3D/dub/diariamente), Cinépolis Plaza 3 – 17h, 20h (3D/dub/diariamente), 23h (3D/dub/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado), Cinépolis Plaza 8 – 14h, 16h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 1 – 14h, 17h, 20h (3D/leg/diariamente), 23h (3D/leg/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado), Cinépolis Ponta Negra 4 – 12h (3D/dub/somente sexta-feira, sábado e domingo), 18h (3D/dub/diariamente), 15h, 18h, 21h (3D/leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 13h (3D/dub/somente sexta-feira, sábado e domingo), 19h (3D/dub/diariamente), 16h, 22h (3D/leg/diariamente); Kinoplex 3 – 13h, 15h50, 18h470, 21h30 (3D/dub/diariamente), 15h20, 18h10, 21h (3D/dub/diariamente), Kinoplex 5 – 14h50, 17h40 (3D/dub/somente se-gunda-feira, terça-feira e quarta-feira), 20h30 (3D/leg/somente segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), 13h30, 16h20, 19h10 (3D/dub/diariamente), 22h (3D/leg/diariamente); Playarte 1 – 12h30, 15h15, 18h, 20h45 (3D/dub/diaria-mente), 23h30 (3D/leg/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado), Playarte 5 – 14h, 17h, 20h (dub/diariamente), 22h50 (dub/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 12h50, 15h35, 18h20, 21h05 (leg/diariamente), 23h50 (leg/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado).

DIVULGAÇÃO

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015, DOMINGO, 5 DE ABRIL DE 2015

Jander [email protected] - www.jandervieira.com

Aurélio Botelho, Ticiano Ribeiro, Vânia Fi-gueiredo, Maurício Alves e Claudia Bertini estão trocando de idade de hoje. Os cum-primentos da coluna.

A Eletrobras Amazonas Energia tem novo dire-tor-presidente: Antonio Carlos Faria de Paiva.

A Subway e o Cacau Show são as novas franquias inauguradas no Parque 10 Mall e nos próximos dias o centro comercial rece-berá uma unidade do Pronto Atendimento ao Cidadão. Bacanérrimo.

O Colégio Martha Falcão pilotou a campanha solidária “Páscoa é Tempo de Vida Nova” com o objetivo de ajudar as crianças de creches e bairros carentes. As doações de ovos, doces e bombons fi zeram a alegria das instituições benefi ciadas.

O Shopping Manaus ViaNorte montou uma Toca do Coelho onde as crianças vão se deliciar com o coelhinho da Pás-coa, hoje. O centro de compras montou uma programação especial para receber a criançada com Oficina de Orelhinha e Pintura artística, além de histórias contadas como a do “Mistério dos Ovos de Chocolate”.

A Associação Amazonense de Avicultura con-vida para conferir o almoço de lançamento do “Selo Ovos AM”, no próximo dia 7, às 11h30, no Restaurante Papagaio’s.

“A minha mãe deixa! – a festa” com as atrações dos humoristas Eraldo Fontiny/Lili e DJs convidados Heliton Saraiva, Naty Veiga, Louis Santos e Marcelo Borges já tem data para acontecer. Será no próximo dia 10, na Estação Arte & Fato, na 10 de Julho, a partir das 22h.

MC Guimê é uma das atrações do “Conexão Carioca”, que acontece no dia 2 de maio na piscina do Tropical Hotel. Na mesma noite se apresentam ainda Mr. Catra e MC Pikeno e Menor. A realiza-ção é da The Vikings e os ingressos para a noite dedicada ao funk nacional já estão à venda.

Sala de Espera

O que seria uma alternativa prática e rápida para quem deseja a comodidade virou um aborrecimento geral. A co-luna está falando de entregas delivery, seja da farmácia, da pizzaria ou daquele restaurante. O serviço em Manaus com suas taxas de entregas abusivas fica muito a desejar, além da demora na entrega, sendo que ao conversar com os atendentes, eles só sabem informar que o produto está em rota. Muitas das vezes o produto desejado chega com duas, três horas de atraso. Que tal?

Mal necessárioNo próximo dia 18, às 12h33,

no Le Rêve, acontece sessão parabéns do colunista com lançamento oficial do Blog jandervieira.com. Um almoço regionalíssimo e o Cordão de Marambaia servirão de atra-ções do auê que terá a ambien-tação do mago Júnior Carvalho. Portanto, capriche na customi-zação da camiseta-convite.

Agende, viu?

Duas grandes bandas de reno-me internacional aterrissarão na cidade em maio. Onde? No Studio 5 Convencion Center as-sinado pela Fábrica de Eventos. A coluna está falando do um encontro inédito do Rappa e Soja, que se apresentarão dia 28 de maio. A noite promete ser das mais agitadas entre os antenados de plantão.

Showzaço

Amanhã, o Kinoplex do Amazo-nas Shopping terá uma sessão ex-clusiva do documentário “A Lei da Água – Novo Código Florestal”, de Fernando Meirelles. O longa alerta sobre as consequências da nova lei e o que ainda pode ser feito para evitar mais prejuízos ao meio ambiente. Os ingressos poderão ser adquiridos antecipadamente pelo www.agua.catarse.me.

Jander [email protected] - www.jandervieira.com

Água na telona

Mazé Mourão ganha sessão parabéns, amanhã, no bufê de Cândida Barbosa, na foto com DacyVenânio na noite de festa comandada pela coluna no Café &Chocolat

Quatro médicas da Angola estão vindo para Manaus para participar do 10° Congresso Norte e Nordeste de Medici-na Intensiva, que será realizado nos 24 e 25 de abril, no Centro de Convenções Vas-co Vasques. O even-to promete colocar o Amazonas na rota dos maiores congres-sos de medicina do Brasil, reu-nindo aproxi-madamente mil partici-pantes.

No concorrido Bazar Sport Bar, que movimentou o Vieiralves: os anfi tri-ões Laila Bruna e Antônio Júnior

Baby Rizzato conferindo a arte da camiseta-convite do aniver-sário deste editor, que acon-tecerá no próximo dia 18, no almoço regional no Le Rêve

Presença da África FO

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