Empreendedorismo Feminino no Poder Local...Maria Odete Helena Careto Fialho Orientadora: Professora...
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local i
Mestrado em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo
Projeto de Intervenção
Empreendedorismo Feminino no Poder Local
Maria Odete Helena Careto Fialho
Orientadora:
Professora Doutora Maria Cristina Campos de Sousa Faria
Beja
2012
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Mestrado em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo
Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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Agradecimentos
Para a realização deste estudo agradece-se o contributo de pessoas e
organizações que direta ou indiretamente contribuíram para espevitar o gosto da aluna
por esta área de estudo.
Gostaria de agradecer à orientadora, a Professora Doutora Maria Cristina
Campos de Sousa Faria, que foi prestativa e elucidativa nos momentos de maiores
dificuldades científicas.
Agradecer à entidade empregadora e colegas de trabalho no estímulo para o
desenvolvimento deste estudo.
Agradecer a colaboração das participantes no estudo pela disponibilidade
demonstrada e pelo incentivo para a realização do mesmo.
Retribuir ao Instituto Politécnico de Beja o agradecimento pela boa prática da
promoção do Curso de Mestrado de Desenvolvimento Comunitário e
Empreendedorismo, que constitui uma oportunidade para o desenvolvimento de
competências especializadas nas áreas do empreendedorismo e do desenvolvimento
comunitário.
E, por último, mas não menos importante, exprimir um agradecimento especial à
família, mãe, irmã, filhos e marido pelo apoio e compreensão.
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Mestrado em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo
Empreendedorismo Feminino no Poder Local
iii
Resumo
Com o objetivo da caraterização do empreendedorismo feminino no poder local
na região Alentejo) foi feita uma recolha de dados junto de 29 eleitas do poder local.
Estas são as participantes do estudo, e destas, três são presidentes de Câmara e a sua
opinião foi recolhida através de entrevista. As restantes 26 participantes no estudo são
eleitas do concelho de Moura e respondentes do questionário aplicado.
A recolha de dados foi realizada com base nas seguintes dimensões de análise
inerentes ao estudo: caraterização sociofamiliar; conciliação da vida privada com a vida
pública; participação ativa na vida pública/política; género e poder local e atitude e
expetativas perante o empreendedorismo feminino no poder local.
Os dados revelam que o empreendedorismo feminino no poder local na região
Alentejo é caracterizado por uma aparente estabilidade sociofamiliar e profissional, pela
partilha de tarefas familiares e conciliação da vida familiar com a participação no poder
local, pela capacitação individual e o desenvolvimento de competências de
empreendedorismo e por uma atitude de empowerment e resiliência face a estereótipos
culturais de género.
Para as participantes do estudo a promoção do empreendedorismo feminino no
poder local passa pela existência de ações de informação e sensibilização para uma
mudança de mentalidades dos mais jovens.
Considerando os dados do estudo propõe-se uma intervenção orientada para a
formação, informação, e sensibilização de jovens, mulheres e homens em idade ativa e
dirigentes/decisores políticos, associativos e eleitos/as.
A intervenção proposta numa lógica de cooperação e parceria visa capacitar e
consciencializar para a sub-representação das mulheres no poder e tomada de decisão,
para a integração da igualdade de género nas autarquias locais e para o aumento da
participação equilibrada de mulheres e homens no poder local, como requisito de boa
governabilidade.
Palavras-chave: Autarcas, género, poder local e empreendedorismo feminino.
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Mestrado em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo
Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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Summary
With the purpose of characterization of female entrepreneurship in local
government in the Alentejo region) was made a collection of data from 29 elected local
governments. These are the participants in the study, and of these, three are mayors
and their opinion was gathered through interviews. The remaining 26 participants in the
study are the elected municipality of Moura and questionnaire respondents.
Data collection was performed using the following analytical dimensions inherent
in the study: characterization familial interaction; reconciliation of private to public life,
active participation in public life / politics, gender and local and expectations and attitude
towards female entrepreneurship in local.
The data reveal that female entrepreneurship in local government in the Alentejo
region is characterized by an apparent stability socio-familial and professional, by
sharing family tasks and reconcile family life with participation in local government, by
individual training and skills development and entrepreneurship by an attitude of
empowerment and resilience to cultural stereotypes of gender.
In the process of participation, the influence of gender is not decisive, only the
limits and conditions. Your participation is viewed with taste and desire for community
change.
Considering the data from the study proposes an intervention-oriented training,
information, and awareness of youth, women and men of working age and managers /
decision makers, associations and elected / as.
The intervention proposed a logic of cooperation and partnership aims to
empower and raise awareness for the under-representation of women in power and
decision making, integration of gender equality in local government and to increase the
equal participation of women and men in power local, as a requirement of good
governance
Keywords: Mayors, gender, local and female entrepreneurship.
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local v
ÍNDICE Agradecimentos ………………………………………………………………………….. ii Resumo……………………………………………………………………………………. iii Summary…………………………………………………………………………………... iv Índice……………………………………………………………………………………….. v Índice de quadros, gráficos e abreviaturas……………………………....................... vi Introdução ………………………………………………………………………………… 7 PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO…………………………………………….
11
1.Empreendedorismo feminino e poder local ………………………………………… 11 1.1. O Conceito de Empreendedorismo ………………………………………. 1.2. Empreendedorismo Feminino ……………………………………………. 1.3. Poder Local e promoção do empreendedorismo feminino para o
desenvolvimento comunitário…………………………………………….
11 14
16
2. Representatividade das Mulheres no Poder Político ………………………………
20
2.1. Condicionalismos à participação das mulheres no poder local ………… 20 2.1.1.Género …………………………………………………………………. 21 2.1.2.Estereótipos Culturais de Género …………………………………… 23 2.1.3.Conciliação da vida familiar e profissional com a vida política …... 25
2.1.4. O Poder Local no Alentejo no feminino ………………………........ PARTE II - ESTUDO EMPÍRICO ……………………………………………………….
27
32
3. Metodologia……………………………………………………………………………. 32 3.1. Participantes…………………………………………………………………... 32 3.2. Instrumentos…………………………………………………………………. 33 3.3. Procedimento…………………………………………………………………. 34
4. Apresentação, Discussão e Implicação dos Resultados………………………….
35
4.1. Análise das Entrevistas …………………………………………………….. 35 4.1.1.Caraterização das Participantes ……………………………………. 35
4.1.1.1. Entrevistada 1 ……………………………………………… 37 4.1.1.2. Entrevistada 2 ……………………………………………… 39 4.1.1.3. Entrevistada 3 ……………………………………………… 41
4.1.2.Síntese das Entrevistas………………………………………………. 43
4.2. Análise dos Questionários…………………………………………………… 46 4.2.1.Caraterização das Inquiridas ………………………………………… 47 4.2.2.Caracterização do Empreendedorismo Feminino no Poder Local No Concelho de Moura………………………………………………..
50
4.2.3.Síntese dos Questionários…………………………………………… 55 PARTE III - PROPOSTA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO……………………….
56
5. Apresentação do Projeto de Intervenção……………………………………………
56
6. Conclusões……………………………………………………………………………. 62 7. Bibliografia ……………………………………………………………………………... 64 8. Sítios Internet ………………………………………………………………………….. 71 9. Web grafia ……………………………………………………………………………… 72 10. Anexos ……………………………………………………………………………….. 74
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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ÍNDICE DE ABREVIATURAS
INSCOOP - Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo ……………………… 11
INE - Instituto Nacional de Estatística ………………………………………………… 19
ONU – Organização das Nações Unidas ……………………………………………… 22
CEDAW - Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against
Women ……………………………………………………………………………………
22
ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local ……………….. 25
DGAI- Direção Geral da Administração Interna ………………………………………. 30
ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Nº. de Eleitas nos Órgãos Políticos Nacionais e Regionais …………
28
Quadro 2 – Nº. de Eleitas no Poder Local …………………………………………… 29
Quadro 3 – Nº. de Mulheres Presidentes de Câmara na Região Alentejo………… 30
Quadro 4 – Nº. de Eleitas no Concelho de Moura……………………………………. 30
Quadro 5 - Distribuição das Eleitas nos Órgãos do Poder Local de Moura……… 30
Quadro 6 – Quadro Síntese do Resultado das Entrevistas …………………………. 44
ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Idade das Questionadas ………………..................................................
47
Gráfico 2 – Local de residência das eleitas do concelho de Moura ………………... 47
Gráfico 3 – Fatores de influência na participação do poder local ………………… 51 Gráfico 4 – Modo de encarar a participação no poder local ………………………… 52
Gráfico 5 – Características das autarcas de Moura …………………………………. 53
Gráfico 6 – Contributos para a participação equilibrada de homens e mulheres no
poder local………………………………………………………………………………..
53
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local 7
INTRODUÇÃO
A participação das mulheres no mercado de trabalho e na família tem sido alvo
de um processo de evolução exponencial, contribuindo para uma mudança de papéis de
homens e mulheres no trabalho e na família. No entanto continua a verificar-se para as
mulheres, uma situação de desvantagem no acesso aos cargos dirigentes e políticos e,
para os homens uma desvantagem ao nível da sua participação na vida familiar.
As leis da parentalidade e da paridade contribuem de forma positiva para o aumento do
acompanhamento parental e para a eleição das mulheres no poder e tomada de
decisão, mas não são suficientes para a mudança da realidade social, que tem
visibilidade pelos dados de estudos, projetos e campanhas.
De acordo com a Campanha Europeia sobre Disparidades entre Homens e
Mulheres (2012), em média na União Europeia, as mulheres ganha menos 17% por
hora do que os homens no desempenho de iguais funções. Apesar de em média, 81 %
das mulheres jovens terem habilitações literárias, pelo menos, ao nível do 12.º ano de
escolaridade (comparativamente a 75 % dos homens) e representarem 60 % dos
licenciados, tal não se reflete na taxa geral de emprego, que para as mulheres é de
63%, e no caso dos homens é de 76% (dados de 2011).
O estudo Estatísticas no Feminino: Ser Mulher em Portugal (2012) salienta que
são as mulheres que asseguram a maioria das licenças de acompanhamento parental e
as faltas para assistência aos filhos.
A brochura do Projeto da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local
Igualdade é Desenvolvimento (2011) refere que as mulheres trabalham em média mais
2 horas por dia, mais 14 horas por semana e mais 56 horas por mês em comparação
com os homens (dados de 2010).
A consequência destas disparidades revela-se na fraca capacitação
empreendedora das mulheres, que se traduz em parte na esfera do poder e tomada de
decisão e consequente na sub-representação das mulheres no poder político e no poder
local.
Abordar o empreendedorismo feminino no poder local, pretende ser um contributo
para a mudança de mentalidades e para a promoção do aumento da participação das
mulheres na vida política e no poder local no Alentejo.
Das 308 Câmaras Municipais do país, 58 encontram-se na região Alentejo,
destas somente 3 são presididas por mulheres. Estas autarcas são as participantes do
estudo, assim como, as eleitas do concelho de Moura (presidentes de juntas de
freguesia, membros da assembleia municipal e das assembleias de freguesia).
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Serão as autarcas pelas competências e atribuições que desenvolvem potenciais
agentes para a mudança de atitudes e expetativas quanto à participação de outras
mulheres na esfera pública e do aumento da participação dos homens na esfera
privada?
Estas autarcas são consideradas de boas práticas de empreendedorismo
feminino no poder local e assim a sua opinião poderá constituir uma mais-valia para o
estudo, no sentido de planear uma intervenção que promova uma atitude
empreendedora da mulher alentejana.
A participação equilibrada de homens e mulheres no poder e tomada de decisão
é uma linha de atuação indicada como requisito da democracia igualitária e do
desenvolvimento sustentável e recomendada por organizações como a União Europeia,
a Organização das Nações Unidas e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de
Género que tem em vigor o IV Plano Nacional para a Igualdade - Género, Cidadania e
Não Discriminação (2011-2013).
O Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Moura (2011/2012) no seu
III eixo de intervenção também prevê a promoção da igualdade de género no concelho
de Moura.
Ao nível da administração pública local, as autarquias podem ter um papel ativo
para o aumento da capacitação feminina, enquanto organizações próximas da
população, com atribuições e competência específicas para resposta às necessidades,
enquanto empregadoras e definidoras de medidas politicas locais e potenciais
integradoras da perspetiva da igualdade de género, no quadro da responsabilidade
social que lhe está subjacente.
Para o enquadramento deste estudo consideram-se vários autores, dos quais se
destacam entre outros, Barbosa (1998 e 2001); Viegas & Faria (1999 e 2001); Cramer
et al. (2001); Torres (2004); Martins & Conceição (2005); Jonathan & Taissa (2007);
Sharkar (2007); Portela (2008); Perista & Silva (2005 e 2009); Faria (2010 e 2012);
Queirós (2011 e 2012); Santos & Amâncio (2012). Estes foram indispensáveis para o
enquadramento teórico das temáticas em estudo.
Como se carateriza o empreendedorismo feminino no poder local (na região
Alentejo) e como é por ele promovido? Esta é a questão de partida do estudo.
Para este estudo foram definidos os seguintes objetivos gerais: (1) Compreender
a importância da participação equilibrada de mulheres e homens na vida política
comunitária; (2) Caraterizar as autarcas e eleitas no poder local na região Alentejo e (3)
Propor uma intervenção para o empowerment feminino na vida política comunitária.
São objetivos específicos: (1) Caracterizar as presidentes de Câmara do Alentejo e as
eleitas do concelho de Moura no seu processo de empreendedorismo na política local;
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(2) Perceber como é que as autarcas percecionam a conciliação da sua vida privada
com a vida pública, como encaram a sua trajetória de participação ativa e a relação
entre género e o exercício do poder local; (3) Analisar como as autarcas promovem a
participação equilibrada de mulheres e homens na vida política; e (3) Apresentar uma
proposta de intervenção para a promoção do empreendedorismo feminino na vida
pública/política local.
A escolha do Alentejo para o estudo empírico, deve-se ao fato de ser a região
onde a aluna reside e por ser a realidade que melhor conhece. A escolha do concelho
de Moura foi por ser aquele onde a aluna desenvolve a sua atividade profissional de
técnica superior de Sociologia e Conselheira Municipal para a Igualdade de Género na
Câmara Municipal de Moura. Situação que constituiu uma vantagem na elaboração
deste estudo pela mediação com informantes privilegiados.
Em relação aos constrangimentos do estudo, estes passam pela: (1) escassez
de documentos sobre a relação entre empreendedorismo feminino e poder local (que
seriam facilitadores e orientadores para o estudo); (2) pela recolha de dados somente
junto do género feminino e (3) pelo número de participantes do estudo pouco
significativo, mas que reflete também em parte, a fraca participação das mulheres no
poder local.
Em termos de atualidade e pertinência, o estudo aborda uma temática presente
e atual, pois daqui a um ano (outubro de 2013) serão as eleições autárquicas, onde são
eleitos os/as candidatos/as para o poder local (autarquias e freguesias).
Considera-se assim que o estudo tem enquadramento no curso de Mestrado em
Empreendedorismo e Desenvolvimento Comunitário.
A elaboração do estudo passou por três partes distintas:
A primeira parte marcada pela recolha documental e pesquisa bibliográfica que
serviu de base ao enquadramento teórico do empreendedorismo, poder local,
representatividade da mulher no poder político e os condicionantes que lhe estão
subjacentes.
A segunda parte constituída pela apresentação do estudo empírico, onde é
indicada a metodologia (entrevista às presidentes de Câmara da região Alentejo e
questionário às eleitas locais do concelho de Moura) e apresentada a discussão e
implicação dos resultados obtidos com a recolha de dados.
O tratamento dos dados levantados pretenderam caracterizar o empreendedorismo
feminino no poder local no Alentejo, ao nível das seguintes dimensões de análise: (1)
caraterização sociofamiliar; (2) conciliação da vida privada com a vida pública; (3)
trajetórias de participação na vida pública e política; (4) relação entre género,
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competências empreendedoras e exercício do poder local e (5) atitudes e expetativas
perante a ação empreendedora no poder local.
A terceira parte contempla a apresentação do projeto de intervenção, de acordo
com a recolha de dados do estudo empírico. A intervenção visa consciencializar e
promover uma participação empreendedora para a mudança comunitária através da
informação e sensibilização de jovens (estudantes do ensino superior), de mulheres e
homens em idade empreendedora (20 aos 35 anos), de dirigentes políticos,
associativos, empreendedores e eleitos/as locais.
Por último, apresentam-se as conclusões do estudo e é referida a bibliografia,
sítios da internet e web grafia consultada.
A apresentação dos anexos encerra este trabalho de apresentação do estudo
sobre empreendedorismo feminino no poder local.
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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO 1.Empreendedorismo Feminino e Poder Local 1.1.1. O Conceito de Empreendedorismo
O conceito de empreendedorismo é visto por Hisrich e Peters como um processo
de criar algo novo com valor que envolve grande dedicação, tempo e esforço. Em que a
pessoa tem “assumir os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e
recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência económica e
pessoal” (Hisrich e Peters, 2004: 29).
Para Peter Drucker, o empreendedor é a pessoa que arrisca, que não receia
iniciar um negócio ou uma ação para realizar uma ideia ou projeto pessoal, “assumindo
riscos e responsabilidades e inovando continuadamente” (Digerati Books, s/d: 16).
Mais recentemente o empreendedorismo começou a ser encarado também
como uma característica individual que pode ser promovida ao longo da vida, através da
aprendizagem e desenvolvimento de competências (Ferreira, 2005; Sharkar, 2007;
Portela et al., 2008 e Faria, 2010 e 2012).
Este entendimento tem o mérito de apontar para a possibilidade de mudança das
condições de vida de indivíduos ou grupos, fazendo a sua capacidade empreendedora
depender em grande parte das suas competências individuais (Ferreira, 2005).
No seu estudo sobre competências empreendedoras dos estudantes do ensino
superior Faria (2010) salienta a importância da promoção do empreendedorismo.
“Através de programas que facultem, estimulem a inovação e o desenvolvimento de
competências transversais como, confiança em si, auto motivação, autocontrolo,
persistência, resiliência, determinação e outros, o que implica um maior investimento ao
nível da promoção do empreendedorismo feminino “ (Faria: 2010, 300).
O termo empreendedorismo é atualmente usado não só na área económica mas
também na institucional, social e politica.
Segundo Ferreira (2005) “os empreendedores são não apenas empresários com uma
ideia nova mas também políticos, profissionais, peritos e ativistas” (Ferreira, 2005:2).
No seu estudo sobre Microempreendedorismo em Portugal: Experiências e
Perspetivas, Portela et al. (2008) salientam a opinião do ex-presidente do INSCOOP
(Manuel Campos), que em Portugal despertou a atenção para o empreendedorismo
como uma manifestação de liberdade e de responsabilidade dos indivíduos na resposta
às suas necessidades, e simultaneamente um fator de promoção humana para além de
um instrumento de criação de riqueza.
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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Neste estudo são apontadas características comuns ao empreendedor,
destacando-se as seguintes características: (1) ser arrojado e assumir riscos; (2) detetar
oportunidades e introduz inovações destruidoras e criadoras; (3) tirar proveito de uma
informação, cuja distribuição é imperfeita; (4) explorar a mudança, vendo oportunidades
onde outros veem problemas; (5) detetar oportunidades para lá dos recursos
disponíveis; (6) apresentar-se como homo economicus singularmente dotado; (7)
mostrar-se como praticante de uma gestão extraordinária e (8) apresentar-se como
fundador de novas organizações, quer por oportunidade, quer por necessidade.
Faria também se refere ao empreendedorismo como o envolvimento de pessoas
e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades,
“articulando saber e criatividade, e inovação e sustentabilidade.“ (Faria, 2009: 4203).
Segundo Moreland (2006) citado por Faria (2012) no seu estudo sobre promoção
do empreendedorismo parental, um empreendedor típico é alguém que apresenta
características como: (1) visão; (2) adaptabilidade; (3) persuasão; (4) confiança; (5)
competitividade; (6) assunção do risco, (7) honestidade; (8) perseverança; (9) disciplina;
(10) organização e (11) compreensão.
Nesta perspetiva as características pessoais dos empreendedores são divididas
e agrupadas em três grupos, em torno de (1) valores pessoais, como a honestidade, o
dever, a responsabilidade; (2) do comportamento ético e da propensão para a assunção
do risco e (3) pela necessidade de independência, sucesso e realização.
O empreendedorismo firma-se no conhecimento, no saber, nos recursos e num estado
de bem-estar emocional e físico, situação que se reflete nos condicionalismos que lhes
estão inerentes.
Segundo Cardoso (2010) empreender está condicionado por vários fatores, dos
quais se destacam: (1) o aspeto financeiro; (2) as políticas e programas
governamentais; (3) a educação e formação; (4) a transferência de resultados de I&D;
(5) as infraestruturas comercial e profissional; (6) a abertura do mercado interna; (7) o
acesso a infraestruturas físicas; e (8) as normas sociais e culturais vigentes.
Existem medidas e estratégias apontadas para a promoção do
empreendedorismo.
A Comissão Europeia promove a Bolsa do Empreendedorismo uma iniciativa
para estimular o potencial de possíveis empreendedores e financia projetos de
empreendedorismo através do seu quadro comunitário de apoio.
Ao nível nacional o Governo tem uma Secretaria de Estado para o
Empreendedorismo, Competitividade e Inovação e um Programa Estratégico para o
Empreendedorismo.
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O IV Plano Nacional para a Igualdade, Género, Cidadania e não Discriminação
(2011-2013) dependente do Conselho de Ministros associa o empreendedorismo
feminino ao recurso ao microcrédito.
Ao nível regional, a Rede de Fomento ao Empreendedorismo do Baixo Alentejo
e do Alentejo Litoral criada pelo Instituto Politécnico de Beja é um incentivo assim como o protocolo proposto recentemente pelo governo com o objetivo de estimular o
empreendedorismo jovem (autarquias, governo e universidades).
A educação para o empreendedorismo foi apontada pela Direção Geral de
Inovação e Desenvolvimento (em 2007) como indispensável para o empreendedorismo.
Neste âmbito, o seu Projeto Educar para o Empreendedorismo elaborou um guião
orientador para as escolas e para os alunos (a partir do ensino básico) para o
desenvolvimento de competências transversais a par das curriculares, de forma a
fomentar uma atitude proactiva dos alunos.
A relação entre empreendedorismo e género remete para o Tratado de
Amesterdão (1997)1 um documento que despertou a atenção dos governantes europeus
para a necessidade de reflexão sobre a integração da dimensão da igualdade de
género nas políticas.
Segundo Gonçalves e Bergano (2009) a igualdade de género no mercado de
trabalho implica perceber que a diferença de género, que ainda se verifica, não é
apenas a constatação de que homens e mulheres são diferentes é, principalmente, a
atribuição de um valor à diferença. Em termos gerais, a sociedade tem tendência a
valorizar características tidas como masculinas o que acaba por penalizar as mulheres.
Segundo a Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas (2012) as
mulheres constituem, em média, 30% dos/as empreendedores/as na União Europeia.
No entanto, as mulheres encontram maiores dificuldades do que os homens em iniciar
os seus projetos de negócios e em aceder a formação e a linhas de financiamento. Por
isso esta Associação promove uma rede europeia de apoio ao empreendedorismo
feminino.
O empreendedorismo feminino è visto pela Comissão Europeia como um motor
de inovação, competitividade e crescimento e neste estudo encara-se
empreendedorismo feminino na perspetiva da participação equilibrada de homens e
mulheres na política e no poder local. Sendo que também nesta área empreender é
mais fácil para os homens do que para as mulheres por condicionalismos que se vão
enquadrar adiante.
1 Jornal Oficial nº C340 de 10 de Novembro de 1997.
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1.2. Empreendedorismo Feminino
Na perspetiva de empreendedorismo encarada neste estudo, as autarcas da
região Alentejo (mulheres eleitas nas câmaras municipais e juntas de freguesia) são
encaradas como práticas de empreendedorismo feminino.
A sua participação no poder local é interpretada como resposta de empowerment e
resiliência aos vários constrangimentos que ainda persistem na sociedade e pela sua
capacidade para a mudança num contexto desfavorável para a mulheres como é o da
vida política/partidária.
Na atualidade continua muito visíveis as desigualdades de género, ao nível da
participação no acompanhamento parental, na partilha das tarefas domésticas, no
mercado de trabalho e na tomada de poder e decisão económica e política.
Assiste-se a uma elevada sub-representação das mulheres na política, situação que se
reflete no poder local.
Os papéis sociais das mulheres e dos homens, incutidos desde a infância têm
reflexos nestas desigualdades, na organização social e na capacitação para a
participação ativa.
No Alentejo os papéis sociais ainda estão muito assentes em estereótipos culturais, que
condicionam direta ou indiretamente a atitude empreendedora da mulher.
No entanto, a sua necessidade de realização e satisfação pessoal é um
processo que obriga a enfrentar barreiras na esfera privada e pública e tem reflexos na
capacidade de empowerment e resiliência, como referem Jonathan & Taíssa (2007).
“A multiplicidade de papéis é um processo e não um estado, requerendo das
empreendedoras constantes negociações face às circunstâncias que se modificam.”
(Jonathan & Taíssa, 2007: 7).
Quando participam as mulheres encontram-se mais nas coletividades
recreativas, sociais e culturais como referem Martins e Teixeira (2005). Para estes o
empreendedorismo feminino na esfera pública è mais notório no movimento associativo.
“A participação das mulheres na vida pública verifica-se mais em associações de cariz
ambiental, culturais e recreativas, de defesa do consumidor, entre outras” (Martins e
Teixeira, 2005:36).
Para Gomes et al. (2009) a pouca participação das mulheres na política reflete-
se nas organizações e nas políticas adotadas pelas mesmas. Segundo estes autores
existe perda nesta situação em que as organizações estão impregnadas de valores
masculinos” (Gomes et al., 2009: 78).
O género masculino está mais associado ao processo de empreendedorismo,
ideia que se reflete na dominância masculina no poder e na tomada de decisão.
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Mas será que as mulheres quando assim o desejam não serão igualmente
capazes?
Segundo Neves2 (2001) as características pessoais, os percursos e trajetórias
de vida, o raciocínio e a capacidade de tomar decisões acertadas têm grande peso no
sucesso da liderança.
Para Brito (2008) 3 as empreendedoras apresentam caraterísticas de
comportamento positivo, como: (1) a intensidade e dedicação em tudo que fazem; (2) a
afetividade, cortesia e exigência; (3) a aptidão para a negociação, as ideias, os recursos
e prazos; (4) a humildade e valorização das ideias dos outros; (5) a disponibilidade para
aprender sempre mais; (6) a responsabilidade e realismo acerca do que são capazes;
(7) a boa disposição, a sua necessidade de comunicação oral estimula a boa disposição
e as boas histórias; (8) são excelentes ouvintes: sabem ouvir e compreender as
necessidades dos outros; (9) dão importância ao auto conhecimento; e (10) são
organizadas e flexíveis: cumprem vários papéis (dona de casa, mãe, esposa,
profissional, etc.) desenvolvendo a capacidade de adaptação nas mais variadas
situações. Esta última caraterística será aprofundada adiante, pois é apontada por
vários autores, como condicionante à ação empreendedora do género feminino na
política local.
Da relação direta entre empreendedorismo feminino e poder local poucos
documentos foram encontrados ao nível da pesquisa documental. No entanto tentou-se
fazer uma abordagem teórica de ambos pela sua importância para o estudo proposto.
O poder local está próximo das populações, das suas necessidades e desejos e
poderá contribuir para a promoção dos direitos e oportunidades de mulheres e homens
numa perspetiva da igualdade de género (Silva, 1999; Barbosa, 2001; Ferrão, 2011 e
Queirós, 2012).
Ainda que o horizonte seja o mundo, o desenvolvimento pensa-se a partir do
lugar que constitui o centro real das vidas das pessoas: esse lugar é o Município
(Queirós, 2012),
O empreendedorismo feminino é abordado neste estudo com um olhar que foge
à visão empresarial clássica de empreendedorismo. E assenta no princípio de que o
poder local tem um papel importante na promoção da capacitação das pessoas para a
participação e pode ser promovido pelos municípios e autarcas.
2 In J. M. Carvalho Ferreira, Manual de psicossociologia das organizações, Lisboa, McGrawHill, pp. 501-529 3 In. Empreendedorismo em Territórios de Baixa Densidade Populacional com Problemas de Desenvolvimento. Santos, Marcos Olímpio. 2012. Évora.
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Mestrado em Desenvolvimento Comunitário e Empreendedorismo
Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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1.2. Poder Local e Promoção do Empreendedorismo Feminino
Poder, constitui a influência de um indivíduo sobre outro. O poder local para
além da dependência de processos e atores de nível global, nacional e regional também
se depara com a necessidade da gestão de conflitos, negociação de interesses e
compromissos, o que condiciona de certa forma a sua capacidade local de ação
(Ferrão, 2011).
A teoria da nova administração pública deve fugir à visão tradicional do
ordenamento do território, e olhar para o cidadão da sua comunidade como alguém que
deve contribuir para o seu desenvolvimento. Como tal para além dos direitos deve ter
responsabilidades de participação na vida comunitária pública e política, não só como
beneficiário mas de uma forma proactiva (Bourgon, 2007).
O poder local é ainda hoje, fortemente masculino. “ Apesar do reconhecimento
dos direitos das mulheres à participação e do interesse da sociedade na
complementaridade dos dois géneros” (Silva, 2002: 62).
Porquê a necessidade de equilibrar a participação de homens e mulheres na
tomada de decisão e poder político?
Na opinião de Perista e Silva (2009) pelos seguintes motivos: (1) “porque excluir
as mulheres significa marginalizar a maioria da população europeia dos processos de
tomada de decisão e da vida social, cívica e cultural; (2) porque a participação
equilibrada de mulheres e homens na vida local é um princípio básico da democracia e
(3 por razões económicas: a taxa de emprego das mulheres é inferior à dos homens,
isto significa que uma parte significativa da força de trabalho europeia não está a ser
utilizada quando podia dar um impulso importante à economia europeia, ao mesmo
tempo que uma menor taxa de emprego feminino torna as mulheres mais vulneráveis à
pobreza e à exclusão social” (Perista e Silva, 2009:16-17).
Para a União Internacional das Autoridades e Poderes Locais, os municípios
estão numa posição privilegiada para melhorar a participação equilibrada de homens e
mulheres. Este melhoramento pode ser através de políticas e orçamentos sensíveis ao
género, o designado mainstreaming de género.
A Constituição da República Portuguesa define no seu artigo 109º os direitos de
participação de homens e mulheres na vida cívica e política.
Existem ainda outras medidas e estratégias nacionais e internacionais que
justificam a necessidade da participação equilibrada na perspetiva da igualdade de
género, das quias se destacam: (1) o referido Tratado de Amesterdão (de 1997) criado
pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas; (2) a Carta Europeia para a
Igualdade das Mulheres e dos Homens na Vida Local (de 2006) criada pelo Conselho
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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dos Municípios e Regiões da Europa e adotada em Portugal pela Associação Nacional
de Municípios Portugueses, no âmbito das celebrações dos 30 anos do poder local.
Este documento apela às coletividades locais (associativismo) que integrem a dimensão
da igualdade de género nas suas políticas, organização e práticas. O município de
Moura é um dos que assinou esta Carta; (3) o IV Plano Nacional para a Igualdade -
Género, Cidadania e não Discriminação (2011-2013) promovido pela Comissão para a
Cidadania e Igualdade de Género que numa das suas medidas recomenda a integração
da dimensão de género na administração pública, central e local, como requisito de boa
governação; (5) o Programa Operacional Temático Potencial Humano (POPH) que
financia no âmbito do QREN 2007-2013 – Medida 7.7. projetos/planos para a igualdade
de género; (6) a nomeação das Conselheiras e Conselheiros Municipais para a
Igualdade de Género através de protocolo entre a Comissão para a Cidadania e
Igualdade de Género e as autarquias locais; e (7) a Lei da Paridade (aprovada em
2006) que estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento
Europeu e para as autarquias locais sejam compostas de modo a assegurar a
representação mínima de 33% de cada um dos sexos. Para efeitos de aplicação desta
lei entende-se por paridade a representação mínima de 33,3% de cada um dos sexos
nas listas. A Lei da Paridade tem gerado controvérsias, dividindo opiniões a favor e
contra por ser vista como incompatível com o critério do mérito (Santos e Amâncio,
2012).
Também a Lei da Parentalidade (de 2009) criada com o objetivo de contribuir
para a conciliação da vida familiar com a vida profissional e regulamentar a proteção na
parentalidade, no âmbito da eventualidade maternidade, paternidade e adoção, dos
trabalhadores que exercem funções públicas é um instrumento formal apontado. No
entanto, apesar destas o estudo do INE Estatísticas no Feminino (2012) demonstra que
são as mães que continuam a assegurar a maioria das licenças de acompanhamento
parental. Situação em parte explicada pela dicotomia de atividades, as de âmbito
privado-doméstico está codificada como femininas e as do âmbito público como
masculinas (Martelo, 2004).
Será que as autarcas do Alentejo estão sensibilizadas para a participação
equilibrada de homens e mulheres no poder local?
Existirá uma consciencialização para os papéis estereotipados de homens e
mulheres, com reflexos nas tarefas, funções, atitudes, comportamentos e expetativas de
cada um.
Esta questão é sensível ao desenvolvimento comunitário, enquanto processo
que parte das necessidades sentidas pela população; envolve a população no seu
próprio desenvolvimento; suscita o máximo aproveitamento dos seus recursos materiais
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Empreendedorismo Feminino no Poder Local
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e humanos; proporciona uma colaboração eficaz entre as populações e os serviços;
fomenta a cooperação e entreajuda e procura uma resposta global para os diferentes
aspetos da promoção humana (Silva, 1965).
A sub-representação das mulheres nos órgãos de decisão económica e política
tem repercussões ao nível do seu acesso aos recursos existentes e da distribuição dos
mesmos e na formulação de políticas sociais e soluções socioeducativas de apoio à
família. (Silva, 1999 e Braidotti et al.,2000).
Esta participação “reconhece e potencializa os recursos próprios de cada género
aos quais confere igual consideração e valor e contribui para o aprofundamento da
democracia, graças à incorporação dos interesses e das situações de cada género, na
conceção, aprovação, implementação e avaliação das políticas” (Silva,1999: 20-21).
Na opinião de Ferreira (2001), as políticas não são neutras, sendo preciso
indagar também o modo como são construídas e a quem beneficiam.
No que respeita à administração pública, a dimensão de género assume-se
como variável estruturante da boa governabilidade, designadamente a integração da
perspetiva de mainstreaming de género em todas as ações políticas e públicas (Rato et
al.,2007).
Cabe assim às mulheres desenvolverem habilidades, de forma a ultrapassar o
sentimento de culpa, que se instala por elas próprias, em função da necessidade de
abrirem mão do tempo destinado à convivência com a família e de suas tarefas de mãe
e esposa.” (Cramer et al.,2001:47).
Roque Amaro (2004) considera a ação empreendedora da Mulher como um
pressuposto ao desenvolvimento local, enquanto processo de satisfação de
necessidades e de melhoria das condições de vida de uma comunidade local, a partir
essencialmente das suas capacidades.4
Amaro e Moura (2008) encaram esta participação como fundamental nas
sociedades democráticas e no novo nexo entre o local e o global.
Entende-se o nível de desenvolvimento de um país ao papel ativo das mulheres
na vida social, económica, política e cultural (Braidotti et al.,2000; Botton, 2005 e
Fragoso, 2005). “As mulheres parecem, ter uma importância fulcral a nível de dinâmicas
comunitárias” (Fragoso, 2005: 72).
Este é um princípio fundamental das sociedades democráticas e das
comunidades justas e promotoras de desenvolvimento (Gonçalves e Bergano, 2009 e
Faria, 2009).
4 In Contributo para a História do Desenvolvimento Local em Portugal. Albino, J. C. (2004). ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, Vialonga
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A Comissão para a Igualdade e Cidadania de Género também refere que a
sociedade só é democrática se ambos os sexos estiverem implicados no processo de
decisão porque mulheres e homens têm experiências diferentes que, por sua vez,
afetam os seus pontos de vista, escolhas e ações.5
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (2011) Sustentabilidade e
Equidade: Um futuro melhor para todos, o grande desafio do desenvolvimento do século
XXI é a salvaguarda do direito das gerações de hoje e do futuro.
A representatividade da mulher na política pode deste modo ser considerada
como qualificadora da democracia e promotora do desenvolvimento comunitário
sustentável.6
Problemas e Ameaças à Capacitação das Mulheres
O estudo do INE Estatísticas no Feminino de Março de 2012 revela dados obre
problemas e ameaças que afetam a igualdade de género e a capacitação das mulheres.
De entre os problemas/ameaças apontados pelo estudo destacam-se: o
envelhecimento feminino associado ao isolamento social: as mulheres representam 63,8% da população que vive só, proporção que sobe para 77,1% na faixa etária dos 65
e mais anos; o desemprego em especial das jovens: as mulheres representavam 51,2%
dos beneficiários de prestações de desemprego e 52,6% do total de beneficiários do
rendimento social de inserção em 2010; as dificuldades de conciliação da vida familiar e
profissional: as mulheres constituem 91,3% dos beneficiários da parentalidade; a
violência: as mulheres constituíam mais de metade (58,6%) dos lesados/ofendidos em
crimes contra as pessoas (dados de 2010); a pobreza: a taxa de risco de pobreza é
mais elevada nas mulheres com 65 e mais anos; a fraca participação das mulheres na
política reflete-se no acesso aos recursos.
Também a Campanha sobre as disparidades salariais entre homens e mulheres
da União Europeia (2011) salientou que em média, as mulheres na UE ganham cerca
de 17 % menos por hora do que os homens no desempenho de iguais funções.
As disparidades salariais entre homens e mulheres existem, apesar de as mulheres
registarem melhores resultados na escola e universidade do que os homens.
Em média, 81 % das mulheres jovens têm habilitações literárias, pelo menos, ao nível
do 12.º ano de escolaridade na UE, comparativamente a 75 % dos homens.
As mulheres também representam 60 % dos licenciados universitários da EU.
5 In Na Política as Mulheres são Capazes (2008) - Comissão para a Igualdade e Cidadania de Género. 6 In http://www.igualdade.gov.pt/
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2. Representatividade das Mulheres no Poder Político 2.1. Condicionalismos à sua participação .
As mulheres em Portugal constituam 52,2% da população residente7, no entanto,
a sua representatividade no poder político é baixa. O poder local é bem o exemplo
disso. Segundo os resultados das últimas eleições autárquicas as presidentes de
Câmara constituem 7,5%.
Barbosa, (1998) e Bourdieu (1999) justificam esta fraca representatividade das
mulheres na política, em parte pelo ambiente pouco convidativo à entrada das mulheres
na esfera política.
Passada mais de uma década esta situação ainda é visível. “Para manter uma posição
na política, a mulher deve ter não só o que é explicitamente exigido pela descrição do
lugar político, mas também um conjunto de propriedades que os seus ocupantes
masculinos lhe trouxeram: uma estatura física, uma voz, ou disposições como a
agressividade, a segurança, a ‘distância’, a autoridade dita natural…” (Barbosa, 1998:
13).
Viegas e Faria (1999) são de opinião que as mulheres também têm a sua
responsabilidade nesta situação, uma vez que elas próprias são participantes na
sociedade e têm ajudado na perpetuação da dominação masculina, resultado das suas
representações culturais e morais ao reproduzirem a sua posição de submissão.
“Não é apenas o sistema político que afasta as mulheres do seu interior mas também
estas tendem a afastar-se desse meio, sendo que, desse modo, produzem e
reproduzem a dominação masculina” (Viegas e Faria, 1999: 61).
O próprio sistema eleitoral do país e o modelo de Estado-providência existente,
que se revela nas políticas sociais adotadas e nas infraestruturas criadas de apoio às
famílias, condicionam a participação ativa da mulher na política (Viegas e Faria, 2001) e
Martins e Teixeira, 2005).
Também os partidos políticos na hora de escolher os candidatos têm um papel
importante na opinião de Martins e Teixeira (2005).
“ As mulheres são discriminadas de forma direta ou imputada nos processos de
recrutamento político, sendo preteridas em favor dos homens pelos órgãos partidários
responsáveis pela seleção dos candidatos e pela ordenação das listas eleitorais”
(Martins e Teixeira: 2005: 15).
Fatores socioculturais e históricos são também condicionantes como se verá.
7 Segundo resultados dos Censos 2011
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2.1.1.Género
O género influencia a forma como homens e mulheres se percecionam, em
aspetos tão diversos como as competências próprias, as tarefas mais adequadas a uns
e a outras ou mesmo os interesses supostamente condizentes com a sua pertença
biológica e o modo como avaliam as outras pessoas (Vieira, 2007).
Para Viera (2007) “o género tem sido considerado como um dos principais
elementos organizadores das relações sociais” (Vieira, 2007: 15).
Neste sentido, género é um conceito pertinente ao estudo, na medida que se
repercute na participação de homens e mulheres na política e poder local, numa
perspetiva de paridade.
A paridade segundo a Comissão para a Igualdade e Cidadania de Género (2001)
pressupõe o igual reconhecimento de homens e mulheres no processo de participação
a todos os níveis e em todas as esferas da sociedade.
Género e poder local constituem uma dimensão de análise neste estudo sobre
empreendedorismo feminino e poder local no Alentejo. Compreender a relação entre
género, caraterísticas pessoais e exercício do poder local são pressupostos do estudo
empírico.
O carácter multidimensional de género, conceito pouco compreendido e referido
até ao século XX, devido a um contexto político, social, económico e cultural marcado
por um pensamento que impunha a desigualdade da situação da mulher como algo
natural (Torres, 2004), leva a que se atribuam caraterísticas físicas, a uma identidade
individual, a traços de personalidade, a papéis desempenhados ao longo da vida e
mesmo a comportamentos típicos, tradicionalmente associados a homens e mulheres
(Vieira, 2007).
No seu estudo sobre género, suas representações e identidades Amâncio (1993)
sublinha as conceções estereotipadas da sociedade portuguesa em relação ao género.
Amâncio (1993) questionou a ideia estereotipada de que a mulher è menos capaz física
e emocionalmente do que o homem. “A mulher é vista como dependente, emotiva,
sentimental (…) e o homem é corajoso, aventureiro, independente” (Amâncio:
1993:127).
Para Torres (2001) as mulheres são já indivíduos com autonomia e soberania.
Tal reflete uma evolução de mentalidades; “Com o que se considera ser a passagem de
uma noção de mulher-natureza, condicionada pelas suas funções biológicas por um
destino específico, para uma conceção de mulher-indivíduo” (Torres, 2001: 60).
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No entanto, persistem ainda constrangimentos socioinstitucionais na construção
do género8.
Organizações internacionais como a ONU e a União Europeia consideram o
género como um indicador a considerar pelos seus Estados Membros.
A Carta das Nações Unidas9; a Declaração Universal dos Direitos do Homem; a
Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
(CEDAW)10; a Convenção Europeia dos Direitos Humanos11; a Carta Social Europeia12
e a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (que deu origem ao Tratado de
Amesterdão) incluem o género como fator positivo ao desenvolvimento sustentável.
Conhecer bem o conceito é indispensável para que na prática o seu uso se faça
sentir. Martelo (2004) explicita que género e sexo são distintos. O sexo é uma categoria
biológica inerente ao individuo. O género é uma categoria social, é um conjunto de
normas sociais impostas aos indivíduos constituindo um modelo de identidade
psicossocial para o sexo feminino e para o sexo masculino (Martelo, 2004).
O género é construído por um código com prescrições normativas e proibitivas de ser e
de se comportar, diferente para cada sexo. Para esta compreensão, a escola tem um
papel importante na transmissão de informação sobre igualdade de género.
Os saberes comuns sobre o homem e a mulher constituem representações
sociais acerca do valor e do carácter das mulheres e dos homens. Refletem imagens e
ideias feitas sobre o que é ser homem e mulher.
Estas representações alimentam-se de valores, crenças e ideologias dominantes e
obtêm sentido através da objetividade das diferenças biológicas entre os sexos
(Martelo, 2004).
Para a mudança de mentalidades e para uma atitude empreendedora na vida
pública/política a perspetiva da igualdade de género é apontada como um contributo
para esbater a ideia de que as diferenças biológicas entre os sexos implicam
determinados comportamentos e características psicológicas, ideia que foi sendo
construída ao longo do tempo e tornou-se tão natural e evidente que é reafirmada e
consolidada nas relações entre homens e mulheres (estereótipos culturais de género).
.
8 In Género na Sociologia Portuguesa. Maciel, Diana (2010. CIES e-WORKING PAPER Nº 92/2010 CIES – Centro de Estudos de Sociologia. 9 Proclamada pela ONU 10 http://www.gddc.pt/ 11 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%CA3o_Europeia_dos_Direitos_Humanos 12 Resolução da Assembleia da Republica, nº21/1991, aprova para ratificação a Carta Social Europeia. http://www.gddc.pt/siii/docs/rar64A-2001.pdf
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2.1.2. Estereótipos Culturais de Género
È em boa parte no espaço simbólico da interação familiar que ocorre, de forma
lenta e muitas vezes pouco explícita, a transmissão de geração para geração dos
estereótipos reguladores do comportamento, facto que é susceptível de afetar projetos
de vida, percursos individuais e modos de relacionamento interpessoal (Vieira, 2007) com reflexos na perceção, atitudes e expetativas (Oliveira e Amâncio, 2002).
Os designados estereótipos culturais de género são alvo de enquadramento
teórico do presente estudo, na medida que têm impacto nos papéis e relações sociais
de género, que por sua vez reproduzem sistematicamente as diferenças entre as
posições de mulheres e homens na vida política e no poder local (Perista e Silva, 2005).
Estereótipos de género são representações generalizadas e socialmente
valorizadas acerca de como devem ser e proceder homens e mulheres (Amâncio, 1993
e 1994).
Estas representações influenciam a participação das mulheres nas várias
esferas da sociedade e na política e poder local, “para conseguir manter uma posição, a
mulher deve ter não só o que é explicitamente exigido pela descrição do lugar, mas
também um conjunto de propriedades que os seus ocupantes masculinos lhe
trouxeram: uma estatura física, uma voz, ou disposições como a agressividade, a
segurança, a ‘distância’, a autoridade dita natural, etc.” (Barbosa, 1998: 13).
Para Viegas e Faria (1999) as próprias mulheres encarnam nestes estereótipos,
e participam no jogo social que tem produzido, e reproduzido o efeito de dominação
masculina.
Por outras palavras, as mulheres, elas mesmas, tendem de algum modo a manter-se
afastadas do poder e, assim ao afastar-se dele, contribuem deste modo, para a
reprodução das condições que animam e sustentam o quadro de dominação masculina
(Viegas e Faria, 1999).
Também as assimetrias de poder no seio da relação conjugal, estão na maior
parte das vezes relacionadas com os estereótipos de género (Pereirinha e al., 2008).
“Os estereótipos manifestam-se nas diversas esferas de participação social, porquanto
determinam o grau de autonomia e de decisão das mulheres nos seus projetos e modos
de vida” (Pereirinha e al., 2008: 184).
Os contextos profissionais e políticos estão marcados por uma cultura de
competitividade, de eficiência e de produtividade, características consideradas
masculinas (Pereirinha e al., 2008 e Gonçalves e Bergano, 2009).
Este perfil profissional de sucesso estereotipado com o género masculino acaba
por influenciar as mulheres nas suas opções de carreira, nas condições efetivas de
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progressão na carreira, na aceitação e legitimação social das assimetrias salariais e na
opção pelo trabalho temporário, quando é necessário conciliar a vida profissional com a
vida familiar (Pereirinha e al., 2008).
Portela (2008) no seu estudo sobre o microempreendedorismo em Portugal
apontou exemplos de estereótipos observáveis, como: a mulher é menos capaz de gerir
negócios (do que os homens); a competência da mulher é maior na vida familiar (do que
na ocupação profissional); as qualidades profissionais da mulher deixam a desejar, pelo
menos nalguns casos (quando comparadas com os homens); o trabalho doméstico
delas (as mulheres) não é trabalho; o trabalho doméstico (dos homens, em regra mais
leve) é trabalho; as mulheres têm menos probabilidades de sucesso (do que os
homens) na gestão das suas próprias iniciativas e na resolução dos conflitos laborais
(Portela, 2008).
Também no Alentejo estes estereótipos culturais estão ainda muito presentes no
quotidiano e refletem-se na fraca participação das mulheres na vida comunitária e numa
atitude de incerteza quanto à sua capacidade empreendedora.
Educar e sensibilizar para a desconstrução dos estereótipos culturais de género
para romper com o pensamento dominante, que na opinião de Oliveira e Amâncio
(2002) é ainda muito marcado pelas mulheres na esfera familiar e pela sua fraca
presença na política/poder local poder ser uma via para o empowerment
(empoderamento) ou capacitação (Perista e Silva, 2005).
Até que ponto os estereótipos culturais de género condicionam o exercício do
poder local?
O seu peso é maior ou menor que o das competências pessoais?
Como percecionam as autarcas do Alentejo e eleitas do concelho de Moura esta
questão?
Estas são questões abordadas na parte empírica deste estudo.
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2.1.3.Conciliação da Vida Familiar, do Trabalho e a Participação no Poder Local
As mulheres têm de alcançar a conciliação da vida familiar com a profissão e
participação na vida política e no poder local.
Segundo o projeto Igualdade é Desenvolvimento da ANIMAR, as mulheres
trabalham na esfera familiar (nas lides domésticas e no cuidado dos filhos) em média
mais 2 horas por dia, mais 14 horas por semana e mais 56 horas por mês em
comparação com os homens (dados de 2010).
Santos e Amâncio (2012) referem a este propósito a expressão Trabalho, uma
liberdade condicional, na medida que a entrada massiva das mulheres no mercado de
trabalho e a necessidade de conciliar esta vertente com as restantes da vida em
sociedade não è fácil. A este propósito Torres (2004) refere: “trabalho e relações
conjugais são duas dimensões da vida quotidiana que ocupam grande parte do tempo,
energia e investimento emocional da maioria das pessoas” (Torres, 2004:1).
O modo como está organizada a vida partidária e o seu funcionamento (reuniões
de trabalho à noite e ao fim-de-semana) não ajuda muito. Muitas vezes origina conflitos
na relação conjugal e leva a que se tenha que tomar determinadas opções de vida
(Torres, 2004; Martins e Teixeira, 2005; Ferreira, 2010 e Santos e Amâncio, 2012).
Lena Holstein13 brinca com a situação: “Era uma boa mãe, mulher atraente,
esposa compreensiva, politicamente envolvida. E não descurava a ginástica, a casa
estava limpíssima, as franjas do tapete perfeitamente penteadas, havia um cheirinho a
pão-fresco e a compota acabada de fazer - nisto, chegou a ambulância!” (Lena Holstein,
2008). Os homens também têm de ter oportunidades para se envolverem nas tarefas
familiares.
São nas áreas da educação, cultura e solidariedade social que as mulheres
detêm mais qualificação e onde a sociedade lhes reconhecem maiores competências
(Nogueira, 2006).
Empreender para a conciliação é também um processo de participação, que
segundo Friedemann (1996) e Newman (2007) pode ser desenvolvido através de
competências para confiar, pela vontade de agir e arriscar; “capacidades e confiança
para desafiarem e alcançarem um maior nível de controlo das suas vidas” (Friedemann,
1996:125).
Há vários problemas sociais que são transversais à conciliação da família com a
profissão e a participação na vida pública.
13 In Na Política as Mulheres são Capazes. Comissão para a Igualdade e Cidadania de Género. 2008. Lisboa.
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O elevado envelhecimento demográfico em nada favorece esta situação que faz
aumentar o número de idosos dependentes, como referem Guerreiro et al, (2006);
“Verifica-se um significativo acréscimo da esperança de vida, com o consequente
aumento do número de idosos dependentes necessitados de cuidados….” (Guerreiro et
al., 2006: 5-6).
Conciliar família e trabalho com a participação na política é de grande exigência
e pode levar até a opções como a quebra de fecundidade (Ferreira, 2010).
A escassez de equipamentos públicos de apoio a crianças e idosos limitam esta
conciliação (Viegas e Faria, 1999) assim como as desigualdades na relação conjugal è
penalizadora para as mulheres, e em particular para as mais carenciadas.
Segundo Pereirinha et al. (2010), as assimetrias de poder no contexto das
relações conjugais também têm repercussões ao nível das relações sociais de género,
das desigualdades sociais e consequentemente na disponibilidade para a participação
política.
A valorização do salário do cônjuge masculino como fonte de subsistência para
o agregado doméstico leva à legitimação para a divisão assimétrica do trabalho não
pago, no interior da relação conjugal (Torres, 2004).
Esta situação dificulta a integração da perspetiva do género, de forma a permitir uma
maior flexibilização de políticas de relação trabalho/família (Guerreiro e Lourenço,
2006).
A família e a profissão absorvem a maior parte do tempo e do pensamento das
mulheres, assim concilia-las com uma intervenção ativa na política, um meio exigente,
pressupõe um bem-estar físico e emocional necessário à compatibilização e conciliação
de tarefas.
A mudança de mentalidades e atitudes junto dos jovens è pertinente para facilitar
a participação equilibrada de mulheres e homens na esfera familiar.
Como encaram as presidentes de Câmara do Alentejo a conciliação da vida
familiar com a sua função de autarcas e mulheres empreendedoras no poder local?
Como promovem estas autarcas a conciliação da vida familiar e profissional no
seu concelho, de modo a promover a participação ativa das mulheres na vida
pública/política local?
Estas questões são abordadas junto das participantes do estudo e têm
tratamento na sua parte empírica.
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2.1.4. O Poder Local no Alentejo no Feminino
O Alentejo, uma região marcada pelas difíceis condições de vida, pelo
desemprego e trabalho sazonal feminino, pelo fraco acesso aos recursos e por um débil
espirito de empreendedorismo, inovação e criatividade favorece uma cultura de
dominância masculina.
Uma cultura assente em fortes estereótipos culturais de género, que limitam o papel das
mulheres, mais circunscrito à família, ao cuidado dos filhos e do marido e ao trabalho
rural.
O processo histórico da reforma agrária contribuiu para este pensamento. Este
acontecimento fez com as mulheres saíssem de casa e fossem trabalhar para os
campos.
No entanto, o quotidiano destas mulheres dividia-se entre o trabalho agrícola de manhã
á noite e o cuidar da família e da casa.
Para Cova e Pinto (1997) esta situação resulta de aspetos socioculturais; “a ideia
de “natureza” remete para a já antiga querelada natureza contra a cultura, em que o
público domina o privado” (Cova e Pinto, 1997: 72).
A subordinação ao marido era um princípio levado à letra e o slogan “O lugar da mulher
é em casa” era visto como natural.
Em nome da chamada “natureza” feminina, as mulheres quando não estavam nos
campos a ceifar, cabia-lhes “ficarem em casa a fim de educarem os seus filhos e de se
consagrarem às tarefas domésticas (Cova e Pinto, 1997:72).
O trabalho feminino è menos valorizado e mal remunerado, sendo pago com
valor inferior ao dos homens, o que ainda hoje se verifica, por exemplo, na apanha da
azeitona.
As expetativas e motivações eram portanto escassas e não iam para além da
família e do lar. A capacitação para a aprendizagem e conhecimentos como a
escolaridade resultou de um processo gradual e lento.
Hoje a situação está ultrapassada, mas ainda existem fortes assimetrias como
refere Baum (1998).
Para Baum (1998) esta situação mais os motivos demográficos (emigração dos mais
novos, mais produtivos e menos conformistas) fazem com que o Alentejo seja uma
região marcada por um conformismo social e por uma fraca atitude de
empreendedorismo.
Esta realidade tem influência no empreendedorismo feminino na vida
comunitária e no poder político e local. A capital do Baixo Alentejo (Beja) nunca teve na
sua história de poder local uma mulher presidente de Câmara.
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Segundo o Documento Verde da Reforma da Administração Local (2011), o
poder local está a ser alvo de uma reorganização administrativa que contempla a
redução de freguesias, o que não è favorável ao aumento da participação equilibrada de
homens e mulheres no poder local.
O Alentejo pelo seu baixo valor demográfico verá o seu número de freguesias
reduzido, órgãos de poder local onde existem mulheres eleitas presidentes. O concelho
de Moura por exemplo das suas oito freguesias, duas tem mulheres eleitas presidentes
de junta.
Representatividade das Mulheres na Política
Para uma perspetiva da representatividade das mulheres no poder político
apresentam-se os seguintes quadros que refletem o número de eleitas a nível nacional,
regional e local, de acordo com os resultados das últimas eleições14.
Quadro 1 – Nº. de Eleitas nos Órgãos Políticos Nacionais e Regionais
Nº Total
Deputados
Nº
Mulheres
%
Parlamento Europeu (eleições de 2009) 22 8 36%
Assembleia da República (eleições de 2011) 230 61 26,5%
Assembleia Regional da Madeira (eleições de 2007) 47 8 15,0% Assembleia Regional dos Açores (eleições de 2008) 57 9 Fonte: Santos e Amâncio, 2012 e dados do sítio do parlamento, consultados em 29 de Janeiro de 2012
Pelo quadro 1 verifica-se que só no Parlamento Europeu foi cumprida e até
superada a lei da paridade15 com 36% de deputadas eleitas.
O mesmo não sucedeu em relação á Assembleia da República e Assembleias Regionais
da Madeira e Açores. Nas últimas, poder-se-á afirmar que mesmo com a lei da paridade,
a percentagem de eleitas é muito baixa.
Situação que reflete a opinião de Viegas e Faria (1999 e 2001) acerca dos partidos
políticos remeterem muitas vezes as mulheres para lugares não elegíveis nas listas de
candidatura. E quanto maior o círculo eleitoral, maior a probabilidade de se encontrarem
mulheres como candidatas. Isto porque os círculos menores, com menos lugares
elegíveis, acabam por ter uma maior concorrência entre os possíveis candidatos, para
14 Dados do parlamento, consultados em 29 de Janeiro de 2012 15 Lei Orgânica nº 3/2006, de 21 de Agosto, alterada pela declaração de retificação nº 7/2006 de 4 de Outubro
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além de uma visão mais tradicionalista da mulher e respetivo papel social (Viegas e
Faria, 1999 e Viegas e Faria, 2001).
Estes autores também referem que a participação das mulheres não é homogénea em
todo o país. Ela tem variações geográficas, que refletem não só o grau de
desenvolvimento económico de cada região, mas também o predomínio de certos valores
e costumes (Viegas e Faria, 2001).
Considerando o Estudo Sobre a Aplicação da Lei da Paridade (Comissão para a
Cidadania e Igualdade de Género, 2012) a participação das mulheres no poder local,
embora de forma lenta, tem vindo a aumentar ao longo das últimas décadas.
Se em 1982 as mulheres representavam somente 5,1% do total das pessoas eleitas no
poder local, em 2009 esta proporção aumentou para os 27,6%.
Segundo este estudo, ao agregar os dados por tipo de órgão, percebe-se que os órgãos
executivos, que incluem a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia, apresentam níveis
de participação feminina mais baixos que os órgãos deliberativos que dizem respeito às
Assembleias Municipal e de Freguesia. Para além de que a diferença entre os dois tipos
de órgãos se agudizou nas últimas eleições.
No que respeita às presidentes de Câmara, no quadro 2, apresenta-se a
percentagem de presidentes de Câmara mulheres, verificando-se uma participação de
7,5%, um valor muito abaixo dos 33%.
Quadro 2 – Nº. de Eleitas no Poder Local
Nº Total de
Municípios
Nº Mulheres
Presidentes de Câmara
%
Autárquicas (eleições de 2009) 308 23 7,5% Fonte: Santos e Amâncio, 2012 e dados do sítio do parlamento, consultados em 29 de Janeiro de 2012
Das 308 câmaras municipais existentes no país, 24 mulheres são presididas por
mulheres (segundo resultados das últimas eleições autárquicas). Destas câmaras
municipais, 58 situam-se na região Alentejo.
Na região Alentejo foi em Nisa e Arronches, onde foram eleitas mulheres presidentes de
Câmara. Posteriormente (2011), no caso de Portalegre, por renúncia ao mandato do
presidente eleito, a vice-presidente da Câmara, substitui-o aumentando assim o número
de mulheres a exercer o poder autárquico na região Alentejo para 3, como se pode ver
pelo quadro 3.
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Quadro 3 – Nº. de Mulheres Presidentes de Câmara na Região Alentejo
Nº de
Municípios
Nº Mulheres Eleitas Presidentes
de Câmara
Autárquicas (eleições de 2009) 58 3 Fonte: Fonte: Sítio da DGAI
Em relação ao concelho de Moura, do total de 148 eleitos para a Câmara
Municipal, Assembleia Municipal, Juntas de freguesia e Assembleia de freguesia, 51
são mulheres.
As eleitas constituem uma taxa de 34,5%, um número superior ao verificado a nível
nacional, como se poder ver no quadro 4.
Quadro 4 – Nº. de Eleitas no Concelho de Moura
Partido/força política Nº Total de Eleitos Nº de Mulheres
CDU 76 30 PS 48 13 PSD 12 5 Independente 12 3
Total 148 51 Fonte: Sítio da DGAI
Os órgãos executivos que incluem a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia,
apresentam níveis de participação feminina mais baixos. O papel social das mulheres
está mais ligado ao apoio e o dos homens mais associado à ação. Situação que está
ancorada na construção e reprodução de papéis sociais de género diferenciados, que se
apresentam como condicionalismos à participação das mulheres no poder local.
Quadro 5 – Distribuição das Eleitas nos Órgãos do Poder Local de Moura
Órgãos políticos Nº Total de Eleitos Nº de Mulheres
Câmara Municipal Presidente 1 0 Vereador 6 2
Assembleia Municipal Membros 29 9 Juntas de Freguesia Presidente 8 2
Tesoureiro 8 3 Secretario 8 4
Assembleias de freguesia Membros 64 20 Presidente 8 3
Secretario 16 8
Total 148 51 Fonte: Sítio da DGAI
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A representatividade das mulheres na política e no poder local è fraca, mas pode
ser um aspeto a contemplar pelo próprio poder local.
O poder local pode se agente de boas práticas de igualdade de oportunidades e
de género para a conciliação da vida profissional com a vida familiar e para uma aposta
na participação ativa e capacitação para a atitude empreendedora.
As autarquias podem ser empreendedoras quanto à implementação do
mainstreaming de género nas suas políticas e práticas (Perista e Silva, 2009).
A estratégia do género nas políticas municipais é considerada uma medida que inova a
cultura organizacional; “Enquanto integração sistemática da perspetiva de género nas
organizações e nas respetivas culturas organizacionais” (Perista e Silva, 2009:33).
Neste sentido Perista e Silva (2009) apontam a sensibilização e formação em igualdade
de género como um caminho que promove o empowerment e desencadeia uma atitude
empreendedora.
Esta sensibilização pode ser feita através de ações de sensibilizações, de informação e
formação para públicos-alvo. Estas devem ser planeadas, monitorizadas e avaliadas de
acordo com indicadores definidos a priori.
Importa referir que todo este processo apenas será bem-sucedido se existir um
compromisso político (no caso das autarquias, os/as presidentes de Câmara) ao mais
alto nível na promoção da igualdade de género enquanto linha orientadora e não
meramente acessória.
Neste sentido, questões como: será que as mulheres autarcas percecionam esta
realidade? Será que estão disponíveis para contribuírem para a mudança comunitária?
Ou a igualdade de género e o mainstreaming de género è contemplado nas suas
autarquias? serão exploradas neste estudo.
A apresentação do estudo empírico que se segue tentará dar resposta a estas
questões e a outras, de forma a caracterizar o empreendedorismo feminino no poder
local na região Alentejo.
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PARTE II - ESTUDO EMPÍRICO 2. Metodologia
Para este estudo exploratório descritivo recorreu-se à utilização do método
qualitativo e quantitativo.
O método qualitativo também conhecido como estudo de caso, consiste no exame
intensivo, tanto em amplitude como em profundidade, de uma amostra em particular,
selecionada de acordo com determinado objetivo, tendo com finalidade obter uma
ampla compreensão do fenómeno, na sua totalidade.
As suas vantagens são: organização flexível e ativa; estruturação dos discursos;
abordagem simbólica e prospetiva; geração de hipóteses e economia de tempo.
Neste método recorreu-se à técnica da análise documental e da entrevista às
presidentes de Câmara da região Alentejo.
O método quantitativo ou de medida traduz-se na observação, por meio de
perguntas diretas ou indiretas, a populações relativamente vastas, em situações reais, a
fim de obter respostas suscetíveis de serem manejadas, mediante uma análise
quantitativa, ou seja, através da estatística.
As suas vantagens são o número elevado de indivíduos; economia de tempo;
anonimato dos inquiridos; maior liberdade nas respostas (sentimento de à vontade);
facilidade no tratamento estatístico e extensão e capacidade de generalização dos
resultados
Neste método recorreu-se à técnica de Inquérito por questionário (direto) às eleitas do
poder local do concelho de Moura.
3.1.Participantes Participaram neste estudo 29 mulheres eleitas no poder local na região Alentejo.
Da totalidade das participantes, 3 são presidentes de Câmara do Alto Alentejo
(concelhos de Arronches, Nisa e Portalegre). As restantes 26 são eleitas em órgãos do
poder local no concelho de Moura (Câmara Municipal, Assembleia Municipal,
Assembleia de Freguesia e Juntas de Freguesia).
Para analisar o empreendedorismo feminino no poder local com maior
profundidade para além da entrevista às presidentes de Câmara do Alentejo, houve
também a necessidade de recolher dados através da aplicação de questionário às
eleitas do poder local do concelho de Moura (26).
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3.2.Instrumentos
Com o propósito de levantar os dados da problemática em estudo, recorreu-se ao
uso dos seguintes instrumentos: a Entrevista e o Questionário.
A entrevista do tipo semiestruturada realizada às presidentes de Câmara do
Alentejo, com o objetivo caraterizar o empreendedorismo feminino no poder local teve
por base um guião de entrevista que se apresenta em anexo (Anexo 1).
A informação recolhida foi alvo da análise de conteúdo, “enquanto técnica de
descrição do conteúdo das mensagens.” (Bardin, 1977: 38).
A análise de conteúdo apresenta-se em anexo (Anexo 2) assim como a transcrição das
entrevistas (Anexo 3).
O questionário foi aplicado às eleitas do poder local, com o objetivo de
caraterizar o empreendedorismo feminino no poder local no concelho de Moura.
O guião do questionário apresenta-se em anexo (Anexo 4), assim como também o seu
enunciado (Anexo 5).
Os dados recolhidos com o questionário foram analisados com o auxílio da estatística
descritiva e o Excel.
A entrevista e o questionário foram orientados considerando dimensões de análise
comuns, de forma a recolher uma informação uniformizada e categorizada de acordo
com as seguintes dimensões de análise: (1) caraterização sociofamiliar; (2) conciliação
da vida privada com a vida pública; (3) participação ativa na vida pública/política; (4)
género e poder local e (5) atitude e expetativas perante o empreendedorismo feminino
no poder local.
Os instrumentos utilizados salvaguardam o princípio da confidencialidade e do
anonimato da informação recolhida.
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3.3.Procedimento
De forma a caracterizar o empreendedorismo feminino no poder local na região
Alentejo houve a necessidade de recolher dados junto de autarcas da região. Para tal
foram construídas e aplicadas entrevistas e questionários, de acordo com as dimensões
de análise a explorar.
As dimensões de análise abordadas na recolha de dados foram comuns nas duas
técnicas de recolha utilizadas: entrevista e questionário.
Houve procedimentos associados à recolha dos dados que passaram pela
marcação junto do gabinete de apoio á presidência e envio prévio do guião de
entrevista (através de correio eletrónico) e posterior contacto direto.
As entrevistas foram gravadas, transcritas e sujeitas à análise de conteúdo.
O guião de entrevista constituiu um auxílio importante à entrevista e apresenta-se em
anexo a este estudo (Anexo 1).
Para testar as questões formuladas no questionário foi realizado um pré-teste do
mesmo a 5 pessoas, situação que contribuiu para a sua reformulação.
Depois de definitivo, o questionário foi distribuído às 51 eleitas do concelho de Moura.
A taxa de retorno foi de 50%, ou seja, foram apurados para análise 26 respostas.
Antecedeu à aplicação das técnicas de recolha de dados o diagnóstico sobre a
representatividade das autarcas na região Alentejo e como se distribuíam nos vários
órgão autárquicos. Escolheu-se as autarcas presidentes de Câmara Municipal por ser o
cargo onde existe maior autonomia e poder de decisão para a mudança comunitária.
Como só existem 3 presidentes de Câmara mulheres a recolha de informação foi
complementada com as eleitas dos vários órgãos autárquicos do concelho de Moura,
onde o presidente de Câmara é homem mas divide o executivo com uma vereadora a
tempo inteiro. Também foram auscultadas as opiniões das presidentes de Junta de
Freguesia (2) e as eleitas de uma geral (nas juntas, assembleias de freguesia, e
assembleia municipal).
Os dados recolhidos através do questionário foram analisados através do Excel e
da estatística descritiva.
Segue-se a apresentação e discussão dos resultados.
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4. Apresentação e Discussão dos Resultados
4.1. Análise das Entrevistas
4.1.1. Caraterização das Participantes
Existindo 308 Câmaras municipais no país e dada a impossibilidade do estudo
abranger todos elas, houve a necessidade de limitar a uma determinada área
geográfica, pelo que se optou pela região Alentejo. Das 58 Câmaras Municipais da
região Alentejo 3 são presididas por mulheres. Estas são as participantes neste estudo
através da realização de entrevistas. Estas presidentes de Câmara estão nos concelhos
de Portalegre, Nisa e Arronches, concelhos do distrito de Portalegre, no Alto Alentejo. O critério de escolha das entrevistadas foi mulheres presidentes de câmara da região
Alentejo.
Relativamen