Empresa Familiar Setor Supermercadista

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0 Qualit@s Revista Eletrônica ISSN 1677 4280 Vol.16. No 2 (2014) PROPOSTA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA UMA EMPRESA FAMILIAR DO SETOR SUPERMERCADISTA. Juliano Schmidt Laércio André Gassen Balsan Gilnei Luiz de Moura Resumo O presente trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta de planejamento estratégico para uma empresa familiar do setor supermercadista. A proposta seguiu o modelo de planejamento estratégico sugerido por Vasconcelos e Pagnoncelli (2001) com objetivo de enfrentar a forte concorrência das grandes multinacionais. A pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso exploratório. As informações utilizadas são de natureza qualitativa, coletadas através de entrevistas semiestruturadas. A elaboração da proposta definiu qual o negócio, a missão, a visão, os princípios e os objetivos da empresa. Por fim, são sugeridas estratégias a serem utilizadas pela empresa, as quais poderão servir de lastro para outras empresas que também sofrem com os mesmos problemas. Palavras chave: Proposta, Planejamento Estratégico, Empresa familiar, Concorrência. Abstract This paper aims to present a strategic planning for a family business in the supermarket sector. The proposal followed the strategic planning model suggested by Vasconcelos and Pagnoncelli (2001) in order to face strong competition from large multinationals. The research is characterized by being an exploratory case study. The information used is qualitative, collected through semi-structured interviews. The drafting of the proposal defines the business, mission, vision, principles and objectives of the company. Finally, strategies are suggested to be used by the company, which may serve as an example for other companies that also suffer from the same problems. Keywords: Proposal, Strategic Planning, Family Company, Competition. 1 Introdução Com a globalização, empresas de vários ramos da economia mundial estão ampliando seus mercados de atuação. Observa-se que muitas, hoje em dia, não possuem mais nacionalidade, estando espalhadas por vários continentes e inseridas em vários países. A forte e acirrada disputa por cada fatia de mercado, leva as organizações, a serem cada vez mais dinâmicas, criativas, e principalmente inovadoras. Diante dessa realidade, segundo Tondolo et al. (2008) a habilidade da organização em se adaptar ao seu ambiente é um dos pontos centrais da gestão estratégica. Os reflexos da globalização podem ser percebidos, no setor varejista, um dos setores mais importantes e tradicionais da economia brasileira. Em especial, os supermercadistas enfrentam mudanças consideráveis em relação à entrada de grandes redes estrangeiras no país (SUPERHIPER, 2003). O varejo brasileiro tem passado por um profundo processo de transformação. A estabilidade da economia tem obrigado as empresas comerciais brasileiras a se tornarem mais competitivas. A maior consciência de preços por parte dos consumidores, aliada à queda das receitas financeiras e ao ingresso de redes estrangeiras no mercado, exigem nova postura administrativa de todas as empresas operantes (KORGAONKAR, 1981). Nesse contexto, muito se discute sobre os novos desafios, Alejandro Padron (2007,

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Apresenta uma proposta de planejamento estratégico para uma empresa familiar do setor supermercadista.

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  • 0 Qualit@s Revista Eletrnica ISSN 1677 4280 Vol.16. No 2 (2014)

    PROPOSTA DE PLANEJAMENTO ESTRATGICO PARA UMA

    EMPRESA FAMILIAR DO SETOR SUPERMERCADISTA.

    Juliano Schmidt

    Larcio Andr Gassen Balsan

    Gilnei Luiz de Moura

    Resumo

    O presente trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta de planejamento estratgico

    para uma empresa familiar do setor supermercadista. A proposta seguiu o modelo de

    planejamento estratgico sugerido por Vasconcelos e Pagnoncelli (2001) com objetivo de

    enfrentar a forte concorrncia das grandes multinacionais. A pesquisa caracteriza-se por ser

    um estudo de caso exploratrio. As informaes utilizadas so de natureza qualitativa,

    coletadas atravs de entrevistas semiestruturadas. A elaborao da proposta definiu qual o

    negcio, a misso, a viso, os princpios e os objetivos da empresa. Por fim, so sugeridas

    estratgias a serem utilizadas pela empresa, as quais podero servir de lastro para outras

    empresas que tambm sofrem com os mesmos problemas.

    Palavras chave: Proposta, Planejamento Estratgico, Empresa familiar, Concorrncia.

    Abstract

    This paper aims to present a strategic planning for a family business in the supermarket

    sector. The proposal followed the strategic planning model suggested by Vasconcelos and

    Pagnoncelli (2001) in order to face strong competition from large multinationals. The research

    is characterized by being an exploratory case study. The information used is qualitative,

    collected through semi-structured interviews. The drafting of the proposal defines the

    business, mission, vision, principles and objectives of the company. Finally, strategies are

    suggested to be used by the company, which may serve as an example for other companies

    that also suffer from the same problems.

    Keywords: Proposal, Strategic Planning, Family Company, Competition.

    1 Introduo

    Com a globalizao, empresas de vrios ramos da economia mundial esto ampliando

    seus mercados de atuao. Observa-se que muitas, hoje em dia, no possuem mais

    nacionalidade, estando espalhadas por vrios continentes e inseridas em vrios pases. A forte

    e acirrada disputa por cada fatia de mercado, leva as organizaes, a serem cada vez mais

    dinmicas, criativas, e principalmente inovadoras. Diante dessa realidade, segundo Tondolo et

    al. (2008) a habilidade da organizao em se adaptar ao seu ambiente um dos pontos

    centrais da gesto estratgica. Os reflexos da globalizao podem ser percebidos, no setor varejista, um dos setores

    mais importantes e tradicionais da economia brasileira. Em especial, os supermercadistas

    enfrentam mudanas considerveis em relao entrada de grandes redes estrangeiras no pas

    (SUPERHIPER, 2003).

    O varejo brasileiro tem passado por um profundo processo de transformao. A

    estabilidade da economia tem obrigado as empresas comerciais brasileiras a se tornarem mais

    competitivas. A maior conscincia de preos por parte dos consumidores, aliada queda das

    receitas financeiras e ao ingresso de redes estrangeiras no mercado, exigem nova postura

    administrativa de todas as empresas operantes (KORGAONKAR, 1981).

    Nesse contexto, muito se discute sobre os novos desafios, Alejandro Padron (2007,

  • p.33), considera que:

    O maior desafio para o varejo definir como a empresa quer ser vista

    pelo consumidor: a mais barata, a melhor nas vendas em determinada

    categoria, a que oferece maior convenincia. preciso ter algo que o

    pblico reconhea. Para isso, deve-se analisar o mercado e a

    concorrncia, olhar um horizonte de trs anos e perguntar-se: o que

    fao bem?

    Corroborando a situao supracitada, muitas empresas do ramo, esto procurando

    encontrar ferramentas administrativas que possibilitem o alcance dos objetivos estabelecidos

    pela organizao. Para facilitar esse trabalho, surgiram algumas tcnicas de planejar o nvel

    estratgico da organizao, esse planejamento visa eficcia da organizao, ou seja, orientar

    os esforos na direo mais correta (FISCHMANN, 1991).

    Segundo GAJ (2002) o planejamento estratgico contribui muito para o

    enriquecimento desse processo, porque adota uma metodologia que obriga a pensar no futuro,

    envolvendo as partes interessadas para um trabalho em equipe. Da mesma forma, nunca temas

    como competitividade, estratgias, objetivos, e metas estiveram to em voga nas pautas das

    reunies de executivos. As empresas de um modo geral esto comeando a perceber que as

    coisas mudaram. As organizaes que no se adaptarem a essa nova realidade esto

    seriamente destinadas a serem sobrepujadas e descartadas pelo mercado.

    As pequenas e mdias empresas em geral so as mais afetadas por essas

    transformaes, a escassez de recursos e a falta de conhecimento administrativo leva

    falncia inmeras empresas com vrios anos de atuao no mercado. O motivo pelo qual tudo

    isso acontece o fato de no existir adaptao por parte dessas empresas em relao a esses

    novos contextos. Para isso Vasconcellos (2001) afirma que necessrio mergulhar na

    incerteza do amanh, por meio de tcnicas eficazes que permitam identificar as tendncias

    que iro impactar o futuro das empresas.

    A realidade vivenciada pela empresa familiar objeto do estudo no diferente das

    demais empresas do ramo supermercadista do pas. Hoje com quarenta e oito anos de vida,

    essa empresa est sendo obrigada a rever suas prticas administrativas, seus processos, mas

    principalmente seus paradigmas, visando sua manuteno no mercado.

    Diante desse contexto, surgiu a seguinte inquietao: O planejamento estratgico pode ser uma ferramenta de gesto utilizada por pequenas empresas do setor supermercadista

    para enfrentar a forte e acirrada concorrncia das multinacionais?. Definiu-se como objetivo geral elaborar uma proposta de Planejamento Estratgico levando em considerao as

    variveis internas e externas que influenciam o desempenho da empresa a fim de enfrentar a

    forte concorrncia das multinacionais.

    Como objetivo especfico pretendeu-se: (i) identificar e definir qual o negcio da

    empresa; (ii) Elaborar uma declarao de misso e viso para a empresa; (iii) Identificar quais

    so os princpios da empresa; (iv) Identificar os pontos fortes, os pontos fracos, as

    oportunidades e as ameaa da empresa; e, (v) Formular propostas estratgicas para a empresa.

    Espera-se, que a partir dessa proposta, a empresa, alcance melhores resultados com o

    atingimento dos objetivos e metas, uma vez que, ter uma ferramenta administrativa que

    possibilitar a organizao conhecer-se a si prpria e a partir da, obtenha sucesso nesse

    cenrio de competitividade. Os resultados foram organizados e estruturados em seis etapas

    bem definidas possibilitando a visualizao da sequencia do plano estratgico.

    2. Administrao Estratgica

  • Segundo Ansoff (1993), a administrao estratgica tem por objetivo posicionar e

    relacionar a empresa a seu ambiente de modo que garanta seu sucesso continuado e a coloque

    a salvo de eventuais surpresas. Para Gaj (1995), apesar dos vrios estudos sobre

    administrao estratgica, resta ainda estabelecer seus limites, o que s pode ser feito a partir

    da interpretao do que se entende por estratgia. Ansoff (1993) define estratgia como um

    conjunto de regras de tomada de deciso para a orientao do comportamento de uma

    organizao. Consoante Porter (1999) ensina que a estratgia consiste na criao de um

    posicionamento exclusivo, que envolva um conjunto de atividades distintas daquelas dos

    adversrios, uma vez que no haveria motivos para se desenvolver uma estratgia se

    houvesse apenas uma nica posio ideal.

    De acordo com Ansoff (1993), a empresa necessita escolher as direes certas para o

    crescimento futuro, bem como mobilizar as energias de um grande nmero de pessoas na

    nova direo escolhida. Mintzberg (2003) relata que o processo de formao de estratgias

    SWOT baseia-se na crena de que a formao de estratgias um processo de concepo

    entre fatores externos e organizacionais. Para De Kluyver e Pearce II (2007), a anlise

    SWOT uma avaliao dos pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaas de uma empresa,

    que consiste em ferramenta til para gerar uma lista de fatores para considerao estratgica.

    A criao de estratgias, consoante De Kluyver e Pearce II (2007), pode ser efetivada

    com base em trs perguntas-chave: Onde estamos? Para onde vamos? e Como chegaremos l? Cada pergunta define uma parte do processo e sugere diferentes tipos de anlises e avaliaes. A formao de estratgias deve ser um processo controlado e consciente, bem como formalizado e elaborado, decomposto em etapas distintas, cada uma

    delineada e apoiada por tcnicas (MINTZBERG, 2004, p.48). Segundo Strickland e Thompson (2003), o planejamento estratgico, engloba cinco

    tarefas gerencias inter-relacionadas: 1) decidir em que negcio a empresa estar e formar uma

    viso estratgica de para onde a empresa precisa ser direcionada; 2) converter a viso e

    misso em objetivos mensurveis e objetivos de desempenho; 3) elaborar a estratgia para

    atingir os resultados desejados; 4) implementar e executar a estratgia escolhida

    eficientemente e eficazmente; 5) avaliar o desempenho, revisar os novos desenvolvimentos e

    ajustar os novos rumos de longo prazo.

    Aps o planejamento, entra em cena a implementao e execuo de estratgias, que

    segundo Strickland e Thompson (2003) consiste em perceber aquilo que necessrio para

    que a estratgia funcione e alcance o desempenho almejado dentro do prazo estipulado.

    A implementao de uma estratgia requer o gerenciamento de inmeras atividades

    desde a aquisio e alocao de recursos, passando pela modelagem da cultura corporativa

    at chegar instalao de sistemas adequados de suporte (DE KLUYVER E PEARCE II,

    2007).

    Mintzberg (2004) ensina que as estratgias podem fracassar, no somente por serem

    implementadas sem sucesso, mas tambm por serem implementadas com sucesso e depois se

    revelarem inadequadas. Para Strickland e Thompson (2003), a finalidade da administrao

    adequar maneira com que as atividades esto sendo realizadas e o que precisa ser feito para

    executar eficientemente a estratgia. Quanto maiores as adequaes, melhor ser a execuo

    da estratgia.

    3. O Varejo

    Existem vrias definies para varejo. Conforme Las Casas (2004, p. 17), uma das

    mais citadas a da American Marketing Association, que define o varejo como uma unidade de negcio que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e

    vende diretamente a consumidores finais e eventualmente aos outros consumidores.

  • J para Levy e Weitz (2000, p.27), varejo um conjunto de atividades de negcios que adiciona valor a produtos e servios vendidos a consumidores para seu uso pessoal e

    familiar. Os varejistas, segundo Parente (2000), compram, recebem e estocam produtos de fabricantes ou atacadistas para oferecer aos consumidores a convenincia de tempo e lugar

    para a aquisio de mercadorias. O varejista difere do atacadista, pois o atacado consiste no processo de venda para clientes institucionais que compram produtos e servios para

    revend-los ou como insumo para suas atividades empresariais (PARENTE, 2000, p. 22). Dentro do setor de varejo esto atuando os supermercados, os quais segundo Las

    Casas (2004) apareceram no Brasil na dcada de 50. Os supermercados, segundo Parente

    (2000), so caracterizados pelo sistema de autosservio, check outs e produtos expostos de

    maneira acessvel, que permitam aos fregueses auto servirem-se, utilizando cestas e carrinhos.

    Os supermercadistas devem estar atentos s estratgias de varejo. As quais, segundo

    Levy e Weitz (2000), so uma afirmao que identifica (1) o mercado-alvo do varejista, (2) o

    formato que o varejista planeja usar para satisfazer as necessidades do mercado-alvo e (3) as

    bases sobre as quais o varejista planeja construir uma vantagem competitiva sustentvel.

    Segundo o autor, a estratgia de varejo determina os mercados em que um varejo ir

    concorrer, uma vez que a seleo de um mercado-alvo faz o varejista enfocar um grupo de

    consumidores cujas necessidades ele tentar satisfazer. O elemento final de uma estratgia de

    varejo a criao de uma vantagem competitiva sustentvel.

    De acordo com Porter (1989, p.02), a vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores. Existem dois tipos bsicos de vantagem competitiva: liderana de custos e diferenciao.

    No Brasil, as grandes redes de hipermercados procuram adotar estratgias de

    lideranas de custo disputando intensamente a imagem de preo baixo (PARENTE, 2000). A

    lgica da diferenciao, segundo Porter (1989), exige que uma empresa escolha atributos

    diferentes dos seus rivais. De acordo com Parente (2000), os supermercados Po de Acar

    vm alcanando sucesso ao adotar essa estratgia e so cada vez mais reconhecidos no

    mercado como lojas diferenciadas, oferecendo um conjunto de produtos e servios diferentes

    de seus concorrentes.

    4. Mtodo

    Este estudo de caso foi realizado em uma empresa do ramo supermercadista,

    localizada em uma cidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul. A empresa caracteriza-

    se como sendo familiar e atualmente possui 160 funcionrios distribudos em trs lojas e um

    centro de distribuio. A escolha dessa empresa como objeto de estudo atendeu s seguintes

    motivaes: (a) trata-se de uma empresa familiar; (b) uma empresa pequena comparada com

    as concorrentes Wal-mart e Carrefour; e, (c) assim como outras empresas sofre com a

    concorrncia das multinacionais.

    Trata-se de uma pesquisa qualitativa-exploratria, para a qual se optou pelo estudo de

    caso (YIN, 2010). Para Yin (2010), o estudo de caso investiga um fenmeno contemporneo

    dentro de seu contexto da vida real.

    Optou-se pela abordagem qualitativa, pois segundo Oliveira (1997) esse tipo de

    pesquisa permite descrever a complexidade de um determinado problema e analisa a interao

    de certas variveis, compreendendo processos dinmicos e experimentados por grupos

    sociais.

    A tcnica de amostragem foi no probabilstica intencional (LAKATOS e MARCONI,

    2005). O pblico alvo escolhido pelo pesquisador foi os trs diretores, dois gerentes e dois

    supervisores, da empresa, aqueles segundo seu entender, pela funo desempenhada ou cargo

  • ocupado, exercem funes de lderes de opinio.

    Atendendo a um dos princpios de coleta de dados de Yin (2010), utilizaram-se

    mltiplas fontes de dados. Foram utilizadas, tcnicas de observao e entrevistas, devido

    propriedade com que esses dois instrumentos penetram na complexidade do problema

    (RICHARDSON, 1999).

    A tcnica de observao utilizada pode ser classificada, segundo Lakatos e Marconi

    (2005), como observao participante, porque consistiu na participao real do pesquisador

    com o grupo. A observao, quando adequadamente conduzida, pode revelar inesperados e

    surpreendentes resultados que, possivelmente, no seriam examinados em estudos que

    utilizassem tcnicas diretivas (RICHARDSON, 1999).

    O modelo de entrevistas aplicadas para obter as informaes necessrias foi do tipo

    entrevista semiestruturada, cujo objetivo era obter quais os aspectos mais relevantes sobre o

    problema (RICHARDSON, 1999). No roteiro semiestruturado o entrevistador tem liberdade

    para desenvolver cada situao em qualquer direo que considere adequada (MARCONI e

    LAKATOS, 2005).

    Ao total foram realizadas dez entrevistas. O roteiro de entrevista foi elaborado com

    base na metodologia de planejamento estratgico de Vasconcelos e Pagnoncelli (2001). As

    entrevistas foram gravadas em udio para posterior anlise. O material coletado nas

    entrevistas foi ouvido vrias vezes, visando-se obter o perfeito significado das falas.

    A anlise dos dados coletados para a presente pesquisa seguiu conforme Gil (2002

    p.133) uma seqncia de atividades, que envolveram a reduo dos dados, a categorizao desses dados, sua interpretao e a redao do relatrio.

    O resultado dessa anlise voltou-se para a elaborao de uma sntese das opinies

    convergentes dos entrevistados, alm de destaque para as discordncias e dissonncias

    encontradas. Optou-se pela anlise de contedo por se acreditar que essa metodologia de

    pesquisa capaz de descrever e interpretar o contedo de todas as classes de texto (BARDIN,

    1977).

    5. Resultados

    5.1 Etapa 01 Negcio da empresa

    Considerando os ensinamentos de Vasconcellos e Pagnoncelli (2001) sobre a miopia estratgica, procurou-se evidenciar o negcio da empresa, uma vez que existe uma tendncia quase que natural de se confundir o negcio com o produto ou servio oferecido. Ainda de

    acordo com Drucker (1998), a definio incorreta do negcio a maior causa do fracasso das

    empresas.

    Foram elaboradas trs perguntas seguindo o modelo de Vasconcellos e Pagnocelli

    (2001), e posteriormente aplicadas no formato de entrevistas individuais, na qual cada um dos

    diretores teve oportunidade de expressar a sua opinio e o seu ponto de vista em relao ao

    assunto pesquisado.

    PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

    No seu ponto de vista,

    quem o cliente da

    empresa?

    [...] pessoas que residem ou que estejam de passagem nas imediaes de nossas

    lojas, que necessitam adquirir bens de consumo, tais como alimentos e no

    alimentos [...] (diretor 1). [...] toda populao da cidade de um modo geral,

    mais precisamente o pblico das classes B, C e D (diretor 2). [...] os mais

    variados perfis de clientes (diretor 3).

    Na sua opinio, qual a

    necessidade ou o

    benefcio que

    efetivamente o cliente do

    [...] auferir o melhor custo benefcio, seja do produto ou do servio, levando em

    conta tambm a comodidade ao realizar as suas compras, seja pela proximidade

    de sua residncia ou pela qualidade diferenciada (diretor 1). [...] produtos e

    servios serem diferenciados [...] (diretor 2). [...] preos compatveis com os

  • Supermercado procura? preos adotados pelo mercado. Mas na minha percepo este no o fator que

    atrai nossos clientes [...] a qualidade de nossos produtos no industrializados,

    como por exemplo: pes, carnes e hortifruti granjeiros (diretor 3).

    Na sua percepo, quem

    e quais sero os

    concorrentes?

    [...] empresas varejistas de vrios portes, desde o maior varejista do mundo

    (Wal-Mart) com seu poder de barganha, profissionalizao, eficincia nas

    operaes e foco na adaptao que faz em suas lojas tendo em vista atender as

    peculiaridades das cidades e regies onde atua, at mdios varejos de alcance

    regional como a Comercial Zaffari que tambm possui um excelente nvel de

    especializao, embora acredito que atinja um pblico de maior poder

    aquisitivo. Alm de supermercados locais, [...] e por fim entendo que os varejos

    de pequeno porte e restaurantes [...] (diretor 1).

    [...] mdias redes controladas por grandes varejistas ou grupos multinacionais, o

    que j visto na Europa, Mxico e Estados Unidos. Ficar ainda mais difcil

    para os mdios e pequenos sobreviverem, pois as indstrias tero como maior

    canal de distribuio esses gigantes, que muitas vezes ditam as regras da relao

    comercial. Vejo tambm um crescimento no hbito de se alimentar fora de casa,

    quer pela falta de tempo, pelo tamanho reduzido das famlias ou at mesmo pelo

    fato de muitos jovens no aprenderem a cozinhar [...] (diretor 2). Na minha

    percepo os concorrentes diretos para o nosso negcio so os supermercados

    locais e tambm a rede americana Wal-Mart. Um fator que, na minha opinio,

    deve ser levado em considerao na nossa cidade, a expanso da concorrncia

    informal, principalmente aougues e lojas de R$ 1,00. Percebo tambm uma

    mudana considervel nos hbitos de consumo da populao, hoje as pessoas

    esto preferindo comprar alimentos prontos, de fcil e rpida elaborao. Com

    isso devemos ficar atentos a essas transformaes e oferecer produtos cada vez

    mais prticos que facilitem as atividades domsticas de nossos clientes [...]

    (diretor 2). Considero nossos concorrentes os supermercados de nossa cidade de

    um modo geral, tambm as farmcias porque trabalham com um mix de

    produtos de higiene e limpeza muito sortido e com preos bastante

    competitivos. E por ultimo as viandas, porque na minha percepo esse um

    hbito que est sendo muito utilizado pela populao, talvez pela falta de tempo

    e at mesmo pela praticidade e economia, que de uma maneira indireta afeta as

    nossas vendas [...] (diretor 3).

    Quadro 1: Definio do negcio da empresa.

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Verificou-se que pessoas que h muito tempo trabalham lado a lado e que acham que

    se conhecem muito bem, percebem de repente, e com muito espanto, que discordam a respeito

    de pontos fundamentais. O principal motivo da importncia de se colocar mostra as

    divergncias existentes na cpula da empresa em relao ao negcio da empresa, que nunca

    determinada resposta pode ser considerada correta. Raramente a resposta segue aquilo que

    todo mundo sabe. Nunca deve ser formulada apenas em cima do razovel, nunca deve ser

    formulada s pressas, nunca deve ser formulada sem dor (Drucker, 1998).

    Por meio das respostas verificou-se que o negcio da empresa a convenincia, ou

    seja, reunir num mesmo local, vrios setores que ofeream solues prticas e eficientes para

    as atividades rotineiras de consumo.

    5.2 Etapa 02 Misso

    Considerada por Tiffany e Peterson (1998) o monte Everest de todas as tarefas de planejamento estratgico, a misso o prximo passo para a construo do alicerce que

    servir como sustentao desta proposta de planejamento estratgico sugerida para a empresa.

    Os diretores mais uma vez foram o pblico-alvo desta etapa do trabalho e tiveram a

    oportunidade de expressar suas convices e sugerir suas idias em relao maneira pela

    qual o pesquisador deveria proceder ao desenvolver a formulao da declarao de misso da

    empresa.

  • PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

    Qual a atividade

    desempenhada pela

    empresa?

    [...] adquirir os produtos em grande quantidade e distribuir diretamente ao

    consumidor final, de forma mais eficiente, atenciosa [...] (diretor 1). [...] nossa

    atividade comercializar alimentos e produtos que facilitem as atividades do lar

    (diretor 2). [...] atuar no setor varejista de alimentos, procurar no somente

    comercializar produtos diretamente ao consumidor final, mas tambm oferecer

    servios que atendam as necessidades da populao onde nossa empresa est inserida.

    Como so realizadas as

    atividades da empresa?

    [...] atravs de trs lojas que esto bem situadas na cidade, com o auxlio do

    centro de distribuio (diretor 1). [...] procuramos desenvolver nossas atividades

    atravs de parceria com nossos fornecedores e tambm com nossos concorrentes

    [...] (diretor 2). [...] procuramos oferecer dentro das nossas limitaes o que tem

    de melhor em servios e produtos do ramo de supermercados (diretor 3).

    Aonde so realizadas as

    atividades da empresa?

    [...] dentro da cidade e tambm disponibilizamos servio de entrega de

    mercadorias para os clientes que moram em bairros distantes [...] (diretor 1).

    abrange toda a cidade (diretor 2 e 3).

    Com qual

    responsabilidade social

    so realizadas as

    atividades da empresa?

    [...] participando dos acontecimentos [...] agindo de forma responsvel em suas

    aes, seja em relao a sua preocupao com as pessoas, o ambiente e a

    organizao scio-poltica da cidade. (diretor 1). [...] a principal ao social que

    a empresa realiza, disponibilizar 160 empregos diretos para a sociedade. Na

    grande maioria das vezes, esses profissionais so contratados pela empresa sem

    nenhuma qualificao profissional [...] (diretor 2). [...] aes que buscam

    aproximar o relacionamento da empresa com as entidades filantrpicas. Outra

    ao social que a empresa est realizando [...] um sorteio [...] para as pessoas

    que aderirem promoo da sacola retornvel, onde se busca conscientizar as

    pessoas a usar sacolas durveis em detrimento tradicional sacola plstica, to

    prejudicial ao meio ambiente (diretor 3).

    O que a empresa est

    tentando fazer em

    benefcio de seus

    clientes?

    [...] proporcionar uma maior qualificao por parte de nossos gerentes e tambm

    dos demais funcionrios responsveis pelas atividades da empresa,

    principalmente aqueles que esto envolvidos diretamente com atendimento de

    nossos clientes. Buscamos tambm, [...] um maior poder de barganha frente aos

    nossos fornecedores, reduzindo custos [...] (diretor 1). [...] desenvolver aes

    que possibilitem uma maior aproximao entre nossos fornecedores e nossos

    clientes. Precisamos ficar sempre atentos s mudanas de hbitos de consumo e

    acreditamos que o papel dos supermercados fundamental no sentido de

    orientar a indstria a produzir conforme as necessidades e a demanda de nossos

    clientes. (diretor 2). [...] oferecer produtos e servios diferenciados para atender

    as exigncias do mercado consumidor.

    Quadro 2: Misso da empresa

    Fonte: Dados da pesquisa.

    De acordo com as entrevistas realizadas, percebe-se que a misso da empresa

    facilitar as atividades rotineiras de consumo, oferecendo produtos de qualidade e servios

    diferenciados, atendendo e superando as expectativas dos clientes.

    5.3 Etapa 03 Princpios

    Dedicar definio dos princpios da empresa pode ser considerado uma atividade

    fundamental para as aes e o comportamento futuro dos funcionrios. Ajuda-os a

    desenvolver critrios de relevncia, enfrentar situaes complicadas para as quais no h

    respostas fceis, prepara-os para reagir rapidamente e decisivamente, baseado em uma clara

    compreenso do que realmente importa (TIFFANY e PETERSON, 1998).

    Dessa forma, procurou-se evidenciar quais seriam os valores mais importantes na

    percepo de cada um dos diretores:

    PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

  • Para o Senhor quais so

    os trs principais

    princpios da empresa?

    [...] honestidade. Para nossa empresa realizar suas atividades, fundamental

    estabelecer um relacionamento confivel com os clientes, fornecedores e

    funcionrios [...] Imagem. Todas as nossas aes devem estar voltadas para

    preservao da nossa imagem, da nossa histria [...] Pessoas: [...] devemos

    valorizar as pessoas e incentiv-las a permanecer conosco envolvidas e

    comprometidas no sentido de concretizar nossa misso. (diretor 1).

    Transparncia. Todas nossas aes devem ser claras e percebidas por todos

    queles envolvidos nas atividades da empresa. Responsabilidade. devemos

    estar ciente da nossa responsabilidade de fazer bem feito. Clientes. Tudo que

    fazemos deve estar voltado para o nosso cliente, ele quem paga nossas contas,

    por isso devemos encant-lo surpreendendo suas expectativas. (diretor 2).

    Confiana. A partir do momento que nossa empresa transmitir insegurana,

    descrdito e falta de interesse em estabelecer um relacionamento srio e

    responsvel com nossos parceiros, podemos fechar nossas portas.

    Credibilidade. Apesar da nossa empresa ser considerada pequena em relao

    aos nossos concorrentes, tudo que adquirimos at hoje fruto das nossas

    relaes que tivemos principalmente com nossos clientes e fornecedores.

    Comprometimento. nossa obrigao estarmos comprometidos com aquilo

    que se propomos a fazer [...] (diretor 3).

    Quadro 3: Misso da empresa.

    Fonte: dados da pesquisa.

    Conforme Vasconcelos e Pagnoncelli (2001) natural que, em um primeiro momento,

    surja um nmero excessivo de temas para os princpios. Apesar de a inteno ser boa, esse

    exagero no ajuda muito pelo contrrio, pode dificultar a utilizao prtica dos princpios.

    Para que sejam praticados, preciso que antes sejam assimilados, e para que sejam

    assimilados, os princpios devem ser poucos e redigidos de forma clara e concisa.

    Por meio dos resultados, verificou que os principais princpios da empresa so:

    comprometimento, pessoas, imagem e clientes.

    5.4 Etapa 04 - Analise Ambiental

    Considerado por Vasconcellos e Pagnoncelli (2001) o radar do planejamento estratgico, esta etapa do trabalho tem como finalidade identificar e monitorar as variveis

    que afetam o desempenho da empresa.

    A anlise do ambiente que leva em considerao os fatores situacionais internos e

    externos da empresa considerada por Strickland e Thompson (2002) o ponto de partida para

    elaborao de uma estratgia empresarial.

    Para desenvolver esses conceitos e aplic-los na prtica, com a inteno de buscar

    informaes pertinentes a situao atual da empresa pesquisada e do seu setor, foram

    realizadas entrevistas individuais com dois gerentes e dois supervisores da referida empresa,

    as perguntas foram elaboras seguindo a tcnica de analise SWOT, uma tcnica fcil de ser

    usada para se obter uma viso geral da situao estratgica da empresa (STRICKLAND e

    THOMPSON, 2002).

    PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

    Em sua opinio, quais

    so os pontos fortes da

    empresa?

    [...] sua marca, pelo fato de j ser consolidada na comunidade. Outro [...] o

    nosso setor de carnes, o atendimento personalizado que procuramos realizar

    tambm um dos pontos fortes da empresa [...] (Gerente 1). Considero o setor

    de aougue o principal [...] outro ponto que considero importante so os

    processos, porque j tive a oportunidade de trabalhar em empresas maiores onde

    tudo era muito burocratizado, aqui ns temos um relacionamento mais prximo

    com a direo da empresa o que permite tomar decises mais rapidamente

    (Gerente 2). [...] a nossa tradio [...] mas o principal ponto forte da empresa

    mesmo os setores: hortifrutigranjeiros e aougue. (Supervisor 1). [...] a

  • trajetria, talvez tudo que conseguimos atingir at hoje no seria possvel se

    nossa empresa no fosse idnea. Considero o atendimento um ponto forte da empresa, talvez pelo fato da empresa no exigir dos funcionrios um

    comportamento padro e mecanizado, igual aos praticados pela concorrncia.

    (Supervisor 2)

    Na tua opinio, quais so

    os pontos fracos da

    empresa?

    [...] a alta rotatividade de funcionrios, esse problema muitas vezes acaba

    prejudicando a qualidade dos nossos servios prestados. Outra dificuldade que

    enfrentamos em relao logstica [...] (Gerente 1). Ruptura de mercadorias

    um dos pontos fracos mais gritantes da nossa empresa, porque leva muitos de

    nossos clientes efetuarem a aquisio desses produtos nos supermercados

    concorrentes, este problema no ocasiona somente perda de venda, mas tambm

    pode ocasionar a perda do cliente [...] (gerente 2). [...] falta de clareza por parte

    da direo em relao s pretenses futuras e os objetivos a serem alcanados.

    Considero tambm outro ponto fraco as frequentes faltas de mercadorias,

    principalmente aquelas que so consideradas imprescindveis, onde a sua

    ausncia pode levar uma imagem negativa para o cliente em relao a nossa

    empresa. (supervisor 1). [...] Muitas vezes percebo que os funcionrios no

    sabem quem so os diretores da empresa e muito menos quem foi o fundador

    dela. Muitas dessas falhas poderiam ser evitadas e corrigidas se tivesse um

    departamento de recursos humanos. (supervisor 2).

    Na tua opinio, quais so

    as oportunidades que o

    mercado oferece que

    poderiam ser mais bem

    exploradas?

    [...] o carto de crdito prprio onde j adquirimos um conhecimento bastante

    avanado, mas que necessita de uma estrutura humana ainda maior e de aes

    voltadas para captao de novos clientes. (gerente 1). Devido s mudanas nos

    hbitos de consumo da populao, e tambm do perfil dos frequentadores de

    supermercados, acredito que a procura por alimentos prontos vai aumentar

    ainda mais, com isso devemos nos preparar para essas mudanas principalmente

    no setor de padaria, oferecendo produtos cada vez mais prticos [...] (gerente 2).

    [...] est aumentando a conscientizao das pessoas no sentido de consumir

    alimentos saudveis, para isso acredito que devemos nos mobilizar para atender

    a essas novas exigncias impostas pela populao [...] (supervisor 1). [...] nos

    aproveitar das fragilidades e ineficincias, principalmente, das grandes redes em

    relao a algumas atividades [...] (supervisor 2).

    Na sua opinio, quais so

    as ameaas

    proporcionadas pelo

    mercado, que afetam as

    atividades

    desempenhadas pela

    empresa?

    a acirrada concorrncia [...] (gerente 1). O que me preocupa, no somente o

    crescimento e a expanso da concorrncia, mas tambm a diminuio do

    nmero de habitantes que residem aqui na cidade [...] (gerente 2). Acredito que

    devido falta de tempo e a correria da vida moderna, muitas pessoas esto

    preferindo, talvez pela praticidade ou at mesmo pelos custos, fazer suas

    alimentaes atravs de viandas. [...] atualmente a concorrncia exercida pela

    rede americana Wal-Mart que atravs das suas promoes e da sua filosofia de

    negcio, vem impondo um maior dinamismo no setor [...] (supervisor 1). No

    meu ponto de vista, no consigo visualizar nenhuma ameaa direta [...]

    (supervisor 2).

    Quadro 4: Anlise ambiental

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Os relatos proporcionados serviram para a construo do Quadro 5, onde foram

    expostas as principais contribuies coletadas atravs dessa pesquisa.

    PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

    Histria e tradio da empresa

    Setor de carnes (aougue)

    Processos desburocratizados

    Atendimento

    Alta rotatividade de funcionrios.

    Ruptura de mercadorias

    Falta de clareza nas aes por parte da direo da empresa

    Ausncia de um setor de Recursos Humanos.

    OPORTUNIDADES AMEAAS

  • Quadro 5: Pontos fortes e pontos fracos, oportunidades e ameaas da empresa.

    Fonte: Elaborado e adaptado pelos autores.

    5.5 Etapa 05 Viso

    Considerada por Tiffany e Peterson (1998, p. 52) a bssola do planejamento estratgico, a viso, alm de apontar o caminho para o futuro, ela energiza a empresa e cria

    um ambiente propcio ao surgimento de novas ideias.

    Com o objetivo de projetar a imagem da empresa no futuro, buscando desenvolver

    juntamente com os diretores, uma atividade reflexiva, as entrevistas foram realizadas

    individualmente. Cada um dos diretores teve a oportunidade de manifestar suas opinies de

    forma livre e aberta, sem nenhuma pergunta especfica em relao ao assunto abordado. As

    respostas foram transcritas e divulgadas no Quadro 6.

    PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

    Qual seria o grande

    sonho ou objeto de futuro para a empresa?

    Nossa empresa tende a crescer atravs de uma nova estruturao, com a

    incorporao de novos gestores de fora (no da famlia), gerando um ambiente

    de maior profissionalismo objetivando um maior crescimento[...] (diretor 1).

    nossa empresa est passando por um estgio de maturao muito importante, j

    contamos com profissionais em cargos estratgicos que no fazem parte da

    famlia, acredito que toda empresa familiar passa por essas fases, que muitas

    vezes so decisivas para sua sobrevivncia e crescimento. [...] (diretor 2). meu

    sonho ver a empresa caminhando com suas prprias pernas, ou seja, quero ver

    a empresa sendo conduzida por pessoas preparadas e qualificadas, gestores

    comprometidos em manter, preservar e acima de tudo levar adiante a histria de

    nossa empresa. Conforme estatsticas a grande maioria das empresas familiares

    acabam no passando da segunda gerao, por isso ns da direo da empresa

    estamos preocupados em profissionalizar cada vez mais os processos e na

    medida do possvel nos afastarmos das atividades que estamos desempenhando

    atualmente. Pretendemos buscar sucessores preparados e responsveis para dar

    continuidade e tocar o negcio, sem necessariamente ser um membro da

    famlia. Procuramos crescer e nos tornarmos cada vez maiores e para isso no

    podemos continuar como uma empresa familiar (diretor 3).

    Quadro 6: Viso

    Fonte: Dados da pesquisa.

    Visivelmente percebe-se nas declaraes dos diretores, que a possibilidade de

    sucesso por familiares est praticamente descartada conforme os relatos dos diretores e que a

    viso da empresa : tornar-se maior, deixando de ser considerada uma empresa familiar

    transformando-se em uma organizao formada por profissionais.

    5.6 Etapa 06 Objetivos

    Todas as etapas realizadas anteriormente neste trabalho so consideradas por Tiffany e

    Peterson (1998 p. 25) o primeiro passo para se elaborar um plano estratgico. Para concretizar a Viso e cumprir a Misso no negcio, Vasconcelos e Pagnoncelli (2001)

    ressaltam que as empresas precisam definir um conjunto claro e harmonioso de objetivos, no

    Carto de crdito prprio

    Oferecer alimentos prontos (setor de padaria)

    Oferecer alimentos saudveis (setor de hortifrutigranjeiros)

    Obter vantagens em cima das fragilidades e ineficincias das grandes redes.

    Regresso no nmero de habitantes da cidade.

    Wal-Mart atravs da sua filosofia de negcio, de comprar e vender em grande

    escala.

    Forte tendncia de mudana nos hbitos de consumo, se alimentar atravs de

    viandas ou fora de casa em restaurantes.

  • sentido de quantificar atravs de nmeros e datas os futuros resultados que a empresa

    pretende atingir.

    Para facilitar a formulao de um conjunto slido, verdadeiro e confivel de objetivos

    para a empresa foi necessria a colaborao e contribuio dos diretores da empresa nesse

    processo. Os depoimentos e relatados disponibilizados pelos diretores esto dispostos no

    Quadro 7.

    PERGUNTA TRECHO DA ENTREVISTA

    Quais so os objetivos

    que a empresa pretende

    atingir nos prximos dois

    anos?

    [...] Considero como objetivo principal e fundamental para o nosso crescimento

    a incorporao de uma poltica voltada para captao de novos profissionais [...]

    (diretor 1). [...] primeiramente antes de crescer preciso arrumar a casa,

    redefinir alguns processos como j estamos fazendo atravs da instalao de um

    novo sistema de informtica, e aumentar o controle de forma que possibilite

    uma maior clareza nos resultados da empresa [...] (diretor 2). [...] precisamos

    estar rodeados ainda mais de bons profissionais, mas para isso devemos

    reestruturar o setor de recursos humanos [...] (diretor 3).

    Quais so os objetivos

    que a empresa pretende

    atingir nos prximos

    quatro anos?

    Precisamos desenvolver diferenciais, [...] estamos trabalhando agora neste

    momento em cima do setor de hortifrti granjeiros atravs da produo de

    verduras hidropnicas, depois que esse setor estiver consolidado, pretendemos

    produzir internamente atravs de uma confeitaria prpria todos os produtos que

    vendemos em nossas padarias (diretor 1). [...] nossa empresa deve estar

    totalmente profissionalizada, somente depois que atingirmos este objetivo, que

    vamos pensar em expandir nossas atividades para outras cidades da regio

    (diretor 2). [...] reestruturar nosso setor de compras, buscando ser mais

    eficientes, evitando excessos e tambm faltas de mercadorias. (diretor 3)

    Quadro 7: Objetivos da empresa para os prximos anos

    Fonte: Dados da pesquisa

    As respostas disponibilizadas pelos diretores serviram como subsdios para formular

    um conjunto de objetivos para a empresa que, esto expostos no Quadro 8.

    Nossos Objetivos so:

    Prximos 2 anos Prximos 4 anos

    1- Reestruturar o Setor de Recursos Humanos

    1- Desenvolver diferenciais competitivos nos trs setores: Padaria, Aougue e Hortifrti

    Granjeiros

    2- Criar uma poltica voltada para desenvolver, contratar e preparar futuros

    gestores.

    2- Reestruturar o setor de compras e profissionalizao dos setores.

    Quadro 8: Objetivos da empresa.

    Fonte: Elaborado e adaptado pelo autor.

    6 Concluso

    Diante dos resultados, pode-se concluir que fundamental para uma empresa,

    independente do seu tamanho, levar em considerao as variveis que afetam o seu

    desempenho. Sendo assim, por meio da anlise ambiental, foram identificados os principais

    pontos fortes e fracos estabelecendo-se os objetivos e metas para o cumprimento dos

    resultados esperados.

    De acordo com os diretores da empresa, para que a mesma continue crescendo

    fundamental que ela deixe de ser uma empresa familiar transformando-se em uma

    organizao dirigida por profissionais de fora da famlia. Sendo assim, ficou evidente a

    necessidade de se criar uma poltica voltada para desenvolver futuros gestores, visando o

    processo de sucesso familiar com o objetivo de profissionalizao da empresa.

  • Ainda, para fazer frente concorrncia das multinacionais, necessrio criar e

    desenvolver novos diferenciais competitivos, uma vez que, fica impossvel competir pelo

    menor preo. Sendo assim, as pequenas empresas devem implantar um mix de produtos para

    atender s novas demandas da populao, como por exemplo: alimentos integrais e mais

    saudveis para suprir o aumento da procura por esses alimentos, bem como, alimentos prontos

    ou de preparo fcil, para atender as pessoas que devido correria do dia a dia no tem tempo

    para preparar a prpria refeio. Alm disso, necessrio disponibilizar verduras e carnes

    com um padro de qualidade superior aos ofertados pela concorrncia. Outro desafio

    estratgico produzir internamente os produtos de confeitaria, como tortas, doces e salgados.

    Considerado um dos pontos fracos da empresa, a ruptura, ou seja, a falta de

    mercadorias nas gndolas do supermercado uma das principais dificuldades enfrentadas e

    vivenciadas pelos gerentes e supervisores. O problema mais agravante quando essa falha

    acontece com produtos de alto giro ou quando o produto que o cliente procura est em

    promoo. Nesse sentido, a reestruturao do setor de compras fundamental.

    Para estudos futuros, sugere-se a elaborao de pesquisas que tratem de assuntos

    relacionados a empresas familiares e processos sucessrios, com certeza trabalhos

    direcionados a esse assunto so bem vindos.

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