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Revisitando os Pressupostos Básicos da Teoria de Inovação
AutoriaGlessia Silva - [email protected]
Engenharia de Produção/Universidade Federal de Alagoas
Luiz Carlos Di Serio - [email protected] e Dout em Admin de Empresas /FGV/EAESP - Fundação Getulio Vargas/Esc de Admin de Empresas de São Paulo
ResumoNeste ensaio nos debruçamos sobre os pressupostos básicos da teoria de inovação ediscutimos suas principais fragilidades. Uma teoria precisa ter forte capacidade explicativa edeve ser clara quanto a sua operacionalização (Alvesson & Sandberg, 2011). O excessivoviés no contexto específico de grandes empresas, P&D e empresas de alta tecnologia comoobjeto de estudo tornou os preceitos de inovação difíceis de aplicar em diferentes contextos.A falta de clareza quanto ao conceito, tipologia, unidade de análise e processo de inovaçãonos estudos dificulta sua operacionalização. Neste ensaio nos dedicamos a essa discussão.Esperamos que os insights gerados neste estudo orientem a operacionalização da pesquisaem inovação e sirvam como lente de análise para a prática da inovação.
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Revisitando os Pressupostos Básicos da Teoria de Inovação
Resumo
Neste ensaio nos debruçamos sobre os pressupostos básicos da teoria de inovação e
discutimos suas principais fragilidades. Uma teoria precisa ter forte capacidade explicativa e
deve ser clara quanto a sua operacionalização (Alvesson & Sandberg, 2011). O excessivo viés
no contexto específico de grandes empresas, P&D e empresas de alta tecnologia como objeto
de estudo tornou os preceitos de inovação difíceis de aplicar em diferentes contextos. A falta
de clareza quanto ao conceito, tipologia, unidade de análise e processo de inovação nos
estudos dificulta sua operacionalização. Neste ensaio nos dedicamos a essa discussão.
Esperamos que os insights gerados neste estudo orientem a operacionalização da pesquisa em
inovação e sirvam como lente de análise para a prática da inovação.
Palavras-chave: Inovação. Teoria de Inovação. Operacionalização.
Introdução
A teoria de inovação se desenvolveu largamente nas últimas décadas, orientada pelos
preceitos iniciais de Schumpeter (1911, 1934, 1939, 1942, 1943) e disseminada por autores
interessados em traçar critérios de inovação adequados à realidade organizacional (Berends,
Jelinek, Reymen, & Stultiëns, 2014). Entretanto, muitos desses critérios apresentam
fragilidades que tornam a teoria de inovação ambígua e comprometem a operacionalização da
pesquisa em inovação (Berend et al., 2014; De Jong & Marsili, 2006; Forsman, 2011;
Martínez-Román & Romero, 2013). Neste ensaio, argumentamos que os pressupostos de
inovação precisam ser revistos para o desenvolvimento da teoria de inovação.
Entre as principais fragilidades estão: falta de consenso e alta ambigüidade na definição
de inovação, que difere dentro e entre àreas de estudo (Crossan & Apaydin, 2010; Garcia &
Calantone, 2002; Mazzarol & Reboud, 2011; Tether, 2003); confusão entre inovação e
inovatividade, comumente utilizadas como sinônimos na literatura de inovação (Garcia &
Calantone, 2002); multiplicidade de tipologias de inovação e falta de clareza quanto à unidade
de análise utilizada, o que gera equívocos de classificação e inviabiliza a comparação entre
estudos (Crossan & Apaydin, 2010; Garcia & Calantone, 2002); falta de consenso sobre o
processo de inovação (Berends et al., 2014; Ferreira, Fernandes, Alves, & Raposo, 2015;
Freel, 2005; Garcia & Calantone, 2002; Hirsch-Kreinsen, Jacobson, Laestadius, & Smith,
2005; Santamaría, Nieto, & Barge-Gil, 2009); e forte viés em P&D (Birkinshaw, Hamel, &
Mol, 2008; Crossan & Apaydin, 2010; Fagerberg, Fosaas, & Sapprasert, 2012a).
Em conseqüência, não é espantoso termos a sensação de que inovação pode ser
“qualquer coisa” ou “direito de poucos”. Por exemplo, Crossan e Apaydin (2010) ao
mapearem o campo de inovação identificaram que os estudos não são claros quanto ao
conceito, tipologia, unidade de análise utilizada ou o que compõe o processo de inovação,
além de serem aplicados em empresas de alta tecnologia, o que sugere uma teoria de inovação
pouco fundamentada e excludente.
Na tentativa de contribuirmos para uma teoria de inovação adequada, propomos uma
reconceituação dos preceitos de inovação. Com base nas recomendações de Alvesson e
Sandberg (2011), desafiamos alguns pressupostos da teoria de inovação e discutimos os
avanços necessários à construção de uma teoria de inovação forte e menos ambígua.
Esperamos que os insights gerados neste estudo orientem a operacionalização da pesquisa em
inovação e sirvam como lente de análise para a prática da inovação.
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Pressupostos básicos da teoria de inovação
Nesta seção nos debruçamos sobre os pressupostos básicos da teoria de inovação e discutimos
suas principais fragilidades.
Falta de consenso e alta ambigüidade na definição de inovação: inovação é tecnológica?
A falta de consenso e alta ambigüidade na definição de inovação (Crossan & Apaydin,
2010; Damanpour, 2014; Ferreira et al., 2015; Garcia & Calantone, 2002; Martin, 2012;
Mazzarol & Reboud, 2011) tornaram o campo de inovação diversificado (Martin, 2012). Em
consequencia, sua definição apresenta significados diferentes a depender da abordagem que é
seguida (Tether, 2003) e a maioria dos estudos a associam à tecnologia e P&D quando boa
parte das atividades que levam à inovação não depende de nenhum dos dois (Damanpour &
Wischnevsky, 2006; Hirsch-Kreinsen et al., 2005; Keupp, Palmié, & Gassmann, 2012).
Parece haver na literatura de inovação uma confusão entre o conceito e a tipologia e
entre o conceito e o que compõe o processo de inovação. Inovação tecnológica é um tipo de
inovação e P&D é uma das atividades de inovação (Damanpour, 2014). Mesmo assim, a
inovação é fortemente conceituada na literatura como sendo tecnológica (Damanpour, 2014).
Por exemplo, a partir de uma amostra de 524 artigos publicados em dez principais revistas de
negócios e economia, no período entre 1981 e 2008, Crossan e Apaydin (2010) relataram que
mais da metade dos artigos não informaram com clareza o conceito de inovação e continham
um viés tecnológico. Em outra revisão sistemática sobre inovação, Keupp et al. (2012)
relataram que de uma amostra de 342 artigos, 246 também adotavam um viés tecnológico.
O excessivo viés tecnológico no conceito de inovação gera lacunas práticas e teóricas e
prejudica o desenvolvimento da teoria de inovação (Mazzarol & Reboud, 2011). Tether
(2003), por exemplo, defende a utilização de um conceito de inovação que não se confunda
com a inovação tecnológica e tece críticas ao Manual de Oslo. Segundo ele, a visão
tecnológica do Manual gera lacunas na identifcação de inovação e compromete sua eficácia.
Parace haver também uma confusão entre a teoria e o objeto de análise.
Tradicionalmente os estudos em inovação se desenvolveram em torno de grandes
organizações industriais (Damanpour, 2014) e tinham como foco a trajetória tecnológica
dessas empresas. Podemos citar os estudos de Dosi (1982), Freeman (1979), Nelson e Winter
(1982), Pavitt (1984), Rosenberg (1982) e Utterback e Abernathy (1975). Esses estudos
trouxeram consigo importantes contribuições para a literatura de inovação e foram conduzidos
numa época onde a introdução de novas tecnologias nas grandes organizações era
determinante para o crescimento econômico. Essa trajetória de desenvolvimento fez com que
pesquisadores utilizassem indiscriminadamente atributos do objeto de análise na teoria e a
tornasse excludente para diferentes contextos (Freel, 2005; Hirsch-Kreinsen et al., 2005).
A definição de inovação ainda precisa ser claramente compreendida no meio acadêmico
(Mazzarol & Reboud, 2011). A falta de consenso é presente não só no campo de inovação
como em diferentes áreas. Por exemplo, ao revisarem a pesquisa em inovação nos campos de
economia, sociologia organizacional e gestão da tecnologia, Gopalakrishnan e Damanpour
(1997) identificaram conceitos e visões diferentes em relação à inovação e como ela impacta a
sobrevivência, produtividade, crescimento e desempenho das empresas e que esses conceitos
e visões diferem conforme a unidade de análise, tipo de inovação e processo de inovação.
Diante de tanta ambiguidade qual seria então o conceito de inovação? Apenas nas duas
últimas décadas a ênfase em tecnologia tem sido posta em cheque e pesquisadores têm
discutido qual seria o significado real de inovação (Birkinshaw et al., 2008; Ferreira et al.,
2015; Garcia & Calantone, 2002; Śledzik, 2013). A resposta para essa pergunta parece estar
em Schumpeter (1911, 1934, 1939, 1942, 1943). Considerado o responsável por disseminar a
inovação como campo de estudo, Schumpeter (1911, 1934, 1939, 1942, 1943) definiu
inovação como a introdução de algo novo ou melhorado, através de um processo de
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destruição criativa e com um resultado econômico. As especificidades do que gera inovação,
discutidas ao longo de suas obras, carrega consigo atributos tecnológicos advindos do
contexto da época, mas suas discussões sempre colocaram em destaque a essência do conceito
de inovação, o papel da inovação para o desenvolvimento econômico e para as organizações e
sua forte ligação com o empreendedor como agente destrutivo e criativo.
Outras definições, como a de Dosi (1988, pág. 222), por exemplo, também trazem
consigo uma definição que se afasta do caráter tecnológico: “inovação é a busca e descoberta,
experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, novos processos de
produção e novas configurações organizacionais”. Isso reforça a ideia de que a definição de
inovação tem sido distorcida pela visão tecnológica advinda do objeto de estudo e da falta de
clareza quanto às tipologias, unidade de análise e processo de inovação.
Confusão entre inovação e inovatividade: são sinônimos?
A literatura de inovação tem utilizado os termos inovação e inovatividade como
sinônimos (Garcia & Calantone, 2002). Inovatividade é o grau de novidade de uma inovação
(Garcia & Calantone, 2002). Logo, representa um continuum da inovação e não a inovação. A
falta de distinção entre os termos prejudica a operacionalização da pesquisa em inovação, pois
para definir o grau de novidade é preciso antes definir a unidade de análise adotada no estudo
(Garcia & Calantone, 2002). A unidade de análise diz respeito ao “novo para quem?” Para o
cliente, para a empresa, para a indústria ou para o mundo? (Damanpour, 2014;
Gopalakrishnan & Damanpour, 1997; Halpern, 2010; Yamakawa & Osto Mariño, 2013).
Os estudos abordam a inovatividade sob diferentes unidades de análise e isso dificulta a
comparação e a classificação do quanto uma inovação é ou não considerada nova ou quanto
uma empresa é ou não considerada inovadora (Garcia & Calantone, 2002). Em revisões do
campo de inovação, Crossan e Apaydin (2010), Damanpour (2014), Gopalakrishnan e
Damanpour (1997) encontraram não apenas diferentes unidades de análise como
identificaram que os estudos raramente mencionam a unidade de análise adotada. Isso traz
sérias implicações para a pesquisa em inovação.
Em primeiro lugar, diferentes estudos estão tecendo comparações em torno de “coisas”
diferentes. Por exemplo, uma inovação nova para o mundo ou para a indústria é normalmente
introduzida por grandes empresas e empresas de alta tecnologia, enquanto empresas de setores
tradicionais e pequenas empresas têm mais sucesso com uma inovação nova para a empresa
ou para o cliente (Yamakawa & Osto Mariño, 2013). Em ambos os casos a inovatividade deve
ser determinada para cada unidade de análise e não entre unidades de análise. Entretanto, boa
parte dos estudos não faz essa distinção (Yamakawa & Osto Mariño, 2013).
Isso traz uma segunda implicação, sem estabelecermos uma unidade de análise que
direcione a inovatividade, como podemos definir o que é e o que não é inovação? A confusão
entre inovação e inovatividade faz com que pesquisadores se voltem para inovações mais
fáceis de medir, como as inovações tecnológicas, medidas comumente através de patentes, e
desconsiderem outros tipos de inovação (Garcia & Calantone, 2002). Isso reforça o viés
tecnológico do conceito de inovação e leva pesquisadores a abordar a inovação de maneiras
diferentes a depender da comunidade científica que querem atender (Damanpour, 2014;
Garcia & Calantone, 2002; Yamakawa & Osto Mariño, 2013).
Outra implicação está na definição de organização inovadora. Pesquisadores têm
confundido a inovatividade do produto com inovatividade da empresa (Garcia & Calantone,
2002). A inovatividade da empresa pode ser considerada a propensão que a empresa tem em
inovar, desenvolver novos produtos/serviços/processos, ou adotar inovações que contribuam
com esse objetivo; já a de produto como a colocação de um produto no mercado ou sua
adoção (Garcia & Calantone, 2002). Um produto altamente inovador não torna a empresa
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altamente inovadora, pois algumas empresas podem se tornar especialistas em melhorar o
produto existente, sem que outras inovações sejam realizadas (Garcia & Calantone, 2002).
Além disso, é preciso observar a unidade de análise utilizada. Sob um ponto de vista
macro, focado no mundo ou indústria, a inovatividade do produto é o quanto a inovação pode
gerar mudança de paradigma na ciência, tecnologia ou estrutura de mercado (Garcia &
Calantone, 2002). Sob um ponto de vista micro, focado na empresa ou cliente, o quanto pode
influenciar nos recursos de marketing, tecnológicos, habilidades, conhecimento, capacidades e
estratégia da empresa (Garcia & Calantone, 2002). Definir a unidade de análise utilizada é
importante para definir para quem a inovação é nova, sob que perspectiva e qual a tipologia
(Garcia & Calantone, 2002). Por exemplo, é difícil uma inovação radical para o mundo, mas
menos difícil para a indústria (Garcia & Calantone, 2002). Os estudos devem, portanto, ser
claros quanto à unidade de análise utilizada e à distinção entre inovação e inovatividade.
Multiplicidade de tipologias: algumas inovações são mais importantes do que outras?
A ambigüidade sobre como os termos inovação e inovatividade são operacionalizados
também afeta a tipologia de inovação (Garcia & Calantone, 2002). Muitas delas apresentam
nomenclaturas diferentes para a mesma inovação ou desconsideram algumas inovações em
virtude do viés tecnológico ou da unidade de análise adotada no estudo (Birkinshaw et al.,
2008; Damanpour, 2014). Como conseqüência, os estudos em inovação apresentam elevada
ambigüidade conceitual e metodológica (Damanpour, 2014). Qual seria a real diferença entre
inovação radical, realmente nova, incremental, descontínua e imitativa e entre alto, médio e
baixo grau de inovação quando pesquisadores estão dando nomes diferentes a tipos
semelhantes de inovação? (Garcia & Calantone, 2002). Essa diversidade de graus de
inovatividade tem sido confundida com tipologias de inovação.
As tipologias de inovação apresentam diferentes perspectivas. Por exemplo, a
classificação da inovação em radical ou incremental, dada por Schumpeter (1934),
compreende o impacto das inovações. Inovações radicais ou descontínuas são responsáveis
por intensas rupturas e inovações incrementais ou contínuas dão continuidade ao processo de
mudança (Schumpeter, 1934). Entretanto, uma inovação pode ser radical para a indústria, mas
não para o mundo, assim como pode ser incremental para a empresa e nem ser considerada
inovação para a indústria (Garcia & Calantone, 2002). Logo, o enquadramento de uma
inovação numa dada tipologia e a definição do que é esse tipo específico de inovação está
diretamente relacionada à unidade de análise adotada.
Garcia e Calantone (2002) dão vários exemplos sobre como os mesmos produtos seriam
classificados com uma tipologia diferente a depender do autor utilizado. Um dos exemplos é a
evolução do mercado de máquinas de escrever de manual para elétrica, que pode ser
classificada como: radical, por trazer descontinuidade industrial e novos concorrentes
(Utterback & Abernathy, 1975); incremental, por adicionar novos recursos radicais para uma
inovação já existente (Rothwell & Gardiner, 1985); moderada (Kleinschmidt & Cooper,
1991); ou revolucionária (Abernathy & Clark, 1985). As demais tipologias (Anderson &
Tushman, 1990; Christensen, 2003; Christensen, Raynor, & McDonald, 2015; Damanpour &
Gopalakrishnan, 2001; Dewar & Dutton, 1986) também seguem a mesma lógica de aplicação.
Além da diversidade de tipologias, há na literatura de inovação a predileção por inovações
tecnológicas (Armbruster, Bikfalvi, Kinkel, & Lay, 2008; Damanpour, 2014; Volberda, Van
Den Bosch, & Heij, 2013). Isso porque ela é mais fácil de medir (Armbruster et al., 2008;
Damanpour, 2014) e a teoria de inovação tem forte relação com P&D e com o contexto de
grandes empresas (Damanpour, 2014), como já discutimos anteriormente. Tradicionalmente a
inovação também tem sido entendida como o desenvolvimento de novos produtos, o que leva
a um equívoco quanto às formas de inovar e aos mecanismos utilizados
para atingir esse objetivo (Yamakawa & Osto Mariño, 2013).
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A questão é que esse viés faz parecer que a maioria das empresas gera inovação
tecnológica ou que esse tipo de inovação é mais importante que outros (Santamaría et al.,
2009; Volberda, et al., 2013), quando a maioria das inovações não são tecnológicas (Garcia &
Calantone, 2002; Hirsch-Kreinsen et al., 2005; Santamaría, et al., 2009). Como consequencia,
tipos mais comuns de inovação são negligenciados pela literatura, embora sejam responsáveis
pela competitividade das organizações (Martínez-Román & Romero, 2013).
Inovações tecnológicas são importantes, mas é preciso explorar inovações que
representem melhor o contexto real de inovação da maioria das empresas (Volberda, et al.,
2013). Apenas recentemente a ênfase em tecnologia tem sido questionada (Birkinshaw et al.,
2008; Ferreira et al., 2015; Garcia & Calantone, 2002; Śledzik, 2013) e alguns pesquisadores
têm se debruçado sobre outros tipos de inovações (Damanpour, 2014; Damanpour &
Wischnevsky, 2006; Garcia & Calantone, 2002; Hervas-Oliver, Garrigos, & Gil-Pechuan,
2011). Isso demonstra o quanto a teoria de inovação ainda precisa avançar e que os
pesquisadores devem ter mais cautela quanto a operacionalização da pesquisa em inovação.
O que gera inovação? é P&D?
Não há consenso na literatura sobre o que compõe o processo de inovação (Berends et
al., 2014; Ferreira et al., 2015; Freel, 2005; Garcia & Calantone, 2002; Hirsch-Kreinsen et al.,
2005; Santamaría et al., 2009). Essa falta de consenso é reflexo da obscuridade dos conceitos,
tipologias e unidade de análise presente nos estudos. Sem uma definição constitutiva clara os
elementos que compõem o processo de inovação se tornam específicos de cada organização e
a generalização para outros contextos torna a teoria equivocada. Como conseqüência, temos
duas implicações principais: a definição de processo de inovação não leva em consideração a
diferença entre gerar e adotar inovação e se concentra na gestão da inovação tecnológica.
A geração e a adoção de inovações envolvem ações diferentes e, portanto, não podem
ser tratadas na literatura de inovação com o mesmo significado (Damanpour, 2014). A
geração de inovação diz respeito à criação de inovações (Christensen, 2003; Tidd; Bessant;
Pavitt, 2008). Enquanto a adoção de inovação diz respeito à incorporação de inovações
(Moore, 2009; Rogers, 2010). Criar e incorporar exige esforços de inovação distintos. Uma
organização pode se tornar especialista em incorporar inovações, mas não conseguir criá-las.
Bem como pode formar competências internas e/ou externas que a permitam criar uma
inovação, mas não conseguir incorporá-la de forma adequada. A disassociação entre esses
elementos é importante para orientar um processo de inovação adequado a cada uma dessas
situações (Damanpour, 2014; Gopalakrishnan & Damanpour, 1997).
Outra questão é que o excessivo foco na inovação tecnológica tem posto a atividade de
P&D como sendo o processo de inovação (Damanpour, 2014; Hirsch-Kreinsen et al., 2005;
Kirner, Kinkel, & Jaeger, 2009; Von Tunzelmann & Acha, 2005). Processo de inovação não é
P&D e poucas empresas utilizam essa atividade (Ferreira et al., 2015; Garcia & Calantone,
2002; Hervas-Oliver et al., 2011; Santamaría et al., 2009). Mapear o processo de inovação
com base em P&D significa colocar no mesmo grupo empresas que tentaram inovar e
falharam e empresas que não tentaram inovar (Freel, 2005). Isso é grave para a compreensão
dos elementos que de fato compõem o processo de inovação. Além disso, empresas que não
utilizam P&D no processo de inovação acabam subpesquisadas pela literatura de inovação
(Hervas-Oliver et al., 2011; Kirner et al., 2009; Muscio, 2007; Santamaría et al., 2009).
Tanto o sistema político quanto a academia têm dado um papel desproporcional a fontes
de tecnologia e conhecimento no processo de inovação, quando a inovação real ocorre entre
pessoas e setores da empresa capazes de gerar inovação (Freel, 2005). Esse cenário exige uma
conceituação comum quanto ao processo de inovação (Ferreira et al., 2015).
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Por que a literatura se desenvolveu assim? O que interessa ser publicado?
Pesquisadores e financiadores de pesquisa têm sido apontados como os principais
responsáves por influenciar os equívocos na trajetória de desenvolvimento do campo de
inovação (Freel, 2005; Santamaría et al., 2009). Parece haver um acordo implícito em cada
campo de conhecimento sobre o que interessa ser publicado (Fagerberg, Landström, & Martin
et al., 2012; Landström et al., 2012) e que esse interesse não é baseado em critérios de
relevância, e sim de conveniência (Clausen, Fagerberg, & Gulbrandsen, 2012).
Um novo conhecimento deve ser socialmente útil, atender a uma grande demanda e de
fato explorar algo novo ou complementar ao que já existe (Clausen et al., 2012). Apesar das
potencialidades que um novo conhecimento tem, pesquisas que desafiem a sabedoria
convencional de um campo têm sido vistas com maus olhos, principalmente em campos
maduros (Clausen et al., 2012). Por exemplo, Clausen et al. (2012) realizaram um estudo com
líderes de pesquisa e identificaram que a pesquisa científica é pautada em reforçar a teoria
existente e que é a capacidade de alocar recursos o que determina o que será pesquisado.
No campo de inovação há a predileção por grandes empresas e empresas de alta
tecnologia (Fagerberg et al., 2012a; Freel, 2005; Hirsch-Kreinsen et al., 2005; Santamaría et
al., 2009). Isso mostra um descompasso, já que a maioria das empresas existentes em todo
mundo é pequena, não utiliza P&D em seu processo de inovação, é de baixa tecnologia e
pertence a setores tradicionais (McGuirk et al., 2015; Plotnikova et al., 2016; Romero &
Martínez-Román, 2012; Zaridis & Mousiolis, 2014). Se a maioria das empresas tem esse
perfil, então por que a maioria dos estudos se concentra em organizações que não retratam a
realidade de inovação da maior parte das empresas?
Não estamos defendendo aqui que o contexto de grandes empresas e empresas de alta
tecnologia ou o uso de P&D não é importante, mas que o campo de inovação precisa repensar
alguns de seus pressupostos básicos e até que ponto eles atendem a maioria das organizações.
Por exemplo, como a maioria das pesquisas toma como base dados de P&D, os investimentos
feitos nas indústrias de baixa tecnologia são pouco conhecidos (Santamaría et al., 2009). Isso
é um problema, pois esses investimentos podem trazer retornos significativos de inovação que
não são estudados (Bagchi-Sen, 2001; MacPherson & Ziolkowski, 2005) e essas empresas
podem tirar grande proveito de outras atividades de inovação (Hansen & Serin, 1997).
A Figura 1 resume os tópicos discutidos nesta seção.
Pressuposto 1 Inovação é tecnológica?
Implicações
- falta de consenso e alta ambigüidade na definição de inovação; - confusão entre o conceito e a tipologia;
- confusão entre o conceito e o que compõe o processo de inovação; - confusão entre a teoria e o objeto de análise.
Arcabouço teórico
Birkinshaw et al. (2008), Crossan e Apaydin (2010), Damanpour (2014), Damanpour e
Wischnevsky (2006), Dosi (1982, 1988), Ferreira et al. (2015), Freel (2005), Freeman
(1979), Gopalakrishnan e Damanpour (1997), Garcia e Calantone (2002), Hirsch-
Kreinsen et al. (2005), Keupp et al. (2012), Martin (2012), Mazzarol e Reboud (2011),
Nelson e Winter (1982), Pavitt (1984), Rosenberg (1982), Schumpeter (1911, 1934,
1939, 1942, 1943), Śledzik (2013), Tether (2003) e Utterback e Abernathy (1975).
Pressuposto 2 Inovação e inovatividade são sinônimos?
Implicações
- confusão entre inovação e inovatividade; - falta de clareza quanto à unidade de análise utilizada;
- diferentes estudos estão comparando “coisas diferentes”;
- sem a unidade de análise não podemos definir o que é e o que não é inovação; - confusão entre inovatividade do produto e inovatividade da empresa.
Arcabouço teórico
Crossan e Apaydin (2010), Damanpour (2014), Garcia e Calantone (2002),
Gopalakrishnan e Damanpour (1997), Halpern (2010) e Yamakawa e Osto Mariño
(2013).
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Pressuposto 3 Algumas inovações são mais importantes do que outras?
Implicações
- multiplicidade de tipologias; - tipologias diferentes para a mesma inovação; - tipos mais comuns de inovação são negligenciados.
Arcabouço teórico
Abernathy e Clark (1985), Armbruster et al. (2008), Anderson e Tushman (1990),
Birkinshaw et al. (2008), Christensen (2003), Christensen et al. (2015), Damanpour
(2014), Damanpour e Gopalakrishnan (2001), Damanpour e Wischnevsky (2006),
Dewar e Dutton (1986), Ferreira et al. (2015), Garcia e Calantone (2002), Hervas-Oliver
et al. (2011), Hirsch-Kreinsen et al. (2005), Kleinschmidt e Cooper (1991), Martínez-
Román e Romero (2013), Rothwell e Gardiner (1985), Santamaría et al. (2009),
Schumpeter (1934), Śledzik (2013), Utterback e Abernathy (1975), Volberda et al.
(2013) e Yamakawa e Osto Mariño (2013).
Pressuposto 4 O que gera inovação é P&D?
Implicações
- a definição de inovação não diferencia a geração e a adoção de inovação; - falta de consenso quanto aos elementos que compõem o processo de inovação;
- foco na gestão da inovação tecnológica; - empresas que não utilizam P&D são subpesquisadas pela literatura de inovação.
Arcabouço teórico
Berends et al. (2014), Christensen (2003), Damanpour (2014), Ferreira et al. (2015),
Freel (2005), Garcia e Calantone (2002), Gopalakrishnan e Damanpour (1997), Hervas-
Oliver et al. (2011), Hirsch-Kreinsen et al. (2005), Kirner et al. (2009), Moore (2009),
Muscio (2007), Rogers (2010), Santamaría et al. (2009), Tidd et al. (2008) e Von
Tunzelmann e Acha (2005).
Pressuposto 5 O que interessa ser publicado?
Implicações
- novos conhecimentos são vistos com maus olhos; - há a predileção por grandes empresas e empresas de alta tecnologia; - uma vasta gama de organizações vive à margem da teoria de inovação.
Arcabouço teórico
Bagchi-Sem (2001), Clausen et al. (2012), Fagerberg et al. (2012a), Fagerberg et al.
(2012b), Freel (2005), Hansen e Serin (1997), Hirsch-Kreinsen et al. (2005), Landström
et al. (2012), MacPherson e Ziolkowski (2005), McGuirk et al. (2015), Plotnikova et al.
(2016), Romero e Martínez-Román (2012), Santamaría et al. (2009), Storey (2014) e
Zaridis e Mousiolis (2014).
Figura 1: Pressupostos básicos da teoria de inovação Fonte: Elaborada pelos próprios autores (2017)
Discussão e avanços para pesquisas futuras
Na seção anterior discutimos as principais fragilidades da teoria de inovação. Agora
propomos recomendações sobre como a pesquisa deve ser operacionalizada.
Como operacionalizar a pesquisa em inovação?
Discutir a operacionalização da pesquisa em inovação é particularmente importante
porque a teoria de inovação tem apresentado equívocos que afetam todo o campo de inovação,
independente do objeto de estudo. Como já discutimos esses equívocos advêm da falta de
clareza quanto ao conceito, unidade de análise, tipologia e o que gera inovação. Neste ensaio
defendemos que existe uma ordem lógica sobre como fazer pesquisa em inovação (Figura 2).
Isso porque um pressuposto de inovação traz implicações práticas e teóricas sobre os demais
(Garcia & Calantone, 2002).
Comecemos pelos pesquisadores e financiadores de pesquisa. Toda pesquisa começa a
partir da predileção do pesquisador por uma determinada temática, ou seja, de suas escolhas e
preferências. Embora essa predileção seja formalmente justificada por critérios de relevância,
ela carrega consigo a visão de mundo do pesquisador (Bryman & Bell, 2015; Easterby-Smith,
Thorpe, & Lowe, 2008). É fato que pesquisadores e financiadores de pesquisa são orientados
para contextos tecnológicos, P&D, grandes corporações e casos de sucesso (Armbruster et al.,
EnANPAD 2017 São Paulo / SP - 01 a 04 de Outubro de 2017
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2008; Damanpour, 2014; Fagerberg et al., 2012a; Freel, 2005; Hirsch-Kreinsen et al., 2005;
Landström et al., 2012; Santamaría et al., 2009; Storey, 2014; Volberda et al., 2013).
Figura 2: Operacionalização da pesquisa em inovação Fonte: Elaborada pelos próprios autores (2017)
Não estamos sugerindo aqui que pesquisadores e financiadores de pesquisa não devem
ter livre arbítrio na condução da pesquisa científica. A questão é quando essa condução não só
cria equívocos no campo de estudo, como impossibilita que outros contextos sejam estudados.
As estruturas de política científica têm criado forte resistência à geração de novos
conhecimentos (Fagerberg, Srholec, & Verspagen, 2010; Fagerberg et al., 2012b). E esses
novos conhecimentos têm sofrido “com as tentativas das elites de preservar o status quo no
que diz respeito à distribuição de poder, status e recursos” (Fagerberg et al., 2012b).
Bruton, Ketchen e Ireland (2013) trazem uma crítica importante ao campo de
empreendedorismo e que por analogia também podemos empregar ao campo de inovação.
Eles afirmam que a literatura de empreendedorismo parece se envergonhar de estudar
empreendedorismo em situações de pobreza ou o empreendedorismo sob a perspectiva de
empreendedores menos favorecidos, ou seja, empreendedores comuns. Será que o mesmo não
ocorre com o campo de inovação? Parece haver um acordo implícito sobre o que os
pesquisadores devem pesquisar, o que os editores devem aceitar, o que os avaliadores devem
considerar como científico e o que as agências de fomento devem considerar como relevante.
Neste artigo pedimos que a comunidade científica repense a condução do campo de
inovação e que os pesquisadores deixem claro o seu posicionamento sobre o campo ao
publicarem sua pesquisa. Isso permitirá a outros pesquisadores entenderem a visão de mundo
adotada no estudo e o porquê determinado conceito, unidade de análise, tipologia e elementos
do processo de inovação foi utilizado.
O segundo passo é a definição do conceito de inovação. Acreditamos que o conceito de
inovação dado por Schumpeter (1911) é o que menos gera ambiguidade na operacionalização
da pesquisa. Entretanto, outros conceitos podem ser utilizados desde que alguns cuidados
sejam tomados. Recomendamos: explicitar a definição de inovação adotada no estudo; utilizar
um conceito de inovação que não se confunda com a tipologia de inovação, como ocorre com
a inovação tecnológica; e buscar uma definição que não se confunda com inovatividade.
Buscar um conceito de inovação que considere esses critérios é importante porque é o
conceito que determina o que será ou não considerado inovação durante a operacionalização
da pesquisa (Crossan & Apaydin, 2010). Como discutimos anteriormente, a maioria dos
estudos desconsidera esses critérios. Considerá-los permite a formação de uma teoria de
inovação mais forte e coesa e a inclusão de contextos postos à margem da teoria de inovação.
O terceiro passo é a unidade de análise. Os pesquisadores devem explicitar a unidade de
análise adotada no estudo. Essa etapa é importante porque é a falta de clareza na unidade de
análise adotada a responsável por boa parte da ambigüidade presente no campo de inovação
(Garcia & Calantone, 2002). Não é possível fazer pesquisa sem informar a unidade de análise.
Apresentar a unidade de análise nos estudos em inovação permitirá aos pesquisadores tecer
Contexto de Inovação
Posicionamento Conceito de
do Pesquisador Inovação
Unidade de
Análise
Tipologiade Processo de
Inovação Inovação
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comparações equiparáveis, avançar nos estudos sobre inovatividade e organização inovadora
e usar tipologias de inovação adequadas ao contexto de inovação que pretendem investigar.
O quarto passo é a tipologia de inovação. Cada tipologia apresenta uma perspectiva
diferente em virtude do conceito de inovação e da unidade de análise utilizada (Birkinshaw et
al., 2008; Garcia & Calantone, 2002). Orientamos que os pesquisadores busquem tipologias
que estejam em conformidade com o conceito de inovação e unidade de análise de seu estudo.
Isso permite a outros pesquisadores entender os tipos de inovação encontrados no estudo,
reduz a percepção de que inovação é apenas tecnológica, facilita a comparação entre estudos e
permite categorizar as tipologias mais comuns a cada contexto de inovação.
O último passo é o processo de inovação. Os pesquisadores devem considerar a
diferença entre gerar e adotar inovação (Damanpour, 2014; Gopalakrishnan & Damanpour,
1997) e especificar quais elementos contribuíram para cada situação. Isso fortalecerá a teoria
de inovação por fornecer subsídios para explicar porque algumas organizações têm
dificuldade ou sucesso em gerar inovação e outras em adotar. O papel das diferentes
atividades de inovação também deve ser considerado. Orientamos os pesquisadores a adotar
uma definição de processo de inovação que englobe outras atividades de inovação. É fato que
a maioria das inovações não é fruto de P&D (Ferreira et al., 2015). A distinção entre geração
e adoção de inovação e a análise de outras atividades de inovação na operacionalização da
pesquisa permitirá uma composição mais realista dos elementos do processo de inovação.
A operacionalização da pesquisa em inovação envolve, portanto, algumas etapas
básicas. O contexto de inovação é o que irá afetar a escolha do conceito, unidade de análise,
tipologia e processo de inovação mais adequado.
Conclusão
Partindo da tese de que os pressupostos de inovação precisam ser, propusemos uma
reconceituação dos preceitos de inovação. Nós desafiamos alguns pressupostos da teoria de
inovação e discutimos os avanços necessários à construção de uma teoria de inovação menos
ambígua. A articulação de ideias desenvolvida neste ensaio teve como base as recomendações
de Alvesson e Sandberg (2011). Os autores recomendam que pesquisadores que desejem
contribuir com a construção de uma teoria: 1) identifiquem um domínio da literatura; 2)
identifiquem os pressupostos subjacentes a este domínio; 3) avaliem a capacidade de
explicação desses pressupostos; 4) desenvolvam pressupostos alternativos; 5) comparem esses
pressupostos com os anteriores; e 6) os testem. Neste ensaio avançamos até a etapa 5, mas
convocamos pesquisadores a “testarem” nossas orientações em suas pesquisas.
Acreditamos que a construção de uma teoria de inovação que de fato explique a
atividade inovadora das organizações depende do esforço conjunto da academia em esclarecer
pontos “obscuros” que se aplicam à teoria de inovação como um todo. Mais do que
orientações, desejamos lançar reflexões que instiguem a produção de novos conhecimentos.
Esperamos que as reflexões lançadas neste ensaio contribuam com a construção de uma teoria
de inovação e orientem a prática de inovação.
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