Enciclopédia de Guerras e Revoluções 02 (1919-1945)- Francisco Carlos T. Silva

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015, Elsevier Editora Ltda.

os os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998.nhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais foos empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

pidesque: Edna da Silva Cavalcantiisão Gráf ica: Irênio Silveira Chavestoração Eletrônica: Arte & Ideia

vier Editora Ltda.hecimento sem FronteirasSete de Setembro, 111 – 16o andar 

50-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Quintana, 753 – 8o andar 69-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil

viço de Atendimento ao [email protected]

dução digital: Freitas Bastos

N 978-85-352-7524-7

a: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ouceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que poarecer ou encaminhar a questão.

m a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originadosa publicação.-Brasil. Catalogação-na-fonte.

dicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

8e

a, Franciscoiclopédia de guerr as e revoluções : vol. II : 1919-1945 : a época dos fascismos, das ditaduras e da Segunda Guerra Mundial5)/Francisco Silva. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2015

ui bibliografia

N 978-85-352-7524-7Revoltas - História. 2. Revoluções - História. 3. Guerras - História. I. Título.

7455

D: 900U: 94

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OS ORGANIZADORE

FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA DA SILVA

Professor titular de História Moderna e Contemporânea da UFRJe do departamento de História da UCAM.

Foi o fundador do Laboratório de Estudos Presentee da Rede Brasil de Estudos do Tempo Presente.

Professor-Emérito de Estratégia Internacional da Escola de Comandoe Estado-Maior do Exército Brasileiro.

SABRINA MEDEIROS

Mestre em História pela UFRJ e doutora em Ciências políticas pelo IUPERJ.Professora do Programa de Pós-Graduação em Assuntos Marítimosda Escola de Guerra Naval e junto a Junta Interamericana de Defesa,

em Washington, Estados Unidos.

ALEXANDER MARTINS VIANNA

Mestre em História Moderna e doutor em História,ambos pela UFRJ. Pesquisador de História Social da Cultura e

Professor Adjunto de História Moderna e Contemporânea da UFFRJ.

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 A guerra é, pois, um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade.

Clausewitz , Da Guerra

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Apresentaç

resentamos aos leitores a edição atualizada e ampliada da obra original publicada em 2004e do grande interesse despertado, resolvemos ampliar e atualizar os verbetes orig

nvidando seus autores, e alguns novos colaboradores, para apresentarem uma versão maior, borada e mais prática da  Enciclopédia de Guerras e Revoluções. Para tal, optamosnfiguração de três volumes, autônomos, compreendendo as temáticas referentes aos segumentos históricos:

VOLUME I

901-1919: A Época dos Imperialismos e da Grande Guerra (1914-1919)VOLUME II919-1945: A Época dos Fascismos, das Ditaduras e da Segunda Guerra Mundial (1939-19

VOLUME III945-2014: A Época da Guerra Fria (1945-1991) e da Nova Ordem Mundial

O volume que ora apresentamos ao público compreende o período de meados do século XXis dura e cruel crise da História Contemporânea: a experiência dos fascismos na Alemanha e

de regimes similares em vários outros países, como Hungria, Romênia, Portugal, Espanha e J

enfim, o maior conflito da nossa história, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Durante os, fundamentais para a compreensão do nosso presente, deu-se o descomunal abuso da conmana, expresso nos campos de extermínio nazistas, seguidos de maciço deslocamentpulações e de aprisionamentos em massa, como na União Soviética.ara dar conta de tais fenômenos, optamos pela reunião dos verbetes que apresentavam id

ovimentos, fatos e personagens que moldaram este início de século, tanto no campo do políticoonomia, quanto das artes e das ciências. Nosso critério, tomando a palavra “revolução” nntido mais amplo, de movimento, mudança e transformação, foi destacar os marcos, que de foriadas, foram determinantes para sua época e para o futuro.

O “quadro maior” do período estudado neste volume – digamos, entre a formação dos primrupamentos fascistas, logo após o Tratado de Versalhes, em 1919 e as conferências finagunda Guerra Mundial, Yalta e Potsdam, em 1945 – apresenta uma série de fenômenos marr tentativas de hegemonia global por novas potências, em especial Alemanha e Japão, e o deseversível, dos velhos impérios britânico e francês.

Ao longo do conflito maior de 1939-1945 surgiram os sinais evidentes da ascensão de uma dem mundial, marcado pelo predomínio dos Estados Unidos e da URSS, que por sua vez ensej

m novo e perigosíssimo conflito: a Guerra Fria.

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speramos que a leitura seja agradável, útil e um primeiro passo para o aprofundamentomáticas.

FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA DA Professor Titular de História Moderna e Contemporânea — UFRJ/U

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Os Autores da Coleç

Achille Lollo

etor das revistas Nação Brasil  e Conjuntura Internacional  – UNICAM

Ailton de Souza Gomes

utor em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Alberto Costa Mattos Netoharel em História – UFRJ

Alberto da Costa e Silva

lomata de Carreirasubsecretário-geral e inspetor-geral do Ministério das Relações Exteriores

Alberto Ribeiro da Silva Moby

utor em Históriae Estadual de Educação do Rio de Janeiro

Alessandro Bandeira Duarte

strando em Filosofia – PUC-RIO

Alex Moreira Andrade

strando em História – PPGHIS-UFRJ

Alexander Martins Vianna

stre em Históriaoratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPOdação Educacional Duque de Caxias – FEUDUC

Alexander Wilhelm Armin Kellner

utor em Paleontologia

artamento de Geologia e Paleontologiaseu Nacional – UFRJ

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Alexandre Antonio Ferreira das Neves

utor em Matemática – UERJ

Alexandre Busko Valim

strando em História Social – UFF

Alexandre dos Santos

dutor da Rede Globostre em Relações Internacionaisnalista

Alfredo Marques de Oliveira

utor em Física – Conselho Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)

Alice Helga Werner

utora em História Socialartamento de Economia – UFF

Amara Silva de Souza Rocha

utoranda em História – PPGHIS-UFRJ

Amélia Kimiko Noma

artamento de Fundamentos da Educação – UEM

Ana Cristina Augusto de Sousa

stranda em Ciências Sociais – UFRJ

Ana Cunha

rdenadora do Projeto “Choro: Do Quintal ao Municipal”S Editorial/Secretaria de Estado de Cultura/FAPERJ)

André Lourenço

oriador stre em Antropologia – Museu Nacional (UFRJ)

André Luiz Soares Branco

quisador do TEMPO/UFRJ

André Novaesola de Comando e Estado-Maior – ECEME

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nistério de Defesa do Brasil

André Ricardo Maciel Botelho

quisador – TEMPOstre em História Comparada – UFRJ

André Vianna Dantas

ória – UFRJ

Andréa Álvares da Cunha

ória – UFF

Andréa Barbosa Osório

stre em História Social da Cultura – PUC-RIO

Andreas L. Doeswijk uldad de Humanidadesversidad Nacional del Comahue-Neuquén (Argentina)

Andreia Cristina Lopes Frazão da Silva

utora em Históriaartamento de História – UFRJ

Angela Ancora da Luzutora em Históriaartamento de História e Teoria da Arteola de Belas Artes – UFRJ

Ângela Maria Freire Lima e Souza

utora em Biologiaituto de Biologia – UFBA

Angela Mendes de Almeida

utora em História – CPDA – UFRRJ

Ângela Penalva

utora em Economiauldade de Ciências Econômicas – UERJ

Angelo Priori

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utor em Históriaartamento de História – UEM

Angelo Segrillo

utor em História – História – UFF

Anita Leocádia Prestes

utora em Históriaartamento de História – UFRJ

Antonio Carlos Marques

utor em Biologiaartamento de Zoologia, Instituto de Biociências – USP

Antônio Celso Alves Pereira

utor em Ciências Jurídicasartamento de Ciência Política – UFRJ

fessor de Direito Internacional – UERJ

Antônio Fernando de Araújo Sá

utor em Históriaartamento de História, Universidade Federal de Sergipe

Antonio Geloneze Neto

emático

Antonio R. Santana

utor em Engenharia de Produçãoartamento de Engenharia e Transportesola da Engenharia da UFRJ

Antônio Torres Montenegro

utor em Históriaartamento de História – UFPE

Arthur Ituassú

stre em Relações Internacionaisituto de Comunicação – PUC-RIO

Aruã Silva de Lima

utor em História – UFAL, Campus do Sertão

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Augusto Machado dos Santos Reis

iedade Torre de Vigia

Bernardo Borges Buarque de Hollanda

stre em História Social da Cultura – PUC-RIO

Bernardo Kocher

utor em Históriaartamento de História – UFF

Bianca Cristina Vieira Pereira

stre em Sociologia – IUPERJ

Bluma Guenther Soares

utora em Física

ituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Brent Harris

utor em Históriaarment of History – University of the Western Cape (África do Sul)

Brigitte Boisselie

utora em História

naid (França)

Carlos Alberto Barão

utor em História

Carlos Alberto Peixoto Martins

ncias Contábeis – UCAM

Carlos Gilberto Werneck Agostino

oriador e Pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Carlos Leonardo Bahiense da Silva

utor em História, Pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Carlos Lungarzo

utor em Físicanselho Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)

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Carlos Roberto F. Nogueira

utor em Históriaartamento de História – USP

Celso Branco

quisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

César Augusto Barcellos Guazzelli

utor em Históriaartamento de História – UFRGS

Charbel El-Hani

utor em Biologiaituto de Biologia – UFBA

Charles Pereira Pennaforte

stre em Geografia – Facultad de Geografía da Universidad de La Habana (Cuba)

Christiano Britto Monteiro dos Santos

quisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Ciro Flamarion Cardoso

utor em História, professor titular em História Antigaartamento de História – UFF

Clara de Góes

utora em Históriaartamento de História – UFRJ

Clara Marize Firemand Oliveira

utora em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Cláudia Santiago Fraga Portilho

stre em História – UFRJ

Claudia Wasserman

utora em História

artamento de História – UFRGS

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Cláudio Beserra de Vasconcelos

stre em História – UFRJ

Cláudio Lenz

fessor Titular SER – Laboratório de Superespectroscopia do Rio de Janeiroituto de Física – UFRJ

Cleber de Deus

utorando em Ciências Sociais – IUPERJ

Clilton Silva da Paz

quisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Clóvis Brigagão

utor em Ciência Políticatro de Estudos das Américas – UNICAM

Cristiane Rose Duarte

ola de Arquitetura – UFRJ

Cristina Buarque de Hollanda

utoranda em Ciências Sociais – IUPERJ

Cristina Tristão de Andrade

utora em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Daniel Chaves

utor em História – UFAP

Daniel de Albuquerque Bahiense

ória – UFRJ

Daniel Lins

grama de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Filosofiaversidade Federal do Ceará

Daniella Poppius Brichtastre em Ciências Sociais – IUPERJ

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Darc Costa

utor em Engenharia – COPPEetor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra

Darlan Ferreira Montenegro

ncias Sociais – UFRJ

Diogo Meyer

utor em Biologiaartamento de Biologia Integrativa – Universidade da Califórnia

Elgion L. S. Loreto

utor em Biologiaartamento de Biologia – Universidade Federal de Santa Maria

Eli Napoleão de Lima

utora em História – CPDA – UFRRJs Alfamafessor Licencial – Cabo Verde

Élio Garcia Duarte

utor em Ciências Sociaisuldade de Ciências Humanas e Filosofia – Universidade Federal de Goiás

Elisabeth Ermel da Costa Monteiro

utora em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Elizabete Fernandes Lucas

utora em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Eloisa Biasotto Mano

utora em Físicaituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Eneida de Moraes Marcílio Cerqueira

fessora Titular de Biologiaversidade Estadual de Feira de Santana

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Everardo Rocha

artamento de Comunicação Social – PUC-RIO

Fabiana Negromonte Sande

ória – UFRJ

Fábio Leite

nomistaretário executivo da Câmara Temática de Impactos Econômicos e Sociais do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

Fábio Merçon

utor em Engenharia Química (COPPE/UFRJ)artamento de Tecnologia dos Processos Bioquímicos do Instituto de Química – UERJ

Fábio Muruci dos Santos

utor em História – UFES

Felipe Duarte Balocco

utor em História – PPGHIS/UFRJ

Felipe Vilares Conte

harel em História – UFRJ

Fernanda Guimarães Correia

ória – UFRJstre em Ciências Políticas – UFRJ

Fernanda M.B. Coutinho

artamento de Processos Industriais do Instituto de Química da UERJ

Fernando Cardim de Carvalhoutor em Economiaituto de Economia – UFRJ

Fernando José Santoro Moreira

utor em Filosofiaartamento de Filosofia – UFRJ

Flávio Limoncicutor em História – UNIRIO

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Flávio Silva Faria

utor em Biologiaartamento de Genética – Instituto de Biologia – UFRJ

Francisco Carlos Palomanes Martinho

utor em História – USP

Francisco Carlos Teixeira da Silva

fessor Titular de História Moderna e Contemporânea – UFRJ/UCAM

Francisco Caruso

quisador Titular do Conselho Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)

Francisco César Alves Ferraz

utor em Históriaversidade Estadual de Londrina

Francisco M. Salzano

lar em Biologia Genéticaartamento de Genética – UFRGS

Francisco Pontes de Miranda Ferreira

stre em História Social da Cultura – PUC-RIO

Francisco Rogido Fins

stre em História – PPGHIS-UFRJ

Franklin Trein

utor em Filosofiaartamento de Filosofia – UFRJ

Frederico Alexandre de Moraes Hecker

utor em Históriaartamento de História – UNESP

Frederico Guilherme Cunha Lopes de Oliveira

ória – UFRJ

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Frederico Oliveira Coelho

utor em História – PUC

Gerson Roberto Neumann

utor – Lateinamerika Institut (Universidade Livre de Berlin)

Gisele dos Reis Cruz

stre em Ciência Política – UFF

Gisele Fonseca Chagas

ória – UFRJ

Hugo Suppo

utor em Históriaartamento de História – UERJ

Humberto Machado

stre em Filosofia – UFRJ

Ian Law

artment of Sociology and Social Policy – University of Leeds (Grã-Bretanha)

Ignacio Godinho Delgadoartamento de História – Universidade Federal de Juiz de Fora

Ingrid Sarti

utora em Ciência Políticagrama de Pós-graduação de Ciência Política – UFRJ

Isabelle Cristina Vieira Pereira

quisadora do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Jaileila de Araújo Menezes

stre em Psicologia – UFRJ

James Green

utor em Históriaversidade da Califórnia

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Janice McLaughlin

artment of Sociology and Social Policy – University of Newcastle (Grã-Bretanha)

Jayme Buarque de Hollanda

ituto Nacional de Eficiência Energética (INEE)

Jean MacCole Tavares Santos

stre em História – PPGHIS-UFRJ

Jeanne Cristina Menezes Crespo

ória – UFRJ

Jean-Yves Camus

utor em Ciência PolíticaRA – Centre Européen de Recherches et d’Action sur le Racisme et Antisémitisme (França)

Jessie Jane Vieira de Souza

utora em Históriaartamento de História – UFRJ

Jie-Hyun Lim

artment of History – Hanyang University (Coreia do Sul)

João Bôsco Hora Góis

utor em Serviço Socialola de Serviço Social – UFF

João Fábio Bertonha

utor em Históriaartamento de História – UEM

João Pinto Furtado

utor em Históriaartamento de História – UFMG

João Platenik Pitillo

fessor do Ensino Médio

João Vicente Ganzarolli de Oliveirautor em História da Arte

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artamento de História e Teoria da Arte – Escola de Belas-Artes – UFRJ

Jorge Silva Riquer

utor em Históriaituto de Investigações Dr. José Maria Luis Mora (México)

José Antônio Ribas Soares

C-RIO

José Augusto Abreu de Moura

G-RRm – Escola de Guerra Naval

José Carlos Lima de Souza

stre – UFF

José Henrique Fernandezutor em Físicaituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

José Henrique Rollo Gonçalves

stre em Históriaartamento de História – UEM

José Maria Gomes de Souza Netoutor em História – Universidade de Pernambuco

José Ricardo Ramalho

utor em Ciências Sociaisituto de Filosofia e Ciências Sociais – UFRJ

Josinei Lopes da Silva

stre em História – UNESP (Campus de Assis)

Jozimar Paes de Almeida

artamento de História – Universidade Estadual de Londrina

Julia Wagner Pereira

ória – UFRJ

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Juliano Borges

ERJ

Karen Pupp Spinassé

utora – Universidade Técnica de Berlim

Karl Schurster Souza Leão

utor em História – Universidade de Pernambuco

Keila Grinberg

utora em Históriaartamento de História – UNIRIO

Lavínia Schüler-Faccini

artamento de Genética – UFRGS

ituto de Biociências

Leandro Konder

utor em Filosofiapartamento de Educação – PUC-RIO

Leila Léa Yuan Visconte

ituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Leonardo Montanholi dos Santos

curador Federal

Leonildo Silveira Campos

fessor da Pós-Graduação em Ciências da Religiãoversidade Metodista de São Paulo (UMESP)

Lia Valls Pereira

dação Getulio Vargas

Lília Maria de Azevedo Moreira

ituto de Biologia – UFBA

Luanda Antunes

utoranda em Ciências Sociais – IUPERJ

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Lúcia Canella Maselli

quisadora, Rede de Ensino do Rio de Janeiro

Lúcia Maria de Baère Naegeli

quisadora, Rede de Ensino do Rio de Janeiro

Lucília de Almeida Neves

fessora Titular de História e do Mestrado de Ciências Sociais – PUC-MG

Luís Carlos Fridman

utor em Ciências Sociaisartamento de Sociologia – UFF

Luís Edmundo de Souza Moraes

utor em História

artamento de História – UFRRJ

Luís Guilherme Lutterbach

SER – Laboratório de Super Espectroscopia do Rio de Janeiroituto de Física – UFRJ

Luiz Bernardo Leite Araújo

utorando em Ciências Sociais – IUPERJ

Luiz Carlos Ribeiro Santana

stre em História – PPGHIS-UFRJ

Luiz Francisco Tenório Perrone

ATEL

Luiz GuilhermeSER – Laboratório de Superespectroscopia do Rio de Janeiroituto de Física – UFRJ

Lyz Elizabeth Amorim Melo Duarte

uldade de Ciências Humanas e Filosofiaversidade Federal de Goiás

Malcolm Harrisonartment of Sociology and Social Policy – University of Leeds (Grã-Bretanha)

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Marcel Terrusse

vimento Raeliano

Marcelo Badaró Mattos

utor em Históriaartamento de História – UFF

Marcelo Hermes Lima

artamento de Biologia Celular – UnBpo de Pesquisa de Radicais de Oxigênio

Marcelo Martins Werneck 

L/EE-PEB/COPPE – UFRJ

Márcia Maria Menendes Mottautora em Históriaartamento de História – UFF

Marcio Scalercio

utor em História – IRI-PUC

Marco Antônio dos Santos Casanova

artamento de Filosofia – UERJ

Marco Aurélio Santana

utor em Ciências Sociaisartamento de Filosofia e Ciências Sociais – UNIRIO

Marcos Lopes Dias

ituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Marcos Moutta de Farias

stre em História – PPGHC-UFRJ

Marcos Napolitano

utor em História/USP

Marcus Dezemone

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stre em História Social – UFF

Marcus Vinícius Giraldes Silva

eito – UFRJ

Maria Conceição Pinto de Góes

utora em História

artamento de História – UFRJ

Maria Cristina Cardoso

ória – UFRJ

Maria de Fátima Vieira Marques

ituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Maria Guimarãesseu de Zoologia de Vertebradosversidade da Califórnia (EUA)

Maria Izilda Santos de Matos

utora em Históriaartamento de História – PUC-SP

Maria Luisa Nabinger de Almeidautora em Históriaartamento de História – UNIRIO

Maria Paula Nascimento Araújo

utora em Históriaartamento de História – UFRJ

Maria Rita Guinancio Coelhoituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Maria Yedda Linhares

fessora emérita de História Moderna e Contemporânea – UFRJ

Marília Coutinho

cleo de Pesquisas sobre Ensino Superior – USP

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Marina de Assis Moura

stranda em Medicina Veterinária – UFF

Mario Cléber Martins Lanna Jr.

utor em História – Fundação João Pinheiro – Minas Gerais

Mario Rizo Zeledón

ituto de Historia de Nicaragua y Centroamericaversidad Centroamerica (Nicarágua)

Mário Sérgio Ignacio Brum

ória – UFF

Marta Rosa Borin

utora em História

ociação Brasileira de História das Religiões

Marta Skinner de Lourenço

utora em Economiauldade de Ciências Econômicas – UERJ

Martin Almada

vogado dos Direitos Civis

unal Ético Contra la Impunidad (Paraguai)

Martin Schuster

utor – Centro de Pesquisas sobre o Anti-semitismo da Universidade Técnica de Berlim

Maurício da Silva Drumond Costa

utor em História – UFRJ

Maurício Limeira dos Santos

quisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Mercedes de Figueiredo Fernandes

ória – UFF

Méri Frotscher

artamento de História – UNIOESTE

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Milton Feferman

uldade de Arquitetura e Urbanismo – UFRJaborador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – UFRJ

Miriam Gomes Saraiva

artamento de História – UERJ

Miriam Tavares de Brito Souzaituto de Biologia – UFBA

Mônica Grin

utora em Ciências Sociaisartamento de História – UFRJ

Monica Leite Lessa

utora em Históriaartamento de História – UERJ

Montgomery Miranda

utor em História – UERJ

Natália dos Reis Cruz

utora em História Social – UFF

Otacílio Ribeiro Lessa

quisador, Rede de Ensino do Rio de Janeiro

Patrícia Teixeira Santos

utora em História – UFRJdação Educacional Duque de Caxias – FEUDUC

Paula Faccini de Bastos Cruz

quisadora do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Paulo Fagundes Vizentini

fessor Titular de História Contemporânea Departamento de História – UFRGS

Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto

utor em Ciências Sociaisgrama de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política – UFF

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Paulo Geiger

dador e consultor geral do Centro de História e Cultura Judaica do Rio de Janeiro

Paulo Roberto de Almeida

utor em Ciências Sociaisselheiro da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos

Piedade Epstein Grinberg

etora do Solar Grandjean de Montignytro Cultural – PUC-RIO

Rafael Pinheiro Araújo

utor em História – UniLasalle e UFRRJ

Raul Ferreira Landimutor em Filosofiaartamento de Filosofia – UFRJ

Regina Célia Reis Nunes

ituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – UFRJ

Reginaldo Reis

mirante – Marinha do Brasiltro de Estudos Políticos e Estratégicos da Escola de Guerra Naval

Renato Zamora Flores

ituto de Física – UFRGS

Ricardo Cravo Alvin

sicólogo – Fundador do Museu da Imagem e do Som

Ricardo Pereira Cabral

utor em História – Escola de Guerra Naval

Ricardo Pinto dos Santos

utor em História – UFRJ

Roberto A. Pimentel Jr

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quisador – Professor de Física do CAP-UFRJ

Roberto Charles Feitosa de Oliveira

utor em Filosofiaartamento de Filosofia e Ciências Sociais – UNIRIO

Rodrigo Capaz

SER – Laboratório de Superespectroscopia do Rio de Janeiroituto de Física – UFRJ

Rodrigo Farias de Souza

utor em História – Universidade de Pernambuco e IUPERJ

Romualdo Pessoa Campos Filho

ituto de Estudos Sócio-Ambientaisversidade Federal de Goiás

Rômulo Alcântara

or – Exército Brasileiro

Rosângela Oliveira Dias

utora em História – UFRJ

Rubim Santos Leão de Aquinooriador quisador de História do Brasil

Sabrina Evangelista Medeiros

utora em Ciências Políticas – IUPERJfessora da EGN

Samantha Viz Quadratutora em História/UFF

Sandra de Cássia Araújo Pelegrini

artamento de História – UEM

Sérgio Augusto Muniz Mangueira

iologia – UFF

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Sérgio Eduardo Martins Pereira

ncias Sociais – UFRJ

Sérgio Murillo Pinto

utor em História Social – UFF

Shu Chang Sheng

utor em Históriaquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Sidnei Munhoz

utor em Históriaartamento de História – UEM

Sigurd Jennerjahn

utorando em Antropologia Urbanaopa- Universität Viadrina, Frankfurt an der Oder (Alemanha)

Silvia Oroz

easta e cinéfilaquisadora do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Sônia Fleury

utora em Ciências Sociaisdação Getulio Vargas

Stephen Grant Baines

utor em Antropologiaituto de Ciências Sociais – UnB

Susie Vieira

fessor Adjunto de Genética da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e da União Metropolitana deEducação e CuNIME)

Tania Zenteno-Savin

tro de Investigaciones Biológica del Noroeste (México)

Tanja Büter

oriadora Assistente Científica no Museu Técnico Alemão (Berlim)

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Tatiana da Silva Bulhões

quisadora do Laboratório de Estudos do Tempo Presente – TEMPO

Tatiana Martins P. do Coutto

tro de Estudos das Américas – UNICAM

Taynah Lopes de Souza

stre – IRI/PUC-RIO

Teófilo Tostes Daniel

municação Social – UFRJ

Thiago Monteiro Bernardo

stre em História – UFRJ

Valéria Lima Guimarães

stre em História – UFRJ

Valéria Marques Lobo

artamento de História – Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Vanderlei Vazelesk Ribeiro

utor em História – UFRRJ

Vânia Polly

stre em História – SENAI-CETIQT

Vicente Saul Moreira dos Santos

ória – UFRJ

Victor Andrade de Melo

utor em Educação Física – UFRJ

Vinícius Rezende Marinho

medicina – UNIRIO

Vitor Acselrad

ória – UFRJ

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Vitor da Cunha Silveira

ministração – UFRJ

Vivian Dominguez Ugá

stre – IUPERJ

Wagner Pinheiro Pereira

artamento de História – USP

Washington Luís de Assis Pinheiro

ória – UERJ

William Reis Meirelles

artamento de História – Universidade Estadual de Londrina

Williams da Silva Gonçalves

utor em História – Departamento de História – UERJ

Wilson Amendoeira

iedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro

Wilson Mendonça

fessor Titular de Filosofiaartamento de Filosofia – UFRJ

Zeca Linhares

stre em Históriaógrafo

Zhou Shi Xiu

utor em Históriaartment of History – Hubei University (China)

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Introduç

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

PROFESSOR  TITULAR DE HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPO

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DO TEMPO PRESENTE/TE

Universidade do Brasil

buscarmos a especificidade das guerras e dos conflitos do século XX, um traço marcanteerencie tais conflitos daqueles travados nos séculos anteriores, poderíamos destacar cinco p

ndamentais: 1) o alto poder destrutivo das guerras do século XX em decorrência da junçã

vas estratégias e meios técnicos avançados disponibilizados pela industrialização pesadandes sociedades no Ocidente e, mais tarde, generalizada em todo o planeta, muitas nsbordando diretamente para o genocídio; 2) a vasta variedade de tipos de conflito, co

ultiplicação de formas de se travar combates, quase sempre em decorrência de novos mnicos, mas, também, em decorrência de novas estratégias e novos mecanismos de ges

ganização militar, sobretudo no âmbito das chamadas “Revoluções em Assuntos Militares”;bricação entre guerra e revolução de forma mais estreita do que em qualquer outro períodstória, fazendo com que um número elevado de conflitos tenha se iniciado, ou redundadovoluções; 4) as guerras do século XX, as principais ao menos, podem facilmente ser organi

torno de um só eixo de rivalidades entre potências navais – Inglaterra, Japão, Estados Unidotências continentais – Alemanha, Rússia/URSS, China –, tanto entre si quanto em forma de arrgeometria mais ou menos variável, mas fácil de identificar em grandes blocos. Mesmo as guoladas” em relação a este conflito maior, tais como os conflitos no Oriente Médio, na Ásia Cno Sudoeste Asiático, e mais tarde na África, poderiam ser alinhadas em forma de connores ou subordinados ao grande conflito maior entre as potências marítimas (nas fímbri

undo) e as potências continentais (no coração do mundo),1  conforme as expressões de Nicykman (1893-1942), talvez o geopolítico mais influente do século XX, e, por fim, 5) a a

orporação da opinião pública, nas democracias de massa do Ocidente principalmente, no dntral sobre a legitimidade ou ilegitimidade das guerras, muito especialmente depois da Segerra Mundial.

Assim, os conflitos do século estariam marcados pelos conceitos de intensidade, variedaidade.

Da mesma forma podemos afirmar que o século XX não foi mais nem menos violento em matérerras e revoluções do que os séculos anteriores (e mesmo o século em curso, vistos os sinaora emitidos). O século XX guarda sua originalidade, em termos de guerras e revoluções, ntencial, extensão e intensidade: nunca as guerras foram tão destrutivas e generalizadas, pulações civis foram tão extensamente massacradas e nações inteiras declaradas inimi

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ltadas ao genocídio (como hereros, armênios, judeus e tutsis, por exemplo). Mesmo ginalidade do incrível poder destrutivo das guerras no século XX não se explica por uma m

gência da violência ou do ódio nas relações humanas, e sim pelo explosivo encontro entre a go imenso potencial econômico e tecnológico oriundo dos avanços tecnológicos do séculosim, os modernos fuzis e as metralhadoras desempenharam um papel-chave na aniquilaçãreros (na África do Sudoeste alemão, atual Namíbia) e armênios, e os trens tiveram um ndamental para viabilizar o holocausto. Nos séculos anteriores as guerras foram limitadasmensão dos cofres reais, pela limitação dos meios técnicos, em especial dos transportes, e

pacidade logística dos exércitos. Assim, o tamanho de um exército, a equipagem de uma armaimensão de uma fortaleza dependiam diretamente da saúde financeira do reino ou da dinastiais, dos estudos técnicos conseguidos com tais meios financeiros. A criação de uma frotamação e equipagem, em Portugal ao final do Medievo, dependeram, por exemplo, claramente

vestimentos iniciais do Infante Henrique, da disponibilização das rendas da Ordem de Cristonversão do Castelo de Sagres em corte renascentista de sábios. Da mesma forma, a transformFrança em potência continental no século XVII dependeu largamente das reformas de Va

633-1707) na engenharia militar e de Colbert (1619-1683) na engenharia financeira. A duraçã

enso potencial destrutivo da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) só foram possíveis graçam lado, ao aperfeiçoamento da artilharia – que tornou as fortalezas largamente inúteis – e, por o, à melhor administração financeira, que permitiu aos Estados mais modernos e

ministrados – tais como a França e a Suécia – manterem-se bem mais tempo mobilizados e cainfringir danos constantes aos seus adversários.

Ao seu tempo, no século XVII, a Guerra dos Trinta Anos foi o mais devastador conflito bélvado na História, com amplos exércitos em movimento, cercos de cidades inteiras, e destruiças, aldeias e campos, com o despovoamento de amplas regiões da Alemanha, Polônia e Tchéuitos historiadores chegam a afirmar que a Alemanha teria perdido a primazia econômica mu

atamente aí, em face das tremendas destruições impostas ao seu território. Da mesma formerras Napoleônicas, entre 1800 e 1814, mobilizaram milhares de homens, com comendendo-se por toda a Europa, daí para os confins da selva amazônica, na Guiana, no Rata, nos desertos do Egito e da Palestina até os confins dos Mares do Sul pela posse de entrepmerciais nas Índias.

Ao mesmo tempo, a incrível expansão das guerras e sua intensidade nos séculos XVIII ermitem a retomada da sua análise teórica (onde já figuravam nomes como Homero, Tucídaquiavel), com o surgimento dos mais importantes teóricos do pensamento estratégico,

mini (1779-1869), Suvarov (1729-1800) e Clausewitz (1780-1831). Alguns dos seus ensinamalém de um fantástico arsenal de conceitos ainda não superados – mantiveram-se atuais assos dias, alimentando formas de combate praticadas ao longo de todo o século XX. Asálises sobre a mobilidade e as operações rápidas de deslocamento militar, envolvimento, retsbordamento de tropas e de pontos fortificados foram praticadas em nível de excelência deerra Austro-Prussiana (1866) ou a Guerra Franco-Prussiana (1870/1871) até a Segunda Guerque, em 2003.2

Contudo, faltavam alguns meios técnicos e suportes econômicos capazes de dar a dimefinitivamente moderna às guerras do século XIX. Dois conflitos fundamentais darão con

ensamente importante, e bastante terrível, junção, de um lado, entre guerra e grande indústria,

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Contudo, por mais espetaculares que fossem os avanços técnico-militares do século XIX ganização militar até a Guerra dos Boers, a Guerra Nipo-Russa e a Guerra Ítalo-Turca (introdaviação militar), só em 1914 o verdadeiro perfil da guerra moderna faria sua aparição complara muitos, a Grande Guerra foi o marco decisivo da guerra moderna, a mãe de todas as batae marcaria o século XX e, já agora podemos infelizmente dizer, também o século XXI. Claerra de Secessão Americana (1861-1864) foi, sem dúvida, a primeira guerra de massatória, na qual a mobilização total dos recursos de uma sociedade foi colocada à disposiçãquina de guerra visando atingir os fins estratégicos que garantiriam a vitória. Contudo, m

nte ao morticínio e à imensa dor, a Guerra de Secessão foi circunscrita a um país, meio-continm só povo. Neste sentido, o então impressionante desenvolvimento industrial americano

deria ser comparado ao poder industrial de nações como o Império Alemão ou Britânipública Francesa, e mesmo os próprios Estados Unidos e o Império do Sol Nascente, na Ásisperas da Grande Guerra, em 1914, e, consequentemente, ao tremendo impacto decorrenoque de tais potências entre 1914 e 1918. Assim, a Grande Guerra garante para si a gvidosa de abrir um novo capítulo na história da humanidade: a moderna guerra total.

Da mesma forma, seria o ponto de partida da única guerra verdadeira do século XX: a longa g

e se estenderia de 1914 até 1991, com pausas e retomadas de hostilidades, repetindo no séculerrível evento contínuo da Guerra dos Trinta Anos, do século XVII.m 1914, para além dos recursos materiais e humanos investidos, procurava-se ainda revertncipais ensinamentos – a própria doutrina militar – das últimas grandes guerras europeiaerras napoleônicas. Convencidos do mérito das políticas defensivas, otimizadas pela mogenharia de casamatas, trincheiras e bastiões, ao lado da excelência das novas armas de tirpecial as metralhadoras, todos os principais países envolvidos desenvolveram técnicas defenmo no caso da França, e com o fracasso do célebre Plano Schlieffen caíram na terrível armaGuerra de Trincheiras, uma guerra de posições, consumidora de homens e recursos. Entrinch

por entre casamatas, com campos minados e redes de arame farpado pareceu, para os genera14, uma fórmula ideal para evitar os desastres da Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, quércitos alemães, em rápidos movimentos, envolveram e paralisaram as defesas francesas, abminho para Paris. Ainda uma vez tratava-se de optar entre Jomini ou Clausewitz.6

Assim, desde os seus primeiros dias, a Grande Guerra tornou-se uma guerra de posições, tratrincheiras, de grandes desgastes, enterrando exércitos inteiros no lamaçal, sob o frio, a fom

enças e a desesperança. As metralhadoras e os gases venenosos, inaugurando o uso das aímicas, devastavam milhares de homens de uma só vez. São os fatos que alimentam pá

roicas da literatura pacifista de todos os tempos, tais como em Dalton Trumbo (Uma Armahnny); Ernest Hemingway ( Adeus às Armas); Erich Maria Remarque ( Nada de Novo no Fronuno Vogel ( Alf ), fazendo com que a guerra gere num grupo importante de homens a valorizaçz.7 Mas a Grande Guerra geraria também os seus amantes, defensores da violência como a ma de regeneração de toda a sociedade, tais como Ernst Jünger, Adolf Hitler, Julius Evonito Mussolini. Foi em verdade uma guerra dura, suja, cruel, e a vitória que dela emergircada por recriminação, humilhação e frustração, abrindo caminho para novos tempos de barfascismos na Itália e na Alemanha, e, em seguida, a Segunda Guerra Mundial.or esta razão, para muitos, a Grande Guerra não terminou em 1918: parte de uma longa guer

tado-Nação,8  teria sido apenas uma pausa, para que os beligerantes, exaustos, pudesse

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uperar, reorganizar as forças, realinhar as alianças estratégicas, para a retomada do confli39 até 1945. Mesmo então, a vitória de 1945 não teria encerrado a Grande Guerra do séculoomada em 1947, agora sob a forma da Guerra Fria, e estendendo-se até 1990, com o Trataris – reunificação das duas Alemanhas – e o colapso da URSS. Assim, a Primeira Guerra Muderia ser vista como a Grande Guerra do Século XX , uma longa guerra provocada pela irruEstado-Nação competitivo no cenário das relações internacionais, pontilhada de pausas even

uma paz armada e precária – e retomadas cíclicas das hostilidades, como o Japão contra a Csde 1931, ou a Itália contra a Etiópia, em 1936, além da destruição das democracias inde

mo a Áustria e a então Tcheco-Eslováquia, frente à Alemanha de Hitler, em 1938. Estaríaão, diante de uma nova Guerra dos Trinta Anos do século XX , em alusão àquela outra Guerrnta Anos que, no século XVII (1618-1648), destruiu a Europa e espalhou o pânico e a do

do o continente e suas dependências coloniais.neste sentido que a Primeira Guerra Mundial seria a mãe de todas as batalhas do nosso sécu

nto de partida para o longo conflito do século XX . Até 1914 a Europa e, consequentemenundo haviam conhecido uma relativa paz – armada, tensa e instável, é verdade – decorrentanjos organizados pelo Congresso de Viena em 1815. Produto da genialidade conservado

emens von Metternich (1773-1859), a Europa conhecera uma arquitetura política especncerto das Nações, quando um delicado sistema de poderes e contrapoderes equilibraações internacionais. A destruição de tal sistema, em 1914, transformaria o século XX num immpo de batalha pela hegemonia mundial.9

Assim, não podemos minimizar, de forma alguma, o impacto causado pela Primeira Gundial, mesmo em pontos remotos do planeta, fora dos eixos geoestratégicos centrais do mesmo a paz precária negociada em 1919 surgiu como paradigma para todas as tentasteriores: pretendeu-se a criação de um sistema de segurança coletiva, capaz de criar um mis seguro para todos, que viesse a substituir o Concerto das Nações destruído em 1914.

Nesse sentido – a busca de uma nova e duradoura arquitetura mundial –, a postura do Presioodrow Wilson (1856-1924) foi fundamental. Pela primeira vez os Estados Unidos romutrinariamente com os sagrados princípios dos  Pais Fundadores  contrários ao envolvimens nos conflitos – mesquinharias dinásticas e colonialistas, aos olhos do americano médioha Europa. O poderio crescente do Império Continental Alemão – causa do colapso do Con

s Nações – desafiara o equilíbrio mundial de poder, e corria-se o risco de as potências axãs, baseadas no poder naval, na autoadministração, no controle do comércio marítimo munem sujeitadas por um poder continental baseado em imensos exércitos de terra, em

ntralismo autoritário e na concentração industrial.10

  Por isso os Estados Unidos decidiramerra. Esta deveria então ser uma  guerra para acabar com todas as guerras, culminando numministrada a partir de um tribunal universal de povos, a Sociedade das Nações. Eram retoms chamados princípios wilsonianos, o otimismo humanista de Kant e sua esperança em umarpétua, repetindo, em relação ao anseio por paz, o que já vinha acontecendo no tocante à gueojeção das expectativas do século XIX sobre o século XX.

assim que a chamada à guerra feita a todos os povos deveria ser, também, a chamada pnstrução das bases da Nova Ordem Mundial a emergir do conflito. Seguiram-se conferêundiais de paz, em Haia, e tratados de banimento perpétuo da guerra, como no Pacto Briand/K

1928.

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Menos de 10 anos depois o mundo estaria novamente imerso em uma das etapas bélicas da Lerra do século XX , já conhecendo as agressões do Japão contra a China, em 1931, e da ntra a Etiópia, em 1935.

A percepção, por parte de populações de todo o mundo, de que a guerra vinha se tornandnômeno total, com a crescente indistinção entre front  e retaguarda – portanto, entre civis e milé, em grande parte, a razão da crescente incorporação da opinião pública ao longo do sécul

debate decisório sobre a guerra e a paz. Talvez a Primeira Guerra Mundial tenha sido o úande conflito em que os gabinetes ministeriais, os Estados-Maiores e as chancelarias tenham

o, tido a liberdade absoluta para decidir a guerra. Já na Segunda Guerra Mundial, o povotados Unidos, por exemplo, resistiu até o momento do ataque japonês contra Pearl Harbor a aguerra como inevitável, malgrado o desejo evidente de Roosevelt de envolver-se, desde o i

conflito. Mesmo a Alemanha nazista, firme até a última batalha, ouviu em silêncio revelahrer  anunciar a guerra, que teve que ser precedida de imensa barragem de propaganda contrfidos poloneses (em verdade, vítimas da Alemanha). As guerras coloniais do Ocidente, depo45, foram incrivelmente impopulares e seus governos tiveram de incluí-las, numa operaçãícil sucesso, no âmbito da luta mundial contra o comunismo para obter algum respaldo domé

m dúvida, foi a Guerra do Vietnã (1965-1975) onde a opinião pública desempenhou o papel rcante, deslegitimizando as razões de sucessivos governos norte-americanos. Neste sentipel da imprensa, em especial da televisão, muitas vezes praticando o chamado jornavestigativo, foi verdadeiramente revolucionário, colocando em cheque a propaganda de gcial. Mais tarde, mesmo na URSS, a Guerra do Afeganistão (1979-1989) desempenhou o mpel, embora sem os aspectos espetaculares da cobertura midiática norte-americana. Apesar decensura existente, ao menos no início do conflito – com Gorbachev o conflito foi debataustão – formou-se, rapidamente, uma opinião pública adversa à política oficial do Kremlisma forma, a Guerra do Iraque, de 1991, com sua cobertura ao vivo, via satélite e com emis

abo transmitindo de forma contínua, trouxe a guerra para o cotidiano de todos, universalizanúdio da opinião publica, como expresso nas ruas de todo o mundo em 2003 ante a iminêncque norte-americano ao Iraque. Esta nova exigência de transparência em uma decisão tal crulorosa, embora em si não marque um repúdio genérico contra a guerra, marca claramen

mites que os governos nacionais hoje enfrentam para tomar tal decisão. A punição do Papular, nas eleições espanholas de 2004, é um sinal evidente da impossibilidade de se fazererra contra a vontade da opinião publica. Os ensinamentos do Vietnã e do Iraque apontamportantes inovações, além do reconhecimento do papel central da opinião pública, no deslan

uma guerra. A noção de guerra justa, e mesmo necessária e inevitável, prende-se cada vez mtificativas comprováveis e sérias envolvendo direitos humanos e razões humanitárias, commprova nos casos de Kosovo, do Timor Leste e, talvez, do Haiti. As justificativas buscadano da existência de regimes fora da lei – como Coreia do Norte ou Irã – ou da existência de adestruição em massa ficaram seriamente prejudicadas depois da Guerra do Iraque de 2003apacidade de os governos envolvidos provarem suas razões para ir à guerra. Da mesma formviços de inteligência, tais como a CIA nos Estados Unidos, a MI6 na Inglaterra e o CNpanha, sofreram imenso desgaste em virtude de suas manipulações políticas e mesmo partidra justificar a guerra, gerando desconfiança e insegurança por parte da opinião pública frent

ganismos de segurança. Ao mesmo tempo, a evolução da mídia, ainda uma vez de forma esp

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televisão, criou situações de embaraço, com a supressão da ação independente e do engajamlitar de grande número de jornalistas (embebed press), como no caso do Iraque, em 2003. A empresas de origens diferentes, como mídia e indústria armamentista, como é o caso d

mero significativo de cadeias de televisão norte-americanas, acaba por criar uma espessa ndesconfiança sobre a qualidade das informações, gerando questões fundamentais sobre o dética profissional, acesso a uma informação de qualidade e segurança. Muito especialmen

amada Guerra contra o Terrorismo, depois do 11 de Setembro de 2001, impõe uma sérnstrangimentos bastante complexos, como o debate em torno da publicização de vídeos de not

roristas, como Osama bin Laden. A tentativa dos Estados Unidos de criar uma agência de noPentágono foi, felizmente, abandonada. Contudo, o privilégio da informação para determinnalistas e cadeias de notícias, ao lado do sistemático boicote a pessoas e cadeias consideversas, como a pública advertência do comando militar americano contra as televisões Al-JaAl-Arabya (retiradas do Iraque em favor de cadeias americanas favoráveis ao governo) tender com que a massificação da informação não represente, de forma alguma, qualidadormação.

Outro aspecto lamentável da tentativa de limitar a informação sobre a guerra tem sido o assass

ntínuo de jornalistas, seja na Bósnia, no Iraque ou no Paquistão, uma constante dos grnflitos do século XX.inalizando a caracterização dos conflitos do século XX e aceitando, em princípio, o caráter ear e causal de todas as grandes guerras do século como produto do rompimento do Concertções, em 1914, e estendendo-se até 1991 – o que explicaria o caráter historicamente brev

culo XX (com a duração circunscrita entre 1914 e 1991), devemos reconhecer a imensa varieconflitos do século passado.

A variedade de meios técnicos alcançada no século XX, bem como a complexidade de sua pom especial pela junção da guerra com as revoluções e do colapso dos impérios construídos

ropa no século XIX – acabaram por gerar um imenso número de conflitos com caracterívas e técnicas específicas. Talvez seja esse, ao lado da expansão técnica do potencial das guséculo XX, o principal traço novo da guerra no século passado: a grande diversidade.ara uma análise mais detalhada sobre esta característica, a extrema diversificação e a amplfenômeno da guerra no século XX, poderíamos, pelo recurso mínimo de alguns dos princ

entos do século XX, nomear as seguintes formas de guerras a partir de seus traços geraáter político de suas motivações e causas (não se trata, portanto, de modalidades de combate

Guerras Assimétricas: trata-se, a partir do final do século XX, de uma tentativa de organizaç

m conjunto de formas de enfrentamento não convencional visando confrontar um poder mécnico e econômico superior. Trata-se, assim, de uma escolha estratégica por parte de um Esrganização ou partido dos meios de combate capazes de infringir um grande dano a um puperior, sendo por isso mesmo considerada a forma por excelência da luta do fraco e pobre cforte. De forma pontual, o desastre americano na Somália, em 1993, tem sido apontado como

orma típica de combate assimétrico.A Guerra Clássica ou Convencional , como foi boa parte – mas não exclusivamente – da Prima Segunda Guerras Mundiais, além da Guerra Indo-Paquistanesa de 1970-1971 ou a G

Árabe-Israelense, no Sinai, em 1967, em que o movimento de tropas, a ação da artilharialindados de exércitos profissionais desempenhariam o papel central nos combates.

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A Guerra Antiguerrilhas, como praticada pelos Estados Unidos no Vietnã, em 1965-1975; ngleses contra a rebelião Mau-Mau, no Quênia, entre 1952 e 1956 ou, ainda, na Colômbia, de 1980, e marcada pelo misto de operações bélicas, operações policiais e de inteligência, algezes acompanhada de movimentos de reforma política e/ou social.

A Guerra Anti-insurrecional , como a luta dos franceses na Argélia, no final dos anos 1950, oritânicos na Irlanda do Norte, depois de 1970, marcada, ao contrário da modalidade anteriorleno domínio das operações policiais, embora utilizando contingentes e meios milargamente ancorados nos ensinamentos de manutenção da lei e da ordem.

A Guerra Civil , como foi o caso no Congo, em 1960-1961, ou na Espanha, entre 1936-uando uma facção, partido ou grupo político decide-se pelo desafio aberto e militar ao pstabelecido. Não deve ser confundida com uma Guerra de Secessão, posto que a parteesencadeia a guerra não quer abandonar a unidade política preexistente, mas, em verdade, doma.A Guerra Colonial ou Guerra Imperialista, um empreendimento clássico de conquistaotências imperialistas europeias na Ásia e na África, como foi o caso da Guerra dos Boer899-1902; a repressão à Revolta dos Boxers, em 1901, na China. Constitui-se largamen

rincipal atividade bélica dos estados europeus no século XIX e começo do século XX.A Guerra de Anexação (ou de Expansão ou de Conquista), como a praticada pela Itália faontra a Etiópia, em 1935; ou do Iraque contra o Kuwait, em 1990; pode ser subsumida, em aasos, a uma típica Guerra Colonial, mas em outros casos trata-se de uma guerra de recompoe territórios ou ampliação contígua do mesmo, como a guerra entre Somália e Etiópia, pela re Ogaden, em 1977.

A Guerra de Desgaste (ou Fustigamento), como a praticada pelos egípcios ao longo do Canuez contra Israel, após 1967, ou pelos chineses, no Estreito de Quemoy e Matsu contra Formepois de 1949, visando levar o adversário ao esgotamento material e psicológico.

A Guerra de Guerrilhas ou Guerra Irregular , a forma clássica de uma guerra assimétrica, raticada no Vietnã entre 1965 e 1975 ou no Afeganistão entre 1979 e 1989; também assuorma de Guerras de Libertação Popular , como no caso de Cuba, no final dos anos 1950, o

Nicarágua, durante mais de 40 anos. Nesses casos, a Guerra de Libertação Popular se conlenamente com uma revolução popular.

A Guerra de Independência ou de Libertação Nacional  pode reunir uma série de outras formazer a guerra, notadamente combinando meios assimétricos e assumindo a forma de insurr/ou guerrilhas, como foi o caso na Argélia, nas colônias portuguesas de Guiné-Bissau, Ango

Moçambique contra Portugal. Algumas vezes temos Guerras de Libertação Nacominantemente nacionalistas, sem o caráter de classe das Guerras de Libertação Popular , empre imbuídas de pensamento marxista, como foi o caso da Guerra de Libertação do Timor ontra a Indonésia, depois de 1975.

A Guerra de Intervenção se dá quando um ou mais Estados procuram intervir num conflito ine um terceiro Estado, visando a manutenção ou alteração do status quo, como foi o caso da Ío intervir na Guerra Civil paquistanesa de 1970-1971, permitindo a independência de Banglau a intervenção do Vietnã, no conflito interno do Cambodja, contra o Khmer Vermelho, em

Ao final do século XX, sob pressão de organizações humanitárias, irá evoluir um pretenso d

e ingerência, sustentando a possibilidade de um Estado, ou uma coalizão de Estados, interv

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utro Estado em defesa dos Direitos Humanos, da ecologia ou contra crimes transnacionaisomo o terrorismo ou o narcotráfico. A atuação americana na Bósnia e em Kosovo, em autou-se por tal pretensão – embora sem um claro mandato da ONU, enquanto a invasã

Afeganistão, em 2001, deu-se sob a égide da ONU e em nome da luta contra o terromplantado em um Estado fora da lei ou Rogue State.A Guerra de Propaganda  (também chamada de Guerra de Ondas, em virtude de sua transmor meio de ondas eletromagnéticas) foi parte fundamental de praticamente todos os conflitéculo, como os meios usados pela Sérvia contra o Império Austro-Húngaro, em nome do

slavismo pouco antes de 1914; o uso da BBC, durante a Segunda Guerra Mundial, como eiesistência contra o III Reich; o uso das Rádios Europa Livre e Liberdade, pelos Estados Uontra os países do Pacto de Varsóvia, ou da Rádio de Beijing, em apoio aos Movimentibertação Nacional. O fotojornalismo também desempenhou papel central na construçã

magem da guerra, como foi o caso dos fotógrafos americanos na Guerra do Pacífico, entre 1945. A televisão complementou e às vezes substituiu o rádio, como no caso das emissõ

República Federal Alemã contra a Alemanha Oriental ou dos noticiários da CNN quandouerras contra o Iraque, em 1991, colocando sob o foco da crítica o papel de uma imp

engajada”, inclusive com a incorporação às fileiras dos combatentes (denominada embress), como no Iraque em 2003; muitas estações de televisão, como na Sérvia em 1999 em via Guerra do Kosovo, tornaram-se alvo de ataques dos Estados Unidos, e jornalistas, comósnia e no Iraque, passaram a ser considerados alvos de guerra, enquanto outros colocaruestão do patriotismo acima da ética profissional.

A Guerra de Secessão, em que uma região, um povo ou uma província procuram separar-se denidade política maior, como foi o caso de Biafra, entre 1967 e 1970; da Eritreia, contra a Etntre 1991 e 2001.

As Guerras Dinásticas, praticamente em extinção no século XX, em função da desapariçã

róprias monarquias, mas ainda presente, por exemplo, no Nepal, entre 2001 e 2002.A Guerra Econômica pode aparecer como um fenômeno em si, como a disputa entre França e o início do século XX ou entre o Brasil e a França (a chamada Guerra da Lagosta no inícinos 1960) ou a Guerra do Bacalhau, no âmbito europeu, ou acompanhar conflitos reais, levanloqueio e à sabotagem da economia do adversário.

A Guerra Eletrônica é uma nova modalidade de guerra, decorrente exatamente do desenvolvimecnológico dos Estados, em especial da microeletrônica, visando “cegar e ensurdecedversário pelo “desligamento” de suas conexões. Em face do avanço tecnológico, grande par

anóplia militar depende largamente de componentes eletrônicos ultrassensíveis, e assim armmeios que atinjam satélites, estações de comando, cabos e redes de comunicação tornaram-se referenciais. Algumas armas, como as bombas de grafite, foram desenvolvidas pelos Es

Unidos visando exatamente “apagar” as comunicações adversárias; na Guerra do Kosovo, em no Iraque, em 2003, os Estados Unidos declararam estações de eletricidade e centro

omunicação alvos preferenciais. Os efeitos, aparentemente “limpos”, podem ser extremamanosos para a população civil, no sentido em que priva-se inúmeras pessoas de água poansportes, comunicações, além de “desligar” hospitais e escolas.

A Guerra Encoberta ou Guerra Subversiva trata-se, na verdade, de uma etapa inicial da Guer

ibertação Nacional  ou da Guerra de Guerrilhas, visando a derrubada de um regime utilizan

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e técnicas dissolventes, desde a propaganda até a sabotagem econômica dos meios do redversário. Pode ter ou não a participação de uma força estatal externa, como no caso da ajud

Vietnã do Norte à Frente de Libertação Nacional (Vietcong) no início da guerra, em 1965; poaráter exclusivamente nacional e popular, como no levante sandinista contra o regime de Soma Nicarágua, a partir de 1934.

A Guerra Fria  denomina-se um fenômeno específico, o conflito controlado entre a URSSstados Unidos entre 1947 e 1991, culminando com a dissolução da URSS. Entretanto, inúmspecialistas vislumbram o mesmo padrão de conflito nas relações entre a China Popular

stados Unidos, ao longo dos anos 1990, surgindo, pois, a possibilidade de tornar-se modalidade de conflito entre países que dispõem de grande potencial de destruição e, pormesmo, paralisados em sua estratégia de enfrentamento. A Guerra Fria proporcionaria o surgimos textos verdadeiramente novos sobre o pensamento bélico no século XX, obriganstrategista a sempre considerar a possibilidade de uma Guerra Convencional, localizadamitada, “escalar” em direção a uma Guerra Nuclear Generalizada.A Guerra Cinza  ou Gris  diz-se da modalidade bélica dirigida exclusivamente contomunicações navais de um adversário, sendo, portanto, um sucedâneo específico da G

Eletrônica. Aparentemente, durante a Guerra Fria travaram-se inúmeros embates do gênerspecial entre submarinos da URSS, dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Noruega, da Co Sul e do Japão, em especial, nos mares árticos e no Extremo Oriente. O filme Caçad

Outubro Vermelho11 é uma emanação desta guerra oculta subjacente à Guerra Fria.A Guerra Insurrecional , ou Guerra Subversiva, ocorre em forma de levante ou insurreição cm poder estabelecido, considerado hostil, opressivo ou injusto, podendo ser exclusivamubversiva, quando os insurretos são civis, ou explicitamente insurrecional, quando o leva

militar. Talvez os melhores exemplos ocorram em países latino-americanos, como Peru, em faendero Luminoso ou do Movimento Tupac Amaru; as Guerrilhas de Chiapas, no México

special sob sua forma subversiva. Contudo, os movimentos propriamente insurrecionais,evantes militares, podem ser mais bem exemplificados nos casos das jovens repúblicas africomo Congo, Serra Leoa ou Costa do Marfim.

A Guerra Justa. Ao contrário do sentido religioso típico dos séculos XVI e XVII na Euromoderna Guerra Justa  seria aquela travada por um Estado ou coligação de Estados visanessação de uma agressão, como no caso da Guerra da Coreia, em 1950, ou do Iraque, em 199

A Guerra Limitada  ou Guerra Localizada, ou Guerras de Baixa Intensidade, são os conpicos da época da Guerra Fria, quando as grandes potências procuravam circunscrev

onflitos regionais, sua extensão em termos de atores envolvidos bem como de danos causisando evitar o transbordamento das atividades bélicas e sua ascensão aos extremos (no casoGuerra Nuclear Generalizada), tais como foram as guerras árabe-israelenses; da mesma fnúmeras guerras de libertação nacional, como a Guerra Civil Angolana, entre 1975 e 2001, ops contendores da Guerra Fria através de partes interpostas, como Cuba (pelo bloco sociali

África do Sul (pelo bloco ocidental), foram limitadas, (visando) evitando o seu transbordameansformação em uma guerra generalizada. No seu conjunto, a maioria das guerras localizaderíodo da Guerra Fria (1947-1991) foram guerras voluntariamente limitadas, sob monitoramas então duas grandes potências, visando exatamente evitar o princípio clausewitzian

scensão aos extremos (a Guerra Nuclear).

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A Guerra Nuclear , sem dúvida a forma mais completa e apocalíptica da guerra no século Xarte fundamental da Guerra Fria, nunca tendo sido travada (no caso de Hiroshima e Nagpenas uma das partes possuía a arma atômica, não sendo, portanto, uma guerra no selássico). A Guerra Nuclear   poderia ser travada de formas diferentes, conforme evoluensamento estratégico entre 1945 e 2001, e mesmo depois. Poderíamos ter uma Guerra Nu

Generalizada, quando ambas as partes em conflito lançariam mão de uma estratégia de atnticidades, ou uma Guerra Nuclear Controlada, ou Tática ou Limitada, quando seriam utili

meios táticos do tipo ofensivo antitropas, ao lado de armamento convencional, limitand

esgastes decorrentes do uso dos artefatos atômicos. Teríamos ainda a Guerra Nuclear Limo Mar , em que os alvos e as armas seriam o poder naval adversário, poupando as cidadesantuários de cada um dos contendores; durante os dias iniciais da Crise de Cuba, de 1962po de guerra nuclear foi visualizado. Teríamos ainda, em termos de planos estratégicossibilidade de uma Guerra Nuclear Sublimizada, em que os adversários, visando eviestruição mútua, operariam meios estratégicos de forma controlada, desde demonstraçõereas indefesas e não danosas do adversário até um ataque previamente comunicado e limvidentemente, haveria uma possibilidade permanente de “Escalada” entre ambas as form

onflito, transformando uma Guerra Nuclear Controlada em uma Guerra Nuclear GeneralizaA Guerra Preventiva é uma forma de agir de um Estado que considera a evolução possível demeaça exterior inevitável e capaz, com o tempo, de potencializar sua capacidade de dano. Ama ação prévia teria o mérito de impedir uma capacidade específica que estaria sendo ador um adversário, e que numa guerra futura inevitável seja desfavoravelmente utilizada. Nentido, a ameaça é potencial, não imediata, mas considerada possível dentro de um prazo pre

Os especialistas dão como exemplo clássico o ataque de Israel contra a usina nuclear do Iraquotencial elemento que poderia produzir um desequilíbrio relativo de forças na região do O

Médio. Após a publicação da Doutrina de Segurança Nacional dos Estados Unidos, em setemb

002, as Forças Armadas de vários Estados – como Israel, Federação Russa e Índia, além, é os próprios Estados Unidos – passaram a distinguir uma situação próxima da Guerra Prevembora com traços específicos notáveis: trata-se da Guerra Preemptiva  (ver a seguir). Pealização de uma guerra preventiva é necessário um extremo preparo prévio, com as medidigilo daí decorrentes, além de uma inteligência militar competente, visando estabelecer o ponravidade do adversário a ser atingido, evitando um contra-ataque fulminante.

A Guerra Preemptiva faz parte, desde 2002, da Doutrina de Segurança dos Estados Unidos, laramente um elemento agressivo de modalidade de guerra. Trata-se de reconhecer a possibil

e um ataque iminente, visando reduzir o potencial bélico do inimigo, de quem é retiralemento surpresa, baseando-se largamente em sistemas sofisticados de informação e alerta prubordinando-se, portanto, a um amplo sistema de inteligência. Os maiores planos, mesmo antua formulação teórica em 2002, de guerra preemptiva foram realizados pelo Estado-Maior alntre 1905 e 1911, visando tolher a crescente capacidade bélica da França. São, como atos inim exemplo de Guerra Preemptiva o ataque de Hitler contra a URSS em 22 de junho de 1941apão Imperial contra os Estados Unidos em 7 de dezembro de 1941, em face do temor de ambotências no crescimento do poder de seus adversários; também é um exemplo de  greemptiva  o ataque de Israel contra os países árabes na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

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modernamente, a chamada Doutrina Rumsfeld, dos Estados Unidos, defende o uso da  greemptiva como um meio hábil para enfrentar o terrorismo internacional.

A Guerra Programada, modelo teórico e conceitual de guerra, que é prevista através da evoecnológica dos Jogos de Guerra, com uso extenso de softwares e de meios informatizados,rever, em cenários variados, o desenrolar dos conflitos. Talvez a única guerra em que tais menham sido efetivamente utilizados tenha sido a Segunda Guerra do Iraque, em 2003, visualomo parte fundamental da moderna Revolução em Assuntos Militares e, principalmente, capuperar o chamado conceito de fricção, conforme formulado por Clausewitz (que estabelec

mponderável em todas as guerras, desde variações climáticas até a pressão psicológica sobopas no teatro de operações), no âmbito da Doutrina Rumsfeld. Contudo, os resultados da Go Iraque, em 2003, deixam claro que a fricção em combate é absolutamente não previsível obra, ainda que num mundo cada vez mais sofisticado tecnologicamente, um alto preço.

Guerras sem Fim ou Guerras Inúteis. Trata-se de uma denominação vaga, amplamente utilara definir uma série de conflitos que após a Guerra Fria – com a perda de seus padrdeológicos, os Estados Unidos e a URSS, tornaram-se indistintos, generalizados e acabaramulverizar os atores militares em diversas facções extremamente personalísticas, muitas

eirando o banditismo e a criminalidade pura e simples. São os casos africanos, em especierra Leoa, na Libéria, no Sudão e na Somália, os exemplos mais evidentes. Na maioria dos nvolve, ainda, a exploração de recursos naturais (diamantes, ouro, petróleo) por parte de sena guerra locais, com conexões com os grandes centros financeiros. Muitas vezes descambampuro genocídio, fazem o uso maciço de minas terrestres, de sequestros e soldados-crianças.

De todos esses conflitos nenhum marcou tanto o século XX quanto aquele que nunca acontecerra Nuclear. Para muitos homens comuns, na América ou na Rússia, como também em Bequio, Paris ou Roma, a guerra atômica – considerada a guerra por excelência – foi uma real

uito próxima, expressa no relógio do fim do mundo, este emblema mantido por uma organizaçicos mostrando que restavam apenas alguns poucos minutos antes da meia-noite final. Desdarição, a arma atômica – usada e testada nas cidades de Hiroshima e Nagasaki – assumirpel de “arma absoluta”, conforme a expressão do estrategista Bernard Brodie (The Abseapon, 1946), criando condições novas e insuperáveis. Coube a Brodie (1910-1978) enuncindições novas que o novo armamento criava: “... não existem meios eficazes de se defentra a bomba e a possibilidade de que venham a existir é extremamente distanaticamente, toda discussão estratégica maior, depois de Hiroshima, flutuou em torno do axmulado por Brodie: a insuperabilidade da Guerra Nuclear. Todos os demais estrateg

líticos e historiadores debateram-se com o tema: como praticar uma guerra que seria certameima de todas as guerras? Retornando ao princípio básico de Clausewitz sobre a continuidadeolítica e a guerra, a Guerra Nuclear constituía-se num paradoxo, já que nenhum objetivo po

correria dela, posto que a destruição total dos contendores não permitiria que nenhuma ufruísse da vitória. Assim, constituía-se o chamado “Equilíbrio do Terror” ou a Condição útua Destruição Assegurada). Estrategistas e cientistas nucleares correram, durante a segtade do século, em busca de uma resposta aceitável para todos. Buscaram-se estratégias

rmitissem uma guerra nuclear limitada, sob controle, uma espécie de duelo que poderi

grimido com uma letal elegância... contudo, ainda uma vez, o Conceito da Fricção de ClausewLei de Murphy dos estrategistas – impunha-se: qualquer passo em falso representaria uma esc

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a ascensão aos extremos, como diria Clausewitz, lançando o planeta na guerra atôneralizada. Da mesma forma, os cientistas procuraram nanonizar , miniaturizar, os artecleares visando torná-los mais hábeis, palatáveis, superando a  paralisia nuclear   que alcabos os adversários durante a Guerra Fria. Assim, surgiram morteiros e obuses nucleares, alénibombas atômicas, num cenário delirante, próximo da ficção política presente no filmantástico ( Dr. Strangelove, de Stanley Kubric).13 Por fim, em sua última fase, os Estados Uopuseram formas de fissão nuclear controlada, como a Bomba de Nêutrons, capaz de elimiior parte do desgaste físico – embora não o desgaste em vidas humanas – como uma form

nar a Guerra Nuclear possível e tolerável. Este era, sem dúvida, o desafio: vencer o paradotão poderoso que não mais possuía a liberdade de fazer a guerra, como descobriu o Ge

acArthur, durante a Guerra da Coreia.Coube aos Estados Unidos o maior avanço em direção aos meios técnicos e ao pensam

ratégico de forma a viabilizar a Guerra Nuclear. Além das pesquisas científicas, com a produma tecnologia de ponta que cimentaria a aliança anunciada no século XIX entre guerra e g

dústria, os americanos produziram um pensamento estratégico que viabilizaria a Guerra Numeiro Albert Wohlstetter (1913-1997) e depois Herman Kahn (1922-1983) incumbiram-

ensar o impensável”: como fazer a Guerra Atômica e sobreviver a ela? Este era um passo porivelmente perigoso. Apenas o  Axioma de Brodie, acima formulado, era uma garantia de qgociações, por trás de todas as ameaças, seriam a melhor saída frente aos impasses políticerra Fria. A perigosa e altamente duvidosa crença de que seria possível sobreviver, como Eilizado, a uma guerra atômica banalizava o risco até então considerado insuperável da m

struição.As condições específicas dos Estados Unidos – rica e poderosa democracia industrial – impus

suas características de fazer a guerra, inclusive a Guerra Nuclear. A necessidade de garansenso interno e, ao mesmo tempo, manter um mínimo de transparência se constituirá semp

e Clausewitz denominou ponto de gravidade: aí reside toda a fragilidade do poderio amerimo ficou claro na aceitação do impasse na Coreia, em 1953, e da derrota no Vietnã em 19mo começou a se repetir no Iraque em 2003. Uma grande democracia avaliaria sempre a dim

dano que poderia sofrer para alcançar determinados objetivos, estabelecendo o patamlizável. Assim, frente a dois inimigos poderosos, a URSS e a China Popular, capazes de infr

m dano imenso em termos de enfrentamento convencional na Europa, no Oriente Médio otremo Oriente, estrategistas e políticos americanos entenderam que não seria aceitável catombe para manter, por meios tradicionais, tais regiões sob controle americano. Caberia e

face da impossibilidade absoluta da Guerra Nuclear, refluir sobre os oceanos, refugiar-se emularidade inatacável e abandonar às potências continentais o coração do mundo. Oernativa buscada foi travar uma Guerra Nuclear limitada tanto sobre um território previamimitado – a escalada geográfica controlada, santuarizando tacitamente as metrópoles, quantios tecnológicos de ataque disponíveis. A dissuasão implícita no  Axioma de Brodiexistência de meios de superar as consequências da Guerra Atômica – implicava a

nsciência de todas as potências dotadas de força nuclear de que havia uma decisão de bateer primeiro e de bater maciçamente por parte dos Estados Unidos. O frio horror do último qséculo XX residia na superação da dissuasão como pensamento dominante dos estrategista

ashington. Uma Guerra Nuclear Limitada foi seriamente visualizada, programada e transform

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si mesma, numa outra forma de dissuasão: agora não mais como uma dissuasão contra a Gclear, e sim contra uma Guerra Convencional encetada por soviéticos e/ou chineses,14 e freal os americanos não possuíam meios capazes para deter.or fim, coube ao homem considerado por décadas a própria encarnação do mítico Dr. Mabunio do mal imaginado por Fritz Lang, a formulação mais completa da viabilidade da Gômica: “... uma guerra termonuclear será provavelmente para o atacado uma catástrofeecedentes. Conforme o curso dos acontecimentos militares isto poderia ser, ou não, tástrofe sem precedentes para o agressor e, em todo caso, para alguns neutros. Mas

atástrofe sem precedentes’ está longe de ser uma ‘catástrofe ilimitada’. Mais importante audos sérios mostram que os limites da amplitude da catástrofe dependem estreitamenteposições que serão tomadas e da forma de condução da guerra”.15

Assim, na chamada Segunda Guerra Fria, depois de 1979, as novas estratégias nuclroximaram a humanidade da destruição total, baseando-se meramente em um exercício inteleamente duvidoso.16

Do lado soviético nunca houve dúvida de que as opções colocadas eram apenas duas: a Gnvencional (onde possuíam larga superioridade nas operações terrestres e grandes deficiênci

ante ao domínio aéreo e naval) ou a Guerra Nuclear Total. Da mesma forma que os Esidos, a natureza e a história da URSS, e, claro, da Rússia, impunham as suas característicnsar e fazer a guerra. Um país vasto, aberto, de amplas planícies e espaços vazios garantifesa num hiperbólico potencial terrestre, na multiplicação de divisões blindadas e de infancanizada, chegando a possuir, em 1975, 42 mil carros de assalto, 27 mil peças de artilharia lhões de homens em armas.17

A outra forma possível de pensar a guerra era, para um país destruído pela guerra imposttências contíguas duas vezes no espaço de uma só geração, a Guerra Nuclear Total. Parechais Vassili Sokolovski (1897-1968) e Nikolai Ogarkov (1917-1994) a Guerra Nuclear

mpre uma guerra total, e a estratégia soviética – sob a ameaça de ver sua superioridade em grestre ser vitrificada por forças atômicas táticas num teatro de operações europeu – insistia o, mesmo que inicialmente limitado, do poder atômico acarretaria a escalada clausewitzianaEstado-Maior soviético ao tempo de Sokolovski (1962), a noção de guerra total era a pedra qual se erguia todo o edifício estratégico soviético. Assim, numa concepção marcadassicismo, os soviéticos asseguravam que o objetivo da guerra (desarmar o adversário rigá-lo a aceitar a nossa vontade, conforme Clausewitz) impunha, em face da guerra modernção entre meios militares e poder técnico-econômico), a indistinção entre forças milita

ruturas internas do país adversário, do que decorria que a resposta da estratégia militar sovque ambos os objetivos (forças inimigas e estruturas internas) deveriam ser atinmultaneamente.18 Nesse sentido, os soviéticos não hesitaram em desenvolver meios estratégicma dimensão capaz de assombrar seus adversários e demonstrar sua prontidão para o uso: cheg

ossuir, em 1975, 1.618 mísseis balísticos intercontinentais (contra 1.054 dos Estados Unidosl mísseis estratégicos solo/ar da classe SAM, sem contar os mísseis em submarinos e o sistemfesa ABM.19 Mesmo com todo este potencial, os soviéticos não descuidaram em produzir mcanizados, de rápida mobilização e penetração em profundidade, visando uma projeção de fm cenário convencional contíguo acompanhado do uso de armas estratégicas num cenário

tante. Assim, dois cenários básicos se definiam para o Estado-Maior soviético: 1) na Euro

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rtir, de um lado, da vitória dos neoconservadores de George Bush, e a assunção, por parttados Unidos, em 2001, do unilateralismo, como uma política de poder e, por outro lado, coríveis atentados de 11 de setembro de 2001.22

as

Ver SPYKMAN, Nicholas. Estados Unidos frente el mundo . México: Fondo de Cultura, 1944.Abre-se aqui uma imensa discussão sobre a natureza da RAM (Revoluções em Assuntos Militares), como defini-las e caracterara muitos estudiosos, como Krepinevitch e os russos em geral, para haver RAM há que haver alguma inovação tecnológicaaria com que a Guerra de Secessão Americana e a Primeira Guerra Mundial fossem de fato os primeiros grandes momeevolução em assuntos militares. Krepinevitch relaciona 10 RAMs desde o início da Guerra dos 100 Anos, o que abre outra diseria “revolução” ou “evolução”? Para outros autores, como a influente think-tanker  americana RAND Corporation, é possíveAM sem inovações tecnológicas, residindo a ênfase nos esforços de organização e gestão das Organizações Militares, c

mobilização nacional inaugurada com a Revolução Francesa. Para uma discussão, ver: COUTEAU-BEGARIE, Hervé. Trtratégie. Institut de Stratégie Comparée/Sorbonne, Paris, 1999; e HOWARD, Michael. War in Europe History. Oxford:

University Press, 1986.Ver os seguintes artigos: BOND, Brian. Une Révolution dans l’armement , p. 10-18; WEEKS, John.  De nouveaux pechniques, p. 76-86; e BIDWELL, Shelford. Le bilan technique de la guerre, p. 132-136, todos in: BONDS, Roy (ed.). Hista guerre terrestre. Bruxelas: Henri Proost Ed., 1983.No ano 2001 os 10 maiores produtores de armas do mundo eram: Lockheed Martin, Boeing, Raytheon, BAE, General DyNorthrop, EADS, Thales, United Techno e TRW.Ver TOWNSHEND, Charles. Modern War . Oxford: Oxford University Press, 1997.

MURRAY, W. e MILLET, A. Military Innovation in the Interwar Period . Cambridge: Cambridge University Press, 1996.Ver ACKERMAN, Peter e DUVALL, Jack.  A Force More Powerful. A century of nonviolent conflict . Houndmills: P000.OBBITT, Philip. A guerra e a paz na história moderna . Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

Ver TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Europa ou o concerto das nações. Rio de Janeiro: UFRJ (tese de titular), 1994Ver HILDEBRAND, Klaus. Deutsche Aussenpolitik , 1871-1918 . Munique: Oldenbourg Verlag, 1989.Caçada ao Outubro Vermelho, direção de John MacTierman, EUA, 1989.BRODIE, Bernard. The Absolute Weapon. Nova York: University Press, 1946, p. 48.Dr. Fantástico (Dr. Stangelove or How I Learned to Stop Worrying and love the bomb), direção de Stanley Kubrick, Ing963. Para uma discussão sobre cinema e a ameaça nuclear, ver TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Stanley Kubinema do tempo presente. In: Idem. História e Imagem. Rio de Janeiro: Laboratório de Estudos do Tempo Presente/UFRJ, 2

1-51.WOHLSTETTER, Albert. The Delicate Balance of Terror. In: Foreign Affairs, v. 97/1, 1959.KHAN, Herman. On Thermonuclear War . Princeton: Princeton University Press, 1960, p. 123.O horror nuclear foi várias vezes motivo da ficção política cinematográfica, ensejando uma vasta produção fílmica, da qual pestacar: O Dia em que a Terra Parou (The Day the Earth Stood Still) , direção de Robert Wise, EUA, 1951;  A Hora Finhe Beach), direção de Stanley Kramer, EUA, 1959;  Limite de Segurança  ( Fail Safe), direção Sidney Lumet, EUA, 1964;eguinte (The Day After ), direção de Nicholas Meyer, EUA, 1983, e Herança Nuclear  (The Testament ), direção de Lynne LUA, 1983.MARRIOTT, John. L’équilibre de la terreur . In: BONDS, Ray. Op. cit., p. 236.SOKOLOVSKY, V. Stratégie Militaire Soviétique. Paris: Ed. De L’Herne, 1983.MARRIOTT, John. L’équilibre de la terreur . In: BONDS, Ray. Op. cit., p. 237.OGARKOV, Nicolai. Toujours prêt à defendre la patrie. In: Stratégique. Paris: Fondation pour les Études de Défense Na982.HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos. O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.Para uma discussão sobre o caráter do novo conflito mundial, ver: HEISBOURG, François.  Hyperterrorisme: la nouvelle aris: Odile Jacob, 2003; HUNTINGTON, Samuel. O choque de civilizações. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996; DEL V

Alexander.  As Guerras contra a Europa. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2003; ZORGBIBE, Ch.  L’Avenir de la Snternationale. Paris: Presse de Sciences Po, 2003.

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UA, GEOPOLÍTICA DA Os aspectos espetaculares das sucessivas crises do petróleo, com a escediata e o aumento dos preços, fizeram com que grande parte da população mundial acrede o esgotamento das reservas naturais do planeta era parte de uma questão energética, que po

resolvida através do aporte tecnológico. De forma silenciosa, contudo, outra escassez avanm ser vislumbrada em toda sua ameaça: a falta de água potável.Escassez e desequilíbrio.  Pela própria natureza da Terra, a água doce, potável e de qualcontra-se distribuída de forma bastante desigual. As regiões setentrionais do planeta, emboraandes rios – Danúbio, Reno, Volga, Lena – ou na América – o São Lourenço, Mississipi, Misconcentram grandes aglomerações demográficas, que consomem volumes crescentes de tável. Além disso, a generalização da agricultura moderna – subsidiada com milhares e mildólares, tanto na União Europeia quanto nos EUA – ampliou tremendamente o consumo de

uitas vezes, a riqueza produzida por tal agricultura subsidiada não paga os imensos gasto

mazenamento, dutos e limpeza investidos no processo de sua própria disponibilização. Em dos os casos, as grandes reservas de água na Europa e nos EUA padecem de problemas que aa qualidade. Na Europa, hoje, a água é um item de consumo semanal, constituindo-serigatório nos supermercados. A grande poluição industrial – por exemplo, no Reno – alidade – o caso das águas calcáreas da França e da Alemanha – obrigaram a população a agua como mercadoria vendida em supermercados. Nos EUA a expansão da agricultura subsinsome a maior parte da água potável, além da poluição que avança sobre grandes reservatmo nos Grandes Lagos. Além disso, a construção de cidades “artificiais”, muitas vezes em

serto – como Las Vegas – implica uma pressão crescente sobre os reservatórios existentes.As grandes reservas. Os grandes reservatórios encontram-se, ao contrário, nas áreas tropicbtropicais, quase sempre em função do regime de chuvas, da existência da floresta tropical úe rain forest , dizem os americanos) e dos grandes sistemas hídricos (tais como Congo, Amazraná-Paraguai – com o extenso “Aquífero Guarani” – ou dos Grandes Lagos da África Cents reservatórios subterrâneos do Nordeste do Brasil. Coincide aqui a existência de graervas hídricas, com populações em expansão, fortes conflitos étnicos e religiosos, além

cassez de recursos para a preservação, já que a maioria dos países da região encontram-ste monitoramento financeiro internacional visando a implantação de gestões neoliberais. Ass

ssoal técnico, as estações de tratamento, a reciclagem e a construção de mecanismos que ee o lixo contamine os aquíferos entram, todos, na categoria de obras supérfluas, condenadas didas de manutenção de grandes saldos orçamentários. De qualquer forma, o consumo da

ultiplicou-se por seis no século XX, duas vezes a taxa do crescimento demográfico do plaseando-se em tais dados, calcula-se que em 2025 cerca de 3,5 bilhões de pessoas estarão sofrm a escassez de água. Neste sentido, a água tornou-se uma questão de segurança e de defetado-Nação, devendo constar do planejamento estratégico de todos os países, em espqueles considerados “fontes hídricas”.

Água: o desenho da crise. Algumas regiões do planeta encontram-se, atualmente, em situaçassez de água. Enquanto alguns simplesmente optaram, num primeiro momento, pela sua ex

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rcantilização – como na União Europeia –, outros procuram saídas políticas e científicagiões mais críticas hoje são China Popular, Índia, México e Chifre da África e confrontantes,

eixo em torno da África do Sul, Botsuana e Namíbia. Em tais regiões, os lençóis freáticogistrado uma queda de 1 metro por ano, acima da taxa natural de reposição, apontando paraave crise no horizonte de 20 a 25 anos. Em outras regiões, onde a água existe, mas em peqantidade, a questão reside na sua divisão, no seu acesso e garantia de fluxo constante. Aqalidades mais atingidas são o Oriente Médio, Norte da África e mais uma vez o México. Algtras regiões, bastante ricas, expandiram sua população por cima da capacidade de abastecim

oduzindo poluição e escassez, como no caso de Taiwan, o cinturão renano europeu, a Austrálias centrais do Meio-Oeste americano. Por fim, outras regiões possuem grandes aquíferos, con

ausência de obras de infraestrutura afeta sua distribuição e sua qualidade, como no Brasdonésia ou na Nigéria. Uma questão paralela junta-se ao problema da escassez: água dealidade supõe energia, uso extenso de energia. As estações de filtragem e tratamento são grnsumidoras de energia; as usinas de dessalinização – em Israel e no Golfo Pérsico – são cansumidoras de energia em alta escala; os dutos e sua adução, distribuindo água de reundantes para regiões de escassez (como é o caso do Brasil), implicam grandes gastos de en

esmo a purificação da água via vapor é, evidentemente, dependente do consumo de energiauns casos, a destruição de redes de transmissão de energia ou de estações de energia, comoácia entre 1991 e 1994, e no Iraque, depois de 1991, paralisou o fornecimento de água poando a grandes explosões de pandemias, com elevadíssimas taxas de mortalidade infantil. A

uitos países passaram a investir em energia nuclear, visando baratear o acesso à água dealidade, como é o caso do Irã, Brasil ou Finlândia (Ver Figura).

Podemos examinar no mapa a questão do Tibet, uma área-pivô de dispersão de águas, colocadm no centro do controle estratégico dos rios que abastecem de água para consumo, agriculturaração de energia elétrica a China e a Índia – grandes potências com imensas populações –, alé

ngladesh, Mianmar, Laos, Tailândia e Cambodja.

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ntrole das fontes do Eufrates, colocando a Síria e o Iraque em clara situação de dependência co. Na América do Norte, o aproveitamento do Rio Bravo (ou Grande), na fronteira dos EUAMéxico, é uma fonte constante de atritos, com os desvios crescentes para a irrigaçãoastecimento das cidades e da agricultura norte-americanas. Na Ásia Central, o controlbet/Pamir, de onde provêm as fontes dos rios que correm para a China, o Paquistão e a Íudiza os conflitos sobre o controle de vastos territórios, como Cachemira, Nepal e Tibetncionam como “caixas d´água”. Na África do Sul, a situação da Namíbia é crítica, enquanto thel (a franja entre o Shara e a savana semiárida africana) ameaça alguns milhões de pessoas c

me. Ali, Chad, Mali, Niger e Líbia enfrentam-se constantemente, visando o controle de lasis do deserto. Além disso, o padrão de vida dos fazendeiros sul-africanos, em espikanners, pode ser duramente atingindo pela escassez de água local, necessária para as graomerações sul-africanas e para a agricultura (que mantém o frágil equilíbrio étnico e pore a maioria negra e as populações de farmers afrikanners). Neste contexto, os ricos aquífer

oçambique são um fator estratégico no futuro das relações interestatais no sul da África.A irrupção das crises.  Esta geopolítica da escassez da água pode levar muito rapidameudização do quadro, desembocando em graves conflitos interestatais. Devemos ter claro em m

e a questão da água não se encontra divorciada da chamada “questão ecológica”, e muitadidas referentes à preservação ambiental são de caráter preservacionista também em relaua e às suas reservas. Assim, uma “guerra da água” seria também uma “guerra pela ecologianários mais claros de crise apontam para situações de crise envolvendo a questão do multiuservas: a região do Nilo; o acesso às águas do Eufrates; o controle dos mananciais na Ásia Cecontrole da terras altas chuvosas em Ruanda e na Somália; o controle das terras chuvosaênia e Zimbábue; o controle de lagos e oásis no Sahel; a disputa pela Planície de Poljie, oácia e Sérvia. Estes são os pontos mais críticos numa geopolítica atual da água. Entretanntinuidade do efeito estufa e uma possibilidade de fracasso dos mecanismos preservacionist

cala mundial poderão acirrar a questão. Assim, os países considerados “reservas hídricas”ariam a salvo de expedições visando a internacionalização de seus recursos, que sclarados “bens coletivos da humanidade”.

erências

nett, Thomas. The Pentagon´s New Map. Nova York: Berkley Books, 2004.ezinski, Zbigniew. Second Chance. Nova York: Basic Books, 2005.

makov, Evgueni. Au Coeur du Pouvoir . Paris: Syrtes, 2001.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

MAU (DECLARAÇÃO)  Pronunciamento do governo japonês em 1934, afirmando caber ao Jappel de protetor das sociedades orientais contra a dominação das potências ocidentais. Por mtoriadores foi considerada como a Doutrina Monroe Japonesa para a Ásia Oriental: esta fi

b protetorado nipônico. O documento traduz a conjuntura de caos econômico musencadeado pela Grande Depressão de 1929. Representou claramente a união do empresaonês às novas diretrizes iniciadas com a ascensão dos militares ultranacionalistas ao p

igente no Japão desde o golpe de Estado de 1931 e é considerado parte de uma formu

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opolítica de tipo fascista, sendo seu principal expoente o então primeiro ministro Koki H878-1948).

erências

LL, John Whitney. El Imperio Japonés. México: Siglo XXI, 1973.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

TI-KOMINTERN (PACTO) Acordo entre a Alemanha nazista e o Japão, concluído em 25 de nove

1936 e válido por cinco anos. Idealizado por Joachim von Ribbentrop (1893-1946), diplomão e ministro do exterior da Alemanha. Os dois países assumiam publicamente o compromcombater a Komintern, ou Internacional Comunista sediada em Moscou. Segundo cláu

cretas, os signatários obrigavam-se, no caso de “uma agressão provocada ou ameaça de agrntra um deles por parte da URSS, a nada fazer que facilitasse a atuação da URSS” e a “examediatamente as medidas necessárias para defender seus interesses comuns”. Os dois signatmprometiam-se “a não concluir com a URSS, sem consentimento mútuo, qualquer compromlítico que se opusesse ao espírito do presente acordo”. A ele aderiu a Itália fascista em nove

1937, dando sua forma final ao pacto de nações fascitas. Esse acordo deu coesão à poerna dos três estados contra a URSS e as democracias ocidentais.

erências

ROSELLE, J.B. Histoire Diplomatique de 1919 à nos Jours. Paris: Libraire Dalloz, 1957.TEMIN, V.P. Historia de la Diplomacia, t.II. México: Editorial Grijalbo, 1967.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

AZIGUAMENTO E  NAZISMO  No contexto da expansão do III Reich na Europa Centro-Ori

aziguamento foi a política externa levada pelo governo britânico, entre 1933 e 1939, frenpetidas violações do Tratado de Versalhes cometidas pelo governo de Adolf Hitler (1889-1sde a assinatura do Tratado de Versalhes, ao final da Primeira Guerra Mundial (1914-191ã-Bretanha vinha se distanciando da França e da Bélgica, que exigiam o cumprimento rigoro

das as cláusulas do tratado, em especial sobre o pagamento da dívida de guerra e o rearmams Forças Armadas alemãs. O governo britânico, secundado pelo norte-americano, acreditavdo ou tarde a Alemanha deveria ser chamada para ocupar um papel de envergadura na poropeia, em especial depois de 1927, quando a URSS começou a construir um potencial mportante. Assim, as exigências e humilhações – tais como a impagável dívida de guerra ims alemães – deveriam ser revistas. Da mesma forma, o crescimento da Marinha imperial japoExtremo Oriente e o restabelecimento de uma política russa na Ásia Central e na China fazi

verno britânico temer uma nova ameaça ao seu império colonial, que poderia levar a um coundial, muito especialmente a partir da Ásia, onde suas colônias ficariam vulneráveis aos atafrota japonesa ou das tropas soviéticas. Nesse sentido, recompor o equilíbrio europeu, permessurgimento militar da Alemanha (como um contra poder frente a URSS), seria a melhor fra ocupar os soviéticos na frente ocidental e evitar um novo conflito no continente. Outro so para o governo britânico seria diminuir o imenso peso estratégico que a França adquiri

ntinente ao final da Primeira Guerra Mundial – numericamente o maior poder militar da Euro

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asião –, e ressaltar o poder britânico expresso na sua política naval. Coube a Arthur Namberlain (1869-1940) colocar em prática os principais elementos de tal política, especialmperíodo entre 1937 e 1939.

Desde o início, Chamberlain não soube perceber os sinais evidentes de agressão de Hitleópria natureza do regime nazista. Acreditou que as seguidas exigências do ditador alcerrar-se-iam no âmbito de correções de fronteira, em especial na Europa Oriental (o que tinande impacto sobre a URSS, mas pouco alterava a posição estratégica britânica) ententassem o exuberante nacionalismo alemão. Assim, as primeiras medidas hitleristas romp

m as limitações que o Tratado de Versalhes impunha ao rearmamento do país – como a construm grande exército a partir de 1934 e a decisão de construir os cruzadores de batalha Scharn

Gneisenau, ambos de 26 mil toneladas e acima da marca estabelecida pelo Tratado de Versalm como a reocupação militar da Renânia (1936) foram atos considerados naturais. Nesses itlítica externa britânica contrariava fortemente os interesses franceses, que temiam a ressurgmilitarismo alemão – o que explica a aproximação, ainda que tímida, entre Paris e Moscou

36 e 1938. Ao mesmo tempo, Hitler chamava os grandes konzern  ou trustes alemães, tais upp e I.G. Farben, para dotar a Alemanha de armas modernas e de recursos antibloqueio n

avés de pesquisas sobre borracha e gasolina sintética. As seguidas proclamações de Heitando as fronteiras ocidentais com a França e a Bélgica – incluindo a soberania francesa sosácia-Lorena – e o respeito ao  Pacto de Locarno – celebrado em 1925 na Itália (e pelo qemanha reconhecia as fronteiras ocidentais decorrentes da Primeira Guerra Munnquilizaram, enganosamente, as potências ocidentais, crédulas de que as fortificações da Laginot, na fronteira entre a França e a Alemanha, seriam suficientes para deter qualquer iniczista. Além disso, havia certo contentamento, por parte de ingleses e americanos, com o fato dexigências hitleristas voltarem-se exclusivamente para o Leste Europeu, deixando entreve

oque com a URSS e o conseguinte enfraquecimento de ambas as potências chamada

talitárias”, deixando a salvo as potências liberais.A partir de 1938, Hitler aprofundou o desafio à Sociedade das Nações e à Corte Internacionia, que haviam declarado ilegal a anexação da Áustria pela Alemanha, movimento denomschluss, e contrário às decisões do governo de Viena. Através de uma combinação de prlitar, negociação diplomática – em especial com a Itália fascista – e subversão interna organos nazistas austríacos e suas tropas de assalto, Hitler realizou a união dos dois países germân

mentando poderosamente o poderio do Reich, que passou a ser uma potência na área do Danús Bálcãs, além de receber os recursos minerais e as grandes indústrias da Áustria (sua terra n

m seguida, Hitler dirigiu sua atenção contra a Tchecoslováquia, país democrático e industrialcoração da Europa, o qual mantinha uma aliança defensiva com a França e a URSS e devernstituir num bastião de resistência antialemã. Utilizando-se dos mesmos meios, Hitler exiorporação da região dos Sudetos – cadeia montanhosa que separa a Boêmia da Alemvoada por alemães, chamada Sudettenland –, o que tornava a república tcheca indefensável, e aí residiam suas fortificações em face da Alemanha. Como o país possuía alianças defenm a França e a URSS, criou-se um clima de confrontação internacional com o III Reicherferência de Mussolini (1883-1945), é convocada uma conferência internacional na cidaunique (significativamente, sem a presença da URSS ou do governo tcheco), em que o di

mão prometeu que as exigências contra os tchecos seriam as últimas correções do Tratad

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rsalhes. Desse modo, através do  Pacto de Munique, França, Grã-Bretanha e Itália aceitarandições de Hitler e entregaram a sorte da Tchecoslováquia às mãos dos nazistas. Além dmento espetacular do prestígio do Führer – o que enfraquecia qualquer oposição internarega da Tchecoslováquia sinalizava para as pequenas nações uma nova preeminência alem

ntinente e a perda de confiança nas garantias da França e Grã-Bretanha. Do ponto vista mateReich apoderava-se das reservas financeiras do país e além disso incorporava ao programrmamento alemão as importantes industrias bélicas tchecas, entre elas o importante truste Sentanto, Hitler não se contentaria com as montanhas dos Sudetos, fazendo exigências territ

e levariam ao fim do pequeno país. A Boemia será anexada ao Reich e a Eslováquia tornarm estado-títere sob controle do pró-nazista Jozef Tiso (1887-1947). Para Hitler, tratava-se deande vitória, restaurando – agora em proveito da Alemanha – o desenho geopolítico do apério austríaco dos Habsburgo. As formidáveis fortificações tchecas capazes de deehrmacht foram destruídas e as importantes indústrias de armas e veículos da Tchecoslovmaram-se ao esforço de rearmamento da Alemanha. Ao final da Conferência de Munique, Édladier (1884-1970), primeiro-ministro da França, e Arthur M. Chamberlain (1869-194meiro ministro conservador da Grã-Bretanha, acreditaram ter salvado a paz na Europa, fican

is impérios livres para enfrentarem o crescimento do poderio japonês no Extremo Orientinuar sua vigilância sobre a URSS. Contudo, antes do final do ano de 1938, Hitler dirigiu ngências contra a Lituânia e a Polônia. A região do Memel, entre a Prússia Oriental e a Litua anexada por esta em 1923, sob protestos alemães. Hitler organizou um raid  em 1939, ocuplitarmente a região, sem qualquer apoio legal. Em seguida, fez uma série de exigências à Pos como livre trânsito no chamado corredor polonês – exígua faixa de terra polonesa separaemanha do porto e cidade-estado de Danzig –, extraterritorialidade e soberania sobre o pornzig. Frente à recusa polonesa, constituiu-se um forte enfrentamento entre as potências ocidenora conscientes dos reais objetivos de Hitller – e o Reich.

Mesmo sob pressão, as potências ocidentais não conseguiram desenvolver uma política coerenfrentamento e dissuasão contra Hitler. A Grã-Bretanha negou-se constantemente a um entendimncreto, em termos militares, com a URSS – única potência com condições reais de enfrenemanha no Leste Europeu – e preferiu garantir as fronteiras da Polônia e Romênia sem a viética. As exigências soviéticas de garantia geral das fronteiras, particularmente dos pticos – o chamado Pacto de Locarno de leste –, assim como o direito de passagem de suas ta Polônia e Romênia para atacar a Alemanha, foram recusadas. A Polônia, governada poradura fascista, muito especialmente superestimou a sua capacidade bélica, pretendendo

zinha um ataque alemão com a ajuda anglo-francesa na fronteira ocidental e nos mares. A URSramente deslocada das conversações centrais assinadas entre a Grã-Bretanha e a Polônia, mm ter meios (exércitos, fronteiras comuns) para realizar as garantias dadas aos poloneses. Portler conseguiu manobrar habilmente para isolar a Polônia e ultrapassar as potências ocideerecendo um pacto de não agressão ao governo soviético, que – convencido de que as potêdentais pretendiam desviar a atenção de Hitler e seus objetivos expansionistas contra a URando sob pressão dos japoneses (aliados dos alemães) no Extremo Oriente – assinou o  Prmano-soviético  ( Ribbentrop-Molotov), dividindo a Europa Centro-Oriental em esferaluência, isolando a Polônia e deixando as potências ocidentais sem condições de abrir uma f

ental de guerra contra a Alemanha. O Pacto Germano-soviético deu ampla liberdade de aç

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Reich, sendo uma das condições imediatas de viabilização do ataque alemão à Polônia em embro de 1939, iniciando a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

erências

DARRIDA, François; AZÉMA, J.-P. 1938-1948: Les Années de Tourmante. Paris: Flammarion, 1995.ISKI, I. Quién Ayudo a Hitler . Moscou: Editorial Progresso, s/d.RER, William. Ascensão e queda do III Reich, v.2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1963.

YKMAN, Nicholas. Estados Unidos Frente el Mundo. México: Fóndo de Cultura, 1944.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

OPTOSE Do grego Apo (de) e Ptosis (cair), significa “ser eliminado de”, para sugerir a idehas caindo das árvores, uma a uma, durante o outono. Este termo foi utilizado por John F.R. drew H. Wyllie e Alastair Currie, em 1972, para designar um tipo específico de morte ce

dividual, que ocorre por um processo ativo, regulado geneticamente, relacionado comeostase dos tecidos, através de um mecanismo antagônico à divisão celular. A morte celulaoptose ocorre tanto em tecidos embrionários quanto em tecidos adultos, em vários tipos celu

várias espécies animais. Este fenômeno ocorre em diversas circunstâncias fisiológicas, uelas relacionadas com a eliminação programada de células durante a embriogênesenutenção do tamanho de populações celulares em tecidos adultos, na diferenciação, na resune e nas atrofias hormônio-dependentes. Nas duas primeiras situações, há uma tendência ar o termo apoptose como sinônimo de morte celular programada. Segundo alguns autoreonímia nem sempre deve ser assumida, embora ambos refiram-se a programas genéticos de mular individual. A morte celular programada está relacionada com o tempo de vida definido

da tipo celular. Quando este tempo se finda, um programa genético é acionado para execuorte da célula, que pode ser por apoptose, ou não. Em muitas situações, as caracteríorfológicas e bioquímicas desta morte são semelhantes àquelas da apoptose. No entanto, isto servado em outras situações, como na espermatogênese, durante o desenvolvimento do sisrvoso central, na metamorfose de certos insetos.A apoptose é um fenômeno morfológico. As alterações estruturais que a caracterizam envoas etapas principais: a formação de corpos apoptóticos e sua fagocitose por outras célulportante mencionar que todo o processo é dependente da produção de ATP. Em geral, a sequs alterações morfológicas desenvolve-se da seguinte maneira: ocorre redução do tamanho cevido à condensação do citoplasma e do núcleo (picnose); a cromatina condensada distribui-

riferia do núcleo, ao longo da membrana, formando massas de várias formas e tamanhos que,frerem ruptura, resultam em dois ou mais fragmentos; a superfície da membrana celular parolar-se para dentro e, então, fragmenta-se, formando os corpos apoptóticos, os quaigocitados por células vizinhas. Do ponto de vista bioquímico, a característica que merencia a apoptose de outros tipos de morte celular é o modo de fragmentação do DNA. Enqs processos de morte celular passivo, isto é, sem consumo de energia (ATP), a quebroléculas de DNA ocorre de modo aleatório, na apoptose esta ocorre em regiões específicas, cleossomos (subunidades da cromatina de organismos eucariontes, composta por proteínasca de 180 pares de bases da molécula de DNA). A clivagem específica do DNA nestas rea, portanto, à formação de fragmentos múltiplos de 180 pares de bases e supõe-se ter a funç

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evenir a transferência de material genético ativo (e muitas vezes alterado) para células fagocinhas. A fagocitose rápida de corpos apoptóticos pelas células adjacentes e a manutençãegridade de suas membranas, sem liberação dos seus constituintes no meio extracelular, par

de importância fundamental para evitar a resposta inflamatória e outros danos ao tepecialmente quando o processo ocorre sob condições fisiológicas.Devido à importância da apoptose em processos biológicos, tem havido um interesse crescenmpreensão dos mecanismos que a regem. As primeiras informações a respeito da regulação gapoptose foram obtidas pela identificação de genes envolvidos no desenvolvimento do nema

enorhabditis elegans. A partir disso, vários genes homólogos àqueles estudados no nematódam identificados em mamíferos, com destaque especial àqueles envolvidos no controle doular, como o bcl-2, o c-myc, o bax e o gene supressor de tumor p53. Na verdade, sabe-se stante complexa a intrincada rede de vias metabólicas, envolvendo estímulos indutobidores que, ao final, determinarão a morte ou sobrevivência da célula.

Enquanto filósofos discutem o significado da vida, biologistas têm empreendido cada vez forços no sentido de compreender os eventos que caracterizam a morte celular. As primcussões a respeito do assunto foram lançadas em meados do século XIX. Com bas

servações macroscópicas, termos como degeneração, mortificação e necrose eram utilizadoserir-se a eventos patológicos, resultantes de agressões ao tecido. Neste mesmo período, ntraponto à ocorrência de morte celular patológica, surgiu o termo necrobiose para desigorte fisiológica de uma célula ou de um grupo de células em contato com células vivas. O tcrobiose, apesar de vago e ambíguo, persistiu até a década de 1970. Por outro lado, a mular como um evento espontâneo passou a ser descrita, de fato, na medida em que técnicoração foram desenvolvidas. Em 1885, Walther Flemming (1843-1905), o mesmo que crimos cromatina e mitose, foi o responsável pela publicação de maior repercussão nesta áreaudos envolvendo a regressão de folículos ovarianos, Flemming notou que os núcleos das cé

minadas apresentavam-se fragmentados e, assim, denominou o fenômeno observadmatólise. Na mesma época, as mesmas observações foram feitas por Franz Nissen em glânmárias em lactação. Em 1914, Ludwig Gräper levantou a hipótese de que deveria havecanismo de eliminação de células para contrabalancear a mitose, especialmente nos epitéle a cromatólise observada por Flemming era a resposta. Apesar da sua importância, o trabalhäper, infelizmente, não obteve grande repercussão, talvez pelo fato de que fora publicado no Primeira Guerra Mundial (1914-1918) em um jornal alemão, ao qual muitos patolog

ovavelmente não tiveram acesso (MAJNO & JORRIS, 1995). Após isso, o conceito origin

matólise permaneceu entre os embriologistas, que o consideravam importante como mecanorfogenético, e para muitos como um processo restrito a tecidos embrionários.Ao longo do século XX, investigações realizadas paralelamente por especialistas de áreas dis

diversos tipos celulares fizeram com que vários conceitos fossem propostos. A partir de 19mo apoptose foi adotado pela comunidade científica para descrever a morte celular regneticamente, comum a vários tecidos e tipos celulares. O aumento progressivo de estudos optose resultou em mais de 50 mil publicações (ISI – Web of Science) nas últimas décadas. Nomento da história da ciência, todo o conhecimento gerado tem permitido estabelecer relnsistentes entre a perda de regulação da apoptose e a ocorrência de várias doenças,

ultado da inibição ou indução exageradas do fenômeno. Sabe-se atualmente que a reduçã

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as de apoptose está relacionada com o desenvolvimento do câncer, bem como com dooimunes, patologias caracterizadas pela não eliminação e consequente acúmulo de cé

neticamente alteradas. Por outro lado, distúrbios neurodegenerativos, tais como doençrkinson e doença de Alzheimer, infarto do miocárdio e síndrome da imunodeficiência adquIDS), caracterizados pela perda excessiva de células normais ou de defesa, estão associaorrência de taxas elevadas de apoptose. Do ponto de vista terapêutico, a compreensãocanismos que modulam a apoptose permitirá a descoberta de substâncias que possam interfer

ocesso, o que contribuirá diretamente no desenvolvimento de estratégias eficazes para a preve

ratamento destas doenças.

erências

TRAN, R., KUMAR, V., COLLINS, T. Robbins Pathologic Basis of Disease, 6. ed. Filadélfia: W.B. Saunders Co. 1999.RR, J., WYLLIE, A., CURRIE, A. “Apoptosis: A Basic Biological Phenomenon with Wide-ranging Implications”. In:

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CHOLSON, D.W. “From Bench to Clinic with Apoptosis-based Therapeutic Agents”. In: Nature, 407: 810-816, 2000.

SUSIE 

TE NACIONAL-POPULAR  A expressão nacional-popular  inscreve-se na esfera de diferentes fomanifestação cultural, vinculadas a projetos político-sociais centrados na questão nacional

ssibilidade de se recuperar um passado histórico-cultural, tido como patrimônio das campulares. A concepção de povo/popular não pode ser dissociada da ideia de nação e do surgimuma noção de arte cuja base assentava-se na identidade entre logos  e razão. As formul

líticas e culturais marcadas pela lógica da razão culminaram artisticamente com o reconhecimuma realidade divina e outra humana, e com um tipo de organização política voltada p

união de grupos sociais de costumes, língua e religião distintos num espaço geográfico comum

iculações entre o campo simbólico da arte e as bases materiais da sociedade não tardaramocadas em xeque diante das transformações provocadas pela Revolução Industrial e da eclos

nflitos sociais no século XIX. Nesse ínterim, verificou-se o questionamento da constológica burguesa e do compromisso travado entre os conceitos de arte e nação, admitindossibilidade de que a arte moderna viesse a assumir dimensões e características internacionalnsiderando-se que o nacional  e o  popular  assumiram os signos de unidade social nos disclíticos e ideológicos, assim como naquele das práticas sociais e culturais, torna-se posectar variações provocadas pela utilização conjunta dos dois termos.

Entre as mais frequentes, destacam-se aquelas assentadas nos postulados das revoluções burgnas proposições que conjugam a emergência dos Estados nacionais aos ditames imperialistsenvolvimento capitalista. Nesse âmbito, percebe-se que tais formulações ganharam novos appartir da implantação de modelos de exploração colonial, pois os projetos de independentaram-se tanto no resgate das chamadas particularidades dos povos que constituíram as n

cionalidades quanto na negação da dominação colonizadora, sem romper, entretanto, com os scivilidade europeia. Não obstante, a interpretação da cultura nacional e popular pressupõ

enas vínculos entre o nacional  e o Estado, mas também entre o popular  e as classes dominnstituindo-se uma forma de expressão contrária às manifestações artísticas forjadas s

luência e a hegemonia burguesas.

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Para o filósofo marxista Antônio Gramsci (1891-1937), reconhecer o popular  na cultura implmitir a transfiguração de realidades vividas e identificáveis tanto na acepção do povo ququela do artista – oriundo do povo ou afeiçoado aos seus sentimentos. Todavia, o  popular , pressão da consciência e dos anseios populares, e o nacional , como resultante da mais gedição de um povo, tornaram-se elementos de uma dada identidade simultaneamente nacioiversal, uma vez que os valores e as ideias do povo não restringem o  popular   às delimitpaciais da cultura nacional – aspecto que revela a sua consonância com o internacionalrxista e com o reconhecimento da amplitude da sociedade burguesa. Mesmo que o termo naci

pular   esteja circunscrito à esfera das práticas e significações delimitadas pela formação ciedade, sua dinâmica se define em circunstâncias históricas específicas e mediante diversifiiculações entre vivências políticas, sociais e culturais. Neste sentido, se por um lado a acepç

ma cultura nacional e popular mantém-se afinada aos princípios de um projeto que,  grosso modupa da tematização dos problemas e do modus vivendi dos segmentos sociais menos favorecr outro lado, a tentativa de definir uma cultura nacional parece contrapor-se ao diagnóstistência de uma cultura alienada, informada por referenciais externos.

A busca de uma identidade autenticamente constituída acionou entre os intelectuais o dese

mular uma definição explícita do que constituiria a chamada cultura nacional. Na ânsia de faores politicamente antagônicos, cujas proposições resultaram de tradições diferentes, partetizar o problema desta formulação em campos distintos: um no âmbito da distinção do nacrelação ao estrangeiro; o outro na esfera da recuperação do folclore nacional e, por últim

rspectiva política. No primeiro caso, o popular aparece identificado com as manifestturais dos segmentos populares e articulado à questão do nacional, uma vez que as pródições populares estariam imbuídas do chamado espírito do povo. No entanto, a superaçã

ntornos conceituais da cultura como manifestação folclórica implicaria o surgimento de divtizes ideológicos, cujo ponto de convergência centra-se na tônica política. A cultura passa, e

er associada à ação política, à tentativa de levar os segmentos populares a uma consciência cs problemas sociais. Nesse caso, a cultura também aparece vinculada à questão do nacionalta o predomínio da concepção assentada na ideia de que a autêntica cultura exprime-se nação com povo-nação.

No caso brasileiro, a independência política não produziu significativas repercussões nacionas artes plásticas. O Romantismo alcançou pouco êxito entre os artistas brasileiros, inscrevens limites da temática indigenista. Maior projeção encontraram as propostas pláademicistas da Missão Artística Francesa (1816), em torno da qual foram fortalecidas as no

uma arte regrada e culta, integrada aos centros civilizados. Efetivamente, foi o Modernismcada de 1920 que primeiramente ensejou na cena brasileira a criação de uma arte nacional tetizou a tensão existente entre a representação artística brasileira e a europeia. Em acordo ce pretendia a arte moderna, voltou-se para a apreensão do Brasil como objeto temáticoorporou à tradição ocidental.

Por fim, desde o final dos anos 1950 até meados da década de 1960, acentuou-se entelectuais e os artistas de esquerda certa inclinação aos projetos político-sociais voltados pestão do nacional , especialmente aquela que dizia respeito à antinomia nacional/universals modernistas da primeira fase. O nacional  – entendido como categoria abrangente e sintetiz

s traços essenciais do Brasil – apareceu, neste contexto, associado ao  popular  como modelo

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a expressão. Essa concepção adquiriu, no cerne do teatro brasileiro, contornos mais nítidos a s formulações do grupo de Teatro de Arena de São Paulo, fundado em 1953. No mesmo períoociação nacional/popular   surgiu com este mesmo teor em outras instâncias: no Movimenltura Popular (MCP) da esquerda católica, no Instituto de Estudos Brasileiros (ISEB), no Civo, nos programas de alfabetização inspirados no método de Paulo Freire. Um olhar so

odução cultural brasileira dessa época apontaria os seus vínculos com muitas questões política contra o subdesenvolvimento e contra os fatores internos e externos que o sustentavampanha pela reforma agrária, entre outras, que deixariam marcas profundas nas manifest

turais.O fazer artístico no período anterior ao golpe militar de 1964 debatia-se na afinação de umacional e popular genuinamente brasileira e no cômputo da luta anti-imperialista ,  reivindicanrmação de uma arte não alienada, capaz de representar a realidade brasileira e de apontar pmocratização da cultura, numa contundente crítica à tradição elitista da arte intimista e circuncategoria de ornamento. Projetava-se uma noção de popular identificada com as clbalternas, em especial, ao proletariado, optando-se pela observância crítica da história das versas manifestações culturais brasileiras.

erênciasAUÍ, Marilena. O nacional e o popular na cultura brasileira – seminários . São Paulo: Brasiliense, 1984.AMSCI, Antonio. Literatura e vida nacional . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.LLIAMS, Raymond. Culture and Society. Nova York: Columbia University Press, 1983.IO, Carlos. Arte e política, 1966-1976 . Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna, 1996.

SANDRA C.A. PEL

TE  POPULAR   REVOLUCIONÁRIA  A arte popular revolucionária investe-se de uma noção demo serviço e instrumento de projetos de tomada de poder, ocupando-se do trabalho de infoda sociedade sobre os problemas do seu tempo. Vinculada às práticas políticas revolucionárihagem marxista, essa acepção de arte remete ao contexto da valorização do engajamentocácia da expressão artística, numa tentativa de estabelecer uma relação direta entre a prodtural e as bases materiais da sociedade, mobilizando os segmentos proletários em torno da bsoluções para os impasses políticos e econômicos por eles vivenciados. Nessa perspectivahaçadas as acepções que defendem a autonomia da expressão artística ou as manifestações de

la arte, elegendo-se exclusivamente as possibilidades da arte e cultura comprometidas polícialmente com o processo de emancipação da sociedade. Encarada como forma legítim

balho revolucionário consequente, as produções artísticas se voltam para atividades coletioblematizadoras do social. No contexto do século XX, a chamada arte pura não teria lugar.paço estaria reservado para a arte política, considerada capaz de desencadear a renovaçãnsciências a partir do seu ato criador.A produção artística articulada às preocupações sociais e históricas aproximava-se dos conc

realismo e do romantismo revolucionários. No primeiro caso, as similitudes poderiamectadas na medida em que se procurava desvendar dada realidade social objetiva. No seg

so, o ponto de contato poderia ser percebido na ênfase à valorização dos referenciais históriturais do povo e à busca das raízes populares para justificar o ideal iluminista de progres

ncepção de arte popular revolucionária foi influenciada pelas formulações do realismo críti

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org Lukács (1885-1971) ou de Bertold Brecht (1898-1956), do neorrealismo insurgente no ciliano das décadas de 1940 e 1950 e do realismo socialista, centrado na proposta oficial dviética dos anos 1950.O postulado da arte popular revolucionária  centrava-se na tentativa de alcançar uma cupular autêntica e capaz de oferecer novos parâmetros para a construção da nação. No entafase dada ao conteúdo em detrimento da forma não foi uma unanimidade no século XXoposições do poeta e dramaturgo Vladimir Mayakovsky (1894-1930) encaminhavam-se no se

reafirmar que não haveria conteúdo revolucionário sem uma forma revolucionária. No

endimento, a forma deveria ser tão inovadora quanto o conteúdo, conseguindo conjugcessidade de exprimir as aspirações populares à criatividade poética. A renovação artísticplicava uma ruptura com as experiências acumuladas, visto que a forma nascia da própria him decorrência da necessidade do conteúdo revolucionário. A concepção de uma arte circuncampo das necessidades sociais e históricas constituiu na dramaturgia uma aproximação en

ncepção cênica anti-ilusionista de Piscator e o realismo de Brecht. A postura deste últimsorvida como mediadora entre a arte política e arte pura, pois embora refutasse a primazcussão estética, propunha que não se descuidasse da forma.

A sujeição da estética ao informativo utilitário tornou-se perceptível na fase inicial do tcatoriano (anterior a 1925), para o qual a relação entre sociedade e indivíduo deveria constio central da arte coerente com seu tempo. Na tentativa de provocar uma transformaçãnsciência histórica do público pela identificação deste com os acontecimentos históricos, Pisonheceu o palco como espaço de realização de uma arte proletária  e como instrumen

pressão da negação e repúdio frente à cultura dominante. Portanto, enquanto fonte pamaturgia, os postulados de Piscator iriam referendar uma arte proletária pouco interessadperimentos estéticos.A absorção do teatro brechtiano no Brasil ocorreu predominantemente a partir de 1958, mom

que se iniciou a busca de uma maior consciência política no teatro nacional. Essa tendêncianto, firmou-se no decorrer da década seguinte, especialmente no Teatro de Arena e no Ofsas acepções de arte encontraram destacada ressonância no anteprojeto do Manifesto do Cpular de Cultura (CPC), órgão fundado em 1961 e articulado à União Nacional dos EstudNE), que postulava no Brasil a urgência da elaboração de uma arte engajada, entendida comoerminante no processo de emancipação gradual da sociedade e encarada como forma legítimbalho revolucionário. Embora o Manifesto do Centro Popular de Cultura tenha sido marcado sturas políticas de Carlos Estevam Martins e de Ferreira Gullar, a tessitura de acirrada crí

e não comprometida desencadeou celeumas entre os próprios artistas que aderiram ao movimponto nodal das divergências centrava-se na primazia do condicionamento da arte à fuvolucionária, julgando-se que isto podia ocorrer sem que o artista abdicasse do direito de clizar novas formas de expressão. Tal diferenciação de perspectiva entre os autores marcobates travados no interior do CPC e, embora as duas posturas partilhassem das mepectativas em relação à função da arte popular revolucionária, a análise de Carlos Estostrava-se menos flexível ao atribuir os valores de “verdadeira arte” apenas às manifestaçõnho revolucionário, rejeitando o conceito de cultura na sua acepção popular.As atividades desenvolvidas pelos artistas cepecistas no teatro, no cinema, na música

eratura adquiriram o perfil da agitação e propaganda política. As peças assumiram um ca

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ase panfletário, visto que se desenvolviam em cenas curtas com conteúdos objetivos e destinaresentações improvisadas em caminhões ou espaços públicos, como praças e ruas. Emgissem indagações quanto às formas de apresentação das mensagens (explícita ou nãestionamentos sobre a metodologia mais adequada para induzir (ou não) o público a formpostas para os problemas levantados, os enredos assentavam-se na apropriação de formpressões artísticas populares e na sua reprodução travestida de conteúdos politizantes. Essa aplicava a negação do poder de criação do artista e de discernimento do seu público, tornntraditória a opção pela emancipação ou pela conscientização populares.

Do ponto de vista histórico, a postura adotada pelo CPC não pode ser analisada sem ser remenominada tese da inevitabilidade da Revolução Brasileira, cuja premissa básica fundamentaiminência da transformação do sistema político-econômico brasileiro no socialismo. No cer

ma conjuntura que acenava para a revolução e fortalecia o desejo de participação social e polnsolidava-se como filosofia dominante no CPC que a forma não interessava como expressista, mas, sim, o conteúdo. A forma expressiva estava absolutamente subordinada às necessidagmáticas de comunicação com o público. Na tentativa de atingir o universo do público/pop

peças produzidas pelos artistas do CPC primavam pelo teor informativo dos enred

portavam-se à utilização de expressões coloquiais, imitando a linguagem da populaçãoemplos dessa disposição:  Não tem imperialismo no Brasil , de Augusto Boal; O petróleo sso, de Arnaldo Costa; Os Azeredo mais Benevides  e  Brasil, versão brasileira, ambauvaldo Vianna Filho; Clara do Paraguai, de Arnaldo Costa, Guerra na Argélia, de Ctevam Martins, entre outras. As atividades do CPC devem ser entendidas como expressão artum contexto específico da história do Brasil.

erências

LLANDA, Heloísa B. de. Impressões de viagem – CPC: vanguarda e desbunde. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.NES, C. D. “Erwin Piscator’s political theatre”. In: The Development of German Drama. Londres: Cambridge University

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SANDRA C.A. PEL

OMO A ideia de que a matéria não pode ser fracionada indefinidamente em partes menores oumples remonta à Antiguidade Clássica. A menor unidade responsável por todas as proprieicas e químicas chama-se átomo. A visualização moderna da atomicidade da matéria começou

hn Dalton (1766-1844), em 1803, quando sintetizou na sua Hipótese Atômica as leisnsformações químicas. Nessa síntese, Dalton propôs que a matéria é constituída de átontendo sua individualidade no curso de qualquer transformação química. Admitiu ainda que átomos de um mesmo elemento químico são idênticos àqueles de elementos desiguais nos

sos. Nas reações químicas, os pesos das substâncias entrando em reação são os pesos demos e os compostos formados pela união de duas ou mais substâncias simples guardam releiras entre seus pesos. Com essas regras, Dalton sintetizou o conhecimento da época sobções químicas no seu aspecto gravimétrico, isto é, aquele das relações entre os peso

bstâncias e dos compostos por elas formados. Em que pese o sucesso dessa formulação, D

o conseguiu determinar o peso atômico dos elementos simples, mas apenas múltiplos

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mbém teve dificuldades em incorporar os resultados sobre as relações volumétricas entre gaus compostos em reações químicas. Foi necessário introduzir a ideia de molécula, lançadmedeo Avogadro e outros, cerca de dez anos mais tarde. Segundo eles, nem toda substância simste sob forma atômica, mas, sim, sob forma molecular, resultado da união de átomos. Esso da grande maioria dos gases, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio etc., que têm dois átomo

olécula, e de outros, como o vapor de água, o amoníaco, que têm mais de dois. Com esse repamulação de Dalton, Avogadro não somente interpretou corretamente as relações volumétmo foi capaz de mostrar que o número de moléculas existentes no mesmo volume de qualque

s mesmas condições físicas de pressão e temperatura, é sempre o mesmo. Com essa constatnou-se possível estabelecer uma escala de pesos moleculares para os gases e, usando as rellumétricas, de pesos atômicos para os átomos constituintes. A partir das relações gravimére os compostos formados por átomos desses gases com átomos de elementos não gasosos, obter o peso atômico de qualquer elemento. Completava-se dessa forma a Hipótese Atômi

hn Dalton.Os pesos atômicos das substâncias ganharam novo significado nas mãos de Dmitri I. Mend834-1907), que criou em 1869 uma classificação da matéria: a Tabela Periódica dos Elemen

e lista os elementos químicos na ordem crescente de seus pesos atômicos; cada linerrompida de modo a fazer com que as colunas criadas pela sucessão delas apresebstâncias com propriedades físicas e químicas semelhantes. Resulta do procedimento riodicidade na extensão das linhas, daí o título da classificação. O sucesso dessa organizaçã

grande que o levou a prever a existência de três elementos novos, o escândio, o gáliormânio, pela simples observação das lacunas existentes na tabela. Esses elementos scobertos cerca de dez anos depois e hoje desempenham papéis de suma importância na tecnos semicondutores. A importância do arranjo de Mendeleev foi proporcionar credibilidade à que todas as propriedades físicas e químicas da matéria poderiam ser resumidas por umas po

zenas de elementos fundamentais (pouco menos de 90 ao tempo de Mendeleev, 112 atualmsim, crenças milenares sobre o papel fundamental do ar, da água e da terra na composiçãiverso, bem como outras conferindo poderes sobrenaturais a alguns elementos químicos, coxofre e o mercúrio, no discurso dos alquimistas, foram definitivamente removidas da Ciência da indivisibilidade dos átomos e aquela de que os pesos atômicos incorporam tod

opriedades da matéria foram questionadas por novas descobertas do fim do século XIX. Obseque a descarga elétrica produzida em gases rarefeitos era constituída por duas corre

presentando o movimento de cargas elétricas de sinais opostos. Isto significa que os

tricamente neutros separam-se em componentes, uma representando a corrente negativa, ousitiva. Em 1897, analisando a corrente negativa, Joseph John Thomson (1856-1940) descobrinstituinte elementar, o elétron, medindo suas características eletromagnéticas. A corrente posr sua vez, analisada com métodos semelhantes, revelava partículas carregadas positivameuito mais pesadas que o elétron. Essas observações levaram a um modelo em que os átommpõem de um núcleo pesado, carregado positivamente, e de elétrons orbitais em número suficra neutralizar a carga do núcleo (número atômico). Ficava assim violada a indivisibilmica. Os desdobramentos da descoberta da Radioatividade Natural por Marie Curie (1867-11896, lançaram não somente novos ingredientes contra a ideia da indivisibilidade, mas tam

ntra o pressuposto de Mendeleev de que a massa atômica fosse o recipiente de toda

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opriedades da matéria. Foram também descobertos novos elementos com diferentes propriedioativas, mas com aproximadamente o mesmo peso atômico, ocupando, portanto, o mesmo

Tabela Periódica (isótopos). Essas observações levaram a corrigir a Tabela de Mendebstituindo a sequência dos pesos atômicos pela sequência dos números atômicos como elemdenador. Ainda que importante do ponto de vista conceitual, essa correção não produziu maerações nas ordenações originais, pois os pesos e os números atômicos são granrrelacionadas positivamente.Entretanto, o modelo de átomo assim concebido apresentava uma contradição inaceitável co

s do eletromagnetismo clássico, segundo as quais o sistema núcleo-elétron seria instávtron se moveria ao longo de uma espiral, perdendo energia até ser absorvido no núcleo; ao poderia existir matéria estável construída com tais átomos. O problema foi resolvido por hr (1885-1962) com uma proposição revolucionária que afetou toda a física do século Xantização do movimento dos elétrons nos átomos. Segundo a sua proposição, haveria óáveis em que os elétrons poderiam permanecer indefinidamente, sem perder energia. Essas óavam definidas por uma condição de estabilidade do movimento, parametrizada pela constaMax Planck (1858-1947), que recebera desse cientista o nome de quantum de ação. Some

nsição entre órbitas estáveis seria acompanhada de perda de energia, quando então a radtromagnética característica seria emitida. Desta forma, Bohr foi capaz de interpretar com gecisão a sequência de linhas características observadas nos espectros óticos de diferentes átosucesso retumbante da teoria atômica de Bohr conduziu à Mecânica Quântica, doutrina rangente, elaborada e rigorosa, incorporando suas ideias. A Mecânica Quântica revolucmpletamente a física do século XX, tornando-se o único instrumento de análise capaerpretar o universo das partículas subatômicas e da estrutura microscópica da matéria.

Além de antecipar as novas leis da Mecânica Quântica, as ideias sobre o átomo também tiverrito de justificar as periodicidades da tabela de Mendeleev. O Princípio de Pauli, impor

scoberta de Wolfgang Pauli (1900-1958), proíbe que elétrons ocupem em qualquer númeados atômicos estacionários. Cada estado tem um número máximo de ocupação, dependend

us parâmetros característicos (números quânticos): elétrons adicionais só podem ser inseridovos estados recomeçando o procedimento de ocupação e contagem. Assim, as periodicidservadas por Mendeleev refletem as alternâncias na recontagem de elétrons para ocupar as vponíveis nos sucessivos estados estáveis.

Os átomos, como hoje entendidos, não são unidades indivisíveis nem mantêm sua identdefinidamente. Possuem uma estrutura e podem ser dissociados nos seus componentes: núcl

trons. Em condições extremas de pressão e temperatura, como na superfície das estarecem dissociados em seus componentes nuclear e eletrônico, formando plasmas ionizadntidade dos átomos também se mostra mutável nos casos das desintegrações nucleare

nforme as radiações emitidas, o núcleo atômico muda sua carga elétrica e induz rrespondente mudança na nuvem eletrônica, alterando a espécie química. É o caso, por exes átomos pertencentes às cadeias radioativas da radioatividade natural e também das fvidades produzidas na atmosfera e na litosfera pelo bombardeio da radiação cósmica. Os desos de ruptura ou perda de identidade dos átomos envolvem processos artificiais, seja na crplasmas iônicos, seja na produção de elementos radioativos. Com essa ressalva, a imensa ma

s átomos preserva indefinidamente sua integridade e identidade em meio a processo

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nsformações físicas e químicas, ocorrendo naturalmente na superfície de nosso planeta ou mificialmente, em laboratório, sob condições moderadas de temperatura e pressão.

erências

RUSO, Francisco; SANTORO, Alberto (org.).  Do átomo grego à física das interações fundamentais. Rio de Janeiro:rasileiro de Pesquisas Físicas, 2000.RAPETIANTS, M.J.; DRAKIN, S.I. Estructura de la Substancia . Moscou: Editorial MIR, 1974.

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ALFREDO MARQUES  DE OL

TORITARISMO E  DIREITA NO  BRASIL  Uma análise da relação entre o Estado e o empresacional, nos períodos de 1930 a 1945 e de 1964 a 1976, mostra que a presença de um Estado fuma sociedade civil fraca não significou a marginalização do empresariado, o qual, nos

ríodos, teve um peso político relevante. No período 1930-1945, o que explica a condupresariado industrial seria o processo de sua incorporação ao esquema de poder, media

oposta de aceleração da industrialização que permitiria a emancipação econômica e políti

s, traduzindo a prática e as aspirações da classe empresarial. No período 1964-1976, os fae teriam ditado os estilos e as modalidades de atuação do empresariado industrial seriernacionalização da produção e o crescimento do setor estatal produtivo, acoplado com um Eervencionista.

Os países em desenvolvimento tendem a salientar o papel do Estado como matriz geradorocessos sociais, em um contexto de complexidade do processo político subjacente à consolid

capitalismo industrial. No Brasil, a visão dos processos sociais dar-se-ia através da ótictado como polo ativo, não se apresentando meramente como o aglutinador dos interesses sogrupos específicos. A política não seria a simples tradução de demandas dominantes na socie

decisões e diretrizes concretas. Predomina no Brasil um Estado patrimonial, caracterizadm acentuado grau de autonomia e centralismo das decisões, impedindo a existência de g

ônomos capazes de formular interesses e canalizá-los junto ao aparato estatal. A atuaçãoupos sociais no Brasil seria subordinada e dependente em face da presença de um Estado ncebido como privativo das elites. As relações entre Estado e sociedade são permeadaanças entre setores da elite, sendo que o jogo de alianças dar-se-ia dentro dos parâmpostos pelo Estado, materializados na proposta de modernização conservadora. O acessupos privados ao Estado, com a criação de canais de negociação e influência, já foi definid

udiosos como anéis burocráticos, mais propícios a um contexto autoritário, uma vez qugime não democrático implicaria um controle rígido sobre os recursos de representação.Nos países em desenvolvimento, difundiu-se, a partir da década de 1930, o comprometimentolíticas que exigiam Estados fortes, estáveis e eficientes, como forma de se libertar do arário, incentivando-se a industrialização sistemática. A participação do Estado no processenvolvimento econômico-industrial recebeu forte influência da ideologia desenvolvimenseada na oposição ao liberalismo clássico, partindo do princípio de que o Estado deveria ncipal agente, por meio de um planejamento global, facilitando o desenvolviment

dustrialização nacional. As políticas liberais que eram postas em prática na Europa no períod

ecedeu a crise de 1929 se baseavam na livre concorrência, acreditando ser este o meio

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caz de promover o equilíbrio econômico, enfatizando o papel do mercado como agentsenvolvimento, o que foi desacreditado com a Grande Depressão. Nesse contexto, surge a proynesiana, que defendia a intervenção estatal, não só no que diz respeito à administração da blica, mas também como agente direto da produção, de forma a aumentar os investimentciedade, visando orientar a estrutura econômica, privilegiando setores considerados portantes, em detrimento de outros. O esforço do Estado em promover a acumulação de capior industrial não se limitou a políticas de financiamentos e infraestrutura. O Estado também mercado de trabalho e nas relações entre empresários e trabalhadores. A legislação sindi

balhista foi um dos aspectos importantes promovidos pela intervenção estatal. Tal intervençtado teve início no período de 1931 a 1934, com o objetivo de restringir a autonomiadicatos, de forma a neutralizar sua intervenção no mercado.

O período anterior ao golpe de 1937 foi marcado por conturbações políticas, como a intensifimovimento comunista e o movimento da chamada Ação Integralista, de conteúdo fascista

mportava elementos da classe média e dos militares. A existência de uma polarização entre ças representava uma ameaça para as novas e velhas oligarquias e para os grupos financntribuindo para o golpe de 1937 e a instauração do Estado Novo, que não teria bases

alitárias nem liberais. Fundamentava-se na ação efetiva do Estado na economia e na podiando os conflitos entre as classes, que deveriam ser organizadas para a colaboraçãomoção do “bem comum”. A política estado-novista procurou construir uma legislação sociarantisse certo bem-estar para a classe trabalhadora e liberdade de ação para as iniciadividuais no campo econômico e para a ação do capital. Esse modelo político podnominado “corporativismo democrático”, consistindo na compatibilização entre um Estado fo

m indivíduo “livre”, e entre uma política de proteção ao trabalho e uma política de defespital. O modelo corporativista de representação de interesses instituído no Estado Novo teria

ma estratégia de incorporação dos atores emergentes no sistema político, desarticulando os esf

construção de uma ordem associativa, tanto entre o operariado como entre o empresariadopresariado, consolidou-se uma estrutura dual de representação de interesses, formada dicatos de base corporativa e as associações paralelas que funcionavam às margens do siscial e em moldes mais independentes. Abriram-se canais de acesso do empresariado ao apaEstado, por meio da criação de órgãos consultivos para a definição de diretrizes gera

lítica econômica. Configurou-se o Estado como um campo privilegiado para a articulaçãanças envolvendo o empresariado e setores da elite, que foram incorporados às agênciaverno, viabilizando a consolidação do capitalismo industrial no período, subsistindo até os

ais.O período dos regimes militares foi marcado por dois traços distintivos da política brasiilo tecnocrático da gestão da economia, com a supremacia da abordagem técnica, que dita

mo do capitalismo industrial; e consolidação de uma cultura deslegitimadora da ação dos pardo Congresso na promoção do desenvolvimento, instituindo-se o Executivo como o único as transformações modernizadoras. O empresariado, nessa época, não exercia o papel de cigente, mesmo com o reforço da representação corporativista. No entanto, exercia forriadas influências políticas no que diz respeito à implementação de projetos econômfendendo a difusão de valores favoráveis aos seus interesses, incluindo prioridades na ag

vernamental ou excluindo os pontos considerados prejudiciais. Como exemplo, a camp

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lizada no período de 1974-1978 contra a estatização da economia. O que existia era uma alpacto autoritário entre os interesses militares-tecnocráticos e os interesses empresariais

oporcionou a implementação de um projeto de modernização capitalista, no sentidrofundamento da industrialização, firmando-se uma conjugação da consolidação da ordem codernização econômica, tendo como base os pressupostos ideológicos contidos no binsenvolvimento-segurança nacional.No período de 1968-1973, o governo procurou se legitimar por meio do êxito da poonômica, baseada no tripé: forte intervenção estatal, concentração oligopolista da produç

ernacionalização da economia. De 1964 a 1967, o setor empresarial adotou uma posição amque se refere ao apoio às medidas do governo. Por um lado, apoiavam a desmobilização s

r outro, mostravam-se insatisfeitos com medidas como a contenção do crédito para o setor prredução dos investimentos. Porém, esse apoio tornou-se irrestrito a partir de 1968, estenden1974, devido à convergência de objetivos entre elites militares e econômicas. As metas

talecimento do Estado, neutralização das tensões sociais, supressão do dissenso político mo acelerado de crescimento.A influência de empresários e tecnoempresários, ligados ao capital multinacional e

ociados, pode ser medida por sua ocupação de postos-chave dos governos militares que, cmulação de diretrizes políticas e econômicas, procuraram preservar o modelo de desenvolvimonômico ligado ao capital estrangeiro iniciado na década de 1950. O Estado pós-196ntrolado por industriais e banqueiros ligados ao bloco de poder multinacional e associadmandas desses setores foram inseridas num programa modernizante-conservador mais amando obter apoio de outros setores da economia, recorrendo, inclusive, ao apoio popular med

mobilização das classes médias e de grupos operários maleáveis. Ao dar continuidade ao monômico anterior, o período dos regimes militares propiciou o aprofundamento da dependm relação ao capital estrangeiro, da concentração da renda nacional e da participação do E

determinados setores da produção industrial. O processo de industrialização capitalista no Bsto em prática por regimes autoritários, sempre foi orientado no sentido de promover a aumulação de capital, não estando entre os seus objetivos a promoção do bem-estar das campulares, por meio de sua inclusão no mercado consumidor dos produtos industriais. Ao contmpre se direcionou para o fortalecimento do capitalismo e para a inserção do país na econundial.

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RDOSO, Fernando Henrique. Empresariado industrial e desenvolvimento econômico no Brasil . São Paulo: Difel, 1972.

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GISELE DOS  R EIS

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TALHA DO ATLÂNTICO As ações realizadas no Atlântico durante a Segunda Guerra Mundial (45) foram, em sua quase totalidade, as decorrentes do que ficou conhecido como “a Batalhlântico”, que perdurou por toda a guerra, em que a Alemanha realizou uma intensa campanha c

tráfego mercante, com o propósito de barrar, na maior escala possível, os fornecimentoovisões e material bélico aos Aliados. Embora o esforço principal coubesse aos submarinemanha empregou, também, aeronaves de bombardeio e navios de superfície (couraçuzadores e cruzadores auxiliares – denominação dada aos navios dotados de armamento, masarência de mercantes que, assim, podiam aproximar-se e atacar mercantes aliados), querresponderam às expectativas. A luta começou logo ao início da guerra, em setembro de 1939

m do mesmo ano, 114 navios já haviam sido afundados. Os Aliados responderam empregantema de navegação em comboios, mas, no início, o número de navios de escolta era muito baalemães aumentavam continuamente o número de submarinos, principalmente os de grande ra

ão. Além disso, com a queda da França, em junho de 1940, esses submarinos transoceâssaram a dispor de novas bases na costa francesa e, assim, operavam com maior profundidalântico que as escoltas de contratorpedeiros para os comboios. A situação da Grã-Bremeçou a melhorar em março de 1941, quando, com a assinatura da Lei de Empréstimrendamentos, os EUA cederam cerca de 50 contratorpedeiros da Primeira Guerra Mundial (118), que entraram imediatamente em operação. Posteriormente, com a criação dos “naódromos de escolta”, navios mercantes adaptados em porta-aviões, foi possível dar apoio centro do Atlântico Norte, onde os aviões baseados em terra não alcançavam, extinguindo

lnerabilidade muito explorada pelos alemães que, a essa altura, apesar de seus esforços e perdas, afundavam menor número de navios que os Aliados produziam, graças às novas técnicnstrução naval desenvolvidas. Essa situação se manteve até o final do conflito apesar de asenvolvimentos tecnológicos implementados pelos alemães.

erências

egunda Guerra Mundial . São Paulo: Círculo do Livro S.A.

JOS É AUGUSTO ABREU DE M

ITZKRIEG (GUERRA-RELÂMPAGO) Expressão utilizada a partir da campanha da Wehrmacht antra Polônia (setembro de 1939), caracterizando a rápida ação militar das forças nazistas no iSegunda Guerra Mundial, tendo como eixo a coordenação do ataque de divisões blindaação do poder aéreo da Luftwaffe. O primeiro a utilizar a expressão parece ter sido o radimão Eugen Hadamovsky ao se referir a uma  Blitzmarsch nach Warschau  (Marcha-Relâmra Varsóvia), em 1940, embora periódicos ingleses passassem rapidamente a adoglicizado, o termo foi utilizado ainda na forma reduzida de blitz, principalmente para caractataques aéreos alemães sobre as cidades inglesas a partir da Batalha da Inglaterra. Em seu se

trito, a “blitz”, enquanto o conjunto de ataques aéreos da Luftwaffe contra aeródromtalações britânicas, visando a preparação do desembarque alemão no país (Operação

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arinho) durou de julho a outubro de 1940, quando Hitler decide pelo adiamento indefinidvasão do Reino Unido. No sentido mais amplo, de bombardeios aéreos, as blitzen sobre Loraram quase toda a Segunda Guerra Mundial. Durante tais ataques destacou-se a RAF (Royarce) britânica que rechaçou os ataques alemães – incluindo os ataques com V-1 e V-2 (do alergeltungswaffe ou “armas da vingança”, nome técnico, Aggregat-4 ou A-4), utilizadas largamntra Londres em 1944.No campo terrestre, os desdobramentos militares alemães após a Campanha da Pontinuaram obedecendo aos pressupostos da Blitzkrieg – a combinação de forças blind

canizadas com o poder aéreo de caças –, garantindo uma sequência rápida de vitórias, incluntra a França, e a imposição da nova ordem nazista na Europa. Assim, foram conquistanamarca e Noruega (abril de 1940), Bélgica, Holanda e França (maio-junho de 1940), Iugosláécia (abril de 1941).

Mesmo que se possam encontrar os princípios estratégicos em favor de um ataque rápvastador em batalhas anteriores à Segunda Guerra Mundial, o imperativo que tornou a experi

Blitzkrieg singular foi a velocidade das unidades blindadas, articuladas a um sistemmunicações entre veículos e seus suportes que pode mantê-las constantemente municiadas

aguarda, garantindo suprimento de combustível e peças sobressalentes e estabelecendo o qpecialistas militares chamavam de tempo real de combate. Por outro lado, o recurso combinaação – “artilharia voadora” – garantia a operacionalidade de reação do inimigo e a vitória rá

Apesar de ter sido operacionalizada pela Wehrmacht, principalmente a partir dos esforçoneral Heiz Guderian (1888-1954), a estratégia da Blitzkrieg não foi uma criação integralmmã, tendo suas concepções básicas desenvolvidas paralelamente no período entre guerras (139) por Charles de Gaulle e pelo capitão inglês Basil Liddell Hart. A grande questãondicionou sua aplicabilidade pelas forças nazistas, entretanto, foram as próprias cláulitares do Tratado de Versalhes que limitaram drasticamente as Forças Armadas alemãs. Vi

mpensar este retardo, a inteligência militar alemã foi levada a desenvolver estratégias a partiursos motorizados, comandados por unidades de elite. Neste contexto, enquadra-se a chtung, Panzer!”, de Guderian, defendendo o desenvolvimento de unidades blindadas, ideia mm recebida por Hitler quando foram postas em pauta as bases do rearmamento alemão.Mesmo tendo se notabilizado como um conceito de cunho militar, o termo Blitzkrieg passoulizado pelos nazistas com fins propagandísticos tão logo a guerra começou. Procuraomover uma imagem aterrorizante do ataque relâmpago alemão, transformando-o em uma podma de intimidação contra os inimigos do III Reich, assim como consolidar o apoio intern

pulação às ações militares. Nesse sentido, o Ministério da Propaganda, a cargo de Joebbels, manobrou os recursos das transmissões de rádio, setor em que o próprio Edamovsky atuava, em prol de uma visão arrasadora das forças alemãs. Além das transmiando à própria propaganda interna, foi criada a Rádio Blitzkrieg, lançada em 1940 na Hollgica e França, reforçando a propaganda nazista. Paralelamente, os recursos cinematogrármitiram a Goebbels utilizar a mensagem da guerra-relâmpago nos cinejornais, eximanalmente na Alemanha e países ocupados, como também nos longas-metragens. Alguns degaram a ser exibidos nos EUA, ainda durante a guerra, merecendo destaque  Feurtaufe  ( Bafogo) sobre a campanha na Polônia e Sieg im Westen  (Vitória no Ocidente) sobre a que

ança.

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Os limites da operacionalidade da Blitzkrieg, entretanto, apareceram claramente na Campanhssia (a partir de junho 1941), em que a imensidão do território e as condições climáticas crprimeiros sérios obstáculos para os pressupostos de deslocamento rápido. Por outro la

ntenção da ofensiva alemã a partir da adoção do sistema defensivo soviético de métodos sims da estratégia alemã – combinação de flexibilidade com a concentração de forças – levnflito para o campo de uma guerra de desgaste clássica.Alguns autores destacam a relevância dos aspectos doutrinários da Blitzkrieg para a formuquilo que se convencionou chamar “Doutrina Rumsfeld”. Quando da invasão do Iraque, aind

ddan Hussein, em 2003, o então secretário de Defesa dos EUA (sob a Administração Georgsh) foi confrontado com a necessidade política e financeira de desenvolver uma estratégica me contasse com homens e equipamentos de menor volume do que o usado normalmente pelos E

Guerra do Golfo de 1990-1991, o Governo George Bush (sênior) concentrara cerca de 50mens e tivera gastos elevados (bancados pelos países árabes e aliados ocidentais). Em faão menos positiva da invasão de 2003, tais recursos deveriam ser bem menores e, ao mmpo, a chamada “Síndrome do Vietnã” – a repulsa da população norte-americana em aceitaande número de baixas – levou Donald Rumsfeld a imaginar uma doutrina de guerra de

nologia, baseada em ações aéreas massivas (Operação “Espanto e Pavor”, ou de “decapitaçguida pelo avanço rápido de tropas de elite, que deveriam destruir os meios defenversários sem se deter no controle de grandes cidades. Assim, minimizando os custos e as bairingindo um duro golpe inicial, as tropas invasoras poderiam, em poucos dias, liquidar as deum Estado adversário – na sua formulação clássica tratava-se do axioma: “velocidade + efi

nce massa”. Isto foi feito, com grande sucesso no período inicial da guerra, entre a madrugade março e o dia 1º de abril de 2003 (quando o Presidente Bush anunciou, a bordo de um pões, a conclusão dos combates no Iraque). No entanto, tal como no caso da Rússia em 19ratégia de um conflito altamente tecnológico, utilizando-se do medo e da brutal destruiçã

ios inimigos pela combinação de poder aéreo e ação de tropas de elite mostrou-se incapegurar o território conquistado, iniciando-se a partir de então uma cruenta guerra de resist

ntra as tropas ocupantes e seus aliados.

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

MBA  ATÔMICA  Em 1896, Antoine-Henri Bacquerel descobriu, a partir do estudo do urân

dioatividade. Menos de dois anos depois, Pierre e Marie Curie apresentavam à Academências da França suas conclusões sobre os raios emitidos pelo urânio e pelo tório. Bacquer

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sal Curie foram agraciados com o Prêmio Nobel de 1903. Até o início da década de 1930, Etherford, Frederick Soddy, Otto Hahn, Fritz Strassmann, Arthur H. Compton, Enrico Fermi penheimer desenvolveram os princípios teóricos fundamentais de uma nova era na histórncia: os átomos poderiam emitir partículas, através de um “decaimento radioativo” mbardeados por nêutrons, o resultado seria uma fissão nuclear e, consequentemente, uma geração de energia.

Em plena Segunda Guerra Mundial, os cientistas dos países envolvidos no conflito iniciaramrrida pelo desenvolvimento e pela construção de uma bomba baseada na “reação em cade

são nuclear”, com um incrível poder de liberar substâncias radioativas, luz e calor. A ensprendida pela fissão de 450 gramas de urânio, por exemplo, seria equivalente a 9 mil toneuma explosão de TNT (trinitrotouol).

Em 2 de agosto de 1939, Albert Einstein enviou uma carta ao Presidente Franklin D. Roosevenindo-o de que os nazistas poderiam desenvolver um projeto de bomba com terrível forstruição. O governo norte-americano iniciou, então, os investimentos no desenvolvimento va arma, codificada como “Tude Alloys”. O projeto secreto, denominado “Manhattan”ocado sob o comando do Coronel Leslie R. Groves, chefe do Corpo de Engenheiros do Exérc

O Presidente Truman nomearia posteriormente um comitê interino, chefiado pelo secretárerra Henry L. Stimson. O comitê admitia um círculo restrito de membros do governo e cienvolvidos diretamente com o desenvolvimento da bomba atômica, como Vannevar Bush, Jnant, Oppenheimer, Fermi, Ernest O. Lawrence e A. H. Compton. O comitê debateu, entre m

nho de 1945, duas questões ligadas ao projeto da bomba atômica: o emprego da nova armstruição contra o Japão e o controle internacional desta nova forma de energia. O comitêcutiu se  a bomba atômica deveria ser empregada contra o Império Japonês, mas, sim, quande deveria seria detonada.

Em 21 de junho de 1945, o comitê propôs ao Presidente Truman que a bomba atômica

lizada na primeira oportunidade possível, sem prévio aviso e contra um alvo militar. A primonação aberta da bomba atômica ocorreu às 5h30 de 16 de julho de 1945 no deseramogordo, no Novo México. Utilizou-se uma bomba de plutônio com potencial de explosão ilotons de TNT. O teste, coordenado pelo cientista J. R. Oppenheimer, ocorreu na véspeertura da Conferência de Potsdam, última reunião dos três grandes aliados. O secretário de Gnry L. Stimson repassou ao Presidente Harry S. Truman a informação confidencial de que oha sido bem-sucedido.

Em 26 de julho de 1945, Truman, Churchill e Chiang-Kai-Chech fizeram a “Declaraçã

tsdam”: ultimato contra o Japão, ameaçando-o de “imediata e extrema destruição” se o govquele país não capitulasse. Como a URSS não havia declarado guerra contra o Japão, Staliconsultado a respeito desta decisão (a URSS havia firmado um pacto de neutralidade com o abril de 1941 e somente iria declarar guerra contra aquele país em 8 de agosto de 194

nistro japonês Kantaro Suzuki divulgou aos órgãos de imprensa que seu governo pretendia igDeclaração de Potsdam.Às 8h15 de 6 de agosto de 1945, o  Enola Gay, uma “fortaleza voadora” B-29, alçou voo danian. O bombardeio carregava uma bomba de 125 libras de urânio 235, apelidada pelos nericanos de fat boy. A bomba, com poder explosivo de cerca de 13 quilotons de TNT, atin

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ade japonesa de Hiroshima, formando um cogumelo de 12 quilômetros de altura que queimoum raio de 500 metros e danificou prédios a 3 quilômetros de distância.Em 9 de agosto de 1945, às 11h02, uma nova bomba, desta vez contendo 12 libras de plutôniom capacidade destrutiva de 21 quilotons, foi lançada pelo bombardeio Grande Aristide e aridade de Nagasaki. Os dados oficiais japoneses atestam mais de 280 mil vítimas fatais, incluque morreriam posteriormente por sequelas das armas nucleares. No Japão, as vítima

mbardeios em Hiroshima e Nagazaki ficariam conhecidas como hibakashu.As bombas nucleares produziram vários eventos de destruição nas cidades atingidas, como

emplo, a radiação nuclear inicial, oriunda da gaseificação instantânea do material radioativomento da explosão, o choque eletromagnético, o choque térmico, a onda de choque e a cdioativa. Em 14 de agosto de 1945 o imperador Hirohito anunciou a rendição incondicionpério Japonês.

O Presidente Truman advogou que o emprego das bombas atômicas era indispensável para abrguerra, poupando, deste modo, a vida de soldados norte-americanos, sobretudo pela poistência que os japoneses poderiam apresentar frente a um desembarque militar aliado. As bomicas, contudo, em termos das relações internacionais, simbolizaram o fim da “estranha alia

m a União Soviética, anunciando o prelúdio da Guerra Fria. O fim da guerra em agosto de mbém foi útil na estratégia de Washington, pois o governo dos Estados Unidos temia um projepansão soviética rumo ao Pacífico.Após a Segunda Guerra Mundial, se iniciou uma verdadeira corrida armamentista nuclear, prer Niels Bohr, Vannevar Bush e James Conant, em um memorando datado de 30 de setemb44 e endereçado ao Secretário Stimson.

Em 1942, Enrico Fermi já havia levantado a hipótese de que uma bomba atômica poderilizada para ativar uma bomba de hidrogênio, liberando energia através da fusão de núcleoso de reação só ocorre em temperaturas de dezenas de milhões de graus celsius, por isso a re

mbém é denominada “termonuclear”. Em abril de 1946, ocorreu uma reunião em Los Alamos cetivo de criar uma bomba de hidrogênio, chamada de bomba H, superbomba ou simplesmper.

A bomba atômica funciona por fissão; a de hidrogênio, mais poderosa, funciona por fusão. Algmbas combinam fusão e fissão. Bombas de nêutrons destroem a vida humana com a radiaçãousam poucos estragos materiais. São também denominadas de “bombas limpas”.As bombas termonucleares apresentam uma potência mil vezes maior que a daquela lançada croshima. A primeira experiência norte-americana com uma bomba H ocorreu no atol de Eniw

Pacífico Sul, nas Ilhas Marshall, em 1o

 de novembro de 1952. A capacidade destrutiva da bhidrogênio tornaria inútil um abrigo nuclear.A URSS, acompanhando os Estados Unidos na corrida armamentista nos primeiros anos da Ga, detonou no Casaquistão sua primeira bomba atômica, em 29 de agosto de 1949, e sua primmba H, em 12 de agosto de 1953.

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MONTGOMERY MI

ASIL E SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial (45) efetuou- se em três modalidades: (1) o fornecimento de produtos estratégicos para o esico dos Aliados; (2) a cessão de bases aéreas e navais, no Nordeste brasileiro, para operaçõ

astecimento e transporte das Forças Armadas norte-americanas; (3) o envio de uma pedicionária ao teatro de operações europeu. Essas três maneiras pelas quais o país contrieta ou indiretamente, para a causa aliada, devem ser analisadas através de seu papel estratconflito, dos processos militares, econômicos, sociais e políticos que protagonizaram, e de

nsequências, a médio e longo prazos, na sociedade brasileira. A história dessa participação, drelações diplomáticas que culminaram com o alinhamento à política hemisférica norte-americdeclaração de guerra ao Eixo, até as consequências econômicas, políticas e sociais, revmensão das dificuldades de um país pobre e periférico, como o Brasil de então, para envolv

etamente em um conflito daquela magnitude, e de inserir-se nas instâncias decisivas da poernacional. Cronologicamente, a primeira forma de participação na guerra foi na qualidadnecedor de produtos primários de interesse estratégico para os Aliados. Após anos de pre

plomáticas americanas, e sobretudo depois do início da guerra, o comércio com a Alemminuiu consideravelmente, e o país intensificou suas trocas comerciais com os EUA. Paoridades civis e militares americanas, interessadas numa aliança comercial que lhes puseposição materiais estratégicos (como ferro, bauxita, manganês, borracha, cristais de qumantes industriais) e produtos de consumo (como café, açúcar, cacau), o Brasil

ndamentalmente, um fornecedor de matérias-primas. Contudo, a política externa brasileira ent

aliança de maneira diferente, e pressionava para que os recursos enviados para o incrementportações, durante a guerra, pudessem ser direcionados para a criação de uma infraestrodutiva, da qual a criação da Companhia Siderúrgica Nacional foi seu símbolo máximo.imo objetivo foi conseguido no final de 1940 e início de 1941, quando os acordos paanciamento e a compra de equipamentos da siderúrgica foram assinados.

A siderurgia, porém, foi a exceção à regra, pois, em todas as outras atividades produensificadas pela demanda de guerra norte-americana, a tônica foi a do abandonopreendimentos assim que sua utilidade bélica se esgotasse. O caso mais significativo foi

odução de borracha, na Amazônia. Quando os principais centros produtores de borracha asiáam ocupados pelo Eixo, os Aliados apelaram para a borracha amazônica. Em pouco ttalou-se uma estrutura de extração e transporte do látex, que previa a migração interna de alhares de trabalhadores, na sua maioria, de regiões miseráveis do Nordeste. As cotas de prodnca foram alcançadas, e com as vitórias aliadas no Pacífico, a necessidade da borracha amazminuiu, e com ela os investimentos. Ao fim da guerra, a região voltou à letargia anterior,balhadores sobreviventes da aventura amazônica ficaram à sua própria sorte. Do ponto decroeconômico, a dificuldade de importação de produtos (principalmente máquin

uipamentos), a demanda expandida de exportação para o esforço bélico e a desvaloriz

mbial proporcionaram uma grande acumulação de divisas e um sucateamento da base prod

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cional, o que se tornou um obstáculo considerável à expansão e diversificação do parque induasileiro. Nos anos seguintes à guerra, as divisas acumuladas foram gastas mais com a imporsupérfluos do que com a de bens de capital, retardando o crescimento industrial do país.

Assim, a participação “material” do Brasil na guerra constituiu-se, do ponto de vista estratégicro fornecimento de alguns produtos primários para o suprimento aliado. Sua importância foi mpróprio país, ao envolver milhões de trabalhadores do campo e das cidades na mobiliz

onômica para a guerra, garantir certa acumulação de capital de empresários privados, proma balança comercial favorável e instaurar a base da siderurgia nacional. A segunda modalida

rticipação brasileira na guerra foi a cessão de bases aéreas e navais, na Região Nordeste, parças Armadas norte-americanas. Antes mesmo do início da guerra, havia um temor da instabases do Eixo na América do Sul, por parte dos estrategistas americanos. Com as vitórias alnorte da África e seus sucessos no bloqueio submarino da Batalha do Atlântico (ameaçan

xo de suprimentos e materiais estratégicos à Grã-Bretanha), a saliência do Nordeste brasnou-se um dos pontos estratégicos mais importantes da guerra: seu controle marítimo e rmitiria posição privilegiada nos combates do Atlântico Sul, vitais para reverter os reados na África, preservar suas linhas de suprimento a salvo de ataques do Eixo e, principalm

nter a guerra longe do continente americano.Desconfiados da política externa ambígua de Getúlio Vargas, membros do Departamento de Gericano chegaram a elaborar vários planos de ocupação militar do Nordeste brasileiro, entre942. Enquanto isso, sua diplomacia tentava lograr um acordo de cessão das bases estratégicaca de armamentos para as Forças Armadas brasileiras e financiamentos para infraestrutunsportes. Após o ataque japonês a Pearl Harbour, porém, as pressões diplomáticas amerinaram irreversível o rompimento brasileiro com o Eixo, e a concessão para a construçpliação e o uso de bases aéreas e navais pelos EUA foi finalmente autorizada. Assim, entre 145, a Base Aérea de Paranamirim, situada em Natal-RN, tornou-se o núcleo do transporte aé

vigilância dos Aliados no Atlântico Sul. Apelidada de “trampolim da vitória”, essa base cheentar, em 1943, o título de aeroporto mais movimentado do mundo, com até 800 operações dpouso e decolagem. Sem este apoio, o fluxo de recursos materiais e humanos para as

adas na Europa, na África e no Oceano Índico estaria estrangulado. A recém-criada Força Aasileira (FAB) e a Marinha de Guerra, dentro de suas limitações materiais, participararulhamentos e comboios de proteção a embarcações mercantes, no litoral brasileiro.

O reflexo desse grande movimento no litoral nordestino, para as regiões afetadas, contudouito pequeno. Assim como aconteceu com a produção e exportação de materiais estratégicos p

erra, não houve um impulso ou estímulo para o desenvolvimento regional, e as cidadesosperaram durante a guerra retornaram ao seu cotidiano quase secular. Todavia, de torticipação brasileira, a contribuição mais direta para o esforço aliado foi o envio de uma diExército e um grupo de aviação de caça, para lutar na Itália, entre 1944 e 1945. A ideia de mpas brasileiras para lutar fora do continente tomou corpo na segunda metade de 1942, depopedeamento de navios mercantes brasileiros em seu próprio litoral, por submarinos do Eixo onsequente declaração de guerra contra o Eixo, em 22 de agosto de 1942), e foi reforçada

pirações da política externa brasileira em participar mais ativamente da reorganização do mós o fim do conflito, garantindo pelo menos uma hegemonia no continente sul-americano.

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ruto principal da aproximação política e militar entre Brasil e EUA, a criação da Fpedicionária Brasileira (FEB) e sua incorporação às tropas aliadas foram cercadas de resecialmente, por lideranças militares americanas e inglesas. Eles consideravam temerário epas novatas, com treinamento deficiente e costumes pouco conhecidos, para enfrentar inimperimentados e afeitos aos terrenos e climas de combate. Porém, o futuro da aliança entre Br

UA poderia ser comprometido, e assim a incorporação de tropas brasileiras às forças aliadaorizada. A criação da FEB foi, portanto, muito mais uma necessidade política que militar.

O planejamento inicial previa o envio de um Corpo Expedicionário, equivalente a três divisõ

antaria e uma força aérea, com total de efetivos de aproximadamente 60 mil homens, que smados, treinados e ficariam subordinados ao comando americano no teatro de operaçõesimativa mostrou-se ambiciosa demais, sendo possível levar para o combate apenas 25mens, divididos em vários escalões. Para se ter uma avaliação correta dos sacrifícios exira o envio de um contingente expedicionário, deve-se lembrar que naquela época os efetivército brasileiro somavam cerca de 90 mil homens em todo o país, com armas e equipamentgens tão variadas que dificultavam o treinamento e o emprego em combate. A maior paruipamento bélico brasileiro era importada.

O recrutamento, realizado em todo o país, mostrou de maneira inequívoca as deficiências e masociedade brasileira. A seleção física, psicológica e intelectual para a FEB, iniciada com ostrou um país com grandes carências, e o número de recrutados considerados incapazes foi mo. Alguns dos aprovados como aptos conseguiram furtar-se ao recrutamento, usandopedientes tradicionais de apadrinhamento político para escaparem da guerra, inclusive militarva. O número de voluntários era mínimo. Assim, os componentes da FEB eram, na sua mavens, entre 20 e 30 anos de idade, das classes trabalhadoras das cidades e das regiões ruraisolaridade média era baixa, não tinham qualquer experiência de combate real, tampinamento para o tipo de guerra que enfrentariam. Conheceriam suas armas e seu manejo no pr

tro de operações. Para liderá-los, jovens oficiais da ativa e da reserva, com pouca ou nenhperiência de combate real, comandados por oficiais superiores da ativa, formados pelas militares francesas e que tiveram de adaptar-se às pressas à doutrina de combate americanmando da divisão expedicionária ficou a cargo do General Mascarenhas de Moraes. ntingente estava destinado inicialmente para combater no norte da África. Com a vitóriaiados nesta região, os comandantes Aliados decidiram enviar a FEB para a Itália, para incorpao 4o Corpo do V Exército Americano, comandado pelo General Mark Clark. Ele comandavaça verdadeiramente multinacional, que reunia americanos, ingleses, poloneses, canade

dianos, neozelandeses, brasileiros, dentre outros.Embora do ponto de vista estratégico geral da guerra a frente mediterrânea tenha desempenhadpel apenas secundário – já que os Aliados priorizavam a invasão europeia pelo norte da Francampanha da Itália foi uma das mais difíceis daquelas que os Aliados executaram no teaterações europeu, pois as forças alemãs aproveitaram bem o terreno montanhoso do centro e Itália, e resistiram à ocupação aliada até as vésperas da rendição alemã em toda a Euntando com muitos soldados experientes das frentes russas, as forças germânicas tornaram-smigo bastante difícil de derrotar, o que americanos e ingleses já haviam percebido bem antes asileiros desembarcarem. As missões da FEB foram essencialmente táticas. Após um curto pe

treinamento e adaptação a equipamentos, armas e terreno de operações, as forças brasileir

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meiro escalão iniciaram suas ações contra as defesas alemãs estacionadas nos vales dosno e Reno, nas proximidades de Pisa e Florença, em setembro de 1944. O objetivo era empreB inicialmente em setores calmos do  front   e, à medida que os escalões iniciais fonquistando experiência de combate e os demais lhes fossem agregados, lhes seriam confssões maiores. Os escalões seguintes, no entanto, foram encaminhados à luta praticamenteinamento nem adaptação ao terreno.

A partir de novembro de 1944, a tarefa da FEB era, basicamente, coadjuvar a conquista do vao Pó, combatendo tropas alemãs que poderiam ser remanejadas em outros teatros de opera

m inverno rigoroso e a inexperiência em combate dos expedicionários brasileiros tornarastáculos tão difíceis quanto as bem postadas unidades alemãs que cobriam a chamada “tica”, que dividia em duas partes a Itália. Algumas posições, como Monte Castelo e Mongiram muitos esforços e suas conquistas proporcionaram muitas baixas. Por fim, em abril de

divisão brasileira recebeu a rendição da 148a  divisão alemã, fazendo aproximadamente 1sioneiros. Em 2 de maio do mesmo ano, as tropas alemãs se renderam em toda a Itália. A gabara para os brasileiros. Dos 25.334 expedicionários, 15.069 foram efetivamente combaten5 morreram. No cômputo geral, o desempenho em combate dos brasileiros da FEB e do Gru

ça da FAB foi plenamente positivo, equiparável às melhores unidades combatentes do V Exéi proposta pelo comando aliado a utilização da tropa brasileira como força de ocupação, noerra, mas o comando brasileiro recusou-se. A participação brasileira mais ativa na reorganizundial do pós-guerra ficara mais distante.No retorno ao Brasil, os expedicionários foram recebidos com festas em todo o território nacmaioria desincorporou-se do Exército, e tratou de retomar suas vidas civis de antes da guerrarte deles, porém, encontrou dificuldades na reintegração social e conseguiu muito pouco ams órgãos oficiais. Os veteranos formaram associações de ex-combatentes por todo o país, maaram movimentos de importância política. Por sua vez, uma minoria bastante ativa de oficia

reira juntou-se aos movimentos de oposição a Vargas e colaborou para sua deposição, em ou1945. A partir de então, seria quase canônica a versão histórica de que a participação brasSegunda Guerra Mundial teria contribuído decisivamente para o fim do Estado Novo, e que ciais febianos antipopulistas iriam futuramente formar a base da “Cruzada Democrática” cola Superior de Guerra, cuja participação nas crises político-militares das décadas seguia sido expressiva. Depois de décadas de esquecimento, o interesse historiográfico sorticipação brasileira na Segunda Guerra Mundial tem sido ampliado nos últimos anos, tanantidade quanto na abrangência dos temas pesquisados. Além de novas pesquisas sobre o

s brasileiros na guerra, seu desempenho em combate, as ações políticas de seus oficiais noerra, outros temas de interesse têm conquistado a atenção dos historiadores como, por exemplexo da guerra no  front   interno, o cotidiano dos combatentes, a construção da memória s

asileira sobre a Segunda Guerra Mundial e o impacto cultural da aproximação americaciedade brasileira.

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FRANCISCO CÉSAR  ALVES F

AZZAVILLE, CONFERÊNCIA DE Em Brazzaville, capital do Congo, reuniram-se entre 30 de jande fevereiro de 1944 governadores das colônias francesas na África e representantes da Fvre a fim de reorganizar a estrutura da África Negra. Destacou-se Félix Éboué (1884-1944gem indiana, governador do Tchad e contrário ao Regime de Vichy. Decidiu-se criar a Uancesa, na qual os territórios ultramarinos tornavam-se parceiros da França. Os africanos onhecidos como cidadãos e, consequentemente, poderiam participar das eleições parlamen

ém do mais, criavam-se assembleias eleitas e se dava maior autonomia às administraçõeigas colônias, embora qualquer ideia relativa à independência tenha sido rejeitada. Eratativa francesa de manter seu domínio sobre a África Equatorial Francesa e a África Ocid

ancesa durante os anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e da ocupação nazistaanto, os efeitos da declaração que se seguiu à conferência foram impedidos por diversos decabelecidos pelos governantes locais. Os anos imediatamente posteriores à guerra viram acirros ânimos na direção de um projeto efetivo de independência por parte das lideranças policanas.

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omplexa e prolongada crise entre 1919 e 1939; o papel único dos EUA, que se tornaram, demeira Guerra Mundial (1914-1918), a mais poderosa economia e a maior credora internaciendo já em 1946 mais de metade do PIB do mundo. Por essas circunstâncias únicas, os

ssaram a ser o centro de convergência do pensamento econômico e o grande laboratório em qvas ideias seriam testadas. Os três mais fortes condicionantes conjunturais no entreguerras fodebilidade da ordem internacional; o problema da dívida internacional, tornada insolúvelutalidade das reparações impostas à Alemanha (por pressão da França e da Grã-Bretanhaumatismo da Grande Depressão. Na realidade, foram feitos, sobretudo entre 1919 e nsideráveis esforços para estabelecer uma base de cooperação econômica entre os países –

30 conferências, reuniões internacionais ou intergovernamentais importantes foram levadas a

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sse período. Mas não foi possível vencer as rivalidades entre os Estados Nacionais e, asspaço político viu-se fragmentado em uma série de soberanias divididas em conflitos de vdens. A depressão da década de 1930 foi interpretada como consequência de uma série de errlítica econômica e, embora não se dispusesse ainda dos instrumentos teóricos que stetizados por J.M. Keynes (1883-1946) em 1936, muitos tinham consciência de que as guerrifas e de câmbio haviam sido muito negativas para todos. Em julho de 1944, durante a ConferBretton Woods, a memória dos erros do entreguerras explica os esforços para a criação d

tema de cooperação internacional robustamente institucionalizado, dotado de mecanismos de

lítica – como a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança da ONU – e de agêpecializadas, entre as quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional pconstrução e o Desenvolvimento (BIRD).

Quando se realizou a Conferência de Bretton Woods, as teorias econômicas estavam ainda emado de fluxo, embora as ideias de Keynes já mostrassem uma perceptível hegemonia. O gdo era uma nova depressão, com suas consequências de desemprego em massa. Os EUA ha

frido muito entre 1929 e 1933, chegando a 25% de desocupação da força de trabalho, quase anto na Alemanha, e a situação se tornou tão grave que chegou a surgir o fantasma de uma com

cial. O Presidente Franklin D. Roosevelt (1882-1945) havia apresentado como solução o seual, um programa amplo de gastos públicos. Já se conhecia empiricamente o papel da expansãstos públicos no combate às crises recessivas, e algumas contribuições da “escola suecaálise dita “ex ante, ex post ” permitiriam construir algumas explicações teóricas para o procas o papel da moeda, como depois mostraria Keynes, não havia recebido a necessária atençnsamento “neoclássico” e havia dúvidas a respeito da eficácia dessas medidas em uma econdividual inserida num contexto externo mais amplo. Gastos públicos deficitários já estavam sperimentados com certo êxito pelo governo nacional-socialista da Alemanha. No enosevelt tinha pessoalmente uma postura receosa a respeito dos desequilíbrios orçament

sim, experimentou – com êxito limitado e contra fortes resistências políticas internasanciamento deficitário do New Deal. Porém, ao retornar a uma política fiscal restritiva, enfrva e séria queda recessiva em 1937-1938. O esforço de guerra então obrigou o governo a ggrande escala, com a interessante consequência de o PNB americano praticamente dobrar dueríodo da guerra.

Nos EUA, Keynes teve um notável divulgador na pessoa do economista Alvin Harvey H887-1975), de Harvard, autor de importantes trabalhos sobre a tese da estagnação seculaonomias “maduras”, justificando uma política compensatória fiscal permanente, com elevaçã

stos em assistência social, obras públicas e a tributação progressiva sobre o imposto de renia da estagnação secular não era nova: já estava latente nos últimos grandes clássicos ingsde a primeira metade do século XIX, e repercutiria em Karl Marx (1818-1883), mas gaalidade com a terrível crise da década de 1930. Hansen desenvolveu o enfoque novo de

onomia norte-americana poderia escapar a esse processo se o funcionamento automáticvestimento privado fosse complementado com políticas destinadas a assegurar o pleno usoursos produtivos do Estado. O folheto de Hansen “After the War”, publicado em janeiro de resentou o ápice da absorção do pensamento keynesiano pelos economistas norte-americomendava planejamento, tributação redistributiva, dispêndio público compensatório e coope

re o governo e a empresa privada numa economia mista para “vitalizar” e revigorar a inici

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vada. Entretanto, as vozes conservadoras do empresariado norte-americano continuavam a ao “Big Government”, mas a experiência recessiva dos primeiros anos após a Primeira G

undial provocou uma mudança de posicionamento, quebrando a hegemonia dos “ortodoxosados dos anos 1960. Assim, em 1946, o Employment Act atribuiu ao governo norte-americponsabilidade de “providenciar o nível de gastos e investimentos federais necessários para atentadamente o pleno emprego”.

De 1 a 22 de julho de 1944, quando ocorreu a Conferência de Bretton Woods, as posutrinárias ainda não estavam tão claramente definidas. O fim da guerra parecia próximo, m

ntasmas de 1919-1933 não haviam sido de todo exorcizados. Participaram dela 44 paísegação brasileira era presidida pelo ministro da Fazenda Artur de Souza Costa (1893-1cado por Francisco Alves dos Santos Filho (1895-1966), Valentim Bouças (1891-1964), VBastian, Eugênio Gudin (1886-1986) e Octávio Gouveia de Bulhões (1906-1990) e Ro

mpos (1917-2001). A delegação norte-americana, a mais numerosa, era presidida pelo secrTesouro Henry Morgenthau (1891-1967), e reunia: Dean Acheson (1893-1971) e Henry D

hite – autor de um plano alternativo àquele de Keynes –; Edward Morris Bernstein (1904-199partamento do Tesouro; Alvin Harvey Hansen e James W. Angell. Pela Liga das Nações, en

servadores, figurava o célebre economista sueco Ragnar Nurkse; e no secretariado da Conferavam outros economistas conhecidos, Arthur Smithies e Raymond Mikesell. Mas a mais brils delegações foi, sem dúvida, a britânica, presidida pelo próprio Lord Keynes, que tinaboração de dois especialistas eminentes, Denis Robertson e Lionel Robbins (1898-1984). ATeoria geral   (1936), a célebre obra em que condensou as suas ideias, Keynes já hav

tabilizado por previsões de grande acuidade: em 1919, tendo abandonado desgostoso a delegtânica na Conferência de Versalhes, escreveu o livro The Economic Consequences of Peaceevia os desastrosos efeitos das brutais reparações impostas à Alemanha; em 1925, no polêto “The economic consequences of Mr. Churchill”, predisse corretamente que o retorn

erlino à paridade ouro, em taxa excessivamente alta, tornaria a Grã-Bretanha não competitovocaria a recessão.A Conferência de Bretton Woods fora precedida por uma reunião preparatória de peritovannah, na Geórgia, à qual compareceu o brasileiro Octávio Gouveia de Bulhões. Nessa redecidida a grande batalha pelo financiamento do esforço de guerra britânico. John M. Key

nry D. White foram interlocutores de concepções conflitantes: o Plano Keynes, que refleteresses da Grã-Bretanha – que não tinha mais condições de garantir a conversibilidade daerlina –, previa para o pós-guerra um longo período deficitário no balanço de pagamen

opunha, entre outros pontos, a criação de uma moeda internacional (o Bancor); o Plano Whiteviamente estava voltado para a percepção que os norte-americanos tinham de seus intereplicava de fato a criação de um dollar exchange standard , mais flexível do que o padrão-oué-guerra. De Savannah emergiu o documento básico de trabalho de Bretton Woods, quitulava “Joint statement of the technical experts on the establishment of an International Monnd”.

A Grã-Bretanha acabou se conformando com a perspectiva de ser, por muito tempo, uma nvedora. Todos os seus ativos, investimentos e reservas haviam sido, em grande parte, liquidesforço de guerra. Keynes pretendia, por isso, evitar a excessiva concentração de recurso

os dos países credores, notadamente dos EUA, cuja posição era absolutamente dominante, tan

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mércio internacional quanto nas reservas de ouro. Previa, assim, algo semelhante a um bntral internacional (International Clearing Union) com autoridade para emitir uma mernacional (o Bancor), para a qual seriam compulsoriamente convertidas as reservas de todses e depositadas num organismo central, a partir do qual poderiam ser usadas para

distribuição da liquidez. Na perspectiva de Keynes, saldos persistentes de balanço de pagamm tão perigosos quanto os déficits crônicos, de modo que julgava necessário gerar al

mpulsão para que os detentores daqueles saldos abrissem mão de sua liquidez para financiportações dos países deficitários. Ironicamente, quase 50 anos depois, o grande problema da

etanha em relação ao projeto da Europa unificada do Tratado de Maastricht foi justamente utância em abrir mão da própria moeda em favor da moeda europeia única.

Aos EUA, então no seu instante de máxima hegemonia econômica, financeira e militar, não poeressar semelhante mecanismo. Tornaram-se um país credor na Primeira Guerra Mundiaabedoria aceita” ao tempo de Bretton Woods supunha a persistência de um dollar gap por definido, tendo em vista o enorme hiato de produtividade existente entre a economia nericana e a do restante do mundo. O sistema adotado seria, então, o dollar exchange stanrque a moeda norte-americana manteria sua paridade com o ouro, fixada em 1934 em US$

r onça troy  – sistema alterado somente em 1971, quando o país, tendo preferido finalacionariamente a campanha do Vietnã, viu tornarem-se insolúveis suas dificuldades de balangamentos (situação que havia começado no final da década de 1950). Por sua vez, a geocupação dos economistas em Bretton Woods liderados por Lord Keynes era evitar a gueredas – as desvalorizações competitivas, como aquelas que ocorreram durante a Grande Depr conter as tendências recessivas que se esperava viessem a aparecer assim que se completaonversão da máquina bélica. No entanto, precisamente o contrário aconteceu. No período agunda Guerra Mundial, o problema foi a sobrevalorização do câmbio, pois os países, necessiimportações, procuravam manter taxas sobrevalorizadas que as barateassem.

Ao final do século XX, com o benefício de meio século de retrospectiva, conseguimos ver os is claramente. Quando ocorreu a reunião da Conferência de Bretton Woods, o mundo

atamente 30 anos de desordem, conflitos e terríveis traumatismos. Como fundo de cena, ou radigma oculto, dominava a ideia de uma normalidade associada com o mundo anterior a m a suposição de que o livre funcionamento do mercado levaria naturalmente a um equimo. As concepções de 1944, por conseguinte, eram, sobretudo, corretivas e defensivas, volra evitar os erros e males que se supunha houvessem ocorrido nas três décadas anteriores.ca era correta e não seria razoável cobrarmos dos homens de Bretton Woods uma compet

urológica além de quaisquer outros mortais. A alta taxa de acerto pode ser aferida pelo fae, por 27 anos – até a primeira desvalorização do dólar em 1971 –, o mundo viveu uma longprosperidade – que alguns batizaram de “Pax Americana” e/ou “Os 30 Anos Gloriosos” –,scimento econômico continuado e redução das desigualdades sociais. Pode-se dizer que foi

ceção em toda a história do capitalismo.O sistema de Bretton Woods previa taxas cambiais em princípio fixas, cabendo aos governosvariáveis macroeconômicas internas, de modo que assegurasse a estabilidade externa e intecomo supunha relativamente fácil a teoria keynesiana, o pleno emprego. Sem margem a dúve já se tem claro que a autonomia monetária permite corrigir as flutuações da demanda, o nív

vidade interna e, logo, o nível de emprego. Foi por isso talvez que Keynes insistiu em B

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oods que os países deveriam ter condições de preservá-la para atingir seus objetivos internocada de 1970, a crise da hegemonia norte-americana – deflagrada desde o final da década des seus aspectos comercial, fiscal e militar – gerou um crescente déficit norte-americano no bapagamentos, impedindo que o padrão dólar sustentasse seu poder de ordenação dos movim

merciais e financeiros. A consequência imediata de tal situação foi a quebra da confiança no dque acarretou intensa especulação movida pelas próprias empresas norte-americanas no exteabou levando o governo dos EUA a suspender a conversibilidade e promover sua desvalorizotando o sistema de taxas flutuantes.

Em 1971, o rompimento do padrão monetário internacional, sustentado no padrão dólarordado em Bretton Woods, teve raízes domésticas, particularmente os déficits interno e exrte-americanos, derivados do financiamento de gastos no Vietnã e do fato de que, em 1971, o ha um terço do valor de 1934 – quando a paridade do ouro se mantivera fixa. Em âmonômico, essa conjuntura – acrescida da questão energética, da crise creditícia e salarial emvia se sustentado o crescimento acelerado da economia capitalista nos “30 anos gloriosougurou o período de instabilidade das taxas de câmbio e juros e, mais tarde, significatiáticos movimentos de capitais, assim como a expansão da liquidez e da dívida financeira g

se novo cenário mundial das finanças desreguladas, nomeado de era da globalização, desde m pautando as prioridades das políticas dos países desenvolvidos.

erências

MPOS, R. A reformulação do ordenamento institucional do pós-guerra. Boletim da Diplomacia Brasileira, 1995.SON, E.; ASCHER, R. The World Bank since Bretton Woods. Washington D.C., 1997.

MARTA SKINNER DE LOUR

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IRO, CONFERÊNCIA DO  Entre os dias 22 e 26 de novembro de 1943, em plena Segunda Gundial (1939-1945), ocorreu no Cairo uma conferência reunindo Franklin Roosevelt (1882-1esidente dos EUA, Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro da Grã-Bretanha, e C

i-Shek (1887-1975), presidente da China. Nela formulou-se um documento declarando qpão perderia todas as ilhas que conquistara no Oceano Pacífico e que todos os territórios qpão roubou dos chineses, como a Manchúria, Taiwan e Pescadores, seriam restituídos à RepúChina. O Japão seria expulso também de todos os outros territórios que cobiçosamente hav

oderado por meio da violência. Decidiu-se ainda que a Coreia se tornaria livre e independee os três países signatários prosseguiriam a guerra até a rendição incondicional do Japão

neiro de 1943, uma primeira Conferência do Cairo reunira Roosevelt e Churchill, que discuestões militares para a condução da guerra contra o Eixo. Churchill empenhou-se em garantirGrã-Bretanha a recuperação de Cingapura e Hong-Kong, que estavam em poder dos japonese

is dirigentes também manifestaram preocupações quanto ao futuro da China. Os termos acordconferência realizada no final de novembro de 1943 foram incorporados à Declaração do C1º de dezembro de 1943.

Houve uma segunda Conferência do Cairo, entre 26 de dezembro de 1957 e 1o de janeiro de la, reuniram-se 52 nações não alinhadas, que reafirmaram os princípios de Banduvindicaram a admissão da China comunista na ONU, a reunificação do Vietnã e da Core

dependência da Nova Guiné e a condenação do Mercado Comum Europeu (atual União Eurooportunidade, criou-se um Conselho Permanente dos Não Alinhados.

Entre 5 e 10 de outubro de 1964, uma nova conferência realizou-se no Cairo, desta vez dos po alinhados. Dela participaram 47 países como Estados-membros e 10 como observadcluíam-se 29 Estados da África, 15 da Ásia, 10 da América e 3 da Europa. Dela foi proibrticipação do congolês Moise Tshombe, considerado responsável pelo assassinato de Pmumba (1925-1961), posto que este foi o líder da revolta da província de Katonga cmumba. Pretendeu-se estabelecer um programa para a paz e a cooperação internacional entses do Terceiro Mundo. A conferência condenou o Apartheid, a permanência da base nericana de Guantánamo (Cuba) e o bloqueio econômico imposto pelos EUA a Cuba.

erências

ROSELLE, J.-B. Histoire diplomatique de 1919 à nos jours. Paris: Librairie Dalloz, 1957.URRE, Michel. 25 ans d’histoire universelle: 1945-1970. Paris: Éditions Universitaires, 1971.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

MPESINATO E  ESTADO  NOVO  A maior parte dos estudiosos a respeito da questão agráriansidera existir um campesinato no Brasil, se por tal for entendida a categoria social do peqodutor independente voltado para o mercado, posto que o camponês no Brasil estaria imersações de dependência com grandes proprietários de terra. No que tange à relação dessa catem o Estado Novo (1937-1945), muitos historiadores e sociólogos não levaram em co

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ssibilidade de a ação da burocracia estado-novista pretender incorporar os trabalhadorempo ao modelo de desenvolvimento capitalista idealizado a partir da Revolução de nsiderando que haveria um compromisso entre o governo Getúlio Vargas e as oligarquias agra impedir qualquer ação estatal no sentido de beneficiar os camponeses. No entantnsiderarmos que a formação de uma classe social existe não apenas quando esta cuerminado papel na economia, mas também quando os atores sociais se reconhecem integrados

upo com interesses mais ou menos comuns, a percepção da atuação do campesinato no clítico delimitado pelas instituições do Estado Novo muda completamente. Quando analis

cumentos advindos de trabalhadores do campo, percebemos em várias demandas feitaarelho de justiça do Estado Novo que os protagonistas se reconhecem como agricultoressseiros que, ao atuarem principalmente em áreas de fronteira, seriam os garantidores da sobecional. Evidentemente, o papel social de uma classe não é de antemão revolucionário, ativssivo, mas atua conforme as condições existentes para a defesa de seus interesses. Oficialmmo intermediário dos conflitos de classe, o Estado Novo reconheceu no campesinato, depennão, um papel específico como protagonista na “construção do país”. Setores desse campes

r sua vez, apropriaram-se do discurso estado-novista sobre cidadania para transformar os c

metidos contra seus interesses em crimes cometidos contra o próprio Estado. Porrategicamente, muitos de seus membros apropriaram-se do discurso trabalhista com o intuinter as posses que muitas vezes eram ameaçadas pela ação de grandes proprietários associaoridades executivas e judiciais locais. Não se deve, pois, ignorar os efeitos políticoculação de ideias trabalhistas graças às transmissões radiofônicas do Estado Novo.

Centrada muitas vezes na perspectiva das implicações sociais e políticas da modernizdustrial, a produção historiográfica sobre o Estado Novo até a década de 1990 não reconhestência de um projeto de ação específico para o campo, entendendo que os tópicos relativbalhismo estavam urbanamente circunscritos e que o governo Vargas pretendera deix

mpesinato sob tutela direta das oligarquias. No entanto, analisando a legislação produzida 34 e 1945, cotejada com as publicações ministeriais e de órgãos de representação clastamos a preocupação da burocracia federal no sentido de estender ao campo a legisbalhista vigente nas cidades e sistematizar esforços para criar no campo um setor de pequodutores vinculado ao Estado por meio de projetos de colonização. É certo que muitos projetonização fracassaram por dificuldades do próprio Estado em implementá-los, mas tamb

eciso ter em mente a resistência do setor proprietário à legislação trabalhista que se elabra o campo.

A resistência pode ser observada tanto na ação das bancadas estaduais ligadas a oligarrárias durante a constituinte de 1934, quanto nas publicações da Sociedade Rural Brasilei40, que reagia vivamente contra um projeto de discriminação de terras devolutas apresentadonistério da Justiça. Portanto, o simples fato de as oligarquias rurais organizarem um locus prdebate com a estrutura burocrática do Estado Novo já denota que os efeitos possíveislação trabalhista no campo eram percebidos como uma ameaça real, particularmente quan

óprio campesinato passava a apropriar-se oportunamente dos discursos oficiais trabalhistas cação das oligarquias rurais locais. A esparsa correspondência de camponeses no períodonsiderado mostra-os como agricultores cujos direitos são “violados por estrangeiros em

rio” e que, usando o discurso nacionalista do Estado Novo e nele acreditando, apelam diretam

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ra o amparo legal do presidente da República. Assim, são unidos o nacionalismo oficigime, o ideal do trabalhador-cidadão e os interesses locais dos camponeses em face daqueleoprietários. No final das contas, é a própria estrutura política corporativista do Estado Nov

confirma: o Estado como grande árbitro dos conflitos sociais. Logicamente, percebentencial de rebeldia de seus agregados, os grandes proprietários rurais buscaram precavfirmando sua unidade de interesses nos quadros possíveis de negociação da estrutura burocrEstado Novo.

erênciasURDIEU, Pierre. Poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2000.NHARO, Alcir. Trabalho e colonização no Brasil: Nordeste, Amazônia e Centro-Oeste. Campinas: Unicamp, 1984.HARES, Maria Yedda; SILVA, Francisco Carlos Teixeira. Terra prometida. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.EIRO, Vanderlei Vazelesk. Um novo olhar para a roça: a questão agrária no Estado Novo . Rio de Janeiro: Programa

Graduação em História Social da UFRJ, 2001. (Dissertação de mestrado) mimeo.VA, Francisco Carlos Teixeira da. “Estado Novo: Historiografia”. In: Dicionário do pensamento crítico da direita. Rio de

Mauad, 2000.

VANDERLEI VAZELESK  R

MPOS DE  EXTERMÍNIO  Os campos de extermínio são a concretização e a baseracionalização do ideal da intolerância levado ao extremo. São construídos com a alidade de exterminar populações inteiras, em nome de uma ideologia que discrimina, segrer fim, mata grupos sociais, raciais e políticos considerados inimigos da nação. Segundologia, o extermínio adquire o caráter de “limpeza” e “purificação” nacional, sendo um

quisito fundamental para o bem-estar e a evolução do povo considerado racial e moralmperior. No século XX, o nazismo foi o maior exemplo (além do período de Pol Pot, entre 1978, no Camboja) desta política intolerante, pois, em defesa da pureza racial do povo alemão

nstrução de uma grande Alemanha, levou a cabo o extermínio de vários grupos que eram vmo entraves ou prejudiciais ao ideal de nação concebido pelos nazistas, dentre os quais os jumossexuais, ciganos, testemunhas de Jeová, comunistas e deficientes mentais. A política naziclusão baseava-se na ideia de inferioridade de determinados grupos, que passam, então, rseguidos pelo regime por serem “indignos” de participar da construção e consolidação da nmã. Porém, muito mais do que portadores dessa “indignidade”, esses grupos eram conside

m obstáculo à evolução do povo alemão, como raça superior e destinada naturalmente ao domoutros povos e raças do mundo. O principal grupo perseguido foram os judeus, considera

ncarnação do mal”, “destruidores da nação”, “parasitas”, “exploradores”, dentre o

acterísticas que lhes eram atribuídas pelos nazistas, gerando uma vaga de antissemitismo rantudo, a ideia de exterminar os judeus não estava consolidada desde o início do regime nameiramente, havia a intenção de expulsá-los do “espaço vital” alemão e, para isso, o nazocou em prática a política de discriminação e segregação. No curso da Segunda Guerra Mu

939-1945), os judeus foram confinados em guetos – sendo o mais conhecido o gueto de Varsóbrigados a usar uma estrela de Davi amarela no braço, a fim de serem distinguidos do restanpulação.

A decisão de exterminar os judeus, a chamada “solução final”, só ocorreu em 1942, quando p

redominar, nos círculos do poder nazista, a visão de que o extermínio da raça judaica era a ução para “livrar o mundo do bacilo judeu”. Esta concepção derivava da ideia de que o “

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usado pelos judeus tinha origem racial e, portanto, fazia parte da “natureza” do povo semita, súnico remédio eficaz a eliminação física de todo o grupo, já que os judeus seriam “incorrigír natureza. A decisão pela política de extermínio levou à construção dos locais destinadassinato de milhares de pessoas, que se enquadravam na categoria de “inimigos da nação aleprincipais campos de extermínio nazistas foram Auschwitz, Treblinka, Sobibor, Majdanek, B

Chelmno – todos construídos em território polonês anexado à Alemanha –, onde a máquinssacre funcionava a todo vapor. Foram construídos também campos mistos, sendo que ao lad

da campo de concentração – dentre eles Dachau, Bergen-Belsen e Mauthausen –, havia u

ermínio. Na vizinhança dos campos, grandes indústrias alemãs instalaram suas fábricasroveitar a mão de obra barata dos prisioneiros.Nos campos de extermínio, as vítimas eram encaminhadas para câmaras de gás e, após morrfixiadas, eram cremadas. Ao chegarem aos campos, mulheres, crianças e idosos em geraeto para as câmaras de gás, enquanto os homens mais fortes eram utilizados para o traçado nos campos de concentração. Os diretores das fábricas escolhiam os prisioneiros, de acm a sua profissão e o seu aspecto. Se algum trabalhador adoecesse, era mandado para a câmas. As condições de vida nos campos eram extremamente desumanas, levando à morte por doen

us-tratos, tendo sido muitas vítimas executadas a tiros pelos soldados da SS.A existência dos campos de extermínio nazistas revelou ao mundo uma realidade impensávemeira vista, incompatível com a civilização ocidental e seus valores consubstanciados na rdiálogo e na tolerância. A partir da descoberta do Holocausto nazista, muitos estudiosos – enais sociólogos, historiadores e filósofos – passaram a se questionar como foi possívorrência de um fenômeno com requintes de barbaridade, em um país localizado no centrilização europeia. Muitas interpretações sobre o Holocausto enfatizam o lado perverso, cr

acional dos seus perpetradores, compartilhando a visão de que os campos de extermínio naam um parêntesis na civilização ocidental, um desvio patológico que só pode ser compreend

da decadência desta civilização. No entanto, a singularidade do Holocausto reside no fato dsido simplesmente uma interrupção da civilização, e, sim, parte integrante dela, pois utiliztodos organizacionais da sociedade racional. Longe de ser uma interrupção do curso normtória, um câncer no corpo da sociedade civilizada, uma loucura momentânea num contex

nidade, o Holocausto significou uma tragédia que diz respeito a todos que vivem na sociederna, pois nasceu e foi executado na sociedade moderna e racional, no alto estágio de civili

no auge do desenvolvimento cultural humano e, por essa razão, é um problema dessa socieilização e cultura.

Os processos ideológicos que podem levar a projetos de genocídio e os recursos técnicormitem a sua efetivação, além de se revelarem plenamente compatíveis com a civilização modam condicionados, criados e fornecidos por ela. O Holocausto não se chocou com as normtituições sociais da modernidade, pois elas o tornaram factível. A singularidade do Holocvém dos aspectos que não compartilha com nenhum dos casos de genocídios anteriores.pectos possuem um caráter nitidamente moderno, sugerindo que o papel da civilização moderrpetração e extensão efetiva do Holocausto foi um papel ativo, não passivo. O Holocausto foduto da civilização moderna, porque foi feito à maneira moderna – de forma racional, planentificamente fundamentada, especializada, eficientemente coordenada e executada – supe

das as formas anteriores de extermínio em massa, tidas como primitivas, perdulárias e inefici

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campos de extermínio nazistas assemelhavam-se a verdadeiras fábricas da morte, levando-nsideração, inclusive, os cálculos racionais de custo e benefício e tendo a seu serviço uma exma de funcionários, que consideravam seu trabalho em todo o processo como absolutamrmal, e não passavam de meros burocratas, contrariando as visões dos perpetradorelocausto como pessoas doentes ou desequilibradas.

Nos campos de extermínio, prevalecia um esquema de assassinato em escala industrial, nor meio da especialização e da divisão do trabalho, a violência foi retirada da vista de mssoas que participaram do processo de extermínio. Para a população em geral, o Holoc

nou-se invisível e confortável do ponto de vista da experiência pessoal estritamente circunscvada, sendo encerrado em territórios segregados, isolados e inacessíveis aos membros comuciedade. E, principalmente, a violência tornou-se uma técnica, livre de emoções e puramional. O uso da violência é mais eficiente e menos dispendioso quando os meios são submetitérios instrumentais e racionais e dissociados da avaliação moral dos fins. A dissociaçultado de dois processos paralelos, ambos centrais, ao modelo burocrático de ação. O prime

meticulosa divisão funcional do trabalho; o segundo é a substituição da responsabilidade ma técnica. Toda divisão de trabalho cria uma distância entre a maioria dos contribuintes p

ultado final da atividade coletiva e o resultado mesmo. Antes que os últimos elos da crocrática de poder enfrentem sua tarefa, a maioria das operações preparatórias que levaramfoi executada por pessoas que não tinham experiência pessoal e, às vezes, nem o conhecimenefa em questão. O que essa distância prática e mental do produto final significa é que a ms funcionários da hierarquia burocrática pode dar ordens sem pleno conhecimento dos seus efralmente, têm apenas uma consciência abstrata e distanciada deles – o tipo de conhecimento is bem expresso pela estatística, que mede os resultados, sem fazer qualquer julgamento mora

O segundo processo responsável pelo distanciamento está relacionado com o primeirbstituição da responsabilidade moral pela técnica seria inconcebível sem a dissecação e sepa

ncional das tarefas. Numa divisão puramente linear de comando, a responsabilidade térmanece vulnerável. Uma vez isolados das consequências, a maior parte dos atos funcionalmpecializados ou passa facilmente no teste moral ou é moralmente indiferente. Qusembaraçado de preocupações morais, o ato pode ser julgado em termos racionais inequívoce importa, então, é se o ato foi executado de acordo com o melhor conhecimento tecnolponível e se o resultado alcançou a melhor relação custo-benefício. O resultado é a irrelevs padrões morais para o sucesso técnico da operação burocrática. Uma vez distanciados, gramplexa diferenciação funcional dentro da burocracia, dos resultados últimos da operação p

al contribuem, suas preocupações morais podem concentrar-se inteiramente na boa execuçãefa à sua frente. A moralidade resume-se ao comando para ser um bom, eficiente e dilipecialista e trabalhador.Os campos de extermínio nazistas eram a ponta do processo inteiro, mas fora deles, uma exião de funcionários da burocracia contribuiu para a efetivação do Holocausto, mesmo sem ncolocado os pés onde o assassinato em massa ocorreu. Esse distanciamento foi essencial p

sumanização das vítimas, transformadas em simples números ou alvos a serem atingidompos de extermínio nazistas foram locais de um genocídio moderno, que tinha um propionalmente predeterminado. Era um meio para um fim, sendo o fim a visão de uma socie

elhor” e radicalmente diferente. O genocídio moderno é um elemento de engenharia social, c

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alidade de levar a uma sociedade “perfeita”. As vítimas do extermínio nazista eram mortneira mecânica e sem a intervenção de emoções humanas. Morriam simplesmente porque n

quadravam, por uma razão ou outra, no esquema de uma sociedade “ideal”, por serem juanos, homossexuais, deficientes físicos ou mentais.

erências

RHAM, Ben. Holocausto. São Paulo: WG Comunicações e Produções, 1976.ENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém. Um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.UMAN, Zygmunt. Modernidade e holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

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RTA DO ATLÂNTICO Declaração conjunta de Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), presis EUA, e Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro da Grã-Bretanha, assinada em tubro de 1941 em Terra Nova, inspirada no discurso das “Quatro Liberdades” de Rooseverdade do medo e da necessidade, liberdade de expressão e de religião, como principal formmbater as ideologias fascistas. Anunciando a guerra como uma cruzada pela democrac

oposta pretendia lançar as bases fundamentais sobre as quais seria fundada a nova ordem mupós-guerra. Os seus oito princípios enunciavam: (1) EUA e Grã-Bretanha não obteriam ne

nho territorial ao final do conflito; (2) as alterações territoriais só seriam realizadas a parordos e com a livre expressão dos povos envolvidos; (3) seria estabelecida a garantia de ress direitos de todos os povos na escolha da forma de governo que desejassem; (4) selizados esforços para que todos os Estados, vencedores ou vencidos, obtivessem acesso em mos ao comércio e às matérias-primas necessárias à prosperidade econômica; (5) garantia deaboração entre todas as nações no campo econômico; (6) após a destruição da tirania natalação da paz para que todas as nações pudessem permanecer em segurança e com suas prponsabilidades, concordando-se que todos os homens em todas as terras pudessem ser livrdo e da perseguição; (7) garantia para que todos os homens pudessem cruzar os oceanos emerdade e paz; (8) todas as nações deveriam abandonar o uso da força em nome da estabilida

m largo sistema de segurança e em favor do desarmamento das nações que ameaçassedessem ameaçar a paz mundial. Considerada uma versão equivalente aos Quatorze Pontlson (ver no Volume I), com a inclusão de questões econômicas e sociais envolvendo pbres, todos os pontos esboçados no documento foram colocadas posteriormente na paucussão da Declaração das Nações Unidas, assinada no dia 1º de janeiro de 1942 por 26 naçõ

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

SABLANCA, CONFERÊNCIA DE Em 9 de janeiro de 1943, Franklin Delano Roosevelt, presidentUA, e Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, em plena Segunda Guerra Mundial (

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migo, o soldado japonês, não merecia nem mesmo – ao contrário do alemão, europeu e parrança coletiva da América – ser um personagem: são meras sombras, números, que morremlhares, confirmando que o espectador via na tela um sub-homem, um subgênero, cujo governimportava em mandar à morte aos milhares (referidos muitas vezes sob a gíria de bats). Ds filmes devemos destacar, por suas qualidades e pelo toque grandioso típico de tal gênero, o Allan Dwan, de 1949,  Iwo Jima  (Sands of Iwo Jima), em que a reconstrução meticuloerra do Pacífico é complementada por trechos de documentários filmados por cinegrafist

arinha durante os próprios acontecimentos, tudo homogeneizado por uma fotografia em pr

anco de tom jornalístico. A Inglaterra também reconstruirá sua história no pós-guncipalmente numa área – a Insulíndia – onde fora humilhada pelos japoneses. Assim, em A pRio Kwai  (The Bridge on the River Kwai), dirigido por David Lean, em 1957, os ing

ostram-se duros e capazes de manter o brio, ou a fleuma, mesmo nas situações mais extremas, cb a tortura nipônica. Mais uma vez, a guerra é mostrada não como um mal em si mesmo, mase poderia ser heroica, uma tarefa para bravos. O horror da guerra provinha daqueles queendiam ou não aceitavam suas regras, a ética do guerreiro. Esta era, sem dúvida, a mais

usação contra o Japão imperial: transformar a guerra em infâmia. Ainda, os americanos mostr

e podem ser excelentes soldados e que a guerra não era apenas algo longínquo, travado rta-aviões em alto-mar, onde a tecnologia resolvia a contenda. Assim, em Um punhado de bbjective Burma), de 1945, Raoul Walsh mostra homens transcendendo suas forças, descobragem e solidariedade onde menos esperavam. As qualidades pessoais de cada umtencializadas e surgem em toda sua grandeza quando a guerra exige que os homens ofereçlhor de si mesmos. Ainda uma vez havia uma crença numa guerra justa e heroica, aquela pratr um “nós” cultural frente a uma guerra infame, praticada por um “eles”, o “outro” culturerra produziu, também, fantásticos dramas, em que as batalhas – quando aconteciam – eram appano de fundo para sofrimentos profundos e cruéis, permitindo que os homens se mostrassem

manos na dor e na adversidade. É assim em Casablanca, dirigido por Michael Curtiz, em 194e duas personalidades masculinas se enfrentam, só aparentemente por uma mulher e, em ver

torno de formas diferentes de jogar com a sorte, driblar o perigo e rir da morte – os verdadibutos masculinos. Outro drama, em que a guerra galvaniza um embate de fortes personalisculinas, surge no clássico  A um passo da eternidade  ( From Here to Eternity), de

nnemann, filmado em 1953, em que a hierarquia do quartel é subvertida no bar e nas areiaia. Entretanto, quando a guerra exige, os verdadeiros soldados abandonam todas as diferenunem no ritual da batalha. No fundo, soldados só deixam de ser soldados na paz. Com o pass

mpo, e com a Guerra Fria reconciliando velhos inimigos e afastando os ex-Aliados da Segerra Mundial, os japoneses e os alemães serão readmitidos no cinema de guerra crsonagens dignos de um papel. Assim, surgirão filmes em que o soldado alemão ou japonês parados de seus governos odiosos, e suas qualidades de bravos serão reconhecidas (afinal, vamente aliados dos EUA na Guerra Fria contra os soviéticos), principalmente quando o inimso. Assim, em Inferno no Pacífico ( Hell in the Pacific), de 1968, John Boorman introduz umonês, o excelente Toshiro Mifune, que interpreta as qualidades da alma japonesa, transcendeerra do Pacífico em um eterno conflito, um duelo clausewitziano, em suma, a própria esserreira do homem, independente de regimes e de nações, o que, ao fim e ao cabo, abso

óprio Japão da acusação de infâmia. No outro extremo, em A cruz de ferro  (Cross of Iron

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77, dirigido por Sam Peckinpah, a anterior frieza germânica é transformada em bravura, eerra genocida é vista como um duelo de bravos. A grande máquina de guerra alemã, a Wehrmista exclusivamente em combate contra as forças inimigas russas (que só deveriam vencer poáter violento e desprezo pela vida humana), e ao seu papel de aniquilação de populações cermínio de prisioneiros de guerra dá-se o esquecimento e o perdão.

Tal esforço de restauração do ex-inimigo na sua condição humana, embora culturalmente diferrcado pela alteridade radical do embate de civilizações, terá seu coroamento no cult-movie  F

em nome da honra  ( Merry Christmas, Mr. Lawrence), dirigido pelo polêmico e genial N

hima – diretor de O império dos sentidos –, numa coprodução anglo-japonesa, tendo os astrúsica pop David Bowie e Ryuichi Sakamoto nos papéis-síntese de “o inglês” e “o japonêscelência, permitindo tanto tempo depois – o filme é de 1983 – que as duas culturas possaender através de um código comum a todos os bravos: a honra. Na verdade, o Japão levou um

mpo para voltar-se sobre si mesmo e refletir sobre a Segunda Guerra Mundial e a catástrombardeio atômico sobre o país. Qualquer passo em falso, qualquer acusação mais ferina aosderia parecer revanchismo, colocar em risco a nova amizade nipo-americana e, assim, prejuproteção de que o Japão gozava, em pleno milagre econômico, com o chamado “guarda-c

mico” americano. Assim, somente ao final dos anos 1980 o Japão e seu povo aparecem imas de indizível sofrimento causado pela guerra; mesmo que a liderança nipônica tivesse a mrte da culpa pelo conflito, dever-se-ia guardar a lembrança do sofrimento de um povo simganizado e trabalhador. Dois filmes quase simultâneos marcam bem isso. Em 1988, Sadao ige A guerra e as crianças ( Kadomo No Koro Senso Gaatta), no qual duas crianças, quasetáfora do próprio povo japonês, assistem – e sofrem – passivamente os efeitos da guerra. P

pois, 1989, o genial diretor Shohei Imamura, o mesmo do sensível  Balada de Narayama, dack Rain/ Kuroi Ame, com uma incrível inventividade imagética, retomando o ritmo e a fotogtral do cinema japonês dos anos 1940 e 1950, a fim de melhor relatar a condição humana

breviventes de Hiroshima e Nagasaki. Trata-se aqui, ao contrário do ocidental e existenciroshima, Mon Amour , de personagens comuns, simples e incultos, unidos pela tragédia da guo estigma da contaminação nuclear. Por fim, em 1990, o celebrado e criativo diretor, rosawa, apresenta um afresco de imagens líricas e oníricas em Akira Kurosawa Dream’s, em gédia nuclear, a honra e a hierarquia militar, ao lado do amor à natureza, marcarão algunços contraditórios da atual mentalidade coletiva japonesa. Assim, aos poucos, o Japão procncontrar-se, expiando sob a forma de imagens cinematográficas a dor contida na derrota ástrofe da guerra.

A temática das pessoas humildes, mesmo banais, em tempo de guerra, prontas para o heroísmoição, é abordada com maestria por Vittorio De Sica em La Ciociara, de 1960, que narra a gurtir do sofrimento daqueles que jamais a entenderam. Da mesma forma, com sobriedade e emirmãos (Paolo e Vittorio) Taviani no filme A noite de São Lourenço ( La Notte di San Lorenzo82, retratam gente comum, longe do heroísmo dos filmes de Rosselini e muito mais preocuviver sem ter de colaborar com o invasor, e, acima de tudo, sobreviver em tempo de guerra.

A Segunda Guerra Mundial ensejou, ainda, uma série de filmes de guerra desejosos de recuperdadeira história de grandes eventos bélicos, em especial de batalhas que teriam mudado o História. A maioria de tais filmes, malgrado a grande dose de propaganda e nacionalismo, a

r promover impressionantes espetáculos de ação, algumas vezes de excepcional mérito. É

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m A batalha do Rio da Prata (The Battle of the River Plate), dirigido por Michael Powel57, em estilo de documentário histórico;  A batalha de Anzio  ( Anzio), dirigido por Ed

mytryk, em 1968, e que se constituiu em um filme singular, notável por sua originalidade; MidJack Smight, de 1976, em que a pretensão historiográfica do filme é absolutamente notável.

Mas a guerra gerou também o seu contrário, o apelo à paz. Assim, inúmeros filmes viram na genas a destruição, a inutilidade e a irracionalismo. Entre estes trabalhos realizados, algunmais óbvios, devemos destacar na categoria de filmes pacifistas, em que o drama psicológigenuidade e uma honesta vontade de melhorar o mundo contam uma dura história de gu

roshima, Mon Amour , de 1959, dirigido por Alan Resnais, a partir de um texto de Margras e com uma dupla de atores – Emmanuele Riva, musa de uma geração, e Eiji Okada – capconvencer a plateia de que eram apenas pessoas comuns, passíveis de grandes paixões e, posmo, de grandes erros. Contudo, os regimes, a política e, enfim, a guerra seriam capazes de da maiores. Os russos, oficialmente ocupados em denunciar a corrida nuclear e o risco da gmica, produziram lotes de filmes pacifistas, entre os quais devemos destacar, por sua singelimismo,  A balada do soldado  ( Ballada o Soldate), de 1960, dirigido por Grigori Chukhrao ocidental, o libelo mais feroz contra a guerra deu-se por intermédio do escritor e rote

ericano Dalton Trumbo. Autor da novela original e do roteiro, Trumbo – o roteirista preferidanley Kubrick – dirige seu único e notável filme: Uma arma para Johnny ( Johnny Got His 1971, em plena Guerra do Vietnã, provocando uma grande reação, contra e a favor, nos EUAolvem banir a obra de suas salas de exposição. Em 1966, o importante cineasta francês ément dirigirá uma superprodução voltada para heroicização da resistência francesa na Segerra Mundial, procurando montar em torno da figura do General Charles De Gaulle uma mítiistência e da verdadeira alma da França, no momento em que a esquerda francesa avançavtica contra o autoritarismo do velho general. Trata-se de  Paris brûle-t-il?  ( Paris estamas?), com participação, na montagem e no décor, de nomes como Francis Ford Coppola e

dal, com uma mistura brilhante, rápida, nervosa de cenas verdadeiras da libertação de Paris –s próprios franceses – com cenas filmadas pelo diretor. Na época de seu lançamento, em 19me sofreu fortíssimas críticas em virtude do seu engajamento de direita, pró-gaullista. Conm a passagem do tempo, e a mudança do cenário político da França,  Paris está em chamas? nvertendo em um cult movie, em grande parte em virtude do fantástico elenco engajadoément.Outro filme, dirigido pelo franco-alemão Marcel Ophuls, intitulado  Le Chagrin et la Pitié/us Daneben  (sem título em português) mostrava as contradições da França ocupada, um

ovardado e pronto para a colaboração com o ocupante alemão, para em seguida assdevidamente, o papel histórico de resistente. Ophuls denuncia, assim, a indústria do heroísmoistência, que na verdade seria apanágio de um grupo muito restrito de verdadeiros heródez e o tom cáustico do filme levarão, por sua vez, ao seu banimento das salas de projeçã

ança, que em 1970 ainda não estava preparada para discutir com sinceridade os fatoaboração e da resistência sob a ocupação nazista.

Coube a um jovem diretor, Peter Weir, trazer ao público mundial uma longa epopeiastralianos e neozelandeses na Primeira Guerra Mundial, procurando restaurar o clima de futilguerra, de teimosia de seus comandantes, incapazes de perceber seus próprios erros. Galipo

81, é um empolgante filme antibelicista, em que as soluções formais, o posicionamento de câm

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a valorização da performance individual inauguram uma nova linguagem cinematográficerior do gênero.

erências

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FRANCISCO CARLOS  TEIXE

NEMA  FRANCÊS  Foi na França que o cinema, pela primeira vez, experimentou as formas riadas de criação, desde o cinema de arte até o cinema como grande indústria, passandocumentário e o cinejornal. Ao mesmo tempo aperfeiçoou as formas de distribuição, o sistemas e viu surgir uma imprensa exclusivamente dedicada ao filme. Nomes como Louis Feu

873-1925), com seus filmes policiais nervosos e quase surrealistas; René Clair (1898- 1981)perimentos dadaístas; o grande Abel Gance (1889-1981), mestre de grandes narrativas – com

poléon, de 1927 –; Jean Epstein (1897-1953), representante da última vanguarda impressioJean Cocteau (1889-1963) marcaram o apogeu do experimentalismo no cinema mudo francêssmo René Clair e Jean Renoir (1894-1959) marcam um vigoroso panorama das condições soolíticas da primeira metade do século, como na crítica social em Clair ou no pacifismo de Rase como reflexão sobre o cinema feito até então, com boa bagagem crítica, surge na déca50, na França, a Nouvelle Vague. São homens preocupados com a linguagem do cinema, comma e o seu circuito, e que procuram incorporar a produção literária de ponta, como Marguras, para melhor expressar suas angústias em face da vida moderna. François Truffaut, L

alle, Jean-Luc Godard, Agnès Varda são alguns dos principais nomes do novo cinema fratemente autoral, marcado por erotismo discreto, embora sofisticado e muitas vezes perverso de uma crítica social ferina.

Na Nouvelle Vague devemos notar, desde cedo, um diálogo simultâneo com a vanguarda fras anos de 1921-1931, expresso pela fotografia impressionista e luminosa; com o surrealugurado como linguagem cinematográfica em 1928, com o Cão Andaluz, de Luis Buñlvador Dali – presença particularmente sentida na filmografia de Jean-Luc Godard –, e, por-se sentir a profunda admiração francesa pelo grande cinema hollywoodiano, em especial as John Huston e Michael Curtiz.

O ambiente intelectual sofisticado francês permite amplo debate sobre o cinema soviético e mpecialmente com o neorrealismo italiano, temas bastante frequentes nas discussões travadas vens diretores. Ocorre que grande parte do pessoal engajado em fazer cinema na França dos50 tinha experiências ou passagens anteriores nas páginas da prestigiosa revista Cahienema, fundada por André Bazin e Jacques Doniol-Valcroze, em 1951. Assim, haviam escrithiers  Godard, Truffaut, Chabrol e Eric Rohmer. O debate constante nas páginas da r

ntrava-se no cinema de montagem – marcante com a presença do cinema russo –, recuementemente por Bazin, para quem uma teoria do cinema deveria basear-se no poder das imacanicamente registradas e não no poder apreendido do controle artístico – a montagem – s imagens. Retornava-se às vanguardas do início do século, dispostas a extrair da máquin

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iverso novo. Assim, Bazin influenciava seus jovens colaboradores muito mais em direçãema-verdade, como praticado pelo neorrealismo, do que em direção ao realismo mágic

senstein. Nos números iniciais do Cahiers du Cinema, Bazin (que morre em 1954) popularizvo realismo fílmico, sempre defendendo a ideia do cinema como arte do real.

Muito da temática, do ritmo e da fotografia da Nouvelle Vague dever-se-á às ideias de André Bos debates nas páginas de sua revista. O protótipo deste novo cinema será O acossado, dirr Jean-Luc Godard em 1959. Aí, o ritmo é marcado pela velocidade, a cupagem, as improvism a câmara leve e levada para todos os locais (algo que marcará, mais tarde, o Cinema

asileiro). O estilo aparentemente desleixado de atuação, aliado à busca permanente deerdade não definida e fortemente anárquica, fará de Godard o próprio emblema do novo cincês, modelo de inúmeros jovens diretores e ídolo de uma geração rebelde e desprovidrmas e regras, fortemente marcada pelo existencialismo. O acossado  abre caminho paraodução diferenciada e rica: ainda em 1959 surge Hiroshima, Mon Amour , de Alan Resnais logos de Marguerite Duras), um filme sobre a memória e o esquecimento; Os IncompreendFrançois Truffaut, e, em 1961, Cleo das 5 às 7 , de Agnès Varda. São os grandes momentuvelle Vague, marcada pelo experimentalismo e por uma nova poética do cinema. Esta última

rcante no conjunto da obra de François Truffaut (1932-1984), talvez o mais narrativo de todetores do gênero, muito especialmente na sua forma de tratar as crianças e seus sonhos, já preOs Incompreendidos e em Idade da inocência ( L´Argent de Poche), de 1976.

O tema das crianças e seu universo onírico e mágico estará presente em outro grande dundo da  Nouvelle Vague, mesmo após seu esgotamento: Louis Malle. Aí teremos a inocética e cruel, para a qual as razões sociais não são mais que irrazões, como em Lacombe Lu1973, e Adeus meninos, de 1987.

A paixão de Truffaut pelo cinema, reflexo de uma paixão nacional, ficará evidente na experimetacinema de A noite americana, de 1973, em que o diretor se filma enquanto ele próprio

mando, ou ainda nas irrecusáveis participações especiais em grandes filmes comerciais, comntatos imediatos de terceiro grau, de Steve Spielberg. Em  A noite americana Truffaut re

m o prazer do exibicionista e sob a forma de uma frágil ficção, todos os pequenos e grques do cinema, metáfora da noite americana, tornando-os ainda mais misteriosos.

Outro ponto alto da Nouvelle Vague é a obra de Alan Resnais, que após o sucesso de  Hiroson Amour  prossegue em intensa pesquisa sobre o tempo e a memória coletiva. Dois grandes frcam a experimentação de Resnais sobre a memória e ambiguidade do tempo: O ano passad

arienbad , de 1961, e  Providence, de 1977. Em ambos, uma reflexão fortemente intelectuali

e muitas vezes irrita o público e a crítica, procura inserir personagens num tempo não linequencial e que se desdobra em inúmeros outros tempos.A Nouvelle Vague marcará sua época como parte fundamental da cultura da nova França, coosofia da existência, a literatura de Albert Camus e a música de Jacques Brel. Criará nodelos de atores e de atuação, como a figura de Jean-Pierre Léaud, e influenciará costumias, especialmente entre jovens de esquerda – como, entre nós, a chamada Geração Paissand

erências

LLOUR, Raymond. Le Western . Paris: Gallimard, 1993.SHING, Janice; FRENTZ, Thomas. Projecting the Shadow. Chicago: Chicago University Press, 1995.

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FRANCISCO CARLOS  TEIXE

NFERÊNCIA DE POTSDAM Terceira e última conferência das três potências aliadas (URSS, EUã-Bretanha) contra a Alemanha nazista, ocorrida entre 17 de julho e 2 de agosto de 194tsdam, zona de ocupação soviética na Alemanha, cidade próxima de Berlim. As conferêeriores reunindo os três grandes ocorreram em Teerã (de 28 de novembro a 1º de dezemb

44) e em Yalta (de 4 a 11 de fevereiro de 1945). As três potências foram representadas por RSS), Harry S. Truman (EUA) e Winston Churchill, substituído por Clement R. Attlee em ho, graças à vitória dos trabalhistas nas eleições gerais de 1945 (Grã-Bretanha).

Na Conferência de Potsdam, as potências vencedoras delineariam a nova ordem mundialerra. Enquanto os Estados Unidos guiavam sua política externa pelo “idealismo wilsonian

RSS garantia sua hegemonia no Leste Europeu pela ocupação militar e pelo apoio aos pamunistas dos países libertados do Leste Europeu.Apesar das conferências de Teerã e de Yalta, as potências vencedoras não chegaram a um afinitivo sobre a Alemanha. Em 22 de junho de 1945, a Alemanha derrotada foi dividida em q

nas de ocupação, onde cada comando militar assumiu poderes de governo: os EUA ocuparam eneral Eisenhower, substituído em 1947 pelo General Clay), a URSS ocupou o Leste (Marukov, substituído em 1946 pelo General Sokolowski), a Grã-Bretanha ficou com o Norarechal Montgomery, substituído em 1947 pelo General Robertson), e os franceses codoeste (General Koening). Berlim, dentro da área soviética, também foi dividida entre os Alia

Antes da assinatura dos acordos finais da Conferência de Potsdam, no Palácio de Cecilietras decisões relevantes foram tomadas, como o acerto entre Grã-Bretanha e França (25 de jra a retirada de suas respectivas tropas da Síria e do Líbano e a “Declaração de Potsdam”

julho: ultimato de Truman (EUA), Churchill (Grã-Bretanha) e Chiang Kai-Check (Ccionalista) ameaçando de “imediata e extrema destruição do Japão” se o governo japonêoclamasse a rendição incondicional de suas Forças Armadas. Como a URSS não havia declerra contra o Japão, Stalin não foi consultado a respeito desta decisão. O ministro japonês Kazuki divulgou que seu governo pretendia ignorar a Declaração de Potsdam. Em 6 de agosttados Unidos lançaram a primeira bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima (mais de 20ortos); em 9 de agosto detonaram a segunda bomba atômica, desta vez sobre a cidade de Nagais de 80 mil mortos). Em 14 de agosto, o Imperador Hirohito anunciou a rendição incondicseu país.

Em 2 de agosto, os Aliados assinam os acordos finais da Conferência de Potsdam. Um Conselhnistros das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, URSS, China (Nacionalista), França tados Unidos deveria ser criado para reunir-se em Londres com o objetivo de regulamentar pós-guerra. O Conselho estaria autorizado a elaborar tratados de paz com a Itália, a Romênlgária, a Hungria e a Finlândia, sendo submetidos às Nações Unidas, além de propor solura as questões territoriais na Europa ao fim da guerra. A Alemanha acabaria sendo divididis Estados distintos: a República Federal da Alemanha (Ocidental), composta pelas zonupação de norte-americanos, ingleses e franceses; e a República Democrática da Alem

riental), ocupada pelos soviéticos. É criado um Conselho de Controle Aliado (em Ber

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umindo a autoridade dos três grandes (mais a França), que é encarregado do desarmamfinitivo. Os acordos estipulavam “o completo desarmamento e a completa desmilitarizaçãemanha e a eliminação do controle de todas as indústrias alemãs que pudessem servir podução bélica”. Esta cláusula, entretanto, seria violada em 1954 pelas três potências ocidee decidiram remilitarizar a República Federal da Alemanha e integrá-la à Organização do TrAtlântico Norte pelo temor de mobilização militar da União Soviética sobre a Europa Ocid

Conselho de Controle Aliado teria ainda a incumbência de “desnazificar” a Alemanha, mediaoibição do Partido Nazista (NSDAP), a criação de um Tribunal Militar Internacional para julg

andes criminosos de guerra (que culminaria com a criação do Tribunal de Nuremberg, em 2vembro de 1945) e a procura de mais de seis milhões de antigos membros do Partido Nazismocratização deveria ser incentivada. Os seguintes partidos políticos foram criados: ComuPD), Social-Democrata (SPD), Cristão-Democrata (CDU, CSU na Baviera), Liberal-DemoDP, LDPD na zona de ocupação soviética); na Alemanha Oriental os Partidos Social-Democrmunista se fundiram no Partido Socialista Unificado (SED). A excessiva concentração do p

onômico e de associações de trabalhadores (cartéis, sindicatos, konzerns  etc.) foi supritras decisões eram de competência do Conselho de Controle Aliado, como a limitaçã

odução, o restabelecimento da autonomia local ( Länder ; estados federados) e das liberdadenção das “necessidades da segurança militar”, o confisco da Marinha de Guerra e Mercantens alemães no estrangeiro e do desmonte das fábricas a título de reparações (fixadas em Uhões, dos quais 50% para a URSS, 14% para a Grã-Bretanha, 12,5% para os Estados Uni% para a França). A Alemanha perdeu 24% de seu território em favor da Polônia (que quirido os territórios situados ao leste da linha Oder-Neisse) e da URSS (que anenigsberg e o norte da Prússia oriental). Todos os alemães estabelecidos na Polônia, na HunTchecoslováquia foram obrigados a se retirar. Foi concedida ainda autonomia administrativa

ntrole francês) ao Sarre, que se uniu economicamente à França.

Os acordos finais da Conferência de Potsdam ainda se ocuparam da situação de outros territóses: a Áustria estaria exonerada de reparações, mas continuaria subordinada à autoridade de

missão aliada sediada em Viena; as tropas inglesas e soviéticas (estacionadas desde 1veriam desocupar imediatamente o Irã (mas Stalin, que queria instituir uma república soviétierbaijão, só se retiraria em 1946); as negociações entre a URSS e a Turquia sobre os Estreitsforo e Dardanelos deveriam se iniciar com a revisão da Convenção de Montreux (1936

ntido favorável aos soviéticos; as tropas espanholas estacionadas no Marrocos deveriam se rTanger (unido ao Marrocos espanhol desde 1940) e a zona retomaria seu estatuto internac

om a participação de representantes norte-americanos e soviéticos), sendo entregministração marroquina somente em 1956, na Conferência de Fedala.

erências

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MONTGOMERY MI

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RPORATIVISMO  O conceito moderno de corporativismo tem sua origem no século XIXsiciona como uma ideologia de oposição aos valores hegemônicos da sociedade librticularmente no que concerne ao igualitarismo civil e ao socialismo propagador da lusses. Dentre seus marcos inaugurais, vale destacar o pensamento social cristão do perponsável, sob o papado de Leão XIII, pela elaboração da Encíclica Rerum Novarum, que bontar marcos para um tipo de sociedade capaz de equilibrar os interesses do capital e do trabugurando uma preocupação formal da Igreja com as questões sociais e do mundo indu

oderno. Além disso, o corporativismo apresenta-se também como um projeto restaurador d

ssado momentaneamente perdido em virtude das Revoluções Industrial e Francesa. Neste repassado, tendia-se a superdimensionar as sociedades pré-industriais como exemplo

ganizações corporativas dotadas de harmonia social, equilíbrio político e abundância materialNo início do século XX, em particular durante o chamado período do entreguerras (1919-193rporativismo adquiriu status de regime político, realizando-se em diversos Estados, algumas forma profundamente diferenciada. A crise liberal do período abriu as portas para que divses buscassem alternativas mais ou menos centradas no Estado e na perspectiva de superaçã

nflitos de classe. Os casos mais conhecidos foram o fascismo italiano e o nazismo alemão, em

reçam também destaque os fenômenos antiliberais corporativos da Áustria, de Portugal panha, sob as lideranças, respectivamente, de Engelbert Dollfus (1892-1934), António de Olilazar (1889-1970) e Francisco Franco (1892-1975). Tratava-se, em todos os casos, dmpimento com a herança igualitarista do século XIX (liberal ou socialista) e da fundamenológica de um sistema político centrado na força do Estado e na garantia do equilíbrio

rtes diferenciadas, mas não antagônicas, como o capital e o trabalho. Nos sistemas nazifascropaganda em torno de um corpo único que sedimentasse a ideia de Nação fez com que o si

presentativo do trabalho nas diversas profissões unificasse patrões e empregados em um ganismo, a corporação. Ao mesmo tempo, emblemas do passado eram resgatados e apresen

mo a verdadeira tradição do corpo nacional  – particularmente, se estes emblemas situavam-m período histórico de glória e hegemonia da Nação (Império Romano, no caso do fasc

liano, e os Estados Católicos Absolutistas para o franquismo na Espanha e o salazarismrtugal).

Entretanto, vale destacar que, se o corporativismo tendeu a apresentar um sistema ideológicamparava no passado em nome da negação dos modelos liberais, também seria correto afe muitos dos regimes identificados como corporativos não deixaram de apontar para perspecodernas e industriais. Este foi o caso, para além do fascismo e do nazismo, dos regimes pol

América Latina, que também adotaram modelos políticos que se definiam como corporativoosição a um tradicional domínio oligárquico agroexportador oriundo do século XIX, surgojetos político-ideológicos e, posteriormente, regimes políticos amparados em sisodernizantes e industrialistas. Para o caso latino-americano, alguns dos exemplos mais importo o brasileiro, sob a liderança política de Getúlio Vargas (1930-1945 e 1950-1954), e argenb o comando de Juan Domingo Perón (1946-1955 e 1973-1974).Do ponto de vista teórico, principalmente quando do advento do Estado de Bem-Estar Socis-1945, o conceito de corporativismo ampliou-se, apresentando, porém, alguns problnceituais. Philippe Schmitter, por exemplo, procurou apontar para a existência de dois tipo

rporativismo: o Corporativismo de Estado e o Corporativismo Societal . Grosso modo, o prim

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de ser definido como aquele que se originou nas décadas de 1920 e de 1930, particularmenlia fascista ou na Alemanha nazista. Para Schmitter, o corporativismo de Estado é aquele qliza em virtude da fragilidade da sociedade civil e de sua dependência em relação ao Estado

e diretamente sobre a sociedade. O corporativismo societal, por seu turno, é aquele qunstitui a partir da sociedade civil, como uma opção desta em favor do equilíbrio e da resoluçnflitos. Um exemplo deste modelo pode ser percebido nos regimes democráticos europeus do45, que também pode ser designado como neocorporativismo. Trata-se de uma perspectiva emtado e classes empresariais reconhecem os sindicatos trabalhistas e social-democratas

ítimos representantes dos trabalhadores, ao passo que dão legitimidade ao Estado de Direito erferem nas questões relativas à propriedade privada. Trata-se, portanto, como aponta Clausum sistema que visa a perpetuação do modelo capitalista e da resolução dos conflitos atrav

gociação. Neste caso, sindicatos independentes, tanto de ultraesquerda quanto de ultradam isolados, uma vez que não são reconhecidos como fóruns de negociação salarial ondições de trabalho.No entanto, o modelo apresentado por Schmitter desconsidera a existência de importantes p

interseção de um e outro modelo, o que dificulta definições rígidas: por um lado, não se

xar de levar em conta que o corporativismo típico dos regimes fascistas foi também uma escoma construção social, uma vez que expressava interesses e objetivos de agrupamentos mobilizsde antes da realização do fascismo como regime político; por outro lado, o corporativismmocracias liberais não deixou de ser, também ele, consequência de políticas emanadaarelho de Estado. A título de exemplo, vale lembrar que Winston Churchill (1874-1965), primnistro da Grã-Bretanha em 1940-1945 e 1951-1955, considerava os sindicatos trabalhgociadores legítimos, pois eram capazes de isolar alternativas autônomas, independenpontâneas por parte dos trabalhadores. Por fim, vale ressaltar que as variadas conceituaçõrporativismo, na medida em que expressam modelos profundamente diferenciados, fazem com

onceito perca gradativamente consistência e poder de definição.

erências

NOILESCO, Mihail. O século do corporativismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938.FE, Claus. Capitalismo desorganizado: transformações contemporâneas do trabalho e da política.  São Paulo: Bra989.HMITTER, Philippe. “Still the Century of Corporatism?”. In: PIKE, F.; STRICH, T., The New Corporatism: Social Ptructures in the Iberian World . Notre Dame e Londres: University of Notre Dame Press, 1974.

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FRANCISCO CARLOS  MAR

UGHLIN,  CHARLES  EDWARD (PADRE)  Um dos pioneiros no uso do rádio como um memunicação de massa, o Padre Coughlin (1891-1979) foi uma das figuras mais influentetados Unidos nos anos 1930. Mais do que líder religioso, Coughlin foi também líder polnando-se um dos principais oponentes do governo do Presidente Franklin D. Roosevelendência irlandesa, Coughlin formou-se pela Universidade de Indiana em 1911 e em serou para o seminário da Ordem dos Padres Basilianos, de onde saiu em 1923 para atuar c

dre secular em Detroit, Michigan. Mais tarde, ele se estabeleceu em Royal Oak, no mesmo esuma nova igreja dedicada a Santa Teresa de Lisieux. Uma vez estabelecido, iniciou um prog

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manal de rádio em 1926. Tratando inicialmente apenas de temas religiosos, e com grande sucpartir de 1930 Coughlin começou a falar de política. Com a audiência impressionante de mamilhões de pessoas (ou 40 milhões, a depender da fonte) e um contrato com a rede CBS, Coudedicava a alertar seus ouvintes tanto para os perigos da “Ameaça Vermelha” do bolchevanto para a exploração e a injustiça social promovidas, a seu ver, pelos bancos internacionai

mpos de Depressão, essa dupla crítica, feita com eloquência e dureza, tinha um público crém, havia também outro elemento em consonância com a época: Coughlin gostava de sublinluência de judeus em ambos os grupos, o que, com o tempo, daria à sua retórica um forte

issemita. Com a subida de Franklin Roosevelt, a quem apoiou, à presidência em 1933, Coucialmente apoiou as reformas do New Deal. Entretanto, logo se decepcionou com o presidfendendo ao seu próprio estilo propostas como a distribuição de riqueza, a nacionalizaçãdústrias estratégicas e medidas de proteção aos trabalhadores, mesmo que com a manutençãpitalismo. Ao mesmo tempo, o padre conseguia mobilizar multidões de ouvintes para mciativas governamentais que não lhe agradavam. Por exemplo, em 1935, ele fez campanha c

m tratado proposto por Roosevelt que estabelecia a filiação dos EUA ao Tribunal Mundial em ughlin exortou o público a mandar telegramas aos seus senadores para que o tratado não

rovado, o que resultou numa avalanche de correspondência chegando ao Congresso. E, de fatseguinte, o governo não conseguiu a votação de dois terços dos senadores necessária pssagem do tratado. Toda essa influência acabaria por ter seu preço. No fim da década, Couava seu programa para divulgar O Protocolo dos Sábios de Sião e elogiar a repressão antissAlemanha nazista. Em 1940, sob pressão das autoridades, seus superiores eclesiásticos decid

r um basta à carreira do padre radialista e lhe ordenaram que abandonasse seu programaedeceu, mas continuou atuando na política por meio de uma revista, Social Justice. Ali, Cou

oposição estridente à entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial mesmo depois de rbor, entusiasmou-se com a invasão alemã à URSS e responsabilizou uma conspiração envolv

Grã-Bretanha, os judeus e o próprio Roosevelt contra as nações “pobres” da Alemanha e da Ifinal, a Social Justice havia se tornado praticamente um veículo de opinião pró-nazista,

42, o governo americano acusou a revista de violar a Lei de Espionagem e a baniu do sistemrreios, inviabilizando sua distribuição. Nesse momento, o extremismo de Coughlin já estando seus seguidores, e a Igreja, a fim de evitar um processo desmoralizante por sedição, isilêncio ao padre, que se retirou permanentemente da vida pública e passou a se declusivamente à sua paróquia, de onde se aposentou em 1966.

erências

NNETT, David H. The Party of Fear: From Nativist Movements to the New Right in American History . Chapel Hill e Lhe University of North Carolina Press, 1988.NKLEY, Alan. Voices of Protest: Huey Long, Father Coughlin, and the Great Depression. New York: Knopf, 1982.

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R ODRIGO FARIAS DE 

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NZIG, A  QUESTÃO DE  Cidade portuária localizada à margem esquerda do Rio Vístulaoximidades do Mar Báltico. Fundada em 997 pelos eslavos, tornou-se capital da Pomeréliaão conhecida pelo nome eslavo de Gyddanzyc. Entre 1295 e 1308, foi integrada ao Rein

lônia, mas foi conquistada pelos Cavaleiros Teutônicos que a fortificaram e ampliaram. Seu ssou a ser Danzig e, desde 1361, foi associada à Liga Hanseática. Em 1454, os poloneonquistaram. Com a partilha da Polônia, porém, passou ao domínio da Prússia em 1793, uco depois incorporada ao Império Czarista e, após breve período de domínio do II Reich,17 e 1918, o Tratado de Versalhes (1919) deu-lhe a condição de cidade livre sob mandato das Nações, a qual entregou sua administração à Polônia, o que assegurava uma saída para o maloneses. A maioria da população era alemã e os nazistas da cidade desde 1933 reivindicava reincorporação ao III Reich. Já em 1939, esses nazistas começaram a receber armas, tenverno nazista, em agosto, apresentado a proposta de retorno da cidade à Alemanha. Bem ante

de abril de 1939, o ditador Adolfo Hitler (1889-1945) apresentara aos principais chefes milmães o Plano Branco, em que Danzig seria proclamada parte do III Reich. Com a invasãlônia, em 1º de setembro de 1939, começou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), senlônia dividida entre a URSS e a Alemanha, como fora decidido no Pacto Germano-Soviéticbentropp-Molotov, de 23 de agosto de 1939. Com a contraofensiva do Exército Vermellônia foi libertada em 1945, tendo sido estabelecido na Conferência de Yalta (4-11 de feverei45) que as novas fronteiras polonesas com a Alemanha seriam fixadas segundo a linha doser e Neisse. Com isso, Danzig passou a se chamar Gdansk. Desde 1970, em seus esta

orreram greves, retomadas em 1980, sob a direção do Solidariedade. Foi, então, que se projeer grevista Lech Walesa, que chegou a ocupar a presidência da República (1990-1995).

erências

OZ, Jacques. Histoire Diplomatique de 1648 a 1919 . Paris: Librairie Dalloz, 1959.ROSELLE, J.-B. Histoire Diplomatique de 1919 à nos Jours. Paris: Librairie Dalloz, 1957.TEMKIN, V.P. Historia de la Diplomacia, t. III. México: Editorial Grijalbo, 1968.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

SNAZIFICAÇÃO

  O termo desnazificação, de fato uma tradução direta da palavra innazification, refere-se a um conjunto de regulamentações e de práticas adotadas pelas qças de ocupação do território da antiga Alemanha ao final da Segunda Guerra Mundial (E

ança, Grã-Bretanha e URSS) que tinham como propósito declarado a eliminação do nacicialismo mediante um processo de depuração política e social nas respectivas áreas de ocupngindo tanto o espaço público como o privado, e voltadas centralmente contra indivíduontiveram algum grau de envolvimento com o partido ou o Estado, ou que apoiavam sua po

m dos elementos centrais da política aliada para o território ocupado foi a tematização do futuemanha após o encerramento do conflito, discussão travada desde antes do desmoronamento

Estado alemão em 1945. Pelo menos desde a Conferência de Casablanca (janeiro, 1

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ssando pelas de Teerã (dezembro, 1943), Québec (setembro, 1944), Yalta (fevereiro, 1tsdam (julho-agosto, 1945), foram tratados com progressivo detalhamento temas como a diAlemanha, sua desmilitarização, o estabelecimento de reparações, a reconstrução econômicstruturação da sociedade e do Estado. Um dos aspectos centrais deste conjunto de acorderia ao tratamento a ser dado aos criminosos de guerra e à forma de se lidar com os resquícicional-socialismo na sociedade alemã. No início de 1945, foi assinado, por representanteércitos de ocupação aliados, em Londres, um acordo no qual se estabelecem as referências pgamento penal dos crimes praticados pelo nacional-socialismo a serem julgados no Tri

ernacional de Nuremberg, e que foram classificados em quatro categorias (1) conspiração conz; (2) crimes contra a paz; (3) crimes de guerra; (4) crimes de lesa-humanidade.Com as resoluções da Conferência de Potsdam, tornam-se objetos diretos da políticsnazificação as pessoas que, mesmo não sendo penalmente culpáveis, eram consideradas incatomar parte ativa na reestruturação da sociedade alemã, por terem sido membros de al

ganização nazista ou por terem dado apoio ao regime. No início de 1946, o Conselho de Coniado estabelece direcionamentos para as quatro zonas de ocupação, segundo os quais cinco giam diferenciados: (1) acusados principais; (2) envolvidos; (3) pouco envolvidos; (4) seguid

absolvidos, sendo que somente para o último dos casos não eram previstas punições de quao. Para os primeiro quatro grupos, as punições variavam entre penas de prisão máxima dos, trabalhos forçados, perda de propriedade, proibição permanente ou temporária de exercícvidade profissional, perda de funções públicas e multas em dinheiro. No caso dos “seguidomenta Niethammer, as penas equivaliam às de excesso de velocidade no direito alemão IETHAMMER, 1999, p. 54). Contudo, apesar deste direcionamento unificado, o desenvolvims políticas de desnazificação nas quatro zonas de ocupação foi diferenciado. Na Zona de Ocups EUA (ZOES), a tematização e o desenvolvimento da política de desnazificação foram balizr um lado, pela perspectiva de desativar os meios que possibilitariam a rearticulaç

organização do militarismo e do nacionalismo alemães, e, por outro, pela compreensão de vo alemão deveria ser responsabilizado pelo nazismo e por suas consequências. Comralelamente a uma política de desmilitarização e de desativação do potencial industrial-mmão, foram colocadas na ordem do dia a identificação e a punição dos que, de alguma formvolveram com os aparatos do Estado e do Partido Nazista. Isso foi tratado como a condiçãssibilidade para a transformação do ambiente cultural que balizaria a construção dos referen

sociabilidade e políticos para uma futura Alemanha democrática. A primeira fassnazificação pode ser caracterizada como uma depuração pessoal indiferenciada. Question

m mais de 100 perguntas foram distribuídos com o intuito de identificar os que não tinhammbros somente nominais do partido e das organizações nazistas.Os funcionários do partido e de organizações consideradas criminosas (SS, GESTAPO edos os que de alguma forma poderiam ser considerados perigosos para a política de ocupam detidos em “campos de internação”, e foi levada a cabo uma ampla depuração de pessorios âmbitos do Estado, assim como da vida pública em geral, principalmente nas áreaucação e justiça. “No inverno de 1945 encontravam-se internadas nos campos americanos 0 mil pessoas, cerca de 1,2 milhão foram investigadas por meio dos questionários; para umda quatro casos verificados foi ordenada a perda de funções.” Com o número crescen

missões, chegando no serviço público a uma taxa de 42% dos anteriormente ativos,

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nsequente impossibilidade de haver substitutos na mesma proporção e que não estivvolvidos politicamente com o III Reich, os rumos da política de desnazificação foram alteIETHAMMER, 1999, p. 54). Com isto, passa-se a avaliar somente casos individuaisermédio de comissões de leigos integradas por alemães – em formato de tribunais – para esteobjetivo destas câmaras era a verificação de toda a população presente na Zona de Ocupaçã

UA, a identificação de possíveis envolvidos em crimes ou membros de organizações criminoscaminhamento destes casos para cortes regulares.nicialmente, foram verificados os já internados, o que culminou com a libertação de algo em

metade até o verão de 1946. Em relação ao restante da população, as câmaras se viram frema tarefa gigantesca e para a qual seus componentes não se encontravam qualificados, tanto n

refere ao próprio domínio dos processos jurídicos quanto a métodos de investigação e outrultado deste processo foi a anistia ou fabricação em massa de “seguidores”. O resultado ém o tempo, o papel destas comissões se altera e elas se tornam meio eficaz e legitimadbilitação política e social de pessoas que estiveram envolvidas com o regime. Um terço

vestigados foi absolvido, quase a metade foi considerada de “seguidores” e, em última instâm 1% dos investigados foi classificado nas duas primeiras categorias, o que os tornav

ediato, “reintegráveis à vida pública”.Nas Zonas de Ocupação Inglesa e Francesa o processo de desnazificação não se mostrodicalizado quanto na dos EUA, tendo sido orientado por uma concepção de “substituiçãtes”, que foi, entretanto, encaminhada de modo pragmático. O sentido geral era o de adivíduos que ocupavam funções de direção e comando no partido e no aparato de Estado, se grupos profissionais inteiros foram retirados do processo pelo fato de ocuparem funçõeores considerados vitais – como, por exemplo, de distribuição de alimentos ou de produtribuição de energia – e não terem, aos olhos dos respectivos governos militares, possibilidaem substituídos. O número de presos foi, por um lado, muito menor, mas, por outro to

ocesso permaneceu nas mãos dos respectivos governos militares, o que fez com que a investio se tornasse, como na ZOES, uma máquina de reabilitação. Na Zona de Ocupação SovOS) a política de desnazificação segue um princípio semelhante ao da inglesa e da francentido de se tratar fundamentalmente de um processo voltado para a substituição das igentes do Estado e do Partido Nazista. Nisto, como afirma Benz, o processo de desnazificaç

OS foi levado a cabo de forma mais consequente e rápida, visto que a remoção dos anmbros do NSDAP de suas posições na sociedade e no Estado era parte constitutiva da estrareestruturação da sociedade. Depois de um período de depuração pragmática, durante a

smo com elevado número de demissões, ainda foram mantidos em suas funções aqueles paais não se encontravam substitutos, reorganizou-se o processo de desnazificação, no qual, a final de 1946, as verificações individuais também ganharam espaço.

Para a verificação dos casos foram também constituídas “Comissões de Desnazificaganizadas em instâncias de apelação superiores, compostas por representantes de pardicatos, de organizações de mulheres e de juventude, dentre outras, que deveriam decidirmissão ou pela manutenção do emprego dos investigados. Progressivamente, a lógicbilitação se vez valer, que, ao contrário do princípio da culpa coletiva, que balizou o conjun

gulamentações iniciais dos norte-americanos, se assentava no argumento de que o corte

veria ser o de classe. Sendo o fascismo um instrumento da burguesia monopolista em sua

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ntra a classe operária, os membros desta que foram seguidores do nacional-socialismo, mesmo fossem livrados de toda culpa, deveriam ser convencidos do novo caminho a ser trilhaídos para este projeto. De acordo com Wilhelm Piek, ex-secretário-geral do Komintern esidente do Partido Comunista Alemão, e a esta época presidente do Partido Socialista Unifozialistische Einheitspartei – SED), trata-se principalmente das massas de trabalhadores, das o devemos nos afastar, mas, sim, trazê-las para o mais perto possível de nós e fazer commem parte no trabalho de construção (da nova Alemanha)” (BENZ, 1994: 176). O resultade, a partir de um levantamento interno do partido, do conjunto de membros do SED, em 195

no de 8% eram antigos nazistas. A constituição do aparato repressivo do Estado tamroveitou antigos membros de organizações nazistas, como a Juventude Hitlerista. Nas zonupação dos Aliados ocidentais, a desnazificação sucumbiu ao início das tensões entre esteRSS a partir de 1948, que desaguariam na fundação, em 1949, dos dois Estados alemãpública Federal e a República Democrática) e na Guerra Fria. A partir deste momento, antra os resquícios do nazismo na parte ocidental cedeu lugar à luta contra o inimigo mamunismo, e a política de desnazificação foi definitivamente enterrada, com a anistia, a reabilireintegração de muitos dos já condenados e da quase totalidade dos ainda investigados.

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LUIS  EDMUNDO DE SOUZA M

A D Referência ao dia 6 de junho de 1944, início da ação aliada de desembarque na Normansiderada uma das principais manobras militares da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). D

Retirada de Dunquerque (1940), o comando inglês cogitava uma possível ofensiva anfíboral francês, impossível de se materializar diante dos rumos que a guerra tomara, notadamennção dos incessantes ataques aéreos nazistas. Em 1942, cerca de seis mil soldados inglenadenses desembarcaram nas praias de Dieppe, em uma missão que custaria a vida de doies, mesmo número que cairia prisioneiro nas mãos alemãs. Fracassada a operação, n

opostas nesse sentido teriam de esperar até janeiro do ano seguinte, quando Churchill e Roosreuniram em Casablanca, onde o assunto foi discutido amplamente. Neste encontro fora nomeente-general britânico Frederick Morgan, com a missão de elaborar um plano operacion

sembarque na França ocupada. Alguns meses mais tarde, na Conferência de Teerã, Stalin ap

desgastes do Exército Vermelho na frente oriental, questionando a imediata viabilidade degunda frente na Europa. Logo em seguida, Roosevelt nomeava o General Dwight Eisenhowercomando da OVERLORD, nome código da operação. A escolha recaía sobre um militar qvia executado com sucesso manobras ofensivas, na África e na Itália, tendo demonstrado a crpacidade de entrosar comandos americanos e ingleses.Após uma rodada de discussões em Québec, onde o Comando Aliado (COSSAC) se reuniriacutir os rumos da operação, ficava claro que o efeito surpresa seria decisivo, uma vez qcasso em Dieppe demonstrara que os principais obstáculos seriam encontrados nas praias

cessário definir com perfeita exatidão o lugar, o dia e a hora. Nesse sentido, durante muitos mam recolhidas informações a respeito da costa francesa. Apelos foram feitos para que inglese

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sse sentido, Rommel impediu a imediata transferência de unidades Panzer para a Normatude que permitiu aos Aliados resistir ao fogo cerrado nas praias. Só no dia 7 – na lingulitar aliada Dia D +1 – algumas unidades Panzer foram deslocadas contra as tsembarcadas.As maiores dificuldades aliadas vinham ocorrendo em Caen, considerada crucial pasenvolvimento da Operação. A 3ª Divisão britânica, sob o comando de Montgomery, não nseguido tomar a cidade logo após o desembarque, como previsto. Os desentendimentos ganhojeção no comando aliado, sendo Montgomery duramente criticado pelos americanos. A

ura, Hitler afirmava que em breve as armas secretas alemãs seriam lançadas sobre Lonndenando o pessimismo dos comandantes. Para ele, assim como ordenara em Stalingrado, límetro deveria ser defendido até o fim. De fato, em 13 de junho, os primeiros V1 – Vergelra os alemães, bombas-voadoras para os ingleses – foram lançados sobre a Inglaterra, emboostrassem muito menos destrutivos do que fora alardeado.Muitos oficiais nazistas sabiam que o otimismo do Führer era injustificável. Uma vez abebeça de ponte nas praias da Normandia, era possível aos Aliados promover a incessante chetropas e equipamentos. Em um único dia, 20 de junho, desembarcaram nas praias cerca de

lhão de homens. Por outro lado, o novo quadro favorecia a Resistência Francesa, que tamnhava posições, apesar das retaliações nazistas. Antes do final de junho, as tropas aliadegavam aos subúrbios de Cherburgo, forçando a rendição daquela importante base naval, pave para as operações alemãs na costa francesa. Somente então, em meados de julho, a ofeal para a tomada de Caen seria concretizada, lançando mão de bombardeio pesado e crumbates nos escombros de uma cidade arrasada. Foi neste contexto, marcado pela perda do conpoderio militar nas várias frentes de guerra, que alguns oficiais alemães concretizaram o atoOperação Valquíria, atentando contra a vida do Führer, sem sucesso.

A denominada campanha da Normandia foi dada como encerrada em 25 de agosto quando as t

s quatro exércitos chegaram ao Sena. Tendo ainda o Dia D como referência – Dia D + 80 rças Aliadas em ação construíam um marco de memória em torno do desembarque de 6 de jrante a Guerra Fria tal marco seria bastante explorado pela propaganda norte-ameritadamente por Hollywood, com um claro objetivo de minimizar outras batalhas decisiverra, principalmente as travadas pelo Exército Vermelho.

erências

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

A DA ÁGUIA (ADLERTAG) Palavras alemãs que significam Dia da Águia, ou seja, o dia 13 de a1940, quando a Luftwaffe iniciaria a luta para destruir em terra e ar a Real Força Aérea (RAe deveria preceder a invasão da Grã-Bretanha. Era o início da chamada Batalha da Inglaterre, apesar das inumeráveis incursões aéreas de caças e bombardeios da aviação alemã, a opecassou.

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erências

OK, Chris. Diccionario de Terminos Historicos. Madri: Alianza Editorial, 1993.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

P O Departamento de Imprensa e Propaganda foi uma das instâncias mais importantes do pegoverno ditatorial de Getúlio Vargas, compreendido entre os anos 1937 e 1945. Sob a direçurival Fontes e diretamente subordinado à presidência da República, o DIP foi criado em 19

into em 1945, quando foi substituído pela Agência Nacional de Informações. As imagenverno e da figura pessoal de Getúlio Vargas (1882-1954) estavam sob a responsabilidade gão, cuja estrutura compreendia cinco setores: (1) Divisão de Turismo, responsável pela im

Brasil em relação a qualquer tipo de propaganda nacional ou internacional e pelo apoojetos nesta área; (2)  Divisão de Imprensa, encarregada de controlar todo o material veicuncipalmente na imprensa escrita; (3) Divisão de Cinema e Teatro, que por meio de mecanismnsura limitava grande parte da produção nacional com o intuito de restringir as potenciais amestabilidade do governo representadas por ideologias dissidentes; (4)  Divisão de Rponsável não só pelo controle da informação veiculada, mas também pela irradiação da

ada Hora do Brasil , por intermédio da qual se difundiam informações sobre as últimas atugoverno e propagava-se o nacionalismo próprio deste período, o que se destinava não s

ormes oficiais, mas também à veiculação de programas culturais, visando desta forma direciosto popular; (5) Divisão de Divulgação, que dava as diretrizes ideológicas do regime e contrrodução de todos os periódicos do país.

No artigo de criação do DIP que fala dos seus objetivos, lê-se: “Promover, organizar, patrocinxiliar manifestações cívicas e festas populares com intuito patriótico, educativo ou de propagística, concertos, conferências, exposições demonstrativas das atividades do governo, bem

stras de arte de individualidades nacionais e estrangeiras.” Sendo assim, a centralidade que oupava na política da época abrangia não só a veiculação da ideologia trabalhista característiríodo, mas também a promoção de manifestações culturais, em especial a música popularivessem voltadas para a valorização do nacional. Feito este panorama, cumpre ressaltar o pave deste aparato estatal no sentido de legitimar o governo de cunho centralizador quabeleceu a partir da Revolução de 1930. A vasta utilização da radiodifusão – meimunicação que gozava de ampla penetração social num país ainda predominantemente rural, as de analfabetismo eram altíssimas – dirigia-se a fins propagandísticos, que eram elaboto explicitamente quanto de maneira subliminar. Além de cumprir uma função unificadora – c

ntrole rigoroso da programação cultural e da política veiculada uniformemente por toda extepaís –, o DIP servia também para atrelar uma imagem de cunho modernizante a um Estado

scava se afirmar justamente a partir da ruptura com o ruralismo, associado à ideia de atraema e o rádio, por exemplo, constituíam novidade nesta época e, ao serem incorporad

arato do Estado, conferiam-lhe uma aura de modernidade.A ação política do Estado deveria ser capaz de, por intermédio do DIP, criar condições para cial com a massificação da ideologia dominante. Este período do governo Vargndamentalmente marcado pela valorização da comunicação direta entre o povo e o chefe

vernos precedentes, tal proposição seria inviável, dentre outros motivos, em razãecariedade do sistema de comunicação. A possibilidade de levar um mesmo conteúdo inform

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diversas localidades do país gerava uma nova articulação do espaço político, redefinindo dicalmente as estratégias de atuação governamental. Estabeleceu-se, então, uma ruptura comitações impostas pelas restrições físicas. Nesta nova concepção espaço-temporal, não há mcessidade de partilha de um local comum. O presidente vai aos trabalhadores, personagem qnou protagonista da cena política “estado-novista”, seja lá onde eles estiverem. Nos recantos

ngínquos ouvia-se a voz de Vargas. Bastava um aparelho de rádio e pronto! Lá estava ele... Eem não podia arcar com os custos de um aparelho em sua residência, havia as transmiblicas, muitas vezes nas praças, que reuniam multidões nas pequenas cidades do interior do B

Nesse sentido, pode-se entender o papel crucial do DIP na articulação da política varguistpecial no período do Estado Novo, marcadamente caracterizado pelo centralismo administrata vontade de unificação nacional através de símbolos agregadores. Todo o aparato administre incluía o DIP girava em torno da figura de Getúlio Vargas, encarregado da nomeaçãoerventores – representantes dos estados – que, por sua vez, eram responsáveis pela indicaçãefeitos, formando assim uma rede de influências amparada pelo centralismo de um Estadpunha de instrumentos locais para a execução do plano político nacional. Por tais mecanismnstruíam laços de união, de amor à pátria, de louvor à Bandeira Nacional e de culto à pess

rgas, garantindo uma condição pública da vida privada do presidente. A personificação do Emito Vargas cresceu progressivamente, tornando inseparáveis governo e governante. Oupou neste processo uma posição crucial na medida em que manteve sob seu controle nteúdo informativo e cultural veiculado não só pela imprensa escrita, mas também pelos deios de comunicação e expressão.

A preocupação com a produção e transmissão de informações a partir de um direcionamento eecede, entretanto, a criação do DIP. A partir de 1931, já se contava com os primpartamentos de Propaganda: o Departamento Oficial de Publicidade (DOP), o Departamenopaganda e Difusão Cultural (DPDC) e o Departamento Nacional de Propaganda (DNP)

ermédio desses órgãos, já se viabilizava em grande parte a difusão do conteúdo ideológicverno varguista e a articulação do que seria a única via de divulgação de cultura e poasileira. O surgimento posterior do DIP insere-se nesta proposta, elaborando-a de maneiraisfatória, pois contava com recursos mais sofisticados. Ao incorporar os modernos meiomunicação de massa, o aparato propagandístico brasileiro passava a atuar em sintonia cosmos métodos do fascismo na Alemanha e do fascismo na Itália. A produção dos chamejornais, inicialmente produzidos sob controle da Divisão de Cinema, incorporava influêto do Expressionismo alemão – na técnica da imagem apresentada em cada cena com

rspectivas – quanto do Realismo italiano – preocupado com o retrato da realidade e de queramente nacionais. A ascensão da produção de tais documentários deu-se em todo o mundo,a eficácia na transmissão de conteúdos políticos. No Brasil, chegou a representar por esta é% da produção cinematográfica. Por fim, a importância do DIP não pode ser avaliada svida compreensão do momento político a que correspondia. A possibilidade de articulação dlítica de massas, viabilizada pelo surgimento dos meios de comunicação de massa, não se isfatoriamente sem a existência de um aparato propagandístico eficaz e sintonizado com os igoverno. Nesse sentido, o sucesso da construção da imagem de Getúlio Vargas de

ndamentalmente à experiência bem-sucedida do DIP.

erências

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SABRINA EVANGELISTA MED

CRISTINA BUARQUE DE HOL

REITOS  CIVIS,  ORIGENS DO  MOVIMENTO PELOS  O Movimento pelos Direitos Civis cosarecer, na narrativa histórica, cercado por, ao menos, duas questões, algo ubíquas: a primeipeito a uma aposta na periodização e, em disputas pela escolha e definição de sentidos políeventos que – supostamente – inauguram, desenvolvem e encerram o movimento; a segundpeito à eleição de lideranças, em detrimento da reflexão sobre ideias – de conteúdo filosólítico – que o Movimento encarnou e tornou pública, a começar pela própria noção de diis, e por termos, igualmente centrais da retórica pública de época, como liberdade, igualegração, resistência não violenta e beloved community. O Movimento, geralmente apresemo estruturalmente ligado a árvores genealógicas de poder, que alcançam as presidêmocratas, teria origens e marcos históricos particulares. No atual debate de propostas de ordelticulturalismo, que concentra a discussão temática sobre direitos civis nos EUA, está cristal

argumento de que são três os grandes eventos inaugurais: (a) A decisão da Suprema Cortgamento do caso Brown versus Board Education of Topeka, de 1954, favorável à dessegregs escolas públicas do Sul; (b) O aprofundamento da frente oriental na Segunda Guerra Mundcio da Guerra Fria e a elaboração, pelo governo norte-americano, de respostas às acus

onesas, e depois soviéticas, de que o racismo doméstico definia o padrão norte-americanações internacionais; (c) O New Deal, o grande pacote de políticas governamentais de refonômica e social contra a crise de 1929, e seu impacto na remobilização dos negros nericanos na luta contra o Jim Crow.

A avaliação da importância particular de cada um destes eventos na construção do que se tnhecido por Civil Rights Movement  nos revela a posição dos atores do debate e de seu lugmpo presente. Os que alinham o caso  Brown  ao avanço das manifestações de massa eganizações de protesto dos anos 1960 – decisivas para a passagem do Civil Rights Act  (1964)

ting Rights Act  (1965) no Congresso dos EUA – centram-se no legado deixado na jurisprudêncisões de governo. Estabelecem uma narrativa em que as chamadas “ações afirmativas”, mentuais de dessegregação e contratação especial, estabelecidas nos governos Roosevelt (45), Truman (1945-1953) e Kennedy (1961-1963), seriam os precedentes históricos das “iais”, tornadas políticas de Estado com Richard Nixon (1969-1974). Órgãos libera

ooperação racial”, especializados na prática do lobby e da litigação legal, como a NAational Association for Advancement of Colored People), o Southern Regional Councitional Urban League, teriam sido decisivos: credita-se à sua atuação, nos bastidores de decídicas e promulgação de ordens executivas, a abertura do caminho para os movimentos pol

e, depois, se posicionariam nas ruas contra o racismo institucional, pela dessegregação de esp

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blicos e extensão do direito de voto aos negros. Aqueles que se concentram na atuaçãotituições civis tendem a destacar a politização da classe média negra, então segregada no m

cial sulista. Radicada nas organizações de base religiosa – como a Southern Christian Leadenference (SCLC), de Martin Luther King, Jr., sua atuação teria sido determinante para inspr consistência tática também às organizações que atuavam fora das igrejas. Os princípionfronto não violento, da desobediência civil organizada e coletiva e de abertura para a ação de brancos e negros, sulistas e nortistas, seguidos pelos estudantes do Student Non-Vordinating Committee (SNCC) e Congress for Racial Equality (CORE), teriam constituído,

o de avaliação, um forte apelo moral aos valores da liberdade, igualdade e felicidade, estimmo fontes da democracia norte-americana. Expressão de época de uma história de resistênciaJim Crow que remontava aos picos de ativismo das Grandes Migrações, coincidentes com asandes Guerras, o Movimento dos Direitos Civis, nos anos 1950-1960, seria assim descrito

ma renovada forma de patriotismo. Independentemente do foco, se sobre o establishment  ou ganizações civis e vida comunitária, estas duas narrativas, presentes no senso comum acadêmpular, preservam do discurso de época a importância do anticomunismo de Estado no alinhamagendas políticas. Não são parte da narrativa canônica dos Direitos Civis a luta contra a G

Vietnã, as rebeliões urbanas nas grandes cidades do Norte e Oeste, ou a busca de transformis que de comportamentos sociais, de estruturas de poder da sociedade norte-americana qganizações gravitando na chamada Nova Esquerda, secundada pelo próprio King, passarlizar após 1967. Da mesma forma, não o são a atuação de entidades sindicais, o Partidonteras Negras e, noutro extremo do espectro político, as organizações nacionalistas do Pgro. Caberia ao Partido Republicano, já nos anos 1970, com seu programa de políticanorias, resgatar os Direitos Civis – tão identificados às tentativas, dentro dos marcos liberamprimento das promessas e esperanças do Sonho Americano – como uma das grandes narrarte-americanas, da Guerra Fria.

erências

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R ODRIGO FARIAS DE 

VISÃO AZUL Divisão de voluntários espanhóis que lutou na Segunda Guerra Mundial ao ladzistas durante a ocupação de áreas na URSS pelo exército alemão. Formada em 1941, o seu nriva da cor dos uniformes do Partido Falangista, de onde veio a maioria de seus integranteca de Francisco Franco (1892-1975), ditador espanhol, a participação de uma força espanhoerra referendaria a posição anticomunista do país, além de abrir caminho para interopolíticos em torno de bases militares em áreas no norte da África, controladas por italia

mães. Comandadas inicialmente pelo Major-general Augustín Grandes, que recebeu a Crurro dos superiores alemães, a Divisão Azul contava no primeiro momento com quase 18

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lítica brasileira, marcada pelo regionalismo, priorizava interesses particulares e disputas lonando por fim inviável a adoção de projetos políticos de maior fôlego graças a fragilidadder federal, que possuía pouca influência sobre os governos estaduais. Fazia-se assim necesnstruir um Estado forte, capaz de impor sua vontade aos grupos oligárquicos que compunhlítica brasileira. Para Góes Monteiro, as instituições militares – o Exército em particular – ericas capazes de encaminhar tal iniciativa, uma vez que nenhuma outra se disseminava por tos sem maiores vinculações com poderes locais.

Assim sendo Góes Monteiro considerava as Forças Armadas sobretudo um instrumento po

paz de dar nova forma à governabilidade do Brasil. Tornou-se célebre nesse sentido sua endo o Exército um instrumento essencialmente político, a consciência coletiva deve-se crearsentido de se fazer a política do Exército, e não a política no Exército” (os grifos são do ginal). Entende-se como “política do Exército” não apenas levar as instituições militares pntro da ação política no Brasil, mas também disseminar valores caros às mesmas para os seis da sociedade, tais como disciplina, obediência, ordem, respeito à hierarquia, divisãbalho etc. Caberia assim ao Exército um papel de tutor, difundindo a moralidade militar ptante da sociedade.

A disseminação dos valores militares e o fortalecimento das Forças Armadas se torticularmente relevantes quando se leva em conta um momento histórico no qual a própria unritorial e social do Brasil eram questões consideradas ainda por serem definidas. Movimciais como o desenvolvimento da comunidade de Canudos e o Contestado; a dificuldadacionamento nutrida entre a União e as políticas regionais que dominavam as esferas estaduader; e mesmo o pouco tempo de definição das fronteiras nacionais através das negociabelecidas pelo Barão do Rio Branco estimulavam em Góes Monteiro a sensação de urgêncfesa da integridade nacional. O receio de um possível esfacelamento do país era um temor ser descomedido na realidade brasileira das primeiras décadas do século XX. Tal conjuntura

es Monteiro a defender um amplo projeto de reestruturação material e organizacional das Fmadas de modo a capacitá-la a fazer frente a tal desafio.

Profundo admirador da Escola Militar Alemã, a qual se dizia um estudioso, Góes Monteiro já mente a importância das indústrias nos conflitos bélicos contemporâneos, lição que a G

erra (1914-1918) já havia demonstrado aos mais atentos. A defesa da implantação densivo programa de industrialização era assim um dos temas centrais de seu pensamentodida em que os conflitos bélicos ganharam novos contornos com a emergência da prod

dustrial, e tendo o Brasil dificuldades para assegurar a integridade de seu território graças

ensão e variedade, fazia-se necessário a construção de centros industriais – a siderurgia sencipal demanda – assim como investimentos ligados a integração das diferentes regiões dob a forma de abertura de estradas e construção de vias férreas.Ao contrário do que se poderia supor, Góes Monteiro atenta que os problemas inerentes a realasileira, como dificuldade de geografia, poucos recursos orçamentários e vulnerabilidadritório – “contingências da nossa própria existência”, como diz –, implicam na necessidadeasil priorizar a manutenção da paz e moldar o Exército tendo-se em mente um planejamedominantemente defensivo. Trata-se de uma perspectiva que reafirma um ponto central dnsamento: o papel das Forças Armadas é eminentemente focado no plano interno. A manutenç

dem se realizaria pela disseminação e imposição da ordem militar na realidade nacional.

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Tal preocupação pela questão da ordem aponta para o nacionalismo como outro elemento essea sua capacidade de construir coerência interna e conter o regionalismo que caracterizmeira República (1889-1930). Nesse sentido, Góes Monteiro afirma que o nacionalismo depraticado através da instauração de um modelo de unipartidarismo no Brasil, de modo a con

e chamava de “interesses individuais”. Em um momento em que as democracias liberais rcebidas por muitos intelectuais como arquétipos políticos frágeis diante da crise econômi29, da ascensão do comunismo russo e do fascismo na Europa, Góes Monteiro faz coro ao afe a estrutura partidária dissemina a discórdia e a desunião, representando assim uma “luta es

e leva à anarquia e à desorganização”.Um desdobramento quase natural de sua argumentação a favor do unipartidarismo é a defentralização do poder do Estado. Julgava que a superação do oligarquismo se daria através decutivo forte, capaz de criar e sustentar aparelhos de controle social e econôminsequentemente organizar o país. O cidadão brasileiro deveria ter uma educação intelectual, moral que o capacite a participar da organização da produção nacional nas novas indústriasação defendia. A necessidade de incentivar o desenvolvimento individual do brasileiro atravrticipação incisiva de um Estado forte era uma das premissas da construção do que Góes Mo

amava de um “espírito nacional”, ou seja, um sentimento de unidade que não existia no Bquele momento – os brasileiros em geral possuíam um sentimento de pertencimento muito mm a região na qual se encontravam do que com o país propriamente dito.Pode-se assim, em suma, definir o pensamento de Góes Monteiro como autoritário, visto qca em um discurso nacionalista, centralizador e unipartidário; progressista, através da defe

dustrialização e da educação; e, sobretudo, militarista, visto que percebia as Forças Armadas meio pelo qual seria possível alcançar as transformações almejadas pelo próprio, atravéseminação de virtudes e características consideradas importantes entre o meio militar.

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FELIPE DUARTE BAL

NQUERQUE,  RETIRADA DE  A ofensiva da Blitzkrieg, deflagrada pelos nazistas após o penhecido como Drôle de Guerre, voltou-se contra a Bélgica e a Holanda no início de maio de avanço alemão ganhou posições com desenvoltura, pondo em risco a fronteira francesa e causande apreensão entre o alto comando aliado. Quando belgas e holandeses enviaram pedidda à Inglaterra, encontraram um ambiente político em ebulição, com a demissão do Primnistro Neville Chamberlain, vetado pelo Partido Trabalhista para um governo nacionafrentasse a guerra, em virtude de suas posições apaziguadoras em face dos nazistas, segui

sse de Winston Churchill com sua firme disposição de enfrentar o Terceiro Reich. Ao discurs

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mara dos Comuns, quando pronunciou uma de suas frases mais famosas – “Não tenho naerecer além de sangue, suor, lágrimas” –, Churchill foi informado que as tropas do Gederian, comandante da ofensiva alemã, haviam atravessado o rio Meuse e aproximavaidamente de Sedan, centro vital da defesa francesa. Em pouco tempo, a fronteira francesa

olada e as próprias garantias aos exércitos britânicos estacionados na França estavam em xm 20 de maio, os blindados alemães conseguiam dividir as tropas aliadas, encurralandpressivo contingente da Força Expedicionária Britânica, além de contingentes franceses, na rFlandres, na Bélgica. Tendo a chance de esmagar as tropas inglesas isoladas nos portos ao

França, Hitler, aconselhado por alguns comandantes, ordenou que fossem adiadas as operlitares para que as forças alemãs pudessem se recompor. O episódio deu margem para qaliasse a tomada de posição do Führer como uma clara menção à possibilidade de firmaordo de paz em separado com a Grã-Bretanha, iniciativa que Hitler não descartara até então, plicaria em não humilhar em demasia (ou causar exageradas baixas humanas) os ingleses. Nntexto, o governo britânico começou a efetivar planos para evacuar as tropas – a denomeração Dínamo –, sob o comando do Vice-almirante Bertram Ramsay. As estimativas in

glesas contentavam-se em retirar pelo menos cerca de 45 mil soldados acantonados nas p

rante nove dias, período em que durou a evacuação, uma série de combates aéreos entre a RAftwaffe foi travada na costa, enquanto as tropas inglesas em Calais bateram-se duramente comães, evitando uma ofensiva por terra mais fulminante. Enquanto os soldados formavam enoas nas praias, aguardando a vez do embarque, haviam sido convocados todos os bponíveis – “tudo aquilo que pudesse flutuar” – tendo o destaque na operação, portanto, ficadoação das pequenas embarcações, notadamente os botes de pesca e as traineiras, favoresuisticamente pelas boas condições do mar. Paralelamente, o governo inglês dispôs mais deves de guerra para o transporte das tropas, contando ainda com uma leva de barcos da Fregando ao total da evacuação a resgatar cerca de 338 mil soldados, entre ingleses e france

ma parte ínfima do equipamento militar, Churchill afirmou que guerras não são ganhasiradas, embora utilizasse o episódio para criar a lenda em torno do denominado espírinquerque.

erências

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

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NSATZGRUPPEN  Unidades especiais móveis da SS subordinadas ao Chefe de Segurança PoPO) e ao Serviço de Segurança (SD), atuando inicialmente na Áustria e nos Sudetos, cetivo de manter a ordem nacional-socialista. Organizadas por Heirich Himmler (1900-194

ührer” das SS e Reinhard Heydrich (1904-1942), no início da Segunda Guerra Mundial (45), tais unidades tiveram suas áreas de influência e ação ampliadas, sendo enviadas para ém-conquistadas pela Alemanha. Durante a Blitzkrieg, em 1940, quando o comando al

ministrava os planos para a “Operação Leão-Marinho”, havia sido projetada a ação na Inglaseis unidades especiais, cuja missão seria recolher elementos da comunidade in

nsiderados perigosos para a nova ordem a ser empreendida pelos alemães. Expostanominado Livro Negro, projeto de ocupação da Inglaterra desenvolvido pelo oficial nazista Whellenberg, as operações dos Einsatzgruppen deveriam concentrar-se em Londres, Brrmingham, Liverpool, Manchester e Endimburgo, áreas-chaves para o controle alemão so

a.Ao longo da guerra, entretanto, a ação de maior relevância dos Einsatzgruppen ocorreu tãomeçou a campanha da Rússia, em 1941, quando, separadas em quatro divisões (designadas ras A, B, C e D), encarregaram-se de seguir o exército alemão, responsabilizando-se ermínio de praticamente todos os oficiais e comissários comunistas e judeus capturados. Noe antecederam ao ataque, Heydrich reuniu-se com os oficiais dos Einsatzgruppen em asiões: em Berlim, durante um encontro comemorativo, e no campo de treinamento pmpanha, em Pretzsch, onde passou instruções em relação ao apoio que dariam ao avanç

pas regulares e à importância de eliminar os oponentes ideológicos (weltanschauliche Gegmbora ao longo da guerra os procedimentos em torno das execuções tenham variado, tendolizados veículos em que os passageiros eram gaseados, os denominados S[pezial]-Wagtodo mais usual de extermínio foi o fuzilamento a céu aberto. Os próprios prisioneiros, lev

ra áreas descampadas, eram obrigados a cavar as valas onde os corpos seriam enterradodas as ações realizadas pelas unidades especiais, destaca-se o massacre de BABY YAR, róxima de Kiev, onde, dez dias após a tomada da cidade, nos dias 29 e 30 de setembro de 1941visão do Einsatzgruppen C executou 33.771 judeus, incluindo mulheres e crianças. A “açãoABY YAR, assim como em outras oportunidades, recebeu total apoio da Wehrmacht, respon

as condições materiais do massacre, além do posterior ocultamento dos vestígios.Agindo a partir de determinadas zonas de ocupação, demarcadas para melhor operacionalizões, os Einsatzgruppen receberam, a partir de 1942, ordens para exterminar os  partviéticos e os grupos ciganos da Ucrânia e da Crimeia. Na Polônia, o rastro deixado pelas unipeciais também foi aterrador. Em 1943, em Lublin, cerca de 18 mil judeus foram mortos emção” combinada com a SS, denominada pelos nazistas de “Festival da Colheita”. Apesar dstirem cifras confiáveis no que diz respeito ao total dos mortos pelas unidades especiais, a jos próprios números que o Dr. Richard Korherr, oficial da SS, repassou para Himmler em

rço de 1943, 633.300 judeus já tinham sido “remanejados”, eufemismo utilizado pela linguatzgruppen nos informes oficiais. Diante destes números, estima-se que cerca de 1,5 milh

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A Constituição de 1937 revela o princípio do Estado Novo, especificamente no artigo que deestado de emergência no país. O Estado Novo seria um estado de exceção, confirmadoobservância dos artigos referentes ao mandato presidencial e à realização de um plebiscitorovar a nova Carta Magna, que nunca saíram do papel (Constituição de 1937, art. 186, soclaração do estado de emergência, e arts. 80, 175 e 187, sobre eleições presidencibiscito). Desrespeitar o estado de direito foi a regra desse regime, nascido para ser exceçtado Novo foi um estado de emergência instituído com vocação para consolidar-se no teesmo frustrado como regime político, suas instituições perpetuaram-se como forma de contro

ganização e de participação.A Justiça do Trabalho seria uma dessas instituições. Concebida como órgão de direito judicparado da justiça comum, sua exclusividade estaria no conflito de interesses entre o capitabalho, apropriada para os empregados e os empregadores...  reclamar[em] pessoalmentompanhar[em] as suas reclamações até o final   (CLT, 1943, art. 791). Para essa justiciedade era formada por pessoas com existência individual, que precisavam de amncipalmente de trabalho, para sobreviver, como bem definiu a Constituição de 1937:  A torantido o direito de subsistir mediante o seu trabalho honesto e este, como meio de subsist

indivíduo, constitui um bem que é dever do Estado proteger, assegurando-lhe condvoráveis e meios de defesa  (Constituição de 1937, art. 136). Para o Estado Novo, o trabaelado por ser um bem de sobrevivência do indivíduo, para onde o olhar foca, cuja existênciaa do Estado.

As realizações institucionais do Estado Novo indicam um regime forte e interventor, segundo otado e sociedade se distinguiam. Essa visão denuncia um tipo de regime autoritádividualista, que se tornou, com a vitória das forças liberais sobre o fascismo no final da Segerra, anacrônico como ditadura, mas que deixou viva sua fórmula autoritária e individuação entre governantes e governados, elogiada inclusive por liberais, como Evaristo de M

ho, críticos históricos do Estado Novo. Esse autor teria engrandecido, na década de 19nsolidação das Leis do Trabalho (CLT), na medida em que “ sistematiza a legislação confntraditória que possuímos, harmoniza, torna mais fácil o seu reconhecimento e aplicaORAIS, p. 321). Esse depoimento reflete a importância para o projeto brasileiro de moderniJustiça do Trabalho instituída pela CLT, responsável por regulamentar a mão de obra na indú

m eficiente mecanismo de controle, trunfo nas mãos dos governantes democráticos ou ditadortado Novo significaria a origem de um longo processo de modernização do país, responsável etrizes básicas de um novo modelo, original e adequado ao caso brasileiro.

Leôncio Martins Rodrigues chamou a atenção para esse aspecto ao comparar as políticas socbalhistas na Europa e no Brasil. Para esse autor, no caso europeu, o autoritarismo acterísticas conservadoras nítidas, expressão das antigas classes e grupos sociais, com o objmanter o  status quo,  então ameaçado pelo movimento dos trabalhadores. Situação inversa

so brasileiro, no qual “o avanço das ideologias autoritárias esteve vinculado à emergêncvos grupos sociais e forças políticas no contexto de um projeto de modernização da sociedorganização do aparelho estatal. As ideologias autoritárias tiveram, em parte,  uma dimetioligárquica de oposição às classes proprietárias tradicionais” (RODRIGUES, p. 517). Nálise, o Estado Novo ultrapassa sua condição de regime, limitado em suas instituições e va

ra ser um marco histórico de modernização.

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sa situação privilegiada do Estado justificava o centralismo, a agressividade, a violência físicta de liberdade política, características pouco originais do período. O Estado Novo não f

ma histórica cultura política brasileira, a do autoritarismo, que teria sido constrangido pela s anos 1930 a apresentar-se sem máscaras, mediante um estado de emergência, o próprio Evo. A novidade estava em adequar-se à sociedade de massas, contribuição que significou a oum modelo autoritário de modernização da sociedade brasileira. Esse modelo concebia um Etinto da sociedade, formado por indivíduos em conflito que precisavam de um poder supremoolvê-lo. Em resumo, o Estado Novo seria um tipo de regime político autárquico, autori

ntralizado e individualista, que reconhecia o imanente conflito dos interesses em sociedantava com a participação dos indivíduos, por intermédio de órgãos autárquicos formadostado para ouvir esses indivíduos e decidir sobre os conflitos, segundo a justiça instituída.

erências

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MÁRIO CLÉBER  MARTINS L

J

TETIZAÇÃO DA POLÍTICA O escritor Walter Benjamin (1892-1940), no ensaio “A obra de arde sua reprodutibilidade técnica”, ressaltou a importância adquirida pelas massas na hi

ntemporânea e a dificuldade inicial que o fascismo encontrou em atender a seus anseios vgundo ele, os regimes fascistas buscaram organizar as massas proletárias recém-surgidaserar as relações de produção e propriedade que tais massas tendiam a abolir. Para alcançaretivo, eles permitiram que as massas apenas “se expressassem”, sem admitir, no entanto, quessem valer seus direitos sociais. O resultado disso, nas palavras de Walter Benjamin, foi qcismo tendeu a uma estetização da vida política. Além do mais, devido a sua dinâmic

volução permanente, de superprodução industrial e com sua obsessão pela morte, todos os esffascismo para “estetizar” a política convergiram para a guerra. Afinal, somente a guerra po

r um objetivo aos grandes movimentos de massa e preservar as relações de produção existentNa Itália fascista, Benito Mussolini declarou que a política era a arte suprema, a arte das arvina entre as artes, porque trabalhava sobre a matéria mais difícil, posta que estava viva: o hoainda ressaltava que o povo italiano era um bloco de mineral precioso. Sendo necessário funli-lo das escórias e lavá-lo. Mas, sem dúvida, era uma obra de arte. Além disso, acrescentom governo fazia falta um homem que tivesse, quando se apresentasse a ocasião, mão com ticado de artista e punho pesado de um guerreiro. Na Alemanha nazista, Adolf Hitler afirmav

ein Kampf  ( Minha luta), que a arte era o símbolo da grandeza política alemã, sendo consid

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ma ferramenta fundamental para a construção do “Reich dos Mil Anos” e do “Homem Nmão. Para Joseph Goebbels, o ministro da propaganda nazista, “a política era a mais elevis compreensiva de todas as artes” e, por isso, os políticos deveriam ser chamados de artiste tinham a missão e a responsabilidade de moldar, a partir da “massa bruta”, a “imagem sólna da nação”.ndubitavelmente, os regimes fascistas dedicaram uma atenção especial ao aspecto estilísticu movimento. Por exemplo, as manifestações públicas fascistas adquiriram uma forma teaual, representada pelos numerosos desfiles, pelas cerimônias e congregações de grandes ma

ssas ocasiões, as pessoas eram agrupadas de um modo planificado para conferir-lhentimento de identidade como grupo e para firmar-lhes a ideia de um compromisso, tornancetíveis a manipulações emocionais. Na Alemanha nazista, chegou a ser elaborado um endário de festas nacionais para aumentar as possibilidades de celebrações, e quase tod

ontecimentos públicos tornaram-se espetáculos cuidadosamente organizados.O culto à figura do líder foi uma questão cuidadosamente trabalhada pelos regimes fascistas: Atler era exigentíssimo na apresentação estilística de sua figura pública. Praticava sua técnicurso, ensaiando seu repertório de gestos e truques retóricos diante de um espelho. O

liano Benito Mussolini também havia desenvolvido um código de gestos, expressões faamente estilizadas e um estilo oratório superdramático, que frequentemente levavam as multdelírio. Provavelmente, esses estilos foram baseados nos gestos e nas expressões interpretaalgumas personagens do cinema mudo.

Os regimes fascistas também recorreram amplamente aos meios de comunicação de massa, codio e o cinema, para veicular suas mensagens políticas. O mais famoso exemplo foi a prodematográfica de O triunfo da vontade  (Triumph des Willens, 1935), encomendado diretamr Hitler à cineasta Leni Riefenstahl, para documentar o Congresso Nacional do Partido Nazisremberg. Este documentário apresentou uma imagem grandiosa da “Nova Alemanha” de A

tler. No início, um bimotor desce das nuvens e pousa no aeródromo de Nuremberg. Era a cheunfal de Hitler, o “Salvador da Alemanha”, que descia sorridente, sendo ovacionado pela muquanto percorria as ruas de Nuremberg. Tudo era gigantesco: paradas e desfiles monumentaislizados em meio a aplausos eufóricos de um público fascinado pelos discursos de Hitler ncipais líderes nazistas. Por meio do “espetáculo político” dessas cerimônias nazistas, buscaratar a comunhão mística do povo alemão em torno de seu Führer.

É interessante perceber que a afirmação de Hitler ser a personificação da vontade do povo poestrutura de um espelho: as pessoas eram induzidas a ver seu líder como reflexo de

rsonalidade coletiva. Para criar esse efeito, Leni Riefenstahl utilizou constantemente o reematográfico de imagens justapostas do rosto de Hitler, da bandeira suástica e das massasfatizavam a ideia central do congresso nazista de: “Ein Volk! Ein Reich! Ein Führer!” (“Um Pma Nação! Um Líder!”).O objetivo do Congresso de Nuremberg era criar a ilusão de que a massa fazia parte da pozista. Porém, a participação da massa somente alimentava o imaginário nazista onde eugiava e do qual acreditava ser coautora. Para isso, criava-se uma atmosfera operesca e teatre o público era também autor (mas não diretor), sendo os estádios, as ruas e os prdadosamente preparados para se tornarem os cenários dos discursos de Hitler, contando

m o recurso de inúmeros holofotes, tochas, bandeiras, estandartes e tambores, além da pe

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ganização espacial da massa e da música de Richard Wagner, que foram os elementos utilizra tornar as cerimônias mais imponentes, enfatizando o caráter religioso do ritual nazista. Auais como o “Juramento do Soldado” e a “Bênção da Bandeira de Sangue” evidenciavamáter político-religioso do nazismo. A importância deste “espetáculo do poder”, comoermediário entre a persuasão dos apelos emocionais e as pressões através da evocação do m

refletida nos Congressos de Nuremberg. Para um “Estado Totalitário”, não era suficiender, isso tinha de ser anunciado continuamente. Em outras palavras, a posse do poder não era não pudessem exibi-lo.

Em um nível local, os rituais em pequena escala se apropriavam das tradições que já existiamemplo, no Natal de 1933, os trabalhadores ferroviários representaram uma peça natalina, qssava em torno de uma árvore de Natal, onde os atores, vestidos de cruzados, encenavam a lu

contra a obscuridade, e as S.A. (Tropas de Assalto) marchavam com bandeiras nazistarrador anunciava a vitória simbólica: “Deus nos enviou um salvador no momento de sesperação mais profunda: nosso Führer e nossas maravilhosas S.A. (Tropas de Assalto)”. A sses eventos, era possível perceber como a mescla de política com religiosidade e a fusão de ntemporâneos com lendas do passado foram uma característica marcante do nazismo, que

mo objetivo dar forma de um ritual religioso aos acontecimentos políticos, tais como: o CongNuremberg, o aniversário do Führer, o Dia do Trabalho ou, mesmo, os atos de vandalismo omo a queima de livros “não germânicos” em público ou a Kristallnacht (Noite dos Vebrados) que foram concebidos como uma espécie de teatro macabro dirigido para dramatória dos “arianos” sobre os “judeus”.

Por fim, a noção de “estetização da política” é fundamental para a compreensão não apenagimes fascistas, mas de todas as formas políticas modernas. Ao “estetizar” a política, o fascrmitiu à estética “compensar” o mundo racionalizado, transformando a experiência política periência estética da comunidade. Certamente nenhuma prática política havia sido destituíd

ética, mas o nazismo introduziu a estética na política e na esfera pública a um nívelecedentes, tentando transformar a “vida real” numa “obra de arte”, que representasse a idealibeleza e da harmonia. Assim, segundo Benjamin, se na Antiguidade a humanidade oferecia-

petáculo aos deuses gregos, agora ela havia se transformado em espetáculo para si mesma. Cogimes fascistas, sua autoalienação havia atingido um ponto que lhe permitiu viver sua prstruição como um prazer estético de primeira ordem. Eis a “estetização da política” praticadacismo. Já o comunismo responderia, de outra forma, com a “politização da arte”.

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NJAMIN, Walter. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In:  Magia e técnica, arte e política. Ensaiosteratura e história da cultura. Obras Escolhidas – vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1986.SSE, George L. The Nationalization of the Masses. Political Symbolism and Mass Movements in Germany Fr

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WAGNER  PINHEIRO P

GENIA  Ao longo do século XIX, a fé no progresso como destino inexorável da human

nifestou-se em diversos campos do saber. O Ocidente europeu testemunhava, então, entre inq

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maravilhado, o nascimento de novos discursos com pretensões científicas, tanto no campncias humanas quanto no das naturais. Dentre eles, a eugenia, desenvolvida pelo inglês Frlton em sucessivos artigos a partir de 1865, apresentava-se como a ciência do aperfeiçoamena humana. Utilizando-se de elementos positivistas e darwinistas, Galton acreditava que amana encontrava-se em constante evolução biológica, base da evolução moral, e que a cigênica deveria ajudar, e mesmo acelerar, a natureza nesta tarefa. Assim, em uma época mar rápidas transformações, em que a industrialização e a urbanização aceleradas traziam cooblemas sociais e sanitários até então sequer imaginados, a eugenia vinha afirmar, para alív

dem vitoriana, que a miséria dos cortiços operários não era histórica e socialmente construídaultava da incapacidade de espíritos e corpos inferiores para se adaptar às novas condições qresentavam à evolução da espécie.No entanto, longe de ter se constituído como um discurso científico monolítico, e tendo

orporada por diferentes tradições de pensamento e movimentos sociais, inclusive socialisarquistas, a eugenia acabaria por subdividir-se em diversas correntes. A educação sexualvens visando ao casamento de indivíduos aptos a uma procriação sadia, o combate articuladios morais, como o alcoolismo e o antipatriotismo, ao das doenças morais, como a tubercul

sífilis, e a esterilização ou restrição de casamentos de indivíduos considerados ineptocriação foram, todas, medidas defendidas por correntes do pensamento eugênico. Nas primcadas do século XX, políticas de saúde pública, métodos de esterilização e legislações igração contendo elementos eugênicos estiveram presentes em virtualmente todos os reglíticos, tanto os tidos como conservadores quanto os considerados progressistas. Em relaçãimos, destacam-se as medidas eugênicas dos países social-democratas escandinavos, paais a esterilização de doentes mentais garantiria maiores recursos para financiar programm-estar para as populações sadias. A eugenia teve também papel fundamental nos EUA no iséculo XX. O país vivia então sob a influência do Movimento Progressista, com suas prop

reformas políticas, morais, sociais e econômicas; assim, a eugenia vinha fornecer vmentos para tal agenda, ao mesmo tempo em que surgia, aos olhos dos elementos nservadores da sociedade, como uma ciência adequada à manutenção da pureza da raça axônica e da ordem social. Consequentemente, programas eugênicos, como os relativos à habimoral operárias (a vida em cortiços era associada, por exemplo, a doenças morais como a síam parte fundamental do Movimento Progressista, assim como a Lei Seca, a mais invervenção do Estado na vida cotidiana dos americanos.

No campo filosófico, a eugenia também apresentou-se como bastante plural. Os eugenistas cri

r exemplo, denunciaram o darwinismo social, tão caro a alguns de seus colegas, como desumntrário às leis de Deus. Para eles, a eugenia surgia justamente como uma possibilidadoporcionar alívio às dores dos mais pobres e menos aptos à luta pela sobrevivêncmultaneamente, garantir a evolução da espécie, ao evitar que estes mesmos pobres e desajusocriassem. Com a aproximação entre alguns eugenistas e o pensamento cientificista racialanista desenvolvido no século XIX por homens como Houston Stewart Chamberlain e Jothur Gobineau – que, no entanto, era um pessimista quanto ao futuro da raça ariana e, porratário aos princípios eugênicos –, a eugenia acabaria por encontrar um campo fértil de expasta vertente, no entanto, ela abandonaria seu projeto inicial de aperfeiçoamento da raça hum

bstituindo-o pela busca da afirmação e viabilização da supremacia da raça branca. De certa f

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a vertente racialista está presente nos meios americanos mais conservadores que acabariamunfar em 1924, com a promulgação de uma lei restritiva à imigração de elementos consideialmente inferiores, como os italianos, húngaros, romenos e poloneses, em sua maioria católi

deus.No entanto, a experiência política mais evidente desta vertente racialista, já no século XX,gime nazista, que retomaria inclusive o tema da queda e redenção, caro ao eugenismo darwcial e a Francis Galton e, curiosamente, de tradição judaico-cristã. Galton afirmava qilização, ao diminuir o rigor das leis naturais de seleção, teria permitido a sobrevivênci

nos aptos, que certamente teriam perecido em tempos bárbaros. A eugenia vinha, assim, resga humana da queda proporcionada pela civilização. Para o nazismo, este tema está presen

a percepção da crise da raça e, portanto, da cultura ariana, como resultado da contaminaçbas pelo sangue e pela civilização cosmopolita judaica. Consequentemente, as leis de Nurem1935, proibiam não só o casamento de arianos com judeus como também relações seramaritais entre ambos. Mas os nazistas acabariam por ampliar decididamente o campodidas eugênicas na busca da criação de uma super-raça nórdica. Para tal, criaram os lebensntes da vida) – instituições inicialmente destinadas a acolher mães solteiras, resultado da in

opaganda realizada nas escolas, acampamentos de verão e outros locais – para a procriaçvens racialmente puros, ainda que sem matrimônio ou consentimento dos pais. Para a conststa super-raça, mesmo alguns segmentos da população alemã teriam de ser excluídos, comvaros, considerados demasiadamente morenos. Os lebensborn, que não chegaram aplementados em sua plenitude, teriam assim um importante papel nos planos nazistas de om arianos puros o lebensraum (espaço vital) alemão no Leste Europeu.No Brasil, em que pese o movimento eugenista ter tido também diferentes correntes, uma veportante acabou por articular-se à ideologia do embranquecimento. No início do século Xsse dominante brasileira via-se diante do dilema de um enorme contingente populacional

liticamente emancipado, porém socialmente subalterno. Explicações racialistas com pretentíficas, pregando a inferioridade da raça negra como fator explicativo para tal estado de coo tardaram a aparecer. No entanto, já no início do século alguns intelectuais começaram a defese de que o negro iria desaparecer da população brasileira com a miscigenação, que depura e a levaria ao embranquecimento. No I Congresso Brasileiro de Eugenia, realizado em evedo Amaral chegou a apresentar proposta, que acabou por ser aprovada, que barrava quaigração não branca para o país. A teoria do embranquecimento, no entanto, inovava em termopostas racialistas, já que não articulava a degenerescência da raça à miscigenação, tem

gústias de Gobineau. Neste ambiente intelectual e político, as constituições de 1934 e 1937,estimular a educação eugênica, previam cotas para a entrada de imigrantes, no mesmo camerto pela legislação norte-americana de 1924. Com isso, esperava-se restringir a entradmentos considerados racialmente desfavoráveis. Durante o Estado Novo, o pensamento

áticas eugênicas voltaram-se para medidas sanitárias de saúde pública, habitação opeboração de dietas alimentares e campanhas de educação física, direcionadas à constituição dvo e mais saudável “homem brasileiro”, apto a produzir e vivenciar a nova democracia sociaão se buscava construir.

Na segunda metade do século, a eugenia acabaria por ser crescentemente questionada e comb

to do ponto de vista político, após a revelação dos crimes nazistas, quanto científico, por art

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herança biológica de um indivíduo às suas características morais. Ainda assim, algumas prágênicas permaneceram em vários países. Na Finlândia, entre 1955 e 1970, cerca de 56 mil peam compulsoriamente esterilizadas, assim como cerca de 50 mil suecos até 1960, em sua mentes mentais. Em países como a China e a Índia programas de corte eugênico de esterilizantrole da natalidade continuam a ser implementados. Também algumas das propostas eugênicúde pública permaneceram, ainda que retrabalhadas, como a importância atribuída às quenitárias e, com os avanços da genética, a realização de exames pré-nupciais e do pré-natal, mas de se buscar diminuir os riscos na gestação e no nascimento de crianças propen

erminados tipos de doença. Por outro lado, as novas técnicas de clonagem, com a potenagem de seres humanos e, portanto, o possível controle dos parâmetros da reprodução hur grupos econômicos ou governos nacionais, repõem desafios éticos, morais e filosóficos báçados há mais de 100 anos pelo pensamento eugênico.

erências

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FLÁVIO LIM

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roduziu nessa área específica, com o Estado italiano sendo fascistizado, mas não totalmipsado pelo partido.

Em termos gerais, a partir da década de 1930, os  fasci all’estero, acomodados dentroruturas do Estado fascista, viveram uma fase mais tranquila. De fato, as diretrizes de conqeta das coletividades italianas do exterior, com ataque frontal aos antifascistas e resistentes, fbstituídas por uma tática mais suave na qual os  fasci all’estero se tornaram mais abertos e mransigentes, ambicionando hegemonizar a vida coletiva dos italianos do exterior (sob a meds consulados), mas não tomar de assalto as colônias. Nessa nova tática, os  fasci all’e

ssaram a se dirigir à massa dos imigrantes e procuraram cooptá-la se possível em sua totalibstituindo os conflitos de rua pela propaganda, atividades assistenciais, culturais e cerimônifesa da italianidade e do fascismo. É curioso notar, contudo, que, à medida que a política exliana foi assumindo características mais ideológicas (fazendo a política externa do Estado itaconfundir cada vez mais com a expansão da ideologia fascista pelo mundo) no decorrer dos30, a função “subversiva” dos  fasci all’estero, que nunca havia sido abandonada totalmentorganizada, tendo papel importante – ao menos em alguns locais – na “diplomacia paralelussolini e no contato com os movimentos fascistas estrangeiros. Uma grande diferença da

quadrista” dos fasci all’estero do início dos anos 1920, contudo, existia, pois, dessa vez, as mesmos estava firmemente sob controle de Roma e não em oposição a ela.Escrever uma história unitária dos  fasci all’estero  é dificultada pela amplitude de experiêlíticas e sociais que eles tiveram em cada uma das diversas comunidades italianas dos vses hospedeiros. Ainda assim, alguns objetivos gerais de favorecimento dos interesses políti

onômicos italianos, de preservação da italianidade dos imigrantes e de difusão do fascismo pelencados, assim como algumas características que foram comuns à maioria deles, tais com

ssoal de péssima qualidade (corrupto e incompetente em sua grande maioria) enviado de Rra assumi-los ou fundá-los, a presença dominante de membros das classes médias e das

lianas em suas hostes etc. De qualquer forma, os fascistas não conseguiram congregar todlianos do exterior em torno dos  fasci all’estero, mesmo no seu período mais brando. De fatge do movimento, em 1937, existiam, segundo dados mencionados anteriormente, apenas cer0 mil militantes fascistas espalhados pelo mundo, o que é um número de alguma relevânciae perde expressividade se nos lembrarmos que, nessa época, mais de 10 milhões de italiascendentes viviam, segundo as próprias estatísticas fascistas, no exterior. No entanto, a experis fasci all’estero não deixou de ter reflexos importantes na política de diversos países (incluBrasil), ao apoiar a difusão da ideologia fascista em vários continentes. Ela também é impor

ra a compreensão da interação partido/Estado nos regimes totalitários e para demonststência de vários projetos em jogo dentro do plano fascista de reordenação da sociedade.

erências

RTONHA, João Fábio. “Uma política exterior não estatal? Os fasci all’estero e a política externa do Partito Nazionale Fascista943”. In: Anos 90. Porto Alegre: dezembro, 1998(10): p. 40-48.CAPRANIS, Luca. “Fascism for export? The rise and eclipse of the fasci italiani all’estero”. In:  Journal of Contem

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JOÃO FÁBIO BER

SCISMO E EMIGRAÇÃO ITALIANA Durante a maior parte do século XIX, o problema emigratórcentro de imensas discussões dentro da Itália, e um desses debates foi justamente sobssibilidade de usar os emigrantes como instrumentos da política externa e do poder italiano. Nntido, a grande discussão era sobre a viabilidade de aproveitar a maciça emigração italianeção à Argentina e ao sul do Brasil para a criação de uma zona de influência italiana na re

se debate, em que se contrapunham os defensores do “imperialismo clássico” e os partidáriolonização livre” nas Américas, atravessou várias décadas de história italiana e foi a mama com que os fascistas construíram sua política de relacionamento com os emigrantes ehos espalhados pelo mundo. Ele não foi, porém, incorporado diretamente pelo ideário fass pela mediação de outro grupo político de fundamental importância na Itália do início do sénacionalistas. Os nacionalistas eram notórios partidários do imperialismo clássico e opositoria da “colonização pacífica” na América Latina. Eles acabaram incorporando, entretanigração ao seu projeto imperial: embora ela fosse algo negativo, os emigrantes haviam t

ragem de iniciar um novo tipo de imperialismo e a Itália tinha de se aproveitar disso.

nsamento nacionalista foi uma das fontes em que o fascismo bebeu para construir sua prlítica de emigração.

Os primeiros anos de regime fascista viram, no que se refere à política emigratória, a manutalgumas das diretrizes anteriores da Itália liberal, ressaltando a absoluta necessidad

igração para a economia e a sociedade italianas. No entanto, o regime não só não se contentoeitar a emigração como uma necessidade do país, como também iniciou intensos esforçosnter abertas aos italianos as portas dos países de imigração. Nesses esforços, cabe inclunferências de Emigração de 1924 e 1927 e todo um trabalho para, ao menos em teoria, prepa

igrante italiano para a disputa de espaço num quadro internacional de contínuo fechamencus  para a migração. Dentro dessa política, o fascismo absorveu algumas das ideiascionalistas sobre como a emigração era um mal, mas que, sendo uma necessidade obrigatórlia – e não podia, portanto, ser bloqueada –, era imperativo retirar dela a maior quantssível de benefícios para a pátria-mãe. De igual modo, foi na fonte nacionalista que o fascuperou a ideia de que, para os emigrantes se tornarem realmente símbolos e instrumento

gime, era fundamental a retomada dos laços destes com a pátria-mãe e a permanência destes a firme tutela. A originalidade fascista foi a identificação da italianidade com o fascismo, oou o regime a estabelecer um elo indissociável entre a política de tutela aos emigrante

dicionalmente defendida pelos nacionalistas), a noção de pátria italiana e o fascismo.Essa política de emigração fascista vai sofrer uma notável alteração a partir do final da déca20, quando o regime recuperou a visão da emigração como um sorvedouro inútil dos recursção e começou a adotar medidas para dificultar um movimento que já vinha de qualquer fclinando devido aos mecanismos de controle dos países de imigração, particularmente os Esa nova diretriz fascista sobre a emigração – considerando-a um mal e preferindo a colonizerna e do império – derivou claramente do contínuo firmamento das tendências imperiampre presentes no fascismo em um contexto no qual o regime ia se consolidando

ssibilidades de emigração rapidamente se fechavam. A realidade objetiva do mercado de tra

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ernacional e a lenta evolução ideológica do regime fascista em direção a um imperialismo demográfica foram levando, assim, a uma crescente oposição à emigração. No entanto, essa lítica demográfica não reduziu o interesse pelos italianos emigrados; pelo contrário, a buscaldade dos emigrantes e seus filhos cresceu sem parar nesse período. De fato, o aumento

forços fascistas para controlar as coletividades italianas do exterior e transformá-latrumento da política externa (e, possivelmente, de difusão da ideologia fascista) não se opunetivo de bloquear a emigração permanente, antes era um complemento a este no sentidocuperava” mais italianos para a Itália e aumentava suas forças para a luta imperialista co

tras nações. A partir desse fundo genérico, o fascismo fez contínuas adaptações nessa poral para se acomodar às diferentes realidades políticas e geográficas dos emigrados.No caso de países situados na esfera imediata dos interesses imperiais italianos, por exemp

etivo do governo fascista parece ter sido realmente o de utilizar os emigrantes italianos cça de espionagem e quinta-coluna à espera da futura chegada das tropas italianas. Esse foivida, o caso da Tunísia, da Ilha de Malta e da Suíça. Na América Latina, a questão era mplexa: o regime debateu continuamente o que se poderia esperar dos milhões de italianos e fitalianos residentes no Brasil, na Argentina, no Uruguai e em outros países e parece ter

minante a opinião de que não se devia esperar muito dos mesmos e que o que se podia fazeenas tentar retardar o inevitável processo de desnacionalização das colônias e usá-las como lança para a difusão da ideia fascista na opinião pública e a obtenção do máximo possívluência italiana no continente. O caso norte-americano é o mais emblemático para ilustleabilidade dos italianos no exterior: os EUA eram de suma importância dentro da política exliana e seu sistema político permitia aos italianos uma forte presença no processo eleitorallítica norte-americana. Tal situação levou o regime a fazer concessões imensas dentro dlítica emigratória geral, estimulando-se a naturalização dos italianos para facilitar articipação no processo eleitoral do país em defesa dos interesses italianos. Essa força

lianos na estrutura política americana vinha sendo olhada com atenção pelo governo italiano d20 e se revelou real na Guerra da Abissínia, quando a enorme pressão da comunidade ericana foi um dos fatores que mantiveram o governo americano longe do boicote da Ligções. O fato de esse sucesso não ter se repetido durante a Segunda Guerra Mundial não dim

uidade e a habilidade dos planejadores da política externa fascista em adaptar-se à realidacionar teoria e prática dentro das políticas externa e emigratória do regime. Contudo, à excsucessos localizados como esse, a política fascista de impedir os emigrantes italianos e

hos de perder a identidade italiana e de utilizá-los como peões no jogo geopolítico mundia

ançou os objetivos desejados devido ao interesse da maioria dos emigrantes em se integrar avos países. Os próprios dirigentes fascistas reconheciam isso e políticas alternativas já estndo concebidas em finais da década de 1930. A visão da emigração como instrumento de poerna só seria abandonada pelo Estado italiano, porém, com o início da República em 1946smo a partir de então, a ideia ainda teve e tem os seus adeptos na Itália.

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JOÃO FÁBIO BER

SCISMO NA ALEMANHA  A ascensão do nacional-socialismo (ou nazismo) na Alemanha, a ficamente alemã dos fascismos, deve ser entendida no âmbito mais geral da ascensão dos fasciropeus no período entreguerras (1919-1939). Assim, em vez de destacar suas singularidastura que busca marcar o que existiria de distinção entre fascismo strictu sensu (ou senômeno italiano), e as demais formas fascistas (nazismo, franquismo etc.), vigente em algrrentes da ciência política de corte liberal –, preferimos entender o fenômeno fascista na Alemmo parte de um grande movimento de ascensão e tomada do poder por grupos de extrema-ds anos de 1920 e 1930. Para tal, a primeira postura analítica a ser tomada é reconhecer o cons ideologias de extrema-direita da época como uma condição fenomenológica decorrente dasociedade liberal, tanto do ponto de vista econômico (desemprego, inflação), quanto poise de representação) e cultural (a ascensão do irracionalismo). O fascismo – como vasto conpercepções de extrema-direita em ascensão na década de 1920 – decorreu em larga esca

elerado processo de modernização e desagregação das sociedades tradicionais, particularmntido em setores da pequena burguesia urbana, dos funcionários públicos (Alemanha, Itástria) e em amplos segmentos camponeses (Espanha, Portugal, Hungria e Romênia). O proces

odernização oriundo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa, de tipo fordiscrito por Antonio Gramsci, com o crescimento do proletariado urbano e precarizaçãoquenos proprietários (além dos efeitos político-territoriais dos tratados de Versalhes, Triaully levaram ao deslocamento de amplos segmentos do campo para a cidade, como foram os Berlim, Budapest, Turim e Roma) criaram amplas massas urbanas deslocadas e anômicas.

tros segmentos, como a classe média urbana formada por funcionários da administração púbs empresas privadas, os primeiros sinais do fordismo invasor – em especial na Alemanhastria – causaram o desemprego estrutural, acompanhado de grande perda de prestígio e de po

cial. Da mesma forma, em amplos setores entre os funcionários públicos e privados e na peqrguesia espalhada por milhares de pequenos negócios, sentiu-se uma profunda nostalgia poretensa ordem social equilibrada e harmônica – cada vez mais mistificada – reinante em momeriores da História, onde estaria supostamente ausente os conflitos de classe. Assim, constitu

ma utopia reacionária na qual os “velhos bons tempos” existiam sempre no passado, recusandesente conturbado e um futuro marcado pela possível imposição do socialismo nivelad

ualitário. A expansão do sindicalismo industrial – quase sempre de inspiração marxista, mzes no interior dos partidos comunistas e mesmo dos partidos social-democratas – causou tamande apreensão em tais setores, cada vez mais convencidos de que os “trabalhadores de as” estariam – mediante barganhas ou conspirações com os governos liberais-representativ

urpando seu prestígio social e acelerando a sua exclusão política e econômica. Os processtauração econômica – principalmente na Itália, Áustria e na Alemanha, caracterizadasociação entre grande capital e sindicatos – acabaram por acelerar a monopolização industripobrecimento do campo, acentuando o caráter espoliador – em relação às classes médias

osperidade liberal no pós-guerra. Além disso, a expansão do liberalismo – e, em alguns casoarquismo e do socialismo marxista – acentuou a crítica às estruturas tradicionais, em espec

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pel da Igreja Católica, duramente criticada e questionada em seu papel de liderança social. Asetores atingidos pelas mudanças sociais em curso identificaram nas estruturas tradicion

mo a Igreja, os modelos corporativos de organização social e os governos fortes e centralizao nacionalismo – os refúgios seguros em face de um mundo incerto e em movimento. Enquanrte da Europa o fascismo foi reativo e defensivo diante da dominância liberal, no sul-sudesramente preventivo, visando a derrota das forças modernizantes, antes mesmo de sua hegemsociedade. Assim, no seu conjunto, os fascismos poderiam ser caracterizados pelos segu

ntos: (1) antiliberalismo, antiparlamentarismo e antimarxismo militante, com forte apego às fo

dicionais de organização social e a um Estado forte, centrado numa personalidade autoritáriefesa de um Estado orgânico, condutor de uma comunidade homogênea, marcado pelo princíperança, tendo sempre à frente um Führer ou um Duce; (3) a ideia de uma comunidade do mo substituta da sociedade dividida em classes sociais (anulação da luta de classes), baseadncípios metapolíticos e mesmo irracionais, como sangue, raça e história vivida; (4) a nesoluta de qualquer possibilidade de alteridade, ou seja, a recusa tanto do Eu individual penanto do Outro diferente e autônomo, quase sempre em favor de uma entidade mítica como a “r

Como fenômeno geral, nenhum fascismo, em sua versão nacional ou local, será idêntico a o

sto que a busca de um pretenso caráter nacional é parte fundamental da construção da comuncional. Tal processo surge de forma clássica, em meados de 1929, na Alemanha, então gover uma coalizão de partidos democráticos e que parecia pronta para reocupar seu espaço de gtência econômica, com um amplo desenvolvimento industrial, inclusive introduzindo novas foorganização do trabalho, como a produção fordista em massa. Grandes empresas, inicialm

vorecidas por capitais norte-americanos, instalaram-se nos arredores de Berlim e na regiãhr e da Renânia, empregando milhares de operários. Grandes sindicatos, tendo à frente a cedical social-democrata, organizaram politicamente tais trabalhadores, fazendo exigências em salários, duração da jornada de trabalho e bem-estar social, abandonando um projeto

lchevique de tomado do poder. Grande parte dos setores médios urbanos, sobretudncionários das empresas e do Estado, permaneceu excluída dos novos arranjos sociais e polítiuitas vezes não reconheciam sequer um partido que pudesse representar no parlamento oseresses. Nas coalizões parlamentares, a presença da social-democracia era forte e o Ministérabalho ficava invariavelmente nas mãos de um militante saído da burocracia sindical somocrata, que cuidava dos interesses econômicos do proletariado em expansão – na maiorisos, procurando substituir o furor revolucionário dos primeiros anos da República de Weimancessões salariais, previdência social e pensões, o que apontava para uma melhoria soci

ndição operária na república, lado a lado com a decrepitude das velhas elites burocrátictado e do sistema administrativo privado. Ao lado destes, existiam ainda sindicatos católipirados na Doutrina Social da Igreja, com nítido caráter corporativo e no mais das vezes tamoritário, pregando a harmonia entre empregados e patrões – e, por fim, os sindicatos comunremamente críticos no tocante à atuação da burocracia sindical social-democrata e voltados

ma mudança revolucionária da sociedade. Nesse contexto, o caráter republicano e parlamentpública na Alemanha, de cunho liberal e representativo, não era capaz de despertar gusiasmo popular. A sua constituição – votada na cidade de Weimar, em virtude de Berlim

mada pela Revolução Comunista (daí a expressão República de Weimar ) – estabelecera um re

ançado de direitos políticos e sociais, com amplas garantias públicas, como form

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vaziamento do caráter revolucionário de boa parte do proletariado alemão. Portanto, desde 120, avançavam os direitos sociais e a participação sindical no governo alemão, visando conpeto revolucionário dos comunistas e, ao mesmo tempo, consolidar a hegemonia social-democ

Na república, dois conjuntos de partidos do arco constitucional – aqueles que aceitavstência da república – revezavam-se no poder. Inicialmente, uma coligação de esquerda – c

cial-democracia (SPD), o Partido Democrata (DDP) e o católico Partido do Centro ( Zentrumou o governo. No entanto, aos poucos, outra constelação política (de orientação direitista) abelecendo, com os católicos do  Zentrum  e o Partido Democrata preferindo uma aliança c

rtido Popular Alemão (DVP), de direita, e ligado aos interesses empresariais. Outra possibilarranjo político foi a formação da Grande Coalizão, com a reunião no governo de tod

rtidos constitucionais, desde a esquerda social-democrata até a direita popular alemã (DVP)a situação entre 1928 e 1930, quando um velho militante social-democrata, Hermann M

ganizou um amplo governo com todos os partidos que aceitavam a existência da repútabelecendo a Grande Coalizão. No outro extremo do arco constitucional, a ordem republcolocada em questão por dois grupos de partidos: à direita, pelos nacionalistas de extr

eita, que nunca aceitaram a rendição alemã em 1919 e o Tratado Versalhes (ver o Volume

nsequentemente, a liberal Constituição de Weimar; à esquerda, pelo Partido Comunista, que te1919 realizar uma revolução e fora derrotado pela aliança da social-democracia conservador Exército alemão e os grupos paramilitares (os chamados Corpos Francos), redundm banho de sangue, no qual os líderes comunistas Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht ortos. Os nacionalistas e extremistas de direita acusavam a república – e em especial os somocratas – de terem traído a Alemanha, consolidando o mito da punhalada pelas costas. Talá habilmente manipulado por um partido de extrema-direita até então pequeno: o  Pacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães  (NSDAP), também conhecido como n

orruptela de nacional, em alemão nazional ). Este recusava a existência da república, atribuía

s partidos e a sua corrupção a derrota da Alemanha em 1918 e via em tudo uma podnspiração mundial judaica, especialmente dirigida contra a superioridade racial e cultural anfigurando claramente as características centrais do fascismo, tais como: o antiliberalimarxismo e antiparlamentarismo, além da adoção de uma teoria conspirativa – no caso

zistas, voltada contra os judeus. Portanto, queriam a liquidação do Tratado de Versalhes –sera fim à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e obrigara a Alemanha a renunciar a ter Fmadas poderosas, além de obrigá-la a pagar uma imensa dívida de guerra e entregar grarções territoriais para a França, Polônia e Bélgica. Em pleno funcionamento das institu

publicanas, com crescimento econômico e garantias sociais, a influência dos nacionais-sociaou restrita aos grupos reacionários oriundos do Exército, à pequena burguesia urbana (lojiquenos empresários) e aos funcionários públicos nostálgicos do prestígio usufruído sob o II Império alemão, entre 1871 e 1918).

O Partido Nacional-socialista não era homogêneo: grupos rivais disputavam a hegemoniantrole da hierarquia interna, particularmente a partir de 1930, quando o partido comrdadeiramente crescer. Uma ala era particularmente ativa: os SA (“Sturmabteilung”, ou “Divmpestade”), tropas de choque que desfilavam fardadas portando insígnias pelas ruas e promos de vandalismo e terror contra judeus, comunistas e locais gays. O seu líder, Ernst R

senvolvera uma virulenta linguagem antissemita, acusando os judeus – paradoxalm

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ntificados com Wall Street e Moscou – de organizarem uma cruzada antialemã. Assim, promabar com os tubarões capitalistas, a exploração usurária, identificando capitalismo e juda

seu lado, figuravam ainda os irmãos Strasser (Gregor e Otto), que organizaram sindicatos narometiam ir além dos programas sindicais social-democratas com uma revolução verdadeiramcional e socialista. Foi neste clima político que eclodiu a crise econômica mundial de ercutindo fortemente no país. A fuga abrupta dos capitais norte-americanos e a paralisaçãs, principalmente em virtude da queda das exportações, levaram a uma crise profunda, com

veis de desemprego e mal-estar social generalizado, provocando a perda da solidariedade s

Grande Coalizão que governava o país não estava pronta para a crise, assim como os mecanibem-estar social criados pela República: com um exército de mais de 4 milhõe

sempregados (e que chegará a 6 milhões em 1932), as instituições começaram a dar sinaaustão. O ponto de ruptura adveio com a discussão sobre o seguro-desemprego que, montadoncionar em uma economia normal (e a pleno vapor), não mais conseguia dar conta de milharsempregados. A resposta do governo foi aumentar a contribuição de empresários, trabalhadoEstado para cobrir os valores devidos aos desempregados. O Partido Nacional Popular (D

presentando o empresariado, recusou-se a aceitar qualquer aumento da contribuição do Est

s empresários, enquanto o ministro do Trabalho (sindicalista social-democrata) recusavaeitar o fim do amparo ao trabalhador ou o aumento exclusivo de sua contribuição. Assim, rimo governo democrático da Alemanha, sob o peso da crise e da incapacidade de os seus parlíticos apresentarem uma solução política viável.

O presidente da República, o velho Marechal Hindenburg, sinceramente monarquisnservador, viu chegado o momento para impor uma nova forma de governo à repúbsprezando o Parlamento e os partidos, usou seus poderes de exceção e nomeou um governnoria sem apoio parlamentar, governando por meio de decretos presidenciais. Não se tratav

m golpe de Estado: a Constituição previa o caso, mas apenas em circunstâncias especiais

mo norma de governo. O escolhido como primeiro-ministro foi o político católico Heiüning, que procedeu, após assumir o poder (entre 1930 e 1932), a novas eleições, em busnstituir uma maioria de centro-direita que o apoiasse. Brüning pôs em prática um progremamente severo e impopular, que envolvia redução da massa salarial dos funcionários, cs gastos com seguro-desemprego e aposentadorias, além de anular as convenções coletivbalho e aumentar os impostos indiretos. O resultado eleitoral foi catastrófico: Brüningnseguiu sua maioria de centro-direita; pelo contrário, o centro político do país desabourema-direita nazista agigantou-se. Os nazistas passaram de 3% para 18% do Parlamento, com

putados, tornando-se o segundo partido do país, atrás apenas da social-democracia. O pamunista também cresceu, chegando a 70 deputados. Assim, ocorreu uma nítida crispresentatividade, com os partidos tradicionais da direita (liberal ou nacionalista-autorirdendo eleitores para a extrema-direita. Brüning apelou então ao presidente para convernando por decreto. No entanto, irritado com a política de impostos contra a grande proprierícola – da qual ele próprio era um representante – e com a proibição das tropas nazistandenburg demitiu o primeiro-ministro, chamando um aristocrata católico profundamente ligapresariado alemão, Franz von Papen, para o cargo em 1932. Von Papen contou com o apo

enas 71 dos 577 deputados. Por isso, mais uma vez, o presidente usou seus poderes de exc

ra manter um governo que não possuía qualquer legitimidade ou representatividade.

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Von Papen reverteu o programa político de Brüning e procurou uma aproximação com o Pazista, inclusive apresentando Hitler aos grandes industriais e banqueiros do país. Por intermVon Papen, cessaram as reservas que os grandes capitalistas nutriam contra o palav

magógico do Partido Nazista (principalmente em torno da ideia de revolução social apregoadhm e pelos irmãos Strasser), recebendo vultosas contribuições financeiras. Assim, quorreram as novas eleições, em julho de 1932, houve um clima de extrema violência, cozistas dominando as ruas e estabelecendo o terror no país. Com tudo isso o Partido Nazi consenas 37.2% do total dos votos, mantendo-se assim o impasse parlamentar. Von Papen, por sua

o conseguia manter um governo funcional sem apoio do Reichstag, o parlamento alemã, e ar sobre controle dos poderes de exceção do velho presidente Hindenburg. Daí procedeu-se ava eleição, em que o Partido nazista perdia força, passando para 33,1% dos votos. Von Pendeu que seria o momento adequado para trazer os nazistas ao governo, como força auxili

m governo de direita, autoritário porém não nazista. A seu ver, Hitler temeria uma nova eleiçãal o partido poderia voltar a ser irrelevante.

Por isso, Von Papen propôs a Hitler uma participação no gabinete, mas ele respondeu com viggativa. Na percepção do líder nazista, tratava-se de assumir a integralidade do poder, e n

uir em meio às outras organizações de direita. O próprio Von Papen temia a diluição deioria eventual de direita no país. Os nazistas perderam, na eleição de novembro de 1932,lhões de votos, enquanto os social-democratas (SPD) mantiveram seu eleitorado e os comuançaram grande vitória, com 81 deputados. Porém, a disputa entre os dois grandes partid

querda (o SPD, social-democrata, e o KPD, comunista) e o veto das Forças Armadamunistas impediram o funcionamento do Parlamento e a formação de qualquer coligaçãquerda capaz de opor-se aos nazistas. A análise política da Komintern – já dominada linistas, que consideravam o SPD como  social-fascismo  – e a crença ilusória numa revo

undial em virtude da crise econômica contribuíram também para a paralisia da esquerd

ovíncia da Prússia, liderada por um governo social-democratas (e um grande centro operelou-se contra Von Papen e seu governo, mas seus governantes foram ilegalmente demitidosnter a normalidade política, Hindenburg apelou para uma reforma autoritária da repú

amando o Exército para intervir na cena política: o General Kurt von Schleicher assumiu o primeiro-ministro (entre dezembro de 1932 e janeiro de 1933) e negociou com a ala mais posindical do Partido Nazista, em especial com Gregor Strassser, tentando formar uma rlamentar, ao mesmo tempo em que pediu apoio do SPD. No entanto, mesmo demitido do carmeiro-ministro, Von Papen continuou conspirando em torno de uma aliança com Hitler:

pectativa era domesticar o nazismo e utilizá-lo contra a poderosa estrutura sindical de esquntra os partidos comunistas e contra a social-democracia, viabilizando a sua figura como o hoovidencial do empresariado alemão. Assim, aproximou Hitler dos círculos católicos epresários que, por sua vez, pressionaram o presidente da República, que demitiu Schleicherde janeiro de 1933, Hindenburg formou um gabinete com Hitler como primeiro-ministro e

pen como ministro do Exterior e vice-premier. Hitler procedeu imediatamente a uma sérdanças radicais no ordenamento do país: suspendeu os direitos civis e declarou estado de exdefesa do Povo e do Estado; graças ao apoio dos católicos, conseguiu plenos poder

dependentes do presidente – que morreu em 2 de agosto de 1934, abrindo caminho para que H

sse os cargos de primeiro-ministro e presidente, sob a denominação de Führer .

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Após a farsa do incêndio do Parlamento ( Reichstag ), Hitler colocou fora da lei comunisdicalistas, abrindo nas imediações de Berlim o primeiro campo de concentração (Oranienbrias medidas começaram a ser tomadas contra os judeus, considerados a origem de todos os mAlemanha. A ala populista do partido – que ameaçava a aliança com o Exército e o empresafoi eliminada na  Noite das Longas Facas  pelas tropas SS. Inúmeras lideranças nancorrentes com Hitler foram assassinadas, entre elas Gregor Strasser e Ernst Röhm, assim coneral Schleicher. Von Papen foi demitido e enviado para a Turquia como embaixador. Assimrema rapidez, Hitler livrou-se de seus aliados de primeira hora, a velha elite conservadora a

massas populares antiliberais e anticapitalistas – inutilmente à espera de uma “segvolução” contra o grande capital e o novo capitalismo modernizante (a proposta dos iressar), que deveria ser conduzida pela ala mais popular do nacional-socialismo, sob a lideErnst Röhm e seus camisas-pardas das SA – tiveram as suas expectativas frustradas. Em segegime nazista livrou-se dos conservadores tradicionais e dos católicos, paralisando a opoólica através da assinatura de uma Concordata com o Papa (a chamada “Reichskonkoinada pelo Núncio Eugenio Pacelli, futuro papa, e Franz Von Papen). Em nenhum momento Hganou-se quanto aos interesses desses parceiros em usar suas forças contra as alas de esquer

im que se sentiu suficientemente forte, tratou de se desvencilhar dos mesmos, estreitando acial da ditadura. Quanto mais exígua esta se tornava, mais fundamental era a mobilizaçãnjunto das massas sociais como forma de participação política e de consolidação do regsim, a agitação em torno da conspiração judaica, do “deboche” contra a raça – a alusãmossexualismo – ou da conspiração negra (dos padres católicos), bem como o ufanismo racionalista, serviam de instrumento de coesão em torno de um regime que via sua base scolher. Outros instrumentos – como a promoção social do lazer, com festas coletivas, viaêmio, jogos e amplo desenvolvimento das atividades ao ar livre – compunham o quadnstrução do consentimento coletivo em torno da ditadura nazista. No entanto, o Estado nazist

scuidou em momento algum da construção de um grande aparato repressivo, centradichssicherheitshauptamt , um superministério encarregado da vigilância, perseguição, priermínio daqueles considerados inimigos do Estado e que iria levar à apoteose do assass

dustrial em massa nos campos de extermínio. A mobilização permanente das forças sociaibstituição da participação política clássica por um processo constante de apelo do líder às mplicaram justamente a definição de inimigos objetivos (antipovo, antirraça, antinação) ndenação pública e justificação do caráter policial do Estado.

erências

ORNO, T.H. “A Educação após Auschwitz”. In: COHEN, G. (org.). Adorno. São Paulo: Ática, 1986.CKEL, E. Hitler: Idéologue . Paris: Gallimard, 1973.UMANN, Franz. The structure and pratice of National-socialism. Nova York: Lyndon and Co., 1944.LTE, Ernst. Der Faschismus in seiner Epoche. Munique: DTV, 1963.VA, Francisco Carlos T. da. “Os fascismos”. In: REIS, Daniel Aarão et al. O século XX . Rio de Janeiro: Record, 2000.RSHAW, Ian. Hitler . São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

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SCISMO NA  ITÁLIA A Itália, como a Alemanha, tornou-se muito tardiamente um Estado Nacificado. Foram as lutas travadas no século XIX entre nacionalistas agrupados em torno da dinSaboia (do pequeno reino do Piemonte no norte do país, em torno da cidade de Turim) coneja Católica (senhora de um vasto principado territorial no centro do país) e os austríacosupavam o norte da Itália, a Lombardia e o Veneto) que resultaram, em 1871, na proclamaçno da Itália, com a capital em Roma. A luta pela unificação colocou em lados opostoólicos, defensores das prerrogativas seculares do papado, e os liberais-nacionalistas, favorávificação, o que só poderia ser feito despojando o papa de seus poderes seculares e territo

rindo, assim, um profundo fosso na sociedade italiana. O papa, após a unificação, autoconsidprisioneiro no Vaticano e lançou um anátema contra a participação dos católicos na vida pocional; por sua vez, os liberais procuraram excluir padres e monges do ensino públicministração e da participação política, tentando, assim, reduzir o clericalismo na vida púliana e construir um Estado laico. Com uma sociedade dividida, grande parte da popurgulhada na pobreza e com a maioria dos italianos ainda analfabeta – 74% da população noséculo XIX –, a vida política do país se dava em torno de apenas 2% da população, os únicoham direito ao voto. Assim, a participação política italiana era limitada ao pequeno círcu

líticos liberais, às Forças Armadas e à nobreza que gravitava em torno da dinastia. O novo Eliano parecia cumprir com a afirmação do escritor italiano Tomasi di Lampedusa: “Foi prer uma revolução para que nada mudasse.” A unificação do país no século XIX, que mlianos chamaram esperançosamente de Rinascità (Renascimento), fora uma revolução frustragimento de um poderoso movimento socialista – além de um forte movimento anarquista autôá no início do século XX começou a desestabilizar a oligarquia liberal dominante, ao exigir mrticipação política e colocar em pauta uma agenda social. A adoção do sufrágio univsculino ocorrerá em 1913. Ao fortalecer o Partido Socialista, o seu resultado se

rofundamento dos desequilíbrios então existentes.

O país era ainda marcado por uma clara diferenciação entre uma economia agrária, particularmsul, e dinâmicos centros industriais ao norte, como Turim e Milão. Em grande parte do p

ra era monopolizada por grandes famílias que haviam aderido à monarquia e conseguido, anter seus privilégios. Uma imensa massa de camponeses e pequenos artesãos imigrava pa

UA, a Argentina e o Brasil em busca de vida melhor. A monarquia havia procurado aliviessões sociais por meio de uma ativa política imperialista, conquistando no exterior as terratavam na Itália. Porém, as aventuras militares, particularmente na Etiópia, haviam terminadsco, ferindo a honra nacional. A eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) surgiu, e

mo uma possibilidade única de a Itália realizar um projeto de grande potência, conseguestígio e áreas coloniais para assentar sua população, sem necessidade de reformas intdicais, principalmente em torno da questão agrária no sul do país. Embora aliada da Alema

Império Austro-Húngaro, Roma negociou em segredo sua participação na guerra comtânicos: em troca de lutar ao lado dos Aliados (França e Grã-Bretanha), receberia territóriolcãs (na atual Croácia e Bósnia) e na África. Liberais e nacionalistas agitaram as ruancipais cidades italianas em favor de uma imediata entrada na guerra, enquanto sociaclaram-se contrários à  guerra imperialista. Dá-se, então, um fato inusitado: um dos pulares líderes socialistas, neutralistas e antimilitaristas, Benito Mussolini, redator do j

cialista  Avanti!, exige a entrada da Itália no conflito. Expulso por seus companheiros, Mus

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ebe apoio financeiro de empresários interessados nos gastos de guerra e do governo da Frae necessitava de aliados contra a Alemanha –, o que lhe permite fundar o diário Il Popolo d Inovo jornal tornou-se uma forte tribuna favorável à guerra, ao intervencionismo  (defeervenção da Itália no conflito) e aumentou a popularidade do então jovem jornalista e políticus ex-companheiros socialistas acusaram-no de ser vendido ao grande capital. Na verussolini percebeu as chances que a guerra abria aos determinados e aventureiros.unto a escritores famosos, como Filippo Marinetti, Gabriele D´Annunzio e Mario Carli, Musumiu uma postura favorável a uma revolução dos costumes e modo de viver, aderind

urismo como visão de mundo: a guerra seria o caminho para a redenção da Itália, da superaçãgarquias políticas tradicionais e a abertura de caminhos para aventureiros. Depois de rticipação no conflito, quando é ferido, Mussolini retornou a Roma e reassumiu Il Popolo d I

que transformou os arditi – tropas de elite italianas famosas por sua coragem e desprendimemodelo do novo homem italiano. Entretanto, a paz trouxe graves decepções para os italiano

omessas de um império foram perdidas. Os EUA, com o  Plano de Paz do Presidente Wusaram-se a entregar povos e países ao domínio de outros. Os italianos, que haviam perdidl homens no conflito, declaram-se traídos. “Ganhamos a guerra e perdemos a paz” tornou

xima política que agitou os meios nacionalistas. O poeta D´Annunzio tomou a frente da rcionalista, ocupando com um punhado de homens a cidade de Fiume, que deveria ser entregoslávia. De Roma, Mussolini agitou as massas contra os  governos liberais fracos endições de defender o povo e a honra nacional . Ao mesmo tempo, uma onda revolucioigida pelo Partido Comunista e inspirada na Revolução Russa (1917) sacudiu o norte industris, principalmente Turim. Inúmeros conselhos de fábrica, nos moldes dos sovietes, foram crigoverno liberal se viu impotente para deter o movimento operário, sendo fortemente criticadonfindustria  – a grande confederação nacional dos industriais italianos. No campo, inúm

efeituras, de posse de socialistas e comunistas, iniciaram a reforma agrária, despertando o ód

ande proprietário e o pânico de pequenos e médios camponeses incertos quanto ao futuro. 20 e 1921, o governo foi exercido por um velho líder liberal, Giolitti, que se mostrou incapresentar um plano de reformas que apontasse para a ruptura com o passado oligárquieenchesse as necessidades de bem-estar dos italianos após quatro anos de sacrifícios de gm outro extremo, os nacionalistas, em sua maioria antigos arditi, com suas camisas neuniram-se em  fasci – velha palavra que remonta à tradição romana, significando feixes de regados pelos lictores da Roma Antiga, com os quais aplicavam as penas criminais – e agrupjovens desesperançados com o regime vigente para combater socialistas e comun

ncipalmente nas fábricas e nas cooperativas camponesas. Liberais, pacifistas, socialismunistas foram os alvos principais de ação dos esquadrões fascistas: com porretes (il nganello) e óleo de rícino, humilhavam, espancavam e matavam os seus oponentes

presentantes da propriedade agrária também apelaram para os fascistas como força da orsim, hordas punitivas partiram das cidades para o campo, onde espalharam o terror. Nas planPó, na Emilia-Romagna, na Toscana, onde os esquadrões fascistas atacaram os  sindi

rmelhos e as prefeituras socialistas, autoridades pró-camponeses foram destituídas, cooperatrabalhadores rurais foram incendiadas e seus líderes espancados, havendo mais de 600 pe

ortas em tais ataques. Portanto, em face da impotência do governo liberal, os fascistas surgiram

hos de proprietários e capitalistas como o partido da ordem. Em 1921, já havia 200 mil milit

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cistas em esquadrões armados, contando com o fornecimento de armas da polícia e do Exée dominavam aldeias, cidades e províncias. Assim, foi estabelecido um clima de quebra da onstitucional. O movimento fascista – marcado por certo caráter explosivo e desregrado quadrado por Mussolini em 1921 com a criação do Partido Fascista Nacional (PNF). Fortemntralizado – Mussolini temia seus concorrentes provinciais dentro do partido –, o PNF aliramente ao grande capital, com apoio de líderes industriais como Giovanni Agnelli (Fiuseppe Volpi (setor elétrico). No entanto, o partido manteve forte base popular: 40% dembros foram trabalhadores agrícolas, industriais e marítimos; outros eram estud

ofissionais liberais, militares e funcionários públicos. A classe média urbana dominava os quigentes, com 90% dos postos de comando nas mãos da pequena e média burguesia. Musenava para estes com uma revolução anticapitalista ou, ao menos, contrária aos açambarcadntendo um forte apelo popular e de massas. Em 1922, a crise política agravou-se e Luigi

bstitui Giolitti como primeiro-ministro. O novo premier  foi inexpressivo e incapaz de condus em meio à turbulência, o que permitiu à Confindustria, aos militares e aos membros da fal pressionarem o Rei Victor Emmanuel III para buscar uma saída contrária ao ordenam

nstitucional. Mussolini percebeu suas chances e organizou uma Marcha sobre Roma com as t

camisas-negras fascistas. Milhares de militantes saídos de todo o país convergiram para a cam qualquer oposição da polícia ou do Exército. Em 28 de outubro de 1922, o rei indicou Musmo seu primeiro-ministro. Quando isso aconteceu, os fascistas não tinham nem 40 deputadrlamento, mas os liberais e os católicos acabaram apoiando o novo governo por merenfiança da indústria e do Exército. Assim, uma série de medidas começou a subverter a onstitucional: Mussolini organizou a sua milícia de segurança nacional, que nada mais era do

m grupo de paramilitares que ele deixou sob a chefia de Emílio De Bono – o chefe de polícia –endeu, torturou e assassinou os adversários políticos do novo regime; ao mesmo tempo, Musou o Grande Conselho Fascista, órgão extraconstitucional que passou a aconselhar o gov

ste modo, foi definido um duplo Estado  em que as instituições tradicionais do reino fadativamente superadas pelo Estado autoritário-policial fascista. Após as eleições claramudadas de 1924, o deputado socialista Giacomo Matteotti denunciou o Estado policial e a totribuna do Parlamento. Logo em seguida, seria sequestrado e dias depois apareceria m

ussolini resistiu ao escândalo, recebendo apoio do rei, do Exército e dos católicos. Anseguiu sair mais fortalecido politicamente depois do Caso Matteotti. Por fim, em 1926, Musgiu plenos poderes e promulgou as leis fascistíssimas, que instituíram uma ditadura em qu

óprio assumia o título de Duce (líder). Assim, quatro anos após a “Marcha sobre Roma

taurada a ditadura fascista italiana.erências

FELICE, R. Explicar o fascismo. Lisboa: Edições 70, s/d.LZA, P.; BERNSTEIN, S. Le Fascisme Italien . Paris: Seuil, 1980.LZA, Pierre. Les Fascismes. Paris: Seuil, 1985.LTE, Ernst. Die Faswchistischen Bewegungen . Munique: DTV, 1966.

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FRANCISCO CARLOS  TEIXE

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SCISMO (DEBATE HISTORIOGRÁFICO) O fim da Guerra Fria (1991) e a persistência do fenôofascista, em suas diversas formas, obrigaram boa parte da historiografia sobre o tema a bvos instrumentos de pesquisa. Neste sentido, autores como Ian Kershaw, Martin Broszat, Timason e Hans Ulrich-Wehler, de forma diversificada, buscaram novas abordagens para o fenôcista (e nazista). Algumas características afastariam os modernos trabalhos sobre fascismoes baseadas seja no papel do grande líder e seu carisma (sem negá-lo, contudo), seja na tetadura reflexa ou defensiva”, com Ernst Nolte, ou mesmo na ideia de totalitarismo como c

plicativa. As teses da “revisão da revisão” buscariam outros caminhos que apontariam para:

ureza e as características do Estado são mais importantes do que a personalidade do ditador;ação da chamada “caótica coleção de burocracias rivais” na expressão de Kershaw e Br

guindo a proposta de Franz Neumann, como característica central do Estado fascista; e áter de “instável coalizão de blocos de poder”, estes mesmos subdivididos em fac

mpetitivas e mutuamente hostis, como arranjo político típico dos regimes ditatoriais. Ian KerMartin Broszat fazem, então, uma dura e crítica análise do uso do conceito “totalitarismo” ptória do nazismo. Para ambos, a insistência em comparar os regimes do III Reich e da URsmo em avaliar o grau de “maldade” existente entre os regimes, decorre do amb

ombatente” da Guerra Fria e, pior de tudo, daquilo que Kershaw chamou de  german apoloempting to white-wash the German past in various ways. Para Kershaw/Broszat a teoralitarismo possui vários pontos interessantes, incluindo a análise do funcionamento de algtituições do Estado, mas não é capaz, por sua generalidade, de produzir uma análise do prtado, retendo-se em aspectos formais das políticas de poder, como a propaganda enqegoria que tudo explica e que resume o próprio Estado, tendo como consequência uma re

nganosa” e estupeficante com a sociedade, que sucumbe à magia de homens como Josef Goebmesma forma, o caso da URSS precisaria de um instrumental teórico próprio e adequado – a Kershaw aos estudos de Moshe Lewin – ao tipo específico de ditadura que se desenvolveu

Partido Comunista. Como procedimento metodológico impor-se-iam os estudos das divtituições e burocracias que viabilizam o Estado ditatorial, como os corpos dos altos funcionlitares, diplomatas, polícias, da Justiça, professores etc. Da mesma forma, as novas burocrergentes – dos partidos – e sua colonização conflituosa do Estado – quando se deparam corocracias especializadas já encastoadas (como os militares, a polícia ou os diplomatas) expcrescente radicalização espontânea dos regimes. Assim, a “radicalização cumulativa”rrespondente “corrida” para satisfazer o “Führer” – seja ele o homem providencial, o partid

ma ideia coletiva –, e/ou prestar voluntariamente sua colaboração ao regime, dissolvem a

osição Estado/sociedade civil como chave explicativa das ditaduras. Os grandes cônomos da sociedade, tais como associações de empresários, mídias, Igrejas e clubociações esportivas e culturais, lançam-se no mesmo processo visando garantir a assunçãotado, de seus programas básicos. Normalmente explicita-se então o caráter classistaerminado embora assumido, das ditaduras. Na maioria das vezes, tais instituições da socieil adiantam-se aos processos de expurgos entregando, excluindo e denunciando o “

nveniente” existente em seus quadros. Desta forma, acelerando a radicalização do Esumulam capital político para a defesa de seus interesses e o acatamento pelo Estado deóprios programas. Mesmo no nível mais microssocial, no local de trabalho, por exe

divíduos percebem nas ditaduras uma instituição capaz de servir aos seus interesses

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ediatos, oferecendo-se para a delação e espionagem de colegas e vizinhos, obtendo pequntagens, tais como promoções, adicionais financeiros ou melhores moradias. Neste contexestão do papel da propaganda – como o uso de festas cívicas, do rádio, do cinema e, mais ttelevisão – como mecanismos de convencimento/sedução e adesão de massas deve ser revi

m mais compreendida, como a forma do típico agir político das ditaduras fascistas, substituinmas clássicas do agir político como descrito na teoria política clássica. No seu papel, para sedução (Verzauberung , em Freud), as manifestações massivas e públicas das ditaduras bu

mpor uma identidade única, coletiva, e excluir o “outro conveniente”, mantendo, através de

igião laica, cívica ou racial, de Estado e para o Estado, os laços de lealdade, pertença e de adindivíduo (atomizado, típico da nova sociedade industrial de massas) com o Estado ditatste sentido, não se trata de uma “mentira” ardilosamente montada por um homem em um rico – o fascínio que até hoje o ministro da propaganda do Reich exerce sobre mtoriadores – ou a criação de opacidades gestadas pelo carisma do Führer. Estamos, em vernte de um agir político distinto, que nega e busca superar o agir político liberal, e de seu gonente, o marxismo. Torna-se, assim, imprescindível um entendimento que obedeça a ndamentos” simultâneos, como “vozes e contravozes”: de um lado, não aceitar a explic

oposta pelo próprio fascismo, centrando a análise na teatralização espetaculizante da políteitar, ainda, que a sociedade foi enganada ou seduzida, tomada como massa anômica e patificando o  Führerprinzip, a insignificância da massa e sua única possibilidade de segder”. Por outro lado, devemos recusar, ainda, a suposição básica da teoria política liberxista quando afirma que o fascismo é incompreensível, irracional, e não existiria um elítico na relação Estado/sociedade no fascismo. Precisamos, e isto é fundamental mpreender o fenômeno fascista, reconhecer que o fascismo reinventa a política, mobilizrmanentemente o povo sob a forma de paixões transferenciais. Mas, também, que o fascismo eeres jamais entenderam, eles mesmos, os mecanismos mobilizadores e seu conteúdo.

smos, e isso é expresso em seus diários e memórias, sofriam a mesma regressão neuróticssas que seduziam, longe de serem gênios de propaganda. Neste caso a própria explicação faende “as massas” como “material humano” –  Menschlichematerialle – passivo, “feminino”elemento “masculino”, representado pelo Führer, que seduz e “ganha” as massas de fgástica. Se for verdadeiro que os fascismos são movimentos de massa de grande capacobilizadora, não o é, ao contrário, que os próprios fascistas possam explicar seu sucesso atravm organizadas “ações de propaganda”. É necessário que haja um ambiente, um desejo,ncia, que constituam uma pré-história da sedução e que viabilizem a superação perv

urótica, do trauma em uma identidade exultante. Assim, creio que cometemos uma improprieinsistir nos mecanismos de sedução e, muitas vezes, abandonar as condições de recedividual e coletiva dos rituais geradores de identidades, “abraçados” como apaziguadores doar. Aqui, nesta abordagem, o objeto histórico não é a sedução – o polo poder -, mas a adesãocompleta e imprime sentido – o polo massa. Abandonamos, por já conhecidas, as esferodução da sedução e seus mecanismos para reconhecer que “a massa” é ator ativo e que posder e o interesse de participar das grandes manifestações e mobilizações. Os fascismos, auém, da noção de transcendência teórica oferecida pelo liberalismo – via uma participcional” e disciplinada – e a transcendência material (dita libertadora) do marx

volucionário, buscam a superação neurótica do trauma na construção de um “inimigo objetivo

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ente sobre o qual se possa “descarregar” a “culpa” e pela aniquilação restabelecer a felicidar fascista compõe-se de escolhas, decisões, aceitações tomadas pela própria sociedade cive do poder, que oferece inúmeras formas de participação. As colônias de férias, as viaetivas, as manifestações de massa, o mimetismo dos uniformes e a defesa do Führer e do idcista, incluindo aí o voluntariado de todos os tipos – inclusive a delação de companheirobalho, amigos e, no limite, de familiares – são ações conscientes, longe da “cegueira” criadaopaganda ou de uma sedução carismática opaca e quase religiosa. Em verdade, a adesão seâmbito de “gente comum” (ordinary people) e buscava construir, em mão dupla – de cima

xo e de baixo para cima – identidades sociais apaziguadoras da dor gerada no mal-estcismo surge assim como desejo, como na proposição de Wilhelm Reich, e como “libertarversa e neurótica, pela negação da “perlaboração” – o  Durcharbeiten  – do trauma coesmo que um trauma imaginário). Por isso mesmo precisa de permanente mobilização e se finvestimentos libidinais massivos em direção ao ódio. Muitas vezes, em sociedades indusmassa, perpassadas por sentimentos frustrantes e depressivos de alienação, de perd

ntidades sociais e individuais – Verfremdung , em Marx; Unbehagung , em Freud ou mesáusea” em Sartre – tais cerimônias rituais de massa, com uso massivo do corpo físico enq

a dos projetos de futuro permanentemente prometidos – restauram de forma neurótica um “equilado enquanto autonomia pessoal em busca da felicidade. Aqui emerge um “eu” regreurótico, tanto do ponto de vista de uma ontogênese, quanto na condição de uma filogênese hist

grupo social, quase sempre balizado por um trauma vivido, real ou imaginário, rda/amputação. Tal perda – expressa, por exemplo, numa derrota militar, na proletarizaçãsses médias, na perda e destruição de hierarquias antigas e, muito mais comumente, ucação autoritária incapacitante para o amor – é a geradora de forte sentimento de impotêma construção falseada da história do presente como impotência/perda. O agir político fataura, de forma neurótica, por negar a “perlaboração” do trauma (o  Durcharbeiten des Tra

Freud), o sentimento de poder e de superioridade (como na exaltação da raça e deperioridade em face do Untermensch, o sub-humano, configurado no “outro”), superando oar através dos rituais coletivos de criação de novas identidades, muitas vezes construídos arses coletivas substitutas de grande investimento libidinal e que restauram a condiçãtência anterior ao trauma da castração. A superação da “perda/amputação”, como no caso da nganada e roubada” ou da Alemanha “amputada” em seu território e população, inderosamente na transferência de energia libidinal, sublimando o gozo em rituais que aposde logo, para a aniquilação do “outro”, o responsável pela perda/amputação. Assim, os jo

cistas – do tipo  Der Stürmmer   ou  Der Völkische Beobachter , que expressam o mais fuissemitismo, antiliberalismo e antimarxismo, além de denunciar diariamente a “sabotagemsoziale  (grevistas, absenteístas, feministas, gays etc.), investem em descrições diárias, forsmo despudoradas, de crimes sexuais e de  Entführung   – desencaminhamento – de joianos” pelo corruptor judeu, ou gay ou liberal decadente ou marxista ou tudo isso junto. Háigos destes jornais, um gozo perverso – o gozo do castrado – na descrição de crimes sexuaisca estabelecer uma sexualidade puramente reprodutiva – como no escandaloso casebensborn” – em detrimento do gozo/amor/satisfação, transferindo a energia libidinal parpressão massiva, ritual e pública em uma forma de política regressiva e neurótica. Neste con

Líder” é o alvo do amor de transferência, neurótico e inflexível, experienciado tanto pelas m

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anto por homens como Speer ou Goebells, como salta das páginas dos seus diários.

erências

EUD, Sigmund. “Erinnern, Wiederholen und Durcharbeiten” (Lembrar, repetir e elaborar) (ou perlaboração), 1914. In:atschlage zur Technik der Psychocoanalyse. Viena: Gesamte Werke, Kopf und Edelmann Verlag, 1924.

RSHAW, Ian. Stalinism and Nazism: Dictatorships in Comparison  (em parceria com Moshe Lewin). Cambridge: CamUniversity Press, 1997.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

SCISMOS E DITADURAS, NOVAS ABORDAGENS Houve, durante bastante tempo (ao menos até amarxismo e dos estruturalismos históricos), certo pudor ou receio dos estudiosos em volt

ra temas que fossem além das relações da economia com o Estado, a grande política e, claerra e sua história na época dos fascismos. Assim, o Holocausto e a perseguição dos junstituíram-se em um campo “próprio”, quase exclusivo, de estudos judaicos, deixando de lao absolutamente indispensável para a compreensão dos fascismos, que são a dinâmica raciala “radicalização acumulativa” (como nos diz Ian Kershaw) unindo fascismos, exclus

nocídio. Por esta razão, o maior genocídio da História não surgia nos trabalhos como um elemntral explicativo, mas como algo já sabido, uma tara paralela dos regimes, relegada aos livrmórias, aos documentários e reportagens. Assim é, por exemplo, nas primeiras obras sobudos do fascismo alemão, como Trevor-Roper ou William Shirer, onde o Holocausto e o

áticas políticas genocidárias dos fascismos são ausentes ou laterais. Ora, a obra de Kerascido em 1943), largamente apoiada nos novos estudos do Holocausto e no debate sobureza da dominação hitlerista (desde Neumann até Bracher e outros) dá um novo destaquismo como um elemento central, explicativo, do fascismo alemão. Novas abordagens sobáter racialista dos regimes fascistas e de suas guerras mostram-nos a íntima relação cismo/racismo/negação da alteridade. A perseguição a judeus e a outras minorias surge, amo um elemento mobilizador de massas capaz de garantir a adesão popular e a capacidanter o povo alemão em permanente estado de guerra aberta contra um “inimigo int

edeterminado. Emergiria aqui o racismo como forma específica de agir político nos fascirtanto inscrito na própria natureza do fascismo. Não se trata, desta forma, de um detalhe, víca do regime que possa ser deixado de lado, como um campo específico, na história dos fascida Segunda Guerra Mundial. Da mesma forma, a construção de uma “conspiração” permanent

deus, de comunistas, de maçons, de gays etc.) justificaria a guerra como defensiva, em proteç

a superior “vítima” e atacada. Cabe, ainda, estabelecer que o racismo nos fascismos é históseja, o alvo central do fascismo é determinado historicamente. Não há uma definição apriorí

utrinária, de quem viria a ser o “outro” ideal e “conveniente” para ser exposto como o conspicreto, o contaminador da raça ou espoliador do povo. Tal escolha depende inteiramentendições históricas, do grau de implantação das ideias democráticas ou socialistas na sociedadestão e nos grupos sociais/étnicos/políticos/comportamentais que as esposam ou com elantificadas. Assim, o “outro conveniente”, o “inimigo objetivo” (como diria Peter Gay, nascidrlim em 1923) apontado pelo regime ao ódio das massas é uma escolha específica de cada recada sociedade, tendo como traço marcante em comum a negação de qualquer alteridade. D

ma, o judeu pode ser o outro conveniente por excelência numa sociedade com grande núme

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deus, cultos e ativos politicamente. Mas, talvez, não seja o alvo tão claro em sociedades ondeus não desempenhavam um papel relevante, obrigando as lideranças fascistas a buscar outroódio para as massas. Também a chamada “educação autoritária”, o grau da repressão sexuastração pessoal, como destacaria George Mosse (1918-1999), desempenharam um papel cedesencadear, na popularização, do ódio genocidário. Mas podem ser também maçons – como de Portugal e da Espanha –, comunistas, liberais, ciganos, gays, negros (como no caso da

rante a miscigenação decorrente da existência das colônias africanas) os alvos a serem aponódio popular e à ação repressiva do Estado. Qualquer um que, por infelicidade, se encaix

ndições de “contra tipo” do ideal doutrinário fascista está em condições de tornar-se vítimismo e a segregação fascista são, desta forma, a face da negação da alteridade. Nestas abordestamos, plenamente, no âmbito das possibilidades analíticas decorrentes da chamada Títica da Sociedade ou da Escola de Frankfurt. Os trabalhos de Peter Gay – ele mesmo aluneodor Adorno, Herbert Marcuse e em especial de Franz Neumann –, e de George Mossroximam desta fusão teórica de elementos sociais, políticos e comportamentais proposta nkfurtianos. A riqueza de possibilidades, em especial a emergência da recusa à alteridade, c

ma chave explicativa já nos permite ver além do horizonte estruturalista. Da mesma forma, a

nominada “working for Hitler”, desenvolvida por Ian Kershaw –, ou seja, a disposiçãoeresse próprio, voluntário, de segmentos importantes da opinião pública, como burocdicos, professores, juízes etc., de trabalharem para o regime, – de forma imediata, radiortunista – explicita o caráter “popular” e voluntário da adesão/consentimento no fasc

merge aqui a imperiosidade de pesquisas e trabalhos voltados de forma específica para gciais e profissionais e instituições, redesenhando suas trajetórias no momento inicial da chefascismo ao poder, sua adesão e colaboração e/ou resistência e, claro, o momento após a defascismo. Alguns trabalhos, incialmente na Alemanha, e depois orbi et urbi, adotaram

ocedimento, com ótimos resultados. Assim, o historiador alemão Wolfram Wette pesq

plamente o processo de resistência/adesão/colaboração das Forças Armadas alemãs ehrmacht – ao regime nazista, desconstruindo a explicação, autocultivada, de profissionalismoso da Wehrmacht cabia lançar toda a culpa pelas atrocidades nazistas sobre as SS, ou em esp“Totenkopf SS” e seus soldados estrangeiros, mantendo a “honra de guerra” esposada

ehrmacht. Wette, de forma sistemática e altamente documentada, expõe largamente a participWehrmacht no genocídio, em especial a colaboração com as “Eisatzgruppen” no Leste Europg Friedrich, colaborador do Museu Yad Vasem, de Jerusalém, tratou da Justiça e dos magistmães sob o III Reich, demonstrando a ampla continuidade entre a magistratura da époc

pública de Weimar e o Reich nazista. Num outro campo, absolutamente tabu até muito pmpo, um grupo de historiadores liderado pelos veteranos Norbert Frei e Tim Schansenvolveu um amplo programa de pesquisas sobre o papel dos empresários, não sanciamento do Partido Nazista (o que foi, afinal, tardio e parcial em virtude das desconfiançáter “populista” do nazismo enquanto movimento), mas sobretudo acerca dos imensos l

vindos da guerra, em especial pelo uso massivo de trabalho escravo judeu, polonês e rsim, empresas do porte da AEG, Brow und Boveri, Mannesmann, Siemens, Krupp, Deutsche Bre outras, além, é claro, dos sindicatos empresariais, tiveram sua participação no Holocplamente divulgada. É notável como, no Brasil, as diversas comissões chamadas “da Verd

da se detêm ou encontram barreiras instransponíveis para lidar com a participação de empres

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firmas brasileiras no processo repressivo entre 1964 e 1985, embora saibamos que grpresas brasileiras e estrangeiras aqui estabelecidas tenham ajudado e financiado a tortuasil. De qualquer forma, no caso da ditadura brasileira, já emergem trabalhos de grande fol

especial no ano de 2014 (tais como Elio Gaspari, Daniel Aarão Reis Filho, Jorge Fergela Castro Gomes e Marco Napolitano), que se recusam a parar perante tabus e explic

neralizantes.Também a análise das instituições e de sua ação perante as ditaduras começa a atção dos historiadores. Este é o caso, por exemplo, de Carlos Fico Paulo Cezar Gomes Bee em trabalho recente expõe a ampla adesão e colaboração da Igreja Católica Brasileira, tribu

iplomacia e demais instituições com o regime civil-militar do pós-1964.

erências

ZZERRA, Paulo Cezar Gomes. Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira: a visão da espionagem. Rio de Multifoco, 2013.EI, Norbert et al. Unternehmen im Nationalsozialismus. Weimar: Wallstein Verlag, 2010.EI, Norbert. Hitlers Eliten nach 1945. Munique: DTV, 2003.EDRICH, Jörg. Freispruch für die Nazi-Justiz. Berlin, Ullstein, 1999.Y, Peter. O cultivo do ódio. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.SSE, George. The Image of Man: The Creation of Modern Masculinity . Oxford: Oxford University Press.XEIRA DA SILVA, Francisco C. “Introdução”. In: O século sombrio. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

TTE, Wolfram. Militarismus in Deutschland . Munique, 2012.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

SCISMOS E  MINORIAS  Enquanto o genocídio de judeus e a perseguição de comunnservadores, aristocratas e liberais pelo Terceiro Reich foram citados na História, alguns g

vítimas foram ignorados. Gays não tiveram qualquer indenização ou compensação, qunseguiram – os poucos que se salvaram – sair dos campos de concentração e extermínio. Tiv

lusive, de ocultar seus sofrimentos, em razão do Parágrafo 175, do Código Criminal Alemãgor até 1973 na Alemanha Oriental e 1976, na Alemanha Ocidental, que continuavam a criminhomossexualidade. Caso se apresentassem como vítimas de encarceramento em virtudrágrafo 175, não só nada conseguiriam como reabilitação ou indenização, como correriam oserem, mais uma vez, presos. Mesmo no interior dos campos de concentração havia hierar

utais entre os prisioneiros, com uma escala de serviços – dos mais variados tipos – onde gaysnsiderados sempre a pior condição, fossem ou não “arianos”. Temos, hoje, uma vasta literbre a prisão e extermínio de gays na Alemanha de Hitler. Alguns trabalhos, como o organizad

nter Grau –  Homosexualität in der NS-Zeit   (Munique DTV, 1993), destacam a continuidaislação repressiva entre Weimar e o III Reich, mas destacando as mudanças de comportamenlícia, que se torna brutal a partir de 1933, na questão gay. Para a condição feminina temos a aálise de Claudia Koonz,  Mütter im Vaterland   (Hamburgo, Rowohlt, 1991), onde se destpel da mulher, sob o III Reich, como provedoras de homens para a expansão da “raça ariane transformava em crime toda ação contraceptiva, a inclinação celibatária ou a homossexualminina.Ciganos foram deportados, maltratados e em grande parte exterminados em todos os paísropa ocupados pelos nazistas. Estes e os chamados “asoziale”, antissociais, também

receram qualquer reparo jurídico, político ou econômico por seus sofrimentos durante o III R

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smo depois de 1945. E o mais surpreendente é como, ainda hoje, a expressão “associalrtuguês “antissocial” e “comportamento antissocial”, continua sendo atribuída, com o mntido e desprezo que ao tempo do III Reich, aos mesmos grupos de ciganos, estrangeiros e gmo, por exemplo, em países do Leste Europeu por vários grupos neofascistas em ascensãoses de passado fascista na Europa, desempregados, “clochard”, pessoas solitárias, gays rebnotórios, e mulheres que recusam a rotina do casamento são tratados, ainda, como antisso

esmo em países como a Suíça, até 1970 as esterilizações em massa eram obrigaterminadas pela Justiça Federal, contra ciganos e andarilhos, e em alguns estados dos Es

idos, como a Califórnia, até 1978 cerca de 20 mil mexicanos foram esterilizados por odicial. Tal continuidade é perturbadora e oculta/revela uma intensa continuidade entre o antepois do reinado dos fascismos históricos. Alguns podem dizer tratar-se exclusivamente deenção semântica, uma forma de falar consolidada. Mas, passadas duas gerações, a continuidanceitos – ao lado da explosão de manifestações de jovens fascistas – nos faz pensar, como can, que a língua é a própria organização do inconsciente. Da mesma forma, as açõetituições no interior do Estado liberal-representativo, como a polícia, a escola e a clínica, pstante bem servir de “ersatz” suficiente, na categoria de microfascismos, a um Estado realm

cista. A eclosão dos estudos de gênero, do feminismo e do movimento gay, em especial depoa constituição em grupos políticos organizados, a partir dos episódios do Christopher Street 1969 (na Alemanha a primeira celebração foi em 1979), abriu caminho para historiad

gajados ou não, ampliarem o debate sobre aspectos específicos, mas altamente explicativonjunto, dos fascismos. Mais uma vez, a recusa brutal, e mesmo genocidária, em face da alternstituía-se em um núcleo explicativo central do fenômeno. Por fim, a crise e desapariçãogimes do “socialismo real” na Europa Oriental e Central, entre 1989 e 1991, permitiram a abeevolução, de inúmeros arquivos – como no caso dos arquivos da Gestapo e do Serviço Centrgurança do Reich (RHSA), ambos capturados e mantidos pelos soviéticos até 1991 –

culação de historiadores dos países do Leste Europeu (inclusive produzindo em inglês e frarmitiu a ampliação e fundamentação de novos temas e novas abordagens do debate dos fascias, e de forma central, a emergência de uma ampla constelação de jovens e de novas organizcaráter fascistas e a aproximação da direita tradicional a grupos fascistas na França, na Itálistria e nos Países Escandinavos trouxe de volta a questão da “sedução” (die Schöne Schein

ovimentos fascistas para os jovens. Os acontecimentos em Oslo, com o Caso Anders Breivi11, o desmascaramento da organização autointitulada “Nationalsozialistische Untergrundemanha em 2012, e a emergência da “Aurora Dourada” na Grécia, depois da crise econômi

08, além dos atos sistemáticos e repetitivos contra jogadores negros e mestiços nos estádiebol, são apenas alguns exemplos atuais do vigor do pensamento e do agir político dos fascisim, a ressurgência fascista (para além dos prefixos “neo” ou “pós” apostos ao fenômeno) im

ver as teses historicistas que aprisionam (confortavelmente) o fenômeno fascista a uma ssada da História, tratando exclusivamente dos fascismos históricos, ou seja, aquelesegaram ao poder entre os anos de 1920 e 1930. A historicização dos fascismos, sua transform

passado – contrariando a famosa frase de Nolte que desencadeia a “Querela dos Historiadum passado que não quer passar...”) só serve, na melhor das hipóteses, para apaziguar o meduma daqueles que viveram, ou podem viver potencialmente a ressurgência fascista. Desta for

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rtir de 1991 a temática dos fascismos revigorou-se e ampliou-se, permitindo a emergêncúmeras e valiosas contribuições.

erências

ACK, Edwin. A Guerra contra os Fracos. São Paulo: Girafa, 2003.EMPERER, Victor. LTI: A Linguagem do Terceiro Reich. Rio de Janeiro: Contraponto, 2009 (primeira edição alemã em 2002

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

TOGRAFIA E MEMÓRIA SOCIAL Na virada do século XIX, alguns fotógrafos utilizaram a fotogmo documento e forma de denúncias sociais. Jacob Riis (1849-1914) se preocupou coploráveis condições de vida e moradia das classes operárias de Nova York; Lewis Hine (140) documentou o trabalho e a exploração infantil para um Comitê Nacional; Edward C868-1952) lançou a ideia da fotografia como fonte de consulta antropológica a partir decumentação sistemática sobre os índios norte-americanos; ou ainda, já no início do séculoesar de utilizar técnicas em uso no século anterior, Augusto Malta (1864-1957) deixou-noenso arquivo sobre as transformações urbanas na Cidade do Rio de Janeiro. Contudo, seculo XX que veremos grupos de fotógrafos com apoios de instituições privadas e acadêmsenvolverem um trabalho consciente de documentação. Inúmeros são os exemplos, pcidimos caracterizar três grandes tendências.Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, Charles Rado, emigrante húngaro que era cheografia de um importante grupo de imprensa alemão, funda em Paris a agência fotográfica R

nagrama de Rado e Photo). Amigo de grandes fotógrafos de sua época, como Brassaï, Risneau, Edouard Boubat, Willy Ronis e Sabine Weiss, cria a agência para associar a imagemesia, a fotografia e o humanismo, não para vender uma imagem isolada, mas reporta

ográficas: um grupo de seis ou oito imagens acompanhadas de um texto. Em 1945, convidcritores Blaise Cendrars, Cocteau, Queneau, Prévert e Henry Miller para se juntaremógrafos, criando o Grupo dos Quinze. Pelo fato de irem sem destino (as caminhadas a péntarem com o acaso, nas esquinas das ruas e nos encontros, acompanhados sempre de um esces fotógrafos franceses estabeleceram uma relação poética com a realidade. Da mesma mae Monsieur Hulot , personagem vivido pelo cineasta Jacques Tati, eles criavam um fato com esença amistosa e distraída, ou, então, como turistas que se deleitavam com o espetáculo urbapaixonavam pelas moças que encontravam. Ir fazer fotografia num dia claro e ensolnou-se uma justificativa existencial, uma necessidade física ou mesmo um pretexto artístico.

upo humanista – responsável por boa parte da imagem que hoje se tem da França e de Pandeu muitas reportagens fotográficas para  Life, Paris Match  ou  Realités. O seu trabalherminante na reconstrução da França no pós-guerra, provocando a autoestima ou cr

undialmente a imagem de um país democrático e liberal, com um modo de vida simpscontraído. Tratava-se de um mundo sem televisão, sem a rapidez do vídeo e das cobernalísticas ao vivo, mas que não se contentava mais em ler e ouvir as notícias, pois desejaocionar por momentos insólitos. O mundo estava ávido por imagens, por histórias em imagen

portagens fotográficas dos fatos.

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A Farm Security Admnistration (FSA), ou Secretariado para as Questões Agrárias, é umúmeros projetos do Presidente Franklin D. Roosevelt (1882-1945) para lutar contra a Gpressão da década de 1930 no tocante à agricultura. Em 1935, Roy Striker, economista forma Universidade de Columbia de Nova York, foi chamado para montar a seção iconográfiém-criado Secretariado para as Reformas Rurais. Os números eram assustadores: queda

eços agrícolas, 75% das explorações agrícolas no sul e sudoeste eram arrendadas com grvidas bancárias, oito milhões de trabalhadores errantes pelas estradas à beira da miséria. Stalou um laboratório fotográfico em Washington para centralizar os seus serviços e contrato

queno grupo composto de excelentes fotógrafos, jovens e idealistas. Os métodos de trapostos à sua equipe eram simples e eficazes: os fotógrafos viajavam individualmente abeleciam durante um longo tempo numa região; munidos de uma extensa documenonômica, histórica e sociológica, contaram com total liberdade para documentar a misérmpo, o desemprego nas pequenas cidades e o abandono social. As imagens eram reveltadas conjuntamente em Washington e, em seguida, distribuídas como propaganda governamcomo reportagem em revistas e jornais. Assim, Walker Evans (1903-1975), Dorothea L

895-1965), Bem Shahn (1898-1969), Russel Lee (1903-1986), Arthur Rothstein (1915-19

rl Mydans (1907-), que formavam a equipe inicial, produziram 170 mil negativos que se tornma referência histórica e fotográfica, um espelho para outros projetos, tais como: o  Imagerra, que reúne no Brasil um grupo expressivo de fotógrafos na documentação sobre os  sem-teuta pelo direito a terra.

A obra fotográfica e a vida de Eugene Smith (1918-1978) são um modelo para o fotojornaoderno. Nascido no Kansas, de formação católica baseada na ideia da redenção pelo trabrdou e construiu uma severa integridade profissional. Esteve ligado inicialmente à agência ar (1938-1939), mas a sua carreira de fotógrafo ganhou especial impulso quando se trrespondente durante a Segunda Grande Guerra no Pacífico, sendo gravemente ferido em Iki

1945. Posteriormente, publicou para a revista  Life  (1944-1954) cerca de 50 reportagens mas investigativos e sociais. A instantaneidade de seu clique não é um acaso, mas um balho de paciência, de permanência e de responsabilidade moral. Para a  Life, em 1951, mrante um ano num vilarejo espanhol, ou então fotografou a cidade industrial de Pittsburgh duis anos, entre 1955 e 1957. No entanto, será durante os quatro anos de sua permanência no Je 1971 a 1975) que desenvolverá o seu projeto mais importante: a contaminação por mercúriarejos ao redor da Baía de Minnamata.

A denúncia, o desastre ambiental, o sofrimento, as deformações físicas causadas pela pol

dustrial e as batalhas judiciais subsequentes formaram um trabalho completo, reusteriormente em livro, inclusive com imagens científicas, representando um marco sobre umentão inexplorado: a difícil convivência do homem com o meio ambiente, a irresponsabil

cial e a possibilidade de a vida na Terra se esgotar. As imagens de Eugene Smith sobre Minnao ricas em tons, com uma medida rigorosa de luz – fator de escolha da hora de fotografoporcionando uma qualidade impressionante de claro-escuro. A partir desse trabalho de se pograficamente temas relativos à nossa relação com a natureza, centenas de projetos apoiadotituições, empresas e editoras específicas, com financiamentos, bolsas e prêmios, abriramrta para um novo ramo e aplicação da fotografia.

erências

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eção PHOTO POCHE. Inicialmente publicada pelo Centre National de la Photographie (CNP) do Ministério da Cultura da Ftualmente editado pela Nathan, mas ainda sob a direção de Robert Delpire. Esta coleção, em formato de bolso e com opulares, é uma importante fonte de informação e cultura fotográficas, reproduzindo individualmente ou por temas os protógrafos da história da fotografia.SSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989.VA, Joaquim. Olhares refletidos: depoimentos. Rio de Janeiro: Dazibao, 1989.SQUEZ, Pedro. Fotografia, reflexos e reflexões. Porto Alegre: L&PM, 1986.

ZECA LIN

ANQUISMO  No dia 30 de setembro de 1936, depois do levante de forças direitistas e milntra a II República Espanhola e do começo da Guerra Civil Espanhola, o General Frananco Bahamonde foi proclamado em Burgos chefe dos insurgentes. Desde julho, milerados pelo general sublevaram-se em Marrocos contra a Frente Popular – uma aliança

publicanos e socialistas que ganhara as eleições de 1936 – e obtiveram o apoio de mais darnições militares em toda a Espanha. Em contrapartida, a população invadiu os quartéis e tmas para defender a Frente Popular contra os militares insurgentes franquistas, que contavampoio das oligarquias rurais do noroeste da Espanha e da Igreja Católica. A guerra civil duro

rço de 1939, quando as forças nacionalistas conseguiram se impor com a ajuda dos govmão e italiano – mas também devido à política de não intervenção das democracias ocidee abandonaram à sua própria sorte o governo constitucional. Em maio de 1939, Francisco Ftornou chefe de Estado com o título de El Caudillo. Após a Guerra Civil, a Espanha era umaurido, semidestruído, com cidades inteiras arrasadas e com o doloroso ônus de um milhãdas destruídas. A Guerra Civil Espanhola tornou-se, assim, nas palavras do historiador espvarez del Vayo, a “primeira batalha da Segunda Guerra Mundial”. Após a guerra civil, Ftaurou um regime de partido único autoritário, exercendo poderes no Executivo, Legislati

bliminarmente, no Judiciário.

Político hábil, desde 1937, Franco havia unificado os três mais importantes partidos de extreita na Espanha: a Falange Espanhola, as Juntas Ofensivas Nacionais Sindicalistas (JONSmunión Tradicionalista Carlista (CTC). Esta unificação representou um tripé de sustentaçã

gime nos primeiros anos. No entanto, a Falange Espanhola, o mais importante grupo da extreita, foi parcialmente neutralizada com o passar dos anos, principalmente com a ascensão da i ao aparelho de Estado, mas sem nunca ser descartada completamente como chave imporra o regime. Para dar continuidade a seu governo, o caudilho – centrando-se na força conositores e na habilidade conciliatória entre os aliados – criou o Partido do Movimento, com

rte do seu programa influenciada pelas diretrizes dos falangistas. Num primeiro momento –ós a vitória na Guerra Civil –, a incorporação de um modelo não democrático, antilibereamente anticomunista contabilizou pontos para o apoio das potências nazifascistas ao novo ém disso, Franco era visto como o aliado empreendedor de um regime que assoodernização, mobilização popular e um corpo de ideias unitárias e corporativas. Ao mesmo t

que esse modelo anticomunista e isolacionista permitiu que a Espanha passasse neutragunda Guerra Mundial (1939-1945), em plano interno, ainda durante o conflito mundial, Fmeçara a configurar seu regime: aprisionou e executou inimigos, chegando a ponto de, entre 144, ter executado 190 mil cidadãos – por forças oficiais ou oficiosas –; suprimiu os princ

mocráticos e começou a edificar um Estado fortemente centralista em que todas as aspir

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gionalistas foram reprimidas com contundência. Todas essas arbitrariedades, somadas às leruturação sindical (Fuero del Trabajo, 1938; Lei de Unidad Sindical, 1940; e Lei de Baganización Sindical, 1940), podem criar uma confortável chave de explicação do regime compectro do corporativismo fascista.mediatamente após a Segunda Guerra Mundial, a Espanha caiu num crescente isolamlomático, que agravou ainda mais a sua crise econômica, a ponto de a renda nacional em 194erior àquela de 1900. O valor de compra da moeda caiu para a metade em referência ao inícverno de Franco. Tal crise devia-se em boa parte à nova configuração internacional oriund

ória dos países aliados sobre os países do Eixo, que não podiam admitir em seu seio um padência fascista. Não gratuitamente, Pierre Villar afirmaria: “Em 1945, a permanência de Frante da Espanha foi o primeiro ato da Guerra Fria.” Em 1946, a Assembleia Geral das Nidas condenou o ingresso de Espanha em seus quadros, por considerar que a origem, a naturatuações do regime franquista estavam muito vinculadas àquelas dos Estados agressoresanto, durante a década de 1950, a própria configuração das relações internacionais numa Eu

reconstrução ajudou o país a sair do isolamento: por um lado, o seu catolicismo ooporcionaria contatos com as alas mais conservadoras do Vaticano através dos Congr

carísticos Internacionais; por outro lado, o seu anticomunismo ferrenho traria para junto de UA, que passariam a ser o principal ponto de conexão entre a Espanha e o mundo. Além dissos transversas, a Doutrina Truman será o grande catalisador desse processo de abertura, posmo ano em que Truman anunciou a sua pretensão de reduzir a influência comunista no mun

udilho aproximou-se da América Latina. Os frutos das relações bilaterais entre EUA e Espmente começaram a ser colhidos na década de 1960, após ajustes estruturais internos. Nesse mmpo, ainda que a ajuda dos EUA tivesse auxiliado a uma efêmera recuperação da economodelo econômico imposto após a Segunda Guerra Mundial – baseado no corporativismo arquia, ou seja, na reserva de mercado nacional  para uma produção também nacional  – mo

incapaz de reerguer o país. Portanto, o precário equilíbrio econômico alcançado a partir de ltou a quebrar-se em 1956, revelando mais um fracasso da autarquia.

A crise econômica teve reflexos em mudanças governamentais. A partir de 1957, entrou em cus Dei, que, com seu corpo de tecnocratas, capitaneou a virada econômica espanhola. A chaabilización, encabeçada por Alberto Ullastres, ministro do Comércio, e Mariano Navarro Rnistro da Fazenda, ambos pertencentes aos quadros da Opus Dei, contou, por um lado, comocesso de liberalização interior do regime – inclusive com a supressão de instâncias e organerventores – e, por outro, com uma abertura econômica ao exterior com o objetivo de tornar

nâmica, eficiente e estável a economia espanhola. Somente após a anulação do princípio autárpossível o Plano de Estabilización. Assim, configurou-se um duplo Estado, em que as flíticas institucionalmente representadas pela Falange (no ambiente urbano) e pelos tradicioprietários (no campo) foram superadas por um Estado católico-conservador, encabeçadoganização católica de extrema-direita. Frente a essas forças político-econômicas dicionalmente dominavam o país, os tecnocratas adotaram as fórmulas capitalistas em vogropa Ocidental, como as ações de expansão do turismo, a modernização do parque industrentivo à produção de bens de consumo e à entrada de investimentos no setor privado. No en

mão de obra excedente ainda era um problema, e o desenvolvimento econômico espanhol supun

crifício de postos de trabalho. Entre 1959 e 1966, saíram da Espanha mais de meio milhã

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igrantes com destino à Europa e à América Latina. Outros resultados da política de estabiliam as mudanças da população ativa – sua redivisão nos setores primário, industrial e terciárncorporação da mulher no mundo do trabalho.

No plano político interno, após o fim da autarquia, seguiu-se um período de recrudescimengime. Em 1958, Franco proclamou a Ley de los Principios Fundamentales del Movimcional, que havia sido promulgada sem a prévia deliberação dos tribunais espanhóis. ntava com 12 princípios e 3 artigos, que tinham natureza permanente e imutável, sendo obrigu juramento e o reconhecimento do movimento nacional como o único e indiscutível proved

ão política espanhola. Para que qualquer cidadão pudesse ser investido de cargo públicocessário fazer o juramento de tais princípios frente a um superior hierárquico. Nesse senquanto parte da Espanha se abria ao capital externo num ensaio de modernização, a outra pahava e criava um aparelho burocrático de vigília sobre a ordem. Em meados da década de organizações sindicais opositoras ao regime, ainda que com seus habituais líderes no e

meçaram a reestruturar-se. Antigas centrais como a UGT e a CNT, postas na clandestiniuseram-se com relativo êxito à falangista Central Nacional Sindicalista (sindicato oficigime). No meio universitário, a limitação das liberdades gerou uma reação contrária, exacerb

desejo de abertura. O afastamento de catedráticos e o fechamento da Facultad de Filosofia y Lla Universidad de Madrid, em vez de calar a oposição estudantil, estimulou seus proteralelamente, crescia a oposição operária, porém ambos os movimentos nunca chegaraordenar suas ações.Com o objetivo de preservar o poder frente ao movimento de oposição nos meios operiversitários e regionalistas, Franco instaurou – e não restaurou – a monarquia em tificando a designação de Juan Carlos como seu sucessor por sua lealdade aos princtitucionais do regime. Na realidade, a década de 1970 revelou um saldo de poucas realizaç

uita repressão, mas o regime estava na sua reta final: o caudilho aparentava uma senilidade crô

ssas condições, a tentativa de nomeação, como presidente, de Carrero Blanco (morto em atena última e débil cartada do caudilho para dar continuidade ao franquismo. Em 22 de novemb

75, dois dias após a morte de Franco, Juan Carlos I foi nomeado rei de Espanha. Então, formobinete moderado, liderado pelo antigo colaborador de Franco, Carlos Arias Navarro. O Primnistro Adolfo Suárez legalizou os partidos políticos, inclusive o comunista, e marcou eleislativas. Em 1977, realizaram-se as primeiras eleições livres desde 1936. A Unión DemocrCentro (UDC), liderada por Adolfo Suárez, saiu vencedora e se perfilou como força po

joritária. Por fim, o Pacto de Moncloa (1978) extinguiu oficialmente o regime franquista. Par

dicatos e outros setores da sociedade civil selaram o acordo que instituiu as bases legaoderno Estado democrático espanhol.

erências

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FRANCISCO R OGIDO

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ENTES  POPULARES  ANTIFASCISTAS  As frentes populares antifascistas protagonizaram algunsódios mais dramáticos do século XX europeu: a Guerra Civil Espanhola e a derrota do  pulaire  na França. Elas nos remetem a um tempo de grandes esperanças, grandes heroísm

andes equívocos e representam um momento de importância crucial para a história da esqernacional. Na Europa do entreguerras, a Komintern, também conhecida como Internacmunista (amplo fórum dos partidos comunistas europeus) discutia o fascismo e debatia as foenfrentá-lo. Esta discussão, pelo menos até 1934, evidenciou um grande equívoco por part

munistas que demoraram a compreender a extensão do perigo fascista. O cresciment

zifascismo era visto como um fenômeno passageiro, que jamais teria forte penetração na cerária. Além disso, era visto como “algo que dizia respeito apenas à burguesia”. Para mmunistas (com a honrosa exceção de Trotsky que escreveu combatendo esta tese), não erença para o proletariado se a dominação burguesa era exercida por uma ditadura fascista o

ma democracia burguesa.Além da incompreensão em relação ao perigo representado pelo fascismo, outro fator imob

forças de esquerda: o sectarismo que afastava comunistas e socialistas. Para a Internacmunista os social-democratas eram mais perigosos do que os fascistas – porque tinham tradi

netração na classe operária e poderiam retardar e obstruir a revolução na Alemanha. A somocracia alemã foi inclusive chamada de “social fascista” pela IC em seu congresso de 19ompreensão em relação ao fascismo e o sectarismo entre comunistas e socialistas impedim, durante boa parte dos anos 1920 e 1930 que as diferentes correntes de esquerda se un

ra enfrentar o fascismo. Neste vácuo, os partidos nazistas e fascistas cresceram na Europacontrar adversários políticos à altura. Apenas em 1934, no VII Congresso da IC, a ideia dente única antifascista começou a ser debatida, apresentada pelo representante do PC da Humitrov, que propunha uma virada radical na posição dos comunistas a partir da constataçãcensão do fascismo na Europa e apregoava a necessidade de união com a social-democracia e

sindicatos reformistas. A sua proposta era formar uma coalizão ampla de partidos de esquntra o fascismo. Esta ideia representava uma grande mudança na tática política dos parmunistas. Ainda não era a proposta de “frente popular” (que aparecerá mais claramente noguinte, em 1935), mas já menciona, explicitamente, a necessidade de união de partidos e sindntrários ao fascismo e aponta para a apresentação de “chapas unitárias” nas campanhas eleitoA ideia da frente única foi bem aceita pelos partidos comunistas da França e da Espanha,controu resistência justamente na Alemanha e na Itália, sobretudo na Alemanha, onransigência e o sectarismo entre comunistas e socialistas era mais profundo. As discu

vadas nesse congresso abriram campo para uma retomada de contato entre as duas Internacionomunista e a socialista. Este contato, no entanto, permaneceu marcado pelo sectarismo, impede a política de frente única se exercesse plenamente. Em agosto de 1935, reúne-se o Cecutivo da Internacional Comunista com a tarefa de transcrever e divulgar as decisões dngresso em relação à nova linha de enfrentamento do fascismo. Fica evidente a discordâncierior do Komintern, em relação à nova orientação e às posições de Dimitrov. Os parmunistas dividiam-se sobre a construção da frente única antifascista.No interior do Partido Comunista Francês (PCF) e do Partido Comunista Espanhol (PCE) a

bem aceita. Nestes dois países, se formaram amplas coalizões de partidos de esquerd

erentes tendências e matizes, dispostos a enfrentar política e eleitoralmente as forças fascista

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bos os países as frentes populares obtiveram expressiva votação e conseguiram eleger govoposição: o governo do  Front Populaire na França, encabeçado pelo socialista Léon Blum

verno republicano na Espanha. No entanto, a falta de apoio efetivo da Internacional Comunes dois governos terminou por selar-lhes a derrota frente às forças conservadoras num períod

dicalizado como o que estava sendo vivido pela Europa dos anos 1930. O  Front Populaiança havia unificado comunistas, socialistas e radicais, apoiados pelos sindicatos reunidnfédération General du Travail (CGT). Esta coalizão política concorreu às eleições de abril-1936 e levou ao poder o governo do  Front Populaire, liderado por Léon Blum. No entan

oio comunista ao governo revelou-se apenas retórico. A decisão comunista, tomada em Moscoo entrar no governo Blum – apesar do sucesso eleitoral e do grande impulso do movimenssas – trouxe graves consequências para a luta antifascista: comprometia seriamenssibilidade de realização do programa da frente popular e enfraquecia o alinhamento antifaFrança e no resto da Europa. Sem o apoio dos comunistas o governo de Léon Blum viu-se

ra enfrentar as manifestações de descontentamento que vinham tanto de setores da direita comovimento sindical mais radicalizado. Em abril de 1938, Blum passou a direção do goveouard Daladier, que desferiu um golpe mortal na composição da frente original ao ad

presentantes da direita liberal francesa.Ainda mais dramática do que a experiência do  Front Populaire é a da Guerra Civil Espanhoente Popular na Espanha congregava um conjunto de partidos que vinham lutando (emboraerenças manifestas) desde a ditadura de Primo de Rivera: o Partido Comunista Espanhol (PCas dissidências mais atuantes, como a Esquerda Comunista da Espanha (ICE), e o Bloco OpCamponês (BOC) – que mais tarde se uniram no Partido Operário de Unificação MarOUM), o Partido Socialista Operário Espanhol e organizações anarquistas e anarcossindicalta frente animou a formação da ampla coalizão de esquerda que obteve expressiva vitóriições de 1936. O governo de Largo Caballero passou a representar uma ameaça insuportáve

antigas classes dirigentes, derrotadas nas últimas eleições: a aristocracia rural, a Igrejaército. Logo nos primeiros meses de governo, propriedades foram confiscadas, igrejas e convam saqueados. As forças sociais contrárias ao governo legitimamente eleito passaram entãorupar na “Falange”, grupo paramilitar que, sob a direção do General Franco, iniciou urreição contra a república em julho de 1936, dando início à guerra civil. Em pouco tempo ro que este não era apenas um conflito interno, mas uma luta com alcance internacionavernos fascistas da Alemanha e da Itália apoiando a Falange, e a Internacional Comunista apo

Exército republicano.

No entanto, o apoio dos fascistas à Falange foi muito mais efetivo do que o suporte da Iverno da Frente Popular. Comunistas do mundo todo vieram lutar nas Brigadas Internacionao dos republicanos espanhóis. Mas a ajuda dos fascistas aos rebeldes foi muito mais consis

termos de armamentos, dinheiro e apoio técnico e logístico. O apoio da IC ao Exépublicano esteve o tempo todo condicionado à preocupação maior de defesa da URSS. Pmitê executivo da IC, o momento não era adequado para que os comunistas apoiassem uma gs energias deveriam estar voltadas para a defesa da URSS no cenário internacional. Além dcomunistas não se sentiam bem no interior da ampla coalizão de esquerda que compunha a Fpular espanhola e discordavam de muitas das iniciativas e medidas tomadas pelo governo –

s, sobretudo, o confisco de propriedades rurais. A decisão de desmobilizar as Bri

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ernacionais surpreendeu a muitos e foi alvo de duras críticas por parte dos partidos de esque ainda viam como possível a vitória do Exército republicano. Para muitos partidos, em espeUM, a IC sacrificou a República Espanhola aos interesses da URSS. A vitória da Fanquista inaugurou um longo período de ditadura na Espanha.

erências

BSBAWM, Eric (org.). História do marxismo, vol. 6. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.WELL, George. Lutando na Espanha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

MARIA PAULA NASCIMENTO A

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ERRA CIVIL ESPANHOLA  Iniciada em 18 de julho de 1936 com o levante de forças direitilitares, lideradas por Francisco Franco a partir de Marrocos, contra a vitória eleitoral das fquerdistas agregadas em torno da Frente Popular espanhola, foi oficialmente concluída c

onunciamento da vitória de Franco proferido em 1o

 de abril de 1939. Nas palavras do historvarez del Vayo, esta guerra foi a “primeira batalha da Segunda Guerra Mundial”. Prova die Hitler e Mussolini esperaram sua conclusão para entrar em Praga e Tirana, respectivamenatalha”, além do que pudessem ter pensado os conspiradores da direita ou os militublicanos, durou mais do que se podia imaginar na época. Cuidadosamente preparado, o

s militares rebeldes previa a tomada do poder o mais rápido possível e, para tanto, procuretir a mesma fórmula do pronunciamiento de 1923, quando Primo de Rivera tomara o podeeldes franquistas não se mostravam dispostos a transigir com a Frente Popular ou com

publicanos, mas a resistência ao seu golpe direitista foi mais forte do que poderiam prever. D

itória da Frente Popular nas eleições de fevereiro de 1936, um quadro de cisão estava desencena política espanhola: cidades com mais de 150 mil habitantes, como Madri, Sevi

rcelona, votaram em representantes da esquerda, enquanto cidades menores ou com popuedominantemente rural posicionaram-se a favor da direita. Portanto, qualquer pretensão de gbatalha” passava pela crucial conquista dessas cidades. Numa situação cada vez mais confuverno central de Madri e a Generalitat em Barcelona foram pressionados a distribuir armambros da UGT e da CNT para que pudessem resistir contra os insurgentes. Num só dia, em Ms governos foram instalados: primeiro, Casares Quiroga havia se recusado a arma

balhadores, sendo substituído por Martínez Barrio, que tentara negociar a rendição do Gemílio Mola por telefone. Somente José Giral tomou efetivamente a decisão de armabalhadores. Portanto, aquilo que parece ter transformado o pronunciamiento de Franco nerra civil foi a dificuldade de os rebeldes assumirem o controle da situação em todo o psitação ou falta de coesão das Forças Armadas em aderir à causa rebelde e a decisão do gov

armar as milícias da Unión General de Trabajadores (UGT) e da anarquista Confedercional del Trabajo (CNT) contra o levante militar.

A II República Espanhola e a Guerra Civil funcionaram como laboratório para três prolíticos radicalmente diferentes: fascismo, democracia liberal e socialismo libertário. No enta

erra carregava consigo questões práticas, pois o essencial para os dois lados em luta era consmas, sobretudo aviões – de combate e de transporte – e combustível. Mesmo sendo o govpublicano o representante legal de Espanha, a ajuda internacional contra o levante militaódica. Os EUA optaram formalmente pela neutralidade, enquanto empresas como a Texampany abasteciam com petróleo os aviões e carros de combate nacionalistas. Inicialmente,etanha e França deram respostas simpáticas, enviando um pequeno número de aviões. Entrecaso da França, a oposição ao gabinete de Leon Blum, primeiro-ministro socialista fra

ssou a fazer duras críticas ao envio de armas para a Espanha. Impotente, o governo franc

ont Populaire propôs um pacto de não intervenção, firmado prontamente por 27 países. Em teáticos, o acordo somente serviu para bloquear a ajuda aos republicanos. Assim, enqua

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pública ia sendo abandonada efetivamente pelas democracias ocidentais, os golpistas milnseguiam o apoio da Alemanha e da Itália. Identificado logo o primeiro problema logístavessar as tropas do Marrocos para a península –, Hitler enviou 30 aviões de transporte de tra o Marrocos, os famosos  Junkers 52. Em troca da exploração das minas espanholas, o Fviou posteriormente aviões de combate, equipamentos e pessoal de apoio – que entrava ista pelas fronteiras terrestres. Parte desse efetivo facilitou a mobilização da  Legião Composta por caças  Heikel 51,  que seriam responsáveis pelo bombardeio de diversas cidpublicanas, dentre elas Guernica – imortalizada nos dramáticos traços do pintor Pablo Picasso

ase todas as cidades, a resistência vinha dos meios operários: anarquistas e, principalmmunistas do POUM (antistalinistas) queriam aproveitar a guerra para fazer a revolução socialr continuidade ao ideal trotskista de revolução permanente. Chegaram a controlar indústrigião da Catalunha e coletivizar terras no país basco. Por outro lado, os socialistas do PCE (Pamunista Espanhol), seguindo as orientações de Moscou, defendiam que era preciso derrotar nacionalistas para, então, dar continuidade à revolução. Assim, pouco a pouco, a Guerra

panhola transformava-se numa guerra europeia.As circunstâncias eram propícias para que a república se voltasse para a URSS. Desde a nome

Hitler como chanceler em 1933, Stalin concluíra que o fascismo era uma ameaça internaciona reação foi adotar, entre 1934 e 1945, a política da Frente Popular. A vital ajuda soviétública levou o PCE a aumentar a sua influência no governo, tornando primeiro-ministro odical socialista Largo Caballero, mas trouxe também para o território espanhol as perseguiçõStalin: o alvo principal foram os anarquistas e o POUM (Partido Obrero Unificado Marx

e culminou com a perseguição do POUM e o assassinato de seu líder Andrés Nin. No entangável que a URSS foi responsável por quase todo o apoio material que viabilizou a resistêforças de esquerda de todo o mundo se organizaram em brigadas e rumaram para se juntaublicanos espanhóis. As Brigadas Internacionais, como assim eram chamadas as força

idariedade internacional, foram organizadas por forças de esquerda de todo o mundo e chegarviar 47 mil voluntários (trabalhadores e intelectuais) para defenderem a democracia espanhoasil também se fez presente nesse movimento internacional de solidariedade com o envio irreum pequeno grupo de combatentes experimentados na luta antivarguista. Para além dos desactoriográficos, milhares de espanhóis e estrangeiros morreram nas trincheiras espanholas 36 e 1939. Cerca de 200 mil seriam executados nos anos seguintes, dois milhões seriam presndenados a trabalhos forçados para o “bem da nação” e aqueles que ficaram, mas não tivrticipação direta, por apenas terem simpatizado com a causa republicana sofreriam humilhaç

ma vida de discriminação. Enfim, o saldo de uma guerra de três anos não pôde ser medidmeros de mortos ou em sangue derramando, pois para os algozes a guerra nunca terminaria.

erências

MEIDA, Paulo Roberto. “Brasileiros na Guerra Civil Espanhola: Combatentes na luta contra o fascismo”. In:  Revista de Socolítica, n. 12. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, junho de 1999. p. 35-66.

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FRANCISCO R OGIDO

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ERRA DO  CHACO  Conflito entre a Bolívia e o Paraguai ocorrido em 1932 e 1935; ecedentes encontram-se antes da independência, quando o Chaco não teve seus limites definindefinição das fronteiras entre os dois países na região do Chaco levou ao conflito porqscobriu petróleo nas terras contestadas. Tanto Bolívia quanto Paraguai argumentavam ter dibre o Chaco Boreal: o governo boliviano afirmava que, no passado, o Chaco Boreal pertenceras incluídas na jurisdição da Audiência de Charcas, integrante da Bolívia independ

gumentos contestados pelo governo paraguaio, visto que documentos da Espanha colocavaco submetido à jurisdição de Assunção, de onde partiram expedições de colonização para a

gião. Três tratados assinados no século XIX não foram cumpridos. Na realidade, os dois Esscavam compensações a derrotas anteriores, anexando territórios valorizados pela existêncidas petrolíferas e de vegetais dos quais se extrai o tanino.

Paraguaios e bolivianos começaram a ocupar a região contestada, levando involuntariamnsigo as jurisdições de seus respectivos países. Além disso, a presença de empresas rivplorar o subsolo da região poderia dar à disputa entre os dois países um caráter de lutonopólios: a Standard Oil de New Jersey, ligada aos bolivianos, rivalizava com a Royal Dell, ligada aos paraguaios. Deve-se ainda considerar que o Chile apoiava a Bolívia, ao passo

Argentina incitava o Paraguai a não recuar nos seus interesses. Relações diplomáticas mpidas em 1928, havendo desde então preparativos para a guerra. As operações militares fciadas pelos bolivianos em 1932, mas os paraguaios acabaram saindo vencedores em ando os beligerantes assinaram um compromisso de cessar fogo. Pelo Tratado de Paz, assinadenos Aires em 1938, o Paraguai anexou a maior parte do Chaco e a Bolívia somente conserte do território. A guerra, além das perdas materiais e humanas, tornou os dois países pendentes em razão dos vultosos empréstimos contraídos durante o conflito. A guerra igualmimulou um movimento de militares bolivianos ultranacionalistas.

erênciasIAVENATO, Júlio José. Bolívia com a pólvora na boca . São Paulo: Brasiliense, 1981.IAVENATO, Júlio José. Guerra do Chaco (leia-se petróleo), São Paulo: Brasiliense, 1979.MUCIO, Mariano Baptista. Breve Historia contemporánea de Bolivia. México: Fóndo de Cultura Económica, 1996.NEGHELLO, Ludovico. Artur Arão na Guerra do Chaco . Porto Alegre: Sulina, 1979.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

ERRA NO  MEDITERRÂNEO  A guerra no Mediterrâneo começou com a declaração de guerlia, em junho de 1940. A Grã-Bretanha, apesar de enfraquecida, decidiu manter seu controle

r, com sua principal base em Alexandria, no Egito, e, nesse contexto, impôs reveses navarinha italiana, notando-se aí o vitorioso ataque inglês à base naval italiana de Ta/11/1940). A Alemanha interveio em apoio à Itália, enviando unidades aéreas que fic

diadas na Sicília e no sul da península e, posteriormente, enviando também unidades do Exérrica do Norte ocupada pelos italianos. A partir daí, a Guerra no Mediterrâneo foi marcada, emdida, mais pelas ações (mais aéreas que navais), que tinham o propósito de atacar o trárcante do inimigo e as bases aéreas de onde partiam os ataques ao tráfego mercante próprfego marítimo do Eixo saía de portos italianos e se dirigia para Trípoli, enquanto o Aliado pGibraltar para Alexandria e Malta. Essa situação perdurou até maio de 1943, com a rendiçãmães e italianos no norte da África, tendo havido, contudo, outras ações navais, incluind

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bmarinos alemães que, mesmo em pequeno número, obtiveram êxitos expressivos, comundamento do porta-aviões Ark Royal e do couraçado Brabham. Em julho de 1943 a Sicílinquistada por meio de uma operação anfíbia, em que a oposição da Marinha italiana só nãla pela participação de alguns submarinos. A comoção provocada pela invasão do solo itarou alterações no governo que resultaram, em setembro de 1943, num armistício em separadoAliados e, em consequência, na ocupação da Itália pelos alemães. As ações navais qu

guiram até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foram, basicamente, na formeração anfíbia dos Aliados, com oposição apenas de forças terrestres e aéreas, para a conquis

lia continental, em Salerno e na Calábria (setembro de 1943) e, posteriormente, em Anzio (ja1944), e do sul da França (agosto de 1944).

erências

LOT, R. A guerra aeronaval no Mediterrâneo. Rio de Janeiro: Record, s/d.

JOS É AUGUSTO ABREU DE M

ERRA PERU-EQUADOR  A disputa entre os dois Estados hispano-americanos pelo domínio de r

alizada entre os Rios Zamora e Santiago, na Cordilheira do Condor, tem suas raízes no sX. Ao se tornarem independentes da Espanha, o Peru e o Equador deixaram de fixar claramas respectivas fronteiras. No século XX, a descoberta de petróleo, de ouro e de urânio nagião acabou resultando em diversos conflitos armados entre os Exércitos peruano e equatorm 1941, tropas peruanas invadiram a região contestada, tendo as operações militarescerradas devido à mediação do Brasil, do Chile, dos EUA e da Argentina. Pelo Protocolo dinado na Cidade do Rio de Janeiro em 1942, foi delimitada a região fronteiriça entre osses. Segundo decisão diplomática, o Equador teve de renunciar à Província de Cauca,0.000 quilômetros quadrados. Contudo, grande parte das fronteiras não foi demarcada

alizar-se em zona de difícil acesso. Por isso, o Equador declarou guerra ao Peru em 1961, messão dos EUA, do Chile, do Brasil e da Argentina levou à suspensão do confronto bélicoos 1981, 1982, 1983 e 1994, sucederam-se choques entre as forças militares dos dois paísecio de 1995, o conflito armado foi bastante grave, com inúmeras baixas de soldpecialmente do Exército peruano. O governo equatoriano, que chegou a declarar estadergência, proclamou-se vencedor, mas foi contestado pelos peruanos. A Argentina, o Braile e os EUA novamente pressionaram os governos beligerantes, impondo a Declaraçãmarati. O cessar-fogo estabelecido não foi respeitado, o que resultou em nova tentativ

diação que desembocou na Declaração de Montevidéu. Cessaram as operações militares, moblema não foi resolvido: em 1998, criou-se uma zona desmilitarizada de vigilância ao srdilheira do Condor controlada pela Missão de Observadores Militares Equador-Peru (MOMós 57 anos de litígio, em 26 de outubro de 1998 os dois Estados concluíram em Brasílitado de paz: os quase 80 quilômetros da região da Cordilheira do Condor foram transformado

m parque ecológico controlado pelos dois países; garantiu-se ao Equador o acesso fluvial à Bmazônica e o Peru cedeu ao Equador um quilômetro do seu território. A mediação da Argentinasil, do Chile e dos EUA foi decisiva para a solução das controvérsias entre Equador e Peru.

erênciasUINO, Rubim Santos Leão de et al. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Record, 2000.

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R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

ERRA SINO-JAPONESA Desde 1931, o imperialismo japonês, sem declaração formal de gueroveitando-se do enfraquecimento da sociedade chinesa – cindida pela guerra civil que opunrtido Nacionalista (Kuomintang) e o Partido Comunista –, anexou a Manchúria (1931-1guiu-se a ocupação do Jehol e outros territórios chineses, culminando, em 1937, na guerra ao objetivo era apoderar-se de regiões ricas em matérias-primas, descobrir pontos de apoio

ançar sobre o Sudeste Asiático e dominar o mercado consumidor chinês. Em face do avonês, o Partido Nacionalista e o Partido Comunista Chinês (PCC) acabaram unindo-sembater os invasores. No decorrer da guerra antinipônica, sobressaiu a corrupção e a omissãomintang, contrastando com a resistência do PCC, que foi se fortalecendo e dominando reentrionais e centrais do país. Em setembro de 1945, a capitulação do Japão implicou a rets tropas japonesas de ocupação. No ano seguinte, recomeçou a guerra civil.

erências

ASSIN, L.M. La ascensión al poder Mao Tse-tung, 1921-1945. Buenos Aires: Editorial Rioplatense, s/d.LL, John Whitney. El Imperio Japonés: Historia Universal Siglo XXI . México: Siglo XXI, 1973.

R UBIM SANTOS LEÃO DE A

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GANAH Organização paramilitar sionista clandestina, atuante na Palestina entre os anos de 1948, quando a região estava sob mandato britânico. Depois dos atentados árabes de 1920, crre os sionistas a visão de que era impossível depender das autoridades britânicas para

gurança na região e de que as comunidades judaicas locais precisavam criar um dependente e autônomo de defesa e, por isso, em junho de 1920, a Haganah foi fundada. Nosmeiros nove anos de existência, a Haganah foi uma organização guarda-chuva de grupos de dais situados nas grandes cidades e em alguns assentamentos coletivos. Foi depois dos atenbes de 1929, principalmente o ocorrido em Hebron, que a estrutura da Haganah sofreu

udança radical, transformando-se em uma organização que abarcava um grande contingenpulação local, mediante programas de treinamentos para soldados e oficiais, construçãpósitos de armas e redes de contrabando de armas e munição trazidas da Europa. Nos anos 36 e 1939, durante a grande revolta árabe contra a imigração de judeus permitida

oridades britânicas, a Haganah desenvolveu seus projetos de transformar a milícia em um litar. Ainda que a administração britânica não reconhecesse oficialmente a organização, as fsegurança britânicas cooperaram com ela, estabelecendo uma milícia civil sionista. Quan

igração judaica começou a ser restringida pelo governo britânico, a partir de 1939, a Haganaoio à imigração ilegal e organizou protestos contra a política britânica antissionista.Com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as atividades da Haganah fversificadas. Ela encabeçou um movimento de voluntários, com o objetivo de criar uniddaicas para servir no Exército britânico; cooperou com a inteligência britânica, enviando vári

us membros a missões localizadas no Oriente Médio; enviou 32 paraquedistas entre 1943 e ra a região dos Bálcãs, a Hungria e a Tchecoslováquia; entre os paraquedistas, Hannah Szpois capturada e assassinada pelos nazistas, e transformada em símbolo sionista de resistêna. Ao mesmo tempo, tal período serviu para a Haganah fortalecer a sua independênciatemático programa de treinamento foi estabelecido para todos os jovens do país. Em 194ado o primeiro regimento mobilizado, o Palmach. No fim da guerra, quando ficou claro qverno britânico não tinha qualquer intenção de alterar sua política antissionista, a Hagmeçou uma campanha aberta e organizada contra o mandato britânico na Palestina, através dovimento de resistência unificado, composto também pelos grupos Irgun Zevai Le’umi (Etz

hamei Herut Yisrael (Lehi). Na primavera de 1947, na iminência de uma atitude por partetânicos, David Ben-Gurion, futuro primeiro-ministro de Israel, assumiu a direção do movim

maio de 1948, logo após a proclamação de independência do Estado de Israel, o govovisório decidiu transformar a Haganah no exército regular de Israel – a partir de nominado Zeva Haganah Le-Yisrael (Forças de Defesa de Israel). Esta transformação, no eno se deu sem problemas: durante a Guerra de 1948 (também conhecida como Guerrdependência de Israel), houve várias tentativas de grupos armados, como o Irgun, de afronoridade obtida pela Haganah. O episódio mais conhecido foi o do navio Altalena: durante a t

guerra com os árabes, o Irgun tentou desembarcar um navio carregado de armamentos emiv. Como o desembarque caracterizaria o rompimento da trégua, a Haganah não aceitou que

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se feito e, ante a insistência do Irgun, abriu fogo contra o navio. Este fato, trágico para a prtória da fundação de Israel, foi decisivo para a construção da legitimidade da Haganah coército efetivo de Israel.

erências

OURAQUI, André. O Estado de Israel . Lisboa: Arcádia, 1971.ENSTADT, S.N.  A sociedade israelense. São Paulo: Perspectiva, s/d.

HNSON, Paul. História dos judeus. Rio de Janeiro: Imago, 1989.

K EILA GRI

STÓRIAS EM QUADRINHOS E POLÍTICA Apesar de o marco zero das histórias em quadrinhos o de 1896, com o surgimento dos balões nas histórias do Yellow Kid  de Richard F. Outcault (28), somente na década de 1930 iriam surgir as primeiras revistas em quadrinhos (comics boe consolidariam definitivamente o setor. Foi nestas revistas que se criou o principal estereótipresentação do herói no século XX, o  super-herói, um novo modelo de herói, dotadpacidades sobre-humanas, usando esses poderes para defender a população de qualquer ameaeressante notarmos como o grande momento de criação dos super-heróis se dá entre os an

38 e 1941, período marcado por uma intensa insegurança, em que a sociedade norte-amervia ainda assombrada pelos reflexos da crise de 1929 e observava os prelúdios de uma erra mundial. Neste espaço de apenas três anos, foram criados os personagens que constituírse dos universos das duas maiores editoras americanas de quadrinhos, a Marvel Comics e mics, entre os quais podemos destacar: Super-homem  (Superman,  1938);  Batman  (1pitão Marvel   (Captain Marvel , 1939);  Namor   (1939); Tocha Humana  ( Human Torch, 1vião Negro ( Hawkman, 1940); Lanterna Verde (Green Lantern, 1940); Robin (1940 ); SocieJustiça da América – SJA ( Justice Society of America –  JSA, 1940); Aquaman (1941); Arq

rde (Green Arrow, 1941); Capitão América (Captain America, 1941); Homem Borracha ( Pan,1941);  Mulher-Maravilha  (Wonder-Woman, 1941); além de outros, como The  Spirit   (1ado por Will Eisner, que se tornaram bastante populares.

O Super-Homem é um exemplo bastante emblemático desta relação entre a criação do super-o sentimento de insegurança social. Este personagem surge pela primeira vez na revista  Amics, após seus criadores, Jerry Siegel (1914-1996) e Joe Shuster (1914-1992), dois joveio, passarem cinco anos buscando apoio dos Sydicates, que eram os responsáveis

presentação dos criadores de quadrinhos para as tiras em jornais (comics strips). Ao mesmo tque o governo dos EUA se propõe com o New Deal a implementar uma política assistencia

ark Kent   irá se indagar sobre a miséria e injustiça do mundo e tornar-se-á Super-Homemem de Aço  ou, como nos escreve Jerry Siegel, “o campeão dos necessitados e oprimiper-Homem se configura como um grande protetor, quase um messias, vindo de um lugar supplaneta Terra, Kripton, sendo acolhido pelos braços da América, os Kent, uma família do in

e possui uma fazenda em Pequenopólis (Smallvill ). A formação do mais poderoso herói do muma pequena cidade no interior do Kansas demonstra bem a visão de uma vida pura e simpl

mpo, em que estariam vivos os verdadeiros ideais americanos, em oposição a uma rrompida e cercada de crimes na cidade grande.  Pequenopólis não precisa de um Super-ho

s Metrópolis sim.

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O universo do personagem  Batman, criado por Bob Kane (1915-1998), é também reveladtra visão dos perigos que rondam a sociedade moderna. Ambientado na fictícia cidade de Gty, ele é impregnado de uma atmosfera sombria e trágica, em que o doloroso binômio – socieoderna e perda – se faz presente na formulação da maioria de seus personagens. A prpresentação da cidade tem esse aspecto inspirado em uma estética gótica, repleta de trgulas e becos, tal como aquele que foi cenário para o assassinato de Thomas e Marta WayneBruce Wayne, que anos depois se tornaria o Batman. Os vilões enfrentados por Batman nã

opriamente estranhos àquela sociedade, ao contrário, esta é a causa de sua gênese, sendo

s loucos excluídos daquele modelo de sociedade. Poderíamos classificá-los como “viscoendendo-os como elementos que pertencem àquele meio, mas que ao mesmo tempo remamente desconfortáveis e são destrutivos a ele. Essa característica fica evidenciada

nclusões de suas histórias: os vilões principais não são mortos ou encaminhados paranitenciária, mas, sim, levados para o Asilo Arkhan, um manicômio onde são devidamente isolNos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os quadrinhos terão uma importndamental na política de guerra norte-americana. Diversos heróis irão ter suas histórias permo ambiente da guerra, lutando contra espiões japoneses, agentes nazistas e todo tipo de am

s EUA, visando construir um espírito cooperativo tanto nos soldados quanto na populaçãoo esforço de guerra. Pode-se destacar como dois marcos importantes nesse sentido: a formaçciedade da Justiça da América e a criação do Capitão América.

Com a Sociedade da Justiça da América, vemos pela primeira vez a união de diversos heróisxam de lado suas diferenças pessoais para formar uma equipe de meta-humanos na luta contrl comum: a ameaça fascista. A sua primeira história se passa no ano de 1940, quando três htman, Lanterna Verde e Flash vão para a Europa tentar impedir que Hitler , armado com a LDestino (Spear of Destiny) – arma ancestral utilizada para perfurar o abdômen de Jesus, dpoderes mágicos –, invadisse a Grã Bretanha. Contudo, estes heróis são capturados e lev

ra Berlim como troféus de guerra. Outro grupo de heróis, convocado pelo Doutor Destino ( Dte), é formado para resgatar esses heróis, defrontando-se no caminho com as Valquirias  ( Nlkyries), enviadas por Hitler graças ao poder da  Lança do Destino. Enquanto isso, outro grbilizado pelo Doutor Destino, deslocando-se para a costa britânica para impedir a invasão aataque nazista é detido e o grupo preso em Berlim consegue reagir. Com a derrota nesta ba

ma bomba nazista experimental foi enviada em direção à capital dos EUA. Os heróis desteupos não conseguem impedir seu lançamento e, quando ela está sobre os céus de Washingtonge o Super-Homem, que consegue deter a bomba. A partir de então, o Presidente Roosevelt

ge como um personagem nesta história, passou a estimular as ações em conjunto dos super-heO Capitão América, criado por Joe Simon (1915-2011) e Jack Kirby (1917-1994) em 1941, pm apelo tipicamente norte-americano: o mito do self made man, brilhantemente utilizado dentntexto de guerra. Steve Rogers, um garoto frágil, nascido em Nova York, horrorizado cpansão nazista na Europa, alista-se para lutar pela liberdade. Contudo, devido à sua ndição física, é dispensado do serviço militar. Acaba por se oferecer como voluntário paraperiência em que, após receber um soro, transforma-se em um superssoldado criado para denazistas. Curiosamente, o processo que o transforma em um  super-herói, dotado de

pacidade física perfeita, trata-se de uma experiência médica secreta realizada em co

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manas, tal qual fizeram os nazistas. Ironicamente, a direita norte-americana criou na ficção óprio superssoldado, enquanto a extrema-direita na Alemanha buscava o mesmo por outros meCom o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, podemos perceber uma m clara nas histórias de super-heróis, em que o ataque ao nazismo é substituído pela necessdefender a nação do comunismo. Durante a década de 1950, diversos personagens irão passa

ma profunda remodelação e outros serão criados, adequando-se aos novos inimigos criadonção da Guerra Fria, o que inaugurou a chamada  Era de Prata  (Silver Age) dos quadrinhosais rápido que uma bala” já não era suficiente para o Super-Homem, ganhando novos pod

mo a capacidade de voar – antes ele apenas saltava – e as visões de calor e raios X. Fescentados também novos elementos ao seu universo, como as diversas Kriptonitas, elemenígenas capazes de enfraquecê-lo.

Ao longo da década de 1960, veremos a fortificação da ideologia nacionalista salvacionisnstrução de inimigos para a nação, encarnados em um elemento traidor que põe em risco a omocrática. Diante desse cenário, Stan Lee (1922-2014) irá recriar todo o universo da Mmics, introduzindo personagens mais próximos do leitor (e, consequentemente, de suas angússeus desejos) que tenham relacionamentos amorosos, problemas e conflitos humanos. Além d

volta de um dos símbolos americanos da Segunda Guerra Mundial, o Capitão América, é batomática para notarmos o sentimento de ameaça à nação. Recuperando o seu corpo, que estestado de animação suspensa desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Capitão Am

surge para combater uma nova ameaça subversiva representada pelo Caveira Vermelha ull ), que é apropriado aqui como uma alusão direta à ameaça comunista. É interessante notamo nas histórias do Capitão América o mal não está identificado ao crime ou à loucura. Aquá encarnado no personagem Caveira Vermelha, denominado a “essência do mal”.

A radiação – tão presente no imaginário da sociedade americana na década de 1960 – terá aqupel ambivalente, compondo-se tanto como um elemento destruidor que retira as caracterí

manas dos personagens quanto um redentor. Tal ambiguidade foi a chave para a criaçãversos heróis, tais como: Quarteto Fantástico  ( Fantastic Four , 1961) exposto à radsmica;  Homem-Aranha  (Spider-Man, 1962) picado por uma aranha radioativa; e  Incrível credible Hulk , 1962) atingido pela radiação gama  durante um teste nuclear. Todos

rsonagens eram capazes tanto de proteger a nação quanto de fabricar e atualizar os armamcleares – um dos principais pontos da campanha de John Kennedy para a presidência em ém disso, vemos surgir as primeiras críticas à discriminação racial, acompanhando o movimos direitos civis, um ponto extremamente complicado da política norte-americana, principalm

m momento em que a promessa de liberdade e igualdade projetadas pelo American Way of Lincipal arma da propaganda política norte-americana. Os X-Men  (The X-Men), criados tamr Stan Lee em 1963, são um marco nesse sentido, sendo um grupo de mutantes que tem comior desafio ser aceito pela sociedade humana, lutando tanto contra grupos humanos de extreita, que querem a destruição dos mutantes por considerá-los aberrações genéticas, quanto c

utantes que se consideram acima dos humanos na escala evolutiva, devendo assim destrumanos, considerados para si uma ameaça.

A década de 1970 será marcada por histórias carregadas de mudança de valores no universper-heróis. A derrota na Guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate marcam uma ru

ramente sentida, sobretudo por personagens como o Capitão América, que se identificam c

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mo “terra de ninguém” (1999), um território isolado dos EUA por decisão do Senado Feaças a um senador que alega que Gothan é um berçário para a escória do país. Assim,tituição legislativa federal dispõe sobre a cidade como se fosse uma célula doente que deverminada: a cidade de Gothan, o outro conveniente  da pátria norte-americana ameaçandenada a se tornar um campo de extermínio, com seus acessos destruídos e cercada por munas, impedindo-se que qualquer mantimento fosse enviado até ela. Ao expurgar os seus medverno norte-americano revelaria um novo inimigo oculto dentro de si: a extrema-direita.

erênciasUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.rock City Comic Company: http://www.experc.com/~irial/ JSAHIST.html

mic Art & grafix gallery: http://www.comic-art.comComics: http://www.dccomics.com

UCHTENBURG, William E (org.). O século inacabado: A América desde 1900. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.YTEN, Sonia M. Bibe. O que é história em quadrinhos. São Paulo: Brasiliense, 1987vel Comics: http://www.marvel.com

CLOUD, Scott. Understanding Comics: The Invisible Art . Nova York: Kitchen Sink Press, 1993.MOND, René (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro: UFRJ/FGV, 1996.

THIAGO MONTEIRO BERN

LOCAUSTO E O VATICANO O século XX começou com inúmeras mudanças radicais nas relre o Vaticano e os católicos, sendo a principal delas a necessidade de relacionamento do pa

m o Estado-Nação italiano oriundo do movimento do  Risorgimento  (a unificação da Itálculo XIX). O país dividiu-se rapidamente entre católicos, organizados em torno do Partido Poansformado em Democracia Cristã depois de 1945) e as diversas correntes laicas, organizadano de liberais republicanos. Em âmbito mundial, o papado assume uma posição radicgação de participação dos católicos nos regimes políticos que recusassem as regras cató

pecialmente no tocante à indissolubilidade do matrimônio e ao ensino religioso. A França e a mais tarde, o México e a Espanha serão os cenários centrais do enfrentamento entre católierais. É fundamental ressaltar que o principal debate no início do século não era conmunismo, como na década de 1930 e após a Segunda Guerra Mundial, mas, sim, coneralismo e suas exigências de separação entre Estado e Igreja e a expansão de uma moral e dca laicas, no mais das vezes severamente crítica em relação ao dogmatismo papal. Na suantra o liberalismo conquistador e a nova organização da sociedade industrial de massas, ainculo XIX, a Igreja fizera um grande esforço de atualização com a publicação da encíclica  R

varum, de autoria do Papa Leão XIII (1878-1903), em 1891. Tratava-se, ao lado do claro esentender e partilhar sua experiência com o mundo moderno, de garantir a presença da Igreja novas massas urbanas em expansão, disputando com o anarquismo e o socialismo a conquistrações do operariado. Já no século XX, a luta contra o liberalismo e a modernização dos costhábitos toma conta do papado de Pio X (1903-1914), que insistia em condenar até mesmo auólicos, incluindo no Índex de Livros Proibidos inúmeras obras consideradas por demais libm de manter uma rede de informantes para garantir a ortodoxia de professores e teólogtituições católicas. Ao prenunciar-se a Primeira Guerra Mundial, o papado assume claram

ma posição favorável ao ultrarreacionário Império Austro-Húngaro, baluarte católico em fa

undo ortodoxo, posição só alterada ao longo do pontificado de Benedito XV (1914-1922)

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ntificado de Pio XI representou uma abertura mais ampla para os modernistas da Igreja, embono político o papa tenha ficado marcado pelos acontecimentos no México – secularizaçãeja –, que o levou a concluir que os novos regimes autoritários na Europa – a Itália fascirtugal de Salazar, de início, e depois a Alemanha de Hitler e a Espanha de Franco – eram baluntra o comunismo em expansão. O pontificado de Pio XI (1922-1939), apesar de tudo, mramente uma radical mudança política, com o eixo de enfrentamento deslocando-se dos liberresto, mantidos como adversários – para os comunistas, em vista da constituição da URSS d

17. A reconciliação entre o Vaticano e o Estado nacional italiano e na sua esteira com os de

tados-Nação ocorre com a assinatura da Concordata de Latrão, em 1929, pela qual se reconhetado do Vaticano. Coube ainda a Pio XI a nomeação do Cardeal Eugenio Pacelli – que suro Papa Pio XII – para o cargo de secretário de Estado do Vaticano, abrindo sua ascensãntificado.

O pontificado de Pio XII (1939-1958), atingido diretamente pela eclosão da Segunda Gundial, tornar-se-ia o foco de inúmeras críticas por suas relações com os fascistas italiamães e pelo longo silêncio em face do Holocausto. O novo papa era profundamente marcadotura alemã, tendo sido núncio em Munique e Berlim. Entretanto, mais forte do que seu german

sua visão estreitamente anticomunista do mundo, que refletia seu terror às mudanças secularses latinos e seu medo ante a possibilidade de perda de prestígio e de adeptos da Igreja Camundo moderno. Assim, grande parte de suas relações com os Estados fascistas e a qu

daica pautou-se por um sentimento de preservação das prerrogativas da Igreja acima de onsiderações.As relações entre o Vaticano e o fenômeno do Holocausto tornaram-se, assim, uma qumplexa, cujas fontes documentais ainda não foram em sua totalidade divulgadas. Mesmo auns pontos alcançaram a unanimidade na produção histórica sobre a questão: (1) não devemma alguma confundir a ação, ou inação, do Vaticano com o papel dos cristãos e/ou católico

ral frente ao Holocausto; (2) o silêncio do Vaticano foi compartilhado por outras confiigiosas cristãs, inclusive a poderosa Igreja Protestante alemã, devendo-se destacar a exceçãstemunhas de Jeová, que pagaram com a vida o ato de resistência ao nazismo; e (3) o Vatbia, desde o início, da terrível sorte dos judeus sobre o III Reich, mas preferiu manter o silêncAssim, a questão central reside nas razões do silêncio do Vaticano frente ao mais terrível crimtória do século XX, em especial as razões que guiaram esta figura carismática, produto da prrocracia papal, que foi Eugenio Pacelli, Papa Pio XII em direção a um silêncio tão doloixando de lado as questões propriamente religiosas, que marcaram um pontificado inten

remamente produtivo, embora contraditório, devemos lembrar que Pio XII era, mssivelmente, o homem mais bem colocado na hierarquia papal para entender a Alemanha erança nazista. Fora núncio em Munique e depois em Berlim, conhecendo pessoalmente rarquia nazista, frequentando muitas vezes os mais importantes líderes hitleristas, além de m

m íntimo contato com os católicos alemães, sejam aqueles do Partido do Centro Católico, sejaamados “cristãos nacionais”, aderentes do nazismo. O Papa Pacelli foi, ainda, largamponsável pela Concordata assinada entre o III Reich e o Vaticano – acordo de coopera

visão de tarefas entre a Igreja Católica e o III Reich –, não tendo, tampouco se permitindsões sobre a verdadeira natureza do nazismo. Fora ele próprio testemunha da perseg

sencadeada pelos setores extremistas e mais racistas do nazismo alemão contra a hiera

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ólica na Alemanha, inclusive durante a campanha de descrédito dirigida pelas SS sob a acuhomossexualismo generalizado da hierarquia católica. Para o nazismo, tornava-se impos

eitar a autonomia de instituição no interior do Estado, em especial na formação e educaçãanças, tarefas que o Estado nazista considerava monopólio próprio. Mesmo frente a tais tro elemento sempre esteve presente nas relações entre o Papa Pacelli e o nazismo: a sombmunismo. Um homem obsessivamente anticomunista, horrorizado pela Revolução Russa e is chocado pelas reformas radicais no México e na Espanha, nos anos 1930, Pacelli v

zismo uma forma de controle e de dique contra o comunismo. Assim, mesmo os aspectos

ugnantes do nazismo deveriam ser tolerados frente a um inimigo maior: Stalin, os republicaliberais radicais. Pacelli tolerou e apoiou regimes absolutamente injustificáveis, como o E

oata criado por Mussolini nas ruínas da Iugoslávia, fechando os olhos para as atrocidmetidas nos campos de extermínio contra os sérvios (cristãos ortodoxos e muçulmanos), ada Monsenhor Tisza, o ditador da Eslováquia, amigo de Hitler e inimigo de Stalin, alémaduras de Franco na Espanha e Salazar em Portugal.

Do ponto de vista puramente teológico e filosófico, os fascismos (alemão ou italiano, pporta) são absolutamente incompatíveis com o cristianismo. A base racial e o culto da viol

esentes nos fascismos chocam-se inevitavelmente com a solidariedade cristã, fato constantemmbrado por ideólogos do fascismo, com Julius Evola ou Alfred Rosenberg, que consideravstianismo uma religião montada por mendigos, prostitutas e escravos para dominar uma ranhores, como os arianos alemães, levando-os à decadência, como teriam feito com o Immano. De acordo com suas origens “judaicas”, o cristianismo seria uma religião “feminina”, ubterrânea, frente à tradição nórdica de deuses solares, guerreiros e vingadores, como Tin. Tais diferenças, ao lado do desejo totalitário de Hitler e Mussolini de controlarem o consociedade, impedindo uma ação autônoma da Igreja Católica, chegaram a gerar uma condenmal do fascismo pela Igreja, sob o Pontificado de Pio XI, através da Encíclica  Mit brenn

rge (Com ardente temor – escrita em alemão e lida nas igrejas de toda a Alemanha), combancipalmente o programa de eutanásia contra deficientes mentais e físicos. Contudo, Pio X

udito diplomata Pacelli, ao contrário de seu antecessor, acabou por considerar que quandenação ao Holocausto traria maior dor e sofrimento para os católicos da Alemanha e da Áum alterar em nada a sorte dos judeus. Talvez isso pudesse mesmo ter acontecido, como durecimento dos nazistas na Holanda, quando o episcopado local defendeu os judeus. De quama, quando o Vaticano e sua hierarquia condenaram a eutanásia em massa praticada pelos nantra velhos, deficientes e doentes mentais, o regime nazista recuou, cessando suas ativid

micidas. Neste caso, porém, as vítimas eram cristãos e não judeus... Para sempre ficarámbra da dúvida: se Pio XII não teria agido bem mais como um astuto chefe de Estado do que m pastor de almas... O debate entre historiadores permanece, ainda hoje, bastante intenso e v

istas e autores acabaram por enfrentar a questão das relações entre o Vaticano e os judema contundente, como Rolf Hochhuth – na peça O Vicário –, Costa-Gravas – no filme Amemel Gibson – em A Paixão de Cristo.

erências

HNSON, Paul. O livro de ouro dos papas. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.RNWELL, John. O papa de Hitler . Rio de Janeiro: Imago, 2000.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

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LOCAUSTO E  POLÍTICA  Nos últimos anos do século XX, sobretudo após o ressurgimentcismo e, de certa forma, com a intensificação dos conflitos no Oriente Médio, surgiu um abate, falsamente histórico, em torno do Holocausto, sua natureza e extensão. Na extrema-dste arco do debate encontramos os chamados negacionistas  (ou revisionistas), isto é, aqeressados na negação ou relativização do Holocausto como o mais hediondo dos crime

tória do Ocidente. Na verdade, o ímpeto dos neofascistas em banalizar, diminuir ou simplesmgar o Holocausto inscreve-se numa estratégia ardilosa e muito bem estudada. Reduzindo a Segerra Mundial a apenas mais um conflito cruel e destruidor – como todas as guerras modelusive aquelas travadas pelo Ocidente na África e na Ásia – conseguir-se-ia transformações entre os Aliados (Estados Unidos e URSS, com os demais países das chamadas Nidas) e o Eixo Berlim/Roma/Tóquio em mais um conflito pela hegemonia mundial. Assgamento de Nuremberg e a descoberta do Shoah seriam parte da paz dos vencedores, impostncidos, assim transformados em vítimas. Juntar-se-iam a esta versão deturpada da história reacontecimentos posteriores do seguinte tipo: de um lado, a Rússia de Stalin, com o Arquip

lag  (a imensa rede de campos de prisioneiros espalhada pela URSS) e o Estado Policial do Koutro lado, surgiriam os Estados Unidos com o racismo interno e as atrocidades cometid

etnã, tal como My Lai e outros massacres, para demonstrar como todos os países são capazeerra e no combate aos seus inimigos, de atravessar as tênues linhas da ética. O que permmo obstáculo a tal versão da História? Exatamente o Holocausto, que surge como um fenôe inviabiliza uma comparação com qualquer outra guerra, dado seu caráter sistemático, coletetivo, organizado por um Estado-Nação contra uma minoria. Assim, embora todas as guam cruéis, a Segunda Guerra Mundial torna-se específica pela existência do Holocausto

presa coletiva do Estado hitlerista.Do outro lado do arco do debate, surgem muitos homens na África e na Ásia atingidoramente pelo colonialismo, o racismo e o Apartheid, para os quais a construção de uma hipecífica e única para o Shoah  e a negação do caráter amplo e sistemático das atrocidmetidas durante dominação ocidental seriam mais uma manifestação de racismo. Neste sensconhecia-se o caráter profundamente existencial do Holocausto para o Ocidente e o traume crime representaria para as partes envolvidas.

O Holocausto, como fenômeno arquitetado, planejado, organizado previamente, visandassinato em massa de um grupo pelo Estado, revela exatamente o caráter dos fasci

pecialmente em sua versão alemã, o nazismo. O Holocausto representa um selo, o carfinitivo, do fascismo como corrente política incapaz de apresentar-se, inclusive hoje, ernativa possível de ordenamento civilizado do mundo. A barbárie pomposa do fascismous recursos ao espetáculo, desaba perante as cenas de deportação em massa, das marchas da m

da indústria do sacrifício nos campos de extermínio. Assim, as propostas atuais de revcismo – já em curso na Áustria e na Itália – como uma corrente política que evolui, libertanavatares do passado, fracassam frente a uma série de atos que confirmam a equivalência cismo e barbárie. Os últimos acontecimentos na Europa, nos Estados Unidos e mesmo na Am

tina, envolvendo grupos neofascistas em choque com estrangeiros, negros, minorias étnigares de memória do Holocausto, obrigam o historiador, bem como o cidadão comum, a

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lexão mais profunda sobre a ressurgência do fascismo desde o final dos anos 1980 e bruçar-se sobre os fatores que, presentes nos anos 1920 e 1930, ainda hoje alimentssibilidade de retorno da barbárie, justificando uma sórdida semelhança entre as décadas de 30 e de 1990. Da mesma forma, a operação política e ideológica de compreender – e no ltificar – o antissemitismo à luz do sionismo e da prática do Estado de Israel na Pale

quitetando um nexo entre fundamentalismo e antissemitismo, deve necessariamente ccândalo.A propaganda de extrema-direita, os negacionistas e os grupos neofascistas – como a Aryan N

antos outros nos Estados Unidos –, bem como os fundamentalistas islâmicos, insistem no asjado e inautêntico das narrativas do Holocausto e manifestam-se contra o seu caráter únginal na História contemporânea. Ora discutem perversamente o número de pessoas contidatalações de aniquilamento, ora sobre o caráter do gás Zyklon-B como simples desinfetante. Ftais tentativas de assassinato da memória, torna-se fundamental multiplicar os relatvaguardar os lugares de memória do Shoah. Alguns livros recentes, em especial de No

nkelstein, acabam por ser entendidos de forma equivocada, dando margem a erros e gerande polêmica. No caso de Finkelstein, a crítica – duvidosa e controversa – sobre a indústr

locausto acaba por contaminar a própria história do Holocausto. Na verdade, Finkelstein crietensa multiplicação de sobreviventes e vítimas, interessados nas indenizações devidas por bgrandes multinacionais, mas seu livro não diminui o horror representado pelo Holocausttória da humanidade. Todavia, para muitos, o logro – que porventura possa existir – antaminando a verdade dos fatos, como aconteceu durante os debates da Conferência de DurbanA nosso ver, a indústria do Holocausto não explica, de forma alguma, a multiplicação de esf

salvaguardar lugares de memória, criar monumentos, erigir museus ou publicar livrcumentos sobre o massacre de judeus. Algumas outras razões, menos venais, devem ser alinhra explicar o atual boom de memória do Shoah. Em primeiro lugar, e de forma clara, dev

mbrar que a geração que presenciou a guerra e os campos de extermínio encontra-se – durameseu outono. Assim, é justo que queiram deixar registrado, além do relato oral, um documento

ova, do horror vivido, em especial numa cultura, como a judaica, em que a memória desemm papel identitário central. Por outro lado, não podemos esquecer, foi depois de 1989-

ncipalmente na Alemanha, Itália, Rússia e Áustria, que o fascismo ressurgiu como um movimmassas. O que se pensava morto, decididamente parte da história vivida e passada, ressurg

mpo presente como ameaça. Assim, multiplicar e garantir a memória do Shoah torna-se um lítico e ético de todos que viveram o terror. Por fim, durante quase quatro décadas, para um

joritário de judeus em todo o mundo, a preocupação central focou-se na sobrevivência do EIsrael, como refúgio seguro do povo de Abraão. Claro que aí residia grande parte da conluntária entre a história do Holocausto e a história do Estado de Israel. No momento em que alítica de Israel sequestrou o Shoah, tornou-o automaticamente vítima do desejo irresistívticos e inimigos em banalizar o sacrifício de judeus, destruindo a própria base da legitimaçtado de Israel.

Devemos, ainda, ter claro em mente uma espécie de censura, cansaço e bloqueio que pesou e tema. Falar da guerra, do horror passado, surgia como verdadeiro obstáculo para a reconstvida de milhares de pessoas. Era viver de novo o horror. E para quê? Se tudo e

finitivamente morto no passado... Foi preciso olhar à frente, como o retorno ao terror, para

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uitos buscassem coragem e forças para se dedicar à tarefa de fazer o passado reviver sopel. E não foram apenas os judeus. Um caso excepcional é o das Testemunhas de Jeová,esar de seu recato e esforço de manter-se ao largo de grandes polêmicas, passaram, depo91, a promover grandes eventos sobre o Holocausto, do qual também foram vítimas. No casstemunhas de Jeová – Bibelforscher  – foi o impacto das perseguições na Rússia e demais pLeste Europeu, com o fim do comunismo, que os levou a iniciativas de relembrar o passado.

Devemos, ainda, destacar que somente agora – decorridos 50 anos do fim da Segunda Gundial – muitos documentos foram divulgados, como os da CIA sobre a colaboração dos na

m os sistemas de informação ocidentais, ou ainda posta em questão a postura do Vaticano solocausto. O fim do socialismo de Estado no Leste Europeu acelerou a abertura de muitos o

quivos, em especial na ex-URSS e na ex-DDR (Alemanha Oriental), permitindo o acesso stíssimo repositório de documentos referentes ao tema. Por fim, a queda de ditaduras laericanas permitiu a triagem dos vastos arquivos das polícias políticas locais, abrinortunidade de se conhecer o volume e o alcance da colaboração entre o III Reich e os regoritários na América.

Para muitos outros, além da dor, havia a vergonha e a discriminação. Muitos dos homossexuai

nseguiram sobreviver aos campos optaram pelo silêncio. Temiam o retorno ao lar e ao trabm a pecha infamante do triângulo rosa. Na Alemanha Federal o mesmo Parágrafo 17islação que justificou a internação e o assassínio de gays manteve-se em vigor até 1968, enqAlemanha Oriental vigorou até 1969. Por isso, todo homossexual libertado dos campo

ediatamente considerado criminoso, sem qualquer direito à indenização ou outro benefício.Para estes só restava o silêncio e a vergonha. Aqui, mais uma vez, dava-se a impossibilidama ampla frente de luta global pelos direitos humanos. Coube aos países islâmicos, em comp

va do Estado do Vaticano, tentar barrar a aprovação de quaisquer recomendações de promoçndição de homossexuais, das mulheres e mesmo de crianças. Pouco antes da Conferênc

rban, o governo egípcio prendia e trazia perante um tribunal militar de exceção 40 homossexdos submetidos a humilhações e torturas. Assim, ao mesmo tempo em que pediam apoio a ONmovimento antiglobalização para que fosse reconhecida sua situação de explorados, vários p

âmicos alinhavam-se entre os praticantes de formas brutais de tortura e humilhação de óprios cidadãos. Assim, explicar-se-ia a retomada atual dos estudos sobre o Holocauspenho por sua perpetuação na memória como fenômeno histórico original e único.

erências

KELSTEIN, Norman. A indústria do Holocausto. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SINGER, Henry. Does America need a foreign policy? Toward a diplomacy for the 21st century. Nova York: Simon & S001.XEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. “Clausuras contemporâneas”. In: IDEM,  Estudos de História e Educação . Rio de

Mauad, 2002.

FRANCISCO CARLOS  TEIXE

LOCAUSTO  A palavra holocausto origina-se do grego holokauston, uma tradução do vocblico (Samuel 7:9) usado para designar o sacrifício a Deus no qual as vítimas eram imoladango do tempo, ele passou a ser utilizado para descrever massacres em geral e, especialm

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rias formas de destruição em massa de seres humanos. Na década de 1950, este termo passoundamentalmente aplicado à destruição dos judeus na Europa sob o regime nazista e foi tampregado para descrever a aniquilação de outros grupos durante a Segunda Guerra Mundial (145), tais como: ciganos, homossexuais, opositores do regime e deficientes físicos e mentadústria de extermínio montada na ocasião se tornou o emblema do genocídio e, a partir de enavra holocausto ficou indelevelmente ligada à tentativa de o Estado nazista destruir o juda

ropeu.O início da política nazista de extermínio em massa é objeto de várias controvérsias. Difer

rsões situam-na entre 1933, data da ascensão de Hitler ao poder, e 1942, quando foi decidinferência de Wannsee que o chamado problema judaico deveria receber uma “solução final”

partir daí que, dos guetos e campos de concentração onde estavam confinados, milhões de juam levados aos seis campos de extermínio a gás construídos na Polônia. A própria expr

olução final” mudou progressivamente de conteúdo: em 1938, aplicava-se ao projeto de emigal dos judeus; em finais de 1941, passou a significar extermínio.

A colocação em prática do plano conhecido como “Solução Final” foi feita em três grandes etjunho de 1941, no início da guerra contra a URSS, quando as populações judaicas dos territ

vadidos foram sistematicamente eliminadas em fuzilamentos por tropas especiais da SS; em1942, quando começaram a funcionar os campos de Belzec, Treblinka e Sobibor, e foi iniciportação de judeus de grandes cidades, como Varsóvia e Paris; e em outubro de 1942, qudas as considerações econômicas sobre a necessidade da mão de obra escrava e o aproveitam

especialistas judeus foram sendo progressivamente descartadas, sendo estes de preferbstituídos por poloneses considerados arianos.Esta prática, que resultou no desaparecimento de cerca de dois terços dos judeus europeus – ce a população judaica na Europa de 1933 era de nove milhões de pessoas –, não foi alcandentemente, sem resistências por parte dos judeus. Desde a famosa batalha no gueto de Var

as pequenas estratégias cotidianas, que envolviam contrabando de víveres e fugas, muitos judeus que buscaram saídas para a catástrofe que se anunciava. A primeira delas foi a emigratade dos judeus alemães e dois terços dos judeus austríacos deixaram estes países entre 1939 –, sendo seguida de movimentos em praticamente todos os guetos e campos de concentstentes e da inserção em vários grupos de partisans.

Desde 1943, quando Heinrich Himmler proibiu os oficiais da SS de mencionar publicameeração de assassinato em massa de judeus, existem tentativas de negação do Holocausto. ueles que o negam, geralmente ligados a grupos de neonazistas e/ou de extrema-direita, exp

rias versões. A mais extrema delas defende que as autoridades do III Reich nunca planejarassinato em massa dos judeus da Europa e que os campos de extermínio nunca existiram. Oo negam totalmente os fatos, mas negam que o extermínio tenha sido tão intenso e tenha atitas pessoas. Entretanto, em contrapartida, também são inúmeros os projetos de recuperaç

periência dos sobreviventes do Holocausto, como o filme Shoah, de Claude Lanzmann, o prhistória oral The Survivors of the  Shoah, Visual History Foundation  e o próprio Muselocausto de Washington, que buscam difundir o conhecimento histórico geral sobre o pe

zista, além de preservar as memórias destes sobreviventes e, principalmente, combatrrentes negacionistas e neonazistas, que alcançam grande popularidade entre jovens por me

trumentos de difusão como a internet.

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UMAN, Zygmunt. Modernidade e holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.LDHAGEN, Daniel. Carrascos voluntários de Hitler. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.TMAN, Israel (edit.). The Encyclopedia of the Holocaust. Nova York: Macmillan Publishing Co., 1990.VI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988.DAL-NAQUET, Pierre. Os assassinos da memória. Campinas: Papirus, 1988.

K EILA GRI

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REJA E  POLÍTICA  Pensar historicamente o século XX, da perspectiva da Igreja e da Polítiabelecer paralelos entre duas práticas que durante muitos séculos caminharam bastante juntder político teve no poder religioso um aliado constante em diversas partes do mundo até o s

X. A era das revoluções burguesas, na Europa, reinventou a concepção de poder, retirandgem divina a base do poder dos reis. As repúblicas nascentes na Europa e na América constrma concepção de poder baseada nos princípios do Iluminismo, em que o poder emana dentade geral. O modelo de Estado-Nação que se organiza na Europa e na América temnstituições liberais a base de um pacto social que funda a governabilidade social. Serádelo, associado à intensificação das atividades comerciais, principalmente com o mundo árabia, que concorrerá para que também estes povos estabeleçam lentamente outros modeloação entre o poder político e suas diversas Igrejas.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) terá um impacto de dimensões diversas em todo o m

mbora o palco das disputas bélicas tenha sido a Europa, as mudanças advindas da experimana da Primeira Guerra foram irreversíveis. Sobretudo se pensarmos que, em razãontradições da própria guerra, o regime czarista da Rússia será derrubado e, logo depois, tomos bolcheviques, instalando-se o primeiro governo socialista do mundo. Nesse momento, a Itodoxa russa será colocada sob suspeita e terá seu culto proibido, já que fora durante séculosl aliada dos czares russos. O mesmo ocorrerá com a Igreja Católica em muitos paísesmarão o bloco socialista, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O período entre aserras mundiais marca o surgimento e a consolidação do fascismo, do nazismo e dos reg

oritários na Europa; para muitos, estes regimes seriam uma reação ao liberalismo, apontado ande responsável pelo avanço do socialismo. Esse movimento antiliberal terá o apoio da Itólica e da Igreja Protestante, que temem, nesse momento, o avanço dos sindicatos operáriosrtidos de esquerda e da vitoriosa Revolução Russa que ameaçava propagar-se pelo resundo.A vitória das Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial, barrando definitivamente a ascenscismo e do nazismo, oferecerá ao mundo, num primeiro instante, um pacto entre o bloco capito socialista. Entretanto, a partir de 1947, começa a se delinear a Guerra Fria, que levlarização entre ambos. Para as Igrejas do mundo, a aproximação com o bloco capitalista lid

os EUA se transformará em uma opção mais plausível, haja vista que os princípios marxistabasam a prática política dos países socialistas têm como um dos seus corolários a má

gundo a qual: “A religião é o ópio do povo”. A disputa entre os regimes socialistas e as Igrejacirrar nesse período, sobretudo quando, após apenas 30 anos da Revolução de 1917, na R

m terço da população do mundo vive sob este regime.No entanto, a partir de meados do século XX, por parte da Igreja Católica têm início movim

padres que passam a repensar criticamente a função social dessa instituição. Nesse sengem os padres operários na França e, mais tarde, sobretudo após o Concílio Vatican

istimos a um crescente interesse no desenvolvimento de uma prática religiosa voltada paoblemáticas sociais dos diversos povos. É também um período em que se abre uma perspe

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umênica, por parte da Igreja Católica, sobretudo como preocupação marcante do Papa João Xra a América Latina, o encontro dos bispos em Medellín, na Colômbia, em 1968, marmeiros passos de uma opção preferencial da Igreja Católica pelos pobres; são lançadmeiros textos da Teologia da Libertação que fundamentará todo um redirecionamento da pesiástica na América Latina. Nesse contexto, os padres marxistas terão um papel de dest

bretudo na luta contra as ditaduras militares que dominavam o continente nesse período. Por o, a década de 1970 será marcada pela Revolução Iraniana, uma das grandes revoluções soséculo XX. Realizada sob os princípios do fundamentalismo islâmico, substituirá o velho re

r uma teocracia populista. No mundo islâmico, todo esse processo terá uma enorme influlítica, principalmente entre a classe média e os intelectuais.

No final da década de 1980 ocorre a queda dos regimes comunistas, que se constituirá numrcas significativas desse século. A mobilização e a participação ativa da sociedade eberão um apoio significativo da Igreja Católica e de outras Igrejas. A política no século

nsolidará seu caráter laico; entretanto, as diversas Igrejas, como instituições, continuarão tendorme poder de mobilização e influência na opinião pública, sobretudo nos valores e princndadores do comportamento social.

erênciasARDER, Jostein. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.BSBAWM, Eric. Era dos extremos: O breve século XX , 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.RTELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna . São Paulo: Paulinas, 1995.O, Ari Pedro; STEIL, Carlos Alberto (orgs.). Globalização e religião. Petrópolis: Vozes, 1997.

ANTÔNIO TORRES MONTEN

PERIALISMO (TEORIAS CLÁSSICAS) O imperialismo consiste, na literatura clássica, em uma fasenvolvimento capitalista expandida na segunda metade do século XIX. A necessidadpansão do mercado consumidor para produtos industrializados e de áreas para o investimenpital financeiro excedente, derivada do desenvolvimento capitalista e do aumentompetitividade entre as principais potências econômicas daquele período (Inglaterra, Fremanha, Itália e Estados Unidos) propiciou a conquista e domínio da Ásia e da África, bem consolidação da influência econômica e política na América Latina. As análises sobperialismo foram realizadas por diferentes tradições teóricas. Destacamos três correntrxista, a keynesiana e a liberal. Para os marxistas, a explicação para o imperialismo devscada no caráter expansionista do capitalismo. A acumulação de capital pelas potê

pitalistas, propiciada pelo acesso aos mercados consumidores, áreas para o investimentpital financeiro e de exploração do trabalho, consistiria na principal motivação para o surgim

imperialismo. Diferentemente dos marxistas, a corrente liberal defendeu que o surgimenperialismo esteve desconectado do desenvolvimento econômico capitalista. Esse grupo explinômeno como uma consequência de um “atavismo subconsciente” de populações inflamadas cionalistas que buscavam domínio e poder.á para os keynesianos, o imperialismo consiste numa das formas de administração do capitaanadas da gerência das instituições estatais pelos grupos dominantes. Para essa corrente, a bo poder e domínio entre as potências capitalistas não poderia ser explicada, apenas,

otivações econômicas. Para eles, o imperialismo derivou da ação coercitiva do Estado, pa

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o desejo de poder e prestígio dos homens, e não pelas disputas interestatais por mensumidor ou áreas para a expansão de capital financeiro no sistema internacional.Os autores marxistas destacaram-se nas formulações teóricas sobre o imperialismo. Segundo

e fenômeno era inevitável, pois resultou da necessidade de exportação de capitais e do comernacional como meios de se evitar a queda na taxa de lucro do capitalismo. Eles tamontaram que o imperialismo procedeu do domínio do capital financeiro e da formação dos gronopólios pelo capitalismo da segunda metade do século XIX. Rudolf Hilferding (1877-1colai Bukharin (1888-1938) e Vladimir Lênin (1870-1924) foram os principais formulador

ria imperialista no início do século XX. No livro O capital financeiro (1910), Rudolf Hilfealisou a formação do capital financeiro e o surgimento do imperialismo na segunda metadculo XIX. Segundo ele, o capital financeiro deriva da união dos capitais industrial, comercncário, sob a direção das altas finanças. Assistimos, com isso, a supressão da livre concorrs capitalistas individuais, que foram substituídos pelas grandes corporações monopolgundo o autor, a monopolização elevou a competitividade na economia mundial e o proteciononômico dos países. Em razão disso, Hilferding afirmou que os Estados Nacionais tornaraões diplomáticas e militares centrais no cenário internacional em virtude da necessidad

pliarem a internacionalização de capitais e o seu território econômico. Além disso, na vislferding, o imperialismo foi consequência de três objetivos: (i) domínio e influência sobre o mritório econômico possível pelas grandes potências; (ii) disponibilidade das áreas de influênmínio para a exploração por associações monopolistas nacionais; e (iii) proteciononômico. A competitividade entre as burguesias nacionais fortaleceu a ação estatal no ceernacional. A ação imperialista das nações industrializadas propiciou a expansão do terronômico do capital, que foi justificada pelos seguintes elementos: ideologia racial, valorizaçal de nação e ação internacional pautada nos interesses nacionais.

No livro  A economia mundial e o imperialismo  (1917), Nikolai Bukharin debateu a econ

pitalista na segunda metade do século XIX. Para ele, o capitalismo desse período foi marcadoportação de capitais, formação de grandes monopólios capitalistas e concorrência entre as grtências, que atuaram internacionalmente pautados pelos seus interesses nacionais. Segkharin, a concorrência internacional formou um sistema de relações de produção e tmerciais competitivo, anárquico e mundial. O crescimento das forças produtivas multiplicnsolidou as relações entre os capitalistas, confrontando os interesses nacionais, elevados putas entre grupos burgueses. Com isso, a internacionalização da vida econômica gerou

onomia mundial marcada pela anarquia e por crises industriais. A guerra, desta forma, con

m dos meios principais de resolução da competitividade entre os capitalistas no sisernacional, sendo a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o principal exemplo da sua tese.Bukharin diz, ainda, que o imperialismo derivou da formação dos monopólios capitalistas

gimento do capital financeiro após 1870. As conquistas imperialistas não derivaram, ntido, dos interesses de raça ou da aquisição de poder político pelos países industrializados.ultaram das tentativas do capital financeiro em subordinar o mundo ao seu domínio.

No livro  Imperialismo, última fase do capitalismo  (1916), Vladimir Lênin destacou qperialismo é a fase monopolista do capitalismo, que é constituída pela existência de gra

onopólios comerciais e produtivos e pela supremacia do capital financeiro. Por isso, a partilh

as coloniais e o domínio mundial por um restrito número de nações consistem em

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acterísticas essenciais. A formação dos grandes monopólios consistiu num dos fenômenos evantes do capitalismo na segunda metade do século XIX. A cartelização das atividonômicas se transformou no seu aspecto fundamental, além da supremacia do capital finane, em virtude da ação dos banqueiros, concentrou os capitais, os meios de produção e as fonttérias-primas em áreas coloniais subjugadas.

O imperialismo foi, assim, uma consequência da monopolização capitalista, do surgimenpital financeiro e do seu domínio sobre outras formas de capital. Segundo Lênin, esse fenôe, centralmente, as seguintes características: (i) concentração da produção; (ii) luta por maté

mas; (iii) hegemonia do capital financeiro; e (iv) intensificação da disputa entre os paíseas de influência política e áreas para a exportação de capitais. Para Lênin, a existência do canceiro acentuou as disputas entre as nações industrializadas por mercados consumidônias e áreas receptoras dos capitais exportados. A guerra consistiria, assim, numa consequelevação da competitividade entre os países e da busca por hegemonia no sistema internaciliberais, diferentemente dos autores marxistas anteriormente debatidos, combateram a vincu

s fatores econômicos e o imperialismo moderno. Segundo Joseph Schumpeter (1883-1950ro Imperialismo e classes sociais (1919), o capitalismo, por sua natureza, seria anti-imperia

sse sentido, imperialismo e protecionismo não derivaram da racionalidade de fatores econôms de sentimentos irracionais, sobreviventes do período feudal.De acordo com Schumpeter, o imperialismo e nacionalismo não decorreriam de faonômicos, mas do desejo de poder e prestígio dos homens, que teriam suas raízes em “sentimacionais” e competitivos sobreviventes do pré-capitalismo do período feudal. Por isso, o plica o imperialismo como uma consequência de um “atavismo subconsciente” emanado depulação inflamada por apelos nacionalistas daqueles que buscavam a ampliação do poder esta

erências

OWN, Michael. A economia política do imperialismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.KHARIN, Nikolai I. A economia mundial e o imperialismo. Rio de Janeiro: Victor Civita, 1984.FERDING, Rudolf. O capital financeiro. Rio de Janeiro: Nova Cultura, 1985.

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R AFAEL PINHEIRO DE A

TEGRALISMO Caracteristicamente autoritário e nacionalista, o integralismo ganha corpo nos

30, sob a chefia de Plínio Salgado. Jornalista, romancista, poeta e político, o líder do movimegralista nasceu em 1895, em São Bento do Sapucaí, uma pequena cidade do interior pauscendente de família fervorosamente católica, Plínio entra cedo para a vida pública. Em

nto à liderança política do Vale do Paraíba, participa da organização do Partido Municipalimeira organização política dedicada à defesa das demandas municipais do país. No ano segna capital paulista, exerce uma fecunda atividade jornalística no Correio Paulistano.

No que diz respeito à literatura, Plínio terá uma participação periférica na Semana deoderna de 1922, contudo, quatro anos mais tarde, a publicação de O Estrangeiro o alçaria a

sição de destaque no movimento. Dentre os romances modernistas, O Estrangeiro obteve um cesso – a primeira edição esgotou-se por volta de 20 dias. Ainda em 1926, Plínio aproxima-

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upo “Verde-Amarelo”, de orientação nacionalista, integrado por Menotti Del Picchia, Cascardo, entre outros. Tal grupo produziria o “Manifesto da Anta”, estabelecendo uma pocordante em relação a outro grupo, “Pau-Brasil”, formado por Tarsila do Amaral, Márdrade, Oswald de Andrade, entre outros, e que se reuniam em torno do “Mantropofágico”.

O reconhecimento alcançado na esfera literária não se repetirá no espaço político – não usão do movimento integralista. Plínio, em 1928, unindo-se à facção liderada por Júlio Prge-se deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista, com importante votação. A part

menta o seu desejo de modernizar o partido; a ideia é dinamizar o relacionamento com as bminando o isolamento em que, a seu juízo, encontravam-se os municípios do estado – na ver

m objetivo perseguido desde a época da fundação do Partido Municipalista. Seu afodernização resultaria em um completo fracasso, prejudicando, inclusive, sua ativofissional. Por conta de suas convicções, Plínio será obrigado a se demitir do jornal O Coulistano, expressão máxima do situacionismo paulista. Nessas circunstâncias, passa a trabalh

critório do advogado Alfredo Egídio de Souza Aranha.Plínio Salgado não terá qualquer participação na Revolução de 1930. Na ocasião, estav

gem pela Europa e pelo Oriente, como tutor do filho de Egídio de Souza Aranha. No entantgem desempenharia um papel crucial na elaboração de sua ideologia integralista. Nesse momnio acompanhava atentamente os desdobramentos do movimento fascista europeu, em especliano – não gratuitamente ele foi encontrar-se com Mussolini. Aí surgiriam as primeiras reflequestionamentos, aos poucos, ao correr das experiências sociais que se desenrolavam a

dor, lhe convenciam da necessidade de uma revolução verdadeiramente transformadornfiguração política nacional – esse aspecto seria fortalecido pelo seu desencanto em relaçtituições democráticas ao longo de sua atividade parlamentar nos quadros do PRP.

Na concepção de Plínio, a Revolução de Outubro jamais personificou aquela transformação ra

mandada pela sociedade brasileira. Na realidade, ele desenvolverá, em relação a esse evento,stura marcadamente ambígua. De início, teceria duras críticas em função de sua roupagem libm momento posterior, tentaria um envolvimento mais próximo, até a exigência de sua substito integralismo, único movimento capaz de uma efetiva revolução. A inteligibilidad

ovimento integralista e seu desenvolvimento não podem prescindir da paisagem de resentada pela Revolução de 1930. Os acontecimentos que irrompem a partir de então inaug

m período de estranhamento, de incerteza política que dá margem ao surgimento de ideoldicais que despertam as paixões mais profundas em amplas parcelas do tecido social brasile

sse contexto que Plínio Salgado lança mão de duas estratégias políticas: em primeiro lugar, uornal A Razão como instrumento de propagação de suas ideias de inspiração fascista – por seus artigos arregimenta setores da sociedade que temiam o retorno do liberalism

nstituição de 1891; em segundo lugar, cria a Sociedade de Estudos Políticos (SEP), organizanálise ideológica da qual emergiria o Manifesto de Outubro e a Ação Integralista Bras

IB).Em 1932, a SEP cria uma nova comissão técnica, chamada Ação Integralista Brasileira. O obj

tal comissão seria disseminar entre os brasileiros, em linguagem didática, as principais refleinstituição. Apesar de algumas desavenças internas, a maior parte dos membros da SEP apoia

ojeto. A etapa conclusiva de constituição do integralismo dá-se com a elaboração de um man

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ra a difusão da AIB. No entanto, estrategicamente, apenas após o término da Revonstitucionalista, em outubro, Plínio tornaria público o documento. No início de 1935, é const

Aliança Nacional Libertadora (ANL). Trata-se de uma frente única de luta contra os fascio presidente de honra era Luís Carlos Prestes, ex-líder do movimento colunista. Por essa époegralismo já havia se consolidado e contava com um leque expressivo de militantes. Em mar35, durante a realização do II Congresso Nacional Integralista em Petrópolis, a AIB assurfil de partido político, sendo ratificado como representante nacional – “O Chefe” –, Plgado. Apesar das críticas à Constituição de 1934 e da apologia ao partido único, Plínio dete

e suas diretrizes ideológicas serão estabelecidas por meio de ações pacíficas. Contudmeiros documentos da AIB não excluíam o recurso à violência como uma maneira de se chegder. Na verdade, essa perspectiva parece mais uma forma de chantagem frente aos adverslíticos do que uma disposição concreta à atitude violenta. Isso não implica dizer qunifestações políticas do integralismo fossem sempre incruentas. Os conflitos de rua coancistas e o malogrado  putsch de 1938 demonstrariam como as paixões agressivas entorpeus militantes.O putsch  integralista representou a primeira grande crise do Estado Novo. Os membros da

etivavam, com este ato, a tomada do poder, cogitando, inclusive, a eliminação do então ditúlio Vargas. Os camisas-verdes de Plínio Salgado deram todo o apoio ao golpe de 1937minaria com a implementação do regime “estadonovista”. Na verdade, os integralistas aplauerspectiva autoritária simbolizada pelo golpe de Vargas, e almejavam garantir, com ela, um m

paço político e social de atuação. Mais ainda: o nome de Plínio Salgado havia sido lembradocargo de ministro da Educação. No entanto, a política do Estado Novo iria de encontroeresses dos camisas-verdes. Vargas decretou a dissolução de todos os partidos políticos, afet

mbém a AIB.Nessas circunstâncias, Plínio foi obrigado a transformar a Ação Integralista Brasileira em

asileira de Cultura (ABC). Contudo, a frente radical do movimento que gravitava em torndico Belmiro Valverde, no Rio de Janeiro, não ficaria de braços cruzados em face das me

pressivas do regime no Estado Novo. Na madrugada de 11 de maio de 1938, os guardas do Paanabara foram surpreendidos com os disparos das armas de fogo de um grupo de camisas-vetúlio Vargas e sua filha, Alzira Vargas, viram-se acuados, chegando a trocar tiros comlpistas. Malgrado a demora das forças governistas, o movimento foi desbaratado. Em outros lcapital, os revoltosos foram reprimidos sem dificuldade, como no caso do Ministério da Matropa do cruzador Bahia  também participou da sublevação. Sem sucesso, na manhã do dia

aças já haviam sido controlados. Os envolvidos diretamente no episódio sofreram penacilavam de um a dez anos. Apesar de não ter participado do levante, Plínio acabou se exilandrtugal, no ano seguinte.

Nos primeiros tempos da década de 1930, Plínio Salgado já estava convencido de que as mudndamentais para a renovação do país não ocorreriam dentro da estrutura pluripartidária reinvia a necessidade de uma revolução, na verdade, uma revolução do espírito. A luta seria con

unfo definitivo do materialismo, ou seja, contra a valorização irrestrita do poder e da riquezaentes humanos. Na realidade, a glorificação absoluta da matéria produz um perni

dividualismo que corrompe a solidariedade entre os homens. Na busca da maximização do con

do prazer, eles tornam-se, em larga medida, indiferentes aos anseios de seus semelhantes.

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er que o materialismo se apresenta de diversas formas: nas ações do comunismo e do capitaernacional; no pragmatismo da burguesia, na falta de organicidade dos partidos etc.

Nesse sentido, o pensamento pliniano defenderá um corpo de valores espirituais que redimensitivamente a convivência entre as pessoas, que limite a ação das leis da matéria. O objetnstruir um mundo que seja orientado por noções eminentemente religiosas, como a fraternidadmpaixão. Contudo, a realização dessa tarefa depende de uma ampla mobilizaçãonscientização e da participação dos diversos atores sociais – todos, unidos e balizados porncepção espiritualista da existência. É essa a ideia de revolução apregoada por Plínio. Com e

revolução já iniciou seu curso com a emergência dos movimentos fascistas europecialmente o fascio  italiano e a cruz suástica alemã – expressões do surgimento da civilizegralista. Apesar da identificação com esses movimentos, Plínio reconhecia suas especificidaerenças, entendia que cada um estava diretamente ligado à realidade local.

Entre nós, a peculiaridade que nos levava ao encontro da civilização integralista era simbolr uma espécie de passado ideal. As vicissitudes da colonização possibilitaram a irrupção dpírito de solidariedade, de ajuda recíproca. A despeito das diferenças iniciais, os colonos forj

ma convivência sustentada por um grau relevante de igualdade. Se Plínio reconhece a escrav

r outro lado, assevera que a relação senhor/cativo fora marcada por uma forte dosnevolência. A formação do caboclo, fruto das diversas misturas raciais, seria o exemplo nificativo desse processo. Ele traria em seu sangue um conjunto de valores e sentimen

mperança, bondade, generosidade – que singularizaria o tipo brasileiro. É a partir dessa matrinio forjaria a sua doutrina nacionalista, elemento imprescindível à mobilização populnsequentemente, à superação do materialismo.

erências

AÚJO, Ricardo Benzaquém de. Totalitarismo e revolução: o integralismo de Plínio Salgado . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, QUE, José Brito. “Plínio Salgado: trajetória política e idéias”. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da et al.  Dicionário

ensamento de direita: idéias, instituições e personagens. Rio de Janeiro: Mauad, 2000.VA, Hélio. 1938: Terrorismo em campo verde. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.NDADE, Hélgio. “O integralismo: a ascensão das idéias autoritárias no Brasil”. In: História do século XX –1934/1942. São

Abril Cultural, s/d.NDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30 . São Paulo: Difel, 1979.

CARLOS  LEONARDO BAHIEN

TELIGÊNCIA ARTIFICIAL E REDES NEURAIS As definições atuais de inteligência têm em conta q

nções mentais dos humanos e outros seres vivos estão fundadas no sistema nervoso. Desde squisadores europeus e norte-americanos começaram a estudar a relação entre os “circuebrais (o sistema de sinapse existente entre os neurônios) e alguns sistemas artificiais, comcuitos elétricos. O objetivo era simular o sistema nervoso por meio de máquinas, um projetoos depois, estaria dentro do programa de IA. Estas relações continuaram a ser investigadasta parcimônia nas décadas de 1950 e 1960, mas ganharam forte impulso no final dos anos 1rante as décadas posteriores. O ente que simula o sistema nervoso é a rede neural  (RN), um oe, se implementado concretamente, deveria substituir o computador digital por um sistem

aja” aos estímulos dos dados da mesma maneira que o fazem os sistemas biológicos. mputador/rede não precisaria de software e seu processamento dos dados não seria di

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deria processar dados diferentes ao mesmo tempo (ou seja, de maneira paralela) como faz a mmana. Como sabemos, desde 1938, Claude Shannon já tinha mostrado a relação entre circtricos e sistemas lógicos. Um circuito elétrico pode ter apenas duas posições:  fechado, qurmite o passo da corrente, e aberto, quando não permite. Esses dois estados físicos podemacionados de maneira biunívoca com as sentenças que afirmam: “O circuito C está fechadoircuito C está aberto”. Quando a primeira é verdadeira, a segunda é falsa, e reciprocam

mbos estados podem ser, então, identificados com os valores verdadeiro e falso, ou então comgitos diferentes quaisquer. É comum escolher 1 e 0 como correspondentes a verdade e  falsi

ta é a origem dos termos: “binário” e “digital”.Em 1943, os matemáticos Warren McCulloch e Walter Pitts publicaram o primeiro artigo Ns. Já se sabia que cada conexão entre neurônios possui várias entradas  (inputs) e uma ída (output ), e que por essa conexão circulam pulsos elétricos (impulsos nervosos). As concitatórias  são as que geram um impulso nervoso na saída, enquanto as inibitórias  são as qpedem. A rede de McCulloch e Pitts era muito simples: um “neurônio” artificial binário cuja dia ter apenas dois estados: existência ou não existência de impulso, e cujas entradas podiato excitatórias como inibitórias (Kovács, 1996). Por analogia com a lógica sentencial, em

stem apenas dois “estados” (verdadeiro e falso), os autores lançaram a proposta de qeligência era equivalente a esta lógica. Este modelo era, porém, muito simples, pois supunhmente atuava de maneira digital (ou booleana), em forma direta, sem levar em conta tomplexidade da interconexão entre neurônios. O segundo passo na teoria de RNs foi dadsenblatt (1959) e Selfridge (1955), com a invenção do  perceptron  (Rumelhart, p.41srceptron é uma rede de “neurônios” ordenados em estratos (camadas – layers). A primada, ou camada de entrada, é o conjunto dos “neurônios” (unidades) que recebem a informnecida à rede. A segunda camada é aquela cujas entradas são todas as saídas das unidadmeira camada e, em geral, a camada (n+1)-esima está formada pelas unidades cujas entrada

das as saídas da camada n-esima.A teoria das RNs pertence a um enfoque mais amplo da teoria da computação, chaocessamento Distribuído em Paralelo (PDP), para diferenciá-lo dos processos tradicionamputação cujos estágios estão  sequenciados. A ideia subjacente é fazer com que os procmputacionais imitem a mente biológica, que não processa os dados “um depois do outro”de integrar dados diferentes, originários de diversas entradas, de maneira simultânea ou paroduzindo uma saída (resultado) única. Esta teoria teve vários precursores, além de McCullsenblatt, mas recebeu sua forma atual a partir dos trabalhos de Rumelhart e seus colaborador

iversidade de Califórnia, em San Diego (RUMELHART, 1987).O modelo de PDP representado pelas redes neurais é uma estrutura que contém os segumentos: (1) um conjunto de unidades  de processamento, que representam os neurônios; (2ado de ativação, que indica “quão ativa” está a unidade; (3) para cada unidade, uma  funçãda, que produz a saída como resultado de aplicá-la ao estado de ativação em que se enconidade em cada instante; e (4) um conjunto de números reais, chamados  pesos, que estão vincuduas unidades em interação. Assim, o peso  Pij  indica “quanto efeito” tem a unidade i  soidade  j. As unidades estão relacionadas umas com as outras, de acordo com um  padrãnexão, que pode ser visto como uma espécie de “mapa” ou “planta” da rede. A rede

ntrolada por regras: a de  propagação transmite o padrão das atividades das unidades atrav

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das as conexões; a de ativação, que combina as entradas que atuam sobre uma unidadeoduzir um novo nível de ativação; e a da aprendizagem, que permite que a “experiência” dadifique, depois de vários “treinos”, seu padrão de conexão, ou seja, que aprenda padrões nov

As RNs podem ser vistas desde vários ângulos. Por um lado, elas são um modelo matemátima versão muito simplificada do cérebro. Nesse sentido, trata-se de um objeto lógico-algé

ítimo, utilizado como ferramenta com grande utilidade. As aplicações vão da matemática pria do controle, ao processamento de sinais elétricos e chegam às aplicações concreta

genharia. Por outro lado, as RNs também podem ser vistas como software, no qual o prog

plementa o funcionamento do modelo matemático das RNs, da mesma maneira que é posplementar muitos outros modelos (físicos, biológicos, econômicos etc.). Mas esses progrdam em computadores convencionais, digitais, não especialmente paralelos, que pertenceodelo clássico de Alan Turing (1912-1954) e John von Neumann (1903-1957). Um terceiro âne é aquele em que a pesquisa sobre RNs torna-se mais polêmica e abrange preocuposóficas, é o relacionado com construir  efetivamente máquinas que atuem como redes neuraa, modelos reais dos organismos dotados de cérebro. Nesse sentido, o que se conhece é muco. Há alguns modelos de robôs que funcionam sem programa, utilizando apenas sen

tribuídos por sua superfície, através dos quais os estímulos do meio ambiente atuam de matrica, mecânica e ótica sobre eles. Mas o que eles podem realizar é muito pouco. O projeto dRNs constituam computadores reais que substituam as atuais máquinas digitais é, por enqurico.

erências

OSSBERG, Stephen (org.) Neural Networks and Natural Intelligence. Cambridge: MIT Press, 1988.LIS, Daniel W. The Connection Machine. Cambridge: MIT Press, 1988.VÁCS, Z. L. Redes neurais artificiais: fundamentos e aplicações. São Paulo: Edição Acadêmica, 1996.MELHART, David E.; McClelland, James L.; The PDP Research group.  Parallel Distributed Processing . Cambridge: MIT987. 2 vols.

CARLOS LUN

TELIGÊNCIA ARTIFICIAL  (IA) Programa de pesquisa vinculando várias áreas da computação,etivo é reproduzir as principais funções da inteligência natural por meio de sistemas artifmputadores). Já em épocas remotas conheciam-se artifícios para executar algumas funçõnte, como fazer adições. Empolgados pelo sucesso da física e da matemática, filósofos mod

haram possível reproduzir funções mentais mais complexas. O britânico Hobbes (1588-

nsiderava que o raciocínio era apenas cálculo (HAUGELAND, p. 23) E, em 1666, o alibniz (1646-1716) propunha a construção de uma álgebra para representar o processo de dedando o primeiro nexo entre a lógica e a ciência exata. No entanto, a pré-história da IA comcontinuidade só a partir de 1930.

Em 1938, o matemático norte-americano Claude Shannon mostrou, em sua dissertação de mesniversidade de Princeton), que os circuitos das máquinas elétricas podem ser representadoerações lógicas, atribuindo uma  sentença  a cada circuito. Em 1944, também em Princetotemáticos Norbert Wiener (1894-1964) e John von Neumann (1903-1957) apresentaram aultados sobre sistemas (mecânicos ou não) que podiam se autorregular, o que constituiu o co

cibernética. Sendo a autorregulação um processo notório nos seres inteligentes, estas pesq

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imularam o surgimento da IA. Mas a disciplina imprescindível para a IA é a computação dio projeto teórico tinha sido traçado pelo britânico Alan Turing (1912-1954) já em 1936

ovou que qualquer processo sistemático para executar certas operações podia ser representadm conjunto finito de regras bem definidas. A chamada “máquina de Turing” foi o primeiro m

rico de computador digital, aperfeiçoado depois por von Neumann.Os projetos de Inteligência Artificial surgiram depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1r um lado, a pesquisa em neurologia e psicologia foi estimulada pela necessidade de curenças físicas e mentais dos ex-combatentes. Por outro, projetos estratégicos promover

nstrução dos primeiros computadores eletrônicos. Percebeu-se que o computador podia simnções mentais, como a memória  e a capacidade de executar operações simples, com ocidade que a mente humana. A extensão das tarefas do computador a processos que iam aléculo (produzir gráficos, compor música etc.) alimentou as esperanças de que a simulaçãeligência fosse viável. Finalmente, em 1956, cientistas de diversas disciplinas, reunidortmouth (EUA), lançaram o primeiro programa em IA. A hipótese central era que as  propriedinteligência humana têm a precisão suficiente para serem simuladas por computador . Denmeiros trabalhos, os mais influentes foram os de John McCarthy, fundador do laboratório de

tituto de Tecnologia de Massachusetts, em 1957, de Mervin Minsky, que sucedeu a McCartheção do mesmo, de Herbert A. Simon (*1916) e de Alan Newell (ambos da Carnegie-Miversity). A partir desse encontro, começa a diferenciar-se a IA  fraca  da IA  forte. A pri

eitava a criação de programas especiais de computador, chamados inteligentes, que pretenitar   os processos da inteligência humana. A segunda acenava com a possibilidade demputadores e mentes fossem equivalentes. Para testar se a hipótese de que as máquinas podemeligentes é verdadeira, foram planejados vários experimentos. O mais conhecido é o de Turinal um observador faz as mesmas perguntas a uma pessoa e a um computador, mas não sabe quautor de cada resposta. Se ambas não diferem significativamente, pode dizer-se que o compu

a “inteligentemente”. Este experimento é ainda motivo de polêmica (PENROSE, p. 1-23).Na década de 1960, IA articulou-se com um conjunto de disciplinas em computação,

icações em áreas diversas: linguística, robótica, resolução de problemas matemáticos, perceaté jogos como o xadrez. A IA constrói programas “inteligentes”. Um programa é inteligende resolver problemas que exigem simulação do raciocínio humano. Enquanto os progrnvencionais executam rotinas “rígidas”, os programas inteligentes podem modificar seu pro

função de nova informação, como o faria uma pessoa. Um programa inteligente é mais come um programa convencional, pois, além da informação inicial, pode utilizar dados estocados

a chamada banco de conhecimento. Os atuais programas “inteligentes” apenas resolvem aoblemas básicos: reconhecimento de texto por meio de scanner, “percepção” de alguns obentação de robôs simples etc.

Atualmente, a AI é pesquisada em filosofia e em ciência. Problemas filosóficos muito discuo, entre outros, a relação entre mente e máquina, a relação máquina e linguagem, a relevância dra o conhecimento real etc. A pesquisa científica em IA, centrada na computação, visa reproificialmente o processo que permite que a inteligência resolva problemas. Para tanto, o primsso é representar  estruturas reais vinculadas com o conhecimento utilizando símbolos que po

processados por computador (representação de conhecimento). O seguinte é o estabelecim

regras para inferir   algumas sentenças a partir de outras (inferência automática). Finalm

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ta-se que o sistema capture o conhecimento representado e o aprimore, com base nos “treeriores (aprendizagem). A IA recebe subsídios da  psicologia cognitiva, da neurociênciguística e de outras disciplinas, mas estas fazem parte da ciência cognitiva em sentido amo especificamente da IA.niciada nos Estados Unidos, a pesquisa em IA estendeu-se durante as últimas décadas do s

X a vários países, sendo os mais produtivos Grã-Bretanha, França, Japão, Holanda e pandinavos. O maior foro internacional de discussão sobre IA é IJCAI (International nference on Artificial Intelligence – Encontro Conjunto Internacional sobre Inteligência Artif

e teve lugar pela primeira vez em 1969 e se realiza a cada dois anos, em anos ímpares. contro reúne atualmente várias dezenas de países. A décima sétima reunião e a primeira do lênio ocorreu em Seattle, estado de Washington (EUA) entre 4 e 11 de agosto de 2001. No Bprojetos de pesquisa e programas de ensino de IA estão vinculados aos departamento

mputação. As principais universidades e institutos cobrem, em conjunto, a totalidade das ssuem estes programas as Universidades Federais do Rio de Janeiro, de Uberlândia (MGnas Gerais, do Rio Grande do Sul, de São Carlos (SP), de Pernambuco, a Pontifícia Universtólica do Rio de Janeiro e as Universidades Estaduais de São Paulo e de Campinas (SP).

erênciasHN, Natalie; SCHANK, Roger. “Artificial and human intelligence”. In: Sternberg, ROBERT, J.  Handbook of human intellambridge: Cambridge University Press, 1982. pp.352-391RDNER, Howard. A nova ciência da mente. São Paulo: EDUSP, 1995.UGELAND, John. Artificial Intelligence: the very thing . Cambridge: MIT Press, 1985.

NROSE, Roger. A mente nova do rei. Rio de Janeiro: Elsevier, 1993.

CARLOS LUN

TERNACIONAL FASCISTA Um dos grandes debates que marcou o fascismo italiano desde o iníc

ovimento foi a definição da abrangência do fenômeno e da ideologia fascista. A questão era do fascismo era algo típico da política italiana, um “fenômeno italiano” (para usar os term

moso discurso de Mussolini de 3 de março de 1928), ou algo universal, cuja aplicação podeender também para fora da Itália. Nos primeiros anos do partido e do regime, a primeira po

edominou. No entanto, o combate universal à esquerda, a ideia da renovação da civilidental e outros aspectos da doutrina fascista deixavam implícita a ideia da “universalidade

ntradições e os choques entre os grupos dentro do Partido Fascista que defendiam e combatiia do “fascismo universal” foram contínuos desde o seu início e nunca foram eliminados

smo depois da consolidação deste no poder. O ponto que convenceu o regime de que o fascrealmente uma solução universal foi a grande crise do capitalismo a partir de 1929. Esse omento-chave pelo fato de a crise internacional fazer com que muitas pessoas fora da ssassem a ver no fascismo uma solução extremamente adequada para um capitalismo emocracia burguesa que pareciam entrar em colapso, o que estimulou a formação de movimcistas fora da Itália e ampliou substancialmente o número de interlocutores de Roma.

Questões internas ao regime também estavam presentes: a década de 1930 viu a emergência deva geração educada nos ideais do regime, insatisfeita com a esclerose de seus ideais de mudcial e desejosa de alterações que recuperassem esses ideais. Esses jovens intelectuais vira

ernacionalização do ideal fascista um dos caminhos centrais não só para difundir o que

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nsideravam a solução para os problemas de todo o mundo ocidental (e não só da Itália)mbém para fazer uma correção de rota e resgatar os valores fascistas dentro do seu próprio pampetição com a Alemanha nazista também foi fundamental para conduzir a Itália pelos cam

internacionalismo fascista. A ascensão do nazismo na Alemanha efetivamente reforçoussolini a convicção de que a ideia fascista era a “onda do futuro” a ser exportada e difundidanto, a Alemanha nazista também era uma rival em potencial tanto geopoliticamente quanerança do universo fascista, sendo necessária uma reação firme frente a esta ameaça. Não aso que o sistema de propaganda fascista tenha sido tão potencializado nesses anos e que a

congregar e controlar mais firmemente os movimentos próximos ao fascismo no exterior scido justamente nesse momento. O resultado final de toda essa fermentação ideológica, dlítico e interesses de políticas interna e externa foi a criação dos Comitati d’azionniversitalità di Roma (CAUR) em 1933. A criação desse órgão foi um marco importante nainternacionalização do fascismo, sendo a sua baliza institucional. O seu objetivo era integr

ovimentos fascistas mundiais em uma agremiação formada por participantes teoricamônomos, mas que deveriam manter os traços comuns de nacionalismo, corporativismorização da juventude como força revolucionária.

O auge dos CAUR foi em seu primeiro Congresso em Montreux, em 1934. Duas outras reuniõovimentos fascistas foram patrocinadas pelo CAUR, em 1935: uma ocorreu em Paris (janetra em Amsterdã (abril). Logo depois, contudo, a tentativa italiana de organizar a “Internacscista” entrou em decadência e – apesar de a Itália ainda utilizar a ideia do fascismo internac

sua propaganda nos anos seguintes e não ter renunciado à ideia de internacionalizá-lo ountatos com os movimentos fascistas fora da Itália – o governo preferiu retirar seu apganismos como os CAUR e a qualquer ideia de um órgão institucional dessa naturezperiência dos CAUR faliu pela incompetência dos que tentaram organizá-los, pela fraquezioria dos movimentos fascistas que deveriam integrar a “Internacional” e pela relutância de

colocarem a serviço de Roma. Além disso, deve-se considerar outro problema interno ao cadisputas dos fascismos na Europa: em um primeiro momento, a competição fascismo/nazismicote alemão à “Internacional” foram fatais para sua constituição efetiva, enquanto a melhoriações Roma/Berlim no momento posterior ajudou a sabotar a ideia, pois Mussolini queria e

otivos de atrito com seu novo aliado. Os nazistas efetivamente não compartilhavam o entusiasmussolini pela “Internacional Negra”. Eles fizeram propaganda no exterior quando e ondedesse ser de interesse para o Reich. Porém, se o seu antissemitismo e anticomunismo pulares em vários locais, como na Europa do Leste, não o eram seu imperialismo e racismo

icilmente poderiam ser aceitos por aqueles que seriam visivelmente as vítimas desse imperiaesse racismo.Portanto, a perspectiva nazista bloqueava qualquer tipo de colaboração com os fascismoerior, a não ser em termos de subordinação absoluta. A importância-chave da questão

ntro do corpo teórico nazista o tornava, de fato, muito menos aberto a qualquer ideiaboração com movimentos no exterior do que o fascismo italiano. A ideia da dominação daana não permitia que se aceitasse a igualdade e a colaboração de igual para igual, aindarica, com outros povos e fascismos – em 1939, Alfred Rosenberg ressaltava que, mesmo que

undo se tornasse nazista, o conflito entre arianos e não arianos seria inevitável. A pretensã

mínio total excluía a priori a ideia da universalidade – a não ser aquela restrita à raça ariana.

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Entretanto, isso não significava que o fascismo italiano também não pensasse em termomação de seu próprio poder e domínio, e parece evidente que a ideia de internacionalicismo também era um instrumento de política externa e de projeção do poder italiano. A prqueza do Estado italiano – fato que sugeria métodos alternativos para ampliar a influência da mundo, como a colaboração ideológica internacional – e as características da versão italiacismo (com um nacionalismo mais “clássico” e menos racial) permitiam, contudo, uma abertia da “Internacional” que o nazismo jamais teve.

Asvero Gravelli e outros teóricos italianos da “Internacional Fascista” tentaram resolver

oblemas assumindo que os ideais fascistas eram acima de tudo ideais “europeus”, e qnternacional Fascista” daria apenas uma visão universal e uma coordenação às várias revolucionais. No entanto, eles não conseguiram deixar de identificar a Itália como sua base cennte de inspiração, cabendo a Roma a primazia entre os fascismos, que deveriam girar em tornlazzo Venezia. O fato de o estímulo final para a criação da “Internacional Fascista” ter sido, mos, a competição com a Alemanha apenas ressalta esse caráter nacionalista do internacionacista. Esse caráter indica, na verdade, o motivo de fundo que bloqueou qualquer tentativa de

ma “Internacional” de direita para se contrapor às de esquerda (socialistas e comunistas): enqu

internacionalismo proletário fornecia um cimento que reunia os partidos operários dos erentes países num bloco minimamente unificado, a competição ideológica entre as maliana e alemã do universo fascista e, especialmente, a disputa nacionalista entre os diferovimentos fascistas acabava conduzindo ou a conflitos difíceis de administrar ou à subordinaç

m pelo outro. Um dilema que fez naufragar a ideia da “Internacional fascista” e que indminho mais provável que um mundo dominado por Estados fascistas teria seguido: domínitados mais fracos pelos mais fortes ou guerra aberta entre eles.

erências

RTONHA, João Fábio. “A Questão da Internacional Fascista no mundo das relações internacionais: a extrema direitolidariedade ideológica e rivalidade nacionalista”. In:  Revista Brasileira de Política Internacional . Brasília, vol. 43. B000(1): p. 99-118.DEEN, Michael. International Fascism. Nova York: Howard Fertig, 1973.ANFAGLIA, Nicola. La prima guerra mondiale e il fascismo. Turim: UTET, 1995.NERUSO, Danilo. “Il fascismo internazionale (1919-1938)”. In: Il fascismo e le autonomie locali. Bologna: Il Mulino, 19732.

JOÃO FÁBIO BER

VASÃO DA URSS (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL) No dia 22 de junho de 1941, tropas nazistas e

élites invadiram a URSS, um ataque avassalador, chamado de “Operação Barba-RBarbarossa”). De forma incessante e furiosa a “guerra-relâmpago” (blitzkrieg ) nazista dirigiuRSS com o intuito de destruir o socialismo e se apossar das riquezas naturais soviécessárias para a sobrevivência do império nazista de 1.000 anos que Hitler propagandeavque reuniu cerca de cinco milhões de homens munidos dos mais modernos blindados, canvios e aviões. Mais do que uma guerra de conquista, o ataque fascista à URSS foi uma guerermínio, massacres de povoados inteiros e extermínio sistemático da população civilimaram milhões de cidadãos, em especial militantes comunistas e judeus. Todos considerados

as pela ideologia fascista, por isso poderiam ser mortos e escravizados em benefício daiana”.

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No momento da invasão fascista, a URSS ainda enfrentava dois graves problemas em seu sifensivo, a incapacidade da indústria bélica (recém-removida para os Urais) em produzir avindados suficientes e a capacidade de guarnecer suas extensas fronteiras, já que as forças doeaçavam a URSS com múltiplas invasões. O Japão, integrante do Eixo, ameaçava as fron

viéticas na parte oriental, os finlandeses ao Sul atacaram Leningrado em parceria com os alemTurquia em consonância com os alemães reivindicava terras soviéticas. O Irã, repleto de agcistas, adotou uma postura pró-Eixo até ser ocupado por tropas anglo-soviéticas.

A arremetida alemã e de seus satélites, entrementes, contra Moscou foi avassaladora; tod

ses anexados pelos alemães forneceram tropas e recursos para a agressão à URSS. Em pis de três meses os fascistas estavam nos portões de Moscou. Mas não sem antes sitiar Leningcerco a Leningrado durou cerca de 900 dias) e se postarem nos acessos ao Cáucaso. Os númvolvidos na operação são superlativos: das 214 divisões alemães, 153 foram deslocadas pente Soviético-Alemã; dos 8,5 milhões de homens mobilizados pelos nazistas, 5,5 milhões fpregados no ataque a URSS.

A Batalha de Moscou foi um marco na Segunda Guerra Mundial, foi a primeira grande derrozismo em terra, derrota essa que enfraqueceu a máquina nazista de maneira a não permiti

rguimento durante o conflito. Os combates se desenrolaram de forma excepcionalmsfavoráveis para as forças soviéticas, que enfrentaram tropas fascistas de três a cinco iores, portando materiais bélicos em quantidade três vezes maiores que as dos soviéticos. Po

determinação soviética no cumprimento do Terceiro Plano Quinquenal proporcionou à indica uma produção capaz de equipar as forças soviéticas em tempo de reagir e, então, derrotma fragorosa as forças fascistas nas portas de Moscou (a Batalha de Moscou durou de outub41 até janeiro de 1942). A partir daí, as expectativas nazistas de derrotar a URSS em cerve semanas não só não se concretizaram, bem como aliviou a pressão alemã sobre a Inglatesencorajou o Japão a violar o Pacto de Não Agressão assinado com os soviéticos em ab

41, ao mesmo tempo que freava o ímpeto belicoso da Turquia. A contraofensiva dos soviéticooscou desmantelou o Grupo de Exércitos Centro Alemão, que perdeu 11 divisões blindadvisões motorizadas e 23 divisões de infantaria. No início de dezembro de 1941, a Wehrmrdeu a iniciativa contra Moscou e passou à defensiva, estabilizando a frente.Com a negativa dos Aliados anglo-estadunidenses em erguer uma segunda frente de combatmães na Europa, a situação da URSS era terrivelmente perigosa, mesmo depois da vitóri

oscou. Os alemães planejaram acessar Moscou via Cáucaso.No verão (julho) de 1942, as forças nazistas desenvolveram uma gigantesca operação em di

Cáucaso (Operação Azul), cujo objetivo eram as ricas reservas de petróleo, gás e carvão.a missão, o Alto Comando Nazista designou o Grupo de Exércitos Sul Alemão. No meminho para o Cáucaso estava Stalingrado, uma cidade nas margens do Rio Volga, onde estncipal entroncamento ferroviário de carga da URSS e uma série de fábricas metalomecân

alingrado não possuía forças capazes de deter os alemães. Por cerca de seis meses os nazmbateram dentro da cidade com uma superioridade tremenda em homens e equipamentos, uitas vezes os soviéticos lutaram a cerca de 30 metros das margens do Volga. A cidadasada, os soviéticos não conseguiam mover nenhum equipamento sem ser alvo das tcistas. Os combates muitas vezes eram travados com pás, no corpo a corpo; tomar uma esqui

zes levava um mês. A proximidade de uma trincheira com a outra era tanta que muitas

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viéticos e nazistas ofendiam-se pelo nome. Mais uma vez a determinação soviética se sobreia fascista; os soviéticos transformaram as ruínas da cidade em um grande obstáculo ao avmão. No dia 28 de julho de 1942, Stalin emite a Ordem 227, que conclamava as forças soviéerrotar os nazistas e não permitir que cruzassem o Volga. Afirmava a Ordem que “não existe

pois do Volga”.Em fevereiro de 1943, as forças soviéticas celebram a vitória contra os fascistas em Stalingpois de terem cercado e aniquilado o 6o Exército Alemão. A vitória, considerada “heroica”viéticos ecoou mundialmente e desmoralizou as forças fascistas que, mesmo arrasando Staling

o conseguiram dominá-la. Os soviéticos resistiram aos poderosos ataques alemães e deados, de forma a desgastar suas forças, enquanto concentravam tropas na margem orientlga. Depois contra-atacaram em forma de pinças, imobilizando e desmantelando grande quanttropas inimigas. No início de 1943 as forças soviéticas estavam muito bem equipadas e detentáticas e estratégias inovadoras, capazes de fazer frente à terrível máquina de guerra alemã eélites, mesmo sem a ajuda das forças anglo-estadunidenses. A persistência dos Aliados ocidenão abrir uma segunda frente para aliviar a pressão sobre os soviéticos em 1943 contraria

ordos firmados pelos soviéticos e anglo-estadunidenses e concentrava sobre a URSS o maior

guerra na Europa.A última cartada nazista para controlar a URSS foi a Operação Cidadela, uma operação de gvergadura que passou para a História como a maior batalha de blindados. O Saliente de Kostov) foi denominado pelos soviéticos como o meio caminho entre as duas linhas de frentelsão que concentrava forças soviéticas e alemãs. Os nazistas mobilizaram 70 divisões e cercalhão de homens, com o objetivo de recobrar a iniciativa e avançar para Moscou. Mais uma vças soviéticas sobrepujaram, entre 5 e 23 de julho de 1943, a estratégia hitlerista. Assimnos de um mês as forças soviéticas sobrepujaram os nazistas e liquidaram definitivameciativa nazista dentro do território soviético, travando-se a mais importante batalha de blind

História. Destacaram-se os carros de combate T-34 e para os Illuyshin, aeronaves de ataqo (IL-2), que liquidaram a ofensiva alemã e mostraram-se exemplos da tecnologia b

viética.As perdas fascistas em Kursk foram de tamanha monta que obrigaram o Alto Comando Nazssar para a defensiva; 118 divisões fascistas foram dizimadas na região, total equivalente a 50% de todas as forças fascistas na Frente Soviético-Alemã. A vitória em Kursk e a conseqvessia do Rio Dniepr mudaram definitivamente a Segunda Guerra Mundial.

Do segundo semestre de 1943 até o início de 1945 a URSS tornou-se a maior potência bélic

undo; expulsando os invasores de suas terras, libertou vários países e ainda contribuiu panço anglo-estadunidense pela Europa, constituindo-se em um rolo compressor em direçrlim. A abertura de uma segunda frente na Europa em 1944, na Normandia (“Dia D”, tantas vardada), mais do que ajudar a URSS a derrotar Hitler, buscava reintroduzir os aadunidenses no continente europeu, como atores proeminentes na reconstrução das relaçõder na Europa no pós-guerra. As ações desenvolvidas pelos Aliados ocidentais na Itáliaança pouco ou nada contribuíram para o avanço soviético para Berlim, criando fortes tensõesndres e Washington, e de ambos com Moscou. Somente após a constatação do avontornável soviético sobre o Báltico e a Polônia, Winston Churchill, até então vig

versário de um desembarque atlântico, aceitou a Operação Overlord (Normandia, 6/06/1944)

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Em abril de 1945 os soviéticos chegaram aos subúrbios de Berlim. As forças nazistas estsmanteladas e acuadas, porém possuíam defesas bem sólidas em Berlim, apeadas no fanatismpas SS e da Juventude Hitlerista. A Batalha de Berlim durou cerca de um mês, de 16 de ab45 a 2 de maio de 1945, quando toda a cidade foi mobilizada para a luta. Enquanto os naereciam uma dura resistência aos soviéticos, de rua em rua, incluindo os túneis do metrô, causlhares de baixas, procuravam transferir a maior parte de suas tropas para o Ocidente, on

ndiam em massa e, muitas vezes, sem combate aos anglo-estadunidenses. O temível Hemmler, o líder das SS, chegou a buscar negociações com os Aliados, visando se voltarem con

RSS, no que foi repelido.Em 30 de abril de 1945, numa Berlim destruída, Adolf Hitler suicidou-se, a poucos metropas soviéticas. Os soviéticos cercaram todos os acessos a Berlim, e em 9 de maio o Comzista assinou, em Karlhorst, a rendição incondicional ao Comando soviético. A tomada de Beapital do “Reich dos Mil Anos”, foi o fim ao império nazista e o sonho de Hitler de domi

undo. A Guerra ainda perdurou no Oriente, contra o Japão. Em 9 de agosto de 1945 as forçército Vermelho, cumprindo obrigações assumidas com os Aliados na Conferência de ciam a invasão do Império Nipônico. Em três semanas de guerra, o Exército Imperial Japon

ina, com mais de um milhão de homens, seria destruído pelos soviéticos na Operação TempeAgosto. Tropas soviéticas invadem, então, a Manchúria, a China e a Coreia, cortando o Japas forças continentais. A guerra prosseguiria até agosto, quando os Estados Unidos utilizarambas atômicas contra Hiroshima (6/08/1945) e Nagasaki (09/08/1945). O Império Nipeita a rendição em 2 de setembro de 1945.Os números demonstram de maneira inconteste que a URSS foi a maior vencedora da Segerra Mundial; lutando só, em terra, durante longo tempo, derrotou as principais forças fascis

nsequentemente, pagou o maior preço da guerra, perdendo cerca de 29 milhões de cidadãoRSS foi, assim, responsável direta pela derrota do Eixo, pela libertação de vários país

onstrução de tantos outros depois, no pós-guerra, e livrando boa parte da Europa do domcista.

erências

ANTZ, David M.; HOUSE, Jonathan. Confronto de titãs – como o Exército Vermelho deteve Hitler. São Paulo: C&R, 2009ECHKO, A. A.  Missão libertadora das Forças Armadas soviéticas na Segunda Guerra Mundial . Rio de Janeiro: Ciaz, 1985.MEEV, Leonid. O Exército soviético na II Guerra Mundial . 2a ed., Rio de Janeiro: Renavan, 1995.LKOV, E.; RJECHEVSKI, O.; TCHELICHEV, I.  A verdade e a mentira sobre a Segunda Guerra Mundial . Lisboa: 984.

JOÃO CLAUDIO PLATENIK  P

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PÃO E SEGUNDA GUERRA MUNDIAL No dia 7 de dezembro de 1941, sem anterior declaraçãerra, um ataque japonês destruiria parte significativa da base naval americana de Pearl Harboas Havaí. O bombardeio destroçaria cinco encouraçados, arruinaria parcialmente outros qu

m de danificar mais de dez navios de guerra. Quanto aos aviões, 188 deles foram aniquida em solo. Somavam-se mais de dois mil mortos ao conjunto de perdas dos Estados Undubitavelmente, tal acontecimento modificaria os rumos da Segunda Grande Guerra. Apvestida, os nipônicos se tornariam os senhores incontestes do Oceano Pacífico; basta dizer quio de 1942, exerciam controle sobre a Malásia, Cingapura, Birmânia, Hong Kong, Índias Orilandesas, Filipinas, Guam e Ilha de Wake – as duas últimas possessões americanas.

Os episódios que antecederiam a ofensiva nipônica foram marcados por uma série de aspados à espionagem. Os japoneses usavam um código denominado Purple pelo qual trocavamrrespondências diplomáticas sigilosas. Entretanto, o serviço de criptografia norte-amer

nseguiu decifrá-lo graças a um sistema de decodificação chamado  Magic. Assim, mormações oficiais japonesas seriam reveladas pela inteligência dos Estados Unidos, inclusiacionadas com o ataque a Pearl Harbor. Quase 60 anos após o evento, os historiadores tam explicar o conteúdo das informações que o serviço secreto norte-americano detinh

speras da ofensiva.Do ponto de vista político, o bombardeio a Pearl Harbor foi um equívoco. Este evento provma larga insatisfação na sociedade americana, cuja opinião pública tornou-se a favor dfrentamento bélico contra o Japão. A bem da verdade, qualquer hesitação a uma participação

s Estados Unidos no conflito – alguns recordavam os efeitos negativos da Primeira Gundial – foi eliminada com o incidente em Pearl Harbor.ob um prisma tático, a invasão também representou um contrassenso. O poder naval nericano estava concentrado majoritariamente nos porta-aviões – e não nos encouraçadoanto, no momento do ataque, os porta-aviões, como o  Enterprise, estavam fora da baía.

mbrar que eles teriam um desempenho fundamental contra os japoneses na virada de mesa inim a Batalha de Midway, em junho de 1942. Pearl Harbor produziria um importante lucro militanques de combustível norte-americanos tivessem sido destruídos. Certamente tal ação retarontra-ataque do inimigo no Pacífico. Tabata argumenta que a Marinha japonesa não a executo

is motivos: primeiro, seus suprimentos de petróleo se localizavam em compartimbterrâneos, portanto ignoraram o fato de os tanques americanos estarem expostos na supergundo, um bombardeio ao acaso possivelmente levantaria uma barreira de fogo e fumaça que

risco as operações.Desde a Primeira Grande Guerra, as relações políticas entre Japão e Estados Unidos eram crí

verdade, o ataque japonês a Pearl Harbor e os desdobramentos do embate entre japonerte-americanos no Pacífico estão umbilicalmente atrelados a esse desgaste. Já nos primeiros1920, os Estados Unidos e a Inglaterra se esforçavam em limitar as intenções japonesas na

eano. Na Conferência de Washington de 1921-1922, esses países procuraram minimizograma de expansão marítima do Japão. E quando o Sol Nascente solicitou, em 19

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uiparação naval com os Estados Unidos, teve o seu pedido rejeitado. O efeito direto ocesso foi a sua retirada, dois anos depois, da Conferência Naval de Londres. Naquele connhou força o discurso acerca da “Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental” sob a Japão.á em fins do século XIX, o imperialismo japonês estava em marcha no Sudeste Asitretanto, a animosidade contra os Estados Unidos radicalizar-se-ia por ocasião da invonesa à Manchúria, em 1931, e posteriormente da China, em 1937. O objetivo princip

pansionismo nipônico residia na obtenção de matérias-primas, especialmente o petróleo. Por

desenvolvimento industrial japonês, tornar-se-ia crescente a demanda por tais produtos. Nntido, o Japão não mediria esforços para controlar as regiões produtoras de matérias-primônias europeias ou Estados independentes – que estivessem ao seu alcance. Tencionando lim

ojeto imperialista nipônico, os Estados Unidos e a Holanda embargariam as exportações ppão. Porém, os reveses de tal estratégia não custaram a aparecer: quanto mais grave tornavadução de matérias-primas, maior o pugilismo do imperialismo japonês. A disposição parfrentamento com os americanos aumentou por conta do anúncio da suspensão do Trmericano-Japonês de Comércio e Navegação, marcada para janeiro de 1940. A cessação do tr

plicava dizer que o Japão não mais teria a garantia de as matérias-primas norte-americrmanecerem a preço de mercado. Naquela altura, uma guerra entre amarelos e  yankees  pavitável.

A audácia dos japoneses em Pearl Harbor – o 7 de dezembro de 1941 seria conhecidociedade norte-americana como o “dia da infâmia” – e a declaração de guerra da Alemanha nantra os Estados Unidos, quatro dias após o golpe traiçoeiro dos nipônicos no Hpresentariam a lenha necessária para fazer a fogueira do conflito nipo-americano acender.Muito já se disse sobre o formidável empenho dos seguidores de Hitler na execução da chaolução final”, que culminou com o assassinato em massa, “fordizado”, dos judeus – para

ncionar as experiências “científicas” às quais eles foram submetidos. No entanto, pouccreveu sobre as atrocidades cometidas (ainda que em menor escala) pelos nipônicos contneses, no Oriente. Inicialmente, o projeto da “Coprosperidade da Grande Ásia Oriental” sealguma medida os povos asiáticos. Essas populações vislumbravam a possibilidade de, com

ograma, se libertar do jugo colonial imposto pelos imperialismos europeus. Contudo, os fasoneses rapidamente demonstraram sua verdadeira face: truculentos e intolerantes, fizeram

forço necessário para controlar as regiões economicamente estratégicas, ignorando suas demlíticas internas.

A retaliação norte-americana à ofensiva a Pearl Harbor seria proporcionada pelo espetaque aéreo do General Doolittle à capital japonesa, Tóquio, em 18 de abril de 1942. A Batalhar do Coral, entre os dias 6 e 8 do mês seguinte, descortinaria um empate técnico entre as Marigerantes. Os japoneses perderam o rápido porta-aviões Shoro, e outro, Shokaku, foi gravem

ariado. Do lado norte-americano, o petroleiro da frota e o destroier que dava sua cobertura fundados. Os Estados Unidos sofreriam, ainda, um pesado ônus com a explosão interna do pões  Lexington, uma hora após o fim da batalha. Talvez os americanos tenham tido uma l

ntagem, posto que conseguiram retardar o ataque japonês a Port Moresby. Tratava-se do primnflito naval em que as embarcações de superfície não dispararam um tiro sequer – a cena

ubada pela aviação.

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A sorte do Japão se modificaria efetivamente com a Batalha de Midway. Os japoneses nntentariam com o episódio do Mar do Coral, principalmente o ambicioso comandante Yamamideia seria afrontar as forças norte-americanas no Pacífico Central, atacando a Ilha de Midwrtir dela, os nipônicos avançariam para a costa leste dos Estados Unidos, área em qualizava a base de Pearl Harbor. Concomitantemente, uma frota deveria se direcionar ao noreutas Ocidentais. A cilada estava montada. Yamamoto intentava atrair a frota estadunidense

m enfrentamento nas Aleutas, enquanto abria-se um espaço para um poderoso ataque em Midstava o almirante americano Nimitz engolir a isca. Contudo, os Estados Unidos detinham

vor a personalidade astuta do almirante e um serviço secreto eficiente, que lhe mantinhaormado das operações no Pacífico. Por outro lado, Nimitz sabia que Midwayomparavelmente mais importante, representando um posto avançado de Pearl Harbor. Acresuas convicções e ali apostou todas as suas fichas. Não hesitou em qualquer momento.

A batalha foi deflagrada em 4 de junho de 1942. A despeito da maior qualidade técnica da Maônica, um fator, já mencionado, beneficiaria os Estados Unidos: a atuação peremptória do se

creto. Com a assimilação do código naval japonês, os americanos rastrearam as manlitares do inimigo, e lhe impuseram baixas em larga escala. Prejuízo: 322 aviões, 1 cruzad

rta-aviões e mais de 3 mil vidas. Pode-se perceber a relevância desta vitória dos Estados Uavés das decisões tomadas pelos japoneses posteriormente: todos os documentos ligadonflito foram eliminados, os feridos seriam segregados e submetidos a uma severa vigilâncipulação só teria notícias da derrota na década de 1950. Daí em diante o General MacAciaria um movimento crescente de recuperação das ilhas do Pacífico.Bebês nascidos de modo satisfatório”, assim o presidente norte-americano, Harry Truebeu a informação de que os testes para a fabricação da bomba atômica, no deserto mexitiveram sucesso – Projeto Manhattan. Começaria uma corrida para a abreviação da guerra oido possível. Ninguém duvidava do pulso firme de Truman para ordenar o lançamento de tal a

o potencial destrutivo verdadeiramente era desconhecido. Na sua concepção, o episódio de rbor revelava claramente a falta de honra militar do governo japonês. Na verdade, levandnta a perseverança do povo japonês, que certamente lutaria até a morte com a “devoçãmurais”, como predizia Churchill, duas ordens de problemas envolviam a utilização da bmica: primeiro, pouparia a vida de pelo menos um milhão de soldados norte-americanos e m

ste número em combatentes ingleses. Com uma ou duas explosões violentas todo um contexonia iria acabar. Segundo, descartaria a ajuda do Exército Vermelho e, o mais fantáminaria o poder de barganha do líder soviético, Joseph Stalin.

Em 26 de julho de 1945, os Aliados enviaram um documento exigindo a rendição imediatrças Armadas nipônicas. Seus termos foram rechaçados pela casta militar que havenhorado do poder. Caberia, assim, à Força Aérea dos Estados Unidos um dos papéis

mentáveis da história do século XX: o lançamento de uma bomba atômica em Hiroshima e outgasaki. Vários avisos foram dados aos habitantes japoneses de que sofreriam um ataque macrtir de 27 de julho. O último data de 5 de agosto. Estima-se que as aeronaves Superfortress teçado somente neste dia 3 milhões de folhetos comunicando a agressão. No entanto, após a qextremado General Tojo e as reivindicações pela paz do Príncipe Konoye, a homogene

lítica do governo japonês findara, quer dizer, já havia um movimento no sentido de acert

ações diplomáticas com os Aliados, e dar cabo ao suplício ao qual estavam submetidos os sú

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Imperador Hiroito. Desenlace: duas bombas As lançadas, respectivamente, sobre Hiroshima osto) e Nagasaki (9 de agosto) acarretaram a morte de mais de 450 mil pessoas.Na Baía de Tóquio, a bordo do encouraçado  Missouri, o imperador do Sol Nascente, Hiinaria formalmente a rendição diante do comandante das forças militares norte-americanacífico, MacArthur. A Segunda Grande Guerra chegava ao seu final. Corria o dia 14 de agos45.

erências

X. Herbert P. Hiroito and the making of modern japan. Nova York: Perennial, 2001.URCHILL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial . Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.NÇALVES, Williams da Silva. “A Segunda Guerra Mundial”, p. 165-193. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA,ENHA, Celeste (orgs.). O século XX – o tempo das crises: revoluções, fascismos e guerras . Rio de Janeiro: Civrasileira, 2000, V.2.

CARLOS  LEONARDO BAHIEN

PÃO E  OCUPAÇÃO  NORTE-AMERICANA (1945-1952)  Imediatamente após o final da Segunda G

undial, o mundo se alinhou numa nova correlação bipolar de forças: um lado foi liderado UA e o outro pela URSS. Esta bipolarização passou à história com o nome de Guerra Fria, já qas potências nunca chegaram a ter um confronto armado direto, e sim tentaram trazer parfera de influência o maior número possível de países, particularmente aqueles do Terceiro M

EUA desejavam impedir que a URSS se fortalecesse e, sob um discurso de proteçãoncípios democráticos, empenharam-se em conter o “avanço comunista” na Ásia e na Euquanto isso, a URSS preocupava-se em proteger e garantir suas fronteiras, o que desembococessivas intervenções e apoio militar-logístico na maioria dos países do Leste Europeu entre 948. Este é, portanto, o contexto de disputa que precisamos ter em mente para analisar o pape

UA na reconstrução do Japão após sua derrota na Segunda Guerra Mundial.O Japão participou da Segunda Guerra Mundial como aliado da Alemanha e da Itália e mobormes recursos nas campanhas militares, resistindo até o início de agosto de 1945, quando foduas bombas atômicas lançadas pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki. Ao se render, e

mpletamente destroçado e com grandes problemas econômicos. Quase todos os seus prmerciais, instalações industriais e mais de um quarto de todas as suas casas haviam struídos pelos bombardeios aéreos. Matérias-primas, alimentos, roupas, combustívuipamento industrial eram muito escassos, além de a população ter de conviver com uma p

lação. A Marinha Mercante japonesa, a terceira do mundo antes da guerra, estava quase todndo do mar; o seu comércio de exportação não mais existia e não havia perspectivas de impmentos e materiais adequados para restaurar a economia e o padrão de vida da população. Oava totalmente fragilizado, o que permitiu a ocupação das Forças Aliadas (na maior parte, nericanas) de agosto de 1945 até abril de 1952. Sob o impulso dos EUA, o Japão iria tornar-s

gante econômico e peça importante na estratégia anticomunista na Ásia.Embora o Imperador Hirohito (1904-1989) tenha continuado no trono japonês durante os sete

ocupação norte-americana, todas as decisões estiveram submetidas às diretrizes do Compremo das Forças Aliadas, que estivera sob a responsabilidade do General Douglas MacA

880-1964) até 1951, quando foi exonerado do cargo pelo então Presidente Harry Truman (

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72). MacArthur havia comandado as tropas aliadas no Pacífico e se tornou a figura portante para a implementação, no Japão, de um novo modelo econômico, político e sinnhando projeção internacional e competindo em popularidade com o próprio Presidente Tru

forma enérgica, MacArthur conduziu o processo de desmilitarização do Japão, elaborandonstituição que estabelecia o desarmamento permanente e um governo parlamentar em novas boberania era transferida do Imperador para o povo; a concentração do Poder Executivo ficarbinete do primeiro-ministro; a câmara baixa teria supremacia na legislatura; haveria libeigiosa e uma garantia oficial do respeito aos direitos humanos.

No entanto, as reformas institucionais tiveram limites bem claros frente ao contexto geopolítite empresarial japonesa se beneficiou de uma política interna de combate a qualquer oposiçsse operária ao governo – o que pouco diferia das repressões políticas às organizabalhistas e sindicais da década de 1930 – que incluía, entre outras coisas, a adoção de mee proibiram greves, a eliminação dos sindicatos de oposição e o fortalecimento das fnservadoras japonesas. No plano sindical, os sindicatos que pertenciam à Sohyo, de tendcialista, viram surgir a seu lado – em toda a indústria privada e, particularmente, nos setornta – um novo tipo de sindicato: o sindicato-firma, similar ao modelo norte-americano

nsistia na estrutura de sindicato único em que a filiação era obrigatória. Este tipo de estrdical substituiu a fórmula anterior à guerra, que havia sido estruturada segundo o modelo eurs cuja atuação estava proibida desde 1940.

Em 1949, ocorreu a vitória da Revolução Chinesa liderada por Mao Tsé-Tung (1893-197RSS explodiu a sua primeira bomba atômica e foram iniciadas as hostilidades que levarierra da Coreia (1950-1953). Diante desses episódios, o comportamento de MacArthur endurelação à política interna japonesa, desencadeando uma feroz repressão ao Partido Comu

endendo seus líderes e fechando o seu jornal diário. Paralelamente, o parque industrial foi eito e aprimorado, utilizando-se de uma política controlada de transferência de rendas a par

nutenção de baixos salários e de uma estrutura oligopolista que protegia o mercado interno.As relações amistosas com o Japão desarmado tornaram-se um componente fundamental na poática dos EUA, sobretudo depois da vitória dos comunistas chineses. O plano de reconstterial e reestruturação política do Japão demonstrou ser muito mais benéfico para os interrte-americanos do que uma simples retaliação impiedosa ao inimigo derrotado, pois garantiuportante base de ação na Ásia que, em processo de reconstrução, pôde absorver os excedentditos norte-americanos num momento de reconversão da economia mundial para conflitoxa intensidade. Para as elites empresariais japonesas, a ocupação norte-americana acabou p

m efeito de conservação do  status quo, diferentemente do que estava ocorrendo na China reia do Norte. Com a suspensão do governo de ocupação em 28 de abril de 1952, restou à cerária japonesa acirrar as suas lutas pela defesa de melhores condições de vida para queitos humanos presentes na letra da Constituição deixassem de ser uma mera retórica de pape

erências

RROS, Edgard Luiz de. A Guerra Fria . São Paulo/Campinas: Atual/Unicamp, 1986.UCHTENBURG, Willian E. (org.). O século inacabado: A América desde 1900, vol. 2. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.TOSHI, Kamata. Japão: a outra face do milagre. São Paulo: Brasiliense, 1985.

FABIANA NEGROMONTE 

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YNESIANISMO O pensamento do economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946) marcouva era no desenvolvimento da teoria econômica. Sua relevância pode ser percebida pelo fae diversos governos pautaram sua política econômica no período após a Segunda Guerra Mu

do Keynes como referencial teórico. Mais do que a discussão teórica, importa-nos entennificado da teoria para a trajetória da economia do século XX. A prolongada recessão da dé1930 e o alto nível de desemprego colocavam em xeque a teoria neoclássica ortodoxa. De ac

m essa teoria, a economia possuía forças autorreguladoras que ajustavam automaticamente a odemanda, assegurando que os mercados tendessem permanentemente para o equilíbrio de

prego. A possibilidade de ocorrer uma situação de escassez de poder de compra na econava descartada, já que os neoclássicos entendiam que o processo de produção capitalist

mbém o de geração de renda – salários, aluguéis e lucros e, portanto, o processo de criaçnte de financiamento da demanda (essa ideia é resumida na frase “a oferta cria sua pr

manda”). Assim, segundo tal visão, fenômenos de desemprego seriam temporários, frutoovações tecnológicas ou causados pela impertinência dos sindicatos, que reivindicavam saealistas, desrespeitando as forças automáticas do mercado. No auge da Grande Depressãonomistas neoclássicos sustentavam que o desemprego era resultado da recusa dos trabalha

aceitar reduções em seus salários. O remédio para reduzir o desemprego e estimular a econia a redução geral dos salários dos trabalhadores. Entretanto, na medida em que os resul

evistos na teoria eram diferentes daqueles verificados no mundo real – as altas taxasemprego mantinham-se, assim como a depressão prolongava-se –, a confiança no pensam

oclássico esvaía-se. A teoria keynesiana emerge nesse cenário de descrença na teoria ortodoxDe acordo com Keynes, as forças do mercado não conduziam automaticamente a economuilíbrio em pleno emprego. Na verdade, ao contrário do que dizia a ortodoxia, os níveodução e emprego de uma economia seriam determinados pelo nível de demanda agreutuações na demanda agregada, por sua vez, eram geradas por seus determinantes, isto é,cisão de investir dos investidores e pelo nível de consumo dos que tinham alguma fonte de rm cenário de forte incerteza, tal como uma depressão, poderia desencadear nos investipectativas pessimistas acerca de seu lucro futuro, levando-os a reduzir o nível de investimso esperasse uma redução na demanda por seus bens, o investidor também poderia opta

duzir sua produção. A redução da produção provocaria demissões entre os trabalhadoresiam, em conjunto, uma menor renda para consumir, o que implicaria queda no nível de consum

dução do investimento e do consumo provocaria a redução da demanda agregada. Este novo demanda poderia ter um efeito estrutural na evolução do sistema, ao determinar uma nova situequilíbrio em um nível de emprego e produção inferior ao do status quo ante. Assim, a econderia encontrar seu ponto de equilíbrio abaixo do nível de pleno emprego e nele permadefinidamente. Nesse quadro, a redução dos salários proposta pelos neoclássicos tendia a piouação, já que reduziria o consumo dos trabalhadores, o que, por sua vez, reduziria a dem

regada. A proposta de Keynes para sair da depressão e restabelecer o pleno emprego era qtado aumentasse seus gastos em projetos de obras públicas, já que tal ação geraria renda pa

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balhadores empregados, que iriam gastá-la. Um maior nível de consumo incrementaria a demregada e teria um efeito estimulante nos níveis de produção e emprego. O déficit público rado com o aumento da despesa pública deveria ser financiado com a emissão de títulos púbe iriam captar a renda não gasta do setor privado para introduzi-la na corrente dos gastos.

Tais ideias comportam duas profundas modificações em relação à teoria neoclássica. Em primgar, esta rejeitava qualquer intervenção do Estado na economia, posto que geradora de distoe perturbariam o bom funcionamento dos mercados – contrariamente, a teoria keynesiantentar que a ação do Estado era um elemento indispensável ao bom funcionamento do capital

segundo corte com a teoria neoclássica é a questão do equilíbrio fiscal: enquanto a ortofendia que o Estado deveria buscar o equilíbrio fiscal, não gastando além do que recolhesbutos, os keynesianos sustentavam que o resultado orçamentário deveria ser dependenuação econômica. Segundo estes, em tempos de alto nível de emprego o governo deveria brar superávit fiscal, o qual seria transferido para gastos com investimentos. Em temposemprego e recessão, o governo deveria aumentar seus gastos para estimular a demanda; assficit fiscal que seria gerado, longe de ser prejudicial à economia, seria desejável.A teoria de Keynes, assim como suas recomendações políticas, foi objeto de intensos debates

36 – ano de publicação de sua obra Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda –  e 19pressão da década de 1930 arrastou-se até a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1rante os anos da guerra, sob o estímulo de enormes gastos governamentais, a maioria

onomias capitalistas se transformou rapidamente, passando de uma situação de grave desemra uma de escassez de mão de obra. Grande parte dos economistas acreditava que essa experimprovava as ideias de Keynes. Após 1945, a maioria dos políticos se juntou aos economoclamando a nova ortodoxia keynesiana. Em 1946, o Congresso dos EUA aprovou a Lmprego, que obrigava o governo a usar seus poderes de tributar, tomar emprestado e gastar a f

nter o pleno emprego. Nos países desenvolvidos, a manutenção do pleno emprego torn

oridade da política econômica. A década de 1960 marcou o coroamento da economia keynetaxa de desemprego nos países da OCDE atingiu níveis excepcionalmente baixos, a econ

undial cresceu a uma taxa explosiva e o índice de inflação manteve-se reduzido. Tais façam atribuídas às políticas de manutenção do pleno emprego inspiradas na teoria keynesiana.

No final da década de 1960, tal cenário de prosperidade começou a se alterar: enquanto as taxlação e desemprego começaram a crescer, a taxa de crescimento entrava numa trajetór

dução. Nos países-membros da OCDE, o preço aos consumidores, que no período 1960-scera em média 3,1% ao ano, elevou-se para uma média de 10,5% ao ano no período 1973-

desemprego, que se mantinha numa média de 3,1% no primeiro período, atingiu uma méd% no período seguinte. O crescimento do PIB caiu de 3,9% em 1960-1968 para 1,9% no pe73-1979. Tendo recebido os méritos pelo crescimento, a política keynesiana foi responsabilr todos os problemas que começaram a emergir: inflação, déficit público crescente e expansrticipação do setor público na renda nacional. As políticas keynesianas foram deixadas deos governos, que passaram a pautar sua política econômica de acordo com o receit

onetarista – este, muito semelhante ao receituário ortodoxo da década de 1930, ao qual Keresentou sua alternativa. A prioridade passou a ser a estabilização da economia, o equilíbrio

redução do tamanho do Estado na economia. O desemprego seria o custo necessário para a

s metas. Somente quando estas fossem alcançadas, dever-se-ia, eventualmente, retomar a disc

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erca do emprego. Ao final da década de 1990, observava-se uma retomada do pensamenynes, sobretudo devido à impotência das políticas estabilizantes frente ao desemprego.inalmente, é importante frisar que a teoria keynesiana forneceu a base teórica para a reformusistema capitalista no século XX, o que possibilitou a restauração da confiança no sis

nando possível sua reprodução. Se, por um lado, havia a proposta de aumentar a participaçtado por meio de maior controle das decisões de gasto, por outro, tal intervenção deveria mactos os princípios fundamentais do sistema capitalista, a começar pela propriedade privadios de produção. Ao recomendar soluções que afastavam o espectro da depressão

semprego, Keynes contribuiu para afastar dos países desenvolvidos a “ameaça comunista”deria atrair adeptos caso uma situação de profunda crise se tornasse permanente.

erências

NT, E.K. História do pensamento econômico. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989.YNES, John M. Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda. São Paulo: Nova Cultural, 1985.POLEONI, Cláudio. O pensamento econômico do século XX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.DELSKY, Robert. “Keynes”. In: Three Great Economists: Smith, Malthus, Keynes. Nova York: Oxford University Press, 1

LUANDA AN

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estes que estava grávida – e Elise Saborowski, ambas judias e comunistas, para a Alemzista, onde foram mortas em campos de extermínio.Em meio a tanta repressão, as autoridades não hesitaram em inventar duas mentiras infamma delas é repetida até hoje como se fosse verdade: no 3o  RI, militares legalistas foram mos comunistas enquanto dormiam. Ora, basta um único argumento para demonstrar a fals

ssa acusação: familiares dos “oficiais que dormiam” protestaram contra essa versão porquemesmo que aceitar a pecha de que seus parentes seriam irresponsáveis por terem ido ddados, enquanto o quartel estava em prontidão. A segunda mentira valeu por pouco tempo

e um efeito duradouro na história política do Brasil: o exemplo real do levante comunista smo precedente para que Getúlio Vargas – pretendendo o máximo possível adiar as eleesidenciais de 1937, previstas pela Constituição de 1934 – divulgasse em 30 de setembro de

m novo plano de levante comunista, chamado de “plano Cohen”, o que era uma alusão aomunista húngaro Béla Kun (1886-1941). Assim, em 10 de novembro de 1937, Vargas ordenhamento do Congresso Nacional e instalou a ditadura do Estado Novo no Brasil.

erências

UINO, Rubim Santos Leão de et al. PCB: 80 anos de luta. Rio de Janeiro: Fundação Dinarco Reis, 2002.

ANNA, Marly. Pão, terra e liberdade: memória do movimento comunista de 35 . Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.ANNA, Marly de A.G. Revolucionários de 35: sonho e realidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

MA (DECLARAÇÃO DE) Documento firmado na VIII Conferência Internacional Americana, reunipital do Peru entre 9 e 27 de dezembro de 1938. Também conhecida como  Declaraçãoincípios da Solidariedade da América. Proposta pelos Estados Unidos, defendia a pantinente – o mundo caminhava para nova guerra mundial –, reafirmava a solidariedade contin

previa que, no caso de uma ameaça contra a paz, a segurança ou a integridade territorial deção americana, os ministros das Relações Exteriores das repúblicas americanas reunir-se-iamnar efetiva a solidariedade continental. Na conferência, aprovou-se ainda a  Declaraçãincípios Americanos condenando a intervenção de um Estado nos assuntos internos ou externalquer outro Estado. Rejeitava o uso da força como instrumento de política nacionaernacional e afirmava que divergências internacionais deveriam ser resolvidas por mcíficos. Todos esses princípios devem ser confrontados com uma série de elementos: a Polítig Stick , a Política da Boa Vizinhança e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

erênciasUINO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Record, 2000.LLO, Rubens Ferreira de. Textos de direito internacional e de história diplomática de 1815-1945. Rio de Janeiro: 1950.

R UBIM S ANTOS  LEÃO DE A

FTWAFFE Desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), esta expressão alemã – que signenas “força aérea” – vem sendo utilizada no original para especificar a força aérea alemã naLuftwaffe foi de certa forma a ponta de lança da expansão militar de Hitler (1889-194

óprio Hermann Göring (1893-1945), comandante-chefe da Luftwaffe (Oberbefehlshaberftwaffe), acreditava que nenhuma missão seria impossível para sua armada (PRICE, 1974, p

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mbém não se pode esquecer que a invasão da Polônia – um dos primeiros passos da agrmã – foi viabilizada por um bombardeio aéreo. Com efeito, o  Reichsmarschall  Hermann Gum dos homens mais próximos de Hitler e, presumivelmente, ambos comungavam das me

ias. Existe consenso no sentido de que a Luftwaffe, como instituição, tinha um cinentemente nazista, embora não possamos estender tal mentalidade a todos os seus membros

na de cometermos uma atroz generalização.É curioso o rápido e colossal desenvolvimento da Luftwaffe. De fato, em decorrência do Tr

Versalhes, até 1922 a Alemanha não podia manter sequer a aviação civil. Quando a criação

ima foi autorizada, observava restrições técnicas. A ideia era dificultar ao máximsenvolvimento de uma ameaça aérea. A partir de 1924, a aviação civil passou a ser desenvoando basicamente os interesses militares. Era a única maneira de driblar as restrições impo armistício. Surgia, assim, o embrião de uma das mais respeitadas forças armadas do mundo

Em 1926, os alemães receberam permissão para treinar até dez pilotos militares por ano, antada a restrição para a fabricação de aviões. A Lufthansa, até hoje existente, surgiu, à é

m apoio do Estado. Naquela empresa era feito, às escondidas, o treinamento de pilotos miliinstrução de combate não poderia ser realizada na Alemanha, de forma que os aviadores trein

Rússia. Quando Hitler chegou ao poder (1933), Herman Göring dedicava-se mais à pocional-socialista do que ao desenvolvimento da aviação. Assim, o trabalho de gênese da ça aérea coube em grande parte ao secretário de Estado Erhardt Milch, que fora diretofthansa. Embora em princípio o papel de Göring fosse simbólico, a sua figura era importantísigo íntimo de Hitler, grande piloto de caça da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), seu

nferia grande prestígio à instituição. Göring soube usar seu poder político junto ao governonseguir que a Luftwaffe dispusesse de prioridade nas verbas sobre a Marinha e o Exército.O batismo de fogo da recém-nascida Força Aérea alemã foi na Guerra Civil Espanhola (39), em apoio à revolta do General Franco (1892-1975) contra a Frente Popular. Os ale

mitaram-se inicialmente a transportar tropas de Marrocos para o continente. Tal ajuda nãficiente, e os alemães formaram a Legião Condor – uma força expedicionária combatente39, com o fim da guerra civil, a legião voltou à Alemanha, tendo desenvolvido táticas de comreunido experiência. Hitler contava agora com pilotos bem treinados, experientes e uipamento de excelente qualidade. A invasão da Polônia era o próximo passo.Os pilotos da Luftwaffe, sobretudo os de caça, eram respeitados por sua destreza, bravumbatividade. De fato, na Primeira Guerra Mundial surgiu a convenção (que continuou duragunda Guerra Mundial) de que um piloto seria considerado um ás quando obtivesse cinco vit

seja, derrubasse cinco aviões inimigos. Alguns pilotos aliados eram considepressionantes por atingirem 20 vitórias. Ocorre que muitos alemães tinham mais de 100, ais de 200 e, um punhado, mais de 300 vitórias, como Erich Hartmann (352), Gerald Bark

01), Günther Rall (275), Hermann Graff (212) e Theodor Weissenberger (208) (SPICK, p.9).

Até os dias atuais, a Luftwaffe mantém um fascínio sobre os entusiastas da aviação. Divvistas sobre história militar apresentam regularmente artigos sobre o assunto e com frequvas obras chegam às livrarias. É interessante observar que, mesmo tendo sido um dos mantos de apoio da expansão nazista, a Luftwaffe desvinculou-se desta conotação no imag

pular – o que é compreensível, uma vez que não necessariamente os aviadores de combate

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itos à chamada “solução final”. De fato, é possível apreciar as qualidades técnicas das máqus pilotos, mecânicos e engenheiros aeronáuticos sem incorrer em apologia nazista. Aliás, a val da Luftwaffe foi ter-se tornado um fenômeno cultural de massa entre os países vencedorerra.

erências

RTZ, Karl. A Luftwaff e na guerra. São Paulo: Flamboyant, 1967.NE’S. Fighting Aircraf t Of World War II . Twickenham: Tiger Books International, 1989.CE, Alfred. Luftwaff e:  A arma aérea alemã. Rio de Janeiro: Renes: 1974.

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LOPES DE OL

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AHABAD, REPÚBLICA CURDA DE Entre 15 de dezembro de 1945 e 15 de dezembro de 1946,alizão de militantes urbanos de esquerda, políticos e intelectuais liberais, e chefias tribais cministrou uma parte do noroeste do Irã, polarizada pela cidade de Mahabad, fora do contro

verno central, a monarquia de Mohamed Reza Pahlev (1919-1980). O movimentosencadeado durante a ocupação militar soviética da região, quando também foi implantadverno autônomo no Azerbaijão iraniano. Porém, estendeu-se por vários meses depois que as tURSS foram evacuadas em maio de 1946. Poucas vezes mencionados nos manuais e dicionhistória contemporânea, aqueles eventos são ainda hoje motivos de polêmicas profu

correntes em grande medida do modo como, durante a Guerra Fria, foram interpretadtativas de mudança política no Oriente Médio. Na época, muitos analistas ocidentais acusar

RSS de estar por trás de tudo. Transformada em chavão explicativo nos anos seguintes, tal vsconsiderava o fato de que, na grande imprensa e nos órgãos de segurança dos EUA, se

raram muitas dúvidas sobre as reais dimensões da influência soviética. Para os curdos, quegularmente as expressões “República do Curdistão” e “República de Mahabad”, tratou-meira experiência de um governo nacional. Eles dão pouca importância à ação da URSS, quxam de reconhecer, enquadrando os acontecimentos na história conflituosa de suas relações c

onarquia dos Pahlev e, em sentido mais amplo, na luta pela construção de um Estado curdo.erpretação é compartilhada, parcial ou inteiramente, por diversos historiadores, que critic

dução dos processos sociopolíticos do pós-guerra aos efeitos das disputas entre a URSS e os ELocalizada em um encaixe nos Montes Zagros, na província do Azerbaijão Ocidental, Mahaba

ehabad, Cidade da Lua, em persa) foi fundada no século XVII por um sultão da tribo turcos Qajars e se chamava, até meados da década de 1920, Sanjbolagh. O nome atual foi imrante o processo de persianização da toponímia do país pelo regime de Reza Shah Pahlev (44). As demais cidades incluídas no espaço rebelde foram: Bukan, Maqadeh e Ushnuyeh, toddo Lago Urmia. Portanto, o palco dos acontecimentos não coincidia com os limites do Curd

niano, que correspondem, em linhas gerais, à província de Ostan (capital: Sanandaj, ex-Si0 quilômetros ao sul de Mahabad) e a partes das duas províncias do Azerbaijão (Orienidental). Infelizmente, não existem cifras muito confiáveis do tamanho de sua populaçãados do século XX, o que impede uma análise mais detalhada. Além das dificuldades norma

esso dos eventuais recenseadores às áreas montanhosas e da resistência de diversas tribesença desses agentes do poder militar e fiscal opressor, havia o problema – que de um mododa persiste – das distorções propositais. Os curdos acusavam os governos do Iraque, do Irãrquia de minimizarem suas dimensões. Esses governos, por sua vez, imputavam as cifras blicadas por eles e seus simpatizantes a falsificações feitas pelos nacionalistas. Nas décad30 e 1940, os números eram tão díspares, que é quase impossível trabalhar com eles. Segunga das Nações, eles se aproximavam de 3 milhões (sendo 1,5 milhões na Turquia, 700 mil no0 mil no Iraque). Para os militantes curdos, seriam mais de 8 milhões (cerca de 3,9 milhõ

rquia, 3,3 milhões no Irã, 750 mil no Iraque, e 290 mil na Síria). Seja como for, era lonamática a história do relacionamento entre os curdos e a elite dirigente iraniana.

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Desde o final do século XIX, os chefes tribais (aghas) vinham manifestando preocupação cnservação de sua autonomia e de seu modo de vida tradicional, ameaçado pelas iniciantralizadoras de Teerã e pela presença cada vez maior de grupos estranhos à região, relacionm a expansão da indústria petrolífera no Cáspio. As diferenças religiosas também pesavaioria dos curdos é sunita. No Irã, predomina o xiismo. Houve motins em várias ocasiões, em

o tenha sido formada qualquer coalizão de tribos com força e coesão suficientes para ameatado persa, que podia contar com as disputas entre os aghas e com o apoio eventual de algunluta contra os rebeldes. Na realidade, já naquela época, alguns militantes nacionalistas est

nvencidos de que os conflitos entre as próprias tribos eram (e ainda são) um dos mais importnão o principal, obstáculos à formação de um movimento nacional curdo capaz de obter um Edependente. Durante o regime de Reza Khan (Reza Shah Pahlev, depois de 1925), várias meam tomadas entre 1921 e 1941 para forçar a integração das diversas etnias ao Estadmadismo foi restringido, especialmente aquele que não respeitava as fronteiras com os pinhos. A propriedade privada da terra foi estimulada. O porte de armas por civis foi proibam previstas punições severas aos infratores. Os clãs não podiam mais ter milíciansumância dos pastores ficou comprometida, pois estes estavam impedidos de se defender c

queadores e grupos rivais. Passaram a depender dos serviços policiais do Estado, quganizaram em suas regiões precisamente para combater as manifestações autonomistarutamento militar cresceu nas zonas rurais. O governo fazia das Forças Armadas, como no Ia Turquia, um instrumento de educação patriótica e disseminação dos valores e projetos polelite dirigente. O governo também forçou o uso público do persa, idioma oficial. A repressnifestações por autonomia chegou até mesmo aos trajes curdos tradicionais, que foram proibdas essas decisões afetaram intensamente a sociedade curda e aprofundaram os conflitos enbos e o Estado iraniano.Em meados de 1941, a Grã-Bretanha e a URSS exigiram a expulsão de empresários e funcion

mães do país. Os EUA também apelaram a Reza Pahlev, que não tomou nenhuma medida. Dso, em 25 e 26 de agosto de 1941, tropas soviéticas iniciaram a tomada do Azerbaijão iranquanto os britânicos desembarcavam no sul. Os Aliados temiam que os nazistas se apoderas poços e das refinarias de petróleo e precisavam proteger a rota estratégica Bagdá-Khanarmanchah-Hamadan-Teerã, fundamental para o envio de suprimentos para a URSS. Um are as duas potências estabelecia uma zona neutra, no meio do país, que devia ser adminiso governo do Irã. Em 16 de setembro de 1941, ameaçado pelos ingleses e temendo ser derruos oficiais soviéticos, que se dirigiam para Teerã, Reza Pahlev abdicou do trono em favor d

ho, Mohamed Reza, então com 23 anos. Este rompeu imediatamente relações com a Alemanhlia e, pouco depois, com o Japão. Em 29 de janeiro de 1942, Moscou, Londres e Teerã assinm tratado pelo qual as duas potências se comprometiam com a defesa conjunta e a manuteonômica do povo iraniano, devendo “respeitar a integridade territorial, a soberaniadependência política” do país. Por sua vez, Teerã devia dar assistência civil às tropas alicava definido que a presença de soldados não constituía precisamente uma ocupação militar o haveria interferências nos assuntos internos do Irã. Os Aliados deviam retirar suas tropaximo seis meses após o fim da guerra. Os soviéticos foram acusados por diversas vezpedir a circulação de tropas iranianas, agindo com o firme propósito de manter-se no país

rantir acesso às águas quentes do Golfo Pérsico e do Oceano Índico. Em maio de 194

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erações ferroviárias no sul foram assumidas por tropas dos EUA. Eram não combatentes servb o comando de oficiais britânicos, encarregados de manter a lei e a ordem. Ao todo, cerca l norte-americanos estiveram em operações na região. Assessores especiais também fviados pelo governo dos EUA. Um deles, o economista Arthur Millspaugh, foi nomeadovereiro de 1943, administrador geral das Finanças, num momento em que a economia nacava em crise generalizada. Outro assessor, o Coronel H. N. Schwartzkopf, ex-chefe de polícva Jersey, estava encarregado de reorganizar as forças policiais em moldes modernosembro de 1943, Teerã declarou guerra ao Eixo.

Quando as tropas aliadas entraram no Irã, o país estava em ebulição. Ao assumir o trono, Mohza Pahlev (1919-1980) decretou anistia. Os comunistas puderam sair da clandestinidade emavam desde 1937. Eles voltaram a atuar nos setores proletários de Teerã e, junto com olitantes de esquerda, fundaram o Tudeh  (Partido das Massas), que, apesar da hegemmunista, defendia um programa basicamente reformista, atraindo, por isso, vários intelectulíticos de cariz liberal. No Noroeste, além dos conflitos com o Estado iraniano, havia as disernas entre as chefias e os embates ancestrais entre as diferentes etnias. Para alguns aghesença dos soviéticos implicaria, em médio prazo, a criação de um novo sistema repressivo,

ntinuaria ameaçando sua autonomia. Por isso, achavam que era o momento de recuperar o moda que mantinham antes da política de persianização de Reza Xá. Para outros, era uma gortunidade para aprofundar as lutas pela emancipação nacional. Havia, inclusive, um preceddécada de 1920, dirigentes da URSS chegaram a defender a criação de uma república autô

e congregasse os curdos de seu território. Todavia, temendo complicações com os vizinhos, njuntura mundial que lhes forçava a ficarem na defensiva, abandonaram a ideia. No final de eranças curdas viajaram a Baku, capital da República Socialista Soviética do Azerbaijãosca de apoio. Foram recebidas pelo Primeiro-ministro Jafar Baghirov, que lhes negou ajudande medida para evitar tensões entre os Aliados, mas também para não fomentar os anseio

óprios curdos soviéticos.Em novembro, o estado de insurreição de algumas áreas era tal que o governo de Teerã enissários para inutilmente negociar com os curdos. No ano seguinte, um agrupamento denom

bertação, reunindo curdos, armênios e assírios, atacou aldeias azeris, reacendendo conflitnga duração. Em 1943-1944, rebeliões violentas ocorreram no planalto do Azerbpecialmente na área do Lago Urmia. Em 1943, o foco foi Rezaieh (antes Urmia). No ano segu

ma ampla insurreição liderada por Hama Rashid foi esmagada brutalmente pelo governo irane contou com o apoio de outras tribos. Rashid fugiu para o Iraque, mas voltou a ser protago

s eventos de 1945-1946. Nessas condições, os patriotas curdos puderam capitalizar paraesença dos soviéticos e o concomitante enfraquecimento do Estado iraniano. Em 16 de setemb42, intelectuais urbanos de classe média, sobretudo da região de Mahabad, criaram o Komian I Kurdistan (Comitê para o Renascimento do Curdistão), defendendo uma banencialmente nacionalista, mas sem um programa definido de reformas políticas e soganizado em células, o grupo conheceu um rápido crescimento do número de simpatizantes. Onal, Nishtman  (Pátria), voltado, sobretudo, para a causa nacionalista, mostrou com o temporspectiva crítica cada vez mais acentuada em relação à sociedade curda, especialmente quander dos mullás e dos aghas. Em agosto de 1944, os dirigentes do Komala firmaram

mpromisso com delegados curdos da Turquia e do Iraque visando à luta pela construçã

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rande Curdistão”. Em outubro, eles receberam a adesão de um eminente juiz e líder religioahabad, Qazi Mohamed, veterano militante, que não tardou em assumir a liderança. Segumas fontes, antes mesmo de aderir ao Komala, ele teria participado da discussão

cionalistas de outros países, visando unificar a luta por um Estado curdo. Em abril de 19upo saiu da clandestinidade e passou a fazer reuniões nas dependências das diversas Sociera as Relações Culturais Curdo-Soviéticas espalhadas pela região.Os acontecimentos no Curdistão a partir desse momento foram expostos e interpretados dasversas formas na historiografia, que continua bastante marcada pelas tensões ideológicas da G

a. Por isso, é preciso tomar cuidado até mesmo com os fatos mais aceitos. O relato-padrãocessos imediatos que levaram à proclamação do governo autônomo de Mahabad é basicamee se segue: em setembro de 1945, o comandante soviético da aldeia de Mindoab convidou aefes curdos para, junto com Qazi Mohamed e Saif Qazi, irem a Tabriz, de onde partiram dera Baku, na República Socialista Soviética do Azerbaijão; nesta cidade, eles teriam ouvidoghirov condenar as atitudes opressivas do governo iraniano, chamar o Tudeh  de “grupelectuais arruaceiros” e acusar o Komala de ser “um instrumento do serviço secreto britân-lhes prometida ajuda financeira e militar, embora tenham sido desencorajados a lutar

dependência, pois Moscou preferia que os curdos fossem parte autônoma de uma Repúmocrática do Azerbaijão a ser constituída, em dezembro, sob a proteção do Exército Vermelhunciada a formação de um Partido Democrático do Curdistão (PDC), e os chefes foram convidderirem a ele; voltando ao Irã, Qazi Mohamed convocou um encontro para a fundação do part

O programa do PDC centrava-se na defesa da autonomia do povo curdo no Irã, enfatizando: língua curda nas escolas e na administração pública regional; a garantia constitucional de q

rdos poderiam eleger deputados próprios e escolher os dirigentes públicos; a criação deislação agrária que contemplasse os interesses das diferentes classes sociais; o estímulo à un

fraternidade entre os diferentes povos do Azerbaijão, incluindo as minorias cristãs armên

írias; o fomento à agricultura, ao comércio, à educação e à saúde pública; o emprego melhoursos naturais da região; e a liberdade política para todos os iranianos. Além disso, defeneito de manifestar-se e lutar contra o fascismo, proibido por Reza Shah Pahlev. Empeitassem Qazi Mohamed, os chefes de tribos importantes, como a Debokri, a Mamash

angur, hesitaram em se ligar ao PDC, pois, segundo diversos comentaristas, eles temiam ficantrole da URSS. Já Amr Khan, chefe da tribo Shikak, juntou-se ao partido, mas conservou conm o governo de Teerã. Quem efetivamente apoiou o movimento foi sobretudo o clã Barzanira do Iraque em busca de refúgio, mas era visto com desconfiança por muitos chefes curdo

.Em 15 de dezembro de 1945, vários líderes decidiram romper os laços ainda mantidos com Teoclamar uma República em Mahabad. Em 22 de janeiro de 1946, delegados de toda a rmearam Qazi Mohamed presidente da República. Os principais cargos públicos foram entregmbros de diferentes tribos. Haji Baba Shaikh, da tribo Sayyid de Zanbil (próximo a Bukanolhido primeiro-ministro; Saif Qazi tornou-se ministro da Guerra; Mullah Mustafá Barzanizi, Amr Khan Sharaf Shikak e Hama Rashid compuseram as principais chefias milarechais). Tomou posse um parlamento composto de 13 integrantes. Nenhum dirigente de Mah

reconhecidamente comunista. Muitos eram antigos militantes do Komala. Todos pertenci

mílias tradicionais e poderosas. As leis foram estabelecidas por decreto presidencia

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ministração da justiça ficou nas mãos do ministério pertinente e de uma suprema corte. Nãada uma polícia secreta. Durante toda a vigência do governo rebelde de Mahabad, somentrdo foi sentenciado à morte, após ser preso várias vezes por passar informações ao govniano. Ao contrário da República Autônoma do Azerbaijão, sediada em Tabriz, de onde tgido milhares de pessoas para Teerã e onde era proibido ouvir rádios estrangeiras, o númelados de Mahabad foi pequeno e não havia qualquer problema em ouvir transmissões do extterras dos grandes proprietários que fugiram ou que decidiram colaborar com Teerã f

propriadas e distribuídas aos camponeses. O clã Barzani também recebeu terras. Não h

ntudo, uma iniciativa sistemática de reforma agrária. Predominava a ideia de concilieresses das diferentes classes sociais rurais. O Exército imperial foi dissolvido e substituíd

ma milícia de  peshmergas  (o termo, hoje corrente entre os militantes curdos, significerpretação que lhe é dada pelos nacionalistas “aquele que está disposto a encarar a morterdistão”, e teria sido empregado pela primeira vez nesse sentido durante a Repúblic

ahabad). Usando máquinas e equipamentos cedidos pelos soviéticos, diversos periódicos fndados, dentre eles:  Kurdistan  (jornal do PDC),  Halala  (A Tulipa), uma revista feminina, riódico para crianças, Giro Gali. Também foi criada uma companhia teatral.

Entre os próprios dirigentes não havia acordo a respeito do nome da nova entidade poicialmente, era chamada de  Dawlati Djumhouri Kurdistan  (República do Estado Curdpública do Curdistão). Mas os azeris de fala turca preferiam a denominação  Houkoumati rdistan (Governo Nacional do Curdistão). Embora alguns especialistas digam que ela não cher hasteada oficialmente, a república adotou uma bandeira. Eram listras horizontais nas

rmelha, branca e verde, com um sol no centro (simbolizando a liberdade) circundado por ramgo, em cujo meio havia uma pluma (para indicar a importância da educação). Em 23 de abr46, o Governo Autônomo do Azerbaijão e a República de Mahabad assinaram um tratadizade e cooperação. Ele previa garantias de autonomia para as populações azeris e curda

da uma das repúblicas (uso livre de suas línguas, eleição de representantes para a administblica); intensa colaboração econômica; aliança militar defensiva; negociação conjunta onos mutuamente aprovada com o governo de Teerã; punição dos sabotadores da unidad

opósitos entre os dois governos. Entretanto, apesar das declarações de amizade e apoio mútuações entre os dirigentes de Mahabad e Tabriz não foram sempre tranquilas. Eles não conseguegar a um acordo sobre quem devia administrar as pequenas cidades de Khoy, Salmus (Chamia (Rezaieh) e Miandouad, na margem ocidental do Lago Urmia. Desde o começo, o goveroscou deixou claro que não estava disposto a apoiar uma iniciativa que, a médio prazo, po

endiar o Iraque e a Turquia, pondo seu flanco sul sob ameaça. Todavia, enquanto a guerra durRSS manteve o Azerbaijão iraniano fora do controle militar de Teerã e, tentou, sem sucesso, fdirigentes de Mahabad a aceitar a hegemonia de Tabriz.

Em 1943, a Royal Dutch Shell solicitou uma concessão para explorar petróleo no sudeste dm meados de 1944, pedidos similares vieram da Socony-Vacuum (depois, Mobil) e da Sinclai

presas norte-americanas. As solicitações, porém, não chegaram a ser apreciadas pelo ParlamMajlis). Em agosto, Lavrentii Beria (1899-1953), responsável pela segurança interna e a polítimamentos da URSS, advertiu Stalin (1879-1953) e Molotov (1890-1986) sobre a provável dire Grã-Bretanha e EUA pelo petróleo iraniano, depois que a guerra acabasse. Em setembr

viéticos, interessados nos lençóis do Cáspio, também fizeram pedidos a Teerã. No entan

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e se recusou – com apoio parlamentar – a ratificar acordos com a URSS assinados pelo aajlis.A memória nacionalista curda procurou enquadrar Mahabad na luta mais ampla pela independ

Curdistão, mas essa visão não era consenso entre os dirigentes. O próprio Qazi Mohamed, clarações escritas que deixou, pretendia basicamente negociar o máximo de autonomia pora os curdos dentro do Irã. Para ele e para outros chefes políticos, a ruptura com Teerã seria ão definitiva. Por outro lado, as dissensões entre certos nacionalistas liberais urbanos e os c

bais foram desagregadoras. Os primeiros achavam que os segundos queriam tão somente im

udanças na sociedade curda, garantindo a reprodução de sua autoridade tradicional. De faioria dos analistas, inclusive militantes nacionalistas, opina que a maior parte dos aghas deferesses locais e não estava muito preocupada com a construção de um Estado nacional cdavia, o que parece evidente, em última análise, é que, independentemente das acusações d

do era manipulação feita pela URSS, a República Curda de Mahabad só tinha como durar viéticos continuassem ocupando o norte-noroeste do Irã, mesmo que entre eles e os cstissem, como foi o caso, mais diferenças do que concordâncias.

erências

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JOS É HENRIQUE R OLLO GONÇ

ANHATTAN (PROJETO) Este foi o nome do projeto responsável pela construção da primeira b

clear da História. Seu início oficial data de 1942, quando o governo norte-americano (com o Grã-Bretanha e do Canadá), liderado por Franklin Delano Roosevelt, nomeia a chefia gera

mando científico do empreendimento: General Leslie R. Groves e o matemático americano Jbert Oppenheimer (1904-1967), respectivamente. A iniciativa governamental-militar, fretencialidade bélica dos novos conhecimentos sobre a estrutura atômica da matéria, foi precedvindicada por um grupo de cientistas – muitos refugiados da Europa e do nazifascismo – radis EUA. Albert Einstein foi a personalidade (já prestigiada à época) a intermediar, em um primntato, especialistas e governo. Em famosa carta de 2 de agosto de 1939, endereçada a Roosevico alemão adverte a presidência dos EUA sobre os recentes trabalhos que apontavam para aobabilidade do “elemento urânio [vir] a ser transformado em uma nova e importante fonergia (...)”. Afirmava ainda a “possibilidade de [se] desencadear uma reação nuclear em c

uma grande massa desse elemento, pela qual seriam geradas grandes quantidades de energiaa quase certeza “que isso possa vir a ser obtido no futuro imediato”. Esse novo “fenôrematava] conduziria também à produção de bombas (...) extremamente potentes de um novo)”. Einstein conclui com uma advertência e duas sugestões. Em primeiro lugar, era dnhecimento que a Alemanha estava interrompendo a venda de urânio “das minas tchecoslos quais se apoderou”. E isso podia ser preocupante. Em segundo lugar, conviria, portanto, açõ

ompanhamento, por parte dos departamentos de governo, sobre os progressos cient

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acionados e sobre a necessidade de assegurar fontes de urânio para os EUA. Ademais, careciação sobre a desejabilidade do aceleramento do trabalho experimental, o que implversões financeiras específicas. Einstein cita, neste documento, os trabalhos do italiano Ermi (1901-54) e do húngaro Leo Szilard (1898-1964), ambos da Universidade de Columbiamitê de estudo sobre as perspectivas de uso da energia atômica para fins militares é formadoipiente e inicial subsídio foi liberado em fevereiro de 1940. A aliança entre a pesquisa atômrecursos e imperativos de Estado, em tempo de guerra iminente, estava estabelecida.

A denominação deveu-se ao fato de alguns dos principais cientistas responsáveis, como E

rmi, trabalharem na Universidade de Columbia, em Manhattan. Além disso, foi a agêncército desse distrito que se incumbiu, inicialmente, da tarefa. Era agosto de 1942. Rpenheimer, filho de um imigrante alemão, selecionou e dirigiu uma incrível operaçãoegimentou parte dos maiores cérebros de diversas áreas e especialidades. Dezenas de fítemáticos e químicos, entre os quais dez ganhadores do Prêmio Nobel. Exemplifiquemoseção de alto nível apenas com a relação desses profissionais já agraciados: o citado Ermi, o dinamarquês Niels Börs (1885-1962), o austríaco Isidor Rabi (1898-1988), o alemãohn (1879-1968), os americanos Arthur Compton (1885-1962), Ernest Lawrence (1901-19

rold Urey (1893-1981). No futuro, outros três integrantes da equipe seriam, também emiados: o alemão Hans A. Bethe (1906 -), o húngaro Eugene Wigner (1902-1995) e o matemericano Richard Feynmann (1903-1957). Pois bem, sob a coordenação de Oppenheimer, estros cientistas trabalharam em diversos laboratórios nos EUA, e, quando o avanço das pesqumandou, boa parte se deslocou para uma instalação secreta no deserto do Novo México, emamos. Por razões óbvias, as atividades eram cercadas de sigilo e a reunião da equipe, emima fase, teve de obedecer aos rigores das precauções da atividade militar de alta segursto cuidava o General Leslie Groves (interpretado com personalidade por Paul Newman, ecio do fim – Shadow Makers –, produção americana de 1989, dirigida por Roland Joffé).

sse pessoal superespecializado, o projeto envolveu ainda uma enormidade de recursos. talações estratégicas para a realização do feito foram montadas em Oak Ridge, Tennessee, nford, no estado de Washington. Nelas passou-se a elaborar o precioso “combustível” nucle

ânio 235 e o plutônio 239, respectivamente. Verdadeiras cidades foram construídas nalidades, da noite para o dia, em função dessa demanda. Foram gastos US$2 bilhões, desdosevelt recebera a carta de Einstein. Mas somente após a morte do lendário presidente dos

2 de abril de 1945), substituído por Harry Truman, é que tudo estava pronto para um primeiro A data escolhida foi o dia 16 de julho de 1945. Na madrugada, em pleno deserto, no Novo Mé

operação foi montada. Os resultados chocariam o mundo, se fossem divulgados. O artefato o colocado no alto de uma torre de aço de 30 metros. “Oppenheimer e seu grupo estavam nacontrole, a 9,6 quilômetros do local da bomba”, bem protegidos. A maioria dos observadoreanto, distava mais de 16 quilômetros do epicentro, em casamatas e atrás de abrigos. Mesmo auns desses últimos foram atirados ao chão, pelo deslocamento do ar. A torre simplesmente dexistir e, num raio de 700 metros, a areia fundiu-se, transformando-se em vidro. A pot

ngida foi calculada em aproximadamente 18 quilotons, o que equivale a um incrível empilham18 mil toneladas de dinamite! A tarefa estava concluída e a mais assombrosa força destruti

dos os tempos havia sido criada. As cidades japonesas de Hiroshima (6 de agosto) e Nagasa

agosto de 1945) constituíram-se nos alvos efetivos dessa nova arma, que decretou o fi

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gunda Guerra Mundial, com a vitória dos EUA na frente do Pacífico. Aproximadamente 10ssoas morreram com a primeira detonação e 70 mil com a segunda.

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LUIZ CARLOS  R IBEIRO SA

AOÍSMO Mao Tsé-Tung (Mao Zedong) nasceu no dia 26 de dezembro de 1893, na aldeia ShaosDistrito Xiangtang, província de Hunan. Passou sua infância na sua terra natal, estudan

balhando no campo. Ingressou no Exército Novo após a Revolução de 1911. No movimentomaio de 1919, abraçou a doutrina marxista e organizou o primeiro grupo de marxista na provHunan. Participou da primeira assembleia nacional do Partido Comunista Chinês (PCCh

21, sendo um dos fundadores desse partido e, logo após, assumiu a função de secretário do Coovincial do Partido Comunista. Em 1927, liderou a Rebelião Colheita de Outono e fund

meira base revolucionária no campo da China. Em 5 de março de 1935, na Longa Marchército Vermelho, durante a importante reunião do Bureau Político do PCCh, realizada na cidanyi, foi escolhido como o líder da Revolução Chinesa. Desde março de 1943, asscialmente a presidência do PCCh. Após a fundação da Nova China em 1949, Mao Tsé-Tunrmanentemente o presidente da República – com exceção do interlúdio do mandato presidencu Shaoqi entre 1959 e 1966 – e do Comitê Central Militar até a data de sua morte, ocorrida setembro de 1976. O Maoísmo apresenta os seguintes aspectos:

A revolução a partir do campo. Até Marx (1818-1883) e Lenin (1870-1924), os exemplmuna de Paris (1871) e da Revolução Russa (1917) teriam demonstrado que a revo

cialista deveria organizar-se inicialmente nas cidades. Contudo, considerando a experinesa, Mao concluiu que a revolução na China – um país semifeudal e semicolonial – devercio no campo, para em seguida cercar e atacar a cidade. Ele criou a sua base revolucionárontanha Jinggangshan e lá fundou o primeiro poder vermelho local na China. Durante a gntra o Japão (1937-1945), o PCCh estabeleceu várias bases nas províncias ocupadas vasores, onde desenvolveu a produção local e preparou um exército revolucionário parndições de conseguir o poder nacional após a guerra contra o Japão e através da guerra946-1949). As vitórias provaram que sua estratégia estava correta.

As três experiências da revolução chinesa. A primeira experiência foi com a Frente Únicaiu todas as forças na base de aliança operário-camponesa, inclusive a burocracia nacional,mbater com segurança os invasores japoneses e Chiang Kai-Shek (Jiang Jieshi, 1887-197gunda experiência foi a luta armada. Depois da Guerra do Ópio (1839-1842), a China perman

ma sociedade semifeudal e semicolonial. Todas as tentativas pacíficas dos reformistas, no sesalvar o país, fracassaram. Mao considerava que o poder nascia do fuzil e enfatizou iss

ganização de um exército popular, com o qual conseguiu a vitória final da Revolução Chines49. A terceira experiência foi a construção do partido. Devido ao prolongado e difícil camrcorrido pela Revolução Chinesa, Mao sentiu a necessidade de um controle maior e mais forecionamento desta revolução, resultando na construção de um Partido Proletário em que a m

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s membros era de origem camponesa e da pequena burocracia. Dentro do partido, Mao criocanismo de geração de qualidade em que a crítica e autocrítica tinham como função incentiegridade de seus membros, formando as três características do partido, quais sejam: t

nculada à prática, partido vinculado ao povo, crítica e autocrítica.Dominação absoluta democrática e popular . Mao projetou para a Nova China, na véspeória da guerra civil, uma forma de governo de dominação: sob a direção única do PCCh, a cerária, em aliança com a classe camponesa, desempenharia a dominação popular absolutanificou tratar o povo com democracia e a oposição contrarrevolucionária com repressão pol

área internacional, a Nova China iria estabelecer, com base no respeito mútuo, relaçõesdos os países, lutando contra a política agressiva imperialista. Inaugurada a Nova China em tubro de 1949, Mao colocou em prática a sua ideia de dominação absoluta, conseguindo resulsitivos. Na área econômica, Mao insistiu no modelo de economia estatal, diminuindo o espaciativa privada, causando uma separação com a realidade chinesa e ocasionando a carêncastecimento de mercadorias para o povo. Quanto aos intelectuais, Mao considerou quertenciam à burocracia e deveriam ser reeducados. Em 1957, ele iniciou uma campanha conreitas, o que muito prejudicou os intelectuais e, entre estes, 500 mil foram julgados e condena

ma reeducação, o que significava jornadas em campos de trabalho forçado.O modelo da luta de classes. Segundo Mao, o motor do avanço da sociedade era a luta de clapois de conquistar o poder nacional em 1949, antes ocupado por Chiang Kai-Shek, ele nãoridade à construção do país, mas à luta de classes, promovendo diversas campanhas polísde a luta contra as tendências direitistas dentro do PCCh em 1957 até a Revolução Cuinesa (1966-1976), o que levou o país ao caos e resultou na calamidade nacional. O modea de classes foi aplicado até mesmo na área econômica ao final do primeiro plano quinqu953-1957), provocando o Grande Salto para Frente (1958-1960), em que se esperava que a Ca superar a Grã-Bretanha no curto período de apenas 15 anos. Mao criou no campo a Co

pular (renmin gongshe) como uma instituição de poder que agrupava operários, camponelectuais e comerciantes, cuja finalidade era administrar a agricultura, a educação, a indústrmércio. Imaginou que, desta forma, a sociedade chinesa poderia chegar mais rápido à sociemunista. Mao negou a economia de mercado e limitou a produção de mercadorias, consideranmo próprias de países capitalistas e, consequentemente, inadequadas à sociedade socialista, ultou num prejuízo para o desenvolvimento do país.

Teoria dos três mundos.  Sobre os assuntos internacionais, logo após a fundação da Nova Cao aplicou uma política paralela à URSS, participando da Guerra da Coreia (1950-1953

cada de 1970, Mao tinha como ideia que o mundo se dividia em três partes: países hegemônmo os EUA e a URSS; países capitalistas desenvolvidos; países em desenvolvimento, ueles da Ásia, da África e da América Latina. Mao apelou para a construção de frentes unis países em desenvolvimento, aproveitando a divergência da Guerra Fria, para lutar contses hegemônicos, construindo uma nova ordem mundial. Diante desse posicionamento de Mina projetou-se internacionalmente e, para o povo chinês, ele foi considerado um herói nacito que sob sua direção a China passaria da condição de um país fraco e facilmente invadido perialistas para um país proeminente nos assuntos internacionais e poderoso na defesa nacion

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ALTI, Vinicio. Camicie nere a Montecitorio. Milão: Mursia Editore, 1974.LZA, Pierre. Mussolini. Paris: Fayard, 1999.LLARD, John. The Fascist Experience in Italy. Londres e Nova York: Routlegde, 1998.

CARLOS  GILBERTO WE

AGO

ATTEOTTI (CASO)  Em 10 de junho de 1924, poucos dias depois de atacar a legitimidade

ições que ampliavam a base fascista no Parlamento italiano, o deputado socialista Giaattetotti foi sequestrado e assassinado por homens ligados a Tcheca, polícia secreta articuladmbros fascistas. Logo que foi anunciado o desaparecimento do deputado – o corpo só

contrado em agosto – as suspeitas recaíram sobre o chefe do governo, pondo em xeque as basoio de Mussolini, embora este negasse terminantemente qualquer envolvimento no episódiomprometesse com o encaminhamento da investigação, punindo os assassinos e afastando algs lideranças fascistas envolvidas de seus respectivos cargos. Quanto ao grau de comprometimDuce no crime, o que ainda hoje suscita muitos debates entre especialistas, existem de fato po

dos concretos, mesmo considerando as recentes interpretações levantadas pelo historiador Mnali, que apontam o crime como meio de impedir que o deputado denunciasse um esquemrrupção envolvendo dirigentes fascistas. Apesar dos esforços governamentais para se desvinocorrido, o Caso Matteotti, como ficaria conhecido o episódio, deu margem para a cres

dignação de amplos setores da opinião pública em relação aos métodos fascistas, com meditando que Mussolini apresentaria a renúncia a qualquer momento. Neste contexto, os depu

ntrários ao fascismo organizaram uma demonstração de repúdio ao governo, retirando-se da srlamentar em uma iniciativa denominada  Aventino, menção a um protesto organizado na Rtiga (494 a.C.) contra a tirania republicana. Para os manifestantes, esta ação seria suficiente

e o rei tomasse o esvaziamento do governo fascista como um fato consumado, viabilizanmposição de um novo ministério. Tal estratégia, entretanto, não alcançou os resultados qosicionistas esperavam, não só pela inação do rei, como também pela margem de manobra or Mussolini dentro da própria Câmara, uma vez que a oposição ao fascismo se fazia auticulando apoio no Senado, reformulando o ministério e utilizando a propaganda governamra promover a difusão na imprensa de assuntos “mais interessantes” que as discurlamentares, Mussolini angariava adeptos que compensavam gradativamente os muitos desgomovidos desde o início do caso. Por outro lado, explorando ao máximo a conduta expres

entino, Mussolini acusava a oposição antifascista de trilhar caminhos não constitucioresentando-se, como já fizera em tantas outras vezes, como o “homem da ordem” de que oecisava. Desta forma, procurava deixar claro para os círculos antissocialistas em toda a Itálifascismo continuava a ser a solução mais viável para a realização de seus propósitos. Eatamente no momento em que as explosões de violência envolvendo fascistas e antifasnhavam projeção por todo o país, muito lembrando os episódios de 1921. Nesse sentido, nãoonarquia, mas também elementos das Forças Armadas e dos poderosos grupos econômntinuaram a apoiar o Duce, tornando-se famosa a lacônica mensagem enviada pela Rainha-Mussolini quando alguém, no palácio real, ventilou a possibilidade de sua demissão: “Não

ículo!”. Mais do que isso, a matriarca da Casa de Saboia articulou junto ao rei a concessã

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efe fascista do Colar da Anunciação, condecoração singular (apenas 20 haviam sido conceseis séculos) que demonstrava o quanto de prestígio a realeza ainda emprestava ao che

verno. O Vaticano, por sua vez, além do apoio formal a Mussolini durante os piores momentse, ainda atuou decisivamente para impedir qualquer tipo de aliança antifascista entre depuPartido Católico Popular e os socialistas, contribuindo decisivamente para esvaziar o pod

essão da oposição. Às vésperas do ano novo, quando a efervescência do Caso Matteotti comerder ímpeto, principalmente entre a opinião pública, Mussolini ainda enfrentaria toda a pr

s lideranças fascistas das milícias provinciais, que exigiam maiores poderes para agir cont

culos oposicionistas. No dia 3 de janeiro de 1925, em um discurso desferido em direção rlamento quase vazio, o Duce, que mais uma vez fazia questão de se anunciar como ontestado do movimento fascista, proclamava que medidas seriam tomadas para definitivam

nduzir a Itália à ordem e à paz, suprimindo quaisquer forças que se encontrassem no camria-se, definitivamente, o caminho para a disseminação do fascismo no país.

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ALTI, Vinicio. Camicie nere a Montecitorio. Milão: Mursia Editore, 1974.NALI, Mauro. Il Delito Matteotti: Affarismo e politica nel primo governo Mussolini. Bologna: Il Mulino, 1997.LLIER, Richard. Ascensão e queda de Benito Mussolini. Rio de Janeiro: Record, 1971.LZA, Pierre. Mussolini. Paris: Fayard, 1999.LLARD, John. The Fascist Experience in Italy. Londres e Nova York: Routlegde, 1998.

CARLOS  GILBERTO WE

AGO

DWAY, BATALHA DE Uma das batalhas navais mais importantes da Segunda Guerra Mundial (45) garantiu a vitória das forças norte-americanas a cargo do Almirante Chester Nimitz sondário” almirante japonês Yamamoto, estabelecendo o ponto de inflexão da Guerra do Pac

início de 1942, dada a superioridade da esquadra japonesa diante das forças norte-americda abaladas pelo impacto de Pearl Harbor, o comando da Marinha Imperial acreditava que apvas ações ofensivas poderiam garantir a manutenção da hegemonia conquistada no Pacífico. Nntido, o controle sobre a Ilha de Midway tornava-se fundamental para as pretensões de Yamamssibilitando o impedimento de novas ações de bombardeios americanos contra Tóquio – coorrida um pouco antes na denominada Missão Dolittle –, além de garantir uma base de oper

uma possível invasão das ilhas do Havaí. Por outro lado, Yamamoto, acreditava que o atadway, ao acarretar a contraofensiva dos EUA, possibilitaria um embate direto contra as forç

mitz, as quais seriam derrotadas em uma batalha naval decisiva. Nesse sentido, o plano japmpreendia uma ação diversionista sobre as Ilhas Aleutas, enquanto o objetivo principal ançado com uma operação de grande envergadura, contando com a maior parte das forç

mada, composta por 200 navios – entre eles 8 porta-aviões, 65 destróieres e 22 cruzadores –,cerca de 700 aviões, abrindo caminho para o desembarque sobre a ilha.

Estruturando um planejamento em que o efeito surpresa era vital, Yamamoto não tinha noção dus principais informes haviam sido interceptados pelo sistema de decodificação norte-amerissibilitando a Nimitz direcionar suas principais forças em defesa de Midway, notadamenrta-aviões Hornet  e  Enterprise, além do Yorktowm, o qual, danificado um pouco antes na Ba

Mar de Coral, fora reparado em apenas 48 horas no arsenal de Pearl Harbor. Acreditando po

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antagem do ataque, no dia 4 de junho, o Vice-almirante Nagumo – contando com os porta-aagi,  Kaga Soryu e  Hiryu – lançou sua poderosa aviação sobre Midway. Apesar de alguns ultados, produto da superioridade dos caças japoneses sobre alguns dos obsoletos modelos nericanos, as forças de Nimitz viram-se favorecidas ao longo do combate, sendo fundamentaias informações colhidas pelo serviço de inteligência, como também por uma série de hesitComando Imperial, a exemplo das tergiversações a respeito dos armamentos a serem utiliz

s aviões. Ao final da batalha, quando Yamamoto desistiu definitivamente do ataque, os japoviam perdido os porta-aviões que haviam sido encaminhados para o combate, 2 couraçados

ões e cerca de 4.800 homens, enquanto as forças americanas perderam o Yorktown e o couramman, 150 aviões e 307 homens. Além da “virada da maré” do Pacífico, Midway represent

m da denominada era dos couraçados e o momento crucial para a afirmação dos porta-aviões.

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BERT, Martin. A Segunda Guerra Mundial . Lisboa: Dom Quixote, 1989.NSON, Victor Davis. Por que o Ocidente venceu? Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.EGAN, John. The Second World War . Londres: Pilmico, 1997.INBERG, Gerhard L. A World at Arms. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

CARLOS  GILBERTO WE

AGO

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ZISMO E PROPAGANDA A política de massas que se consolida com a ascensão do nazifascismocadas de 1920 e 1930, empregou amplamente a propaganda para legitimar e reforçar seus ilíticos. Sendo um dos pilares do poder nesse tipo de regime, a propaganda política g

portância no período entreguerras, momento que coincide com o avanço tecnológico dos meimunicação de massa. No nazismo, particularmente, a propaganda exerceu um papel fundamentocesso de consolidação política do Partido Nazista (NSDAP) na Alemanha. Antes de chegder, Adolf Hitler, no seu livro  Mein Kampf   (Minha luta), já tecia várias considerações so

ma da propaganda. Em primeiro lugar, Hitler considerava que toda a propaganda deverimpre popular, dirigida às massas e desenvolvida de modo a levar em conta o limite das faculdassimilação do mais limitado dentre aqueles a quem ela deveria se dirigir. Afinal, segundo uldade de assimilação das massas era muito limitada, sua compreensão muito modesta e gra

a falta de memória. Dessa forma, toda propaganda deveria centrar-se em alguns poucos pon

orizá-los pela ação de formas estereotipadas pelo tempo que fosse necessário, até que o ús ouvintes estivesse em condições de assimilar a ideia. Assim, o principal objetivo da propagconquistar o coração das massas. Hitler também considerava que as massas se assemelhava

ulheres, pois, ao se aglutinarem, assumiam um caráter mais sentimental, mais feminino, fazm que suas opiniões e seus atos fossem determinados muito mais pela impressão produzidntidos que pela reflexão pura. Essa seria uma das razões do êxito da propaganda nazistação às massas alemãs: predomínio da imagem sobre a explicação, do sensível sobre o raciescolha de determinadas técnicas propagandísticas e o controle estatal de todos os mei

municação, aliados aos conhecimentos teóricos da psicologia de massas, a ampla utilizaçãmbolos, signos, mitos e ritos, tornaram as ferramentas fundamentais de Hitler e de Goebbenstrução do arsenal da propaganda nazista.A 13 de março de 1933, com Adolf Hitler no poder, é instituído o mais sofisticado e famoso

propaganda dos anos 1930, o  Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaginistério do Reich para Esclarecimento Popular e Propaganda), que ficou sob o comando d

seph Goebbels, o ministro da Propaganda do III Reich. Neste cargo, Goebbels viria a ponsável pela “direção espiritual da nação”, passando a exercer um poder de eno

oporções, controlando não somente a propaganda do Estado, mas a forma como tod

ormações chegavam à população e todas as manifestações ligadas à vida cultural da Alemre 1933 e 1945, por intermédio dos sete departamentos da  Reichskulturkammer   (Câmaltura do Reich) chefiados por dirigentes de sua confiança e a ele hierarquicamente submetidrtir de então, a propaganda nazista tornou-se presente em toda Alemanha, tendo a “missãoundir inúmeras mensagens do governo: a exaltação da figura do Führer Adolf Hitler como oontestável e o salvador da Alemanha; a ideia de que os alemães eram a “raça superior” e est

edestinados a dominar o mundo; o mito do “Reich dos Mil Anos”; a criação de estereótipomigos da nação, que apontavam o comunismo como o mal ameaçador dos ideais da civiliz

dental e o mito da conspiração judaica para dominar o mundo. Para veicular essas mensagegime nazista utilizou-se de vastos recursos da propaganda: imprensa, rádio, cinema, rev

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eratura, livros educacionais, cartazes de propaganda ilustrada, exposições, concentrblicas, moedas, selos, artes plásticas, teatro, música, arquitetura etc. Com isso, no nazismtura passou a ser concebida em termos de organização política, ou seja, o Estado criou apaturais próprios, destinados a produzir e difundir sua concepção de mundo para toda a sociemã. Dentre os vários meios de comunicação utilizados para a veiculação da propaganda pois receberam uma atenção especial do governo nazista: o rádio e o cinema.

O nazismo percebeu logo o enorme potencial propagandístico do rádio. Para que os aparelhnsmissão radiofônica fossem acessíveis ao consumidor, o Estado subsidiou a sua compra at

Volksempfänger   (rádio do povo), um receptor popular cuja produção alcançou seis milhõidades em 1936. Assim, quando não se podia ver o Führer, seria possível ouvi-lo. No III Rnou-se obrigatório ouvir os discursos de Hitler pelo rádio, sendo para isso introduzida, a par33, a instalação compulsória de rádios com alto-falante em restaurantes, fábricas e na maioriais públicos, e o surgimento da figura do “Guarda de Rádio” cuja função era fiscalizar seava sendo cumprido. Além disso, ocorreu o fim da autonomia das pequenas rádios locaincentração de todas as emissões a partir do  Befehszentrale  (Centro de Emissões de Ordennistério da Propaganda. A programação de rádio, habilmente concebida por Goebbels, evit

culação permanente de doutrinação ideológica, incluindo música clássica ou popular, progrturais e somente um boletim de informações noturno. O rádio também foi o principal veícuopaganda de guerra fora da Alemanha, através das transmissões radiofônicas destinadpulações de língua alemã em outros países.

No cinema o investimento foi ainda mais significativo. A Reichsfilmkammer  (Câmara do CiReich) foi fundada antes de todas as outras, no dia 14 de julho de 1933. Isso demonstra bem c

tler e Goebbels nutriam um enorme interesse pelo cinema. Para Goebbels, ao cinema alemão o dada a missão de conquistar o mundo como a vanguarda das tropas nazistas. E nesse espíri

opaganda direta foram produzidos, já em 1933, os três primeiros longas-metragens do regime

Mann Brand  (O S.A Brand ), Hitlerjunge Quex (O jovem hitlerista Quex) e Hans Westmar – n Vielen  (Hans Westmar – um entre vários), que eram filmes dedicados ao Partido Nazistventude e exaltavam o sacrifício dos primeiros mártires do nazismo.Entre as primeiras produções de inspiração nazista, também se destacam os documentárioeasta Leni Riefenstahl: Sieg des Glaubens (A vitória da fé, 1933); o célebre Triumph des Wtriunfo da vontade, 1935), que fora encomendado pessoalmente por Hitler, para documen

ngresso do NSDAP de 1934, em Nuremberg; e Olympia  (Olímpia, 1938), sobre os ímpicos de 1936, realizados em Berlim. Alguns filmes, porém, possuíam temáticas

pulares, sem, contudo, deixar de serem marcados pela propaganda oficial, como o filme natwiger Wald   (A floresta eterna, 1936), sobre a relação dos camponeses com sua florestimkehr  (Regresso à pátria, 1941), sobre o “sofrimento” dos alemães no exterior e a necess“espaço vital”. Também foram produzidos numerosos filmes que engrandeciam o passad

emanha, através de grandes figuras históricas:  Der Grosse König   (O grande rei, 1942altação à figura do Rei Frederico II; Bismarck  (1940) e Die Entlassung  (A demissão, 1942), unificação da Alemanha na liderança de Bismarck, além de outros filmes sobre o cientista Rch, o poeta Friedrich Schiller, o inventor Rudolf Diesel etc.

Em 1940, foi produzida uma série de filmes antissemitas: Die Rothschilds Aktien von Waterlo

thschilds),  Jud Süss (Judeu Süss) e Der ewige Jude (O eterno judeu). Também destacavam-

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mes anti-ingleses: Ohm Krüger   (Tio Krüger, 1941) e  Mein Leben für Irland   (Minha vidaanda, 1941); e os filmes anticomunistas:  Dorf im roten Sturm  (Cidade atacada pelos verme40) e G.P.U.  (1942). Durante a Segunda Guerra Mundial foram realizados vários filmesimulavam o espírito militar alemão: Feuertaufe (Batismo de fogo, 1940), Sieg im Westen (VOcidente, 1941), Stukas  (1941) e  Die grosse Liebe  (O grande amor, 1942).  Kolberg   (194

imo filme nazista, contava a história de uma pequena cidade em que os prussianos resistirvasão napoleônica. Tendo sido produzido no final da guerra, quando a derrota alemã era imine filme buscou mitificar a futura ressurreição da Alemanha para viver as glórias prometidas d

ich que deveriam durar mil anos.

erências

YOT, Adelin; RESTELLINI, Patrick. L’Art Nazi. Un Art de Propagande. Bruxelas: Complexe, 1987.SER, Erwin. “Deutschland erwache!” Propaganda im Film des Dritten Reiches. Berlim: Rowohlt, 1968.OMAE, Otto.  Die Propaganda-Maschinerie. Bildende Kunst und Öffentlichk eitsarbeit im Dritten Reich. Berlim: Geb978.MAN, Zbynek A.B. Nazi propaganda . Londres: Oxford University Press, 1973.

WAGNER  PINHEIRO P

ZISMO (HISTORIOGRAFIA)  No mais recente texto publicado na Europa sobre o batoriográfico do nazismo, o historiador Jean Solchany apresenta os últimos 50 anos das temátntrovérsias que sustentaram o debate sobre o tema, passando pelas clássicas teses dos anos a querela dos historiadores alemães, pela historiografia da Shoah, até os novos cami

ordagens e métodos. Seu intuito foi, através de um trabalho detalhado, entender o lugar do nazs estudos históricos e qual tendência macro estes textos têm traçado, buscando trazer à toordagens mais contemporâneas ao tema como o consenso, o consentimento, a responsabilcial, a opinião pública e o retorno das biografias. Voltando às origens da historiografia so

zismo, mais precisamente ao ano de 1941, quando o diplomata britânico Robert Vasittart escrto Black Record. German Past ans Present, a escrita sobre a temática teve como pon

avidade uma reflexão sobre o caráter nacional alemão rivalizado com a tese de que o nazismoplicado por uma dimensão patológica de tal sociedade. Em plena guerra, a primeira rigerpretação do nazismo veio mediante a Escola de Frankfurt, que se interrogou sobre a nature

gime alemão e, em certa medida, qual foi a sua ligação com o capitalismo. Sem dúvida, a obista alemão Franz Neumann foi pioneira neste estudo sobre o funcionamento do nacicialismo. No decorrer da década de 1960 várias obras são lançadas, compondo uma discussã

volve toda a Europa no debate do tema. Na obra Griff nach der Wermarcht o historiadorher entendeu o nazismo como uma continuação entre a política imperial de Guilherme e a popansionista do III Reich. Esta análise, bastante polêmica, se segue ao debate sobre o chaminho específico, a Sonderweg na história alemã, analisada neste período como a mplicação para entender o fenômeno nazista. Ainda neste período entre a década de 1960 e o idécada de 1970 começou um debate sobre a modernização econômica e os arcaísmos políticemanha. Em L’Empire allemand, publicado em 1973, Hans-Ulrich Wehler vê no nazisultado de continuidades profundamente enraizadas do passado alemão. Numa outra rupturação aos anos 1950, o conceito de fascismo renasce das cinzas. Desde 1963, em Le Fascisme

n époque, o historiador alemão Ernst Nolte traz sua contribuição a esse revival, propondo

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tura fenomenológica das diferentes correntes de extrema-direita do entreguerras. Durante os70, o cientista político Karl Dietrich Bracher assim como os historiadores Andreas Hillgruaus Hildebrand defenderam o paradigma totalitário e recusaram a noção do fascismo plicação do nacional-socialismo. Para esses intelectuais liberais ou conservadores, traualmente de duelar com a nova escola histórica alemã, que contesta o primado longamordado da história da política exterior. O debate sobre o papel desempenhado por Hitlncionamento do sistema nazista é mais fundamental ainda. Representada por Andreas Hillgrulus Hildebrand, a escola intencionalista se opõe às novas teses funcionalistas. Preocupado

estar contas do nazismo de outra maneira que não apenas pelo pensamento e ação de seu itler), Martin Broszat e Hans Mommsen promovem uma aproximação estruturalista, sublinháter policrático (poliarquia de Neumann) da ditadura nacional-socialista e colocam em xeportância da figura de Hitler. Para estes historiadores havia uma concorrência entre as institunacional-socialismo mantendo uma permanente tensão política e desmentindo com isso a te

e este regime era um monólito político. Na década de 1980, as controvérsias entre intencionafuncionalistas perdem progressivamente sua substância; os pesquisadores se esforçam mbinar duas aproximações menos antinômicas que não apareciam. Em 1985, Martin Brosza

ha coordenado de 1977 a 1983 um ambicioso programa de pesquisa sobre a Baviera à ézista, publica um discurso em favor da historicização (Historiesierung) do nazismo, sinônimu espírito de uma análise desapaixonada do fenômeno nacional-socialista com a ajudestionamentos tão diversos e rigorosos quanto necessários, como debateremos em seguida.rspectiva suscita as reticências do historiador israelense Saul Friedländer, que em 1987 co

questão a tensão acordada por Martin Broszat à fachada de normalidade do nazismtoricização não corre o risco de conduzir a uma relativização? Legítimas, essas inquietaarecem, contudo infundadas aos olhos da contribuição representada pela história da vida cotide maneira mais geral, pela consideração da história social e cultural dos anos naci

cialistas. A investigação de todos os azimutes da sociedade alemã à sombra da suástica moanto a dimensão criminal do nazismo infiltra-se nas situações mais banais da vida social. O enormalidade, como aponta Broszat e Jean Solchany, vem esclarecer, e não obscurece

canismos de produção e aceitação deste fenômeno. Broszat afirmou que sua proposttoricização está associada a dois postulados condicionantes e indispensáveis: o primeiro bareconhecimento da necessidade de que, em última análise, o período nazista não pod

cluído do entendimento histórico, não importando o quanto os crimes de massa e as catástrofeegime perpetrou tenham levado ao posicionamento de condenação política e moral resoluta

nômeno. Em segundo lugar, seu conceito de historicização está fundamentado no prinosófico alemão de Verstehen (compreensão), histórico, crítico e elucidativo, forjado periência do nacional-socialismo e pela natureza do homem, segundo ele, revelada pelos nazconceito de compreensão exposto por Martin Broszat está em oposição ao do contexto do sX do historicismo alemão que apresentava uma base romântico-idealista com um padrãntificação unilateral. O historiador alemão reforça esta ideia citando o jornalista Herdolph, o qual acredita que a historicização do nacional-socialismo é não apenas inevitável

mbém absolutamente necessária se se deseja compreender as conexões ambivalentes ilização e agressividade na história efetiva (Wirkungsgeschichte) do III Reich.

erências

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K ARL SCHU

W  DEAL  Conjunto de medidas tomadas pelo governo Franklin D. Roosevelt (1933-1945)frentar a Grande Depressão. Embora não encerrasse um projeto coerente de reformas políonômicas e sociais, o New Deal lançou os fundamentos do Estado keynesiano e do poder sins EUA, dois dos pilares do grande acordo social consolidado no país na década de 1950ntido amplo, portanto, ele dominou a cena política norte-americana por quase 40 anos, até aste acordo a partir de meados da década de 1960. Analiticamente, pode ser dividido emmensões: a que se refere a medidas emergenciais, a que diz respeito a transformações culturr último, a referente à nova pactuação política entre o Estado e os atores sociais que, entãorporaram à arena pública, formando a chamada coalizão do New Deal.

Do ponto de vista emergencial, o New Deal criou um grande número de agências, como os Cinservation Corps (CCC), a Civil Works Administration (CWA) e a Federal Emergency Rministration (FERA), com o objetivo de proporcionar emprego e renda a milhões de nericanos afetados pela Depressão. A criação destas agências causou uma intensa oposiçãores conservadores, tanto republicanos quanto democratas, pois representou uma impo

udança no papel do Estado no que se refere à execução de programas de bem-estar, até dicionalmente deixados a cargo de instituições filantrópicas privadas. Em razão desta opos

rias delas tiveram suas ações constrangidas e seus orçamentos limitados pelo Congressoda assim contribuíram para aliviar as necessidades básicas dos segmentos mais atingidosse, principalmente durante os meses de inverno. Adicionalmente, contribuíram para importnsformações na cultura política norte-americana.

Em uma cultura fortemente marcada pela tradição da liberdade negativa, da defesa do indivntra a ação do Estado, o New Deal vinha afirmar que os problemas então enfrentados pelos nericanos, ao contrário do que muitos deles próprios acreditavam, resultavam menos de

mitações individuais do que da ordem econômica e social vigente, cabendo então ao Estado p, ao menos em parte, de suas necessidades básicas. Consequentemente, transformações profuoperavam nas concepções de Estado e nação, baseadas na ideia da precedência do todo sorte e na responsabilidade coletiva, representada pelo Estado, para com cada “homem esquecr outro lado, em um espaço de tempo relativamente curto, atores coletivos, como os sindicatoão estigmatizados como elementos antiamericanos, também ganharam crescente legitimidad

ma, os EUA como que se redescobriam e, nessa redescoberta, perceberam que sua melhor facm os Du Pont e seus pares, até então idealizados como os realizadores do sonho americano

divíduos anônimos e atores coletivos. Tais transformações expressaram-se em uma provação estética e temática na arte norte-americana, em boa parte financiada por agências es

mo a Federal Arts Project, a Federal Music Project e a Federal Theater Project. O muralism

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piração mexicana, o realismo social e as cenas coletivas, expostas em repartições públicdo o país, particularmente os correios, passaram a retratar o homem comum, os trabalhaais, as lutas sindicais, os índios, os hispânicos e os negros. O New Deal representou, portants momentos mais importantes de configuração do liberalismo norte-americano, que gestou valíticos e culturais identificados a elementos republicanos da Revolução Americana, comoualdade, e que legitimaram o papel do Estado como regulador dos conflitos socioeconômicos.Tais transformações culturais fizeram-se acompanhar pela incorporação política de segmciais que, até então, encontravam-se largamente marginalizados ou pouco representados na

lítica. Tal incorporação, realizada sob a égide do Partido Democrata, foi, contudo, desiguanço das mulheres deu-se, sobretudo, na ocupação de cargos públicos e o dos negros restringsicamente ao plano simbólico, ao passo que minorias étnicas, como os judeus, foram amplamorporadas. Por fim, o movimento sindical e os setores empresariais ligados a atividades caensivas, ao comércio atacadista e ao setor financeiro acabaram por estruturar-se como elemndamentais da coalizão do New Deal.A primeira mulher a ocupar um cargo de primeiro escalão no governo federal foi Frances Pe882-1965), secretária (ministra) do Trabalho, que nele permaneceu durante todo o manda

osevelt, e mulheres foram feitas embaixadoras, administradoras de agências e conselhlíticas. Por outro lado, Eleanor Roosevelt foi a primeira primeira-dama norte-americana a teenda política de relevância, sendo mesmo uma importante porta-voz de bandeiras progressmo as referentes aos direitos civis dos negros, aos trabalhadores e aos imigrantes. A Casa Brrante os anos Roosevelt, guardou assim pouca proximidade com os padrões familiares até eitos. No entanto, o New Deal não avançou em uma agenda propriamente ligada à igualdade

sexos e nenhuma política foi traçada para garantir oportunidades econômicas ou sauivalentes entre homens e mulheres.A incorporação dos negros foi ainda mais complexa e limitada, dado que as bancadas sulist

rtido Democrata estavam profundamente comprometidas com a segregação racial. Sendo assrtido aguardaria até as eleições presidenciais de 1948 para incluir em sua agenda o fim das legregação – que resultaria em um cisma partidário, com os democratas sulistas formando um rtido, o dos Dixiecrats. A rigor, Roosevelt negociou com as bancadas democratas sulistas umdrão de relacionamento entre Estados e União: ao mesmo tempo em que a União atacou fortemchamados direitos dos Estados no campo da regulação econômica, de forma a enfrenpressão, deixou a estes espaço para manter suas legislações segregacionistas. É bom lem

mbém que a questão da segregação racial não unificava sequer o movimento sindical, impo

se de apoio ao New Deal. Mesmo os sindicatos filiados ao Congress of Industrial OrganizaIO), a mais progressista das centrais sindicais, frequentemente reproduziam em suas bases pagregacionistas de relação entre os trabalhadores brancos e negros. Em tal cenário, o New

mitou-se a não discriminar os negros em suas políticas de bem-estar, a dessegregar o seblico federal e a dar mostras de simpatia à causa de emancipação dos negros. Lideranças nmo Mary McLeod Bethune (1875-1955), amiga pessoal e conselheira de Eleanor Roosevelt (162), passaram a frequentar a Casa Branca e quando, em 1939, a soprano negra Marion And

impedida de cantar em seu auditório pela associação Daughters of the American Revolueanor Roosevelt não só se desfiliou de tal associação como Harold Ickes (1874-1952), secre

inistro) do Interior, com apoio da primeira-dama e do governo federal, organizou, exclusivam

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ra ela, um concerto nas escadarias do Lincoln Memorial, prestigiado por dezenas de milharssoas, negras e brancas. Uma grande distância política e cultural havia sido, portanto, percore este momento e o ano de 1915, quando o filme O nascimento de uma nação, que mostr

ão purificadora da Ku Klux Klan em defesa da supremacia branca, recebeu comentários elogentão presidente democrata Woodrow Wilson (1856-1924). A partir do New Deal, o voto

grou crescentemente do Partido Republicano, até então visto como o partido de Abraham Li809-1865), o Grande Emancipador, para os democratas.Por intermédio do Partido Democrata, os imigrantes europeus de primeira geração e seus

naram-se também um importante elemento da coalizão do New Deal. A rigor, o Partido Demovinha atraindo o voto e a participação dos imigrantes desde fins da década de 1920, quanvernador de Nova York, Al Smith, foi o primeiro católico a ser indicado para a presidênci

UA, sendo derrotado por Herbert Hoover (1874-1964) em 1928. Defendendo o fim da Lei Secnto caro aos imigrantes e seus filhos, Smith atraiu 66% dos votos dos imigrantes do Centroste Europeu em Chicago (contra 32% do partido em 1924) e 60% dos votos dos judeus na made (contra 19% em 1924). No governo Roosevelt, a entrada dos judeus no aparelho de estadal ponto espetacular que o New Deal era chamado pela oposição conservadora de Jew Dea

esidente, de Rosenfeld. Judeus, como Henry Morgenthau Jr. (1891-1967), chegaram a pnisteriais, líderes sindicais judeus, como Sidney Hillman (1887-1946) e Rose Schneide882-1972), tornaram-se conselheiros próximos ao presidente, e David Lilienthal (1899-198dicado para presidir a Tennessee Valley Authority (TVA), a mais importante experiêncinejamento regional da história americana. Roosevelt chegou mesmo a apontar para a Suprte o professor e jurista Felix Frankfurter (1882-1965), um cosmopolita judeu vienense qucada de 1920, havia defendido os anarquistas Sacco e Vanzetti, então considerados, porpressiva parcela da sociedade norte-americana, como os melhores exemplos da ação nocivmens e ideologias estrangeiras sobre o corpo da nação. Não à toa, o New Deal foi por m

usado de ser antiamericano e contra ele se constituiu o embrião do que mais tarde viria a aça às bruxas” comunistas, o Comitê de Atividades Antiamericanas (House of Un-Ametivities Committee), criado em 1938.

O movimento sindical foi outro segmento da sociedade que se tornou elemento importantses do Partido Democrata até pelo menos os anos 1960. O New Deal possuía um diagnósticorazões da Depressão e uma estratégia para enfrentá-la, ainda que não tivesse clareza de canismos deveriam ser empregados nesta tarefa. O diagnóstico era o de que a economia nericana tinha capacidade de produzir muito mais bens e serviços do que a sociedade era cap

nsumir e, portanto, tornava-se necessária uma combinação de duas políticas: por um lado, be a economia produzisse menos e, de outro, elevar o poder de compra dos assalariados, de for-lhes maior capacidade de consumo. Em sua primeira fase, entre 1933 e 1935, o New scaria dar conta desta situação através da cartelização da economia. Para tal, foi formultional Industrial Recovery Act (NIRA), cujo objetivo era supervisionar códigos de compeborados pelos próprios setores industriais que elevassem os salários e diminuíssem as horbalho, dando assim uma estrutura legal ao Novo Individualismo de Herbert Hoover. Atclarada inconstitucional pela Suprema Corte, em 1935, a NIRA fracassou em seus objetivos,e os empresários revelaram-se pouco inclinados a respeitar os códigos por eles me

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borados, e o Estado e os sindicatos não tinham recursos políticos e legais para obrigá-los a

A NIRA fez parte do que pode ser chamado de primeira fase do New Deal, inaugurada quansse de Roosevelt, e que foi basicamente construída nos chamados “Cem Dias”, período de invidade legiferante e no qual foram criadas diversas agências regulatórias, como a Agricujustment Administration (AAA) – cuja estratégia básica, que gerou muitas controvérsias, era

gar aos agricultores para que estes não produzissem em parcelas de suas terras, de modo a epreço de suas mercadorias, estratégia que pouco ajudou aos agricultores mais pobres e aos n

Securities Act, a Home Owners Loan Act e diversas outras, sendo reformados o sistema bano mercado de ações. Com o fim da NIRA, o New Deal entra no que é comumente chamadgundo momento, quando a ação do governo federal volta-se para o fortalecimento instituciontado e do movimento sindical, segundo um diagnóstico mais claramente definido de qpressão resultava do subconsumo dos trabalhadores. Ainda em 1935, são aprovados tanto o Scurity Act quanto a National Labor Relations Act (NLRA), uma das mais radicais pislativas da história norte-americana, que estabelecia as bases legais do poder sindical. É

mbrar que o veto democrata sulista e a oposição republicana ao New Deal fizeram com q

cial Security Act e o NLRA excluíssem de seus benefícios os agricultores, atingofundamente os negros e hispânicos no sul do país. Consequentemente, um contingente expretrabalhadores ficou fora de alguns dos mais importantes benefícios do New Deal. Seja com

ste processo uma aliança entre o New Deal e o CIO acabaria por se formar, baseada na perceambos de que a demanda agregada em uma economia oligopolizada e de massas, como a nericana, teria necessariamente que ser garantida pela elevação do poder de compra da cbalhadora e pela regulação keynesiana da economia.

Do outono de 1936 ao verão de 1937, tanto o segundo New Deal quanto o novo sindicalismO iriam constituir-se em sua plenitude. O primeiro, por meio do fortalecimento de agências

mo a National Labor Relations Board (NLRB, criada pela NLRA), o Departamento do Trabacial Security Act e a National Resources Planning Board, e o segundo graças à conquisportantes categorias profissionais e das grandes greves de ocupação ( sit-down strikes

dústria automobilística. Tais greves se deram em meio à queda da atividade econômica, ocore 1937 e 1938, quando os indicadores econômicos alcançaram os níveis do período anteriinício do New Deal. Em boa parte, tal recessão se deu em função do conservadorismo fiscosevelt e dos setores mais conservadores do New Deal, sempre em busca do equi

çamentário. A partir desta recessão, tal conservadorismo foi de vez abandonado e o Estado n

ericano assumiu definitivamente um caráter keynesiano. No entanto, em que pese o New Dentribuído para a sobrevivência de milhões de norte-americanos nos períodos de maior desemde ter lançado as bases da economia política dos Estados Unidos nos 40 anos seguintes, ctalecimento institucional do Estado e do movimento sindical, a economia norte-americanria da Grande Depressão com a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). rtir de então, com as encomendas do governo à indústria bélica e a mais sistemática reguatal da economia, que o emprego e os investimentos foram finalmente recuperados e a econericana passou a conhecer um longo período de crescimento, consolidado na década de 1950

O New Deal, portanto, ao contrário de outras experiências políticas da década de 1930

ocurou caracterizar-se como uma terceira via entre o capitalismo e o comunismo, apesar

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osição republicana, e mesmo os democratas sulistas, buscarem identificá-lo como tal. ntrário, ele colocou-se sempre, e firmemente, na defesa da democracia liberal e da economrcado. Tal fato é corroborado pelo último ator alocado no Partido Democrata e constitutiv

alizão do New Deal: as grandes empresas que utilizavam tecnologias intensivas em capital, rejo voltadas para a comercialização de produtos para o mercado interno e as do setor finaneressadas todas na constituição de um mercado de massas e na expansão do mercado internacm o apoio deste segmento do mundo empresarial, que reunia expoentes como o grupo Rockfelandard Oil, a General Eletric, a IBM e a Sears Roebuck, o New Deal dificilmente teria reu

ursos políticos para fazer frente à oposição patronal representada pela Liberty Leaguetional Association of Manufacturers. O New Deal construiu, assim, sob a liderança extremambil de Roosevelt, uma aliança multiclassista e, o que no caso dos EUA é central, multiétnultirregional, o que explica muito de seus avanços e recuos no campo da regulação econômo a defesa rigorosa da sindicalização aos trabalhadores industriais, e a tímida, postosicamente simbólica, incorporação dos negros ao mundo da concertação política. Tal aliançus contornos gerais, permaneceria em vigor até a década de 1960, quando a Guerra do Vieteda do nível de crescimento da economia, o fracasso de várias das políticas da Grande Socie

Lyndon Johnson e os conflitos raciais nas grandes cidades americanas levariam à sua crise.Poucos são os períodos da história norte-americana a levantar tantas controvérsias polítitoriográficas quanto o New Deal. Para uma importante corrente historiográfica da tradição lirte-americana, ele representou um regime reformista que resultou na democratização do Estincorporação da classe trabalhadora à arena política. Outra corrente nele percebe um impor

omento de construção da hegemonia do projeto burguês ligado ao grande capital, em busação de um ambiente econômico não competitivo e organizado. Entre estas duas correntes,ma de estudos tem-se debruçado sobre novas questões. Controvérsias importantes têm-se re historiadores de matriz institucionalista, que nele percebem reformas políticas e so

undas da dinâmica do próprio Estado, e historiadores que percebem estas mesmas reformas ultado da luta política de atores coletivos, como o movimento sindical. Outros historiad

gundo questões mais recentemente colocadas pela pesquisa histórica, têm concentrado seus ess aspectos culturais e simbólicos do New Deal e da cultura operária. Uma visão possivelmis fecunda é a que compreende o New Deal a partir dos diferentes projetos de sociedade press EUA dos anos 1930. Desta forma, o New Deal surge como resultado da luta política concreerentes atores sociais, das sucessivas correlações de força que construíram e tiveramfrentar, expressão, portanto, de uma coalizão política multiclassista e multiétnica, e não

pressão necessária e determinante da dominação burguesa, da dinâmica social dos novos aetivos, ou do impulso reformista oriundo de elites políticas esclarecidas que buscavam presenstruir e ampliar espaços próprios de atuação na burocracia estatal.

erências

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ERAÇÃO  ANFÍBIA  Refere-se normalmente a um ataque lançado do mar por uma Força-Tfíbia (ForTarAnf) sobre litoral hostil ou potencialmente hostil. Esta operação comporta q

odalidades: o assalto anfíbio, a incursão anfíbia, a demonstração anfíbia e a retirada anfíb

odalidade mais completa é o assalto anfíbio,  ataque lançado do mar para, mediantsembarque, estabelecer firmemente uma força de desembarque em terra. Pode ter como propónquistar área para o desencadeamento posterior de ofensiva terrestre; negar o uso de áreas otalações ao inimigo; ou conquistar uma área para o estabelecimento de base avançada. A incufíbia compreende uma rápida penetração, a ocupação temporária de um objetivo em terra, seuma retirada planejada. Tal operação pode ter como propósitos: destruir ou neutralizar cetivos; obter informações; criar uma diversão; e capturar, evacuar ou resgatar pessoal e matdemonstração anfíbia  compreende a aproximação do território inimigo por forças nalusive com meios que caracterizam um assalto anfíbio, sem o efetivo desembarque de tropas.

como propósito confundir o inimigo quanto ao local da operação principal ou induzipreender ações que nos sejam favoráveis. A retirada anfíbia abrange a retirada de forças d

oral hostil, de forma ordenada e coordenada.O desenvolvimento da doutrina, das táticas, das técnicas e dos meios empregados nas Operfíbias iniciou-se há quase 3.000 anos, quando os gregos desembarcaram em praias próxim

dade de Troia para conquistá-la. Desde então, a história registrou muitas outras opermilares. Após a operação em Galipoli na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), consideradcasso pelos ingleses, o United States Marine Corp (USMC) passou a estudar estas operaç

ciou o desenvolvimento da doutrina que ganhou substancial incremento na campanha do Pacuitos desembarques ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) tornaramosos, como o da Normandia, que levou os Aliados à abertura de uma segunda frente na Eu

o assalto a Iwo Jima, com o propósito de negar seu uso pelo inimigo e prover uma base ançada para os ataques ao Japão. Mais recentemente ocorreram os desembarques argenttânico nas Ilhas Falklands-Malvinas e o assalto à Ilha de Granada. Durante a Guerra do

990-1991), encontravam-se mobilizados na região diversos meios navais, aeronavais zileiros navais que capacitavam as forças da coalizão à realização de tais operações. ssibilidade, explorada por algumas demonstrações anfíbias, sem dúvida alguma veio a dificu

nejamento dos iraquianos e contribuiu decisivamente para a solução do conflito. A dossas operações de grande complexidade decorre, enfim, de sua importância como forma ojetar poder sobre terra, atestada ao longo da história.A operação anfíbia, na sua forma mais completa, observa uma sequência de fases bem defmpreendendo o planejamento, o embarque, o ensaio, a travessia e o assalto. Os meios naveos e as unidades de fuzileiros navais empregados na operação anfíbia constituem a Força-Tfíbia (ForTarAnf), organizada em função das tarefas previstas em seu planejament

bordinação da Força de Desembarque (ForDbq) ao comandante da Força-Tarefa An

omForTarAnf) ocorrerá a partir do início do embarque da tropa e de seu materiamForTarAnf tem sob sua responsabilidade uma área geográfica, denominada Área do Obj

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fíbio (AOA), que abrange as áreas terrestres e marítimas fronteiriças necessárias ao cumprimsua missão. Antes e durante a fase do assalto, podem ser executadas operações especí

nominadas operações preparatórias, realizadas por Força de Apoio, Força Avançada osmo por componentes da própria ForTarAnf. As ações de preparação e de interdição da Árjetivo Anfíbio (AOA) serão realizadas sob o controle operativo na AOA ao ComForTarAnf.

Deve ser observado que, durante uma operação anfíbia, todas as operações realizadas por figas na AOA devem ser do conhecimento do ComForTarAnf, mesmo que não digam respeeração anfíbia, cabendo-lhe o controle operativo de todas as forças naquela área. A execuç

eração anfíbia requer a obtenção de superioridade aérea local e de elevado grau de controa marítima na AOA, sendo que muito contribui para o êxito a aplicação do princípio da surp

bretudo no caso da incursão. Ela requer também capacidade para prover segurança ao tráfegoio, entre as bases e a AOA. A operação exige tropa especializada e especialmente treinadocedimentos táticos específicos. Requer meios com capacidade para transportar com segua tropa e seu equipamento de combate e apoio, para desembarcá-los com rapidez e

oporcionar à Força de Desembarque apoio aerotático, logístico e de fogo naval. A ForDbqcondições de adquirir rapidamente ponderável superioridade sobre o inimigo na cabeça de

P), de que cumpra sua missão antes que ele receba reforços ou se rearticule. Esse requisilitado ou garantido pelo êxito nos despistamentos estratégico e tático. O despistamratégico  é realizado fora da AOA com o propósito de confundir o inimigo quanto àalização. Já o despistamento tático é realizado na AOA e visa confundir o inimigo quanto àdesembarque. Dessa forma, pretende-se que o inimigo movimente suas forças e tome decisõma a nos favorecer.

Para o apoio aerotático à ForDbq, as aeronaves podem ou não ser incorporadas à organizaçrTarAnf. A incorporação será indicada em fase avançada da operação, depois que a basonaves estiver estabelecida na CP, de modo que o provimento do apoio possa ocorrer de f

melhante àquele prestado por aeronaves embarcadas em navio da ForTarAnf. Em quaicunstâncias, o controle das operações aéreas na AOA será exercido, inicialmente, mForTarAnf, podendo ser transferido ao ComForDbq quando ele tiver condições de exercê-ra. Quando a ForDbq tiver estabelecido em terra um sistema de comando e controle que peseu comandante o pleno exercício das suas atividades, ele pode desembarcar, passando a ex

comando em terra, mantendo a sua subordinação ao ComForTarAnf. A ForTarAnf continuaercício de suas tarefas até o término da operação, que é caracterizado pelo cumprimento da mComForTarAnf. O desembarque da tropa que dará continuidade à eventual campanha terr

lizado após a consolidação da CP, não é considerado como parte componente de uma opefíbia. Ele é a etapa final de um transporte militar, que se processa sob a modalidadsembarque administrativo, que pode ocorrer tanto numa praia conquistada quanto num poroporto. A transferência do controle das ações em terra da ForDbq para a tropa terponsável pela continuidade daquelas ações deve ser objeto de planejamento específico, a ComForTarAnf, do ComForDbq e do comandante da Força Terrestre envolvidos.

Como qualquer ação militar, uma operação anfíbia requer cuidadosa preparação. Entreumas peculiaridades inerentes ao faseamento e à natureza da operação condicionanejamento da mesma; entre estas, destacam-se: (1) a complexidade da operação como um

entuada pela interdependência marcante entre as ações das forças participantes, que impõe

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CIFISMO Atitude que tem por objetivo a solução de conflitos sem o uso da violência, visim, criar a paz entre indivíduos, grupos étnicos ou Estados. A palavra francesa  pacifismpregada pela primeira vez em 1901 para focar todos os esforços direcionados para a paz e

lência, sendo o termo logo adotado em outras línguas. No entanto, a compreensão do qcifismo pode variar. Para alguns pacifistas, o plano pessoal sobressai, isto é, eles se recuspregar violência, seja pessoalmente, seja a partir de instituições, como as Forças Armadaslícia. Para outros, a ameaça à paz mundial é o motivo fundamental de se buscar o pacifrém, todos que hoje se denominam pacifistas têm em comum o fato de rejeitarem a violência ção de ação. A maioria das pessoas concordaria que a solução pacífica de um conflito é prefeviolenta, mas que também existem exceções em que o pacifismo não é possível, tornancessário o uso da violência. Os pacifistas não fazem tais exceções, pelo contrário, justamentenão violência deveria se afirmar. Para os pacifistas, recorrer a meios violentos para a soluç

nflitos só gera necessariamente mais violência – e, portanto, é necessário romper esta corntínua de violência. Pela temática, conceitos como “movimento pela paz” ou “antimilitarião relacionados com o pacifismo: o primeiro designa o movimento social da segunda metaulo XX que se fortaleceu contra as ameaças de guerra, sendo a favor do desarmamento

eservação da paz, mas não é qualquer um que, somente por apoiar o movimento da paz, cifista, assim como cada pacifista não está necessariamente ativo no movimento pela pgundo vê o militarismo do mesmo modo que o pacifista, porém, ao contrário do pacifismimilitarismo o compromisso pessoal voluntário à rígida não violência não é necessariament

ncípio fundamental.Uma exigência fundamental do pacifismo reside na máxima de que o pacifista, em nencunstância, deve causar dano físico ou psíquico a outras pessoas. Isso implica sua recurticipação em operações que proíbam a obediência desse princípio, como o serviço mrigatório. Afinal, a existência de violência estruturada seria tão inaceitável quanto a “espontâluindo aquela que não pode ser pessoalmente identificada, como nos casos de explo

onômica, calamidades geradas pela fome ou a discriminação de grupos da população por mosexo, cor, religião ou orientação sexual. Em tal entendimento do sentido da paz, a mera ausuma guerra não é satisfatória: no pacifismo, somente é possível obter a paz por meios pací

sse sentido, o repertório se estende desde a tentativa de convencer o outro com argumengociações para firmar um compromisso até a desobediência civil. Em última instância, o prcifismo imposto implica a condescendência a sofrer penas pelos seus ideais e suportar possques sem reagir. A motivação para a decisão pelo pacifismo é alimentada por fontes diferera alguns, são convicções religiosas – sejam elas budistas, cristãs, judaicas, muçulmanas ou oque obrigam a tal opção; para outros, o pacifismo é encontrado pelo discernimento ético de erra e a violência sempre aumentam o sofrimento. Antes da existência do conceito de pacifismssível encontrar exemplos de atos pacifistas: em 1815 e 1816, foram estabelec

pectivamente, as primeiras organizações pela paz nos EUA e na Grã-Bretanha; a partir de mbém foram fundadas organizações pela paz no continente europeu, o que na Alemanha acon

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ativamente tarde (1892). As pessoas nessas organizações – geralmente da classe mémavam-se como “amigos da paz”. Desde 1840, foram organizados congressos pela paz em qostava na conversão das pessoas para uma interação pacífica por meio da educação. Publicarevistas e dirigiam-se apelos aos poderosos. Um dos objetivos principais dos “amigos da pazegitimação das soluções para conflitos internacionais. Buscava-se a criação de uma uniãvos e de um tribunal internacional. Especialmente nos EUA e na Grã-Bretanha, a preservaçmércio livre representava um argumento muito forte para a consecução desses ideais.Durante o século XX, a violência em situações particulares, como numa guerra defensiva o

ertação, era vista geralmente como legítima, o que não é aceitável no pacifismo. Com o inícmeira Guerra Mundial (1914-1918), aqueles que lutavam pela paz perderam espaço diant

eparativos da sociedade para a guerra. Muitos não suportaram tal pressão e voltaram a apolítica de guerra de seus respectivos países. No entanto, os horrores vividos no período deravo impulso aos valores pacifistas, mas na Europa e nos EUA foi uma manifestação marginaemanha, desde a subida ao poder dos nazistas em 1933, os pacifistas estavam entre o rorseguidos. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o pacifismo perdeu completameça. No entanto, durante a Guerra Fria, o movimento pela paz retoma seu ímpeto na E

idental. Nos tempos em que aumentava a tensão entre EUA e URSS e surgia a ameaça dlocausto nuclear, a consequência era um fortalecimento do movimento pela paz. O tema prino desarmamento nuclear. No início da década de 1980, houve um grande protesto na Eu

idental contra o estacionamento de novas armas nucleares pela OTAN, o que levou mais dlhões de pessoas às ruas. Outro exemplo proeminente de ações pacifistas conduzidas com sua luta de Mahatma Gandhi (1869-1948) na década de 1940 contra o poder colonial britânico

47, com resistência passiva e recusa de cooperação com instituições coloniais, a Índia consega independência. Outro exemplo foi o movimento pelos direitos civis associado ao nome de Mther King (1929-1968) durante a década de 1960 nos EUA, que pregava a desobediência c

nseguiu em alguns estados da federação eliminar a discriminação institucional contra os negroAté o presente, o pacifismo representou uma posição minoritária e esteve muitas vezes na defevido à sua argumentação. Uma crítica muito comum contra ele é que o objetivo de uma sociere de violência é muito simpático, porém, em vista das condições do mundo, utópiconservadores vão mais além, alegando não somente falta de realismo ao pacifismo, mas tamoralidade, uma vez que vai contra o direito de um país se defender quando é atacado, tornanlnerável aos olhos do agressor. Do ponto de vista do materialismo, o pacifismo é criticado podência de se basear demasiadamente na expressão da vontade subjetiva das pessoas e, so

rspectiva, no caso de relação entre Estados, quase não é possível reconhecer os interograficamente estratégicos e econômicos nos quais se baseiam as suas ações de política extra os materialistas, a fragilidade do pacifismo está justamente em menosprezar o poteancipatório da violência, cuja aplicação é, às vezes, necessária em lutas sociais.

erências

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SIGURD JENNE

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LÍTICA DA BOA VIZINHANÇA A década de 1920 foi marcada por tensões diplomáticas entre osa América Latina, geradas pelas intervenções norte-americanas no Caribe na década anteriesidente Woodrow Wilson (1913-1921) chegara ao poder apresentando uma proposta humamentada por doutrinas reformistas de regeneração nacional, paz mundial e missão pedagre os pobres e países atrasados. Para amortecer as tensões com a América Latina, sustentavEUA não reconheceriam governos impostos pela força e a adoção de um “pan-americaniltilateral, onde as disputas seriam arbitradas por conselhos de todos os países americanos. Wutava a política do presidente anterior William H. Taft, apelidada de “diplomacia do dó

seada em intervenções dos fuzileiros navais em regiões em que negócios norte-ameriivessem ameaçados. Como ato simbólico, estabeleceu a data do Dia Pan-americano (14 de aesar de atrair a simpatia dos latino-americanos, seu governo foi um dos mais intervenciorante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Guerra Civil Mexicana (1911-1920), usanmeaça germânica” como legitimação.As tentativas norte-americanas de reforçar as relações com a América Latina durante as décad10 e 1920 tiveram pouco sucesso em conter a onda de antiamericanismo em vários países, jáa política de intervenção continuava atuante, principalmente no Caribe e na América Ce

rante a década de 1920, vários países da América Latina se filiaram à Liga das Nações, consição dos EUA, para abrir um fórum alternativo, saindo posteriormente diante da incapacidaganização em defender seus interesses. Fizeram pressões pela criação de leis internacionais cervenções norte-americanas e conflitos entre Estados americanos como o Tratado Gondra (1e estabeleceu duas comissões de apelação, em Washington e Montevidéu, em caso de dispusão aumentou com a eclosão da revolta de Augusto Sandino contra a intervenção dos marte-americanos na Nicarágua (1928). Liberais nacionalistas acusavam a propagandaervencionista de esconder o fato, ainda mais preocupante, da presença cada vez maiopresas norte-americanas, como a General Electric, que controlava a produção elétrica em cer

z países. Elites modernizadoras e reformistas denunciavam a colaboração das elites tradicim os interesses norte-americanos, tornando o “anti-ianquismo” um lema de novos parcionalistas, como o APRA no Peru. No campo cultural, o indigenismo alcança grande exprerticularmente no México, tornando-se um dos motores da vanguarda modernista local.Os EUA procuraram amenizar os ânimos durante a Conferência de Havana (1928), a nflituosa até então. O arquipopular aviador Charles Lindbergh, que se tornou um íconmpletar a travessia aérea do Atlântico sozinho (1927), foi convidado para atrair a simpular, enquanto os estudantes cubanos e a imprensa oposicionista eram censurados. Fuzi

am retirados de várias áreas sob intervenção e a Colômbia recebeu uma indenização pela pPanamá. O Presidente Herbert Hoover descreveu os países americanos como “bons vizins teve sucesso limitado na aproximação entre os dois continentes. Seu sucessor, Franklosevelt, adotou o lema em um momento de grande ansiedade internacional, gerada pela expaonesa na Ásia e pelo rearmamento da Alemanha. Na VII Conferência Pan-americana (Montev33), a delegação dos EUA assumiu uma política conciliatória, aceitando as exigênciaservencionistas latino-americanas. Cuba, Panamá e República Dominicana foram libertadondição de protetorados e, com isso, Roosevelt se tornou o presidente norte-americano pular na América Latina até então.

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Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o medo de ataques alemães no Norasileiro (próximo da África ocupada) e a presença de colônias de imigrantes alemães colocamérica Latina entre as primeiras prioridades externas dos EUA. O tema da integraçãoericanos para resistir ao imperialismo europeu voltou a ter destaque. Investimentos maciço

opaganda promoveram um novo pan-americanismo, baseado na divulgação do American we como modelo para o desenvolvimento da América Latina. O materialismo e individuarte-americanos não eram bem aceitos por elites fiéis à herança ibérica, defensoras de moganicistas e verticais de ordem social. Nos anos 1930, os sucessos do nazismo em recupe

onomia alemã e desenvolver poderosos mecanismos de disciplina social atraíram a atençlitares, que os viam como alternativas ao americanismo. Para combater essa rejeição, foi crifice of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA), órgão encabeçado pelo magnatgócios Nelson Rockfeller. Ele encaminhou a divulgação do “americanismo” baseado no prinque o desenvolvimento dos mercados era a melhor forma de manter a estabilidade das repúbino-americanas. Sua ação se estendia por diversos campos: visitas de intelectuais e artistas, son Welles e Walt Disney, que exemplificavam o sucesso do individualismo empreendedor nericano; divulgação de programas de rádio para combater a Rádio Berlim transmitid

emanha nazista; publicação e apoio a revistas que divulgavam os valores e as vantagenbalho e do consumo, como Seleções do Reader’s Digest, Em guarda, Para a defesa da Améeparação de documentários e desenhos animados, principalmente de Disney, sobre a vida mecauções de saúde e a amizade dos povos americanos, representada no encontro do Pato Dm Zé Carioca para conhecer o Brasil; financiamento de pesquisas nas universidades e palestrelectuais latino-americanos nos EUA, incrementando os estudos históricos e sociolómparativos entre os dois continentes. Nessa época, o historiador norte-americano Herbert Bopôs pesquisas para uma “história continental” da América. Sérgio Buarque de Holanda foi umnvidados para falar nos EUA sobre as possibilidades comparativas nas respectivas forma

tóricas, particularmente na questão da “experiência da fronteira”. Artistas de sucesso, rmem Miranda, conquistaram a atenção do público norte-americano para a música latina. Tes esforços questionaram as imagens recorrentemente divulgadas nos EUA, até os anos 1920unham o puritano norte-americano, empreendedor e moralmente rígido, ao latino-amerlandro, apático e dominado pelo instinto sexual. De fato, mesmo americanistas brasileiros, ulo Prado de Raízes de Brasil , compartilhavam essa imagem. A busca desenfreada pelo prazleabilidade ao lidar com a vida dos latino-americanos eram a causa de sua falta de operosiintento de diminuir o fosso entre as Américas, a propaganda buscava mostrar o espíri

ciativa como uma opção viável para os latino-americanos também.Essas revisões da imagem latino-americana não foram exclusivas da propaganda oficial deinhança. Em 1942, Waldo Frank, figura de destaque da esquerda cultural norte-americana, eBrasil. Crítico do materialismo da sociedade norte-americana, Frank apresentou uma visãoericanista em que a capacidade de dialogar com o ambiente natural, a mistura de raça

nsualidade dos latino-americanos poderia oferecer uma lição utópica para os EUA, combategemonia do imaginário produtivista e masculino da América puritana. Ao incentivar o dieramericano, mesmo ideias que se chocavam com a cultura puritana puderam ser absorvidasmpanha, e Frank foi recebido por Vargas. A América Latina aparecia como uma parceira atrae

mpática para os EUA e, pela primeira vez, o “pan-americanismo” alcançou entusiasmo po

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re os norte-americanos. Ao mesmo tempo, os limites da aproximação ficavam evidentesemplo, na dificuldade de incorporar os negros nas representações da solidariedade americanaNos anos finais da guerra, o principal tema seria a aproximação política e militar com o Brasgentina. Os argentinos, desde a primeira conferência, vinham sendo os principais adversárioojetos pan-americanistas dos EUA. Profundamente ligados à Europa e ambicionando dispupel de liderança na América hispânica, demonstravam pouca tendência em compartilhar da posegurança norte-americana contra as potências do Eixo. Simpatizantes da Alemanha denunci

política de protetorado dos EUA, e o governo argentino, da mesma forma que Vargas no B

utou muito em aceitar as pressões pelo rompimento diplomático com a Alemanha, cada vezensas a partir da Conferência de Ministros do Exterior no Rio de Janeiro (1942). Governanlitares argentinos demonstravam aberta simpatia pela Alemanha. Movimentos locais de panismo e ultranacionalistas aderiram ao repúdio das pressões dos EUA. Com a adesã

éxico e do Brasil ao esforço de guerra aliado, a Argentina caminhava para o isolamento. Amsanções contra os produtos argentinos no mercado norte-americano levaram ao corte das rel

m o Eixo somente em 1943, resultando na deposição do governo por militares nacionalistas, s Juan D. Péron, que simpatizavam com o modelo das ditaduras europeias. Durante todo o pe

guerra, a Argentina permaneceu adversa aos acordos interamericanos assinados, o que osevelt a propor o bloqueio de sua entrada nas Nações Unidas. Vargas aproveitou esta situra fortalecer a posição do Brasil como parceiro dos EUA, quando ficou evidente a derrota am o fim da guerra e a afirmação dos EUA como potência mundial, a ênfase sobre estrat

gionalistas perdeu espaço progressivamente. A partir daí, as relações interamericanas estivda vez mais ligadas às políticas de segurança global no contexto da Guerra Fria.

erências

RSI, Francisco Luiz. Estado Novo: política externa e projeto nacional . São Paulo: UNESP/FAPESP, 2000.GG, John Edwin. Panammericanism. Malabar: Robert E. Krieger Publishing Company, 1982.

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FABIO MURUCI DOS  SA

LÍTICA SOCIAL E RAÇA  Em muitos países do mundo, políticos e agências governamentais tando chegar a um acordo a respeito das divisões étnicas e raciais. Quando políticas públicatas e implementadas em sociedades complexas, há uma necessidade urgente de aumen

endimento da diversidade étnica e cultural. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer o impacismo na vida diária, desde práticas racistas que podem levar à exclusão de minoriaortunidades econômicas, sociais e políticas até aquelas que podem envolver violência e contsões. As políticas sociais podem oferecer aos governos importantes ferramentas para harmoabrandar divisões, influenciando as oportunidades oferecidas às pessoas e afetando processegração social, conflito ou exclusão. A política social é, pois, a arena em que tem hscentes tensões e desafios em relação à questão de “raça”, já que pressões de grupos subalt

m colocado este assunto na agenda de governos em vários países. Como esse tópico tornou-sportante, estudantes em busca de exemplos encontrarão muitos trabalhos na literatura n

ericana, numa literatura europeia crescente e em inúmeros relatórios e estudos important

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tros países. De maneira mais estreita, a política social pode incluir serviços sociais (tais viços de assistência médica ou de saúde infantil), previdência social e acordos de auanceiro (como pensões ou seguro-desemprego). No entanto, alguns autores veem a política sforma mais ampla. Aqui, recomendamos este segundo caminho, tendo em mente uma defiis abrangente que leva em consideração o fato de que vários tipos de políticas públicas (dnsporte ou educação até política de imigração) podem ter dimensão de política socicessário também lembrar os valiosos papéis desempenhados em assistência social pelos albentidos pelas ONGs, pelas organizações religiosas e de voluntários, pelas agências sem

rativos e pelas companhias privadas. As necessidades domésticas e comunitárias são atenvários canais, sendo a provisão e a administração de serviços diretos por agê

vernamentais apenas um deles.À primeira vista, embora pareça uma questão principalmente de comportamento e de atiagônicas de indivíduos e grupos, o racismo pode ter dimensões institucionais altamnificativas para a política social. Há barreiras visíveis e invisíveis em relação à igualdadtamento – e tais barreiras podem ser incutidas nas políticas sociais ou nas práticas de importtituições. Uma política social específica pode ser institucional ou indiretamente ra

ejudicando determinado grupo étnico minoritário, embora esta não tenha sido uma intplícita. Logicamente, às vezes a discriminação tem sido de fato deliberada, beneficiando aupos, enquanto prejudica ou até oprime outros. No seu extremo, isso já conduziu a notáveis paexclusão e violência contra minorias, perda de liberdades civis e assassinato em massa (

onteceu durante o nazismo na Europa). De forma menos dramática, hoje existem muitos lude os trabalhadores e refugiados migrantes não têm todos os direitos civis. Eles podemcluídos de grande parte da previdência social, mesmo em países aparentemente muito avançmo os EUA).

A migração em grande escala – seja por motivo de trabalho ou de refúgio – levanta graves que

ra os governos. A política social pode responder a isso de forma positiva ou negativa quanta de dar apoio financeiro, moradia ou prestar serviços de saúde. Na realidade, os grupogram podem ficar sujeitos a práticas de exclusão muito desagradáveis e pode ser lentansição à cidadania social total. Mesmo em lugares onde existem grupos migratórioabelecidos há algum tempo – e onde o termo “imigrante” já não é apropriado para descrevê-total reconhecimento de seus direitos ou necessidades pode ser muito lento. Nas socieddentais, pode haver uma significativa concentração de grupos étnicos minoritários, especialmlocais específicos da cidade, com má qualidade de moradia e serviços públicos inferiore

dem estar sujeitos à discriminação negativa em relação à educação e ao policiamgicamente, a concentração em si pode oferecer vantagens em termos de segurança física cques racistas, acesso a cultos religiosos e a outras atividades da comunidade, assim como a

miliares de solidariedade. No entanto, se a concentração se torna involuntária devido a restriçovimentação externa e à escolha, ela pode aumentar as desvantagens que a população enfrentnto de vista da política social, as perguntas fundamentais aqui são relativas à superaçãaisquer barreiras que sejam influenciadas pelas instituições que proveem serviços, pelos painvestimento financeiro que afetam a moradia e por qualquer racismo implícito nas prática

ganizações. Governos e provedores não governamentais de serviços precisam indagar até

nto suas ações têm sido minadas pelas famílias em vez de fortalecer a comunidade

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crepantes, precisam ser pensadas com bastante cuidado. Cada sociedade é diferente oblemas específicos encontrados diferem de país para país e de cidade para cidade. Contuduns temas e princípios gerais comuns que podem ser realçados. É provável que os assuntostados cheguem à ordem do dia da política social de muitos governos e organizaçõesvernamentais, embora pesquisas detalhadas e análises relacionadas com as histórias e os conpecíficos sejam necessárias para sua total compreensão.

erências

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MALCOLM HAR

IA

AGMATISMO Na sua fase clássica, o pragmatismo esteve associado aos filósofos Charles Saerce (1839-1914, seu fundador), William James (1842-1910), Ferdinand C. S. Schiller e wey (1859-1952). Também se identificavam com o movimento o psicólogo social e antroporge Herbert Mead (1863-1931), o linguista Charles W. Morris e o lógico e epistemóarence I. Lewis (1883-1964). Com a exceção de F. C. S. Schiller, que era inglês e não foalquer forma, tão influente quanto os outros filósofos, todos os pragmatistas clássicos eram nericanos. Também hoje, quando as ideias centrais do pragmatismo são reabilitadas por a

ósofos importantes (sobretudo Richard Rorty e Hillary Putnam), o movimento permanece um“filosofia americana”. De forma talvez ainda mais marcante do que em outros movim

osóficos, o pragmatismo se revela, sob um olhar mais minucioso, um conjunto bastante heterogdoutrinas e argumentos.

Provavelmente, um dos elementos definidores mais comuns das várias teorias pragmatistarmação de uma conexão essencial entre propriedades semânticas e cognitivas de ioposições ou teorias) – propriedades como significado, verdade, relevância explanatória er um lado, e os efeitos práticos resultantes da adoção destas ideias (proposições ou teoriastro. A conexão foi formulada nos primeiros trabalhos de Pierce como uma “máxima pragmá

e literalmente identificava o conteúdo cognitivo do conceito de um objeto com os efeitosnsequências práticas que atribuímos ao objeto em nossas considerações. A máxima de Piercmesmo tempo a expressão e o resultado de uma vigorosa atitude consequencialista, q

tinguia da orientação tradicional da filosofia moderna em dois aspectos cruciais. Em primgar, Pierce propunha a visão da atividade cognitiva como um processo temporal de “fixaçnvicções” ou de “esclarecimento progressivo de nossas ideias” – um processo de investigquiry) que não está sob o controle de intuições filosóficas a priori. Em segundo lugar, Peitava o solipsismo metodológico da epistemologia tradicional e colocava no lugar d

onológico tão típico de Descartes (1596-1650), Locke (1632-1704) e Kant (1724-1804)ática social comunicativa. Em How to Make Our Ideas Clear  desenvolveu uma teoria conse

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verdade e da realidade (em condições idealizadas): “A opinião que está destinada a contar cordo de todos os que investigam é o que queremos dizer com a verdade; e o objeto represensta opinião é a realidade.”Com James, a equação pragmatista de filosofia e práxis readquiriu uma base mais subjetivisu “empirismo radical” situava o conhecimento na experiência vital “pura” do indivíduo, concmo essencialmente dotado de poder de ação e liberdade de vontade. James via no pragmatbretudo, uma alternativa radical à concepção clássica da verdade como correspondência, qurecia, na melhor das hipóteses, vazia ou, na pior, sobrecarregada de especulações filosófica

vam um valor desproporcional a tudo que pudesse ser considerado permanente e exterperiência do Eu em sua dimensão volitiva. Ao mesmo tempo um homem de ciência – James q

(e talvez tenha sido) o maior psicólogo de sua época – e um homem dotado de sentimigiosos sinceros, James desenvolveu uma polêmica teoria da verdade como uso que puomodar suas convicções científicas e religiosas. Apesar dos esforços por parte de Jameacterizar a noção de uso para evitar as objeções mais imediatas às conexões contraintuitivas

rdade, uso e vontade, o suposto potencial liberador da teoria da verdade desenvolvida nsaio clássico “The Will to Believe” (1896) e em inúmeros outros trabalhos logo provoc

ção dos críticos, até mesmo entre os que se identificavam com o ideário pragmatista.Pierce, por exemplo, julgava que o realismo de James era excessivamente antropomórfico, comer humano fosse a medida de todas as coisas. Além do mais, a teoria pressupunha, erroneame o único fim do ser humano é a ação. De qualquer forma, o desgosto e a desilusão cosenvolvimento dado por James à máxima pragmática levaram Pierce, posteriormente, a proas ideias sob o novo título genérico de “pragmaticismo” na esperança de que ninguém se seis tentado a “roubar-lhe” uma doutrina de nome tão feio. Os críticos externos ao pragmatismam menos contundentes. A ideia de que teríamos liberdade para escolher em que acredita

mplesmente absurda na opinião de Bertrand Russell (1872-1970). Também Heidegger (1889-

eitou a teoria pragmatista como falta de sensibilidade filosófica, ao passo que Horkheimeo principal de suas críticas era Dewey, não James – não via nela mais do que a operaçãzão instrumental”. Embora tendo retido a referência crucial à experiência vital, característi

agmatismo de James, Dewey (o pragmatista  par excellence do século XX) operou, em primgar, uma verdadeira “despsicologização” da noção de experiência.Tal como Dewey a concebe, a experiência é uma propriedade relacional dos indivíduopende, em sua forma e conteúdo, de um contexto natural e social essencialmente instável. A cra o problema da verdade deveria ser encontrada, na opinião de Dewey, na consideraçã

nsamento como atividade orgânica de investigação ativa iniciada nas condições de uma “situoblemática”. O pensamento não responde à “pura experiência” de James ou à “dúvida razoáveerce, mas emerge de tensões enraizadas natural e socialmente. A sua meta é a “fixaçãnvicções”, mas para Dewey isto não deve ser compreendido em termos mentalistas, isto mos que não levam em conta a determinação progressiva e o controle inteligente eficaz deuação inicialmente indeterminada. Dewey via a filosofia como um meio (historicamentempre eficaz), como um instrumento para o aumento do controle inteligente das contingênciaacterizam a situation humaine. Do seu ponto de vista, a ciência moderna (sobretudo a físic

ologia pós-Darwin) era a forma mais desenvolvida da atividade de investigação que const

nsamento em todas as suas manifestações. A filosofia pragmatista de Dewey tomava, porta

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ncia moderna como modelo intelectual na sua tentativa radical de substituição da Razão filosa inteligência falibilista e antiabsolutista que funcionava como ideal regulador da ativntífica.

O ideal de filosofia pragmatista como transformação pedagógica nunca foi abandonado por Dedavia, ele foi cultivado, sobretudo, na época em que Dewey trabalhou na Universidadicago. Além da publicação de vários livros que asseguraram a sua reputação como o m

ósofo da educação de seu tempo, Dewey envolveu-se diretamente em verdadeiros experimdagógicos numa escola dirigida por sua primeira esposa e na qual trabalharam também a

stres colegas de Dewey, por ele convocados. É importante notar aqui que Anísio Teixeira (71) foi aluno e discípulo de Dewey em Chicago, antes de voltar para o Brasil, onde proundir com obras próprias e traduções de vários livros de Dewey a filosofia da educação dstre. Não há praticamente uma questão filosófica sobre a qual Dewey não tenha discorrido emensa obra – são cerca de 45 livros e 700 artigos. O largo espectro vai da ontologia à est

ssando pela epistemologia, filosofia da mente, ética e filosofia política. Também na vida púo acadêmica – por exemplo, na discussão de algumas questões fundamentais da democracia nericana – o pragmatismo social de Dewey encontrou ressonância.

Três fatores principais determinaram o ocaso do pragmatismo: (1) a morte de Dewey em 1952o deixou um sucessor com o mesmo vigor intelectual; (2) a entrada em cena, na vida filosericana, dos defensores do positivismo lógico refugiados do nazismo, que cultivavam padrõor argumentativo inalcançados por Pierce, James ou Dewey; e (3) a profissionalização cres

atividade filosófica, que resultou na fragmentação do trabalho intelectual na filoompatível com a filosofia de “grandes gestos” dos pragmatistas. Só recentemente, nas imas décadas do século XX, a crítica imanente à filosofia analítica começou a empreenderuperação ativa de elementos centrais do pragmatismo. A fonte mais importante tem si

agmatismo social de Dewey.

erências

EXANDER, Thomas; HICKMAN, Larry (eds.). The Essential Dewey: Pragmatism, Education, Democracy. Bloomington: University Press, 1998.EXANDER, Thomas; HICKMAN, Larry (eds.). The Essential Dewey: Ethics, Logic, Psychology. Bloomington:

University Press, 1998.MES, William. Pragmatism and the Meaning of Truth. Cambridge/Mass.: 1978.RCE, Charles S. Pragmatism as a Principle and Method of Right Think ing: The 1903 Harvard Lectures on Pragmatism

York: State University of New York Press, 1997.

WILSON MEND

ÍONS  Denominamos príons os prováveis agentes infecciosos causadores de dourodegenerativas fatais que ocorrem em mamíferos, chamadas de encefalopatias espongifoálise  post mortem  revela que os cérebros dos indivíduos acometidos por essas doenças letos de grandes vacúolos, que resulta em um aspecto esponjoso, principalmente no córebelo. Os principais sintomas associados a essas doenças são a perda do controle m

mência, paralisia crescente nos membros, resultando em morte, tipicamente precedidaeumonia. Como exemplo de encefalopatias espongiforme em humanos temos a doenç

eutzfeld-Jacob (CJD), kuru, insônia familiar fatal e a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheitre as formas que atacam os animais, temos a encefalopatia espongiforme bovina (BSE), tam

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o rato, pode infectar o hamster. Acredita-se que várias encefalopatias espongiformes, coença de Creutzfeld-Jacob (CJD), a insônia familiar fatal e a síndrome de Gerstmann-Strauheinker, possam ser “doenças genéticas” raras, geralmente atingindo uma a cada 10 mil pessosmo ocorre com a Scrapie em ovelhas. Neste caso, o que parece acontecer é que uma mu

mática altera a sequência de alguns aminoácidos da proteína celular (PrPc), modificando sua ra a PrPSc. Nestes casos não há transmissão para outros indivíduos, a não ser que onsfusão de sangue ou doação de órgãos por pessoas que possuíam o príon ou, como no carapie, que ovelhas acabem sendo alimento de vaca, o que não é “normal”.

erências

LLINGE, J.; PALMER, M. Prion Diseases. Oxford: Oxford University Press, 1997.USINER, S.B. “The prion diseases”. In: Scientific American, 272, January, 1995.USINER, S.B. “Prion biology and diseases”. In: Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1999. (http:

micro.msb.le.ac.uk/335/Prions.html)

ELGION L.S. L

BLICIDADE/PROPAGANDA O termo propaganda, em uma acepção básica, remete à sua origem

propagare – e indica que alguma coisa – evento, teoria, fenômeno, conhecimento, princípio,ia etc. – é tornada pública, visível, conhecida, divulgada. É esta acepção que aparece comquência nos dicionários de língua portuguesa e se relaciona com a noção mais genéric

opagar. Este é um sentido simples e, talvez, mais corriqueiro do termo. Porém, propaganda rm debate mais complexo.

Um bom ponto de partida para iniciar uma reflexão é entender propaganda como algo móximo, quase sinônimo mesmo, do termo publicidade. É principalmente nesse sentido que deproduções simbólicas veiculadas pelos meios de comunicação de massa, particularmente anúprodutos e serviços, que a ideia de propaganda ou de publicidade aponta uma questão de g

mplexidade e que se torna um desafio interessante ao pensamento. No entanto cabe assinalarcertos contextos, os dois termos podem também ser empregados de forma distinta. O t

opaganda é às vezes utilizado para designar a divulgação das ideias de caráter polológicas – como no caso da expressão  propaganda eleitoral   – e o termo publicidade

signar a divulgação de produtos e serviços – como na expressão anúncio publicitário.tinção conceitual pode ser interessante, porém, entre os praticantes e profissionais da áreis termos acabam sendo mais utilizados como sinônimos. Apenas a palavra propaganda é ada a uma tradição da área de marketing, e publicidade é mais ligada à tradição da áre

municação. Entretanto, ambas designam as mesmas atividades profissionais.Assim, ao falar de propaganda ou de publicidade devemos, de saída, indicar que estes dois tereferem ao material simbólico – um único anúncio ou um conjunto deles – veiculados rotinetematicamente pelos meios de comunicação de massa – televisão, jornal, rádio, revista, cartme etc. Mas os termos propaganda e publicidade também apontam para dois outros sentidomeiro lugar, indicam uma profissão, a profissão de publicitário, aquele que planeja, cria e p

opaganda ou publicidade; em segundo, estes termos remetem para o sistema simbólico presentúncios. Um complexo conjunto de imagens e representações que, por sua presença em nossacial e por sua força ideológica, pode ser considerado um fenômeno central na cuntemporânea.

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Vamos começar pela profissão. A profissão de publicitário é exercida, em geral, no espaçências de propaganda ou de publicidade. Estas são empresas que reúnem pessoas treinadasnejar, conceber, produzir e veicular anúncios que podem tanto ser peças isoladas quanto

rte de toda uma campanha publicitária. Estes anúncios podem também ser veiculados atravm único meio de comunicação ou utilizar vários deles ao mesmo tempo, ou em diferentes mome

agências são, portanto, empresas prestadoras de um serviço – planejamento, criação e veicupublicidade ou de propaganda – que visa atender os objetivos de marketing dos clientes.

entes são, na maioria das vezes, outras empresas que desejam fazer com que seus produ

viços sejam desejados pelos consumidores.As formas pelas quais a agência atende às demandas dos clientes são muitas e variadas: um cde precisar aumentar suas vendas; lançar novos produtos ou serviços; alterar, solidificsicionar uma determinada imagem de marca; crescer em um mercado consumidor, mudamunicação com o público, entre outros. Entretanto, qualquer que seja o objetivo do cliente, o ência de publicidade ou de propaganda faz é realizar processos de comunicação para produzultados comerciais – resultados de mercado – desejados por quem contratou seus serviço

ofissionais que atuam na propaganda ou na publicidade podem ser divididos, em linhas gerais

mos bem simplificados, em três habilidades específicas que definem as principais áreas ou seuma agência: atendimento, criação e mídia.O atendimento é o setor da agência encarregado das relações entre a agência e o cliente. Na mrte dos casos, os melhores resultados de comunicação estão associados com uma efetiva parre cliente e agência. Por isso, o atendimento tem uma importância central neste proc

omovendo reuniões e planejando as melhores soluções para as diversas necessidades de meproduto ou do serviço que a agência está atendendo. Cabe ao atendimento obter o má

ssível de informações do cliente, do mercado e da concorrência, de modo que toda a comunicm o consumidor seja compatível com os objetivos de marketing do produto ou serviço que v

unciado. A criação está encarregada de conceber a mensagem publicitária tanto na dimensão vplástica (filme, foto, desenho etc.) quanto na dimensão linguística (texto, slogan, roteiro etcação desenvolve o conteúdo e a forma pela qual a mensagem publicitária deve atingnsumidores. Este processo acontece, em geral, através do trabalho de uma dupla de criunindo um diretor de arte e um redator. A mídia tem como função precípua encontrar o memunicação correto, ao menor custo possível, para que o anúncio possa atingir o púnsumidor de determinado produto ou serviço. A mídia, de fato, procura calibrar a relação ennsagem criada e o público que vai recebê-la, através de uma seleção precisa entre o meio – r

nal, televisão etc. –, o veículo – rádio a ou b, jornal x ou y – e o horário em que o anúncioculado. Assim, seu esforço será na direção de adequar a cobertura e o custo do meio e do veecionado com o universo de consumidores que se pretende atingir de modo que o produviço anunciado encontre o seu público da forma mais exata possível.

Todavia, o resultado do trabalho das agências de publicidade ou de propaganda – ou sejúncios que efetivamente estão nos meios de comunicação – é mais que um exercício profisscomunicação, é um discurso. Isto quer dizer que, vistas como um sistema simbólico que co

m conjunto de imagens e representações, a publicidade ou a propaganda tornam-se uma questãconstitui uma das chaves centrais para a compreensão da cultura contemporânea. Trata-se d

nômeno, um fato social, cuja interpretação permitiria conhecer de forma sistemática algun

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ores estruturais do imaginário e das práticas sociais de nosso tempo. Vamos examinar este pm pouco mais detidamente.O discurso publicitário ou a propaganda é uma forma de categorizar, classificar, ordenrarquizar tanto o mundo material quanto as relações entre as pessoas através do consumo. Quamos da profissão de publicitário, vimos que a função manifesta do anúncio é vender produviços, abrir mercados, aumentar o consumo. Tudo isto é correto. Mas uma simples observa

ficiente para ver que o consumo dos próprios anúncios – e consequentemente do seu discursinitamente maior que o consumo dos produtos anunciados. Em certo sentido, o que men

nsome nos anúncios é o próprio produto. De fato, cada anúncio vende estilos de vida, sentimeões de mundo, em porções generosamente maiores que carros, roupas ou brinquedos. Produviços são para quem pode comprar, anúncios são distribuídos de forma indistinta. A publicpropaganda é um discurso cujas mensagens são um modo de classificação sistemática, recorerenças na série da produção e convertendo-as em diferenças na série do consumo. A publicsempenha uma função clara: mediatizar a relação entre a produção e o consumo. Em oavras, entre estes dois domínios do circuito econômico – produção e consumo – está o espa

ão da publicidade. Ela e os demais processos do marketing mediatizam a oposição e concili

eração entre estes domínios ao recriar cada produto ou serviço, atribuindo-lhe identirticularizando-o, preparando-o, enfim, para a existência não mais marcada pela dinâmicodução, mas, sim, em meio a relações humanas simbólicas e sociais que caracterizam o consuEm certos aspectos, produção e consumo são substancialmente diferentes. Na trajetória doduto, cada uma dessas fases conjuga elementos bem distintos. A produção se passa entre matmáquinas. O anonimato e a serialidade são regras e o produto é múltiplo e impessoal. As máq

produção industrial separam o trabalhador e o produto do trabalho. A produção é o domínde o humano se ausenta, o trabalho é alienado, pois o ritmo, o caráter e o movimento do proo são controlados pelo trabalhador que o serve e, sim, pelo conjunto da maquinaria e pelo ca

tretanto, produtos impessoais, seriados, anônimos devem ser consumidos em meio às relmanas, devem ser introduzidos na cultura, experimentados em segmentos sociais descontíorporados em esferas de singularidade. Devem ter uma face, um nome e uma narrativa para o

u lugar na ordem simbólica. A publicidade ou propaganda escreve este texto, desenha esta imaProdução e consumo efetivamente renovam a economia na complementação dos opostos.uilibrar a diferença, a publicidade precisa omitir o processo de produção e a história serior dos produtos para reencontrar o humano na instância simbólica. No mundo burgu

nsumo é um dos palcos centrais de estabelecimento da diferença. Produtos e serviços falam

ssas identidades, visões de mundo, estilos de vida. Nada se consome de forma neutra. O conduz um universo de distinções, produtos e serviços realizam sua vocação classificatória atravmbolismo a eles anexado. A publicidade ou a propaganda é a instância que atribui nome, cont

resentação e significado a um fluxo constante de bens. Muitos deles, sem ela, nem mesmo fntido, pouco ou nada significariam se etiquetas, anúncios ou marcas não lhes desse a dormação classificatória.

A catalogação dos produtos, a significação dos serviços, as hierarquias dos objetos sicionamento dos bens são elaborados no mundo do anúncio. A publicidade transmite a informe sustenta um saber sobre o produto ou serviço. Ela desenha um mapa de necessidades e razõ

reve um roteiro de sentimentos que fixa conteúdo aos tipos de produtos, fazendo deles m

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pecíficas dotadas de nome, lugar, significado. Assim, a publicidade ou a propagandatrumento de seleção e categorização do mundo, criando nuanças e particularidades no domín

odução e, reciprocamente, diferindo grupos, situações e estados de espírito no domínio humansumo. Ela sustenta o edifício da mídia, explicando, insistentemente, a produção para que elvidamente introduzida em uma ordem cultural e simbólica capaz de decodificá-la. É o sistemblicidade e da propaganda – etiquetas, marcas, anúncios, slogans, nomes, embalagens, rógles e  tantos outros elementos distintivos – que realiza este trabalho amplo e intenso dnificado, classificando a produção e socializando para o consumo. Neste processo, a public

difica cada elemento provindo do universo da produção e, assim, o produto humaniza-se, tortural ao passar definitivamente para o mundo do consumo através deste sistema de classificaç

Portanto, a publicidade (e a propaganda) – no sentido de um discurso social   – torna-snômeno-chave para que possamos entender as formas de classificação, as imagens do munda, certos modelos centrais de enquadramento das relações sociais. Ela é uma instânctura, especificamente designada para tecer a teia de significados que envolvem a prod

nduzindo, assim, nossa experiência contemporânea de socialização para o consumo. O simado pelos anúncios dá-nos um código – composto tanto de signos de cada cultura local quan

nos da cultura global – que, ao transformar objetos em significados, também transforma viço ou produto em utilidade, cada mercadoria em necessidade, cada marca em desejo embeemoção. É pela ação da publicidade e da propaganda que a produção encontra seu significad

nsumo é construído como uma experiência humanizadora.

erências

CHA, Everardo. A sociedade do sonho: comunicação, cultura e consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 2000 (3a ed.).CHA, Everardo. Magia e capitalismo: um estudo antropológico da publicidade. SãoPaulo: Brasiliense, 2001 (4a ed.).RCIA, Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. São Paulo: Brasiliense, 1982 (2a ed.).

EVERARDO R

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DIO NO BRASIL Sete de setembro de 1922 é a data oficial da primeira transmissão radiofôniasil: tratava-se do discurso proferido no Rio de Janeiro pelo Presidente Epitácio Pessoa (142) em razão do centenário da independência. Em 20 de abril de 1923, Edgar Roquette-

884-1954) e Henry Morize inauguraram a primeira emissora brasileira: a Rádio Sociedade dJaneiro, marcada essencialmente por um viés educativo e cultural. A rádio encontrou inicialmta dificuldade para se manter no ar. Ainda durante a década de 1920, entraram em cena a R

ub do Brasil, a Rádio Mayrink Veiga e a Rádio Educadora, todas dentro do mesmo moposto por Roquette-Pinto.A tecnologia em torno dos instrumentos de recepção dos programas das rádios é outra marcada de 1920: o aparelho de rádio era de galena, o que só possibilitava o uso de uma pessoda vez por ser ouvido com um fone. A década de 1930 trouxe à cena o rádio elétrico de bate

válvulas que, embora de grande dimensão, já não precisava mais de fones de ouvido.

ovação tornava real a convivência do aparelho em locais públicos, como praças, bares, cluas de visita. Uma vez fixado em ponto estratégico das casas, podia-se ouvi-lo na companh

miliares e amigos. Desde então, é o momento da difusão das rádios-sociedade, em qudiodifusoras eram mais amadoras, mantidas pelos próprios sócios e estruturadas como clndo seus membros os responsáveis pela programação musical, muitas vezes saída das colrticulares de discos de cada um.A partir de 1932, as transmissões musicais e de entretenimento passaram a dividir espaço counciantes autorizados pelo decreto-lei 21.111, sendo, então, uma forma de sustento financeiro

emissoras. Seguindo o modelo norte-americano, as concessões de canais começaram tribuídas a particulares. Tal inovação veio a resultar na emergência de uma lógica empresarie a profissionalização substituiu o amadorismo, tanto entre os artistas quanto entre diretonicos, delineando uma busca abrupta pela maior audiência pública. Neste momento, a amplprodução industrial já havia resultado num aparelho de rádio mais acessível, barato e men

e tornava mais fácil sua difusão e integração à vida cotidiana. Com os investimentos pliados, as transmissões realizavam-se cada vez com melhor qualidade e em maior escala.

O ano de 1939 coloca em vigência as novas diretrizes para a programação radiofônica propo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), símbolo do ideário do Estado Novo no B

nspondo o foco educativo no sentido de uma valorização nacional por meio da propaglítica do regime e de seu líder, Getúlio Vargas (1882-1954). Com um projeto específicmação da identidade nacional dentro de uma onda modernizante, a ditadura Vargas instituiuie de decretos-leis, regularizando os caminhos que deviam ser seguidos pelas radiodifusorior exemplo foi o decreto-lei n. 1.949, de 30 de dezembro de 1939, em que foi public

gularização da atividade da imprensa e da propaganda no Brasil. O capítulo IV foi exclusivo adiodifusão: “No que se refere à censura, determina que tudo o que for transmitido dev

bmetido a uma prévia autorização....” A estatização da Rádio Nacional do Rio de Janeir

rmanência dos anunciantes transformaram-na durante a década de 1940 em grande lídediência.

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senvolvimento tecnológico e, do ponto de vista físico-filosófico, introduz profundas modifics conceitos de espaço, tempo, massa e energia. Por fim, mas não menos importante, conormemente para o desenvolvimento de uma nova teoria da gravitação e de uma cosmontífica.

A ideia de que a física deve ser a mesma para observadores que se movem uns em relaçãtros de modo uniforme (com velocidade constante) foi utilizada por Galileu (1564-1642gunda jornada de seu Diálogo, para oferecer a razão pela qual o movimento da Terra, previsodelo de Copérnico, não é perceptível a seus habitantes. A sua argumentação inicia-se co

guintes palavras de Francesco Salviati (1510-1563): “Feche-se com um amigo numa grandeb a ponte de um navio e arranjem moscas a voar, borboletas e outros pequenos animais; mbém um grande vaso com água contendo peixes; suspenda um balde cuja água cai gota a gotm orifício em outro vaso com um gargalo estreito pousado no chão. Com o navio parado, ob

dadosamente os pequenos animais a voar, os peixes a nadar com a mesma velocidade para lados, as gotas caindo no vaso pousado no chão; e você mesmo lance ao seu amigo um obj

rifique que o pode fazer com a mesma facilidade numa ou noutra direção, quando as distânciauais e que, saltando a pés juntos, você atravessa espaços iguais em todos os sentidos. Quando

servado com cuidado todas essas coisas (embora não se duvide que tudo se passa assim cvio parado), faça avançar o navio tão velozmente quanto queira, desde que o movimentoiforme sem oscilações para um lado e para outro. Você não descobrirá nenhuma mudança em efeitos precedentes e nenhum deles lhe dirá se o navio está em marcha ou parado (...), e a a qual todos esses efeitos permanecem iguais é que o movimento é comum ao navio e a tudcontém, incluído o ar.” Tais considerações estão na base do que se pode chamar de princíp

atividade de Galileu, que pode ser enunciado da seguinte forma:  se as leis da mecânicalidas num dado referencial , então são igualmente válidas em qualquer referencial que se iformemente em relação ao primeiro. Esse princípio de absoluta equivalência entre dois sist

referência que se movem relativamente implica o abandono da possibilidade de quaovimento absoluto. Esse princípio de Galileu é fruto e ao mesmo tempo a base de uma cosmocanicista que se está construindo e terá sua expressão maior com a Mecânica de Newtemente calcada na causa efficiens.

A força que move a matéria é o ponto central da obra de Newton. No entanto, como bem saeven Weinberg (*1933), a matéria perdeu o seu papel central na física a partir da fusãlatividade com a Mecânica Quântica, da qual resultou uma nova visão de m

Weltanschauung ). Nela, o papel da matéria foi usurpado por princípios de simetria, dentre os

stacamos os relacionados não mais apenas com o espaço, mas com o espaço-tempo. O espaal medimos distâncias e o tempo que quantificamos com os relógios não são nem absolutosdependentes: eles estão unidos e formam um universo a quatro dimensões e é este novo espmpo que possui uma unidade. As medidas de espaço e de tempo dependem essencialmentndições de movimento dos observadores. Nesta nova Weltanschauung , é inegável a ntribuição de Einstein ao fazer uma profunda crítica do conceito de  simultaneidade  e ao tmo paradigma de teoria física o Eletromagnetismo de James C. Maxwell (1831-1879), em vecânica de Newton. Einstein deu, assim, ao princípio da relatividade um alcance mais univendendo-o aos fenômenos eletromagnéticos e a qualquer movimento. A isso ele chegou em

pas: a primeira, com a formulação da relatividade restrita, em 1905, na qual considera apen

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ovimentos retilíneos e uniformes; a segunda, com a relatividade geral, em 1916, quando ele esprincípio aos movimentos acelerados, do que resulta uma nova teoria da gravitação e a rica de uma cosmologia científica; e por último, em 1950, com a teoria do campo unificado, cal estende as ideias da relatividade geral ao eletromagnetismo, como que fechando um ciclo. ui um parêntesis para recordar que a principal comprovação experimental da Teorilatividade Geral se deu com a observação, em 29 de maio de 1919, por parte de uma mntífica internacional, do desvio da trajetória da luz emitida por estrelas distantes causado

mpo gravitacional do sol, observação esta ocorrida na cidade de Sobral, no Ceará.

Ainda com relação ao eletromagnetismo, outra consequência importante da Teoria da RelativEinstein foi o abandono do conceito de éter , meio imaterial que Maxwell e tantos outros cien

pensadores acreditavam ser essencial para a propagação da luz, assim como a água é essera a propagação de ondas provocadas por uma perturbação qualquer. A analogia com fenômmecânica dos meios contínuos é evidente neste caso. Ao postular a constância da velocida, esta passa a ser uma constante fundamental da natureza, absoluta, e o conceito de éter passa

pérfluo, além de nunca ter sido observado experimentalmente. Neste ponto, cabe um comenbre certa tendência de se confundir relatividade com relativismo, entendido como a não acei

princípios absolutos em qualquer campo do saber e do agir. De fato, a credibilidade da exprdo é relativo” muitas vezes é atribuída ao sucesso da Teoria da Relatividade e, a partir ta-se defender uma interpretação subjetiva da natureza. Entretanto, é preciso que fique claroúltima análise, essa teoria busca expressões invariantes das leis físicas e, portanto, independcondições subjetivas. Do ponto de vista do seu instrumental teórico, o desenvolvimento da TRelatividade dependeu crucialmente do desenvolvimento das geometrias não euclid

portante legado do século XIX. A influência dessa conquista da matemática transcende a fíe também enorme influência nas artes, principalmente no cubismo, no qual o espaço euclidian

ndo desconstruído. É equivocado atribuir à Relatividade influência sobre o cubismo.

A Teoria da Relatividade também contribui para a superação da noção clássica de vazio, a trabalho de P.A.M. Dirac (1902-1984), que chegou a uma equação fundamental quân

ativística para descrever o elétron. Como consequência das relações de simetria desta teonceito de vácuo é revisto e passa a ser considerado como uma estrutura extremamente complo está claro hoje se ele não pode ser considerado um estranho meio, tão estranho quanto o éte

m, deve-se ressaltar o impacto da Relatividade na sociedade contemporânea. O desenvolvimeletrônica só foi possível, em grande parte, graças à contribuição de Einstein e da Mecântica. O microcomputador e a revolução da informática que ainda estamos vivendo são f

nológicos das ideias revolucionárias deste grande físico.erências

STA, M. Amoroso. Introdução à teoria da relatividade. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.NSTEIN, Albert. Relativity: The Special and the General Theory (a popular exposition). Nova York: Wings Book, 1961.LLER, Arthur I.  Albert Einstein’s Special Theory of Relativity: Emergence (1905) and Early Interpretation (1905eading: Addison-Wesley, 1981.

NNELAT, M.A. Histoire du Principe de Relativité. Paris: Flammarion, 1971.

FRANCISCO C

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PÚBLICA  ESPANHOLA  Em 14 de abril de 1931, teve início a II República Espanhola, smado um governo provisório até que se elaborasse uma nova Constituição. O início pública caracterizou-se pela aliança entre uma pequena burguesia progressista e se

oderados do movimento socialista, que convocariam eleições para as Cortes com o objetivstar definitivamente os resquícios da ditadura Primo de Rivera (1923-1930), cujo mott

átria, religião e monarquia”, e modernizar o país. Desde 1923, quando a monarquia migrou deução liberal para a ditadura de Rivera, o país viveu um período de insignificante prosper

onômica e um profundo desprezo pelas liberdades civis: a CNT (Central Naciona

abajadores), a maior central anarcossindicalista do país, foi tornada ilegal pelo ditadcionalismo catalão estagnado, e a “ pacificação” de Marrocos concluída com a atuação dvem oficial que se tornaria anos mais tarde o novo ditador de Espanha, Francisco Franco. D

crescente hostilidade popular – calcada na organização do movimento republicano – andono dos antigos aliados (classes ricas, militares e o próprio Rei Alfonso XIII), Primvera foi obrigado a renunciar em janeiro de 1930, morrendo de ataque do coração no seu exílris, a 16 de março. O vazio deixado por Primo de Rivera não foi preenchido pelos Parberal e Conservador, moribundos desde 1923. Além disso, essas antigas forças políticas

ham sido substituídas por novas organizações capazes de combinar lealdade ao monarpresentação social. Ao mesmo tempo, ao acelerar a desagregação do sistema oligárrtidário, a ditadura de Primo de Rivera tinha estimulado involuntariamente o crescimentias socialistas e republicanas, que cresceram com a adesão do movimento operário e das cldias urbanas. Assim, nos 12 meses que se seguiram à queda de Primo de Rivera, o Gemaso Berenguer atuou como primeiro-ministro da moribunda monarquia espanhola, instau

m curto período conhecido como  Dictablanda. Acuado, o Rei Alfonso XIII convocou eleais com um duplo objetivo: dar um primeiro passo rumo à política representativa, editando que a ação do caciquismo no campo garantiria a manutenção do poder monárquico

de fevereiro de 1931, Berenguer renunciou ao cargo de primeiro-ministro em favor do Almian Bautista Aznar-Cabañas, servindo em seu gabinete como ministro da Guerra. No entanição convocada para abril transformou-se numa confrontação indireta entre monarquistasança republicano-socialista, com a posterior vitória dos opositores ao governo. Dois dias aição, em 14 de abril de 1931, enquanto Alfonso XIII ainda preparava sua saída, o Covolucionário assumiu o governo provisório da II República Espanhola, prendendo o Gerenguer.

Em face da correlação de forças existente no cenário político espanhol, o novo primeiro-min

ceto Alcalá Zamora encabeçou um processo de legalidade, para a convocação das Cssembleia Constituinte) para se ocupar da redação de uma nova Constituição. A Carta Mncluída em dezembro de 1931, possuía vários avanços para um país amplamente religabelecia a separação entre Estado e Igreja Católica e a restrição dos privilégios das oigiosas, quebrando inclusive o seu monopólio do ensino e provocando a redistribuição deras; outro avanço foi o direito de voto livre e universal para os maiores de 23 anos, bem coplementação do direito do divórcio e da liberdade da mulher. Durante o esboço da Constituas cláusulas foram rejeitadas por Alcalá Zamora, que renunciou ao cargo. Manuel Azaña y e até então ocupava o cargo de ministro da Guerra, assumiu a pasta de primeiro-ministr

omulgação da Carta Magna foi bem recebida pelas esquerdas, pois tocou em pontos nevrálg

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mo o confisco de bens das ordens religiosas e a reforma agrária, mas isso rompia o deluilíbrio entre as elites e a nova república. Igreja e latifundiários, principais prejudicados nadem constitucional, começaram a formar células de oposição ao novo governo. Assim, surgirnfederación Española de Derechas Autonómas (CEDA) de Gil Robles em 1933, apoiadaeja, e em 1934 a Falange Española Tradicionalista de José Antonio Primo de Rivera (1903-1

ho do ex-ditador, que pregava a implantação de um regime autoritário de direita. No enmbém a esquerda passou a criticar os líderes republicanos, acusados de promoverem refotas e de poucos resultados práticos. Assim, os socialistas e parte dos republicanos rad

xaram o governo, enfraquecendo gradualmente o apoio das bases governistas. A aliança publicanos e socialistas prevaleceu até setembro de 1933 sob a direção de Azaña. No entantdas as instituições e partidos críticos ao governo, quem mais ameaçava a causa republicana ército – particularmente porque, enquanto exercera o cargo de ministro da Guerra, Azaña dem clara a sua posição de reduzir e reformar o efetivo militar. Para consolidar a omocrática, Azaña queria um Exército competente do ponto de vista militar, mas neutro do ponta político. Muitos oficiais reformados criticaram a forma complacente como os republictavam dois problemas que, para a hierarquia militar, era uma questão de honra quase obsessi

gionalismo e a ordem pública.As pressões de direita e esquerda acabaram por gerar tensões cada vez maiores. Nos grantros e no campo, greves e saques a conventos e igrejas eram seguidos de repressão policial, viu para aumentar ainda mais a insatisfação na sociedade civil. Intelectuais que inicialmviam apoiado a república agora optariam cautelosamente pelo silêncio político e pela conforlusão acadêmica, como eram os casos dos filósofos Miguel de Unamuno e José Ortega y Gasuação transformara-se a ponto de a população pedir a substituição do governo de Azaña, aidente do massacre de camponeses de Andaluzia em janeiro de 1933. O levante organizad

arquistas e seu subsequente massacre por forças do governo provocaram uma reação negativ

rte da esquerda e a crítica cínica da direita ao governo de Azaña. Assim, Azaña renuncioembro de 1933. Interinamente, o poder passou às mãos dos radicais, enquanto as eleiçõefiniam o novo chefe de Estado. Por fim, Alejandro Lerroux assumiu o governo num momense econômica mundial que causou desequilíbrios econômicos para a Espanha, tornando difndução das reformas. Greves e atentados políticos causaram o descrédito do governo evembro de 1933, foram dissolvidas as Cortes e convocadas novas eleições. Desta vez, a diora reagrupada na CEDA de Gil Robles – que em setembro havia assistido ao congressrtido Nazista em Nuremberg –, conquistou a maioria das cadeiras. Assim, o resultado fo

unfo de centro-direita: a CEDA (117 cadeiras), o Partido Radical (104 cadeiras) e a extreita carlista e alfonsista (40 cadeiras) conseguiram a maioria.Com a vitória da coalizão de centro-direita, os movimentos grevistas seguiram reproduzindo-neira mais violenta, devido à participação muito mais ativa da UGT, cujo órgão político, o P

contrava-se no Parlamento em minoria engessada e em franca oposição ao governo. Cscente descontentamento popular e as novas determinações da direita pretendendo anul

nquistas sociais da esquerda, a crise política se transformou em rebelião aberta em outub34, instalando nos meios direitistas o medo de um “perigo vermelho”. Gil Robles garantiu pcomando da direita e a articulação com diversos grupos de oposição. Os militares tam

nspiravam, centrando suas discussões na UME (Unión Militar Española), associação de ca

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stia, vitoriosa em 1979. Depois de conquistada a anistia política, as forças de oposição uniratorno da campanha pelas eleições diretas. Em 1985, a eleição indireta do primeiro governo

s fim a mais de 20 anos de regime militar.Todos esses exemplos contribuíram para forjar o conteúdo e a imagem do termo “resistênovimentos que se organizam, em geral, contra invasores (como os alemães invadindo a FrançEUA entrando no Vietnã) ou contra os inimigos da democracia (compreendendo aí não apen

gimes fascistas e ditatoriais, mas também os sistemas jurídicos discriminatórios). Toda luistência se faz, em primeira instância, em defesa da legalidade, da democracia e dos di

manos. Ela é uma forma de luta típica dos momentos de quebra da legalidade. Quem resiste nome de determinados valores que o Ocidente consagrou como universais. Os moviment

istência, por isso mesmo, geralmente congregam diferentes bandeiras ideológicas e divdos políticos. Além disso, o termo “resistência” também está intimamente ligado à ideia de

rrelação de forças adversas; enfrentamento de um inimigo mais forte. Muitas vezes a resistênta por homens e mulheres que se escondem e desenvolvem uma atividade ilegal, clandestinmiclandestina. Esta é não apenas a “mística” da resistência, mas seu próprio conteúdo consttoricamente pelas experiências de resistência vividas pelo homem moderno ao longo do s

X.erências

ENDT, Hanna. La Crise de la Cultura . Paris: Gallimard, 1972.BBIO, Norberto et al. (orgs.). Dicionário de política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986.FER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.CKE, John. “Segundo Tratado sobre o Governo”. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.OREAU, Henry. Desobedecendo: A desobediência civil & outros ensaios. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.

MARIA PAULA NASCIMENTO A

VOLTAS CAMPONESAS NA AMÉRICA LATINA Diversos motins, insurreições, revoltas e revolumponesas varreram o continente americano no século XX. Em comum, as tradições de lutaistência ao longo dos séculos por melhores condições de vida e trabalho, diante do monopólra e da exclusão de numerosos grupos indígenas. A maior parte dos motins e insurreiçõesáter local, mantendo-se isolados e sem articulação com outros movimentos sociais no campo ades. Consideraremos de maneira simplificada que revoltas camponesas se referem aos lev

ntra a ordem institucionalizada e as forças estabelecidas, transformando-se em revoluçõdida em que alteram estruturas tradicionais em suas sociedades. Atentaremos somente

voltas na América Latina hispânica, destacando as que alcançaram repercussão tanto pela aobilização dos camponeses e demais grupos envolvidos quanto pelos esforços despendidos ças de repressão para debelá-las.

O primeiro conjunto de revoltas camponesas se dirige contra as oligarquias regionaisntrolavam amplas parcelas de terras. É no curso da Revolução Mexicana nas décadas de 1920 que se desenrola a maior participação camponesa em revolta social da primeira metadulo XX na América Latina, compondo as tropas das oligarquias dissidentes e dos gdicais” de Pancho Villa (1878-1923), ao norte, e Emiliano Zapata (1879-1919), ao su

mpesinato consegue importantes conquistas pela pressão exercida, cabendo ao último grup

amado Zapatismo – articulado com intelectuais e identificado com populações rurais indígen

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dições comunais que passavam por intensa expropriação –, influenciar os rumos da revoluçãimplementado a reforma agrária em algumas regiões do país. A luta contra oligarquias em o

is países tem duas significativas revoltas no ano de 1932: no Peru, camponeses acompanhurreição da APRA (Aliança Popular Revolucionária Americana) em Trujillo, com o Ex

magando os movimentos; em El Salvador, os camponeses se insurgem contra as “14 famígarquias que controlavam amplas terras do país, com 30 mil mortos numa repressão violentínhecida como La matanza. Entre os mortos, estava o líder camponês Farabundo Martí, que me a um movimento guerrilheiro nas décadas de 1970 e 1980.

Outras revoltas têm como alvos empresas estrangeiras e capitalistas que adquiriram controle andes áreas de terra com a produção voltada para a exportação. Na Colômbia, em 1917-dicatos rurais de orientação anarcossindicalista realizam diversas greves contra a multinacericana United Fruit, conseguindo melhorias salariais. No Peru, a partir da década de 192

upações de terras e protestos contra a cobrança de impostos estatais anunciam uma cresobilização, com seu ponto culminante nas lutas em 1960 contra a empresa Cerro de Pascessão por terras aumenta na Guatemala, após a introdução em larga escala do café e da bananrimento da lavoura de subsistência, levando à expropriação de áreas da United Fruit nos

50-1954. No México, depois da revolução, sob o governo do PRI (Partido Revoluciotitucional), apesar de o maior impedimento à mobilização camponesa provir do sindicacial controlado pelo Estado na Confederación Nacional Campesina (CNC), as ocupações denham força, sobretudo na década de 1970, com os movimentos do Campamento, Tierra y Libupando grandes haciendas  pertencentes a norte-americanos, culminando nos confrontoiapas e Oaxaca em 1976, reivindicando continuidade no Zapatismo.

As vitórias do socialismo pela mobilização de camponeses na China, em 1949, e do Movimvolucionário 26 de julho em Cuba contra Fulgêncio Batista (1901-1973) – mudandoentação democrático-nacionalista de 1959 para o socialismo em 1961 – deram novo impul

as na América Latina. Inspirações não faltariam: desde o maoísmo até o foquismo castevarista, mesclando elementos religiosos e antigas estratégias de mobilização. Diante eaça, alguns governos implementaram programas de reforma agrária para atenuar as tensõ

mpo. Sem julgar seus méritos, muitos dos quais seguindo a revolução verde, como no Chicada de 1960, as medidas tomadas para tentar sanar a insatisfação camponesa não foram benncedidas pelo Estado, mas fruto de sucessivos levantes e estratégias de luta das comunidaganizações camponesas. Na Bolívia, os grandes proprietários do Vale de Cochabamba fpulsos antes do decreto de reforma agrária de 1952, que somente serviu para reconhecer

uação de facto. Nos governos militares nacionalistas no Peru, a reforma agrária de 1968 tenter as ocupações de terra e a mobilização do Vale de la Convención, além da ação de gerrilheiros como a Frente de Izquierda Revolucionária, em Cuzco, sufocada em 1965.

A radicalização das esquerdas por demandas sociais, associada a conspirações internas e extdireita, com apoio da CIA, mergulhou a América Latina numa sucessão de golpes e de regoritários nas décadas de 1960 e 1970. Frente à “ameaça vermelha”, a repressão dos divvernos latino-americanos aos movimentos “subversivos” no campo redefiniu as formaobilização: por um lado, a Igreja Católica aproximou-se dos sindicatos rurais, abandonsturas conservadoras com a difusão da Teologia da Libertação na década de 1970; por outro

versos grupos consideravam o camponês como o “verdadeiro” portador da identidade naci

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te seria, nos termos guevaristas, o principal elemento para a emergência de um “Novo Homnstrutor de uma “Nova Sociedade” socialista e libertada do imperialismo, principalmenrte-americano. Assim, sob a influência do maoísmo e do foquismo, difunde-se a guerrilhntinente como tentativa de articular as bases camponesas.A participação de camponeses em movimentos guerrilheiros ocorreu na Nicarágua com a Fndinista de Libertação Nacional (FSLN), criada em 1961, cujos integrantes eram chamadndinistas. Este grupo ascendeu ao poder na década de 1970, buscando continuidade na figugusto César Sandino (1895-1934), líder de esquerda que lutou pela libertação nacional dian

perialismo norte-americano desde a invasão da Nicarágua em 1926. A libertação nacionressão econômica do domínio estrangeiro era a principal bandeira de Sandino, que chegmper com a Komintern nas décadas de 1920 e 1930. Após a vitória eleitoral no biênio 1984-sandinistas envolveram-se num conflito indireto com os EUA, que apoiavam os Contras, gue

mada de direita recebedora de apoio logístico e militar da CIA. O Movimento de Libercional Tupac Amaru foi criado em 1963 no Peru, inspirado na figura homônima do líder in

ma revolta emancipacionista do século XVIII, remetendo-se a tradições recompostas no norama de lutas. Em 1980, o grupo Sendero Luminoso, guerrilha de tendência maoísta, t

nalizar as insatisfações camponesas, à medida que os militares suprimiram o poder de açãpamaros na década anterior. Assim, nos anos 1980, os socialistas tupamaros juntaramerrilha do Sendero Luminoso, que perdeu com isso o caráter distrital do levante de Ayacucpalhou-se em diversos focos pelos campos peruanos à medida que o país mergulhava numa onômica (em 1989, a inflação chegou a 3.000%). Muitos de seus membros passaram oteção aos barões da coca, em troca de apoio contra as autoridades governamentais.Apesar desse vínculo, os tupamaros e os senderistas perderam muito de sua força diantemática ação repressiva do governo de Alberto Fujimori (*1938) durante toda a década de nsformando atos como a prisão de lideranças rebeldes em verdadeiros espetáculos para a m

ados para aumentar a popularidade do governo. Desde que fora eleito em 1990, Fujimpedido na presidência em 2001 – concedera amplos poderes às Forças Armadas no combarorismo das guerrilhas, associando isso ao combate do narcotráfico. Ironicamente, a part99, surgiriam denúncias sobre membros da cúpula das Forças Armadas e assessoreesidente, acusados de envolvimento e participação naquilo que combatiam. Mas o obscurantislinhas e relações entre revoltas camponesas, governos e narcotráfico não são exclusividadru.

Em países de economias frágeis e de graves problemas sociais, como a Colômbia a par

cada de 1960, observa-se o desenrolar da ação do ELN (Exército de Libertação Nacional)ARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas), junto a outros grupos guerrilheirosputavam entre si a hegemonia no campesinato, com indícios de que suas lideranças relacionacom o narcotráfico da mesma forma que muitos integrantes da estrutura do Estado. Nas dé

guintes, a guerra civil se intensificou na Colômbia, com as FARC e o ELN lutando conército e as milícias paramilitares de direita. Tal situação recebeu um novo elemento depois q

UA liberaram, em julho de 2000, US$1,3 bilhão, acompanhados de “cooperação militar” pverno colombiano usar no combate ao narcotráfico. O chamado Plano Colômbia podendido como uma séria ameaça não só à soberania da Colômbia, mas de todos os país

gião, cujas instituições políticas e econômicas tornaram-se reféns do narcotráfico e poss

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ndidatos a outras medidas de intervenção menos veladas por parte do governo norte-ameriém disso, a estratégia das pulverizações e fumigações contra as plantações de coca teostrado nociva ao campesinato, na medida em que não distingue a lavoura legal da ilegal.Na década de 1990, os protestos de camponeses indígenas em toda a América Latina ensificados, responsabilizando-se os problemas econômicos advindos do choque neoliovocado pelo receituário financeiro do BIRD e do FMI, com um programa ofensivo aos dimunais sobre a terra. No Chile, ocorreu o bloqueio de estradas pelos mapuches; no Equadmponeses realizaram ocupações de prédios públicos. No México, o Zapatismo tem sua ident

onstituída no levante armado do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) em neiro de 1994, data da implementação do NAFTA, sigla em inglês do Acordo de Livre-Com

América do Norte, mobilizando o empobrecido e marginalizado campesinato indígena do EChiapas. No final da década, o EZLN se transformou num movimento político identificado c

querda pós-comunista, sendo aclamado numa marcha triunfal até a Cidade do México em mar01. A emergência desses movimentos no Chile, no Equador e no México demonstra quoblemas da terra e dos camponeses indígenas no continente estão longe de terem recebidtamento adequado. O campesinato na América Latina ingressa no século XXI ainda reivindic

umprimento de velhas aspirações, sem indicativos de que esta luta cessará brevemente.erências

NDSBERGER, Henry (ed.). Latin American Peasant Movements. Cornell University Press, 1972.HARES, Maria Yedda; SILVA, Francisco Carlos Teixeira Da. Terra prometida. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998.

PES, Luiz Roberto. História da América Latina. 4o ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.URAINE, Alain. Palavra e sangue: política e sociedade na América Latina . São Paulo: UNICAMP, 1989.

MARCUS DEZ

VOLUÇÃO CHINESA No começo do século XX, a Dinastia Qing (1644-1911) – a última do Iminês – estava sacudida por crises internas e externas. Nesse período, os camponese

obilizavam contra a opressão dos monopolizadores de terra – funcionários imperiais chiandarins) e estrangeiros – a partir de Sociedades Secretas que pregavam o igualitarismo, lhor distribuição e o fim do imperialismo. No entanto, neste momento, as revoltas não tiveram

oporção geral, ocorrendo mais ao nível local e, no máximo, regional. Tal circunstância erande parte efeito do isolamento do campesinato chinês em suas aldeias e do controle diretras-tenentes sobre eles. Marcadas por esse isolamento, as revoltas camponesas da segunda mséculo XIX – Revolta dos Taiping (1845-1864) no sul, Revolta dos Nian (1853-1868) no nor

eliões muçulmanas em Yunan (1853-1873) no sudoeste, em Shaanxi e Gansu (1863-1873roeste – tiveram a novidade de terem tomado uma feição anticolonialista e, aos popublicana. Além do peso das potências imperialistas em sua economia, a população chinesa e de suportar duas guerras interimperiais – Guerras Franco-Chinesa (1884-1894) e Sino-Jap

894-1895) – ao final do século XIX. A conveniente submissão da dinastia reinante apmentou um longo processo de descontentamento que explodiu com a Revolta dos Boxers eos depois, com a Revolução Republicana de 1911. A vitória dos republicanos se deveu em dida às atividades insurrecionais de Sun Yat-Sen (Sun Yixian, 1866-1925) e da Al

volucionária (Tongmeng Hui), que estava sob sua liderança.

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un Yat-Sen foi eleito in absentia o presidente interino da República da China em 1911, masviu obrigado a passar a posse para Yuan Shikai (1859-1916), o comandante do Novo Experial, pois Sun não tinha o apoio das Forças Armadas. Yuan Shikai tomou posse da presidês prometeu realizar eleições. Em 1912, os chineses tiveram sua primeira eleição parlamentomintang (Guomindang ou Partido Nacionalista) organizado por Song Jiaoren (1882-1

guidor de Sun Yat-Sen, venceu as eleições, conquistando a maioria absoluta das cadeiras, oria a Song a pasta de primeiro-ministro, caso fosse respeitada a Constituição Provisória de an Shikai recusou-se a aceitar o resultado, assassinou Song Jiaoren, ordenou a dissoluçã

omindang e a expulsão de seus membros do Parlamento. O governo de Yuan Shikai receboio das potências imperialistas, que pressionaram Yuan a ampliar seus direitos comerciaiso, os críticos do governo de Yuan Shikai reclamavam da sua submissão aos invaperialistas e da sua insistência em adotar o confucionismo como religião do Estado. Yuan Stou restaurar o sistema imperial e se coroou imperador no início de 1916. No entanto, morre

de junho de 1916, deixando o poder nas mãos dos militares. Deste modo, iniciou-se o regimnhores da Guerra (1916-1927).

Em 1919, eclodiu o movimento Quatro de Maio, quando os alunos universitários de B

otestaram contra o Tratado de Versalhes, pois transferia para o Japão os privilégios da AlemShandong. O movimento não se limitou aos protestos contra o domínio do imperialnsformando-se no Movimento da Nova Cultura, que criticava o sistema político chinês ncípios ideológicos confucionistas – considerados por eles como inimigos dos tempos modeativistas reivindicaram a “ciência” e a “democracia” como meios para vencer a tradiç

novar a cultura chinesa. Em 1921, a ala mais radical do Quatro de Maio – liderada por Chen D879-1942) e Li Dazhao (1889-1927) – iria fundar o Partido Comunista Chinês (PCCh), conm o apoio de agentes do Komintern enviados por Lenin (1870-1924). Mao Zedong (1893-1e atuou em várias manifestações estudantis contra os japoneses e os Senhores da Gu

rticipou do I Congresso do PCCh em junho de 1921.Neste momento, o governo bolchevique pregava a revolução mundial, daí seu interess

essorar o PCCh na promoção de uma potencial revolução chinesa. Em 1923, sob os efnciliatórios da NEP, a recém-constituída URSS advogaria a tática da Frente Unida conterferências imperialistas na China, visando fortalecer o governo chinês particularmente conões japonesas na Manchúria – área de interesse estratégico soviético. Assim, foi feita a alre o PCCh e o Guomindang. Em âmbito interno chinês, Sun Yat-Sen definira as “três polítiança com a URSS, aliança com o PCCh e apoio aos movimentos operário-camponeses. D

odo, com a ajuda do Komintern, reorganizou o Guomindang em 1924 de acordo com os princcentralismo democrático. Aos comunistas foi permitido ingressar no Guomindang sem renuna filiação ao PCCh. Assim, apoiada pelos soviéticos, a aliança organizou a Expedição ao N926-1928), comandada por Chiang Kai-Shek (Jiang Jieshi, 1887-1975), que teria muitos sucluta pela unificação nacional. Porém, a ala conservadora do Guomindang, liderada por Ci-Shek, procurou conter o avanço da mobilização popular.

Em 1927, Chiang Kai-Shek ordenou o massacre das lideranças sindicais ligadas ao Pamunista Chinês e o fechamento de quaisquer organizações populares, num episódio conhmo o “massacre de Xangai”. A partir deste incidente, a repressão do Guomindang aos comun

acirrou cada vez mais. Em outubro de 1927, Chiang Kai-Shek fundou um governo nacionalis

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ravés da sua vanguarda: o Partido Comunista). Por isso, a Revolução Chinesa seria uma parvolução mundial proletária, iniciada pela Revolução Russa (1917).O fim da guerra contra os japoneses evidenciou um aumento de desconfiança e hostilidade enCh e o Guomindang. Em 1946, Chiang Kai-Shek iniciou o seu ataque aos comunistas, mascassou em todas as suas tentativas para aniquilar as forças do PCCh. A partir de 1947, o poGuomindang já se encontrava amplamente desgastado. Em 1949, as forças do Guomindang s

rrotadas e Chiang Kai-Shek fugiria para Taiwan, implantando o seu governo na ilha. Assim, dmais de duas décadas de luta armada, em 1o de outubro de 1949, Mao Zedong declarou em B

fundação da República Popular da China. O novo regime definia-se como uma ditmocrática popular na qual a aliança das classes revolucionárias – operários, camponeses, peqrguesia e burguesia nacional –, lideradas pelo PCCh, exerceria a ditadura  sobre as clcionárias, ou seja, as forças remanescentes do Guomindang, os grandes proprietários de teaisquer opositores à revolução. Essa ditadura sobre os opositores ao regime mostrou sualenta nas campanhas de massa organizadas tanto no campo quanto na cidade, cujo propósit

e a população chinesa ajudasse a eliminar – na forma de expurgos ou execuções – os grras-tenentes, os remanescentes do Guomindang, norte-americanos que residissem no país (a

re China e EUA foi agravada devido ao apoio norte-americano aos sul-coreanos na Guerreia) e os grandes burgueses que fossem acusados de corrupção ou exploração dos ncionários. Também era objetivo de Mao Zedong realizar uma transição gradual para o comuninicialmente, a República Popular Chinesa adotou o modelo soviético de desenvolvimento, emEstado controlava a produção industrial mediante um plano quinquenal, investindo assimdústrias pesadas que seriam supridas pela exploração de recursos agrícolas. Ao mesmo temorma agrária avançou pela China, redistribuindo a terra aos camponeses pobres – embomponeses ricos conservassem suas terras – e eliminando o poder dos grandes senhores de mo classe socioeconômica dominante. O Exército Vermelho (rebatizado na década de 1940

ército de Libertação Popular) foi reformado com a ajuda soviética. Nas cidades, o PCCh cona base de apoio por meio de campanhas de massa em prol do comunismo, do ensincabulário político comunista e do controle dos sindicatos. Em meados da década de 195itos do modelo soviético de desenvolvimento para a China eram visíveis: uma inrocratização do partido e do Estado, diminuição do fervor ideológico pela ênfase dapecialização técnica e gerencial divorciada das massas e o esgotamento dos escassos recrícolas que financiavam as indústrias pesadas.Os efeitos da receita stalinista de modernização começaram a ser objeto de crítica dentr

óprio Partido Comunista Chinês. No entanto, Mao Zedong interpretará isso como uma falocesso de produção, que só poderia ser sanada com a aceleração do processo de coletivizaçras no campo, iniciada ao final do primeiro plano quinquenal chinês (1953-1958), sospícios daquilo que ficou conhecido como o Grande Salto para Frente (1958-1960). Defende a transição do socialismo para o comunismo deveria vir acompanhada pelo aumento da prodrícola, mesmo que isso significasse o uso da força, tal como fizera Stalin (1879-1953) cpulação camponesa soviética. No entanto, dois anos antes do fim do primeiro plano quinqnês, a atitude de Mao Zedong havia sido de combate à burocratização do PCCh. Para tanto,dong conclamou os intelectuais a expressarem suas críticas ao PCCh na Campanha das

ores, transcorrida entre maio de 1956 e julho de 1957. Entretanto, as críticas à imagem de S

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

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910-1926) –, Salazar sabia da importância do catolicismo no imaginário político português eo, manteve um forte vínculo com a Igreja Católica. Ele mesmo havia sido um dos mais importpoentes de um pensamento católico opositor ao liberalismo laicizante da I República. Assia de uma “nação católica” esteve sempre presente na propaganda do regime e em sua estr

colar. O regime procurou a própria exaltação legitimadora no resgate de um “passado” absolcorporativo de grande potência colonial. Desta forma, o modelo de um Estado foorporativo” era visto como constitutivo da “verdadeira” tradição histórica portuguesa. O ter

da cadeia legitimadora do regime adveio da manutenção no presente da glória do passad

a, o sistema colonial. Afirmando peremptoriamente sua vocação histórica portuguesa pramar, nada mais normal para o regime de Salazar do que conservar as suas colônias e balquer pretensão emancipacionista. Por esse motivo, o regime foi muito renitente em aceitarda negociada para as colônias, o que abriu a perspectiva das lutas armadas na década de 19e corroeria o regime em âmbito externo e interno. O declínio do salazarismo ocorreu na mdida em que seus pilares de sustentação se desintegraram.

A Igreja Católica, por intermédio de lideranças progressistas, assumiu uma postura críticaosição ao regime. Um de seus mais importantes expoentes, o Bispo do Porto D. António Fe

mes, foi mandado para o exílio em 1959 por ter criticado, em carta dirigida a Salazar, o regimtado Novo. Portanto, se de um lado havia setores da Igreja solidários ao regime, capitaneadosdeal patriarca de Lisboa D. Manuel Gonçalves Cerejeira, havia também aqueles católicoe se afastavam. Por sua vez, o passado “corporativo” esvaía-se frente às necessidades do preos poucos deixava de figurar nos livros didáticos ou nos discursos dos dirigentes políticos. Ppresariado, o papel policiesco do Estado Novo era útil para enquadrar  as reivindicações sos não para intermediar os seus negócios. Assim, já em março 1947, por meio do decreto-173, o governo retirava-se da participação nos acordos coletivos de trabalho, jogandbalhadores à própria sorte nas negociações com as classes patronais. Por último, a intransig

vernamental frente às guerras do ultramar fez com que a solução para a independência das coldesse a partir da derrocada do próprio regime: na década de 1960 e no início dos anos ando a opinião pública internacional conferiu gradativo apoio às lutas pela independicana, os gastos militares do regime salazarista para a manutenção do domínio colonial iores que as vantagens obtidas com a sua exploração. Não por acaso, o segmento que provo

rrocada do regime foi exatamente aquele no qual se amparava: as Forças Armadas em geraército em particular. Um grupo de militares do Exército, em sua maioria de média papitães), organizado no MFA (Movimento das Forças Armadas), daria um golpe de Estado e

abril de 1974, pondo fim a uma das mais longas ditaduras do Ocidente e criando as bases pplementação de um processo de consolidação democrática em Portugal e descolonização da Ártuguesa.

erências

EXANDRE, Valentim. “O Império Colonial”. In: PINTO, António Costa. [Coordenador] . Portugal contemporâneo. Madri: S000. p. 39-60.UZ, Manuel Braga da. O partido e o Estado no salazarismo. Lisboa: Presença, 1988.TRIARCA, Fátima. A questão social no salazarismo, 1930-1947 . Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1995. 2 vols.TO, António Costa. O salazarismo e o fascismo europeu: problemas de interpretação nas ciências sociais. Lisboa: E992.

FRANCISCO CARLOS  MAR

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O  FRANCISCO,  CONFERÊNCIAS DE  Nesta cidade, situada na Califórnia, foi feita uma imponferência entre os dias 15 de abril e 26 de junho de 1945. Dela participaram 51 naçõeinaram a Carta das Nações Unidas, criando a Organização das Nações Unidas (ONU), que, n00, possuía 192 Estados-Membros. O perfil da carta foi sendo conformado ao longo da Segerra Mundial (1939-1945) por diversos outros encontros de chefes de Estado. Por isso, poer que deita raízes: (1) na Carta do Atlântico, assinada em 1941 por Franklin Roosevelt (45), presidente dos EUA, e Winston Churchill (1874-1965), primeiro-ministro da Grã-Bretna Declaração das Nações Unidas, concluída em Washington em 1942 pelos representantes

ses em guerra contra o Eixo; (3) na Declaração de Moscou de 1943, formulada resentantes da URSS, dos EUA e da Grã-Bretanha; (4) na Conferência de Dumbarton Oaks (E1944, realizada em duas fases em que, na primeira, participaram representantes da URSS

UA e da Grã-Bretanha e, na segunda, a delegação soviética foi substituída pela da China, porRSS ainda não havia declarado guerra ao Japão. Na Conferência de São Francisco, foi rejeitmissão da Espanha na ONU, porque seu governo era fascista.Em 8 de setembro de 1951, ocorreu outra conferência em São Francisco, sendo assinado p

ses um tratado de paz com o Japão, mas não pelas delegações da China e da URSS. F

cidido que o governo japonês reconhecia a independência da Coreia e renunciava a eveneitos sobre as Ilhas Curilas, a Sacalina meridional e Formosa (Taiwan); admitia que suas anônias no Oceano Pacífico ficassem sob tutela norte-americana; aceitava a permanência das Flitares dos EUA que ocupavam o país e se comprometia a não admitir o aquartelamento de opas estrangeiras em seu território sem a permissão de Washington. Em pleno contexto da Ga – em que a vitória do Partido Comunista na China e a Guerra da Coreia (1950-1953) revelxpansão comunista na Ásia Oriental –, as condições impostas ao Japão centravam-se claram

s necessidades estratégias de segurança dos EUA no Pacífico, daí a rejeição da China e da Uassinar termos tão parciais presentes no tratado.

erências

LLO, Rubens Ferreira de. Textos de direito internacional e de história diplomática de 1815 a 1949. Rio de Janeiro: 1950URRE, Michel. 25 ans d’Histoire Universelle, 1945-1970. Paris: Éditions Universitaires, 1971.

R UBIM SANTOS  LEÃO DE A

(STURMABTEILUNG)  Depois de uma série de tumultos, no dia 4 de novembro de 1921, H889-1945) conferiu ao serviço de guardiães próprios do NSDAP (Nationalsozialistische Deubeiterpartei – Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães), até então chamadpartamento de Ginástica e Esportes, o nome de Sturmabteilung   (divisão de ataque), abremo SA. Organizada militarmente, uniformizada e, em parte, ilegalmente armada, estabeleaço paramilitar do NSDAP. A sua participação na ascensão de Hitler ao poder não podbestimada. Do serviço de guardiã e comando de explosivos, ela se tornou rapidamentempanhia de propaganda e, por fim, uma tropa do partido que levou a situação política interpública de Weimar (1919-1925) à beira de uma guerra civil. Em 1933, durante a “tomadder” pelos nazistas, passou a atuar como força da ordem. Antes de 1923, a SA estava rigidamada à política do bayerische Reichswehrführung  (comando bávaro de defesa do Reich), que

mo objetivo fortalecer formações de defesa antidemocráticas e de extrema-direita. Os prim

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0 homens da SA apareciam até 1923 de capacetes de aço e peças de uniformes originárimeira Guerra Mundial (1914-1918). Os membros dessa SA inicial – quase exclusivamente jore 17 e 24 anos, de origem pequeno-burguesa – eram na maioria veteranos de guerra. Na tengolpe de Hitler em 9 de novembro de 1923, participaram supostamente 1.500 homens daós o fim patético de tal empreitada, tanto o NSDAP quanto a SA foram proibidos. A organizfragmentou e seus líderes e comandos supremos – entre outros na Áustria – passaram a dispua direção. Na Alemanha, Ernst Röhm (1887-1934) tentou juntar os membros da SA sganização da Frontbann (frente do exílio).

Até 1923, a Frontbann estava particularmente restrita a Munique e seus arredores, mas se espidamente por toda a região do Reich. Assim, por volta de 1924, supõe-se que aproximadammil homens já fizessem parte dela. No início de 1925, quando Hitler saiu da prisão, efetuou

va fundação tanto do NSDAP quanto da SA. Ao contrário do período até 1923, Hitler imagora uma tropa diretamente ligada ao partido e que se mantivesse o mais longe possível da poramilitar de círculos reacionários. Röhm, por outro lado, tencionava ampliar sua Frontbann

ma formação militar de defesa com expansão partidária que teria somente laços soltos cDAP. No conflito inevitável, Hitler levou a melhor e Röhm renunciou ao comando da Front

tler nomeou Franz Pfeffer von Salomon (1888-1968), líder da SA, sob cuja direção ela tomas homogêneas de organização. Muitas das unidades quase independentes da SA fruturadas hierarquicamente em pequenas unidades especiais. No topo, aparecia a Oberstehrung  (OSAF – liderança superior), com sede em Munique. Os líderes da SA eram formalm

bordinados aos funcionários do partido, porém a relação com a organização era um foco consconflitos.

Até 1929, o número de membros da SA era de 30 mil homens, iniciando um crescimento cons60 mil (início de 1930) para 120 mil, em abril de 1931, e chegou a 200 mil na virada para é meados de 1932, a organização alcançou cerca de 425.395 membros. Finalmente, na toma

der por Hitler em 30 de janeiro de 1933, cerca de 600 mil “camisas pardas” estavam à disposntrariando os planos de Hitler, a SA sob Pfeffer atuava de modo muito independente, oultou em conflitos com a organização do partido, principalmente na Alemanha Oriental. D30, Hitler havia decidido demitir Pfeffer e assumiu pessoalmente o cargo de líder maior dmo seu chefe de Estado-Maior (e líder de fato da SA), Hitler empossou Ernst Röhm, qcontrava na Bolívia. Röhm retomou imediatamente sua velha política de militarização da SAu comando, ela assumiu uma estrutura final de organização equivalente à organização do Exévendo formações especiais abrangentes, entre outras, unidades de marinha, cavalaria, informa

nguarda e serviços de saúde. Além das tarefas habituais da AS, como propaganda, proteçditórios e aterrorização dos adversários políticos, juntou-se progressivamente a preparaçãolitar, também em cooperação com órgãos de Estado, e a defesa do Reich. Neste momenioria dos membros da SA tinha menos de 25 anos de idade, sendo de todas as classes soquanto as classes sociais superiores dominavam as posições de liderança, a grande masmbros se formava de pessoas advindas das classes trabalhista e média.

Apesar de toda sua independência do partido, a SA não desenvolveu nenhuma ideologia prentanto, nas escritas programáticas para o “espírito da SA”, compunham-se cenários militar

cionalistas e antissemitas. As assim chamadas virtudes soldadescas, como camaradag

posição ao sacrifício até a morte, eram a essência dessa ideologia. Com extrema brutalida

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A tentou conquistar o domínio de espaços públicos ( Kampf um die Strasse – lutar pelas ruasas bases, geralmente situadas em bares e estabelecimentos comerciais, a SA implemolentamente uma hegemonia sobre o espaço público. Ela iniciou uma série de violências, a qusma deu fim em 1933, como autoridade de ordem do novo Estado. A quantidade de pessoa

orreram até 1933 em decorrência das transgressões da SA é desconhecida. Após a nomeaçãtler como chanceler do Reich, no dia 30 de janeiro de 1933, a SA passou a atuar como exévolucionário, raptando e maltratando adversários políticos e judeus. Além disso, a SA con

ma série de prisões e campos de concentração próprios, como, por exemplo, o primeiro de tod

mpos de concentração em Oranienburg, perto de Berlim. Em fevereiro, juntamente coapacetes de aço”, a SA foi transformada em polícia auxiliar, o que deu ao seu terror uma conolicial legal. Ao mesmo tempo, a SA teve uma participação importante nas ações do novo gorante o boicote às lojas de judeus, no dia 1o de abril, e nas ações de prisão e ocupação de prr ocasião da quebra dos sindicatos, no dia 2 de maio. Muitos líderes da SA conquistaram no i1933 postos de burgomestres ou presidentes de polícia.

No verão e outono de 1933, os “capacetes de aço” e outras organizações militares de extreita foram incorporados à SA, de modo que o número de membros cresceu até a virada do

egando a 4,5 milhões. Para findar o terror “selvagem” praticado pela SA, Hitler anunciou em 1933 o “final da revolução”. No entanto, muitos homens e líderes da SA reivindicavamegunda revolução”, que deveria trazer mudanças sociais. As antigas tarefas da SA (proteçditórios, propaganda e terror) foram cessando consideravelmente. Ela estava ameaçada de pmbém sua posição de reserva de pessoal para o Exército regular com o programa nazismamento ilegal. Os planos de Röhm de tornar a SA o núcleo de uma tropa de milícia encontrarsaprovação de Hitler e da liderança da defesa do Reich. Esse conflito agravou-se no dia 3nho de 1934: a liderança do partido afirmou que Röhm e a liderança da SA teriam planejadlpe de Estado e, por isso, mandou que a SS destituísse o topo da chefia da SA e assassinasse

50 líderes, incluindo o próprio Röhm. Após o  Röhm Putsch, a situação acalmou-se na SAssoal foi reduzido para 1,5 milhão de membros (1935), sendo desarmada e subordinada ao paSS e a HJ ( Hitlerjugend   – Juventude Hitlerista), que até 1934 eram subordinadas à Onaram-se independentes. Sob um novo Estado-Maior, composto por Viktor Lutze (1890-19lhelm Schepmann (1894-1970), a SA passou a se concentrar totalmente na pré e pós-edulitar de seus membros e na “preparação militar” da população, praticamente se anulando do pvista político.

Durante a “anexação” da Áustria em 1938, a SA foi usada como tropa de ocupação e, por oc

 pogrom  antissemita de 1938 (“Noite dos Cristais”), reconquistou mais uma vez sua aportância terrorista. A sua reduzida influência política foi substituída por um novo signifcial, sendo considerada pela população alemã a organização política mais inofensiva do III Rsim, ela contribuiu muito para a aceitação do regime pela população. Na guerra, 60% das eq

80% dos líderes foram recrutados pelo Exército de campanha. Ao contrário da SS, não fadas unidades de campanha próprias da SA que, como organização, assumiu apenas os serxiliares na “linha de combate nacional”: desde a guarda de transportes de prisioneiristência às tropas até tarefas policiais. Próximo ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1

SA apresentava a reserva de pessoal do Volkssturm (ataque do povo), unidades paramilitar

ciãos e crianças com as quais deveria ser detido o avanço dos Aliados. Depois de ter

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oibida na Alemanha com a vitória dos Aliados, a SA foi absolvida da acusação de organiminosa durante o julgamento de Nurenberg, visto que sua atividade antes de 1934 não se oriecondução de uma guerra ofensiva e, como organização, não teria cometido nenhum crim

erra. Segundo os termos do julgamento, ela não tivera nenhuma atuação de importância após 1

erências

SSEL, Richard. Political Violence and the Rise of Nazism: The Storm Troopers in Eastern Germany 1925–1934 . New Hondres: Yale University Press, 1984.CHER, Conan J. Stormtroopers: A Social, Economic and Ideological Analysis 1929–1935. Londres: Allen & Unwin, 198

NGERICH, Peter. Die braunen Bataillone: Geschichte der SA. Munique: Beck, 1989.RKL, Peter. The Making of a Storm Trooper . Princeton: Princeton University Press, 1980.

MARTIN SCH

GUNDA  GUERRA  MUNDIAL  Ofensiva do Eixo (1939-1941) Resultado das tensões econômiopolíticas herdadas da Grande Guerra – acentuadas pelos efeitos da crise de 1929 –, as orediatas do conflito encontram-se diretamente relacionadas com os rumos do expansionzista, principalmente a partir dos resultados do Pacto Germano-Soviético (agosto de 1939), o

ssibilitou às forças de Hitler reunir plenas condições de atuar no front ocidental sem maeocupações com o flanco oriental. Neste sentido, no dia 1o  de setembro de 1939, sem pclaração de guerra, a Wehrmacht invadiu a Polônia, potencializando os pressupostos da Blitzkque causou uma onda de destruição e terror em várias cidades polonesas. Dois dias mais tmo resultado de compromissos firmados anteriormente, Inglaterra e França declararam gueemanha, sem, entretanto, materializar alguma ajuda efetiva capaz de impedir a total supremlitar das forças nazistas. Em 17 de setembro, em consonância com a cláusula secreta do rmano-Soviético, o Exército Vermelho invadiu o território polonês a leste do Rio Vístula, se

destino do país.

nstalava-se na fronteira franco-alemã o que se convencionou chamar de drôle de guerre  (granha), caracterizada pela ausência de confrontos entre as forças anglo-francesas estacionad

ngo da Linha Maginot e os contingentes da Wehrmacht, situação esta que se estenderia porses. Adotava-se a política do adiamento. Na Inglaterra, acreditava-se que Hitler poderi

rrubado internamente, uma vez que a ação contra a Polônia não entusiasmara a população alemança franco-britânica decretou um bloqueio econômico à Alemanha, impedindo o acesstérias-primas vitais. Entretanto, os soviéticos, em troca de material bélico, abasteceramães com petróleo e alimentos, frustrando os planos aliados. A inoperância militar aliad

ndamental para que os alemães conseguissem transferir as tropas localizadas na Polônia pnte ocidental, favorecendo suas futuras ofensivas militares.Em novembro, entretanto, em meio ao impasse do front ocidental, as forças soviéticas atacarnlândia, cuja obstinada resistência levou o Exército Vermelho a inconvenientes revezes miles de efetivar a vitória final. Em abril de 1940, as tropas alemãs invadiram a Dinamarcruega, as quais caíram sob o domínio do III Reich, possibilitando a Hitler o controle dos recurais da região, além da arregimentação de uma excelente posição estratégica diante de um fbate com a Inglaterra. Finalmente, em 10 de maio, o Führer ordenou um ataque decisivo nodental, utilizando basicamente as diretrizes apresentadas pelo General Manstein, as

econizavam um ataque relâmpago ao território francês através da Holanda, da Bélgica

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xemburgo. Diante da irrefreável capacidade operacional da Blitzkrieg nazista, a qual Museriu de forma oportunista em 10 de junho, os franceses foram perdendo uma a uma suas posiçõParalelamente, contingentes britânicos no país foram cercados pelas forças alemãs no pornquerque. Estes seriam em grande parte socorridos por um bem-sucedido programa de re

pitaneado por Winston Churchill, o qual assumira o poder alguns dias antes, vindo a se tmbolo da última resistência liberal em luta aberta contra os nazistas após a débacle  franmonstrando o evidente espírito de revanche que permeava as operações militares do III Rtler fez questão de assinar o armistício com os franceses em um vagão de trem no bosqu

mpiègne, exatamente no mesmo vagão em que os alemães assinaram a derrota na Primeira Gundial. No dia 22 de junho, foi estabelecida a divisão do país em duas zonas administrativrte do território passou a ser controlado diretamente pelos alemães, enquanto o sul, a denomona livre”, ficou a cargo do Marechal Petáin, governando em colaboração com a ordem imos nazistas. Um pouco antes, o dia 14 de junho, Alfred Rosemberg, um dos mais imporólogos do nazismo, pronunciara no Palais-Bourbon um discurso no qual proclamava a que

ança como um feito muito mais importante do que uma vitória militar, uma vez que representm da Revolução Francesa”.

Paralelamente, em Londres, em oposição ao comportamento colaboracionista, o General De Gçou um apelo em nome da resistência, fundando a organização das Forças Livres Francesas. Nomento, sem condições de encaminhar um acordo de paz em separado com o governo inglês, Hslanchou um maciço ataque aéreo sobre o país, o qual possibilitaria a operacionalização degantesca ação de desembarque. Seus planos, entretanto, viram-se frustrados não só em funçstinação dos órgãos governamentais e da sociedade civil, mas também em decorrênciaursos tecnológicos desenvolvidos no período entreguerras, notadamente os sistema

codificação de sinais e o radar, ambos decisivos para o esforço de guerra inglês, e, em grrte, responsáveis pela vitória naquela que ficaria conhecida como Batalha da Inglaterra.

Apesar do revés, as forças nazistas ainda estavam bem longe de apresentar qualquer sinsgaste. Enquanto Mussolini invadiu a Grécia (outubro de 1940), Hitler consolidara uma reados-satélites na Europa Central – Hungria, Romênia, Eslováquia e Bulgária – antes de empena invasão da Iugoslávia, a qual abriu caminho para garantir o auxílio às forças italianaritório grego. Tais investidas na zona mediterrânea preocuparam os Aliados, uma vezderiam abrir ao Eixo as reservas petrolíferas do Oriente Médio, dando início a uma sérbates no norte da África.

A contenção do Eixo (1941-1943):  Em 22 de junho de 1941, Hitler rompeu unilateralme

ordo firmado menos de dois anos antes com Stalin, invadindo a União Soviética, última geração nazista sob os moldes, até então vitoriosos, da Blitzkrieg. Avançando sobre terrviético, aproveitando a fragilidade do Exército Vermelho, muitos camponeses chegcialmente a encarar as forças nazistas como libertadoras do jugo de Moscou, embora rcebessem que os alemães os encaravam como uma raça inferior. Enquanto os prisioneirerra eram submetidos a privações e horrores sem precedentes, em relação aos contingdaicos, ficou bem evidente que a campanha militar havia se transformado também emmpanha de extermínio.No campo de batalha, os limites da Blitzkrieg começaram a ser alcançados pelas linhas defen

viéticas, as quais contaram com o rigor do inverno precoce, golpe crucial para uma máquin

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erra incapaz de manter os mesmos resultados diante de uma guerra de posições convencionaal de 1941, mesmo com o impasse no front soviético, os nazistas mantinham o domínio sobrartos da Europa – do Volga aos Pirineus –, controlando rigidamente a economia e as socies países ocupados. Remontam a este período as bases da experiência concentracionária que minho para o extermínio em massa perpetrado, principalmente, a partir das diretrizes definidnferência de Wansee (janeiro de 1942), definindo os termos da “solução final” dos judeuropa.

Por outro lado, ainda em dezembro de 1941, o desenrolar da guerra no Pacífico representaria

va realidade para o curso do conflito. Desde o início do ano, quando o governo nipônico firm pacto de neutralidade com a URSS, suas perspectivas voltaram-se essencialmente para o cons principais redes de suprimento da Ásia. Tal estratégia, entretanto, direcionava os interoneses para uma inevitável rota de colisão com os EUA, que, embora neutros militarmente

condiam o apoio material aos países aliados. Em dezembro de 1941, o plano idealizadoneral Tojo – ataque à frota americana estacionada em Pearl Harbor – reordenando o jogças no Pacífico em favor dos japoneses, precipitou a entrada dos EUA no conflito.

Com o impacto tecnológico-militar resultante desta nova realidade, já em meados de 194

itos da virada da maré em favor dos Aliados começaram a apresentar resultados concretos cória das forças aeronavais dos EUA sobre os japoneses (Mar de Coral, Midway, Guadalcamultaneamente, os britânicos derrotaram os contingentes nazistas em El Alamein, abrindo camra o desembarque anglo-americano no norte da África, enquanto, em janeiro de 1943, na URSzistas conheceram uma decisiva derrota em Stalingrado. Seguindo a pressão contra mbalidas forças do Eixo, o desembarque aliado na Itália contribuiu decisivamente para a queussolini, substituído pelo General Badoglio, o qual demonstrou boa vontade para encaminhamistício com os Aliados, embora a pressão dos fascistas italianos e dos próprios alemãostrasse ainda muito presente.

A esta altura, em toda a Europa, os movimentos de resistência em territórios ocupados, municr equipamentos infiltrados pelos Aliados, avançam no sentido de desestruturar o doalitário, principalmente a partir de atos de sabotagem. Desde 1943, a Alemanha já haviabmetida a bombardeios maciços, causando um colapso moral que contribuía para este tipo de

front soviético, o Exército Vermelho avançou decisivamente sobre as posições alemãs, enqPacífico a reconquista americana de ilhas sob o domínio japonês impôs os limites materia

forço de guerra nipônico.A derrota do Eixo (1943-1945): Esperando um desembarque aliado em Calais – iludidos por

s maiores ações de despistamento de todos os tempos, a Operação Fortitude – os alemães se vpreendidos pela ofensiva na Normandia, desencadeada no dia 6 de junho de 1944 (conhmo Dia D). Superada a Muralha do Atlântico – rede defensiva estruturada pelos alemães no lo avanço anglo-americano ganhou posições rapidamente, entrando em Paris no dia 25 de ag

m meio ao colapso iminente, Hilter ainda estruturou uma ofensiva final, aproveitando-se da berta pelas tropas aliadas que avançavam em direção à Alemanha e aquelas estacionadaguarda franco-belga. Quatorze divisões de infantaria e dez divisões Panzer travaram o comnhecido como Batalha das Ardenas, que acabou sendo favorável aos contingentes aliados.Naquele momento, em toda parte, as energias foram mobilizadas ao extremo por praticamente

países beligerantes: na Alemanha, tal condição foi materializada através das denominadas a

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cretas e da organização da resistência Volksturm (tropas integradas por civis entre 14 e 65 aJapão, utilizou-se amplamente a capacidade destrutiva dos pilotos Kamikazes; os Aliados, po

z, operacionalizaram os denominados bombardeios estratégicos, causando enormes danpulação civil.

Reunidos em Potsdam (julho de 1945), os Aliados confirmaram as diretrizes em torno da val. Logo em seguida, a execução de Mussolini (28 de abril), seguida do suicídio de Hitlers mais tarde, colocou um termo em qualquer possibilidade de reação nazifascista. Em 8 de m

pitulação alemã encerrou definitivamente a campanha do Oeste. Enquanto a guerra continuav

cífico sem sinais de encerramento breve, tal o ímpeto da resistência japonesa, o Presidente Human decidiu utilizar a bomba atômica em Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto

2 de setembro, o General MacArthur recebeu a capitulação incondicional dos japoncerrando seis anos de conflito.

As Vítimas da Segunda Guerra Mundial

Perdas Militares Perdas Civis

ança 211.000 330.000

élgica 7.800 80.000

eino Unido de 245.000 a 326.000 150.000

récia 74.000 500.000

lia 230.000 150.000

pão 1.220.000 700.000

omênia 300.000 160.000RSS de 7.500.000 a 13.600.000 de 7.000.000 a 10.000.000

goslávia 410.000 1.400.000

tados Unidos 298.000

emanha 3.850.000 3.810.000

ulgária 10.000 10.000

lônia 320.000 de 4.200.100 a 5.550.000hina 6.400.000 5.400.000

Evolução militar: Resultado das tensões econômicas e geopolíticas herdadas da Grande Gueentuadas pelos efeitos da crise de 1929 – as origens imediatas do conflito encontraetamente relacionadas com os rumos do expansionismo nazista, sobretudo a partir dos resulpacto germano-soviético (agosto de 1939), o qual possibilitou às forças de Hitler reunir p

ndições de atuar no front ocidental sem maiores preocupações com o flanco oriental. N

ntido, no dia 1o  de setembro de 1939, sem prévia declaração de guerra, a Wehrmacht inva

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lônia, potencializando os pressupostos da Blitzkrieg, o que causou uma onda de destruição e várias cidades polonesas. Dois dias mais tarde, como resultado de compromissos firm

eriormente, Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha, porém sem materializar alda efetiva capaz de impedir a total supremacia militar das forças nazistas. Em 17 de setembr

nsonância com a cláusula secreta do pacto germano soviético, o Exército Vermelho invaritório polonês a leste do Rio Vístula, selando o destino do país.nstalava-se nas linhas defensivas francesas o que se convencionou chamar de drole de guerra estranha), caracterizada pela ausência de confrontos entre as forças anglo-fran

acionadas ao longo da Linha Maginot e os contingentes da Wehrmacht, situação esta quenderia por oito meses.

Em novembro, entretanto, em meio ao impasse do front ocidental, as forças soviéticas atacarnlândia, cuja obstinada resistência levou o Exército Vermelho a inconvenientes revezes miles de efetivar a vitória final. Em abril de 1940, as tropas alemãs invadiram a Dinamarcruega, as quais caíram sob o domínio do III Reich, possibilitando a Hitler o controle dos recurais da região, além da arregimentação de uma excelente posição estratégica diante de um fbate com a Inglaterra. Finalmente, em 10 de maio, o Führer ordenou um ataque decisivo no

dental, utilizando basicamente as diretrizes apresentadas pelo General Manstein, as econizavam um ataque relâmpago ao território francês através da Holanda, da Bélgica xemburgo. Diante da irrefreável capacidade operacional da Blitzkrieg nazista, à qual Museriu de forma oportunista em 10 de junho, os franceses foram perdendo uma a uma suas posiquanto contingentes britânicos no país foram cercados pelas forças alemãs no Portnquerque. Estes seriam em grande parte socorridos por um bem-sucedido programa de re

pitaneado por Winston Churchill, o qual assumira o poder alguns dias antes, vindo a se tmbolo da última resistência democrática em luta aberta contra os nazistas após a débacle franta foi seguida pelo armistício (22 de junho) e pela divisão do país em duas zonas administrat

norte do território passou a ser controlado diretamente pelos alemães, enquanto o snominada “zona livre”, ficou a cargo do Marechal Petáin, governando em colaboração cdem imposta pelo III Reich. Paralelamente, em Londres, em oposição ao comportamaboracionista, De Gaulle lançou um apelo em nome da resistência, fundando a organizaçãrças Livres Francesas. Neste momento, sem condições de encaminhar um acordo de paparado com o governo inglês, Hitler deslanchou um maciço ataque aéreo sobre o país, ossibilitaria a operacionalização de uma gigantesca ação de desembarque. Seus planos, entream-se frustrados não só em função da obstinação dos órgãos governamentais e da sociedade

s também em decorrência dos recursos tecnológicos desenvolvidos no período entregutadamente os sistemas de decodificação de sinais e o radar, ambos decisivos para o esforçerra inglês, e, em grande parte, responsáveis pela vitória naquela que ficaria conhecida talha da Inglaterra.

Apesar do revés, as forças nazistas ainda estavam bem longe de apresentar qualquer sinsgaste. Enquanto Mussolini invadiu a Grécia (outubro de 1940), Hitler consolidara uma reados satélites na Europa Central – Hungria, Romênia, Eslováquia e Bulgária – antes de empena invasão da Iugoslávia, a qual abriu caminho para garantir o auxílio às forças italianaritório grego. Tais investidas na zona mediterrânea preocuparam os Aliados, uma vez

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Nesse momento, em toda parte, as energias foram mobilizadas ao extremo por praticamente países beligerantes: na Alemanha, tal condição foi materializada nas denominadas armas seca organização da resistência Volksturm (tropas integradas por civis entre 14 e 65 anos); no Jlizou-se amplamente a capacidade destrutiva dos pilotos Kamikazes; os Aliados, por suaeracionalizaram os denominados bombardeios estratégicos, causando enormes danos à popuvil.Reunidos em Potsdam (julho de 1945), os Aliados confirmaram as diretrizes em torno da val. Logo depois, a execução de Mussolini (28 de abril), seguida do suicídio de Hitler, dois

is tarde, colocaram um termo em qualquer possibilidade de reação nazifascista. Em 8 de mpitulação alemã encerrou definitivamente a campanha do Oeste. Enquanto a guerra continuavcífico sem sinais de encerramento breve, tal o ímpeto da resistência japonesa, o Presidente Human decidiu utilizar a bomba atômica em Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto

2 de setembro, o General MacArthur recebeu a capitulação incondicional dos japonesgunda Guerra Mundial chegava ao fim.

erências

RLEIGH, Michael. The Third Reich, A New History. Londres: Macmillan, 2000

BERT. MARTIN. A Segunda Guerra Mundial . Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1989.EGAN. JOHN. The Second World War . Londres: Pilmico, 1997.INBERG. GERHARRD L. A World at Arms. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.

CARLOS  GILBERTO WE

AGO

INDO RENMEI A derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 14 de agosto de 1945, provma clivagem na colônia nipo-brasileira. Na ocasião, os 300 mil nipônicos e seus descendentvidiram em duas facções: de um lado, o grupo derrotista ( Makegumi), que reconhecia a ren

Japão aos Aliados e, consequentemente, a derrota da nação nipônica na Guerra do Pacífictro, o grupo vitorista ( Kachigumi), que, além de não acreditar em tal derrota, pregava a vitórpão. Com o tempo, a clivagem transformou-se em um conflito intraétnico: os japoneses qpuseram a prestar esclarecimentos sobre a real derrota do Sol Nascente foram vítimntados e assassinatos. O principal expoente do grupo vitorista foi uma associação conhecida indo Renmei (Liga do Caminho dos Súditos). Criada secretamente em 1942 por um ex-mamado Junji Kikkawa, tal associação permaneceu na clandestinidade até dezembro de 194indo Renmei espraiou-se por diversos estados do país: São Paulo, Paraná, Minas Gerais e

osso – houve uma tentativa frustrada de se implantar uma sucursal no Rio de Janeiro. Acusauma “Gestapo japonesa”, a Shindo Renmei chegou a arregimentar cerca de 20 mil fam

alizando mais de 100 mil integrantes no Estado de São Paulo. Sociedades similaresretanto, não fizeram uso da violência compunham outros 100 mil indivíduos. A Shindo Re

egava a glorificação do espírito nipônico ( yamato damashii), personificado na figura sagraperador. No imaginário dos vitoristas, o imperador era o elo entre o espaço terreno e o e

vino, a representação viva do sol – essa perspectiva decorria da tradição xintoísta. Por isnclusão de que, se o Japão era uma nação divinizada, todas as demais lhe deviam respeediência. Essa crença coletiva alimentada pela horda vitorista impedia a aceitação da deonesa no Pacífico. Tal possibilidade ia de encontro ao caráter japonês, que prezava

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celência, o espírito soberano e invencível. Ora, quando os derrotistas reconheceram o fracasmpanha do Japão na guerra, tal atitude significava uma afronta à invencibilidade milenar da nônica. Eles macularam a sacra imagem do imperador. Em retaliação, os líderes da Shindo Re

ganizaram os Tokko Tai (equipe especial de ataque), milícias que tinham como objetminação do grupo oposto. Os Tokko Tai compunham a parte radical dos vitoristas e eram tamamados de “fanáticos”, pois acreditavam que a única forma de salvaguardar o espírito japia assassinando os derrotistas. Havia ainda entre os vitoristas um subgrupo formado amados “maus japoneses”. Visando extrair algum benefício do conflito surgido entre os mem

comunidade étnica, os maus japoneses – alguns ligados à Shindo Renmei – se especializariamicar golpes em seus compatriotas: vendiam ienes (moeda japonesa) desvalorizados; venras no Pacífico supostamente conquistadas pelo Exército japonês; arrecadavam largas som

nheiro para a vinda da família real ao Brasil etc. Esse foi um elemento de radicalizaçãnflito, uma vez que os derrotistas afirmavam que os maus japoneses pertenciam ao grupo vitvice-versa. Conhecidos também como “esclarecidos”, os derrotistas constituíam 10% da coo-brasileira. Reconheciam a derrota do Japão e admitiam que, num primeiro momento, f

duzidos pela propaganda militar nipônica. Alguns foram assassinados, e todos perseguido

ior ou menor grau. Os maus japoneses e os fanáticos somavam juntos também 10% da colôninção de seu nacionalismo agressivo, os últimos eram as principais vítimas dos primeiros. Seqis moderados da Shindo Renmei e membros de outras associações vitoristas representavamcomunidade étnica. Em meados de julho de 1946, tencionando pôr fim aos embates da coonesa em São Paulo, o interventor federal José Carlos de Macedo Soares reuniria no Palácimpos Elísios os membros da Shindo Renmei (inclusive os detidos), alguns militar

presentantes da delegação sueca, responsável pelos interesses japoneses no Broximadamente, quinhentos seguidores da associação secreta compareceram ao encontrognar Kumlin, diplomata sueco, procurou convencer os japoneses de que Hiroíto assin

ndição incondicional aos Aliados, finalizando oficialmente a guerra. Leu uma série de escriclarações oficiais que simultaneamente eram traduzidas para o japonês. Contudo, divônicos se recusaram terminantemente a acreditar nas palavras do embaixador. M

gumentavam tratar-se de propaganda norte-americana. Um deles, Sachiko Omasa, faria a seggestão a Macedo Soares: “Nós, japoneses, não acreditamos (...) na derrota do Japão. Se celência deseja sustar as disputas e os atos terroristas entre os japoneses, comece por comunória do Japão e mande suspender imediatamente a propaganda falsa da derrota.” Surpreso cmonstração de patriotismo dos japoneses, o interventor proibiria os jornais de publicar ma

bre a derrota do Japão e exigiria que a expressão rendição incondicional   fosse excluídormes oficiais. O fracasso da reunião enrijeceria ainda mais a posição dos vitoristas. A desShindo Renmei ter sido a causadora de um confronto intraétnico, não demoraria muito para

olência explodisse entre brasileiros e japoneses. O ponto alto dessa escaramuça se dera no finho de 1946, na cidade de Oswaldo Cruz, São Paulo. Dentro de um bar, um integrante da Shnmei teria declarado que mataria um ou dois brasileiros. A assertiva desencadearia um

multo: cerca de 3 mil brasileiros passariam a perseguir pelas ruas imigrantes nipônicos, grincha! lincha!”. A sociedade secreta executou 23 pessoas, e 147 ficaram feridas. No geral, 3igrantes japoneses foram considerados suspeitos de integrá-la. Foram acusados 1.423

nistério Público; no entanto, a justiça reconheceria a culpa de apenas 381 deles. Os mandant

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ecutores dos crimes da Shindo Renmei, um total de 80, chegaram a ser listados pelo govspar Dutra para serem expulsos do país. Todavia, isso jamais ocorreu. A atuação dos advogdefesa, ao lado das marchas e contramarchas da justiça, postergou a expulsão dos detidos

56, o Presidente Juscelino Kubitschek anistiou a todos.

erências

TANAKA, Maria Lúcia Eiko. O processo judicial da Shindo Renmei: um fragmento da história dos imigrantes japonerasil . São Paulo: PUC/SP, 1993 (Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais).

SSER, Jeff. A negociação da identidade nacional – imigrantes, minorias e a luta pela etnicidade no Brasil . São Paulo:

001.RAIS, Fernando. Corações sujos – a história da Shindo Renmei. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

CARLOS  LEONARDO BAHIEN

NDERWEG (A QUESTÃO DO “CAMINHO ÚNICO”) O historiador alemão de maior destaque nos esconceito de Sonderweg   (o caminho único, caráter excepcional) é o Professor Jürgen K

presentante da nova história social da Escola de Bielefeld. Nos anos 1980, quando da disc

blica conhecida como historikerstreit  (querela dos historiadores), Kocka se posiciona ao ladgen Habermas contrário ao pensamento de Ernst Nolte e seu polêmico artigo “Um passadoo passa”, que questionou avidamente a singularidade do Holocausto, levantando um amoroso debate acadêmico. O grande problema que envolve o conceito de Sonderweg  está em ar com o passado (vergangenheitsbewältigung ) e, neste caso, sua discussão estava ligatória do tempo presente alemã que, naquele momento, remontava aos estudos do Naccialismo buscando sua genealogia. Em 1988, no Journal of contemporary history, Kocka pubrtigo intitulado “German History before Hitler: the debate about the German Sonderweg”, ond

m balanço histórico das discussões sobre o tema e suas repercussões na sociedade alemã. Seg

tte, o Sonderweg   não é apenas uma questão particular da história alemã, mas um conportante desta historiografia por não se debruçar apenas sobre a história propriamente ditaa sua relação direta com a política e com a memória, a forma de como uma sociedade lida

us “traumas”. A questão central trazida pela historiografia do Sonderweg   era qual o lugcional-socialismo na história alemã? E, utilizando Friedrich Meinecke, como interpreatástrofe alemã” através de um viés comparativo? Seria possível definir este caminho únitória da Alemanha? Essa ideia de uma excepcionalidade alemã esteve presente no pensamnservador alemão no período de constituição da nação e do nacionalismo unificador na seg

tade do século XIX e sempre observou esta questão através de um viés comparativista cotros países da Europa Ocidental. Este debate se fez presente em variados momentos da himã, mas dois chamaram a atenção: o primeiro logo depois da Segunda Guerra Mundial e, nos80, envolvida diretamente na querela dos historiadores  e da discussão sobre as dificuldadar com o passado, a culpabilização coletiva do fenômeno nazista. O debate acerca do concenderweg   ultrapassa as dimensões acadêmicas e de trabalho sobre o passado, exigindtoriador um posicionamento tanto historiográfico quanto social. Nos séculos XIX e XX mtoriadores alemães estavam convencidos da existência de um caminho único, particulaemanha. Com o intuito de tentar compensar o que é percebido como um atraso na const

cional, esta corrente tende a ampliar a imagem da identidade alemã como algo positivo. Is

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nda na cultura, no espírito e na oposição à Civilização Ocidental que conduziu ao materialismo45, aparece uma variante liberal democrática que faz duras críticas ao conceito de Sonderwegoiando em importantes pensadores como Engels e Weber. Basicamente esta corrente se preoc

responder ao questionamento do porquê, diferentemente de outros países ocidentais, a Alemha se tornado nazista durante a crise geral dos anos 1920-1930. Para Kocka, foi neste mome a experiência nacional-socialista se tornou o foco de interpretação histórica com a tentatiplicá-la através do viés comparativo como o intuito de compreendê-la como algo inegávópria herança histórica alemã e, ao mesmo tempo, criticar e superar este fardo, sem, co

quecê-lo. O estudo da experiência do nacional-socialismo estava vinculado às interpretaçõssado, às experiências do presente e às necessidades do futuro. Certamente as importânciaores, a curto prazo, foram levadas em consideração e muito contribuíram para a o estudapso da República de Weimar e a ascensão do nazismo. Ninguém poderia negar que os probl

onômicos, a inflação, as dificuldades no comércio internacional, a desestabilização moneores que levaram à Grande Depressão, tenham contribuído substancialmente para os problemmeira República Alemã e, consequentemente, à ascensão do nacional-socialismo. toriadores voltaram aos estudos dos séculos XVIII e XIX e, em comparação com Ingla

tados Unidos e França, identificaram o que chamaram de via, ou caminho peculiar da himã que poderia ter levado à ascensão do nacional-socialismo. Caminho este quulatinamente minando o desenvolvimento da democracia liberal. O primeiro historiador a a

ma abordagem empática da história, exaltando em última análise a especificidade de cada naçãinrich Von Treitschke (1834-1896). A maioria da primeira geração de historiadores que pen

Sonderweg  pertencia ao período imperial e sofreu forte influência do pensamento de Leopoldnke. Estes pensadores, no qual Treitschke estava incluso, se autoafirmaram como guardiõtura nacional e da excepcionalidade alemã. Alguns historiadores veem a origem do Sonderwforma Protestante, outros na tradição imperial, mas todos insistem na posição geopolític

pério que faria da Alemanha o centro territorial da Europa (mitteleuropa) uma parte impore Ocidente e Oriente. Para a maior parte destes historiadores, a frágil República de Weim

alisada como uma criação ocidental exterior às tradições alemãs. Depois e no decorrer da Segerra Mundial vários destes historiadores vão se distanciar e se colocar como críticos do re

cional-socialista, entendendo que o mesmo devastou a sociedade alemã, lançando-a no csmo. Friedrich Meinecke, Hans Rothfels, Gerhard Ritter são bons exemplos disso. Segndrine Kotte, esses autores entendem o aparecimento da figura de Hitler no cenário pomão como uma “grande catástrofe” (Friedrich Meinecke), o resultado de uma diverg

rweg ) da via alemã e que coincidira com a emergência das massas na via política. A interpree reporta à República de Weimar a responsabilidade do nazismo visa entender a Alemanha ção do descrédito, o mesmo estigma geral que permeia o fim da Grande Guerra e que culmm as ameaças de desmantelamento do sistema político implementado em 1918. Tambénstituiu na Alemanha pós-guerra uma corrente que lia o Sonderweg  de outra forma, de certa fgativa. Esta corrente se formou com intelectuais alemães exilados por questões étnicas e polímo Hans Rosemberg ou Veit Valentin, grande especialista na Revolução de 1848. Nessa egativa” estavam tanto os pensadores de tradição liberal como socialistas, e seus fundamda estavam presos ao século XIX. Sua crítica se pautou temporalmente na virada de século –

ra o XX – e usou a rápida modernização da economia alemã e o arcaísmo das estruturas pol

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mo eixo do debate. Tanto Kotte quanto Kocka apontam a discussão de que na Alemanha, mma economia de mercado, a emergência de novas categorias sociais não será acompanhada deeralização da via política, ao contrário, o setor representante da Revolução de 1848 abrirá uma construção nacional autoritária a partir de cima para baixo, sob a égide do militar

ussiano. Essa explicação será o centro gravitacional da origem do debate Sonderweg . O gruudos da Universidade de Bielefeld, do qual J. Kocka é o fundador, se baseia num pensamrutural que se focou nos problemas oriundos da modernização da Alemanha. Para eles o triunpitalismo organizado na matriz econômica, a permanência da nobreza no comando do E

nstituem os fundamentos econômicos e sociais do que chamaram de déficit  democrático alee foi marcado pela fragilidade do Parlamento pela força dos grupos de pressão sobre o govea impotência correlativa dos partidos políticos, permitindo, assim, a abertura para poloritárias. No domínio cultural o sistema educativo se pautou pela aprendizagem da autoridade

clusão do outro. Determinar o lugar do nacional-socialismo na história alemã em um seiversal continua a ser um desafio central no ofício historiográfico, porém a questãoentendimento, da reflexão de si, percepção do eu, continua a ser a mais difícil equação olvida para os historiadores alemães. Naturalmente, com o decorrer dos processos políticos

periências vivenciadas por outras sociedades alemãs que não a que esteve diretamente ligazismo, outras questões e problemas vão surgindo e novos debates vão se colocando. A himã é longa e complexa e os questionamentos colocados no decorrer da Guerra Fria já estão sensados. Concordamos plenamente com Jürgen Kocka quando afirma que o peso moral, polítropológico da experiência nazista foi, e é, tão grande que seus efeitos sobre as gerações futurtória alemã, europeia e mundial são tão profundos e abrangentes que a explicaçãompreensão do fenômeno nacional-socialista continua a ser uma questão central, sensíntroversa não só no meio acadêmico, mas também no domínio público. Acreditamos que apste contexto o debate acerca do Sonderweg  ainda tenha algum sentido. O valor heurístico do t

nderweg  é provavelmente nulo e deveria ser, inclusive, evitado pela historiografia contemporis se utilizarmos a mesma metodologia que os primeiros estudiosos do conceito, ou seja, o mmparativo, e utilizarmos questões e processos como a industrialização ou a naturezavoluções nos séculos XVIII e XIX veremos que cada país poderá ter o seu próprio Sondeulando sua condição de excepcionalidade histórica alemã.

erências

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K ARL SCHU

YKMAN (ESCOLA GEOPOLÍTICA DE) Nicholas John Spykman, cidadão norte-americano naturali

sceu em Amsterdã, Holanda, no dia 13 de outubro de 1893. Morreu em 1943. De 1913 a

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balhou como jornalista no Oriente Próximo, no Oriente Médio, na Austrália e no Extremo Orm 1920, foi para os EUA e ingressou na Universidade da Califórnia, onde recebeu os diplom

rso Clássico (1921), de licenciado em Filosofia (1922) e de doutor em Filosofia (1steriormente, foi instrutor de Ciência Política e Sociologia na Universidade da Califóofessor-assistente de Relações Internacionais na Universidade de Yale, professor e chepartamento de Relações Internacionais e diretor do Instituto de Relações Internacionaiversidade de Yale. Foi membro da Academia Americana de Ciência Política; da Acad

mericana de Ciências Políticas e Sociais; da Sociedade Americana de Geografia; da Assoc

mericana de Ciência Política; da Sociedade Americana de Direito Internacional; do Conselhlações Exteriores e do Instituto de Relações do Pacífico. É autor dos seguintes livros:  Hlfbestuur  (Autonomia da Índia), editado em 1919; The Social Theory of Georg Simmel  (A cial de Georg Simmel), editado em 1925;  America’s Strategy in World Politics  (A estratégi

UA no cenário mundial), feito com cooperação do Conselho do Instituto de Relações Internacieditado, em 1942, por Hancourt, Brace and Co, Nova York e, em 1944, pelo Fóndo de Conômica, México, sob o título Estados Unidos Frente al Mundo; The Geography of the Peaografia da paz), editado em 1944, por Halen R. Nicholl, na Hancourt, Brace and Co, Nova Y

ideias geopolíticas de Nicholas Spykman estão apresentadas nos livros:  America’s Strateorld Politics  e Geography of the Peace. É interessante ressaltar que esses dois livros fritos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Naquela oportunidade, os EUA

ados da URSS, da Grã-Bretanha, da França e da China (além de outras potências) em luta cpotências do Eixo, principalmente Alemanha e Japão. Os trabalhos de Spykman tratamlidade, de geoestratégia dos EUA. Por isso, no estudo da política de segurança norte-americaor considerou que os EUA estavam no centro do mundo e examinou a situação relativa das dessas continentais em função desse ponto de vista.

Para Spykman, a natureza da base geográfica de um Estado tem grande influência na sua po

erior. A extensão do território, por exemplo, afeta o poder relativo do Estado. A estronômica e a densidade de população são dois importantes fatores na formulação da pocional, e dependem dos recursos naturais. A posição do país, relativamente ao equador e às mritoriais e oceânicas, determina o grau de proximidade dos principais centros de poder das zconflito e das principais vias de transportes, e define, com relação aos vizinhos mais próxim

nduta em face dos inimigos prováveis ou potenciais. Os estudos geopolíticos devem ter cabal, isto é, encarar a Terra como um todo. Os Estados modernos, para conservarem suas situpoder, deverão estabelecer seus planejamentos estratégicos e políticos em escala global.

álise geopolítica para ser perfeita deverá estar apoiada em um mapa-múndi que destaqalização do Estado ou dos Estados considerados. A significação política e estratégica das oas decorrerá de suas posições relativas ao Estado ou aos Estados considerados. As relalíticas dos diferentes Estados do mundo têm sido tradicionalmente representadas por mapojeção cilíndrica (geralmente na projeção de Mercator), com centro ao longo do eixo norteo grau (longitude de Greenwich). Durante a era do poder marítimo, a Europa estendia

ntrole a todas as partes do mundo. Por isso, a situação política de qualquer região da pendia do equilíbrio ou desequilíbrio de forças na Europa.No início do século XX, surgiram no Hemisfério Ocidental e no Extremo Oriente outros centr

der, com evidente prejuízo da posição da Europa na determinação da política mundial. Tal ra

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odificação na distribuição dos centros do poder mundial exigiu a adoção de novos tipos de mra que fosse possível uma representação mais precisa das relações internacionais. Com o ad

avião, ficaram inteiramente superadas determinadas limitações físicas ao movimento ssível assegurar a ligação direta entre dois pontos quaisquer da Terra. Tais fatos concorreramutilização do mapa de projeção polar equidistante. Nesse tipo de mapa, está perfeitamsaltada a continuidade das massas terrestres em torno do Oceano Ártico, ao passo qu

ojeções cilíndricas tradicionais acentuam a descontinuidade oceânica e colocam o Hemiidental em uma posição periférica que impede que seja verificada sua verdadeira importância

ação à Eurásia. No dizer de Spykman: “Somente observando os mapas das diversas projeçssível obter o panorama geopolítico que se deduz da distribuição das massas terrestres soperfície do globo.”pykman adotou a visão global de Mackinder (1861-1947), porém, com significado diferenteartland  (Coração da Terra) opôs o Rimland  (região das fímbrias), significando a orla marítimlho Mundo que, conforme salientou, parece cercar a ilha que é o Novo Mundo. O  Rimlanescente interior” de Mackinder) é, funcionalmente, uma vasta zona-tampão de conflitos ender terrestre e o poder marítimo. O cordão de mares marginais e mediterrâneos que separ

ntinente dos oceanos constitui uma via marítima periférica que integra a massa continentamos de poder marítimo. As lutas pelo poder do Hemisfério Oriental foram sempre consequês relações existentes entre o interior ( Heartland ) e a região das fímbrias ( Rimlandtribuição do poder no próprio Rimland , da pressão marítima sobre o litoral e da participaçmisfério Ocidental nessa pressão. As pressões militares e políticas do interior para o ex

montam às antigas tribos da Ásia Central que, incursionando das planícies centrais, invadianquistavam as regiões de fímbrias ( Rimland ). Na Europa, o fenômeno caracteriza-se lenares guerras ocorridas entre eslavos e teutões na região-tampão da Europa Oriental. No Oóximo, a Rússia enfrentou os turcos e ingleses em diversas tentativas para alcançar o ocean

essões do exterior para o interior são identificadas historicamente pela aplicação do prítimo da Grã-Bretanha e do Japão. Para Spykman, a política de segurança da Eu

ndamentava-se no controle do Rimland  e não no domínio do Heartland , como admitia Mackr isso, afirmou: “Se houver um ditado para a política de poder do Velho Mundo, esse deverem controlar os espaços periféricos ( Rimland ), dominará a Eurásia; quem dominar a Eu

ntrolará os destinos do mundo.”As projeções de Mercator ressaltam que tanto o antigo quanto o novo continente possuem cs dois oceanos. Tal fato permite afirmar que, sob o ponto de vista geográfico, um rodeia o o

fortaleza relativa de ambos os mundos determinará a qual dos dois está reservado transformraço continental em corda de enforcado ou em carícia mortal.” Nos conceitos a seguir, Spyresenta a teoria do que viria a ser a Geoestratégia de Contenção: “O Mundo Novo poderia inpolítica da Europa e da Ásia se fosse capaz de organizar-se e unir-se de tal modo que grassas de força não compensada ficassem disponíveis para atuar além-oceanos, que pod

ercer papel decisivo no antigo continente e determinar a sua política se este continuasse dividuilibrado. Mas se, pelo contrário, o Mundo Antigo lograsse unir-se e organizar-se de tal mae grandes massas de poder não compensado ficassem disponíveis para atuar além-oceanvo Mundo ficaria cercado. A possibilidade de cercar ou ser cercado depende dos potencia

der de ambos os mundos e da capacidade de integrar-se ou não, cada um deles, em uma só un

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coalizão política.” Nicholas Spykman, ao analisar em The Geography of the Peace  apectos da política do poder, observou que, como as nações do mundo encontram-se em diferveis de desenvolvimento, as mais desenvolvidas estão, evidentemente, satisfeitas com a oundial e defendem a manutenção do  status quo  político e territorial. Todavia, as outras nantindo-se prejudicadas, desejam modificar sua situação e, com esse propósito, podem até ara a força. A guerra é um instrumento da política das nações e o território nacional constiturdadeira base militar na qual se estabelece o limite da resistência e é feita a preparação para as ocasionais armistícios que chamam de paz. Por isso, todo Estado deve estar sempr

ndições de proteger pela força, se necessário, os valores que considera vitais. Os acontecimSegunda Guerra Mundial (1939-1945) tornaram bem claro que os poderes naval e aéreo dconsiderados como instrumentos para alcançar decisões em terra. Ao tratar da política dos Europa, Spykman afirmou que “uma Europa federal representaria tal reunião de forças

eraria por completo nossa importância como potência atlântica e enfraqueceria nossa posiçãmisfério ocidental. Nosso interesse aconselha um poder equilibrado, não um poder integradropa”.obre a política dos EUA na Ásia, declarou que “uma China moderna, vitalizada e militari

m seus 400 milhões de habitantes, há de constituir uma séria ameaça não só para o Japão, mbém para as potências pró-Ocidente do Mediterrâneo asiático. A China será uma potntinental de dimensões colossais dominando um amplo setor do litoral do Mediterrâneo asiátia situação geográfica assemelha-se àquela que os EUA ocupam no Mediterrâneo ameriando a China se transformar num Estado poderoso, sua penetração econômica nessa região

m dúvida, grandes consequências políticas. É bem possível que chegue o dia em que os porítimos dos britânicos, americanos e japoneses sejam substituídos pelo poder aéreo da Chimínio das águas do Mediterrâneo asiático”. Por outro lado, ao examinar a política dos EUmisfério Ocidental, Spykman declarou que “os EUA manterão sua hegemonia sobre vastí

rção do Novo Mundo”. Observou que “os EUA dominam completamente o Mediterericano e podem exercer efetiva pressão sobre a parte setentrional da América do Sul. Cotância dos centros econômicos e políticos dos países do ABC (Argentina, Brasil e Chile)ncede certo grau de independência, esses Estados constituem a única região do hemisfério on

UA não podem exercer facilmente o seu poder”.

erências

LÉRIER, Pierre. Géopolitique et Géostrategie. Paris: PUF, 1961.RTMANN, Frederick H. The Relations of Nations. Nova York: Macmillan Publishing Co., 1978.

YKMAN, Nicholas John. America´s Strategy in World Politics. Nova York: Harcourt, Brace and Go, 1942.YKMAN, Nicholas John. The geography of the Peace. Nova York: Harcourt, Brace and Go, 1944.STA, Octavio. Teorias Geopolíticas. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1984.

R EGINALDO

(SCHUTZSTAFFEL) Fundada em 1925, sendo originária da Stabswache (guarda do Estado-MaStoßtrupp Hitler  (destacamento de tropas de choque de Hitler), a SS (Schutzstaffel , ou equi

oteção) servia em primeiro plano à proteção pessoal de Adolf Hitler (1889-1945), lídeDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – Partido Nacional-Socialista

abalhadores Alemães). No dia 6 de janeiro de 1929, Heinrich Himmler (1900-1945) foi desig

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ichsführer   da SS. Sob o seu comando, que foi mantido até 1945, a SS tornou-se o dispolicial mais poderoso na Alemanha nazista. A polícia secreta do Estado (Gestapo – Gehaatspolizei), todas as polícias regulares e o serviço secreto do próprio partido (Scherheitsdienst) foram subordinados a ela que, por sua vez, era responsável pelas equipes dee, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mataram milhares de pessoas atrás das lcombate e tinha sob o seu comando os campos de extermínio (instrumentos do holocau

cialmente, a SS foi concebida como pequena tropa de elite e estava subordinada à liderança mSA. Em relação ao partido, a SS exercia a proteção dos funcionários e servia como po

erna e, como tal, vigiava a atuação e a confiabilidade política dos companheiros de partido. Omanho fora definido como um décimo da SA, mas isso não foi atingido antes de 1934: em ab31, contava com 4.490 membros (a SA tinha 120 mil) e cresceu para 10 mil membrozembro de 1931 (a SA tinha 260 mil); em agosto de 1932, chegou a 24 mil membros, enqua

A tinha 445 mil. Devido à subordinação à SA, concebida como unidade de grande eultaram conflitos que culminaram na separação entre SS e SA, após o golpe de Estado de hm (1887-1934) em 30 de junho de 1934. Durante as desavenças entre a SA e a organizaçãrtido nos anos 1930-1931, a SS apoiou incondicionalmente Hitler e a liderança do partido

nseguinte, o dito “Minha honra chama-se lealdade” ( Meine Ehre heißt Treue), baseado posta declaração de Hitler, tornou-se a máxima política da organização. De acordo com os pHimmler, a SS era “uma ordem de soldados de natureza nórdica”, baseada na obediondicional. A seleção dos membros era feita a partir de critérios racistas e, desde 1931

cessário até fazer um requerimento junto à liderança da SS para obter permissão de casamndo objetivo de Himmler manter a “pureza” do “sangue nórdico” de seus homens. Todmbros da SS e suas noivas tinham de comprovar que pelo menos até 1800 (1750 para os líSS) não havia judeus entre seus ancestrais.

Após a transferência do poder político na Alemanha para Hitler em 30 de janeiro de 1933, a S

ntrário da SA, não registrou inicialmente nenhum aumento de poder. Junto com unidades da Stahlhelm, os homens da SS foram designados como policiais auxiliares na Prússia em feve1933. Partindo daí, a SS intensificou gradativamente sua cooperação com a polícia regu

nstruiu uma máquina própria de terror, que já incluía alguns campos de concentração. No limilítica nazista de centralização (Gleichschaltung   – sincronização), Himmler reuniu até abr34, sob o seu comando, a direção de todas as polícias estaduais. Em sua ascensão, a Sroveitava do seu conhecido mau relacionamento com a SA que, em razão de suas reivindicciais e políticas, gerou adversários entre políticos e militares. Contra as reivindicações da

culos políticos com influência, nada menos do que o Ministério do Interior do Reich e o minesidente prussiano Hermann Göring (1893-1946) estavam dispostos a transformar a SS numoposição à SA. Consequentemente, a SS foi mobilizada quando, entre 30 de junho e 1o de jul34, Ernst Röhm foi destituído da liderança da SA ( Röhm Putsch). Nessa ocasião, a SS assasca de 50 líderes da SA, além de civis opositores a Hitler. A tropa de elite do partido foi retsubordinação em relação à SA, sendo o início propriamente dito da posição de poder da SS

ssou a assumir muitas das atividades que até então estavam sob o comando da SA. Um exeso foram os campos de concentração, que passaram a ser administrados pela SS. A organizaçfoi fortemente ampliada depois de 1933-1934.

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Em junho de 1933, foram selecionados 120 homens da SS e criada uma unidade armada poteção pessoal de Hitler, a Leibstandarte Adolf Hitler  (Estandarte Pessoal Adolf Hitler). Esrimeira unidade militar juramentada pessoalmente por Hitler que permaneceu exclusivamenteu comando. Ela já existia na prática, sem fundamento legal, ao lado dos órgãos de segurantado. Em 1934, foram criadas, a partir das unidades da  Leibstandarte  e da segurança poidades armadas especiais com atribuições policiais (SS-Verfügungstruppe), que formarcleo da Waffen-SS   (SS das armas), constituída em 1939. Ainda em 1939, unidades armadgilância da SS foram criadas para a monitoração dos campos de concentração, que em 1936 f

nominadas SS-Totenkopfverbände   (Unidades das Caveiras da SS). Ao lado dessas unipeciais, existia ainda, como de costume, a SS geral propriamente dita. No inverno de 1933-mmler tornou-se o chefe das polícias políticas de todos os estados do Reich, que ele centraministrativamente a partir da Gestapo. Em 1936, Himmler conseguiu a subordinação de todpositivos policiais alemães à SS, garantindo uma posição de poder sem concorrência na poerna alemã. No dia 27 de setembro de 1939, todos os órgãos oficiais de segurança e a poreta alemã foram unificados na repartição principal de segurança do Reich (RSHichssicherheitsampt) da SS. O RSHA se tornou o instrumento mais poderoso do terror na

m este instrumento, que possuía proteção policial livre de controle legislativo ou judiciáriha à disposição o poder absoluto sobre a guarda dos campos de concentração.Após o início da Segunda Guerra Mundial, o sistema de campos de concentração, exclusivamb a responsabilidade da SS, foi ampliado. A mão de obra de milhões de prisioneiros, que nquistas alemãs foram parar na área de domínio nazista, foi aproveitada pela SS para a ampl

suas próprias empresas. Em 1940, essas empresas foram congregadas numa união sministração da Wirtschaftsverwaltunshauptamt   (WVHA – gabinete principal de administonômica) da SS. Em todas as áreas sob a influência alemã, as repartições políticas e militargime nazista foram agregadas ao HSSPF (Höhere SS, SS superior; e Polizeiführer, che

lícia), responsável pelo cumprimento ativo dos princípios escritos e não escritos da pozista. A execução da “solução final” e o combate à resistência faziam parte de seu campefas. Paralelamente, Himmler, como  Reichskommissar für die Festigung deutschen Volks

omissário do Reich para a consolidação da nacionalidade alemã), com a ajuda dos dispositiv, dirigia a reestruturação étnica da Europa com a trasladação e germanização. A SS foi o ecutivo e principal instrumento nazista do genocídio de judeus e de outros grupos étnicos euroupos de ação da polícia de segurança e do SD, ambos parte do RSHA, seguiam as linhas alcombate. Desde 1942, transportes em massa de toda a Europa levavam às câmaras de g

lmhof, Belzec, Sobibor, Treblinka, Majdanek e Auschwitz-Birkenau milhões de judeus, víssa “solução final da questão dos judeus” ( Endlösung der Judenfrage). A Waffen-SS , dados os comandos armados da SS faziam parte, inclusive os carcereiros dos camponcentração, apresentava durante a Segunda Guerra Mundial tanto unidades militares para enlinha de combate – por exemplo, a primeira divisão de tanques da SS, surgida em 194

ibstandarte Adolf Hitler  – quanto líderes e equipes para os grupos de ação. Ao lado da rereita entre SS e Exército, também participavam unidades regulares do Exército nos crimerra e exterminação racista na Europa Oriental.

Perto do final da guerra, a SS quebrou um de seus princípios nazistas e permitiu a entrad

mens na SS que não atendiam aos critérios racistas. Além disso, foram criadas divisõe

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mãs, como, por exemplo, de holandeses, flamengos ou dinamarqueses, ao lado também de bóulçumanos e outros “não germânicos”, o que no fundo entrava em contradição com a dousica racista da SS. Em 1944, cerca de 950 mil homens faziam parte da Waffen-SS . A SS gera

1939 incorporava 240 mil homens, era constituída nessa altura por cerca de 40 mil homen45, a SS, NSDAP e outras organizações nazistas foram proibidas pelos Aliados. No julgamenremberg pelos crimes de guerra, ela foi declarada organização criminosa por causrseguição e extermínio de judeus, brutalidade nos campos de concentração, transgressões nas upadas, execução de programas de trabalhos forçados, maltrato e assassinato de prisioneir

erra.

erências

CHHEIM, Hans et al. Anatomie des SS-Staates. Munique: Deutscher Taschenbuch Verlag, 1967.EHNE, Heinz. Der Orden unter dem Totenk opf . Die Geschichte der SS . Guetersloh: Mohn, 1967.EHL, Robert L. The Black Corps. The Structure and Power Struggles of the Nazi SS . Madison: University of Wisconsi983.GON, Eugen. Der SS-Staat. Das System der deutschen Konzentrationslager . Frankfurt am Main: Verlag der Frankfurte946.

MARTIN SCH

AHLHELM União de veteranos nacionalistas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) fundadzembro de 1918 por Franz Seldte (1882-1947) como uma organização militar tradicionalos seguintes, tornou-se uma das mais importantes organizações militares da República de We919-1925). O nome Stahlhelm  (capacete de aço) fazia referência ao capacete mplementado em 1916, que substituía o elmo de ponta. Esse capacete recebeu grande

mbólico nos círculos patrióticos, representando o espírito do supostamente invencível Exmão e da camaradagem das tropas na linha de combate. Inicialmente, a união nada mais era d

ma entre várias organizações locais e regionais que representavam interesses militares evolucionários, ou que recrutavam para os reacionários corpos militares livres. No entantonquistou influência e cresceu de 2 mil associados em 1919-1920 para 340 mil em 1932 (1924l; 1928: 225 mil; 1931: 280 mil; outras estimativas falam de 500 mil associados por vol25). Em 1923, reunia 18 distritos em todo o território do Reich, sendo subdivididos em gais. Os principais pontos de organização ficavam em regiões rurais da Alemanha Oriental, 1933 a Stahlhelm  mantinha uma posição dominante. A Stahlhelm  era estruturada de ma

litar, sendo que as posições de liderança eram ocupadas por oficiais do antigo Exército impuniformes lembravam o feitio e a cor daqueles utilizados durante a Primeira Guerra Mundia

24, a Stahlhelm obteve uma estrutura definitiva de organização. Até então, somente soldadmbate podiam ingressar na liga. No entanto, sob a direção de Seldte, o comando amnsideravelmente o potencial de pessoal, criando subdivisões para jovens: Scharnhorst  pazes de 14 a 17 anos) e  Jungstahlhelm (para rapazes de 18 a 23 anos). Houve também era as mulheres: União da Rainha Luise. Os rapazes acima de 23 anos sem experiência de comrtenciam à Landsturm (a partir de 1927,  Ringstahlhelm) e aqueles com experiência nas linhmbate passaram a pertencer à  Kernstahlhelm. Ao comando federal eram subordinadas 26 ucionais, que eram subdivididas em distritos. As uniões nacionais correspondiam ao regimen

fesa do Reich.

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Por meio da anexação de organizações menores, a Stahlhelm  tornou-se, até 1928-1929, a is poderosa e influente da Alemanha. Aos poucos, também foram se formando grupos no extre outros, no Brasil, na Argentina, nos EUA, na China, na Áustria e na Tchecoslováquia,

mo nas antigas colônias alemãs de Camarões, Togo e Sudeste Africano. Na união  Jungstahlassociados recebiam um intenso treinamento militar que se baseava na formação de recrutichswehr   (defesa do Reich). Na liga  Rinstahlhelm, era dada continuidade a essa formaçãorchas, manobras e instruções especiais (tiro ao alvo, artilharia), baseando-se em regulamens oficiais instrutores da  Reichswehr . Assim, a Stahlhelm  assumiu um importante pap

ograma ilegal de rearmamento da Reichswehr , limitada desde o Tratado de Versalhes a uma tropas de 100 mil homens e que não podia manter uma reserva. Na Stahlhelm, milhares de hoeberam treinamento militar e foram colocados na reserva para o caso de uma guerra. Além d

m o tempo, foram criadas formações especiais como, por exemplo, unidades de enfermagemrinha, de cavalaria e de aviação, que fizeram da Stahlhelm  quase um exército paralelo

erecia a milhares de jovens uma alternativa de serviço militar.A Stahlhelm era um adversário convicto da República de Weimar, mas desde 1924 perseguiaratégia de aparente fidelidade à Constituição. Com o jargão Hinein in den Staat  (para dent

tado), ela desenvolvia uma propaganda militar e antidemocrática que não era vista como hostado por amplos círculos da sociedade. O potencial político da Stahlhelm  ampliou-se devnquista de personalidades influentes e proeminentes como novos associados. O Presidenten Hindenburg (1847-1934) era sócio honorário e nada menos que quatro filhos e netos do úperador alemão começaram, a partir de 1927, a se apresentar publicamente como membrahlhelm. Por fim, devido à influência de seus associados, a união pôde atuar amplamenvulgação de opiniões antidemocráticas de direita durante a República de Weimar, o que facnsideravelmente a ascensão ao poder do NSDAP (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães). Até 1928, a Stahlhelm  havia se ap

ritamente no partido nacional conservador Deutschnationale Volkspartei (DNVP), mas cmento de sua influência a Stahlhelm  se esforçou também para aparecer politicamente dependente. Em 1928, foi formulado em alguns panfletos algo semelhante a um programa, ba

pontos cruciais como nacionalismo, racismo e anticomunismo. O programa defendia a idem Poder Executivo poderoso e independente do Parlamento e recebia, em parte, forte influênc

cismo italiano, sendo a favor de uma revolução nacional-socialista em vez de um emplpista. O seu principal objetivo era a eliminação do Tratado de Versalhes e uma revisãnteiras alemãs, incluindo a restituição das colônias. Por fim, toda a região centro-europeia de

colocada sob a hegemonia alemã, o que significava que a URSS deveria ser forçada a voltaras “fronteiras originais” (além da Ucrânia). Logo ficou claro que a Stahlhelm não tinha condficientes para interferir na política, mesmo porque, sendo uma organização de defesa, não porticipar das eleições. Disso resultou sua aproximação ao NSDAP, que conseguia se impor cadis no cenário político alemão. Essa aproximação foi facilitada pela importância que as

ganizações atribuíam à militarização da juventude alemã, ou seja, uma educação militareparação para uma próxima guerra. O bom relacionamento entre a Stahlhelm  e os nazistpressou também no fato de, em 30 de janeiro de 1933, Seldte ter assumido no gabinete de H889-1945) o cargo de ministro do Trabalho. Em fevereiro, membros da Stahlhelm foram nom

dantes de polícia, atuando ao lado de forças da SA e da SS.

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No entanto, devido à proibição, ou melhor, à autodissolução de todos os partidos e organizaçõahlhelm  passou a acolher muitos adversários do regime de Hitler, de modo que o númeociados cresceu para cerca de 750 mil até maio de 1933 e, em julho, foi colocado um limi

missão. No outono de 1933, a Stahlhelm  foi integrada à SA, sendo que os social-democramunistas anteriormente admitidos foram excluídos, após serem submetidos a amplas investigaliga Scharnhorst   foi inserida na HJ ( Hitlerjudend ) e a liga Wehrstahlhem  (ou seja, todociados até 35 anos) foi enquadrada na SA. A união Kernstahlhelm, ou seja, os associados a35 anos, continuou primeiramente independente, mas em janeiro de 1934 foi integrada à pr

A. Deste modo, a Stahlhelm passou a existir apenas como uma associação tradicional e, em rço de 1934, passou a chamar-se Nationalsozialistischer Deutscher Frontkämpferbund (NSDUnião dos Combatentes Alemães da Frente Nacional-Socialista. A formação militar deociados – uma das atividades principais da Stahlhelm  até 1933 – foi proibida. No dia vembro de 1935, a NSDFB foi totalmente dissolvida. Os seus associados podiam escolher, alimite de aceitação, se queriam associar-se à NSDAP. Em 1951, a Stahlhelm foi reinaugurapública Federal Alemã com o nome Stahlhelm  – União dos Soldados de Frente – Uniãmbate para a Europa. Ela defendia ideias militares chauvinistas e reivindicava, entre o

sas, a restauração do Grande Reich Alemão e de uma hegemonia alemã sobre a Europa. D97, a Stahlhelm  possui cerca de 150 associados, não tem influência política e possuipresentação na Bélgica.

erências

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MARTIN SCH

AKHANOVISMO E  ALIENAÇÃO  Trata-se de uma expressão criada a partir do nome de Aakhanov (1905-?), mineiro que ultrapassou em 14 vezes a sua cota mensal de produçãoroduzir uma racionalização de tipo fordista no processo de extração, seleção e transporvão das minas de Sergo (Ucrânia). O sucesso dos mineiros de Sergo adveio em 1935, ou sejio à campanha generalizada de encorajamento e glorificação da alta produtividade, ocorri

RSS desde que foi iniciado o segundo plano quinquenal no início de 1933. A campanha premi

ciativa individual de quem conseguisse aumentar a produtividade de seu trabalho e ultrapasas cotas mensais de produção, seja pela invenção de algum método novo de trabalho, como so de Alexei Stakhanov, seja pela simples extrapolação da capacidade física no cumprimentras de trabalho. No entanto, tal campanha rapidamente degenerou em busca de publicidade e febras de recordes de produção, ocultando falhas e a baixa qualidade dos produtos alcançuitos diretores de empresas buscaram acomodar as coisas de forma a apresentar certos quadrerários como dignos stakhanovitas naquilo que era priorizado pelo GOSPLAN, privando obalhadores de material e oportunidades para ganhos extras. O setor industrial foi apenas umemplos das distorções produzidas por este tipo de campanha. No setor agrícola, o qu

resentado de “gargalos” ou “brechas na produção” era notoriamente ocultado: se a campan

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ltava para a produção de leite, as terras de batata eram reduzidas favoravelmente ao gadodência se invertia, era a vez de o gado sofrer os efeitos. Tal lógica provocou grandes desperdrecursos e má integração das partes da produção em todo o país ao longo dos anos.

Poder-se-ia perguntar o interesse de diretores de fábricas e de fazendas em produzir fatórios de produção, mas para se entender melhor as suas escolhas dever-se-ia observquina de terror do stalinismo em que estavam inseridos, que acabou por favorecer ntalidade pragmática e de curta escala para se sobreviver no regime: por um lado, os promissos relatórios poderiam trazer para um diretor e seus escolhidos as benesses do PCUS qu

egavam à grande maioria da população soviética, como acesso a determinados bens de conseitos de trânsito e habitações adequadas; por outro lado, os relatórios dos diretorestivamente revelassem várias falhas na produção poderiam levar facilmente a acusaçõe

abotagem” ou “traição” por alguém interessado em tomar o seu cargo. A máquina de terrgime já estava armada e, portanto, qualquer um poderia acioná-la.O stakhanovismo manteve o trabalhador soviético numa relação tão alienada com o resultadu trabalho quanto em qualquer país industrializado capitalista da época, além de fraturar is o meio operário: muitos dos stakhanovitas beneficiados por prêmios e melhores ocup

ntro das fábricas e fazendas do Estado eram incentivados a entrar em brigas com mpanheiros trabalhadores menos agraciados pelo governo. O novo “homem soviético” envom os destinos do comunismo em seu país não emergiria das relações de produção que surgiram

ma URSS aceleradamente industrializada. O homem do socialismo stalinista manteidimensional.

O processo de modernização autoritária iniciado em 1929 por Joseph Stalin (1879-1ovocou, ao final de duas décadas, a ruralização social da vida urbana soviética: uma grande m

mão de obra pouco especializada saída do campo teria que rapidamente se adaptar (oçosamente adaptada) aos ritmos de tempo do trabalho industrial, estendido ao campo por mei

endas e cooperativas sob administração estatal. Portanto, o sistema behavioristêmio/reforço das campanhas stakhanovitas seria tão somente a face mais branda de um siressivo que buscava, o máximo possível, controlar a mobilidade espacial de operármponeses. Por isso, pode-se afirmar que o stakhanovismo foi tão eficaz na manutençãocesso de alienação do trabalho quanto a industrialização com/sem autoritarismo dos ppitalistas da época.Desde outubro de 1930, um decreto havia proibido a livre circulação dos trabalhadores soviéndo seguido por outro, dois meses depois, que os proibia de serem empregados numa fábrica

évia permissão do lugar de onde haviam saído. Em janeiro de 1931, adveio a primeira letituía a pena de prisão para o trabalhador que violasse a disciplina de trabalho, sendo quvereiro foi introduzido um livro de controle dos horários de entrada e saída dos trabalhadustriais e de transportes; em março de 1931, “medidas contra a negligência” foram introduznando os trabalhadores responsáveis pelos danos que causassem aos instrumentos e às matmas; em julho de 1932, foi abolido o artigo 37 do código trabalhista de 1922, que estipulav

m trabalhador apenas podia ser transferido para outra empresa se assim o consentisse. Ummentos altos desse processo de institucionalização do terror foi a introdução da pena de mor

ubos de propriedades coletivas ou do Estado em 7 de agosto de 1932, sendo seguida, em 2

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zembro de 1932, pela reintrodução de uma velha instituição czarista muito criticada por L870-1924): os passaportes interno.Todos os tópicos apresentados servem para demonstrar que um salto qualitativo na direção deva sociedade estaria obliterado devido ao modo que se estabeleceram as relações de prodé o fim da União Soviética em 1991, não se tinha alcançado um padrão renovado de modernize efetivamente pudesse valorizar a criatividade humana com uma verdadeira perspectivetivo – e nada se pôde ver a este respeito nas sociedades pós-soviéticas, malgrad

opagandas promissoras. Ora, como nas relações de trabalho capitalistas há um processo radic

dividualização e apagamento das dimensões de coletivo no trabalho social, parece que aindahumanidade pensar uma alternativa de sociedade igualitária sem os efeitos da endurgenharia social stalinista.

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GELBAUM, Lewis. “Building Stalinism, 1929-1941”. In: Russia History. Oxford e Nova York: Oxford University Press, 1997ALEXANDER  MARTINS V

ALINGRADO,  BATALHA DE  Transcorrida no biênio 1942-1943, representou a mais emblemrrota militar nazista no front oriental da Segunda Guerra Mundial, sendo considerada o divisuas do conflito. Depois do revés da Operação Barbarossa (1941), objetivando a vitória definbre as forças de Stalin, os alemães redirecionaram seus esforços no território soviético, lanç

ma nova ofensiva em junho do ano seguinte. Tal ofensiva pretendia não só ocupar as ricas re

rolíferas do Cáucaso, como também interromper a via de suprimentos norte-americanos – nor escala ingleses – para a URSS através do Golfo Pérsico. Ampliando os domínios nazists, o VI Exército alemão, sob o comando do General Friedrich Von Paulus, conquistou Karkov e amplas regiões da Crimeia, chegando em setembro à cidade de Stalingrado lvogrado), posição-chave no Rio Volga, onde os soviéticos organizaram uma obstinada resistêerrompendo a marcha alemã. O confronto em torno da cidade estendeu-se pelos próximos ms marcos de uma típica guerra de atrito, alcançando notável valor simbólico para as duas f

luta. Em 19 de novembro, os soviéticos lançaram uma contraofensiva – Operação Urancando os alemães no norte, e poucos dias mais desferiram um novo ataque, desta vez direciosul. Iniciava-se o cerco de 250 mil homens da Wermacht, estancando as possibilidades de retVI Exército. Embora os nazistas ainda tenham direcionado as forças do General Mansteintar furar o cerco sobre a cidade, não restava dúvida de que as tropas alemãs só poderiam

corridas mediante o abastecimento aéreo. Nesse sentido, Goering garantiu a Hitler que pros homens acantonados cerca de 700 toneladas ao dia em víveres, armas e equipamepectativa que em pouco tempo mostrar-se-ia infundada em função do rigoroso inverno russoóprio desgaste da Luftwaffe. Em janeiro, mesmo diante das evidências do total esgotamentças alemãs, Hitler ordenou taxativamente a manutenção das posições na cidade. Ainda no

ste mês, Von Paulus foi promovido ao posto de marechal de campo, o que não impediu

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ndição, alguns dias mais tarde, ao General Shunilov. Neste momento, os soviéticos captuca de 110 mil alemães – 60 mil já haviam morrido no campo de combate – comprometen

ses da dominação nazista no país e impondo a Hitler uma irreparável derrota para o esforerra alemão.

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AGO

ALINISMO Trata-se de uma expressão cujo uso se expandiu nos meios políticos ocidentais dSegunda Guerra Mundial (1939-1945), para se referir ao regime ditatorial de partido únic

RSS sob a administração de Joseph Stalin (1879-1953), secretário-geral do Partido Comunisião Soviética (PCUS) desde 1922. Frente à bipolarização mundial que se seguiu à guerra, o u

pressão tinha por finalidade provocar um nivelamento lógico das experiências do fascismozismo com o regime soviético, todos tratados como exemplos cabais de totalitarismo, qntrapunha ao modo de vida das democracias ocidentais. Além disso, o termo surge também egoria política que abarca determinadas características dos partidos comunistas quanto ao mgerir seus quadros internos, de pensar formas de intervir na sociedade e no Estado, ou mesmabelecer relações com outros partidos de esquerda, assim como movimentos sociais e políticções não partidárias. No entanto, o sentido para stalinismo que será desenvolvido aqui se ref

m período histórico em que o socialismo se consolidou de uma forma específica na URSS, podusado como marco cronológico da fase de mudanças políticas, econômicas, sociais e cult

e se sucederam às experimentações políticas de quase uma década (1921-1929) da Nova Poonômica (NEP), coincidindo em larga medida com o tempo de hegemonia política de Joseph s quadros do PCUS. É importante salientar que o período histórico stalinista da URSS definuito o perfil institucional dos partidos comunistas do mundo, mas nem todos os pontos que tados aqui se combinaram ou se mantiveram em igual proporção nas outras experiências histórante e após a morte de Stalin, sejam aquelas em que os partidos comunistas tiveram hegemlítica, sejam aquelas em que se mantiveram relativamente marginalizados na cena política.

Logo após a revolução de outubro de 1917, aquilo que se tornaria a população da URSS passo

s anos de violenta guerra civil (1918-1921), que provocara requisições forçadas de “pmens” para o sustento dos exércitos “vermelhos” contra os exércitos “brancos”. Por conta dprimeiros anos do regime comunista foram marcados por um ressentimento difuso de amores da população que foram criminalizados como “inimigos da revolução”, por terem resisti

agmáticas requisições que os privavam de seus meios de subsistência. Muitas mensideradas pesadas e autoritárias foram colocadas na conta de um “comunismo de guerra” cças inimigas. No entanto, vencida a guerra e apascentados temporariamente os focos potenciaistência, o quadro geral de desestruturação da produção e a resistência da população rur

quisições forçadas sobre suas colheitas demonstraram ao líder máximo da revolução, Vlach Lenin (1870-1924), que a volta possível à normalidade demandaria uma maior negociação

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estruturas sociais existentes, particularmente no campo, prolongando, assim, a transição pmunismo. Lenin interpretou a NEP como algo transitório em face do contexto de reconstcional pós-guerra civil, mas que serviria para estimular as lutas de classe no campo: não mamponês contra o nobre, mas dos camponeses entre si. No entanto, se tal luta chegou a ter algumponto de vista do exercício de uma prática política fora de bases tradicionais de poder,

pacto não se revelou positivo na produtividade. No geral, os camponeses opunhamnsformações radicais em seu modo de vida.

Durante os anos da NEP, a relativa liberalização econômica não foi acompanhada

eralização política: o PCUS manteve o monopólio da vida política, o que de certa fnsolidava um clima de “ameaça presente” dentro/fora das fronteiras, como nos anos da gil. Lenin não pretendia esperar pelas mudanças econômicas e sociais da sociedade na direç

dustrialização e formação de uma ampla classe operária para fazer a revolução proletária. Cnguarda revolucionária, o partido comunista seria a força histórica substitutiva do proletara o caso específico soviético, funcionando os sovietes e sindicatos como sua cadeinsmissão. Neste sentido, na ausência da força histórica da classe operária na URSnsformações sociais partiriam de cima, do grupo revolucionário que conseguira assaltar o E

dominar as suas instituições. Desde antes da revolução de outubro de 1917, as doutrinas de Lfatizavam a organização conspirativa de uma vanguarda revolucionária, revelando desconfiusar a espontaneidade das massas. Tal ideia iria aproximá-lo do que foi a prática de govern

alin: ambos queriam o poder e ver as transformações socialistas ocorrerem durante seus pervida, mesmo que isso significasse o prolongamento de uma regulação da maioria por uma miPartido Comunista.

A limitada reintrodução do mercado livre pela NEP manteria uma linha de tensão difícil dolvida no pós-guerra civil: a vitória militar de 1921 estimulara demandas nos meios oper

banos pelo cumprimento das promessas de maior igualdade social e estabilidade econômica

contexto, qualquer problema relativo à dificuldade de abastecimento ou ao aumento de preçmentos era facilmente objetivado em novos inimigos: “egoísmo nepmen”, “enriquecimento k“desvios nacionalistas”. Em meio a este universo de tensões da década de 1920, emerg

ojeto pragmático de transição acelerada para o comunismo de Joseph Stalin, cujo autoritarisreza de sua engenharia social contrastaria com os anos de livres experimentações da NEPto sentido, a NEP acirrou os conflitos de classe previstos por Lenin, mas é questio

nsiderar que o comportamento da população tenha transcorrido fora de fundos tradicionaisigualdades econômicas afloradas pelos efeitos da NEP alimentaram novos e an

sentimentos em algumas parcelas da população, que percebiam frustradas o adiamentncretização do sonho de igualdade pregado pelas lideranças revolucionárias. Stalin, portantoou tais sentimentos de “revanchismo classista” contra o kulak  ou nepmen, apenas soube expe direcioná-los contra seus inimigos políticos.

A ascensão de Joseph Stalin ao cargo de secretário-geral do Partido Comunista ocorreu emril de 1922. Oficialmente, ele havia sido apontado para tal cargo por Lenin, que já estava basfermo, preterindo Trotsky (1879-1940) em um primeiro momento. Trotsky criticava o paprtido de substituir a força histórico-social do proletariado, afirmando os riscos de um “desporocrático”: da mesma forma que o partido substituiria o proletariado como força históri

rtido poderia ser eclipsado por um ditador. Parece que Lenin optou por Stalin como seu suc

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r seu perfil afastar-se daquilo que considerava ser “os defeitos da intelligentsia russa”, e percde demais os ressentimentos que Stalin tinha com relação aos seus camaradas letrados. Desdcendera ao cargo de secretário-geral, Stalin construiu rapidamente uma base pessoal de podr volta de 1927, a sua posição hegemônica no interior do Partido Comunista já era segura devogressiva eliminação das oposições de Trotsky, Zinoviev (1883-1936) e Kamanev (1883-193Dados comparativos ajudam a entender a ascensão de Stalin nos quadros do partido e a ades

plos setores às suas ideias: entre 1924 e 1929, o número de membros recrutados no pasceu de 500 mil para 1,5 milhão, sendo a maioria jovem, homem, de origem urbana e educ

ecária, ou seja, tratava-se de pessoas semiletradas que pouco entendiam da retórica cosmops intelectuais do partido, dos quais guardavam certo “revanchismo classista”. Esses indivm favoráveis à disciplina e suscetíveis ao comando de uma liderança carismática autoritáriesse certa proximidade de origem e vocabulário com eles. Além disso, entre 1923 e 19smobilização de 6 milhões de soldados do Exército Vermelho causou um aumento no desem640 mil pessoas para 1,3 milhão, estando a maioria concentrada nos meios urbanos. Um prog

ntralizado de industrialização poderia ajudar na absorção desta mão de obra ociosa aos molde ocorrera com o New Deal para solucionar a Grande Depressão nos EUA no início da déca

30. À medida que os intelectuais da primeira geração da revolução foram banidos dos quadrrtido, o projeto de modernização socialista perderia completamente as feições e retósmopolitas.O patriotismo (mais russo do que soviético) foi declarado por Stalin uma virtude-chavreguerras, funcionando como fator de enraizamento do projeto socialista soviético em

cionalistas. De certa forma, pode-se sustentar a hipótese de que o desvio na direçãocialismo em um só país” esteve marcadamente ligado aos novos quadros de filiados do Ps quais Stalin soube se colocar como liderança para sustentar a sua ascensão política. Se Livesse vivo no entreguerras, a retórica da revolução num só país sustentada por Stalin s

rcadamente “evolucionária” aos seus ouvidos: segundo tal visão, o mundo capitalista à freria com as próprias contradições internas e ruiria, cabendo ao poder soviético tão someneocupar com a consolidação interna de seu socialismo, principalmente no que se referia à qumponesa. Tal perspectiva afetou prontamente a percepção da política internacional soviétieaça fascista foi ignorada, sendo interpretada como uma fase necessária na direção da revolpasso que as tendências esquerdistas não bolcheviques foram postas na condição de n

migos políticos em escala internacional. Isso pode ser medido pelo caso da Guerra panhola (1936-1939): o apoio soviético dado à Frente Popular, em contraponto ao apoio m

ncedido por Hitler (1889-1945) a Franco (1892-1975), teve por efeito criar uma publicsitiva da URSS entre as esquerdas da Europa Ocidental, mas serviu primordialmente para qentes da polícia política soviética pudessem eliminar as lideranças das tendências de esquerdntrastariam em influência política com o Partido Comunista Espanhol. Em certo sentido, pormar que a tese do “socialismo em um só país” foi amenizada pela exportação do mviético através do Komintern (1919-1943) e do Kominform (1947-1956), sendo expuralquer tendência autônoma ou crítica à via soviética de socialismo.egundo as ideias de Stalin embutidas em seus planos quinquenais, para haver a moderniz

dustrial em pouco tempo, os camponeses deveriam abandonar completamente o sistem

oconsumo, tornando-se não apenas consumidores de bens industriais, mas também alimenta

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população urbana proletária. Em abril e maio de 1929, foi lançado o primeiro plano quinqhistória soviética, jogando por terra as soluções transitivas da NEP: a sociedade comu

mente seria alcançada com a completa destruição das propriedades privadas, com a coletiviçada do campo e uma industrialização pesada em larga escala. Nesse sentido, comparativams efeitos econômicos e políticos da NEP, o stalinismo pode ser entendido como umapecífica de desenvolvimento e modernização socialista. Isso significou não apenas a destrpropriedade que muitos kulaks conseguiram com a desapropriação definitiva, em 1921, de tnobreza, da coroa e das igrejas do antigo Império Russo, mas também o fim das terras com

mponesas e de seu antigo modo de vida. Todos agora deveriam tornar-se “funcionários do Esta no campo, ou na cidade.

O recorte das terras do campo em cooperativas (kolkhozes) e fazendas ( sovkhozes) estringiu as parcelas de terras livres que os camponeses poderiam explorar diretamente. Para ms parcelas, os camponeses estavam sujeitos aos tabelamentos de preços do Estado, deveriam os tributos e estavam sempre sujeitos à acusação de “egoísmo kulak ” em períodos de crisastecimento que impedissem o cumprimento das cotas estabelecidas pelo GOSPLnicamente, numa visão de longo prazo, foram estas diminutas parcelas de terras sobretaxadas

tado que sustentaram boa parte do consumo da população russa urbana. Aliás, as eleradamente urbanizadas não viram apagaram-se por completo antigos hábitos rurais, conutenção de uma pequena horta doméstica para o autoconsumo.

A industrialização acelerada dos planos econômicos stalinistas provocou, ao final de duas décm fenômeno social paradoxal: a formação de uma maioria urbana sociologicamente rural, o q

letiria na formação dos quadros do partido e da burocracia técnico-funcional do Estadoanto, a coletivização das terras não foi feita em um único movimento e, até a Segunda G

undial (1939-1945), as repúblicas da fronteira ocidental – principalmente as bálticas e caucaseriam as mais resistentes em aceitá-la, sendo um processo que se arrastou até o início dos

50. Por fim, a acusação de “nacionalismo burguês” contra toda resistência ao processsificação do aparato regional do Partido Comunista e do Estado, combinada com a acusaçaboracionismo com as forças nazistas, serviu de pretexto, durante e depois da Segunda G

undial, tanto para a implantação das fazendas e cooperativas estatais nas repúblicas istentes quanto para a deportação em massa de “minorias nacionais” para as fronteiras do Ndeste Asiático, sendo instaladas muitas vezes em campos de trabalho forçado. O simslocamento para áreas inóspitas e pouco conhecidas em vagões de trem superlotados provocrdadeiras razias sobre tais populações.

Em uma visão de conjunto, é possível destacar algumas características do stalinismo que permrceber a associação de um projeto de modernização com a institucionalização do terror, sãonejamento econômico centralizado mais voltado para a indústria pesada do que para o set

ns de consumo leves, provocando uma menor diversidade na oferta para os consumidoionamentos periódicos na distribuição de alimentos; a transferência de recursos do setor

ra o industrial-militar por meio de tributação, requisições forçadas e tabelamento de preçmação de um enorme aparato repressivo extrajudicial  composto por grupos sociais que via

ópria manutenção de seu cargo um meio de ascensão social; o uso sistemático da censura e deopaganda oficial que colocava a figura de Stalin acima do Partido Comunista como grande gu

volução/razão, ao mesmo tempo em que criava eficazmente “novos inimigos” todas as veze

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giam críticas a sua administração tanto no interior do partido quanto em determinados setorciedade; o reconhecimento da estrutura de partido único não mais como algo transitório, mas róprio referencial da organização política da sociedade, além da proibição de cultos religios

alquer espécie, colocados sob o mesmo estigma de “desvio burguês” dado aos “nacionalismoportante perceber que os nacionalismos internos eram postos em oposição ao “patrioviético”. Foi justamente o posicionamento patriótico mantido pela Igreja Ortodoxa duragunda Guerra Mundial que tornou Stalin mais tolerante com ela. Por isso, durante e após a gugreja esteve mais ativa e presente na vida soviética do que nos anos 1930.

Outros elementos se somaram à modernização autoritária stalinista. Ao final de duas décadalização social da vida urbana soviética provocada pelos planos quinquenais criou uma gssa de mão de obra pouco especializada oriunda do campo, que foi forçosamente levada

aptar aos ritmos de tempo do trabalho industrial. O regime tentou por vários mecanismos conmobilidade espacial dessa massa trabalhadora: desde outubro de 1930, um decreto havia proivre circulação dos trabalhadores, sendo seguido por outro, dois meses depois, que proibalhador de ser empregado numa fábrica sem a prévia permissão do lugar de onde havia saíd

neiro de 1931, é decretada uma lei que instituía a pena de prisão para o trabalhador que viola

ciplina de trabalho, sendo que em fevereiro foi introduzido um livro de controle dos horárirada e saída dos trabalhadores industriais e de transportes; em julho de 1932, foi abolido o ado código trabalhista de 1922, que estipulava que um trabalhador podia ser transferido para presa somente se assim o consentisse. Um dos momentos altos desse processtitucionalização do terror foi a introdução da pena de morte por roubos de propriedades coledo Estado, em 7 de agosto de 1932, sendo seguida, em 27 de dezembro de 1932, pela reintroduma velha instituição czarista muito criticada por Lenin: os passaportes internos. Indiretam

s decretos ajudaram a racionalizar o sistema de deportação em massa e o controle da mobilpacial, particularmente da população rural, (ex-)concentracionária e algumas minorias nacion

igiosas.Assim, tal como um soldado, o trabalhador perdeu a liberdade de escolher para onde e quand

deslocar, se queria ou não faltar ao emprego, chegar atrasado ou simplesmente abandonitudes como estas eram postas extrajudicialmente sob suspeita, mas a partir de decretos de ou1940 passaram a ser legalmente consideradas crimes. Somente depois da morte de Stalin ems decretos foram revogados. Este tipo de militarização das relações de trabalho criminalalquer atitude relacionada com o não cumprimento das ordens, às falhas nos processoodução e pesquisa, e à insubordinação com as cotas de produção e horários de serviço, sendo

velado por uma visão conspirativa que associava tais atitudes à sabotagem. De certa formansolidou uma situação habitual de medo conveniente que estimulou a prática dos falsos relatbre o cumprimento das cotas de produção do GOSPLAN em várias unidades regionaodução. Por trás de uma situação de medo habitual estava o imenso aparato – com capacidaação extrajudicial em qualquer área do Estado e do partido – da polícia política, cujas açõ

ntrole, vigilância e indiciamento oscilavam entre a excessiva individualização  dos nsiderados criminosos – alimentando o sistema de delações e a quebra das solidariedades gre a completa diluição  do “inimigo” em “corpos de pertencimento”, particularmente quandoção abrangia minorias nacionais ou religiosas consideradas “perigosas” e, por isso, condena

portação.

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A situação de medo conveniente foi característica nos quadros profissionais de uma burocracideu a ser vitalícia nos cargos do Partido Comunista e do Estado, ao mesmo tempo em que eersa numa situação geral de insegurança e instabilidade diante do futuro. Ao serem execuas instâncias locais de poder, várias ordens dadas pelo alto comando do partido que tiultados violentos acabavam por servir como pretexto para censurar os seus próprios execumo se estivessem cometendo desvios não pretendidos pelo centro e fossem os únicos responsr seus resultados. Depois de certo tempo e conforme a conjuntura de interesses, tais “erroesvios” poderiam servir como instrumentos para expurgos. A construção desses mecanism

egurança que levavam à desconfiança e ao medo conveniente  não era gratuita: o próprio mia a consolidação da burocracia, fazendo dela vítima autofágica do terror, que sustentava ática política. Assim, criou-se um sistema parecido com o que Trotsky havia previsto ao crnin no começo da década de 1920: uma elite governante, com sua vida, seus privilégios e pendentes da vontade soberana de um único chefe político. Em tal estrutura, Stalin não podernsiderado, conforme jargão marxista, expressão dos interesses de uma elite burocrvernante. Isso pode ser explicado tanto pelo fato de os efetivos da polícia política fiéis arem acima de qualquer regulamentação jurídica, quanto pelo fato de qualquer atitude críti

ha cometida no exercício de uma função ser convenientemente associada à conspiraçãbotagem. Além de provocar a horizontalização da delação, a consolidação do medo convenrmitia a Stalin manter-se acima dos jogos particulares de interesse e instrumentalizar assões sociais.

O imenso aparato repressivo-propagandístico do Estado de Terror stalinista identificava “inimpovo” em todo o conjunto da sociedade pelos motivos mais diversos, desde roubos cometido

mazéns das cooperativas e fazendas estatais por pessoas famintas até a simples “negligência”horários de trabalho. O controle sobre a mobilidade espacial da população tornou-se umncipais dispositivos de poder do Estado soviético, mas involuntariamente fraturou a sociedad

ses tradicionais locais de solidariedade – como família, parentela e vizinhança –, em vopriamente inserir o conjunto da população em uma fraternidade calcada na modernidadmem livre plenamente inserido na modernidade, que Karl Marx (1818-1883) pensara ser o sura a sociedade comunista, não poderia emergir das estruturas políticas e das refocioeconômicas stalinistas. O stalinismo limpou-se de toda dimensão autorreflexiva da filosofarx, transformando a sua ideia de progresso em uma ode civilizadora que situou seus versos cnto final para barrar qualquer processo de crítica. Ao fazer isso, tirou a revolução do campdernidade e a inseriu no veio do terror.

Com a morte de Stalin em 5 de março de 1953, houve a chance para a redução do appressivo do governo soviético, que passou da imprevisibilidade extrajudicial do Estado de Tra o plano mais regular de autoritarismo de um Estado Policial. Sintomaticamente, decorridos da criação da polícia política do terror, surgiu o KGB em 1954, após uma expurgação des efetivos do NKVD (Comissariado Soviético Popular para Assuntos Internos), anteriores a m1953. No entanto, devido à própria estrutura de funcionamento do terror e ao envolvimen

rios personagens com as violências perpetradas em nome do regime, a desestalinizaçãompleta. A própria atmosfera política de tensões internacionais dos anos da Guerra Fria (191) tenderia a criar um campo simplificado para as ideias comunistas e contê-las tão soment

rcos do stalinismo – da mesma forma que o exemplo maior de democracia no Ocidente pas

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o sistema de governo dos EUA, malgrado o macarthismo. No entanto, se dentro dos limitpolarização da Guerra Fria qualquer ideal de sociedade que fosse alternativo ao capitalismomaticamente condenado como uma “natural derrapagem” para o “terror totalitário”, por quar de um permanente potencial para o terror em um mundo capitalista pós-Guerra mpletamente esvaziado de autorreflexão e marcado por insulações neotribalistas de consciêncO stalinismo destruiu qualquer possibilidade de tornar os partidos comunistas lugares capaztica e reflexão, ao mesmo tempo em que atrofiou as dimensões de modernidade do marxpois da Segunda Guerra Mundial, o PCUS com/sem Stalin pretendeu manter controle direto

partidos e o aparato político dos países socialistas do Leste Europeu, desagradando algeranças políticas locais, como Josip Tito (1892-1980), que se manteve independente do domMoscou a partir de 1948, embora o seu governo fosse uma versão local independen

linismo. Para evitar que o exemplo de Tito se estendesse para outros países de sua áreluência, o terror soviético foi praticado contra todos os focos possíveis ou imaginadoacionalismo comunista”. Muitos líderes políticos locais correram em mostrar lealdade ao govMoscou para contar com o seu aparato repressivo contra seus concorrentes políticos loroduzindo, assim, os “métodos soviéticos” de governo. A situação internacional para o

ropeu tornou-se mais tensa à medida que se interpretava o Plano Marshall como uma “expansperialismo norte-americano”. As autoridades soviéticas queriam áreas de influência servis, ças comunistas concorrentes à sua hegemonia e dispostas a criar vias próprias para o comun

mbora a pequena Iugoslávia não tivesse nenhum magnetismo regional, além de ser um incômemplo de desafio ao poder soviético, o mesmo não poderia ser dito da China, comunista 49. Em 1968, a Primavera de Praga seria sufocada por seus efeitos de rompimento com o mviético: o “socialismo com uma face mais humana” significava o fim da censura na imprenslítica e nas artes, a abertura cultural para o Ocidente, e a formação de um sistema multipartidá

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ALEXANDER  MARTINS V

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go depois batizada como TV Tupi de São Paulo) transmitiu o primeiro programa de televismérica do Sul, em 18 de setembro de 1950, com a apresentação de “TV na taba”, que contou crticipação de Lima Duarte, Lolita Rodrigues, Hebe Camargo, Mazzaroppi, Walter Foster, Hova, entre outros. Nesse período, somente cinco famílias paulistas tinham receptores em casao, Francisco de Assis Chateaubriand (1892-1968) – que era presidente dos Diários Associaportou equipamentos da empresa norte-americana RCA e espalhou 100 televisores enttenciais anunciantes e representantes das mais ricas famílias e políticos influentes paulistasil foi o sexto país do mundo a realizar transmissões regulares de programas televisivos, d

Inglaterra, dos EUA, da França, da Alemanha e da Holanda. Antes da inauguração oficievisão no Brasil, houve duas pré-estreias em 1950: a primeira, em 3 de abril, mostrou em cirerno uma apresentação do frei-cantor José Mojica para os técnicos e diretores da PRFgunda foi a transmissão-teste de um discurso gravado de Getúlio Vargas oito dias antes da ecial.

Um dia antes da estreia oficial da televisão no Brasil, uma das câmeras quebrou, fazendo comentão novato diretor Cassiano Gabus Mendes esquecesse as marcações de palco e pedissres que improvisassem em cena. O improviso passou a ser a marca da televisão em sua prim

cada de programação regular no Brasil, quando as cenas eram feitas ao vivo, ou seja, não da uma fragmentação intensa na comunicação, como seria depois com a invenção do videondindo em suas transmissões as formas narrativas do teatro e do rádio. A televisão foi impla

Brasil com o intuito de se tornar um novo veículo de comercialização de produtos. Entrerante a sua primeira década de vida, esbarrou em três dificuldades: a desconfiança dos grapresários diante do novo veículo, que inicialmente se limitava a cerca de três horas diári

ogramação; a dificuldade na comercialização dos receptores – em seus primeiros dez anevisão era peça restrita à camada mais rica da sociedade, embora já houvesse em 1960 cer0 mil aparelhos no Rio de Janeiro e em São Paulo –; e o longo processo de criação de

guagem televisiva específica. A televisão era vista como uma mera e cara curiosidade tecnolóA procura de uma linguagem própria para a televisão aconteceu em processos de tentativa eo havia um paradigma estabelecido. As emissoras norte-americanas e europeias também busc

ma linguagem televisiva. O passo seguinte para a evolução de uma linguagem própria e melhoalidade da programação e das técnicas produtivas se deu no início da década de 1960, quanuipamento de videoteipe começou a ser utilizado. Concomitantemente, as telenovelas se mostoratórios perfeitos para o amadurecimento e a prática de uma linguagem televisual próprinologia do videoteipe permitiu que surgissem as primeiras transmissões diárias do gênero.

Um dos pioneiros na difusão da telenovela no Brasil foi o diretor Walter Jorge Durstmandou a “TV de Vanguarda”, criada pela Tupi em 1953. Durst adaptou as apresentações teestilo do novo veículo, integrando os atores ao timing das câmeras, que eram aparelhos gran

sados, de pouca agilidade. As câmeras utilizadas no início das atividades da televisãossuíam zoom e ajuste automático de foco. Operações que hoje são feitas facilmente em quamera caseira eram realizadas com a troca manual de grandes lentes. Como as novelas eram supúblico nas rádios, foram adaptadas para a televisão numa tentativa de viabilizar comercialmemissoras, pois o retorno financeiro com os anunciantes não era nem de perto o esperadoateaubriand. Em toda a América Latina, as telenovelas formaram um sopro de vida financeira

emergentes emissoras de televisão.

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Criada em 1965, a TV Globo começou a se diferenciar das demais emissoras na segunda metacada de 1960, ao fazer um uso mais estratégico das telenovelas para fixar a audiência e m

ma  grade de programação.  O acordo da Globo com a Time/Life permitiu à emissora camprar equipamentos sofisticados e desenvolver o que ficou conhecido como  padrão Globalidade. Passos importantes foram dados, como a transmissão do primeiro jornal em rede naca produção de uma programação em cores. A cor chegou à televisão brasileira em 1972, cnsmissão-teste da Festa da Uva de Caxias do Sul (RS), feita pela TV Difusora de Porto Alegtema adotado no Brasil foi o PAL-M, uma variante do NTSC adotado pelos norte-americanos

AL utilizado pelos ingleses e alemães. A TV Globo, apesar de não ter sido a única a dispor danologia (a Bandeirantes estava realizando alguns testes), foi a responsável pela primenovela colorida: O Bem-Amado, de Dias Gomes, em 1973. No ano seguinte, das 16 horas dprogramação da emissora, 8 já eram de produções em cores.nicialmente, o telejornalismo não fazia parte da programação da televisão. No entanto, não quecido por muito tempo: em 1950, foi ao ar a primeira experiência telejornalística, chaagens do Dia, na qual um locutor apresentava pequenas notícias e algumas imagens com nars equipes de reportagem ainda eram um sonho. Imagens do Dia ficou no ar pouco mais de um

m a estreia da versão televisiva do Repórter Esso na Tupi em 1953, o telejornalismo ganva consistência. Heron Domingues e Gontijo Teodoro apresentavam um jornal com concional e internacional que seguia os moldes do programa do rádio. A famosa vinheta musicertura tornou-se ainda mais popular e, apesar de ter um estilo essencialmente radiofônipórter Esso se manteve no ar por 17 anos.

A grande mudança na apresentação dos telejornais aconteceu em 1962, quando a TV Excelsio de Janeiro estreou o Jornal de Vanguarda. As inovações foram a variedade de locutores (s Cid Moreira), a utilização de comentaristas e a mudança no estilo de narração das notícicelsior de São Paulo seguiu a mesma linha, produzindo o Show de Notícias  um ano depoi

ssos seguintes na evolução do telejornalismo foram a implementação do primeiro jornal emcional em 1969. As entradas ao vivo da reportagem durante a programação foram o passo sege marcou e gênero telejornalístico no Brasil, são exemplos: o  Bom Dia São Paulo  em 19ação de um programa jornalístico voltado para o público feminino, o TV Mulher , em 19resentação de notícias policiais gravadas, mas apresentadas em formato de baixa edição, coui Agora do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) a partir de 1991, com o objetivo de criaito de realismo e arrebate emocional no telespectador, o que não seria possível sem a nologia de câmeras mais leves e sem fio; a estreia do primeiro canal de notícias 24h

dápio da televisão por assinatura em 1996.Na segunda metade da década de 1960, começaram as discussões sobre uma  programaçãegração nacional , a ser transmitida via satélite para mais de um estado. Alguns modeloélites vinham sendo testados pela agência espacial norte-americana desde 1955. Em 19

ASA (National Aeronautics and Space Administration) lançou o primeiro deles, voltado pmunicação comercial, que funcionava como uma estação retransmissora e permitia a transmtantânea para qualquer ponto do planeta. Em 1965, com a criação da Embratel (Emasileira de Telecomunicações), o Brasil começou a ser interligado através de linhas de mdas. A Embratel também viabilizou a participação brasileira num consórcio internacional p

lização do primeiro satélite de telecomunicações para uso comercial: o Intelsat I. A prim

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nsmissão via satélite e ao vivo para o Brasil aconteceu durante o lançamento da Apolo IXrço de 1969. Em julho do mesmo ano, os brasileiros assistiram também ao vivo à chegadmem à Lua. Ainda em 1969, a TV Globo lançou o primeiro telejornal em rede, o  Jornal Nacio tema de abertura é hoje o mais conhecido da história da televisão no Brasil. Inicialmente,ha uma feição mais de centro-sul  do que propriamente nacional , sendo transmitido somenteo Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Recife.

A linguagem e o formato dos telejornais mudaram nos últimos anos do século XX. A chegada dabo no Brasil foi catalisadora de mais uma mudança: o lançamento do primeiro canal de no

horas da televisão brasileira: a Globo News, ligada à TV Globo, começou suas transmissõe96, tendo um formato não muito diferente da CNN norte-americana. Cinco anos depois, ndeirantes lançou também o seu canal de notícias 24 horas: a Band News.

A década de 1990 caracterizou-se pelo início da segmentação, que começou com a implemenMTV Brasil em 1990. Inicialmente, o canal de música alugou meio período de transmissã

ma das emissoras de televisão aberta. Hoje, é acessada no cardápio das televisões por assinatUHF. A televisão por assinatura, no entanto, não é uma novidade de final de século,

arecido nos EUA desde 1949. O serviço foi criado na cidade de Astoria, no Oregon (EUA),

tar resolver problemas de má recepção dos sinais. No Brasil, a TV por assinatura tevemeira experiência em 1987, através da TV Presidente Prudente. No entanto, a primeira gissora a vender seus serviços foi a TVA, que começou a operar em 1991 com o sistema de r micro-ondas. A NET, com transmissão por cabo, surgiu em 1993.

O próximo passo evolutivo da televisão chama-se HDTV (High Definition TV), um sistemnsmissão totalmente digital que pode ser definido como a aproximação entre as duas m

volucionárias do século XX: a televisão e o computador. Através dessa tecnologia, a telenha maior qualidade de imagens e passa a interagir com o telespectador. Os entusiastarcado dizem que, num futuro próximo, o telespectador vai programar a televisão para trans

mente os programas que ele quiser assistir. A televisão também vai permitir que o telespeceba informações sobre determinado produto mostrado no programa que esteja assistindo e

m simples comando, comprá-lo.As pesquisas envolvendo a substituição da tecnologia de emissão analógica pela digital começ

início da década de 1970 no Japão. Em 1987, as transmissões experimentais aconteceramUA e, um ano depois, no Japão e na Austrália. Durante as Olimpíadas de Seul, em 1988, as eq

televisão japonesas foram as responsáveis pela primeira cobertura internacional emfinition. Dois anos depois, durante a Copa do Mundo da Itália, cerca de 16 partidas f

nsmitidas utilizando a tecnologia digital. Embora se tenha observado certa relutânciansumidores em trocar os aparelhos convencionais, tanto os EUA quanto a Europa já estipuas para o encerramento das transmissões analógicas.

erências

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w.supercanal.hpg.com.br w.tudosobretv.com.br 

ALEXANDRE DOS  SA

RCEIRA  INTERNATIONAL  Também conhecida como Internacional Comunista e pelo acrômintern, a Terceira Internacional foi criada em março de 1919, em Moscou. Recebeu o nomerceira” numa alusão à continuação do espírito internacionalista dos trabalhadores das ernacionais que lhe antecederam: a Associação Internacional dos Trabalhadores (1864ernacional Socialista (1889), primeira e segunda, respectivamente. A Comintern  foi criadis motivos: 1) a cisão causada pela posição favorável ao esforço de guerra de seus respecses por parte de setores hegemônicos da Segunda Internacional à Primeira Guerra Mundi

ma estratégia dos dirigentes bolcheviques de romper o isolamento com o restante do mstrando-lhe a Revolução.

A Internacional Comunista existiu formalmente entre 1919 e 1943. Durante os 24 anos de existComintern realizou sete Congressos Mundiais sediados, na maior parte, em Moscou, mas tam

outra cidade da União Soviética, Petrogrado, atual São Petersburgo. Durante os dois prim

ngressos, a língua oficial foi o alemão. A partir de então, o russo, paulatinamente, se impôs, mo os russos o fizeram, na direção da Internacional Comunista. De todo modo, o francês e o imbém foram consideradas línguas oficiais da Comintern. Portanto, na maioria das vezecumentos oficiais da Terceira Internacional foram elaborados, ao menos, nos quatro idiomae diz respeito à participação e representação de nações, em 1925, durante a realização ngresso da Internacional Comunista, já havia 41 países representados por seus respecegados.

A cronologia da Terceira Internacional geralmente divide-se em três períodos, de acordo comópria autoimagem: o primeiro (1919 a 1924), o segundo (1924 a 1928) e o terceiro (1928 a 1primeiro coincide com o período em que se acreditava, a partir das interpretações de Leninorria uma vaga revolucionária a qual assaltaria a Europa Ocidental e o capitalismo avançagundo período é resultado da avaliação pós-derrotas das insurgências na Europa Ocidbretudo na Alemanha, em 1924, e a tentativa de romper o isolamento a partir da tática de Fica, onde comunistas cerrariam fileiras com outros grupos progressistas. Neste período se in

chamada bolchevização  dos partidos comunistas de todo o mundo. As seções nacionamintern, como eram chamados os partidos, deveriam cumprir 21 condições para se tornmbros da Terceira Internacional. O chamado terceiro período, por sua vez, foi fruto de um d

ocesso, interno e externo à Internacional Comunista. Internamente, a política de Frente Única sm duro golpe ao ver derrotada a campanha na China, onde os comunistas chineses, apoiad

essorados pela Comintern, foram derrotados, em 1928. Externamente à Comintern, a vitórupo de Josef Stalin nas disputas intestinas pela direção da URSS contra León Trotski e oigentes em torno dos rumos da revolução mundial afetou os destinos e a raison d’êtrernacional Comunista. Foi, então, definida a tática de classe contra classe quando os comuveriam repelir e evitar alianças com a pequena burguesia e, em especial, combater oamavam de “social-fascismo”, em referência à social-democracia. O quarto e último período ralmente identificado enquanto tal pela própria Comintern. Conquanto seja um período de varodificações nas táticas da Internacional Comunista associado a um vertiginoso atrelamento de

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A partir de 1947, no entanto, foi criado o Bureau Comunista de Informação, o Cominform, crticipação dos partidos e regimes da Iugoslávia (até 1948), Bulgária, Polônia, Romênia, Huecoslováquia, França e Itália. Em 1956, o Cominform seria dissolvido por Nikita Kruschev.

erências

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ARUàSILVA DE

TALITARISMO (TEORIA E PRÁTICA) Expressão utilizada na imprensa e nas análises políticasscrever os Estados de partido único ao longo do século XX. Desde sua origem, tanto na mropeia quanto nos movimentos de oposição ao fascismo, a expressão sempre guardou biguidade ideológica. Uma parcela substancial da literatura sobre o fascismo, em seu seplo, destaca, com razão, uma das características básicas tanto do fascismo italiano quan

riação alemã, o nacional-socialismo, a saber: o antiliberalismo. A partir deste supostoeratura esforça-se para aproximar, ou mesmo considerar de idêntica natureza, o fascismomunismo. O antiliberalismo evidente em ambas as correntes políticas – desprezo pela f

eral-representativa, compreensão diversa da noção de democracia, aspectos ritualísticotações majoritárias, elogio à ditadura do proletariado ou da raça – serviria de cimento core as práticas hitleristas e as práticas estalinistas. Além disso, as origens socialistas de algunncipais líderes fascistas, tais como Mussolini, na Itália, e os irmãos Gregor e Otto Strassemanha, estreitariam, ainda mais, tais origens comuns e doutrinas análogas. Na sua origecismo teria mesmo utilizado e alardeado o seu caráter  socialista e trabalhista  – expressoemplo, no próprio nome do partido fascista alemão, Partido Nacional-Socialistaabalhadores Alemães –, conseguindo assim grande apoio entre os trabalhadores, que transit

ilmente do comunismo ao fascismo. O próprio Hitler, aconselhando os militantes fascistas, suuso de bandeiras e faixas vermelhas, além de outros aspectos comuns aos militantes de esqur fim, a política externa fascista, e muito especialmente a sua doutrina das nações proletáriarno conflito com as nações plutocráticas), seria uma porta aberta para o entendimento

gimes fascistas e regimes comunistas, como de fato aconteceu através do  Pacto Ribbenolotov, ou Pacto Germano-Soviético de Não Agressão, de 23 de agosto de 1939. Tal assocre fascismo e comunismo já nasceu como uma deliberada associação entre duas corrlíticas que tinham em comum uma feroz crítica ao liberalismo. Coube assim, mesmo antabelecimento da Guerra Fria, entre 1945 e 1947, promover uma aproximação entre as rtentes políticas, no início quase como uma desforra. Acontece que boa parte da fundamentaç

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munismo e do fascismo parte de uma análise meticulosa e cruel da chamada democracia libeespecial, da crítica do mal-estar moderno.

O comunismo, com a teoria da alienação e/ou estranhamento, conforme foi desenvolvida porarx e aprofundada pela chamada Escola de Frankfurt, consistia em um frontal ataque às aparêigualdade, fraternidade e liberdade consignadas na doutrina liberal. Da mesma forma, o fascntificava a crise do Ocidente, após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e o iníci

cadência da civilização nas chamadas ideias de 1789, na destruição dos corpos intermediáriciedade (como eram considerados os estamentos ou ordens no Antigo Regime), na atomizaçã

mem. Assim, o liberalismo teria destruído, desorganizado a sociedade do  Antigo Regimeda colocar em seu lugar. Mesmo a luta de classes, o mais daninho truque  do comunismo, ra os fascistas, resultante da dissolução da sociedade corporativa, como foi operado ncípios liberais de 1789. Dessa forma, o comunismo seria um mal oportunista, enquaeralismo seria a fonte de toda a crise da sociedade. Ora, a teoria do totalitarismo, associberada entre as duas vertentes políticas radicais do século XX, surgia como um mecanism

fesa do liberalismo, um afastar de si das origens do mal-estar moderno e lançar sobre o das as responsabilidades do que viriam a ser os piores crimes contra a humanidade (o holoca

rquipélago GULAG, os campos da morte do Khmer Vermelho etc.).A construção política e ideológica do conceito de totalitarismo deu-se de forma precoce. Couosição liberal italiana, entre 1923 e 1925, a caracterização do fascismo como um  Etalitário. Na verdade, a oposição apenas apropriou-se, negativizando, de uma expressão proo próprio Mussolini. Em seu afã de elevar o Estado à posição de realidade última da n

ussolini insistia em que espiritual ou materialmente não existiria qualquer atividade hua do Estado; nesse sentido o fascismo é totalitário. Tal expressão foi retomada por Gio

mendola (1882-1926), líder da oposição liberal ao fascismo (não confundir com seu filho, omunista Giorgio Amendola), que escreve inúmeros artigos e panfletos contra o espírito total

fascismo, e que do exílio, na França, difunde o conceito. Já em 1929, o Times londrino utilizpressão para comparar os regimes de Mussolini e a Rússia dos sovietes. Foi Hermann Rauschretanto, quem procedeu a operacionalização do conceito. Rauschning era (1887-1982) meportante do Partido Nazista, presidente do Senado da Cidade de Dantzig, atual Gdansk, e, rar em conflito com a liderança de Hitler, em 1934, emigra para a Suíça e os EUA, dedicando

ma detalhada análise do fascismo alemão. Em a  Revolution des Nihilismus, de 1938, Rauscliza amplamente a conceituação de totalitarismo. Foi a difusão dos trabalhos de Rauschning seu público americano que levou a American Philosofical Society, em seu primeiro congress

40, a iniciar formalmente um amplo debate sobre o conceito, distinguindo entre uma traeral e parlamentar anglo-saxã, considerada paradigma da democracia, e as tendências autocráespóticas da velha tradição europeia.

Com o advento da Guerra Fria e o fim da Grande Aliança, que derrotara a Alemanha nazinceito totalitarismo tomou um nítido caráter de arma ideológica no enfrentamidente/Oriente. A própria ideia de que o enfrentamento entre EUA e URSS era uma continurtanto justa, do enfrentamento anglo-saxão em face da Alemanha, servia de base para a propagcial e para a  New Right   americana justificar o continuado clima de terror advindssibilidade do recurso às armas atômicas, em especial durante a era macarthista nos EUA.

ores clássicos sobre o tema, como Karl Friederich, Hanna Arendt ou Raymond Aron, q

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onomia da cultura operária incidiria, por sua vez, nas formas em que o nacional-sociaocuraria aí estabelecer pilares para a sua atuação. Teríamos, assim, de um lado, autonomistência, de outro lado, mimetismo e apropriação.

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FRANCISCO CARLOS  TEIXE

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E  (UNIÃO  NACIONAL DOS  ESTUDANTES)  Fundada no 1o  Conselho Nacional de Estudnvocado pela Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1937, a Ucional dos Estudantes foi a primeira entidade estudantil de cunho nacional e sem c

rtidário. Antes da fundação da UNE, outras entidades estudantis tinham caráter meramente estestavam ligadas a correntes políticas, tais como a Aliança Nacional Libertadora, ou a movimmo o MMDC da Revolução Constitucionalista de 1932. Algumas tentativas de organizudantes em uma entidade nacional já haviam ocorrido: em 1910, durante um Congresso NacEstudantes; em 1924, em uma campanha favorável à criação de uma federação de estudant

asil, sendo conduzida pelo Diretório Acadêmico da Faculdade Nacional de Direito, cujo ma organização dos estudantes argentinos.urgido nos marcos institucionais de negociação de conflitos do Estado Novo, o encont

ndação da UNE foi marcado pelo pressuposto de que não se poderia discutir temas “políticos

anto, durante o 2o  Conselho, em 1938, já chamado de congresso da UNE, os temas polraram na pauta, mas a UNE não fazia oposição ao governo de Getúlio Vargas, sendo acla

residente de honra” da entidade neste congresso. A primeira grande participação da UNestões nacionais ocorreu em 1942, reivindicando a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mu939-1945). Nessa ocasião, a UNE promoveu uma passeata com destino à embaixada dos Eoibida pelo chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller (1900-1973). A queda de re Filinto e setores pró-aliados do governo terminou na demissão do chefe de polícia. A

roveitou a declaração de guerra ao Eixo – quando o governo passou a tomar bens pertencente

ses inimigos no Brasil – para invadir o Clube Germania (de alemães radicados no Brasil), qum foco de propaganda nazista, reivindicando o seu prédio (localizado na Praia do Flamengo,mo sede.Em 1943, a UNE fazia oposição a Getúlio na luta pelo fim do Estado Novo e pela realizaçições no Brasil. O apoio dos comunistas a Getúlio e o “Queremismo” causaram uma luta inre os estudantes, possibilitando a vitória de um grupo ligado à UDN e a Carlos Lacerda (177). Em 1950, a bipolarização da Guerra Fria refletiu-se no interior da UNE: com inmpanha anticomunista, a entidade experimenta a ascensão direitista. Uma estudante da udantil norte-americana, Helen Rogers, suspeita de estar a serviço do Departamento de Estad

tados Unidos, era assessora da diretoria da UNE. Outro sintoma foi a retirada da UNE da Uernacional de Estudantes (UIE) sediada em Praga. Em 1956, a direita é deslocada da direç

NE pela campanha nacionalista “O Petróleo é Nosso”, que abre espaço para as forças nacioogressistas voltarem à direção. Neste campo de forças, a entidade refilia-se à UIE e marca pontra as multinacionais e os setores do governo JK considerados “entreguistas” – como o perintendente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, Roberto Campos (1917-20No começo dos anos 1960, a UNE envolveu-se cada vez mais em questões nacionais, sem d

lado reivindicações específicas dos estudantes. Assim, participou da campanha da legal

ra garantir a posse de João Goulart (1918-1976). Como reivindicação específica fez a “grem terço”, pretendendo que os estudantes tivessem representação em órgãos consultivo

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NE, espanhol naturalizado brasileiro, é ameaçado de expulsão com base em leis de imigrenas em 1982 a UNE ganharia uma sede, desta vez na Rua do Catete, doada pelo Goveronel Brizola. A UNE também participou da mobilização pela campanha das “Diretas já!”. Ccampanha não teve êxito, foi favorável à eleição de Tancredo Neves (1910-1985) no Co

eitoral. Em 1986, o Presidente José Sarney (*1930) assinaria uma lei que reconhecia a UNE idade máxima dos estudantes do Brasil, sendo isso iniciativa de um de seus ex-presidentão deputado Aldo Arantes, líder da entidade em 1961.

A UNE voltou a aparecer com destaque nas mobilizações pelo “Fora Collor”, que resultara

pedimento do mandato presidencial de Fernando Collor de Mello (*1949) em outubro de m 1994, a UNE retomou a posse do terreno na Praia do Flamengo, em ato com o então Presimar Franco (1930-2011). Outra marca na década de 1990 foi a conquista das leis estadu

unicipais de meia-entrada para estudantes em eventos de lazer e cultura, que geraram polêmicovimento estudantil a respeito da confecção das carteiras e da cobrança deste benefício. Duraverno de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), a atuação da UNE foi de oposição quananço nas políticas neoliberais, com destaque para as manifestações contra as privatizaçõeatais, como a Vale do Rio Doce e o sistema Telebrás. Outra questão relevante foram os prot

ntra as reformas propostas pelo então ministro da Educação Paulo Renato a respeito da avaldesempenho do ensino universitário público, os critérios de criação ou extinção de cursovel superior, assim como a distribuição e gestão das verbas para o setor de ensino, incluindo

pontos relativos à capacitação profissional dos corpos docente e discente elementar, méperior.Por todas as suas variações de perfis conforme as diferentes conjunturas políticas do Brasilundo, a história da UNE não pode ser contada como um continuum homogêneo. A crítica hiso pode ceder às memórias de gestões específicas que pretendam expandir o seu presente parapassado da instituição. Se a ação popular, criada a partir da Juventude Universitária Cató

edominou na UNE durante os anos 1960 (até a morte de Honestino Guimarães), após onstrução em 1979 – com exceção de um período em que o Partido dos Trabalhadores (PT) eua frente (1987-1991) –, o PC do B passou a dar o tom à UNE até finais da década de rtanto, “trabalhista”, “queremista”, “lacerdista” ou “revolucionária”, a UNE não equadamente representada se reduzida aos gostos e conveniências de última cena.

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Memória da Juventude, 1995.

MÁRIO SÉRGIO IGNACIO

IDADE 731 Unidade japonesa organizada em 1936, em Manchukuo, na Manchúria, voltada podução de armas biológicas em larga escala. O interesse japonês nesta área já havia sido revPrimeira Guerra Mundial (1914-1918), materializando-se a partir da ocupação da China, ini1931, sob o controle do exército de Kwantung. A Unidade 731, instalada em Ping Fan, cons

m amplo centro de pesquisa composto por dezenas de laboratórios e instalações, contando

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ca de três mil cientistas, comandados pelo Tenente-coronel Shiro Ishii, renomado doutocrobiologia. Contando com oito departamentos, envolvidos diretamente em atividades relati

mas bacteriológicas, a Unidade 731 chegou a produzir 300 quilos de bactérias de peste bubr mês, além de expressiva produção de antraz, tifoide, vibrião colérico, salmonela, tifo e té

m 1939, quando as tropas japonesas travaram combates com os soviéticos em Manchukuo, envIshii promoveram a contaminação do Rio Halha com 22,5 quilos de tifo e salmonela, semsem apurados resultados mais concretos da operação. Para Ishii, a credibilidade das experiêseria garantida cabalmente com o teste em cobaias humanas, resultando na utilização para est

prisioneiros de guerra chineses, russos brancos, europeus, ou mesmo mendigos e doentes meservações pormenorizadas eram compiladas a respeito das reações diante das aplicaçõ

ctérias, dissecação de cobaias vivas ou testes de resistência. Quanto aos depoimentos em ssas experiências, muitos divulgados apenas na década de 1980, apresentam atrocinarráveis. Em alguns casos, visava-se a aplicabilidade de uma experiência visando um co

óximo. Nesse sentido, por exemplo, a possibilidade de combate em território soviético condutes com baixíssimas temperaturas, levando ao congelamento de prisioneiros. Em outros casoperiências não conduziam a um processo prático, levando à exaustiva catalogação de dados,

nfecção de sífilis em mulheres grávidas e a posterior análise dos fetos. Sem maiores dificulsentido operacional das experiências, Ishii encontrou maiores obstáculos, entretanto, nos médisseminação das bactérias, uma vez que os sistemas de bombardeamento convenci

abavam destruindo os vetores biológicos quando detonados. Nesse sentido, paralelamensenvolvimento de bombas adaptadas para estes fins, foram utilizados métodos de contaminr meio de ratos. Em agosto de 1942, o vilarejo chinês de Congshan foi alvo sistemático dedemia de peste bubônica provocada pelos japoneses. À medida que a guerra chegou aos

omentos mais críticos, com a investida dos EUA ganhando posições e pressionando os japoneidade 731 participou de tentativas de ataques com armas biológicas contra as tropas americ

m Saipan, tomada pelas tropas americanas, Ishii, em 1944, chegou a operacionalizar irradiaçlhares de pulgas infectadas com peste bubônica através de bombas de porcelana. O plano frque o submarino que conduzia o material biológico, juntamente com os cientistas, afundouatingir Saipan. Em 1945, a operação “Folha de Cereja na Noite” previa um ataque kam

ntra o sul da Califórnia, também visando espalhar a peste bubônica na região. Nos momentos derrota japonesa, diante do avanço das tropas soviéticas, os japoneses destruíram as instalaUnidade 731, apagando os vestígios das pesquisas em torno de armas biológicas. Em 1949abarovsk, na Sibéria Oriental, o governo soviético julgou diversos japoneses envolvidos n

armas biológicas. Ishii e outros membros da Unidade 731, entretanto, prisioneiros do gorte-americano, não foram sentenciados, sendo cooptados por setores militares do país em fuseus conhecimentos científicos, transferidos para as Forças Armadas dos EUA.

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CARLOS  GILBERTO WE

AGO

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plica o clima de guerra civil que acompanha o regime desde o início. Longe de assegurar o fitabilidade, o governo de Vichy será, desde o início, palco de lutas entre grupos e facções.

Após o encontro entre Hitler e Pétain (em Montoire, em outubro de 1940), o regime desenma crescente política de colaboração com o ocupante. A Alemanha procura, sobretudo, consm governo francês fiel, que continue arcando com os “gastos de ocupação” (suficientes para mm exército de 18 milhões de soldados), e fornecendo mão de obra, ambos essenciais para man

quina de guerra do III Reich. Entre 1940-1944 os tributos pagos pela França represeroximadamente 58% da renda nacional desses anos. A partir de meados de 1941, como reaçã

ntados dos comunistas franceses contra as tropas de ocupação, os alemães respondem czilamento de prisioneiros, iniciando-se assim um ciclo de atentados, repressão e fuzilamenténs. Vichy, mais uma vez para “agradar” os alemães, organiza as “seções especiais” de justiçbunal de Estado para combater os comunistas e anarquistas. Apostando no triunfo do Eiverno francês se inspira diretamente no modelo nazista quanto à aplicação das leis de exceçãogime policial. Dessa maneira, em outubro de 1940, foram aprovadas leis que interditam aos juempregos públicos e o exercício de atividades culturais, seguidas da promulgação de um est

pecial para os judeus, proibindo-lhes outras profissões e estabelecendo o confisco de seus be

lítica antissemita do regime ultrapassa os desejos do ocupante. Em julho de 1942 a pncesa, em colaboração com a alemã, organiza a chamada rafle de Vel’d’Hiv, em terrupado, detendo 13.152 judeus franceses posteriormente entregues às autoridades nazistas.Em julho de 1941, é criada a Legião de Voluntários Franceses contra o bolchevismo (LVF)ará junto aos alemães na URSS, com uniforme nazista, com o aval de Pétain. Pierre Laval, governo imposto pelos alemães, declara algumas semanas após sua nomeação, em abril de u desejo a vitória da Alemanha, porque, sem ela, o bolchevismo, amanhã, se instalaria emrte”. Ele transforma o envio de trabalhadores franceses para a Alemanha, até então luntariamente pelo sistema de la relève  (um prisioneiro libertado por três trabalha

luntários), em envio forçado com a criação do Serviço de Trabalho Obrigatório (STO). Ao1943, calcula-se em 1,34 milhão o número de trabalhadores franceses enviados para as fábmãs, aproximadamente 3,3% da população francesa, a maioria qualificados. Esta medida to

gime extremamente impopular, aliada ao fato de ter perdido a Marinha de Guerra, que se saboópria para não cair em mãos dos alemães, e o império, ocupado em grande parte pelos Aliadpulação, cansada de privações, se afasta progressivamente do regime. A radicalização, darticipam ativamente os grupos fascistas franceses que haviam prosperado na zona ocupadlete em particular pelo aumento das medidas de repressão policial e pela aplicação das le

ceção. Em 1942, 50 mil franceses são detidos e 30 mil internados em campos de concentraçãoneiro de 1943, o SOL (Serviço de Ordem Legionário) se transforma na temida milícia franpécie de SS, que se ocupará da ordem pública e em particular lutará contra o comunismordadeiro Estado miliciano se organiza.Em novembro de 1942, com a ocupação da  zone libre pelos alemães, após o desembarque a

Norte da África, um grupo de dirigentes de Vichy, sabendo que o fim estava próximo, instauverno alternativo na Argélia em torno do Almirante Darlan. Finalmente, o General Henry Gie o havia substituído e que dividia com o General De Gaulle a direção do Comité françaération nationale (CFLN), renuncia em novembro de 1943, deixando o General De Gaulle

ico presidente. Em junho de 1944, o desembarque anglo-americano na Normandia acaba com

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tava do regime, Pétain é levado pelos alemães a Sigmaringen, um castelo na Baviera, junto coras da colaboração. Em agosto, Paris é libertada.

A França será o único país ocidental ocupado que, além de administrar o território, aproveiesença de um exército estrangeiro para fazer uma revolução em suas instituições e valoracterização desse período foi durante muitos anos objeto de grandes debates nacionais na Fríndrome de Vichy” foi o termo inventado pelo historiador Henry Rousso para definir o procesbrevivência de dois mitos na memória coletiva: o  petainismo  e o resistencialismo  (o tistência será usado em junho 1940 pelo General De Gaulle, em Londres, em famoso dis

nsmitido pela BBC). Ambos constituem uma reconstrução desse período a serviço de clivis do que ancestrais na França. Dessa forma, a questão de Vichy estará no centro das polêmncesas, muito mais do que a questão nazista. Finalmente, a partir do início dos anos 1970 tos, em particular o “resistencialismo”, mito dominante, entram em crise total e, a partir

omento, conclui Henry Rousso, a sociedade francesa entra na “fase obsessiva” da síndrome. Nocesso, Robert O. Paxton, jovem historiador norte-americano, teve um papel central. Ele pu

1972 uma obra reveladora:  A França de Vichy, 1940-1944, em que defende a tese de qgime de Vichy teria desenvolvido uma política de colaboração com os nazistas, não procurad

tler, na esperança de abrandar um pouco as duras condições impostas pelo armistício e, sobreando desempenhar no futuro o papel de segunda potência nessa “nova ordem”. A tese de Pendo um duplo jogo diplomático e político, negociando em segredo com os ingleses, é

struída. Por outro lado, a tese de uma resistência gaullista generalizada desde 1940 é negagime é apoiado pela maioria da opinião pública até a primavera de 1943, quando os alemãviam ocupado todo o território francês e instituído o STO. Os verdadeiros resistentes fculados aproximadamente em apenas 2% da população adulta, ajudados por outros 10%.

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ROSELLE, Jean-Baptiste. Politique Étrangère de la France: L’A bîme, 1939-1944. Paris: Imprimerie Nationale, 1986.RRO, Marc. Pétain. Paris: France Loisirs, 1987.XTON, Robert O. La France de Vichy, 1940-1944. Paris: Éditions du Seuil, 1973.USSO, Henry. Le Sindrome de Vichy: de 1944 à nos Jours. Paris: Éditions du Seuil, 1990.

HUGO 

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