Endogamia

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ENDOGAMIA Dois indivíduos são denominados parentes porque possuem pelo menos um ancestral em comum. A idéia de parentesco em melhoramento animal, pressupõe semelhança entre genótipos. A endogamia é o método de acasalamento de indivíduos cujo grau de parentesco é superior ao existente na popuação. Isto porque levando em consideração o número de animais fundadores das diferentes raças domésticas e o próprio intervalo de tempo de sua existência, existe um certo grau de parentesco entre os constituintes dos rebanhos. Indivíduo consangüíneo é aquele resultante de pais que são parentes. O fato dos pais de um indivíduo serem geneticamente semelhantes aumenta a probabilidade de que ele receba de seus pais genes idênticos que representam cópias de um mesmo gene presente em um ancestral comum. EFEITO GENÉTICO DA ENDOGAMIA AUMENTO DA HOMOZIGOSE DO REBANHO: Este efeito é tanto maior quanto maior for o parentesco entre os indivíduos que se acasalam. Tipos de acasalamento % de endogamia na descendência IC X IC - 1º geração 25,0 IC X IC –2 º geração 37,5 IC X IC – 3º geração 50,0 Pai X Prole – 1º geração 25,0 Pai X Prole – 2º geração 37,5 MI X MI 12,5 ENDOGAMIA NÃO ALTERA A FREQUÊNCIA GÊNICA a força que altera a freqüência gênica é a seleção, a endogamia aumenta e homozigose tanto para os genes recessivos como para os dominantes. Genotipo Freqüência Propor. de Nº de gerações AA Aa aa De A ou a AA ou aa 0 1600 0,5 0

1 400 800 400 0,5 0,25

600 400 600 0,5 0,375

700 200 700 0,5 0,437

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COEFICIENTE DE ENDOGAMIA O efeito fundamental da endogamia é aumentar a homozigose. Este aumento é quantificado pelo coeficiente de endogamia. O coeficiente de endogamia mede a probabilidade de um determinado indivíduo, em um determinado lócus, apresentar dois alelos que são idênticos por descendência de uma ancestral comum. A expressão para o cálculo do coeficiente de endogamia foi determinada por WRIGHT (1922) como:

∑ += +′+ )1()5,0( 1A

nnX FF

onde FX = Coeficiente de endogamia do indivíduo X; n e n’ = Número de gerações entre o ascendente comum com o pai e a mão do indivíduo X, respectivamente; FA = Coeficiente de endogamia do ascendente comum. Quando o ascendente comum não é endogâmico, o coeficiente de endogamia é calculado como:

∑ +′+= 1)5,0( nnXF

esta expressão é equivalente em dividir o coeficiente de parentesco entre os pais do indivíduo X por dois, ou seja, supondo o indivíduo X filho dos indivíduos A e B.

∑ +′+= 1)5,0( nnXF =

( )2

5,0

2

'∑ +

=nn

ABR

exemplo: C D A A D X C C B B E E RAB = 0,5 1+1 = 0,25 0,25/2 = 0,125 FX = 0,5 1+1+1 = 0,125 A interpretação do coeficiente de endogamia, FX = 0,125 implica que existe uma probabilidade de 12,5% de que os loci que eram heterozigoto no ancestral comum (indivíduo C) se tornarem homozigotos no indivíduo X.

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Quando o ascendente comum é endogâmico o cálculo do coeficiente de endogamia é obtido da seguinte forma: D A C H X F I B C G H E I D H A F X C I A e B são meio-irmãos B G H F e G (pais de C) são irmãos completos E I

1) cálculo da endogamia de C, que é igual a metade de RF,G RF,G = (0,5)1+1 + (0,5)1+1 = 0,5 FC = 0,25 2) cálculo da endogamia de X

FX = 0,5 1+1+1 (1+0,25) = 0,53 (1,25) = 0,1563 ou 15,63% APLICAÇÕES DA ENDOGAMIA

A) OBTENÇÃO DA PREPOTÊNCIA : prepotência é a capacidade de um animal em transmitir aos seus filhos as suas características, independentemente dos indivíduos com os quais foram acasalados. A prepotência depende principalmente dos efeitos de homozigose e de dominância completa. Com dominância completa, o pai homozigoto para um gene, o transmite para as proles, e este em estado homozigoto ou heterozigoto, expressa a característica, tornando os filhos mais semelhantes a um dos pais. A endogamia aumenta o homozigose e propicia condições para o aparecimento da prepotência.

B) DETECÇÃO DE GENES RECESSIVOS: a endogamia promove a homozigose tanto para genes dominantes como para genes recessivos.

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Nestas condições o fenótipo determinado por genes recessivos permite a eliminação do indivíduo ou de seus pais, se for o caso. A maioria de genes indesejáveis e de efeitos deletérios são recessivos e estão relacionados com baixa fertilidade, alta mortalidade e redução do valor adaptativo do animal.

C) FORMAÇÃO DE LINHAGENS E FAMÍLIAS DISTINTAS: os acasalamentos endogâmicos tem sido muito usados para o obtenção de linhagens homozogóticas contrastantes, para posterior cruzamento, visando a exploração da heterose. Este processo é comum na produção de aves e suínos. Considerando que a variação genética em determinada característica é devido a um par de alelos, pode-se formar por meio da endogamia e seleção, duas subpopulações distintas. A variação genética dentre da subpopulação desaparecerá, as características se fixaram e as subpopulações se tornaram divergentes geneticamente.

DESVANTAGENS DA ENDOGAMIA A endogamia apura tanto defeitos como qualidades. Os efeitos desfavoráveis da endogamia são caracterizados pela redução geral da fertilidade, sobrevivência e vigor dos animais. Estes defeitos irão depender da intensidade da endogamia, característica, raça, sexo e linhagem. Número efetivo ou tamanho efetivo e taxa de consangüinidade

número efetivo ou tamanho efetivo da população representa o número de indivíduos que daria origem à taxa de consangüinidade ou incremento da consangüinidade apropriado para as condições consideradas, caso os indivíduos se acasalassem como na populaçào ideal. Assim, pela conversão do número observado (N) para o número efetivo (Ne), este pode ser usado para o cálculo da taxa de consangüinidade ( F∆ ),

Ne21

F =∆ .

Numa população ideal, o número de reprodutores é Ne, sendo metade de Ne constituída de machos e metade de fêmeas. Assume-se que os acasalamentos sejam ao acaso e que haja igual viabilidade dos gametas formados. A aplicação desse conceito se baseia na idéia de que se pode relacionar uma população real de Nm machos e Nf fêmeas com um ideal de tamanho efetivo Ne, constituída de igual número de machos (Ne/2) e de fêmeas (Ne/2). Essa população teria taxa esperada de incremento de consangüinidade igual a da população real, constituída por diferentes proporções de sexos.

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Em razão de motivos econômicos, de modo geral, usa-se menor número de machos que de fêmeas, nas populações de animais domésticos. Nesses casos, o número efetivo, em ralação ao número de machos e fêmeas, é dado por

NfNm4NmNf

Nf41

Nm41

Ne1 +=+= .

Assim,

NfNmNfNm4

Ne+

= ,

em que Ne = tamanho efetivo ou número efetivo; Nm = número de machos usados na reprodução; Nf = número de fêmeas usadas na reprodução. A taxa de consangüinidade é dada por

Nf81

Nm81

Ne21

F +==∆ .

Deve-se observar que o tamanho efetivo da população é influenciado por diferenças nas razões de sexo. Considerando, por exemplo, populações de 400 animais que serão usadas na reprodução, com diferentes proporções de machos e fêmeas, os números efetivos e as taxas de consangüinidade podem ser observados no Quadro 4.1. Quadro 4.1 – Tamanho efetivo e taxa de

consangüinidade em função de diferentes números de machos e fêmeas

Número de

Machos Número de

fêmeas Tamanho

efetivo Taxa de

consangüinidade 200 200 400,00 0,125% 100 300 300,00 0,167% 50 350 175,00 0,286% 25 375 93,75 0,533% 10 390 39,00 1,282% 5 395 19,75 2,532%

Note-se que a taxa de consangüinidade é influenciada pelo sexo menos numeroso; é mínima, quando o número de machos usados na reprodução é igual ao número de fêmeas.