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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 0 Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente ENFAMB Estudo realizado por: Carlos Pascoal Ribeiro Luisete Sá e Seixas Ana Sousa Alfredo Sá Almeida Estudo Financiado pelo Fundo Social Europeu e Estado Português (IEFP) Programa PESSOA, Sub-Programa ‘Apoio à Formação e Gestão dos Recursos HumanosLinha de acção ‘Estudos e InvestigaçãoAno de realização: 1997 / 1998

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 0

Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ENFAMB

Estudo realizado por:

Carlos Pascoal Ribeiro

Luisete Sá e Seixas

Ana Sousa

Alfredo Sá Almeida

Estudo Financiado pelo Fundo Social Europeu e Estado Português (IEFP) Programa PESSOA, Sub-Programa ‘Apoio à Formação e Gestão dos Recursos Humanos’

Linha de acção ‘Estudos e Investigação’ Ano de realização: 1997 / 1998

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INFORMAÇÃO GESTÃO

AMBIENTAL

ENERGIA ENGENHARIA AMBIENTAL

PRODUÇÃO

FORMAÇÃO

1. INTRODUÇÃO O presente relatório refere-se a um estudo efectuado durante o ano de 1997, completado posteriormente com recolha de alguns dados durante 1998.

Reporta-se às necessidades de formação em matéria ambiental no sector automóvel e nos sub-sectores de moldes, de plásticos e de vidro de embalagem do sector de Bens de Consumo.

Teve por base uma concepção holística do problema ambiental e da gestão das empresas, procurando caracterizar aspectos da gestão ambiental que era efectuada à data da recolha de dados, bem como as perspectivas de evolução nesta matéria e, consequentemente, ao nível das necessidades de formação que se virão a manifestar.

Equipar as estruturas funcionais e prepará-las para níveis crescentes de exigência e competitividade dos mercados onde estão inseridas é um dos maiores desafios das Empresas Industriais Portuguesas.

É neste contexto que se evidenciam factores dinâmicos e integrados de competitividade, como: protecção das condições ambientais, racionalização energética, reorganização produtiva, qualidade e marketing. (SIEB - Out/Dez, 1996).

Fig. 1 - O Ambiente na Indústria e a sua relação com a Formação.

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Note-se, contudo, que estes vectores de dinamismo e proactividade estão fortemente condicionados pela capacidade de sensibilização, informação e formação dos recursos humanos das Empresas. Sem isso dificilmente a empresa poderá responder adequadamente aqueles factores de competitividade.

Identificar as necessidades de formação na área do ambiente pode, pois, ser considerado um imperativo para o próprio desenvolvimento da competitividade das empresas industriais, senão no imediato, pelo menos no médio prazo.

Refira-se, porém, que essas necessidades não deverão circunscrever-se às profissões específicas da área do ambiente, mas também aos profissionais que intervêm ao nível da concepção e planeamento de processos produtivos e aos colaboradores em geral.

Aliás, as Normas ISO/DIS 14001 e 14004, relacionadas com a definição de princípios para a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental, que foram recentemente publicadas, advertem para a necessidade da Gestão de Topo das Empresas “construir” uma atitude comportamental de “Consciência e Motivação Ambiental” no universo dos seus Colaboradores. - “It is the commitment of the individual people, in the context of shared environmental values that transforms an Environmental Management System from paperwork into an effective process”.

A Motivação para a melhoria contínua, neste domínio, pode ser potencializado pela implementação de procedimentos de gestão que apontem para maiores níveis de informação, de participação e responsabilização dos colaboradores.

Digamos que a mudança de atitudes e de práticas, a este nível, ficará muito mais facilitada pela adopção das novas concepções gestionárias. Nelas, as pessoas assumem um papel central, não sendo mais consideradas meros apêndices dos processos produtivos mas sim como verdadeiro factor de competitividade. Do seu desempenho dependem, cada vez mais, os resultados das empresas.

Neste contexto a informação e a formação desempenham papel de especial relevo.

Pode-se, pois afirmar que Formação, Consciência e Competência Ambiental são vectores em que as Empresas Industriais terão de apostar, para vencer os desafios da competitividade.

1.1. Necessidade da investigação sustentar as medidas estruturais de gestão da formação.

Na nossa concepção a formação ambiental, enquanto prática gestionária, deve ser enquadrada da realidade empresarial.

Assim, começámos por recolher elementos indicadores da gestão ambiental actualmente efectuada nas empresas que constituíram a nossa amostra bem como a sua sensibilidade para as matérias ambientais.

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De seguida procurámos caracterizar as evoluções previsíveis nessas empresas no domínio ambiental e só depois perspectivar as necessidades de formação daí decorrentes.

De facto consideramos a formação um instrumento ao serviço da gestão das empresas e não um objectivo em si mesma. Efectivamente se pretendemos que os efeitos decorrentes da formação se manifestem na actividade das empresas teremos de conceber processos de formação coerentes com os projectos de mudança e desenvolvimento aí a decorrer.

Por outro lado, pensamos que embora a focalização no indivíduo seja importante no contexto do desenvolvimento das suas competências, tal não bastará para garantir mudanças efectivas ao nível da gestão ambiental. Para isso é necessário criar condições que permitam utilizar essas competências em proveito do funcionamento e resultados das equipas e, duma forma mais geral das empresas.

Por outro lado, desenvolvemos este estudo conscientes que a mudança profunda de atitude das empresas perante os problemas ambientais, se quisermos perante o património ambiental, será função não só de uma maior sensibilização das pessoas que as integram mas também de medidas regulamentadoras, fiscalizadoras e de incremento de pressão por parte dos clientes finais para as empresas produtoras dos bens que consomem manifestem uma profunda consciência ambiental.

1.2. O papel da formação na revitalização do tecido empresarial e no exercício da cidadania.

Acreditamos que a formação poderá constituir um importante factor no incremento de práticas de gestão ambiental mais eficazes.

Contudo, não tenhamos ilusões, de que não será suficiente para resolver este problema.

Antes de mais é necessário que as empresas estejam sensibilizadas para a inevitabilidade da utilização destas práticas. E em termos de lógica de gestão empresarial, as empresas ficarão sensibilizadas não só quando conhecerem o problema e as soluções possíveis, mas também quando sentirem pressão seja por regulamentação e consequente fiscalização seja por parte da envolvente social.

Efectivamente se os stockholders não são apenas os accionistas, mas todos aqueles que de alguma maneira estão interessados, directa ou indirectamente na empresa (estado, municípios, trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade em geral...), certamente que a empresa para lhes agradar necessitará de efectuar uma efectiva gestão ambiental.

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1.3. Competitividade e regulamentação/certificação.

Investir em ambiente poderá ser uma prática pouco frequente se, em vez, de o considerarem um investimento, as empresas o considerarem um mero custo.

Significa isto, que as empresas têm de vislumbrar ganhos tangíveis...ou ausência de perdas que os levem a tomar a decisão de investir. Ou seja, que considerem que os ganhos decorrentes do investimento ambiental se traduzam, de facto, em ganhos para a empresa.

Esses ganhos poderão assumir diferentes formas – ausência de coimas, benesses nos impostos, maior aceitação por parte de clientes e consumidores finais e a própria possibilidade da empresa continuar a sua actividade.

Analisando a actual situação damo-nos conta que a certificação em qualidade, uma prática cada vez mais em voga por parte das empresas, que acreditam que daí poderão retirar benefícios, por variadíssimas razões, ainda se faz dissociada da certificação ambiental.

Contudo acreditamos que a evolução só pode ser uma – ambos os processos de certificação serão efectuados conjuntamente. Provavelmente neste âmbito estarão ainda presentes aspectos relacionados com a segurança, seja de processos seja de produtos.

Assim, além de se prever um incremento de práticas de auditoria ambiental, por razões de certificação, será muito provável que as empresas que invistam, de facto nesta matéria passem a dispor, a exemplo do que se passa actualmente com os sistemas de qualidade de pivots / catalizadores das melhorias em matéria ambiental.

Estes, terão a seu cargo não só a coordenação da implementação de projectos ambientais, a sua manutenção e gestão, o desenvolvimento de eventuais de sistemas de sugestões, a organização e desenvolvimento de processos formativos.

1.4. A EMPRESA - o seu desenvolvimento passa pela adaptação/valorização e aposta nas Pessoas.

Se é verdade que a formação não é suficiente para garantir a implementação de sistemas de gestão ambiental, também é verdade que a concepção de processos destinados a esse fim só poderá gerar os efeitos pretendidos se as pessoas estiverem sensibilizadas e devidamente capacitadas para utilizar esses processos.

Se atendermos às práticas utilizadas pelas empresas para implementarem sistemas de qualidade, verificamos que quase invariavelmente recorreram a equipas pluridisciplinares, como garante da coerência e consistência das modificações introduzidas e da sua efectiva implementação.

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Assim, provavelmente a implementação de sistemas de gestão ambiental implicará igualmente a constituição de equipas projecto, que integrem diferentes valências técnico-científicas capazes de conceber, implementar e gerir processos indutores de menor agressão ambiental adequados à especificidade do negócio da empresa.

Provavelmente, o êxito destes projectos verdes, estará dependente da capacidade de gerar nos diferentes colaboradores da empresa uma adesão tão plena quanto possível. Para isso não só é imprescindível sensibilizá-los para a questão ambiental como fazê-los participar activamente, na sua implementação e na melhoria da sua gestão

1.5. O AMBIENTE - a responsabilidade social das Empresas.

Se é verdade que a empresa deve ser orientada pelos interesses dos seus accionistas/sócios, não é menos verdade que estes só poderão ter aqueles interesses defendidos se a empresa obtiver e mantiver bons resultados. Mas para obter e manter bons resultados, a empresa necessita de satisfazer todos os seus stockholders.

E estes são, como já referimos, tão diversos como o estado, os municípios, os clientes, os consumidores, os fornecedores, os trabalhadores, a envolvente...

Significa isto, que à medida que os diferentes stockholders das empresas se tornarem mais exigentes em matéria ambiental, o investimento feito pelas empresas neste domínio tenderá a constituir um investimento na sua sobrevivência.

E se as preocupações dos cidadãos com o planeta começam a desenvolver-se galopantemente, então é provável que as empresas comecem a sentir, de facto, os custos do não investimento ambiental.

Note-se que estes custos não serão apenas os decorrentes da aplicação do princípio do poluidor pagador ou da não concessão de benefícios de natureza fiscal ou outros, mas também, e sobretudo, os resultantes da pressão do próprio mercado. Estará ainda, nas nossas memórias o impacto que uma questão ambiental relativa a uma plataforma petrolífera no Mar do Norte teve sobre as vendas da Shell.

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2. GESTÃO AMBIENTAL (Problemática da Gestão Ambiental)

2.1 “O que é a gestão ambiental”

De uma forma sintética pode-se considerar que a qualidade de vida é determinada pela integração de três factores: nível de rendimento, condições de vida e de trabalho e qualidade do ambiente, os quais assumem um peso relativo distinto de acordo com o espaço e o tempo.

Nos países mais desenvolvidos o conceito de integração ambiental das actividades económicas tem vindo a substituir gradualmente a percepção - ainda generalizada entre nós - de que as questões ambientais se posicionam “contra” o desenvolvimento. Referências básicas que marcam a institucionalização desta mudança de paradigma - que anteriormente já se vinha a delinear por iniciativa de organizações sectoriais como a Câmara de Comércio Internacional (ICC – International Chamber of Commerce) ou o sector da Indústria Química, para citar apenas duas das mais representativas - há que referir a Conferência do Rio de Janeiro em 1992 e o 5º Programa de Acção da União Europeia em matéria de Ambiente - “Em direcção a um Desenvolvimento Sustentado”. Este conceito de Desenvolvimento Sustentado, primeiramente apresentado no designado Relatório Brundtland de 1989, expressa, de uma forma breve, a impossibilidade de um desenvolvimento de costas voltadas, ou contra o ambiente.

No sector industrial, dentro desta filosofia, pretende-se que as exigências ambientais crescentes, actuem como um catalizador para a revisão dos processos produtivos. Se nos anos 70 ou 80 o objectivo ambiental era, por exemplo, o tratamento dos resíduos para minimizar os seus impactes ambientais, nos anos 90 a actuação centra-se na sua redução ou reutilização sendo que o objectivo será uma produção zero de resíduos no futuro. Este objectivo pressupõe um esforço de Investigação & Desenvolvimento (I&D), que conduza quer à minimização dos resíduos quer à melhoria da eficiência produtiva, quer em termos de matérias-primas, quer em termos de energia. De uma forma simples, o que se pretende hoje, para corresponder aos anseios de qualidade de vida da nossa sociedade é “produzir mais, com menos”.

Genéricamente, gestão ambiental corresponde a, com base nos conhecimentos actuais e no esforço de I&D já referido, produzir acções que permitam gerir o sistema ambiental relativamente aos elementos e processos que o compõem e às accções que o afectam. Esta gestão ambiental socorre-se de dois tipos de instrumentos complementares: instrumentos preventivos e instrumentos correctivos. Cada vez mais uma gestão eficaz e eficiente, integradora do ambiente nos objectivos económicos da empresa, dá prioridade ao primeiro tipo de instrumentos.

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2.2 Objectivos da gestão ambiental

Os objectivos da gestão ambiental de qualquer empresa, nomeadamente do sector industrial, deverão consubstanciar o princípio “ideal” de poluição nula e devem determinar um conjunto de medidas, técnicas e não técnicas, que permitam prevenir ou minimizar a poluição por emissões e resíduos procurando igualmente evitar ou pelo menos minimizar o recurso aos tratamentos de fim de linha, crescentemente mais onerosos. O “grau de poluição” passará a ser, cada vez com maior acuidade, um indicador da eficiência dos processos, equipamentos e procedimentos, traduzindo o nível de adequação da gestão ambiental da empresa e da sua eco-eficiência.

Empresas eco-eficientes assumem uma postura pró-activa e desenvolvem um sistema de gestão que oriente ambientalmente a obtenção dos lucros e integre o interesse social do ambiente no desenvolvimento das suas actividades, internalizando as responsabilidades em matéria de protecção ambiental na sua estratégia global e na conquista de novas posições num mercado cada vez mais globalizante e competitivo.

Neste contexto, o ambiente deve ser um vector estratégico de gestão global da empresa em conformidade com os conceitos de Qualidade Total e Excelência. A empresa deverá ser cada vez mais considerada como uma “empresa-cidadã”, activa e responsável pela melhoria da qualidade do Ambiente em termos globais.

De referir a este propósito, que o Prémio de Excelência, instituído em 1993 pelo, então, Ministério da Indústria, através do Instituto Português da Qualidade, considera como um dos factores de Excelência e de reconhecimento da Qualidade Total, a postura da empresa face à sociedade, tanto nos aspectos culturais, sociais e económicos, como na área do ambiente.

Em resumo, a Gestão Ambiental da empresa visa optimizar o desempenho ambiental das unidades de produção, atendendo aos objectivos de lucro da empresa. A Gestão Ambiental pressupõe a definição de uma política ambiental, consubstanciada em objectivos, programas, estratégias e metas ambientais que a materializam através do recurso a diversos instrumentos de gestão.

Numa primeira fase, para o estabelecimento de princípios e objectivos que orientem uma política de gestão ambiental, há que referir o diagnóstico ambiental, que se pode definir como uma avaliação global das características ambientais da empresa.

2.2.1 Instrumentos preventivos da gestão ambiental

Os instrumentos preventivos da gestão ambiental podem ser caracterizados em primários, secundários e de gestão. Nos instrumentos preventivos primários há que referir a formação, a sensibilização e a educação, quer da população em geral, quer de grupos específicos da sociedade (jornalistas, projectistas, professores, etc.). Trata-se de instrumentos de excepcional

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importância, cuja responsabilidade última é dos decisores políticos e da Administração. Os objectivos genéricos do ENFAMB, no âmbito do qual é apresentada esta monografia, correspondem e radicam na tomada de consciência da necessidade e importância da aplicação deste tipo de instrumentos. Embora se tratem de instrumentos de “ciclo longo” e cuja responsabilidade de aplicação é do Estado, a empresa cidadã, quer individualmente, quer através das suas fileiras/associações representativas poderá, sectorialmente, desempenhar um papel de relevo.

Entre os instrumentos preventivos secundários podem-se incluir o normativo em matéria de ambiente, nomeadamente, o conjunto de diplomas legais e disposições administrativas que fixam limites, por exemplo, para a emissão de poluentes e que traduzem para uma linguagem jurídica e normativa uma racionalidade técnica baseada nos resultados da investigação, da experimentação e na difusão das tecnologias.

Como instrumentos específicos de gestão ambiental há que referir, o planeamento, a concepção ambientalmente integrada dos projectos e a Avaliação de Impacte Ambiental.

O planeamento é um processo racional de tomada de decisão, podendo assumir diversas formas: nacional, regional ou local; integral ou sectorial; físico, económico e social; espacial; urbano e rural; a curto, médio e longo prazo. Condição essencial para o planeamento é um diagnóstico correcto do meio físico, do território e dos seus recursos. Assim, o tipo de planeamento que melhor cumpre o seu papel preventivo em termos ambientais é o ordenamento do território, indissociável da gestão ambiental. Uma correcta localização e um rigoroso controlo do uso do solo são o ponto de partida essencial para a integração ambiental das actividades.

A concepção integrada de projectos implica, metodológicamente, analisar e valorizar o ambiente como referência para a concepção do projecto, gerando soluções alternativas que minimizem o respectivo impacte ambiental.

Na sequência, a Avaliação de Impacte Ambiental é um procedimento administrativo de controlo ambiental de projetos, prévio ao seu licenciamento que, apoiado num estudo técnico sobre os seus impactes ambientais (Estudo de Impacte Ambiental) e no processo de Consulta do Público, permite à entidade responsável pelo Ambiente, emitir um parecer sobre a viabilidade ambiental do mesmo, estipulando as respectivas condições e eventuais recomendações que minimizem o seu impacte.

Como instrumentos preventivos de planeamento ambiental, já não de âmbito global, mas de aplicação específica ao sector produtivo, permitindo-lhe simultâneamente um melhor desempenho ambiental e económico, de referir: as Auditorias Ambientais, a Análise de Ciclo de Vida do Produto, o Ecodesign, o Rótulo Ecológico, a Produção Mais Limpa (PML), dos quais de falará mais à frente, em detalhe, assim como o EMAS (Eco-Managemente and Audit Scheme) e as Normas ISO 14000.

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2.3 Auditorias Ambientais

A Auditoria Ambiental (A.A.) desenvolveu-se inicialmente nos Estados Unidos, no final dos anos 70, como consequência das sanções decorrentes da legislação ambiental, da complexidade desta e também da crescente pressão da opinião pública. Apoiada a sua realização pela Agência Americana para o Ambiente (US-EPA), as A.A. são, por exemplo, exigidas pela Comissão de Valores da Bolsa Americana, influenciando a cotação das respectivas ações. Esta prática estendeu-se à Europa, mais tarde, tendo a Holanda sido pioneira nesta matéria. Por força dos princípios emanados do 5º Programa de Ambiente da União Europeia, materializados no Regulamento (CEE) 1836/93 sobre Eco-gestão e Auditoria Ambiental, este instrumento viu a sua aplicação institucionalizada.

Na realidade, diversos organismos sectoriais, internacionais e nacionais, assumiram, antes da sua institucionalização, o compromisso de estudar, analisar, difundir e fomentar a aplicação deste instrumento como veículo de auto-controle e análise de desempenho a nível empresarial, numa era de globalização da economia.

Assim, em 1989, o Programa Indústria e Ambiente do PNUA (Programas das Nações Unidas para o Ambiente) criou um grupo de trabalho no sentido de criar directrizes para a realização de auditorias ambientais, o qual integrava multinacionais com experiência de condução de A.A., Confederações e Associações Industriais de nível internacional, a Câmara de Comércio Internacional, a US-EPA e a Canadian-EPA. Como pontos de acordo deste grupo de trabalho de salientar:

- A aceitação da definição de Auditoria Ambiental proposta pela Câmara de Comércio Internacional, a qual foi retomada no já citado Regulamento Comunitário: “A A.A. é um instrumento de gestão que compreende uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objectiva da operação, gestão e organização de uma empresa com o objectivo de preservar o ambiente através de:

• controlo mais fácil das práticas ambientais;

• cumprimento das políticas da empresa, que inclui necessáriamente a conformidade com a lei.

É destacado o benefício da A.A. como garante do cumprimento da legislação de ambiente, com o mínimo de custo possível e ainda como veículo de comunicação com a população em geral.

Sobre questões referentes ao planeamento e condução da A.A. Estas requerem um envolvimento da direcção (gestão de topo) da empresa e o respeito pela equipa de auditores. A A.A. poderá ser realizada por equipas de consultores internos (caso das grandes multinacionais) ou por auditores externos (caso das pequenas e médias empresas).

Sobre questões metodológicas: Acordo de que todos os seguintes elementos devem ser auditados: políticas e princípios, sistemas, procedimentos, práticas e acções.

Sobre o Relatório Final: As opiniões divergem entre o Relatório Final dever apontar soluções para o novo ciclo de Auditoria ou apenas fazer um diagnóstico da situação.

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2.4 Análise do Ciclo de Vida do Produto

A Análise do Ciclo de Vida do Produto (ACV) é um dos instrumentos concorrentes para uma eficaz gestão ambiental da Empresa.

A ACV visa avaliar os impactes ambientais de um produto durante toda a sua vida útil, incluindo a concepção e o seu destino final e numa perspectiva ambiental e de competividade, aconselhar sobre as medidas necessárias tendentes a diminuir os mesmos. É assim, uma ferramenta que permite equacionar as medidas susceptíveis de melhorar os produtos e direccionar o sistema de produção para soluções ambientalmente mais aceitáveis. É igualmente um poderoso meio de comunicação com o público, sendo que no âmbito dos princípios actualmente aceites, a informação e a decisão do consumidor são fundamentais para que “os mercados funcionem em prol do ambiente”.

Poderemos assim definir a ACV como um processo sistemático para identificar, quantificar, interpretar e avaliar o impacte ambiental de um produto ou processo, seguindo uma metodologia de “berço à sepultura”, ou seja, considerando o produto desde a sua concepção, extracção ou síntese das matérias primas, pela forma de energia utilizada, processo de produção, distribuição, consumo e até à deposição final. Este método exige a quantificação das emissões e consumos de matérias e energia em todas as fases do ciclo de vida do produto.

Básicamente, a ACV reveste-se de grande utilidade na melhoria da qualidade de um produto, em termos ambientais, ou na comparação de dois ou mais produtos existentes com a mesma função, permitindo conhecer qual o que tem menores impactes ambientais.

A ACV é assim um processo dinâmico e iterativo de avaliação, muito complexo, que envolve vários tipos de dados, recorrendo a várias fontes de informação. A SETAC foi a organização pioneira na definição metodológica da ACV, sendo que considera que esta contempla três fases: Inventário, Avaliação de Impactes e Avaliação de Alternativas.

2.4.1 Inventário ou Análise do Ciclo de Vida

Trata-se da fase de compilação e aquisição de informação por forma a quantificar a utilização de matérias-primas e energia, as emissões gasosas e líquidas e a produção de resíduos sólidos durante todo o ciclo do produto. Esta informação é geralmente introduzida numa base de dados por forma a ser possível mais tarde a avaliação integrada dos impactes. Dada a complexidade deste processo torna-se fundamental difinir os limites do sistema que se está a analisar. Estes limites geralmente obtém-se após equacionar e sistematizar o diagrama de fluxos do sistema, que abrange os processos estabelecidos a jusante e a montante do processo de fabrico, incluindo todos os inputs e outputs do sistema, bem como processos intermédios que envolvam a reutilização ou reciclagem de materiais, e após recolha de informação. Após estes três primeiros passos é feito o processamento da informação estabelecendo-se o que se designa por

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tabela de inventário que descrimina, por exemplo, o somatório das emissões de SO2 para a atmosfera provenientes do sistema em estudo.

2.4.2 Avaliação de Impactes

A avaliação de impactes é essencialmente um processo quantitativo que classifica (de acordo com critérios qualitativos, portanto, não universais), caracteriza e avalia a magnitude e significância dos impactes a partir da informação recolhida anteriormente. Na generalidade esta avaliação relaciona os resultados do inventário com problemas ambientais como: depleção da camada de ozono, depleção dos recursos naturais, contribuições para o aquecimento global, eutrofização, etc.

2.4.3 Avaliação de Alternativas

Face ao “perfil ambiental” do produto, traçado após as fases anteriores e face aos impactes mais significativos detectados, dever-se-ão propôr medidas para a melhoria do produto em termos ambientais, o que pode passar por acções que alterem as especificações do produto, o seu design, as matérias-primas utilizadas, o processo de produção, a distribuição, etc.

Grande número de empresas começam a usar a ACV para comparar produtos, o que tem já demonstrado benefícios na inovação e na geração de alternativas de design, influenciando linhas de investigação e proporcionando o desenvolvimento do chamado eco-marketing.

No entanto, apesar dos resultados já auspiciosos da ACV, existem ainda grandes estrangulamentos à aplicação deste instrumento. Neste campo, de salientar a falta de dados para proceder à inventariação ou a credibilidade dos mesmos, o facto de ser um processo complexo, logo moroso, a dificuldade em proceder à definição dos limites, sendo que a falta de conhecimento por parte dos gestores de topo das empresas não é um factor a negligenciar.

Em termos comunitários de referir o Regulamento (CEE) nº880/92 relativo a um sistema europeu de atribuição do Rótulo Ecológico, que se baseia exactamente na análise do ciclo de vida dos produtos.

A pouca visibilidade deste instrumento (que analisaremos mais adiante), quer em termos nacionais quer em termos europeus, tem determinado uma deficiente difusão deste conceito/metodologia para a avaliação do impacte ambiental de produtos.

2.5. Ecodesign

De uma forma algo simplista pode-se afirmar que oEcodesign põe em prática a informação recolhida durante a ACV.

O Ecodesign permite a integração das questões ambientais no design dos produtos e considerando-os como factores de tomada de decisão, em igualdade de

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circunstâncias com aspectos como a eficiência, a qualidade, a fiabilidade, a funcionalidade, a estética, a imagem, a economia e o custo.

Neste âmbito, as questões ambientais são desde logo inseridas no design e portanto também no projecto, no fabrico, nas decisões de marketing, rumo à comercialização e à escolha pelo consumidor.

A via do ecodesign permite à empresa uma atitude pró-activa, não só face ao ambiente mas igualmente face aos desafios de competitividade da empresa.

Num cenário em que a legislação ambiental será cada vez mais restritiva, por exemplo em termos de emissões, uma atitude antecipativa, embora com um custo inicial mais elevado face a uma atitude de mera conformidade, permite uma perenidade e competitividade acrescida a médio e longo prazo e a disponibilização de fundos para outras actividades, normalmente as relacionadas com novo ciclo de inovações e criatividade.

Avaliações económico/ambientais conduzidas no seio do Banco Mundial referem que as atitudes reactivas das empresas, com investimentos não planeados ou faseados, destinam-se a fazer face à necessidade de cumprimento das políticas ambientais, cada vez mais rigorosas, que podem comprometer, a prazo, a sobrevivência das empresas.

Outra questão que o ecodesign permite equacionar é o cálculo da cadeia de valores durante o ciclo de vida do produto. Tradicionalmente o preço de venda de um produto depende dos valores acumulados atá a altura da venda. No entanto, por força da ACV, de princípios como o poluidor-pagador ou do utilizador-pagador e a regulamentação já existente sobre embalagens e resíduos de embalagem (por exemplo, com tendência para reavivar velhos sistemas como a consignação), determinam que os custos de devolução, por exemplo, de vasilhame, de reciclagem ou de deposição final dos resíduos devam ser tidos em conta e incluídos no preço final. Este factor é cada vez mais importante por razões económicas - determinantes da necessidade de alternativas de design e utilização de ACV que promovam reduções de custo em outras fases do ciclo do produto.

2.6. Rótulo Ecológico

Até há bem pouco tempo, os conceitos de desenvolvimento industrial e protecção do ambiente eram considerados incompatíveis. No entanto, o recente conceito de desenvolvimento sustentável, que traduz o equilíbrio entre o crescimento económico e a preservação do ambiente, veio demonstrar que é possível satisfazer as necessidades das gerações presentes sem comprometer as das gerações futuras. De facto, a evolução tecnológica tem vindo a permitir produzir mais consumindo menos, com recurso a processos produtivos que racionalizem consumos, que

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aproveitem resíduos e que utilizem produtos que minimizem os impactes ambientais. Verifica-se, por outro lado, que os consumidores estão cada vez mais exigentes no que toca aos produtos menos nocivos para o ambiente, mesmo que, por vezes, estes sejam mais caros.

O Sistema europeu de Atribuição de Rótulo Ecológico (cujo suporte legal é o Regulamento 880/92) enquadra-se na filosofia emergente visando, por um lado, promover a concepção comercialização e utilização de produtos com impacte ambiental reduzido durante todo o seu ciclo de vida e por outro, informar os consumidores sobre o impacte dos produtos no ambiente.

Quando este Sistema foi criado já eram conhecidos diversos Sistemas Nacionais de Rotulagem Ecológica, como por exemplo o Anjo Azul Alemão e o Cisne Branco Nórdico. Dada a existência de vários Sistemas Nacionais, que actuam com regras diferenciadas, é evidente a necessidade da criação de um sistema europeu que pudesse substituir os existentes. Assim, surge o Sistema europeu de Atribuição de Rótulo Ecológico, facultativo e aplicado à generalidade dos bens de consumo, quer sejam fabricados na Comunidade ou importados de outros países. Como condição básica, é exigido o cumprimento de toda a legislação comunitária em vigor, em matéria de Saúde, de Segurança e de Ambiente, sendo também necessário que o produto cumpra critérios ecológicos específicos, que são são definidos para Grupos de Produtos (cada grupo inclui os produtos concorrentes que se destinem a fins semelhantes e tenham utilização equivalente). Só é possível obter Rótulo Ecológico para produtos relativamente aos quais já tenham sido publicadas no Jornal Oficial as Decisões da Comissão, que definem os critérios específios para o Grupo de Produtos onde se enquadram. Estes critérios têm, normalmente, um prazo de validade de três anos, ao fim dos quais deverão ser revistos.

Como qualquer sistema novo e como seria de esperar, nos primeiros tempos a adesão não foi muito significativa. No entanto, a situação actual é bem diferente da inicial, verificando-se um aumento significativo de número de produtos com Rótulo Ecológico. Há atualmente 11 Grupos de Produtos para que é possível solicitar Rótulo Ecológico e cerca de 160 produtos que já o podem utilizar. Em Portugal já foram concedidos 3 Rótulos Ecológicos a produtos fabricadas por duas empresas nacionais, havendo já 16 produtos fabricados em Portugal que o ostentam.

O Sistema de Atribuição do Rótulo Ecológico é composto por duas fases: a primeira refere-se à elaboração dos critérios e a segunda à concessão do Rótulo a um produto específico. A fase de elaboração dos critérios começa pela análise do ciclo de vida dos produtos que integram o Grupo de Produtos que se pretende estudar, que vai desde a obtenção das matérias-primas, passando pela produção, distribuição consumo e utilização, até à eliminação final após uso, onde são analisados um conjunto de aspectos de natureza eminentemente ambiental, nomeadamente, os resíduos produzidos, a poluição e degradação do solo, a contaminação da água, a contaminação do ar, o ruído, o consumo de energia, o consumo de recursos renováveis e os efeitos nos ecossistemas. Com base nesta análise são seleccionados os aspectos mais relevantes, sob o ponto de vista ambiental, que são utilizados para estabelecer os critérios. No entanto, não são apenas os impactes ambientais que estão em causa na fixação dos critérios. Os produtos destinam-se a satisfazer as necessidades do mercado, tendo por isso que possuir qualidade, sem o que nunca

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poderiam captar a preferência dos consumidores. Ou seja, além dos parâmetros “ecológicos”, os critérios devem englobar também parâmetros de “qualidade”.

Em Portugal, para a concessão do Rótulo Ecológico a determinado produto, o Requerente deve apresentar à DGI (Organismo Competente Nacional) uma Candidatura, que contém todos os dados necessários a garantir o cumprimento dos critérios fixados para o Grupo de Produtos onde se insere o produto candidato. A decisão é tomada por uma Comissão de Selecção onde participam vários organismos e cuja presidência cabe à Direcção Geral do Ambiente. No entanto, dado tratar-se de um sistema europeu, a decisão de atribuição do Rótulo Ecológico não é tomada apenas a nível local. Todos os Estados Membro são notificados, podendo apresentar objeções num prazo de 30 dias. Só depois de decorrido este prazo e se não houver objeções pode ser assinado o Contrato entre o Organismo Competente e o Requerente e o Rótulo utilizado.

Os custos do Sistema traduzem-se no pagamento de taxas: Taxa de requerimento que se destina a pagar os encargos decorrentes da análise da Candidatura; e a Taxa Anual que resulta da aplicação de uma percentagem sobre o volume anual de vendas do produto.

A participação da Indústria no Sistema de Atribuição do Rótulo Ecológico é muito importante, principalmente na fase de elaboração dos critérios, como forma de garantir a defesa dos seus interesses. De facto, embora os critérios se traduzam em indicadores de impacto ambiental, o que está na realidade em causa são questões essenciais de âmbito tecnológico e económico, que têm repercussões directas na concorrência. O Rótulo Ecológico é, com efeito, uma poderosa arma de mercado, para um público consumidor sensibilizado para as questões ambientais e cada vez mais exigente em termos de qualidade, representando uma forte vantagem competitiva para as empresas e constituindo um importante desafio para a sua modernização.

2.7. Produção Mais Limpa (PML) As tendências actuais de crescimento da população, da industrialização e dos consumos reflectem-se na produção de resíduos e poluentes a uma taxa superior à capacidade que a Terra tem de os absorver e os recursos naturais são consumidos a uma velocidade que não permite a reposição. Dadas estas tendências, a necessidade de re-orientar os processos produtivos, produtos e serviços, assim como a mudança no padrão de procura dos consumidores, são considerados factores chave na Agenda para o Desenvolvimento Sustentável. A Produção e Consumo Sustentado foram identificados, na Conferência do Rio de Janeiro, como uma das cinco áreas de trabalho do PNUA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), onde o Programa Produção Mais Limpa (PML) é uma das iniciativas.

O conceito de PML que, como referido, surgiu no PNUA de 1992, era definido como a “aplicação, em contínuo, de uma estratégia ambiental preventiva e integrada, aplicada a processos, produtos e serviços com o objectivo de aumentar a eco-eficiência e reduzir os riscos para o ser humano e o ambiente”.

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Relativamente aos processos produtivos, o objectivo da PML é a conservação das matérias-primas e da energia, a eliminação de matérias primas tóxicas e a redução da quantidade e da toxicidade das emissões e resíduos produzidos. Relativamente aos produtos pretende reduzir os impactes negativos ao longo de todo o seu ciclo de vida, desde a extração das matérias-primas até à deposição final. No que refere aos serviços pretende incorporar as preocupações ambientais na definição e apresentação desses serviços.

A PML actua ao nível da minimização ou eliminação das fontes de resíduos e emissões, e não ao nível do tratamento pois, nessa fase, geralmente o que ocorre é a transferência de poluição de um meio para outro, não resolvendo os problemas na sua essência. Isto significa que a PML actua ao nível da prevenção dos impactes ambientais relacionados com os resíduos e com a utilização de matérias-primas. Ou seja, a PML pretende optimizar o metabolismo industrial obtendo, a mais eficiente possível, transformação de matérias-primas. As técnicas de PML incluem a substituição de matérias-primas, mudança de produtos, optimização e mudanças do processo produtivo e reciclagem. Ao nível das empresas a PML é largamente aceite como a mais efectiva estratégia para poupar materiais, água, energia e dinheiro e de introduzir mudanças apropriadas ao nível da gestão. Outros conceitos, nomeadamente a Eco-Eficiência e a Prevenção e Controlo Integrado da Poluição servem objectivos semelhantes.

A PML requer uma mudança de atitude, uma gestão ambiental e uma avaliação cuidada e responsável das escolhas tecnológicas. É um conceito que se pode aplicar, não só à indústria mas também aos sectores de serviços, transportes, agricultura e à sociedade como um todo, podendo ser o meio mais eficiente de operacionalizar processos, produzir produtos e proporcionar serviços. Os custos de tratamento dos resíduos e das emissões e os impactes no ambiente e na saúde podem ser reduzidos e os benefícios destas reduções assim como a abertura de novos mercados podem ser aproveitados.

2.8. EMAS (Eco-Management and Audit Scheme) – Regulamento CEE nº 1836/93

Foi nos anos 70 que a prática da realização de auditorias ambientais se difundiu nos EUA, como forma de verificação de situações de possível incumprimento face à legislação ambiental em vigor. Nos anos 80 passou-se a realizar auditorias proactivas, que utilizavam os resultados com vista à obtenção de melhorias da performance ambiental que ainda não eram exigidas por lei. Na sequência de uma declaração da EPA, a Câmara Internacional de Comércio aprovou e consolidou a sua posição relativamente à utilização da auditoria ambiental. Aí se definia a auditoria ambiental como “um instrumento de gestão que compreende uma avaliação sistemática documentada, periódica e objectiva da performance ambiental da organização, gestão e quipamento, com vista a salvaguardar o ambiente, facilitar o controlo das práticas com incidência no mesmo e verificar a sua conformidade com a política da empresa”. Nos anos 90 a auditoria ambiental tornou-se um instrumento auxiliar da gestão, largamente divulgado nos EUA e despertando um crescente interesse na Europa.

O sistema europeu de gestão ambiental e auditoria (EMAS) não só aproveita as experiências anteriores como lhe acrescenta elementos resultantes da evolução da

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política comunitária de ambiente introduzidos pelo 5º Programa de Acção “Em Direcção a um Desenvolvimento Sustentável”.

Tal como o sistema de rótulo ecológico, a participação no sistema de gestão ambiental e auditoria permite que a empresa seja reconhecida perante os consumidores, a administração e o público em geral, como entidade empenhada no prosseguimento das actividades produtivas e comerciais de uma forma menos agressiva para com o ambiente – comportamento este que, espera-se, o mercado recompensará no futuro.

O sistema europeu de gestão ambiental e auditoria pode ser sumarizado em torno de três ideias chave:

♦ Adopção e implementação de políticas, programas e sistemas de gestão ambiental;

♦ Avaliação sistemática, objectiva, documentada e periódica das políticas, programas e sistemas de gestão;

♦ Divulgação pública da informação sobre a performance ambiental da empresa.

• Resumo do processo de implementação do sistema:

Adopção de uma Política de Ambiente enunciadora dos objectivos e princípios globais de actuação da empresa em matéria de ambiente, incluindo um compromisso no sentido de uma melhoria continuada e proactiva da performance ambiental;

Realização de um Levantamento Ambiental para determinação da situação actual da instalação no que diz respeito aos impactes da sua actuação sobre o ambiente;

Incorporação de objectivos quantificados e actividades específicas num Programa de Ambiente que desenvolva a Política de Ambiente, à luz dos resultados do Levantamento Ambiental;

Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental que defina processos de execução, com a consequente atribuição de responsabilidades, incluindo um sistema de registos documentais de base para a actuação da instalação e para a medição da evolução do grau de cumprimento dos objectivos;

Realização de uma Auditoria para examinar o grau de progresso na execução do programa e na adequabilidade do sistema de gestão aos objectivos delineados e, sendo caso disso, para introduzir as mudanças necessárias;

Publicação de uma Declaração sobre o Ambiente, como forma de divulgação pública da performance ambiental da instalação;

Verificação externa e imparcial da forma de realização dos trâmites descritos, conduzindo a uma Validação da declaração sobre o ambiente e atribuição do direito ao uso dos intrumentos de divulgação associados à participação no esquema.

Os resultados da auditoria devem ser utilizados para revêr as políticas, programas e sistemas de gestão, de tal forma que o sistema se apresenta como um ciclo de etapas que devem ser repetidas periódicamente.

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• Preparação para a participação no sistema:

Normalmente apontado como o principal factor de sucesso na implementação de um sistema de gestão ambiental surge o apoio empenhado dos administradores e gestores da empresa e a compreensão do trabalho dos responsáveis pela implementação do sistema por parte dos quadros intermédios e restantes elementos. Na fase inicial, tanto a administração da empresa como os responsáveis da instalação em causa deverão demontrar o seu empenho na melhoria do comportamento ambiental da empresa disseminando entre os quadros e restantes elementos da empresa o empenhamento na melhoria do comportamento ambiental, sensibilizando-os para a tarefa de implementação de um sistema de gestão ambiental.

A utilização de uma equipa mista de consultores e/ou auditores, uns pertencentes à empresa e outros exteriores, leva a que o trabalho a desenvolver possa ser encarado com menos desconfiança por parte dos quadros intermédios. Os consultores e/ou auditores externos estarão numa posição que, à partida, lhes permite, com mais facilidade, apresentar uma avaliação imparcial e objectiva ou formular recomendações tendo em conta apenas os aspectos de comportamento ambiental. Por outro lado, os elementos da empresa estarão melhor posicionados para se dedicar ao cumprimento destes requisitos.

• Implementação do sistema:

A política de ambiente sugerida pelo Regulamento comunitário fornece uma base de actuação para a definição de objectivos precisos e indica ao público em geral o empenho da empresa na prossecução de actividades de melhoria do comportamento em prol do ambiente. Os princípios de acção que devem inspirar a elaboração da política de ambiente da empresa são:

Princípio da Dessiminação da Política de Ambiente – deve ser fomentado junto do pessoal, do público e dos clientes um sentido de responsabilidade pelo ambiente.

Princípio da Avaliação do Impacte Ambiental – deve-se proceder a uma avaliação prévia dos impactes ambientais de quaisquer novas actividades, produtos ou processos.

Princípio da Prevenção e Redução da Poluição – devem ser tomadas as medidas necessárias para evitar ou eliminar a poluição e, quando issso não seja possível, para reduzir ao mínimo as emissões poluentes e a produção de resíduos, tendo em conta eventuais tecnologias limpas.

Princípio do Acompanhamento no Cumprimento da Política de Ambiente – devem ser estabelecidos e aplicados processos de fiscalização para controlar o cumprimento da política de ambiente e, sempre que esses processos exijam medições e ensaios, devem ser estabelecidos e actualizados registos dos resultados. Devem também ser estabelecidos e actualizados processos e acções a desenvolver em caso de detecção de uma situação de não cumprimento da política, objectivos ou metas em matéria de ambiente. Um dos requisitos exigidos pelo Regulamento na implementação da política de ambiente é a sua actualização e revisão periódica,

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nomeadamente, a título exemplificativo, em função do levantamento ambiental ou auditoria subsequentes.

• Levantamento Ambiental:

O Levantamento Ambiental é definido como “a análise preliminar aprofundada dos problemas, do impacte e dos comportamentos ambientais relacionados com as actividades desenvolvidas numa dada instalação industrial”.

O Levantamento Ambiental é uma fase crucial no processo de implementação do sistema de gestão ambiental e auditoria: este fornece a informação essencial sobre o comportamento ambiental da instalação, sobre a qual assentará a possível revisão da política de ambiente, a definição dos objectivos e programa de ambiente e a implementação do sistema de gestão.

O Levantamento Ambiental deve incluir três fases essenciais distintas:

Estudo dos efeitos ambientais (de que resulta o Livro de Registos de Efeitos Ambientais);

Estudo das imposições e recomendações relativas à actividade em causa (de que resulta o Livro de Registos de Disposições Legislativas, regulamentares e outras de política de ambiente);

Elaboração e apresentação do relatório relativo ao levantamento ambiental, incluindo uma avaliação sumária do comportamento ambiental da instalação em causa, por confronto com os dados recolhidos em 2., incluindo a formulação de recomendações pertinentes ao desenvolvimento do programa e sistema de gestão ambiental (de que resulta o Relatório Final que relata os dados recolhidos no decurso do levantamento inicial e serve de base para a elaboração do programa e sistema de gestão do ambiente – descreverá os mais importantes efeitos ambientais, identificando os pontos fortes do comportamento ambiental da instalação, assim como os seus pontos fracos).

• Objectivos e Programa de Ambiente:

Os Objectivos de Ambiente definidos no Regulamento consistem na definição de “metas pormenorizadas, em termos de comportamento ambiental, que a própria empresa se propõe atingir”. O Programa de Ambiente é definido como a “descrição dos objectivos e actividades específicas da empresa para assegurar uma maior protecção do ambiente numa dada instalação industrial, incluindo a descrição das medidas tomadas ou previstas para o cumprimento desses objectivos e, se adequado, os prazos para a aplicação de tais medidas”.

• Sistema de Gestão Ambiental:

O Sistema de Gestão Ambiental é definido como “a parte do sistema global de gestão que inclui a estrutura funcional, responsabilidades, práticas, processos, procedimentos e recursos para a definição e realização da política de ambiente”.

• Auditoria de Ambiente:

A Auditoria de Ambiente é definida como sendo o “instrumento de gestão que inclui a avaliação sistemática documentada, periódica e objectiva do funcionamento

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da organização, do sistema de gestão e dos processos de protecção do ambiente com o objectivo de facilitar o controlo da gestão de práticas com eventual impacte no ambiente e avaliar a observância das políticas de ambiente da empresa”.

• Declaração de Ambiente:

A Declaração de Ambiente é um documento destinado a “relatar o comportamento ambiental da instalação que se pretenda certificar no âmbito do sistema europeu de gestão ambiental e auditoria”. O objectivo deste documento é fornecer ao público a informação essencial sobre o comportamento ambiental da empresa; para tal o documento deve ser formalmente validado por um verificador ambiental acreditado, no termo de um processo de verificação do cumprimento de todos os requisitos estabelecidos pelo Regulamento.

A Declaração de Ambiente deve ser um documento sintético e compreensível aos olhos do público em geral, cujo conteúdo deve incluir:

♦ A descrição das actividades da empresa na instalação;

♦ A apreciação das questões de ambiente mais significativas em relação às actividades em causa;

♦ O resumo dos dados quantitativos sobre a emissão de poluentes, produção de resíduos, consumo de matérias-primas, energia e água, ruído e outros aspectos ambientais significativos, bem como quaisquer outros factores relevantes, relacionados com o comportamento ambiental da instalação;

♦ A apresentação da política, programa e sistema de gestão do ambiente aplicado na instalação;

♦ O momento de apresentação da declaração seguinte;

♦ A identidade do verificador ambiental acreditado.

Foi realizada uma acção piloto, junto de dezassete empresas industriais de seis países comunitários, que foram convidadas a implementar o sistema europeu de gestão ambiental e auditoria. A apreciação final salientou diversos aspectos de entre os quais:

As grandes instalações consideraram o sistema demasiado burocrático por exigir a elaboração de um grande volume de documentação;

Várias instalações consideraram necessário o estabelecimento de níveis precisos de performance ambiental;

Permaneceu alguma incerteza quanto ao grau de profundidade e detalhe exigidos para a política de ambiente, levantamento ambiental e declaração de ambiente;

As pequenas instalações consideraram que a tarefa de implementação do sistema europeu de gestão ambiental e auditoria lhes exigia um considerável esforço em termos de tempo e recursos;

Em geral, as instalações participantes consideraram que a tarefa de implementação do sistema serviu para aumentar a tomada de consciência dos problemas ambientais, contribuindo para introduzir um sentimento de segurança, entre os

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níveis superiores de gestão, relativamente ao comportamento ambiental da instalação.

Estes resultados são encorajadores pois revelam que, se forem simplificados alguns dos passos da implementação do sistema, este sistema poderá ser reconhecido como trazendo importantes vantagens competitivas para a empresa.

2.9. ISO 14000 As Normas ISO 14000 são a primeira referência, a nível internacional, sobre gestão do ambiente. Tendo como principal objectivo promover uma efectiva Gestão Ambiental esta série de normas permitirá a todas as empresas industriais e de serviços gerir o impacto sobre o ambiente das suas actividades. Constituem uma ferramenta de orientação para gestores e especialistas, no estabelecimento, manutenção, auditoria e melhoria contínua de um sistema de Gestão Ambiental.

É vulgar ouvir referências ao facto de “as normas da série ISO 14000 virem a representar para as empresas e organizações uma oportunidade de transferência de tecnologia sob a forma de um guia de orientação para a implementação de um sistema de Gestão Ambiental, baseado nas melhores práticas universais, tal como as normas da série NP EN ISO 9000 o representam para a Gestão da Qualidade”. Enquanto estas últimas privilegiam a satisfação das necessidades dos clientes, as ISO 14000 abrangem as necessidades de um maior leque de partes interessadas, designadamente a Sociedade no que refere à protecção do ambiente.

Voltando um pouco atrás no tempo, foi a partir da década de 80 que o mercado passou a exigir das empresas uma maior atenção na qualidade dos seus produtos. Em resposta, estas desenvolveram, além do controlo de qualidade dos produtos, a administração do sistema de qualidade que, de uma maneira genérica, é a gestão da empresa focalizada principalmente na qualidade. Desenvolve-se então naquela década e a nível internacional pela Organização Internacional para a Normalização (ISO - International Organization for Standardization), a série de normas ISO 9000, que pretendem padronizar os modelos de gestão de sistemas de qualidade de produtos e serviços. Foi então em 1987 publicada a série de normas ISO 9000, normas internacionais a nível mundial, que descrevem os requisitos mínimos a que devem obedecer os sistemas de qualidade. Mais recentemente, tendo em consideração as questões ambientais que se encontram definitivamente na ordem do dia, o conceito de qualidade é alargado a todas as vertentes da actividade das empresas entre as quais se inclui a protecção do ambiente. Ou seja, já não basta que o produto tenha a sua qualidade assegurada, cresce a exigência do consumidor europeu de que ele seja ambientalmente seguro.

Assim, no início da década de 90, começam a aparecer normas específicas para Sistemas de Gestão Ambiental, como é o caso da norma inglesa BS7750 que acrescenta aos sistemas de qualidade a qualidade ambiental, antecipando-se assim

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ao já referido Sistema Europeu de Eco-Gestão e Auditoria (EMAS - Regulamento nº 1836/93).

Com o advento desta maior consciencialização ambiental a nível mundial, o Grupo Estratégico de Aconselhamento Ambiental da ISO recomendou o estudo e elaboração de uma série de normas para sistemas de gestão ambiental, tendo sido nesta sequência que começa a extensão das normas de série ISO 9000 à qualidade ambiental.

No início de 1993, no Canadá, numa reunião da ISO, foi criado o comité técnico 207 (TC 207) com a finalidade de desenvolver as normas de gestão ambiental. Tendo reservado o número 14000 para a série de normas, o TC 207 estruturou-se em sub-comités e grupos de trabalho que abrangem as seguintes áreas:

Destaque na organização (1. Sistema de gestão ambiental; 2. Auditoria ambiental; 3. Avaliação de performance ambiental)

Destaque no produto (1. Rotulagem ambiental; 2. Análise do ciclo de vida; 3. Aspectos ambientais em normas de produtos

Finalmente, em Setembro de 1996, saem as primeiras normas ISO da série 14000, as normas 14001 e 14004 - Sistemas de Gestão Ambiental.

O sistema de gestão ambiental referido nas normas ISO 14000 considera os seguintes princípios:

Comprometimento e política (a alta administração de uma organização deve ter um comprometimento claro com a melhoria ambiental, ou seja, a organização deverá definir a sua política ambiental e garantir o seu empenho na prossecução da mesma).

Planeamento (uma organização deve formular um plano e um conjunto de procedimentos, para implementação e operação do sistema de gestão ambiental, que cumpram a política ambiental definida).

Execução/Implementação (para uma efectiva implementação do sistema de gestão ambiental, uma organização deve desenvolver os mecanismos de apoio necessários, materiais e humanos, que permitam satisfazer a sua política ambiental e alcançar os objectivos e metas definidos).

Verificação/Medição e avaliação (uma organização deve medir, monitorizar e avaliar continuamente a sua performance ambiental, com o objectivo de melhorar o seu desempenho ambiental global.

Actuação/Revisão e melhoria (uma organização deve rever o seu sistema de gestão ambiental na busca de melhorias).

O primeiro princípio enunciado traduz-se na Declaração de Política Ambiental, que o Comité da ISO considerou tão importante ao ponto de o considerar prioritário devendo verificar-se antes de se iniciar a implementação do sistema.

Os sistemas de certificação ambiental tais como o referido nas normas da série ISO 14000 ou o EMAS são sistemas voluntários que poderão ser usados pelas empresas de um modo positivo, uma vez que as boas práticas de gestão irão conduzir à

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geração de eficiências acrescidas sobre o desempenho das próprias empresas. Os inúmeros benefícios da integração de um sistema de gestão ambiental na organização das empresas vão desde a contenção de custos até ao aumento da competitividade das empresas.

Qualquer um destes sistemas constitui uma boa “ferramenta” para identificar qual a situação actual, qual a estratégia adequada a seguir e ainda determinar o que será necessário fazer para a atingir. Ao proceder deste modo, auxilia-se a empresa a desenvolver sistemas de comunicação e elaboração de relatórios, monitorizar o desempenho e, assim, contibuir para os processos de tomada de decisões estratégicas que podem vir a ser utilizadas para melhorar a competitividade das empresas.

2.10. Conclusão

A profusão de instrumentos de gestão ambiental que é possível encontrar actualmente são indicadores mais do que seguros de uma efectiva mudança de atitude relativamente à protecção do ambiente. Apesar de algumas sobreposições, nomeadamente entre o EMAS e as normas ISO 14000, e de os contornos dos diversos sistemas não serem por vezes claros, são inúmeras as soluções de que as empresas se podem socorrer para implementar sistemas de gestão ambiental. Apesar do caminho a percorrer ser ainda longo, ele é irreversível. O consumidor actual, já mais informado e sensibilizado, é um dos principais motores da mudança pois, a sua exigência ao nível da proteção do ambiente não permite às empresas que continuem a praticar a indiferença no que respaita à proteção do ambiente. No futuro as empresas só poderão caminhar no sentido da implementação de sistemas de gestão ambiental que as tornem reconhecidas como elementos não nocivos para o ambiente que trabalham no sentido de não comprometer as necessidades das gerações futuras. Só assim poderão sobreviver no mercado.

3. FORMAÇÃO E MUDANÇA ORGANIZACIONAL (A Gestão Ambiental implica mudanças de atitudes e processos de trabalho) Se é certo que nos dias de hoje não há nada de mais permanente nas empresas do que a mudança, também é certo que aquelas que quiserem manter a sua vantagem competitiva terão, necessariamente, de conceber formas de organização do trabalho flexíveis que permitam uma resposta/antecipação eficaz às pressões do meio social em que actuam.

Em matéria de Ambiente essas pressões são cada vez mais notórias nas empresas, para o que contribui a crescente sensibilização dos seus trabalhadores, o desenvolvimento de medidas regulamentadoras e fiscalizadoras cada vez mais estreitas, clientes cada vez mais exigentes e por fim, a própria responsabilidade social perante a comunidade.

Introduzir e desenvolver Sistemas Integrados de Gestão Ambiental torna-se, assim, um desafio inevitável para a maioria das nossas empresas, o que implica, forçosamente, mudanças nos processos de trabalho existentes. Contudo, essas mudanças poderão não surtir os efeitos desejáveis se não forem acompanhadas de mudanças nos comportamentos e atitudes dos trabalhadores.

É aqui que a formação pode assumir um valor estratégico, se entendida não como um fim em si mesma, mas como um instrumento ao serviço da empresa, o que passa pela

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concepção de dispositivos de formação directamente orientados para a mudança organizacional, sua implementação, acompanhamento e respectivo controlo.

3.1. MUDANÇA

Todos sabemos que mudar deixou de ser uma escolha. É uma realidade que se impõe a qualquer organização, independentemente do seu sector de actividade, localização, dimensão...

Deixar de encarar o Ambiente como um pormenor de somenos importância, o parente pobre da gestão, e passar a considerá-lo como um património a preservar é em si uma mudança cuja aplicação prática se reveste de grande complexidade.

Assim, as empresas a fim de conseguirem uma eficaz gestão da mudança terão de apostar, sobretudo, em sistemas eficazes de Informação/Formação dos seus trabalhadores, bem como em Sistemas de Gestão de Desempenho, nos quais o papel das chefias assume particular importância.

3.1.1. Informação

Um dos problemas estruturais mais graves do Ambiente no nosso tecido empresarial é a falta de sensibilização das pessoas em geral. Assim, consideramos que este deverá ser o ponto de partida para a introdução com sucesso de Sistemas de Gestão Ambiental, pois que só podemos proteger aquilo que conhecemos.

Neste âmbito, as empresas necessitam criar sólidas estruturas de informação dos colaboradores, garantindo que todos compreendem o porquê da necessidade de mudar de processos de trabalho/atitudes agressoras, para processos de trabalho/atitudes mais amigas da Ambiente e o qual o contributo de cada um nessa mudança.

É essencial alertar os trabalhadores para o facto de estarem a desempenhar as suas tarefas de modo incorrecto, que alternativas têm e que meios serão colocados à sua disposição. Se as pessoas desconhecerem os perigos do não cumprimento do “código das boas práticas ambientais”, será quase impossível alcançar resultados positivos.

Estas campanhas de informação serão assim o primeiro passo para que o Ambiente possa ser, efectivamente, uma verdadeira função transversal, cruzando a empresa em toda a sua estrutura e procurando criar nos trabalhadores um sentimento de responsabilidade partilhada, independentemente da natureza ou peso da sua função.

3.1.2. Formação

Entendida como um instrumento de gestão, a formação só faz sentido se utilizada de forma a contribuir para a prossecução dos objectivos estratégicos da empresa.

A problemática ambiental deverá, necessariamente, fazer parte da reflexão estratégica da empresa, e é tendo em conta onde se quer chegar (à utilização de meios de redução gradual dos impactes ambientais garantindo o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos trabalhadores e cidadãos e a decorrente eficácia organizacional), que deverão ser concebidos os dispositivos de formação, numa perspectiva integrada e contínua.

Sistemas de formação coerentes com os projectos de mudança a realizar, pelos quais os trabalhadores desenvolvam as suas competências e as

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capitalizem em prol da sua equipa, serão uma forma de permitir à empresa assegurar a sua própria competitividade.

Mas não esqueçamos que para assegurar uma efectiva mudança na práticas e atitudes dos trabalhadores relativamente ao ambiente, não basta concebermos acções de formação pontuais; consideramos necessário conceber também sistemas de acompanhamento e controlo da própria formação por forma a garantirmos o bom andamento do processo e a responsabilização de todos os que nele intervêm: trabalhadores, chefias, formadores, coordenadores...

3.1.3. Gestão do Desempenho (Papel das Chefias)

É indiscutível o papel que a sensibilização e a formação têm na introdução e desenvolvimento de Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas; contudo não são de todo suficientes.

O horizonte para que necessitamos levantar os olhos tem de ser mais vasto e a problemática ambiental terá de estar presente no dia-a-dia de todos os trabalhadores da empresa. Para tal consideramos indispensável a existência de Sistemas de Gestão de Desempenho eficazes que permitam às empresas assegurar maiores índices de qualidade e produtividade.

Será através deste sistema que os objectivos de mudança/melhoria que se pretendem alcançar serão diluídos ao longo de toda a empresa, numa perspectiva integrada, para o qual as chefias detêm um papel fundamental: serão os catalisadores da mudança, que numa actividade consertada com os trabalhadores planificarão os objectivos e as actividades a realizar, nunca perdendo de vista o seu enquadramento ambiental.

Neste contexto, consideramos ainda condição sine qua non para a existência de um sistema de gestão ambiental eficaz, o acompanhamento e controlo sistemático que as chefias deverão desenvolver junto dos seus colaboradores. Sistemas de fornecimento de feed-back aos trabalhadores/equipas e actividades de coaching deverão ser desenvolvidos se pretendemos mudar processos de trabalho e atitudes, para que todos compreendam o seu real contributo na defesa do ambiente, na melhoria da qualidade de vida e no alcance dos objetivos organizacionais.

Desenvolver uma consciência ambiental e práticas de trabalho cada vez mais amigas do Ambiente é desejável e possível, para o que Sistemas de Gestão de Desempenho são um bem precioso, pois para além do caracter de técnica ao serviço da mudança e melhoria contínua, contribui de forma significativa para o fomentar de uma cultura organizacional, onde o valor Ambiente poderá ser tão importante como o valor Pessoas.

4. ESTUDO 4.1. “UNIVERSO”

Os sectores de actividade económica objecto deste estudo (Bens de Consumo e Automóvel) foram seleccionados pela Direcção Geral do ITEC. Esta selecção, teve como objectivo conjugar a oportunidade do estudo com as áreas tecnológicas prioritárias para a actividade de investigação do Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária.

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4.2. AMOSTRA

4.2.1. Critérios de constituição da amostra

Em tempo oportuno foi decidido pelo ITEC quais os Sectores, e, dentro destes, os Subsetores que seriam objeto deste estudo.

Para a definição da amostra utilizou-se a seguinte METODOLOGIA: Com base na caracterização das Empresas, obtida através do INE, classificadas nos Sectores / Sub-Sectores referidos, começaram a delinear-se os critérios de constituição da amostra. Deste modo, decidiu-se excluir do Estudo as Empresas com menos de 10 pessoas ao serviço, e, menos de 50.000 contos de volume de vendas.

No caso do Sector Automóvel, o ITEC solicitou a um competente Perito neste Sector a realização de uma selecção destas Empresas, com o intuito de constituir a amostra objeto do Estudo. Desta triagem resultou uma amostra de 23 Empresas, ficando totalmente excluídas algumas Empresas cujos CAE foram inicialmente admitidos (Fab. de painéis de partículas de madeira; Fab. de painéis de fibras de madeira; Fab. de folheados, contraplacados, lamelados e de outros painéis; Fab. de tintas de impressão; Fab. de pneus e câmaras-de-ar; Fundição de metais leves; Fab. de molas; Fab. de fios e cabos isolados; Fab. de equipamento eléctrico para motores e veículos; Fab. de componentes electrónicos).

Para o Sector dos Bens de Consumo (sub-sectores Fab. Vidro de Embalagem, Fab. Embalagens de Plástico e Moldes metálicos) adoptoram-se os seguintes critérios para constituição da amostra:

• Garantir que a amostra é constituida, no mínimo, por 20% do total de Empresas existentes em cada escalão, quer relativo ao número de Pessoas ao Serviço (E.N.P.S.) quer relativo ao Volume de Negócio (E.V.V.).

• Garantir a existência de pelo menos uma Empresa dentro de cada escalão, resultante do cruzamento do E.N.P.S. com E.V.V. .

• Garantir que o número global de Empresas amostradas (considerando todos os Sectores/Sub-Sectores em estudo) seja superior a 80 {amostra global alvo (p.f. ver lista no Anexo 1)}, para prevenir eventuais desistências quando se iniciar o trabalho de “campo” .

PROCEDIMENTO DE SORTEIO - Realizou-se à extracção aleatória, retirando-se o nome das Empresas que constituirão a amostra, de um conjunto de recipientes fechados, em que cada um contém os nomes das Empresas de uma célula resultante do cruzamento dos escalões do E.N.P.S. com os escalões do E.V.V.

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4.2.2. Lista das Empresas entrevistadas (ordem alfabética)

SECTOR DE BENS DE CONSUMO SECTOR

MOLDES PLÁSTICOS VIDRO DE EMBALAGEM

AUTOMÓVEL

A. Silva Godinho, Lda. Bernardo & Simões, Lda. Barbosa & Almeida, S.A. AUTOSIL, S.A.

A.J.M., Lda. Cápsulas do Norte, Lda. Ricardo Gallo, S.A. David Valente Almeida, Lda. Acimoplas, Lda. Cirera & Silva, Lda. Sotancro, S.A. EMPOBOR, Lda.

Aníbal H. Abrantes, S.A. Fáb. Plásticos Titan, S.A. N=3 F.P.S. - Fáb. Port. Segm.

Celmex, Lda. Indofil, S.A. FABOR, S.A.

Ferreira, Guedes & Soares, Lda. Intembal, Lda. Fabrilcar, Lda. Irmamolde, Lda. João Ruano, Lda. FERESPE, Lda. J.D.D., Lda. Kalu, Lda. FICO CABLES, Lda. Mego, Lda. LOGOPLASTE, S.A. Ford Electrónica, Lda. Metalúrg. Apocer, Lda. Politel, Lda. Fundição Inj. Alumínio, S.A. Metalúrg. Sismaria, Lda. Rosenlew Portugal Embal.,S.A. Iber-Oleff, S.A. MiniMoldes, Lda. Saclene, Lda. INAPAL Plásticos Moldebase, Lda. Silvex, Lda. INDELMA, S.A. Moldex, Lda. Tupperware, Lda. INTEPLÁSTICO, Lda. MoldoMecânica, Lda. V.D.S., Lda ITM, Ind. Téc. Moldes, Lda.

Molingec, Lda. N=15 João Deus & Filhos, S.A.

Moliporex, Lda. Manuel Conceição Graça, Lda.

Ofimolde, Lda. Monte Meão, S.A. Pinhos & Ribeiro, Lda. Monteiro Ribas, S.A. Plafam, Lda. Robert Bosh, Travões, Lda. Somoltec, Lda. SONAFI - Soc. Nac. Fund. Somoplaste, Lda. VANPRO, Assentos, Lda.

T.J. Moldes, S.A. N=22

N=23

OUTRAS EMPRESAS Sub-Sector de

ENTREVISTADAS (*) Actividade

AGITO, Lda. Produção/Comerc. artigos iluminação (util. domest.)

Fáb. Tintas Leme, S.A. Produção de Tintas e Vernizes (Construção Civil) Francisco Vaz da Costa Marques, Filhos e Cª. Lda Confecção de Texteis Lar (acabamentos e tinturaria)

FUCOLI, S.A. Fundição (Ferro Fundido)

IBOTEC, Lda. Fabricação artigos em Borracha e PVC

MATESICA, S.A. Produção de Tintas e Vernizes (Construção Civil) NORMAX, Lda. Produção de Vidro Científico NOVOTECNA Associação para o Desenvolvimento Tecnológico TECTRON, Lda. Produção Altofalantes (Concepção Automação)

N=9

(*) Nota - Estas Empresas, apesar de terem sido entrevistadas, não foram consideradas as suas respostas para efeitos de compilação de informação estatística. Esta situação deve-se ao facto de não produzirem para o Sector Automóvel.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 27

4.2.3. Representatividade da Amostra de Empresas Entrevistadas (*)

MOLDES Sector de Actividade Empresas Entrevistadas % relativa % da Amostra

Número de Empresas 250 23 9,2%

Número de Pessoas 7.500 1.234 16,5% 14,0%

Volume de Negócio 50.000.000 8.170.000 16,3%

PLÁSTICOS Sector de Actividade Empresas Entrevistadas % relativa % da Amostra

Número de Empresas 15

Número de Pessoas 1.246

Volume de Negócio 19.050.000

VIDRO EMBALAGEM Sector de Actividade Empresas Entrevistadas % relativa % da Amostra

Número de Empresas 5 3 60,0%

Número de Pessoas 2.800 2.027 72,4% 66,5%

Volume de Negócio 50.000.000 33.500.000 67,0%

AUTOMÓVEL Sector de Actividade Empresas Entrevistadas % relativa % da Amostra

Número de Empresas 150 22 14,7%

Número de Pessoas 23.200 7.991 34,4% 27,1%

Volume de Negócio 630.000.000 201.980.000 32,1%

(*) Dados relativos a 1996 {Empresas entrevistadas em meados de 1997)

4.3. RECOLHA DE DADOS

Esquema 1 - Metodologia de suporte ao presente estudo

NECESSIDADES

DE

FORMAÇÃO

NA

ÁREA

DO AMBIENTE

Universo de Empresas dos Sectores de(*)BENS DE CONSUMO e AUTOMÓVEL

[1811 Empresas]

Universo restrito de Empresas objecto do estudo

[769 Empresas (42,5%)]

Empresas da Amostra "alvo"para recolha de informação

[Aprox. 80 Empresas (4,4%)]

ENTREVISTAS A REALIZAR

QUESTIONÁRIO

RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

FUNÇÃO AMBIENTE

NECESSIDADES FORMAÇÃO

PROC. TECNOL./ TECNOLOGIAS

PERCEPCIONADASNecessidades actuais para as Pessoasdesempenharem adequadamente osseus Papeis-Funções

Necessidades decorrentes dasalterações que se prespectivam nofuturo

CARACTERIZAÇÃO

VECTORES DE DESENVOLVIMENTO

IMPLICAÇÕES NAS PROFISSÕES / PAPÉIS-

FUNÇÕES

Oferta de formação na Área doAmbiente, disponível no Mercado

ENTREVISTAS A PERITOS

GUIÃO

RELATÓRIO FINAL

1- Enquadramento da Função Ambiente

2- Estrutura funcional da Função Ambiente

3- Funcionamento da Função Ambiente

4- Necessidades de Formação dos

Colaboradores afectos à Função Ambiente

5- Processos Tecnológicos / Tecnologias usadas

6- Inventariação dos elementos essenciais p/ o LCA

7- Evoluções previsíveis dos Processos

Tecnológicos / Tecnologias

8- Implicações nas Profissões / Papéis-Funções

1- Função Ambiente actual

2- Evoluções previsíveis dos Processos

Tecnológicos / Tecnologias

3- Implicações nas Profissões/Papéis-Funções

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 28

4.3.1. Empresas

Das Empresas contactadas para Entrevista (p.f. ver lista no Anexo 1) apenas 72 foram efectivamente realizadas, correspondendo àquelas que gentilmente se disponobilizaram para tal. A estas gostariamos de agradecer a amabilidade e abertura nas respostas às questões colocadas.

4.3.1.1. Instrumentos

Para que as entrevistas se realizassem de modo objectivo e homogéneo, permitindo uma adequada compilação da informação, facilitando o tratamento estatístico desta, desenvolveu-se o questionário em anexo (p.f. Anexo 2) subdividido nas seguintes àreas de estudo:

• Informação geral sobre a Empresa;

• Enquadramento / Estrutura Funcional / Funcionamento da Função Ambiente;

• Estrutura da Função Ambiente;

• Necessidades de Formação dos Colaboradores da Função Ambiente;

• Caracterização de Processos Tecnológicos / Tecnologias usadas;

• Inventariação dos elementos essencias para o “Life-Cycle Assessment”;

• Implicações nas Profissões / Papeis-Funções;

• Teste de participação no E.M.A.S. (Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria).

4.3.1.2. Processos

Os dados foram recolhidos através de Entrevistas, ao longo das quais foram preenchidos os Questionários mencionados anteriormente.

Seguidamente, realizou-se a compilação da informação, bem como o tratamento estatístico e gráfico dos elementos informativos contidos nas respostas dadas (p.f. ver Questionários para Entrevistas, no Anexo 3) pelas Empresas mencionadas na Tabela acima (ponto 4.2.2.). Posteriormente os dados foram tratados de forma a efectuar as análises estatísticas, bem como as tendências e problemas específicos das Empresas, que se apresentam no ponto 5.

4.3.2. Peritos

Foram realizadas quatro entrevistas a Peritos indicados pela Direcção Geral do ITEC:

• Prof. Paulo Ferrão (IST-Engª. Mecânica) (p/ Sector de Bens de Consumo);

• Engº. António Tomé (p/ Sector de Bens de Consumo);

• Dr. Luis Palma Féria (ACECIA) (p/ Sector Automóvel);

• Engº. Nogueira da Silva (IAPMEI) (p/ Sector Automóvel).

A todos os Entrevistados agradecemos a disponibilidade e abertura de espírito para a transmissão dos conhecimentos sobre as matérias em questão.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 29

4.3.2.1. Instrumentos

Para maior facilidade na condução das referidas entrevistas foi elaborado o guião, que a seguir se apresenta.

GUIÃO PARA ENTREVISTAS A PERITOS - QUESTÕES A COLOCAR -

Objectivo - Identificar as perspectivas de desenvolvimento do sub-sector de actividade económica em termos de:

• Traçar o diagrama do processo produtivo;

• De acordo com esse diagrama, onde ocorrem os principais impactes ambientais e tipificá-los?;

• Competitividade das empresas e alterações no sector;

♦ Certificação no domínio da qualidade? ♦ Aplicabilidade/interesse do EMAS para o sector/subsector? ♦ Como perspectiva a realização de auditorias ambientais e quais os

benefícios expectáveis ou desejáveis? ♦ Como se situa (como perito) face à conformidade vs proatividade?

• Evolução da tecnologia do processo produtivo;

♦ Curto, médio e longo prazos? ♦ Qual o impacte esperado relativamente aos consumos e fontes de

energia? ♦ Quais os impactes previsíveis na produção? ♦ Quais os impactes previsíveis no tipo de resíduos do processo

(solidos, líquidos, gasosos)?.

• Matérias primas;

♦ Disponibilidade? ♦ Tendências de evolução de custo? ♦ Tendências para alteração nas características/propriedades ♦ Impacte que terão no ambiente? ♦ Legislação (eventuais condicionalismos na utilização)?.

• Ciclo de vida dos produtos;

♦ Alterações expectáveis? ♦ Tem conhecimento de ACV para o subsector? ♦ Se sim quais as áreas onde devem ser introduzidas alterações?.

• Gestão ambiental;

♦ Relativamente à directiva das embalagens, ou outra legislação ambiental específica, que mudanças serão de esperar, na gestão ambiental das empresas, no sentido do cumprimento da legislação?

♦ Estará a sensibilidade ambiental dos gestores a aumentar ou a única maneira de introduzir preocupações ambientais é através de imposições legislativas e de fiscalização?

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 30

♦ Estará a consciência ambiental dos colaboradores das empresas a aumentar ou será necessário desenvolver processos informativos / formativos que despertem esta consciência? De que tipo?.

• Atractividade / apetência pelo produto por parte do cliente / consumidor;

♦ Que pressões poderão ser exercidas sobre o produtor por questões ambientais - produtos / processos mais ecológicos?

♦ Que impacto poderão ter essas pressões?

• Que mudanças se perspectivam na gestão e no funcionamento geral das empresas deste sub-sector?

• Que tendências se perspectivam ao nível da evolução das profissões/funções dos recursos humanos das empresas;

♦ Quais os impactes que eventuais alterações no sub-sector/empresa terão ao nível dos papéis/funções das pessoas?

♦ Consequentemente, quais as necessidades de formação que dessa forma serão despoletadas?

• Tendo em consideração a realidade actual do sub-sector de actividade, qual a sua opinião sobre:

♦ Sensibilidade do sub-sector e das empresas para o mecenato ambiental (empresa cidadã)?

♦ Acções desenvolvidas pelo sub-sector ou pelas empresas em prol da divulgação de informação e performance ambiental?

♦ Grau de associativismo nos sub-sectores (internamente e externamente)?

♦ Acções do seu conhecimento desenvolvidas pelo Estado ou por Associações do sector?

♦ O que pensa dos acordos voluntários sectoriais. Seria importante para este sector ? E em que medida?

• Análise/validação das interpretações dos dados recolhidos nas entrevistas.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 31

4.3.2.2. Processos

ENTREVISTAS A PERITOS

ENTREVISTA AO PROF. PAULO FERRÃO

LOCAL DA ENTREVISTA: Instituto Superior Técnico - Departamento de Engª. Mecânica (Secção de Termodinâmica Aplicada)

SUB-SECTORES ABORDADOS: Moldes, Plásticos e Vidro de Embalagem.

A entrevista não seguiu o guião préviamente definido, antes assumindo o carácter de uma conversa/exposição por parte do Prof. Paulo Ferrão, sobre os principais aspectos relacionados com:

• o Consumo Energético • a Análise do Ciclo de Vida • o Eco-design • as Necessidades de Formação

relativas aos sub-sectores mencionados, que passamos a resumir:

SUB-SECTOR DOS MOLDES

Se tivermos em consideração a Análise do Ciclo de Vida das Embalagens/Utensílios produzidos (nos mais variados materiais) com recurso à utilização dos moldes (para injecção, cunhos e cortantes), estes não têm uma contribuição significativa para os impactes existentes ao longo desse ciclo de vida. O produto final - o molde - ser integralmente reciclável podendo o processo da sua produção ser considerado de baixo impacte ambiental. As únicas questões ambientais críticas a considerar são:

• os diversos tipos de óleo usados no processo; • o consumo ineficiente de energia eléctrica, dependente não só da

geração do equipamento utilizado, mas também de um eventual planeamento deficiente da produção.

As necessidades de formação centram-se essencialmente em acções de sensibilização de nível geral e sobretudo destinadas à Gestão de topo das Empresas, bem como aos responsáveis pelas áreas Técnica e de Produção.

SUB-SECTOR DOS PLÁSTICOS

Em relação a esta actividade económica foi mencionado que as Empresas Produtoras têm uma capacidade muito reduzida de influência ao nível das apetências do Mercado pelas mais variadas (em qualidade de matéria prima, cor e forma) embalagens/utensílios em plástico. Por outro lado, só agora estes Produtores começam a sentir a pressão dos custos ambientais, com a entrada em actividade da Sociedade Ponto Verde e a respectiva aplicação das taxas às quantidades produzidas colocadas no mercado.

Foi, ainda, mencionado o anunciado desaparecimento das embalagens em PVC dados os problemas resultantes da incineração (formação de dioxinas) e as fracas alternativas, ambientalmente mais favoráveis, desta matéria-prima

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 32

As questões ambientais mais relevantes a ter em consideração nestas indústrias são:

• o consumo ineficiente de energia eléctrica, dependente não só da geração do equipamento utilizado, mas também á má utilização do mesmo, ou, ás deficientes condições operacionais e de instalação;

• os problemas relacionados com a reciclagem, reutilização e redução.

As necessidades de formação para este sub-sector de actividade económica são mais profundas e abrangentes. Assim, matérias como:

• Análise de Ciclo de Vida das embalagens/utensílios; • Sensibilização para desperdício zero; • Eco-design e Rótulo Ecológico; • Impacte adicional pela utilização de serigrafias (a várias cores) nas

embalagens/utensílios; • Utilização eficiente de energia;

são indispensáveis e importantes em acções de formação destinadas, não só á Gestão de Topo mas também ás Equipas de Manutenção dos equipamentos e Operadores das máquinas de injecção e/ou extrusão.

Em muitas das Empresas (dependente da dimensão e diversidade de matérias primas utilizadas) justificar-se-ia a presença de um Engº. de Ambiente e a existência de uma política de Gestão Ambiental (Sistema de Gestão Ambiental instituido).

SUB-SECTOR DO VIDRO DE EMBALAGEM

As Empresas deste sub-sector encontram-se entre as que produzem maiores impactes ambientais, essencialmente devido a:

• Elevado consumo energético (baixa eficiência energética - as Empresas ainda se encontram longe de atingir a “meta” (230 Kgep/t) estabelecida através de auditorias energéticas (90% do melhor valor obtido));

• Quantidade e qualidade das emissões gasosas, sobretudo em NOx (objectivo - obter emissões com um valor máximo de 500 mg NOx / m3 N (8% O2));

• Efluentes líquidos carregados de óleos de lubrificação que exigem a existência de ETAR’s eficientes e bem dimensionadas, o que não se verifica actualmente.

Por outro lado, as Empresas só agora começam a sentir maior pressão dos custos ambientais, pelas razões anteriormente apresentadas para os Plásticos.

Apesar destas Empresas já possuirem um grau de sensibilização ambiental elevado,devido a estudos e auditorias energéticas entretanto realizadas, ainda não possuem nem estruturas nem sistemas de Gestão Ambiental eficientes. Assim, justificar-se-ia um Engº. de Ambiente responsável por esta matéria com coordenação de Equipas de Manutenção (Instrumentistas e Mecânicos) e Condutores de Fornos de Fusão. Foi focada a necessidade de a função de Condutor de Forno de Fusão dever possuir recursos humanos com maior índice de formação (preferencialmente Engº. Mecânicos).

As necessidades de formação centram-se essencialmente em matérias de:

• Gestão Energética eficiente;

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 33

• Análise de Ciclo de Vida; • Condução de ETAR; • Poluição Atmosférica

destinadas a:

♦ Condutores de Fornos de Fusão; ♦ Equipas de Manutenção (Instrumentistas e Mecânicos) ♦ Controladores de Qualidade

ENTREVISTA AO ENGº. ANTÓNIO TOMÉ

LOCAL DA ENTREVISTA: Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária

SUB-SECTORES ABORDADOS: Moldes, Plásticos e Vidro de Embalagem

A entrevista foi conduzida de molde a percorrer exaustivamente o guião préviamente definido. Deste modo passamos a transcrever, de um modo resumido, as respostas às questões colocadas para cada um dos sub-sectores em estudo:

SUB-SECTOR DOS MOLDES

� Traçar o diagrama do processo produtivo;

Bloco de aço � Maquinação {arranque de apara (frezas e tornos, tradicionais ou de comando numérico); electroerosão (por fio ou eléctrodo de grafite ou cobre); rectificação; tratamento térmico; tratamento de superfície}

� De acordo com esse diagrama, onde ocorrem os principais impactes ambientais e tipificá-los?

Na maquinação em geral pela utilização de óleos para refrigeração de corte (que em princípio deveriam ser substituidos todas as 100 horas de trabalho). Ainda, na electroerosão pela utilização dum líquido de refrigeração à base de petróleo, operação que liberta muitos gases e fumos. Por outro lado, a maquinação dos electrodos de grafite provocam a libertação de muitas partículas deste material que se mantêm em suspensão no ar. Normalmente estas máquinas (electroerosão e maquinação de eléctrodos) encontram-se devidamente isoladas e com sistemas de exaustão instalados. O problema coloca-se mais ao nível da Higiene e Segurança no trabalho. No entanto, ainda deve ser considerado: - o problema das limalhas de aço impregnadas com óleos de corte, que se destinam à fundição, libertando alguns poluentes (aditivos dos óleos de corte), e; - o tratamento térmico e de superfície a que o molde é sujeito no final. Tratamento: a seco com utilização de sais a alta temperatura; ou, apenas calor com recurso a forno eléctrico; ou, com recurso a óleos de têmpera (elevado grau de reutilização deste óleos - tempo de vida longo). O molde quando está obsoleto, quer por ter atingido o tempo de vida útil quer pelo facto de a peça a que ele dava origem ter terminado o seu

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 34

ciclo de vida comercial, vai para fundir, entrando novamente no ciclo da matéria-prima para a fabricação dos blocos de aço.

� Competitividade das empresas e alterações no sector?

A grande “revolução” neste sub-sector desenrolou-se, em Portugal, na década de 80, tendo-se verificado grandes alterações a nível estrutural, tecnológico e organizacional. Actualmente, não basta ser um bom fabricante de moldes tem simultâneamente de ser um bom designer e participar activamente na concepção das peças. Por outro lado, neste sub-sector de actividade existe muita sub-contratação de Empresas produtoras de moldes para as várias fases da produção. Deve ter-se em consideração que o prazo de entrega de um molde é fundamental para a competitividade da Empresa.

� Certificação no domínio da qualidade?

A certificação é fundamental para a competitividade e futuro da Empresa. No entanto, esta realiza-se mais por pressão dos Clientes do que por iniciativa dos Empresários. A concepção da peça e, por consequência, do respectivo molde constitui o “calcanhar de Aquiles” de muitas das Empresas deste sub-sector.

� Aplicabilidade/interesse do EMAS para o sector/sub-sector?

Não se justifica a aplicação do EMAS.

� Como perspectiva a realização de auditorias ambientais e quais os benefícios expectáveis ou desejáveis?

Não se justifica nem acrescenta grandes benefícios.

� Como se situa (como perito) face à Conformidade vs. Proactividade?

Constante atitude proactiva.

� Evolução da tecnologia do processo produtivo?

� Curto, médio e longo prazos;

A crescente introdução de máquinas de comando numérico, implicará, a médio prazo, à evolução profissional dos Operadores das máquinas tradicionais (frezas, tornos) de modo a possuirem competências como Programadores/Operadores de máquinas CNC.

� Qual o impacte esperado relativamente aos consumos e fontes de energia?

Com a crescente renovação do “parque” de equipamento, as Empresas passam a dispôr de máquinas optimizadas no que concerne ao consumo de energia. Por outro lado, as Empresas têm tendência a aderir ao sistema de tarifa bi-horária, de modo a permitir uma utilização mais económica no turno nocturno, em que as máquinas CNC se mantêm em funcionamento automático após conveniente programação.

� Quais os impactes previsíveis na produção?

Não se prevêem impactes significativos.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 35

� Quais os impactes previsíveis no tipo de resíduos do processo (sólidos, líquidos, gasosos)?

Não se prevêem alterações significativas no tipo de resíduos do processo.

� Matérias-primas;

� Disponibilidade?

Dependência total do estrangeiro - Suécia e Alemanha - para o fornecimento dos blocos de aço com as características/especificações adequadas à produção dos moldes.

� Tendências de evolução de custo?

O custo tem vindo a manter-se, não se perspectivando alterações do preço da matéria-prima a médio prazo.

� Tendências para alteração nas características/propriedades?

A Indústria Aero-espacial influenciará a longo prazo a introdução de novas ligas metálicas para a produção de moldes, perspectivando-se assim alguns benefícios tecnológicos e económicos, sobretudo com a utilização de ligas mais leves e mais resistentes.

� Impacte que terão no ambiente?

Menor impacte.

� Legislação (eventuais condicionalismos na utilização)?

Não se perspectivam condicionalismos por parte da Legislação.

� Ciclo de vida dos produtos;

� Alterações expectáveis?

No caso dos artigos de grande consumo, o ciclo de vida do respectivo molde terá tendência a diminuir, mesmo sabendo que o Produtor utilizará materiais capazes de resistir mais tempo que as especificações acordadas com o Cliente (no que respeita à capacidade de produção do molde relativamente ao que foi contratado).

� Tem conhecimento da realização de ACV para o sub-sector?

(Não tem conhecimento).

� Se sim quais as áreas onde devem ser introduzidas alterações?

------------------------------

� Gestão ambiental; {Estas questões não se aplicam ao sub-sector dos moldes}

� Atractividade/Apetência pelo produto por parte do Cliente/Consumidor?

� Que pressões poderão ser exercidas sobre o Produtor por questões ambientais - produtos/processos mais ecológicos?

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 36

Não se perspectiva que o Cliente exerça pressão sobre o Produtor do molde por questões ambientais.

� Que impacto poderão ter essas pressões?

------------------------------

� Que mudanças se perspectivam na gestão e no funcionamento geral das Empresas deste sub-sector?

O facto de muitas Empresas de moldes, funcionando como sub-contratadas, não terem contacto directo com os Clientes finais, conduzirá à “morte” a prazo de algumas delas. No entanto, prevendo-se que na próxima década o Sector Automóvel seja um dos Sectores com maior dinamismo (maior taxa de crescimento), este acabará por conduzir a um desenvolvimento das Empresas de moldes “mais saudáveis”. Deste modo, o Sector Automóvel continuará a constituir um bom indicador de evolução para a Indústria de Moldes.

� Que tendências se perspectivam ao nível da evolução das profissões/funções dos recursos humanos das Empresas?

� Quais os impactes que eventuais alterações no sub-sector/Empresa terão ao nível dos papéis/funções das Pessoas?

A evolução não terá tendência para ser lenta.

� Consequentemente, quais as necessidades de formação que dessa forma serão despoletadas?

Essencialmente grandes necessidades de formação técnica, que permitam aos recursos humanos acompanhar a evolução técnica e tecnológica que se perspectiva para o sub-sector. Deste modo, dever-se-á aproveitar estas acções de formação para uma sensibilização ambiental generalizada.

� Tendo em consideração a realidade actual do sub-sector de actividade, qual a sua opinião sobre:

� Sensibilidade do sub-sector e das Empresas para o mecenato ambiental (Empresa Cidadã)?

As Empresas não estão sensibilizadas.

� Acções desenvolvidas pelo sub-sector ou pelas Empresas em prol da divulgação de informação e performance ambiental?

(Não tem conhecimento).

� Grau de associativismo nos sub-sectores (internamente e externamente)?

Existe uma Associação Industrial do sub-sector (AIPM) que tem desenvolvido acções no âmbito da organização de Colóquios, Feiras, Visitas de Estudo e Formação Profissional.

� Acções do seu conhecimento desenvolvidas pelo Estado ou por Associações do Sector?

(Não tem conhecimento).

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 37

� O que pensa dos acordos voluntários sectoriais. Seria importante para este sector? E em que medida?

(Não tem conhecimento).

� Análise / validação das interpretações dos dados recolhidos nas entrevistas.

Foi entregue para apreciação um relatório preliminar de “Caracterização geral dos Sectores/Sub-Sectores, através das entrevistas”. Aguardamos as consequentes opiniões do Engº. António Tomé.

SUB-SECTOR DOS PLÁSTICOS

� Traçar o diagrama do processo produtivo;

Matéria-prima � Mistura � Aquecimento/Fusão � Extrusão com ou sem insuflação / Injecção. Este processo está totalmente integrado numa máquina de extrusão ou injecção.

� De acordo com esse diagrama, onde ocorrem os principais impactes ambientais e tipificá-los?

Os grandes impactes/problemas ambientais só ocorrem após a produção com a introdução das peças/embalagens no Mercado. A “poluição” está no próprio produto.

� Competitividade das empresas e alterações no sector?

� Certificação no domínio da qualidade?

Muito importante. É uma condição ‘sine qua non’ para a competitividade da Empresa, uma vez que a pressão dos Clientes é muito grande.

� Aplicabilidade/interesse do EMAS para o sector/sub-sector?

Poderá ser interessante a sua implementação uma vez que as Empresas deste sub-sector são grandes consumidoras de energia eléctrica e produtoras de peças / utensílios / embalagens potenciais poluentes.

� Como perspectiva a realização de auditorias ambientais e quais os benefícios expectáveis ou desejáveis?

Sobretudo torna-se indispensável a realização de auditorias energéticas, bem como a instituição da obrigatoriadade de receber os “resíduos” para reciclar.

� Como se situa (como perito) face à Conformidade vs. Proactividade?

Atitude proactiva constante com o apoio da pressão do Consumidor.

� Evolução da tecnologia do processo produtivo?

� Curto, médio e longo prazos;

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 38

Sobretudo a médio prazo, com uma crescente diminuição da quantidade de matéria-prima utilizada na produção das peças/utensílios/embalagens, devido a novo design dos moldes e novas matérias-primas (espessura do plástico vs resistência).

� Qual o impacte esperado relativamente aos consumos e fontes de energia?

A verdadeira evolução passar-se-á ao nível da redução do consumo energético, através da introdução de polímeros que permitam a utilização a mais baixa temperatura.

� Quais os impactes previsíveis na produção?

Não se prevêem impactes significativos na produção.

� Quais os impactes previsíveis no tipo de resíduos do processo (sólidos, líquidos, gasosos)?

A inovação ao nível das matérias-primas, normalmente utilizadas, produzirá resíduos sólidos com menor impacte ambiental e igualmente reciclável.

� Matérias-primas;

� Disponibilidade?

Não existem problemas com a disponibilidade das matérias-primas. Essa disponibilidade está apenas dependente da Indústria Petrolífera.

� Tendências de evolução de custo?

Grandes oscilações nos custos das várias matérias-primas - Ciclos de concorrência cruzada.

� Tendências para alteração nas características/propriedades?

Sobretudo na resistência física e ponto de fusão.

� Impacte que terão no ambiente?

Grande impacte ambiental. A Indústria Automóvel e a Indústria de Embalagens são os motores da utilização de determinadas matérias-primas.

� Legislação (eventuais condicionalismos na utilização)?

Tedência crescente para maiores condicionalismos, dada a transposição das Directivas Comunitárias para a Legislação Nacional.

� Ciclo de vida dos produtos;

� Alterações expectáveis?

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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A Indústria Automóvel e a Indústria de Embalagens vão liderar as alterações no ciclo de vida dos plásticos.

� Tem conhecimento da realização de ACV para o sub-sector?

(Não tem conhecimento).

� Se sim quais as áreas onde devem ser introduzidas alterações?

------------------------------

� Gestão ambiental;

� Relativamente à directiva das embalagens, ou outra legislação ambiental específica, que mudanças serão de esperar, na gestão ambiental das Empresas, no sentido do cumprimento da legislação?

Eventual instalação de linhas de lavagem ou enxaguamento das embalagens para permitir a reutilização ou reciclagem.

� Estará a sensibilidade ambiental dos Gestores a aumentar ou a única maneira de introduzir preocupações ambientais é através de imposições legislativas e de fiscalização?

Começam a estar muito sensibilizados como cidadãos e pela pressão exercida pelos Consumidores.

� Estará a consciência ambiental dos Colaboradores das Empresas a aumentar ou será necessário desenvolver processos informativos/formativos que despertem esta consciência? De que tipo?

Não está a aumentar. Necessário desenvolver acções formativas para os Encarregados e Equipas de Manutenção. Formação específica técnico-ambiental em matéria energética (incluindo balanço energético global), de resíduos e técnicas de reciclagem.

� Atractividade/Apetência pelo produto por parte do Cliente/Consumidor?

� Que pressões poderão ser exercidas sobre o Produtor por questões ambientais - produtos/processos mais ecológicos?

Pressões crescentes exercidas pelo Consumidor, na escolha das embalagens, dada a maior sensibilidade que possuem (acções de sensibilização ambiental ao cidadão).

� Que impacto poderão ter essas pressões?

O impacto indirecto exercido pelo primeiro utilizador da embalagem/utensílio/peça implicará um acréscimo de inovação relativa às matérias-primas com menor impacte ambiental.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 40

� Que mudanças se perspectivam na gestão e no funcionamento geral das Empresas deste sub-sector?

As Empresas tenderão a especializar-se por tipo de matéria-prima e tipo de produto com o intuinto de optimizar o processo produtivo e o consumo de energia.

� Que tendências se perspectivam ao nível da evolução das profissões/funções dos recursos humanos das Empresas?

� Quais os impactes que eventuais alterações no sub-sector/Empresa terão ao nível dos papéis/funções das Pessoas?

Necessidade de os Encarregados possuirem maior índice de formação. Relativamente às restantes funções perspectiva-se a sua manutenção.

� Consequentemente, quais as necessidades de formação que dessa forma serão despoletadas?

Formação técnica específica em matérias da Indústria dos Plásticos, bem como, formação técnica ambiental.

� Tendo em consideração a realidade actual do sub-sector de actividade, qual a sua opinião sobre:

� Sensibilidade do sub-sector e das Empresas para o mecenato ambiental (Empresa Cidadã)?

Maior sensibilidade para o mecenato ambiental por parte das grandes Empresas produtoras.

� Acções desenvolvidas pelo sub-sector ou pelas Empresas em prol da divulgação de informação e performance ambiental?

Ainda não fazem tanto quanto deviam!

� Grau de associativismo nos sub-sectores (internamente e externamente)?

Associativismo muito forte por parte da Associação Indústrial dos Produtores de Pástico (AIPP).

� Acções do seu conhecimento desenvolvidas pelo Estado ou por Associações do Sector?

GIR - Grupo Inter-sectorial de Reciclagem. Sociedade Ponto Verde.

� O que pensa dos acordos voluntários sectoriais. Seria importante para este sector? E em que medida?

Muito importante, sobretudo no desenvolvimento de acções proactivas de I&D na inovação de matérias-primas para embalagens.

� Análise / validação das interpretações dos dados recolhidos nas entrevistas.

Foi entregue para apreciação um relatório preliminar de “Caracterização geral dos Sectores/Sub-Sectores, através das

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 41

entrevistas”. Aguardamos as consequentes opiniões do Engº. António Tomé.

SUB-SECTOR DO VIDRO DE EMBALAGEM

� Traçar o diagrama do processo produtivo;

Silos M.P. � Balanças � Forno � Canais alimentadores � Gota de vidro � Molde � Sopro pneumático da gota de vidro � Desmoldagem � Túnel de arrefecimento

� De acordo com esse diagrama, onde ocorrem os principais impactes ambientais e tipificá-los?

Emissões, pela(s) chaminé(s) do(s) forno(s), de partículas de sílica e ferro em simultâneo com substâncias gasosas (NOx) e altamente corrosivas. Elevados consumos de energia. Funcionamento ininterrupto do forno de vidro. Efluentes com elevadas cargas de óleo de lubrificação dos moldes.

� Competitividade das empresas e alterações no sector?

� Certificação no domínio da qualidade?

Está generalizada nesta Indústria.

� Aplicabilidade/interesse do EMAS para o sector/sub-sector?

Dados os impactes mencionados justificar-se-ia a aplicação/implementação do EMAS.

� Como perspectiva a realização de auditorias ambientais e quais os benefícios expectáveis ou desejáveis?

Seria fundamental a realização de auditorias ambientais conducentes a melhorias contínuas nesta área (dinamismo do EMAS), associadas a melhorias sensíveis no consumo de energia. Por outro lado, a perspectiva de utilização de gás natural vem melhorar significativamente as emissões gasosas do forno de vidro, proporcionando custos energéticos mais baixos.

� Como se situa (como perito) face à Conformidade vs. Proactividade?

Atitude proactiva constante.

� Evolução da tecnologia do processo produtivo?

� Curto, médio e longo prazos;

Perspectivam-se melhorias sensíveis ao nível dos moldes, na composição do vidro e na optimização do consumo de energia.

� Qual o impacte esperado relativamente aos consumos e fontes de energia?

A perspectiva de utilização de gás natural vem melhorar significativamente as emissões gasosas do forno de vidro, proporcionando custos energéticos mais baixos. A tendência é para se verificar uma melhoria significativa no consumo de energia.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 42

� Quais os impactes previsíveis na produção?

As Empresas Nacionais têem uma grande dependência da Investigação e Desenvolvimento, em tecnologia de fornos, moldes e composição, realizada em Países como a França e Alemanha.

� Quais os impactes previsíveis no tipo de resíduos do processo (sólidos, líquidos, gasosos)?

As melhorias previsíveis ao nível dos moldes, da composição do vidro e na optimização do consumo de energia, conduzirão necessáriamente a menores impactes ambientais.

� Matérias-primas;

� Disponibilidade?

Grande disponibilidade.

� Tendências de evolução de custo?

Estabilização dos preços por tonelada.

� Tendências para alteração nas características/propriedades?

As inovações ao nível da composição e tecnologia do forno têem vindo a permitir, a redução da espessura da parede do vidro da embalagem, a um aumento da resistência ao choque térmico e à pressão interna, altura e diâmetro da marisa.

� Impacte que terão no ambiente?

Têem grande impacte no ambiente.

� Legislação (eventuais condicionalismos na utilização)?

Prevêem-se condicionalismos essencialmente ao nível dos aditivos (metais pesados).

� Ciclo de vida dos produtos;

� Alterações expectáveis?

Aumentar, significativamente, a utilização de embalagens de vidro de tara retornável e simultâneamente reduzir, drásticamente, o consumo em embalagens de tara perdida.

� Tem conhecimento da realização de ACV para o sub-sector?

(Não tem conhecimento).

� Se sim quais as áreas onde devem ser introduzidas alterações?

------------------------------

� Gestão ambiental;

� Relativamente à directiva das embalagens, ou outra legislação ambiental específica, que mudanças serão de esperar, na gestão ambiental das Empresas, no sentido do cumprimento da legislação?

Perspectiva-se um aumento da utilização das embalagens de vidro em tara retornável.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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� Estará a sensibilidade ambiental dos Gestores a aumentar ou a única maneira de introduzir preocupações ambientais é através de imposições legislativas e de fiscalização?

A sensibilização está a aumentar gradualmente, no entanto a Legislação contribui decisivamente para uma maior pressão e dinamismo das melhorias ambientais.

� Estará a consciência ambiental dos Colaboradores das Empresas a aumentar ou será necessário desenvolver processos informativos/formativos que despertem esta consciência? De que tipo?

São necessárias acções de formação para todos os Colaboradores em domínios de sensibilização ambiental, e, específicamente, acções formativas em matéria ambiental mais técnica, relacionada com a Indústria do Vidro de Embalagem, para os Colaboradores do Controlo de Qualidade, Condutores de Forno e Equipas de Manutenção.

� Atractividade/Apetência pelo produto por parte do Cliente/Consumidor?

� Que pressões poderão ser exercidas sobre o Produtor por questões ambientais - produtos/processos mais ecológicos?

A intensidade das pressões é muito relativa dado o avultado valor dos investimentos necessários, por parte das Empresas, bem como as implicações tecnológicas e de Mercado que poderão significar.

� Que impacto poderão ter essas pressões?

O facto de esta Indústria produzir uma Embalagem mais “correcta” em termos ambientais e de higiene alimentar, logo está menos desperta para melhorias tecnológicas do processo conducentes a melhorias ambientais.

� Que mudanças se perspectivam na gestão e no funcionamento geral das Empresas deste sub-sector?

Empresas muito conservadoras no seu funcionamento e resistentes à mudança (Empresas muito “lentas” a mudar).

� Que tendências se perspectivam ao nível da evolução das profissões/funções dos recursos humanos das Empresas?

� Quais os impactes que eventuais alterações no sub-sector/Empresa terão ao nível dos papéis/funções das Pessoas?

As Funções ligadas à Composição, Condução de Fornos e Manutenção necessitarão de Pessoas com maior especialização e formação de base.

� Consequentemente, quais as necessidades de formação que dessa forma serão despoletadas?

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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A formação ambiental necessária e indispensável para os recursos humanos deste sub-sector deverá ser integrada na formação técnica e tecnológica a fornecer.

� Tendo em consideração a realidade actual do sub-sector de actividade, qual a sua opinião sobre:

� Sensibilidade do sub-sector e das Empresas para o mecenato ambiental (Empresa Cidadã)?

Existem muito poucas Empresas sensíveis a este tema.

� Acções desenvolvidas pelo sub-sector ou pelas Empresas em prol da divulgação de informação e performance ambiental?

Nenhumas acções desenvolvidas.

� Grau de associativismo nos sub-sectores (internamente e externamente)?

A Associação dos Produtores de Vidro de Embalagem (APVE) possui uma grande capacidade de exercer “lobbing” sobre política sectorial.

� Acções do seu conhecimento desenvolvidas pelo Estado ou por Associações do Sector?

Acções desenvolvidas apenas no domínio energético.

� O que pensa dos acordos voluntários sectoriais. Seria importante para este sector? E em que medida?

(Sem opinião).

� Análise / validação das interpretações dos dados recolhidos nas entrevistas.

Foi entregue para apreciação um relatório preliminar de “Caracterização geral dos Sectores/Sub-Sectores, através das entrevistas”. Aguardamos as consequentes opiniões do Engº. António Tomé.

ENTREVISTA AO DR. LUIS PALMA FÉRIA (ACECIA) + + ENTREVISTA AO ENGº. NOGUEIRA DA SILVA (IAPMEI)

LOCAL DA ENTREVISTA: ACECIA, Componentes Integrados para a Indústria Automóvel, ACE

SECTOR ABORDADO: Indústria Automóvel

Após uma troca de impressões introdutória, a entrevista foi conduzida de molde a percorrer exaustivamente o guião préviamente definido. Deste modo passamos a transcrever, resumidamente, a compilação das respostas dos dois entrevistados às questões colocadas sobre o sector em estudo:

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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SECTOR AUTOMÓVEL

� Traçar o diagrama do processo produtivo;

Dada a diversidade de Empresas/Processos envolvidos neste Sector de Actividade não se torna prático traçar um diagrama dos vários processos produtivos. Neste sector existem Empresas Indústriais de: Fundição, Moldes, Plásticos, Vidro, Borracha, Baterias, Cablagem (Eléctrica e Mecânica), Cataforese, Revestimento, Tintas e Vernizes, Fabricação e Montagem de Componentes, etc.

� De acordo com esse diagrama, onde ocorrem os principais impactes ambientais e tipificá-los?

A natureza dos impactes ambientais é distinta consoante o tipo de indústria em causa. Assim, a principal responsabilidade pelas:

• Emissões gasosas - predominantemente as Indústrias de Fundição, Plásticos, Vidro, Borracha, Tintas e Vernizes, Revestimento.

• Emissões líquidas - predominantemente as Indústrias de Cataforese, Revestimento e Pintura.

• Resíduos sólidos - predominantemente as Indústrias de Moldes, Plásticos, Vidro, Fundição, Borracha, Baterias, Cablagem, Fabricação e Montagem de Componentes.

� Competitividade das empresas e alterações no sector?

� Certificação no domínio da qualidade?

A certificação neste domínio não só está amplamente divulgada e difundida como é condição sine qua non para estar competitivamente no mercado. No entanto, esta realiza-se mais por pressão dos Clientes/Construtores do que por iniciativa dos Empresários.

� Aplicabilidade/interesse do EMAS para o sector/sub-sector?

Só se justificará a aplicação do EMAS na Empresa quando esta possuir a função de Coordenador da Área do Ambiente.

� Como perspectiva a realização de auditorias ambientais e quais os benefícios expectáveis ou desejáveis?

Essas auditorias poderão ser um bom início para a sensibilização da Empresa sobre os reais impactes ambientais do seu processo produtivo e de quais as potenciais soluções de melhoria.

� Como se situa (como perito) face à Conformidade vs. Proactividade?

Consideram como balanço desejável a proporção de 80% de Conformidade e 20% de Proactividade.

� Evolução da tecnologia do processo produtivo?

� Curto, médio e longo prazos;

Essa evolução está dependente da evolução dos materiais a processar (p.e. alumínio).

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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� Qual o impacte esperado relativamente aos consumos e fontes de energia?

Considerando o caso da maior utilização do alumínio na Indústria Automóvel, apesar do processo de extracção deste metal ser maior consumidor de energia, a transformação deste em componentes diversos será menor consumidora de energia, resultando um balanço positivo pela sua maior utilização.

� Quais os impactes previsíveis na produção?

Impactes muito significativos.

� Quais os impactes previsíveis no tipo de resíduos do processo (sólidos, líquidos, gasosos)?

Esta Indústria será tendencialmente menor produtora de resíduos, bem como estes serão menos agressivos para o ambiente. O objectivo a atingir no ano de 2010 será de 85% de materiais, integralmente recicláveis, constituintes do futuro veículo automóvel.

� Matérias-primas;

� Disponibilidade?

Grande.

� Tendências de evolução de custo?

Aumento moderado.

� Tendências para alteração nas características/propriedades?

Tendência para maior disponibilidade de novas ligas, novos materias. Por exemplo, a maior utilização de plásticos injectáveis (maior facilidade de reciclagem) em detrimento de materias CMC (Conf. Manuf.).

� Impacte que terão no ambiente?

Menores impactes ambientais.

� Legislação (eventuais condicionalismos na utilização)?

Apesar da Legislação ser mais restritiva conduzirá a um aumento de procura de novas soluções alternativas.

� Ciclo de vida dos produtos;

� Alterações expectáveis?

A tendência será para materiais/produtos de menor durabilidade e maior rotatividade.

� Tem conhecimento da realização de ACV para o sub-sector?

Os conhecimentos que possuem sobre esta matéria indicam que haverá tendência simultânea para diminuição de custos e do Ciclo de Vida do Produto, com aumentos significativos da capacidade de reciclagem dos materiais.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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� Se sim quais as áreas onde devem ser introduzidas alterações?

Sobretudo nos materiais plásticos e metálicos.

� Gestão ambiental;

� Relativamente à directiva das embalagens, ou outra legislação ambiental específica, que mudanças serão de esperar, na gestão ambiental das Empresas, no sentido do cumprimento da legislação?

A Gestão Ambiental nas Empresas terá tendência para ser mais proactiva e com maior capacidade de integrar as melhorias ambientais provocadas por alterações nos processos indústrias, com as exigências do Mercado e do Construtor do veículo automóvel.

� Estará a sensibilidade ambiental dos Gestores a aumentar ou a única maneira de introduzir preocupações ambientais é através de imposições legislativas e de fiscalização?

Esta sensibilidade está a aumentar a um ritmo moderado.

� Estará a consciência ambiental dos Colaboradores das Empresas a aumentar ou será necessário desenvolver processos informativos/formativos que despertem esta consciência? De que tipo?

Torna-se indispensável formar Auditores Internos Ambientais (“sementes ambientais”), para que estes possam dinamizar, na Empresa, todas as acções de melhorias contínuas em matéria de ambiente.

� Atractividade/Apetência pelo produto por parte do Cliente/Consumidor?

� Que pressões poderão ser exercidas sobre o Produtor por questões ambientais - produtos/processos mais ecológicos?

O Consumidor ainda não exerce as pressões suficientes sobre o Produtor, de molde a poder provocar melhorias ambientais mais significativas.

� Que impacto poderão ter essas pressões?

Poderão ter um impacto muito grande. O A.C.P. poderia ter uma missão muito positiva nesta matéria.

� Que mudanças se perspectivam na gestão e no funcionamento geral das Empresas deste sub-sector?

Formação de equipas de Segurança e Ambiente, com o objectivo de avaliar e contribuir para o desempenho ambiental da Empresa.

� Que tendências se perspectivam ao nível da evolução das profissões/funções dos recursos humanos das Empresas?

� Quais os impactes que eventuais alterações no sub-sector/Empresa terão ao nível dos papéis/funções das Pessoas?

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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O impacte será moderadamente negativo, dependendo da capacidade de absorção, pelos Recursos Humanos da Empresa, das novas tecnologias a introduzir.

� Consequentemente, quais as necessidades de formação que dessa forma serão despoletadas?

Formação de Auditores Internos que possam funcionar como Formadores e Dinamizadores Ambientais.

� Tendo em consideração a realidade actual do sub-sector de actividade, qual a sua opinião sobre:

� Sensibilidade do sub-sector e das Empresas para o mecenato ambiental (Empresa Cidadã)?

Existe uma moderada sensibilidade. É uma ideia muito interessante a desenvolver.

� Acções desenvolvidas pelo sub-sector ou pelas Empresas em prol da divulgação de informação e performance ambiental?

Contribuição significativa para a compreensão do conceito do componente “amigo” do ambiente, bem como, de informação sobre potencialidade de reciclagem dos diversos componentes.

� Grau de associativismo nos sub-sectores (internamente e externamente)?

O grau de Associativismo é muito baixo. Em nossa opinião a A.F.I.A. não tem “peso” face ao Sector, e, não existe espírito de “Corpo”.

� Acções do seu conhecimento desenvolvidas pelo Estado ou por Associações do Sector?

Não têm conhecimento de acções desenvolvidas.

� O que pensa dos acordos voluntários sectoriais. Seria importante para este sector? E em que medida?

Não se verificaram até ao presente acordos voluntários sectoriais. O grau de dispersão do Sector não facilita o estabelecimento de acordos voluntários. Por outro lado, a “pressão” das Normas Ambientais existentes não se tem feito sentir sobre o Sector, por molde a provocar alterações de atitude ambiental significativas por parte das Empresas.

� Análise / validação das interpretações dos dados recolhidos nas entrevistas.

A troca de impressões preliminar a esta entrevista, bem como a apresentação oral de alguma informação, sobre as visitas às Empresas deste Sector de Actividade, obtiveram uma concordância informal por parte dos Entrevistados.

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4.3.3. Entidades Formadoras

CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA DE FORMAÇÃO NA ÁREA DO AMBIENTE

Para o desenvolvimento sustentável dos sub-sectores económicos em estudo o contributo da formação em ambiente reveste-se de um papel primordial como instrumento ao serviço do desenvolvimento de competências de todos os profissionais responsáveis por actividades que, directa ou indirectamente, produzam efeitos no equilíbrio ambiental.

De facto, para que este instrumento possa constituir uma mais-valia, é necessário que exista uma ampla consonância entre as necessidades sentidas pela organização e as respostas apresentadas pelas estruturas e entidades promotoras de formação.

Com o objectivo de promover este ajustamento entre o movimento de oferta e procura de formação na área específica em análise, torna-se fundamental proceder à recolha de informação e à caracterização das acções desenvolvidas pelas várias entidades com capacidade formativa, especificamente as orientadas para a superação das carências evidenciadas ao longo do presente estudo.

Nesta fase de trabalho pretende-se, sobretudo, identificar de modo sistemático, os perfis-tipo (de entrada e de saída) dos destinatários das acções, seu enquadramento e seus aspectos operacionais. Paralelamente, e após uma análise integrada dos dados recolhidos, irá apresentar-se as grandes tendências actuais das estruturas de formação em ambiente, bem como as oportunidades que se vislumbram nesta área, em termos futuros.

4.3.3.1. Intrumentos

Recolha de Informação

Numa primeira fase, o processo de identificação das entidades passíveis de desenvolverem acções de formação na área do ambiente baseou-se, essencialmente, na recolha de dados a partir da consulta a várias fontes de informação, nomeadamente:

• Home-page INFOCID, através da qual se obteve uma listagem das instituições de educação/formação ambiental em Portugal (ORGFO - http://www.infocid.pt/orgfo), cuja responsabilidade pela informação disponível pertence ao Ministério para a Qualificação e Emprego, bem como uma listagem dos vários estabelecimentos de ensino superior público e privado que leccionam cursos na área em análise (Guia de Acesso ao Ensino Superior – http://www.infocid.pt/es), cuja responsabilidade pertence ao Ministério da Educação;

• Home-page SAPO, Serviço de Apontadores Portugueses (http://www.sapo.pt/educacional/formação), a partir da qual se recolheu uma listagem das instituições de ensino superior público, privado e cooperativo, passíveis de desenvolverem cursos na área ambiental;

• Revista Forum Estudante - Guia das Pós-Graduações, publicação sobre o ensino pós-graduado disponível no mercado nacional, da responsabilidade do Grupo Forum;

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• Directório Nacional do Ambiente e Recursos Naturais;

• Páginas Amarelas;

• Centro de Informação e Documentação do Ministério para a Qualificação e Emprego, pelo qual foi fornecida uma listagem de entidades formadoras na área ambiental;

Paralelamente, procedeu-se a uma pesquisa e análise documental através de consultas a jornais e publicações várias, onde se reuniram dados relevantes a partir de acções de divulgação dos cursos/acções por parte das entidades promotoras.

Do cruzamento de todos os dados reunidos até então, foi possível elaborar uma listagem de entidades com capacidade formativa na área em causa. Refira-se que se encara o conceito de formação em ambiente no seu sentido lato, daí se considerarem não só acções formais de formação, mas igualmente acções desenvolvidas no âmbito do ensino, quer profissional (Escolas Profissionais e Centros de Formação), quer superior Universidades Públicas, Universidades Particulares e Institutos Politécnicos).

Validação da Informação

Concluída a fase inicial de recolha e cruzamento da informação sobre as entidades com eventual capacidade formativa na área do ambiente, procedeu-se à validação dos dados obtidos. Para tal, realizou-se um inquérito através de contacto telefónico, pelo qual foi igualmente solicitado o envio de informação documental, o que permitiu aferir, de forma mais aprofundada, as características dos cursos/acções desenvolvidas por cada entidade.

Sistematização da Informação

Para permitir a sistematização coerente dos dados recolhidos nesta segunda fase, concebeu-se uma ficha de caracterização da oferta actual de formação existente no mercado nacional (Caracterização das acções/cursos de formação existentes na área do ambiente), a partir da qual foram recolhidas informações de acordo com os seguintes indicadores:

• Designação da acção/curso;

• Tipo de acção/curso ministrado;

• Área de intervenção da acção/curso;

• Identificação da entidade promotora;

• Local de realização da acção/curso;

• Identificação dos destinatários;

• Pré-requisitos;

• Objectivos da acção/curso;

• Síntese programática;

• Metodologias;

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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• Processo de avaliação;

• Equipa de formadores;

• Certificação conferida;

• Data de realização;

• Duração;

• Número de edições da acção/curso.

Categorização da informação

Com o intuito de uniformizar os conceitos utilizados ao longo do presente estudo, procedeu-se à sua categorização. Por conseguinte, é de sublinhar que no respeitante à área de intervenção ambiental dos cursos promovidos, consideram-se várias categorias, nomeadamente:

• Água – entendida esta categoria num sentido lacto, englobando acções relativas a águas residuais urbanas e a águas de abastecimento;

• Ar – encarada igualmente num sentido lato, abrangendo acções relacionadas com a qualidade do ar, as fontes emissoras, os postos de medição, etc.;

• Resíduos Sólidos;

• Gestão Ambiental – inclui acções específicas relacionadas com as auditorias ambientais, os diagnósticos ambientais, os estudos de avaliação dos impactes, etc.;

• Ruído;

• Risco Industrial;

• Direito do Ambiente;

• Ordenamento do Território;

• Ambiente em geral - inclui todas as acções/cursos que abordam as questões ambientais numa perspectiva generalista, como é o caso das licenciaturas em Engenharia do Ambiente;

• Área afim ao Ambiente – abrange todas as acções/cursos que pelas suas características não se identificam directamente com as categorias anteriormente apresentadas; são acções que abordam a questão ambiental de forma indirecta e geralmente inserida no âmbito de questões mais vastas, como são exemplo as ações de formação em Manutenção e Conservação de Estações Elevatórias, ou as licenciaturas em Engenharia Geológica, Biologia, Planeamento Regional e Urbano, etc.;

No que concerne ao tipo de acção desenvolvida, são igualmente consideradas várias categorias:

• Formação Inicial - entende-se a formação com caracter de preparação para a vida activa dos jovens que abandonaram o sistema escolar sem terem cumprido a escolaridade mínima obrigatória, podendo este tipo de

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formação apresentar três modalidades distintas: Qualificação Inicial; Aprendizagem profissional; Especialização Tecnológica;

• Formação Contínua - entende-se a formação que decorre durante a vida activa do trabalhador, destinando-se a possibilitar-lhe o desenvolvimento de competências relevantes para o seu desempenho profissional presente e futuro; pode este tipo de formação assumir diversas modalidades: Formação Recorrente; Reciclagem Profissional; Aperfeiçoamento Profissional; Qualificação Profissional; Reconversão Profissional e Especialização Profissional.

• Formação de Formadores - entende-se a formação cujo objectivo principal se centra no desenvolvimento de competências dos agentes que intervêm no processo formativo, nos domínios pedagógico, técnico e organizativo, para que possam contribuir para o aumento dos níveis de qualidade dos processos de formação onde participam;

• Bacharelato;

• Licenciatura;

• Pós-graduação;

• Mestrado;

• CESE (Curso de Estudos Superiores Especializados).

Relativamente à identificação dos destinatários das acções/cursos, há ainda a referir que se consideram as categorias de:

• Quadros Superiores;

• Quadros Médios;

• Técnicos de Ambiente da Administração Central/Local;

• Técnicos de Ambiente em geral - consideram-se os indivíduos com formação académica específica na área ambiental;

• Técnicos de Processos - consideram-se os indivíduos que não possuindo formação académica específica na área ambiental, exercem funções nesta área;

• Colaboradores em geral.

Tratamento da informação

Todas as informações recolhidas a partir da referida ficha permitiram elaborar uma base de dados que serviu de instrumento de trabalho para a determinação da real oferta de formação na área do ambiente. Os dados encontrados foram sujeitos a tratamento estatístico, a partir da análise sistemática dos quais foi possível apresentar as grandes tendências actuais das estruturas de formação em termos de ambiente.

Utilidade da informação

Pretende-se que toda a informação recolhida e analisada nesta fase do estudo constitua um instrumento de apoio à tomada de decisão dos responsáveis pelas entidades formativas nacionais e de outros actores envolvidos, no sentido de serem concebidas e implementadas medidas pró-activas que concorram para a promoção do desenvolvimento sustentado dos sub-

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sectores da indústria automóvel e da indústria de bens de consumo considerados, e que contribuam para que a questão ambiental seja entendida como um verdadeiro factor chave de sucesso e não como um entrave à prosperidade das organizações.

4.3.3.2. Processos

CARACTERIZAÇÃO DAS ACÇÕES/CURSOS DE FORMAÇÃO EXISTENTES NA ÁREA DO AMBIENTE

Como referido anteriormente, (Sistematização/Tratamento de Informação) procedeu-se à elaboração de uma ficha de caracterização da oferta actual de formação na área ambiental para cada entidade com capacidade formativa nesta área.

Seguidamente (p.f. ver Fichas de Caracterização da Oferta de Formação na Área do Ambiente, Anexo 4), apresentam-se as informações recolhidas junto das diversas entidades promotoras, devidamente sistematizada de acordo com a referida ficha de caracterização

Caracterização segundo o tipo de acção desenvolvida

• Formação Inicial

Dos vários tipos de formação considerados ao longo do presente trabalho, a formação inicial, entendida como um instrumento de preparação para a vida activa dos jovens com a escolaridade mínima obrigatória, revela-se como um sector potencialmente carenciado. A sua expressividade no horizonte global da formação em ambiente é bastante reduzida, assumindo apenas cerca de 3,7% da totalidade da oferta.

Muitos destes cursos, promovidos por Escolas Profissionais (com gestão directa do IEPF) são desenvolvidos ao longo de três anos lectivos, formando profissionais em área diversas como: Gestão do Ambiente, Gestão e Recuperação de Espaços Verdes, Gestão Ambiental e Paisagística, Turismo Ambiental e Rural, etc. Verifica-se, contudo, que alguns dos cursos já concluídos, bem como os que se encontram em desenvolvimento não serão reeditados, limitando aos jovens o acesso a uma formação técnica que lhes permita desenvolver as competências básicas para a sua inserção, como técnicos de ambiente, no mercado de trabalho.

Distribuiçã o por Tipo de Acçõe s

- Form a çã o Inicia l

9

233

Formaç ão Inic ial Outros Tipos

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• Formação Contínua

Verifica-se uma tendência notória por parte das entidades formativas, para o desenvolvimento de acções de formação contínua, cujo objectivo se centra, prioritariamente, no desenvolvimento de competências dos activos que exercem funções que directa ou indirectamente estão na base de impactes ambientais.

Refira-se que o IPAMB – Instituto de Promoção Ambiental – é a entidade que mais acções promove (cerca de 58,5% do total de acções de formação contínua), garantindo uma diversidade de cursos de curta e média duração, cujos destinatários principais são Técnicos de Processos (cerca de 58,6%). De salientar que o CEFA – Centro de Estudos e Formação Autárquica –num estudo realizado para o período de 1994-1999 (Avaliação das Necessidades de Formação na Área do Ambiente – INESC; UNINOVA; IDAD), tendo sido apresentado como a entidade formadora com maior capacidade de oferta em termos de formação contínua na área ambiental (cerca de 45% do total de acções), contemplou apenas no seu plano de formação para 1997 uma acção de formação nesta área.

As áreas de intervenção contempladas pelas acções de formação contínua, apresentam-se com a seguinte distribuição:

◊ Água: cerca de 30,3% do total das acções de formação contínua, com trinta cursos dos quais dezasseis são desenvolvidos no distrito de Lisboa (treze promovidos pelo IPAMB; um pela Cenertec; um pelo CEFA; um pela Associação de Engenheiros Técnicos); nove são desenvolvidos no distrito do Porto (exclusivamente promovidos pelo IPAMB); e cinco desenvolvidos no distrito de Setúbal (promovidos pelo Instituto da Água);

◊ Ar: cerca de 1,01% do total das acções de formação contínua, com apenas um curso desenvolvido no distrito de Lisboa (promovido pelo IPAMB);

◊ Ordenamento do Território: cerca de 1,01% do total das acções de formação contínua, com um curso desenvolvido no distrito de Lisboa (promovido pelo IPAMB);

99

143

Distribuição por Tipo de Acções - Formação Contínua

Formação Contínua Outros Tipos

(41%)

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◊ Energia: cerca de 3,03% do total das acções de formação contínua, co três cursos desenvolvidos no distrito de Lisboa, dos quais dois são promovidos pela Coaltec e Ambiente e um é promovido pelo Instituto de Soldadura e Qualidade;

◊ Resíduos Sólidos: cerca 8,08% do total das acções de formação contínua, com oito cursos dos quais seis são realizados no distrito de Lisboa e dois no distrito do Porto (todos promovidos pelo IPAMB);

◊ Direito do Ambiente: cerca de 7,07% do total das acções de formação contínua, com sete cursos dos quais cinco são desenvolvidos no distrito de Lisboa e dois no distrito do Porto;

◊ Ruído: cerca de 5,05% do total das acções de formação contínua, com cinco cursos dos quais três são desenvolvidos no distrito de Lisboa e dois no distrito do Porto;

◊ Risco Industrial: cerca de 4,04% do total das acções de formação contínua, com quatro cursos dos quais três são realizados no distrito de Lisboa e um no distrito do Porto;

◊ Gestão Ambiental: cerca de 25,2% do total das acções de formação contínua, com vinte e cinco cursos dos quais quinze são desenvolvidos no distrito de Lisboa, sete no distrito do Porto, dois no distrito de Leiria e um no distrito de Braga;

◊ Ambiente em geral: cerca de 5,05% do total das acções de formação contínua, com cinco cursos dos quais três são desenvolvidos no distrito do Porto e dois no distrito de Lisboa;

◊ Áreas afins ao Ambiente: cerca de 10,1% do total das acções de formação contínua, com dez cursos dos quais cinco são desenvolvidos no distrito de Lisboa e cinco no distrito do Porto.

No geral, a distribuição das acções de formação contínua por zonas geográficas apresenta a seguinte configuração:

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

AveiroBragançaÉvoraLeiriaPortoV. Castelo

%

Distritos

Distribuição de Acções de Formação Contínua por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 56

• Formação de Formadores

Este tipo de acções, destinadas essencialmente ao desenvolvimento de competências dos profissionais que intervêm nos processos formativos, apresenta uma reduzida expressão no universo da oferta de formação ambiental (cerca de 3,3%).

O desenvolvimento de ações de Formação de Formadores em matéria de Ambiente no contexto nacional encontra-se totalmente circunscrito à actividade promotora de uma única entidade - o IPAMB. Geograficamente, as acções abrangem a zona Norte (duas edições no Porto e uma em Aveiro), a zona Centro (duas edições em Coimbra), a Zona de Lisboa e Vale do Tejo (duas edições em Lisboa) e por fim a zona Sul (uma edição em Faro).

• Bacharelatos

Relativamente a esta área do ensino superior, é notório um crescimento gradual do movimento da oferta, por parte dos Institutos Politécnicos, de cursos com uma vertente eminentemente técnica; tal representa cerca de 26,1% da totalidade dos cursos superiores na área ambiental (incluindo licenciaturas em áreas afins ao ambiente). A grande maioria das entidades promotoras deste tipo de curso têm caracter público (cerca de 94,1%).

Em termos de distribuição geográfica, são os distritos de Bragança e do Porto que apresentam maiores índices de oferta, com três bacharelatos distintos desenvolvidos, respectivamente, no Instituto Politécnico de Bragança: Engenharia do Ambiente e do Território, Ciências do

8

234

Distribuição por Tipo de Acções - Formação de Formadores

Formação de Formadores Outros Tipos

17

225

Distribuição por Tipo de Acções - Bacharelatos

Bacharelatos Outros Tipos

(7,0%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 57

Ambiente, e Engenharia Biotecnológica, e no Instituto Superior Politécnico de Gaya: Património e Ambiente, Escola Superior de Tecnologia da Saúde: Higiene e Saúde Ambiental, e Instituto Superior de Engenharia do Porto: Engenharia Geotécnica, o que em termos percentuais representa, para cada distrito, cerca de 17,6% da totalidade de oferta deste tipo de acções.

Seguem-se os distritos de Coimbra e Castelo Branco, onde são ministrados, respectivamente, os bacharelatos em Engenharia do Ambiente, pelo Instituto Politécnico de Coimbra e em Higiene e Saúde Ambiental, pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde, bem como os bacharelatos em Engenharia do Ambiente e Recursos Naturais, pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e em Engenharia Civil e do Ambiente, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão, o que em termos percentuais representa, para cada distrito, uma oferta de 11,8% relativamente ao total de bacharelatos existentes no país.

No distrito de Viseu a oferta deste tipo de curso representa cerca de 5,8% do total dos bacharelatos, estando a cargo do Instituto Politécnico de Viseu o curso em Engenharia do Ambiente. O mesmo se verifica no distrito de Lisboa, onde existe apenas o bacharelato em Higiene e Saúde Ambiental promovido pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde, no distrito de Braga, com o curso de Gestão da Água e do Ambiente, no distrito de Setúbal, com o curso de Engenharia da Energia e do Ambiente, no distrito de Portalegre, com o curso de Conservação do Ambiente, no distrito de Castelo Branco, com o curso de Engenharia do Ordenamento e dos Recursos Naturais, e por fim, no distrito de Santarém, com o curso de Engenharia de Gestão e Ordenamento.

Nos restantes distritos (Leira, Évora, Beja, Faro, Vila Real, Guarda e Aveiro) não foi apurada a existência qualquer entidade promotora de cursos conferentes do grau de bacharelato.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

AveiroBragançaÉvoraLeiriaPortoV. Castelo

%

Distritos

Distribuição de Bacharelatos por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 58

• Licenciaturas

No contexto nacional, a quantidade de oferta de formação superior ao nível do grau de licenciatura na área do Ambiente tem registado um aumento significativo, podendo constatar-se a proliferação de cursos não só especificamente relacionados com o Ambiente (onde se destaca a Licenciatura em Engenharia do Ambiente, que assume cerca de 20,8% do total de licenciaturas na área ambiental), mas também em áreas consideradas afins (Engenharia Geológica, Engenharia Biológica, Planeamento Regional e Urbano, Ciências Químicas e do Ambiente, etc.).

No âmbito das licenciaturas, as entidades com capacidade formativa são na maioria dos casos Universidades Públicas, com cerca de 39 cursos promovidos em diferentes pontos do país diferentes, o que em termos relativos, representa 81,2% do total da oferta nesta área.

Destaca-se a Universidade de Évora com cerca de 15,3% de oferta relativamente ao total de licenciaturas oficiais, com os curso de Ciências do Ambiente, Engenharia de Processos e Energia - Ramo Energia, Engenharia Biofísica, Biologia, Engenharia dos Recursos Geológicos e Engenharia dos Recursos Hídricos.

Segue-se a Universidade de Lisboa com 12,8% do total de oferta, com os cursos de Geologia Aplicada ao Ambiente, Biologia, Bioquímica, Ciências Geofísicas e Engenharia Geográfica, leccionados pela Faculdade de Ciências e o curso de Geografia e Planeamento Regional leccionado pela Faculdade de Letras.

A Universidade do Porto apresenta igualmente uma oferta de 12,8%, com os cursos de Biologia, Engenharia Geográfica e Geologia, leccionados pela Faculdade de Ciências e os cursos de Ciências do Meio Aquático e Bioquímica, leccionados pelo Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar.

A Universidade de Aveiro apresenta uma oferta de 10,3% relativamente ao total da oferta de licenciaturas oficiais, com os cursos de Engenharia do Ambiente, Engenharia Geológica, Planeamento Regional e Urbano e Biologia.

48

194

Distribuição por Tipo de Acções - Licenciaturas

Licenciaturas Outros Tipos

(19,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 59

Também a Universidade do Algarve apresenta uma oferta de 10,3%, com os cursos de Engenharia do Ambiente, Biologia Marinha e Pescas, Biotecnologia e Geologia.

A Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa desenvolve as licenciaturas em Engenharia do Ambiente – Ramo Sanitária, Engenharia do Ambiente – Ramo Ambiente e Engenharia Geológica, o que representa uma oferta de 7,7% perante a oferta geral.

A Universidade do Minho apresenta igualmente uma oferta de 7,7%, com os cursos de Engenharia Biológica – Ramo Controlo da Poluição, Biologia Aplicada e Geografia e Planeamento.

Na Universidade de Coimbra são leccionados os cursos de Engenharia Geológica, Geologia e Biologia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, o que representa uma oferta de 7,7%.

O Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa apresenta uma oferta de 5,1%, com os cursos de Engenharia do Ambiente e Engenharia do Território.

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro apresenta uma oferta de 2,6% relativamente ao total de licenciaturas desenvolvidas por Universidades Públicas, com o curso de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais.

No que concerne à oferta de licenciaturas em termos de Universidades Privadas, o movimento de oferta é ainda pouco expressivo, não ultrapassando 9 cursos, o que se traduz em 18,8% do total de licenciaturas desenvolvidas.

Neste âmbito destacam-se a licenciaturas em Engenharia da Energia e do Ambiente leccionada pelo Instituto de Línguas e Administração de Leiria; Engenharia do Ambiente e Engenharia Biotecnológica pela Universidade Lusófona; Engenharia dos Recursos Naturais – Ramo Recursos Hídricos e Engenharia dos Recursos Naturais – Ramo Planeamento Ambiental pela Universidade Independente; Engenharia do Ambiente pela Universidade Católica do Porto; Gestão do Ambiente pela Universidade Atlântica; Engenharia do Ambiente pela Universidade Fernando Pessoa; e Ciências Químicas e do Ambiente – Ramo Biotecnologia pelo Instituto Piaget.

Em termos de distribuição das várias licenciaturas pela área geográfica nacional pode verificar-se que o distrito de Lisboa é o que apresenta maior número de oferta (cerca de 17 cursos), seguindo-se o Porto (7 cursos) e Évora (6 cursos). Paralelamente, existem zonas do país onde não são leccionadas licenciaturas na área ambiental, nomeadamente nos distritos de Santarém, Guarda, Viana do Castelo, Setúbal, Portalegre, Bragança e Beja.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 60

• CESE’s

Os CESE´s - Cursos de Estudos Superiores Especializados - tal como o próprio nome indica, são cursos orientados para o desenvolvimento de competências específicas de indivíduos cujo perfil de entrada contemple o grau académico de bacharelato ou licenciatura. Este tipo de ensino pós-graduado, está aberto aos indivíduos que pretendam enriquecer os seus conhecimentos numa determinada área de actuação e tem a duração de quatro semestres lectivos, conferindo o DESE – diploma de Estudos Superiores Especializados.

Verifica-se que este tipo de formação apresenta uma reduzida representatividade no contexto global da oferta de formação na área do ambiente; existem apenas sete cursos distribuídos pelo território nacional, dos quais três (cerca de 42,9%) são desenvolvidos no distrito de Lisboa (Engenharia Química, Ambiente e Qualidade pelo Instituto Politécnico de Lisboa – ISEL; Gestão do Ambiente pelo Instituto Superior de Educação e Ciências; Comunicação, Património e Ambiente pelo Instituto Português de Estudos Superiores), dois (cerca de 28,5%) no distrito do Porto (Engenharia Química e Tecnologias de Protecção Ambiental pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto; Climatologia e Hidrologia pelo Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar da Universidade do Porto), um (cerca de 14,3%) no distrito de Coimbra (Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra), e também um (igualmente 14,3%) no distrito de Faro (Educação Ambiental pela Universidade do Algarve).

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

AveiroBragaC.BrancoÉvoraGuardaLisboaPortoSetúbalV. Real

%

Distritos

Distribuição de Licenciaturas por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 61

• Pós-Graduações

No âmbito das pós-graduações, são as Universidades Privadas que se apresentam como as principais entidades promotoras deste tipo de acção (cerca de 50% do total da oferta), seguindo-se as Universidades Públicas (cerca de 40%), sendo de sublinhar o facto do Instituto de Soldadura e Qualidade assegurar 10% dessa oferta, com a realização do curso de Gestão do Ambiente.

Quanto às áreas de intervenção abrangidas pelas pós-graduações, apresentam a seguinte distribuição:

◊ Água: cerca de 30% da oferta global de pós-graduações, com três cursos leccionados pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (Hidráulica do Território; Abastecimento e Drenagem de Águas; Qualidade da Água e Controlo da Poluição);

◊ Direito do Ambiente: cerca de 30% da oferta global de pós-graduações, com dois cursos leccionados pela Universidade Lusíada (Direito do Ambiente - a funcionar em Lisboa e no Porto) e um curso leccionado pela Universidade Lusófona (Direito e Política do Ambiente);

◊ Ambiente em geral: cerca de 30 % da oferta global de pós-graduações, com um curso desenvolvido pelo Instituto Superior de Transportes (Gestão Ambiental e Produção Limpa), outro desenvolvido pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (Reabilitação

7

235

Distribuição por Tipo de Acções - CESE's

CESE's Outros Tipos

(2,9%)

10

232

Distribuição por Tipo de Acções - Pós-Graduações

Pós-graduações Outros Tipos

(4,1%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 62

Urbana e Requalificação Ambiental) e ainda outro leccionado pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (Gestão do Ambiente);

◊ Áreas afins ao Ambiente: cerca de 10% da oferta de global de pós-graduações, com um curso leccionado pela Universidade Lusófona (Biologia do Desenvolvimento).

Em termos de distribuição geográfica as acções de pós-graduação estão centralizadas em três zonas distintas do país: distrito de Lisboa (60%); distrito de Coimbra (30%); distrito do Porto (10%).

Relativamente à carga horária deste tipo de acções, a sua duração média situa-se entre as 100 e as 500 horas.

• Mestrados

Em termos quantitativos, a oferta deste tipo de acções de especialização apresenta-se algo significativa, o que se consubstancia na existência de 44 cursos, representando no universo global da oferta de formação cerca de 18,2%.

As áreas de intervenção abrangidas pelas pós-graduações apresentam a seguinte distribuição:

◊ Água: cerca de 11,4% da oferta global de mestrados, com dois cursos desenvolvidos no distrito de Lisboa, um no distrito de Coimbra, um no distrito do Porto e um no distrito de Faro;

◊ Ordenamento do Território: cerca de 9,1% da oferta global de mestrados, com três cursos desenvolvidos no distrito do Porto e um no distrito de Lisboa;

◊ Solo: cerca de 2,3% da oferta global de mestrados, com apenas um curso desenvolvido no distrito de Lisboa;

◊ Ar: cerca de 2,3% da oferta global de mestrados, com um curso desenvolvido no distrito de Aveiro;

◊ Ambiente em geral: cerca de 34% da oferta global de mestrados, com sete cursos desenvolvidos no distrito de Lisboa, dois no distrito de Braga, dois no distrito de Coimbra, dois no distrito do Porto e dois no distrito de Évora);

44

198

Distribuição por Tipo de Acções - Mestrados

Mestrados Outros Tipos

(18,2%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 63

◊ Áreas afins ao Ambiente: cerca de 40,9%, com treze cursos realizados no distrito de Lisboa, dois no distrito de Aveiro, um no distrito Porto, um no distrito de Braga e um no distrito de Faro).

Os perfis de entrada para este tipo de cursos implicam, na totalidade dos casos, o grau académico de licenciatura, estando a atribuição do grau de certificação conferido (Mestre) dependente da frequência e do aproveitamento nas várias disciplinas, bem como do desenvolvimento de uma dissertação.

Quanto à duração dos mestrados (área lectiva), cerca de 70,4% situa-se entre as 100 e as 500 horas de duração, 27,3% entre as 500 e 1000 horas e apenas 2,3% dos cursos têm duração inferior a 100 horas.

Em termos percentuais a distribuição deste tipo de cursos por área geográfica apresenta os seguintes contornos:

Caracterização segundo Área de Intervenção das acções desenvolvidas

• Água

As acções nesta área representam cerca de 16,1% do total da oferta de formação em ambiente, o que se consubstancia no desenvolvimento de trinta e nove acções. Destas, trinta são acções de formação contínua (dezasseis promovidas no distrito de Lisboa, nove promovidas no distrito do Porto e cinco promovidas no distrito de Setúbal), três são pós-graduações (promovidas no distrito de Coimbra pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra), cinco são mestrados (dois promovidos no distrito de Lisboa pelo Instituto Superior Técnico, um promovido no distrito do Coimbra pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, um promovido no distrito do Porto pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e um promovido no distrito de Faro, pela Universidade do Algarve) e por fim, uma licenciatura (promovida no distrito de Évora, pela Universidade de Évora).

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

AveiroBragaC.BrancoÉvoraGuardaLisboaPortoSetúbalV. Real

%

Distritos

Distribuição de Mestrados por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 64

Quanto às entidades promotoras de acções nesta área verifica-se que o IPAMB assegura a realização de 56,4% dos cursos (formação contínua versando as Águas de Abastecimento, Redes Domiciliárias, Tratamento de Águas Residuais e Gestão de ETAR’s), as instituições de ensino superior público asseguram 23%, o Instituto da Água 12,8%, o CEFA 2,6%, uma empresa de consultoria ambiental 2,6% e uma associação profissional também 2,6%.

A distribuição geográfica da oferta de cursos cuja área de intervenção é a Água apresenta os seguintes contornos:

Verifica-se uma maior incidência de acções no âmbito da Água no distrito de Lisboa, com a existência de dezoito cursos, sendo treze promovidos pelo IPAMB, dois pelo Instituto Superior Técnico, um pela Cenertec, um pela Associação de Engenheiros Técnicos e um pelo CEFA.

No distrito de Coimbra a oferta é de quatro cursos: um mestrado e três pós-graduações, acções promovidas pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra.

No distrito de Setúbal verificou-se a realização de cinco edições do curso de Exploração de Estações de Tratamento de Águas Residuais promovido pelo Instituto da Água.

39

203

Distribuição por Área de Intervenção- Água

Água Outras Áreas

(16,1%)

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

AveiroBragançaÉvoraLeiriaPortoV. Castelo

%

Distritos

Distribuição de Acções na Área da Água por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 65

No distrito de Évora a oferta de acções de formação no âmbito da água limita-se à existência de uma licenciatura (Engenharia de Recursos Hídricos) leccionada na Universidade de Évora.

No distrito de Faro a oferta de formação existente é representada por um mestrado em Aqualcultura promovido pela Universidade do Algarve.

• Ar

As acções nesta área apresentam uma expressividade bastante reduzida no contexto geral da oferta de formação em ambiente: cerca de 0,8%. Note-se que, nesta análise, consideram-se apenas as acções cujos conteúdos programáticos estão especificamente orientados para esta área de intervenção, o que não invalida a existência de acções de caracter mais amplo, onde se aborda a temática do ar a par de outras temáticas ambientais.

Apresentam-se nesta área de intervenção o curso de Observador Meteorológico Adjunto, promovido pelo IPAMB no distrito de Lisboa, cujos destinatários são Técnicos de Processos e o mestrado em Poluição Atmosférica promovido pela Universidade de Aveiro, no distrito de Aveiro.

• Solo

Tal como na área de intervenção anterior, as acções específicas nesta área apresentam uma expressividade bastante reduzida no contexto geral da oferta de formação: apenas 0,41%, o que se traduz na promoção do mestrado em Mecânica dos Solos pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.

2

240

Distribuição por Área de Intervenção- Ar

Ar Outras Áreas

(0,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 66

Mais uma vez, sublinha-se o facto de que neste momento da análise se consideram apenas os cursos especificamente orientados para a área de intervenção em causa; assim, esta reduzida percentagem, não implica que não existam outros cursos que abordem a questão dos solos nos seus conteúdos programáticos a par de outros temas.

• Resíduos Sólidos

As acções de formação nesta área específica de intervenção representam 3,3% do total da oferta geral, com o desenvolvimento de oito cursos de formação contínua, dos quais sete são promovidos pelo IPAMB e um por uma empresa de consultoria na área ambiental.

Em termos genéricos, tais cursos abordam principalmente os processos relacionados com a gestão de estações de tratamento de resíduos sólidos urbanos, bem como as campanhas de recolha desses mesmos resíduos, daí que cerca de 75% dos seus destinatários sejam Técnicos de Processos.

Quanto à sua distribuição geográfica, 75% destas acções são realizadas no distrito de Lisboa, sendo os restantes 25% das acções realizadas no distrito do Porto.

• Energia

As acções de formação nesta área específica de intervenção representam 1,7% da oferta global, com a realização no distrito de Lisboa de três cursos de formação contínua de curta duração (Dimensionamento de Sistemas Solares Térmicos, Dimensionamento de Sistemas Solares Fotovoltaicos, Geração e Utilização de Vapor), visando sobretudo a

1

241

Distribuição por Área de Intervenção- Solo

Solo Outras Áreas

(0,41%)

8

234

Distribuição por Área de Intervenção- Resíduos Sólidos

Resíduos sólidos Outras Áreas

(3,3%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 67

actualização de processos no âmbito da utilização racional de energia, e com a realização, no distrito da Guarda, do curso de formação inicial em Energias Alternativas promovido pela Escola Profissional de Trancoso.

Refira-se que para além destas acções específicas, a problemática da energia é também alvo de abordagem em cursos de caracter multidisciplinar, onde são estudadas questões mais vastas da gestão ambiental. São exemplo a licenciatura em Engenharia da Energia e do Ambiente leccionada pelo Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria, a licenciatura em Engenharia de Processos e Energia – Ramo Energia e Ambiente leccionada pela Universidade de Évora, o Bacharelato em Engenharia da Energia e do Ambiente, e acções de formação contínua relacionadas com os processos de auditoria ambiental.

• Ruído

As acções de formação nesta área específica de intervenção representam cerca de 2,1% do total da oferta, caracterizando-se por ser na sua totalidade acções de formação contínua de curta duração (menos de 100 horas), cujos objectivos principais se centram na actualização de processos e de legislação.

Os conteúdos destes cursos centram-se principalmente nos processos de medição e controlo do ruído e na aplicação da legislação específica (NP 1730).

Relativamente à distribuição geográfica destas acções há a referir que o IPAMB promove o curso de Técnicos de Medição do Ruído nos distritos

4

238

Distribuição por Área de Intervenção- Energia

Energia Outras Áreas

(1,7%)

5

237

Distribuição por Área de Intervenção- Ruído

Ruído Outras Áreas

(2,1%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 68

de Lisboa e do Porto, o CENFIM promove o curso de Controlo do Ruído no distrito do Porto, o Instituto de Soldadura e Qualidade promove o curso de Acústica e Controlo de Ruído no distrito de Lisboa e por fim, a Absosor (empresa de consultoria em Engenharia e Ambiente) promove o curso de Ruído Ambiental - Implementação na norma NP 1730.

• Direito do Ambiente

As condicionantes legais em matéria de ambiente decorrentes de políticas comunitárias têm conduzido a um gradual crescimento do movimento de oferta deste tipo de acções de formação. Assim, no contexto geral, esta oferta representa cerca de 4,5% das acções desenvolvidas, o que se traduz na existência de três pós-graduações (Direito e Políticas de Ambiente, promovida pela Universidade Lusófona no distrito de Lisboa e Direito do Ambiente, promovida pela Universidade Lusíada nos distritos de Lisboa e do Porto), um CESE (Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente promovido na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra) e sete acções de formação contínua de curta duração.

Para além destas acções especificamente orientadas para o Direito do Ambiente, verifica-se que esta é uma área de intervenção integrada na generalidade dos conteúdos programáticos das acções relacionadas com a gestão ambiental e o ambiente em geral.

No que respeita à distribuição geográfica deste tipo de acções é notória a sua concentração no distrito de Lisboa, com 63,7% do total dos cursos, seguindo-se o distrito do Porto com 27,3% e por fim o distrito de Coimbra com 9%.

• Risco Industrial

As acções de formação especificamente orientadas para a área do risco industrial apresentam uma expressão reduzida no contexto geral da oferta de formação em ambiente: cerca de 1,7%, o que se consubstancia na realização de quatro cursos de formação contínua de curta duração (menos de 100 horas).

11

231

Distribuição por Área de Intervenção- Direito do Ambiente

Dtº. Ambiente Outras Áreas

(4,5%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 69

Na sua totalidade estes cursos têm como objectivo principal a actualização de processos e relacionam-se basicamente com as questões da análise, gestão e avaliação de riscos industriais.

Relativamente à sua distribuição geográfica verifica-se, mais uma vez, que as zonas privilegiadas são os distritos de Lisboa (com três acções, duas das quais promovidas pela Certitecna e uma pelo IPAMB) e o distrito do Porto (com uma acção promovida pelo IPAMB).

• Gestão Ambiental

No âmbito da oferta global de formação na área do ambiente, as acções especificamente dirigidas à gestão ambiental representam cerca de 10,3%, sendo na sua totalidade acções de formação contínua, cuja duração é inferior a 100 horas em 68% dos casos e se situa entre as 100 e 500 horas em 32% dos casos.

Em termos de objectivos, 36% destas acções centram-se principalmente na actualização de processos de gestão ambiental/actualização da legislação aplicável ao ambiente; igualmente 36% destas ações versam sobre questões de sensibilização/actualização de processos e legislação e cerca de 28% são dirigidas particularmente para a actualização de processos.

Relativamente às entidades promotoras e à distribuição geográfica das acções, podemos constatar que o IPAMB promove 44% dos cursos (seis desenvolvidos no distrito de Lisboa e cinco no distrito do Porto), a

4

238

Distribuição por Área de Intervenção- Risco Indústrial

Risco Outras Áreas

(1,7%)

25

217

Distribuição por Área de Intervenção- Gestão Ambiental

Gestão Ambiental Outras Áreas

(10,3%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 70

Ecosaúde promove dois cursos (um no distrito de Lisboa e outro no distrito do Porto), o CENFIM promove igualmente dois cursos (um no distrito de Lisboa e outro no distrito de Leiria), bem como a AERLIS (ambos no distrito de Lisboa); a CEQUAL, a Associação Industrial Portuguesa, a Associação Portuguesa para a Qualidade, a Coaltec e Ambiente e a Cenertec, desenvolvem um curso cada (todos realizados no distrito de Lisboa); a Associação Industrial Portuense, a TecMinho e a NERLEI promovem igualmente um curso (realizados, respectivamente, nos distritos do Porto, Braga e Leiria).

A distribuição geográfica de acções de formação na área de intervenção da Gestão Ambiental assume a seguinte forma:

• Ordenamento

A oferta de formação na área do ordenamento representa cerca de 2,9% do total das acções desenvolvidas, o que se concretiza na existência de quatro mestrados promovidos por entidades de ensino superior público (Planeamento e Projecto de Ambiente Urbano pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto; Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa; Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto; Dinâmicas Espaciais e Ordenamento do Território pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto), dois bacharelatos promovidos por Institutos Politécnicos (Engenharia do Ordenamento e dos Recursos Naturais pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco; Engenharia de Gestão e Ordenamento pela Escola Superior Agrária de Santarém) e uma acção de formação contínua promovida por um instituto público (Ordenamento e Gestão do Território em Áreas Protegidas pelo IPAMB).

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

AveiroBragaC.BrancoÉvoraGuardaLisboaPortoSetúbalV. Real

%

Distritos

Distribuição de Acções na Área da Gestão Ambiental por Distritos

Page 72: Enfamb

Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 71

Em termos de duração das acções, cerca de 57,1% são cursos de média duração (entre 500 e 1000 horas), 28,6% são cursos de longa duração (mais de 1000 horas) e 14,3% são cursos de curta duração (menos de 100 horas).

No respeitante à distribuição geográfica destes cursos podemos constatar que o distrito do Porto é o que apresenta maior oferta, seguido de Lisboa, Castelo Branco e Santarém.

• Ambiente em Geral

Esta área de intervenção diz respeito às acções de formação que abordam as questões ambientais numa perspectiva generalista e integrada. Neste âmbito, o movimento de oferta de formação é cerca de 24,8% do total das acções existentes.

7

235

Distribuição por Área de Intervenção- Ordenamento

Ordenamento Outras Áreas

(2,9%)

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

AveiroBragaC.BrancoÉvoraGuardaLisboaPortoSetúbalV. Real

%

Distritos

Distribuição de Acções na Área de Ordenamento por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 72

Quanto à distribuição por tipo de acção desenvolvida verifica-se que são as licenciaturas e os mestrados que têm um maior peso na oferta. Assim, existem cerca de dezassete licenciaturas (das quais dez estão relacionadas com a Engenharia Ambiental) e quinze mestrados (que vão desde a Engenharia do Ambiente até à Ecologia, Tecnologia Ambiental, Georrecursos, Ciências do Ambiente, etc.). Para além destes tipos, existem nove bacharelatos (dos quais cinco são em Engenharia do Ambiente), oito cursos de formação inicial (sendo o curso de Técnico de Gestão do Ambiente o mais desenvolvido), cinco acções de formação contínua, três CESE’s (Gestão do Ambiente, Educação Ambiental e Climatologia e Hidrologia) e por fim, três pós- graduações (Gestão do Ambiente, Reabilitação Urbana e Requalificação Ambiental e Gestão Ambiental e Produção mais Limpa).

As Universidades Públicas são as entidades com capacidade formativa que asseguram um maior número de acções na área do ambiente em geral: cerca de 45% do total de acções (o que se traduz na oferta de quatro cursos pela Universidade de Évora, três pela Universidade do Minho, três pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, três pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, dois pela Universidade do Algarve, dois pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dois pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, dois pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, um pela Universidade de Aveiro, um pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, um pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, um pelo Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar da Universidade do Porto, um pelo Instituto Superior de Transportes e finalmente, um pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa).

As Universidades Particulares asseguram 20% das acções de formação na área do ambiente em geral (o que se traduz na oferta de dois cursos pela Universidade Independente, dois pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, um pelo Instituto de Psicologia Aplicada, um pelo Instituto Superior de Línguas e Administração de Leiria, um pela Universidade Lusófona, um pela Universidade Fernando Pessoa, um pela Escola Superior de Tecnologia de Fafe, um pelo Instituto

60

182

Distribuição por Área de Intervenção- Ambiente em Geral

Ambiente em geral Outras Áreas

(24,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 73

Superior de Educação e Ciências, um pela Universidade Atlântica e, finalmente, um pelo Instituto Superior de Transportes).

Os Institutos Politécnicos asseguram cerca de 13,3% das acções de formação na área do ambiente em geral (o que se traduz na oferta de um curso pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, um pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança, um pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, um pela Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Viseu, um pelo Instituto Superior Politécnico de Gaya, um pela escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal, um pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e, finalmente, um pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre).

As Escolas Profissionais asseguram igualmente cerca de 13,3% das acções de formação na área do ambiente em geral (o que se traduz na oferta de três cursos pela Escola Profissional Beira Aguieira, três pela Escola Profissional CIOR de Vila Nova de Famalicão, um pela Escola Profissional de Educação para o Desenvolvimento e um pela Escola Profissional de Odemira).

As Associações Industriais asseguram 5% das acções de formação na área do ambiente em geral (o que se traduz na oferta de um curso pelo Instituto de Soldadura e Qualidade, um pela Associação Industrial Portuense e um pela Associação Industrial Portuguesa).

Cerca de 1,7% das acções de formação na área do ambiente em geral são asseguradas por uma empresa de consultoria (o que se traduz na oferta de um curso pela Cenertec),

Finalmente, os restantes 1,7% das acções de formação na área do ambiente em geral são asseguradas por uma associação empresarial (o que se traduz na oferta de um curso pela Associação das Universidades da Região Norte).

Relativamente à distribuição geográfica destes cursos verifica-se que, embora existam acções em diversos pontos do país, a sua concentração no distrito de Lisboa continua a ser notória.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 74

• Áreas afins ao Ambiente

Esta área de intervenção diz respeito às acções de formação que não estando directamente relacionadas com a problemática ambiental são passíveis de a contemplar nos seus conteúdos programáticos, inserida no âmbito de questões mais vastas.

Representam cerca de 31,4% do total da oferta de acções na área de ambiente, e consistem em trinta licenciaturas, dezoito mestrados, dez acções de formação contínua, oito acções de formação de formadores, seis bacharelatos, três CESE’s, e uma pós-graduação.

Relativamente às entidades com capacidade formativa pode constatar-se que as Universidades Públicas desenvolvem 63,1% das acções. Neste âmbito, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa desenvolve cerca de nove cursos; a Universidade de Aveiro desenvolve cinco; a Universidade do Algarve desenvolve quatro, bem como a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e a Universidade do Minho; a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, a Faculdade de Ciências e Tecnologia de Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Évora desenvolvem três cursos cada; o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

AveiroBragaC.BrancoÉvoraGuardaLisboaPortoSetúbalV. Real

%

Distritos

Distribuição de Acções na Área de Ambiente em Geral por Distritos

76

166

Distribuição por Área de Intervenção- Áreas afins ao Ambiente

Área afim ao Ambiente Outras Áreas

(31,4%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 75

de Lisboa desenvolvem ambos dois cursos, bem como o Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar da Universidade do Porto; o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, o Instituto Superior de Economia e Gestão e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa desenvolvem um curso; a Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa desenvolve um curso, bem como a do Porto e a de Coimbra; também um curso é desenvolvido pela Universidade da Beira Interior.

O IPAMB assegura 23,7% da oferta das acções de formação relacionadas com áreas afins ao ambiente, o que se consubstancia em oito acções de formação de formadores e dez acções de formação contínua.

As Universidades Particulares desenvolvem 6,6% das acções nesta área, para o qual contribui dois cursos leccionados pela Universidade Lusófona, igualmente dois leccionados pelo Instituto Piaget e um pelo Instituto Português de Estudos Superiores.

Os Institutos Politécnicos asseguram os restantes 6,6% das acções de formação em áreas afins ao ambiente, o que se traduz na realização de dois cursos pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, um curso pela Escola Superior Agrária de Bragança, um pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, e um pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo.

No que respeita à distribuição geográfica das acções de formação nas áreas afins ao ambiente, mais uma vez se constata a grande centralização de acções no Distrito de Lisboa, como aliás se pode verificar no gráfico:

Caracterização segundo Local de Realização das acções desenvolvidas

• Distrito de Aveiro

No distrito de Aveiro o movimento de oferta de acções de formação na área do ambiente é de 2,5% relativamente à oferta global nacional. Pode constatar-se que a principal entidade dinamizadora destas acções é a

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

AveiroBragançaÉvoraLeiriaPortoV. Castelo

%

Distritos

Distribuição de Acções em Áreas afins ao Ambiente por Distritos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 76

Universidade de Aveiro, (cerca de 83,3%) através da realização de três licenciaturas (Engenharia Geológica, Planeamento Regional e Urbano e Biologia) e de dois mestrados (Ciências das Zonas Costeiras e Geoquímica). O IPAMB promove neste distrito uma acção de Formação Pedagógica de Formadores na área ambiental, não se verificando a existência de acções de formação contínuas.

• Distrito de Beja

Neste distrito apenas se verificou a existência de uma acção de Formação Inicial (Gestão do Ambiente) promovida pela Escola Profissional de Odemira.

• Distrito de Braga

O distrito de Braga apresenta cerca de 4,5% da oferta de formação na área do ambiente relativamente à oferta global nacional.

6

236

Distribuição de Acções por Distritos - Aveiro

Aveiro Outros Distritos

(2,5%)

1

241

Distribuição de Acções por Distritos - Beja

Guarda Outros Distritos

(0,4%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 77

Constatou-se a existência de três acções de Formação Inicial de longa duração (mais de 1000 horas) promovidas pela Escola Profissional CIOR (Técnico de Gestão do Ambiente - Recursos Hídricos; Técnico de Gestão do Ambiente - Reconversão e Reciclagem; Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente).

Apenas uma acção de Formação Contínua é desenvolvida neste distrito (Gestão Ambiental), promovida pela TecMinho (Associação Universidade Empresa para o Desenvolvimento - Universidade do Minho); trata-se de um curso de curta duração (menos de 100 horas) para Quadros Médios, Quadros Superiores e Técnicos de Ambiente, cujos objectivos se centram essencialmente na sensibilização para as questões ambientais e na actualização de processos/legislação.

No que respeita à área do ensino superior, verifica-se a existência de um Bacharelato (Gestão da Água e do Ambiente), leccionado pela Escola Superior de Tecnologias de Fafe e de três Licenciaturas (Engenharia Biológica - Ramo Controlo da Poluição; Biologia Aplicada; Geografia e Planeamento), leccionadas pela Universidade do Minho.

Por fim, no âmbito da formação de especialização, distrito oferece três Mestrados (Ciências do Ambiente - Ramo Qualidade Ambiental; Tecnologias do Ambiente; e Engenharia Biológica), promovidos na sua totalidade pela Universidade do Minho.

Em termos de distribuição das acções por área de intervenção verifica-se que as direccionadas para o Ambiente em geral ocupam cerca de 63,6% do total da oferta para este distrito, as direccionadas para as áreas afins ao Ambiente ocupam 27,3% e as direccionadas para a gestão ambiental cerca de 9,1%.

• Distrito de Bragança

A oferta de formação em Ambiente no distrito de Bragança resume-se à existência de três Bacharelatos promovidos pelo Instituto Politécnico de Bragança, dois dos quais na área do Ambiente em geral (Engenharia do Ambiente e do Território na Escola Superior Agrária e Ciências do Ambiente na Escola Superior de Educação), e um em área afim ao ambiente (Engenharia Biotecnologia na Escola Superior Agrária).

11

231

Distribuição de Acções por Distritos - Braga

Braga Outros Distritos

(4,5%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 78

• Distrito de Castelo Branco

A oferta de formação em Ambiente no distrito de Castelo Branco consiste numa Licenciatura em área afim ao Ambiente (Engenharia Geotecnológica na Universidade da Beira Interior) e um Bacharelato na área de intervenção do Ordenamento (Engenharia do Ordenamento e dos Recursos Naturais na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco).

• Distrito de Coimbra

O movimento de oferta de formação em Ambiente no distrito de Coimbra assume uma expressão de cerca de 7% do total de acções desenvolvidas em termos nacionais. Tal, representa a existência de três acções de Formação Inicial de longa duração, promovidas pela Escola Profissional Beira Aguieira (Técnico de Gestão e Recuperação de Espaços Verdes; Técnicos de Gestão do Ambiente; Técnico de Gestão Ambiental e Paisagística), cujos conteúdos programáticos versam essencialmente sobre as questões do Ambiente em geral; dois cursos de Formação de Formadores promovidos pelo IPAMB; dois Bacharelatos, um dos quais é promovido pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra (Engenharia do Ambiente) e outro promovido pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (Higiene e Saúde Ambiental); três Licenciaturas em áreas afins

3

239

Distribuição de Acções por Distritos - Bragança

Bragança Outros Distritos

(1,2%)

2

240

Distribuição de Acções por Distritos - Castelo Branco

Castelo Branco Outros Distritos

(0,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 79

ao Ambiente (Geologia; Engenharia Geológica; Biologia), promovidas pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; um CESE na área do Direito do Ambiente (Direito do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente) desenvolvido pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; três Pós-Graduações na área da Água (Hidráulica do Território; Abastecimento e Drenagem de Água; Qualidade da Água e Controlo da Poluição) desenvolvida pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; e por fim, três Mestrados, dos quais dois se relacionam com o Ambiente em geral (Ecologia; Geociências - Ramo Ambiente e Ordenamento do Território) e um se relaciona com a área da Água (Hidráulica e Recursos Hídricos), igualmente promovidos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Neste distrito, a distribuição das acções por área de intervenção apresenta os seguintes contornos: que cerca de 35,3% são dirigidas para o Ambiente em geral, também 35,3% dirigidas para áreas afins ao Ambiente, 23,5% dirigidas para a área de intervenção Água e 5,9% dirigidas para o Direito do Ambiente.

De salientar que neste distrito é a Universidade de Coimbra que apresenta um maior leque de oferta de formação na área do ambiente, com cerca de 58,8% do total das acções desenvolvidas.

• Distrito de Évora

Neste distrito a Universidade de Évora é a única entidade que oferece formação na área do Ambiente, o que se consubstancia no desenvolvimento de seis Licenciaturas e dois Mestrados.

Relativamente às Licenciaturas, três são dirigidas a áreas afins ao Ambiente (Biologia; Engenharia Biofísica; Engenharia dos Recursos Geológicos), duas são orientadas para o Ambiente em geral (Ciências do Ambiente - Ramo Qualidade Ambiental; Engenharia de Processos e Energia - Ramo Energia e Ambiente) e uma é orientada para a área de intervenção da Água (Engenharia dos Recursos Hídricos); quanto aos Mestrados, ambos são dirigidos para o Ambiente em geral (Engenharia do Solo e da Água; Gestão de Recursos Biológicos).

17

225

Distribuição de Acções por Distritos - Coimbra

Coimbra Outros Distritos

(7%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 80

• Distrito de Faro

Neste distrito, o movimento de oferta de formação em ambiente representa 3,3% da oferta global, o que significa a existência de um curso de um curso de Formação de Formadores promovido pelo IPAMB; quatro Licenciaturas, uma das quais na área do Ambiente em geral (Engenharia do Ambiente) e três em áreas afins (Biologia Marinha e Pescas; Biotecnologia; Geologia) promovidas pela Universidade do Algarve; um CESE (Educação Ambiental) e dois Mestrados (Aquacultura; Estudos Marinhos e Costeiros), promovidos igualmente pela Universidade do Algarve.

• Distrito de Guarda

Neste distrito apenas se verificou a existência de uma acção de Formação Inicial (Energias Alternativas) promovida pela Escola Profissional de Trancoso.

8

234

Distribuição de Acções por Distritos - Évora

Évora Outros Distritos

(3,3%)

8

233

Distribuição de Acções por Distritos - Faro

Faro Outros Distritos

(3,3%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 81

• Distrito de Leiria

Neste distrito o movimento de oferta de formação em Ambiente assume uma expressão de 1,2% relativamente ao total nacional da oferta, o que representa a existência de uma Licenciatura (Engenharia da Energia e do Ambiente) promovida pelo Instituto Superior de Línguas e Administração e de duas acções de Formação Contínua de curta duração, promovidas na região pelo CENFIM e pelo NERLEI (respectivamente, Técnico de Controlo Ambiental e Auditoria/Gestão Ambiental).

• Distrito de Lisboa

Neste distrito o movimento de oferta de formação na área do Ambiente apresenta uma expressão de 47,1% relativamente ao total de acções desenvolvidas a nível nacional, o que traduz uma elevada concentração da oferta nesta região.

1

241

Distribuição de Acções por Distritos - Guarda

Guarda Outros Distritos

(0,4%)

3

239

Distribuição de Acções por Distritos - Leiria

Leiria Outros Distritos

(1,2%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 82

Quanto às áreas de intervenção dos cursos e respectivas entidades promotoras, a distribuição apresenta-se com os seguintes contornos:

• Água: cerca de 15,8% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa dezasseis acções de Formação Contínua (treze promovidas pelo IPAMB, uma pelo CEFA, uma pela Associação Portuguesa de Engenheiros Técnicos e igualmente uma pela Cenertec) e dois Mestrados (ambos leccionados no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa);

• Ar: cerca de 0,9% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa apenas um curso de Formação Contínua (promovido pelo IPAMB);

• Solo: cerca de 0,9% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa um Mestrado (Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa);

• Resíduos Sólidos: cerca de 5,3% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa seis cursos de Formação Contínua de média e curta duração (cinco dos quais promovidos pelo IPAMB e um pela Cenertec);

• Ruído: cerca de 2,6% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa três cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pela Absorsor, IPAMB e Instituto da Soldadura e Qualidade);

• Energia: cerca de 2,6% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa três cursos de Formação Contínua de curta duração (dois promovidos pela Coaltec e Ambiente e um pelo Instituto de Soldadura e Qualidade);

• Risco: cerca de 2,6% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa três cursos de Formação Contínua de curta duração (dois dos quais promovidos pela CertiTecna e um pelo IPAMB);

• Direito do Ambiente: cerca de 6,1% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa cinco cursos de Formação Contínua (dois dos quais promovidos pelo Instituto de Soldadura e Qualidade e os restantes pelo IPAMB, Ambiform e Associação Industrial

114

128

Distribuição de Acções por Distritos - Lisboa

Lisboa Outros Distritos

(47,1%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 83

Portuguesa) e duas Pós-Graduações (Universidade Lusíada e Universidade Lusófona);

• Ordenamento: cerca de 1,8% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa um curso de Formação Contínua de curta duração (promovido pelo IPAMB) e um Mestrado (promovido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa);

• Gestão Ambiental: cerca de 13,1% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa quinze cursos de Formação Contínua, na sua maioria de curta duração (seis dos quais promovidos pelo IPAMB, dois pela AERLIS, e as restantes entidades com um curso: Associação Industrial Portuguesa, Ecosaúde, Cenertec, CENFIM, Associação Portuguesa para a Qualidade, Coaltec e Ambiente e CEQUAL);

• Ambiente em geral: cerca de 19,3% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa um curso de Formação Inicial de longa duração (promovido pela Escola Profissional para a Educação e Desenvolvimento), dois cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pela Associação Industrial Portuguesa e pela CertiTcena), oito Licenciaturas (duas das quais promovidas pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, duas pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica, duas pela Universidade Independente, uma pela Universidade Lusófona e também uma pela Universidade Atlântica), um CESE (promovido pelo Instituto Superior de Ciências e Educação), três Pós-Graduações (promovidas pelo Instituto Superior de Transportes, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e Instituto da Soldadura e Qualidade), e por fim, sete Mestrados (dois dos quais promovidos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, um pela Faculdade de Ciências e Tecnologia e um pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, um também pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada, um pelo Instituto Superior Técnico e um pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.

• Áreas afins ao Ambiente: cerca de 29% das acções desenvolvidas no distrito, o que representa cinco cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pelo IPAMB), um Bacharelato (promovido pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa), nove Licenciaturas (cinco das quais promovidas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, uma pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, uma pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, uma pela Universidade Lusófona e igualmente uma pela Instituto Piaget), dois CESE's (promovidos pelo Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico de Lisboa e pelo Instituto Português de Estudos Superiores), uma Pós-Graduação (promovida pela Universidade Lusófona) e treze Mestrados (sete dos quais promovidos pela Universidade Técnica de Lisboa, quatro pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e dois pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova).

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 84

Relativamente ao tipo de acções promovidas no distrito do Lisboa, pode constatar-se que a grande maioria são acções de Formação Contínua (cerca de 52,6%), seguindo-se os Mestrados (cerca de 21%), as Licenciaturas (cerca de 15%), as Pós-Graduações (cerca de 5,3%), os CESE's (cerca de 2,6%), a Formação de Formadores (cerca de 1,7%), e por fim a Formação Inicial e os Bacharelatos (cerca de 0,9% para cada um dos tipos).

No que respeita às entidades promotoras de acções de formação em Ambiente neste distrito, constata-se que as Universidades Públicas e um Instituto Público (IPAMB) são as maiores promotoras (cerca de 31,5% do total das acções, para cada caso), seguindo-se as Universidades Particulares (cerca de 11,4%), as Empresas de Consultoria (cerca de 7,9%), as Associações Industriais (cerca de 7%), as Associações Empresariais (cerca de 4,4%), as Associações Profissionais (cerca de 1,8%) e, por fim, as Escolas Profissionais e os Institutos Politécnicos (cerca de 0,9% para cada caso).

• Distrito de Portalegre

Neste distrito apenas se verificou a existência de um Bacharelato em Conservação do Ambiente, promovido pela Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre, o que representa uma oferta de 0,4% relativamente à oferta global de formação na área do Ambiente.

• Distrito do Porto

Neste distrito o movimento de oferta de formação na área do Ambiente apresenta uma expressão de 22% relativamente ao total de acções desenvolvidas a nível nacional, o que significa ser esta a segunda região do país com maior número de acções de formação desenvolvidas, depois do distrito de Lisboa.

1

241

Distribuição de Acções por Distritos - Portalegre

Portalegre Outros Distritos

(0,4%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 85

Quanto às áreas de intervenção dos cursos e respectivas entidades promotoras, a distribuição apresenta-se com os seguintes contornos:

• Água: cerca de 18,9% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa nove cursos de Formação Contínua de curta e média duração (promovidos na totalidade pelo IPAMB) e um Mestrado (leccionado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto);

• Resíduos Sólidos: cerca de 3,8% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa dois cursos de Formação Contínua de média duração (promovidos pelo IPAMB);

• Ruído: cerca de 3,8% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa dois cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pelo IPAMB e pelo CENFIM);

• Risco: cerca de 1,9% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa um curso de Formação Contínua de curta duração (promovido pelo IPAMB);

• Direito do Ambiente: cerca de 5,7% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa dois cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pelo IPAMB e pelo Instituto de Soldadura e Qualidade) e uma Pós-Graduação (leccionada na Universidade Lusíada);

• Ordenamento: cerca de 5,7% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa três Mestrados (leccionados na Faculdade de Engenharia, Faculdade de Arquitectura e Faculdade de Letras da Universidade do Porto);

• Gestão Ambiental: cerca de 13,2% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa sete cursos de Formação Contínua (cinco dos quais promovidos pelo IPAMB, um pela Associação Industrial Portuense e também um pela Ecosaúde);

• Ambiente em geral: cerca de 17% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa três cursos de Formação Contínua de curta duração (promovidos pela Associação Industrial Portuense, pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e pela AURN), um Bacharelato (leccionado na Escola Superior de

53

189

Distribuição de Acções por Distritos - Porto

Porto Outros Distritos

(22%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 86

Desenvolvimento Social e Comunitário do Instituto Superior Politécnico de Gaya), duas Licenciaturas (leccionadas na Universidade Católica e na Universidade Fernando Pessoa), um CESE (leccionado no Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar) e, por fim, dois Mestrados (leccionados na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto);

• Áreas afins ao Ambiente: cerca de 30,1% das acções desenvolvidas neste distrito, o que representa cinco cursos de Formação Contínua de curta duração e um curso de Formação de Formadores (promovidos pelo IPAMB), bem como dois Bacharelatos (leccionados no Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico do Porto e na Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto), cinco Licenciaturas (das quais três são leccionadas na Faculdade de Ciências e duas no Instituto de Ciências Médicas Abel Salazar da Universidade do Porto), um CESE (leccionado no Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico do Porto) e, por fim, um Mestrado (leccionada na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto).

Relativamente ao tipo de acções promovidas no distrito do Porto, pode constatar-se que a grande maioria são acções de Formação Contínua (cerca de 58,4%), seguindo-se as Licenciaturas e Mestrados (com cerca de 13,2% para cada um dos tipos), os Bacharelatos (cerca de 5,7%), os CESE's e a Formação de Formadores (com cerca de 3,8% para cada um dos tipos) e as Pós-graduações (cerca de 1,9%).

• Distrito de Santarém

Neste distrito apenas se verificou a existência de um Bacharelato em Engenharia de Gestão e do Ordenamento, promovido pela Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém, o que representa uma oferta de 0,4% relativamente à oferta global de formação na área do Ambiente.

• Distrito de Setúbal

Neste distrito a oferta de formação representa cerca de 2,5% do total nacional da oferta de formação em Ambiente, o que corresponde a cinco acções de Formação Contínua de curta duração promovidas pelo Instituto

1

241

Distribuição de Acções por Distritos - Santarém

Santarém Outros Distritos

(0,4%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 87

da Água e a um Bacharelato em Engenharia da Energia e do Ambiente desenvolvido na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal.

• Distrito de Viana do Castelo

Neste distrito a oferta de formação na área do Ambiente é garantida pela existência de dois Bacharelatos (Engenharia do Ambiente e dos Recursos Naturais e Engenharia Civil e do Ambiente) promovidos pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, o que representa uma oferta de 0,8% relativamente à oferta global de formação.

• Distrito de Vila Real

Neste distrito apenas se verificou a existência de uma Licenciatura em Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, promovida pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o que representa uma oferta de 0,4% relativamente à oferta global de formação na área do Ambiente.

6

236

Distribuição de Acções por Distritos - Setúbal

Setúbal Outros Distritos

(2,5%)

2

240

Distribuição de Acções por Distritos - Viana do Castelo

Viana do Castelo Outros Distritos

(0,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 88

• Distrito de Viseu

Neste distrito a oferta de formação na área do Ambiente é garantida pela existência de um Bacharelato (Engenharia do Ambiente) promovido pela Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Viseu e por uma Licenciatura em área afim ao Ambiente (Ciências Químicas e do Ambiente - Ramo Biotecnologia), promovida pelo Instituto Piaget, o que representa uma oferta de 0,8% relativamente à oferta global de formação.

5. ANÁLISE DE RESULTADOS (análise por Sector/Sub-Sector)

5.1. Dados recolhidos

5.1.1. Sector de Bens de Consumo

Em relação a este Sector de Actividade podemos estabelecer uma caracterização da seguinte natureza:

* Em termos globais nenhuma das Empresas entrevistadas possui um orgão autónomo de Gestão Ambiental, integrado na sua macroestrutura organizativa. Por outro lado, também se verificou não existirem estruturas operacionais de Gestão Ambiental na dependência hierárquica de qualquer das Direcções de topo dessas Empresas. Estas observações podem levar a pressupor que para uma maioria muito significativa das Empresas deste Sector, a gestão operacional de matérias directamente relacionadas com o

1

241

Distribuição de Acções por Distritos - Vila Real

Vila Real Outros Distritos

(0,4%)

2

240

Distribuição de Acções por Distritos - Viseu

Viseu Outros Distritos

(0,8%)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 89

ambiente não é considerado um factor competitivo para o sucesso da Empresa. Para muitas destas Empresas, com excepção do sub-sector do vidro de embalagem e algumas Empresas do sub-sector dos Plásticos, a Gestão Ambiental é algo que não está nas principais preocupações da Gestão de topo.

* As necessidades de formação dos Recursos Humanos destas Empresas são em grande medida supridas internamente com recurso aos conhecimentos e á experiência de Quadros da àrea Técnica e/ou Gestão de topo. O recurso a formação técnica permanente, no local de trabalho, torna-se assim de extrema importância para a produtividade da Empresa. Por outro lado, a formação, de carácter técnico, facultada pelas Empresas fornecedoras de equipamento, quer associada à aquisição quer a apoio técnico posterior, revela-se como fundamental para as Empresas deste Sector de actividade. Raras e muito específicas são as ocasiões em que estas Empresas recorrem a acções de formação no exterior, sobretudo em domínios mais genéricos da actividade.

Convém ainda salientar, relativamente a todas as Empresas entrevistadas, que:

a) Nenhuma das Empresas entrevistadas desenvolveu acções formativas na àrea do ambiente, o que nos pode levar a pressupor que não estão conscientes das suas reais necessidades de formação nesta matéria.

b) Não existe, no orçamento anual de exploração, uma parcela afecta ás “Actividades Ambientais”.

c) A tecnologia instalada é semelhante à utilizada pela Concorrência. Deste modo, o factor diferenciador não parece ser a Tecnologia mas sim a Qualidade do produto (soluções técnicas, prazo de entrega, garantias finais, conformidade) inevitavelmente associada ao seu custo.

d) Têm conhecimento de Tecnologias mais recentes do que as instaladas. No entanto, consideram ser fundamental atingir a “maturidade” de uma tecnologia e, deste modo, saber “tirar” dela a maior eficiência. Deve, ainda, ter-se em consideração que os investimentos em novas tecnologias de produção, para estas Indústrias, são muito avultados, de domínio não imediato (formação dos R.H. e nº de especialistas disponíveis) e, como tal, de difícil rentabilização. Logo, uma força de inércia, dependente da “saúde” financeira da Empresa.

e) No universo da amostra dos sub-sectores dos Moldes e dos Plásticos, verifica-se que apenas, respectivamente, 26 e 29% destas possuem um departamento ou unidade de I. & D.. No entanto, em nenhum dos casos, esse departamento desenvolve acções na Área do Ambiente. A sua “focagem” encontra-se muito pragmáticamente orientada para o desenvolvimento das soluções técnicas, do projecto e maiores “performances” industriais, para garantir maiores produtividades e prazos de entrega mais curtos.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 90

No caso específico do sub-sector dos moldes, dadas as características do processo produtivo, não se justifica a existência de equipas específicas dedicadas à gestão ambiental, por duas ordens de razão:

1) Pode considerar-se uma Indústria “limpa” uma vez que não é agressiva do ambiente e os resíduos sólidos do processo são totalmente recicláveis. Por outro lado, não trabalham com substâncias perigosas.

2) Dada a grande competitividade existente neste sub-sector, mais uma Pessoa específicamente dedicada a esta matéria, seria um factor de aumento de custos operacionais que a maioria das Empresas não têm capacidade para suportar. Por outro lado, não haveria muita matéria de intervenção para esta função. Normalmente, as preocupações e intervenções relativas a questões ambientais estão a cargo da Gestão de topo e/ou da Área/Direcção Técnica das Empresas, sobretudo associadas ás matérias (essas sim, mais importantes) de Higiene & Segurança no trabalho.

Existem algumas Empresas (com média/grande dimensão) que possuem verdadeiros Centros de Formação Técnica e proporcionam às Pessoas recrutadas uma Formação Profissional importante e indispensável à manutenção de elevadas “performances” técnico/tecnológicas.Isto deve-se ao facto dos CENTINFE regionais não terem os meios e a capacidade de formar um número suficiente de técnicos.

No entanto, verifica-se ser necessário o desenvolvimento de acções de sensibilização ambiental, sobretudo no que respeita a uma adequada atitude no condicionamento e utilização dos óleos usados no processo. Devem, ainda, considerar-se acções de formação relacionadas com uma eficiente utilização da energia (ponderando as questões relacionadas com a geração do equipamento versus consumo de energia).

Ainda neste sub-sector, convém salientar que:

A. Um bom planeamento da produção;

B. Um projecto bem desenvolvido (com as soluções técnicas adequadas);

C. Uma boa organização do trabalho associada a uma gestão dos Recursos Humanos previligiando as equipas, e, acções de sensibilização constantes com o intuito de motivar e ir ao encontro das reais necessidades das pessoas;

são factores fundamentais de sucesso e produtividade, e, consequentemente de desenvolvimento sustentado do negócio.

No caso específico do sub-sector dos plásticos, poderemos considerar como válidas as apreciações realizadas para o sub-sector dos moldes, mas devemos admitir algumas especificidades:

1) Por um lado, a grande maioria (99%) dos resíduos sólidos do processo (cerca de 30% em relação ao total de matéria prima), resultantes inevitáveis da actividade produtiva (p.e., dadas as características do processo de injecção) são totalmente reciclados na própria unidade produtiva, após adequada moagem.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 91

2) Depois, se excluirmos o produto final em plástico (que deverá ser objecto de uma integração ambiental de nível global {**}), as maiores preocupações ambientais nesta Indústria situam-se ao nível da formação de partículas que se mantêm em suspenção no ar (acompanhadas de algumas substâncias gasosas, dado o processo de aquecimento a que é submetida a matéria prima - quer na extrusão quer na injecção), e, alguns resíduos sólidos do processo não re-utilizados pela alteração das propriedades da matéria-prima, cujo destino é o aterro/lixeira Municipal.

Neste subsector, verifica-se ser necessário o desenvolvimento de acções de sensibilização ambiental, sobretudo no que respeita a uma gestão ambiental integrada das embalagens, focando o papel que deve ser desempenhado pelo Produtor. Devem, ainda, considerar-se acções de formação relacionadas com uma eficiente utilização da matéria-prima e uma política de resíduos sólidos do processo (quer sejam re-utilizáveis ou não recicláveis), bem como, uma adequação das matérias-primas aos diferentes tipos de embalagens, consoante o destino/utilização a ser dado pelo Cliente e as exigências legais presentes e futuras.

{**} A maioria das Empresas deste subsector refere os Estudos Ambientais que estão a ser realizados ao nível da Associação dos Produtores da Indústria de Plásticos e do Instituto Nacional de Resíduos em colaboração com a Sociedade Ponto Verde, o Ministério da Economia e o Ministério do Ambiente.

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 92

Assim, nestes três subsectores de actividade económica os impactes ambientais são sentidos pelas Empresas de maneira destinta:

ÁREAS DE INCIDÊNCIA DOS IMPACTES AMBIENTAIS DA ACTIVIDADE DA EMPRESA (SENTIDO PELOS RESPONSÁVEIS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS) {+}

SUB-SECTOR DE ACTIVIDADE ECONÓMICA

Plásticos (n=15)

Ar (Média)

Água (Média)

Solo (Média)

Muito 7% 0% 13%

Pouco 21% 0% 7%

Nada 72% 100% 80%

Moldes (n=23)

Ar (Média)

Água (Média)

Solo (Média)

Muito 2% 0% 0%

Pouco 20% 0% 3%

Nada 78% 100% 97%

Vidro de Embalagem

(n=2)

Ar (Média)

Água (Média)

Solo (Média)

Muito 60% 58% 3%

Pouco 37% 25% 22%

Nada 3% 17% 75%

{+} Resultados obtidos na recolha de informação através dos questionários.

Deste modo, podemos verificar (Tabela 1), que no caso das Empresas de Vidro de Embalagem os impactes ambientais resultantes da actividade são muito superiores aos dos outros dois sub-sectores de actividade económica, e, com maior grau de importância.

Aliás, as Empresas entrevistadas mencionaram a existência de um Estudo de Gestão e Impacte Ambiental, que está em fase de ultimação e a ser realizado em colaboração estreita entre a Associação Industrial de Vidro de Embalagem e o Ministério do Ambiente, que conduzirá, não só ao aperfeiçoamento da Legislação sobre a matéria, mas também a uma calendarização de determinados investimentos avultados, a realizar pelas Empresas do sub-sector, conducentes a melhorias significativas da qualidade ambiental.

Tabela. 1

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 93

Convém salientar, no caso dos sub-sectores dos Plásticos e do Vidro de Embalagem, que as funções/ /profissões, que em conjugação com a área da Qualidade na Empresa, poderão desenvolver e desempenhar um papel activo na melhoria da Gestão Ambiental, são as seguintes:

* No caso do sub-sector do Plástico - Operadores de Máquinas (Injecção e Extrusão), Equipas mistas de Manutenção (Eléctrica, Mecânica, Instrumental), Equipa de Controlo de Qualidade

* No caso do sub-sector do Vidro de Embalagem - Condutores de Fornos de Fusão, Equipas mistas de Manutenção (Eléctrica, Mecânica, Instrumental), Equipa de Controlo de Qualidade

“Gap {1}” existente entre o estado-da-arte da Tecnologia e aquela que a Empresa possui ?

“Gap {2}” existente entre a posição da Empresa nessa Tecnologia e o estado-da-arte da mesma a nível Nacional ou Internacional ?

(SENTIDO PELOS RESPONSÁVEIS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS) {+}

SUB-SECTOR DE ACTIVIDADE ECONÓMICA

Plásticos (n=14)

Intervalo em anos (Média ± D.P)

“Gap {1}” 3 ±4

“Gap {2}” 2 ±2

Moldes (n=22)

Intervalo em anos (Média ± D.P)

“Gap {1}” 3 ±2

“Gap {2}” 2 ±2

{+} Resultados obtidos na recolha de informação através dos questionários.

Vidro de Embalagem (n=2)

Intervalo em anos (Média)

“Gap {1}” 2

“Gap {2}” 3

{+} Resultados obtidos na recolha de informação através dos questionários.

Dos resultados apresentados na Tabela 2, podemos inferir que o “gap” tecnológico é maior nas Empresas do sub-sector dos Plásticos que no sub-sector dos Moldes. No caso das Empresas de Vidro de Embalagem, o “gap” no posicionamento da Empresa comparativamente com outras a nível Nacional ou Internacional é tendencialmente superior ao “gap” tecnológico.

Tabela. 2

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 94

Ainda, no caso destes sub-sectores (dado o nº de Empresas entrevistadas) foi possível estabelecer relações entre o volume de negócio e o nº de Pessoas ao serviço ou o consumo médio mensal de energia eléctrica (KWh). Para este efeito ver Fig. 2, Fig. 3, Fig. 3a, Fig. 4 e Fig. 5. Estes dados parecem sugerir que nestas Indústrias os custos operacionais e de produção estão, em grande medida associados ao Pessoal e aos consumos energéticos (praticamente, 100% dependentes de energia eléctrica da rede pública). Só, no caso da Indústria do vidro de embalagem o grau de dependência da energia eléctrica é inferior.

Sub-Sector dos PlásticosEvolução do nº de Pessoas ao serviço em

função do Volume de Negócio

y = -5E-12x2 + 8E-05x

R2 = 0,8555

0

50

100

150

200

250

300

350

0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000

Volume de Negócio (contos)

de

Pes

soas

ao

Ser

viço

Sub-Sector dos PlásticosEvolução do nº de Pessoas ao serviço em

função do Volume de Negócio

y = -5E-12x2 + 8E-05x

R2 = 0,8555

0

50

100

150

200

250

300

350

0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000

Volume de Negócio (contos)

de

Pes

soas

ao

Ser

viço

Fig. 2

(n=15)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 95

Sub-Sector dos PlásticosEvolução do Consumo de Energia Eléctrica em

função do Volume de Negócio

0

200.000

400.000

600.000

0 500.000 1.000.000 1.500.000

Volume de Negócio (contos)

Con

sum

o m

ensa

l de

En

ergi

a E

léct

rica

(K

Wh

)

Sub-Sector dos PlásticosEvolução do Consumo de Energia Eléctrica em

função do Volume de Negócio

0

200.000

400.000

600.000

0 500.000 1.000.000 1.500.000

Volume de Negócio (contos)

Con

sum

o m

ensa

l de

En

ergi

a E

léct

rica

(K

Wh

)

Sub-Sector dos PlásticosEvolução do Consumo de Energia Eléctrica em

função do Volume de Negócio

0

200.000

400.000

600.000

0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000 3.000.000

Volume de Negócio (contos)

Con

sum

o m

ensa

l de

En

ergi

a E

léct

rica

(K

Wh

)

Fig. 3

(n=12)

Fig. 3a

(n=13)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 96

Fig. 4

Fig. 5

(n=20)

(n=20)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 97

5.1.2. Setor Automóvel

De acordo com as informações recolhidas, nas entrevistas com os Responsáveis das Empresas deste Sector de Actividade (mencionadas no ponto 4.2.2.), podemos caracterizá-lo, no que respeita a:

• Enquadramento da Função Ambiente

♦ Apenas cerca de 9% dessas Empresas (2 casos) possuem Orgãos Autónomos de Gestão Ambiental. Para além da natureza do processo produtivo, a existência de um Orgão, neste âmbito funcional, está associado a um volume de negócio e um número de Pessoas ao serviço dos mais elevados, comparativamente à média dos casos analisados.

♦ Apenas cerca de 32% dessas Empresas (7 casos) possuem Orgão de Gestão Ambiental integrado noutro serviço da Empresa. Em resumo, cerca de 40% das Empresas entrevistadas estão atentas às questões ambientais e assumem uma posição mais proactiva, envolvendo Equipas pluridisciplinares e multidepartamentais de Colaboradores na pesquisa de soluções e melhorias ambientais integradas com os seus processos produtivos.

• Estrutura Funcional da Função Ambiente

♦ Verifica-se, ainda, que as Pessoas afectas à Função Ambiente destas Empresas possuem, em grande maioria, habilitações académicas de natureza média ou superior. Apenas uma pequena percentagem prevê a necessidade de recrutar mais Colaboradores para intervenção nesta matéria.

♦ 59% das Empresas mencionaram ter colaborado activamente na realização de Diagnósticos Ambientais. No entanto, apenas 9% declararam ter elaborado Análises de Ciclo de Vida, 4,5% realizado Ecodesign e 18% elaborado Estudos de Impacte Ambiental.

♦ Em matéria de iniciativas de carácter Ambiental, são mais as Empresas (59%) que tencionam tomar iniciativas num futuro próximo que aquelas que já as tomaram no passado (46%). Cerca de 36% dos casos desenvolveram iniciativas no passado e tencionam continuar a desenvolvê-las no futuro.

• Necessidades de Formação dos Colaboradores da Função Ambiente

♦ No que se relaciona com estas necessidades, verifica-se que cerca de 32% das Empresas (7 Casos) já desenvolveram Acções de Formação seja de aprendizagem ou aperfeiçoamento. Apesar destas Empresas sentirem uma maior necessidade de formação para os seus Colaboradores da Àrea do Ambiente (36%), esta é ainda maior para os Colaboradores em geral (41% - 9 casos).

• Caracterização de Processos Tecnológicos/Tecnologias usadas

♦ Apenas 3 Empresas mencionaram possuir um orçamento anual de exploração afecto ás “Actividades Ambientais”.

♦ Uma grande maioria das Empresas considera que as suas tecnologias chave do processo produtivo exercem um impacte sobre as matérias-

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 98

primas e sobre o ar ambiente. Os impactes destas tecnologias sobre os recursos hídricos ou outros são mencionados como menos importantes.

♦ Em relação às:

ÁREAS DE INCIDÊNCIA DOS IMPACTES AMBIENTAIS DA ACTIVIDADE DA EMPRESA (SENTIDO PELOS RESPONSÁVEIS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS) {+}

Sector Automóvel

(n=22)

Ar (Média)

Água (Média)

Solo (Média)

Muito 10% 17% 12%

Pouco 40% 27% 15%

Nada 50% 56% 73%

{+} Resultados obtidos na recolha de informação através dos questionários.

♦ Verifica-se que os Responsáveis pelas Empresas não sentem como muito importantes os impactes provocados pelas suas indústrias.

♦ Em relação ao “gap” existente:

“Gap {1}” existente entre o estado-da-arte da Tecnologia e aquela que a Empresa possui ?

“Gap {2}” existente entre a posição da Empresa nessa Tecnologia e o estado-da-arte da mesma a nível Nacional ou Internacional ?

(SENTIDO PELOS RESPONSÁVEIS DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS ) {+}

Sector Automóvel

(n=20)

Intervalo em anos (Média ± D.P)

“Gap{1}” 2 ±3

“Gap{2}” 2 ±2

{+} Resultados obtidos na recolha de informação através dos questionários.

♦ Dos resultados apresentados na Tabela 4, podemos inferir que o “gap” tecnológico é igual ao “gap” no posicionamento da Empresa comparativamente com outras a nível Nacional ou Internacional, e, com um valor temporal relativamente pequeno.

• Caracterização de Processos Tecnológicos/Tecnologias usadas

♦ Apesar de a quase totalidade de Empresas (95,5%) responderem às questões relacionadas com este tema, verifica-se que o grau de cumprimento exaustivo nas respostas corresponde a cerca de 40%. Ou seja, apenas 6 Empresas foram capazes de responder às questões específicas desta matéria com um grau de cumprimento nas respostas igual ou superior a 70%.

• Implicações nas profissões / papeis-funções

♦ Perante a questão:

Tabela. 3

Tabela. 4

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 99

- Face às Profissões / Funções identificadas que tendência de evolução se perspectivam?

Praticamente a totalidade das Empresas entrevistadas não apresentaram resposta. Esta ausência parece denunciar uma falta de estratégia em matéria de política de Recursos-Humanos nestas Empresas.

Ainda, no caso deste Sector de Actividade (dado o nº de Empresas entrevistadas) foi possível estabelecer relações entre o volume de negócio e o nº de Pessoas ao serviço ou o consumo médio mensal de energia eléctrica (KWh). Para este efeito ver Fig. 6 e Fig. 7. No entanto, no caso da Fig. 7, podemos verificar que não existe uma relação significativa entre o volume de negócio e o consumo médio mensal de energia eléctrica (KWh), muito provávelmente devido à heterógeneidade da natureza indústrial deste Sector. Estes dados parecem sugerir que nestas Indústrias os custos operacionais e de produção estão, em grande medida associados ao Pessoal.

y = 2E-13x2 + 2E-05x + 122,03R² = 0,9495

0

500

1 000

1 500

2 000

2 500

3 000

100 000

de

Pes

soas

ao

Ser

viço

Volume de Negócio (contos)

Sector AutomóvelEvolução do nº de Pessoas ao Serviço em

função do Volume de Negócio

Fig. 6

(n=21)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 100

5.2. A problemática da Gestão Ambiental

TESTE DE PARTICIPAÇÃO NO EMAS (Eco-Management and Audit Scheme) {Regulamento 1836/93 de 29 de Junho de 1993}

O Teste de Participação no EMAS, que a seguir se descreve, foi aplicado ao conjunto de Empresas que constituem a amostra utilizada neste estudo. Este teste faz parte do Guia de Ecogestão (Eco-Management Guide) editado pelos Euro Info Centres. A utilização deste teste, teve como objectivo principal avaliar o grau de importância que as questões relacionadas com a Gestão Ambiental têm para as Empresas / Sectores de Actividade Económica entrevistadas.

O Teste de Participação dá indicações ao Empresário sobre se a sua empresa deve ou não candidatar-se ao sistema EMAS. Essa orientação depende de vários factores que se reflectem numa tabela de pontuação que deve ser preenchida. Depois de respondidas todas as questões, agrupadas em quatro conjuntos, é-lhes aplicada uma ponderação. Só depois é possível calcular a pontuação final.

Os grupos de perguntas estão relacionados com os seguintes temas:

1. Redução de custos

2. Vantagem competitiva

3. Conformidade

4. Redução de riscos

y = 131492ln(x) - 2E+06R² = 0,5518

0

200 000

400 000

600 000

800 000

1 000 000

1 200 000

100 000 1 000 000 000

Con

sum

o em

En

ergi

a E

léct

rica

(KW

h)

Volume de Negócio (contos)

Sector AutomóvelEvolução do Consumo de Energia Eléctrica em

função do Volume de Negócio

Fig. 7

(n=19)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 101

1- REDUÇÃO DE CUSTOS

1.1- Acha que os seus custos ambientais são muito elevados? Resposta

1.2- Acha que a sua Empresa está muito dependente de recursos naturais? Resposta

1.3- Acha que os seus desperdícios de produção são elevados e podem ser minimizados?

Resposta

1.4- Implementou completa ou parcialmente um sistema de garantia de Qualidade (p.e. ISO 9000)?

Resposta

1.5- Os seus resíduos são todos reciclados? Resposta

2- VANTAGEM COMPETITIVA

2.1- A sua actividade depende de modo significativo de contratos governamentais?

Resposta

2.2- Exporta, ou planeia exportaruma parte considerável da sua produção? Resposta

2.3- Fabrica produtos para Clientes industriais? Resposta

2.4- Os seus produtos têm um impacte ambiental significativo? Resposta

3- CONFORMIDADE

3.1- A sua Empresa é subsidiária de uma Empresa multinacional? Resposta

3.2- Acha as regulamentações ambientais restritivas para os seus produtos e/ou processo de produção?

Resposta

3.3- As leis e as regulamentações ambientais são muito restritivas para a sua Empresa?

Resposta

3.4- É obrigado a submeter-se aos objetivos de política ambiental estabelecida pela Empresa-Mãe?

Resposta

4- REDUÇÃO DE RISCOS

4.1- Produz muitos tipos ou uma grande quantidade de resíduos (sobretudo perigosos)?

Resposta

4.2- Tem que resolver questões relacionadas com queixas ambientais? Resposta

4.3- Conta receber queixas por responsabilidade ambiental? Resposta

A cada resposta podem ser atribuídos valores entre 0 e 3, conforme tabela abaixo:

Valor Tipo de Resposta

0 Não, de modo nenhum

1 Provavelmente não

2 Provavelmente sim

3 Sim, absolutamente

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 102

Cada grupo é constituído por várias perguntas. Para obter a pontuação final a uma pergunta específica, terá que multiplicar a sua pontuação (de 0 a 3) pelo coeficiente de ponderação (ratio) atribuído, que varia de 1 a 3 e que indica a importância da pergunta.

No final de cada grupo é calculado um subtotal que no final deverá ser somado obtendo-se, assim, uma pontuação total. O número de pontos atingido dão uma indicação da necessidade de implementar, ou não, o EMAS na Empresa.

Este Teste de Participação foi aplicado à amostra de Empresas e os resultados são os apresentados nas Tabelas seguintes:

SECTOR PLÁSTICOS TESTE PARTICIPAÇÃO NO EMASEMPRESA > SECTOR PLÁSTICOS

SECÇÃO PERGUNTA V. Mínimo V. Médio Desv. Pad. V. Máximo n

1.1 0 1 2 6 15REDUÇÃO 1.2 0 0 1 4 15

DE 1.3 0 3 2 6 15CUSTOS 1.4 0 2 1 3 15

1.5 0 1 1 3 15Sub-Total Secção 1 1 5 3 10 15

2.1 0 0 0 0 152.2 0 5 4 9 15

VANTAGEM 2.3 0 5 2 6 15COMPETITIVA 2.4 0 6 2 9 15

Sub-Total Secção 2 12 16 3 21 15

3.1 0 1 2 6 153.2 0 1 2 6 15

CONFORMIDADE 3.3 0 1 2 6 153.4 0 2 3 9 15

Sub-Total Secção 3 0 4 5 15 15

REDUÇÃO 4.1 0 1 1 4 15DE 4.2 0 0 0 0 15

RISCOS 4.3 0 0 0 0 15Sub-Total Secção 4 0 1 1 4 15

TOTAL GERAL 15 25 8 45 15Sistema de Garantia de Qualidade NP-900# > 50 Pontos 0 Empresas 0,0%

Ano da Implementação 20-50 Pontos 10 Empresas 66,7%Ano previsto para Implementação < 20 Pontos 5 Empresas 33,3%

Em fase de Estudo prévio

Nota: Para saber quais as perguntas especificas, mencionadas nesta Tabela, p.f. ver Quetionário (ANEXO 2) .

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 103

TESTE PARTICIPAÇÃO NO EMASEMPRESA > SECTOR MOLDES

SECÇÃO PERGUNTA V. Mínimo V. Médio Desv. Pad. V. Máximo n

1.1 0 0 0 0 20REDUÇÃO 1.2 0 0 0 0 20

DE 1.3 0 2 2 4 20CUSTOS 1.4 0 2 1 3 20

1.5 0 1 1 3 20Sub-Total Secção 1 1 4 2 8 20

2.1 0 0 0 0 202.2 0 8 3 9 20

VANTAGEM 2.3 0 6 1 6 20COMPETITIVA 2.4 0 1 2 6 20

Sub-Total Secção 2 6 14 4 21 20

3.1 0 0 1 6 203.2 0 0 0 0 20

CONFORMIDADE 3.3 0 0 0 0 203.4 0 0 2 9 20

Sub-Total Secção 3 0 0 2 9 20

REDUÇÃO 4.1 0 0 1 4 20DE 4.2 0 0 1 4 20

RISCOS 4.3 0 0 1 6 20Sub-Total Secção 4 0 1 3 14 20

TOTAL GERAL 9 19 7 43 20Sistema de Garantia de Qualidade (NP-900#) > 50 Pontos 0 Empresas 0%

Ano da Implementação 20-50 Pontos 8 Empresas 40%Ano previsto para Implementação < 20 Pontos 12 Empresas 60%

Em fase de Estudo prévio

Nota: Para saber quais as perguntas especificas, mencionadas nesta Tabela, p.f. ver Quetionário (ANEXO 2) .

TESTE PARTICIPAÇÃO NO EMASEMPRESA > SECTOR VIDRO DE EMBALAGEM

SECÇÃO PERGUNTA V. Mínimo V. Médio Desv. Pad. V. Máximo n

1.1 0 3 3 6 3REDUÇÃO 1.2 2 5 2 6 3

DE 1.3 2 3 1 4 3CUSTOS 1.4 2 3 1 3 3

1.5 0 1 1 2 3Sub-Total Secção 1 4 6 2 7 3

2.1 0 3 5 9 32.2 9 9 0 9 3

VANTAGEM 2.3 0 4 3 6 3COMPETITIVA 2.4 0 4 5 9 3

Sub-Total Secção 2 12 17 6 24 3

3.1 0 1 2 4 33.2 0 4 5 9 3

CONFORMIDADE 3.3 0 3 3 6 33.4 0 1 2 3 3

Sub-Total Secção 3 0 8 9 18 3

REDUÇÃO 4.1 0 1 1 2 3DE 4.2 0 3 3 6 3

RISCOS 4.3 0 3 3 6 3Sub-Total Secção 4 0 7 6 12 3

TOTAL GERAL 19 38 17 50 3Sistema de Garantia de Qualidade NP-900# > 50 Pontos 0 Empresas 0,0%

Ano da Implementação 20-50 Pontos 2 Empresas 66,7%Ano previsto para Implementação < 20 Pontos 1 Empresas 33,3%

Em fase de Estudo prévio

Nota: Para saber quais as perguntas especificas, mencionadas nesta Tabela, p.f. ver Quetionário (ANEXO 2) .

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 104

PONTUAÇÃO GLOBAL

APRECIAÇÃO / INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

> 50 pontos

A gestão do ambiente é importante para a sua Empresa por várias razões. Deve, pois, avaliar cuidadosamente a participação no EMAS, uma vez que daí poderão resultar benefícios significativos.

Entre

50 e 20 pontos

Implementar um sistema de gestão do ambiente na sua Empresa é aconselhável no que respeita ao cumprimento das normas, a redução de custos, etc. O registo no EMAS não trará provavelmente muitas vantagens para a sua Empresa, mas deve ser tido em consideração.

< 20 pontos

Esqueça o EMAS. Implementar um sistema de gestão do ambiente na sua Empresa será um gasto supérfluo e os esforços excederão os possíveis benefícios.

APRECIAÇÃO / INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS (% de casos por Sector de Actividade)

PONTUAÇÃO GLOBAL PLÁSTICOS MOLDES

VIDRO DE EMBALAGEM

> 50 pontos 0,0% 0,0% 0,0%

Entre 50 e 20 pontos

66,7%

40,0%

66,7%

< 20 pontos 33,3% 60,0% 33,3%

Perante estes resultados, é evidente que o grupo de Empresas entrevistadas do Sector de Bens de Consumo não apresenta, globalmente, problemas ambientais importantes. A conclusão mais significativa, é talvez o facto de cerca de 53% das Empresas (20 Empresas) deverem considerar a hipótese de implementar alguns mecanismos de gestão ambiental que permitirão reduzir custos, aumentar a sua vantagem competitiva e avaliar o grau de cumprimento do normativo em matéria de ambiente. Para todas estas empresas ressalta a necessidade de preparar os dirigentes e quadros intermédios para as questões relativas à protecção do ambiente e dos recursos. Dar-lhes a conhecer os mecanismos existentes, a forma de implementação e principalmente, as vantagens inerentes, são tarefas que se afiguram como indispensáveis, se pretendemos caminhar para uma maior consciencialização dos problemas ambientais e para uma situação de maior responsabilidade para com as gerações futuras.

Note-se a propósito, que de acordo com uma pesquisa realizada a nível Europeu, pela SGS Yarsley International Certification Services Ltd., em mais de 500 Empresas, do Reino Unido, de França, da Alemanha e da Holanda, verificou-se que essencialmente são os factores externos que desencadeiam as necessidades de implementação de Sistemas de Gestão Ambiental {SGA} (ISO 14001, BS 7750 e EMAS).

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 105

� O que impele as organizações a desenvolver um Sistema de Gestão Ambiental?

% de Casos

Cumprimento da Legislação 81%

Melhoria da quota de Mercado 80%

Pressão do Cliente/Consumidor 78%

Reconhecimento Público 64%

Nota: Estudo publicado na “Business and the Environment’s ISO 14000 update ” (Dez./96) pela Cutter Information Corp.

As Empresas envolvidas no estudo em referência consideraram que a sua certificação num SGA seria uma consequência secundária, tendo em consideração melhorias operacionais na performance global dos seus negócios.

Ainda, de acordo com esse estudo, e, apesar das declarações sobre a motivação inicial conducente à certificação, a grande maioria das respostas mencionaram, em primeiro plano, a melhoria da consciência ambiental dos seus Colaboradores como uma clara vantagem dos Sistemas de Gestão Ambiental. Esta pesquisa realizada pela SGS sugere que a certificação do SGA provoca nas Empresas uma redefinição das suas prioridades. Cerca de 80% destas Empresas consideraram como compensador a participação no EMAS.

Voltando ao nosso estudo, analisaremos de seguida os dados recolhidos relativamente ao Sector Automóvel.

SECTOR AUTOM ÓVEL TESTE PARTICIPAÇÃO NO EM ASEM PRESA > SECTOR AUTOM ÓVEL

SECÇÃO PERGUNTA V. M ínimo V. M édio Desv. Pad. V. M áximo n

1.1 0 4 3 9 22REDUÇÃO 1.2 0 2 2 6 22

DE 1.3 0 3 2 6 22CUSTOS 1.4 0 3 1 3 22

1.5 0 2 1 3 22Sub-Total Secção 1 2 7 3 12 22

2.1 0 0 0 0 222.2 0 8 2 9 22

VANTAGEM 2.3 4 6 0 6 22COMPETITIVA 2.4 0 4 3 9 22

Sub-Total Secção 2 12 18 4 24 22

3.1 0 2 3 6 223.2 0 2 3 6 22

CONFORMIDADE 3.3 0 1 2 4 223.4 0 2 4 9 22

Sub-Total Secção 3 0 6 5 16 22

REDUÇÃO 4.1 0 2 2 6 22DE 4.2 0 1 2 6 22

RISCOS 4.3 0 1 2 6 22Sub-Total Secção 4 0 5 4 13 22

TOTAL GERAL 19 35 9 55 22Sistema de Garantia de Q ualidade (NP-900#) > 50 Pontos 1 Empresas 4,5%

Ano da Implementação 20-50 Pontos 20 Empresas 91,0%Ano previsto para Implementação < 20 Pontos 1 Empresas 4,5%

Em fase de Estudo prévio

Nota: Para saber quais as perguntas especificas, mencionadas nesta Tabela, p.f. ver Quetionário (ANEXO 2) .

Neste Sector de Actividade podemos verificar que a grande maioria das Empresas (91% dos Casos - 20 Empresas) se posiciona no escalão intermédio que sugere:

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“Implementar um sistema de gestão do ambiente na sua Empresa é aconselhável no que respeita ao cumprimento das normas, a redução de custos, etc. O registo no EMAS não trará provavelmente muitas vantagens para a sua Empresa, mas deve ser tido em consideração.”

Porém, neste Sector, já surgem Empresas (cerca de 4,5% da amostra) cujo Teste revelou existirem vantagens em fazer o registo no EMAS e implementar um SGA de acordo com o Regulamento.

5.3. Conclusões genéricas

Em suma, verificámos nestas Empresas uma falta considerável de indicadores e de informação ambiental concreta, que a par de outros factores (p.e., pressão do mercado, certificação, regulamentação e fiscalização, responsabilidade social das Empresas e sensibilização), produz uma generalizada falta de sensibilidade para as questões ambientais. Consequentemente, os Responsáveis pela Gestão das Empresas acabam por não possuir uma consciência das reais Necessidades de Formação nesta matéria, nem qual o enquadramento mais adequado para a Função Ambiente na Empresa.

Os processos de introdução de melhorias contínuas característicos dos Processos de Gestão Empresarial mais dinâmicos, necessitam de abranger as matérias Ambientais em conjugação de esforços com os outros processos, sejam eles da Qualidade ou da Segurança. Só possuindo uma atitude gestionária integrada e dinâmica destas àreas é possível obter elevados índices de competitividade, capazes de resistir às pressões exercidas pelos “parceiros” de negócio.

5.4. Perspectivas de futuro

Por um lado, podemos observar a necessidade real de uma maior consciência ambiental e uma maior adequabilidade quanto ao enquadramento da Função Ambiente nas Empresas, nos Sectores de Actividade estudados, por outro lado, convém que o despertar dessa consciência, se faça de modo a ultrapassar eventuais atrasos estruturais e a permitir que as Empresas potenciem e integrem as questões Ambientais no seu Sistema de Gestão, de molde a retirar os maiores benefícios para o negócio em que estão envolvidas.

Tendo estes aspectos em consideração, apresentamos uma visão dum especialista nestas matérias, Edwin Datschefski. Segundo este autor, a Essência duma Gestão Ambiental bem-sucedida encontra-se na conjugação de:

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6. OFERTA DE FORMAÇÃO

Os problemas do Ambiente e a busca de soluções eficazes para a sua resolução ou prevenção, deixaram de ser responsabilidade exclusiva dos governos e organismos institucionais. Hoje, a problemática da protecção ambiental requer um novo paradigma, que implica, necessariamente, o envolvimento integrado de outros actores: as empresas e os cidadãos. É nos primeiros que vamos centrar a nossa atenção.

Se por um lado as indústrias surgem muitas vezes como fonte inevitável de poluição, por outro lado são quem têm a "chave" para a resolução dos problemas que elas próprias colocam, através do desenvolvimento de novas formas de organização dos processos produtivos (visando a obtenção de valores emissivos cada vez menores) e da mudança de atitudes e comportamentos nos seus colaboradores. Neste âmbito, a formação pode constituir um verdadeiro instrumento de apoio à actividade industrial, através da promoção de acções que se dirijam adequadamente às necessidades efectivamente sentidas ou que se perspectivem no futuro.

Apesar de este estudo estar relacionado com as necessidades de formação em matéria ambiental, convém considerar um enquadramento mais amplo de acordo com a aposta estratégica da empresa:

A Essência duma Gestão Ambiental bem sucedida

Educação Ambiental

Gestor Ambiental

Utilizar menos e Comprar melhor

Comunicações honestas

Integração com o Sistema de Gestão

Benefícios mensuráveis

Motivação da Gestão de Topo

Compreensão dos Impactes

Fonte: Edwin Datschefski in “The Essence of Successful Environmental Management” - The Business and Environment Consultancy Ltd. (Nov./97)

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

ITEC - Instituto Tecnológico para a Europa Comunitária 108

Essa aposta estratégica deverá constituir uma orientação no âmbito da concepção e implementação de dispositivos de formação que visem a sua concretização e que poderão estar focalizados, quer em termos de mudanças de processos de trabalho, quer em formas de reduzir os impactes ambientais, quer ainda na mudança de atitudes e comportamentos.

É neste quadro que vamos analisar a adequabilidade da oferta de formação às necessidades dos sectores de actividade contemplados no presente estudo.

No sector de bens de consumo, a necessidade de acções de sensibilização é comum aos três sub-sectores em estudo.

Considera-se que a sensibilização e a informação em matéria de ambiente deverá ser o ponto de partida para o desenvolvimento de uma efectiva Gestão Ambiental no seio das empresas. Importa que os próprios órgãos de topo, responsáveis pela estratégia a seguir, tenham plena consciência dos impactes ambientais que decorrem dos processos de trabalho adoptados, conheçam as formas de os reduzir e as eventuais vantagens de o fazerem. A partir daqui, será mais fácil desenvolver acções concretas de protecção ambiental, quer seja através de alterações nos processos produtivos, quer seja através da consciencialização dos trabalhadores para a necessidade de proteger o ambiente, situação onde os responsáveis pelas equipas de trabalho desempenham um papel fundamental.

Especificamente no sub-sector de moldes, embora os processos produtivos apresentem impactes ambientais reduzidos, verifica-se a existência de necessidades de formação de caracter genérico, orientadas principalmente para a sensibilização da gestão de topo das empresas, bem como para os responsáveis pelas equipas de manutenção. A aposta neste tipo de acções permitirá criar uma base sólida para a difusão de uma Consciência Ambiental em toda a organização e para a efectiva compreensão do papel de cada um na criação de uma empresa menos agressora do Ambiente.

Caberá às chefias serem elas próprias os agentes de mudança para a sensibilização, ajudando os trabalhadores a compreenderem o enquadramento das suas funções na problemática ambiental e alertando para as consequências que poderão advir de

Pressões do Mercado

Certificação

Regulamentação e Fiscalização

Responsabilidade Social das Empresas

Sensibilização Ambiental do

Cliente/Consumidor

APOSTA ESTRATÉGICA DA EMPRESA

Processos de Trabalho

Redução de Impactes Ambientais

Atitudes/ /Comportamentos

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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comportamentos negligentes com o Ambiente – consequências para a empresa, para a comunidade e para si próprio enquanto cidadão.

Contudo, a oferta deste tipo de acções de sensibilização apresenta uma expressão de 5,8% no contexto geral da oferta (cerca de catorze acções), traduzindo um certo desfasamento entre as necessidades existentes nas empresas e a real oferta das entidades com capacidade formativa, o que se pode vislumbrar como uma potencial área de intervenção futura.

No sub-sector do vidro de embalagem os impactes ambientais decorrentes do processo produtivo são bastante consideráveis, centrando-se essencialmente na problemática da libertação de emissões gasosas para a atmosfera, nos elevados consumos energéticos, e na questão dos efluentes líquidos resultantes da utilização de óleos de lubrificação. Tal implica a necessidades de criar condições para a implementação de novos procedimentos e processos de trabalho que diminuam os referidos impactes, o que passa, necessariamente, pelo desenvolvimento de sistemas formativos focalizados nas áreas da Gestão Energética, Análise do Ciclo de Vida, Gestão de Estações de Tratamento de Águas Residuais e Poluição Atmosférica.

Em termos de oferta, pode constatar-se que as acções de formação especificamente orientadas para a Gestão Energética são bastante escassas, assumindo uma expressão de 1,7% no contexto geral da oferta; o que se consubstancia em quatro acções (três no distrito de Lisboa e uma no distrito da Guarda). Não obstante, para além destas acções específicas, a problemática da Gestão Energética é igualmente alvo de abordagem em cursos de caracter mais amplo, a par de outras questões da Gestão Ambiental.

Relativamente às necessidades de formação na área da Análise de Ciclo de Vida, não se verificou a existência de qualquer de acção especificamente orientada para o tema; apenas o curso O Ambiente na Estratégia Empresarial - Ecogestão e Auditoria Ambiental (promovido pela Associação Industrial Portuguesa) contempla esta questão nos seus conteúdos programáticos.

Embora a oferta de formação na área de intervenção da Água seja de 16,1% no contexto geral da oferta (cerca de trinta e nove acções), a resposta por parte das entidades formativas às necessidades diagnosticadas no âmbito específico da Gestão de ETAR's apresenta uma expressão de 5,8%, o que se consubstancia na existência de catorze cursos de Formação Contínua de curta e média duração promovidos apenas nos distritos de Lisboa e Porto pelo IPAMB.

A centralização deste tipo de acções pode apresentar-se como um entrave à participação das empresas, decorrendo daí a necessidade de desenvolver um esforço formativo noutros locais, principalmente nos distritos onde a concentração das empresas do sub-sector de bens de consumo assume maior relevância.

No que respeita às carências de formação na área da Poluição Atmosférica verificadas no sub-sector do vidro de embalagem, denota-se que a oferta de acções específicas que possam colmatar essas carências é inexistente, assumindo que, em termos nacionais, existe apenas um Mestrado em Poluição Atmosférica (promovido pela Universidade de Aveiro). Mais uma vez, importa referir que tal não invalida a existência de acções de carácter mais genérico, onde as questões da poluição atmosférica são abordadas paralelamente a outras questões da Gestão Ambiental.

No sub-sector de plásticos os impactes ambientais decorrentes do processo produtivo são bastante elevados, para o que contribui, em larga escala, o consumo ineficiente de energia eléctrica; esta apresenta-se assim como a principal área de carência em termos de formação, o que implica a necessidade de desenvolver respostas mais consentâneas

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Estudo de Necessidades de Formação na Área do Ambiente

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por parte das entidades formativas se atendermos que em termos de oferta, as acções especificamente orientadas para a Gestão Energética assumem uma expressão de 1,7% no contexto geral da oferta (cerca de quatro acções, como aliás já foi referido em relação ao sub-sector do vidro de embalagem).

Para além das necessidades de formação em termos de Gestão Energética, foram diagnosticadas no sub-sector dos plásticos outras áreas de carência, nomeadamente ao nível do impacte ambiental das tintas utilizadas no processo de serigrafia, do Eco-design, da Análise do Ciclo de Vida, da utilização de materiais alternativos e das Auditorias Ambientais.

A resposta a estas necessidades por parte das entidades com capacidade formativa são diferentes consoante as áreas de intervenção; assim não se verificou a existência de nenhum curso especificamente orientado para a redução dos impactos ambientais dos processos de serigrafia (dado ser uma área de intervenção extremamente específica). No que concerne ao Eco-design, bem como à Análise do Ciclo de Vida, também não se verificou a existência de nenhuma acção específica nestas áreas; apenas o curso O Ambiente na Estratégia Empresarial - Ecogestão e Auditoria Ambiental (promovido pela Associação Industrial Portuguesa) contempla estas questões nos seus conteúdos programáticos.

Em termos de oferta, pode constatar-se ainda que as acções de formação especificamente orientadas para as Auditorias Ambientais assumem uma expressão de 2,5% no contexto geral da oferta, o que representa a existência de seis acções de Formação Contínua de curta e média duração, promovidas nos distritos de Lisboa (quatros acções), Porto (uma acção) e Leiria (uma acção).

No que concerne ao sector automóvel a natureza dos impactes ambientais é distinta de acordo com o tipo de indústria em causa. Assim verificam-se impactes no âmbito da Poluição Atmosférica decorrentes basicamente das indústrias de fundição, plásticos, vidro, tintas, vernizes e revestimento. No âmbito das emissões líquidas, as principais responsáveis são as indústrias cataforese, de revestimento e pintura; por fim, no âmbito dos resíduos sólidos, predominam as indústrias de moldes, plásticos, vidro, fundição, borracha, cablagem, fabricação e montagem de componentes.

Dada a heterogeneidade dos processos produtivos inerentes às várias indústrias do sector automóvel, as necessidades de formação em matéria de Ambiente são diferentes de caso para caso. Por esse facto, no âmbito do presente estudo não foi possivel analisá-las exaustivamente, devido a não terem sido entrevistadas empresas de todos os sub-sectores de actividade do sector automóvel. Não obstante, e apesar dessas particularidades, a necessidade de tomada de Consciência Ambiental impõe-se com grande acuidade na generalidade das empresas.

É neste contexto que a promoção de acções de formação direccionadas para a sensibilização dos colaboradores directamente relacionados com processo produtivo surge como prioridade para o estabelecimento de efectivos Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas.

Contudo, tenhamos presente que não basta conceber acções de sensibilização de caracter generalista, (o que tem sido apanágio em termos do movimento da oferta de formação), pois certamente que os efeitos daí decorrentes rapidamente se diluirão com o passar do tempo, uma vez que não permitem o fornecimento de respostas concretas às carências sentidas.

O facto de se conceberem acções de formação/cursos dissociados da realidade organizacional conduz, na maioria das vezes, ao desinteresse por parte dos participantes,

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bem como a dificuldades de transposição de aprendizagens para o local de trabalho, o que, em última análise, se traduz numa ausência de retorno dos investimentos efectuados.

Há que orientar as acções de sensibilização para as especificidades de cada sub-sector, visando o desenvolvimento de competências ambientais transversais na organização, o que implica um design da formação mais ambicioso, que ajude a consolidar uma Consciência Ambiental, suporte das actividades das equipas de trabalho na busca de melhorias contínuas. No fundo,o objectivo será levar cada colaborador a consciencializar-se da forma como pode contribuir para uma empresa menos poluídora. Este enfoque irá sustentar o desenvolvimento de equipas pluridisciplinares, onde para além dos responsáveis pela gestão ambiental, deverão participar todos aqueles cujo trabalho terá implicações ambientais, independentemente do seu enquadramento organizacional.

Essa nova orientação que se exige às entidades com capacidade formativa implica a concepção de acções onde as questões Ambientais estejam a par das questões da Segurança e da Qualidade, numa perspectiva de gestão integrada.

No âmbito da sensibilização, será ainda fundamental sublinhar o papel preponderante dos responsáveis pela Gestão Ambiental, enquanto formadores internos, o que implica a sua formação pedagógica, para além da formação básica inerente à função desempenhada. A par desta questão surge igualmente a necessidade de garantir o controlo dos processos, no sentido de verificar e assegurar o cumprimento de procedimentos, bem como ajudar na implemantação de melhorias contínuas, o que levanta a necessidade de uma formação em termos de Auditoria Ambiental.

Em termos de perspectivas de evolução para o sector automóvel, verifica-se a tendência para a concepção de veículos com uma percentagem crescente de componentes recicláveis. Tal irá criar novos desafios às empresas de componentes, nomeadamente aos responsáveis das áreas de Marketing no âmbito do EcoDesign, já que se exigirá, para além do cumprimento de especificações técnicas, o cumprimento de especificações de natureza ambiental cada vez mais apertadas.

Para concluir, é importante sublinhar que a actividade das entidades formadoras não se deverá esgotar na concepção e implementação de acções de formação.

Porque as necessidades de formação que hoje se diagnosticam, não serão as mesmas de amanhã, caberá às Entidades Formativas em parceria com as Associações Representativas dos Sectores de Actividade, desenvolver esforços continuados no sentido de percepcionar as alterações que se vislumbram, podendo, a partir daí, desenvolver acções de formação consentâneas com as crescentes exigências que se colocam às indústrias. Assim, torna-se imperativa a criação de sinergias com as indústrias potencialmente utilizadoras dos serviços, através de um contacto sistemático que vise:

• aferir objectivamente as necessidades de formação a serem colmatadas;

• promover o desenvolvimento de dispositivos de formação adequados;

• desenvolver mecanismos de controlo e avaliação por forma a facilitar as transposições de aprendizagem para o local de trabalho, garantia da eficácia das acções.

Só assim a formação poderá contribuir para o desenvolvimento de um dos recursos fundamentais em matéria de ambiente: os Recurso Humanos.

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7. RECOMENDAÇÕES FINAIS As recomendações que a seguir se apresentam decorrem de uma visão holística da problemática ambiental e destinam-se a perspectivar a solução do problema que a gestão dos impactes ambientais decorrentes da actividade das Empresas constitui.

Foram concebidas com base na reflexão sobre o estudo desenvolvido no sector Automóvel e nos sub-sectores do Plástico, do Vidro de Embalagem e dos Moldes, do sector de Bens de Consumo.

Poderão ser úteis seja para entidades oficiais que de alguma forma intervenham nesta temática seja para as Empresas, que venham a optar por investir na preservação do ambiente.

Recomendação 1

O esforço visando incrementar a qualidade da gestão dos impactes ambientais deverá incidir, simultaneamente em 4 vertentes, que são estreitamente interdependentes:

Vertente Política - Regulamentação, orientações, fiscalização, punição...

Vertente Social – Prioridade à qualidade de vida, desenvolvimento da consciência ambiental, sensibilização para uma actuação orientada para a perservação do património ambiental...

Vertente Tecnológica – Técnicas e processos de natureza química, biológica, física, de engenharia...

Vertente Operacional – concepção de processos de mudança, desenvolvimento de competências...

Isto significa que a formação não deverá ser entendida como uma panaceia para os problemas ambientais inerentes à actividade das Empresas, mas sim como um elemento, importante é certo, dentro de uma solução mais global e integrada.

Recomendação 2

A formação em matéria ambiental a desenvolver nas empresas deverá ser enquadrada em processos de mudança.

Efectivamente, previamente ao desenvolvimento de processos formativos de incidência ambiental, torna-se necessário conceber o “projecto ambiental” da empresa, para que a formação possa surgir como instrumento de suporte à mudança. A excepção serão, obviamente, os processos formativos de sensibilização para os decisores (Empresários e Gestores de topo).

Poderemos, assim, conceber processos formativos específicos à situação peculiar de cada empresa e, simultaneamente, poderemos conceber mais facilmente processos de transferência de aprendizagens para os contextos de trabalho, que permitam ampliar o pay-back do investimento feito em formação.

Note-se ainda, que no caso de assumir a forma de um projecto ambiental, o conjunto de iniciativas visando diminuir os impactes ambientais decorrentes da actividade de uma dada empresa, poderá ainda, gerar uma significativa mobilização dos Colaboradores dessa empresas se forem utilizados processos suscitando a sua participação activa e/ou o fornecimento de feedback sobre a evolução dos resultados que se está a obter.

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Recomendação 3

O desenvolvimento de processos formativos no domínio ambiental deverá ser precedido de um cuidado diagnóstico de necessidades neste domínio.

Este diagnóstico deverá contemplar alterações de processos de trabalho e competências que consequentemente deverão ser desenvolvidas e atitudes e comportamentos que deverão ser alterados, no sentido de se obter uma actividade mais consciente e focalizada na preservação do ambiente por parte de cada colaborador.

Recomendação 4

A inclusão da problemática ambiental nos curricula do Ensino Obrigatório

Provavelmente a mudança ao nível dos valores associados à preservação do ambiente é a forma mais eficaz de alterar comportamentos e atitudes indesejáveis a este nível e a dotar a generalidade dos cidadãos de uma atitude mais efectiva de zelo e exigência pela manutenção ou mesmo pela melhoria da qualidade ambiental.

Assim, consideramos relevante que desde cedo, a criança e mais tarde o adolescente seja sensibilizado para esta problemática. É sabido que o desenvolvimento dos valores não ocorre apenas, nem tão pouco sobretudo, na escola. Porém, trata-se de uma iniciativa que reputamos de importante num quadro de mudança de mentalidades a este nível.

Recomendação 5

Deverão existir estruturas de apoio à concepção, implementação e gestão de projectos ambientais, que detenham know-how específico sobre esta matéria relativamente aos diversos sectores e sub-sectores de actividade.

Estas estruturas, que se poderão, por exemplo, enquadrar em Associações Industriais ou em Instituições de apoio à actividade das Empresas, deverão ter uma missão que passe, numa primeira fase, pela sensibilização dos decisores e, posteriormente, pelo efectivo apoio técnico às empresas que pretendam investir neste domínio.

Poderão, inclusivé, ser realizados manuais sobre a elaboração de projectos ambientais específicos aos diferentes sectores / subsectores.

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Recomendação 6

Prioridades de Formação

Sem prejuízo, de uma análise mais detalhada e específica a cada Empresa e ao seu respectivo projecto ambiental, nos sectores e sub-sectores que analisámos, consideramos existirem as seguintes prioridades, apenas em termos de grandes áreas, obviamente:

Funções: Acções recomendadas:

Empresários / Gestores de topo

• Sensibilização • Consciência ambiental, específica do

sector de actividade

Marketing (gestor de produto) / / Técnicos de Projecto Indústrial

• Consciência ambiental, específica do sector de actividade

• Eco-design • Análise de Ciclo de Vida

Responsáveis pela Gestão Ambiental

• Formação tecnológica ambiental, específica do sector de actividade

• Formação pedagógica

Chefias / Responsáveis por Equipas

• Consciência ambiental, específica do sector de actividade

• Impacte ambiental do processo produtivo/produtos

Equipas de manutenção e Equipas

pluridisciplinares

• Consciência ambiental, específica do sector de actividade

• Impacte ambiental do processo produtivo/produtos

Funções directamente ligadas ao

processo produtivo

• Consciência ambiental, específica do sector de actividade

• Impacte ambiental do processo produtivo/produtos