Enfermagem em centro cir rgico

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Enfermagem em Centro

Cirúrgico e CME

(Módulo II)

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Aula 01 – Definições Centro Cirúrgico é um lugar especial dentro do hospital, convenientemente preparado segundo um conjunto de requisitos que o tornam apto à prática da cirurgia. "O centro cirúrgico é um setor do hospital onde se realizam intervenções cirúrgicas, visando atender a resolução de intercorrências cirúrgicas, por meio da ação de uma equipe integrada” (RIBEIRO; SOUZA 1997 p. 09). Nele são realizadas técnicas estéreis para garantir a segurança do cliente quanto ao controle de infecção. Por ser um local restrito, o acesso ao público é limitado, ficando restrito a circulação dos profissionais que lá atuam. Para efeito de controle asséptico, o Centro Cirúrgico divide-se em áreas, quais sejam: Área Irrestrita - os profissionais podem circular livremente por estas áreas com roupas próprias (secretaria, vestiário e corredor de entrada). Área Semi-restrita – aquela que permite a circulação de pessoal e de modo a não intervir nas rotinas de controle e manutenção da assepsia da área restrita. (expurgo, sala de estar e sala de preparo de material). Área Restrita - além da roupa própria do centro cirúrgico, devem ser usadas máscaras e gorros conforme normas da unidade e as técnicas assépticas devem ser utilizadas de maneira rigorosa, a fim de diminuir os riscos de infecção (salas de cirurgias, lavabos, sala de recuperação pós-anestésica, sala de depósito, e corredor interno). Pré-Operatório Esta fase tem início quando a intervenção cirúrgica é decidida e termina quando o cliente estiver na mesa de cirurgia. É nesta fase que se iniciam as orientações de um cuidadoso preparo de acordo com cada tipo de cirurgia. O objetivo da assistência é promover o melhor estado físico e psicológico do cliente, visando evitar complicações no período pós-operatório. O conteúdo do ensino pré-operatório imediato deve incluir informações sobre, procedimentos para a preparação cirúrgica, a seqüência de eventos pela a qual o cliente será submetido, o tipo de incisão prevista, hora da cirurgia, medicação pré-anestésica, as expectativas quanto a participação do cliente, a função dos vários membros da equipe hospitalar como: cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e o próprio cliente e a finalidade de diversos tipos de procedimentos pós-operatórios de rotina. Estas orientações devem ser fornecidas aos clientes pelo cirurgião, e/ou enfermeiro da Clínica Cirúrgica e/ou enfermeiro do Centro Cirúrgico.

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É importante na unidade de Clínica Cirúrgica o preenchimento completo do instrumento de “Controle de cuidados pré-operatório imediato”. Estes dados auxiliarão a equipe do Centro Cirúrgico a iniciarem a assistência, livre de riscos ao cliente. Atividades de Enfermagem:

Informada o tipo e hora da cirurgia Assinado termo de responsabilidade Preparada a região operatória Lavagem intestinal com bom efeito Está sem esmalte e/ou jóia Realizada higiene oral e corporal Jejum operatório Esvaziamento vesical Próteses e ou jóias identificadas e guardadas Camisola aberta Visita da anestesista realizado Administração de medicação pré-anestésica Rx e exames no prontuário Peso: KG: Altura: Cm: Sinais vitais Antes do pré-anestésico PA:___ P:___ R:___ T:___ 30` após o pré-anestésico PA:___ P:___ R:___ T:___

A utilização de medicação pré-anestésica tem como objetivo principal potencializar a indução anestésica, diminuir a ansiedade, e principalmente o medo que os clientes demonstram quando serão submetidos à intervenção cirúrgica. “Os medicamentos pré-anestésicos devem ser administrados de 45 a 75 minutos antes do início da anestesia. É muito importante que a equipe de enfermagem administre essa medicação precisamente no tempo prescrito, de outra forma, seu efeito será reduzido ou ainda não terá iniciado, quando se começar a anestesia” (SMELTZER; BARE, 2002). Anestesia “é a perda total ou parcial da sensibilidade, em qualquer de suas formas, que se manifesta em resultado de várias causas mórbidas, ou é conseguida de propósito, para aliviar a dor ou evitar que ela apareça no curso das intervenções cirúrgicas” (FERREIRA, 1975, p.96). A ação da anestesia é conseguida através da inalação ou aplicação endovenosa de certos medicamentos. O cliente cirúrgico normalmente preocupa-se muito com a anestesia que irá receber, este é um de seus maiores medos. É preciso que o enfermeiro tenha conhecimento e informações suficientes para responder as perguntas e afastar qualquer receio deste cliente. É de responsabilidade do anestesista a visita ao cliente no dia anterior à cirurgia, é nela que avalia sua condição física, uso de medicamentos, sinais vitais, hábito de fumar e demais aspectos que possam interferir na anestesia antes da escolha da melhor via anestésica. A enfermagem atua no processo anestésico desde o pré-operatório até a total recuperação pós-anestésica.

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Aula 02 – Trans e Pós-Operatório Trans-Operatório

Esta fase tem início quando o cliente entra na unidade do Centro Cirúrgico até sua admissão na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). E nesta fase que ocorre o ato cirúrgico e toda a preparação que ele envolve.

Para a realização de uma cirurgia é necessária uma série de preparos e rituais que irão auxiliar e facilitar nos procedimentos, assim evitando possível infecção. Ritual “Conjunto de práticas consagradas pelo uso e/ou por normas, e que devem ser observadas de forma invariável em ocasiões determinadas; cerimonial, ética” (FERREIRA 1975 p. 1240).

Rituais do Centro Cirúrgico são as rotinas e procedimentos que executados pela equipe cirúrgica (enfermagem, cirurgiões, anestesistas) para garantir a qualidade e manutenção da esterilidade do procedimento cirúrgico independente do tipo de cirurgia a ser realizada. Portanto existem certos rituais comuns a todas as cirurgias. São eles:

Receber o cliente ao chegar no Centro Cirúrgico e encaminhá-lo para a sala cirúrgica. Manter diálogo e orientá-lo a cada passo do procedimento. Nivelar a altura da mesa cirúrgica com a altura da maca e encoste a maca paralelamente

à mesa cirúrgica, lembrando de fixá-la. Auxiliar o cliente na transferência para a mesa cirúrgica. Auxiliar na transferência de soros e sondas quando presentes Puncionar veia calibrosa Colocar o lenço na cabeça do cliente, cobrindo todo o couro cabeludo. Colocar apoio de braço (braçadeiras) o mais anatômico possível. Instalar os eletrodos do monitor cardíaco e instalar o aparelho de pressão arterial (P.A). Instalar o oxímetro de pulso Remover as cobertas e roupas do cliente. Prender o campo no arco de narcose (divisório entre o anestesista e o cirurgião). Colocar a placa do bisturi elétrico em contato com a pele do cliente. Colocar luvas de água nas proeminências ósseas ou utilizar coxins quando necessário.

Pós-Operatório O pós-operatório imediato tem seu início na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA), para onde é levado o cliente pós-operado, ainda sob efeito da anestesia. Lá, ele recebe

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acompanhamento direto, e depois da estabilização de seu estado, tem alta dessa unidade e é levado para o seu leito de origem. A recuperação pós-anestésica tem como objetivo principal prestar ao cliente todos os cuidados necessários até a recuperação de seus reflexos e estabilização dos sinais vitais. Procedimentos de Rotinas na Sala de Recuperação Pós-Anestésica:

Oxigenioterapia;

Monitorização clínica

Observar cor da pele e mucosas

Padrão respiratório

Sangramentos

Nível de bloqueio sensitivo

Globo vesical

Força muscular

Intercorrências comuns SRPA:

Dificuldade respiratória Dor Vômito Sede Retenção urinária

Critérios para alta para SRPA:

Recuperação completa da consciência Estabilidade cardiovascular Função respiratória normal Função motora e recuperada Nível sensitivo de bloqueios espinhais regredidos a segmentos lombares baixos ou sacrais Ausência de globo vesical Curativos limpos -ausência de sangramento ativo Dor operatória controlada Mais de 30 minutos após opióides Ausência de náuseas ou vômitos Alimentação, deambulação, micção

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Aula 03 – Anestesias Anestesia Geral Compreende num estado inconsciente reversível caracterizado por amnésia (sono, hipnose), analgesia (ausência de dor) e bloqueio dos reflexos autônomos, obtidos pela inalação, ou via endovenosa. Os anestésicos líquidos produzem anestesia quando seus vapores são inalados, juntamente com oxigênio e, usualmente, com o óxido nitroso. Já os anestésicos gasosos são administrados através da inalação e sempre associados ao oxigênio (SMELTZER; BARE, 2002, p.362). A anestesia geral pode ser dividida em quatro estágios, o primeiro no início da anestesia onde o paciente respira a mistura anestésica no qual pode experimentar sensação, calor, tontura, formigamento e o cliente consegue movimentar-se. No segundo estágio, são caracterizados por agitação psicomotora, gritos, falas, risos, ou mesmo choro, o pulso torna-se rápido e respiração irregular, pode ser freqüentemente evitado através da administração suave e rápida do anestésico. Terceiro estágio anestesia cirúrgica, obtida através da administração contínua de vapor ou gás, onde o cliente encontra-se inconsciente. E o quarto estágio, é atingido quando for administrada uma quantidade excessiva de anestésico. Esse tipo de anestesia é administrado em cirurgias de grande porte, entre elas: Gastroplastia, Gastrectomia, enterectomia, abdominoplastia, mamoplastia, etc... Anestesia Local Esta anestesia é empregada para procedimentos menores nos quais o local cirúrgico é infiltrado com um anestésico local como lidocaína ou bupivacaína. Este tipo de anestesia não envolve perda da consciência e depressão das funções vitais, produzindo perda da sensibilidade temporária, causada pela inibição da condução nervosa. Anestesia Peridural O anestésico é administrado no espaço peridural. Neste caso não há perfuração da duramater e nem perda liquórica. O bloqueio segmentar é produzido nas fibras sensoriais, espinhais e também nas fibras nervosas, podendo ser parcialmente bloqueadas. Anestesia Raquidiana

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Geralmente administrada ao nível da coluna lombar, obtida pelo bloqueio dos nervos espinhais do espaço subaracnóide. O anestésico é depositado junto ao líquor, ocorrendo perfuração da duramater.

Aula 04 – Administração Algumas rotinas devem ser observadas para o bom funcionamento de um centro-cirúrgico:

As cirurgias devem ser agendadas com no mínimo 24 horas de antecedência;

Confeccionar e encaminhar o mapa cirúrgico, na data anterior à da cirurgia, para o centro-cirúrgico, farmácia, CTI, laboratório, rouparia, chefia de enfermagem, banco de sangue, nutrição e diretoria técnica;

As cirurgias têm tolerância de 30 minutos para possíveis intercorrências;

Não deve ser permitido porte ou ingestão de gêneros alimentícios no interior da área crítica do centro cirúrgico (central de esterilização, central de material, salas operatórias e corredor cirúrgico);

Somente deve ser permitida a entrada de pessoas pertencentes à área de saúde, com autorização da chefia do setor e do chefe da equipe cirúrgica;

Não deve ser permitido circular pelo hospital fazendo uso do conjunto cirúrgico;

Não é aconselhável o uso do conjunto cirúrgico por cima da roupa comum;

As malas, maletas e bolsas só poderão entrar quando envoltas em sacos plásticos;

Só deve ser permitida a entrada na área crítica a pessoas devidamente paramentadas;

Não é aconselhável o uso de adereços (brincos, anéis, pulseiras, cordões etc), no interior do centro cirúrgico;

O cirurgião deve preencher completamente o boletim cirúrgico, incluindo assinaturas e carimbos dos respectivos integrantes da equipe;

Qualquer dano propositadamente causado em instrumentos e/ou aparelhos do bloco cirúrgico será de inteira responsabilidade do causador, devendo este estar ciente de que o ressarcimento do mesmo será de sua responsabilidade;

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A entrada do paciente no bloco cirúrgico só deve ser permitida com a confirmação da autorização do procedimento;

Os materiais dos postos de enfermagem e CTI deverão ser encaminhados (previamente limpos) para a esterilização;

A contagem de materiais pertencentes aos postos de enfermagem e CTI deve ser feita diariamente;

As salas cirúrgicas deverão ser arrumadas, pelo menos, 15 minutos antes do horário agendado, após a confirmação da internação do paciente e a autorização da cirurgia.

Circulação Extra Corpórea

A circulação extracorpórea é utilizada em mais de 80% das cirurgias cardíacas . É uma técnica aplicada mundialmente nos casos em que o coração precisa parar de bater (cardioplegia) para que a cirurgia seja realizada. O sangue é desviado para a máquina, que faz o papel do pulmão, de oxigenar o sangue, e do coração, de bombeá-lo. Já existem equipes no mundo todo inclusive no Brasil que fazem 100% das cirurgias de revascularização do miocárdio sem usar a circulação extracorpórea. O profissional que opera a máquina de circulação extracorpórea é chamado de perfusionista.

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Aula 05 – Avaliação

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Aula 06 – Centro de Material

A Central de Material e Esterilização (CME) é a área responsável pela limpeza e processamento de artigos e instrumentais médico-hospitalares. É na CME que se realiza o controle, o preparo, a esterilização e a distribuição dos materiais hospitalares.

A CME pode ser de três tipos, de acordo com sua dinâmica de funcionamento:

Descentralizada : utilizada até o final da década de 40, neste tipo de central cada unidade ou conjunto delas é responsável por preparar e esterilizar os materiais que utiliza;

Semi-centralizada : teve início na década de 50, cada unidade prepara seus materiais, mas os encaminha para serem esterilizados em um único local;

Centralizada: utilizada atualmente, os materiais do hospital são processados no mesmo local, ou seja, os materiais são preparados, esterilizados, distribuídos e controlados quantitativa e qualitativamente na CME.

A CME centralizada apresenta inúmeras vantagens, das quais podem-se destacar: a eficiência, a economia e a maior segurança para a equipe e para os clientes.

Expurgo

Setor responsável por receber, conferir , lavar e secar os materiais provenientes do Centro Cirúrgico e Unidades de Internação. Os funcionários desta área utilizam EPIs (Equipamentos de proteção individual) para se protegerem de se contaminarem com sangue e fluidos corpóreos, quando lavam os instrumentais. As lavadoras ultrassônicas auxiliam na lavagem dos instrumentais através da vibração do som adicionado com solução desincrostante, promovendo uma limpeza mais eficaz e maior segurança para o funcionário.

Preparo de Materiais

Setor responsável por preparar e acondicionar os materiais. São utilizados invólucros especiais que permitam a passagem do agente esterilizante e impeçam a passagem dos microorganismos.

Preparo de Instrumentais Cirúrgicos

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Setor responsável por conferir, preparar e acondicionar caixas para as diversas especialidades cirúrgicas.

Setor de Esterilização

O setor de esterilização da Central de Material e Esterilização (CME) é responsável pela esterilização dos materiais. Esta área destina-se à instalação dos equipamentos utilizados para a esterilização de materiais pelos métodos físicos e químicos.

Montagem de carrinhos para cirurgia

Setor responsável por separar os materiais a serem utilizados em uma cirurgia.

Distribuição de materiais esterilizados

Setor responsável por distribuir materiais esterilizados para as Unidades de Internação e Ambulatório.

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Aula 07 - Esterilização

Esterilização é a destruição de todas as formas de vida microbiana (vírus, bactérias, esporos, fungos, protozoários e helmintos) por um processo que utiliza agentes químicos ou físicos.

A prática da esterilização visa a incapacidade de reprodução de todos os organismos presentes no material a ser esterilizado, causando a morte microbiana até que a probabilidade de sobrevivência do agente contaminante seja menor que 1:1.000.000, quando um objeto pode então ser considerado estéril .

O esporo bacteriano (forma mais resistente aos agentes esterilizantes) é o parâmetro utilizado para o estudo microbiológico da esterilização, ou seja, para se assegurar a esterilização de um artigo todos os esporos devem ser destruídos.

Histórico

A descoberta das bactérias como causadoras de doenças foi uma das principais descobertas da clínica médica. A ciência microbiológica foi fundada no século XIX e até então progredia lentamente durante anos:

No século IV a. C., Aristóteles já alertava Alexandre (o Grande) a ferver água para evitar doenças e escreveu: "às vezes são formados animais na terra putrefeita, às vezes em plantas e às vezes no fluido de outros animais". A maioria dos intelectuais então aderiu à teoria da geração espontânea, que persistiu por muitos anos.

Com a introdução da anestesia em 1842 por Long e em 1846 por Morton, as cirurgias eletivas começaram a surgir, pois até esta época os procedimentos cirúrgicos realizados eram principalmente os executados em período de guerras. Assim, ocorreu um aprimoramento nas técnicas e procedimentos cirúrgicos, porém a mortalidade por infecção de ferida era muito alta.

Até 1865 a taxa de infecção por amputação durante a guerra era de 25 a 90%. Em Paris, no ano de 1870, essa taxa chegava próxima a 100%. Os pacientes morriam geralmente do que era denominado de "alguma gangrena hospitalar".

Observações realizadas antes do século XIX verificavam que pessoas sadias ficavam doentes se entravam em contato mais íntimo com uma pessoa doente, especialmente em ambiente hospitalar.

Na metade do século XVI, Girolamo Fracastoro publicou "De Contagione", delineando a transmissão de doenças através do contato direto, da manipulação de pertences de pessoas

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infetadas ou através de transmissão a distância. A importância de limpeza, particularmente a lavagem das mãos, começou a ser especulada.

No final do século XVII, no Hospital Manchester Lying, os médicos Charles White e Thomas Kirkland tentaram implantar controles de engenharia, limpeza e ventilação adequados para os pacientes. Vários anos depois, no Hospital de Rotunda em Dublin, Robert Collins introduziu o tratamento com calor para as roupas de cama, o que resultou em uma diminuição das infecções. Estas simples soluções não foram aceitas e foram descartadas, tal era a força da teoria de geração espontânea.

Em 1863, Nealaton demonstrou o uso efetivo de álcool em feridas, mas, novamente, a idéia revolucionária não foi aceita pela Sociedade Cirúrgica de Paris. Em 1744, o primeiro halógeno a ser descoberto foi o cloro, que foi utilizado como um agente alvejante. Mais tarde, em 1823, sua efetividade como um desinfetante e desodorizante foi mostrada por Labarraque e novamente, em 1850, por Semmelweis. O iodo foi avaliado semelhantemente por Pasteur & Koch.

A influência de microbiologia começou a ser sentida em meados do século XVII quando foram descritos organismos muito pequenos para serem vistos a olho nú. A maioria conservadora assegurou que estes organismos foram produzidos através de geração espontânea.

Foi em 1861, quando Louis Pasteur demonstrou que a putrefação é uma fermentação causada pelo crescimento de microorganismos, que a doutrina de geração espontânea foi finalmente contestada.

A aplicação clínica da efetividade da lavagem das mãos, do uso de princípios epidemiológicos e da antissepsia foi demonstrada claramente por Oliver Wendell Holmes, em Boston, em 1843 e por Ignaz Semmelweis em 1847, no Allgemeines Krankenhaus, em Viena, Áustria.

Cientistas perceberam que havia uma analogia entre a fermentação dos experimentos de Pasteur e o processo de putrefação que se dava após amputação dos membros. Em 1867 foi introduzido o uso de fenol como um agente antimicrobiológico para esterilização do ar nas salas de operação e como um curativo de ferida cirúrgica. A mortalidade por amputação caiu de 45 para 15 por cento. A técnica foi aprovada nos Estados Unidos na primeira reunião oficial da Associação Cirúrgica Americana em 1883.

Em 1877, John Tyndall, um físico inglês, reconheceu a forma calor-resistente das bactérias, o esporo, e desenvolveu métodos de esterilização para lidar com isto. O bacteriologista francês e colaborador de Louis Pasteur, Charles Chamberland, construiu o primeiro esterilizador a vapor em 1880. Semelhante a um "fogão de pressão", ficou conhecido como a "Autoclave de Chamberland". Em 1880, Robert Koch descobriu o uso de culturas sólidas, as bactérias isoladas em colônias puras e as associou com doenças específicas. A bacteriologia tinha se tornado uma ciência.

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Aula 08 – Esterilização

O processo de esterilização pelo vapor saturado sob pressão é o método mais utilizado e o que maior segurança oferece ao meio hospitalar.

Para a esterilização o tipo de vapor utilizado é o vapor saturado seco, uma vez que o vapor úmido tem um excesso de água que torna úmidos os materiais dentro da esterilizadora; já o vapor super aquecido é deficiente de umidade necessária para a esterilização. O vapor saturado seco é capaz de circular por convecção permitindo sua penetração em materiais porosos.

A produção do vapor utilizado na esterilização requer alguns cuidados como a água utilizada para a produção do vapor, esta deve estar livre de contaminantes em concentração que possa interferir no processo de esterilização, danificar o aparelho ou os produtos a serem esterilizados.

Os equipamentos utilizados para este método de esterilização são as autoclaves. Estas constituem-se basicamente de uma câmara em aço inox, com uma ou duas portas, possui válvula de segurança, manômetros de pressão e um indicador de temperatura. Elas podem ser divididas em dois tipos:

Autoclave gravitacional: o ar é removido por gravidade, assim quando o vapor é admitido na câmara, o ar no interior desta, que é mais frio (mais denso), sai por uma válvula na superfície inferior da câmara. Pode ocorrer a permanência de ar residual neste processo, sendo a esterilização comprometida principalmente para materiais densos ou porosos.

Autoclave pré-vácuo: o ar é removido pela formação de vácuo, antes da entrada do vapor, assim quando este é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes.

As autoclaves podem ainda ser do tipo horizontal ou vertical. As do tipo horizontal possuem paredes duplas, separadas por um espaço onde o vapor circula para manter o calor na câmara interna durante a esterilização; as do tipo vertical não são adequadas pois dificultam a circulação do vapor, a drenagem do ar e a penetração do vapor devido à distribuição dos pacotes a serem esterilizados, que ficam sobrepostos.

O efeito letal decorre da ação conjugada da temperatura e umidade. O vapor, em contato com uma superfície mais fria, umedece, libera calor, penetra nos materiais porosos e possibilita a coagulação das proteínas dos microrganismos.

Artigos de superfície como bandejas, bacias e instrumentais não devem ser esterilizados com artigos de espessura como campo cirúrgicos, compressas e outros, nas autoclaves gravitacionais. O volume de material dentro da autoclave não deve exceder 80% da sua capacidade. Os pacotes devem ser colocados de maneira que haja um espaçamento de 25 a 50 mm entre eles, e de forma que o vapor possa circular por todos os itens da câmara. Os

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pacotes maiores devem ser colocados na parte inferior e os menores na parte superior da câmara; os maiores podem ter no máximo 30cm x 30cm x 50cm de tamanho (APECIH, 1998).

A esterilização através do calor seco pode ser alcançada pelos seguintes métodos:

Flambagem: aquece-se o material, principalmente fios de platina e pinças, na chama do bico de gás, aquecendo-os até ao rubro. Este método elimina apenas as formas vegetativas dos microrganismos, não sendo portanto considerado um método de esterilização.

Incineração: é um método destrutivo para os materiais, é eficiente na destruição de matéria orgânica e lixo hospitalar.

Raios infravermelhos: utiliza-se de lâmpadas que emitem radiação infravermelha, essa radiação aquece a superfície exposta a uma temperatura de cerca de 180O C.

Estufa de ar quente: constitui-se no uso de estufas elétricas. É o método mais utilizado dentre os de esterilização por calor seco.

O uso do calor seco, por não ser penetrante como o calor úmido, requer o uso de temperaturas muito elevadas e tempo de exposição muito prolongado, por isso este método de esterilização só deve ser utilizado quando o contato com vapor é inadequado. Cabe observar também que o uso de temperaturas muito elevadas pode interferir na estabilidade de alguns materiais, como por exemplo o aço quando submetido a temperaturas muito elevadas perde a têmpera; para outros materiais como borracha e tecidos além da temperatura empregada ser altamente destrutiva, o poder de penetração do calor seco é baixo, sendo assim a esterilização por este método inadequada.

Radiação Ionizante

A radiação ionizante é um método de esterilização que utiliza a baixa temperatura, portanto que pode ser utilizado em materiais termossensíveis.

Certos átomos possuem a propriedade de emitirem ondas ou partículas de acordo com a instabilidade de seus núcleos, esta propriedade é chamada de radioatividade. Alguns elementos, como o Rádio e o Urânio, são naturalmente radioativos pois possuem seus núcleos instáveis, outros são produzidos artificialmente, como o Cobalto 60 e Césio 137.

A radiação ionizante é assim quando possui a capacidade de alterar a carga elétrica do material irradiado por deslocamento de elétrons.

Para fins de esterilização industrial as fontes de raios beta e gama são as utilizadas.

A ação antimicrobiana da radiação ionizante se dá através de alteração da composição molecular das células, modificando seu DNA. As células sofrem perda ou adição de cargas elétricas.

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Existem fatores ambientais, físicos e alguns compostos que influenciam na resposta celular à radiação aumentando ou diminuindo sua sensibilidade a esta. Há também microrganismos que são mais resistentes à radiação, como os esporos bacterianos; as leveduras e fungos têm resistência considerada média e os gram negativos têm baixa resistência à radiação.

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Aula 09 – Esterilização Química

Glutaraldeído

O glutaraldeído é um dialdeído saturado - 1,5 pentanedial. Em solução aquosa apresenta pH ácido e não é esporicida. As formulações que são utilizadas possuem outros componentes para que a solução passe a ter esta ação. As formulações encontradas são:

O glutaraldeído tem potente ação biocida, é bactericida, virucida, fungicida e esporicida. Sua atividade é devida a alquilação de grupos sulfidrila, hidroxila, carboxila e amino dos microrganismos alterando seu DNA, RNA e síntese de proteínas. A atividade esporicida se deve ao fato do glutaraldeído reagir com a superfície do esporo, provocando o endurecimento das camadas externas e morte do esporo.

Pode ser utilizado para a esterilização de artigos termo-sensíveis que não possam sofrer esterilização pelos processos físicos como: enxertos de acrílico, cateteres, drenos e tubos de poliestireno.

Óxido de Etileno

O óxido de etileno C2H4O é um gás incolor à temperatura ambiente, é altamente inflamável. Em sua forma líquida é miscível com água, solventes orgânicos comuns, borracha e plástico.

O óxido de etileno reage com a parte sulfídrica da proteína do sítio ativo no núcleo do microrganismo, impedindo assim sua reprodução.

A utilização do óxido de etileno na esterilização é hoje principalmente empregada em produtos médico-hospitalares que não podem ser expostos ao calor ou a agentes esterilizantes líquidos: instrumentos de uso intravenoso e de uso cardiopulmonar em anestesiologia, aparelhos de monitorização invasiva, instrumentos telescópios (citoscópios, broncoscópios, etc.), materiais elétricos (eletrodos, fios elétricos), máquinas (marcapassos, etc.), motores e bombas, e muitos outros.

Peróxido de hidrogênio

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Peróxido de hidrogênio ou água oxigenada é um agente oxidante e a uma concentração de 3 a 6% tem poder desinfetante e esterilizante, porém pode ser corrosivo para instrumentais.

A ação do peróxido de hidrogênio se deve ao ataque da membrana lipídica, DNA e outros componentes das células, pelos radicais livres tóxicos que o peróxido produz. Alguns microrganismos aeróbios são capazes de produzir catalase ou superóxido dismutase, assim eles se protegem da atividade microbicida transformando o peróxido de hidrogênio em oxigênio e água. Para se evitar esse efeito o peróxido de hidrogênio utilizado para esterilização é de concentração maior e possui estabilizantes.

Pode ser utilizado como opção para esterilização de materiais termo-sensíveis. É usado na desinfecção e esterilização de superfícies planas e sólidas, na esterilização de capilares hemodializadores, na desinfecção de lentes de contato e outros.

Ácido Peracético

Consiste em uma mistura equilibrada entre água, ácido acético e peróxido de hidrogênio. É um produto tóxico e corrosivo.

O ácido peracético age de forma semelhante aos agentes oxidantes como o peróxido de hidrogênio. Tem ação esporicida em temperaturas baixas e mesmo em presença de matéria orgânica.

Este método pode ser aplicado a artigos termo-sensíveis, porém que possam ser totalmente mergulhados no líquido. Materiais de alumínio anodizado não podem sofrer este processo de esterilização por apresentarem incompatibilidade.

Plasma de peróxido de hodrogênio

O plasma é um estado físico da matéria definido como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras, as quais são altamente reativas. É um estado diferente dos demais conhecidos (líquido, gasoso e sólido) e vem sendo chamado de quarto estado da matéria.

O plasma é produzido através da aceleração de moléculas de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e ácido peracético, por uma forte carga elétrica produzida por um campo eletromagnético (microondas ou radiofreqüência). Os elétrons dessas moléculas são então "jogados" fora de seus átomos, aceleram partículas carregadas, recombinam-se com outros átomos ou elétrons, retornam para a baixa energia e produzem brilho visível.

Ocorre interação entre os radicais livres gerados pelo plasma e as substâncias celulares como enzimas, fosfolipídeos, DNA, RNA e outros, impedindo o metabolismo ou reprodução celular.

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Este método de esterilização é utilizado como alternativa para artigos sensíveis a altas temperaturas e à umidade e vem sendo estudada sua característica ecologicamente viável, pois é um sistema de esterilização atóxico, com processo ambiental saudável.

Este processo pode ser aplicado em materiais como alumínio, bronze, látex, cloreto de polivinila (PVC), silicone, aço inoxidável, teflon, borracha, fibras ópticas, materiais elétricos e outros. Não é oxidante.

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Aula 10- Avaliação