Engenharia de Avaliações - Apostila UTFPR 2013

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA E URBANISMO Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES PROF. DR. ADAUTO JOSÉ MIRANDA DE LIMA CURITIBA 2013

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Apostila de Engenharia de Avaliações com métodos de avaliação de terrenos.

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  • UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

    DEPARTAMENTO ACADMICO DE CONSTRUO CIVIL CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA E URBANISMO

    Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

    ENGENHARIA DE

    AVALIAES

    PROF. DR. ADAUTO JOS MIRANDA DE LIMA

    CURITIBA

    2013

  • ENGENHARIA DE AVALIAES Prof. Adauto J. Miranda de Lima

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................................... 4

    1.1 Campo de Aplicao ............................................................................................. 6

    1.2 Campo de Trabalho .............................................................................................. 9

    1.3 Classes de Bens ................................................................................................... 10

    1.4 Conceitos de Avaliao, Valor e Preo ................................................................. 10

    1.5 Mercado Imobilirio .............................................................................................. 20

    1.6 Procedimentos de Avaliao ................................................................................ 21

    1.7 Mtodos de Avaliao .......................................................................................... 28

    1.8 O Processo de Avaliao Escolha dos Mtodos ................................................. 34 1.9 Especificaes das Avaliaes ............................................................................. 38

    1.10 Normas de Avaliao............................................................................................ 38

    2 AVALIAO PELO MTODO COMPARATIVO DE DADOS DE

    MERCADO TRATAMENTO POR FATORES .................................................... 40 2.1 Procedimentos Gerais .......................................................................................... 40

    2.2 Critrios de Equivalncia da Amostra ................................................................... 46

    2.3 Especificaes das Avaliaes por Fatores ......................................................... 50

    2.4 Variveis de Influncia na Avaliao de Terrenos ................................................. 51

    2.5 Utilizao de Planilhas de Clculo - Exemplo ....................................................... 75

    2.6 Variveis de Influncia na Avaliao de Construes. .......................................... 78

    2.7 Utilizao de Planilhas de Clculo - Exemplo ....................................................... 104

    2.8 Tratamento dos Dados de Mercado e Identificao do Resultado ......................... 107

    2.9 Determinao do Grau de Preciso da Avaliao ................................................. 114

    2.10 Avaliao Intervalar .............................................................................................. 114

    2.11 Utilizao de Planilhas de Clculo - Exemplo ....................................................... 119

    2.12 Apresentao de Laudo de Avaliao ................................................................... 126

    3 AVALIAO PELO MTODO EVOLUTIVO ........................................................ 128

    3.1 Vistoria ................................................................................................................. 129

    3.2 Determinao da rea Equivalente de Construo ............................................... 129

    3.3 Mtodos para Identificar o Custo de uma Construo ou Benfeitoria .................... 129

    3.4 Avaliao de Construo Inacabada ..................................................................... 140

    3.5 Correo do Valor do Terreno por Mau Aproveitamento ....................................... 142

    3.6 Fator de Comercializao ..................................................................................... 145

    3.7 Graus de Fundamentao para Avaliaes pelo Mtodo Evolutivo ....................... 148

    4 AVALIAO PELO MTODO INVOLUTIVO ....................................................... 150

    4.1 Avaliao de Terrenos Urbanos pelo Mtodo Involutivo........................................ 150

    4.2 Avaliao de Glebas Loteveis ............................................................................. 159

    4.3 Modelo Simplificado ............................................................................................. 167

    4.4 Especificao das Avaliaes pelo Mtodo Involutivo .......................................... 168

    5 AVALIAO PELO MTODO DA RENDA .......................................................... 170

    5.1 Determinao das Receitas .................................................................................. 170

    5.2 Capitalizao da Renda e Determinao do Valor do Imvel ................................ 177

    6 AVALIAO ATRAVS DE INFERNCIA ESTATSTICA ................................... 186

    6.1 Conceituao Bsica ............................................................................................ 186

    6.2 Relao entre Variveis ........................................................................................ 187

    6.3 Ajuste de Curvas .................................................................................................. 188

    6.4 Regresses Lineares Simples ............................................................................... 190

    6.5 Regresses Mltiplas ............................................................................................ 205

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    2

    6.6 Anlise das Condies Complementares .............................................................. 214

    6.7 Variveis Mudas (Dummy) .................................................................................... 220

    6.8 Especificaes das Avaliaes atravs de Inferncia Estatstica .......................... 221

    7 AVALIAO DE IMVEIS RURAIS ..................................................................... 225

    7.1 Composio de Um Imvel Rural ......................................................................... 225

    7.2 Vistoria de Propriedade Rural ............................................................................... 226

    7.3 Mtodo de Avaliao ............................................................................................ 227

    7.4 Especificao das Avaliaes de Imveis Rurais .................................................. 245

    8 AVALIAO DE MQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAES

    INDUSTRIAIS....................................................................................................... 248

    8.1 Componentes de um Complexo Industrial Passveis de Avaliao ....................... 248

    8.2 Avaliaes Especficas ......................................................................................... 248

    8.3 Inspees in loco .................................................................................................. 251

    8.4 Mtodos de Avaliao .......................................................................................... 252

    8.5 Vida til de Depreciao ...................................................................................... 253

    8.6 Valor Residual ...................................................................................................... 256

    8.7 Especificaes das Avaliaes de Mquinas, Equipamentos e

    Instalaes Industriais........................................................................................... 257

    8.8 Avaliao de Fundo de Comrcio ......................................................................... 259

    8.9 Avaliao dos Lucros Cessantes........................................................................... 262

    8.10 Avaliao do Valor em Marcha ............................................................................. 262

    8.11 tabelas de Vida til Econmica de Mquinas, Equipamentos e

    Instalaes Industriais........................................................................................... 265

    9 AVALIAO DE EMPREENDIMENTOS .............................................................. 272

    9.1 Classificao dos Empreendimentos .................................................................... 272

    9.2 Atividades Bsicas para Avaliao ....................................................................... 274

    9.3 Escolha da Metodologia de Avaliao................................................................... 275

    9.4 Tratamento dos Dados.......................................................................................... 277

    9.5 Indicadores de Viabilidade Econmica de Empreendimentos ............................... 280

    9.6 Especificaes das Avaliaes de Empreendimentos ........................................... 281

    9.7 Avaliao de Empreendimentos atravs do Mtodo da Renda ............................. 283

    10 AVALIAO DE RECURSOS NATURAIS E AMBIENTAIS ................................. 292

    10.1 O Valor Econmico do Meio Ambiente ................................................................. 292

    10.2 Mtodos de Avaliao de Recursos Ambientais .................................................... 294

    10.3 Indicadores de Viabilidade .................................................................................... 306

    10.4 Dano Ambiental .................................................................................................... 307

    10.5 Tcnicas de Remediao Ambiental e Custos Mdios Internacionais ................... 311

    10.6 Valorao do Dano Ambiental .............................................................................. 321

    10.7 Procedimentos Metodolgicos conforme a NBR 14.653-6 (2008) .......................... 322

    10.8 Campos de Aplicao ........................................................................................... 323

    10.9 Especificaes das Avaliaes de Recursos Naturais e Ambientais ...................... 323

    10.10 Apresentao do Laudo de Avaliao ................................................................... 323

    11 AVALIAO DE BENS DE PATRIMNIO HISTRICO E ARTSTICO ............... 325

    11.1 Classificao e Designao .................................................................................. 326

    11.2 Atividades Bsicas................................................................................................ 329

    11.3 Campos de Aplicao ........................................................................................... 330

    11.4 Procedimentos Metodolgicos .............................................................................. 330

    11.5 Outros Mtodos para Valorao dos Bens de Patrimnio Histrico e

    Artstico ................................................................................................................ 332

    11.6 Avaliao de Bens Integrados............................................................................... 335

    11.7 Escolha da Metodologia ........................................................................................ 336

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    3

    11.8 Especificao das Avaliaes de Bens do Patrimnio Histrico e

    Artstico ................................................................................................................ 336

    11.9 Apresentao de Laudos ...................................................................................... 336

    12 AVALIAO DE SERVIDES ............................................................................. 338

    12.1 Tipos de Servido ................................................................................................. 338

    12.2 Mtodos de Avaliao de Servides ..................................................................... 339

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................... 343

    ANEXOS ............................................................................................................................. 345

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    1 INTRODUO

    A Engenharia de Avaliaes no uma cincia exata, mas sim a arte de

    estimar valores de bens especficos, em que o conhecimento profissional de

    engenharia e o bom senso so condies essenciais.

    Esta tcnica foi desenvolvida principalmente a partir de 1890, quando

    engenheiros, industriais, economistas e os tribunais de justia comearam a encarar

    seriamente o trabalho formal de avaliaes.

    Essa atividade formal de atribuio de valores aos bens passou

    gradativamente do campo do negociante, do contador, do financista para o

    engenheiro, medida que surgiu uma intensa expanso industrial.

    A sistematizao desses conhecimentos s comeou a ser feita a partir do

    sculo XX, nos EUA, onde se procurou corporificar os conhecimentos esparsos,

    existentes sobre avaliaes, compondo uma nova cincia, eminentemente de

    observao, a qual denominaram de engineering valuation.

    Apesar disto, a engenharia de avaliaes praticada nos Estados Unidos por

    outros profissionais que no engenheiros/arquitetos e hoje em dia uma profisso

    parte, independente de todas as demais, denominada Real Estate Appraisers.

    Da mesma forma, a literatura sobre o tema, iniciou-se praticamente em 1900,

    e desde ento a Engenharia de Avaliaes tem estado e contnuo processo de

    aperfeioamento.

    As primeiras normas de avaliao de imveis foram organizadas, em 1952,

    pelo Departamento de Engenharia da Caixa Econmica Federal.

    O primeiro ante-projeto de norma da ABNT, P-NB-74R, data de 1957.

    Sucedem-se outros, de grande importncia, elaborados por institutos que atuam na

    rea de engenharia de avaliaes.

    A engenharia de avaliaes ganha grande relevncia na poca do grande

    surto de desapropriaes da dcada de 60, com estudos feitos por comisses e

    profissionais dedicados a percias e avaliaes judiciais. Outros trabalhos foram

    desenvolvidos com a mesma finalidade nos anos 70.

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    Em 1977 surge a primeira norma brasileira para avaliao de imveis

    urbanos, a NB 502 da ABNT, cuja principal novidade o estabelecimento de nveis

    de preciso para as avaliaes.

    Posteriormente, por meio de convnio com o extinto BNH (Banco Nacional da

    Habitao), foi elaborada a NB 613 (1981) Avaliao de imveis rurais.

    Em 1984, em funo das normas anteriores, surgiu a NB 899 (1984)

    Avaliao de Glebas Urbanizveis, com apresentao de classificao e critrios de

    utilizao de glebas, em consonncia com a Lei n 6,766, adotando o mtodo

    involutivo dentro da metodologia bsica aplicvel.

    Em 1984, foi editada a norma NB 900 (1984), referente a avaliao de

    unidades padronizadas, com a aprovao de pesquisa especfica, sendo o tipo

    identificado de acordo com sua caracterstica fsica construtiva e com o texto

    normativo encampando os nveis de preciso adotados na NB 899 (1984). Neste

    mesmo ano, a ABNT edita a NB 901 (1984), referente a avaliao de mquinas,

    equipamentos, instalaes e complexos industriais.

    Em 1985 norma NB 613 (1981) reeditada pela ABNT, sob ttulo NBR 8799

    (1985) Avaliao de imveis rurais; a norma NB 899 (1984), sob ttulo NBR 8951

    (1985) Avaliao de glebas urbanizveis; a norma NB 900 (1984), sob ttulo NBR

    8976 (1985) Avaliao de unidades padronizadas; e a norma NB 901 (1984) sob

    ttulo NBR 8977 (1985) Avaliao de mquinas, equipamentos, instalaes e

    complexos industriais.

    Em 1990, a NB 502 (1977) passa por uma reviso e reeditada como NBR

    5676 (1990), com o ttulo Avaliao de imveis urbanos.

    Em 1997, a ABNT edita a NBR 13.820 (1997), que trata especificamente de

    avaliao de servides.

    A partir de 2001, a ABNT lana a srie de normas NBR 14.653 (2001), sob o

    ttulo geral de Avaliao de bens, integrada por sete partes, que substituem as

    anteriores. Nessas normas, desaparecem os nveis de rigor e aparecem as

    especificaes quanto preciso e quanto a fundamentao da avaliao.

    Cita-se, ainda, a NBR 13.752 (1997) Percias de Engenharia na

    Construo Civil, a qual de forma muito bem elaborada orienta os profissionais da

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    rea de engenharia de avaliaes e percias sobre os procedimentos a serem

    adotados na elaborao de Laudos Periciais.

    Os engenheiros, arquitetos, contabilistas, economistas, magistrados e

    advogados esto continuamente estudando as vrias facetas da arte da avaliao

    de bens, enquanto tribunais nacionais e estrangeiros tm contribudo com longa

    lista de decises que mostram uma evoluo gradual no sentido do

    desenvolvimento de conceitos fundamentais de avaliao, formulados de forma

    clara e metdica. As tcnicas e mtodos de avaliaes, para que possam ser

    utilizados, exigem do avaliador, conhecimentos bsicos de valor e custo, das vidas

    teis, das caractersticas dos materiais de construo utilizados, entre outros

    conhecimentos de engenharia.

    1.1 Campo de Aplicao

    O engenheiro/arquiteto tende a encontrar encargos de avaliao ligados a

    inmeros campos de trabalho, como, por exemplo:

    Percia Judicial

    Neste campo, o engenheiro/arquiteto avaliador constantemente chamado a

    trazer seus conhecimentos tcnicos m casos de Desapropriaes, Sub-Rogaes,

    Renovaes de Contratos de Locao, Revises de Valores, Aes Indenizatrias,

    Medidas Cautelares (Vistorias ad perpetuam rei memoriam), Aes Possessrias,

    Reinvidicatrias, Usucapies, Divisrias, Demarcatrias, entre outras.

    A legislao que dispes sobre desapropriaes, por exemplo, d margem a

    muitos casos de avaliaes de propriedades, quer o poder expropriante seja algum

    governo (Municipal, Estadual ou Federal), quer seja alguma empresa

    concessionria de servios pblicos; as indenizaes pagas pelos bens

    expropriados so baseadas em avaliaes tcnicas e negociadas de forma

    amigvel ou litigiosa, perante os tribunais.

    A determinao do valor locativo de propriedades interessa a senhorios

    (locadores) e a inquilinos (locatrios); nas locaes comerciais, quando no h

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    acordo, estabelece-se uma avaliao judicial, gerando da aes de renovao de

    contrato e de reviso de aluguel.

    No caso de heranas, h vrios interessados em uma avaliao correta: em

    primeiro lugar, os herdeiros dos bens, interessados nos valores como base para a

    partilha dos bens, e depois, os governos federal e estadual, interessados em

    receber os impostos devidos.

    Financiamentos e Hipotecas

    Nos casos de emprstimos bancrios, garantidos por uma hipoteca, h

    interesse em conhecer o real valor do bem, tanto daquele que vai tomar o

    emprstimo quanto daquele que vai receber a propriedade em garantia.

    Organizaes de Empresas, Fuses, Incorporaes e Privatizaes

    Nos casos, de implantao de novas empresas, alguns scios podem entrar

    com bens para integralizar o capital social. Em casos de alienaes ou

    privatizaes, os compradores em potencial querem saber o valor do patrimnio

    arrolado. Nos casos de fuses de duas ou mais empresas, da mesma forma,

    indispensvel saber o valor patrimonial de cada uma, afim de que as cotas dos

    scios sejam redistribudas, h a necessidade de uma avaliao tcnica criteriosa.

    As bolsas de valores esto igualmente interessadas no valor do patrimnio

    daquelas empresas para as quais so levantados fundos pela venda ao pblico de

    aes ou debntures, com a inteno de assegurar aos compradores o

    conhecimento dos fatos relativos s empresas que afetam o valor dos ttulos e

    assim prevenir o pblico contra a emisso de ttulos no respaldados por bens de

    valor suficiente.

    Da mesma forma, igual interesse tm as empresas financeiras que atuam

    como subscritoras (repassadoras atravs dos fundos de investimento) dessas

    emisses.

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    Seguros

    H duas aplicaes da engenharia de avaliaes no campo dos seguros:

    Antes e Depois do sinistro.

    As companhias de seguros e os proprietrios dos bens segurados so

    igualmente interessados no conhecimento do valor do bem, pois este valor que vai

    servir de base para a determinao tanto do prmio a ser pago seguradora quanto

    do valor do dano acometido pelo sinistro.

    Taxao

    Os governos municipais so interessados na determinao do valor das

    propriedades que so sujeitas a lanamento para efeito de taxao do IPTU

    (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ITBI (Imposto sobre a Transmisso de

    Bens Imveis Intervivos), enquanto os governos Estaduais tributam as

    propriedades que passam por processos de doaes e inventrios e o governo

    federal no estabelecimento das taxas de depreciao para fins de taxao do

    Imposto de Renda, bem como para a taxao do ITR (Imposto Territorial Rural) e do

    imposto sobre Lucro Imobilirio.

    Tarifas

    Grande parte do processo de engenharia de avaliaes tem seu

    desenvolvimento ligado ao controle das empresas concessionrias de servios

    pblicos, cuja contabilidade depende da correta avaliao de seus bens, para a

    elaborao de planilhas e determinao das tarifas a serem cobradas dos usurios,

    pelos servios prestados.

    Administrao

    A avaliao das propriedades de uma empresa fornece informaes teis

    importantes para a sua administrao examinar as tendncias dos custos de

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    reposio, dos investimentos e das taxas de depreciao; esses elementos, entre

    outros, formam a base para que a administrao de uma empresa possa

    estabelecer a poltica financeira a seguir com relao a imobilizaes, custos,

    preos de venda e capacidade de competio.

    1.2 Campo de Trabalho

    Hoje os conhecimentos sobre engenharia de avaliaes so indispensveis a

    muitos engenheiros e arquitetos que tendem a encontrar encargos de avaliao

    ligados a inmeros campos de trabalho, como por exemplo:

    Executivos da rea de Engenharia Os engenheiros e arquitetos

    frequentemente ocupam posies executivas de responsabilidade em

    empreendimentos imobilirios ou indstrias, nos quais o conhecimento da

    tcnica de avaliaes essencial.

    Departamentos de Engenharia Um grande nmero de empresas

    concessionrias de servios pblicos, rgo federais, estaduais e

    municipais, empresas imobilirias e industriais, bancos e outras entidades

    financeiras mantm departamentos de engenharia de avaliaes

    organizados, para atender s necessidades de seus servios.

    Empresas de Avaliao Existem atualmente vrias empresas

    devotadas exclusivamente ao trabalho de avaliaes, pois o mercado

    para seus servios especializados cresce permanentemente devido ao

    nmero crescente de transaes e s necessidades das empresas e

    corrigir seus dados contbeis de valor e depreciao, sem os quais, a

    determinao dos custos, dos preos de venda, do lucro real e, a

    preparao de balanos corretos impossvel.

    Peritos Judiciais e Assistentes Tcnicos Nas aes judiciais em que

    uma percia tcnica se impe, os juzes fazem a nomeao de Peritos

    Oficiais, enquanto as partes arroladas indicam seus Assistentes Tcnicos,

    os quais se defrontam inmeras vezes, com problemas de avaliaes, em

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    10

    que, no raro, profundos conhecimentos da tcnica de avaliao,

    requerida.

    1.3 Classes de Bens

    Os bens avaliveis se distinguem em trs classes, as quais tm diferentes

    fatores determinantes de valor, ou valor de origem, que so:

    Classe dos Bens Tangveis So os bens identificados materialmente,

    como por exemplo, mveis, imveis, equipamentos, matrias primas, etc.

    Para estes bens o valor de referncia ser sempre obtido inicialmente a

    partir do custo de reproduo ou obteno. Exemplos: mquinas,

    equipamentos, edificaes, etc.

    Classe de Bens Intangveis So os bens no identificveis

    materialmente, como por exemplo, fundo de comrcio, marcas, patentes,

    direitos, gios, usufrutos, lucros cessantes, know-how, etc. Esta uma

    espcie de destaque, e por vezes complexa, onde o valor de referncia

    ser obtido em funo da anlise econmica ou custo de obteno, do

    elemento gerador da renda.

    1.4 Conceitos de Avaliao, Valor e Preo

    Se, a engenharia e avaliaes constitui uma rea relativamente nova, o incio

    do sentido de valor provm da mais remota antiguidade, provavelmente da idade em

    que o ser humano adquiriu a razo. No momento em que o primeiro homem

    isoladamente conseguiu identificar em determinadas coisas qualidades que supriam

    necessidades, e podia dispor destas coisas, surgiu noo de utilidade e da a

    quantificao de maior ou menor utilidade e consequentemente, a condio de

    maior ou menor valor.

    Valor

    A idia de valor est intimamente ligada de utilidade, isto , a princpio s

    tem valor quilo que til. Sabemos, tambm, que utilidade a capacidade que

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    possuem certos entes para satisfazer uma necessidade; e, mais, para que urna

    coisa seja considerada til, necessria a ocorrncia de trs condies:

    existncia de relao entre as qualidades dessa coisa e necessidades

    ou desejos;

    conhecimento da relao; e finalmente,

    possibilidade dela ser utilizada.

    Portanto o valor no urna caracterstica inerente propriedade em si, mas

    depende dos desejos do homem. Varia de pessoa a pessoa e de poca a poca,

    assim como os desejos individuais tambm variam. Um bem (ou uma propriedade)

    no pode ter valor algum, a menos que possua utilidade, e esta, emerge do desejo

    de possuir e do poder de produzir satisfao.

    O valor uma grandeza, e, como tal, suscetvel de ser medido. Por sua vez,

    medir comparar, da infere-se que a avaliao a determinao do valor de uma

    coisa obtida por comparao com outras semelhantes.

    Valor de Mercado e Preo

    O valor de um bem uma caracterstica do mercado, resultante da oferta e

    procura, cujas curvas representativas se cortam em um nico ponto, relativo ao

    momento considerado. A possvel variao entre os resultados oferecidos por

    diferentes avaliadores, para uma mesma coisa, salvo erro grosseiro ou m-f

    demonstrada, representa apenas a variao do grau de preciso com que o valor

    medido, como de fato pode ocorrer na determinao de qualquer medida.

    Portanto para determinar o valor de mercado para aquele ponto de equilbrio

    faz-se necessrio as seguintes condies bsicas:

    existncia de duas partes interessadas em realizar a transao de venda

    e compra de uma propriedade, ambas desejosas, mas no obrigadas a

    faz-lo;

    ambos os interessados, vendedor e comprador, perfeitos conhecedores

    das peculiaridades do mercado na regio e naquele preciso momento,

    bem como das caractersticas do imvel, de seus usos, de sua finalidade

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    e da legislao pertinente, tal conhecimento pode advir, inclusive, de

    assessoria especializada e idnea;

    concede-se um tempo razovel para que as partes chequem a um acordo

    que representaria o ponto de equilbrio desejado, fechando o negcio

    mediante o pagamento a vista ou com facilidades compatveis com as

    caractersticas vigentes no mercado especfico da regio, poca da

    transao.

    Com a observncia de tais premissas, evidente que uma negociao

    caracterizada pela absoluta necessidade de um comprador adquirir aquele

    determinado imvel para a consecuo de seus planos um caso excepcional no

    qual, provavelmente, o ponto de equilbrio de mercado no seria alcanado, pois a

    posio do vendedor seria mais vantajosa em relao do comprador.

    Ao contrrio, se o vendedor fosse premido pela circunstncia de efetuar a

    venda rapidamente, dada a sua eventual necessidade de dinheiro, a transao

    tambm passaria a ser uma exceo regra, no refletindo o ponto de equilbrio

    desejado correspondente ao valor de mercado, pois, nesse caso, o vendedor estaria

    sacrificando o preo em benefcio de uma liquidez imediata.

    Por outro lado, uma vez conhecido o valor de um bem o preo deste poder

    variar, na dependncia de:

    do maior ou menor conhecimento das condies de mercado, de uma

    parte sobre a outra;

    do maior ou menor poder de argumentao ou habilidade, de uma parte

    em relao outra, e,

    da maior ou menor motivao do vendedor sobre o comprador ou

    vice-versa.

    Valor Potencial

    O valor potencial de um bem representado pela capacidade que o este bem

    possui de produzir renda mxima. Este valor pode se situar aqum ou alm do valor

    econmico. A avaliao vai mostrar se, em face do valor potencial, um negcio

    imobilirio, por exemplo, oferece atrativos para a aplicao de capitais.

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    13

    Em complementao, o valor econmico seria obtido quando o capital

    investido num imvel propiciasse renda compatvel com aquela conseguida atravs

    da aplicao do valor correspondente em um mercado estvel e normal de

    investimento de capitais. Evidentemente, na considerao do valor econmico tem

    de ser levado em conta o fato das taxas de capitalizao variarem no tempo.

    Outras Definies de Valor

    A literatura de engenharia de avaliaes abundante em termos que so

    usados num sentido tcnico especial e, conseqentemente, exigem uma definio

    precisa para sua fixao.

    A palavra Valor tem muitos sentidos e muitos elementos modificadores e as

    definies a seguir mostram os sentidos mais usuais em engenharia de avaliaes.

    Valor a medida de uma necessidade, de um capricho ou de um desejo

    de possuir um bem.

    Valor de Reposio Refere-se quele valor da propriedade

    determinado com base do que ela custaria para ser substituda por outra

    igualmente satisfatria.

    Valor Rentbil O valor rentbil de uma propriedade o valor atual das

    suas receitas liquidas provveis e futuras, segundo prognsticos feitos

    com base nas receitas e despesas recentes e nas tendncias dos

    negcios e do mercado.

    Valor Capitalizado O valor capitalizado de uma receita uniforme e

    perptua a quantia cuja renda anual obtida pela mais alta taxa de juros

    em vigor igual a essa receita uniforme e perptua.

    Valor de Taxao Ou Valor de Lanamento, aquele lanado nos

    arquivos dos lanadores oficiais como da propriedade aplicvel (base

    imponvel) na determinao dos impostos a serem pagos pelo dono da

    propriedade.

    Valor Residual Ou Valor de Demolio, a soma lquida, acima do

    custo de remoo e venda obtida pela venda dos materiais

    remanescentes de uma propriedade que foi retirada de servio.

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    14

    Valor Contbil o mesmo que Custo Histrico, ou seja o valor pelo

    qual um bem deu entrada num patrimnio, mantendo-se conservado pelos

    fatores de atualizao do mesmo, para fins contbeis.

    Valor em Marcha Uma traduo para o Going Value ou Going

    Concern Value, encontrado na literatura americana, e um elemento

    adicional de valor possudo por uma empresa em operao e avanada

    at o estgio de operao bem sucedida, comparada a uma empresa

    semelhante, porm ainda no bem sucedida ou ainda inativa.

    Valor Acionrio De uma empresa comercial ou industrial a soma de:

    Nmero de aes de diferentes emisses multiplicado pelos

    correspondentes valores de mercado em R$ (Reais), por ao;

    Os valores ao par, em R$ (Reais), das diferentes debntures,

    multiplicadas pelas correspondentes relaes do preo de mercado

    para os valores ao par.

    O valor acionrio uma forma especial de valor de mercado para

    empresas que podem ser adquiridas pela compra de suas aes no

    mercado financeiro.

    Valor Vista o valo decorrente da anlise de reduo de um valor a

    prazo.

    Valor de Custo de Aquisio o valor oriundo do custo do bem, mais

    despesas complementares, como por exemplo, impostos, taxas, despesas

    legais, etc.

    Valor Depreciado o valor de um bem aps o mesmo sofrer todas os

    efeitos decorrentes da depreciao fsica pelo seu uso e seu estado de

    obsolncia (obsolescncia).

    Valor Econmico o valor decorrente da capacidade que o bem tem

    em auferir renda.

    Valor de Troca o valor resultante de uma anlise, quando um bem

    ser dado em pagamento ou em troca por outro bem.

    Valor Histrico o valor registrado historicamente, refletindo o valor

    para aquisio naquela data.

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    15

    Valor Afetivo ou Sentimental o valor que decorre do apego ou laos

    pessoais do proprietrio sobre um determinado bem.

    Valor Comercial o valor para uma comercializao regulamentada ou

    usual.

    Valor de Seguro o valor estudado, pelos agentes seguradores e

    proprietrios, afim de restituir o bem, ou parcela deste, no caso de um

    sinistro.

    Uma vez destacada a informao relativa s formas fundamentais de valores,

    podemos ento interpretar o objetivo do nosso estudo, que vem a ser o Valor de

    Avaliao, que vem a ser em caso especial de valor derivado final de um bem,

    onde os envolvimentos entre as disponibilidades, obteno, anlise, pesquisa de

    Valores Bsicos e Derivados Finais, assim como a conjuntura do problema e

    objetivos da avaliao, levam a procurar a otimizao da convergncia da forma

    monetria que expressa o sentido real da utilidade com a forma monetria que

    expressa o sentido real de mercado (preo) de um bem.

    Relao Valor e Tempo

    A palavra valor, quando aplicada propriedade, traz consigo um sentido de

    desejo de posse, domnio ou troca de propriedade, medida em real ou outra unidade

    monetria. Tal palavra de difcil definio e uso preciso, pois valor um termo

    relativo pelo qual o desejo de propriedade estabelecido comparando com outra

    propriedade ou com dinheiro.

    Mas no se pode perder de vista as condies sob as quais se chegou ao

    valor, para que ele tenha uma significao real, pois o tempo, o lugar, a finalidade e

    as partes interessadas so elementos que afetam a medida do valor de um bem.

    Um edifcio dentro de uma rea a ser inundada por um reservatrio em

    construo s tem valor para qualquer um pelos materiais que porventura possam

    ser apurados em sua demolio, todavia, o proprietrio pode dar um alto valor ao

    edifcio baseado nas rendas futuras que ele poderia obter se no fosse por causa

    do reservatrio. Como consequncia, na desapropriao, a indenizao paga

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    16

    considerando que o proprietrio poderia continuar operando a propriedade e

    recebendo um rendimento razovel, uma vez nas mos do novo proprietrio

    (governo), o mesmo edifcio cessa de ter valor, ou, quando no muito, no mais que

    seu valor de demolio (residual).

    V-se assim que, a menos que se conhea a entidade ou pessoa para quem

    o bem ou propriedade tem valor, qualquer declarao de valor desse bem ou

    propriedade perde o sentido, da mesma forma, a poca e o lugar so tambm

    requisitos indispensveis a uma declarao de valor, como tambm a finalidade da

    avaliao.

    O valor do lanamento fiscal de uma propriedade tanto um valor dessa

    propriedade, quanto o seu valor de mercado ou seu valor de reproduo, todavia,

    sabido que qualquer desses valores jamais igual aos outros.

    O prprio dinheiro sofre variao no seu poder aquisitivo devido ao fenmeno

    da inflao e, assim, mesmo que mantidas inalteradas as demais variveis, o valor

    de uma propriedade, quando medida em dinheiro, difere de uma poca para outra.

    Por outro lado, supondo-se um sistema em que o dinheiro no sofra variao no seu

    poder aquisitivo, o valor de uma propriedade pode sofrer aumento (valorizao) ou

    diminuio (desvalorizao) devido a fatores externos, tais como o asfaltamento do

    logradouro onde se situa ou a construo de uma via elevada em sua frente.

    Os valores futuros sofrem desconto quando so expressos na poca

    presente ou em outra antes da sua realizao, assim, uma dada soma em dinheiro

    na mo hoje vale mais do que a mesma soma a ser recebida numa data futura.

    O valor atual das quantias futuras calculado por frmulas de juros

    compostos, adotando-se taxas de juros adequadas e compatveis com as de

    investimentos longo prazo.

    A base fundamental do valor de qualquer propriedade especfica o valor

    atual, para o atual proprietrio ou comprador interessado, dos provveis servios

    futuros esperados da propriedade, durante sua provvel vida produtiva futura em

    servio.

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    17

    Relao Custo e Preo

    As palavras Custo e Preo tm significados distintos. Preo a quantia paga

    pelo comprador ao vendedor, por um certo bem, enquanto que o Custo o

    investimento feito para a realizao de tal bem.

    O Custo de Reproduo ou Original de uma propriedade a estimativa

    de dispndio necessrio a se criar uma propriedade idntica ao nvel de

    preos de seus insumos, em uma data especfica.

    O Custo de Reposio ou Substituio de uma propriedade a

    estimativa de dispndio necessrio para substituir o servio prestado pela

    propriedade existente pelo de outra, de qualquer tipo, mas que possa

    prestar o mesmo servio ao nvel de preos de uma data especfica.

    Portanto, como se pode ver, o custo de uma propriedade no

    necessariamente igual ao seu preo, nem tambm ao seu valor, embora o custo

    seja uma prova de valor; por outro lado, na investigao do valor de uma

    propriedade usual procurar conhecer tanto o custo original quanto o seu custo de

    reposio.

    geralmente seguro considerar que o valor de uma propriedade para seu

    dono foi igual, pelo menos, ao seu preo no momento em que ele a adquiriu, mas

    para qualquer outra pessoa ou outra finalidade, o custo original no tem nenhuma

    relao com estes valores.

    Conceitos Relacionados ao Valor

    As definies de valor que vimos devem ser suplementadas por outros

    conceitos tcnicos freqentemente aplicados na engenharia de avaliaes, e que

    devem ser do conhecimento do avaliador. Tais conceitos so:

    Capitalizao o processo matemtico de obteno do valor atual de

    uma ou mais prestaes peridicas futuras.

    Depreciao a perda do valor de um bem causada por obsolescncia

    fsica, econmica ou funcional.

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    18

    Desapropriao o poder que possuem governos ou entidades,

    agindo em seu nome e com sua autoridade, de tomar propriedades

    privadas, para uso pblico, independentemente de consentimento do

    dono, e contrapagamento justo de indenizao compensatria.

    Investimento O investimento numa empresa a soma dos custos

    originais dos vrios itens de propriedade que constituem a empresa.

    Obsolescncia Econmica a perda da utilidade de uma propriedade

    resultante de fatores econmicos, tais como mudanas do uso timo, da

    legislao sobre posturas municipais ou da relao entre a oferta e

    procura.

    Obsolescncia Fsica a perda da utilidade de uma propriedade

    resultante de fatores fsicos, tais como deteriorao por uso, desgaste,

    envelhecimento, oxidao, incrustaes, rachaduras e outros.

    Obsolescncia Funcional a perda da utilidade de uma propriedade,

    resultante de fatores tais como mudanas na arte de projetar, nas

    exigncias legais ou surgimento de novos produtos, projetos ou

    concepes que substituam essa perda com vantagem.

    Patrimnio Fsico O patrimnio fsico de uma empresa aquela parte

    da propriedade que tem existncia fsica, que pode ser observada pelos

    sentidos. No caso de uma indstria, tal patrimnio consiste em muitas

    unidades fsicas, tais como, terrenos, edificaes, mquinas, postes, fios,

    trilhos, estradas, jazidas, poos, pontes, barragens, etc.

    Patrimnio Intangvel O patrimnio intangvel de uma empresa

    aquela parte da propriedade que no tem existncia fsica, os exemplos

    so: a organizao, o financiamento, o fundo de comrcio, as patentes, as

    marcas, os contratos, as concesses, etc.

    Renda Razovel aquela quantia de renda anual, acima da todas as

    despesas de operao, e que representa uma compensao razovel

    para os donos, pelo seu investimento na empresa, por assumirem os

    riscos e incertezas da operao, e pelas funes de gerncia no

    remuneradas.

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    19

    Tarifa A tarifa de um servio aquela quantia estabelecida pela

    autoridade reguladora como base para a determinao das despesas dos

    consumidores e que proporcione uma renda razovel para os donos do

    servio.

    Taxa de Capitalizao uma taxa de renda estabilizada e esperada de

    um investimento, tambm uma taxa qual as rendas futuras so

    descontadas e sempre compatveis com os riscos envolvidos no

    investimento.

    Avaliao

    Entende-se por avaliao o conjunto de operaes atravs das quais pode

    mos somar juzo sobre o valor de um bem, e, no caso especfico de bens imveis,

    sobre o valor de uma propriedade ou de um direito a ela relativo, ou seja:

    a determinao da soma em dinheiro que, em um dado momento, se

    pode atribuir, em vista de um escopo prefixado a um determinado imvel;

    a apreciao do valor que tenha, em determinada data, o todo ou parte

    de um bem;

    a tcnica de estimar, comercialmente ou para efeitos legais, o valor dos

    imveis e de outros bens;

    o trabalho tcnico que compreende um conjunto de raciocnios,

    inspees e clculos tendentes a determinar o valor de um bem.

    Avaliaes Especiais

    Em algumas ocasies podem ser solicitados aos avaliadores elaborao de

    trabalhos especiais que visam determinao de certos tipos de valor que no o

    valor de mercado. Para tanto o avaliador deve seguir as seguintes premissas

    bsicas:

    Sempre que a finalidade de uma avaliao exigir o clculo de outro valor

    que no o de mercado, tais como: valor histrico, valor de garantia, valor

    de seguro, valor tributrio, valor potencial e outros, o avaliador deve

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    20

    explicitar a, sua conceituao, de forma clara e precisa, incluindo-a no

    laudo;

    A determinao do valor de mercado obrigatria, mesmo que o escopo

    principal da avaliao seja o clculo especfico de outro tipo de valor;

    Sempre que possvel, o avaliador dever indicar a correlao existente

    entre o valor de mercado e o outro, que est sendo objeto de apurao

    especial.

    Credibilidade

    consensual que os aspectos mais importantes de uma avaliao so a

    idoneidade, a integridade e todas as demais virtudes morais do profissional

    avaliador ou do responsvel tcnico das empresas que se dedicam elaborao de

    trabalhos avaliatrios.

    Outro fator preponderante a atitude independente que deve caracterizar o

    profissional, a fim de colocar-se em posio absolutamente imune s presses de

    grupos, aos interesses de partes, s sugestes e s insinuaes, sempre que tais

    assdios revelarem a inteno de distorcer os resultados finais.

    A avaliao no deve ser emprica, mas tcnica e, nesse sentido, impe-se

    observar com rigor as recomendaes constantes das normas brasileiras da

    Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    A avaliao deve ser conduzida com objetividade, a partir de dados

    coletados no mercado, utilizando-se a metodologia adequada e o instrumental

    matemtico e estatstico recomendvel a cada caso. O subjetivismo deve ser

    totalmente eliminado ou reduzido a um mnimo indispensvel, sempre devidamente

    justificado.

    1.5 Mercado Imobilirio

    O mercado imobilirio pode ser dividido em segmentos, como mercado de

    apartamentos, casas, lojas escritrios, terrenos, glebas (urbanas e rurais),

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    21

    armazns, vagas de garagem, etc. Outra diviso a do mercado para compra,

    venda ou locao.

    O mercado de imveis tem um comportamento distinto de outros mercados,

    tais como o mercado de automveis, eletrodomsticos e outros desta natureza. Os

    principais fatores que distinguem os imveis de outros bens so a vida til elevada,

    a singularidade, a sua localizao e fixao espacial e as interferncias das leis

    municipais, estaduais e federais.

    A vida til elevada dos bens do mercado imobilirio pode proporcionar

    dificuldades de mensurao de seu valor, pois este influenciado pelas suas

    caractersticas fsicas, tais como padro de acabamento e estado de conservao.

    Imveis com a mesma idade real podero estar em estados de conservao

    diferenciados, em virtude da manuteno predial executada ao longo de tempo.

    Outro complicador a singularidade dos imveis. Por mais coincidentes que

    sejam suas caractersticas, pelo menos a localizao deles ser diferente, o que

    refora o conceito de que no existe, no mercado imobilirio, um imvel igual a

    outro.

    Da mesma forma, o mercado imobilirio um mecanismo dinmico, com

    transformaes ao longo do tempo, sendo afetado por diversos fatores, sejam eles

    valorizantes ou desvalorizantes.

    Neste sentido, a determinao do valor de um imvel no tarefa trivial e

    requer a aplicao de conhecimentos cientficos.

    1.6 Procedimentos de Avaliao

    Na determinao do valor de um imvel, sempre que possvel, o avaliador

    no deve se ater a um nico aspecto da questo, convindo considerar

    simultaneamente vrios fatores, especialmente a utilidade e o custo, por serem

    inseparveis e complementares.

    O raciocnio do avaliador, nesse caso, deve ser no sentido de que o objetivo

    da avaliao seja o de encontrar a tendncia central ou mdia ponderada, indicada

    por importantes dados do mercado e para alcanar isso o avaliador fica

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    22

    subordinado aos seguintes procedimentos de trabalho, de acordo com a NBR

    14.653 (2001).

    Atividades Bsicas

    Preliminares

    recomendvel que o avaliador ao ser contratado ou designado para fazer

    uma avaliao esclarea preliminarmente alguns aspectos essenciais para definir o

    mtodo de avaliao e eventuais nveis de fundamentao e preciso que se

    pretende atingir e estabelecer:

    Finalidade da avaliao: Locao, aquisio, doao, alienao, dao

    em pagamento, permuta, garantia, fins contbeis, contratao de seguro,

    arrematao, adjudicao entre outros;

    Objetivo da avaliao: Determinao do valor de mercado de compra e

    venda ou locao ou outros valores, tais como: valor em risco, valor

    patrimonial, custo de reedio, valor de liquidao, valor de desmonte,

    indicadores de viabilidade ou outros;

    Prazo limite para apresentao do laudo;

    Condies utilizadas no caso de laudos restritos.

    Documentao

    Requisio da documentao Cabe ao engenheiro de avaliaes

    solicitar ao contratante ou interessado o fornecimento da documentao

    relativa ao bem, necessria realizao do trabalho;

    Conhecimento da documentao recomendvel que, ao iniciar o

    procedimento de avaliao, a primeira providncia do engenheiro de

    avaliaes seja tomar conhecimento da documentao disponvel. Na

    impossibilidade de o contratante ou interessado fornecer toda a

    documentao necessria ou esclarecer eventuais incoerncias, o

    engenheiro de avaliaes dever julgar sobre a possibilidade de elaborar

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    23

    a avaliao. Em caso positivo, dever deixar claramente expressas as

    ressalvas relativas insuficincia ou incoerncia da informao, bem

    como os pressupostos assumidos em funo dessas condies.

    Legislao a Consultar

    Recomenda-se consultar as legislaes municipais, estaduais e federais,

    bem como, examinar outras restries (inclusive decorrentes de passivo ambiental)

    ou incentivos que possam influenciar no valor do imvel.

    Para realizar avaliaes em Curitiba, essencial o avaliador consultar a Lei

    n 9.800 de 03 de janeiro de 2000, que dispe sobre o Zoneamento, Uso e

    Ocupao do Solo no Municpio de Curitiba, Leis e Decretos complementares.

    Vistoria ou Inspeo do Bem Avaliando

    Nenhuma avaliao poder prescindir da vistoria. Em casos excepcionais,

    quando for impossvel o acesso ao bem avaliando, admite-se a adoo de uma

    situao paradigma, desde que acordada entre as partes e explicitada no laudo.

    A vistoria deve ser efetuada pelo avaliador com o objetivo de conhecer e

    caracterizar o bem avaliando e sua adequao ao seu segmento de mercado, da

    resultando condies para a orientao da coleta de dados.

    recomendvel registrar as caractersticas fsicas e de utilizao do bem e

    outros aspectos relevantes formao do valor (fotos, filmes, gravaes,

    levantamentos feitos in loco, entre outros).

    O conhecimento de estudos, projetos ou perspectivas tecnolgicas que

    possam vir a afetar o valor do bem avaliando dever ser explicitado e suas

    consequncias apreciadas.

    Alm do exposto, fazer observaes quanto:

    Caracterizao da regio, no que diz respeito:

    - Aspectos gerais: anlise das condies econmicas, polticas e

    sociais, quando relevantes para o mercado, inclusive usos anteriores

    atpicos ou estigmas;

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    24

    - Aspectos fsicos: condies de relevo, natureza predominante de solo

    e condies ambientais;

    - Localizao: situao no contexto urbano, com indicao dos

    principais plos de influncia;

    - Uso e ocupao do solo: confrontar a ocupao existente com as leis

    de zoneamento e uso do solo do municpio, para concluir sobre s

    tendncias de modificao a curto e mdio prazo;

    - Infra-estrutura urbana: sistema virio, transporte coletivo, coleta de

    resduos slidos, rede de gua potvel, energia eltrica, telefone,

    redes de cabeamento para transmisso de dados, comunicao e

    televiso, rede de esgoto sanitrio, guas pluviais e gs canalizado;

    - Atividades existentes, tais como comrcio, indstria e servios;

    - Equipamentos comunitrios, tais como segurana, educao, sade,

    cultura e lazer.

    Caracterizao do terreno, no que diz respeito a:

    - Localizao: situao na regio e via pblica, com indicao de limites

    e confrontaes;

    - Utilizao atual e vocao, em confrontao com a legislao em

    vigor;

    - Aspectos fsicos: dimenses, forma, topografia, superfcie, solo, etc;

    - Infra-estrutura urbana disponvel;

    - Restries fsicas e/ou legais quanto ao aproveitamento.

    Caracterizao das edificaes e benfeitorias:

    - Aspectos construtivos quantitativos, qualitativos e tecnolgicos,

    comparados com a documentao disponvel;

    - Aspectos arquitetnicos, paisagsticos e funcionais, inclusive quanto

    ao conforto ambiental;

    - Adequao da edificao em relao aos usos recomendveis para a

    regio;

    - Condies de ocupao.

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    25

    Situaes Especiais

    - Vistoria por amostragem: Na avaliao de conjunto de unidades

    autnomas padronizadas, a NBR 14.653-2 (2011) permite a vistoria

    interna por amostragem aleatria de uma quantidade definida

    previamente pelas partes ou, se houver omisso no contrato, de um

    percentual mnimo de 10% do total das unidades de cada bloco ou

    conjunto de unidades de mesma tipologia.

    - Impossibilidade de vistoria: Quando no for possvel o acesso do

    avaliador ao interior do imvel, o motivo deve ser justificado no laudo

    de avaliao. Neste caso, em comum acordo com o contratante, a

    vistoria interna pode ser prescindida e a avaliao pode prosseguir

    com base nos elementos que for possvel obter ou fornecidos pelo

    contratante, tais como:

    - descrio interna;

    - no caso de apartamentos, escritrios e conjuntos

    habitacioanais, a vistoria externa das reas comuns, a vistoria de

    outras unidades do mesmo edifcio e informaes da respectiva

    administrao;

    - no caso de unidades isoladas, a vistoria externa;

    - Planta de valores: Nas avaliaes em massa, a partir de dados

    cadastrais, recomenda-se vistoria por amostragem, com o objetivo de

    aferir os critrios e percepes considerados no cadastro.

    Pesquisa de Valores

    Como j visto, avaliar comparar valores e, para tanto, o profissional deve-se

    valer de fontes de informao, dentre as quais se destacam as transaes

    efetivadas e os anncios de ofertas.

    Informaes sobre transaes imobilirias efetivadas podem ser obtidas nos

    cartrios de registros de imveis, em tabelionatos, em corretoras de imveis, em

    imobilirias e em rgo pblicos, tais como departamentos de rendas e tributos. Em

    todos os casos, o profissional avaliador deve-se acautelar quanto veracidade das

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    26

    informaes obtidas, pois compromissos de compra e venda particulares podem

    refletir melhor as condies provveis de preos reais de transaes imobilirias do

    que as escrituras definitivas, isto porque, nos compromissos, comprador e vendedor

    se cercam de cuidados para evitar inadimplncias contratuais, j nas escrituras

    definitivas, pode ser conveniente, para ambos, por razes tributrias, que o imvel

    fique registrado por preo superior ou inferior ao efetivo.

    Os elementos oriundos de anncios e ofertas podem ser obtidos em jornais,

    corretores, organizaes imobilirias, publicaes especializadas, Internet, etc.

    Estes nem sempre trazem todos os dados necessrios pesquisa e devem sempre

    ser comprovados com uma visita at o local da oferta.

    Da pesquisa de elementos, transaes e ofertas, devero constar os

    seguintes dados:

    Data da transao, do compromisso, do anncio ou da oferta;

    Fonte da informao;

    - Se transao ou compromisso de compra e venda: identificao do

    tabelionato, cartrio ou registro de imveis, nmero da transcrio,

    inscrio ou registro, nmero do livro e folhas, natureza do documento

    pesquisado, etc.

    - Se for anncio: Nome do jornal ou da publicao, pgina, nome do

    informante, endereo e telefone;

    - Se oferta ou informao: nome, endereo e telefone do informante;

    - Se elemento coletado pela Internet: home-page, endereo, telefone e

    contato;

    Caractersticas dos elementos de comparao:

    - Localizao: endereo do imvel pesquisado (rua, nmero, quadra

    entre ruas, lote), distncia da esquina mais prxima ou via pblica

    mais conhecida, bairro, setor e quadra da planta genrica de valores

    da Prefeitura do Municpio, no caso de imveis rurais devem ser

    fornecidos mais elementos que possibilitem a sua localizao;

    - Dimenses: testada, profundidades, rea, forma, mais de uma frente;

    - Topografia: plano, declive (leve ou acentuado), aclive (leve ou

    acentuado);

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    27

    - Caractersticas do solo: seco, alagadio, etc;

    - Infra-estrutura urbana: pavimentao, drenagem, transporte, energia

    eltrica, rede de gua e esgoto, equipamentos comunitrios, etc.

    - Caractersticas do entorno: fatos relevantes para valorizao ou

    desvalorizao extrnsecas, tais como a proximidade a parques ou

    locais que permitam vista panormica ou, ocupaes irregulares,

    fbricas, pontes, viadutos, etc.

    - Natureza da atividade: residncias, comercial, religioso, educao,

    etc.

    - Restries quanto ao uso ou ocupao;

    - Caractersticas das construes e benfeitorias: rea, tipo da

    construo, padro construtivo, idade (aparente), estado de uso e

    conservao, etc.

    - Preo e condies de venda;

    - Croqui elucidativo: posio do imvel na quadra ou bairro, forma

    aproximada, implantao das construes e benfeitorias, norte

    magntico, etc.

    - Relatrio fotogrfico: fotos externas e internas.

    Os elementos de comparao, normalmente, no so idnticos na forma,

    dimenses, topografia, localizao, poca de oferta ou transao, etc., tornando

    impraticvel uma comparao direta, cumpre, pois, homogeneiz-los para

    possibilitar a comparao. A homogeneizao consiste em aplicar fatores de

    correo, visando transformar os preos dos elementos de comparao em preos

    de terrenos que tivessem dimenses ideais, como se a transao ou oferta fosse

    atual, de forma a permitir a inferncia de tais valores para o imvel avaliando.

    Recomendaes quanto pesquisa:

    - recomendvel buscar a maior quantidade possvel de elementos

    comparativos de mercado, com atributos comparveis (mais

    semelhantes possveis) ao bem avaliando.

    - Recomenda-se, tambm, diversificar as fontes de informao, sendo

    que as informaes devem ser cruzadas, tanto quanto possvel, com o

    objetivo de aumentar a confiabilidade dos dados de mercado.

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    28

    - Procurar dados de mercado contemporneos com a data de referncia

    da avaliao;

    - Buscar informaes sobre o tempo de exposio no mercado e, no

    caso de transaes efetivadas, verificar a forma de pagamento

    praticada e a data que as mesmas ocorreram.

    A partir da pesquisa dos elementos de comparao Pesquisar a tendncia

    central ou mdia ponderada dos resultados obtidos para se chegar finalmente ao

    Valor Mais Provvel do bem sob avaliao.

    Para facilitar a coleta das informaes o avaliador pode utilizar de fichas

    padronizadas para pesquisa de terrenos e/ou construes, como as apresentadas

    no Anexo 1.

    1.7 Mtodos de Avaliao

    A metodologia aplicvel funo, basicamente, da natureza do bem

    avaliado, da finalidade da avaliao e da disponibilidade, qualidade e quantidade de

    informaes colhidas no mercado. A sua escolha deve ser justificada e ater-se ao

    estabelecido na NBR 14.653 (2001), bem como nas demais partes que compem a

    referida norma brasileira, com o objetivo de retratar o comportamento de mercado

    por meio de modelos que suportem racionalmente o convencimento de valor, em

    situaes normais e tpicas de mercado.

    Em situaes atpicas, onde ficar comprovada a impossibilidade de utilizar as

    metodologias recomendadas pela norma brasileira facultado ao avaliador o

    emprego de outros procedimentos, desde que devidamente justificados.

    Os procedimentos avaliatrios usuais, com a finalidade de identificar o valor

    de um bem, de seus frutos e direitos, o seu custo, bem como aqueles para

    determinar indicadores de viabilidade, de acordo com a NBR-14.653 (2001), so:

    Mtodos Clssicos (Anlise Determinstica)

    Mtodo Comparativo Direto de Dados de Mercado Tratamento por

    Fatores: Identifica o valor de mercado do bem por meio de tratamento

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    29

    tcnico dos atributos dos elementos comparveis, constituintes da

    amostra.

    Mtodo Involutivo: Identifica o valor de mercado do bem, alicerado no

    seu aproveitamento eficiente, baseado em modelo de estudo de

    viabilidade tcnico-econmica, mediante hipottico empreendimento

    compatvel com as caractersticas do bem e com as condies de

    mercado no qual est inserido, considerando-se cenrios viveis para

    execuo e comercializao do produto.

    Mtodo Evolutivo: Identifica o valor do bem a partir da determinao do

    custo das parcelas componentes do mesmo. O custo, por sua vez, pode

    ser determinado atravs de tcnicas comparativas diretas de mercado ou

    atravs de tcnicas de quantificao (oramentos sintticos ou analticos).

    Caso a finalidade seja a identificao do valor de mercado, deve ser

    considerado o Fator de Comercializao, preferencialmente medido por

    comparao no mercado.

    Mtodo da Capitalizao da Renda: Identifica o valor do bem, com base

    na capitalizao presente da sua renda lquida prevista, considerando-se

    cenrios viveis.

    Mtodos Cientficos (Anlise Probabilstica)

    Inferncia Estatstica por Regresses Mltiplas: Identifica o valor do

    bem com base em uma amostra representativa do segmento de mercado

    em anlise, utilizando as tcnicas tradicionais da econometria e com o

    clculo dos coeficientes atravs do mtodo dos Mnimos Quadrados

    Ordinrios (MQO), conforme o algoritmo genrico:

    nn XXXXY .....332211

    Onde: Y = valor da varivel dependente

    = parmetro indicativo de intercepto

    n = parmetros indicativos dos coeficientes de regresso das

    variveis Xn (regressores)

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    30

    Regresso Espacial: Identifica o valor do bem utilizando a Inferncia

    Espacial e pela formao de uma superfcie de distribuio espacial de

    valores formada pelo gradiente de linhas de iso-valores. Este mtodo

    mais utilizado para avaliao em massa e para a elaborao de plantas

    genricas de valores e planos diretores. Existem duas formas de se

    diagnosticar a presena de autocorrelao espacial em dados

    imobilirios: pela anlise grfica do semivariograma ou utilizando-se

    testes estatsticos especficos, como os testes de Moran I e os testes LM

    (Multiplicador de Lagrange). No primeiro caso, a inferncia espacial

    realizada pelo processo KRI (Krigeagem Residual Interativo), que tem por

    fundamento a Teoria da Varivel Regionalizada, pela outra metodologia,

    estes efeitos so diagnosticados pela construo de matrizes de

    vizinhana (CAN, 1990; CASE et al., 1991; DANTAS et al., 2002; GARCIA

    et al., 2002 e DANTAS, 2003).

    Redes Neurais Artificiais: As RNAs foram desenvolvidas a partir de uma

    tentativa de reproduzir em computador um modelo que simule a estrutura

    e funcionamento do crebro humano e que possuem a capacidade de

    aprender atravs da apresentao de exemplos. As RNAs do tipo

    multicamadas permite obter respostas com modelos lineares e no

    lineares e melhorar seu desempenho gradativamente, na medida em que

    interagem com o meio externo, quando se deseja estudar o

    comportamento de uma ou mais variveis independentes em relao

    outra varivel dependente. Com base em uma amostra de mercado, os

    parmetros populacionais so estimados por aprendizado e posterior

    generalizao, para tanto, as RNAs so compostas por camadas de

    neurnios interconectados (Fig. ).

  • ENGENHARIA DE AVALIAES Prof. Adauto J. Miranda de Lima

    31

    (A)

    (B)

    FIGURA REPRESENTAO DE: A- UM NEURNIO ARTIFICIAL, B- CAMADAS DE NEURNIOS

    INTERCONECTADOS (PELLI, 2006)

    Uma rede composta de um neurnio na camada de sada e de uma nica

    camada intermediria (Fig. A) , geralmente, suficiente para modelar o

    mercado imobilirio e gera, numa nica sada, uma funo linear do tipo:

    m

    i

    s

    n

    j

    ijijii bbxwfwfskY1 1

    )(

    Onde:

    Y(k) = valor estimado para o imvel avaliando k;

    bs = termo de polarizao de neurnio da camada de sada;

    bi = termo de polarizao do neurnio da camada intermediria;

    wi = representa os pesos da sada da cada neurnio da camada

    intermediria;

    wij = representa os pesos da entrada j, conectado na sada do i-simo

    neurnio da camada intermediria;

    xj = representa os valores das variveis independentes para o imvel

    avaliando;

    fs = a funo de ativao da camada de sada;

    fi = a funo de ativao da camada intermediria;

    n = nmero de entradas (variveis independentes);

    m = nmero de neurnios da camada intermediria.

    Como os estudos com RNAs so relativamente novos, muitas pesquisas

    vm sendo realizadas e ainda no existe literatura que trate de sua

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    32

    utilizao especfica em engenharia de avaliaes, porm a norma ABNT

    NBR 14.653-2 (2011) permite sua aplicao.

    Anlise de Envoltria de Dados sob Dupla tica (EDO/DEA): A

    EDO/DEA surgiu como um instrumento para avaliar a eficincia de um

    conjunto de unidades de produo, diferindo do enfoque estatstico

    tradicional na medida em que no se prope a relacionar uma

    determinada unidade com a mdia ou mediana dos resultados das

    unidades comparveis, mas sim com a unidade mais eficiente

    (benchmarking). Ao invs de ser um mtodo com enfoque nas medidas de

    tendncia central, a inteno se situar nas unidades extremas que

    compem a Fronteira da Envoltria dos Dados (valores) sob as ticas do

    vendedor (Modelo Produto-Orientado) e do comprador (Modelo Insumo-

    Orientado), conforme exemplo apresentado na Figura 1.

    FIGURA 1 DEFINIO DE FRONTEIRAS PARA DETERMINAO DE VALOR COM ANLISE DE DUPLA TICA

    A estimativa pontual do valor do imvel (Y), que corresponde ao resultado

    da avaliao, calculada com a utilizao da curva de tendncia central

    (CTC/EDO), pela minimizao dos erros, conforme a expresso:

    YcYcYvZY )(

    Onde:

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    33

    obs

    obsobs

    Yhchv

    hcYYZ

    1

    Z = constante resultante da minimizao dos erros;

    Y = estimativa pontual do valor do imvel,

    Yobs = preo observado do dado de mercado j;

    Yv = valor do imvel projetado na envoltria do vendedor para o dado de

    mercado j;

    Yc = valor do imvel projetado na envoltria do comprador para o dado de

    mercado j;

    hc = distncia normalizada do dado de mercado j at a envoltria do

    comprador;

    hv = distncia normalizada do dado de mercado j at a envoltria do

    vendedor.

    A utilizao desta tcnica para avaliao imobiliria foi proposta pela

    primeira vez em 2002. Da mesma forma que as RNAs, a norma 14.653-2

    (2011) permite sua aplicao.

    Sistemas Nebulosos Redes Neuro-Fuzzy: A estrutura das redes

    Neuro-Fuzzy est baseada na teoria dos Sistemas Nebulosos. Para cada

    elemento no Universo que est contido em um Conjunto Nebuloso, a

    transio deste elemento de um conjunto para outro se processa de forma

    gradual, em contraste com os conjuntos clssicos. Como consequncia,

    um elemento pertencer ou no a um Conjunto Nebuloso envolve a

    definio de um grau de relacionamento, definido como Funes de

    Pertinncia. Esta estrutura permite representar, atravs de variveis

    lingusticas, o conhecimento humano, utilizando Regras Nebulosas do tipo

    SE ENTO, que se compem de uma expresso natural de nossa

    linguagem. Desta forma, no mercado imobilirio as regras nebulosas so

    expressas como por exemplo: SE o padro de acabamento X, ENTO o

    valor do imvel Y. A utilizao deste mtodo impe a utilizao de

    Sistemas de Inferncia Nebulosos ou ANFIS (Adaptative Neuro-Fuzzy

    Inference Systems).

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    34

    1.8 O Processo de Avaliao Escolha dos Mtodos

    O processo de avaliao uma tcnica metdica, com estgios definidos, a

    qual pode ser empregada, s vezes com algumas variaes, nas aes de qualquer

    tipo de propriedade.

    Esse processo comea com a identificao do problema, a qual abrange dois

    aspectos fundamentais: o referente propriedade a avaliar e o referente

    finalidade da avaliao.

    Na identificao da propriedade temos a destacar inicialmente a sua

    identidade, isto , a sua localizao, sua indicao fiscal ou sua inscrio imobiliria

    e descrio to minuciosa quanto necessria, o que pode ser obtido em Curitiba,

    atravs de uma consulta ao Cadastro Tcnico da Prefeitura Municipal de Curitiba

    (Guia Amarela) e, em seguida destacar quais so os interesses a avaliar: se o

    terreno, as benfeitorias, as servides, as jazidas minerais, etc.

    No que se refere finalidade da avaliao, devemos destacar que espcie de

    valor procurado: se valor venal, se o custo de reproduo, a renda, etc.., e

    tambm se a avaliao se destina a fins de desapropriao, para a taxao de

    impostos, para renovao de contratos de locao, para hipotecas ou garantias

    fiducirias ou outro fim, bem como a que data dever se referir essa avaliao.

    Uma vez assim identificado o problema, o processo de avaliao continua

    com um levantamento preliminar, o qual servir para indicar qual a base mais

    aconselhvel para se efetuar a avaliao: se pelo Mtodo Comparativo de Dados de

    Mercado (Tratamento por Fatores), pelo Mtodo da Renda, pelo Mtodo Evolutivo

    pelo Mtodo Involutivo, ou atravs de Mtodos Cientficos, como atravs de

    Inferncia Estatstica ou outros, e assim fazer uma escolha do melhor plano de

    trabalho.

    Exemplificando, suponhamos que voc venha a se defrontar com o problema

    de avaliar uma igreja localizada na regio central de uma cidade, que dever ser

    desapropriada para atender a implantao de uma obra pblica, portanto, como em

    toda avaliao o Valor do Imvel (Vi) determinado pela soma do Valor do Terreno

    (Vt) e da Construo e demais benfeitorias que existam sobre o terreno (Vc), de

    acordo com a expresso:

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    35

    Vi = Vt + Vc

    Onde:

    Vt = rea do terreno (m2) x Valor Unitrio do Terreno (R$/m

    2)

    Vc = rea Equivalente de Construo (m2) x Valor Unitrio da Construo (R$/m

    2)

    O avaliador deve estar de posse da documentao relativa ao terreno, de

    onde, dentre outras informaes, verificar a sua dominialidade, suas dimenses e

    rea e seus confrontantes, de forma a se certificar que se trata do imvel correto a

    ser avaliado.

    Quanto construo, se houver averbao na matrcula do imvel, o

    avaliador j obter sua rea construda e sua idade aproximada, em funo da data

    da averbao. Caso no haja a averbao da construo, o avaliador dever

    proceder determinao da rea construda mediante medio in loco. Da mesma

    forma, o avaliador dever fazer um levantamento do tipo e padro da edificao e

    determinar sua idade aparente.

    De posse destas informaes bsicas, o avaliador pode partir para a escolha

    do mtodo de avaliao que julgar mais indicado.

    Como se pode deduzir, uma igreja no produz renda, portanto, pode o

    avaliador de incio descartar o Mtodo da Renda para determinar a valor do imvel.

    O Valor do Terreno (Vt), se houver uma amostra representativa de lotes

    vagos na mesma regio onde se localiza o objeto da avaliao, pode ser

    determinado pelo Mtodo Comparativo (Fatores) ou atravs de Inferncia

    Estatstica. Caso no haja uma amostra de terrenos vagos, pode-se optar por

    avali-lo atravs do Mtodo Involutivo, a no ser que este esteja localizado em

    Zoneamento Especial, que no permita uma utilizao tradicional, como a

    construo de edifcios comerciais e/ou residenciais.

    Para a determinao do Valor da Construo (Vc), descarta-se de imediato o

    Mtodo Comparativo e a determinao atravs de Inferncia Estatstica, pois

    dificilmente se encontraria uma amostra composta de igrejas venda no mercado.

    Portanto para a determinao do Vc, neste caso, seria recomendado o avaliador

    utilizar o Mtodo Evolutivo.

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    36

    Para tentar facilitar a tomada de deciso sobre quais mtodos adotar diante

    de um trabalho de avaliao, apresenta-se, na prxima pgina, um fluxo que tenta

    descrever o processo de avaliao desde os primeiros passos at a escolha do

    mtodo mais indicado para cada caso.

    Convm aqui, desde logo, observar que nenhum mtodo de avaliao

    exato, sendo uns mais trabalhosos do que os outros e alguns mais fundamentados

    do que outros, disso resultando, que o mximo que um avaliador sincero e leal pode

    aspirar encontrar um valor provvel, que muito se aproxime do valor de mercado,

    sendo esse valor de mercado o efeito de diversas variveis, a maior parte dos quais

    de origem psicolgica e, portanto, no suscetveis de serem medidos e comparados.

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    37

    Tcnic

    a d

    o

    Infe

    rncia

    Esta

    tstica

    R

    egre

    sso E

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    Anlis

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    Quantific

    ao

    S

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    err

    eno

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    uo

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    e M

    erc

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    Valo

    r Locativo

    Etc

    .

    Invo

    lutivo

    Mto

    do

    Mto

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    Mto

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    Mx.

    Apro

    veitam

    ento

    Resid

    ual

    Pro

    jeto

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    tico

    Tcnic

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    Terr

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    Constr

    uo

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    ues

    Obje

    tivo

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    rente

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    Inte

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    Ava

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    Outr

    os

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    ao d

    e

    Honor

    rios

    Custo

    Terr

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    ides

    Pro

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    e

    Ava

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    Alu

    guel

    Jazid

    as,

    etc

    .

    Refe

    rente

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    Fin

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    V.

    Merc

    ado

    Mto

    dos e

    Tcnic

    as d

    e

    Leva

    nta

    mento

    Pre

    limin

    ar

    Indic

    a B

    ase

    da A

    valia

    o

    Mto

    do

    V.

    Dependente

    (Valo

    r)

    V.

    Independente

    s

    (Cara

    cte

    rsticas)

    Pesquis

    a d

    e

    Merc

    ado

    Obte

    no d

    e

    Dados

    Ref. a

    o Im

    ve

    l

    Ava

    liando

    Ava

    liao

    Ident.

    Varive

    is

    do M

    odelo

    Terr

    eno

    Valo

    r de

    Tcnic

    a d

    a

    Cap.

    Direta

    Dados d

    e M

    erc

    ado

    Anlis

    e d

    os

    Dados

    M.

    Com

    para

    tivo

    Valo

    r de

    M.

    Capitaliz

    ao

    Terr

    eno

    M.

    Com

    para

    tivo

    Constr

    uo

    Com

    para

    tivo

    Evo

    lutivo

    Resid

    ual

    Tcnic

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    Constr

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    sde C

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    38

    1.9 Especificao das Avaliaes

    A especificao ser estabelecida em razo do prazo demandado, dos

    recursos dispendidos, bem como da disponibilidade de dados de mercado e da

    natureza do tratamento a ser empregado.

    As avaliaes podem ser classificadas quanto fundamentao e preciso.

    Grau de Fundamentao

    A fundamentao ser funo do aprofundamento do trabalho avaliatrio,

    com o envolvimento da seleo da metodologia em razo da confiabilidade,

    qualidade e quantidade dos dados amostrais disponveis.

    Grau de Preciso

    A preciso ser estabelecida quando for possvel medir o grau de certeza e

    o nvel de erro tolervel numa avaliao, da conjuntura de mercado, da abrangncia

    alcanada na coleta de dados (quantidade, qualidade e natureza), da metodologia e

    dos instrumentos utilizados.

    Os graus de fundamentao e de preciso nas avaliaes sero definidos

    em decorrncia do tipo de bem a ser avaliado, conforme NBR 14.653 (2001),

    guardado o critrio geral de atribuir graus em ordem numrica e crescente, onde o

    Grau I o menor e Grau III, o maior.

    1.10 Normas de Avaliao

    No Brasil, a ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas o Frum

    Nacional de Normalizao. As Normas Brasileiras, cujo contedo de

    responsabilidade dos Comits Brasileiros (ABNT/CB) e dos Organismos de

    Normalizao Setorial (ABNT/NOS), so elaboradas por Comisses de Estudo (CE),

    formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte:

    produtores, consumidores e neutros (Universidades, laboratrios e outros).

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    39

    A srie de normas, ABNT NBR 14.653, sob o ttulo geral Avaliao de Bens,

    desempenha o papel de guia, indicando os procedimentos gerais, consolidar

    conceitos, mtodos e diretrizes para os servios tcnicos de avaliao de bens, e

    constituda pelas seguintes partes:

    Parte 1 Procedimentos gerais, vigente desde 30/05/2001;

    Parte 2 Imveis urbanos, vigente desde 30/06/2004 e revisada em

    03/03/2011;

    Parte 3 Imveis rurais, vigente desde 30/06/2004;

    Parte 4 Empreendimentos, vigente desde 30/01/2003;

    Parte 5 Mquinas, equipamentos, instalaes e bens industriais em

    geral, vigente desde 05/07/2006;

    Parte 6 Recursos naturais e ambientais, vigente desde 30/06/2008 e

    revisada em 13/03/2009;

    Parte 7 Patrimnios histricos, vigente desde 26/03/2009.

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    40

    2 AVALIAO PELO MTODO COMPARATIVO DE DADOS DE MERCADO

    TRATAMENTO POR FATORES

    2.1 Procedimentos Gerais

    Atravs deste mtodo o valor do bem ou de suas partes constitutivas obtido

    atravs da comparao a dados de mercado, relativos a outros de caratersticas

    similares.

    O mtodo comparativo mediante o tratamento por Fatores de utilizao

    geral e, considerado como diretriz bsica da engenharia de avaliaes, sendo

    adotado para resolver valores de bens imveis (terrenos, lojas, apartamento, etc.)

    bem como para bens mveis, tais como: mquinas, objetos, veculos, etc., desde

    que apresentem populao e respectivo mercado.

    Para uso do mtodo apresentado e suas tcnicas, cumpre verificar os

    seguintes pontos:

    Vistoria minuciosa do bem avaliando;

    Formao da amostra Pesquisa;

    Estudo das variveis de influncia nos elementos da amostra (Fatores de

    Equivalncia e Coeficientes de Equivalncia);

    Tratamento estatstico da amostra;

    Determinao dos valores mais provveis do bem avaliando.

    Vistoria dos Imveis Avaliandos

    Terreno

    A partir da vistoria so coletadas todas as caractersticas prprias ao imvel,

    sejam elas: topografia, configurao, tipo de solo, formato, posio, etc, bem como

    uma caracterizao das regies onde se encontram inseridos, no tocante a

    relacionar aspectos ligados a predominncia de ocupao, economia, infra-estrutura

    urbana, geografia, equipamentos urbanos comunitrios, etc.

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    Construes

    As reas construdas devem ser levantadas mediante medio in loco, e

    confrontadas com as descritas nos documentos dominiais, devendo aquelas

    prevalecerem, para efeito de avaliao, em caso de discordncia.

    As construes devem ser classificadas em tipos, de acordo com o padro

    construtivo aparente e em funo dos materiais de construo empregados.

    A determinao dos Fatores de Depreciao Fsica - obsolncia pela idade,

    aspectos funcionais e de estado de uso e conservao das edificaes, devem ser

    baseados em vistorias no local. Estes ndices erosivos contemplam o desgaste

    fsico pelo uso, pela idade e pelo estado geral das construes.

    Muitas vezes o avaliador pode se deparar com a avaliao de uma

    construo inacabada. Nestes casos, se determina o valor normal para a construo

    acabada e faz-se incidir sobre este, percentuais que representem a fase em que a

    construo realmente se encontra (estado ftico).

    Formao da Amostra de Referncia Pesquisa

    No planejamento de uma pesquisa, o que se pretende a composio de

    uma amostra representativa de dados de mercado de imveis com caractersticas,

    tanto quanto possvel, semelhantes s do avaliando, usando-se toda evidncia

    disponvel.

    Na estrutura da pesquisa so eleitas as variveis que, em princpio, so

    relevantes para explicar a formao de valor e estabelecidas s supostas relaes

    entre si e com a varivel dependente.

    A estratgia de pesquisa refere-se abrangncia da amostragem e s

    tcnicas a serem utilizadas na coleta e anlise dos dados, como a seleo e

    abordagem de fontes de informao, bem como a escolha do tipo de anlise

    (qualitativa ou quantitativa) e a elaborao dos respectivos instrumentos de coleta

    de dados (fichas, planilhas, roteiros de entrevistas, entre outros). No final deste

    Captulo so apresentados modelos de fichas para coleta de dados para formao

    de amostra para construes, terrenos e apartamentos.

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    Identificao das variveis do modelo

    Varivel Dependente

    Para a especificao correta da varivel dependente, necessria uma

    investigao no mercado em relao sua conduta e s formas de expresso dos

    preos (preo total ou unitrio, moeda de referncia, formas de pagamento), bem

    como observar a homogeneidade nas unidades de medida. A varivel dependente

    poder ser especificada com base no valor total ou no valor unitrio, usualmente em

    unidades monetrias medidas por m2 de rea.

    Variveis Independentes

    As variveis independentes referem-se s caractersticas fsicas (rea, frente,

    etc), de localizao (bairro, logradouro, distncia a plo de influncia, entre outros)

    e econmicas (oferta ou transao, poca e condio do negcio, se vista ou a

    prazo). A escolha das variveis independentes est diretamente ligada

    diversidade de caractersticas tanto intrnsecas quanto extrnsecas, aos dados

    pesquisados e ao comportamento do mercado imobilirio de cada regio.

    As variveis independentes podem ser divididas basicamente em trs grupos,

    sendo:

    Variveis quantitativas;

    Variveis qualitativas;

    Variveis dummy ou mudas, que por sua vez podem ser:

    o Variveis Proxy: variveis utilizadas para substituir outra de difcil

    mensurao e que se presume guardar com ela relao de

    pertinncia (por exemplo, utilizao dos valores do CUB para

    descrever o padro construtivo da edificao);

    o Cdigos alocados: escala de valores que guardem gradao em

    relao aos atributos formadores de valor, tais como estado de

    conservao (por exemplo, valor 10 para novo, decerescendo at

    valor 2, para sem valor);

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    o Variveis dicitmicas: descrio sumria (sim e no) quanto a

    existncia de atributos formadores de valor (por exemplo, quanto a

    existncia de elevadores ou vagas de garagem em um edifcio).

    A NBR 14.653-2 9 (2011) recomenda a adoo de variveis quantitativas,

    sempre que possvel.

    Caractersticas de Comparabilidade dos Elementos que Formaro a Amostra

    O avaliador dever prestar toda a ateno na escolha dos elementos que

    utilizar como referncia, procurando sempre similaridade ou condio de viabilizar

    a similaridade, tendo em vista: qualidade, estado de conservao, forma, idade,

    caractersticas especiais, tipo de construo ou fabricao, localizao, fatores

    depreciativos, fatores valorizantes, regio, zoneamento, etc.

    Uma vez detectada a condio de se fazer uma correo de um elemento da

    amostra, torn-lo ento compatvel com os demais elementos pesquisados,

    aplicando os adequados coeficientes de equivalncia, procurando otimizar a

    homogeneizao da amostra com o bem avaliando ou paradigma adotado.

    Levantamento de Dados de Mercado

    O levantamento de dados de mercado tem como objetivo a obteno de uma

    amostragem representativa para explicar o comportamento do mercado no qual o

    imvel avaliando esteja inserido e constitui a base do processo avaliatrio. Nesta

    etapa o engenheiro de avaliaes investiga o mercado, coleta dados e informaes

    confiveis preferentemente a respeito de negociaes realizadas e ofertas,

    contemporneas data de referncia da avaliao, com suas principais

    caractersticas econmicas, fsicas e de localizao.

    As fontes devem ser diversificadas tanto quanto possvel. A necessidade de

    identificao das fontes deve ser objeto de acordo entre os interessados. A NBR

    14.653-2 (2011) impe a obrigatoriedade da identificao das fontes no caso de

    avaliaes judiciais.

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    Os dados de oferta so indicadores importantes do valor de mercado,

    entretanto, devem ser considerados superestimados. A NBR 14.653-2 (2011)

    recomenda quantificar esta diferena pelo confronto com dados de transaes

    efetivadas.

    Na amostragem no se deve considerar informaes que impliquem opinies

    subjetivas. Nestes casos a NBR 14.653-2 (2011) recomenda:

    Visitar cada imvel tomado como referncia, com intuito de verificar, tanto

    quanto possvel, todas as informaes de interesse;

    Atentar para aspectos quantitativos e qualitativos;

    Confrontar as informaes das partes envolvidas, de forma a conferir

    maior confiabilidade aos dados coletados.

    Tratamento por Fatores

    A NBR 14.653-2 (2011) indica que os fatores a serem utilizados neste tipo de

    tratamento devem ser indicados periodicamente pelas entidades tcnicas regionais

    reconhecidas e revisados em perodo