Engenharias Civil, Sanitária, Cartográfica, Agrimensura, Recursos ...
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTEDA FORMAO EM
ENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA
VOLUME IIENGENHARIA CIVIL
ENGENHARIA SANITRIAENGENHARIA CARTOGRFICA
ENGENHARIA DE AGRIMENSURAENGENHARIA DE RECURSOS HDRICOS
ENGENHARIA GEOLGICA
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PRESIDNCIA DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
MINISTRIO DA EDUCAO
SECRETARIA EXECUTIVA DO MEC
SECRETARIA DA EDUCAO SUPERIOR
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISASEDUCACIONAIS ANSIO TEIXEIRA (Inep)
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA (Confea)
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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TRAJETRIA EESTADO DA ARTE
DA FORMAO EMENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA
VOLUME IIENGENHARIA CIVIL
ENGENHARIA SANITRIAENGENHARIA CARTOGRFICA
ENGENHARIA DE AGRIMENSURAENGENHARIA DE RECURSOS HDRICOS
ENGENHARIA GEOLGICA
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TRAJETRIA EESTADO DA ARTE
DA FORMAO EMENGENHARIA,ARQUITETURAE AGRONOMIA
VOLUME IIENGENHARIA CIVIL
ENGENHARIA SANITRIAENGENHARIA CARTOGRFICA
ENGENHARIA DE AGRIMENSURAENGENHARIA DE RECURSOS HDRICOS
ENGENHARIA GEOLGICA
Braslia I DF I outubro I 2010
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Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep) permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.
ASSESSORIA TCNICA DE EDITORAO E PUBLICAES
ASSESSORIA EDITORIALJair Santana Moraes
PROJETO GRFICO/CAPAMarcos Hartwich
DIAGRAMAO E ARTE-FINALMrcia Terezinha dos ReisJos Miguel dos Santos
REVISOFormas Consultoria e Editorao Ltda.
NORMALIZAO BIBLIOGRFICACibec/Inep/MEC
TIRAGEM3.000 exemplares
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANSIO TEIXEIRA (INEP/MEC)SRTVS, Quadra 701, Bloco M, Edifcio-Sede do InepCEP: 70340-909 Braslia-DFwww.inep.gov.br [email protected]
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA (CONFEA)SEPN 508 - Bloco A - Ed. ConfeaCEP: 70740-541 Braslia-DFwww.confea.org.br [email protected] [email protected]
A exatido das informaes e os conceitos e opinies emitidos so de exclusiva responsabilidade dos autores.
ESTA PUBLICAO NO PODE SER VENDIDA. DISTRIBUIO GRATUITA.PUBLICADA EM OUTUBRO DE 2010.
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira
Trajetria e estado da arte da formao em engenharia, arquitetura e agronomia / Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Braslia : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira ; Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, 2010.
3 CD-ROM : il. ; 4 pol.
Contedo: CD 1: Engenharias ; CD 2: Arquitetura e Urbanismo ; CD 3: Engenharia Agronmica. Somente em verso eletrnica.
1. Ensino superior. 2. Engenharias. 3. Arquitetura. 4. Agronomia. I. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
CDU 378:62
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Mensagem do Confea 9
Apresentao do compndio 11
Apresentao do Volume II 17
Captulo I RETROSPECTO SOBRE A FORMAO EM ENGENHARIA NA MODALIDADE CIVIL 21 Introduo 21 A Engenharia Civil 23 O Uso do Cimento e do Concreto Armado 25 O Uso da Madeira na Construo de Edifcios 26 O Uso das Estruturas Metlicas na Construo Civil 28 Hidrulica e Saneamento 31 Transportes 32 A Engenharia Civil no Brasil 34 A Formao em Engenharia Civil 38 A Formao em Engenharia Civil no Brasil 40 A Engenharia Cartogrfica 45 A Engenharia Geolgica 49 O Estado da Arte da Engenharia Geolgica 50 Contexto para a Formao do Profissional 52
SUMRIO
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Perfil do Curso 53 A Engenharia Sanitria e a Engenharia Sanitria e Ambiental 54 A Engenharia de Recursos Hdricos 57 Atividades Profissionais do Engenheiro Hdrico 59 A Engenharia de Agrimensura 60 Histrico 60 Origem dos Engenheiros Agrimensores no Brasil 61 Principais Atividades 62 Cursos de Engenharia de Agrimensura 63 Organizao Curricular: As Diretrizes Curriculares Nacionais da Engenharia e a Resoluo
n 48/76 64
Captulo II REGULAMENTAO E ATRIBUIES PROFISSIONAIS NA MODALIDADE CIVIL 69 Da Regulamentao da Profisso e da Concesso de Atribuies Profissionais 69
A Resoluo n 1.010/2005 A Nova Sistemtica de Concesso de Atribuies Profissionais 75
Captulo III ANLISE DA EVOLUO DOS CURSOS, VAGAS, CANDIDATOS INSCRITOS, INGRESSOS, MATRCULAS E CONCLUINTES DO GRUPO I DAS ENGENHARIAS NO BRASIL, NO PERODO DE 2000 A 2007 81
Apresentao 81 Nmero de Cursos no Brasil 82 Categoria Administrativa 82 Organizao Acadmica 84 Nmero de Vagas no Brasil 87 Categoria Administrativa 87 Organizao Acadmcia 88 Nmero de Candidatos Inscritos no Brasil 91 Categoria Administrativa 91 Organizao Acadmica 92 Nmero de Ingresssantes no Brasil 95 Categoria Administrativa 95 Organizao Acadmica 96 Nmero de Matrculas no Brasil 99 Categoria Administrativa 99 Organizao Acadmica 100 Nmero de Concluintes no Brasil 103 Categoria Administrativa 103 Organizao Acadmica 104 Gnero 107 Relao entre Concluintes e Ingressantes 109
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Captulo IV CONSIDERAES FINAIS 113
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 119
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 127
ANEXO: DADOS SOBRE OS CURSOS DE ENGENHARIA DO GRUPO I (Civil, Sanitria, Cartogrfica, de Agrimensura, de Recursos Hdricos e Geolgica)
1991-2007 Censo 2007/Inep 133
SOBRE OS AUTORES 213
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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MENSAGEM DO CONFEA
A publicao de um compndio sobre a Trajetria e Estado da Arte da Formao em Engenharia,
Arquitetura e Agronomia resulta de um projeto idealizado pelo Inep/MEC desde 2006. Em 2009, o Confea
passou a coordenar os trabalhos por meio de sua Diretoria Institucional que, em conjunto com a Diretoria
de Avaliao do Inep, realizou inmeras reunies com diversos professores colaboradores das Escolas de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia, os quais se dedicaram com afinco a esta desafiante tarefa.
A obra, composta por trs volumes gerais, um para cada categoria Engenharia, Arquitetura
& Urbanismo e Agronomia , constitui um marco bibliogrfico para essas reas de conhecimento
tecnolgico. Foi levantado o estado da arte da formao superior, iniciando-se pelos primrdios da
formao, que remontam ao sculo XVIII, mais precisamente ao ano de 1747, com a criao do primeiro
curso de Engenharia na Frana e com referncias, ainda, ao primeiro livro tcnico da Cincia da Engenharia
editado naquele pas, em 1729.
Os autores abordam o tema por uma retrospectiva que registra no somente o nascimento dos
primeiros cursos da rea tecnolgica no mundo e no Brasil, mas, tambm, a evoluo da cincia e
da formao superior tecnolgica, ao longo de quase 280 anos de histria do Brasil. Nesse contexto,
apresentam minuciosa anlise dos diversos enfoques e aspectos pedaggicos pelos quais passaram
os cursos da rea tecnolgica desde 1792, quando foi criado o primeiro curso de Engenharia na Real
Academia de Artilharia, Fortificao e Desenho, no Rio de Janeiro.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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No bastasse a herclea tarefa de se levantar toda a situao do ensino superior da Engenharia,
Arquitetura & Urbanismo e Agronomia, os autores tambm destacaram a evoluo da regulamentao
do exerccio da profisso de engenheiro, arquiteto urbanista e agrnomo desde o sculo XV. Destaca-
se, nesta retrospectiva, que, ao longo do sculo passado, o processo de concesso de atribuies
profissionais acompanhou as transformaes ocorridas na rea da Educao, chegando-se moderna
Resoluo n 1.010, de 2005. Essa resoluo do Confea revolucionou a sistemtica de concesso de
atribuies profissionais, ao encampar os novos paradigmas da reforma educacional preconizada pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), Lei n 9.394, de 1996, indicando que a graduao
formao inicial, devendo ser complementada com a ps-graduao. Assim, o profissional ser estimulado
a atualizar-se continuamente, pois a ps-graduao ampliar as suas atribuies em qualquer nova rea
do conhecimento tecnolgico a que vier especializar-se.
Por tudo isso, o Confea se sente orgulhoso com essa parceria com o Inep/MEC, que permitiu
oferecer mais uma fonte de consulta sobre a formao tecnolgica de grande importncia para a sociedade
brasileira.
Marcos Tlio de Melo
Presidente do Confea
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
11Compndio composto por 11 volumes sobre a Trajetria e Estado da
Arte da Formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia no Brasil,
em termos de histria, evoluo, crescimento e atualidade.
A ideia de se publicar um compndio sobre a trajetria da formao em Engenharia, Arquitetura e
Agronomia tem origem no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep)
com a publicao, em 2006, do compndio A Trajetria dos Cursos de Graduao na Sade. Em 2007,
o Inep convidou o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e a Associao
Brasileira de Educao em Engenharia (Abenge) para participarem da coordenao e elaborao de com-
pndio similar ao publicado para a rea da Sade. Para tanto, foi constitudo um grupo que se encarregaria
de elaborar esse compndio, constitudo por 11 volumes, correspondente ao perodo de 1991 a 2005,
que era o perodo abrangido pelo Censo da Educao Superior existente poca. Esses volumes seriam
constitudos por um volume geral sobre as engenharias, um volume para cada grupo de modalidades de
Engenharia, organizados para o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2005, e mais um
volume para a Arquitetura e outro para a Agronomia. Houve reunies desse grupo durante o ano de 2007,
momento em que os trabalhos foram iniciados, mas por uma srie de razes os prazos no puderam ser
cumpridos e os trabalhos foram paralisados.
APRESENTAODO COMPNDIO
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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Embora no tenha sido viabilizada em 2007, a ideia de publicao do compndio no arrefeceu.
Em reunies realizadas no Inep e no Confea em 2008, com objetivo de tratar de questes de avaliao de
cursos de Engenharia e do Enade 2008, sempre havia referncia retomada da elaborao do compndio.
Em 2009, por iniciativa do Confea, o seu presidente, engenheiro Marco Tlio de Melo, delegou competncia
ao conselheiro federal do Confea, professor Pedro Lopes de Queirs para articular-se com o presidente
do Inep, professor Reynaldo Fernandes, para, assim, dar continuidade elaborao do compndio e
coordenar os trabalhos de forma conjunta Inep/Confea. Com esse objetivo, foram realizadas, nos dias 4
e 5 de fevereiro de 2009, reunies em Braslia convocadas pelo Confea.
No dia 4 de fevereiro, a reunio ocorreu nas dependncias do Confea1 e tratou da recuperao das
diretrizes para elaborao do compndio em termos de estrutura dos volumes (Quadro A.1), determinao
dos respectivos coordenadores e das equipes participantes da elaborao dos seus 11 volumes. Tambm,
nessa reunio, foi proposto um cronograma para a consecuo desses trabalhos.
No dia 5 de fevereiro, foram realizadas reunies no Inep com a presena de participantes da
reunio do dia 4 e dirigentes do Inep. Nessa reunio, foi feita uma apresentao da proposta de retomada
da elaborao do compndio sobre a trajetria da formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia
como uma continuidade dos trabalhos iniciados em 2007, assim como do cronograma de trabalho, da
estrutura dos volumes e das respectivas coordenaes. Houve concordncia do Inep com as propostas
apresentadas e ficou estabelecido que a diretora de Avaliao da Educao Superior, professora Iguatemy
Maria Martins de Lucena, coordenaria a elaborao desse compndio juntamente com o professor Pedro
Lopes de Queiros.
O presidente do Inep, professor Reynaldo Fernandes concordou com esses encaminhamentos e
ainda reafirmou os compromissos diretora de Estatsticas Educacionais, professora Maria Ins Gomes de
S Pestana, ficou com a incumbncia de viabilizar todos os contatos, visando atender s necessidades
de dados estatsticos sobre os cursos de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, para a elaborao dos
volumes do compndio. Ficou estabelecido ainda que esta obra, guardadas as suas especificidades, teria
projeto grfico e estrutura semelhante ao adotado para a rea da Sade, publicado em 2006 e que contm
15 volumes organizados como um compndio.
Aps o estabelecimento dessas diretrizes gerais, foi estruturado o organograma para o desenvol-
vimento dos trabalhos e constitudas as coordenaes e equipes, conforme disposto no Quadro A.2. Alm
da coordenao geral, ficou definida uma coordenao para cada um dos 11 volumes.
1 Presentes: Pedro Lopes de Queirs (Coordenador Geral/Ceap/Confea), Andrey Rosenthal Schlee (Abea/UnB), Marcelo Cabral Jahnel (Abeas/Puc-Pr), Mrcia R. Ferreira de Brito Dias (Enade/Unicamp), Nival Nunes de Almeida (Abenge/Uerj), Paulo R. de Queiroz Guimares (Confea), Roldo Lima Jnior (Confea) e Vanderl Fava de Oliveira (Confea/UFJF).
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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Para a consecuo desses trabalhos, foram realizadas reunies mensais dos coordenadores,
entre maro e agosto de 2009, e tambm das equipes de cada volume em separado. Essas equipes
desenvolveram as suas atividades de pesquisa para elaborao do retrospecto e atualidade sobre as
modalidades de cada volume. A equipe do Inep tabulou os dados atinentes a essas modalidades, por
meio da elaborao de um conjunto de tabelas e grficos, que se referiam a nmero de cursos, vagas
oferecidas, candidatos inscritos, ingressantes, matriculados e concluintes, organizados segundo categorias
administrativas, organizao acadmica e distribuio geogrfica dos cursos. As tabelas, que constam
do Anexo de cada volume, foram posteriormente objeto de anlise das equipes e referenciadas ao longo
do texto de cada volume.
QUADRO A.1 ORGANIZAO DOS VOLUMES DO COMPNDIO
VOL. COMPOSIO DOS VOLUMES*
I Engenharia Geral
II Engenharia Cartogrfica, Engenharia Civil, Engenharia de Agrimensura, Engenharia de Construo, Engenharia de Recursos Hdricos, Engenharia Geolgica e Engenharia Sanitria
III Engenharia da Computao, Engenharia de Comunicaes, Engenharia de Controle e Automao, Engenharia de Redes de Comunicao, Engenharia de Telecomunicaes, Engenharia Eltrica, Engenharia Eletrnica, Engenharia Eletrotcnica, Engenharia Industrial Eltrica e Engenharia Mecatrnica
IV Engenharia Aeroespacial, Engenharia Aeronutica, Engenharia Automotiva, Engenharia Industrial Mecnica, Engenharia Mecnica e Engenharia Naval
V Engenharia Bioqumica, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Engenharia Industrial Qumica, Engenharia Industrial Txtil, Engenharia Qumica e Engenharia Txtil
VI Engenharia de Materiais e suas nfases e/ou habilitaes, Engenharia Fsica, Engenharia Metalrgica e Engenharia de Fundio
VII Engenharia de Produo e suas nfases
VIII Engenharia, Engenharia Ambiental, Engenharia de Minas, Engenharia de Petrleo e Engenharia Industrial
IX Engenharia Agrcola, Engenharia Florestal e Engenharia de Pesca
X Arquitetura e Urbanismo
XI Agronomia
* Grupos de modalidades de Engenharia definidos com base na Portaria do Inep n 146/2008 referente ao Enade 2008. As modalidades no contempladas na portaria foram inseridas nos grupos de maior afinidade com as mesmas, de acordo com o enquadramento na tabela da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) realizado pelo Inep.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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QUADRO A.2 PARTICIPANTES DO COMPNDIO
COORD.VOLUME
ATIVIDADEAUTORES
COORDENADORESAUTORES COLABORADORES
Geral
Inep Iguatemy Maria Martins
Maria Ins Gomes S Pestana, Laura Bernardes, Nabiha Gebrim e Jos Marcelo Schiessl
Confea Pedro Lopes de Queirs
Vanderl Fava de Oliveira e Roldo Lima Jnior
VOLU
MES
Volume I En-genharias
Vanderl Fava de Oliveira (Confea /UFJF)
Benedito Guimares Aguiar Neto (UFCG), Claudette Maria Medeiros Vendramini (USF), Joo Srgio Cordeiro (Abenge/UFSCar), Mrcia Regina F. de Brito Dias (Unicamp), Mrio Neto Borges (Fapemig/UFSJR), Nival Nunes de Almeida (UERJ), Paulo Roberto da Silva (Confea), Pedro Lopes de Queirs (Confea) e Roldo Lima Jnior (Confea)
Volume II Civil
Ericson Dias Mello (CUML) Marcos Jos Tozzi (UP)
Antonio Pedro F. Souza (UFCG), Creso de Franco Peixoto (Unicamp/CUML), Fredmar-ck Gonalves Leo (Unifei), Joo Fernando Custdio da Silva (Unesp), Manoel Lucas Filho (UFRN), Miguel Prieto (Mtua-SP) e Vanderl Fava de Oliveira (UFJF)
Volume III Eltrica
Benedito Guimares Aguiar Neto (UFCG)
Mario de Souza Arajo Filho (UFCG)
Volume IV Mecnica
Jos Alberto dos Reis Parise (PUC-Rio)
Joo Bosco da Silva (UFRN), Llian Martins de Motta Dias (Cefet-RJ), Marcos Azevedo da Silveira (PUC-Rio), Nival Nunes de Almeida (UERJ) e Vincio Duarte Ferreira (Confea)
Volume V Qumica
Ana Maria de Mattos Rettl (UFSC/Unicastelo)
Adriane Salum (UFMG), Iracema de Oli-veira Moraes (Unicamp) e Letcia S. sw de Vasconcelos Sampaio Su (UFBA)
Volume VI Materiais
Luiz Paulo Mendona Brando (IME)
Luis Maurcio Resende (UTFPR), Severino Cesarino Nbrega Neto (IFPB) e Vitor Luiz Sordi (UFSCar)
Volume VII Produo
Vanderl Fava de Oliveira (Confea/UFJF)
Milton Vieira Jnior (Uninove) e Gilberto Dias da Cunha (UFRGS)
Volume VIII Amb/Minas
Manoel Lucas Filho (UFRN)
Ericson Dias Mello (CUML), Marcos Jos Tozzi (UP) e Vanderl Fava de Oliveira (UFJF)
(continua)
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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COORD.VOLUME
ATIVIDADEAUTORES
COORDENADORESAUTORES COLABORADORES
VOLU
MES
Volume IX Florestal/ Agrcola/
Pesca
Vanildo Souza de Oliveira (UFRPE)
Adierson Erasmo de Azevedo (UFRPE), Ana Lcia Patriota Feliciano (UFRPE), Augusto Jos Nogueira (UFRPE), Carlos Adolfo Bantel (SBEF), Glauber Mrcio Sumar Pinheiro (Sbef), Jos Geraldo de Vasconcelos Baracuhy (Abeas), Jos Milton Barbosa (UFRPE), Jos Wallace Barbosa do Nascimento (UFCG) e Renaldo Tenrio de Moura (Ibama)
Volume X Arquitetura
e Urbanismo
Andrey Rosenthal Schlee (UnB)
Ester Judite Bendjouya Gutierrez (UFPEL), Fernando Jos de Medeiros Costa (UFRN), Gogliardo Vieira Maragno (UFMS), Isabel Cristina Eiras de Oliveira (UFF) e Wilson Ribeiro dos Santos Jr. (PUC-Camp)
Volume XI Agronomia
Francisco Xavier R. do Vale (UFV), Lauro Francisco Mattei (UFSC), Marcelo Cabral Jahnel (PUC-PR) e Paulo Roberto da Silva (Confea)
Claudette Maria Medeiros Vendramini (USF), Jos Geraldo de Vasconcelos Baracuhy (Abeas), Mrcia Regina F. de Brito (Unicamp) e Ricardo Primi (Unicamp)
O trabalho final o resultado de um esforo coletivo que reuniu o sistema educacional, repre-sentado pelo Inep/MEC, e o sistema profissional, representado pelo Confea/Creas, e ainda contou com importante contribuio do sistema representativo organizado da formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia, representados, respectivamente, pela Associao Brasileira de Educao em Engenharia (Abenge), Associao Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea) e Associao Brasileira de Educao Agrcola Superior (Abeas), alm de outras entidades relacionadas s diversas modalidades de Engenharia que compem os 11 volumes do compndio.
Estiveram engajados neste trabalho mais de 60 professores e pesquisadores de diferentes Institui-es de Ensino Superior (IES), entidades e organismos de diversos Estados da Federao, representando as diversas modalidades contempladas nos volumes do compndio, num esforo indito para produzir uma obra que, certamente, de significativa importncia para a implementao de aes no plano edu-cacional, profissional, tecnolgico e poltico do Pas.
Braslia, dezembro de 2009.Iguatemy Maria Martins Pedro Lopes de Queirs Vanderl Fava de Oliveira
QUADRO A.2 PARTICIPANTES DO COMPNDIO(concluso)
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
17Engenharia Civil, Engenharia Sanitria, Engenharia Cartogrfica, Engenharia de Agrimensura, Engenharia de Recursos Hdricos, Engenharia Geolgica
Este volume, sobre a trajetria e o estado da arte da formao em Engenharia Civil, Sanitria, Cartogr-
fica, de Agrimensura, de Recursos Hdricos e Geolgica, parte do compndio sobre A Trajetria e o Estado
da Arte da Formao em Engenharia, Arquitetura e Agronomia, que composto por mais 10 volumes.
O livro apresenta um retrospecto sobre a formao nesses cursos de Engenharia no Brasil, devida-
mente contextualizado aos principais aspectos tecnolgicos e polticos que influenciaram a sua trajetria e
o crescimento do nmero de cursos da modalidade. O volume discorre ainda sobre as reas de abrangncia
dos cursos e a sua afirmao enquanto modalidades de Engenharia junto ao sistema educacional e profis-
sional. Apresenta, ainda, um conjunto de dados elucidativos da evoluo desses cursos em termos de vagas,
candidatos inscritos, ingressantes, matrculas e concluintes, referentes aos ltimos anos, que corresponde
ao perodo de coleta dos dados pelo Inep.
Espera-se que este volume possa contribuir com a gerao atual e futura em relao s informa-
es e reflexes sobre as Engenharias Civil, Sanitria, Cartogrfica, de Agrimensura, de Recursos Hdricos
e Geolgica, para a formulao de polticas que visem ao aprimoramento dos mecanismos de avaliao,
APRESENTAO DO VOLUME II
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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regulao, superviso e de fomento pesquisa, assim como das instituies relacionadas formao e ao
exerccio profissional desses engenheiros.
Para a consecuo desse objetivo, participaram da elaborao deste volume os professores Antonio
Pedro F. Souza (UFCG), com contribuio especfica quanto formao em Engenharia Geolgica; Joo
Fernando Custdio da Silva (Unesp) para a Engenharia Cartogrfica; Miguel Prieto (Mtua-SP) para a
Engenharia de Agrimensura; Fredmarck Gonalves Leo (Unifei) para a Engenharia de Recursos Hdricos;
e Creso de Franco Peixoto (Unicamp/CUML) para a rea de Transportes da Engenharia Civil. A destacar,
ainda, a participao dos professores Manoel Lucas Filho (UFRN) e Vanderl Fava de Oliveira (UFJF) com
colaboraes que no foram apenas pontuais, mas que abrangeram vrios itens deste volume.
Ericson Dias Mello Marcos Jos Tozzi
Antonio Pedro F. SouzaCreso de Franco Peixoto
Fredmarck Gonalves LeoJoo Fernando Custdio da Silva
Manoel Lucas FilhoMiguel Prieto
Vanderl Fava de Oliveira
Organizadores
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
19CAPTULO I
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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RETROSPECTO SOBRE A FORMAO EM ENGENHARIA NA MODALIDADE
CIVIL1
Introduo
Os vrios pesquisadores que tm se dedicado ao estudo e pesquisa da histria da Engenharia so
unnimes em afirmar que ela se confunde com a prpria histria da civilizao humana. Tal afirmao se
explica, quando refletimos sobre o que de fato a Engenharia e qual a sua importncia na histria da
civilizao. Bazzo e Pereira (2002) ao buscarem elementos para a definio de Engenharia, afirmam que um
elemento constante na histria da evoluo humana a capacidade do ser humano de dar forma a objetos
naturais e empreg-los para determinados fins, como por exemplo para a fabricao de ferramentas. Esses
autores complementam ainda que:
A evoluo fruto do aparecimento e do constante aprimoramento de um tipo de indivduo preocupado com o desenvolvimento de tcnicas e, na histria mais recente da humanidade, ao
1 Como referncia para este volume do compndio, so considerados os cursos definidos pelo Ministrio da Educao (MEC) para o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), Grupo I, quais sejam: Engenharia Civil, Cartogrfica, Agrimensura, Hdrica/Recursos Hdricos, Geolgica, de Construo e Sanitria. Essa classificao diversa do agrupamento de cursos e profisses do Sistema Profissional Confea /Creas, onde os cursos e profisses esto reunidos em Cmaras Especializadas com organizao diferente da adotada pelo MEC.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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aparecimento de um novo tipo de intelectual, com base educacional tcnica e ntima relao com
os processos de desenvolvimento de Tecnologia.
Telles (1984 apud OLIVEIRA, 2005) cita o engenheiro Ingls Thomas Tredgold, que na elabora-
o dos Estatutos do Instituto dos Engenheiros Civis Ingleses define Engenharia de uma forma que se
tornou clssica: A arte de dirigir as grandes fontes de energia da natureza para o uso e a convenincia
do homem. Telles depreende dessa definio que a histria da engenharia de qualquer nao ou co-
letividade confunde-se, em grande parte, com a prpria histria do desenvolvimento. J Pardal (1985)
define Engenharia como a arte de aplicar conhecimentos cientficos e empricos para pr a servio
do homem os recursos da natureza.
No entanto, importante observarmos o registro de Telles (1984) de que
a engenharia quando considerada como arte de construir evidentemente to antiga quanto o
homem, mas quando considerada como um conjunto organizado de conhecimentos com base
cientfica aplicado construo em geral, relativamente recente, podendo-se dizer que data do
sculo XVIII.
Para Bazzo e Pereira (2002) a Engenharia moderna aquela que se caracteriza pela aplicao
generalizada dos conhecimentos cientficos soluo de problemas.
Para contextualizar o surgimento da Engenharia moderna, citamos Telles (1984):
A Engenharia moderna nasceu dentro dos Exrcitos; a descoberta da plvora e depois o progresso
da Artilharia obrigaram a uma completa modificao nas obras de fortificao, que, a partir do
sculo XVII, passaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execuo. As altas
torres e as muralhas retas das fortificaes medievais no proporcionavam mais uma boa defesa
na era dos canhes, sendo substitudas por muralhas em ngulos geometricamente planejados
de modo que cada face pudesse ser protegida. Com isso, a necessidade de realizar obras, que
fossem ao mesmo tempo slidas e econmicas e, tambm, estradas, pontes e portos para fins
militares, foraram o surgimento dos Oficiais-engenheiros e a criao dos Corpos especializados
de Engenharia nos Exrcitos.
Pardal (1985, grifo nosso) acrescenta que
o engenheiro militar tambm se ocupava com obras pblicas, de objetivos no militares: construo
de prdios, estradas, portos, etc. No fim do sculo XVIII, a complexidade dessas obras levou
formao do engenheiro civil, com base cientfica mais slida no sculo XIX, permitindo-lhe abordar
novos campos que surgiram, correspondentes a modalidades de Engenharia: Minas, Mecnica,
Eltrica, etc.
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
23
A Engenharia Civil
A histria da Engenharia Civil, considerada como atividade de construo, remonta Antiguidade.
Pardal (1985) esclarece que o conceito adotado para o apontamento histrico das obras e realizaes de
Engenharia Civil inclui o conjunto de sistemas de edificaes, transportes e aproveitamento hidrulico.
Segundo Lindenberg Neto (2002),
a Engenharia Civil atual a filha e herdeira direta de cerca de 10.000 anos do exerccio da arte de construir moradias, templos, estdios, teatros, auditrios, aquedutos, pontes, barragens, portos, canais e tneis, e o conhecimento desse passado fundamental para que se tenha a real dimenso da Engenharia dos nossos dias.
As obras mais antigas de que se tem notcia, so as fortificaes da cidade de Jeric, construdas
aproximadamente h 8.000 a.C. Nessa poca, os materiais mais utilizados para as construes eram as
pedras. Por volta do ano 3.500 a.C., na Mesopotmia, os sumrios utilizavam tijolos de barro cozido
nas construes. O uso do barro cozido com palha, para a fabricao de tijolos, foi utilizado no Egito
no perodo de 3.000 a 2.500 a.C. No Egito, nesse mesmo perodo, tambm conhecida a utilizao de
argamassa de gipsita e cal, utilizadas na construo das grandes pirmides (KAEFER, 1998). Da civilizao
grega antiga, sabe-se da construo de muros e paredes de pedra assentados com argila e reforados
com madeira. Outra tecnologia utilizada pelos gregos, conforme relata Kaefer (1998), so os grampos ou
tarugos de ferro, usados para manter juntos os blocos de pedra. Em Atenas, por volta do ano 500 a.C. os
gregos usavam o cimento hidrulico para revestimentos.
Outro ponto importante da Engenharia Civil, na Antiguidade, diz respeito s obras de aproveitamento
hidrulico. Segundo Azevedo Neto e Alvarez (1986),
obras hidrulicas de certa importncia remontam antiguidade, destacando-se na Mesopotmia os canais de irrigao construdos na plancie situada entre os rios Tigres e Eufrates e, em Nipur, na Babilnia, existiam coletores de esgotos desde 3.750 anos antes de Cristo. Importantes empreendimentos de irrigao foram executados no Egito, vinte e cinco sculos antes de Cristo. Ainda no Egito, durante a XII Dinastia, realizaram-se importantes obras hidrulicas, inclusive o lago artificial Mris, destinado a regularizar as guas do baixo Nilo.
Os autores acrescentam que o primeiro sistema pblico de abastecimento de gua de que se
tem notcia, o aqueduto de Jerwan, foi construdo na Assria, provavelmente em 691 a.C.
O exrcito romano, em 230 a.C., j tinha uma tropa especializada em Engenharia, as chamadas
fabri, cujos oficiais cursavam uma escola de treinamento para construo de fortificaes, estradas e
pontes em todo o vasto Imprio Romano; algumas ainda podem ser vistas nas regies da Glia, Germnia,
Bretanha e norte dos Alpes. A civilizao romana dominava tecnologia para vrias obras de Engenharia e
Arquitetura, em especial para a construo de estradas e pontes com fins militares. Tambm construam
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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fontes, aquedutos e chafarizes, que atestam o domnio sobre tcnicas de aproveitamento hidrulico. Os
romanos usavam o concreto para construo de muros e argamassas para a construo de importantes
obras, que foram imortalizadas pelos sculos, como a Via pia, o Coliseu e o Pantheon. Segundo Kaefer
(1998), para as argamassas, os romanos utilizavam a cal como material cimentceo ou a cal pozolnica,
mais usada para obras de fundaes. Tambm usavam tijolos cozidos e concreto. Na Roma Imperial era
conhecido o uso de radiers, usados em fundaes para se evitar recalques diferenciais em solos de pouca
capacidade de suporte, e eram empregados arcos na construo de aquedutos. Na construo de estradas,
era utilizada a tcnica de superposio de camadas de resistncia crescente alternadas com camadas
drenantes de areia, para a construo de leitos. Para os pisos dos caminhos e estradas, empregavam-se
pedras ou concreto. A madeira tambm era empregada em construes.
Na ndia Antiga, na civilizao que floresceu nas margens do rio Indo, eram conhecidos vrios
elementos de hidrulica e foram construdos sistemas de esgotos sanitrios e casas de banho. O apro-
veitamento de sistemas hdricos para navegao tambm era conhecido. As tcnicas de construo e
arquitetura indianas, compendiadas nos Vaastu Shastra, incluam detalhes e plantas baseados em princpios
cientficos, como a resistncia dos materiais, a altura ideal da construo, a presena de fontes de gua
adequadas e a luz que preservaria a higiene. Tambm na China e em outras civilizaes importantes, como
os Maias e Astecas, encontram-se diversos exemplos de significativas contribuies para a Engenharia,
como construes de pontes na China e canais de irrigao e obras de drenagem nas civilizaes Maia
e Asteca (WIKIPDIA, 2009).
A Engenharia Militar dos rabes e bizantinos deixou tambm suas marcas no norte da frica e
Espanha.
Na Idade Mdia, as pedras, concreto de pedregulhos e argamassa de cal foram muito emprega-
dos na construo de castelos e mosteiros. No entanto, de acordo com Kaefer (1998), a qualidade dos
materiais utilizados na construo civil na Idade Mdia foi bastante insatisfatria.
Bazzo e Pereira (2002) argumentam que a tecnologia, como hoje entendida, s apareceu h
cerca de quatro sculos, mas tomou corpo apenas com a Revoluo Industrial. Um dos precursores da
Cincia Moderna foi Leonardo da Vinci, cujas contribuies alcanam a Engenharia Civil e tambm a
Arquitetura. Em 1586, Simon Stevinius estabelece os fundamentos da Esttica grfica. Um marco da
aplicao da Cincia Moderna na Engenharia o trabalho publicado por Galileu Galilei, em 1638, onde
deduzido o valor da resistncia flexo de uma viga engastada numa extremidade e suportando um
peso na sua extremidade livre.
Em 1660 estabelecida a Lei de Hooke, princpio bsico para o estudo da Resistncia dos Mate-
riais, fundamental para a Engenharia Civil. Em 1674 Sir Issac Newton e Leibniz estabelecem os princpios
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do Clculo Infinitesimal, uma ferramenta bsica para a anlise matemtica e de grande importncia nos
Clculos Estruturais e na Mecnica dos Solos e dos Fludos.
Joseph Moxon, em 1678, trabalhou na reao de hidratao da cal virgem, descrevendo a natureza
exotrmica das reaes (KAEFER, 1998). Esse trabalho seria de grande importncia nos prximos anos,
na busca de maior resistncia ao cimento.
O primeiro clculo estrutural numrico registrado na histria o do reforo da cpula da Baslica
de So Pedro, Vaticano, feito em 1742 (LINDENBERG NETO, 2002).
No sculo XVIII, entre 1750 e 1755, a reconstruo do Farol de Eddystone em Cornwall, no sudeste
da Inglaterra, levou John Smeaton a procurar um material mais resistente para suportar a ao agressiva
da gua do mar. Tal fato colaborou para que surgissem as primeiras iniciativas de se industrializar o
cimento. O ingls John Smeaton (1724-1792), alm de engenheiro, foi inventor, astrnomo e escritor.
Especialista em Construo de Portos e Projetos de Drenagem, John Smeaton, em 1768, autointitulou-
se engenheiro civil, sendo o primeiro profissional a ostentar tal ttulo, como forma de distinguir-se dos
engenheiros militares.
Em 1768, Gaspar Monge cria a Geometria Descritiva, que se constituiria na base do ensino da
Engenharia Civil at o sculo XX.
A associao de ferro com pedras naturais para a construo civil foi utilizada pela primeira vez
em 1770, na construo da Igreja de Santa Genoveva, em Paris.
O uso do cimento uso do cimento e do concreto armado
Aps o trabalho do ingls John Smeaton, ampliaram-se as iniciativas voltadas industrializao
do cimento. Vrios pesquisadores debruaram-se sobre a questo, o que acabou por resultar na maior
contribuio para a histria da Engenharia Civil: o advento do Concreto Armado e suas inmeras aplicaes
na construo civil.
Em 1796, James Parker patenteia um cimento hidrulico natural, obtido da calcificao de
ndulos de calcrio impuro. O cimento assim patenteado ficou conhecido como cimento Parker ou
cimento romano.
O ingls Joseph Aspdin, em 1824, inventou o cimento Portland, queimando calcrio e argila
finamente modos e misturados a altas temperaturas. O material assim obtido era ento modo. Aspdin
denominou esse cimento como cimento Portland em meno s jazidas de excelente pedra para construo
existentes em Portland, Inglaterra. A definio moderna de cimento Portland no poderia ser aplicvel
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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ao produto que Aspdin patenteou. O cimento Portland, atualmente, feito a partir da queima a altas
temperaturas at a fuso incipiente do material de uma mistura definida de rocha calcria e argila
finamente modas, resultando no clnquer. (KAEFER, 1998).
Em 1850, o francs Joseph Louis Lambot torna-se o responsvel por experincias de introduo
de ferragens em massa de concreto, denominado poca de cimento armado. Essa denominao foi
utilizada at 1920, quando foi substituda por concreto armado. Em 1867, o tambm francs Joseph
Monier patenteia um mtodo para a construo em concreto armado. A principal aplicao de Monier
foi referente construo de reservatrios de gua. O seu trabalho colaborou enormemente com a di-
fuso da tcnica de construir em concreto armado. Em 1875, o ingls W. H. Lascelles utiliza concreto
armado em painis pr-moldados. Outra contribuio notvel para o conhecimento das propriedades do
concreto foi dada por meio das pesquisas de Thaddeus Hyatt, publicadas em 1877. Ressaltam-se como
construes notveis a primeira rua construda em concreto, em Bellefontaine, Ohio, EUA, em trabalho
do engenheiro George Bartholomeu, e o primeiro arranha-cu, Ingalls Building, construdo em 1903, nos
EUA (KAEFER, 1998).
No sculo XX, inmeras contribuies construo em concreto armado foram concebidas e com
resultados importantes quanto durabilidade e eficincia do processo. Normas tcnicas para utilizao
do mtodo construtivo foram criadas e houve considervel avano nas tecnologias, que passaram a ser
empregadas em construes diversas, desde torres at grandes reservatrios e pontes. Salienta-se,
ainda, que o clculo estrutural ganhou em meados do sculo XX um importante aliado: os programas
computacionais.
O uso da madeira na construo de edifcios
O uso da madeira para edificaes remonta Idade do Bronze, conforme testemunhos
arqueolgicos. Segundo Herdoto, j no ano 1.000 a.C. eram utilizados troncos de rvores para a construo
de tmulos de reis (CASEMA, 2009). Na China, os primeiros relatos das tcnicas de construo em
madeira datam do perodo de 960-1270, durante a dinastia Sung. A relevncia de sua arte est no fato
dos construtores chineses terem documentado, por meio de desenhos, as tcnicas de construo em
madeira. A construo chinesa trabalhava com elementos de vigas e pilares com ligaes por encaixes,
e suas construes apresentavam uma grande preciso geomtrica (MEIRELLES et al., 2007). Para
Meirelles et al. (2007, p. 2),
as construes em madeira no Japo foram concebidas e inspiradas nas tcnicas chinesas. Os japoneses eram exmios carpinteiros e aperfeioaram as tcnicas construtivas chinesas. Uma caracterstica importante das construes japonesas sempre foi o respeito natureza. O carpinteiro devia por um lado superar a dvida contrada com a natureza e por outro lado cumprir um servio
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pblico. Se fosse cortada uma arvore de 1.000 anos, sua construo deveria ser projetada para durar 1.000 anos.
A abundncia de bosques de conferas, no Norte e Leste da Europa, constituiu-se em um elemento
bsico para que a madeira fosse utilizada na construo de casas na regio. H documentos que atestam
a construo de casas de madeira na Noruega, no sculo IV d.C., e que na Escandinvia as casas de
troncos de madeira, dispostos horizontal ou verticalmente, eram frequentes a partir do ano 1.000 d.C.
As construes inicialmente foram realizadas com os troncos das rvores, mas apresentavam vrios
problemas, em especial com os ventos e guas de chuva. Com o desenvolvimento das tcnicas de ser-
ragem, a partir do sculo XV, pouco a pouco, as casas de troncos foram sendo substitudas por casas de
tbuas ou troncos retangulares, que permitiam uma melhor estanqueidade e estabilidade. A arquitetura
em madeira, partindo desses princpios, foi evoluindo e passando por uma fase de construo popular,
alcanando nveis surpreendentes e de grande realizao medida que o desenvolvimento tecnolgico
foi evoluindo. No final da Idade Mdia, a destreza dos carpinteiros e artfices permitia construir edifcios
de at 5 e 6 pisos. Desse modo, muitos edifcios da Idade Mdia e Renascimento foram construdos em
madeira e resistiram tanto ou mais que os construdos em pedra e tijolos. Grande parte do encanto com
as estruturas em madeira, utilizada na construo de edifcios, consistia nos elementos utilizados para
formar paredes. Todas elas eram construdas, enchendo simplesmente os espaos existentes entre os
elementos em madeira, com areia e argila, que eram aplicadas sobre um entrelaado de ripas e tecido
firmemente preso estrutura de madeira, tanto pelo interior como pelo exterior. Posteriormente, esse
sistema de enchimento foi substitudo pela utilizao de alvenaria e tijolos, que permitiam, entre outras
utilidades, suprimir as telas e os entrelaados de ripas (CASEMA, 2009).
No sculo XVII, quando se comeou a difundir a utilizao do vidro, as vantagens das estruturas
de madeira adquiriram extraordinria relevncia. As janelas passaram a ser elementos fundamentais na
construo, encaixando perfeitamente nas estruturas de madeira, enquanto os painis passaram a ser
elementos decorativos que as rodeavam (CASEMA, 2009).
Conforme Meirelles et al. (2007), durante este perodo as estruturas de madeira alcanaram o
seu apogeu.
Aps a revoluo industrial, com o surgimento de novos materiais, como ao e concreto, ocorreu um declnio das construes em madeira. Entretanto, neste perodo, pases como Estados Unidos e Canad, que possuam grandes reservas de madeira passaram a utilizar casas construdas em madeira em escala industrial. Uma grande mudana no modo de construir com madeira surgiu no incio do sculo XIX, quando se inicia a produo industrial de pregos e as serrarias passam a ser acionadas por mquinas a vapor em 1852 surgiu a proposta construtiva conhecida como Ballon Framing. As construes so construes leves, onde a estrutura da parede uma estrutura portante com pequenos pilaretes inseridos a cada 60 cm. Esta tcnica foi modificada no final dos anos 60 e incio 70, quando jovens arquitetos americanos buscavam inovao tecnolgica na construo de
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habitaes unifamiliares de baixo custo, mas com alto valor arquitetnico. O jovem arquiteto Franky Gehry foi considerado um dos precursores desta tcnica, que recebe o nome de platform construction. Neste processo no se exige a grande destreza dos carpinteiros de construes tradicionais. Em 1902 o alemo Friedrich Otto Hetzer patenteia o uso de vigas retas em madeira laminada colada e em 1906 patenteia os arcos. Durante a segunda guerra, devido s restries do uso do ao, ocorreu um grande desenvolvimento do uso da madeira laminada na Europa. Aps a segunda guerra mundial ocorreu processo de reflorestamento macio, na Europa, e hoje, a madeira de reflorestamento representa um papel econmico importante para pases como Alemanha, Sua, ustria e Finlndia, que so produtores e exportadores de madeira. Entretanto a retomada das construes em madeira ocorreu somente, por volta de 1970, impulsionada por arquitetos renomados como Thomas Herzog da Alemanha, Roland Schweitzer e Pierre Lajus na Frana. Atualmente as construes residenciais em madeira representam 10% das construes na Frana, 20% na Alemanha e 60% na Finlndia. Em 2001 o governo francs e as principais associaes de profissionais da construo civil assinaram um protocolo em que se comprometem a aumentar em 25% o emprego da madeira na indstria da construo civil at 2010. (MEIRELLES et al., 2007, p. 2-3).
O Brasil possui uma forte tradio de construo em alvenaria de tijolos de barro, trazida pelos
portugueses desde a sua colonizao. A construo de madeira foi muito utilizada nas regies Sul e
Sudeste como habitao, onde a matria-prima utilizada, o pinho do Paran, era abundante. Entretanto,
em 1905, na cidade de Curitiba, o governo proibiu a construo de casas de madeira nas zonas centrais
da cidade. Esse fato contribui para gerar no meio tcnico brasileiro o preconceito contra as estruturas em
madeira (MEIRELLES et al., 2005).
Como relatam Meirelles et al. (2007, p. 1),
a madeira um timo material de construo quanto aos aspectos de conforto, plasticidade no projeto, rapidez de montagem e durabilidade. Habitar uma casa de madeira aproxima o homem da natureza, pois a madeira mantm em seu estado final de industrializao, caractersticas como cores, textura e aromas naturais, que podem ser explorados nas diferentes aplicaes das construes habitacionais. Um pas com tal extenso territorial como o Brasil, possuindo grandes reservas florestais, poderia ter na madeira um material com grande potencial de construo.
Deve-se considerar, no entanto, as questes referentes ao uso de madeiras provenientes de regies
com desmatamento insustentvel e a restrio de uso em funo dos problemas pela confiabilidade no
elevada da madeira certificada.
O uso das estruturas metlicas na construo civil
Segundo texto intitulado Cronologia do uso dos metais, de autoria de Thomaz dos Mares Guia
Braga (2004),
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h um momento na Histria em que o ferro passa a ser empregado com to diversificados fins, dentre eles a construo de edifcios, que inevitvel o registro desse material como um fator essencial para as transformaes de toda ordem por que passou a sociedade. Este momento o sculo XIX. [...] J no final do sculo XVIII, por ocasio do que se convencionou chamar de Primeira Revoluo Industrial, o ferro, entre outros produtos industriais, surgiu como um material em condies de competir com os materiais de construo conhecidos e sacralizados at ento, no que se refere a preo e outras qualidades. [...] O ferro esteve presente, a princpio timidamente, e posteriormente com mais intensidade, como material de construo de uso considervel, a ponto de se falar em uma arquitetura do ferro. Esta arquitetura existiu nos pases europeus que se desenvolveram com a Revoluo Industrial, nos Estados Unidos da Amrica do Norte, e se manifestou praticamente em todo o mundo durante o sculo XIX. Com o aparecimento das ferrovias surgiu a necessidade de se construrem numerosas pontes e estaes ferrovirias, tendo sido estas as duas primeiras grandes aplicaes do ferro nas construes. As pontes metlicas eram feitas inicialmente com ferro fundido, depois com ao forjado e posteriormente passaram a ser construdas com ao laminado. Na realidade, no se deve atribuir somente s potencialidades plsticas do ferro fundido, nem s possibilidades estruturais do ao, o teor revolucionrio do novo material. O que o ferro tinha de mais novo era a sua escala de produo, que era industrial, e que se contrapunha a todo um processo de execuo das construes at ento. Algumas obras notveis, de estrutura metlica, ainda em uso: a ponte Coalbrookdale (Inglaterra), em ferro fundido, vo de 31 m, construda em 1779; Britannia Bridge (Inglaterra), viga caixo, com dois vos centrais de 140 m, construda em 1850; Brooklin Bridge (New York), a primeira das grandes pontes pnseis, 486 m de vo livre, construda em 1883; ponte ferroviria Firth of Forth (Esccia), viga Gerber com 521 m de vo livre, construda em 1890; Torre Eiffel (Paris), 312 m de altura, construda em 1889; Empire State Building (New York), 380 m de altura, construdo em 1933; Golden Gate Bridge (San Francisco), ponte pnsil com 1280 m de vo livre, construda em 1937; Verrazano - Narrows Bridge (New York), ponte pnsil com 1298 m de vo livre, construda em 1964. Registra-se tambm o edifcio World Trade Center (New York), 410 m de altura, 110 andares, construdo em 1972 e destrudo no ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. O emprego do ferro na arquitetura comea na Frana de 1780 com Soufflot e Victor Luis, voltados especialmente para a construo de teatros prova de fogo e, na Inglaterra de 1790, com industriais que, agindo como seus prprios designers, tencionavam construir fbricas tambm prova de fogo. A primeira ponte de ferro foi projetada em 1777 a Ponte Coalbrookdale, na Inglaterra. Tem um vo de 100 ps (30 metros). Foi logo superada pela ponte em Sunderland (1793-1796), com 206 ps (63 metros) e pela Ponte Schuylkill, de James Finley (1809), com 306 ps (93 metros). Alguns arquitetos, no decorrer do sculo XIX - Matthew Digby Wyatt entre eles -, situam essas obras entre as estruturas mais bonitas do sculo. A partir da unio do ferro e do vidro, Wyatt prev, ainda em 1851, uma nova era na arquitetura. Por essa poca, alguns dos mais ousados arquitetos de renome comearam a prestar ateno ao ferro; a Biblioteca de Ste. Genevive de Paris, feita por Labrouste (1843-1850), e a Bolsa de Carvo de Londres, feita por Bunning (1846-1849), so os primeiros edifcios cujo carter esttico determinado pelo ferro. Mas, de um momento para o outro, os Estados Unidos tinham deixado todo o mundo para trs. Fizeram isso desenvolvendo primeiramente o arranha-cu e, depois, descobrindo um estilo novo para ele. Em 1875, em Nova York, o Tribune Building, de Hunt, se elevava a 260 ps (quase 80 metros); em 1890, o Pulitzer World Building, de Post, chegava a 375 ps (mais de 110 metros). Chicago, uma cidade mais nova que New York, acrescentou ao padro de seus arranha-cus a inovao de grande amplitude, de aplicar
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o sistema de estrutura de ferro, originalmente utilizado para fbricas. Isso foi feito pela primeira vez por William Le Baron Jenney no Home Insurance Building (1833-1885).
Segundo estabelece Braga (2004) em seu texto,
a importncia da Escola de Chicago tripla. Encara-se, com mente aberta a tarefa de construir edifcios comerciais, e encontra-se a melhor soluo em termos funcionais. Surgiu uma tcnica de construo no-tradicional para preencher as necessidades do trabalho, e ela foi imediatamente aceita. O triunfo da arquitetura em ferro chegou tambm na Frana, na exposio de 1889, centrado na conquista de novos materiais por novos arquitetos. A Torre Eiffel, por sua altura e localizao, tornava-se imediatamente um dos principais componentes da cena arquitetnica de Paris. As principais aplicaes das estruturas de ao na atualidade so as pontes ferrovirias e rodovirias; os edifcios industriais, comerciais e residenciais; galpes, hangares, garagens e estaes; coberturas de grandes vos em geral; torres de transmisso e subestaes; torres para antenas; chamins industriais; plataformas off-shore; construo naval; construes hidromecnicas; silos industriais; vasos de presso; guindastes e pontes-rolantes; instalaes para explorao e tratamento de minrio; parques de diverses, etc.
Esse autor ainda menciona que, no Brasil,
a partir da metade do sculo XIX, foram construdas vrias estradas de ferro no pas, para servir essencialmente aos propsitos da exportao de produtos agrcolas. As linhas construdas no eram locadas com os objetivos de facilitar os transportes de pessoas e mercadorias, servir a rede urbana existente e promover o seu desenvolvimento. Visavam, primordialmente, o escoamento da produo local para os portos de exportao. De qualquer forma, desempenharam importante papel no desenvolvimento local. Foi o caso das estradas de ferro que transportaram caf, acar e algodo para os portos de Santos, Rio de Janeiro, Recife, etc. A arquitetura ferroviria - que tantas esperanas despertara na Europa entre os poucos crticos de arte de vanguarda, tambm se manifestou aqui, repetindo, sem grandes variaes e com raras excees, os modelos europeus. As poucas excees se constituram nas estaes em ferro corrugado na Cantagalo Railway, no Estado do Rio de Janeiro. [...] A mais sensacional das estaes , contudo, a da Luz, no centro da cidade de So Paulo. Com algumas modificaes, feitas aps um incndio, a estao , fundamentalmente, a mesma que se terminou de construir em 1901 e que, imponentemente, marcava a paisagem da capital paulista. [...] Dentre os edifcios pr-fabricados em ferro, importados pelo Brasil, nenhum tipo foi to til e to disseminado quanto os mercados pblicos, como o Mercado de So Jos, no Recife, sem dvida, o mais antigo mercado de ferro existente no Brasil e, provavelmente, o pioneiro. A sua montagem final foi concluda em 1875 e est situado no bairro de So Jos. [...] O mercado jamais deixou de funcionar, desde o dia de sua inaugurao. Outro mercado de destaque o Mercado de Peixe, em Belm, por muito tempo conhecido como o Mercado de Ferro, que foi inaugurado em 1 de dezembro de 1901 [...]. No se conseguiu precisar a origem da estrutura metlica do edifcio, embora se possa asseverar, dado as circunstncias regionais, que tenha sido importada. O mercado continua em funcionamento e, com suas torres bizarras, presena obrigatria nos cartes-postais da cidade de Belm. O Mercado Municipal do Rio de Janeiro foi o maior de todos os edifcios de ferro montados no Brasil, de origem europia. [...] Na dcada de 1950, o mercado municipal foi
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destrudo para a construo de um viaduto, parte de uma das novas avenidas construdas para desafogar o trfego de veculos automotores. [...] Passados trinta e trs anos do estrondoso sucesso do Palcio de Cristal de Londres, o Brasil tambm inaugurou o seu. Certamente, a denominao que o edifcio recebeu aqui se deve similaridade do material empregado nos dois pavilhes e aos efeitos plsticos conseguidos, mantidas as devidas propores. O edifcio existe hoje, no mesmo lugar onde foi primitivamente montado: numa praa situada na confluncia dos rios Piabanha e Quitandinha, na cidade de Petrpolis. [...] Restaurado recentemente, abriga exposies temporrias de arte, cumprindo objetivos propostos h um sculo. todo em ferro e vidro. no Brasil que os programas mais ambiciosos foram elaborados para o desenvolvimento das indstrias siderrgicas. O Brasil conta com a maior populao de qualquer pas latino americano bem como com o maior consumo de produtos de ao. Possui, alm disso, as mais altas jazidas de minrio de alto teor do continente, e tambm generosa parcela dos escassos recursos carbonferos da Amrica Latina. Antes da Segunda Grande Guerra, existiam vrias pequenas empresas siderrgicas, com uma produo conjunta inferior a 100.000 toneladas de ao. Achava-se localizada perto das jazidas de minrio de Itabira, sendo que algumas das usinas utilizavam carvo vegetal como combustvel. Em 1940, constitui-se a CSN com o objetivo de construir-se uma grande usina moderna integrada. O pas importava praticamente todo o ao de que necessitava, tanto que as instalaes industriais da prpria CSN foram construdas com estruturas fornecidas por empresas estrangeiras. [...] No de estranhar que a falta de tradio no uso das estruturas metlicas tenha levado a CSN, em 1950, a encontrar dificuldades na comercializao dos produtos de sua linha de perfis pesados. A entrada em operao, nos anos sessenta, da Cosipa - Companhia Siderrgica Paulista - e da Usiminas - Usinas Siderrgicas de Minas Gerais - favoreceu uma notvel expanso da oferta de produtos laminados planos no mercado. Na dcada seguinte a indstria siderrgica se consolidaria como indstria de base, diminuindo consideravelmente as importaes de produtos siderrgicos. Com a ampliao e a modernizao das nossas usinas, processou-se um efeito multiplicador que permitiu alcanar elevados ndices de produtividade e de qualidade. Passamos da tradicional condio de importadores para a de exportadores de ao.
Desde o sculo XVIII, quando se iniciou a utilizao de estruturas metlicas na construo civil,
at os dias atuais, o ao tem possibilitado aos arquitetos, engenheiros e construtores solues arrojadas,
eficientes e de alta qualidade. Das primeiras obras como a Ponte Ironbridge, na Inglaterra, de 1779
aos ultramodernos edifcios que se multiplicaram pelas grandes cidades, a arquitetura em ao sempre
esteve associada ideia de modernidade, inovao e vanguarda, traduzida em obras de grande expresso
arquitetnica e que invariavelmente traziam o ao aparente. No entanto, as vantagens na utilizao de
sistemas construtivos em ao vo muito alm da linguagem esttica de expresso marcante; reduo
do tempo de construo, racionalizao no uso de materiais e mo de obra e aumento da produtividade
passaram a ser fatores-chave para a utilizao do ao em edificaes (BRAGA, 2004).
Hidrulica e saneamento
Segundo Azevedo Neto e Alvarez (1986), a Hidrulica sempre se constituiu em frtil campo para
as investigaes e anlises matemticas, sendo notvel a contribuio de muitos fsicos e matemticos
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para o seu desenvolvimento, tais como Da Vinci, Stevin, Galileu Galilei, Euler, Torricelli, Venturi, Prandtl,
Reynolds, Bernoulli, Froude, entre outros.
Na Engenharia Civil moderna, a fabricao de tubos de ferro fundido moldados iniciou-se a partir de
1664, com a inveno do francs Johan Jordan. Mas foi a partir do sculo XIX, com a industrializao dos
tubos resistentes a presses internas elevadas e frente o crescimento das cidades, que se estabeleceram
as condies para o desenvolvimento de projetos e construo dos sistemas de distribuio de gua, de
forma a se constituir em contribuio fundamental para a estruturao sanitria das cidades. A inveno
da bomba centrfuga, tambm em 1664, e tambm pelo francs Johan Jordan, teve igualmente o mrito
de colaborar de forma importante com o desenvolvimento dos sistemas hidrulico-sanitrios. Outras
contribuies notveis foram a inveno do vaso sanitrio, pelo ingls John Harrington, aperfeioado por
outro ingls, Joseph Bramah, em 1775, que criou a bacia sanitria com descarga hdrica; a utilizao de
manilhas cermicas, a partir de 1846, em contribuio do ingls Francis, com utilizao nas instalaes
pblicas de esgotos sanitrios; os tubos de concreto armado, construdos por Monier, na Frana, em
1867; e os tubos de cimento amianto, contribuio do italiano Mazza, em 1913. A construo de Usinas
Hidreltricas a partir de 1822, nos Estados Unidos, outro fato marcante para o desenvolvimento tecno-
lgico e utilizao de energia. Notvel foi tambm a utilizao de tubos de ferro fundido centrifugados, a
partir de 1917, em trabalho que se atribui a Arens e Lavaud (Brasil), e de tubos de PVC a partir de 1947.
O processo industrial de tubos de PVC se constituiu em uma contribuio fundamental para a ampliao
do acesso e universalizao aos sistemas de gua e esgotos, com importantes resultados para a sade
pblica (AZEVEDO NETO; ALVAREZ, 1986).
Transportes
O homem um ser social, cujas necessidades fundamentais de comunicao e de deslocamento,
satisfeitas pelos transportes, tambm viabilizam suas necessidades econmicas. A melhoria dos transportes
exige trabalho de Engenharia, que surge desde o momento em que o homem passa a utilizar suas habilidades
cognitivas para deslocar corpos e objetos. Da carga transportada sobre roletes ou j sobre rodas, h 3.500
anos (THE UNIVERSITY OF CHICAGO, 1964), at as aeronaves de alta tecnologia e elevado valor agregado,
tal como a EMBRAER 195 (EMBRAER, 2009), as atividades de Engenharia sempre estiveram presentes
nos transportes, tanto para o desenvolvimento veicular como para a melhoria das vias, dos terminais, dos
processos logsticos, do controle de trfego e da segurana, com marcante presena da Engenharia Civil.
Os modos de transporte mais utilizados e sob maior influncia das atividades da Engenharia Civil so o
rodovirio, ferrovirio, areo, aquavirio e dutovirio.
As rodovias, cuja qualidade se pode avaliar em funo de sua geometria, planicidade e aderncia
superficial, tiveram forte impulso depois que passaram a ser pavimentadas. Pierre-Marie Tresaguet introduziu
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na Frana, aproximadamente em 1765, a pavimentao do tipo macadame, composta por pedra britada e
material de enchimento, seguido na Inglaterra por Thomas Telford, no incio de 1800, e aperfeioado por John
McAdam, construtor rodovirio escocs (WRIGHT; PAQUETE, 1987). No ano de 1950 ocorreu, no Brasil, o
incio da pavimentao em escala industrial e a organizao das empresas construtoras (PREGO, 2001).
O projeto dimensional e de traos dos distintos servios de pavimentao tem apresentado constante evoluo,
desde a simples aditivao de asfalto ao agregado at a tcnica da insero de polmeros nas misturas asflticas,
desenvolvendo uma matriz polimrica que permite maior vida til e sustentabilidade ambiental (BERNUCCI
et al., 2007). O rodoviarismo brasileiro da atualidade, com malha superior a 1,5 milhes de quilmetros e
aproximadamente 12% pavimentados, apresenta participao excessiva no transporte de carga nacional, em
funo de deficincias em outros modais.
As ferrovias, cuja importncia econmica influencia todos os pases de elevada extenso ou conti-
nentes, capaz de transportar elevados volumes de carga e de passageiros em distncias mdias ou longas
com vantagens sobre o modal rodovirio, teve seus primrdios na Europa em 1550 a partir do uso de veculos
puxados sobre trilhos; contudo, em terras inglesas e escocesas j operavam vagonetas puxadas por cavalos
sobre trilhos (THE UNIVERSITY OF CHICAGO, 1964). Stephenson, em 1823, construiu e equipou uma ferro-
via, ligando Stockton a Darlington, com seus carros tracionados por locomotiva a vapor, a primeira ferrovia
pblica no mundo (THE UNIVERSITY OF CHICAGO, 1964). No Brasil, em 1852, Irineu Evangelista de Souza,
posteriormente Baro de Mau, que muito aprendeu com o Britnico Richard Carruthers, inicia as obras da
primeira ferrovia brasileira, inaugurada em 30 de abril de 1854, com os primeiros vages tracionados pela
locomotiva Baronesa, nome em homenagem sua mulher (CALDEIRA, 1995). A ferrovia brasileira, apesar
de sua extenso reduzida em relao s dimenses continentais da nao, da ordem de 20.000 km de uso
efetivo e ausncia de planos diretores eficazes, ainda consegue cumprir importante papel no transporte de
carga, concentrado em commodities. As ferrovias urbanas mundiais, tpicas das regies conurbadas e com
elevada quantidade de habitantes, cumprem importante papel na efetivao da mobilidade urbana relativa
a passageiros, na forma de metrs, veculos leves sobre trilhos ou ainda os conhecidos trens de subrbio.
Os maiores sistemas de metr do mundo apresentam extenso de linhas da ordem de mais de 200 km
(LAMMING, 2001). Citam-se o conhecido sistema parisiense, onde seu conceito junto aos usurios de
que em cada esquina h uma estao; o nova-iorquino, com seu subway, to conhecido por meio das
pelculas cinematogrficas; ou o tube, underground e overground londrinos, que marcam a vida de todos com
a expresso ouvida em quase todas as estaes: Mind the gap! A Engenharia Civil, para sua incorporao,
precisa agregar uma das obras mais caras em termos unitrios: tneis sob fundaes.
Pode-se estabelecer o nascimento do transporte areo mundial no dia 23 de outubro de 1906,
quando o brasileiro Alberto Santos Dumont pilotou a aeronave 14 Bis; considerando que aeronave seja
veculo que decole por sua prpria fora e faa manobras, distinto do veculo pilotado 3 anos antes
pelos irmos Wright. Outra grande marca do transporte areo mundial foi a entrada em operao do
Boeing B 707, que iniciou o processo de globalizao, por permitir efetuar voos continentais em horas,
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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distinto dos navios que at ento demandavam dias. A Engenharia Civil tem participao marcante na
incorporao das instalaes de conexo voo-terra, os aeroportos. No Brasil, os 67 aeroportos da Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroporturia (INFRAERO), 33 Terminais de Logstica de Carga (TECAs) e 80
unidades de navegao cumprem servio fundamental para esse modal tpico para o transporte de
passageiros de mdio a longo percurso em pas de extenso continental, bem como para carga tpica
de alto valor agregado ou perecibilidade (INFRAERO, 2009). Desse modo, a possvel transferncia de
seus aeroportos para o Poder Privado tende a gerar forte fase de investimentos, com considervel reflexo
em atividades da Engenharia Civil.
O transporte aquavirio foi, praticamente, o modo precursor. Madeira escavada em troncos e
jangada de troncos amarrados foram usados em transporte em rios, mares ou lagos, como ocorria no
lago Titicaca, pelos Incas (THE UNIVERSITY OF CHICAGO, 1964). A Engenharia Civil tratou de melhorar os
canais fluviais ou estabelecer navegao fluvial segundo a tcnica de canalizao, utilizando ascensores de
embarcaes ou eclusas, to comuns em cidades como Cambridge, na Inglaterra, onde o fluxo do rio Cam
controlado ao longo de suas vrzeas e seus vales, e barcos, inclusive, servem de moradia, acostados em
suas margens. Quanto ao projeto de elementos de portos, cita-se, por exemplo, os trabalhos publicados
por Sverdrup, Munk e Bretschneider (QUINN, 1972) relacionados previso de ondas. No Brasil, a ttulo
de exemplo, a Engenharia Civil atuou de forma intensa para canalizar o rio Tiet e estabelecer via de mais
de 1.000 km de extenso, principalmente no estado de So Paulo, bem como na melhoria dos portos
martimos, cuja profundidade, mantida por dragagem, influi consideravelmente no seu custo operacional
e na restrio do calado das embarcaes.
O surgimento do transporte dutovirio, excetuando-se o transporte de gua, pode ser atribudo a
Samuel Van Syckel, nos Estados Unidos da Amrica (EUA), que, em 1865, construiu um duto de 5 cm
de dimetro para transportar petrleo por aproximadamente 10 km (WRIGHT; ASHFORD, 1987). Nos EUA,
na dcada de 80, aproximadamente 60% do total transportado de petrleo j ocorria por oleodutos. No
Brasil, esse modal praticamente aparece na dcada de 70, sendo responsvel por menos de 5% do total
de carga seca e lquida do pas, na dcada de 2000. O gasoduto Brasil-Bolvia exemplo de obra recente
da Engenharia Civil, de grande porte, em dutovia.
A Engenharia Civil no Brasil
No Brasil, a Engenharia deu seus primeiros passos, de forma sistemtica, ainda no perodo Colonial,
com a construo de fortificaes e igrejas. Logo em 1549, com a decretao do Governo Geral, o engenheiro
Luiz Dias foi incumbido pelo governador das terras do Brasil, Tom de Souza, de levantar os muros da
cidade de Salvador (BA), a capital. Dias acabou construindo tambm o edifcio da alfndega e o sobrado
de pedra-e-cal da Casa da Cmara e Cadeia, que se tornou clebre como o primeiro do gnero na Colnia
(TELLES, 1984). Nesse perodo, sculos XVI a XVIII, o trabalho de engenheiros se voltava muito para a
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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construo de fortificaes e de igrejas. As mudanas no Brasil aconteceram com o advento da cultura cafeeira, que conduziu necessidade de se construir estradas de ferro para se escoar o caf do interior do estado de So Paulo para a capital e desta para o porto de Santos, e, tambm, com a demanda crescente para a construo de casas e edifcios. At o sculo XVIII os principais materiais utilizados na construo civil no Brasil eram pedra, cal e taipa. No sculo XIX e incio do sculo XX, especialmente com a influncia da Misso Artstica Francesa e a introduo do estilo neoclssico, que passou a ser considerado como padro de status no pas, que comeam a se empregar estruturas metlicas e tijolos (TSIO, 2007, p. 8). Tsio (2007, p. 8), ao tomar por base os ensinamentos de Telles (1984), afirma que como o estilo Neoclssico exigia uma mo-de-obra especializada para a execuo das fachadas e interiores minuciosamente ornamentados, os estrangeiros trataram de suprir essa necessidade e esse mercado foi monopolizado por italianos e portugueses.
Em 1876, construdo o primeiro sistema pblico de abastecimento de gua potvel, na cidade do Rio de Janeiro, mesma cidade que em 1864 se tornou a 5 cidade do mundo a adotar um sistema mo-dernizado de coleta de esgotos sanitrios. No entanto, apenas no incio do sculo XX as principais cidades brasileiras se estruturaram sanitariamente.
Segundo Tsio (2007, p. 9), citando trabalho publicado pela Associao Brasileira de Cimento
Portland (ABCP) de 2007,
a primeira tentativa de aplicar os conhecimentos relativos fabricao do cimento Portland, no Brasil, ocorreu aparentemente em 1888, quando o comendador Antnio Proost Rodovalho empenhou-se em instalar uma fbrica na fazenda Santo Antnio, de sua propriedade, situada em Sorocaba-SP. Posteriormente, vrias iniciativas espordicas de fabricao de cimento foram desenvolvidas. Assim, chegou a funcionar durante trs meses, em 1892, uma pequena instalao produtora na ilha de Tiriri, na Paraba. A usina de Rodovalho operou de 1897 a 1904, voltando a operar em 1907 e extinguindo-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do Itapemirim, o governo do Esprito Santo fundou, em 1912, uma fbrica que funcionou at 1924, sendo ento paralisada, voltando a funcionar em 1936, aps modernizao.
Salienta-se que, em 1926, em Perus, So Paulo, tem incio o funcionamento da Companhia Brasileira de Cimento Portland.
As primeiras obras em concreto armado que se tem relato oficial no Brasil so de 1905 e 1907 com a ponte sobre o rio Maracan (TSIO, 2007).
Em 28 de setembro de 1940 criada a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), que seria a responsvel pela normatizao e padronizao do emprego dos materiais utilizados na construo civil no Brasil (TSIO, 2007).
Com relao utilizao do ao na construo civil no Brasil, o seu incio se deu em meados do
sculo XVIII, sendo o material importado da Inglaterra, Esccia e Blgica.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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A primeira Fbrica de Estrutura Metlica a Companhia Brasileira de Construo Fichet Schwartz Hautmont se instalou no Brasil no ano de 1923 em Santo Andr-SP. A primeira Usina Siderrgica de grande porte no Brasil a Companhia Siderrgica Nacional foi implantada em 22 de Junho de 1946 em Volta Redonda- RJ. As primeiras obras onde a estrutura metlica foi aplicada no Brasil foram as estradas de ferro sculo XIX (TSIO, 2007, p. 11).
A Estrada de Ferro So Paulo Railway, inaugurada em 1867, representa um marco na Engenharia
Civil do Brasil. De acordo com relato de Tsio (2007, p. 11-12), citando trabalho da Associao Brasileira
de Preservao Ferroviria (ABPF) de 2007,
em 1859, o Baro de Mau, junto com um grupo de pessoas, convenceu o governo imperial da
importncia da construo de uma estrada de ferro ligando So Paulo ao porto de Santos. O trecho
de descida da Serra do Mar, de 800m, era considerado impraticvel; por isso, Mau foi atrs de
um dos maiores especialistas no assunto: o engenheiro ferrovirio britnico James Brunlees.
Este, veio ao Brasil e considerou o projeto vivel. O projeto foi executado por Daniel Makinson
Fox, engenheiro que havia adquirido experincia na construo de estradas de ferro atravs das
montanhas do norte do Pas de Gales. Ele props que a rota para a escalada da serra deveria ser
dividida em 4 declives, tendo cada uma, uma inclinao de 8%.Nesses trechos, os vages seriam
puxados por cabos de ao. No final de cada declive, seria construda uma extenso de linha de
75m de comprimento, chamada de patamar, com uma inclinao de 1,3%. Em cada um desses
patamares, deveriam ser montadas uma casa de fora e uma mquina a vapor, para promover a
trao dos cabos. Assim, aprovada a proposta pelo britnico, nasce a So Paulo Railway Company.
Para proteger o leito dos trilhos das chuvas torrenciais foram construdos paredes de alvenaria de
3m a 20m de altura, o que consumiu 230.000 m de alvenaria. Inaugurada em 16 de fevereiro de
1867 (mesmo com todas as dificuldades a construo foi concluda 8 meses antes do esperado 8
anos), a primeira linha da So Paulo Railway foi criada pela necessidade do transporte de caf do
interior at o porto de Santos.
Nestor Goulart Reis (1989) em sua obra Aspectos da Histria da Engenharia Civil em So Paulo,
cita que
a importncia econmica dessa obra no pode deixar de ser mencionada, pois provocou, juntamente
com a navegao a vapor, a articulao da capital e do interior do estado com o mercado internacional,
alm de abrir espao para novas atividades empresariais, quer no setor de transporte (novas ferrovias,
navegao e bondes de trao animal), quer na explorao de alguns servios urbanos, como gua
e gs, bem como na construo civil. A maioria dos engenheiros e empresrios era estrangeira. Na
dcada de 1870 apareceram os primeiros engenheiros brasileiros de outros estados, formados no
Rio de Janeiro e no exterior. Na dcada seguinte chegaram os paulistas formados em outros pases.
interessante observar a forma de organizao do trabalho nos canteiros de obras; era proibida a
utilizao de mo-de-obra escrava para no ser desviada da atividade rural, considerada a base da
economia. No entanto, permitia-se a utilizao de presidirios nas obras pblicas. Com a Repblica,
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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diversificou-se a atividade pblica e privada, estimulando extraordinariamente a construo civil. Esta
foi organizada de forma institucional. Foram fundadas as primeiras escolas de engenharia e arquitetura
e criados e ampliados rgos pblicos para a implantao de programas de obras: na capital, a
Repartio de guas e Esgotos, a Comisso de Saneamento e, mais tarde, o Departamento de Estradas
de Rodagem, alm da Comisso de Saneamento de Santos. Os projetos eram realizados nas prprias
reparties, que contavam em seus quadros com profissionais de grande renome e podiam atender
demanda, por ser pequeno o nmero de obras. Parte importante das construes era administrada
diretamente pelas agncias governamentais. Os projetos e clculos estruturais seguiam esse princpio,
sendo projetistas importantes deste perodo Victor Dubugras, Euclides da Cunha e Prestes Maia. Ao fim
da primeira Repblica o panorama comeou a transformar-se. O perodo de 1929-1945 foi de crise e
reduo nas atividades da construo civil. Foi nesses anos que ocorreram as grandes transformaes
qualitativas, com o desenvolvimento do uso do concreto e a reorganizao das formas de trabalho. Aps
a Segunda Guerra Mundial a organizao do trabalho na construo civil foi estabelecida com novas
caractersticas. O poder pblico deixou de assumir diretamente a responsabilidade pela execuo das
obras, abrindo espao para as empresas privadas. O ingresso em uma nova fase de desenvolvimento
implicou em dinamizao da construo civil. Mas foi somente no perodo de 1955-1965 que comearam
a se implantar os programas de grandes obras de infra-estrutura e servios. A partir de ento, o poder
pblico retirou-se tambm dos projetos, surgindo os escritrios especializados. J no se tratava de
projetar e executar algumas obras, mas de implantar programas amplos e variados, cuja execuo
exigia mobilizao tcnica equivalente.
No campo do aproveitamento de recursos hidrulicos, em 1883 instalada a Usina de Ribeiro do
Inferno, em Diamantina/MG, para a alimentao de bombas de gua na explorao de diamantes. Em 1889
inaugurada a primeira hidreltrica da Amrica do Sul, a usina de Marmelos, em Juiz de Fora-MG. Em
1901, entrou em operao a Usina Edgard de Souza, no rio Tiet, para distribuio de energia na cidade de
So Paulo. Na dcada de 70, com a criao do Plano Nacional de Saneamento (Planasa) e das companhias
estaduais de saneamento, fortalecida a estruturao sanitria das cidades, embora ainda nos dias de hoje
o pas no tenha cumprido as metas de universalizao dos servios de abastecimento de gua potvel e
principalmente de coleta e tratamento de esgotos.
Atualmente, o Brasil tem uma das indstrias de construo mais desenvolvidas do mundo, com
participao importante no PIB nacional e trabalhos realizados em vrios pases do mundo. O Brasil um dos
dez maiores produtores de cimento Portland, sendo o maior produtor da Amrica Latina, e detm uma das
mais avanadas tecnologias na fabricao desse produto. A tradio da Engenharia Civil nacional conta com
obras como a ponte Rio-Niteri, a hidreltrica de Itaipu, as usinas nucleares de Angra dos Reis, a estrada de
ferro Carajs, e tantas outras que orgulham os profissionais e a populao brasileira. H, no entanto, dficits
considerveis relacionados Engenharia Civil a serem resolvidos, como, por exemplo, o dficit estimado de
8 milhes de moradias e srios problemas na rea de infraestrutura de transportes e saneamento no pas.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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A Formao em Engenharia Civil
Conforme citado na Introduo deste captulo, Telles (1984) destaca que a Engenharia, quando considerada como arte de construir, evidentemente to antiga quanto o homem, mas, quando considerada como um conjunto organizado de conhecimentos com base cientfica aplicado construo em geral, relativamente recente, podendo-se dizer que data do sculo XVIII.
Telles (1984) considera que a Engenharia moderna nasceu dentro dos exrcitos, destacando-se eventos como a descoberta da plvora e o progresso da artilharia, que obrigaram a uma completa modificao nas obras de fortificao, exigindo, em especial a partir do sculo XVII, a formao de profissionais habilitados para o seu planejamento e execuo. A necessidade de realizao de obras, que fossem ao mesmo tempo slidas e econmicas, e, tambm, de estradas, pontes e portos para fins militares foraram o surgimento dos oficiais-engenheiros e a criao dos Corpos especializados de Engenharia nos exrcitos. Pardal (1985) destaca que os engenheiros militares se ocupavam tambm com obras pblicas no militares, tais como construo de edifcios, pontes, estradas, portos etc., e que a complexidade dessas obras levou formao do engenheiro civil.
Segundo Pardal (1985), a primeira escola europeia para o ensino de militares artilheiros poca confundidos com engenheiros foi implantada em Veneza, na Itlia, em 1506, onde se publicou, em 1583, o primeiro livro com desenhos de fortificaes, de Maggi e Castrioto. Engenharia e Artilharia eram consideradas aplicaes da aritmtica e da geometria. Em Portugal, foi pioneira desse ensino a Escola de Santo Anto, no sculo XVI, em cujo ncleo de estudos se ensinava matemtica e suas aplicaes, inclusive navegao, artilharia e fortificaes.
A proximidade do ensino de engenheiros e militares artilheiros se estendeu at o sculo XIX. Ainda em Portugal, em 1641, foi implantada em Lisboa a primeira escola especfica para o ensino de artilharia e fortificao, em Paos da Ribeira, por meio da Aula de Artilharia e Esquadria. Pardal (1985) esclarece que a denominao de Aula era utilizada para as instituies de ensino, que depois passavam denominao de Academia.
Em 1647, a Aula de Artilharia e Esquadria passou para a Ribeira das Naus, com o nome de Aula de Fortificao e Arquitetura e Academia Militar. Responsvel pelas aulas dessas instituies, o engenheiro portugus Lus Serro Pimentel foi o responsvel pelo primeiro livro portugus sobre fortificaes, publicado em 1680: Mtodo lusitnico de desenhar as fortificaes das praas regulares e irregulares (PARDAL, 1985).
Conforme Pardal (1985), o incio da formao em Engenharia na Frana, pas precursor do ensino formal na rea e que se tornou modelo para os cursos que foram implantados em vrios pases, inclusive no Brasil, ocorre no incio do sculo XVIII, a partir de 1720, com a implantao de vrias escolas de
Artilharia.
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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A cole Nationale des Ponts et Chausses (Escola Nacional de Pontes e Estradas), fundada em
1747 na Frana, considerada a primeira instituio de ensino destinada formao em Engenharia no
mundo, e que diplomou profissionais com o ttulo de engenheiro. A Ecol Nationale des Ponts et Chausses
formava engenheiros construtores, de forma que se pode afirmar que a formao em Engenharia iniciou-se
pela Engenharia Civil, como hoje conhecemos.
Os fundamentos da Engenharia Civil, conhecidos poca, foram organizados e publicados como
livro em 1729, na Frana, em um trabalho do engenheiro francs Bernard Forrest de Blidor: La science
des ingnieurs. Tratava-se de um verdadeiro manual de Mecnica, com enfoque na construo de muros
de conteno, foras que agem nos arcos, presso no solo etc. O livro foi reeditado vrias vezes nos
anos seguintes.
A cole Polytechnique, fundada na Frana, em 1795, por iniciativa de Gaspard Monge e Antoine
Foucroy, considerada a escola de Engenharia modelo e inspirao para a criao de tantas outras escolas
de Engenharia pelo mundo. A Escola Politcnica francesa tinha o curso em trs anos, onde se ensinavam
as matrias bsicas da Engenharia. O principal diferencial da Instituio eram os professores de altssimo
nvel, tais como Monge, Lagrange, Fresnel, Prony, Fourrier, Poisson, Gay Lussac e outros. Aps os trs
anos, os alunos eram encaminhados a outras instituies especializadas, como Ponts et Chausses, cole
de Mines (fundada em 1783) e outras. Esse modelo, onde inicialmente se preparava o aluno nas cincias
bsicas, notadamente em cincias matemticas, e posteriormente em cincias aplicadas, em determinada
rea de formao, foi uma importante contribuio da Escola Politcnica e ainda hoje base de formao
de engenheiros em muitos pases do mundo.
Na cole Polytechnique a matria essencial era a Geometria Descritiva, fato explicvel por ter
sido Monge, responsvel pelo programa do curso, o criador da matria. O curso em trs anos tinha na
Geometria Descritiva a nfase em matrias como a Estereotomia (arte de dividir e cortar com rigor os
materiais de construo), a Arquitetura e os estudos da Fortificao (PARDAL, 1985).
Voltando a Portugal, em Lisboa, a Academia Militar foi substituda, em 1779, pela Real Academia
de Marinha, destinada a alunos paisanos, mas tambm cursada pelos futuros oficiais-engenheiros at
1790, quando surgiu a Real Academia de Fortificao, Artilharia e Desenho. Essa instituio, com curso
de quatro anos, considerada a primeira a manter um curso de Engenharia Militar em Portugal (PARDAL,
1985).
Ainda em Portugal, em 1837 a Academia Real de Marinha passou a denominar-se Escola
Politcnica, com curso em quatro anos, e a Academia Real de Fortificao, Artilharia e Desenho passou
a denominar-se Escola do Exrcito, com cursos de trs anos em Engenharia Militar, Civil e de Minas.
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TRAJETRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA
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Nos Estados Unidos, conforme estabelece Pardal (1985), o ensino formal de Engenharia inicia-se
pela Academia Militar de West Point, que resultou de autorizao do Congresso Americano, em 1794, para
a criao do corpo de artilheiros e engenheiros. A Academia incendiou-se em 1796 e reabriu em 1802,
ano em que considerado o incio de suas atividades. Pardal relata que a organizao da instituio era
inicialmente precria e que apenas a partir de 1817, quando o diretor da escola visitou a Frana e pro-
moveu alteraes organizacionais em West Point, tomando como exemplo a Escola Politcnica francesa,
que a Instituio modernizou-se e expandiu-se. Pardal (1985) observa o grande desenvolvimento das
instituies de Engenharia americanas, que em 1862 j contavam com mais de 70 escolas. Essa expanso
deveu-se em grande parte rpida colonizao do Oeste americano, com necessidades de transporte
e comunicaes. At 1870 o ensino de Engenharia nas academias americanas era terico, deficiente e
basicamente dirigido Engenharia Civil. No final do sculo XIX o nmero de escolas de Engenharia nos
Estados Unidos cresceu ainda mais, diversificando-se em vrias reas da Engenharia, em funo da forte
industrializao e da imigrao, e afastou-se progressivamente do modelo francs, sendo construdo um
modelo prprio, com formao eminentemente prtica, grande nfase em laboratrios e proximidade
com a crescente indstria americana.
A Formao em Engenharia Civil no Brasil
Segundo relato de Pardal (1985), no Brasil houve, de incio, experincias isoladas e espordicas,
como a do engenheiro holands Miguel Timmermans, contratado em 1648-1650 para preparar 24 alunos
para as funes de engenheiro, inclusive de artifcios e fogo. O general Adailton Pirassinunga, citado por
Pardal, considera que no Brasil o primeiro vestgio do ensino militar ocorreu em 1698, no Rio de Janeiro,
nas lies sobre o uso e o manejo da Artilharia, sendo o responsvel o capito-engenheiro Gregrio
Gomes Henriques. Posteriormente, em 1699, coube a Gregrio Henriques a direo da primeira Aula de
Fortificao, criada pela Carta Rgia de 1699, por Dom Pedro II, de Portugal. Salienta-se que desse ensino
no se conhecem planos de aula, assuntos abordados ou durao dos cursos (PARDAL, 1985).
Em 1738, por meio de Ordem Rgia, formalizado o ensino militar, fixando-o em pelo menos
cinco anos, na Aula do Tero de Artilharia do Rio de Janeiro, posteriormente denominada de Aula do
Regimento de Artilharia. Para essa aula, o primeiro mestre, responsvel pelo ensino at 1768, foi o
Sargento-Mor engenheiro Jos Fernandes Pinto Alpoim. Alpoim, que alm de professor foi engenheiro
(construtor), publicou duas obras: Exame de artilheiros, publicada em Lisboa, em 1746, e Exame de
bombeiros, publicada em Madri, em 1748. A primeira delas trata de aritmtica, geometria e artilharia, e a
segunda consta de tratados de geometria, trigonometria, longimetria (estudo das medidas de distncias),
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VOLUME II ENGENHARIA CIVIL
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morteiros, pedreiros (tipo de morteiro), obuzes, petardos, baterias e fogos artificiais e especiais. Segundo
Pardal (1985), possvel que a aula ministrada por Alpoim fosse, em 1738, prioritariamente de Artilharia,
mas a partir de 1752 j se introduzira a Engenharia Militar.
Conforme citado por Oliveira (2000), a data de incio formal dos cursos de Engenharia no Brasil
foi 17 de dezembro de 1792, com a criao da Real Academia de Artilharia, Fortificao e Desenho, na
cidade do Rio de Janeiro. Essa Academia, evoluo da Aula de Regimento de Artilharia, formava oficiais
para o Exrcito. Os oficiais de infantaria e de cavalaria faziam apenas os trs primeiros anos, os de
artilharia os cinco primeiros, e os de Engenharia o curso completo. O sexto ano era dedicado exclusiva-
mente Engenharia Civil (TELLES, 1984). Na Academia, nos cinco primeiros anos de formao militar,
estudava-se Matemtica, Artilharia, Minas, Fortificaes, Ataque e Defesa das Praas. No sexto ano, voltado
Engenharia Civil, ensinava-se a Arquitetura Civil, corte de Pedras e Madeira, Oramento de Edifcios,
Materiais de Construo de Edifcios, Construo de Caminhos e Caladas, Hidrulica e a Arquitetura de
Pontes, Portos, Diques e Comportas. Para Pardal (1985) a est claramente, o incio do ensino formal da
cadeira de Arquitetura Civil no Brasil, denominao a poca, da Engenharia Civil.
A Real Academia de Artilharia, Fortificao e Desenho, na cidade do Rio de Janeiro, considera-
da, desde a sesso da Congregao da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), em 31 de julho de 1985, como o marco de implantao do ensino formal de Engenharia no
Brasil. A deciso da Congregao apoiou-se em trabalho de pesquisa do professor Paulo Pardal, base