Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

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9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA JACIMAR OLIVEIRA ALMEIDA RAMOS MICHELE OLIVEIRA NASCIMENTO ENSAIOS DO REAL: Identidades femininas e suas representações no contexto de Conceição do Coité Conceição do Coité 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

JACIMAR OLIVEIRA ALMEIDA RAMOS

MICHELE OLIVEIRA NASCIMENTO

ENSAIOS DO REAL:

Identidades femininas e suas representações no

contexto de Conceição do Coité

Conceição do Coité

2011

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JACIMAR OLIVEIRA ALMEIDA RAMOS

MICHELE OLIVEIRA NASCIMENTO

ENSAIOS DO REAL:

Identidades femininas e suas representações no

contexto de Conceição do Coité

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Habilitação em

Radialismo, da Universidade do Estado da

Bahia, como requisito parcial de obtenção do

grau de bacharel em Comunicação, sob a

orientação da Professora Mestre Carolina Ruiz

de Macedo.

Conceição do Coité

2011

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JACIMAR OLIVEIRA ALMEIDA RAMOS

MICHELE OLIVEIRA NASCIMENTO

ENSAIOS DO REAL:

Identidades femininas e suas representações no

contexto de Conceição do Coité

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Radialismo, da Universidade do

Estado da Bahia, realizado sob a orientação da Professora

Mestre Carolina Ruiz de Macedo.

Data: ____________________________

Resultado: ________________________

BANCA EXAMINADORA

Profª. Msc. Carolina Ruiz de Macedo (orientadora)

Assinatura________________________

Profª. Dra.. Rosane Meire Vieira de Jesus

Assinatura_______________________

Profª. Msc. Vilbégina Monteiro dos Santos

Assinatura___________________________

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter nos dado saúde, coragem e sabedoria durante essa caminhada.

Às nossas famílias pelo apoio incondicional em todos os momentos.

À nossa orientadora Prof.ª Msc. Carolina Ruiz de Macedo pelo incentivo, presteza e

contribuições para construção desse trabalho de conclusão de curso.

Em especial à Prof.ªMsc. Vilbégina Monteiro dos Santos que além das discussões em sala de

aula nos proporcionou com sua amizade grandes experiências de vida, as quais impulsionaram

nosso crescimento acadêmico.

À Clélia, Geninha, Gilca, Juçara e Vilmara pela gentileza e disponibilidade em participar

desse trabalho, permitindo a construção de uma relação de amizade.

Aos nossos colegas e demais professores por fazerem parte de nossa vida durante esses quatro

anos. Em especial à Bruna, Juçara, Mevolandia e Raiane com quem compartilhamos

momentos positivos e negativos, os quais nos marcaram significativamente.

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“Seguimos buscando compreender a natureza complexa da

imagem fotográfica documento fechado, definido,

delimitado pelas margens da superfície fotográfica,

portador de um inventário de informações que é, ao

mesmo tempo, uma representação aberta, indefinida, real

porém imaginária, plena de segredos extra-imagem que

segue sua trajetória mostrando/encobrindo sua razão de ser

no mundo; uma aparência construída em eterna tensão

com seu verdadeiro mistério, subcutâneo à superfície

fotográfica: sua trama, sua história, sua realidade interior.

Um signo a espera de sua desmontagem..”

Boris Kossoy (2000, p.143-144)

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RESUMO

ENSAIOS DO REAL:

Identidades femininas e suas representações no contexto de Conceição do

Coité

Considerando o desenvolvimento da atuação das mulheres, numa perspectiva histórica,

observa-se que os papéis sociais assumidos por elas foram se transformando e

consequentemente foram resignificando suas identidades. Nesse sentido, nas sociedades pós-

modernas, os sujeitos femininos assumem múltiplas identidades que fomentam a

reestruturação de suas representações nos espaços sociais. Propõe-se através de um ensaio

fotográfico construir representações das várias identidades de algumas mulheres que têm

participação ativa no contexto social de Conceição do Coité, Assim, o objetivo com esse

trabalho não é retratar a mulher pelo filtro de uma perspectiva feminista, mas através dos

fragmentos temporais e espaciais materializados nas fotografias, dar visibilidade à mulher

como sujeito social, que pode ser mãe, empresária, líder sindical, professora etc., mas antes de

tudo mulher. Com esse objetivo foram selecionadas mulheres símbolo de transformação

social, pela cidadania, e de luta por melhores condições de vida.

Palavras-chave: Identidades. Mulheres. Conceição do Coité. Representação. Ensaio

Fotográfico.

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ABSTRACT

THE REAL ESSAY:

Women's identities and their representations in the context of the

Conceição do Coité

Considering the development of the actuation of women in historical perspective, we see that

the social roles assumed by them were turning and therefore their identities were resignifying.

Accordingly, in postmodern societies, the female subjects assume multiple identities that

foster the restructuring of its representations in social spaces. We propose using a photo essay

to build representations of the multiple identities of some women who are active in the social

context of Conceição do Coité. So our goal with this work is not portray the woman through

the filter of a feminist perspective, but through fragments of time space materialized in the

photographs, to give visibility to women as a social subject, which can be a mother,

businesswoman, union leader, teacher etc.. But above all women. With this aim we selected a

symbol of women for citizenship and social transformation of the struggle for better living

conditions.

Keywords: Identity. Women. Conceição do Coité. Representation. Photo Essay.

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Sumário

Introdução 09

Público-alvo 17

1 Mulher: Identidades e Representações 13

1.1 O empoderamento das mulheres em Conceição do Coité 15

1.2 Uma Questão de Identidade 17

1.3 Identidade Feminina e Representação na Mídia 19

1.4 Mulher e Propaganda 20

2 Imagem e Sociedade 22

2.1 Implicações sociais da Imagem fotográfica 26

2.2 Representação fotográfica: formas de percepção, criação e interpretação da 29

realidade

3 Registros Fotográficos 33

3.1 Pré-produção 33

3.1.1Proposta do Ensaio 35

3.1.2 Equipe 35

3.1.3 Perfis 35

3.1.4 Pré-produção dos ensaios 43

3.2 Produção 43

3.2.1Relatório dos ensaios 44

3.2.2 Descrição das fotografias selecionadas para a exposição 60

3.3 Pós-produção 64

4 Cronograma 65

5 Orçamento 65

6 Considerações Finais 67

Referências 69

Apêndice 72

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Introdução

A relação histórica entre o homem e os mecanismos de captação de imagens é

marcada pela lógica da experimentação, numa perspectiva de desenvolvimento impulsionado

pelo aprimoramento técnico e busca da qualidade estética. Nesse processo de

desenvolvimento, o homem, através da fotografia, reconfigura o modo como se relaciona com

o mundo, criando com as representações fotográficas novas formas de percepção e recepção

de sua realidade histórica.

Nesse sentido, as representações criadas através da fotografia envolvem não só

aparatos técnicos ou concepções estéticas, mas também elementos que ideológica e

culturalmente surgem da relação entre – utilizando a terminologia de Roland Barthes (2009) –

o operator (fotógrafo) e o espectrum (objeto fotografado). Ou seja, o resultado do ato

fotográfico está intrinsecamente ligado à forma de relação que o fotógrafo estabelece com seu

objeto.

Assim a imagem fotográfica é classificada como um produto cultural que apresenta

imbricado em sua concretude material e simbólica o fazer de um ser social (fotógrafo) num

dado contexto histórico indissociável de seus conflitos, negociações e de suas formas de

desenvolvimento social.

O desenvolvimento social no contexto de Conceição do Coité, durante, os anos 1970 e

1980 esteve pautado numa estrutura de sociedade patriarcalista, na qual a mulher desenvolve

papéis secundários e ocupa lugares hegemonicamente definidos pelos homens. Dentro desse

contexto os meios de comunicação reafirmam e alimentam tal estrutura através da construção

e disseminação de modelos estereotipados da identidade feminina que reforçam a lógica

patriarcalista; e alguns desses modelos ainda fazem parte de sistemas de identificação na

sociedade contemporânea.

A proposta deste projeto surgiu do desejo de construir um produto visual que possa

contribuir, como alternativa, para a percepção de novas possibilidades de representação da

mulher. Criando imagens fotográficas que represente a mulher com seus múltiplos papéis,

mostrando a complexidade da sua identidade na sociedade contemporânea, a fim de

evidenciar, além dos papéis sociais tradicionalmente exercidos, suas realizações sociais,

apresentando-a como construtora de uma nova realidade.

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No que se refere ao processo de construção da interpretação de imagens fotográficas,

que é uma proposta de Kossoy (2000), esse trabalho pretende propor uma outra concepção

visual do sujeito feminino na cidade de Conceição do Coité. A cidade de Conceição do Coité

foi delimitada como locus deste ensaio fotográfico por ter sua dinâmica social, política e

econômica influenciada pela atuação dessas mulheres, que transformam sua realidade social

criando uma nova perspectiva para o desenvolvimento tanto de suas famílias quando da

sociedade.

O nosso objetivo geral com esse trabalho é construir um ensaio fotográfico de cunho

documental que materialize, através da imagem, a representatividade da mulher em Conceição

do Coité, destacando as múltiplas identidades apropriadas pela mulher pós-moderna.

A partir deste objetivo geral surgem outros de natureza mais específica, quais sejam:

dar visibilidade a mulher enquanto construtora e transformadora de sua

realidade em Conceição do Coité.

mostrar a mulher enquanto sujeito transformador e protagonista de sua própria

história;

representar as várias identidades assumidas por algumas mulheres coiteenses

no desempenho de seus papéis sociais;

montar uma exposição a fim de mostrar algumas mulheres coiteenses símbolo

de luta por melhores condições de vida.

Desse modo propomos um ensaio que contribua politicamente para uma releitura da

imagem dos sujeitos femininos em Conceição do Coité. Assim o propósito não é construir

fotografias artísticas para contemplação como obra de arte, mas colocá-las como propulsoras

de reflexões.

Sendo que para selecionar essas mulheres, fizemos algumas pesquisas exploratórias,

nas quais observamos, por meio de amostragem tipificada, algumas características que

nortearam nossas escolhas. Com base no levantamento de dados, selecionamos seis mulheres,

com quem fizemos entrevista oral semiestruturada a fim de obter informações necessárias

para conhecer melhor cada uma das personagens e também para construir seus perfis.

Visto que os meios de comunicação comerciais, por obedecer a lógica capitalista de

produção, em grande parte, não trazem representações da mulher enquanto sujeito

transformador e construtor de uma nova realidade, tanto social quanto familiar, decidimos

realizar um ensaio fotográfico com intenção de representar mulheres que compõem o cenário

público e social de Conceição do Coité como sujeitos transformadores.

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Temos conhecimento que a temática das mulheres já foi explorada em trabalhos

acadêmicos através de várias perspectivas e usando diversos suportes, no entanto, o uso da

fotografia como método de construção do saber, promoção do conhecimento, da informação e

da reflexão, ainda não foi explorado pela comunidade acadêmica de Conceição do Coité.

Dessa forma, o tema proposto apresenta grande relevância social, pois tem uma capacidade

maior de acessibilidade, além da facilidade de divulgação e propagação, pois a atração que a

imagem fotográfica exerce sobre as pessoas é mais direta do que um texto escrito.

Nesse sentido, ao aumentar a sociabilização do conhecimento, estamos ajudando a

Universidade a cumprir seu papel junto à sociedade, pois com a inserção de novos debates e

novas discussões no contexto social, estamos provocando mudanças que impulsionam seu

desenvolvimento.

Além disso, acreditamos que assim como o mapa é capaz de construir sentido e

transmitir conhecimento, a imagem também o faz, visto que, a partir de uma concepção

esteticamente trabalhada, as fotografias aqui propostas, podem adquirir funções informativas

e de valorização da imagem simbólica das mulheres retratadas.

Mostrar essas mulheres, através de um ensaio fotográfico, surgiu como uma

alternativa de criar uma forma da sociedade ver/perceber as mulheres, contrapondo as

imagens estereotipadas, em formatos mercadológicos, veiculadas pelas mídias convencionais.

No capitulo 1 deste memorial, foi abordado, numa perspectiva histórica, as relações de

gênero e a trajetória feminina na sociedade, fazendo um apanhado geral a respeito do modelo

patriarcalista, o qual estruturou por muito tempo as relações sociais, inclusive no contexto de

Conceição do Coité. Para melhor abordagem dos assuntos, o capítulo foi dividido em quatro

subtemas: O empoderamento das mulheres em Conceição do Coité; Uma questão de

identidade ; Identidade feminina e representação na mídia e Mulher e Propaganda.

No primeiro tópico, discutimos questões a cerca do empoderamento dos sujeitos

femininos na perspectiva de Almeida (2010) e Silva, Z. P. (2007), com recorte espacial da

cidade de Conceição do Coité, traçando uma trajetória do envolvimento da mulher coiteense

na transformação da sociedade. No segundo, trazemos, através dos conceitos de identidade e

representação de autores como Hall (2006), Silva, T. T. (2007) e Kellner(2001), argumentaçõs

sobre os processos de construção, desconstrução e reconstrução das identidades femininas,

considerando os múltiplos papéis sociais que as mulheres desenvolvem.

No terceiro tópico, foram abordados, baseado em Cruz (2009), o papel dos meios de

comunicação no processo de representação e consolidação dos estereótipos criados em torno

dos sujeitos femininos no contexto contemporâneo. Por fim, debatemos no quarto tópico a

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problemática do uso da imagem feminina nas propagandas, discutindo a associação que se faz

dela com os interesses mercadológicos e como mudar essa realidade, colocando o ensaio

fotográfico no âmbito acadêmico como uma alternativa de representar a mulher dissociada de

um produto.

No capítulo 2, trabalhamos uma retrospectiva histórica da relação do homem com a

imagem, desde as primeiras pinturas no interior das cavernas até a fotografia digital.

Abordamos, a partir das reflexões de Bazin (1991), Barthes (2009), Debrey (1994) e Sontag

(2004), como o significado da imagem para o homem se modificou com o passar do tempo e

com o avanço da técnica. Dividimos este capítulo em dois tópicos: Implicações sociais da

imagem fotográfica e Representação fotográfica: formas de percepção, criação e

interpretação da realidade.

No primeiro tópico, trabalhamos, ancoradas nas discussões trazidas por Fabris (2007)

e Sontag (2004), quais as implicações das fotografias nos processos de comunicação

imagética e também os novos usos e funções atribuídos à fotografia, considerando, nesse

contexto, as modificações que estas imagens provocam tanto nos espaços concretos quanto

nos simbólicos. O segundo tópico, dialogando com Barthes (2009) e Kossoy (2000), discute

como as representações fotográficas são usadas na percepção, criação e interpretação da

realidade já que a materialização do real, através da fotografia, é um processo cultural que

envolve múltiplas interpretações, tanto na sua produção quanto na sua percepção/recepção.

No terceiro capítulo, fazemos a descrição técnica e metodológica da pré-produção,

produção e pós-produção do ensaio fotográfico.

Público-alvo:

Toda sociedade de Conceição do Coité, assim como a comunidade acadêmica que

engloba através da diversidade e heterogeneidade de seus estudantes outros contextos sociais.

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1. Mulher: Identidades e Representações

Para que se desenvolvam, as sociedades adotam sistemas e modelos de organização

social em que são definidos padrões, papéis, condutas e comportamentos para seus atores

sociais que obedecem à lógica de funcionamento do modelo ou sistema adotado, o qual é

firmado e legitimado por instituições sociais que desempenham funções importantes na

sociedade, como as escolas, igrejas e a família. Assim como também pelos meios de

comunicação, que interferem nesse processo de organização, reforçando ou não determinadas

concepções e estereótipos.

A partir deste pressuposto, consegue-se, através de uma análise histórica, identificar

que a sociedade brasileira adotou o sistema patriarcalista como estrutura social e como forma

de organizar as relações de poder. O modelo tem suas bases definidas desde o Brasil Imperial

(BAUER, 2001) em que as famílias eram estruturadas através do domínio do pai, o qual

assumia a responsabilidade de conduzir a família, atuando de forma autoritária e impositiva.

Se o ser homem é patriarcalmente identificado nos músculos fortes e à mostra, no

ser agressivo e autoritário, a mulher é definida a partir de uma relação de oposição,

frágil, emotiva, passiva, ingênua e dominável. (ALMEIDA, 2010, p. 102)

Nesse sentido foram sendo estabelecidas, a partir dos padrões patriarcalistas, as

diferenciações dos papéis do pai/homem/esposo e da mãe/mulher/esposa no espaço privado de

suas casas, mas também na sociedade, caracterizada como espaço público, passando a

envolver as relações sociais existentes dentro desses espaços.

No patriarcado, o homem (patriarca) é colocado como um ser superior em relação a

mulher (matriarca), sendo considerado o responsável pelo sustento da família e pelo

desenvolvimento da sociedade, enquanto o papel atribuído às mulheres fica restrito ao lar,

cabendo-lhes apenas a educação dos filhos e os cuidados com a casa.

A partir dessa hierarquização, as relações de gênero são caracterizadas pela

dominação-exploração, nas quais o homem assume o papel de dominador e a mulher de

submissa, construindo um sistema de poder que predominantemente apresenta-se

desfavorável a mulher. Esse poder, segundo Foucault (1988), se exerce também através de

uma rede de discursos e práticas sociais, pois as relações sociais e o comportamento dos

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atores sociais são elementares para o processo de manutenção e/ou reestruturação desses

sistemas.

É por meio da proliferação e reafirmação desses discursos que muitas mulheres foram

convencidas de que não possuíam o perfil para a competitividade e para o exercício do poder,

reforçando o sistema patriarcalista. No entanto Almeida coloca que:

Historicamente a mulher nunca esteve dissociada do trabalho como atividade

econômica, especialmente naquelas vinculadas a sobrevivência familiar, seja no

espaço rural, ocupando-se da terra, trabalhando na plantação e na colheita, seja nos

centros urbanos, comerciais e industriais. (ALMEIDA, 2010, p.24)

Nessa perspectiva a mulher desempenha funções que extrapolam os limites do espaço

privado de seus lares e contribui com sua atuação nos espaços públicos, para o

desenvolvimento de sua família e da sociedade como um todo. Mas ainda assim as mulheres

não adquirem a mesma valorização atribuída aos homens.

Contudo algumas mulheres, ao longo da história, criaram formas silenciosas e

particulares, de subverter e burlar a autoridade do patriarca (pai e/ou esposo), utilizando-se de

táticas sutis para participar das tomadas de decisões referentes tanto às relações familiares

quanto aos negócios e aos setores econômicos e políticos da sociedade, sendo possível

“identificar estratégias de lutas e resistências que permitiram algumas mulheres driblar o

poder do macho, transitar entre o público e o privado e, em alguns casos, exercer o papel de

chefe de família, tomando nas suas próprias mãos as rédeas de sua existência” (BRANDÃO,

2008, p. 154).

Com essa nova postura, as mulheres passam a demandar a abertura e o alargamento de

espaços para sua atuação. Nesse momento que corresponde às primeiras décadas o século XX,

surgem, na sociedade brasileira, as primeiras manifestações e mobilizações de mulheres de

forma organizada. É nesse cenário que emergem fortes grupos feministas que atuam em áreas

específicas da sociedade.

As mulheres começaram a se organizar em clubes de mães. Com a militância, o

movimento feminista ganhou novos rumos, conquistando novos espaços. Em sua primeira

fase no Brasil, o feminismo teve como objetivo a conquista dos direitos políticos das

mulheres, mediante participação eleitoral, assim como também o alcance da sua cidadania

através da educação, com a finalidade de obter maiores oportunidades de participação na vida

social e pública.

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Esta luta durou muitos anos e, para conseguirem êxito nesse propósito, foi fundado,

em 1910, o Partido Republicano Feminino. É interessante ressaltar que a atuação do partido

ocorria fora da ordem estabelecida, já que era composto por pessoas que não possuíam

direitos políticos. Este partido não defendia apenas o direito ao voto, ele também buscava a

conscientização das mulheres sobre a emancipação e a independência feminina, além de

propugnar pelo fim da exploração sexual.

Muitos anos passados desde o início da luta das mulheres pela conquista dos direitos

políticos femininos, as mulheres conseguiram não apenas direito ao voto. Em 2010 foi eleita a

primeira mulher presidente do Brasil, fato que confirma a importância da luta no processo de

emancipação, desafiando o conservadorismo e os resquícios patriarcalistas existentes na

sociedade brasileira, tentando equilibrar o jogo de poder.

A conquista da presidência da República, assim como tantas outras, é fruto de

processos históricos em que a mulher constrói/desconstrói, significa e ressignificam-se num

movimento dialético que envolve tanto os espaços concretos quanto os espaços simbólicos.

No entanto essas conquistas não são características específicas de um contexto, mas o

resultado de uma mobilização pulverizada em várias áreas, como a da educação. Através do

maior acesso à educação na sociedade atual, a mulher consegue transpor o espaço privado,

circulando entre estas duas instâncias da sociedade.

Neste sentido, o empoderamento das mulheres na contemporaneidade está estritamente

associado ao seu nível educacional, o qual lhe permite ocupar espaços que anteriormente

estavam restritos aos homens. Isto pode ser visualizado no mercado de trabalho, onde as

mulheres com qualificação têm mais oportunidades de emprego que os homens.

1.1 O empoderamento das mulheres em Conceição do Coité

O semiárido baiano é uma das regiões que registram um dos piores índices de

desenvolvimento social do Brasil e é, nessa região, mais especificamente no Território do

Sisal, que está localizada a cidade de Conceição do Coité. De acordo com o levantamento do

censo 2010, a cidade tem 62.042 habitantes, sendo deste total 31.338 mulheres e 30.704

homens1.

1 Fonte: IBGE, Disponível em: www.ibge.gov.br/home/.../populacao/censo2010/.../total_populacao_bahia.pdf

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Seguindo a dinâmica do desenvolvimento nas outras regiões do país e do mundo as

mulheres de Conceição do Coité, mesmo enfrentando preconceitos da sociedade, também

buscaram se tornar independentes de seus pais e maridos, tomaram as rédeas de suas vidas,

assumindo responsabilidades e a liderança do desenvolvimento de suas famílias. Muitas

mulheres da cidade saíram dos bastidores para serem protagonistas das transformações sociais

na comunidade.

Segundo Silva, Z. P. (2007), o envolvimento direto de mulheres no processo de

mobilização social em Coité se inicia a partir de 1994, ano em que foi criada a Comissão de

Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité/BA, renomeada em

1997, como Movimento de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Conceição do

Coité/BA, que lutava pela emancipação da mulher trabalhadora rural.

Este movimento ampliava sua atuação em reuniões e encontros realizados em várias

cidades do território, a fim de discutir questões como valorização do trabalho feminino e

respeito à mulher, bem como incentivar as trabalhadoras a se organizarem na luta por seus

direitos.

Em 2000, o Movimento de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores Rurais de

Conceição do Coité/BA mudou novamente de nome e tornou-se Coletivo de Mulheres do

Sindicato de Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité/BA. Não foi apenas o nome que

mudou, a principal inovação deste coletivo nesse momento foi a abertura de espaço para a

participação da trabalhadora urbana.

O Coletivo conseguiu efetivar muitos de seus projetos sociais, que, hoje, englobam

não só a mulher, mas a melhoria das condições de vida do povo do semiárido. Desde 1998, a

principal bandeira de luta do Coletivo de Mulheres tem sido a implantação de uma Delegacia

de Atendimento Especial à Mulher em Conceição do Coité, entretanto esta tem se mostrado

uma luta perene, pois esta solicitação tem passado como algo desnecessário aos olhos do

poder público.

O Coletivo de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Conceição do

Coité/BA é um movimento de grande visibilidade que demonstra a capacidade de organização

e mobilização da mulher coiteense em busca da sua emancipação e na luta pela melhoria da

qualidade de vida no semiárido. É o diálogo com o sindicato que tem fornecido bases para a

Acessado em 06/04/2011

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reflexão crítica e para a conscientização destas mulheres, oferecendo elementos para que

possam interpretar a sociedade e conhecer seus direitos sociais.

É através destas reflexões que acontece o processo de empoderamento das mulheres

de Conceição do Coité e o reconhecimento de sua capacidade política. No corpo constitutivo

deste Coletivo há mulheres que são mães, esposas, filhas, trabalhadoras, e que em suas casas e

nas ruas travam batalhas diárias em busca de sua autonomia.

Para além do Coletivo de Mulheres, há em Conceição do Coité, inúmeras mulheres,

cada uma desempenhando seu papel ou seus múltiplos papéis na sociedade. São donas-de-

casa, mobilizadoras sociais, líderes religiosas, empresárias, professoras, operárias, estudantes,

comerciantes, agricultoras. Mulheres que atualmente participam da vida econômica e social

da cidade e impulsionam o seu desenvolvimento, mas que, antes, ficavam nos bastidores da

sociedade, permitindo que apenas os homens recebessem o mérito por esse desenvolvimento.

Hoje há uma flexibilidade maior nas relações de poder, mas algumas mulheres ainda

precisam desenvolver estratégias para burlar o poder patriarcal, atuando de forma velada sem

que as figuras masculinas percebam. Nessa conjuntura, as mulheres lutam para serem

reconhecidas por suas ações de transformações sociais, não mais necessitando ficar na plateia

e sim estar no palco da sociedade recebendo o reconhecimento por suas realizações.

Assim como em qualquer outra sociedade, em Conceição do Coité, a mulher

desempenha inúmeros e cumulativos papéis indispensáveis ao desenvolvimento social,

econômico e cultural da cidade, entretanto ainda hoje não lhe é conferido o devido

reconhecimento por sua importância, sendo muitas vezes depreciada e/ou desvalorizada com

bases na hierarquização estabelecida entre os gêneros.

1.2 Uma Questão de Identidade

Em Conceição do Coité, assim como em outros contextos, as relações de identificação

e construção do sujeito se dão através de processos históricos que envolvem os espaços

socioculturais numa dinâmica dialética em que tanto as mulheres quanto a sociedade, entre

conflitos e resistências, transformaram-se.

Nessa perspectiva, as noções de sujeito feminino e de identidade feminina

acompanharam os deslocamentos e as ressignificações provocadas pelas mudanças sociais

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que perpassaram as sociedades, as quais nos Estudos Culturais, segundo Kellner (2001), são

perceptíveis em três fases definidas pela sociedade tradicional, a moderna e a pós-moderna.

Em cada um desses momentos, as concepções de identidade têm características

próprias, delimitadas pelo pensamento e comportamento das pessoas nos espaços sociais. Nas

sociedades tradicionais, o conservadorismo e as tradições delimitavam os papéis sociais, os

quais predeterminavam e fixavam a identidade de cada indivíduo, definindo seu lugar no

mundo. Desse modo “o individuo nascia e morria como membro do mesmo clã, de um

sistema fixo de parentesco, de uma mesma tribo ou grupo, com trajetórias de vida fixada de

antemão” (KELLNER, 2001, p. 295).

Nas sociedades modernas há uma ruptura com esse modelo de identidade sólida e

estável, tornando-se “mais móvel, múltipla, pessoal, reflexiva e sujeita a mudanças e

inovações” (ibidem p. 295), de forma que os indivíduos têm uma flexibilidade maior para

definir sua identidade, ou melhor, suas identidades, já que, na modernidade, o descentramento

dos papéis sociais permite aos indivíduos ocupar várias identidades.

No entanto Kellner coloca que ainda, na modernidade, a identidade permanece com

certa fixidez e tem sua origem ligada a papéis sociais e normas. “As identidades ainda são

relativamente fixas e limitadas, embora os limites para identidades possíveis e novas estejam

em contínua expansão” (idem, p. 296).

Já na teoria pós-moderna, a questão da identidade é problematizada a partir das

mudanças estruturais que se instauram pelo desenvolvimento das sociedades, transformando

as noções de classe, gênero, raça etc., que, segundo Hall, também estão “mudando nossas

identidades pessoais, abalando a idéia que temos de nós próprios como sujeitos integrados”

(HALL, 2006, p.09).

Considerando essa abordagem panorâmica dos Estudos Culturais sobre identidade,

realizamos este ensaio sob a perspectiva de sujeito pós-moderno, considerando as identidades

como “definidas historicamente, e não biologicamente. [e que] O sujeito assume identidades

diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um „eu‟

coerente” (HALL, 2006, p.13).

A pós-modernidade possibilitou à mulher a construção de múltiplas e ambíguas

identidades, superando os limites que demarcam simbolicamente os territórios das diferentes

identidades, num sentido que “o „cruzamento de fronteiras‟ e o cultivo propositado de

identidades ambíguas é, entretanto, ao mesmo tempo uma poderosa estratégia política de

questionamento das operações de fixação da identidade” (SILVA, T. T. 2007, p.89).

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A mulher pós-moderna, através de seus pensamentos e ações, num jogo de apropriação

e desapropriação de identidades, outrora impossíveis de serem aceitas como identificações

femininas, desafia e questiona o sistema de fixação de identidades.

Nesse sentido, o papel de mãe biologicamente atribuído à mulher passou a ser

contestado pelo pensamento pós-moderno, o qual o define como uma identidade facultativa e

não obrigatória. A assimilação de tal identidade, assim como as outras, perpassa pelo campo

da liberdade de escolha e da autonomia dos sujeitos.

Com isso, ao assimilar ou ao negar identidades, as pessoas estão em constante

processo de negociação dentro de espaços e sistemas de representações, os quais envolvem

tanto o simbólico quanto sua concretude, pois as negociações materializam-se também em

espaços sociais.

A representação, compreendida como um processo cultural, estabelece identidades

individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem

possíveis respostas às questões: Quem eu sou? O que eu poderia ser? Quem eu quero

ser? Os discursos e os sistemas de representação constroem lugares a partir dos

quais os indivíduos podem se posicionar e a partir dos quais podem falar.

(WOODWARD, apud SILVA, T.T. 2007, p. 17)

Todavia esses sistemas de representações não são autorregulavéis, eles são construídos

socialmente e legitimados pelas relações pessoais e inter-pessoais dos indivíduos. Esses

sistemas utilizam várias ferramentas para construir modelos de identificações socialmente

aceitáveis, porque “é por meio dos significados produzidos pelas representações que damos

sentido à nossa experiência e àquilo que somos” (ibidem p. 17).

1.3 Identidade Feminina e Representação na Mídia

Segundo a Teoria dos Estudos Culturais, a existência da identidade está estritamente

ligada a sistemas de representação, pois é por meio da representação que a identidade adquire

sentido. Segundo Silva, T. T. (2007), também é por meio da representação que a definição de

identidade se liga aos sistemas de poder

As representações são socialmente produzidas e partilhadas dentro de um contexto

histórico específico. São constituídas a partir de experiências, das informações, dos

saberes e dos modelos de pensamentos recebidos, transmitidos e construídos

Page 20: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

28

através da tradição, da educação e da mídia, enfim da cultura. Quando os sujeitos

encontram-se para falar, argumentar, discutir o cotidiano as representações sociais

estão sendo formadas. (CRUZ, 2009, p. 03)

Vivendo em uma sociedade de imagens, controlada pela cultura das mídias, é válido

afirmar que, nessa argumentação, conversa e discussão do cotidiano em que, segundo Cruz,

são formadas as identidades, as informações transmitidas pelos meios de comunicação são

pautas recorrentes. As pessoas se reúnem para discutir sobre o que foi exibido no jornal, o que

aconteceu no capítulo da novela, ou as cenas “interessantes” de comerciais publicitários.

Dessa maneira, a afirmação e legitimação de estereótipos criados pelo modelo

patriarcal em torno da mulher, ainda hoje, são, em grande parte, de responsabilidade dos

meios de comunicação, que, através de seus mecanismos, conseguem disseminar as

mensagens e ideias de seus realizadores a um grande número de pessoas, pessoas estas que,

muitas vezes, reproduzem estes conteúdos.

1.4 Mulher e Propaganda

Desde as primeiras exibições televisivas até os dias atuais a imagem feminina é cada

vez mais utilizada como forma eficaz para fazer anúncios, seja na imagem de dona-de-casa,

em comercias de sabão em pó, detergente, móveis; como símbolo de beleza em propagandas

de cosméticos e roupas; ou como símbolo sexual, aparecendo sempre de forma sensual em

propagandas de produtos destinados para o público masculino, como em comerciais de

cerveja, cigarro, produtos automotivos etc.

Hoje a imagem de mulher difundida pelos comerciais publicitários gira muito em

torno da mulher esbelta, bonita, que se preocupa com o corpo e, consequentemente, está

sempre preocupada com a perfeição. Dessa maneira, os meios de comunicação criam padrões

idealizados de beleza que concomitantemente constroem e projetam identificações que

servem de elementos para constituir identidades.

Entretanto a construção das imagens midiáticas não se dá de maneira aleatória, mas é

feita a partir de interesses que se estruturam na lógica capitalista, em que os seus produtores

selecionam e elegem características que tornam tais identidades desejáveis, induzindo ao

consumo.

Page 21: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

29

Considerando essa realidade, observa-se predominantemente em Conceição de Coité

as imagens da mulher que circulam nos espaços públicos e no imaginário social seguem essa

lógica da produção/consumo, o que pode ser observado nos cartazes publicitários, em

outdoors propagandas televisivas etc.

No entanto, apesar dos meios de comunicação reforçarem estereótipos

mercadológicos, suas potencialidades podem ser utilizadas de formas diferentes, no sentido de

desconstruir e reconstruir tais modelos de representação e identificação. Poderiam dar, assim,

visibilidade a outras imagens/ identidades femininas dissociadas de interesses capitalistas,

procurando evidenciar a imagem da mulher e não de algum produto.

Por isso faz-se necessário investir em alternativas de construir novas representações

para as identidades femininas, colocando em circulação imagens do sujeito feminino que

possibilitem múltiplas codificações e decodificações a fim de confrontar as ideologias do

mercado.

Visto que, para os meios de comunicação convencionais, este objetivo torna-se

inviável por não ser uma demanda mercadológica, as possibilidades de criar estas outras

representações são maiores no ambiente acadêmico, artístico, cultural ou nos meios de

comunicação educativos, pois, potencialmente, têm maior liberdade de atuação nos contextos

sociais.

Na construção dessas representações, as mensagens imagéticas da fotografia são

elementos importantes de uma narrativa visual que compõe e significa as identificações, pois,

através das técnicas de produção fotográfica, são criadas reproduções iconográficas de

identidades que servem de subsídio para apropriações e assimilação de identidades nos

espaços simbólicos e concretos.

Page 22: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

30

2 Imagem e Sociedade

Desde os primeiros tempos (período paleolítico) o homem demonstra sua necessidade

de deixar vestígios através de imagens. Muito pouco se conhece sobre estes homens que

viveram há aproximadamente 30.000 anos atrás, mas sabe-se de sua existência através de

pinturas encontradas em cavernas, manifestações essas que reproduzem a vida diária daqueles

que as deixaram. Essas pinturas representam o relato mais antigo que se preservou no mundo.

As pinturas feitas pelo homem no período paleolítico são caracterizadas como a

primeira forma de comunicação do homem com o mundo exterior de que se tem notícia.

Através destes desenhos o homem paleolítico criava representações imagéticas de seu

cotidiano na intenção de transmitir mensagens.

Nas sociedades antigas a relação do homem com a imagem se dava muito em torno da

morte. Segundo Debray, “a arte nasce funerária, e renasce apenas sob o aguilhão da morte”

(1994, p.22). É na intenção de honrar o morto que o homem aguça sua “imaginação plástica”e

esta arte é feita para ser vista pelo morto e não pelos vivos. Um exemplo disto são os

verdadeiros tesouros em obras de arte depositadas nas pirâmides que serviam não para apenas

ornar, mas tinham a principal função de ajudar o morto a prosseguir suas atividades normais.

Logo após o funeral, a entrada da pirâmide era interditada, não permitindo a entrada dos vivos

nestes verdadeiros museus.

Assim como a música e a dança, a arte/imagem era componente da religião e, para

uma religião que se fundava sobre o culto dos antepassados era necessário que o morto

sobrevivesse pela imagem. Para os gregos antigos, morrer não era deixar de respirar e sim

deixar de ser visto, por isso a importância da recriação da imagem do defunto, pois era através

dessa representação2 que ele continuaria vivo. Segundo Bazin (1991), a estátua seria criada na

intenção de “salvar o ser pela aparência”.

Esta prática de criar um “segundo corpo”, uma representação para o morto, foi muito

recorrente na Europa da Idade Média, onde os ritos dedicados aos reis duravam quarenta dias,

tempo em que o corpo do soberano deveria permanecer exposto. Visto que a putrefação da

carne avançava mais depressa do que a duração materialmente exigida para a exposição, era

criada, então, uma efígie do soberano morto, ornada com seus adornos e dotada com as

2 Em linguagem litúrgica “representação” designa “um caixão vazio” sobre o qual se estende uma mortalha para

uma cerimônia fúnebre. Já na Idade Média, era a figura moldada e pintada que, nas obséquias representava o

defunto.

Page 23: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

31

insígnias do poder. Esse ato, segundo Debray (1991), ilustra tanto as virtudes simbólicas

quanto as vantagens práticas da imagem primitiva como substituto vivo do morto.

A imagem pode ser vista, então, como instrumento de poder, pois através dela um

indivíduo se eterniza, já que a imagem resiste, por um longo tempo. A representação torna-se

então um privilégio social.

Não se pode distribuir levianamente honras visuais porque o retrato individual

implica em sérias conseqüências. Em Roma até o baixo império, a exibição em

público de retratos é limitada e controlada. Colocava gravemente o jogo de poder.

No início, só tiveram direito a efígie os mortos ilustres porque são, por natureza,

influentes e poderosos; em seguida, os poderosos ainda vivos e sempre do sexo

masculino. Retratos e bustos de mulheres apareceram, em Roma, tardiamente, após

os dos homens; assim como o direito a imagem, apanágio dos nobres falecidos, só

tardiamente – no fim da era republicana – é que foi reconhecido ao cidadão comum.

(DEBRAY, 1991, p. 26)

Mesmo no Cristianismo onde, segundo as doutrinas bíblicas, o culto a imagem é

considerado pecado a compulsão pela representação do irrepresentável, imagens que até então

estavam presentes apenas no imaginário dos fiéis, ganharam representações físicas e surgiu

então a arte cristã: os relicários, o oratório, o ex-voto de ouro, o retábulo, o díptico, o afresco

e, enfim, o quadro. Passando do amor aos ossos ao amor a arte. Isto acontece pela necessidade

de registrar a passagem de santos e mártires pela vida terrestre.

Segundo Debrey a imagem surge num momento em que o homem passa por uma fase

de encontro do pânico da morte, buscando explicação para os fenômenos da natureza, com o

início da técnica de criação da imagem para torná-los imortais (- 30.000 anos). Enquanto o

pânico se sobrepõe ao domínio da técnica, o homem deposita suas crenças na magia e a

projeta visivelmente sobre os ídolos. No momento em que a técnica começa a levar vantagem

sobre o pânico e o homem passa a exercer domínio sobre a natureza e a moldar os materiais

do mundo, dominando os procedimentos de figuração, transcende-se a fase do ídolo religioso

à imagem de arte. Com isso a arte deixa de ter significação de “culto a morte” e passa a ter

valor estético.

Foi na Grécia que surgiu o conceito moderno de arte, que com o culto à beleza ideal e

à perfeição tentava explicar o mundo através de uma visão racional e não mais através dos

sentidos. A arte grega tinha como principal objetivo a representação do corpo humano,

exaltando a força física e mostrando uma anatomia bastante desenvolvida. Na Grécia, a arte,

por não ter uma função religiosa, pôde evoluir livremente.

Page 24: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

32

No Renascimento, os artistas seguem uma linha grega de representação da realidade,

submetida a uma beleza irrealista, mas neste momento a pintura se sobressai sobre as outras

artes, e juntando-se à arte Gótica, passa a decorar o teto das Igrejas. A partir daí a pintura

invade também os palácios e as casas dos nobres através de telas, que inicialmente traziam

imagens da natureza.

Com o passar do tempo e o aperfeiçoamento da técnica, os pintores passaram a fazer

retratos do reis, rainhas e nobres, retratos estes que realçavam a condição de poder do

retratado e que ocupava espaços privilegiados nos salões nobres das casas e palácios. “O

retrato, pintado, desenhado ou miniaturizado foi, até a difusão da fotografia, um bem restrito,

destinado, aliás, a marcar um estatuto social e financeiro” (BARTHES, 2009a, p. 20).

Os artistas, na sua maioria, financiados por nobres interessados em arte, perseguiam

cada vez mais o domínio da técnica de fazer retratos perfeitos e foi assim que a câmara

obscura, desenvolvida pelos astrônomos e físicos para a observação de eclipses solares,

tornou-se acessório básico de pintores e desenhistas. Leonardo da Vinci foi um dos gênios da

pintura que deixou registrada a utilização da câmara obscura.

Entretanto, os artistas não se satisfaziam em pintar a imagem captada através da

câmara obscura, eles queriam registrá-la tal qual era refletida, o mais próximo possível do

real. Na virada do século XVII para o século XVIII, vários pesquisadores já conseguiam

registrar estas imagens, mas todos eles encontravam dificuldades em fixá-las, pois elas não

resistiam à luz e ao tempo, desaparecendo logo após a revelação.

Várias foram as iniciativas de cientistas em desenvolver um método de fixar as

imagens obtidas através da câmara obscura. Porém, segundo Oliveira (2006), a primeira

iniciativa bem sucedida de que se tem registro é a do francês Joseph Nicéphore Niépce que,

em 1826, teria conseguido gravar imagens em um material recoberto com betume da judeia e

em uma segunda etapa com sais de prata. Esta técnica foi batizada por Niépce de heliografia.

Foi a pesquisa de seu sócio, Louis Jacqes Mande Daguerre, entretanto, que obteve

reconhecimento da academia de Ciências de Paris, em 1839. A técnica desenvolvida por

Daguerre consistia em expor na câmara obscura, placas de cobre recobertas com prata polida

e sensibilizada com vapor de iodo, que formava uma capa de iodeto sensível à luz. O inglês

Willian Fox Talbot reivindicou para si a descoberta, pois ele também gravava imagens através

da câmara escura, num método semelhante ao utilizado por Daguerre; a sua técnica foi

chamada de talbotipia ou calótipo. Outro a reivindicar o invento foi Hippolyte Bayrde,

responsável pela primeira montagem fotográfica da história, em 1840.

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33

No Brasil, o francês radicado Antoine Hercule Romuald Florence, também pesquisou,

entre 1832 e 1839, com a ajuda do botânico Côrrea de Melo, uma maneira de impressão,

sensibilizada pela luz do sol e sais de prata, método parecido com o utilizado por Daguerre.

Utilizando inclusive a palavra fotografia desde 1932, muito antes que na Europa, onde a

expressão passou a ser utilizada a partir de 1840. No entanto Florence e Côrrea de Melo só

tiveram suas pesquisas reconhecidas recentemente, através do trabalho de pesquisa de

Kossoy.

Após sua descoberta, a fotografia despertou o interesse das pessoas. Tornou-se uma

atividade em franca expansão e rapidamente tomou conta do mundo. O fascínio das pessoas

pela fotografia se deu pelo fato de que ela dava ao homem uma visão “real” do mundo. “A

fotografia proporciona uma representação precisa e fiel da realidade, retirando da imagem a

hipoteca da subjetividade; a imagem, além de ser nítida e detalhada, forma-se rapidamente; o

procedimento é simples causando ampla difusão” (FABRIS, 2008, p.13).

Para Barthes (2009b) este é o noema3 da fotografia, provar a existência de algo que no

momento não existe mais, mas que foi, mas que existiu; é o registro do momento que não

acontecerá mais. A fotografia ganha espaço por representar o real, e não resultar da

subjetividade de um criador.

Segundo Fabris (2008) foram três os momentos fundamentais para o aperfeiçoamento

dos processos fotográficos. O primeiro momento estende-se de 1839 aos anos 50, quando o

interesse pela fotografia era restrito a um pequeno número de amadores que podiam pagar os

altos preços exigidos pelos artistas fotógrafos. O segundo momento corresponde à invenção

do “cartão de visita fotográfico” por Disdéri em 1854, que barateia o produto e coloca ao

alcance de muitos, o que até aquele momento fora privilégio de poucos. Por volta de 1889,

tem início a terceira etapa, quando a fotografia torna-se prevalentemente comercial, sem

deixar de lado sua pretensão artística.

São esses três momentos que levam à invenção da primeira câmera portátil, em 1888,

por George Eastman. Com a Kodak de Eastman, que era uma câmera bem mais leve, de baixo

custo e simples de operar, a fotografia tornou-se bem mais popular.

Com a popularização da fotografia e seu distanciamento da esfera do unicum, ela deixa

de ser vista como demonstração de poder e se abre a novas possibilidades, como a ilustração

de jornais e revistas. Transformada em instrumento de propaganda, a fotografia passa a ser

3 O noema da fotografia é descrito por Barthes como isto foi provando a existência de algo que aconteceu. Assim

ele coloca que o noema é a essência da fotografia. (BARTHES, 2009b, p.87)

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34

usada nas reportagens militares, ilustrando as reportagens de guerras e sendo utilizadas como

forma de registro policial.

No fim do século XX, a fotografia se aproxima da vida pública e comum. Com a

criação das câmeras digitais, as imagens fotográficas passam a ser cada vez mais comuns na

sociedade, pois esta possibilitou que os processos de aquisição das fotografias se tornassem

cada vez mais baratos, facilitando e acelerando o processo de produção, armazenamento e

transmissão dessas imagens pelo mundo.

A fotografia digital é responsável por essa chamada Civilização de Imagens

(AUMONT, 1993), onde tudo é registrado e disponibilizado praticamente em tempo real

através da internet, ou mesmo dos telefones celulares. Se desde as civilizações mais remotas a

imagem já mostrava sua importância, nos dias atuais ela é indispensável para as novas

culturas, já que é cada vez mais utilizada na transmissão de ideias através da publicidade e da

propaganda, chegando aos lugares mais distantes e remotos, exercendo grande influência

sobre as sociedades locais, chegando a influenciar mudanças de hábitos, costumes e

comportamentos.

Nesse sentido, correlacionamos esse contexto à ideia de transfiguração utilizada por

Santaella, em que a imagem fotográfica transforma o objeto fotografado, tornado-o singular

ao revelar aspectos de sua realidade que não estão visíveis a não ser pela fotografia, ou seja, a

foto torna-se complemento inseparável da realidade que modifica, num processo dialético, a

sua apreensão. Pois “do mesmo modo que as fotografias alteram nossa apreensão da

realidade, essa apreensão alterada cria novos modos de produzir e interpretar as próprias

fotos” (SANTAELLA, 2008. p. 127).

2.1 Implicações sociais da Imagem fotográfica

A representação da realidade pela imagem fotográfica, compreendida como construção

social, cria, na sociedade, diferentes formas de percepção e de relação com a realidade

histórica, visto que cada cultura desenvolve mecanismos próprios de apropriação tanto da

fotografia quanto dos seus processos de produção.

Page 27: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

35

O modo como são construídas essas representações e o uso que se faz das imagens

fotográficas alimentam o imaginário social, definem os mecanismos de interpretação e de

produção de sentido.

Nesse contexto, as imagens criadas pela fotografia são utilizadas como mensagem em

diversos processos comunicacionais, que englobam tanto práticas familiares de guardar fotos

como recordações; quanto às práticas mercadológicas de propaganda política e publicidade.

Essas práticas permeiam a vida cotidiana dos indivíduos, alterando suas experiências

socioculturais.

Os fluxos de informação visual sustentados pelas imagens fotográficas modificam não

só os espaços simbólicos, mas também os espaços físicos, pois estamos rodeados de

fotografias, sejam em outdoors, cartazes, revistas, jornais, embalagens etc., e essas fotos,

apesar de suas multiplicidades de informação, são pensadas e idealizadas por seus criadores

seguindo objetivos distintos.

Num sentido em que a

A fotografia não apenas reproduz o real, recicla-o ― um procedimento fundamental

numa sociedade moderna. Na forma de imagens fotográficas, coisas e fatos recebem

novos significados, que ultrapassam as distinções entre o belo e o feio, o verdadeiro

e o falso, o útil e o inútil, bom gosto e mau gosto (SONTAG, 2004, p. 191).

Assim, na sociedade contemporânea é atribuída à fotografia várias possibilidades de

usos e funções, sendo apropriadas por várias áreas do conhecimento que a utiliza como fonte

de informação ou de disseminação de conteúdo, ampliando e criando novas experiências

visuais que induzem o ser humano a aumentar sua capacidade cognitiva que, por sua vez, está

mais associada ao visual.

O mundo hoje está condicionado, irresistivelmente, a visualizar. A imagem quase

substituiu a palavra como meio de comunicação. Tablóides, filmes educativos e

documentais, películas de massa, revistas e televisão rodeiam-nos. Parece até que a

existência da palavra está ameaçada. A imagem é um dos principais meios de

interpretação, e sua importância está se tornando cada vez maior (ABBOTT, 1980.

apud FABRIS, 2007, p. 01, grifo do autor).

A fotografia dentro desse contexto tem a capacidade de criar simulacros nos quais os

objetos, as pessoas e os acontecimentos são revestidos de um realismo com poder testemunhal

de representação do real, sendo que a concretude material e simbólica da foto perpassa por

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36

toda problemática do ato fotográfico, a qual envolve o processo de construção da imagem, a

subjetividade do fotógrafo e a objetividade técnica da câmera fotográfica. A imagem

resultante desse processo é a fixação de um modo de ver que ganha status de testemunho,

sendo a materialização de algo que aconteceu.

Nesse sentido, a sociedade ao longo do tempo atribuiu a esse registro imagético um

poder peculiar de (re) apresentação do real em que

A fotografia parece estar imune a todo tipo de desconfiança quando transita pelo

imaginário social, tanto que há imagens que se tornaram símbolos de um

determinado momento, enfeixando em si um conjunto de valores não apenas visuais,

mas também éticos e estéticos. (FABRIS, 2007. p.4)

Contudo, o fotógrafo dispõe de várias técnicas para capturar essas imagens,

construindo representações a partir de regras de composição e de enquadramentos a fim de

atender a determinados objetivos que podem ser profissionais e/ou pessoais. As imagens são

assim estruturadas por uma idealização pré-concebida.

No contexto da propaganda política, as fotografias ajudam os meios de comunicação a

criar ideologicamente a imagem de uma figura pública, apresentando fotografias de fatos

selecionados de sua vida e de seu cotidiano em diferentes espaços (públicos e privados), ou

seja, constrói a imagem social de determinado indivíduo usando elementos escolhidos de

acordo com os objetivos pretendidos

Na publicidade, as imagens fotográficas são usadas em campanhas com a finalidade de

disseminar conceitos e ideias; procurando a partir de uma concepção estética transmitir

valores morais e éticos, como acontece nas campanhas contra a fome que mostram imagens

com alto poder de sensibilização capaz de desestabilizar e mobilizar a consciência humana.

As experiências fotográficas, no contexto bélico, são referências importantes para

pensar e problematizar esse poder de desestabilização e mobilização atribuído a essas

imagens, pois o impacto social provocado por determinadas fotografias devem ser

considerado, porque muitas delas chegam a ser compreendidas como marco histórico que

representam tais acontecimentos.

As possibilidades e potencialidade de representação da fotografia são exploradas pela

sociedade moderna, a qual se pauta em uma cultura baseada em imagens numa lógica

capitalista de produção e consumo que substitui a experiência direta dos indivíduos com

mundo por uma relação mediada pelas imagens fotográficas. Nessa conjuntura,

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37

As imagens (...) têm poderes excepcionais para determinar nossas necessidades em

relação à realidade e são, elas mesmas, cobiçados substitutos da experiência em

primeira mão se tornam indispensáveis para a saúde da economia, para a

estabilização do corpo social e para a busca da felicidade privada. (SONTAG, 2004.

p. 170)

Assim, nossa relação com a realidade está cada vez mais associada a imagens, numa

perspectiva em que o consumo imagético está reconfigurando não só nossa visão do mundo

como também nossa própria existência nele, pois “ao saber muito do que se passa no mundo

(arte, catástrofes, belezas da natureza) por meio de imagens fotográficas, as pessoas não raro

se frustram, se surpreendem, se sentem indiferentes quando vêem a coisa real” (idem p.184).

Essa relação conflituosa entre a realidade e sua representação pela fotografia colocada

por Sontag serve para problematizar as informações visuais disponíveis nas imagens

fotográficas e para refletir sobre como são construídas suas significações, pois com base na

interpretação das imagens as pessoas são capazes de adquirir conhecimento e desenvolver

uma reflexão crítica sobre determinado acontecimento ou assunto.

Vista como uma mensagem visual, a fotografia compõe práticas comunicacionais que

transfiguram o papel do sujeito em relação as suas formas de interação com as tecnologias

fotográficas, que no seu aspecto mais amplo, compreende tanto os dispositivos de produção

quanto os de divulgação e recepção das imagens fotográficas.

2.2 Representação fotográfica: formas de percepção, criação e interpretação da

realidade.

A fotografia é classificada como um produto cultural, resultado de um processo social

indissociável de seu contexto histórico, bem como de seus conflitos e negociações, por isso,

para compreender uma determinada fotografia é necessário compreender anteriormente os

mecanismos de produção e de criação dessas imagens.

Para que exista, a fotografia depende de alguns elementos constitutivos, que são,

segundo Kossoy (2000), o assunto, objeto de registro, a tecnologia, que viabiliza

tecnicamente o registro e o fotógrafo, que motivado por razões pessoais ou profissionais a

idealiza e elabora através de um processo de concepções culturais/estéticas/técnicas, as quais

configuram a expressão fotográfica.

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38

Para Kossoy, além dos elementos constitutivos, há ainda as coordenadas de situação

que são o espaço e o tempo implícito no documento, já que a fotografia é a representação de

uma realidade em um determinado lugar, num determinado espaço de tempo. São estes

componentes que tornam a fotografia materialmente existente no mundo.

No entanto, essas fotografias delimitam a verdade histórica daquilo que (re) apresenta.

Há implícito na sua materialização realidades que despertam múltiplas interpretações, que

contém uma abrangência multidisciplinar fazendo com que estas imagens não se esgotem em

si mesmas. Toda imagem fotográfica traz duas realidades nela implícitas. A primeira

realidade é a do instante em que a imagem é gerada no material fotossensível. No momento

em que a imagem é registrada ela já é parte de outra realidade, a realidade do assunto

representado, é a realidade do documento, contida nos limites bidimensionais da imagem

fotográfica e é sobre esta segunda realidade que o receptor da imagem irá fazer sua leitura.

A realidade da fotografia não corresponde (necessariamente) a verdade histórica,

apenas ao registro da aparência... A realidade da fotografia reside nas múltiplas

interpretações, nas diferentes “leituras” que cada receptor dela faz num dado

momento (KOSSOY, 2000, p. 38, grifo do autor).

Nesse sentido, a complexidade das representações da realidade pela fotografia resulta

da relação conflituosa entre os elementos históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais

que envolvem tanto os processos de construção/criação do fotógrafo, quanto os processos de

preparação/interpretação de cada receptor.

Segundo Kossoy, esses processos podem ser resumidos em duas vertentes:

- processos de construção da representação, isto é, a produção da obra fotográfica

propriamente dita, por parte do fotografo;

- processo de construção da interpretação, isto é, a recepção da obra fotográfica por

parte dos diferentes receptores, suas diferentes leituras em precisos momentos da

história (KOSSOY, 2000, p.41).

No entanto é importante ter em mente que o processo de construção da representação

fotográfica passa inicialmente pelo filtro cultural do fotógrafo, que, de acordo com sua visão

particular de mundo, seleciona o tema, os personagens, os ambientes e os enquadramentos, na

intenção de imprimir na fotografia seus sentimentos e suas concepções sociais, culturais e

artísticas. Neste processo, é válido dizer, que “a construção do signo da fotografia passa,

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39

portanto, pelas escolhas valorativas do sujeito enunciador da imagem, o fotógrafo” (TACCA,

2005, p. 13).

É por este motivo que a fotografia não deve ser tomada como espelho do real, pois ao

mesmo tempo em que ela retrata uma coisa que realmente aconteceu, ela é um fragmento de

um todo visto sob determinado ângulo e através de determinada concepção ideológica.

Com isso a fotografia resulta em “um processo estético-documental que parte do real

enquanto matéria prima visível, mas que é elaborada ao longo da produção fotográfica em

conformidade com a visão de mundo de seu autor” (KOSSOY, 2000, p. 76).

Portanto, as imagens fotográficas não podem ser compreendidas isoladamente de seus

processos e contextos de produção, já que estes criam e sobrepõem significados não só no

momento de sua criação, mas também nos diversos momentos de recepção/interpretação.

Sendo que o processo de construção da interpretação também envolve conflitos e

negociações, pois os contextos sociais, culturais, econômico e políticos em que estas imagens

são recepcionadas são distintos a cada sociedade/indivíduo, os quais desenvolvem maneiras

próprias de ler as imagens e de se apropriar de suas representações.

A construção da interpretação

Se funda na evidência fotográfica e que é elaborado no imaginário dos receptores,

em conformidade com seus repertórios pessoais, culturais, seus conhecimentos, suas

concepções ideológicas/estéticas, suas convicções morais, éticas, religiosas, seus

interesses econômicos, profissionais, seus mitos (KOSSOY, 2000, p. 44).

Compreende-se, a partir dessa colocação de Kossoy, que vários elementos interferem

na decodificação da mensagem fotográfica, e que esta decodificação tem uma natureza

polissêmica e imprevisível, pois os estímulos perceptivos e emocionais destas imagens são

subjetivos, provocando comportamentos distintos.

Essas imagens, entretanto, uma vez assimiladas em nossas mentes, deixam de ser

estáticas; tornam-se dinâmicas e fluidas e mesclam-se ao que somos, pensamos e

fazemos. Nosso imaginário reage diante das imagens visuais, de acordo com nossas

concepções de vida, situação econômica, ideologia, conceitos e pré-conceitos

(KOSSOY, 2000, p. 45).

A ressignificação das imagens fotográficas em contextos especiais e temporais

diferentes de sua criação alimenta a dinamicidade de sua representação e reconfigura suas

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40

interpretações. Um exemplo disso é que as fotografias do período escravocrata no Brasil têm

significações diferentes na sociedade contemporânea.

No entanto, segundo Barthes (2009b), a fotografia tem duas possibilidades de

interpretação. Seriam eles o studium e o puctum. O studium seria a imagem codificada pelo

fotógrafo, a cena dada a ver no espaço bidimensional da fotografia. Já o puctum seria apenas

uma parte do todo que modificaria o studium. O puctum não pode ser codificado na fotografia,

pois é a exploração pessoal e subjetiva determinada pelos conhecimentos socioculturais de

cada sujeito. Para Barthes, sem esta subjetividade, a fotografia não existiria.

A significação da fotografia é indissociável de sua enunciação e recepção. São vários

os fatores que compõem o processo de significação da fotografia, o fotógrafo, o dispositivo

técnico, a cena e seus atores e, por fim, o espectador. Em cada situação ou em cada momento

particular de uma leitura, um destes elementos poderá se sobrepor a outro modificando o

significado da fotografia. Seria o puctum quebrando o studium.

Nesse sentido, a obra fotográfica apesar de seu planejamento e estruturação é

imprevisível em relação a como será interpretada e que aspecto despertará a atenção de cada

indivíduo, pois muitas fotos “que em si mesmas” não se podem explicar, são convites

investigáveis à dedução, à especulação e à fantasia.

Assim, não podemos dizer com objetividade o que está representado nas imagens

fotográficas das mulheres no ensaio fotográfico proposto, pois a subjetividade que permeia a

existência concreta da fotografia convida cada olhar lançado sobre ela a revelar um puctun

diferente.

De modo que provoca, até mesmo no processo de produção dessas fotografias, uma

constante ressignificação das representações identitárias criadas para as personagens

escolhidas, pois, enquanto produtoras, temos que refletir continuadamente sobre o quê colocar

no enquadramento e como será feita a composição da cena das fotografias.

Nessa perspectiva, as imagens fotográficas criam possibilidades de trocas de

percepções e recepções de mundos diferentes, visto que a fotografia impressa não se restringe

a reprodução material daquilo que foi captado por uma câmera, mas permite confluência de

significações e desdobramentos.

Page 33: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

41

3 Registros Fotográficos

3.1 Pré-produção

Com o objetivo de evidenciar mulheres coitenenses atuantes socialmente,

inicialmente, para concretização desse trabalho, fizemos algumas pesquisas exploratórias e

selecionamos as mulheres por meio de amostragem por tipificidade, a qual, segundo Marconi

e Lakatos (1990), considera um grupo ou subgrupo de pessoas com características similares,

formando um objeto de pesquisa restrito às situações e peculiaridades que são destacadas pelo

pesquisador. Nesse caso, o levantamento de dados é realizado por meio de tópicos de

interesse referentes à proposta e objetivo da pesquisa.

Com essa técnica, definimos alguns critérios que sejam comuns e outros híbridos,

colocando como eixo principal o gênero feminino e a atuação social, mas buscando

diversidades como cor, idade, esfera de atuação, escolaridade etc. A partir deste levantamento,

listamos seis mulheres, procurando contemplar características diferentes entre as

personalidades de cada mulher, analisando aspectos como a dimensão de suas atuações e os

tipos de trabalho que desenvolvem.

No segundo momento, entramos em contato com as mulheres pré-selecionadas. Foram

elas, Gilca da Silva Carneiro Morais, Daniele Lopes Ferreira, Clélia Maria Silva Gonçalves,

Maria Eugênia Carvalho de Lima Carneiro, Juçara Oliveira Silveira e Arcanja. No entanto, ao

procurar Arcanja (Babalorixá e dona do terreiro de candomblé mais importante do município),

ela não se dispôs a participar do trabalho. Com isso incluímos Vilmara Maria Silva, outra

personalidade do município.

Considerando a história de vida dessas mulheres, escolhemos Gilca por estar engajada

no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Agricultura Familiar (SINTRAF) e ocupar a

presidência do Conselho de Desenvolvimento do Território do Sisal (CODES-Sisal), além de

atuar na militância de movimentos feministas como o Coletivo de Mulheres do Sindicato.

Daniele foi escolhida por ser uma jovem militante de movimentos sociais que luta, em

várias vertentes, pela transformação social, como a busca pelo empoderamento do sujeito

feminino e no combate à violência contra a mulher, através do Núcleo de Mulheres do grupo

Revolution Reggae, que atua contra o preconceito racial, a discriminação e pela diminuição

das desigualdades sociais.

Juçara foi uma das escolhidas por sua atuação individual, pois, para além de estar

envolvida com um grupo religioso (Pastoral da AIDS) e ser filiada ao Partido dos

Page 34: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

42

Trabalhadores, desenvolve trabalhos voluntários que ajudam e apoiam pessoas carentes.

Outro trabalho importante que ela desenvolve é a intermediação entre as partes envolvidas na

adoção de crianças.

Maria Eugênia (Geninha) foi selecionada pela sua atuação no contexto político de

Conceição do Coité, tendo exercido dois mandatos como vereadora e, atualmente, exerce a

função de coordenadora da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, a qual dá

assistência às mulheres do município, principalmente no que se refere às questões de

violência.

Clélia, a empresária de maior destaque na economia do município, foi selecionada por

ter o potencial de incentivar, através dos empregos gerados (cerca de 80 empregos diretos e

indiretos) em suas empresas, a transformação social na vida de seus funcionários e de seus

familiares.

Vilmara foi escolhida por ser a mulher pioneira na área da comunicação do município,

tendo 19 anos como radialista, fazendo locução e apresentação. Atua em emissoras comercias,

apresentando principalmente programas jornalísticos e voltados para o público feminino,

sendo a radialista com maior audiência no seu horário de programação.

Numa terceira etapa, realizamos entrevistas orais semiestruturadas4, procurando

compreender melhor cada uma das personagens e obter informações para estruturar e embasar

melhor nossa pesquisa. Através de seus discursos, essas mulheres revelaram aspectos

importantes para compreendermos suas personalidades e sua visão de mundo, além de nos dar

dados imprescindíveis para a construção dos perfis fotográficos a serem realizados

posteriormente.

As entrevistas foram realizadas no dia 08 de junho de 2011 com Gilca, na sede do

Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Agricultura Familiar de Conceição do Coité, por

volta das 14 horas e, na mesma tarde, com Juçara em sua residência às 16hs. No dia 09 de

junho de 2011, pela manhã, entrevistamos Clélia na sua loja (Silva&Rios), e, pela tarde,

Daniele na sede do Centro Popular de Educação, Cultura e Cidadania e Vilmara na residência

de seus pais. No dia 15 de junho, finalizamos essa atividade com a entrevista de Geninha no

Centro Cultural Ana Rios de Araújo.

4 Técnica de levantamento de dados que utiliza perguntas abertas e fechadas. O entrevistador dispõe de

questionário previamente definido, mas no momento em que achar oportuno pode fazer interferências com

perguntas adicionais.

Page 35: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

43

3.1.1 Proposta do Ensaio

Na realização das fotografias procuraremos registrar aspectos peculiares das

personagens escolhidas, criando representações de suas múltiplas identidades, com objetivo

de mostrar a sociedade, principalmente a coiteense, contexto onde estamos inseridas, algumas

mulheres símbolo de transformação social, que, com suas ações cotidianas, transformaram sua

realidade e reconfiguraram o cenário público da cidade, pois essas mulheres tem sido

reconhecidas pelos trabalhos que desenvolvem, seja no campo religioso, político, social ou

profissional.

Para obter essas fotografias faremos um trabalho itinerante, acompanhando cada

mulher em momentos e ambientes diferentes, buscando mostrar através das fotos as diversas

atividades que desenvolvem, explorando na composição das imagens a naturalidade de cada

uma nos respectivos ambientes e espaços de atuação. Traçaremos assim o perfil de cada

mulher, por isso a necessidade de realizar várias sessões.

Por essa intenção de mostrar as mulheres em seus cotidianos e ambientes usaremos

nas fotografias: planos gerais para contextualizar o ambiente; planos médios para mostrar a

interação do sujeito com o ambiente e alguns planos detalhes para evidenciar algumas

características marcantes.

3.1.2 Equipe

O trabalho foi desenvolvido por Michele Oliveira Nascimento e Jacimar Oliveira

Almeida. Tendo o envolvimento das duas em todas as etapas do processo, o qual envolve a

pré-produção, produção e pós-produção.

3.1.3 Perfis

Com os discursos relatados em entrevistas orais, utilizamos a fala das próprias

mulheres para descrever suas personalidades, na perspectiva de construir uma narrativa em

que elas falam delas para nós, por isso as informações contidas em cada perfil fazem parte de

sua fala e nas citações usamos trechos transcritos de sua entrevista.

Page 36: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

44

GILCA DA SILVA CARNEIRO MORAIS5

Ser mulher é ser uma Maria-sem-vergonha, mas uma Maria-sem-vergonha de dizer

o que eu quero o que é bom para a minha vida, o que é que a gente pretende

construir nesse mundo e nessa sociedade nossa.

É assim que Gilca da Silva Carneiro Morais, 39anos, que se considera negra, mesmo

tendo a pele branca, casada, mãe de três filhos e prestes a se tornar avó, define o que é ser

mulher na sociedade contemporânea.

Vinda da roça, e tendo como campo profissional a agricultura familiar, Gilca está

cursando de Serviço Social pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI). Ela

se destaca na sociedade coiteense por sua atuação no Sindicato dos Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais e Agricultura Familiar de Conceição do Coité (SINTRAF), estando à

frente da secretaria geral do sindicato e também na coordenação da Secretaria de Políticas

para Mulheres da Fundação da Agricultura Familiar do Território do Sisal (FATRES), este

composto de 16 sindicatos do Território.

Na Secretaria de Políticas para mulheres da FATRES, Gilca, juntamente com outras

mulheres, desenvolve um trabalho de fazer despertar através de reuniões, palestras e oficinas

o espírito de empoderamento nas mulheres do Território do Sisal. O objetivo é que estas

mulheres, através do que ouviram nas oficinas ou palestras, possam criar uma consciência

crítica de seu papel na sociedade e possam, a partir daí, se organizar em torno de associações

ou coletivos para conseguirem trazer melhorias para as suas vidas e para a vida de sua

comunidade. Segundo Gilca,

A gente sabe que a gente não conscientiza ninguém, agente tá apto a sensibilizar

alguém a formar uma consciência diferente do seu cotidiano, né, e que muitos

traçam uma consciência que aqui pra gente ta errada, mas têm outros que traçam

uma consciência de progresso, uma consciência de desenvolvimento, de contribuir

com o desenvolvimento social.

Além destes dois importantes movimentos, Gilca está ainda na coordenação do

Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território do Sisal (CODES-

Sisal), que, para ela, é o território de identidade mais importante da Bahia, senão do Brasil. É,

5 Em entrevista oral, concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 08 de junho

de 2011.

Page 37: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

45

nas reuniões do CODES, que são discutidas as prioridades e necessidades para o

desenvolvimento rural sustentável de todas as cidades do Território do Sisal.

Segundo Gilca, a situação da mulher na sociedade tem melhorado bastante, porém

ainda existe muito machismo mascarado, até mesmo dentro dos movimentos sociais onde se

luta pela igualdade. Para ela, a mudança que está acontecendo hoje não se dá pela

conscientização de que todos são iguais, e sim “porque tá na moda, tá na moda dizer que a

mulher é capaz, então as mulheres estão se aproveitando disso para realmente comprovar na

íntegra que nós realmente somos capazes”.

Gilca considera que ser mulher é assumir diversos papéis e funções a depender da

necessidade:

Então é ela ser mãe, é ela ser tia, é ela ser avó, é ela ser amiga, é ser psicóloga, é ser

assistente social, é ser ativista, é ser agricultora. É ser tudo e esse tudo que a mulher

tem que ser é para todos nunca é para ela. A mulher sempre pensa no outro, no outro

e no outro para depois pensar nela. Então é uma roda que ta sempre sendo

lubrificada e sempre sendo encorajada para enfrentar os desafios e os obstáculos

diversos.

JUÇARA SILVEIRA OLIVEIRA6

Pode ser que tenha sofrido algum tipo de preconceito, mas eu talvez, sempre tentei

camuflar esta situação e transformar ela a meu favor. Uma dificuldade que eu tenha

tido pelo tamanho, pela fraqueza, pela própria sexologia, eu transformo isso numa

maneira de conquistar que a outra pessoa faça sem estar qualificando de por ser

mulher, mas por ser pessoa, para as carências serem atendidas.

É o que afirma Juçara Silveira Oliveira, 52 anos, amarela, viúva, seis filhos, sendo

dois adotados. Juçara é formada em Letras pela Universidade do Estado da Bahia e, hoje,

cursa o último semestre de Comunicação Social, também pela UNEB. Bancária aposentada,

hoje ela divide seu tempo entre a família, a Universidade e os trabalhos sociais que já

desenvolve há muitos anos. Viúva a dois anos, Juçara visita o túmulo do seu esposo todos os

dias, mantendo uma relação de dedicação e respeito a sua memória.

É filiada do Partido dos Trabalhadores (PT) e participa das pastorais da Igreja

Católica, Pastoral da Família e Pastoral da AIDS, além de ser também associada ao Centro de

Promoção da Educação Cultura e Cidadania (CPECC), “tenho uma pontinha em cada lugar”,

6 Em entrevista oral, concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 08 de junho

de 2011.

Page 38: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

46

diz ela. Para Juçara, seus trabalhos nesses grupos ficam mais na parte de conscientizar as

pessoas a colocarem em prática aquilo que dizem

Para não ficar uma coisa demagógica, principalmente na parte da fé, na parte da

religião ou então na parte política, na parte da ética. Para nestes casos a gente não ter

um discurso demagogo, então sempre estar coerente a prática com o discurso.

Apesar de sua atuação nos diversos grupos em que participa, Juçara se destaca mesmo

é no desempenho de suas ações individuais, ações que ela desenvolve sem o auxílio de

nenhuma instituição, como por exemplo, o acompanhamento de pessoas doentes,

viabilizando, quando possível, tratamento, e a intermediação entre as partes envolvidas nas

adoções de crianças.

Para Juçara, hoje a mulher já é tratada com muito mais dignidade e respeito

Nós mulheres estamos com uma vantagem muito grande. Primeiro por que nós

temos uma representante federal, que é uma mulher, nós temos em vários segmentos

empresariais, na educação, na saúde, em todos os campos nós temos mulher em

cargos e funções de direção... Então eu acho que hoje não é tão difícil se colocar

como mulher em nenhum espaço e a gente tá ganhando autonomia, estamos

conquistando autonomia.

MARIA EUGÊNIA CARVALHO DE LIMA CARNEIRO7

Eu acredito que meu trabalho provoca modificações na sociedade, pois é o primeiro

passo para que as outras mulheres percebam através do exemplo que é possível

entrar na luta, e que, é como se fosse um trabalho de formiguinha, então o nosso

trabalho tem um peso de formiguinha: alcança alguém hoje, alcança outro amanhã e

vai alcançando até dar continuidade ao processo histórico que as mulheres já vêm,

há muitos anos lutando por igualdade de direitos.

Maria Eugênia Carvalho de Lima Carneiro, negra, 46 anos, é casada, mãe de três

filhos, e professora formada no curso de Letras da UNEB. É especialista em gestões

pedagógicas e literatura portuguesa e infantojuvenil e também aluna do Curso de Serviço

Social.

Geninha, como é chamada Mª Eugênia, é membro da Igreja Assembléia de Deus e faz

parte de diversos movimentos sociais. Exerceu a função de vereadora por dois mandatos,

desenvolvendo projetos importantes para a população coiteense.

7 Em entrevista oral, concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 15 de junho

de 2011.

Page 39: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

47

Hoje, Geninha se encontra na coordenação da Secretaria de Políticas Públicas para

Mulheres de Conceição do Coité, onde desenvolve um trabalho de acompanhamento de

mulheres em situação de risco, dando-lhes apoio psicológico e médico, além de desenvolver

oficinas e eventos que promovam a valorização e a conscientização da mulher sobre seu papel

na sociedade.

Recentemente eu li algo que me chamou bastante atenção, que diz assim: que eu não

resolvo problemas, então nem sempre a gente não vai resolver, a gente vai oferecer

possibilidades para que as mulheres, elas mesmas se encontrem e reconheçam

enquanto mulheres, o papel importante que elas têm na sociedade para que a partir

daí, juntas, venhamos construir uma sociedade igual.

Geninha já foi alvo de muitos preconceitos (políticos, religiosos e raciais), não apenas

por ser mulher, mas hoje acredita que o preconceito contra a mulher já diminuiu muito,

embora haja muito o que melhorar. Para ela, o preconceito é uma coisa que está infiltrada na

sociedade, que não ocorre somente da parte dos homens para as mulheres.

Mulheres e homens foram afetados pelo machismo, e muitas vezes tem mulheres

que não acreditam nelas mesmas. Claro que isso não faz com que eu desista isso me

dá é uma motivação de compreender que estas mulheres foram contaminadas como

eu fui como outras mulheres foram. Mas a gente vem num processo de

desconstrução é a chamada pedagogia do desmonte, é desmontar para depois

montar, e ai agora agente conseguir mudar uma parte dessa geração atual para

prevenir a geração futura.

CLÉLIA MARIA SILVA GONÇALVES8

A mulher ocupa muito mais espaços que o homem [...] é gratificante ser mulher, e

mulher corajosa.

Clélia Maria Silva Gonçalves é uma empresária de grande porte no contexto de

Conceição do Coité, pois emprega (direta e indiretamente) aproximadamente oitenta pessoas

em suas lojas. Aos 51 anos, casada e com dois filhos, atua não só como empresária, mas

também como evangelizadora no grupo do Gideões Internacionais, no qual faz trabalhos

voluntários.

8 Em entrevista oral, concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 09 de junho

de 2011.

Page 40: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

48

Atualmente, como vice-presidente desse grupo, ela realiza semanalmente em sua casa

reuniões para evangelizar e ajudar, através de orações, pessoas com depressão e outras

enfermidades. Ela também recebe na loja essas pessoas que estão precisando de ajuda.

Pouca gente tem tempo pra ouvir, acha que porque é empresário, empresária, pouco

ouve alguém, [...] mas quando chega uma pessoa precisando de uma ajuda eu paro

tudo que estou fazendo e vou dar atenção àquela pessoa, e quem entra chorando sai

sorrindo de minha sala.

Em seu discurso, durante a entrevista, Clélia afirma que é possível conciliar tarefas

distintas, e coloca isso como uma capacidade atribuída às mulheres, as quais hoje, segundo

ela, ocupam vários espaços, pois “a mulher tem que ser mãe, tem que ser esposa, tem que ser

dona de casa, tem que ser empresária, ou professora; seja a profissão que for, ela tem que

assumir todas as funções”.

No entanto, ela coloca que nem sempre foi assim, que antes as pessoas viam a mulher

como sem prestígio e que pelo simples fato de ser mulher já era desacreditada pela sociedade,

mas afirma que “a mulher hoje tem seu espaço, eu acho que a mulher hoje pode fazer tudo

que os homens fazem, depende só de coragem, de ser dinâmica”.

VILMARA MARIA SILVA9

Hoje a mulher pode ser aquilo que ela deseja. A gente tem muito mais potencial que

muitos homens juntos.

Vilmara Maria Silva é uma radialista pioneira em Conceição do Coité. Com DRT em

locução e apresentação, atua na área da comunicação há 19 anos. Por gostar do que faz, ela

estende sua profissão para outras atividades voluntárias que desenvolve como sua participação

na Pastoral da AIDS, na qual faz suporte e assessoria de comunicação.

Usando o vínculo com a emissora, Vilmara faz a divulgação das atividades e das

campanhas realizadas pela Pastoral para adquirir recursos e parcerias para acompanhamento

de pessoas com vírus HIV. “O bom do rádio é que você não ajuda sozinho não, tem sempre

uma segunda pessoa que sempre ajuda; então eu acho ótimo, gosto muito de fazer esse tipo de

trabalho”.

9 Em entrevista oral, concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 15 de junho

de 2011.

Page 41: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

49

Atualmente com 39 anos, separada e com uma filha de 11 anos, Vilmara diz ter

enfrentado muitas dificuldades e preconceitos, principalmente na sua profissão, por causa de

“alguns colegas que se incomodam um pouco pelo fato de ser mulher”, mas que, hoje, não

enfrenta muitas dificuldades por conta do reconhecimento e credibilidade que conquistou.

No entanto ela coloca que as mulheres tem uma luta constante contra os preconceitos,

mas que agora temos mais potencial para contornar essas situações. Ela afirma que a mulher

sofria porque não sabia se defender, porém hoje até as próprias leis facilitam a defesa dessas

mulheres.

Nessa perspectiva, Vilmara enxerga esse fato como um potencial de oportunidades que

as mulheres devem aproveitar, pois “a mulher conseguiu conquistar muitos espaços na

sociedade, assim como também conseguiu conquistar reconhecimento pelas atividades que

desenvolve”.

DANIELA LOPES FERREIRA10

eu sou ousada mesmo, porque se não companheiro não tem espaço pra gente, tem

que ser ousada mesmo, se você pode, eu também posso, meu negócio é igualdade, se

você quer, eu também quero.

Daniela Lopes Ferreira é uma ativista social de 27 anos que se destaca na militância de

vários movimentos sociais, não exerce nenhuma profissão definida. E cursará História pela

Universidade do Estado da Bahia no Campus XIV. Atualmente é sócia do Centro de

Promoção a Educação, Cultura e Cidadania (CPECC) e coordena o ponto de cultura

Conhecendo a Cultura Popular da Região Sisaleira: encontros, encantos e diversidades, por

meio do qual desenvolve vários projetos com objetivo de mapear e registrar todas as

manifestações culturais existentes no município.

Como ativista social destaca-se sua atuação no grupo Revolution Reggae, uma

associação de bairro localizada na comunidade periférica do município, o qual luta contra as

desigualdades sociais e a discriminação racial, espaço em que Daniela começou seu

engajamento nas questões sociais.

Dentro desse grupo Daniela coordenou o Núcleo de Mulheres do Revolution Reggae

que fomentava a discussão e o debate sobre o empoderamento do sujeito feminino,

10

Em entrevista oral concedida a Jacimar Oliveira Almeida e Michele Oliveira Nascimento, no dia 15 de junho

de 2011.

Page 42: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

50

incentivando as mulheres a defender seus direitos. Durante sua coordenação o núcleo realizou

várias campanhas de combate à violência contra a mulher.

O CPECC trabalha com questões ambientais (reciclagem), culturais, educacionais e de

cidadania, assim Daniela desenvolve atividades nessas áreas.

A gente faz exibições de filmes, depois agente tem a roda de prosa pra discutir o

filme, traz várias temáticas: violência contra a mulher, raça e etnia. [...] Agente já

fez várias oficinas, a nossa primeira oficina foi sobre cultura e cidadania, onde

agente trouxe pra sala de aula o debate importante sobre homofobia, racismo,

cidadania, gênero.

Nesse sentido a atuação de Daniela está basicamente relacionada a transformação

social, principalmente das comunidades periféricas onde procura diminuir as desigualdades,

os estigmas e os preconceitos por meio da conscientização política e cidadã dos indivíduos.

Consciente de seu papel e de sua responsabilidade, Daniela se qualifica como

mobilizadora social, assumindo o perfil de mulher politizadora nos espaços de contestação

com a sociedade, pois segundo ela só a própria pessoa é capaz de emancipar sua mente, mas

que ela pode contribuir para que as mulheres se livrem das mazelas e das amarras que o

machismo nos coloca. “Por isso que eu acredito que os movimentos sociais e minha atuação

de certo modo têm contribuído bastante para o empoderamento das mulheres”.

No entanto, apesar de toda resistência, enquanto mulher Daniela enfrenta preconceitos

e discriminações em vários espaços sociais, inclusive dentro dos próprios movimentos, nos

quais segundo ela o embate e os conflitos para haver igualdade entre os gêneros são

constantes, sendo que esses conflitos são ainda maiores na sociedade em geral.

Contudo, ela frisa que a historiografia das mulheres vem mudando e com a atuação

política dos movimentos feministas “as mulheres agora se sentem empoderadas para ocupar

as presidências, se sentem empoderadas para ocupar os movimentos sociais, as câmaras,

enfim, as mulheres hoje podem perceber que ela é capaz”.

Os discursos apresentados nos perfis mostram mulheres com histórico de

envolvimento social, de enfrentamento ao modelo patriarcalista da sociedade, de luta (coletiva

ou individual) pelo empoderamento do sujeito feminino. Mulheres que buscaram, através do

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51

trabalho, da educação, e da conscientização cidadã mudar o contexto social em que vivem,

assim como a ocupação de espaços sociais que eram atribuídos especificamente aos homens.

A visibilidade ou destaque social atribuído a essas mulheres é conseqüência de suas

ações, sendo uma construção histórica que engloba vários fatores numa dinâmica de

desconstrução e reconstrução dos papéis sociais que desenvolvem.

3.1.4 PRÉ-PRODUÇÃO DOS ENSAIOS

Para realizarmos os ensaios utilizamos câmeras modelo CANON EOS DIGITAL

REBEL XSI com objetiva de distância focal 18-55 mm e rebatedores, sendo estes

equipamentos disponibilizados pela Universidade. Além de uma teleobjetiva de distância

focal 75-300 mm, cedida pela Professora Carolina Ruiz de Macedo.

No que se refere ao figurino, a maquiagem e a cenografia, decidimos fazer o mínimo

de interferência, já que nossa intenção é explorar ao máximo a naturalidade e espontaneidade

dos movimentos e ações das personagens fotografadas.

Com relação à iluminação, planejamos utilizar quando necessário, o flash e o

rebatedor, pois pela diversidade de ambientes e horários teríamos variações constantes de

iluminação, procurando, porém, utilizar sempre que possível a luz ambiente.

Os ambientes em que as mulheres serão fotografadas estarão relacionados às suas

atividades e aos objetivos das fotografias, nessa perspectiva exploraremos diferentes

ambientes em cada ensaio, buscando registrar as mulheres em suas casas, em seus trabalhos

e/ou atividades e nos espaços de atuação social como sindicatos, conferências, reuniões etc..

Idealizamos composições que contextualizem cada registro fotográfico, para isso

testaremos as várias possibilidades de enquadramentos, aproveitando o potencial de cada

objetiva, além de pensar perspectivas que evidenciem o objeto fotografado em sua interação

com os espaços.

3.2 Produção

Durante o processo de produção encontramos algumas dificuldades para a realização

das fotografias de Daniele Lopes Ferreira, tivemos muitos problemas em fotografá-la, pois

ela não ficava a vontade com a câmera e ela também não nos permitiu entrar em seu

Page 44: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

52

cotidiano. Tais dificuldades inviabilizaram a continuidade do trabalho com essa personagem

e com isso tivemos que desistir de realizar os ensaios com ela, apesar de já ter realizado a

entrevista e ter construído seu perfil. Como alternativa para completar o número de

fotografias necessárias ao ensaio tivemos que acrescentar mais uma para cada personalidade,

o que nos deu um pouco mais de liberdade e possibilidades de representação em relação às

demais personagens.

3.2.1Relatório dos ensaios

Por se tratar de um trabalho que pretendia registrar as múltiplas identidades das

mulheres, não pudemos fazer todas as fotos em um único dia. Assim fizemos, durante a

realização dos ensaios, dezenove saídas a campo, em todos esses ensaios utilizamos câmeras

CANON EOS DIGITAL REBEL XSI com objetiva zoom de distância focal 18-55 mm, em

alguns ensaios utilizamos também uma teleobjetiva de distância focal 75-300. Durante o

processo, de produção e construção das imagens fotográficas, Jacimar e Michele assumiram a

posição de fotógrafas.

Dia 11-04-2011

Nos dirigimos à sede da Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres, a fim de

fotografar Geninha na coordenação do projeto Ação Cidadã. As fotos foram feitas em

ambiente externo, com total utilização de luz natural.

Configurações da câmera

Manual total com abertura F/5.6 para que a fotografia ficasse com pouca profundidade

de campo, destacando apenas os personagens em primeiro plano. O tempo variou entre T

1/60s e T 1/30s, dependendo das condições da luz na hora em que a fotografia foi tirada, pois

aproveitamos os momentos que as nuvens encobriam o sol para tirar as fotos

Utilizamos o ISO 200, pois o dia estava bem iluminado, não sendo necessário ISO de

maior sensibilidade ou o uso de flash.

Contextualização e intenções das fotos

Procuramos fazer fotografias que mostrassem trabalho de Geninha enquanto

coordenadora da Secretaria de Mulheres. Testamos várias possibilidades de enquadramentos,

pensado na perspectiva de mostrar a interação de Geninha com o seu público de trabalho,

assim temos fotos em planos médios e planos abertos. Não tivemos dificuldades em

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53

conseguir alcançar os objetivos pretendidos, pois o evento foi realizado em área externa nos

proporcionando maior liberdade de circulação no ambiente, dando-nos possibilidades de

acompanhar nossa personagem.

Dia 06-07-2011

Reunião dos Gideões Internacionais na casa de Clélia às 20hs. Sendo que o ambiente

estava pouco iluminado, o que gerou algumas dificuldades para alcançar qualidade nas

fotografias, para resolver este problema utilizamos o flash.

Configurações da câmera

Usamos a câmera no modo manual total com abertura F/4.5, sendo que essa abertura

foi utilizada não para gerar efeito de pouca profundidade de campo, mas para aumentar a

entrada de luz. Pois a iluminação ambiente não era suficiente e mesmo usando ISO 1600 não

conseguimos fazer fotos ideais precisando do uso do flash, já que não pudemos fazer a

compensação da exposição diminuindo o tempo, pois as fotografias ficavam borradas e por

isso o tempo de exposição variou entre T 1/60 e T 1/30.

Contextualização e intenções das fotos

Procuramos fazer fotografias dos momentos de oração, com enquadramentos que

evidenciassem a interação de Clélia no ambiente, procurando destacar aspectos inerentes ao

momento. Assim fizemos alguns planos detalhes e planos médios.

No entanto tivemos algumas dificuldades nesse ensaio, pois não tínhamos

familiaridade com o ambiente que era pequeno, além de ser um culto religioso, o que requeria

discrição, por isso não pudemos nos movimentar muito e ficamos com receio de usar o flash.

Dia 13-07-2011

Nos encontramos com Maria Eugênia no Hospital Regional de Conceição do Coité as

11hs para acompanhá-la nos cuidados de sua mãe, a qual estava internada. O ambiente era

pouco iluminado, o que gerou algumas dificuldades para conseguir qualidade de iluminação

nas fotografias.

Configurações da câmera

Usamos o modo manual total com abertura do diafragma em F/4, velocidade do

obturador em 1/25s e ISO automático. Com essa configuração conseguimos o melhor

resultado no que se refere à qualidade de iluminação.

Contextualização e intenções das fotos

Page 46: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

54

Procuramos mostrar nesse ensaio o carinho e a atenção de Geninha nos cuidados de

sua mãe que estava hospitalizada, mas tivemos dificuldades para atingir esse objetivo por

conta das circunstâncias do momento.

Dia 19-07-2011

Fomos ao Colégio Olgarina Pitangueira Pinheiro às 19h30min para fazer fotos de

Geninha na sala de aula. Sendo o ambiente bem iluminado não tivemos dificuldades com luz,

dispensando o uso de flash.

Configurações da câmera

Usamos prioridade de diafragma, com abertura F/ 5.6 para que o tempo de exposição

não ficasse baixo e as fotos saíssem borradas, porque apesar do ambiente ser bem iluminado o

ensaio estava acontecendo durante a noite e foi necessária essa configuração de exposição

aliada ao ISO 1600 para obter qualidade nas imagens. Nossa intenção era incomodar o

mínimo possível para não interferir na espontaneidade do contexto.

Contextualização e intenções das fotos

Tentamos fazer fotografias que capturassem a identidade de Geninha enquanto

professora com a perspectiva de englobar vários elementos do ambiente, a fim de

contextualizar a foto. Nesse sentido, usamos planos mais abertos abordando tanto o contexto

quanto a interação da nossa personagem nele, capturando a interação professor-aluno.

Dia 21-07-2011

Fizemos uma visita ao estúdio da Rádio Regional AM, em Serrinha, a fim de

fotografar Vilmara na apresentação do Programa Mulher em Movimento. A luz ambiente era

fornecida por uma lâmpada fluorescente e por quadros de vidro fosco que permitiam a entrada

de luz natural, mas ainda assim o ambiente era pouco iluminado.

Configurações da câmera

Foram utilizadas duas câmeras:

Câmera 1 – Na câmera manuseada por Jacimar foi utilizada prioridade de abertura de

diafragma com F/5.0 e ISO 1600, na tentativa de melhorar a qualidade de iluminação das

fotos.

Câmera 2 – A câmera utilizada por Michele ficou na configuração manual total,

sempre utilizando a abertura do diafragma em torno de f/5.0 e f/5.6 e velocidade do obturador

em 1/60s, com ISO 1600. Usamos essas compensações para equilibrar a iluminação das

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55

fotografias e por ser um ambiente pequeno não perdemos na questão da profundidade de

campo, pois os elementos estavam agrupados.

Contextualização e intenções das fotos

Buscamos fazer fotografias que mostrassem Vilmara enquanto comunicadora,

evidenciando sua atuação na rádio. Para isso testamos vários enquadramentos e perspectivas,

o que gerou fotos com uso da regra dos três terços, de plongée e contra-plongée etc..

Dia 22-07-2011

Fotografamos Juçara na Faculdade às 11hs. A luz ambiente era fornecida por

lâmpadas fluorescentes, mas principalmente por uma janela que permitia a entrada de luz

natural. Juçara estava estudando em uma sala da biblioteca do Campus XIV da UNEB.

Michele fotografou e Jacimar auxiliou.

Configurações da câmera

Câmera no manual total com duas tentativas de compensação. Usamos inicialmente a

configuração F/5.6, T 1/160s e ISO 1600, mas depois percebendo a iluminação e as

configurações ideais a serem usadas, modificamos as compensações de exposição

continuando com abertura de diafragma F/5.6, na intenção de conseguir pouca profundidade

de campo destacando na fotografia apenas Juçara e sua ação e alterando os valores de tempo

para T 1/50s e ISO 400, já que era dia e apesar de as fotografias terem sido tiradas em

ambiente interno, este estava muito bem iluminado.

Contextualização e intenções das fotos

As fotos de Juçara estudando tem como intenção mostrar seu momento de estudante,

evidenciando sua dedicação e concentração nos estudos. Por isso exploramos os planos

médios e a regra dos três terços, a fim de alcançar os objetivos pretendidos.

No mesmo dia fizemos fotos dela também em sua casa. O ambiente era iluminado por

luz natural.

Configurações da câmera

Usamos duas câmeras, uma com objetiva de distância focal 18-55 mm e outra com

uma teleobjetiva de distancia focal 75-300 mm.

Câmera 1 – Configuração no modo manual total com abertura de diafragma F/5.6, T

1/30s e ISO 200, testando as possibilidades e aproveitando o momento casual.

Câmera 2 – Configuração em prioridade de tempo com T 1/60s e ISO 200.

Contextualização e intenções das fotos

Page 48: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

56

Na casa de Juçara tentamos registrar momentos mais pessoais, mostrando alguma

atividade de sua rotina com a família, mas sem pretensões de utilizar as fotografias na

exposição. Neste dia tivemos a intenção de familiarizar nossa personagem com as câmeras a

fim de que ela agisse mais naturalmente.

Às 14hs do mesmo dia acompanhamos Juçara ao cemitério, local que ela visita todos

os dias. Por causa do horário, e por estarmos ao ar livre, a luz natural estava muito dura, o que

tornou necessário utilização do rebatedor como difusor para tirar algumas fotos.

Configurações da câmera

Câmera 1 - Prioridade de abertura variando entre F/8, F/7.1, F/13, para conferir grande

profundidade de campo à fotografia, contextualizando o ambiente. Como no dia a luz estava

muito dura, utilizamos o ISO 100.

Câmera 2 - Manual Total com F/13, para garantir grande profundidade de campo às

fotografias e velocidade de obturador variando entre T 1/80s, 1/75s, 1/125s e 1/350s a

depender da incidência da luz no momento. Nesta câmera também foi utilizado o ISO 100

pelo mesmo motivo citado anteriormente. Usamos nessa câmera uma teleobjetiva.

Contextualização e intenções das fotos

No cemitério fizemos fotos que significassem e materializassem a emoção e os

sentimentos de Juçara em relação ao momento e ao lugar. Pensamos enquadramentos que

contextualizassem o ambiente, mas que ao mesmo tempo mostrassem sua emoção. Utilizamos

desde planos gerais, até planos detalhes explorando as possibilidades das objetivas utilizadas.

Fizemos fotografias utilizando a regra dos terços e a perspectiva plongée.

Por último, neste mesmo dia, fotografamos Juçara fazendo trabalho social de

acompanhamento a um recém nascido. O ambiente era pouco iluminado, com apenas uma

entrada de luz natural e uma lâmpada de tungstênio ligada. Em alguns momentos utilizamos o

rebatedor para equilibrar a luz sobre a fotografada, pois a luz natural entrava por uma porta e

incidia lateralmente sobre Juçara.

Configurações da câmera

Usamos duas câmeras:

Câmera 1-Manual Total com abertura de diafragma variando entre F/16 e F/11 para

conseguir muita profundidade de campo na foto. A velocidade variou entre T1/13s e T1/25s,

pois com o diafragma fechado era necessário compensar diminuindo o tempo de exposição.

Utilizamos ISO 1600 já que a iluminação era precária e preferimos não utilizar o flash.

Page 49: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

57

Câmera 2 – Manual Total com abertura de diafragma F/4.5, já que na outra câmera

utilizamos diafragma fechado para conseguir grande profundidade de campo, nesta fizemos o

contrário, tentando destacar apenas os elementos que estavam em primeiro plano. Com o

diafragma mais aberto pudemos utilizar uma maior velocidade no obturador (T1/60s)

utilizando também ISO 1600.

Contextualização e intenções das fotos

Neste contexto a principal intenção era mostrar as relações sócioafetivas que

envolviam Juçara e aquela família e para isso utilizamos planos gerais e médios, pois através

deles era possível enquadrar as pessoas envolvidas na situação. As limitações para fazer estas

fotografias ficaram por conta do tamanho do espaço que era pequeno e impossibilitava uma

maior circulação no local e também pela questão da iluminação que entrava apenas por um

lado e por isso nós só podíamos fotografar de um único ponto de vista.

Dia 25-07-2011

Fomos ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Conceição do Coité registrar os

momentos de Gilca na Festa do Agricultor. No auditório do Sindicato onde estava sendo

realizada a festa do agricultor havia uma entrada de luz natural por uma porta ao fundo e dois

refletores ligados, um em oposição ao outro. Foi muito difícil fotografar naquele ambiente,

pois havia muita gente, muitos objetos e pouco espaço para se movimentar. Por isso

preferimos fazer fotografias que destacassem Gilca em primeiro plano deixando os outros

elementos mais distantes. Dentro das nossas limitações tentamos explorar o máximo de

ângulos possíveis.

Configurações da câmera

Foram utilizadas duas câmeras:

Câmera 1 - Prioridade de abertura de diafragma para não perdermos tempo

configurando a velocidade do obturador e com isso registrarmos momentos que exigiam

rapidez na captura das fotos. A abertura do diafragma variou entre F/7.1 e F/8.0, para que as

fotografias ficassem com uma boa profundidade de campo e fosse possível identificar todos

os elementos presentes em cena. Utilizamos ISO 1600, pois apesar dos dois refletores que

iluminavam o espaço, a luz ainda era pouca.

Câmera 2 - Manual total com abertura de diafragma variando entre 5.6 e 6.0 e

velocidade de obturador variando entre T1/30s e T1/45s. A escolha de uma abertura de

diafragma tão grande se deu não pela intenção de obter pouca profundidade de campo nas

fotografias, mas pela necessidade de se obter uma maior entrada de luz, já que o ambiente

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58

estava escuro e como os elementos da fotografia eram pessoas, se diminuíssemos o tempo a

fim de conseguir uma maior entrada de luz a foto ficaria borrada. Para resolver a questão da

iluminação utilizamos também nesta câmera ISO 1600.

Contextualização e intenções das fotos

A intenção era fazer fotos em que Gilca aparecesse em destaque e mostrasse o

contexto do Sindicato, mas também, fotos que evidenciassem suas expressões. Para isso

fizemos fotografias em plano geral e em plano médio e utilizamos a regra dos terços.

Depois de fazer as fotos com ela no auditório do Sindicato, Jacimar acompanhou Gilca

até sua sala na instituição, onde a fotografou em seu ambiente de trabalho. Nestas fotos foi

necessário alterar a configuração de balanço de branco da câmera para Luz-tungstênio, por

que as fotografias estavam ficando muito azuladas.

No mesmo dia à noite acompanhamos Gilca até a faculdade, onde ela cursa Serviço

Social, para fotografá-la em seu contexto de aluna. Michele fez as fotos e Jacimar fez as

anotações. A luz ambiente era fornecida por uma lâmpada fluorescente no centro da sala

Configurações da câmera

A câmera foi utilizada no modo manual total com abertura F/5.6. Esta configuração foi

utilizada por que se utilizássemos o flash acabaríamos incomodando e interferindo muito na

aula, então aliada a abertura utilizamos também um tempo de exposição baixo, que variou

entre 1/15s e 1/20s e ISO 1600. Apesar do tempo de exposição muito alto não tivemos

problemas com o congelamento das imagens nas fotos, pois tentamos compensar o tempo

com a busca pela estabilidade da câmera.

Contextualização e intenções das fotos

Evidenciar a concentração e a postura de Gilca na sala de aula, além de sua interação

com os colegas. Para isso utilizamos planos gerais e médios tentando fotografar na

perspectiva dos terços aliada à exploração de linhas.

Dia 27-07-2011

Nos dirigimos ao Centro Cultural, onde acontecia a Conferência Municipal de

Assistência Social para fotografar Daniele. Estávamos lá às 8hs da manhã, mas preferimos

fotografá-la no período da tarde, pois neste horário aconteceriam as mesas de discussão.

Houve a utilização exclusiva de luz ambiente, que era fornecida por várias entradas de

luz natural e lâmpadas fluorescentes. Um problema encontrado se deu porque a personagem

fotografada sentou-se próxima a uma janela e por isso, às vezes, a luz incidia diretamente

sobre ela e fazia com a luz estourasse em alguns lugares, por isso era necessário esperar que o

Page 51: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

59

sol fosse encoberto pelas nuvens para que estas servissem como um difusor natural tornando a

luz mais suave.

Configurações da câmera

Manual Total com abertura de diafragma variando entre F/ 5.6 e F/6.0. O motivo de

termos escolhido esta abertura se deu por que o ambiente era pequeno e havia muitos

elementos que não queríamos que aparecesse tanto em cena, além disso, esta abertura de

diafragma nos permitiu utilizar a velocidade de obturador entre T1/40s e 1/60s, valores que

permitem que a fotografia não fique borrada utilizamos também o ISO 1600.

Contextualização e intenções das fotos

Pretendemos mostrar através da fotografia a firmeza e a seriedade de Daniele em sua

participação e a interação com os outros indivíduos. Os enquadramentos foram pensados a

fim de colocar em cena elementos que confirmem estas características.

Dia 28-07-2011

Fizemos fotos de Daniela durante a audiência pública dos direitos LGBTTT que

aconteceu na Câmara Legislativa de Conceição do Coité, às 19hs30min. O ambiente estava

bem iluminado com lâmpadas fluorescentes. Na oportunidade tiramos fotos também de Gilca,

que fazia parte da mesa de discussões representando o CODES.

Configurações da câmera

Utilizamos duas câmeras:

Câmera 1 - Manual total com abertura de diafragma F/7.1 e F/6.3, pois tínhamos a

intenção de aumentar a profundidade de campo, para que a fosse possível visualizar e

identificar todos os elementos presentes em cena. Mesmo o ambiente estando bem iluminado

e tendo utilizado o ISO 1600, foi necessário que a velocidade do obturador estivesse baixa,

com tempo entre T1/10s e T1/20s, o que provocou o efeito de borramento em algumas

fotografias, efeito este não desejado. Para diminuir o efeito de uma velocidade tão baixa

procuramos estabilizar a câmera, fazendo com que ala não se movimentasse no momento em

que fosse tirada a fotografia.

Câmera 2 - Prioridade de abertura com F/ 7.1 e F/6.0. Utilizamos prioridade de

abertura nesta câmera para que fosse mais rápido o cálculo da velocidade do obturador

necessária e com isso não perdêssemos a oportunidade de fotografar detalhes relevantes para

o momento que não se repetiriam mais. Utilizamos ISO 1600 em ambas as câmeras.

Contextualização e intenções das fotos

Page 52: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

60

Tínhamos a intenção de destacar a participação e Daniele na seção extraordinária, pois

ela nos informou que era uma das organizadoras, no entanto nesta seção ela não ocupou

nenhum lugar de destaque ficando apenas na plateia o que dificultou o nosso trabalho. Não

pudemos então materializar a nossa intenção e saímos de lá sem nenhuma fotografia que

cumprisse os objetivos do nosso ensaio.

Dia 03-08-2011

Fizemos fotos de Geninha em sua casa às 19h. O ambiente era pouco iluminado, por

isso usamos flash em alguns momentos para melhorar a qualidade das fotografias.

Configurações da câmera

Usamos duas câmeras uma delas com a teleobjetiva 75-300 mm:

Câmera 1 - Prioridade de tempo com velocidade de obturador entre T 1/8s e 1/10s,

pois o ambiente estava mal iluminado e precisamos diminuir muito o tempo para que

houvesse uma boa entrada de luz. Utilizamos também ISO 1600 para compensar a má

iluminação. Está câmera estava com a objetiva zoom com distância focal 18-55 mm.

Câmera 2 - Manual total com F/5.0, F/5.6 e a velocidade de obturador variando entre

T1/10s e 1/15s e ISO 1600. Todas estas configurações foram utilizadas para compensar a

iluminação do ambiente. Nesta câmera foi utilizada a teleobjetiva com distância focal 75-300

mm.

Contextualização e intenções das fotos

Tentamos nestas fotografias, evidenciar os seus movimentos na realização das tarefas

domésticas. No enquadramento das fotos tentamos colocar em cena elementos que

contextualizassem o ambiente da foto utilizando a regra dos terços e planos médios.

Dia 05-08-2011

Fomos até a Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres para fazer um retrato de

Geninha. O ambiente era iluminado por luz natural que entrava por uma janela lateral e por

isso só pudemos fotografá-la de frente ou a favor da janela, caso contrário a luz estouraria.

Configurações da câmera

Usada no modo manual total com configuração de exposição em F/5.6, T1/40s e ISO

1600, ajustada ao ambiente com uma abertura que proporcionasse pouca profundidade de

campo, a fim de evidenciar o primeiro plano.

Contextualização e intenções das fotos

Page 53: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

61

Nesse ensaio, procuramos evidenciar as expressões de nossa fotografada com intenção

de mostrar, através de planos mais fechados, a firmeza e a autoridade com que ela se reveste

ao assumir as funções de secretária.

No mesmo dia, à tarde, nos encontramos com Vilmara de Assis em sua casa onde

fizemos várias fotos. Em todas as fotografias, utilizamos exclusivamente iluminação

ambiente. Em alguns momentos, a luz era fornecida por uma porta que permitia a entrada de

luz natural, e em outros momentos, era fornecida por uma lâmpada fluorescente.

Configurações da câmera

Utilizamos a câmera no modo manual total com compensação de exposição em F/ 9,

T1/15s e ISO 1600, procurando grande profundidade de campo. Em outros momentos usamos

F/ 6.3 com tempo de 1/10s, invertendo o propósito a fim de obter fotografias com pouca

profundidade de campo. Essas regulagens foram alcançadas através das experimentações no

ambiente.

Contextualização e intenções das fotos

Pesando em fotografias que mostrassem Vilmara na rotina de sua casa, mostrando-a

em seu ambiente pessoal. Para isso usamos planos médios e planos abertos com perspectivas

distintas, como o uso da regra dos terços. Nesse sentido fizemos fotografias dela em interação

com a filha e com o contexto familiar.

Dia 06-08-2011

Fomos a Ipueirinha, povoado de Conceição do Coité, para fazer fotos na casa de Gilca

às 9hs da manhã. Usamos uma câmera, mas testamos as possibilidades das duas objetivas,

tanto da tele quanto da grande angular, mas preferimos usar a tele pelas possibilidades de

planos mais fechados. Todas as fotos foram feitas em ambiente externo e como o céu estava

nublado as condições de iluminação estavam perfeitas, com luz difusa.

Configurações da câmera

Foi usada a configuração no modo manual total, para conseguir uma grande

profundidade de campo usamos F/8, e de acordo com as alternâncias entre luz natural direta e

luz natural difusa (pelas nuvens) foi usada variações na velocidade do obturador, com T

1/500s, T 1/320s, T 1/200, T 1/125s. Usamos ISO 200, pois pelas condições de iluminação foi

o ajuste ideal, já que estávamos em ambiente externo durante o período da manhã.

Contextualização e intenções das fotos

Fizemos fotos em que Gilca aparece em seu ambiente doméstico cuidando de seus

afazeres. Numa perspectiva de enquadramentos que valorizassem sua interação no contexto,

Page 54: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

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evidenciando a simplicidade do ambiente e a riqueza dos elementos que compunha a cena.

Nesse sentido usamos nas fotografias regra dos terços, planos abertos e planos mais fechados.

Dia 08-08-2011

Fomos à Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres fotografar Daniele na reunião

do Conselho Municipal de Direito das Mulheres - COMDIM. Utilizamos apenas uma câmera

e alternamos entre a objetiva com distância focal 18-55 mm e a com distância focal 75-300

mm a depender da necessidade.

Usamos em algumas fotografias o recurso de balanço de branco disponível na câmera

para melhorar a qualidade de iluminação das fotos, pois a luz natural ao incidir na parede, que

estava como plano de fundo estourava o branco nas fotografias, assim testamos várias

possibilidades de configuração de exposição e também variamos tanto os ângulos quanto os

enquadramentos, e não tendo êxito a alternativa foi colocar em balanço de branco na opção

nublado para amenizar o problema.

Configurações da câmera

Foi utilizada em algumas fotografias a opção de prioridade de abertura em F/7.1 para

estabelecer uma abertura com a qual tivéssemos profundidade de campo. Em outras

fotografias usamos o modo manual total com configuração de exposição em F/7.1 e T 1/13s,

foi necessário essa configuração para manter a profundidade de campo e diminui o efeito de

borramento provocado pela velocidade T 1/6s dada pelo programa de exposição de prioridade

de abertura. Como o ambiente era interno e pouco iluminado usamos ISO 1600 durante todo o

ensaio. Utilização exclusiva de luz ambiente

Contextualização e intenções das fotos

Procuramos fazer fotografias em plano detalhe e de retrato com finalidade de destacar

a nossa personagem, evidenciando aspectos de sua personalidade como o olhar, sua

indumentária, seus acessórios etc.

Dia 10-08-2011

Fotografamos Clélia em seu escritório, utilizamos uma câmera e duas objetivas (uma

tele e uma grande angular). Na iluminação do ambiente havia uma lâmpada fluorescente que

era difundida por uma luminária fosca e entrada de luz difusa por uma janela de vidro, a qual

ficava atrás da cadeira onde estava nossa personagem, isso dificultou na variação dos ângulos

e das perspectivas, pois dependendo da posição (frontal ou direito-esquerda) estourava o

branco. Para evitar esse problema fotografamos na perspectiva da esquerda para direita.

Page 55: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

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Configurações da câmera

Fotografamos com modo manual total com exposição em F/7.1 e T 1/5s para obter

profundidade de campo e uma boa iluminação nas fotografias. Usamos também o programa

de prioridade de tempo com T1/20s para evitar o efeito de borramento em algumas

fotografias, mas isso diminuiu a profundidade de campo, assim optamos por manter o modo

anterior. Por ser um ambiente fechado e com pouquíssima luz natural usamos ISO 1600

durante todo ensaio.

Contextualização e intenções das fotos

No momento em que chegamos ao escritório, Clélia estava fazendo as unhas e ao

mesmo tempo atendia seus funcionários e recepcionava um representante comercial, então

aproveitamos aquele momento para registrara a dinamicidade de sua rotina de empresária.

Com essa intenção usamos em algumas fotografias a regra dos terços em planos médio para

colocá-la em evidência e aproveitando os elementos que compunha a cena, contextualizando

bem as fotografias.

No mesmo dia acompanhamos Clélia ao Salão de Beleza às 14hs, onde usamos uma

câmera e testamos as possibilidades da objetiva normal e da tele. A iluminação ambiente era

fornecida por três entradas de luz natural (duas janelas e uma porta) que faziam com que a luz

incidisse lateralmente sobre a fotografada, o que provocou algumas dificuldades de variação

dos ângulos, e por não ter intenções de fotografá-la em contra-luz (silhueta) fizemos as

fotografias através da janela, nos posicionado do lado de fora do salão.

Configurações da câmera

Usamos o modo manual total com abertura de F/5.6 e tempo de T 1/25s, com essa

configuração de exposição foi possível obter pouca profundidade de campo com movimento

congelado. Como as condições de iluminação não estavam satisfatórias foi necessário usar

ISO 800 durante todo ensaio.

Contextualização e intenções das fotos

Fotografamos Clélia nesse contexto com intenção de mostra os cuidados com sua

beleza, evidenciando aspectos da vaidade feminina em sua personalidade. Em algumas

fotografias usamos o reflexo do espelho como perspectiva nos enquadramentos, o que

possibilitou fotografá-la frontalmente sem perde elementos importantes para contextualização

das cenas.

Ainda na mesma tarde acompanhamos Clélia até a sua loja, onde a fotografamos.

Neste momento usamos uma câmera com objetiva grande angular. O ambiente era bem

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iluminado e não houve a necessidade de utilização do flash, a luz ambiente era fornecida por

uma grande entrada de luz natural e várias lâmpadas fluorescentes espalhadas por toda loja.

Configurações da câmera

Fotografamos nesse contexto com programa de exposição de prioridade de velocidade

com tempo em T 1/25 para um efeito de congelamento sem perder qualidade na iluminação.

Apesar de estar bem iluminado o ambiente era interno demandando ISO em1600.

Contextualização e intenções das fotos

Procuramos fazer fotografias que mostrassem a interação de Clélia no ambiente de sua

loja, numa perspectiva em que fosse possível visualizar a dimensão espacial da loja e sua

logomarca fixada na parede. Com o enquadramento desses elementos tentamos fazer uma

contextualização associativa entre a personagem e sua posição (papel social) naquele espaço.

Dia 16-08-2011

Realizamos ensaio com Juçara em sua residência às 11hs. Estávamos em ambiente

interno, mas com boa iluminação.

Configurações da câmera

Usamos a câmera no modo manual total com abertura do diafragma em F/6.3,

velocidade do obturador em T1/100s e ISO-1600, utilizamos essa abertura porque o objetivo

era obter pouca profundidade de campo. E o tempo foi ajustado para não perder qualidade de

iluminação das fotografias.

Contextualização e intenções das fotos

Buscamos com este ensaio fazer fotografias que mostrassem a relação entre Juçara e

seu neto, evidenciando o cuidado e o carinho que ela dedica a sua família. Usamos na maior

parte dos enquadramentos planos médio, pois através deles conseguimos capturar as ações e

as expressões dos personagens.

Dia 24-08-2011

Realizamos ensaio às 9hs da manhã com Gilca na sede do SINTRAF. Como o dia

estava com sol forte o ambiente estava bem iluminado.

Configurações da câmera

Utilizamos o modo manual total com abertura de diafragma em F/9 e obturador

variando entre1/20s e 1/30s, essa compensação de exposição foi ajustada de acordo com a

iluminação do ambiente, mas com intenção de alcançar maior profundidade de campo. Foi

usado ISO 1600.

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Contextualização e intenções das fotos

Neste ensaio procuramos destacar a nossa fotografada no contexto de trabalho e em

interação com seus colegas, selecionado momentos em que ela demonstrasse concentração e

atenção no desenvolvimento de suas atividades.

No mesmo dia realizamos ensaio com Juçara às 19hs em sua residência, foi utilizada

apenas uma câmera, no entanto as duas fizeram fotografias. O ambiente não estava com boa

iluminação, sendo necessário vários ajustes para obter qualidade nas fotografias.

Configurações da câmera

A câmera foi configurada no modo manual total com abertura diafragmática em F 6.3

e velocidade do obturador ajustado em T1/5s e com ISO 1600. Com essa configuração

conseguimos fazer fotos com boa profundidade de campo sem perder muita qualidade na

iluminação.

Contextualização e intenções das fotos

Nesse contexto tivemos a intenção de destacar Juçara no ambiente de oração que ela

criou em sua casa, destacando com foco seletivo alguns elementos que compunha o ambiente.

Usamos também algumas perspectivas de moldura (com objetos do ambiente) para valorizar

nossa personagem e simultaneamente contextualizar a fotografia.

Dia 28-08-2011

Fomos à Fazenda Bastião, zona rural de Conceição do Coité, fotografar Clélia em um

contexto familiar. Fizemos fotos em ambiente externo e utilizamos apenas a luz natural.

Configurações da câmera

Manual total com abertura de diafragma variando entre F/13, F/11 e F/10, utilizamos o

ISO 200 e velocidade de obturador variando entre T 1/80s, 1/125 s, 1/100s e 1/60

respectivamente a abertura de diafragma. A iluminação natural nos permitiu utilizar uma

pequena abertura de diafragma, o que proporcionou uma grande profundidade de campo às

fotografias, sem que isso diminuísse a qualidade de iluminação das fotos. A luz também nos

permitiu utilizar maiores velocidades de obturador, o que facilitou muito o nosso trabalho,

pois assim conseguíamos congelar os momentos, evitando que as fotos borrassem.

Contextualização e intenções das fotos

Procuramos fazer fotografias que mostrasse o lado família de Clélia, sua interação

com o esposo, com as sobrinhas. Momentos em que ela se afasta da função de empresária,

para isso fizemos fotografias em planos gerais e planos médios, pois com eles é possível

enquadrar muitos elementos na cena, utilizamos também a regra dos terços. Na oportunidade

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buscamos também tirar fazer um retrato dela utilizando o primeiro plano, pois os que

tentamos fazer anteriormente não haviam alcançado êxito.

Dia 30-08-2011

Fizemos fotografias às 16hs de Vilmara realizando trabalho social. Usamos uma

câmera e apenas Jacimar fez as fotografias. Estávamos no ambiente interno, na casa da Srª

Rosa, a qual tem problemas de saúde e que recebeu ajuda de Vilmara. O local estava bem

iluminado com luz natural vinda de uma janela.

Configurações da câmera

Usamos configuração no modo manual total com diafragma em F 6.3 e obturador em

T1/60s, com intenção de equilibrar a iluminação sem perder profundidade de campo. Por estar

em ambiente interno usamos ISO 1600

Contextualização e intenções das fotos

Nesse ambiente procuramos mostrar o trabalho social desenvolvido por Vilmara

através do rádio, tentando registrar momentos que demonstrassem a sensibilidade e o carinho

entre ela e seus ouvintes, já que Dona Rosa se intitulou fã e ouvinte assídua do programa que

Vilmara apresenta.

Na mesma tarde, às 17hs, acompanhamos Vilmara até a fazenda de seus pais, na

oportunidade a fotografamos como motorista e ela na interação com o contexto rural. O

ambiente externo estava com boa iluminação, pois o fim de tarde proporcionou uma luz

natural menos dura, isso ajudou na qualidade das fotografias.

Configurações da câmera

Usamos o modo manual total com diafragma F 7.1 e obturador variando entre 1/60s,

1/200s e 1/160s. Estas variações se deram de acordo com as mudanças de posições e das

perspectivas. Assim como também os ajuste do ISO que variaram entre 200, 400, 800 e ISO

1600, pois na medida em que a luz do sol diminuía era necessário fazer a compensação.

Contextualização e intenções das fotos

Em algumas fotografias procuramos evidenciar, através de planos abertos, a interação

de Vilmara com o ambiente e com os animais. Em outros momentos buscamos registrar, com

planos médios, as relações familiares entre ela, seu o pai e sua filha. Aproveitamos as boas

condições de luz do pôr do sol para fazer sua foto de retrato usando o primeiro plano.

Dia 04-09-2011

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Fomos à casa de Geninha na intenção de fotografá-la em seu ambiente familiar. As

fotos foram feitas em ambiente interno a iluminação era fornecida por luz natural que entrava

por várias janelas.

Configurações da câmera

Utilizamos a câmera no manual total com três tentativas de configuração diferentes.

Primeiro com abertura de diafragma F/ 5.6, pois não havia a necessidade de uma grande

profundidade de campo já que a nossa personagem estava próxima e esta abertura nos

permitia usar T 1/100s, evitando que a imagem ficasse borrada. Tentamos também a

configuração F/ 4.5, compensando com o tempo de exposição mais alto T 1/160s, 1/200s e

1/250s. Para estas configurações utilizamos ISO 400, pois julgamos que o ambiente estava

bem iluminado.

Porém, em um segundo momento, em que Geninha e sua família se afastaram das

entradas de luz, decidimos aumentar a sensibilidade para ISO 800, já que queríamos uma

maior profundidade de campo e diminuímos a abertura de diafragma para F/6.3. Para

compensar a iluminação tivemos que diminuir também a velocidade do obturador para T

1/50s.

Contextualização e intenções das fotos

Em primeira instância buscamos fazer fotos dela no seu ambiente domestico, na

execução de suas funções em casa. E em um segundo momento a fotografamos em sua

interação com os membros de sua família, para retratar a convivência e sua rotina. Fizemos

fotos utilizando a regra dos terços e os planos médios e planos gerais, para contextualizar a

ação e o ambiente.

Neste mesmo dia fomos à casa de Juçara para tirarmos um retrato dela. Utilizamos

apenas uma câmera com objetiva de distancia focal 18-55mm. As fotos foram feitas em

ambiente interno com iluminação fornecida por luz natural.

Configurações da câmera

Tentamos três combinações de compensação diferentes. A primeira com abertura de

diafragma F/6.3, velocidade de obturador T 1/13s e ISO 800, porém percebemos que não

necessitávamos de muita profundidade de campo, já que nossa intenção era de fazer um

retrato, então aumentamos a abertura de diafragma pára F/ 5 e aumentamos a velocidade de

obturador para 1/30s, aumentando também o ISO para 1600. Na busca pela compensação

ideal utilizamos também as configurações F/5.6 e ISO 400, para compensar a diminuição do

ISO diminuímos também a velocidade do obturador para T 1/5s.

Contextualização e intenções das fotos

Page 60: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

68

Como a nossa intenção era fazer um retrato, utilizamos apenas o primeiro plano, pois

assim conseguimos capturar as expressões da personagem.

3.2.2 Descrição das fotografias selecionadas para a exposição

Clélia Maria Silva Gonçalves

Foto de nº 01 – fotografia de retrato realizada no dia 28 de agosto de 2011, com

abertura do diafragma em F/11, velocidade de obturador em T1/125s e ISO-200. Fizemos

enquadramento usando a regra dos terços para valorizar a personagem dando destaque ao

seu olhar e expressões fisionômicas.

Foto de nº 02 – fotografia realizada no dia 28 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/11, velocidade do obturador em T1/125s e ISO-200. Tem a finalidade de

mostrar a relação de cooperação entre o casal no cumprimento das atividades. Por isso

valorizamos no enquadramento a ação dos personagens.

Foto de nº 03 - fotografia realizada no dia 10 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/5s e ISO-1600. No enquadramento

usamos a regra dos terços para colocar a personagem em evidência e ao mesmo tempo

mostrar os outros elementos que compõem a cena, com a finalidade de mostrar a interação

entre os personagens, evidenciando as múltiplas atividades desenvolvidas ao mesmo

tempo por Clélia.

Foto de nº 04 - fotografia realizada no dia 10 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/25s e ISO-800. Com intenção de

mostrar um momento de cuidado com a beleza, em que Clélia se preocupa com seu bem

estar.

Foto de nº 05 - fotografia realizada no dia 28 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/10, velocidade do obturador em T1/40s e ISO-200. Esta fotografia mostra

o cuidado e a interação de Clélia com a família no ambiente doméstico.

Foto de nº 06 - fotografia realizada no dia 06 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/5, velocidade do obturador em T1/30s e ISO-1600. Tirada em plano

detalhe, no qual mostra elementos significativos para compreender aspectos da

religiosidade de Clélia.

Page 61: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

69

Gilca da Silva Carneiro Morais

Foto de nº 01 - fotografia realizada no dia 24 de agosto de2011, com abertura do

diafragma em F/9, velocidade do obturador em T1/20s e ISO-1600. Com intenção de

mostrar as relações de trabalho, dando destaque ao momento da assinatura de documentos,

em que Gilca demonstra certo poder e participação nas decisões deliberadas pelo

SINTRAF-Coité.

Foto de nº 02 - fotografia realizada no dia 25 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/30s e ISO-1600. Usando a regra dos

terços valorizamos a personagem numa posição de enunciador, e contextualizamos a cena

colocando o público, para o qual nossa personagem se pronuncia. Em segundo plano a

foto mostra a posição de liderança que ela ocupa no SINTRAF-Coité.

Foto de nº 03 – fotografia de retrato realizada no dia 25 de julho de 2011, com

abertura do diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/10s e ISO-1600.

Realizada em primeiro plano a fim de mostrar as suas expressões fisionômicas com

naturalidade e espontaneidade.

Foto de nº 04 - fotografia realizada no dia 25 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/15s e ISO-1600. Usando a regra dos

terços para colocar Gilca em evidência, destacando suas expressões de atenção e

concentração aos estudos na faculdade.

Foto de nº 05 - fotografia realizada no dia 06 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/8, velocidade do obturador em T1/500s e ISO-200. Teve a intenção de

mostrar Gilca na realização das suas atividades domésticas, buscando valorizar o

movimento.

Foto de nº 06 - fotografia realizada no dia 06 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/8, velocidade do obturador em T1/125 e ISO-200. Teve a finalidade de

mostrar Gilca enquanto produtora rural, utilizando o plano geral para contextualizar a

cena.

Juçara Silveira Oliveira

Foto de nº 01 - fotografia realizada no dia 06 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/6.3, velocidade do obturador em T1/5s e ISO-1600. Usamos elementos do

Page 62: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

70

ambiente para criar um efeito de moldura colocando Juçara em destaque através do foco

seletivo. Esta foto procurou evidenciá-la em momento introspectivo de religiosidade.

Foto de nº 02 - fotografia realizada no dia 16 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/6.3, velocidade do obturador em T1/100 e ISO-1600. Colocamos em

evidência a relação familiar que mostra Juçara em interação com o neto, contemplando no

enquadramento, em plano médio, as expressões fisionômicas dos personagens.

Foto de nº 03 - fotografia de retrato realizada no dia 04 de setembro de 2011, com

abertura do diafragma em F/5, velocidade do obturador em T1/30s e ISO 1600.

Capturamos nossa personagem em posição frontal, para mostrar seus traços e expressões

fisionômicas, elementos importantes para compreender sua personalidade.

Foto de nº 04 - fotografia realizada no dia 22 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/50s e ISO-400. Mostramos Juçara no

ambiente de estudo, registrando sua dedicação e empolgação na busca pelo conhecimento.

Foto de nº 05 - fotografia realizada no dia 22 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/13, velocidade do obturador em T1/30s e ISO-100. Usamos no

enquadramento a perspectiva plongée para mostrar a introspecção da personagem no

momento de reflexão sobre a morte de seu esposo.

Foto de nº 06 - fotografia realizada no dia 22 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/4.5, velocidade do obturador em T1/60s e ISO-200. Usamos a regra dos

terços para enquadrar Juçara em primeiro plano, e pela perspectiva do enquadramento

buscamos dar um distanciamento entre as personagens, sem perder as características da

relação entre elas.

Maria Eugênia Carvalho de Lima Carneiro

Foto de nº 01 - fotografia realizada no dia 04 de setembro de 2011, com abertura

do diafragma em F/4.6, velocidade do obturador em T1/60s e ISO-400. Mostramos Maria

Eugênia no seu lar, realizando atividades domésticas, ressaltando momentos simples que

compõem seu dia-a-dia.

Foto de nº 02 - fotografia realizada no dia 04 de setembro de 2011, com abertura

do diafragma em F/6.3, velocidade do obturador em T1/50s e ISO-800. Utilizamos a regra

dos terços para evidenciar Maria Eugênia e poder colocar alguns elementos que

contextualizassem o momento de interação familiar.

Page 63: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

71

Foto de nº 03 - fotografia realizada no dia 11 de abril de 2011, com abertura do

diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/250s e ISO-200. Buscamos

enquadrar nossa personagem através de uma perspectiva que mostrasse a interação dela

com seu público de trabalho na Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres.

Foto de nº 04 - fotografia realizada no dia 13 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/4, velocidade do obturador em T1/25s e ISO-250. Mostramos através

dessa fotografia o carinho e a dedicação de Maria Eugênia ao cuidar de sua mãe.

Foto de nº 05 - fotografia realizada no dia 19 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/25s e ISO-1600. Usamos a regra dos

terços para colocar no enquadramento elementos que caracterizam a relação de Maria

Eugênia com seus alunos.

Foto de nº 06 - fotografia de retrato realizada no dia 05 de agosto de 2011, com

abertura do diafragma em F/5.6, velocidade do obturador em T1/40s e ISO-1600.

Procuramos registrar os traços fortes de sua fisionomia quando está se expressando.

Vilmara Maria Silva

Foto de nº 01 - fotografia realizada no dia 21 de julho de 2011, com abertura do

diafragma em F/5, velocidade do obturador em T1/80s e ISO-1600. Utilizamos a regra dos

terços para registrar Vilmara no desempenho de sua função de radialista.

Foto de nº 02 - fotografia realizada no dia 05 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/6.3, velocidade do obturador em T1/8s e ISO-1600. Usamos no

enquadramento a regra dos terços para valorizar Vilmara em detrimento de sua filha, mas

sem deixar de mostrar a relação entre as duas personagens.

Foto de nº 03 – fotografia de retrato realizada no dia 30 de agosto de 2011, com

abertura do diafragma em F/6.3, velocidade do obturador em T1/100s e ISO-1600.

Buscamos capturar a serenidade das expressões de Vilmara, que aludem para as

características de sua personalidade.

Foto de nº 04 - fotografia realizada no dia 30 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/500s e ISO-800. Mostramos nessa

fotografia dois elementos importantes da vida de Vilmara, o primeiro está ligado ao prazer

que ela tem em dirigir e o segundo está relacionado ao artefato religioso (terço) que é um

símbolo de sua crença religiosa.

Page 64: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

72

Foto de nº 05 - fotografia realizada no dia 30 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/100s e ISO-400. Com esse

enquadramento procuramos mostrar as relações entre as gerações (pai, filha e neta), num

contexto que eles frequentam constantemente.

Foto de nº 06 - fotografia realizada no dia 30 de agosto de 2011, com abertura do

diafragma em F/7.1, velocidade do obturador em T1/200s e ISO-400. Usamos nesse

enquadramento a regra dos terços, numa perspectiva que mostrasse aspectos mais visíveis

de sua feminilidade.

3.3 Pós-produção

Nessa etapa de finalização, fizemos com o programa Microsoft Office Picture

Manager, reenquadramentos nas fotografias de nº 03 e de nº 04 de Maria Eugenia e na

fotografia de nº 04 de Juçara. Não julgamos necessário fazer outras edições porque fugiria da

nossa proposta inicial de registrar o mais natural possível.

Confeccionamos as molduras para fazer a exposição das fotografias e os textos de

apresentação da exposição e de cada personagem. Por fim, seguiu-se a montagem da

exposição, a qual pretendemos fazer também em eventos, seminários e conferências.

Inicialmente, pensamos em utilizar fanboards nas molduras das fotografias para

exposição, mas com o desenvolver do processo, percebemos que deveríamos escolher algo

que tornasse a nossa exposição mais própria e regional, por isso optamos por emoldurar as

fotografias em mini-esteiras de pindoba11

. Além proporcionar valor estético, essas molduras

trazem para a exposição elementos que fazem parte da cultura regional, atribuindo

significações tanto às mulheres representadas, quanto a nós produtoras deste ensaio que

também convivemos com essa cultura.

11

Folha do licurizeiro, utilizada para fazer tranças com as quais são confeccionados chapéus, esteiras, bolsas,

capangas.

Page 65: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

73

4 Cronograma

Atividades Meses

Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Leitura X X X X X X X

Mapeamento das mulheres X X

Seleção e entrevista com as

mulheres que participaram do

ensaio

X X X

Realização das fotografias X X X X

Impressão das fotografias X

Montagem da exposição X

Escrita do Memorial X X X X X X

Revisão do texto X X X X

Data limite para entrega do

TCC

X

5 Orçamento

Material Quantidade Valor Unitário Valor Total

Câmera Fotográfica 2 Da universidade

Rebatedor 2 Da universidade

Impressão das

Fotografias

30 (uni.) R$ 6, 00 R$ 180,00

Esteiras artesanais de

pindoba

20 (uni.) R$ 3,00 R$ 68,00

1 (uni.) R$ 8,00

Despesas com

transporte

R$ 95,00

Barbante de sisal 1 (uni.) R$ 5,00 R$ 5,00

Page 66: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

74

Impressão de

material para

exposição

16 (uni.) em A3 R$ 1,40 R$ 22,40

Impressão do

Memorial

4 ( uni.) R$ 30 R$ 120

VALOR TOTAL R$ 491,00

Page 67: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

75

6 Considerações Finais

Na trajetória percorrida durante este trabalho observamos que a mulher, com sua

atuação social, tem contribuído para o desenvolvimento da sociedade. Nessa perspectiva

abordamos reflexões que, através dos Estudos Culturais, problematizam e questionam as

identidades definidas para o sujeito feminino, observando as mudanças que reestruturam tanto

as identidades quanto suas representações.

A partir dessas discussões é perceptível uma desvalorização dos papéis sociais

desenvolvidos pelos sujeitos femininos na sociedade. Essa desvalorização pode ser observada

pela vulgarização e estereotipagem da figura da mulher representada nos meios de

comunicação, que predominantemente exploram a imagem do sujeito feminino para fins

mercadológicos.

Considerando esse contexto, o ensaio fotográfico realizado propõe-se a ser um

instrumento para valorizar e dar visibilidade a mulher enquanto construtora e transformadora

de sua realidade. Nesse sentido, utilizamos o aspecto documental da fotografia para registrar,

no contexto de Conceição do Coité, imagens de identidades femininas que contrapõem as

imagens usualmente veiculadas na mídia.

Assim, tivemos oportunidade de trabalhar um tema – mulheres – recorrente na

academia, mas através de uma nova perspectiva, pois apresentamos, com as fotografias,

imagens que potencialmente criam uma interpretação positiva e de valorização dos sujeitos

representados.

No entanto, sabe-se que o conhecimento gerado na academia encontra várias

dificuldades para chegar à comunidade externa, sendo um desafio para os estudantes criar

espaços de difusão e de discussão que envolva toda sociedade. Nesse sentido, enquanto

estudantes do curso de Comunicação Social, esse desafio torna-se um propulsor para

colocarmos em prática o conhecimento teórico adquirido durante a graduação.

A partir desse pressuposto optamos em realizar, como Trabalho de Conclusão de

Curso, um produto de linguagem visual, utilizando o suporte da fotografia, com objetivo de

tornar nossa pesquisa mais acessível ao público externo. Temos a possibilidade de criar com

as fotografias uma exposição itinerante, de maneira que a produção acadêmica saia da

estrutura da Universidade e passe a ocupar outros espaços. Temos também a possibilidade de

disponibilizar essa exposição na internet através de várias alternativas como as redes sociais.

Page 68: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

76

Contudo, mais importante que o produto em si foram as trocas de conhecimentos e as

experiências do “fazer” comunicação social, que durante os processos de produção

mostraram-se indispensáveis para a construção do saber.

Page 69: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

77

7 Referências

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Page 72: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

80

Apêndice

8.1 Questionário usado para entrevista oral

Como é seu nome completo?

Onde você mora?

Qual sua profissão?

Estado Civil?

Qual a sua cor?

Qual sua escolaridade?

Quantos anos você tem?

Tem filhos? Quantos?

Você participa de algum movimento social? Ou outros grupos?

O que você faz nesses grupos? Qual sua função?

A(s) atividade(s) que você desenvolve muda alguma coisa na sociedade? Traz algum tipo de

transformação?

Como mulher você sofre ou já sofreu algum tipo de discriminação?

Você como mulher encontra alguma dificuldade para fazer/realizar alguma atividade?

Você acha que hoje a sociedade trata a mulher de forma diferente? Ou continua como

antigamente?

Pra você o que é ser mulher hoje, na sociedade atual?

Page 73: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

81

8.2 Fotos da Exposição

Fotos Clélia

Clélia e seu esposo

Clélia no escritório de sua loja

Page 74: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

82

Clélia com as sobrinhas

Page 75: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

83

Clélia em momento de oração

Page 76: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

84

Fotos Gilca

Gilca com sua produção agrícola

Page 77: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

85

Gilca durante aula do curso Serviço Social

Gilca em seus afazeres domésticos

Page 78: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

86

Gilca assinando documentos do CODES

Gilca como presidente do CODES em discurso no Sindicato de Trabalhadores Rurais - Coité

Page 79: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

87

Fotos Juçara

Juçara em visita ao túmulo do esposo

Page 80: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

88

Juçara em momento de oração em sua casa

Juçara cuidando de seu neto Breno

Page 81: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

89

Juçara estudando na biblioteca da UNEB

Juçara acompanhando família carente

Page 82: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

90

Fotos Maria Eugênia

Maria Eugênia orientando as mulheres durante evento da Secretaria de Políticas Especiais

para Mulheres

Page 83: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

91

Maria Eugênia em sala de aula

Maria Eugênia cuidando da mãe hospitalizada

Page 84: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

92

Maria Eugênia com a família

Maria Eugênia em sua casa

Page 85: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

93

Fotos Vilmara

Vilmara exercendo sua profissão de radialista

Page 86: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

94

Vilmara na fazenda da família

Vilmara ajudando a filha a aprender tocar teclado

Page 87: Ensaios do real identidadee femininas e suas representações no contexto de conceição do coité

95

Vilmara como motorista, passeando.

Vilmara com seu pai e a filha durante atividade na roça.