ENTRE LEQUES E REMINISCÊNCIAS, A VOZ LÚCIDA DE RAQUEL …

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Ano XXXI Nº 379 março de 2021 ENTRE LEQUES E REMINISCÊNCIAS, A VOZ LÚCIDA DE RAQUEL NAVEIRA Luiz Otávio Oliani Luiz Otávio Oliani cursou Letras e Direto. É professor e escritor. Em 2017, a convite de Mariza Sorriso, representou o Brasil no IV EPLP em Lisboa. Participa de mais de 200 livros coletivos. Consta em mais de 600 jornais, revistas e alternativos. Recebeu mais de 100 prêmios. Teve textos traduzidos para inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, holandês e chinês. Publicou 15 livros: 10 de poemas, 3 peças de teatro, o livro de contos “A vida sem disfarces”, Prêmio Nelson Rodrigues, UBE/RJ, 2019, e “Ingênuos, Pueris e Tolinhos”, Personal, 2021. Recebeu o título de “Melhor Autor Apperjiano 2019” pelo conjunto da obra. Em 2020, teve poema publicado nos Estados Unidos da América, na Carolina do Norte, em Chapel Hill, na coletânea internacional “VII Heron Clan”, a convite de Todd Irwin Marshall. ”Conheço-me quando me debruço sobre a folha de papel em branco, a face baixa e oculta.” Raquel Naveira O fazer literário de Leque aberto, novo livro de Raquel Naveira, Pena- lux, 2020, tem uma “brisa poética das crônicas intimistas”, segundo a prefaciadora, semioticista e crítica de arte Rita de Cássia A. Pacheco Limberti. Rita “mergulha” em lembranças, afetos, reminiscências e até objetos, a fim de explicar ao leitor a gênese da crônica naveiriana. Ao passar pelo leque, pelo es- pelho, pela penteadeira, Raquel Naveira busca o próprio conheci- mento e, ao fazê-lo, torna-se univer- sal, ao traduzir os grandes dilemas humanos, tal qual a efemeridade da vida, em oposição à morte. A necessidade de encontrar a chave, tão bem enunciada por Drummond, também é citada no pre- fácio de Rita, que avançou analisan- do crônicas belíssimas como “Jane- las”: “Que atitude. A pessoa do lado de fora, voltando-se para dentro em busca de si mesma, de seu passa- do”, (p.65), em alusão aos versos do livro Alinhavos do Tempo, da sau- dosa Lina Tâmega Peixoto. Na segunda parte do livro, Rita “viajou” na gênese do leque, tra- zendo as paletas, como “a cor lo- cal”. Daí, a poesia emerge, isto por- que a cronista Raquel Naveira é uma poeta de calibre. E aqui ratificamos em referência a um grande vulto da literatura nacional. Olga Savary (1933-2020). Se estivesse aqui, ra- tificaria que Raquel Naveira é Poe- ta, sim, e não poetisa. Savary rejei- tava o uso do feminino. Rita exaltou o olhar poético, mesmo em crônicas tristes como “Lama”. Nesta, a alma se dilacerou, não pelo anagrama utilizado, mas sim pela tragédia que atingiu Minas Gerais. Disse Rita: “Os poetas sen- tem o mundo... metaforizam-no, fa- bricam a compreensão, questionam dores. Tomam temas repulsivos e os convertem em sábias lições.” (p.18). Ler Raquel Naveira é banhar- se em cultura. No texto de abertura do livro, a crônica “Leque aberto”, (p.37), a autora traz as reminiscên- cias do leque, encontrado nos acha- dos maternos. É o que provoca di- gressões interessantíssimas, como a referência a poemas de Fernan- do Pessoa, com destaque a versos sobre o pavão, animal que simboli- zava a deusa Juno, ao abrir a cau- da em forma de leque. Daí uma alu- são ao exibicionismo da ave em com- paração ao desejo de reconheci- mento dos artistas na sociedade, afinal “Caprichamos nas vestimen- tas, comportamentos, bens, eloqu- ência, cultura. Artistas e poetas, então, como trabalham vaidosamen- te debaixo do sol!” (p.39) Em “A penteadeira”, (p.41) Ra- quel dá vida ao móvel e ao espelho, cúmplices da mãe que detestava a beleza da filha. E mesmo ao tratar sobre tema tão desafiador, como um conflito familiar regido pela inveja, ora marcada pela vaidade inútil de ser bela o tempo todo, Raquel con- segue ser poética, ao final, é uma grande Poeta! Em “Conhece-te” (p.45), a cro- nista passeia pela busca interior. Já em “Caminho” (p.61), percorre a estrada individual calca- da no poeta norte-americano Ro- bert Frost. Interessante o processo criati- vo da cronista. Ao mergulhar na vida de Greta Thunberg, Raquel Navei- ra partiu da adolescência da jovem, ao examinar este período da vida tão complexo, para rememorar os próprios tempos de “Adolescência”, (p.55). Em “Janelas do mundo” (p.65), Raquel foi à etimologia da palavra “janela”, mergulhando na cultura greco-latina, até fazer um estudo sobre a importância da palavra em títulos de filmes. Na segunda parte do livro, “Caça e caçador” (p.75) mostra as belezas e dificuldades de quem de- cide se aventurar na caça, seja do que for. Há espaço para crônicas de encomenda, como “Ciganos” (p.83) texto dedicado à professora de lite- ratura e amiga Dalma Nascimento. A crítica social aparece nas crô- nicas “Incêndios e Queimadas” (p.87) e “Lama” (p 91). Porém, mes- mo ao tratar de temas dolorosos ao evocar tragédias ambientais, Navei- ra é poética, ao “pensar no fogo como purificação, regeneração e preparo para novas semeaduras.” Em “Lepra” (p.95), ao explicar que o título da crônica não é mais utilizado para se referir à hansenía- se, Raquel nos dá uma aula. Na Ida- de Média, a doença foi uma peste, e, no dias atuais, em todo ano 2020, a humanidade vive uma pandemia e, por isso afirma profeticamente: “Estamos leprosos, cheios de feri- das emocionais, que nos isolam do convívio com nossos semelhantes.” (p.99). E a viagem de Raquel Naveira segue por definições, personagens, livros, histórias e afetos. Em “A Pes- te: Camus, Artaud e Rubens”, (p.101), há um passeio maravilho- so sobre o clássico do escritor fran- co-argelino, bem como ao ensaio “O Teatro e Peste”, de Antonin Artaud, bem como reflexões sobre o teatro. Se Raquel viaja a um “Lugar”, (p.107), chegou ao livro Terra e Paz, de Yehuda Amichai, o poeta nacio- nal de Israel na crônica “Jerusalém”, (p.117), na qual, de forma muito ele- gante, faz críticas ao atual governo brasileiro, que deveria buscar o res- peito de Israel, sem se comprome- ter com a postura norte-americana. Poder-se-ia dizer que há em “Delí- rio Pessoano: vi Ricardo Reis no Rio de Janeiro certa vez”, (p.137), um delírio intertextual. Há uma crônica toda para tra- tar de “Girassóis”, (p.149): assim como a importância das batatas na alimentação, em “Comedores de batatas” (p.153) e ao banho, um ri- tual amplo, tão bem descrito em “As banhistas” * (p.157). Raquel adentrou o universo pictórico, ao tratar de Velásquez em “Vênus ao Espelho” (p.167), viajou até “O Labirinto e o Minotauro” (p.177), explicou a gênese da obra reunida, Jardim Fechado, Vidrá- guas, 2015, em “O Cântico dos Cân- ticos: Um jardim fechado”, (p.181); passeou por uma “Entrevista com a velha professora” e, sabiamente, concluiu o livro com “Os Sobreviven- tes”, (p.213). Nesta crônica, a es- critora analisou a diferença semân- tica entre os verbos “viver”; e “so- breviver”, concluindo que, em meio a uma pandemia, somos sobrevi- ventes. Citou Cassiano Ricardo (1895-1974), líder importante líder da Semana de Arte Moderna, que escreveu o livro Os Sobreviventes para tratar das chagas vividas à época dele, final da Segundo Guer- ra Mundial. Em suma, é bom sermos sobre- viventes de uma pandemia, pois assim temos chance de ler Raquel Naveira.

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Ano XXXI Nº 379 março de 2021

ENTRE LEQUES E REMINISCÊNCIAS, A VOZ LÚCIDA DE RAQUEL NAVEIRA

Luiz Otávio Oliani

Luiz Otávio Oliani cursou Letras eDireto. É professor e escritor. Em

2017, a convite de Mariza Sorriso,representou o Brasil no IV EPLPem Lisboa. Participa de mais de200 livros coletivos. Consta emmais de 600 jornais, revistas e

alternativos. Recebeu mais de 100prêmios. Teve textos traduzidos

para inglês, francês, italiano,alemão, espanhol, holandês e

chinês. Publicou 15 livros: 10 depoemas, 3 peças de teatro, o livrode contos “A vida sem disfarces”,Prêmio Nelson Rodrigues, UBE/RJ,

2019, e “Ingênuos, Pueris eTolinhos”, Personal, 2021.

Recebeu o título de “Melhor AutorApperjiano 2019” pelo conjunto da

obra. Em 2020, teve poemapublicado nos Estados Unidos da

América, na Carolina do Norte, emChapel Hill, na coletânea

internacional “VII Heron Clan”, aconvite de Todd Irwin Marshall.

”Conheço-me quando me debruçosobre a folha de papel em branco, aface baixa e oculta.” Raquel Naveira

O fazer literário de Lequeaberto, novo livro deRaquel Naveira, Pena-

lux, 2020, tem uma “brisa poéticadas crônicas intimistas”, segundo aprefaciadora, semioticista e críticade arte Rita de Cássia A. PachecoLimberti.

Rita “mergulha” em lembranças,afetos, reminiscências e até objetos,a fim de explicar ao leitor a gêneseda crônica naveiriana.

Ao passar pelo leque, pelo es-pelho, pela penteadeira, RaquelNaveira busca o próprio conheci-mento e, ao fazê-lo, torna-se univer-sal, ao traduzir os grandes dilemashumanos, tal qual a efemeridade davida, em oposição à morte.

A necessidade de encontrar achave, tão bem enunciada porDrummond, também é citada no pre-fácio de Rita, que avançou analisan-do crônicas belíssimas como “Jane-las”:

“Que atitude. A pessoa do ladode fora, voltando-se para dentro embusca de si mesma, de seu passa-do”, (p.65), em alusão aos versosdo livro Alinhavos do Tempo, da sau-dosa Lina Tâmega Peixoto.

Na segunda parte do livro, Rita“viajou” na gênese do leque, tra-zendo as paletas, como “a cor lo-cal”. Daí, a poesia emerge, isto por-que a cronista Raquel Naveira é umapoeta de calibre. E aqui ratificamosem referência a um grande vulto da literatura nacional. Olga Savary(1933-2020). Se estivesse aqui, ra-tificaria que Raquel Naveira é Poe-ta, sim, e não poetisa. Savary rejei-tava o uso do feminino.

Rita exaltou o olhar poético,mesmo em crônicas tristes como“Lama”. Nesta, a alma se dilacerou,não pelo anagrama utilizado, massim pela tragédia que atingiu MinasGerais. Disse Rita: “Os poetas sen-tem o mundo... metaforizam-no, fa-bricam a compreensão, questionamdores. Tomam temas repulsivos e osconvertem em sábias lições.” (p.18).

Ler Raquel Naveira é banhar-se em cultura. No texto de abertura

do livro, a crônica “Leque aberto”,(p.37), a autora traz as reminiscên-cias do leque, encontrado nos acha-dos maternos. É o que provoca di-gressões interessantíssimas, comoa referência a poemas de Fernan-do Pessoa, com destaque a versossobre o pavão, animal que simboli-zava a deusa Juno, ao abrir a cau-da em forma de leque. Daí uma alu-são ao exibicionismo da ave em com-paração ao desejo de reconheci-mento dos artistas na sociedade,afinal “Caprichamos nas vestimen-tas, comportamentos, bens, eloqu-ência, cultura. Artistas e poetas,então, como trabalham vaidosamen-te debaixo do sol!” (p.39)

Em “A penteadeira”, (p.41) Ra-quel dá vida ao móvel e ao espelho,cúmplices da mãe que detestava abeleza da filha. E mesmo ao tratarsobre tema tão desafiador, como umconflito familiar regido pela inveja,ora marcada pela vaidade inútil deser bela o tempo todo, Raquel con-segue ser poética, ao final, é umagrande Poeta!

Em “Conhece-te” (p.45), a cro-nista passeia pela busca interior.

Já em “Caminho” (p.61),percorre a estrada individual calca-da no poeta norte-americano Ro-bert Frost.

Interessante o processo criati-vo da cronista. Ao mergulhar na vidade Greta Thunberg, Raquel Navei-ra partiu da adolescência da jovem,ao examinar este período da vidatão complexo, para rememorar ospróprios tempos de “Adolescência”,(p.55).

Em “Janelas do mundo” (p.65),Raquel foi à etimologia da palavra“janela”, mergulhando na culturagreco-latina, até fazer um estudosobre a importância da palavra emtítulos de filmes.

Na segunda parte do livro,“Caça e caçador” (p.75) mostra asbelezas e dificuldades de quem de-cide se aventurar na caça, seja doque for.

Há espaço para crônicas deencomenda, como “Ciganos” (p.83)texto dedicado à professora de lite-ratura e amiga Dalma Nascimento.

A crítica social aparece nas crô-nicas “Incêndios e Queimadas”(p.87) e “Lama” (p 91). Porém, mes-mo ao tratar de temas dolorosos ao

evocar tragédias ambientais, Navei-ra é poética, ao “pensar no fogocomo purificação, regeneração epreparo para novas semeaduras.”

Em “Lepra” (p.95), ao explicarque o título da crônica não é maisutilizado para se referir à hansenía-se, Raquel nos dá uma aula. Na Ida-de Média, a doença foi uma peste,e, no dias atuais, em todo ano 2020,a humanidade vive uma pandemiae, por isso afirma profeticamente:“Estamos leprosos, cheios de feri-das emocionais, que nos isolam doconvívio com nossos semelhantes.”(p.99).

E a viagem de Raquel Naveirasegue por definições, personagens,livros, histórias e afetos. Em “A Pes-te: Camus, Artaud e Rubens”,(p.101), há um passeio maravilho-so sobre o clássico do escritor fran-co-argelino, bem como ao ensaio “OTeatro e Peste”, de Antonin Artaud,bem como reflexões sobre o teatro.

Se Raquel viaja a um “Lugar”,(p.107), chegou ao livro Terra e Paz,de Yehuda Amichai, o poeta nacio-nal de Israel na crônica “Jerusalém”,(p.117), na qual, de forma muito ele-gante, faz críticas ao atual governobrasileiro, que deveria buscar o res-peito de Israel, sem se comprome-ter com a postura norte-americana.Poder-se-ia dizer que há em “Delí-rio Pessoano: vi Ricardo Reis no Riode Janeiro certa vez”, (p.137), umdelírio intertextual.

Há uma crônica toda para tra-tar de “Girassóis”, (p.149): assimcomo a importância das batatas naalimentação, em “Comedores debatatas” (p.153) e ao banho, um ri-tual amplo, tão bem descrito em “Asbanhistas” * (p.157).

Raquel adentrou o universopictórico, ao tratar de Velásquez em“Vênus ao Espelho” (p.167), viajouaté “O Labirinto e o Minotauro”(p.177), explicou a gênese da obrareunida, Jardim Fechado, Vidrá-guas, 2015, em “O Cântico dos Cân-ticos: Um jardim fechado”, (p.181);passeou por uma “Entrevista com avelha professora” e, sabiamente,concluiu o livro com “Os Sobreviven-tes”, (p.213). Nesta crônica, a es-critora analisou a diferença semân-tica entre os verbos “viver”; e “so-breviver”, concluindo que, em meioa uma pandemia, somos sobrevi-

ventes. Citou Cassiano Ricardo(1895-1974), líder importante líderda Semana de Arte Moderna, queescreveu o livro Os Sobreviventespara tratar das chagas vividas àépoca dele, final da Segundo Guer-ra Mundial.

Em suma, é bom sermos sobre-viventes de uma pandemia, poisassim temos chance de ler RaquelNaveira.

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Página 2 - março de 2021

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Edmílson Caminha

Edmílson Caminha é escritor,jornalista e professor. Membro daAcademia Brasiliense de Letras,da Associação Nacional de Escri-tores e do Observatório da Língua

Portuguesa (Lisboa, Portugal).

Hilda Gouveia de Oliveira, escri-tora, crítica literária, professora universi-tária, romancista, contista, ensaísta e co-laboradora do L.V., faleceu no dia 25 dejaneiro, no Rio de Janeiro (RJ), vítima deCovid.

Nasceu em Granja (CE) em 20 desetembro de 1929.

Formada em Letras Anglo-Germâni-cas, na Faculdade Nacional de Filosofiada Universidade do Brasil (atualmenteUniversidade Federal do Rio de Janeiro.

Foi professora de Inglês e de Litera-turas de língua inglesa na UniversidadeFederal do Rio de Janeiro. Mestre em Literatura Inglesa e Doutora emTeoria Literária pela mesma Universidade.

Representou o Departamento de Língua e Literatura Inglesa da Fa-culdade de Letras da UFRJ, em 1982, a convite do British Council, noCongresso Internacional “Writer and Critic”, realizado em Cambridge, naInglaterra.

Foi agraciada com o Prêmio Silvio Romero da Academia Brasileira deLetras, em 1993, com a obra Imagens e Criatividade no Lirismo de VirgíniaWoolf. Laureada com 1ª Menção Honrosa no Prêmio Nacional Walmap1969, com o romance Os Sete tempos.

Autora dos romances Os sete tempos, Os distraídos, O longo cursodo minuto, Brincadeira de quatro cantos, Os vários rumos da travessia e Aoutra ponta do fio; dos ensaios críticos Mrs Dalloway- uma unidade estru-tural e Imagens e Criatividade no Lirismo de Virginia Woolf; de contos:Miragem, Novelo de história e O sujeito multiplicado; e do livro de críticaliterária O sentido recriado.

Vacina já para os brasileiros para que mais nenhum colaborador doL.V. vire memória. Vacina e saúde para os povos de todas as raças.

Covid fez Colaboradorado jornal virar memória

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ção

Hilda Gouveia de Oliveira

A 12 mil metros de altura, 900quilômetros por hora, so-

brevoo o Atlântico rumo a Portugal,e leio “Crônicas do coração” (Sal-vador : Caramurê, 2017), em queJadelson Andrade conta históriasque viveu com o cliente e amigo Jor-ge Amado. Gosto de livros assim,modestos, sem pretensões literári-as, que nem só de Proust vive o bomleitor. Das minhas leituras mais re-centes, duas foram dessa área, porcoincidência sobre o romancistabaiano: “Memorial do amor & vacinade sapo” (2004), de Zélia Gattai, e“Com o mar por meio” (2017), cor-respondência do português Sara-mago com o colega brasileiro. “É asua porção comadre, o gosto de bis-bilhotar a vida alheia...”, costumavadizer meu amigo Fernando Dídimoda satisfação com que leio cartas,memórias e biografias. E estava cer-to, pois toda vida, por mais despo-jada que aparente, merece ser con-tada, ouvida, lida. Reconheço, até,que as despojadas me interessammais, pelo que nelas há de luta, desofrimento, de sonho. Entre conver-sar com o inquilino do Palácio doPlanalto e com a senhora que lheserve o cafezinho, fico com a segun-da, sem a menor dúvida.

Como quem proseia à beira-mar de Itapuã, Jadelson narra comoJorge passou de cliente a amigo, nacontramão do que geralmente sefaz: dos três anos em que estudeimedicina na Universidade Federaldo Ceará, ficou-me o preceito deque se deve guardar distância daclientela, pelo desserviço que o en-volvimento emocional pode trazer.Esforço vão se o paciente fosse Jor-ge Amado, modelo de amigo, exem-plo de amor ao próximo e de solida-riedade fraterna, pela grandeza hu-mana e pela doçura espiritual comque se fazia querido por quem o co-nhecesse. Quando comentei comFernando Sabino que o escritor bai-ano me parecia antipático, de difícilconvivência, o cronista apressou-seem defendê-lo: “Não tenha essa im-pressão, ele é das pessoas maisgenerosas que encontrei em toda aminha vida.”

Chamado, a primeira vez, paradar assistência ao romancista infar-tado, Jadelson ganhou-lhe a confi-ança e a amizade, logo aceito, comsua Tânia, pelos membros da afá-vel confraria em torno de Zélia e Jor-ge: os filhos Paloma e João Jorge;Luíza e James Amado; Auta Rosa e

O AMIGO DO CORAÇÃO DE JORGECalasans Neto; Nancy e Carybé, oargentino de nascimento que, naopinião de quem criara Dona Flor,“em matéria de bunda de mulher, éautoridade máxima e absoluta”. Debem com a vida, cantaram, come-ram, beberam, navegaram por riose mares, foram a Paris, a Lisboa,certos de que nada de mal aconte-ceria a quem já sofrera um infarto,pois, no sábio dizer do cardiologis-ta do grupo, “o coração gosta deemoções felizes”.

Entre uma e outra viagem,conversas com revelações que oescritor não faria a qualquer um,como o projeto do romance “Apos-tasia universal de Água Brusca”,história medieval e mística ambien-tada no médio São Francisco, em1922. Doente dos olhos, sem po-der ler nem inventar suas histórias,o romancista mergulhou na cavadepressão que o levaria à morte,acompanhado pelo médico comzelo de amigo e dedicação de filho.

Ao escrever sobre o pacientefamoso, Jadelson Andrade tambémdiz muito de si mesmo, como exem-plar de uma espécie em extinção:os médicos humanistas, que cru-zam as fronteiras da ciência, trans-cendem a medicina, superam asespecialidades e vão da arte à filo-sofia, da literatura à história paracompreender o homem na plenitu-de, ser que ama e sonha, indivíduoque goza e sofre. Linhagem brilhan-te a que pertenceram médicos coma nobreza de Jorge de Lima, Gui-marães Rosa, Dyonélio Machado,Pedro Nava e Moacyr Scliar, nãopor coincidência autores de admi-ráveis obras que honrariam qual-quer literatura.

“Crônicas do coração” é, pois,uma celebração da vida, um cantode amor aos verdadeiros amigos,aqueles que o são por causa detudo e apesar de nada, homens emulheres que fazemos irmãos pe-las afinidades eletivas que nosunem. A luminosa declaração comque se encerra, escrita por JorgeAmado, pode ser também assina-da por Jadelson Andrade e pelosque com ele nos identificamos, pelosentimento de que nos recusaría-mos a viver em um mundo sem ami-gos: “Eu acredito na amizade! E aexerço!”

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Página 3 - março de 2021

“Impressões sobre a Pande-mia e outras crônicas” é mais umacomprovação do talento literário deAndreia Donadon Leal. Seus textosnão se resumem a simples obser-vações do cotidiano nem se ren-dem à banalidade com que as ho-ras aparentemente transcorrem.Não. Eles afloram de uma percep-ção sofisticada e profunda da rea-lidade circundante, capaz de levan-tar, da superfície em princípio pla-na e lisa dos dias, as suas rugosi-dades, as suas fissuras, e, sobre-tudo, as suas belezas, o seu senti-do oculto, nela desvelando secre-tas camadas de poesia e transcen-dência. Por tudo isso, sua atuaçãocomo cronista pede dos leitores umolhar mais atento e perspicaz, quesaiba enxergar nas entrelinhas e nonão-dito, já que é feita também desilêncios e pausas.

De lirismo refinado, o livro queora se oferece à fruição do públi-co, é, ainda, importante registro his-tórico do tempo da peste e já nas-ce como documento a ser consul-tado pelas futuras gerações, quan-do elas se interessarem em conhe-cer como os corações mais deli-cados lidaram com o vírus e comas outras pragas que circularampelo planeta em 2020. Sem temertemas difíceis como o medo, a so-lidão, a doença, o sofrimento e amorte, Andreia Donadon Leal nãodeixou o seu leitor sem perspecti-vas. Convicta da potência salvado-ra da Arte e da Liberdade de Ex-pressão, alinhou-se claramente aelas para atravessar a noite escu-ra do isolamento social. Refugiada

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As crônicas de AndreiaDonadon Leal

Rogério Faria Tavares

Rogério Faria Tavares éjornalista, Doutor em Literatura

e Presidente da AcademiaMineira de Letras.

em sua casa, nas Minas Gerais,ainda preservou outras atitudes fun-damentais para vencer os malesque atacaram a espécie humana,no ano que acabou agora: a empa-tia e a solidariedade aos mais vul-neráveis e ao meio ambiente, semesquecer a homenagem aos traba-lhadores da Saúde, valentes guer-reiros na batalha contra a pande-mia.

“Vou colhendo frascos de es-perança, mesmo que o caminhoaponte para o precipício”, diz a cro-nista-poeta, aceitando, resiliente econfiante, percorrer a trilha mais doque nunca instável e fascinante quese abre à jornada humana sobre aTerra na atualidade. Seguimos comela, levados por sua inteligência esua sensibilidade.

O chão dos coloridos d’água,entrecruzado de caminhos, enflorado de almejos.Vozes do vinho do vento, florindo flautas,assobiam os rumos desta sonata.

E acendem os contrastes tonaisde um piano d’água, tal um farol, dando sinal ao longe.

Entre a liquidez dos rios e as areias do Tempo,ah, aquele vale de côncavas planícies!

Ali, abstrata linha de fuga segreda lonjuras.Ali, incendiados enigmas pervagam sob o arco de concreto

de uma ponte. Dos olhos do coração,

a paisagem da aguardada Minas.

Ali, um rio escande mistério.

De Minas, os gerais.

Que pássaro é esse,que me faz promessas toda manhã?Entoa solfejos de árias seletas,de notas maduras, de beijos secretos.Que pássaro é esse, leveza e mesura?Não sei se conhece a poesia dos varais,a filosofia dos umbrais,a inquietação do cata-vento.Já percebo o farfalhar de asasa sobrevoar as casas.Faz promessas de plumas e de renascimento.

Flora Figueiredo

Esperança

Alice Spíndola

Alice Spíndola é escritora, poeta, contista, tradutora e artistaplástica. Graduada em Letras Anglo-Germânicas pela

Universidade Católica de Goiás. Detentora do Prêmio NacionalJorge Fernandes, Rio de Janeiro e do Prêmio Auta de Souza,

de Macaíba, Rio Grande do Norte.

Flora Figueiredo é escritora, cronista, poeta, jornalista, tradutorae compositora. Autora de Chão de Vento, Limão Rosa, Florescência,

entre outros livros. Exerceu o cargo de Vice-presidente daAssociação das Jornalistas e Escritoras do Brasil.

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Página 4 - março de 2021

Imputa-lhe a sacristia e o sacramento...O dever do confinamento...O porvir do mandamento..o existir do sofrimento...

O reluzir do esquecimento!O cohabitar no apartamento...

O exaurir do desligamento!

A falsa modéstia, as palmas, à parte!

As heresias e as indulgências...O desmantelar-se dos sobreviventes

O aconchegar-se dos inocentes...O aproximar-se dos parentes...

O duvidar dos reticentes....

Imputa-lhe a palavra transmutante...O sonho de valsa, a rima e a prosa...

A sacristia e o sacramento!Chegar e partir, ex-comungar

Falso cognato que há de perturbar!

Eu amo os meus cabelos brancos,Que parecem estar enluarados,eles são a prova de que sofri,mas me alegrei,de que se fracassei,também venci.

Meus nobres cabelos brancos,meus queridos,humaníssimos cabelos brancos!Juro, vocês são a coroaque eu me orgulho de ostentar,a minha linda coroa de prata,que não troco por nenhumacoroa de ouro!

Queridos cabelos brancos,símbolos da minha vitóriadiante das tempestades da vida!Cabelos que foram castanhose que agora, da cor da Via-Lácteasão as impressões digitais dotempo na minha cabeça...

Olhem, meus amigos, esta minhaluzente coroa de prata,fabricada na oficina do tempo,com a ajuda da senhora Experiência.Quando me vejo diante de um espelho,essa coroa me diz baixinho,carinhosamente:Parabéns, Fernando,você ainda resiste,depois de sofrer a dor de perder,ceifadas pela morte,tantas pessoas queridas,porém nunca esquecidas...Parabéns, Fernando,porque mais do que os bens materiais,você amou os bens espirituais!

Poema para os meus cabelos brancos

A minha linda coroa de prataobra-prima dos meus cabelos brancos,coroa da dor cristalizada,da experiência muito vivida,da vida muito sofrida,dos meus momentos felizes e infelizes,a minha querida coroa de prataé o meu luar, o meu céu estrelado,o meu rútilo tesouro,que vale mais do quequalquer cofre cheio depepitas de ouro!

Cabelos brancos, queridoscabelos brancos,vocês são o meu especial orgulho,o belo troféu que ganheidepois da batalha!Vocês me fazem lembrardo meu pai morto,da minha mãe morta,dos meus irmãos mortos,dos meus amigos mortos.

Meus dignos, honestos cabelos brancos,vocês falam dos que moram no meu coração,vocês ressuscitam o tempo extintoe devolvem para mimos sonhos de outrora,fazendo o tempoficar no agora.

É por isto que eu os amo,vocês são a dor curtida,o raro e esvanecido perfumedo prazer de um momento,a inesquecível ilusão perdida,as quentes lágrimas de um tormento,a lembrança de tudo,o real e agridoce conhecimento da vida!

Fernando Jorge é escritor, jornalista, historiador, biógrafo, crítico literário e autor dolivro EU AMO OS DOIS, lançado pela Editora Novo Século.

Fernando Jorge

Manchetes em Versos

Capa e o projeto gráfico de Xavier

Prefácio de Raquel Naveira

Sebo Brandão:https://www.estantevirtual.com.br/brandaojr/rosani-abou-adal-manchetes-em-versos-1920679020

Rosani Abou Adal

O SacramentoMárcia Rosa

alinhavaras narrativas e as fofocas

nos lábioscom pontos ora largos

ora miúdosnada ali escapa do carretel

e dos alfinetesos ouvidos sempre atentos

não importaa cor e o tamanho do vestido

que ali se cosede tudo – menos a boca

e o gato!

Inspirado em

AS COSTUREIRAS –

TARSILA DO AMARAL

Carlos Pessoa Rosa é escritor, poeta,médico, novelista, cronista, contista e

editor do site www.meiotom.art.br.

Carlos Pessoa Rosa

Márcia Rosa é escritora, poeta e jornalista.Formada em Comunicação Social na PUC e

em Letras - Português naUniversidade de São Paulo.

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Página 5 - março de 2021

A NECESSÁRIA MUDANÇADinovaldo Gilioli

Dinovaldo Gilioli é escritor epoeta. Tem 7 livros publicados.Dentre os quais: Cem poemas(editora da UFSC) e Inventário

de Auroras (CostelasFelinas editora).

Seguir uma ideia, semnenhuma visão crítica,nos coloca próximo do

papel de ventríloquo, de papagaiodomesticado. Em tempos de neo-liberalismo, onde há endeusamen-to do mercado e coisificação dasrelações humanas, é profícuo oexercício da dúvida, das açõesquestionadoras.

Em tempos de caminho úni-co, é urgente construir atalhos, des-confiar de ruas bem delineadas quenos levam sempre ao mesmo lu-gar. Caminhos que não propiciamo encontro, mas o mero ajunta-mento de pessoas; que não esti-mulam o diálogo das curvas, masimpõem a palavra final das retas.

Quando tudo parece derradei-ro, acabado, aí; bem aí, deve resi-dir o confronto das ideias, onde ocruzar de vozes possa estabelecero grito da mudança. Onde a solida-riedade não seja açodada pela sel-vagem competição e o exacerba-do individualismo.

A necessária mudança nãovirá do acaso, é preciso lutar paraalterar a realidade que nos é impos-ta. Mudar para melhorar a casa, osindicato, o trabalho, a igreja, a as-sociação, a vida e o país; enfim, não

é tarefa de “salvadores da pátria”.Esses não passam de charlatões,travestidos de “pessoas de bem”,travestidos de mito.

Para mudar de verdade é pre-ciso questionar os grandes meiosde comunicação, geralmente à ser-viço da classe dominante. Paramudar de verdade é necessárioenfrentar os que tentam, sem ne-nhum escrúpulo, dominar coraçõese mentes. Os que, com sua falsamoral, querem cercear a livre ex-pressão.

Só a rebeldia, a inquietude e oinconformismo, aliados a consciên-cia crítica e a disposição de lutacoletiva, são capazes de se con-trapor ao atual sistema. Esses ges-tos podem forjar novas relaçõesentre os humanos e com a nature-za. Podem propiciar trocas, quenos ajudem a valorizar mais a vida.

Quando deixarmos a condiçãode espectadores, mais preparadosestaremos para o protagonismo dahistória. Oxalá sigamos construin-do uma sociedade que viva, de fato,com respeito e dignidade!

Ainda escuto dentro da noitea suavidade musical de sua vozafagando o silêncio da solidão...

Sinto o calor de seu rostocolado no meu enquanto

dançávamos naqueles bailesinesquecíveis enfunando velas

de tantos e tantos sonhos...Isso tudo ao som arrebatadordas engalanadas orquestras

que harmonizam a poesia dasmadrugadas...

Ainda sinto o aroma do perfumede suas mãos impregnando

minhas mãos trêmulas de emoção...Ai que saudade teimosa!

Poesia e Jornalismo Literá-rio é o tema do “Contaêêê”, no dia7 de abril, com a escritora e jor-nalista Rosani Abou Adal

O “Contaêêê” é uma sériesemanal da Galática Educação &Cultura, que tem como propostadar voz às pessoas que estãopreservando memór ias e\ouconstruindo suas histórias. Con-duzido pela jornalista, mestre emComunicação, especialista emmarketing, radialista e presiden-te da Galática, Sonia Avallone,que iniciou o projeto em novem-bro de 2020, com o objetivo dedivulgar as trajetórias pessoais eprofissionais dos entrevistados,por meio de uma conversa des-contraída e atrativa. A transmis-são é realizada ao vivo e online,sempre às quartas-feiras, às 20horas, no canal da @galaticaedu-cação no Instagram e depois deuma semana retransmitida noYouTube,

A escritora, poetisa e jorna-lista Rosani Abou Adal é a convi-dada para a edição do dia 7 deabril de 2021. Durante o episódio,Rosani contará sobre sua traje-tória como editora do jornal Lin-guagem Viva, que esse ano com-pletará 32 anos. Também mostra-rá o seu lado escritora e poeta.Ela tem poemas traduzidos para

Rosani participará do Contaêêê

da Galática Educação

o francês, inglês, espanhol, gre-go, húngaro e italiano. Participoude antologias no Brasil, Itália ePortugal. É autora dos livros depoemas Manchetes em Versos,Catedral do Silêncio, De Corpo eVerde e Mensagens do Momen-to. Exerce o cargo de vice-presi-dente do Sindicato dos Escritoresno Estado de São Paulo.

Rosani participou do Papo deBoteco- um happy-hour para amente, dedicado à literatura esuas interfaces, conduzido pelasjornalistas Naia Veneranda e So-nia Avallone, em 2019. Nesse en-contro, Rosani conversou com osparticipantes sobre o Manchetesem Versos, encantou a todoscom seus poemas e autografouseu livro.

O encontro entre Rosani eSonia aconteceu na final dos anos80, no curso de Jornalismo, daFaculdade Cásper Líbero, emSão Paulo. A amizade entre elasjá completou 35 anos. Sonia co-menta que Rosani construiu suahistória com muito empenho ecriatividade. Ela inclusive.

Programa-se: dia 7 de abril,quarta-feira, às 20 horas, o Con-taêêê e Sonia Avallone recebema jornalista, escritora e poeta Ro-sani Abou Adal, no canal da @ga-laticaeducacao no Instagram.

Rosani e Sonia Avallone

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VOCÊ

Raymundo Farias de Oliveira é escritor, poeta eprocurador do Estado aposentado.

Raymundo Farias de Oliveira

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Página 6 - março de 2021

I- Ê lá em casa…Alguém falou-lhe quase ao pé

do ouvido, mas o homem passaratão rápido que, ao virar para trásela não conseguiu distinguir quemfalara. Mas ao voltar-se, o sinal abri-ra para os carros. Teve que voltarà calçada e aguardar.

Faziam 33º e do asfalto e doconcreto subia um mormaço insu-portável. Saíra com um vestido dealcinha por causa do calor, até he-sitara um pouco, mas dissera parasi mesma:

- Foda-se. Não irei deixar deme vestir como quero por causa deuns fdp de uns machos escrotos –E saiu.

Agora estava ali no coraçãoda cidade, esperando o semáforoabrir para poder atravessar a ave-nida que, como era muito larga,acontecia em duas etapas, sendoa primeira até o canteiro central edepois do canteiro central até acalçada do outro lado.

A calçada estava cheia, ho-mens e mulheres aguardando achance de atravessarem a aveni-da. Pôs a bolsa na frente do corpopara evitar roubos. Olhou para ohomenzinho do semáforo e ele es-tava verde, piscava com um convi-te à travessia. Foi.

- Saúde, hein tia? - falou ummoleque de uns 15 anos. Ela igno-rou e foi em frente.

O homenzinho continuavaverde, ela reparou, mas teve a im-pressão de que ele estava ligeira-mente maior, mas achou que eraefeito de ter olhado bruscamenteenquanto andava. Viera também asutil sensação de que a avenidaestava mais larga, mas devia serefeito de ter ficado tanto tempo con-finada em casa: qualquer espaçoaberto parecia-lhe imenso agora.

- Gostosa! - Disse-lhe um ho-mem cujos olhos pareciam de gelosujo, e passou o dedo na pele dobraço dela, como se estivesse a ex-perimentar alguma comida.

A primeira reação dela foi dedar-lhe um soco, mas estava nomeio da avenida e a qualquer mo-mento o semáforo poderia abrirpara os carros e dar-se um aciden-te. Olhou com raiva para o homemde olhos de gelo e afastou-se umpouco mais à esquerda, enquantocaminhava.

Parecia realmente que a ave-nida havia ficado mais larga, talaquelas cobras constritoras que fi-

cam mais largas depois de engoli-rem uma presa, pítons e sucuris coma barriga cheia. O homenzinho con-tinuava verde, piscando feito umenfeite de natal, mas assim como aavenida parecia mais larga, ele pa-recia maior, e de longe, talvez porcausa do astigmatismo, parecia queà cada piscada intermitente o ho-menzinho bradava, em uma dasmãos, um tacape.

Ou bastão.Um ou outro , o homenzinho

verde bradava piscante e pareciaameaçá-la.

- Jéssica, você está pirando –disse para si mesma. Mal pode com-pletar a frase quando sentiu um bra-ço em sua cintura e um homem adizer-lhe:

- Vamos, gostosa.Felinamente ela esquivou-se

para o lado, e sem pensar muito, ain-da andando, tentando atravessaruma rua que parecia-lhe cada vezmais larga, virou-se e deu um socono homem que vinha em sua dire-ção; ele desequilibrou-se e caiu emcheio com o rosto no asfalto, cau-sando sérias lacerações.

- Ah sua vadia! - Falou outro,que poderia ou não ser comparsado que caíra, e que veio na direçãodela e puxou-lhe o vestido, na ex-pectativa de rasgar e expor-lhe ocorpo, mas quanto mais ele puxavao vestido crescia, e se ele conseguiarasgar algum pedaço, o vestidocrescia na mesma direção…

Agora ela corria, e no seu en-calço vinha não somente o homem

que agarrara e tentara desespera-damente rasgar-lhe o vestido, masoutros tantos que faziam coro à per-seguição e gritavam os impropériosmais variados:

- Puta!- Pecadora!- Jezebel!- Vadia…O homenzinho verde do se-

máforo agora segurava uma tochaque acendia e apagava junto comele.

A avenida estava mais larga,parecia um rio, e havia pessoas quepareciam aguardá-la do outro lado,enquanto atrás dela dezenas dehomens perseguiam-na e seu ves-tido cem vezes rasgado recompu-nha-se cobrindo-lhe a pele suave,as pequenas estrias dos seios e atatuagem de lótus no colo.

- Filha de satanás!- Prostituta que transou com

o diabo…Mas ela não desistia: pisava

firme o asfalto, ia em frente, tal umrio que não pode ser detido.

II

Apesar da firmeza de seu caminhar,sentiu que havia algo errado: pare-cia que seus pés estavam moles ouque ela pisava sobre almofadas, oasfalto afundava a cada passo dado,liquefazia-se lentamente, o que difi-cultava seu caminhar, mas tambémo dos homens que a perseguiamcom desejos de morte e estupro.Será que sempre fora e sempre se-

ria assim, o estupro e a morte an-dando de mãos dadas no coraçãodos homems? Ou será qua aindahavia homens que não era por de-sejá-las (às mulheres) que seriamcapazes de violência?

De repente o asfalto ondula-va e ela afundou: sentiu quando seupeso, sob a ação da gravidade, rom-pia a tensão superficial do asfalto,que era água agora, seguia um flu-xo, ondeava e a empurrava , masela ainda queria chegar na outramargem.

No momento em que afundou– e sentiu a força contrária daságuas enquanto seu corpo descia,por um momento passou por ela,como a sombra de uma brisa, o de-sejo de se deixar levar, um desejode acalanto e abandono, de nãoresistir, ser tomada pelo calor daságuas, ser domada pela doçura,que a chamava para baixo, parabaixo, para baixo…

Enquanto afundava numadoce lassidão, viu que, apesar detudo, mesmo sob as águas, os ho-mens estendiam os braços e tenta-vam puxar seu vestido: seus rostosagora eram pura caricatura – esga-res, contorções, crispações. Nãohavia mais humanidade, eram so-mente expressões vazias, como ba-lões inflados que ao serem estou-rados não resta mais nada.

Foi o suficiente para afastara lassidão; ergueu a cabeça à tonae começou a nadar com braçadasvigorosas, precisava alcançar o ou-tro lado. Por mais que a água ten-tasse levá-la, ela resistia, foi nadan-do tal uma sereia experiente, desli-zando graciosa…os homens fica-vam para trás, feito barris com ân-coras, ela seguia com graça e vigor.Ao colocar a cabeça fora d’águapode ver a margem, o outro lado darua, onde algumas pessoas faziam-lhe sinais de ventura, e no semáfo-ro o homenzinho verde estava caí-do, e figuras vermelhas, femininas,oblíquas, ambíguas, haviam apaga-do a tocha e piscavam segurandoflores nas mãos. Ela não sabia seeram rosas ou tulipas. Mas era bo-nito de se ver. As flores piscavam eela pisava firme o asfalto e a calça-da, tal uma deusa de pés suaves,que nunca se cansa de caminhar.

Sinal FechadoGledson Sousa

Gledson Sousa é escritor,poeta, contista , prosador,

ensaísta e formado em Históriacom especialização em

História da Arte.

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Página 7 - março de 2021

Débora Novaes de Castro

Antologias:

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL -MOMENTOS - CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO -

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Opções de compra: 1.www.deboranovaesdecastro.com.br, LIVROS.2. E-mail: [email protected] 3. Correio: Rua Ática, 119

- ap. 122 - Jd. Brasil - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Livros

O escritor João Bar-cellos fez conferênciaacerca de “Mudar as Cul-turas e o Mundo”, Livro 2,do filósofo luso ManuelReis, que vem incentivan-do “um olhar de humanis-mo crítico sobre o que so-mos e o que fazemos”.

Com selo da Edicon(Brasil) e do Centro deEstudos do HumanismoCrítico (Portugal), comapoio do Grupo de Deba-tes Noética (América Lati-na), o livro saiu do prelo ejá circula entre autorida-des acadêmicas e literárias. Porisso, João Barcellos, que coorde-na as coletâneas “Palavras Essen-ciais” e “Debates Paralelos” (cadac/ 14 volumes), proferiu palestra via´web´ para dizer que “[...] a presen-ça de teólogo e filósofo Manuel Reisnos debates sobre o que somos eo que fazemos, à luz do espíritosocrático-jesuano, faz dele tam-bém uma ´luz´ intelectual no meiodas trevas anticulturais que noscercam. O livro ´Mudar as Cultu-ras e o Mundo´ é a síntese do pen-samento e dos atos do ProfessorReis, um livro que nos lega nãouma ideologia, mas um ensina-mento vivenciável para o confrontosocial diante da decadência políti-

MUDAR AS CULTURAS E O MUNDO

Mariana d´Almeida y Piñon éprofessora de Artes Visuais

e membro do Grupo deDebates Noética.

ca, educacional, mística e econô-mica [...], e, por isso, Manuel Reisé o filósofo que age sem pantufas,com os pés no chão da circuns-tância humana que somos. Eis que,ou alteramos o curso da Cultura e,com ela, o Mundo, ou condenamo-nos a uma existência de cabeçaoca sob o mando de caudilhos im-periais, à direita e à esquerda...”.

As palavras do Mestre Barce-llos são tão claras e inequívocasquanto os textos de Reis, que vêmproduzindo diversos debates.

Mariana d´Almeida y Piñon Poesia Reunida Paulo Colina, poemasde Paulo Colina, Ciclo Contínuo Editora, SãoPaulo, SP, 2020, 238 páginas. ISBN: 978-65-992307-2-1.

A edição é de Eunice Souza e MarcianoVentura, com apresentação de Oswaldo de Ca-margo e posfácio de Ricardo Riso.

Paulo Colina nasceu em 9 de março de1950, em Colina (SP), e faleceu no dia 8 deoutubro de 1999, em São Paulo (SP), vítimade problemas cardíacos.

Escritor, poeta, cronista, dramaturgo, en-saísta, tradutor e músico. Exerceu cargos dediretor da União Brasileira de Escritores.

Foi agraciado com o Prêmio APCA de Li-teratura Melhor Livro de Poesia do Ano, daAssociação Paulista de Críticos de Arte.

Seus trabalhos foram publicados na Ale-manha, EUA, França, Suíça e Espanha. Estreou na Literatura com o livrode contos Fogo Cruzado.

A obra reúne poemas dos livros Plano de Voo, Viveiro, Do Tempo dasSombras, A Noite não Pede Licença e Todo Fogo da Luta.

Ciclo Contínuo Editora: www.ciclocontinuo.com.br

O Privilégio dos Mortos, romance deWhisner Fraga, Editora Patuá, São Paulo (SP),252 páginas. ISBN: 978-85-8297-852-8. A ilus-tração, Projeto gráfico e diagramação são deLeonardo Mathias.

O autor é escritor, romancista e contista.Seus contos foram traduzidos para o inglês, ára-be e alemão.

Em O privilégio dos mortos, o autor utilizauma narrativa experimental e fragmentada, combase nas reflexões de um amarguradoprotagonista que lida com suas próprias ques-tões existenciais a partir da morte precoce esofrida de Heitor - ex-amigo de faculdade -, de-vido a um agressivo câncer de pulmão. Ao re-tornar de carona para a fictícia Tejuco, sua ci-dade natal no interior de Minas Gerais, este pro-

tagonista, que nunca é nomeado, lembra episódios de seu passado, deforma não linear, em um delírio que mistura imaginação e realidade.

Editora Patuá: www.editorapatua.com.br

Alguém olhou para mimE viu uma pessoa em Mim:– Olá, Mulher, celebro você

Em meu olhar!E assim sem mais o quê,

Súbito amar.A médica e a poeta em mim

Olhou o Homem e reagiu assim:– Olá, Homem que consegue e vê

Uma Mulher sem odiar...Ah, nem todo o dia é assim,

O ódio rodeia a Mulher que emerge em mim!

MULHERJohanne Liffey

Johanne Liffey é médica e poeta. Bagdad/Iq.

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Página 8 - março de 2021

Notícias

Roberto Scarano

Trabalhista - Cível - Família

AdvogadoOAB - SP 47239

R. Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11 - Mooca - São PauloTel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

A Câmara Brasileira do Livroelegeu nova diretoria, no dia 25 defevereiro, para o biênio 2021-2023,que será presidida por Vitor Tava-res (Distribuidora Loyola de Livros).A diretoria executiva terá como vice-presidente administrativo e financei-ro Diego Drumond (Faro Editorial),vice–presidente de comunicaçãoLuciano Monteiro (Editora Moderna/Grupo Santillana) e como vice–pre-sidente secretário Hubert Alqueres(Edições de Janeiro).

Mercedes Sosa - Uma Len-da: Um tributo à vida de uma dasmaiores artistas da América Lati-na, de Anette Christensen, traduzi-da por Mariana D’Angelo, foi lança-da pela Editora Tektime com ver-sões impressa e digital. A biografiaretrata a vida pessoal e profissio-nal da cantora argentina que tam-bém foi uma lutadora contra a dita-dura.

Encontros & Encantos é umálbum, um projeto literomusical,realizado pela A Cigarra Edições,com poemas de Jurema Barreto deSouza II e Zhô Bertholini (editoresda Revista A Cigarra), musicadospor Edu Guerra e Rui Ferreira.Participam do projeto os músicosAdolar Marin, André Bedurê, BebêGóes, Carol Lorac, Cássio Ferrei-ra, Denise Coelho, Edu Moreno,Fabio Daros, Giba Brito – Fernan-do Cavallieri, Fernando Sardo, Ga-briel Garret, Giselle Maria, Glau Piva,Kleber Albuquerque, Maestro VillaHutterer, Marcos Mamuth, MestreDalua, Pri Ferminio, Rosi Pascoal,Silvio Alemão, Stella Baster e TataAlves.

O Memorial da América La-tina lançou Línguas Ameríndias –ontem, hoje e amanhã que abordao universo linguístico dos povos ori-ginários da América. A obra, resul-tado das atividades realizadas peloMemorial em 2019 na celebraçãoao Ano Internacional das LínguasIndígenas, foi editada pelo CentroBrasileiro de Estudos da AméricaLatina (Cbeal).

Maria Teresa Horta, poeta ejornalista portuguesa, foi agraciadacom o Prémio Literário Casino daPóvoa 2021, com o livro Estranhe-zas, atribuído no âmbito do 22º en-contro literário Correntes d’Escritas.

O Prêmio Literário FundaçãoLuís Rainha, que distingue umaforma inédita de contar a Póvoa deVarzim, agraciou António José daAssunção com o texto “Como On-das no Mar”.

Nélida Piñon, escritora, ro-mancista, jornalista e membro daAcademia Brasileira de Letras, foiagraciada com o Prêmio Pen Clu-be de Literatura - 2020 com a obraUm Dia Chegarei a Sagres (Edito-ra Record). A entrega da láurea foitransmitida ao vivo através das re-des sociais do Pen Clube, no dia 1de março. Nélida Piñon foi a primei-ra mulher a presidir a AcademiaBrasileira de Letras de 1996-1997.

Marco Lucchesi, membro daAcademia Brasileira de Letras, lan-çou a sua tradução do livro Mar-gens da Noite, do matemático epoeta romeno Ion Barbu, pela Edi-tora Patuá. Marco Luchesi é escri-tor, poeta, romancista, historiador,mestre e doutor em Ciência da Li-teratura pela Universidade Federaldo Rio de Janeiro.

Claudio Willer ministra o cur-so “Percorrendo o surrealismo”, de15 a 29 de março, às segundas-feiras, das 20 às 22 horas, em trêssessões virtuais. Inscrições: https://claudiowiller.wordpress.com/2021/02/24/um-novo-curso-de-surrealis-mo/

A Biblioteca Nacional lança-rá o livro O Leigo e a Especialista –memórias da administração da Bi-blioteca Nacional nas décadas de60 e 70, de Luciana Grings, biblio-tecária funcionária da Biblioteca edoutora em Memória Social pelaUNIRIO. O livro, produto da tese dedoutoramento defendida pela auto-ra em 2018, será disponibilizadopara acesso online.

Mulheres do Rock, de LauraGramuglia, foi lançado pela Edito-ra Belas Letras em Kit luxuoso decapa dura com 10 cartões postaiscom ilustrações de Rita Lee, AmyWinehouse, Janis Joplin, CyndiLauper, Madonna, Patti Smith, YokoOno, Lauryn Hill, Missy Elliott e Si-néad O’Connor.

O livro LEQUE ABERTO,crônicas poéticas de Raquel Navei-ra publicado pela Editora Penalux,foi indicado como livro do mês peloClube de Leitura da Academia Pau-lista de Letras. A conversa sobre olivro será realizada no dia 25 deMarço, quinta-feira, às 19 horas,com a presença da autora. Quemdesejar assistir, solicitar link no fa-cebook, em privado.

Nelson Marzullo Tangerini,escritor, poeta e professor, envioutoda a obra de seu pai Nestor Tan-gerini para o Instituto Histórico eGeográfico de Piracicaba. NestorTangerini nasceu em Piracicaba(SP) em 23 de julho de 1895 e fale-ceu no Rio de Janeiro em 30 de ja-neiro de 1966.

A 1ª Festa de Poesia - Poe-março, realizada de 10 e 14 demarço, prestará homenagem aopoeta e artista plástico Almandra-de. https://www.poemarco.com/al-mandrade

A Associação dos Escritorese Ilustradores de Literatura In-fantil e Juvenil - Aeilij - lançou novosite. https://aeilij.org.br/

Mulheres na Pandemia, deAnete Abramowicz e MargarethBrandini Park (organizadores), Edi-tora Pedro e João Editores, abrigahistórias de mulheres e a sua ex-periência social durante a pande-mia.

O Projeto Revistaria, promo-vido pelo Sesc Ipiranga, que serárealizado até o dia 8 de abril comtransmissão ao vivo, toda quinta-feira, às 19 horas, pelo youtube doSesc Ipiranga. O ciclo reúne edito-res de 21 revistas literárias brasi-leiras com o objetivo de discutir arelevância e contribuição dessaspublicações para o campo da lite-ratura. Com curadoria de FabianoCalixto (Revista Meteöro) e PedroSpigolon (Revista Intempestiva).

Lygia Fagundes Telles seráhomenageada pela FLIMA Online2021 - Festa Literária Internacionalda Mantiqueira - que será realizadade 18 a 21 de março, com progra-mação online no canal do YouTu-be. A programação especial sobrea autora e sua obra abrigará depo-imentos de escritores sobre a in-fluência de Lygia na produção lite-rária brasileira, uma conversa so-bre a relevância e a atualidade deseus contos e romances e um en-contro com os tradutores de seuslivros. O evento também apresen-tará uma mini mostra de cinemacom documentários sobre Lygia efilmes baseados em sua obra. ht-tps://www.flima.net.br/

Levante, Editora Jandaíra, re-úne 75 poemas sobre a trajetóriado povo negro no Brasil. A obra, di-vidida em seis partes: Desterro,Cativeiro, Ancestralidade, Resistên-cia, Herança e Liberdade, é fruto dapesquisa desenvolvida pelo profes-sor de literatura da Uerj e militantenegro Henrique Marques Samyn.

Macunaíma: o herói semnenhum caráter, de Mário de An-drade, foi lançada em nova ediçãopela Editora Unesp, Coleção Clás-sicos da Literatura Unesp.

A Edição Completa de AsLeis, do filósofo Platão, publicadapela Editora Edipro, é compostapor doze livros. A obra de Platão foilançada em 437 a.C.

Lygia Fagundes Telles

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