Entrevista a Fátima Lopes

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Mais do que uMa profissão, encara o seu trabalho de apresentadora coMo uMa Missão. Mas fátiMa lopes teM outra paixão, a escrita: lançou agora livro Mães e filhas coM história, uMa experiência que considerou “Muito rica”. o seu papel de Mãe e de filha, as suas crenças e a sua forMa de estar na vida foraM outros dos teMas de que falou coM a nova era. texto: Marisa teixeira fotos: cláudia teixeira

Licenciada em Comunica-ção Social pela Universi-dade Nova de Lisboa, Fáti-ma Lopes é um dos rostos mais conhecidos dos por-

tugueses. A sua estreia em televisão aconteceu em 1994, na SIC, com o programa Perdoa-me. Depois de ter apresentado diversos outros progra-mas, podemos vê-la, atualmente, no programa A Tarde é Sua, na TVI. Em 2006, publicou o seu primeiro ro-mance, Amar Depois de Amar-te, ao qual se seguiram Um Pequeno Gran-de Amor, A Viagem de Luz e Quim e Amigas para Sempre. A sua quinta obra chegou recentemente às bancas.

O seu último livro é a sua estreia na ficção histórica. Gostou do desafio?O livro não é de romance, é mesmo histórico. Há toda uma pesquisa his-tórica que é a informação que está ali presente. Depois, a interpretação de cada uma daquelas relações entre mãe e filha é minha e os diálogos que existem são imaginados por mim face à informação que eu tenho. Portanto, aí vou até onde me parece razoável

“Acredito, AcimA de tudo, no ser humAno”

fátiMa lopes, apresentadora

tendo em conta essa informação. Mas não resvalei para a área romanceada, que era o mais fácil. Até porque acho que depois distorcia a parte histórica e não era esse o propósito.Senti-me muito feliz por poder entrar num campo que não era o meu e, por outro lado, estas mulheres também me trouxeram muitas coisas, a mim e à minha vida, e isso foi uma experiên-cia muito rica.

Porquê a escolha deste tema?O tema mães e filhas é pouco explora-do, então em termos históricos pou-co ou nada existe. Existe a descrição de acontecimentos históricos, alguns relatos aqui e acolá, mas era preciso juntar isso e tentar perceber que liga-ções existiam entre aquelas mulheres e as respetivas filhas. Esse era o meu grande desafio. E como a ligação en-tre uma mãe e uma filha pode ser tão rica, tão decisiva nos vários caminhos que se vêm a tomar na vida, vale a pena escrever sobre ela.

Com que história se identificou mais?A de D. Filipa e D. Isabel de Borgo-

nha, quer a nível da minha mãe, quer a nível da minha pessoa. Pelo tipo de educação, de valores passados, pelo facto de ser uma mulher que, além de ter ensinado a filha e todos os filhos a serem pessoas de Estado, com uma noção de Estado muito precisa, muito apurada. Ensinou à filha que o Estado é muito importante, não o podemos desrespeitar, mas que acima de tudo isso está o amor incondicional a um filho. Algo que não era muito vulgar na época. E isso é a educação que eu recebi da minha mãe e é aquilo que faço com os meus filhos.

Que feedback lhe têm dado do livro?Tem muito pouco tempo de mercado. A única pessoa que conheço que já o leu de uma ponta à outra foi a minha mãe, até porque é uma leitora de livros e ensaios históricos, uma área que a apaixona há muitos anos. Por isso, as-sim que tive o livro pronto, passei-o para as mãos dela e quis saber o que achava. Disse que gostou muito, mas é a minha mãe, tenho sempre de pensar que pode haver ali necessidade de dar algum desconto [risos].

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Se olhar para um medidor que tam-bém é importante – a vontade das pessoas de o lerem, o livro entrou

para os tops de todas as livrarias, portanto, é sinal de que havia

muita gente curiosa para sa-ber um pouco mais destas relações entre mães e filhas.

Como se define enquanto mãe? Sou uma mãe muito de-dicada, atenta, carinhosa, meiga, mas uma mãe mui-to assertiva quanto à edu-cação. Passar determina-dos valores e educar é para mim tão importante quanto

dar colo e mimo. Portanto, o que faço é procurar equilibrar

estas duas coisas. Sou muitíssimo dedi-

cada aos meus

filhos. O mais pequenino, Filipe, de 4 anos, ainda não tem idade para me dizer se já percebe isso, mas a Beatriz, de 13, tem consciência do quanto a mãe foi sempre dedicada a ela.

E no papel de filha como se descreve?Acho que sou fruto da educação que tive. Sou muito dedicada aos meus pais, muito presente na vida deles e sempre disponível para os ajudar. Se percebo que eles precisam de alguma coisa, o que quer que seja, ainda an-tes de eles abrirem a boca e dizer algo, que raramente fazem porque não me querem dar trabalho, eu já resolvi. Por outro lado, sou muito agradecida por tudo aquilo que os meus pais fizeram e continuam a fazer por mim, pelos netos. Tenho consciência do valor dos pais que tenho. Deus foi muito genero-so e, portanto, só tenho de estar todos os dias agradecida por ter sido criada por estas duas pessoas e por elas ainda permanecerem na minha vida.

Algumas mães e filhas parecem conhecer-se desde sempre. Considera ser possível que se tenham cruzado

em outras vidas?Acredito, acho muito possível

que tenha acontecido, dado o grau de cumplicidade que

eu tenho com a minha mãe. O nível de sintonia que tenho com ela, a comunicação que temos só no olhar... Eu não preciso de lhe dizer nada nem ela a mim, eu sei o que se passa na alma dela, ela sabe o que se passa

na minha... é de uma tal proximidade que é mes-mo muito provável que nos tenhamos cruzado em vidas passadas.

Quais são as suas crenças?

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“Assim que tive o livro pronto, passei-o para as mãos dela e quis saber o que achava. Disse que gostou muito, mas é a minha mãe [risos]”Acredito, acima de tudo, no ser hu-mano. Acho que nascemos todos com o mesmo potencial, com as mesmas possibilidades interiores. Depois, de-pende das escolhas que fazemos, das decisões que tomamos. E acima de tudo a nossa vida depende muito da forma como nós pensamos e falamos. Porque as palavras e os pensamentos têm uma energia criadora, portanto, digamos que nós somos os arquitetos da nossa vida, à medida daquilo que pensamos, fazemos e decidimos. Por outro lado, acredito em Deus... há quem diga o Universo. Eu própria às vezes o digo, estou a falar de uma entidade superior, numa entidade ca-paz de nos ajudar a concretizar aquilo que escolhemos para nós. Porque, por exemplo, uma pessoa muito negativa, que quer muito uma coisa mas que está sempre a dizer que não vai acon-tecer... claro que Deus lhe vai mandar isso. Não vai acontecer. Mas, depois, não tem de se revoltar contra Deus, mas contra ela própria, porque esteve a alimentar o “não” o tempo inteiro. Deus deu-lhe isso, o livre arbítrio, para escolher o que quiser. Se quiser continuar a matar-se logo com o pen-samento e com aquilo que faz com o seu interior...à vontade. Sou católica, tenho as minhas con-vicções, a minha forma de me ligar a Deus. Não preciso de ir à igreja todos os dias, porque tenho as minhas con-versas com Deus. Às vezes, sinto ne-cessidade de algumas vezes ter essas conversas de forma mais demorada e profunda. Com a correria do dia a dia, se é uma situação em que preciso muito de me tranquilizar, retiro-me um bocadinho e faço uma meditação.

E já experimentou alguma

terapia alternativa? Praticamente todas.

E com quais se identifica mais?Primeiro, a meditação que é para mim fundamental. De-pois, as técnicas que as pes-soas conhecem como parte da terapia Reiki. Já as conheço há muitos anos, mas não sou reikiana porque a pessoa que mas ensinou não era forma-da em Reiki. Mas acho que o que ela me ensinou, vai para além daquilo que o Rei-ki ensina. Porque fui mais longe, aprendi o que está por trás do sintoma. Uma coisa é ter o sin-toma emocional, físico ou psicológico, e com o Reiki equilibrar. Mas se não for à origem em al-guns dias ou semanas es-tou a viver a mesma coisa. É preciso perceber o que se passou na minha vida e cabe-ça para ter criado este sintoma, esta situação. Então vamos à origem, e de-pois o Reiki ajuda-nos a superar no ‘aqui e agora’. Aprendi em muitos se-minários e muitos retiros que fiz com a Christiane Águas, fiz um trabalho de 17 anos com ela. Portanto, faz par-te da minha vida. Já não há uma Fáti-ma para além destas práticas diárias. Uma das práticas com que me identi-fico também é a Programação Neuro-linguística. São muito importantes as nossas palavras e o efeito que elas têm na nossa vida e à nossa volta. Há coisas que me recuso a dizer porque têm imediatamen-

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te um efeito de stress no corpo. Isso é uma prática diária, e depois começa a ser natural. Por exemplo, alguém pergunta como é tal situação e res-ponderem: “É muito difícil”. Ficamos logo eriçados. Dificuldade, dificulda-de... já estamos a trabalhar em stress. Enquanto ao dizer “não é uma situa-ção fácil, vai exigir mais empenho da minha pessoa” já cria uma pré-dispo-sição completamente diferente para enfrentar a situação.

Referiu ferramentas para poder ir à origem do problema. Quais são?Perceber o que cada sintoma significa, a que tipo de situação está associado, ou seja, qual é o padrão mental que existe por trás de um sintoma. Porque todas as doenças, todos os sintomas, têm uma explicação psicossomáti-ca. Por exemplo, no livro O teu corpo diz ama-te, de Lise Bourbeau, está lá tudo explicado. Os sintomas, a ori-gem emocional, a origem psicológica, e que alteração temos de fazer no pa-drão de pensamento para não voltar a viver a mesma coisa. Se surge um sin-toma, primeiro penso assim: “O que é que isto me está a mostrar? O que é que estou a criara na minha vida?” Depois, vou ao médico, faço exames, trato de mim. Mas é importante saber como é que eu cheguei ali. É fundamental para alinharmos a agulha da nossa vida, senão é uma desorientação, e é essa desorientação que muitas vezes leva à depressão e a outras coisas. As pessoas estão perdidas, não se compreendem, não percebem o que está a acontecer com elas, com os outros, o porquê de estarem a viver determinada situação. Mas também não se disponibilizam a perceber, porque dá trabalho! Ir cá

dentro dá muito trabalho, é o que dá mais trabalho na vida, e é o que as pessoas menos querem fazer. Querem uma varinha mágica, que alguém che-gue e lhes meta as mãos em cima ou o que for, lhes dê uma mezinha, qual-quer coisa, e elas saem dali novas... Temos pena, não existe.

E em relação à vida profissional, já pensou ser escritora a tempo inteiro? Não pensei, nem me parece que vá acontecer. Gosto muito de escrever, se calhar um dia quando me reformar da TV terei todo o tempo do mundo só para escrever. Mas gosto muito de fazer televisão. São duas paixões, mas se me perguntarem a profissão digo apresentadora. Essa, mais do que pro-fissão, é a minha missão. Eu sei por-que é que estou naquele lugar: porque tenho determi-nados valores, mensagens, para passar às pessoas. Às vezes, perante a situação mais ad-versa, consigo passar uma mensagem de es-perança, é por isso que Deus me pôs naquele lugar, aquela é a minha missão. A escrita é também uma paixão, que vou gerindo como posso, conforme o tempo que tenho. É diferente.

Quais são os seus projetos futuros?Nem penso nisso. Estou concentrada em promover o livro, em fazer o meu programa, tenho muita coisa em mãos. Não estou a olhar lá mais para a frente. Vêm coisas bonitas, mas o quê não sei.

“Invistam o máximo da vossa energia na vossa felicidade. Dá trabalho, mas vale a pena”

Por último, que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores?Invistam o máximo da vossa energia na vossa felicidade. Dá trabalho, mas vale a pena.

Ajuda à produção:Cabeleireiros Lena Póvoa Stª IriaAnabela Ferreira - cabeleireiraEliene Roque - maquilhadora

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