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NÚMERO 39 DE 15 DE FEVEREIRO A 15 DE MARÇO DE 2006 1 'Máfia urbanística' recorre ao terrorismo para se defender ante os novos Planos de Ordenaçom Nos próximos meses a Junta haverá de dar saída a mais de sessenta planos de ordenaçom municipal, entre eles o de Oleiros, Ogrove, Cangas, Moanha, Ortigueira ou três con- celhos do Vale Minhor. A redac- çom de novos planos é umha oportunidade de ouro para lega- lizar obras irregulares ou adaptar o ordenamento à medida dos especuladores nas localidades onde os governos municipais caminham de maos dadas com as construtoras. Mas a saída do poder do PP nas passadas elei- çons autonómicas situou os pro- motores imobiliários beneficia- dos polos anteriores governos numha posiçom diferente, perante a possível substituiçom de umhas empresas por outras em relaçom às mudanças a apli- car quanto à ordenaçom urbanís- tica polos novos gestores. Novas da Galiza contribui com novos dados para a compreensom desta inquietante situaçom, identifi- cando certas empresas que, receando do novo contexto polí- tico, aproveitam os recursos ins- titucionais com que ainda con- tam ao amparo das cámaras municipais e deputaçons do Partido Popular. O mais preocu- pante, no entanto, é que o novo contexto está a provocar umha escalada de violência contra aqueles vereadores que manifes- tam publicamente a sua oposi- çom às irregularidades e abusos das empresas interessadas. Neste número entrevistamos Domingos Solla, que perdeu dous veículos e parte da sua casa num incêndio provocado polo que ele mesmo denomina 'máfia urbanística'. / Pág. 10 ADEGA ALERTA SOBRE o "carácter ecologicamente insustentável" do nosso modelo de desenvolvimento / 06 E AINDA... Opinions de Raquel Miragaia, Alexandre Banhos, F.S. pola Defensa do Povo e Quico Cadaval "Nom som políticos; só estám polos seus interesses e ao verem que perdem poder ponhem-se nervosos" Domingos Solla, vogal do BNG de Morgadáns, vítima de um atentado da 'máfia urbanística' PÁGINA 11 "Existem mudanças de 'talante', mas é pena que o período desde a constituiçom do bipartido nom fosse aproveitado" Secretário geral de Galiza Nova abandona a UPG acompanhado por 17 militantes Considerado por muitas pessoas um dos políticos mais importan- tes do século XX galego, Xosé Manuel Beiras chegou ao XXI relegado da vida institucional. Mas ainda lhe fica muito por dizer, apenas autolimitado pola lealdade à frente política que conseguira levar ao primeiro posto da oposiçom parlamentar. Mesmo assim, cada vez que volta a debruçar-se sobre as 'res publicae', as suas reflexons nom conseguem deixar de pôr em questom as dinámicas que imprime à política galega o 'des- arme ideológico' da esquerda. NOVAS DA GALIZA foi falar com ele e, como já imagináva- mos, dixo-nos cousas bem inte- ressantes. Falou-nos da perti- nência actual das suas antigas teses do 'atraso' e da recoloniza- çom que padece o País. Reflectiu sobre o que implica umha nova redacçom da fórmula de autogoverno quando nom vem acompanhada de umha reforma constitucional e sobre o perigo de umha reforma técni- co-jurídica que nom permita maiores quotas de soberania. E acabou examinando as razons do "crescente divórcio entre a cida- dania consciente e a esfera insti- tucional", sem esquivar a análise das cada vez mais freqüentes detençons de independentistas. E também falou, claro, do novo governo bipartido, ao qual Beiras nom retira o crédito, mas conti- nua a aguardar... / Pág. 12 ESCALADA DE VIOLÊNCIA CONTRA QUEM DENUNCIA AS IRREGULARIDADES ENTREVISTA A XOSÉ MANUEL BEIRAS Anunciam a autodissoluçom como grupo para trabalharem num novo espaço políti- co dentro do BNG / 04 REFORMA DO ESTATUTO das Astúrias poderá recolher a oficialidade do asturiano e do 'eu-naviego'/ 14 INICIÁTICA POPULAR em defesa dos rios chega ao Parlamento galego / 07 DOCUMENTÁRIO SOBRE MANUEL Maria resgata imagens históricas e a própria voz do poeta / 17 Desconhecidos supostamente ligados à máfia urbanística calcinárom o carro e parte da casa do vereador Domingos Solla / NGZ

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Page 1: ENTREVISTA A XOSÉ MANUEL BEIRAS - novas.galnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz39.pdf · Este é o primeiro passo para, após a mentira da procura de mais contra-tos indefinidos,

NÚMERO 39 DE 15 DE FEVEREIRO A 15 DE MARÇO DE 2006 1 €

'Máfia urbanística' recorre ao terrorismo parase defender ante os novos Planos de Ordenaçom

Nos próximos meses a Junta

haverá de dar saída a mais de

sessenta planos de ordenaçom

municipal, entre eles o de

Oleiros, Ogrove, Cangas,

Moanha, Ortigueira ou três con-

celhos do Vale Minhor. A redac-

çom de novos planos é umha

oportunidade de ouro para lega-

lizar obras irregulares ou adaptar

o ordenamento à medida dos

especuladores nas localidades

onde os governos municipais

caminham de maos dadas com as

construtoras. Mas a saída do

poder do PP nas passadas elei-

çons autonómicas situou os pro-

motores imobiliários beneficia-

dos polos anteriores governos

numha posiçom diferente,

perante a possível substituiçom

de umhas empresas por outras

em relaçom às mudanças a apli-

car quanto à ordenaçom urbanís-

tica polos novos gestores. Novas

da Galiza contribui com novos

dados para a compreensom desta

inquietante situaçom, identifi-

cando certas empresas que,

receando do novo contexto polí-

tico, aproveitam os recursos ins-

titucionais com que ainda con-

tam ao amparo das cámaras

municipais e deputaçons do

Partido Popular. O mais preocu-

pante, no entanto, é que o novo

contexto está a provocar umha

escalada de violência contra

aqueles vereadores que manifes-

tam publicamente a sua oposi-

çom às irregularidades e abusos

das empresas interessadas.

Neste número entrevistamos

Domingos Solla, que perdeu

dous veículos e parte da sua casa

num incêndio provocado polo

que ele mesmo denomina 'máfia

urbanística'. / Pág. 10

ADEGA ALERTA SOBRE o "carácter

ecologicamente insustentável" do nosso

modelo de desenvolvimento / 06

E AINDA...

Opinions de Raquel Miragaia, Alexandre Banhos,

F.S. pola Defensa do Povo e Quico Cadaval

"Nom som políticos; só estám polos seus interesses e ao verem que perdem poder ponhem-se nervosos"Domingos Solla, vogal do BNG de Morgadáns, vítima de um atentado da 'máfia urbanística' PÁGINA 11

"Existem mudanças de 'talante',

mas é pena que o período desde

a constituiçom do bipartido

nom fosse aproveitado"

Secretário geral de Galiza Novaabandona a UPG acompanhadopor 17 militantes

Considerado por muitas pessoas

um dos políticos mais importan-

tes do século XX galego, Xosé

Manuel Beiras chegou ao XXI

relegado da vida institucional.

Mas ainda lhe fica muito por

dizer, apenas autolimitado pola

lealdade à frente política que

conseguira levar ao primeiro

posto da oposiçom parlamentar.

Mesmo assim, cada vez que

volta a debruçar-se sobre as 'res

publicae', as suas reflexons nom

conseguem deixar de pôr em

questom as dinámicas que

imprime à política galega o 'des-

arme ideológico' da esquerda.

NOVAS DA GALIZA foi falar

com ele e, como já imagináva-

mos, dixo-nos cousas bem inte-

ressantes. Falou-nos da perti-

nência actual das suas antigas

teses do 'atraso' e da recoloniza-

çom que padece o País.

Reflectiu sobre o que implica

umha nova redacçom da fórmula

de autogoverno quando nom

vem acompanhada de umha

reforma constitucional e sobre o

perigo de umha reforma técni-

co-jurídica que nom permita

maiores quotas de soberania. E

acabou examinando as razons do

"crescente divórcio entre a cida-

dania consciente e a esfera insti-

tucional", sem esquivar a análise

das cada vez mais freqüentes

detençons de independentistas.

E também falou, claro, do novo

governo bipartido, ao qual Beiras

nom retira o crédito, mas conti-

nua a aguardar... / Pág. 12

ESCALADA DE VIOLÊNCIA CONTRA QUEM DENUNCIA AS IRREGULARIDADES

ENTREVISTA A XOSÉ MANUEL BEIRAS

Anunciam a autodissoluçom como grupo

para trabalharem num novo espaço políti-

co dentro do BNG / 04

REFORMA DO ESTATUTO das Astúrias poderárecolher a oficialidade do asturiano e do 'eu-naviego'/ 14

INICIÁTICA POPULAR em defesa dos rios chegaao Parlamento galego / 07

DOCUMENTÁRIO SOBRE MANUEL Maria resgataimagens históricas e a própria voz do poeta / 17

Desconhecidos supostamente ligados à máfia urbanística calcinárom o carro e parte da casa do vereador Domingos Solla / NGZ

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 02 OPINIOM

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis. Endereço: [email protected]

ALEXANDRE BANHOS

CONTRA A DIRECTIVABOLKESTEIN

A UE, os governos europeus,estám a negociar em segredo desde2004 umha directiva que começam adebater no Parlamento Europeu a 14de Fevereiro, para a privatizaçomdefinitiva de todos os serviços públi-cos, inclusive a saúde e o ensino.Umha directiva pola qual, com basena aplicaçom do princípio do 'país deorigem', qualquer empresa radicadanum país determinado, com inferio-res direitos laborais e sociais, poderáaplicar estes aos seus trabalhadores,negociando em baixa o conjunto dosdireitos. O fundamental da aplica-çom deste princípio é que se procu-ra a baixa dos salários dos trabalhado-res, dividindo-os ao permitir-se quenum mesmo sector um empresáriopague um salário, e o do lado, outro.

A Confederaçom Europeia deSindicatos, CCOO e UGT, concor-dam com a directiva só que com

algumhas modificaçons como queseja respeitada a legislaçom laboral eos contratos colectivos em cada país,ou que nom se aplique a cláusula depaís de origem, e que sejam deixa-dos fora da directiva os serviçospúblicos essenciais (saúde, ensino).

Indubitavelmente, ainda queisto implique um freio aos objecti-vos mais duros da directiva, nomdeixa de ser umha posiçom defen-siva , ao manter que serviços essen-ciais como a água, o transporte e aenergia ficariam nas maos do bene-fício privado e nom a serviço dopublico, assim como as ETT'scomo meio de contrataçom, etc.

E neste quadro, o governo cen-tral esta a negociar com o patronatoe as direcçons de CCOO e UGTumha nova contra-reforma laboralcom o objectivo de flexibilizar maisas condiçons do despedimento,barateando-o. De facto, as direc-çons de CCOO e UGT já assumema reduçom das indemnizaçons pordespedimento de 42 dias por ano a

33, e o máximo de anos de 24 a 12.Este é o primeiro passo para, após amentira da procura de mais contra-tos indefinidos, tornar-nos a todosprecários, como demonstram todasas 'reformas' laborais assinadas poreles nos últimos anos.

O efeito combinado das duasmedidas (a Directiva e a reformalaboral) é tam brutal que, se foremaplicadas, os nossos salários podemver-se reduzidos a metade e as jor-nadas laborais incrementadassegundo os critérios de países ondese trabalha, e nom como horasextra, 48 horas por semana. Sendoassim, umha só manifestaçom demanhá, que reduz a possibilidadepara os trabalhadores participarem,sem assembleias onde se debata acontinuidade da mobilizaçom, éumha tentativa limitada de darumha verdadeira resposta.

Para enfrentar um ataque destecalibre temos que nos implicar oconjunto dos trabalhadores e trabal-hadoras, das organizaçons sindicais,

os colectivos de trabalhadores, oscomités e secçons sindicais.Cumpre pronunciar-se, para alémde contra a Directiva Bolkestein,contra a Reforma Laboral, exigindoàs direcçons que hoje negoceiam,CCOO e UGT, para que saiam dasmesas e proponham um calendáriounitário de mobilizaçons contra areforma laboral e a directiva, contraa precariedade e os baixos salários.

As manifestaçons europeias con-tra a Directiva Bolkestein, como asmobilizaçons contra a reformalaboral, devem ser o primeiro passopara umha resposta de massas maiscontundente, que trave os objecti-vos desreguladores dos governos eo patronato.

Nom há tanto tempo, os trabal-hadores galegos e espanhóis fige-mos frente a um governo da direitadura, o governo de Aznar, e derrota-mo-lo. Nom esqueçamos as expe-riências desses anos, só a luita paga.

Corrente Vermelha

“O QUE PERMITE AOS CAMPOS EM GRANDE PARTEDO INVERNO CONTINUAREM A PRODUZIR

ELEMENTOS ALIMENTARES DE GADO VACUM, NAAGRICULTURA QUE TEMOS HOJE, E SOBRETUDO O

SEU ELEMENTO PRINCIPAL E QUE MAIS CONTRIBUIAO PIB AGRÁRIO, QUER DIZER, A PRODUÇOM

LEITEIRA QUE GERA PRATICAMENTE 30 POR CENTODE TODO O LEITE DO ESTADO ESPANHOL, ESTÁ

NUM VERDADEIRO BECO SEM SAÍDA”

Hoje a produçom cerealís-tica galega, elementochave de qualquer agri-

cultura sustentável nom cobrenem sequer 8% das necessida-des do gado existente. NaConselharia do Meio Rural que-rem impulsionar um banco deterras, ideia muito louvável;porém, as terras nom estámonde estám os produtores queprecisam delas.

Ainda que a Galiza seja umpaís de Invernos mornos, o quepermite aos campos em grandeparte do Inverno continuarem aproduzir elementos alimentaresde gado vacum, na agriculturaque temos hoje, e sobretudo oseu elemento principal e quemais contribui ao PIB agrário,quer dizer, a produçom leiteiraque gera praticamente 30 porcento de todo o leite do Estadoespanhol, está num verdadeirobeco sem saída, que continua-mente está a expulsar produto-res eficientes e tecnificados de

nível médio, ficando só os margi-nais para os quais a agricultura éumha actividade complementar,e as grandes e cada vez maioresexploraçons com o gado estabu-lado em cortes modernas e alta-mente mecanizadas, e quesofrem umha pressom constantepara crescerem e serem maioresporque os seus benefícios margi-nais som cada vez menores, enom é só questom de leite, pre-ços e quotas leiteiras, que aindaque o que vou dizer parece con-trário à imagem do nacionalismosobre elas, a sua inexistência,das quotas, teria implicado adesapariçom da produçom aindade maneira mais acelerada seademais temos em conta quedesde o governo galego sistema-ticamente o único que se geriunom foi a modernizaçom do teci-do agrário e sim a distribuiçomde 'inputs' para o campo via sub-sídios muito mal geridos e pen-sons que mesmo melhorando onível de vida contribuírom para

acelerar o abandono das produ-çons nom modernizadas e margi-nais, frente às receitas via pen-sons de variado tipo.

A agricultura galega mais avan-çada depende neste momento daimportaçom maciça de cereais, eos cereais levam um crescimentocontínuo de preços no mercadomundial; há uma escassez per-manente deles a nível mundial;na Ásia novos países como aChina e agora também a Índiavinhérom a se somar a importa-dores netos de cereais como oJapom, a Coreia e Formosa, eestám a pressionar os preços, pois

o seu crescimento económico emelhora da qualidade de vida departe das suas populaçons impli-ca mais procura destes elemen-tos no mercado mundial queneste momento pouco maiscobre do que 100 dias da deman-da anual de cereais.

Desde há dous anos no merca-do de cereais de Chicago, que éonde se fixam os preços mun-diais, os cereais nom deixam desubir e chega com pensarmosque um acrescimento do consu-mo de cerveja na Índia e naChina de dez por cento, quantiabaixa e muito provável, pode pro-

duzir um efeito duplicador dospreços mundiais de cereais. Osacordos da China e agora da Índiacom os estados eficientes nestecampo da América do Sul mostraa percepçom da dificuldade deassegurar essa procura por partedestes dous estados superpovoa-dos com um crescimento econó-mico anual que se na China estápor volta de dez por cento anual,na Índia leva vários anos por cimade sete e nas percentagens ante-cipadas de 2005, mesmo comtsunamis, vai superar oito porcento, e neles mora praticamenteum terço da populaçom mundial.

A agricultura galega num beco de difícil saída (I)

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 03EDITORIAL

Há um tempo, lendoumha revista galegade pensamento e

opiniom, sentim um certodesassossego ao comprovarcomo se conceptualiza omundo através da linguagem.Nesta revista, fai-se umhaanálise de diferentes temascom o ano 2006 comohorizonte. Os artigos de análiseestám divididos em diferentessecçons: sociedade, política,tecnologias, economia e cultura.Desta classificaçom chamou-me especialmente a atençom asecçom política. Que significaesta divisom, que os temas queaparecem tratados sob outrasepígrafes nom tenhem a vercom a política? Porque se esseé o verdadeiro significado destadivisom precisamos urgente-mente de umha revisom doconceito.

Na epígrafe de políticaanalisam-se os diferentes go-vernos e pessoas governantes, aconstruçom da Europa, aconfiguraçom do Estadoespanhol, e a reforma doEstatuto. Sob o título desociedade: imigraçom, educa-çom, movimentos sociais egénero. É certo que nom devocair na falácia de pensar que oprimeiro nom nos afecta e osegundo sim. Mas também écerto que enquanto imi-graçom, educaçom e género,por pôr os exemplos quesuscitárom a minha preocu-paçom, nom sejam questons depolítica nom haverá soluçonspara a sociedade, para a nossavida diária.

Atenta depois ao tratamentomediático de certos temas,confirmava-se cada vez maisessa dissociaçom entre políticae políticos. É fácil se umhapessoa repara nas notícias quetenhem a ver com a violênciade género. Ouvindo-as narádio, merecem estar semprena crónica de sucessos eenquanto estiverem na crónicade sucessos nom vai ser umproblema social em que hajaque aplicar políticas de pre-vençom e apoio. Com umha

excepçom, sim, quando os polí-ticos (os homens que exercem apolítica e mesmo às vezes asmulheres) oferecem a sua opi-niom, se criticam ou se insul-tam, entom sim, as notícias gan-ham o seu direito a estaremsituadas na secçom política,nacional ou local.

Nom acredito na inocênciadas palavras. A linguagem éumha das armas mais podero-sas para nos colocarmos nomundo, para nos situarmoscomo pessoas e em relaçom àsoutras. Tem muita mais força einfluência quando a linguagemvem da boca do poder, daimprensa e dos e das que exer-cem a política. E esse podercontinua a silenciar, a minimi-zar e a afastar os assuntosdirec-tamente relacionadoscom a mulher, por falar de algoque requer especialmente aminha atençom. Mas é eviden-te que nom som os únicosexemplos.

Tempo depois, estivemnumha conversa com M.ªEsther Moreno, umha mulheruruguaia, vereadora polaVertente Artiguista (um dospartidos integrados na FrenteAmpla) na cidade de Monte-videu. Ouvindo falar esta mul-her confirmou-se que nom énecessária essa divisom queafasta a política dos temassociais; nem necessária nemreal. Nas suas próprias palavras:“a política é tudo, quando umhamulher tem que pôr um pratode comida à mesa e a ‘plata’nom alcança, isso é política”.

É difícil que as e os políti-cos estejam nas vanguardasdos movimentos sociais e dasmudanças, nom é um papelfácil de assumir pola maioria.Mas sim é possível e necessá-rio que o fagam os meios decomunicaçom, nomeadamen-te aqueles que tenhem vonta-de de promover o pensamen-to crítico. É umha responsa-bilidade destes meios usarema linguagem para criar erecriar a realidade e nom ape-nas para reflectirem a que nosvem dada.

AGaliza que medra é também a Galiza que seestraga vertiginosamente ao alento das gran-des infra-estruturas, a turistificaçom e o novo

residencialismo de massas das classes médias urba-nas. As estatísticas constantemente difundidas exi-bem eufóricas essa faixa ocidental de um País quedeixou a aldeia, dinámica, entre industrializada eterciarizada, que costuma corresponder-se aliás comcerta emancipaçom do voto quanto ao feudalismodecadente do interior.

Na exaltaçom progressista desta modernizaçomserôdia há algo que lembra à ingenuidade de quatrodécadas atrás, quando a primeira desintegraçom doagro se acompanhava dos aplausos furiosos a um'desenvolvimentismo' que subia a Galiza no com-boio de um crescimento caótico e desarticulado. Naactualidade, a explosom urbanizadora que argalhamcentos de cámaras municipais costeiras desmenteponto por ponto qualquer recomendaçom de pru-dência e ordeirismo chegada de instáncias euro-peias; a actuaçom, supostamente garantista, de umregime pluripartidarista ou dos PGOM's de elabora-çom obrigatória nom parece alterar a marcha do pro-cesso. A mesta rede de pequenas empresas constru-toras é a melhor executora a partir da base de mega-planos rumados à expropriaçom e transformaçomradical do nosso território. Quando à asfixiante pre-sença da propaganda modernizadora se somam os

tentáculos partidários na administraçom municipal,excelentes cobradores dos serviços prestados, o pro-blema torna-se obscuro e dificilmente resolúvel; equando a hegemonia do betom se complementacom gasolina, atentados terroristas e malheirasmafiosas, o urbanismo selvagem mostra que bemjoga à margem das regras aceites. Perante esta vio-lência, a imprensa maioritária nom vê preciso agitaro alarme social, chamar à intervençom de tribunaisde excepçom nem pôr a funcionar os mais prestigio-sos opinólogos. Se a violência política é outra, cum-pre apresentá-la como 'ataque à vida de todos',enquanto que os incêndios do Vale Minhor somexclusivas agressons pessoais e singularizadas a vere-adores valentes e rebeldes.

Mas sim que se apontam alvos colectivos: é omovimento social no seu conjunto -toda a Galizaque se move por baixo e pola esquerda-, o apontadopolas máfias de Nigrám, Gondomar e Baiona. O quepeleja nos concelhos contra o roubo da terra parausos elitistas, mas também e sobretudo o que seagita em ruas e assembleias para que se saiba, polomenos, que nem tudo é depredável: quer dizer, sub-metido a compra e venda. O Foro Social de Cangasou a Plataforma Salvemos Monte Ferro som algum-has das linhas de defesa, sociais e supra-partidárias,urgentemente activadas perante o negro porvir quese avizinha.

BETOM E GASOLINA NA

GALIZA COSTEIRA

D. LEGAL C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

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FOTOGRAFIA

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HUMOR GRÁFICO

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CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches Maragoto

IMAGEM CORPORATIVA

Miguel Garcia

FECHO DA EDIÇOM: 15/02/06

GONZALO

“ A LINGUAGEM É UMHA DAS ARMAS MAISPODEROSAS PARA NOS COLOCARMOS NO MUNDO,

PARA NOS SITUARMOS COMO PESSOAS E EMRELAÇOM ÀS OUTRAS. TEM MUITA MAIS FORÇA E INFLUÊNCIA QUANDO A LINGUAGEM VEM DA

BOCA DO PODER, DA IMPRENSA E DOS E DAS QUE EXERCEM A POLÍTICA”

Política ou políticos?RAQUEL MIRAGAIA

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

Dezoito jovens abandonam a UPGdenunciando “renúncias” e falta dedemocracia internaAnunciam a autodissoluçom como grupo para empreenderem um novocaminho com mais pessoas dentro do BNG

Redacçom / Segundo fontespróximas de Galiza Nova a crise éjá antiga e salientam o PactoGaleusca como um dos pontos dedesencontro. Porém, foi a assun-çom por parte do BNG de respon-sabilidades de governo (e a pro-posta de Estatuto) o que acaboupor agudizá-la, sendo o abandonoda Uniom da Mocidade Galega(UMG) de 18 jovens a última con-seqüência. Para estes jovens a apli-caçom da ortodoxia leninista den-tro do seu ex-partido servia apenaspara justificar constantes renún-cias e falam abertamente de "clan-destinizaçom da ideologia". Umdos exemplos com que explicamesta contradiçom é o facto de "oBloco estar a funcionar como se deum partido único se tratasse",devido a que "umha parte domesmo se auto-assume como atotalidade do nacionalismo", ape-sar de se terem imposto as ideias'frentistas' que defendia a própriaUPG. O resultado seria a incapaci-dade para acompanhar importan-tes mudanças verificadas entre amocidade galega, desvalorizando-se a "construçom de umha comu-nidade nacional que resista à uni-

formizaçom espanholista, quecolabore na criaçom de meios decomunicaçom alternativos e quese implique na abertura de locaissociais."

Trabalharám no BNGSó o tempo dirá se este abandonocolectivo se tratou de umha resi-tuaçom das posiçons políticas den-tro do BNG ou passará a fazer parteda dilatada história de cisons quesofreu a organizaçom comunistapara engrossar as fileiras do sobera-nismo situado fora da frente. Porenquanto, as dezoito pessoas cindi-das desconsideram totalmente estapossibilidade, afirmando que "noBNG há um espaço político infra-representado, que defenda umfrentismo real, de base e mobiliza-dor". E acrescentam: "Nem todosos nacionalistas estám no BNG,mas nós acreditamos firmementena necessidade e utilidade destafrente nacionalista". Em declara-çons exclusivas para NOVAS DAGALIZA anunciárom que o seguin-te passo é a autodissoluçom comogrupo, para trabalharem ao lado deoutras pessoas com que partilhamos mesmos postulados "num espa-

ço político que está a nascer nonacionalismo juvenil".

Saída discretaO que já parece claro é que entre aspessoas cindidas nom havia só"sete" militantes com "escassos diascomo filiados", como afirmou numprimeiro momento o responsávelde Organizaçom da UPG, RobertoVilameá. No grupo contam-se aténove com cargos de responsabili-dade na organizaçom juvenil doBNG (Galiza Nova), entre eles opróprio secretário geral, XoséVicente. Contudo, a notícia poderiater passado despercebida se nomfosse pola reacçom da UPG, queacudiu aos meios para deslegitimaros jovens que em princípio se limi-taram a expor a sua posiçom pormeio de um comunicado interno.Segundo declarárom a NOVAS DAGALIZA, "entendemos que osdebates do nacionalismo devemresolver-se internamente", e porisso "nom fomos à imprensa noespaço de umha semana, apesar desofrermos o lógico assédio dosmeios, que se mostrárom muitosurpreendidos do nosso silêncioexemplar."

O Secretário Geral de Galiza Nova, Xosé Vicente, é um dos responsáveis da organizaçom que abandonam a UPG / GALIZANOVA.ORG

NÓS-UP contesta na ruadetençom de 4 militantesRedacçom / A organizaçom inde-pendentista NÓS-Unida-dePopular respondeu com dousactos na rua às detençons de qua-tro membros da sua DirecçomNacional no passado dia 13 deFevereiro. Em Ponte Areias,dúzias de pessoas concentravam-se às portas do centro social BaiucaVermelha para irem em manifes-taçom até as portas do CámaraMunicipal. Ali, um dos detidos,Abrám Alonso Pinheiro, tomou apalavra para denunciar a actuaçomda brigada de informaçom daGuarda Civil e defender publica-mente as acçons contra a simbolo-gia fascista. Junto com Abrám, ÍriaMedranho e Alberte MoçoQuintela fôrom acusados polo

corpo armado espanhol de ataca-rem a vidraça com o escudo fran-quista da Cámara Municipal deTui. Em Ferrol, cerca de um centode pessoas pedírom diante do pré-dio da Junta da Praça de Espanha aliberdade de Bruno Lopes. O mili-tante fora detido também polaGuarda Civil acusado de estar liga-do à web www.emgalego.tk, querecolhia sabotagens com pinturalaranja contra o uso do espanholem negócios e indicadores dasruas da Galiza. NÓS-UP denun-ciou a detençom, enquadrada nachamada Operaçom Casti-nheira,e negou qualquer vinculaçom doseu filiado com a AMI ou a referi-da web. Todos os activistas fôromlibertados sob acusaçom.

Sabotagem destrói autocarrosde Arriva em CarvalhoRedacçom /Na madrugada do dia10 de Fevereiro, várias pessoasdesconhecidas atacárom trêsautocarros da empresa Arriva,ardendo um quarto veículo esta-cionado ao pé dos ónibus. Aintensidade das lapas danificougravemente a coberta da estaçome o firme onde estacionam as via-turas, derretidos polo calor.Segundo fontes policiais, o grupoque realizou a sabotagem cruzoue incendiou vários contentores

em ruas afastadas do lugar dosfactos para distrair a actuaçomdos bombeiros e da Guarda Civil.A central nacionalista CIG des-vinculou a sabotagem da greverecente que enfrentara os trabal-hadores com a empresa, e conde-nou os factos sem ambigüidades.Arriva mantém também um con-flito com a vizinhança deBergantinhos ao pretendersegregar as linhas entre váriasempresas.

Bases Democráticas rejeitamreformas estatutáriasRedacçom / No dia 22 de Feve-reiro, no centro sócio-cultural doCasco Velho de Vigo, as BasesDemocráticas Galegas apresen-tárom a sua nova campanha, coin-cidente no tempo com o debatedo novo Estatuto de Autonomia.O coordenador da iniciativa,Bráulio Amaro, o sindicalista daCIG Antolín Alcántara, e o filóso-fo Domingos Antom Garcia,apresentárom o manifesto daplataforma, em que se manifestao "cepticismo perante umhas

reformas incapazes de enfrentaros nossos grandes problemascolectivos". Com a legenda'Estatutos nom. Autodetermi-naçom', as Bases Democráticasorganizarám ao longo do Paísumha série de actos públicos afavor dos direitos nacionais com aparticipaçom de parte dos seus edas suas impulsionadoras. AsBases abrírom também no seusite de Internet um fórum aber-to de debate sobre autonomia eautodeterminaçom.

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 05NOTÍCIAS

REDACÇOM / Três das vinte e setebarracas de Pirotecnia Calo, situa-da no concelho de Teio, explodí-rom por causas desconhecidas namanhá do dia 13 de Fevereiro.Embora nom se tenham produzi-do danos pessoais, além da des-truiçom de umha parte notáveldas instalaçons da empresa, fôromdanadas, com maior ou menorimportância, mais de 40 residên-cias de Solháns -a aldeia da fre-guesia de Calo onde se localiza ainstalaçom-, segundo a associa-çom de vizinhos Baiuca.

Apesar do perímetro se segu-rança estabelecido nas horas ime-diatamente posteriores à explo-som, vizinhos e curiosos nom dei-xárom de se aproximar da zona,talvez sem serem conscientes dorisco que podia correr a sua inte-gridade física, se bem que o prin-cipal temor fosse o de voltar aentrar nas casas, muitas delas semtelhado nem vidros nas janelas porcausa da potência da onda expan-siva, comparável a um terramotode vários graus de magnitude. Oruído provocado foi perceptívelnum rádio de entre 10 e 20 quiló-metros, acordando muitos vizin-hos e vizinhas de concelhos próxi-mos como Ames, Santiago deCompostela, Vedra ouBoqueixom.

Sobre as causas que motiváromo sinistro, no fecho desta ediçom

ainda nom tinham finalizado aspesquisas da Polícia Científica.Por sua vez, o proprietário daempresa pirotécnica, Alfonso CaloRama, assinala como hipótesemais provável "um curto-circuito",embora ninguém descarte que acatástrofe tenha tido outras cau-sas como "que alguém entrassepara roubar", opçom que chegá-rom a formular na CámaraMunicipal.

Transferência das instalaçonsApesar de que muitas vozes pro-testárom contra a permanência dePirotecnia Calo na freguesia ocerto é que estas instalaçons pare-cem contar com as devidas autori-zaçons em regra. O único pontoem que poderia incumprir a lega-lidade seria a distáncia mínimaentre a fábrica e as casas. Fontesconsultadas por NOVAS DA

GALIZA afirmárom que, se seconfirmasse este extremo, a res-ponsabilidade seria da área deUrbanismo da Cámara.

Os vizinhos de Solháns lem-bram que nom é a primeira vezque se produz um incidente nasinstalaçons da oficina pirotécnica,já que há uns anos o sogro de CaloRama se viu envolvido num sinis-tro em circunstáncias similares,falecendo poucos dias mais tardepola gravidade das queimadurasproduzidas.

Havia também quem salientas-se a feliz casualidade de a explo-som se ter produzido quase às seise meia da manhá, quando falta-vam menos de duas horas paracomeçar a jornada de trabalho enom havia pessoal na oficina piro-técnica. Calo Rama estava a nego-ciar com a Cámara, desde haviavárias semanas, umha nova locali-zaçom para a sua actividade,segundo confirmou o vereador deUrbanismo, Manuel Parajó.

Apólice de seguroA legislaçom actual obriga a quemdesempenhar umha actividadedeste tipo ter contratada umhaapólice de seguro obrigatória paracobrir hipotéticos danos a tercei-ras pessoas. Da parte daDelegaçom do Governo na Galizaassegurárom que Calo tinha a suaapólice em ordem, polo que istoseria garante de que Mapfre, aempresa seguradora, se ocupassedo pagamento da reparaçom dosdanos nos domicílios afectados.Porém, no fecho desta ediçom,Mapfre respondia que iam esperarà conclusom das investigaçonspara confirmar que devem efec-tuar tais pagamentos, sobretudono caso de aquelas moradas que,presumivelmente, nom cum-priam com o perímetro de segu-rança que as devia separar das ins-talaçons de Pirotecnia Calo.

Explosom pirotécnica em Teio causadanos em mais de 40 domicílios

Real Decreto sobre FP reduzcompetências da JuntaREDACÇOM / A ConfederaçomIntersindical Galega (CIG)denunciou que o Real Decretoque regula os requerimentos bási-cos dos centros integrados deFormaçom Profissional reduz ascompetências da Administraçomgalega.Segundo afirmam no próprio sin-dicato, "surpreende que aConselharia da Educaçom nomtivesse assistido à reuniom doConselho Geral de FP de 21 deDezembro", no qual se informousobre essa iniciativa que, na opi-niom dos sindicalistas, "reduz asactuais competências" destedepartamento da Junta da Galiza.

Um dos aspectos mais conflituo-sos do Real Decreto, assinalam, éque para se obter a consideraçomde 'centro integrado' nom se pode-rá leccionar ESO. No entanto,permite-se a oferta de 'bacharela-to', sempre que os alunos destamodalidade nom somarem maisde um terço do total do centro.Para a CIG, esta disposiçomredundará, ainda, numha "gestomantidemocrática", já que nomprevê a participaçom dos estudan-tes nos Conselhos Escolares, paraalém de dar plenas capacidadesaos directores para contratarempessoal e desenvolverem as acçonsformativas.

FEG afirma que Sogama e areciclagem som incompatíveisREDACÇOM / A FederaçomEcologista Galega (FEG) afir-ma que o modelo de Sogamatorna inviável a existência noPaís de empresas de recicla-gem, já que a taxa de recupera-çom de lixo deixada a estasempresas é "mínima". Nestesentido, o presidente deSogama, Bermúdez Alvite,anunciara a criaçom de umhaempresa de reciclagem naGaliza, mas para a FEG isto"parece só umha desculpa parajustificar o injustificável".Precisamente, a organizaçomambientalista denuncia que

desde a aprovaçom do Plano deGestom dos Resíduos SólidosUrbanos há nove anos, "ascámaras municipais estám apagar cada vez mais cara a ges-tom do lixo a Sogama". Ainda,acusam esta empresa de reali-zar "um tratamento deficiente"destes resíduos.Na opiniom da FEG, para quena Galiza se pudessem criar ouestabelecer empresas de reci-clagem seria necessário umnovo modelo de gestom dosRSI de modo comarcalizado ebaseado na reduçom e na com-postagem.

Protesto de carteiros contra ocontrato colectivoREDACÇOM / Os sindidatos CIG,USO e CGT denunciam as res-triçons que lhes imporá o novocontrato colectivo. Entre elas, ofacto de nom se criar um quadrode doenças profissionais e deserem priorizadas as "medidasrepressivas" para combater ogrande absentismo dentro destegrémio.Porém, na CGT advertem quese existe absentismo é porque hámúltiplas doenças relacionadascom a profissom que carecem dequalquer reconhecimento, mas"a empresa [Correios] nom sedetivo a analisar quais som ascausas a que isto se deve".

Segundo Julia Iglesias, responsá-vel por este sindicato, "muitoscompanheiros manipulam cargaspesadas que lhes provocam pro-blemas nas costas ou transtornosmusco-esqueléticos".Também reclamam melhoriassalariais, já que denunciamque desde há vários anos ven-hem perdendo poder aquisiti-vo "enquanto sobem os gastos,sobretudo de carburante", e ocontrato que se está a nego-ciar em Madrid "parece quequer congelar a situaçom até2008", razom pola qual jáadvertírom que poderiam con-vocar mobilizaçons.

A explosom ouviu-se num rádio de entre 10 e 20 quilómetros

Bombeiros apagam o incêndio provocado pola explosom da empresa Pirotecnia Calo

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 06 NOTÍCIAS

Greve de ambuláncias continuacom grande adesom

ADEGA reclama infra-estruturas do transporte sustentáveis

REDACÇOM / Nas sete principaiscidades da CAG, onde se situa90% da actividade sanitária daGaliza, a paralisaçom foi de100% segundo os trabalhadores.A greve de ambuláncias está ater um seguimento maciço maso patronato nom quer sentar-sea negociar. A três de Fevereiro ostrabalhadores recebiam umhaproposta que se cingia a aceitarmudanças no aspecto económi-co, propondo subir em cincoanos a subida reclamada paraeste, e em que se evitava revisaras condiçons laborais em que sedesenvolve a actividade. Os tra-balhadores reclamavam desdehá já um ano (em Fevereiro de2005 começou a negociar-se umcontrato colectivo galego) oremate da precariedade laboralque padecem, com baixos salá-rios e jornadas de guarda de 12 a24 horas. Fortalecidos polo êxitodas jornadas de 18, 19 e 20 deJaneiro, nesta última com umhamanifestaçom em Vigo em que

participárom 350 trabalhadorese trabalhadoras e na qual a polí-cia detivo - ilegalmente segun-do a CIG, UGT e CCOO, sin-dicatos convocadores- ErnestoLópez Rei, secretário comarcalde Transportes da CIG naCorunha e porta-voz dos trabal-hadores no conflito, começá-rom umha nova convocatórianos dias 9, 10, 13 e 14 deFevereiro que contou comidênticas adesons. Peranteestas novas jornadas, o presi-dente da Junta, Emilio PérezTouriño, anunciou o seu propó-sito de exercer de mediadorcom a Conselharia da Saúde.Ernesto López Rei já manifes-tou logo depois da primeira reu-niom com a conselheira MaríaJosé Rubio Vidal que nom haviaintençom de negociar os servi-ços mínimos já que pensavamfazer um decreto de obrigadocumprimento, com o qual aCIG decidiu nom assistir àseguinte reuniom para acordá-

los acusando a Conselharia deprepotência. Ademais, no dia11 de Fevereiro, a polícia detin-ha na Corunha um condutor deumha ambuláncia medicaliza-da enquanto estava a realizarestes serviços mínimos provo-cando o desatendimento tem-porário de um serviço que seconsiderava fundamental paraa populaçom: só havia na cida-de duas ambuláncias medicali-zadas em activo e a outra esta-va atendendo umha urgência.O trabalhador estava acusadode ter furado umha roda.Ernesto López Rei denunciouesta detençom por pretendercriminalizar os trabalhadores,deslegitimar a greve e assustaros grevistas para nom partici-parem nos piquetes. À esperados resultados da mediaçomde Pérez Touriño, a greve deambuláncias continua nos dias23, 24, 27 e 28 de Fevereiro, eentre os dias 6 e 10, e 20 e 24de Março.

REDACÇOM / A Associaçom paraa Defesa Ecológica da Galiza(ADEGA) está a reclamar umcompromisso da Junta para ofuturo Plano de Infra-Estruturas do Transporte seadequar a um modelo susten-tável "sem depender quaseexclusivamente do transportepor estrada". Assim, propon-hem que a Administraçom gale-ga tenha como prioridade a cria-çom de proximidade, a redu-çom da procura e o uso de veí-culos menos poluentes.

A organizaçom ambientalis-ta também aposta "nummodelo ferroviário misto depassageiros e mercadorias" a200 quilómetros por hora queuna as principais cidades doPaís, medida que consideram"inadiável", nomeadamente

quanto à velha reivindicaçomde umha linha férrea entreLugo e Santiago deCompostela.

Finalmente, a ADEGA pro-pugna a criaçom de serviçosferroviários de proximidade,começando por Vigo-PonteVedra e Corunha-Ferrol, juntocom o fomento do transportepúblico no meio rural. Paraisto último seriam aproveita-das as linhas de transporteescolar ou criadas empresasmistas "onde falharem outrasiniciativas".

Pena TrevincaPor outra parte, a ADEGAtambém denunciou que o pro-jecto de estaçom de motanhaem Pena Trevinca é um exem-plo "de insustentabilidade

ambiental", já que se situadentro da Rede Natura e,aliás, trata-se de "um dispên-dio económico".

Nestes termos valorizam ainiciativa de autarcas eempresários da zona de recla-marem da Junta um orçamen-to de 37 milhons de eurospara construir uma pista deesqui, vários teleféricos, umtele-esqui e um albergue.

Embora da parte daADEGA reconheçam que oturismo de montanha é"umha de muitas oportunida-des para umha zona deprimi-da", aduzem que estas seham de procurar noutrasmodalidades, já que enten-dem que o único benefíciodeste projecto é para o negó-cio da construçom.

10.01.2006

Pesca. Ministra da Agriculturaafirma que as multinacionais depesca galegas podem perder asajudas da UE.

11.01.2006

Estatuto. Presidente da Juntaassegura que o novo Estatuto“será de todos ou de ninguém”.

12.01.2006

Ourense. Denunciam manobrasilegais na Cámara Municipal.

13.01.2006

Partido Popular. Alfoso Ruedanovo secretário geral do PPdeG.

15.01.2006

Partido Popular. O Congressogalego elexe Feijóo novo presiden-te do PPdeG.

16.01.2006

Pesca. Confrarias de pesca des-conformes com as ajudas polamaré negra.

17.01.2006

Trabalho. Greve de ambulánciascom veículos queimados.

18.01.2006

Tensom. Presidente daDeputaçom de Lugo comparaZapatero com golpistas.

19.01.2006

Trabalho. Junta constata que 92%dos contratos som a prazo.

21.01.2006

Expropriaçons. Conselharia daPolítica Territorial paga dívidaspor expropriaçons.

22.01.2006

Estatut. PP denuncia falta detransparência no acordo paraEstatuto catalám.23.01.2006

Povo Cigano. Ciganos galegossom discriminados segundo o pro-vedor da justiça.

24.01.2006

Estatut e Estatuto. Partidos gale-gos exigem o mesmo trato para aGaliza que para a Catalunha noprocesso estatutário.

25.01.2006

Trabalho. Taxa de temporalidadena Galiza é de 35%

REDACÇOM / O BNG de Sadadenunciou que o gabinete deimprensa municipal, formadopor umha só pessoa, tem orça-mentado 12 vezes mais dinheiroque a Polícia Local, concreta-mente 68.000 euros face a 5.500.Para os nacionalistas, "nom exis-te justificaçom" para que o refe-rido gabinete se veja beneficiadoem detrimento dos centros esco-lares -40.000 euros anuais- ou oEscritório da Juventude -apenas350-. Ainda, também denunciá-rom "outros gastos supérfluos",como o de telefonia móvel, paraa qual se destina umha verba de16.000 euros para a equipa degoverno e mais 12.000 para odepartamento de comunicaçom.No BNG sadense pedem ao pre-sidente da Cámara, o popularRamom Rodríguez Ares, queexplique como umha só pessoa -o responsável de imprensa-poderá gastar até 1.000 eurosmensais em telefonia móvel porconta do erário público.

O BNG de Sadadenuncia fundosdesorbitadospara imprensa

REDACÇOM / Algo está a mudarna TVG, ou polo menos essa é aimagem que a nova direcçom damesma quijo deixar entrever nopassado dia 7 de Fevereiro, con-vidando o porta-voz doMovimento Defesa da Língua(MDL), Carlos Figueiras, a par-ticipar numha entrevista doprograma matutino Bons Dias.A própria Marga Pazos, que con-duziu a entrevista junto comCarlos Amado, assegurou que"nem sempre tinha sido possí-vel falar de certos temas nosmeios de comunicaçom". CarlosFigueiras (colaborador habitualdeste jornal), tivo a oportunida-de de desfazer numerosos pre-conceitos em que os entrevista-dores nom deixárom de insistir,como as relaçons do reintegra-cionismo com o independentis-mo ou a origem neofalante dabase social reintegracionista.Apesar do interesse do diálogo,os apresentadores mostravamtambém certa desinformaçom,nomeadamente quando insis-tiam no facto de as 'normas' sefalarem ou nom "na rua". Porém,fontes reintegracionistas restá-rom importáncia a esta detalhe,que considerárom previsíveldepois de o debate ter sido afas-tado da opiniom pública duran-te tantos anos.

Reintegracionismovolta à TVG vinteanos depois deCarvalho Caleiro

CRONOLOGIA

Ecologistas apostam num modelo ferroviário alternativo ao do AVE, de enorme impacto ambiental / ARQUIVO NGZ

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 07NOTÍCIAS

Iniciática popular em defesa dos rios serádebatida no Parlamento galegoREDACÇOM / A poucas semanas deque a ILP em Defesa dos RiosGalegos seja debatida noParlamento da Galiza, aComissom Promotora organizoua 28 de Janeiro umhas jornadas noMuseu do Povo Galego. As conse-qüências que o excessivo aprovei-tamento hidroeléctrico e a conta-minaçom tenhem nos leitos flu-viais fôrom explicadas por profes-sores de várias universidades doEstado, que exemplificárom ocaso galego. Além disso, LauraSeara e Carlos Aymerich, queintervinhérom na mesa redondaque fechou os actos em represen-taçom dos grupos parlamentaresdo PSOE e do BNG, respectiva-mente, manifestárom-se a favorda ILP e mostrárom a vontade deimplementar as reivindicaçonsexpostas nela, segundo declarouDaniel López Vispo, membro da

Comissom Promotora.Nas últimas semanas os contactosda comissom com membros dogoverno galego e dos grupos polí-ticos fôrom numerosos e, ao queparece, esperançosos. No dia 2 deFevereiro houvo umha reuniomcom representantes daConselharia do Meio Ambienteencabeçados polo presidente deÁguas da Galiza, tendo-se com-prometido a promoverem fórmu-las de colaboraçom no caso da ILPser tida em conta e superar o trá-mite parlamentar. Alem disso, Daniel L. Vispo valo-riza positivamente o facto de queo conselheiro Manuel Vázqueztenha suspendido 41 projectos deminicentrais (24 novos pedidos,8 projectos de ampliaçom e 9expedientes de extinçom) comosendo, em certa medida, sintomá-tico de umha mudança na manei-

ra de gerir as políticas ambientaisdo bipartido galego. Assim,Vázquez anunciara no Parlamentoumha nova política hidráulica querecolhia de maneira aproximadavárias das reivindicaçons presen-tes na ILP, se bem que esse anún-cio nom fosse concretizado naaltura, para além das paralisaçonsanunciadas, a maior parte dasquais correspondem a projectosque nom tinham sido iniciados. Deve assinalar-se que nos riosgalegos há 88 instalaçons hidroe-léctricas de potência nom supe-rior aos 10 W, e 34 que sim ultra-passam essa potência.A Comissom promotora daIniciativa entrevistou-se tambémrecentemente com membros dogrupo parlamentar do PartidoPopular, que se mostrárom maisreticentes aos requerimentosexpostos nesse texto, principal-

mente no referido aos aproveita-mentos hidroeléctricos existentesna Galiza e a questons de sanea-mento, pontos em que a ILP faiumha crítica nom mencionadaexplicitamente à gestom dogoverno popular.O Conselho da Junta aprovouneste mês de Fevereiro a revisomdo Plano SectorialHidroeléctrico de 2001, quedeverá servir para incidir na recu-peraçom de ecossistemas fluviais(cujos danos já foram salientadosnum manifesto por um grupo deinvestigadores da USC) e paratravar a sobre-exploraçom dosleitos galegos, que nom respondesenom a um critério de esbanja-mento sem controlo, pois a ener-gia gerada nom está a servir emnenhum caso como alternativa aoutras provenientes de combus-tíveis fósseis.

26.01.2006

Habitaçom. Junta porá em anda-mento novo plano de habitaçomsocial.

27.01.2006

Sara. Delegaçom da FrentePolisário visita a Galiza

28.01.2006

Política galega. Tourinho propoma Feijóo integrar-se em debatesimportantes.

30.01.2006

Negócios estrangeiros. Assinadospactos entre as Astúrias e a Galiza.

31.01.2006

Ambiente. Visita da ministraespanhola do Ambiente à Galiza.

01.02.2006

Cidade da Cultura. Junta daGaliza e Cámara Municipal deCompostela querem dar conteú-do à Cidade da Cultura.

02.02.2006

Estatuto. Primeiros trámites paraa reforma do Estatuto galego.

03.02.2006

OPA. Governo espanhol aprovaOPA sobre Endesa.

04.02.2006

Trabalho. Tourinho garante esta-bilidade laboral nas Pontes eMugardos.

05.02.2006

Autonomia. Quintana pede que aGaliza gera os seus impostos.

06.02.2006

Indústria. Conselheiro denunciaque a Galiza perde 1.240 milhonsem ajudas ao carvom.

07.02.2006

Deputaçons. Conselheiro daPresidência anuncia intençom dereformar as Deputaçons.

09.02.2006

Portagens. Tourinho anuncia queo acordo para o encerramento dasportagens em Rande e Baracalaestá preparado.

10.02.2006

Vázquez. Presidente da Cámarada Corunha nomeado embaixadorvai para o Vaticano.

REDACÇOM / A Conselharia daIndústria propujo à SociedadeEstatal de ParticipaçonsIndustriais (SEPI) a criaçom deum grupo de capital galegoapoiado nas caixas para elaboraro Plano de Industrializaçom deFerrolterra e a sobrevivência dosestaleiros da antiga Astano. Oplano de Fernando Blancoassenta na eliminaçom dos limi-tes à produçom civil para a fábri-ca e na formaçom de um consór-cio de capital apoiado porCaixanova e Caixa Galiza. Otitular de Indústria, o naciona-lista Fernando Blanco, apresen-tou o plano ao presidente dasociedade estatal, EnriqueMartínez Robles, e está a aguar-dar "a resposta da SEPI" a umplano que o conselheiro qualifi-

cou no parlamento "como umhaboa soluçom para a reflutuaçomdo sector naval na Galiza, estra-tégico nom só para Trás-Ancos,mas também para todo o País". Blanco aguarda a resposta, queteria que ter-se produzido nomês de Fevereiro, para criarumha comissom de trabalhoque seria integrada pola Junta, aSEPI, o empresariado ferrolanoe os sindicatos com representa-çom na actual Navantia. O titu-lar de Indústria da Junta enten-de que permitir a entrada decapital privado em Navantia deFene "nom implicaria a renúnciado carácter público do estalei-ro". A proposta feita à SEPI,segundo Blanco, é "genuína daJunta" e tem por objecto "garan-tir a viabilidade da fábrica fene-

sa dando soluçons e alternativasà desocupaçom do estaleiro".Fernando Blanco anunciouainda a abertura do CentroTecnológico do Naval paraFerrol, para o qual Indústria temprevisto assinar um convéniocom a Universidade, visando"revitalizar o sector naval comoum sector de futuro".Os sindicatos de classe, porém,sentírom-se "enganados e ven-didos" já que o conselheiro nomos informou do Plano daConselharia nem das intençonsde Fernando Blanco de criaçomdeste consórcio para a reindus-trializaçom da comarca. As cen-trais sindicais entendem que oplano seria "umha aposta daXunta para vender a antigaAstano às empresas galegas".

A Confederaçom IntersindicalGalega manifestou através dosecretário nacional da CIG-Metal, Miguel Malvido, o com-promisso do sindicato na defen-sa de um complexo integral paraa Ria de Ferrol, de titularidadepública, ao mesmo tempo quereclamou o levantamento dosvetos impostos para a constru-çom civil. CIG-Metal defendea proposta de manter a titulari-dade pública do complexo, coma participaçom da Junta daGaliza e o cumprimento doPlano Galiza quanto às iniciati-vas aprovadas nos parlamentosespanhol e galego. Malvido sen-tenciou que em Ferrol "já seaplicárom quantos inventos pas-sárom pola cabeça da adminis-traçom e todos fracassárom".

As centrais sindicais desconfiam da proposta de privatizaçom enquanto a Conselharia daIndústria espera resposta da SEPI

CIG-Metal defende a proposta de manter a titularidade pública do complexo / ARQUIVO NGZ

Indústria assegura que a entrada de capital privado em Navantia-Fene nom significa a sua venda

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 08 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

NUNO GOMES / O prolongamento da auto-estrada A28 para além de Caminha foi adiadopelo governo português. Este considera quea construção de uma nova ponte entreCaminha e a Guarda "Não se encontra pre-vista, nem se considera necessária", e que"não se espera estar concluído antes de 2013o prolongamento do IC1 (A28) para Valença.Ficam assim goradas as expectativas daComunidade Urbana Valimar, que já tinhaencomendado um estudo de viabilidade daponte sobre o rio Minho, e da ComunidadeIntermunicipal do Vale do Minho, quedefende o prolongamento da A28 atéValença.

Este ano realiza-sse a segunda edição doCampeonato Nacional da LínguaPortuguesa. A final, a ocorrer em Maio emLisboa, irá ter três categorias de idades: atéaos 15, dos 15 aos 18, e maiores de 18. Osconcorrentes podem ter qualquer nacionali-dade, tendo como única condição o domínioda língua portuguesa.

O aeroporto Francisco Sá Carneiro, o maiordo noroeste peninsular, quer ultrapassar acurto prazo o conjunto dos três aeroportos daGaliza. Este equipamento, situado emPedras Rubras, nos arredores do Porto, tevepela primeira vez um aumento de movimen-to superior ao do aeroporto da Portela, emLisboa. Os voos internacionais, que consti-tuem 80% do total de voos do Sá Carneiro,são a sua mais valia em relação aos aeroportosgalegos.

Emílio Perez Tourinho revelou, numa entre-vista ao jornal Público, que o "comboio rápi-do" chegará a Tui em 2009, independente-mente da evolução do projecto do lado por-tuguês. O comissário europeu de transpor-tes, Jacques Barrot, tinha já reforçado que aligação entre o Porto e Vigo irá ser feita emAlta Velocidade. O governo português afir-mou entretanto que a ligação, do lado portu-guês, nunca será em Alta Velocidade, masem Velocidade Elevada (com o limite de 250km/h), e que o prazo inicialmente anunciado(2009) já não será cumprido.

Portugal formou, desde o ano lectivo2003/2004, 6 mil professores de língua por-tuguesa, no âmbito da cooperação com oEstado de Timor-Leste. O objectivo desteplano é a reintrodução da língua portuguesana antiga colónia.

Abriu no passado dia 1 de Fevereiro umaexposição dedicada a Ángela de la Cruz, como título de "Ángela de la Cruz, trabalho". Amostra, que termina no dia 30 de Abril,decorre na Culturgest, em Lisboa.

De forma a promover a inclusão dos alunosestrangeiros, o Ministério da Educação temvindo a promover medidas para a imple-mentação do português como língua nãomaterna. Os alunos provenientes de esta-dos cuja língua oficial não é o portuguêsatingem, no nosso sistema educativo, onúmero de 60 mil.

NOVAS DE ALÉM-MINHO

DUARTE FERRÍN / Bolívia aguarda espectan-te as primeiras medidas de Evo MoralesEvo Morales e o seu partido, o MAS(Movimento ao Socialismo), ganhou aseleiçons com 54 % dos votos face a 29 %do adversário mais próximo, apesar de oConselho Eleitoral ter eliminado quaseum milhom de eleitores do censo (amaioria votantes indígenas de Evo) porrazons técnicas. Vencêrom apesar daoposiçom dos principais meios de infor-maçom electrónicos e impressos, dasassociaçons de empresários e proprietá-rios de minas e das intervençons e ame-aças da embaixada dos Estados Unidos.As pessoas nom se deixárom influirpolas 24 horas de avalancha de propa-ganda suja levada a cabo em todos osmeios de comunicaçom.

Os EUA advertírom que deveriagovernar por "métodos democráticos";entrementes, pouco depois das elei-çons, as Forças Especiais estado-uni-denses, com base no Paraguai, iniciá-rom umhas manobras militares na fron-teira com a Bolívia.

A chegada ao governo de Evo Moralescoloca um interrogante quanto à mar-gem de acçom da nova administraçom,a relaçom que construirá com os movi-mentos sociais e como enfrentará osgrandes problemas nacionais: a legali-zaçom dos cultivos de coca, a nacionali-zaçom dos hidrocarbonetos, a relaçomcom os EUA e com o Mercosur... Háquem veja em Evo um novo Lula e háquem esteja seguro de que será umnovo Chávez. As organizaçons sociais e

populares mais combativas e revolucio-nárias da Bolívia já ameaçárom comfazer renunciar o novo presidente seeste nom cumpre com as suas promes-sas de nacionalizar os hidrocarbonetos,aumentar os salários, dar terra aos cam-poneses e erradicar o neoliberalismo.

Presos e presas bascas no MéxicoA Suprema Corte de Justiça da Naçom(SCJN) emitirá em breve unha resolu-çom sobre o recurso de inconstitucio-nalidade apresentado pola defesa dosseis cidadaos e cidadás bascas presas nacidade do México, depois de um julga-mento em que se produzírom constan-tes irregularidades e violaçons daConstituiçom mexicana.

Se se produzisse esta extradiçomestaria a ser violada a Constituiçommexicana e o Tratado Bilateral deExtradiçom, já que o pedido de extradi-çom se realizou para o grupo e nomindividualmente, tendo-se realizado omesmo auto para todas as pessoas enom existindo umha exposiçom de fac-tos quanto ao modo, lugar e tempo dossupostos actos criminosos dos inculpa-dos e das inculpadas; tampouco seincluiu umha qualificaçom legal dosfactos com a inclusom expressa dos pra-zos de prescriçom; os supostos factos,nom constituem actos criminosos noMéxico, nom se enquadram em nen-hum tipo penal mexicano e tenhem aver, na realidade, com o quadro jurídicoe político do Estado espanhol; estariama ser extraditadas pessoas por causa da

ideologia política das mesmas, e entreelas um cidadao mexicano: AsierArronategui Duradle. Para além disso,nom estaria a ser considerado o factode que estas pessoas poderám ser sub-metidas a tratos cruéis, inumanos oudegradantes no Estado espanhol, paíscom um avultado expediente nosRelatórios anuais do relator para aQuestom da Tortura da Organizaçomdas Naçons Unidas e com umha cons-tante presença nos relatórios sobre tor-tura realizados pola AmnistiaInternacional durante as passadas trêsdécadas.

Palestina: A democracia nom é a substi-tuta da resistênciaO movimento islámico Hamas, vence-dor das eleiçons palestinianas, nomreconhecerá o Estado de Israel apesardas ameaças da Europa e dos EUA. Aresistência à ocupaçom será a base doseu programa de governo e nom vairenunciar às fronteiras anteriores a1967.

Numha conferência de imprensa rea-lizada no Cairo, Jaled Mishal, chefe doescritório de política do Hamas dixo:"exerceremos a política como queremosnós, nom como querem os EUA"; "Onosso programa é a resistência e conti-nuaremos com ela até recuperarmos osnossos territórios, Jerusalém inclusive,e lograrmos o retorno dos refugiados","A democracia nom é um substituto daresistência, a democracia é a nossaalternativa para o interior".

NOTAS DE URGÊNCIA SOBRE A POLÍTICA INTERNACIONALBOLÍVIA / CONFLITO BASCO / PALESTINA

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 09OPINIOM

Aevoluçom da populaçomnos últimos anos nomjustifica o volume urba-

nizador que se pretende. Tudoserve, e a LOUGA permiteedificar a totalidade do solo emque se pode instalar umhavivenda, trocando a actual pai-sagem de terras agrícolas e flo-restais por quilómetros e quiló-metros de casas geminadas.

Em nenhum momento seestuda seriamente a sustenta-bilidade ambiental e o impactoterritorial e paisagístico dasactuaçons que se pretendem,obrigatório em cumprimentoda Lei 9/2002 de OrdenaçomUrbanística e Protecçom doMeio Rural da Galiza, garantin-do a qualidade de vida e facili-tando novas oportunidadeseconómicas e sociais com omenor consumo de recursos eemissom de resíduos possíveis.

Os planos propostos nomdeixam para as geraçons futu-ras um só hectare de terrenoque nom esteja afectado porespaços naturais, costas, rios oumonte comunal. Por desgraça,as zonas verdes situam-se emlugares nom edificáveis por lei,alterando os escassos espaçosnaturais e levando os espaçossingulares ao deterioro dosvalores ambientais e naturais,submetendo ecossistemasvaliosíssimos a um altíssimouso recreativo na época estival.Os espaços naturais de impor-táncia passam a ser ilhas dentrodas urbanizaçons.

As figuras de planeamentoescolhidas (grandes parcelasde SUD e SUND, nas quais osproprietários dificilmente che-garám a um acordo de edifica-çom) exigem um desenvolvi-mento baseado em urbaniza-

çons realizadas por grandesconstrutoras que se desenvol-verám em mui pouco tempopara especulaçom urbanísticaligada ao turismo. O resultadofinal é a urbanizaçom da totali-dade do solo nom afectadopola legislaçom, nom respei-tando os recursos ambientais,e convertendo a costa, numcurtíssimo prazo de tempo,numha zona residencial deveraneio, política que já severificou falida noutros pontosdo Estado com mais garantiasde boa meteorologia, encare-cendo o nível de vida, produ-zindo um colapso do tránsitorodoviário e sem melhorar obem-estar nem a qualidade devida dos habitantes.

Apesar de ter aumentado apopulaçom, nom som analisa-das as necessidades de águanem se preveem lugares para

novas depuradoras, escolas,equipamentos, etc. As cáma-ras municipais só planificam"o betom e o tijolo" (quantascasas cabem nos terrenosurbanizáveis e quantas recei-tas implicarám).

Vai ser vendida umha 'foto'da actual costa galega com aqual seremos enganados nóspróprios e os compradores desegundas residências, já que narealidade e depois de ter sidovendido todo o território esta-remos a ocupar umha paisagemartificial de casas geminadas. Apassagem dos terrenos agríco-las a urbanos, provoca tensonse acaba sempre em denúnciaspola incompatibilidade entre omodo de vida tradicional e osnovos vizinhos que nom seadaptam aos cheiros do campo,passando o nosso avô a ser umilegal por ter quatro galinhas.

Diz-se que o solo se encon-tra infra-utilizado ou explora-do em forma de horta de auto-consumo, prática que ajudacentenas de famílias a chega-rem ao fim do mês e implicaum modo de vida a que nomqueremos renunciar. Noutraspartes do mundo chamam-lheagricultura ecológica e os pro-dutos som mais caros que os daagricultura comercial.

Que acontecerá com as chu-vas quando as zonas da cultivosejam substituídas por zonasedificadas? Como serám reca-rregados os aquíferos?, quesom cada vez menos por causado abuso no consumo de águaem jardins e piscinas de urba-nizaçons propostas em nume-rosos Planos Gerais.

Foro Social pola Defensa do Povowww.cangasnonsevende.org

Para a especulaçom, tudo serveFORO SOCIAL POLA DEFENSA DO POVO

OS PLANOS PROPOSTOS NOM DEIXAM PARA AS GERAÇONS FUTURAS UM SÓ HECTARE DE TERRENO QUE NOM ESTEJA AFECTADO POR

ESPAÇOS NATURAIS, COSTAS, RIOS OU MONTE COMUNAL. POR DESGRAÇA, AS ZONAS VERDES SITUAM-SE EM LUGARES NOM EDIFICÁVEIS

POR LEI, ALTERANDO OS ESCASSOS ESPAÇOS NATURAIS E LEVANDO OS ESPAÇOS SINGULARES AO DETERIORO DOS VALORES AMBIENTAIS

E NATURAIS, SUBMETENDO ECOSSISTEMAS VALIOSÍSSIMOS A UM ALTÍSSIMO USO RECREATIVO NA ÉPOCA ESTIVAL. OS ESPAÇOS

NATURAIS DE IMPORTÁNCIA PASSAM A SER ILHAS DENTRO DAS URBANIZAÇONS

“O BNG E O PPDA GALIZA TENHEM ASMESMAS PRIORIDADES”Anxo QuintanaSobre a reuniom com Núñez Feijoo26.01.06

“É INJUSTO CHAMARFARAÓNICA À CIDADE DACULTURA. INJUSTO COM OSFARAÓS PORQUE O QUEFIGÉROM NO EGIPTO FOI TUDOMENOS UMHA OBRA INÚTIL”Carlos Luis RodríguezEl Correo Gallego01.02.2006

“COCA POR MAR, TERRAE AR. A POLÍCIA 'TRINCOU'EM 2005 DOUS MIL NARCOS”El Correo Gallego05.02.06

“AS CRIANÇAS DEVEMASSUMIR A NOSSA HISTÓRIA,QUE POR DESGRAÇA É DEGUERRAS, PARA LOGRARMOSGERAÇONS DE PAZ. E FAZEMOSISSO A BRINCAR”José NavasDirector do Museu Militar daCorunha. Sobre a secçom infantilem El Ideal Gallego. 05.02.06

“PRECISAMOS DE ARTICULARUMHA ÚNICA VOZ QUE SEFAGA FORTE EM MADRIDPARA NOS IMPORMOS”Anxo Quintana02.02.06

“O BASCO NOM É OFICIALEM BADAJOZ, NEM OCATALÁM EM MÚRCIA, NEMO GALEGO EM MADRID.PORQUE HAVERIAM DESÊ-LO EM BRUXELAS?”Daniel VarelaEuro-deputado do PP01.02.06

“VIVO EM PLENA 'MOVIDA',ENTRE OS CANTOS DEMOÇOS 'SOPLADOS'”Fraga IribarneLa Voz de Galicia05.02.06

“DEPOIS DE 16 ANOS DEGOVERNO TALVEZ FOSSECONVENIENTE UMHAMUDANÇA”Manuel FragaEntrevista em TVE Galiza13.02.06

FOI D

ITO

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CARLOS BARROS / Baiona, Nigrám eGondomar som as três localidadesque componhem o Vale Minhor,situado entre Vigo e o BaixoMinho. A sua faixa costeira e a pro-ximidade da grande cidade conver-tem este núcleo urbano numhaárea de especial interesse para osector da construçom, especial-mente pola sua funçom como 'vilasdormitório' e as praias. Os novosplanos gerais de ordenaçom, queestám às portas de serem aprova-dos, preveem incrementar a suapopulaçom de pouco mais de40.000 habitantes a 70.000. Paraisto incrementarám-se os espaçoshabilitados para urbanizar, dadoque os limites da planificaçomactual fôrom já esgotados e asnumerosas solicitudes de obra daspromotoras precisam de um orde-namento que as avalize. Peranteeste crescimento intensificado,que satura os espaços costeiros ecresce sobre as áreas rurais, nomfaltam vozes críticas nem podemser obviadas limitaçons naturaiscomo a da água, cujo volume nom ésuficiente para abastecer núcleosurbanos como os planificados.

O Plano de Ordenamento deGondomar, aprovado em 1997, foiparalisado polo Tribunal Supremoapós ter sido denunciado poloPSOE local. A nova planificaçomurbanística para esta localidade,que complementa a expansom deNigrám, foi elaborada pola empre-sa Taula e ainda está pendente deaprovaçom. O presidente daCámara, do PP, reuniu-se com ogrupo 'socialista' local para dar-lhea conhecer o plano e analisar a suaviabilidade, umha vez que estepartido propiciara a anulaçom dasnormas anteriores. No entanto, osrepresentantes do BNG aindanom tivérom acesso a umhas nor-mas urbanísticas que duplicarám apopulaçom da vila. No caso deNigrám, com elementos emcomum a Gondomar, o PSOE, oPP e um grupo de cindidos destepartido permitírom que AlfredoRodríguez Millares, o presidente

da Cámara, tivesse plena potesta-de sobre o documento regulador aaprovar, cuja tramitaçom foi ini-ciada há cinco anos pola Oficinade Planeamento S.A., e cujo con-teúdo final só conhece Millares,que guardou a proposta de plano àchave antes de enviá-la à Junta,que deverá validar as suas linhasde demarcaçom. O regedor muni-cipal de Nigrám é também direc-tor geral do Celta de Vigo, braçodireito de Horácio Gómez e pes-soa de plena confiança para o pre-sidente da Deputaçom de PonteVedra, Rafael Louzán, com quempartilha a iniciativa de abrircaminho à especulaçom na penín-sula do Monte Ferro.

O secretismo das cámaras muni-cipais está a levantar numerosascríticas, mesmo entre os sócios degoverno destas localidades. Nomobstante, numerosos indíciosapontam a que elementos das pro-motoras e as construtoras conhe-cem de antemao as directrizes queserám aprovadas, como o derrube

de árvores para favorecer requalifi-caçons ou a compra de valiososlotes edificáveis em espaços quenom som até o momento urbanizá-veis por parte de empresas dacomarca e muitas outras foráneas,que compram no seu nome ouatravés de testas-de-ferro, factosdenunciados em numerosas oca-sions pola oposiçom nacionalista eo activismo vicinal da zona.

Nos próximos meses a Juntahaverá de dar saída a mais de ses-senta planos de ordenaçom muni-cipal, entre eles o de Oleiros,Ogrove, Cangas, Moanha,Ortigueira ou os três concelhos doVale Minhor. A Lei do Solo de 2003obrigava as Cámaras a adaptarem oseu urbanismo com base na novaregulaçom, facto que forçou a rede-finiçom da planificaçom munici-pal. A redacçom de novos planos éde facto umha oportunidade idó-nea para legalizar obras irregularesou adaptar o ordenamento à medi-da dos especuladores nas localida-des onde os governos caminham de

maos dadas com as construtoras.Os casos de Ponte Areias e Sada, osprimeiros com os planos urbanosparalisados, som exemplos destaforma de utilizar o poder local que,como os factos confirmam, estábem estendida ao longo da Galiza.

Terrorismo contra as vozes críticasManuel Pereiro, ex-vereador doBNG em Gondomar, foi a últimavítima da vaga de violência contra ossectores que questionam a especu-laçom. No passado dia 10, recebiaumha malheira de um proprietáriode um terreno em que estava aefectuar obras ilegais, depois de onacionalista lhe ter perguntado se aobra contava com licença. A 19 deNovembro, o atentado contra ocarro particular do vereador nacio-nalista de Nigrám David Giráldezfazia públicas e tangíveis as pres-sons dos sectores interessados naespeculaçom sobre os opositores.Em menos de dous meses, no dia13 de Janeiro, Domingos Solla viaarder os seus dous carros particula-res e a parte frontal da sua vivendanumha nova agressom que acres-centava em intensidade a coacçomdestes sectores que, à espera daspesquisas judiciais, se identificamcom o que o BNG chamou "máfiasurbanísticas" cujos investimentospreveem índices de ganho de cen-tos de milhons de euros. Na paró-quia de Morgadáns, as represáliasda especulaçom mesmo acabavampor atingir um vogal do PP e a suafamília, por ter apoiado este váriasiniciativas do BNG que fôrom apro-vadas nesta entidade local menor.

David Giráldez trabalha desdehá 15 anos na oposiçom de Nigrám.Tem-se destacado por denunciarurbanizaçons irregulares, aterrosem solo protegido e numerosasobras urbanas. Por sua vez,Domingos Solla é frigorista e dele-gado da CIG no hospital viguês doMeixoeiro. Vogal do BNG emMorgadáns desde 2003, aprovouumha iniciativa na entidade menorpara propor a ampliaçom do par-que natural do Monte Aloia conec-

NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 200610 A FUNDO

A FUNDO

Especuladores defendem os privilégios por todosos meios perante os novos Planos de OrdenaçomMÁFIAS URBANÍSTICAS ATENTAM CONTRA ELEITOS NACIONALISTAS NO VALE MINHOR

A saída do poder do PP nas passadas eleiçons gerais e autonómicas situou os promotores imo-biliários beneficiados polos anteriores governos numha posiçom diferente, perante a possí-vel substituiçom de umhas empresas por outras e em relaçom às mudanças a aplicar quantoà ordenaçom urbanística polos novos gestores. No Vale Minhor, por exemplo, boa parte dosector da construçom está a manifestar um importante nervosismo polos seus projectos, plas-mado em diferentes ataques a representantes do BNG por terem manifestado publicamen-

te a sua oposiçom às irregularidades e abusos das empresas interessadas. A queima do carrode David Giráldez em Nigrám, o incêndio dos dous carros de Domingos Solla e parte da suacasa em Gondomar e a recente malheira recebida por Manuel Pereiro, também emGondomar, som três exemplos destacados da pressom que os sectores imobiliários estám aexercer para assegurarem por todos os meios os seus projectos, numha escalada de violênciaque está a intensificar-sse nos últimos meses.

A península do Monte Ferro é o último espaço sem urbanizar da costa do Vale Minhor. O enorme vial aprovado rodearáo espaço, abrindo caminho a novas requalificaçons que fam perigar o futuro da sua riqueza natural e patrimonial / GOOGLE EARTH

O regedor municipalde Nigrám é tambémdirector geral doCelta de Vigo,braço direito deHorácio Gómeze pessoa de plenaconfiança para opresidente daDeputaçom dePonte Vedra,Rafael Louzán,com quem partilhaa iniciativa deabrir caminho àespeculaçom napenínsula doMonte Ferro

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 11A FUNDO

tando-o com a Serra doGalinheiro, onde se mantenhemcanteiras em espaços nom recon-hecidos pola ordenaçom munici-pal. E tem denunciado várias quei-mas de montes e abusos das serra-rias em zonas protegidas.

O igrejário, também para especularO Bispado da Diocese de Tui-Vigo mantém-se em silêncioquanto à venda da parcela doigrejário, situada em pleno cen-tro de Gondomar, onde ocupa4.000 metros quadrados. Aindaque no PGOM de 1997 se con-temple como espaço de "baixaedificabilidade", nas ruas deGondomar fala-se de que o solarfoi vendido por mais de um mil-hom de euros com o "compromis-so lógico de requalificaçom dosterrenos", conforme aponta oBNG, que vincula o vereador doPP Jorge Álvarez na trama, assimcomo a sua mae, Rosa Cristaleiro,empresária com propriedades aopé do igrejário. A compra da par-cela, doada ao Bispado pola vizin-hança, produziu-se coincidindocom as datas de negociaçom donovo Plano de Ordenaçom.

Outro dos casos denunciadosem Gondomar consistiu na per-muta de um terreno municipalprivilegiado que foi parar às maosda baionesa Promotora ColmeiroSA, que pagou 30.000 euros econtribuiu com um solar demuito menor valor para receber

em troca um espaço urbanizávelcom um valor estimado que supe-ra os cem mil euros e que estavaproposto para alojar 50 vivendasde protecçom oficial.

E entre os industriais locaisbeneficiados pola política muni-cipal sobressai José Fajo, proprie-tário de Fajo SL, a construtoramais conhecida de Gondomarque conta com vários prédios edi-ficados sem licença no centro davila e dispom de relaçons privile-giadas com o governo local, presi-dido por Carlos Silva.

Monte Ferro em perigoA península do Monte Ferro, dealto interesse natural e paisagís-tico, representa o último espaçosem urbanizar desta área costei-ra. A Deputaçom Provincial apro-vou, com o apoio da Cámara deNigrám, um macroprojecto deestrada até a sua parte alta quepara muitos consiste no primeiro

passo para destruir o que fica deum monte já muito afectado. Aobra consiste no alargamento davia de acesso ao espaço florestal,que passará a contar com 12metros de largura, 16 nalgunslanços, incorpora umha rotundade 36 metros de diámetro einclui obras de alumiado e canali-zaçom de águas. A envergadurado projecto foi vinculada com asobras iniciais para construir nomonte, o que levou boa parte davizinhança a se organizar naPlataforma Salvemos MonteFerro para impedir novas agres-sons sobre o espaço natural.

A Comunidade de Montes dePanxom, liderada polo Presidenteda Associaçom de Empresários doVale Minhor, Manuel Alejos, con-sente em princípio o projecto. Opróprio Alejos defendeu o derru-be sem licença de árvores noRapom por parte do proprietáriode umha parcela privilegiada polofuturo alargamento da via. Aliás,recentemente já tinham sido cor-tadas árvores na parte norte domonte, de propriedade comunal,facto que está a ser investigadopola Conselharia do Meio Ruralenquanto o presidente daComunidade de Montes asseguracontar com autorizaçons. A Leide Montes em Mao Comum sópermite reclassificar como urba-nizáveis espaços sem massa flo-restal, polo que cortar as árvores éum passo necessário se se preten-de mudar o uso do solo.

A construçom da via sobre oMonte Ferro foi adjudicada à lali-nense Taboada e Ramos S.L.,empresa que cresceu decisivamen-te com as obras realizadas paraXestur e outras entidades vincula-das às instituiçons. Esta empresafora acusada de desviar fundos parasociedades de militantes do PP,como já informara NOVAS DA

GALIZA. A obra conta com um orça-mento de 360.000 euros a financiarentre a Deputaçom e a CámaraMunicipal, e está acompanhadapor requalificaçons parciais sobre aárea protegida da península.

O vogal do BNG na entidadelocal de Morgadáns, DomingosSolla, continua a trabalhar no res-tauro da parte afectada da suamorada, que estava em vendadesde antes do atentado.Sindicalista e activista vicinal,destacava-sse pola defesa da Serrado Galinheiro e as suas iniciati-vas na entidade onde é represen-tante eleito. Agora mora em Vigomas nom abandonará o trabalhona sua paróquia natal.

Como explicas este salto napressom dos especuladores?Depois de perderem as eleiçonsdo governo estatal, e de perde-rem também o governo galegonom sabem que ham de fazer.Aqui, em Gondomar, mesmocontando com os votos da emi-graçom, tivérom a maioria abso-luta por umha diferença de sóum voto. Estám a ver que nomsabem governar, que som unsinúteis. Nom som políticos, sóvam polos seus interesses. E ofacto de ver que perdem poderpom-nos nervosos.

Quem pudo estar interessadono atentado?Desde a campanha eleitoral,quando propugemos declarar oGalinheiro como parque natural,tivem ameaças de pessoas vincu-ladas com as canteiras, as serra-rias e a construçom. Estivemostambém alerta contra umha serra-ria irregular, denunciando despe-jos e aterros de umhas velhas can-teiras denunciadas pola CámaraMunicipal e Meio Ambiente...Realizamos umha tarefa contínuade denúncia política. Nós somos

contra todos estes atropelos quese estám a produzir constante-mente. O próprio presidente daCámara reconheceu que estavaimplicado nuns desterros em zonarústica que depois se viu obriga-dos a paralisar. Supostamente, eraum projecto de construçom demoradias; assim que o facto deestes projectos serem travados éalgo que lhes dói. Eles só enten-dem de fazer dinheiro rápido efácil. Som todos amigos, todoscomem juntos.

Como valorizas a respostado teu círculo?Recebim apoios e solidariedadede muita gente. Os e as vizinhasde Vilas, o meu lugar, recolhêromassinaturas e queriam abrir umhaconta para me ajudarem com osgastos. O senhor presidente daCámara de Gondomar demoroutrês dias a chamar-me, e só o fixoquando viu as orelhas ao lobo,quando o assunto já chegara aoDelegado do Governo. A políciamunicipal nom fijo acto de pre-sença. Isso sim, ninguém mecalou nunca a boca e ninguémma vai calar. Agora temos que dartempo às investigaçons a ver sedam em algo.

Que tipo de relaçom pode guar-dar com o atentado de Nigrám?Os princípios som os mesmos,tudo tem a ver com a especula-çom e a construçom. Pode quenom sejam as mesmas pessoas,mas sabemos o que está a acon-tecer. É semelhante ao que sepassa em Baiona, na Costa daMorte e na maior parte das vilasonde cresce a construçom.

“Ninguém me calou nunca aboca e ninguém ma vai calar”

A redacçom denovos planos éumha oportunidadeidónea para legalizarobras irregularesou adaptar oordenamento àmedida dosespeculadoresonde os governoslocais caminham demaos dadas comas construtoras.Agora, a Juntahaverá de darsaída a mais desessenta planos deordenaçom municipal

DOMINGOS SOLLA, VOGAL DO BNG EM GONDOMAR

Os novos planos gerais preveem incrementar a populaçom do Vale Minhor de pouco mais de 40.000 habitantes a 70.000. Oslimites da planificaçom actual fôrom esgotados e as solicitudes de obra das promotoras precisam do ordenamento que as avalize

Manuel Alejos, líder empresarial do ValeMinhor e presidente da CMMC de Panxom

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 200612 ENTREVISTA

- PPara começar, gostaríamos deconhecer a tua posiçom perante asclássicas posiçons do 'atraso'. Queresta do 'colonialismo' a mais detrinta anos da publicaçom da tuaobra de referência?- O que hei de levar em conta, emprimeiro lugar, é que a primeira edi-çom do Atraso [em referência a OAtraso Económico da Galiza] foi escri-ta e editada num regime de censu-ra (tivo que estar seis meses sub-metida a umha censura prévia); issosignifica que eu também me auto-censurei, exprimindo com eufemis-mos o que haveria de exprimir comcategorias conceituais muito maisexplícitas. Isso é o que figem na ree-diçom dos anos 90 com notas arodapé. Além disso, há umha segun-da questom: pola minha própriaevoluçom no plano das categoriasde análise, dez anos depois de sair oAtraso publico o ensaio Por unhaGaliza Liberada e avanço quanto aalgumhas das categorias anterioresque utilizava; é o caso do 'colonialis-mo interior' de Lafont.

Dito isto, se contrastamos olivro do Atraso com a realidadeactual, evidentemente há cousasque mudárom qualitativamente,polo que o livro já nom tem plenavigência: é o caso da economiaagrária e marinheira, vítimas dareconversom e o etnocídio. O con-ceito de atraso estrito, que serefere em rigor ao nível das forçasprodutivas, nom é aplicável.

Porém, de outra forma, estamos aassistir nos últimos tempos a umprocesso de recolonizaçom brutal,de ressurgimento dos mecanismosde opressom colonial. Chega comver a despossessom de espaços decapital autóctone -o que está aacontecer com FENOSA, ou o casoda agro-indústria. Estám-se a refor-çar qualitativamente os recursosrecolonizadores. Por outro lado,existe umha projecçom dentro daGaliza dos fenómenos da chamadaglobalizaçom, nos quais o nosso paísentra como periferia. Em resumo, as diagnoses do 'atraso'tivérom umha projecçom importan-te que nom impedem que tenha-mos de falar de umha actualizaçom,de um reajustamento.

- MMas estas teses clássicas nomtenhem já traduçom na políticaconvencional...- Claro. Nuns casos isso nom égrave: no nível mundial, traduzí-rom-se por outras categorias.Expressam fenómenos análogosreferidos ao contexto actual.Refiro-me ao grande debate mun-dial gerado à volta dos fórunssociais. Trata-se das teses dosArrighi sobre o 'longo declínio', oude Brenner, ou de Harvey sobre o'novo imperialismo', ou de PeterGowan... de toda a gente que estáa participar mais directamenteneste debate, como Samir Amin,Nader... o que variam é o léxico eos instrumentos conceituais, dadoque as formas de inserçom daperiferia no centro nom somiguais que há décadas. Logo, emtroca, no nosso próprio espaçointelectual e ideológico-político,existe umha retinência a utilizar oconceito de colonialismo. Emparte porque na classe políticanom está bem visto, como utilizarconceitos da categoria do valormarxista; nom porque perdessemvalidez, mas porque nom estábem visto. Também pola própriaevoluçom dos analistas: estamos

na fase do pensamento 'light' eisso dá lugar ao abandono de cate-gorias fortes, caso de 'libertaçomnacional' ou 'independência'. Odesarme ideológico da esquerdaproduz-se na acçom institucionale no pensamento, que ficou confi-nado em guetos.

- EEntrando no plano políticoinstitucional: achas que asexpectativas geradas na classe

política com as reformas estatutáriasse correspondem com a possibilidadede mudanças reais?- Depende quais sejam as expecta-tivas. Se para o nacionalismo polí-tico hoje presente e participantenas instituiçons som as de lograrumha nova redacçom da fórmulade autogoverno, sim; se as expec-tativas som as formuladas naDeclaraçom de Barcelona, queimplicava umha segunda transi-çom e umha reforma da constitui-çom a fundo, entom evidente-mente que nom. Eu compreendoas atitudes possibilistas nas insti-tuiçons, porque é muito compli-cado safar-se da camisa de forçaque estabelece um regime muitoforte, sobretudo desde a involu-çom brutal do aznarismo; eumesmo na política prática tivemque adoptar posiçons possibilitas.O grave seria que o que há quefazer na política institucional parater base eleitoral suficiente emassa crítica -o que eu chamoalternativa de governo- dilua oreferente do projecto político paraficarmos no puro possibilismo. Eutenho manifestado reiteradamen-te que sou marxista, mas de práti-ca social-democrata no institucio-

nal. Entom que mais tem, dire-des? Nom, nom é igual. Que sepratique nas instituiçons um des-enho social-democrata porqueesse é o único que se assumenumha conjuntura dada, porquenom se dam as condiçons, nomimplica que se abandone o hori-zonte de umha política qualitati-vamente diferente nos seus des-enhos futuros. Esta confusomentre possibilismo prático e hori-zonte estratégico é a ameaça maisgrave que paira sobre o conjuntodos movimentos nacionalistas noEstado espanhol. Isso dá lugar quesegundo a idiossincrasia de cadamovimento nacional, as manifes-taçons do facto sejam diversas.Porque foi a pique neste contextoa Declaraçom de Barcelona?Porque CiU entrou numha derivadurante o aznarismo, sobretudo nasegunda legislatura. Se falamosdos estatutos, a maneira de actuardo poder central é diferente emcada caso. Isto é o que nós preten-díamos romper com o pactoGaleusca, quando eu falava de quese havia de fazer umha circunvala-çom com Madrid para evitar quese tratasse cada caso particular-mente. Isto fracassou e é grave,porque o poder central vai jogarcom cada um destes assuntos, evai ocorrer que a direita reaccioná-ria do PP terá maior capacidade decoerçom e de chantagem. A frentecomum de que falo nom significa-va meter tudo no mesmo saco, massim estabelecer umha coordena-çom dos combates de cada actornum compromisso estratégico.

Tenho escrito recentemente queo perigo mais grande é que secaminhe para umha reforma técni-co-jurídica que nom aborde nen-hum salto qualitativo para a aquisi-çom de espaços de poder e fórmu-las que permitam quotas de sobera-nia. Desse ponto de vista, umhareforma a sério dos estatutos impli-ca reforma da Constituiçom. Issoestava na Declaraçom deBarcelona. Sem isto, a opçom quefica é dilemática: ou nos confina-mos num horizonte simplesmenteautonomista -e o nacionalismo ou ésoberanista ou nom é nacionalismo-

“No nosso próprio espaço intelectual e ideológico-político, existe umha retinência a utilizar o conceito de colonialismo, comoutilizar conceitos da categoria do valor marxista; nom porque perdessem validez, mas porque nom está bem visto” / S. REI

Xosé Manuel Beiras: “O nacionalismoou é soberanista ou nom é nacionalismo”

NGZ/ Num segundo plano da vida institucional, Xosé Manuel Beiras continua a observar aten-tamente o curso da nossa realidade galega e a manter, com a análise e a intervençom pública, oseu compromisso nacional. Transcorrido mais de meio ano de governo bipartido, valoriza com

certa distáncia o processo de mudança, opina sobre as expectativas reais que abre o reformismoestatutário e julga com preocupaçom o papel dos meios, a 'recolonizaçom' da economia galegae o corte de direitos e liberdades. Destes e outros temas falou para NOVAS DA GALIZA.

O HISTÓRICO LÍDER DO BNG ANALISA O PRESENTE POLÍTICO E AS EXPECTATIVAS DO PAÍS E O NACIONALISMO

ENTREVISTA

Estamos a assistira um processo de ressurgimentodos mecanismosde opressomcolonial.Chega com ver adespossessom deespaços decapital autóctoneou o caso daagro-indústria

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 13ENTREVISTA

ou desfazemos o jogo e arrancamospola via dos posicionamentos inde-pendentistas, ainda que só sejapara gerar umha dialéctica que per-mita conseguir algo. Esta é a minhavisom do panorama, dito com todoo respeito -eu nunca me confundode inimigo, ou tento nom confudir-me- para as organizaçons naciona-listas que tencionam lograr avançosdentro das condiçons que conside-ram existentes. Mas umha cousa éo que fai a política institucional eoutra o que podem fazer os povos, aconsciência social organizada paramanter os motores em andamentoe o compasso no norte para omédio-longo prazo.

- DDeste ponto de vista, qualquermudança qualitativa passa poloconsentimento institucional dosdous grandes partidos espanhóis...- Nom tem porque acontecerassim, isso é um engano. Tenhomanifestado rotundamente que,dado que o PP se converteunumha parede de basalto, eu nomvejo outra forma de avançar quali-tativamente que exercer um diálo-go muito aberto entre todos aque-les que nom temos posiçons imo-bilistas. E depois de chegarmos aposiçons comuns, haveria quedizer ao PP: entras neste jogo ounom? Porque se nom é assim, oconsenso de partida sempre dá achave de qualquer avanço ao sec-tor mais imobilista. As maioriasque som necessárias nas cámarasde representantes nom devem sero critério para definir um métodode trabalho. Senom, é trabalharpara nom irmos a nenhures oureformar para continuarmos na

mesma, como dizia eu recente-mente num artigo. E se finalmen-te, operando segundo o métodoque eu proponho, o PP tampoucoentra no diálogo e na reforma?Bom, pois polo menos haveria deescolher entre flexibilizar a suapostura ou ficar fora de jogo e assu-mir os custos políticos a curto oumédio prazo. Porque custos have-ria, mesmo no horizonte eleitoral,mesmo que se agisse inteligente-mente. Ora, tudo depende do quese esteja disposto a arriscar.

- OO novo governo autonómico insistecontinuamente na vontade de ser'governo para toda a sociedade' e

'plenamente integrador'. É possívelaplicar esta filosofia salvando asfracturas do conflito social?- Os cidadaos e as cidadás quedecidírom acabar com a era Fragaquigérom umha mudança política.De momento produziu-se umhamudança de maiorias. Nom seespera umha mudança na gestom,senom nos eixos das linhas políti-cas cardinais. Isso ainda nom estáclaro. Seria absurdo negarmos queexistem mudanças de 'talante', masé pena que nom se aproveitassetodo o período que vai desde aconstituiçom do novo governo atéJaneiro, em que o PP estava fora dejogo pola sua situaçom interna.Determinadas cousas, ou se fam nocomeço, ou é muito difícil fazê-lasdepois, porque senom o comumesquece-se do que havia antes, e seo PP se apresenta como muito civi-lizado, pode fazer umha oposiçomefectiva. Para que haja alternativa,e nom só alternáncia, seria precisoenfrentar temas cruciais. Pareceque a Conselharia do Meio Ruraltrabalha nessa direcçom, como a daCultura. Mas o que acontece na

saúde, no ensino, nos serviçossociais, na política económica? Aíhá que fazer cousas. Nom retira-mos o crédito a este governo, masestamos a aguardar.

- CChamavas a atençom contra certo'estado de excepçom fragmentário'que se impom na Europa. Asdetençons de independentistas eo assalto de centros sociaisenquadram-sse neste processo?- Nom invento nada, fago minhasdiagnoses que se elaboram desdehá anos: trata-se da transformaçomdo estado social em estado penal.Em lugar de se declarar o estado deexcepçom em situaçom de emer-gência, criam-se normas específi-cas em relaçom com a ordempública e os direitos e liberdades.Suspendem-se certas normas egarantias, e isso acontece tambémaqui, e aí entram casos como osque mencionávades vós ou a pró-pria lei de partidos, lei para umcaso determinado que alcançacategoria de geral. A própriaAudiência Nacional é herdeira doTOP, ainda que encaixado agora

num Estado de direito. Leis queafectam prioritariamente a cidada-nia e aliás som absolutamenteineficazes. Isto imprime já umcarácter a quem está no poder,quer seja a direita quer seja aesquerda. E esta é umha das causasdo divórcio crescente entre a cida-dania consciente e a esfera insti-tucional. Na Galiza, perante oultraliberalismo, pequenos grupos,muito activos, muito desalienados,com escasso apoio social nos seusinícios, som entom considerados'atentatórios contra o Estado', efomenta-se umha confusom inte-ressada: chegado um momentodeterminado em que já nom sesabe quem realiza actos censurá-veis e puníveis -porque claro, se setrata de pôr bombas, eu nom soupor isso, tirando casos de defesaprópria, eximidos em todos oscódigos penais do mundo- e quemse envolve em actividades sociais epolíticas. Nom me surpreendenada (durante as décadas de 80 e90 eu fui acusado de cúmplice doterrorismo). A situaçom é verda-deiramente preocupante.

“A confusom entre possibilismo prático e horizonte estratégico é a ameaça maisgrave que paira sobre o conjunto dos movimentos nacionalistas no Estado”

Sem umha reformaprofunda daConstituiçom, ounos confinamosnum horizontesimplesmenteautonomista oudesfazemos o jogoe arrancamos pola viados posicionamentosindependentistas,ainda que sóseja para gerarumha dialécticaque permitaconseguir algo

“Compreendo atitudes possibilistas nas instituiçons. O grave seria que o que há que fazer na política institucionalpara ter base eleitoral suficiente dilua o referente do projecto político para ficarmos no puro possibilismo”

“É pena que nom se aproveitasse o período desde a constituiçom do novo governo até Janeiro, em que o PP estava fora de jogo.Determinadas cousas, ou se fam no começo, ou é muito difícil fazê-las depois, porque o comum esquece-se do que havia antes”

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 200614 REPORTAGEM

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JOÁM DOMINGUES / Os 18 concel-hos galegófonos sob administra-çom asturiana som hoje cenário deum dos principais conflitos danossa língua polo seu reconheci-mento. Mas é a partir da particularidiossincrasia desta terra, muitoesquecida por organismos que ausam de bandeira, que se podeentender a situaçom e formularestratégias, e esta nem sempre foibem compreendida.

Na zona convivem duas normati-vas. Por um lado, as Normas ortográ-ficas e morfolóxicas del galego deAsturias de 1990, subpadrom dogalego ILG-RAG, com autorescomo Fernández Rei e AntónSantamarina. Fôrom criadas polaMesa prá Defensa del Galego deAsturias e da Cultura da súaComarca (MDGA), principal asso-ciaçom galeguista eu-naviega, diri-gida por Benigno Fernández Braña.Os grupos Abertal ou o ColectivoCotarelo Valledor (com a excepçomde Crisanto Veiguela, reintegracio-nista) seguem estas normas, e cos-tumam usar os glotónimos 'galegode Asturias' ou 'galego eu-naviego'.

Em frente, a Proposta de normasortográficas y morfolóxicas del gal(l)egoasturiano, asturianizante e (polopeso do espanhol na norma asturia-na) castelhanizante, tirada pologoverno asturiano em 1993 apesarde ter subvencionado as daMDGA. A proposta, porém, come-ça com a criaçom de Xeira, agrupa-çom da zona, dirigida por Xabiel G.Menéndez, que vê "galeguizaçomdesmesurada" na Mesa e contacom o apoio da Academia de laLlingua Asturiana (ALLA). Ogoverno de direita de Sergio

Marqués, em 1996, dá à ALLA apotestade legal sobre o eu-naviego,num caso único em que a academiade umha língua se encarrega deoutra língua. Cria-se a SecretaríaLlinguística del Navia-Eo, comXosé Antón González Riaño, astur-falante que nom estudiara a zona, àfrente. É a norma aceite e utilizada(pouco) pola administraçom, e osglotónimos usados som os de "gale-go-asturiano" ou "fala".

Quais as razons para a reacçomnormativa anti-galega? Multiplas,e nem todas venhem do exterior.Por um lado, preconceitos pré-existentes contra os galegos, nemsó entre astur ou castelhano-falan-tes, mas também entre os próprioseu-naviegos, que amiúde rejeitamqualquer categoria de "galego".Também foi favorecido polaALLA, em especial polo presiden-te daquela, Xosé Lluis GarcíaArias, de carácter messiánico e per-sonalista. Para além disto, cumpreentender que a maior repressom

contra o asturiano realizou-secaracterizando-o como "bables",suposta pluralidade informe devariedades dialectais, que incluiriatambém os falares do Eu-Návia.Este discurso pesa sobre o asturia-nismo que ainda nom deu constru-ído um padrom realmente únicopara todas as variantes, e abre aporta para considerar o eu-naviegocomo variedade de transiçom entreasturo-leonês e galego-português.É este o significado dado a "galego-asturiano", termo que, porém, pro-punha Dámaso Alonso, que nuncaduvidara da sua galeguidade.

Mas aconteceu também que abomba isolacionista estalou nasmaos dos seus criadores. Os seusargumentos som defendidos polos"isolacionistas do isolacionismo" noEu-Návia, que afirmam que, se ogalego ILG-RAG se aproximasse doportuguês, nom teriam qualquerproblema em fazer o mesmo.Mesmo sendo falso, pois o padromproposto afasta-se mais do portu-

guês, a justificaçom é poderosa.Alguns galeguistas abandonaram odebate. A MDGA rompeu relaçonscom o ILG, e, há bem pouco, Brañacriticava o desinteresse da RAG ede líderes do BNG. Outros, tenta-ram evitar o beco sem saída isolacio-nista com o argumento essencialistado Návia como fronteira impermeá-vel onde parariam os castros, os sue-vos, os cabaços e mesmo o cozido,facilmente desmontável por astu-rianistas que obviam o lingüístico. Ea língua, porém, continua a ser oprincipal debate.

Procurado ou nom, os únicosbeneficiados da estratégia de "divi-de e vencerás" som o centralismo eo castelhano, língua que se impomem toda a Comunidade AutónomaAsturiana (CAA). O asturiano per-deu no galego um grande apoiointernacional, sendo rejeitada a suaentrada em organismos comoGaleusca por causa do Eu-Návia.E o eu-naviego perdeu o maispoderoso aliado na luita dentro daCAA, que continua a ser o seuámbito administrativo, sem pers-pectivas de mudar a curto prazo,onde no entanto continua a batal-ha lingüística.

Mas tem realmente perdido ogalego o apoio do asturianismo?Bem ao contrário. Desde os anos 90as novas geraçons criticam as postu-ras da ALLA, e o debate atingiu ogalego. Hoje, apenas os membrosda ALLA e Xeira defendem o falardo Eu-Návia como variedade detransiçom ou como terceira língua(teoria criada por Xaviel Vilareyo,anti-galeguista com origens nazona). Dous grupos políticos mino-ritários, o Partíu Asturianista eAndecha Astur, afirmam que é

variante do asturiano. Mas nom amaioria do asturianismo, em quegrandes vultos como Xuan Bello ouMilio Rodríguez Cueto se tenhemmanifestado a favor do galego. Oactual responsável de PolíticaLinguística da CAA, Ramónd'Andrés, dimitiu em 2000 comosecretário da ALLA, acossado porAndecha Astur após ter impulsio-nado um manifesto reclamando aoficialidade de galego e asturianocomo línguas da comunidade. Em2004, a ALLA rompeu relaçons como único semanário em asturiano, LesNoticies, acusando-o de "galeguista"por defender o mesmo.

O momento é crucial, já que aprojectada reforma do Estatuto daCAA pode recolher, apesar doPSOE, a oficialidade do asturiano,o que levaria ao reconhecimentodo eu-naviego, com a normativaque for, na sua zona. Mas o gale-guismo da CAG nom pode aceitarum novo isolacionismo que afaste odestino destas variedades. Dérom-se passos, como a entrada na RAGde Carlos Varela, presidente deAbertal, mas o Eu-Návia continuaesquecido. Haverá de potenciar-seo uso da língua e a sua reintegra-çom com os circuitos culturais elingüísticos da CAG. E terá quefazer-se respeitando a identidadeda zona, e implicando os própriosvizinhos. Para o independentismoreintegracionista, o labor apresen-ta-se bem complicado, pois temque construir consciência nacionalonde apenas nem há linguística, efazê-lo numha normativa quasedesconhecida na zona. Porém, se olabor fracassa, terá fracassado a pró-pria ideia da Galiza como país queabranja o Eu-Návia.

A batalha galega entre o Eu e o Návia

REPORTAGEM

O momento é crucial, já que a reforma do Estatuto da CAA pode recolher aoficialidade do asturiano, o que levaria ao reconhecimento do eu-naviego

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 15ANÁLISE

ALONSO VIDAL / Os grupos ambien-talistas galegos nom renunciam aumha mudança da política ambien-tal e de desenvolvimento. Já naaltura da última campanha eleitoraltinham apresentado às forças polí-ticas o documento "Um programapara a Terra. Propostas para avançarpara umha Galiza sustentável napróxima legislatura", onde insis-tiam na necessidade de se abordarumha estratégia galega de desen-volvimento sustentável (Agenda21 Galega) com critérios ambien-tais transversais em todas as áreasde governo. Deveria empreender-se a ordenaçom racional do territó-rio com a criaçom de umha rede deespaços naturais protegidos unidospor corredores ecológicos, a gestomintegrada do litoral, a limitaçom docrescimento urbano e a adequaçomdos usos agrários e florestais à"vocaçom dos solos". Políticasvalentes unidas à melhora da infor-maçom e educaçom ambiental paratravar a paulatina destruiçom donosso património natural.

Maior sensibilidadeTal era a desfeita natural que setinha produzido sob as asas dogoverno do PP que qualquermudança nom poderia piorar asituaçom. Mas o novo governoestreava-se hesitante com o con-flito de Rinlo, a estaçom de pisci-cultura ao pé da costa dasCatedrais, ignorando qualquertipo de legalidade para um espa-ço da Rede Natura. Tivo que sera mobilizaçom dos ambientalis-tas e a vizinhança, com deten-çons e processamentos incluídos,a que fizesse intervir timidamen-te a Conselharia. Finalmente, nopassado dia 4 de Janeiro estaaceita o projecto industrial apóster exigido medidas correctoras

à empresa que, segundo aConselharia, "minimizariam,abaixo de 1%, o prejuízo causadopola futura planta sobre os habi-tats existentes na zona". Istonom contentou o ambientalismo.

Rede Natura: pouco e malAcontece que a rede de espaçospara proteger os habitats maisimportantes a nível europeu quedesenhou a UE, com o nomeRede Natura 2000, apenas contacom uns poucos espaços propos-tos por um governo galego quesempre viu a protecçom como umentrave ao desenvolvimento.Lugares que nem som protegidosadequadamente, como aconteceuem Rinlo. O barateamento dosolo, a permissividade com asgrandes empresas através doPlano Sectorial de Parques deTecnologia Alimentar ou a "mar-belhizaçom" do litoral, som amea-ças contínuas neste ano 2006.

Eólicos: a invasom dos moinhosAs últimas zonas de alto valorambiental e as poucas paisagensnaturais sem alterar que ficam, somameaçadas por esta virose de par-ques eólicos que se estendeu àsolta nos últimos anos.

Porém, podemos apontar no'haver' do novo governo o acordo damoratória para nom admitir a trá-mite novos pedidos de instalaçonsnas zonas declaradas como espaçosnaturais protegidos pola RedeNatura 2000 -59 Lugares deImportância Comunitária (LIC) e14 Zonas de Especial Protecçomde Aves (Zepas)-, como tampoucono Parque Nacional IlhasAtlânticas, 6 parques naturais, 5zonas húmidas e 5 monumentosnaturais. Mas esta moratória nomimpediu que, segundo denunciou aFEG há uns dias, se iniciasse a tra-mitaçom para um novo parque eóli-co, com a denominaçom "Mogia 1ºfase", para o entorno imediato aoCabo Tourinhám e afectando umtrecho do LIC "Costa da Morte".Este parque é promovido polaempresa Desarrollos Eólicos S.Acom domicílio social em Sevilha.

Minicentrais paralisadasA luita ambientalista galega, atra-vés da Iniciativa LegislativaPopular de Protecçom dos Rios,conseguiu a promessa, por parte daConselharia, de revisom do PlanoSectorial Hidroeléctrico queimplicou a suspensom dos trámi-tes de 32 novas concesons de apro-veitamentos hidroeléctricos.Fôrom paralisadas 24 novas mini-centrais e outras 8 de ampliaçomde concesom que, segundo a FEG,"estragariam muitos quilómetrosde rios como o Verdugo, Leres,Úmia, Eume , Landro ou o sistemado Ulha-Arnego-Deça-Sar.

ANÁLISE

Alerta: situaçom ambiental críticaGRUPOS AMBIENTALISTAS ESPERAM MENOS PALAVRAS E MAIS COMPROMISSO DO GOVERNO GALEGO

No passado mês de Setembro a Associaçom para a DefesaEcológica da Galiza (ADEGA) apresentava à opiniom públicaum relatório com o título "12 indicadores ambientais. Galiza

insustentável", em que pretendia chamar a atençom sobre opreocupante estado da nossa natureza e o "carácter ecologica-mente insustentável" do nosso modelo de desenvolvimento.

Nele concluíam que se estava "a dilapidar capital natural e aestragar o território" por um uso excessivo dos recursos naturaisunido à geraçom crescente de mais resíduos e poluiçom.

INDICADORES AMBIENTAIS

Muito alta. O nosso país consome recur-sos e gera poluiçom 6 vezes acima daspossibilidades do seu território.

Somos umha das comunidades commenor índice.

Aumentárom 37,3% entre 1990 e 2004,mais do dobro do limite fixado no marcodo Protocolo de Quioto para o Estado.

O consumo de energia final (calor, electri-cidade, petróleo e derivados) aumentouentre 1997 e 2002 em 34,1%.

Umha das menores percentagens depopulaçom equivalente com tratamentode águas residuais.

Ageraçom cresceu em 23% entre ‘98 e ‘03.

Galiza gera 61 milhons de toneladasanuais. 90% em actividades mineiras. 61kg por habitante e dia, umha das taxasmais elevadas do mundo.

Desde 1968, o número de incêndios cres-ceu até atingir no período 2000-2004umha média de 10.500 fogos anuais.

Só 35% da superfície arborizada estácoberta por bosques seminaturais.

Tem pouco peso na Galiza, nos últimospostos do Estado quanto a operadores(menos de 2%) e superfície (inferior a 1%da superfície estatal certificada).

No Estado espanhol, a Galiza é, depois deMelilha, a comunidade que menor percen-tagem de território propujo para a RedeNatura 2000: 12,1%.

Considerando só aves, mamíferos, anfí-bios e répteis, 14% estám em perigo deextinçom ou som vulneráveis.

PEGADA ECOLÓGICA

DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL

EMISSONS DE GASESDE EFEITO DE ESTUFA

CONSUMO DE ENERGIA

TRATAMENTO DEÁGUAS RESIDUAIS

RESÍDUOS URBANOS

GERAÇOM DERESÍDUOS INDUSTRIAIS

INCÊNDIOS FLORESTAIS

GRAU DE NATURALIDADEDOS BOSQUES

SUPERFÍCIE DEAGRICULTURA ECOLÓGICA

REDE NATURA 2000

ESPÉCIES AMEAÇADAS

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Marcço de 200616 CULTURA

CULTURA

REDACÇOM / A Associaçom deEscritores em Língua Galega(AELG) pronunciou-se polaprimeira vez sobre oincumprimento dos pagamentos,por parte das editoras galegas,dos direitos de autoria. O seupresidente, Cesáreo Sánchez,comunicava a decisom da AELGde pedir à Junta da Galiza quecontrole o pagamento dosdireitos, exigindo o cumprimentodos contratos com os escritorescomo requisito para conceder assubvençons a estas empresas.Enquanto a Conselharia daCultura nom se pronunciava aorespeito, a Associaçom Galega deEditores (AGE) presidida porMiguel Anxo Fernán-Vello, reagiaàs críticas alegando, em primeirolugar, que a Conselharia exigedesde há anos a apresentaçom decontratos –nom assim ocertificado do cumprimento– e,por outro lado, que o sector tentaconsolidar-se, nom sendo omomento oportuno para a AELGo desajustar, impondo limites àseditoras com os quais nompoderiam apostar, por exemplo,na publicaçom de autores novos.Em apoio a AELG manifestava-sea Associaçom Galega deProfissionais da Ilustraçom(AGPI). O seu presidente ManelCráneo e o director Kiko da Silvadenunciavam as irregularidadesdos contratos editoriais eatacavam a AGE alegando que“ignoram as suas obrigaçons comos autores, mas existe umha leida propriedade intelectual que osampara mais do que realmente sepensa”. Na rede: fóruns,comentários a notícias dasediçons web dos jornais e bloguestambém se pronunciavam quantoà polémica: denunciava-se que aa AELG estivesse presidida por

um empresário: Césareo Sánchez,e que a sua editora, A NossaTerra, incumprisse os pagamentosdos direitos; denunciava-se assimmesmo o incumprimento doscontratos por parte de EspiralMaior, a editora de Fernán-Vello, eas políticas de publicaçom deautores novos baseadas emconcursos literários dos quaismuitas cámaras municipaisgalegas se encarregam de pagarparte da ediçom. Galáxia e Xeraisficavam de fora do debate porserem as únicas que cumpremcom os escritores desde há anos.

O debate ressurge nummomento em que noutras frentesda ediçom literária a análise secentra na superaçom das licençasde propriedade intelectual e ocopyright. Neste sentido aparecemna Galiza novas iniciativasvinculadas aos direitos dedomínio público como Ediçons daRotonda, projecto de editora webdirigido por María Yáñez – nova

directora do portal de informaçomVieiros – que acabou de publicar oprimeiro livro, O home inédito deCarlos G. Meixide, com a licençade Creative Commons. Iniciativascomo esta aderem à corrente anível mundial que nos últimosanos, e seguindo o exemplo dosoftware livre e o seu ideário, seposiciona a favor da criaçomcomunitária e colaborativainspirada na filosofia do copyleftiniciada por Richard Stallman -que pujo em andamento oprojecto GNU, origem do actualLinux- e que agora, atravésdestas licenças de CreativeCommons, começa a saltar darede ao papel.

Em Ediçons da Rotonda, nacapa do livro de Carlos G.Meixide, indica-se “2ª ediçom”,já que as descargas teriamsuperado os exemplares de umhaprimeira tiragem empapel.debate cada vez está maispresente na rua.

REDACÇOM / Já lá vam dez anosa percorrer o País ao encontrodos lugares da memória, à pro-cura do nosso próprio reconhe-cimento. Dez anos de teste-munhos de resistência, ondecentos de pessoas fam questomde recuperar o passado que pou-cas vezes se estuda na escola.

Dez anos de rotas, de paisa-gens, de convívio, de músicas edebates. Dez anos de camara-dagem e projectos. Dez anos decultura alternativa nom subsi-diada. Profunda e viva. Dezanos de história e intra-história,de vidas contadas às lareiras.Dez anos de futuro.

Associaçons enfrentadas polopagamento dos direitos de autoria

Capa do livro de Carlos G. Meixide (esquerda) em www.arotonda.com

COGARRO comemora oseu 10º aniversário comroteiros para a memória

A alternativa de licenças como Creative Commons e o Copyleft consolida-se tanto na rede como em papel

Organiza: Colectivo Lemavo (Monforte – Chantada).Praçado Concelho; no cemitério de Monforte há 4 guerrilheirosantifranquistas assassinados pola Guarda Civil em 1949.Percurso: vale de Lemos e Belesar (‘o Piloto’).Tel. 628 232 689

Organiza: MDL, A Esmorga e Colectivo Lemavo.Percurso: canhom do Sil, Castro Caldelas, chousas deMário (‘o Langulho’) e do EGPGC.Tels. 988 242 321 – 628 232 689

Organiza: C.S. O Pichel (Compostela).Percurso: Ordes, Frades e Messia (‘Foucelhas’).Tel. 654 700 664 – 635 080 516

Organiza: C.S. A Revolta (Vigo).Percurso: serra da Grova.Tel. 628 232 689 – 692 107 970

Organiza: C.S. A Esmorga (Ourense).Percurso: dos Peares a Belesar.Tel. 687 913 857

Organiza: Colectivo Lemavo.Percurso: Terra de Melide (“Corujás”).Tel. 652 080 436

Organiza: C.S. A Treu (Corunha).Percurso: Ponte d’Eume e Monfero.Tel. 626 092 706

Organiza: A.C. Galeguiza (Ponte Areias).Percurso: Salvaterra do Minho (Festival da Poesia).Tel. 630 775 820

Organiza: Colectivo Bergantinho.Percurso: Costa da Morte.Tel. 699 966 838

Organiza: C.S. Alto Minho (Lugo).Percurso: Serra dos Ancares (Lugo).Tel. 626 822 455

25-226/03/06

13-114-115/04/06

6-77/05/06

3-44/06/06

17/06/06

8-99/07/06

19-220/08/06

2-33/09/06

23-224/09/06

7-88/10/06

CALENDÁRIO DE ROTEIROS DA COGARRO 2006

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POLOS OLHOS DE... Comba Campoy

NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 17CULTURA

Nos próximos meses vai-se abrir no nosso paísum debate que pode

ser muito relevante para ofuturo da nossa língua. Falo dareforma do Estatuto deAutonomia da Galiza. E falo deque pode ser relevante porqueexiste a hipótese de se atingirum avanço qualitativo nacobertura legal do galego. Atéque a Galiza nom disponha deum Estado próprio éimportante avançarmos nasnormas actuais. A situaçom dogalego é crítica e devemos agirjá, em todas as frentes, tambéma partir da legalidade. Mas éclaro que só com as leis poucosepode arranjar; tem de existirtambém a vontade política paraaplicá-las e sobretudo um fortedinamismo social pró-normalizaçom.Para se encetarumha verdadeira normalizaçomlingüística é necessário que na

Galiza exista o dever deconhecer o galego. De qualquerponto de vista que se tenha porminimamente democráticonom é razoável que os galegostenhamos a obrigaçom deconhecer umha língua alheia (ocastelhano) mas nom tenhamosa obrigaçom de conhecer alíngua que nos é própria, queassim está reconhecida já naactual legislaçom.

Com o reconhecimento dodever de saber galego existiriaum apoio legal considerávelpara denunciar asdiscriminaçons que ainda hoje,no século XXI, padecemos osgalego-falantes no nosso dia-a-dia.Além disto, seria bom quese aproveitasse também estaoportunidade para seremreconhecidas as estreitasligaçons lingüísticas existentesentre a Galiza e o resto daLusofonia.

MIGUEL BURROS / Ingredientes (4pessoas): 500 g de beringelas, 500 g debatatas, ¾ de colher (de chá) de cur-cuma, ¾ de colher (de chá) de feno-grego, 1 ½ colher (de sopa) de coen-tro moído, 1 ½ colher (de sopa) de salgordo, umhas pingas de sumo delimom, 4 colheres (de sopa) de azeitePreparaçom: Limpam-se as ver-duras. Cortam-se as batatas e asberingelas em cubos de 1,5 cm.Misturam-se as especiariasexcepto o feno-grego com asverduras. Numha panela fundaaquece-se o azeite em lume alto

até que quase comece a botarfumo. Adiciona-se o feno-grego efrita-se até que começa a escure-cer. Cuidadinho com o feno-grego pois se se passar de cocçom,amargará o prato. Baixa-se a lumemédio. Acrescentam-se os vege-tais. Fritam-se remexendo atéque comecem a amolecer. Baixa-se o lume ao mínimo e deixa-secozer a mistura 20 minutos tapa-da. Convém dar-lhe voltas dequando em quando. Borrifa-secom umhas pingas de limom econtinua a cozinhar-se 5 minutos.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Guisado de beringelas e batatas

O dever de conhecer o galego

MIGUEL R. PENAS

PORTAL GALEGO DA LÍNGUA

PALAVRASCRUZADAS:Horizontais1a.- Antela; 1b.- Beçoucos. // 3a.- (Antom) Cortiças ; 3b.- abalar // 5a.-ruela; 5b.- terrestre // 6a.- Rui // 7a.- sarda; 7b.- arar // 8a.- desonra; 8b.- avô // 9a.- ánsia; 9b.- or; 9c.- CL// 10a.- Botelo /Butelo; 10b.- MC // 11a.- (Pedro) Abrunhosa; 11b.- Artur // 12.- varrido // 13a.- albaroque/alboroque // 13b.- Imac // 15a.- estradense; 15b.- Avis. Verticais:1a.- Ancares; 1b.- abacate // 3a.-Terreiros; 3b.- Rabat // 5a.- Luita; 5b.- Arranjada // 7a.- Tu (que inda levas as palhas no cu!); 7b.- sobos-que // 8a.- besteiro; 8b.- os // 9.- notáveis // 10.- Nem arre nem xó. // 11a.- ombreira; 11b.- Lar // 12.- corri-pa // 13a.- colateral; 13b.- Tim (Maia) // 14.- muda // 15a.- Sarmento; 15b.- crocas. DESCOBREOQUE

SABES:Soluçons: 1. Iraquiana; 2. Mariano José de Larra; 3. Rei de Micenas; 4. Trabalho penoso

Soluçons TEMPOS LIVRES:

SOLE REI / Já passa do ano desdeque morreu Manuel Maria. É porisso que a Associaçom Sócio-Pedagógica Galega, a Associaçomde Escritores em Língua Galega, aMesa pola NormalizaçomLingüística e a CIG-Ensinotomárom a iniciativa de levaradiante toda umha série deprojectos, desde discos atéexposiçons itinerantes, paralembrarem este homem da TerraChá de quem todo o mundo fala ede quem, na realidade, nom étanto o que se sabe.

Margarida Ledo assinalava natarde do dia 16 de Fevereiro, naGaleria Sargadelos deCompostela, que para poderemensinar bem Manuel Maria, oprofessorado de literatura deveráaguardar ainda vários anos, pois asua figura está muito malanalisada e reduzida aestereótipos. Era naapresentaçom do documentáriosobre este mestre e escritor que,por encomenda dos colectivosanteriores, a cineasta e jornalistaproduziu: Fala e Terra desta MiñaTerra.

Se bem que já tivesse havidoantecedentes no tratamentodessa temática, Manuel Maria foio inventor da poética chairega, dacriaçom da Terra Chá comosímbolo poético, como espaçofísico, humano e épico. Mas nomsó. Autor de 1.658 poemas, paraalém de umha extensíssima obranarrativa, ensaística, teatral ejornalística, reduzir este homem àconsideraçom de ‘poeta da TerraChá’ é um erro. Manuel Mariainaugurou em 1950 a Escola daTreva com Marinheiro de Brêtemas,e a sua produçom poética vaidesde o existencialismo e o

pessimismo de linha subjectiva eligado às vanguardas até a poesiaamorosa e a social e de denúncia.

“Hai que defender o idiomacomo seja: / com raiva, com furor,a metralhaços. / Hai que defendera fala em loita rixa / com tanques,avions e a punhetaços.” Somversos do mesmo homem quetambém tinha escrito, nas elegiasdedicadas a Álvaro Cunqueiro,outros como “Vou buscando osderradeiros fisterres / numdesamparo de luz sem perfeiçons./ Quigera calar a minha vaziedadede relós / e amossar a minhavaziedade / de café e de cigarros.”

Fala e Terra desta Miña Terra som27 minutos de um filme que setenta adaptar à maneira demanifestar-se do poeta e à darealizadora, segundo ela indica, eno qual é a voz do mesmo ManuelMaria a condutora e a que vaimostrando cachinhos delepróprio, de um homem queconfessa a sua necessidade decomunicar com as pessoas e com anatureza e que fala da palavracomo o mais grande que criou oser humano. Feito com um

orçamento baixo, o documentáriointercala imagens da vida doescritor, que pretendem dar umhavisom global de quem foi noámbito social, no amoroso e emrelaçom com a terra, commontagens simbólicas em que aágua tem um especialprotagonismo, e que emcombinaçom produzem umhasensaçom de nostalgia, deemoçom e mesmo de perda, tantopola figura do próprio poeta comopolo momento histórico e osfactos que ele tivo que viver,passado colectivo de todas asgalegas e galegos.

Fala e Terra desta Miña Terratenta, pois, andar a vida de umhomem que viviu sempre muitoligado à sociedade que o rodeou eque se preocupou por questonsmuito diversas. Pois já dizia oManuel: “o nom andar e nomestar em contacto com a naturezaleva-nos a perder algo que levoutanto tempo conquistar: o sentidoda paisagem.” Assim,continuamos a andar e a observarpara nom deixarmos que nada seperda.

AUDIOVISUAL

Margarida Ledo apresenta esta homenagem ao poeta chairego

UM LIVRO:

Manual de la guerrilla de la comuni-cación, do autor colectivoA.F.R.I.K.A - Lutter Blisset/SonjaBrizzels.Um livro muito útil nes-tes tempos em que a espectacu-larizaçom dainformaçom tende aconfundir-nos. Para todas aquelaspessoas que procuram umha vialúdica e efectiva de resistir aomonopólio dos media oficiais.

UM DISCO:

Mor, da Banda de Poi.Tonhito dePoi tivo a valentia de deixar o seuposto de honra na farándola daTVG para se embarcar numhaaventura musical com colegasportugueses. O resultado estácheio de frescura e originalidade.

UM WEB:

www.cenalusofona.pt Web de umhaassociaçom de Coimbra que ten-ciona aproximar os teatros dosdiferentes países da Lusofonia,incluindo a Galiza entre eles.Cheia de referências bibliográfi-cas e de informaçom sobre festi-vais. Para teatreiras e amantesdo teatro em geral.

A fala de Manuel atravésdo olhar de MargaridaDocumentário de 27 minutos tenciona dar umha visom global davida de Manuel Maria por meio de imagens históricas e simbólicas

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 200618 E TAMBÉM...

Nestes momentos a comunidadevirtual fillos.org tem mais de 3.000membros. Quando começou afuncionar e que objectivos orien-tárom a conformaçom desta rede?

‘Filhos’ nasceu em 1997, preci-samente neste mês de Fevereirofazemos nove anos. O objectivoera dar a conhecer entre os galegosde fora a realidade do País e aomesmo tempo pôr em contactocom a cultura galega as segundas eterceiras geraçons de galegos queperdêrom o contacto real com aGaliza.

Tendes o mapa da Galiza emleilom na rede...

O projecto chama-se parcelariapola cultura galega. Há 9 anos queestamos a luitar polo financiamen-to e à procura de apoios paraFilhos da Galiza. Pensamos que éumha forma original que permiteque todo o mundo (empresários,

particulares, colectivos sociais...)participe de umha forma muibonita. De momento, temos 14parcelas vendidas e 5.300 eurosarrecadados. Quando tivermostodo o mapa faremos umha apre-sentaçom mui bonita na rede paratoda a comunidade virtual.

Como se vive o idioma na emi-graçom?

A língua é a grande desconheci-da da Galiza da diáspora. Nósaglutinamos muitos galegos egalegas já de segunda e terceirageraçom que estám em muitospaíses de fala espanhola. A línguaconservou-se a muito custo. Nósanimamos as pessoas a aprende-rem galego, a conhecerem a línguae a empregarem-na...

Como avaliades a mudança degoverno na Junta?

Estamos à espera. Temos, como

emigrantes, muitas preocupaçonsespeciais que hoje mesmo esta-mos a expor aos representantes daJunta. Temos claro quais som asnossas reclamaçons, recolhidas noque nós chamamos o TerceiroManifesto que se pode consultarna rede.

Que conhecimento tenhem daGaliza actual os emigrantes?

Bem pouca. Há muitos mitosquanto à Galiza. Durante muitosanos fijo-se ver umha realidadelaboral e sócio-económica quenom reflecte a realidade galega.Por isso também mantemos plane-tagalego.info para conectar ambas asrealidades.

Para que os galegos e as galegassaibam o que está a acontecer naGaliza, e aqueles que estejam apensar no retorno, por exemplo,saibam de verdade qual é a reali-dade do País.

HORIZONTAIS: 1a.- Foi o maior lago deágua doce da Península, dessecadodurante a II ditadura militar fascista doséculo XX; 1b.- Freguesia na ria de Ferrolque abrange os concelhos de Fene, Arese Mugardos. // 3a.- Casca de sobreira,plural / apelido do professor ferrolano,galardoado escritor e estudoso dos jogospopulares; 3b.- O que volta a fazer apedra de Mugia (verbo). // 5a.- Pequenarua, viela; 5b.- Pertencente, relativo oupróprio da Terra. // 6a.- Nome de pessoa,forma apocopada de Rodrigo. // 7a.-Pessoa natural da Sardenha / pequenamancha pigmentada, castanho-escura,da pele; lentigem, sinal,... 7b.- Lavrar,sulcar (a terra). // 8a.- Descrédito, faltade honra; 8b.- O pai da minha mae. // 9a.-Afliçom, angústia / anseio; 9b.- Ouro emcatalám; 9c.- Símbolo químico do cloro.// 10a.- Enchido de carne, com costela deporco, pimento, alho e loureiro dentro deumha tripa grossa, típico de zonas ecomarcas do Leste galego; 10b.-Ministério da Cultura (PT) / mil e cemem romano. // 11a.- Músico, compositore cantor nascido no Porto, fundador daEscola e Orquestra Jazz dessa cidade, etamém de umha empresa de óculos desol; 11b.- O rei bretom e os seus cavalei-ros da Távola Redonda. // 12.- Varredura/ que perdeu o juízo; doido / completo ourematado (louco ou pateta). // 13a.-Comida oferecida aos operários ou jorna-leiros depois de rematada umha obra oufaina agrícola/ matabicho. // 13b.-Computador lançado pola Apple cujo

monitor é o computador. // 15a.- MarcialValadares, o autor de Majina, era-o; 15b.-A terceira dinastia portuguesa. VERTICAIS

1a.- Serra e comarca do Leste, fronteirada Galiza com Espanha; 1b.- O primeirofruto do dicionário, grande baga comestí-vel. // 3a.- Largo, praça / térreo / espaçode terra plano e largo (plural); 3b.-Cidade de Marrocos. // 5a.- Combate,peleja, batalha, conflito,... 5b.- (inver-sa)Pessoa asseada e bem vestida / prepa-rada, disposta. // 7a.- Quem foi cagar aopalheiro?; 7b.- Conjunto de plantas ras-teiras sob árvores. // 8a.- Soldado armadode besta / aquele que fai ou fazia bestas;8b.- Artigo plural. // 9.- Digno de nota,atençom ou reparo (plural) / pessoas ilus-tres ou insignes. // 10.- Nem (...) nem xó.// 11a.- Cada um dos lados de umha portaou janela / entrada, limiar / cada umhadas esquinas dianteiras que forma a cargado carro; 11b.- Casa, morada/ lugar ondese acende o lume na cozinha / LigaArmada Revolucionária. // 12.- Onde seponhem os ouriços das castanhas paraamadurecerem / carreiro de pouco tránsi-to. // 13a.- Dano produzido às crianças deumha escola ao serem bombardeadospara preveni-los de um possível ataquede um mosquito; 13b.- Nome dovocalis-ta e baixo dos Xutos&Pontapés. // 14.-Pessoa que nom fala / renovaçom dopelo, ou da pele de certos animais. //15a.- Ilustre estudoso e pensador nasci-do na capital do Berço / ramo da videira;15b.- Castanha seca no caniço / bugalhogrande de carvalho (plural).

PALAVRAS CRUZADAS, por Alexandre Fernandes.

DESCOBRE O QUE SABES... por Salva Gomes

1.Que nacionalidade tem Imam Jamás,ex-ddirectora do Observatório daOcupaçom do Iraque?

- Iraquiana- Libanesa- Iraniana

2.Quem dixo, quanto à chamada “festa”nacional espanhola: “Um animal tambom como fustigado, que lida com duasdúzias de bestas disfarçados dehomens”?

- Antonio Machado- Mariano José de Larra- Alexandre Bóveda

3.Quem foi Agamémnon?

- Rei de Esparta- Rei de Micenas- Filho de Príamo que matou Aquiles eÁjax

4.Que significado tinha antigamente apalavra francesa ‘robot’ (do checo ‘robo-ta’)?

- Trabalho leve- Trabalho penoso- Trabalho rápido

DE BASE TEMPOS LIVRES

REDACÇOM /Conservar a cultura galega na emigraçome recuperar o idioma entre os descendentes degalegos e galegas é o fundamento da AssociaçomCultural Filhos da Galiza. O colectivo mantém oprojecto redegalega.org e planetagalego.info paraalém da própria comunidade virtual de fillos.org.Nestes três sítios dá-sse cabimento ao País e à suarealidade e também som postas em comunicaçom

duas comunidades: as dos galegos e galegas de dentroe fora da naçom. Um dos objectivos fundamentais daAssociaçom é dar a conheçer através da rede arealidade nacional de hoje dos residentes no exterior.NOVAS DA GALIZA falou com Manuel Casal Lodeiro,um dos seus principais promotores, que estivo noPaís reunindo-sse com representantes da Junta paraexpor as reivindicaçons da emigraçom.

(Soluçons na página 17)

Filhos da Galiza“Queremos dar a conhecer a realidade doPaís entre os galegos e as galegas de fora”

Manuel Casal e Lorena Pineda Alonso, membros de Filhos da Galiza

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NOVAS DA GALIZA15 de Fevereiro a 15 de Março de 2006 19DESPORTOS

DESPORTOS

XAVIER PAÇOS / Na ediçom deste anodo campeonato de kayak extremonas Torrentes do Ulha houvo partici-pantes do País Basco, da Alemanha,de Portugal e da Galiza (finalmentenom pudérom assistir franceses eingleses), para além da presença denumeroso público que abarrotou asbeiras do rio no lugar das Torrentesde Mácara e Ramil para desfrutar deum desporto espectacular e respei-toso com o ambiente.

O kayak extremo é umha modali-dade relativamente nova de canoa-gem nom pode ser englobada nemna modalidade clássica nem na olím-pica. O começo da sua prática datade há dez anos, quando começároma fabricar-se kayaks mais resistentesque nom rachavam por causa dos for-tes golpes contra as rochas dos rios.

Esta modalidade consiste na des-cida de um trecho de rio, de altagradaçom pola dificuldade e peri-gosidade, no menor tempo possível.Para a gradaçom dos rios utiliza-se osistema internacional, que consisteem numerar o rio, ou os diferenteslanços que encontramos ao longo doseu trajecto, em I,II, III, III+, IV,IV+, V, V+, VI e infranqueável,segundo a dificuldade técnica e/ouo perigo que apresentarem. A com-petiçom transcorre num rápido deentre 300 e 800 m, no qual sepodem encontrar ondas de gradevolume, potentes remoinhos ouincríveis saltos de diversa altura,que devem sortear-se no menortempo possível.

O tramo das Torrentes de Mácarae Ramil é de gradaçom IV-V. A suaprática em zonas de alto desníveldos rios, com águas bravas e de difi-culdade alta, converte os nossos riosem lugares preferentes para a práti-ca deste desporto. A Galiza é umparaíso de águas bravas em zonas

afastadas como acontece no caso doAlto Ulha. Por isso nom surpreendeque o Campeonato Galego de KayakExtremo das Torrentes do Alto Ulhaseja a primeira prova desta modali-dade avalizada por umha Federaçomem todo o Estado. A prova entra nocalendário de provas oficiais elabora-do pola Federaçom Galega deCanoagem, junto com provas deoutras modalidades.

Em 2004 realizou-se umha provade exibiçom e em 2005 já houvocompetiçom oficial e a realizaçom doevento desportivo ligou-se à reivindi-caçom contra a construçom de barra-gens no lugar. Na ediçom deste anohouvo 43 participantes, dos e dasquais metade eram da Galiza, o quesegundo Manuel Freiría, de

Arrepións (co-organizadores do even-to junto com ADEGA, a PlataformaSocial pola Defesa do Alto Ulha e aFerderaçom Galega de Canoagem),

demonstra o crescente interesse nonosso país por este desporto.

De facto assinala que a Galiza,junto com o País Basco e aCatalunha, é umha das potências anível do Estado. O campeonatocomeçou no sábado de manhá comas provas classificatórias em que osbascos demonstrárom que seriam orival a bater para as finais. À tardetivo lugar umha descida de exibiçome reivindicaçom contra as barragens.Na manhá do domingo realizárom-se as finais em que os participantesbascos ocupárom a primeira e a ter-ceira posiçom em categoria masculi-na. A segunda posiçom foi para umgalego. Por sua vez, também houvopresença galega no pódio na catego-ria de mulheres.

Contra as barragensDurante as duas jornadas as ribeirasdas Torrentes estivérom abarrotadasde público procedente de diversospontos do País e com presença de fai-xas que exibiam consignas contra aconstruçom de novas barragens noAlto Ulha. O acto desportivo-reivin-dicativo tivo continuidade com acelebraçom de um jantar de convíviona aldeia de Ramil a que assistírompor volta de 300 pessoas. Houvomúsica tradicional, jogos tradicionais,actuaçons humorísticas... e sobretu-do, umha sensaçom de optimismo esatisfaçom pola constataçom de quea pressom social e a mobilizaçomlográrom parar, polo momento, aconstruçom da barragem.

Lembramos que FENOSA pre-tendia construir no curso do AltoUlha (concelhos de Agolada,Monterroso e Palas de Rei), com aautorizaçom do anterior governo, 13minicentrais que converteriam o rionumha sucessom de barragens ecanalizaçons. Umha destas minicen-trais localizaria-se no lugar deFradegas o que faria desaparecer aespectacular paragem das Torrentesde Mácara e Ramil.

Grande sucesso do campeonato de kayak extremo realizado nas Torrentes do Ulha

Galiza, juntocom o País Bascoe a Catalunha,é umha daspotênciasa níveldo Estadoem desportos deáguas bravas

Nos passados dias 11 e 12 de Fevereiro realizou-sse asegunda ediçom do Campeonato Galego de KayakExtremo na espectacular paragem das Torrentes de

Mácara e Ramil situadas no curso alto do rio Ulha. A acti-vidade desportiva enquadrava-sse nos actos de apoiosocial à Iniciativa Legislativa Popular em defesa dos rios

galegos que será debatida no fim deste mês noParlamento da CAG. Houvo participantes do País Basco,da Alemanha, de Portugal e da Galiza.

O portal arrepions.com conta com informaçom sobre os campeonatos de kayak nas Torrentes de Mácara e Ramil

Em 2004 realizou-seumha prova deexibiçom e em2005 já houvocompetiçom oficiale a realizaçom doevento ligou-se àsreivindicaçons emdefesa do rio

Apartado 24034 - 28080 - Madrid

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O meu pai tinha na aldeiade Vijám duas tias soltei-ras. Eram longevas eesguias e vestiam depreto. Um dia perguntei-lhes, sendo eu meninho,os nomes de todos os ani-mais da casa. É essa von-tade de dar nome a tudo oque existe que sempretenhem os Adáns nosparaísos. Soubem o nomedo papagaio, dos cans, dosgatos, das vacas (aGalharda!, a Conchada!, aNova!) e quando chega-mos aos porcos chegou-me também a terrívelrevelaçom: os porcos nomtenhem nome.

Outro dia, um porcoda nossa casa deRibeira, emocionou-seao ver o meu pai, queera quem o acomerava,correu ao seu encontroe estombalhou-no nomeio do esterco. O meupai irado e cheio demerda, malhou no porcode um modo que pare-cia que nom ia pararnunca. A minha avó dixo-lhe: "Escusas de cansar-te,Francisco, que o porco étorpe, e por muito que mal-hes nele nom aprende".

Entendim que os por-cos nos eram estranhos.Que como o cam e a vacaeram extensons da nossapersonalidade, apoiosnecessários para percebero mundo, o porco anóni-mo era simplesmentecomida, e a comida nomse baptiza, e o que se bap-tiza nom se come.

Claro que isto é assimdesde que apareceu otabu do canibalismo, nomsei se antes os porcosteriam nomes e se deita-riam aos nossos pés ao péda lareira e levantariamperdizes nas madrugadasda serra... mas se foi assim,foi há muito tempo.

QUICO CADAVAL

Criaçom doMundo

APARTADO 39 (15701) COMPOSTELA - GALIZA / TEL: 630 775 820 / PUBLICIDADE: 699 430 051 / [email protected]

OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4INTERNACIONAL 8

A FUNDO 10ENTREVISTA 12CULTURA 16DESPORTOS 19

“A cultura dos roteiros é umha forma de combater frontalmente o consumismo”

- CComo começam os roteiros?- Em 1996 juntamo-nos um gru-pinho e começamos a traçaralguns roteiros. Os primeirosfôrom por Junqueira de Ambia,polas terras de Belesar e poloCanhom do Sil. Chamamos-lhes"Fazendo Memória Histórica",complementando as rotas coma lembrança das luitas de cadazona, como umha maneira defazer País desfrutando da natu-reza. Dos Ancares à Costa daMorte, de Trás-Ancos até a Ilhade Ons, mesmo por zonas doNorte de Portugal, como oCouto Misto. E ao mesmotempo, saber por onde andáromo Corujás, o Foucelhas, Mário deLangulho, ou onde ficam restosdas bases operativas doEGPGC, que estám situadas no

Canhom do Sil e na barragemdas Portas, perto da Godinha.

- EE como se constituiuem coordenadora?- Juntamo-nos novos colectivose em 2002 constituímos aCogarro, composta por associa-çons culturais, locais sociais ecolectivos. Confluem grupos depessoas em torno de umha cultu-ra independentista. Vamos crian-do pequenos espaços no quoti-diano, onde as pessoas podemconviver, divertir-se e tambémconstruir o País. E qualquer pes-soa pode participar, já que esta-mos abertos a todo o tipo de pes-soas, à diversidade ideológica.

- QQuantas caminhadas levades?- Perto de cem roteiros, o que

nos dá experiência e vai crian-do umha cultura roteirista. Nassucessivas ediçons das camin-hadas, jamais tivemos nenhumincidente grave. Passárom maisde mil pessoas diferentes,essencialmente galegas, e háconstantemente umha recicla-gem. Termos chegado até aquié já para nós um orgulho.

- QQue objectivos se conseguemcom as caminhadas da Cogarro?- Favorecemos a convivência efazemos cultura. Num roteiroconvivemos gente de 60 anoscom pessoas de 40 e de 20 oumenos, o que nos permite agir-mos como vasos comunicantes,onde diferentes seres e situaçonshistóricas confluem, onde se par-tilham inquietaçons e se vê oque é que nos une e também oque é cada pessoa separadamen-te. Seria fundamental que estetipo de cultura se espalhasse, jáque representa, de por si própria,umha forma de combater fron-talmente o consumismo.

- AApós umha vida de luita, osroteiros som umha retirada ouumha forma de continuares?

- Umha continuaçom, sem lugara dúvidas. Para os que dedicamosa vida a umha luita e um camin-ho, o conseqüente é morrermosdignamente. Guardar as botas ouvirar a casaca nom me convence.A monarquia constitucional,ainda que fosse um pacto, temcomo única legitimidade o serumha herança do Franquismo.

- CComo avalias a evoluçomdo independentismo nosúltimos 10 anos?- Existe umha vida activa quese está a desenvolver em todosos centros sociais, em iniciati-vas culturais como este mesmojornal, em rádios independen-tes... enfim, em pequenosespaços livres onde se trata defazer país. Mas se o processode libertaçom nom está pro-movido polo povo trabalhadorgalego, será umha libertaçompouco consistente. Temos queincidir constantemente nosector social mais interessado.E ninguém nos vai dar nada senom conseguimos demonstrarque estamos a combater oinimigo, que em essência, hojeem dia, é o espanholismo.

REDACÇOM / Com 61 anos, Antom Árias Curto continua imerso noactivismo nacionalista através do seu trabalho na CoordenadoraGalega de Roteiros e no Centro Social da Revolta de Vigo. Ao longoda sua vida mantivo umha militáncia activa contra o franquismo eparticipou mais tarde nas organizaçons Luita ArmadaRevolucionária (LAR) e no Exército Guerrilheiro do Povo GalegoCeive (EGPGC), tendo sido preso em três ocasions. Antom fala-nos da Cogarro, um colectivo que realiza por volta de dez roteirosanuais ao largo da geografia galega, tencionando recuperar a nossamemória histórica e aprofundar no conhecimento do País.

ANTOM ÁRIAS CURTO IMPULSIONADOR DA COORDENADORA GALEGA DE ROTEIROS