13 de Setembro de 2012, 16:29

INTERNET

LinkedIn: o sucesso profissional demora a construir

Prestes a completar um milhão de utilizadores portugueses, o LinkedIn tem vindo a consolidar-se numa rede de grande relevância no país para quem procura contactos

profissionais. Mas, como quase tudo, é preciso esperar para colher os frutos.

O LinkedIn tem cerca de 175 milhões de utilizadores em todo o mundo. Imagem: LEX VAN LIESHOUT / ANPMAG / ANP/AFP

"O LinkedIn dá um bocadinho de trabalho se quisermos ter retorno", conta Pedro Caramez, especialista na rede social, em entrevista ao SAPO Notícias. Ainda hoje, muitos utilizadores não acedem

com frequência aos seus perfis ou muito menos os têm otimizados. Para não falar na pouca interação com a rede de contatos ou mesmo a participação ativa em grupos de discussão.

Com 175 milhões de utilizadores (em média, a cada segundo duas pessoas registam-se no site), o LinkedIn é hoje, indiscutivelmente, a maior rede profissional na internet a nível mundial.

Inicialmente era visto apenas como um sítio para arranjar emprego, mas hoje em dia a realidade é bem diferente. "Nos últimos anos o procurar emprego deixou de ser a razão número um para

estar no LinkedIn", explica Pedro Caramez.

Taxa de penetração elevada em Portugal

No final de 2001, o LinkedIn era utilizado por quase 600 mil portugueses. Hoje está prestes a completar um milhão. "Acabamos por ser um país onde a taxa de penetração da rede está lá em cima.

O LinkedIn está atualmente nos 15 sites mais acedidos pelos portugueses, segundo a Alexa [empresa norte-americana de estatísticas sobre a utilização da internet]", refere. Para além disto a

presença empresarial tem aumentado, existem quase 10 mil empresas portuguesas na plataforma.

Apesar do recrutamento continuar a ser uma área importante, o LinkedIn permite também a partilha de competências, a troca de experiências profissionais e a criação de uma rede de contatos

consolidada. Quando, em 2009, Pedro Caramez decidiu criar o Linked Portugal - sítio de apoio aos utilizadores sem ligação à empresa-mãe - a importância desta rede era residual em Portugal.

O site é uma espécie de guia de instruções e conselhos de utilização sobre como utilizar de forma eficiente esta rede. "Faço algo que o próprio LinkedIn não faz, eles só prestam assistência

técnica", refere Caramez. O professor universitário atualiza-o regularmente, compilando até alguns dados sobre os utilizadores portugueses na plataforma.

Trabalho relacional na rede (e fora dela) é fundamental

Mesmo sem darmos conta, as nossas competências profissionais são determinadas, muitas vezes, pelos recrutadores, pela nossa maneira de estar na rede. "O sucesso que tivermos na rede está

diretamente relacionado com a forma como interagimos nela, há grupos onde podemos ter uma atitude passiva e outros onde tentamos criar sinergias. Isto é trabalho relacional", explica Pedro

Caramez.

No mesmo sentido, Jorge Sobreira, diretor de ativos imobiliários da Lucios, explica que o LinkedIn é um "meio para atingir mais qualquer coisa do que o emprego". Ironicamente, foi através do

LinkedIn que o criador do primeiro evento de SLOW Networking em Portugal conseguiu o seu emprego atual na empresa de construção civil.

O evento criado em 2009 consiste num jantar informal com 25 participantes (no máximo) onde há um orador convidado a dinamizar o ambiente. Este orador pode ser "gestor, empresário, CEO de

uma grande empresa, de variadas áreas de negócios", explica. Para criar suspense, o nome do convidado só é anunciado dias antes do evento, mas entretanto são lançadas pistas sobre a pessoa,

uma estratégia para criar um certo buzz, marketing viral, refere.

Numa destas ocasiões Jorge Sobreira criou uma relação de amizade com um dos convidados, o presidente da Lucius, que o convidou meses mais tarde a integrar a empresa. Apesar disto, o

organizador refere que o objetivo de quem participa no evento não deve ser o de querer arranjar emprego. "Quem está lá não está preocupado em receber, e percebem quem lá está só para

receber. Essas próprias pessoas se desmascaram, e não conseguem absolutamente nada. O networking não tem nada a ver com isso", explica.

Gerar valor, não necessariamente monetário

"A comunicação e a confiança são muito importantes, são as soft skills, e é nisso que o evento mostra as competências que podem criar valor às empresas", explica Jorge Sobreira. Daí que muitos

destes encontros tenham dado frutos. "Cada um fala sobre o seu projeto. Tem havido parcerias, novos empregos, clientes, fornecedores. Gera valor, não necessariamente monetário, e relações de

amizade", acrescenta.

Uma boa dose de confiança, humildade e interesse são algumas das aptidões necessárias para se estar no LinkedIn. Sem nunca esquecer que "temos de estar em modo de caça constante porque

a pesca já deixou de dar há muito tempo", remata Jorge Sobreira, parafraseando o criativo Miguel Gonçalves.

+ Dicas para "vender" o seu perfil no LinkedIn

Catarina Osório

Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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