Equação do movimento de uma viga sobre base elástica

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    2Formulação do Problema

    2.1.Dedução da Equação de Movimento de uma Viga sobre FundaçãoElástica.

    Seja a porção de viga infinita de seção transversal constante mostrada na

    Figura 2.1, apoiada sobre uma base elástica e submetida à ação de uma carga

    transversal q(x,t), variando arbitrariamente no tempo e no espaço, e a uma força

    axial de magnitude constante P.

    Figura 2.1 – Porção de viga prismática, apoiada sobre fundação elástica com

    amortecimento viscoso, submetida a carregamento transversal e força axial.

    Figura 2.2 – Diagrama de corpo livre de um elemento diferencial de viga

    sobre base elástica.

    w(x,t)

    q(x,t).dx

     M(x,t)+  dx x

    t  x M 

    ∂ ),(  

    V(x,t)+  dx x

    t  xV 

    ∂ ),(  

     M(x,t)

    θ (x,t)

    P

    P

    Fi(x,t)

    Fa(x,t)

     Rf(x,t)

    V(x,t)

    dx

    w(x,t)+  dx x

    t  xw

    ∂ ),(  

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    Considere-se o elemento diferencial de viga mostrado na Figura 2.2

    submetido a um deslocamento transversal w(x,t) e uma rotação θ (x,t). As cargas

    transversais atuantes são: q(x,t).dx,  que representa o carregamento transversal

    arbitrário; Fi(x,t), que representa a força de inércia oposta ao deslocamento; 

    Fa(x,t), a força de amortecimento; V(x,t), o esforço de corte e Rf(x,t), a reação dafundação. Atuam também no elemento a força axial P e o momento fletor M(x,t).

    Do equilíbrio de momentos, e desprezando os termos diferenciais de ordem

    superior, tem-se que:

    ),(),(),(

    t  xV  x

    t  xwP

     x

    t  x M =

    ∂−

    ∂  (2.1)

    As forças de inércia e de amortecimento são definidas como:

    2

    2 ),(

    t  xwmFi

    ∂=   (2.2)

    t  xwC Fa

    ∂=

    ),(   (2.3)

    onde m  é a massa da viga por unidade de comprimento e C   é o coeficiente de

    amortecimento.

    Fazendo o equilíbrio de forças transversais no elemento da Figura 2.2, e

    usando as equações (2.2) e (2.3), obtém-se:

    ),(),(),(),(),(),(

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    t  xqt  x Rf t 

    t  xwC 

    t  xwm

     x

    t  xwP

     x

    t  x M =+

    ∂+

    ∂+

    ∂−

    ∂   (2.4)

    Da teoria de vigas de Euler-Bernoulli têm-se as seguintes relações:

    2

    2 ),(),(

     x

    t  xw EI t  x M 

    ∂=   (2.5)

     x

    t  xwt  x ∂

    =

    ),(),(θ    (2.6)

    sendo  E   é o módulo de elasticidade e  I   é o momento de inércia da seção

    transversal. Se considerada também a inércia rotacional da seção da viga, um

    momento dependente da rotação da seção da viga e do raio de giração da seção, r ,

    surge e atua no sentido oposto à rotação. Neste caso, deve ser acrescentado o

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    termo22

    42 ),(

    t  x

    t  xwmr 

    ∂∂

    ∂−   ao lado esquerdo da equação (2.4). Substituindo a equação

    (2.5) na equação (2.4) e somando os termos devidos à força axial e à inércia

    rotacional no lado esquerdo da equação (2.4), obtém-se finalmente a equação de

    movimento que governa o problema e que é dada pela seguinte expressão:

    ),(),(),(),(),(),(),(

    22

    42

    2

    2

    2

    2

    4

    4

    t  xqt  x Rf t  x

    t  xwmr 

    t  xwC 

    t  xwm

     x

    t  xwP

     x

    t  xw EI    =+

    ∂∂

    ∂−

    ∂+

    ∂+

    ∂−

    ∂   (2.7)

    2.2.Consideração da Fundação Elástica

    Estruturas apoiadas sobre fundação elástica são comuns na engenharia. A

    obtenção de modelos que representem adequadamente a fundação elástica e ao

    mesmo tempo sejam simples quanto à sua manipulação matemática são de

    fundamental importância neste tipo de problema. A seguir são apresentados

    alguns dos modelos de fundação elástica mais usados na literatura (Selvadurai,

    1979; Aristizábal-Ochoa, 2003).

    2.2.1.Modelo de Winkler

    Winkler propôs que a reação da fundação elástica em qualquer ponto da

    superfície da fundação em contato com a estrutura seja linearmente proporcionalao deslocamento da estrutura neste ponto e independente dos deslocamentos em

    outros pontos de contato. Isto corresponde a um sistema de molas lineares

    independentes, tal como mostrado na Figura 2.3.

    Figura 2.3 – Modelo de fundação elástica de Winklxer.

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    Na Figura 2.3 observa-se que no modelo de Winkler os deslocamentos de

    uma região carregada uniformemente são constantes quando a estrutura é

    infinitamente flexível ou infinitamente rígida.

    Usando a teoria de Winkler, a reação da fundação  Rf(x,t)  num ponto de

    contato, pode ser expresso pela seguinte relação:),(.),(   t  xwk t  x Rf    =   (2.8)

    onde k  é o coeficiente de rigidez linear da fundação ou simplesmente a rigidez da

    fundação.

    2.2.2.Modelos de dois parâmetros

    Os modelos de dois parâmetros são chamados assim porque consideram que

    a reação da fundação  Rf(x,t)  depende de dois parâmetros elásticos, sendo o

    primeiro a constante elástica linear de mola proposto por Winkler e o parâmetro

    adicional corresponde a características mecânicas da fundação.

    2.2.2.1.Modelo de Filonenko-Borodich

    O modelo de Filonenko-Borodich supõe que a fundação é composta de

    molas lineares conectadas a uma membrana fina e submetida a uma tração T .Neste caso a reação Rf(x,t) é dada pela seguinte equação:

    2

    2 ),(),(.),(

     x

    t  xwT t  xwk t  x Rf 

    ∂−=   (2.9)

    A Figura 2.4 ilustra o modelo de Filonenko-Borodich.

    Figura 2.4 – Modelo de fundação elástica de Filonenko-Borodich.

    Viga flexível submetidaa carregamento uniforme

    Viga rígida submetidaa caga concentrada

    Membrana finaMembrana fina

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    2.2.2.2.Modelo de Hetenyi

    Hetenyi (1946) propôs que a fundação seja composta por molas lineares

    interligadas a uma viga elástica, no caso de problemas unidimensionais, ou molas

    interligadas a uma placa elástica para problemas bidimensionais. Neste caso aforça Rf(x,t) pode ser definida da seguinte forma:

    4

    4 ),(),(.),(

     x

    t  xw Dt  xwk t  x Rf 

    ∂−=   (2.10)

    onde D é a rigidez a flexão da viga elástica ligada ao sistema de molas.

    2.2.2.3.Modelo de Pasternak

    Pasternak em 1954 propôs que a fundação seja composta por molas lineares

    com iteração de cisalhamento entre elas. Para tal consideração, adota-se que a

    fundação é composta de molas conectadas a uma camada incompressível de

    espessura unitária que só se deforma por cisalhamento, tal como mostrado na

    Figura 2.5.

    Figura 2.5 – Modelo de fundação elástica de Pasternak.

    No caso do modelo de Pasternak, a reação da fundação elástica é dada por:

    2

    2 ),(),(.),(

     x

    t  xwGt  xwk t  x Rf 

    ∂−=   (2.11)

    onde G é a rigidez a cisalhamento da fundação elástica.

    Camada incompressívelDeformável só por cisalhamento

    q

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    2.2.3.Escolha do modelo de fundação elástica

    Na presente dissertação a fundação é considerada segundo a hipótese de

    Winkler, dado que, apesar de não considerar interação entre as molas, é factível a

    determinação de valores de k mediante ensaios simples que são de grandeutilidade e fornecem resultados de boa qualidade em muitos casos práticos. Já a

    determinação dos parâmetros considerados pelos modelos de duas constantes

    elásticas demanda procedimentos experimentais de maior complexidade. Além

    disso, do ponto de vista matemático, a utilização de modelos de dois parâmetros

    suporia apenas mudança do coeficiente que multiplica o termo diferencial de

    segunda ordem2

    2 ),(

     x

    t  xw

    ∂   na equação de movimento, que, no caso, é dada pelo

    valor negativo da força axial P.Adotada a teoria de Winkler, substitui-se a equação (2.8) na equação (2.7),

    obtendo-se assim a equação:

    ),(),(),(),(),(),(),(

    22

    42

    2

    2

    2

    2

    4

    4

    t  xqt  xkwt  x

    t  xwmr 

    t  xwC 

    t  xwm

     x

    t  xwP

     x

    t  xw EI    =+

    ∂∂

    ∂−

    ∂+

    ∂+

    ∂−

    ∂   (2.12)

    2.3.Mudança de Coordenada do Espaço para Consideração de CargasMóveis

    A carga móvel pode ser definida como um carregamento que se desloca no

    espaço com velocidade de translação V(x,t). Sua consideração é de suma

    importância em problemas onde a mudança da posição da carga tem grande

    influência no comportamento dos sistemas estruturais, como é o caso das pontes,

    trilhos, estruturas de pavimentos, entre outros. Frýba (1972) realizou uma série de

    estudos detalhados de sistemas estruturais unidimensionais e bidimensionais

    submetidos a cargas móveis.

    Para o tratamento do carregamento móvel, faz-se muito útil uma mudançade coordenadas de um espaço fixo para um espaço móvel, i.e., uma mudança de

    variável de uma coordenada fixa no espaço para uma coordenada móvel, com o

    objetivo de transformar a função de carregamento móvel em uma função de

    carregamento com posição fixa na coordenada móvel. Para o caso de uma

    velocidade de valor constante V  pode-se definir a coordenada móvel η como:

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A

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    Vt  x −=η    (2.13)

    Definida a coordenada móvel η, o campo de deslocamento w(x,t) que

    depende da coordenada fixa do espaço  x  pode ser redefinido pelo campo de

    deslocamentos w(η ,t ) e a função de carregamento  q(x,t)  transformada para afunção q(n,t)  (Frýba, 1972); Kim, 2005). Usando a equação (2.13), a equação

    (2.9) pode ser reescrita da seguinte forma:

    ∂+

    ∂∂

    ∂−

    ∂∂

    ∂−

    ∂+

    ∂∂

    ∂−

    2

    22

    3

    4

    22

    42

    2

    22

    2

    2

    2 ),(),(2

    ),(),(),(2

    ),(

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η η    t wV 

    t wV 

    t wmr 

    t wV 

    t wV 

    t wm  

    ),(),(),(),(),(),(

    2

    2

    4

    42

    t qt kwt w

    Pt w

     EI t w

    V t 

    t wC    η η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η 

    η η =+

    ∂−

    ∂+

    ∂−

    ∂+   (2.14)

    Dada a presença de termos diferenciais cruzados na equação (2.14), não é

    possível resolvê-la pelo método tradicional da separação das variáveis. Aresolução desta equação dependerá da complexidade da função de carregamento

    q(n,t). Dependendo do caso, podem-se obter soluções analíticas exatas por meio

    de transformações integrais ou expansões em série de potências, dentre outros. É

    possível também obter soluções aproximadas mediante métodos que permitam

    trabalhar diretamente com a equação diferencial, como é o caso do método dos

    resíduos ponderados ou pelos métodos das diferencias finitas e dos elementos

    finitos. Na presente dissertação trabalha-se com o método dos resíduos ponde-

    rados de Galerkin.

       P   U   C  -   R   i  o

      -   C  e  r   t   i   f   i  c  a  ç   ã  o   D   i  g   i   t  a   l   N   º   0   8   1   2   4   0   9   /   C   A