Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

61
Curso de Fisioterapia Raquel Macedo Caetano Moreira EQUOTERAPIA – UM ENFOQUE FISIOTERAPÊUTICO NA CRIANÇA PORTADORA DE SINDROME DE DOWN Rio de Janeiro 2009

Transcript of Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

Page 1: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

Curso de Fisioterapia

Raquel Macedo Caetano Moreira

EQUOTERAPIA – UM ENFOQUE FISIOTERAPÊUTICO NA CRIANÇA PORTADORA DE SINDROME DE DOWN

Rio de Janeiro 2009

Page 2: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

RAQUEL MACEDO CAETANO MOREIRA

EQUOTERAPIA – UM ENFOQUE FISIOTERAPÊUTICO NA CRIANÇA PORTADORA DE SINDROME DE DOWN

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta.

Orientador: Prof° Jose Gabriel Euzébio Werneck

Rio de Janeiro 2009

Page 3: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

RAQUEL MACEDO CAETANO MOREIRA

EQUOTERAPIA – UM ENFOQUE FISIOTERAPÊUTICO NA CRIANÇA PORTADORA DE SINDROME DE DOWN

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, como requisito para obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientador: Prof° Jose Gabriel Euzébio Werneck

Aprovada em: ____/____/2009.

Banca Examinadora: Prof(a). Dr(a). Professor(a) da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Presidente da Banca Examinadora. Prof(a). Dr(a). Professor(a) da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Membro da Banca Examinadora. Prof(a). Dr(a). Professor(a) da Faculdade de Fisioterapia da UVA. Membro da Banca Examinadora. Grau: ___________________.

 

Rio de Janeiro 2009

Page 4: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, pela vida e oportunidade de estar concluindo mais

uma etapa.

Aos meus pais: Ricardo Gameleiro Moreira e Nadia Macedo Caetano Moreira e meu Namorado,

Luiz Fernando Mothe de Figueiredo pelo apoio, incentivo e por sempre estarem presentes

em todos os momentos.

Page 5: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

AGRADECIMENTOS

Ào meu orientador Gabriel Werneck, pela orientação deste trabalho, pelo grande

auxilio prestado na coleta de dados e pelo tempo disponível para as conversas e conselhos.

Aos professores do meu curso, e ao meu coordenador Silmar Teixeira.

Taiane Cardoso, uma grande fisioterapêuta, obrigada, por ter me entregado seu tempo de trabalho e me auxiliado e orientado em sua sabedoria e seus conselhos e também nos textos.

Anna B. Almeida, Dilene Nascimento, bibliotecárias da fiocruz, obrigada pela disposição e

pela procura comigo de artigos sobre o meu tema.

Aos pacientes crianças portadoras de deficiência física e mental, fez-me ver o mundo com outro olhos voltados para humildade, se não fosse por vocês,

nada teria construído com tanta de dedicação e carinho. Obrigada.

As minhas amigas, Renata e Sabrina que fizeram parte da minha história de vida, pois foram quatro anos de convivência e muitas situações ultrapassadas e vencidas.

À minha Tia Luciana que me ajudou com seus conhecimentos e disponibilizando seu tempo

me auxiliando e orientando nos textos e apresentações.

À todas as pessoas que me apoiaram com palavras de incentivo, e as que também me ajudaram em oração nessa fase tão especial e importante da minha vida.

AGRADECIMENTO ESPECIAL

A Deus, criador e mantenedor de todas as coisas, que me deu a oportunidade de participar neste momento da vida com uma obra tão digna e cheia de significado que é compartilhar,

ensinar e aprender com pessoas especiais como os que sofreram perdas irreparáveis no passado com a poliomielite e, ainda, sofrem pelas limitações físicas, preconceitos e medo.

Page 6: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

“Eu vi uma criança que não podia andar. Sobre um cavalo, cavalgava por prados floridos que não conhecia. Eu vi uma criança sem força em seus braços. Sobre um cavalo, o conduzia por lugares nunca imaginados. Eu vi uma criança que não podia enxergar. Sobre um cavalo, galopava rindo do meu espanto, com o vento em seu rosto. Eu vi uma criança renascer, tomar em suas mãos as rédeas da vida e, sem poder falar, com seu sorriso dizer: ‘Obrigado Deus, por me mostrar o caminho’.” (JOHN ANTHONY DAVIES)

Page 7: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

RESUMO

A proposta deste trabalho parte do princípio de que a equoterapia pode ser utilizada no

tratamento de crianças com deficiências físicas e mentais, podendo ser utilizada tanto de

forma complementar como no tratamento isolado. A equoterapia é uma forma de tratamento

que desperta curiosidade nas pessoas por usar o cavalo como recurso na reabilitação de

pessoas com deficiências. O objetivo deste trabalho é mostrar os benefícios deste recurso no

tratamento fisioterapêutico em crianças portadoras da síndrome de Down, além de divulgar a

utilização da equoterapia como um método não convencional aumentando as opções para

melhoria da qualidade de vida dessas crianças. Para esta finalidade foi realizada uma pesquisa

bibliográfica baseada em artigos indexados no banco de dados da medline, sinopses,

periódicos, trabalhos de conclusão de curso relacionados ao assunto, apostilas de equoterapia

e livros científicos com assuntos relacionados à síndrome de Down, dividindo o trabalho

basicamente em 2 partes, uma consideração geral sobre a síndrome de Down e a equoterapia

com sua definição, histórico, meios de utilização, indicações, enfim um esclarecimento geral

sobre os benefícios da equoterapia como recurso terapêutico. Neste método de tratamento são

empregadas as técnicas de equitação e atividades eqüestres, nas áreas de saúde e educação,

para proporcionar aos praticantes benefícios físicos, psicológicos, educacionais e sociais. Esta

atividade exige a participação do corpo inteiro e trabalha o praticante de forma global, o que

contribui para o desenvolvimento do tônus e força muscular, relaxamento, equilíbrio,

coordenação motora, atenção e auto-estima.

Palavras – chave: Equoterapia; equilíbrio; síndrome de Down.

Page 8: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

ABSTRACT

The proposal of this work is based on a principle that the therapeutic horseback riding

can be used to treat children with physical and mental deficiencies, being able to be used in a

complementary way as in the isolated treatment. The therapeutic horseback riding is a

treatment form that leads curiosity in some people by using the horse as a resource to

rehabilitate people with deficiencies. The objective of this work is to show the benefits of this

resource in the treatment of the balance deficit in children with Down syndrome, besides

divulging the use of the therapeutic horseback riding as a not conventional method increasing

the options to improve the life quality of these children. For this purpose a based

bibliographical research was carried through in articles indexaded in the data base of medline,

synopses, periodics, related conclusion course works subjected, emends of therapeutic

horseback riding and scientific books with subjects related to Down syndrome, dividing the

work in 2 parts, a general consideration of Down syndrome and the therapeutic horseback

riding with its definition, description, ways of use, indications, at last a general clarification

about the benefits of the therapeutic horseback riding as therapeutical resource. In this

treatment method techniques of riding and horsemanship activities are used, in the areas of

health and education, to provide to the practitioner physical, psychological, educational and

social benefits. This activity demands the participation of the entire body and improves the

practitioner on global forms, contribuing to development of tonus and muscular strength,

relaxation, balance, motor coordination, attention and auto-esteem.

Key – words: Therapeutic Horseback Riding; Balance; Down syndrome.

Page 9: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11

CAPÍTULO I

1. A SÍNDROME DE DOWN .............................................................................................. 13

1.1 Historico .......................................................................................................................... 14

1.2 Etiologia ........................................................................................................................... 15

1.3 Fenótipo ............................................................................................................................16

1.4 Sobrevida pré e pós natal ............................................................................................... 17

1.5 Crescimento e Desenvolvimento .................................................................................... 18

1.6 Prognóstico ..................................................................................................................... 19

1.7 Tratamento Fisioterapêutico ......................................................................................... 20

1.8 Intervenção Fisioterapêutica ......................................................................................... 21

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTOS SOBRE A EQUOTERAPIA ............................................................ 29

2.1 Histórico .......................................................................................................................... 30

2.2 Definição .......................................................................................................................... 31

2.3 Indicações e Contra Indicações ..................................................................................... 32

2.4 A Equipe Interdisciplinar .............................................................................................. 33

2.5 A Escolha do cavalo para a prática de Equoterapia .................................................... 33

2.5.1 O Cavalo ........................................................................................................................ 33

2.5.2 Andaduras do Cavalo ..................................................................................................... 34

2.5.2.1 O Passo ....................................................................................................................... 34

2.5.2.2 O Trote ........................................................................................................................ 34

2.5.2.3 O Galope .................................................................................................................... 35

2.5.3 Freqüência do Cavalo ..................................................................................................... 35

2.5.4 O Movimento Tridimensional do dorso do cavalo e sua semelhança com a Marcha

Humana ................................................................................................................................... 35

2.6 O Cavalo ideal para a Equoterapia................................................................................ 38

Page 10: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  

2.7 Estrutura para a realização da Equoterapia ................................................................ 39

2.8 Objetivos da Equoterapia .............................................................................................. 39

2.9 Programas da Equoterapia ............................................................................................ 40

2.9.1 Hipoterapia .................................................................................................................... 40

2.9.2 Equitação Terapêutica .................................................................................................... 41

2.9.3 Ppé- esportivo ................................................................................................................ 42

2.9.4 Esportivo ........................................................................................................................ 42

CAPITULO III

3 .PRÁTICA DA EQUOTERAPIA ..................................................................................... 43

3.1 Atividades Desenvolvidas durante a Equoterapia ....................................................... 43

3.1.1 Escovar o cavalo ............................................................................................................ 43

3.1.2 Acariciar o cavalo ...........................................................................................................44

3.1.3 Trançar a crina do cavalo ............................................................................................... 45

3.1.4 Basquete ......................................................................................................................... 45

3.1.5 Bastão ............................................................................................................................ 46

3.1.6 Volteio ............................................................................................................................ 46

3.1.7 Aviãozinho ..................................................................................................................... 47

3.1.8 Tábua de parafusos ........................................................................................................ 47

3.1.9 Decúbito ventral e dorsal ............................................................................................... 48

3.1.10 Encilhar/desencilhar o cavalo ...................................................................................... 48

3.1.11 Massinha ...................................................................................................................... 49

3.1.12 Folha da árvore ............................................................................................................. 49

3.1.13 Ziguezague ................................................................................................................... 50

3.1.14 Ficar de pé sobre o estribo ........................................................................................... 50

3.1.15 Redondel ...................................................................................................................... 51

3.1.16 Montar/apear fora da rampa ......................................................................................... 51

DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 53

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 57

ANEXO .................................................................................................................................. 60

Page 11: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  11

INTRODUÇÃO

Os trabalhos sobre síndrome de Down surgiram há muitos anos, por volta do século

XIX, e a cada dia novos estudos surgem com propostas inovadores sobre o assunto. No

entanto, através de pesquisas realizadas sobre a evolução dos estudos sobre a síndrome,

encontramos um fato muito interessante que é a imagem que a sociedade por muitos anos

postulou aos sindromicos:

Na cultura grega, especialmente na espartana, os indivíduos com deficiências não

eram tolerados. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes

postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de monstro pertencente a

outras espécies. (...) Na Idade Média, os portadores de deficiências foram considerados como

produto da união entre uma mulher e o Demônio. (MUSTACCHI, 1999).

Por muitos anos a criança Down era considerada como a retardada, a incapaz e em

algumas sociedades era até mesmo considerado como monstro ou filho do demônio.

Infelizmente, atualmente, ainda, encontramos algumas confusões sobre o conceito, que é

confundido com deficiente mental:

"A síndrome de down é decorrente de um erro genético presente desde o momento da

concepção ou imediatamente após (...)" (MUSTACCHI, 1999).

No entanto, como descreve MUSTACCHI (1999), sabemos atualmente que a

síndrome se trata de uma alteração genética e que os portadores da síndrome, embora

apresentem algumas dificuldades podem ter uma vida normal e realizar atividades diárias da

mesma forma que qualquer outra pessoa. Não negamos a afirmação de que o Down apresenta

algumas limitações e até mesmo precise de condições especiais para aprendizagem, mais

enfatizamos, que estes através da equoterapia podem se desenvolver.

A criança portadora da síndrome de Down tem como características o déficit do

equilíbrio, hipotonia muscular, alterações posturais e a falta de coordenação motora, além do

atraso no desenvolvimento neurológico.

Vendo a criança de uma forma global, observa-se a necessidade de um tratamento

eficiente que trabalhe de forma completa, não isoladamente cada patologia ou deformidade.

Desta forma pode-se dizer que a equoterapia se enquadra nesse contexto pois este método de

tratamento pode ser aplicado em várias situações, e sua utilização traz diversos benefícios

físicos, psicológicos, educacionais e sociais a seus praticantes.

Page 12: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  12

O cavalo faz com que o praticante realize movimentos tridimensionais verticais e

horizontais, mesmo que involuntariamente em cima do dorso do cavalo, e esses movimentos

são únicos, sendo que nenhum outro equipamento ou aparelho consegue simulá-los.

É através destes movimentos que a equoterapia trabalha, como uma máquina

terapêutica, proporcionando ao praticante uma capacidade motora antes desconhecida. É

necessária toda uma adaptação do cavaleiro sobre o cavalo para manter o equilíbrio e

proporcionar um ajuste tônico.

As atividades sobre o cavalo aumentam os períodos de atenção, possibilitando maior

concentração e melhor disciplina, facilitando o aprendizado a despeito das limitações

intelectuais, psicológicas e físicas dos diversos tipos de comprometimentos neurológicos e

motores.

Este trabalho tem como objetivo mostrar aos leitores a utilização da equoterapia no

tratamento de pacientes com síndrome de Down.

Além disso, estar divulgando esse recurso, e abrindo novos horizontes, mostrando as

várias opções de recursos disponíveis que trazem benefícios às crianças portadoras de

deficiências físicas e neurológicas. Com isso também possibilitar aos demais acadêmicos da

área da saúde e educação a iniciação à pesquisa, aumentando o interesse e a utilização da

equoterapia, tanto como um tratamento complementar como também um recurso de terapia

independente.

A equoterapia está relacionada intimamente com prazer e lazer. Com os

conhecimentos de uma equipe interdisciplinar especializada realiza um tratamento sobre o

cavalo e com o cavalo, de modo que os praticantes sintam-se bem confortáveis e cada vez

mais confiantes ao longo das sessões. Isso trabalha o paciente por completo, de forma global,

sendo significativamente importante para as crianças portadoras da síndrome de Down.

Page 13: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  13

CAPÍTULO I

SÍNDROME DE DOWN

A síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida durante ou

imediatamente após a concepção. A alteração genética se caracteriza pela presença a mais do

autossomo 21, ou seja, ao invés do indivíduo apresentar dois cromossomos 21, possui três. A

esta alteração denominamos trissomia simples. (MUSTACCHI, 1999).

No entanto podemos encontrar outras alterações genéticas, que causam síndrome de

Down. Estas são decorrentes de translocação, pela qual o autossomo 21, a mais, está fundido a

outro autossomo.

O erro genético também pode ocorrer pela proporção variável de células trissômicas

presente ao lado de células citogeneticamente normais.

Estes dois tipos de alterações genéticas são menos freqüentes, que a trissomia simples.

Estas alterações genéticas decorrem de "defeito" em um dos gametas, que formarão o

indivíduo. Os gametas deveriam conter um cromossomo apenas e assim a união do gameta

materno com o gameta paterno geraria um gameta filho com dois cromossos, como toda a

espécie humana. Porém, durante a formação do gameta pode haver alterações e através da

não-disjunção cromossômica, que é realiza durante o processo de reprodução, podem ser

formados gametas com cromossomos duplos, que ao se unirem a outro cromossomo pela

fecundação, resulta em uma alteração cromossômica. (THOMPSON; McINNES e

WILLARD, 1993).

Estas alterações genéticas alteraram todo o desenvolvimento e maturação do

organismo e inclusive alteraram a cognição do indivíduo portador da síndrome. Além de

conferirem lhe outras características relacionadas a síndromes.

De forma geral algumas características do Down são: o portador desta síndrome é um

individuo calmo, afetivo, bem humorado e com prejuízos intelectuais, porém podem

apresentar grandes variações no que se refere ao comportamento destes pacientes. A

personalidade varia de indivíduo para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios do

comportamento, desordens de conduta e ainda seu comportamento podem variar quanto ao

potencial genético e características culturais, que serão determinantes no comportamento.

(MUSTACCHI, 1999).

Page 14: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  14

1.1 HISTORICO

O registro antropológico mais antigo da Síndrome de Down deriva das escavações de

um crânio saxônico, datado do século VII, apresentando modificações estruturais vistas com

freqüência em crianças com Síndrome de Down.

Algumas pessoas acreditam que a Síndrome de Down tenha sido representada no

passado em esculturas e pictografias. Os traços faciais de estatuetas esculpidas pela cultura

Olmec há quase 3.000 anos foram considerados semelhantes aos de pessoas com Síndrome de

Down. O exame cuidadoso dessas estatuetas, porém, gera dúvidas sobre essa afirmação.

Apesar das conjecturas históricas, nenhum relatório bem documentado sobre pessoas

com Síndrome de Down foi publicado antes do século XIX. Há várias razões para isso: em

primeiro lugar, havia poucas revistas médicas disponíveis naquela época; em segundo

somente alguns poucos pesquisadores estavam interessados em crianças com problemas

genéticos e deficiência mental; em terceiro, outras doenças, como infecções e a desnutrição

predominavam naquela época, ofuscando muitos dosproblemas genéticos e de malformação; e

em quarto, até os meados do século XIX, somente metade das mães sobreviviam além dos 35

anos de vida (é bem conhecido o aumento de incidência de Síndrome de Down em mães de

idade avançada) e muitas das crianças certamente nascidas com Síndrome de Down

provavelmente morriam na primeira infância. (WERNECK 1993).

A primeira descrição de uma criança que se presume tinha Síndrome de Down foi

fornecida por Jean Esquirol1 em 1838. Logo a seguir, em 1846, Edouard Seguin descreveu

um paciente com feições que sugeriam Síndrome de Down, denominando a condição de

"idiotia furfurácea". Em 1866, Duncan registrou uma menina "com uma cabeça pequena e

redonda, olhos parecidos com os chineses, projetando uma grande língua e que só conhecia

algumas palavras". Naquele mesmo ano, John Langdon Down publicou um trabalho no qual

descreveu algumas das características da síndrome que hoje leva o seu nome.

O cabelo não é preto como é o cabelo de um verdadeiro mongol, mas é de cor

castanha, liso e escasso. O rosto é achatado e largo. Os olhos posicionados em linha oblíqua.

O nariz é pequeno. Estas crianças têm um poder considerável para a imitação. (WERNECK

1993).

Down merece o crédito pela descrição de características clássicas desta condição,

assim distinguindo estas crianças de outras com deficiência mental, em particular aquelas com

cretinismo (um desordem congênita da tireóide). Assim, a grande contribuição de Down foi

Page 15: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  15

seu reconhecimento das características físicas e sua descrição da condição como entidade

distinta e separada.

Assim como muitos cientistas contemporâneos dos meados do século XIX, Down foi

certamente influenciado pelo livro de Charles Darwin, A origem das espécies.

Em conformidade com a teoria da evolução de Darwin, Down acreditava que a

condição que agora chamamos de Síndrome de Down era um retorno a um tipo racial mais

primitivo. Ao reconhecer nas crianças afetadas uma aparência algo oriental, Down criou o

termo "mongolismo" e chamou a condição, inadequadamente, de "idiotia mongolóide". Hoje

sabemos que as implicações raciais são incorretas. (OSKI et al., 1992).

Após 1866, nenhum registro de Síndrome de Down foi publicado por cerca de uma

década, até que J. Frase e A. Mitchell descreveram, em 1876, pacientes com essa condição,

denominando-os de "idiotas Kalmuck". Mitchell chamou atenção para o pescoço encurtado e

para a idade mais avançada das mães quando deram à luz. Frase e Mitchell merecem o crédito

por terem fornecido o primeiro relato científico da Síndrome de Down numa reunião em

Edimburgo, em 1875, quando Mitchell apresentou observações de 62 pessoas com Síndrome

de Down.

No início deste século, muitos relatórios médicos foram publicados descrevendo

detalhes adicionais de anormalidades encontradas em pessoas com Síndrome de Down e

discutindo várias causas possíveis. Os progressos no método de visualização dos

cromossomos em meados dos anos 1950 permitiram o estudo mais preciso de cromossomos

humanos, levando à descoberta de Lejeune, há mais de 70 anos, de que crianças com

Síndrome de Down têm um cromossomo 21 extra. (WERNECK 1993).

1.2 ETIOLOGIA

Os portadores da síndrome de Down possuem excesso de cromossomos. A trissomia

do 21 é a anormalidade cromossômica mais comum totalizando 92% dos casos e os 8%

restantes advêm de translocações. A probabilidade de ter um filho com trissomia do 21

aumenta com a idade materna. “Nas mães menores de 20 anos de idade, a incidência da

síndrome de Down é de 1:2500 nascidos vivos, enquanto nas mães com 45 anos de idade é de

aproximadamente 1:50” (OSKI et al., 1992).

Apesar disso encontramos um maior número de mães menores de 35 anos com

crianças portadoras da síndrome de Down pela proporção maior de mães com esta faixa

etária.

Page 16: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  16

Para Stern (1982), a idade do pai não influencia na incidência, ou seja, não é uma das

causas do aparecimento de casos de síndrome de Down. E segundo Stansfield (1985), o que

pode estar relacionado é a não-disjunção do par de cromossomos 21 durante a

espermatogênese podendo produzir uma criança com síndrome de Down.

1.3 FENÓTIPO

As características dismórficas podem variar, entretanto as crianças com síndrome de

Down apresentam um fenótipo distintivo. Os pacientes apresentam hipotonia, baixa estatura e

braquicefalia. O pescoço é curto, com pele redundante na nuca. “As orelhas são de

implantação baixa e têm uma aparência dobrada típica, os olhos exibem manchas de

Brushfield ao redor da margem da íris e a boca é aberta, muitas vezes mostrando a língua

sulcada e saliente” (THOMPSON; McINNES e WILLARD, 1993).

As mãos são curtas e largas, podendo existir uma única prega palmar transversa,

denominada “prega simiesca” e os quintos dedos defletidos, ou clinodactilia. Os pés mostram

um amplo espaço entre o primeiro e o segundo dedos, com um sulco estendendo-se

proximalmente na face plantar (THOMPSON; McINNES e WILLARD, 1993).

Quanto ao desenvolvimento, essas crianças apresentam um certo atraso que aparece

até o final do primeiro ano (THOMPSON; McINNES e WILLARD, 1993).

Com cerca de 9 meses essas crianças se sentam, e andam sem apoio aos 2 anos de

idade. Somente perto dos 4 anos se inicia o uso de algumas palavras e sentenças curtas

(MARCONDES et al., 1978).

Com o decorrer de seu desenvolvimento observa-se um atraso cognitivo e diminuição

da concentração. Os bebês com síndrome de Down manifestam perturbações do

comportamento lingüístico que resultam em alterações na compreensão, expressão e

funcionalidade da linguagem e são devidas a múltiplos fatores, como limitações do

desenvolvimento cognitivo, alterações no funcionamento neurológico, distúrbios de audição,

alterações do desenvolvimento motor (TRISTÃO e FEITOSA, 1998).

A principal alteração do desenvolvimento motor é a hipotonia muscular, que pode

comprometer o controle da língua, dos lábios e dos demais componentes do aparelho fonador,

incluindo os da respiração (TRISTÃO e FEITOSA, 1998).

Outras alterações que podem aparecer estão no sistema urinário, onde o controle

esfincteriano é adquirido ao redor de 4 anos. Em 40% dos casos de síndrome de Down são

encontradas cardiopatias congênitas. Possivelmente, por causa do desenvolvimento muscular

anormal, o abdômen das crianças com síndrome de Down é protuberante, freqüentemente

Page 17: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  17

encontra-se a diástase dos retos e a hérnia umbilical e essas crianças estão mais suscetíveis às

infecções do trato respiratório (MARCONDES et al., 1978).

O cerebelo e tronco cerebral têm tamanho, relativamente pequeno e a redução no

tamanho dos hemisférios cerebrais é especialmente aparente nos pólos frontais (UMPHRED,

1994).

Pode-se encontrar alterações neurofibilares e placas neuríticas, similares às

encontradas nos pacientes com síndrome de Alzheimer, podem estar presentes nos pacientes

com síndrome de Down que ultrapassam os 40 anos de idade (SANVITO, 1997).

McGraw (1966) observou uma falta de mielinização das fibras nervosas nas áreas pré-

centrais, nos lobos frontais e cerebelo de bebês com síndrome de Down, mostrando uma falta

de maturidade do SNC. E conforme colocou o mesmo autor, “a quantidade de mielina no

cérebro reflete o estágio de maturação do desenvolvimento”. Esse atraso da mielinização

parece ser um fator contribuinte para a hipotonicidade generalizada aparente durante esse

período (UMPHRED, 1994).

Observa-se também uma persistência de vários reflexos primitivos além do tempo que

deveriam normalmente desaparecer. Entre esses reflexos estão os reflexos de preensão palmar

e plantar, o reflexo de marcha e o reflexo de Moro. As possíveis causas neurológicas para

esses achados clínicos seriam a maturação cerebelar, o tamanho do cerebelo e tronco cerebral

relativamente pequenos e o retardo de maturação das vias corticais a partir do córtex motor

(COWIE, 1970).

A região do cromossomo 21 é essencial para a expressão das alterações faciais,

neurológicas e cardiovasculares e os genes localizados dentro dessa região é que determinam

o fenótipo característico da síndrome de Down e sua perspectiva de vida (COTRAN;

KUMAR e COLLINS, 1999).

1.4 SOBREVIDA PRÉ E PÓS-NATAL

Cerca de três quartos dos fetos com a síndrome de Down perdem-se por aborto

espontâneo no primeiro trimestre e, muitas das que sobrevivem, morrem no início da vida

pós-natal (THOMPSON; McINNES e WILLARD, 1993). Segundo o mesmo autor, “Os

pacientes com menores chances de sobrevida antes e após o nascimento são aqueles com

cardiopatia congênita; um quarto dos bebês com defeitos cardíacos morrem antes do primeiro

aniversário”.

Page 18: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  18

Atualmente sabe-se que, com o avanço da medicina, a sobrevida dessas crianças tem

aumentado muito, encontrando-se inclusive, muitos adultos com idade superior a 30 anos,

portadores da síndrome de Down.

Na síndrome de Down, a senilidade prematura associada às características

neuropatológicas típicas da doença de Alzheimer, é encontrada várias décadas antes do que

apareceria na população em geral (THOMPSON; McINNES e WILLARD, 1993).

1.5 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Na síndrome de Down o peso ao nascimento é menor que o esperado para sua idade

gestacional e estas crianças tendem a nascer prematuramente (MARCONDES et al., 1978).

Segundo Henderson (1985), as fases do desenvolvimento motor geralmente são atingidas com

certo atraso. “O lactente normal é capaz de ficar sentado sem ajuda aos 6 meses, de ficar em

pé aos 11 meses e de caminhar com 12 meses, ao passo que o lactente com síndrome de Down

alcança esses marcos na idade de 9, 18 e 19 meses, respectivamente”.

A falta de controle motor e de força muscular podem ser os principais fatores

responsáveis pelo atraso da aquisição da deambulação independente nas crianças com

síndrome de Down (SHEPHERD, 1998).

A falta de estímulo dos pais também exerce grande influência sob o controle de

cabeça. Geralmente há uma hesitação dos pais em manusear o lactente e brincar com ele.

Quando a criança raramente é tirada do berço o estímulo para adquirir o controle sobre a

cabeça e o tronco estará ausente. E essa falta de controle de tronco irá dificultar a aquisição do

equilíbrio (SHEPHERD, 1998).

Quanto ao tono muscular, este tende a melhorar com a idade e o progresso do

desenvolvimento sofre um declínio conforme a criança cresce. Geralmente o crescimento é

lento nos primeiros 8 anos de vida, os centros de ossificação secundários são lentos no seu

desenvolvimento e numa fase mais tardia da infância, a maturação óssea fica dentro dos

limites da normalidade sendo que, por volta dos 15 anos de idade, é atingida a estatura final

(CARAKUSHANSKY, 1979).

Há atraso no desenvolvimento motor e habilidades de auto-ajuda e um déficit de

equilíbrio importante que pode persistir até a adolescência (SARRO e SALINA, 1999). O

desenvolvimento do equilíbrio também pode ser influenciado pela falta de integração dos

estímulos visuais, vestibulares e somatossensitivos e na dificuldade que o indivíduo tem de se

adaptar às modificações ambientais (BURNS e MacDONALD, 1999).

Page 19: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  19

Os ajustes posturais são deficitários nas crianças com síndrome de Down e essas

crianças se adaptam de maneira precária às mudanças com relação às condições da tarefa,

quando comparadas com crianças normais da mesma idade. As respostas apresentadas pelas

crianças com síndrome de Down indicam que as deficiências em relação ao equilíbrio não são

devidas à hipotonia como tal e sim às falhas dos mecanismos posturais (SHEPHERD, 1998).

A própria hipotonia não está condicionada com a força do movimento voluntário, mas

parece mais associada às reações posturais. A melhora das reações posturais coincide com a

melhora dos músculos hipotônicos (LEVITT, 2001).

As crianças com síndrome de Down geralmente adaptam seus movimentos para

compensar suas incapacidades de ajustes equilíbrio e postura para deslocamento do seu centro

de gravidade sobre a base de sustentação. Essas adaptações geralmente consistem em

alargamento da base de apoio e no emprego das mãos para apoiar-se (SHEPHERD, 1998).

Algumas crianças com síndrome de Down podem apresentar luxação atlantoaxial

sintomática que pode ocorrer em qualquer momento, desde o nascimento até a 3ª década

(FENICHEL, 1995). Antes de participar de exercícios intensos que solicitem as estruturas do

pescoço, essas crianças precisam ser submetidas ao exame da estabilidade da articulação

atlanto-axial (COOKE, 1991).

Em relação ao desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, se encontram

incompletos, sendo que as meninas podem menstruar e ser férteis (CARAKUSHANSKY,

1979), e, segundo Marcondes et al (1978), costumam ter puberdade tardia e menopausa

precoce, e os rapazes são considerados inférteis.

1.6 PROGNÓSTICO

Muitos dos indivíduos com síndrome de Down morrem no período da lactação e antes

poucos sobreviviam além da primeira ou segunda década (MERRIT, 1977). Hoje se sabe que,

com a tecnologia da medicina atual, a maioria dessas crianças tem um ótimo prognóstico de

vida. Porém as doenças cardíacas congênitas associadas e as doenças infecciosas agudas ainda

são as principais causas de morte na síndrome de Down.

“Metade dos pacientes, com os cuidados atualmente disponíveis, sobrevivem além dos

50 anos, embora com senilidade prematura e achados neuropatológicos” (MOTTA, 1993).

Não existe um tratamento farmacológico ou cirúrgico que vá curar os sintomas da síndrome

de Down, mas sim recursos que podem estar ajudando a prevenir as deformidades e

diminuindo a velocidade de progressão das complicações características desta síndrome.

Page 20: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  20

Entre as terapias disponíveis e úteis encontramos a fisioterapia, muito utilizada para

tratar e prevenir estas deformidades e complicações que surgem conforme o desenvolvimento

da criança.

1.7 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

O tratamento fisioterapêutico para a criança com síndrome de Down varia de acordo

com as necessidades e a idade de cada criança. Os principais objetivos da fisioterapia para

uma criança com menos de 1 ano de idade focalizam o desenvolvimento das habilidades

motoras que seguem os padrões e seqüências normais de desenvolvimento. Entre elas estão

melhorar o controle da cabeça, o rolar, sentar-se com e sem apoio. Para o lactente muito

pequeno, estão as estimulações para as expressões motoras de interação, como virar a cabeça,

alcançar um brinquedo ou levantar a cabeça quando em decúbito ventral (RATLIFFE, 2000).

Aproximadamente aos 2 anos, idade em que as crianças com síndrome de Down

aprendem a andar, a fisioterapia tem como meta a mobilidade, a marcha, estímulos para

transferência de peso e diferentes posições. Numa fase de marcha mais avançada, são

utilizadas atividades que estimulam o subir e descer degraus, andar em terreno acidentado,

pular, correr e chutar bola (RATLIFFE, 2000).

“As habilidades integradas importantes, aprendidas durante essa idade, incluem

planejamento motor, ou aprender como planejar a coordenação de membros inferiores e

superiores, e movimento do tronco na ordem correta para atingir uma meta motora”

(RATLIFFE, 2000).

Em idade escolar, a sociabilidade e as interações passam a ter maior significado para a

criança e sua família (RATLIFFE, 2000). Segundo Sarro e Salina (1999), independentemente

do método utilizado, os objetivos gerais da área motora visam explorar o potencial motor da

criança, direcionando-a nas sucessivas etapas do desenvolvimento motor, auxiliar na

aquisição de padrões essenciais e fundamentais do desenvolvimento motor, prepará-la para

uma atividade motora subseqüente mais complexa; visam também proporcionar maior

independência motora e dar condições para que possa desenvolver simultaneamente outras

habilidades relacionadas com o desenvolvimento da capacidade motora global.

A partir desses princípios desenvolvem-se os objetivos específicos, como normalização

do tônus global, inibição de padrões anormais de movimento e postura, aumento do limiar de

sensibilidade tátil e cinestésica, estimulação proprioceptiva nas diversas posturas,

desenvolvimento das reações de proteção, retificação e equilíbrio (SARRO e SALINA, 1999).

Page 21: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  21

Os pais de crianças com síndrome de Down recorrem a diversos tipos de terapias

alternativas e complementares para auxiliar no desenvolvimento de seus filhos, recorrendo a

tudo que podem para melhorar a sua perspectiva de vida. E entre essas alternativas se

enquadra a equoterapia que pode ser usada isoladamente ou como complemento à fisioterapia

(SAENZ, 1999).

Para obter-se resultados concretos quanto à utilização da equoterapia no tratamento do

equilíbrio em crianças com síndrome de Down, pode-se utilizar uma escala de equilíbrio

numa avaliação antes e após uma certa quantidade de sessões.

Tem-se como exemplo o teste de equilíbrio de Tinetti adaptado, que quantifica a

capacidade de equilíbrio e marcha que o praticante possui dando valores, sendo que esses

valores podem ser mensurados antes e depois do tratamento.

É importante também a realização de uma avaliação dos reflexos de equilíbrio e

proteção e a reação de endireitamento, para se fazer uma comparação dos resultados após a

equoterapia. (RATLIFFE, 2000).

1.8 INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Criança portadora da Síndrome de Down é muito dócil depois de conquistada, o que

torna a terapia uma troca muito gratificante para o terapeuta, pelo relacionamento com essas

crianças especiais, e para crianças com o alívio que traz a terapia. Antes de qualquer técnica

específica de estimulação, a convivência saudável com a criança deve ser uma das prioridades

da estimulação, pois é a partir dela que ocorre o desenvolvimento. (STEGUN, 2003).

O desenvolvimento do bebê é manifestação eminentemente motora, por isso o

programa nessa área é fortemente desenvolvido respeitando os níveis de rendimento da

criança, possibilitando maior postura, melhor tonicidade e melhor equilíbrio. Dependendo das

deficiências específicas, técnicas de fisioterapia são aplicadas para inibição de reflexos

patológicos. Chegar o mais cedo possível aos profissionais que tratam do problema,

principalmente o fisioterapeuta, vai fazer toda diferença no desenvolvimento da criança já nos

primeiros meses de vida, nesta fase, com exceção dos traços físicos, a defasagem não é muito

evidente, por isso, é vital que essa criança comece a ser estimulada imediatamente. (PIERÓ,

et.al 1987).

Uma das características principais da Síndrome de Down, e que afeta diretamente o

desenvolvimento psicomotor, e a hipotonia generalizada, presente desde o nascimento. A

hipotonia origina-se no sistema nervoso central e afeta toda a musculatura e a parte ligamentar

Page 22: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  22

da criança. Com o passar do tempo, a hipotonia tende a diminuir espontaneamente, mas ela

permanecerá presente por toda a vida, em graus diferentes. O tônus é uma característica

individual, por isso há uma variação entre as crianças com esta síndrome. A criança que

nasceu com Síndrome de Down vai controlar a cabeça, rolar, sentar, arrastar, engatinhar,

andar e correr, exceto se houver algum comprometimento além da síndrome. Quando ela

começa a andar, há necessidade ainda de um trabalho específico para o equilíbrio, a postura e

a coordenação de movimentos. A hipotonia muscular faz com que haja um desequilíbrio de

força nos músculos da boca e face, ocasionando alterações na arcada dentária, projeção no

maxilar inferior e posição inadequada da língua e lábios com a boca aberta e a língua sempre

para fora, a criança respira pela boca, o que acaba alterando a forma do palato. Esses fatores,

dentre outros, fazem com que os movimentos fiquem mal coordenados. (RATLIFFE, 2000).

É essencial que nesta fase, na qual há maior independência motora, a criança tenha

espaço para correr e brincar e possa exercitar sua motricidade global. A brincadeira deve estar

presente em qualquer proposta de trabalho infantil, pois é a partir dela que a criança explora e

internaliza conceitos, sempre aliados inicialmente à movimentação do corpo.

O desenvolvimento global da criança portadora de Síndrome de Down acontece com

retardo ao padrão da normalidade, no entanto a criança pode chegar a progressos

consideráveis com boa estimulação do meio facilitados por profissionais capacitados e,

sobretudo, pela família com a qual convive diariamente. Na seqüência do desenvolvimento do

indivíduo, em primeiro lugar vem a postura, depois a ação motora, para depois vir ação

mental. Isto quer dizer que qualquer ação mental, organizada, dependerá de um sistema

postural bem estruturado e conseqüentemente de movimentos intencionais bem organizados e

para que isso plenamente será preciso não só a integridade do cérebro, das vias que se

comunicam com ele, como também do aprendizado através do ambiente. Se a estimulação é

importante para qualquer criança com ou sem atraso no desenvolvimento, a criança Down tem

essa necessidade muito mais inerente de experimentar situações e conviver com pessoas

diferentes às de seu ambiente. O desenvolvimento de uma criança se dá através de descobertas

de si mesmo e do mundo que a rodeia. (PUESCHEL, 1999).

O profissional fisioterapeuta ajuda no processo de desenvolvimento da criança com

Síndrome de Down em todos os aspectos, porque a criança com essa Síndrome tem que ser

abordada como um todo, e isso são imprescindíveis para o desenvolvimento. É importante

começar o mais cedo possível a fisioterapia nas crianças portadoras dessa síndrome. Existem

pontos a ter cuidados com a Síndrome de Down, que seria cardiopatias graves que pode ser

Page 23: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  23

encontrada. Outro aspecto que o fisioterapeuta tem que ter cuidado é com alguma alteração

cervical, que pode vir acompanhada.

Tratada precocemente, a SD não traz comprometimentos ao desenvolvimento motor. É

importante salientar que, em se tratando da SD há grande variação no desenvolvimento, destas

crianças. O ritmo e a velocidade delas devem ser respeitados, o que leva sempre a pensar mais

na fase do seu desenvolvimento do que na idade cronológica. O tratamento precoce tem que

acontecer porque a Síndrome de Down já pode ser constatada dentro da barriga da mãe, então

quanto mais rápido a fisioterapia atuar mais ganho esta criança vai ter. (PIERÓ, et.al 1987).

Nada é impossível para um portador com Síndrome de Down ter a independência

motora, mas não se devem fixar metas muito elevadas que possam de alguma forma inibir ou

desmotivar a criança o que realmente conta é a superação dos seus próprios limites no dia-a-

dia, por menor que seja. Nada impede que a criança com Síndrome de Down tenha problemas

para conseguir a independência motora, pois, antigamente, a falta de estimulação é o que

trazia problemas, a criança ficava sem uma perspectiva de ter um lugar dentro da sociedade, o

que já não ocorre nos dias de hoje. Para tanto varias especialidades da fisioterapia trabalha

com a Síndrome de Down (BALLABEN, 2008).

A maioria das crianças com Síndrome de Down apresenta constantes resfriados e

pneumonias de repetição, isto se deve a uma predisposição imunológica e à própria hipotonia

da musculatura do trato respiratório. Como o problema é crônico, desaconselha-se o uso

repetitivo de antibióticos, o ideal é trabalhar na prevenção das doenças respiratórias, através

de exercícios específicos de sopro, da prática de atividades físicas que aumentem a resistência

cardiorespiratória, da higiene nasal e do uso de manobras específicas como tapotagem,

vibração e drenagem postural para evitar o acúmulo de secreção (BALLABEN, 2008).

- Atividades Lúdicas

O interesse que ela manifesta pelo movimento dos objetos, faz dos brinquedos um

bom suporte para estimulá-la a passar de uma posição para outra. Os jogos e as brincadeiras,

além de serem úteis para a aquisição da motricidade, têm grande importância para que a

criança se desenvolva do ponto de vista mental e afetivo. O portador da Síndrome de Down

apesar de ter características que o diferencia dos indivíduos ditos "normais", é semelhante a

estes no processo de desenvolvimento. Através de atividades com jogos e brincadeiras, a

criança se envolve com o desejo de descobrir o mundo que a rodeia e de se autodescobrir,

Page 24: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  24

essa motivação desperta a vontade de se movimentar, tornando esses movimentos mais

espontâneos, mais prazerosos e as conquistas mais evidentes (PUESCHEL, 1999).

- A necessidade da equipe multidisciplinar

A equipe multidisciplinar que trabalha junto a portadores da Síndrome de Down

compreende o neurologista, fisioterapeuta, assistente social, dentista, fonoaudiólogo, terapeuta

ocupacional, psicólogo e pedagogo.

É de primordial importância que os profissionais da fisioterapia envolvidos com as

crianças portadoras de SD tenham total conhecimento científico sobre a síndrome, com o

objetivo de fornecer informações precisas e atualizadas para a família, bem como se

aprimorarem constantemente no que tange ao tratamento específico multidisciplinar e suporte

emocional.

Na criança Down todo o trabalho cerebral se processa mais lentamente. A atenção é

mais pobre, não se concentra o tempo suficiente para guardar as ordens dadas.

Há uma fadiga muito rápida e com o cansaço, a energia necessária para manter a

concentração, desaparece. Surge-se então para seu melhor desenvolvimento, que desde cedo

seja encaminhada a um processo de estimulação. O progresso da criança Down depende

muito da dedicação do fisioterapeuta, de outros profissionais e da família. (BALLABEN,

2008).

- Intervenção Precoce

Assim que a criança recebe uma alta pediátrica no hospital já pode começar o

tratamento. Acredita-se ainda que a criança com Síndrome de Down tenha que ser estimulada

dentro do berçário, dentro da maternidade e, por isso é importante a presença do fisioterapeuta

no ambiente hospitalar, para que possa orientar a mãe na hora de colocar o bebê com SD no

colo, pois o modo de segurar a criança é importante. Se essa orientação for feita na

maternidade, muitos problemas podem ser eliminados.

As crianças submetidas à estimulação apresentam maior estabilidade no

desenvolvimento do que crianças não submetidas a um programa desse tipo. A vida dos

portadores da Síndrome de Down não é tão limitada quanto se acredita. O índice de

mortalidade de crianças com lesão neurológica é muito menor, porque hoje a abordagem

fisioterápica está sendo feita muito mais cedo, a criança que recebe estimulação desde de bebê

tem uma sobrevida maior. (PUESCHEL, 1999).

Page 25: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  25

A fisioterapia respiratória atua na prevenção e tratamento, usa recursos terapêuticos

que visam o conforto respiratório do paciente. Fazendo manutenção de higiene brônquica,

prevenindo complicações por hipersecreção que podem acarretar prejuízo à ventilação da

criança. Dentre os procedimentos fisioterapêuticos fazem parte à avaliação fisioterapêutica

pulmonar. Sendo essas manobras realizadas em uma seqüência lógica e devidamente utilizada

a cada patologia respiratória e sempre observando o estado geral da criança.

Massagens com o vibrador ou com as mãos ajudam a dar maior tonicidade na

musculatura orofacial. Brinquedos coloridos e sonoros estimulam a visão, a audição e a

coordenação de movimentos no bebê. Exercícios específicos de equilíbrio com o uso da bola

de Bobath e da prancha de equilíbrio também são importantes. As manobras realizadas para

mudanças de posição, estímulo da propriocepção ou ainda os exercícios respiratórios

constituem elementos básicos das terapias individuais. Atividades que envolvam o balanço

estimulam os órgãos do equilíbrio. Assim, desde cedo a criança deverá experimentar estas

sensações, tanto na terapia, como em casa. O balanço na bola de Bobath facilita as reações de

controle de cabeça e tronco. O uso de redes, balanças e brincadeiras com o corpo devem ser

estimulados e orientados à família (FLINKERBUSCH, 1993).

- Papel da Família

O mundo da criança no útero materno é repleto de sensações agradáveis, de

aconchego, calor e movimento. Ao nascer, precisa se readaptar às novas circunstâncias: reage

a luzes fortes, ruídos intensos, manipulações bruscas, que causam sentimento de angústia e

desamparo. Ela sozinha não é capaz de manter-se e desenvolver-se. Depende de sua mãe para

os cuidados básicos que garantam sua subsistência. Estes cuidados consistem, não só em

alimentação, higiene, como também, carinho e proteção, que contribuem, de forma

significativa, para o seu desenvolvimento emocional. É nos cuidados básicos que a mãe

dispensa ao recém-nascido que tem início a relação mãefilho. A qualidade dessa relação

determina as possibilidades de um desenvolvimento emocional e global satisfatório e

ajustado. A criança precisa se sentir aceita e amada para que tenha segurança em arriscar-se,

nos primeiros movimentos, rumo à independência. As primeiras relações sociais que mantém

é com sua mãe e sua família. Um clima familiar saudável proporciona bom desenvolvimento

afetivo, intelectual, físico e motor. Um ambiente hostil desorganiza todo o processo evolutivo

e a formação da personalidade. (PUESCHEL, 1999).

A comunicação que se estabelece nos primeiros dias se faz pelo contato corporal; a

criança sente prazer em ser tocada, alimentada, banhada e acariciada. A comunicação pelo

Page 26: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  26

contato visual contribui, significativamente, para o fortalecimento desta relação, assim como

ouvir a voz tranqüilizadora de sua mãe a acalma e conforta.

A criança com Down tem as necessidades básicas de movimento, toque,proteção, afeto

e cuidados com a alimentação e higiene, da mesma forma que a criança vidente. Ela precisa

de tudo isso para seu desenvolvimento físico e emocional. Situações que despertam agrado e

desagrado são importantes, pois motivam a criança a agir sobre o meio que a cerca. Seu tônus

muscular se modifica, fornecendo a base para o desenvolvimento motor.

(MENDES,A.M.2003)

“As sensações de agrado vão substituindo pouco a pouco as sensações dedesagrado e

atuam como estímulos responsáveis pela ação da criança”.

Nas manipulações naturais que requerem seus cuidados, a criança aprenderá a tomar

diferentes posturas, movimentar-se adequadamente e a agir sobre os objetos que a cercam, de

forma natural.

Durante a alimentação, a higiene, a troca de roupas e as brincadeiras, são despertadas

na criança estímulos sensoriais que atuam sobre o sistema nervoso, ativando seus diferentes

centros. Estas atividades promovem tanto sensações proprioceptivas – através do movimento,

como sensações estereoceptivas – captadas pelos objetos vistos, tocados e ouvidos. A

percepção destas imagens passa, então, a dominar suas atividades.

A alimentação fornece sensações agradáveis de prazer e bem-estar, estimula as

sensações gustativas e olfativas, além de propiciar atividades musculares e posturais para a

manutenção da cabeça em posição adequada para esta conduta.

A comunicação desempenha importante papel na aquisição da linguagem falada e na

formação dos conceitos que ela representa.

O papel da família é fundamental como facilitador das aquisições dos padrões de

postura e do movimento, na educação, no desenvolvimento da inteligência e na organização

da personalidade, em todas as fases do processo evolutivo da criança normal. Assim, maior é

a importância da atuação dos pais no desenvolvimento de uma criança com deficiência

sensorial. (RATLIFFE,K.T.2000)

Quando nasce uma criança com Down todo o “mundo de fantasia” criado pelos pais

desmorona. Surgem, então, vários sentimentos que, muitas vezes, não são bem definidos ou se

misturam: decepção, revolta, angústia, culpa, rejeição, superproteção, entre outros. O

“choque” e a frustração influenciam profundamente a interação com a criança, dificultando a

construção de um vínculo afetivo saudável. Os pais, sem saber como lidar com seu filho “tão

diferente” tendem a deixá-lo por muito tempo no berço, sem a atenção e o carinho

Page 27: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  27

necessários. A criança ociosa “brinca” com seu próprio corpo podendo desenvolver

comportamentos atípicos e estereotipados (RATLIFFE,K.T.2000).

O atraso na aquisição da mobilidade é acrescido do fato de que sentimentos

superprotetores cerceiam as possibilidades das experiências tão necessárias ao

desenvolvimento motor da criança.

Sentimentos de rejeição, por parte dos pais, geram insegurança e favorecem a falta de

iniciativa para o movimento. Dessa forma, se desenvolve na criança o sentimento de “minus

valia”.

Os pais, muitas vezes, imbuídos do sentimento de vergonha, evitam o convívio social,

o que dificulta o relacionamento da criança com outras pessoas, principalmente, na mesma

faixa etária.

A síndrome de down afeta, sobremaneira, o desenvolvimento social, torna-se difícil à

aquisição e percepção das expressões fisionômicas, gestos e comportamentos tão comuns

entre as crianças sem síndrome de down (SANVITO, W. L.1997).

O preconceito social é um fato. Muitas vezes, os pais são abordados na rua com um

“sem fim de perguntas” sobre a problemática da criança e uma infinidade de sugestões

infundadas. Torna-se necessário apoio à família por profissionais especializados.

A orientação aos pais deve fazer parte do programa, sendo fundamental continuidade

aos procedimentos nas atividades da vida diária da criança, em sua própria casa.

Manipulações inadequadas podem interferir no tratamento, de maneira indesejável.

A pouca experiência sensório-motora vivenciada pela criança com Down pode levá-la

à rejeição de estímulos táteis, contribuindo para o desenvolvimento de alterações desta

sensibilidade. É necessário que, desde cedo, tenha contato com uma variedade de materiais,

para que não desenvolva futuramente rejeição ao toque, comportamento muito comum nestas

crianças (RATLIFFE,K.T.2000).

- Hidrocinesioterapia Especifica

A hidroterapia poderá ser útil aos portadores da SD, pois o ganho de força muscular

para pacientes com Síndrome de Down pode ser conseguido através da resistência da água ao

movimento, o que pode ser incrementado com o aumento da velocidade durante a execução

destes e, conseqüentemente possibilitar o trabalho muscular. A flutuação é outra propriedade

que pode oferecer resistência, e neste caso o movimento deve ser realizado no sentido da

superfície para o fundo da piscina. A viscosidade é outro fator que proporciona resistência ao

movimento e está intimamente ligada à velocidade (MARINS, 2001).

Page 28: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  28

O trabalho de fortalecimento e equilíbrio muscular e determinadas posturas pode

utilizar a turbulência da água, provocada em diferentes velocidades, permitindo o desafio do

equilíbrio para diferentes tipos de déficits motores. A adequação do tônus muscular pode ser

realizada co-contração através de exercícios resistidos contra a flutuação e a viscosidade da

água, durante algumas atividades lúdicas (GUIMARÃES, 1996). A densidade corporal destas

crianças está diminuída pela hipotonia, fato este que leva a uma facilitação da posição de

flutuação, possibilitando a realização de atividades como o nado adaptado, trazendo diversos

benefícios, como o fortalecimento muscular global e o treino respiratório. A pressão

hidrostática oferece estímulos proprioceptivos e táteis, que auxiliam na adequação do tônus,

no trabalho sensorial, e também na resistência aos movimentos (FLINKERBUSCH, 1993).

Na SD pode haver diminuição da interação do indivíduo com o meio ambiente,

limitando oportunidades derivadas de experiências sensoriais como visuais, vestibulares,

táteis e proprioceptivas; e a hidroterapia promove liberdade dos movimentos e aumenta a

sociabilização, uma vez que representa ser um ambiente agradável e rico em estímulos, onde

são realizadas atividades lúdicas que envolvem objetivos terapêuticos, de forma individual ou

em grupo (FLINKERBUSCH, 1993; CAMPION, 2000).

A hidroterapia pode ser benéfica ao fornecer métodos alternativos para estimular a

reeducação dos padrões respiratórios. Através de brincadeiras lúdicas como realização de

bolhas na água com a boca, a utilização de canudos e diferentes objetos para soprar,

estimulam-se a musculatura orbicular da boca e favorece sua oclusão, além do fato da

musculatura respiratória ser estimulada pela pressão hidrostática exercida constantemente

sobre o corpo imerso (GUIMARÃES, 1996).

Um dos vários recursos utilizados é a Equoterapia, abordagem terapêutica

relativamente nova no Brasil que visa utilizar o cavalo como facilitador para um melhor

desenvolvimento neuropsicomotor do indivíduo. A interação com o animal propicia ao

paciente atingir novas formas de comunicação, socialização, concentração, equilíbrio,

coordenação motora, conscientização postural e ganho da auto-estima. O trabalho motor

realizado na Equoterapia é muito importante (NEVES, 2008).

Passamos abordar especificamente a equoterapia como forma de intervenção

fisioterapêutica.

Page 29: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  29

CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS SOBRE EQUOTERAPIA

Cirillo (1982), citado por Uzun (2005), entende como “[...] um tratamento de

reeducação e reabilitação motora e mental, por meio da prática de atividades eqüestres e

técnicas de equitação.” (UZUN, 2005).

Walter e Vendramini (2000, apud UZUN, 2005) enfatizam que essa atividade exige a

participação do corpo inteiro, contribuindo assim, para o desenvolvimento do tônus e da força

muscular, do relaxamento, da conscientização do próprio corpo, do equilíbrio, do

aperfeiçoamento da coordenação motora, da atenção e a auto-estima. “Assim, a equoterapia é

um método de reabilitação e educação que trabalha o praticante de forma global.” (UZUN,

2005).

Existem mundialmente divergências conceituais e semânticas a respeito do nome dado

a esta atividade, sendo que, podem ser observadas várias nomenclaturas: hipoterapia,

equitação terapêutica, reeducação eqüestre, equitação para deficientes, reabilitação eqüestre,

(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2004). A própria Federation of Riding

for the Disabled International (2001, apud LEITÃO, 2004) apresenta uma trilogia –

hipoterapia, equitação psico-educacional, equitação desportiva/recreativa adaptada. Em

virtude de tal divergência, a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE), em 1989, criou a

palavra “equoterapia” com o objetivo de caracterizar todas as atividades que usam o cavalo

como recurso terapêutico e/ou educacional no território brasileiro, (ASSOCIAÇÃO

NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2004).

Para a Associação Nacional de Equoterapia (2004, p. 16), “Equoterapia é um método

terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas

áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas

portadoras de deficiência física e/ou com necessidades especiais”.

A entidade também criou o termo “praticante de equoterapia”, que se refere à “[...]

pessoa portadora de deficiência física e/ou com necessidades especiais quando em atividades

equoterápicas.” (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2004).

Page 30: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  30

2.1 HISTÓRICO

Os princípios e fundamentos da equoterapia são recentes. Contudo, os benefícios

proporcionados pelo cavalgar são descritos desde a Antigüidade. Vários autores

(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2004; MEDEIROS; DIAS, 2002;

LERMONTOV, 2004; UZUN, 2005) discorrem a respeito da utilização do cavalo com fins

terapêuticos ao longo da História:

• 458-370a.C.: Hipócrates, em “Livro das dietas”, referiu que a equitação tonificava os

músculos e era eficaz no tratamento da insônia.

• 124-40a.C.: Asclepíades de Prússia, médico grego, indicou a equitação para tratamento

de epilepsia e vários tipos de paralisia.

• 130-199d.C.: Galeno recomendou que o Imperador Marco Aurélio praticasse equitação

como forma de estimular tomadas de decisão mais rápidas.

• Idade Média: A equitação é citada pelos povos árabes em um texto de pedagogia.

• 1569: Merkurialis, na Itália, escreve em “Da arte gymnastica” que a quitação exercita o

corpo e os sentidos, além de mencionar as diferentes andaduras do cavalo.

• Século XVII: Foram produzidas diversas obras médicas na Europa com capítulos

tratando dos benefícios da equitação.

• 1719: Friedich Hoffmann define o passo como a andadura mais saudável no livro

“Instruções aprofundadas de como uma pessoa pode manter a saúde e livrar-se de graves

doenças através da prática racional de exercícios físicos”.

• 1772: Giuseppe Benvenutti escreve em “Reflexões acerca dos efeitos dos movimentos do

cavalo” que a equitação tem ativa função terapêutica.

• 1747: Na Alemanha, Samuel Theodor Quelmalz, na obra “A saúde através de equitação”,

faz a primeira referência ao movimento tridimensional do dorso do cavalo.

• 1782: Na França, Joseph C. Tissot define o passo como a andadura com maior ação

terapêutica, e é o primeiro a descrever contra-indicações à prática exagerada da equitação.

• 1890: O fisiatra sueco Gustavo Zander afirma que vibrações com freqüência de 180

oscilações por minuto seriam capazes de estimular o sistema nervoso simpático.

• 1901 e 1917: O Hospital Ortopédico de Oswentry e o Hospital Universitário de Oxford,

respectivamente, são os primeiros a estabelecer ligação entre a atividade eqüestre e hospitais.

Page 31: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  31

Após a Primeira Guerra Mundial o cavalo entrou definitivamente na área da reabilitação, sendo empregado como instrumento terapêutico nos soldados seqüelados do pós-guerra. Os países escandinavos foram os primeiros a utilizá-lo com tal finalidade, obtendo resultados satisfatórios, estimulando o nascimento de outros centros na Alemanha, França e Inglaterra. (MEDEIROS; DIAS, 2002, p. 03).

• 1952: Olimpíadas de Helsinki, a dinamarquesa Liz Hartel, apesar das seqüelas de

poliomielite, conquistou a medalha de prata no adestramento e despertou a atenção da classe

médica. Repetiu a façanha quatro anos depois, em Melbourne.

• Década de 60: Grande desenvolvimento da equoterapia na Europa, principalmente na

França. Neste período a equitação era usada empiricamente e os seus resultados relatados em

alguns livros (“Reeducação através da equitação” de Delubersac e Lalleri, “De Karen com

amor” de Killilea) até que, em 1965, torna-se matéria didática na Universidade Salpetrièri.

• 1972: Defendida a primeira tese de doutorado sobre equoterapia, na Universidade de Paris

– Val-de-Marne, pela Dra. Collete Picart Tritelin.

• 1974: Iniciada a realização de congressos internacionais sobre equoterapia, com repetição

a cada três anos.

• 1984: Na Universidade Martin Luther, Alemanha, o suíço Detlvev Rieder mediu a

freqüência de oscilações do dorso do cavalo, chegando ao número de 180 por minuto, o

mesmo recomendado por Zander, em 1890.

• 1985: Criada a Federation Riding Disabled International (FRDI), Federação Internacional

de Equoterapia, atualmente sediada na Bélgica.

• 1989: No Brasil, fundada a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE), com sede em

Brasília - DF.

• 1997: A equoterapia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como recurso

terapêutico por meio do parecer 06/97 de 9 de abril de 1997.

2.2 DEFINIÇÃO

Segundo a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE), a equoterapia é um método

terapêutico e educacional interdisciplinar que utiliza o cavalo dentro das áreas de saúde,

educação e equitação, objetivando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras

de deficiências ou de necessidades especiais.

Page 32: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  32

“A equoterapia emprega as técnicas de equitação e atividades eqüestres para

proporcionar ao praticante, benefícios físicos, psicológicos, educacionais e sociais”. Para isto

é necessário uma participação global do corpo, contribuindo assim, para o desenvolvimento

do tônus e da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo, equilíbrio,

aperfeiçoamento da coordenação motora, atenção, autoconfiança e auto-estima (BOULCH,

1996).

Para Beaunont (1972), a equitação desenvolve a confiança do praticante em si mesmo,

a força muscular, a noção de espaço, o senso tátil e proprioceptivo, não só dos membros

superiores, mas de todo corpo. Seu movimento com ritmo e balanço fortalece a musculatura e

melhora a coordenação do praticante e, associando a outras sensações provocadas pelo corpo

do animal, melhora também a integração sensório motora e a consciência de seu próprio corpo

(SANTOS, 2003).

“O esquema corporal, que é neurológico, se estabelece pela simultaneidade das

informações proprioceptivas e exteroceptivas, e a equoterapia oferece a multiplicação dessas

diversas informações” (LALLERY, 1988).

2.3 INDICAÇÕES E CONTRA INDICAÇÕES

A Associação Nacional de Equoterapia (2004), a North American Riding for the

Handicapped Association (2004), Medeiros e Dias (2002) e Lermontov (2004) consideram,

dentre outras formas patológicas, a equoterapia indicada nas seguintes situações:

• Patologias ortopédicas: alterações posturais, mal-formações congênitas, amputações,

espondilite anquilosante, artrose;

• Síndromes neurológicas e patologias neuromusculares: síndrome de Down, síndorme

de West, síndrome de Rett, poliomielite, encefalopatia crônica da infância, seqüelas de

acidente vascular encefálico e traumatismo crânioencefálico, doença de Parkinson,

disrafismo espinhal;

• Patologias cardiovasculares e respiratórias;

• Outras patologias: distúrbios de aprendizagem, distúrbios comportamentais, alterações

no desenvolvimento motor, hiperatividade.

Existem algumas contra-indicações absolutas ou relativas para a prática da

equoterapia. Para a Associação Nacional de Equoterapia (2004), Medeiros e Dias (2002) são:

Page 33: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  33

quadros inflamatórios e infecciosos; cifoses e escolioses acima de 30o; luxação e sub-luxação

de quadril; instabilidade atlantoaxial; osteoporose; osteogênese; espondilólise,

espondilolistese ou hérnia de disco intervertebral; epilepsia; obesidade; alergia ao pêlo do

cavalo; medo excessivo; problemas comportamentais do praticante que coloquem em risco

sua segurança ou a da equipe; doença de Schuerman; cardiopatia grave; hemofilia.

“Caso a caso deve ser avaliado por toda a equipe responsável pelo desenvolvimento da

Equoterapia. O que descarta a hipótese da terapia, não são patologias específicas e sim o

estado e a fase em que o praticante se encontra.” (UZUN; 20050).

2.4 A EQUIPE INTERDISCIPLINAR

O tratamento com a equoterapia é precedido de diagnóstico, indicação médica e

avaliação dos profissionais da saúde, educação e equitação a fim de planejar o atendimento

equoterápico individualizado. A sessão é realizada por uma equipe multiprofissional, atuando

de forma interdisciplinar (BOULCH, 1996).

A equipe é ampla e especializada na realização e/ou educação de pessoas portadoras

de deficiência ou de necessidades especiais. Entre estes profissionais estão: fisioterapeuta,

terapeuta ocupacional, psicólogo, professor de educação física, pedagogo, fonoaudiólogo,

assistente social, médico e outros (BOULCH, 1996).

A composição da equipe interdisciplinar deve levar em consideração o programa de

equoterapia a ser executado, a finalidade do programa e os objetivos a serem alcançados. Sua

composição mínima deve ser de três profissionais, um de cada área: saúde, educação e

equitação (BOULCH, 1996).

2.5 A ESCOLHA DO CAVALO PARA A PRÁTICA DE EQUOTERAPIA

2.5.1 O CAVALO

Na equoterapia, o cavalo surge como instrumento cinesioterapêutico, agente

pedagógico e de inserção social, (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, 2004).

Nesta pesquisa é discutido, em primeiro plano, o uso do cavalo como instrumento

cinesioterapêutico. Portanto, preliminarmente é necessário discutir acerca da suas andaduras,

de suas freqüências e do movimento tridimensional de seu dorso.

Page 34: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  34

2.5.2 ANDADURAS DO CAVALO

Nas andaduras do cavalo os membros devem ser considerados em apoio, em elevação

e suspensão. Quando o membro está em apoio se encontra em repouso no solo, estará em

elevação em caso contrário e em suspensão quando não houver nenhum membro em apoio.

As andaduras naturais que o cavalo realiza instintivamente são o passo, o trote e o galope

(BOULCH, 1996).

2.5.2.1 O PASSO

“É uma andadura simétrica, rolada ou marchada, basculante, a 4 (quatro) tempos, na

qual os membros se elevam e pousam sucessivamente sempre na mesma ordem, fazendo-se

ouvir 4 (quatro) batidas distintas” (BOULCH, 1996).

A simetria se deve às variações de coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal do

cavalo. Rolada porque não existe tempo de suspensão e basculante devido aos movimentos de

pescoço. Os 4 (quatro) tempos se deve ao fato de ouvir 4 (quatro) batidas distintas desde o

elevar até pousar de um determinado membro (CIRILLO, 2001).

Ao passo e ao trote as marcas dos posteriores sobre o solo podem ficar aquém das

marcas dos anteriores, então diremos que o cavalo antepista. O cavalo sobrepista quando as

marcas ficam no mesmo lugar e quando ultrapassam o cavalo transpista. O passo é a andadura

mais favorável para a relação cavalo e cavaleiro, o que permite uma íntima ligação em

condições de grande precisão (BOULCH, 1996).

O cavalo que sobrepista e transpista são os mais indicados, se ele transpista é melhor

pois intensifica o movimento tridimensional (RODRIGUES, 2003).

2.5.2.2 O TROTE

“O trote é uma andadura simétrica, saltada, fixada a dois tempos, na qual os membros

de cada bípede diagonal se elevam e pousam simultaneamente, com um tempo de suspensão

entre o pousar de cada bípede diagonal” (BOULCH, 1996).

A simetria se deve aos movimentos da coluna vertebral em relação ao eixo

longitudinal. A andadura é fixada porque quase não se percebe os movimentos do pescoço, e é

a dois tempos porque entre o elevar de um bípede diagonal até o seu retorno ao solo ouvem-se

Page 35: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  35

duas batidas. Nessa andadura o cavalo conserva uma altitude de conjunto quase constante

(BOULCH, 1996).

2.5.2.3 O GALOPE

O galope é uma andadura assimétrica porque não existe simetria entre os movimentos

da coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal. É saltada por existir um tempo de

suspensão e muito basculada em razão dos amplos movimentos do pescoço. O galope possui

três tempos porque entre o elevar de um membro ou membros associados, até seu retorno ao

solo ouvem-se três batidas (BOULCH, 1996).

2.5.3 FREQUÊNCIA DO CAVALO

Segundo Medeiros e Dias (2002, p. 13), “[...] a freqüência do cavalo está em função

do comprimento do passo e da velocidade da andadura.” As autoras descrevem os tipos de

freqüência:

• Transpistar: baixa freqüência, a pegada ultrapassa a pegada anterior.

• Sobrepistar: freqüência média, a pegada coincide com o mesmo lugar da anterior.

• Antepistar: alta freqüência, a pegada fica antes da anterior.

2.5.4 O MOVIMENTO TRIDIMENSIONAL DO DORSO DO CAVALO E SUA SEMELHANÇA COM A MARCHA HUMANA

Quando o cavalo desloca-se ao passo, em seu dorso ocorre um movimento

tridimensional, ou seja, o seu centro de gravidade sofre três deslocamentos: para cima e para

baixo, para os lados, para frente e para trás, (WICKERT, 1999).

A estimulação infra-superior no eixo vertical é decorrente da flexão e extensão dos

membros posteriores durante a impulsão. Ocorre duas vezes em um único passo e é da ordem

de cinco a seis centímetros, (MEDEIROS; DIAS, 2002; WICKERT, 1999).

Enquanto um posterior está se distendendo para impulsionar o animal para frente, o outro está se deslocando para frente, para sustentá-lo. Quando os posteriores estão nessa posição, o vértice do ângulo por eles formado, que é a garupa do animal, está em seu ponto mais baixo. Com a continuidade do movimento, o posterior que está à frente se distende e, durante esta distensão, eleva a garupa ao transpô-la sobre o seu ponto de apoio, indo novamente depositá-la à frente, numa posição mais baixa. (WICKERT, 1999, p. 04)

Page 36: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  36

Figura XX – Movimentos de flexão e extensão dos membros posteriores do cavalo. Fonte: Wickert (1999).

De acordo com Uzun (2005), Medeiros e Dias (2002) e Wickert (1999) o movimento

látero-lateral, no plano frontal, é caracterizado por ondulações horizontais da coluna vertebral

do cavalo, desde a nuca até a cauda, decorrentes das mudanças de apoio entre os bípedes.

Durante o passo ocorre duas vezes, uma para direita e outra pra esquerda, como se observa na

figura 1. Ao iniciar o movimento, o cavalo avança um de seus posteriores, enquanto o outro se distende, deslocando o seu corpo para frente. Esta posição faz com que a anca do lado posterior, que avança, também avance e a anca oposta recue. A linha que une as duas ancas acompanha este deslocamento e sofre um movimento de torção, deslocando a coluna para o lado do posterior que ficou para trás. Para compensar este deslocamento e poder se movimentar para frente, o cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço, mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores), solidária com a garupa. (WICKERT, 1999, p.05).

Figura 1 – Movimento látero-lateral. Fonte: Wickert (1999).

Page 37: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  37

Para Wickert (1999), o deslocamento ântero-posterior, no plano sagital, é composto

por consecutivas perdas e retomadas de equilíbrio, evidenciado pelos movimentos da cabeça

do animal. Em um passo, isto ocorre duas vezes, como esquematizado na figura 2. Ao iniciar o movimento de distensão da pata posterior direita, ocorre perda de equilíbrio, deslocando o corpo do cavalo para a frente e para a esquerda. Para retomar o equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança a pata anterior esquerda para escorar a massa que se desloca. Ao tocar o solo com a pata anterior esquerda, o cavalo freia o movimento para frente, levanta a cabeça retomando equilíbrio, facilitando o avançar da pata posterior direita. MEDEIROS; DIAS, 2002, p. 11).

Figura 2 – Deslocamentos da cabeça do cavalo.

Fonte: Adaptado de Wickert (1999).

Wickert (1999), ainda apresenta um quarto deslocamento, composto pela rotação da

pelve do cavaleiro, quando a coluna do cavalo desloca-se lateralmente ao mesmo tempo em

que a anca ipsolateral se abaixa. Esta rotação é de aproximadamente oito graus e o cavaleiro,

necessariamente, deve estar sentado com uma perna de cada lado do animal.

Wickert (1999), Medeiros e Dias (2002) apontam as seguintes semelhanças entre a

marcha humana e a andadura do cavalo (ao passo): seqüência de perdas e retomadas de

equilíbrio; movimento tridimensional; dissociação de cinturas pélvica e escapular. A figura 3

exemplifica a semelhança entre os movimentos pélvicos do homem e do cavalo.

Figura 3 – Demonstração do paralelismo entre passo do homem e do cavalo.

Fonte: Adaptado de Bernardes e Thomaz (2003).

Page 38: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  38

Segundo Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), a marcha humana possui os seguintes

movimentos: no plano sagital ocorrem movimentos nas articulações do quadril, do joelho, do

tornozelo e nas metatarsofalangenas, o que provoca oscilações verticais. No plano horizontal

ocorrem os movimentos rotatórios em torno do eixo vertical, observam-se rotações nas

vértebras, na pelve e na articulação do quadril. No plano frontal existem as oscilações laterais

da cabeça, do tronco e da pelve, além dos movimentos de inversão e eversão das articulações

do tarso.

2.6 O CAVALO IDEAL PARA EQUOTERAPIA

Para a Associação Nacional de Equoterapia (2004), não existe uma raça específica

para prática da equoterapia, porém, devem ser observadas algumas características, tais como:

• possuir as três andaduras regulares;

• ser macho, castrado, com idade acima de dez anos;

• ter altura mediana, aproximadamente 1,50m, medindo-se do chão até a cernelha,

representada na figura 4;

• possuir aprumos simétricos, isto é, não possuir deformidades.

“[...] a cernelha esteja na mesma altura que a anca do cavalo. [...] que seus membros inferiores se posicionem embaixo de sua massa corporal, sendo que, para ter um bom engajamento o cavalo necessita ter o comprimento, medido da articulação escapulo umeral até a ponta da nádega, igual a sua altura. O comprimento do dorso deve ser mais ou menos do comprimento da caixa torácica, pois um dorso muito longo pode afundar, isto causa dor, e um dorso muito curto não permite a montaria dupla.” (RODRIGUES; 2003 apud KAGUE, 2004).

Figura 4 – Cernelha. Fonte: Adaptado de Kague (2004).

Page 39: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  39

Lermontov (2004) acrescenta que o cavalo deve ser treinado para ser montado pela

direita e pela esquerda; para o uso de brinquedos e objetos, de modo a não se assustar com

eles; não deverá ser gordo, mas ter força suficiente para carregar duas pessoas. “Não há

diferença entre a égua e o cavalo, mas caso seja um cavalo, deverá ser castrado e caso seja

uma égua é necessário alerta quanto ao período crítico do cio [...].” (LERMONTOV, 2004, p.

72).

2.7 ESTRUTURAS PARA A REALIZAÇÃO DA EQUOTERAPIA

“A equoterapia deve ser realizada em um local onde haja intenso contato com a

natureza, transmitindo ao paciente sensação de calma e tranqüilidade, proporcionando-lhe um

relaxamento maior a cada sessão” (BUCHENNE e SAVINI, 1996).

O terreno precisa ser plano, sem irregularidades e de mesma superfície. Devem ser

evitados os terrenos montanhosos e acidentados. É importante que o terreno possua um solo

macio ou seja, um solo com areia, serragem, grama ou terra fofa, suavizando as batidas da

pata do cavalo no solo, com exceção das fases préesportivas e esportivas, descritas adiante.

Isto diminuirá o impacto causado no paciente, facilitando o relaxamento. Também faz-se

necessário a construção de uma área coberta para que o tratamento não pare, mesmo nos dias

de frio intenso ou chuvosos (BUCHENNE e SAVINI, 1996).

2.8 OBJETIVOS DA EQUOTERAPIA

A equoterapia tem como principais objetivos os benefícios físicos, psíquicos,

educacionais e sociais de pessoas portadoras de deficiências físicas ou mental. As causas

podem ser por lesões neurológicas, de origem encefálica ou medular, patologias ortopédicas

congênitas ou adquiridas por acidentes diversos e disfunções sensório motoras. Também é

utilizada em pessoas portadoras de necessidades educativas especiais ou distúrbios evolutivos,

comportamentais e de aprendizagem (BOULCH, 1996).

Como salienta Bertoti (1988), alguns defensores da equitação terapêutica listam como

metas principais a mobilização de cintura pélvica, coluna lombar e articulação do quadril; a

normalização do tônus muscular; o desenvolvimento do controle de cabeça e de tronco; e

desenvolver reações de equilíbrio no tronco. Independente do tipo de meta utilizada, o

objetivo é sempre que o praticante atinja a autonomia e se possível à capacidade de conduzir o

cavalo e possa até ser inserido nas fases de pré-esporte. Na fase de pré-esporte se trabalha no

cavalo com outras andaduras, o trote e o galope, partindo para alcançar a fase do esporte

Page 40: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  40

propriamente dito, onde o portador de deficiência é inserido na equitação esportiva

objetivando uma socialização e organização especial mais elaborada atingindo melhora na

estruturação da personalidade (WINGATE, 1982). E conforme afirma Wollrab (1998), quase

todos com incapacidades podem participar do programa de equitação terapêutica.

2.9 PROGRAMAS DE EQUOTERAPIA

Cada indivíduo, portador de deficiência e/ou de necessidades especiais, é único, é

diferente e possui o seu próprio perfil. Enfatiza-se com isso a necessidade de formular

“programas personalizados”, levando em consideração as exigências para aquele indivíduo,

naquela determinada fase de seu processo evolutivo (CIRILLO, 2001).

Conforme afirma o mesmo autor, a equoterapia é aplicada, com duas ênfases, através

de programas específicos organizados conforme as necessidades e potencialidades do

praticante, da finalidade do programa e dos objetivos a serem alcançados:

• a primeira, com intenções médicas e técnicas terapêuticas, visando à reabilitação;

• a segunda, com fins educacionais e/ou sociais como a aplicação de técnicas

psicopedagógicas, visando à integração e a reintegração (BOULCH, 1996).

Conforme a Associação Nacional de Equoterapia (2004), a equoterapia dispõe de três

programas básicos, classificados de acordo com os propósitos a serem alcançados e com as

capacidades física e mental do praticante, como segue:

2.9.1 Hipoterapia

Em hipoterapia, o cavaleiro é influenciado pelo cavalo, mais propriamente que o

controlando. O movimento do cavalo dá um movimento para a pélvis do cavaleiro que é

muito semelhante ao movimento induzido pela marcha humana. Estes movimentos podem ser

usados para estimular os sistemas nervoso e muscular do cavaleiro. Os exercícios fortalecem,

alongam e relaxam os músculos (POTTER; EVANS e NOLT, 1994).

É um programa essencialmente de reabilitação, voltado para as pessoas portadoras de

deficiência física e/ou mental. Geralmente o praticante não temcondições físicas e/ou mental

para se manter sozinho a cavalo. Necessita de umaauxiliar-guia para conduzir o cavalo e de

um auxiliar-lateral para mantê-lo montado, dando-lhe segurança (CIRILLO, 2001).

Page 41: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  41

A ação é dos profissionais da área da saúde, precisando de um terapeuta ou mediador,

a pé ou montado, para execução dos exercícios programados. O cavalo é usado

principalmente como instrumento cinesioterapêutico (CIRILLO, 2001).

2.9.2 Equitação Terapêutica

Montaria de reabilitação ou reeducação usa a habilidade da equitação funcional para

utilizar uma terapia educacional para melhorar a habilidade motora e habilidade de

fala/linguagem (POTTER; EVANS e NOLT, 1994).

Este programa pode ser reabilitativo ou educativo. O praticante tem condições de

exercer alguma atuação sobre o cavalo e conduzi-lo, a dependência do auxiliarguia e do

auxiliar-lateral é em menor grau (BOULCH, 1996).

Existe uma ação maior dos profissionais de equitação, embora os exercícios devam ser

programados por toda equipe, segundo os objetivos a serem alcançados. O cavalo ainda

proporciona benefícios pelo seu movimento tridimensional e o praticante passa a interagir. O

cavalo atua como instrumento pedagógico (CIRILLO, 2001).

Os esportes proporcionam ao praticante atividade física, destreza, robustez e

qualidades morais. A equitação desenvolve com mais harmonia estas qualidades e ainda o

equilíbrio, a coordenação motora, a agilidade, a destreza, dá um sentimento de força física

aumentando a autoconfiança. “Aumenta a vontade, o espírito de decisão, a iniciativa e a

resolução. O adestramento do cavalo desenvolve no cavaleiro a tenacidade, a perseverança, a

calma e o domínio de si mesmo” (CIRILLO, 2001)

Por tudo isso a equitação constitui-se em importante instrumento de educação e

formação de caráter dos jovens, desde que ministrada de forma didáticopedagógica e por

instrutor credenciado (BOULCH, 1996).

A equitação praticada por pessoa portadora de deficiência física e/ou sensorial, sem

contra-indicação médica, tem como objetivo o efeito lúdico, isto é, prazer e esporte, como

estimuladores de efeitos terapêuticos, para melhorar sua qualidade de vida e saúde, sua

inserção social e o bem estar (BOULCH, 1996).

Page 42: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  42

2.9.3 Pré-esportivo

A montaria pré-esportiva é usada para desenvolver a habilidade social e para

promover a terapia recreacional para pessoas com incapacidades. Incluem atividades tais

como montaria em trilha e Olimpíadas Especiais (POTTER; EVANS e NOLT, 1994).

Também pode ser reabilitativo ou educativo. O praticante deverá ter boas condições

para conduzir o cavalo, podendo participar de exercícios específicos de hipismo. O

profissional de equitação tem ação mais intensa, necessitando, contudo, da orientação dos

profissionais da área da saúde e educação. O praticante exerce maior influência sobre o cavalo

e este é utilizado como instrumento de inserção social (CIRILLO, 2001).

2.9.4 Esportivo

Na equitação esportiva é dada ênfase ao desenvolvimento de saltos, que é usado para

melhorar a percepção e habilidade motora, permite ao cavaleiro explorar vários tipos de

movimentos em cima do cavalo (POTTER; EVANS e NOLT, 1994).

“Os praticantes portadores de deficiência física poderão praticar o hipismo, podendo

vir a competir em provas hípicas nas Paraolimpíadas, e até mesmo nas Olimpíadas”, já os

praticantes portadores de deficiência mental podem ser preparados para competições hípicas

especiais, com regulamentação específica, e vir a competir em Olimpíadas Especias

(CIRILLO, 2001).

Page 43: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  43

CAPÍTULO III A PRÁTICA DA EQUOTERAPIA

A realização das sessões de equoterapia dá-se em local amplo, ao ar livre e na

compania de um animal dócil de grande porte. O praticante desperta sua imaginação e

criatividade, o que facilita a abordagem lúdica. No picadeiro deve-se ter espaço disponível

para a prática de atividades variadas e dispor de diferentes materiais para auxiliar a execução

destas atividades, tornando-as mais atrativas e potencializando os objetivos almejados.

Sem esgotar toda a gama de atividades que possibilitam o desenvolvimento motor

e podem ser desenvolvidas na equoterapia, apresenta-se as atividades realizadas

durante a presente pesquisa. Salienta-se que as atividades não estimulam apenas uma área

motora, principalmente por estarem inseridas no contexto da prática equoterápica. Entretanto,

de acordo com os objetivos propostos, agem mais especificamente sobre uma área (objetivo

principal).

Descreve-se a evolução diária da prática da equoterapia, contemplando a conduta

estabelecida em cada sessão e uma análise subjetiva dos aspectos mais relevantes acerca da

desenvoltura da praticante. (FRAZAO, T. 2001).

3.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE A EQUOTERAPIA

É necessário recorrer a um amplo repertório de atividades para que a mudança

constante de tarefas evite o desinteresse e mantenha a atenção durante a prática da

equoterapia, (COELHO, 2005). A seguir, encontram-se descritas as atividades realizadas

durante o período de intervenção equoterapêutica. Aborda-se os objetivos principais, os

objetivos secundários e o procedimento.

3.1.1 Escovar o cavalo:

- Objetivo principal: esquema corporal/rapidez;

- Objetivo secundário: organização temporal;

- Procedimento: com uma escova, retirar a poeira da pelagem do animal.

Page 44: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  44

Figura 5 – Praticante escovando o cavalo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.2 Acariciar o cavalo: - Objetivo principal: esquema corporal; - Objetivo secundário: motricidade global; - Procedimento: tocar afetivamente no cavalo e perceber, por meio do tato, as temperaturas e as texturas da pelagem de diferentes cavalos.

Figura 6 – Praticante acariciando o cavalo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 45: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  45

3.1.3 Trançar a crina do cavalo: - Objetivo principal: motricidade fina; - Procedimento: separar um feixe da crina do cavalo, dividí-lo em três partes e trançar.

Figura 7 – Praticante trançando a crina do cavalo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.4 Basquete: - Objetivo principal: organização espacial; - Objetivos secundários: motricidade global, motricidade fina, equilíbrio, lateralidade; - Procedimento: sobre o cavalo, arremessar a bola na direção da cesta com uma ou duas mãos, de modo que a bola passe por dentro da cesta.

Figura 8 – Praticante arremessando no cesta de basquete. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 46: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  46

3.1.5 Bastão: - Objetivo principal: equilíbrio; - Objetivos secundários: motricidade global, alinhamento postural, alongamento muscular, dissociação das cinturas escapular e pélvica; - Procedimento: com um bastão de 90cm realizar flexão de ombro até 90 ou 180o; rodar o tronco para a direita e para a esquerda com os ombros flexionados a 90o; elevar o bastão até 180o, passar por detrás da cabeça e posicionar o bastão ao nível das escápulas. Cada posição é mantida por alguns segundos.

Figura 9 – Praticante realizando exercícios com o bastão. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.6 Volteio: - Objetivo principal: esquema corporal; - Objetivos secundários: motricidade global, equilíbrio; - Procedimento: mudança de postura sobre o dorso do cavalo, com o animal parado ou em movimento. O praticante é colocado de frente, de lado e de costas para a cabeça do cavalo, isto é, realiza uma volta completa sobre o seu dorso.

Figura 10 – Volteio: praticante de frente, de lado e de costas para a cabeça do cavalo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 47: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  47

3.1.7 Aviãozinho: - Objetivo principal: equilíbrio; - Objetivos secundários: motricidade global, esquema corporal; - Procedimento: o praticante é solicitado a abduzir os braços a 90o, um de cada vez ou os dois simultaneamente, e permanecer por alguns segundos. Para aumentar a dificuldade pode ser realizado com os olhos fechados.

Figura 11 – Aviãozinho. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.8 Tábua de parafusos: - Objetivo principal: motricidade fina; - Procedimento: usando apenas uma das mãos por vez, afrouxar as porcas de parafusos de diferentes calibres, dispostos lado a lado em uma tábua de madeira.

Figura 12 – Praticante trabalhando com a tábua de parafusos.

Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 48: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  48

3.1.9 Decúbito ventral e dorsal: - Objetivo principal: esquema corporal; - Objetivos secundários: equilíbrio, organização espacial; - Procedimento: o praticante, de frente para a cabeça do cavalo, é colocado deitado em decúbito dorsal paralelamente ao dorso do cavalo. O praticante, de costas para a cabeça do cavalo, é posicionado em decúbito ventral paralelamente ao dorso do cavalo.

Figura 13 – Praticante em decúbito ventral e dorsal. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.10 Encilhar/desencilhar o cavalo: - Objetivo principal: organização espacial - Objetivos secundários: organização temporal, motricidade fina, motricidade global, independência; - Procedimento: para encilhar, separar os arreios de cabeça e de montaria. Colocar o buçal (cabeçada, freio, cabresto) na cabeça do cavalo. Em seu dorso, colocar a sela adaptada e prender a cincha (faixa de couro presa na sela que é passada pela barriga do cavalo, sendo apertada no lado oposto). Para desencilhar, soltar a cincha, retirar a sela adaptada e, por último, o buçal. Normalmente, encilha-se o cavalo pelo lado esquerdo. Todavia, o cavalo bem domado aceita o manejo pelos dois lados.

Figura 14 – Praticante ajudando a encilhar o cavalo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 49: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  49

3.1.11 Massinha: - Objetivo principal: motricidade fina; - Objetivo secundário: linguagem; - Procedimento: usando as duas mãos criar livremente algo com a massa de modelar e verbalizar o que fez ou modelar um objeto pré-determinado.

Figura 15 – Praticante trabalhando com a massinha de modelar. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.12 Folha da árvore: - Objetivo principal: motricidade fina; - Objetivos secundários: motricidade global, equilíbrio, organização espacial; - Procedimento: o cavalo é conduzido até uma árvore e o praticante solicitado a alcançar um galho e apanhar uma folha.

Figura 16 – Praticante apanhando folhinas na árvore.

Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 50: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  50

3.1.13 Ziguezague: - Objetivo principal: organização espacial; - Objetivo secundário: equilíbrio; - Procedimento: percorrer um trajeto contornando cones dispostos em fila.

Figura 17 – Praticante contornando os cones. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.14 Ficar de pé sobre o estribo: - Objetivo principal: equilíbrio; - Objetivos secundários: fortalecimento muscular de membros inferiores, esquema corporal; - Procedimento: o praticante apoiando-se na cela ou nos laterais, eleva-se até ficar na posição ortostática sobre o estribo.

Figura 18 – Praticante de pé sobre o estribo. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 51: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  51

3.1.15 Redondel: - Objetivo principal: organização espacial; - Objetivos secundários: esquema corporal, organização temporal, independência; - Procedimento: não há presença de laterais, o instrutor de equitação é quem direciona os trabalhos. O praticante conduz o cavalo sozinho e recebe orientações de equitação. A velocidade da andadura do cavalo é aumentada.

Figura 19 – Atividades no redondel: praticante conduzindo o

cavalo e acenando para a equipe terapêutica. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

3.1.16 Montar/apear fora da rampa: - Objetivo principal: motricidade global; - Objetivos secundários: esquema corporal, equilíbrio, fortalecimento muscular de membros inferiores e superiores, independência; - Procedimento: para montar, posicionar-se ao lado do cavalo e virado de frente para ele.

Figura 20 – Praticante montando o cavalo fora da rampa. Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA

Page 52: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  52

Segurar com as extremidades anterior e posterior da sela. Colocar o pé, que está ao lado das patas dianteiras do cavalo, no estribo. Impulsionar-se para cima e passar a o membro inferior livre sobre o dorso do cavalo e alcançar o outro lado do animal. Para apear, o praticante sentado na sela retira um dos pés do estribo. Inclina levemente o tronco para frente apoiado na sela. Passa o membro inferior livre sobre o dorso do cavalo e por detrás de si até alcançar o chão do outro lado do animal. Em geral, montase pelo lado esquerdo. Contudo, o cavalo para equoterapia deve ser treinado para aceita ser montado também pela direita. É importante para o praticante ter a experiência dos dois lados.

Page 53: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  53

DISCUSSÃO

No passado havia uma tendência a encarar os vários distúrbios motores apenas como

problemas de músculos fracos ou rígidos, ou articulações deformadas.Apesar de ser verdade

que em alguns casos particulares os problemas mecânicos causados por tais anormalidades

devem ser tratados através de procedimentos ortopédicos e terapêuticos, esta é apenas uma

pequena parte do tratamento do equilíbrio como um todo (LEVITT, 2001).

Muitos dos quadros musculares encontrados em pacientes portadores de deficiências

originam-se da falta de influências coordenadoras do cérebro, ou seja, os mecanismos

neurológicos de postura, equilíbrio e movimento estão desorganizados. Portanto, os músculos

que são ativados para controlar a postura, o equilíbrio e o movimento tornam-se

descoordenados, rígidos ou fracos (LEVITT, 2001).

Diferente do tratamento utilizado dentro das clínicas, que trabalha músculos isolados,

ou situações em separado como a espasticidade ou hipotonia, a equoterapia emprega as

técnicas de equitação e atividades eqüestres concentrandose na perda da função global,

trabalhando o paciente como um todo.

A equoterapia proporciona ao praticante benefícios físicos, psicológicos, educacionais

e sociais. Exige a participação do corpo inteiro, trabalhando com o praticante de forma global,

contribuindo assim para o desenvolvimento do tônus e da força muscular, relaxamento,

conscientização do próprio corpo, equilíbrio, aperfeiçoamento da coordenação motora,

atenção, autoconfiança e auto-estima (BOULCH, 1996).

A equitação para fins terapêuticos não se propõe, de modo algum a transformar um

deficiente em verdadeiro cavaleiro e esportista, no sentido atribuído geralmente a esse termo.

Trata-se de um recurso original de reeducação, no qual o principal objetivo consiste em usar o

cavalo como um instrumento terapêutico (BEAUNONT, 1972).

Diante do complexo conjunto de estímulos sensórios motores vindos do movimento

ritmado e consecutivo do cavalo durante sua marcha “ao passo”, verificase os benefícios deste

método que utiliza o cavalo como instrumento terapêutico para a reação do equilíbrio

organizado, proporcionando ajustes posturais antecipatórios, por feedback diante de estímulos

perturbadores, formando a memória postural. Dessa forma estimula-se o controle postural

adequado e funcional, necessário para a independência motora na vida diária de seus

praticantes (CRUZ, 2002).

A equoterapia é utilizada em crianças com síndrome de Down enfatizando

principalmente o equilíbrio dessas, pois, conforme afirma Cruz (2002), essa é uma das

Page 54: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  54

principais aquisições da equoterapia, além de todos os outros benefícios que este método

proporciona.

Page 55: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  55

CONCLUSÃO

Pode-se perceber, como descrito ao longo deste trabalho, que as crianças portadoras da

síndrome de Down possuem várias deficiências motoras como déficit de equilíbrio, hipotonia

muscular, atraso no desenvolvimento motor e neurológico, entre outras deformidades que

atrapalham a atividade de vida diária da criança, assim como seu convívio social.

Todas essas condições levam os pais a procurarem formas alternativas de tratamento

para que essas crianças tenham uma melhor qualidade de vida. Entre essas alternativas

encontra-se a equoterapia, que trabalha o paciente de uma forma global, atuando de maneira

interdisciplinar englobando as áreas de equitação, saúde e educação.

Com esse recurso terapêutico em mãos a fisioterapia abre novos caminhos para o

tratamento de crianças com deficiências físicas e mentais, e que dependem de um cuidado

especial, dedicação e tempo, sem cair numa rotina de terapia, às vezes cansativa para crianças.

Através da utilização do cavalo a equoterapia proporciona movimentos

tridimensionais que fazem com que a criança necessite de ajustes posturais para poder manter-

se sobre ele. Estes ajustes posturais é que possibilita uma melhora no equilíbrio,

desenvolvendo a força muscular, a confiança em si mesmo, a noção de espaço, o tônus

muscular, a coordenação motora e ajuda a convivência social.

Acredita-se que a criança, quando está sobre o dorso de um cavalo, tem a sensação de

não possuir nenhum acometimento motor, e compara-se a outra criança normal por possuírem

as mesmas possibilidades de manuseio do animal.

Portanto a equoterapia traz também benefícios psicológicos a essas crianças, podendo

conseqüentemente melhorar seu desempenho escolar. No que se refere à concentração,

observa-se uma melhora significativa no decorrer das sessões. Essas atividades com cavalo

aumentam os períodos de atenção, aumentando com isso a concentração, que é diminuída

nessas crianças.

Considerando-se que o praticante não é só corpo, mas também mente e sentimento,

deve-se ressaltar o lado positivo de fazer uso de uma proposta de tratamento em um ambiente

diferente do habitual, não clínico, mas em contato com a natureza e com o auxílio de um

animal, que apesar do seu grande porte, da sua musculatura definida é dócil, sensível e de

olhar expressivo sendo capaz de trocar afeto com o praticante, completando-se um ao outro,

quando se trata de estímulos para a reação do equilíbrio e controle postural.

Page 56: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  56

Sendo utilizada desde a antiguidade, a equoterapia apresenta suas vantagens unindo

prazer e lazer à reabilitação, fazendo, para isso, o uso de um animal e fornecendo a seus

praticantes os resultados positivos com a sua utilização e a grande aceitação das crianças.

Este recurso ainda é pouco conhecido pela população em geral e apresenta poucos

estudos e pesquisas científicas aqui no Brasil. Na França, Inglaterra e outros países onde a

equoterapia teve seu início e foi difundida, encontra-se um maior número de pesquisas e

estudos relacionados ao assunto. Existe também a escassez de material que relaciona a

síndrome de Down e o tratamento com a equoterapia, apesar da grande utilização deste

método com essas crianças.

Essa foi uma das grandes delimitações encontradas para a realização deste trabalho,

além de não podermos contar com a colaboração de uma clínica ou entidade que utiliza este

recurso terapêutico.

Levando em consideração as idéias acima, conclui-se que, mesmo com todas as

objeções impostas, e as dificuldades enfrentadas, foi possível atingir o principal objetivo de

mostrar os benefícios da utilização da equoterapia junto com a proposta fisioterapêutica no

tratamento de portadores da síndrome de Down, quando foi exposto, através de um

embasamento teórico que apresenta um importante número de informações. Como se tratou

de uma pesquisa bibliográfica, fica a perspectiva de novas pesquisas de campo e novos

trabalhos que possam complementar e engrandecer ainda mais o assunto.

Page 57: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. ALMEIDA, T. L.; RIBES, L. Pesquisa quantitativa ou qualitativa: adjetivação necessária. Organizado por Ernani Lampert. Porto Alegre: Sulina, 2000.

2. ALVARENGA, A. S. Psicomotricidade e desenvolvimento motor na melhor idade. Monografia (Pós-graduação em Psicomotricidade), Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, jun. 2003.

3. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA. Curso básico de equoterapia. Brasília, DF, 2004.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Informações sobre a síndrome de Down, destinadas a profissionais de unidades de saúde. Brasília, DF. In: DEFICIÊNCIA MENTAL: síndrome de Down: parte I. Entre Amigos – Rede de informações sobre deficiências, São Paulo. Disponível em: <http://www.entreamigos.com.br/textos/defmenta/sindrdedown1.htm>. Acesso em: 11 jun. 2005. 5. BEAUNONT, P. La rieducazione degli handicappati fisici attraverso l’equitazione. Paris, 1972. 72 f. Tese (Doutorado em Medicina) – Faculdade de medicina de Creteil, Universidade de Paris – Val de Marie. 6. BERTOTI, D. B.; Effect of therapeutic horseback riding on posture in children with cerebral palsy. Physical therapy magazine, v. 68, n. 10, oct. 1988. 7. BOULCH, J. L. Rumo a uma ciência de movimento humano. ANDE-BRASIL, apostila de equoterapia: Brasília, 1996. 8. BUCHENE, A. C.; SAVINI, J. R. Efeitos da equoterapia no controle de tronco em crianças com paralisia cerebral. Campinas, 1996. 74 f. Monografia (Graduação emfisioterapia) – Setor de Ciências Biológicas e da Saúde – Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 9. BURNS, Y. R.; MacDONALD, J. Fisioterapia e crescimento na infância. 1. ed. São Paulo: Santos, 1999. 10. CARAKUSHANSKY, G. Doenças genéticas na infância. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1979. 11.CIRILLO, L. de C. Equoterapia. ANDE-BRASIL, apostila de equoterapia: Brasília, 2001. 12. COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbins – Patologia – Estrutural e funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 13. COOKE, R. Atlantoaxial instability in individuals with Down syndrome. Bulletin of aust. Physiother Assoc., v.4, n.7, oct 1991.

14. COWIE, V. A. A study of the early development of mongols. Oxford, 1970.

Page 58: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  58

15. CRUZ, R. A. S. Equoterapia: método terapêutico eficiente para o controle postural. Londrina, v. 1, n. 2, out. – dez. 2002. 16. FENICHEL, G. M. Neurologia pediátrica – sinais e sintomas. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 17. FRAZÃO, T. Equoterapia – recurso terapêutico em discussão. São Paulo, v. 1, n.11, jun. 2001. 18. HASKIN, M. R.; ERDMAN II, W. J.; BREAM, J.; AVOY, C. G. M. Therapeutic horseback riding for the handicapped. Philadelphia, v. 55, n. 10, oct. 1974. 19. HENDERSON, S. E. Some aspects of the development of motor control in Down’s syndrome. In: Themes in motor development, Doldrecht: Martinus Nijhoff, 1985. 20. LALLERY, H. Revista cheval connexin. Paris, v. 1, n. 8, oct. 1988. 21. LEVITT, S. O tratamento da paralisia cerebral e do retardo motor. 3. ed. São Paulo: Manole, 2001. 22. MARCONDES, E.; GONZALEZ, C. H.; MACHADO, D. V. M.; ’AGOSTINHO,G.; ZUCCOLOTTO, M.; SITIAN, N. Crescimento normal e deficiente. 2. ed. São Paulo: Savier, 1978. 23. McGRAW M. B. The neuromuscular maturation of the human infant. New York,1966. 24. MENDES, A. M. Os benefícios da equoterapia para crianças com necessidades educativas especiais. Disponível em:<http://www.equoterapia.com.br/artigos/artigo-09.php> Acesso em: 26 set. 2003. 25. MERRIT, H. H. Tratado de neurologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. 26. MOTTA, P. A. Genética em psicologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 27. OSKI, F. A.; DeANGELES, C. D.; FEIGIN, R. D.; WARSHAW, J. B. Princípios e prática de pediatria. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 28. PACCHIELE, C. V. B. Equoterapia. Disponível em: <http://www.fisioterapiasalgado.com.br/ARTIGOS >Acesso em: 05 ago. 2003. 29. POTTER, J. T.; EVANS J. W.; NOLT, B. H. Therapeutic horseback riding. Jornal Americano da Associação de medicina veterinária, v. 204, n. 1, jan. 1994. 30. RATLIFFE, K. T. Clínica pediátrica. 1. ed. São Paulo: Santos, 2000.

Page 59: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  59

31. RODRIGUES, C. S. Curso de Equoterapia na reabilitação. Curitiba, 2003. 27f. Curso de aperfeiçoamento (Fisioterapia) – Curso de equoterapia, Setor de Ciências da Saúde – Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos. 32. SAENZ, R. B. Primary care of infants and young children with Down síndrome. American Family Physician, n.59; 381-390, 1999. 33. SANTOS, T. M. F. No galope da equoterapia. Disponível em: <http://www.wmulher.com.br > Acesso em: 26 jul. 2003. 34. SANVITO, W. L. Síndromes neurológicas. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1997. 35. SARRO, K. J.; SALINA, M. E. Estudo de alguns fatores que influenciam no desenvolvimento das aquisições motoras de crianças portadoras de síndrome de Down em tratamento fisioterápico. São Paulo, v. XIII, n. 1, abr.- set. 1999. 36. SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Santos, 1998. 37. STANSFIELD, W. D. Genética. 2. ed. São Paulo: Makron, 1985. 38. STERN, C. Genética Humana. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982. 39. THOMPSON, M. W.; McINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Genética médica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 40. TRISTÃO, R. M.; FEITOSA, M. A. G. Linguagem na síndrome de Down. Brasília, v. 14, n. 2, maio-ago. 1998. 41. UMPHRED, D.A. Fisioterapia neurológica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1994. 42. WERNECK, C. A integração social dos portadores de síndrome de down. Disponível em: http://www.rhaissanet.hpg.com.br Acesso em 09 maio 2008.

43. WINGATE, L. Feasibility of horseback riding as a therapeutic and integrative program for handicapped children. Physical therapy magazine, v. 62, n. 2, feb. 1982. 44. WOLLRAB T. I. Animals contribute service to society – therapeutic riding: horses helping humans. Jornal americano da associação de medicina veterinária, v. 212, n. 4, feb. 1998.

Page 60: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  60

ANEXO

Page 61: Equoterapia – Um Enfoque Fisioterapêutico na Criança Portadora ...

  61