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BIBLIOTECA acuidade de Ciências Farmacéutic;:,·
Un\llersidade r.e São Palllr ,/
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Programa de Pós-Graduação em Toxicologia e Análises Toxicológicas
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de
transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas
Erica Rodrigues de Souza
Dissertação para obtenção do grau de
MESTRE
Orientadora: Profa. Ora. Gisela Aragão Umbuzeiro
São Paulo 2009
BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Unil/ersidade de São Paulo
ERICA RODRIGUES DE SOUZA
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de
transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas
Dissertação para obtenção do grau de
MESTRE
Orientadora : Profa . Ora. Gisela Aragão Umbuzeiro
São Paulo 2009 J3551
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DEDALUS - Acervo - CQ
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Ficha Catalográfica Elaborada pela Divisão de Biblioteca e
Documentação do Conjunto das Químicas da USP.
Souza, Erica Rodrigues de S729a Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de
transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas / Erica Rodrigues de Souza
São Paulo, 2009. 120p .
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas.
Orientador: Umbuzeiro , Gisela Aragão
1. Toxicologia ambiental 2. Análise toxicológica I. T. 11. Umbuzeiro, Gisela Aragão , orientador.
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ERICA RODRIGUES DE SOUZA
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de
transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas
Comissão Julgadora da
Dissertação para obtenção do grau de Mestre
Profa. Dra. Gisela Aragão Umbuzeiro
Orientadora/Presidente
~, ~, .~~ J~w'i ~ Prof. Dr.
1°. Examinador
-/~ Ou.-~~ c& ~ S?~~ Prof. Dr.
2°. Examinador
1Il
~~i O~AC~4,-2&0-)
IV
Agradecimentos
Agradeço a minha mãe Dilma e avó Joana pela paciência e apoio em todos os
momentos;
Aos amigos da CETESB, Gilson, Wálace, Daniela, Adauto, Carlos e Viana por toda
a colaboração e bom humor;
Aos amigos do LACE, Luiz, Rafael, Fernando e Gustavo, pelas dicas e valiosas
sugestões;
As professoras Doutoras Alice Chasin, Regina Lúcia e Marina Tavares; por
sempre apoiarem o trabalho e contribuírem efetivamente para que ele começasse
e/ou fosse concluído;
Agradeço a minha orientadora, pelos ensinamentos e pelo esforço para que o
nosso trabalho chegasse ao fim;
Agradeço especialmente ao Zé Luiz pelo companherismo, pelo apoio e também
pelas "broncas" nesses três anos de mestrado.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............ .... ... ................ .. .... .. .... ....... .. ..... ....... ......... ....... ... .. ........ .. .... . 1
2. GENERALIDADES ...... ... .... ....... .. ........ ................................... .. .. ... .... .. .. ..... ... ... ..... . 3
2.1. Praguicidas Carbamatos ...... ...... .. .... ... .. .. ... ... .... .... .. ... .. ........... ..................... .. 4 2.2. Toxicocinética e toxicodinâmica .. ......... ........ ...... .. ................. .. ..................... 7 2.3. Toxicidade .. .......... .... .. ....... ..... .. ... ... ..... ... .... .. ......... .... .................. .. .... .. ... ..... .. 12 2.4. Contaminação ambiental por praguicidas ......... .... ...... .. .. .... ...... ...... .. .... ..... 22 2.5. Legislação ... ...... .... .. .. ......... .......... ... .............. .. .. .............. .. ......... .. .... ..... ..... ... 26 2.6. Teste de toxicidade aguda .... ...... ... .. .... ... ......... .. ........... ...... ...... .......... ..... .. .. 28 2.7. Técnicas analíticas e preparo de amostras .. ... .. .............. .. .... ....... ... ..... .... .. 31
2.7.1. Cromatografia gasosa .. .... ... .. ...... ..... .......... ... ............. .. .. .... .. ...... .. ....... .. 31 2.7.2. Cromatografia líquida de alta eficiência ... .. ....... .... ... .... ..... ...... .... ......... 32 2.7.3. Eletroforese capilar .. .... ......... ... ... .............. ...... .... .. .... ...... ....... .. ..... ... .. .. .. 36 2.7.4. Espectrometria de massas ... .. ..... ... ... .... .. ... ....... .. .. .. ........... ........ ........... 42 2.7.5. Preparo de amostras - extração em fase sólida ............. ...... ...... .. ...... .45
3. OBJETIVO .. ... ......... ......... ......... .. ... .. .. .... ....... .. ... ... ....... ......... .. ..... ....... ...... ... ......... 52
4. MATERIAL E MÉTODOS .. .... ... .. ....... ...... ........ ..... .... .. ... ......... .... .... ... ................... 53
4.1. Material ..... .... ..... ... ... ........ ..... ... ... ..... .. ......... .. .... .... ... ... ..... ........ ... .... ........... .... 53 4.1.1. Equipamentos ....... .............. ... ... .. .............................. .... ..... ... ...... ....... .... . 53 4.1.2. Reagentes e materiais .. ... .. .. .. .. ....... .. ....... ... .. ....... ........ .... .. .. .. ... ........... .. 54 4.1.3. Soluções-Padrão ... ...... ...... .... .. .......... ........ .... ........ .......... ........... ... ... .. .... 55 4.1.4. Amostras de Referência Negativa .. ... ....... ... ............... .... ...... ...... .. ........ 56
4.2 Métodos ...... ...... .... .. ... .. ....... .......... .... .. .... ....... ........ .. ......... ... .... .... .. ... .... ... .. ..... 57 4.2.1. Determinação de aldicarbe e aldicarbe sultona por HPLC-DAD ... ..... 57 4.2.2. Determinação de aldicarbe por CE-DAD ... ......... ... .......... ... ... ........ ....... 60 4.2.3. Determinação de aldicarbe e aldicarbe sulfona por LC-MS ... ............ 60 4.2.4. Bioensaio com bactéria luminescente Vibrio fischeri ..... ........ .. ......... 62
4.3. Validação analítica ... ...... ..... ... ......... .. .. ... .. .. ... ... .. ...... ..... ........ .. ............ .......... 63 4.4. Teste de toxicidade aguda ........ ... .. .......... ..... ..... ... ..... ...... ............................ 66
5. RESULTADOS ... .. ... ..... .. .. .. ....... ..... .... .... ..... .................. .. ....... .. ... ........ ....... ...... ..... 67
5.1. Resultados cromatografia líquida ............. ....... ... .. ...... .... ....... ... ....... .... ...... . 67 5.2. Otimização do procedimento de extração ..... ... ...... .. ..... .. ........ ........ .. ......... 70 5.3. Resultados - eletroforese capilar ...... .. ... ........ .......... ... ... .. ... .. ... .. ...... ..... ...... 77 5.4. Resultados cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas .............. .... .. .. .... .......... ...... ....... .... ....... ... ... .... .... .... ....... .. ...... ...... ....................... ..... 80 5.5. Teste de toxicidade aguda ....... .. ... .. .... ... .............. .......... ..... .... ... .............. .... 84
6. DiSCUSSÃO ..... ..... .... .. ... .. ........ .. ...... ..... .. ................ .... .... ... ............. ..... ... ..... ..... ... 86
7. CONCLUSÕES ........ ..... .... .. ... .... ..... .... ..... ... ..... .. ..... ... ..... ... .. ... ... ...... ... ........... .. ... .. 93
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFiCAS .. .. ..... .... .. ... .. ........ .. .... ................ ... ...... ... .. .... . 94
APÊNDiCE .... ........ ... ........ .. .. .. ... .......... .... .... ..... ........ .......... .. ........... ...... ... ..... ..... .. .... 109
VI
RESUMO
SOUZA, E. R. Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em
matriz ambiental - desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas. São Paulo,
2008. 120p. Dissertação de Mestrado - Faculdade de Ciências Farmacêuticas -
Universidade de São Paulo.
Os praguicidas carbamatos surgiram na década de 70. Este grupo de substâncias
possui atividade anticolinesterásica, com variado grau de toxicidade. São solúveis em água
e termicamente instáveis. O praguicida aldicarbe faz parte do grupo dos carbamatos, sendo
um metil carbamato de oxima. Contaminações de águas subterrâneas e superficiais pelo
aldicarbe já foram demonstradas, devido a alta solubilidade deste composto em água e sua
alta capacidade de lixiviação em solo. Este trabalho visa o desenvolvimento de métodos
analíticos para separação e quantificação de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe
sulfona, por cromatografia líquida de alta eficiência, cromatografia líquida acoplada à
espectrometria de massas e eletroforese capilar. O trabalho objetiva ainda avaliar a
toxicidade aguda das três substâncias utilizando a bactéria marinha luminescente Vibrio
fischeri. Amostras de água ultrapura, superficial e subterrânea foram submetidas a etapas
de extração em diferentes cartuchos de fase sólida para avaliação da recuperação dos
analitos e a realização da pré concentração dos mesmos. No método proposto por
cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas, obteve-se limite de
quantificação de 10 J.Jg.L-\ sendo que o alcançado no método proposto por cromatografia
líquida com detecção por arranjo de diodos foi de 2 J.Jg.L-1. Já o método desenvolvido por
eletroforese capilar com detecção por arranjo de diodos teve um limite de quantificação de
10 mg.L-1. Os resultados de CE50 obtida para o aldicarbe, aldicarbe sulfona e aldicarbe
sulfóxido, no teste de toxicidade com a bactéria luminescente Vibrio fischeri foram
respectivamente: 56,0 mg.L-\ 47,0 mg.L-1 e 7,8 mg.L-1. O método desenvolvido por
cromatografia líquida se mostrou com sensibilidade satisfatória para análise de aldicarbe e
seus produtos de transformação em água com níveis de quantificação dos compostos
abaixo do limite determinado pela OMS (10 J.J9L\ O método por eletroforese capilar não se
mostrou com sensibilidade ideal para detecção dos analitos em níveis de traços. No teste de
toxicidade aguda, observou-se que o aldicarbe sulfóxido é cerca de 7 vezes mais tóxico para
a bactéria que o próprio aldicarbe, o que já é descrito na literatura para outras espécies.
VII
ABSTRACT
SOUZA, E. R. Evaluation of aldicarb pesticide and its transformation products in
environmental matrix - development and comparison of analytical techniques. São
Paulo, 2008. 120p. Master Dissertation - Faculdade de Ciências Farmacêuticas -
Universidade de São Paulo.
Carbamates pesticides first appeared in the 1970s. This group of substances
possesses anticholinesterasic activity, with varied toxicity degree. They are soluble in water
and thermally unstable. The aldicarb pesticide belongs to the carbamates group, being an
oxime methyl carbamate. Contaminations of underground and superficial waters by aldicarb
have been demonstrated, due to the high solubility of this compound in water and its high
capacity of lixiviation in soil. This dissertation aims to develop analytical methods for
separation and quantification of aldicarb, aldicarb sulfoxide, and aldicarb sulfona, by high
efficiency liquid chromatography, liquid chromatography-tandem mass spectrometry and
capillary electrophoresis. The dissertation also focuses on evaluating the acute toxicity of the
three substances using the luminescent marine bacterium Vibrio fischeri. Samples of
ultrapure water, superficial and underground, were submiUed to extraction stages in different
cartridges of solid phase for evaluating the recovery of analytes and conducting their pre
concentration. In the method proposed by liquid chromatography-tandem mass
spectrometry, a quantification limit of 10 IJg.L-1 was obtained, in comparison with the 2 IJg.L-1
achieved in the method proposed by liquid chromatography with diode-array detection. The
method developed by capillary electrophoresis with diode-array detection had a
quantification limit of 10 mg L-1. The results of CE50 obtained for the aldicarb, aldicarb
sulfone and aldicarb sulfoxide, in the toxicity test with the luminescent bacterium Vibrio
fischeri were respectively: 56.0 mg.L-1, 47.0 mg.L-1 e 7.8 mg.L-1
. The method developed by
liquid chromatography showed satisfactory sensitivity for analysis of aldicarb and its
transformation products in water with quantification leveis of the compounds below the limit
determined by OMS (10 IJg.L-1) . The method by capillary electrophoresis did not show ideal
sensitivity for trace levei detection of analytes. In the acute toxicity test, it was observed that
the aldicarb sulfoxide is nearly 7 times more toxic for the bacterium than the aldicarb itself,
which is already described in the literature for other species.
1. INTRODUÇÃO
Antes da Segunda Guerra Mundial, a maioria dos produtos utilizados na
agricultura para o controle de pragas eram baseados em compostos inorgânicos
e/ou extratos vegetais. O marco inicial do surgimento de novas substâncias para
este fim ocorreu com a redescoberta da molécula do dicloro-difenil-tricloroetano
(OOT) em 1939 e sua aplicação com finalidade inseticida (Larini, 1999).
Os praguicidas carbamatos surgiram na década de 70, quando a busca por
compostos menos persistentes e mais eficazes aumentou , trazendo aos agricultores
novas opções de produtos. Este grupo de substâncias possui atividade
anticolinesterásica, com variado grau de toxicidade. Os principais representantes
desta classe são: carbaril, carbofurano, aldicarbe, propoxur e metomil. Estes
compostos possuem caráter polar, são solúveis em água e termicamente instáveis
(Moraes, 1999; Martínez et ai, 2005) .
Em contraposição aos resultados satisfatórios da utilização destas substâncias
como inseticidas, acaricidas e nematicidas, está o fato de que estão cada vez mais
envolvidas em situações de intoxicações humanas, animais e contaminações
ambientais. Os produtos de transformação gerados por reações de hidrólise e
oxidação também possuem elevado caráter tóxico (Molina et aI. , 2001; Anvisa,
2007) .
O praguicida aldicarbe faz parte do grupo dos carbamatos, sendo um metil
carbamato de oxima. É comercializado com o nome comercial de Temik®, possui
apresentação exclusivamente granular, sendo indicado para as culturas de batata ,
café, citros e cana-de-açúcar. A venda no Brasil é autorizada apenas nos Estados
da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Apesar da sua baixa persistência no ambiente
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 2
e rápida biodegradação, possui uso bastante controlado, pois tem alta toxicidade
aguda para organismos alvo e não-alvo (Román et ai, 2004)
No Brasil, o aldicarbe é considerado um grande problema de saúde pública,
devido a sua venda ilegal para aplicação como raticida (Anvisa, 2006). O produto
não tem indicação de uso para esse tipo de praga, entretanto, devido a sua alta
toxicidade acaba sendo desviado para o controle de roedores nas grandes cidades
(Moraes, 1999).
Contaminações de águas subterrâneas e superficiais pelo aldicarbe já foram
demonstradas desde a década de 1980, isso devido a alta solubilidade deste
composto em água e sua alta capacidade de lixiviação em solo (Jones e Marquardt,
1987).
Este trabalho tem por objetivo otimizar métodos analíticos para detecção e
quantificação de aldicarbe e seus produtos de degradação em matrizes ambientais.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 3
2. GENERALIDADES
A definição de praguicida segundo a Organização para Agricultura e
Alimentação das Nações Unidas (FAO) é de que são produtos químicos ou uma
mistura de substâncias destinadas à prevenção, a destruição ou controle de
qualquer praga, incluindo vetores de doenças humanas e animais , que causam
prejuízo, que interferem na produção, elaboração, armazenagem, transporte e
comercialização de alimentos, produtos agrícolas, de madeira e seus derivados, ou
que podem ser administrados aos animais para combater insetos, aracnídeos e
outras pragas dentro ou sobre seus corpos. Este termo também se aplica às
substâncias reguladoras do crescimento das plantas, desfolhantes, dessecantes,
agentes para reduzir densidade ou evitar a queda prematura dos frutos (FAO, 2007) .
A utilização do termo pesticida é inadequada por haver significado literal de
algo com poder de destruir peste, ou seja , qualquer doença epidêmica grave, por
vezes endêmica , de grande mobilidade e mortalidade. Outra terminologia , utilizada
de maneira pouco específica é agrotóxico, que inclui todos os compostos químicos
usados na agricultura , excluindo os de uso domissanitário, pecuário , utilizados no
combate de parasitas de animais domésticos, aqueles aplicados à limpeza e
manutenção das áreas com linha de transmissão elétrica, no controle de plantas
aquáticas e outros.
A classificação destes compostos é baseada nos padrões de uso e no tipo de
praga a ser controlada ou destruída. A natureza dos grupos funcionais também é
muito importante, pois a reatividade e a utilidade dos compostos orgânicos estão
diretamente ligadas a eles (Martínez et ai , 2005).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 4
o uso intensivo de praguicidas na produção agrícola pode levar a
contaminação do meio ambiente , principalmente das águas (Mattos e Silva, 1999).
2.1. Praguicidas Carbamatos
Os carbamatos são compostos anticolinesterásicos com variado grau de
toxicidade para seres humanos. Estas substâncias são largamente utilizadas no
controle e no combate a pragas, principalmente como inseticidas (agrícola , saúde
pública, uso doméstico e veterinário), como acaricidas e nematicidas (Larini, 1999).
Os trabalhadores expostos são os manipuladores destas substâncias nas fábricas e
os que aplicam estes praguicidas na atividade agropecuária , principalmente quando
não fazem uso dos equipamentos de proteção individual. Outras possibilidades de
intoxicação se dão por falta de higiene, por contaminação direta de alimentos e por
ingestão proposital, como tentativa de suicídio.
O inseticida e nematicida aldicarbe, em formulação granulada (Temik 150®)
para aplicação no solo, tem sido muito utilizado no Brasil. Possui autorização apenas
para comercialização , não sendo produzido no país, e sua venda somente é
permitida nos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. O sucesso comercial
desse produto é decorrente, ao menos em parte, de sua eficiente ação praguicida. O
aldicarbe é utilizado em culturas de batata , café, cana-de-açúcar e citros (Anvisa,
2007) . O intervalo de segurança entre aplicação e colheita é em média de 50 dias.
Para batata , recomenda-se uma aplicação única , no momento da semeadura ou
plantio da cultura e quando necessário, uma aplicação de emergência nas plantas.
Para café e citros a aplicação indicada é na estação chuvosa no início da infestação
por pragas. Na cultura de cana a aplicação deve ser feita no momento do plantio e
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 5
após a colheita (Bayer, 2008). É obrigatório o emprego de equipamento adequado
para aplicação do produto, como também cobrir os grânulos imediatamente com
terra de modo a evitar contato com aplicadores e outras pessoas que penetrem
posteriormente na cultura (Anvisa, 2007).
o aldicarbe é o 2-metil-propionaldeído O-(metilcarbamoil) oxima. Sua fórmula
estrutural é C7H14N202S, e seu peso molecular é 190.25 daltons (Spectrum
Laboratories, 1999). Sua estrutura química está apresentada na Figura 1. Possui
alta solubilidade em água, é estável em meio levemente ácido e neutro, mas
degrada-se rapidamente em soluções alcalinas. Sua degradação no meio ambiente
é rápida, não sendo um composto persistente, entretanto, o aldicarbe e seus
produtos de transformação são altamente tóxicos para aves, peixes e mamíferos.
CH3 Q I 11 .IH
CH3-S-C-CH = N-Q-C-N I ' CH3 CH 3
Figura 1 - Estrutura molecular do aldicarbe.
o aldicarbe possui dois isômeros como apresentado na figura 2. O produto
comercial é composto por uma mistura desses dois isômeros e não há evidências de
maior atividade de um deles (Inchem, 1991).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 6
CH 3 I
CH3 S - C - C
Cti 3
H
Anti
o 11
N / . OCNHCH 3
CH 3
I CH
3S - C __
I CH3
O
C - N 11 "'"'"'-OCNHCH 3
H
Syn
Figura 2 - Estrutura molecular dos isômeros geométricos de aldicarbe.
o Temik 150® é um produto granular de coloração cinza-chumbo, com
concentração de aldicarbe de 15%. Ele é conhecido popularmente como
"chumbinho" e utilizado, clandestinamente , como rodenticida . Sua comercialização
clandestina está ainda diretamente relacionada com inúmeros casos de suicídios,
homicídios e intoxicações acidentais por esse produto (Anvisa, 2006). Somente no
Estado do Rio de Janeiro são estimados 900 a 1500 casos de intoxicação anual por
"chumbinho" , com cerca de 100 mortes (Moraes, 1999; Anvisa, 2006).
Estudos in vitro demonstraram que o aldicarbe sulfóxido, principal produto de
transformação do aldicarbe por reações de oxidação, é um inibidor da
acetilcolinesterase 23 vezes mais potente que o aldicarbe e 60 vezes mais potente
que o aldicarbe sulfona (proveniente da oxidação do aldicarbe sulfóxido) (Mink et ai ,
1989; Martínez et ai, 2005) .
Os produtos resultantes da hidrólise do aldicarbe sob condições de pH
alcalino (pH 12.9 e 13.4) são o aldicarbe oxima, metilamina e carbonato (Lemley e
Zhong , 1983; Given e Dierberg ,·1985). A meia vida de hidrólise nesses dois pH são
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 7
de 4,0 e 1,3 min, respectivamente. Outra hidrólise determinada em pH 8.5 e 8.2,
indicaram meia-vida de 43 e 69 dias, respectivamente (Lemley e Zhong, 1983).
2.2. Toxicocinética e toxicodinâmica
Toda substância pode ser considerada um agente tóxico, dependendo das
condições de exposição, como dose administrada ou absorvida, tempo e freqüência
de exposição e vias pela qual é administrada. Desta forma é necessário o
conhecimento das condições de uso seguro de substâncias químicas para a saúde
humana e ambiental. Da mesma maneira que todas as substâncias podem ser
potencialmente tóxicas, elas também podem ser usadas de forma segura, desde que
as condições de exposição sejam mantidas abaixo dos níveis de tolerância
(concentração ou intensidade máxima e mínima, relacionada com a natureza e o
tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do indivíduo durante
toda sua vida). Quando não for possível definir um limite de tolerância, deve-se
então evitar a exposição (Barros e Davino, 2008).
Os carbamatos são derivados do ácido carbâmico ésteres que tem sua
estrutura comum e dois radicais, R e R' onde R é um álcool, oxima, ou fenol e R' um
hidrogênio ou um grupo metil (Baron, 1991). Os compostos deste grupo apresentam
as seguintes características:
1) alta atividade inseticida;
2) baixa ação residual, devido à instabilidade química das moléculas;
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 8
3) baixa toxicidade a longo prazo, quando comparada com derivados
fosforados (Mídio e Silva, 1995).
A absorção do aldicarbe pelo homem pode ocorrer pelas vias dérmica,
respiratória e oral, sendo essa última a mais importante. (Inchem, 1991; Melito,
2006; Alonzo e Corrêa, 2008).
A absorção por via oral ocorre nas intoxicações agudas acidentais, nas
tentativas de suicídio e intoxicações por contaminação alimentar e ocupacional,
tendo relevância também em trabalhadores que fumam durante o trabalho (Alves e
col , 1997). Após a absorção, o aldicarbe e seus produtos de biotransformação são
rapidamente distribuídos por todos os tecidos (Baron, 1991). A concentração tende a
ser maior nos órgãos e tecidos envolvidos no metabolismo do xenobiótico (Baron,
1991 ).
Na biotransformação do aldicarbe, as reações de maior importância são:
1 - Oxidação, levando a formação de aldicarbe sulfóxido, que mais lentamente se
oxida em aldicarbe sulfona.
2 - Hidrólise, com a formação do ácido N-metilcarbâmico e o fenol correspondente.
A biotransformação e a eliminação do aldicarbe são relativamente rápidos,
sem evidências de que ocorra bioacumulação (Baron, 1991). A biotransformação
ocorre no fígado através de enzimas microssomais (Oonnithan e Casida, 1967). A
eliminação ocorre principalmente pela urina e fezes . No caso da eliminação pela via
biliar, ocorre circulação entero-hepática, prolongando a sintomatologia (cerca de
30% é excretado conjugado pela. bile) (Larini, 1993).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 9
No fígado, o aldicarbe é rapidamente oxidado a aldicarbe sulfóxido.
Posteriormente e mais lentamente, uma pequena porção do aldicarbe sulfóxido é
oxidado a aldicarbe sulfona. O aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona são
convertidos aos correspondentes oximas e nitrilas, as quais são lentamente
degradadas aos correspondentes aldeídos, ácidos e alcoóis (figura 3).
Knaak e colaboradores (1966), administraram doses orais de aldicarbe
marcado em ratos e observaram que a maior parte do aldicarbe e seus metabólitos
foram excretados nas primeiras 24 horas. Após quatro dias, mais de 95% das doses
administradas foram excretadas e não se detectou resíduos nos tecidos corporais.
Em outro estudo em ratos, realizado por Andrawes e colaboradores (1967), 80% da
dose de aldicarbe radioativamente marcado foi eliminado na urina e 4% nas fezes,
nas primeiras 24 horas após a exposição. Embora resíduos tenham sido
encontrados em níveis baixos em vários tecidos, nos primeiros dias após a
administração, não há indicações de que o aldicarbe acumule-se no organismo.
Marshall e Dorough (1979) verificaram que após administração de aldicarbe
marcado em fêmeas de ratos, foi detectado nos duetos biliares dos animais 26% da
dose na bile nas primeiras 24 horas, demonstrando que os metabólitos biliares são
amplamente reabsorvidos e excretados na urina (Andrawes et a!., 1967; Marshall e
Dorough, 1979).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 1 O
Ois O CH3 CH3
CH3 • S • ? . Oi .. N • O • C • NH • CH 3 CH' 3 ' S • ? . (H ... NOH
0i3 c:::::> (H3
CHl · S • é - C ~ N I
c=:!> CH3
Aldicarbe
~ Aldicarbe oxima Aldicarbe nitrila
o 0i3 O O CH3
• • 11 IIL l
O CH3 .. I
CH - S - C - CH = N - O - C - NH - CH 3 CHI _ S _ C _ CH = NOH 3 • 3. ~
0i3 ~ CH3
---"...,
CH 3 -S C -C =f\l
CH3
Aldicarbe slIlfóxido Aldicarbe slIlfóxido oxima Aldicarbe slIlfóxido nitrila
~ o 0i3 o O CH3 o CH 3
11, t .. I
CH3 - S - ê -CH N - O - C - NH - CH_ . ~ CH - S-C-CH=N- OH
::~, 111 I CH3- ~ Ç - C =N
O CH 3 ~
O CH3 ~ O CH 3
Aldicarhe sulfona Aldicarbe sulfona oxima Aldicabe slIlfona nitrila
Figura 3 - Biotransformação de aldicarbe em ratos (Inchem, 1991).
A ação tóxica do aldicarbe ocorre através da inibição da enzima
acetilcolinesterase, que promove a hidrólise da acetilcolina. A acetilcolina é o
mediador químico que realiza a transmissão do impulso nervoso em todas as fibras
pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras parassimpáticas
pós-ganglionares e em algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Além disso, a
acetilcolina é o transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado
(placa mioneural) e de algumas sinapses interneuronais no sistema nervoso central.
A transmissão do impulso nervoso requer que a acetilcolina seja liberada no espaço
intersináptico ou entre a fibra nervosa e a célula efetora. Depois, a acetilcolina se
liga a um receptor colinérgico gerando desta forma um potencial pós-sináptico e a
propagação do impulso nervoso. A acetilcolina é imediatamente liberada e
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 11
hidrolisada pela acetilcolinesterase. Cambon e col. (1979) demonstraram que logo
após a administração de aldicarbe à ratos, houve uma diminuição significativa nos
níveis de acetilcolinesterase do cérebro e do fígado desses animais . Weil e
Carpenter (1975) determinaram a DL50 dos produtos de transformação de aldicarbe
em ratos, para o aldicarbe sulfóxido obtiveram 0,88 mg.Kg-1 de peso corpóreo, e
25,0 mg.Kg-1 de peso corpóreo para aldicarbe sulfona.
o aldicarbe e a acetilcolina possuem estruturas muito semelhantes como
demonstrado na Figura 4. Desta forma o praguicida se liga facilmente ao sítio da
enzima acetilcolinesterase impedindo a ligação desta com o neurotransmissor
acetilcolina.
o CH3 II I
CHá C-O-cHrCHrN"-CH3 I
Acetilcolina CH3
o CH3 11 I
CH -NH- C-O-N=CH-C-S-CH 3 2 I 3
Aldicarbe CH3
Figura 4 - Estrutura molecular do aldicarbe e do neurotransmissor acetilcolina
o quadro clínico da intoxicação é caracterizado essencialmente por
manifestações nicotínicas e muscarínicas que podem iniciar em até 12 horas após a
exposição. As manifestações iniciais de intoxicação incluem cefaléia, tonturas,
agitação, tremores , miose, lacrimejamento, visão turva, fotofobia e salivação
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 12
excessiva. Nos casos de intoxicação moderada e grave pode-se observar quadros
de bradicardia e hipotensão, seguida por taquicardia e arritmias (Larini, 1999; Alonzo
e Corrêa, 2008) .
2.3. Toxicidade
o aldicarbe é o carbamato de maior toxicidade aguda, inclusive para
organismos não-alvos, como mamíferos, aves e peixes, de maneira que a
contaminação de produtos agrícolas e do ambiente com resíduos desse composto
pode causar efeitos adversos a esses organismos. Sua DL50 oral em camundongos
é da ordem de 0,5 a 1,0 mg.kg-1. A toxicidade desta substância para alguns
organismos é apresentada na Tabela 1.
A valiação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 13
Tabela 1 - Comparação da toxicidade do praguicida Aldicarbe frente a organismos
não-alvo.
Organismo Concentração/Dose Letal 50
Dafnias 40 - 200 jJg.L-1
Skeletonema costatum > 50.00 jJg.L-1
Misidáceo 13 jJg.L-1
Camarão branco 72 jJg.L-1
"Pinfish" 80 jJg.L-1
Truta arco-íris 780 jJg.L-1
"Catfish" 1,6 jJg.L-1
Coelhos 5,3 mg.kg-1
Ratos 283 mg.kg-1
(Fonte: Who, 2004)
Estudos em camundongos, ratos e cobaias mostraram que a inalação do
aldicarbe por cinco minutos é extremamente tóxica para estas três espécies
(Grendon et ai, 1994). O aldicarbe e seu produto de degradação aldicarbe sulfóxido
possuem toxicidade aguda semelhante para mamíferos, embora este último seja um
inibidor mais potente da acetilcolinesterase, o aldicarbe sulfona é menos ativo que o
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 14
aldicarbe (Burgess et ai , 1994). Estes compostos têm sido apontados como
indicadores da exposição ao aldicarbe, embora sejam estáveis por, no máximo, dois
dias em animais vivos ou mortos (Harper et ai, 1998; Cobb et ai, 2001).
A mutagenicidade do aldicarbe foi avaliada pelo teste de Ames usando 5
linhagens de Salmonella fyphimurium, o composto não demonstrou ter atividade
mutagênica (Ercegovich e Rashid, 1973). Dunkel et ai (1985) confirmaram esses
resultados , pois estudo real izados em 4 diferentes laboratórios que testaram a
mutagenicidade do aldicarbe em Salmonella fyphimurium (TA98, TA100, TA1535,
TA1537, e TA1538) e E. coli (WP2 uvrA) , com e sem ativação metabólica,
apresentaram respostas negativas para mutagenicidade.
Weil e Carpenter (1965) avaliaram os efeitos crônicos e subcrônicos de
aldicarbe em ratos através da introdução deste composto na dieta de animais pelo
período de dois anos. As doses testadas foram: 0,005; 0,025; 0,05 e 0,1 mg.Kg-1 de
peso corpóreo. O grupo era composto por 40 animais, 50% machos e 50% fêmeas.
Foram avaliadas as medidas de consumo alimentar, peso corpóreo , mortalidade,
incidência de infecção, peso de órgãos como rins e fígado em relação a
porcentagem de peso corpóreo, incidência de lesões e tumores, e atividade da
colinesterase eritrocitária , cerebral e plasmática. Não foram observadas alterações
significativas nos parâmetros avaliados no grupo experimental quando comparado
ao grupo controle.
Não há dados que indiquem potencial carcinogênico no praguicida aldicarbe.
Weil (1968) realizou um experimento em ratos machos aplicando uma solução de
aldicarbe (0,125%) nas costas dos animais duas vezes por semana durante 28
meses. Não foi observada nenhuma alteração significativa na incidência de tumores.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 15
Testes de toxicidade aguda oral foram realizados em 5 espécies de aves e
teste agudo dietário foi realizado em uma espécie. A palatabilidade de grânulos de
aldicarbe foi estudada em experimentos com gaiola em cinco espécies sob
condições laboratoriais e de campo. Relatórios de estudos detalhados de
monitoramento da vida selvagem também foram realizados. Nos resultados obtidos
observou-se que o aldicarbe é altamente a extremamente tóxico para aves de forma
aguda, com a maioria das DL50 abaixo de 5mg.kg-1. Estudos em gaiola com 6
espécies mostram que aves podem consumir quantidades letais de grânulos de
aldicarbe, especialmente quando há pouco suprimento de alimento, mas que pelo
menos alguns indivíduos parecem rejeitar totalmente os grânulos. A supervisão em
campo tanto no Reino Unido quanto nos EUA confirmou que um número limitado de
aves pode morrer pelo uso de aldicarbe, mas sem afetar populações. Um baixo
número de carcaças foi recuperado (normalmente menos de dez espécimes) em
locais de estudo de campo individuais. A análise de resíduo do praguicida confirmou
exposição ao aldicarbe em cerca de metade dos espécimes examinados. Grânulos
que permaneceram expostos na superfície aparentaram ser a principal fonte de
exposição, mas outras fontes como minhocas contaminadas com aldicarbe também
foram identificadas (Inchem, 1991; NRA, 2001).
Para peixes o aldicarbe também se apresentou altamente tóxico em testes
estáticos com a truta arco-íris e o peixe-lua de guelra azul. O primeiro teste com a
truta arco-íris foi feito a 12°C utilizando uma formação granular 10% adicionada
diretamente a jarros contendo 15 L de água e cinco peixes por jarro (peso médio de
1,5 g). Um único indivíduo morreu na concentração de 0,32 mg.L-1, mas todos
morreram dentro de 48 horas com concentrações de 1,8 mg.L-1 (NRA, 2001). Perda
de equilíbrio foi percebida no período de 6 horas com concentrações acima de 1
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 16
mg.L-1. Outro teste realizado com a truta arco-íris seguiu um protocolo similar, mas
introduziu o toxicante em solução de acetona. A mortalidade só ocorreu nas duas
maiores concentrações do teste. A concentração de efeito não observado nominal
foi de 0,18 mg.L-1; os peixes demonstraram sinais de irritabilidade depois de 24
horas expostos a concentração de 0,32 mg.L-1 (Handley et ai , 1991).
Peixes guelra azuis foram testados a 22°C no mesmo laboratório do primeiro
teste com a truta arco-íris e de acordo com o mesmo protocolo. A resposta à dose foi
abrupta, com uma única mortalidade perto do fim do período de exposição a 0,1
mg.L-1, mas com mortalidade total, precedida por perda de equilíbrio, dentro de 24
horas a 0,32 mg.L-1. A 0,18 mg.L-1
, a mortalidade aumentou ao longo do período de
exposição até atingir 70%.
O segundo teste com o guelra azul utilizou aldicarbe purificado em solução
aquosa de acetona em jarros contendo 2 L de água de cultivo e 5 peixes (peso
médio 5 g)/jarro. A mortalidade aumentou de 5% a 0,06 mg.L-1 para 100% dentro de
24 horas a 0,25 mg.L-1. Testes com aldicarbe sulfóxido e sulfona provaram que estes
metabólitos são menos tóxicos do que o composto original (CL50 de 4 e 64 mg.L-1,
respectivamente) .
Para o teste realizado com o peixe guelra azul,.a mortalidade alcançou 20% a
0,056 mg.L-1 e 100% dentro de 48 horas a 0,100 mg.L-1. A concentração de efeito
não observado foi de 0,032 mg.L-1.
A base de dados EPA ajuda a compreender as sensibilidades discrepantes
das duas espécies para as quais os relatórios dos testes foram fornecidos. Os
peixes pele-de-marta partilham da mesma insensibilidade relativa da truta arco-íris,
com uma CL50 de 96 horas de 1,37 mg.L-1. Espécies marinhas partilham da
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 17
sensibilidade do peixe-lua guelra azul, como indicado pelos resultados para o
Sheepshead minnow (170 ~gr\ o pinfish (80 ~g.L-1) e o spot (200 ~g.L-1) .
A exposição crônica da truta arco-íris ao aldicarbe não revelou nenhuma
sensibilidade adicional comparada à exposição aguda. As trutas arco-íris (peso
médio 1,15 g) foram expostas a aldicarbe em concentrações entre 0,0056 e 0,056
mg.L-1 por 21 dias. Efeitos sub-letais (nadar na superfície ou no fundo , pigmentação
aumentada, perda de equilíbrio) foram observados somente na maior concentração
do teste (0 ,56 mg.L-1), que foi também a concentração limiar letal. Nessa
concentração a mortalidade aumentou pelo período de exposição até atingir 60%
depois de 21 dias (Handley et ai , 1995).
Um teste similar foi realizado sob condições de renovação estática com uma
solução estoque de aldicarbe (10 mg.L-1) preparada a partir de uma formulação
granular de 5%. A mortalidade só foi observada na maior concentração do teste
(1 ,73 mg.L-1) e somente nos 2 primeiros dias de exposição, atingindo 40%. Efeitos
sub-letais (curvatura anormal do corpo) foram vistos a partir de 0,175 mg.L-1 (Thun ,
1991 ).
Foram realizados testes de toxicidade aguda com dáfnias e misidáceos,
testes de reprodução com dáfnias , e testes de inibição do crescimento algal com a
alga verde. Alguns dados para os metabólitos sulfóxido e sulfona também foram
obtidos. Resultados laboratoriais foram corroborados por dados de campo. Os
resultados dos testes indicam que o aldicarbe é altamente tóxico para a maior parte
dos organismos sob condições de exposição aguda . Os crustáceos partilham de
sensibilidade aguda similar a dos, mas são afetados por concentrações mais baixas
quando expostos cronicamente. A mortalidade materna ao invés do impedimento
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 18
reprodutivo é o principal indicador de efeitos crônicos em dáfnias (Young Song et ai,
1997).
o aldicarbe sulfóxido e o aldicarbe sulfona têm toxicidade similar ao aldicarbe
quando testados com dáfnias e algas verdes, porém são menos tóxicos para as
algas (Hillman, 1990).
o teste com o mosquito-pólvora envolveu exposição de Chironomus riparius
por 24 horas ao aldicarbe, introduzido ao meio do teste em uma solução de acetona.
Certa atenuação da toxicidade foi notada quando o toxicante foi aplicado pela
primeira vez ao sedimento, com uma CL50 de 26,7 IJg .L-1. Concentrações de
exposição não foram confirmadas analiticamente, e não fica claro se a atenuação na
toxicidade reflete retenção pelo sedimento ou degradação do aldicarbe.
A toxicidade materna parece ter sido a resposta dominante em testes
reprodutivos com dáfnias e ocorreu em concentrações mais baixas que em
exposição aguda. Os efeitos da exposição ao aldicarbe na capacidade reprodutiva
foram estudados em um teste semi-estático de 21 dias com Oaphnia magna.
Análises dos meios de teste mostraram que as concentrações médias obtidas foram
106% das concentrações nominais, que foram utilizadas para relatar resultados. A
CE50 foi 0,09 mg.L-1, e sobreviventes em 0,18 mg.L-1 eram notadamente menores
em tamanho e mais pálidos em cor do que os controles. A toxicidade em adultos
reduziu o número total de jovens produzido por este grupo para 13% de níveis de
controle, mas não afetou significantemente o número de jovens produzidos por cada
fêmea. A CE50 para reprodução não pôde ser determinada, mas está em torno de
0,56 mg.L-1, uma concentração que matou toda a geração de pais (Handley et ai,
1995; Inchem, 1991).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 19
Um segundo teste semi-estático examinou os efeitos de uma formulação
Temik® com concentrações de aldicarbe entre 0,018 a 1,45 mg.L-1 com um fator de
diluição serial de 2,4. Concentrações analíticas permaneceram em pelo menos 80%
do nominal. Todas as dáfnias morreram em 4 dias na dose mais alta, mas os índices
de imobilização não diferiram significantemente entre os organismos de teste e de
controle em concentrações mais baixas. O número de descendentes por adulto
sobrevivente permaneceu inalterado exceto por uma redução no dia 9 em 0.6 mg.L-1.
Os descendentes mortos foram um indicador mais sensível de efeitos, sendo
significantemente maior no dia 21 em 0,25 mg.L-1 e nos dias 11 , 16, 18 e 21 em 0,6
mg.L-1. Os dados não permitiram estimativa de valores de CE50 para imobilização
ou reprodução (Thun, 1991).
Mexilhões de água doce e mariscos asiáticos sobreviveram 96 horas em
exposição estática a 21°C a concentrações de aldicarbe variando até 320 mg.L-1. No
entanto, a atividade de colinesterase no músculo adutor do mexilhão foi diminuída
em concentrações de até 0,1 mg.L-1. A toxicidade aumentou drasticamente com o
amento da temperatura , com mortalidade ocorrendo em concentrações de até 5
mg .L-1 a 30°C (Moulton et ai , 1996).
A baixa toxicidade de aldicarbe em moluscos pode ser observada também na
base de dados da EPA, que lista uma CE50 de 48 horas de 8,8 mg.L-1 para ostras
do leste (US EPA, ).
Para algas, testes em dois laboratórios diferentes demonstraram que o
aldicarbe é levemente a moderadamente tóxico para a alga verde Scenedesmus
subspicatus. A toxicidade dos produtos sulfóxido e sulfona se mostrou na mesma
faixa (NRA, 2001) .
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 20
o primeiro de dois resultados foi obtido usando aldicarbe de padrão analítico.
As algas foram cultivadas sob iluminação contínua em um misturador orbital a 24°C.
Concentrações analíticas permaneceram em 93% do nominal. Acúmulo e
deformação de células foi visto em concentrações de 0,8 e 1,6 mg.L-1. As CE50
foram as mesmas com respeito à taxa de crescimento (24 - 48 horas) e biomassa
(Hillman, 1990).
Bioensaios similares foram realizados com sulfóxido e sulfona. A CE50 de 96
horas para aldicarbe sulfóxido foi de 12 mg.L-1 baseada na biomassa e 22 mg.L-1
com relação à taxa de crescimento (0-24 horas). Nenhuma anormalidade foi
observada em culturas de controle ou de teste, mesmo na maior concentração de 50
mg.L-1. Concentrações declinaram tanto durante a fase de exposição que as CE50
baseadas nas concentrações medidas finais foram por volta de 70% (Handley et ai,
1994b). Para sulfona, as CE50 baseadas em biomassa e taxa de crescimento nas
primeiras 24 horas foram de 4,1 e 3,9 mg.L-1, respectivamente. Supostas perdas por
sorção reduziram concentrações finais analíticas para 19 - 58% da nominal, com os
maiores decréscimos em concentrações mais baixas (Handley et ai, 1994b).
Já para organismos terrestres estudos indicam que o aldicarbe é
moderadamente tóxico para minhocas. Besouros também demonstraram ser
suscetíveis ao aldicarbe, sofrendo mortalidade total logo após exposição a areia
tratada com o composto (Edwards e Coulson, 1992).
Estudos de campo não indicam nenhum dano a longo prazo em populações
de inseto não-alvo pelo uso de aldicarbe. Testes de laboratório com bactérias e
fungos indicam que efeitos em populações microbiais no campo são improváveis.
A valiação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 21
Uma revisão dos testes de toxicidade em minhocas cita os seguintes dados
de CL50 (mg.kg-1 solo de peso seco) a partir da exposição de várias espécies a
diferentes concentrações de aldicarbe por 14 dias: Eisenia fétida 20; Apporectodea
calignosa 4; A chlorotica 4; Lumbricus rubellus 8; L terrestris 26 (Edward, 1992).
Estes resultados indicam que o aldicarbe é moderadamente tóxico para minhocas. A
toxicidade do aldicarbe (CL50 de 3,1 - 50 mg.L-1) também foi aparente em um teste
não-padrão envolvendo breve imersão em solução contendo aldicarbe antes de
colocação em solo limpo. Edwards (1992), demonstrou que o aldicarbe é absorvido
pelo tecido da minhoca em solos encharcados.
Para microorganismos, Spurr e Sousa (1966, 1974) testaram os efeitos de
aldicarbe e seus produtos de transformação em fungos saprofíticos e patogênicos e
observaram que alguns desses microorganismos utilizam o aldicarbe como fonte de
carbono.
Alguns autores verificaram que concentrações entre 5 e 500 ppm da
formulação comercial de aldicarbe (100 g.Kg-1) causa diminuição da população de
Actinomycetes, Nitrosomonas europaea ,e Nitrobacter agilis nos primeiros 16 dias
de exposição (Kuseske et ai , 1974).
Para abelhas o aldicarbe é muito tóxico, e a via de intoxicação é por contato
direto. No entanto, não há menção de problemas significativos pelo uso comercial do
produto devido à baixa probabilidade das abelhas encontrarem resíduos de
superfície pela aplicação de grânulos no solo. A mortalidade das abelhas ocorre
através da exposição ao néctar de frutas cítricas tratadas com aldicarbe (NRA,
2001 ).
f aculdade de Ciências Farmacêuticas Universidade de São Paulo
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 22
o Temik® 15G foi aplicado pouco antes da florescência em pomares de
laranja-baía e laranja valência com o intuito de determinar se resíduos tóxicos
ocorreriam na flor ou no pólen. Culturas de valências foram tratadas com 22.4 kg/ha
espalhados por 54% da área plantada. Pés de laranjas-baía foram tratados
separadamente com o equivalente a 22,4, 11,2, 5,6 e 2,8 kg/ha. Os grânulos foram
incorporados a 5 cm e irrigados. As concentrações mais elevadas na cultura de
laranjas-baía levou a 20% de mortalidade de abelhas em 20 dias após o tratamento,
aumentando para 52% em 23 dias antes de cair para níveis não-tóxicos em 25 dias.
O tratamento das laranjas valências , causou baixo nível de toxicidade para abelhas
após 20 dias de aplicação (Atkins et ai, 1975).
2.4. Contaminação ambiental por praguicidas
O emprego de praguicidas tornou-se essencial nos sistemas de produção
agrícola, porém a contrapartida do aumento de produtividade proporcionado pelo
seu uso, pode ser observada nos impactos ambientais. Esses impactos ambientais
são decorrentes da toxicidade dos praguicidas aos organismos não-alvo e da
contaminação do solo e dos recursos hídricos. Esse impacto das atividades
agrícolas sobre a qualidade das águas tornou-se conhecido em alguns países
industrializados há algumas décadas. Demonstrou-se altas taxas de lixiviação de
nitrato e outros íons em muitos solos submetidos ao plantio contínuo, sustentado por
aplicações de grandes quantidades de fertilizantes e praguicidas (Filizola et ai,
2002).
Em alguns casos, menos de 0,1% do volume de praguicidas aplicados
alcançam o alvo, sendo que o restante tem potencial para se mover para outros
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 23
compartimentos ambientais como as águas superficiais e subterrâneas. Sendo
assim, a contaminação de águas subterrâneas por praguicidas pode acontecer por
um processo de percolação da água no solo e através das fraturas dos solos e
rochas (Lourencetti et ai, 2005).
Estudos de monitoramento ambiental podem ser planejados e realizados
analisando-se diretamente água ou solo, já que o potencial de contaminação de uma
substância depende diretamente da sua mobilidade no solo. A presença de
praguicidas no solo depende diretamente de propriedades como a meia-vida da
substância no solo, coeficiente de adsorção a matéria orgânica (Koc) e solubilidade,
além da interação com certos parâmetros tais como teor de matéria orgânica e
propriedades hidráulicas (Filizola et ai, 2002).
o Estado de São Paulo, apesar de ter um programa de monitoramento da
qualidade das águas superficiais e subterrâneas implantado, não avalia praguicidas
do grupo dos carbamatos de forma sistemática (Cetesb, 2001).
Estudos sobre o destino do aldicarbe e seus produtos de degradação em solo
demonstraram que eles são intensamente lixiviados podendo alcançar lençóis
freáticos contaminando águas subterrâneas e superficiais (Inchem, 1991).
o aldicarbe é transformado no ambiente por reações oxidativas e hidrolíticas,
predominando uma ou outra de acordo com as condições do meio. A hidrólise leva a
formação de compostos menos tóxicos, enquanto que as reações oxidativas
transformam aldicarbe em sulfóxido e sulfona, e ambos mantêm atividade biológica
(Inchem, 1991).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 24
A atividade microbiana ou catálise química pode intervir em ambas as vias de
transformação do aldicarbe, mas a hidrólise tende a ser a principal via de
transformação. A taxa de transformação é influenciada por numerosos fatores onde
os principais são: temperatura , pH, textura do solo , potencial redox, umidade e
atividade microbiana (Read , 1987).
o aldicarbe é usado diretamente no solo e, após a aplicação, é absorvido pela
raiz e distribuído por todo vegetal , de forma que a simples lavagem da planta não é
suficiente para eliminar o praguicida . Sendo assim, o consumo de certos produtos
inadequadamente tratados pode resultar em exposição ao aldicarbe (Farley e
MCfarland, 1999).
Há duas formas de contaminação, a contaminação direta, que resulta, em sua
maioria, da aplicação do praguicida para o controle de pragas agrícolas, e a
contaminação indireta, que resulta de outras fontes não relacionadas com a
aplicação direta para o controle de pragas. Citam-se como exemplos para este caso ,
os resíduos industriais contendo praguicidas ou compostos relacionados que são
freqüentemente lançados aos rios , as partículas de agrotóxicos suspensas no ar
após pulverizações e polvilhamentos que podem ser depositadas a grandes
distâncias, sendo que, somente de 10 a 20% dos agrotóxicos aplicados em
polvilhamento e de 25 a 50% em pulverizações, são depositados sobre a superfície
da planta. A erosão do solo também pode transferir restos de praguicidas para áreas
não tratadas. Assim como as enxurradas que transportam um grande volume de
resíduos tóxicos de áreas agrícolas para os oceanos, mares e rios , o descarte de
sobras de praguicidas e lavagem dos aplicadores na água, o lançamento de
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 25
produtos em esgoto doméstico e ainda o descarte de animais mortos por intoxicação
e de alimentos contaminados (Ferracini et ai, 2001).
o aldicarbe é muito persistente em águas subterrâneas, particularmente
naquelas que possuem características ácidas, a meia-vida de transformação em
produtos não-tóxicos varia de uma a algumas semanas, podendo estas substâncias
ficarem presentes por até alguns anos (US EPA, 1984).
Aldicarbe foi detectado em 111 de 1017 amostras de levantamentos de
entidades privadas e municipais de reservatórios de abastecimento no Canadá
(limites de detecção entre 0.01-3.0 j.1g.L-1); a concentração máxima encontrada foi
28 j.1g.L-1 (Hiebsch, 1988). Aldicarbe foi detectado em água de torneira nos EUA em
concentrações de 10 a 500 j.1g.L-1 (EPA, 1984). O aldicarbe e seus produtos de
transformação não foram detectados em amostras de água de abastecimento de
origem subterrânea oriundas de 700 comunidades da Flórida,EUA (limite de
detecção entre 2 e 5 j.1g.L-1 para cada composto) (Miller et ai, 1989). Concentrações
iguais ou superiores a 1 j.1g .L-1 foram detectadas em águas subterrâneas próximas
de plantações de batata em 31,3% das amostras testadas em Long Island, Nova
York, EUA; sendo que 0,9% das amostras continham aldicarbe em concentrações
acima de 100 j.1g.L-1 (Jones e Marquardt, 1987).
Águas subterrâneas canadenses foram monitoradas em Prince Edward
Island, New Brunswick, Novia Scotia, Quebec e Ontario. Regiões produtoras de
batata em províncias marítimas foram consideradas regiões de risco para
contaminação das águas subterrâneas após a descoberta de grandes
concentrações de aldicarbe nessas amostras (superior a 515 j.1g.L-1). A
contaminação de águas superficiais também foi relatada em cerca de 10% das
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 26
amostras colhidas de Prince Edward Island em 1983 e 1984. Posteriormente o uso
de aldicarbe em culturas de batata foi proibido no Canadá (CCREM, 1993).
No Brasil apenas um trabalho foi encontrado onde o aldicarbe foi avaliado em
águas superficiais, porém o mesmo não foi detectado em nenhuma das amostras
(Marques et ai, 2007) .
2.5. Legislação
No Brasil a Resolução 518/04 do Ministério da Saúde normatiza a qualidade
de água para consumo humano dando os valores máximos permitidos para um
grupo de 23 praguicidas onde não está contemplado o aldicarbe e nenhuma outra
substância do grupo dos carbamatos.
o Conselho Nacional do Meio Ambiente dispõe sobre os padrões de
qualidade de águas superficiais através da Resolução 357/05 onde estão definidos
os limites para cada grupo de substâncias dentro de cada tipo de corpo d'água e
sua classe.
As águas doces (salinidade igualou inferior a 0,5%), salobras (salinidade
superior a 0,5% e inferior a 30%) e salinas (salinidade igualou superior a 30%) são
classificadas de acordo com a qualidade necessária para seu uso.
Tabela 2 - Valores máximos permitidos para aldicarbe e seus produtos de
transformação em água.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 27
Origem Limite Máximo Permitido (j.Jg.L-1
)
Água potável Proteção da vida aquática
US EPA 3,2 e 4<
OMS 10
Austrália
Argentina 3
Canadá 1
* aldicarbe, aldicarbe sulfona e aldicarbe sulfóxido, respectivamente.
No grupo das substâncias orgânicas estão incluídos alguns praguicidas mas
não há limites máximos estabelecidos para aldicarbe ou seus produtos de
transformação. Entretanto há um representante do grupo dos carbamatos , o
praguicida carbaril de menor toxicidade que o aldicarbe, cujo valor máximo permitido
é de: 0,02 j.Jg.L-1 para água doce classe 1, 70 I-lg.L-1 para água doce classe 3, 0,32
j.Jg.L-1 para água salina classe 1 e 0,32 j.Jg.L-1 para água salobra classe 1.
A legislação vigente para controle de qualidade de águas subterrâneas é a
Resolução 396/08, onde estão descritos os valores máximos permitidos para
aldicarbe e seus produtos de transformação, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona,
sendo que, de acordo com o uso da água é que se tem o valor máximo permitido. Os
dados estão descritos na tabela a seguir:
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 28
Tabela 3 - Valores máximos permitidos de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe
sulfona em águas subterrâneas.
Usos da água
Consumo Dessedentação Substâncias Irrigação Recreação
Humano de Animais
Aldicarbe,
Sulfóxido e 10 IJg .L-1 11 IJg .L-1 55 IJg.L-1 NC
Sulfona
NC: não consta (Fonte: CONAMA 396/08)
2.6. Teste de toxicidade aguda com V. fischeri
Diferentes ensaios ecotoxicológicos foram desenvolvidos a partir da década
de 1970 para avaliação da toxicidade de substâncias químicas. Embora
tradicionalmente algas, crustáceos e peixes sejam usados para medidas de
toxicidade aquática, esses testes requerem maiores tempos de exposição e volume
de amostra do que testes de toxicidade que utilizam bactérias. Dentre esses, o teste
que utiliza a bactéria marinha luminescente Vibrio fischeri e recebe o nome de
Microtox® é, sem dúvida, o mais utilizado. Nesse teste é medida a redução da
luminescência emitida naturalmente pela bactéria quando ela é posta em contato
com um agente tóxico, o qual inibe a atividade da enzima luciferase (Olivi, 2008).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 29
Os testes com a bactéria Vibrio fischeri e com o microcrustáceo Daphnia
magna são considerados de padrão internacional para testes de toxicidade aguda
(Knie e Lopes, 2004); sendo que o ensaio com a bactéria marinha é normalizado
pela ISO 11348-1 e DIN 38412-34 (Rodrigues e Pawlowsky, 2007)
O método para avaliação de toxicidade com a bactéria luminescente Vibrio
fischeri foi desenvolvido por Bulich em 1979. Essa bactéria é encontrada nos
oceanos, em vida livre ou associada a outros organismos marinhos como algumas
espécies de lula.
O teste de toxicidade com Vibrio fischeri baseia-se na medida da
luminescência registrada em um aparelho denominado luminômetro, que é capaz de
medir baixas quantidades de luz emitida por uma cultura de aproximadamente um
milhão de células bacterianas (Bulich, 1979). Durante seu metabolismo o Vibrio
fischeri utiliza parte da energia obtida no ciclo de Krebs para emitir luz. Desta forma,
ao entrar em contato com substâncias tóxicas, capazes de causar toxicidade a
bactéria, ocorre a inibição da produção de energia, as bactérias podem cessar ou
diminuir a emissão de luz. Essa diminuição da capacidade de produção de luz é
medida em porcentagem de inibição de luminescência. A principal vantagem deste
teste é a rapidez de resposta. Enquanto testes de toxicidade com microcrustáceos
como Daphnia e peixes levam de 24 a 96 horas para gerar um resultado, em apenas
15 minutos se obtém o resultado quando se utiliza o Vibrio fischeri (Umbuzeiro e
Rodrigues, 2004).
Os resultados dos testes de toxicidade podem ser expressos de modo
qualitativo (tóxico e não tóxico) ou quantitativo. Quanto menor a concentração de
uma substância capaz de causar efeito, maior sua toxicidade. Os resultados são
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 30
expressos em concentração letal 50 (CL50) ou concentração efetiva 50 (CE50) . A
CL50 é a concentração de uma substância que causa mortalidade de 50% dos
organismos expostos. A CE50 é a concentração capaz de imobilizar 50% dos
organismos ou causar inibição de 50% da produção de luz do Vibrio fischeri. Tanto a
CL50 como CE50 são usualmente expressas em mg.L-1 ou em % de amostra.
No Estado de São Paulo, é padronizado pela Norma Técnica CETESB L5227,
elaborada em 1987 e revisada em 2001. A CETESB foi pioneira na implantação
desse ensaio no Brasil e, atualmente, esse ensaio está credenciado junto ao
INMETRO de acordo com a norma NBR/ISO/17025 (Umbuzeiro e Rodrigues , 2004) .
o teste com a bactéria Vibrio fischeri é capaz de detectar toxicidade em
diferentes amostras ambientais , sendo uma alternativa especialmente importante no
monitoramento da qualidade de efluentes industriais, domésticos, corpos d'água
entre outros. O ensaio também é uma importante ferramenta quando se tem um
grande número de amostras e a necessidade de respostas em curto espaço de
tempo.
Os mecanismos bioquímicos pelos quais compostos tóxicos exercem o efeito
de redução da bioluminescência sobre a bactéria , são apenas parcialmente
compreendidos. Sabe-se que, a enzima luciferase catalisa a reação de óxido-
redução da riboflavina fosfato , que é o mecanismo responsável pela emissão de luz.
Este processo está relacionado com o metabolismo microbiano e, portanto, está
diretamente ligado ao efeito tóxico de uma substância sobre a bactéria. Isenberg
(1993), descreve que a concentração efetiva média (CE50) para uma variedade de
gases anestésicos são muito semelhantes para bactérias, ratos, cães , gatos, e
humanos, sendo desta forma possível avaliar a toxicidade de uma substância com
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 31
os testes de toxicidade in vitro , entretanto é de grande importante a comparação dos
resultados com outras espécies (Isenberg, 1993; Kaiser, 1998).
2.7. Técnicas analíticas e preparo de amostras
Devido ao grande número de princípios ativos utilizados na agricultura, as
análises exigem métodos eficientes, capazes de detectar limites máximos de
resíduos estabelecidos pela legislação (LMR) e concentrações consideradas de
alerta para a saúde humana (Lourencetti et ai, 2005).
2.7.1. Cromatografia gasosa
A cromatografia gasosa (CG) é aplicável para separação e análise de
misturas cujos constituintes tenham pontos de ebulição de até 300°C e que sejam
termicamente estáveis (Dawling, 2003; Collins et ai, 2006).
Quando se trata de compostos termicamente sensíveis, como os carbamatos,
é necessário que se avalie algumas parâmetros como concentração, temperatura do
injetor e comprimento da agulha de injeção, no intuito de otimizar a análise
permitindo a detecção destes compostos (Martínez et ai , 2005).
o sistema de cromatografia gasosa baseia sua separação na diferença da
distribuição de substâncias contidas em uma amostra entre uma fase estacionária e
uma fase móvel. A fase móvel é sempre um gás inerte que arrasta a amostra pela
coluna. Através de um sistema de injeção que pode ser manual ou automatizado, a
amostra é introduzida na coluna contendo a fase estacionária. O uso da temperatura
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 32
no local de injeção possibilita a vaporização das substãncias contidas na amostra e
de acordo com suas propriedades e as da fase estacionária, são mais ou menos
retidas e chegam em tempos diferentes na saída da coluna. O uso de um detector
na saída da coluna permite a detecção e quantificação das substâncias de interesse
(Collins et ai, 2006).
Diferentes tipos de detectores podem ser utilizados em cromatografia gasosa,
os principais são: detector por condutividade térmica, detector por ionização em
chama, captura de elétrons, detector de nitrogênio fósforo e por espectrometria de
massas. O acoplamento da cromatografia gasosa com o espectrômetro de massas
traz uma contribuição significativa para melhorar a eficiência na análise de misturas
complexas. Desta forma é possível detectar substâncias que coeluem e também
obter a identificação de substâncias desconhecidas (Aquino-Neto e Nunes, 2003;
Collins et ai, 2006).
2.7.2. Cromatografia líquida de alta eficiência
A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, do inglês, high-performance
liquid chromatography) é uma importante técnica analítica, uma vez que permite a
separação de misturas que contêm um grande número de compostos orgânicos. Seu
emprego é indispensável em vários laboratórios, de diferentes áreas de atuação. Os
principais detectores utilizados nesta técnica são: ultravioleta, arranjo de diodos,
detectores eletroquímicos e por fluorescência, bem como o acoplamento com o
espectrômetro de massas. Com essa variedade de detectores, com diferentes níveis
de sensibilidade e seletividade, .tornou-se possível a detecção de uma faixa mais
ampla de compostos e a determinação de substâncias em baixas concentrações
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 33
presentes em matrizes complexas como sangue, alimentos e matrizes ambientais
(Collins et ai, 2006).
Na análise de praguicidas, a cromatografia líquida é bastante utilizada,
principalmente em métodos de triagem ou screening onde em uma mesma corrida
cromatográfica a separação é feita para vários compostos de interesse (Mourkidou e
Patsias, 1996).
Compostos não-voláteis, polares ou termolábeis, difíceis de serem
determinados por cromatografia gasosa, podem ser determinados por HPLC
ajustando-se parâmetros como tipo de fase estacionária (coluna cromatográfica) e
composição da fase móvel (Kupiec et ai, 2003).
Um sistema de cromatografia líquida é composto basicamente por bomba de
alta pressão (que pode trabalhar até 10.000 psi), sistema de injeção por válvulas,
coluna de separação e de detecção.
A cromatografia líquida pode ser dividida, de acordo com os modos de
separação (interação analito-fase móvel-fase estacionária), em cinco grupos:
- Fase normal: também conhecida como cromatografia líquida de adsorção. Neste
modo, a FE (fase estacionária) é um sólido, geralmente sílica ou alumina, que irá
reter os solutos por adsorção. A FM (fase móvel) geralmente é um solvente orgânico
apoiar (como hexano, clorofórmio, diclorometano). Pode-se afirmar que as
separações cromatográficas nasceram neste formato, mas atualmente este modo
está em desuso, sendo utilizada quase que exclusivamente para caracterização de
extratos de plantas.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 34
- Fase reversa: a fase estacionária neste caso é composta por partículas de material
adsorvente (geralmente sílica) que são quimicamente ligadas a radicais orgânicos
variados sendo as mais comum cadeias com oito (octilsilano ou C-8) ou dezoito
(octadecilsilano, C-18) átomos de carbono. Nestas situações, a FE apresenta
características apoiares e a FM é composta por misturas de água ultra pura (ou
soluções tampão aquosas) e solventes orgânicos polares como metanol , acetonitrila
ou tetraidrofurano. Este é o modo de separação mais utilizado atualmente.
- Troca iônica: neste caso , a FE deve possuir carga iônica oposta à apresentada
pela substância que se quer determinar. A FM geralmente é composto por soluções
tampão que devem ter o pH e a força iônica ajustadas cuidadosamente.
- Cromatografia por exclusão de tamanho: a FE agora é composta por polímeros que
possuem poros de diâmetro muito bem definidos. Quanto maior o tamanho da
substância, menos ela entrará nos poros da coluna, e mais rápida será a eluição. O
inverso ocorre para substância de pequeno tamanho. É um modo de separação de
grande aplicação em biotecnologia, principalmente para isolamento ou determinação
quantitativa de peptídeos, proteínas e ácidos nucléicos.
- Cromatografia quiral: utiliza colunas preenchidas por compostos capazes de
separar enântiomeros (compostos quirais) , como ciclodextrinas , éteres coroa ou
antibióticos macrolídeos. É utilizada sempre que for necessária a avaliação da
pureza ótica de uma substância. As colunas cromatográficas utilizadas para
separações quirais possuem custo elevado e vida útil. São muito utilizadas, por
exemplo, na indústria farmacêutica , pois em alguns casos um das formas quirais
possui atividade biológica e a outra é inativa , ou ainda podem ter ação antagônica.
A valiação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 35
Dentre os sistemas de detecção utilizados em HPLC, merecem destaque por
suas aplicações:
- Detecção por ultravioleta (UV): este tipo de detector pode ser utilizado para
detectar substâncias que absorvam a luz UV-VIS, é o tipo de detector mais comum,
pois apresenta boa sensibilidade e ampla faixa linear.
- Detecção por arranjo de diodos (DAD): comparado a detectores UV tradicionais, o
DAD é construído com sistema ótico invertido, pois toda a luz proveniente da fonte
luminosa incide sobre a cela de detecção (onde estará a amostra) e
subseqüentemente é decomposta por um prisma ou policromador, incidindo
finalmente em uma rede de fotodiodos , um chip contendo grande número de
estruturas eletrônicas sensíveis a luz dispostas lado a lado, cada um captando a luz
proveniente de um comprimento de onda distinto. Esta estrutura permite a aquisição
do espectro de UV-VIS on-line de cada pico eluído da coluna cromatográfica.
Utilizando este detector, não é necessário conhecimento prévio sobre as
características absortivas (como o comprimento de onda de máxima absorção) das
substâncias presentes na amostra , uma vez que é possível gerar cromatogramas no
comprimento de onda mais adequado (onde se tenha menor número de
interferentes, por exemplo) após a aquisição dos dados.
- Detecção por fluorescência : é o detector mais sensível disponível comercialmente
para HPLC na análise de compostos orgânicos, podendo ser até 1000 vezes mais
sensível que o detector por UV; sendo muito útil para análise de substâncias
fluorescentes ou que se tornem fluorescentes após reações de derivatização. Neste
sistema, um comprimento de onda escolhido incide sobre a cela de detecção, onde
estará a substância após ser eluída da coluna. A substância então é excitada e
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 36
emite luz em comprimentos de onda maiores que o utilizado para excitação. Esta luz
emitida é então captada pelo fotodetector, que está em ângulo reto com a fonte de
luz de excitação para evitar aumento no ruído do aparelho. Além de ser o mais
sensível, este detector é também um dos mais seletivos pois só são detectadas
aquelas substâncias que forem excitadas e que emitirem luz nos comprimentos de
onda selecionados.
A cromatografia líquida por ser uma técnica analítica não destrutiva (exceto
quanto acoplada a espectrometria de massas), permite que vários sistemas de
detecção sejam acoplados em linha, proporcionando um maior número de
informações qualitativas sobre a amostra analisada (Kupiec et ai, 2003).
o método padrão para determinação de aldicarbe e outros praguicidas
carbamatos, preconizado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
(Environmental Protection Agency, EPA) , baseia-se na cromatografia líquida com
detecção por fluorescência através de derivação pós-coluna (Morrica et ai, 2005) . As
substâncias são separadas na coluna cromatográfica e quando eluídas são
hidrolisadas em meio alcalino, e a amina primária resultante da hidrólise reage com
orto-ftalaldeído (o-C6H4(CHOh - OPA) resultando em compostos fluorescentes
podendo então ser detectados (US EPA, 1989).
2.7.3. Eletroforese capilar
Os anos 80 foram marcados pelo aparecimento da terceira grande técnica
instrumental de separação, a eletroforese capilar. O rápido avanço da eletroforese
capilar deve-se principalmente à variedade dos modos de separação que podem ser
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 37
efetuados em uma única coluna capilar e da diversidade dos compostos que podem
ser determinados em cada um destes modos. Também se destaca pelo baixo
consumo de reagentes e solventes e rapidez da análise.
Na eletroforese capilar a separação é conduzida em tubos com dimensões de
15 a 100 IJm de diâmetro interno, e 50 a 100 cm de comprimento, preenchidos com
um eletrólito condutor e submetidos à ação de um campo elétrico. O uso do capilar
possibilita a dissipação eficiente do calor, gerado pela passagem da corrente
elétrica, fenômeno conhecido como efeito Joule (Tavares, 1996). Além disso, a alta
resistência elétrica do capilar permite a aplicação de campos elétricos elevados, o
que promove a diminuição do tempo de análise. Uma fonte de alta tensão é usada
para estabelecer um campo elétrico ao longo do capilar. Estas fontes podem operar
à tensão constante ou corrente constante, com valores que variam de 0-30 kV e de
0-300 !-lA respectivamente.
Em eletroforese capilar, as amostras podem ser introduzidas no capilar por
métodos hidrodinâmicos ou eletrocinéticos. Na injeção hidrodinâmica, uma alíquota
representativa da composição do soluto na amostra é introduzida no capilar. Na
prática, é aplicada uma pressão determinada, por um breve período no recipiente da
amostra , havendo uma transferência de volume para o interior do capilar. Em
seguida, os recipientes do eletrólito são inseridos nas duas extremidades do capilar,
uma tensão é então aplicada e a separação iniciada. A injeção eletrocinética é
realizada pela aplicação de um determinado potencial no recipiente da amostra por
um dado período de tempo. Analitos iônicos são injetados como resultado da
combinação entre as velocidades eletroforética e eletrosmótica, enquanto analitos
neutros são injetados somente devido ao fluxo eletrosmótico. Um problema inerente
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 38
à Injeção eletrocinética, é que a quantidade injetada de um determinado soluto ,
depende da condutividade da amostra. Desse modo, quando soluções de padrão
apresentam diferenças de condutividade em relação à amostra , ou as amostras
diferem entre si , a quantidade de analito injetada será diferente. Geralmente,
quando curvas de calibração são construídas para analitos em baixas
concentrações, a concentração do mesmo influenciará na condutividade , com isso,
não é possível atingir uma boa correlação entre a área do pico do soluto e a
concentração do mesmo. Uma maneira de se contornar o problema é adicionar
tanto à amostra quanto ao padrão, uma elevada concentração de um eletrólito
condutor, de modo a minimizar diferenças de condutividade entre a amostra e o
padrão. O eletrólito adicionado preferencialmente não deve ser detectado.
Outras vantagens da eletroforese capilar são: pequenas quantidades de
amostra , completa automação da análise e compatibilidade com vários sistemas de
detecção disponíveis para cromatografia líquida. Tais detectores podem ser: de
absorção no UV-vis, fluorescência , fluorescência induzida por laser, espectrometria
de massas, condutividade, amperometria , radioatividade , índice de refração ,
dicroísmo circular e Raman (Tavares, 1996). Cabe ao analista escolher o tipo de
detector a ser utilizado de acordo com as propriedades do soluto em análise e da
faixa de concentração contemplada. O acoplamento da eletroforese capilar ao
espectrômetro de massas, pode levar a um aumento da sensibilidade e seletividade
da técnica de eletroforese e ainda minimizar possíveis interferências da matriz
(Molina et ai , 2001)
Um aspecto bastante importante da eletroforese capilar é a simplicidade da
instrumentação. Na Figura 5 um equipamento de eletroforese capilar é representado
esquematicamente, o qual consiste de uma fonte de alta tensão , capilares
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 39
(normalmente de sílica fundida), eletrodos (geralmente de platina), um detector
apropriado e um computador para o tratamento dos dados.
Vários modos de separação, com mecanismos singulares e seletividade
característica são possíveis em eletroforese capilar, os principais são: eletroforese
capilar em zona ou em solução livre (free solution capillary electrophoresis, FSCE ou
capillary zone electrophoresis, CZE), cromatografia eletrocinética micelar
(electrokinetic chromatograhphy, MEKC), eletroforese capilar em gel (capillary
electrochromatography, CEC), isotacoforese (capillary isotachophoresis, CITP) e
focalização isoelétrica (capillary isoeletric focusing, CIEF) (Tavares, 1996; Silva et
al.,2007) .
Computador
l [~l
Eletroferograma
Recipiente de eletrólito Recipiente de eletrólito
Figura 5 - Representação esquemática de um equipamento de eletroforese capilar.
A análise de compostos neutros (como os carbamatos) por eletroforese
capilar deve ser realizada em meio micelar (cromatografia eletrocinética micelar,
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 40
MEKC), onde a separação dos analitos se dá por diferença de interação com as
micelas, que são arrastadas pelo fluxo eletrosmótico (Tavares, 1996).
As principais variáveis a serem alteradas em MEKC normalmente são a
adição de diferentes tipos de solventes, e em diferentes faixas de concentração, a
variação do pH do eletrólito, a concentração de eletrólito, a adição de diferentes
tipos de tensoativos entre outras (Tavares, 1997).
A CE apresenta-se como técnica analítica complementar à cromatografia
líquida de alta eficiência (HPLC) e à cromatografia gasosa (GC). A Tabela 2
apresenta uma comparação racional entre estas três técnicas de separação. Deve-
se ressaltar que a CE pode oferecer vantagens significativas sobre as técnicas
cromatográficas: requer pequeno volume de amostra (apenas alguns )lL) , pode
utilizar detecção por absorção da luz ultravioleta em comprimentos menores do que
200 nm, sem que haja aumento de ruído ou dríft de linha de base (problema comum
em HPLC), além de permitir a determinação de uma vasta gama de compostos
desde íons até macromoléculas utilizando a mesma coluna capilar. Os instrumentos
de CE e HPLC convencionais (utilizando detectores ópticos) possuem custo
equivalente, mas o custo operacional é significativamente menor na CE,
principalmente pelo baixo consumo de solventes e com o baixo custo das colunas
capilares (Perrett, 2003; Picó et ai , 2003; Anastos et ai , 2005).
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Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 42
2.7.4. Espectrometria de massas
A massa atômica ou molecular é uma das informações mais características de
um átomo ou molécula. Estas massas são infinitamente pequenas, impossíveis de
serem medidas mesmo com as micro-balanças mais sofisticadas. Contudo, estas
massas podem ser determinadas indiretamente, utilizando-se a espectrometria de
massas (MS, do inglês, mass spectrometry).
A espectrometria de massas (MS) é uma técnica analítica poderosa muito
utilizada na identificação de compostos desconhecidos, quantificação de materiais
conhecidos e elucidação de propriedades químicas e estruturais de moléculas.
Basicamente um espectrômetro de massas é dividido em uma fonte de íons, um
analisador da relação carga/massa deste íon e um detector (Cole, 1997). Um
espectro de massas é um gráfico onde no eixo das abscissas é mostrada a relação
massa-carga (m/z) dos íons formados e no eixo das ordenadas é mostrada a
abundância (intensidade) de cada fragmento.
A espectrometria de massas apresenta a mesma desvantagem das demais
técnicas espectroscópicas citadas anteriormente, não pode ser aplicada diretamente
na análise de misturas de substâncias, pois o espectro obtido será a soma dos
espectros das diversas substâncias presentes na amostra. Este problema pode ser
resolvido utilizando-se a MS acoplada a técnicas de separação. (Kirkbride, 2000;
Watson, 2003).
A MS é baseada na geração de moléculas dotadas de carga ou fragmentos
moleculares em um sistema submetido a alto vácuo. Inicialmente as moléculas
analisadas são levadas a um estado excitado ionizado. O modo clássico como isso
pode ser feito é através do bombardeamento da molécula por um feixe de elétrons
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 43
(ionização por impacto de elétrons). Como o feixe de elétrons possui energia
potencial (geralmente 70 eV) muito maior que as energias de ligação existentes
entre os átomos que compõem a molécula , esta se rompe, originando fragmentos
característicos. O processo de fragmentação não é randômico , ocorrem
principalmente onde as ligações químicas forem mais fracas, ou em locais onde os
fragmentos formados sejam mais estáveis (Cody e Foltz, 1995).
O perfil de fragmentação de uma molécula, ou seja , seu espectro de massas
é reprodutível se a energia utilizada na ionização for constante. Isso possibilitou o
desenvolvimento de bibliotecas de espectros de massas, que representam uma das
ferramentas de investigação mais importantes. Espectros de massas obtidos durante
a análise de amostras de conteúdo desconhecido podem ser confrontados contra
centenas de milhares de espectros de massas referência de modo automático (via
software) , permitindo identificação rápida e precisa dos componentes da amostra
(Codye Foltz, 1995).
Com o objetivo de se adquirir resultados sensíveis e seletivos a
espectrometria de massas pode ser utilizada em combinação com técnicas
cromatográficas (GC e HPLC) e eletroforese capilar (CE). Os maiores avanços
tecnológicos obtidos atualmente em espectrometria de massas estão relacionados
ao desenvolvimento de novas técnicas de ionização e no acoplamento desta técnica
às técnicas cromatográficas, em especial à cromatografia líquida e à eletroforese
capilar. O acoplamento entre a cromatografia gasosa e a MS é relativamente
simples , pois as moléculas a serem analisadas já deixam o cromatógrafo em fase
gasosa, não sendo necessário "separá-Ias" da fase móvel (Cole, 1997).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 44
No caso de técnicas que operam em meio líquido como a cromatografia
líquida e a eletroforese capilar, é necessária a utilização de uma fonte de ionização
que possa transmitir moléculas da fase líquida para a fase gasosa e ao mesmo
tempo transferir carga a estas moléculas. A técnica de ionização por electrospray
(ESI) é a mais utilizada (Watson, 2003). Basicamente três características fazem com
que o electrospray seja considerado uma técnica distinta das outras técnicas de
ionização (Grossman e Colburn, 1992a):
i) capacidade para produzir íons multiplamente carregados, com número de cargas
elevado, reduzindo assim, a razão massa/carga (m/z), de tal modo que seja possível
analisar compostos de elevada massa molecular;
ii) as amostras a serem analisadas devem ser introduzidas em solução, o que
permite o acoplamento com diversas técnicas de separação;
iii) o fato de ser o electrospray uma técnica de ionização suave que permite que as
interações não covalentes entre moléculas que existem em solução sejam
preservadas na fase gasosa.
A produção de íons em electrospray requer essencialmente dois passos,
dispersão de gotas altamente carregadas quase à pressão atmosférica seguida de
condições que permitam a evaporação da gota. A ionização por electrospray não é
um método de ionização propriamente dita, mas um método de transferência de um
íon da fase líquida para a fase gasosa, e a ionização de moléculas neutras em fase
líquida é um processo secundário.
A técnica de ionização por electrospray é assim chamada devido à formação
de um spray eletrostático, este processo ocorre devido à passagem de uma solução
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 45
contendo íons por um capilar onde uma alta tensão é aplicada (1000 a 5000 V); com
isso a solução é nebulizada eletrostaticamente com formação de pequenas gotas
altamente carregadas. A nebulização da solução é em alguns casos facilitada pela
ajuda de um gás nebulizador (normalmente nitrogênio). Posteriormente as moléculas
são direcionadas a uma região de alto vácuo onde ocorre a separação dos íons e
conseqüentemente a sua detecção em um analisador de massas.
2.7.5. Preparo de amostras - extração em fase sólida
As análises de substâncias presentes em diferentes matrizes são realizadas
pela utilização de técnicas cromatográficas que requerem etapas de pré-tratamento
da amostra, cujo objetivo é separar os analitos de interesse de demais compostos
presentes na amostra e que possam ser incompatíveis com a coluna cromatográfica,
ou interferentes diretos da análise. Outro objetivo claro do preparo de amostras é
servir como etapa de pré-concentração das substâncias que possam estar presentes
em concentrações tão baixas quanto nanogramas ou picogramas (Queiroz et ai,
2001; Aquino-Neto e Nunes, 2003).
A introdução da extração em fase sólida (EFS) foi uma grande inovação
dentre os processos a extração e/ou pré-concentração. O uso de colunas de
extração como processo alternativo à tradicional extração líquido-líquido aparece
com grande freqüência em publicações científicas destinadas às análises de
praguicidas (Herrera et ai, 2002; Román et ai, 2004; Neto e Siqueira, 2005; Alwis et
ai, 2006; Menezez-Filho et ai, 2006; Sundberg et ai, 2006).
As vantagens da EFS residem na grande seletividade que pode ser obtida
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 46
através da escolha da fase extratora adequada, o menor consumo de solventes
orgânicos (quando comparado à extração líquido-líquido), não formação de
emulsões (que diminuem o rendimento da extração líquido-líquido) e a possibilidade
de automação principalmente através do acoplamento à cromatografia liquida de alta
eficiência (Aquino-Neto e Nunes, 2003; Lanças, 2004) .
o procedimento de extração por EFS pode ser resumido em quatro etapas:
1 - Condicionamento ou ativação da fase extratora, pela passagem de solvente
orgânico polar (frequentemente utiliza-se metanol) , seguido por água ou solução
tampão. Esta etapa é necessária para permitir que os sítios extratores responsáveis
pela ligação com os analitos estejam disponíveis.
2 - Aplicação da amostra , que deve passar através da fase sólida numa velocidade
adequada que permita o contato entre os analitos e a fase extratora. A amostra pode
ainda ser tamponada em um pH que favoreça a interação entre os analitos e a fase
extratora. A adição de padrão interno à amostra deve ser feita antes desta ser
aplicada na coluna.
3 - Lavagem da coluna com solventes para remoção de interferentes. Uma vez
aplicada a amostra, ficarão retidos na fase extratora não apenas os analitos
desejados, mas também alguns interferentes, que serão eliminados nesta etapa do
processo, onde normalmente utiliza-se água ou soluções tampão, por vezes com
adição de pequena porcentagem de solvente orgânico polar (como metanol ou
acetonitrila) para lavar a coluna extratora . É fundamental que a solução utilizada na
lavagem da coluna tenha força suficiente apenas para eluir os interferentes,
mantendo os analitos retidos na fase sólida. Após a lavagem, a fase extratora deve
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 47
ser seca pela passagem de ar através da fase extratora (de 2 a 5 minutos de vácuo) ,
para que todo resíduo água ou tampão seja retirado.
4 - Eluição e coleta dos analitos, etapa que geralmente utiliza pequeno volume de
solventes orgânicos para arrastar as substâncias até então retidas na fase extratora.
o solvente utilizado na eluição depende das características da fase extratora e do
analito que está sendo extraído. Os solventes orgânicos utilizados na eluição são
então evaporados e o resíduo desta evaporação é reconstituído com pequeno
volume de solvente adequado para o método de análise empregado.
O tipo de fase sólida que será utilizada na extração depende de
características do analito a ser extraído, sendo as mais comuns:
Fase normal: empregada quando se deseja extrair compostos polares presentes em
matrizes orgânicas. Este tipo de fase pode ser de sílica gelou sílica quimicamente
ligada a radicais que contenham grupamentos funcionais ciano , diol ou amino. O
principal mecanismo de interação neste tipo de EFS é a formação de ligações de
hidrogênio entre o analito e a fase extratora . A eluição dos analitos é feita utilizando-
se soluções tampão de alta força iônica.
Fase reversa: é baseada na interação entre analitos orgânicos presentes em meio
aquoso e uma fase extratora apoiar, como por exemplo sílica quimicamente ligada a
radicais octadecil (C-18) . A interação entre o analito não ionizado (apoiares) e a fase
sólida é baseada em ligações de Van der Waals, sendo utilizados solventes
orgânicos apoiares para eluição dos analitos.
Troca iônica: é baseada na interação dipolar entre íons de cargas opostas presentes
na amostra e na fase sólida. Utiliza como fase extratora sílica quimicamente ligada a
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 48
radicais que contenham grupamentos funcionais sulfonil, carboxílico ou
trimetilamino. A eluição dos analitos normalmente é feita pela mudança do pH
(passagem de soluções tampão, que podem ser preparados em água ou metanol).
Fase extra tora mista: a fase sólida neste caso apresenta dois ou mais tipos de
materiais, combinando fase extratora apoiar (como sílica quimicamente ligada a
radicais octadecil) com uma fase de troca iônica (como sílica quimicamente ligada a
radicais sulfonil). Este aumento no tipo de interações que podem ocorrer entre os
analitos e a fase estacionária permite que substâncias de características químicas
diferentes sejam extraídas utilizando-se apenas uma coluna extratora. Por esta
versatilidade, este tipo de fase extratora tem sido muito utilizada, a eluição neste tipo
de EFS ocorrerá por mudanças do pH e uso de solventes orgânicos.
Na literatura internacional existem muitos trabalhos sobre a determinação de
aldicarbe em matrizes ambientais. A tabela 3 apresenta trabalhos de detecção de
aldicarbe em água por diversas técnicas analíticas publicados a partir de 2000.
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Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 52
3. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivos:
./ desenvolvimento de métodos analíticos para separação e quantificação
de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona, por cromatografia
líquida de alta eficiência com detecção por arranjo de diodos,
cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas e
eletroforese capilar com detecção por arranjo de diodos;
./ avaliação da toxicidade aguda do aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e
aldicarbe sulfona através do teste com a bactéria marinha
luminescente Vibrio fischeri.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 53
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Material
4.1.1. Equipamentos
• sistema de eletroforese capilar Hewlett Packard® modelo Hp3DCE, Agilent
Technologies, composto por sistema de refrigeração do capilar por ar
forçado, detector de arranjo de diodos (DAD), controlado através do
software HP ChemStation, ver 08.03;
• cromatógrafo líquido de alta eficiência Thermo-Finnigan®, modelo Surveyor
Plus, composto por bomba quaternária, sistema de injeção automática,
forno de coluna e detector de arranjo de diodos, controlado através do
software Xcalibur™;
• espectrômetro de massas Thermo-Finnigan®, modelo LCQ Deca XP MAX,
com fonte de ionização por electrospray e analisador de massas do tipo ion
trapo
• sistema de purificação de água Milli-Q Plus, Millipore®;
• banho de ultra-som;
• luminômetro;
• pHmetro digital;
• balança analítica;
• agitador mecânico tipo "vortex";
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 54
• estufa de secagem;
• bomba a vácuo
4.1.2. Reagentes e materiais
• capilar de sílica fundida (Polymicro Technologies) , revestidos externamente
com poliimida, com 75 f.lm de diâmetro interno, 48,5 cm de comprimento
total e 40 cm até o detector;
• coluna analítica para cromatografia líquida de alta eficiência Zorbax® -
Eclipse XDS C18 (150mm x 4,6mm - 51Jm)
• coluna analítica para cromatografia líquida de alta eficiência Phenomenex®
Sinergi Max RP 80 (30mm x 2 mm - 4 IJm)
• cartucho para extração em fase sólida C18 Lichrolut® (500 mg/6 mL)
Merck;
• sistema para extração em fase sólida
• filtros Millex em polietileno com poro de 0,45 f.lm, 33 mm de diâmetro,
Millipore®;
• seringa de 5mL;
• pipetas automáticas, com diferentes capacidades volumétricas;
• vial de polipropileno, com tampa de borracha (1,0 mL), para injetor
automático do sistema de eletroforese capilar;
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 55
• vial de vidro, com tampa de rosca e septo (2,0 mL), para injetor automático
do sistema cromatográfico;
• balões volumétricos de 5, 10, 25, 50, 100 e 500 mL;
• tubo cônico de plástico com capacidade para 15 e 50 mL com tampa de
rosca;
• suporte universal, garra e argola;
• metanol J.T. Baker®, grau HPLC;
• dodecil sulfato de sódio, Merck®, grau HPLC;
• tetraborato de sódio, Merck®, grau HPLC;
• hidróxido de sódio, Merck®, grau HPLC;
• ampola de bactéria Vibrio fischeri liofilizada linhagem NRRL B-11177,
BIOLUX®Lyo
4.1.3. Soluções-Padrão
Os padrões de aldicarbe, aldicarbe sulfona e aldicarbe sulfóxido foram
gentilmente cedidos pela Bayer S/A. O padrão de metomil, utilizado como padrão
interno, foi obtido da Sigma-Aldrich (Milwaukee, EUA). Soluções estoque foram
preparadas em balão volumétrico por pesagem dos sais e diluição em metanol,
obtendo-se concentração de 1000 mg.L-1.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 56
Para análise por cromatografia líquida, foram preparadas soluções de
trabalho de aldicarbe, sulfóxido e sulfona, a partir de diluições das soluções-estoque,
obtendo-se concentrações finais de 5; 10; 25; 50; 100; e 500 jJg.L-1 (para realização
dos adicionados).
Para análise por eletroforese capilar, foram preparadas soluções de trabalho
de aldicarbe, sulfóxido e sulfona, a partir de diluições das soluções-estoque,
obtendo-se concentrações finais de 50; 75; 100; 125; 150 e 200 mg.L-1 (para
realização dos adicionados).
Todas as soluções preparadas (estoque e trabalho) foram armazenadas em
frasco de vidro com tampa e lacre de alumínio e mantidas em freezer (-20° C).
4.1.4. Amostras de Referência Negativa
As amostras de água de torneira utilizadas foram coletadas no próprio
laboratório em béquer de vidro no momento da análise. As amostras de água de rio
e represa utilizadas foram coletadas de acordo com os procedimentos padrões da
CETESB armazenadas em frascos de vidro com tampa, identificados com data e
local da coleta e mantidas sob refrigeração até o momento da análise. Para melhor
organização do texto, os diferentes tipos de amostras foram identificadas por letras
como indica a Tabela 3.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 57
Tabela 6. Diferentes tipos de amostras de água utilizadas no desenvolvimento do
trabalho e seus respectivos pHs.
Procedência pH
Água de Torneira 6.0
Água de Rio 6.5
Água de Represa 6 .7
Água Ultrapura 6.0
4.2 Métodos
4.2.1. Determinação de aldicarbe e aldicarbe sulfona por HPLC-DAD
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 58
Extração
./ BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas
Universidade de São Paulo
As amostras de água, fortificadas e branco, foram submetidas ao processo de
extração em fase sólida descrito abaixo:
./ Condicionamento da coluna extratora C18 Lichrolut® com 1 mL de
metanol e em seguida 1 mL de água ultrapura
./ Passagem de 10 mL da amostra através da coluna extratora, com fluxo
de 1 mL min-1
./ Lavagem com 5 mL de água ultrapura
./ Secagem da coluna por 5 minutos, sob vácuo
./ Eluição com 1 mL de metanol, com fluxo de 1 mL min-1
./ Evaporação do solvente sob fluxo de nitrogênio
./ Ressuspensão do extrato com 1 mL da mistura água/metanol na
proporção 85% e 15%, respectivamente .
./ Ultrasom por 5 minutos
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 59
Condição cromatográfica
Coluna cromatográfica: Zorbax® - Eclipse XDB C18 (150mm x 4,6mm - 51Jm)
Fase móvel: Água ultrapura : Metanol
Gradiente: Tempo (min) % Água % Metanol
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8 85 15
10 85 15
Vazão da fase móvel: 1 mL min-1
Volume de injeção: 20 IJL
Temperatura do forno: 30°C
Detecção DAD: 204nm e 252nm
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 60
4.2.2. Determinação de aldicarbe por CE-DAD
Soluções padrão de aldicarbe foram utilizadas nas concentrações de 10, 25,
50, 75 e 100 mg.L-1, adicionadas em água. O padrão interno utilizado foi tiofanato
metílico na concentração 50 mg.L-1.
Condicão eletroforética
Capilar de sílica fundida com 75 I-lm de diâmetro interno, 48,5 cm de comprimento
total e 40 cm até o detector. O capilar era condicionado diariamente antes do início
dos trabalhos com passagem de hidróxido de sódio 1 moI,L-1, água ultrapura e
eletrólito de corrida (5 minutos cada).
Eletrólito: solução aquosa de tetraborato de sódio 10 mmol L-1 e dodecil sulfato de
sódio 50 mmol L-1.
Voltagem: 25 kV
Injeção: hidrodinâmica 50 mbar por 5 segundos
Temperatura do capilar: 20°C
Detecção DAD: 252 nm
4.2.3. Determinação de aldicarbe e aldicarbe sultana por LC-MS
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 61
Condição cromatográfica
Coluna cromatográfica: Phenomenex Sinergi Max RP 80 (30 x 2 mm - 4 IJm)
Fase móvel: Formiato de amônio em água ultrapura 10 mmol L-1 Formiato de
amônio em metanol 10 mmol L-1
Gradiente:
Tempo (min) % Agua contendo formiato % Metanol contendo formiato
de amônio de amônio
O 95 5
3 5 95
6 5 95
6,5 95 5
12 95 5
Vazão da fase móvel : 350 IJL min-1
Volume de injeção: 20 IJL
Temperatura do forno: 40°C
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 62
Condições do espectrômetro de massas:
Tensão do spray: 4,5 kV
Temperatura do capilar de transferência: 350°C
Fluxo de gás nebulizador (N2): 35 unidades arbitrárias
Modo de análise: tull scan de 150 a 300 amuo
4.2.4. Teste de toxicidade com bactéria luminescente Vibrio fischeri
o teste de toxicidade aguda foi realizado com a bactéria Vibrio tischeri
disponível comercialmente. A ampola contendo a biomassa liofilizada foi retirada do
freezer (onde é conservada até o momento do teste) e deixada em temperatura
ambiente por 15 minutos, onde em seguida adicionou-se 1 mL da solução tampão
de reativação e a ampola foi homogeneizada. A concentração de bactérias por
ampola é de 108 e a solução reconstituída é estável por 4h em geladeira. Soluções
de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona foram preparadas em água
ultrapura e de represa (para verificar efeito matriz). A concentração inicial de
aldicarbe foi de 200 mg.L-1 e de aldicarbe sulfóxido e sulfona 100 mg.L-1. Foram
realizadas 5 diluições a partir da concentração inicial. Um controle negativo (água,
solução salina e solução teste) e um "branco" foram adicionados em todas as
análises. A leitura foi realizada em luminômetro a 492nm em tempo O e após 15
minutos de exposição da bactéria aos analitos testados, verificou-se a inibição
causada e o cálculo de CE50 é feito através da curva dose-resposta.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 63
4.3. Validação analítica
A validação do método foi realizada estabelecendo-se os valores de
recuperação, linearidade, seletividade, precisão intraensaio, exatidão, limite de
detecção e de quantificação (Peters e Maurer, 2002; Ribani et ai, 2004). Todos os
cálculos foram realizados através do programa Microsoft Excel® 2003 para sistema
operacional Windows® XP-Professional.
Seletividade
Este parâmetro foi avaliado através das análises de amostras de água
referência negativa (água de torneira e amostra de água coletada na região do Alto
Cotia) . Considerou-se como critério de seletividade a ausência de picos interferentes
no tempo de retenção dos analitos investigados e do padrão interno . .
Recuperação
A eficiência do procedimento de extração foi avaliada através da recuperação.
Para o estudo da recuperação do método, amostras de água referência negativa
foram enriquecidas com o padrão interno e com os analitos de interesse na
concentração de 100 J.!g.L-1 e submetidas ao método de extração descrito no item
4.2.1. Outro grupo de amostras de água referência negativa foram enriquecidas
apenas com o padrão interno, submetidos ao processo de extração, e os analitos de
interesse foram adicionados apenas no instante da ressuspensão dos extratos. A
recuperação absoluta foi avaliada pela área relativa média obtida no primeiro grupo
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 64
(resposta do analito adicionado à matriz antes da extração) em relação à área
relativa média obtida no segundo (resposta do analito adicionado à matriz após a
extração), expressos em porcentagem.
Curva analítica (Linearidade)
A curva analítica para o método proposto foi realizada através de fortificação
de água de torneira (referência negativa) coletada no dia da análise. As amostras
foram fortificadas a partir de soluções padrão de aldicarbe e aldicarbe sulfona a fim
de se obter as concentrações de 5; 10; 25; 50; 100 e 500 ).!g.L-1 para cromatografia
líquida e 10; 25; 50; 75 e 100 mg.L-1 para eletroforese capilar (n=3 para cada
concentração investigada). As amostras fortificadas foram submetidas aos
procedimentos de extração e às condições cromatográficas e eletroforéticas
especificadas acima.
A curva analítica foi obtida pela projeção das concentrações do analito no eixo
das abscissas e das relações entre a área do analito e do padrão interno (metomil)
no eixo das ordenadas, utilizando-se a regressão linear pelo método dos mínimos
quadrados para a obtenção da equação da reta.
A linearidade, definida como a capacidade do método em gerar resultados
proporcionais da espécie em estudo, foi avaliada através do coeficiente de
determinação (,-2) da curva (Ribani , et ai, 2004).
Precisão intra-ensaio
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 65
Os estudos de precisão intra-ensaio foram conduzidos indiretamente pelo
cálculo de imprecisão através da determinação do coeficiente de variação (CV) das
áreas relativas (razão entre área absoluta do analito e a área absoluta do padrão
interno). Este parâmetro avalia a proximidade entre várias medidas efetuadas em
uma mesma amostra (Peters e Maurer, 2002; Ribani et ai, 2004) . A precisão
intraensaio (repetibilidade) foi determinada através da análise, em um mesmo dia, de
seis replicatas de amostras de água adicionadas nas concentrações 10, 50 e 500
Ilg.L-1.
Exatidão
A exatidão representa o grau de concordância entre os resuitados individuais
encontrados em um determinado ensaio e um valor de referência aceito como
verdadeiro (Ribani et ai, 2004).
Neste estudo, a exatidão foi determinada através do cálculo das
concentrações médias (seis replicatas) obtidos de amostras de água referência
negativa fortificadas em três níveis de concentração (10, 50 e 500 Ilg.L-1) e
submetidas ao procedimento analítico proposto. Os valores de área relativa foram
convertidos em valores de concentração de analito, através das respectivas
equações de regressão linear obtidas das curvas analíticas. Considerou-se exatidão
como a porcentagem do erro sistemático, expresso pela tendenciosidade (diferença
entre o valor real e o valor obtido) (Ribani et ai, 2004).
Limite de detecção (LOD) e limite de quantificação (LOQ)
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 66
Para determinação do LOD e LOQ, foi empregado o método empírico, que
consiste em analisar amostras de água referência negativa adicionadas de
quantidades decrescentes dos analitos em questão, sendo observada a relação
sinal/ruído produzida nas análises cromatográficas e/ou eletroforéticas. Considerou-
se como limite de detecção a concentração que forneceu relação sinal/ruído = 3 e
limite de quantificação a concentração que forneceu relação sinal/ruído = 10 (Peters
e Maurer, 2002; Ribani et ai, 2004).
4.4. Teste de toxicidade aguda
o teste de toxicidade aguda com a bactéria Vibrio fischeri foi realizado em
água deionizada coletada no momento do teste, adicionada de soluções padrão de
aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona também preparadas em água. As
amostras foram testadas em diferentes concentrações e os resultados foram
expressos em CE50 - concentração efetiva da amostra que causa 50% de inibição
da produção de luz emitida pela bactéria, medida em luminômetro. Este teste
também foi realizado utilizando água de rio, coletada em frascos adequados,
mantida sob refrigeração até o momento do teste e adicionada de soluções padrão
de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona. Todos as testes foram
realizados com um controle negativo, ou seja, sem adição de aldicarbe. Tanto a
água deionizada quanto a água de rio foram submetidas a um ajuste osmótico com
solução salina 20 g.L-1, visto que o microorganismo utilizado é proveniente de
ambiente marinho.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 67
5. RESULTADOS
5.1. Resultados cromatografia líquida
As condições instrumentais para o método foram otimizadas de modo a se
obter completa resolução cromatográfica dos analitos investigado e do padrão
interno. A escolha da melhor coluna cromatográfica foi feita a partir de injeções de
soluções padrão de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido, aldicarbe sulfona e padrão interno
metomil. A figura 6 mostra o cromatograma obtido com as colunas Atlantis® e
Zorbax®.
180000 -
160000 -
140000 -
120000 -
100000 -
80000 -
60000 -
40000 -
20000 -
4.92 4.47
5.73
8.74
o 1 '" A 1\1, 1\ 1I
180000 -
160000 -
140000 -
120000 -
100000 -
80000 -
60000 - 4.96 4.47
5.66
8.94
Atlantis
Zorbax
40000 -
'00': ] Ih-,~JWl, , ,-"h,,~-, '- 1- '-o 2 4 6 8 10 12 14
Time (min)
Figura 6 - Cromatograma de amostra de água deionizada adicionada testando a
melhor coluna cromatográfica Zorbax® e Atlantis®.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 68
A Figura 7 apresenta cromatograma de amostra referência negativa de água
de torneira adicionada com padrão de aldicarbe sulfona, aldicarbe sulfóxido, padrão
interno metomil e aldicarbe (nesta ordem de eluição), bem como respectivos
espectros de absorção na região do ultravioleta de cada substância, obtidos através
do detector DAD.
""'-_ ... ,.-.. ",-.'" ... ,,, .. ,,, .. , ... .. , "' , ... " ... --.
5.6,7
8.99
.96
4 .47
1000
0 1 'no /'n )U~ fi i i i i i \ i I i (, ri i i i i i i i I i' i I \ I i i i f i i i t I Iril~$'T "''' O \ i i I i ír\ i i \ \ i
2 3 4 5 6 9 7 8 Time
Figura 7 - Cromatograma de amostra referência negativa de água de torneira
adicionada com padrão de aldicarbe sulfona, aldicarbe sulfóxido, padrão interno
metomil e aldicarbe, respectivamente, indicados na seta os espectros ultravioleta de
cada substância, obtidos através do detector DAD. Condições cromatográficas, vide
item 4.2.1 .
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental - desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 69
3.02
300000
290000
280000
270000
260000
250000
240000
230000
220000
210000
200000
190000
180000
170000
160000
150000
140000
130000
120000
11 0000
100000
90000
80000
70000
60000
50000
40000
30000
20000
10000
o ci 2
I I i \ i I i I i \ 4 5 6 7 8 9 3
Time (min)
Figura 8 - Cromatograma de amostra referência negativa de água de torneira
adicionada com padrão de aldicarbe sulfóxido, sendo observada degradação do
analito em questão (alteração no tempo de retenção e no espectro de absorção
ultravioleta - vide Figura 7 para comparações). Condições cromatográficas, vide
item 4.2 .1.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 70
5.2. Otimização do procedimento de extração
Para a extração em fase sólida foram selecionados três tipos de cartuchos de
extração, com propriedades extratoras (retenção na fase estacionária) semelhantes.
Os cartuchos foram utilizados para extração de águas referência negativa (água de
torneira e água de represa) adicionada com soluções padrão de aldicarbe, aldicarbe
sulfona e aldicarbe sulfóxido, sendo comparadas as recuperações obtidas. Os
resultados de recuperação são apresentados na tabela a seguir:
Tabela 7 - Resultados obtidos no teste de recuperação (em %) para os analitos
investigados, utilizando diferentes cartuchos extratores, avaliados em triplicata.
Cartucho Extrator Aldicarbe Aldicarbe Sulfóxido Aldicarbe Sulfona
Água de torneira
Abs Elut 94% 85% 80%
Stracta X 96% 93% 97%
C18 93% 96% 97%
Água de represa
Abs Elut 93% 83% 75%
Stracta X 94% 90% 90%
C18 91% 90% 95%
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 71
A seletividade foi avaliada pela análise de amostras de água referência
negativa. Considerou-se o método proposto como seletivo, uma vez que não foi
detectada presença de picos interferentes no tempo de retenção dos analitos
investigados (e do padrão interno). A Figura 9 apresenta cromatograma de amostra
de água de represa referência negativa submetida ao procedimento analítico
descrito no item 4.2.1. A Figura 10 apresenta cromatograma de extrato de amostra
de água de represa referência negativa adicionada de solução padrão de aldicarbe
sulfona e aldicarbe (50 )lg.L-1).
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
o , o 2 3 4 5
Time
6 7 8 9
Figura 9 - Cromatograma de extrato de amostra de água de represa referência
negativa submetida ao procedimento analítico descrito no item 4.2.1 .
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 72
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
o ...JJIJ[ ,JL r1\ I
o 2 3 4
4.54
) I
5
Time
,..., /\ 6
7.11
IJ\.~. 7
I 8 9
Figura 10 - Cromatograma de extrato de amostra de água de represa referência
negativa adicionada de solução padrão de aldicarbe sulfona e aldicarbe (50 )lg.L-1) e
submetida ao procedimento analítico descrito no item 4.2.1.
Ainda avaliando a seletividade do método, a Figura 11 apresenta
cromatograma de amostra de água de rio referência negativa submetida ao
procedimento analítico descrito no item 4.2.1. A Figura 12 apresenta cromatograma
de extrato de amostra de água de rio referência negativa adicionada de solução
padrão de aldicarbe sulfona, aldicarbe e do padrão interno metomil (50 )lg.L-1).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 73
8500
8000
7500
7000
6500
6000
5500
5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
o o
'--~~~~~ ~
2 3 4 5 Time
6 7 8 9
Figura 11 - Cromatograma de extrato de amostra de água de rio referência negativa
submetida ao procedimento analítico descrito no item 4 .2.1.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 74
3800
3600 -
3400
3200 -
3000 -
2800 -
2600 -
2400 -
2200 -5.12
2000 -
1800 -
1600 -
1400 -
1200 - 7.l5 1000 -
800 - 4.57
600 -
400 -
20001 i=r ).~ ~~\~~~~~~~ ri o 2 3 4 5
Time 6 7 8 9
Figura 12 - Cromatograma de extrato de amostra de água de rio referência negativa
adicionada de solução padrão de aldicarbe sulfona , aldicarbe e do padrão interno
metomil (50 /-lg.L-1) e submetida ao procedimento analítico descrito no item 4.2.1.
As Figuras 13 e 14 apresentam as curvas analíticas obtidas durante a
validação do método para análise de aldicarbe e aldicarbe sulfona, respectivamente.
Já a Tabela 8 apresenta os resultados obtidos nos testes de precisão e exatidão do
método.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 75
6,00
5,00
4,00 -I
3,00 -I
2,00
1,00
Curva analítica - aldicarbe
y = 0,0106x + 0,0498
R2 = O 9993 , 0,00 -f'~-----r-------r------.------;------,--------l
o 100 200 300 400 500 600
Concentração (ug.Lo11)
Figura 13 - Representação da curva analítica de aldicarbe em água nas
concentrações de 5 a 500 IJg .L-1, utilizando o método descrito no item 4.2.1.
Curva analítica - Aldicarbe Sulfona
4,50 .,_---------------------------
4,00
3,50
3,00
2,50 -
2,00
1,50
1,00
0,50
y = 0,008x + 0,0153
R2 = 0,9998 0,00 ~~~--__,_----__r----_._----_,_----.,_------j
o 100 200 300 400 500 600
Concentração (ug.L-1)
Figura 14 - Representação da curva analítica para a determinação de aldicarbe
sulfona em água nas concentrações de 5 a 500 IJg.L-1, utilizando o método descrito
no item 4.2.1.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 76
Tabela 8 - Valores de precisão e exatidão do método descrito no item 4.2.1 (n = 6).
Concentração Aldicarbe Aldicarbe Sulfona
(Jjg.L-1) Precisão (%CV) Exatidão (%) Precisão (%CV) Exatidão (%)
10 3,4 - 34 3,9 - 19
50 2,5 7,6 0,6 1,2
500 0,8 -0,4 0,6 - 0,1
%CV = coeficiente de variação
o limite de detecção obtido para o método proposto foi de 0,5 1J9.L-1 para
aldicarbe e aldicarbe sulfona . O limite de quantificação foi de 2,0 1J9.L-1 para os dois
analitos.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 77
5.3. Resultados - eletroforese capilar
A Figura 15 apresenta eletroferograma de amostra de água de torneira
referência negativa submetida ao procedimento analítico descrito no item 4.2.2. Já a
Figura 16 apresenta eletroferograma de amostra de água de torneira adicionada
com padrão de aldicarbe na concentração 100 mg.L-1 e padrão interno tiofanato na
concentração 50 mg.L-1, submetida ao mesmo procedimento analítico citado para a
Figura 15.
mAU
4
3
2
o
-1
-2
o 5 10 15 min
Figura 15 - Eletroferograma de amostra de água de torneira referência negativa
submetida ao procedimento analítico descrito no item 4.2.2.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 78
mAU
40
7.55
30
20
5.92
10
o-~
o 5 10 15 min
Figura 16 - Eletroferograma de amostra de água torneira adicionada com padrão de
aldicarbe na concentração 100 mg .L-1 e padrão interno tiofanato na concentração 50
L-1 mg ..
A Figura 17 apresenta a curva analítica obtida durante a validação do método
para análise de aldicarbe por ~Ietroforese capilar. Já a Tabela 9 apresenta os
resultados obtidos nos testes de precisão e exatidão do método.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 79
0,9000
0,8000
0,7000
0,6000
0,5000
0,4000
0,3000
0,2000
0,1000
0,0000
O 20
y = 0,0082x + 0,0006
R 2 = O 9995 ,
40 60 80 Concentração (mg.L-1
)
100 120
Figura 17 - Representação da curva analítica de aldicarbe em água nas
concentrações de 10 a 100 mg.L-1, utilizando o método descrito no item 4.2.2.
Tabela 9 - Valores de precisão e exatidão do método descrito no item 4.2.2.
Aldicarbe
Concentração (mg.L-1)
Precisão (%CV) Exatidão (%)
50 5,4 - 12,4
125 1,5 1,3
200 1,0 -2,4
o limite de detecção obtido para o método proposto foi de 3 mg.L-1 para
aldicarbe e o limite de quantificação foi de 10,0 mg.L-1.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 80
5.4. Resultados cromatografia líquida acoplada a espectrometria de
massas
A Figura 18 apresenta cromatograma de amostra de água de torneira
adicionada com padrão de aldicarbe na concentração 1000 ug.L-1, submetida ao
procedimento analítico descrito no item 4.2.3. Já a Figura 19 apresenta
cromatograma de amostra de água de torneira adicionada com padrão de aldicarbe
na concentração 100 ug.L-1.
100
90
80
70
~
160
.5 50 « ~ 40 -\i Ir
30
20
RT: 6.24 AA: 40656478 SN: 680RMS
Aldicarbe
NL: 1.21E7
Base Peak m/z= 207.50-208.50 F: MS ICIS BG_lppm_080 619002138
10 fi ~. JL o. ~~~ ~
100
90
80
70
li .g 60 §
~ 50 ~
~ 40 Ir
30
20
AA: 24507066 5 .72E6 SN: 263 RMS Base Peak
m/r-221 .50·222.50 F: MS ICIS BG_lppm_080
Aldicarbe sulfona 619002138
10
O ~ : ~t,."·' i ,'y<?, ,#, ' i "I'" 'r~ r:'·,; i ":Y;~:"'~
~ 1
í~'i';';i"'I"':"I,L ~-t"'''''~-mr'''f''~'''~''''''''-= O 1 2 3 4
Time (min)
Figura 18 - Cromatograma obtido a partir da injeção direta de amostra de água de '
torneira referência negativa adicionada com padrões de aldicarbe e aldicarbe sulfona
na concentração 1000 ug.L-1 e analisados por LC-MS.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e comparação de técnicas analíticas - 81
100
90
80
70
m
160
.5 50
'" m
~ 40
o: 30
20
10
100
90
80
70
60
50
40
30
20
Time (mio)
RT: 6.16 AA: 3924457 SN: 114RMS
Aldicarbe
AA: 3840000 SN:74RMS
I Aldicarbe sulfona
NL: lA5E6
Base Peak m/z= 207.50-208.50 F: MS ICIS 8G_l00ppb
NL: 1.20E6
Base Peak m/z= 221.50-222.50 F: MS ICIS 8G_l00ppb
Figura 19 - Cromatograma obtido a partir da injeção direta de amostra de água de
torneira referência negativa adicionada com padrões de aldicarbe e aldicarbe sulfona
na concentração 100 ug.L-1 e analisados por LC-MS.
As Figuras 20 e 21 apresentam as curvas analíticas obtidas durante a
validação do método para análise de aldicarbe e aldicarbe sulfona por LC-MS. Já a
Tabela 10 apresenta os resultados obtidos nos testes de precisão e exatidão do
método.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 82
Unearidacle Aldicarbe
8OOOOOOO TI---------------------------------------------------------------,
7CXXXXXJO
6CXXXJOOO -
5CXXlOOOO -
4OOOCXXX) -
3CXXXXlOO -;
2CXXXXXJO
1CXXXXXJO
O I -
O 500 1000 1500
y = 35590x + 1 E+06
Ff=O,9939
2000 2500
Figura 20 - Representação da curva analítica para a determinação de aldicarbe em
água nas concentrações de 50 a 2000 I-lg .L-1, utilizando o método descrito no item
4.2.3.
Unearidacle Aldicarbe Sulfona
~'I --------------------------------------------~
4CXXXXXX)
3ElXXXXX) -
:nxxxm 2trrXXXX) -
2aXXXXXJ
1ElDXXXJ
1cxxxxxx) y = 1amx + 3E+a3
~=0,9382 ElDXXXJ
o l~·~------~------~--------~------~------~ o 5Cü 1CXXJ 15Cü 2CXX) 25CX)
Figura 21 - Representação da curva analítica para a determinação de aldicarbe
sultona em água nas concentrações de 50 a 2000 I-lg.L-1, utilizando o método
descrito no item 4.2.3.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 83
Tabela 10 - Valores de precisão e exatidão do método descrito no item 4.2.3 (n = 6).
Concentração Aldicarbe Aldicarbe Sulfona
(~g.L-1) Precisão (%CV) Exatidão (%) Precisão (%CV) Exatidão (%)
50 4,6 - 12 2,0 - 8,7
500 4,1 8,6 4,1 3,2
1000 2,8 -4,4 3,2 - 7,1
%CV = coeficiente de variação
o limite de detecção obtido para o método proposto foi de 5 IJg .L-1 para aldicarbe
e aldicarbe sulfona. O limite de quantificação foi de 50,0 IJg.L-1 para os dois
analitos.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 84
5.5. Teste de toxicidade aguda com Vibrio fischeri
Foram realizados dois ensaios utilizando soluções padrão preparadas em
água ultrapura e água de rio. O primeiro se deu no tempo O (TO) , e após 6 dias (T6)
à temperatura ambiente (cerca de 25°C em frascos de vidro com tampa) as soluções
foram novamente testadas e os valores de CE50 permaneceram muito próximo dos
iniciais, os resultados estão apresentados na tabela 10. A estabilidade dos
compostos foi monitorada por cromatografia líquida de alta eficiência através do
método descrito no item 4.2.1. e não demonstrou transformação do aldicarbe em
aldicarbe sulfóxido e sulfona.
Tabela 11 - Resultados de CE50 obtidos no teste de toxicidade com a bactéria
luminescente Vibrio fischeri após 15 minutos de exposição, nos tempos O e após 6
dias à temperatura ambiente.
Analitos
Amostra
Aldicarbe Sulfóxido Sulfona
Água ultrapura - TO 54,7 mg.L-1 7,6 mg.L-1 44,3 mg.L-1
Água ultrapura - T6 56,0 mg.L-1 8,2 mg.L-1 48,0 mg.L-1
Água de rio - TO 55,0 mg.L-1 8,0 mg.L-1 46,0 mg.L-1
Água de rio - T6 56,0 mg.L-1 7,8 mg.L-1 47,0 mg.L-1
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 85
Observa-se que o aldicarbe sulfóxido é cerca de 7 vezes mais tóxico para o V.
fischeri que o próprio aldicarbe, e 6 vezes mais tóxico que o aldicarbe sulfona.
O segundo ensaio foi realizado variando o pH das soluções a serem testadas,
como descrito na literatura o aldicarbe é estável em meio neutro e levemente ácido,
mas pouco estável em meio alcalino. Desta forma foram preparadas soluções
padrão de aldicarbe em água ultrapura com concentração em torno de 0,25 mg.mL-1
em pH 5.8 e 8.8, em seguida essas soluções foram submetidas ao teste para
verificar a influência do pH na estabilidade do composto. O pH ácido não foi testado
porque a bactéria é sensível ao pH baixo, podendo gerar um resultado falso positivo.
Os resultados estão apresentados na tabela 11.
Tabela 12 - Resultados de CE50 para aldicarbe obtidos no teste de toxicidade
com a bactéria luminescente Vibrio fischeri em diferentes pHs nos tempos O e
após 6 dias.
pH estudado CE50
5.8 - TO 41,4 mg.L-1
5.8 - T6 45,1 mg.L-1
8.8 - TO 41,1 mg.L-1
8.8 - T6 42,6 mg.L-1
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 86
6. DISCUSSÃO
A Agência de Proteção Ambiental Americana (US EPA) estabelece como
método padrão para determinação de praguicidas carbamatos em água, a
cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por fluorescência e derivação
pós coluna (US EPA, 2001) . Visto que essas substâncias não são naturalmente
fluorescentes, é necessário a etapa de derivatização para dar a elas essa
característica. A corrida cromatográfica do método referido separa doze compostos,
entre princípios ativos e seus produtos de transformação em um tempo total de 30
minutos. O objetivo deste trabalho foi desenvolver métodos analíticos alternativos ao
método padrão da US EPA, para determinação do praguicida aldicarbe e seus
produtos de transformação aldicarbe sulfóxido e aldicarbe sulfona em amostras de
água.
A otimização da condição cromatográfica para determinação de aldicarbe e
seus produtos de transformação, baseou-se em métodos já descritos na literatura
como Nogueira et ai (2003). Para esses três compostos obteve-se uma condição de
separação com 10 minutos de corrida, sem etapa de derivatização pois o detector
utilizado foi arranjo de diodos. Os detectores baseados na absortividade da luz
ultravioleta, são menos seletivos que o detector por fluorescência. Desta forma é
possível obter níveis de detecção muito baixos com o fluorescência, mas se o
composto não for naturalmente fluorescente é necessário a etapa de derivatização,
que por vezes pode ser demorada e de alto custo. As amostras de água testadas
passaram por uma etapa de extração em fase sólida onde realizou-se a pré
concentração dos analitos, tornando assim possível a detecção dos compostos na
faixa dos limites máximos permitidos pela OMS, que é de 10 IJg.L-1 de aldicarbe
(WHO,2003).
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 87
Para a escolha da melhor coluna de extração foram selecionadas colunas
disponíveis comercialmente com fase C 18, onde uma delas possui recheio de sílica
e duas possuem recheio de resina (Lichrolut® Merck, AbsElut® Varian , e StractaX®
Waters, respectivamente). A vantagem da resina sobre a sílica está no fato de que
durante o processo de extração não haverá problemas se a fase secar, se entre o
condicionamento da coluna e introdução da amostra não houver líquido na fase
nenhum dano ocorrerá prejudicando o processo de extração. As colunas com
recheio de sílica são mais sensíveis a secagem, portanto nas etapas de
condicionamento da coluna , introdução da amostra e lavagem não pode faltar
líquido, apenas após a lavagem e antes da eluição é que haverá a secagem por
vácuo. A vantagem das colunas com recheio de sílica frente as resinas está no baixo
custo . Os valores de recuperação obtidos para as colunas testadas foram parecidos,
cerca de 90%, entre a resina AbsElut® e a sílica Lichrolut®. Desta forma optou-se por
utilizar a de menor custo, pois este é um fator que pode ser determinante para a
implantação do método em uma rotina de análises.
As colunas cromatográficas testadas para obtenção da melhor resolução
possuem características similares, ambas C18 com comprimento de 150 mm, e com
modificações químicas que permitem a separação de compostos polares e apoiares.
A coluna Atlantis® tem tamanho de partícula igual a 3 !-Im, enquanto que a coluna
Zorbax® tem tamanho de partícula igual a 5 !-Im. Essa diferença poderia gerar na
Atlantis® cromatogramas com picos mais delgados o que levaria a uma maior
resolução. Entretanto isso não foi observado e a separação foi bastante similar em
ambas as colunas como demonstrado na figura 6.
Faculdaée de Ciências Farmacéuticas
Universidade de S;jo P;JI'lo Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 88
No início do trabalho os padrões de aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e aldicarbe
sulfona foram gentilmente cedidos pela empresa Bayer. Os mesmos padrões
também foram adquiridos junto a empresa Sigma-Aldrich. Os testes de seleção de
coluna cromatográfica, definição das condições de separação, as primeiras
extrações para verificação dos níveis de recuperação e o ensaio de toxicidade com
V fischeri foram realizados com os três analitos. Entretanto observou-se que o
aldicarbe sulfóxido que no início era um sal de coloração branca, adquiriu um
aspecto amarelado e formava pequenos grumos. Soluções preparadas com este
padrão não apresentavam mais o pico referente ao sulfóxido no cromatograma, e
outro pico com tempo de retenção diferente surgiu. Ao comparar o espectro
ultravioleta deste pico com o espectro do aldicarbe sulfóxido observou-se que não
eram iguais (vide Figuras 7 e 8). Quando essa solução padrão foi injetada no
método por LC-MS, observou-se que realmente era outro composto com baixa
estabilidade, visto que quando foi injetado pela segunda vez, um novo espectro de
massas foi detectado. Quando então se concluiu que o padrão de aldicarbe sulfóxido
cedido pela Bayer havia degradado, foi aberta a ampola adquirida da empresa
Sigma-Aldrich, que estava armazenada nas condições indicadas pelo fornecedor,
em temperatura ambiente e mantido em dessecador. Contudo, o padrão
apresentava-se na forma de líquido levemente amarelado, diferente da
especificação do fabricante que dizia ser um sólido branco. Desta forma não foi
possível realizar a validação dos métodos com o aldicarbe sulfóxido, sendo
utilizados apenas o aldicarbe e aldicarbe sulfona na validação dos métodos
analíticos.
A técnica de eletroforese capilar foi otimizada buscando uma análise mais
rápida, com menor consumo de amostra e menor consumo de solventes quando
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 89
comparada a técnica de cromatografia líquida. Pelo fato de os analitos aldicarbe e
aldicarbe sulfona serem compostos neutros, o modo de separação utilizado foi o
micelar. Micelas aniônicas foram testadas em eletrólito com pH alto e modo de
injeção positiva , assim o fluxo eletrosmótico é o responsável pela migração, pois as
micelas aniônicas são atraídas para o injetor pela diferença de carga. Nesta
condição a migração dos compostos que estão sendo carreados pelas micelas é
mais lento pois somente o fluxo eletrosmótico é o responsável pela migração. O
tempo de migração obtido para o aldicarbe foi de 5,9 minutos, já o aldicarbe sulfona
chega ao detector junto com o fluxo eletrosmótico, o que indica que este composto
tem baixa afinidade com a micela. Quanto maior a afinidade do composto pela
micela mais tempo ele levará para chegar ao detector (Grossman e Colburn, 1992b).
Assim sendo a quantificação dessa substância ficou comprometida uma vez que ela
estava no fluxo eletrosmótico, região onde qualquer substância que não possui
mobilidade eletroforética sairá podendo ser um interferente.
Outra alternativa seria a utilização de uma micela catiônica em eletrólito com
pH baixo para então poder suprimir o fluxo eletrosmótico, e ocorrer a migração em
direção ao detector somente pela atração das cargas das micelas. Essa condição foi
testada mas a resposta para os analitos em questão não foi satisfatória uma vez que
o aldicarbe teve um tempo de migração maior que na condição com as micelas
aniônicas e o aldicarbe sulfona também apresentou um tempo de migração bastante
alto para o esperado em análises eletroforéticas.
A sensibilidade para o método proposto por eletroforese capilar em meio
micelar poderia ser melhorada testando uma condição de pré-concentração das
amostras online (sfacking) . Esse fenômeno de pré-concentração é baseado na
migração do composto analisado em meios de diferentes composições
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 90
(concentração, condutividade) ou por manipulação da migração de micelas dentro
do capilar (Perez et ai, 2007).
Outra possível alternativa seria o acoplamento com a espectrometria de
massas como ferramenta para quantificação dos compostos de interesse. O grande
problema da análise em meio micelar utilizando a espectrometria de massas está no
momento da ionização por electrospray, pois as micelas suprimem a volatilização.
Biensen e Bottaro, (2006) propõem um método de análise em meio micelar por
espectrometria de massas utilizando como agente surfactante o perfluoroctanoato de
amônio, um surfactante volátil, obtendo limites de quantificação entre 10 e 80 I-lg.L-1.
Na literatura a técnica analítica que mais aparece como ferramenta para
determinação de aldicarbe e seus produtos de transformação é a cromatografia
líquida de alta eficiência (de acordo com a Tabela 5). Isso ocorre devido as
características físico-químicas dos analitos. A eletroforese capilar é uma opção mais
viável para matrizes que contenham uma concentração maior das substâncias, pois
seu limite de detecção em modo micelar é bastante reduzido. O método
desenvolvido pode ser aplicado por exemplo em situações onde há mortandade de
peixes, pois nesses casos há uma alta concentração de aldicarbe e seus produtos
de transformação, não sendo possível sua aplicação para quantificação dos analitos
em níveis de traços.
No método proposto para determinação do praguicida aldicarbe por
cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas, obteve-se limites de
quantificação próximos aos observados no método proposto por cromatografia
líquida com detecção por arranjo de diodos. As análises foram realizadas no modo
fullscan, poderia ser testada a análise no modo de fragmentação seriada, pois desta
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 91
forma a relação sinal/ruído seria melhorada podendo talvez alcançar limites de
detecção mais baixos para o método.
o praguicida aldicarbe possui meia-vida em solo bastante variável com
estudos demonstrando valores entre 10 dias a 36 meses, de acordo com a classe de
solo, profundidade, umidade, temperatura e pH (Rigitano et ai, 2001). Estudos sobre
a lixiviação do aldicarbe e seus produtos de transformação sulfóxido e sulfona em
solo, revelaram uma alta mobilidade desses compostos, especialmente dos produtos
de transformação. Isso pode ser atribuído a baixa lipofilicidade e ao baixo coeficiente
de adsorção na matéria orgânica do solo. A quantidade de resíduos lixiviados
depende das propriedades físico-químicas do solo, mas sabe-se que em áreas de
solos rasos, arenosos, ácidos e localizados em regiões de chuvas intensas, a
aplicação do aldicarbe pode resultar na contaminação de lençóis freáticos e águas
superficiais que tenham baixos níveis de correnteza (Lourencetti, 2005) .
Fenômenos de eutrofização que são o crescimento excessivo das plantas
aquáticas a níveis tais que gerem um excessivo grau de nutrientes no corpo d'água,
principalmente nitrogênio e fósforo (Sperling, 1996), pode levar entre outras
alterações ao aumento do pH do meio. Esse ambiente propicia para o aldicarbe uma
condição instável onde rapidamente ele se transforma em aldicarbe sulfóxido e
aldicarbe sulfona. Outros compostos não carbamatos também podem ser formados.
Desta forma, considerando que seus produtos de transformação são mais tóxicos
para organismos aquáticos que o próprio aldicarbe, poderia surgir uma condição
agravante no caso de um ambiente eutrofizado e contaminado com resíduos do
praguicida.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 92
o teste de toxicidade aguda com a bactéria Vibrio fischeri.pode ser utilizado
como parâmetro de controle de lançamento de efluentes, para cálculo de avaliação
de impacto ambiental em águas, avaliação da eficiência de estações de tratamento,
como teste complementar a avaliação das condições ambientais de rios, lagos,
águas marinhas, reservatórios, estuários e efluentes industriais. Quando realizado
em conjunto com outros testes ecotoxicológicos pode também auxiliar na
identificação de contaminantes em corpos d'água (Rodrigues e Pawlowsky, 2007).
Na literatura não há dados sobre a toxicidade dos produtos de transformação
do aldicarbe para a bactéria Vibrio fischeri. Desta forma este trabalho poderá
contribuir fornecendo esses dados. Na tabela 11 estão indicados os resultados do
teste de toxicidade aguda realizado. Pode-se observar que o aldicarbe sulfóxido é
cerca de 7 vezes mais tóxico que o próprio aldicarbe. Essa informação está coerente
com dados de toxicidade do aldicarbe e aldicarbe sulfóxido para outras espécies
como peixes e microorganismos aquáticos (Inchem, 1991). No teste com variação
de pH, observa-se que em pH alcalino a toxicidade se manteve igual no TO e no T6,
isso pode ser explicado pelo curto período entre o primeiro e segundo teste, 6 dias.
Esse período pode não ser suficiente para transformação do aldicarbe em sulfóxido
que é mais tóxico para a bactéria, e desta forma apresentaria aumento na
toxicidade.
o V. fischeri se mostrou sensível ao aldicarbe e seus produtos de transformação,
mas sua sensibilidade é muito menor que a de microcrustáceos (ex. misidáceo CL50
13 IJg.L-1) e peixes (ex. truta arco-íris CL50 780 IJg.L-1
). Apesar da facilidade de
execução e rapidez de resposta, o teste não é indicado para ser utilizado como
alerta na prevenção de mortandade de peixes eventualmente causada por
carbamatos como o aldicarbe.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 93
7. CONCLUSÕES
./ A melhor condição de extração para aldicarbe, aldicarbe sulfóxido e
aldicarbe sulfona, foi obtida com a coluna de extração em fase sólida
Lichrolut®, com uma recuperação média de 90% para todos os analitos;
./ O método de análise com extração em fase sólida e quantificação por
cromatografia líquida com detecção por arranjo de diodos apresentou
sensibilidade satisfatória para análise das 3 substâncias de interesse,
com limites de quantificação inferiores ao limite máximo permitido de
aldicarbe em água de acordo com a OMS;
./ A técnica de eletroforese capilar não apresentou resultados
satisfatórios nas condições testadas para análise em níveis de traços,
mas o método desenvolvido pode ser utilizado em situações onde os
analitos estejam em concentrações na ordem de mg.L-1;
./ A técnica de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de
massas se mostrou eficiente na quantificação dos analitos de
interesse, com um limite de quantificação muito próximo ao da
cromatografia líquida com detecção por arranjo de diodos;
./ O teste de toxicidade com a bactéria V. fischeri forneceu dados da
toxicidade dos produtos de transformação sulfóxido e sulfona até então
não disponíveis na literatura. A sensibilidade dessa bactéria para o
aldicarbe é menor que para outros microrganismos aquáticos, não
sendo o V.fischeri, um indicador ideal para situações de monitoramento
e prevenção de mortandade de peixes e outros organismos aquáticos.
Avaliação do praguicida aldicarbe e seus produtos de transformação em matriz ambiental- desenvolvimento e
comparação de técnicas analíticas - 94
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