Escala de Guttman
-
Upload
nelma-felippe -
Category
Documents
-
view
248 -
download
0
Transcript of Escala de Guttman
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 1/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 153
Nota: Capítulo 6 da apostila “Construindo Escalas de Atitude” versão Set/2006, usada no curso de Escalas
de Atitude ministrado na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) e revisada em Junho de 2011 pelo autor para ser colocada no Site do CONFE.
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 2/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 154
ADAPTAÇÃO
Para o leitor que inicia sua consulta à apostila “Construindo Escalas de Atitude” pelo
Cap.6 apresentamos pequeno resumo com conceitos, linguagem e nomenclaturas fartamenteutilizadas no texto e desenvolvidas ao longo dos capítulos anteriores.
A escala de atitude é um procedimento de mensuração que enfrenta vários desafios, a
começar pela própria conceituação do objeto que se quer medir, quase sempre originário de
idéias simples e expressas na linguagem comum, tais como: autoritarismo, ciúmes, insegurança
e etc. conhecidos pela denominação de construto, denominação que nos remete a um ente
abstrato que não comporta definição formal e estrita. Em Escalas de Atitude, o construto deve
ser conceituado de forma a retratar o senso comum (modal) que as pessoas fazem dele e sua
definição é referenciada a um corte do universo sócio, cultural e econômico que determina a
população alvo (PA) onde o pesquisador tem interesse de medi-lo.
As manifestações associadas ao construto são fornecidas por especialistas da área
social, psicólogos e psiquiatras, passando a constituir uma lista chamada de (Rol), portanto, a
abordagem conceitual do construto se dá pela caracterização das suas diferentes formas de
expressão, ou seja, do modo como os indivíduos exteriorizam tal atitude, algumas sutis e outras
marcantes, e sofrem influência temporal. Na seqüência, as manifestações são transformadas
em perguntas ou declarações na forma de questionário a ser aplicado nos indivíduos de uma
amostra da (PA), denominada população de referência (PR). As respostas às questões serão
sempre fechadas com alternativas de resposta, ordinal ou nominal, previamente fixadas.
Os procedimentos aplicados na construção de uma escala de atitude se baseiam no
método de tentativas e erros, onde as tentativas são traduzidas pelas descrições abrangentes
do construto e os erros são detectados pela análise estatística que na sua essência seleciona
um subconjunto de perguntas que atendem aos coeficientes e indicadores inerentes a uma
escala aceitável. O questionário com questões ou declarações que avaliam a intensidade das
manifestações do Rol, chama-se Esboço. Por exemplo; se o construto fosse Ciúmes e uma das
manifestações do Rol fosse “controla com quem está falando”; então esta manifestação de
ciúmes poderia ser desdobrada em várias questões do Esboço tais como:(1) Se ele(a) está
falando ao telefone você procura saber com quem?( ) Nunca, ( ) Às Vezes, ( ) Quase Sempre;
ou:(2) Se você encontra ele(a) conversando com alguém do sexo oposto que você desconhece;
procura saber quem é? ( ) Nunca, ( ) Às Vezes, ( ) Quase Sempre; outras questões poderiam
fluir da mesma manifestação. A quantidade de alternativas de respostas das questões é fixa, noexemplo três, em geral são formas adverbiais e também são padronizada. As mesmas
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 3/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 155
alternativas na mesma ordem deverão constar de todas as questões, ou seja, as alternativas de
respostas são fixas. No caso do exemplo,: Nunca, Às Vezes e Quase Sempre.
O Esboço poderá conter questões duplicadas na sua essência, mas não no seu formato,
destaque-se que algumas questões podem ser mal formuladas e outras incluídas erroneamente
no Rol. Por isso, dizemos que se trata de um Esboço ou uma primeira versão do questionário
que se transformará no questionário final após análise dos resultados obtidos na PR seguida da
seleção estatística das questões pertinentes à escala. A cada questão o entrevistado marca sua
resposta com X na alternativa escolhida, em princípio não é aceito questionário com questão
sem resposta ou com várias alternativas marcadas numa mesma questão, caso ocorra, o
questionário quase sempre é abandonado. Para facilitar as análises estatísticas das respostas e
permitir a construção do escore, as alternativas de respostas recebem códigos numéricos. Nas
questões ilustradas pode-se, naturalmente, adotar os códigos 1, 2 e 3, para Nunca, Ás vezes e
Quase Sempre, respectivamente, ou usar a ordem inversa 3, 2, 1, quando então a questão é
chamada de negativa, pois a regra básica da codificação é sempre associar o maior código à
alternativa que expressa maior intensidade do atributo. Para a pergunta: Você considera sem
importância conhecer a pessoa com quem ele(a) está conversando? ( ) Nunca, ( ) Às Vezes, ( )
Quase Sempre, neste caso a questão é negativa e a codificação seria 3, 2, 1. O Esboço possui
múltiplas formas de serem respondidos, denomina-se perfil de resposta a sucessão de códigos
numéricos usados para representar a resposta completa, isto é, um e só um código para cadaquestão respeitando a ordem das questões no Esboço. Para exemplificar, considere-se um
questionário com 10 questões com a codificação 1, 2 ou 3, então um perfil de resposta possível
seria por hipótese: (3,1,2,1,2,3,1,1,2,1); onde o primeiro código representa a resposta a primeira
questão e assim sucessivamente até a décima questão. Se o perfil acima fosse resposta de
questão positiva, então o hipotético entrevistado teria respondido “Quase sempre” na 1a e 6a;
“Nunca” na 2a , 4a ,7a, 8a e 10a e “Às vezes” nas 3a, 5a, e 9a questões.
A Matriz de Perfil (MP) de uma população de entrevistados é definida como sendo oquadro de códigos numéricos onde cada linha é um perfil de resposta. Em princípio não haverá
ordenação das linhas e para identificar o questionário que deu origem ao perfil, basta criar a
coluna (ENTREVISTA) formada por códigos identificadores da entrevista. A MP forma a base
dos dados originais da Montagem e Aferição da Escala, onde cada linha traduz as respostas de
um entrevistado a todas as questões respeitando a ordem das questões no questionário e onde
cada coluna apresenta as respostas de todos os entrevistados a uma questão do esboço. A MP
desenhada a seguir representa a forma genérica dos resultados da aplicação de um Esboçocom M questões numa PR com N indivíduos, originando a matriz de perfil MP(N, M) com N
linhas e M colunas. As respostas do entrevistado Ei são apreciadas na linha i da matriz de perfil,
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 4/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 156
onde Xi1 é o código da resposta a questão Q1 e Xi2 à Q2, e assim sucessivamente. As respostas
à questão Q j são mostradas na coluna j da matriz [X1j, X2j,....Xij....,XNj], onde X1j é a resposta do
entrevistado E1, X2j é do entrevistado E2 e assim por diante. A seguir o desenho de uma matriz
de perfil genérica;
ENTREVISTA Q1 Q2 ......... QJ ......... Q(M-1) QM
E1 X11 X12 ............... X1j ............... X1(M-1) X1M
E2 X21 X22 ............... X2j ............... X2(M-1) X2M
....... ..... ...... ............... ...... ............... ........... .......
Ei Xi1 Xi2 ............... Xij ............... Xi(M-1) XiM
....... ..... ...... ............... ...... ............... ........... .......
EN XN1 XN2 ............... XNj ............... XN(M-1) XNM
Ilustrando numericamente, seja MP(4,10) uma matriz que retrata as respostas dadas por
4 quatro entrevistados à 10 questões e cujas respostas são codificadas por 1, 2 e 3;
EXEMPLO NUMÉRICO DE UMA MP(4,10)ENTREVISTA Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10
E25 3 1 2 1 2 3 1 1 2 2
E05 2 1 1 2 1 1 1 2 1 1
E32 2 2 2 1 2 2 1 2 2 2
E49 3 1 2 1 2 3 1 1 2 2
A MP pode conter linhas iguais como no caso das linhas 1 e 4 da matriz MP(4,10) significando
que os respectivos entrevistados E25 e E49 deram respostas iguais a cada uma das questões. A
MP é analisada nas suas duas dimensões, ou seja, nas linhas e colunas: atuamos nas colunas
(questões) executando procedimentos estatísticos para selecionar as questões que comporão a
escala e trabalhamos nas linhas para ter o escore e analisar o comportamento do entrevistado.
Na abordagem por escalas de atitude defini-se uma função (regra) que associa ao perfil
de resposta um número (escore) que induz pelo menos uma relação de ordem entre os
entrevistados. O fluxo a seguir retrata a transição da informação do Esboço até o Escore;
FLUXO DA INFORMAÇÃO DO ESBOÇO AO ESCORE
A seguir um fluxograma do processo completo da escalação:
ESBOÇO
POPULAÇ O
DE
REFERÊNCIA
Matriz de Perfil
REGRADE
CORRESPONDÊNCIAESCORE
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 5/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 157
O QUE SE QUER AVALIAR, AONDE E PARA QUE?
P AA
ESPECIFICAÇÃO DA
POP. ALVO (P A)
CONCEITUAÇÃO
DOATRIBUTO (A )
SELEÇÃO
POPULAÇÃO DE.REFERÊNCIA
P R
FORMULAÇÃO
EFORMATAÇÃO
DA S
QUESTÕES
VAR. EXÓGENAS
RELEVANTESROL
APLICAÇÃODO
ESBOÇO NA
P R
P R ESBOÇO
MONTAGEM E
AFERIÇÃO
INTERNA
MATRIZ DE PERFIL X
ESCALA
AFERIDA?
NÃOSIM
MONTAGEM
EAFERIÇÃO
EXTERNA
INTERVALAR
LIKERTO R M
GUTTMAN
AFERIDA?
ESCALA
SIM
DECISÃO DE
CORREÇÕES
NÃ O
REMONTAGEM
REFORMULAÇÃO
ESCALA
QUESTIONÁRIO
REGRA DE CÁLCULO DO ESCOREESPECIFI CAÇÃO DA V ARIÁV EL D O ESCORE
CRITÉRIO DE CLASSIF ICAÇÃO DO ENTREVISTADO
SELEÇÃO DE UMA NOVA P R
REFORMULAÇÃO
CONSISTÊNCIA
COMPARABILIDADE
CONFIABILIDADE
SEPARABILIDADE
SIMETRIA
VALIDADE
VAR. EXÓGENAS
RELEVANTES
DECLARAÇÕES:
ATRIBUTO ( A )E
POP. ALVO ( P A )
CODIFICAÇÃO
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 6/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 158
6. ESCALA DE GUTTMAN – (ORDINAL DE RESPOSTA DICOTÔMICA).
6.1. INTRODUÇÃO.
Em Guttman as questões formuladas só admitem respostas dicotômicas: Sim/Não;Faço/Não Faço; Concordo/Discordo e apesar da aparência nominal da variável 0/1 usada para
codificar a resposta ela terá abordagem ordinal, mas é principalmente o escore que caracteriza
a classificação da Guttman como sendo ordinal. Os procedimentos de Montagem e Aferição da
Guttman levam em conta a natureza dicotômica da variável e determina ao final do processo a
definição da Forma Padrão de respostas que revelará os padrões de respostas do questionário.
A escala de Guttman é valorizada pela simplicidade da resposta dicotômica, pela facilidade do
cálculo do escore e por sua Forma Padrão. Foi criada por L.Guttman “A basis for scaling
qualitative data” Am. Social Rev.9, (1944).
6.2. A CODIFICAÇÃO - QUESTÕES POSITIVAS E NEGATIVAS.
O código 1 é associado à alternativa de resposta que incorpora maior presença do
atributo que se está medindo (construto) e diz-se que o entrevistado manifestou atitude; 0 é
reservado para a alternativa de menor ou nenhuma presença do atributo e neste caso se diz
que ele não manifestou atitude. Também em Guttman é importante inserir questões positivas e
negativas; com respostas Sim/Não, por exemplo, se o “SIM” exprimir maior grau do atributo
então a questão pode ser considerada positiva e será codificada: SIM=1, NÃO=0; e ao contrário
se o “Não” exprimir maior grau do atributo então se faz a codificação: SIM=0, NÃO=1, e a
questão é considerada negativa.
6.3. QUESTÕES FRACAS, FORTES E MODERADAS.
A força de uma questão QJ é medida pela participação relativa de 1’s que QJ recebeu em
relação ao total de respostas e de acordo com a proposta da codificação significa a proporção
de indivíduos que manifestou o atributo em QJ . Seja j p a relação de 1’s para a questão QJ
com as resposta Xij , i variando e j fixo, então tem-se:
N
X
p
N
iij
j
1 , ou na forma percentual j p (%) 100 x j p .
onde N como sempre representa o total de respondentes. Então dizemos que Q J é Fraca se a
proporção de 1’s é alta, digamos j p > 0,6(60%). Quando a proporção de 1’s é baixa digamos j p < 0,4(40%), então QJ é Forte. QJ é moderada se (40%)0,4 j p 0,6(60%). A força da
questão varia no sentido inverso de j p , se j p é alto a questão é Fraca e vice-versa. A questão
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 7/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 159
Forte é também chamada de difícil pelo predomínio de zeros, em analogia com notas de testes
de conhecimentos do tipo, errado = 0 e certo = 1, da mesma forma a questão Fraca é dita fácil
por ter maior presença de uns. A seguir alguns gráficos ilustrativos;
FRACA/FÁCIL MODERADA FORTE/DIFÍCIL
6.4. A COBERTURA.
Para se ter um índice aceitável de Separabilidade e Simetria deve-se incorporar ao
questionário questões Fracas, Moderadas e Fortes. Diz-se que existe cobertura, se j p (%) do
conjunto de questões promover varredura do intervalo [0,100]. Por exemplo, com 10 questões é
desejável ter j p (%) nos intervalos, [0,10%], [10%, 20%] ,......, [80%, 90%], [90%,100%] , ou se
tivesse 8 questões a varredura teria intervalos de amplitude de 12,5%.
6.5. A CONSISTÊNCIA.
Para avaliar a consistência das questões definidas por variáveis dicotômicas convém
usar o coeficiente de correlação Yule-Q . As questões inconsistentes depois de identificadas
são eliminadas, isto é, as questões que não apresentarem correlação positiva significativa com
as demais serão retiradas da escala. Para isto pode-se adotar critérios unidimensionais, como
por exemplo, para cada questão QJ calcula-se a média dos valores das correlações Yule-Q
com todas as demais questões, ou pode-se calcular a correlação de cada Q J com a soma das
demais, e neste caso a correlação bisserial por pontos é o coeficiente mais indicado. Questões
com correlação significativamente negativa com as demais devem ser analisadas, pode ter
havido inversão na codificação 0/1 e neste caso bastará trocar a codificação original.
6.6. A COMPARABILIDADE E O ESCORE.
Diz-se que o entrevistado n-ézimo supera o entrevistado m-ézimo, notação En ] Em, se o
entrevistado En expressar pelo menos as mesmas atitudes de Em . Fazendo uso da notação de
perfil, a relação de superação pode ser expressa simplesmente por: se Xnj Xmj para todo j. Para
CÓDIGOS DAS RESPOSTAS (C)
10
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
80
20
CÓDIGOS DAS RESPOSTAS (C)
10
I
60
50
40
30
20
10
0
55
45
CÓD IGO S DAS RESPOSTAS (C)
10
80
70
60
50
40
30
20
10
0
25
75
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 8/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 160
ilustrar a relação de Superação expõem-se abaixo 4 perfis de resposta a um questionário com 5
questões dicotômicas,
E25= (0,1,0,1,1); E12= (1,1,1,0,0); E18= (1,1,1,1,0); E9= (0,1,0,1,0);
Lembrar que no perfil a posição do código informa a ordem da questão no questionário, por
exemplo, o vigésimo quinto entrevistado E25 expressou atributo nas questões Q2 ,Q4 e Q5 e
deixou de manifestar na Q1 e Q3 . Dentre os 4 perfis têm-se somente as seguintes relações de
Superação: E25 ] E9 , E12 ] E9 , E18 ] E12 , e E18 ] E9 e somente estas quatros relações.
Diz-se que dois entrevistados Ep e Eq são comparáveis se existir relação de Superação
entre eles. Se dois perfis são comparáveis, então aquele que supera deve expressar grau de
atributo não inferior ao superado e neste caso a soma de 1`s de cada perfil traduzirá esta
relação. No exemplo E25 ] E9 pode ser traduzido pela relação S(E25) = 3> S(E9) = 2 onde S(Ep)
representa o escore igual ao total 1`s. Notar que a definição de Superação inclui a igualdade
entre eles , se Ep supera Eq e também Eq supera Ep (vice-versa), os perfis são iguais. Observar
que a relação de Comparabilidade não é qualidade intrínseca do perfil, com exceção dos perfis
extremos (0,0,0,....0,0,) e (1,1,1,....1,1) que são comparáveis a qualquer outro. No exemplo, os
perfis E9, E12, E18 são comparáveis entre si, neste caso pela propriedade transitiva eles podem
ser ordenados pelo escore, ou seja, S(E18)=4>S(E12)=3>S(E9)=2.
Em resumo, quando os perfis forem comparáveis entre si, então o escore soma dos 1`s
M
jij X iS
1
)( é a forma mais simples de ordenar os entrevistados. Numa escala com M
questões o domínio do escore é o conjunto {0, 1, 2, 3,.........., M} com (M+1) valores. Se todos
os perfis são comparáveis na PR, onde se afere a escala, então existirá Comparabilidade Total
(100%), situação ideal mas que raramente ocorre na prática. Os procedimentos de aferição em
Guttman identificam e eliminam as questões que retiradas da escala aumentam principalmente
o Índice de Comparabilidade (IC) daquelas que permaneceram.
6.7. MATRIZ COM COMPARABILIDADE TOTAL – MCT.
Para caracterizar a forma da Matriz de Comparabilidade Total (MCT) em Guttman será
desenhada uma situação hipotética com N entrevistados e 10 questões MCT(Nx10), onde os
perfis são analisados no formato de dados agrupados através da coluna de freqüência (FREQ),
que expressa o número de vezes que um tipo de perfil aparece repetido na matriz. O uso dedados agrupados é conveniente na representação da MCT de Guttman, porque com dicotomia
é freqüente ocorrer perfis iguais, e a agregação dos perfis determina o desenho da MCT, o qual
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 9/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 161
dependerá somente dos perfis diferentes, não sofrendo influência das repetições. Lembrar que
trabalhando com dados agrupados teremos sempre a natural igualdade F00
+F01
+.....+F10
=N , ou
seja, o total das freqüências absolutas é igual ao número de entrevistados. Na MCT ilustrada a
seguir optamos pelo escore assumindo todos os valores do domínio, mas esta não é condição
necessária, pois o domínio incompleto não rompe com a hipótese de CT. As linhas da MCT
aparecem ordenadas em função do escore, de cima para baixo, do menor para o maior escore,
e as colunas guardam a mesma ordem das questões no questionário.
MCT(N,10) DE GUTTMAN – ORDENADA E AGRUPADA
FREQ Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 ESCORE
F00
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
F01 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
F02
0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 2
F03
0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 3
F04
1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 4
F05
1 0 1 0 1 0 0 1 1 0 5
F06
1 0 1 0 1 1 0 1 1 0 6
F07
1 1 1 0 1 1 0 1 1 0 7
F08
1 1 1 0 1 1 0 1 1 1 8
F09
1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 9
F10
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
A seguir alguns comentários simples, mas muito esclarecedores;
(a) Com CT cada valor do escore só ocorre com um tipo de perfil, aliás, não poderia ser de
outra forma, se existissem dois perfis diferentes com igual escore eles não seriam comparáveis,
o que seria absurdo, pois na MCT todos os perfis são por definição comparáveis. Portanto, uma
condição necessária para se ter MCT é que, para cada valor de escore exista um e só um tipode perfil que o represente, mas esta condição não é suficiente.
(b) Como o domínio do escore de uma matriz com M questões, com ou sem CT, admite no
máximo (M+1) valores, se conclui por (a) que uma MCT com M questões poderá ter no máximo
(M+1) tipos distintos de perfis, um ou nenhum para cada valor do escore. Teoricamente podem
ocorrer M 2 perfis distintos, pois para cada posição há sempre duas possibilidades de respostas
0/1, no caso em pauta como M=10 então poderiam ocorrer 102 = 1024 possibilidades de perfis.
Por outro lado, ocorrendo a situação ideal, isto é, se todos os entrevistados forem comparáveis
entre si, o maior número possível de perfis diferentes seria igual 11(onze), o que significa uma
brutal redução. Numa MCT com N>M+1 ocorrerá obrigatoriamente repetição de perfis, por isso
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 10/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 162
na análise estatística se faz uso de dados agrupados. Assim, está justificada a notação adotada
previamente: F0000 , F0011 ,....., F1100,, para freqüência de perfis repetidos numa MCT com 10
questões. Pois, a freqüência de perfis iguais é igual ao número de perfis repetidos com mesmo
valor do escore, subscrito do F.
(c) Vamos repetir a afirmação do Cap.5-ORM: “Portanto, ordenada a matriz de perfil em ordem
não decrescente do escore existirá CT se e somente os códigos das colunas aparecerem na
ordem não decrescente.” Em Guttman, devido a dicotomia as possíveis ordens não decrescente
são 0 0, 1 1 ou 0 1, a única que não atende é 1 0. Então, após a ordenação não
decrescente dos escores da MCT pode-se afirmar que: a questão que começa com código 0
permanece com 0 ou se houver alteração para 1 este se manterá até o final; se a questão
iniciar com 1 não poderá haver alteração e a coluna formará necessariamente um bloco de 1´s.
Logo, na matriz com CT a única alternância admissível de códigos é 0 1, de cima para baixo,
as colunas ou serão constantes ou começarão com bloco de 0`s e terminarão com bloco de 1´s.
(d) A ocorrência de questões constantes de 0 ou 1 é coerente com a Comparabilidade, mas são
neutras na ordenação dos entrevistados e devem ser retiradas. Duas ou mais questões iguais
na matriz não compromete a Comparabilidade Total (CT), mas são redundantes e só uma delas
deve permanecer na escala. Esses casos singulares quando não eliminados deformam a MCT
e camuflam a Forma Padrão de resposta.
Seja j1 a quantidade total de uns existente na questão Q j, numa MP, então pode-se
escrever que j1 N
iij X
1
ou ainda j1 N j p . Considerando a MP com dados agrupados, a
relação se transforma emi
iij j F X 1 . Em qualquer caso tem-se que; j0 N j1 .
6.8. MATRIZ DA FORMA PADRÃO E SUA FORMA CANÔNICA
Definição da Forma Padrão. Diz-se que uma MCT com M questões é Matriz da Forma Padrãode resposta (MFP) se o escore assumir todos os valores do domínio D = {0,1,...,M}.
Os comentários que se seguem a partir deste ponto supõem a forma MFP para a MCT
que corresponde ter freqüência positiva, Fs>0, para todos os valores s do domínio do escore.
Verificar que a MCT(N,10) desenhada anteriormente é na realidade uma MFP(N,10), pois todos
os valores do domínio do escore estão representados na matriz.
Caracterização da Forma Canônica. Dado uma matriz MFP ordenada segundo o escore,
procede-se à ordenação das suas colunas da esquerda para a direita em função do númerodecrescente de j1 , da mais Fraca/Fácil para a mais Forte/Difícil. Desta forma iremos obter um
novo visual para MFP cujo desenho representará o formato característico da matriz, chamada
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 11/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 163
de forma canônica de Guttman. Para ilustrar apresentamos abaixo a MFP da MCT(N,10) com
10 questões da pág. 160.
FORMA CANÔNICA DA MFP DA MCT(N,10)
FREQ Q3 Q9 Q5 Q1 Q8 Q6 Q2 Q10 Q4 Q7 ESCORE
F0000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0F0011 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
F0022 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2
F0033 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 3
F0044 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 4
F0055 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 5
F0066 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 6
F0077 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 7
F0088 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 8F0099 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 9
F1100 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
31 >
91 >
51 >
11 >
81 >
61 >
21 > 101 >
41 >
71
Na MFP são revelados novos aspectos importantes dos perfis da MCT, lembrar que os
comentários de (a) a (d) continuam válidos, pois não dependem da ordenação das questões,
(e) Na MFP observa-se correspondência perfeita entre escore e perfil, se o entrevistado i tem
escore S(i) é possível apontar quais questões tiveram respostas iguais a 1. Por exemplo seS(i)=4, o perfil de i tem 1 nas quatro questões mais “fáceis”, Q3, Q9, Q5 e Q1 e 0 nas demais .
(f) Existe dependência entre as questões ordenadas da MFP, em qualquer perfil se alguma
resposta é 1, então todas as respostas anteriores também serão iguais a 1; em qualquer perfil
se alguma resposta é 0, então todas as posteriores também serão iguais a 0. Significa dizer que
o entrevistado manifesta atitude (Xij = 1) até o nível referente ao seu grau do atributo, daí em
diante ele deixa de manifestar atitudes por considerá-las muito forte.
Quando o número de indivíduos for inferior ao número de questões mais um (N<M+1),
obviamente que neste caso o escore não poderá assumir todos os valores do domínio, logo
uma condição necessária para que se obtenha MFP é ter N M+1. Então, quando o tamanho da
PR for superior ao número de questões do Esboço é possível que a MFP se revele após o
término do processo de aferição da MP. Caso contrário existirá obrigatoriamente questões
constantes ou iguais entre si na MCT. Contudo, após eliminar estas questões singulares da
MCT a forma padrão será revelada. Pode-se afirmar que numa MCT com N M+1 é sempre
possível obter MFP de ordem igual ou menor que a original. A condição necessária e suficiente
para se desenhar a MFP a partir da MCT é que o número de indivíduos seja maior que o
número de questões N M+1. Que a condição é necessária é claro, pois por definição o escore
assume todos os valores do domínio, logo N M+1, basta ordenar as linhas e colunas para a
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 12/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 164
forma canônica ser revelada. Para mostrar a suficiência, suponha que numa MCT com N M+1
o escore não assume todos os M+1 valores, isto é, falta um ou mais valores, então existirá
obrigatoriamente colunas constantes de 0’s ou de 1’s na MCT, ou colunas iguais entre si. Estas
situações inócuas quando retiradas da MCT eliminam os buracos do domínio do escore e
restabelecem a condição de ocorrência da MFP. Se o valor faltante for ponto extremo do
domínio, 0 ou M, então existirá coluna constante na MCT. Se estiver faltando o escore 0 existirá
pelo menos uma coluna constante de 1’s, se estiver faltando o escore M existirá pelo menos
uma coluna formada só com códigos 0’s. Se o valor faltante for não extremo, entre 0 e M, então
existirão colunas iguais. Questões constantes são sumariamente eliminadas da MCT, já as
questões iguais (duas ou mais) somente uma deverá permanecer na escala, aquela com menor
número de correções. Para ilustrar os argumentos, considere uma matriz MCT(N,4) com 4
questões e N 5, sejam as seguintes situações de escores faltantes;
Exemplo 1. – FALTA ESCORE ZERO
MCT(N,4) – Eliminação da Coluna de 1’s. MFP(N,3)FREQ Q1 Q2 Q3 Q4 ESCORE FREQ Q4 Q1 Q2 ESCORE
F01 0 0 1 0 1 F01=F’00 0 0 0 0
F02 0 0 1 1 2 F02=F’01 1 0 0 1
F03 1 0 1 1 3 F03=F’02 1 1 0 2
F04 1 1 1 1 4 F04=F’03 1 1 1 3Q3 = constante (1’s) FORMA CANÔNICA
Exemplo 2. – FALTA ESCORE QUATRO
MCT(N,4) – Eliminação da Coluna de 0’s MFP(N,3)FREQ Q1 Q2 Q3 Q4 ESCORE FREQ Q3 Q4 Q1 ESCORE
F00 0 0 0 0 0 F00 0 0 0 0
F01 0 0 1 0 1 F01 1 0 0 1
F02 0 0 1 1 2 F02 1 1 0 2
F03 1 0 1 1 3 F03 1 1 1 3Q2=constante (0’s) FORMA CANÔNICA
Exemplo 3. – FALTA ESCORE=2 (COLUNAS IGUAIS Q1=Q4.)
MCT(N,4) – Sai Coluna com Maior N0 de Erros (Seja Q1) MFP(N,3)FREQ Q1 Q2 Q3 Q4 ESCORE FREQ Q3 Q4 Q2 ESCORE
F00 0 0 0 0 0 F00=F’00 0 0 0 0
F01 0 0 1 0 1 F01=F’01 1 0 0 1
F03 1 0 1 1 3 F03=F’02 1 1 0 2
F04 1 1 1 1 4 F04=F’03 1 1 1 3Q1= Q4 FORMA CANÔNICA
SAI Q3
SAI Q2
SAI Q1
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 13/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 165
6.9. CONSTRUÇÃO DA ESCALA DE GUTTMAN.
Para ilustrar o detalhamento dos procedimentos usaremos uma matriz de perfil formada
por 40 entrevistas e 8 questões, notada por P*(40,8);
P*(40,8) – MATRIZ DE PERFIL DE GUTTMANENTREV Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 ESCORE
1 0 1 1 0 1 1 0 1 5
2 1 1 1 1 1 1 0 0 6
3 0 1 1 0 1 0 0 1 4
4 0 1 1 1 1 1 0 1 6
5 0 1 1 0 1 1 0 0 4
6 0 0 1 0 0 0 0 0 1
7 1 1 1 1 1 1 1 1 8
8 0 1 1 0 1 0 0 1 4
9 0 1 1 1 1 1 0 0 5
10 0 0 1 0 1 0 0 1 3
11 0 1 1 0 1 1 0 1 5
12 1 0 1 0 1 1 0 0 4
13 0 0 0 0 0 0 0 1 1
14 0 1 0 0 0 0 0 1 2
15 0 1 1 0 1 0 0 1 4
16 1 1 1 1 1 1 1 1 8
17 0 0 0 0 1 1 0 1 3
18 0 0 0 0 1 1 0 0 219 1 1 1 1 1 1 0 1 7
20 0 1 1 1 1 1 0 1 6
21 0 0 1 0 1 0 0 1 3
22 0 0 1 1 1 0 0 1 4
23 0 1 1 0 1 1 0 1 5
24 0 0 1 0 0 0 0 0 1
25 0 1 1 0 0 1 1 1 5
26 1 1 1 1 1 0 0 1 6
27 0 1 1 1 1 1 0 1 6
28 0 0 0 0 0 0 0 1 1
29 0 0 1 1 1 0 0 1 4
30 0 1 0 0 0 0 0 1 2
31 0 0 0 1 0 0 0 0 1
32 0 0 0 0 1 1 0 1 3
33 0 0 1 0 1 1 0 1 4
34 0 1 1 1 1 1 0 1 6
35 0 1 1 1 1 1 1 0 6
36 1 1 1 1 1 1 0 0 6
37 0 1 1 0 1 1 0 0 438 0 1 1 0 1 0 0 0 3
39 0 0 1 0 1 0 0 1 3
40 0 0 1 0 0 0 0 1 2
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 14/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 166
6.9.1. AFERIÇÃO DA CONSISTÊNCIA.
Para análise da Consistência lançamos mão da matriz de coeficientes de Yule-Q e por
simples visualização conclui-se que Q8 é a única questão inconsistente a ser eliminada.
MATRIZ DE CORRELAÇÃO DE YULE-Q DA P*(40,8)Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8
Q1 1 ,67 1,00 ,88 1,00 ,73 ,72 -,33
Q2 ,67 1 ,74 ,63 ,62 ,68 1,00 ,05
Q3 1,00 ,74 1 ,69 ,84 ,42 1,00 -,15
Q4 ,88 ,63 ,69 1 ,74 ,56 ,71 -,13
Q5 1,00 ,62 ,84 ,74 1 ,89 -,08 ,10
Q6 ,73 ,69 ,42 ,56 ,89 1 1,000 -,33
Q7 ,72 1,00 1,00 ,71 -,08 1,00 1 ,14
Q8 -,33 ,05 -,15 -,13 ,10 -,33 ,14 1
6.9.2. AFERIÇÃO DA COMPARABILIDADE.
Dada uma matriz de perfil P, sua respectiva MCT(P) é obtida por procedimentos de
correção que estabeleça Comparabilidade Total, executando o menor número de correções. Na
seqüência, os passos da aferição são ilustrados na P*(40,7) obtida da P*(40,8) (Q8 eliminada).
1o Passo :Ordenar e Juntar. Ordenar os perfis em função do escore, do menor para o maior e
de cima para baixo, justapondo os perfis iguais; ver a MCT-P*(40,7). Neste passo para facilitar a
contagem dos erros e a ordenação dos perfis com igual escore (que pode provocar pequena
variação na matriz de perfil) o autor prefere justapor ao invés de agregar.
2o Passo :Calcular j1 / j0 . Calcular a freqüência absoluta de uns e de zeros nas colunas e
registrar na linha 1’s/ 0’s da matriz. Ilustrando com a questão Q1 tem-se 11 / 10 =7/33, que
significa 7 uns e 33 zeros. Os valores da linha 1’s/ 0’s serão úteis na determinação da linha
seguinte MAXEj. De posse dos valores da linha 1’s/ 0’s obtemos j p a freqüência relativa de uns
e podemos avaliar a cobertura de acordo com a tabela a baixo;FORÇA j p DAS QUESTÕES
QUESTÃO Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7
j p 0,175 0,6 0,8 0,375 0,775 0,55 0,1
FORÇA Fo M Fa Fo/M Fa M Fo
Embora não haja cobertura pelo reduzido número de questões, a composição de forças está
equilibrada: duas Fortes (Q7 e Q1), duas Fracas (Q3 e Q5) duas Moderadas(Q2 e Q6) e uma Q4
na fronteira entre forte e moderada. No caso dicotômico as medidas de posição mediana ou
moda são iguais, e são representadas pelo código de maior freqüência;
Moda j = Mediana j = j1 ou j0 (aquele de maior freqüência).
Para facilitar o entendimento das correções o zero localizado logo acima do corte é assinalado
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 15/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 167
em negrito e sombreado (0). Os códigos corrigidos são identificados pelo sinal # e a correção
colocada à sua direita. A seguir a MCT-P*(40,7) transformada da P*(40,7) após executados os
procedimentos de correção.MCT-P*(40,7)
ENTREV Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 ESCORE13 0 0 0 0 0 0 0 0
28 0 0 0 0 0 0 0 0
31 0 0 0 1#0 0 0 0 1#0
6 0 0 1#0 0 0 0 0 1#0
40 0 0 1#0 0 0 0 0 1#0
24 0 0 1#0 0 0 0 0 1#0
30 0 1#0 0 0 0 0 0 1#0
14 0 1#0 0 0 0 0 0 1#0
32 0 0 0 0 1 1#0 0 2#1
17 0 0 0 0 1 1#0 0 2#1
18 0 0 0 0 1 1#0 0 2#1
21 0 0 1 0 1 0 0 2
10 0 0 1 0 1 0 0 2
39 0 0 1 0 1 0 0 2
33 0 0 1 0 1 1#0 0 3#2
22 0 0 1 1#0 1 0 0 3#2
29 0 0 1 1#0 1 0 0 3#2
3 0 1 1 0 1 0 0 3
8 0 1 1 0 1 0 0 3
15 0 1 1 0 1 0 0 3
38 0 1 1 0 1 0 0 325 0 1 1 0 0#1 1 1#0 4#4
1 0 1 1 0 1 1 0 4
5 0 1 1 0 1 1 0 4
11 0 1 1 0 1 1 0 4
23 0 1 1 0 1 1 0 4
37 0 1 1 0 1 1 0 4
12 1#0 0#1 1 0 1 1 0 4#4
4 0 1 1 1 1 1 0 5
9 0 1 1 1 1 1 0 5
20 0 1 1 1 1 1 0 5
27 0 1 1 1 1 1 0 5
34 0 1 1 1 1 1 0 5
26 1 1 1 1 1 0#1 0 5#6
2 1 1 1 1 1 1 0 6
19 1 1 1 1 1 1 0 6
36 1 1 1 1 1 1 0 6
35 0#1 1 1 1 1 1 1 6#7
7 1 1 1 1 1 1 1 7
16 1 1 1 1 1 1 1 71’s/ 0’s 7/33 24/16 32/8 15/25 31/9 22/18 4/36 TOTAL
MAXE 7 16 8 15 9 18 4 77ERROS 2 3 3 3 1 5 1 18IC 0,71 0,81 0,62 0,80 0,90 0,72 0,75 0,77
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 16/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 168
3o Passo :Calcular MAXEj. Numa questão Q j com composição j1 / j0 há várias seqüências de
códigos que podem gerar máximo erro, todavia, após executado o 1º Passo dois exemplos são
bem evidentes: a alternância de códigos na coluna e a inversão dos blocos com 1’s no topo da
coluna seguido do bloco de 0’s . Ocorrendo a pior situação, máximo erro, a Comparabilidade dacoluna só será conseguida trocando os códigos de um tipo por outro, transformando a questão
numa coluna de códigos constantes. Então, o máximo erro corresponderia trocar, todos os 0’s
por 1’s ou vice-versa, dependendo da menor quantidade entre eles, (indiferente sendo iguais).
Com base na minimização dos erros pode-se escrever que;
MAXEj = menor quantidade entre j1 e j0
que equivale ao número total de trocas quando os códigos da coluna Q j são substituídos por
sua moda. Ao final da linha MAXE e abaixo da coluna TOTAL registra-se a soma dos MAXEjusado no cálculo do índice de Comparabilidade Total.
4o Passo :Realizar correções e registrar os Erros. De acordo com a observação (c), para se ter
MCT deve existir no máximo dois blocos homogêneos em cada coluna. De cima para baixo,
primeiro o bloco de 0’s seguido do bloco de 1’s que deve ser o último. O problema fundamental
na determinação da MCT é determinar o tamanho dos blocos 0’s e 1’s de modo que as
correções sejam mínimas. Buscaremos em cada coluna um corte de tal forma que: os códigos
1 acima do corte são trocados por 0 e os códigos 0 abaixo do corte são trocados por 1.
Destaque:1 acima ou 0 abaixo do corte são considerados erros e serão trocados. O total de
códigos trocados na coluna é registrado na linha ERROS. A posição do corte dará o mínimo de
correções e estará necessariamente situado abaixo de um código 0 e acima de um código 1,
isto se deve a minimização dos erros porque em qualquer outra posição seria possível deslocá-
lo para cima ou para baixo e diminuir o total de erros. Em qualquer situação, a cota superior de
erros (MAXEj) é o valor de referência que logicamente não pode ser ultrapassado.
A localização exata do corte é determinada através do “método das tentativas”, mas para
evitar o procedimento exaustivo, busca-se o intervalo provável do corte traduzido pela transição
do trecho denso de 0’s para o denso de 1’s, que costuma se reve lar de forma marcante depois
do 1º Passo. Mas se isto não ocorrer, a solução é calcular exaustivamente o número de erros
para cada zero seguido de um (0/1) e fixar o corte na posição de mínimo erro, o que pode ser
facilmente programável. Em algumas situações com N pequeno o corte salta a vista como no
caso de Q1 onde está claramente no entrevistado E34 que representa a fronteira de transição do
trecho denso de 0’s para o de 1’s , como pode ser observado na matriz MCT-P*(40,7).
É possível ocorrer ambigüidade na localização do corte, isto é, pode existir mais de uma
posição gerando mínimo erro e neste caso qualquer posição pode ser escolhida. Quando existir
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 17/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 169
duas ou mais questões com corte numa mesma linha, isto implicará na existência de colunas
iguais na MCT e surgirá buraco no domínio do escore comprometendo a aparição da MFP. Por
isso, quando existir numa questão mais de uma possibilidade de corte a estratégia é deixá-la
marcada para decidir a posição definitiva no final do processo de correção. No caso deve-se
adotar o seguinte critério de decisão: Quando existir múltiplas possibilidades de corte numa
questão, faz-se o corte numa linha que não possua corte e se existirem várias alternativas
selecionar aquela que se situa mais afastada dos cortes adjacentes. Na linha ERROS no
cruzamento com a coluna TOTAL registra-se a soma de todos os erros.
Pode ocorrer situações degeneradas onde o corte que minimiza o número de correções
encontra-se fora da coluna, a cima do primeiro código transformando a coluna constante de uns
ou abaixo do último código transformando a coluna constante de zeros, como pode-se ver nas
duas colunas abaixo que representam as respostas de 12 entrevistados as questões Qi e Qk já
seqüenciadas pelo escore; nos dois casos as colunas serão retiradas da escala;
1 01 01 00 01 11 11 1
0 00 01 01 01 0
a primeira tem corte situado a cima da coluna, e a segunda tem o corte situado abaixo, porém,
na prática o corte quase sempre se encontra dentro da coluna.
50 Passo-Calcular o Índice de Comparabilidade. Para calcular IC j usa-se a expressão simples e
intuitiva abaixo, e os valores aparecem na última linha IC da MCT-P*(40,7).
j
j j
MAXE
E IC 1
Na mesma linha e abaixo da coluna TOTAL é registrado ICT, cujo cálculo é dado por:
M
j j
M
j j
T
MAXE
E
IC
1
1
1
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 18/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 170
No exemplo tem-se ICT=1-18/77=0,77(77%) superior ao valor de aceitação (70%), portanto, a
Comparabilidade da escala formada pelas 7 questões é aceitável.
Para avaliar a possibilidade de melhorar ICT pode-se analisar o efeito causado pela saída
de cada uma das questões da escala, num quadro aparte denominado “Análise dos IC T e ISAQuando Q j é Retirada”, abaixo. Por exemplo, qual seria o efeito que Q3, a de pior desempenho
(IC3=0,62), estaria causando no índice total? Para obter o novo valor ICT da escala sem Q3 é
preciso reiniciar o algoritmo na matriz MP formada somente com {Q1,Q2,Q4,Q5,Q6,Q7}. Quando
uma questão da escala é retirada não se alteram os valores j1 / j0 e tampouco os MAXEj das
questões que permaneceram, mas poderá haver modificação na ordem dos perfis o que irá
certamente alterar os valores Ej e por seqüência IC j e ICT
.
Análise dos ICT e ISA Quando Qj é Retirada
Qj ICj ICT-Qj ISA-Qj
Q1 0,71 0,76 0,85
Q2 0,81 0,74 0,82
Q3 0,62 0,77 0,84
Q4 0,80 0,74 0,81
Q5 0,90 0,73 0,85
Q6 0,72 0,76 0,84
Q7 0,75 0,77 0,86
ICT-Qj e ISA-Qj são os índices de Comparabilidade Total e de Separabilidade quando somente
Q j é retirada do conjunto. Verificar que não há acréscimo significativo na coluna ICT-Qj, mas se
houvesse interesse em enxugar o questionário, que não é o caso, devíamos considerar a saídade Q3 ou Q7 que dão o maior acréscimo. Portanto, em relação à aferição da Comparabilidade, a
escala permanece definida pelo conjunto {Q1, Q2, Q3, Q4, Q5 ,Q6, Q7}.
6.9.3. AFERIÇÃO DA SEPARABILIDADE
No quadro anterior registra-se também a análise do índice de Separabilidade (ISA) e com
base nos perfis da matriz P*(40,7) são calculados os parâmetros PE e PD de acordo com a
seguinte proposta: Seja Fi>1 a freqüência de um perfil com escore iguais a S i da matriz originalP*(40,7), antes das correções, só importa o valor comum S i sem levar em conta se são perfis
iguais ou não, então o número de pares iguais com este mesmo valor é PI i = Fi x (Fi -1)/2 . A
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 19/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 171
quantidade total de pares iguais TPI é igual à soma de todos os casos F i >1, ∑1>
=
iFiT PIPI ,
logo o total de pares discriminados TPD é dado por: TPD = TP - TPI , onde o primeiro termo
TP = 21)-(N N / é o total geral de pares. Um indicador natural para medir a discriminação ou
Separabilidade (ISA) é a participação de TPD no total TP , isto é TPPDISA T= = 1- TPPET
a seguir o quadro da freqüência do escore da matriz de perfil P*(40,7) e os valores TPE ;
DISTRIBUIÇÃO DO ESCORE DA P*(40,7) E O VALOR DE PE
ESCORE 0 1 2 3 4 5 6 7 TOTAL
FREQ 2 6 6 7 7 6 4 2 40
PE 2 15 15 21 21 15 6 2 97
Como TP = 780 e total de TPE =97, logo TPD =780 97= 683, então ISA=683/780=0,88(88%).
6.9.4. AFERIÇÃO DA SIMETRIA E KURTOSIS.
Da aplicação de simples pacotes de estatística na distribuição do escore obtém-se o
gráfico de barras da distribuição, o valor da Simetria cujo índice 0,08 considerado nulo e por fim
o valor da kurtosis= – 0,86 assinalando achatamento em platô (discriminação).
Distribuição do Escore do conjunto {Q1, Q2, Q3, Q4, Q5, Q6, Q7}
Notar que nas análises executadas na distribuição do escore, foi usado o escore original sem as
correções (desenvolvidas somente para avaliar a MCT) que é uma matriz não observável e que
tem caráter referencial caso a escala fosse perfeita para a população de referência.
ESCORE
76543210
8
7
6
5
4
3
2
1
2
4
6
77
66
2
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 20/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 172
6.9.5. A FORMA CANÔNICA.
A informação fornecida pela forma canônica é teórica, equivale a uma situação padrão
de resposta, em termos estatísticos corresponde ao comportamento esperado. Quando IC T for
aproximadamente igual a 1 então a matriz de perfil estará próxima da MFP(P*). Isto significaque o padrão de respostas dos indivíduos estará ocorrendo na grande maioria dos perfis da
PR/PA. A forma canônica enriquece a interpretação das respostas, a partir dela os profissionais
da área social podem interpretar as razões dos padrões de respostas. Na matriz P* (40,10) o
escore da MCT assumiu todos os valores do domínio, portanto a forma canônica pode ser
facilmente revelada. A matriz MFP é uma matriz teórica obtida com perfis e escores corrigidos
aplicando dois simples procedimentos na MCT;
(a) montar coluna FREQ com todos os perfis iguais; basta contar o número de repetições de
cada escore corrigidos;
(b) ordenar as colunas em função dos valores dos 1’s corrigidos, notado por c j1 , da esquerda
para direita na ordem decrescentemente. Tem-se abaixo a Forma Canônica MFP da P*(40, 7);
FORMA CANÔNICA MFP-P*(40,7)
FREQ Q5 Q3 Q2 Q6 Q4 Q1 Q7 ESCORE
8 0 0 0 0 0 0 0 0
3 1 0 0 0 0 0 0 1
6 1 1 0 0 0 0 0 2
4 1 1 1 0 0 0 0 3
7 1 1 1 1 0 0 0 4
5 1 1 1 1 1 0 0 5
4 1 1 1 1 1 1 0 6
3 1 1 1 1 1 1 1 7
c j1 / c
j0 32/8 29/11 23/17 19/21 12/28 7/33 3/37
Os c j1 / c
j0 são calculados na matriz MCT com os códigos corrigidos e existindo ambigüidade de
corte o valor c j1 / c j0 será função da posição fixada e dará diferentes ordenações das colunas e
portanto diferentes formatos da MFP.
Finalmente, com base nos parâmetros analisados concluímos que as 7 questões iniciaisda matriz formam uma escala de Guttman aceitável, deixando a Validade para ser confirmada
com procedimentos adequados na população de referência. Resumo dos procedimentos, passo
a passo, da montagem da Guttman;
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 21/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 173
(1) cálculo da matriz de correlação de Yule-Q;
(2) aferição da Consistência, eliminação das declarações inconsistentes;
(3) aferição da Comparabilidade;
(4) aferição da Simetria e da Separabiliade;
(5) montagem da Forma Canônica da MFP
(6) definição final do Questionário que determina a escala de Guttman
6.10. CONSTRUÇÃO DA GUTTMAN NA X(40,10) DA SEÇÃO 2.10-OUTRO EXEMPLO.
Usaremos a base de dados X(40,10) da Seção 2.10 codificados originalmente com notas
intervalares {1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11} para construir uma escala de Guttman. A matriz Z(40,10)
será gerada por recodificação das respostas XiJ segundo a transformação:
Se XiJ ={1,2,3,4,5,6} ZiJ=0 Se XiJ ={7,8,9,10,11} ZiJ=1
A nova variável Z iJ = 0/1 transformada das X iJ original com 11 categorias terá tratamento ordinal
e o leitor não deve considerar este procedimento de recodificação somente sob aspecto didático
e comparativo. Na prática significa uma real alternativa de solução, mesmo tendo obtido escalas
aceitáveis do tipo IP, IPI, Likert ou ORM ainda assim deve-se tentar Guttman devido à facilidade
gerada pela dicotomia. Sua única concorrente em simplicidade é a escala dicotômica de pesos
iguais IPI, com vantagem de ser intervalar.Todavia a escala IPI é exigente na sua construção,
na X(40,10) ela não funcionou. Enfatizamos que a lógica da recodificação pressupõe respostas
prováveis, e obviamente a recodificação impõe aproximações, pois além da arbitrariedade da
inclusão da resposta 6 na categoria ZiJ=0, cuja codificação pode ser aperfeiçoada, segundo
NOTA 2.1, os entrevistados na pesquisa direta com resposta dicotômica podem dar respostas
diferentes daquelas recodificadas. A recodificação é um recurso importante para viabilizar a
construção de diferentes tipos de escalas numa mesma base de dados, é uma estratégia que
não deve ser descartada na construção das escalas. A seguir apresenta-se Z(40,10) originária
da X(40,10) por recodificação, a qual difere da Z(40,8) já utilizada na construção da IPD na
seção 2.13.1, porque na IPD as questões D3 e D9 foram eliminadas por inconsistência com
base na correlação de Pearson.
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 22/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 174
Z(40,10): MATRIZ DE PERFIL DE GUTTMANENTREV D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 02 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0
3 0 0 1 1 0 0 1 0 1 1
4 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0
5 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
6 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0
7 1 0 0 0 0 0 1 0 1 1
8 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1
9 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
10 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0
11 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0
12 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1
13 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1
14 0 0 1 0 1 0 0 0 1 1
15 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0
16 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
19 1 0 1 1 0 0 0 1 1 0
20 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0
21 0 0 1 1 0 0 1 1 1 1
22 1 0 0 1 0 0 0 0 1 023 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
24 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
25 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1
26 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1
27 1 0 0 1 1 1 1 0 1 1
28 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
29 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0
30 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0
31 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1
32 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
33 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
34 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0
35 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0
36 0 0 1 0 0 0 1 0 1 0
37 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0
38 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0
39 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0
40 1 0 0 1 0 1 1 0 1 0
6.10.1. AFERIÇÃO DA CONSISTÊNCIA.
A análise da matriz de correlação de Yule-Q revela três questões inconsistentes, a D9 com
coeficiente indeterminado com as demais questões é indicativo de coluna constante, e como tal
poderia ter sido eliminada logo após a recodificação trata-se de questão com todos códigos
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 23/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 175
iguais a 1, também as questões D3 e D10 por conta das correlações negativas com grande parte
das questões.
MATRIZ DE CORRELAÇÃO YULE-Q DA Z(40,10)
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
D1 1,00 1,00 -0,56 0,93 0,66 1,00 0,57 0,85 , -0,40
D2 1,00 1,00 0,12 1,00 0,45 1,00 1,00 1,00 , 0,43
D3 -0,56 0,12 1,00 0,03 -0,52 -0,62 -0,44 0,01 , -0,17
D4 0,93 1,00 0,03 1,00 0,67 1,00 0,73 1,00 , -0,73
D5 0,66 0,45 -0,52 0,67 1,00 0,82 0,76 0,61 , -0,18
D6 1,00 1,00 -0,62 1,00 0,82 1,00 0,91 0,82 , -0,43
D7 0,57 1,00 -0,44 0,73 0,76 0,91 1,00 0,76 , -0,13
D8 0,85 1,00 0,01 1,00 0,61 0,82 0,76 1,00 , 0,12
D9 , , , , , , , , 1,00 ,
D10 -0,40 0,43 -0,17 -0,73 -0,18 -0,43 -0,13 0,12 , 1,00
Poderia ser usado também o indicador unidimensional dado pelo valor médio das correlações
.ir de cada item com os outros itens. Outro recurso estatístico para identificar inconsistência
seria usar o coeficiente de correlação de cada item com a soma dos demais itens (escore
soma) que no caso dicotômico é calculado pela correlação bisserial por pontos; para o item j a
fórmula do seu cálculo é dada pela expressão; bis pr =
][S VAR
S S j j j 0/1
onde; jS : média dos escores da escala daqueles entrevistados que concordaram com o item j
S : média dos escores da escala (todos entrevistados)
][S VAR : variância dos escores da escala (todos entrevistados)
j1 = número de uns no item j
j0 = número de zeros no item j Calculando para D2 temos que ; jS = 8,60 S =4,67 ][S VAR = 2,13 j1 = 5 e j0 = 35
substituindo os valores na expressão temos bis pr = 0,70. A seguir o quadro resume os valores
dos dois indicadores calculados para Z(40,10);
Dois Critérios de Consistência com a Correlação.CRITÉRIO D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10
.ir 0,69 0,75 -0,27 0,58 0,41 0,56 0,52 0,72 , -0,19bis
p
r 0,69 0,70 -0,02 0,65 0,52 0,77 0,61 0,73 , 0,03
Retirando as três declarações D3, D9 e D10 ficamos com a matriz Z(40,7), formada pelo
conjunto consistente {D1, D2, D4, D5, D6, D7, D8}, resultado idêntico a IPD da seção 2.12.3.
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 24/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 176
Executando os procedimentos de correção descritos na Seção 6.9 na Z(40,7) obteremos
a matriz de Comparabilidade Total MCT-Z(40,7);
MCT-Z(40,7)ENTREV D1 D2 D4 D5 D6 D7 D8 ESCORE
5 0 0 0 0 0 0 0 08 0 0 0 0 0 0 0 0
17 0 0 0 0 0 0 0 0
18 0 0 0 0 0 0 0 0
25 0 0 0 0 0 0 0 0
26 0 0 0 0 0 0 0 0
32 0 0 0 0 0 0 0 0
33 0 0 0 0 0 0 0 0
23 0 0 0 0 0 1 0 1
28 0 0 0 0 0 1 0 1
36 0 0 0 0 0 1 0 111 0 0 1 0 0 0#1 0 1#2
16 0 0 1 0 0 0#1 0 1#2
14 0 0 0#1 1#0 0 0#1 0 1#2
38 0 0 1 0 0 1 0 2
39 0 0 1 0 0 1 0 2
30 0 0 1 0 0 1 0 2
3 0 0 1 0 0 1 0 2
15 1 0 1 0 0 0#1 0 2#3
22 1 0 1 0 0 0#1 0 2#3
31 1 0 1 0 0 0#1 0 2#3
7 1 0 0#1 0 0 1 0 2#321 0#1 0 1 0 0 1 1#0 3#3
2 0#1 0 1 1#0 0 1 0 3#3
10 1 0 1 0 1#0 0#1 0 3#3
19 1 0 1 0 0 0#1 1#0 3#3
1 1 0 1 0 1 1 0 4
29 1 0 1 0 1 1 0 4
34 1 0 1 0 1 1 0 4
40 1 0 1 0 1 1 0 4
4 1 0 1 1 1 1 0 5
27 1 0 1 1 1 1 0 537 1 0 1 1 1 1 0 5
20 1 0 1 1 1 1 1 6
6 1 0 1 1 1 1 1 6
12 1 1 1 0#1 1 1 1 6#7
13 1 1 1 0#1 1 1 1 6#7
35 1 1 1 0#1 1 1 1 6#7
9 1 1 1 1 1 1 1 7
24 1 1 1 1 1 1 1 7
1's / 0's 20/20 5/35 27/13 9/31 15/25 24/16 9/31 TOTAL
MAXE 20 5 13 9 15 16 9 87ERROS 2 0 2 5 1 8 2 20
IC 0,90 1,00 0,85 0,44 0,96 0,50 0,78 0,77
Observação: Há ambigüidade na localização do corte das declarações D6 e D7.
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 25/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 177
6.10.2. AFERIÇÃO DA COMPARABILIDADE E SEPARABILIDADE.
Os parâmetros de Comparabilidade e Separabilidade do conjunto das 7 declarações são;
ICT= 0,77(77%). Aceitável. ISA= 683/780= 0,88(88%).
A seguir monta-se o quadro para avaliar as possibilidades de aprimoramentos da escala;
Análise dos ICT e ISA Quando Dj é Retirada
Dj ICj ICT-Dj ISA-Dj
D1 0.90 0,76 0,84
D2 1,00 0,75 0,83
D4 0,85 0,79 0,83
D5 0,44 0,85 0,85
D6 0,96 0,76 0,86
D7 0,50 0,89 0,84
D8 0,78 0,79 0,83
As informações mostram que o conjunto apesar de satisfatório ainda pode ser melhorado, pois
a retirada da D7 daria acréscimo significativo para o ICT (89%), mantendo ISA aceitável 84%.
Então, com o novo conjunto de seis questões {D1,D2,D4,D5,D6,D8} temos os valores;
ICT= 0,89(89%).Aceitável. ISA= 0,84(84%). Aceitável
Prosseguindo na análise do ICT, observa-se no quadro anterior que apesar da D5 apresentar o
pior valor IC j=0,44; sua saída não resultou na melhor alternativa. Continuando o procedimento,
o leitor poderá verificar que a solução do próximo quadro corresponderia à retirada de D5, e a
escala seria formada pelo conjunto {D1,D2,D4,D6,D8}. Neste conjunto, as questões apresentam
valores de IC j superiores a 60%, o que atenderia também o critério individual;
ICT= 0,95(95%) ISA= 0,81(81%)
Rascunho da base de cálculo do ISA para os dois últimos conjuntos analisados.Com base no
escore da matriz Z(40,6) temos o quadro da distribuição de freqüência;
DISTRIBUIÇÃO DO ESCORE DA ESCALA {D1,D2,D4,D5,D6,D8} E VALOR DO PEESCORE 0 1 2 3 4 5 6 TOTAL
FREQ 11 8 5 6 3 5 2 40PE 55 28 10 15 3 10 1 122
Com base no escore desta matriz Z(40,5) temos o quadro da distribuição de freqüência;
DISTRIBUIÇÃO DO ESCORE DA {D1,D2,D4,D6,D8} E VALOR DO PE
ESCORE 0 1 2 3 4 5 TOTALFREQ 12 8 4 9 2 5 40
PE 66 28 6 36 2 10 148
Então, quando passamos do conjunto {D1,D2,D4,D5,D6,D7,D8} para o {D1,D2,D4,D6,D8} obtivemos
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 26/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
(*)Presidente do CONFE (2006/2008) 178
melhora significativa no ICT, de 77% para 95%, mas perdemos no ISA, de 88% para 81%. Antes
de tomar a decisão do conjunto que formará a escala, isto é, se usamos 7, 6 ou 5 declarações
vamos analisar a Simetria de cada um deles.
6.10.3. AFERIÇÃO DA SIMETRIA.
Com base nos três quadros da distribuição de freqüência dos escores, construiremos os
respectivos gráficos de barra para os três conjuntos considerados;
Distribuição do Escore do Conjunto {D1,D2,D4,D5,D6,D7,D8}
Distribuição do Escore do Conjunto {D1,D2,D4,D5,D6,D8};
Distribuição do Escore do Conjunto {D1,D2,D4,D6,D8};
Obviamente que as três alternativas não são aceitáveis em relação à Simetria, as distribuições
possuem assimetria positiva com a cauda direita mais alongada. Conclui-se que as escalas
incorporam maior quantidade de questões Forte, como se tivesse sido montado um teste difícil
para a PR. Devido ao reduzido número de questões não houve cobertura e a assimetria ocorreu
ESC OR E
76543210
10
8
6
4
2
0
2
5
3
44
8
6
8
ESCORE
6543210
12
10
8
6
4
2
0
2
5
3
6
5
8
11
ESC OR E
543210
14
12
10
8
6
4
2
0
5
2
9
4
8
12
7/23/2019 Escala de Guttman
http://slidepdf.com/reader/full/escala-de-guttman 27/27
CONSTRUINDO ESCALAS DE ATITUDE
6. ESCALA DE GUTTMAN LUIZ CARLOS DA ROCHA(*)
principalmente por desequilíbrio na composição das forças. A falta de questões Fracas na
matriz original impossibilita correção da simetria, que é confirmado pela composição de força
das declarações, onde se apresentam duas Moderadas, quatro Fortes e uma Fraca.
FORÇA j p DAS QUESTÕESQUESTÃO D1 D2 D4 D5 D6 D7 D8
j p 0,500 0,125 0,425 0,225 0,375 0,675 0,225
FORÇA M Fo M Fo Fo Fa Fo
Se o analista só tivesse interesse na discriminação dos escores superiores, então a escala
poderia ser aceita. Por exemplo, se o atributo fosse “Liderança” e se a escala fosse utilizada
para selecionar candidatos de maior capacidade, então ela seria satisfatória. Mas, se fosse uma
escala de “Auto-estima” usada para alertar pessoas necessitando de ajuda ela seria imprecisana cauda à esquerda, justamente a mais importante para o objetivo proposto. O procedimento
de correção corresponderia eliminar algumas das questões fortes para que as fracas pudessem
ter sua participação aumentada. Mas considerando a falta de questões fracas com j p dentro do
intervalo [0,6 a 1,0] torna-se impossível resolver a assimetria. A solução seria recomeçar a
escalação incorporando novas questões ao conjunto para obter cobertura, com prioridade para
as questões Fracas/Fáceis e selecionar nova PR
6.10.4 A FORMA CANÔNICA.
A título de ilustração vamos desenhar a forma canônica para a Z(40,7) cujos valores c j1 / c
j0
foram calculados com os códigos corrigidos;
FORMA CANÔNICA DA Z(40,7) = {D1,D2,D4,D5,D6,D7,D8}
FREQ D7 D4 D1 D6 D5 D8 D2 ESCORE
8 0 0 0 0 0 0 0 03 1 0 0 0 0 0 0 1
7 1 1 0 0 0 0 0 28 1 1 1 0 0 0 0 3
4 1 1 1 1 0 0 0 4
3 1 1 1 1 1 0 0 5
2 1 1 1 1 1 1 0 6
5 1 1 1 1 1 1 1 7c
1 / c0
32/8 29/11 22/18 14/26 10/30 7/33 5/35