ESCOLA DE GOVERNO DE SÃO PAULO HISTÓRIA SOCIAL DO BRASIL

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ESCOLA DE GOVERNO DE SÃO PAULO HISTÓRIA SOCIAL DO BRASIL Prof. Dr. Francisco Fonseca ([email protected]) Professor de ciência política - FGV/SP Autor, entre outros, do livro “O Consenso Forjado – a grande imprensa e a formação da Agenda ultraliberal no Brasil”. São Paulo, Hucitec, 2005; e organizador, em parceria, do livro “A Constituição Federal de 1988 – avanços e desafios”. São Paulo, Hucitec, 2010.

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•Prof. Dr. Francisco Fonseca ([email protected])•Professor de ciência política - FGV/SP•Autor, entre outros, do livro “O Consenso Forjado – a grande imprensa e a formação da Agenda ultraliberal no Brasil”. São Paulo, Hucitec, 2005; e organizador, em parceria, do livro “A Constituição Federal de 1988 – avanços e desafios”. São Paulo, Hucitec, 2010.

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HISTÓRIA SOCIAL: definição Embora possa haver mais de uma

interpretação, entende-se aqui por “história social” o conjunto das lutas políticas, com fins sociais diversos, que marcam a sociedade brasileira.

Tais lutas objetivam a constituição de direitos: político/institucionais (direito ao voto e a pensões, por exemplo) e trabalhistas/sociais (direitos substantivos). Devido à consolidação da sociedade de massas, tornaram-se direitos sociais, além de terem propósitos coletivos.

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HISTÓRIA SOCIAL: contexto Lutas sociais ocorreram e ocorrem num contexto

histórico marcado por desigualdades:- de acesso ao sistema decisório: direitos civis (ir

e vir, expressão, opinião) e políticos (voto, direito à reunião, à sindicalização, à greve etc).

- de acesso à riqueza produzida: renda, trabalho, emprego, salário etc.

- de direitos sociais institucionalizados: assistência médica, previdência, educação, pensões etc.

- Contemporaneamente: minorias, direitos difusos.

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HISTÓRIA SOCIAL: Brasil

História implica processos, de variadas ordens, que se entrecruzam de forma complexa.

Muito além de personagens e lideranças, os processos históricos expressam estruturas, organização coletiva e capacidade de mobilização.

Disputa ideológica entre “meritocracia individualizante” e “lógica coletiva”.

Disputa permanente a respeito da “verdade”.

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HISTÓRIA SOCIAL: a história dos vencidos Embora a dualidade “vencedores” e “vencidos”

seja mais complexa do que aparenta, é fato que sempre predomina na história uma versão oficial, neste sentido vencedora.

É possível, contudo, olhar a história à luz dos “vencidos”, isto é, do ponto de vista dos movimentos sociais que, embora tenham contribuído fortemente para mudanças (processo), não tiveram suas demandas específicas incorporadas. Exemplo: socialismo e direitos sociais na Europa.

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HISTÓRIA SOCIAL: a história dos vencidos

Canudos (1893-1897):organização e defesa de sertanejos contra a opressão e o latifúndio em plena fase final do regime monárquico.

Contestado (1912-1916): já na República, resistência de camponeses contra a expropriação de suas terras.

Sem-número de ações, rebeliões, e tentativas diversas de contestar e lutar por direitos.

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HISTÓRIA SOCIAL: a história dos vencidos

Particularmente no período republicano e, mais ainda, a partir da industrialização e urbanização iniciada na Era Vargas, ocorre uma verdadeira explosão de lutas sociais, por vezes revestidas de lutas trabalhistas.

Papel dos imigrantes e em particular dos anarquistas, é muito importante.

Papel do movimento socialista e do PCB.

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HISTÓRIA SOCIAL: Repressão e Cooptação

Repressão, pelos aparatos do Estado, como traço marcante na história brasileira; Trabalhadores como “classe perigosa”.

Cooptação foi levada a cabo sobretudo no Governo Vargas: criação da CLT e garantia de direitos por meio do reconhecimento de profissões -> CIDADANIA REGULADA (Wanderley Guilherme dos Santos).

Ambos os processos coexistem e são utilizados, embora com outras formas, até nos dias de hoje.

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HISTÓRIA SOCIAL: Repressão e Cooptação Contemporaneamente, a chamada

“criminalização” dos movimentos sociais tem sido a estratégia mais utilizada: por meio legal, institucional e pela mídia.

MST como o mais importante movimento social brasileiro contemporâneo.

Avanços econômicos, políticos e sociais não têm sido suficientes para zerar o secular déficit social brasileiro: daí a importância da mobilização dos movimentos sociais.

Movimentos sociais podem inserir/vetar temas na (batalha da) Agenda pública. Democratização da mídia é um exemplo marcante.

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HISTÓRIA SOCIAL: Repressão e Cooptação Movimentos sociais estão no campo do que A.

Gramsci chamou de SOCIEDADE CIVIL (conceito polissêmico na história do pensamento político e que necessita de conceituação).

Mesmo a derrota pontual de uma causa não significa que a mesma não seja inserida na Agenda (ex:caso Pinheirinho em S. J. dos Campos/SP)

O chamado “terceiro setor” (conceito fluido e escorregadio) é um novo personagem no âmbito dos conflitos sociais: ONGs, “responsabilidade social das empresas”, voluntariado etc. Papel ambíguo.

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HISTÓRIA SOCIAL: crise da representação política Crise das ideologias mobilizadoras. Papel da internacionalização – importância que

teve o Fórum Social Mundial. Contexto da “sociedade pós-industrial”. Crise das formas tradicionais de

representação: partidos, sindicatos, movimentos sociais (em particular). Isso não significa que não tenham representação, e

sim que precisam ser renovados à luz das correlações de poder e de novas agendas.

“Ágora digital” como uma promessa não cumprida, até agora.

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HISTÓRIA SOCIAL: possibilidades abertas

História como processo e correlações de força. Papel do modelo de acumulação

(fordista/keynesiano, acumulação flexível etc). Movimentos sociais, de naturezas diversas, têm

papel crucial na mudança social. Questão internacional como elemento crucial

devido à articulação das economias e da agenda política internacional.

Análise política deve observar os processos históricos de maneira não unívoca (sempre na mesma direção), mas seus avanços, manutenções e retrocessos, que por vezes são simultâneos.

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