Esgoto melhora a saúde de terenas na Capital

1
Cidades B2 o Estado Mato Grosso do Sul Segunda-feira, 1° de outubro de 2012 Qualidade de vida Esgoto melhora saúde de terenas na Capital PRF apreende automóveis e fuzis em ação na fronteira Rafael Bueno Os indicadores de saúde da Aldeia Urbana Marçal de Souza melhoraram com a im- plantação da rede de sanea- mento básico ocorrida há dois anos. O serviço foi disponibi- lizado em abril de 2010 para as 135 famílias de origem te- rena, que moram no local – na região do bairro Tiradentes, em Campo Grande. A Marçal de Souza é a primeira aldeia reconhecida como urbana no país e também a primeira a ter esgoto e água tratada. A disponibilidade do serviço deixa para trás o forte odor exalado das fossas e as poças de água acumuladas nas ruas toda vez que chovia, lembra a cacique Enir da Silva Bezerra. Outro ponto importante, as doenças de veiculação hídrica A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu na manhã de ontem dois veículos com 220 quilos de maconha e dois fuzis, durante fiscalização no posto “Capei”, localizado em Ponta Porã – município distante 329 km de Campo Grande. Os car- regamentos que partiram do Paraguai seriam levados para São Paulo (SP). Na primeira apreensão, ocorrida às 6h de domingo, os policiais abordaram um veículo Strada. O condutor, de 48 anos, apresentou CNH (Carteira Nacional de Habili- tação) com indícios de adul- teração. Diante da suspeita, os policiais revistaram o au- tomóvel e durante as busca foram encontrados 150 quilos da droga escondida no carro. Os policiais ainda prenderam outro homem. Neste caso, o suspeito, que informou ter 45 anos, também foi preso na sequência. Con- forme a assessoria de im- prensa da PRF, o segundo homem preso realizava a função de batedor utilizando um veículo Astra. Por volta das 8h, os policiais abordaram uma Montana, que levava 70 quilos de maconha e dois fuzis escondidos. Foram detidos o condutor de 36 anos, que portava arma de fogo, e uma pessoa de 31 anos, que estava de passageira. Um dia antes, um homem de 38 anos foi preso com 30 quilos de crack. A droga estava es- condida em um automóvel Citröen Picasso. Ele foi inter- ceptado na rodovia BR-463, na região de Ponta Porã. Segundo a assessoria de imprensa da polícia, o en- torpecente estava escondido em compartimento previa- mente preparado no painel do veículo. Diante do flagrante, o homem, que diz trabalhar na área de reciclados como autônomo, alegou ainda que levaria a droga para ser co- mercializada em São Paulo. De acordo com ele, o entor- pecente foi adquirido no Para- guai. A ocorrência foi encami- nhada à Polícia Civil de Ponta Porã, que dará andamento à investigação. (RB) Serviço contribuiu para a redução dos casos de doenças de veiculação hídrica Sem as tradicionais fossas sépticas, famílias apontam melhoria na saúde das crianças da aldeia Marçal de Souza já não preocupam. “Melhorou muita coisa, principalmente a questão da saúde. Antes do saneamento básico, eram comuns os casos de crianças doentes com diarréias, anemia e desnutrição”. Por conhecer bem a infraestrutura das aldeias no interior de Mato Grosso do Sul, ela diz ter or- gulho de morar na Marçal de Souza. Na avaliação da cacique, falta ainda um item para me- lhorar ainda mais a qualidade de vida na comunidade: o as- falto. E acredita que com as obras de pavimentação em 2013, serão feitas também a rede pluvial de água.“Estamos felizes por sermos uma comu- nidade indígena dentro da Ca- pital, e ter essa assistência tão importante na área de saúde, que nem todos os bairros na área urbana possuem”, des- taca. Comunidade comemora o fim das fossas e a nova fase do esgoto Com a rede de esgoto acabaram também os pro- blemas das fossas, trazendo até mesmo economia para os moradores. Isso porque, em média as famílias gastavam R$ 70 para fazer a limpeza das fossas cheias. “Este valor antes desembolsado pelas fa- mílias é menor que a taxa que hoje é cobrada pelo esgoto (proporcional ao consumo da água); havia caso em que a fossa precisava ser limpa duas vezes ao mês”, recorda Enir. Além da economia no bolso, os indígenas também ganharam na questão do bem- estar. Assim pensa a terena Luciene Batista da Silva, 30 anos, que mora há cinco anos na aldeia. “Posso dizer que tenho uma vida mais digna. Quando chovia ficava um cheiro horrível das fossas. In- comodava muito”. Para a índia Jussimara Pereira, 19 anos, a rede de esgoto pôs fim às fossas, e con- sequentemente, trouxe mais segurança para as famílias. Mãe de duas filhas de 7 e 5 anos, ela admite que tinha medo de deixar as crianças brincado no quintal de casa. “Imagina se o chão viesse a afundar e uma das minhas filhas caísse dentro da fossa”, comenta. Famílias terenas moravam em barracos de lona sem água encanada A aldeia Marçal de Souza foi fundada em 1995, numa área ao lado do bairro Tiradentes, onde os índios que saíram de vá- rias aldeias rurais na região da Capital viviam em barracos de lona. A terena Marilda Mendes dos Santos, 45 anos, é uma das que enfrentaram problemas da- quela época. “Tinha que buscar água no Tiradentes e trazia em quatro latões, utilizando para isso o carrinho de mão”, recorda sorrindo Marilda, porém, afir- mando não ter nem um “pingo” de saudade daquele tempo. Ela revela que deixou a Aldeinha, em Anastácio, onde morava com os pais, para tentar a sorte de uma vida melhor na Capital. Empresa implantou rede de esgoto e disponibilizou tarifa social A empresa Águas Guariroba investiu R$ 296 mil do Fundo Social para disponibilizar 1,3 mil metros de rede coletora de esgoto e 135 novas ligações domiciliares na aldeia urbana Marçal de Souza. Para facilitar o acesso dos moradores aos serviços, a maioria das famílias foi ca- dastrada na tarifa social, que prevê um desconto de 50% no valor da conta. A obra foi entregue no dia 19 de abril de 2010. João Carlos Castro Tráfico

Transcript of Esgoto melhora a saúde de terenas na Capital

Page 1: Esgoto melhora a saúde de terenas na Capital

CidadesB2 o Estado Mato Grosso do Sul Segunda-feira, 1° de outubro de 2012

Qualidade de vida

Esgoto melhora saúde de terenas na Capital

PRF apreende automóveis e fuzis em ação na fronteira

Rafael Bueno Os indicadores de saúde

da Aldeia Urbana Marçal de Souza melhoraram com a im-plantação da rede de sanea-mento básico ocorrida há dois anos. O serviço foi disponibi-lizado em abril de 2010 para as 135 famílias de origem te-rena, que moram no local – na região do bairro Tiradentes, em Campo Grande. A Marçal de Souza é a primeira aldeia reconhecida como urbana no país e também a primeira a ter esgoto e água tratada.

A disponibilidade do serviço deixa para trás o forte odor exalado das fossas e as poças de água acumuladas nas ruas toda vez que chovia, lembra a cacique Enir da Silva Bezerra. Outro ponto importante, as doenças de veiculação hídrica

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu na manhã de ontem dois veículos com 220 quilos de maconha e dois fuzis, durante fiscalização no posto “Capei”, localizado em Ponta Porã – município distante 329 km de Campo Grande. Os car-regamentos que partiram do Paraguai seriam levados para São Paulo (SP).

Na primeira apreensão, ocorrida às 6h de domingo, os policiais abordaram um veículo Strada. O condutor, de 48 anos, apresentou CNH (Carteira Nacional de Habili-tação) com indícios de adul-teração. Diante da suspeita, os policiais revistaram o au-tomóvel e durante as busca foram encontrados 150 quilos da droga escondida no carro. Os policiais ainda prenderam outro homem.

Neste caso, o suspeito, que informou ter 45 anos, também foi preso na sequência. Con-forme a assessoria de im-prensa da PRF, o segundo homem preso realizava a função de batedor utilizando um veículo Astra.

Por volta das 8h, os policiais abordaram uma Montana, que levava 70 quilos de maconha e dois fuzis escondidos. Foram detidos o condutor de 36 anos, que portava arma de fogo, e uma pessoa de 31 anos, que estava de passageira.

Um dia antes, um homem de 38 anos foi preso com 30 quilos de crack. A droga estava es-condida em um automóvel Citröen Picasso. Ele foi inter-ceptado na rodovia BR-463, na região de Ponta Porã.

Segundo a assessoria de imprensa da polícia, o en-torpecente estava escondido em compartimento previa-mente preparado no painel do veículo. Diante do flagrante, o homem, que diz trabalhar na área de reciclados como autônomo, alegou ainda que levaria a droga para ser co-mercializada em São Paulo.

De acordo com ele, o entor-pecente foi adquirido no Para-guai. A ocorrência foi encami-nhada à Polícia Civil de Ponta Porã, que dará andamento à investigação. (RB)

Serviço contribuiu para a redução dos casos de doenças de veiculação hídrica

Sem as tradicionais fossas sépticas, famílias apontam melhoria na saúde das crianças da aldeia Marçal de Souza

já não preocupam. “Melhorou muita coisa, principalmente a questão da saúde. Antes do saneamento básico, eram comuns os casos de crianças doentes com diarréias, anemia e desnutrição”. Por conhecer bem a infraestrutura das aldeias no interior de Mato Grosso do Sul, ela diz ter or-gulho de morar na Marçal de Souza.

Na avaliação da cacique, falta ainda um item para me-lhorar ainda mais a qualidade de vida na comunidade: o as-falto. E acredita que com as obras de pavimentação em 2013, serão feitas também a rede pluvial de água.“Estamos felizes por sermos uma comu-nidade indígena dentro da Ca-pital, e ter essa assistência tão importante na área de saúde, que nem todos os bairros na área urbana possuem”, des-taca.

Comunidade comemora o fim das fossas e a nova fase do esgoto

Com a rede de esgoto acabaram também os pro-blemas das fossas, trazendo até mesmo economia para os moradores. Isso porque, em média as famílias gastavam R$ 70 para fazer a limpeza

das fossas cheias. “Este valor antes desembolsado pelas fa-mílias é menor que a taxa que hoje é cobrada pelo esgoto (proporcional ao consumo da água); havia caso em que a fossa precisava ser limpa duas vezes ao mês”, recorda Enir.

Além da economia no bolso, os indígenas também ganharam na questão do bem-estar. Assim pensa a terena

Luciene Batista da Silva, 30 anos, que mora há cinco anos na aldeia. “Posso dizer que tenho uma vida mais digna. Quando chovia ficava um cheiro horrível das fossas. In-comodava muito”.

Para a índia Jussimara Pereira, 19 anos, a rede de esgoto pôs fim às fossas, e con-sequentemente, trouxe mais segurança para as famílias. Mãe de duas filhas de 7 e 5

anos, ela admite que tinha medo de deixar as crianças brincado no quintal de casa. “Imagina se o chão viesse a afundar e uma das minhas filhas caísse dentro da fossa”, comenta.

Famílias terenas moravam em barracos de lona sem água encanada

A aldeia Marçal de Souza foi fundada em 1995, numa área

ao lado do bairro Tiradentes, onde os índios que saíram de vá-rias aldeias rurais na região da Capital viviam em barracos de lona. A terena Marilda Mendes dos Santos, 45 anos, é uma das que enfrentaram problemas da-quela época.

“Tinha que buscar água no Tiradentes e trazia em quatro latões, utilizando para isso o carrinho de mão”, recorda sorrindo Marilda, porém, afir-mando não ter nem um “pingo” de saudade daquele tempo. Ela revela que deixou a Aldeinha, em Anastácio, onde morava com os pais, para tentar a sorte de uma vida melhor na Capital.

Empresa implantou rede de esgoto e disponibilizou tarifa social

A empresa Águas Guariroba investiu R$ 296 mil do Fundo Social para disponibilizar 1,3 mil metros de rede coletora de esgoto e 135 novas ligações domiciliares na aldeia urbana Marçal de Souza.

Para facilitar o acesso dos moradores aos serviços, a maioria das famílias foi ca-dastrada na tarifa social, que prevê um desconto de 50% no valor da conta. A obra foi entregue no dia 19 de abril de 2010.

João Carlos Castro

Tráfico