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ESiT - Uma Estrutura Tecnológica para Informação Ambiental via Dados Abertos, Painéis Dinâmicos e Redes Sociais das Coisas André Peres 1 , Evandro Miletto 1 , Simone Kapusta 1 , Gutierre Bessauer 1 , Fábio Miranda 1 , João Flach 1 , Telmo Ojeda 1 , Martin Circé 2 , Antoine Lacasse 2 1 IFRS - Campus Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil 2 CÉGEP de Sherbrooke, Sherbrooke, Canadá Abstract— Este artigo apresenta uma estrutura tecnológica de rede desenvolvida no contexto de um projeto de cooperação internacional, com o objetivo de coletar, processar e apresentar informações ambientais relativas à qualidade da água, em tempo real e de forma automatizada via Internet, para diferentes perfis de usuários. A disponibilização de informações ambientais, em tempo real, é ainda incipiente no Brasil, devido principalmente ao custo dos equipamentos multiparâmetros. A disponibilização das informações utilizando conceito de Dados Abertos, Painéis Dinâmicos e Rede Social das Coisas, permite que esta estrutura seja utilizada para consultas remotas com finalidades didáticas, suporte a pesquisas e disseminação de informações de interesse social. Para atingir este objetivo, foi criado um portal de publicação de dados abertos, um sistema web de painéis (dashboards) configuráveis, além de perfis de uma fonte de água em redes sociais alimentados automaticamente pelo sistema. As características desta estrutura tecnológica são apresentadas e experimentos preliminares no contexto educacional demonstram a possibilidade da utilização de dados ambientais online monitorados remotamente e em tempo real, na sala de aula. Index Terms— environmental information, social web of things, open knowledge. I. INTRODUÇÃO O monitoramento ambiental, como subsídio para a gestão de recursos hídricos, prevê a obtenção de informações de variáveis ambientais da água tais como o pH, condutividade, oxigênio dissolvido, turbidez e temperatura, entre outras. Geralmente o monitoramento de ambientes aquáticos é custoso em termos de infra- estrutura necessária e tempo. Estes dados são obtidos in loco com equipamentos portáteis e manipulados por profissionais, que atuam tanto na calibração, como na obtenção dos dados. . Por outro lado, uma rede com sensores ambientais, com capacidade automática de coleta, envio e manipulação de dados abertos pode contribuir consideravelmente para a informação de dados ambientais à (a) pesquisa científica, (b) busca de soluções ambientais em atividades de ensino e (3) à população em geral visando à conscientização ambiental. Um exemplo de utilização de equipamentos portáteis para a avaliação da qualidade da água pode ser verificado no trabalho de Falleiro & Kapusta [1]. Na pesquisa citada, os dados ambientais de algumas variáveis foram obtidos através do uso de equipamentos de medição manual acoplados a sensores. O uso destes equipamentos é essencial para a realização de medições pontuais, não sendo possível sua utilização em medições constantes (acompanhamento 24 horas por dia, sete dias por semana) devido à necessidade da presença de profissional para calibração e manuseio do equipamento no momento da amostragem. Outros trabalhos recentes abordados neste texto tratam de sensores para monitorar a qualidade da água em situações diversas, porém não correlacionam dados para gerar informação sobre a qualidade da água. Para que se possa realizar a obtenção de dados ambientais a qualquer tempo, é necessário que algum tipo de equipamento permaneça no ambiente, sem a necessidade de acompanhamento humano e que seja capaz de transmitir os dados obtidos para um sistema remoto. O desafio desta pesquisa é, a partir de dados ambientais que podem ser obtidos de forma sistemática e online, disponibilizar informações ambientais confiáveis, considerando a heterogeneidade de conhecimento dos diferentes usuários – do pesquisador especialista ao consumidor de informações ambientais leigo. Para fornecer informações ambientais nestes diferentes formatos, foi desenvolvido um conjunto de soluções tecnológicas tendo como base uma rede de sensores de monitoramento e um sistema computacional especialista, denominado ESiT (acrônimo de Environmental Sensors on Internet of Things). Este sistema é responsável pela aquisição dos dados dos equipamentos sensores, armazenamento, tratamento dos dados e disponibilização de informações em diferentes interfaces. Estas interfaces devem abranger desde a disponibilização dos dados brutos obtidos pelos sensores, até a divulgação da tradução destes dados de forma coloquial. Este artigo descreve o estado atual do Projeto ESiT, sua estrutura tecnológica construída e do sistema computacional desenvolvido, assim como os resultados obtidos até o momento. O texto está organizado com uma introdução ao tema, nesta seção. Relaciona trabalhos recentes nesta área na seção II, apresenta estruturas e características da solução desenvolvida na seção III, discute os resultados preliminares que inclui o seu uso em situações de ensino, ICBL2013 – International Conference on Interactive Computer aided Blended Learning Page 136

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ESiT - Uma Estrutura Tecnológica para Informação Ambiental via Dados Abertos,

Painéis Dinâmicos e Redes Sociais das Coisas

André Peres1, Evandro Miletto

1, Simone Kapusta

1, Gutierre Bessauer

1,

Fábio Miranda1, João Flach

1, Telmo Ojeda

1, Martin Circé

2, Antoine Lacasse

2

1IFRS - Campus Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil

2

CÉGEP de Sherbrooke, Sherbrooke, Canadá

Abstract— Este artigo apresenta uma estrutura tecnológica de rede desenvolvida no contexto de um projeto de cooperação internacional, com o objetivo de coletar, processar e apresentar informações ambientais relativas à qualidade da água, em tempo real e de forma automatizada via Internet, para diferentes perfis de usuários. A disponibilização de informações ambientais, em tempo real, é ainda incipiente no Brasil, devido principalmente ao custo dos equipamentos multiparâmetros. A disponibilização das informações utilizando conceito de Dados Abertos, Painéis Dinâmicos e Rede Social das Coisas, permite que esta estrutura seja utilizada para consultas remotas com finalidades didáticas, suporte a pesquisas e disseminação de informações de interesse social. Para atingir este objetivo, foi criado um portal de publicação de dados abertos, um sistema web de painéis (dashboards) configuráveis, além de perfis de uma fonte de água em redes sociais alimentados automaticamente pelo sistema. As características desta estrutura tecnológica são apresentadas e experimentos preliminares no contexto educacional demonstram a possibilidade da utilização de dados ambientais online monitorados remotamente e em tempo real, na sala de aula.

Index Terms— environmental information, social web of things, open knowledge.

I. INTRODUÇÃO

O monitoramento ambiental, como subsídio para a gestão de recursos hídricos, prevê a obtenção de informações de variáveis ambientais da água tais como o pH, condutividade, oxigênio dissolvido, turbidez e temperatura, entre outras. Geralmente o monitoramento de ambientes aquáticos é custoso em termos de infra-estrutura necessária e tempo. Estes dados são obtidos in loco com equipamentos portáteis e manipulados por profissionais, que atuam tanto na calibração, como na obtenção dos dados. . Por outro lado, uma rede com sensores ambientais, com capacidade automática de coleta, envio e manipulação de dados abertos pode contribuir consideravelmente para a informação de dados ambientais à (a) pesquisa científica, (b) busca de soluções ambientais em atividades de ensino e (3) à população em geral visando à conscientização ambiental.

Um exemplo de utilização de equipamentos portáteis para a avaliação da qualidade da água pode ser verificado

no trabalho de Falleiro & Kapusta [1]. Na pesquisa citada, os dados ambientais de algumas variáveis foram obtidos através do uso de equipamentos de medição manual acoplados a sensores. O uso destes equipamentos é essencial para a realização de medições pontuais, não sendo possível sua utilização em medições constantes (acompanhamento 24 horas por dia, sete dias por semana) devido à necessidade da presença de profissional para calibração e manuseio do equipamento no momento da amostragem. Outros trabalhos recentes abordados neste texto tratam de sensores para monitorar a qualidade da água em situações diversas, porém não correlacionam dados para gerar informação sobre a qualidade da água.

Para que se possa realizar a obtenção de dados ambientais a qualquer tempo, é necessário que algum tipo de equipamento permaneça no ambiente, sem a necessidade de acompanhamento humano e que seja capaz de transmitir os dados obtidos para um sistema remoto.

O desafio desta pesquisa é, a partir de dados ambientais que podem ser obtidos de forma sistemática e online, disponibilizar informações ambientais confiáveis, considerando a heterogeneidade de conhecimento dos diferentes usuários – do pesquisador especialista ao consumidor de informações ambientais leigo.

Para fornecer informações ambientais nestes diferentes formatos, foi desenvolvido um conjunto de soluções tecnológicas tendo como base uma rede de sensores de monitoramento e um sistema computacional especialista, denominado ESiT (acrônimo de Environmental Sensors on Internet of Things). Este sistema é responsável pela aquisição dos dados dos equipamentos sensores, armazenamento, tratamento dos dados e disponibilização de informações em diferentes interfaces. Estas interfaces devem abranger desde a disponibilização dos dados brutos obtidos pelos sensores, até a divulgação da tradução destes dados de forma coloquial.

Este artigo descreve o estado atual do Projeto ESiT, sua estrutura tecnológica construída e do sistema computacional desenvolvido, assim como os resultados obtidos até o momento.

O texto está organizado com uma introdução ao tema, nesta seção. Relaciona trabalhos recentes nesta área na seção II, apresenta estruturas e características da solução desenvolvida na seção III, discute os resultados preliminares que inclui o seu uso em situações de ensino,

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na seção IV, e na seção V conclui o texto apontando trabalhos prospectivos.

II. REDES DE SENSORES E O MONITORAMENTO DA

QUALIDADE DA ÁGUA

Avanços recentes que convergem microeletrônica, eletrônica digital e a comunicação sem fio têm proporcionado o desenvolvimento de dispositivos conhecidos como nodos multifuncionais de sensores que se caracterizam pelo baixo custo, baixa potência, tamanho reduzido, com capacidade de se comunicar sem restrições em curtas distâncias. As redes de sensores sem fios ou RSSF consistem de diferentes tipos de sensores como: térmicos; sísmicos; visuais; infravermelhos; acústicos e radares, capazes de monitorar uma ampla variedade de condições ambientais como temperatura, umidade, movimento veicular, luminosidade, pressão, formação do solo, ruído, presença de objetos, estresse mecânico, velocidade, direção, entre outros [2].

O objetivo destes equipamentos é a criação de um conjunto de dispositivos sem fios contendo um ou mais sensores (denominados nodos sensores) distribuídos em um ambiente. Estes nodos devem cooperar de forma a repassar os dados obtidos através da rede para um nodo central denominado gateway. Este nodo central coordena a comunicação entre os nodos sensores e um sistema computacional através de uma conexão direta entre ele e um computador ou, caso possua uma interface de comunicação de rede, utilizando uma rede de dados. A Figura 1 representa a estrutura de uma RSSF.

Figura 1: Redes de Sensores sem Fios

Uma rede de nodos contendo sensores capazes de obter

dados de variáveis da qualidade da água, que permita a transferência destes dados em tempo real, possibilita aos pesquisadores o entendimento das variações e interações destas variáveis ao longo do dia e ao longo do tempo. Além disso, torna viável a previsão e adoção de medidas a serem implementadas para a manutenção da qualidade da água.

O monitoramento da qualidade da água através do uso de redes de sensores sem fios não é algo inédito. Diversos trabalhos descrevendo a aplicação de RSSF para esta finalidade podem ser encontrados na literatura.

Ramanathan et al [3], por exemplo, apresenta um estudo realizado em 2006 sobre duas RSSF com esta finalidade: uma implantada em Bangladesh com o objetivo de identificar a presença de arsênico em água subterrânea; e outra na Califórnia para o monitoramento da propagação de nitrato também em água subterrânea.

Fiona Regan et. al. [4], relata o projeto SmartCoast do ano de 2007, o qual objetiva o monitoramento da qualidade da água em lagos, rios e estuários. Além de

apresentar a estrutura e os dados coletados no rio Lee na cidade de Cork (Irlanda) este projeto possui como contribuição o desenvolvimento de novos sensores para obtenção de dados sobre oxigênio dissolvido e fosfato na água.

Zulhani [5] apresenta uma solução de RSSF para o monitoramento da poluição das fontes de água na Malásia, no ano de 2009. Para este trabalho, foram utilizados sensores para pH, turbidez e oxigênio dissolvido. Destaca-se neste trabalho a preocupação com o consumo de energia nos nodos sensores, tendo em vista a necessidade de alimentação dos mesmos através de baterias. Também publicado no ano de 2009, o trabalho de Marco Zenaro et al [6] apresenta uma implementação de RSSF para monitoramento da qualidade da água na República do Malawi. Este trabalho aprofunda mais as questões de consumo de energia, analisando o mesmo com o uso de diferentes arranjos de sensores. São avaliados sensores de oxigênio dissolvido, condutividade, turbidez e pH.

Em relação às RSSF, Dwivedi e Vyas [7] apresentam um levantamento realizado em 2011 sobre dispositivos (hardware), sistema operacional, topologias de redes, arquiteturas e principais aplicações deste tipo de rede. Os autores destacam o monitoramento da qualidade da água como sendo uma das aplicações da RSSF.

Na presente pesquisa, além da obtenção de dados demonstrada nestes trabalhos recentes, um sistema foi desenvolvido para aquisição, tratamento e publicação de dados relativos à qualidade da água. Este sistema é capaz de correlacionar os diferentes dados obtidos pelos sensores, gerando informação sobre a qualidade da água monitorada. O monitoramento de dados é o ponto de partida para a criação de diferentes mecanismos de publicação. É através desta publicação que se pode despertar a curiosidade em relação às questões ambientais e consequentemente trabalhar a pesquisa e educação ambiental.

Para o compartilhamento dos dados obtidos pela rede de sensores, de acordo com o usuário final (público-alvo), foram definidas três formas de publicação:

1. Publicação dos dados brutos obtidos pelos sensores de forma com que outras pesquisas envolvendo o mesmo ambiente possam aproveitá-los;

2. Criação de uma interface dinâmica e configurável de visualização de dados, permitindo o acompanhamento da situação atual dos dados e/ou histórico de cada variável ambiental coletada. Da mesma forma, permitir que nesta interface seja possível efetuar a correlação de diferentes variáveis, gerando novas formas de visualização do ambiente (relacionando variáveis ambientais em um gráfico definido pelo usuário do sistema);

3. Publicação do estado atual do ambiente através de perfil em rede social (permitindo uma análise mais subjetiva da situação do ambiente).

III. SISTEMA DESENVOLVIDO

O sistema computacional desenvolvido tem o objetivo de criar uma solução tecnológica capaz de monitorar as variáveis relacionadas com a qualidade da água em tempo real, analisar, compilar e publicar os dados coletados e informações obtidas a partir destes dados.

A forma com a qual o sistema realiza a publicação destas informações possibilita a sua utilização em práticas de ensino ambiental para diferentes grupos de alunos.

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A figura 2 apresenta uma visão geral do sistema desenvolvido, na qual se pode visualizar a integração dos diversos módulos que compõem a solução.

Figura 2: Visão Geral do Sistema Periodicamente os dados são coletados pelos sensores e enviados a um sistema web. A partir da disponibilização dos dados neste sistema, são fornecidos mecanismos de visualização dos mesmos.

Do ponto de vista da RSSF, a solução implementada é composta por nodos sensores, nodo gateway e sistema de apresentação de dados via web. A comunicação entre os nodos sensores e nodo gateway é feita através de sinais de radiofreqüência para que os sensores possam ficar distribuídos no ambiente sem a necessidade de infraestrutura de fios.

Para a construção do nodo sensor e nodo gateway utilizou-se a solução de hardware aberto Arduino [8]. O Arduino, por ser uma plataforma de hardware aberta possibilita a criação de cópias e adaptações do projeto inicial (que está disponível na internet) sem a necessidade de pagamento de direitos autorais. Este novo modelo de hardware permitiu a construção de diferentes soluções de equipamentos com modificações específicas para cada implementação.

Optou-se então pela aquisição de um circuito composto por microcontrolador e rádio transmissor/receptor. Esta solução foi encontrada em um circuito único denominado Radiuino [9]. O Radiuino (padrão BE900) possui um controlador capaz de executar código compatível com o Arduino e um circuito transceptor CC1101 para comunicação via rádio. O Radiuino é apresentado na figura 3.

Figura 3 - Módulo BE9000 radiuino

Foram utilizados kits de nodos sensores sem fios alimentados por baterias recarregáveis via energia solar. O kit (figura 4) possui toda a estrutura necessária para a

construção de um nodo sem fios autônomo. Fazem parte deste kit: alimentador via cabo USB para testes e carga de bateria; bateria recarregável; caixa plástica para hospedagem do nodo; placa padrão BEE para conexão de controlador e sensor; célula solar para carga da bateria; fios para conexão dos sensores.

Figura 4 - Kit de alimentação de nodo via energia solar

O nodo sensor sem fios desenvolvido para testes da

RSSF contendo um sensor de temperatura é apresentado na figura 5.

Figura 5 - Nodo sensor sem fios

Para a obtenção dos dados do nodo sensor, o nodo gateway foi implementado utilizando-se um controlador Radiuino e um Arduino Mega 2560. O Radiuino é responsável por enviar o comando de obtenção de dados ao nodo sensor através do transceptor sem fios e receber como resposta o valor obtido pelo sensor. Após receber este valor, o controlador Radiuino o repassa ao Arduino através de uma interface de comunicação serial.

O Arduino, por sua vez, possui uma placa de expansão capaz de comunicar-se com a internet. Ao receber o valor via interface serial, o Arduino conecta-se em um sistema web para o envio e publicação do valor obtido pelo nodo sensor. A figura 6 apresenta o nodo gateway implementado. Para o ambiente real de monitoramento, a implementação desta RSSF foi construída utilizando uma placa Arduino alimentada por energia solar, conectada a um sensor de pH e uma interface de comunicação via rede de telefonia celular, ao contrário do ambiente de testes onde foi utilizada uma placa ethernet para comunicação com a Internet.

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Figura 6 - Nodo gateway com interface ethernet

A placa Arduino obtém os dados da água e os envia

para o sistema web. Para hospedagem do equipamento, utilizou-se uma caixa plástica hermética. A figura 7 apresenta o equipamento sendo utilizado no momento dos testes do sistema.

Figura 7 - Equipamento sensor em uso

Os dados obtidos são enviados para o sistema

Xively.com [10], o qual possui o objetivo de armazenamento e disponibilização de dados na web. Este sistema objetiva a criação de um repositório central de dados para a Internet das Coisas.

Para este projeto, o sistema disponível no site xively.com foi utilizado para disponibilização dos dados do sensor implementado no nodo sem fios. A figura 8 apresenta a interface do sistema com os dados obtidos pelo nodo sensor.

Estes dados ficam imediatamente disponíveis, sendo que a publicação desta base de dados de forma aberta a outros pesquisadores está de acordo com os princípios de conhecimento aberto (open knowledge). Considera-se que os dados obtidos pelos sensores possuem aplicabilidade em outras pesquisas e, portanto, é importante que estas informações possam ser livremente usadas, reutilizadas e redistribuídas. Essas três premissas são aplicadas ao conceito de Dados Abertos (Open Data).

Dados abertos são dados que podem ser livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa – sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição da fonte e compartilhamento pelas mesmas regras [11]. Para que se possa tirar proveito destes dados, é importante que os

mesmos sejam disponibilizados através de uma interface padronizada e de fácil entendimento.

Figura 8 - Dados de pH disponíveis em tempo real em xively.com O sistema web padrão para publicação de dados abertos

é o sistema CKAN. Este sistema permite a publicação dos dados em um portal web em conjunto com uma descrição padronizada de como utilizá-los. Pode-se utilizar o CKAN para publicação de qualquer tipo de dado, sendo que os usuários do sistema terão informações sobre seu formato, tamanho, possibilidades de uso, exemplos de interfaces para importação dos dados, obtenção dos dados brutos em diferentes formatos de arquivo, entre outras facilidades. A licença para reutilização dos dados também está incluída no sistema.

Para que se mantenha a padronização da publicação dos dados em uma estrutura de dados abertos, optou-se pela criação de um portal com o sistema CKAN que referencia os dados do sistema Xively, ou seja, um pesquisador que deseja utilizar os dados da presente pesquisa obtém no CKAN a descrição destes dados, como utilizá-los e em qual repositório obtê-los. A figura 9 apresenta o CKAN publicando os dados disponíveis no xively.

Figura 9 – Dados brutos de pH no CKAN via Xively

Tanto o xively quanto o CKAN são interfaces para

obtenção dos dados brutos diretamente da RSSF. O público-alvo para a utilização destas interfaces são pesquisadores interessados em desenvolver pesquisas com as variáveis monitoradas e alunos com conhecimento suficiente para interpretação dos dados brutos.

A segunda forma de publicação dos dados é realizada através de um sistema web, desenvolvido para esta pesquisa, no qual o usuário é capaz de criar dinamicamente painéis para visualização de dados dinâmicos (dashboard). Neste sistema, cabe ao usuário

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especificar quais são as fontes de dados que deseja visualizar (podendo especificar inclusive fontes externas ao projeto) para criação do seu painel. Cada usuário pode criar diferentes painéis. Cada painel é formado por dados a serem visualizados e objetos de visualização, sendo: • Dados – composto por qualquer valor passível de ser

obtido através da internet. Inicialmente as variáveis sobre a qualidade da água obtida pelos sensores estão disponíveis, porém o usuário pode incluir fontes externas, tais como a temperatura atual na cidade, previsão do tempo, ou qualquer outra informação que considere relevante e esteja disponível na web. No próprio sistema, o usuário cadastra uma fonte de dados externa;

• Objetos – um objeto é um elemento de visualização capaz de apresentar um dado ou uma relação entre dados. O usuário pode criar, por exemplo, a visualização de um dado sobre a qualidade da água em um objeto do tipo “gráfico de pizza” ou “barras” ou “tipo relógio”, etc. O usuário também pode criar uma relação entre dois dados (uma fórmula) e representar o resultado dessa relação em um objeto. Tanto os dados, quanto os objetos são modulares e dinâmicos, podendo ser otimizados pelo usuário. Cada usuário pode criar o seu painel com os seus dados e objetos.

Na figura 10 é apresentada a interface atual do sistema (em fase de desenvolvimento durante a escrita deste artigo) contendo a visualização do valor de pH disponível no sistema xively e um histórico de temperatura gerado na fase de testes.

Figura 10 - Painéis de visualização

A posição do ponteiro na figura 10 é atualizada

dinamicamente de acordo com os valores obtidos pelo nodo sensor e enviados ao xively. Da mesma forma, a alteração do valor no xively estará disponível no CKAN.

Este sistema de visualização possui como público-alvo, pessoas capazes de analisar e identificar as fontes de dados que desejam utilizar e, a partir destas fontes, criar um conjunto de objetos de visualização para facilitar a geração de informações e permitir a sua interpretação.

Essa ferramenta também pode ser utilizada por pesquisadores e alunos para facilitar a visualização dos dados. A partir do momento em que um usuário cria seu painel é possível o compartilhamento com outros usuários. Um professor, por exemplo, é capaz de criar um painel contendo dados dinâmicos sobre o meio ambiente e fornecer esta visualização aos alunos em sala de aula.

Em relação à publicação de informações para o público considerado leigo na análise da qualidade da água a partir de variáveis ambientais (dados brutos), pesquisaram-se as formas que propiciassem a comunicação (a transferência de conhecimento) entre uma entidade abstrata (uma fonte de água) e a sociedade, utilizando a rede de sensores como

fornecedora de dados. Imaginando a Internet como a mais abrangente disseminadora de conhecimento e a tecnologia das RSSF como a origem de dados, chegou-se a dois conceitos chave para realizar esta integração: Internet das Coisas e Redes Sociais das Coisas.

A conexão da fonte de água com a internet é realizada aproveitando o conceito de Internet das Coisas, ou IoT (Internet Of Things). A IoT caracteriza-se pela troca de informações entre dispositivos sem a intervenção humana, utilizando a internet. Cria-se então uma rede de troca de informações das mais diferentes "coisas" [12]. Para que um elemento seja capaz de realizar esta ação precisa estar conectado de alguma forma à internet e possuir um sensor e/ou atuador.

No momento em que diversos elementos do cotidiano passam a trocar informações através da internet, torna-se possível (e natural) que se crie uma rede de contatos entre as pessoas e suas "coisas". Esta rede de contatos permite que uma pessoa possa receber e enviar mensagens às suas coisas criando uma interação similar às redes sociais.

Uma Rede Social das Coisas é integrada às redes sociais (como o Facebook), porém cada usuário possui seus contatos humanos e, em uma área privativa, seus contatos com "coisas"[13]. Nas redes sociais das coisas, existe troca de informações entre pares humanos, humano com uma “coisa” e até mesmo entre “coisas”.

Considerando esses conceitos foi desenvolvida a estrutura na qual uma aplicação consulta os dados do sistema xively, realiza a análise dos dados de forma a obter o estado da qualidade da água e, periodicamente, realiza a divulgação desta análise em postagens de linguagem coloquial em um perfil de rede social, criado especificamente para a fonte de água.

O servidor de dados irá postar suas informações diariamente neste perfil. A definição da informação a ser publicada é feita através dos dados obtidos pelos sensores, que irão refletir um "estado", considerando os valores das variáveis ambientais coletadas.

Foi criado um perfil para a fonte de água na rede social Twitter e outro perfil na rede social Facebook. Estes perfis foram configurados de forma a compartilhar as mensagens postadas, ou seja, uma mensagem postada no perfil do Twitter será automaticamente postada no Facebook.

A figura 11 apresenta a página da rede social Twitter na qual foram postadas informações relativas ao valor de pH obtido pela RSSF.

Figura 11 - Qualidade da água na rede social twitter

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O perfil criado na rede social Twitter foi sincronizado com outro perfil na rede social Facebbok. Na figura 12, as mesmas postagens publicadas no twitter aparecem na página do Facebook.

Figura 12 - Qualidade da água na rede social facebook

Atualmente são publicados os dados obtidos

diretamente da RSSF sem tratamento. Está em desenvolvimento a criação de um mecanismo para interpretação dos dados e postagem de informações de forma mais acessível à sociedade.

O sistema é capaz de informar as condições do ambiente monitorado para todos os usuários de redes sociais interessados naquele ambiente, a partir de dados obtidos por redes de sensores remotas. A interação entre sistema e usuários das redes sociais se dá da mesma forma que entre dois usuários quaisquer desta rede.

IV. SITUAÇÕES DE ENSINO

A presente estrutura tecnológica ESiT considera a coleta de dados ambientais capturados em tempo real e possível de ser apresentado em três níveis de detalhamento: a) um nível original (dados elementares e brutos normalmente utilizados por pesquisadores e técnicos da área), b) nível intermediário (dados tratados para uso por estudantes da área ambiental) e c) nível resumido (para ser divulgado em redes sociais, acessível a usuários comuns).

O processo de coleta de dados e o manuseio de equipamentos portáteis são essenciais para a formação do aluno e futuro profissional da área ambiental, sendo uma experiência insubstituível para o aprendizado. No entanto, estas práticas demandam uma infraestrutura necessária, e envolvem tempo e custo considerável. Ainda, as práticas efetuadas em campo, são geralmente pontuais, não sendo usual a coleta de dados por um período maior de tempo. Assim, a coleta de dados em tempo real, formando um banco de dados, não é uma prática constante no ensino.

Este projeto favorece positivamente neste aspecto, pois disponibilizará dados coletados ao longo do tempo, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de experimentos e simulações com dados reais em tempo real, que até então não era possível, vindo a preencher uma grande lacuna pedagógica para a área ambiental.

Em ambiente de ensino, o projeto ESiT irá proporcionar alternativas e experiências importantes às aulas que envolvem as questões ambientais relacionadas aos ambientes aquáticos. Com a capacidade de analisar o histórico do comportamento de uma determinada variável ambiental ou ainda acompanhar um índice de qualidade ambiental do ambiente, onde os sensores forem instalados, os alunos serão expostos a situações reais e problemas cotidianos do trabalho de um técnico em meio ambiente ou um gestor ambiental, tendo que encontrar soluções rápidas durante as aulas.

Ainda, as práticas em laboratório, com a utilização dos sensores, permitirão extrapolar, simular e criar condições de ensino de maneira rápida e dinâmica que não seriam possíveis por processos manuais.

Nesse contexto, grupos de estudantes trabalham normalmente fazendo a análise dos dados e a aplicação do índice de qualidade da água. Com a utilização do projeto, é possível, por exemplo, verificar como o ambiente receptor responde ao receber diversas contribuições de efluentes, bem como estimar volume e concentração de determinadas substâncias. Essa estrutura favorece ao professor o exercício das habilidades dos alunos, comparando soluções de grupos e proporcionado uma rica e produtiva discussão sobre as ações propostas para a resolução de problemas ambientais.

Em resumo, a disponibilização dos dados de forma online, em tempo real, permite a construção de mecanismos aplicáveis à educação que subsidiem:

• Ações de pesquisa, através da utilização dos dados obtidos por sensores para o desenvolvimento de pesquisas científicas;

• Ações de ensino, através do uso dos dados em laboratórios, para simulações de alterações ambientais, provocadas pela introdução de substâncias e/ou modificações de origem antropogênica, visando o treinamento de alunos de cursos relacionados à área ambiental, tais como os cursos de gestão ambiental, meio ambiente e química, entre outros; e

• Ações de extensão, com a publicação e disponibilização de informações sobre o ambiente monitorado utilizando forma e linguagem acessíveis à sociedade.

V. CONCLUSÕES

A consciência das condições ambientais de onde vivemos, atualmente é intermediada por centros de pesquisa, órgãos governamentais e ONGs, os quais são responsáveis pela aquisição e interpretação dos dados coletados; e pela imprensa que divulga estes dados sempre que considera conveniente. O acompanhamento de dados ambientais em tempo real, normalmente só é possível para informações sobre as condições meteorológicas e sobre a poluição do ar (em poucas localidades).

A partir da operacionalização do projeto, abre-se um leque para que diversas áreas do conhecimento possam usufruir seus dados e interfaces, tendo como resultado um produto de utilidade acadêmica e social com considerável impacto regional.

A ampliação de sensores, com a inclusão de outras variáveis ambientais, a verificação do tempo de permanência em campo, sem a necessidade de calibração dos sensores, a ampliação do número de nodos sensores, em diferentes arroios urbanos, bem como o

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aprimoramento do sistema de interface com os usuários, entre outros, são alguns dos trabalhos que podem ser implementados, a partir desta experiência.

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Água dos arroios Dilúvio e Salso no município de Porto Alegre, RS, na estação de primavera. In: 11º Mostra de Trabalhos de Iniciação Técnico-Científica, 2010, Porto Alegre.

[2] Akyildiz I.F., Su W., Sankarasubramaniam Y., Cayirci E. Wireless sensor networks: a survey. Computer Networks, 38. Elsevier. p. 393–422. 2002.

[3] Ramanathan, Nithya; et al. Designing Wireless Sensor Networks as a Shared Resource for Sustainable Development. 2006 International Conference on Information and Communication Technologies and Development. IEEE. 2006.

[4] Regan, Fiona; et. al. SmartCoast Project: Smart Water Quality Monitoring System: (AT-04-01-06): Synthesis Report. Environmental Protection Agency, Marine Institute (Dublin, Ireland). Environmental Protection Agency. 2009.

[5] Rasin, Zulhani; Abdullah, Mohd Rizal. Water Quality Monitoring System Using Zigbee Based Wireless Sensor Network. Pages: 24-28. IJET: INTERNATIONAL JOURNAL OF ENGINEERING & TECHNOLOGY Vol: 09 Issue: 10. 2009.

[6] Zennaro, Marco; et al. On the design of a Water Quality Wireless Sensor Network (WQWSN): an Application to Water Quality Monitoring in Malawi. Proceedings of the 2009 International Conference on Parallel Processing Workshops. IEEE Computer Society, 2009.

[7] A.K. Dwivedi and O.P. Vyas. Wireless Sensor Network: At a Glance, Recent Advances in Wireless Communications and Networks, Prof. Jia-Chin Lin (Ed.), ISBN: 978-953-307-274-6, InTech, Available from: http://www.intechopen.com/books/recent-advances-in-wireless-communications-and-networks/wireless-sensor-network-at-a-glance. 2011.

[8] Arduino home page. Available from: http://www.arduino.cc. 2012. [9] Radiuino home page. Available from: http://www.radiuino.cc.

2012. [10] Xively home page. Available from: https://xively.com. 2013. [11] Dietrich, Daniel et al. Open Data Handbook. Available at:

http://opendatahandbook.org/pt_BR. 2012. [12] Horsager, Jan; et. al. Inspiring the Internet of Things. Alexandra

Institute, 2012. Disponível por http://www.alexandra.dk/uk/services/Publications/Documents/IoT_Comic_Book.pdf

[13] MacManus, Richard. Social Network for Things. ReadWrite, 2010. Disponível por http://readwrite.com/2010/02/01/social_networks_for_things

AUTORES

A. Peres is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

E. Miletto is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

S. Kapusta is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

G. Bessauer is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

F. Miranda is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

J. Flach is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

T. Ojeda is with IFRS - Campus Porto Alegre, Rua Cel. Vicente, 281, Bairro Centro, Porto Alegre/RS, Brasil (e-mail: [email protected])

M. Circé is with CÉGEP de Sherbrooke, 475, rue du Cégep Sherbrooke (Québec), Canadá (e-mail: [email protected])

A. Lacasse is with CÉGEP de Sherbrooke, 475, rue du Cégep Sherbrooke (Québec), Canadá (e-mail: [email protected])

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul - FAPERGS, IFRS campus Porto Alegre e Cégep de Sherbrooke por todo o suporte e apoio recebido para o desenvolvimento deste trabalho.

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