Espaços Não Formais de Educação

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ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO Educação em Ciência, Tecnologia & Inovação na Região Metropolitana de Vitória, ES. ORGANIZADOR : LAÉRCIO FERRACIOLI EISENHOWER FELLOWSHIPS DAY 2011 BRASIL VITÓRIA, ES

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Esse livro apresenta relatos de iniciativas que buscam a inovação no campo da educação em ciência & tecnologia a partir da simplicidade e do cotidiano de espaços formais e espaços não formais de educação em toda sua complexidade.Os relatos são apresentados em 3 perspectivas complementares:• iniciativas em espaços não formais de educação do Município de Vitória - ES,• iniciativas em espaços formais de educação com foco na formação continuada de professores em serviço e promoção de inclusão,• iniciativas de sistematização & avaliação de atividades em espaço não formal de educação.Assim, a busca pela inovação no campo da educação em ciência & tecnologia a partir de espaços não formais e espaços formais de educação é o mote das iniciativas aqui relatadas. ORGANIZADOR : LAÉRCIO FERRACIOLI

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Espaços Não Formais dE EducaçãoEducação em Ciência, Tecnologia & Inovação na Região Metropolitana de Vitória, ES.ORGANIZADOR : LAÉRCIO FERRACIOLI

EIsENhOwER FELLOwshIps DAy

2011 BRAsILvItóRIA, Es

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2011 BRaSIlVITóRIa, ES

Espaços Não Formais dE EducaçãoEducação em Ciência, Tecnologia & Inovação na Região Metropolitana de Vitória, ES.

ORGANIZADOR : LAÉRCIO FERRACIOLI

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CApAarte final: Mandacaru designfoto: laércio ferracioli argumento: Concha acústica da praça da Ciência, Vitória - ES

REvIsÃOMara hombre Mulinari

EDItORAÇÃOMandacaru design - Manaira abreu

IMpREssÃOhans Gráfica

ACEssOhttp://issuu.com/mandacarudesign/docs/efday2011

dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIp)(Biblioteca Central da Universidade federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

E77 Espaços não formais de educação : educação em ciência, tecnologia & inovação na Região Metropolitana de Vitória, ES / organizador, laércio ferracioli. - Vitória : UfES, programa de pós-Graduação em Ensino de física, programa de pós-Graduação em Educação, 2011. 115 p. : il. ; 21 cm. – (Educação em ciência & tecnologia ; 1) Inclui bibliografia. ISBn:

1. Educação extra-escolar - Vitória, Região Metropolitana de (ES). 2. divulgação científica. 3. Inovações educacionais. 4. Ciência - Educação. 5. Tecnologia - Educação. 6. Educação permanente. I. ferracioli, laércio, 1955-. II. Série. CdU: 37.015.31

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Índice7 apresentação

10 Centros de Ciência, Educação e Cultura: Um Relato de

atividades de Espaços não-formais de Educação do Município de Vitória, ES

16 praça da Ciência: Ciência, Educação e Cultura no Município de Vitória, ES

22 Escola da Ciência física: Ciência, Educação e Cultura no Município de Vitória, ES

26 planetário de Vitória: Ciência, Educação e Cultura no Município de Vitória, ES

30 Escola da Ciência - Biologia e história: Ciência, Educação e Cultura no Município de Vitória, ES

33 práticas de divulgação Científica da física em Espaços não formais de Educação da Cidade de Vitória, ES

38 Soluções Mundialmente aplicáveis: Iniciativas locais em

Educação em Ciência e Tecnologia de Vitória, Espírito Santo – Brasil

60 portal Sociedade das Águas: popularização e divulgação da Ciência através da formação Continuada de professores em Serviço

66 Mostras Científicas Escolares em Comunidades Carentes como proposta de levar Estudantes de Baixa Renda ao Contato com a Ciência & Tecnologia

74 albert Einstein: Ciência, Cultura & arte

92 Exposição Einstein Espírito Santo: Uma Caracterização de Grupos de Estudantes Baseado na Visão do Monitor

98 análise do perfil do público visitante da Exposição Einstein no Espírito Santo: Sinais do Surgimento de uma Terceira Cultura

112 programação do evento Eisenhower day of fellowship – 14/10/2011

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UnIVERSIdadE fEdERal do ESpíRITo SanToReitor: Reinaldo Centoducatte

pRó-REIToRIa dE pESqUISa E póS-GRadUaçãopró-Reitor: francisco Guilherme Emmerich

pRoGRaMa dE póS-GRadUação EM EnSIno dE fíSICaCoordenador: laércio ferracioli

pRoGRaMa dE póS-GRadUação EM EdUCaçãoCoordenadora: Sonia Victor lopes Victor

CEnTRo dE EdUCaçãodiretora: Maria aparecida Sá Correa Barreto

CEnTRo dE CIênCIaS ExaTaSdiretor: armando Biondo

dEpaRTaMEnTo dE fíSICaChefe: Rogério neto Suave

laBoRaTóRIo dE TECnoloGIaS InTERaTIVaS aplICadaS À ModElaGEM CoGnITIVaCoordenador: Thieberson Gomes

pAtROCíNIOEisenhower fellowships

REALIZAÇÃOppGEnfis/UfES – programa de pós-Graduação em Ensino de física da UfESwww.ensinodefisica.ufes.br

Modelab/UfES – laboratório de Tecnologias Interativas aplicadas à Modelagem Cognitivawww.modelab.ufes.br

ppGE/UfES – porgrama de pós-Graduação em Educação da UfESwww.ppge.ufes.br

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apresentação

é uma re-invenção do mundo que o desenvolvimento está fazendo.

O Povo Brasileiro, darcy Ribeiro

no fechamento da edição desse livro chegou a notícia da partida de Steve Jobs (1955-2011).

notícia aguardada, jamais desejada.

pensar nesse cidadão é pensar inovação.

Ele nos chamou a atenção para o fato de que, enxergar o que está diante de nossos olhos exige um esforço constante. Talvez, a raiz da inovação.

Inovação em tempos de re-invenção.

E em tempos de acesso rápido e fácil à informação, mesmo que nem sempre fidedigna, a rede aponta que inovação:

• pode acontecer devido a ampliação do conhecimento que

• pode gerar novos olhares & percepções que

• podem revelar incongruências & indefinições as quais

• podem levar à necessidade de busca de novos hábitos para nosso cotidiano

Raramente ao acaso, inovação parece ser dependente de nosso contínuo es-forço em observar a simplicidade em nosso dia-a-dia. não a simploriedade.

Embora associada a mercado & negócios, podemos levar os princípios da ino-vação a diferentes setores da sociedade. Resguardando especificidades pé-treas e intrínsecas, inovação pode ser pensada com educação, ciência, cultura & arte na busca de novos construíres.

nesse contexto, esse livro relata iniciativas que buscam a inovação no cam-po da educação em ciência & tecnologia a partir da simplicidade e do coti-diano de espaços formais e espaços não formais de educação em toda sua complexidade.

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Esses relatos de busca de inovação são apresentados em 3 perspectivas complementares:

• iniciativas em espaços não formais de educação do Município de Vitória, ES,

• iniciativas em espaços formais de educação com foco na formação continuada de professores em serviço e promoção de inclusão,

• iniciativas de sistematização & avaliação de atividades em espaço não formal de educação.

Essas iniciativas partem do fato de que considerando todo a avanço científi-co e tecnológico da atualidade, predominante parcela da população não faz a menor idéia de processos e explicações científicas associados ao arsenal tecnológico incorporado a nossa vida cotidiana: somos consumidores natos de caixas pretas.

assim, a alfabetização científica pode desempenhar um papel preponderante em uma educação que se proponha a abrir caixas pretas e promover o letra-mento científico, entendido como uma alfabetização ampliada. nessa pers-pectiva, além da capacidade de ler e entender ciência e tecnologia, o cidadão é capaz de processar e reformular conhecimento, expressar-se criativa e apro-priadamente, bem como produzir e gerar informação.

nesse cenário, espaços de educação podem transformar-se em loci naturais do letramento científico exercitado através da divulgação científica. para isso, a tarefa desses espaços de educação é inovar na maneira de prover o cidadão ou o professor com um mínimo de conhecimento de causa para poder opinar sobre temas da atualidade e atuar politicamente, quando necessário, em dis-cussões, tais como, a do Código florestal discutida no Congresso nacional, ou sobre os rumos da energia nuclear após o acidente nuclear de fukushima no Japão ocorridos em 2011.

dessa forma, a busca pela inovação no campo da educação em ciência & tec-nologia a partir de espaços não formais e espaços formais de educação é o mote das iniciativas aqui relatadas.

Gostaríamos de agradecer a Eisenhower fellowships e a aBEfellows - asso-ciação Brasileira de Eisenhower fellows pela oportunidade de realização dessa publicação lançada no evento de comemoração do Eisenhower day of fellowship 2011 em Vitória, ES. É importante ressaltar, ainda, a comemoração

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dos 20 anos de vida do faCITEC/pMV – Fundo de Apoio a Ciência & Tecnologia da Prefeitura Municipal de Vitória, ES que em todos esses anos foi uma força motriz na direção da temática abordada nessa publicação.

para finalizar, os relatos aqui apresentados revelam a dimensão das possibili-dades geradas com iniciativas simples como essas no campo da educação em ciência & tecnologia no contexto de espaços de educação.

É de se imaginar onde poderíamos chegar se incorporássemos cotidianamen-te o olhar da re-invenção de darcy Ribeiro através do paradigma da inovação de Steve Jobs.

para o Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física e Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade federal do Espírito Santo, esse é um desafio que pode ser formalizado pelo lema:

O Experimento para além do laboratório.

laércio ferracioliVitória, 14 de outubro de 2011

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cENtros dE ciêNcia, Educação E cultura:um rElato dE atividadEs dE Espaços Não-Formais dE Educação do muNicÍpio dE vitória, Es *

Maria alice Sant’ana Zucoloto, Escola da Ciência física/pMV patrícia queiroga, praça da Ciência/pMV Erika Milena de Souza, planetário de Vitória/pMV Raquel felix Conti, Escola da Ciência - Biologia e história/pMV Sérgio Mascarello Bisch, planetário de Vitória - ppGEnfis/UfES Marco Junio de faria Godinho, Cons. Municipal C&T; Cia desen. de Vitória - CdV/pMV Vania Carvalho de araujo, Secretaria Municipal de Educação - SEME/pMV laércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoo município de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, conta com 4 Es-paços não-formais de Educação de caráter público e gratuito, denominados Centros de Ciência, Educação e Cultura. ações para a criação desses espaços foram iniciadas na década de 1990, sendo hoje uma realidade para a popula-ção do Estado. Caracterizados como espaços interativos de divulgação cientí-fica buscam contínua articulação com a educação formal. Com média anual de 51.000 visitantes/ano/espaço, atendem ao grande público, famílias, turistas, pesquisadores, estudantes e professores de todos os níveis. desenvolvem, ainda, ações para formação continuada de professores do ensino fundamen-tal e médio.

iNtroduçãona década de 1990, ações diretivas da sociedade civil organizada, apoiadas pelo Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia e pela Secretaria de Educação do Município de Vitória, ES, propuseram a criação de espaços não-formais de educação concebidos com diretrizes voltadas tanto para a divulgação e popu-larização científica quanto para a articulação de práticas da educação formal.

*Artigo apresentado no 1o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência – Museu histórico Nacional – Rio de Janeiro, Março, 2011

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Figura 01: Logomarcas dos 4 Espaços Não-Formais de Educação do Município de Vitória, ES

atualmente os espaços constituídos são:

planetário de vitória, inaugurado em Junho, 1995

praça da Ciência, inaugurada em outubro, 1999

Escola da Ciência - Física, inaugurada em abril, 2000

Escola da Ciência - Biologia e história, inaugurada em novembro, 2001.

Esses espaços são vinculados à Secretaria Municipal da Educação da prefei-tura Municipal de Vitória, ES, sendo o planetário de Vitória, também vinculado ao Centro de Ciências Exatas da Universidade federal do Espírito Santo por meio de convênio firmado entre estas duas instituições. Maiores informações podem ser encontradas em planetário de Vitória (2010a; 2010b), praça da Ci-ência (2010), Escola da Ciência - física (2010) e Escola da Ciência - Biologia e história (2010).

além desses espaços, o Município de Vitória conta com 12 Centros de Educa-ção Ambiental em Parques Urbanos e Unidades de Conservação, selecionados para abrigá-los dentre 23 áreas de interesse ambiental, incluindo duas Ilhas oceânicas, Trindade e Martim Vaz (Godinho & ferracioli, 2006). a figura 02 apresenta a localização da maioria desses espaços com numeração e legenda.

objEtivospartindo das diretrizes de sua concepção, esses quatro espaços têm desen-volvido ações pautadas por princípios construídos da sua própria prática coti-diana. dessa forma, entre os objetivos desses espaços, pode-se citar:

• Utilização de práticas que promovam maior interatividade com o público;

• Utilização do lúdico na apropriação do conhecimento;

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• articulação de acervos e práticas educativas com os currículos escolares;

• Visão temática menos disciplinar e menos fragmentada;

• articulação entre diversos saberes relacionados aos campos da ciência & cultura;

• articulação entre o contexto local e o global;

• a busca da articulação dos acervos com as práticas educativas e os currículos escolares atende a um dos focos desses espaços que é receber a visitação de estudantes de escolas do ensino fundamental e médio na busca e inovação para os processos de ensino e aprendizagem.

rEsultadosa relevância adquirida por esses espaços no contexto do Estado do Espírito Santo pode ser medida através de um resultado comum: o contínuo atendi-mento a escolas dos sete municípios da região metropolitana da Grande Vitó-ria e do interior do Estado, atingindo uma média anual de 51.000 visitantes/ano/espaço, incluindo a população em geral. outro importante resultado é a integração desses espaços com as atividades da Semana nacional de Ciência e Tecnologia desde sua criação em 2004.

Figura 02: Estações Temáticas: Centros de Educação Ambiental & Espaços Não-Formais de Educação. (Godinho & Ferracioli, 2006)

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Figura 03: Vista Panorâmica das Entradas dos 4 Centros de Ciência, Educação & Cultura do Município de Vitória, ES

Esta integração pode ser observada na realização e participação tanto de eventos específicos quanto em eventos coletivos. Entre os eventos específi-cos, pode-se citar:

• Seminários dos 10 anos do planetário de Vitória (2005)

• 10 anos da Escola da Ciência física (2010)

• 15 anos do planetário de Vitória (2010)

• Jornada Científica da praça da Ciência (2010)

• 10 da Escola da Ciência - Biologia e história em 2011

quanto aos eventos coletivos, pode-se citar o I Seminário de Educação em Ciên-cias: o papel dos Espaços de Educação não-formal na Educação em Ciências, realizado em 2005, a xI Reunião da associação Brasileira de planetários reali-zada em 2006 e xVIII Simpósio nacional de Ensino de física realizado em 2009.

Em particular, nesse ultimo evento, a programação incluiu atividades denomi-nadas Rota do Conhecimento e Rota da Cultura, quando os participantes, em

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uma ação conjunta entre esses espaços não formais e a prefeitura Municipal de Vitória, eram levados a visitá-los, além da visitação a espaços culturais, tais como museus de artes e sítios históricos da Capital (SnEf, 2009).

coNsidEraçõEs FiNaisEsse relato apresenta resultados concretos de ações perenes iniciadas há quase duas décadas no Município de Vitória, Capital do Estado do Espírito San-to, revelando a importância da contínua articulação entre os setores da Edu-cação e Ciência, Tecnologia & Inovação na construção de um paradigma para a implantação de espaços não-formais de educação unindo a divulgação e popu-larização científica para o grande público e a educação formal. Essa iniciativa, no âmbito municipal, é um exemplar passível de replicação em municípios com distintos condicionantes sociais, educacionais e culturais de todo o Brasil.

agradEcimENtoTrabalho parcialmente financiado pelo faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tec-nologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vitória, ES;

Figura 03: Momentos Atividades dos 4 Centros de Ciência, Educação & Cultura do Município de Vitória, ES

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CdV/pMV – Companhia de desenvolvimento de Vitória; fapES – fundação de am-paro à pesquisa do Espírito Santo; fundação Vitae; fundação Vale do Rio doce; arcelor Mittal; Transportadora fiorotti; MCT – Ministério de Ciência & Tecnologia; CapES – Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível Superior e Cnpq – Conselho nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico.

rEFErêNciasplanETÁRIo dE VITóRIa (2010a) Planetário oferece Diversão e Conhe-cimento para Todos. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=planetariodevitoria. acessado em: 15 de novembro de 2010.

planETÁRIo dE VITóRIa (2010b) Planetário de Vitória. disponível no link: http://portal.ufes.br/node/130. acessado em: 15 de novembro de 2010.

pRaça da CIênCIa (2010) Praça da Ciência: Lições de Física e Astro-nomia ao Ar Livre. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=pracadaciencia. acessado em: 17 de novembro de 2010.

ESCola da CIênCIa fíSICa (2010) Diversão e Aprendizado no Esco-la da Ciência Física. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=escolafisica. acessado em: 17 de novembro de 2010.

ESCola da CIênCIa - BIoloGIa E hISTóRIa (2010) Natureza e Cultura na ECBH. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=escolabiologiahistoria. acessado em: 19 de novembro de 2010.

GodInho, M. J. de f. e fERRaCIolI, l. (2006) World Wide Applicable Solutions: Local Initiatives for Science and Technology Education in Vitória, Espírito Santo – Brazil. In: proceedings of International organization for Science and Technol-ogy Education (IoSTE), xII IoSTE Symposium, Malaysia penang, 30 July – 04 august, 2006.

SnEf (2009) xVIII Simpósio nacional de Ensino de física: Formação Continu-ada de Professores em Serviço: Educação de Qualidade para uma Sociedade da Aprendizagem. Vitória, ES, 26 a 30 de Janeiro, 2009. Disponível no link: www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/. acessado em: 11 de novembro de 2010.

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praça da ciêNcia:ciêNcia, Educação E cultura No muNicÍpio dE vitória, Es *

patrícia queiroga, praça da Ciência/pMVMaria alice Sant’ana Zucoloto, Escola da Ciência física/pMVRaquel felix Conti, Escola da Ciência - Biologia e história/pMVErika Milena de Souza, planetário de Vitória/pMVSérgio Mascarello Bisch, planetário de Vitória – ppGEnfis/UfESlaércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES – ppGE/UfES

rEsumoa praça da Ciência, vinculada à Secretaria Municipal de Educação, é um dos 4 Centros de Ciência, Educação e Cultura de caráter público e gratuito que fun-ciona desde 1999 com acervo de onze equipamentos. Espaço lúdico e interati-vo de divulgação científica, busca contínua articulação com educação formal. Com média anual de 100.000 visitantes, atende grande público, famílias, tu-ristas, pesquisadores, estudantes e professores de todos os níveis. participa ativamente da Semana nacional de Ciência e Tecnologia; Circuito Metropoli-tano de divulgação Científica de Vitória, ES, promovendo jornadas e mostras científicas, ações para formação continuada de professores do ensino funda-mental e médio.

* Artigo apresentado no 1o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência – Museu histórico Nacional – Rio de Janeiro, Março, 2011

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iNtroduçãoa praça da Ciência, vinculada à Secretaria Municipal de Educação - SEME, é um dos quatro Centros de Ciência, Educação e Cultura de caráter público e gra-tuito, funcionando desde 1999. Está localizada em Vitória, capital do Espírito Santo, no bairro Enseada do Suá. a praça da Ciência é um espaço lúdico e inte-rativo para a divulgação e popularização da ciência que busca articulação, de forma lúdica, agradável e acessível, com a educação formal.

a praça da Ciência é baseada em um projeto idealizado pelo Museu de astrono-mia e Ciências afins do Rio de Janeiro – MaST e constitui-se em exemplar único no Brasil em funcionamento há 10 anos. a filosofia da instituição compreende a educação como processo dinâmico estendido além da escola buscando via-bilizar, a construção e inovação, num espaço alternativo, o processo de apren-dizagem dos conteúdos curriculares formais alinhados à divulgação do conhe-cimento científico com ênfase na física, astronomia e Educação ambiental.

É um Centro de Ciência nos moldes de parque da Ciência. o acervo fica expos-to em uma área aberta de aproximadamente 7.500 m2, próximo ao mar, com jardins e livre circulação para os visitantes, incluindo cadeirantes. o acervo constitui-se de onze equipamentos: Sistema Solar em Escala, Relógio de Sol, Espelho de Som, Elevador de Mão, João Teimoso, proto Giratório, Balanços, alavancas, plano Inclinado, Gyrotec, Refletor parabólico. Maiores informações podem ser encontradas em praça da Ciência (2011).

aberta todos os meses do ano, com horário especial estendido no mês de Janeiro, a praça da Ciência atende um público bastante variado: estudantes de todas as modalidades, pesquisadores, professores, idosos, casas de passagem, moradores de rua, clínicas psiquiátricas, orfanatos, entidades religiosas, adolescentes em conflito com a lei, associação de cadeirantes entre outros. É um espaço científico-educacional que trabalha na perspectiva social de inclusão.

a praça da Ciência desenvolve suas atividades com monitores, estudantes de graduação de áreas afins com a Ciência. É uma forma de qualificar o atendi-mento sem perder a serenidade e a visão acadêmica, tornando a visita mais agradável e dinâmica. por meio de uma conversa descontraída crianças, jo-vens e idosos se divertem e aprendem nos instrumentos científicos da praça da Ciência. durante a visita os relatos dos usuários dos instrumentos científi-

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cos são fontes para as explicações e esclarecimentos das descobertas e con-ceitos científicos.

parcerias promovem trabalhados com estudantes com altas habilidades, for-mação de jovens para o trabalho com o público, qualificação das atividades escolares, dinamização dos pontos turísticos do Espírito Santo, além de um grande projeto com a comunidade nos fins de semana com a interatividade de oficinas científicas aos domingos.

marco tEórico

os Centros e Museus de Ciência são espaços onde cultura, lazer, aprendiza-gem e divulgação científica são oferecidos à população. Essa linha de divul-gação científica pressupõe o exercício de reflexão sobre os impactos sociais e culturais de nossas descobertas (CandoTTI, 2002) e inclui a atenção aos riscos de mitificação da Ciência e a busca pela discussão dos benefícios e danos causados pelo desenvolvimento científico e tecnológico.

a opção da praça da Ciência utilizar instalações interativas de divulgação cien-tífica permite que os conceitos científicos abordados e, por decorrência, a dis-seminação do conhecimento científico, não seja mais concebida somente com uma aparelhagem complexa que redistribua as antigas divisões entre experiên-cia e teoria. as atividades desenvolvidas na perspectiva de inclusão de concei-tos de interatividade, entre outros recursos, coaduna em favorecer uma atitude exploratória face ao conhecimento, construindo e ampliando a possibilidade de discussão e interlocução com o cidadão comum de qualquer grupo da sociedade.

portanto, a praça da Ciência, ao promover uma visita pautada na discussão através da utilização de equipamentos simples e de fácil compreensão, forma um elo entre a teoria e a experimentação, articulação básica para a constru-ção do conhecimento científico, contribuindo, dessa forma, para a desmis-tificação desse conhecimento, proporcionando um olhar mais holístico em relação do mundo.

objEtivosa visão da praça da Ciência é a divulgação e popularização do saber científico. Sua missão é divulgar e democratizar os conhecimentos científicos produzi-

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dos pela humanidade e, entre seus objetivos, pode-se destacar:

• articular saberes do campo da ciência e cultura;

• construir e proporcionar uma visão interdisciplinar, revendo a fragmentação dos conteúdos;

• envolver a ludicidade na apropriação do conhecimento;

• propor cionar interação entre o global e local.

Esses objetivos são perseguidos com a metodologia de aprendizado organiza-cional, a partir da análise das falhas, qualificação do atendimento por meio de formação interna de funcionários, busca de parcerias para estudo e orientação, participação em cursos, simpósios e conferências, na constante busca de inova-ções educacionais para promoção de visitas diferenciadas ao público em geral.

rEsultados

o público atendido pela praça da Ciência é diversificado incluindo grande pú-blico, famílias, turistas, pesquisadores, estudantes e professores da Rede pú-blica Municipal de Vitória e outros municípios do Estado. Em 2009 atendeu a 100.107 visitantes. Entre as atividades desenvolvidas estão mini-cursos, ofi-cinas que, para público em geral, são oferecidas aos domingos, além de visitas monitoradas para escola com ou sem oficinas.

a participação das famílias na praça da Ciência é um marco do espaço com local livre para circulação de crianças e equipamentos diversos. Visando in-centivar o contínuo retorno desse público e perenizar essa ação, nos meses de férias escolares – janeiro e julho – é organizada uma programação especial de oficinas atendendo crianças de várias idades.

as escolas do noturno têm carência de espaços científicos e culturais que pos-sam visitar. a praça da Ciência, a partir de solicitação da escola, atende nesse turno com o apoio da Guarda Municipal oferecendo maior conforto e segurança aos alunos.

outra vertente do trabalho da praça da Ciência é o desenvolvimento de ativida-des específicas para alunos com altas habilidades. o atendimento para esse grupo é personalizado com o acompanhamento de profissionais e a presença de diferentes parceiros, entre eles o núcleo de atendimento de altas habilida-

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des do Espírito Santo – naah/S-ES.

desde sua inauguração a praça da Ciência tem participado de eventos desen-volvidos por municípios vizinhos oferecendo oficinas, palestras, mesas de dis-cussão, entre outras atividades. na continua busca de renovação a praça tem participado ativamente na Semana nacional de Ciência e Tecnologia; Circuito Me-tropolitano de divulgação Científica de Vitória, ES, além da promoção de jornada científica e mostras científicas, ações voltadas para a formação continuada de professores do ensino fundamental e médio de municípios do Estado exploran-do temas tais como, energia eólica, biodiversidade e sustentabilidade.

coNsidEraçõEs FiNaisnesse contexto a ações e atividades desenvolvidas pela praça da Ciência de Vitória, ES parte da premissa de que quando o estudante, cidadão em prepara-ção, é motivado para a Ciência desde a infância, sua postura frente a ciência, tecnologia e inovação passa gradualmente de um encantamento mágico para um fascínio e apropriação do conhecimento: nesse contínuo caminhar esse cidadão aprende os conceitos da Ciência, incorpora as aplicações tecnológicas e se apropria do paradigma da inovação.

agradEcimENtoTrabalho parcialmente financiado pelo faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tecnologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vitó-ria, ES e CdV/pMV – Companhia de desenvolvimento de Vitória.

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rEFErêNciasCandoTTI, E. Ciência na Educação Popular. In: MaSSaRanI, l.; MoREIRa, I. C.; BRITo, f. (org.). Ciência e público: caminhos da divulgação científica no Brasil. RJ: Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da UfRJ, 2002. p.15-23.

pRaça da CIênCIa (2011) Praça da Ciência: Lições de Física e Astronomia ao Ar Livre. no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=pracadaciencia.

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Escola da ciêNcia FÍsica:ciêNcia, Educação E cultura No muNicÍpio dE vitória, Es *

Maria alice Sant’ana Zucoloto, Escola da Ciência física/pMVIvanor weiler Júnior, Escola da Ciência física/pMVpatrícia queiroga, praça da Ciência/pMV;Raquel felix Conti, Escola da Ciência - Biologia e história/pMVSérgio Mascarello Bisch, planetário de Vitória - ppGEnfis/UfESErika Milena de Souza, planetário de Vitória/UfESlaércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoa Escola da Ciência física, vinculada à Secretaria Municipal de Educação, é um dos 4 Centros de Ciência, Educação e Cultura de caráter público e gratuito, funcionando desde 2000. Espaço interativo de divulgação científica, busca contínua articulação com educação formal através de acervo de 55 aparelhos demonstrativos de fenômenos. Com média anual de 65.000 visitantes, atende grande público, turistas, pesquisadores, estudantes e professores de todos os níveis. promove jornadas, mostras científicas, ações para formação conti-nuada de professores do ensino fundamental e médio e participa das Semana nacional de Ciência e Tecnologia e Circuito Metropolitano de divulgação Cien-tífica de Vitória, ES.

Idealizada pela Secretaria Municipal de Educação (SEME) e criada oficialmente

* Artigo apresentado no 1o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência – Museu histórico Nacional – Rio de Janeiro, Março, 2011

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pela lei Municipal 5.397/2001, a Escola da Ciência - física (ECf) integra o projeto Escolas da Ciência mantido pela prefeitura Municipal de Vitória. a ECf iniciou seu funcionamento em 26 de abril de 2000, tendo movimentado em 2009, um público total de 67.303 pessoas.

a ECf localiza-se à Rua José de anchieta - parque Moscoso, região central de Vitória, em um prédio inaugurado em 1952 que foi adaptado para receber os instrumentos que a compõem. o prédio, tombado pelo patrimônio histórico es-tadual, é um importante representante da arquitetura modernista dotado de salas amplas e boa iluminação.

no local – com 2000 m² de área construída – há cinco amplas salas de exposi-ções temáticas permanentes, um mini-auditório, uma galeria para exposições temporárias, banheiros para visitantes, sala administrativa e cozinha. na área

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externa um jardim com árvores antigas e painéis em mosaico, obra do artista anísio Medeiros1 que também, foram restaurados.

a equipe da escola é composta por 03 funcionários de ensino superior, 03 au-xiliares de serviços gerais, 01 empresa terceirizada de vigilância 24h, além de 13 monitores universitários com bolsa estágio que são preparados para atender aos visitantes oferecendo-lhes informações sobre o acervo de forma interativa e lúdica.

Mesmo sendo direcionada, principalmente, aos estudantes do Ensino fundamental e Médio, a ECf recebe visitas do público em geral, turistas e turmas de escolas de outros municípios que vêm em excursões com essa única finalidade.

dividido em cinco salas temáticas-mecânica, eletricidade, acústica, eletro-magnetismo e ótica - o acervo da ECf é constituído por 55 aparelhos que visam a demonstração prática de fenômenos, possibilitando a construção de con-ceitos que podem ser relacionados com outras áreas do conhecimento, além de instigar a curiosidade, desmitificando a ciência física e trazendo-a para o cotidiano dos estudantes. dessa forma, na visita é possível compreender, por exemplo, porque um navio flutua, como funciona um pára-raios ou um ele-troímã, perceber a velocidade do som, interagir com material fosforescente, entender como voa um avião, entre outros. Maiores informações podem ser encontradas em Escola da Ciência física (2011).

além dessas atividades a ECf promove cursos, palestras e oficinas para pro-fessores e alunos da rede municipal, além de organizar exposições temporárias

1 anísio Medeiros (1922-2003) foi um diretor de arte, cenógrafo, figurinista e professor de arquitetura brasileiro.

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temáticas e/ou de trabalhos desenvolvidos por alunos das escolas visitantes.

pela relevância dos serviços prestados à comunidade, a ECf recebeu em ja-neiro de 2003 a chancela da UnESCo e em 2006 o apoio formal da Comissão Interministerial do centenário dos 14-Bis à realização da exposição interativa e itinerante ExpoVÔo o que deixa a equipe imensamente satisfeita e estimu-lada a continuar nessa caminhada em direção à democratização do acesso à ciência e elevação da qualidade do ensino público em nosso Estado, sempre em uma perspectiva de inclusão social.

filiada à associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência, a ECf realiza agendamentos para visitas através do telefone (27) 3233-3556.

agradEcimENtoTrabalho parcialmente financiado pelo faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tecnologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vitó-ria, ES; CdV/pMV – Companhia de desenvolvimento de Vitória; UfES – Univer-sidade federal do Espírito Santo; fapES – fundação de amparo à pesquisa do Espírito Santo; arcelor Mittal; Transportadora fiorotti e MCT – Ministério de Ciência & Tecnologia.

rEFErêNciaESCola da CIênCIa fíSICa (2011) Diversão e Aprendizado no Escola da Ciência Física. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina= escolafisica

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plaNEtário dE vitória:ciêNcia, Educação E cultura No muNicÍpio dE vitória, Es *

Sérgio Mascarello Bisch, planetário de Vitória - ppGEnfis/UfESErika Milena de Souza, planetário de Vitória/pMVMaria alice Sant’ana Zucoloto, Escola da Ciência - física/pMVpatrícia queiroga, praça da Ciência/pMV;Raquel felix Conti, Escola da Ciência - Biologia e história/pMVlaércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoo planetário de Vitória, vinculado à Universidade federal do Espírito Santo e à Secretaria Municipal de Educação, é um dos 4 Centros de Ciência, Educação e Cultura de caráter público e gratuito do município de Vitória, funcionando des-de 1995. Espaço de divulgação científica, busca contínua articulação com a educação formal. Com média anual de 20.000 visitantes, atende grande pú-blico, famílias, turistas, pesquisadores, estudantes e professores de todos os níveis. além de participar da Semana nacional de Ciência e Tecnologia, Circui-to Metropolitano de divulgação Científica de Vitória, ES, elabora e desenvolve recursos tecnológicos para uso em planetários e produtos educacionais, tais como, sessões de planetário, oficinas, mini-cursos, atividades e materiais para formação de professores do ensino fundamental e médio, funcionando como um laboratório de ensino e difusão científica.

iNtroduçãoo planetário de Vitória, criado em 1995, é uma instituição de caráter educacio-nal, científico e cultural dedicada ao ensino, difusão e popularização da ciência e tecnologia, com ênfase na astronomia, sendo vinculado ao Centro de Ciên-cias Exatas da Universidade federal do Espírito Santo (CCE/UfES) e à Secreta-ria Municipal da Educação da prefeitura Municipal de Vitória (SEME/pMV), por meio de convênio firmado entre estas duas instituições.

* Artigo apresentado no 1o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência – Museu histórico Nacional – Rio de Janeiro, Março, 2011

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27as sessões promovidas pelo planetário visam mostrar a beleza do céu, a gran-diosidade do universo e a aventura do homem na sua exploração, buscando, além de difundir conhecimentos, motivar e estimular a curiosidade, a imagina-ção e o interesse do público pela ciência e tecnologia.

além de suas sessões, o planetário também promove e participa de diversas outras atividades de ensino, difusão e popularização da Ciência, tais como ofici-nas, mini-cursos, exposições, cursos de formação continuada para professores da Educação Básica e mostras científico-culturais, buscando, continuamente, ampliar e intensificar sua comunicação e interação com a comunidade. Maiores informações podem ser encontradas em praça da Ciência (2011a; 2011b).

objEtivoso planetário tem como objetivo geral promover a difusão e popularização da cultura, ciência e tecnologia, com ênfase na astronomia. São seus objetivos específicos:

• atender ao público em sessões de planetário e atividades edu-cacionais e culturais, tais como oficinas, palestras, exposições e mostras científicas ou em eventos astronômicos especiais;

• elaborar, adaptar e desenvolver materiais pedagógicos e meto-dologias de ensino de temas de astronomia articulados a outros saberes dos campos da ciência e cultura, incluindo o uso das tecnologias da informação e comunicação e produção de mate-riais e metodologias de ensino para o público infantil utilizando a ludicidade para a apropriação do conhecimento;

• promover a formação continuada e apoiar a formação inicial de professores da Educação Básica, buscando a articulação com o currículo desenvolvido nas unidades de ensino;

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• elaborar, implementar e desenvolver recursos tecnológicos para uso em planetários;

• atender a setores e projetos especiais da SEME/pMV, tais como o programa Educação em Tempo Integral, a Educação de Jovens e adultos e o Centro de desenvolvimento de Talentos, por meio de projetos e oficinas adequadas a este público alvo;

• estabelecer intercâmbios, colaborações e parcerias com profes-sores, pesquisadores e instituições congêneres com o intuito de aperfeiçoar e ampliar suas respectivas ações na área da difusão e popularização da cultura, ciência e tecnologia.

rEsultadosEm seus quinze anos de atuação, o planetário de Vitória atendeu a um público estimado em cerca de 300.000 pessoas, criou ou adaptou e implementou di-versos programas de planetário, oficinas, mini-cursos, palestras e exposições e promoveu eventos como o I Seminário de Educação em Ciências do Espírito Santo: o papel dos Espaços de Educação não-formal na Educação, em 2005, e a xI Reunião da associação Brasileira de planetários, em 2006, e a Semana Comemorativa aos 15 anos do planetário de Vitória, em 2010. filiado a asso-ciação Brasileira de Centros e Museus de Ciências e a associação Brasileira de planetários, o planetário de Vitória elabora e desenvolve recursos tecnológi-cos para uso em planetários e produtos educacionais para formação de pro-fessores do ensino fundamental e médio, funcionando como um laboratório de ensino e difusão científica.

coNsidEraçõEs FiNaiso planetário, em conjunto com os demais Centros de Ciência, Educação e Cultu-ra, ligados à prefeitura Municipal de Vitória, vem cumprindo um papel relevan-te na difusão e popularização da ciência junto à população do ES, atendendo a dezenas de milhares de visitantes anualmente, atuando como um laboratório de ensino e difusão científica no qual, tendo como referência a astronomia, são criados, adaptados e desenvolvidos inúmeros produtos para promoção da educação, ciência e cultura.

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agradEcimENtoTrabalho parcialmente financiado pelo faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tecnologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vi-tória, ES; fapES – fundação de amparo à pesquisa do Espírito Santo; Cnpq – Conselho nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico.

rEFErêNciaplanETÁRIo dE VITóRIa (2011a) Planetário oferece Diversão e Conhecimento para Todos. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina= planetariodevitoria .

planETÁRIo dE VITóRIa (2011b) Planetário de Vitória. disponível no link: http://portal.ufes.br/node/130.

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Escola da ciêNcia - biologia E História:ciêNcia, Educação E cultura No muNicÍpio dE vitória, Es *

Raquel felix Conti, Escola da Ciência - Biologia e história/pMVpatrícia queiroga, praça da Ciência/pMVMaria alice Sant’ana Zucoloto, Escola da Ciência - física/pMVErika Milena de Souza, planetário de Vitória/pMVSérgio Mascarello Bisch, planetário de Vitória - ppGEnfis/UfESlaércio ferracioli, Modelab – ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoa Escola da Ciência - Biologia e história, vinculada à Secretaria Municipal de Educação, é um dos 4 Centros de Ciência, Educação e Cultura de caráter pú-blico e gratuito que funciona desde 2001. Espaço de divulgação científica, busca contínua articulação com educação formal. Com média anual de 20.000 visitantes, atende grande público, pesquisadores, estudantes e professores de todos os níveis. participa da Semana nacional de Ciência e Tecnologia e Cir-cuito Metropolitano de divulgação Científica de Vitória, ES, promovendo ações para formação continuada de professores do ensino fundamental e médio.

iNtroduçãopertencente à Secretaria de Educação de Vitória (SEME), a Escola da Ciência - Biologia e história (ECBh) é um Centro de Ciência, Educação e Cultura, público e gratuito, que busca promover a cidadania e a formação de professora(e)s e aluna(o)s por meio de uma linguagem museológica que articula natureza e cultura para abordar a identidade/memória capixaba, com vistas à democra-tização do conhecimento e à popularização da ciência e da cultura.

localizada em região próxima ao centro da cidade, foi criada pela lei Muni-cipal 5397/2001 e inaugurada em 13 de novembro de 2001. o edifício onde funciona foi originalmente construído para abrigar camarotes destinados a

* Artigo apresentado no 1o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus e Centros de Ciência – Museu histórico Nacional – Rio de Janeiro, Março, 2011

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objEtivosEntre os objetivos da Escola da Ciência - Biologia e história pode-se destacar:

• formação de professores através de cursos de extensão univer-sitária junto com a Universidade federal do Espírito Santo;

• atendimento a aluna(o)s da Rede Municipal de Ensino de Vitória, ES e outros municípios do Estado e público em geral a partir de roteiros temáticos interdisciplinares e articulados com o currí-culo escolar;

• produção de material didático para atender aos roteiros temáti-cos como meio de democratizar o conhecimento e popularizar a ciência e a cultura;

• atendimento a setores da SEME, tais como, programa Educação em Tempo Integral, programa Escola aberta e Educação de Jo-vens e adultos, por meio de projetos e oficinas adequadas ao público alvo;

• articulação permanente com os processos de ensino e aprendi-zagem por meio da linguagem museológica, buscando unir natu-reza e cultura para falar da identidade/memória locais.

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rEsultadosnesses dez anos de funcionamento, recentemente completados, temos um público acumulado de cerca de 200.000 pessoas. Como estratégia de atuali-zação de temas e abordagens a ECBh tem participado de eventos tanto no âm-bito local com os demais Centros de Ciência, Educação e Cultura de Vitória, ES quanto no âmbito, tais como III Congresso Internacional Cotidiano - diálogos sobre diálogos, Uff/2010; VII Encontro nacional perspectivas para o Ensino de história, UfU/2009; VI Encontro nacional perspectivas do Ensino de histó-ria, UfRn/2007.

coNsidEraçõEs FiNaisEspecialmente nos últimos dois anos, a ECBh vem desenvolvendo ações para a qualificação e profissionalização de seu trabalho, entendendo-se como um lugar de fronteira. Considerando a fronteira como um lugar de encontros e não de separação, o objetivo é unir natureza e cultura, identidade e memória, edu-cação formal e não-formal, entre outras possibilidades, “biologizando” a his-tória e historicizando a Biologia na produção democrática e interdisciplinar do conhecimento.

agradEcimENtoTrabalho parcialmente financiado pelo faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tecnologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vi-tória, ES.

rEFErêNciaESCola da CIênCIa - BIoloGIa E hISTóRIa (2011) Natureza e Cultura na ECBH. disponível no link: www.vitoria.es.gov.br/seme.php?pagina=escolabiologiahistoria.

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práticas dE divulgação ciENtÍFicas da FÍsica Em Espaços Não Formais dE Educação da cidadE dE vitória, Es *

luana Biasutti, Mestranda programa de pós-Graduação Interunidades Ensino de Ciências/USppatrícia queiroga, praça da Ciência/pMVErika de Souza, planetário de Vitória/pMVSérgio M. Bisch, planetário de Vitória – ppGEnfis/UfESMaria alice S. Zucoloto, Escola da Ciência física/pMVIvatnor weiler Júnior, Escola da Ciência física/pMV Mikiya Muramatsu, Instituto de física/depto física Geral/USplaércio ferracioli, Modelab/ppGEnfis/UfES

iNtroduçãoo município de Vitória possui quatro espaços não formais de educação de-nominados Praça da Ciência, Escola de Ciência – Física, Planetário de Vitória/Observatório Astronômico da UFES e a Escola de Ciência – Biologia e História (Souza et all, 2011) sendo estes gerenciados pela Secretaria Municipal de Edu-cação – SEME, com exceção ao planetário, que é administrado conjuntamente pela SEME e pela Universidade federal do Espírito Santo – UfES, através de-partamento de física (GodInho E fERRaCIolI, 2006).

Considerando os três primeiros espaços por possuírem a física como temáti-ca principal, o objetivo desse estudo é levantar as prática de divulgação cien-tífica e de avaliação desses três espaços não formais de educação do Muni-cípio de Vitória. os resultados representam mais uma etapa de uma série de levantamentos que estão sendo realizados sobre esses espaços na busca da continua melhoria de suas atividades para o atendimento do grande público.

* Artigo apresentado no XIII Encontro de pesquisa em Ensino de Física – Foz do Iguaçu, Junho, 2011

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marco tEóricoo Ministério da Ciência e Tecnologia afirma que o Ensino de Ciências e a Di-vulgação Científica são importantes ferramentas na formação para a cida-dania e qualificação científico-tecnológica da sociedade, podendo ser im-plementada através da visitação a centros e museus de ciência (MInISTÉRIo da CIênCIa E da TECnoloGIa, 2008) caracterizados, aqui, como espaços não formais de educação.

Bianconi e Caruso (2005) apontam a educação não formal como qualquer ten-tativa educacional organizada que se realiza fora do contexto escolar. nesse contexto, ferracioli (2010) entende esses espaços como loci de divulgação científica para construção de uma terceira cultura resultante da articulação da visão centrada na ciência formal - sciencentrism - e da centrada no publico – publicentrism. assim, a emergência dessa terceira cultura seria:

“(...) oriunda da contraposição científico-senso comum, para a prepa-ração de um cidadão provido de compreensão global do universo onde está inserido e capacitado para processar informação, gerar conheci-mento específico, inovar agregando novos olhares ao seu conhecimen-to e tomar decisões, qualidades mínimas para a sobrevivência de qual-quer cidadão na sociedade cada vez mais complexa em que vivemos”. (fERRaCIolI, 2010)

logo, esses espaços assumem um papel decisivo no movimento de alfabeti-zação científica da sociedade como um todo. Vários são os centros e museus com esse enfoque na educação em ciências, diferenciando-se uns dos outros, seja pela temática específica e pelo tipo de exposições e/ou atividades que oferecem ao público (REBEllo, 2001, apud qUEIRoZ et all, 2002).

mEtodologia E rEsultadoso instrumento de coleta de dados foi um questionário com questões abertas e fechadas para a obtenção de dados quantitativos e qualitativos sobre os espa-ços considerados. o instrumento foi adaptado de Souza (2008) e abordou seis aspectos: Caracterização Institucional, Visão Institucional, Práticas de Divulga-ção e Popularização da Ciência, Caracterização das Exposições, Acessibilidade, Formação Profissional do Responsável. os questionários foram entregues aos responsáveis dos espaços que, após responde-los, reuniram-se com os respon-

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sáveis pelo estudo para dirimir qualquer dúvida e complementar as respostas.

o publico visitante desses espaços atinge a ordem de 51.000/ano (Souza et all, 2011) e os dados revelam que consiste de aproximadamente 50% de estudantes de ensino fundamental, educação infantil e ensino médio em vi-sitas organizadas por professores de escolas. os demais visitantes são ca-racterizados por crianças acompanhadas dos pais, estudantes de educação superior, turistas e adultos.

os dados revelam que os três espaços utilizam diversas atividades para a divulgação e popularização da ciência em seu espaço físico, tais como, expo-sições permanentes, exposições temporárias, cursos, palestras, oficinas, mostras de vídeos. as atividades são, também, praticadas fora dos espa-ços, incluindo exposições itinerantes, participação em mostras científicas, Semanas nacionais de C&T, atividades com turmas de alunos nas próprias escolas, exposições em shoppings e Rodoviária de Vitória, participação no Circuito Metropolitano de divulgação da Ciência. foi observada a realização de atividades interativas de rua diferenciadas, tais como, observação do céu a olho nu e com telescópios de efemérides astronômicas, tais como eclip-ses, observações de planetas.

a realização de avaliação das visitas, ainda que com o foco no levantamento de opinião, está presente nos três espaços. o planetário de Vitória a realiza junto aos estudantes e docentes logo após a visitação. a praça da Ciência a realiza junto ao público em geral. Já a Escola da Ciência-física realiza uma avaliação com aos professores que levam os estudantes para as visitas e uma auto--avaliação da equipe. apesar da avaliação estar presente, observa-se a ine-xistência de um setor ou responsável específico para a sistematização dessa fundamental atividade.

coNsidEraçõEs FiNaisos resultados desse trabalho, um recorte de um levantamento maior sobre es-paços não formais de educação de Vitória-ES, revelam que os espaços centra-dos na temática da física, vêem desenvolvendo suas atividades na perspecti-va das premissas preconizadas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia quanto a formação para a cidadania e qualificação científico-tecnológica da sociedade articulando o Ensino de Ciências e a divulgação Científica. a continua articula-

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ção desses espaços não-formais de educação com a educação formal, através da visitação de estudantes da educação básica, revela, também, o seu engaja-mento na busca da construção de uma terceira cultura pautada no provimento de uma formação mínima do cidadão de nossa sociedade atual3.

no tocante a avaliação, a iniciativa á restrita na perspectiva de se verificar a real contribuição dessas atividades na formação científica do visitante. Esse fato não é só observável no Espírito Santo. Souza (2008) aponta que as inicia-tivas dessa natureza tendem a ser precárias: poucos fazem, e os que fazem, em geral, não possuem mecanismos claros e adequados. no entanto, a inclu-são da avaliação nos espaços de Vitória, ES, ainda que em caráter preliminar, revelam a preocupação com o produto final a ser apresentado ao público alvo e refletem a busca da continua melhoria de suas atividades incluindo, natural-mente, o parâmetro avaliação na construção da terceira cultura.

finalizando, o levantamento do perfil desses espaços do município de Vitória/ES consiste, então, no passo inicial para o delineamento de uma metodologia avaliativa específica do impacto causado pelas atividades de divulgação cien-tífica desenvolvidas em ambientes dessa natureza.

rEFErêNciasBIanConI, l. M. e CaRUSo, f. Educação Não-Formal. Revista Ciência e Cultura. V. 57, n°4, p20. São paulo. 2005.

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Caso dos Mediadores do Museu de Astronomia e Ciências Afins/ Brasil. In: I Encontro Ibero-americano Investigação em Educação em Ciências, Burgos, Espanha, 16-21 Set, 2002.

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SoUZa, E.M.; BISCh, S. M.; GodInho, M. J. de f.; ZUColoTo, M.a.S.; qUEIRoGa, p.; ConTI, R. & fERRaCIolI, l. Centros de Ciência, Educação e Cultura: Um Relato de Atividades de Espaços Não-Formais de Educação do Município de Vitória, ES. In proceeding of 12th Biennial Meeting of network for the popularization of Science and Technology in latin america and the Caribbean. Campinas, Brazil, 29 May–02 June, 2011. Trabalho aceito para Comunicação oral.

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soluçõEs muNdialmENtE aplicávEis:iNiciativas locais Em Educação Em ciêNcia E tEcNologia dE vitória, EspÍrito saNto – brasil *

Marco Junio de faria Godinho, Companhia de desenvolvimento de Vitória S.a.láercio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoEste trabalho apresenta um panorama sobre o Sistema de Ciência, Tecnolo-gia & Inovação da Cidade de Vitória, ES no Brasil, descrevendo suas iniciati-vas relacionadas à Educação em Ciência e Tecnologia no contexto local, com alguns dos resultados correlacionados. algumas questões são levantadas a respeito do processo de financiamento e da necessidade do desenvolvimento da pesquisa em áreas como edutainment visando refinamento e melhoria do gradiente dos resultados alcançados até o momento. ao final é também desta-cada a necessidade da formação continuada em serviço para os professores das escolas públicas.

rEsumoEste trabalho apresenta um panorama sobre o Sistema de Ciência, Tecnolo-gia & Inovação da Cidade de Vitória, ES no Brasil, descrevendo suas iniciati-vas relacionadas à Educação em Ciência e Tecnologia no contexto local, com alguns dos resultados correlacionados. algumas questões são levantadas a respeito do processo de financiamento e da necessidade do desenvolvimento da pesquisa em áreas como edutainment visando refinamento e melhoria do gradiente dos resultados alcançados até o momento. ao final é também desta-cada a necessidade da formação continuada em serviço para os professores das escolas públicas.

* Artigo apresentado no XII IOstE symposium – penang, Malasia, Julho, 2006

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coNtExto Históricoo Estado do Espírito Santo foi o ultimo Estado da Região Sudeste na Republica federativa do Brasil a estabelecer seu Sistema de Ciência e Tecnologia opera-cionalmente. Vitória, a Capital do estado, foi a primeira cidade no país a operar um Sistema local de C & T. a primeira tentativa estadual aconteceu nos anos oitenta, durante o Governo Gerson Camata (1983-1986), quando uma lei es-pecifica criou o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia em contrapartida para o recebimento de recursos do Governo federal. depois disto, a história do Estado registra, do final dos oitenta ao inicio dos anos noventa, três mar-cos históricos que contribuíram fundamentalmente para a construção do fu-turo ainda por vir.

o primeiro foi uma iniciativa pioneira do Banco de desenvolvimento do Estado do Espírito Santo – BandES para apoio Tecnológico lançada em 1988, com ên-fase na melhoria tecnológica da indústria, prevendo aquisição e transferência de tecnologia para o florescente parque industrial do Estado, com dois pro-gramas principais: o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico e o Programa de Alta Tecnologia (Santos et all, 1991). Eles também financiavam bolsas de pós-Graduação, Mestrado e doutorado, em áreas de interesse da crescente economia estadual.

Com o tempo, a ação de desenvolvimento tecnológico evoluiu, abrindo espa-ço para diferentes iniciativas de apoio nos dias de hoje, mas o programa de Bolsas continua operando no mesmo formato. Ele ainda mantém sua carac-terística especial de bonificação: aqueles tomadores que completam sua for-mação no grau pretendido conforme o programa estabelece, são bonificados. o empréstimo não precisa ser pago ou somente parcialmente reembolsado, de acordo com o nível do desempenho obtido na pós-graduação financiada. de outra forma, o insucesso significa pagamento total das parcelas do em-préstimo, acrescido de juros e taxas correspondentes, como qualquer outra operação bancária comum.

no mesmo período, um jovem político começava a construir o segundo marco histórico. o deputado Estadual paulo hartung, eleito com os votos da Capital, Vitória, propôs em 1988 uma Emenda Constitucional à Constituição do Es-tado: a criação da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa, nos moldes da fapESp, em resposta a um movimento iniciado pelos professores e pesquisa-dores da Universidade federal do Espírito Santo – UfES, onde ele se graduara

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em Economia. a Emenda foi rejeitada por inconstitucionalidade, pois conflita-va com a Carta Estadual a época que não permitia a criação de tais dispêndios por parte dos legisladores, uma prerrogativa exclusiva do poder Executivo. foi um fato político significativo, o primeiro naquela Casa, chamando atenção so-bre a necessidade de uma abordagem especifica para as questões de C & T na Constituição Estadual.

o campo estava preparado então, para a conclusão do segundo marco, a tem-po e a hora, da modernização na Constituição do Estado. Ela aconteceu um ano após a Carta federal abrigar o tópico definitivamente no seu texto, na Constituinte de 1988. os artigos específicos sobre C & T foram propostos e acompanhados pelo Conselho nacional de desenvolvimento Científico e Tes-nológico – Cnpq em Brasília. o financiamento da C & T tornava-se possível en-tão para ambos os entes, a União e os Estados da federação, com recursos vinculados constitucionalmente assegurados, como já os eram os dispêndios em Educação e Saúde públicas.

abriu-se assim o caminho, para que em 1989 uma pressão consistente fosse exercida sobre os legisladores estaduais para que se instituísse o Sistema Es-tadual de Ciência e Tecnologia na Carta do Estado. a convergência das forças sociais, representadas principalmente pela academia, a EMCapa e o Banco Es-tadual de desenvolvimento, liderou iniciativas, que em negociações mediadas pelo parlamento Estadual, conseguiram estabelecer no artigo 197 da Consti-tuição do Espírito Santo, o Conselho e o Fundo Estaduais de Ciência e Tecno-logia, ainda que sem a criação da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa.

fatores inesperados modelaram o terceiro marco histórico, gerando uma inova-ção paradigmática no que tange os Sistemas de apoio a C & T. o Governador Max Mauro (1987-1990) questionou o artigo 197 e seu parágrafo na Suprema Corte, adiando sua vigência por um longo período. Enquanto isso a pressão social per-sistia. quando o prefeito Vitor Buaiz (1989-1992), um professor de Medicina da UfES, foi eleito, assumindo o cargo em Vitória, as mesmas forças que haviam pressionado e pressionavam o Governo Estadual, pressionaram a prefeitura da Capital. a lei Municipal nº. 3.763 e o decreto nº. 8.741 foram os diplomas legais inovadores, sancionados em 27 de dezembro de 1991. pioneiramente, o primeiro Sistema Municipal de Ciência e Tecnologia com seu Conselho e respectivo Fundo haviam sido criados no país. os primeiros projetos aprovados para financiamento foram a Incubadora de Base Tecnológica TECVITóRIa e o planetário de Vitória.

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na instancia Estadual, o Conselho e o fundo somente propuseram e aprova-ram algum apoio significativo no ano de 1996, quando Vitor Buaiz, o ex-prefei-to da Capital foi eleito Governador do Estado (1995-1998). Mas a Fundação de Amparo a Pesquisa – FAPES, somente foi criada em 2005, juntamente com a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia – SECT, quando paulo hartung, de-pois de dois bem sucedidos mandatos no Congresso federal, tornou-se tam-bém Governador (2003-2006) completando finalmente o sistema estadual. anteriormente, ele havia sido eleito prefeito de Vitória (1993-1996), período no qual o planetário da Cidade começou suas sessões públicas e a TECVITóRIa incubou pela primeira vez, pequenas empresas de base tecnológica.

desde 1993, quando o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia – CMCT e o Fundo de Apoio a Ciência e Tecnologia – FACITEC consolidaram-se firmemente em Vitória, emergindo passo a passo da historia acima resumida, refletindo a ampla articulação entre vários setores públicos e privados, a cidade vem per-cebendo as mudanças no cenário local de C & T e colhendo resultados positi-vos e inovadores, majoritariamente nos campos do empreendedorismo e da geração e disseminação do conhecimento. Metodologias e conhecimento do mundo científico e tecnológico descobriram seu caminho tanto nas agendas públicas e privadas como na vida dos cidadãos.

o sistEma muNicipal dE ciêNcia, tEcNologia E iNovação dE vitória, Es.no bloco vertical apresentado a esquerda da figura 01 (Godinho et all, 2005), a inteligência, o gerenciamento e o centro operacional do Sistema Municipal de C, T & I de Vitória está demonstrado. localizado na Secretaria de desenvolvi-mento da Cidade – SEdEC, o Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia – CMCT é um coletivo paritário, responsável por estabelecer as políticas publicas mu-nicipais de C & T, aprovar a proposta de orçamento para o fundo – faCITEC, os Editais, as solicitações de apoio e os projetos, após os mesmos serem subme-tidos a uma avaliação dos pares, feita pelos mesmos especialistas do Sistema nacional de C, T & I.

Treze membros têm assento no CMCT representando sete setores da cidade: a prefeitura Municipal de Vitória – pMV (quatro membros), o Governo do Es-tado (um), a Central Única dos Trabalhadores – CUT (um), a federação das In-dústrias do Estado do Espírito Santo – fIndES (um), a Câmara de Vereadores

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de Vitória – CMV (um), a UfES (três, das áreas de Ciências humanas e Sociais, Ciências da Vida e Ciências Exatas) e da Comunidade acadêmica (um). o pre-sidente do Conselho é o prefeito, que tradicionalmente delega a presidência ao Secretário de desenvolvimento da Cidade. o CMCT é assistido administrati-vamente por uma Secretária Executiva e dois técnicos (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/quemcmct.htm). a Câmara de Vereadores, além do assento na plenária é o agente fiscalizador do sistema através da sua Comissão per-manente de C & T. de acordo com a lei orgânica da Cidade e com o Regimento Interno do legislativo Municipal, ela opina sobre o desenvolvimento cientifico e tecnológico, e ainda pode oferecer sugestões à política municipal de C & T.

o Conselho de C, T & I executa quatro programas financiados pelo faCITEC cobrindo a Qualificação de Recursos Humanos, onde se enquadram as pós--graduações; Pesquisa Cientifica e Tecnológica; Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico e Empreendimentos de Base Tecnológica, com suas subáreas (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/progbolsas.htm). a legis-lação sobre o sistema e as regras de acesso aos programas e financiamentos estão disponíveis em www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/legislacao_cmct.htm. os formulários de submissão das propostas estão em www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/formulario.htm, provendo os meios de acesso aos editais publicados em www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/facitec.htm, que era exatamente a situação em maio de 2006. Em www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/historico.htm pode ser encontrada toda a serie históri-ca anualizada da evolução dos investimentos do faCITEC, que até março de 2005 registravam o total de US 2.450.000,00 de dólares (valor do dólar em 11 de março de 2006) investidos. até a data, 224 projetos de pesquisa, 338 bol-sas incluindo as de doutorado e mestrado e 106 apoios a projetos de difusão do conhecimento e participações em eventos técnicos e científicos haviam sido apoiadas financeiramente. os quatro Editais abertos em 2006 para apoio a promoção de Eventos Científicos e Tecnológicos, Bolsas de Mestrado e proje-tos de pesquisa em Meio ambiente, desenvolvimento Urbano local e Regional receberão um aporte financeiro para apoios maior que US 500.000,00 dóla-res. Representa 85% a mais que os valores aportados em 2004 (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/sedec/facitec.htm).

as cifras acima mencionadas são recursos do Tesouro Municipal, liberados exclusivamente através do faCITEC. a apropriação de outros investimentos

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realizados em C, T & I no mesmo período, seja nos espaços não-formais de educação, com inclusão digital ou na educação ambiental, oriundos dos orça-mentos das Secretarias Municipais de Educação – SEME e do Meio ambiente – SEMMaM, respectivamente, acrescidos dos investimentos em Saneamento da Companhia de desenvolvimento de Vitória – CdV S.a., na Incubadora, nos Centros e pólos Tecnológicos e no projeto do parque Tecnológico de Vitória deve ser considerada. Existem ainda outros recursos expressivos e contabi-lizáveis advindos dos projetos internacionais de cooperação como o URBal (http://ec.europa.eu/comm/europeaid/projects/urbal/index¬es.htm), @lIS (http://www.alis-telemed.net), IClEI (http://www.iclei.org) e MERCoCIUdadES (http://www.mercociudades.org) dentre outros, conforme indicado no bloco retangular inferior a direita da figura 01, que uma vez incluídos nas cifras co-mentadas, triplicam tais números.

outras participações que também devem ser consideradas na mesma con-tabilidade são as contribuições da Secretaria de Cultura – SEMC, combinadas com outras fontes das outras Secretarias e de outras interfaces e interações com outras instancias publicas e privadas, que ao trabalharem em parceria com Vitória internalizam recursos nas operações, amplitude e resultados do sistema. não são recursos meramente econômicos, mas também capital hu-mano, competências mais sofisticadas acompanhadas de grande diversidade de know-how com origens, etnias e geografias variadas, que reunidas, consti-tuem intangíveis de alto valor agregado e no seu conjunto provavelmente infla-rão estes números muito além da sua triplicação.

Figura 01: Sistema Municipal de C, T & I de Vitória, ES

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atualmente o Sistema de C, T & I da Cidade é uma plataforma de relacionamen-tos e conexões, projetos, ações e iniciativas onde programas transversais são conduzidos por muitos atores, com interseções internacionais, regionais e in-terfaces locais. Elas estabelecem conexões entre o terceiro setor e os setores públicos e privados através do trabalho em rede (“networking”), convergindo e sustentando uma ambiência favorável às iniciativas multi-etnicas, mult-icul-turais e trans-disciplinares com seus resultados perceptíveis empiricamente, assentando os pés já na economia do conhecimento.

Ele vem evoluindo continuamente na direção de um sistema dinâmico desde seu inicio. Um bom indicador de tal evolução e desenvolvimento é a migração da estrutura de C & T da Secretaria Municipal do planejamento – SEMpla ori-ginalmente, para a Secretaria de desenvolvimento da Cidade – SEdEC no meio do caminho, tornando-se um jovem sistema de C, T & I. o objetivo central deste foi e tem sido coletar, intercambiar, gerar, compartilhar, disseminar e usar o co-nhecimento científico e tecnológico na busca permanente do desenvolvimen-to sustentável local e integrado, com as pessoas e para as pessoas, nos seus territórios da cidade e da vizinha região metropolitana. apesar de frouxamente articulado e conectado, ou seja, não operando ainda nos moldes desejados e esperados de eficiência e eficácia, ele atua, porém, permeado por um intenso fluxo, denso de interações, propiciado pela boa infra-estrutura de Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs.

Se as TICs tornaram o mundo novamente plano, a cidade tornou-se uma pla-taforma abarcada nos limites do olhar. de tal maneira, que esta situação faz com os acontecimentos ocorram progressivamente, com dificuldades cada vez menores em conseqüência da rede neuronial vigorosa, entre indivíduos, dentro dos seus grupos e com outros grupos no bojo da comunidade e ainda com outras comunidades, eletronicamente articuladas. o presente trabalho espelha este status quo. Este fluxo de informações e conteúdos gerados faz de Vitória uma cidade do conhecimento.

o Sistema de C, T & I gera conhecimento sobre a cidade, quando projetos de seu interesse e necessidades, sobre seus habitantes, problemas e soluções possíveis são financiados. financia estudos sobre as articulações, interfaces e conexões com o mundo a sua volta, dispensando as descobertas e os fatos de muitas maneiras e formatos, nos espaços não-formais de educação, nas ar-ticulações empresariais, em fóruns nacionais e internacionais, e, até naqueles

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onde se mensura a aquisição do conhecimento geral ou especifico por seus estudantes, professores, trabalhadores, profissionais liberais, pesquisado-res e cidadãos. os resultados estão disponíveis em muitos formatos, canais e mídias, como uma visita rápida a www.vitoria.es.gov.br poderá confirmar. Este processo vem se desenrolando já por quinze anos e continua crescente.

o terreno destes acontecimentos vem sendo pavimentado no bojo de um ambien-te favorável a inovação, sustentando a disseminação do conhecimento na direção do uso melhor e mais racional da sua herança antrópica e natural, em especial dos recursos não renováveis, com estímulos permanentes ao comportamento em-preendedor e a cultura da cooperação e do associativismo. Esses valores podem ser sentidos e vividos, interna e externamente, em muitos espaços diferenciados para a pratica, emulação e compartilhamento dos mesmos, que permanecem abertos e disponíveis de terça a domingo, ao longo de todo ano.

de fato, uma das maiores conquistas de Vitória, ao lado do Sistema de C, T & I foi o estabelecimento de uma “Rota do Edutainment”, conectando um circuito do conhecimento localmente focalizado, ligado e sustentado pela ciência bá-sica e pela tecnologia aplicada, mas também articulado com o mundo a sua volta. a palavra edutainment vem da junção, na língua inglesa, de education (educação) e entertainment (entretenimento), ainda sem correspondente em português. portanto, a agenda desta rota será bem sucedida, desde que ba-seada no principio de que a dimensão educacional deve ser pautada pela pro-moção da aprendizagem na perspectiva da ciência cognitiva: neste contexto, o conhecimento prévio do visitante ou do usuário deve ser mapeado e levado em consideração quando da definição dos conteúdos e do planejamento das atividades, de forma a promover uma adequada evolução da aprendizagem, partindo das concepções do senso comum para o conhecimento científico correspondente (ferracioli, 2001a). Mais ainda, a dimensão educacional de-verá estar devidamente articulada para que jamais seja superada pela dimen-são do entretenimento (ferracioli, 2003).

iNiciativas rElacioNadas com Educação Em ciêNcia E tEcNologiaEste trabalho, doravante, busca oferecer uma panorâmica deste circuito, ten-tando focar tanto nas conseqüências, perspectivas e resultados para o Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação da cidade, como também nas tendências e hábitos na vida dos cidadãos. os espaços não-formais de educação e os cen-

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tros de educação ambiental interconectam-se em uma ampla rede, com pontos de presença distribuídos em toda a cidade. Este circuito do conhecimento está caracterizado por estações temáticas em diversas áreas de diferentes regiões urbanas, sempre com enfoque nas características locais enquadradas nos as-pectos regionais e interfaces com as questões globais em perspectiva.

a área da cidade é cerca de 104 km2, onde uma porção significativa do seu solo resulta de aterros que cobriram varias ilhotas compondo a paisagem até o inicio do século passado, permanecendo ainda algumas delas no cenário. a maior parte da área urbana está na maior ilha remanescente, a Ilha de Vitória, com a porção menor situada no continente a nordeste, onde estão localizados o setor industrial, o aeroporto e o porto principal. quase 30% do território está sujeito a regras de preservação ambiental, composto por manguezais e um maciço central, parcialmente coberto por grande fragmento de mata atlântica. as ruas, as praças, os prédios, os parques e a população estão entre o mar e a montanha, sempre, em qualquer lugar.

as estações temáticas compreendem a Escola de Ciência - Biologia & Histó-ria, a Escola de Ciência - Física, a Praça da Ciência, o Planetário de Vitória e o Observatório Astronômico da UFES, ambos no campus de Goiabeiras, e os 12 Centros de Educação Ambiental em Parques Urbanos e Unidades de Conser-vação, selecionados para abrigá-los dentre as 23 áreas de interesse ambien-tal existentes, incluindo duas Ilhas oceânicas, Trindade e São Thomaz. o fluxo de visitantes aproxima-se das 800.000 pessoas anualmente, composto por estudantes, professores, cidadãos em geral e turistas, com faixas etárias e origens socioeconômicas e étnicas variadas.

Existem espaços privados como o Parque Botânico da Companhia Vale do Rio Doce – CVRd, que apesar de não estar programaticamente conectada com a “Rota do Edutainment” mantem alguma relação com a mesma. os Museus de Arte e História na Cidade certamente contribuem de alguma forma, mas no mesmo nível de interação e sinergia fraca até o momento. Considerando que a população de Vitória está em torno dos 300.000 habitantes (IBGE, 2000), o impacto sobre a população nos cenários cultural, social e do trabalho na ci-dade permanecem em aberto para avaliação e análise, apesar das evidencias empíricas de novos hábitos sendo adquiridos e novas tendências emergindo.

os Centros de Educação ambiental foram criados para melhorar os planos

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de manejo ambiental das áreas onde estão localizados e do seu entorno, em conjunto com os moradores vizinhos, usuários e visitantes. as atividades re-gularmente desenvolvidas atraem membros da comunidade, escolas, grupos organizados, turistas e cidadãos em geral. Elas são gerenciadas pelo depar-tamento de Educação ambiental da Secretaria Municipal de Meio ambiente – SEMMaM, que oferece o suporte necessário a cada uma das equipes dos 11 centros em atividade abertos ao publico. Estas devem elaborar, executar e revisar periodicamente seus planos de ação e suas atividades de educação ambiental em parceria com a comunidade de usuários e visitantes.

Estes centros recebem em média 600 visitantes por mês cada, exceção feita ao horto de Maruipe e a pedra da Cebola, que recebem cerca de 16.000 visi-tantes mensais cada. no período da feira do Verde, acontecendo anualmente na pedra da Cebola, a media de visitações supera a marca das 120.000 pesso-as. ao longo de 2005 o fluxo de pessoas nos 11 centros atingiu 588.880 visi-tantes. o décimo segundo centro, fazendinha está no estágio final de prepa-ração para iniciar suas atividades especificas de educação ambiental e mais três centros estão em fase de planejamento, devendo iniciar suas atividades em futuro próximo (SEMMaM, 2006).

os espaços não-formais de educação são gerenciados pela Secretaria Municipal de Educação – SEME, exceção feita ao observatório, administrado pela UfES e ao planetário, conjuntamente administrados pela prefeitura, através da SEME e pela UfES, através do Centro de Ciências Exatas. apesar de apresentarem formatos institucionais diferenciados eles basicamente seguem os mesmos procedimentos, no que tange ao conteúdo oferecido e sua conexão com os con-teúdos de sala de aula nas escolas. Equipes administrativas reduzidas, assisti-das por poucos especialistas orientando monitores especialmente capacitados, normalmente estudantes de graduação da Universidade, fazem a recepção aos visitantes e cuidam das atividades e do conteúdo oferecido.

desde seu inicio em 2000 até abril de 2005 a Escola de Ciência - física acumu-la 74.198 visitas (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/educacao/energia.htm) e em 2005 recebeu 27.000 visitantes. a praça da Ciência recebe a media anual de 58.000 visitantes. Em seis anos de operação contínua acumula 350.000 visitas (Gestão C&T, 2006). os dados estatísticos deste considerável fluxo fe-cham 2005 com 21.000 pessoas na Escola de Ciência - Biologia e história e com mais 16.600 visitas ao planetário.

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alguns dos espaços não-formais de educação e centros de educação ambien-tal serão descritos sucintamente na seqüência, pois em conjunto ilustram melhor os fatos, pontos de vista, descobertas empíricas e questionamentos levantados, os quais por sua vez, propõem objetos de pesquisa. Estão nume-rados conforme as legendas dispostas na figura 02.

parque moscoso: Referência 01, é o parque mais antigo, localizado bem no centro da cidade. lá o Centro de Educação ambiental tem o foco nos aspec-tos ambientais de uma área urbana densamente povoada e as características históricas da região, que são obrigatoriamente abordadas uma vez que a ci-dade cresceu a partir dali. os usuários podem praticar futebol numa pequena quadra de areia e os visitantes podem usufruir atividades culturais e artísti-cas como o artesanato e shows musicais ao ar livre. a Escola de Ciência física também está localizada no mesmo espaço, nas instalações do parque Infantil Ernestina pessoa.

Escola de ciência - Física: Referência 01, está instalada em um prédio tomba-do com a arquitetura modernista dos anos cinqüenta. foi criada com o objetivo de popularizar e democratizar o conhecimento científico através da interação dos estudantes e da comunidade com as ferramentas e os métodos da ciên-

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49cia. despertar vocações para as carreiras científicas, instigar a curiosidade e a fascinação pelo conhecimento cientifico são estratégias usadas para redu-zir as imensas distâncias entre as atividades rotineiras diárias e as ciências, fortalecendo desta forma também a cidadania (www.vitoria.es.gov.br/secre-tarias/educacao/energia.htm).

Em paralelo com a recepção aos visitantes, oficinas, cursos e exposições científicas temporárias são oferecidas aos alunos e professores. de abril a ju-nho de 2006 aconteceu a mostra “o Incrível Mundo dos Insetos” com ativida-des de origami e visitas guiadas (a Gazeta, 2006). a Escola de Ciência – física tornou-se uma instituição associada da UnESCo por suas contribuições para a paz e a promoção da colaboração entre as nações através da educação, da ci-ência e da cultura (UnESCo, 2003). a Escola já recebeu financiamento do Cnpq através de Edital com proposta aprovada em certame nacional (Cnpq, 2003).

parque da Fonte grande: Referência 03, oferece contato direto com a flores-ta que cobre o Maciço Central da Ilha de Vitória, o maior fragmento saudável de Mata atlântica próximo do centro urbano. o Centro de Educação ambiental está situado no topo da montanha conectando-se com a floresta na encosta do parque Gruta da onça. a maior atração é o projeto de Interpretação ambien-tal que leva o visitante a reflexões sobre a importância da mata em tal locali-zação com sessões de vídeo, debates e observações da fauna e da flora nas

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Trilhas Interpretativas. praticas desportivas de rapel e trekking são permitidas em locais especialmente selecionados. o Centro possibilita uma das mais be-las vistas da Ilha e de alguns dos seus mais belos atributos naturais.

Horto de maruipe: Referência 04, é o antigo viveiro municipal de plantas que uma vez parque recebeu o primeiro Centro de Educação ambiental da cidade em 1995. foi adotado pela população para a pratica de exercícios como cami-nhadas, corridas, barras paralelas, futebol de salão, vôlei e futebol de praia. Relaxamento e contemplação da natureza entre palmeiras imperiais, flores e pequenos lagos fizeram deste parque um dos cantos mais queridos da cidade. as visitas são guiadas por monitores adolescentes, residentes no seu entorno.

praça da ciência: Referência 05, foi aberto em 1999, concebida no formato proposto pelo Museu de astronomia e Ciências afins – MaST, do Rio de Janeiro, para um parque da Ciência (ferrão & albuquerque, 2005). Com onze equipa-mentos didáticos pedagógicos permite ao usuário ou visitante aprender con-ceitos de física, astronomia, Ciências em Geral e Meio ambiente.

as visitas escolares devem ser agendadas previamente com a equipe da pra-ça. os grupos são recebidos por monitores universitários especialmente trei-nados, bolsistas de Iniciação Cientifica do faCITEC, repensáveis pelas ativida-des desenvolvidas no geral e em cada visita. Um Sistema Solar em escala está montado no mesmo espaço permitindo a exploração das noções de tamanho e distancia no Universo. os professores encontram na praça da Ciência apoio para as atividades em sala de aula, pois apresentações e visitas podem ser sintonizadas com os tópicos do momento no currículo escolar (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/educacao/pracaciencia.htm).

as atividades ali desenvolvidas em conjunto com as sessões oferecidas no planetário costumam chamar a atenção da mídia de maneira especial, cons-truindo assim a possibilidade de uma cobertura abrangente na imprensa, atin-gindo também a programação dos outros espaços. Esta divulgação cria siner-

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gia entre eles ao mesmo tempo em que as noticias mantem a população bem informada sobre o que acontece na “Rota do Edutainment” (a Gazeta, 2006).

o espaço ao ar livre é aproveitado para atividades como oficinas de artesana-to, reciclagem de garrafas pet, construção de relógios de sol, pintura com ma-teriais alternativos e dança. no dia 12 de outubro, aniversário da praça e dia da Criança, estas atividades acontecem no formato de um festival cada vez mais popular entre os freqüentadores e usuários. o projeto também já foi financia-do por Edital do Cnpq para incrementar a Educação em Ciência e Tecnologia, quando novos equipamentos foram acrescentados às instalações existentes (Cnpq, 2003). o Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT está analisando a pos-sibilidade de lançar Edital, em 2006 ou 2007, para apoiar financeiramente ini-ciativas similares em outras cidades do Brasil.

parque do tabuazeiro: Referência 06, abriga um Centro de Educação ambien-tal com foco no cultivo e na utilização das plantas medicinais. lá, um viveiro de plantas serve de base às atividades educativas com distribuição de mudas e informações sobre os cuidados com as plantas, seja no cultivo ou na utilização dos chás e xaropes caseiros, recordando antigos hábitos ilhéus nos cuidados domésticos com a saúde. Recomendações quanto ao acompanhamento médi-

Gyrotec João Teimoso

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co necessário nestas utilizações fazem parte das orientações do programa. o lazer desportivo é oferecido nas praticas do futebol de salão e de campo.

parque pedra da cebola: Referência 09, está situado numa antiga pedreira da cidade. Recebeu este nome devido a uma formação rochosa singular no for-mato de uma cebola, atributo natural sobrevivente, graças a um trabalhador sensível que resistiu transformá-la em paralelepípedos e pó.

o Centro de Educação ambiental deste parque urbano é um dos mais visitados da cidade. oferece visitas guiadas abordando tópicos sobre meio ambiente, uso e ocupação do solo, recuperação de áreas degradadas e ecossistemas. lá acontecem os grandes eventos sobre educação ambiental em Vitória como a feira do Verde e exposições temáticas temporárias. no período de abril a mar-ço de 2006 aconteceu a mostra “projeto Gênesis” de Sebastião Salgado (UnEp, 2004) sobre regiões do mundo ainda ao largo da civilização industrial (a TRI-BUna, 2006). as imagens expostas chamaram a atenção da necessidade de mais debates sobre biodiversidade, sociodiversidade, conservação ambiental e o papel do cidadão no desenvolvimento sustentável. o mesmo projeto está sendo desenvolvido em parceria com 100 escolas públicas e privadas de Vi-tória (a GaZETa, 2006). os usuários e visitantes ainda podem praticar futebol, baseball, rapel, caminhadas e corridas nos diversos espaços preparados para estas práticas.

parque da baia Noroeste: Referência 11, está situado às margens de um exu-berante Manguezal ainda em bom estado de preservação na Baia noroeste da cidade. os educadores do Centro ambiental dedicam suas práticas a capacita-ção e aperfeiçoamento das habilidades dos habitantes locais, que tradicional-mente trabalham e sobrevivem dos recursos naturais do mangue.

as atividades focalizam também a sustentabilidade, a conservação e o sane-amento ambiental, coleta seletiva do lixo e disposição correta dos resíduos, buscando reduzir a pressão urbana sobre a área.

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planetário & observatório astronômico: Referência 13, estão ambos localiza-dos no Campus de Goiabeiras da UfES. Eles oferecem uma combinação de ses-sões de observação do céu e projeções na cúpula, acompanhando o calendário escolar e abrindo espaços na programação para efemérides astronômicas a exemplo da passagem de cometas e ocorrência dos eclipses. Somente nestes espaços uma pequena taxa de admissão é cobrada; dependendo da origem do grupo visitante, se oriundo de escolas publicas ou privadas; e do tipo de sessão, se divulgação cientifica ou diversão para turistas e visitantes (www.vitoria.es.gov.br/secretarias/educacao/planetario1.htm). Mesmo assim todas as atividades estão comprometidas e com o foco na difusão do conhecimento cientifico, dos fatos e descobertas da Ciência.

Escola de ciência – biologia & História: Referência 14, é um Museu de Ciên-cia construído no aproveitamento do espaço existente sob as arquibancadas do Sambódromo. aborda a temática regional com exposições e atividades que mostram a ocupação humana do território do Estado numa linha do tempo, destacando os principais fatos, eventos e conseqüências da pressão antrópi-ca na história de Vitória, do seu povo e da região metropolitana (ZUColoTo et all, 2004). o foco condutor segue pela descrição dos hábitos cotidianos, como habitação, alimentação, caça e pesca e os impactos da crescente urbanização sobre os recursos naturais.

o sitio eletrônico www.vitoria.es.gov.br/secretarias/educacao/ecbh ofere-ce conexões e navegação, possibilitando a realização de consultas sobre os ecossistemas locais, Mata atlântica, Restinga, Rios, lagos, Mangue e o ocea-no nos aspectos da Biologia.

na conexão com os tópicos de historia, apresenta o patrimônio cultural através da arquitetura laica e religiosa, seguida de bibliografia sobre os temas. Também apre-senta informações sobre o bairro onde a Escola de Ciência – Biologia & história - ECBh está situada, Santo antonio, com fatos, dados e pinturas históricas, inclusive sobre a Vila de nossa Senhora da Vitória, também seguida de bibliografia temática.

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comENtários FiNaispode-se dizer, a guisa de conclusão, que a rápida mirada na linha do tempo que este texto apresentou, demonstra implicitamente a atuação de muitas pessoas, leigos, acadêmicos, professores e até políticos, na construção e alimentação do processo, ainda hoje em seguimento. Mas os últimos quinze anos mostram explicitamente, que a intervenção de poucas pessoas bem co-locadas faz uma grande diferença, a exemplo de dois governadores e prefeitos mencionados, que no intercambio de posições na sucessão para os mesmos cargos, não sustaram as iniciativas ou paralisaram as políticas em andamen-to. Mesmo que seguindo as suas próprias convicções sobre a importância da Educação e da C & T, eles, sobretudo responderam, sensíveis a pressão social exercida. o ponto principal: a pressão social é o fator chave mais importante e, apesar da historia não se repetir, as iniciativas para criar um sistema Municipal de Ciência, Tecnologia & Inovação são replicáveis.

algumas características permitem tal afirmação, tais como a ausência, pela desnecessidade; de uma estrutura pesada e cara na instância local, como uma Secretaria Municipal de C, T & I; a abordagem modular possível na cons-trução do sistema em conformidade com o fluxo de caixa disponível e ainda a integração e a sinergia que emergem no bojo do processo. Um argumento sólido e relevante, dado de realidade, também reforça tal afirmação: o fórum nacional de Secretários Municipais da Área de C & T foi induzido, espelhado e consolidado através dos esforços realizados pela cidade de Vitória, e vem progredindo política e operacionalmente desde 2002, quando foi criado. o ob-

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jetivo era, e continua sendo, o de capacitar os municípios para apropriarem-se do conhecimento científico e tecnológico em beneficio das suas populações.

após o seminário “Experiências e políticas locais em C & T” realizado em Vi-tória no dia 07 de dezembro de 2001, onde as 12 cidades representadas re-digiram a “Carta de Vitória” com os seus princípios norteadores, o primeiro corpo institucional executivo foi eleito em Belo horizonte, um ano depois, com o Secretário de desenvolvimento do Município de Vitória como o primeiro pre-sidente e o corpo administrativo do CMCT/faCITEC como a primeira Secretaria Executiva (www.gestaoct.org.br).

hoje, os cerca de 100 municípios membros de todas as regiões do país es-tão representados no Conselho nacional de C, T & I do MCT, onde o fórum tem assento, como em outras instâncias onde possui voz ativa nos debates, ofe-recendo contribuições para as decisões sobre apoio e financiamento da ex-pansão na fronteira científica, tecnológica e da inovação. ademais, o fórum retro-alimenta seu coletivo na manutenção dos objetivos postos, buscando novos membros para ampliar esforços e abrangências na apropriação local do conhecimento e da aplicação da C, T & I. Com o crescimento da entidade a Se-cretaria Executiva foi assumida pela associação Brasileira das Instituições de pesquisa Tecnológica – aBIpTI (www.abipti.org.br) com o apoio do MCT e sede em Brasília.

de qualquer forma, lideranças sociais e comunitárias entre os educadores, prin-cipalmente entre estudantes e professores configuram o melhor ativismo nes-te movimento. Torna-se claro e evidente quando se compara a participação e o desempenho dos locais em certames de ciência e tecnologia como astronomia, física e Matemática, nos períodos entre o antes e o depois da existência do cir-cuito do conhecimento e do sistema local de C, T & I. Um dos resultados mais sig-nificativos ocorreu na olimpíada Internacional de astronomia na China, pequim em outubro de 2005 (a GaZETa, 2005): o jovem felipe Villar Coelho, estudante secundarista de Vitória, aos 16 anos recebeu a Medalha de ouro, após haver re-cebido prata um ano antes na Ucrânia (www.issp.ac.ru/iao/).

Impactos positivos parecem haver ocorrido na produção e publicação cienti-fica, com a participação incremental de pesquisadores locais nas redes coo-perativas e grupos mais importantes de pesquisa nacionais e internacionais. o gradiente de pesquisadores, estudantes de ciência e pesquisas revelá-se

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positivo no mesmo período, embora quaisquer relações conectando tais fatos com o Sistema Municipal de C, T & I e com a “Rota do Edutainment” necessita ainda ser verificado. o crescimento constante no fluxo de visitantes aos espa-ços não-formais de educação e aos centros de educação ambiental indicam que o circuito foi adotado como entretenimento e educação pela população, turistas e visitantes. o que aponta também para uma possível alternativa na geração de trabalho e renda, na medida em que a indústria do turismo venha a inserir formalmente esta rota nas suas atividades receptivas e passe a divul-gá-lo enquanto produto: o turismo do conhecimento.

Entretanto, os benefícios parecem estar um tanto abaixo das possibilidades criadas pelos esforços e investimentos feitos, apesar das realizações aponta-das. por outro lado, a abordagem do edutainment com base na agenda acima descrita é recente, sobretudo no Brasil, com reduzido acúmulo a partir de de-bates, práticas e investigações. a experiência local sobre o tema é curta e res-trita para recomendar ou iniciar práticas educativas sistemáticas. a busca e a seleção das boas práticas e sua adaptação às nossas condições em especial nossa moldura mental deve ser objeto de pesquisa intensa. Transferências ini-ciais de conhecimento e tecnologia devem acontecer na seqüência de forma a permitir a construção das condições e ambiências corretas para alcançar o vasto território nacional. Tais requisitos devem ainda inserir as necessidades e a criatividade locais de forma assertiva, para haver um aprendizado tal que crie novas abordagens e possibilidades.

levando-se em consideração os níveis históricos de dispêndios no Brasil com a Educação em Ciência, Tecnologia e Inovação, o que representa um outro problema significativo, um olhar agudo deve ser mantido nas competições por fundos e financiamentos aos museus, parques e exposições científicas, normalmente sob fortes restrições orçamentárias. Conseguir a ampliação dos investimentos das várias fontes públicas, privadas e do terceiro setor, de maneira a cobrir déficits e necessidades das escolas públicas, privadas e dos espaços não-formais deve ser uma meta permanente e persistente.

Geração, aplicação e disseminação do conhecimento estão concentradas nos paises ditos desenvolvidos, com expectativa de mais concentração ainda no futuro próximo (BaRRoS, 2005). Cooperação, rede, inovação e empreendedo-rismo são palavras e atitudes chaves para o país, ou mesmo para o planeta, permitirem chances ao desenvolvimento sustentável, com redução da pobre-

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za, manutenção incremental na qualidade de vida e empoderamento social, em tempos de economia do conhecimento e precarização das relações de tra-balho. o fato de que no Brasil 88% dos 55,5 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental e médio em todo o país, cursarem escolas públicas (InEp, 2005), faz do edutainment uma possibilidade de atacar o desfiladeiro do co-nhecimento no que tange a educação para C, T & I tanto nas escolas quanto nos espaços não-formais de educação.

pesquisadores, professores e cidadãos, assim como a população como um todo, precisam obrigatoriamente despertar curiosidades, habilidades e voca-ções em tenra idade, através de contatos prazerosos e compreensíveis com a ciência, alimentadores e incentivadores de novos contatos freqüentes, de forma a construir interfaces duradouras com reflexos na vida diária. Todos de-vem ser providos com a capacidade de aprender e lidar com o imenso volume de informações complexas de base cientifica e tecnológica para selecionar o melhor e o mais adequado ao processo permanente de auto-educação indivi-dual e coletivo doravante.

as instalações e práticas em Educação para C, T & I são, hoje em dia, relatadas como distantes desta realidade no Brasil (ferracioli, 2001b) e muito possivel-mente na maioria dos outros paises. dessa forma, a formação continuada em serviço imediata aos professores, sobretudo na rede publica de educação é uma demanda real e urgente. a academia e as instituições educacionais devem saber mais sobre edutainment e assemelhados, mais rápido do que nunca, antes de adotá-los ou recomenda-los. as iniciativas em Vitória, ES podem lançar alguma luz sobre tais processos, pois as condições, os fatos e as evidencias estão aqui para serem pesquisadas. Uma vez que estas observações empíricas estiverem sólida e cientificamente abordadas, poderão contribuir para o estabelecimento de diretrizes e paradigmas para a área em nível nacional e internacional.

agradEcimENtosEste artigo foi parcialmente financiado pelo Cnpq, CapES e faCITEC – fundo de apoio à Ciência e Tecnologia de Vitória, ES/Brasil.

aquisição e manipulação de imagens: Rômulo Cabral de Sá - dT/CdV S.a., fotos: arquivos SaMaST & SEMMaM/pMV, Imagens satélite: www.hiparc.com.br

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portal sociEdadE das águas:populariZação E divulgação da ciêNciaatravÉs da Formação coNtiNuada dE proFEssorEs *

Mara hombre Mulinari, Escola Estadual de Ensino fundamental e Médio Sizenando pechincha, Mestranda programa de pós-Graduação em Educação – ppGE/UfESluana Biasutti, Mestranda programa de pós-Graduação Interunidades Ensino de Ciências/USpláercio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoEsse artigo relata resultados de avaliação do portal Sociedade das Águas. o portal tem por objetivo a integração da tecnologia da informação e comuni-cação com conteúdos curriculares específicos através da Internet para pro-mover a formação continuada de professores em serviço e a divulgação e popularização da ciência, tecnologia & inovação a partir do tema Água e da uti-lização dos conceitos de modelos, modelagem e modelagem computacional & simulação. a avaliação foi feita através de um Curso de formação Continuada para professores de Ciências do 3º e 4º ciclos do Ensino fundamental de 21 municípios do Espírito Santo, Brasil. os resultados mostraram-se promisso-res, fornecendo subsídio para a implantação da perspectiva de trabalho com o foco na divulgação e popularização da ciência.

iNtroduçãoa inserção de recursos tecnológicos na sociedade contemporânea é evidente e a sua integração, sobretudo o computador, no contexto educacional como ferramenta alternativa do aprimoramento dos processos de ensino e apren-dizagem é uma realidade. para integrar esta tecnologia ao cotidiano do aluno, o professor precisa estar preparado, receber formação qualificada e conhecer meios de integrá-la a metodologia de ensino.

* Artigo apresentado na XI Reunión Bianual de la RedpOp – Montevidéo, Uruguai, Maio, 2009

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Uma alternativa de integração pode ser feita através do uso de modelos, mo-delagem, modelagem computacional e simulação como ferramenta auxiliar na aprendizagem de fenômenos oriundos de conteúdos de ciências e áreas afins.

Uma forma de utilizar a modelagem computacional no contexto educacio-nal é através de atividades exploratórias (Bliss & ogborn, 1989, ferracioli, 2003, Mulinari, 2006) caracterizadas pela observação, análise e interação com modelos previamente produzidos. assim, essa análise é feita através de Simulação, mais especificamente Simulação Computacional, sendo que simular um modelo significa promover sua evolução temporal de um esta-do inicial a um estado final com o objetivo de observar seu comportamento ao longo do tempo.

Uma forma de implementar a modelagem computacional no contexto do en-sino é através dos Módulos Educacionais. Este corresponde a um material a ser utilizado no estudo de um determinado fenômeno que se encontra estru-turado em 3 níveis: o objetivo, o conteúdo instrucional e a prática & avaliação. o objetivo visa promover o entendimento e aprofundamento de um determi-nado fenômeno a partir de um determinado recurso, tais como um ambiente de modelagem computacional, um site ou uma mídia. o conteúdo instrucional consiste de uma abordagem teórica e experimental sobre um fenômeno. fi-nalmente, a prática & avaliação consiste da utilização de um recurso para o desenvolvimento das atividades experimentais através de um roteiro conten-do o detalhamento das atividades e perguntas sobre o que foi desenvolvido (Rabbi & ferracioli, 2002).

nesta perspectiva, este trabalho apresenta a proposta do Portal Sociedade das Águas – www.sociedadedasaguas.org – que tem por objetivo a integração da tecnologia da informação e comunicação com conteúdos curriculares espe-cíficos através da Internet para promover a formação continuada de professo-res em serviço a partir do tema Água e a divulgação e popularização da ciência, tecnologia & inovação. o portal, além de apresentar informações sobre o tema central, também apresenta Módulos Educacionais estruturados de forma in-terdisciplinar a partir de temas geradores orientados pelos Blocos Temáticos dos parâmetros Curriculares nacionais (MEC, 2008) e utiliza conceitos de modelos, modelagem computacional & simulação, os quais são investigados pelo Modelab - Laboratório de Tecnologias Interativas Aplicadas à Modelagem Cognitiva - nos últimos 10 anos (Modelab, 2009). atualmente o portal inclui

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resultados da avaliação do material produzido e utilizado em Cursos de forma-ção Continuada realizados para professores da rede municipal de ensino de 21 cidades do estado do Espírito Santo, Brasil nos anos de 2007 e 2008.

mEtodologiaa testagem e a avaliação do portal Sociedade das Águas e dos Módulos Educa-cionais foram realizadas em um Curso de formação Continuada para profes-sores de Ciências do 3º e 4º ciclos do Ensino fundamental de 21 municípios do Estado do Espírito Santo, o qual foi oferecido pelo Modelab através de uma parceria do Centro de formação Continuada da Universidade federal do Espí-rito Santo (CefoCo).

o curso ocorreu no primeiro semestre do ano de 2007, onde foram trabalhados os Módulos Educacionais disponíveis no portal Sociedade das Águas e desen-volvidas as atividades dos materiais instrucionais escritos de cada Módulo. ao término deste curso, foi realizada uma avaliação onde foram preenchidos formulários de avaliação disponibilizados pelo CefoCo, que apresentavam as seguintes questões:

• faça uma apreciação do Curso considerando as facilidades para execução do trabalho. por favor, explicite o que facilitou o traba-lho.

• faça uma apreciação do Curso considerando as dificuldades para execução do trabalho. por favor, explicite o que dificultou o trabalho.

• quais os conteúdos trabalhados neste Curso propiciaram troca de idéias e perguntas?

• quais os benefícios que a formação recebida trouxe para sua prática educacional?

• faça críticas, forneça sugestões para os professores formado-res, equipe técnica, sobre como foram recebidos, para que pos-samos sempre atendê-los de forma a contribuir para a melhoria do ensino/aprendizagem e de forma que se sinta satisfeito.

a partir da análise das questões foi possível observar que os professores par-ticipantes solicitaram a continuidade deste curso, porém com foco no estudo de temas mais próximos a realidade dos municípios participantes. Então, no

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segundo semestre do ano de 2007 foi realizada a segunda etapa do Curso de formação onde foi utilizado o material reformulado de acordo com as deman-das apresentadas pelos professores. no final desta segunda etapa do curso foi realizada uma nova avaliação, cujos resultados serão expostos a seguir.

rEsultadosna avaliação da primeira etapa do Curso de formação os professores relata-ram a importância do uso da tecnologia da informação e comunicação, princi-palmente o computador e Internet, em sala de aula, conforme verifica-se nos seguintes relatos:

“O curso foi concebido para ajudar o professor ainda não familiarizado com o com-putador a entender como esse equipamento pode ser usado como tecnologia edu-cacional (dentro e fora da escola) e a vislumbrar como ele, professor, pode vir a usar o computador em suas atividades, tornando nossas aulas ainda mais atraentes”.

“Nos dias atuais, é fundamental que nós professores utilizemos as mais va-riadas ferramentas para instigar os alunos a buscarem com mais afinco seu crescimento. E a internet é sem dúvida uma ferramenta muito importante e muito presente na vida de nossos alunos...”

Entretanto, os professores também apontam que a falta de computadores e o acesso à internet em muitas escolas municipais do estado acabam dificultan-do a utilização deste tipo de ferramenta no contexto educacional:

“...adaptar esse rico material para a realidade dos educadores atualmente é surreal nas escolas. Pois muitos educadores e, principalmente, as escolas não dispõe de computadores e muito menos internet, sendo difícil o trabalho ser desenvolvido na maioria das escolas do meu município.”

“Em Guaçuí, nem toda escola possui laboratório de informática. Com internet são só duas. Professores que não dominam a informática.”

“Hoje ainda não posso utilizar desse material em minha prática pedagógica pela falta de sala de informática em minha escola.”

assim, baseado na análise das demandas dos professores em cada um dos municípios participantes do Curso, a continuidade da formação propiciou o aprimoramento dos materiais e métodos utilizados no curso e atendeu mais

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efetivamente aos participantes devido, principalmente, a uma melhor contex-tualização do conteúdo com a realidade de cada município. Isso pode ser ob-servado nas respostas dos professores as questões da avaliação da segunda etapa do Curso, conforme mostrado a seguir.

“O módulo melhorou muito”.

“Não houve dificuldade para trabalhar este módulo, pois o material de apoio foi de excelente qualidade...”.

“... seus conteúdos estão mais dentro da realidade do ensino fundamental...”

“... o que facilitou muito e atendeu a realidade de quem vive próximo a Mata Atlântica foi o material referente à cadeia alimentar...”.

”Os módulos e as orientações foram mais precisas, facilitando o entendimento...”

E na tentativa de buscar alternativas ao problema da falta de computadores e/ou internet nas escolas, durante o curso de 2007/2, foi disponibilizada uma versão off-line do portal Sociedade das Águas e solicitado aos professores o desenvolvimento do projeto pró-TIC’s, onde os professores apresentaram pro-posta de implementação de laboratórios de informática nas escolas onde atu-am para que, através desse documento, buscassem junto à administração da escola e a Secretaria Municipal de Educação, a implementação do projeto que haviam elaborado para as escolas.

“... este aprofundamento foi interessante a partir da construção do projeto do la-boratório de informática nas escolas, isso me motivou mais, pois dessa maneira o curso está mais ligado a realidade de nossas escolas que não possuem laboratório de informática e necessitam elaborar um projeto para aquisição do mesmo.”

coNsidEraçõEs FiNaisneste contexto, verifica-se a importância da avaliação no processo de desen-volvimento de materiais, principalmente no contexto da tecnologia da infor-mação e comunicação e a relevância da participação do professor neste pro-cesso. observa-se ainda, que a formação continuada de professores é uma alternativa para ampliar o conhecimento dos profissionais da área de ensino para que possam se atualizar quanto à utilização de tecnologias de informa-ção e comunicação para o ensino de Ciências e disponibilizar aos discentes

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novas ferramentas na construção do conhecimento.

para finalizar, é importante ressaltar que a experiência de implantação do por-tal Sociedade das Águas com o foco na formação continuada de professores foi a base de estruturação da implantação de uma perspectiva de trabalho voltada para a difusão e popularização da ciência, tecnologia & inovação para a promoção da conexão efetiva de espaços não formais de educação com a educação formal conforme pautada na mesa redonda realizado durante o xVIII Simpósio nacional de Ensino de física, realizado em janeiro de 2009 (SnEf, 2009). a metodologia de trabalho incluirá perspectivas de trabalho tais como a desenvolvida no Teacher Institute do Exploratorium: the museum of science, art and human perception.

rEFErêNciasBlISS, J.; MonK, M. & oGBoRn, J. (1989). Tools for Exploratory Learning. A Researsh Programme. Journal of Computer Assisted Learning. 5:37-50.

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MInISTÉRIo dE EdUCação (2008) Secretaria de Educação Básica. Brasília: SEB/MEC. disponível no endereço: http://portal.mec.gov.br/seb/.

Modelab (2009) laboratório de Tecnologias Interativas aplicadas a Modelagem Cognitiva. UfES, Brasil. disponível no endereço: www.modelab.ufes.br

MUlInaRI, M. h. (2006) A Utilização da Modelagem Computacional como Estratégia de Análise de Ecosistemas Manguezais. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade federal do Espírito Santo.

RaBBI, M. a; fERRaCIolI, l. (2002). O Estudo de Métodos Numéricos de Integração através da Modelagem Computacional Quantitativa. In: VIII Encontro nacional de pesquisa em Ensino de física, 2002, Águas de lindóia. Atas do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Física.

SnEf2009 (2009) xVIII Simpósio nacional de Ensino de física – SnEf 2009 disponível no endereço: www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/

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mostras ciENtÍFicas EscolarEs Em comuNidadEs carENtEs como proposta dE lEvar EstudaNtEs dE baixa rENda ao coNtato com a ciêNcia & tEcNologia *

Graziely ameixa Siqueira dos Santos, Escola Estadual de Ensino fundamental e Médio luiz Manoel VellozoThieberson Gomes, Modelab - ppGEnfis/UfES

iNtroduçãoEste trabalho relata o desenvolvimento e apresentação de uma Mostra de física em uma escola de Ensino Médio da Rede pública Estadual do Espírito Santo – Brasil, inserida em uma Mostra Cultural que teve como tema norteador “Ciência enquanto profissão”. os objetivos da Mostra de física foram oportunizar o aces-so da comunidade a Mostras Científicas e despertar a curiosidade tanto de alu-nos, como da comunidade, sobre as diversas formar que a Ciência e a Tecnologia se apresentam no seu cotidiano. a Mostra de física foi planejada e executada por uma professora de física da escola em parceria com os estudantes de uma turma de segundo ano do Ensino Médio. observou-se que todos os estudantes se engajaram tanto no planejamento da Mostra, com sugestões e idéias, como na sua execução montando, confeccionando e apresentando os exemplares da mostra. outro resultado positivo foi a participação massiva da comunidade mostrando que até mesmo em uma comunidade carente é possível despertar as pessoas para o vislumbre que a Ciência e a Tecnologia proporcionam.

aspEctos tEóricoso histórico do ensino de ciências no Brasil, se baseou principalmente na li-teratura norte americana até meados do século xx. no entanto, com o lan-çamento do Sputnik ao espaço pelos Russos, os EUa trataram de repensar seu ensino científico. Segundo fracalanza et al. (1986) “foram despendidas enormes quantias pelas entidades científicas para levar adiante a empreita-

* Artigo apresentado na XII Reunião Bianual da RedpOp – Campinas, Brasil, Junho, 2011

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da, reunindo especialistas de renome em educação, psicologia e diferentes campos das ciências exatas e naturais.” assim surgiram, nos EUa, o que vi-riam a ser os projetos curriculares, exportados, um pouco mais tarde para américa latina. no Brasil:

“o movimento institucionalizado em prol da melhoria do ensino de ciên-cias, antecedeu os norte-americanos, [...], se reuniu em São Paulo, [...], um grupo de professores universitários, [...], de modo que se aprimoras-se a qualidade do ensino superior e, em decorrência influísse no proces-so desenvolvimento nacional.” (Krasilchik, 1987, p.8)

os projetos científicos norte-americanos importados pelo Brasil e adaptados à realidade brasileira, motivaram a elaboração de um currículo baseado em objetivos educacionais, no entanto foi a ldB (lei de diretrizes e Bases) de 1961, que trouxe modificações significativas, que contribuíram para o ensi-no de ciências nas escolas, sendo uma delas o aumento da carga horária de física, química e Biologia no Ensino Médio. no entanto, mesmo com o apareci-mento do livro didático, o ensino manteve suas tendências tradicionais. Com surgimento dos chamados Centro de Ciências, cujo objetivo inicial era formar cursos e palestras sobre o ensino de ciências nas escolas do país, houve o “surgimento e a consolidação de inúmeras atividades voltadas para prática do ensino de ciências, [...], entre elas a iniciação científica, por meio de inúmeras atividades práticas, dentre as quais se destacam as feiras de ciências.” (fE-naCEB, 2006).

as posturas didáticas ou filosóficas que norteiam o ensino de física tradicional reforçam uma aprendizagem mecânica, isto é, uma aprendizagem sem atribui-ções de significado aos conhecimentos, baseada na memorização de fórmulas ou conceitos cuja única finalidade é a realização de alguma avaliação. “o que o aprendiz busca são mecanismos, regras, artifícios para memorizar mecanica-mente certos conhecimentos” (Moreira, 2006). as Mostras Culturais ou feiras de Ciências são importantes, pois contribuem para o crescimento pessoal dos alunos, uma vez que fortalecem os relacionamentos deles com os colegas e a comunidade, bem como os estimulam à realização de um bom trabalho, visto que os visitantes os identificarão com sua produção. nesta troca, os alunos têm a oportunidade de ouvir comentários, discuti-los, argumentá-los e perceber o próprio trabalho pela perspectiva do outro. alunos que participam desta cons-trução rompem com a educação depositária tão criticada por paulo freire e me-

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lhoram o desempenho, uma vez que eles passam a fazer suas próprias escolhas.

Segundo Mancuso (2006) as “feiras de Ciências são eventos sociais, científi-cos e culturais realizados nas escolas ou na comunidade com a intenção de, durante a apresentação dos estudantes, oportunizar um diálogo com os visi-tantes, constituindo-se na oportunidade de discussão sobre conhecimentos, metodologias de pesquisas e criatividade dos alunos em todos os aspectos referentes à exibição dos trabalhos.” assim, atividades não formais no ensino de ciências como as realizadas e oportunizadas por Mostras Científicas, pos-sibilitam a construção do conhecimento (pacheco, 1997).

mEtodologiaa Mostra de física foi executada dentro da programação da Mostra Cultural promovida pela escola e foi montada na Sala de Vídeo. Uma turma do segundo ano do Ensino Médio ficou responsável por colaborar no planejamento, monta-gem e execução dos exemplares da Mostra de física. as atividades se dividi-ram em três etapas:

primeira Etapa - planejamentofoi realizada na semana que antecedeu a Mostra Cultural. Iniciou-se com uma reunião para o levantamento dos itens da Mostra de física. após a reunião os estudantes fizeram um levantamento de informações teóricas e dos mate-riais necessários para a construção dos exemplares, através da internet, no laboratório de informática da escola. houve também momentos de discussão envolvendo toda a turma.

segunda Etapa - montagemocorreu durante a semana da Mostra Cultural, de segunda a quinta-feira, nas últimas duas horas de aula cedidas pela escola. Constituiu-se da construção, montagem e ensaios dos roteiros de cada exemplar da mostra.

terceira Etapa - Execuçãona sexta-feira, pela manhã, paralelamente à Mostra Cultural, a Mostra de físi-ca foi aberta à visitação. os exemplares foram dispostos um circuito pelo qual os visitantes deveriam seguir. Toda a comunidade à qual pertence a escola foi convidada a participar e compareceu em número expressivo.

a escolha dos experimentos foi realizada em conjunto com os estudantes

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colaboradores, na Segunda Etapa, e deveriam contemplar principalmente os conteúdos de ótica os quais estavam sendo abordados em sala de aula na-quela época. foi permitida a inclusão de exemplares que, mesmo não tendo relação com o conteúdo principal, se relacionassem diretamente com a física e que tivessem boa aceitação pela turma. a sugestão mais aceita foi a inclusão de um filme em 3d. a sugestão surgiu pelo fato de ter sido apresentado um show em 3d nas semanas anteriores à Mostra Cultural. o show era gratuito para algumas crianças do ensino fundamental da comunidade. no entanto, os estudantes de ensino médio teriam que pagar para assistir, o que restringiu a maioria deles da oportunidade de presenciar tal evento.

os experimentos efetivamente incluídos na mostra foram: pólos do imã e o cam-po magnético, demonstrado pela limalha de ferro (produzido pelos próprios alu-nos); abajur de fibra ótica; disco de newton; Globo de plasma; Caixa das cores dos objetos; número de imagens em espelhos planos; e um Vídeo 3d.

após a escolha dos exemplares, definiu-se então que seriam expostos den-tro de caixas forradas de preto, com lâmpadas instaladas discretamente em seu interior e a sala iluminada por luz negra. os visitantes entrariam na sala em grupos de vinte (20), percorreriam o circuito de experimentos e ao final se sentariam em cadeiras dispostas no centro da sala a sessão do vídeo 3d. foram dispostos dois estudantes colaboradores por experimento para a reali-zação das explicações dos princípios fenômenos físicos envolvidos. Cada ex-perimento contava ainda com um quadro com informações escritas com papel branco picado. as sobras do papel foram espalhadas pelo chão para que, ao ligar a luz negra, o efeito do papel branco na superfície pudesse ficar bastante evidente, como pode ser observado nas figura 01 e 02.

Todos os experimentos foram montados pelos estudantes colaboradores nas suas respectivas caixas. na caixa para o número de imagens, foram dispostos quatro pares de espelhos em diferentes ângulos, 180º, 90º, 60º e 45º e um lápis como objeto no meio deles, o que permitiu aos visitantes a “adivinhação” do número de imagens formadas, quando da modificação do ângulo.

o disco de newton foi construído a partir de um ventilador velho e sobra de pa-péis coloridos, sempre atentando para o reaproveitamento e a minimização do desperdício. na “Caixa das cores dos objetos”, lâmpadas coloridas (vermelha, azul, verde e amarela) e branca, iluminavam uma por vez, nesta ordem, peças

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70coloridas de lEGo e ao visitante era solicitado a responder qual a cor da peça que ele estava vendo.

o vídeo 3d foi projetado em uma tela utilizando-se um projetor multimídia e assistido a partir do cetro da sala com o auxílio dos 21 óculos cedidos por uma produtora de eventos local. a professora de física tentou, inicialmente, construí-los, mas as tentativas frustraram tanto em qualidade da visualização como na dificuldade de se encontrar o material acetato na cor ciano em Vitória. os visitantes recebiam os óculos antes da seção do Vídeo 3d e os devolviam no seu término, quando respondiam a um pequeno questionário sobre a idade, grau de instrução, item que mais despertou o interesse, se já havia assistido a algum Vídeo 3d, se conhecia a tecnologia de um Vídeo 3d, qual seria o motivo em caso de resposta negativa para as duas perguntas anteriores, se possuía acesso à internet, satisfação quanto à Mostra de física, qual imagem ele pos-suía de um cientista e qual profissão desejaria ter no futuro. foram respondi-dos um total de 80 questionários pelos visitantes.

o número de visitantes interessados na Mostra de física foi alto, o que oca-sionou uma enorme fila na porta da sala de vídeo. a Mostra de física recebeu a visita de muitas pessoas da comunidade, além dos estudantes da própria escola. Isso reflete o papel de destaque e o respeito que a escola tem para com esta comunidade, uma vez que a escola é um ponto de encontro ou de oportunidade para os que utilizam a quadra de esportes ou freqüentam os cur-sos oferecidos gratuitamente, nos finais de semana, dentro do projeto Escola aberta. houve participação de turmas de outras escolas, sendo duas turmas do nono ano do ensino fundamental de uma escola da prefeitura e três turmas de uma outra Escola Estadual de Ensino Médio.

Figura 01: Sala de Vídeo iluminada por luz branca

Figura 02: Sala de Vídeo iluminada por luz negra

Figura 03: Visitantes aguardan-do o vídeo 3D

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rEsultadosdurante o planejamento e execução da Mostra de física, observou-se que to-dos os estudantes se engajaram em todas as atividades das três etapas des-critas acima. o empenho em buscar informações na internet sobre aspectos teóricos e esquemas de montagens relacionados aos experimentos eviden-ciam um interesse além do comum, observado em atividades corriqueiras de sala de aula. Isso pode indicar que a Mostra de física representou um fator motivacional para os estudantes colaboradores que para Moreira e Mansini (2008) é um fator extremamente importante para que aconteça uma apren-dizagem significativa. além disso, o grande interesse demonstrado pelos es-tudantes colaboradores em todas as etapas constitui-se de uma das condi-ções para a ocorrência da aprendizagem significativa, uma vez que “ninguém aprenderá significativamente se não quiser aprender. É preciso uma predispo-sição para aprender, uma intencionalidade.” (Moreira, 2006). Um exemplo que torna evidente o empenho dos estudantes colaboradores foi quando os testes do primeiro disco de newton que construíram não apresentaram resultados considerados satisfatórios pelos próprios estudantes. neste momento, toda turma, instigada a levantar hipóteses que explicassem o porquê do insucesso, se empenhou para resolver o problema. Isto serviu para que refletissem sobre necessidade de vários testes e adaptações de um experimento na busca de se provar uma teoria ou abandoná-la.

a análise dos 80 questionários respondidos pelos visitantes mostrou que a Mostra de física em uma escola de Ensino Médio oportunizou vivências, que normalmente não seriam acessíveis pelas suas condições financeiras, e tanto os encantou como os satisfez. Em especial, sobre o Video 3d que é tão acessí-vel atualmente nos grandes centros, o questionário revelou que nenhum dos visitantes já havia tido contato com tal tecnologia antes daquele dia, tendo sido o mais citado como o de maior interesse. Esse resultado ressalta a impor-tância da escola em oportunizar cada vez mais este contato de estudantes de comunidades carentes com as mais diversas formas de tecnologia.

a possibilidade de interação dos visitantes com alguns dos itens da Mostra de física tornou-se um espetáculo no evento. Manipular ímãs e ver a limalha de ferro se reordenando, tocar um globo de plasma e observar os raios indo em direção à mão são alguns dos exemplos que maravilharam os visitantes.

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coNclusãoEste trabalho relata a experiência de uma Mostra de física em uma Escola de Ensino Médio de uma comunidade carente da periferia da Grande Vitória-ES. o envolvimento dos estudantes no planejamento, na montagem e na execução da Mostra apresentou como maior resultado a intensificação das relações alu-no-aluno, aluno-professor, aluno-conhecimento e aluno-comunidade, consta-tado pela qualidade dos experimentos e do nível de preparo de cada estudante para explicar os mesmos.

dessa forma, os resultados parecem corroborar o papel de Mostras Científi-cas como “mobilizadora da produção”, como “espaço de trocas e ampliação de aprendizagens”, bem como “impulsionadora da competência comunicativa” (Borba, 1996).

agradEcimENtosTrabalho parcialmente financiado pelo Cnpq, CapES, pelo faCITEC – fundo de apoio a Ciência e Tecnologia do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia do Município de Vitória, ES e pela fapES/SECT - fundação de amparo à pesquisa no Espírito Santo (fapES). pelo apoio da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Espírito Santo.

rEFErêNciasBoRBa, EdSon. Caderno de Ação Cultural Educativa. Vol 3. Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Belo horizonte, 1996, 57p.

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la TaIllE; olIVEIRa, M.K; danTaS,h. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 13.ed. São paulo: Summus, 1992

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MoREIRa, M. a. & MaSInI, E. f. S. Aprendizagem Significativa: a Teoria de david ausubel. São paulo/Sp: Ed. Centauro, 2006.

MoREIRa, M. a. A Teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: UnB, 2006,

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albErt EiNstEiN: ciêNcia, cultura E artE*

laércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

iNtroduçãoos pilares do conhecimento científico lançados por albert Einstein no início do século xx causaram impacto profundo não só na Ciência e na filosofia, assim como na Cultura e na arte. não só o conhecimento científico formulado por Einstein mas seu modus operandi criativo e arrojado produziram e produzem manifestações diversas tanto no mundo acadêmico quanto no cotidiano do cidadão comum que incorporou, via de regra sem o apropriado entendimento, a formula maior de sua produção científica, E = mc2 ou a imagem do cientista distraído com sua língua de fora mas que “provou que tudo é relativo”. nesse contexto, esse capítulo apresenta uma leitura sobre possíveis desenrolares que esses acontecimentos podem produzir para a construção de uma apro-priada cultura científica adaptada a atual sociedade cada vez mais complexa em que vivemos.

as duas culturasEm 07 de Maio de 1959 o físico e romancista inglês, Charles percy Snow, re-ferenciado como C. p. Snow (1905-1980), apresentou a conferência As Duas Culturas1 na Rede lecture: uma série de conferências que ocorre anualmente na Universidade de Cambridge, Inglaterra, desde 1593.

na condição de físico de formação e escritor por vocação, como Snow se auto--define, as “culturas” a que se refere estão associadas a cultura científica e a cultura humanística, pelas quais transitou por mais de 30 anos. a tese central de Snow é de que esses dois pilares da civilização ocidental caminham por veredas divergentes, causando a perda de uma cultura comum e consequente emergên-cia de duas disciplinas acadêmicas distintas, aprofundando o falso abismo en-tre cientistas e não-cientistas. Essa polarização extremada leva a uma situação

*texto originalmente publicado em KNOBEL, M & sChULZ, p. (2010) Einstein: Muito Além da Relatividade. são paulo: Instituto sangari.

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onde cada cultura se mantém deliberadamente ignorante da outra resultando em uma perda cultural para a sociedade como um todo. Ele ressalta que é, ao mesmo tempo, uma perda prática, intelectual e criativa, e declara falso o ideário que considera esses três aspectos como claramente separáveis.

para Snow só existe uma maneira de sair dessa drástica situação, “natural-mente, pelo repensar de nossa educação”2 . Um repensar que comece princi-palmente pelas escolas primárias e secundárias, mas também nas universida-des, para que se evite o forjar de mais uma geração que seja profundamente ignorante ou desprovida de compreensão e simpatia global.

a conferência causou impacto e controvérsia de modo que, em 1963, Snow lançou uma segunda edição de As Duas Culturas onde ele adicionou um novo ensaio The Two Cultures: A Second Look no qual ele sugere que uma nova cultu-ra, uma terceira cultura, emergiria e promoveria o estreitamento da comunica-ção entre intelectuais e cientistas 3.

Independente das causas alegadas por Snow para a emergência dessas cul-turas, sejam elas de responsabilidade dos próprios intelectuais da ciência que não se preocupam em conversar com a comunidade não-científica ou dos in-telectuais das humanidades que tomam a ciência como algo não pertencente ao seu universo, tomo emprestada sua concepção para abordar a temática da Ciência, Cultura e arte no contexto apresentado por ele como única saída para essa situação: a Educação.

o sENso ciENtÍFico, o sENso comum E uma tErcEira culturaapesar de todo a avanço científico e tecnológico da atualidade, predominante parcela da população não faz a menor idéia de processos e explicações cien-tíficas associados ao arsenal tecnológico incorporado a nossa vida cotidiana: somos consumidores natos de caixas pretas.

nesse contexto, podemos delinear a existência de duas culturas: uma asso-ciada ao conhecimento científico, entendido como o corpo de conhecimento

1 Snow, C. p. (1959) The Two Cultures. Cambridge: Cambridge University press.2 Snow, C. p. (1993) The Two Cultures. Cambridge: Cambridge University press. p. 18; 33; 61.3 a repercussão da conferência reflete ainda na atualidade como pode ser constatado pela realização de seminário comemorativo do 50o aniversário da publicação da Rede lecture de C. p. Snow em 2009.

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construído para explicar o mundo que nos cerca em detalhes e sem ambigüi-dades e, outra, associada ao senso comum, entendida como o conhecimento baseado em crenças e proposições utilizadas pelo cidadão comum em seu co-tidiano na busca de explicações e resultados práticos sem depender de inves-tigação detalhada e sistematizada. nessa lógica, integramos as caixas pretas sem o menor temor, uma vez que advêm do mundo científico, aquele que tudo explica e, em princípio, assegura conforto sem riscos.

Está certo que, o senso comum tem a força e o poder do conhecimento cien-tífico, levando, muitas vezes, a construções de verdades improváveis e não demonstráveis mas que, repetidas como um mantra, são transformadas em verdades aparentes 4, tal como a crença de que a telefonia celular pode causar doenças não delineadas claramente mas sempre lembrada com certa caute-la, embora a telefonia celular continue seu crescimento exponencial cada vez mais acentuado.

a apropriação do conhecimento científico, seja ele correlato ou não a tecnologia do momento, pode promover a integração de diversas áreas do conhecimento estabelecendo condições iniciais para o preparo de um cidadão capaz de tran-sitar por temas de diferentes culturas contribuindo, dessa forma, para o cons-trução de uma sociedade esclarecida, lúcida, inovadora e fundada em princípios lógicos mínimos para que esse cidadão seja capaz de discernir e processar um complexo de informações, gerar conhecimento, inovar e tomar decisões adequa-das (ferracioli, 2007). a qualidade de uma decisão sobre um assunto relevante para esse cidadão, tal como a decisão sobre a adoção da energia nuclear, depen-derá da legitimidade das hipóteses adotadas, da honestidade das previsões e, sobretudo, do rigor da avaliação que se faça de suas conseqüências.

Mas para que esse cenário ocorra, ou seja, para que seja infundida uma prática social de apropriação do conhecimento científico, é necessária a construção deliberada de uma nova cultura, uma terceira cultura, que promova o estrei-tamento da comunicação entre o científico, com racionais e claros limites de aplicação, e o senso comum, característico pela subjetividade e falta de deli-mitação de seu alcance.

4 Situação que poderia ser caracterizada de ciência patológica, como definida em 1953 pelo nobel de química, Irving langmuir, quando as pessoas são aliciadas por falsos resultados baseados em expectativas pessoais ocultas ou subjetivas ou, em suas próprias palavras, the science of things that aren’t so.

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no entanto, essa ação deliberada passa por um repensar da educação, con-forme apontado por Snow, de modo a buscar consensos estratégicos mínimos que definam uma trajetória sustentável e perene que vá além de mandatos constitucionais de um legislativo ou Executivo. dessa forma, será possível, em um horizonte de médio-longo prazo, a construção da emergência dessa terceira cultura oriunda da contraposição científico-senso comum, para a pre-paração de um cidadão provido de compreensão global do universo onde está inserido e capacitado para a processar informação, gerar conhecimento espe-cífico, inovar agregando novos olhares ao seu conhecimento e tomar decisões, qualidades mínimas para a sobrevivência de qualquer cidadão na sociedade cada vez mais complexa em que vivemos.

a ciêNcia, o público E a divulgação ciENtÍFica: EiNstEiN, gamow E sNowUm possível enfoque para a abordagem da construção dessa terceira cultura no contexto da educação é o entendimento de que muitos conceitos cientí-ficos são demasiadamente específicos e conceitualmente abrangentes e de reduzido entendimento por parte do cidadão comum. dessa forma, a proble-mática de qual o enfoque educacional a ser adotado para esses conceitos científicos vai muito além da busca por um maior rigor e coerência acadêmi-ca – sciencentrism - ciencentrismo - mesmo porque explicações e conclusões científicas não devem simplesmente contradizer a experiência do dia-a-dia. neste sentido, o ponto central passa pela determinação de levar o cidadão co-mum ou o estudante, cidadão em contínua construção, a ter alguma chance de poder compreender o mundo que o cerca a partir de seu próprio ponto de vista levando-o ao entendimento de importantes aspectos da ciência – plubicen-trism - publcentrismo. (ferracioli, 2001).

Essa perspectiva tem sido considerada por muitos cientistas zelosos com a divulgação e compreensão de suas idéias e dois exemplares clássicos podem ser analisados em relação às idéias de albert Einstein: em primeiro lugar, o próprio Einstein (1879-1955) e, em segundo, George Gamow (1904-1968).

no mesmo ano em que pública o artigo com os fundamentos da Teoria da Relatividade Geral (Einstein, 1916), Einstein finaliza seu livro de divulgação científica sobre esse tema que é publicado na língua inglesa em 1920 - Re-lativity: The Special and the General Theory – A Popular Exposition – Relativi-dade: A Teoria Especial e Geral – Uma Exposição Popular (Einstein, 2010). no

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prefácio do livro Einstein afirma:

A presente publicação tem o objetivo, na medida do possível, de ofere-cer uma compreensão do Teoria da Relatividade àqueles leitores que, de um ponto de vista científico e filosófico, estejam interessados na teoria, mas que não sejam familiarizados com o ferramental matemático da física teórica. Esse trabalho presume um padrão de educação corres-pondente ao nível médio e, apesar de seu reduzido tamanho, pressupõe uma dedicação e força de vontade de seu leitor. O autor não mediu es-forços na tentativa de apresentar as principais idéias na maneira mais simples e inteligível possível, sem no entanto deixar de lado a elegância da apresentação. (Einstein, 2010 [1920], p. 6).

dessa forma, ciente da complexidade do ferramental matemático utilizado para a formalização de suas idéias, Einstein antecipa na elaboração de uma publicação elegante, clara e concisa para aqueles sem conhecimento aprofun-dado na matemática ou física.

o segundo exemplar é o físico George Gamow, russo de nascença e naturali-zado cidadão norte-americano, um dos defensores e propositores da teoria de expansão cósmica denominada Big Bang e considerado um dos mestres da divulgação científica. Gamow foi notável em sua busca pela divulgação dos conceitos da física moderna através de seu personagem Mr. Tompkins, um bancário, cujas aventuras em sonhos, levam o leitor desde o universo dentro do átomo aos limites do universo de Einstein.

no prefácio de seu livro Mr. Tompkins in Paperback, publicado em 1965 pela Cambridge University press e traduzido para o português com o titulo O Incrí-vel Mundo da Física Moderna em 1976, Gamow descreve que em 1938 havia escrito um texto de divulgação das idéias fundamentais da teoria da curvatura do espaço e da expansão do universo sem, contudo, ter conseguido publicá-lo após tentativas em diferentes revista. no verão do mesmo ano, em conversa sobre divulgação da ciência com Charles Galton darwin (1887-1962)5, ao re-latar esse fato, este sugeriu que ele enviasse o texto para o dr. C. p. Snow, na época editor da revista científica popular Discovery6 publicada pela Cambrid-ge University press. Gamow relata que, uma semana após submeter o artigo, recebeu um telegrama de Snow comunicando que o mesmo seria publicado no numero seguinte da Discovery e solicitava “Por favor, envie mais”. Esse fato, continua Gamow, impulsionou a escrita de novas aventuras do Sr. Tompkins

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para a divulgação da teoria da relatividade e teoria quântica, que foram publi-cadas em edições subsequentes da Discovery. Em 1940 a Cambridge Univer-sity press o convida para publicar um livro reunindo essas aventuras sob o titulo, O Sr. Tompkins no País das Maravilhas e, em 1945, o livro O Sr. Tompkins Explora o Átomo.

dois comentários podem ser tecidos considerando o relato de Gamow. o pri-meiro, de que essa sequência de fatos nos leva a observar que 20 anos antes de C. p. Snow caracterizar a segmentação da cultura comum em duas discipli-nas acadêmicas distintas e sugerir a emergência de uma terceira cultura que promoveria o estreitamento da comunicação entre cientistas e humanistas, Snow, enquanto homem da ciência tal como Einstein e Gamow, foi precursor e já era um militante ativo de uma Terceira Cultura com enfoque no publicentrism que promovesse a divulgação científica para o estreitamento da comunicação entre a cultura cientifica e a cultura do senso comum, visando a construção de uma sociedade esclarecida.

o segundo comentário é relacionado a importância atribuída a publicação da Discovery, The Monthly Magazine of Scientific Progress quando essa volta a ser publicada em 1943 pelo seu primeiro Editor, John Jarrold, antes do final da Segunda Guerra, “as he felt that a Magazine of Scientific Progress would be urgently needed in the post-war years to help Britain to regain its once emi-nent scientific position, lost during the war”7 . Mais ainda, além da importân-cia, a crença no papel que a divulgação científica pode desempenhar tanto na educação não-formal quanto na educação formal quando seu editor relata que “sua distinta capa amarela podia ser encontrada nos laboratórios de quase to-das as escolas britânicas, nas casas de muitos cientistas ao redor do mundo e, naturalmente, em todas bibliotecas acadêmicas distintas. Sua circulação era de, aproximadamente, 15.000 exemplares” 8.

5 físico inglês e neto de Charles darwin (1809-1882) naturalista inglês e autor de a origem das Espécies.6 discovery, The Monthly Magazine of Scientific progress: publicação inglesa criada em 1920 por John Jarrold e adquirida pela Cambridge University press em 1930. Sua publicação foi interrompida 1940 por causa da Segunda Guerra Mundial, quando C. p. Snow era seu Editor e retomada em 1943 sob a editoria de seu criador.7 disponível no endereço <www.garfield.library.upenn.edu/michaelis/synopsis2.html,> Title 62.8 op. cit. nota 7.

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ciêNcia, visualiZação E divulgação ciENtÍFicaEm 1931, quando albert Einstein visitava hollywood já no auge de sua popu-laridade, Charles Chaplin (1889-1977) o teria convidado para a estréia de seu filme Luzes da Cidade. Conta-se que, enquanto circulavam pelas ruas da cida-de, os transeuntes os aplaudiam e Chaplin teria comentado com Einstein: Eles me aplaudem por entenderem o que faço e o aplaudem por não entenderem nada do que fazes.

de maneira geral é reconhecido que Einstein revolucionou nossa concepção do mundo físico, mas essa nova concepção está encapsulada em uma mate-mática muito específica de pouco alcance para o cidadão comum. na verdade, para além da barreira matemática, como aponta Bertrand Russel (1972-1970), em seu clássico da divulgação científica, ABC da Relatividade, publicado pela primeira vez em 1925:

“O que nos é demandado é uma mudança de nossa concepção imagina-tiva do mundo que nos rodeia – uma concepção que tem sido construí-da desde eras mais remotas, talvez desde de nossos ancestrais e tem sido aprendida por cada um de nós desde nossa mais tenra idade. Uma mudança em nossa imaginação é sempre difícil, especialmente quan-do nós já não somos crianças ou jovens. O mesmo tipo de mudança foi demandada por Copérnico, quando nos ensinou que a Terra não é esta-cionária e que o paraíso – o céu - não gira ao seu redor uma vez ao dia. Nos dias de hoje não temos a menor dificuldade em lidar com essa idéia porque já a apreendemos mesmo antes de nossos hábitos mentais te-rem sido estabelecidos. Similarmente, as idéias de Einstein parecerão fáceis para futuras gerações que crescerão junto com elas. Mas, para nós, um grande esforço imaginativo de reconstrução será inevitável.” (Russel, 1993 [1925], p.11)

o próprio Einstein reconhece a necessidade dessa mudança conceitual e pa-radigmática quando afirma:

“A principal razão para ter sido necessários outros 7 anos (após a concep-ção da Teoria da Relatividade Restrita) para a construção da Teoria da Re-latividade Geral está no fato de que não é tarefa fácil nos libertarmos da idéia de que as coordenadas precisam de um significado métrico direto, ou seja, nos libertar da idéia de que diferenças de coordenadas = compri-mento mensurável, ou tempo.” (Einstein, 1982 [1978], p.67)

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dessa forma, observa-se que, além da dificuldade da compreensão das idéias de Einstein devido ao ferramental matemático exigido, nos é difícil a plena compreensão de suas conclusões por serem desprovidas de qualquer signifi-cância quando analisadas do ponto de vista do senso comum.

nesse contexto, a utilização de recursos de visualização tem sido o foco de alguns cientistas na busca de promover a compreensão de conceitos cientí-ficos que fogem da esfera de nosso cotidiano. assim, em uma das clássicas histórias do Sr. Tompkins, Limite da Velocidade na Cidade publicada em 1940, Gamow (1988) procura abordar as duas consequências diretas da invariância (constância) da velocidade da luz propostas por Einstein através da Teoria da Relatividade Restrita: a contração do comprimento e a dilatação do tempo para um observador se deslocando em velocidade próxima a da luz. na história, o Sr. Tompkins vai assistir a uma palestra sobre a Teoria da Relatividade e, antes de cair no sono, chega a compreender as seguintes palavras do palestrante:

“... a essência da teoria de Einstein consiste em existir velocidade máxi-ma, a da luz, que nenhum corpo material em movimento pode ultrapas-sar, conduzindo, tal fato, a conseqüências estranhas e extraordinárias.

Mr. Tompkins pedalando pelas ruas da cidade com velocidade próxima a da luz na história Limites da Velocidade na Cidade (Gamow, 1988 [1940], p.4).

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No entanto, afirmou o professor, como a velocidade da luz é de trezen-tos mil quilômetros por segundo, dificilmente seria possível observar os efeitos da relatividade para eventos ordinários de nossa vida cotidiana. Contudo, a natureza desses efeitos era, na realidade, muito mais difícil de compreender e pareceu ao Sr. Tompkins que contrariavam o senso comum. Ele procurava imaginar a contração de barras de medição e o esquisito comportamento dos relógios – efeitos esperados ao se mo-vimentar com velocidades próximas a da luz, quando baixou a cabeça vagarosamente sobre o ombro.” (Gamow, 1988 [1940], p.16)

a partir desse momento, Gamow desenvolve a história com o Sr. Tompkins so-nhando diferentes situações e explorando os efeitos causados ao se deslocar com velocidades próximas a da luz. o autor introduz duas ilustrações para vi-sualizar a contração dos comprimentos na direção do movimento e uma delas é apresentada a seguir: observa-se que “as ruas estão mais curtas, as vitrines das lojas se assemelham a fendas e o policial na esquina tornou-se o indivíduo mais magro que já havia visto” conforme as palavras do Sr. Tompkins ao peda-lar pelas ruas da cidade imaginária.

Figura 01: Visão do ciclista na condição de repouso ou se deslocando da esquerda para a direita a baixa velocidade, muito menor que a velocidade da luz, quando os efeitos relativísticos não são observados.

Figura 02: Visão do ciclista na condição de deslocamento da esquerda para a direita a 0,9c, de acordo com a visualização proposta por Gamow (1988, [1940])

Figura 03: Visão do que o ciclista realmente veria na condição de deslocamento da esquerda para a direita a 0,9c de acordo com as idéias de Einstein.

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Esse desenho tornou-se um clássico exemplar de visualização e tem sido utilizado, desde então, para ilustrar a contração dos comprimentos para a di-vulgação desse aspecto da teoria de Einstein. Esta imagem foi concebida 25 anos após a publicação da Teoria da Relatividade Geral quando ainda não eram claros os reais efeitos do formalismo matemático para a sua visualização e descrição adequada e consistente com a nossa experiência cotidiana.

no entanto, em 2005, por ocasião do ano Internacional da física celebran-do o Annus Mirabilis de albert Einstein9 , e em 2006 dois artigos utilizando recursos da modelagem, simulação e visualização científica apresentaram resultados de um estudo sobre visualização da Teoria da Relatividade Res-trita e Geral (wEISKopf et alli, 2005; wEISKopf et alli, 2006). após extensa análise dos resultados de simulações computacionais para diferentes ce-nários os autores produziram a visualização dos efeitos relativísticos os quais são mostrados nas ilustrações que seguem. a sequência de imagens representa a visão que um ciclista teria ao se deslocar pelas ruas da cidade, similarmente ao sonho do Sr. Tompkins: a figura 01 mostra a visualização de quando está em repouso ou se deslocando com uma velocidade compatível com o nossa experiência cotidiana, ou seja muito inferior a velocidade da luz - c10 ; a figura 02 apresenta a visualização similar a proposta por Gamow (1988, [1940]) quando o ciclista se desloca com velocidade 0,9c – 90% da velocidade da luz; e a figura 03 é a visualização de como o ciclista realmente veria as casas quando se deslocando a velocidade 0,9c.

Como pode-se observar, diferentemente da visualização proposta por Ga-mow (1988, [1940]), mostrada na figura 02, a visualização do ciclista se deslocando a 0,9c que é mostrada na figura 03 revela uma imagem rota-cionada e distorcida. os autores afirmam que a principal razão para que a visualização proposta por Gamow não ser adequada foi o fato dele não ter considerado a velocidade da luz como tendo um valor finito, uma vez que quando lidamos com o padrão de velocidade de nosso cotidiano esta nos parece infinita. além do fato de que a visualização dos efeitos da teoria da

9 para maiores informações siga, por exemplo, os links: www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/ amf/e www.wyp2005.org/ 10 a velocidade da luz é usualmente representada pela letra c como na popular expressão E = mc2. a suposta razão para essa representação é de que a letra c vem da palavra celeritas que, do latim, significa rapidez, agilidade ou velocidade.

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relatividade em um cenário de nosso cotidiano só começou a ser esclarecida de resultados publicados a partir de 195911 .

dessa forma, a visualização em Ciência gerada a partir da modelagem e simu-lação de modelos matemáticos com implementação de ferramentas 3d vem se revelando um poderoso ferramental tanto para a compreensão de cenários da evolução científica, como é o caso do exemplo relatado quanto para sua integração na educação em ciência e tecnologia e divulgação científica (ferra-cioli, 2006, Silva, et alli, 2009). Sendo a visão, nosso equipamento maior de co-leta de dados do universo que nos rodeia, a construção de modelos que levam à geração de cenários 3d nos permite a visualização “concreta” de cenários inimagináveis baseados em nossa experiência cotidiana, em uma jornada des-de o universo mais profundo da matéria aos limites da origem do universo12.

uma tErcEira cultura: Educação, ciêNcia, cultura & artEna busca de distintos olhares para a construção de uma Terceira Cultura infun-dida em uma prática social de apropriação de conhecimento para a promoção do estreitamento da comunicação entre o científico e o senso comum e con-sequente preparação de um cidadão provido de compreensão global e capa-citado para processar informação, gerar conhecimento, inovar a partir desse conhecimento e tomar decisões, é adequado lançar um olhar sobre possíveis articulações entre Ciência, Cultura e arte no contexto da Educação seja ela for-mal ou não-formal articulada à divulgação científica.

dessa forma, podemos lançar nosso olhar sobre alguns possíveis exemplares. Em um primeiro olhar, se considerarmos que albert Einstein (1879-1955) viveu o auge de sua produção acadêmica na passagem do humanismo romântico do final do século xIx para a sociedade tecnológica midiática em que nos encontra-mos, é inevitável a inclusão de pablo picasso (1881-1973) nesse cenário.

Se de um lado, picasso destruiu a rigidez da perspectiva clássica com o quadro Le Demoiselles D’Avignon em 1907, lançando as bases do movimento cubista, na mesma época, em 1905, Einstein destruía a rigidez da concepção newto-niana de espaço e tempo absolutos com a Teoria da Relatividade Restrita: am-bos lançando um novo olhar na interpretação da realidade.

picasso concebeu formas e imagens vista de diferentes ângulos ao mesmo tempo, transformando-nos em observadores em um espaço quadrimensional,

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assim como Einstein concebeu a dependência formal entre o modo pelo qual as coordenadas do espaço, de um lado, e as coordenadas de tempo, de outro, se in-corporam às leis naturais, também nos transformando em observadores em um espaço quadrimensional espaço-tempo. Mas qual real significado desse olhar?

de acordo com Miller (2001), Einstein encontrou na estética minimalista a res-posta para o seu descontentamento com a concepção de tempo da física da época. para ele, “a concepção deveria prevalecer sobre a percepção”. Já picas-so, que vivia o conflito entre a representação e a abstração, achou na geome-tria e nas formas multidimensionais a resposta para uma nova representação do espaço. nesse contexto, os dois, sem nunca se terem conhecido ou relacio-nado suas produções, conceberam duas obras que marcaram uma ruptura na ciência e na arte, afirma o autor.

Um outro olhar seria no conhecido dito popular, tudo é relativo, oriundo das idéias do Einstein, que nos permite uma inserção na interface Ciência-Cultura. Como pondera Russel (1993), a rigor esse ditado não deixa de ser um nonsen-se na medida que, se tudo fosse relativo, não existira nada para que isso fosse relativo. no entanto, para se evitar discussões metafísicas absurdas é possí-vel partir da premissa de que tudo no mundo físico é relativo a um observador.

Sendo verdadeira ou não essa premissa, essa não é a visão adotada pela Te-oria da Relatividade de Einstein, sendo, talvez, a inadequação dessa denomi-nação a responsável pela grande confusão que produziu e produz na cabeça de filósofos e cidadãos comuns 13. Eles imaginam que a nova teoria prova que tudo é relativo no mundo físico. no entanto, definitivamente ao contrário, o que essa nova teoria faz é excluir o que é relativo e concluir que as leis físicas não dependem, de maneira alguma, de condições específicas de um determinado observador. É verdade que essas condições específicas tem sido entendidas como tendo um papel muito mais importante do que deveriam formalmente ter, ao mesmo tempo que a teoria da relatividade nos mostra exatamente

11 os autores citam, pEnRoSE, R. (1959) proc. Cambr. phil. Soc. 55, 137; TERREl, J. (1959) phys. Rev. 116, 1041; BoaS, M. l. (1961) am. J. phys. 29, 283; KRaUS, U. (200) am. J. phys. 68, 56.12 outro clássico exemplar da utilização do recurso da visualização sem qualquer recurso da computação gráfica é o livro The Restless Universe de Max Born, publicado originalmente em 1936 e, novamente, em 1951 pela dover publications com a inclusão de um postscript do autor.13 Einstein teria reconhecido que a denominação princípio da Covariância teria sido mais apro priada para a Teoria da Relatividade Restrita assim como a denominação de Teoria da Gravi tação para a Teoria da Relatividade Geral.

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como descontar esse efeito completamente. Essa é a maior fonte de quase toda a surpresa que essa teoria causa.

Um olhar sobre a multiplicidade de conexões e trânsito por diferentes áreas de conhecimento nos leva, por exemplo, aos estudos de Jean piaget (1896-1980) sobre o desenvolvimento das noções de espaço, tempo, velocidade e causalidade a partir de uma perspectiva do senso comum, antes da organiza-ção científica. piaget relata que esse estudo foi iniciado a partir de questões plantadas por Einstein em 1930, quando este presidiu o primeiro curso inter-nacional de conferências em filosofia e psicologia em davos na Suíça: Nossa noção de tempo é intuitiva ou derivada? O nosso entendimento intuitivo de velocidade é similar? Essas questões tem alguma conexão com a gênese e o desenvolvimento da concepção de tempo na criança? A concepção inicial de velocidade da criança inclui a compreensão da relação entre espaço e tempo ou é mais primitiva e intuitiva?14 o principal motivo dessas questões foi o fato de que, na física einsteiniana, o tempo não é mais uma variável fundamental independente: o tempo é derivado e dependente da velocidade. Velocidade é a variável fundamental, não mais o tempo. Einstein estava interessado em ave-riguar se esse fato era uma intuição básica, ou se isso representava o retorno a algum primitivo cognitivo básico que teria sido acobertado pela encultura-ção do entendimento newtoniano do tempo. piaget considerava a concepção einsteiniana de tempo como um retorno ao primitivo (Matthews, 2000, p.291).

Tal como esses três exemplares, muitos outros poderiam ser abordados para a construção dessa Terceira Cultura. Uma abordagem da clássica foto de Einstein com a língua de fora seria o ponto de partida para des-construir a visão carismá-tica da ciência pelo cidadão comum explorando a visão de ciência como a que holton (1993) apresenta, caracterizando-a como “uma das mais bem sucedidas, mas fundamentalmente ordinária e comum, atividades da espécie humana”.

Um olhar sobre a conhecida fórmula da correspondência de matéria-energia E = mc2 permitiria uma abordagem para além da extraordinária e reconhe-cida capacidade imaginativa de Einstein com seus experimentos mentais – gedankenexperiment – desmistificando a imagem do gênio que, do nada e so-zinho, postulou os princípios da relatividade e permitiria explorar o enfoque da construção social do conhecimento científico, por exemplo, abordando as pro-posições anteriores de henri poincaré (1854-1912) e hendrik lorentz (1853-1928), entre outros.

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ou, ainda, lançando um olhar na perspectiva do cientista inovador e construtor de um arrojado arcabouço teórico que mudou o olhar do mundo físico e da origem o universo mas que apresentava reservas quanto ao caráter estatístico da teoria quântica ao afirmar aos 67 anos, 8 antes de falecer que “Entretanto, acredito que essa teoria não oferece um ponto de partida apropriado para desenvolvimento fu-turo. Nesse ponto, minhas expectativas desviam bastante das expectativas dos físicos contemporâneos.” (Einstein, 1982). o contraste poderia ser construído com declarações, tais como a atribuída a George Gamow, 3 anos após o faleci-mento de Einstein: “Até o presente, a denominada interpretação de Copenhagen da teoria quântica, tem mantido sua posição. Em minha opinião, e na de muitos outros físicos teóricos, o Princípio da Incerteza será mantido indefinidamente” 15.

o olhar sobre a música pode nos levar a dois exemplares entre inúmeros. no panorama internacional, o compositor norte americano philip Glass (1937- ) lança em 1976 a ópera minimalista Einstein on the Beach que, embora sem foco específico na vida de Einstein, utiliza a repetição de números e solfejos que podem ser interpretados como uma referência às rupturas científicas pro-duzidas por Einstein16. no panorama nacional pode-se citar o compositor e po-eta Cazuza (1958-1990) com a estrofe “aos jogos, aos dados, que inventaram a humanidade” da composição Só se for a dois de 1987 em uma conjunção com o caráter estatístico da vida.

À infindável lista de temas a serem abordados na construção da Terceira Cultu-ra podemos incluir fatos, tais como, a responsabilidade do cientista no uso do conhecimento científico, desenvolvimento de tecnologia e seus desenrolares na atualidade, sua militância política de pacifista, o significado da passagem pelo Brasil e o eclipse solar observado de Sobral no Ceará, para citar alguns.

coNsidEraçõEs FiNaispara finalizar, é importante deixar claro que a leitura das idéias aqui apresen-tadas constituem um possível olhar sobre o futuro da educação seja ela as-sociada a espaços formais, tais como, a sala de aula ou o laboratório de ex-periências, ou a espaços não-formais voltados para a divulgação científica,

14 pIaGET, J. le développement de la notion du Temps chez l Enfant. paris: pUf, 1946. [a noção de Tempo na Criança. Rio de Janeiro: Record, s.d].15 Retirado do periódico Scientific american, 298(1): 7 – Janeiro de 2008.16 lançado em 1976 e gravado em 1978 pela CBS Masterworks.

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tais como, praças e centros de ciências ou exposições como esta Exposição Einstein que hora motiva a publicação deste livro.

o olhar sobre a possibilidade de construção de uma Terceira Cultura articulan-do Educação, Ciência, Cultura e Arte, tem como paradigma as palavras de albert Einstein apresentadas na epígrafe desse capítulo e se alinha com a visão de C. p. Snow alertando para a irreparável perda prática, intelectual e criativa ao não se adotar o princípio de inseparabilidade desses três aspectos. Como aponta-do por Bertrand Russel, assim como nos é inevitável um considerável esforço imaginativo para a reconstrução das idéias de Einstein, o mesmo ocorre para a construção dessa Terceira Cultura. Mas, assim como as idéias de Einstein, essa Terceira Cultura será óbvia e natural para as gerações futuras.

o aspecto principal para a emergência dessa Terceira Cultura é sermos ousa-dos, livres e imaginativos, mas partindo de princípios básicos mínimos, se-guindo a rota de Einstein, como aponta holton (1998):

“A teoria do conhecimento da atualidade tem as digitais de Einstein de-vido ao fato de suas primeiras publicações sobre relatividade e mecâ-nica quântica terem auxiliado a dar forma ao estilo moderno de fazer ci-ência – movendo-se com ousadia e livre imaginação mas mantendo as amarras ancoradas a alguns princípios básicos.” (holton, 1998, p. 275)

por outro lado, uma postura operacional de partida, arrojada como o modus operandi de Einstein, é a adoção do paradigma - imaginação como instrumento do saber - conforme postula ítalo Calvino:

“A imaginação como instrumento do saber, segundo a qual a imagina-ção, embora seguindo outros caminhos que não os do conhecimento científico, pode coexistir com esse último, e até coadjuvá-lo, chegando mesmo a representar para o cientista um momento necessário na for-mulação de suas hipóteses.” (Calvino, 1994, p.103)

E, finalmente, em um arroubo de audácia, construímos a Terceira Cultura, ca-minhando um pouco mais adiante com Calvino, quando ele propõe:

“Uma pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria visão interior sem sufocá-la e sem, por outro lado, deixá-la cair num con-fuso e passageiro fantasiar, mas permitindo que as imagens se crista-lizem numa forma bem definida, memorável, auto-suficiente, “icástica.” (Calvino, 1994, p.108).

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Exposição EiNstEiN EspÍrito saNto: uma caractEriZação dE grupos dE EstudaNtEs basEado Na visão do moNitor *

diego Motta libardi, Centro Universitário São Camilo, ES – Mestrando ppGEnfis/UfESadriano da Costa Borges, Centro Universitário São Camilo, ES Robert do Carmo Simoni, Centro Universitário São Camilo, ESMichel adriano Rabbi, Centro Universitário São Camilo, ES laércio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

iNtrodução a educação não-formal pode ser definida como a que proporciona a aprendi-zagem de conteúdos da escolarização formal em espaços tais como museus, centros de ciências ou exposições itinerantes, podendo contribuir para um processo de motivação sobre um determinado tema.

alguns autores sugerem que aprender, ou não, é uma decisão do aluno (e.g. CaChapUZ et al, 2005). Essa decisão, em princípio, parece não ser influencia-da pela ação pedagógica. no entanto, programas de televisão, rádio, jornais, internet, zoológicos, hortos botânicos e espaços como os citados acima são considerados importantes fontes de motivação para aprendizagem (poRTo et alli, 2007).

nessa perspectiva, o artigo aqui apresentado propõe a investigação da per-cepção de monitores sobre o comportamento dos estudantes ao realizarem visitas monitoradas à Exposição Einstein Espírito Santo. Esta percepção pode apresentar indicativos que expressem o grau de motivação dos estudantes ao participarem da exposição.

coNcEpção do Estudoabordagem metodológicaa abordagem metodológica seguiu com uma sequência estrutural bem definida. Iniciada com uma visita prévia a exposição, seguida de uma revisão bibliográfi-

*Artigo apresentado na XII Reunião Bianual da RedpOp – Campinas, Brasil, Junho, 2011

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ca, coleta de dados a partir de questionário, apresentação dos resultados em gráficos e, finalmente, uma reflexão com uma abordagem quali-quantitativa.

a aplicação do questionário ocorreu entre o dia 27 de outubro e o dia em 05 de novembro de 2010, no palácio anchieta em Vitória, capital do Espírito Santo, com 26 monitores da exposição Einstein Espírito Santo. os monitores na faixa etária de 17 e 25 anos, eram graduandos de diversos cursos da Universidade federal do Espírito Santo, como física, Ciências Biológicas, Geografia, história, letras, Gemologia, publicidade e propaganda, Ciências Sociais e Serviço Social.

instrumento de coleta de dados o instrumento de coleta de dados foi um questionário que consistia de quatro questões objetivas e duas questões discursivas. as questões objetivas abor-davam o nível de atendimento às regras da exposição, nível de curiosidade, atenção e participação dos alunos na visão do monitor aos quais eram atri-buídas notas de 1 a 5 em uma gradação associada a Ruim e ótimo respec-tivamente. as mesmas questões foram aplicadas para a primeira e segunda metades da visita.

as questões discursivas abordavam o conhecimento prévio dos estudantes sobre o conteúdo da exposição e aspectos gerais que o monitor queria eviden-ciar que não foram abordados no questionário.

rEsultados E discussãoas questões objetivas foram respondidas por todos os monitores. nas ques-tões discursivas, 65,4% responderam as duas questões, 30,8% responderam somente a primeira e apenas 3,8% não responderam nenhuma das questões.

os resultados das questões objetivas foram organizados em dois gráficos, um referente à primeira metade da exposição e o outro referente à segunda metade. para a análise, as respostas foram agrupadas em três níveis: 1 e 2 como RUInS, 3 como REGUlaR e 4 e 5 como BonS. os resultados serão discutidos por ques-tão, iniciando pelas questões objetivas seguidas das questões discursivas.

resultados das Questões objetivasquestão 1 – Como você classifica os grupos de estudantes quanto ao aten-dimento às regras e instruções, tais como falar baixo, não colocar a mão nos painéis entre outras?

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os Gráficos 1(a) e 1(b) mostram que 38% dos grupos de estudantes foram classificados no nível RUIM nas primeira e segunda metades da Exposição. o nível REGUlaR teve um leve aumento de 27% para 35%, ao passo que o nível BoM apresentou uma inversão, de 35% para 27%, comparando os resultados das duas metades da exposição.questão 2 – Como você classifica o nível de curiosidade (espontaneidade dos alunos em perguntar) dos grupos de estudantes?

os Gráficos 2(a) e 2(b) revelam que o nível de curiosidade dos grupos de alu-nos aumentou na segunda metade da exposição, uma vez que o nível RUIM diminuiu de 54% para 35% e os níveis REGUlaR e BoM obtiveram um pequeno aumento, de 42% para 53% e de 4% para 12%, respectivamente.

questão 3 – Como você classifica o nível de atenção dos grupos de estudantes?

os Gráficos 3(a) e 3(b) mostram que o nível de atenção dos alunos caiu na se-gunda metade. houve um leve aumento dos níveis RUIM e REGUlaR de 23% para 27% e de 46% para 50%, respectivamente, com conseqüente queda do nível BoM de 31% para 23%.

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questão 4 – Como você classifica o nível de participação (respostas aos ques-tionamentos) dos grupos de estudantes?

na comparação dos Gráficos 4(a) e 4(b) destaca-se uma diminuição de 38% para 27% e de 27% para 23% dos índices REGUlaR e BoM, respectivamente, e um aumento na classificação BoM, de 35% para 50%. Isto parece indicar uma maior participação dos grupos de estudantes na segunda metade.

resultados das Questões discursivasao final do questionário foram colocadas as seguintes questões:

Como você classifica o nível de conhecimento prévio dos alunos quanto aos conteúdos da exposição?

Solicitamos que descreva aspectos ou comentários que você considere im-portantes sobre os grupos de alunos nas visitas monitoradas que não foram abrangidas nesse questionário.

as respostas a estas questões apresentam visões do monitor sobre o papel

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do professor e sobre o nível de conhecimento prévio dos grupos de alunos.

Com relação ao conteúdo, 84% dos monitores reconhecem que o nível de co-nhecimento prévio dos alunos era fraco, ruim ou insuficiente, conforme evi-dencia as respostas:

“O nível esta abaixo do esperado, os aluno sofrem com a dificuldade em didáti-ca do Professor e pouco absorvem das aulas na escola”

“Insuficientes. Percebe-se claramente que os alunos mesmo na presença dos professores e tendo já estudado os assuntos em sala de aula, não compreen-diam ou não absorveram os conteúdos. Além de desinteresse e passividade com relação a construção do conhecimento.”

Metade dos monitores menciona que o professor não cumpriu o seu papel an-tes e durante a exposição, conforme exemplares de respostas abaixo:

“Achei os professores que acompanham os grupos de estudantes despreparados, tanto no aspecto de manter a ordem, quanto na questão do conhecimento individual.”

“Muito do comportamento dos grupos (falta de interesse, não valorização da exposição) pode ser explicado pela própria idéia que seus professores também tem da exposição. Não enxergando-a como recurso didático, mas lazer e/ou forma de não dar aula.”

abaixo se apresenta ainda uma observação geral relevante que apareceu em uma das respostas:

“Particularmente, os grupos de alunos infantis demonstram uma inteligência interessante, participam bem da exposição e demonstram facilidade de assi-milar o que se passa – obviamente dito na linguagem deles. Muito distante do interesse da maioria dos alunos do Ensino médio, mesmo estando perto de re-alizar provas importantes como o ENEM e Vestibular”

coNclusãoos resultados parecem mostrar um aumento no envolvimento dos alunos com o ambiente, o que pode explicar o crescimento no nível de curiosidade e participação, apesar da piora no nível de atendimento às regras e no nível de atenção que pode ser atribuída ao fato da visita ter sido muito extensa.

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a metodologia abordada nesses ambientes não-formais deve propiciar uma motivação e um despertar dos visitantes de modo a instigá-los ao conteúdo a que estão sendo expostos (pIRES, 2007).

do mesmo modo, deve-se atentar quanto à preparação de professores que freqüentam esses espaços educativos, pois a eles é conferida a função de articular a cultura do conhecimento científico e do conhecimento do senso comum visando a construção de um terceira cultura de divulgação científica articulando educação, ciência, cultura e arte para a transformação da socie-dade (fERRaCIolI, 2010).

na percepção dos monitores, os professores não cumpriram a função de ar-ticular a cultura científica. assim, a maioria dos grupos de alunos apresen-tava baixo nível de conhecimento prévio, o que também pode ter contribuído para certa abnegação que foi percebida desde o início.

Contudo, sendo a exposição utilizada de forma adequada pelos professores como um espaço não-formal de educação, voltado para a motivação dos alu-nos, pode contribuir muito para a construção e divulgação do conhecimento científico. Ela constitui-se em uma opção de acesso a uma forma ilustrada de se ter contato com conhecimentos que às vezes são vistos apenas nos livros e em sala de aula de forma desinteressante.

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pIRES, a. l. o. Reconhecimento e validação das aprendizagens experienciais. Uma problemática educativa. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, n. 2, p. 5-20, jan./abr. 2007. ISSn 1649 – 4990.

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aNálisE do pErFil do público visitaNtE da Exposição EiNstEiN No EspÍrito saNto: siNais do surgimENto dE uma tErcEira cultura *

Cláudia Gimenes, Modelab/UfESluana Biasutti, Mestranda programa de pós-Graduação Interunidades Ensino de Ciências/USpláercio ferracioli, Modelab - ppGEnfis/UfES - ppGE/UfES

rEsumoas avaliações de público exercem um importante papel para o aperfeiçoamen-to da atividade de educação não formal, através das quais se busca conhecer melhor, o perfil, os conhecimentos prévios, os desejos e as necessidades do visitante/receptor. nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo rea-lizar um levantamento do perfil dos visitantes da Exposição Einstein que foi re-alizada, por meio de parceria entre a Secretaria Estadual da Educação (SEdU), e o Instituto Sangari, no palácio anchieta, em Vitória/ES, no período de 07/07 a 07/11/2010. os dados foram coletados através de questionário impresso, contendo questões abertas e fechadas, as quais abordavam os seguintes te-mas: Caracterização do Público Visitante; Atividades Culturais Pregressas do Visitante e Avaliação Sobre a Exposição Einstein. os questionários foram apli-cados durante sete dias entre os meses de outubro e novembro de 2010, atra-vés de entrevista a duzentos visitantes escolhidos aleatoriamente enquanto deixavam a exposição. Como resultado, pode-se observar que grande parte dos visitantes pertencia a grupos estudantis do ensino básico que tinham como motivação visita de escola e aprendizado. Em relação às atividades cul-turais pregressas realizadas pelo público pode-se observar uma insignifican-te diferença entre as visitações em Museus e Centros Culturais e Museus e Centros de Ciências, pressupondo que o público está igualmente receptivo em relação a ambos. Como a exposição Einstein foi composta de uma parte cientí-fica, uma parte histórica e uma parte artística, e teve uma boa avaliação junto

*Artigo apresentado na XII Reunião Bianual da RedpOp – Campinas, Brasil, Junho, 2011

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ao público, pode-se falar em uma iniciativa para a promoção da Terceira Cultu-ra defendida por Snow. Espaços que promovam a Terceira Cultura, ou seja, a junção da Ciência, arte e Cultura, podem funcionar e causar grande satisfação no público, além de promover um melhor aproveitamento na apropriação de conteúdos.

iNtroduçãode acordo com Santana (1993), o saber, a ciência, a tecnologia e, mais ampla-mente, a cultura são direitos da sociedade e são fundamentais na construção da cidadania. Isso significa dizer que o cidadão crítico e autônomo é formado pelo conjunto de saberes que fazem parte do seu cotidiano, ou seja, ele é for-mado pelo contexto científico-histórico-cultural em que está inserido.

os espaços não formais de educação surgem como ambientes promissores para aliar Ciência, Cultura & arte promovendo, assim, uma Terceira Cultura de-fendida por C.p. Snow (1963).

nesta perspectiva, este trabalho tem por objetivo demonstrar o quão impor-tante é a articulação dessas áreas de conhecimento em um mesmo ambiente. Isso será feito a partir da análise do perfil de público da Exposição Itinerante sobre albert Einstein que aconteceu em Vitória, Espírito Santo, entre 07/07 a 07/11/2010.

Esse estudo faz parte de uma série de atividades desenvolvidas na disciplina Espaços Formais e Não-Formais de Educação: Ciência, Cultura e Arte oferecida pelo programa de pós-Graduação em Educação da UfES.

rEFErENcial tEóricoMuseus e Centros de Ciências e demais espaços não formais de educação representam um natural lócus de divulgação e popularização da Ciência e da Tecnologia em qualquer país inserido no paradigma da sociedade do conhe-cimento (GodInho & fERRaCIolI, 2006). os centros ou museus de ciências, espaços não formais de ensino, no entanto, têm tido um papel importante, com objetivos diversos e voltados à promoção da divulgação científica e da al-fabetização científica e tecnológica dos seus frequentadores e, por extensão, do público em geral (MaRandIno, 2006).

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Esses espaços podem ser caracterizados, ainda, como instituições de carac-terísticas próprias, voltadas para públicos diversos; desenvolvem atividades também diversas (SIlVa & GaSpaR, 2008), de modo que as variadas necessi-dades do público sejam supridas, podendo, também, aliar várias áreas do co-nhecimento em um único espaço, como ocorreu na Exposição albert Einstein, promovendo uma integração das mesmas em benefício da expansão da socie-dade do conhecimento.

dessa forma, o público visitante representa uma relevante fonte de informa-ção para a pesquisa voltada à atividade museal. assim, na elaboração de expo-sições procuram-se, através desse método, conhecer cada vez mais, o perfil, os conhecimentos prévios, desejo e as necessidades do visitante/receptor (alMEIda, 2005).

as avaliações das exposições possuem um caráter auto-avaliativo que bus-ca o aperfeiçoamento do espaço visitado, bem como oferecem subsídios in-formativos que possibilitam aos entes públicos ou privados desenvolverem ações que promovam a difusão de uma educação não formal mais abrangente que recepcione os diversos campos do conhecimento como igualmente indis-pensáveis para a formação de cidadãos.

Grande parte das investigações realizadas nos museus e centros de ciências têm sido direcionadas ao público que visita esses locais, independentemente da sua escolaridade e faixa etária, seja na perspectiva de levantar seus inte-resses, impressões, conhecimentos, seja para avaliar a efetividade das ações do ponto de vista do lazer e da aprendizagem do público que os visita, é um campo importante de pesquisa segundo Marandino (2003).

no que concerne às exposições, harris Shettel (1973, apud alMEIda, 2005) divide-as em três tipos básicos: a exposição intrinsecamente interessante, com importante mensagem histórica, social ou psicológica, favorecendo uma experiência emocional; a exposição com apelo estético, cujos objetos de arte, fotografias dentre outros satisfariam a necessidade do belo, resultando em uma experiência estética; e a exposição com papel educativo e instrucional. posto isso, a Exposição Einstein pode ser caracterizada como uma integração desses três tipos de exposição, promovendo o que se pode chamar de uma Terceira Cultura caracterizada como a articulação entre Ciência, Cultura & arte (fERRaCIolI, 2010).

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a possibilidade de instauração de uma Terceira Cultura surgiu a partir da crí-tica estabelecida por C. p. Snow em 1959, na Universidade de Cambridge, em sua obra As Duas Culturas, onde o autor corajosamente chamou a atenção do público para o abismo que existia entre cientistas e literatos, discursando so-bre sua experiência pessoal em ambas as áreas. para esse autor, as duas cul-turas eram representadas por:

“...dois grupos, comparáveis em inteligência, idênticos em raça, não muito distantes em origem social, que recebiam quase os mesmos sa-lários, mas que haviam cessado quase totalmente de se comunicar en-tre si e que, na esfera intelectual, moral e psicológica, tinham tão pouca coisa em comum.” (C. p. Snow, 1959)

anos mais tarde, Snow (1963, apud alMEIda fIlho, 2007) propôs um novo en-saio denominado Uma Segunda Visão, onde reconheceu a necessidade de se considerar uma Terceira Cultura que, segundo o autor, “era formada por huma-nistas com um bom conhecimento de ciência e por cientistas com forte sensi-bilidade às artes e humanidades que fariam a ponte entre as duas culturas”.

ainda hoje a discussão permanece, havendo um debate e uma procura contí-nua por uma estratégia que possa articular as diversas áreas do conhecimen-to em benefício do público sem que as mesmas declinem de sua identidade e características próprias. É exatamente nesse contexto que o presente tra-balho está pautado, na busca de investigar indícios de que o surgimento da Terceira Cultura proposta há tantos anos por Snow (1963) possa finalmente estar ganhando materialidade, ainda que em sede de educação não formal, como será demonstrado ao longo desse trabalho.

mEtodologianeste item será descrito o contexto onde foi realizado o estudo, o instrumento de coleta de dados, a amostragem e como foi feita a análise dos resultados.

coNtExto do Estudoo estudo foi realizado na exposição Einstein Espírito Santo que apresentou a vida e obra de um dos maiores cientistas do século xx, albert Einstein. produ-zida pelo curador internacional Michael M. Shara, do Museu de história natural

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de nova york - american Museum of natural history, foi realizada no Espírito Santo por meio de parceria entre o Governo do Estado do Espírito Santo, atra-vés da Secretaria Estadual da Educação (SEdU), e o Instituto Sangari. Esse evento foi sediado no palácio anchieta, no município de Vitória, ES, durante o período de 07/07 a 07/11/2010.

objetos pessoais, fotos, fac-símiles de cartas e manuscritos, obras de arte de onze artistas nacionais que fizeram interpretações artísticas de Einstein, além de experimentos interativos, como o buraco negro criado pelo toque em uma interface touch screen, a harpa de luz, entre outros, compunham a exposição.

o espaço retratou, por um lado, o cientista preocupado com aspectos sociais, que usou de sua fama para condenar o racismo e o uso indevido da energia nu-clear para fins militares e, por outro lado, as teorias sobre o espaço, o tempo, a luz, a gravidade e a matéria desenvolvidas por esse pensador e suas aplica-ções atualmente.

a exposição Einstein contou também com programações especiais, como pa-lestras sobre a temática da exposição e um teatro de bonecos, produzida por um grupo de teatro do Rio de Janeiro.

iNstrumENto dE colEta dE dadospara a coleta de dados, foram feitas entrevistas guiadas por um questionário aos visitantes escolhidos aleatoriamente no momento da saída da exposição. o questionário era impresso e consistia de quatro páginas, estruturado a par-tir de três blocos, a saber:

• Bloco 1: Caracterização do Público Visitante;

• Bloco 2: Atividades Culturais;

• Bloco 3: Sobre a Exposição Einstein.

o objetivo do Bloco 1 foi caracterizar, de forma geral, o perfil pessoal do pú-blico visitante da exposição Einstein. para isso, esse bloco consistiu de sete perguntas objetivas que abordavam questões como: Gênero, Ocupação, Faixa Etária, Grau de Instrução, Local de Residência, Motivação da Visita e, por fim, Acompanhantes.

por sua vez, o Bloco 2 buscou fazer um levantamento sobre atividades cultu-rais pregressas do público visitante. para tanto, esse bloco consistiu de três

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questões objetivas: Visitas Anteriores a Exposições do Palácio Anchieta, A Ou-tros Centros de Ciência e, Museus e Centros Culturais do Estado.

por fim, o Bloco 3, consistiu de três questões objetivas que versavam sobre a Divulgação do espaço e, um quadro avaliativo com sete questões objetivas com uma gradação em escala de 1 a 5, e quatro questões discursivas onde o visitante avaliou o Conteúdo e Organização da Exposição.

amostragema amostragem foi composta de 200 visitantes que foram abordados de forma aleatória enquanto deixavam a exposição Einstein. dentre eles, alunos, pro-fessores e público em geral.

análise dos resultadospara análise dos dados, as questões fechadas foram quantificadas e as aber-tas foram sistematizadas e catalogadas de acordo com as similaridades das respostas. para apresentação dos resultados enfocou-se na parte produzida no Bloco 2, Atividades Culturais, visto que deram indícios de traços da Terceira Cultura, tema que vem sendo estudado e debatido por diversos autores, tais como: C. p. Snow(1959), John Brockman(1995) e wolf lepenies(1996).

resultadosComo pode ser observado no primeiro gráfico, do universo dos 200 visitan-tes entrevistados, 76% pertenciam a grupos estudantis do ensino básico que tinham como motivação visita de escola e aprendizado. houve ainda 11% de professores que acompanhavam os alunos e outros 13% de visitantes que

Gráfico 01: Perfil pessoal do público visitante da exposição Einstein Espírito Santo.

Gráfico 02: Representação das exposições que aconteceram no Palácio Anchieta (PA) já visitadas ou não pelos entrevistados.

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compreendiam público não escolar, cuja motivação, primordialmente, era o lazer e a curiosidade.

Isso pode ser explicado, possivelmente, pelo fato da Secretaria Estadual da Educação estar envolvida na promoção de tal evento, surtindo, então, uma di-vulgação maior para as escolas do que para o público em geral.

perguntados sobre visitas anteriores a exposições realizadas no palácio an-chieta, 23% das visitas foram em exposições de ciências, 22% em exposições de arte e história e 55% em nenhuma das exposições (Gráfico 02).

Em relação à visita a outros centros de ciência e de cultura do Estado do Es-pírito Santo, 38% dos respondentes visitaram Centros e Museus de Ciência e 49,5% visitaram Centros e Museus Culturais (Gráfico 03), sendo que o primeiro termo refere-se a espaços não formais de educação de cunho científico e o segundo a espaços não formais de educação de cunho histórico-cultural.

a análise desses dois últimos gráficos, 02 e 03, sugere que o público está recep-tivo aos dois tipos de espaços não formais de educação, visto que a diferença de visitações entre os dois não é significativa. É possível notar também que a maior parte dos visitantes não visitou nenhum dos espaços não formais de educação em questão. Esse fato pode estar relacionado a diversos fatores, tais como, fal-ta de interesse do público por tais espaços, falta de divulgação, dentre outros.

Essa aparente receptividade do público, apontada pelos Gráficos 02 e 03, pode ser analisada também através das notas atribuídas pelos visitantes à configuração geral da Exposição Einstein. avaliados em uma escala de 1 a 5 os quesitos foram: conteúdo, diagramação, organização, textos, interatividade, monitores e exposição de modo geral. as notas atribuídas pelos visitantes po-dem ser observadas no Gráfico 04.

Gráfico 03: Representação dos espaços de educação não formal já visitados ou não pelos entrevistados.

Gráfico 04: Notas atribuídas aos itens da Exposição Einstein

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É possível observar que as notas altas foram atribuídas aos quesitos de dia-gramação, conteúdo e exposição de modo geral, superando o quesito intera-tividade. Esse resultado aponta que esse modelo articulado de ambiente que harmoniza diversas áreas em função de um mesmo tema alcança um resulta-do positivo, independente da caracterização de seu perfil pessoal.

Como anteriormente mencionado, a Exposição Einstein trouxe a ciência atra-vés da apresentação da teoria e equipamentos interativos como mostram as figuras 01 e 02, bem como história e arte reveladas nas figuras 03 e 04. nes-se contexto, através da interação de distintos campos do conhecimento foi construído um ambiente multicultural e proveitoso que obteve uma avaliação positiva do público visitante.

Esses resultados apontam que o perfil desse público corrobora a crítica de al-meida (2005) a respeito da teoria que afirma que “os museus de arte tratam da memória e têm a missão de instituir a imortalidade, enquanto que os museus de ciências são frequentemente a-históricos e são voltados apenas para a di-

Figura 02: Material interativo: buraco negroFigura 01: Exposição das teorias de Albert Einstein

Figura 03: Biografia de Albert Einstein Figura 04: Albert Einstein por Gustavo Rosa

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106 vulgação de experimentos científicos” (p.35), rompendo, assim, com a ideia de que ciência, arte e cultura não podem conviver em um mesmo espaço.

Espaços dE Educação Não Formal do EspÍrito saNto: iNdÍcios da matErialiZação da tErcEira culturaalém da Exposição Einstein Espírito Santo, outros espaços não formais de educação do Estado foram visitados com o objetivo de analisar se existem mais locais preocupados em promover a Terceira Cultura (Souza et alli, 2011)

a visita ao museu de Biologia professor Mello leitão, localizado no município de Santa Teresa/ES, permite observar, além de uma rica diversidade de fauna e flora, a exposição, em um mesmo ambiente, de objetos e conceitos científi-cos relacionados à biologia (figura 05), bem como fotografias e textos apre-sentando a história do lugar e de seu fundador (figura 06) e trabalhos artísti-cos (figura 07).

Já na Escola da Ciência física adjacente ao parque Moscoso no Centro de Vi-tória/ES, ainda que o local sugira uma abordagem exclusivamente científica, a realidade é outra. o ambiente apresenta instrumentos científicos com os quais os visitantes podem interagir e ao mesmo tempo aprender ciência (figura 08), mas também é possível caminhar pelos corredores e vislumbrar fotografias antigas da cidade de Vitória, bem como imagens da transição cronológica do próprio parque onde a Escola se encontra inserida (figura 09).

ainda na cidade de Vitória/ES, há a Escola da Ciência, Biologia e história onde é possível fazer a mesma constatação acerca da união das áreas em benefício do público em geral. Esse espaço possibilita a aproximação do público com os campos da ciência, cultura e arte concomitantemente. logo no primeiro piso o visitante se depara com exposição de espécies marinhas e dos manguezais

Figura 05: Esqueleto de anfíbio Figura 06: Fotografias e história de Augusto Ruschi

Figura 07: Arte com vegetais desidratados

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capixabas, bem como espécimes taxidermizados da Mata atlântica (figura 10). Em seguida, há um espaço reservado a exposição da cultura e artesanato capixabas, inclusive com objetos indígenas, ilustrando a cultura do Estado em muitas de suas vertentes (figura 11). o ambiente apresenta ainda um exten-so acervo de maquetes com reprodução fidedigna dos prédios históricos do Espírito Santo de modo que o visitante possa conhecer a história do Estado de maneira diferenciada onde não dependa exclusivamente da leitura (figura 12).

É possível observar, após visitação aos ambientes supracitados, que alguns centros de ciências do Espírito Santo já reúnem aspectos para a infusão entre ciência, cultura e arte, apresentando pequenos indícios da possibilidade da promoção da Terceira Cultura. para se confirmar isso, serão necessários mais estudos, de modo a verificar a real intencionalidade desses espaços em pro-mover a Terceira Cultura e se isso é sentido e bem visto pelo público visitante.

outra iniciativa promovida no Estado do Espírito Santo, que visa a divulgação dessas diferentes áreas é a chamada Rota do Edutainment, que tem como es-copo o turismo do conhecimento, aliando educação com entretenimento em busca de uma prazerosa apropriação dos conteúdos:

O crescimento constante no fluxo de visitantes aos espaços não formais de educação e aos centros de educação ambiental indica que o circuito foi adotado como entretenimento e educação pela população, turistas e visitantes. O que aponta também para uma possível alternativa na gera-ção de trabalho e renda, na medida em que a indústria do turismo venha a inserir formalmente esta rota nas suas atividades receptivas e passe a divulgá-lo enquanto produto: o turismo do conhecimento (GodInho & fERRaCIolI, 2006).

Figura 08: Alavanca de Arquimedes Figura 09: Memórias do Parque Moscoso

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108 a Rota do Edutainment, apesar de originariamente destinada à difusão da ciên-cia e tecnologia, passou a contar com a adesão, ainda que tímida, de espaços culturais que inicialmente não estavam conectados à mesma, possibilitando a consolidação da integração dos diversos campos em trabalhos conjuntos vol-tados para a satisfação e conscientização de todos os públicos da necessida-de de contemplação de todas as áreas do conhecimento independentemente de interesse acadêmico específico, o que vem modificando gradativamente o cenário da educação não formal nesse Estado. Senão vejamos:

Considerando que a população de Vitória está em torno dos 300.000 habitan-tes (IBGE, 2000), o impacto sobre a população nos cenários cultural, social e do trabalho na cidade permanecem em aberto para avaliação e análise, apesar das evidências empíricas de novos hábitos sendo adquiridos e novas tendên-cias emergindo (GodInho & fERRaCIolI, 2006) grifo nosso

coNsidEraçõEs FiNaisÉ possível observar, portanto, que apesar de tímidos os indícios da promoção da Terceira Cultura nos espaços não formais de educação do Espírito Santo, há grande possibilidade de se desenvolver de forma mais presente a articulação entre Ciência, Cultura e Arte, visto que os espaços visitados já possuem uma es-trutura que possibilite este tipo de abordagem.

Iniciativas que promovam a difusão das diversas áreas do conhecimento por in-termédio dos espaços não formais de educação são bem vistas, pois contribuem para a formação de sujeitos críticos e autônomos, imbuídos de cidadania e cons-cientes da realidade sócio-histórico-cultural e científica na qual estão imersos.

diante do exposto, percebe-se que iniciativas desse tipo podem funcionar e causar grande satisfação no público, como observado na exposição Einstein.

Figura 10: Espécies da Mata Atlântica taxidermizados

Figura 11: Folclore e artesanatos capixabas

Figura 12: Miniatura do Palácio Anchieta

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atitudes como essa vêm consolidando a ideia de que integrar a ciência à cul-tura e a arte é possível e proporcionam avanços consideráveis na difusão e popularização de todos esses campos de conhecimento, ao mesmo tempo em que permite aos visitantes usufruir dos benefícios cognitivos de todas essas áreas em um mesmo ambiente. É necessário, porém, que mais traba-lhos nessa área sejam desenvolvidos a fim de que haja o aprofundamento e expansão desta temática nos espaços não formais de educação, de modo que considerem a adoção dessa articulação de áreas do conhecimento em seus respectivos ambientes como estratégia de promoção da própria cidadania.

rEFErêNcias

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Eisenhower day of Fellowship 201114 de outubro de 2011

Universidade Federal do Espírito santoauditório do CCE, Campus de Goiabeiras, Vitória - ES

o programa de Bolsas Eisenhower foi criado em 1953 baseado no ideal de promover o dialogo, o entendimento e a colaboração entre os povos para a construção de um mun-do mais próspero, justo e pacífico – www.eef.org.

o Eisenhower Day of Fellowship é celebrado no dia 14 de outubro, data de nascimento do presidente dwight david Eisenhower, visando promover a continuidade de intercâmbio entre ex-fellows, incentivando a discussão & construção de propostas de diretrizes so-bre temas da atualidade em seus países de origem. quando possível, é recomendável o inclusão de ex-fellows de países vizinhos.

o Eisenhower day of fellowship 2011 está sendo celebrado em Vitória, ES sobre a temá-tica Espaços Não Formais de Educação e Formação Continuada de Professores em Ser-viço que, em versão mais abrangente para o inglês, pode ser traduzido para Non Formal Opportunities for Continuing Education and In-Service Teacher Training.

a motivação para essa temática é que a Cidade de Vitória possui 4 Espaços não for-mais de Educação em Ciências estabelecidos na década de 1990 que vêm construído uma sólida história ligada ao letramento científico através da divulgação científica. a proposta do evento é aprofundar a discussão sobre a Sistematização & Avaliação das atividades sejam elas com o foco no grande público ou na formação Continuada de professores em Serviço.

dessa forma, o EF Day 2011 – Vitória, ES – Brasil, promove a Mesa Redonda sobre esse tema com a participação de dois ex-Efellows com vivência práticas nessa área e dois representantes locais visando o maior intercâmbio de idéias e diretrizes para o futuro:

Luisa Massarani, EEF Multi-Nation program 2008 – Jornalista, diretora do Museu da Vida/fIoCRUZ criado em 2000, Coordenadora do núcleo de Estudos da divulgação Científica e pesqusadora Cnpq 1d. o foco de sua investigação é nos aspectos históricos e contemporâneos da divulgação científica e compreensão pública da ciência. – www.fiocruz.br/museudavida

Marcelo Kmobel, EEF Multi-Nation program 2007 – físico, professor do Instituto de física Gleb wata-ghin/UnICaMp e pesquisador Cnpq 1-B. foi diretor Executivo do Museu Exploratório de Ciências da UnI-CaMp criado em 2005. atualmente é pró-Reitor de Graduação da UnICaMp e Membro do Conselho Superior do Museu Exploratório - www.mc.unicamp.br .

vânia Araujo – atual Secretária Municipal de Educação do Município de Vitória é professora do Centro de Educação e do programa de pós-Graduação em Educação da Universidade federal do Espírito Santo.

Klinger Marcos Barbosa Alves – atual Secretário de Estado de Educação do Estado do Espírito Santo, foi professor do departamento de física da Universidade federal do Espírito Santo e é professor do progra-ma de pós-Graduação em Ensino de física na mesma Universidade.

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programação

09:00h Cerimônia de abertura

09:30-10:00 Experiência EEF 2011 flávio nogueira – EEf Multi-nation program, federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - fiemg

10:00-10:15h ‐ Coffee-break

10:15-12:45h ‐ mesa redonda: Espaços Não Formais de Educação e Formação continuada de professores em serviço

Coordenador: professor José Israel Vargas

profa. Vania araújo, Secretária Municipal de Educação do Município de Vitória, ES

prof. Klinger Marcos Barbosa alves, Secretário de Estado da Educação - Espírito Santo

luisa Massarani, Museu da Vida - fIoCRUZ

Marcelo Knobel, Museu Exploratório - UnICaMp

12:15-12:30h lançamento do livro: Espaços Não Formais de Educação: Educação em Ciência, Tecnologia & Inovação na Região Metropolitana de Vitória, ES

12:30-14:00 almoço

14:00-15:00h reunião anual abEFEllows

15:00-17:30h visita Espaços Não Formais de Educação de vitória, Es – centros de ciência, Educação e cultura.

17:30h Encerramento

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ApOIO

pAtROCíNIO

FACITECCiência e Tecnologiado Município de Vitória

2Anos

Flexibilidade da forma

REALIZAÇÃO

Esse livro apresenta relatos de iniciativas que buscam a inovação no campo da educação em ciência & tecnologia a partir da simplicidade e do cotidiano de espaços formais e espaços não formais de educação em toda sua complexidade.

os relatos são apresentados em 3 perspectivas complementares:

• iniciativas em espaços não formais de educação do Município de Vitória - ES,

• iniciativas em espaços formais de educação com foco na formação continuada de professores em serviço e promoção de inclusão,

• iniciativas de sistematização & avaliação de atividades em espaço não formal de educação.

assim, a busca pela inovação no campo da educação em ciência & tecnologia a partir de espaços não formais e espaços formais de educação é o mote das iniciativas aqui relatadas.