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0 GUSTAVO VIEIRA SETLIK ESPOS PÚBLICOS DE LAZER DE BALNEÁRIO CAMBORI Ú (SC): UM ESTUDO DE CASO. BALNRIO CAMBORIÚ (SC) 2016

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GUSTAVO VIEIRA SETLIK

ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC): UM ESTUDO DE CASO.

BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2016

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RESUMO A cidade de Balneário Camboriú é considerada um dos destinos turísticos de Sol e Mar mais importantes do país. Atualmente é perceptível a importância do espaço urbano e seus elementos, tanto para os moradores quanto para os turistas. Diversos elementos compõem uma cidade, porém esta pesquisa irá tratar especialmente dos espaços públicos de lazer. Considerando a oferta de espaços públicos de lazer existente em Balneário Camboriú, enquanto destino turístico, até que ponto esta oferta atende as expectativas e necessidades de lazer da população local? O objetivo geral deste trabalho é analisar a oferta dos espaços públicos de lazer da cidade de Balneário Camboriú e suas possíveis implicações no bem-estar da população local e na atratividade do destino turístico. Propõe para isso uma pesquisa documental seguida da utilização de dois métodos de pesquisa qualitativos, o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) e o Mapa Mental. Através do uso destes dois métodos foi possível reconhecer a opinião/percepção dos moradores com relação às expectativas e necessidade de lazer dentro da cidade. Os resultados apresentaram diversos aspectos interessantes, como algumas diferenças entre os espaços de lazer dos bairros mais afastados da Praia Central e os localizados no Centro, a apropriação de alguns espaços e não tão notável da Praia Central, principal espaço público de lazer da cidade. Palavras-chave: Turismo e lazer; Espaço público de lazer; Balneário Camboriú.

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ABSTRACT The town of Balneário Camboriú is considered one of the most important Sun and Beach tourist destinations in Brazil. Nowadays, the importance of the urban space and its elements is significant, both for the local residents and for tourists. Several elements make up a town. This research will deal specially with public spaces for leisure. Considering the existing offer of public leisure spaces in Balneário Camboriú as a tourist destination, it analyzes the extent to which the offer meets the leisure expectations and the needs of local population? The general objective of this research is to analyze the offer of public leisure spaces in the town, and their possible implications for the well-being of the local population and for the attractiveness of the town as a tourist destination. It then proposes a documentary research, followed by two qualitative research methods: Collective Subject Discourse, and a Mental Map. Using these two methods, it was possible to gather residents‟ opinions in relation to their expectations and leisure needs in the town. The results present many interesting aspects, such as some differences between leisure spaces in the neighborhoods further away from the Praia Central (central beach) and those located closer to the center. It was also observed that the use of some spaces is not as noticeable as in the area around the Praia Central, the main public leisure space in the town. Keywords: Tourism and leisure; Public leisure spaces; Balneário Camboriú.

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LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Rede recreativa do homem urbano................................... 39

Quadro 02 - Síntese da fundamentação teórica.................................... 43

Quadro 03 - Amostra da pesquisa por bairros/áreas............................. 51

Quadro 04 - Praças de Balneário Camboriú (SC)................................. 67

Quadro 05 - Academias públicas em Balneário Camboriú (SC)............ 67

Quadro 06 - Quadro-síntese questão 3: Acredita que os espaços

públicos de lazer de toda a cidade atendem às suas

necessidades de lazer?.....................................................

81

Quadro 07 - IC: Atendem as expectativas e a cidade está melhorando

cada vez mais....................................................................

81

Quadro 08 - IC: Não atendem, ainda falta muita coisa, fica a desejar,

e os que existem deveriam ser melhor cuidados e

aproveitados......................................................................

82

Quadro 09 - AC: A estrutura é melhor em bairros nobres..................... 83

Quadro 10 - AC: O poder público pensa mais nos turistas.................... 83

Quadro 11 - AC: Os maiores frequentadores dos espaços são as

crianças..............................................................................

83

Quadro 12 - AC: Cidades turísticas tem bastante espaços de lazer..... 83

Quadro 13 - Quadro-síntese questão 4: E suas expectativas em

relação aos espaços de lazer da cidade, elas são

atendidas? O que o(a) Sr.(a) espera para o futuro?..........

84

Quadro 14 - IC: As expectativas são atendidas porém precisa

melhorar algo.....................................................................

84

Quadro 15 - IC: Espera mudança pois a oferta está defasada.............. 85

Quadro 16 - IC: Espera que o poder público melhore........................... 86

Quadro 17 - IC: Espera melhorias pois os espaços existentes não

são bem cuidados..............................................................

86

Quadro 18 - AC: Se existissem mais espaços de lazer diminuiriam a

criminalidade e o uso de drogas........................................

87

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Delimitação dos bairros com diferenciação dos índices de

espaços públicos de lazer por habitante.............................

30

Figura 02 - Divisão por bairros de Balneário Camboriú (SC) 49

Figura 03 - Figura do Mapa turístico de Balneário Camboriú

(SC).....................................................................................

50

Figura 04 - Tipologia e estratégia da pesquisa...................................... 52

Figura 05 - Mapa de localização de Balneário Camboriú dentro do

estado de Santa Catarina....................................................

54

Figura 06 - Avenida Atlântica, cidade de Camboriú (SC) em 1950....... 55

Figura 07 - Vista Geral da Praia de Camboriú (SC) – Década de

1950.....................................................................................

56

Figura 08 - Vista da praia central de Balneário Camboriú (SC)............ 57

Figura 09 - Atrativos Turísticos de Balneário Camboriú (SC),

apresentados pela Secretaria de Turismo da cidade..........

60

Figura 10 - Vista aérea da Praia Central de Balneário Camboriú (SC). 62

Figura 11 - Espaços públicos de lazer apresentados como atrativo

turístico pela Secretaria de Turismo....................................

64

Figura 12 - Molhe da Barra Sul em Balneário Camboriú (SC).............. 65

Figura 13 - Academia Municipal Pontal Norte....................................... 68

Figura 14 - Praias Agrestes em Balneário Camboriú (SC).................... 70

Figura 15 - Mapa das vias ciclísticas implantadas................................ 71

Figura 16 - Morro do Careca em Balneário Camboriú (SC).................. 72

Figura 17 - Espaços públicos de lazer reconhecidos pelos

moradores, por bairro..........................................................

74

Figura 18 - Espaços públicos de lazer de outros bairros reconhecidos

pelos moradores..................................................................

76

Figura 19 - Espaços públicos de lazer frequentados pelos turistas, na

visão dos moradores...........................................................

78

Figura 20 - Escala de quantidade de pessoas nas praças.................... 80

Figura 21 - Mapas Mentais representando legibilidade......................... 89

Figura 22 - Mapas Mentais com predominância de vias....................... 91

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Figura 23 - Marcos da cidade reconhecidos nos mapas mentais......... 93

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Evolução do IDHM - Balneário Camboriú – SC................. 58

Gráfico 02 - Percentual de domicílios urbanos por classe econômica,

em Balneário Camboriú e Santa Catarina, em 2011.........

59

Gráfico 03 - Espaços públicos de lazer frequentados pelos turistas,

os mais citados pelos moradores......................................

79

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... 2

LISTA DE QUADROS ................................................................................................. 4

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 5

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 A problemática, os objetivos e a escolha do objeto de estudo ................. 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 18

2.1 Discussão dos conceitos de lazer ................................................................ 18

2.2 A importância dos espaços públicos de lazer para o residente e o turista . 23

2.2.1 O desenvolvimento do lazer no Brasil: um breve histórico ........................ 24

2.2.2 O lazer em espaços públicos e sua importância para a população ........... 28

2.2.3 Espaços de lazer e sua relação com o turismo ......................................... 33

2.3 Abordagens em espaços de lazer ................................................................ 36

2.3.1 O Mapa Mental e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) ............................ 40

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 46

3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................ 46

3.2 Procedimentos de coleta de dados .............................................................. 47

3.3 Procedimentos para análise dos dados ....................................................... 52

4 O OBJETO DE ESTUDO, BALNEÁRIO CAMBORÍU – SC .................................. 54

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 63

5.1 Identificação da oferta de espaços públicos de lazer em Balneário Camboriú (SC) ...................................................................................................... 64

5.2 Reconhecendo a opinião/percepção dos moradores ................................. 73

5.2.1 Os discursos sobre os espaços de lazer. .................................................. 81

5.3 Interpretando o significado dos espaços públicos de lazer para a população ............................................................................................................. 88

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 94

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REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 97

APÊNDICE A – Termo de consentimento e roteiro de pesquisa ....................... 102

APÊNDICE B – Quadros descritivos dos espaços de lazer de Balneário Camboriú SC.......................................................................................................... 105

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1 INTRODUÇÃO

Os investimentos em melhorias do lazer público fazem parte da qualidade de vida de

uma população. Porém, em cidades que são destinos turísticos, onde a economia

gira em torno desta atividade, observa-se muitas vezes que os investimentos em

lazer e recreação são pensados para atender o perfil do público visitante, deixando

de lado as necessidades dos habitantes. A população local, além de não usufruir

destes equipamentos ou ações, acaba sendo procurada apenas como mão de obra

para atender a demanda de turistas.

O lazer no dia-a-dia vem sendo abordado, principalmente a partir do século XX, por

autores da área, destaque para Krippendorf, De Masi, Dumazedier, Boullon e

Ruschmann, que vem discutindo a importância dele para a qualidade de vida do ser

humano nas cidades modernas. Mais especialmente Krippendorf (2001) pode ser

considerado o autor que mais ressalta a qualidade de vida de uma comunidade

como importante fator integrante de um planejamento turístico de sucesso, devido

ao fato de sua publicação focar na área do turismo. O autor também trata do assunto

não só com este objetivo turístico, mas também para que a qualidade de vida de

uma comunidade compense a ideia de que as férias e as viagens sejam sempre um

contrapeso do nosso cotidiano, para que possamos encontrar “férias em nosso dia-

a-dia”.

Esses pensamentos de Krippendorf (2001) compõem os dois pontos que serão

trabalhados nesta pesquisa:

O lazer no cotidiano de uma população afim de trazer o universo das férias

para o dia-a-dia;

O lazer do dia-a-dia como propulsor de uma qualidade de vida local, que

inserida no planejamento turístico, pode alavancar a atratividade e a

qualidade de um destino.

Atualmente, supõe-se que, se todas as cidades tivessem opções de lazer inseridas

no cotidiano de seus os moradores seriam um meio ambiente urbano agradável, e

com isso, as expectativas de lazer seriam distribuídas num maior período de tempo,

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e não somente nas férias, pois teriam prazer em permanecer em suas residências.

Segundo Krippendorf (2001), temos a necessidade, no período de férias, de

satisfazer nossos desejos e vontades que não conseguimos no nosso dia-a-dia.

Parece implícito nas pessoas que para satisfazer essas necessidades precisamos

sair do nosso entorno habitual, e nunca encontraremos essa satisfação em nossa

“casa”. Existem algumas raras exceções, pessoas que exercem um trabalho com

horário mais flexível, que são mais livres, e que podem realmente usufruir o seu

jardim durante as férias. Segundo o autor, projetamos para fora as necessidades de

repouso, criando uma polarização “trabalhar e morar aqui – descansar além”.

Este ponto de vista é compartilhado por De Masi (2000), que faz críticas ao modelo

social de extrema valorização do trabalho e desvalorização do ócio, sugerindo que

este último seja valorizado por cada ser humano. Segundo o autor, teremos uma

sociedade mais saudável e sustentável no momento em que equilibramos a divisão

do nosso tempo entre trabalho, estudo e lazer. E para isso, uma estrutura urbana de

lazer planejada para atender ás necessidades da comunidade se torna essencial.

Em qualquer região considerada turística, ou até mesmo que tem a atividade

turística em pequena escala, os moradores devem ter o direito de usufruir desta

estrutura e de serem consultados, tendo voz e participando das decisões sobre as

políticas públicas e privadas que decidem as diretrizes do turismo naquele local.

Por conseguinte, uma destinação turística deve se preocupar em fortalecer não

somente atrativos de paisagem, áreas privadas de lazer e compras, equipamentos

de lazer, monumentos e prédios históricos, etc., mas deve desenvolver a

compreensão e valorização da cultura em si, incluindo o modo de viver das pessoas

de um local. Se pensarmos nas despesas gigantescas geradas pelo movimento das

viagens de férias, e revertêssemos todo esse investimento nas cidades de origem

dos turistas, consequentemente teríamos as sensações das férias mais presentes

em nosso dia-a-dia.

Existem casos de sucesso onde destinos turísticos são procurados por possuírem

um cotidiano e um ambiente tão agradável para a sua população local, que acaba

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tornando-se interessante e atrativo para pessoas de outros lugares. Um exemplo

são os Estados Unidos da América, país que atrai turistas não somente pelos

equipamentos turísticos modernos e conhecidos mundialmente, como a Disney

World, mas também pela sua qualidade de vida e cultura, altamente reconhecidos

ao redor do mundo.

O lazer urbano, especificamente em Balneário Camboriú, pode influenciar na

tomada de decisão de turistas reais e potenciais. Segundo CHIAS (2007, p.20),

autor especializado em marketing de destinos: “[...] outro aspecto que caracteriza

fortemente o turismo: o conhecimento, a compreensão e o contato com recursos

naturais e culturais diferentes do nosso”. Valorizando a cultura local e a explorando

turisticamente, teremos em todos os destinos peculiaridades diferentes do entorno

habitual de cada viajante.

Além da preocupação em proporcionar lazer às pessoas que não tem acesso a

viagens, o lazer urbano usufruído com sucesso pela sua comunidade, pode ser um

atrativo de enorme força na tomada de decisão por um destino. Krippendorf (2001,

p.7) defende que os objetivos de um planejamento turístico devem sempre ser:

Maior geração possível de recursos econômicos;

Um bem-estar subjetivo da população, nas áreas de destino e nas regiões

pelas quais se viaja;

Maior satisfação possível das necessidades dos visitantes;

Conservação da paisagem e naturezas intactas, nas áreas de destino e nas

regiões pelas quais se viaja.

Destacaremos aqui o segundo objetivo apresentado, que trata do bem-estar

subjetivo da população onde se viaja. A pesquisadora em turismo, Dóris

Ruschmann, que dedicou grande parte de sua vida a consultorias em planejamentos

de destinos turísticos também defende a ideia de Krippendorf, levando a

preocupação em oferecer condições de lazer a quem não pode viajar. Segundo

Ruschmann (1997), o poder público deve ter a preocupação em disponibilizar

equipamentos e espaços para atividades recreativas adequadas e que produzam

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satisfação àqueles que não tem acesso às viagens turísticas.

Comparando as colocações dos dois autores podemos dizer que o “direito ao bem-

estar e ao lazer” apresentado por Ruschmann (1997) como uma ação direcionada as

pessoas que não tem condições, ou apresentam limitações para viajar, pode, e

deve, ser utilizado como fator de atratividade turística de um destino, como apontado

por Krippendorf nos objetivos de um planejamento turístico.

Neste ponto vale destacar a ideia aqui levantada pelos autores até aqui, de que os

espaços de lazer de qualidade para o morador podem tornar-se atrativos para os

turistas.

Como já apontado anteriormente, o tema focal será o lazer. Para isso se faz

necessário um aprofundamento no tema. Nesta parte, os outros dois autores

fundamentais desta pesquisa, Dumazedier e De Masi, abordam o tema.

De Masi apresenta em 2001 o termo “ócio criativo”. Segundo ele o ócio pode ser

tornar em uma coisa negativa para uma pessoa, transformando-se em violência, em

vício, em preguiça, porém, a partir deste termo, o autor sugere uma nova forma de

levar a vida, dividindo o tempo entre trabalho, lazer e estudo. Segundo o autor

devemos concentrar nossas potencialidades em nosso tempo livre, pois é nele

(atualmente), que passamos a maior parte de nossos dias. O autor vem de uma

linha de pensamento Marxista e de Max Weber. Linha essa que repensa a divisão

do trabalho, o uso do tempo livre, e demais questões que marcaram as discussões

neste último século.

Fruto também desta discussão, Dumazedier é considerado por muitos, de acordo

com resultados do levantamento do estado da arte feito para esta pesquisa, o “pai”

do lazer no Brasil. Este autor traz, na década de 1970, para o Brasil uma

colaboração importante para o início dos estudos sobre o tema. Segundo ele, o lazer

não é apenas o que se faz no tempo liberado do trabalho, mas sim uma criação do

ser humano, que nos últimos anos, principalmente após a revolução industrial, deu

origem a um movimento social que vem modificando nossas definições de estruturas

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sociais e da própria vida de cada um de nós.

O tema lazer em si é muito amplo, podendo ser discutido sobre várias perspectivas e

diferentes setores. Sendo assim, aqui serão utilizadas as produções teóricas

voltadas à discussão o lazer urbano, principalmente em cidades turísticas.

Alguns autores, Kevin Lynch (2011), Boullón (2002) e Kohlsdorf (1996), trabalham

com a questão da imagem e da estrutura das cidades. Essa temática vem ao total

encontro com os objetivos de estudo desta pesquisa. Lynch (2011) discursa em seu

livro sobre a imagem da cidade, segundo ele, “cada cidadão tem vastas associações

com alguma parte de sua cidade, e a imagem de cada um está impregnada de

lembranças e significados”. Ele aborda o fato de que não somos apenas

observadores, mas sim agentes participantes do contexto e, portanto, tão

importantes quanto os elementos físicos. Segundo o autor, podemos observar em

uma cidade a sua legibilidade, a construção da imagem, a estrutura e identidade e a

imaginabilidade.

Sendo assim, é válida uma análise unindo a teoria do urbanismo às teorias do lazer

provindas do turismo e da sociologia, o que resultará numa maior possibilidade de

entendimento das necessidades e expectativas de lazer e recreação da população

local.

1.1 A problemática, os objetivos e a escolha do objeto de estudo

Dentre os destinos turísticos mais procurados do Brasil, os destinos de Sol e Mar

tem destaque. Apesar de todo o processo de colonização do Brasil ter sido iniciado

pelo litoral do país, foi somente após a revolução industrial, e a crescente

preocupação com o lazer no tempo livre, que se começou a utilizar as praias como

espaços de lazer. Seguindo essa tendência, as cidades litorâneas foram sendo

ocupadas com o objetivo de usufruir do lazer, principalmente nas férias.

No Brasil temos um extenso litoral, com diversas localidades litorâneas que tem

explorado o turismo de Sol e Mar. Dentre estas localidades podemos citar a cidade

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de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Segundo o Ministério do Turismo

(2015), a cidade lidera o ranking das 65 cidades indutoras do turismo no quesito

aspectos sociais, onde são avaliados: acesso à educação; empregos gerados pelo

turismo; uso de atrativos e equipamentos turísticos pela população; cidadania,

sensibilização e participação na atividade turística; e política de enfrentamento e

prevenção à exploração de crianças e adolescentes.

Segundo o Relatório 2014 do Índice de Competitividade do Turismo Nacional (2014)

a existência em Balneário Camboriú de incentivo ao uso dos equipamentos turísticos

pela população local, por parte do poder público através de ações, e o reforço à

população sobre a importância da atividade turística para o destino, foram os fatores

que mais contribuíram para este índice. A cidade também possui, dentre os 65

municípios indutores, a menor taxa de analfabetismo e o maior Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal - Longevidade (IDHM-L).

A cidade se emancipou em 1964, e neste período de 52 anos cresceu e se

desenvolveu de forma rápida, baseada, no início de sua história como município, na

atividade turística, como uma cidade de veraneio. Atualmente é perceptível a

importância do espaço urbano e seus elementos, tanto para os moradores quanto

para os turistas. Será que este espaço urbano é de qualidade? Será que atende às

necessidades e expectativas dos moradores? Isso pode implicar na atividade

turística?

Traçando esta linha de pensamento teórico dos autores apresentados (Krippendorf,

De Masi, Dumazedier, Ruschmann), no que se refere as dimensões de lazer

abordadas, se pensou na necessidade de se pesquisar um destino turístico através

deste olhar, afim de contribuir com a discussão teórica do assunto, classificar a

oferta de espaços públicos de lazer e levantar a opinião/percepção apontada pelos

residentes.

Partindo do problema de pesquisa exposto, apresenta-se a seguinte pergunta de

pesquisa: considerando a oferta de espaços públicos de lazer existente em

Balneário Camboriú, enquanto destino turístico, até que ponto esta oferta atende as

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expectativas e necessidades de lazer da população local? Tal questionamento

conduz ao objetivo geral, que será analisar a oferta dos espaços públicos de lazer

da cidade de Balneário Camboriú e suas possíveis implicações no bem-estar da

população local e na atratividade do destino turístico.

Os objetivos específicos são:

Identificar a oferta de espaços públicos de lazer da cidade;

Reconhecer a opinião/percepção da comunidade local sobre as expectativas

e necessidades de lazer na cidade;

Identificar por bairro os espaços públicos de lazer utilizados pela população;

Interpretar o significado destes espaços públicos de lazer pela população.

A razão da escolha da cidade Balneário Camboriú como objeto de estudo se dá pela

cidade estar entre as cidades brasileiras com melhor índice de desenvolvimento

humano. Segundo o Atlas Brasil (PNUD, 2013), a cidade está com um Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal situado na faixa de Desenvolvimento Humano

Muito Alto (IDHM entre 0,8 e 1).

A divulgação destes dados em mídia nacional tem atraído, além de turistas, pessoas

interessadas em adquirir suas segundas residências, ou até mesmo para residir

durante a sua aposentadoria. Atualmente a cidade é considerada um dos polos

turísticos mais importantes e visitados do Brasil. Carrega há um tempo o título de

Capital Catarinense do Turismo, e é um dos 65 municípios indutores do turismo,

destacados pelo Plano de Regionalização do Turismo (Ministério do Turismo). Vale

ressaltar também que a cidade possui apenas 52 anos, período curto se comparado

ao tamanho do crescimento urbano dela. Como as grandes transformações,

principalmente no que se refere ao turismo, acontecerão após sua emancipação,

este será o recorte temporal da pesquisa.

A partir disto se identificou a cidade como um local adequado para a aplicação da

pesquisa, ou seja, um destino turístico reconhecido nacionalmente e com uma

população local com excelente índice de IDH e qualidade de vida.

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Além disso, de acordo com as pesquisas iniciais em bases documentais e

bibliográficas, identificou-se que não existem muitas pesquisas, com estes mesmos

objetivos e métodos, realizadas no país. Pode-se também posteriormente, utilizar-se

esta dissertação como base para pesquisas em outros destinos turísticos.

Nesta pesquisa serão utilizados dois métodos de coleta e análise de dados, o DSC

(Discurso do Sujeito Coletivo), e o Mapa Mental. Ambos são métodos qualitativos e

espera-se que com eles seja possível descrever, analisar e interpretar a

opinião/percepção dos moradores sobre os espaços públicos de lazer da cidade.

Além deles, uma etapa de pesquisa documental pretende descrever os espaços

públicos de lazer espalhados por Balneário Camboriú. A metodologia será melhor

detalhada no decorrer do trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Discussão dos conceitos de lazer

Como base para conceituação do termo Lazer, na sua forma mais aplicada ao

turismo e ao lazer urbano, serão utilizadas as produções de Dumazedier

(1976,1980, 1994, 2008), considerado por muitos um dos precursores da discussão

sobre o lazer moderno. A partir destes conceitos iniciais, serão agregados autores

que discutem o lazer no Brasil, como Marcellino (2000), e autores que abordam o

lazer voltado às viagens e a humanização do cotidiano nas cidades, procurando

sustentar teoricamente os resultados coletados na pesquisa (Krippendorf, 2001;

Ruschmann, 1997; De Masi, 2000, Boullón, 2004).

Dumazedier cita em algumas partes de suas obras o trabalho de Karl Marx, sendo

assim, considera também que o lazer e a redução da jornada de trabalho

contribuíram para o crescimento pessoal de cada um de nós. Em meados dos anos

de 1883, registra-se o primeiro texto que fala sobre o lazer dos operários, na Europa.

Texto esse de autoria de Paul Lafargue, onde ele questiona se o trabalho seria um

fim ou um meio (DUMAZEDIER, 2008). Para fins desta pesquisa não se pretende

aprofundar esses dois autores supra citados. Portanto, o foco da fundamentação

terá início nas falas de Dumazedier, seus contemporâneos e os autores dos dias

atuais, principalmente provindos de produções de artigos científicos (vide capítulos

3.1 e 3.2). Dumazedier cita que somente entre 1920 e 1930 percebe-se o início das

discussões obre a sociologia empírica do lazer, nos Estados Unidos.

O início destas discussões ocorre automaticamente em resposta as mudanças

sociais ocorridas, principalmente aquelas relacionadas aos direitos trabalhistas.

Refletimos que, ao passo em que se diminuem as horas trabalhadas, aumenta o

tempo livre, por conseguinte, surge a questão: o que fazer com esse tempo livre do

trabalho? “A instauração da jornada de oito horas provoca a esperança e também a

inquietude dos reformadores sociais: o tempo liberado será utilizado para o

florescimento ou para a degradação da personalidade?” (DUMAZEDIER, 2008, p.21)

Talvez, apesar de terem passados praticamente 100 anos desde as primeiras

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discussões sobre o tempo livre, nos dias de hoje ainda se ouvem vestígios desse

pensamento. É comum, pelo menos ao que parece numa visão empírica, encontrar

pessoas as quais, tempo livre ou ócio, significam cabeça vazia, vadiagem, onde não

se enxerga, além do trabalho e das obrigações, a opção de crescimento pessoal e

produção positiva.

A origem do lazer é tema de algumas teorias diferentes. Não simplesmente o lazer

existe ao mesmo tempo em que se existe trabalho, o que remontaria a tempos muito

antigos. Mas, Dumazedier (2008), explica que o lazer que entendemos e estudamos

hoje possui características específicas da sociedade provinda da Revolução

Industrial. Aqui nesse ponto está um fator muito importante no que se refere à

definição do termo “lazer”. Apesar de, em épocas muito antigas, onde o trabalho já

existia, as pessoas terem o seu “tempo livre”, que se traduzia no tempo além do

trabalho, o que era feito com ele não caracteriza o lazer abordado a partir do século

XX e considerado até hoje.

Essa ideia é apresentada também por Marcellino (2000) dentro do cenário brasileiro,

onde cita que o lazer toma uma significação própria quando se inicia a transição, no

Brasil, do estágio tradicional (sociedade rural e pré-industrial) para o moderno

(industrial e pós-industrial).

Para Dumazedier (2008), existem dois fatores chaves que determinam essa

diferenciação da abordagem ao tema lazer, identificados apenas na sociedade

industrial e pós-industrial. Segundo ele, o primeiro é que a população obteve mais

liberdade para tomar decisão sobre o que fazer no seu tempo livre, o que antes era,

geralmente, regrado por obrigações rituais impostas. O segundo diz respeito a

definição da jornada de trabalho. Se antes, no ambiente rural, as famílias

trabalhavam durante todo o dia, dependendo de condições climáticas, ou do período

das plantações, por exemplo, agora o trabalho tinha hora definida para começar e

para acabar, o que acabou separando o tempo de trabalho do tempo de lazer, com

horários bem definidos.

Com o surgimento do tempo livre definido, separado do trabalho, significa que as

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pessoas desenvolveram rapidamente suas habilidades para o lazer? Não

necessariamente. As horas não dedicadas ao trabalho, em muitos lares, se

transformaram em horas dedicadas ao trabalho doméstico e às obrigações

familiares, cita Dumazedier (2008). Além disso, notou-se um aumento considerável

na dedicação das pessoas, principalmente jovens, à religião, à política e aos

movimentos sociais.

Isso também se deu pois nós, segundo De Masi (2000), fomos preparados para o

trabalho. Na escola, dentro de casa, na universidade, nunca nos ensinaram como

aproveitar o tempo livre. Temos dificuldade de administrar nosso tempo livre pois

ainda não existe nenhum modelo de vida e sociedade baseado nele, mas sim no

trabalho.

A procura pela redução na jornada de trabalho acabou afetando também este

trabalho doméstico, ao qual se dedicavam boa parte do tempo livre. O

desenvolvimento da tecnologia, citam-se aqui principalmente os eletrodomésticos,

permitiu, e esse era o intuito, que se desprendesse menos tempo a essas tarefas.

Porém, só isso não justificaria a transformação do tempo livre em atividades de

lazer. Dumazedier (2008, p,55) diz que

é preciso fazer intervir uma componente ético-social. Com efeito, nossa hipótese é que a produção do lazer é o resultado de dois movimentos simultâneos: a) o progresso científico-técnico apoiado pelos movimentos sociais libera uma parcela do tempo de trabalho profissional e doméstico; b) a regressão do controle social pelas instituições básicas da sociedade (famílias, sócio espirituais e sócio políticas) permite ocupar o tempo liberado principalmente com atividades de lazer.

A partir deste ponto se faz necessário aqui o diálogo sobre o que significa o lazer.

Porque, ao passar dos anos, principalmente após a revolução industrial, após o

surgimento das leis trabalhistas, existe um movimento social em busca da prática de

diversos tipos de atividades que se encaixam dentro do lazer? Uma das principais

definições vem justamente de Dumazedier (2008), que trata o lazer como uma nova

necessidade social, assim como o trabalho. Para ele a busca pelo lazer (entende-se

por diversas atividades que se encaixam nesse termo, como teatro, música,

televisão, bares, recreação, entretenimento, viagens, entre outras) é uma

necessidade social do indivíduo dedicada a si próprio, e não mais por instituições

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como família, sócio espirituais e sócio políticas.

Na década de 1960 surgem então novas atualizações sobre o tempo livre, onde

esse tempo seria o que sobrasse descontando o trabalho, o deslocamento até ele,

obrigações domésticas e arranjo de atividades de manutenção vital: sono, refeições,

higiene pessoal. E essas atualizações são utilizadas atualmente. A seguir serão

apresentadas algumas definições de lazer citadas por Dumazedier (2008):

- Através de um olhar mais psicológico, o lazer é um comportamento e não uma

categoria. O lazer pode ser mútuo com outras categorias, como trabalho e estudo.

Pode-se ter lazer ao trabalhar escutando música, estudar de forma lúdica e lavar

louça ouvindo rádio, por exemplo;

- Visão com base economista: o lazer é o oposto ao trabalho profissional, é o não-

trabalho;

- Uma terceira definição aborda o lazer como o tempo livre, além do trabalho e exclui

do mesmo as obrigações doméstico-familiares;

- A quarta definição seria um complemento da terceira. Porém essa define lazer

como tempo subtraído do trabalho, das obrigações domésticas, das obrigações

sócio espirituais e sócio políticas. Seria como um “direito” social adquirido para a

“autossatisfação”. Segundo pesquisas apresentadas pelo autor, o trabalhador teria

em média 4 a 5 horas por dia, incluindo sábados e domingos, livres para o lazer;

- Para completar a conceituação de lazer o autor (2008; 1980) apresenta quatro

propriedades do lazer, as quais são: caráter liberatório (livre escolha), caráter

desinteressado (não é pragmático), caráter hedonístico (procura por satisfação) e

caráter pessoal (envolve toda a personalidade).

Boullón (2004, p.61) também apresenta uma definição de lazer nessa mesma linha

teórica. Segundo ele:

TEMPO LIVRE = ÓCIO CRIATIVO OU LAZER + TEMPO DISPERDIÇADO

Apesar da evolução do conceito de lazer, atualmente não existe um acordo entre

especialistas do tema. Marcellino (2000) sugere que os estudos atuais se baseiam

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em duas correntes de pensamento. Uma delas seria a linha que considera o lazer

como estilo de vida, independentemente do tempo determinado. A segunda corrente

trata justamente, e apenas, do tempo, sugerindo que lazer seria o “tempo livre”. O

autor cita, portanto, que a melhor forma de conceituar, e tendência dominante na

área, é a junção das duas correntes, assim como faz Dumazedier.

Em 1976, Dumazedier complementa a definição de lazer, e cita as três funções que

o caracterizam, são elas: descanso; divertimento, recreação e entretenimento; e,

por último, desenvolvimento da personalidade. O descanso seria basicamente a

recuperação física e mental das obrigações diárias, do trabalho em si e das demais

tarefas, como as domésticas por exemplo.

A recreação, diversão, entretenimento, correspondem as atividades que realizamos

para se desprender um pouco da realidade, para divertir-se pura e simplesmente,

sem, necessariamente, ganhar algo após isso. Dumazedier (1976) apresenta essa

função como a mais assinalada em pesquisas sobre o lazer, ou seja, a função mais

exercida. A terceira função, a de desenvolvimento da personalidade, segundo o

autor, permite uma maior participação social, a prática de uma cultura

desinteressada do corpo, da razão, da sensibilidade. Permite o desenvolvimento de

atitudes que aprendemos na escola.

Com base no texto citado anteriormente, apresenta-se aqui uma definição do termo

lazer, defendida por Dumazedier (1976, p.34) a qual norteou esta pesquisa.

O lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

A partir desta definição estabeleceu-se um parâmetro para abordar as expectativas

e necessidade de lazer dos residentes no objeto de estudo. Porém, antes se faz

necessária uma abordagem sobre o lazer em espaços públicos e a importância

desses espaços para os residentes e turistas.

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Para isso, serão abordadas no próximo item as contribuições de autores, dos

clássicos aos mais recentes, para a discussão do tema.

2.2 A importância dos espaços públicos de lazer para o residente e o turista

Ao pensarmos em uma cidade, inevitavelmente incluem-se os espaços públicos de

lazer, os quais exercem importante influência na vida da população local. Alguns

autores (ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011; BOULLÓN, 2002; GOMES, 2008;

GRINOVER, 2007; JOHNSON, GLOVER & STEWART, 2014; KRIPPENDORF,

2001; OLIVEIRA & MASCARÓ, 2007; RIBEIRO, 2014; RODRIGUES, 2014;

RUSCHMANN, 1997; SANTANA & ALVES, 2014; SILVA, 2012 e 2013), tratam deste

assunto e abordam aspectos relacionados com os espaços de lazer e seus

residentes.

Segundo Coelho (2000), o lazer é uma necessidade para o desenvolvimento tanto

pessoal quanto para a convivência humana nas cidades, ou seja, para a política.

Através dele a construção de cada indivíduo colabora para a construção da

comunidade.

A oferta de espaços de lazer para os moradores possui também o objetivo de

oferecer opções de lazer a quem não tem poder aquisitivo para o lazer pago, como

clubes, passeios e viagens. Autores como Krippendorf (2001) e Ruschmann (1997),

além de outros que abordam este tema, defendem a ideia de que os governantes

devem oferecer as pessoas que não tem condições de viajar nas férias, opções de

lazer dentro das suas cidades. Seria algo como trazer as férias para dentro de casa,

e não depender exclusivamente das viagens.

Os argumentos aparentemente são demolidores: para que as pessoas se divirtam precisam ter com que pagar. Para isso, têm de trabalhar, para que possam trabalhar têm de comer e dormir, ter água, luz e meios de transporte que as levem ao trabalho. Depois vêm os luxos, entre eles a satisfação da necessidade de lazer. Um círculo vicioso perfeito! (BOULLÓN, 2004, p.76)

Além disso, uma localidade com bons índices de qualidade de vida tem nesse

aspecto um fator atrativo para ser utilizado na atividade turística. Krippendorf (2001)

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apresenta a qualidade de vida relativa de uma comunidade como fator integrante do

planejamento turístico de um destino.

2.2.1 O desenvolvimento do lazer no Brasil: um breve histórico

O lazer nos dias atuais foi moldado pelos acontecimentos ao longo da nossa

história, com destaque para o período após a revolução industrial. Temos

aprimorado nossa administração sobre as horas do dia, que se dividem entre

necessidades (obrigações), trabalho, estudo e lazer. Somado a isso, com o

surgimento das cidades, e das metrópoles, novas formas de lazer apareceram, e

outras se adaptaram a esse novo estilo de vida.

Durante este desenvolvimento, Oliveira e Mascaró (2007), em artigo que analisa a

qualidade de vida urbana sob a ótica dos espaços públicos de lazer, citam três

pilares do lazer, Estado, o Mercado, e a Sociedade. Cada um desses pilares, com

suas diferenciadas capacidades de influência, dependendo da região e sua cultura,

costumam defender seus próprios objetivos, o que cria conflito, ao invés de

cooperação.

Esse contexto urbano em transformação, de incertezas motivadas por interesses de classes individuais, por tendências socioeconômicas e por questionamentos da relação da cidade com o meio ambiente natural, reflete-se na caracterização dos espaços públicos abertos. Sendo assim, a inserção ou otimização desses espaços na malha urbana torna-se um desafio para os planejadores urbanos. (OLIVEIRA & MASCARÓ. 2007, p.60)

Em artigo publicado recentemente, Almeida e Gutierrez (2011) fazem uma análise

do desenvolvimento das práticas urbanas de lazer e sua relação com a cultura

brasileira produzida no período nacional-desenvolvimentista à globalização

(entende-se aqui o período entre o governo de Getúlio Vargas, na década de 30, até

o atual). Nesta pesquisa os autores concluíram que o lazer se complexificou a partir

da racionalização das formas de vida, sistematização dos tempos e

desencantamento do mundo. Através de uma teoria, chamada teoria habermasiana,

fizeram uma síntese entre as esferas de influência do lazer, que são: o Estado, o

Mercado e a Cultura.

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Pode-se afirmar que o lazer surge no mundo da vida por meio da integração entre as pessoas, da busca do divertimento e da vontade de sentir prazer. A complexificação do lazer dá-se nas sociedades modernas com: a) sistematização dos tempos (separação do mundo das obrigações e do divertimento); e b) desencantamento do mundo (racionalização das formas de vida). (ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011, p.139)

Seguindo essa linha de raciocínio, os autores trazem uma contribuição importante à

definição do tema, considerando que identifica-se o lazer quando:

o indivíduo esteja se relacionando com seus pares (cultura),

buscando prazer (personalidade),

e se a atividade é considerada lazer pelo grupo (sociedade).

As transformações do Estado Novo e sua influência na estruturação do lazer iniciam-

se segundo os autores (op cit) no governo de Getúlio Vargas, no populismo, período

onde os eventos, comícios, festas, enfim, ocorriam no tempo livre dos trabalhadores.

Segundo Almeida e Gutierrez (2011), isso ocorria por duas razões: a primeira seria

para a construção da imagem do presidente e a segunda a realização de atividades

para afastar a ociosidade dos operários. “As ações do governo objetivavam a ordem

por meio de atividades que mantivessem ativos os trabalhadores para não se

envolverem com qualquer tipo de ação ilícita”. (ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011,

p.140)

Nesse período houve, no entanto, um crescimento da produção cultural brasileira e,

atrelado a todos estes fatores citados, neste mesmo período Getúlio Vargas

implantou no país a CLT, o que garantiu aos trabalhadores direitos e,

principalmente, a redução da jornada de trabalho. Com isso se tinha, a partir de

então, mais claro às pessoas, o tempo livre, e dentro dele, o tempo dedicado ao

lazer, no qual os trabalhadores agora se dedicavam a atividades como teatro,

cinema, música, entre outras.

Outro fator histórico importantíssimo citado por Almeida e Gutierrez (2011) foi o uso

do rádio, do cinema e de outros meios pelo Estado, com o objetivo de realizar

propaganda do seu governo, como uma forma de alcançar grande camada da

população. Com o desenvolvimento do rádio e o surgimento de grandes emissoras,

altos investimentos do governo em cinema e produções nacionais, fortalecimento do

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teatro, foi disseminada a cultura de lazer no Brasil. Esses meios de comunicação e

lazer funcionavam tanto como opções de lazer, como divulgadores e propulsores de

festas, eventos, competições esportivas, atividades culturais, e muito mais. Segundo

os autores, durante todo o período getulista ocorreu grande desenvolvimento

artístico, no lazer e nas atividades urbanas do tempo livre. A comunicação aparece

como importante peça para o desenvolvimento do lazer em outras publicações.

Oliveira e Mascaró (2007, p.60) citam que “o modo de vida da sociedade e a

funcionalidade das cidades têm sofrido profundas transformações devido à

globalização da economia e da comunicação, gerando reflexos na estrutura física e

na ambiência urbana”.

Após esse período durante o governo Getúlio veio o governo de Juscelino

Kubitschek, na década de 50. Período esse marcado por um grande e acelerado

crescimento econômico do país.

A ênfase no desenvolvimento econômico e industrial impulsionou transformações que possibilitaram um maior acesso ao lazer, por meio do desenvolvimento das artes e espetáculos. Foi o momento de valorização do lazer do trabalhador com a construção dos clubes operários, principalmente com a chegada de empresas estrangeiras que já estruturavam em suas sedes as atividades operárias, construindo espaços de lazer para seus funcionários. (ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011, p.141)

Um fator importante a considerar neste momento, e compartilhado por Almeida e

Gutierrez, é a importância do crescimento urbano e dos moradores das cidades,

superando nesse período a população rural. Com o surgimento dos centros urbanos

e industriais os trabalhadores enfrentavam uma nova configuração de cidade, muito

diferente do ambiente rural. As pessoas começaram a exigir opções de lazer para

usufruir durante seu tempo livre, aqui traduzido como o tempo não dedicado ao

trabalho.

Foram surgindo nas cidades equipamentos e espaços de lazer para atender esta

demanda, revolucionado as atividades de lazer no Brasil, as quais se modernizaram,

dentre elas destacam-se o cinema, teatro, passeios e viagens. No ambiente urbano

começam a surgir investimentos em atividades esportivas e espaços para a

realização dos mesmos.

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Todo esse período de crescimento, segundo Almeida e Gutierrez (2011) foi

interrompido em um momento crucial da história brasileira, o golpe militar de 1964.

Durante a ditadura ouve um retrocesso no crescimento do lazer, devido, segundo os

autores, baseados na teoria habermasiana, poder do Estado por meio dos atos

institucionais, ele se sobrepõe às outras esferas que compõem as sociedades

complexas, o Sistema Dinheiro e o Mundo da Vida.

Outro aspecto importante das práticas de lazer naquele momento é a perda do

espaço coletivo para encontro. “A rua como local de lazer já havia cedido espaço

devido a urbanização, a exploração imobiliária e o aumento da frota de veículos.”

(ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011, p.144). Nessa fase, as opções de lazer migraram

para a televisão e o cinema. As pessoas de menor renda tiveram suas opções de

lazer restringidas, pois dependiam muito do governo para tê-las, e do outro lado, as

classes mais ricas elitizaram a cultura de viagens, principalmente ao exterior.

Uma das análises que se pode fazer acerca das contribuições é que estas “duas

faces” do lazer perduram até hoje, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Em

alguns lugares uma diferença mais acentuada do que em outros, mas o fato é que o

lazer e as viagens se tornaram uma indústria poderosa e lucrativa, enquanto quem

não pode pagar por isso, carece de investimentos do Estado nas cidades,

principalmente nos bairros mais pobres.

Outra leitura que pode ser feita sobre o processo histórico é que, atualmente, já

considerando o período moderno e contemporâneo do Brasil, as empresas privadas

que oferecem estruturas e serviços de lazer deslancharam, aproveitando o bom

momento do turismo, do lazer e do entretenimento. Ao contrário do regime militar,

temos nesse momento a predominância do capital na influência sobre as atividades

do lazer, diminuindo o poder do Estado e o poder da população sobre a

caracterização do tempo de lazer.

Fatores importantes que contribuem para o desenvolvimento do lazer nos dias de

hoje são as relações sociais, a televisão, e talvez o principal, a internet. Este último

vem, de forma democrática, servir como ferramenta de interação, estudo, trabalho,

de lazer, e de valorização e facilitação das viagens.

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2.2.2 O lazer em espaços públicos e sua importância para a população

Os espaços, equipamentos e os serviços de lazer, sejam público ou privados, tem

ligação direta com a qualidade de vida de uma população, e influenciam na

valoração de um destino turístico. Algumas publicações abordam este tema. São

olhares sob diversas linhas de pensamento, passando por arquitetura e urbanismo,

turismo, entre outros. Apesar dessa diversidade, a maioria converge para a ideia de

que os espaços, equipamentos e serviços de lazer de uma cidade impactam

diretamente na sua qualidade de vida.

Dumazedier (2008) aborda a necessidade de uma política de desenvolvimento

cultural no urbanismo. Segundo ele, hoje (lê-se 1974 quando publicou sua obra

Sociologia Empírica do Lazer) as pessoas que vivem nas cidades estão valorizando

a demanda cultural que a cidade oferece. As cidades que quiserem se destacar no

seu desenvolvimento devem, cada vez mais, se preocupar em oferecer opções de

lazer à população, como centros de lazer, praças, atividades de recreação,

entretenimento, teatro, museu, entre outras.

Temos uma boa explanação desta abordagem no artigo de Oliveira e Mascaró

(2007, p.60), conforme texto abaixo

Os espaços públicos abertos de lazer trazem inúmeros benefícios para a melhoria da habitabilidade do ambiente urbano, entre eles a possibilidade do acontecimento de práticas sociais, momentos de lazer, encontros ao ar livre e manifestações de vida urbana e comunitária, que favorecem o desenvolvimento humano e o relacionamento entre as pessoas. Além disso, a vegetação que geralmente está presente nesses espaços favorece psicologicamente o bem-estar do homem, além de influenciar no microclima mediante a amenização da temperatura, o aumento da umidade relativa do ar e a absorção de poluentes, além de incrementar a biodiversidade.

Podemos aqui fazer uma relação da importância dos espaços públicos de lazer com

o momento histórico apresentado anteriormente, do artigo de Almeida e Gutierrez

(2011). Ao passo em que os centros urbanos foram se desenvolvendo e ficando

maiores e mais importantes que o espaço rural, aliado ao aumento da frota de

veículos e ao rápido crescimento imobiliário, os espaços livres utilizados para a

pratica de lazer foram reduzidos. Este cenário deu origem ao panorama atual em

que as pessoas de baixa renda acabam dependendo do governo para ter opções de

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lazer gratuitas, enquanto as classes mais ricas usufruem de passeios e viagens

locais, nacionais e para o exterior.

Rolnik (2000) contribui para este pensamento quando diz que as cidades ao se

tornarem locais inóspitos, no sentido de não oferecerem espaços e equipamentos,

deixam o lazer restrito a espaços e templos determinados. Ou seja, é de extrema

importância que as cidades sejam locais onde as pessoas se sintam em harmonia

com o ambiente urbano.

Por conseguinte, uma comunidade que não tem opções gratuitas de lazer, que

geralmente dependem dos espaços públicos, acaba partindo para formas de lazer

como televisão e internet, ainda mais nos tempos atuais, ondem o acesso a essas

tecnologias cresce de forma rápida e cada vez mais barata.

Boullón (2004) cita que ao compararmos a capacidade dos espaços livres de lazer e

recreação das grandes cidades, que parecem à primeira vista perfeitamente

equipadas, constata-se que isso não supera 15% das necessidades. “A falta de

oferta e equipamento recreativo ao ar livre aumenta durante os meses de verão

devido ao aumento da demanda, porque naturalmente nessas temporadas as

pessoas procuram mais sair de casa.” (BOULLÓN, 2004, p.73).

Oliveira e Mascaró (2007) realizaram uma pesquisa na cidade de Passo Fundo, RS,

onde analisaram os espaços públicos de lazer. Foram analisados parques, praças,

largos e terreiros, suas estruturas de lazer, o estado de conservação e manutenção

da estrutura destes espaços, e a relação na metragem com a população atendida.

Esta pesquisa trouxe como resultado a constatação de que os espaços públicos de

lazer disponíveis a população possuem diferenças entre as localidades. Foi

identificado que estes espaços eram melhor planejados, estruturados, e

conservados na área central da cidade, e conforme afastam-se do centro, estes

espaços diminuem em quantidade e em qualidade. Ou seja, foi constatada uma

grande diferença entre o centro e as periferias no que se refere a espaços públicos

de lazer. É possível observar este resultado na figura 1.

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Figura 1: Delimitação dos bairros com diferenciação dos índices de espaços públicos de lazer por habitante.

Fonte: Oliveira e Mascaró, 2007.

Se fizermos um comparativo deste resultado com o fato, citado anteriormente, de

que pessoas mais ricas tem maiores condições de usufruir do lazer do que as

pessoas mais pobres, isto se agrava ao ponto em que se percebe que, a fatia da

população de uma cidade que não tem condições de viajar frequentemente, e não

dispõe de dinheiro para gastar com lazer, sofre ainda com a ausência ou

precariedade de espaços públicos de lazer, os quais são oferecidos pelo governo.

Marcellino (2002) também comenta sobre esse fato, e lembra que, justamente as

pessoas com mínimas condições para a prática do lazer em suas casas, são cada

vez mais afastadas dos centros urbano, o que só agrava a situação.

Rolnik (2000) e Dumazedier (2001) ainda sugerem que o urbanismo modernista foi

quem desagregou as funções das cidades, separando-as em locais específicos para

cada uma, o que, segundo a autora, diminuiu a possibilidade de contatos e misturas

que permitiam a multifuncionalidade. O urbanismo considerou que o planejamento

das cidades respeitaria as quatro funções: morar, trabalhar, descontrair-se e

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deslocar-se. Como resultado veio a agravação da desigualdade social, econômica e

política.

Silva et al. (2013), identificaram em uma análise de 11 produções sobre os espaços

públicos de lazer, que as características físicas, localização espacial e opções que o

espaço público oferece são aspectos influenciadores na utilização dos parques. Se

bem estruturados e cuidados, os espaços podem atender às necessidades físicas,

psicológicas e sociais dos indivíduos. Silva et al. (2012), reforçam estes fatores em

outro artigo. Segundo os autores, a relação da população com o espaço é facilitada

pelo que ele oferece, ou seja, localização, equipamentos, estrutura, acessibilidade,

segurança e serviços e programas de lazer oferecidos no local.

Essa visão pode ser ampliada por Dumazedier (2008) onde diz que em cooperação

com arquitetos e urbanistas observou-se que o espaço de lazer deve ser funcional

acima de tudo, pensado numa visão e conjunto. Seria algo como juntar em um

mesmo espaço diversas funções de lazer, que geralmente são tratadas em

separados nos centros urbanos. Com isso diminuiria o desfavorecimento de algumas

localidades que não são atendidas em suas necessidades de lazer, ou que podem

optar por somente um tipo de atividade oferecida.

A aparente ineficácia do poder público em gerir e proporcionar espaços públicos

destinados ao lazer é aproveitada pelo poder privado. Este por sua vez oferece a

comunidade opções de lazer variadas, com excelente estrutura e qualidade nos

serviços. Rodrigues et al. (2014) realizaram uma análise qualitativa de dois espaços

de lazer na mesma cidade, um público e outro privado, e chegaram à conclusão de

que existe uma

[...] falta de investimento do poder público em relação aos espaços e equipamentos de lazer, desprivilegiando: centros comunitários, centros esportivos, parques, praças e ruas. Nesse contexto, os clubes privados surgem como possibilidade diferenciada para vivências no âmbito do lazer apenas para um segmento da sociedade que podem pagar por tais serviços. (RODRIGUES et al., 2014, p.181)

A segregação dos espaços de lazer, se é que podemos utilizar esta palavra, é

também abordada por Gomes (2008). Para a autora, isso é reflexo do processo

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histórico, ou seja, naturalmente o processo de crescimento das cidades construiu o

cenário atual das mesmas.

A compreensão do espaço urbano e rural também contribuiu ao longo dos anos para

o cenário atual, segundo Gomes (2008), junto com o surgimento dos espaços

urbanos, surgiu a ideia de que se deve separar ambiente urbano de ambiente rural,

e, consequentemente, os estilos de vida de cada um. Porém, segundo a autora, é

fundamental que consideremos a área urbana como ambiente para atender a

totalidade do ser humano, ou seja, trabalho, lazer e estudo.

Percebe-se por conseguinte, que talvez seja essa uma das principais justificativas

para a defasagem atual de espaços de lazer nos centros urbanos. Entende-se

portanto que, na construção das cidades durante o processo de explosão

demográfica urbana e o êxodo rural no Brasil, foi sendo alimentada a separação dos

espaços dentro das cidades, constituídas com um centro urbano comercial e bairros

residenciais ao redor, aumentando em direção as periferias. Nesse meio tempo as

praças, os parques, e outros espaços de lazer, eram projetados no centro, ficando

as periferias apenas com a função de residência. E isto não tem sido saudável para

a população (Gomes, 2008; Marcellino, 2002; Rolnik, 2000).

Relevante considerar a necessidade de que o urbano seja, sim, espaço de poder e de trabalho, mas, que seja também oportunidade de troca, de interação democrática entre o público e o privado, de convívio social com dignidade e de festividade lúcida. Afinal, diversos estudos já indicaram que a fragmentação do espaço e do tempo tem consequências drásticas para o lazer, cujas possibilidades acabam não sendo acessadas por aqueles que, ao longo da história, acabaram acumulando uma série de exclusões. (GOMES, 2008, p.11)

O panorama que pode ser traçado para cada cidade também se aplica ao

analisarmos o Brasil como um todo. Ribeiro et al (2014) realizaram uma pesquisa

quantitativa com o objetivo de investigar a distribuição espacial da indústria do lazer

no Brasil e relacionar os resultados com um índice de desenvolvimento municipal

referente ao ano de 2010. Obtiveram como resultado a constatação de que os

melhores complexos de lazer, ou seja, com melhor estrutura, se concentram

espacialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, além de alguns outros municípios

das regiões Sudeste e Sul.

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Essa constatação é reforçada por Santana e Alves (2014), que cita a distribuição

desigual como realidade principalmente em cidades do interior, que tem como

característica os espaços de lazer focados no centro, em detrimento dos bairros. “A

necessidade do lazer é tão grande que em alguns bairros periféricos, a população

cria lugares improvisados para sua recreação e lazer, como os bares e botequins

nas esquinas dos bairros carentes”. (SANTANA & ALVES, 2014, p.192).

Segundo Marcellino (2002) esse “improviso” com relação aos espaços de lazer não

específicos traz à tona duas questões: a necessidade de uma política habitacional

que considere também o espaço para o lazer, e quando difícil chegar a esse ponto,

oferecer pelo menos condições criativas para o lazer em áreas coletivas; e a

necessidade de se utilizar de forma inteligente os equipamentos já existentes,

através de uma política de animação.

Por conseguinte, se na perspectiva local as melhores ofertas de lazer estão no

centro das cidades, na perspectiva nacional estão nos maiores e mais desenvolvidos

centros urbanos, São Paulo e Rio de Janeiro.

2.2.3 Espaços de lazer e sua relação com o turismo

Nos capítulos anteriores já foi possível verificar a história do lazer no Brasil, a

importância do lazer urbano, e o seu panorama atual. Porém qual relação tem os

benefícios do lazer urbano com a atividade turística, ou melhor pontuando, com a

valoração de um destino? Tal questionamento direciona este capítulo, onde são

apresentados alguns indícios com base em publicações, procurando reforçar a ideia

de humanização das viagens proposta por Krippendorf (2001, p.7). O autor defende

que os objetivos de um planejamento turístico devem sempre ser:

Maior geração possível de recursos econômicos;

Um bem-estar subjetivo da população, nas áreas de destino e nas

regiões pelas quais se viaja;

Maior satisfação possível das necessidades dos visitantes;

Conservação da paisagem e naturezas intactas, nas áreas de destino e nas

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regiões pelas quais se viaja.

Ressaltaremos aqui o segundo objetivo apresentado, que trata do bem-estar

subjetivo da população onde se viaja. Doris Ruschmann, autora que dedicou grande

parte de sua vida a consultorias em planejamentos de destinos turísticos também

defende a ideia de Krippendorf, levando a preocupação em oferecer condições de

lazer a quem não pode viajar. Segundo Ruschmann (1997, p. 18)

Os governos devem preocupar-se em proporcionar à população que não tem acesso às viagens turísticas, os equipamentos e espaços recreativos adequados para produzir satisfação individual, em família e na sua comunidade.

Comparando as colocações dos dois autores podemos dizer que o “direito ao bem-

estar e ao lazer” apresentado por Ruschmann como uma ação direcionada as

pessoas que não tem condições de viajar, pode, e deve, ser utilizado como fator de

atratividade turística de um destino, como apontado por Krippendorf nos objetivos de

um planejamento turístico.

Gomes (2008) utiliza o turismo como exemplo para uma nova compreensão do lazer

nas cidades. Questiona a definição de turismo da OMT (Organização Mundial do

Turismo), que limita o turista aquele que sai do entorno habitual, e propõe um novo

entendimento do turista, considerando englobar também os moradores que

usufruem de suas férias, ou do seu tempo diário de lazer, para descobrir sua própria

cidade, novos atrativos, novas relações com outros moradores, praticando

exercícios físicos, atividades recreativas, descansando, enfim, considera que seria

fundamental os recursos destinados a atender aos turistas, atendessem também à

população local.

Colaborando com esse pensamento, Johnson, Glover e Stewart (2008), apresentam

como resultado de uma pesquisa a importância do envolvimento da comunidade no

ambiente urbano, como ferramenta para a reurbanização de locais abandonados ou

mal conservados. Para os autores, locais, principalmente estruturas de lazer

acessíveis, atraem a população local, e a mesma, ao usufruir destes espaços, acaba

criando o que eles chamam de ambiente vibrante, com vida. Segundo o mesmo

artigo, as pessoas procuram mais locais em que a população é vibrante, em lugares

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onde existe arte, música, lojas, cafés, atividades ao ar livre, opções de lazer e

interação social, do que lugares com megaestruturas, como shoppings, estádios

esportivos e grandes equipamentos turísticos, ou seja, valoriza-se mais as

experiências vividas do que equipamentos grandes e espetaculares.

Partindo desse pressuposto podemos considerar, pensando no turismo, que

megaestruturas e equipamentos turísticos por si só não são tão atraentes quanto

uma localidade vibrante, a qual Johnson, Glover e Stewart (2008) identificaram em

sua pesquisa. Nesse ponto, Grinover (2007) aborda o tema utilizando-se da relação

entre a hospitalidade, a cidade e o turismo. “A praça clássica era um vazio urbano

organizado que tomava a forma e o caráter de tudo o que se fazia conforme as

horas do dia e estações do ano”. (GRINOVER, 2007, p.82).

Ao pensarmos que o lazer deve ser mais democrático, Marcellino (2002) defende

que essa democratização do lazer implica em democratizar o espaço. Segundo o

autor, é inevitável o fato de que o espaço para o lazer é o espaço urbano.

O processo histórico do Brasil, no que se refere ao êxodo rural e ao surgimento e

crescimento dos centros urbanos, tem total influencia e justifica o panorama atual do

lazer no Brasil. Para analisar a oferta de espaços de lazer e seus impactos nas

pessoas é sempre importante considerar, primeiro, estes dois aspectos, história e

teoria.

Identificou-se nas publicações alguns discursos chave. O primeiro deles trata da

diferença entre a oferta de espaços e equipamentos de lazer presente no centro das

cidades e na periferia. Aspecto esse que espelha o panorama nacional, onde as

cidades com melhor oferta de lazer são Rio de Janeiro e São Paulo.

Outro discurso reforçado por diferentes autores é o que fala do descaso do poder

público na gestão destes espaços e equipamentos, geralmente abandonados ou

insuficientes para atender as necessidades da população. Necessidades estas que

influenciam totalmente na qualidade de vida destas pessoas. A oferta de lazer em

espaços públicos possibilita relacionamento entre as pessoas, prática de atividades

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esportivas, interatividade social, entre outros fatores que contribuem para o

desenvolvimento humano.

Ao relacionarmos este tema com o turismo, podemos utilizar como base a colocação

teórica de Krippendorf (2001) que identifica a qualidade de vida da comunidade local

como parte integrante do planejamento turístico de um destino. Os governantes tem

investido em ofertas de lazer destinadas aos turistas e tem deixado de lado as

expectativas e necessidades dos moradores. Porém isso é visível aos olhos de

quem visita um destino, tornando a qualidade de vida local essencial para a

valoração turística.

Além da qualidade de vida local, o espaço urbano de uma cidade por si só pode ser

considerado uma facilidade à atividade turística quando, na visão do autor

(GRINOVER, 2007) possuir três dimensões: a acessibilidade, a legibilidade e a

identidade. Quando um turista percorre as ruas da cidade que visita, ele passa a ter

uma série de percepções sobre o ambiente, ele recebe muitas informações e as

processa no mesmo momento.

Nas cidades adequadamente identificadas o estrangeiro sente-se acolhido, bem recebido, sabe onde tem de ir, encontra o que procura sem perda de tempo, passeia descompromissado e pode se dedicar a contemplação sem risco de se perder. A informação, nesse caso, assemelha-se ao dom. Oferecer e receber informação é um mecanismo de hospitalidade. (GRINOVER, 2007, p.126).

Além disso, é papel dos governantes, propiciar opções de lazer àqueles que não tem

condições de viajar, de passear, de pagar por lazer privado, enfim, garantir que

estas pessoas usufruam de férias dentro do seu entorno habitual.

2.3 Abordagens em espaços de lazer

Neste capitulo pretende-se abordar uma fundamentação teórica a fim de dar suporte

ao primeiro objetivo especifico desta pesquisa, identificar a oferta de espaços

públicos de lazer da cidade.

Já dizia Lynch (2011, p.123) “A cidade não é constituída para uma pessoa, mas para

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um grande número delas, todas com grande diversidade de formação,

temperamento, ocupação e classe social”. Imaginemos então como atender a todas

as expectativas da comunidade com relação a cidade em que vivem, se não todas,

como agradar a maioria.

O primeiro passo desta pesquisa portanto é identificar o que já existe na cidade,

relacionado com a oferta de espaços públicos de lazer. Para isso se faz necessário

conhecer parâmetros de classificação e categorização já existentes, pesquisas já

realizadas, para, posteriormente, elaborar um método de coleta de dados, que será

apresentado no capítulo da metodologia.

Um dos autores mais renomados sobre o assunto é Kevin Lynch, principalmente no

seu livro “A Imagem da Cidade” (2011). Porém, nesta pesquisa serão utilizados

referencias mais recentes como Kohlsdorf (1996), destinado à área do Turismo,

Roberto C. Boullón, mais especificadamente três publicações suas (2002; 2004;

2005), e Grinover (2007). Todos os autores seguem a linha teórica de Kevin Lynch.

Uma das primeiras contribuições de Boullón (2002) que pode ser utilizada neste

trabalho é a sua colocação sobre a oferta turística. Segundo ele a oferta turística de

um destino é composta por serviços oferecidos tanto por elementos de

empreendimentos turísticos quanto por não-turísticos. Segundo o autor o que

classifica algum bem é para que se destina, e não por quem o consome.

Verifica-se que alguns casos temos elementos da cidade que não são turísticos,

mas que são destinados a atender esta demanda, e, por outro lado, temos bens

utilizados pelos turistas que não são destinados a eles, portanto, não são elementos

turísticos de uma cidade. Essa discussão é importante quando se precisa analisar

um destino turístico, pois atualmente se torna difícil a tarefa de categorizar os

empreendimentos destinados ao turismo dos destinados à população local. Apesar

de se defender aqui neste trabalho que o bem-estar subjetivo de uma população

local é fundamental para o planejamento turístico, e que as pessoas com poucas

condições de viajar usufruam igualmente dos espaços de lazer e recreação, esta

classificação se faz necessária, e por si só não anula nenhum dos temas abordados,

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apenas ajuda a entende-los.

Voltemos aqui ao que citamos de Grinover (2007) anteriormente, quando fala de

elementos essenciais para uma cidade hospitaleira, a acessibilidade, a legibilidade e

a identidade, segundo o autor, eis as definições.

Acessibilidade: resumidamente pode-se considerar que a cidade é um direito de

todos, ou seja, considera-se como uma cidade acessível aquela que tem

disponibilidade de instalações, acessos físicos e a igualdade social, que podemos

considerar como acessibilidade socioeconômica.

Legibilidade: entende-se como a qualidade visual de uma cidade ou território.

Lynch (2011) define com legível quando a cidade tivessem bairros, marcos ou

caminhos facilmente reconhecíveis e agrupados.

Identidade: a identidade de uma cidade é algo formado ao longo do tempo. Ela é

uma relação diversos bens culturais ao longo da história.

A percepção de um espaço urbano, da paisagem de uma cidade, não se dá somente

com uma impressão instantânea de quem a observa, mas sim com uma “visão em

série”, ou seja, ela se forma com a soma de várias imagens parciais, individuais, e

do significado que cada ser humano agrega a elas (BOULLÓN 2002; LYNCH, 2011).

Em cidades que carecem de espaços, edifícios, monumentos e áreas naturais

singulares, ou notórios, não existe uma visão serial, pois todos os espaços se

assemelham, tornando assim o espaço sem muito interesse turístico.

Ao contrário deste exemplo, temos as cidades que possuem elementos notórios e

singulares, e que são evidentes aos olhos de quem reside ou de quem visita. “A

cidade – como qualquer obra do homem – tem seus limites, é possível sintetizar sua

estrutura visual em uma série de formas que a representam com maior clareza.”

(BOULLÓN, 2002, p.195). O autor divide a cidade em espaços abertos e edifícios, e

subdivide ainda em: Logradouros, Marcos, Bairros, Setores, Bordas e Roteiros.

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Será utilizado aqui o conceito de Logradouro apresentado por Boullón (2002, p.196),

que define como “espaços abertos ou cobertos de uso público, em que o turista

pode entrar e que pode percorrer livremente”. Como por exemplo: parques,

zoológicos, feiras, mercados, etc. Neste caso, as praças e espaços de lazer urbano

podem ser chamados de Logradouros. O autor (op cit) ainda cita que as praças são

áreas pequenas dentro de uma cidade, mas muito importantes para ela, para a sua

imagem, para os turistas e para os moradores.

Dentre todos os logradouros de uma cidade, temos aqueles utilizados para

satisfazer as necessidades de lazer e, além deles, somam-se os espaços privados,

que são os equipamentos e serviços oferecidos à população pela iniciativa privada,

que cobra por isso.

As atividades de recreação são geralmente urbanas e não ultrapassam um raio de

duas horas de distância-tempo, ida e volta, segundo Boullón (2004). Mas são

essencialmente urbanas e locais. Dentre a variada gama de serviços e

equipamentos recreativos, públicos e privados, Boullón (2004) nos apresenta-os

divididos entre espaços cobertos e ao ar livre (quadro 1).

Quadro 1 – Rede recreativa do homem urbano.

Espaços cobertos Lugares ao ar livre cinemas; teatros; museus; bibliotecas; bares; sorveterias; restaurantes; discotecas; shows (centros noturnos); jogos mecânicos.

praças; jogos infantis; centros esportivos; campos de futebol e outros esportes; sedes de clubes; piscinas; áreas arborizadas para passear, montar a cavalo ou andar de bicicleta.

Fonte: Boullón, 2004.

Ainda segundo o mesmo autor (op cit), as áreas naturais das cidades também fazem

parte da oferta recreativa, como praias, lagos, entre outras. Porém, em países como

os da América Latina por exemplo, estas áreas geralmente são cercadas ou

loteadas por casas de veraneio, o que dificulta o uso público.

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Neste ponto se faz uma ligação com a importância dos espaços públicos de lazer

para a população local e os turistas (vide item 2.2) pois as necessidades de lazer e

recreação surgem no dia-a-dia, não são programadas, e os centros urbanos não

acompanharam o aumento desta demanda, são em maioria defasados no que se

refere ao lazer e às necessidades da população. Como este assunto já foi

apresentado, não será aprofundado nesse capítulo.

2.3.1 O Mapa Mental e o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)

A análise de um lugar, seja um espaço de lazer ou uma cidade, pode oferecer

diversas informações, as quais irão atender a variadas expectativas. Segundo

Kohlsdorf (1996, p.27) as informações podem tratar de “aspectos funcionais,

estéticas, de conforto térmico, acústico ou luminoso, de apropriação social, de

orientação, etc.”. Para isso cada aspecto deve ser analisado conforme uma

categoria de análise específica, para atender especialmente o objetivo esperado.

Quando se trata de planejamento urbano destaca-se a importância de se trabalhar

com a apreensão dos lugares. Kohlsdorf (1996) comenta a necessidade de

pesquisadores do espaço urbano de analisarem o local juntando a teoria e o

conhecimento empírico da população envolvida. Os locais planejados sob a visão

restrita de teorias e representações profissionais serão, afinal de contas,

interpretados e apropriados pelo senso comum dos seus usuários, provindo do

conhecimento de cada um. Para isso é necessário entender as características dos

diversos níveis cognitivos, em especial os contidos na apreensão dos espaços. A

autora considera esses níveis sendo: a sensação, a percepção, a imaginação e a

intuição.

Nesta pesquisa será trabalhada a percepção e a imaginação, através da imagem

mental, afim de utilizar um método de coleta e análise de dados em concordância

com o DSC (Discurso do Sujeito Coletivo), que será abordado mais à frente.

A peculiaridade do processo perceptivo pode ser definida por sua ligação estrutural à consciência e à memória mas, principalmente, ao grau de desenvolvimento da inteligência dos indivíduos. Esse fato configura a ação perceptiva como uma síntese entre sensações e o complexo inteligente, conferindo-lhe caráter de globalidade. (KOHLSDORF, 1996, p.57).

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Ainda segundo a autora (op cit) a percepção é: sinais (emissão de luzes pelos

elementos constituintes dos espaços) transformados em signos (representações

segundo as estruturas perceptivas). A formação da imagem mental diferencia-se da

percepção em um ponto. Na percepção a pessoa deve estar visualizando o objeto,

enquanto que na imagem espacial a presença não é necessária, usa-se apenas a

imaginação.

Uma das técnicas mais tradicionais para análise de imagens de cidades ou outros

locais é o Mapa Mental. Kohlsdorf (1996) cita esta como a mais conhecida técnica

desde que foi apresentada por Lynch em 1970. Segundo a autora (KOHLSDORF,

1996, p.117) nada mais são do que “„cartas subjetivas‟ nas quais se expressam os

valores visuais da cidade, conforme concebe quem desenha o mapa”. Através de

entrevistas, as pessoas desenham conforme sua memória, sem consultar outro

material, a sua representação da cidade, bairro, ou outro local conforme objetivo da

pesquisa. Os entrevistados podem utilizar perspectivas, elevações, símbolos e

anotações verbais, afim de representar o mundo visual presente na cabeça de cada

indivíduo.

Após a coleta individual de mapas mentais, essa técnica permite a junção de vários

mapas para gerar uma representação pública, ou de um grupo específico. Essa

junção, segundo a autora, pode ser feita com uma superposição de mapas mentais

ou por meio de procedimentos de estatística identificando as incidências de

elementos.

Uma técnica parecida ao mapa mental exposto acima é o Discurso do Sujeito

Coletivo (DSC). A técnica do DSC foi desenvolvida para descobrir o que um conjunto

de pessoas pensam, através da análise de discursos individuais. Segundo Lefèvre e

Lefèvre (2003), essa técnica apresentada “busca justamente dar conta da

discursividade, característica própria e indissociável do pensamento coletivo,

buscando preservá-la em todos os momentos da pesquisa.”

O DSC é uma técnica de pesquisa qualitativa, que, segundo os autores, Lefèvre e

Lefèvre (2003), é a tipologia de pesquisa correta quando se quer conhecer o

pensamento de uma comunidade sobre um dado tema. Eles completam dizendo que

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“para serem acessados, os pensamentos, na qualidade de expressão da

subjetividade humana, precisam passar, previamente, pela consciência humana”.

No DSC a coleta de dados deve ser realizada através de perguntas abertas “para

um conjunto de indivíduos de alguma forma representativos dessa coletividade e

deixar que esses indivíduos se expressem mais ou menos livremente, ou seja, que

produzam discursos.” (LEFEVRE e LEFEVRE, 2003, p.15). Segundo os autores,

uma questão fechada na entrevista expressaria uma adesão forcada a um

pensamento já existente. Após coletadas estas informações individualmente, junta-

se os discursos individuais e identifica-se o pensamento coletivo. Os dados podem

ser coletados de outras maneiras além de entrevistas, como jornais, revistas, cartas,

papers, entre outras, porem nesta pesquisa optou-se somente pelos depoimentos,

visto que não foram encontrados indícios de outras publicações a respeito desse

tema com o público alvo, e no local do estudo.

O Sujeito Coletivo se expressa, então, através de um discurso emitido no que se poderia chamar de primeira pessoa (coletiva) do singular [...]. Trata-se de um eu sintático que, ao mesmo tempo em que sinaliza a presença de um sujeito individual do discurso, expressa uma referência coletiva na medida em que esse eu fala pela ou em nome de uma coletividade. [...] Adota-se aqui, como se percebe facilmente, um pressuposto socioantropologico de base na medida em que se entende que o pensamento de uma coletividade sobre um dado tema pode ser visto como o conjunto dos discursos, ou formações discursivas, ou representações sociais existentes na sociedade e na cultura sobre esse tema, do qual, segundo a ciência social, os sujeitos lançam mão para se comunicar, interagir, pensar. (LEFEVRE e LEFEVRE, 2003, p.16)

Para poder subtrair o discurso coletivo, a técnica do DSC utiliza de três figuras

metodológicas: expressões-chave, ideias centrais e ancoragem.

Expressões-chave (ECH): são trechos, transcrições literais do discurso,

identificados pelo entrevistador como relevantes para se demonstrar a

essência do conteúdo.

Ideais centrais (IC): descreve, de maneira precisa, resumida e fiel o sentido

das expressões-chave agrupadas em um discurso.

Ancoragem (AC): e a manifestação de uma certa teoria, crença, ideologia

utilizada pelo entrevistado para manifestar-se a respeito de tal

questionamento.

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O DSC é um discurso-síntese apresentado na primeira pessoa do singular e

composto pelas expressões-chave que tem a mesma ideia central ou ancoragem.

Para escolher os sujeitos a serem entrevistados não existe uma amostra percentual

definida pelos autores do DSC. Segundo eles, em casos como o desta pesquisa,

quando o universo pesquisado e muito extenso, e o pesquisador pouco conhece a

respeito dos entrevistados, não há como proceder com uma escolha intencional.

Deve ser determinada uma amostra representativa da população a ser estudada.

Dentre as técnicas pesquisadas, o DSC e os Mapas Mentais se encaixam nos

objetivos deste trabalho e observou-se uma possibilidade de trabalhar os

perfeitamente em conjunto para obter os resultados aguardados.

Finalizando a fundamentação teórica que norteou esta pesquisa se torna pertinente

uma síntese das principais teorias citadas, a qual é apresentada no quadro 2. Dentre

todos os autores aqui citados, como Krippendorf, De Masi, Dumazedier, Lynch,

Boullón, Kohlsdorf, e demais autores ao decorrer deste capítulo, serão ressaltados

os autores a seguir e suas respectivas contribuições.

Quadro 2 – Síntese da fundamentação teórica

Tema Contribuições teóricas Autor(es)

Conceitos de

Lazer

- Conjunto de ocupações;

- Livre vontade;

- Repouso, diversão, recreação,

entretenimento, desenvolvimento da

informação, formação desinteressada,

participação social voluntária.

Dumazedier (1976);

Marcellino (2000).

- Tempo após desembaraçar-se das

obrigações profissionais, familiares e sociais.

- Tempo subtraído do trabalho, das

obrigações domésticas, das obrigações sócio

espirituais e sócio políticas. Seria como um

“direito” social adquirido para a

“autossatisfação”.

Boullon (2004);

Dumazedier (2008).

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- Tempo livre = ócio criativo ou lazer + tempo

desperdiçado.

Importância do

lazer urbano

para moradores

e turistas.

- Os espaços públicos de lazer exercem

importante influência na vida da população

local;

Almeida & Gutierrez

(2011);

Boullon (2002);

Gomes (2008);

Johnson, Glover &

Stewart (2014);

Krippendorf (2001);

Oliveira & Mascaro

(2007);

Ribeiro (2014);

Rodrigues (2014);

Ruschmann (1997);

Santana & Alves

(2014);

Silva (2012 e 2013).

- A oferta de espaços de lazer para os

moradores possui também o objetivo de

oferecer opções de lazer a quem não tem

poder aquisitivo para o lazer pago, como

clubes, passeios e viagens.

Boullon (2004);

Krippendorf (2001);

Ruschmann (1997).

- O crescimento desordenado e a formatação

urbanística das cidades contribuíram

negativamente para a atual oferta de lazer em

espaços públicos.

- Os espaços de lazer se concentram nas

áreas centrais das cidades.

Dumazedier (2001);

Gomes (2008);

Marcelino (2002);

Rolnik (2000).

Espaços de

lazer e sua

relação com o

turismo.

- o bem-estar subjetivo da população deve

fazer parte de um planejamento turístico.

- Um ambiente com vida faz parte da

hospitalidade de uma cidade.

Grinover (2007).

Krippendorf (2001);

A análise da(s)

imagem(s) da

cidade.

- Cada pessoa interpreta e agrega

significados na imagem de uma cidade

conforme sua cultura, suas informações, sua

memória, seus laços afetivos com o local, etc.

Boullon (2002);

Grinover (2007);

Lynch (2011);

Kohlsdorf (1996).

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- Acessibilidade, legibilidade e identidade.

- Apreensão dos lugares.

Mapas Mentais - Técnica de pesquisa para caracterização da

imagem das cidades.

Lynch (2011);

Kohlsdorf (1996).

Discurso do

Sujeito Coletivo

(DSC)

- Técnica de pesquisa qualitativa para

reconhecer o discurso coletivo sobre

determinado tema.

Lefevre & Lefevre

(2003).

Fonte: Autor, 2015.

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3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de pesquisa

Esta pesquisa é um estudo de caso, tendo a cidade de Balneário Camboriú como

objeto de estudo. Ela utiliza o método indutivo e abordagem qualitativa. Indutiva,

afinal, através da descrição de experiências particulares e fatos isolados, se

conceberá uma conclusão genérica para este estudo de caso.

Essa classificação é baseada em Creswell (2010), segundo ele, na pesquisa

qualitativa, a base é indutiva, ocorre no ambiente natural, tem o pesquisador como

instrumento para coleta de dados, se utiliza de diversas técnicas de coleta de dados,

tem como base os significados dos participantes da pesquisa, envolve uma

discussão teórica para analisar os resultados, é interpretativa e holística. A pesquisa

qualitativa “é um meio para explorar e para entender o significado que os indivíduos

ou grupos atribuem a um problema social ou humano” (CRESWELL, 2010, p.26).

De acordo com o objetivo, esta pesquisa se encaixa como exploratória e descritiva.

Exploratória por ser pioneira no levantamento da opinião dos habitantes de

Balneário Camboriú sobre o suas expectativas e necessidades de lazer, e descritiva

pois, ao final, o resultado irá descrever, com base nos resultados obtidos, as

características da oferta de lazer da cidade.

Segundo Leal (2011) pesquisa exploratória é a “realizada em áreas (de

conhecimento) ou focada em problemas a respeito dos quais há escasso ou nenhum

conhecimento acumulado e sistematizado”. É uma pesquisa que tem foco aberto

para investigação de fenômenos pouco sistematizados e/ou passíveis de várias

perspectivas de interpretação. A pesquisa descritiva complementa a exploratória,

pois, segundo o mesmo autor (op cit), ela descreve as informações obtidas e

descreve as características das mesmas.

A primeira etapa da pesquisa foi o levantamento de dados, com a elaboração de um

estado da arte, para identificar produções científicas publicadas sobre este tema,

lazer, focando em autores que discutem o lazer no cotidiano e sua relação com o

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turismo. A segunda etapa, a descrição, iniciou com uma identificação dos espaços

públicos de lazer da cidade, junto com uma pesquisa bibliográfica, afim de traçar os

parâmetros para esse levantamento.

Após essa parte, foi feita uma pesquisa documental para descrever a história da

cidade e suas características. Estas estratégias são chamadas por Leal (2011) de

pesquisa com dados existente e utiliza dados fornecidos fontes de papel (livros e

documentos) e por pessoas através do estudo de caso.

3.2 Procedimentos de coleta de dados

O primeiro objetivo específico desta pesquisa é Identificar a oferta de espaços

públicos de lazer da cidade. Para tanto se faz necessária um método de coleta de

dados específico que traga estas informações.

Os espaços e equipamentos públicos da cidade serão considerados como

Logradouros (BOULLÓN, 2002), que segundo definição do autor são “espaços

abertos ou cobertos de uso público, em que se pode percorrer livremente”. Além

deles serão considerados outros espaços públicos como parques, áreas naturais e

equipamentos esportivos.

Na primeira etapa serão identificados todos os espaços através de pesquisa

documental e em publicações oficiais, afim de levantar todas as opções públicas de

lazer de livre acesso.

Posterior a isso serão utilizadas as técnicas do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) e

de Mapas Mentais, ambas as técnicas foram abordadas na fundamentação teórica.

Com dados coletados através de 30 (trinta) entrevistas estruturadas será possível

obter, com o mesmo entrevistado, as informações necessárias para interpretar os

Mapas Mentais e identificar os DSCs.

Com essas técnicas pretende-se coletar informações para identificar os espaços de

lazer da cidade, mapeá-los, e além disso, ao mesmo tempo reconhecer a

opinião/percepção da população com relação ao lazer dentro da cidade.

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O processo de coleta de dados se dará da seguinte forma. A cidade está dividida,

segundo a lei nº1840/99 (Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, 2015) em 14

áreas, as quais são o Centro, a área da Região das Praias e 12 bairros: Bairro da

Praia dos Amores, Bairro dos Pioneiros, Bairro Ariribá, Bairro das Nações, Bairro

Várzea do Ranchinho, Bairro dos Estados, Bairro dos Municípios, Bairro Vila Real,

Bairro Jardim Iate Clube, Bairro Nova Esperança, Bairro São Judas Tadeu e Bairro

da Barra, conforme Figura 3. A Região das Praias é composta pelas praias de

Laranjeiras, Taquarinhas, Taquaras, Pinho, Estaleiro e Estaleirinho.

Com base nessa referida lei foram consideradas as 14 áreas da cidade apenas para

identificar as suas divisões. Serão pesquisados somente os bairros contidos na

planície central que acompanha a faixa litorânea. Esta filtragem se justifica pela

formação do relevo que acaba concentrando a cidade em uma pequena faixa as

margens da praia central (ver figura 3). A área das praias agrestes por exemplo,

como o próprio nome indica, são pouco povoadas por moradores fixos, e fortemente

utilizadas como destinos dos turistas que procuram algo mais afastado e tranquilo,

sendo assim não teria uma contribuição muito considerável no reconhecimento da

percepção dos moradores da cidade e até, ao contrário, poderia ir contra boa parte

do discurso de que reside na área urbana.

Portanto os bairros e áreas pesquisados são: Centro (subdividido em Barra Sul e

Barra Norte), Bairro dos Pioneiros, Bairro Ariribá, Bairro das Nações, Bairro dos

Estados, Bairro dos Municípios, Bairro Vila Real, Bairro Jardim Iate Clube, e Bairro

da Barra, totalizando 10 (dez) áreas. Em cada área foram feitas 03 (três) entrevistas,

o que gerou um total de 30 (trinta) entrevistados.

Ficam de fora da pesquisa as Praias Agrestes, Bairro da Praia dos Amores, Bairro

Várzea do Ranchinho, Bairro Nova Esperança e Bairro São Judas Tadeu. Os bairros

são divididos conforme a figura a seguir (figura 2). A planície central pode ser

identificada na figura 3.

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Figura 2: Divisão por bairros de Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Autor (adaptado de Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, 2016).

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Figura 3: Figura do Mapa turístico de Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, Secretaria de Turismo, 2016.

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As entrevistas estruturadas a partir das indicações de Lefevre e Lefevre (2003) para

a coleta do DSC foram aplicadas nos bairros participantes da pesquisa. A primeira

pergunta do questionário fará a filtragem da amostra. A amostra será composta

considerando três fatores, o gênero, a faixa etária do entrevistado e o tempo que o

mesmo reside na cidade.

Em cada bairro serão entrevistados moradores conforme quadro abaixo.

Quadro 3 – Amostra da pesquisa por bairros/áreas.

Sexo Faixa etária Tempo que reside

- 01 homem. - com idade entre 18 e 59 anos; Mais de 10 anos

- 01 mulher - com idade entre 18 e 59 anos;

- 01 idoso - com idade a partir de 60 anos.

Fonte: Autor, 2016.

A definição do gênero dos entrevistados tem como objetivo coletar informações de

possíveis visões diferentes entre eles. A questão da faixa etária pretende coletar

possíveis diferenças entre as informações de adultos e de idosos, estes últimos por

serem uma categoria com tempo livre diferenciado dos adultos, e talvez possam

usufruir de espaços diferentes. No que ser refere ao tempo que reside na cidade,

optou-se por uma amostra que resida há mais de dez anos, levando em

consideração a metodologia do Censo do IBGE, realizado a cada década. Segundo

o IBGE (2016) esse é um período aceito e inquestionável para os especialistas no

assunto. Pretende-se com este período determinar uma amostra que tenha o

mesmo tempo de residência na cidade e o mesmo tempo percepção da imagem da

mesma.

Por investigar uma questão dos habitantes da cidade, esta pesquisa utiliza como

estratégia o estudo de caso. Segundo Creswell (2010), na estratégia qualitativa de

estudo de caso, o pesquisador explora um programa, um evento, uma atividade, um

processo ou um ou mais indivíduos, ficando esta pesquisa encaixada neste último

objeto. A figura abaixo resume a tipologia da pesquisa.

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Figura 4 – Tipologia e estratégia da pesquisa

Fonte: Autor, 2016.

Com a coleta do DSC e dos Mapas Mentais da comunidade de Balneário Camboriú

se pretende reconhecer as necessidades e expectativas de lazer da comunidade,

afim de mapear as características apresentadas nos discursos de cada bairro, e

posteriormente o de toda a cidade, e assim, junto com a análise da oferta de

espaços e equipamentos existentes, apresentar uma descrição do lazer urbano pelo

ponto de vista do morador, e não do que é apresentado aos turistas.

3.3 Procedimentos para análise dos dados

Considerando elementos apontados por Lynch (2011), Boullón (2002) e as teorias

de De Masi (2000), Kohlsdorf (1996), Krippendorf (2001), Dumazedier (2008), entre

outros autores, é possível se analisar os resultados objetivados nesta pesquisa, e

chegar a uma descrição dos espaços e equipamentos da cidade. A etapa de

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levantamento bibliográfico e documental sobre o lazer, e o resultado do DSC e dos

Mapas Mentais, terá seus resultados analisados à luz da teoria, debatendo a

importância do lazer no dia-a-dia, na qualidade de vida da população, e na

caracterização de um destino turístico.

Portanto serão utilizados os procedimentos apontados por Lefevre e Lefevre (2003)

através do DSC, e os Mapas Mentais comparando-os com os DSCs levantados e

com mapas da cidade, tanto turísticos quanto políticos.

Por conseguinte, dependendo dos resultados apresentados, se fará necessária a

inclusão de outros autores que possam contribuir com o entendimento do que for

coletado.

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4 O OBJETO DE ESTUDO, BALNEÁRIO CAMBORÍU – SC

A cidade de Balneário Camboriú está localizada no litoral norte do estado de Santa

Catarina, na região sul do Brasil. Possui pouco mais de 100.000 habitantes

(SEBRAE, 2013) e recebe milhares de turistas durante todo o ano, sendo o 11º

município mais populoso do estado e o 2º menor em área total. Destaca-se como o

município com maior densidade demográfica de Santa Catarina, com mais de 2.300

habitantes por quilômetro quadrado, segundo dados do SEBRAE (2013).

Figura 5: Mapa de localização de Balneário Camboriú dentro do estado de Santa

Catarina.

Fonte: Adaptado de Wikipédia, 2014.

Segundo a Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú (2013), como diversas

localidades no Brasil, os primeiros habitantes da região foram os índios. Em 1826,

Baltazar Pinto Corrêa recebeu da Província de Santa Catarina uma área onde hoje é

o Bairro Pioneiros e em 1884 criou-se o município de Camboriú, do qual viria a se

emancipar em 1964 a atual cidade de Balneário Camboriú.

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A cidade foi colonizada por portugueses, no período colonial brasileiro. Como em

grande parte do litoral, sofreu influencias europeias em seus costumes, e aqui na

região, principalmente de Açorianos, que sucederam os Vicentistas. “Portugal

determinará o deslocamento de paulistas, que, partindo de São Vicente, organizam-

se em correntes de povoamento que atingem o planalto e o litoral catarinense...”

(VIANA, 1938, apud CARMO; GADOTTI; BÓIA, 1999, p.28).

O processo de ocupação da praia, por ser comum em praticamente todo o litoral do

estado, e até do Brasil, faz com que a cidade de Balneário Camboriú tenha

características paisagísticas, urbanas, e sociais parecidas com outras cidades

litorâneas.

Segundo a Secretaria de Turismo (2013) os alemães do Vale de Itajaí trouxeram, os

quais iniciaram a ocupação da cidade para a cidade o hábito de ir à praia como lazer

pois, até então, o banho de mar só era conhecido como tratamento medicinal ou

pesca (os colonos achavam que "mandar alguém para a praia" era uma ofensa). A

praia não oferecia estrutura de lazer voltada ao seu uso para o lazer, ver figura 6 e

7.

Figura 6: Avenida Atlântica, cidade de Camboriú (SC) em 1950.

Fonte: História de Balneário Camboriú, 2014.

Em meados de 1950 devem ser considerados fatores importantes para a construção

da cidade. Nessa época, e depois gradativamente, ocorreram grandes mudanças no

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país. Além dos descendentes de alemães que iniciaram a ocupação, a construção

da BR-101 facilitou o acesso à praia, portanto, possibilitou a visita e a vinda de mais

pessoas. Além disso, todas estas pessoas passavam neste período por

transformações sociais inerentes a todas as cidades, uma delas era a modificação

nas leis trabalhistas, que trouxe direitos, divisão do tempo de trabalho e tempo livre

(férias), o que acarretou num incremento do movimento turístico no litoral, em busca

do “Sol e Mar”.

A cidade se emancipou de Camboriú em 1964. Consta em entrevista com o Sr.

Álvaro Silva, na edição especial de BC 50 anos, o Jornal Página 3, jornal de

circulação local, o seguinte depoimento: “em 1964 a praia era maior que a „sede‟,

tanto em importância econômica, arrecadação como em projeção para o futuro, lá

eles não tinham espírito progressista. Começamos a fomentar a emancipação” diz o

Sr. Alvaro” (PAGINA 3, 2014). A „sede‟ mencionada seria a cidade de Camboriú, do

qual Balneário Camboriú fazia parte. Segundo o mesmo entrevistado, o primeiro

mapa da divisa dos municípios não foi aceito, pois agregava a Balneário toda a parte

da nascente até a foz do Rio Camboriú.

Figura 7: Vista Geral da Praia de Camboriú (SC) – Década de 1950.

Fonte: História de Balneário Camboriú, 2016. A cidade se desenvolveu graças ao investimento em segundas residências de

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industriais, comerciantes, políticos, dentre outros, que residiam nas cidades do Vale

do Itajaí. Uma das figuras mais famosas a frequentar a cidade no seu início era o

presidente Joao Goulart. A praia já chegou a ser chamada de “praia dos

presidentes”, devido a visita de diversos políticos, entre governadores e presidentes.

O bancário aposentado Fridolino Probst (PAGINA 3, 2014), destaca que os primeiros

comerciantes da praia, dentre eles os hoteleiros (nove citados), eram luteranos, e

vinham justamente da região do Vale do Itajaí.

Figura 8: Vista da praia central de Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Schaefer, 2016.

Segundo o SEBRAE (2013), a população de Balneário Camboriú apresentou no ano

de 2010, crescimento de 47,15% desde o Censo Demográfico realizado em 2000.

Foi de 21.854 habitantes em 1980 a 108.089 em 2010. Isso representa em números

a rapidez do crescimento. Estes números geram uma taxa de crescimento anual de

4,71%, alta se comparada com a taxa estadual e nacional, 1,66% e 1,23%

respectivamente. É interessante observar também os números sobre o IDH da

cidade, pois é um dos atrativos a novos moradores e veranistas.

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Gráfico 1 – Evolução do IDHM - Balneário Camboriú - SC

Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.

Segundo o Atlas Brasil (PNUD, 2013):

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Balneário Camboriú é 0,845, em 2010. O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Muito Alto (IDHM entre 0,8 e 1). Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,121), seguida por Longevidade e por Renda. Entre 1991 e 2000, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,216), seguida por Renda e por Longevidade.

Outro dado relevante é que Balneário Camboriú possui uma maior concentração de

pessoas com renda mais alta, quando comparada com o restante do estado de

Santa Catarina.

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Gráfico 2 - Percentual de domicílios urbanos por classe econômica, em Balneário

Camboriú e Santa Catarina, em 2011.

Fonte: SEBRAE, 2013.

A cidade conta atualmente com equipamentos turísticos modernos, em sua maioria

privados, e vem apresentando uma melhora continua na sua infraestrutura urbana.

Podemos citar como exemplo a revitalização de todas as calçadas da cidade (em

andamento), a instalação de cliclofaixas e ciclovias nas principais ruas, o

alargamento de avenidas importantes, a construção de pontes e passarelas, a

reforma do sistema de escoamento da água pluvial, a construção do molhe da Barra

Sul, a iluminação pública da orla, propiciando o uso mais intenso da faixa de areia

durante a noite, enfim, diversas melhorias que atendem tanto aos moradores quanto

aos visitantes.

Balneário é conhecida como a Capital Catarinense do Turismo, possui cerca de 7 mil

unidades habitacionais e 18 mil leitos, espalhados em aproximadamente 120

empreendimentos de hospedagem (Secretaria de Turismo, 2013). Segundo o

Ministério do Turismo (2015), a cidade lidera o ranking das 65 cidades indutoras do

turismo no quesito aspectos sociais onde são avaliados: acesso à educação;

empregos gerados pelo turismo; uso de atrativos e equipamentos turísticos pela

população; cidadania, sensibilização e participação na atividade turística; e política

de enfrentamento e prevenção à exploração de crianças e adolescentes.

Segundo o Relatório 2014 do Índice de Competitividade do Turismo Nacional, Brasil

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(2014), a existência em Balneário Camboriú de incentivo ao uso dos equipamentos

turísticos pela população local, por parte do poder público através de ações, e o

reforço à população sobre a importância da atividade turística para o destino, foram

os fatores que mais contribuíram para este índice. A cidade também possui, dentre

os 65 municípios indutores, a menor taxa de analfabetismo e o maior Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal - Longevidade (IDHM-L).

São 12 tipos de atrativos turísticos apresentados pela secretaria de turismo da

cidade (Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú, 2013). Dentre eles existem

atrativos da iniciativa privada e atrativos públicos. Conforme a figura 9.

Figura 9: Atrativos Turísticos de Balneário Camboriú (SC), apresentados

pela Secretaria de Turismo da cidade.

Fonte: Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú, 2013

As casas noturnas tem grande expressão nacional e internacional. Além delas, o

complexo Cristo Luz e os Parques (em especial o Unipraias), são atrativos privados.

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Chama a atenção para o fato da secretaria divulgar os itens “praias de naturismo”,

“ilhas”, “molhes” e “zoológicos”, no plural, porém são todos atrativos únicos, o que

pode gerar uma interpretação errônea do turista. De todos eles, a Praia Central

(figura 8) é o local mais frequentado. Além de ser o maior espaço público aberto e

equipado, é o atrativo mais conhecido da cidade.

O principal atrativo, e também razão pelo surgimento e crescimento da cidade como

citou-se anteriormente, é a praia, com destaque para a Praia Central. Porém, pode-

se constatar que o ambiente urbano construído e o seu uso pela população tem

modificado a imagem da cidade ao passar dos anos. De Oliveira, Tricárico e Pereira

(2008) analisaram a imagem urbana da orla de Balneário Camboriú, representada

em mídias de informação (folders, postais, vídeos, mapas mentais). Os resultados

apontaram que a imagem urbana da cidade é em sua maioria a partir de visais de

“sobrevoo” e, apesar dos moradores não conseguirem visualizar deste ângulo, eles

sentem orgulho da chamada monumentalização. “Com isso, a verticalidade

excessivamente ressaltada na paisagem edificada, resultante de uma “estratégia

urbana” apoiada na lógica da especulação imobiliária, tem operado também como a

identidade do lugar”. (DE OLIVEIRA; TRICÁRICO; PEREIRA, 2008, p.95). Podemos

ter uma ideia dessa visão de “sobrevoo” na figura a seguir, onde o paredão de

prédios na orla sugere essa monumentalização.

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Figura 10: Vista aérea da Praia Central de Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Schaefer, 2016.

A razão da escolha da cidade Balneário Camboriú como objeto de estudo se dá por

a cidade estar entre as cidades brasileiras com melhor IDH e por ser destaque

dentre os destinos turísticos de Sol e Mar de todo o Brasil, conforme abordado

anteriormente.

A divulgação destes dados em mídia nacional tem atraído, além de turistas, pessoas

interessadas em adquirir suas segundas residências, ou até mesmo para residir

durante a sua aposentadoria. Atualmente a cidade é considerada um dos polos

turísticos mais importantes e visitados do Brasil. A partir disto se identificou a cidade

como um local adequado para a aplicação da pesquisa, ou seja, um destino turístico

reconhecido nacionalmente e com uma população local com excelente índice de IDH

e qualidade de vida.

Além disso, de acordo com as pesquisas iniciais em bases documentais e

bibliográficas, identificou-se que não existem muitas pesquisas, com estes mesmos

objetivos e métodos, realizadas no país.

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5 RESULTADOS

A etapa inicial desta pesquisa procurou realizar um levantamento do estado da arte

sobre o tema proposto, através de uma pesquisa bibliográfica. Esta etapa foi

fundamental para o suporte desta pesquisa. O estudo do estado da arte permitiu o

conhecimento sobre as publicações que abordam o tema central, os espaços

públicos de lazer e sua importância para residentes e turistas. Foram pesquisadas

publicações em todo o mundo, e algumas delas foram utilizadas na fundamentação

teórica, porém foi inevitável a predominância de publicações nacionais. Isso se deve

ao fato da pesquisa ser fundamentalmente baseada em um estudo de caso que

reflete o processo histórico do lazer e das cidades na cultura brasileira.

O primeiro quadro de estado da arte utilizou as palavras-chave “lazer urbano”,

“paisagem turística” e “atrativo turístico”, focado em artigos das seguintes bases de

dados: Scielo, EBSCO, CAPES, BDTD, Science Direct, e nas revistas “Turismo –

Visão e Ação” e “RBTur”. Nesta etapa as palavras-chave eram diferentes das atuais,

as quais foram modificadas conforme o levantamento teórico e empírico foi sendo

lapidado, para melhor se adaptar ao objetivo geral. O recorte temporal foi de 06

anos, e 25 produções foram localizadas (pesquisa feita em 2014). Porém muitas

delas abordavam outros temas, longe do foco deste trabalho. Foram feitas buscas

em português, inglês e espanhol.

Em um segundo momento, foi elaborado outro quadro de estado da arte, resultado

de uma filtragem do primeiro quadro, utilizando apenas os artigos localizados com a

palavra-chave “lazer urbano”, destes foram selecionados 08 artigos. Outra pesquisa

em artigos científicos, nas mesmas base de dados foi feita, porém agora com as

palavras-chave: lazer urbano; espaços de lazer; comunidade de destinos turísticos.

Por conseguinte foram acrescentadas as produções bibliográficas, buscando as

principais teorias e principais nomes que tratam do lazer urbano em todo o mundo.

Após essa etapa inicial, foram então seguidos os procedimentos de coleta de dados

propostos na metodologia: pesquisa documental, DSC e Mapa Mental. Os quais são

apresentados a seguir.

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5.1 Identificação da oferta de espaços públicos de lazer em Balneário

Camboriú (SC)

A identificação dos espaços públicos de lazer de Balneário Camboriú foi realizada,

conforme descrito no caminho metodológico, através de pesquisa documental.

Foram considerados espaços públicos de lazer aqueles espaços que tenham livre

acesso à população, sejam abertos ou cobertos, conceituados por Boullón (2002)

como logradouros e também demais espaços considerados públicos, como parques,

áreas naturais e espaços esportivos.

Um primeiro levantamento foi feito através dos dados divulgados online pela

prefeitura de Balneário Camboriú, mas especificadamente na página da Secretaria

de Turismo. Esse levantamento descreve quais espaços públicos de lazer são

oferecidos como atrativos turísticos da cidade. Na figura a seguir fica ilustrada a

filtragem dos espaços dentro dos atrativos.

Figura 11: Espaços públicos de lazer apresentados como atrativo turístico pela

Secretaria de Turismo.

Fonte: Autor, 2016.

O formato da divulgação, em forma de ícones, permite à prefeitura a atualização

constante dos atrativos sem alterá-los, apenas modificando o conteúdo pertencente

a cada ícone, o que torna positiva a forma apresentada. Dentro do próprio site da

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Secretaria de Turismo existe uma categoria chamada de “dicas” aos turistas. Nessa

categoria aparecem algumas praças não citadas na categoria “atrativos”, porém as

mesmas foram anexadas no levantamento. Seguem abaixo listados os espaços

apresentados pela Secretaria de Turismo.

Praças (20): Praça Almirante Tamandaré, Praça Bruno Correia Pereira, Praça da

Integração Ver. Wilson P. Achutti, Praça das Bandeiras, Praça do Chafariz - Praia de

Laranjeiras, Praça Fonte das Sereias, Praça General de San Martin, Praça Higino

João Pio, Praça Kurt Amann, Praça Mario Covas, Praça Mussolini Cechinel, Praça

Papa João Paulo I, Praça República Oriental do Uruguai, Praça Silveira Junior -

Norberto Cândido Silveira, Praça Urbano Mafra Vieira, Praça Bruno Nitz, Praça das

Figueiras, Praça do Pescador, Praça da Bíblia, Praça Ambrósio Eble.

Molhes (01): Molhe da Barra Sul (figura 12).

Figura 12: Molhe da Barra Sul em Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Schaefer, 2016.

Praias (08): Praia Central, Praia de Laranjeiras, Praia de Taquaras, Praia de

Taquarinhas, Praia do Buraco, Praia do Canto, Praia do Estaleirinho, Praia do

Estaleiro.

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Praias de Naturismo (01): Praia do Pinho.

Passarelas/Deck (01): Deck do Pontal Norte.

Morros (04): Morro da Aguada, Morro da Cruz, Morro do Careca, Morro do Gavião.

Parques (apenas os de livre acesso - 01): Parque Natural Raimundo Gonzalez

Malta.

Somados a estes espaços apresentados acima, serão considerados também os

espaços a seguir, coletados em outras fontes de dados como documentos da

Prefeitura Municipal, notícias de jornais da região e do estado, entre outros.

Academias(20): Academia Municipal Pontal Norte; “Academias ao Ar Livre”

espalhadas pela cidade (19).

Ciclovias e Ciclo faixas: 24 vias somando 30.155 metros, segundo a Associação

de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú - ACBC (2015).

Campos de Areia (09): Campos de areia espalhados pela cidade, fora das praias, e

de livre acesso. CA 01- Campo de Areia dos Municípios. CA 02- Campo de Areia do

Estaleirinho. CA 03- Campo de Areia da Praia dos Amores. CA 04- Campo de Areia

de Taquaras. CA 05- Campo de Areia do Estaleiro. CA 06- Campo de Areia da

Barra. CA 07- Campo de Areia do Bairro São Judas. CA 08- Campo de Areia do

Ariribá. CA 09- Campo de Areia do Bairro das Nações. (FMEBC, 2016)

Para descrever os espaços de lazer da cidade foi utilizado um quadro descritivo,

identificando cada um desses espaços, de acordo com a fundamentação teórica

apresentada anteriormente. Serão apresentados nestes quadros as praças, o molhe,

o parque, as academias, as passarelas/decks e os campos de areia, ver quadro

completo no apêndice B. Os demais serão descritos em forma textual. A seguir

serão apresentados alguns espaços dentre todos dos quadros do apêndice B

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Quadro 4 – Praças de Balneário Camboriú (SC)

Espaço Praça Almirante Tamandaré Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Av. Atlântica, no centro da Praia Central. Estrutura Espaço aberto com cabina para a Guarda Municipal, bancos e

bicicletário. Espaço destinado a eventos como shows, eventos culturais, religiosos e beneficentes.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça da Bíblia Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Entre as ruas 1001 e a Avenida Alvin Bauer. Ao lado do Shopping.

Estrutura Comércio dos artesãos com pequenas construções que lembram casas açorianas, dois coretos para apresentações culturais, bancos, duas academias ao ar livre, árvores, espaço aberto para lazer, bicicletário coberto e ajardinamento.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 5 – Academias públicas em Balneário Camboriú (SC)

Espaço Academias ao ar livre (19) Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização - R. Dom Daniel – bairro Vila Real; - R. Dom Afonso / Via Gastronômica - bairro Vila Real; - R. Edgar Linhares - bairro Nova Esperança; - R. Antônio Joaquim Vitorino/ Loteamento Schultz - bairro Nova Esperança; - R. Júlio Graciliano/ frente ao Centro Comunitário - bairro São Judas; - R. Hermógenes Assis Feijó/ Praça da Figueira – bairro da Barra; - R. Jardim da Saudade/ frente ao Ginásio – bairro da Barra; - R. L.A.P Rodesindo Pavan – Praia do Estaleirinho; - R. Vereador Dominguo Fonseca - Praia do Estaleiro; - R. L.A.P Rodesindo Pavan – Praia de Taquaras; - R. 6º Avenida esq. Rua Campo Ere - bairro dos Municípios; - Av. Brasil esq. Rua Justiniano Neves – bairro dos Pioneiros; - Av. Martin Luther esq. Rua Israel - bairro das Nações;

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- Av. Martin Luther esq. Rua Paraguai - bairro das Nações; - Av. da Lagoa esq. Rua 100/ Praça da Bíblia – Centro; - Av. da Lagoa esq. Alvin Bauer/ Praça da Bíblia – Centro; - Av. Santa Catarina esq. Rua Bahia/ Praça - bairro dos Estados; - Av. Carlos Drummond de Andrade/ ETA (Emasa) - Praia dos Amores; - Av. Palestina esq. Rua Paraguai - bairro das Nações.

Estrutura 10 aparelhos em cada academia: um multiexercitador (seis funções), simulador de cavalgada, alongador, surfe, pressão de pernas, remada sentada, simulador de caminhada, esqui, rotação diagonal e rotação vertical.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Academia Municipal Pontal Norte Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Pontal Norte da Praia Central. Estrutura Aparelhos de musculação em aço inoxidável em uma área de

aproximadamente 250m². Auxílio de profissionais de educação física.

Funcionamento Funciona com sistema de horários livres e senhas, em que os frequentadores podem treinar até três vezes na semana, durante uma hora. É necessário um cadastro prévio. Capacidade para 20 pessoas por hora, obedecendo a ordem de chegada. Tem horário de funcionamento que varia na alta e na baixa temporadas.

Fonte: Autor, 2016.

Figura 13: Academia Municipal Pontal Norte.

Fonte: Schaefer, 2016.

Apresentados os espaços acima em quadros e no apêndice B, por conseguinte

serão identificadas as principais características dos demais, são eles: praias,

morros, ciclovias e ciclo faixas.

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Dentre todos os espaços de lazer da cidade, os de maior destaque são as praias.

Das oito praias da cidade, o maior destaque é a Praia Central. Além de ser a maior

praia, foi em seu entorno que ocorreu o crescimento da cidade, partindo do litoral em

direção ao encontro com a sua antiga sede, Camboriú. Na praia Central está

concentrada a grande maioria da rede hoteleira, comércio, espaços públicos,

residências, órgãos públicos, enfim o perímetro urbano desenhou-se ao longo da

faixa dessa praia. Tem também predomínio nos materiais de divulgação turística,

conforme abordado De Oliveira, Tricárico e Pereira (2008). Os autores identificaram

que a imagem aérea da cidade, a qual agrega a praia central e o conjunto de prédios

do centro, são o maior motivo de orgulho entre os moradores.

A Praia Central possui 6,8km de extensão, sendo a mais equipada e urbanizada da

cidade. Na faixa de areia é possível encontrar aluguel de cadeiras e guarda-sóis,

postos de salva-vidas, aluguel de equipamentos de lazer como prancha de surf,

stand up paddle, caiaques entre outros, e quadras para prática esportiva como vôlei,

futebol, futevôlei, tênis de praia, basquete de praia e slackline. Alguns equipamentos

privados também estão à disposição no mar como passeio de Banana Boat, Fly,

Aqua Disco, Barco Pirata, Jet Ski, e um parque aquático com brinquedos infláveis.

Estes equipamentos funcionam, em sua maioria, somente na alta temporada, entre

dezembro e março. Um destaque da praia é a iluminação da orla. Reformulada em

2012, a nova iluminação proporcionou a utilização da faixa de areia à noite,

possibilitando inclusive a prática noturna de esportes.

Um calçadão acompanha toda a orla da Praia Central. Nele é possível encontrar

quiosques que comercializam comidas e bebidas, banheiros (nos quiosques),

barracas de milho e churros, as quais alugam também as cadeiras e guarda-sóis,

canchas de bocha (cada cancha é administrada por um grupo de moradores),

bancos, árvores e ajardinamento.

As demais praias se caracterizam como sendo menores em dimensão e importância.

As praias do Buraco e do Canto ficam no pontal norte, sendo praias sem estrutura e

sem equipamentos, apenas com postos salva-vidas, e com vegetação preservada.

As praias de Laranjeiras, Taquaras, Taquarinhas, Pinho Estaleirinho, e Estaleiro

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fazem parte da área denominada “Praias Agrestes”, e tem acesso através da

Rodovia Interpraias. Elas ficam ao sul da cidade e também se caracterizam por

pouca estrutura e poucos equipamentos, porém, são mais estruturadas e

frequentadas do que as praias do Buraco e do Canto. As Praias Agrestes possuem

vegetação preservada e contam com bares, restaurantes, hotéis e pousadas.

Dentre elas destaca-se a Praia de Laranjeiras, sendo a mais frequentada e com

maior estrutura. Isso se deve por ser a mais próxima do Centro e por ser o ponto

final do Parque Unipraias, um parque privado que é um dos principais atrativos

turísticos da cidade. Além de Laranjeiras vale aqui lembrar da Praia do Pinho, uma

das principais praias de Naturismo do Brasil. Ela possui camping, bares e

restaurantes, e seu acesso é restrito e administrado pela associação local, a qual

determina as normas de postura da praia.

Figura 14: Praias Agrestes em Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Schaefer, 2016.

Um espaço ligado à Praia Central compõe outro grupo de espaços de lazer da

cidade que vem ganhando tamanho e importância, tanto para moradores quanto

turistas. Trata-se da Ciclo Faixa compartilhada (figura 15), que acompanha toda a

orla central, entre o calçadão e a Avenida Atlântica. Inaugurada na temporada de

verão 2013/2014, este espaço ocupou o lugar das vagas de estacionamento da orla.

São quase 6km de extensão, da Barra Sul ao Pontal Norte. As modalidades

permitidas na área são corrida, rollers, patins, patinetes, bicicletas, skate e os

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demais veículos alternativos como bicicletas e patinetes elétricos (não motorizados),

ambos com velocidade máxima de até 20km/h, segundo a Prefeitura Municipal de

Balneário Camboriú (2014). Em toda a cidade são 24 vias somando 30.155 metros,

segundo a Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú - ACBC

(2015). Na figura 15 as cores das vias ciclísticas são apenas para diferencia umas

das outras, não havendo legenda de cores.

Figura15: Vias ciclísticas implantadas.

Fonte: Associação de Ciclismo de Balneário Camboriú e Camboriú (ACBC), 2015.

Aproveitando estes espaços surgiram na cidade diversas empresas de aluguel de

bicicletas, procuradas principalmente por turistas. Em 2016, durante este pesquisa

está em discussão na Câmera de Vereadores a implantação de bicicletas

compartilhadas, porém o projeto ainda não foi aprovado.

Apesar dos espaços de lazer ligados à praia terem destaque na cidade, Balneário

Camboriú conta com áreas naturais que podem ser utilizadas para o lazer. Além do

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Parque Natural Raimundo Malta, existem quatro morros, Morro da Aguada, Morro da

Cruz, Morro do Careca e Morro do Gavião.

O Morro da Aguada é onde está localizado o Parque Unipraias, o acesso e o uso do

mesmo é feito pela estrutura do parque, com cobrança de ingresso. Do mesmo

modo é possível subir no Morro da Cruz, através do ingresso no Complexo do Cristo

Luz, também equipamento privado. Apenas o Morro do Careca e do Gavião tem livre

acesso. O do Gavião é menos frequentado, não possui estrutura além de uma trilha

até o topo. Já o do Careca tem grande fluxo de moradores e turistas. Ele fica no final

do Deck do Pontal Norte, tem acesso para pedestres pelo deck e para automóveis

pela Estrada da Rainha.

Figura 16: Morro do Careca em Balneário Camboriú (SC).

Fonte: Schaefer, 2016.

O Morro do Careca possui estacionamento, trilha, parquinho infantil, quiosque, loja

de souvenir, banheiros, e local para voo livre. Aliás, o voo de parapente é a principal

atração desse morro, sendo considerado atualmente um complexo turístico.

O Complexo Turístico Morro do Careca - CTMC engloba uma elevação montanhosa

com cerca de 158.000 m2, sendo composto por áreas públicas e privadas, tendo seu

cume, uma altitude de 104 m acima do nível do mar, dados da Associação de Vôo

Livre do Morro do Careca – AMCA (2016). O local é também frequentado por turistas

e moradores que buscam a vista de Balneário Camboriú e da Praia Brava de Itajaí.

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Identificada a oferta de espaços públicos de lazer da cidade, o próximo objetivo

desta pesquisa foi reconhecer a opinião/percepção da comunidade local sobre as

expectativas e necessidades de lazer na cidade.

5.2 Reconhecendo a opinião/percepção dos moradores

Como já apresentado no caminho metodológico desta pesquisa, foram feitas

entrevistas estruturadas com perguntas abertas, a fim de reconhecer a

opinião/percepção dos moradores sobre os espaços de lazer da cidade. Três

questões desta entrevista resultaram no levantamento dos espaços citados pelos

entrevistados, o qual será apresentado ainda sem o uso do DSC e do Mapa Mental.

A caracterização da amostra não foi utilizada para análise dos resultados, apenas

para definição da mesma, pois não geraram resultados diferenciados.

A primeira questão indagava o entrevistado se ele conhecia os espaços públicos de

lazer do seu bairro, e, caso sim, o que fazia neles. As respostas demonstraram, em

sua maioria, o reconhecimento de praças, parques (principalmente os infantis),

academias ao ar livre, praia central, e alguns espaços para a prática de esportes,

como ginásios, campo de futebol. Chamou atenção a citação de centros

comunitários e colégios como espaços de lazer, pois apesar de terem acesso restrito

e horário controlado, são espaços reconhecidos como públicos e destinados ao lazer

dos moradores.

Para descrever melhor os resultados dessa primeira questão foi elaborada uma

figura identificando os espaços reconhecidos dentro de cada bairro, levando em

consideração apenas aqueles reconhecidos pelos moradores. Para constar, em

todos os mapas a seguir foram considerados também os espaços privados de lazer

citados pelos moradores, porém os mesmos foram sinalizados a fim de diferenciar

dos públicos.

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Figura 17: Espaços públicos de lazer reconhecidos pelos moradores, por bairro.

Fonte: Autor (adaptado de Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú), 2016.

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Essa figura permite descrever uma comparação entre os bairros pesquisados no que

se refere aos espaços de lazer reconhecidos pelos entrevistados. Em concordância

com outras pesquisas aqui já apresentadas na fundamentação teórica (SANTANA &

ALVES, 2014; OLIVEIRA & MASCARÓ, 2007; GOMES, 2008, MARCELLINO, 2002,

ROLNIK, 2000), as quais apontaram os centros das cidades com maior quantidade e

qualidade de espaços públicos do que as periferias, os moradores da área central de

Balneário Camboriú reconhecem um número maior de espaços de lazer do que os

moradores dos demais bairros.

Neste estudo de caso, por se tratar de uma cidade turística, vale ressaltar também

que o centro da cidade, além de atrair os turistas pelo conjunto do espaço urbano e

suas facilidades, também é a região ligada diretamente à Praia Central, principal

atrativo da cidade, esses dois fatores contribuem muito para que a oferta de espaços

de lazer seja diferenciada nessa área.

A segunda questão buscava saber quais os espaços públicos de lazer os

entrevistados conheciam em outros bairros, e o que faziam neles. Com base nas

respostas foi elaborada outra figura descrevendo os espaços reconhecidos pelos

moradores de cada bairro.

O Centro, principalmente Barra Sul, teve destaque de reconhecimento, sendo o mais

citado pelos moradores de outros bairros. Porém notou-se que as principais e

maiores praças da cidade foram pouco citadas, são elas a Praça Tamandaré, Praça

Higino Pio e Praça da Bíblia. Pelo contrário, os espaços de lazer mais lembrados

fora as pracinhas (sem distinção de nome), parquinhos infantis e academias ao ar

livre, espalhadas por toda a cidade. Nenhuma destas pracinhas foram citadas pelos

seus respectivos nomes, o que pode sugerir uma falta de apropriação dos

moradores com relação aos espaços públicos da cidade, tanto para o uso quanto

para o reconhecimento destes locais.

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Figura 18: Espaços públicos de lazer de outros bairros reconhecidos pelos

moradores.

Fonte: Autor (adaptado de Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú), 2016.

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As duas figuras anteriores complementam o levantamento dos espaços de lazer e

procuram atender ao terceiro objetivo específico: identificar, por bairro, os

espaços públicos de lazer utilizados pela população. Observando estas figuras,

resultantes das duas primeiras questões, e feitas as observações anteriores a

respeito, existe uma análise, talvez a mais importante no contexto de Balneário

Camboriú, a falta de reconhecimento das praias como espaços públicos de lazer. A

Praia Central que, além de todos os equipamentos de lazer instalados na sua orla,

possui uma enorme extensão de faixa de areia e pode ser considerada o maior

espaço de lazer da cidade, não tem destaque nas respostas dos moradores, a não

ser quando ligada, em alguns casos, às academias ao ar livre, à Praça Tamandaré e

ao Molhe da Barra Sul.

Relembrando o conceito de lazer de Dumazedier (1976), o lazer seriam as

ocupações, por livre vontade, buscadas para repouso, diversão, recreação,

entretenimento, desenvolvimento pessoal e trabalho voluntário. As duas últimas

ocupações geralmente desprendem-se de um espaço público de lazer, porém as

demais são todas realizáveis em espaços abertos, principalmente a praia.

Essa falta de reconhecimento da praia como espaço público de lazer para os

moradores é evidenciada ainda mais quando comparados os resultados deste

segundo mapa com os resultados da quinta questão da entrevista, a qual questionou

quais os espaços públicos de lazer mais frequentados pelos turistas que visitam a

cidade, na visão dos moradores. As praias foram os espaços de lazer mais

reconhecidos, com uma diferença bem grande para os demais espaços da cidade.

Além disto, apenas três espaços citados localizam-se fora da área central, ficando a

grande maioria localizada no Centro e na região das Praias Agrestes, conforme

figura a seguir, acompanhada por um gráfico que mostra a quantidade de citações

de cada espaço, considerando apenas os com duas ou mais citações.

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Figura 19: Espaços públicos de lazer frequentados pelos turistas, na visão dos

moradores.

Fonte: Autor (adaptado de Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú), 2016.

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Gráfico 3 – Espaços públicos de lazer frequentados pelos turistas, os mais citados

pelos moradores.

Fonte: Autor, 2016.

Observa-se na comparação entre espaços de lazer utilizados pelos moradores e

espaços utilizados por turistas que, a grosso modo, o corredor turístico está presente

também na percepção dos moradores. As pracinhas, parquinhos infantis e

academias ao ar livre são espaços espalhados por todos os bairros e fortemente

reconhecidos pelos moradores da cidade. Alguns espaços privados de lazer também

se destacam por figurar entre as respostas. Mesmo sendo de ciência dos

entrevistados que estes eram locais não públicos isso pode descrever de certa

forma uma grande importância desses espaços e equipamentos na visão da

comunidade, principalmente no que se refere aos Shoppings e ao Parque Unipraias.

Ao modo que, ao verificarmos os espaços frequentados pelos turistas, na visão dos

moradores, nota-se que as praias, especialmente a Praia Central e o Centro da

cidade, considerando o conjunto urbano com comércio, praças, shopping e

restaurantes, são quase unanimidade. Além destes locais são citados dois espaços

que são atrativos turísticos também divulgados pelo município, o Cristo Luz e o

Balneário Camboriú Shopping, ambos privados.

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Outro dado pesquisado pode ajudar a descrever o uso maior de alguns espaços

pelos turistas. A figura abaixo descreve os resultados apresentados em uma

pesquisa sobre as praças centrais de Balneário Camboriú, segundo o autor nas

quatro praças centrais da cidade, Praça Almirante Tamandaré, Praça Higino João

Pio, Praça da Bíblia e Praça Kurt Amann possuem períodos de apropriação,

conforme cita a seguir

A apropriação acontece no período de temporada de verão, atingindo patamares altos e constantes. Porém, nos meses restantes do ano, a frequência é muito baixa, revelando o pouco interesse da população local pelas praças, na forma em que estão atualmente (ARRUDA, 2016, p.70).

Figura 20: Escala de quantidade de pessoas nas praças.

Fonte: Arruda, 2016.

Vale ressaltar que a figura 19 descreve uma percepção dos moradores que não

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reconhecem que os espaços públicos de lazer dos seus bairros são frequentados

pelos turistas. Muitos acham que os turistas nem sabem da existência destes outros

bairros, e que também não teriam muitos motivos para visita-los. Podemos ligar essa

ideia a uma insatisfação dos moradores em relação a oferta de espaços públicos

que utilizam, o que será apresentado nos DSCs a seguir.

Por conseguinte, as duas questões restantes, de um total de cinco, serão

apresentadas através do DSC. Além destas perguntas, foi solicitado aos moradores

que fizessem um mapa mental da cidade destacando os espaços públicos de lazer,

e este resultado também será apresentado na sequência.

5.2.1 Os discursos sobre os espaços de lazer.

Duas questões das entrevistas serão apresentadas aqui como Discurso do Sujeito

Coletivo, de Lefèvre e Lefèvre (2003). A primeira questão questionava se as

necessidades de lazer dos moradores eram atendidas pelos espaços públicos de

lazer da cidade, e os motivos para isso.

Quadro 06 - Quadro-síntese questão 3: Acredita que os espaços públicos de lazer

de toda a cidade atendem às suas necessidades de lazer?

Ideias centrais (IC) / Ancoragens (AC)

Atendem as expectativas e a cidade está melhorando

cada vez mais (IC)

Não atendem, ainda falta muita coisa, fica a desejar, e os que existem deveriam

ser melhor cuidados e aproveitados

(IC)

A estrutura é melhor em bairros nobres

(AC)

O poder público pensa mais nos turistas

(AC)

Os maiores frequentadores dos espaços são as

crianças (AC)

Cidades turísticas tem bastante espaços de lazer

(AC)

Fonte: Autor, 2016.

Quadro 07 – IC: Atendem as expectativas e a cidade está melhorando cada vez

mais.

DSC

Eu acho que atende, tem um monte de centros comunitários, campo, academias ao ar livre. Já cresceu muito e já tem os seus espaços de lazer para passear. Acredito que

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Balneário está buscando melhorar cada vez mais, então eu acho que para mim está bom aonde eu vou, onde eu frequento, até porque parei de fazer esportes né. Fonte: Autor, 2016.

Essa ideia central liga a oferta dos espaços de lazer ao crescimento da cidade de

Balneário Camboriú. Principalmente para pessoas que residem há mais de dez anos

na cidade, como é o caso dessa amostra, o crescimento nesse período foi muito

grande, como destacado anteriormente na descrição do objeto de estudo. Para elas,

os espaços de lazer acompanharam esse crescimento e atendem às suas

expectativas.

Quadro 08 – IC: Não atendem, ainda falta muita coisa, fica a desejar, e os que

existem deveriam ser melhor cuidados e aproveitados.

DSC

Acho que não, uns deixam um pouco a desejar. Eu teria a solicitar que as autoridades façam melhorias. O que oferecem ao público de forma gratuita tem muito pouca coisa, ou se tem está pouco divulgado. Acredito que falta bastante coisa né, falta mais bancos, árvores, como era antigamente praças né. Aqui no meu bairro tem espaço que é perto de rio, tem mangue, não tem condições ali, vive tudo destruído ali. Acho que deveriam ser mais cuidadas assim, e melhor aproveitadas em si, tipo a Tamandaré, é um espaço vazio pra mim. Muita gente não vai as vezes, mas as minhas necessidades não atendem. Não tem pra todo mundo né, não tem um espaço para o lazer dos idosos, tem que pensar em cada pessoa. Eu acho que falta muita segurança. Aqui nós só temos uma praça né. Faz anos que nós estamos pedindo uma pracinha aqui e nada, eu acho assim que eles só prometem, prometem e não cumprem. Mas precisa ter porque para o idoso não tem, para a criança não tem, só praia, então se esfriou a praia não presta. Eu particularmente não tomo banho nas praias aqui. Fonte: Autor, 2016.

Neste discurso o principal ponto abordado pelos moradores foi a manutenção dos

espaços existentes, que, na visão deles, já são poucos e não atendem a população.

Cita as praças de antigamente com árvores, ajardinamento, bancos, o que talvez

seja interessante a se considerar na principal praça, a Praça Tamandaré, a qual

após reforma praticamente extinguiu estes itens. Fica destacado também o discurso

de que os espaços de lazer devem atender as diferentes características de cada

faixa etária, como crianças e idosos por exemplo, os quais possuem diferentes

demandas de lazer.

A sequência de DSCs a seguir representam uma quantidade menor de discursos,

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mas são ancorados em teorias a serem destacadas.

Quadro 09 – AC: A estrutura é melhor em bairros nobres.

DSC

Uns são diferenciados dos outros né. Nos bairros mais nobres eles tem os aparelhos, brinquedos, uma estrutura melhor né, e nos outros bairros é bem fraquinho na verdade. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 10 – AC: O poder público pensa mais nos turistas.

DSC

Eu acho que não, porque eles pensam mais nos turistas, não tem um lazer focado pros moradores. A maioria é para o pessoal de fora né. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 11 – AC: Os maiores frequentadores dos espaços são as crianças.

DSC

Acredito que sim, principalmente pra quem tem criança e que gosta muito de sair. Como é só criança pequena tem tudo que ele gosta né. Atende as dele porque ele vai, não atende as minhas porque eu não vou. Quando eu tenho um tempo livre levo minha filha pra andar de bicicleta ali na Tamandaré, ou num parquinho para brincar. Tomo um mate com a minha esposa na praia também. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 12 – AC: Cidades turísticas tem bastante espaços de lazer.

DSC

Sim, Balneário está bem, como é uma cidade turística então tem bastante áreas assim. Pra mim sim, a cidade é turística então o mínimo que se espera é ter um espaço de lazer pra quem mora também, eu só ando de patins á noite aqui na Atlântica, pra mim esse espaço ali atende meu lazer. Fonte: Autor, 2016.

Como o próprio método do DSC apresenta como característica dos discursos, as

ancoragens nem sempre estão presentes. Porém, nessa questão foram identificadas

ancoragens interessantes à análise dos espaços de lazer. A ancoragem é como se

fosse alguma teoria ou crença por traz do discurso, não apresentada claramente

pelo entrevistado, mas perceptível ao olhar do pesquisador. Duas ancoragens são

mais amplas, aplicadas também a cidades não turísticas, uma delas é a percepção

de que bairros nobres tem melhor oferta de espaços do que bairros mais pobres, e a

outra é sobre a ligação dos espaços de lazer à figura das crianças, como se os

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espaços fossem, de preferência, voltados ao uso delas.

Os outros dois discursos estão ligados ao turismo. Estão ancorados no pensamento

de que cidades turísticas possuem sempre uma boa oferta de espaços de lazer, e

que o poder público sempre busca atender aos turistas no que se refere às opções

de lazer.

Quadro 13 - Quadro-síntese questão 4: E suas expectativas em relação aos espaços

de lazer da cidade, elas são atendidas? O que o(a) Sr.(a) espera para o futuro?

Ideias centrais (IC) / Ancoragens (AC)

As expectativas são atendidas porém precisa

melhorar algo (IC)

Espera mudança pois a oferta está defasada

(IC)

Espera que o poder público melhore

(IC)

Espera melhorias pois os espaços existentes não são

bem cuidados (IC)

Se existissem mais espaços de lazer

diminuiriam a criminalidade e o uso de drogas

(AC)

Fonte: Autor, 2016.

Quadro 14 – IC: As expectativas são atendidas porém precisa melhorar algo.

DSC

São atendidas né, esperamos não acabar esses daí, mas o que tem já tá bom. Eu acho que é bem bom né, elas estão bem boas, perto das outras cidades está bem bom. Espero que melhore mais né, bem mais. Mas já está melhorando um pouco. Acho que tem que ter mais divulgação com certeza, tem que ter mais investimento em cima disso, algum tipo de informação né, que muitas vezes tem, mas não tem informação. Eu acho que Balneário caminha pra um futuro muito bom em relação aos outros países onde eu andei e vi, eu acho que Balneário está dentro dessas expectativas, só que precisa, além disso tudo, melhorar a questão de educação mesmo, questão de orientar as pessoas, dizer como utilizar a pista de skate, utilizar a pista de parques, de ginastica, conservação, limpeza, já que ninguém usa lugar sujo. Orientação nos bairros também. O que eu espero pro futuro? Eu espero mais uma conscientização assim mais do lado ambiental, que as pessoas cuidem mais e depredem menos pra que durem mais tempo. A prefeitura vai fazer no Bairro das Nações um centro de lazer, onde vai ter academia, quadra de tênis, quadra de basquete, é um projeto pra nova administração, não sei quando é que vai sair. Se for é bom. Mas assim ó, eu gostaria muito que tivesse mais coisas para idosos. Fonte: Autor, 2016.

A primeira ideai central sobre as expectativas está na mesma linha de discurso das

necessidades. Nesse discurso os moradores ressaltam que a oferta deve melhorar,

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que, apesar de atender às expectativas, precisa melhorar em aspectos como

informação, conservação ambiental, e educação dos usuários. Estes aspectos são

interessantes neste discurso, pois demonstram a percepção dos moradores de que

eles também são responsáveis por manter a qualidade dos espaços de lazer e

cultivarem a sua utilização pela comunidade.

Quadro 15 – IC: Espera mudança pois a oferta está defasada.

DSC

Tinha que melhorar 100% na verdade, deixa a desejar bastante. Espero que busquem fazer um lugar pra nós, com tanto dinheiro que o governo embolsa, até me sinto mal pensando nisso, porque nunca parei pra pensar e realmente não tem um lugar tranquilo assim, com coisa útil pra se fazer, e já que não tem a gente pega esses lugares vazios e tenta transformar num lugar pra ficar. Espero que tenha um negócio que venha a mudar isso né, porque está bem defasado. Tem que crescer mais né, precisa porque está crescendo a população, a cidade está crescendo muito e tem que ter mais, como a gente não é de balada, essas coisas. Balada tem né. Eu acho que para o futuro deveriam ser mais revitalizados, ter mais espaços públicos, principalmente paras as crianças, mais parquinhos até mesmo didáticos. Um campinho de futebol de areia, um horário reservado especialmente para as crianças, entende? Uma coisa assim, uma quadra de vôlei já que tem espaço na areia, em um bairro que tem espaço, área territorial, Nova Esperança e Bairro das Nações tem. Que eles possam botar mais uns campos de futebol, mais para crianças que estão nascendo agora né, que é bem pouco. Espero que cuidem, façam melhorias para os turistas, para nós. Porque a cidade tem que agradar quem vive e também que traz o dinheiro e investe aqui né, temos mais é que ter espaços bons para atender. Que fique cada vez melhor, mais acessível para o pessoal. Modernizar um pouco né. Aquelas academias que colocaram ali são umas academias meio esquisitinhas, aqueles aparelhos deles lá são meio ultrapassados. Até os espaços eu acho bem legais, coloridos, bem bonitos, mas falta manutenção mesmo dos brinquedos. Aquela praça ali não tem um banco para sentar, tem um poste cheio de lama e fica aquilo ali. Se quiserem sentar á tem que sentar na grama. É um espaço inútil. Fonte: Autor, 2016.

Mais uma vez o discurso reforça o apresentado na pergunta sobre as necessidades.

Aqui os moradores reclamam da oferta defasada, tendo em vista o valor de

arrecadação do município. Criticam a utilidade de alguns espaços existentes sobre o

seu uso, e sugerem revitalização de algumas áreas.

Uma comunidade com este discurso merece uma atenção do poder público local.

Oliveira e Mascaró (2007), citam que os espaços públicos abertos trazem muitos

benefícios para o ambiente urbano. Destacam entre esses benefícios as práticas

sociais, de atividades de lazer, encontros entre moradores ao ar livre, manifestações

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de vida urbana e de comunidade, e todas acabam favorecendo o desenvolvimento

humano e o relacionamento entre moradores, ou até moradores e turistas. Além

deles, outros autores abordam a importância e a influência dos espaços de lazer no

cotidiano dos moradores (ALMEIDA & GUTIERREZ, 2011; BOULLÓN, 2002;

GOMES, 2008; GRINOVER, 2007; JOHNSON, GLOVER & STEWART, 2014;

KRIPPENDORF, 2001; RIBEIRO, 2014; RODRIGUES, 2014; RUSCHMANN, 1997;

SANTANA & ALVES, 2014; SILVA, 2012 e 2013).

Quadro 16 – IC: Espera que o poder público melhore.

DSC

Quem tem que responder é o prefeito né, ele que tem que dar um futuro bom pra gente, pois da prefeitura não se espera muita coisa, com um governo desse. Depende muito da parte administrativa do município né, vamos ver, esperamos que os próximos que vão vir por ai. Eu espero que entre algum administrador que tenha consciência do que ele ai deixar para os descendentes dele que são os filhos e os netos. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 17 – IC: Espera melhorias pois os espaços existentes não são bem

cuidados.

DSC

Acho que tem que cuidar do meio ambiente dos lugares, a limpeza desses lugares, para que sejam bem frequentados, e quem vá também tenha consciência de cuidar do lugar, porque não adianta poder morar num lugar tão bonito que é essa cidade e não preservar o mais bonito que ela oferece que é a natureza né. Espero que melhore né, que seja menos poluído, que as coisas sejam mais bem cuidadas tanto pelos moradores quando pelo governo. Que conservem mais, tanto os lugares, e os aparelhos que já tem, para que a gente possa estar usando e ter algo de diferente às vezes. Melhoras né, tudo enferrujado, tudo acabado. A maioria dos equipamentos estão quebrados né, na maioria dos pontos estão quebrados, pintura nova. Fonte: Autor, 2016.

O discurso aqui volta a ressaltar a importância da participação da comunidade na

manutenção dos espaços públicos de lazer. Cita um certo descaso tanto da

população quanto do governo com a manutenção dos equipamentos e espaços.

Esse discurso é a base também para a ancoragem apresentada a seguir. Espaços

de lazer, principalmente praças, mal cuidadas e defasadas tendem a afastar os

moradores que procuraram lazer e, em contrapartida, colaboram para que aumente

o uso de drogas e a criminalidade. Dois pontos a serem observados, pela

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interpretação do pesquisador. Os espaços de lazer mal cuidados e/ou abandonados

(falta de iluminação e segurança principalmente) tornam-se propícios à

concentração naquele local de usuários de drogas e criminosos e, em complemento

a isso, o discurso se ancora na ideia de que a oferta de lazer na cidade pode manter

as pessoas, principalmente crianças e jovens, ocupados, evitando que os mesmos

fiquem a mercê de más ações.

Quadro 18 – AC: Se existissem mais espaços de lazer diminuiriam a criminalidade e

o uso de drogas.

DSC

Acho que tem que ter mais segurança né, teria que complementar. Se tivesse mais lazer em Balneário talvez não tivesse tanta bandidagem e gente perdida na droga. Talvez fazer tipo uma casa de jogos pra eles se distraírem. Fonte: Autor, 2016.

Estes Discursos do Sujeito Coletivo, além de reconhecerem a percepção dos

moradores da cidade sobre os espaços públicos de lazer, permite claramente ajudar

na interpretação das figuras apresentadas anteriormente, as quais descrevem os

resultados das questões 1,2 e 5. Ao externarem que os espaços de lazer

frequentados por eles, moradores, são em maioria diferentes dos espaços utilizados

pelos turistas, salvo algumas exceções, principalmente em localização na cidade,

nos discursos (DSC) eles apresentam as suas opiniões sobre estes espaços.

Levando em consideração que temos, apesar de várias ideias centrais e

ancoragens, dois extremos, ou seja, alguns moradores estão satisfeitos e sugerem

melhorias, e outros não estão satisfeitos com oferta de espaços de lazer, observa-se

que os espaços citados como defasados são quase que exclusivamente os espaços

utilizados pelos moradores. Em raros momentos registraram-se reclamações sobre

os espaços utilizados também pelos turistas. Em contrapartida, ao citarem estar

satisfeitos com a oferta, os moradores apresentam um discurso mais ligado ao

crescimento de cidade e ao fato dela ser um destino turístico.

Resgatando ideias defendidas por autores como Krippendorf (2001) e Ruschmann

(1997), os governantes devem preocupar-se em oferecer espaços públicos de lazer

as parcelas mais pobres da população, àqueles que não tem condições de viajar ou

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de usufruiu de opções privadas de lazer. Por conseguinte ganham força nesse

momento as ancoragens que falam sobre o poder público pensar mais em atender

aos turistas, e por isso possuir uma boa oferta em algumas áreas, e também a

ancoragem que fala sobre a oferta de espaços ser sempre melhor em bairros mais

nobres.

5.3 Interpretando o significado dos espaços públicos de lazer para a

população

Para complementar todas as percepções reconhecidas, os Discursos do Sujeito

Coletivo (DSC) e o levantamento dos espaços públicos de lazer, foram interpretados

os mapas mentais coletados, a fim de captar mais informações sobre a percepção

dos residentes.

Foi solicitado aos entrevistados que desenhassem em uma folha em branco, ao

modo deles, o mapa da cidade identificando os espaços públicos de lazer. Os

pesquisadores pediram que não se preocupassem com a exatidão das ruas e das

escalas, mas sim os espaços em suas localizações aproximadas.

A análise dos mapas permitiu algumas considerações sobre Balneário Camboriú. A

qualidade visual mais perceptível nos mapas foi a legibilidade. Segundo Lynch

(2011), trata-se da facilidade de uma cidade em ter suas partes reconhecidas,

principalmente pelos seus moradores, que participam diretamente na formação

dessa imagem.

Legibilidade: Pelo desenho dos mapas mentais, Balneário Camboriú possui bairros,

marcos e vias facilmente reconhecidos na maioria dos desenhos. Nos mapas

selecionados a seguir, é possível verificar o destaque para a posição e o formato da

cidade ao redor da Praia Central, e a indicação do formato das ruas em paralelo à

praia. Quando coincidiram os espaços de lazer, a localização dos mesmos também

foi parecida na imagem de praticamente todos os moradores.

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Figura 21: Mapas Mentais representando legibilidade.

Fonte: Autor, 2016.

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Os mapas destacam sempre a Praia Central e, a partir dela, localizam os bairros,

marcos, vias e, nesse caso, os espaços de lazer da cidade. Esse formato mostrou-

se característico e legível a maioria dos entrevistados.

Identidade: levando em consideração as respostas dos DSCs e os mapas mentais,

Balneário Camboriú possui marcos que acabam formando uma identidade da

cidade, por mais que ela tenha uma história recente, apenas 62 anos. A Ilha das

Cabras como ponto central no mar em frente à Praia Central, a Praça Tamandaré

reconhecida como marco central da orla e como orientação na cidade, o Cristo Luz,

visto à distância e no topo de um dos morros, e o Parque Unipraias formam o grupo

de marcos reconhecidos pelos moradores que formam a identidade da cidade.

Segundo Lynch (2011) o conteúdo das imagens das cidades podem ser classificado

em cinco elementos: vias, limites, bairros, pontos nodais e marcos. Podemos

identificar os seguintes elementos nos mapas mentais de Balneário Camboriú.

Vias: alguns mapas demonstraram a predominância das vias mais importantes da

cidade, a Av. Atlântica (Beira-mar), Av. Brasil (Na quadra do mar, onde está

localizado o comércio) e a Av. do Estado, todas praticamente paralelas umas às

outras e ao mar. Os mapas abaixo representam essa predominância para algumas

pessoas.

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Figura 22: Mapas Mentais com predominância de vias.

Fonte: Autor, 2016.

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Limites: Lynch (2011) diz que os limites são fronteiras, elementos lineares que não

são entendidos como vias pelos observadores, geralmente praias, lagos, rios e

outras quebras de continuidade. Em Balneário Camboriú a Praia Central representa

um limite, o mais destacado entre todos. Outros dois limites consideráveis Pontal Sul

e o Pontal Norte, sendo respectivamente o Morro da Aguda (parque Unipraias) e o

morro pertencente ao Resort Infinity Blue, o qual divide a Praia Central da Praia do

Buraco. Esses dois morros formam um limite entre sul e norte do centro, apesar da

cidade continuar mais além para sul com as Praias Agrestes e para norte com o

Bairro Praia dos Amores.

Marcos: os marcos são referências externas, onde o observador não pode entrar, e

geralmente são um objeto como um edifício, um sinal, uma montanha, um comércio

(Lynch, 2011). Alguns marcos são distantes, podendo ficar até fora da cidade, e

outros locais, vistos em locais próximos. Um dos mais importantes marcos de

Balneário Camboriú é a Ilha das Cabras. Essa ilha ainda não foi citada neste

trabalho pois não influencia na oferta dos espaços públicos de lazer, porém é uma

imagem recorrente e conhecida por moradores e turistas. A Ilha das Cabras localiza-

se em frente à Praia Central, bem ao meio e da praia e, por conseguinte, do centro

da cidade. É um marco que praticamente permite o observador se orientar entre

Barra Sul e Barra Norte, por mais que essa divisão não seja exata à divisão das

ruas. Além disso é um marco presente na grande maioria das imagens e mapas da

cidade.

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Figura 23: Marcos da cidade reconhecidos nos mapas mentais.

Fonte: Autor, 2016.

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Outros três marcos podem ser observados na cidade. A Praça Tamandaré,

localizada bem ao centro e na orla do mar é quase sempre usada como ponto de

referência quando se trata de espaço de lazer e atrativo turístico. É notável também

a sua colocação como ponto de referência para a localização de outros espaços. O

Complexo Cristo Luz, apesar de ser privado foi identificado nos mapas mentais e

também muito citado dos DSCs. Por fim o Parque Unipraias, outro espaço privado

de lazer foi muito reconhecido nos DSCs e nos mapas, sendo identificado também

com outros nomes como: teleférico, parque, bondinho, tirolesa.

Outras análises podem ser feitas sobre os espaços de lazer da cidade à luz das

teorias de Lynch, porém os métodos de pesquisa objetivaram nesta pesquisa

interpretar os significados dos espaços públicos de lazer citados pela população no

reconhecimento do Discurso do Sujeito coletivo.

Como proposto no início da pesquisa, os objetivos específicos buscavam responder

ao final das análises a pergunta de pesquisa, que era: considerando a oferta de

espaços públicos de lazer existente em Balneário Camboriú, enquanto destino

turístico, até que ponto esta oferta atende as expectativas e necessidades de lazer

da população local? Expostos os resultados, será discutida a resposta a essa

pergunta nas considerações finais a seguir.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oferta de espaços públicos de lazer de Balneário Camboriú possui duas vertentes,

os espaços utilizados pelos moradores e os espaços visualizados pelos mesmos

como destinados aos turistas. Vale ressaltar aqui que essas duas vertentes não

significam que existe necessariamente uma segregação de espaços, pois para

afirmar isso seria necessário um maior aprofundamento na pesquisa.

O uso do método do DCS juntamente com o Mapa Mental permitiu a essa pesquisa

coletar a opinião/percepção dos moradores da cidade de duas maneiras, verbal e

por imagem. Ambos os métodos qualitativos permitiram a análise de uma amostra

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dos moradores afim de identificar aspectos em comum nas respostas, as quais

apresentaram aspectos que responderam ao objetivo geral da pesquisa.

O que foi observado foi uma possível falta de apropriação, por parte da comunidade,

dos espaços apontados por eles como turísticos, e uma maior apropriação dos

espaços de lazer dos bairros além do centro. Como indicado nos resultados das

primeiras questões, a maior insatisfação quanto a qualidade da oferta recai sobre os

espaços mais utilizados pelos moradores. Enquanto que os aspectos satisfatórios

apontam mais para os espaços de lazer utilizados por moradores e turistas.

A localização dos espaços de lazer descreve uma outra situação. Como

apresentado na fundamentação teórica por autores (SANTANA & ALVES, 2014;

OLIVEIRA & MASCARÓ, 2007; GOMES, 2008, MARCELLINO, 2002, ROLNIK,

2000), os centros das cidades com maior quantidade e qualidade de espaços

públicos do que as periferias. Segundo a pesquisa os moradores da área central de

Balneário Camboriú reconhecem um número maior de espaços de lazer do que os

moradores dos demais bairros. Algumas ideias centrais (IC) e ancoragens (AC)

também comentam essa diferença.

Os discursos revelaram também que um dos maiores espaços públicos de lazer da

cidade, a Praia Central e o conjunto da sua orla, não é muito frequentado por

moradores de outros bairros além do centro. Apesar do tamanho reduzido da cidade

não dificultar o acesso à praia, parece existir uma cultura urbana de lazer à parte da

cultura de lazer de sol e mar. Praças, parquinhos infantis e academias ao ar livre

tiveram destaque entre os respondentes de todos os bairros.

Quanto aos mapas mentais, trouxeram enorme contribuição para o reconhecimento

da opinião dos habitantes da cidade. A percepção da legibilidade, da identidade e

dos elementos da cidade foi de encontro com a análise dos DSCs. Marcos como a

Praia, a Praça Tamandaré, o Cristo Luz e o Parque Unipraias, são espaços de lazer,

públicos e privados, que fazem parte da imagem e identidade da cidade, o que

demonstra enorme importância desses espaços dentro da imagem de uma cidade

turística.

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Por conseguinte, fazendo uma ligação dos resultados com a influência deles e do

seu uso na atratividade do destino turístico, notou-se que, no caso de Balneário

Camboriú, os moradores que residem mais próximos aos espaços considerados

atrativos costumam utilizá-los e avaliam melhor os mesmos, se comparados aos

espaços dos bairros mais distantes. Se considerarmos que os turistas visitam a

cidade e circulam por um “corredor turístico”, composto pela maioria dos espaços de

lazer disponíveis, essa oferta tem impacto direto na atividade. Porém, se levarmos

em consideração as citações de autores como Ruschmann (1997) e Krippendorf

(2001), onde indicam que os governos devem preocupar-se em oferecer opções

públicas de lazer para as pessoas que não tem condições de viajar, principalmente

nos bairros mais pobres, cabe neste momento indicar futuras pesquisas para

comparar a cidade estudada com outros destinos turísticos brasileiros.

Além dessa comparação, sugere-se aqui a pesquisa com os mesmos métodos (DSC

+ Mapa Mental) tendo como amostra os turistas. Seria interessante reconhecer a

percepção/opinião dos visitantes e compara-la com a dos moradores.

Por fim, esta pesquisa pode trazer como contribuição o uso do DSC com o mapa

mental como contribuição para o turismo e a análise urbana. A junção dos dois

métodos deve, é claro, ser aprimorada e testada diversas vezes afim de encontrar

os melhores resultados possíveis.

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______. Vista aérea da Praia Central de Balneário Camboriú (SC). 2016. Disponível em: <http://www.secturbc.com.br/turismo/pt-br/download/fotos-de-divulgacao>. Acesso em: mai. 2016. ______. Vista da praia central de Balneário Camboriú (SC). 2016. Disponível em: <http://www.secturbc.com.br/turismo/pt-br/download/fotos-de-divulgacao>. Acesso em: mai. 2016. SEBRAE. Santa Catarina em números: Balneário Camboriú. Florianópolis: SEBRAE, 2013. Disponível em <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Relat%C3%B3rio%20Municipal%20-%20Balne%C3%A1rio%20Cambori%C3%BA.pdf>. Acesso em: nov. 2014. SILVA, Emília Amélia Pinto Costa da et al. Os espaços de lazer na cidade: Significados do lugar. Licere, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, p.1-19, jun. 2012. Trimestral. ______ et al. Espaços públicos de lazer na promoção da qualidade de vida: uma revisão integrativa. Licere, Belo Horizonte, v. 16, n. 2, p.1-18, jun. 2013. Trimestral. Wikipédia. Localização de Balneário Camboriú. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Balne%C3%A1rio_Cambori%C3%BA>. Acesso em: jul. 2014.

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APÊNDICE A – Termo de consentimento e roteiro de pesquisa

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Centro de Educação Superior de Balneário Camboriú

Mestrado em Turismo e Hotelaria Você está sendo convidado(a) para participar como voluntário(a) de uma pesquisa proposta pelo mestrando Gustavo Vieira Setlik, da Universidade do Vale do Itajaí que está descrita em detalhes abaixo. TÍTULO DA PESQUISA: > Os espaços públicos de lazer de Balneário Camboriú (SC): um estudo de caso. OBJETIVO DA PESQUISA: > Reconhecer a opinião/percepção da comunidade local sobre a expectativa e necessidade de lazer na cidade de Balneário Camboriú; JUSTIFICATIVA DA PESQUISA: > Escassez de pesquisas no Brasil sobre a opinião/percepção de uma população sobre a oferta de lazer utilizando o método do DSC (Discurso do Sujeito Coletivo), e a necessidade de se obter esses dados para possíveis pesquisas futuras ou para servir como base para ações nessa área, seja quem for o interessado. Para decidir se você deve concordar ou não em participar desta pesquisa, leia atentamente todos os itens a seguir que irão informá-lo e esclarecê-lo de todos os procedimentos, riscos e benefícios pelos quais você passará. DIREITO DE CONFIDENCIALIDADE: > Você tem assegurado que todas as suas informações pessoais obtidas durante a pesquisa serão consideradas estritamente confidenciais e os registros estarão disponíveis apenas para os pesquisadores envolvidos no estudo. > Os resultados obtidos nessa pesquisa poderão ser publicados com fins científicos, mas sua identidade será mantida em sigilo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, assim como as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso ao tratamento, aos pesquisadores e a instituição de ensino. Tive tempo suficiente para decidir sobre minha participação e concordo voluntariamente em participar desta pesquisa e poderei retirar o meu consentimento a qualquer hora, antes ou durante a mesma, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.

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A minha assinatura neste documento dará autorização aos pesquisadores e ao patrocinador do estudo, de utilizarem os dados obtidos quando se fizer necessário, incluindo a divulgação dos mesmos, sempre preservando minha identidade.

Assino o presente documento assinalando em CONCORDO ou NÃO CONCORDO, assumindo minhas respostas como fidedigna a esta pesquisa. ( ) CONCORDO ( ) NÃO CONCORDO

Roteiro de perguntas para entrevista

Dados de Identificação a) Reside na cidade há mais de 10 anos? b) Bairro onde reside: c) Idade: d) Gênero ( )M ( )F e) Profissão: __________________ d) está trabalhando? ( ) sim ( ) não Questionário Objetivo 1: Identificar a oferta de espaços públicos de lazer da cidade. Objetivo 2: Reconhecer a opinião/percepção da comunidade local sobre a expectativa e necessidade de lazer na cidade. 1) O(a) Sr.(a) conhece os espaços públicos de lazer do seu bairro? (quais?) O que costuma fazer neles? 2) Conhece os espaços públicos de lazer de outros bairros? (quais?) O que costuma fazer neles? 3) Acredita que os espaços públicos de lazer de toda a cidade atendem às suas necessidades de lazer? (algo mais a dizer?) 4) E suas expectativas em relação aos espaços de lazer da cidade, elas são atendidas? O que a Sr.(a) espera para o futuro? (algo mais a dizer?) 5) Na sua visão, quais os espaços públicos de lazer mais frequentados pelos turistas que visitam a cidade, porque? (algo mais?) Mapa Mental Por gentileza, desenhe na folha a seguir, do seu modo, o mapa da cidade identificando os espaços públicos de lazer, com desenhos que os identifiquem. Não se preocupe com a exatidão das ruas e das escalas, apenas sua localização aproximada. Depois identifique com um X ao lado dos que frequenta.

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APÊNDICE B – Quadros descritivos dos espaços de lazer de Balneário Camboriú SC.

Quadro 1 – Praças de Balneário Camboriú (SC)

Espaço Praça Almirante Tamandaré Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Av. Atlântica, no centro da Praia Central. Estrutura Espaço aberto com cabina para a Guarda Municipal, bancos e

bicicletário. Espaço destinado a eventos como shows, eventos culturais, religiosos e beneficentes.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Bruno Correia Pereira Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Av. Interpraias Estrutura Espaço aberto com mirante para a cidade de Balneário

Camboriú. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça da Integração Ver. Wilson P. Achutti Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Marginal Oeste, próxima ao Ribeirão Peroba e a Quinta Avenida. Estrutura Área de 5.600 m2, conta com parquinhos infantis, bancos, quadra

esportiva e ajardinamento. Funcionamento 24 horas. Espaço Praça das Bandeiras Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida do Estado, próxima ao Portal de Informações Turísticas, em uma das entradas da cidade.

Estrutura Faz parte de uma rótula, que mantém hasteadas as bandeiras dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça do Chafariz - Praia de Laranjeiras Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre

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( ) Área natural Localização Rótula de acesso à Praia de Laranjeiras Estrutura Possui um monumento em homenagem aos homens do mar. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Fonte das Sereias Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida do Estado, no início da Quarta Avenida. Estrutura Um chafariz e um banco. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça General de San Martin Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Entre a Avenida do Estado e a Rua 10. Estrutura Busto em homenagem ao libertador argentino José San Martin,

bancos, arvores e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Higino João Pio Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida Alvin Bauer, na quadra do mar. Estrutura Espaço aberto para Feira de artesanato, apresentação de peças

teatrais, shows e outros eventos. Bancos, árvores, ajardinamento e parquinho infantil.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Kurt Amann Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida Atlântica, no calçadão da orla, próxima à Rua 1101. Estrutura Espaço inserido no calçadão da orla da Praia Central. Possui um

monumento chamado "A Mão do Trabalhador que sustenta o Mundo", bancos, árvores e ajardinamento.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Mario Covas Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Rodovia Interpraias Estrutura Busto do ex-governador de São Paulo, Mario Covas, parquinho

infantil, bancos e espaço aberto para lazer.

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Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Mussolini Cechinel Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Início da Avenida Atlântica, Pontal Norte. Estrutura Cancha de bocha, parquinho infantil, bancos, árvores e

ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Papa João Paulo I Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Fim da Rua Dinamarca, em frente à Prefeitura Municipal. Estrutura Parquinho infantil, bancos e árvores. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça República Oriental do Uruguai Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Na confluência da Terceira Avenida com a Rua 3610. Estrutura Busto do Presidente do Uruguai e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Silveira Junior - Norberto Cândido Silveira Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Na confluência da Rua Miguel Matte com a Avenida do Estado. Estrutura Parquinho infantil, bancos e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Urbano Mafra Vieira Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida Santa Catarina, entre as Ruas Amazonas e Bahia. Estrutura Parquinho infantil, academia ao ar livre, espaço aberto para lazer,

bancos, árvores e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Bruno Nitz Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

(X) Espaço coberto* (X) Lugar ao ar livre

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( ) Área natural Localização Entre as ruas 200 e 300 – Centro. Estrutura Nessa praça foi instalado o Teatro Municipal*, que ocupa todo o

terreno, com uma pequena área aberta na frente do prédio. Funcionamento 24 horas, livre acesso (a parte ao ar livre).

Teatro com acesso restrito*. Espaço Praça das Figueiras Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida do Estado, no início da Quarta Avenida, próxima à praça Fonte das Sereias.

Estrutura Árvore (Figueira), bancos e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça do Pescador Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Bairro da Barra, em frente à Capela de Santo Amaro. Estrutura Bancos, mesas com tabuleiros, árvores, espaço aberto para lazer

e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça da Bíblia Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Entre as ruas 1001 e a Avenida Alvin Bauer. Ao lado do Shopping.

Estrutura Comércio dos artesãos com pequenas construções que lembram casas açorianas, dois coretos para apresentações culturais, bancos, duas academias ao ar livre, árvores, espaço aberto para lazer, bicicletário coberto e ajardinamento.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Praça Ambrósio Eble Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Avenida Martin Luther, confluente com as Ruas Israel e Itália, no Bairro das Nações.

Estrutura Bancos, academia ao ar livre e ajardinamento. Funcionamento 24 horas, livre acesso.

Fonte: Autor, 2016.

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Quadro 5 – Molhe de Balneário Camboriú (SC)

Espaço Molhe da Barra Sul Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Barra Sul, no encontro da Praia Central com o Rio Camboriú. Estrutura Tem 452m de comprimento avançando ao mar.

Iluminação, bancos, paisagismo, parquinho infantil, espaço aberto para lazer, loja de artesanato, restaurante flutuante, cabina para guarda municipal e marina (em construção). Ao longo do molhe é praticada a pesca.

Funcionamento 24 horas, livre acesso (com exceção da loja de artesanato e do restaurante flutuante).

Fonte: Autor, 2016.

Quadro 6 – Parques em Balneário Camboriú (SC)

Espaço Parque Natural Raimundo Gonzalez Malta Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre (X) Área natural

Localização Rua Angelina, s/nº, Bairro dos Municípios. Próximo à Univali. Estrutura Possui 172.625m². Trilhas, horto, complexo de plantas

medicinais, Viveiro Mata Atlântica - onde são cultivadas árvores e espécies da flora da Mata Atlântica, parquinho infantil, espaço aberto para lazer e sanitários. O Parque é uma Unidade de Conservação Ambiental, existem restrições.

Funcionamento Diariamente das 13h às 17h. Entrada gratuita. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 7 – Academias públicas em Balneário Camboriú (SC)

Espaço Academias ao ar livre (19) Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização - R. Dom Daniel – bairro Vila Real; - R. Dom Afonso / Via Gastronômica - bairro Vila Real; - R. Edgar Linhares - bairro Nova Esperança; - R. Antônio Joaquim Vitorino/ Loteamento Schultz - bairro Nova Esperança; - R. Júlio Graciliano/ frente ao Centro Comunitário - bairro São Judas; - R. Hermógenes Assis Feijó/ Praça da Figueira – bairro da Barra; - R. Jardim da Saudade/ frente ao Ginásio – bairro da Barra; - R. L.A.P Rodesindo Pavan – Praia do Estaleirinho;

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- R. Vereador Dominguo Fonseca - Praia do Estaleiro; - R. L.A.P Rodesindo Pavan – Praia de Taquaras; - R. 6º Avenida esq. Rua Campo Ere - bairro dos Municípios; - Av. Brasil esq. Rua Justiniano Neves – bairro dos Pioneiros; - Av. Martin Luther esq. Rua Israel - bairro das Nações; - Av. Martin Luther esq. Rua Paraguai - bairro das Nações; - Av. da Lagoa esq. Rua 100/ Praça da Bíblia – Centro; - Av. da Lagoa esq. Alvin Bauer/ Praça da Bíblia – Centro; - Av. Santa Catarina esq. Rua Bahia/ Praça - bairro dos Estados; - Av. Carlos Drummond de Andrade/ ETA (Emasa) - Praia dos Amores; - Av. Palestina esq. Rua Paraguai - bairro das Nações.

Estrutura 10 aparelhos em cada academia: um multiexercitador (seis funções), simulador de cavalgada, alongador, surfe, pressão de pernas, remada sentada, simulador de caminhada, esqui, rotação diagonal e rotação vertical.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Espaço Academia Municipal Pontal Norte Oferta Turística (Boullón, 2002)

( ) Turístico (X) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização Pontal Norte da Praia Central. Estrutura Aparelhos de musculação em aço inoxidável em uma área de

aproximadamente 250m². Auxílio de profissionais de educação física.

Funcionamento Funciona com sistema de horários livres e senhas, em que os frequentadores podem treinar até três vezes na semana, durante uma hora. É necessário um cadastro prévio. Capacidade para 20 pessoas por hora, obedecendo a ordem de chegada. Tem horário de funcionamento que varia na alta e na baixa temporadas.

Fonte: Autor, 2016.

Quadro 8 – Passarelas/Deck em Balneário Camboriú (SC)

Espaço Deck do Pontal Norte Oferta Turística (Boullón, 2002)

(X) Turístico ( ) Não turístico

Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre (X) Área natural

Localização Barra Norte, ligando a Praia Central, a Praia do Canto, a Praia do Buraco e o Morro do Careca.

Estrutura Mais de 500m de comprimento. Passa pela costa do mar em meio à Mata Atlântica. Bancos e iluminação.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Fonte: Autor, 2016.

Quadro 9 – Campos de Areia em Balneário Camboriú (SC)

Espaço Deck do Pontal Norte Oferta Turística ( ) Turístico

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(Boullón, 2002) (X) Não turístico Logradouro (Boullón, 2004)

( ) Espaço coberto (X) Lugar ao ar livre ( ) Área natural

Localização CA 01- Campo de Areia dos Municípios. CA 02- Campo de Areia do Estaleirinho. CA 03- Campo de Areia da Praia dos Amores. CA 04- Campo de Areia de Taquaras. CA 05- Campo de Areia do Estaleiro. CA 06- Campo de Areia da Barra. CA 07- Campo de Areia do Bairro São Judas. CA 08- Campo de Areia do Ariribá. CA 09- Campo de Areia do Bairro das Nações. (FMEBC, 2016)

Estrutura Campos de areia espalhados pela cidade, fora das praias, e de livre acesso.

Funcionamento 24 horas, livre acesso. Alguns com horários administrados pela Fundação Municipal de Esportes.

Fonte: Autor, 2016.