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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO THAYS DE CARVALHO MARTINS LEITE ESPECTROSCOPIA DE FOTOFRAGMENTAÇÃO E FOTOABSORÇÃO DE CAMADA INTERNA DA ACETONA E DO DIMETILSULFÓXIDO (DMSO) RIO DE JANEIRO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

THAYS DE CARVALHO MARTINS LEITE

ESPECTROSCOPIA DE FOTOFRAGMENTAÇÃO E FOTOABSORÇÃO DE CAMADA

INTERNA DA ACETONA E DO DIMETILSULFÓXIDO (DMSO)

RIO DE JANEIRO

2014

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Thays de Carvalho Martins Leite

ESPECTROSCOPIA DE FOTOFRAGMENTAÇÃO E FOTOABSORÇÃO DE CAMADA

INTERNA DA ACETONA E DO DIMETILSULFÓXIDO (DMSO)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Química, Instituto de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestra em Ciências

(Química).

Orientadores:

Profa. Cássia Curan Turci.

Prof. Antônio Carlos de Oliveira Guerra.

Rio de Janeiro

2014

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Thays de Carvalho Martins Leite

ESPECTROSCOPIA DE FOTOFRAGMENTAÇÃO E FOTOABSORÇÃO DE CAMADA

INTERNA DA ACETONA E DO DIMETILSULFÓXIDO (DMSO)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Química, Instituto de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestra em Ciências

(Química).

Aprovada em / / .

____________________________________________________

(Cássia Curan Turci, DSc, Instituto de Química, UFRJ)

_____________________________________________________________

(Antônio Carlos de Oliveira Guerra, DSc, Instituto de Química, UFRJ)

_______________________________________________________________

(Maria Luiza Rocco Duarte Pereira ,DSc, Instituto de Química, UFRJ)

___________________________________________________________________

(Glaucio Braga Ferreira, DSc, Instituto de Química, UFF)

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L533

Leite, Thays de Carvalho Martins.

Espectroscopia de fotofragmentação e fotoabsorção de camada interna

da acetona e de dimetilsulfóxido (DMSO). / Thays de Carvalho Martins

Leite. – Rio de Janeiro : UFRJ/IQ, 2014.

146 f.:il.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Instituto de Química, Programa de Pós Graduação em Química, 2014.

Orientador: Cássia Curan Turci.

1.TOF (Time-Of-Flight) 2. Luz síncrotron. 3. Fotoabsorção. 4.

Fotofragmentação. 5. Acetona. 6. Dimetilsulfóxido (DMSO). I. Turci,

Cássia Curan. (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto

de Química. Programa de Pós Graduação em Química. IV. Título.

CDD: 546

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À minha amada filha Maria Emília.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela minha vida e por ter me dado forças para estudar

e concluir esse mestrado, apesar das dificuldades e das vezes que quase desisti;

A toda minha família, em especial as minhas avós Maria Adelina e Neuza e meu tio

Antônio, que estariam muito orgulhosos de mim, mas que com certeza, me mandam energias

positivas de onde estão;

Aos meus pais Aurélio e Rosangela e meu irmão Thyago pelo carinho e amor durante

toda a minha vida, mas principalmente por me ajudarem a cuidar da minha filha;

A minha filha Maria Emília por compreender as minhas ausências, minhas falhas e

meus estudos, por todo amor e carinho dedicado a mim e por ser o motivo da minha alegria e

força;

A todos os meus amigos, os mais antigos e os mais recentes, mas em especial ao Alan,

Luciano, Ana e Marcelle pelos momentos de estudos e descontração durante esses 2 anos de

mestrado;

Ao Erick por me ajudar e aturar desde a graduação, pela palavra amiga e pelos

conselhos. Pela dedicação, apoio, compreensão, por secar minhas lágrimas e me dar forças

para continuar, além da ajuda na formatação dessa dissertação;

Às professoras Nádia Comerlato e Suely pelas experiências e os momentos de troca no

LNLS. A Claudia, minha companheira de mestrado, pelas ajudas, trocas e por todos os

momentos de descontração. A Michelle por toda a ajuda, principalmente na pesquisa

bibliográfica, além das conversas e brincadeiras;

A minha orientadora Cássia Turci por aceitar a minha orientação, pelos ensinamentos,

explicações e várias revisões dessa dissertação, além do carinho, compreensão e da palavra

amiga;

Ao meu orientador Antônio Guera por aceitar a minha orientação, pela paciência,

pelos ensinamentos, ajuda e disponibilidade durante todo esse trabalho, além do seu bom

humor;

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A PGQu por proporcionar uma pós graduação aos alunos, em especial ao Marcelo e a

Claudia pela ajuda e orientações.

Aos professores por aceitarem fazer parte dessa banca e ajudar construtivamente para

essa dissertação;

Ao LNLS pela possibilidade de aquisição de espectros e toda estrutura disponibilizada,

além dos auxílios concedidos em todas as idas de nossa equipe;

Ao CNPq pelo auxílio financeiro e apoio à educação.

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RESUMO

LEITE, Thays de Carvalho Martins. Espectroscopia de Fotofragmentação e

Fotoabsorção de Camada Interna da Acetona e do Dimetilsulfóxido (DMSO). Dissertação

(Mestrado em Ciências) - Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, Rio de Janeiro, 2014.

A combinação da Espectrometria de Massa por Tempo de Voo (TOF) e a Luz

Síncrotron permite o estudo da fotoabsorção e da fotofragmentação de várias moléculas. A

separação da carga e a fragmentação destas espécies podem ser estudadas por técnicas de

coincidências do tipo PEPICO (Photon-Electron-Photon-Ion Coincidence) e PEPIPICO

(Photon-Electron-Photon-Ion-Photon-Ion Coincidence). Tais estudos podem fornecer

informações detalhadas sobre os mecanismos de dissociação, ligação molecular e estrutura

eletrônica, em conjunto com a fotoabsorção. Além disso, é possível quantificar a eficiência de

produção de cada fragmento iônico pela aquisição dos espectros de Produção Parcial de Íons

(PIY) através dos espectros de massa por tempo de voo. Neste trabalho estudou-se e

comparou-se a dinâmica de fotofragmentação, além da fotoabsorção nas regiões do C 1s e O

1s para a acetona e nas regiões do C 1s, O 1s, S 2s e S 2p para o dimetilsulfóxido (DMSO).

Os espectros, em fase gasosa, foram adquiridos utilizando-se radiação síncrotron, nas linhas

de luz TGM (Toroidal Grating Monochromator) e SGM (Spherical Grating

Monochromator), localizadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em

Campinas-SP. Os espectros de fotoabsorção nos forneceram informações sobre as estruturas

eletrônicas das moléculas estudadas, além de corroborarem para a identificação dos potenciais

de ionização. Através dos espectros de PEPICO e PEPIPICO podemos entender e avaliar a

fragmentação das moléculas estudadas, além de sugerir possíveis caminhos de fragmentações.

Os diversos fragmentos iônicos produzidos nas diferentes bordas analisadas e suas

intensidades relativas sugerem que os grupos S=O e C=O influenciaram na dinâmica de

fotofragmentação das moléculas em estudo.

Palavras Chaves: TOF. Luz síncrotron. Fotoabsorção. Fotofragmentação. Acetona.

Dimetilsulfóxido (DMSO). PIY. PEPICO. PEPIPICO.

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ABSTRACT

LEITE, Thays de Carvalho Martins. Espectroscopia de Fotofragmentação e

Fotoabsorção de Camada Interna do Dimetilsulfóxido (DMSO) e da Acetona. Dissertação

(Mestrado em Ciências) - Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, Rio de Janeiro, 2014.

The combination of time of flight mass spectrometry (TOF) and the synchrotron

radiation alows the study of photoabsorption and photofragmentation of several molecules.

The charge separation and fragmentation of those species can be studied by PEPICO (Photon-

Electron-Photon-Ion Coincidence) and PEPIPICO (Photon-Electron-Photon-Ion-Photon-Ion

Coincidence) techniques. These studies, combined with the photoabsorption spectra, can

provide accurate information about dissociation process, molecular bonding and electronic

structure. Furthermore, it is possible to quantify the efficiency of production of each fragment

ion spectrum for the acquisition of the PIY (Partial Ion Yield) through the time of flight mass

spectrum. This work studied and compared the photofragmentation dinamics, and also the C

1s and O 1s photoabsorption spectra for the acetone molecule and the C 1s, O 1s, S 2s and S

2p photoabsorption spectra for the dimethylsulfoxide (DMSO) molecule. The gas phase

spectra were acquired using synchrotron radiation at the TGM (Toroidal Grating

Monochromator) and SGM (Spherical Grating Monochromator) beamlines, located at the

Brazilian Synchrotron Light Laboratory (LNLS) in Campinas- SP. The photoabsorption

spectra provided information about the electronic structure of the studied molecules, as well

as, corroborate the identification of the ionization potentials. Through the PEPICO techniques

it is possible to understand and evaluate the molecules fragmentation and suggest possible

ways of fragmentation. The different ions fragments, produced in different edges, as well as

their relative intensities suggested that the S=O and C=O groups influence the

photofragmentation dynamics of the acetone and DMSO.

Palavras Chaves: TOF. Synchrotron Light. Photoabsorption. Photofragmentation. Acetone.

Dimethylsulfoxide (DMSO). PIY. PEPICO. PEPIPICO.

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SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................................................... viii

ABSTRACT ........................................................................................................................................ ix

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................... xii

ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................................... xvi

ÍNDICE DE ABREVIAÇÕES ........................................................................................................ xviii

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

1 Considerações Iniciais ................................................................................................................. 1

2 Espectroscopia de camada interna ............................................................................................... 3

3 Luz Síncrotron ............................................................................................................................. 9

3.1 O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron ......................................................................... 9

3.2 A linha de luz TGM .......................................................................................................... 14

3.3 A linha de luz SGM ........................................................................................................... 17

4 TOF ........................................................................................................................................... 20

5 Técnicas utilizadas .................................................................................................................... 24

5.1 Espectroscopia de Fotoabsorção ....................................................................................... 24

5.2 Espectroscopia de Fotofragmentação ................................................................................ 25

5.2.1 PEPICO ..................................................................................................................... 26

5.2.2 PEPIPICO.................................................................................................................. 28

5.2.3 PIY ............................................................................................................................ 35

6 Espécies químicas estudadas ..................................................................................................... 36

6.1 Acetona.............................................................................................................................. 36

6.2 Dimetilsulfóxido (DMSO) ................................................................................................ 38

7 Objetivos ................................................................................................................................... 39

DESENVOLVIMENTO ....................................................................................................................... 40

1 Parte Experimental .................................................................................................................... 40

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2 Resultados ................................................................................................................................. 41

2.1 Espectro de fotoabsorção .................................................................................................. 42

2.1.1 Acetona...................................................................................................................... 42

2.1.2 DMSO ....................................................................................................................... 45

2.2 Espectros de Fotofragmentação......................................................................................... 51

2.2.1 Acetona...................................................................................................................... 52

2.2.2 DMSO ....................................................................................................................... 63

3 Comparação entre as moléculas ................................................................................................ 88

CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 91

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 93

ANEXO A – Os programas de tratamento de dados ............................................................................. 99

ANEXO B – Dados de Produção Parcial de Íons (PIY) ..................................................................... 104

ANEXO C – Artigo Publicado ............................................................................................................ 113

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura Página

1.1 Esquema da fotoionização de camada interna 2

1.2 Distribuição dos orbitais moleculares que constituem uma

molécula e as transições eletrônicas de camada interna e de

camada de valência

4

1.3 Principais processos de decaimento: Autoionização e/ou

Decaimento Auger e Fluorescência de Raios-X

7

1.4 Esquemas de diferentes processos de decaimento Auger 8

1.5 O CNPEN, onde se localiza o LNLS 10

1.6 As futuras instalações do SIRIUS 11

1.7 O acelerador Síncrotron. O LINAC, storage ring e Booster 11

1.8 O LINAC, utilizado no LNLS 12

1.9 As linhas de luz do atual LNLS 13

1.10 Esquema da linha TGM e os principais componentes 14

1.11 A linha de luz TGM do LNLS 15

1.12 Esquema da linha de luz SGM do LNLS 17

1.13 A linha de luz SGM do LNLS 18

1.14 Diagrama esquemático dos componentes do espectrômetro TOF 20

1.15 As três regiões que compõem um espectrômetro TOF 21

1.16 Estrutura da acetona 36

1.17 Estrutura do Dimetilsulfóxido 38

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2.1 Esquema de injeção da amostra 40

2.2 Espectro de TIY para a acetona na borda do C 1s 42

2.3 Espectro de TIY para a acetona na borda do O 1s 44

2.4 Espectro de TIY para o DMSO na borda do C 1s 46

2.5 Espectro de TIY para o DMSO na borda do O 1s 47

2.6 Espectro de TIY para o DMSO na borda do S 2p 49

2.7 Espectro de TIY para o DMSO na borda do S 2s 51

2.8 Espectros de massas da acetona nas energias de 280,0 eV,

286,0 eV, 288,0 eV, 305,0 eV, 530,0 eV, 534,0 eV e 550,0 eV

52

2.9 Esquema de possíveis fragmentos da acetona 53

2.10 Espectros de massas da acetona nas energias de 280,0 eV,

286,4 eV, 287,9 eV, 305,0 eV, 531,4 eV, 535,6 eV e 550,0 eV e

suas respectivas atribuições

55

2.11 Gráfico da área normalizada do fragmento H6C3O+ pela energia do

fóton

57

2.12 Gráfico da relação H3C2O+/ H3C

+ pela energia do fóton para a

acetona

58

2.13 Produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+ e H3C

+ obtida a

partir das áreas dos espectros de PEPICO na região do C 1s

60

2.14 Produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+ e H3C

+ obtida a

partir das áreas dos espectros de PEPICO na região do O 1s

61

2.15 Produção iônica dos fragmentos H2C2+ e H3C2

+ obtida a partir das

áreas dos espectros de PEPICO na região do C 1s

62

2.16 Produção iônica dos fragmentos H2C2+ e H3C2

+ obtida a partir das

áreas dos espectros de PEPICO na região do O 1s

62

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2.17 Espectros de massas do DMSO nas energias de 280,0 eV,

287,0 eV, 288,0 eV, 300,0 eV, 305,0 eV, 531,0 eV, 534,0 eV e

550,0 Ev

64

2.18 Esquema de possível fragmentação para a molécula do DMSO 65

2.19 Espectros de massas do DMSO nas energias de 280,0 eV,

287,4 eV, 288,2 eV, 300,0 eV, 305,0 eV, 531,1 eV, 534,4 eV e

550,0 eV e suas respectivas atribuições

67

2.20 Gráfico da área normalizada do fragmento H6C2SO+ pela energia

do fóton

69

2.21 Gráfico da relação HCS+/ H3C

+ pela energia do fóton para o

DMSO. O ponto em destaque não foi incluído na regressão linear

71

2.22 Gráfico da relação H3C2SO+/H3C

+ pela energia do fóton para o

DMSO. O ponto em destaque não foi incluído na regressão linear

72

2.23 Espectro de PEPIPICO da molécula do DMSO, na energia de

534,4 eV

73

2.24 Sinais dos fragmentos iônicos detectados na primeira e segunda

paradas (1st e 2

nd stop) para molécula do DMSO na energia de

534,4 eV

74

2.25 Projeção das coincidências iônicas consideradas verdadeiras no

espectro de PEPIPICO obtido na energia de 534,4eV do DMSO

75

2.26 Espectros de massas do DMSO nas energias de 15,0 eV, 167,0 eV,

168,0 eV, 169,0 eV e 232,0 eV e suas respectivas atribuições

81

2.27 Espectros de massas do DMSO nas energias de 15,0 eV, 167,2 eV,

168,4 eV, 169,6 eV e 232,0 eV e suas respectivas atribuições

82

2.28 Espectro de PEPIPICO da molécula do DMSO, na energia de

232,0 eV

85

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2.29 Sinais dos fragmentos iônicos detectados na primeira e segunda

paradas (1st e 2

nd stop) para a molécula do DMSO na energia de

232,0 eV

86

2.30 Projeção das coincidências iônicas consideradas verdadeiras no

espectro de PEPIPICO obtido na energia de 232,0 eV do DMSO.

87

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela Página

1.1 Dimensões dos componentes do LNLS 12

1.2 Especificações da linha TGM 16

1.3 Especificações da linha SGM 19

1.4 Dinâmica de fragmentação de dois, três e quatro corpos 29

1.5 Propriedades da acetona 37

1.6 Propriedades do DMSO 39

2.1 Energias e as respectivas atribuições para a molécula da acetona

na borda do C 1s

43

2.2 Energias e as respectivas atribuições para a molécula da acetona

na borda do O 1s

45

2.3 Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO na

borda do C 1s

47

2.4 Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO na

borda do O1s

48

2.5 Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO

nas bordas do S 2s e S 2p

50

2.6 Relação massa/carga dos sinais observados no espectro de

PEPICO e os possíveis fragmentos para a acetona

54

2.7 Valores das áreas do fragmento H6C3O+ e a sua normalização pelo

tempo de aquisição e pela corrente do anel

56

2.8 Valores das áreas dos fragmentos H3C+, H3C2O

+ e da relação

H3C2O+

/ H3C

+ em função da energia do fóton

58

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2.9 Valores das áreas dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+, H3C

+, H2C2

+ e

H3C2+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO em

energias selecionadas nas regiões do C 1s e O 1s

59

2.10 Relação massa/carga e os possíveis fragmentos para o DMSO 66

2.11 Valores das áreas do fragmento H6C2SO+ e da normalização desse

fragmento pelo tempo de aquisição e pela corrente do anel

68

2.12 Valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e da

relação HCS+/ H3C

+ e H3CSO

+/ H3C

+ em função da energia do

fóton para o DMSO

70

2.13 Valores das áreas do fragmento H6C2SO+ e da normalização desse

fragmento pelo tempo de aquisição e pela corrente do anel

83

2.14 Valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e da

relação HCS+/ H3C

+ e H3CSO

+/ H3C

+ em função da energia do

fóton para o DMSO

84

2.15 Mecanismos sugeridos para os pares iônicos obtido em 232,0 eV e

seus respectivos processos de dissociação

88

2.16 Parâmetros geométricos para as moléculas da acetona e do DMSO 90

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ÍNDICE DE ABREVIAÇÕES

ABTLus Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron

CBPF Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

CD Concerted Dissociation

CI Camada Interna

CNPEM Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa e desenvolvimento

CTC Conselho Técnico Científico

CVL Camada de Valência

DCS Deferred Charge Separation

DMSO Dimetilsulfóxido

DXAS Dispersive X-ray Absorption Spectroscopy

ECL Energia Cinética Liberada

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

HFM Espelho de Focagem Horizontal

ISEELS Inner-Shell Electron Energy Loss Spectroscopy

ISM InterStellar Medium

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

LINAC Acelerador Linear

LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

LNRS Laboratório de Radiação Síncrotron Nacional

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MCTI Mininistério da Ciência e Tecnologia e Inovação

MX1 Macromolecular Crystallography 1

MX2 Macromolecular Crystallography 2

OD Orbital Desocupado

PDMS Plasma Desorption Mass Spectroscopy

PE3PICO Photon-Electron-Photon-Ion-Photon-Ion-Photon-Ion Coincidence

PEPICO Photon-Electron-Photon-Ion Coincidence

PEPIPICO Photon-Electron-Photon-Ion-Photon-Ion Coincidence

PGM Planar Grating Monochromator

PI Potencial de Ionização

PIY Partial Ion Yield

SAXS1 Small Angle X-Ray Scattering 1

SAXS2 Small Angle X-Ray Scattering 2

SBPC Sociedade para o Progresso da Ciência

SD Secondary Decay

SDC Secondary Decay in Competition

SDDCS Secondary Decay after a Deferred Charge Separation

SGM Spherical Grating Monochromator

SIRIUS Novo acelerador de radiação sincrotron

SRP Projeto de Radiação Síncrotron

SXS Soft X-Rays Spectroscopy

TDC Time-to-Digital Converter

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TGM Toroidal Grating Monochromator

TOF Time-of-flight

UV UltraViolet

VFM Espelho de Focagem Vertical

VUV Vacuum UltraViolet

XAFS1 X-Ray Absorption Spectroscopy 1

XAFS2 X-Ray Absorption Spectroscopy 2

XAS X-Ray Absorption Spectroscopy

XMCD X-Ray Magnetic Circular Dichroism

XPD X-Ray Powder Diffraction

XPS X-Ray Photoelectron Spectroscopy

XRD1 X-Ray Diffraction 1

XRD2 X-Ray Diffraction 2

XRF X-Ray Fluorescence

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1

INTRODUÇÃO

1 Considerações Iniciais

A espectroscopia de massa por tempo de voo ou simplesmente TOF (time-of-flight)

vem sendo aprimorada e utilizada desde o seu surgimento na década de 1940. Em 1946,

Stephens sugeriu, pela primeira vez, o seu princípio de funcionamento, demonstrado em 1948

por Cameron e Eggers. No entanto, somente em 1955 um protótipo do TOF foi desenvolvido

por Wiley e McLaren. Por ter uma extraordinária capacidade de analisar rapidamente todos os

íons produzidos por uma amostra e gerar, a cada ciclo, espectros de massa completos a cada

segundo, quando acoplado a uma fonte de ionização, o TOF é uma excelente técnica de

espectroscopia de massas (Guerra, 2006a).

Quando utilizado para estudos em fase condensada, a espectroscopia TOF permite a

detecção eficiente e simultânea dos fragmentos iônicos produzidos, o que o diferencia do

espectrômetro de massa convencional. Os íons podem, facilmente, sobreviver a uma possível

neutralização induzida pelo substrato e, consequentemente, produzir melhores rendimentos na

excitação de camada interna (Sekiguchi, 1996). Além disso, esse tipo de espectrometria de

massa fornece um método eficaz para o estudo da dinâmica de fragmentação de uma dada

espécie química (Neville, 1999).

Através dos espectros de massa por tempo de voo é possível quantificar a eficiência de

produção de cada fragmento iônico através da aquisição dos espectros de Produção Parcial de

íons (PIY - Partial Ion Yield). Os espectros de PIY são gerados através da integração das áreas

de um determinado fragmento presente na sequência de espectros de coincidência (PEPICO -

Photon-Electron-Photon-Ion Coincidence) adquiridos em diferentes energias de excitação. Os

dados de PIY fornecem uma visão ampla da fragmentação de cada estado eletrônico da

espécie em estudo (Guerra, 2006b). A separação da carga e a fragmentação destas espécies

podem ser estudadas por técnicas de coincidências do tipo PEPICO e PEPIPICO (Photon-

Electron-Photon-Ion-Photon-Ion Coincidence). Tais estudos podem fornecer informações

detalhadas sobre os mecanismos para o processo de dissociação, sobre ligação molecular e

estrutura eletrônica, em conjunto com a fotoabsorção (Hitchcock, 1998).

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2

O estudo da fotoabsorção molecular fornece informações importantes a respeito da

estrutura e dinâmica de estados eletronicamente excitados. A maioria dos processos

espectroscópicos e fotoquímicos relaciona-se com elétrons de valência, mas os estudos de

processos relacionados com elétrons de camadas mais internas aumentaram muito com a

disponibilidade da luz síncrotron, uma fonte de luz de alta energia, sintonizável e muito

intensa (De Souza, 2001). A espectroscopia TOF e as técnicas de coincidências iônica,

associadas à luz síncrotron e aos estados altamente excitados, permitem um estudo mais amplo

e detalhado da dinâmica de fragmentação molecular.

A ionização de elétrons de camadas internas (Figura 1.1) origina processos Auger, com

a consequente formação de íons de cargas dupla ou tripla, de natureza instável. A relaxação de

um estado excitado de camada interna normalmente acarreta, via processo Auger, a ionização

de um ou mais elétrons da camada de valência, podendo originar, subsequentemente,

processos de fragmentação molecular (De Souza, 2001). Esse decaimento Auger de camada

interna ocorre em fentosegundos ou picosegundos, enquanto o intervalo de tempo de detecção

na espectrometria de massa é de microssegundos. Dessa forma, os estados finais são, na

maioria das vezes, ionizações múltiplas (Teodorescu, 1998).

Figura 1.1: Esquema da fotoionização de camada interna (Guerra, 2006a), onde ECL é a energia cinética

liberada

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3

Neste trabalho, foram estudadas e comparadas as dinâmicas de fotofragmentação das

moléculas de Acetona e de Dimetilsulfóxido (DMSO). Sendo o DMSO um análogo sulfurado

da acetona, essas moléculas foram excitadas nas regiões do C 1s e O 1s. Além disso, as

regiões do S 2s, S 2p e a valência do DMSO também foram estudadas. Para tal, foi utilizada a

espectroscopia de massa por tempo de voo, associada à espectroscopia de fotoabsorção e a luz

síncrotron como fonte de excitação. Espectros de fotoabsorção de camada interna, de PEPICO,

de PEPIPICO e de PIY serão apresentados e discutidos nesta dissertação.

A acetona e o DMSO vêm sendo estudados há cerca de 40 anos, devido a sua grande

importância tecnológica, na área ambiental, dentre outras. Essas moléculas foram excitadas

nas regiões de valência e de camadas internas, usando radiação síncrotron e perda de energia

de elétrons, ou laser (Rossi, 1992; Zheng,1996a; Zheng,1996b; Cubbage, 2001; Prince, 2003;

Henderson, 2004). Além disso, já foram estudadas, tanto experimentalmente quanto

teoricamente, as respectivas estruturas eletrônicas do estado fundamental e dos estados

excitados e as probabilidades de transição para elétrons de valência e da camada interna (Leite,

2012). Os primeiros espectros de valência da acetona foram relatados por Wight e Brion. Mais

tarde, Hitchcock e Brion estudaram as regiões do carbono e do oxigênio, usando

espectroscopia de perda de energia de elétrons (Almeida, 2014).

Essa dissertação é composta pelas seguintes partes: Introdução, Desenvolvimento e

Conclusão. A Introdução está dividida em seções que abordarão a teoria inerente às técnicas

utilizadas, bem como as espécies químicas estudadas. O Desenvolvimento está dividido em

três seções: a primeira trata da parte experimental, a segunda apresenta e discute os resultados

obtidos e a terceira apresenta uma comparação entre as moléculas estudadas. A Conclusão

apresenta considerações a respeito desse trabalho e dos dados obtidos, assim como sugestões

para trabalhos futuros.

2 Espectroscopia de camada interna

Os estados dos elétrons em uma molécula podem ser representados pelos orbitais

moleculares, podendo ser orbitais de camada interna (orbitais do caroço), orbitais de valência

ocupados e orbitais desocupados (Figura 1.2). São considerados orbitais de valência aqueles

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cujas energias de ionização dos seus elétrons encontram-se na faixa de 0 a 50 eV.

Figura 1.2: Distribuição dos orbitais moleculares que constituem uma molécula e as transições eletrônicas de

camada interna e de camada de valência (Silvino, 2002)

Os orbitais de camada interna (orbitais do caroço) encontram-se em energias muito

distantes das energias dos orbitais de valência e descrevem os elétrons fortemente ligados.

Esses orbitais estão localizados junto ao núcleo do átomo e conservam as suas características

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atômicas, pois raramente são afetados pela formação da molécula. Os orbitais de valência

ocupados são formados pelos elétrons nos orbitais mais afastados do núcleo. Eles são oriundos

da combinação dos orbitais de valência dos átomos e se expandem por toda a molécula ou por

parte dos átomos que a compõe. Nos átomos, estes orbitais são chamados de orbitais atômicos,

enquanto nas moléculas formam-se os orbitais moleculares devido à junção dos níveis de

valência de átomos vizinhos. No estado fundamental, os orbitais desocupados podem

descrever os elétrons excitados. Os níveis não ocupados são compostos pelos orbitais de

valência virtual e os orbitais de Rydberg. Separado pelo limite de ionização, está o contínuo, a

região onde o elétron é “retirado” da molécula.

O estudo dos elétrons de camada interna fornecem espectros de menor complexidade

em comparação aos espectros adquiridos por excitação dos elétrons da camada de valência.

Isto ocorre em função do menor número de estados a partir dos quais os elétrons são excitados

ou ionizados (Guerra, 2006a).

Em virtude de diferentes ambientes químicos pode ocorrer uma variação da energia dos

orbitais de camada interna, o que permite analisar a contribuição de cada átomo na formação

ou na quebra das ligações químicas das moléculas. Também é possível observar, através das

excitações de camada interna, o curto tempo de vida das transições eletrônicas devido à

excitação e ao decaimento.

Uma excitação ocorre quando um elétron de camada interna é promovido para um

orbital desocupado, seja virtual ou de Rydberg. Na ionização o elétron abandona a molécula.

Em ambos os casos, o elétron envolvido deixa em seu lugar um “buraco” e a molécula entra

em um processo de relaxação que pode envolver a emissão de luz (fosforescência ou

fluorescência) (1.1), de elétron (decaimento Auger) (1.2) e até mesmo a sua fragmentação

(1.3). Quando se forma esse “buraco”, ocorre uma grande possibilidade de um elétron de um

nível superior preencher, rapidamente, essa vacância e, assim um segundo elétron, chamado

Auger, ser ejetado (Rodrigues, 2007). O elétron Auger ejetado apresenta uma energia fixa,

correspondente a uma transição particular no íon formado.

hMM fluorescência de Raios-X 1.1

eABAB decaimento Auger 1.2

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6

BAAB fragmentação 1.3

O processo de ionização pode acontecer em nível de camada interna (ionização do

caroço) ou de valência (ionização de valência). Na ionização de camada interna, o íon

encontra-se no estado excitado, relaxando em processos como a fluorescência de Raios-X

(1.4), decaimento Auger (1.5) e até mesmo a fragmentação (1.6). Já na ionização de valência,

o íon encontra-se no estado fundamental (1.7) ou excitado (1.8) (Rodrigues, 2007).

hMM fluorescência de Raios-X 1.4

eABAB decaimento Auger 1.5

BAAB ou BA fragmentação 1.6

eMhM íon no estado fundamental 1.7

eMhM íon no estado excitado 1.8

Os principais processos de relaxação eletrônico para estados excitados de camada

interna estão representados na Figura 1.3. A autoionização e o decaimento Auger são

processos que competem entre si e que apenas se diferenciam no passo inicial. No decaimento

Auger ocorre, primeiramente, a ionização de um elétron do orbital de caroço, enquanto na

autoionização um ou mais elétrons de camada interna são promovidos a orbitais desocupados,

gerando um estado excitado na molécula. Se a energia de excitação exceder a energia

necessária para ionizar qualquer um dos elétrons da molécula, ocorrerá um rearranjo eletrônico

com a expulsão de um elétron e a formação de um íon molecular (Pilling, 2006).

No processo de autoionização, um elétron do caroço é excitado, formando um

“buraco”. Esse “buraco” é, então, preenchido por um elétron da camada mais externa com

ejeção, simultaneamente, de um terceiro elétron, presente em um subnível mais externo

(Almeida, 2010).

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Figura 1.3: Principais processos de decaimento: Autoionização e/ou Decaimento Auger e Fluorescência de

Raios-X (Turci, 1996)

O decaimento Auger é o processo de decaimento predominante nos estados excitados

de átomos com número atômico menor que 35 (Pilling, 2006). Esse processo ocorre em duas

etapas. Na primeira etapa ocorre a ejeção de um fotoelétron do caroço e na segunda etapa

ocorre a emissão de um ou mais elétrons Auger. Existem três processos de decaimento Auger:

decaimento Auger normal, decaimento Auger ressonante e decaimento Auger em cascata. No

decaimento Auger normal, a ejeção de um elétron de camada interna para o contínuo gera um

íon com energia interna suficiente para ejetar um ou mais elétrons. No decaimento Auger

ressonante, um elétron do caroço é promovido para um orbital desocupado e a molécula

excitada relaxa, ejetando, assim, um elétron e deixando dois buracos na camada de valência.

No decaimento Auger em cascata, um elétron do caroço é promovido para um orbital

desocupado e a molécula excitada relaxa, ejetando, assim, dois ou mais elétrons (Guerra,

2002). A Figura 1.4 apresenta um esquema dos diferentes processos de decaimento Auger.

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Figura 1.4: Esquemas de diferentes processos de decaimento Auger, onde CI é a camada interna, CVL é a

camada de valência e OD é orbital desocupado (Guerra, 2006a)

Um processo comum tanto na excitação, como na ionização de camada interna, é a

fluorescência de Raios-X. Esse processo consiste na emissão de um fóton (hν) a partir do

decaimento de um elétron no processo de relaxação, quando há excesso de energia. A

probabilidade de ocorrer a fluorescência de Raios-X é baixa nos átomos de baixos números

atômicos e só é o processo dominante para os átomos com número atômico maior que 35

(Pilling, 2006).

Existem diversas fontes de excitação e ionização. Dentre elas estão o feixe de elétrons

(transferência de momento do feixe de elétrons para os elétrons dos átomos, podendo assim

provocar ionização ou excitação), feixe de íons (transferência de momento de um feixe de íons

para os elétrons dos átomos de uma amostra, gerando a emissão de partículas secundárias que

são os íons positivos e negativos e partículas neutras e elétrons), feixes de átomos neutros

rápidos (transferência de momento de um feixe de átomo para os elétrons dos átomos da

amostra, gerando a emissão de partículas secundárias), ionização química (ionização da

amostra através da transferência de carga entre um gás reagente pré-ionizado e a amostra, em

fase gasosa), ionização de superfície (produção de íons através da deposição de uma amostra

sólida sobre uma superfície metálica aquecida, fazendo com que a amostra se evapore na

forma iônica), ionização por arco voltaico (ionização da amostra através de uma descarga

elétrica), campo de ionização (ionização e evaporação de uma amostra através da ação do

campo elétrico) ou por feixe de fótons (transferência de energia de um feixe de fóton para os

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elétrons dos átomos de amostra, podendo ocorrer à excitação ou ionização) (Guerra, 2006a).

Neste trabalho todos os espectros apresentados foram adquiridos a partir de técnicas

espectroscópicas que utilizaram como fonte de excitação e ionização a luz síncrotron.

3 Luz Síncrotron

A luz síncrotron é uma radiação eletromagnética emitida por elétrons ou pósitrons que

se movem ao longo de uma trajetória fechada com velocidades relativísticas. Foi descoberta

em 1947 por Floyd Haber, a partir da sugestão da existência de radiação em aceleradores

síncrotrons, por John Blewett, em 1944. As principais características da luz síncrotron são:

espectro contínuo, desde a região do infravermelho até a região dos Raios-X duros; alta

intensidade, alto grau de colimação, polarização no plano da órbita do anel; polarização

elíptica fora do plano da órbita do anel; alto brilho; estrutura de tempo pulsada, com duração

menor que 50ps; características quantitativas conhecidas; ambiente limpo (ultra alto vácuo) e

alta estabilidade do feixe de elétrons no anel de armazenamento. Atualmente, existem 47 anéis

síncrotons pelo mundo, sendo um no Brasil, o LNLS (Laboratório Nacional de Luz

Síncrotron), localizado em Campinas, São Paulo (LNLS, 2014).

3.1 O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

O LNLS é uma instituição vinculada ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e

Materiais (CNPEM) e operada pela Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron

(ABTLus) por meio de contrato de gestão com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCTI). Possui a única Fonte de Luz Síncrotron da América Latina, além de um conjunto de

instrumentações científicas que permite a aplicação de Raios-X e Raios Ultravioletas em

estudos de materiais. O centro de Nanociências e Nanotecnologia Cesar Lattes também está

vinculado ao CNPEM (Figura 1.5) (LNLS, 2014).

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Figura 1.5: O CNPEN, onde fica localizado o LNLS (LNLS,2014)

Nos anos 50, o Conselho Nacional de Pesquisa planejou construir um laboratório para

Luz sincrotron. No entanto o projeto não foi levado adiante por problemas administrativos e

técnicos. Uma segunda tentativa aconteceu por volta de 1960, numa iniciativa da Financiadora

de estudos e Projetos (FINEP), que também não foi bem sucedida. Em 1979, em Fortaleza,

durante uma reunião da Sociedade para o Progresso da Ciência (SBPC), foi proposta a

construção de um acelerador de elétrons para estudar radiação síncrotron. Essa proposta foi

apoiada pelo Centro de Pesquisas Físicas (CBPF) e apresentada ao presidente do Conselho

Nacional de Pesquisa e desenvolvimento (CNPq). Em 1983, uma comissão executiva foi

nomeada para o Projeto de Radiação síncrotron (SRP) e, no ano seguinte, um Conselho

Técnico Científico (CTC). Em 1984 o Laboratório Nacional de Radiação síncrotron (LNRS)

foi formalmente criado. Em 1987, o LNRS foi renomeado Laboratório Nacional de Luz

Síncrotron (LNLS) (LNLS, 2014). O LNLS entrou em funcionamento, efetivamente, em 1997.

Atualmente, após 17 anos de operação, o LNLS apresenta alguns fatores limitantes,

que impedem o seu uso em um grande número de aplicações de extrema importância para a

evolução da ciência e da tecnologia. Entre essas limitações estão a baixa energia do feixe e o

tamanho muito grande e divergente do feixe de elétrons. Essas limitações têm grande impacto

sobre o brilho da fonte, limitações essas impossíveis de serem superadas para o anel de

armazenamento atual, apesar da alta confiabilidade e estabilidade do feixe. Assim, está em

desenvolvimento o SIRIUS (Figura 1.6), uma nova fonte de luz síncrotron que irá permitir a

execução de experimentos muito competitivos em áreas como ciência de materiais, biologia

estrutural, nanociências, física, ciências ambientais, dentre outras. Esse novo síncrotron terá

uma energia de 3GeV e uma circunferência de 518,2m (LNLS, 2014).

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Figura 1.6: As futuras instalações do SIRIUS (LNLS, 2014)

O LNLS atual é composto de um acelerador síncrotron e as linhas de luz. O acelerador

síncrotron é composto pelo “Booster” (síncrotron injetor), pelo LINAC (acelerador linear) e

pelo “storage ring" (anel de armazenamento), como observado na Figura 1.7 e descritos mais

adiante (LNLS, 2014).

Figura 1.7: O acelerador Síncrotron. O LINAC, storage ring e Booster

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A Tabela 1.1 apresenta as dimensões dos componentes do LNLS (Adaptado de Guerra,

2002).

Tabela 1.1: Dimensões dos componentes do LNLS

Componentes Medidas

Acelerador linear 18 m

Linha de transporte 18 m

Circunferência do booster 34 m

Diâmetro do Anel de armazenamento 29,7 m

Circunferência do anel de armazenamento 93,2 m

Linhas de luz 18

O LINAC (Figura 1.8) gera elétrons com uma energia de 120 MeV, e acelera as

partículas ao longo de um percurso linear, utilizando campos de radiofrequência oscilantes ou

campos eletrostáticos. Esses elétrons são conduzidos através da linha de transporte ao booster,

posicionado entre o acelerador linear e o anel de armazenamento. O booster injeta esses

elétrons no anel de armazenamento com uma energia de 500 MeV e o anel de armazenamento

eleva e armazena os elétrons numa energia de 1,37 GeV (LNLS, 2014).

Figura 1.8: O LINAC, utilizado no LNLS

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As linhas de luz são compostas por uma complexa instrumentação que detecta os feixes

de radiação síncrotron produzidos por uma fonte de radiação, que pode ser um ímã de flexão

ou um dispositivo de inserção instalado no interior do anel de armazenamento. Cada linha de

luz é especializada em um grupo de técnicas, otimizadas para campos específicos de pesquisa.

Atualmente, o LNLS possui 18 linhas de luz em operação, sendo 15 linhas funcionando

regularmente conforme Figura 1.9 e 3 em início de operação. Sete dessas linhas são dedicadas

a estudos estruturais de materiais, isto é, as formas como os seus átomos e moléculas se

organizam no espaço. São organizadas em três grupos, Difração de Raios-X (XRD1, XRD2 e

XPD), Cristalografia de Macromoléculas (MX1 e MX2) e Espectroscopia de Raios-X (SAXS

1 e SAXS 2). As outras oito linhas são dedicadas, principalmente, à espectroscopia de

materiais, ou seja, as maneiras como seus elétrons reagem a uma energia eletromagnética

radiante. Existem dois grupos nesta categoria de linhas de luz: absorção de Raios-X e

espectroscopia de fluorescência (XRF, XAFS1, XAFS2 e DXAS) e UV e espectroscopia de

Raios-X (PGM, SXS, TGM e SGM) (LNLS, 2014).

Figura 1.9: As linhas de luz do atual LNLS

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Para a realização das medidas apresentadas nesse trabalho foram utilizadas as linhas de

luz TGM (Toroidal Grating Monochromator) e SGM (Spherical Grating Monochromator)

que serão, brevemente, descritas nas seções 3.2 e 3.3. A escolha dessas linhas reflete-se no

fato das mesmas apresentarem energias apropriadas para excitar, seletivamente, um dado sítio

atômico dentro de uma molécula nas regiões do C 1s, O 1s, S 2s e S 2p, ou seja, nas regiões de

interesse desta dissertação.

3.2 A linha de luz TGM

A linha Toroidal Grating Monochromator (TGM) opera na faixa do ultravioleta (7,3-

310 eV) e é equipada com um monocromador de grade toroidal. É utilizada para a

investigação relacionada com a física atômica e molecular, física de superfície, a química de

superfície, espectroscopia molecular, estrutura eletrônica da matéria condensada e

espectroscopia de massa (LNLS, 2014).

A Figura 1.10 apresenta um esquema da linha TGM e seus principais componentes,

enquanto a Figura 1.11 mostra a linha de luz no LNLS.

Figura 1.10: Esquema da linha TGM e os principais componentes (Filho, 2005)

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Figura 1.11: A linha de luz TGM do LNLS

A linha TGM possui aplicação em diversas áreas, dentre elas estudo da estrutura

eletrônica de superfícies e gases, caracterização de materiais, simuladores magnéticos da

fotodegradação de polímeros e biomoléculas, simulações envolvendo ambientes importantes

para astrofísica, em processos de catálise heterogênea e corrosão. As especificações dessa

linha estão apresentadas na Tabela 1.2 (LNLS, 2014).

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Tabela 1.2: Especificações da linha TGM.

Especificações TGM

Fonte

D05A

Energia 7,3-310 eV

Monocromador 3 grades toroidais (7,3 - 35 eV;

35 - 100 eV; 100 - 310 eV)

Resolução em

Energia

E/ΔE = 500 para uma fenda de 100 mm

Elementos de

focagem

Espelhos esféricos verticais e horizontais com foco na fenda de entrada

Espelho Toroidal com foco na amostra

Tamanho de ponto (Horiz.xVert.) 2 milímetros x 500 mm

Detectores Rendimento total de elétrons (Keitlhey eletrômetro, modelo 6514)

Fotodiodo

Analisador de energia de elétrons (modelo Specs Phoibos 150)

Principais

técnicas

Espectroscopia de Absorção de Raios-X (XAS);

Espectroscopia de fotoelétrons na região de Raios-X (XPS);

Espectrometria de Massa (TOF e PDMS)

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3.3 A linha de luz SGM

Essa linha é equipada com um monocromador esférico e é indicada para estudos na

região do VUV e raios-X em materiais magnéticos especiais. É aplicada para estudos de

absorção de Raios-X nas bordas K do carbono, nitrogênio e oxigênio; espectroscopia de

elétrons, dicroísmo circular magnético em metais de transição na borda L e fotodissociação.

A SGM apresenta uma óptica composta por um conjunto de espelhos esféricos, que

focalizam a luz síncrotron gerada pelo anel de armazenamento. O feixe é focalizado através do

espelho de focagem horizontal (HFM), colide com o espelho de focagem vertical (VFM) e

passa pela fenda de entrada. Em seguida é conduzido até o monocromador de grade esférica

onde é selecionada a energia desejada no experimento. A luz atravessa a fenda de saída que

incide em um espelho toroidal (TRM), sendo focalizada sobre a amostra na câmara de amostra

(Guerra, 2002).

A Figura 1.12 apresenta um esquema da linha SGM e seus principais componentes,

enquanto a Figura 1.13 mostra a linha de luz no LNLS.

Figura 1.12: Esquema da linha de luz SGM do LNLS

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Figura 1.13: A linha de luz SGM do LNLS

As especificações dessa linha estão apresentadas na Tabela 1.3 (LNLS, 2014).

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Tabela 1.3: Especificações da linha SGM.

Especificações SGM

Fonte

D08A

Energia 250-1000 eV

Monocromador Grade esférica (250-500 eV; 500-1000 eV)

Resolução em

Energia

E/ΔE = 1000 para uma fenda de 100 mm

Elementos de

focagem

Espelhos esféricos verticais e horizontais com foco na fenda de entrada

Espelho Toroidal com foco na amostra

Tamanho de ponto (Horiz.xVert.) 500 mm x 500 mm

Detectores Produção total de elétrons (Keitlhey eletrômetro, modelo 6514)

fotodiodo

Analisador de energia de elétrons (modelo Specs Phoibos 150)

Principais técnicas Espectroscopia de Raios-X (XAS);

Espectroscopia de fotoelétrons na região de Raios-X (XPS);

Dicroísmo Circular Magnético na região de Raios-X (XMCD);

Espectroscopia de massa (TOF);

Refletividade magnética (XRMS).

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4 TOF

A espectrometria de massa por tempo de voo estuda os íons gerados a partir de um

processo de ionização/fragmentação. A técnica consiste na admissão de uma amostra na

câmara de ultra vácuo, mantida habitualmente em pressões da ordem de 10-8

torr, através de

uma agulha hipodérmica, sob a forma de um jato na região de interação. Um campo elétrico

intenso e uniforme acelera os íons positivos e os elétrons em direções opostas (Rodrigues,

2007). Os íons percorrem uma região livre de campos (tubo de voo) onde são selecionados

segundo suas razões m/z, onde m é a massa e z a carga (Cardoso, 2001). Como os íons

possuem energia cinética total e diferentes massas, eles apresentam diferentes velocidades.

Assim, quando injetados dentro desse tubo, os íons são separados de acordo com a sua massa,

e os íons mais leves chegarão ao final desse tubo antes dos íons mais pesados, o que

proporciona uma boa separação desses íons (Sanzone, 1970). Os elétrons são coletados por

detectores que emitem um sinal (START), dando início a contagem do tempo em um

conversor digital de tempo (TDC Time-to-Digital Converter). Os íons detectados dentro de

uma janela de tempo previamente escolhida, dão origem ao sinal de término (STOP), parando

a contagem do TDC (Pilling, 2006; Rodrigues, 2007). A Figura 1.14 apresenta um diagrama

esquemático de um TOF, como descrito acima.

Figura 1.14: Diagrama esquemático dos componentes do espectrômetro TOF (Guerra, 2004)

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21

Um esquema do TOF utilizado é mostrado na Figura 1.15, onde a região I é a região de

fragmentação, a região II é a região de aceleração dos íons, a região III é o tubo de voo, s0 é o

comprimento da região I, d é o comprimento da região II e D é o comprimento da região III.

Figura 1.15: As três regiões que compõem um espectrômetro TOF (Cardoso, 2001)

O TOF utilizado nesse trabalho segue a metodologia de Wiley e McLaren e é

normalmente constituído por três regiões de simetria cilíndrica, nas quais são aplicados

campos elétricos. Na primeira região, íons são gerados pela interseção do agente ionizante

com a amostra gasosa. Os íons são formados na região I através da interação perpendicular de

um feixe pulsado de elétrons com um jato gasoso, atômico ou molecular, que efunde através

da agulha. Esta região está submetida a uma diferença de potencial (ddp), aplicada de forma

pulsada entre a primeira e a segunda grade, separadas por uma distância de 2s0, resultando

num campo elétrico E. A agulha está localizada no centro desta região e é mantida num

potencial igual à metade de Vs, minimizando assim as distorções do campo elétrico. Na região

II, aplica-se uma ddp contínua e igual a Vd entre as grades separadas por um espaçamento d,

dando origem ao campo elétrico Ed. Após a dupla aceleração, os íons penetram na região III,

formada por um tubo metálico de comprimento D. O campo elétrico se anula em seu interior

devido ao efeito de blindagem das grades em suas extremidades. As diferenças de potencial

são aplicadas durante um intervalo de tempo necessário para que os íons viajem até o detector,

sendo então identificados pela ordem de chegada (Cardoso, 2001).

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22

O TOF apresenta algumas vantagens e desvantagens. Uma vantagem fundamental é a

facilidade de construção e a rapidez na obtenção de espectros de massas, pois a detecção dos

íons não se baseia no emprego de fendas, nem na varredura de campos elétricos e/ou

magnéticos (Cardoso, 2001). Assim, pode-se estudar como as intensidades relativas dos íons

variam quando as condições mudam rapidamente. Outra característica do aparelho TOF, é que

todo espectro de massa pode ser registrado para cada aceleração do pulso. Assim, é possível

medir as intensidades relativas com precisão, mesmo que as condições de origem possam

variar de forma imprevisível, contanto que as variações afetam cada massa da mesma forma

(Wiley,1955). A principal desvantagem de espectrômetros TOF é a sua resolução limitada.

Com a adoção de lentes eletrostáticas de retardamento e reflexão dos íons este problema tende

a se extinguir (Cardoso, 2001). Embora esses instrumentos não sejam projetados para darem

medidas das massas exatas, eles devem separar unidades de massa adjacentes suficientemente

bem para permitir medições precisas de intensidade relativa (Wiley,1955).

Ao analisar o funcionamento de um TOF-MS, os íons acelerados por um dado

potencial V adquirem uma velocidade v como mostrado na equação 1.9. Nessa equação ne é a

carga do íon e m é a massa (Guerra, 2006a).

21

2

m

neV 1.9

Para o analisador com um tubo de voo de comprimento D, o tempo de voo t de um íon

é dado pela equação 1.10, que é a equação de um espectrômetro de massa por tempo de voo

(Guerra, 2006a).

21

2

neV

mD

Dt

1.10

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23

A diferença de tempo de voo Δt entre dois íons de massas m1 e m2 é dada na equação

1.11 (Guerra, 2006a).

neV

mmDt

2

)( 21 1.11

A resolução em massa do analisador TOF é igual a equação 1.12 (Guerra, 2006a).

t

t

m

m

2 1.12

Quando os íons são gerados existe uma largura espacial finita para um dado grupo de

íons, isto é, os íons apresentam a mesma velocidade inicial, mas podem ocupar posições

iniciais diferentes na região de fragmentação. Esta largura espacial produz um problema de

focalização espacial dos íons dentro do tubo de voo, pois cada grupo de íons de mesma relação

m/z apresentará uma dispersão no tempo de voo relativo às suas posições iniciais. Para corrigir

esse problema de focalização espacial, Wiley e McLaren (1.13) propõem uma equação que

otimiza a focalização espaço-tempo do TOF. Na equação 1.13 D é o comprimento do tubo de

voo na região III, s0 é a posição central da região de fragmentação, ou seja, região I, d é o

comprimento da região de aceleração, ou seja, região II, L é dado pela equação 1.14 e k0 é

dada pela equação 1.15, onde E1 e E2 são os campos aplicados nas regiões I e II,

respectivamente (Guerra, 2006a).

02

1

00

21 1

skk

dLD 1.13

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24

23

002 ksL 1.14

Es

dEEsk

0

210

0

1.15

A técnica de espectrometria de massas pela análise do tempo de voo ganhou

significativa relevância técnica e científica ao ser aplicada no estudo dos processos de

fragmentação iônica induzidos em gases tanto pela interação com elétrons quanto com luz

(Cardoso, 2001). A espectrometria de massas TOF acoplada a luz síncrotron permite a

medição de espectros de fotoabsorção e fotofragmentação, que serão apresentadas na próxima

sessão.

5 Técnicas utilizadas

Neste trabalho, utilizamos as técnicas de fotoabsorção e de fotofragmentação de

camada interna. Uma breve explicação dessas técnicas será apresentada a seguir.

5.1 Espectroscopia de Fotoabsorção

A espectroscopia de fotoabsorção é utilizada como uma ferramenta para investigar as

propriedades estruturais e eletrônicas dos átomos e das moléculas. Pode ser utilizada para

moléculas em fase gasosa e moléculas adsorvidas nas superfícies (Tamenori, 2008). A

espectroscopia de fotoabsorção de camada interna tem sido largamente utilizada na

caracterização de diversos materiais. Uma das principais vantagens dessa técnica é a

capacidade de examinar os estados não ocupados de valência através da excitação seletiva dos

elétrons das camadas mais profundas dos átomos ou moléculas. Isso implica que as estruturas

associadas com as excitações de diferentes tipos de orbitais do caroço, são bem separadas e

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25

que os orbitais iniciais podem ser identificados sem problemas em função de suas energias (de

Souza, 2001).

O processo de fotoabsorção pode ser representado pela equação 1.16. Nessa equação, E

é a energia do fóton e é análoga a perda de energia do elétron incidente que produz o estado

excitado M . Assim, M difere em energia do estado inicial M por uma quantidade igual a

E . Esse tipo de fenômeno é chamado ressonante, o que significa que a transição somente irá

ocorrer quando a energia do fóton h for igual a E , a energia de transição (Turci, 1996).

Dependendo da energia do fóton, o elétron excitado pode ter origem em um orbital de camada

de valência ou na camada interna da molécula (de Souza, 2001).

MMEh 1.16

A fotoabsorção fornece informações sobre a estrutura e a dinâmica dos estados

eletronicamente excitados. Os máximos de intensidades são obtidos em uma região próxima

ao potencial de ionização (PI) de um elétron em um determinado orbital. O potencial de

ionização é definido como a energia mínima necessária para ejetar um elétron em um orbital

específico de um átomo ou molécula no seu estado gasoso e isolado para o contínuo de

ionização, localizado acima do nível de vácuo (Almeida, 2010).

Os espectros de fotoabsorção relacionam a intensidade relativa das espécies químicas

pela energia e serão apresentados no capítulo de desenvolvimento.

5.2 Espectroscopia de Fotofragmentação

A investigação sobre a fragmentação de moléculas foi iniciada por Carlson e Branco

em 1966 quando estes irradiaram iodeto de hidrogênio e deutério, além do iodeto de metila,

com Raios-X proveniente de uma fonte de tungstênio. Neste experimento, a maior parte dos

buracos na camada interna foi produzida na camada L do iodo como resultado do processo

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Auger em cascata produziu-se um íon molecular altamente carregado. A criação de um íon

altamente carregado em estados eletrônicos altamente excitados pode levar a quebra de várias

ligações da molécula levando, frequentemente, a uma completa fragmentação. Esses estudos

foram posteriormente estendidas por Carlson e Krause, a moléculas que contêm apenas os

elementos da primeira série da Tabela Periódica. Como essas moléculas só apresentam dois

orbitais ocupados, o efeito Auger em cascata não pode ocorrer (Geronés, 2007).

A fotofragmentação ocorre quando uma molécula absorve energia suficiente para

atingir um estado superior ao limiar de dissociação, seguido de dissociação direta ou

transferência para outro estado antes da dissociação (Lee, 2003). Após uma vacância causada

por um fóton incidente na molécula alvo, os elétrons de valência, que formam as ligações

químicas, são ejetados via processo Auger dominante. Assim, a molécula dissocia-se em

fragmentos iônicos, e /ou neutros (YU, 2003). A fragmentação de moléculas diatômicas é o

tipo mais simples e tem sido extensivamente estudada, tanto experimentalmente e

teóricamente, porém algumas moléculas triatômicas, como H2O e OClO, são também

estudadas. Para moléculas maiores, o seu estudo é mais complexo (Lee, 2003).

A dinâmica da fotofragmentação de moléculas na valência ou na camada interna

origina, na maioria das vezes, as coincidências (Hansen, 1999). Os tipos de coincidências

estudados são PEPICO, PEPIPICO e PIY que serão, brevemente, dicutidas ao longo desse

capítulo.

5.2.1 PEPICO

PEPICO são processos que correspondem à ionização simples, aos tempos de voo

simples e as suas respectivas contagens. A partir da ionização de uma molécula M um íon M+

é produzido (1.17) e um fotoelétron ou elétrons são ejetados, produzindo detecção em

coincidência, representada pelo PEPICO (Rodrigues, 2007).

eMhM 1.17

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27

Obtém-se assim um espectro de contagens dos eventos por tempo de voo dos íons, no

decorrer do tubo de voo, definidos através da diferença entre os sinais de início e fim de cada

evento.

Esse tempo de voo é convertido em massa/carga (m/z) através de uma operação que

consiste em conhecer o tempo de voo de dois íons e suas razões m/z. Normalmente escolhe-se

um íon de baixa massa como o H+ e um de alta massa como o íon molecular e encontra-se o

valor da constante K através da equação 1.18. Nesta equação, m1 é a massa do fragmento mais

leve usado, nesse caso o H+ e o m2 é a massa do fragmento mais pesado, nesse trabalho o íon

molecular da acetona ou do DMSO. O t1 é o tempo de voo para o fragmento mais leve e o t2 é

o tempo de voo para o fragmento mais pesado.

21

12

1

2

12

mm

ttK 1.18

Através do valor conhecido dessa constante e da equação 1.19, converte-se o tempo de

voo de qualquer fragmento iônico numa razão m/z.

2

122

1

1

2

K

ttmm 1.19

O gráfico de PEPICO relaciona a intensidade relativa dos fragmentos iônicos e as

energias dos fótons. Esses espectros serão apresentados no capítulo de desenvolvimento.

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28

5.2.2 PEPIPICO

PEPIPICO é uma técnica de multicoincidência, proposta por dois grupos distintos na

Inglaterra em 1986 (Lavollée, 1992). São processos correspondentes a dupla coincidência,

onde se observa o tempo de voo do primeiro íon e do segundo íon e as suas contagens. Nesse

processo os íons se quebram em dois novos íons e existe a coincidência de um elétron com

dois íons. Nesse caso, o elétron emitido na formação do primeiro íon (íon pai) dá o sinal de

start e os dois íons formados subsequentemente, quando chegam ao detector produzem o

primeiro e o segundo sinal de stop. As contagens integradas dos espectros PEPIPICO e

PE3PICO são da ordem de 9% e 1%, respectivamente, da contagem integrada do espectro de

PEPICO, por isso, é necessário o acúmulo de espectros de multicoincidências por períodos de

tempo longos, a fim de se obter uma estatística confiável(Rodrigues, 2007).

Essa técnica fornece informação sobre o mecanismo de dissociação de íons (Santos,

2001). A dinâmica de dissociação de espécies duplamente carregadas pode ser estudada

através da análise da forma e, principalmente, da inclinação das figuras de coincidência dos

íons em coincidência dupla observada no espectro PEPIPICO. Então, a mudança nos valores

das inclinações das figuras de coincidência com o aumento da energia do fóton indica

mudanças nos canais de dissociação molecular (Rodrigues, 2007).

Segundo os modelos de análise da dinâmica de dissociação de fragmentos iônicos de

carga dupla apresentados na literatura (SIMON, 1993; SANTOS, 2002; GUERRA, 2006), os

pares iônicos detectados em coincidência, através dos espectros de PEPIPICO, podem ser

gerados a partir de um processo com dois, três ou quatro corpos. Através da análise da forma e

inclinação das projeções (manchas) observadas no espectro de PEPIPICO é possível sugerir

uma dinâmica de fragmentação conforme descrito na Tabela 1.4.

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29

Tabela 1.4: Dinâmica de fragmentação de dois, três e quatro corpos.

Número

de Corpos

Forma da

mancha

Inclinação Processo

2 Barra 45º Separação de cargas

3 Paralelograma -1 separação retardada de cargas (DCS –

“deferred charge separation”)

3 Paralelograma Equações

1.27 e 1.28

decaimento secundário (SD – “secondary

decay”)

3 Ovóide - dissociação combinada (CD – “concerted

dissociation”)

4 Paralelograma -1 separação retardada de cargas (DCS –

“deferred charge separation”)

4 Paralelograma Equações

1.36 e 1.37

decaimento secundário (SD – “secondary

decay”)

4 Ovóide - dissociação combinada (CD – “concerted

dissociation”)

4 Paralelograma Equações

1.41 e 1.42

decaimento secundário após a separação

retardada de cargas (SDDCS – “secondary

decay after a deferred charge separation”)

4 Paralelograma Equações

1.46 e 1.47

decaimento secundário em competição

(SDC – “secondary decay in competition”).

A dissociação de dois corpos apresenta um único processo que é a separação de cargas.

O processo de separação de carga pode ser considerado como um processo de dissociação do

par iônico AB2+

, como mostrado na equação 1.20.

BAAB2 1.20

Ao se desprezar a velocidade térmica antes da dissociação, a lei da conservação do

momento induz uma relação anti-simétrica entre o momento cinético de A+ e B

+ (pA = -pB).

Sob condições de focalização espacial dos íons, o tempo de voo t para qualquer íon pode ser

dado pela equação 1.21, onde, t0 é o tempo de voo para qualquer íon partindo do repouso, k é

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uma constante geométrica, que inclui o campo eletrostático de extração, e p// é a projeção do

momento cinético inicial ao longo do eixo do detector.

//

0 kptt 1.21

Se a constante da equação 1.21 for desconsiderada, e considerando a anti-simetria dos

momentos cinéticos, obtém-se a relação dos tempos de voo dos íons A+ (t1) e B

+ (t2) dados

pela equação 1.22.

12 tt 1.22

Assim, o sinal PEPIPICO (A+, B

+), projetado em duas dimensões, e representado

graficamente pelo tempo t2 em função de t1, resultará em uma mancha em forma de barra,

orientada a 45º. O comprimento desta barra reflete a energia cinética liberada na dissociação.

Mudando a apresentação gráfica para t2-t1 vs t2+t1, a barra ficará orientada horizontalmente.

A dissociação em três corpos apresenta três diferentes mecanismos de separação

dependendo da quebra das ligações químicas. Esses diferentes mecanismos são: separação

retardada de cargas (DCS – “deferred charge separation”), decaimento secundário (SD –

“secondary decay”) e dissociação combinada (CD – “concerted dissociation”).

A separação retardada de cargas (DCS) é um processo onde uma partícula neutra é

ejetada numa primeira etapa e em seguida ocorre um processo de separação de cargas como

apresentadas nas equações 1.23 e 1.24, respectivamente.

22 BCAABC 1.23

CBBC 2 1.24

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31

Como na equação 1.24 um mecanismo de separação de cargas correspondente a uma

explosão Coulômbica, pode-se afirmar que pA+ = 0 e que pB+ = - pC+. Assim, a projeção do

sinal PEPIPICO em t2 vs t1 também será uma mancha em forma de barra, com inclinação de

45º.

O decaimento secundário (SD) é um processo onde ocorre a separação de cargas na

primeira etapa, seguido da ejeção de uma partícula neutra, a partir de um dos fragmentos

iônicos como apresentado nas equações 1.25 e 1.26.

BCAABC 2 1.25

CBBC 1.26

A análise deste processo é similar à separação retardada de cargas (DCS). Logo, na

projeção gráfica t2 vs t1, a figura esperada para um processo de dissociação SD é um

paralelogramo, com um dos lados vertical ou horizontal, dependendo de qual partícula é a

mais pesada (A+ ou C

+). O outro lado do paralelogramo terá uma inclinação igual à razão

entre as massas de A e C+

dada pela equação 1.27 ou 1.28 dependendo também de qual das

partículas é a mais pesada, A+ ou C

+, respectivamente.

)( CA

c

mm

m

1.27

C

CA

m

mm )( 1.28

Na dissociação combinada (CD) observa-se a quebra simultânea de todas as ligações

químicas, gerando a variação da distribuição do momento cinético entre as três partículas,

conforme observado na equação 1.29.

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CBAABC 2 1.29

Neste caso, quanto à projeção gráfica t2 vs t1, a figura esperada para um processo de

dissociação CD é uma mancha ovóide.

A dissociação em quatro corpos apresenta os mesmos processos do mecanismo de três

corpos, a separação retardada de cargas (DCS), o decaimento secundário (SD) e a dissociação

combinada (CD), porém nesse tipo de dissociação mais dois mecanismos podem ser

identificados, o decaimento secundário após a separação retardada de cargas (SDDCS –

“secondary decay after a deferred charge separation”) e o decaimento secundário em

competição (SDC – “secondary decay in competition”).

A separação retardada de cargas (DCS) é um processo onde uma partícula neutra pode

ser ejetada na primeira etapa, uma segunda partícula neutra pode ser ejetada na etapa seguinte

e depois pode ocorrer o processo de separação de cargas conforme observado nas equações

1.30, 1.31 e 1.32, respectivamente. Contudo, é possível que as duas partículas neutras AD

sejam ejetadas simultaneamente logo na primeira etapa, seguido do processo de CS. Como

esses dois processos são indistinguíveis, a figura esperada na projeção gráfica t2 vs t1 para um

processo de dissociação DCS é um paralelogramo com inclinação igual a -1.

DABCABCD 22 1.30

ABCABC 22 1.31

CBBC 2 1.32

O decaimento secundário para quatro corpos ocorre da mesma forma que o

decaimento secundário para três corpos. Nesse processo, ocorre primeiro a separação de

cargas seguido da ejeção de duas partículas neutras, a partir dos fragmentos iônicos gerados

nas etapas anteriores, conforme observado nas equações 1.33, 1.34 e 1.35.

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ACDBABCD 2 1.33

ACDACD 1.34

CAAC 1.35

Dessa forma, a figura esperada da projeção gráfica t2 vs t1 para um processo de

dissociação secundária (SD) para quatro corpos é um paralelogramo, com um dos lados

vertical ou horizontal e o outro lado com uma inclinação igual a razão entre as massas de A e

C+ dada pelas equações 1.36 e 1.37 quando B

+ ou C

+ for a partícula mais pesada,

respectivamente.

)( DBA

c

mmm

m

1.36

C

DCA

m

mmm )( 1.37

O Decaimento Secundário após a Separação Retardada de Cargas é um processo onde

observa-se a ejeção de uma partícula neutra D conforme observado na equação 1.38 e a

formação de um fragmento iônico de três corpos, cuja dissociação segue um processo de

decaimento secundário como observado nas equações 1.39 e 1.40, respectivamente.

DABCABCD 22 1.38

CABABC 2 1.39

BAAB 1.40

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Dessa maneira, a figura esperada na projeção gráfica t2 vs t1 para um processo de

dissociação SDDCS é um paralelogramo, com um dos lados vertical ou horizontal e o outro

lado com uma inclinação igual a razão entre as massas de A e C+, como observado nas

equações 1.41 e 1.42, quando B+ ou C

+ for a partícula mais pesada, respectivamente.

)( BA

B

mm

m

1.41

B

BA

m

mm )( 1.42

A diferença entre este processo e os dois anteriores é que para o SDDCS pode-se

afirmar que a dissociação ocorre em três diferentes etapas, o que não é possível nos processos

DCS e SD.

O Decaimento Secundário em Competição (SDC) é um processo onde observa-se uma

separação de cargas seguida de dois decaimentos secundários em competição conforme

observado nas equações nas equações 1.43, 1.44 e 1.45, respectivamente.

CDABABCD 2 1.43

BAAB 1.44

DCCD 1.45

Desprezando-se a energia cinética liberada pelos dois fragmentos neutros, a figura

esperada para um processo de dissociação SDC é um paralelogramo, com um dos lados

vertical ou horizontal e o outro lado com uma inclinação igual a razão entre as massas de A e

C+, como observado nas equações 1.46 e 1.47, respectivamente, quando B

+ ou C

+ for a

partícula mais pesada. Neste caso, tem-se a certeza de que as partículas neutras A e D não

estão ligadas quimicamente.

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)(

)(

DC

C

BA

B

mm

m

mm

m

1.46

)(

)(

BA

A

DC

C

mm

m

mm

m

1.47

A Dissociação Combinada (CD) é um processo onde ocorre a produção de duas

partículas carregadas e duas partículas neutras. Este processo é improvável, mas a quebra das

ligações químicas pode ocorrer tão rapidamente, que se torna impossível identificar

experimentalmente as diferentes etapas da dissociação, como observado na equação 1.48.

DCBAABCD 2 1.48

Provavelmente, na projeção gráfica t2 vs t1, a figura esperada para este processo de

dissociação também seja uma mancha ovóide, tal como na dissociação combinada para três

corpos.

O espectro de PEPIPICO é apresentado sob a forma de um gráfico, onde o eixo x é o

tempo de voo do primeiro íon, o eixo y é o tempo de voo do segundo íon e o eixo z é o número

de vezes que o par primeiro íon- segundo íon ocorreu. Esses espectros serão apresentados no

capítulo de desenvolvimento.

5.2.3 PIY

A Produção Parcial de Íons corresponde a porcentagem da contribuição relativa de

cada fragmento em um espectro de massas. O PIY é um gráfico que relaciona a produção

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36

parcial de íons em porcentagem com as energias e serão apresentados no capítulo de

desenvolvimento.

6 Espécies químicas estudadas

As espécies químicas estudadas nesse trabalho foram a acetona e o DMSO. Suas

principais características e utilidades serão descritas a seguir. Escolheu-se essas espécies

químicas por serem moléculas comuns, de fácil acesso e devido ao fato delas apresentarem

estruturas que permitem a comparação de várias de suas propriedades físicas e químicas.

6.1 Acetona

Acetona (C3H6O), cujo nome IUPAC é propanona, é umas das moléculas mais

importantes na química orgânica (Almeida, 2014). É o membro mais simples da família da

cetona e um dos compostos orgânicos voláteis mais abundantes da troposfera (Harrison,

2011), além de ser usada em muitos processos como solvente (Almeida, 2014). A Figura 1.16

apresenta a estrutura da acetona, onde o átomo de oxigênio está representado em vermelho, os

átomos de carbonos em preto e os átomos de hidrogênios em cinza.

Figura 1.16: Estrutura da acetona (Leite, 2012)

Além de ser um contaminante transportado por via aérea (Henderson, 2004), a acetona

é um reagente orgânico comum, e pode ser um intermediário ou um produto em muitos

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37

processos catalíticos (Henderson, 2004). A Tabela 1.5 apresenta algumas propriedades da

acetona.

Tabela 1.5: Propriedades da acetona.

Propriedades Valores

Peso molecular 58 g/mol

Fórmula molecular C3H6O

Temperatura de ebulição 56,1 °C

Temperatura de fusão -94,6 °C

Pressão de vapor 266,6 mbar (22,7 °C)

Grupo de ponto C2V

Estudos recentes sugeriram que a absorção da acetona pelo oceano é grande, podendo

ser este o maior depósito natural. Entretanto, outros estudos sugerem que a acetona é emitida a

partir do oceano, especialmente por bactérias marinhas aeróbicas. (Harrison, 2011).

A acetona foi a primeira molécula de 10 átomos encontrada no meio interestelar (ISM),

detectada pela primeira vez por Combes et al (Almeida, 2014). No meio interestelar está

associada com ambientes de formação de estrelas, além de ser um precursor de espécies pré-

bióticas (Almeida, 2014).

A acetona influencia indiretamente a produção de ozônio e tem grande importância na

capacidade de oxidação da atmosfera. A contribuição mais significativa da acetona à carga

atmosférica é a oxidação de precursores orgânicos, também emitidos por fontes biogênicas,

incluindo alcanos, alcenos e terpenos (Harrison, 2011).

A primeira observação de fotofragmentação para a acetona em fase gasosa foi proposta

em 1983 por Eberhardt et al, onde a excitação foi observada seletivamente do C 1s (C=O) para

o π٭(C=O). Eberhardt et al. também previram o uso de Raios-X como ferramenta para quebrar

grandes moléculas orgânicas em sítios específicos como C, N ou S (Tanaka, 2001).

A espectroscopia da acetona na borda K é bastante conhecida e vários estudos podem

ser encontrados na literatura (Rossi, 1992; Liao, 1999; Angeli, 2005).

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38

6.2 Dimetilsulfóxido (DMSO)

O DMSO é um análogo de enxofre da molécula de acetona, (Thorson, 1999). É um

solvente dipolar e aprótico (Zheng Y, 1996a), comum e versátil, além de ser muito utilizado

em laboratórios e indústria. Tem sido amplamente utilizado como uma alternativa para

solventes aquosos, devido à elevada solubilidade de peptídeos e proteínas (Zheng Y, 1996b),

por facilmente desnaturar as proteínas (Zheng Y, 1996a), e por muitos agentes que não são

solúveis em água serem solúveis em DMSO (Drage, 2007). A Figura 1.17 apresenta a

estrutura do DMSO, onde o átomo de oxigênio está representado em vermelho, o átomo de

enxofre em amarelo, os átomos de carbono em preto e os átomos de hidrogênio em cinza.

Figura 1.17: Estrutura do Dimetilsulfóxido (Leite, 2012)

O DMSO é resistente à hidrólise e a decomposição térmica, podendo ser usada em

reações com alta acidez e em reações com temperaturas inferiores ao seu ponto de ebulição.

Constatou-se que pode aumentar o crescimento de plantas em 15-20%, quando usada como

solvente para diversos herbicidas, fungicidas e hormônios de plantas (Drage, 2007).

As taxas de reações com ânions são seletivas em DMSO devido à solvatação de cátions

e, por isso, essas reações podem ocorrer com uma velocidade de até um milhão de vezes maior

do que em outros solventes. Algumas reações como alquilação, ciclização, condensação e

eterificação podem ser mais seletivas e podem dar maiores rendimentos em DMSO (Sze,

1988).

A Tabela 1.6 apresenta algumas propriedades do DMSO.

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39

Tabela 1.6: Propriedades do DMSO.

Propriedades Valores

Peso molecular 78 g/mol

Fórmula molecular C2H6SO

Temperatura de ebulição 189 °C

Temperatura de fusão 18,5 °C

Pressão de vapor 0,8 mbar (20 °C)

Grupo de ponto Cs

A espectroscopia do DMSO na borda K é bastante conhecida e vários estudos podem

ser encontrados na literatura (Zheng Y, 1996a; Zheng Y, 1996a; Cubbage, 2001).

7 Objetivos

Esse trabalho tem como objetivo geral estudar e comparar a dinâmica de

fotofragmentação das moléculas de acetona e DMSO. Como objetivos específicos citam-se:

estudar os estados excitados das moléculas de acetona e DMSO nas regiões do C 1s e O

1s, através dos espectros de fotoabsorção;

estudar os estados excitados da molécula de DMSO nas regiões do S 2s, e do S 2p, através

dos espectros de fotoabsorção;

estudar a dinâmica de fotofragmentação das moléculas de acetona e DMSO a partir de

estados excitados de valência e camada interna, utilizando as técnicas de coincidências

(PEPICO e PEPIPICO), a espectroscopia TOF e a luz síncrotron;

verificar como os grupamentos C=O e S=O influenciam na dinâmica de fragmentação das

moléculas de acetona e DMSO, respectivamente.

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40

DESENVOLVIMENTO

1 Parte Experimental

Os espectros de massas, de fotofragmentação e de fotoabsorção do DMSO e da

acetona apresentados nesse trabalho foram adquiridos nas linhas de luz TGM (Toroidal

Grating Monochromator) e SGM (Spherical Grating Monochromator), localizadas no

Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas-SP.

Em ambas as linhas, a pressão de base da câmara foi mantida em 1 x10-8

mbar. O

sistema de injeção de amostra foi ligado à câmara experimental por meio de uma válvula de

vazamento (“leak valve”). Uma agulha de aço inoxidável foi usada para injetar a amostra na

região de fragmentação do espectrômetro de massas em uma direção perpendicular a entrada

do TOF e ao feixe de luz síncrotron monocromatizada (Figura 2.1). A pressão da amostra foi

mantida em 6 x 10-6

mbar durante a aquisição de dados.

Figura 2.1: Esquema de injeção da amostra

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41

Os dados de fotofragmentação apresentados nesse trabalho foram adquiridos através

do programa IGOR-PRO. Após a aquisição, esses dados foram tratados através de programas

específicos, tais como, IGOR-PRO, SIGMA PLOT e Excel.

Os dados de fotoabsorção foram adquiridos através do programa 3-WinDCM, que é o

software padrão utilizado nas linhas de luz do LNLS. Para os dados de fotoabsorção além do

programa SIGMA PLOT, também foram utilizados os programas não comerciais

desenvolvidos por pesquisadores da McMaster University (Hamilton-Ontario-Canada), o

BAN e o BGAUS. Os programas utilizados estão descritos no anexo A dessa dissertação.

Os espectros de fotoabsorção foram tratados através das seguintes etapas correção de

background (correção de fundo), média dos espectros originais, calibração em energia,

estimativa do potencial de ionização, desconvolução das bandas e normalização pela força do

oscilador atômico, utilizando especificamente os programas BAN e BGAUSS.

Para o estudo da dinâmica de fotofragmentação das moléculas de acetona e DMSO

foram adquiridos os espectros de multicoincidência iônica, através das técnicas de PEPICO

(Photon-Electron-Photon-Ion-Coincidence) e PEPIPICO (Photon-Electron-Photon-Ion-

Photon-Ion-Coincidence), bem como os espectros da produção parcial de íons (PIY- partial

íon yield).

2 Resultados

A seguir serão apresentados os resultados obtidos nesse trabalho para o estudo da

dinâmica de fotofragmentação das moléculas de DMSO e acetona. Inicialmente, serão

apresentados os espectros de fotoabsorção, seguidos dos espectros de multicoincidência

iônica.

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42

2.1 Espectro de fotoabsorção

Todos os espectros de fotoabsorção apresentados a seguir tiveram seu sinal de fundo

(background) corrigido e foram calibrados em energia utilizando os dados da literatura. A

desconvolução dos espectros e o ajuste da melhor curva foram realizados utilizando-se curvas

do tipo Gaussianas, Lorentz e arco tangente.

2.1.1 Acetona

A amostra de acetona utilizada nesse trabalho foi adquirida da Sigma-Aldrich, com

pureza de 99% e utilizada sem qualquer outra purificação. As impurezas do ar e voláteis

dissolvidos foram removidos do sistema através de uma série de ciclos de bombeamento,

congelamento e descongelamento.

A Figura 2.2 apresenta o espectro de produção total de íons TIY (“Total Ion Yield”)

da acetona, na região do C 1s.

Figura 2.2: Espectro de TIY para a acetona na borda do C 1s (Leite, 2012)

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43

A análise do espectro na borda C 1s, revela duas bandas intensas nas energias de

286,44 eV e 287,95 eV, referentes aos picos 1 e 2 da Figura 2.2, cujas transições foram

atribuídas para π٭C-O e 3s (CH3), respectivamente, conforme observado na Tabela 2.1. Além

disso, outras bandas localizadas entre 289,0 e 294,0 eV também estão indicadas na figura 2.2

e suas respectivas atribuições são apresentadas na Tabela 2.1. Devido ao fato de existirem

dois ambientes químicos para os átomos de carbono (CH3 e CO), observa-se no espectro do

C1s da acetona a presença de dois potenciais de ionização, ajustadas por funções do tipo erro.

A Tabela 2.1 apresenta as energias e as respectivas atribuições para a molécula da

acetona na região do C 1s nesse trabalho e em trabalhos da literatura.

Tabela 2.1: Energias e as respectivas atribuições para a molécula da acetona na borda do C 1s (Leite, 2012)

C 1s

# este trabalho Literatura a

Literatura b Atribuições

1 286,44 286,44 286,80 π٭C=O

2 287,95 287,44 288,37 3s (CH3)

3 288,32 288,21 289,00 3p (CH3)

4 289,21 289,66 289,98 4p (CH3)

5 290,21 290,05 290,53 5s (CH3)

PI C1s (CH3) # 290,90 291,08

6 291,50 291,53 291,90 -

7 292,40 292,45 292,60 4p (CO)

PI C1s (C=O) # 293,50 293,71

a ( Prince , 2003).

b ( Hitchcock , 1980).

A Figura 2.3 apresenta o espectro de produção total de íons TIY (“Total Ion Yield”)

da acetona na região do O 1s.

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Figura 2.3: Espectro de TIY para a acetona na borda do O 1s (Leite, 2012)

A análise do espectro na borda do O 1s da acetona, revela uma banda intensa na

energia de 531,38 eV, referente ao pico 1 da Figura 2.3, cuja transição eletrônica foi atribuída

como π٭, conforme apresentado na Tabela 2.2. Várias outras bandas entre 534,0 e 541,0 eV

também são observadas nesse espectro e suas respectivas atribuições são apresentadas na

Tabela 2.2. Como essa molécula apresenta um único ambiente químico para o átomo de

oxigênio, observa-se somente um potencial de ionização, ajustado com uma função do tipo

erro.

A Tabela 2.2 apresenta as energias e as respectivas atribuições para a molécula da

acetona do O 1s nesse trabalho e em trabalhos da literatura.

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Tabela 2.2: Energias e as respectivas atribuições para a molécula da acetona na borda do O 1s (Leite, 2012)

O 1s

# este trabalho Literatura a Literatura

b Atribuições

1 531,38 531,38 531,30 π٭

2 535,63 535,60 535,70 3p

3 537,04 536,94 537,60 4p

4 - 537,60 - Estado Rydberg

PI O1s # 537,90 537,91 Dupla excitação

5 542,07 543,1 ± 0,4 542,80

a ( Prince , 2003).

b ( Hitchcock , 1980).

2.1.2 DMSO

O DMSO foi adquirido da Sigma-Aldrich, com pureza de 99% e utilizado sem

qualquer outra purificação. As impurezas do ar e voláteis foram removidas do sistema através

de uma série de ciclos de bombeamento, congelamento e descongelamento.

A Figura 2.4 apresenta o espectro de produção total de íons TIY do DMSO na região

do C1s.

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Figura 2.4: Espectro de TIY para o DMSO na borda do C 1s (Leite, 2012).

A análise do espectro na borda do C 1s, revela duas bandas intensas nas energias de

287,56 eV e 288,47 eV, referentes aos picos 1 e 2 da Figura 2.4, cujas transições foram

atribuídas como (σ٭C-S + π٭S=O) e (σ٭S=O + σ٭C-H), respectivamente, conforme observado na

Tabela 2.3. Além disso, outras bandas localizadas entre 289,0 e 300,0 eV também estão

indicadas na Figura 2.4 e suas respectivas atribuições são apresentadas na Tabela 2.3. Devido

ao fato de existir somente um ambiente químico para o átomo de carbono observa-se no

espectro do C 1s do DMSO a presença de um potencial de ionização, ajustado com uma

função do tipo erro. Uma outra possível estrutura que aparece em 286,67 eV, marcada com

(*) na Figura 2.4, pode ser explicada através da decomposição térmica e sa fotólise do DMSO

que produzem espécies identificadas como CH4, C2H4 e SO2. Como os espectros do C 1s dos

hidrocarbonetos apresentam algumas estruturas bem definidas na região entre 286 e 288 eV, é

provável que o ombro em 286,67 apareça como uma combinação dessas estruturas (Leite,

2012).

A Tabela 2.3 apresenta as energias e as respectivas atribuições para a molécula do

DMSO na região do C 1s nesse trabalho e em trabalhos da literatura.

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Tabela 2.3: Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO na borda do C 1s (Leite, 2012)

C 1s

# este trabalho Literatura c Atribuições

- - 286,67 ٭

1 287,56 287,43 (σ٭ C-S + π٭S=O)

2 288,47 288,47 (σ٭ S=O + σ٭ C-H)

3 289,06 289,01 4p

4 289,87 289,87 5p

PI C1s # 291,29

5 301,00 297,70 S 3d ressonante

6 313,00 # -

c (Sze, 1988)

A Figura 2.5 apresenta o espectro de produção total de íons TIY do DMSO na região

do O 1s.

Figura 2.5: Espectro de TIY para o DMSO na borda do O 1s

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A análise do espectro na borda do O 1s para o DMSO, revela uma banda intensa na

energia de 532,66eV, referente ao pico 1 da Figura 2.5 referente a (σ٭ C-S + π٭S=O); σ٭ S=O,

conforme pode ser observado na Tabela 2.4. Várias outras bandas entre 533,0 e 539,0 eV

também são observadas nesse espectro e as suas respectivas atribuições são apresentadas na

Tabela 2.4. Como essa molécula apresenta um único ambiente químico para o átomo de

oxigênio, observa-se somente um potencial de ionização, ajustado como uma função do tipo

erro.

Além disso, podemos observar nesse espectro a presença de uma estrutura pouco

definida em 531,04 eV, não observada nos espectros de perda de energia de camada interna

(ISEELS). Essa estrutura pode ser associada a uma contaminação do SO2 na amostra analisada

de DMSO, uma vez que a mesma já foi relatada na literatura por Sze et al, no espectro da

borda S1s, na energia de 2472,8 eV. Além disso, espectros da literatura do SO2 mostram uma

estrutura em 530,56 eV, o que reforça a sugestão desse ombro ser uma contaminação da

amostra de DMSO por SO2 (Leite, 2012).

A Tabela 2.4 apresenta as energias e as respectivas atribuições para a molécula do

DMSO na região do O 1s nesse trabalho e em trabalhos da literatura.

Tabela 2.4: Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO na borda do O 1s (Leite, 2012)

O 1s

# este trabalho Literatura ٭3 Atribuições

- 531,04 ٭

1 532,66 532,66 (σ٭ C-S + π٭S=O); σ٭ S=O

2 533,21 533,11 4s

3 533,89 533,91 (σ٭ S=O + σ٭C-H)

4 534,99 535,06 5s, 4d

PI O1s # 536,67

5 538,21 536,80 S 3d ressonante

6 541,25 540,70 S 3d ressonante

7 553,68 556,10 S 3d ressonante c (Sze, 1988)

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A Figura 2.6 apresenta o espectro de produção total de íons TIY do DMSO na região

do S 2p.

Figura 2.6: Espectro de TIY para o DMSO na borda do S 2p

A análise do espectro de TIY na borda do S 2p do DMSO na Figura 2.6, revela três

bandas intensas nas energias de 167,18 eV, 168,41 eV e 169,66 eV, referentes aos picos 1, 2 e

3, respectivamente, da Figura 2.6, cujas transições eletrônicas foram atribuídas como (σ٭C-S +

π٭S=O), [(σ٭C-S + π٭S=O); 4s] e 4p/4s respectivamente, conforme observado na Tabela 2.5.

Várias outras bandas entre 172,0 e 179,0 eV também são observadas nesse espectro e suas

respectivas atribuições são apresentadas na Tabela 2.5.

A Tabela 2.5 apresenta as energias e as respectivas atribuições para a molécula do

DMSO, nas bordas do S 2s e S 2p, nesse trabalho e em trabalhos da literatura.

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Tabela 2.5: Energias e as respectivas atribuições para a molécula do DMSO na borda do S 2s e S 2p (Leite,

2012).

S 2s e S 2p

# este trabalho Literatura c Atribuições

1 167,18 167,18 (σ٭ C-S + π٭S=O)

2 168,41 168,44 (σ٭ C-S + π٭S=O), 4s

3 169,66 169,62 4p/4s

PI S2p3/2 # 171,91

4 172,75 172,63 7s, 6d

PI S2p1/2 # 173,21

5 178.03 178,30 S 3d ressonante

6 188,75 189,40 S 3d ressonante

7 231,65 231,33 (σ٭ C-S + π٭S=O) , σ٭S=O

PI S2s # 236,20

c (Sze, 1988)

Embora essa molécula apresente um único ambiente químico para o átomo de enxofre,

observam-se dois potenciais de ionização devido a multipilicidade de spin nos orbitais p (2p1/2

e 2p3/2).

A Figura 2.7 apresenta o espectro de produção total de íons TIY do DMSO na região

do S 2s.

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Figura 2.7: Espectro de TIY para o DMSO na borda do S 2s.

Ao analisar a região do S 2s do DMSO na Figura 2.8, observa-se uma banda intensa na

energia de 232,0 eV, referente ao pico 7 da Figura 2.7 e cuja transição eletrônica foi atribuída

para (σ٭ C-S + π٭S=O) , σ٭S=O, conforme observado na Tabela 2.5. Como essa molécula

apresenta um único ambiente químico para o átomo de enxofre, observa-se um potencial de

ionização.

2.2 Espectros de Fotofragmentação

A seguir serão apresentados os dados de fotofragmentação adquiridos nesse trabalho

para as moléculas de acetona e de DMSO.

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2.2.1 Acetona

A molécula de acetona foi analisada, neste trabalho, nas bordas do C 1s e O 1s, onde

foram adquiridos espectros de PEPICO (Photon-Electron-Photon-Ion-Coincidence). Os

resultados observados serão apresentados e discutidos a seguir.

a. Espectros de PEPICO nas regiões do C 1s e O 1s

Na Figura 2.8 apresentamos os espectros de PEPICO da acetona nas energias

280,0 eV, 286,0 eV, 288,0 eV, 305,0 eV, 530,0 eV, 534,0 eV e 550,0 eV. Podemos observar

que os íons formados são os mesmos, independentemente das energias analisadas e que o H+ é

o pico de maior intensidade em todos os espectros. Nota-se a presença do íon H2+ com m/z

igual a 2, que é derivado de rearranjo. Outros picos também podem ser observados e estão

distribuídos entre os grupos HXC+, HXC2

+ e HXC3

+.

Figura 2.8: Espectros de massas da acetona nas energias de 280,0 eV, 286,0 eV, 288,0 eV, 305,0 eV, 530,0 eV,

534,0 eV e 550,0 eV.

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53

A Figura 2.9 apresenta um esquema com os fragmentos que podem ser observados no

processo de fotofragmentação da molécula de acetona, desconsiderando-se possíveis

rearranjos. Este esquema é proposto a partir das conectividades entre os átomos e grupos de

átomos da molécula de acetona e não sugere canais específicos de fragmentação.

Figura 2.9: Esquema de possíveis fragmentos da acetona

Todos os sinais observados no espectro de PEPICO da molécula de acetona e as

repectivas sugestões de atribuição para cada fragmento são observados na Tabela 2.6. Além

disso, nessa tabela também são observados todos os fragmentos propostos para a acetona no

esquema da Figura 2.9.

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Tabela 2.6: Relação massa/carga dos sinais observados no espectro de PEPICO e os possíveis fragmentos para a

acetona

m/z Fragmentos sugeridos

1 H+

2 H2+

12 C+

13 HC+

14 H2C+

15 H3C+

16 O+

24 C2+

25 HC2+

26 H2C2+

27 H3C2+

28 CO+

29 HCO+/ C2H5

+

36 C3+

37 HC3+

38 H2C3+

39 H3C3+

40 C2O+

/ H4C3+

41 HC2O+

/ H5C3+

42 H2C2O+

/ H6C3+

43 H3C2O+

58 H6C3O+

A figura 2.10 apresenta os espectros de massa da acetona nas energias 280,0 eV, 286,4

eV, 287,9 eV, 305,0 eV, 531,4 eV, 535,6 eV e 550,0 eV e suas respectivas atribuições. Essas

energias foram selecionadas a partir das estruturas observadas nos espectros de fotoabsorção

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55

nas regiões do C 1s e O1s (veja Figuras 2.2 e 2.3). Nesta figura é possível comparar as

intensidades relativas entre os diferentes íons produzidos em cada energia.

Figura 2.10: Espectros de massas da acetona nas energias de 280,0eV, 286,4eV, 287,9eV, 305,0eV, 531,4eV,

535,6eV e 550,0eV e suas respectivas atribuições

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56

Podemos observar na Figura 2.10 que o íon molecular (H6C3O+, m/z 58) está presente

em todas as energias analisadas. Observamos também que as intensidades desse íon

diminuem com o aumento da energia de ionização/excitação, nas energias de 280,0eV,

286,4eV, 287,9eV e 305,0eV. Nas energias 531,4eV, 535,6eV e 550,0eV a intensidade desse

íon se torna, praticamente, constante, conforme observado na Tabela 2.7. Nessa Tabela estão

apresentados os valores das áreas do fragmento H6C3O+ e a sua normalização, utilizando o

tempo de aquisição e a corrente do anel para cada energia. As áreas de cada fragmento foram

obtidas através dos espectros de PEPICO, utilizando-se uma função gaussiana.

Tabela 2.7: Valores das áreas do fragmento H6C3O+ e a sua normalização pelo tempo de aquisição e pela

corrente do anel

E (eV) Área do H6C3O+ Normalização

280,0 39,86 0,0042

286,4 14,77 0,0021

287,9 7,18 0,0032

305,0 3,42 0,0005

531,4 5,98 0,0014

535,6 9,54 0,0011

550,0 8,42 0,0013

Essas observações para o íon molecular são corroboradas através do gráfico da área

normalizada pela energia do fóton na Figura 2.11. Além disso, observa-se, também, que

embora a intensidade do íon molecular seja praticamente constante nas energias de 531,4 eV,

535,6 eV e 550,0 eV, ela é menor que nas outras energias analisadas.

A Figura 2.11 apresenta um gráfico da área normalizada através do tempo de aquisição

e da corrente do anel do fragmento H6C3O+ pela energia do fóton da molécula de acetona.

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57

Figura 2.11: Gráfico da área normalizada do fragmento H6C3O+ pela energia do fóton.

Analisando a Figura 2.10, observa-se que os íons H3C2O+ e H3C

+ estão presentes em

todas as energias apresentadas, o que pode indicar que um caminho possível de dissociação

para esta molécula seja a quebra de uma das ligações C-C, conforme apresentado na reação 1.

Esta fragmentação segue a conectividade da molécula conforme indicado na Figura 2.9.

33

2

33 CHCOCHCHCOCH reação 1

Podemos observar que a relação entre as áreas dos fragmentos H3C2O+/H3C

+, em

menores energias (280,0 eV e 286,4 eV), é maior que 1, ou seja, a produção do fragmento

H3C2O+ é maior do que do fragmento H3C

+. À medida que as energias de excitação

aumentam, a relação entre a produção dos fragmentos H3C2O+ e H3C

+ diminui, conforme

observado na Tabela 2.8. Esta tabela apresenta os valores das áreas dos fragmentos H3C+ e

H3C2O+ e a razão H3C2O

+/H3C

+ em função da energia do fóton.

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58

Tabela 2.8: Valores das áreas dos fragmentos H3C+, H3C2O

+ e da relação H3C2O

+ /

H3C

+ em função da energia

do fóton

E (eV) H3C+

H3C2O+ H3C2O

+ /

H3C

+

280,0 63,49 95,73 1,50

286,4 55,50 79,87 1,44

287,9 50,72 42,92 0,85

305,0 51,19 23,71 0,46

531,4 51,20 40,18 0,78

535,6 59,90 39,84 0,66

550,0 71,30 40,92 0,57

Além disso, podemos observar através da Figura 2.12 que a relação entre os

fragmentos H3C2O+/ H3C

+ apresenta uma queda, tanto na borda do carbono (energias de

280,0 eV a 305,0 eV), como na borda do oxigênio (energias 531,4 eV, 535,6 eV e 550,0 eV).

Essa diminuição da relação desses íons sugere uma maior fragmentação da molécula. A

Figura 2.12 apresenta o gráfico dos valores de H3C2O+/H3C

+ descritos na Tabela 2.8.

Figura 2.12: Gráfico da relação H3C2O+/ H3C

+ pela energia do fóton para a acetona

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59

A Tabela 2.9 apresenta a produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+, H3C

+, H2C2

+

e H3C2+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO em energias selecionadas nas

regiões do C 1s e O 1s. Essas áreas foram obtidas utilizando-se funções gaussianas.

Tabela 2.9: Valores das áreas dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+, H3C

+, H2C2

+ e H3C2

+ obtidos a partir das áreas dos

espectros de PEPICO em energias selecionadas nas regiões do C 1s e O 1s

E (eV) C+ HC

+ H2C

+ H3C

+ H2C2

+ H3C2

+

280,0 17,39 21,51 44,33 63,49 27,07 25,76

286,4 16,03 19,95 40,84 55,5 35,57 32,70

287,9 15,39 22,29 41,20 50,72 43,25 27,05

305,0 12,35 19,12 37,54 51,19 23,45 17,08

531,4 151,34 232,24 503,36 605,88 24,03 49,42

535,6 29,64 32,86 68,68 59,90 30,87 19,66

550,0 26,71 29,22 62,73 71,30 27,91 19,54

A Figura 2.13 apresenta um gráfico da produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+

e H3C+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO da acetona em 280,0 eV, 286,4 eV,

287,9 eV e 305,0 eV. Esses dados indicam como tendência a diminuição na produção de cada

fragmento em questão na região do C 1s. Essas tendências podem ser observadas através das

intensidades relativas dos picos de cada fragmento nos espectros de PEPICO (veja Figura

2.11) e nos dados apresentados na Tabela 2.9. Os dados apresentados na Figura 2.13 e na

Tabela 2.9 indicam também que o fragmento iônico de maior produção é o H3C+, seguindo a

ordem decrescente de produção H3C+ > H2C

+ > HC

+ > C

+. Esse padrão também pode ser

observado na Figura 2.10.

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60

Figura 2.13: Produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+ e H3C

+ obtidos a partir das áreas dos espectros de

PEPICO na região do C 1s

A Figura 2.14 apresenta um gráfico da produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+

e H3C+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO da acetona em 531,4 eV, 535,6 eV

e 550,0 eV. Esses dados indicam como tendência a diminuição acentuada na produção dos

fragmentos em questão entre 531,4 eV e 535,6 eV. Contudo, em 535,6 e 550,0 eV as

produções iônicas tornam-se constantes. Na Figura 2.14 também observa-se que as produções

iônicas dos fragmentos H2C+ e H3C

+ se mantém próximas nas energias de 535,6 e 550,0 eV.

O mesmo comportamento é observado para os fragmentos C+ e HC

+. Essas observações

podem ser corroboradas através das intensidades relativas dos picos de cada fragmento nos

espectros de PEPICO (veja Figura 2.10) e nos dados apresentados na Tabela 2.9.

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61

Figura 2.14: Produção iônica dos fragmentos C+, HC

+, H2C

+ e H3C

+ obtidos a partir das áreas dos espectros de

PEPICO na região do O 1s

As Figuras 2.15 e 2.16 apresentam os gráfico da produção iônica dos fragmentos

H2C2+ e H3C2

+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO da acetona em 280,0 eV,

286,4 eV, 287,9 eV, 305,0 eV e 531,4 eV, 535,6 eV, 550,0 eV, respectivamente. Na Figura

2.15 observa-se que as produções dos fragmentos H2C2+ e H3C2

+ estão próximas nas energias

de 280,0 eV e 286,4 eV, tendendo para uma redução nas produção do fragmento H3C2+ em

relação ao H2C2+ em 287,9 eV. Em 305,0 eV as produções desses dois fragmentos voltam a

estar próximas novamente. Contudo, a Figura 2.16 indica que a produção do fragmento H3C2+

é maior do que o H2C2+ em 531,4 eV, voltando esse último fragmento a apresentar uma maior

produção iônica em 535,6 eV e 550,0 eV. Essas observações podem ser corroboradas através

das intensidades relativas dos picos de cada fragmento nos espectros de PEPICO (veja Figura

2.10) e nos dados apresentados na Tabela 2.9.

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62

Figura 2.15: Produção iônica dos fragmentos H2C2+ e H3C2

+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO

na região do C 1s

Figura 2.16: Produção iônica dos fragmentos H2C2+ e H3C2

+ obtidos a partir das áreas dos espectros de PEPICO

na região do O 1s

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63

A apresentação e discussão de possíveis mecanismos de fragmentação, bem como os

processos de fragmentação seletiva para a molécula de acetona não puderam ser apresentados

nesse trabalho devido a baixa estatística apresentada pelos dados de PEPIPICO e PIY (Veja

Anexo B). Dessa forma, faz-se necessária a aquisição desses dados para uma melhor

discussão da dinâmica de fragmentação.

2.2.2 DMSO

A molécula de dimetilsulfóxido (DMSO) foi analisada, neste trabalho, nas bordas do C

1s, O 1s, S 2s, S 2p e valência. Foram adquiridos espectros de PEPICO (Photon-Electron-

Photon-Ion-Coincidence) e PEPIPICO (Photon-Electron-Photon-Ion-Photon-Ion-

Coincidence). Os resultados observados serão apresentados e discutidos a seguir.

a. Espectros de PEPICO nas regiões do C 1s e O 1s

A Figura 2.17 apresenta os espectros de massas do DMSO nas energias 280,0 eV,

287,0 eV, 288,0 eV, 300,0 eV, 531,0 eV, 534,0 eV e 550,0 eV. Pode-se observar que os íons

formados são os mesmos, independentemente das bordas analisadas e que o H+ é o pico de

maior intensidade em todos os espectros. Nota-se a presença do íon H2+ com m/z igual a 2,

derivado de rearranjo. Outros picos também podem ser observados, distribuídos entre os

grupos HXC+, HXS

+, HXCS

+, SO

+ e H3CSO

+.

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64

Figura 2.17: Espectros de massas do DMSO nas energias de 280,0 eV, 287,0 eV, 288,0 eV, 300,0 eV, 305,0 eV,

531,0 eV, 534,0 eV e 550,0 eV

A Figura 2.18 apresenta um esquema com os fragmentos que podem ser observados no

processo de fotofragmentação da molécula do DMSO, desconsiderando-se possíveis

rearranjos. Este esquema é proposto a partir das conectividades entre os átomos e grupos de

átomos da molécula do DMSO e não sugere canais específicos de fragmentação para essa

molécula.

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65

Figura 2.18: Esquema de possível fragmentação para a molécula do DMSO

Todos os sinais observados no espectro de PEPICO da molécula do DMSO e as

respectivas sugestões de atribuição para cada fragmento são apresentados na Tabela 2.10.

Além disso, nessa tabela também são apresentados todos os fragmentos propostos para o

DMSO no esquema da Figura 2.18.

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66

Tabela 2.10: Relação massa/carga e os possíveis fragmentos para o DMSO

m/z Possíveis fragmentos

1 H+

2 H2+

12 C+

13 HC+

14 H2C+

15 H3C+

16 O+ / S

++

27 H3C2+

28 CO+

29 HCO+/ H5C2

+

32 S+

33 HS+

34 H2S+

45 HCS+

48 SO+

63 H3CSO+

78 H6C2SO+

A Figura 2.19 apresenta espectros de massa de 280,0 eV, 287,4 eV, 288,2 eV,

300,0 eV, 305,0 eV, 531,1 eV, 534,4 eV e 550,0 eV. Nesta apresentação é possível comparar

as intensidades relativas entre os diferentes íons produzidos em cada energia. Essas energias

foram selecionadas a partir das estruturas observadas nos espectros de fotoabsorção nas

regiões do C 1s e O1s (veja Figuras 2.4 e 2.5). Nesta figura é possível comparar as

intensidades relativas entre os diferentes íons produzidos em cada energia.

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67

Figura 2.19: Espectros de massas do DMSO nas energias de 280eV, 287,4eV, 288,2eV, 300eV, 305eV,

531,1eV, 534,4eV e 550eV e suas respectivas atribuições

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68

Podemos observar que o íon molecular (H6C2SO+, m/z 78) está presente em todas as

energias analisadas, sendo praticamente constante nas energias de 280,0 eV, 287,4 eV, 288,2

eV, 300,0 eV e 305,0 eV. No entanto as áreas desses íons diminuem nas energias de

531,1 eV, 534,4 eV e 550,0 eV, conforme apresentado na Tabela 2.11 .

Na Tabela 2.11 são apresentados os valores das áreas do fragmento H6C2SO+ e a sua

normalização, utilizando o tempo de aquisição e a corrente do anel para cada energia. As

áreas de cada fragmento foram obtidas através dos espectros de PEPICO, utilizando-se uma

função gaussiana.

Tabela 2.11: Valores das áreas do fragmento H6C2SO+ e da normalização desse fragmento pelo tempo de

aquisição e pela corrente do anel

E (eV) H6C2SO+ Normalização

280,0 64,76 0,012

287,4 58,34 0,011

288,2 45,94 0,009

300,0 24,78 0,006

305,0 30,94 0,014

531,1 60,82 0,08

534,4 57,50 0,08

550,0 53,55 0,05

Essas observações para o íon molecular são corroboradas através do gráfico da área

normalizada pela energia do fóton na Figura 2.20. Além disso, observa-se também que

embora a intensidade do íon molecular seja praticamente constante nas energias de 280 eV,

287,4 eV, 288,2 eV, 300 eV e 305 eV, ela é menor que na borda do O 1s.

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69

Figura 2.20: Gráfico da área normalizada do fragmento H6C2SO+ pela energia do fóton

A Tabela 2.12 apresenta os valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e

as razões das áreas HCS+/ H3C

+ e H3CSO

+/ H3C

+ em função da energia do fóton para o

DMSO. Esses valores foram obtidos através da análise dos espectros de PEPICO em

diferentes energias.

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70

Tabela 2.12: Valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e da relação HCS

+/ H3C

+ e H3CSO

+/ H3C

+

em função da energia do fóton para o DMSO

E (eV) H3C+

HCS+ HCS

+/ H3C

+ H3CSO

+ H3CSO

+/ H3C

+

280,0 393,67 810,49 2,06 154,92 0,39

287,4 307,20 811,69 2,64 212,95 0,69

288,2 287,80 806,00 2,80 152,29 0,53

300,0 228,84 488,11 2,14 98,57 0,43

305,0 329,17 668,10 2,03 115,88 0,35

531,1 605,91 835,97 1,38 142,49 0,23

534,4 744,79 904,91 1,21 150,08 0,20

550,0 638,77 710,64 1,11 143,31 0,22

A partir da Figura 2.19 observa-se a presença dos íons HCS+ e H3C

+ em todas as

energias analisadas, sendo que a razão entre as suas áreas (HCS+/ H3C

+) é maior do que 2 na

região do C 1s. No entanto, na região do O 1s esses valores se reduzem a metade, conforme

apresentado na tabela 2.12. Apesar da redução na produção de ambos os fragmentos, a

formação do íon HCS+ é maior que a do íon H3C

+ nas duas bordas analisadas.

A Figura 2.21 apresenta um gráfico da razão entre as áreas HCS+/ H3C

+ em diferentes

energias, nas regiões do C 1s e O 1s, obtidos a partir dos espectros de PEPICO. As áreas

foram determinadas utilizando funções gaussianas.

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71

Figura 2.21: Gráfico da relação HCS+/ H3C

+ pela energia do fóton para o DMSO. O ponto em destaque não foi

incluído na regressão linear

A partir da Figura 2.21 pode-se observar que a relação entre os fragmentos HCS+/

H3C+ apresenta uma queda tanto na borda do carbono (energias de 280,0 eV a 305,0 eV),

quanto na borda do oxigênio (energias 531,1 eV, 534,4 eV e 550,0 eV). Essa redução é mais

acentuada na borda do carbono, sugerindo uma menor produção do íon HCS+ nesta região,

para a molécula do DMSO. Nessa figura o primeiro ponto, referente à energia de 280,0 eV,

foi retirado da regressão linear por estar muito fora da curva. Este resultado sugere que a

razão entre os fragmentos HCS+/ H3C

+ é compatível com os valores observados a 305,0 eV.

Na Figura 2.19, observa-se a presença dos íons H3CSO+ e H3C

+ em todas as energias

analisadas, sendo que a razão entre as suas áreas (H3CSO+/H3C

+) é menor do que 1, indicando

que a produção do íon H3C+ é maior do que o íon H3CSO

+, conforme apresentado na Tabela

2.12. A presença desses dois fragmentos iônicos em todas as energias analisadas pode indicar

que um caminho possível de dissociação para a molécula do DMSO seja a quebra de uma das

ligações C-S, conforme apresentado na reação 2. Esta fragmentação segue a conectividade da

molécula, conforme indicado na Figura 2.18.

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72

33

2

33 CHSO.CHCHSOCH reação 2

A Figura 2.22 apresenta um gráfico da razão entre as áreas H3CSO+/H3C

+ em

diferentes energias, nas regiões do C 1s e O 1s, obtidos a partir dos espectros de PEPICO. As

áreas foram determinadas utilizando funções gaussianas.

Figura 2.22: Gráfico da relação H3CSO+/H3C

+ pela energia do fóton para o DMSO. O ponto em destaque não foi

incluído na regressão linear

A partir da Figura 2.22 pode-se observar que a relação entre os fragmentos H3CSO+/

H3C+ apresenta uma queda na borda do carbono (energias de 280,0 eV a 305,0 eV), enquanto

na borda do oxigênio (energias 531,1 eV, 534,4 eV e 550,0 eV) os valores permanecem

constantes. Nessa figura o primeiro ponto, referente à energia de 280,0 eV, foi retirado da

regressão linear por estar muito fora da curva. Este resultado sugere que a razão entre os

fragmentos H3C2SO+/ H3C

+ é compatível com os valores observados a 305,0 eV.

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73

b. Espectros de PEPIPICO

O PEPIPICO para o DMSO na região do C 1s não apresentou boa estatística, logo não

irá fazer parte desse trabalho. Embora os espectros de coincidência dupla apresentem uma

baixa contagem, podemos identificar alguns caminhos de dissociação a partir da ionização

dupla da molécula do DMSO.

A Figura 2.23 apresenta o espectro de coincidência entre um elétron e dois íons

adquirido na energia de 534,4 eV. Nessa figura observam-se falsas coincidências, em especial

(H+, H

+), (C

+, C

+) e (O

+, O

+) sugerindo problemas durante a aquisição do espectro. As

contagens falsas ocorrem sempre que um íon chega ao detector sem correlação com o elétron

que deu início a contagem do tempo. Elas acontecem porque a eficiência de detecção de

elétron não é unitária, e para alguns eventos pode ocorrer de nenhum elétron ser detectado.

Figura 2.23: Espectro de PEPIPICO da molécula do DMSO, na energia de 534,4 eV

3000

2000

1000

0

Te

mp

o d

e v

oo

do

ío

n 2

(n

s)

3000200010000

Tempo de voo do íon 1 (ns)

PEPIPICODMSO 534eV

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74

A Figura 2.24 apresenta os sinais dos fragmentos iônicos detectados na primeira e segunda

paradas (1st e 2

nd stop), precursores do espectro de PEPIPICO apresentados na Figura 2.23.

Observa-se na Figura 2.25 sinais intensos de H+ e do grupo HxC

+ nos sinais de segunda

parada, confirmando a presença das falsas coincidências. Contudo, também são observados os

sinais dos grupos HxS+ e HxCS

+, que geraram coincidências verdadeiras.

Figura 2.24: Sinais dos fragmentos iônicos detectados na primeira e segunda paradas (1st e 2

nd stop) para

molécula do DMSO na energia de 534,4 eV

A Figura 2.25 apresenta a projeção das coincidências iônicas consideradas verdadeiras

no espectro de PEPIPICO obtido a 534,4 eV. Nessa figura são apresentadas as coincidências

entre o fragmento H+ e os fragmentos C

+, HC

+, H2C

+, H3C

+, O

+, S

+, CS

+/HCS

+.

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0

3500300025002000150010005000

600

500

400

300

200

100

0

T1

T2 DMSO - 534,4eV

Sinais de 1ª e 2ª paradas

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75

(a)

(H

+, C

+)

(b)

(H

+, HC

+)

(c)

(H

+, H2C

+)

(d)

(H

+, H3C

+)

(e)

(H

+, O

+)

(f)

(H

+, S

+)

(g)

(H

+, CS

+/HCS

+)

Figura 2.25: Projeção das coincidências iônicas consideradas verdadeiras no espectro de PEPIPICO obtido na

energia de 534,4 eV do DMSO

400

300

200

100

0

Counts

2001000

Counts

1450

1440

1430

1420

1410

1400

C+

480470460450440430420

H+

Area=4207Max counts=28

300

200

100

0

Counts

1500

Counts

1500

1490

1480

1470

1460

1450

HC+

480470460450440430420H

+

Area=3651Max counts=29

300

200

100

0

Counts

1000

Counts

1560

1550

1540

1530

1520

1510

1500

H2C+

480470460450440430420H

+

Area=3082Max counts=23

120

80

40

0

Counts

604020

Counts

1610

1600

1590

1580

1570

1560

H3C+

480470460450440430420H

+

Area=1317Max counts=12

200

150

100

50

0

Counts

80604020

Counts

1660

1650

1640

1630

1620

1610

O+

480470460450440430420

H+

Area=2404Max counts=13

500400300200100

0

Counts

1500

Counts

2400

2350

2300

2250

2200

S+

480470460450440430420

H+

Area=5152Max counts=23

600

400

200

0

Counts

1000

Counts

2800

2750

2700

2650

2600

HCN+

480470460450440430420

H+

Area=6501Max counts=20

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76

Através da conectividade da molécula (Figura 2.18) e dos pares iônicos produzidos no

espectro de PEPIPICO em 534,4 eV (Figura 2.23) é possível sugerir uma estrutura básica para

as espécies iônicas precursoras dos fragmentos observados em coincidências. Tais espécies

devem apresentar uma carga mínima 2+ e no processo de fragmentação podem gerar, além

dos fragmentos em coincidência observados, outros fragmentos neutros que não são

detectados. O conjunto de reações apresentadas a seguir (2.1 a 2.7) ilustra as estruturas

básicas para as diferentes projeções (manchas) observadas na Figura 2.25. Cada reação

apresenta uma espécie de carga 2+ ligada a um grupamento X que representa um possível

fragmento gerado no processo de formação dos pares iônicos detectados. O índice “n” indica

que o grupamento X pode ser neutro ou carregado. Neste último caso, indicaria um processo

de formação de 3 corpos que seriam detectados através de um espectro de PE3PICO

(Photoelectron-Photoion-Photoion-Photoion Coincidence). Outra possibilidade, que não pode

ser descartada, seria a não existência do grupamento X em alguns dos pares iônicos

observados, tais como nas equações 2.1, 2.2 e 2.3, que poderiam ser gerados a partir das

espécies HC2+

, H2C2+

, H3C2+

.

Fig 2.26a: nXCHXCH 2 2.1

Fig 2.26b: nXHCHXCHH 2 2.2

Fig 2.26c: nXCHHXCHH

2

2

2 2.3

Fig 2.26d: nXCHHCHXH

3

2

3 2.4

Fig 2.26e: nXOHOXH 2 2.5

Fig 2.26f: nXSHSXH 2 2.6

Fig 2.26g: nXHCSHHCSXH 2 2.7

Conforme apresentado na Introdução (item 5.2.2), os pares iônicos detectados em

coincidência nos espectros de PEPIPICO, podem ser gerados a partir de processos com dois,

três ou quatro corpos, resumidos na Tabela 1.4. Tendo em vista que todas as manchas

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77

(projeções) observadas na Figura 2.25 apresentam a forma ovóide, sugere-se que os pares

iônicos em análise podem ter sido produzidos através de um processo de dissociação do tipo

dissociação combinada (DS) de três corpos ou quatro corpos. Dessa forma, os mecanismos de

fragmentação devem seguir as equações 1.29 e 1.48, reproduzidas abaixo como 2.8 e 2.9,

respectivamente.

CBAABC 2 2.8

DCBAABCD 2 2.9

Seguindo este modelo de análise da dinâmica de dissociação de fragmentos iônicos de

carga dupla, propõem-se os mecanismos a seguir para as coincidências iônicas observadas na

Figura 2.25.

Coincidência (H+, C

+)

Tendo como base a formação do íon HCS+, observado no espectro PEPICO (Figura

2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido através de um processo

de dissociação do tipo DS de três corpos, a partir do fragmento HCS2+

, conforme observado na

equação 2.10.

SCHHCS 2 2.10

Coincidência (H+, HC

+)

Tendo como base a formação do íon H3CSO+, observado no espectro PEPICO (Figura

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78

2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido através de um processo

de dissociação do tipo DS de três corpos, a partir do fragmento H3CSO2+

, conforme observado

na equação 2.11.

HSOHCHCSOH 2

3 2.11

Coincidência (H+, H2C

+)

Tendo como base a formação do íon H3CSO+, observado no espectro PEPICO (Figura

2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido através de um processo

de dissociação do tipo DS de quatro corpos, a partir do fragmento H3CSO2+

, conforme

observado na equação 2.12.

OSCHHCSOH

2

2

3 2.12

Coincidência (H+, H3C

+)

Tendo como base a formação do íon molecular (H6C2SO2+

), observado no espectro

PEPICO (Figura 2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido

através de um processo de dissociação do tipo DS de quatro corpos, a partir do íon molecular,

conforme observado na equação 2.13.

OCSHCHHSOCH

23

2

26 2.13

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79

Coincidência (H+, O

+)

Tendo como base a formação do íon H3CSO+, observado no espectro PEPICO (Figura

2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido através de um processo

de dissociação do tipo DS de quatro corpos, a partir do fragmento H3CSO2+

, conforme

observado na equação 2.14.

OSCHHCSOH 2

2

3 2.14

Coincidência (H+, S

+)

Tendo como base a formação do íon HCS+, observado no espectro PEPICO (Figura

2.17) do DMSO, sugere-se que esse par iônico pode ter sido produzido através de um processo

de dissociação do tipo DS de três corpos, a partir do fragmento HCS2+

, conforme observado na

equação 2.15.

SCHHCS 2 2.15

Coincidência (H+, CS

+ /HCS

+)

Tendo como base a formação do íon H3CSO+, observado no espectro PEPICO (Figura

2.17) do DMSO, sugere-se que o par iônico (H+, HCS

+) pode ter sido produzido através de um

processo de dissociação do tipo DS de quatro corpos, a partir do fragmento H3CSO2+

,

conforme observado na equação 2.16.

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80

OHHCSHCSOH 2

3 2.16

Contudo, observando-se a conectividade da molécula de DMSO (Figura 2.18) e o

conjunto de fragmentos produzidos a 534,4 eV (Figura 2.17) não é possível deduzir um

mecanismo de fragmentação para a produção do par iônico (H+, CS

+), seguindo o modelo de

dissociação combinada para três ou quatro corpos. Logo, apesar da forma ovóide observada

para este par iônico, sugere-se um processo de dissociação do tipo separação de cargas,

conforme apresentada na equação 2.17. Esse mecanismo tem como base a formação do íon

HCS+, observado no espectro PEPICO (Figura 2.17) do DMSO.

CSHHCS 2 2.17

c. Fragmentação nas regiões do S 2s, S 2p e valência

A Figura 2.26 apresenta espectros de massa do DMSO nas energias 15,0 eV,

167,2 eV, 168,4 eV, 169,6 eV e 232,0 eV. Podemos verificar que na região da valência, ou

seja, em 15,0 eV, o íon H+ não é observado. Nesse gráfico, as intensidades na energia de

15,0 eV foram multiplicadas por 5, as intensidades nas energias de 167,2 eV e 169,6 eV

foram multiplicadas por 3 e as intensidades na energia de 168,4 foram multiplicadas por 2.

Alguns picos estão presentes e distribuídos nos grupos HXC+, HXS

+, HXCS

+ e SO

+. Verifica-se

também que, com exceção da valência, os mesmos picos estão presentes em todas as outras

energias. Observa-se que íon molecular, m/z igual a 78 (H6C2SO+) e o íon m/z igual a 63

(H3CSO+) estão presentes em todas as energias avaliadas e são os mais intensos na energia de

15,0 eV do que nas outras energias, devido ao fato de se estar na valência dessa molécula e

por isso ocorrer fragmentação menos intensa.

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81

Figura 2.26: Espectros de massas do DMSO nas energias de 15,0 eV, 167,0 eV, 168,0 eV, 169,0 eV e 232,0 eV

e suas respectivas atribuições

A Figura 2.27 apresenta os espectros de massas do DMSO nas energias 15,0 eV,

167,2 eV, 168,4 eV, 169,6 eV e 232,0 eV. Nesta apresentação é possível comparar as

intensidades relativas entre os diferentes íons produzidos em cada energia. Essas energias

foram selecionadas a partir das estruturas observadas nos espectros de fotoabsorção nas

regiões do S 2s e S 2p (veja Figuras 2.6 e 2.7). Além disso, nas energias 167,2 eV, 168,4 eV e

169,6 eV, observamos a presença de um pico com m/z igual a 18, o que sugere a presença de

água. Essa água pode ser derivada de alguma contaminação no sistema de injeção de amostra,

o que não atrapalha o tratamento dos dados e nem as análises dos espectros.

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82

Figura 2.27: Espectros de massas do DMSO nas energias de 15 eV, 167,2 eV, 168,4 eV, 169,6 eV e 232 eV e

suas respectivas atribuições

Na Tabela 2.13 são apresentados os valores das áreas do fragmento H6C3O+ e a sua

normalização utilizando o tempo de aquisição e a corrente do anel para cada energia. As áreas

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83

de cada fragmento foram obtidas através dos espectros de PEPICO utilizando-se uma função

gaussiana.

Tabela 2.13: Valores das áreas do fragmento H6C2SO+ e da normalização desse fragmento pelo tempo de

aquisição e pela corrente do anel

E (eV) H6C2SO+ Normalização

15 528,03 0,527

167,2 201,73 0,022

168,4 274,94 0,036

169,6 243,4 0,033

232 164,42 0,017

Na Tabela 2.13, observa-se que o íon molecular (H6C2SO+ m/z 78) apresenta maior

produção iônica na valência (15,0 eV) e menor produção iônica na energia de 232,0 eV. Nas

energias de 167,2 eV, 168,4 eV e 169,6 eV a sua produção diminui e fica praticamente

constante. Essas observações podem ser corroboradas através das intensidades relativas dos

picos de cada fragmento nos espectros de PEPICO (veja Figura 2.27).

A Tabela 2.14 apresenta os valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e

as razões das áreas HCS+/ H3C

+ e H3CSO

+/ H3C

+ em função da energia do fóton para o

DMSO. Esses valores foram obtidos através da análise dos espectros de PEPICO em

diferentes energias.

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84

Tabela 2.14: Valores das áreas dos fragmentos H3C+, HCS

+, H3CSO

+ e da relação HCS

+/ H3C

+ e

H3CSO+/ H3C

+ em função da energia do fóton para o DMSO

E (eV) H3C+

HCS+ HCS

+/ H3C

+ H3CSO

+ H3CSO

+/ H3C

+

15 438,77 1900,26 4,33 10016,10 22,83

167,2 847,24 902,37 1,07 335,51 0,40

168,4 272,41 887,64 3,26 440,62 1,62

169,6 849,48 966,49 1,14 361,59 0,43

232 1735,03 1425,41 0,82 295,79 0,17

A partir da Figura 2.27 observa-se a presença dos íons HCS+ e H3C

+ em todas as

energias analisadas, sendo que a razão entre as suas áreas (HCS+/ H3C

+) é maior do que 1 nas

regiões de valência e do S 2p, ou seja, a área do íon HCS+ é maior que a área do íon H3C

+

como pode ser observado na Tabela 2.14. No entanto, na região do S 2s a razão entre as áreas

HCS+/ H3C

+ é menor que 1, ou seja, a área do íons HCS

+ é menor que a área do íon H3C

+,

conforme apresentado na tabela 2.14.

Na Figura 2.27, observa-se a presença dos íons H3CSO+ e H3C

+ em todas as energias

analisadas, sendo que a produção do íon H3CSO+ é muito maior que a produção do íon H3C

+

na energia de 15,0 eV. Isto se deve ao fato dessa energia ser muito pequena, ou seja, estar na

valência dessa molécula onde a molécula se fragmenta pouco. Nas energias de 167,2 eV,

169,6 eV e 232,0 eV a razão entre as áreas dos íons H3CSO+/H3C

+ é menor que 1, ou seja,

ocorre maior produção do íon H3C+, conforme apresentado na Tabela 2.14. Porém, na energia

de 168,4 eV a razão entre as áreas dos íons H3CSO+/H3C

+ é maior que 1, ou seja, a produção

do íon H3CSO+ é maior que a produção do íon H3C

+. A presença desses dois fragmentos

iônicos em todas as energias analisadas pode indicar que um caminho possível de dissociação

para a molécula do DMSO seja a quebra de uma das ligações C-S conforme apresentado na

reação 3. Esta fragmentação segue a conectividade da molécula conforme indicado na Figura

2.18.

33

2

33 CHSOCHCHCOCH reação 3

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85

d. Espectros de PEPIPICO

O PEPIPICO para o DMSO na região do S 2p não apresentou boa estatística, logo não

fará parte desse trabalho. Embora os espectros de coincidência dupla apresentem uma baixa

contagem, podemos identificar alguns caminhos de dissociação a partir da ionização dupla da

molécula do DMSO.

Na Figura 2.28 apresentamos o espectro de coincidência obtido na região do S 2s, ou

seja, na energia de 232,0 eV. A Figura 2.29 apresenta os sinais dos fragmentos iônicos

detectados na primeira e segunda paradas (1st e 2

nd stop), precursores do espectro de

PEPIPICO apresentados na Figura 2.28. Observa-se na Figura 2.29 sinais de H+ e do grupo

HxC+ na projeção da primeira parada (T1) e sinais dos grupos HxC

+, HxS

+ e HxCS

+ na

projeção da segunda parada (T2).

Figura 2.28: Espectro de PEPIPICO da molécula do DMSO, na energia de 232,0 eV

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0

Te

mpo

de

vo

o í

on

2 (

ns)

6000500040003000200010000

Tempo de voo íon 1 (ns)

PEPIPICODMSO 232eV

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86

Figura 2.29: Sinais dos fragmentos iônicos detectados na primeira e segunda paradas (1st e 2

nd stop) para

molécula do DMSO na energia de 232,0 eV

A Figura 2.30 apresenta a projeção das coincidências iônicas geradas a partir do

espectro de PEPIPICO obtido na energia de 232,0 eV. Nessa figura são apresentadas as

coincidências entre o fragmento H+ e os fragmentos C

+, HC

+, H2C

+, S

+ e HCS

+.

1000

800

600

400

200

0

70006500600055005000450040003500300025002000150010005000

80

60

40

20

0

T1

T2

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87

(a)

(H+, C

+)

(b)

(H+, HC

+)

(c)

(H+, H2C

+)

(d)

(H+, S

+)

(e)

(H+, HCS

+)

Figura 2.30: Projeção das coincidências iônicas consideradas verdadeiras no espectro de PEPIPICO obtido na

energia de 232,0 eV do DMSO

120

80

40

0

Counts

6040200

Counts

1380

1370

1360

1350

1340

C+

450440430420410

H+

Area=1233Max counts=12

160

120

80

40

0

Counts

6040200

Counts

1430

1420

1410

1400

1390

HC+

450440430420410400

H+

Area=1427Max counts=12

160

120

80

40

0

Counts

6040200

Counts

1490

1480

1470

1460

1450

1440

H2C+

450440430420410400

H+

Area=1409Max counts=11

120

80

40

0

Counts

3020100

Counts

2300

2250

2200

2150

2100

S+

450440430420410

H+

Area=1278Max counts=9

150

100

50

0

Counts

403020100

Counts

2620

2600

2580

2560

2540

2520

2500

HCS+

450440430420410400

H+

Area=1674Max counts=8

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88

Seguindo a discussão realizada para os espectros de PEPIPICO da molécula de DMSO

a 534,4 eV, no item 2.2.2b, e tendo em vista que todas as manchas (projeções) observadas na

Figura 2.30 apresentaram a forma ovóide, pode-se sugerir que os mecanismos de produção

dos pares iônicos observados a 232,0 eV seguem a mesma abordagem a 534,4 eV. Desta

forma, a Tabela 2.15 apresenta os mecanismos sugeridos para os pares iônicos apresentados

na Figura 2.30.

Tabela 2.15: Mecanismos sugeridos para os pares iônicos obtido em 232,0 eV e seus respectivos processos de

dissociação

Par iônico Mecanismo de dissociação Processo de dissociação

(H+, C

+) SCHHCS 2

Dissociação Combinada

de três corpos

(H+, HC

+) HSOHCHCSOH 2

3

Dissociação Combinada

de quatro corpos

(H+, H2C

+) OSCHHCSOH

2

2

3

Dissociação Combinada

de quatro corpos

(H+, S

+) SCHHCS 2

Dissociação Combinada

de três corpos

(H+, HCS

+) OHHCSHCSOH 2

3

Dissociação Combinada

de quatro corpos

3 Comparação entre as moléculas

Tendo em vista a baixa estatística dos dados de PEPIPICO da acetona e de PIY de

ambas as moléculas, serão comparados apenas os resultados dos espectros de TIY e PEPICO

das moléculas em estudo.

A comparação entre os espectros TIY do DMSO e da acetona revelam a influência da

troca do átomo de carbono pelo átomo de enxofre, confirmada pelas atribuições espectrais que

mostram diferentes posições da energia e intensidades das estruturas secundárias (ombros e

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89

bandas de menos intensas) quando o átomo de carbono no grupo carbonila é substituído pelo

átomo de enxofre, gerando o grupo sulfóxido. O enxofre tem massa maior que o carbono e

também um par de elétrons a mais na camada de valência.

Um outro dado importante a se considerar na análise dos espectros de fotoabsorção é o

fato do DMSO e Acetona pertencerem a grupos de simetria diferentes, Cs e C2v,

respectivamente.

Para a molécula de DMSO o fragmento iônico de maior produção nas bordas do C 1s e

O 1s é o HCS+, apresentando uma produção relativa entre 1,11 e 2,80 (Tabela 2.12) vezes

maior que o íon H3C+, fragmento com segundo maior grau de sobrevivência nas bordas em

análise. Quando comparado à acetona, o seu análogo (HC2+) apresentou uma produção muito

inferior (Figura 2.10), sendo superado pelos fragmentos H2C2+ e H3C2

+.

No que diz respeito à quebra das ligações C-CH3 e S-CH3 nas moléculas de acetona e

DMSO, respectivamente (Reações 1 e 2), observa-se que o grau de sobrevivência do íon

H3C2O+ na molécula de acetona é maior que a do seu análogo (H3CSO

+) na molécula de

DMSO, quando comparado ao íon H3C+. Destaca-se que esse último íon também apresenta o

segundo maior grau de sobrevivência nas bordas em análise para a acetona.

Comparando os fragmentos iônicos C+, O

+ e CO

+ produzidos na fragmentação da

molécula de acetona, nas bordas do C 1s e O 1s, com os fragmentos análogos S+, O

+ e SO

+

produzidos na fragmentação do DMSO, observa-se que a produção dos fragmentos gerados na

acetona segue a ordem O+ > C

+ > CO

+ na borda do C 1s e C

+ > O

+ > CO

+ na borda do O 1s,

enquanto que no DMSO a ordem de sobrevivência, em ambas as bordas, é S+

> SO+ > O

+,

conforme apresentado na Tabela 2.16.

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90

Tabela 2.16: Produção iônica dos fragmentos, em porcentagem, obtidos a partir das áreas dos espectros de

PEPICO

Acetona DMSO

E (eV) C+

O+ CO

+ S

+ O

+ SO

+

280,0 35,05 43,54 21,41 48,57 14,14 37,29

287,4 36,39 38,91 24,70 43,41 11,61 44,78

288,2 37,04 36,46 26,50 43,61 11,54 43,40

300,0 - - - 45,05 14,41 39,43

305,0 16,40 50,32 33,28 46,16 12,91 41,82

531,1 80,58 14,02 5,40 45,27 20,51 36,07

534,4 44,33 37,38 18,29 44,30 20,87 34,83

550,0 41,17 42,64 16,18 40,45 23,62 35,93

Esta variação na ordem de produção dos fragmentos análogos das duas moléculas

sugerem que a substituição de um átomo de C (na molécula de acetona) por um átomo de S

(na molécula de DMSO) alterou a dinâmica de fragmentação.

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CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Conclusões

Este trabalho investigou os estados excitados, através da espectroscopia de

fotoabsorção de camada interna, TIY (Total Ion Yield), e da dinâmica de fotofragmentação,

PEPICO (Photon-Electron-Photon-Ion-Coincidence), para a molécula de acetona nas regiões

do C 1s e O 1s e para a molécula de DMSO nas regiões do C 1s, O 1s, S 2s e S 2p.

A comparação entre os espectros TIY do DMSO e da acetona revelaram a influência

da troca do átomo de carbono no grupo carbonila pelo átomo de enxofre, gerando o grupo

sulfóxido, confirmada pelas atribuições espectrais, que mostram diferentes posições da

energia e intensidades das estruturas secundárias. O enxofre tem massa maior que o carbono e

também um par de elétrons a mais na camada de valência. Além disso, no estudo dos estados

excitados da molécula de acetona, através dos espectros de TIY na região do C 1s, foram

considerados dois potenciais de ionização devido à presença de dois ambientes químicos para

o átomo de carbono, enquanto que na região do O 1s, considerou-se somente um potencial de

ionização devido à presença de um ambiente químico para o átomo de oxigênio. Nos

espectros de fotoabsorção do DMSO nas regiões do C 1s, O 1s e S 2s considerou-se um

potencial de ionização em cada borda devido à presença de um ambiente químico para cada

átomo, enquanto, na região do S 2p considerou-se dois potenciais de ionização devido a

multiplicidade de spin dado pelo spin-orbita (2p1/2 e 2p3/2). Esses dados estão de acordo com a

literatura e foram importantes para a escolha das energias de excitação na aquisição dos

espectros de massas.

Através do estudo da dinâmica de fotofragmentação, utilizando-se os espectros de

PEPICO, foi possível observar que o íon H+ foi o fragmento de maior produção iônica a partir

dos estados excitados das moléculas de acetona e DMSO. Para a molécula de acetona o

próximo fragmento iônico de maior abundância foi o H3C2O+, seguido do H3C

+. Para a

molécula de DMSO, após o íon H+, o próximo fragmento iônico de maior abundância foi o

HCS+, seguido do H3C

+.

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Devido à baixa estatística dos dados de PIY (Partial Ion Yield) adquiridos para as

moléculas de acetona e de DMSO, a discussão sobre a influência da estrutura molecular na

dinâmica de fotofragmentação ficou incompleta. Da mesma forma, a não utilização de dados

relativos aos espectros de PEPIPICO (Photon-Electron-Photon-Ion- Photon-Ion -Coincidence)

da acetona limitou a análise desta molécula, quanto a comparação com o DMSO. Contudo, a

análise dos espectros de PEPIPICO nas bordas do O 1s e S 2s, para a molécula de DMSO,

sugeriu que os mecanismos de produção dos fragmentos iônicos H+, C

+, HC

+, H2C

+, H3C

+,

O+, S

+, CS

+/HCS

+ seguem um processo de dissociação do tipo Dissociação Combinada (DS)

de três ou quatro corpos. Essa análise é corroborada pelo baixo grau de sobrevivência do

fragmento iônico H3CSO+ quando comparado à produção do fragmento H3C

+.

Os resultados obtidos, em especial a comparação entre a produção dos íons C+, O

+ e

CO+ para a acetona e S

+, O

+ e SO

+ para o DMSO, sugerem que os grupos C=O e S=O

influenciaram na dinâmica de fotofragmentação das moléculas de acetona e DMSO,

respectivamente. A comparação entre os íons HC2+ e H3C2O

+, na acetona e HCS

+ e H3CSO

+,

para o DMSO corroboram esta observação.

O mesmo tipo de estudo realizado nesta dissertação poderia ser aplicado a outros

conjuntos de moléculas com o objetivo de estudar e comparar a dinâmica de fotofragmentação

de grupos de moléculas.

Trabalhos futuros

Aquisição dos dados de PIY para as moléculas de acetona e DMSO a fim de uma

melhor discussão da dinâmica de suas fragmentações.

Aquisição dos dados de PEPIPICO das moléculas de acetona e DMSO para uma

melhor discussão da dinâmica de suas fragmentações.

Aquisição de dados da molécula de DMSO na borda do S 1s.

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99

ANEXO A – Os programas de tratamento de dados

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100

Nesse anexo é apresentado uma breve descrição dos programas utilizados no

tratamento de dados nesta dissertação.

A.1 O IGOR-PRÓ

É um programa comercial usado para adquirir dados no LNLS e utilizado,

posteriormente, na visualização e tratamento dos mesmos. Realizou-se a soma dos espectros

de massas através desse programa. A figura a.1 apresenta as janelas utilizadas no IGOR-PRÓ

para o tratamento das moléculas nesse trabalho.

Figura a.1: O programa IGOR-PRÓ.

A.2 SIGMA-PLOT

É um programa comercial usado para transformar as tabelas realizadas em figura e

realizar as formatações e ajustes finais do espectro de massas (Figura a.2).

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101

Figura a.2: A figura final realizada no SIGMA-PLOT.

A.3 BAN

É um programa de análise de dados interativo, orientado a análise de espectros de

absorção de raios-x (NEXAFS e EXAFS). Ele foi escrito em Microsoft Fortran com todos os

gráficos executados em sub-rotinas do pacote HALO-88 (agente: MediaCybernetics, 8484

Georgia Ave., Silver Spring, MD 20910).

A entrada de dados é feita a partir de pares (x,y) na forma de arquivos do tipo ASCII

ou Binário, ou em um formato de até 50 colunas com uma ou mais linhas de comentários. O

algoritmo pode ler diretamente arquivos escritos pelos programas de aquisição utilizados na

maioria das linhas de radiação sincrotron. Os arquivos de saída são escritos em pares (x,y) em

Binário ou ASCII.

O programa tem 8 “buffers” permanentes e um “buffer” de trabalho, cada um capaz de

armazenar um espectro de 1024 pontos. Quando uma ou mais operações provocam mudanças

no espectro, o resultado é alocado no “buffer” de trabalho número 9. O ajuste de curvas pode

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102

ser de 3 tipos: ajuste de Gaussianas (multi-linhas), ajuste linear de mínimos quadrados e

ajuste polinomial “spline”. O tratamento dos espectros

Após a aquisição dos espectros, várias etapas são realizadas a fim de se obter melhor

confiabilidade dos resultados obtidos. Os espectros originais foram submetidos ao mesmo

tratamento, envolvendo as seguintes etapas: truncamento (quando necessário), subtração do

“background” (correção do sinal de fundo), média, calibração e normalização (Turci, 1996;

Guerra, 2002; Silvino, 2002).

A.3.1 Background

É o sinal de fundo gerado pela eletrônica associada ao experimento ou pelas interações

radiação/alvo não desejadas no interior da câmara de amostra. Possui o objetivo de isolar o

sinal que corresponde à excitação e ionização de uma determinada borda, eliminando-se as

falsas contagens (através de softwares) e retirando-se a área do espectro abaixo da curva

(Silvino, 2002).

A.3.2 Média dos espectros

Foi realizada com o objetivo de se obter uma melhor estatística dos dados, uma vez

que um mesmo composto apresenta diferenças de intensidade entre os espectros adquiridos

numa determinada borda (Silvino, 2002).

A.3.3 Calibração

É a deslocação de todo o espectro em função dos sinais conhecidos. Cada pico (sinal)

nos espectros obtidos deve apresentar um valor (posição) definido segundo o tipo de alvo

(átomo) e o ambiente químico onde este se encontre (Silvino, 2002).

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103

A.4 BGAUSS

É um programa interativo de ajuste de curves. Ele pode ajustar gaussianas,

lorenzianas, voigts e doniach-sunjic, bem como arco tangente e funções erros para formatos

de bordas. A entrada de dados é feita na forma de pares (x,y) em arquivos do tipo ASCII ou

Binário, ou em um formato de até 40 colunas com uma ou mais linhas de comentário. Os

arquivos de saída são escritos como pares (x,y) em Binários ou ASCII. Um arquivo de

parâmetros ASCII opcional permite que muitos arquivos sejam ajustados com parâmetros

similares. É também possível a utilização do mesmo parâmetro de ajuste para diferentes

arquivos. Pode-se ajustar as mesmas linhas com a mesma largura ou ajustar uma linha

gaussiana e uma lorentziana usando a mesma posição e largura para a simulação de uma linha

Voigt. Para o ajuste pode-se usar Gaussiana cuja função é f(E)= A*exp[-ln2*(E-E0)2/(W/2)

2],

uma Lorentziana cuja função é f(E)=A/[1+(E-E0)2/(W/2)

2], uma voigt cuja função é

f(E)=A*ʃG(E,WG,E0)L(x,WL,E0)dx, uma Doniach Sunjic cuja fórmula é f(E)= A*cos

[π*a/2+(1-a)*arctang((E-E0)/(W/2))/((E-E0)2/(W/2)

2)(1-a)/2

, uma função erro para a borda cuja

função é f(E)= 1/2*A (1+ERF(235,48*(E-E0)/(W/2)))*exp(-1*dec*(E-E0)) ou uma funçãp

arco tangente para a borda cuja fórmula é f(E)= A*(1/2+1/π*arctang(2,3548*(E-

E0)/(W/2)))*exp(-1*dec*(E-E0)) (Turci, 1996; Guerra, 2002; Silvino, 2002).

A.4.1 Desconvolução

É utilizada para determinar a posição e o número de sinais localizados sob um

determinado pico no espectro. São usadas curvas do tipo gaussianas, lorentzianas, arco

tangente, dentre outras, para determinar a curva que melhor representa os dados

experimentais. (Silvino, 2002).

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ANEXO B – Dados de Produção Parcial de Íons (PIY)

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105

Nesse anexo é apresentado os dados de PIY obtidos no LNLS após seus tratamentos

que foram considerados, pela autora, inapropriados para apresentação nessa dissertação. As

Figuras b.1 e b.2 apresentam os dados de PIY para a molécula de acetona região do C 1s.

Figura b.1: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do C 1s.

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106

Figura b.2: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do C 1s.

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107

A Figura b.3 apresenta os dados de PIY para a molécula de acetona região do O 1s.

Figura b.3: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do O 1s.

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108

A Figura b.4 apresenta os dados de PIY para a molécula de DMSO na região do C 1s.

Figura b.4: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do C 1s.

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109

A Figura b.5 apresenta os dados de PIY para a molécula de DMSO região do O 1s.

Figura b.5: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do O 1s.

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110

A Figura b.6 apresenta os dados de PIY para a molécula de DMSO região do S 2s.

Figura b.6: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do S 2s.

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111

A Figura b.7 apresenta os dados de PIY para a molécula de DMSO na região do S 2p.

Figura b.7: Espectros de produção parcial de íons da acetona na borda do S 2p.

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112

A Figura b.8 apresenta os dados de PIY para a molécula de DMSO região de valência.

Figura b.8: Espectros de produção parcial de íons da acetona na valência.

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113

ANEXO C – Artigo Publicado

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Photoabsorption Spectroscopy of Dimethyl Sulfoxideat the O1s, C1s, S2s, and S2p Regions: A Comparisonwith Acetone

Thays C. M. Leite,[a] Ana L. F. de Barros,[b] Glaucio B. Ferreira,[c]

Antonio C. O. Guerra,[a] and C�assia C. Turci*[a]

The S2p, S2s, C1s, and O1s Total Ion Yield (TIY) spectra of

gaseous dimethyl sulfoxide (DMSO) and the C1s and O1s TIY

spectra of acetone were measured using tunable synchrotron

radiation. To establish a complete and accurate spectral

analysis, the assignments for the main experimental bands

were carried out using density functional theory (DFT)

calculations based on half core hole (HCH) method, as

implemented in the StoBe-deMon program, and ab initio

calculations, based on the improved virtual orbital (IVO)

method, as implemented in the GSCF3 program, using

Hartree-Fock. The hole state was calculated in Huzinaga basis

sets for the IVO method and IGLO-III basis sets for the HCH

method. A nonlocal BE88-PD86 DFT method was used. The

geometric parameters were calculated using the DFT-B3LYP

method with the 6-311þG** basis sets. The experimental and

theoretical results for the ionization potentials and the

threshold energies are quite similar. The results reflect some

differences for both molecules, likely caused by the presence

of the S¼O (Cs symmetry) as well as the C¼O (C2v symmetry)

groups. VC 2012 Wiley Periodicals, Inc.

DOI: 10.1002/qua.24285

Introduction

The dimethyl sulfoxide (DMSO) molecule (CH3)2SO is one of

the most important sulfur analogs for ketones. It is equivalent

to the acetone molecule (CH3)2CO which is the simplest ali-

phatic ketone and serves as a model for other ketones with

more complicated chemical structures. The DMSO and acetone

structures are presented in Scheme 1. Acetone is largely used

as a solvent and particularly as a heavy-duty degreaser in labo-

ratories or industrial use. DMSO is also used as a solvent, espe-

cially in biological research.[1–3] The hydrogen bond interac-

tions and the hydrophobic associations between DMSO and

water molecules are responsible for the unusual physical prop-

erties of the DMSO-water solution. For example, a mixture of

one mole of DMSO with three moles of water has a �70�C

freezing point,[4,5] showing its important cryogenic property.

Nevertheless, it is resistant to hydrolysis and thermal decom-

position. DMSO performs an important environmental role

because it is a natural product of biodegradation of organosul-

fur compounds in marine environments. These organosulfur

compounds are responsible for removing the sulfate aerosol

particles from the air that act directly on the mechanisms of

climate regulation (greenhouse effect).[6]

Experimental and theoretical studies of electronic structure

of the ground and excited states, as well as the electronic

transition probabilities for the valence and the inner shell

electrons for both DMSO and acetone, have been done in the

past 40 years. These molecules have been excited at the va-

lence[7–14] and inner shell regions,[8,15–21] using synchrotron

radiation and electron energy loss, or laser spectrometers. The-

oretical studies have been done for both DMSO[1,3,22–24] and

acetone,[25–29] in the valence region, mainly using configura-

tion interaction methods.

In this work, following C1s and O1s excitation, synchrotron

radiation was used to acquire the Total Ion Yield (TIY) spectra

of DMSO and acetone. The S2p and S2s TIY spectra of DMSO

were also acquired. The results are compared to the gas phase

inner shell electron energy loss spectra (ISEELS) recorded at

� zero scattering angle (low momentum transfer) and high

impact energy (1.0–3.7 keV) where electric dipole transitions

dominate and the ISEELS spectra are essentially identical to

their optical counterpart.[8,17]

Scheme 1. Chemical structures. [Color figure can be viewed in the online

issue, which is available at wileyonlinelibrary.com.]

[a] T. C. M. Leite, A. C. O. Guerra, C. C. Turci

Instituto de Quımica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

RJ 21941-909, Brazil

E-mail: [email protected]

[b] A. L. F. de Barros

Departamento de Disciplinas B�asicas e Gerais, CEFET-RJ, Maracana, 20271-

110, Rio de Janeiro, RJ, Brazil

[c] G. B. Ferreira

Instituto de Quımica, Universidade Federal Fluminense, Outeiro de Sao Joao

Batista, s/n, 24020-141 Niter�oi-RJ, Brazil

Contract grant sponsor: CAPES, FUJB, FAPERJ.

VC 2012 Wiley Periodicals, Inc.

International Journal of Quantum Chemistry 2012, 112, 3421–3433 3421

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Ab initio calculations with the improved virtual orbital (IVO)

method, done in the GSCF3 program using Hartree-Fock (HF),

and the half core hole (HCH) method with the StoBe-deMon

package, using density function theory (DFT),[30–32] were

applied to establish a complete and accurate spectral assign-

ment. These methods are optimized to characterize the inner

shell transitions, and thoroughly applied to different systems,

both in gas phase and condensed phase.[33–41] Compounds

such as cysteine were studied through XANES and assigned

using HCH.[33] The XANES spectra of different inorganic com-

pounds (ferrocene, sulfur dioxide, sulfite, sulfonate solution,

and substitute sulfonate ions such as X3CSO3� with X¼¼H, Cl,

F) have been analyzed with DFT[34,35] calculations. Recently,

dibenzyl sulfide, dibenzyl disulfide, thiophenes and DL-methio-

nine were analyzed using high-resolution measurements and

DFT calculations.[36,37] The IVO has been applied to investigate

different inner shell excitations in organic and inorganic com-

pounds, such as hydrocarbons,[38,39] amino acids,[40] nitroani-

lines,[41] and sulfur complexes.[42]

Through the application of diffuse functions, the matrix

effects and the Rydberg-valence mixing were evaluated using

the Near Edge X-ray Absorption Fine Structure (NEXAFS) spec-

troscopy of solid, liquid, and gas phase compounds.[38–41] The

results of ab initio calculations were used to characterize the

degree and the nature of Rydberg-valence mixing in the NEX-

AFS spectra and to identify the structural requirements and

the symmetry conditions under which significant Rydberg-

valence mixing occurs.

In this work, the hole state was calculated in two different

ways (i) within Huzinaga basis sets for the IVO method with

no diffuse function, to evaluate the valence character and (ii)

using the IGLO-III basis set and the HCH method with diffuse

function to evaluate the Rydberg-valence mixing. A nonlocal

DFT-BE88-PD86 method was used. The geometric parameters

were calculated using the DFT-B3LYP method with the

6-311þG** basis sets and compared to the experimental data.

Experimental

The DMSO and the acetone samples were purchased from

Sigma-Aldrich with 99% purity and used without any further

purification. The air and volatile impurities were removed from

the system by a series of freeze-pump-thaw cycles.

The experiments were performed at the Brazilian Synchro-

tron Light Laboratory (LNLS, Campinas - Sao Paulo) using two

different beamlines—the Toroidal Grating Monochromator

(TGM) and the Spherical Grating Monochromator (SGM) beam-

lines. The TGM [43] operates in the 12–330 eV spectral range,

providing a photon flux up to 1013 photons/s and a resolving

power up to 700. This beamline works using three different

gratings (12–21, 22–100, and 100–330 eV). The harmonic con-

tamination problems at low energy grating are solved using a

neon gas phase filter. The SGM [44] operates in the 250–1000

eV spectral range, providing a maximum photon flux (4 � 107

photons/s) around 800 eV with a 100 lm exit slit. The resolv-

ing power (E/DE) is about 2000 for a 100 lm slit with a 0.5 �0.5 mm2 spot size. The base pressure of the beamline was

kept at 1 � 10�9 mbar. The gas inlet system was linked to the

experimental chamber through a leak valve. A stainless steel

needle was used to orient the effusive sample jet perpendicu-

lar to both the ion detector and the monochromatized photon

beam. The sample pressure in the ionization region was kept

at � 6 � 10�6 mbar during the data acquisition. The NEXAFS

spectra were analyzed with a least-squares curve-fitting rou-

tine based on the BAN and BGAUSS programs.[45,46]

Computational Studies

Ab initio and density functional theory (DFT) calculations were

performed to help the analysis of the NEXAFS spectra for both

molecules. Kosugi’s GSCF3 package, which is highly optimized

for calculating core-excited states,[30] was used. This program

is based on the IVO method of Hunt and Goddard[31] and ex-

plicitly includes the core hole in the HF Hamiltonian. Calcula-

tions were also done with the StoBe-deMon[32] method based

on the DFT calculations. The nonlocal exchange functional of

Becke (BE88)[47] and the correlation functional of Perdew

(PD86)[47,48] were used. Half of an electron (HCH method) was

removed from the 1s orbital to generate the potential used to

determine all excited states.[49]

The molecules used in our calculations were considered as

independent molecular units, and the estimated ‘‘starting’’ ge-

ometry was taken from neutron and electron diffraction stud-

ies.[50–52] For the geometry optimizations, the DFT-B3LYP

method was used as a code in the GAMESS program,[53] run-

ning on an Ubuntu Linux. For these calculations, we used the

triple zeta 6-311þG** basis sets.

After the optimization procedure, the vibrational calculations

were performed. No imaginary mode was observed. All calcu-

lated normal modes were visualized using the graphical Chem-

craft[54] and Molekel 4.3[55] programs.

The calculations in the GSCF3 package were done on the

optimized structures using the Gaussian type extended basis

sets of Huzinaga et al.[56] A high quality basis set was used for

the core-excited molecule. A basis set of (311121/21111/1*)

was used on the core-excited oxygen (nd ¼ 2.704) and carbon

(nd ¼ 1.335) atoms, expanded from (621/41). A basis set of

(211121211þ1þ/51111þ/1þ1þ1*1*) was used on the core

excited sulfur atom (polarization ¼ 1*: nd ¼ 0.659 and 0.183,

and tight functions ¼ 1þ: ns ¼ 182.0, 16.0; np ¼ 33.0; nd ¼6.4, 2.1), expanded from (5321/521). Additional tight functions,

denoted by 1þ, account for sulfur orbital contraction on core

hole creation.[57] Without these tight basis functions the orbital

relaxation energy was not sufficiently taken into account and

the excitation and ionization energies were overestimated.

The calculations performed with the StoBe-deMon package

used the following basis sets: TZVP (7111/411/1) for oxygen

and carbon; TZVP (73111/6111/1) for sulfur; and TZVP (311/1)

for hydrogen. The program uses the auxiliary basis sets (NC-s,

NC-spd; NXC-s, NXC-spd) to fit the density in the Coulomb inter-

action and to interpolate the exchange-correlation potential

over the numerical grid. Specifically, NC-s is the number of

s-type Gaussians used to fit the charge density, NC-spd is the

number of s-, p-, and d- type Gaussians (sharing the same

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exponent) used to fit the valence charge density. NXC-s and

NXC-spd have similar definitions to NC-s and NC-spd but refer

to the Gaussians used to fit the exchange and correlation

potentials. Thus, the auxiliary basis sets were (5.2;5.2) for oxy-

gen and carbon, (5.4;5.4) for sulfur, and (5.1;5.1) for hydrogen.

The IGLO III basis[58] was used for the core-excited atom. The

suite of the basis sets described above was applied to various

systems in the literature using the DFT methodology with the

StoBe-deMon package.[32,37]

The procedure adopted in the assignment process, based

on theoretical calculations, was performed through the oscilla-

tor strength data, establishing a band by band comparison of

the experimental intensity with the transitions that present

compatible oscillator strengths. The orbitals were visualized

with the Molekel 4.3[55] and the G3PLOT[30] graphics programs

and a population analysis was performed, specifying the con-

tribution of diffuse functions such as Rydberg character (Ryd

%) for the DFT results. Thus, simulated spectra were generated

from these calculations through a Gaussian line shape for each

theoretical excitation, using the SIMILE2[59] and XRAYSPEC[32]

programs. The full widths at half maximum were set as fol-

lows: 1 eV for orbitals of eigenvalue e \ 0 eV, and 10 eV for e[ 0 eV. This corresponds to the estimated experimental reso-

lution for the discrete transitions. The procedure also helps to

simulate the shape of the experimental spectra. Considering

that the term value (TV) is defined as the difference between

the ionization potential (IP) of the originating orbital and the

energy of the electronic excitation, the simulated spectra are

matched to an experimental scale by setting the zero of the

calculated TV scale to the calculated IP.

Results and Discussion

General

Different studies involving the DMSO and the acetone mole-

cules have been done to understand their photophysical and

chemical properties.[9] DMSO and acetone belong to the Cs

and C2v symmetry groups, respectively. The main difference

between these two molecules is the structural modification

caused by the exchange of a carbon atom for a sulfur atom in

the carbonyl group, generating the so-called sulfoxide group.

The sulfur element has a greater mass than the carbon and

also an additional pair of electrons in the valence shell. As a

consequence, the C2S¼O skeleton of the DMSO molecule has

a pyramidal structure, whereas the C2C¼O skeleton of the ace-

tone molecule has a trigonal structure. Both are represented in

Scheme 1. Considering the properties of DMSO and acetone, a

comparative study of the Inner Shell on the C1s, O1s, and S2s

edges, using the NEXAFS spectroscopy, is very appropriate.

The optimized structures were compared to those from neu-

tron and electron diffraction studies.[50–52] Table 1 presents the

geometric parameters obtained with the B3LYP/6-311þG**

method, in comparison to the experimental structure. The dif-

ferences among the CAC, CAS, C¼O, and S¼O bonds were

correctly described by this method. The symmetry groups for

both molecules were also confirmed.

The S2p, S2s, C1s, and O1s photoabsorption spectra

Figures 1 and 2 present the O1s and C1s TIY spectra of DMSO

and acetone. Figure 3 presents the TIY spectra of the sulfur L-

shell of DMSO. All spectra were background subtracted and

calibrated in energy using literature data.[8,16,17,20,21] Gaussian,

Lorentz, and Arctangent lines were used to fit the experimen-

tal data.[32] The experimental spectra, best fitting, and adjust-

ing line shapes for both DMSO and acetone are shown in Fig-

ures 1, 2, and 3. Tables 2 and 3 display the assignments of the

DMSO and acetone spectra, respectively, compared to the

literature.[8,16,17,20,21]

The TIY spectra of DMSO and acetone, in Figures 1 and 2,

show that the profiles of the main pre-edge structures are

comparable. However, the different energy positions and

Table 1. Comparison of calculated (B3LYP/6-3111G**) and

experimental geometrical parameters (A, o) for DMSO and acetone.

Geometric parameter

(X¼¼C or S)

DMSO Acetone

B3LYP Exp[a] B3LYP Exp[b]

XACH3 (A) 1.835 1.807 1.518 1.522

X¼¼O (A) 1.514 1.482 1.219 1.215

CAH (A) 1.092 1.092 1.092 1.091

HCH (�) 110.0 111.05 109.9 109.4

CXC (�) 96.6 95.52 116.8 120.0

CXO (�) 106.8 106.65 121.6 120.0

C2X¼¼O (�) 109.8 # 180.0 180.0

[a] Ref. [52]. [b] Refs. [50,51].

Figure 1. O1s TIY spectra of DMSO and acetone. Fit curve (gray line), ex-

perimental data (dots), and the line shapes used to fit the spectra (dashed

lines) are shown. The markers indicate the IPs from the literature.[8,17] (*)

see discussion in the text.

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intensities of the secondary structures confirm the electronic

changes expected when the carbon atom (2s22p2) is replaced

by the sulfur atom (3s23p4). As noticed in the assignment per-

formed by Sze et al.[8] and Prince et al.,[16] through ISEELS and

NEXAFS measurements, the main structures were assigned as

C1s/O1s!p*C¼O and C1s/O1s!p*S¼O. For the DMSO molecule,

this feature also has a contribution from a r*S¼O orbital,

although the ISEELS data assignment did not use optimized

calculations for core-excited states.[8] The O1s and C1s DMSO

spectra present structures at 531.04 and 286.67 eV, respec-

tively, as shown by (*) in Figures 1 and 2, but not observed in

the ISEELS data. In the S 1s spectrum, the structure at 2472.8

eV might be associated with a contamination or impurity of

SO2 in the DMSO sample, as reported by Sze et al.[8] The O1s

gas phase spectrum of SO2 shows a structure at 530.56 eV,[60]

suggesting once more that the feature at 531.04 eV might be

related to the presence of SO2 in our DMSO sample. For the

DMSO C1s spectrum, the shoulder at 286.67 eV was not

assigned. However, the thermal decomposition and photolysis

of the DMSO[9,61] produce species identified as CH4, C2H4, and

SO2. Thus, considering that the main pre-edge structures in

the hydrocarbons’ C1s spectra are observed between 286 and

288 eV,[38,39] and we may consider that the 286.67 eV shoulder

is a result of these structures. Finally, the structures at 531.04

and 286.67 eV were not observed in the theoretical calcula-

tions (see Theoretical Calculations section), supporting the

decomposition statement. Figure 3 shows the S2p and S2s

Figure 2. C1s TIY spectra of DMSO and acetone. Fit curve (gray line), ex-

perimental data (dots), and the line shapes used to fit the spectra (dashed

lines) are shown. The markers indicate the IPs from the literature.[8,17] (*)

see discussion in the text.

Figure 3. S2p and S2s TIY spectra of DMSO. Fit curve (gray line), experimental data (dots), and the line shapes used to fit the spectra (dashed lines) are

shown. The markers indicate the IPs from the literature.[8]

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3424 International Journal of Quantum Chemistry 2012, 112, 3421–3433 WWW.CHEMISTRYVIEWS.ORG

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Table 2. Energies (eV) and assignments proposed for the O1s, C1s, S2s, and S2p spectra of DMSO.

S2s and S2p C1s O1s

#

This

work Ref. 8 Assignment #

This

work Ref. 8 Assignment #

This

work Ref. 8 Assignment

1 167.18 167.18 r*CAS þ p*S¼O * 286.67 – * 531.04 –

2 168.41 168.44 4s

r*CAS þ p*S¼O

1 287.56 287.43

287.65

r*CAS þ p*S¼O

r*S¼O

4s

1 532.66 532.66 r*CAS þ p*S¼O

r*S¼O

3 169.66 169.62 4p/4s 2 288.47 288.47 r*S¼O þ r*CAH 2 533.21 533.11 4s

IP S2p3/2 # 171.91 1 3 289.06 289.01 4p 3 533.89 533.91 r*S¼O þr*CAH

4 172.75 172.63 7s,6d 4 289.77 289.87 5p 4 534.99 535.06 5s,4d

IP S2p1/2 # 173.21 1 IP C1s # 291.29 1 IP O1s # 536.67 15 178.03 178.3 S3d resonance 5 300.56 297.7 S3d resonance or

shake up

5 538.21 536.8 S3d resonance or

shake up

6 188.75 189.4 S3d resonance 6 312.56 # 6 541.25 540.7 S3d resonance or

shake up

7 231.65 231.33 r*CAS þ p*S¼O

r*SAO

7 553.68 556.1 S3d resonance or

shake up

IP S2s # 236.2 1

[a] Calibration: Ref. [8].

Table 3. Energies (eV) and assignments proposed for the O1s and C1s spectra of acetone.

C1s O1s

# This work Ref. 16 Ref. 17 Assignment # This work Ref. 16 Ref. 17 Assignment

1 286.44 286.44 286.8 p*C¼O 1 531.38 531.38 531.3 p*

2 287.95 287.44 288.37 3s(CH3) 2 535.63 535.60 535.7 3p

3 288.32 288.21 289.0 3p(CH3) 3 537.04 536.94 537.6 4p

4 289.52 289.66 289.98 4p(CH3) 4 – 537.6 – Higher Rydberg States

5 290.21 290.05 290.53 5s(CH3) IP O1s # 537.90 537.91 1IP C1s (CH3) # 290.90 291.08 1 5 542.07 543.1 6 0.4 542.8 Double excitation

6 291.50 291.53 291.9

7 292.40 292.45 292.6 4p(CO)

IP C1s (C¼O) # 293.50 293.71 1

[a] Calibration: Ref. [16].

Table 4. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, character for selected transitions, and assignment for the

O1s NEXAFS spectrum of DMSO with HCH method.

O1s Ryd (%)

AssignmentMO IP (eV)

Energy

(eV) TV (eV)

Oscillator

strength Size (A) %O %S %CH3 s p d

(LUMO) 537.522 533.787 �3.735 0.011811 4.286 93 6 0 9 2 21 r*S¼O

(LUMOþ1) 537.522 534.203 �3.319 0.004023 4.963 37 29 17 0 3 14 p*S¼Oþ r*SACH3

(LUMOþ2) 537.522 534.973 �2.549 0.000711 7.555 79 5 8 34 7 16 r*S¼O þ r*SACH3þ Ryd s O

(LUMOþ3) 537.522 535.117 �2.405 0.003157 7.366 78 11 6 31 5 20 r*SACH3þ r*CH3

þ Ryd sþd O

(LUMOþ4) 537.522 535.937 �1.585 0.000037 9.296 71 1 14 36 11 6 r*CH3þ Ryd s O

(LUMOþ5) 537.522 536.105 �1.417 0.000025 9.705 45 10 23 0 10 25 r*CH3þ Ryd d O

(LUMOþ6) 537.522 536.169 �1.353 0.000132 9.063 80 0 10 46 14 5 Ryd s O þ r*CH3

(LUMOþ7) 537.522 536.736 �0.786 0.001019 13.331 83 2 8 51 12 8 Ryd s O þ p*S¼O

(LUMOþ8) 537.522 536.790 �0.733 0.000101 14.235 85 0 8 61 10 9 Ryd s O þ r*CH3

(LUMOþ9) 537.522 536.815 �0.707 0.000040 11.538 62 1 19 0 28 23 Ryd pþd O þ r*CH3

(LUMOþ10) 537.522 536.932 �0.590 0.000022 13.263 43 0 28 0 13 14 r*CH3þ Ryd pþd O

(LUMOþ74) 537.522 542.136 4.614 0.001545 10.368 r*S¼O

(LUMOþ87) 537.522 544.628 7.106 0.002927 11.328 p*S¼O

(LUMOþ102) 537.522 549.861 12.339 0.001806 10.161 p*S¼O þ r*SAC

(LUMOþ116) 537.522 557.039 19.517 0.004434 8.310 p*S¼O þ r*SAC

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

[b] The Stobe package presents values of (size)2, but to facilitate the comparison with results of GSCF3 package, the values are tabulated as [(size)2]0.5.

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NEXAFS spectra for DMSO. They are very similar to the ISEELS

spectra.

Theoretical calculations

The principal theoretical results, obtained with HCH and IVO

methods, for the analysis of the O1s, C1s, and S2s transitions

of DMSO and acetone molecules, are presented in Tables 4–

10. The theoretical results from the HF method, with no dif-

fuse functions, confirm the transitions to orbitals with valence

character, obtained using the DFT method. The simulated

spectra of the DMSO, using the DFT and the HF results, are

presented in Figure 4. The simulated spectra for the acetone

are presented in Figure 5. Also, through Figures 6 and 7, the

pre-edge transitions are represented for all methods used in

this work, especially for the higher oscillator strength transi-

tions; the orbital representations are also shown. The DFT or-

bital representations of DMSO and acetone molecules are pre-

sented as supporting material in Figures 1S to 2S, respectively.

Also, the complete HCH theoretical results, obtained with DFT

method with diffuse function, are described in Tables 1S to 6S

in supporting information.

The results obtained with the IVO and HCH methods show

the correlation between the Rydberg and the valence charac-

teristics of the orbitals. This is very useful to correctly interpret

the NEXAFS spectra.[38–41] The Rydberg or valence character

can be inferred by examining the size of the calculated orbitals

and the energy difference between the excited states of the

singlet and the triplet core, DES-T, for a particular transition.

Rydberg orbitals usually have a larger radius than the valence

Table 5. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, character for selected transitions, and assignment for the

C1s (methyl) NEXAFS spectrum of DMSO with HCH method.

C1s (CH3) Ryd (%)

AssignmentMO IP (eV) Energy (eV) TV (eV)

Oscillator

strength Size (A) %O %S %CH3 s p d

(LUMO) 292.143 288.609 �3.533 0.009568 4.468 0 6 91 7 13 47 r*SACH3þ Ryd d C

(LUMOþ1) 292.143 289.157 �2.986 0.002356 5.153 1 2 95 11 19 11 r*CH3þ r*SACH3

(LUMOþ2) 292.143 289.309 �2.834 0.002482 5.351 1 2 88 11 18 17 r*CH3þ r*S¼O

(LUMOþ3) 292.143 289.761 �2.382 0.001801 5.987 0 2 94 8 11 11 r*CH3þ r*SAC

(LUMOþ4) 292.143 290.283 �1.860 0.006912 6.816 0 1 93 5 13 12 r*CH3

(LUMOþ5) 292.143 290.369 �1.774 0.007064 6.699 0 0 95 22 4 5 r*CH3þ Ryd s C

(LUMOþ6) 292.143 290.645 �1.497 0.003240 9.391 0 0 98 15 7 3 r*CH3

(LUMOþ7) 292.143 291.142 �1.001 0.002149 9.265 0 1 98 13 8 7 r*CH3

(LUMOþ8) 292.143 291.213 �0.930 0.000602 12.298 0 0 95 27 12 9 r*CH3þ Ryd s C

(LUMOþ9) 292.143 291.302 �0.840 0.000721 10.440 0 0 95 11 5 4 r*CH3

(LUMOþ10) 292.143 291.358 �0.785 0.000322 11.063 0 0 90 22 7 3 r*CH3þ Ryd s C

(LUMOþ86) 292.143 299.508 7.366 0.006724 11.871 r*CH3

(LUMOþ102) 292.143 304.768 12.626 0.009951 10.335 r*CH3

(LUMOþ113) 292.143 309.837 17.695 0.004176 6.793 r*CH3þ r*SAC

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

[b] The Stobe package presents values of (size)2, but to facilitate the comparison with results of GSCF3 package, the values are tabulated as [(size)2]0.5.

Table 6. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, character for selected transitions, and assignment for the

S2s NEXAFS spectrum of DMSO with HCH method.

S2s Ryd (%)

AssignmentMO IP (eV) Energy (eV) TV (eV) Oscillator Strength Size (A) %O %S %CH3 s p d

(LUMO) 225.132 220.967 �4.165 0.007454 3.181 1 99 0 1 1 50 r*S¼O

(LUMOþ1) 225.132 221.070 �4.062 0.009524 3.495 1 86 6 0 37 14 p*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ2) 225.132 222.059 �3.074 0.004169 4.213 0 95 2 32 31 9 r*S¼O þ r*SACH3

(LUMOþ3) 225.132 222.538 �2.595 0.000824 7.188 0 88 6 63 8 5 Ryd s S þ r*CH3

(LUMOþ4) 225.132 223.483 �1.649 0.000218 8.187 0 75 13 3 7 31 r*CH3þ Ryd d S

(LUMOþ5) 225.132 223.576 �1.557 0.000813 8.659 0 77 12 8 45 23 Ryd p þd S þ r*CH3

(LUMOþ6) 225.132 223.636 �1.496 0.000089 7.952 0 51 25 34 15 34 Ryd sþd S þ r*CH3

(LUMOþ7) 225.132 224.245 �0.888 0.000910 9.230 0 71 15 6 3 7 r*CH3þ r*SACH3

(LUMOþ8) 225.132 224.276 �0.856 0.000352 9.969 0 51 25 33 9 7 p*S¼O þ r*CH3þ Ryd s S

(LUMOþ9) 225.132 224.357 �0.775 0.000024 14.655 0 71 15 23 27 31 Ryd s þ p þd S

(LUMOþ10) 225.132 224.453 �0.680 0.000002 12.093 0 63 18 18 15 30 Ryd d S

(LUMOþ76) 225.132 230.007 4.875 0.002082 13.178 r*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ86) 225.132 232.227 8.666 0.001523 12.574 r*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ98) 225.132 236.194 11.062 0.001767 10.146 r*SAC

(LUMOþ123) 225.132 245.948 20.816 0.003785 4.562 r*S¼¼[O

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

[b] The Stobe package presents values of (size)2, but to facilitate the comparison with results of GSCF3 package, the values are tabulated as [(size)2]0.5.

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orbitals (e.g., about 3A greater in small molecules[41]). Recently,

these methods have been used to characterize the degree of

Rydberg-valence mixing in the NEXAFS spectra of gaseous and

condensed alkanes and amino acids.[38–41] In this study, we

only evaluated the size of the orbitals to perform a population

analysis.

DMSO

HCH Method. The results obtained for the O1s, C1s, and S2s

edges, using the HCH with the DFT method are introduced in

Tables 4–6. For the O1s edge, the structures labeled as 1

(532.7 eV), 2 (533.2 eV), 3 (533.9 eV), 4 (535.0 eV), 5 (538.2

eV), 6 (541.2 eV), and 7 (553.7 eV) of the DMSO spectrum in

Table 7. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, orbital size, character for selected transitions, and

assignment for the O1s, C1s (methyl), and S2s NEXAFS spectra of DMSO with GSCF3.

O1s

AssignmentMO IP (eV) Energy (eV) TV (eV) Oscillator strength Size (A) %O %S %CH3

(LUMO) 535.423 534.177 �1.246 0.002612 1.895 1 45 27 r*SACH3

(LUMOþ1) 535.423 534.247 �1.176 0.027496 1.599 19 64 8 r*S¼O

(LUMOþ2) 535.423 534.642 �0.781 0.001582 1.928 4 60 18 r*SACH3

(LUMOþ6) 535.423 541.834 6.411 0.002605 2.397 2 0 49 r*CH3

(LUMOþ13) 535.423 545.149 9.726 0.002326 2.215 3 11 43 r*CH3

(LUMOþ16) 535.423 551.105 15.682 0.015814 2.254 52 6 21 p*S¼O

C1s (CH3)

(LUMO) 292.374 290.128 �2.246 0.012910 1.626 5 69 24 r*SACH3

(LUMOþ1) 292.374 292.046 �0.328 0.000218 1.942 2 55 41 r*SACH3

(LUMOþ3) 292.374 294.857 2.483 0.025895 2.482 1 2 65 r*CH3

(LUMOþ6) 292.374 297.125 4.751 0.002685 2.378 2 3 59 r*CH3

(LUMOþ14) 292.374 305.706 13.332 0.001857 2.496 0 2 56 r*CH3

S2s

(LUMO) 237.121 234.172 �2.949 0.017192 1.883 3 39 29 r*SACH3þ p*S¼O

(LUMOþ1) 237.121 234.475 �2.646 0.014192 1.784 10 58 16 r*S¼O

(LUMOþ2) 237.121 236.041 �1.080 0.004310 2.184 4 57 19 r*S¼O þ r*SACH3

(LUMOþ4) 237.121 239.897 2.776 0.006155 2.138 0 65 18 p*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ5) 237.121 240.376 3.255 0.004674 2.025 4 65 15 p*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ7) 237.121 241.628 4.507 0.002145 2.201 2 53 22 p*S¼O þ r*CH3

(LUMOþ10) 237.121 242.511 5.390 0.002179 2.234 25 43 16 r*S¼O þ r*CAC

(LUMOþ15) 237.121 245.516 8.395 0.005599 2.097 8 54 19 r*SACH3þ r*S¼O

(LUMOþ16) 237.121 247.005 9.884 0.003278 2.013 23 53 12 r*SACH3þ r*SAO

(LUMOþ22) 237.121 254.228 17.107 0.004117 1.955 0 36 32 r*SACH3

(LUMOþ26) 237.121 261.248 24.127 0.003436 2.060 11 60 14 p*S¼O þ r*SACH3

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

Table 8. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, character for selected transitions, and assignment for the

O1s NEXAFS spectrum of acetone with HCH method.

O1s Ryd O (%)

AssignmentMO IP (eV) Energy (eV) TV (eV)

Oscillator

strength Size (A) %O %C %CH3 s p d

(LUMO) 538.727 532.660 �6.067 0.015701 3.512 56 33 5 0 36 5 Ryd p O þ p*C¼O þ r*CH3

(LUMOþ1) 538.727 536.126 �2.601 0.000089 7.670 77 3 10 31 30 13 Ryd sþp O þ r*CH3

(LUMOþ2) 538.727 537.147 �1.580 0.000422 9.335 34 5 31 0 10 16 r*CH3

(LUMOþ3) 538.727 537.316 �1.411 0.000327 9.497 23 1 38 0 13 7 r*CH3

(LUMOþ4) 538.727 537.404 �1.323 0.000197 9.579 83 2 7 54 19 7 Ryd s O

(LUMOþ5) 538.727 537.564 �1.163 0.000395 8.972 73 2 12 46 14 5 Ryd s O þ r*CH3

(LUMOþ6) 538.727 537.968 �0.759 0.000005 10.226 35 2 31 0 16 10 r*CH3þ r*CAC

(LUMOþ7) 538.727 538.021 �0.705 0.000129 15.075 87 1 6 64 10 9 Ryd s O þ r*CH3

(LUMOþ8) 538.727 538.090 �0.637 0.000124 10.635 24 5 35 0 14 9 p*CAC þ p*C¼O(LUMOþ9) 538.727 538.118 �0.609 0.000001 14.172 57 0 21 31 16 8 Ryd sþp O þ r*CH3

(LUMOþ10) 538.727 538.191 �0.536 0.000246 12.603 88 2 5 50 27 7 Ryd sþp O þ p*CAC

(LUMOþ11) 538.727 538.263 �0.464 0.00008 22.360 98 0 1 0 94 3 Ryd p O

(LUMOþ12) 538.727 538.275 �0.452 0.000071 22.952 100 0 0 0 92 7 Ryd p O

(LUMOþ13) 538.727 538.304 �0.423 0.000036 23.705 100 0 0 1 85 12 Ryd p O

(LUMOþ14) 538.727 538.360 �0.367 0.000643 19.987 98 1 1 29 14 51 Ryd dþs O

(LUMOþ75) 538.727 543.328 4.602 0.002889 14.118 r*C¼O(LUMOþ89) 538.727 546.496 7.769 0.004192 7.838 p*C¼O(LUMOþ94) 538.727 547.568 8.842 0.002542 9.153 r*C¼O

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

[b] The Stobe package presents values of (size)2, but to facilitate the comparison with results of GSCF3 package, the values are tabulated as [(size)2]0.5.

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International Journal of Quantum Chemistry 2012, 112, 3421–3433 3427

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Figure 1 are compatible with the calculated oscillator strengths

and with the values described in Table 4, that is, 533.8, 534.2,

535.1, 536.7, 542.1, 544.6, and 557.0 eV, respectively. The most

intense transitions below the IP are assigned as LUMO (r*S¼O),

LUMOþ1 (p*S¼O þ r*SACH3), and LUMOþ3 (r*SACH3

þ r*CH3þ

Ryd sþd O) orbitals. The DFT theoretical data did not show an

Table 9. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, character for selected transitions, and assignment for the

C1s (carbonyl) NEXAFS spectrum of acetone with HCH method.

C1s (C¼O) Ryd C (%)

AssignmentMO IP (eV) Energy (eV) TV (eV)

Oscillator

strength Size (A) %O %C %CH3 s p d

(LUMO) 294.649 288.210 �6.439 0.031815 2.673 10 84 3 0 18 16 p*C¼O(LUMOþ1) 294.649 292.017 �2.632 0.000018 6.607 0 83 8 58 7 2 Ryd s C þ r*CH3

(LUMOþ2) 294.649 293.013 �1.635 0.000806 8.608 0 67 16 0 18 18 r*CAC þ r*CH3þ Ryd pþd C

(LUMOþ3) 294.649 293.226 �1.423 0.000113 8.661 0 59 21 0 23 8 Ryd p C

(LUMOþ4) 294.649 293.337 �1.312 0.000823 8.892 0 84 8 46 4 8 Ryd s C

(LUMOþ5) 294.649 293.377 �1.271 0.001350 8.343 0 80 10 39 3 17 Ryd sþd C þ r*CAC þ r*CH3

(LUMOþ6) 294.649 293.802 �0.847 0.001689 9.616 0 43 29 0 10 16 r*CH3þ r*CAC

(LUMOþ7) 294.649 293.856 �0.792 0.000327 8.052 0 76 12 60 8 3 Ryd s þ r*CH3þ r*CAC

(LUMOþ8) 294.649 293.968 �0.680 0.000631 11.089 0 24 38 0 9 10 r*CH3þ p*CAC

(LUMOþ65) 294.649 297.444 2.796 0.007080 14.454 r*CH3þ r*CAC

(LUMOþ83) 294.649 301.452 6.803 0.010749 11.316 r*CH3þ r*CA[C

(LUMOþ88) 294.649 302.598 8.084 0.015848 8.963 r*CH3þ r*CAC þ p*C¼O

C1s (CH3) Ryd CH3 (%)

s p d(LUMO) 292.162 287.304 �4.858 0.000002 4.089 7 9 81 0 6 13 p*C¼O(LUMOþ1) 292.162 289.158 �3.005 0.001951 5.645 0 2 93 42 2 1 Ryd s C þ r*CH3

(LUMOþ2) 292.162 290.369 �1.794 0.003560 7.347 0 2 81 4 18 9 r*CH3

(LUMOþ3) 292.162 290.412 �1.751 0.008079 6.834 1 3 89 1 14 6 p*CAC þ r*CH3

(LUMOþ4) 292.162 290.664 �1.498 0.005521 8.058 0 1 95 8 8 4 r*CH3

(LUMOþ5) 292.162 290.832 �1.331 0.000449 8.416 0 0 98 34 7 2 Ryd s C

(LUMOþ6) 292.162 291.099 �1.064 0.003254 8.381 0 9 87 33 12 9 Ryd s C

(LUMOþ7) 292.162 291.304 �0.858 0.002998 10.258 0 0 96 1 9 2 r*CH3

(LUMOþ8) 292.162 291.403 �0.760 0.000227 13.747 0 2 89 53 15 4 Ryd s C

(LUMOþ9) 292.162 291.420 �0.742 0.000428 11.415 0 0 86 0 13 3 r*CH3

(LUMOþ49) 292.162 293.448 1.285 0.001645 19.890 r*CH3þ r*CAC þ r*C¼O

(LUMOþ60) 292.162 294.514 2.351 0.002653 18.114 r*CH3þ r*CAC þ r*C¼O

(LUMOþ74) 292.162 296.877 4.715 0.003767 12.985 r*CH3

(LUMOþ89) 292.162 300.440 8.278 0.005146 9.993 r*CH3

(LUMOþ102) 292.162 305.494 13.331 0.008327 10.137 r*CH3

[a] Italic bold data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

[b] The Stobe package presents values of (size)2, but to facilitate the comparison with results of GSCF3 package, the values are tabulated as [(size)2]0.5.

Table 10. Ionization potential (IP), transition energies, term values (TV), oscillator strengths, orbital size, character for selected transitions, and

assignment for the O1s, C1s (carbonyl), and C1s (methyl) NEXAFS spectrum of acetone with GSCF3.

O1s

AssignmentMO IP.(eV) Energy (eV) TV (eV) Oscillator strength Size (A) %O %C %CH3

(LUMO) 537.393 532.110 �5.283 0.017006 1.409 11 68 10 p*C¼O(LUMOþ10) 537.393 545.328 7.935 0.001585 2.129 7 30 31 r*CH3

(LUMOþ13) 537.393 547.983 10.590 0.005131 1.957 2 11 43 r*CAC

(LUMOþ14) 537.393 548.053 10.660 0.006896 1.925 6 35 29 r*CAC þ r*CH3

C1s (C¼O)

(LUMO) 294.809 289.253 �5.556 0.063915 1.482 49 38 7 p*CAO

(LUMO þ2) 294.809 296.499 1.690 0.009325 2.763 1 29 35 p*C¼O þ r*CH3

(LUMO þ5) 294.809 299.879 5.070 0.011638 1.927 1 82 8 r*CH3

(LUMO þ16) 294.809 306.685 11.876 0.028779 1.968 23 58 9 p*C¼O þ r*CH3

C1s (CH3)

(LUMO) 292.008 289.344 �2.664 0.000090 1.545 30 50 13 p*CAO

(LUMOþ2) 292.008 293.633 1.625 0.016030 2.408 1 49 14 r*CH3

(LUMOþ3) 292.008 294.261 2.253 0.027350 2.299 1 2 93 r*CH3

(LUMOþ8) 292.008 298.266 6.258 0.015930 1.890 6 22 43 r*CH3

(LUMOþ13) 292.008 301.683 9.675 0.003550 2.079 5 40 28 r*CH3

(LUMOþ16) 292.008 306.248 14.24 0.002490 2.270 1 44 32 r*CH3

[a] Italic data represent the orbitals involved in the transitions of larger intensity below the IP values.

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appropriate assignment for the 531.04 eV structure, as it was

derived from the DMSO degradation and was not calculated.

The calculated IPO1s differs 0.8 eV from the experimental

value. The transitions above the IP are also related to the

p*S¼O, r*S¼O and r*SAC orbitals. This assignment was per-

formed observing the shape of the orbitals. Because of the

low accuracy, the theoretical results above the IP value are

usually considered qualitative.[62]

The C1s edge of the DMSO spectrum in Figure 2 presents

the following structures: 1 (287.6 eV), 2 (288.5 eV), 3 (289.1

eV), 4 (289.8 eV), 5 (300.6 eV), and 6 (312.6 eV). They are com-

patible with the calculated oscillator strengths and with the

values described in Table 5, that is, 288.6, 289.3, 290.4, 291.2,

299.5, and 309.8 eV. The most intense transitions located

below the IP are assigned as LUMO (r*SACH3þ Ryd d C),

LUMOþ2 (r*CH3þr*S¼O), LUMOþ4 (r*CH3

), LUMOþ5 (r*CH3þ

Ryd s C), LUMOþ6 and LUMOþ7 r*CH3orbitals. The calculated

IPC1s value presents a 0.1 eV deviation, when compared with

the experimental value. The assignments of the transitions

above the IP energy are also qualitatively related to the r*CH3

and r*SAC orbitals, from analysis of the shape of the orbitals.

The DFT theoretical data did not show an appropriate assign-

ment for the structure at 286.67 eV.

Finally, the S2s spectrum of DMSO in Figure 3 presents a set

of structures centered at 231.7 eV, compatible with the calcu-

lated oscillator strength and with the values described in Table

6, that is, 221.0, 221.1, and 222.0 eV. These transitions, located

below IP and with greater oscillator strength, are assigned as

LUMO (r*S¼O), LUMOþ1 (p*S¼O þ r*CH3), LUMOþ2 (r*S¼O þ

r*SACH3) orbitals. There is a large discrepancy between the the-

oretical and experimental results for the energy values. This is

mainly due to the large variation in the calculated IPS2s of

around 11.08 eV. Several unsuccessful attempts, using other

basis sets and density functionals, were made to improve this

result.

There are some discrepancies between the HCH data pre-

sented in this section and the assignments displayed in Table

2, partially justified by the different methodologies applied to

both works. Sze et al.[8] assignments were based on molecular

orbital calculations obtained with minimal basis sets (STO-3G),

without considering the effect of core relaxation and the oscil-

lator strength calculations for the transitions presented in the

ISEELS.[8]

IVO Method. The results using the IVO with the HF method, for

the O1s, C1s, and S2s edges, are introduced in Table 7. For the

O1s spectrum of DMSO, presented in Figure 1, the structures

labeled as 1 (532.7 eV), 2 (533.2 eV), 3 (533.9 eV), 5 (538.2 eV),

6 (541.2 eV), and 7 (553.7 eV) are compatible with the calcu-

lated oscillator strengths and with the values described in Ta-

ble 7, that is, 534.2, 534.2, 534.6, 541.8, 545.1, and 551.1 eV,

respectively. The transitions below the IP are assigned as

LUMOþ1 (r*S¼O), LUMO (r*SACH3), and LUMOþ2 (r*SACH3

) orbi-

tals. The calculated IPO1s value differs 1.2 eV from the experi-

mental value. The assignments of the transitions above the IP

energy are also qualitatively related to the r*CH3and p*S¼O

orbitals, based on the analysis of the shape of the orbitals.

Evaluating these results, we noticed that the transitions

described with predominantly valence characteristics were

consistent with the results obtained by the HCH method.

However, the effect of the Rydberg-valence mixing is not

described due to the absence of the diffuse functions.

The C1s spectrum of DMSO, presented in Figure 2, shows

the following structures: 1 (287.6 eV), 2 (288.5 eV), 5 (300.6

eV), and 6 (312.6 eV). These are compatible with the calcu-

lated oscillator strengths and with the values described in Ta-

ble 7, that is, 290.1, 292.0, 294.8, and 305.7 eV. The transitions

located below the IP are assigned as LUMO (r*SACH3) and

LUMOþ1 (r*SACH3). The calculated IPC1s value differs 1.1 eV

from the experimental value. The transitions above the IP are

also related to the p*CH3orbitals.

The S2s spectrum of the DMSO in Figure 3 presents a set of

structures centered at 231.7 eV, compatible with the calculated

oscillator strength and with the values described in Table 7,

Figure 4. Simulated O1s, C1s, and S2s spectra of DMSO predicted by the

HCH and IVO methods.

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that is, 234.2, 234.5, and 236.0 eV. The values obtained with

the HF orbitals provided an IPS2s that differs 0.9 eV from the

experimental value. Thus, the set of structures was represented

by 234.2 and 234.5 eV transitions, described by the LUMO

(r*SACH3þ p*S¼O) and the LUMOþ1 (r*S¼O) orbitals.

Figures 4 and 6 summarize the results for the three edges.

The results obtained without diffuse functions, but using the

GSCF3 package with the HF method, minimize the number of

transitions, indicating that the use of diffuse functions is essen-

tial to characterize the spectra of these compounds, especially

Figure 6. DMSO Oscillator Strength below the IP value predicted by the (a) HCH and (b) IVO methods.

Figure 5. Simulated O1s and C1s spectra of acetone predicted by the HCH and IVO methods.

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the effect of the Rydberg-valence mixing. Even though, the

main transitions below the IP were compatible with the exper-

imental results. The transitions above the IP value were differ-

ent for the DFT calculations, confirming that the assignment

for this region of the spectra is very difficult.

Acetone

HCH Method. The results evaluated for acetone at the O1s and

C1s edges, using the HCH with the DFT method, are intro-

duced in Tables 8 and 9. The O1s edge structures, labeled as

1 (531.4 eV), 2 (535.6 eV), 3 (537.0 eV), 4 (537.6 eV), and 5

(542.1 eV) in Figure 1, are compatible with the calculated os-

cillator strengths and with the values described in Table 8,

that is, 532.6, 537.1, 537.5, 538.3, and 543.3 eV, respectively.

The most intense transitions located below the IP are

assigned as LUMO (Ryd p O þ p*C¼O þ r*CH3), LUMOþ2

(r*CH3), LUMOþ5 (Ryd s O þ r*CH3

), and LUMOþ14 (Ryd dþs

O) orbitals.

The calculated IPO1s value differs 0.8 eV from the experimen-

tal value. The transitions above the IP are also qualitatively

related to the r*C¼O, p*C¼O and r*CH3orbitals.

The acetone C1s edge presents the structures divided into

two chemical environments, methyl (CH3) and carbonyl (CO), la-

beled as 1 (286.4 eV-CO), 2 (287.9 eV-CH3), 3 (288.3 eV-CH3), 4

(289.5 eV-CH3), 5 (290.2 eV-CH3), 6 (291.5 eV-CO), and 7 (292.4

eV-CO), as shown in Figure 2. These data are compatible with

the calculated oscillator strengths and with the values described

in Table 9, that is, 288.2, 289.1, 290.4, 291.1, 291.3, 293.8, and

294.0 eV. The major transitions below the IP are assigned as

LUMO (p*C¼O), LUMOþ6 (r*CH3þ r*CAC), and LUMOþ8 (r*CH3

þp*CAC) orbitals for the carbonyl. For the methyl, they are

assigned as LUMOþ1 (Ryd s C þ r*CH3), LUMOþ3 (p*CAC þ

r*CH3), LUMOþ6 (Ryd s C) and LUMOþ7 (r*CH3

).

The calculated IPC1s value presents a deviation of 0.6 eV for

methyl and 1.1 eV for carbonyl, when compared with the ex-

perimental value. The transitions above the IP are also qualita-

tively related to the r*CH3, r*CAC, and r*C¼O orbitals.

The discrepancies between the HCH data presented in this

section and the assignments displayed in Table 3 are partially

justified by the different methodologies applied to both works.

Prince et al.[16] assignments were based on the quantum

defect analysis, using static exchange calculations, ‘‘calibrated’’

with self-consistent field (SCF) and multiconfigurational SCF.

IVO Method The results obtained for the O1s and C1s edges,

using the IVO with the HF method, are displayed in Table 10.

The O1s edge structures, labeled as 1 (531.4 eV) and 5 (542.1

eV) in Figure 1, are compatible with the calculated oscillator

strengths and with the values described in Table 10, that is,

532.1 and 545.3 eV, respectively. There is only one transition

located below the IP value, assigned as a LUMO (p*C¼O) or-

bital. The calculated IPO1s value differs 0.5 eV from the

Figure 7. Acetone Oscillator Strength below the IP value predicted by the (a) HCH and (b) IVO methods.

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experimental value. The transitions above the IP are also quali-

tatively related to the p*C¼¼C and r*CH3orbitals.

The C1s edge presents the structures divided into two chemi-

cal environments, the methyl (CH3) and carbonyl (CO), labeled as

1 (286.4 eV-CO) and shown in Figure 2. This fact is compatible

with the calculated oscillator strength and with the value

described in Table 10, that is, 289.3 eV. There is only one transi-

tion below the IP, assigned as a LUMO (p*C¼O) orbital for the car-

bonyl. For the methyl, the LUMO (p*C¼O) transition is not com-

patible with the experimental observation. The calculated IPC1s

value presents a deviation of 1.3 eV for methyl and 1.1 eV for car-

bonyl, when compared with the experimental value. The transi-

tions above the IP are also qualitatively related to the r*CH3orbi-

tals. The results with no diffuse functions in the GSCF3 package

show a great reduction in the number of transitions at the C1s

and O1s edges. Figures 5 and 7 summarize these results.

DMSO versus Acetone. The results for DMSO and acetone, dis-

played in Figures 1, 2, 4, and 5, show that the change of a sulfur

atom with a carbon atom significantly modifies the nature of

transitions. For example, at the O1s edge, the main structure was

classified as O1s!r*S¼O for DMSO, whereas for acetone it is

assigned as O1s!p*C¼O. At the C1s edge, the most evident

change is the reduction of the chemical environments for DMSO

compared to acetone. This is detached by the observation of the

very intense C1s!p*C¼O transition originated from the carbonyl

group. The pre-edges of DMSO do not present this characteristic.

Thus, comparison of these molecules with similar methyl groups

and distinct oxygenate groups allows evaluation of the experi-

mental spectra through the idea of building blocks.[41]

Finally, Table 11 presents the assignments of the main ex-

perimental structures according to the HCH calculations.

Conclusions

The O1s, C1s, S2s, and S2p near-edge X-ray absorption fine

structure spectra of DMSO, on the basis of our knowledge, are

presented for the first time in the published literature. A meticu-

lous study with ab initio and DFT calculations, involving the IVO

and HCH methods, permits the assignment of several observed

bands. The use of diffuse polarization functions with the DFT

method is important to confirm the state of several transitions

with Rydberg orbitals. This was verified from the populational

analysis and also from the evaluation of the size of these orbi-

tals. The experimental spectra of DMSO reveal the influence of

the replacement of the carbon atom with the sulfur atom, con-

firmed by the spectra assignments. However, even with good

DFT results for the estimated O1s and C1s edges, the S2s IP

may only be considered a qualitative result. The calculations

using different basis sets and functional do not change this

tendency. However, for the IVO method, the IPs show good

agreement with the experimental values. The use of the diffuse

functions was also confirmed for correctly assigning several

transitions related to the Rydberg-valence mixing. From the

results, we conclude that both methods are complementary.

Acknowledgments

The authors are grateful to LNLS for the use of its facilities (SGM-

6724/2007 and TGM-11047/2011). Also, the authors thank Profes-

sors Adam P. Hitchcock from McMaster University, and Stephen G.

Urquhart from University of Saskatchewan for the use of and help

with the GSCF3 and SIMILE2 programs.

Keywords: dimethyl sulfoxide � acetone � inner shell stu-

dies � improved virtual orbital � synchrotron radiation � total

ion yield

How to cite this article: T. C. M. Leite, A. L. F. de Barros, G. B.

Ferreira, A. C. O. Guerra, C. C. Turci, Int. J. Quantum Chem. 2012,

112, 3421–3433. DOI: 10.1002/qua.24285

Additional Supporting Information may be found in the

online version of this article.

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Table 11. Principal assignments proposed for the O1s, C1s, S2s, and S2p spectra of DMSO and acetone.

DMSO

C1s O1s S2s

# This work Assignment # This work Assignment # This work Assignment

1 287.56 r*SACH3þ Ryd d C 1 532.66 r*S¼O 1 231.65 r*S¼O p*S¼O þ r*CH3

r*S¼O þ r*SACH3

2 288.47 r*CH3þ r*S¼O 2 533.21 p*S¼O þ r*SACH3

3 289.06 þ Ryd s C 3 533.89 r*SACH3þ r*CH3

þ Ryd sþd O

4 289.77 r*CH34 534.99 Ryd s O þ r*SACH3

Acetone

1(C¼O) 286.44 p*C¼O 1 531.38 Ryd p O þ p*C¼O þ r*CH3

2(CH3) 287.95 Ryd s C þ r*CH32 535.63 r*CH3

3(CH3) 288.32 p*CAC þ r*CH33 537.04 Ryd s O þ r*CH3

4(CH3) 289.52 Ryd s C

5(CH3) 290.21 r*CH3

6(C¼O) 291.50 r*CH3þ r*CAC

7(C¼O) 292.40 r*CH3þ p*CAC

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Received: 31 January 2012Revised: 18 June 2012Accepted: 27 June 2012Published online on 6 August 2012

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International Journal of Quantum Chemistry 2012, 112, 3421–3433 3433